Ler Mais
Transcrição
Ler Mais
Consultoria Técnica e Investigativa em Apoio a Litígios FTI Consulting - Insights As consequências para o Brasil do programa de expansão monetária do Banco Central Europeu. Fevereiro 2015 Em janeiro o Banco Central Europeu (BCE) anunciou um programa de expansão monetária (quantitative easing QE) com o intuito de estimular a recuperação econômica da zona do Euro (EU) e, ao mesmo tempo, reverter o processo de deflação da região. Mário Draghi, presidente do BCE, anunciou que o programa deverá contar com estímulos mensais de 60 bilhões de euros, através de compras de títulos de dívida, e que pode chegar a 1 trilhão de euros. O programa acentua as diferenças entre as posturas dos bancos centrais americano e europeu sobre como lidar com a crise iniciada em 2008. Em comparação, o programa americano iniciado pelo FED (Federal Reserve) sob a gestão do chairman Ben Bernanke em 2009, e encerrado em Outubro 2014 sob a atual gestão da chairwoman Janet Yellen, consumiu USD 3.5 trilhões, sendo aproximadamente metade deste valor gasto nos primeiros doze meses após a crise. É difícil predizer o impacto geral dessas ações na economia brasileira. Há consequências positivas e negativas nesta decisão. Entre os impactos positivos ao Brasil podemos listar: Aumento das exportações As exportações para a união europeia cresceram de USD 15.4 bilhões (2000) para USD 42.0 bilhões (2014) e atingiram seu pico em USD 53.2 bilhões (2011). Similar ao período pós-crise de 2008, desde 2011 o volume de exportações vem caindo. Uma recuperação econômica da EU tem o potencial de aumentar nossas exportações para aquela região. Investimento: Uma parte dos recursos disponibilizados pelo BCE pode vir parar no Brasil na forma de investimento estrangeiro direto (IED). Por uma série de motivos (inflação, crescimento irrisório, setores industriais combalidos, corrupção e infraestrutura) o Brasil perdeu o interesse de investidores internacionais, em comparação ao seu auge de anos atrás. Portanto, eventos que contribuam como o aumento do IED são muito bem-vindos e benéficos ao nosso cenário atual; CRITICAL THINKING AT THE CRITICAL TIME™ Entre os impactos negativos ao Brasil podemos listar: Inflação: O excesso de liquidez na EU pode prejudicar o programa de austeridade monetária do governo. Um dos esforços da atual equipe econômica é controlar a inflação que deve ser mantida no topo da meta de 6.5% nos últimos anos. Além das medidas de ajuste fiscal que o governo implantará neste ano, o Banco Central, em sintonia (finalmente!) também vem tomando políticas restritivas, como os últimos aumentos da taxa SELIC para 12.25%. E também neste sentido bancos públicos vem subindo seus juros comerciais e reduzindo as operações de crédito. Câmbio e exportação: O real desvalorizou-se junto ao euro ao longo dos últimos cinco anos, tendo atingido o pico de Real/Euro 3.43 (Dez 2014), versus o valor mais baixo de Real/Euro 2.17 (Set 2010), facilitando as nossas exportações. Porém, nos últimos meses isto tem se invertido com o decréscimo a Real/Euro 2.87 até antes da última reunião do COPOM. Caso este padrão de decréscimo se perpetue teremos um impacto negativo em nossas exportações para a EU. Ainda, em última análise as posturas distintas do BCE e do FED, pós-crise de 2008, indicam ao Brasil eventuais lições e expectativas sobre nosso futuro, provavelmente mais sombrio do que se imagina com uma crise que pode levar vários anos ainda de recuperação. Nos meses seguintes à crise, o governo Lula tomou a postura de ampliar a oferta de crédito, numa versão tupiniquim do QE do FED. E, por este e outros motivos (superávit balança comercial), saímos rapidamente da crise, apelidada de ‘marolinha’; O atual governo, com vistas a corrigir os vários abusos de gastos orçamentários, que levaram inclusive a absurda decisão de revogar-se o princípio da responsabilidade fiscal com a autorização do Congresso para mais uma fraude contábil dos gastos públicos, vem tomando medidas de cunho restritivo. Do ponto de vista de política fiscal, FTI Consulting - Insights As consequências para o Brasil do programa de expansão monetária do Banco Central Europeu. principalmente, o Ministro da Fazenda Joaquim Levy vem tomando as decisões corretas com vistas a reduzir o déficit público. Se o exemplo do BCE nos servir, estas medidas restritivas, em meio ao ambiente já recessivo que estamos enfrentando, tem o poder de expandir nosso período de crise e recuperação para vários anos. Porém, com todos os abusos de falta de controle das finanças públicas executados nos últimos anos talvez não reste mesmo outra opção ao ministro Levy. Mas o timing não poderia ser pior. Eduardo Sampaio +55 11 3165 4535 [email protected] CRITICAL THINKING AT THE CRITICAL TIME™ Sobre a FTI Consulting A FTI Consulting é uma empresa de consultoria empresarial global que oferece aos clientes soluções multidisciplinares para ajudá-los a lidar com desafios e oportunidades complexos. Com uma profunda singularidade de pensamento combinada com a experiência global de nossos profissionais, estamos comprometidos em proteger e melhorar o valor empresarial de nossos clientes. Em área como Investigação, litígio, fusões e aquisições, assuntos regulatórios, gerenciamento reputacional e reestruturação. www.fticonsulting.com ©2015 FTI Consulting, Inc. All rights reserved.