io_motta poranea l - Instituto Sergio Motta
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io_motta poranea l - Instituto Sergio Motta
#instituto_sergio_motta #arte_contemporanea #cultura_digital #br #2011 4 8 12 14 28 30 56 60 68 Horizontes ampliados: novos desafios Broadened Horizons: New Challenges Camila Duprat Martins Arte pós-virtual Postvirtual Art Giselle Beiguelman Selecionados Shortlisted Alice Miceli, Claudio Bueno, Panetone, Ricardo Carioba, Dias & Riedweg, Raquel Kogan Visões críticas e expandidas Critical and Expanded Visions Adriana Amaral, Clarissa Diniz, Eduardo de Jesus, Marcos Boffa, Priscila Farias Premiados Awarded Jeraman, mmnehcft & MANIFESTO21.TV, Pablo Lobato, Vivian Caccuri, Lucas Bambozzi, Zaven Paré Artes de busca de novos sentidos Arts Pursuing New Meanings Cícero Silva, Claudia Assef, Ivana Bentes, Tadeu Chiarelli, Tiago Mesquita Homenagem: Uma artista superlativa Homage: A Superlative Artist Lucia Santaella Hors Concours: Paulo Bruscky Hors Concours: Paulo Bruscky Giselle Beiguelman Biografias Biographies Horizontes ampliados: novos desafios Camila Duprat Martins A realização desta nona edição do Prêmio Sergio Motta de Arte e Tecnologia reitera os propósitos do Instituto Sergio Motta de fomentar e difundir a produção artística contemporânea que, fazendo uso de mídias eletrônicas e digitais, aponte questionamentos, constatações e inquietações do mundo atual dentro do exercício poético. A criação do ISM e do próprio Prêmio na abertura do século XXI trazem em seu bojo a vocação ao protagonismo no apoio e incentivo ao uso inovador e criativo da tecnologia. Ante os desafios constantes gerados pelas rápidas transformações e impactos tecnológicos, aliados à velocidade dos sistemas informacionais no mundo contemporâneo, o ISM se debruça na formulação de um escopo consistente e permanentemente focado na atualização de seus parâmetros. Dentro destes propósitos, o Prêmio Sergio Motta, desde sua primeira edição em 2000, surge como uma ação que se propõe o fomento da produção artística brasileira nessa área, configurando-se também um canal para a circulação e discussão dessa produção. No transcorrer destes onze anos, foram muitas as modificações e adaptações necessárias no sentido de uma busca constante de atualização. Se hoje essa iniciativa está consolidada, isso se deve à tenacidade de sua direção artística e equipe técnica em reformular e reformatar as premissas desta ação, de forma a garantir-lhe a abrangência e a coerência conceitual, diante de um cenário artístico em constante dinamismo. As inovações nas linguagens artísticas, especialmente aquelas em que o uso de ferramentas tecnológicas é a premissa do processo criativo, exigem um olhar sempre 4|5 Broadened Horizons: New Challenges This ninth edition of the Sergio Motta Art and Technology Award reinforces Instituto Sergio Motta’s purpose of fostering and disseminating a contemporary artistic production that, through digital and electronic media and as part of its poetic activity, raises questionings, analyses, and restlessness in view of the current state of the world. The foundation of ISM and of the Award itself in the beginning of the 21st century puts forth actions to support the innovative and creative use of technology. In light of the constant challenges generated by fast transformation, technological impacts, and the speed of informational systems in contemporary world, ISM develops initiatives to create a consistent space that is permanently focused on updating its parameters. In view of these purposes, the Sergio Motta Award, since its first edition in 2000, has emerged as an actor whose aim is to foster the Brazilian production in this field, also becoming a mean in which the dissemination and discussion of this production takes place. In these eleven years, many changes and adjustments have been necessary in view of the need to be constantly up to date. The wellestablished initiative we see today is a result of the determination of the institute’s artistic direction and technical team in reestablishing and redesigning the proposals of this action in order to ensure its scope and conceptual coherence, in view of a dynamic artistic scenario. The atento das instituições e curadores no sentido de uma compreensão ampla das inovações e alterações das linguagens. Como coloca Néstor Canclini, quando conceitos novos irrompem, ou deslocam nosso olhar, exigindo sua reformulação, é o momento de ampliar horizontes e reformatar nossa percepção do contemporâneo1. Assim é que a cada edição a formatação do Prêmio se renova, para dar conta do dinamismo das novas manifestações artísticas. A mudança no calendário da premiação a partir de 2005 – quando passa a ter periodicidade bienal – ensejou a criação de novos projetos que atingissem públicos ampliados e uma penetração mais abrangente pelas diversas regiões brasileiras. Esse período mais extenso entre a realização das premiações abriu espaço ainda para o debate e discussões mais aprofundadas da questão artística brasileira contemporânea. Em 2011, novamente com curadoria de Giselle Beiguelman, o Prêmio abre um espaço maior para artistas e criadores em Início de Carreira, com a criação de quatro premiações, que couberam a Jeraman (PE), mmnehcft & MANIFESTO21.TV (SP), Pablo Lobato (MG) e Vivian Caccuri (RJ). Lucas Bambozzi (SP) e Zaven Paré (RJ) foram os artistas ganhadores dos dois prêmios para Meio de Carreira. Submetidos a duas comissões de seleção distintas, compostas, cada uma delas, por cinco profissionais das áreas abrangidas pelo Prêmio, os portfólios inscritos foram analisados detidamente e selecionados por consenso pelos jurados. A partir dessa seleção inicial, integrada por doze finalistas, é que foi feita a escolha final dos premiados. Foram muitas horas de debates acalorados no auditório do Instituto Goethe, na sempre difícil tarefa de escolha das trajetórias individuais mais consistentes ante o universo artístico contemporâneo. Coube também às Comissões de Seleção e Premiação a indicação do prêmio Hors Concours, que homenageia artistas e teóricos cuja atuação tenha uma contribuição signi1. Canclini, N.G. Culturas híbridas. São Paulo: Edusp, 2008. innovations in artistic languages, particularly those in which the use of technological tools is the basis of the creative process, require a special attention from institutions and curators in terms of a comprehensive understanding of the innovations and changes in these languages. As stated by Néstor Canclini, when new concepts abruptly emerge, or displace our view, demanding its reformulation, it is time to expand horizons and reestablish our perception of what is contemporary.1 And having this in mind, the design of the Award is renewed in each edition to keep up with the dynamism of new artistic expressions. When, as of 2005, the Award became biennial, this change resulted in the creation of new projects that reached a wider public and more Brazilian regions. This longer time gap between awards opened space for more comprehensive debates and discussions on the issue of contemporary Brazilian art. In 2011, once again curated by Giselle Beiguelman, the Award gives more space to Early-Career artists and creators with the creation of four awards, granted to Jeraman (PE), mmnehcft & MANIFESTO21.TV (SP), Pablo Lobato (MG), and Vivian Caccuri (RJ). Lucas Bambozzi (SP) and Zaven Paré (RJ) were granted the two Midcareer awards. The portfolios submitted to the award were thoroughly examined by two different selection committees—each comprised of five professionals of the fields considered for the Award—and consensually selected by the jury. This first phase selected twelve artists who made the short list for the Award. It took several hours of heated debates at Goethe-Institut’s auditorium to fulfill the hard task of choosing the more consistent backgrounds in view of the broad contemporary artistic universe. The Selection Committee and the Prize Jury also had the task of 1. Néstor Canclini, Hybrid Cultures, translated by Christopher L. Chiappari and Silvia L. Lopez, foreword by Renato Rosaldo (Minneapolis: University of Minnesota Press, 2005). ficativa no desenvolvimento das linguagens artísticas com interfaces eletrônicas ou digitais. Por unanimidade, o júri indicou o artista pernambucano Paulo Bruscky, pioneiro no uso das mais variadas mídias e suportes, e na compreensão das múltiplas variações do processo artístico. Referência no meio, Bruscky recebe, através desta premiação, justíssima homenagem por sua trajetória de incansável busca pelo novo no cenário artístico. Partiu ainda dos jurados a proposta de uma homenagem à artista multimídia gaúcha Diana Domingues, também professora acadêmica e batalhadora incansável na difusão e na sedimentação da produção artística em meios eletrônicos e digitais. Contribuições significativas como as de Diana Domingues e Paulo Bruscky possibilitam hoje produções que incorporam as mais recentes ferramentas tecnológicas, problematizando ou tensionando suas potencialidades. Premiar e homenagear esses artistas é também uma forma de o Prêmio Sergio Motta estabelecer pontes e destacar aspectos relevantes da historiografia da arte digital brasileira, através de seus mais destacados integrantes. Acreditamos também que o Prêmio cumpre sua missão de fomento à produção em mídias eletrônicas e digitais, ao proporcionar um espaço de crítica e debate em sua programação. Nesta edição, as Leituras de Portfólios – que abrem espaço aos artistas finalistas para um debate de suas produções com críticos brasileiros e internacionais – foram ampliadas para o formato de um seminário. O Circuito e crítica da arte contemporânea pós mídias digitais tem a intenção de oferecer um olhar crítico ao corpo de trabalho dos doze artistas e de pensar de forma mais ampla a produção contemporânea que dialoga com a tecnologia, além de provocar a aproximação do público com o trabalho e a poética destes artistas. Parabenizamos todos os ganhadores do 9º Prêmio Sergio Motta de Arte e Tecnologia, os finalistas e o júri de seleção e premiação desta edição. Aproveitamos para agradecer o apoio sempre constante do Instituto Goethe na cessão de suas instalações para as reuniões do júri, o excelente traba- 6|7 granting the Hors Concours award, which pays tribute to artists and scholars whose works made a substantial contribution to the development of artistic languages with digital or electronic interfaces. By unanimous decision, the jury appointed Pernambuco-born Paulo Bruscky, a pioneer in the use of various media and supports, as well as in understanding the multiple variations of the artistic process. Through this Award, a well-deserved tribute is paid to Bruscky, who is a reference in the art world, and to his tireless pursuit for whatever is new in the artistic scenario. The jury also proposed a tribute to the multimedia artist Diana Domingues, from the state of Rio Grande do Sul, a scholar and a hardworking advocate of the dissemination and establishment of the artistic production in digital and electronic media. Substantial contributions, such as those made by Diana Domingues and Paulo Bruscky enabled the current existence of productions that use the state-of-the-art technological tools and question potentialities, pushing them to their limit. For the Sergio Motta Award, granting these awards and paying these tributes is also a way of building bridges and highlighting relevant aspects in the history of Brazilian digital art through its most prominent contributors. We also believe the Award fulfills its mission of fostering the production in electronic and digital media by offering within its program a space for debate and critic. In this edition, the Portfolio Readings—which open space for the shortlisted artists to debate their work with Brazilian and foreign art critics—were expanded to a seminar format. The Circuit and Critic of Post-Digital Media Contemporary Art intends to offer a critical view on the body of work of the twelve artists and to have a more comprehensive understanding of the contemporary production that establishes a dialogue with technology, in addition to bringing the public closer to the work and the poetics of these artists. We would like to congratulate all lho da curadora Giselle Beiguelman e a dedicação de toda a equipe do Instituto Sergio Motta, que não mediu esforços para a efetivação desta edição. Camila Duprat Martins (São Paulo) é superintendente do Instituto Sergio Motta. Museóloga e pós-graduada em história da arte pela ECA-USP. Foi diretora do Museu de Arte Moderna SP (1990-1992), diretora da Divisão de Artes Plásticas do Centro Cultural São Paulo (1993-2000), coordenadora de produção do Prêmio Sergio Motta de Arte e Tecnologia (20012004), coordenadora do projeto Museu Vivo da Secretaria de Estado da Cultura (2004-2005) e coordenadora do curso de pós-graduação do Senac-SP Gestão em Artes (2007-2008). the winners of the 9th Sergio Motta Art and Technology Award, as well as this edition’s shortlisted artists, the selection committee, and the jury. We would also like to thank the permanent support given by GoetheInstitut, which lent its facilities to the meetings of the jury. Our special thanks to curator Giselle Beiguelman for the excellent job she did and to Instituto Sergio Motta’s team for its commitment and restless effort to organize this edition. Camila Duprat Martins is Instituto Sergio Motta’s superintendent. Martins is a museologist postgraduated in art history from ECA-USP. She was the director of Museu de Arte Moderna-SP (19901992), director of Centro Cultural São Paulo’s Divisão de Artes Plásticas [Visual Arts Department] (19932000), production coordinator of the Sergio Motta Art and Technology Award (2001-2004), coordinator of the project Museu Vivo, developed by the Secretaria de Estado da Cultura (2004-2005), and coordinator of Senac-SP’s graduate course Gestão em Artes [Art management] (2007-2008). Arte pós-virtual Giselle Beiguelman O novo paradigma estético tem implicações ético-políticas porque quem fala em criação, fala em responsabilidade da instância criadora em relação à coisa criada, em inflexão de estado de coisas, em bifurcação para além de esquemas pré-estabelecidos e aqui, mais uma vez, em consideração do destino da alteridade em suas modalidades extremas (Guattari, 2006, p. 137). Os resultados da 9ª edição do Prêmio Sergio Motta indicam o esgotamento do termo arte e tecnologia para dar conta da produção artística contemporânea relacionada às ciências e às mídias. Pautada pela reorientação do papel das telecomunicações e da informática no cotidiano, em meados dos anos 1990 essa definição remetia à emergência de categorias e experiências então inéditas fora de espaços especializados como laboratórios e centros de pesquisa avançada. Conceitos como telepresença, inteligência artificial e pós-humanidade, entre outros, foram então incorporados ao vocabulário das artes e das ciências humanas, configurando aquilo que acreditávamos ser a era do virtual. Essa era, se existiu, acabou. Contudo, falar do fim dessa era do virtual não quer dizer apostar numa volta ao mundo analógico. Ao contrário, significa assumir que as redes se tornaram tão presentes no cotidiano e que o processo de digitalização da cultura é tão abrangente, que se tornou anacrônico pensar na dicotomia real/virtual. O mundo da Internet das Coisas já se anuncia no presente, prevendo que todos os objetos estarão conectados e nos colocando diante de uma nova tangibilidade. Ela é sensorial, táctil, concreta, mas também midiática. Realiza-se por meio de imagens que deixam de ser superfícies clicáveis e se 8|9 Postvirtual Art The new aesthetic paradigm has ethico-political implications because to speak of creation is to speak of the responsibility of the creative instance with regard to the thing created, inflexion of the state of things, bifurcation beyond the pre-established schemas, once again taking into account the fate of alterity in its extreme modalities (Guattari 1995, 107). The results of the 9th edition of the Sergio Motta Award show that the expression ‘art and technology’ is no longer enough to comprise the contemporary artistic production related to the fields of sciences and media. This definition, following the reorientation of the role of telecommunications and information technology in the everyday life in the mid-1990s, referred to the emergence of categories and experiences that were unknown outside specialized spaces, such as labs and advanced research centers. Concepts such as telepresence, artificial intelligence, and posthumanity were, then, added to the vocabulary of arts and human sciences, shaping what we believed to be the virtual era. That era, if it actually existed, is now over. However, to talk about the end of the virtual era does not mean to talk about the return of the analogical transformam em interfaces expandidas que borram os limites entre o real e o virtual. Nesse contexto, somos ciborguizados por aparelhos, como os celulares, que nos transformam em um híbrido de carne e conexão, ao mesmo tempo em que os objetos se convertem em instâncias materiais dos fluxos de informação. Nesse mundo mediado por bancos de dados de toda sorte, tornamo-nos uma espécie de plataforma que disponibiliza informações e hábitos, conforme construímos nossas identidades públicas nos diversos serviços relacionados ao nosso consumo, lazer e trabalho. Convertemo-nos, assim, em corpos informacionais, e isso tende a se acirrar, conforme se popularizam os métodos de investigação genética e sua distribuição pela internet. No limite, foi isso o que o Projeto Genoma fez: converteu nossa compreensão do corpo, antes entendido como um arranjo de carne, ossos e sangue, em um mapa de informações sequenciadas. A situação faz pensar que um dia poderemos subitamente encontrar parte do nosso código genético no Google ou hackear o DNA de alguém via um site de compartilhamento baseado em torrents. Mas faz também pensar que estamos testemunhando a reconceituação dos limites entre natureza e cultura, e novas relações entre real e virtual. Elas têm dimensões estéticas, cognitivas e políticas, e seu tensionamento aparece na diversidade dos portfólios dos artistas selecionados e premiados nesta 9ª edição do Prêmio Sergio Motta. Encontramos aqui conjuntos de obras que problematizam as emergentes questões micropolíticas da contemporaneidade, questionando as novas relações entre público e privado, e a obsolescência programada – como é marcante no caso de Lucas Bambozzi, mmnehcft & MANIFESTO21.TV e Claudio Bueno – e que atentam para o “lado B” da globalização e do avanço tecnológico, interrogando seu impacto ambiental e sociocultural, e as estratégias de construção da memória coletiva, questões presentes em diversas obras da dupla Maurício Dias e Walter Riedweg, Paulo Lobato e Alice Miceli. Somos confrontados com uma gama de experiências criativas que exploram também os novos horizontes cognitivos que se anunciam com as próteses maquínicas e investigam as formas pelas quais alteram nossos modos de ver, ouvir e perceber, como evidenciam os portfólios de Vivian Cac- world. On the contrary, it means admitting that networks have become so present in our daily lives and that the process of digitalization of culture is so comprehensive that to think about the dichotomy real/virtual has become anachronous. The world of the Internet of Things already exists in the present; it anticipates that all objects will be connected and it places us before a new tangibility, which is sensory, tactile, concrete, but also media related; it takes place through images that are no longer clickable surfaces and have become expanded interfaces that blur the limits between what’s real and what’s virtual. In this context, devices, such as cell phones, transform us in cyborg-like creatures—hybrids of meat and connection. At the same time, objects are converted into material instances of information flows. In this world mediated by all sorts of data banks, we become a kind of platform that provides information and habits, as we form our public identities in the several types of services that relate to our consumption, leisure, and working habits. Therefore, we become informational bodies. And this tends to grow, as methods of genetic investigation and their distribution on the Internet become available. Ultimately, that’s what the Genoma Project did; it converted our understanding of the body—up until then seen as a set of meat, bones, and blood—into a map of sequenced information. This makes us think that, one day, we might suddenly bump into our genetic code in Google or hack someone’s DNA through a torrent-based sharing website. But it also makes us think that we are witnessing the redefinition of the limits between nature and culture, and new relationships between real and virtual. They have aesthetic, cognitive, and political dimensions, and their tensioning is made evident in the diversity of portfolios by the shortlisted and awarded artists at the 9th edition of the Sergio Motta Award. Here, we found a set of works that question the emerging micropolitical issues of contemporaneity, curi, Ricardo Carioba e Raquel Kogan. Acima de tudo, somos levados por essas obras a pensar que as clivagens entre low e high tech, velho e novo, tradição e ruptura não fazem mais sentido. Vivemos uma era tecnofágica em plenitude, em que antigos saberes são reprocessados à luz da robótica, em que a vida, no seu ritmo e tempo, prossegue sem ceder ao fascínio mistificador da inovação tecnológica, como deixam claro os projetos de Zaven Paré e Jeraman. Se cerca de dez anos atrás, como diz o professor André Lemos (2009, p. 32), discutíamos a desmaterialização da cultura, dando ênfase ao upload das práticas sociais, hoje estamos fazendo o download do ciberespaço. Esse download se realiza na demanda por aplicativos de Realidade Aumentada, no design cada vez mais táctil e ergonômico das telas e dispositivos, na ciência e na filosofia sobre as quais avançam dinamitando as compartimentações entre natural e artificial, nos novos horizontes políticos que se impõem para além das velhas dicotomias entre real e virtual, e especialmente na arte contemporânea pós mídias digitais. Isso tudo constitui um campo de vetores de ação que contempla a emergência de uma consciência planetária, novos formatos audiovisuais, relações autorais inovadoras, estratégias de codificação, um vocabulário “Ready Media”, mapeamentos de espacialidades nômades, propostas para novos regimes de interação e para a exploração das dimensões políticas e cognitivas dos corpos expandidos pela integração homem-máquina. Nesse contexto, a obra de arte torna-se dispositivo, tensionando o status quo das mídias, desarmando-as tanto como ferramenta quanto tema, afastando-se de qualquer relação de fetichismo, devoção ou fobia. Mídias e tecnologias, de acordo com o que se infere a partir dos artistas selecionados nesta nona edição, não são mais, nem menos, que uma das linhas de força que compõem o tecido discursivo da contemporaneidade. E isso não é pouco. Afinal, como já aprendemos com Agamben: “A contemporaneidade é uma singular relação com o próprio tempo adere a ele e, simultaneamente, dele toma distâncias” (Agamben, 2009, p. 59). 10 | 11 the new relationships between what’s public and what’s private, as well as the programmed obsolescence—a strong feature in Lucas Bambozzi’s, mmnehcft & MANIFESTO21.TV’s, and Claudio Bueno’s work—, and that pay attention to the “B-side” of globalization and technological advances, questioning their environmental and sociocultural impact, as well as the strategies to build collective memory—issues that are present in several works by Maurício Dias & Walter Riedweg, Paulo Lobato, and Alice Miceli. We are in face of a wide variety of creative experiences that also explore new cognitive horizons, which are presented by machinic prosthesis and investigate new forms of altering our ways of seeing, listening, and perceiving, as made evident in portfolios by Vivian Caccuri, Ricardo Carioba, and Raquel Kogan. Above all, these works lead us to think that the differences between low and high tech, old and new, tradition and rupture no longer make sense. We are experiencing a technophagic era in which old knowledge is reprocessed according to robotics; in which life, its rhythm and its time, continues without giving in to the mystifying enthrall of technological innovation, as made clear by Zaven Paré’s and Jeraman’s projects. Nearly ten years ago, as professor André Lemos says (2009, 32), we were discussing the dematerialization of culture, focusing on the upload of social practices, whereas today, we are downloading the cyberspace. This download takes place in the demand for Augmented Reality applications; in the increasingly tactile and ergonomic design of screens and devices; in science and in philosophy into which they advance, shattering the compartmentalization between natural and artificial; in new political horizons that go beyond the old realvirtual dichotomies; and, specially, in post-digital media contemporary art. All of this makes up a field of action vectors that sees the emergence of a planetary conscience, new audiovisual formats, innovative relations of authorship, codification strategies, a “Ready Media” REFERÊNCIAS Agamben, Giorgio. O que é o contemporâneo? E outros ensaios. Trad. Vinícius Nicastro Honesko. Chapecó, SC: Argos, 2009. Guattari, Félix. Caosmose: Um novo paradigma estético. Trad. Ana Lúcia de Oliveira e Lúcia Claudia Leão. São Paulo: Editora 34, 2006. Lemos, André. “Cultura da mobilidade”. Revista FAMECOS. Porto Alegre, nº 40, dezembro de 2009, pp. 28-35. Giselle Beiguelman (São Paulo) é artista e professora universitária. Atua nas áreas relacionadas à criação e crítica de artemídia. Foi professora da pós-graduação em comunicação e semiótica da PUC-SP (2001-2011) e é professora da FAUUSP. Foi curadora do Nokia Trends (2007 e 2008) e diretora artística do Instituto Sergio Motta (2008-2011). Informações sobre suas obras artísticas e trabalhos críticos estão disponíveis em seu site: http://www.desvirtual.com. vocabulary, mapping of nomadic spatialities, proposals of new interaction and exploration systems of political and cognitive dimensions of bodies expanded by the manmachine interaction. In this context, the work of art becomes device, tensioning the status quo of media, disarming it as a tool and as a theme, turning away from any relationship with fetishism, devotion, or phobia. Media and technologies, according to what one may infer from the shortlisted artists at this 9th edition, are nothing but one of the lines of force that make up the discoursive tissue of contemporaneity. And this is a lot. After all, as we have already learned from Agamben: “Contemporariness is a singular relationship with one’s own time, which adheres to it, and at the same time keeps a distance from it” (Agamben 2009, 41). REFERENCES Agamben, Giorgio. 2009. What Is an Apparatus? And Other Essays. Translated by David Kishik and Stefan Pedatella. Palo Alto: Stanford University Press. Guattari, Félix. 1995. Chaosmosis: An Ethico-Aesthetic Paradigm. Translated by Paul Bains and Julian Pefanis. Bloomington: Indiana University Press. Lemos, André. 2009. “Cultura da mobilidade.” FAMECOS journal (Porto Alegre) 40 (December): 28-35. Giselle Beiguelman is a media artist and university professor. She develops works in the field of media art creation and criticism. She was a communication and semiotics graduate professor at PUC-SP (20012011) and is currently a lecturer with FAU-USP. She curated Nokia Trends festival (2007 and 2008) and was the artistic director of Instituto Sergio Motta (2008-2011). Information on her artwork and critical essays are available on her website: http://www.desvirtual.com. #SELECIONADOS #SHORTLISTED 12 | 13 ALICE MICELI CLAUDIO BUENO PANETONE RICARDO CARIOBA DIAS & RIEDWEG RAQUEL KOGAN Visões críticas e expandidas Adriana Amaral, Clarissa Diniz, Eduardo de Jesus, Marcos Boffa e Priscila Farias O conjunto de portfólios analisados pelo júri de seleção do 9º Prêmio Sergio Motta nos mostrou um instigante e complexo panorama da produção contemporânea brasileira que se estrutura tomando os instrumentos, dispositivos e processos tecnológicos no desenvolvimento de obras artísticas. Observamos uma produção bastante diversificada, tanto na categoria de Início quanto na de Meio de Carreira, que se coloca em distintos níveis de envolvimento com a tecnologia e com possíveis formas de viabilizar as expressões poéticas. Trata-se de um conjunto de artistas que se arriscam a tomar as mais diversas ferramentas e materiais com o objetivo de refletir sobre a vida contemporânea e seus múltiplos desdobramentos derivados do encontro entre as subjetividades, os distintos contextos sociais e políticos de nosso país, e as estruturas tecnológicas. Um panorama heterogêneo, mas ao mesmo tempo muito vibrante, no qual podemos perceber algumas das linhas de força que caracterizam a produção artística mais recente. Na seleção, privilegiamos os artistas que, ao abordarem o ambiente tecnológico em toda a sua diversidade, apontaram para visões críticas, situações de confronto com a padronização e subversões nos modos de uso, gerando obras que estruturam suas poéticas e expressões de forma alargada dentro do campo expandido da arte contemporânea. Em face da alta qualidade dos trabalhos apresentados, tivemos que manter um certo rigor nos critérios que estabelecemos para propor um recorte significativo da produção. Paralelamente, buscamos garantir a presença de trabalhos que apontassem para o tensionamento – típico da arte contemporânea – entre passado e presente, especialmente quando a prática artística se lança no contexto do uso e apropriação das tecnologias. Como as inovações tecnológicas do 14 | 15 Critical and Expanded Visions The set of portfolios examined by the selection committee of the 9th Sergio Motta Award gave us an exciting and complex panorama of Brazilian contemporary art production whose foundation is based on the use of technological instruments, devices, and processes to create artwork. What we observed was a diverse production—both in Early-Career and Midcareer categories—that presents different levels of involvement with technology and with possible ways of making poetic expressions feasible. It is a group of artists who take risks by using several different tools and materials to reach their goal of reflecting upon contemporary life and its multiple unfoldings, which stem from the meeting between subjectivities and our country’s different social and political contexts, as well as technological structures. It is a heterogeneous and extremely vibrant panorama in which we notice some of the strengths that characterize the more recent artistic art production. In the selection process, we gave priority to artists who expressed critical views, situations of confrontation with standardization and subversion in terms of usage when addressing the technological environment and its diversity, thus generating pieces that build the structure of their poetics and expressions in a comprehensive manner within the expanded field of contemporary art. In view of the presented works high quality, we had to establish strict criteria in order to present a comprehensive scope of the artistic production. We also sought to make sure that works expressing tension—which is typical of contemporary art—between the past and the present would be included, especially when the passado tornaram-se parâmetros disponibilizados por bibliotecas de procedimentos, assim como apropriações e rearticulações são hoje absolutamente comuns no espaço institucional e comercial, parece-nos necessário que, no contexto atual, o uso das ferramentas, plataformas e interfaces tecnológicas não seja tomado como eixo articulador das obras: é preciso ir além, envolvendo questões formais, conceituais, técnicas, culturais, estéticas e políticas que gerem sentidos mais abertos e densos como resposta à multiplicidade de situações nas quais a tecnologia se engendra. Em especial, é preciso problematizar a tecnologia não apenas no campo de suas ferramentas, mas, sobretudo, de sua linguagem, o que torna a abordagem inevitavelmente inventiva e crítica. E talvez tenha residido aí, no espaço mesmo de invenção da tecnologia através da arte, o ponto mais frágil dos trabalhos subscritos ao Prêmio e, portanto, o terreno onde esta comissão de seleção buscou atuar de maneira mais distintiva, privilegiando os portfólios que de alguma forma dobravam a tecnologia sobre si mesma, ressaltando suas implicações diante das mais diversas instâncias da subjetividade e da vida social. Este é o cenário que buscamos salientar através da seleção de trabalhos para o 9º Prêmio Sergio Motta. artistic practice involves the use and appropriation of technologies. Since technological innovations from the past became parameters that are available in procedure libraries— just as, today, appropriation and rearticulation are common practices in institutional and commercial spaces—and in view of the current context, we believe that it is necessary to avoid the use of technological tools, platforms, and interfaces as an articulating axis for the artwork: we must go beyond and include formal, conceptual, technical, cultural, aesthetic, and political issues to create broader and denser senses in response to the multiple situations in which technology is present. It is important to point out that we must question technology not only regarding its tools, but, above all, regarding its language, which inevitably generates inventive and critical approaches. And maybe there, in the very space in which technology is created through art, is where the most difficult aspect of the works submitted to the Award lies. Therefore, this is the limit within which this selection committee sought to work, giving priority to portfolios that, in some way, folded technology upon itself, emphasizing its implications in view of different aspects of subjectivity and social life. This is the scenario we sought to highlight through the selection of works for the 9th Sergio Motta Award. Fragmento de um campo III (Projeto Chernobyl), 2009 Alice Miceli Rio de Janeiro, 1980 Sua produção em fotografia, cinema e vídeo dialoga com a ciência e tecnologia, criando uma poética que lida com a memória, com foco nos limites destes meios e em suas materialidades específicas. Desenvolveu trabalhos em vários países como Camboja, Bielo-Rússia e Alemanha. Foi premiada no 6º Prêmio Sergio Motta de Arte e Tecnologia (2005) com o Projeto Chernobyl, que participou da 29ª Bienal de São Paulo (2010). http://bit.ly/chernobylproject http://www.youtube.com/user/alicemiceli 16 | 17 Her photography, cinema, and video production establishes a dialogue with science and technology, creating a poetic that deals with memory and focuses on the limits of these media and their specific materialities. Miceli has developed works in several countries, such as Cambodia, Byelorussia, and Germany. She was awarded at the 6th Sergio Motta Art and Technology Award (2005) for the Chernobyl Project, which was exhibited at the 29th Bienal de São Paulo (2010). S E L E C I O N A D O # I N Í C I O D E C A R R E I R A | shortlisted # earl y career Jerk Off (Dízima periódica), 2006-11 14 horas, 54 minutos, 59,9… segundos (Dízima periódica), 2006-07 Redes vestíveis, 2010 Claudio Bueno São Paulo, 1983 Artista doutorando em artes visuais na ECA-USP. Atua em grupos de prática artística e de pesquisa. Seus trabalhos articulam noções de lugar, rede, participação e da vida mediada por dispositivos eletrônicos e digitais. Foi residente do LABMIS, recebeu menção honrosa no Ars Electronica 2011, ganhou o Rumos Arte Cibernética – Itaú Cultural, o prêmio Mídias Locativas do arte.mov e foi indicado ao 8º Prêmio Sergio Motta. Em 2011 será residente no La Chambre Blanche, Canadá. http://buenozdiaz.net 18 | 19 Artist and doctoral student in visual arts at ECA-USP. He participates in research and artistic practice groups. His works articulate notions of place, network, participation, and life mediated by digital and electronic devices. He was a LABMIS resident, received an honorary mention at the 2011 Ars Electronica, won the Rumos Itaú Cultural – Cybernetic Art, the Locative Media Prize from arte.mov – International Mobile Media Art Festival, and was nominated for the 8th Sergio Motta Award. In 2011, he will be resident artist at La Chambre Blanche, Canada. O transporte #1, 2009 Campo minado, 2009-11 S E L E C I O N A D O # I N Í C I O D E C A R R E I R A | shortlisted # earl y career Piksel Fest, Bergen, 2010 Panetone Porto Alegre, 1973 Produtor de música experimental desde 1989 e adepto do movimento faça-você-mesmo. Trabalha a partir da apropriação e livre experimentação, utilizando sucatas eletrônicas e brinquedos antigos modificados por técnicas como circuit bending. Os resultados são concertos audiovisuais, instalações e intervenções, além de laboratórios e oficinas. http://panetone.net http://vimeo.com/panetone/videos http://soundcloud.com/panetone 20 | 21 Experimental music producer since 1989 and supporter of the do-it-yourself movement. His work is based on appropriation and free experimentation with the use of electronic scrap and old toys modified through techniques such as circuit bending. The results are audiovisual concerts, installations, and interventions, in addition to laboratories and workshops. S E L E C I O N A D O # I N Í C I O D E C A R R E I R A | shortlisted # earl y career Museo de Antioquia, Medellín, 2011 Ptarmigan Art Gallery, Helsinque, 2010 Panetone Laboratório, Porto Alegre, 2008 Panetone Qadrox, 2009 Hacking Toy, 2007 Escopo, 2011 Ricardo Carioba São Paulo, 1976 Formado em artes plásticas pela FAAP, trabalha com som, imagem, objeto e instalação. Investiga, na ciência e na forma, as fronteiras da percepção humana. Suas propostas de experiências espaço-temporais indicam uma relação estreita entre a condição física e psicológica. Realizou as exposições individuais Escape para outra estática, Branca Sua, White Box, Motris e Sem título (São Paulo); In Side#No Form (Londres, Inglaterra) e LaDo4X4 (Rio de Janeiro). Participou da mostra Panorama da Arte Brasileira (MAM-SP, 1999). www.ricardocarioba.com 22 | 23 A graduate in the visual arts from FAAP, Carioba works with sound, image, object, and installation. Through science and shape, he investigates the borders of human perception. His space-time experience proposals indicate a close relationship between the physical and psychological condition. He has had solo exhibitions such as Escape para outra estática, Branca Sua, White Box, Motris, and Sem título (São Paulo); In Side#No Form (London, UK) and LaDo4X4 (Rio de Janeiro). He participated in the show Panorama da Arte Brasileira (MAM-SP, 1999). Lusco-fluxo, 2010 Escape para outra estática, 2010 S E L E C I O N A D O # I N Í C I O D E C A R R E I R A | shortlisted # earl y career Caminhão de mudança, 2009-11 Dias & Riedweg Maurício Dias (Rio de Janeiro, 1964) & Walter Riedweg (Lucerna, Suíça, 1955) Desenvolvem projetos interativos e interdisciplinares no campo das artes visuais e performance desde 1993. Investigam como as psicologias privadas afetam e constituem o espaço público e vice-versa, tendo como característica principal o envolvimento do público na concepção e execução de seus trabalhos. Participaram da Documenta 12 (Kassel, Alemanha, 2007), das Bienais de Veneza (Itália, 1999) e São Paulo (1998, 2000 e 2002), além das mostras InSite 2000 (fronteira México/ Estados Unidos), Arte Cidade 4 (São Paulo) e L’état des Choses (Kunst-Werke Berlin, Alemanha, 2001). 24 | 25 Dias & Riedweg develop interactive and interdisciplinary projects in the field of the visual arts and performance since 1993. They study how private psychologies affect and constitute the public space and vice versa, having as main characteristic the involvement of the audience in the conception and execution of their works. They showed at the Documenta 12 (Kassel, Germany, 2007), the Venice (Italy, 1999) and the São Paulo (1998, 2000, and 2002) biennials, and in festivals, such as InSite 2000 (Mexico/United States border), Arte Cidade 4 (São Paulo), and L’état des Choses (Kunst-Werke Berlin, Germany, 2001). Funk Staden, 2007 Malas para Marcel, 2006-08 S E L E C I O N A D O # M E I O D E C A R R E I R A | shortlisted # midcareer reler, 2008 Raquel Kogan São Paulo, 1955 Formada em arquitetura, explora novas possibilidades nas mídias digitais. A partir de séries numéricas infinitas, multiplicações imagéticas e sonoras, a artista procura articular novos espaços através de vídeos, objetos e instalações. Participou da 7ª Bienal do Mercosul (Porto Alegre) e de diversas exposições coletivas internacionais. Ganhou o prêmio Rumos Cibernética – Itaú Cultural em 2007, foi menção honrosa do prêmio FILE PRIX LUX em 2010, e foi indicada para as 5ª, 6ª e 8ª edições do Prêmio Sergio Motta. www.raquelkogan.com 26 | 27 A graduate in architecture, Kogan investigates new possibilities in digital media. Based on infinite numeric series, image and sound multiplications, the artist seeks to articulate new spaces through videos, objects, and installations. She showed at the 7th Mercosul Biennial (Porto Alegre) and at several international group exhibitions. She was awarded Rumos Itaú Cultural – Cybernetic Art prize in 2007, received an honorary mention from the FILE PRIX LUX in 2010, and was nominated for the 5th, 6th, and 8th editions of the Sergio Motta Award. ponte, 2008 mov_ing, 2007 S E L E C I O N A D O # M E I O D E C A R R E I R A | shortlisted # midcareer #PREMIADOS #AWARDED 28 | 29 JERAMAN MMNEHCFT & MANIFESTO21.TV PABLO LOBATO VIVIAN CACCURI LUCAS BAMBOZZI ZAVEN PARÉ Artes de busca de novos sentidos Cícero Silva, Claudia Assef, Ivana Bentes, Tadeu Chiarelli e Tiago Mesquita O Instituto Sergio Motta é um dos espaços mais importantes do debate sobre a arte tecnológica no país. Teve papel central na consolidação dessas poéticas. O júri do 9° Prêmio Sergio Motta procurou reforçar a vocação da premiação não só da arte digital, mas da arte contemporânea produzida aqui. A quantidade de poéticas, formas de atuação e mesmo de logradouros onde as obras foram produzidas é imensa. Por isso, além de premiarmos o que existia de melhor entre os trabalhos enviados, também tentamos dar visibilidade a tal diversidade. Ficou claro, na análise dos trabalhos selecionados para a categoria Início de Carreira, que a produção se descentralizou. Migrou dos grandes centros para diversos outros polos criativos do país. Uma das características marcantes entre os artistas dessa categoria é a utilização militante da tecnologia para além dos aparatos em si, caracterizando sua vontade de levar à comunidade uma discussão na formação da cultura e da sociedade. Uso em que a técnica tem sentido transformador, seja na busca por novas relações interpessoais, seja na procura por outras possibilidades poéticas. Na categoria Meio de Carreira, os artistas selecionados confirmam uma trajetória consolidada, já que o Prêmio tem como objetivo avaliar criticamente a densidade artística de criadores já reconhecidos pelos seus pares em exposições, festivais e circuitos de discussão. Foram escolhidas poéticas maduras em trajetórias expostas de maneira clara e concisa nos portfólios. 30 | 31 Arts Pursuing New Meanings Instituto Sergio Motta is one of the country’s most prominent spaces for the debate on art and technology, and has played a key role in the establishment of these poetics. The jury of the 9th Sergio Motta Award sought to reinforce the award’s connection with both digital art and Brazilian contemporary art. The variety of poetics, ways of performing, and even places where the pieces have been produced is enormous. Therefore, in addition to granting awards to the best works submitted to us, our goal was also to lend visibility to this diversity. The works shortlisted for the EarlyCareer category made clear the fact that the production has been decentralized; it has migrated from large centers to several creative hubs. One of the most remarkable characteristics shared by the artists who submitted works to this category is the activist use of technology, which goes beyond the apparatus itself, demonstrating their will to bring into the community a discussion on the development of culture and society. When this happens, the technique acquires a transforming sense, be it in the attempt to find new interpersonal relationships and or in the quest for new poetic possibilities. In the Midcareer category, the shortlisted artists confirm their established background, since the Award aims to critically evaluate the artistic density of creators that are well-known by their peers through exhibitions, festivals, and debate spaces. Poetics that had reached their maturity and whose background Por fim, decidimos premiar como Hors Concours o artista pernambucano Paulo Bruscky. Nos últimos anos, sua obra foi reavaliada e alcançou o reconhecimento merecido. Sua intervenção em meios pouco convencionais bem como os novos sentidos que deu à obra de arte entram em consonância com o sentido do Prêmio Sergio Motta. Esperamos que essa decisão reafirme a importância deste grande artista. was clearly and concisely expressed in the portfolio were chosen. Finally, we have decided to grant the Hors Concours award to Paulo Bruscky. In recent years, his work has been reevaluated and finally was given the recognition it deserves. The interventions he makes in unusual media as well as the new meanings he lends to the work of art are in accordance with what the Sergio Motta Award points to. We hope this decision reinforces the recognition of the outstanding role of this artist. Marvim Gainsbug, 2009 Jeraman Natal, 1987 Pesquisador, com base em Recife, que busca utilizar o livreconhecimento como linguagem de trabalho, atuando num meio-termo entre artista, educador e cientista. Contemplado com o Rumos Itaú Cultural Arte Cibernética (2009) e menção honrosa no FILE PRIX LUX (2010). É mestrando em ciência da computação pelo CIn/UFPE, com ênfase em realidade aumentada e computação musical. http://jeraman.info 32 | 33 A researcher who lives in Recife and seeks to use free knowledge as a working language, Jeraman is an artist-cum-educator-cum-scientist. He received the Rumos Itaú Cultural – Cybernetic Art prize (2009) and an honorary mention at the FILE PRIX LUX (2010). He is also pursuing a master’s degree in computer sciences at CIn/UFPE, with focus on augmented reality and computer music. Illusio, 2011 Illusio, 2011 P R E M I A D O # I N Í C I O D E C A R R E I R A | awarded # earl y career 34 | 35 Exposição Internacional de Tecnologia e Arte, Porra! – EITA, Porra!, 2010 Exposição Internacional de Tecnologia e Arte, Porra! – EITA, Porra!, 2010 P R E M I A D O # I N Í C I O D E C A R R E I R A | awarded # earl y career Autômatos na Sociedade do Espetáculo, 2006 mmnehcft & MANIFESTO21.TV Mariana Kadlec (São Paulo, 1981) & Milena Szafir (Santos, SP, 1977) mmnehcft (2003) & MANIFESTO21.TV (2006) criam dispositivos audiovisuais partindo de diversas áreas da cultura digital e urbana: CCTV (CFTV), VJing, webTV, telefonia móvel e remix/ mashup. Buscando unir conceito, ativismo, interação, arte e comunicação, o coletivo explora mídias on e off-line, high e low-tech. Participaram do FILE (São Paulo) em 2004 e de projetos em instituições como SESC, Funarte, MIS, Instituto Tomie Ohtake e MAM-RJ. www.manifesto21.tv http://www.manifesto21.com.br/mmnehcft http://www.youtube.com/user/mszBR 36 | 37 mmnehcft (2003) & MANIFESTO21.TV (2006) create audiovisual devices based on several aspects of digital and urban culture: CCTV, VJing, webTV, mobile telephony, and remix/ mashup. Aiming to bring together concept, activism, interaction, art, and communication, they collectively develop actions in on/off-line and high/low-tech media. They participated in the 2004 FILE (São Paulo) and in projects at institutions such as SESC, Funarte, MIS, Instituto Tomie Ohtake, and MAM-RJ. P R E M I A D O # I N Í C I O D E C A R R E I R A | awarded # earl y career CityMapping Performance 2.0 MP, 2006 Vj’ing móvel: espetáculo+vigilância=consumo, 2005 38 | 39 Manifeste-se [todo mundo artista] – mobile webtv live broadcast, 2006-08 P R E M I A D O # I N Í C I O D E C A R R E I R A | awarded # earl y career O cubo, 2003 The Birth of Automaton: Cyborg Panopticando, 2004 Surveillance Wireless Vj’ing Performance, 2004 Acidente, 2006 Pablo Lobato Bom Despacho, MG, 1976 Um dos criadores do Teia – Centro de pesquisa audiovisual, em Belo Horizonte. Diretor do filme Acidente, ganhador do prêmio de melhor documentário ibero-americano no Festival Internacional de Cinema de Guadalajara, México, 2007. Foi selecionado pelo projeto Bolsa Pampulha, em 2008, e bolsista da Fundação Guggenheim, EUA, 2009. Recentemente, exibiu seus trabalhos em instituições nacionais e internacionais como MAM-SP; MoMA, Nova York, EUA; Museo Tamayo, México; Akademie der Künste, Berlim, Alemanha; New Museum, Nova York. www.teia.art.br www.expiracao.net http://vimeo.com/user2076300 40 | 41 Lobato is one of the founders of Teia – Centro de pesquisa audiovisual [audiovisual research center], in Belo Horizonte. He directed the film Accident, winner of the prize for best Ibero-American documentary at the Guadalajara International Film Festival, in Mexico, 2007. He was selected by the project Bolsa Pampulha, in 2008, and was granted a scholarship from the Guggenheim Foundation, USA, in 2009. Recently, his works have been shown in national and international venues, such as MAM-SP; MoMA and New Museum, New York, USA; Museo Tamayo, Mexico; Akademie der Künste, Berlin, Germany. Bronze revirado, 2011 Expiração 01, 2010 P R E M I A D O # I N Í C I O D E C A R R E I R A | awarded # earl y career 42 | 43 Queda, 2010 Outono, 2007 P R E M I A D O # I N Í C I O D E C A R R E I R A | awarded # earl y career Mira, 2001 O que exatamente vocês fazem, quando fazem, ou esperam fazer curadoria?, 2010 Garganta, 2010 Vivian Caccuri São Paulo, 1986 Bacharel em artes plásticas (Unesp) e mestre em estudos do som musical (UFRJ). Pesquisadora visitante na Universidade de Princeton, EUA, nos departamentos de artes e literatura. Seu trabalho faz referência à música para criar espaços capazes de alterar a sensação do tempo e da presença física. Expôs no Brasil e no exterior, com destaque para Domingos da Criação (MAM-RJ, 2010), Confluências (Centro de Arte Hélio Oiticica, Rio de Janeiro, 2010), Emoção Art.ficial (Itaú Cultural, São Paulo, 2008) e Elektra_Montréal (Canadá, 2008). http://www.viviancaccuri.net 44 | 45 A graduate in the visual arts (Unesp) and holder of a master’s degree in musical and sound studies (UFRJ), Caccuri is a visiting scholar at Princeton University, USA, in both Arts and Literature Departments. Her work makes reference to music to create spaces that are capable of altering the sensation of time and physical presence. Her work has been shown in Brazil and abroad: Domingos da Criação (MAM-RJ, 2010), Confluências (Centro de Arte Hélio Oiticica, Rio de Janeiro, 2010), Emoção Art.ficial (Itaú Cultural, São Paulo, 2008), and Elektra_Montréal (Canada, 2008). Canções submersas, 2008 Canções submersas, 2008 P R E M I A D O # I N Í C I O D E C A R R E I R A | awarded # earl y career 46 | 47 Maquiagem aumentada, 2008-10 Imprevisibilidade e justeza, 2010 Dissimulado, 2009-10 P R E M I A D O # I N Í C I O D E C A R R E I R A | awarded # earl y career Coisa vista, 2011 Lucas Bambozzi Matão, SP, 1965 Produz vídeos, instalações, performances audiovisuais e obras interativas, tendo trabalhos exibidos em mais de quarenta países. É criador do Festival arte.mov, que acontece desde 2006, em várias capitais do país. Em 2010 recebeu menção honrosa no Ars Electronica e, em 2011, teve uma retrospectiva de suas instalações no Laboratorio Arte Alameda (Cidade do México, México). Seus trabalhos recentes tratam das mobilidades e imobilidades do contexto urbano. www.lucasbambozzi.net http://vimeo.com/bamba http://comum.com/lucas 48 | 49 Bambozzi creates videos, installations, audiovisual performances, and interactive works, all of which have been shown in over forty countries. He is the creator of the arte.mov - International Mobile Media Art Festival, which takes place since 2006 in several important Brazilian cities. In 2010, he received an honorary mention at Ars Electronica and, in 2011, the Laboratorio Arte Alameda (Mexico City, Mexico) presented an overview of his installations. His recent works deal with the mobilities and immobilities of the urban context. Da obsolescência programada em 3 atos, 2009 Pêndulo, 2011 P R E M I A D O # M E I O D E C A R R E I R A | awarded # midcareer 50 | 51 Presenças insustentáveis, 2010-11 P R E M I A D O # M E I O D E C A R R E I R A | awarded # midcareer Micropresenças (O quarto dos fundos), 2009 Presenças insustentáveis, 2010-11 Der Jasager, 2004 Zaven Paré Fort de l’Eau, Argélia, 1961 Pós-doutor em robótica, desenvolve pesquisa em Robot Drama no Intelligent Robotic Laboratory da Universidade de Osaka, Japão. Em seus trabalhos interativos, mistura experiências em mecânica, ótica e acústica, desenvolvendo dispositivos eletroeletrônicos. Sua exposição individual Cyber Art itinerou por cinco cidades brasileiras através da Caixa Cultural. Seus trabalhos foram apresentados em diversos festivais e instituições internacionais como CalArts (Los Angeles, EUA) e Laboratorio Arte Alameda (Cidade do México, México). www.cyberart.com.br 52 | 53 Holder of a postdoctorate in robotics, Paré is a Robot Drama researcher at the Intelligent Robotic Laboratory of Osaka University, Japan. In his interactive works, he mixes experiences in mechanics, optics, and acoustics, developing electro and electronic devices. His solo exhibition Cyber Art has toured five Brazilian cities through Caixa Cultural. His works have been shown in several international festivals and institutions, such as the CalArts (Los Angeles, USA) and the Laboratorio Arte Alameda (Mexico City, Mexico). Esboço para “O veículo”, 2003 P R E M I A D O # M E I O D E C A R R E I R A | awarded # midcareer 54 | 55 O observador, 1999 Not Me, 2008 Variações de carregamento do Telenoid, 2010 P R E M I A D O # M E I O D E C A R R E I R A | awarded # midcareer #HOMENAGEM #HOMAGE Uma artista superlativa Lucia Santaella “Dianíssima Domingues”, assim a também artista Giselle Beiguelman refere-se à colega. De fato, tudo em Diana Domingues é superlativo: professora e orientadora superlativa, pesquisadora superlativa e, sobretudo, artista superlativa, reconhecida internacionalmente. Não há pesquisadores ou artistas engajados no campo da arte e tecnologia, em quaisquer partes do mundo, que não tenham conhecimento da pessoa e dos trabalhos de Diana Domingues. Citada em vários livros estrangeiros e artista premiada, seu nome engrandece não apenas a cidade onde nasceu, Caxias do Sul, mas também nosso país. Exigentíssima consigo mesma e com o outro, Diana Domingues é obstinada, incansável, uma força da natureza, um furor de energia, e proprietária de um invejável imaginário proliferante. Justamente esse indomesticável imaginário é o que constitui a marca registrada de sua arte. Um imaginário que não afugenta, ao contrário, sabe tirar proveito das intrincadas complexidades das tecnologias de ponta e das ciências avançadas. Dessas alianças, nasce uma arte sintonizada com o que há de mais híbrido e inovador no território da criação artística contemporânea. Desde o início dos anos 1980, a artista já usava o som cardíaco e suas grafias em ambientes participativos através de estetoscópios eletrônicos, osciloscópios, amplificadores, neons. No final dos anos 1980, quando as tecnologias multimídia estavam se tornando disponíveis aos artistas, Domingues 56 | 57 A Superlative Artist “Dianaest Domingues,” this is how artist Giselle Beiguelman refers to her colleague. Actually, everything about Diana Domingues is superlative: she’s a superlative professor and advisor, superlative researcher, and, above all, internationally recognized superlative artist. All over the world, there are no researchers or artists involved in the field of art and technology who do not know Diana Domingues and her work. The name of this award-winning artist who has been quoted in several foreign books honors not only her hometown, Caxias do Sul, but also our country. Diana Domingues sets high standards for herself and others; she’s determined, hardworking, a force of nature, an untiring energy, and has an enviable fertile imaginary. And this precise untamed imaginary is what makes up the trademark of her art. It is an imaginary that does not drive off the difficult complexities that exist in state-of-the-art technologies and in advanced sciences; on the contrary, it benefits from them. These alliances result in an art that is connected with what is most hybrid and innovative in the field of contemporary artistic creation. Since the early 1980s, the artist used the cardiac sound and its transcriptions in participatory environments through electronic stethoscopes, oscilloscopes, produzia atmosferas oníricas nas instalações que exploravam o caráter volátil, evanescente e metamórfico dos corpos e das subjetividades. Esses trabalhos funcionaram como porta de entrada para a trajetória mais radical que viria, em meados dos anos 1990, na série de videoinstalações TRANS-E: o corpo e as tecnologias e na obra In-Viscera, uma instalação multimídia composta por cinco telas transparentes onde eram teleprojetadas videolaparoscopias tratadas eletronicamente. As imagens, passeando pelo interior das vísceras vivas, haviam sido gravadas por uma microcâmera durante uma cirurgia. É quase impossível dar conta da produção prolífica, ininterrupta como um rio caudaloso, de Diana Domingues. Limito-me, por isso, a apontar para alguns marcos definidores de sua trajetória. Das paisagens produzidas pela percepção sensível dos interiores do corpo auscultado pelas tecnologias avançadas, a artista caminhou para o corpo conectado a interfaces em ambientes sensorizados e softwares comandados por redes neurais, inspiradas em nosso sistema nervoso biológico. No ano 2000, seu My Body, My Blood apresentava um sistema imersivo com interfaces para a propriocepção e animações estereoscópicas, o que lhe valeu o prêmio Unesco para a Promoção das Artes, durante a 7ª Bienal de Havana. Das redes neurais, Domingues deu um passo além na complexidade, saltando para a vida artificial. A instalação Terrarium-Viveiro explora parâmetros que criam serpentes artificiais controladas por um sistema de algoritmos genéticos preparado para executar e processar cálculos, simulando características de ambientes orgânicos. Mais um passo foi dado em HEARTscape, um ambiente virtual imersivo que oferece interações com um coração virtual simulado. Tratase de um lugar que simula uma caverna para receber o corpo do participante. Este fica totalmente envolvido pela sensação de dissolução de seus limites corporais amalgamados com o ambiente que pulsa e palpita. Exemplar do gênio indômito da artista é a ciberinstalação L´Mito – Zapping mobile zone (2004-2006), um sistema interativo que envolve realidade virtual, mineração de dados na rede, inteligência artificial, algoritmos genéticos e que apresenta amplifiers, neon. In the late 1980s, when multimedia technologies became available to artists, Domingues created dreamlike atmospheres in installations that explored the volatile, evanescent, and metamorphic aspect of bodies and subjectivities. These pieces were the path to a more radical phase, which started in the mid-1990s, in the series of video installations TRANS-E: o corpo e as tecnologias [TRANS-E: the body and the technologies] and in the work In-Viscera, a multimedia installation comprised of five transparent screens on which electronically treated video laparoscopies were projected. The images, which consisted of a tour inside the viscera, had been recorded by a microcamera during a surgery. It is almost impossible to keep up with Diana Domingues’ teeming and continuous production, which resembles a rushing river. Therefore, here, my only intention is to point out some of the landmarks of her career. From landscapes created by the sensitive perception of the inner body, which was auscultated by advanced technologies, the artist went on to work with the body connected to interfaces in sensorized environments and software controlled by neural networks inspired in our biological nervous system. In the year 2000, her piece My Body, My Blood presented an immersive system that had interfaces for proprioception and stereoscopic animations; it was awarded the UNESCO Prize for the Promotion of the Arts, at the 7th Havana Biennial. From networks, Domingues went beyond complexity, taking a leap to artificial life. The installation Terrarium-Viveiro explores parameters that create artificial snakes controlled by a system of genetic algorithms that is prepared to execute and process calculations to simulate the characteristics of organic environments. Another step forward was taken in HEARTscape, an immersive virtual environment that offers interactions with a simulated virtual heart. It is a place that simulates a cave to receive the participant’s body. The viewer is artista homenageada : diana domingues | H O N O R E D A R T I S T: diana domingues como interface nada menos que leitor a laser de código de barras, projeções ampliadas, óculos para estereoscopia e tela sensível ao toque. Dessa alquimia estética de base tecnocientífica, Diana Domingues migrou para a plataforma social Living Tattoos, um software especulativo visando à criação de uma ciberplataforma para uma comunidade de tattoos baseada em uma rede social colaborativa. A sequência inesgotável dos trabalhos de Diana Domingues não para aí. A documentação descritiva e crítica do elenco completo de sua obra exigiria um livro. Enquanto isso não se realiza, basta mencionar que hoje a artista, rodeada de cientistas por todos os lados, encontra-se em um ambiente que faz jus à sua irresistível atração por uma estética que brota no cerne da tecnociência. No seu laboratório de pesquisa junto ao programa de engenharia biomédica da Universidade de Brasília, desenvolve projetos artísticos em interfaces afetivas, sistemas vestíveis biocíbridos, eletromiografia, visualização de dados, reconhecimento de voz, paisagens sonoras e realidade aumentada móvel na vida urbana misturada. Recentemente, via redes, pedi a Diana Domingues que me descrevesse seus mais recentes interesses e criações. Sua resposta jorrou como uma tempestade criadora. Diz ela que, no ambiente em que vive, “artistas, engenheiros, biólogos, geógrafos, filósofos, físicos, médicos, músicos, coreógrafos, matemáticos, cientistas da computação investigam a reengenharia da vida e a reengenharia dos sentidos, a reengenharia da natureza, a reengenharia da consciência e a reengenharia da cultura. Interfaces enativas para acoplamentos estruturais em presenças colocalizadas no espaço físico e no espaço de dados levam a evasões em RV em CAVE. Interfaces plurissensoriais e crossmodais, comunicação ubíqua e móvel, interfaces locativas, pervasivas e sencientes, mapeamentos e traçados em geolocatividade, realidade aumentada e misturada, interfaces biológicas, visão computacional, tagueamento e geotagueidade, processamento de sinais, biomas, clima e biodiversidade, leis e fenômenos do cosmos, interfaces sinestésicas que redefinem e suplementam a fisiologia corporal em biofeedback e bioengenharia, circuitos miniaturizados de comunicação remota e portabili- 58 | 59 completely involved by the feeling that his or her body limits are being dissolved, fusing with the environment that pulsates and throbs. A good example of the artist’s genius is the cyberinstallation L’Mito – Zapping mobile zone (2004–2006), an interactive system that involves virtual reality, data mining on the Internet, artificial intelligence, and genetic algorithms, whose interface is no less than a laser bar-code scanner, amplified projections, stereoscopic glasses, and touch screen. From this technoscientifically based aesthetic alchemy, Diana Domingues migrated to the social platform called Living Tattoos, a speculative software whose aim is to create a cyberplatform for a tattoo community based on a collaborative social network. The endless list of works by Diana Domingues continues. A full descriptive and critic documentation of her body of work requires a book. In the meantime, let’s just note that today the artist, surrounded by scientists, is in an environment that corresponds to her irresistible attraction for an aesthetics that emerges in the heart of technoscience. In her research laboratory in the biomedical engineering program of the University of Brasília, she develops artistic projects in affective interfaces, wearable biocybrid systems, electromyography, data visualization, voice recognition, sound landscapes, and mobile augmented reality in mixed urban life. Recently, through networks, I asked Diana Domingues to tell me about her recent interests and projects. Her answer was like a creative storm. She said that, in the environment she lives in “artists, engineers, biologists, geographers, philosophers, physicists, physicians, musicians, choreographers, mathematicians, computer scientists investigate the reengineering of life and the reengineering of senses, the reengineering of nature, the reengineering of conscience, and the reengineering of culture. Enactive interfaces for structural couplings dade são soluções criativas do aparato tecnológico desafiando o ecossistema”. O que mais seria necessário acrescentar como comprovação das transfigurações fulgurantes pelas quais a tecnociência pode passar, quando contagiada pelo imaginário fecundante de uma artista? Lucia Santaella é professora e livre-docente em ciências da comunicação (ECA-USP). Coordenadora da pós-graduação em tecnologias da inteligência e design digital, diretora do CIMID (Centro de Investigação de Mídias Digitais) e coordenadora do Centro de Estudos Peirceanos, todos na PUC-SP. É presidente honorária da Federação Latino-Americana de Semiótica, foi presidente da Charles S. Peirce Society (USA, 2007) e vice-presidente da Associação Internacional de Semiótica (1989 e 1999). Recebeu os prêmios Jabuti (2002, 2009), Sergio Motta (2005) e Luiz Beltrão (2010). in presences that are colocated in the physical space and in the data space lead to evasions in VR in CAVE. Plurisensorial and crossmodal interfaces, ubiquitous and mobile communication, locative, pervasive, and sentient interfaces, mapping and tracking in geolocativity, augmented and mixed reality, biological interfaces, computer vision, tagging and geotagging, signal processing, biomes, climate and biodiversity, laws and phenomena of the cosmos, synesthetic interfaces that redefine and provide supplement to the physiology of the body in biofeedback and bioengineering, remote communication and portability miniaturized circuits are creative solutions of the technological apparatus defying the ecosystem.” What else would be necessary to prove the blazing transfigurations technoscience may undergo when in contact with the fertile imaginary of an artist? Lucia Santaella is a communication sciences professor, with a habilitation degree (“Livre-Docência”) from the University of São Paulo’s School of Communications and Arts. Santaella is head of the graduate program in technologies of intelligence and digital design, director of CIMID [Research Center in Digital Media], and coordinator of the Centro de Estudos Peirceanos [Center for Peircean Studies], all of them at PUC-SP. She is an honorary president of the Latin American Federation of Semiotics, was president of the Charles S. Peirce Society (USA, 2007), and vice-president of the International Association for Semiotic Studies (1989 and 1999). She received the Jabuti (2002, 2009), the Sergio Motta (2005), and the Luiz Beltrão (2010) awards. artista homenageada : diana domingues | H O N O R E D A R T I S T: diana domingues #HORSCONCOURS 60 | 61 PAULO BRUSCKY Paulo Bruscky (por Drummond, João Cabral e Bandeira) Giselle Beiguelman Paulo Bruscky é antropotecnofágico. Devora e tritura o que estiver pela frente. Jornais, exames científicos, documentos, placas de ruas. Onde existir comunicação, ele avança. Irônico, surpreendente, corrosivo. Diante de suas obras, parecemos habitantes de uma versão 2.0 daquela cidadezinha qualquer de que nos falava Carlos Drummond de Andrade. Na cidade de Drummond, tudo ia devagar, em meio às casas entre bananeiras e mulheres entre laranjeiras. Tudo era tão lento e repetitivo que até as janelas, também devagar, olhavam-nos. Era mesmo uma vida muito besta. Pelas frestas das obras de Bruscky, somos confrontados com outra paisagem. A de uma aldeia global que se pretende muito poderosa, moderna e arrojada. Nela, tudo vai muito rápido. Os classificados, as perícias clínicas, os veredictos críticos, as falácias dos políticos, tudo está sempre muito além do entre e passa muito rápido por janelas que nem nos olham. É mesmo o retrato de uma aldeiazinha qualquer. E não é besta. É só metida a besta. Mais que isso, é bunda, como aquela cantada também por Drummond, tão engraçada... Bruscky não nos educa pela pedra, como queria seu conterrâneo João Cabral de Melo Neto. Liquidifica as certezas, desdenha da chatice das bulas, dos cânones, das mídias para fazer arte. E basta de lero-lero. É hors concours, vida, noves fora, zero. 62 | 63 Paulo Bruscky (by Drummond, João Cabral, and Bandeira) Paulo Bruscky is anthropotechnophagical. He devours and crunches whatever is in front of him: newspapers, scientific exams, documents, street signs. Wherever there is communication, he moves forward. Ironic, surprising, corrosive. When we look at his works, we seem like inhabitants of a 2.0 version of that any given little town Carlos Drummond de Andrade used to tell us about. In Drummond’s town, everything moved slowly, in the midst of homes, in the midst of banana trees, and women in the midst of orange trees. Everything was so slow and repetitive that even the windows, also slowly, looked at us. It was indeed a very dull life. Through the fissures of Bruscky’s works, we face a different landscape; the landscape of a global village that intends to be very powerful, modern, and daring. Everything moves fast in it. Classified ads, clinical reports, critical verdicts, politician’s fallacies, everything is always far beyond the midst and quickly passes by windows, which don’t even look at us. It is indeed the portrait of any given little village. And the village is not dull. It is actually pretty cocky. More than that, it is badonkadonk, just as the one also sung by Drummond, so funny… Bruscky does not educate us through the stone, as his fellow countryman João Cabral de Melo Neto wanted. He liquefies all certainties; he mocks the boredom of labels, of canons, of media, in order to make art. And enough of this yakety-yak. It is hors concours, life, casting out nines, and that is that. HORS CONCOURS Confirmado: é arte, 1977 Título eleitoral cancelado, 1976 64 | 65 História político-administrativa social e econômica do Brasil, 1990 HORS CONCOURS Meu cérebro desenha assim, 2009 66 | 67 O governo brasileiro adverte, 1994 HORS CONCOURS Atenção cuidado com o vão, 2008 Disco antropofágico, 1984 Biografias Júri de seleção, Júri de premiação e Leitores de portfólios Adriana Amaral (Porto Alegre) é docente e pesquisadora do Programa de Pós-graduação em Ciências da Comunicação da Unisinos. Doutora em comunicação social pela PUC-RS, com estágio de doutorado em sociologia da comunicação pelo Boston College (EUA). Faz parte do Conselho Científico da ABCiber – Associação Brasileira dos Pesquisadores em Cibercultura e é membro da Aoir – Association of Internet Research. É parecerista de vários periódicos e agências de fomento nacionais e internacionais. Brian Mackern (Montevidéu, Uruguai) é artista e compositor de atuação internacional. Exibiu trabalhos e ministrou palestras em diversos países, e recebeu diversos prêmios institucionais. Professor de arte eletrônica e digital da Escola Nacional de Belas-Artes da Universidade do Uruguai, Mackern é fundador e organizador do dorkbot.mvd e coordenador/curador de arte em novas mídias do Cme-Subte, Montevidéu. Atualmente, desenvolve o programa “montevideo.ETC” no Espacio de Tecnología y Cultura em Montevidéu. http://34s56w.org Cauê Alves (São Paulo) é mestre e doutor em filosofia pela FFLCHUSP e professor da graduação e pós-graduação da PUC-SP. É curador adjunto da 8ª Bienal do Mercosul, curador do 32º Panorama da Arte Brasileira do MAM-SP e curador do Solo Projects: Focus Latinoamerica, ARCOmadrid 2012. Desde 2006 é curador do Clube de Gravura do MAM-SP. Realizou a mostra Mira Schendel: Avesso do avesso (Instituto de Arte Contemporânea, 2010) e Quase líquido (Itaú Cultural, 2008). Cícero Silva (São Paulo) é pesquisador e professor da UFJF. Foi pesquisador associado na Universidade da Califórnia, San Diego, e na Brown University, ambas nos EUA. Coordena o Grupo de Software Studies no Brasil, é organizador do CineGrid Brasil e curador de arte digital do Fórum da Cultura Digital Brasileira. Recebeu menção honrosa em comunidades digitais no Prêmio Prix Ars Electronica de 2010. Clarissa Diniz (Recife) é editora da revista Tatuí. Publicou Crachá – aspectos da legitimação artística (2008), Gilberto Freyre, em coautoria com Gleyce Heitor (2010) e Montez Magno, em coautoria com Paulo Herkenhoff e Luiz Carlos Monteiro (2010). Curadorias: Refrações – arte contemporânea em Alagoas (Pinacoteca da UFAL, 2010), contidonãocontido, com o EducAtivo MAMAM (Recife, 2010). Foi curadora assistente do Programa Rumos Artes Visuais 2008/2009 (Itaú Cultural, São Paulo) e integrou o Grupo de Críticos do CCSP (2008-2010). Claudia Assef (São Paulo) é escritora, jornalista e DJ. Passou pelos mais importantes veículos do país, chegando a ser correspondente da Folha de S.Paulo, em Paris, França. Também foi editora das revistas Volume01 e Beatz. No rádio, apresenta o programa Discologia, às quintasfeiras (23h), na Oi FM. É diretora do portal Vírgula, da Jovem Pan, e colu- 68 | 69 Biographies (Selection Committee, Prize Jury, and Portfolio Readers) Adriana Amaral is a lecturer and researcher with the Graduate Program in Communication Sciences at Unisinos. Holder of a PhD in social communication from PUC-RS, with a doctoral internship in sociology of communication from Boston College. She is a member of the Scientific Council of ABCiber and of Aoir. She is an advisor for several journals and national and international development agencies. Brian Mackern is an artist and composer. He has exhibited his work and given workshops and lectures internationally, having been awarded numerous institutional prizes. A professor in digital and electronic arts with the University of Uruguay, Mackern is the founder and organizer of dorkbot.mvd and new media art coordinator/curator at CmeSubte, Montevideo. He is currently developing the program “montevideo.ETC” at Espacio de Tecnología y Cultura. Cauê Alves has a master’s degree and a doctorate in philosophy from FFLCH-USP, and is a graduate and undergraduate professor at PUC-SP. He is associate curator at the 8th Mercosul Biennial; curator of the 32nd Panorama da Arte Brasileira (MAM-SP, 2011), and curator of the section Solo Projects: Focus Latinoamerica (2012 ARCOmadrid). Since 2006, he has been the curator of MAM-SP’s Engraving Club. He organized the exhibitions Mira Schendel: Avesso do avesso (Instituto de Arte Contemporânea, 2010) and Quase líquido (Itaú Cultural, 2008). Cícero Silva is a researcher and lecturer with UFJF, and an associate researcher with the University of California and the Brown University. He coordinates the Software Studies Group in Brazil, is the organizer of CineGrid Brasil, and digital art curator at the Brazilian Digital Culture Forum. He received an honorary mention in digital communities at the 2010 Prix Ars Electronica. Clarissa Diniz is editor of Tatuí magazine. She published Crachá – aspectos da legitimação artística (2008), Gilberto Freyre, in collaboration with Gleyce Heitor (2010), and Montez Magno, in collaboration with Paulo Herkenhoff and Luiz Carlos Monteiro (2010). Curatorships: Refrações – arte contemporânea em Alagoas (UFAL Art Collection, 2010) and contidonãocontido with EducAtivo MAMAM (Recife, 2010). She was assistant curator of the Rumos Itaú Cultural Visual Arts 2008-9 program and was part of Centro Cultural São Paulo’s Critics’ Group (2008-10). Claudia Assef is a writer, journalist, and DJ. Assef has worked in the most prominent Brazilian media companies and was a foreign correspondent with the Folha de S.Paulo newspaper, in Paris, France. She was the nista do jornal O Estado de S. Paulo. É autora do livro Todo DJ já sambou, da editora Conrad. Cristiana Tejo (Recife) é curadora independente. Atualmente, é cocuradora do 32º Panorama da Arte Brasileira do MAM- SP e curadora do Projeto Made in Mirrors. Foi diretora do MAMAM (Recife, 2007-2008), curadora da Fundação Joaquim Nabuco (Recife, 2002-2006) e do Rumos Artes Visuais do Itaú Cultural (São Paulo, 2005-2006). Na X Bienal de Havana, fez a curadoria da Sala Especial de Paulo Bruscky e, no Itaú Cultural, fez a cocuradoria de Futuro do Presente, com Agnaldo Farias. Publicou Paulo Bruscky – Arte em todos os sentidos (2009). Eduardo de Jesus (Belo Horizonte) é professor da Faculdade de Comunicação e Artes da PUC Minas. Graduado em comunicação social pela PUC Minas, mestre em comunicação pela UFMG e doutor pela ECA-USP. Faz parte do Conselho da Associação Cultural Videobrasil. Realizou recentemente as curadorias Dense Local, com Gunalan Nadarajan, no contexto do Transitio MX (Cidade do México, 2009) e Esses espaços, no Oi Futuro (Belo Horizonte, 2010). Ivana Bentes (Rio de Janeiro) é professora e pesquisadora de cinema, novas mídias, cultura e comunicação da Escola de Comunicação da UFRJ. Coordenadora do projeto Midiarte e Estéticas da Comunicação, e coordenadora do Pontão de Cultura Digital da ECO-UFRJ e Laboratório Cultura Viva. Participa regularmente como ensaísta e conferencista em publicações e eventos relacionados às áreas de comunicação, artes visuais, cinema, TV e novas tecnologias da imagem, e como curadora em cinema e arte. Jorge La Ferla (Buenos Aires, Argentina) é professor catedrático da Universidade de Buenos Aires, da Universidade de Cinema de Buenos Aires e da Universidade de Los Andes, Bogotá, Colômbia. Editou trinta livros sobre arte e mídia. Autor dos livros Video en la Puna: Los viajes de Valdez (Editorial Nueva Librería, 1994) e Cine (y) digital. Aproximaciones a posibles convergencias entre el cinematógrafo y la computadora (Ed. Manantial, 2009), entre outros. É curador de cinema, vídeo e novas tecnologias com ampla atuação internacional. Josephine Bosma (Amsterdã, Holanda) é escritora e crítica de arte. Publicou Nettitudes – Let’s Talk Net Art [Nettitudes – Vamos falar sobre net art] uma compilação de ensaios (Editora NAi Publishers / Institute for Network Cultures), além de entrevistas, críticas e textos para catálogos, livros e revistas. Tendo como foco o trabalho com net art, arte sonora e cultura de rede, Bosma co-organizou eventos, como a seção rádio do festival Next 5 Minutes (1996-1999), a newsletter CREAM (2001-2002) e o simpósio do festival GOGBOT (2010-2011). http://www.josephinebosma.com Manuela Naveau (Linz, Áustria) é artista independente e curadora. Juntamente com Gerfried Stocker, é responsável, desde 2004, pelo festival internacional Ars Electronica. Seu trabalho pessoal tem como foco projetos que desafiam a percepção da arte. Ela é doutoranda pela University for Art and Design, em Linz, e sua pesquisa trata de formas contemporâneas de práticas artísticas influenciadas pela internet. editor of Volume01 and Beatz magazines. She is the host of the radio program Discologia (Oi FM), the director of Jovem Pan radio station’s website, Vírgula, columnist in O Estado de S. Paulo, and the author of the book Todo DJ já sambou (Ed. Conrad). Cristiana Tejo is an independent curator. She is the cocurator of the 32nd Panorama da Arte Brasileira (MAM- SP, 2011) and curator of the Project Made in Mirrors. She was director of MAMAM (Recife, 2007-8), curator of Fundação Joaquim Nabuco (Recife, 2002-6) and of Rumos Itaú Cultural Visual Arts (São Paulo, 2005-6). In the 10th Havana Biennial, Tejo curated the special room dedicated to Paulo Bruscky. She also cocurated the exhibition Futuro do Presente, with Agnaldo Farias (Itaú Cultural). She published the book Paulo Bruscky – Arte em todos os sentidos (2009). Eduardo de Jesus is a lecturer with PUC Minas’ Communication and Arts School. He is a graduate in social communication from PUC Minas, holder of a master’s degree in communication from UFMG and a doctorate from ECA-USP. He is a member of Associação Cultural Videobrasil’s Council. He cocurated Dense Local, with Gunalan Nadarajan, as part of the Transitio MX festival (Mexico City, 2009), and curated the exhibition Esses espaços (Oi Futuro, Belo Horizonte, 2010). Ivana Bentes is a lecturer and researcher in the fields of cinema, new media, culture, and communication with UFRJ’s Communication School. Bentes coordinates the projects Midiarte e Estéticas da Comunicação, ECO-UFRJ’s Pontão de Cultura Digital, and Laboratório Cultura Viva. She writes essays in different journals and delivers lectures in events related to communication, visual arts, cinema, TV, and new imaging technologies; she is also a cinema and art curator. Jorge La Ferla is a full professor at the University of Buenos Aires, at the University of Cinema Foundation, Buenos Aires, and at the University of Los Andes, Bogota. He has edited thirty books on art and media. He’s the author of Video en la Puna: Los viajes de Valdez (Nueva Librería, 1994) and Cine (y) digital. Aproximaciones a posibles convergencias entre el cinematógrafo y la computadora (Manantial, 2009), among others. He’s an internationally acclaimed cinema, video, and new technologies curator who participates in events all over the world. Josephine Bosma is a writer and art critic. She published the Nettitudes – Let’s Talk Net Art collection of essays (NAi/ Institute for Network Cultures), in addition to interviews, reviews, and texts in catalogues, books, and magazines. Focused on net art, sound art, and net culture, Bosma has coorganized events such as the radio section of Next 5 Minutes (1996-99), the CREAM newsletter (2001-02), and the symposium of the GOGBOT festival (2010-11). Manuela Naveau is an artist and independent curator. Together with Gerfried Stocker she has been responsible, since 2004, for the development of the international exhibitions of Ars Electronica. Naveau’s personal work focuses on projects that Marcos Boffa (São Paulo) é um dos produtores de eventos musicais mais ativos da América do Sul. Criou o Eletronika – Festival de Novas Tendências Musicais em Belo Horizonte (1999) e integrou a equipe dos festivais Sonar Sound SP (2004), Nokia Trends (2005), Motomix (2006), Planeta Terra Festival e Vivo arte.mov – Festival Internacional de Arte e Mídias Móveis. Em 2009, participou do júri do Transmediale de Berlim, na Alemanha. Integra o júri do Prix Ars Electronica 2011 na categoria Digital Musics & Sound Art. Priscila Arantes (São Paulo) é pesquisadora, crítica e curadora. Mestre e doutora em comunicação e semiótica pela PUC-SP e pós-doutora pela Unicamp. É diretora técnica do Paço das Artes e foi diretora adjunta do MIS-SP (2007-2011). É autora de Arte @ Mídia: perspectivas da estética digital (Senac/Fapesp), Conexões tecnológicas (Imesp), Estéticas tecnológicas: novas formas de sentir (Educ). Foi curadora das exposições I/legítimo: dentro e fora do circuito (2008), Crossing [Travessias] (2010) e Assim é, se lhe parece (2011). Priscila Farias (São Paulo) é designer gráfica e pesquisadora na área de design. Doutora em comunicação e semiótica pela PUC-SP, é docente da FAU-USP, onde coordena o Laboratório de Pesquisa em Design Visual, e do Centro Universitário Senac-SP. Editora do periódico científico InfoDesign, organizadora dos livros Fontes digitais brasileiras (Rosari) e Advanced Issues in Cognitive Science and Semiotics (Shaker Verlag), autora de Tipografia digital (2AB) e de diversos artigos sobre tipografia, design e semiótica. Tadeu Chiarelli (São Paulo) é professor junto ao Departamento de Artes Plásticas da ECA-USP e diretor do Museu de Arte Contemporânea da USP. Tania Aedo (Cidade do México, México) é diretora do Laboratorio Arte Alameda. Em 1993, passou a trabalhar no Multimedia Center, do qual foi diretora entre 2005 e 2007. Nos anos 1990, como parte de sua prática artística, dedicou-se ao desenvolvimento de simulações interativas tridimensionais (Realidade Virtual), de ambientes multiusuários e de pequenas comunidades na internet. Atualmente, tem como foco de pesquisa o desenvolvimento de estratégias artísticas em contextos específicos, tecnologia e educação interdisciplinar na América Latina. Tiago Mesquita (São Paulo) atua como crítico e, ocasionalmente, como curador. É formado em ciências sociais e mestre em filosofia pela FFLCH-USP e colaborou com os jornais Folha de S.Paulo e O Público, além das revistas Novos Estudos Cebrap, +soma e Reportagem, entre outros. Escreve o blog do Guaciara e é letrista de música popular. Já compôs com Rômulo Fróes, Maurício Takara e Rob Mazurek. attempt to challenge accepted perceptions of visual art forms. She is pursuing a doctorate at the University for Art and Design (Linz), where she researches contemporary forms of artistic practices influenced by the Internet. Marcos Boffa is one of the most active musical events producers in South America. He created Eletronika festival (Belo Horizonte, 1999) and joined the teams of the following festivals: Sonar Sound SP (2004), Nokia Trends (2005), Motomix (2006), Planeta Terra Festival, and Vivo arte.mov. In 2009, Boffa was part of the jury of the Berlin Transmediale. He is part of the jury of Prix Ars Electronica 2011 in the Digital Musics & Sound Art category. Priscila Arantes is a researcher, critic, and curator. Holder of a master’s degree and a doctorate in communication and semiotics from PUC-SP, and a postdoctorate from Unicamp. She is the technical director of the museum Paço das Artes and has been associate director of MIS-SP (2007-11). She is the author of Arte @ Mídia: perspectivas da estética digital (Senac/Fapesp), Conexões tecnológicas (Imesp), Estéticas tecnológicas: novas formas de sentir (Educ). She curated the exhibitions I/legítimo: dentro e fora do circuito (2008), Crossing [Travessias] (2010), and Assim é, se lhe parece (2011). Priscila Farias is a graphic designer and researcher in the field of design. She is the holder of a doctorate in communication and semiotics from PUC-SP and a lecturer with FAU-USP—where she coordinates the Research Laboratory in Visual Design—and with the Senac University Center. She is also the editor of the scientific journal InfoDesign, organizer of the books Fontes digitais brasileiras (Rosari) and Advanced Issues in Cognitive Science and Semiotics (Shaker Verlag), and author of Tipografia digital (2AB) and of several papers on typography, design, and semiotics. Tadeu Chiarelli is a professor at the Visual Arts Department at ECA-USP, and director of USP’s Contemporary Art Museum. Tania Aedo is the director of Laboratorio Arte Alameda. She has worked at the Multimedia Center since 1993 and directed it from 2005 to 2007. In the 1990s, as part of her artistic practice, she was involved in the development of three-dimensional interactive simulations (Virtual Reality), as well as multiuser environments and small communities on the Internet. Her current research is focused on the development of strategies for art in specific contexts, technology, and interdisciplinary education in Latin America. Tiago Mesquita is a lecturer, an art critic, and occasionally also a curator. A graduate in social sciences with a master’s degree in philosophy from FFLCH-USP, he has contributed in Folha de S.Paulo and O Público newspapers, besides Novos Estudos Cebrap, +soma, and Reportagem magazines, among others. He writes the blog do Guaciara and is also a pop music lyricist. He has written songs in partnership with Rômulo Fróes, Maurício Takara, and Rob Mazurek. 70 | 71 Imagens gentilmente cedidas pelos artistas ou por: Images kindly granted by the artists or by: Galeria Nara Roesler / Fernanda Figueiredo e Eduardo Mattos (Jerk Off [Dízima periódica], 2006-11, p. 17) Cauê Ito (Redes vestíveis, 2010, p. 18; Campo minado, 2009-11, p. 19) Leonardo Crescenti (reler, 2008, p. 26, imagem inferior [lower image]) Ana Paula Miranda, Fernando M. (Vj’ing móvel: espetáculo+vigilância=consumo, 2005, p. 37) Ana Paula Miranda, Fernando M., Kinho Skujis, Borô (Surveillance Wireless Vj’ing Performance, 2004, p. 39) Henrique Skujis, Borô (The Birth of Automaton: Cyborg Panopticando, 2004, p. 39) Bianca Aun (Outono, 2007, p. 42) Cuia Guimarães (Queda, 2010, p. 42) Maíra Buzelin Leonel (Garganta, 2010, p. 44) Amilcar Packer (Imprevisibilidade e justeza, 2010, p. 46) Conception Levi, Camil Scorteanu (Maquiagem aumentada, 2008-10, p. 46) Pedro Victor Brandão (Dissimulado, 2009-10, p. 47) Ale Vega (Pêndulo, 2011, p. 49; Presenças insustentáveis, 2010-11, p. 50/51) Brigitte Pougeoise (O observador, 1999, p. 54) Bel Pedrosa (Not Me, 2008, p. 55) Galeria Nara Roesler (Título eleitoral cancelado, 1976, p. 63; Confirmado: é arte, 1977, p. 63; História politicoadministrativa social e econômica do Brasil, 1990, p. 64; Meu cérebro desenha assim, 2009, p. 65; O governo brasileiro adverte, 1994, p. 66; Disco antropofágico, 1984, p. 67; Atenção cuidado com o vão, 2008, p. 67) Alguns dos trabalhos que aparecem neste catálogo foram realizados em parceria: Some of the artworks that are shown in this catalogue were made in partnership: ponte, 2008, p. 27, com [with] Lea van Steen Marvim Gainsbug, 2009, p. 32, com [with] Filipe Calegário Vj’ing móvel: espetáculo+vigilância=consumo, 2005, p. 37 com [with] Ana Paula Miranda, Fernando M., Luciana Costa, Mariana Cavalcanti, Flavia Vivaqua Manifeste-se [todo mundo artista] – mobile webtv live broadcast, 2006-08, p. 38 com [with] Fernando M., Diogo Lessa, Jobas, Paulo Régis, Tony Domingues Surveillance Wireless Vj’ing Performance, 2004, p. 39, com [with] Ana Paula Miranda, Fernando M., Kinho Skujis, Borô, Daniel Gonzales, Ricardo Barreto, mau sacht Acidente, 2006, p. 40, com [with] Cao Guimarães O que exatamente vocês fazem, quando fazem, ou esperam fazer curadoria?, 2010, p. 43, com [with] Yuri Firmeza Mira, 2001, p. 43, com [with] Eva Queiroz, Filipe FCMC, Leandro HBL, João Flávio Flores, Sérgio Borges Imprevisibilidade e justeza, 2010, p. 46, com [with] Arto Lindsay, Pedro Sá, Lisette Lagnado Da obsolescência programada em 3 atos, 2009, p. 49, [with] com Paulo Beto, Jarbas Jácome Catalogação na Fonte: Bibliotec Gerenciamento da Informação P916 Prêmio Sergio Motta de arte e tecnologia, 9 / Camila Duprat; Giselle Beiguelman; Lucia Santaella et al. 1.ed. São Paulo: Instituto Sergio Motta, 2011. 72p.: il; 24cm Título em inglês: 9th Sergio Motta art & technology award. ISBN: 978-85-60824-09-0 1.Arte e tecnologia. 2.Cultura. 3.Premiação. 4.Arte. I. Duprat, Camila. II. Beiguelman, Giselle. III. Santaella, Lucia, et al. IV. Título. CDD – 700.105 INSTITUTO SERGIO MOTTA Conselho Deliberativo Board Presidente Chairman | Antonio de Pádua Prado Junior Vice-Presidente Vice-Chairman | Paulo Renato Costa Souza – in memoriam Presidente de Honra Honorary Chairman | Wilma Kiyoko Vieira da Motta Conselheiros Board Members | Lídia Goldenstein, José Expedicto Prata, Marcello Borg, Ethevaldo Mello de Siqueira, Silvia Alice Antibas Conselho Fiscal Audit Committee | Antonio Carlos Bernardo, Maria Helena Berlinck Martins, Teiji Tomioka Diretoria Main Executives Diretora-Presidente CEO | Wilma Kiyoko Vieira da Motta Diretor Financeiro CFO | João Teixeira de Almeida Junior Colaboradores Team Superintendência Superintendent | Camila Duprat Martins Coordenação de Projetos Projects Coordinator | Tetê Tavares Coordenação de Produção Production Coordinator | Aline Minharro Gambin Coordenação de Comunicação Diffusion Coordinator | Fernanda Perez Controller Controller | Luciana Dacar Administração Administration | Sadao Kitagawa Auxiliar Administrativo Administrative Assistant | Márcio dos Santos Secretaria Geral Executive Secretary | Maria José Tenório Paiva www.ism.org.br 9º PRÊMIO SERGIO MOTTA DE ARTE E TECNOLOGIA 9th SERGIO MOTTA ART AND TECHNOLOGY AWARD Coordenação Geral General Coordinator | Camila Duprat Martins Curadoria Curator | Giselle Beiguelman Coordenação do Projeto Projects Coordinator | Tetê Tavares Coordenação de Produção Production Coordinator | Aline Minharro Gambin Coordenação de Comunicação Diffusion Coordinator | Fernanda Perez Controller Controller | Luciana Dacar Administração Administration | Sadao Kitagawa Identidade Visual Visual Identity | Paula Astiz Assessoria de Imprensa Press Relations | Décio Hernandez Di Giorgi CATÁLOGO CATALOGUE Coordenação Geral General Coordinator | Tetê Tavares Coordenação Editorial Editorial Coordination | Rafaela Ferreira Versão para o Inglês Translation | Márcia Macêdo Revisão Proofreading | Regina Stocklen Projeto Gráfico Graphic Design | Paula Astiz CTP, impressão e acabamento CTP, printing, and finishing | Gráfica Águia Tiragem Print run | 2.000 exemplares 2,000 copies São Paulo, Brasil, 2011 | São Paulo, Brazil, 2011 PATROCÍNIO | SPONSORSHIP APOIO | SUPPORT REALIZAÇÃO | PRODUCED BY REALIZAÇÃO | PRODUCED BY #instituto_sergio_motta #arte_contemporanea #cultura_digital #br #2011