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Documento de Fundo para solicitar financiamento do Fundo Catalítico FTI (Versão Final: 1 de Setembro de 2010) DOCUMENTO DE FUNDO PARA SOLICITAR FINANCIAMENTO DO FC-FTI Índice Lista de Quadros ........................................................................................................ v Lista de Gráficos ...................................................................................................... vii Lista de Abreviaturas ............................................................................................... ix Prefácio ...................................................................................................................... xi Parte I: Progressos, desafios e perspectivas para o desenvolvimento da Educação em Moçambique .................................................................. 1 1. Introdução .......................................................................................................... 1 1.1 Breve descrição do país ................................................................................ 1 1.2 Sistema Educativo ........................................................................................ 2 1.2.1 Ensino primário .................................................................................. 2 1.2.2 Ensino secundário ............................................................................... 2 1.2.3 Ensino superior ................................................................................... 3 1.3 Administração do sistema ............................................................................. 3 2. O enquadramento político.................................................................................. 3 2.1 Os documentos orientadores ......................................................................... 3 2.1.1 Os instrumentos políticos do Governo ................................................. 3 2.1.2 Os planos estratégicos do sector da Educação...................................... 5 2.2 A parceria entre o Ministério e os seus parceiros ........................................... 6 2.2.1 Antecedentes ....................................................................................... 6 2.2.2 Plataformas de diálogo ........................................................................ 6 2.2.3 Os parceiros de cooperação ................................................................. 7 2.2.4 Envolvimento da sociedade civil ......................................................... 7 2.3 O papel da FTI no desenvolvimento do sector............................................... 8 2.3.1 O que é a FTI e o Fundo Catalítico? .................................................... 8 2.3.2 FTI em Moçambique ........................................................................... 8 2.3.3 O pedido para o Fundo Catalítico ........................................................ 9 3. Os resultados do sector através dos principais indicadores .............................. 9 3.1 Introdução .................................................................................................... 9 3.2 Progressos ao nível do sector ...................................................................... 10 3.3 Progressos no Ensino Primário ................................................................... 14 3.3.1 Introdução ......................................................................................... 14 3.3.2 O nível de escolarização .................................................................... 14 3.3.3 Eficiência e eficácia do sistema ......................................................... 20 3.3.4 A alocação e o uso eficiente dos recursos humanos ........................... 25 3.4 Os grandes desafios do sector ..................................................................... 27 3.4.1 Em termos de acesso ......................................................................... 27 3.4.2 Em termos de qualidade .................................................................... 28 i DOCUMENTO DE FUNDO PARA SOLICITAR FINANCIAMENTO DO FC-FTI 3.4.3 Em termos de desenvolvimento institucional ..................................... 28 4. Implementação das estratégias principais do PEEC na área do ensino primário ............................................................................................................ 29 4.1 Construção acelerada .................................................................................. 29 4.1.1 Antecedentes ..................................................................................... 29 4.1.2 Resultados atingidos.......................................................................... 29 4.1.3 Os principais desafios ....................................................................... 31 4.1.4 Perspectivas para o futuro ................................................................. 32 4.1.5 Implicações para o novo plano estratégico ......................................... 33 4.2 Formação de Professores ............................................................................ 34 4.2.1 Antecedentes ..................................................................................... 34 4.2.2 Resultados atingidos.......................................................................... 34 4.2.3 Principais desafios e perspectivas para o futuro ................................. 35 4.2.4 Implicações para o novo plano estratégico ......................................... 36 4.3 Provisão de livros escolares ........................................................................ 37 4.3.1 Antecedentes ..................................................................................... 37 4.3.2 Resultados......................................................................................... 37 4.3.3 Principais desafios e perspectivas para o futuro ................................. 37 4.3.4 Implicações para o novo plano estratégico ......................................... 38 4.4 Apoio directo às escolas.............................................................................. 38 4.4.1 Antecedentes ..................................................................................... 38 4.4.2 Resultados......................................................................................... 38 4.4.3 Principais desafios e perspectivas para o futuro ................................. 39 4.4.4 Implicações para o novo plano estratégico ......................................... 39 4.5 Implementação de Novo Currículo para o Ensino Primário ......................... 39 4.5.1 Antecedentes ..................................................................................... 39 4.5.2 Resultados......................................................................................... 39 4.5.3 Principais desafios e perspectivas para o futuro ................................. 40 4.5.4 Implicações para o novo plano estratégico ......................................... 41 4.6 A resposta do sector ao HIV/SIDA ............................................................. 41 4.6.1 Antecedentes ..................................................................................... 41 4.6.2 Resultados......................................................................................... 42 4.6.3 Principais desafios e perspectivas para o futuro ................................. 42 4.6.4 Implicações para o novo plano estratégico ......................................... 43 5. Perspectivas para o futuro – o próximo plano estratégico .............................. 44 5.1 Introdução .................................................................................................. 44 5.2 Quadro de planificação, orçamentação e monitoria ..................................... 44 5.3 As prioridades e objectivos estratégicos do sector ....................................... 45 5.4 Enfrentando os desafios do sector ............................................................... 45 5.4.1 Enfoque nas crianças fora da escola .................................................. 46 5.4.2 Grande pressão social para a expansão do ensino secundário ............. 47 5.4.3 Melhorar a aprendizagem no Ensino Primário ................................... 49 5.4.4 Reforçar a capacidade institucional ................................................... 50 5.5 Novos enfoques no plano do sector ............................................................. 52 5.5.1 Desenvolvimento da primeira infância .............................................. 52 5.5.2 Preparação para a vida do trabalho .................................................... 52 ii DOCUMENTO DE FUNDO PARA SOLICITAR FINANCIAMENTO DO FC-FTI Parte II: Financiamento da Educação em Moçambique: Evolução e Perspectivas para o Futuro ..................................................................... 55 1. Evolução/tendências do financiamento do sector (geral) ................................ 55 1.1 Introdução .................................................................................................. 55 1.2 Evolução das despesas do sector 2005-2009 (geral) .................................... 57 1.3 Execução do orçamento de FASE ............................................................... 60 1.4 Comparação do Orçamento do sector em 2009 e 2010 ................................ 61 1.5 Perspectivas para o financiamento do sector (Médio Prazo: 2011-2013) ..... 62 2. Necessidades de financiamento do sector ........................................................ 65 3. Solicitação para financiamento adicional da FTI............................................ 66 3.1 Racional ..................................................................................................... 66 3.2 Os programas financiados pelo FASE – Historial........................................ 67 3.3 A proposta de financiamento dos programas do FASE 2011-2013 .............. 69 3.3.1 Introdução ......................................................................................... 69 3.3.2 As prioridades ................................................................................... 70 3.3.3 Cenários alternativos ......................................................................... 71 3.3.4 Os programas específicos .................................................................. 72 3.3.5 Novos enfoques ................................................................................ 76 Anexos ...................................................................................................................... 79 iii DOCUMENTO DE FUNDO PARA SOLICITAR FINANCIAMENTO DO FC-FTI Lista de Quadros Quadro 1: Os instrumentos políticos e estratégicos do Governo de Planificação, Orçamentação e Monitoria ......................................................................... 4 Quadro 2: Crescimento da rede escolar por nível de ensino leccionado, 2000-2010 (diurno, público, privado e comunitário) ................................. 11 Quadro 3: Crescimento do número de alunos, por nível de ensino e por sexo, 2004-2010 (diurno e nocturno, público, comunitário e privado) ............... 11 Quadro 4: Número de professores no Ensino Geral (EP e ESG1), total, percentagem de professoras e percentagem de professores sem formação, 2004-2010 (diurno, público, privado e comunitário) ................ 12 Quadro 5: Evolução do número de graduados, por nível de ensino e sexo, 2004-2009 (diurno e nocturno, público, comunitário e privado) ............... 13 Quadro 6: Proporção de repetentes e taxas de desistência e de aprovação no Ensino Primário, 2000-2009 (diurno, ensinos público, privado e comunitário) ............................................................................................ 22 Quadro 7: Evolução das taxas de aproveitamento escolar por classe, EP1 e EP2, 2004-2009, ambos os sexos (diurno, ensinos público, privado e comunitário) (valores em percentagem) ................................................... 23 Quadro 8: Evolução das taxas de desistência na 2ª, 5ª e 7ª classes, ambos os sexos, 2004-2009 (turno diurno, ensinos público, privado e comunitário) ............................................................................................ 23 Quadro 9: Alunos, professores e rácios alunos por professor e alunos por turma no EP1, 2004, 2006 e 2008-2010 (diurno, ensinos público, privado e comunitário) ............................................................................................ 26 Quadro 10: Evolução do número de novos professores recrutados e do rácio alunos por professor, ensino primário, público, 2006-2010....................... 26 Quadro 11: Número de salas de aulas construídas através do Programa de Construção Acelerada, 2005-2009............................................................ 30 Quadro 12: Evolução do número de salas de aula do Ensino Primário, segundo material de construção, 2004-2009 (ensinos público, privado e comunitário) ............................................................................................ 30 Quadro 13: Escolas, número médio de salas e turmas por escola e percentagem de turmas sem sala de aula por turno e no total, ensino primário, 20042009 (ensinos público, privado e comunitário) ......................................... 31 Quadro 14: Evolução do número de graduados dos IFPs, 2003-2009 (total e feminina) ................................................................................................. 35 Quadro 15: Evolução do número dos graduados do ensino à distância, formação continua de professores, 10ª+2, 2008-2009 .............................................. 35 Quadro 16: Orçamento do FASE (incluindo os saldos do ano n-1), 2009-2010 (fonte: PdAs 2009 e 2010)........................................................................ 62 Quadro 17: Orçamento para 2009 e 2010 e previsões para 2011-2013 (CFMP) .......... 63 v DOCUMENTO DE FUNDO PARA SOLICITAR FINANCIAMENTO DO FC-FTI Quadro 18: Comparação entre orçamento, despesa, projecções e os custos estimados da implementação do plano estratégico do sector, 2005-2013................................................................................................ 65 Quadro 19: O enquadramento dos fundos do FTI no orçamento projectado para 2011-2013 (em mil USD) ......................................................................... 67 Quadro 20: Financiamento proposto para o programa de construção acelerada ........... 72 Quadro 21: Valor médio para o programa ADE .......................................................... 73 vi DOCUMENTO DE FUNDO PARA SOLICITAR FINANCIAMENTO DO FC-FTI Lista de Gráficos Gráfico 1: Estrutura do sistema da educação, por níveis e classes, Ensino Geral, 2004 e 2010 (diurno, nocturno, ensinos público, privado e comunitário) ............................................................................................ 12 Gráfico 2: Evolução do número de professores e da percentagem de professores sem formação por nível de ensino, 2004-2010 (diurno, público, privado e comunitário) ............................................................................. 13 Gráfico 3: Evolução na participação das crianças no ensino primário por província (2004, 2007, 2010) (diurno, público, privado e comunitário) .... 15 Gráfico 4: Alunos (número e percentagem) frequentando o Ensino Primário do 2º Grau (EP2) em relação ao total de alunos no Ensino Primário, ambos os sexos, 2004, 2007 e 2010 (diurno, ensinos público, privado e comunitário) .......................................................................................... 16 Gráfico 5: Alunos no EP2, em números absolutos e em proporção do total de alunos no EP, 2004 e 2010, por província (turno diurno, ensinos público, comunitário e privado)................................................................ 16 Gráfico 6: Evolução da percentagem de meninas frequentando o Ensino Primário, 2004-2010 (turno diurno, ensinos público, privado e comunitário) ............................................................................................ 17 Gráfico 7: Percentagem de meninas (1ª à 7ª classes), 2004 e 2010 (diurno, ensinos público, privado e comunitário) ................................................... 18 Gráfico 8: Evolução da percentagem de meninas no Ensino Primário, 2004 e 2010, nos distritos com percentagens inferiores a 40% em 2004 (turno diurno, ensinos público, privado e comunitário) ....................................... 19 Gráfico 9: Evolução do número de alunos por idade no Ensino Primário, 1995-2010 (turno diurno, ensinos público, comunitário e privado) ........... 19 Gráfico 10: Alunos na 1ª classe com 6 e 7 anos (total e em percentagem do total de alunos na 1ª classe), 2004 e 2010 (diurno, ensinos público, privado e comunitário) .......................................................................................... 20 Gráfico 11: Número de alunos na 7ª (ano n) e na 1ª classe (ano n-6), e taxas de retenção, por sexo, 2000/06 – 2004/10 (turno diurno, ensinos público, comunitário e privado) ............................................................................. 21 Gráfico 12: Proporção de alunos na 7ª classe em relação ao número de alunos na 1ª classe 6 anos antes, (2006-2000 e 2010-2004) (diurno, ensinos público, privado e comunitário)................................................................ 21 Gráfico 13: Taxas de desistência nas 2ª, 5ª e 7ª classes, 2009, por província (turno diurno, ensinos público, comunitário e privado) ....................................... 24 Gráfico 14: Taxas médias de desistência no Ensino Primário (1ª à 7ª classe), por província, 2004 e 2009 (turno diurno, ensinos público, comunitário e privado) ................................................................................................... 24 vii DOCUMENTO DE FUNDO PARA SOLICITAR FINANCIAMENTO DO FC-FTI Gráfico 15: Taxas de conclusão, EP2 (7ª classe) e percentagem de meninas no total de graduados do EP2 por províncias, 2004 e 2009 (turno diurno, ensinos público, privado e comunitário) ................................................... 25 Gráfico 16: Rácios alunos por professor no Ep1, 2006 e 2010, e alunos por turma em 2010, por províncias (ensinos público, privado e comunitário) ........... 27 Gráfico 17: Alunos no ESG em 2010 (turnos diurno e nocturno, ensinos público, privado e comunitário) e população com 13-17 anos de idade, 2007 ......... 48 Gráfico 18: Número de ingressos na 8ª classe e taxas de transição entre a 7ª e a 8ª classes, ambos os sexos, por Províncias, 2006 e 2010 (turno diurno, ensinos público, privado e comunitário) ................................................... 48 Gráfico 19: Estrutura do orçamento do sector da Educação segundo fontes de financiamento (2010) (Fonte: MINED, PdA 2010) ................................... 56 Gráfico 20: Estrutura da Fonte Interna (2010) (Fonte: MINED, PdA 2010) ................ 56 Gráfico 21: Estrutura da Fonte Externa por modalidades de financiamento (Fonte: MINED, PdA 2010) ................................................................................. 57 Gráfico 22: Evolução do orçamento e da sua execução no sector da Educação, 2005–2009 (fonte: CGE 2004-2008, REO 2009) ...................................... 58 Gráfico 23: Despesa no sector para o ensino geral e ensino superior (em volume e percentagem), 2005-2009 ......................................................................... 58 Gráfico 24: Evolução do peso do Sector da Educação na Despesa do Estado, 2005-2009................................................................................................ 59 Gráfico 25: Percentagem da despesa da educação no PIB, 2004-2009 (total e fonte interna) .................................................................................................... 59 Gráfico 26: Financiamento externo ao sector da Educação (despesa) e percentagem em relação à despesa total do Estado em Educação, 2005-2009................................................................................................ 60 Gráfico 27: Evolução da execução dos fundos do FASE, 2003-2009 .......................... 60 Gráfico 28: FASE, valores orçamentados, executados e desembolsados, 2003-2009................................................................................................ 61 Gráfico 29: Comparação do Orçamento, 2009 e 2010, por fonte de financiamento, em Meticais ............................................................................................. 62 Gráfico 30: Previsões sobre os recursos disponíveis para financiamento do sector (em Meticais e em USD), 2009-2013 ....................................................... 63 Gráfico 31: Evolução no financiamento externo ao sector, 2009-2013, compromissos em milhões de USD .......................................................... 64 Gráfico 32: Evolução dos fundos comprometidos e desembolsados para o FASE, 2003-2013................................................................................................ 64 Gráfico 33: Execução dos programas do FASE, 2003, 2007 e 2009 ............................ 69 Gráfico 34: Proposta de orçamento do FASE 2011-2013 por nível de ensino (em comparação com o valor executado em 2009) .......................................... 70 Gráfico 35: Proposta de orçamento do FASE 2011-2013 por programa chave do sector (em comparação com o valor executado em 2009) ......................... 71 viii DOCUMENTO DE FUNDO PARA SOLICITAR FINANCIAMENTO DO FC-FTI Lista de Abreviaturas ADE ADPESE AEA BdPES CFMP CFQAEAs CGE COPA DFID Apoio Directo às Escolas Apoio da Dinamarca ao Plano Estratégico do Sector da Educação Alfabetização e Educação para os Adultos Balanço do Plano Económico e Social Cenário Fiscal de Médio Prazo Centros de Formação de Quadros de Alfabetização e Educação de Adultos Conta Geral do Estado Comité Paritário de Acompanhamento Department for International Development (United Kingdom) Departamento para o desenvolvimento internacional (Reino Unido) DNO Direcção Nacional do Orçamento DPECs Direcção Provincial de Educação e Cultura EFA Education For All / Educação Para Todos EP Ensino Primário EP1 Ensino Primário do 1º Grau EP2 Ensino Primário do 2º Grau EPC Ensino Primário Completo (da 1ª à 7ª classe) E-QAD Quadro de Avaliação de Desempenho do sector da Educação ES Ensino Superior ESG Ensino Secundário Geral ESG1 Ensino Secundário Geral do 1º ciclo ESG2 Ensino Secundário Geral do 2º ciclo ETP Ensino Técnico-Profissional FAO Food and Agriculture Organization of the United Nations Organização de Nações Unidos para a Agricultura e a Alimentação FASE Fundo de Apoio ao Sector da Educação FC Fundo Catalítico FNUAP Fundo das Nações Unidas para a População FTI Fast Track Initiative / Iniciativa Acelerada GCC Grupo de Comité Consultivo GTZ Deutsche Gesellschaft für technische Zusammenarbeit Cooperação Técnica Alemã GT Grupo de Trabalho HIV/SIDA Vírus da Imunodeficiência Humana (VIH) Síndroma da Imunodeficiência Adquirida (SIDA) HM Total de ambos os sexos (Homens e Mulheres) IAP Instituto de Aperfeiçoamento de Professores IEDA Instituto de Educação Aberta e à Distância INEFP Instituto Nacional de Emprego e Formação Profissional KFW Kreditanstalt für Wiederaufbau / Banco Alemão para o Desenvolvimento LEG Local Education Group / Grupo de Educação M Mulheres (sexo feminino) ix DOCUMENTO DE FUNDO PARA SOLICITAR FINANCIAMENTO DO FC-FTI %M MdE MEC MEPT MICS MINED MMAS MT ODMs OE ONGs PARP(A) PCs PdA PEE PEEC PES PESD PIREP PMA PNUD PQG QAD RAR REO SACMEQ SAQEM SDEJTs SNE SWAP UNESCO UNICEF UNIFEM UNSIDA USAID USD ZIPs x Proporção de Mulheres (sexo feminino) Memorando de Entendimento Ministério da Educação e Cultura Movimento para Educação Para Todos Multiple Indicator Cluster Survey Ministério da Educação Ministério da Mulher e Acção Social Metical Objectivos de Desenvolvimento do Milénio Orçamento de Estado Organizações Não-Governamentais Plano de Acção para a Redução da Pobreza (Absoluta) Parceiros de Cooperação Programa de Actividades Plano Estratégico de Educação Plano Estratégico de Educação e Cultura Plano Económico e Social Programa de Ensino Secundário à Distância Programa Integrado da Reforma de Educação Técnico-Profissional Programa Mundial para a Alimentação Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento Plano Quinquenal do Governo Quadro de Avaliação de Desempenho Reunião Anual de Revisão Relatório de Execução do Orçamento Southern and Eastern Africa Consortium for Monitoring Educational Quality Sistema de Avaliação de Qualidade de Educação em Moçambique Serviços Distritais de Educação, Juventude e Tecnologia Sistema Nacional de Educação Sector Wide Approach / Abordagem Sectorial United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura United Nations Children's Fund Fundo das Nações Unidas para a Criança United Nations Development Fund for Women Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/SIDA United States Agency for International Development Agência de Ajuda Internacional dos Estados Unidos United States Dollar / Dólar Americano Zonas de Influência Pedagógica DOCUMENTO DE FUNDO PARA SOLICITAR FINANCIAMENTO DO FC-FTI Prefácio Este documento fundamenta a solicitação de Moçambique de um financiamento de 160 milhões de Dólares Americanos ao Fundo Catalítico da Iniciativa Acelerada para a Educação Para Todos (FC-FTI) para apoiar a implementação do plano estratégico do sector nos anos 2011 a 2013. Os fundos serão canalizados através do Fundo de Apoio ao Sector da Educação (FASE) que é o instrumento principal para a canalização de fundos externos ao sector. Ao longo dos últimos anos houve grandes progressos no sector: o número de alunos no ensino primário e secundário cresceu de 3,6 milhões em 2003 para 6,3 milhões em 2010, as disparidades de género, geográficas ou de natureza económica estão sendo diminuídas, principalmente no ensino primário; a provisão de professores e de livros e materiais didácticos melhorou bastante, contribuindo para o aumento da taxa de conclusão do ensino primário de 34,1% em 2004 para 47,9% em 2009. Contribuiu para estes progressos o aumento dos recursos financeiros disponíveis para o sector, quer através da fonte interna, quer através da fonte externa, incluindo a contribuição do FC de 79 milhões de Dólares Americanos em 2008-2010. Permanecem ainda grandes desafios para o futuro para assegurar a sustentabilidade do sistema expandido, garantindo a melhoria da qualidade da educação e da aprendizagem dos alunos, e a inclusão de todos. As previsões financeiras de médio prazo (2011-2013) indicam que o nível de financiamento das despesas não salariais do sector estará abaixo do nível realizado em 2009, devido à redução da fonte externa. Para os anos seguintes, está previsto um défice financeiro de mais de 100 milhões de USD por ano para o financiamento da implementação dos planos estratégicos do sector. A solicitação ao Fundo Catalítico permite diminuir o défice em cerca de 35%, assegurando fundos para o FASE ao nível da execução observada em 2009. Isto garantirá a continuação dos programas chaves do sector, principalmente na área do ensino primário. Dividido em duas parte, este documento faz uma ligação entre o actual Plano Estratégico (2006-2011) e o próximo plano para 2012-2016, em elaboração. A Parte I analisa os progressos verificados ao longo dos últimos anos, resultantes da implementação do plano actual. Refere ainda os grandes desafios e as suas implicações para a elaboração e implementação do próximo plano do sector nos anos seguintes. A Parte II elabora a evolução do orçamento e da despesa do sector (passado e futuro), enquadrando a solicitação do financiamento ao Fundo Catalítico. O documento deve ser considerado em conjunto com o Documento Sumário que faz parte do pacote de documentação da solicitação ao FC. Estão ainda disponíveis outros documentos e instrumentos para quem quiser aprofundar o seu entendimento do sector. O documento foi preparado pelo Ministério da Educação de Moçambique, beneficiando dos valiosos contributos dos seus Parceiros de Cooperação e da Sociedade Civil. Maputo, 1 de Setembro de 2010.= xi Parte I: Progressos, desafios e perspectivas para o desenvolvimento da Educação em Moçambique 1. Introdução 1.1 Breve descrição do país Moçambique ascendeu à Independência em 1975 após uma guerra de Libertação Nacional que se prolongou por 10 anos. Logo após a Independência Nacional, em 1978, Moçambique enfrentou um novo e violento conflito armado. Em 1992, com a assinatura do Acordo de Paz, começou a reconstrução do país. Desde então, a economia do país vem crescendo a um ritmo de cerca de 6-7% anualmente. Figura 1: As 11 províncias de Moçambique Com uma população de 20,6 milhões em 2007 (censo), o país é constituído por 11 províncias. Aproximadamente 70% da população vive na zona rural. Na capital do país, a Cidade de Maputo, vive cerca de 5,3% da população. Nas províncias mais populosas, Nampula e Zambézia, vive quase 40% da população. Segundo o censo de 2007, 51,8% 1 DOCUMENTO DE FUNDO PARA SOLICITAR FINANCIAMENTO DO FC FTI PARTE I: PROGRESSOS, DESAFIOS E PERSPECTIVAS PARA O DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO EM MOÇAMBIQUE da população é do sexo feminino variando de cerca de 55% nas províncias de Gaza e de Inhambane a cerca 50,5% nas províncias de Nampula e Niassa. A taxa de analfabetismo é estimada em 48,1%1 com grandes variações por sexo (62,7% Mulheres e 33,4% Homens), e entre a zona rural e a zona urbana (60,1% e 26,5%). Moçambique é um país multi-cultural com 18 línguas nacionais e muitos mais dialectos. O Português é a língua oficial, e o meio de instrução na sala de aula. 1.2 Sistema Educativo Com a revisão da Lei do Sistema Nacional de Educação (SNE) em 1992 o sistema de ensino está estruturado em 3 níveis: ensino primário, ensino secundário e ensino superior. 1.2.1 Ensino primário O ensino primário público é gratuito e está dividido em dois níveis: o ensino primário do 1º grau (EP1, 1ª à 5ª classes) e o ensino primário do 2º grau (EP2, 6ª e 7ª classes). Com a introdução do novo currículo em 2004 o ensino primário é estruturado em 3 ciclos de aprendizagem: o 1º ciclo, 1ª e 2ª classes; o 2º ciclo, da 3ª à 5ª classe e o 3º ciclo, 6ª e 7ª classes. A idade oficial de entrada na primeira classe é de seis anos. As escolas primárias funcionam normalmente em dois turnos de 5 horas, um de manhã e outro à tarde. Para acomodar a expansão do sistema, algumas escolas primárias, principalmente nas cidades, funcionam em três turnos de 3,5 horas. Algumas escolas leccionam também o EP2 no turno nocturno, mas isto está a diminuir. Menos de 2% dos alunos frequentam o ensino primário em escolas privadas ou comunitárias. Após a conclusão do Ensino Primário os alunos podem continuar os seus estudos no Ensino Secundário Geral ou no ensino Técnico-Profissional de nível básico. O ensino pré-primário que, por lei, é parte do sistema nacional de educação é, actualmente, principalmente oferecido por creches e escolinhas do Ministério da Mulher e Acção Social, das organizações não governamentais ou comunitárias e pelo sector privado. 1.2.2 Ensino secundário O ensino secundário geral é dividido em dois ciclos: o primeiro compreende 3 classes, da 8ª à 10ª classe. Depois de completado este nível de ensino, o aluno pode continuar os seus estudos no segundo ciclo (11ª e 12ª classes), que antecede a entrada no ensino superior. Alternativamente, o aluno que completou a 10ª classe pode ingressar no ensino técnico-profissional, nível médio, incluindo os Institutos de Formação dos Professores. O ensino secundário não é gratuito. Não há exames de admissão. Para responder à grande procura para lugares no ensino secundário, este nível de ensino opera com turnos nocturnos, principalmente para os alunos mais velhos (com mais de 15 anos). 1 2 Fonte: MICS, 2008, para população com 15 ou mais anos de idade. DOCUMENTO DE FUNDO PARA SOLICITAR FINANCIAMENTO DO FC-FTI PARTE I: PROGRESSOS, DESAFIOS E PERSPECTIVAS PARA O DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO EM MOÇAMBIQUE Além disso, estão a surgir muitas escolas privadas neste nível de ensino, particularmente nas cidades, que são frequentadas em 2010 por 9,5% do total de alunos do ensino secundário, em 2010. Recentemente. O MINED introduziu um programa de ensino secundário à distância, ainda com uma cobertura limitada. 1.2.3 Ensino superior Ensino superior inclui as universidades, escolas e institutos superiores públicos e privados. Para ingressar no ensino superior os alunos têm que concluir a 12ª classe do ensino geral ou equivalente do ensino técnico e aprovar num exame de admissão. 1.3 Administração do sistema A responsabilidade pela administração dos serviços de educação e a gestão dos recursos humanos, materiais e financeiros é cada vez mais descentralizada com as escolas e as instituições com crescente autoridade financeira e poder para tomar de decisões. O Ministério da Educação é o responsável pela elaboração das políticas nacionais e pelo acompanhamento e monitoria através de um sistema integrado de planificação, orçamentação e monitoria, assegurando coerência contínua com as grandes prioridades e objectivos do Governo. Ao mesmo tempo, o Ministério tem o papel de desenvolver padrões educativos, incluindo o desenvolvimento curricular, investigação educativa, e a regulamentação dos procedimentos, qualificações, da criação e funcionamento das instituições de ensino, etc.. Ao nível das províncias e dos distritos existem as Direcções Provinciais de Educação e Cultura (DPECs) bem como os Serviços Distritais de Educação, Juventude e Tecnologia (SDEJTs). Estas entidades são responsáveis pela gestão local do sistema de Educação, desde a abertura de escolas primárias até à colocação e movimentação dos professores. As províncias detêm um orçamento provincial que é partilhado com as escolas secundárias, técnicas e algumas Escolas Primárias Completas e com os SDEJTs. As escolas do Ensino Primário beneficiam, desde 2003, do fundo de Apoio Directo às Escolas para o seu financiamento. 2. O enquadramento político 2.1 Os documentos orientadores 2.1.1 Os instrumentos políticos do Governo A Constituição de Moçambique estabelece a educação como um direito, bem como um dever, de todos os cidadãos. O Governo reconhece o papel chave da educação para a melhoria das condições de vida e para a redução da pobreza. O enfoque do Governo na área de educação é de assegurar que até 2015 todas as crianças tenham acesso e possam completar um Ensino Primário de sete classes. Ao mesmo tempo, é reconhecido que o ensino primário não é suficiente para apoiar e sustentar os processos de desenvolvimento nacional do País num contexto de uma economia e sociedade globalizada. O Governo promove uma visão holística do 3 DOCUMENTO DE FUNDO PARA SOLICITAR FINANCIAMENTO DO FC FTI PARTE I: PROGRESSOS, DESAFIOS E PERSPECTIVAS PARA O DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO EM MOÇAMBIQUE desenvolvimento do sistema, que implica desenvolver em paralelo também o ensino pós-primário, secundário, técnico e superior, de qualidade como forma de dar resposta às necessidades de uma educação ao longo da vida para o desenvolvimento do capital humano e da economia do país. Existem diferentes instrumentos políticos e estratégicos que guiam os processos de planificação, orçamentação e de monitoria ao nível do país (veja o Quadro 1). Quadro 1: Os instrumentos políticos e estratégicos do Governo de Planificação, Orçamentação e Monitoria Agenda 2025: reflecte a visão de longo prazo para o desenvolvimento do País. Plano Quinquenal do Governo (PQG): os objectivos e prioridades chaves do Governo num mandato de cinco anos. Plano de Acção para a Redução da Pobreza (Absoluta) (PARP(A)): a estratégia de médio prazo do Governo para reduzir o índice de pobreza. Cenário Fiscal de Médio Prazo (CFMP): Instrumento que define os limites para a implementação do PARPA no médio prazo (três anos, rolante). Planos Estratégicos Sectoriais e Provinciais: planos estratégicos de médio prazo para os ministérios ou províncias que traduzem os objectivos principais do governo (do PQG) em estratégias específicas para atingir estes objectivos. (Balanço do) Plano Económico e Social ((Bd)PES): o plano anual que operacionaliza as linhas gerais do PQG e do PARPA, traduzindo as estratégias sectoriais ou provinciais em acções concretas para serem implementados no ano concernente. A sua implementação é avaliada semestralmente através do Balanço do PES. (Relatório de Execução do) Orçamento de Estado ((R)OE): o orçamento que define os fundos disponibilizados para a implementação das acções especificadas no PES. A sua execução é monitorada trimestralmente através do Relatório de Execução do Orçamento. O Programa de Actividades (PdA): instrumento específico do sector da educação que traduz as acções do PES em actividades concretas e que liga estas com o orçamento disponibilizado para a sua implementação (através do Orçamento de Estado ou outras contribuições conhecidas mas não inscritas no orçamento). A Figura 2 liga os instrumentos principais de planificação e orçamentação do Governo ao nível macro e sectorial, que são especificados no Quadro 1. 4 DOCUMENTO DE FUNDO PARA SOLICITAR FINANCIAMENTO DO FC-FTI PARTE I: PROGRESSOS, DESAFIOS E PERSPECTIVAS PARA O DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO EM MOÇAMBIQUE Figura 2: Enquadramento dos instrumentos de Planificação, Orçamentação e de Monitoria do Governo Plano Quinquenal do Governo Planos PARPA (PQG) Orçamentos PEE CFMP Plano Estratégico do Sector (PEE) PES OE Plano de Actividades (PdA) BdPES REO 2.1.2 Os planos estratégicos do sector da Educação Os planos estratégicos do sector seguem e concretizam a Política Nacional de Educação (1995), que enfatiza a educação como um direito humano e instrumento chave para a redução da pobreza. O primeiro Plano Estratégico da Educação (PEE) vigorou de 1998 a 2005. O enfoque esteve centrado no ensino primário com os objectivos específicos de aumentar o acesso, melhorar a qualidade e reforçar a capacidade institucional. Seguiu-se o Plano Estratégico de Educação e Cultura (PEEC) 2006-2010/11 ainda em vigor, que operacionaliza o PQG 2005-2009. O PEEC, na área de educação enfatiza os objectivos do anterior PEE que permanecem válidos. Contudo, foi dada maior ênfase à melhoria da qualidade da educação e à retenção dos alunos até à 7ª classe para atingir os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio na Educação. Ao mesmo tempo, o PEEC prevê um aumento dos esforços para desenvolver o ensino pós-primário e reduzir o analfabetismo com o objectivo de criar a capacidade humana necessária para sustentar uma economia em constante crescimento. O PEEC incorpora o subsistema de Ensino Superior e a área de Cultura. Está em elaboração o próximo plano estratégico (2011/12–2015/16), que operacionaliza o novo Plano Quinquenal do Governo (2010-2014 (veja o ponto 5.3, página 45). O Plano Quinquenal de Governo para 2010-2014 continua a privilegiar o Ensino Primário de sete classes para todos, bem como o desenvolvimento do sistema pós-primário. A redução do analfabetismo numa perspectiva de aumentar a capacidade individual de melhorar a qualidade da sua vida e da sua família, continua uma das grandes 5 DOCUMENTO DE FUNDO PARA SOLICITAR FINANCIAMENTO DO FC FTI PARTE I: PROGRESSOS, DESAFIOS E PERSPECTIVAS PARA O DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO EM MOÇAMBIQUE preocupações do Governo. Assim, o novo plano estratégico reflectirá a continuação e consolidação das estratégias principais existentes do sector. 2.2 A parceria entre o Ministério e os seus parceiros2 2.2.1 Antecedentes A implementação dos planos estratégicos do sector é apoiada por uma forte parceria no contexto de uma abordagem sectorial. O enfoque da parceria concentra-se na eficácia e eficiência da ajuda externa através do apoio financeiro e técnico à implementação de um único plano com um único orçamento, concebido, gerido e implementado pelo governo. O actual arranjo de colaboração entre o Ministério e os seus parceiros nasceu com a elaboração do primeiro plano estratégico do sector em 1998. Ao longo dos últimos anos o diálogo amadureceu evoluindo para um diálogo aberto, transparente e franco. Existem quatro instrumentos chaves para guiar a parceria entre o Ministério e os seus parceiros3: 1. O Plano Estratégico do Sector que define as prioridades do Governo e as estratégias principais para atingir os objectivos. O plano estratégico é um documento orientador também para as intervenções dos parceiros externos4; 2. A matriz de indicadores e metas (E-QAD) que foi desenhada para avaliar o desempenho do sector na implementação do seu plano estratégico; 3. O Memorando de Entendimento (MdE) que define os procedimentos para a canalização dos fundos externos através do fundo comum (FASE) 5; 4. Os Termos de Referência do diálogo, acordado em 2005, que define as plataformas de diálogo entre o MINED e os seus parceiros. O diálogo ao nível do sector é integrado na estrutura macro de diálogo entre o Governo e os seus parceiros no contexto da monitoria da implementação do Plano de Acção de Redução da Pobreza (PARP(A)). 2.2.2 Plataformas de diálogo A parceria entre o MINED e os seus parceiros de cooperação e da sociedade civil é orientada por Termos de Referência que definem os objectivos dos diferentes níveis de diálogo: O desempenho anual do sector é avaliado e monitorado através das grandes reuniões (2 a 3 por ano). Participam nestas reuniões, os parceiros de cooperação, representantes da sociedade civil através da rede “Movimento de Educação para Todos (MEPT)”, os membros de Conselho Consultivo do Ministério, directores provinciais e os membros dos diferentes grupos de trabalho; 2 3 4 5 6 “Local Education Group (LEG)” na terminologia da FTI, que inclui representantes do Ministério, dos parceiros de cooperação e da sociedade civil. O diálogo entre o Ministério e os seus parceiros está aberto a todos os parceiros interessados, e não apenas aos subscritores do MdE do FASE. Através dos projectos bilaterais, bem como através das contribuições das ONGs. O FASE é o instrumento preferido pelo Ministério para a canalização dos fundos externos. DOCUMENTO DE FUNDO PARA SOLICITAR FINANCIAMENTO DO FC-FTI PARTE I: PROGRESSOS, DESAFIOS E PERSPECTIVAS PARA O DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO EM MOÇAMBIQUE Para acompanhar a implementação do plano estratégico e aumentar a capacidade do Ministério foram criados grupos de trabalho ao nível técnico, com o objectivo principal de discutir assuntos estratégicos por subsector. Estes grupos de trabalho 6 são chefiados pelo director nacional da área e incluem representantes dos parceiros de cooperação e também da sociedade civil (ONGs); Foi criado um comité de coordenação (o GCC), chefiado pela Secretária Permanente, incluindo os directores de Planificação e Cooperação e de Administração e Finanças pelo lado do Ministério e a equipa de coordenação dos parceiros com o objectivo de facilitar a coordenação entre o Ministério e os seus parceiros e assegurar o seguimento das recomendações das grandes reuniões. 2.2.3 Os parceiros de cooperação O grupo de parceiros de cooperação é constituído pelos parceiros bilaterais, organizações das Nações Unidades e os diferentes bancos internacionais. Neste momento o grupo é composto por 23 parceiros de cooperação7 que participam activamente numa ou noutra plataforma de diálogo. Para facilitar o diálogo com o Ministério, os parceiros são coordenados através de uma equipa de coordenação, composta por duas ou três agências que constituem o ponto de ligação entre o Ministério e os parceiros. A composição da equipa de coordenação é anualmente8 acordada entre o Ministério e os seus parceiros. Neste momento a equipa de coordenação é composta pela Irlanda (ponto focal), Alemanha (através da GTZ) e UNICEF. 2.2.4 Envolvimento da sociedade civil Embora o diálogo ao nível central seja ainda dominado pelo Ministério e os parceiros de cooperação, a participação da sociedade civil é cada vez mais forte. A sociedade civil, através da rede nacional Movimento de Educação Para Todos (MEPT), participa nos grandes encontros, bem como nos grupos de trabalho, contribuindo para a elaboração dos planos estratégicos, dos planos anuais, bem como na monitoria e no acompanhamento aos diferentes níveis. A participação da sociedade civil é mais forte ao nível local, onde está directamente envolvida na provisão de educação. 6 7 8 O enfoque é na contribuição técnica. Os grupos de trabalho representam também uma plataforma para canalizar o apoio técnico externo de maneira coordenada. Alemanha, Banco Mundial, Banco Africano de Desenvolvimento, Canadá, a Cooperação Flandres, Cuba, Dinamarca, DFID (Inglaterra), Espanha, FAO, Finlândia, Irlanda, Islândia, Itália, Japão, os Países Baixos, PNUD, Portugal, PMA, UNESCO, UNICEF, UNIFEM, USAID. A frequência de mudança da equipa de coordenação depende principalmente da vontade e disponibilidade das agências e do seu pessoal. Para estabelecer uma base de confiança, necessária para ter um diálogo aberto e franco, a continuidade e consistência do diálogo entre ambos lados é crucial. 7 DOCUMENTO DE FUNDO PARA SOLICITAR FINANCIAMENTO DO FC FTI PARTE I: PROGRESSOS, DESAFIOS E PERSPECTIVAS PARA O DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO EM MOÇAMBIQUE 2.3 O papel da FTI no desenvolvimento do sector 2.3.1 O que é a FTI e o Fundo Catalítico? A Iniciativa Acelerada de Educação para Todos (FTI) foi lançada em 2002 com o objectivo de acelerar o alcance dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (ODMs): assegurar a conclusão de um ensino primário para todas as crianças em 2015. A FTI segue o compromisso da comunidade internacional feito no 4º Fórum Mundial sobre Educação para Todos em Dakar, segundo o qual nenhum país comprometido com a provisão de uma educação básica para todos e com um plano credível ficaria limitado de alcançar este objectivo por falta de recursos financeiros. Para facilitar a canalização de fundos adicionais para apoiar a implementação de planos credíveis, mas não adequadamente financiados, foi criado, em 2003, o Fundo Catalítico9. 2.3.2 FTI em Moçambique O envolvimento directo com a FTI em Moçambique conhece, até agora, duas fases distintas: A primeira fase, 2002/2003, quando Moçambique foi convidado a participar na FTI, caracterizou-se pela preparação de um plano para a FTI para alcançar os objectivos do milénio. O documento reflectiu, entre outras, as seguintes reformas: A abolição das taxas de matrícula para o ensino primário, acompanhada pela introdução de um mecanismo de apoio directo às escolas; A expansão do ciclo do ensino primário de 5 para 7 anos, acompanhada pela introdução de um novo currículo para suportar esta nova abordagem; A aceleração da formação dos professores; A construção de salas de aula com custos controlados através do envolvimento das comunidades; A introdução de uma gestão cada vez mais descentralizada (até às escolas com maior envolvimento das comunidades através dos Conselhos de Escola). Este plano foi endossado pela parceria nacional e internacional da FTI em Março de 2003. O documento constituiu a base para a elaboração do novo plano estratégico do sector (o PEEC 2006-2010/11, na parte sobre o ensino primário), que foi aprovado pelo Governo em Junho de 2006. Os parceiros de cooperação (ao nível do país) reafirmaram a credibilidade deste plano e comprometeram-se a aumentar o financiamento para apoiar a sua implementação. A segunda fase de envolvimento com a FTI começou em 2007, beneficiando da expansão do Fundo Catalítico para todos os países endossados pela FTI. Apesar do 9 8 O Fundo Catalítico foi criado em primeiro lugar (2003) para apoiar os países com poucos parceiros externos. Quando ficou claro que também países com muitos parceiros tinham dificuldades de obter mais fundos, devido às barreiras internas das agências, o Fundo Catalítico foi expandido para potenciar todos os países endossados pela FTI (2007). DOCUMENTO DE FUNDO PARA SOLICITAR FINANCIAMENTO DO FC-FTI PARTE I: PROGRESSOS, DESAFIOS E PERSPECTIVAS PARA O DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO EM MOÇAMBIQUE aumento substancial dos fundos disponibilizados ao sector (fonte externa e interna)10, continuava a existir um défice financeiro no financiamento para a implementação do PEEC 2006-2010/11. O pedido de Moçambique de 79 milhões de USD11 foi honrado e o financiamento do Fundo Catalítico da FTI foi canalizado através do Fundo Comum do Sector de Educação (FASE) para apoiar a implementação do plano estratégico do sector em 2008, 2009 e 2010. 2.3.3 O pedido para o Fundo Catalítico Actualmente estamos a entrar na terceira fase de envolvimento com a FTI que implicará um novo pedido de financiamento de cerca de 160 milhões de USD (2011-2013), que visa principalmente assegurar a continuação da implementação dos programas chaves do sector como concebidos no PEEC endossado. Este pedido é suportado por uma análise dos progressos feitos ao longo dos últimos anos à luz das prioridades do Governo, as lições aprendidas e os grandes desafios para o futuro, bem como os recursos financeiros e humanos já disponíveis e/ou comprometidos para os próximos anos. No contexto da elaboração do próximo plano estratégico para 2012-2016, está em curso uma profunda reflexão12 sobre o futuro desenvolvimento do sector, com base na experiência com a implementação do actual plano. Esta reflexão resultará numa proposta clara que vai concorrer para a consolidação, melhoria e, se necessário, ajustes aos programas existentes com o objectivo de melhorar o desempenho do sector ao longo dos próximos anos. Para dar continuidade ao reforço da capacidade aos diferentes níveis de sistema em termos de planificação e gestão financeira, o Ministério continuará a privilegiar a canalização dos fundos externos através do Fundo Comum (FASE), que promove o uso dos sistemas nacionais. O Banco Mundial continuará como entidade supervisora dos fundos do Fundo Catalítico (FC-FTI). 3. Os resultados do sector através dos principais indicadores 3.1 Introdução O enfoque do sector ao longo dos últimos anos foi orientado para três grandes vertentes, nomeadamente: 1. Aumentar o acesso, reduzindo as disparidades geográficas e de género; 10 11 12 Veja-se o Gráfico 22 na página 58. O pedido original que visava cobrir o défice financeiro estimado era para dois anos (34 milhões de USD para 2008 e 43 milhões de USD para 2009). Contudo, e na sequência da reentrada da Dinamarca após a aprovação da concessão, foi acordado desembolsar a contribuição em três anos (28 milhões de USD em 2008, 30 milhões de USD em 2009, 21 milhões de USD em 2010). A reflexão está a ser feita através de vários processos: discussões ao nível dos grupos de trabalho conjuntos com os parceiros, ao nível das províncias, internamente ao nível da ministério e através de uma avaliação do actual plano estratégico que está a decorrer neste momento. 9 DOCUMENTO DE FUNDO PARA SOLICITAR FINANCIAMENTO DO FC FTI PARTE I: PROGRESSOS, DESAFIOS E PERSPECTIVAS PARA O DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO EM MOÇAMBIQUE 2. Melhorar a qualidade do ensino; 3. Fortalecer a gestão do sistema administrativo da educação em todos os níveis. O Plano Estratégico de Educação e Cultura 2006-2010/11, operacionalizou este enfoque através das seguintes acções principais: As acções para aumentar o acesso concentraram-se por um lado na expansão da rede escolar através da construção de infra-estruturas educacionais e, ao mesmo tempo, na implementação de medidas específicas para evitar a exclusão por razões financeiras, culturais ou de género; Para melhorar a qualidade de ensino o enfoque das intervenções foi nas reformas curriculares, na provisão de livros escolares e de outros materiais didácticos em quantidades suficientes, fornecidos em tempo útil, no desenvolvimento de um sistema integrado para a formação e capacitação de professores e no aumento do recrutamento anual de novos professores formados; Para um melhor desempenho na prestação dos serviços educacionais através do aumento da capacidade institucional, o enfoque do Ministério da Educação foi no sentido de tornar o sistema educativo, desde o nível central até à escola, cada vez menos burocrático, mais criativo, mais dinâmico, que esteja mais próximo dos alunos, dos pais e encarregados de educação e da comunidade, e disposto a prestar contas sobre a sua actuação. Uma atenção especial foi dada à melhoria do sistema de planificação, gestão financeira e monitoria da implementação dos programas do sector, através da descentralização quer de responsabilidades, quer de recursos financeiros até ao nível da escola. A missão do sector é promover a oferta de serviços educativos de qualidade, com equidade, formando cidadãos capazes de intervir activamente no combate à pobreza e na promoção do desenvolvimento económico e social do país. Em consequência, as intervenções principais do sector integram acções específicas e assuntos transversais de modo a assegurar que todos tenham a oportunidade de beneficiar dos serviços educativos, independentemente do sexo, religião, status económico e social ou de outras particularidades13. 3.2 Progressos ao nível do sector NB: A fonte de informação para esta parte do documento é a informação estatística produzida pelo sector. O sector possui uma rica base de dados a partir de 1992. As taxas de cobertura foram calculadas na base de projecções da população muito recentes e ainda preliminares (Julho 2010) para o período 2007 – 2010, a partir do censo da população de 2007. As taxas referidas no documento poderão variar em relação a documentos anteriores. Ainda não existem projecções corrigidas para o período anterior a 2007 e posterior a 2011. Assim, o enfoque será na apresentação dos 13 Incluindo ser portador de deficiência, estado de seroprevalência, etc.. 10 DOCUMENTO DE FUNDO PARA SOLICITAR FINANCIAMENTO DO FC-FTI PARTE I: PROGRESSOS, DESAFIOS E PERSPECTIVAS PARA O DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO EM MOÇAMBIQUE números absolutos e nas mudanças percentuais de crescimento ao longo os últimos anos (em vez do uso de taxas de cobertura). Os esforços do Governo resultaram num sistema expandido em todos os níveis com particular realce para o nível pós-primário, quer em termos de expansão da rede escolar, quer em termos da participação dos alunos (Quadro 2 e Quadro 3). Em apenas dez anos o número de alunos no ensino primário duplicou, enquanto o número de alunos no ensino secundário cresceu quatro vezes no primeiro ciclo e oito vezes no segundo ciclo. Quadro 2: Crescimento da rede escolar por nível de ensino leccionado, 2000-2010 (diurno, público, privado e comunitário) Número de escolas Crescimento (%) 2003 2007 2010 2003/2010 Ensino Primário, 1º Grau 8.077 9.303 10.444 29% Ensino Primário, 2º Grau 950 1.842 2.990 215% Ensino Secundário Geral, 1º Ciclo 125 255 374 199% Ensino Secundário Geral, 2º Ciclo 29 58 119 310% Ensino Técnico (*) 44 97 120% Ensino Superior (público) (*) 9 17 89% Ensino Superior (privado) (*) 8 21 163% (*) Para o Ensino Técnico e Ensino Superior os dados referem-se aos anos 2004 e 2009. Nível 2000 7.072 522 92 20 36 Quadro 3: Crescimento do número de alunos, por nível de ensino e por sexo, 2004-2010 (diurno e nocturno, público, comunitário e privado) Variação 2003/2010 HM %M HM %M HM %M HM %M HM Ensino Primário 2.582.560 42,9% 3.314.763 44,7% 4.641.665 46,5% 5.352.062 47,3% 61% ESG - 1º ciclo 129.278 40,5% 235.811 40,7% 514.324 43,3% 728.497 46,2% 209% ESG - 2º ciclo 19.348 39,1% 38.192 39,3% 95.779 40,7% 179.608 43,1% 370% AEA (1º 3º ano) (*) 478.030 56,4% 674.934 61,8% 680.455 64,0% 42% Ensino Técnico 20.136 27,9% 23.602 27,8% 40.214 29,8% 45.679 33,2% 94% Ensino Superior (**) 22.256 31,6% 81.250 37,9% 265% (*) Os dados referidos aos programas de AEA apenas incluem os programas formais do Ministério. As actividades de educação não formal não estão incluídas, como são os casos da Alfa-Rádio, Alfalit, Felitamo, Família sem Analfabetismo, Reflect e alfabetização em línguas nacionais, cuja cobertura estatística terá início em Janeiro de 2011. Os últimos dados referem-se a 2009. (**) Os dados da coluna de 2003 referem-se a 2004 e os da coluna de 2010 referem-se a 2009. HM: Total de alunos (ambos os sexos). %M: Percentagem de alunos do sexo feminino. Nível 2000 2003 2007 2010 11 DOCUMENTO DE FUNDO PARA SOLICITAR FINANCIAMENTO DO FC FTI PARTE I: PROGRESSOS, DESAFIOS E PERSPECTIVAS PARA O DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO EM MOÇAMBIQUE Gráfico 1: Estrutura do sistema da educação, por níveis e classes, Ensino Geral, 2004 e 2010 (diurno, nocturno, ensinos público, privado e comunitário) 80% 70% 2010 2004 60% 50% 25% 2010 2004 20% 15% 40% 10% 30% 20% 5% 10% 0% 0% Ep1 Ep2 Esg1 Esg2 Níveis 1ª 2ª 3ª 4ª 5ª 6ª 7ª 8ª 9ª 10ª 11ª 12ª Classes O Gráfico 1 mostra que a estrutura do sistema educativo está a mudar. Apesar da maior parte dos alunos estar nas escolas primárias (principalmente no EP1), a proporção que está no segundo grau do ensino primário (EP2) e no ensino secundário está a aumentar. A expansão do sistema foi acompanhada pelo aumento do número de professores. No Ensino Geral (excluindo o segundo nível do Ensino Secundário – ESG2) o número cresceu de 65 mil professores em 2004 para 103 mil em 2010, principalmente a partir de 2007. A proporção das professoras aumentou de 28% para 37% no mesmo período com destaque maior no ensino primário, primeiro grau. Quadro 4: Número de professores no Ensino Geral (EP e ESG1), total, percentagem de professoras e percentagem de professores sem formação, 2004-2010 (diurno, público, privado e comunitário) EP1 EP2 ES1 Total Total %M %S/F Total %M %S/F Total %M %S/F Total %M %S/F 2004 48.093 30% 44% 11.072 23% 26% 5.795 16% 27% 64.960 28% 38% 2005 47.387 32% 42% 11.592 23% 25% 6.566 16% 27% 65.545 29% 37% 2006 48.452 33% 38% 13.070 25% 21% 7.486 17% 25% 69.008 30% 32% 2007 54.481 35% 40% 15.640 27% 21% 8.837 16% 28% 78.958 32% 34% 2008 58.120 37% 36% 18.183 29% 19% 10.195 17% 25% 86.498 33% 31% 2009 62.680 39% 31% 20.073 30% 18% 11.353 18% 20% 94.106 35% 26% 2010 67.707 42% 26% 22.529 31% 17% 12.889 19% 17% 103.125 37% 22% %S/F: Percentagem de professores sem formação pedagógica. Ano A proporção de professores sem formação pedagógica reduziu significativamente no ensino primário, bem como no 1º ciclo do ensino secundário a partir de 2008, um ano após a introdução do novo modelo de formação de professores para estes níveis de ensino. 12 DOCUMENTO DE FUNDO PARA SOLICITAR FINANCIAMENTO DO FC-FTI PARTE I: PROGRESSOS, DESAFIOS E PERSPECTIVAS PARA O DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO EM MOÇAMBIQUE Gráfico 2: Evolução do número de professores e da percentagem de professores sem formação por nível de ensino, 2004-2010 (diurno, público, privado e comunitário) Nº Prof EP1 Nº Prof EP2 Nº Prof ESG1 % sem formação (total) 80.000 45% 70.000 40% 35% 60.000 30% 50.000 25% 40.000 20% 30.000 15% 20.000 10% 10.000 5% 0 0% 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 De igual modo, os esforços do Governo contribuíram para um aumento significativo do número de graduados em todos os níveis de ensino, com particular realce no ensino secundário (Quadro 5). Como se pode verificar, os progressos quer ao nível do acesso, quer ao nível do aproveitamento, foram maiores para as raparigas do que para os rapazes. O Quadro 3 e o Quadro 5 mostram um crescimento superior para as raparigas, significando que a disparidade de género está a diminuir em todos os níveis do ensino. Quadro 5: Evolução do número de graduados, por nível de ensino e sexo, 2004-2009 (diurno e nocturno, público, comunitário e privado) Anos Crescimentos Classe Sexo 2004 2008 2009 ∆2004/2008 ∆2008/2009 Sexo feminino 97.791 193.127 191.615 97,5% -0,8% 5ª classe Ambos os sexos 237.930 420.403 415.889 76,7% -1,1% Sexo feminino 67.375 119.284 119.988 77,0% 0,6% 7ª classe Ambos os sexos 166.119 272.235 265.969 63,9% -2,3% Sexo feminino 11.839 36.689 44.762 209,9% 22,0% 10ª classe Ambos os sexos 31.894 87.496 103.532 174,3% 18,3% Sexo feminino 2.777 14.623 13.124 426,6% -10,3% 12ª classe Ambos os sexos 7.670 35.172 32.044 358,6% -8,9% Apesar do aumento significativo dos números de graduados desde 2004, a redução do aproveitamento escolar verificada em 2009 particularmente no ensino primário, comparativamente aos anos anteriores, é preocupante. 13 DOCUMENTO DE FUNDO PARA SOLICITAR FINANCIAMENTO DO FC FTI PARTE I: PROGRESSOS, DESAFIOS E PERSPECTIVAS PARA O DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO EM MOÇAMBIQUE 3.3 Progressos no Ensino Primário 3.3.1 Introdução Os progressos feitos ao longo dos últimos anos, podem ser verificados através dos indicadores chaves, desagregados por província, ligados: ao nível de escolarização, com enfoque na taxa líquida de escolarização aos 6 anos na 1ª classe, na participação das meninas e no peso do EP2 no total dos alunos; à eficiência e eficácia do sistema em termos de transição de uma classe para a outra, do aproveitamento escolar e das taxas de desistência e de conclusão; à gestão do sistema em termos de alocação de professores através dos rácios alunos por professor e alunos por turma para avaliar se o crescimento do sistema está a ser acompanhado pelo aumento dos recursos. Estes indicadores são os mesmos usados para a monitoria anual interna (do governo) em conjunto com os parceiros de cooperação. 3.3.2 O nível de escolarização Expansão do sistema A política do Governo é garantir o acesso a um ensino primário de 7 classes para todas as crianças. Uma vez que a organização do EP1 (1ª à 5ª classe) e do EP2 (6ª e 7ª classe) ainda é diferente, com implicações na participação e na aplicação dos recursos, o sector continua a separar estes dois níveis nos seus relatórios. Como se pode verificar no Quadro 2, o número das escolas primárias do 1º grau (EP1) aumentou de 8.077 em 2003 para 10.444 escolas em 2010. O número de escolas completas (escolas que leccionam o Ep1 e o Ep2) aumentou de cerca 950 em 2003 para cerca 3.000 em 2010 representando 29% em 2010 (12% em 2003) do total das escolas públicas que leccionavam o ensino primário. No mesmo período, o número de alunos no Ensino Primário passou de 3,3 milhões em 2003 para 5,3 milhões em 2010 (Quadro 3). 14 DOCUMENTO DE FUNDO PARA SOLICITAR FINANCIAMENTO DO FC-FTI PARTE I: PROGRESSOS, DESAFIOS E PERSPECTIVAS PARA O DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO EM MOÇAMBIQUE Alunos (milhares) Gráfico 3: Evolução na participação das crianças no ensino primário por província (2004, 2007, 2010) (diurno, público, privado e comunitário) 1.400 90% 2004 2007 2010 ∆ 2004/2010 1.200 1.000 80% 70% 60% 50% 800 40% 600 30% 20% 400 10% 200 -10% Zambézia Nampula Niassa Tete Manica Sofala Cabo Delgado Maputo Gaza Cidade de Maputo Inhambane 0% 0 O Gráfico 3 reflecte o crescimento do ensino primário em número de crianças em cada uma das províncias. Nas províncias com populações maiores, Nampula e Zambézia, os números de alunos cresceram em 73% e 80% respectivamente entre 2004 e 201014, em comparação com 61% ao nível nacional no mesmo período como se pode verificar no Quadro 3, contribuindo para a redução das disparidades entre as províncias em termos da escolarização. A taxa de escolarização das crianças entre os 6 e os 12 anos é estimada em 95% (2010) contra 88% em 200715. Isto significa que, neste momento, a maior parte das crianças entre os 6 e os 12 anos frequentam uma das classes do ensino primário. A maior parte destas crianças (84,6%) frequentam uma das classes do ensino primário do 1º grau (EP1). 14 15 Eram também estas províncias que tinham as taxas de escolarização mais baixas em 2004. Segundo a informação do MICS (Multiple Indicator Cluster Survey – 2008), esta percentagem era de 81,3% em 2008. O sector está a investigar a diferença entre estas duas fontes da informação. 15 DOCUMENTO DE FUNDO PARA SOLICITAR FINANCIAMENTO DO FC FTI PARTE I: PROGRESSOS, DESAFIOS E PERSPECTIVAS PARA O DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO EM MOÇAMBIQUE Alunos EP2 6.000 18% Alunos EP (Total) 16% %Alunos EP2 5.000 14% 4.000 12% 10% Proporção Alunos EP2 Alunos em Milhares Gráfico 4: Alunos (número e percentagem) frequentando o Ensino Primário do 2º Grau (EP2) em relação ao total de alunos no Ensino Primário, ambos os sexos, 2004, 2007 e 2010 (diurno, ensinos público, privado e comunitário) 3.000 8% 2.000 6% 4% 1.000 2% 0 0% 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Num sistema equilibrado e normalizado, cerca de 25-28% dos alunos do ensino primário deveriam estar numa das classes do EP2 (6ª e 7ª classe). O Gráfico 4 apresenta a evolução do número de alunos que frequentam o Ensino Primário e a proporção de alunos no EP2 em relação ao total de alunos no Ensino Primário. Como se pode verificar, houve progressos na normalização do sistema: a média nacional aumentou de 11,7% em 2004 para 15,6% em 2010, ainda que com disparidades entre as províncias como se pode verificar no Gráfico 5. 35% 120 2004 2010 2004 2010 30% 0 0% Zambézia 5% Niassa 20 Cabo Delgado 10% Nampula 40 Tete 15% Manica 60 Sofala 20% Gaza 80 Inhambane 25% Maputo 100 Proporção Alunos EP2 140 Cidade de Maputo Alunos EP2 em Milhares Gráfico 5: Alunos no EP2, em números absolutos e em proporção do total de alunos no EP, 2004 e 2010, por província (turno diurno, ensinos público, comunitário e privado) As diferenças entre as províncias são grandes (veja Gráfico 5). Enquanto a proporção de alunos no EP2 na Cidade de Maputo atinge os 30,1% em 2010 (em comparação com 19,5% em 2004), a mesma proporção na província da Zambézia é de apenas 10,6% 16 DOCUMENTO DE FUNDO PARA SOLICITAR FINANCIAMENTO DO FC-FTI PARTE I: PROGRESSOS, DESAFIOS E PERSPECTIVAS PARA O DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO EM MOÇAMBIQUE (2010). Isto significa que, enquanto o sistema se está a normalizar na cidade de Maputo, no resto de país, o sistema do ensino primário ainda está em fase de expansão (assumindo que a principal explicação para as diferenças reside numa expansão mais recente numas províncias do que noutras). A baixa proporção nas províncias do Centro e do Norte do país está ligada à forte e mais recente expansão do ensino primário. Na província da Zambézia o número de alunos frequentando o EP2 mais que duplicou entre 2004 e 2010, aumentando de 50.665 alunos em 2004 para 131.009 em 2010. Participação das meninas Ao longo do período 2004-2010, e tal como o ilustra o Gráfico 6, a percentagem de meninas no total de alunos frequentando o ensino primário no país aumentou de forma constante passando dos 45,3% em 2004 para 47,3% em 2010. Gráfico 6: Evolução da percentagem de meninas frequentando o Ensino Primário, 2004-2010 (turno diurno, ensinos público, privado e comunitário) 54% 52% 50% 48% 46% 44% 42% 40% 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Por províncias pode-se verificar (Gráfico 7) que existe uma diferença significativa com as taxas mais altas de participação feminina no ensino primário, acima dos 50%, a verificarem-se nas províncias do sul do país e as mais baixas nas províncias de Sofala, Nampula e Zambézia. O Gráfico 7 mostra também que houve um crescimento assinalável da percentagem de meninas no total de alunos frequentando o ensino primário nas províncias que tinham as percentagens mais baixas em 2004 com particular realce para as províncias de Niassa, Sofala, Manica e Cabo Delgado contribuindo assim para a redução da distância em relação às províncias com as mais altas percentagens de meninas frequentando o ensino primário entre 2004 e 2010. 17 DOCUMENTO DE FUNDO PARA SOLICITAR FINANCIAMENTO DO FC FTI PARTE I: PROGRESSOS, DESAFIOS E PERSPECTIVAS PARA O DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO EM MOÇAMBIQUE Gráfico 7: Percentagem de meninas (1ª à 7ª classes), 2004 e 2010 (diurno, ensinos público, privado e comunitário) 52% 2004 50% 2010 48% 46% 44% 42% 40% Zambézia Nampula Sofala Cabo Delgado Manica Niassa Tete Inhambane Maputo Cidade de Maputo Gaza 38% A análise, por distritos, da evolução da percentagem de meninas no total de alunos frequentando o Ensino Primário evidencia também uma evolução significativa particularmente dos distritos que em 2004 tinham uma menor percentagem de meninas: enquanto em 2004 havia 22 distritos com uma percentagem de meninas inferior a 40%, em 2010 apenas em um distrito, o distrito de Morrumbala 16 na província da Zambézia, as meninas estudando no Ensino Primário representam menos de 40% (39,7%) do total de alunos. 16 O distrito de Morrumbala é um dos maiores distritos do país (em termos de população), onde o número total de alunos que frequentam no ensino primário quase triplicou entre 2004 e 2010 (aumentou de 36.667 em 2004 para 101.225 em 2010). 18 DOCUMENTO DE FUNDO PARA SOLICITAR FINANCIAMENTO DO FC-FTI PARTE I: PROGRESSOS, DESAFIOS E PERSPECTIVAS PARA O DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO EM MOÇAMBIQUE Gráfico 8: Evolução da percentagem de meninas no Ensino Primário, 2004 e 2010, nos distritos com percentagens inferiores a 40% em 2004 (turno diurno, ensinos público, privado e comunitário) 50% 2004 2010 45% 40% 35% Maríngue Morrumbala Chibabava Maganja da Costa Mutarara Palma Chemba Mogincual Mavago Moma Angoche Namapa - Eráti Inhassungue Marromeu Chinde Tambara Mossurize Marrupa Caia Lichinga - Distrito Muanza Majune 30% Ingressos aos 6-7 anos O Gráfico 9 mostra que há muitas crianças com idade superior a 12 anos frequentando a escola primária. Apesar da proporção dos alunos entre 13 e 18 anos ter diminuído de 23,7% em 2005 para 19,8% em 2010, eles totalizam cerca de 1 milhão de alunos em 2010: 53% deste grupo frequenta a 6ª ou a 7ª classe, 42% são do sexo feminino e 98% frequentam as escolas públicas, no turno diurno. Alunos (mil) Gráfico 9: Evolução do número de alunos por idade no Ensino Primário, 1995-2010 (turno diurno, ensinos público, comunitário e privado) 700 2010 2005 2000 1995 600 500 400 300 200 100 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 Idades Para rectificar esta situação, foi dado enfoque ao ingresso na escola na idade certa. Entre 2004 e 2010, a percentagem de crianças com menos de oito anos aumentou de 58,8% para 68,2%. 19 DOCUMENTO DE FUNDO PARA SOLICITAR FINANCIAMENTO DO FC FTI PARTE I: PROGRESSOS, DESAFIOS E PERSPECTIVAS PARA O DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO EM MOÇAMBIQUE O Gráfico 10 mostra que existem grandes diferenças regionais em termos de ingressos nas escolas das crianças com menos de 8 anos, com as percentagens mais baixas nas províncias de Nampula e da Zambézia (55,5% e 64,1% respectivamente), apesar de progressos significativos verificados em todas as províncias. 400 100% 350 90% 80% 300 70% 250 60% 2004 2010 2004 2010 200 150 100 50% 40% 30% 20% Nampula Zambézia Cabo Delgado Niassa Sofala Manica Tete 0% Inhambane 0 Gaza 10% Cidade de Maputo 50 Maputo Alunos (milhares) Gráfico 10: Alunos na 1ª classe com 6 e 7 anos (total e em percentagem do total de alunos na 1ª classe), 2004 e 2010 (diurno, ensinos público, privado e comunitário) O ingresso no ensino primário na idade certa não é apenas importante para tornar o sistema mais eficiente em termos de fluxo dos alunos. O sector considera também que o ingresso de crianças aos 6 anos de idade na primeira classe é fundamental para que estas frequentem e concluam o ensino primário sem maiores constrangimentos e sem interrupções, sobretudo para as raparigas que, em algumas regiões do país, abandonam a escola a partir dos 12 ou 13 anos, por várias razões. 3.3.3 Eficiência e eficácia do sistema Retenção17 O número de alunos frequentando a 7ª classe relativamente ao número de alunos que frequentava a 1ª classe 6 anos antes melhorou passando de 30,1% (2000/06) para 41% (2004/10) o que manifesta progressos significativos ao nível da retenção dos alunos no sistema (salvaguardadas as limitações do indicador). Este progresso aconteceu sobretudo no período de 2000/06 a 2002/08 já que entre 2002/08 e 2004/10 o valor do indicador estabilizou à volta dos 40%. Apesar de existir uma diferença entre a retenção das meninas (39% em 2004/10) e dos meninos (43% em 2004/10) como se pode verificar no Gráfico 11, a diferença está a 17 O indicador relaciona o número de alunos na 7ª classe num determinado ano (ano n) com o número de alunos que frequentavam a 1ª classe 6 anos antes (ano n-6). O indicador assenta no pressuposto teórico, ideal, de que todos os alunos que começam a frequentar a 1ª classe num determinado ano deveriam frequentar a 7ª classe 6 anos mais tarde. Sendo assim é apenas uma aproximação à taxa de retenção e deve ser analisado com cautela. 20 DOCUMENTO DE FUNDO PARA SOLICITAR FINANCIAMENTO DO FC-FTI PARTE I: PROGRESSOS, DESAFIOS E PERSPECTIVAS PARA O DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO EM MOÇAMBIQUE diminuir. A paridade das taxas de retenção melhorou de 0,82 em 2000/06 para 0,90 em 2004/10). Alunos (em Mil) Gráfico 11: Número de alunos na 7ª (ano n) e na 1ª classe (ano n-6), e taxas de retenção, por sexo, 2000/06 – 2004/10 (turno diurno, ensinos público, comunitário e privado) 1.200 50% 45% 1.000 40% 35% 800 30% 600 25% 20% 400 15% Alunos 1ª classe (ano-6) 10% 200 Alunos 7ª classe (ano n) 5% 0 Retenção sexo feminino (%) 0% 2000/06 2001/07 2002/08 2003/09 Retenção, sexo masculino (%) 2004/10 O Gráfico 12 mostra variações grandes entre as províncias. Enquanto na província de Maputo, o número de alunos frequentando a 7ª classe em 2010 representa 85% dos alunos que estavam na 1ª classe em 2004, na província da Zambézia essa percentagem é de apenas 24%. A taxa de retenção deve ser relacionada com o número de alunos que estão na 7ª classe. Pode-se verificar assim, por exemplo, que na província da Zambézia, apesar da baixa taxa de retenção e da pouca evolução verificada entre 2006 e 2010, o número de alunos na 7ª classe quase duplicou entre 2006 e 2010. 2006 2010 %2000/2006 %2004/2010 70 100% 60 50 80% 40 60% 30 40% 20 Zambézia Cabo Delgado Niassa Tete Nampula Manica Gaza 0% Sofala 0 Inhambane 20% Maputo 10 Cidade de Maputo Alunos (Milhares) Gráfico 12: Proporção de alunos na 7ª classe em relação ao número de alunos na 1ª classe 6 anos antes, (2006-2000 e 2010-2004) (diurno, ensinos público, privado e comunitário) 21 DOCUMENTO DE FUNDO PARA SOLICITAR FINANCIAMENTO DO FC FTI PARTE I: PROGRESSOS, DESAFIOS E PERSPECTIVAS PARA O DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO EM MOÇAMBIQUE O indicador usado aqui é influenciado pelas taxas de repetição, bem como pelas taxas de desistência e de aproveitamento. Quadro 6: Proporção de repetentes e taxas de desistência e de aprovação no Ensino Primário, 2000-2009 (diurno, ensinos público, privado e comunitário) Proporção de repetentes (*) Desistência anual Aprovação Ano M HM M HM M HM 2000 23,2% 22,7% 6,8% 6,9% 61,5% 63,4% 2003 21,6% 21,5% 7,6% 7,9% 65,8% 66,5% 2004 20,5% 20,6% 7,7% 7,9% 77,6% 77,9% 2005 10,2% 10,4% 8,9% 9,3% 82,7% 82,4% 2006 5,1% 5,3% 7,7% 8,0% 83,3% 83,0% 2007 5,7% 5,9% 6,9% 7,2% 84,7% 84,3% 2008 5,3% 5,5% 6,9% 7,3% 82,9% 82,5% 2009 6,7% 7,0% 7,4% 7,7% 81,8% 81,4% (*) Refere-se à proporção dos alunos que repetem a mesma classe Em média a repetição e a aprovação melhorou bastante em comparação com o ano 2000, particularmente com a introdução do novo currículo em 2004. Ao mesmo tempo pode-se verificar que a taxa de desistência anual permaneceu mais ou menos estável ao longo dos últimos dez anos. A diferença entre as meninas e meninos parece insignificante sendo ligeiramente mais baixas para as meninas. Aproveitamento18 Em termos absolutos, o sistema registou muitos progressos no número de graduados na 7ª classe, entre 2004 e 2009, apesar da redução verificada em 2009 relativamente a 2008. A taxa de aproveitamento na escola primária (média de todas as classes) aumentou de 77,9% em 2004 para 82% em 2010, mostrando melhorias no fluxo de alunos nas escolas primárias. Contudo, nota-se uma queda do aproveitamento escolar na quinta classe desde 2006 resultando em valores inferiores aos valores observados em 2004. No geral, observa-se uma tendência de diminuição do aproveitamento escolar a partir de 2008. 18 A taxa de aproveitamento mede a percentagem dos alunos que aprovam uma certa classe em relação aos alunos no início do ano na mesma classe. 22 DOCUMENTO DE FUNDO PARA SOLICITAR FINANCIAMENTO DO FC-FTI PARTE I: PROGRESSOS, DESAFIOS E PERSPECTIVAS PARA O DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO EM MOÇAMBIQUE Quadro 7: Evolução das taxas de aproveitamento escolar por classe, EP1 e EP2, 2004-2009, ambos os sexos (diurno, ensinos público, privado e comunitário) (valores em percentagem) Ano 2004 2005 2006 2007 2008 2009 1ª cl. 82,8 87,0 88,9 90,0 89,2 88,7 2ª cl. 73,0 81,4 82,0 83,7 80,9 81,5 EP1 3ª cl. 4ª cl. 83,9 73,2 86,3 86,8 87,4 87,0 87,8 87,7 87,1 86,3 86,8 86,3 5ª cl. 1ª/5ª cl. 69,9 77,9 75,2 84,0 72,3 84,2 71,7 85,3 67,8 83,2 65,5 82,8 6ª cl. 86,9 86,6 86,7 87,3 85,0 84,0 EP2 7ª cl. 6ª/7ª cl. 78,5 83,2 74,8 80,9 73,6 80,7 75,6 82,3 71,3 78,4 67,0 76,5 Desistência19 Em geral, a taxa de desistência média do ensino primário tem permanecido estável entre 2004 e 2009 variando nos últimos anos entre os 7% e os 8%. A desistência na 2ª classe em 2009 está mesmo um pouco abaixo do valor de 2004 (6,7% em 2009 contra 7% em 2004). Quadro 8: Evolução das taxas de desistência na 2ª, 5ª e 7ª classes, ambos os sexos, 2004-2009 (turno diurno, ensinos público, privado e comunitário) 2ª classe 5ª classe 7ª classe Total EP 2004 7,0% 10,5% 7,7% 7,9% 2005 8,7% 12,2% 9,7% 9,3% 2006 7,6% 10,2% 9,9% 8,0% 2007 7,0% 10,9% 7,9% 7,2% 2008 6,4% 11,4% 9,1% 7,3% 2009 6,7% 13,0% 9,2% 7,7% Como se pode verificar no Quadro 8, nota-se uma tendência de aumento da desistência ao nível da 5ª classe desde 2006 (a taxa de desistência na 5ª classe aumentou de 10% em 2004 para 13,5% em 2009). Há grandes variações entre as províncias, e também entre classes, como se pode verificar no Gráfico 13. Enquanto em 2009 na província de Maputo, não há diferença entre as taxas de desistência da 2ª, 5ª e 7ª classes (em volta de 4%), na província de Niassa, a desistência na 5ª classe em 2009 chegou aos 22% em comparação com os 11,8% verificados na 2ª classe. Claramente, é na 5ª classe onde as taxas de desistência são mais elevadas, o que acontece em praticamente todas as províncias. 19 O indicador relaciona o número de alunos no início e no fim do ano lectivo sendo a diferença considerada desistência. É por isso uma taxa de desistência anual. A taxa pode ser calculada para o total do Ensino Primário (taxa média) ou por classe. A taxa é expressa em percentagem sobre o número de alunos existentes no início do ano lectivo. 23 DOCUMENTO DE FUNDO PARA SOLICITAR FINANCIAMENTO DO FC FTI PARTE I: PROGRESSOS, DESAFIOS E PERSPECTIVAS PARA O DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO EM MOÇAMBIQUE Gráfico 13: Taxas de desistência nas 2ª, 5ª e 7ª classes, 2009, por província (turno diurno, ensinos público, comunitário e privado) 7a classe 5a classe 2a classe 25% 20% 15% 10% Cidade de Maputo Zambézia Tete Sofala Niassa Nampula Maputo Manica Inhambane Gaza 0% Cabo Delgado 5% O Gráfico 14 mostra que, enquanto a desistência tem diminuído nas províncias de Cabo Delgado, Maputo, Zambézia e na Cidade de Maputo, nas restantes províncias a desistência aumentou entre 2004 e 2009 sobretudo na província de Tete. Tete e Niassa são as províncias com as mais altas taxas de desistência no Ensino Primário. Gráfico 14: Taxas médias de desistência no Ensino Primário (1ª à 7ª classe), por província, 2004 e 2009 (turno diurno, ensinos público, comunitário e privado) 14% 2004 12% 2009 10% 8% 6% 4% Niassa Tete Manica Sofala Nampula Cabo Delgado Gaza Zambézia Maputo Cidade de Maputo 0% Inhambane 2% Taxa de conclusão20 Este indicador é o indicador mais próximo para monitorar em conjunto a eficácia e a eficiência no ensino primário. Através deste indicador é possível verificar onde é que o país se encontra em termos do cumprimento do objectivo de assegurar que todas as crianças concluem as 7 classes do ensino primário. 20 Este indicador relaciona o número de crianças que concluem o ensino primário (7ª classe) (público, privado ou comunitário), independentemente da sua idade (numerador) com a população com 12 anos de idade (denominador). O indicador é expresso em percentagem. 24 DOCUMENTO DE FUNDO PARA SOLICITAR FINANCIAMENTO DO FC-FTI PARTE I: PROGRESSOS, DESAFIOS E PERSPECTIVAS PARA O DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO EM MOÇAMBIQUE Ao longo dos anos, a taxa de conclusão melhorou de 34,1% (26,3% para as meninas) em 2004 para 47,9% (42,8% para as meninas) em 2009, embora se tenha observado uma queda em 2009 comparativamente a 2008. A taxa de conclusão melhorou em todas as províncias, apesar de ainda persistirem grandes diferenças entre as províncias do Centro e do Norte do país com a província de Tete com a mais baixa taxa (33,7% em 2009) e a Cidade de Maputo com quase 100%. Como já referido para os outros indicadores, as raparigas têm feito melhor progresso ao longo dos últimos anos em comparação com os rapazes, resultando na diminuição de disparidade de género, com maior destaque para as províncias de Manica, Niassa e Nampula que em 2004 tinham as taxas mais baixas. 60% Conclusão, 2004 Conclusão, 2009 % Meninas 2004 % Meninas 2009 100% 50% Tete 0% Nampula 0% Zambézia 10% Niassa 20% Cabo Delgado 20% Manica 40% Gaza 30% Sofala 60% Inhambane 40% Maputo 80% % de Meninas 120% Cidade de Maputo Taxa de conclusão Gráfico 15: Taxas de conclusão, EP2 (7ª classe) e percentagem de meninas no total de graduados do EP2 por províncias, 2004 e 2009 (turno diurno, ensinos público, privado e comunitário) 3.3.4 A alocação e o uso eficiente dos recursos humanos Como se pode ter verificado no ponto 3.2 (página 10), a expansão do sistema beneficiou do crescimento do número dos professores, cada vez mais formados e com uma melhor proporção feminina. O indicador rácio alunos por professor, bem como o rácio alunos por turma, é um indicador chave para verificar se a expansão do sistema está a ser adequadamente acompanhado pelos recursos necessários em termos de professores. Assume-se, dentro de determinados limites, que as condições de ensino são melhores quanto mais baixo for o valor do indicador sendo por isso considerado também um indicador de qualidade. Ao mesmo tempo, é também um indicador de gestão do sistema em relação à sua capacidade de substituir professores que abandonam o sistema por vários razões. A 25 DOCUMENTO DE FUNDO PARA SOLICITAR FINANCIAMENTO DO FC FTI PARTE I: PROGRESSOS, DESAFIOS E PERSPECTIVAS PARA O DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO EM MOÇAMBIQUE variação deste indicador, por pequena que seja, tem sempre um forte impacto orçamental. Enquanto o rácio alunos por turma apresenta o tamanho médio do grupo de alunos que cada professor atende num determinado momento, o rácio alunos por professor apresenta o número médio de alunos que cada professor tem que assistir, não necessariamente em simultâneo (há um número considerável de docentes que leccionam duas turmas em diferentes turnos). Por esta razão o rácio alunos por professor é quase sempre mais elevado que o rácio alunos por turma. Quadro 9: Alunos, professores e rácios alunos por professor e alunos por turma no EP1, 2004, 2006 e 2008-2010 (diurno, ensinos público, privado e comunitário) Rácio Alunos Rácio Alunos Anos Alunos Professores por Professor por Turma 2004 3.137.637 48.093 65,2 48,3 2006 3.654.935 48.452 75,4 49,7 2008 4.176.621 58.120 71,9 50,4 2009 4.299.638 62.680 68,6 50,2 2010 4.454.358 67.707 65,8 50,3 O rácio alunos por professor no EP1 cresceu de forma quase constante desde 1992 até 2006 em resultado fundamentalmente do forte crescimento do número de alunos frequentando o ensino primário após o fim da guerra em 1992. A partir de 2006 começa a assistir-se a uma redução assinalável do rácio alunos por professor em consequência do aumento significativo do recrutamento de novos professores para o Ensino Primário mas também, particularmente a partir de 2006, de uma melhoria do sistema de gestão de recursos humanos que permitiu melhorar os mecanismos de substituição dos professores que abandonam o sistema permitindo uma substituição mais rápida e abrangente. Quadro 10: Evolução do número de novos professores recrutados e do rácio alunos por professor, ensino primário, público, 2006-2010 2006 2008 2009 2010 Número de novos professores contratados, EP 4.000 7.717 9.400 9.800 Rácio Alunos por Professor, EP1 75 72 69 66 A análise da evolução do rácio alunos por professor no Ep1 por províncias (Gráfico 16) evidencia uma redução significativa dos rácios em todas as províncias entre 2006 (ano em que o indicador atingiu o valor mais alto a nível da média nacional) e 2010, com excepção apenas da província de Niassa. Devido à politica do ministério de privilegiar a alocação dos novos professores às províncias com maiores rácios de alunos por professor, diminuiu também a amplitude entre o valor mais alto (Zambézia, 82 alunos por professor) e o mais baixo do indicador (Inhambane, 48,5 alunos por professor) para cerca de 33 alunos por professor contra cerca de 50 alunos por professor nos anos de 2004 e 2006 contribuindo assim para uma maior equidade entre as diferentes províncias. 26 DOCUMENTO DE FUNDO PARA SOLICITAR FINANCIAMENTO DO FC-FTI PARTE I: PROGRESSOS, DESAFIOS E PERSPECTIVAS PARA O DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO EM MOÇAMBIQUE 120 70 A/P 2006 A/P 2010 A/T 2010 60 100 50 80 Alunos / Turma Alunos / Professor Gráfico 16: Rácios alunos por professor no Ep1, 2006 e 2010, e alunos por turma em 2010, por províncias (ensinos público, privado e comunitário) 40 60 30 40 20 Zambézia Nampula Sofala Cabo Delgado Tete Niassa Manica Cidade de Maputo 0 Maputo 0 Gaza 10 Inhambane 20 O rácio alunos por turma tem-se mantido praticamente constante ao longo dos anos variando de um mínimo de 48,3 alunos por turma em 2004 a um máximo de 50,4 em 2007 e 2008. Em 2010 o valor observado deste indicador é de 50,2 alunos por turma. O valor do indicador varia por província e por distrito. Em algumas províncias o número de alunos por turma aumentou significativamente entre 2004 e 2010 nomeadamente nas províncias de Niassa, Tete e Nampula, devido à sobrecarga das salas de aulas nas cidades. 3.4 Os grandes desafios do sector Na base da análise dos progressos e tendências ao longo dos últimos anos, os grandes desafios para os anos seguintes ficam bem claros. 3.4.1 Em termos de acesso Foram feitos muitos progressos, em termos de expansão em todos os níveis de ensino, reduzindo as disparidades geográficas e de género. Apesar disto, ainda existem grandes diferenças entre as províncias, e de género, principalmente no ensino pós-primário. Enquanto o ensino primário no Norte e no Centro do país continuará a expandir-se para assegurar o acesso a todas as crianças com idade de frequentar a escola primária, no Sul do país o ensino primário já se está a estabilizar no sentido em que cada vez mais a escola primária é frequentada por crianças na idade certa. Ainda há crianças fora do sistema, principalmente no norte e centro do País para além de que as taxas de desistência, apesar de terem reduzido, ainda permanecem altas. Ao mesmo tempo, devido à expansão significativa do ensino primário resultando em muito mais crianças que concluem o ensino primário cada vez mais jovens, há uma 27 DOCUMENTO DE FUNDO PARA SOLICITAR FINANCIAMENTO DO FC FTI PARTE I: PROGRESSOS, DESAFIOS E PERSPECTIVAS PARA O DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO EM MOÇAMBIQUE enorme (e crescente) pressão social para uma expansão ainda mais rápida do ensino secundário. 3.4.2 Em termos de qualidade Embora o Sistema Educativo, ao longos dos últimos anos, tenha vindo a introduzir reformas importantes para a melhoria do desempenho escolar dos alunos do ensino primário, com particular destaque para a introdução do novo currículo, da distribuição do livro escolar e a afectação de recursos directamente às escolas, através do programa ADE (apoio directo às escolas), formação de professores e de gestores educacionais e incremento das acções de supervisão pedagógica, entre outros, há sinais 21 que indicam que a qualidade não está a melhorar. O nível de rendimento escolar dos alunos registou uma ligeira queda a partir de 2008, comparativamente aos anos lectivos precedentes. Ao mesmo tempo, existe a percepção de que há muitas crianças que no fim do primeiro ciclo (2ª classe) ainda não conseguem ler e escrever, apesar das taxas de aproveitamento na 2ª classe serem relativamente altas. 3.4.3 Em termos de desenvolvimento institucional Os sucessos acima mencionados foram atingidos devido ao aumento da capacidade de implementação, em consequência da crescente descentralização de fundos e responsabilidades, da introdução de um sistema único para a gestão financeira no sector público, de melhorias na integração dos processos de planificação, de orçamentação e de monitoria, e da disponibilização de fundos crescentes anualmente. Ao mesmo tempo estes factores de sucesso também representam alguns obstáculos na implementação do programa do sector. A capacidade no nível local, provincial e distrital, ainda é fraca, não apenas nas áreas de planificação e gestão financeira, mas também na monitoria da implementação dos programas descentralizados como, por exemplo, o programa de construção acelerada de salas de aulas para o ensino primário. A sustentabilidade dos progressos feitos dependerá muito dos recursos humanos e financeiros para a sua manutenção, bem como um melhor desempenho no futuro. Apesar dos progressos sustentados no crescimento da economia, o financiamento do orçamento de Estado continuará a depender do apoio externo. 21 Apesar de existir alguma evidência através da evolução das taxas de aproveitamento, dos estudos realizados no âmbito do SAQMEC, e outros, falta informação sistematizada para sustentar e generalizar a percepção de que a qualidade está a baixar em termos de conhecimentos dos alunos que completam um determinado nível do ensino. O sector está a elaborar um Sistema da Avaliação de Qualidade da Educação em Moçambique (SAQEM), a partir da definição de padrões de aprendizagem. 28 DOCUMENTO DE FUNDO PARA SOLICITAR FINANCIAMENTO DO FC-FTI PARTE I: PROGRESSOS, DESAFIOS E PERSPECTIVAS PARA O DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO EM MOÇAMBIQUE 4. Implementação das estratégias principais do PEEC na área do ensino primário22 4.1 Construção acelerada 4.1.1 Antecedentes Num esforço para expandir as oportunidades de acesso ao ensino primário a todas as crianças em idade escolar, mas também para melhorar as condições de ensino, o Ministério decidiu, a partir de 2005, descentralizar as competências quanto à construção de infra-estruturas educacionais, tendo iniciado a execução do Programa de Construção Acelerada de Infra-estruturas Escolares. Em 2008 foram disponibilizados os primeiros recursos para expandir o programa para o 1º ciclo do ensino secundário. Este programa é um programa de construção participativo, com custos controlados (custo médio não superior a 12.000 USD por sala de aula, incluindo mobiliário e casas para os professores) e que procura envolver todos os potenciais actores e forças sociais aptas e disponíveis a participar, com metodologias adequadas a cada uma (pequenos empreiteiros locais, grandes empreiteiros, grupos de artesãos, comunidades em autoconstrução assistida e outras forças sociais que vierem a ser identificadas). É um programa descentralizado, onde as funções de planificação, gestão e execução são da responsabilidade dos órgãos provinciais e distritais. Os órgãos centrais do Ministério realizam a monitoria e prestam assistência técnica e a assessoria necessária para a sua correcta implementação. 4.1.2 Resultados atingidos Como já se referiu, a rede escolar expandiu-se significativamente ao longo dos últimos anos a todos níveis. Esta expansão ao nível de ensino primário foi suportada por várias iniciativas, entre elas o programa de construção acelerada de salas de aula. Foram já construídas através do Programa de Construção Acelerada, de finais de 2005 até meados de 2010, mais de 4.600 salas de aulas incluindo as correspondentes casas de professores, blocos administrativos e latrinas melhoradas. È estimado que, através de outras iniciativas (ONGs, projectos bilaterais para o ensino primário, nomeadamente KFW, Japão e UNICEF) foram construídas 302 salas de aula, 368 latrinas, 75 fontes de água, 27 blocos administrativos e 76 casas de professores. 22 Como foram concebidos no contexto da primeira proposta para o FTI (endossada em Março de 2003) e na maior parte financiadas pelo FASE. 29 DOCUMENTO DE FUNDO PARA SOLICITAR FINANCIAMENTO DO FC FTI PARTE I: PROGRESSOS, DESAFIOS E PERSPECTIVAS PARA O DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO EM MOÇAMBIQUE Quadro 11: Número de salas de aulas construídas através do Programa de Construção Acelerada, 2005-2009 Todas as campanhas 2005-2009 Província Nº de Salas Salas concluídas % de salas programas até Junho 2010 concluídas Cabo Delgado 409 307 75% Niassa 459 359 78% Nampula 1.047 1.004 96% Zambézia 804 697 87% Tete 422 262 62% Manica 471 382 81% Sofala 472 261 55% Inhambane 439 434 99% Gaza 426 417 98% Maputo 385 319 83% C. Maputo 194 194 100% Total 5.528 4.635 84% Originalmente, o PEEC previa a construção, anualmente, de cerca de 4.000 salas de aula com materiais convencionais para responder às necessidades da expansão da rede escolar. Na implementação, considerando as limitações em termos de capacidade técnica ao nível das províncias, bem como em termos financeiros, esta meta foi ajustada para 1.400 a 1.500 salas de aula por ano23. Quadro 12: Evolução do número de salas de aula do Ensino Primário, segundo material de construção, 2004-2009 (ensinos público, privado e comunitário) Anos Tipo de sala 2004 2005 2006 2007 2008 2009 ∆2004/2009 Cimento 12.956 13.652 14.067 15.805 16.676 18.290 41% Tijolo 3.697 3.395 4.021 4.352 4.960 5.596 51% Maticado 7.800 8.927 9.488 9.747 9.294 9.491 22% Pau-a-pique 9.183 8.876 9.271 9.881 10.076 10.676 16% Outros 3.866 4.538 5.156 4.962 5.825 6.301 63% Total 37.502 39.388 42.003 44.747 46.831 50.354 34% Claramente, pelo que se pode observar do Quadro 11 e do Quadro 12, o programa ainda não conseguiu responder às necessidades tal como previsto no PEEC. Houve contudo progressos: o número de salas de aula de cimento cresceu mais do que o total de salas mas a percentagem de turmas sem sala de aula 24 aumentou ao longo dos últimos anos (veja o Quadro 13). 23 24 Importante notar que não existe uma correlação directa entre o número de salas de aula de estrutura física convencional construídas e a expansão da rede escolar. A construção de salas de aula é importante para melhorar o ambiente educacional, que poderá influenciar positivamente a retenção das crianças na escola. Este indicador não está apenas associado à disponibilidade de salas de aulas por escola. Está associado também à forma como as turmas são distribuídas pelos diferentes turnos (existe um número muito 30 DOCUMENTO DE FUNDO PARA SOLICITAR FINANCIAMENTO DO FC-FTI PARTE I: PROGRESSOS, DESAFIOS E PERSPECTIVAS PARA O DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO EM MOÇAMBIQUE Quadro 13: Escolas, número médio de salas e turmas por escola e percentagem de turmas sem sala de aula por turno e no total, ensino primário, 2004-2009 (ensinos público, privado e comunitário) Média de Percentagem de turmas sem sala de aula Média de turmas Ano Escolas Salas por por 1º Turno 2º Turno 3º Turno Total escola escola 2004 8.377 4,46 8,20 5,3% 2,9% 0,9% 9,1% 2005 8.271 4,45 8,46 5,7% 3,5% 0,8% 10,1% 2006 8.897 4,68 8,65 5,5% 3,1% 0,8% 9,5% 2007 9.270 4,76 9,10 6,8% 4,2% 0,9% 11,8% 2008 9.600 4,82 9,53 7,3% 4,7% 0,9% 13,0% 2009 10.013 4,98 9,60 8,0% 4,8% 0,6% 13,4% 4.1.3 Os principais desafios A implementação do programa de construção acelerada foi confrontada com vários problemas desde o seu início, principalmente ligados à: qualidade e durabilidade das obras e o seu custo-benefício: a auditoria técnica e financeira de 2008 revelou uma grande variação na qualidade das obras, de muito fraca a boa em algumas províncias; não realização das metas: apesar das metas estabelecidas no PEEC terem sido ajustadas em função da capacidade financeira e institucional do sector, o programa não conseguiu cumprir estas metas revistas de 1.400 salas de aulas por ano. Foram identificados os seguintes problemas e acções: 1. Fraca capacidade institucional sendo necessário uma forte capacitação institucional em meios humanos, materiais e organizacionais. Neste sentido foram lançados concursos para o recrutamento de técnicos médios e de técnicos superiores tendo em vista superar as principais fraquezas. 2. Baixos tectos financeiros para execução das obras o que tem um reflexo imediato na qualidade das obras e desencoraja a participação dos empreiteiros com maior capacidade técnica que à partida garantiriam maior qualidade das obras e melhor cumprimento dos prazos. Ao longo dos anos foi aumentado o custo unitário de 10.000 USD para 14.400 USD25, por sala de aula. 3. Falta de cumprimento das condições contratuais por parte dos empreiteiros, provocando atrasos constantes ao Programa. 25 significativo de escolas que têm turmas sem sala de aula num dos turnos mas tem salas de aulas não utilizadas noutros turnos). Os tetos financeiros foram baseados nas indicações internacionais como reflectido no quadro indicativo da FTI, e suportados por experiências locais (das diferentes ONGs) com a construção das salas de aula com o apoio da comunidade. Durante a implementação do programa ficou claro que as estimativas eram conservadoras por várias razões (aumento dos preços do cimento e ferro, oferta e capacidade limitada dos empreiteiros locais, custos altos de construção em algumas zonas rurais por falta de infra-estrutura, ineficiência da implementação do programa (falta da planificação, etc..) 31 DOCUMENTO DE FUNDO PARA SOLICITAR FINANCIAMENTO DO FC FTI PARTE I: PROGRESSOS, DESAFIOS E PERSPECTIVAS PARA O DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO EM MOÇAMBIQUE 4. Envolvimento dos Governos Provinciais e Distritais no Programa, variando de Província para Província. O envolvimento massivo e institucionalizado dos Governos Distritais, sob orientação dos Governadores Provinciais, como se tem verificado em algumas Províncias, veio dar um grande impulso ao Programa, determinante para a sua correcta implementação e sustentabilidade. 4.1.4 Perspectivas para o futuro Com as metodologias actualmente em curso, o rendimento do programa é baixo e a qualidade das obras é deficiente, apesar das medidas organizativas introduzidas como referido acima. Tendo em vista encontrar uma alternativa para optimizar o rendimento do Programa, aumentando significativamente o rendimento das campanhas anuais e melhorando a qualidade das obras para padrões sustentáveis, foram tomadas as seguintes medidas cuja implementação começou em 2010. Introdução de uma Nova Metodologia de abordagem através de um projecto piloto A nova abordagem prevê o envolvimento de grandes fornecedores nacionais ou internacionais, beneficiando de economias de escala, a par do aproveitamento e desenvolvimento de capacidades locais. Propõe-se uma organização da construção em duas fases, sendo a primeira, para o fornecimento da estrutura principal dos edifícios, cobertura e caixilharia, à responsabilidade de grandes fornecedores e em grandes lotes, e a segunda, para a montagem dessas componentes, fechamentos e acabamentos, à responsabilidade de empreiteiros locais ou nacionais, em lotes a decidir conforme as circunstâncias e necessidades de racionalização e controle de custos. A proposta contempla ainda a concepção de um projecto construtivo adequado, modular, de elementos normalizados e com baixo nível de exigências técnicas locais. Esta nova metodologia está a ser introduzida experimentalmente em 2010 nas Províncias de Cabo Delgado e da Zambézia, devendo ser alargada para todas as províncias a partir de 2011. Ajustes na antiga Metodologia Enquanto a nova abordagem é testada em duas províncias, nas restantes províncias o programa continuará a ser implementada tal como inicialmente concebido, mas aplicando obrigatoriamente as normas dos concursos nacionais, apenas para empreiteiros credenciados. São introduzidas igualmente algumas medidas de racionalização, nomeadamente o princípio da zonificação da construção, a disponibilização de lotes atractivos de pelo menos 15 salas e um número mínimo de cinco salas de aula por escola. Expansão do programa para o ensino secundário No que respeita a escolas secundárias, como já estava previsto no PEEC, e reafirmado na estratégia de ensino secundário (aprovada pelo Conselho de Ministros em Dezembro de 2009), a expansão da rede escolar ao nível secundário será feita através do programa de construção acelerada, usando os mesmos princípios aplicados para o ensino primário. 32 DOCUMENTO DE FUNDO PARA SOLICITAR FINANCIAMENTO DO FC-FTI PARTE I: PROGRESSOS, DESAFIOS E PERSPECTIVAS PARA O DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO EM MOÇAMBIQUE Para 2010, está prevista a construção de uma escola por província (duas para a província da Zambézia), usando a nova abordagem nas duas províncias seleccionadas como piloto e a antiga abordagem nas restantes províncias. Fiscalização independente Simultaneamente é introduzida em 2010 uma fiscalização externa das obras do Programa, tendo em vista aumentar os níveis de controle e execução dos contratos. Ela será realizada por consultores independentes, um por província, que se irão encarregar de fiscalizar as obras do programa em cada campanha, segundo os métodos convencionais de fiscalização de obras. 4.1.5 Implicações para o novo plano estratégico As mudanças propostas na área de construção para os anos seguintes, terão algumas implicações em termos de: Custo unitário A nova abordagem prevê um aumento acentuado do custo unitário de uma sala (para cerca de. 18.000 - 20.000 USD por sala de aula. Ao mesmo tempo, está previsto que estes investimentos vão dar um retorno financeiro a longo prazo com o aumento da duração média de uma sala de aula com a consequente redução dos custos de manutenção. Volume de construção Dependendo dos fundos disponíveis, é previsto que a nova abordagem vai permitir a construção de mais salas de aula a um ritmo mais rápido para responder melhor às necessidades que são enormes. Gestão do programa Um dos grandes problemas assinalados é a qualidade da gestão do programa. Para além dos programas de capacitação nos níveis descentralizados constantes da nova abordagem, a proposta inclui uma componente de recentralização da gestão financeira. Ao mesmo tempo a nova abordagem introduzirá uma componente de profissionalismo através da fiscalização independente, do enfoque nos empreiteiros e da contratação de técnicos superiores ao nível das províncias. Projecto piloto A discussão sobre a nova abordagem é complexa. A nova abordagem promove uma profissionalização da construção das salas de aulas através de pequenas e médias empresas legalmente registadas e através de fiscalização externa, com o objectivo principal de construir mais salas de aula com maior qualidade e duração, em prejuízo do enfoque no envolvimento das comunidades locais na construção de escolas. Uma decisão final sobre a introdução da nova abordagem dependerá dos resultados da implementação do projecto piloto. Os primeiros resultados são esperados apenas em finais de 2011. 33 DOCUMENTO DE FUNDO PARA SOLICITAR FINANCIAMENTO DO FC FTI PARTE I: PROGRESSOS, DESAFIOS E PERSPECTIVAS PARA O DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO EM MOÇAMBIQUE 4.2 Formação de Professores 4.2.1 Antecedentes O rácio alunos por professor no ensino primário do 1º grau em 2006 situava-se quase em 76/1 em consequência da rápida expansão do número de alunos, nas escolas primárias e secundárias durante a implementação do primeiro plano estratégico, não acompanhada ao mesmo nível pela alocação de recursos humanos (professores) e financeiros aos diferentes níveis de ensino, mas sobretudo no ensino primário do 1º grau. Ao mesmo tempo, 35% dos professores em serviço no ensino primário do primeiro grau (EP1) não dispunha de formação inicial psico-pedagógica. Essa situação era considerada muito preocupante, pois prejudicava a qualidade e a eficiência do sistema. Para reduzir o rácio alunos por professor, o plano estratégico de sector (PEEC 2006/2011) previa a necessidade de recrutar anualmente 10.000 novos professores para o ensino primário. Contudo, a capacidade de formar novos professores não ultrapassava26 os 4.000 nos cursos então existentes. Com o objectivo de incrementar o número de professores formados e disponíveis para o sistema e deste modo responder ao crescente aumento da procura de novos professores formados, particularmente a nível do ensino primário, mas também para o ensino secundário geral do primeiro ciclo, o Plano Estratégico do sector previa uma reforma na área da formação de professores. A reforma visava, entre outros aspectos, proporcionar uma formação inicial intensiva e de qualidade sem contudo perder de vista a necessidade de assegurar a sustentabilidade a longo prazo do pagamento dos salários de um cada vez maior número de professores. A reforma visava ainda os seguintes objectivos específicos: 1. Reformar a formação inicial de professores, respondendo à necessidade de: i) Adequar o novo currículo da formação de professores ao do ensino primário, introduzido em 2004; ii) Melhorar os aspectos ligados à qualidade na formação de professores; iii) Proporcionar uma formação básica em curto espaço de tempo (1 ano) de forma a corresponder à expansão significativa da rede escolar do ensino primário. 2. Promover um sistema que integre totalmente a formação inicial de professores e o seu desenvolvimento profissional contínuo; 3. Racionalizar o sistema existente de formação de professores em serviço e transferir a responsabilidade para os Institutos de Formação de Professores (IFPs). 4.2.2 Resultados atingidos Formação inicial Em consequência da reforma do sistema de formação dos professores e do consequente aumento da capacidade de graduar anualmente novos professores, foi eliminada, a partir de 2009, a contratação de novos docentes sem formação psico-pedagógica. Além 26 Até 2005. 34 DOCUMENTO DE FUNDO PARA SOLICITAR FINANCIAMENTO DO FC-FTI PARTE I: PROGRESSOS, DESAFIOS E PERSPECTIVAS PARA O DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO EM MOÇAMBIQUE disso a reforma deu a oportunidade para rever o currículo da formação de professores adequando-o ao novo currículo do Ensino Primário. Quadro 14: Evolução do número de graduados dos IFPs, 2003-2009 (total e feminina) Ano M HM %M 2003 1.453 3.279 44,3% 2004 1.734 3.621 47,9% 2005* 1.616 3.312 48,8% 2006 2.500 5.228 47,8% 2007 3.188 7.003 45,5% 2008 3.702 7.178 51,6% 2009 5.139 10.033 51,2% *) Dados estimados para a província de Tete No concernente ao envolvimento de parceiros na formação de professores com o objectivo de aumentar a capacidade do país de formar mais professores, o Ministério da Educação vem trabalhando com uma ONG desde 1992 que tem actualmente capacidade para formar cerca de 1.800 professores anualmente. Através da reforma o sector conseguiu harmonizar os diferentes programas de formação e criar um sistema unificado, seguido por todas as partes envolvidas na formação de professores, incluindo as ONGs. Formação (contínua) em serviço Para a elevação da qualificação dos professores primários em exercício, foram introduzidos no IAP/IEDA cursos de formação à distância. Neste sistema já foram graduados 5.563 professores (Quadro 15). Quadro 15: Evolução do número dos graduados do ensino à distância, formação continua de professores, 10ª+2, 2008-2009 Ano Total 2008 H 1.803 M 1.079 2009 HM 2.882 H 1.701 M 980 HM 2.681 Decorre nos IFPs, desde 2008, a realização de actividades de Formação Contínua e em exercício de professores e gestores das escolas primárias, pelos formadores dos IFPs. Beneficiando do aumento dos fundos do FASE, estas actividades são suportadas por alocações adicionais desde 2008. 4.2.3 Principais desafios e perspectivas para o futuro Apesar de ter tido um impacto positivo em termos do aumento do número dos professores formados, existe a preocupação, tanto do Ministério, como da sociedade civil e dos parceiros de cooperação, com a qualidade e a relevância dos programas de formação dos professores na sua preparação para a vida de trabalho. O tempo para a 35 DOCUMENTO DE FUNDO PARA SOLICITAR FINANCIAMENTO DO FC FTI PARTE I: PROGRESSOS, DESAFIOS E PERSPECTIVAS PARA O DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO EM MOÇAMBIQUE formação inicial é limitado. A formação ainda está muito centrada no formador27. Ao mesmo tempo, os IFPs ainda têm uma capacidade limitada para oferecer a formação e acompanhamento dos professores em serviço. Ciente destes entraves, deve-se reforçar o sistema de formação integral, melhorando as componentes da formação inicial e em exercício dos professores. Como estratégia, desenvolver-se-á uma formação inicial modular mais longa, orientada para o desenvolvimento de competências do professor na sala de aula. Continuará a ser fortalecida a capacidade institucional dos IFPs (material e humana 28), para desenvolverem cabalmente as suas actividades, com destaque para a formação de gestores de escolas, para a formação em exercício dos professores sem formação psico-pedagógica na sua área de influência e para o acompanhamento do desempenho dos seus graduados. 4.2.4 Implicações para o novo plano estratégico A revisão do modelo actual de formação de professores, ainda em fase inicial de elaboração e consensualização, poderá ter impacto na capacidade do sistema de formar professores através da redução do número de graduados. A quantidade de novos professores graduados deve ser suficiente para assegurar a contratação de novos professores com formação para absorver o crescimento esperado do número de alunos bem como para permitir a reposição dos que abandonam o sistema por diversas razões contribuindo para a contínua redução do rácio alunos por professor que ainda é elevado. Ao mesmo tempo será importante aumentar a capacidade dos IFPs na implementação do sistema integrado de formação de professores (formação inicial e em exercício, presencial e à distância) e o acompanhamento dos novos professores no seu local de trabalho. Neste contexto, está previsto o início da construção de mais dois IFPs, um na província de Nampula e outro na província da Zambézia em 2011 e 2012 respectivamente. Estes dois novos institutos contribuirão para aumentar a capacidade dos IFPs em formar novos professores e/ou capacitar professores em serviço. Reforçar a capacidade dos IFPs implicará também a necessidade de mais fundos para os IFPs e formadores melhor formados29. 27 28 29 A percepção de que a qualidade de formação de professores piorou, ou não melhorou, fez com que o MINED decidisse rever o currículo e propor uma nova abordagem no contexto do próximo plano estratégico. A avaliação do PEEC actualmente em curso informará esta nova abordagem. Para assegurar a qualidade da formação inicial, será necessário dar um maior enfoque à formação e à contratação de formadores. O sector está ciente das possíveis implicações das mudanças propostas, quer na capacidade de formar novos professores, quer ao nível da massa salarial. Estão em elaboração diferentes cenários. A decisão final tomará em conta as vantagens e desvantagens das diferentes opções. 36 DOCUMENTO DE FUNDO PARA SOLICITAR FINANCIAMENTO DO FC-FTI PARTE I: PROGRESSOS, DESAFIOS E PERSPECTIVAS PARA O DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO EM MOÇAMBIQUE 4.3 Provisão de livros escolares 4.3.1 Antecedentes O Governo de Moçambique declarou a gratuitidade do ensino primário de 7 classes. Esta medida significa que nenhuma criança deixará de ter acesso ao ciclo completo do ensino primário por falta de condições financeiras. Como forma de dar corpo a esta estratégia, o Governo deu continuidade à política de distribuição gratuita do livro escolar para todas as crianças, num rácio de 1 livro por disciplina por aluno, melhorando a sua estratégia de implementação. 4.3.2 Resultados Anualmente são produzidos e distribuídos entre 12 a 14 milhões de livros (40 títulos) para o ensino primário da 1ª à 7ª classe. A planificação é baseada no rácio de 1 livro por disciplina por aluno pressupondo que cada livro tem um tempo de vida médio de três anos e é recolhido no fim de cada ano para a sua reposição no ano seguinte (com a excepção dos livros para a 1ª e 2ª classe que são livros caderno do(a) aluno(a)). Este processo de provisão do livro tem melhorado ao longo dos anos. De uma forma geral, os livros têm chegado atempadamente às escolas, antes do início do ano lectivo. Houve grandes avanços no processo de aquisição dos livros, resultando na redução do custo unitário de 1,2 USD por livro para cerca 0,70 USD por livro para os livros da 1ª e 2ª classes, em resultado da aquisição dos direitos de impressão pelo ministério. O Ministério desenvolveu uma estratégia de comunicação, envolvendo os alunos, pais e encarregados de educação e a comunidade em geral, com recurso aos meios de comunicação social, visando a sensibilização destes em relação à necessidade de conservar o livro escolar propriedade da escola. 4.3.3 Principais desafios e perspectivas para o futuro Apesar do sucesso destes programas ainda há alunos sem livros, devido a vários factores como, por exemplo, a má conservação dos livros na escola e em casa, limitando a reutilização dos mesmos, falta de capacidade de gestão adequada do programa, incluindo dos stocks existentes, desvios e perdas de livros no processo de distribuição, diferença entre as metas planificadas e realizadas, etc. Mesmo com a redução do custo unitário devido às reformas introduzidas, a provisão do livro tem um grande peso no orçamento do sector (em 2009 a produção e distribuição do livro escolar para o ensino primário tinha um peso de 15% na despesa de FASE). Aliado ao objectivo de melhorar a qualidade do ensino, um outro grande desafio é o de capacitar os professores no uso adequado dos livros escolares na sala de aula. Esse desafio está directamente ligado à necessidade duma maior articulação com a formação dos professores e ao papel da supervisão pedagógica. Esforços adicionais serão necessários, no sentido de melhorar continuamente toda a gestão da componente livro escolar, bem como o processo da sua distribuição, tornando-o cada vez mais competitivo e sustentável. 37 DOCUMENTO DE FUNDO PARA SOLICITAR FINANCIAMENTO DO FC FTI PARTE I: PROGRESSOS, DESAFIOS E PERSPECTIVAS PARA O DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO EM MOÇAMBIQUE 4.3.4 Implicações para o novo plano estratégico É previsto que o orçamento para a aquisição e distribuição dos livros escolares se estabeleça ao nível de 2009 (cerca de 21 milhões de dólares americanos). Para assegurar uma melhor cobertura dos livros (atacando os problemas identificados, particularmente na provisão dos livros para as 3ª à 7ª classes) está previsto (i) continuar a realizar poupanças através da aquisição dos direitos de impressão de mais títulos, (ii) racionalizar o número de títulos30, principalmente na 6ª e 7ª classes (iii) melhorar a conservação dos livros quer através da melhoria da qualidade dos livros (por exemplo das capas), bem como da melhoria das condições de armazenamento dos livros nas escolas, etc. (iv) aumentar as taxas de reposição, principalmente para as disciplinas chaves, e (v) implementar acções tendentes a tornar a distribuição do livro escolar mais competitiva31. 4.4 Apoio directo às escolas 4.4.1 Antecedentes Os materiais de aprendizagem, incluindo os livros escolares, são considerados cruciais para um ensino de qualidade. Neste contexto, o Plano Estratégico priorizou, além da consolidação e expansão o programa do livro escolar, a introdução do programa Apoio Directo às Escolas (ADE). 4.4.2 Resultados O programa ADE foi introduzido em 2003, apenas para as escolas de primeiro grau do ensino primário (que leccionam as primeiras 5 classes). O programa coloca fundos directamente nas escolas para a aquisição de materiais básicos de apoio ao processo de ensino e aprendizagem. Este programa foi a primeira experiência do sector com a descentralização de fundos. As avaliações mostraram claramente o impacto positivo em termos de assegurar financiamento para a compra dos materiais básicos como esferográficas, lápis, cadernos, material de leitura complementar, etc., bem como no reforço do funcionamento dos conselhos das escolas que são responsáveis pela gestão dos fundos. Actualmente o programa coloca anualmente cerca de 2,5 USD por aluno em todas as escolas primárias públicas. Em 2006, foi introduzido também, através de um projecto piloto, uma componente de apoio às crianças órfãs e vulneráveis (1,5 USD por criança). O programa funcionou em 13 distritos em 2009. 30 31 Neste momento existem 40 títulos para os alunos do ensino primário: 2 para a 1ª e 2ª classes, 3 para a 3ª classe, 4 para a 4ª classe, 7 para a 5ª classe e 11 para a 6ª e 7ª classes. Em 2010, através de um piloto realizado na província de Gaza, o sector começou a experimentar a introdução de processos mais competitivos com o objectivo de melhorar a eficácia e a eficiência do processo de distribuição dos livros. Em 2011, esta experiência vai estender-se para mais 2 províncias. 38 DOCUMENTO DE FUNDO PARA SOLICITAR FINANCIAMENTO DO FC-FTI PARTE I: PROGRESSOS, DESAFIOS E PERSPECTIVAS PARA O DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO EM MOÇAMBIQUE 4.4.3 Principais desafios e perspectivas para o futuro Para o programa ADE, o grande desafio é com o desenho de critérios claros para a alocação de fundos por escola, tomando em conta as suas especificidades, bem como a ligação entre o financiamento e o desempenho da escola. Um outro desafio é a integração de um componente de protecção social para as crianças mais vulneráveis com o objectivo de assegurar o seu ingresso e retenção até a 7ª classe. Isto implicará uma revisão do programa actual às crianças órfãs e vulneráveis. 4.4.4 Implicações para o novo plano estratégico Para o programa ADE, está previsto um aumento gradual para 5 USD por aluno como estava previsto no PEEC. O ADE deve ser considerado como o fundo de financiamento da escola. Isto significa que o ADE contribuirá para o financiamento das despesas de funcionamento da escola incluindo actividades para melhorar a qualidade de ensino, bem como para assegurar a participação e retenção das crianças mais vulneráveis. O aumento previsto do ADE significará praticamente a duplicação dos fundos disponibilizados em 2009, e requererá um melhor controlo da sua despesa através, entre outros, de um maior envolvimento do conselho de escola na sua gestão. 4.5 Implementação de Novo Currículo para o Ensino Primário 4.5.1 Antecedentes O Ministério introduziu em 2004 o novo currículo do Ensino Primário com o objectivo de contribuir para a melhoria da qualidade e relevância da educação, proporcionando às crianças aprendizagens significativas. De acordo com o PEEC a transformação curricular enquadra-se ainda nos esforços que visam a redução das taxas de desistência e de reprovação e das disparidades de género e regionais. A transformação curricular iniciada em 1997 fundamentou-se na necessidade de ajustar a estrutura e o conteúdo do currículo em vigor desde 1983, às necessidades do país como resultado das mudanças havidas ao nível do país e do mundo, tendo como principais produtos um plano curricular para o Ensino Primário, programas e manuais escolares validados e aprovados. O novo currículo apresenta como principais inovações: ciclos de aprendizagem, ensino integrado, línguas moçambicanas, currículo local, promoção por ciclos de aprendizagem, novas disciplinas (inglês, educação musical, educação moral e cívica), redução dos professores no 3º ciclo (6ª e 7ª classes) e ensino centrado no aluno. 4.5.2 Resultados Os resultados alcançados com a introdução do currículo do Ensino Primário são observáveis através do/a: aumento das taxas de conclusão do ensino primário, maior equidade e redução das taxas de repetição como se pode verificar no Quadro 6; percepção de que o currículo é inovador, tendo como referência principalmente a introdução das línguas moçambicanas, o currículo local e as novas disciplinas; 39 DOCUMENTO DE FUNDO PARA SOLICITAR FINANCIAMENTO DO FC FTI PARTE I: PROGRESSOS, DESAFIOS E PERSPECTIVAS PARA O DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO EM MOÇAMBIQUE provisão de livros do aluno e manuais do professor coerentes com o Plano Curricular do Ensino Primário e com os Programas de Ensino, mais atraentes e adaptados à realidade moçambicana. 4.5.3 Principais desafios e perspectivas para o futuro O principal desafio do Ensino Primário é o desenvolvimento de competências básicas de oralidade, leitura, escrita e numeracia nos primeiros anos de escolaridade e consolidá-las ao longo dos ciclos seguintes. Este desiderato, que é tomado como um indicador da qualidade de ensino, deverá ser atingido em paralelo com a redução dos níveis de insucesso escolar e consequente aumento das taxas de conclusão nas idades certas e com as competências definidas no currículo desenvolvido. Outro desafio que se coloca ao ensino primário é a consolidação da implementação das inovações introduzidas, com particular destaque para: O conceito de ciclos de aprendizagem, aliada à progressão por ciclos de aprendizagem32, considerando que esta inovação encerra mudanças profundas na filosofia de avaliação e nas práticas de avaliação do progresso dos alunos. Ademais torna-se necessário capacitar os professores e directores de escola no acompanhamento do progresso dos alunos e no uso dos resultados da avaliação e informar a sociedade sobre a essência da progressão por ciclos de aprendizagem; O currículo local como uma componente do currículo que visa conferir maior relevância às aprendizagens, carece de aprofundamento ao nível da escola através da inclusão das estratégias de recolha, sistematização e integração dos conteúdos de interesse local nas acções de capacitação dos gestores, produção de materiais de apoio, supervisão bem como a definição de competências para a organização, gestão e leccionação no currículo de formação de professores; A introdução de línguas moçambicanas, assegurando uma expansão do programa de educação bilingue, informada pelos resultados da experimentação que decorreu ao longo dos últimos anos. A generalização da educação bilingue implica integração do processo de provisão de materiais didácticos deste modelo de ensino no processo normal de produção, impressão e distribuição, a criação de mecanismos de gestão da educação a todos os níveis e a formação regular de formadores e de professores; A distribuição de professores no 3º Ciclo 33, uma inovação relacionada com o acesso, pois preconiza a existência de um professor capaz de leccionar da 1ª à 7ª classes assegurando, assim, a expansão das escolas completas. O reajuste do currículo, em função dos resultados da monitoria, avaliação interna e externa e dos estudos realizados, afigura-se como um desafio a priorizar. 32 33 Um dos grandes problemas tem sido o mau entendimento do conceito de promoção por ciclos de aprendizagem por parte dos pais e também dos professores e directores de escola, por falta da comunicação e divulgação da informação sobre o novo currículo. Isto está sendo corrigido. O currículo do EP2 prevê professores por disciplina o que tornou este nível do ensino muito caro (em comparação com EP1) e difícil de gerir, considerando as limitações financeiras e humanas. 40 DOCUMENTO DE FUNDO PARA SOLICITAR FINANCIAMENTO DO FC-FTI PARTE I: PROGRESSOS, DESAFIOS E PERSPECTIVAS PARA O DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO EM MOÇAMBIQUE 4.5.4 Implicações para o novo plano estratégico Qualquer mudança curricular tem impacto na estrutura e organização do ensino, seja ao nível da escola mas também na provisão dos livros, na formação de professores, etc. É esperado que a racionalização dos professores no 2º grau do ensino primário (6ª e 7ª classes) através da revisão da estrutura do ensino primário, contribuirá para a redução do rácio alunos por professor e a transformação das escolas de primeiro grau em escolas completas sem implicações financeiras através da diminuição da pressão do EP2 sobre os professores. Ao mesmo tempo, a expansão de ensino bilingue terá implicações financeiras em termos da provisão de materiais e preparação dos professores. Na perspectiva da sua expansão para todo país, a sua integração na planificação, incluindo a provisão dos livros escolares e de materiais didácticos, no sistema de informação estatística e na reforma da formação de professores é crucial. 4.6 A resposta do sector ao HIV/SIDA 4.6.1 Antecedentes Os resultados de prevalência do HIV obtidos através do INSIDA 2009 indicam que 11,5% de moçambicanos no grupo etário 15-49 anos estão infectados pelo HIV. As taxas mais altas de prevalência verificam-se no grupo etário 15-24, para meninas. Em 2009, a taxa de prevalência em mulheres grávidas dos 15-19 anos era de 8% e de 16% no grupo etário 20-24. A diferença de género é grave. Mulheres entre os 15-19 anos são 3 vezes mais propensas à contaminação do que os homens na mesma faixa etária e 4 vezes mais propensas no grupo etário 20-24 anos34. Apesar dos esforços investidos, ainda não há provas de que a epidemia esteja a decrescer em termos gerais. Há, em termos relativos, alguma estabilização no norte do País e redução de novas infecções nas províncias do centro, excluindo Zambézia. No Sul a epidemia continua a crescer. Apesar desse facto, houve grandes progressos nos últimos cinco anos, nomeadamente (i) a inserção do HIV e SIDA nos sectores, através de planos orçamentados, (ii) a expansão do financiamento da prevenção, cuidados e mitigação aos níveis provincial e distrital, (iii) a expansão do tratamento antiretroviral para todos os distritos e (iv) o lançamento da iniciativa de aconselhamento e testagem comunitários. O sector ocupa-se por quatro áreas estratégicas de actuação: como empregador: visa desenvolver acções de prevenção e de minimização do impacto de HIV/SIDA nos professores, gestores e funcionários do sector; como educador: visa desenvolver acções de prevenção e de minimização do impacto de HIV/SIDA nos alunos e estudantes, incluindo o apoio às crianças órfãs e vulneráveis; 34 ADPESE – Fase II (Draft 1), 19/05/2009. 41 DOCUMENTO DE FUNDO PARA SOLICITAR FINANCIAMENTO DO FC FTI PARTE I: PROGRESSOS, DESAFIOS E PERSPECTIVAS PARA O DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO EM MOÇAMBIQUE como sistema: visa desenvolver um quadro institucional efectivo que permita ao sector responder apropriadamente ao HIV/SIDA para que possa realizar a sua missão central de educação, apesar do impacto da epidemia; como parte da resposta nacional: visa desenvolver relações efectivas com os parceiros governamentais e não governamentais para reagir à epidemia. O papel do Ministério neste sentido é o de elaborar políticas adequadas, parcerias, sistemas de gestão e monitoria e regulamentos que garantam a execução de programas para a prevenção e redução do impacto do HIV nos alunos e nos seus funcionários. A implementação do HIV/SIDA é organizada e assegurada através de um sistema de Pontos Focais, desde o órgão central até à Escola (Direcções Nacionais, Direcções Províncias da Educação e Cultura, Serviços Distritais de Educação, Juventude e Tecnologia, ZIPs e escolas) e existe uma ligação entre a escola e a comunidade através dos membros da comunidade nos conselhos de escola. 4.6.2 Resultados O principal resultado dos últimos anos foi a concepção de programas de prevenção e a sua implementação em várias províncias, bem como a inclusão do HIV/SIDA como um dos pilares da Estratégia da Acção Social Escolar. Uma avaliação externa do Programa multisectorial “Geração Biz”, realizada em 2007, indicou que o programa de base escolar tem uma cobertura expandida, actividades de boa qualidade e resultados positivos em termos do aumento dos conhecimentos sobre aspectos de Saúde Sexual e Reprodutiva bem como em termos de prevenção e mitigação do HIV/SIDA e facilitação de acesso dos jovens aos serviços de aconselhamento e testagem de saúde. Embora, ainda não haja uma avaliação sobre o impacto dos outros programas no combate ao HIV/SIDA, são considerados como tendo resultados positivos em termos de aumento dos conhecimentos sobre HIV/SIDA, com enfoque na abordagem sobre habilidades para a vida, na melhoria da qualidade do ensino e na retenção das crianças órfãs e vulneráveis nas escolas primárias. Foi elaborado um programa de HIV/SIDA no local de trabalho, com o enfoque na divulgação da informação preventiva e na mitigação para, entre outros, facilitar o acesso dos trabalhadores aos medicamentos anti-retrovirais. A implementação deste programa descentralizado foi apoiada pela disponibilização de fundos nas províncias e distritos (através do FASE). 4.6.3 Principais desafios e perspectivas para o futuro Apesar do sector considerar o HIV/SIDA na sua transversalidade, os programas do sector, foram inicialmente concebidos como projectos com um orçamento e uma estrutura própria para a sua implementação. Os maiores desafios para o futuro são: i) assegurar a cobertura nacional dos programas ou actividades de prevenção e mitigação do HIV/SIDA; ii) assegurar a sustentabilidade das intervenções a médio e longo prazos, em termos, de capacidade institucional, humana e financeira. Para isso, é importante: 42 DOCUMENTO DE FUNDO PARA SOLICITAR FINANCIAMENTO DO FC-FTI PARTE I: PROGRESSOS, DESAFIOS E PERSPECTIVAS PARA O DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO EM MOÇAMBIQUE rever os programas existentes35 em termos da sua eficácia e eficiência em atingir os seus objectivos principais; assegurar a integração dos assuntos de HIV/SIDA nos conteúdos da educação através dos seus insumos chaves: livros, currículo, formação de professores, etc.; assegurar uma melhor ligação entre HIV/SIDA e a saúde escolar; integrar a gestão e monitoria das intervenções na área de HIV/SIDA nos mecanismos regulares do sector (gestão de recursos humanos, ciclo de planificação, orçamentação e monitoria, supervisão e acompanhamento). Para garantir o sucesso da resposta, será importante continuar a desenvolver e a implementar uma estratégia de advocacia, comunicação e divulgação da informação baseada em evidência, para garantir a implementação de políticas e programas em cada nível do sistema, incluindo a mudança de normas institucionais ligadas ao estigma e à discriminação, e às iniciativas locais de mudança de normas sociais e culturais que afectam os objectivos da resposta do sector, em especial a vulnerabilidade da rapariga. 4.6.4 Implicações para o novo plano estratégico Em 2010, foi iniciado uma revisão destes programas na área de prevenção e mitigação do HIV e SIDA com vista a assegurar a sua qualidade, cobertura nacional e sustentabilidade, de modo a melhorar a eficácia e eficiência na implementação dos mesmos. É esperado que com base nos resultados desta revisão, seja iniciada a preparação e expansão célere destes programas a partir de 2011, através da integração dos programas no sistema educativo, com vista a assegurar a sustentabilidade dos mesmos, tendo em conta, igualmente, a equidade de género. Esta integração será feita através dos programas de formação de professores e do desenvolvimento curricular em cada nível de ensino, bem como dos programas do livro escolar e apoio directo às escolas. Esta integração visa assegurar que os conteúdos ligados ao HIV/SIDA sejam integrados no sistema de planificação, orçamentação, gestão e monitoria através dos mecanismos existentes (sistema de informação de rotina, supervisão central, provincial e distrital e outros), de modo a garantir uma resposta contínua e sustentável para mitigar os efeitos nefastos no sistema a médio e longo prazos, e minimizar o absentismo dos professores devido à infecção. O financiamento36 para a integração dos assuntos de HIV/SIDA nos programas chaves do sector está estimado em cerca de 2 milhões de dólares americanos por ano para actividades de prevenção e mitigação. 35 36 Programa de Saúde Escolar (Promoção de educação para Saúde, Prevenção do álcool e outras drogas); Pacote Básico e Mundo Sem Segredos; Programa Geração Biz; Programa de Apoio às Crianças Órfãs e Vulneráveis (COVs); Gerindo a Escola no contexto do HIV/SIDA e Género; Programa do HIV/SIDA para o Local de Trabalho. Refere-se apenas aos fundos directamente destinados aos programas específicos de HIV/SIDA. Na perspectiva do Governo, a educação em si é uma das estratégias principais no combate a esta epidemia. 43 DOCUMENTO DE FUNDO PARA SOLICITAR FINANCIAMENTO DO FC FTI PARTE I: PROGRESSOS, DESAFIOS E PERSPECTIVAS PARA O DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO EM MOÇAMBIQUE 5. Perspectivas para o futuro – o próximo plano estratégico 5.1 Introdução O próximo plano estratégico está a ser elaborado na base dos seguintes princípios: O plano é baseado nas grandes prioridades e objectivos do PQG 2010-201437; O plano usa a estrutura de programação adoptada pelo sector em 2009 para assegurar uma maior ligação entre a planificação, orçamentação, implementação e monitoria; O plano promove uma continuação e consolidação das estratégias existentes, tomando em conta as lições aprendidas; O plano introduzirá novas medidas para enfrentar os desafios que surgiram na avaliação de desempenho ao longo dos últimos anos (mais enfoque no ensino pré-primário, protecção social, lanche escolar...). 5.2 Quadro de planificação, orçamentação e monitoria O novo plano estratégico reflectirá a nova abordagem de programação que foi elaborada pelo Ministério ao longo dos últimos anos e adoptada em 2009, que organiza as actividades do sector em seis programas sectoriais, nomeadamente: 1. Apoio Administrativo Institucional; 2. Ensino Primário (incluindo o pré-primário); 3. Alfabetização e Educação para os Adultos; 4. Ensino Secundário; 5. Ensino Técnico-Profissional; 6. Ensino Superior. Esta abordagem foi introduzida para facilitar, harmonizar e integrar a planificação, orçamentação e monitoria da implementação dos programas de sector por nível de ensino, virado ao alcance dos objectivos em termos de: i) Aumentar o acesso e retenção no sistema; ii) Melhorar a qualidade do ensino; iii) Reforçar a capacidade institucional. Para cada programa estão sendo identificados os objectivos, e metas específicas por vertente, que estão sendo operacionalizados através dos programas chaves ou grandes acções. A Tabela 8 em anexo esquematiza a programação do sector num quadro tridimensional, ligando os programas sectoriais com os objectivos específicos e as grandes acções para atingir estes objectivos. 37 As prioridades e objectivos de PQG 2010-2014 resultam das politicas e estratégias elaborados no PEEC 2006-2010/11 numa perspectiva de longo prazo sobre o desenvolvimento do sector com o objectivo principal de atingir as metas de Milénio. 44 DOCUMENTO DE FUNDO PARA SOLICITAR FINANCIAMENTO DO FC-FTI PARTE I: PROGRESSOS, DESAFIOS E PERSPECTIVAS PARA O DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO EM MOÇAMBIQUE 5.3 As prioridades e objectivos estratégicos do sector As prioridades e objectivos do novo plano estratégico estão definidos no Plano Quinquenal do Governo (2010-2014) recentemente aprovado pela Assembleia da República. O Governo continuará a privilegiar o Ensino Primário. Ao mesmo tempo, é reconhecida a importância de consolidar e expandir as reformas nos subsistemas do pós-primário e de educação para os adultos, com vista à criação do capital humano necessário para um melhor desenvolvimento do País. Estas prioridades traduzem-se nos sequintes objectivos estratégicos por programa sectorial: i. Apoio Administrativo Institucional: fortalecimento da gestão do sistema administrativo da educação aos vários níveis, particularmente nos distritos, com enfoque em assegurar oportunidades educacionais com equidade para todos em todo o país; ii. Ensino (Pré-) Primário: expansão e consolidação deste nível do ensino com qualidade para assegurar que, em 2015, todas as crianças tenham oportunidade de concluir uma educação básica de 7 classes com qualidade e estandardizada; iii. Alfabetização e Educação para os Adultos: expansão do acesso para os jovens e adultos aos programas de alfabetização e de habilidades para a vida, através da consolidação e harmonização das diferentes intervenções 38; iv. Ensino Secundário: expansão sustentável do ensino secundário profissionalizante, através do sistema formal e do ensino à distância, assegurando a devida qualidade; v. Ensino Técnico-Profissional: consolidação da reforma em curso e a expansão do sistema formal e informal aos diferentes níveis, com enfoque especial nas oportunidades de aprendizagem para os jovens fora da escola; vi. Ensino Superior: consolidação do sistema, tendo em conta as reformas iniciadas, garantindo a sua eficácia, equilíbrio e sustentabilidade. A Tabela 9 em anexo define, por programa, os objectivos especificos nas três vertentes chaves que vão ser a base para a elaboração dos indicadores e metas para monitorar o desempenho do sector. Esta matriz é a base para a programação detalhada como será reflectida no próximo plano estratégico do sector. 5.4 Enfrentando os desafios do sector Para obter um melhor desempenho nos próximos anos, o novo plano estratégico focalizará o enfoque nas suas estratégias principais face aos desafios identificados. 38 Seja através dos programas do Governo, assim como através das iniciativas da sociedade civil (igrejas, ONGs, etc..) 45 DOCUMENTO DE FUNDO PARA SOLICITAR FINANCIAMENTO DO FC FTI PARTE I: PROGRESSOS, DESAFIOS E PERSPECTIVAS PARA O DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO EM MOÇAMBIQUE 5.4.1 Enfoque nas crianças fora da escola Com base nos dados estatísticos do sector da educação comparados com as recentes projecções demográficas é estimado que entre 250.000 a 350.000 crianças do grupo etário 6 – 12 anos não frequentam a escola primária. Em 2007 este número era de quase 500.000 (ou seja 12% do grupo etário que deveria frequentar na escola) 39. As crianças de 6-7 anos Uma grande parte destas crianças (cerca de 140.000) tem 6 e 7 anos. O Gráfico 10 (página 20) indica que apenas 68,2% das crianças neste grupo etário frequentam a escola primária com variações entre 55% em Nampula 40 e 95% na Cidade de Maputo. Como já constatamos, durante os últimos anos aumentou significativamente a participação dos alunos com 6 e 7 anos, em resultado das políticas do sector orientadas para a expansão da rede escolar, com escolas cada vez mais próximas das residências das crianças associadas às campanhas da comunicação promovendo o ingresso na 1ª classe com 6 anos. Desistências na 5ª classe Um outro grupo importante de crianças fora da escola é o que abandona a escola. Apesar das taxas de transição entre o EP1 (5ª classe) e o EP2 (6ª classe) serem altas (97% em 2010), o aumento da desistência, principalmente na quinta classe, é preocupante (13% em 2010). As crianças mais vulneráveis Um estudo do UNICEF (ainda em draft) que compara a participação dos alunos no ensino primário com o nível de pobreza da família, revelou que a iniquidade tem diminuído significativamente, reduzindo a diferença entre os mais ricos e os mais pobres de 43 pontos percentuais em 2003 para 23 pontos em 2008 41. Isto é o resultado da expansão da rede escolar do ensino primário e da política do Governo de oferecer um ensino primário gratuito42. Apesar destes progressos, a vulnerabilidade económica, permanece um factor importante condicionando a frequência da escola (influenciando a desistência). O mesmo estudo indica que esta vulnerabilidade aumenta para as crianças órfãs. Estratégias de inclusão Para assegurar que todas crianças tenham a oportunidade de frequentar e completar o ensino primário, o sector continuará, nos próximos anos, a criar escolas perto das 39 40 41 42 O MICS estima um valor mais alto em 2007/8: cerca de 18% ou cerca de 700.000 crianças. Dos 17 distritos com as percentagens mais baixa (inferiores a 56%), a maior parte são da província de Nampula (13 distritos). O estudo compara os dados do Inquérito aos Agregados Familiares (2003) com os do MICS (2008) e conclui que enquanto em 2003 a escolarização líquida dos mais ricos era de 88% e a dos mais pobres era de 45%, em 2008 isto era de 95% e de 72% respectivamente. O mesmo estudo revela também que, apesar de haver progressos na participação no ensino secundário, a iniquidade tem aumentado. O ensino secundário não é gratuito e ainda não existem mecanismos de protecção social neste nível de ensino. 46 DOCUMENTO DE FUNDO PARA SOLICITAR FINANCIAMENTO DO FC-FTI PARTE I: PROGRESSOS, DESAFIOS E PERSPECTIVAS PARA O DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO EM MOÇAMBIQUE comunidades e continuará a transformar as escolas que apenas leccionam o EP1 em escolas primárias completas, bem como dará mais atenção ao nível da escola ao acompanhamento do processo da aprendizagem ao longo da vida da criança na escola. Pare evitar a exclusão e a desistência por razões económicas, está sendo desenvolvida uma estratégia de acção social que inclui medidas específicas (por exemplo através de um programa de lanche escolar, apoio financeiro através do ADE, etc.) para assegurar que todas as crianças tenham acesso à escola, independentemente das suas condições socio-económicas. A sua implementação dependerá da disponibilização de fundos suficientes. Uma maior atenção do sector para o desenvolvimento da primeira infância poderá contribuir para que as crianças sejam melhor preparadas43 para ir para a escola na idade certa e participar no processo de aprendizagem. O sector tem abraçado uma política de inclusão das crianças com deficiência mas ainda falta melhorar a sua integração nos diferentes programas de sector, nomeadamente na construção das salas de aula e na formação de professores. 5.4.2 Grande pressão social para a expansão do ensino secundário Expansão explosiva Devido aos progressos no ensino primário, a participação ao nível do pós-primário cresceu exponencialmente ao longo dos últimos anos. O número de escolas que lecciona o ensino secundário quase triplicou, enquanto a taxa bruta de escolarização no ES1 registada em 2010 foi 45,5% contra 39% em 2008 e 24,6% em 2005. Como se pode verificar no Gráfico 17, há diferenças enormes entre as províncias em termos de taxa de cobertura. As maiores províncias (em termos de população) têm as taxas mais baixas. É também nestas províncias onde cada ano mais crianças completam o ensino primário, significando uma pressão enorme para expandir o ensino secundário. 43 Em termos do desenvolvimento da motricidade e do desenvolvimento emocional e cognitivo. 47 DOCUMENTO DE FUNDO PARA SOLICITAR FINANCIAMENTO DO FC FTI PARTE I: PROGRESSOS, DESAFIOS E PERSPECTIVAS PARA O DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO EM MOÇAMBIQUE Milhares Gráfico 17: Alunos no ESG em 2010 (turnos diurno e nocturno, ensinos público, privado e comunitário) e população com 13-17 anos de idade, 2007 400 120% 350 Alunos, 2010 População, 2007 300 TxEscBr, 2010 100% 80% 250 200 60% 150 40% 100 20% 50 Cabo Delgado Niassa Tete Gaza Manica Inhambane Maputo Sofala Zambézia Nampula 0% Cidade de Maputo 0 Pode-se constatar pelo Gráfico 18 que apesar do aumento considerável do número de graduados da sétima classe de cerca de 140 mil em 2004 para cerca de 240 mil em 2010 (um aumento de 73%), a taxa de transição manteve-se entre os 70% e os 80%, com alguma variação entre as províncias. A expansão do ensino secundário, tornou possível a absorção de um número crescente de graduados do Ensino Primário. 35 100% 90% 30 80% 25 70% 20 60% Taxa de transição Alunos (milhares) Gráfico 18: Número de ingressos na 8ª classe e taxas de transição entre a 7ª e a 8ª classes, ambos os sexos, por Províncias, 2006 e 2010 (turno diurno, ensinos público, privado e comunitário) 50% 15 40% 10 30% 20% 5 10% Ingressos, 2006 48 Ingressos, 2010 Transição, 2005/6 Niassa Cabo Delgado Tete Gaza Manica Maputo Inhambane Cidade de Maputo Sofala Zambézia 0% Nampula 0 Transição, 2009/10 DOCUMENTO DE FUNDO PARA SOLICITAR FINANCIAMENTO DO FC-FTI PARTE I: PROGRESSOS, DESAFIOS E PERSPECTIVAS PARA O DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO EM MOÇAMBIQUE Recursos limitados Este forte crescimento do ensino secundário não foi acompanhado pelo crescimento necessário em termos de recursos humanos e financeiros (salas de aulas, professores, livros, laboratórios, etc.). Há alguma indicação de que esta realidade pode vir a ter um impacto negativo nos recursos para o ensino primário, principalmente em termos de salas de aulas e do uso dos professores do ensino primário para leccionarem no ensino secundário. Ao mesmo tempo, uma escola secundária sem recursos em termos de livros, laboratórios, professores formados nas disciplinas chaves resultará na degradação da qualidade do ensino. Estratégias na área de ensino secundário 44 Para assegurar uma expansão controlada e sustentável, sem prejudicar o ensino primário, foi revista a estratégia do ensino secundário, aprovada pelo Conselho de Ministros em 2009, que promove a extensão da rede escolar para mais perto das comunidades e o uso de formas alternativas de acesso para os graduados da 7ª classe, como o ensino à distância e capacitações profissionais para jovens. Para assegurar que a expansão seja acompanhada com uma melhoria da qualidade de ensino, está previsto, entre outros, a continuidade das reformas curriculares, a formação de professores e a racionalização do seu uso, a elaboração de uma estratégia de provisão de material escolar e o aumento do tempo lectivo. Para financiar este subsector, está previsto uma maior co-participação das famílias e do sector privado. Para assegurar que isto não terá impactos negativos em termos de aumento da iniquidade, está previsto a criação de um sistema de bolsas para os mais vulneráveis. 5.4.3 Melhorar a aprendizagem no Ensino Primário Aumento das horas lectivas Uma grande preocupação é o tempo lectivo no ensino primário que é de apenas 600 horas/ano, contra o mínimo de 900 horas/ano recomendadas e previstas no currículo de ensino primário. O tempo reduzido disponível na sala de aula está directamente ligado ao elevado rácio de alunos por professor, à persistência dos três turnos, principalmente nas cidades, bem como à sobrecarga das infra-estruturas e dos professores para outras tarefas, resultando em longos períodos de férias para as crianças. Apesar de se terem registado melhorias na redução da percentagem de professores com duas turmas, que baixou de 53% em 2006 para 32% em 2010, e progressos na eliminação do terceiro turno e o impacto no aumento das horas lectivas ainda não está bem claro. 44 Para mais detalhes ver a Estratégia do Ensino Secundário. 49 DOCUMENTO DE FUNDO PARA SOLICITAR FINANCIAMENTO DO FC FTI PARTE I: PROGRESSOS, DESAFIOS E PERSPECTIVAS PARA O DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO EM MOÇAMBIQUE Aumentar o tempo lectivo representa um grande desafio para a gestão do sistema e da escola em particular em termos da necessidade de mudar o calendário escolar, a racionalização do espaço escolar e do uso do tempo dos professores. Também terá implicações no seu financiamento. É preciso pensar em ainda mais professores, mais salas de aulas, oferta de lanche escolar, etc.. Acompanhamento do processo de aprendizagem Nos últimos anos, apesar dos progressos positivos alcançados pelo sector, particularmente em termos da expansão da oferta (mais alunos nas escolas e mais graduados dos vários níveis que transitam para os níveis seguintes), a preocupação com a qualidade do ensino está ganhando maior proeminência. A queda recente (2008/2009) no aproveitamento (em termos absolutos e relativos) é mais um sinal preocupante. Os planos do Governo (PQG, PARPA, PEEC) dão realce aos aspectos da qualidade do ensino, com o enfoque de assegurar a disponibilização dos recursos suficientes (professores, livros, salas de aula, financiamento, etc.). Contudo os resultados ao nível da melhoria da qualidade de ensino não têm sido tão visíveis, tal como o denotam as estatísticas (as taxas de conclusão ainda são baixas), e também a opinião pública. Trata-se de um assunto complexo. O resultado do processo educativo não depende apenas dos recursos disponibilizados, mas sim de um conjunto de factores, incluindo as condições físicas, psicológicas e sócio-culturais onde a educação tem lugar, bem como do processo de ensino e de aprendizagem na sala de aula. Um melhor desempenho no futuro requererá assim melhorias no acompanhamento da aprendizagem do aluno, através de: um professor melhor preparado para acompanhar o processo de aprendizagem na sala de aula e melhor apoiado por sistemas de monitoria e de formação em serviço; um aluno melhor preparado para aprender em termos do seu estado de desenvolvimento; clareza sobre os resultados esperados do processo da aprendizagem (padrões); acompanhamento e monitoria do desempenho do aluno ao longo do ano, bem como a qualidade do ensino na sua globalidade. 5.4.4 Reforçar a capacidade institucional Reforço da capacidade institucional a partir da base O enfoque do PEEC para aumentar a capacidade institucional foi na descentralização de responsabilidades e de recursos financeiros para os níveis mais baixos da gestão do sistema, nomeadamente os serviços distritais e as próprias instituições do ensino. O processo de descentralização deveria ser acompanhado por um reforço da capacidade institucional. Reforçar a capacidade institucional implica continuar com a provisão de muitas coisas: meios de trabalho (transporte, comunicação, consumíveis, etc.), orientações claras em termos de papeis de cada um dos intervenientes na implementação e monitoria das actividades, procedimentos e regulamentos, colocação 50 DOCUMENTO DE FUNDO PARA SOLICITAR FINANCIAMENTO DO FC-FTI PARTE I: PROGRESSOS, DESAFIOS E PERSPECTIVAS PARA O DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO EM MOÇAMBIQUE das pessoas certas nas posições certas, incentivos, supervisão e capacitações, entre outras. Houve, nos últimos anos, um enfoque na melhoria da gestão financeira com resultados importantes. Nos anos seguintes os esforços nesta área serão consolidados através das reformas em curso45, e um maior enfoque será dado ao desenvolvimento da gestão de recursos humanos. Neste momento, está sendo elaborada uma estratégia para o desenvolvimento de recursos humanos que deverá atender assuntos ligados à sua gestão. Também estão a ser elaborados módulos de capacitação na área de planificação, orçamentação, execução, monitoria e avaliação para o grupo alvo dos gestores do sector nos distritos que poderão ser expandidos para cobrir outras áreas. Comunicação e informação A necessidade de reforçar os sistemas de comunicação e informação46, assegurando a viabilidade dos dados e o seu uso no processo de planificação e melhoria da implementação dos programas é crucial para um melhor gestão e desenvolvimento do sistema. A provisão de uma educação de qualidade, sendo uma responsabilidade de todos, beneficiará de uma melhor divulgação da informação e diálogo entre os vários intervenientes no sector, bem como o exterior (a sociedade e os parceiros de cooperação, etc.), facilitará um melhor entendimento sobre os grandes desafios e as suas soluções. Monitoria e avaliação Ao nível do sector concorrem diferentes processos de monitoria e avaliação do desempenho do sector, interno ao nível do governo (veja Quadro 1 na página 4), bem como em conjunto com os parceiros de cooperação e da sociedade civil (veja ponto 2.2.2 na página 6). Apesar de existir um sistema de monitoria e supervisão da gestão do sistema que inclui elementos de supervisão pedagógica, inspecção, controle interno, esta área deverá ser reforçada e harmonizada em termos de conceitos e acções concretas ligadas principalmente ao seguimento das recomendações. Racionalização dos recursos disponíveis A implementação do PEEC foi apoiada pelo aumento significativo dos recursos financeiros e humanos. Como se pode ver na segunda parte deste documento, para os próximos anos não estão previstos grandes incrementos financeiros. Isto implicará a necessidade de racionalizar ainda mais os recursos (financeiros e humanos) disponíveis e priorizar as actividades com o objectivo de garantir a sua sustentabilidade e o melhor custo-benefício. 45 46 Na área de aquisições, orçamentação por programa, etc.. Isto inclui o Sistema de Informação Estatística, de Recursos Humanos, Carta Escolar, etc.. 51 DOCUMENTO DE FUNDO PARA SOLICITAR FINANCIAMENTO DO FC FTI PARTE I: PROGRESSOS, DESAFIOS E PERSPECTIVAS PARA O DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO EM MOÇAMBIQUE 5.5 Novos enfoques no plano do sector Para além da continuação, consolidação e melhoria das estratégias existentes com base nas experiências obtidas na sua implementação ao longo dos últimos anos, o próximo plano dará um melhor enfoque a: 5.5.1 Desenvolvimento da primeira infância A cobertura de serviços de cuidados educativos para as crianças dos 0 aos 5 anos é muito limitada (cerca 4% através de intervenções formais sob a responsabilidade do Ministério da Mulher e da Acção Social (MMAS). A crescente preocupação com o desempenho das crianças na escola primária, devido a, entre outros, não estarem suficientemente preparadas para a aprendizagem, sobretudo no capítulo da oralidade, resultou na tomada decisão de dar mais prioridade à área da primeira infância através das seguintes vertentes propostas e em exploração: 1. Promover a expansão do acesso à educação Pré-Primária (quarto/quinto ano de vida) sustentável para facilitar a transição para o ensino primário e aumentar a retenção e conclusão das crianças neste nível de ensino, através de: Um projecto piloto, gerido pelo Ministério da Educação (serviços mistos, com base na comunidade e no sector institucional); Promoção da expansão das oportunidades oferecidas por terceiros (outros ministérios, comunidades, sector privado); Da definição de padrões, standards e perfis nas áreas (i) do currículo, (ii) da formação e/capacitação de animadores/professores, entre outras. 2. Reforçar intervenções com impacto indirecto na melhoria das condições na primeira infância, como sendo: Promover a transição das raparigas do EP1 para o EP2 e, subsequentemente para o ESG; Continuar a promover a política de entrada na idade certa (6/7 anos), com atenção especial para as meninas; Enfoque nas primeiras classes em termos de assegurar a qualidade de ensino (através da redução alunos por turma nas primeiras classes, formação dos professores, supervisão, materiais didácticos, etc.); Integração de uma educação nutricional no currículo aos diferentes níveis; Educação parental através dos programas de (pós) alfabetização. 3. Reforço da parceira com outras entidades do Governo que têm um papel importante no desenvolvimento da criança, promovendo uma abordagem holística do desenvolvimento da primeira infância. 5.5.2 Preparação para a vida do trabalho Os planos do Governo para o desenvolvimento do Pais reflectem, para além da prioridade para o ensino primário para todos, a importância de preparar os alunos para a sua participação na vida laboral nos sectores formal e informal da economia. 52 DOCUMENTO DE FUNDO PARA SOLICITAR FINANCIAMENTO DO FC-FTI PARTE I: PROGRESSOS, DESAFIOS E PERSPECTIVAS PARA O DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO EM MOÇAMBIQUE O PQG 2010-2014 e, subsequentemente, o novo Plano Estratégico para a Educação dará mais enfoque na expansão e relevância do ensino pós-primário nas seguintes vertentes: 1. Continuação da expansão do ensino secundário geral com o objectivo de preparar o sistema para uma educação básica 47 de 9/10 anos48. O emprego e crescimento económico são melhor servidos mantendo os alunos na escolaridade geral durante tanto tempo quanto possível e elevando a qualidade da educação. A educação básica determina a qualidade de toda a educação posterior e é a base para a empregabilidade e a flexibilidade da futura mão-de-obra. Quanto melhor for a qualidade e os índices de aprovação da educação básica, maior será a qualidade e o impacto da Educação Profissional. 2. Continuação, consolidação e expansão das actividades iniciadas no contexto do programa PIREP em termos de tornar o ensino técnico-profissional num ensino de qualidade, baseado em padrões de competências que responda à procura e às necessidades futuras do sector formal. O enfoque será na concentração de um número limitado de Institutos Médios do nível 3 (médio) do sistema actual (depois da 10ª classe). Este é o nível mais apropriado para educação profissional para os estudantes em fase de pré-emprego e permitirá a estes formandos receberem um ensino e formação técnico-profissionais de elevada qualidade e importância na preparação para o emprego assalariado no ainda pequeno, mas em crescimento, sector formal da economia moçambicana. 3. Expansão, em colaboração com o INEFP, as ONGs e outros possíveis intervenientes, das oportunidades de formação profissional não formal e de curta duração. O enfoque será na população trabalhando no sector informal em estreita ligação com os programas de alfabetização. No que respeita aos elevados índices de desistência no ensino primário, o novo sistema de Educação Profissional deve contrabalançar as respostas às necessidades destes alunos e às necessidades dos operadores da economia informal rural e urbana. Um sector informal dinâmico e em crescimento facilmente absorve os desistentes do ensino primário que entram no sector informal. Nesta vertente é igualmente dada maior importância à formação não formal providenciada pelos Centros Comunitários de Desenvolvimento de Competências, Centros de Formação Profissional e pelas acções de Alfabetização e Educação de Adultos. 47 48 Nesta visão de uma educação básica para todos de 9 ou 10 anos, inclui-se a perspectiva de uma educação mais vocacionalizante, preparando melhor os alunos para a sua participação para a vida de trabalho. Enquanto a visão de uma educação básica de 9 ou 10 anos já está reflectida no actual plano estratégico, bem como na estratégia do ensino secundário, o sector ainda não está preparado para a sua implementação. A visão terá impacto nas reformas previstas na área de formação dos professores, currículo, financiamento do ensino pós-primário, entre outras. 53 Parte II: Financiamento da Educação em Moçambique: Evolução e Perspectivas para o Futuro 1. Evolução/tendências do financiamento do sector (geral) NB: Devido à complexidade da estrutura do Orçamento do Estado e à evolução da sua apresentação ao longo dos últimos ano, é por vezes difícil comparar as informações das várias fontes. Por isso, é necessária cautela na comparação dos diferentes gráficos, particularmente no que respeita à informação sobre o financiamento externo. São usadas diferentes fontes de informação, especificadas nas notas, nomeadamente os relatórios oficiais do Governo, os relatórios do sector e informação fornecida pelos parceiros de cooperação. Apesar de haver diferenças entre as diferentes fontes quanto aos valores absolutos, as tendências são as mesmas. 1.1 Introdução49 Nos últimos anos, o sector da educação tem sido financiado por três fontes de financiamento principais. 49 A informação sobre a estrutura do orçamento é baseada no Programa de Actividades (PdA) de 2010 que inclui o orçamento interno tal como aprovado pela Assembleia da República. O PdA reflecte melhor a realidade relacionada com os fundos externos, uma vez que a informação no Orçamento de Estado é complementado com a informação dos parceiros com contribuições não inscritas no orçamento. 55 DOCUMENTO DE FUNDO PARA SOLICITAR FINANCIAMENTO DO FC-FTI PARTE II: FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO EM MOÇAMBIQUE: EVOLUÇÃO E PERSPECTIVAS PARA O FUTURO Gráfico 19: Estrutura do orçamento do sector da Educação segundo fontes de financiamento (2010) (Fonte: MINED, PdA 2010) 8% 23% 69% Fonte interna Fonte externa, FASE Fonte externa, Projectos bilaterais A fonte interna, financiada pelas receitas fiscais, bem como pelo apoio directo ao Orçamento de Estado, representa a maior parte do orçamento do sector de educação, cerca de 70% em 2010. A fonte interna (Gráfico 20) financia salários dos professores e outros funcionários, bem como os bens e serviços para o funcionamento das instituições. Uma parte considerável do investimento interno (despesas de capital) financia a contribuição do Governo nos projectos bilaterais de investimento. Gráfico 20: Estrutura da Fonte Interna (2010) (Fonte: MINED, PdA 2010) 17% 11% 72% Salários Outras despesas correntes Despesas de Capital A fonte externa (cerca de 30% do orçamento em 2010) inclui projectos bilaterais (via créditos e/ou donativos) e o Fundo de Apoio ao Sector da Educação (FASE) 50. Os projectos bilaterais, através dos créditos dos Bancos de Desenvolvimento, bem como das consignações dos parceiros bilaterais, estão sobretudo orientados para as áreas do ensino superior e do ensino técnico-profissional assim como para as grandes construções como Institutos de Formação dos Professores e algumas escolas secundárias. 50 O fundo comum (FASE) é o instrumento mais alinhado para a canalização dos fundos externos para o financiamento do plano anual do sector, usando os procedimentos e instrumentos do Estado no que respeita à planificação, orçamentação, execução e monitoria. Uma descrição mais detalhada pode encontrar-se no ponto 3.2 (página 68) deste documento. 56 DOCUMENTO DE FUNDO PARA A SOLICITAÇÃO DE FINANCIAMENTO DO FC FTI PARTE II: FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO EM MOÇAMBIQUE: EVOLUÇÃO E PERSPECTIVAS PARA O FUTURO As contribuições das ONGs (nacionais e internacionais) são orientadas principalmente para o financiamento de actividades ao nível das escolas51, bem como nas áreas de alfabetização e da primeira infância. Gráfico 21: Estrutura da Fonte Externa por modalidades de financiamento (Fonte: MINED, PdA 2010) 25% 75% Fonte externa, FASE Fonte externa, Projectos bilaterais O Fundo Comum (FASE), através do qual é canalizada a maior parte do financiamento externo ao sector, contribui para o financiamento de programas chaves do sector, com enfoque no financiamento dos programas para o ensino básico como o livro escolar, apoio directo às escolas, formação de professores, supervisão e construção acelerada de salas de aula. Metade da despesa do FASE é despesa corrente. 1.2 Evolução das despesas do sector 2005-2009 (geral) 52 O orçamento do sector da Educação bem como a sua execução cresceu de forma significativa ao longo dos últimos anos (veja a Tabela 4 em anexo e o Gráfico 22). 51 52 A maior parte das contribuições das ONGs é feita no nível local, quer através de financiamento, quer através de apoio técnico, principalmente nas áreas de construção de salas de aula, capacitação dos conselhos da escola e de formação de professores. Embora a maior parte destas contribuições não esteja inscrita no Orçamento de Estado, a parte conhecida pelo sector está reflectida no PdA, seja ao nível central, seja ao nível das províncias. Fonte: Conta Geral do Estado, 2005-2008; Relatório de Execução Orçamental, 4º trimestre, 2009. 57 DOCUMENTO DE FUNDO PARA SOLICITAR FINANCIAMENTO DO FC-FTI PARTE II: FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO EM MOÇAMBIQUE: EVOLUÇÃO E PERSPECTIVAS PARA O FUTURO Meticais (em mil milhões) Gráfico 22: Evolução do orçamento e da sua execução no sector da Educação, 2005–2009 (fonte: CGE 2004-2008, REO 2009) 20 100% 18 Orçamento Execução % execução 16 14 80% 12 60% 10 8 40% 6 4 20% 2 0 0% 2005 2006 2007 2008 2009 A despesa no sector cresceu de 7,2 mil milhões de Meticais em 2005 para 17,1 mil milhões em 2009, ou seja de 313 milhões USD em 2005 para 656 milhões USD em 200953. O nível de execução tem sido de cerca de 90% ao longo dos últimos anos, devido principalmente à elevada execução do componente interna em quase 100%. Meticais (em mil milhões) Gráfico 23: Despesa no sector para o ensino geral54 e ensino superior (em volume e percentagem), 2005-2009 18 16% Ensino Superior Ensino Geral % Ensino Superior 16 14% 14 12% 12 10% 10 8% 8 6% 6 4% 4 2% 2 0 0% 2005 2006 2007 2008 2009 O Gráfico 23 mostra que cerca de 14% da despesa no sector é destinada ao ensino superior. Apesar de não haver informação sistematizada e confirmada através do Orçamento de Estado e dos relatórios de execução, na base da informação recolhida ao 53 54 Calculado com base no câmbio médio anual constante nos relatórios financeiros do FASE (auditados). Ensino Geral refere-se a todos os níveis de ensino, excluindo o ensino superior, e incluindo a administração. 58 DOCUMENTO DE FUNDO PARA A SOLICITAÇÃO DE FINANCIAMENTO DO FC FTI PARTE II: FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO EM MOÇAMBIQUE: EVOLUÇÃO E PERSPECTIVAS PARA O FUTURO nível do sector, é estimado que mais de 50% da despesa do sector é destinada ao ensino primário (fonte: modelo de custeamento das políticas de sector). Como se pode verificar no Gráfico 24, o peso da despesa para educação na despesa total do Estado varia entre 20% e 23,4%. Isto reflecte o grande compromisso do Governo com o sector de educação. Meticais (mil milhões) Gráfico 24: Evolução do peso do Sector da Educação na Despesa do Estado, 2005-2009 80 24% Orçamento de Estado Sector da Educação 70 23% % Educação / OE 60 22% 50 21% 40 30 20% 20 19% 10 18% 0 2005 2006 2007 2008 2009 O Gráfico 25 mostra que as despesas no sector, em termos de percentagem do PIB, aumentaram de 5% em 2004 para 6,5% em 2009, em consequência do aumento, quer do financiamento interno, quer do financiamento externo. Gráfico 25: Percentagem da despesa da educação no PIB, 2004-2009 (total e fonte interna) 7% %PIB, Fonte Interna %PIB, Total Educação 6% 5% 4% 3% 2004 2005 2006 2007 2008 2009 Os parceiros de cooperação têm fornecido um importante apoio ao desenvolvimento da educação em Moçambique. Como o ilustra o Gráfico 26, o financiamento externo cresceu consideravelmente entre 2005 e 2009 em volume, principalmente através do 59 DOCUMENTO DE FUNDO PARA SOLICITAR FINANCIAMENTO DO FC-FTI PARTE II: FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO EM MOÇAMBIQUE: EVOLUÇÃO E PERSPECTIVAS PARA O FUTURO FASE. O aumento entre 2006 e 2007 resulta por um lado do aumento do financiamento externo mas também de um melhor registo no orçamento dessas contribuições 55. Meticais (mil milhões) Gráfico 26: Financiamento externo ao sector da Educação (despesa) e percentagem em relação à despesa total do Estado em Educação, 2005-2009 Projectos bilaterais FASE % Comp externa / Total 5 30% 25% 4 20% 3 15% 2 10% 1 5% 0 0% 2005 2006 2007 2008 2009 Execução do orçamento de FASE56 1.3 Como se pode ver no Gráfico 27, a execução do orçamento do FASE tem crescido anualmente (em termos absolutos e relativos 57), mostrando um aumento da capacidade do sector em absorver cada ano mais fundos. Meticais (mil milhões) Gráfico 27: Evolução da execução dos fundos do FASE, 2003-2009 5 80% 70% 4 60% 50% 3 40% 2 30% 20% 1 10% 0 0% 2003 Orçamento 55 56 57 2004 2005 2006 2007 2008 Executado (sem despesas por pagar) 2009 % Execução Neste sentido, o Orçamento do Estado, bem como os relatórios da sua execução, não dão a situação real da fonte externa. A informação fiável (auditada) sobre os fundos canalizados pelo FASE é apresentada nos relatórios financeiros do FASE. Informação credível sobre os projectos bilaterais não inscritos no orçamento é muito mais difícil de obter. Na base dos relatórios financeiros do FASE. Nos últimos dois anos, a execução aumentou em cerca de 35% anualmente. 60 DOCUMENTO DE FUNDO PARA A SOLICITAÇÃO DE FINANCIAMENTO DO FC FTI PARTE II: FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO EM MOÇAMBIQUE: EVOLUÇÃO E PERSPECTIVAS PARA O FUTURO O Gráfico 28 mostra que a execução do FASE tem crescido ao mesmo ritmo do orçamento. O orçamento acima dos valores desembolsados reflecte principalmente os saldos cumulativos58 dos anos anteriores. A execução está em linha com os fundos desembolsados. USD (milhões) Gráfico 28: FASE, valores orçamentados, executados e desembolsados, 2003-2009 200 180 160 Desembolsado (USD) Orçamentado (USD) Executado (USD) 140 120 100 80 60 40 20 0 2003 1.4 2004 2005 2006 2007 2008 2009 Comparação do Orçamento do sector em 2009 e 201059 O valor orçamentado para 2010 (em Meticais) representa um crescimento de 17% relativamente ao valor orçamentado em 2009. Este crescimento resultou de um aumento substantivo da fonte interna (crescimentos de 32% no total, de 28% no orçamento de funcionamento e de 74% no orçamento de investimento). A componente externa diminuiu em 8% relativamente a 2009, principalmente devido à redução em 36% do financiamento através dos projectos bilaterais. 58 59 O assunto dos saldos do FASE é complexo e resulta de um conjunto de diferentes factores nomeadamente: desembolsos tardios dos parceiros (principalmente até 2008), a impossibilidade de não se poder lançar actividades sem liquidez, a dificuldade de planificar e orçamentar actividades com uma duração de mais de um ano, atrasos nos processos de aquisições (principalmente em 2009) resultando em compromissos de pagamentos que transitam para os anos seguintes, etc.. Fonte: PdAs de 2009 e 2010. Os PdAs incluem os saldos do FASE dos anos anteriores. Os valores da fonte interna são provenientes do Orçamento de Estado aprovado pela Assembleia da República. 61 DOCUMENTO DE FUNDO PARA SOLICITAR FINANCIAMENTO DO FC-FTI PARTE II: FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO EM MOÇAMBIQUE: EVOLUÇÃO E PERSPECTIVAS PARA O FUTURO Meticais (mil milhões) Gráfico 29: Comparação do Orçamento, 2009 e 2010, por fonte de financiamento, em Meticais 20 2009 2010 15 10 5 0 Fonte interna Fonte externa Total Cerca de 68% do crescimento da componente interna entre 2009 e 2010 é absorvido pelo crescimento da despesa com salários e remunerações do pessoal. Este crescimento resultou, por um lado, da introdução da reforma salarial 60 e, por outro lado, da orçamentação da contratação em 2010 de 12.000 novos funcionários dos quais 11.500 professores. Apesar dos compromissos dos parceiros para o FASE terem reduzido61 (veja o Gráfico 31), o orçamento do FASE para 2010, em Meticais, cresceu em 9% em relação a 2009, devido à reinscrição dos saldos do ano anterior e à depreciação do Metical (veja o Quadro 16). Se expresso em dólares americanos diminuiu em 6%, devido às variações cambiais. Quadro 16: Orçamento do FASE (incluindo os saldos do ano n-1), 2009-2010 (fonte: PdAs 2009 e 2010) 2009 2010 ∆2009/2010 Meticais 4.635.731 5.033.500 9% USD 182.079 170.685 -6% 1.5 Perspectivas para o financiamento do sector (Médio Prazo: 2011-2013)62 Com base nas informações actualmente disponíveis as perspectivas para o financiamento futuro do sector não são positivas. O Gráfico 30 mostra as previsões orçamentais para 2011-2013 em meticais e em dólares. 60 61 62 A reforma salarial tem com objectivo principal ajustar os salários ao nível de desenvolvimento do país, promovendo uma melhor competição com o sector privado. No fim de 2009, a previsão de redução dos compromissos para o FASE entre 2009 e 2010, era de 18 milhões de USD (15%). Na sequência de um forte movimento de advocacia dos parceiros de cooperação (a nível nacional e internacional) e o Ministério foi possível limitar a redução a 9 milhões de USD (7%). A informação de 2011–2013 é baseada em projecções macroeconómicas (fonte: DNO). Alguma cautela é necessária: o cenário está a alterar-se devido à recente depreciação do Metical face a outras moedas (que permaneceu relativamente estável ao longo dos últimos anos, 2005-2009) e ao aumento da inflação. As projecções macroeconómicas ainda não reflectem esta nova realidade. 62 DOCUMENTO DE FUNDO PARA A SOLICITAÇÃO DE FINANCIAMENTO DO FC FTI PARTE II: FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO EM MOÇAMBIQUE: EVOLUÇÃO E PERSPECTIVAS PARA O FUTURO USD (milhões) Mil milhões de Meticais Gráfico 30: Previsões sobre os recursos disponíveis para financiamento do sector (em Meticais e em USD), 2009-2013 25 Fonte interna Fonte externa Total 20 Fonte Interna Orçamento Total 800 Fonte Externa % Fonte Externa 40% 700 35% 600 30% 500 15 45% 25% 400 20% 10 300 15% 200 10% 5 100 0 5% 0 2009 2010 2011 2012 2013 0% 2009 2010 2011 2012 2013 Apesar de crescimento previsto do orçamento em meticais, o mesmo, se expresso em dólares americanos, diminui entre 2010 e 2011 devido à evolução cambial63, como se pode verificar no Quadro 17. Prevê-se que a componente interna cresça em 18% em Meticais (mas decresce em 1% em Dólares). Observa-se uma queda do financiamento externo a partir de 2010 (em Meticais bem como em Dólares) que continuará nos anos seguintes. Quadro 17: Orçamento para 2009 e 2010 e previsões para 2011-2013 (CFMP) 64 Fonte interna Funcionamento Investimento Fonte externa FASE Projectos bilaterais Orçamento total em Meticais Orçamento total em USD Câmbio65 2009 11.529.598 10.592.811 936.787 7.239.440 4.635.731 2.603.709 18.769.039 737.197 25,5 2010 2011 2012 2013 15.231.836 17.969.172 18.642.243 20.944.560 13.598.518 14.180.111 1.633.318 2.134.434 6.691.808 4.493.679 3.502.068 2.813.809 5.033.500 2.923.393 2.712.264 2.189.338 1.658.307 1.570.286 789.804 624.470 21.923.644 22.462.851 22.144.311 23.758.369 743.426 641.072 631.981 678.045 29,5 35,0 35,0 35,0 A diminuição do financiamento externo afectará quer o financiamento através do FASE, quer através dos projectos bilaterais. O Gráfico 31 mostra ainda que o 63 64 65 Os parceiros fazem os seus compromissos para o FASE na sua moeda. A Tabela 6 em anexo mostra os compromissos para o FASE em cinco moedas diferentes. O processo anual de planificação e orçamentação é influenciado pela flutuação destas moedas em relação ao USD, e da variação do USD em relação ao Metical. Os valores orçamentados para 2009 e 2010 incluem os saldos dos anos anteriores (fonte: PdA 2009 e 2010). Isto distorce a comparação entre 2010 e 2011. Em 2010 o saldo era 55 milhões de dólares americanos, explicando parte da redução de 100 milhões USD entre 2010 e 2011. A redução na base dos compromissos (FASE) é de 33,5 milhões de USD em comparação com 2010 (veja Tabela 6 em anexo). O financiamento através de projectos bilaterais mantém uma tendência decrescente tal como já observado entre 2009 e 2010 (veja a Tabela 7 em anexo). O câmbio usado para 2011-2013 é o câmbio do Orçamento de Estado para 2011, que vai ser a base para o CFMP 2012-2014. 63 DOCUMENTO DE FUNDO PARA SOLICITAR FINANCIAMENTO DO FC-FTI PARTE II: FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO EM MOÇAMBIQUE: EVOLUÇÃO E PERSPECTIVAS PARA O FUTURO financiamento externo via FASE diminui quer em consequência do fim da contribuição da FTI em 2010, quer também em consequência da redução do financiamento dos parceiros bilaterais. USD (em milhões) Gráfico 31: Evolução no financiamento externo ao sector, 2009-2013, compromissos em milhões de USD66 100 FASE Bilateral FASE FTI Projectos Bilateriais 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 2009 2010 2011 2012 2013 USD (milhões) Gráfico 32: Evolução dos fundos comprometidos e desembolsados para o FASE, 2003-201367 160 Comprometido (USD) 140 Desembolsado (USD) 120 100 80 60 40 20 2013 2012 2011 2010 2009 2008 2007 2006 2005 2004 2003 0 Apesar da crise económica estar a contribuir para a redução dos fundos externos (quer ao nível macro, quer ao nível do sector), a redução do financiamento externo através do FASE resulta principalmente da implementação Código de Conduta da União Europeia com o objectivo de promover uma melhor divisão do trabalho entre as agências de cooperação. A saída de dois dos maiores doadores do sector é apenas parcialmente compensada pelo aumento da contribuição dos restantes parceiros para o FASE ou pela entrada de novos parceiros68 como se pode verificar na Tabela 6 em anexo. 66 Baseado nos compromissos e não inclui os saldos dos anos anteriores. Veja 66. 68 Está prevista a adesão de mais dois parceiros ao MdE do FASE: Itália e Flandres. O seu financiamento já está incluído nas projecções. 67 64 DOCUMENTO DE FUNDO PARA A SOLICITAÇÃO DE FINANCIAMENTO DO FC FTI PARTE II: FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO EM MOÇAMBIQUE: EVOLUÇÃO E PERSPECTIVAS PARA O FUTURO 2. Necessidades de financiamento do sector No contexto da elaboração do actual plano estratégico do sector, foi desenhado um modelo de custeamento, baseado no quadro indicativo da FTI. Este modelo estima os custos da implementação do plano, ligando i) a evolução histórica (em termos de execução financeira, bem como dos efectivos de alunos, professores...), ii) as projecções das mesmas para os anos seguintes e iii) os pressupostos em termos das metas dos indicadores de resultado, as metas físicas dos indicadores de produto e os custos unitários dos diferentes programas. O modelo foi usado para estimar os custos do actual plano estratégico e o pedido de financiamento ao Fundo Catalítico em 2007. Quadro 18 faz uma comparação entre as estimativas originais do PEEC, o orçamento e execução ao longo da sua implementação, bem com as projecções para os próximos anos em termos de necessidades assim como o financiamento disponível ao nível do País para o sector da educação. Como se pode observar, houve um aumento considerável no orçamento e na despesa entre 2006 e 2007 que resulta do aumento de fundos disponibilizados depois da aprovação do Plano Estratégico (fonte interna e externa, incluindo a contribuição da FTI) e uma melhor inscrição dos fundos externos no Orçamento de Estado. Este aumento foi sustentado até 2010, aproximando-se das estimativas do PEEC em termos de despesa (2009) e orçamentação (2010). Quadro 18: Comparação entre orçamento, despesa, projecções e os custos estimados da implementação do plano estratégico do sector, 2005-2013 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 Orçamento (em USD) 338 361 520 680 724 (*) 743 641 632 678 Despesa (em USD) 313 338 467 599 656 % incremento (despesa) 8% 38% 28% 10% PEEC, custos estimados 467 559 624 676 731 768 806 846 % incremento (custos) 20% 12% 8% 8% 5% 5% 5% Défice Financeiro (estimado) 126 174 168 Câmbio (media anual) 23,2 25,8 25,4 25,3 26,1 29,5 35,0 35,0 35,0 (*) Como se pode notar, exista uma diferença entre o valor do orçamento em USD em 2009 no Quadro 17 e no Quadro 18. Isto é explicado pelas diferentes fontes da informação usadas. No Quadro 17 é usado o PdA 2009 para facilitar a comparação com o orçamento de 2010, baseado no PdA de 2010. No Quadro 18 é usado a informação da Conta Geral do Estado (dotação final) para permitir a comparação com a despesa e os anos anteriores. Em termos de projecções financeiras para a implementação dos planos futuros, apesar do plano estratégico estar ainda a ser elaborado e nem todos os pressupostos estão ainda consensualizados (principalmente em termos de metas físicas), é estimado um crescimento anual de 5% das necessidades em relação a 2010. Como se pode ver na Tabela 1 em anexo, esta projecção assume uma estabilização do ensino primário (ou seja uma redução do número de alunos no ensino primário a partir 65 DOCUMENTO DE FUNDO PARA SOLICITAR FINANCIAMENTO DO FC-FTI PARTE II: FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO EM MOÇAMBIQUE: EVOLUÇÃO E PERSPECTIVAS PARA O FUTURO de 2012), por via da melhoria dos indicadores de eficiência (aproveitamento anual, taxas de repetição e de desistência) 69. Ao mesmo tempo, este cenário também prevê que metade do orçamento continuará a ser destinado aos programas do ensino primário, apesar da expansão do ensino pós-primário. Isto implicará a necessidade de encontrar outras maneiras para financiar estes níveis de ensino. O Ministério prevê, entre outros, um maior co-financiamento da sociedade civil (incluindo dos próprios pais) e do sector privado para financiar a expansão (ensino secundário, técnico-profissional e superior)70. Por enquanto, o modelo assume poucas mudanças nos programas existentes71, e nas metas e custos unitários, como previsto no actual plano estratégico. A maior parte do incremento previsto é para financiar os custos do funcionamento de um sistema em crescimento, e a contratação dos novos professores para reduzir o rácio alunos/professor. O défice financeiro de 469 milhões de USD resulta directamente da queda das previsões financeiras para os anos seguintes (2011-2013) como se pode ver no Quadro 17. Diferentemente do pedido de 2007, este pedido ao FTI não é para cobrir o défice na sua totalidade, mas apenas o défice no orçamento do FASE, assegurando a implementação dos programas chaves do sector principalmente na área de ensino primário. Isto significará a diminuição do défice financeiro em 35%. O resto do défice será absorvido, por via da racionalização dos fundos disponíveis 72, da redução das metas dos diferentes programas, da co-participação da comunidade e das negociações com novos parceiros (nacionais e internacionais)73. 3. Solicitação para financiamento adicional da FTI 3.1 Racional O pedido para um financiamento do Fundo Catalítico da FTI totaliza 160.681.000 dólares americanos para três anos, a ser canalizado através do Fundo Comum do sector, FASE. 69 70 71 72 73 Como se constatou na análise dos progressos feitos ao longo dos últimos anos, isto é um objectivo muito ambicioso: enquanto o ensino primário está a estabilizar-se na zona Sul, nas zonas Centro e Norte ainda se espera uma expansão ao longo dos próximos anos. A capacidade da sociedade de contribuir para o financiamento da educação dependerá, entre outros, do desenvolvimento económico do país e da sua estabilidade. Ao mesmo tempo, para evitar a exclusão, será necessário criar um sistema de protecção social para os mais vulneráveis. O modelo será usado para avaliar a sustentabilidade e a viabilidade das mudanças propostas nas diferentes estratégias do novo plano estratégico, tomando em conta os fundos disponíveis, informando a tomada de decisão sobre a proposta final do plano estratégico para 2012-2016. O enfoque do exercício de elaboração do novo plano estratégico é de como assegurar que a implementação dos programas actuais seja mais eficiente, trazendo melhores resultados. Um destes potenciais parceiros é o USAID com o qual as negociações continuam. Outros parceiros são a China, o Fundo do Kuwait e os Bancos de Desenvolvimento que financiam principalmente grandes construções na área do ensino pós-primário. Outros parceiros como o Brasil e Cuba prestam sobretudo assistência técnica ao sector. 66 DOCUMENTO DE FUNDO PARA A SOLICITAÇÃO DE FINANCIAMENTO DO FC FTI PARTE II: FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO EM MOÇAMBIQUE: EVOLUÇÃO E PERSPECTIVAS PARA O FUTURO O pedido deve ser considerado no contexto das necessidades do sector na sua globalidade, tomando em conta que o aumento da componente interna garantirá o financiamento dos salários dos funcionários (novos e existentes) e as despesas correntes de funcionamento, e os novos projectos bilaterais financiarão principalmente actividades no ensino pós-primário. O primeiro pedido à FTI (2007) baseou-se na perspectiva da continuação do aumento do financiamento bilateral a partir de 2010 (através de novos parceiros ou do aumento da contribuição dos parceiros existentes) para assegurar fundos sustentados para o financiamento de um sistema educativo crescente. Como já foi referido anteriormente isto não aconteceu. Este novo pedido tem como objectivo assegurar fundos para a implementação dos programas chaves do sector, tradicionalmente financiados pelo FASE, ao nível da execução dos fundos do FASE em 2009. O Quadro 19 mostra que os fundos solicitados não compensarão totalmente a redução da fonte externa, nem asseguram que o orçamento do sector em 2011 e 2012 permaneça ao nível de 2010, e menos ainda as necessidades estimadas no Quadro 18, mas permitirá que haja fundos suficientes para garantir a continuação da implementação dos programas chaves do sector, actualmente financiado pelo FASE ao nível da execução de 2009. Quadro 19: O enquadramento dos fundos do FTI no orçamento projectado para 2011-2013 (em mil USD) Fonte Interna Funcionamento Investimento Fonte Externa FASE o FASE – Bilaterais o FASE – FTI Projectos bilaterais Total FTI em % da Fonte Externa 3.2 Despesa 2009 471.844 386.241 85.602 184.994 128.768 98.768 30.000 56.226 656.838 4,60% Previsão para 2011-2012 2011 2012 2013 512.826 532.035 597.741 172.815 128.000 83.431 44.569 44.815 685.641 6,50% 150.540 128.000 77.406 50.594 22.540 682.575 7,41% 145.822 128.000 62.482 65.518 17.822 743.563 8,81% Os programas financiados pelo FASE – Historial Em 2002, foi criado o fundo comum de apoio ao sector (FASE). A ideia central subjacente à criação do FASE foi providenciar fundos flexíveis ao Ministério para este financiar as suas prioridades, especialmente a nível provincial. Até essa altura, o financiamento externo foi principalmente canalizado através de projectos bilaterais. Este cenário deixava o Ministério com pouco espaço de manobra para financiar prioridades programáticas específicas. Um Memorando de Entendimento (MdE) guia os procedimentos operacionais do FASE. O primeiro MdE foi assinado por sete agências de cooperação e os primeiros 67 DOCUMENTO DE FUNDO PARA SOLICITAR FINANCIAMENTO DO FC-FTI PARTE II: FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO EM MOÇAMBIQUE: EVOLUÇÃO E PERSPECTIVAS PARA O FUTURO fundos foram transferidos em Dezembro de 2002. Hoje em dia, o FASE tem 11 parceiros que assinaram a versão revista do MdE acordada em 2006. Mais dois parceiros (Itália e a Flandres) vão aderir ainda este ano 74. Em 2010, 75% do financiamento externo ao sector é canalizado através do FASE em comparação com apenas 5% em 2003. O financiamento ao FASE é canalizado através do sistema nacional do Estado, usando os procedimentos e regulamentos do mesmo. Com a adesão do Banco Mundial em 2008 ao FASE como gestor do financiamento do Fundo Catalítico da FTI, foram incluídas algumas excepções ao uso dos sistemas nacionais. Em 2003, os programas financiados foram principalmente os seguintes: 1. Subsídios para os alfabetizadores e outras actividades de AEA; 2. Formação de professores; 3. Desenvolvimento Institucional ao nível do sector. Ao longo dos anos, com o crescimento do orçamento e a redução dos projectos bilaterais, foram financiados outros programas chaves do sector nomeadamente: 4. Construção acelerada para o Ensino Primário (incluindo mobiliário); 5. Apoio Directo às Escolas (ensino primário, secundário e técnico-profissional); 6. Livro escolar para o ensino primário (enfoque na produção); 7. Actividades de prevenção e mitigação do HIV/SIDA; 8. Reforço para a implementação e capacitação institucional ao nível das províncias; 9. Alimentação para os Lares e Internatos; 10. Ensino à distância (formação de professores e ensino secundário do 1º ciclo); 11. Desenvolvimento e monitoria do currículo com enfoque na reforma do currículo de ensino secundário e a preparação da expansão do ensino bilingue; 12. Grandes construções na área de ensino pós-primário; 13. Reforço institucional aos Serviços Distritais de Educação, Juventude e Tecnologia (SDEJTs). O Gráfico 33 mostra que todos os programas têm beneficiado do aumento dos fundos do FASE. A Tabela 5 em anexo dá mais detalhes sobre as despesas nos diferentes programas do FASE durante o período 2003-2009. 74 Isto significa que a maior parte dos parceiros bilaterais presentes no sector canalizam os seus fundos através do FASE. 68 DOCUMENTO DE FUNDO PARA A SOLICITAÇÃO DE FINANCIAMENTO DO FC FTI PARTE II: FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO EM MOÇAMBIQUE: EVOLUÇÃO E PERSPECTIVAS PARA O FUTURO Meticais (milhões) Gráfico 33: Execução dos programas do FASE, 2003, 2007 e 2009 900 800 2003 2007 2009 700 600 500 400 300 200 Grandes construções Desenv. Institucional Ens. à distância Currículo (ESG) Livro (EP) ADE Reforço Provincial Reforço Distrital Alimentação Form. de Professores AEA Construção acelerada 0 HIV/SIDA 100 Os programas que mais beneficiaram do aumento de fundos são os programas de construção (acelerada e grandes construções), apoio directo às escolas e o livro escolar (gratuito) para o ensino primário. Isto claramente reflecte, por um lado, as prioridades do Governo e, por outro lado, a mudança na modalidade de financiamento externo, privilegiando o FASE sobre os projectos bilaterais75. 3.3 A proposta de financiamento dos programas do FASE 2011-2013 3.3.1 Introdução A Tabela 2 em anexo apresenta uma proposta de financiamento dos programas chaves do sector para o período 2011–2013, assumindo um valor total disponível de 128 milhões de Dólares Americanos (nível de execução de 2009, 128.768 mil USD). Os pressupostos gerais são: O financiamento por programa é calculado na base do custo unitário usado no custeamento do PEEC, ajustado à realidade da sua implementação anual76. Para estimar os efectivos para os anos seguintes foi usado o modelo de custeamento do Ministério. O cenário construído pressupõe a normalização do ensino primário a partir de 2012 e um crescimento rápido do ensino secundário a ser normalizado a partir de 2019. Como já foi dito, as projecções são muito optimistas. Além disto, ainda não existem projecções oficiais da população por idade para os anos 2011, 2012 e 2013 para apoiar esta posição. 75 76 Até 2006, o ADE foi financiado através do projecto ESSPII do Banco Mundial; os fundos para o financiamento dos livros (produção e distribuição) foram, ao longo dos anos, transferidos para o FASE. O aumento da componente “grandes construções” resulta também da redução do financiamento bilateral, principalmente para o ensino secundário. Parte das metas do PEEC ainda não foram atingidas nomeadamente em termos do número de salas de aulas construídas, o valor per capita do ADE, etc.. 69 DOCUMENTO DE FUNDO PARA SOLICITAR FINANCIAMENTO DO FC-FTI PARTE II: FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO EM MOÇAMBIQUE: EVOLUÇÃO E PERSPECTIVAS PARA O FUTURO Para 2011, estão incluídos os compromissos previstos que resultam das actividades iniciadas em 2010, principalmente na área de construção e para a aquisição e produção de materiais, equipamento e livros para os vários níveis do ensino. No orçamento de 2012 e 2013 estão previstos alguns programas que ainda estão numa fase de reflexão e elaboração (no contexto do próximo plano estratégico) como a expansão do ensino à distância, intervenções na área de desenvolvimento da primeira infância e bolsas de estudo para o ensino secundário. O orçamento conta com fundos consignados ao programa de prevenção e mitigação do HIV/SIDA (mínimo de 2 milhões de USD), bem como para o ensino técnico-profissional (mínimo de 2 milhões de USD). A Tabela 3 em anexo fornece mais detalhes sobre as metas e critérios estabelecidos 77. 3.3.2 As prioridades A proposta de orçamento do FASE para os anos 2011-2013 reflecte a prioridade do Governo para o ensino primário. Isto implicará uma redução para o financiamento do ensino pós-primário, principalmente para o ensino secundário, que beneficiou nos anos mais recentes de um vasto programa de construções financiado pelo FASE, como se pode verificar no Gráfico 34. USD (milhões) Gráfico 34: Proposta de orçamento do FASE 2011-2013 por nível de ensino (em comparação com o valor executado em 2009) 90 2009 2011 2012 2013 80 70 60 50 40 30 20 10 0 EP 77 AEA ESG ETP Des. Instituc. O orçamento baseia-se no câmbio de 35 Meticais por USD – câmbio oficial para a elaboração do Orçamento do Estado para 2011. 70 DOCUMENTO DE FUNDO PARA A SOLICITAÇÃO DE FINANCIAMENTO DO FC FTI PARTE II: FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO EM MOÇAMBIQUE: EVOLUÇÃO E PERSPECTIVAS PARA O FUTURO USD (milhões) Gráfico 35: Proposta de orçamento do FASE 2011-2013 por programa chave do sector (em comparação com o valor executado em 2009) 60 2009 2011 2012 2013 50 40 30 20 10 Institucional Desenvolvimento HIV/SIDA e protecção social construções Grandes acelerada Construção professores Formação de Subsídios de Alfabetizadores materiais escolares ADE, livros e 0 É proposta uma mudança na estrutura de despesa do FASE em benefício das actividades concebidas para melhorar a qualidade do ensino para aumentar a retenção e a taxa de conclusão tais como a aquisição dos livros e materiais escolares (em todos os níveis de ensino), formação dos professores, bem como apoio social com o objectivo de assegurar equidade no acesso e inclusão das crianças fora da escola, em detrimento da despesa em grandes construções para o ensino pós-primário. É previsto que as grandes construções, principalmente para o ensino técnico-profissional, bem como para as escolas secundárias continuarão a beneficiar do financiamento através de projectos bilaterais (China, Kuwait, Índia, ...) e dos Bancos (créditos). 3.3.3 Cenários alternativos No caso de alocação de menos fundos por parte da FTI, o ministério terá de reduzir os fundos para os programas, na base dos fundos disponibilizados, protegendo, tanto quanto possível, a formação dos professores, a provisão dos livros, o financiamento directo às escolas para o ensino primário (ADE) e as actividades viradas para melhorar a gestão do sistema através do fundo de supervisão distrital, a capacitação e a formação do pessoal, etc.. Ter menos fundos disponíveis significará em primeiro lugar a não inclusão dos novos enfoques, nomeadamente i) actividades de protecção social, como o programa piloto de lanche escolar e o aumento do orçamento do programa ADE, e ii) a promoção da expansão das actividades na área do ensino pré-primário, concebido para melhorar a aprendizagem nas primeiras classes. Em segundo lugar, será reduzido o financiamento do programa de construção de salas de aula, solicitando o apoio da comunidade na sua construção. Dependendo dos recursos disponíveis poderá ainda ser necessário reduzir as alocações aos programas existentes. A Tabela 2 em anexo inclui a proposta de orçamento do FASE na base dos compromissos actuais para 2011. 71 DOCUMENTO DE FUNDO PARA SOLICITAR FINANCIAMENTO DO FC-FTI PARTE II: FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO EM MOÇAMBIQUE: EVOLUÇÃO E PERSPECTIVAS PARA O FUTURO 3.3.4 Os programas específicos Construção Acelerada (Ensino Primário e Ensino Secundário) O PEEC, bem como a estratégia do ensino secundário, define claramente a construção das escolas cada vez mais próximas das comunidades, através de uma construção acelerada e usando uma abordagem descentralizada, com custos controlados. As metas indicadas no Plano Quinquenal do Governo (PQG) são de 1.500 salas de aula por ano para o ensino primário, e 200 salas de aula para o ensino secundário. Como já foi referido no ponto 4.1 (página 29) ainda está em discussão o custo unitário por sala de aula do programa de construção acelerada, bem como as modalidades de implementação do programa. Quadro 20: Financiamento proposto para o programa de construção acelerada Despesa 2009 2011-2013 Cenário 1 Cenário 2 Ensino primário Salas de aula Custo unitário (em 10^3 USD) Custos do Programa (em 10^3 USD) 1.500 14 (70%) e 18 (30%) 23.261 22.800 1.320 18 23.760 Ensino secundário Salas de aula Custo unitário (em 10^3 USD) Custos do Programa (em 10^3 USD) Total 200 18 3.600 26.400 135 20 2.700 26.460 1.922 25.183 A proposta para 2011–2013 para o financiamento deste programa é feita em função do valor executado em 2009 78 e não necessariamente nas metas anuais. Em 2011, a abordagem de construção será a mesma da de em 2010. Teoricamente isto permitirá atingir as metas do PQG. Dependente da decisão final sobre a futura abordagem, na base dos resultados do piloto, o custo unitário por sala de aula poderá aumentar, possivelmente acompanhado pela redução das metas. Apoio Directo às Escolas O programa Apoio Directo às Escolas (ADE) continuará para os diferentes níveis de ensino. Está em elaboração uma revisão dos critérios para alocação de fundos para as escolas, tomando em conta a vulnerabilidade da escola e o seu ambiente, bem como o desempenho da escola e ligado à elaboração e implementação do plano de desenvolvimento da escola. Os pressupostos deste programa são: Financiamento do ADE apenas para as escolas públicas; 78 Deve-se notar que se trata de um programa onde as actividades transitam de um ano para o outro, e não se pode ligar directamente a execução anual com os números de salas de aula construídas anualmente. O valor executado em 2009 também inclui custos de supervisão e de contratação de técnicos provinciais. 72 DOCUMENTO DE FUNDO PARA A SOLICITAÇÃO DE FINANCIAMENTO DO FC FTI PARTE II: FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO EM MOÇAMBIQUE: EVOLUÇÃO E PERSPECTIVAS PARA O FUTURO O ADE para o ensino primário é considerado a principal fonte de financiamento das escolas primárias. Neste contexto, o ADE financiará também, para além dos materiais didácticos, despesas de funcionamento como a manutenção da escola, segurança da escola, água e electricidade; O ADE para o ensino primário inclui também um valor para protecção social, dirigido às crianças mais vulneráveis, incluindo crianças órfãs que, até 2009, foi tratado como um projecto separado (financiado pelo FASE). Em 2009, este programa cobriu apenas 13 distritos do país. Com uma melhor integração e através de critérios claros, espera-se beneficiar as crianças mais vulneráveis em todo o país, assegurando a sua participação e retenção no sistema. O ADE para o ensino pós-primário é apenas um reforço adicional (complementando o financiamento de bens e serviços do Orçamento de Estado) e deverá ser usado principalmente para materiais didácticos, incluindo livros para as bibliotecas, consumíveis para laboratórios, etc.. Quadro 21: Valor médio para o programa ADE ADE Ensino Primário Ensino Secundário Ensino Técnicoprofissional Unidade Aluno Aluno instituição 2011 4,5 USD 2 USD 12.000 USD 2012 4,7 USD 2 USD 12.000 USD 2013 5 USD 2 USD 12.000 USD Livro escolar e materiais didácticos A prioridade é a continuação do financiamento dos livros escolares gratuitos para o ensino primário. O cálculo de livros a adquirir para o ano n+1 seguiu os seguintes pressupostos: uma taxa de reposição, para os títulos de reposição, de 35% sobre o stock de livros estimado como existente no ano n; a aquisição em 100% sobre o diferencial positivo entre o número de alunos estimados para o ano n e o ano n+1; os títulos de reposição total correspondem ao número de alunos estimado para o ano n+1 nas classes pertinentes (1ª, 2ª, 6ª e 7ª classes); uma taxa de segurança de 5% sobre o total de livros. Os pressupostos: Livro escolar gratuito para todas as crianças que frequentam a escola primária (no ensino público e comunitário); O financiamento da colocação do livro nas escolas será através da fonte interna (cerca de 2 milhões de USD). Embora o orçamento para os livros escolares pareça mais alto do que em 2009, na realidade o financiamento permanece ao mesmo nível. Em 2009, parte da aquisição dos livros foi financiada por um projecto bilateral em cerca de 6 milhões de USD. Para assegurar a sustentabilidade deste programa, garantindo uma melhor cobertura, está em discussão a sua racionalização como já indicado no ponto 4.3 (página 37). No futuro, serão integrados neste programa os livros para a expansão do ensino bilingue. 73 DOCUMENTO DE FUNDO PARA SOLICITAR FINANCIAMENTO DO FC-FTI PARTE II: FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO EM MOÇAMBIQUE: EVOLUÇÃO E PERSPECTIVAS PARA O FUTURO Para além dos livros escolares para o ensino primário, serão financiados materiais para a área de Alfabetização, bem como para a expansão do ensino à distância. A abordagem para o programa de alfabetização está em revisão. Neste momento, está em curso uma avaliação do programa de ensino à distância para o ensino secundário com vista a preparar a expansão desta modalidade de ensino, quer ao nível da formação de professores quer ao nível do ensino secundário. Subsídios para os alfabetizadores Em 2003 foi introduzido o pagamento de subsídios aos alfabetizadores (550 MT por mês). O PQG prevê uma redução da taxa de analfabetismo de 48,1% para 30% em 2014. Para atingir esta meta será necessário alfabetizar 1 milhão das pessoas anualmente, através de intervenções do Estado, bem como da sociedade civil 79. Uma estratégia está em elaboração que reflectirá este abordagem. Está prevista a continuação do pagamento de subsídios aos alfabetizadores nos programas do Estado, bem como nos de sociedade civil. Ainda este ano (2010) está previsto um aumento do valor mensal do subsídio de 550 MT para 650 MT (cerca de 18 USD por mês). Este programa é tradicionalmente co-financiado pela fonte interna. Está previsto um aumento do financiamento por via da fonte interna para o equivalente a 4 meses de subsídios no caso dos programas existentes do ministério. Os cálculos são baseados num rácio alfabetizandos por alfabetizador de 30:1. Formação de professores A formação de professores para o ensino primário permanece uma das grandes prioridades do sector. A responsabilidade pela implementação dos programas de formação dos professores é dos Institutos de Formação dos Professores (IFPs). Tal como nos anos anteriores foram alocados fundos para estes Institutos para a formação inicial (reforço do orçamento dos IFPs) e para a formação em serviço. Estes fundos do FASE são adicionais e não substituem os fundos internos. A fórmula de alocação de fundos considera o número de alunos frequentando os IFPs (formação inicial) assim como o número de professores do ensino primário da zona coberta pelo IFP (formação em serviço). Está também em reflexão a revisão do programa de formação dos professores que poderá criar a necessidade de obter mais capacidade para formar professores. Neste momento está prevista a construção de mais dois IFPs, um na província de Nampula e outro na província da Zambézia, o que aumentará a capacidade instalada para formar professores a partir de 2012/2013. 79 A redução da taxa de analfabetismo beneficia da universalização do ensino primário. A monitoria do desempenho nesta área é feita através de censos e inquéritos demográficos que são conduzidos periodicamente pelo Instituto Nacional de Estatísticos. Ao nível do ministério, em colaboração com os parceiros envolvidos neste área, está em elaboração um sistema que vai começar a ser implementado no próximo ano para melhorar a cobertura estatística destes programas. 74 DOCUMENTO DE FUNDO PARA A SOLICITAÇÃO DE FINANCIAMENTO DO FC FTI PARTE II: FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO EM MOÇAMBIQUE: EVOLUÇÃO E PERSPECTIVAS PARA O FUTURO Para além do financiamento aos IFPs, está previsto também um reforço do orçamento dos cinco Centros Regionais de Formação de Quadros de AEA e dos três Centros Regionais para Educação Especial que começarão a funcionar em 2011. Este reforço será gradualmente transferido para o orçamento interno. Saúde escolar A integração de acções de saúde no ambiente escolar sempre se constituiu num grande desafio. Grande parte das vezes as intervenções são de carácter pontual, através de campanhas ou mesmo como intervenções sobre os alunos que necessitam de algum encaminhamento à Unidade de Saúde. No caso das campanhas, o foco são as acções de busca de condições de higiene e saneamento, a desparasitação e a efectuação do calendário de vacinação, estas duas últimas em geral em coordenação com o Ministério da Saúde. Um ambiente escolar saudável, implica portanto, um ambiente escolar limpo e seguro para toda a comunidade escolar, com hábitos de higiene, limpeza e comportamentos saudáveis, aprendendo a alimentar-se adequadamente e a cuidar da sua saúde. O financiamento desta actividade está integrado nos programas existentes como construção escolar (saneamento), ADE e no contexto dos programas de HIV-SIDA. Prevenção e mitigação do HIV/SIDA Tradicionalmente as actividades na área de HIV/SIDA foram concebidas como programas especiais. Está em curso uma revisão dos programas existentes na perspectiva de assegurar uma expansão sustentável das intervenções para todas as províncias através da integração das actividades de prevenção e mitigação nos programas chaves do sector (como sendo o currículo, livro escolar, ADE, formação de professores, desenvolvimento de recursos humanos, processos de planificação). O financiamento das actividades específicas de prevenção e mitigação do HIV/SIDA está garantido com um valor anual de pelo menos 2 milhões USD. No que respeita à mitigação do impacto do HIV/SIDA nos funcionários, o sector está a trabalhar em coordenação com os Ministérios da Função Pública e da Saúde. Desenvolvimento Institucional A componente de desenvolvimento institucional inclui vários programas. A maior parte dos fundos são destinados directamente às Direcções Provinciais de Educação e Cultura e aos Serviços Distritais de Educação, Juventude e Tecnologia através dos Fundos de Supervisão Provincial e Distrital. Estes fundos complementam os fundos de bens e serviços da componente interna com o objectivo principal de reforçar a capacidade das DPECs e dos SDEJTs na supervisão, monitoria e acompanhamento da implementação dos programas do sector. 75 DOCUMENTO DE FUNDO PARA SOLICITAR FINANCIAMENTO DO FC-FTI PARTE II: FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO EM MOÇAMBIQUE: EVOLUÇÃO E PERSPECTIVAS PARA O FUTURO Para além dos recursos descentralizados acima referidos, os fundos do FASE nesta área são usados para o pagamento de assistência técnica 80, desenvolvimento de recursos humanos (através de capacitações, premiação, etc.), disponibilização de materiais e meios de transporte, comunicação interna, divulgação de informação, melhoria dos instrumentos de planificação e orçamentação (sistema informáticas, Carta Escolar) bem como o financiamento do diálogo com os parceiros de cooperação. 3.3.5 Novos enfoques Lanche escolar Com um maior enfoque nas crianças fora da escola e no aumento da capacidade dos alunos de aprender (considerando, por exemplo, a necessidade de aumentar as horas lectivas) está previsto o lançamento de um programa de lanche escolar, a partir de 2011, para as crianças das zonas mais vulneráveis do país. Uma vez que os programas de lanche escolar são extremamente caros, o enfoque será nos mais carentes em termos de acesso à alimentação, bem como na base de idade (sendo os mais jovens os mais vulneráveis). Está em elaboração um projecto piloto, com o objectivo de preparar um programa nacional para o lanche escolar. Está previsto estender o programa para cerca de 5% dos alunos do ensino primário com um custo de 0,1 USD por aluno/dia, como se pode verificar na Tabela 3 do anexo. Ensino Pré-Primário Para uma melhor preparação dos alunos para o processo de aprendizagem, e a sua retenção no sistema, um maior enfoque será dado à área do desenvolvimento da primeira infância. Será introduzido um programa piloto, introduzindo um ano pré-primário nas escolas primárias, envolvendo as comunidades. Além disto, serão encorajadas parcerias com outros ministérios e com as ONGs que trabalham ou venham a trabalhar nesta área, com o objectivo principal de expandir as oportunidades nesta área, principalmente para as crianças mais vulneráveis. Os fundos orçamentados são para financiar este piloto e motivar a expansão das oportunidades através de outros parceiros. Bolsas escolares Está previsto uma reforma do financiamento do ensino pós-primário através da revisão e aumento das propinas e através da atracção de mais contribuições do sector privado e/ou da sociedade civil. Para compensar um eventual impacto negativo na participação dos mais pobres, será introduzido um sistema de bolsas para os jovens mais vulneráveis. 80 O Ministério financia anualmente em cerca de 1 milhão de USD assistência técnica principalmente para as áreas de gestão financeira, de aquisições e de construções. 76 DOCUMENTO DE FUNDO PARA A SOLICITAÇÃO DE FINANCIAMENTO DO FC FTI PARTE II: FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO EM MOÇAMBIQUE: EVOLUÇÃO E PERSPECTIVAS PARA O FUTURO Ensino Técnico-Profissional A inclusão de fundos para o ensino técnico-profissional reflecte também a prioridade do Governo nesta área, bem como uma garantia da consolidação e expansão da reforma neste subsistema, iniciado através do projecto piloto PIREP81 que vai entrar no seu último ano. 81 Projecto de Implementação da Reforma na Educação Profissional (PIREP) financiado por um crédito do Banco Mundial, reforçado pelo apoio dos vários parceiros bilaterais (Alemanha, Canadá, Espanha, Flandres, Itália, Países Baixos e Portugal). 77 DOCUMENTO DE FUNDO PARA SOLICITAR FINANCIAMENTO DO FC-FTI ANEXOS Anexos Anexos Tabela 1: Resumo dos Indicadores chaves (enfoque no ensino primário) Tabela 2: Proposta do orçamento do FASE 2011-2013 (na base da execução em 2009) (valores em 10^3) Tabela 3: Pressupostos (projecções) Tabela 4: Evolução do Orçamento e da Despesa do Estado e do sector da Educação, 2005-2010 Tabela 5: Execução dos Fundos do FASE 2003-2009 (Valores em 10^3 Meticais) Tabela 6: Compromissos dos parceiros para o FASE, 2006-2013 (Valores em 10^3) Tabela 7: Compromissos dos parceiros para projectos bilaterais (2010-2013) (Fonte: Parceiros de Cooperação) Tabela 8: Matriz de programação ao nível do sector Tabela 9: Programas e subprogramas sectoriais 79 DOCUMENTO DE FUNDO PARA SOLICITAR FINANCIAMENTO DO FC-FTI ANEXOS Tabela 1: Resumo dos Indicadores chaves (enfoque no ensino primário) Alfabetização Taxa de analfabetismo (total) Taxa de analfabetismo (feminina) Número dos alfabetizandos (2) 2004 478.030 53,0% 68,0% 592.042 662.416 694.868 3.630.624 1.644.702 45,3% 4.010.056 1.833.337 45,7% 4.245.882 1.963.412 46,2% Ensino primário (1-7) – diurno e nocturno, público e privado Nº dos alunos HM 3.314.763 M 1.483.158 %M 44,7% Taxa de escolarização líquida HM M Taxa 6/7 anos na 1ª classe HM %M Taxa de aproveitamento, 2ª classe HM %M Taxa de aproveitamento, 5ª classe HM %M Taxa de aproveitamento, 7ª classe HM %M Transição EP1/EP2 HM Taxa de Repetição HM M Taxa de desistência HM M Taxa de conclusão (3) HM M Rácio Alunos por professor - EP1 Rácio Alunos por turma – EP1 Número de novos professores EP1 (6) Ensino pós-primário (excluindo Ensino Superior) Alunos HM M %M Taxa bruta de escolarização – ESG1 HM Taxa de transição EP2/ESG1 HM Financeiro (1) % da educação na despesa (3) % do ensino primário na despesa de educação (4) % do ensino primário na despesa (FASE) (5) % da despesa funcionamento não salarial (6) 58,8% 48,9% 72,6% 46,7% 69,5% 41,0% 77,0% 40,4% 20,6% 20,5% 7,9% 7,7% 34,1% 26,3% 65,2 48,3 362.293 144.044 39,8% 2005 Anos (valores observados) 2006 2007 2003 80,1% 47,4% 74,2% 42,6% 74,1% 41,3% 93,1% 10,4% 10,2% 9,3% 8,9% 38,2% 30,3% 49,5 438.279 177.602 40,5% 24,6% 19,6% 42,6% 29,9% 74,4% 2008 2009 674.934 701.370 48,1% 62,7% 680.455 4.641.665 2.156.076 46,5% 88,1% 4.976.626 2.327.659 46,8% 2010 (1) 2011 2012 Projecção (7) 2013 2014 2015 1.000.000 1.000.000 1.000.000 1.000.000 1.000.000 30,0% 45,0% 1.000.000 5.145.555 2.429.548 47,2% 5.352.062 2.533.384 47,3% 95,5% 5.734.000 2.735.000 47,7% 5.600.000 2.800.000 50,0% 5.554.000 2.810.000 50,6% 5.429.000 2.736.000 50,4% 5.276.000 2.660.000 50,4% 66,1% 48,9% 80,9% 47,9% 67,9% 45,9% 71,4% 43,8% 94,3% 5,5% 5,3% 7,3% 6,9% 50,8% 43,8% 71,9 50,4 7.717 67,6% 49,3% 81,0% 48,1% 65,3% 46,1% 67,0% 45,1% 97,2% 7,0% 6,7% 7,7% 7,4% 47,9% 42,8% 68,6 50,2 9.400 68,2% 49,0% 83% 49,0% 70% 70,0% 49,5% 85% 49,5% 73% 80,0% 50,0% 90,0% 50,0% 75% 85,0% 50,0% 95% 50,6% 76% 90,0% 50,0% 95% 50,6% 80% 90,0% 50,0% 95% 50,6% 80% 71% 72% 90% 90% 90% 90% 97,20% 97,2% 7,0% 97,2% 6,0% 97,2% 6,0% 97,2% 6,0% 97,2% 6,0% 5,3% 4,0% 4,0% 4,0% 4,0% 63 50,0 61 50,0 58 50,0 56 50,0 54 50,0 856.614 377.026 44,0% 73,9% 953.784 429.451 45,0% 45,5% 79,0% 22,3% 52,3% 51,5% 32% 22,0% 53,0% 55% 31% 20% 52% 66% 33% 20% 50% 68% 33% 20% 50% 69% 33% 20% 50% 20% 50% 33% 33% 81,2% 47,5% 71,8% 44,3% 73,2% 42,1% 93,4% 5,3% 5,1% 8,0% 7,7% 38,1% 31,1% 75,4 49,7 4.000 83,0% 47,7% 71,4% 44,7% 75,4% 42,7% 96,8% 5,9% 5,7% 7,2% 6,9% 43,4% 36,1% 73,0 50,4 541.560 225.117 41,6% 650.317 273.674 42,1% 75,4% 80,4% 748.317 320.823 42,9% 39,0% 76,5% 19,4% 55,3% 60,5% 21,0% 53,5% 60,7% 23,1% 52,5% 53,3% 65,8 50,3 81 Notas: (1) Na base do plano e orçamento de 2010. (2) Os dados para 2003-2009 compreendem apenas a alfabetização formal. Não estão incluídos a educação não formal, nomeadamente os programas Alfa-Rádio, Alflit e Família sem Analfabetismo, cuja cobertura estatística terá início em Janeiro de 2011. As metas para 2010-2015 já incluem estes programas. (3) Uma vez que ainda não existem projecções para os anos 2011-2014, ainda não podemos estimar a taxa de conclusão. (4) Estimado com base no modelo de custeamento (5) O peso de Ensino Primário na despesa do FASE (2003-2009) e no orçamento de FASE (2010). (6) Na base de PdA 2009/2010 - incluindo o orçamento de funcionamento de FASE. (7) Dependerá das projecções macro económicas (ainda por confirmar). 82 DOCUMENTO DE FUNDO PARA SOLICITAR FINANCIAMENTO DO FC-FTI ANEXOS Tabela 2: Proposta do orçamento do FASE 2011-2013 (na base da execução em 2009) (valores em 10^3) 2009 (execução) Actividades por grandes categorias Compromissos (actividades iniciadas em 2010) Apoio à Formação de Professores para o ETP Edição e impressão dos livros para o pós alfabetização Produção de módulos para o PESD Construção Acelerada de 8 escolas secundárias Construção Acelerada de 450 salas de aula (ensino primário) Fiscalização, Monitoria, gestão e avaliação da nova abordagem Reabilitações de IFPs (3) Reabilitações de instituições técnico-profissionais (4) Acção social Alimentação para Lares/internatos Lanche escolar Bolsas para o ensino secundário Apoio Directo às Escolas Ensino Primário Ensino Secundário Ensino Técnico-profissional Livro Escolar Produção e distribuição (Ensino Primário) Livros para as bibliotecas comunitárias Livro para o Ensino Secundário Laboratórios e bibliotecas para escolas secundárias Construção acelerada Ensino Primário (descentralizado) Monitoria, Gestão e Contribuição KfW (inclui fiscalização independente) Mobiliário Ensino Secundário Grandes construções Grandes construções Reabilitação e equipamento das Instituições do ETP Programas de AEA Subsídios Reforço para os CFQAEA Materiais e outras actividades Formação dos professores Financiamento às Instituições de Formação de Professores Centros de Recursos para o ensino especial Central Ensino à Distância Expansão do Ensino à Distância para o ensino secundário Expansão do Ensino à Distância para a formação de professores Prevenção e Mitigação de HIV/SIDA Provincial e distrital Central Actividades de Desenvolvimento Curricular e Monitoria Monitoria e desenvolvimento do currículo (ESG) Expansão do programa de ensino bilingue Expansão dos programas pré-escolar (por definir) Desenvolvimento Institucional Fundo de Apoio Provincial Fundo de Apoio Distrital AT e actividades de Desenvolvimento Institucional Diversos (inclui comunicação, informação, estudos, retenções, alterações cambiais, etc.) TOTAL Meticais 2011- 2013 (valores em USD) Cenário A Cenário B USD 2011 2011 2012 2013 5.000 191 44.783 1.712 481.281 44.426 6.367 18.393 1.698 243 388.472 50.933 88.490 14.846 1.947 3.382 492.797 51.137 64.709 50.294 18.833 1.954 2.473 1.922 804.761 30.756 130.722 4.996 29.105 1.112 124.285 4.750 29.309 1.120 16.849 644 38.822 4.820 1.484 184 65.396 2.499 94.379 149.559 43.932 3.607 5.716 1.679 143 2.074 1.019 905 2.904 434 2.727 9.469 143 2.074 1.019 905 2.904 434 2.727 9.469 152 152 1.680 3.000 1.500 6.819 2.688 1.500 6.819 2.588 18.393 24.512 2.250 540 25.801 2.688 540 27.221 3.235 540 21.008 21.008 0 20.798 0 20.382 1.050 1.050 1.050 22.800 962 22.800 900 22.800 900 3.600 3.600 3.600 6.000 6.000 10.390 500 3.714 3.714 1.050 1.250 3.714 945 1.250 3.714 851 1.250 4.927 5.647 630 500 5.875 567 500 6.081 510 500 3.500 2.000 1.800 2.000 1.800 300 1.800 500 1.800 500 200 1.200 1.500 1.400 1.000 1.500 2.993 4.533 1.600 3.142 4.669 1.200 1.800 300 2.026 800 2.850 4.401 1.600 69.232 2.646 1.783 388 297 3.369.857 128.787 83.431 128.000 128.000 128.000 Cenário A: Orçamento com base nos valores actualmente comprometidos. Cenário B: Orçamento incluindo o financiamento de 160 milhões de USD solicitado à FTI. 83 DOCUMENTO DE FUNDO PARA SOLICITAR FINANCIAMENTO DO FC-FTI ANEXOS Tabela 3: Pressupostos (projecções) Anos Observado 2009 2010 Efectivos Ensino Primário (alunos), público Alunos no EP1, público Alunos no EP2, público Alunos no Ensino Secundário, público Alunos IFPs (formação de professores) Alfabetizandos Professores no EP1 Professores no EP (total) Alfabetizadores Sala de Aula Ensino Primário (actual) Nova abordagem Ensino Secundário - 1º ciclo Formação de Professores Formação inicial Formação em serviço Centros de recurso - ensino especial CFQAEAs Subsídios para Alfabetizadores 2014 5.263.399 4.385.557 877.842 821.676 10.285 5.448.000 4.419.000 1.029.000 1.125.000 11.400 1.000.000 5.490.000 4.241.000 1.250.000 1.344.000 11.800 1.000.000 5.445.000 4.042.000 1.403.000 1.618.000 12.200 1.000.000 5.322.000 3.728.000 1.595.000 1.930.000 12.200 1.000.000 62.680 85.838 67.707 93.286 70.200 95.900 30.400 69.600 100.800 30.400 69.700 104.800 30.400 66.600 106.500 30.400 285.000 28.000 285.000 25.000 285.000 25.000 285.000 0 45 45 45 48 20 45 Outras metas Livros Salas de aula (ensino primário) Salas de aula (ensino secundário) Rácio alunos / professor - EP1 Rácio alunos / professor - EP2 Rácio Alfabetizandos / alfabetizadores Custo unitário Livro para o ensino primário ADE Ensino Primário Ensino Secundário Ensino Técnico-profissional Laboratórios, Ensino Secundário Projecção 2012 2013 5.059.431 4.233.454 825.977 732.040 11.643 Alunos EP (insegurança alimentar alta) Alunos em internatos Nº de instituições Ensino Técnico-profissional (escolas) 2011 13.000.000 13.130.000 12.998.700 12.738.726 1.500 1.500 1.500 200 200 200 63 61 58 56 40 40 40 40 30 30 30 30 USD (10^3) 0,0016 2011 0,0045 0,002 12 unidade livro 2012 0,0047 aluno instituto 2013 0,005 42 Materiais/equipamento laboratório por escola 25 escolas por ano 2011 14,4 sala (70%) 18 sala (30%) 18 sala MT (10^3) 9 0,9 6 6 unidade em USD por estudante IFP por professor/EP por ano por ano 0,257 0,026 0,171 0,171 0,65 alfabetizador/mês 6 mês 0,019 85 Acção social reforço alimentação (Lares/internatos) lanche escolar, ensino primário bolsas para o ensino secundário Ensino pré-primário Subsídios outros Fórmulas combinadas Fundo provincial: Valor por distrito: Valor por escola: Valor por área/escola: Crescimento anual Fundo distrital: Valor por escola: Valor por área/escola: crescimento anual MT (10^3) unidade em USD 2,1 estudante 0,060 0,0046 por aluno/dia 0,0001 180 dias alunos 10%(2012) 8% (2013) 0,7 por aluno 0,02 por definir por definir MT ( 10^3) em USD 150 7 4 5% 4,286 0,2 0,114 12,5 1,5 3% 0,357 0,043 Câmbio: 1 USD = 35,04 MT (Câmbio oficial para o OE 2011 e o CFMP 2012-2014, Fonte: Ministério das Finanças 86 DOCUMENTO DE FUNDO PARA SOLICITAR FINANCIAMENTO DO FC-FTI ANEXOS Tabela 4: Evolução do Orçamento e da Despesa do Estado e do sector da Educação, 2005-2010 2005 Orçamento Valor Proporção Orçamento Geral do Estado (1) Orçamento do Sector de Educação (1) Ensino Geral Ensino Superior Orçamento Corrente Orçamento de Investimento Componente interna Componente externa 40.322 7.847 6.663 1.185 5.757 2.090 380 1.710 35.646 7.270 6.356 914 19,5% (85%) (15%) (73%) (27%) Orçamento de Investimento (fonte externa) Fundo Comum – FASE (2) Outros Fundos 2008 Orçamento Valor Proporção Orçamento Geral do Estado (1) Orçamento do Sector de Educação (1) Ensino Geral Ensino Superior Orçamento Corrente Orçamento de Investimento Componente interna Componente externa Orçamento de Investimento (fonte externa) Fundo Comum – FASE (2) Outros Fundos (1) Fonte: 2005-2008, CGE; 2009, REO IV 2009 (2) Fonte: Relatórios financeiros do FASE 2005-2009 80.331 17.161 15.151 2.011 21,4% (88%) (12%) Despesa Valor Proporção 20,4% (87%) (13%) 2006 Orçamento Valor Proporção 46.955 9.317 7.977 1.340 19,8% (86%) (14%) Despesa Valor Proporção 43.429 8.702 7.598 1.103 20,0% (87%) (13%) 2007 Orçamento Valor Proporção 65.819 13.184 11.645 1.539 20,0% (88%) (12%) Despesa Valor Proporção 55.368 11.854 10.479 1.375 21,4% (88%) (12%) 5.557 1.713 332 1.381 (76%) (24%) 6.700 2.617 307 2.310 (72%) (28%) 6.616 2.086 307 1.779 (76%) (24%) 8.129 5.055 461 4.594 (62%) (38%) 8.126 3.728 461 3.267 (69%) (31%) 1.381 617 764 (19%) (45%) (55%) 2.310 1.186 1.124 (25%) (51%) (49%) 1.779 974 805 (20%) (55%) (45%) 4.594 2.150 2.444 (35%) (47%) (53%) 3.267 1.771 1.496 (28%) (54%) (46%) Despesa Valor Proporção 64.353 15.116 13.170 1.946 23,5% (87%) (13%) 2009 Orçamento Valor Proporção 90.401 18.940 16.377 2.563 21,0% (86%) (14%) Despesa Valor Proporção 77.595 17.121 14.663 2.458 2010 Orçamento Valor Proporção Despesa Valor Proporção 22,1% (86%) (14%) 9.789 7.372 894 6.477 (57%) (43%) 9.772 5.343 825 4.519 (65%) (35%) 10.115 8.825 2.309 6.516 (53%) (47%) 10.108 7.013 2.240 4.773 (59%) (41%) 6.477 3.707 2.770 (38%) (57%) (43%) 4.519 2.745 1.774 (30%) (61%) (39%) 6.516 4.233 2.283 (34%) (65%) (35%) 4.773 3.301 1.472 (28%) (69%) (31%) Observações: A despesa de 2005 inclui informação sobre a execução de FASE. Só a partir de 2006, o orçamento de FASE foi inscrito no orçamento. O sector sempre tem observado problemas na informação sobre os projectos bilaterais (não FASE), que são muitas vezes sobre estimados no orçamento e sub reportados na execução. 87 DOCUMENTO DE FUNDO PARA SOLICITAR FINANCIAMENTO DO FC-FTI ANEXOS Tabela 5: Execução dos Fundos do FASE 2003-2009 (Valores em 10^3 Meticais) Província / Actividade Total Niassa Cabo Delgado Nampula Zambézia Tete Manica Sofala Inhambane Gaza Maputo Cidade de Maputo Órgão Central Niassa Construção acelerada de salas de aula (incluindo equipamento) Subsídio de Alfabetizadores Formação dos professores (inicial e em serviço) Alimentação para os lares e internatos Reforço à gestão e monitoria distrital (Fundo Distrital) Reforço à gestão e monitoria provincial (Fundo Provincial) Actividades de HIV/SIDA (prevenção e mitigação) Cabo Delgado Construção acelerada de salas de aula (incluindo equipamento) Subsídio de Alfabetizadores Formação dos professores (inicial e em serviço) Alimentação para os lares e internatos Reforço à gestão e monitoria distrital (Fundo Distrital) Reforço à gestão e monitoria provincial (Fundo Provincial) Actividades de HIV/SIDA (prevenção e mitigação) Anos (Valores em 10^3 MT) 2005 2006 2007 2003 2004 81.229,2 3.986,1 2.669,6 26.114,0 8.098,6 3.683,3 579,0 1.604,0 4.897,6 1.880,5 4.993,9 2.080,1 20.642,5 172.888,2 3.386,6 5.796,6 41.106,8 6.550,7 6.538,8 584,1 9.755,2 -11,2 1.687,2 2.508,4 1.126,3 93.858,7 616.828,1 6.331,8 9.989,4 59.759,9 14.784,8 9.023,3 5.708,6 8.104,3 5.207,4 2.807,2 6.730,5 2.551,8 485.829,0 3.986,1 3.386,6 988,4 2.997,8 3.386,6 0,0 6.331,8 5.038,8 1.293,0 2.669,6 5.796,6 1.842,4 827,3 5.796,0 0,6 9.989,4 456,8 9.532,6 0,0 2008 2009 989.856,5 1.870.981,7 2.483.058,3 3.369.857,7 34.100,6 58.318,0 37.970,5 72.596,3 19.310,3 40.841,0 74.530,8 84.952,8 87.603,6 106.578,5 205.974,8 220.018,2 36.931,7 91.496,2 145.765,3 233.127,7 28.123,6 77.289,0 82.406,9 78.329,3 17.846,6 77.873,3 47.732,0 86.177,0 31.968,4 59.283,6 97.688,9 89.347,3 36.532,4 60.809,5 75.027,1 75.632,0 28.464,2 50.585,5 60.270,5 86.505,3 20.992,3 59.833,3 27.381,2 64.132,8 16.061,3 21.714,9 30.789,8 39.821,3 631.921,4 1.166.359,0 1.597.520,5 2.239.217,7 34.100,6 21.737,8 1.466,4 216,3 58.318,0 53.679,4 2.323,0 1.664,3 37.970,5 16.424,0 1.866,2 4.094,1 10.525,1 155,1 651,3 0,0 6.823,9 8.602,6 159,9 19.310,3 8.820,3 10.231,1 83,5 40.841,0 22.465,2 15.634,2 2.087,3 74.530,8 40.814,0 12.141,1 4.689,6 654,3 8.553,3 5.597,0 2.735,9 175,4 72.596,3 26.858,1 6.306,7 8.551,6 4.084,5 16.547,5 8.133,9 2.114,0 84.952,8 34.521,8 17.507,1 7.263,5 5.759,9 9.422,7 6.822,7 3.655,1 89 Província / Actividade Nampula Construção acelerada de salas de aula (incluindo equipamento) Subsídio de Alfabetizadores Formação dos professores (inicial e em serviço) Alimentação para os lares e internatos Reforço à gestão e monitoria distrital (Fundo Distrital) Construção Acelerada das Escolas Secundárias Reforço à gestão e monitoria provincial (Fundo Provincial) Actividades de HIV/SIDA (prevenção e mitigação) Zambézia Construção acelerada de salas de aula (incluindo equipamento) Subsídio de Alfabetizadores Formação dos professores (inicial e em serviço) Alimentação para os lares e internatos Reforço à gestão e monitoria distrital (Fundo Distrital) Reforço à gestão e monitoria provincial (Fundo Provincial) Actividades de HIV/SIDA (prevenção e mitigação) Tete Construção acelerada de salas de aula (incluindo equipamento) Subsídio de Alfabetizadores Formação dos professores (inicial e em serviço) Alimentação para os lares e internatos Reforço à gestão e monitoria distrital (Fundo Distrital) Reforço à gestão e monitoria provincial (Fundo Provincial) Actividades de HIV/SIDA (prevenção e mitigação) Manica Construção acelerada de salas de aula (incluindo equipamento) Subsídio de Alfabetizadores Formação dos professores (inicial e em serviço) Alimentação para os lares e internatos Reforço à gestão e monitoria distrital (Fundo Distrital) Reforço à gestão e monitoria provincial (Fundo Provincial) 90 2003 2004 26.114,0 5.400,0 18.314,4 2.398,8 41.106,8 4.948,6 35.178,3 979,7 Anos (Valores em 10^3 MT) 2005 2006 2007 59.759,9 19.127,2 36.281,9 2.258,3 87.603,6 29.812,8 46.186,9 7.549,8 106.578,5 80.967,1 17.574,7 6.643,8 2008 2009 205.974,8 123.087,1 51.478,3 10.670,8 220.018,2 102.539,6 45.249,5 23.566,1 4.310,8 23.809,9 0,0 15.680,7 4.861,6 11.789,1 0,8 0,2 2.092,5 3.895,4 158,7 1.048,6 344,3 8.188,0 761,5 8.098,6 6.550,7 8.098,6 6.550,7 14.784,8 4.488,3 10.263,7 32,8 36.931,7 23.314,3 10.118,3 3.208,1 91.496,2 58.747,7 25.305,9 3.317,7 145.765,3 93.927,8 17.274,5 14.995,9 291,0 3.913,2 211,7 12.459,2 4.620,9 2.487,0 28.123,6 14.439,2 9.751,8 3.684,5 77.289,0 61.135,2 13.574,6 120,0 82.406,9 50.891,2 10.458,3 8.515,3 62,9 185,2 2.441,4 17,8 467,4 9.362,9 2.711,8 17.846,6 12.628,3 1.702,0 2.020,5 77.873,3 72.420,8 2.601,4 2.275,1 47.732,0 32.537,5 1.358,6 9.181,3 1.296,2 573,4 299,8 727,7 3.683,3 6.538,8 9.023,3 2.313,9 1.369,4 6.538,8 9.023,3 579,0 584,1 579,0 584,1 5.708,6 2.774,9 2.933,7 0,0 233.127,7 112.004,2 35.613,3 28.315,7 6.385,1 31.789,2 12.914,9 6.105,4 78.329,3 31.155,7 0,0 7.039,7 7.241,8 20.190,5 10.996,7 1.704,8 86.177,0 50.635,9 6.431,3 6.337,2 3.041,1 7.260,8 7.662,6 DOCUMENTO DE FUNDO PARA SOLICITAR FINANCIAMENTO DO FC-FTI ANEXOS Província / Actividade 2003 2004 Anos (Valores em 10^3 MT) 2005 2006 2007 Actividades de HIV/SIDA (prevenção e mitigação) Sofala Construção acelerada de salas de aula (incluindo equipamento) Subsídio de Alfabetizadores Formação dos professores (inicial e em serviço) Alimentação para os lares e internatos Reforço à gestão e monitoria distrital (Fundo Distrital) Reforço à gestão e monitoria provincial (Fundo Provincial) Actividades de HIV/SIDA (prevenção e mitigação) Inhambane Construção acelerada de salas de aula (incluindo equipamento) Subsídio de Alfabetizadores Formação dos professores (inicial e em serviço) Alimentação para os lares e internatos Reforço à gestão e monitoria distrital (Fundo Distrital) Construção Acelerada das Escolas Secundárias Reforço à gestão e monitoria provincial (Fundo Provincial) Actividades de HIV/SIDA (prevenção e mitigação) Gaza Construção acelerada de salas de aula (incluindo equipamento) Subsídio de Alfabetizadores Formação dos professores (inicial e em serviço) Alimentação para os lares e internatos Reforço à gestão e monitoria distrital (Fundo Distrital) Construção Acelerada das Escolas Secundárias Reforço à gestão e monitoria provincial (Fundo Provincial) Actividades de HIV/SIDA (prevenção e mitigação) Maputo Construção acelerada de salas de aula (incluindo equipamento) Subsídio de Alfabetizadores Formação dos professores (inicial e em serviço) Alimentação para os lares e internatos 1.604,0 356,2 1.247,8 9.755,2 823,0 8.731,5 200,7 4.897,6 -11,2 3.477,5 1.420,1 -5,0 -6,2 8.104,3 3.599,7 4.220,7 283,8 5.207,4 425,7 4.781,7 0,0 2008 2009 199,7 2,5 3.627,0 4.808,1 31.968,4 23.986,9 6.163,9 413,0 59.283,6 49.778,0 7.609,8 1.273,0 97.688,9 55.976,9 10.918,6 10.720,0 1.254,6 150,0 510,8 112,0 7.765,2 7.232,8 5.075,4 89.347,3 46.964,5 8.627,4 12.120,1 2.850,4 7.713,3 6.385,2 4.686,4 36.532,4 33.086,0 3.265,6 173,9 60.809,5 49.308,1 7.629,2 2.063,6 75.027,1 44.668,3 5.495,9 7.563,7 9.578,5 1.880,5 1.880,0 1.687,2 1.687,2 2.807,2 1.999,0 805,4 6,9 1.501,0 307,7 7.121,1 599,5 28.464,2 23.084,8 1,2 935,3 50.585,5 45.086,9 1.092,9 545,9 60.270,5 41.250,1 5.292,2 6.011,3 317,2 0,5 4.993,9 2.508,4 1.163,7 3.830,2 1.535,2 973,1 2,8 4.442,9 3.627,7 232,0 6.887,6 512,2 6.730,5 1.650,0 5.080,5 20.992,3 13.690,4 3.139,9 3.110,1 59.833,3 55.472,6 2.839,7 292,5 27.381,2 12.068,6 2.402,7 4.668,8 75.632,0 31.829,1 7.530,0 10.049,5 4.903,6 9.785,8 2.310,0 6.904,2 2.319,8 86.505,3 44.697,3 592,4 7.853,9 1.996,9 16.719,2 0,0 12.512,9 2.132,8 64.132,8 34.877,5 2.570,9 12.007,3 2.973,8 91 Província / Actividade 2003 2004 Anos (Valores em 10^3 MT) 2005 2006 2007 Reforço à gestão e monitoria distrital (Fundo Distrital) Reforço à gestão e monitoria provincial (Fundo Provincial) Actividades de HIV/SIDA (prevenção e mitigação) Cidade de Maputo Construção acelerada de salas de aula (incluindo equipamento) Subsídio de Alfabetizadores Formação dos professores (inicial e em serviço) Alimentação para os lares e internatos Reforço à gestão e monitoria distrital (Fundo Distrital) Reforço à gestão e monitoria provincial (Fundo Provincial) Actividades de HIV/SIDA (prevenção e mitigação) Órgão Central ADE Ensino primário ADE Ensino secundário ADE Ensino Técnico Profissional Livro para EP distribuição e produção (incluindo avaliação e gestão do programa) Bibliotecas e outros materiais didácticos (incluindo laboratórios) Livro para o ESG Currículo Ensino Geral Ensino à Distância Formação de professores Prevenção e mitigação, HIV/SIDA Actividades na área de AEA Assistência técnica, capacitações e outras actividades de desenvolvimento institucional, incluindo equipamento Grandes construções (ensino pós-primário, administração) Construção acelerada (incluindo contribuição para o projecto KFW) Mobiliário Escolar (Ensino Geral) Diversos (incluindo variações cambiais, retenções, etc.) 92 2.080,1 1.126,3 524,1 1.556,0 1.028,4 98,0 2.551,8 2.035,0 516,8 2008 2009 1.051,9 927,9 300,6 1.662,3 2.116,8 4.462,1 4.774,0 4.113,8 2.815,4 16.061,3 14.206,9 682,3 1.029,9 21.714,9 20.132,4 209,0 928,7 30.789,8 22.213,6 715,2 4.306,5 142,3 167,8 277,0 1.758,7 1.475,8 320,0 39.821,3 24.696,7 293,2 6.180,1 1.235,6 1.545,9 2.251,2 3.618,6 20.642,5 93.858,7 485.829,0 2.534,1 10.691,1 308,6 334.965,1 26.994,4 8.588,7 1.391,5 961,7 14.299,8 10.797,3 5.412,7 18.339,5 1.607,1 1.063,6 3.845,6 7.308,0 36.780,6 57.640,6 66.814,1 107.555,7 171.662,9 43.931,5 9.129,9 8.023,1 17.852,2 1.379,6 34.540,4 -14.729,6 200.655,9 27.646,0 16.783,7 -11.441,2 375.215,5 8.174,5 48.918,9 41.334,3 505.907,5 56.322,2 804.761,2 51.137,3 64.709,0 69.231,9 604,6 631.921,4 1.166.359,0 1.597.520,5 2.239.217,7 99.482,3 224.593,5 471.899,8 481.281,4 42.385,5 44.426,0 6.366,6 173.491,4 204.256,6 137.197,9 388.472,0 858,3 32.006,5 50.932,6 28.370,7 88.489,8 6.409,0 4.858,4 57.643,5 65.395,7 4.674,9 20.374,0 49.385,2 16.848,6 39.427,8 59.089,9 6.656,9 29.308,9 992,5 24.206,0 12.339,2 4.820,3 6.126,6 47.781,8 25.183,5 29.104,8 559,2 DOCUMENTO DE FUNDO PARA SOLICITAR FINANCIAMENTO DO FC-FTI ANEXOS Tabela 6: Compromissos dos parceiros para o FASE, 2006-2013 (Valores em 10^3) Agência Países Baixos CIDA - Canadá Irlanda DFID Alemanha Finlândia Dinamarca Espanha Portugal UNICEF Itália Cooperação Flandres Fundo Catalítico TOTAL Situação e moeda Compromisso Negociação Compromisso Negociação Compromisso Negociação Compromisso Negociação Compromisso Negociação Compromisso Negociação Compromisso Negociação Compromisso Negociação Compromisso Negociação Compromisso Negociação Compromisso Negociação Compromisso Negociação Compromisso Negociação Compromisso Negociação Total EUR CND EUR GBP EUR EUR DKK EUR EUR Valores na moeda original (10^3) 2008 2009 2010 2011 20.000 19.000 7.000 0 2006 9.000 2007 15.000 6.000 6.000 5.000 20.000 26.000 26.000 3.400 5.750 6.500 7.000 5.500 4.400 2013 0 2009 24.373 Valores em USD (10^3) 2010 2011 2012 10.000 0 0 26.000 26.000 15.860 22.971 24.888 8.980 7.857 5.816 5.000 4.500 6.665 7.106 2013 0 24.888 24.888 7.181 6.610 7.181 6.610 7.181 1.716 4.500 4.500 4.500 4.500 4.500 5.000 4.500 6.800 6.000 19.045 17.000 16.000 16.000 16.000 3.000 21.808 22.857 21.151 21.151 3.966 4.000 4.000 4.500 5.000 7.000 7.000 7.000 9.000 6.414 10.000 9.253 9.253 11.897 24.000 30.000 40.000 50.000 10.000 0 5.190 7.455 8.523 1.705 0 2.000 2.000 3.000 2.000 2.000 2.566 4.286 2.644 2.644 250 357 330 330 3.966 330 1.000 1.000 1.000 250 USD 1.000 1.000 1.000 1.000 1.000 1.322 1.000 1.322 1.000 1.322 1.000 1.000 1.000 1.322 1.322 1.322 123.105 114.889 83.431 123.105 114.889 83.431 69.796 7.610 77.406 50.907 11.575 62.482 250 250 1.000 1.000 1.000 EUR 28.000 250 3.000 250 250 EUR USD 2012 0 30.000 21.000 30.000 21.000 Taxas de câmbio para USD 2011-2013 (Câmbio de OE 2011): 1 EUR = 1,3219; 1 CDN = 0,9572; 1 GBP = 1,5958; 1 DKK = 0,1705. Para 2009 e 2010 foram usados os câmbios dos orçamentos respectivos. 93 DOCUMENTO DE FUNDO PARA SOLICITAR FINANCIAMENTO DO FC-FTI ANEXOS Tabela 7: Compromissos dos parceiros para projectos bilaterais (2010-2013) (Fonte: Parceiros de Cooperação) Donor Type Canada - CIDA Finland Germany KfW Germany GTZ Germany InWEnt Iceland TA Project Project Project Italy Japan Implementer MEC INDE MEC MEC Project Project Project MEC MEC Project MEC TA MEC Project MEC Netherlands Portugal UNESCO UNFPA Project Project Project Project Project Project Project + MEC TA Project UNICEF WFP Worldbank TOTAL MEC MEC MEC Project Project Project Project Project Project Project Original currency 2010 2011 2012 1.000.000 1.500.000 387.000 2.800.000 2.000.000 4.000.000 500.000 1.500.000 1.500.000 1.500.000 USD 2011 2012 1.189.500 0 3.701.388 5.287.696 660.962 1.982.886 1.982.886 Project Title Target subsector Textbooks Instutional Development Instutional Development Primary Education Institucional Development Currency CAD Euro Euro Euro Institucional Development Euro 418.000 275.000 597.143 363.529 AEA TVET USD Euro 1.393.500 1.393.500 329.856 1.990.714 285.808 1.842.101 Higher Education Euro 1.500.000 Primary Education JPY Secundary Education JPY 26.000.000 35.000.000 1.015.000. 000 Higher Education Euro 3.000.000 3.000.000 3.000.000 3.000.000 4.285.714 3.965.772 3.965.772 3.965.772 Higher Education Higher Education TVET Culture Adult Non-Formal Educ. Basic Education Basic Education Secondary Education TVET Euro Euro Euro 745.000 930.000 930.000 930.000 1.064.286 1.229.389 1.229.389 1.229.389 1.000.000 1.000.000 1.000.000 1.000.000 1.000.000 1.000.000 Primary Education 2.086.010 2.160.000 2.160.000 Primary Education Primary Education Primary Education Emergency P&R Food for Education School feeding Higher Education TVET School Constr. Pro-Educação InWent-training courses PRETEP Intervenção anual de apoio à UEM TT Advisor Construction Sec schools Managed by Nuffic (agency in NL) Bolsas Externas Bolsas Internas Life skills / PGB Child-Friendly Schools Initiative Life skills Life skills Life skills 2013 3.500.000 2013 4.626.734 1.982.886 286.123 385.165 11.169.793 1.247.216 1.781.737 1.000.000 1.000.000 1.000.000 1.000.000 1.000.000 1.000.000 USD 2.086.010 2.160.000 2.160.000 2.160.000 USD USD USD USD USD USD USD 171.315 78.000 550.000 288.000 373.554 288.000 116.065 186.000 6.300.000 6.300.000 2.000.000 5.000.000 8.000.000 10.000.000 78.000 288.000 288.000 186.000 78.000 288.000 288.000 186.000 USD 2010 793.000 552.857 2.857.143 2.142.857 5.000.000 2.160.000 171.315 78.000 78.000 78.000 550.000 288.000 288.000 288.000 373.554 288.000 288.000 288.000 116.065 186.000 186.000 186.000 6.300.000 6.300.000 0 5.000.000 2.000.000 5.000.000 5.000.000 5.000.000 8.000.000 10.000.000 48.448.166 44.814.734 22.540.398 17.821.896 95 DOCUMENTO DE FUNDO PARA SOLICITAR FINANCIAMENTO DO FC-FTI ANEXOS Tabela 8: Matriz de programação ao nível do sector Coluna 1 EDUxx-004 4. Apoio Sub-programa (SPS) Coluna 2 Programas-chave / Grandes Acções 1. Salários, remunerações 2. Funcionamento das instituições EDU01 EDU02 Apoio Administrativo (pré e) Primário (EPC) 11 x x 12 99 x x x x Exemplos do tipo de actividades construção acelerada (com comunidade) 3. Construção e reabilitação (inclui equipamento e manutenção) reabilitação e construção (projectos grandes) EDUxx-001 1. Acesso IFPs EDU15 Ensino Superior Serviços Culturais x x x x x x x x x x x Inst Médio Universidades EAO/Inst Médio Politécnicos x x programas do UP/UEM x x x x Bolsas para raparigas Bolsas para TVET Programa de bolsas provinciais Festivais culturais Alimentação nos internatos Alimentação nos internatos Construção Acelerada (escolas pequenas) Centros regionais de AEA x Centros para ensino especial x x acções específicas que promovem equidade x PESD escolas comunitárias Mitigação do impacto do HIV/SIDA Grande escolas Nuforpes museus, casas de cultura Reabilitação monumentos históricos Escola de Artes Visuais x x actividades de prevenção monitoria da implementação da estratégia subsídios para os afectados x bolsas 6. Outras actividades EDU07 Ensino Técnico (pós-primário) ensino à distância prevenção HIV/SIDA 5. Prevenção e mitigação HIV/SIDA EDU05 Ensino Secundário Geral Construção Acelerada MEC/DPEC/ SDEJTS Manutenção 4. Ensino à distância e outras modalidades de ensino Coluna 3 EDU04 EDU03 Alfabetização e Educação para Adultos Apoio aos pontos focais do género (DPECs/SDJETs) x Desenvolvimento duma estratégia para a pequena infância alimentação Lanche escolar apoio às COVs COVs-ADE 97 Tabela 8: Matriz de programação ao nível do sector (continuação) Coluna 1 Sub-programa (SPS) Coluna 2 Programas-chave / Grandes Acções Exemplos do tipo de actividades EDU01 EDU02 Apoio Administrativo (pré e) Primário (EPC) livro escolar ADE 7. Livro escolar e materiais didácticos 8. Desenvolvimento curricular Caixa escolar ADE Bibliotecas nas escolas e ZIPs recursos didácticos Inclusão assuntos transversais Expansão do ensino bilingue desenvolvimento do materiais EPC + FP Apoio aos IFPs para funcionamento desenvolvimento e revisão curricular ensino à distância EDUxx-002 I2. Qualidade 10. Sistema do controle, supervisão e monitoria formação em serviço Gestão escolar (inclui conselhos de escola) ensino à distância supervisão, monitoria e avaliação inspecção exames 98 EDU05 EDU07 EDU15 Ensino Secundário Geral Ensino Técnico (pós-primário) Ensino Superior Serviços Culturais Livro para ESG ADE ADE Bibliotecas, laboratórios, TICs Bibliotecas, laboratórios, TICs Reforma curricular do ESG Reforma do ETP Reforma do Ensino Superior desenvolvimento do materiais ESG+ FP Formação de professores (DE) Ensino à distância jogos escolares saúde escolar Pesquisa e inovações Coluna 3 EDU04 Fundo provincial Fundo distrital auditorias, controle interno Reforma do sistema de exames certificação, acreditação e equivalências desporto escolar 11. Outras actividades Desenvolvimento e aquisição de materiais e recursos dos vários programas Apoio aos CFQAEAs para funcionamento Apoio aos CFQAEAs Apoio aos IFPs para para formação em formação em serviço serviço Programa de capacitação Ensino à distância formação inicial 9. Formação e capacitação de professores e gestores EDU03 Alfabetização e Educação para Adultos PETS campanha de desparasitação saqmec Reforma (PIREP) Reforma (HEP) jogos escolares jogos escolares DOCUMENTO DE FUNDO PARA SOLICITAR FINANCIAMENTO DO FC-FTI ANEXOS Tabela 8: Coluna 1 EDUxx-003 3. Desenvolvimento institucional Sub-programa (SPS) Matriz de programação ao nível do sector (continuação) Coluna 2 Programas-chave / Grandes Acções Exemplos do tipo de actividades EDU01 EDU02 Apoio Administrativo (pré e) Primário (EPC) Assistência Técnica desenvolvimento Desenvolvimento duma estratégia de institucional desenvolvimento de capital humano 12. Desenvolvimento desenvolvimento dos recursos duma estratégia e Recrutamento, selecção sistema de gestão de humanos e incentivos RH Premiação Desenvolvimento dos Capacitações módulos Coordenação de encontros do SWAP parcerias actividades com enfoque na melhoria e Instrumentos/ processos alinhamento do ciclo de PO(E)M(A) de POM 13. Planificação, Carta escolar orçamentação, execução, monitoria EMIS e avaliação comunicação e (POEMA) informação (materiais/panfletos ) Capacitações na área de aquisição e POEMA distribuição de materiais e equipamento Regulamentação, divulgação e TICs comunicação interna 14. Advocacia, informação e comunicação e Promoção da imagem e comunicação informação (materiais, relações públicas panfletos, actividades) Combate à corrupção 15. Outras Emergência actividades EDU03 Alfabetização e Educação para Adultos Coluna 3 EDU04 EDU05 EDU07 EDU15 Ensino Secundário Geral Ensino Técnico (pós-primário) Ensino Superior Serviços Culturais criação de base de dados Semana de Alfabetização 99 DOCUMENTO DE FUNDO PARA SOLICITAR FINANCIAMENTO DO FC-FTI ANEXOS Tabela 9: Programas e subprogramas sectoriais PG Designação PG Objectivo Estratégico do PG EDU01 Apoio Fortalecer a gestão do sistema administrativo Institucional da educação aos vários níveis, particularmente Administrativo nos distritos, com enfoque em assegurar oportunidades educacionais com equidade para todos em todo o país EDU02 Ensino (Pré- e) Assegurar que todas as crianças até 2015 Primário completem sete anos de ensino primário de qualidade EDU03 Alfabetização e Educação de Adultos EDU04 Ensino Secundário Geral EDU05 Ensino Técnico (pós-primário) Reduzir a taxa de analfabetismo, dando particular atenção às mulheres Expansão do Ensino Secundário de qualidade e sustentável Melhorar o acesso e a relevância do ETP para o desenvolvimento do País EDU07 Ensino Superior Expandir oportunidades de acesso ao Ensino superior e promover equidade no género SPG Designação SPG 01 Acesso 02 01 Qualidade Desenvolvimento Institucional Acesso 02 Qualidade 03 Desenvolvimento Institucional 01 Acesso 02 Qualidade 03 Desenvolvimento Institucional 01 Acesso 02 Qualidade 01 Acesso 02 Qualidade 03 Desenvolvimento Institucional 01 Acesso 02 Qualidade 03 Desenvolvimento Institucional 03 Objectivo Intermédio SPG Assegurar a existência de condições que potenciem o acesso dos cidadãos ao sistema de ensino Assegurar a observância de padrões de qualidade no sistema de ensino Melhorar a gestão e planificação do sector Assegurar o acesso ao Ensino Primário para todas as crianças Assegurar uma Ensino Primário para todos com qualidade que inclua a aprendizagem das habilidades básicas para todas as crianças Assegurar a preparação do sistema para abranger o ensino pré-primário Aumentar a frequência em programas de alfabetização, particularmente de mulheres Assegurar a relevância dos programas de (pós) alfabetização para os diferentes grupos alvo Melhorar a gestão e coordenação do sistema, que inclui parcerias com a sociedade civil na implementação e gestão dos programas de (pós) alfabetização Aumentar o acesso ao Ensino Secundário, prestando particular atenção às disparidades geográficas e de género Melhorar a qualidade de ensino Aumentar o acesso ao Ensino Técnico Profissional, prestando particular atenção às disparidades geográficas e de género Reformar o sistema actual do ETP, sendo mais orientado pela procura do mercado de trabalho Melhorar a gestão e coordenação do sistema, envolvendo particularmente o sector privado Aumento de vagas disponíveis em particular nas zonas Norte e Centro, garantindo a equidade regional, social, económica e de género Melhorar a qualidade e relevância do Ensino Superior através da consolidação das reformas iniciadas Melhorar a gestão e coordenação do sistema, envolvendo particularmente o sector privado 101