baixas - Agrocursos

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baixas - Agrocursos
CURSO DE SUINOCULTURA
INTRODUÇÃO
ORIGEM E DOMESTICAÇÃO
CLASSE
Mammalia
SOBRE-ORDEM Ungulados (providos de casco)
ORDEM
Artiodactilos (casco provido de dedos)
SUB-ORDEM
Suiformes (casco fundido)
FAMÍLIA
Suidae
SUB-FAMÍLIA
Suinae
GÊNERO
Sus
ESPÉCIES
Sus scrofa [javali europeu (maior)]
Sus vitatus [javali asiático (menor)]
Sus domesticus (suíno doméstico)
ORIGEM - JAVALI
EVOLUÇÃO DOS SUÍNOS DE ACORDO COM A SELEÇÃO E MELHORAMENTO:
PRIMEIRA FASE: JAVALI - Sua conformação:
anterior 70%
posterior 30%
SEGUNDA FASE: PORCO TIPO BANHA - Sua conformação:
anterior 50%
posterior 50%
TERCEIRA FASE: PORCO TIPO CARNE - Sua conformação: anterior 30%
posterior 70%
IMPORTÂNCIA DOS SUÍNOS NO MUNDO E NO BRASIL:
RANKING DE CONSUMO:
1º CHINA – 43.856.000 toneladas em 2003*
2º UNIÃO EUROPÉIA – 16.940.000 toneladas em 2003*(1)
3º ESTADOS UNIDOS – 8.733.000 toneladas em 2003*(2)
4º JAPÃO – 2.380.000 toneladas em 2003*
5º RÚSSIA – 2.304.000 toneladas em 2003*
(1) consumo médio de 43Kg per capita.*
(2) consumo médio de 30,5Kg per capita.*
4º BRASIL - consumo de aproximadamente 12,5Kg de carne suína por habitante por ano*.
O rebanho encontra-se espalhado por todo território nacional, destacando-se principalmente os
estados do Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, São Paulo, Mato Grosso do
Sul e Goiás.
*Fonte: Associação Brasileira de Criadores de Suínos.
AS CAUSAS DO BAIXO CONSUMO:
• Hábito alimentar - a carne mais consumida no Brasil é a bovina, seguida da carne de
frango; existe também uma certa restrição por parte da população quanto ao consumo
de gordura animal;
• Má qualidade da carne - apenas 60% da produção de carne suína no Brasil é
industrializada, ocorrendo ainda a comercialização de muitas carcaças clandestinas,
aumentando o risco da saúde da população e da criação de animais não especializados
para a criação (porco tipo banha)
VANTAGENS DA SUINOCULTURTA:
• Pequenas áreas para as instalações;
• A alimentação dos suínos é barata, pois grande parte dela não compete com a
alimentação humana, utilizando-se muito de subprodutos da indústria e agricultura;
• Pode-se dispor de alimentação alternativa;
• Grande utilização dos subprodutos dos suínos: esterco, vísceras, cerdas, produção de
biogás, órgãos para transplantes em seres humanos, etc.
LIMITAÇÕES DA SUINOCULTURA:
• Mercado competitivo;
• Problemas com doenças, ocorrendo mortalidade do nascimento até o desmame da
ordem de 25 a 35%;
• Alto investimento com as instalações;
• Alta mortalidade embrionária (40%)
IMPORTÂNCIA ECONÔMICA DA CRIAÇÃO DE SUÍNOS:
RÁPIDO RETORNO DO CAPITAL, EM FUNÇÃO DA FISIOLOGIA DO ANIMAL:
• Reproduz com 7 a 8 meses;
• Período de gestação de 114 dias;
• Desmame de 30 a 35 dias;
• Abate com 5 a 6 meses;
• Obtenção de 2 a 2,3 partos por ano
PROLIFICIDADE:
• Porca: 18 a 20 leitões por ano;
• Vaca: 1 bezerro por ano;
• Égua: 1 potro por ano;
• Ovelha: 2 cordeiros por ano;
• Cabra: 5 cabritos em 3 partos por 2 anos.
RENDIMENTO DE CARCAÇA:
• Suíno: 75 a 83% (junto com a pele);
• Bovino: 50 a 60%
• Ovino: 45 a 55%
BOA CONVERSÃO ALIMENTAR:
• 3,5 Kg de ração para 1Kg de peso corporal. O ideal é trabalhar com raças e linhagens
que consigam converter de 2,8 a 3,0 Kg de ração em 1Kg de peso corporal.
IMPORTÂNCIA ECONÔMICA EM TERMOS DE PRODUTIVIDADE DA FÊMEA SUÍNA:
• Nº de leitões vivos nascidos vivos por leitegada
9,5 leitões
• Nº de leitegadas por porca por ano
2,3 leitegadas
• Nº de leitões desmamados por leitegada
8,5 leitões
• Nº de leitões desmamados por porca por ano
16 a 20 leitões
• Idade de desmama
30 a 35 dias
• Peso de abate
90 a 100Kg
• Nº de leitões terminados por leitegada
8 leitões
• Idade de abate
5 a 6 meses
• Conversão alimentar - leitões de 2 meses(20-35Kg)
2,5:1
• Conversão alimentar - leitões de 3 meses(35-55Kg)
3,0:1
• Conversão alimentar - leitões de 4 meses(55-75Kg)
3,5:1
• Conversão alimentar - leitões de 5 meses(75-100Kg)
4,0:1
• Moralidade
30 a 35%
• Intervalo entre partos
156 dias
Período de Gestação
Lactação
Cobertura Fértil
Intervalo Entre Partos
114 dias
35 dias
7 dias
156 dias ou 2,3 partos por ano
CARACTERÍSTICAS DO SUÍNO DOMÉSTICO
NOMES DADOS
MACHO ADULTO: Reprodutor; Cachaço; Varão.
FÊMEA ADULTA: Porca.
CRIAS MACHO: Leitões; Marrotes.
CRIAS FÊMEAS: Leitoas; Marrãs.
CASTRADOS: Capados; Capadetes.
DENTIÇÃO: os suínos são animais difiodentes (duas dentições). A primeira dentição com
32 dentes, sendo 6 incisivos, 2 caninos e 8 molares, na parte superior e inferior. A segunda
dentição com 44 dentes, sendo 6 incisivos, 2 caninos, 8 pré-molares e 6 molares, na parte
superior e inferior. A dentição completa é observada quando nascem 8 dentes pontiagudos por
volta dos 18 meses de idade. Os pré-molares aparecem com 5 meses de idade.
LONGEVIDADE: apresenta 4 a 4,5 anos de vida reprodutiva, mas pode viver até os 10
anos. Apesar disto, os suinocultores mais modernas chegam a praticar uma taxa de reposição
mensal de 4%, o que representa 48 novas matrizes para cada 100 matrizes da granja por ano.
APARELHO DIGESTIVO: são animais Monogástricos.
FREQUÊNCIA CARDÍACA: 60 a 120 batimentos por minuto.
FREQUÊNCIA RESPIRATÓRIA: 28,7 movimentos respiratórios por minuto. Na fêmea em
gestação chega a atingir 41 movimentos respiratórios por minuto.
TEMPERATURA CORPORAL: de 38,7 a 39,8ºC. Média de 39,2ºC.
PRINCIPAIS RAÇAS
CLASSIFICAÇÃO DAS RAÇAS:
QUANTO AO PERFIL FRONTO-NASAL:
• Perfil Retilíneo (ex: Large Black)
• Perfil Sub Côncavo (ex: Duroc e Hampshire)
• Perfil Côncavo (ex: Large White e Landrace)
• Perfil Ultra Côncavo (ex: Berkshire)
QUANTO AO TAMANHO E ORIENTAÇÃO DAS ORELHAS:
• Tipo Asiático: orelhas curtas, pontiagudas e levantadas. Origem: Continente Asiático.
Exemplos: Large White, Berkshire e Hampshire.
• Tipo Ibérico ou Mediterrâneo: orelhas medianas (aprox. 15 cm), dirigidas para frente.
Exemplo: Duroc e Polland China.
• Tipo Céltico: orelhas grandes, para frente e descendentes (aprox. 25 a 30 cm), cobrindo
os olhos. Exemplo: Landrace, Large Black e Wessex.
PRINCIPAIS RAÇAS CRIADAS NO BRASIL:
RAÇAS ESTRANGEIRAS (TIPO CARNE)
RAÇA LANDRACE
• Origem: Dinamarca;
• Características: pelagem branca, pele despigmentada, orelhas célticas (caídas), lombo
comprido e reto, fêmea com 7 a 8 pares de tetos funcionais, pernis amplos e cheios,
apresenta problemas nos cascos e em conseqüência com aprumos.
RAÇA LARGE WHITE OU YORKSHIRE
• Origem: Inglaterra;
• Características: pelagem branca, pele despigmentada, comprimento médio, orelhas
curtas e eretas, costelas bem arqueadas, raça bastante prolífera, precoce e rústica,
apresenta bons cascos e em conseqüência bons aprumos.
RAÇA WESSEX
• Origem: Inglaterra;
• Características: pelagem preta com faixa branca, extremidades posteriores e cauda
pretas, orelhas caídas (célticas);
RAÇA HAMPSHIRRE
• Origem: Estados Unidos;
• Características: pelagem preta com faixa branca, orelhas pequenas e eretas (asiática),
macho muito utilizado para cruzamentos.
RAÇA TAMWORTH
• Origem: Inglaterra;
• Características: Pelagem vermelha, orelhas eretas, boa produção de carne.
RAÇA POLLAND CHINA
• Origem: Estados Unidos. Originou de cruzamento de porcos poloneses com porcos
chineses;
• Características: pelagem escura, orelhas médias, raça produtora de bom toucinho.
RAÇAS NACIONAIS
As raças nacionais são bastante rústicas, do tipo banha, quase não utilizadas nas criações
especializadas, mas ainda muito encontradas em pequenas propriedades e em criações
domésticas.
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RAÇA PIAU - pele branco-creme com manchas pretas;
RAÇA CANASTRA - pele preta;
RAÇA NILO - pele preta;
RAÇA TATU - pele preta;
RAÇA PIRAPITINGA - pele preta;
RAÇA CARUNCHO - pele vermelha;
RAÇA SOROCABA - originada de um triplo cruzamento entre Duroc, tamworth e
caruncho, originando um animal rústico com tendência a tipo carne.
CRUZAMENTOS
Os cruzamentos visam aproveitar as características das raças envolvidas e somar estas
características ao produto gerado, obtendo melhor resultado no ganho de peso dos leitões, ou
aumentando a sua rusticidade ou até melhorando a prolificiade das matrizes originadas, dentre
outras vantagens.
CRUZAMENTOS SIMPLES MAIS RECOMENDADOS:
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♂ Duroc com ♀ Landrace (>brancos) = produtos (F1)para o abate;
♂ Hampshire com ♀ Landrace (>brancos) = produtos(F1) para o abate;
♂ Duroc com ♀ Large White (>brancos) = produtos (F1) para o abate;
♂ Hampshire com ♀ Large White (>brancos) = produtos (F1) para o abate;
♂ Landrace com ♀ Large White (todos brancos) = produtos (F1) para o abate;
♂ Large White com ♀ Landrace (todos brancos) = produtos (F1) para o abate;
♂ Duroc com ♀ Wessex (todos pigmentados) = produtos (F1) para o abate;
♂ Landrace com ♀ Wessex (todos brancos) = produtos (F1) para o abate.
CRUZAMENTOS TRIPLOS (TRICROSS) MAIS USADOS:
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♂ Duroc com ♀ Large White = (F1) produto ♀ com ♂ Landrace (>brancos);
♂ Duroc com ♀ Landrace = (F1) produto ♀ com ♂ Large White (>brancos);
♂ Hampshire com ♀ Large White =(F1) produto ♀ com ♂ Landrace (>brancos);
♂ Hampshire com ♀ Landrace =(F1) produto ♀ com ♂ Large White (>brancos);
♂ Duroc com ♀ Large White = (F1) produto ♀ com ♂ Wessex (> pigmentados);
♂ Duroc com ♀ Landrace =(F1)produto ♀ com ♂ Wessex (todos pigmentados);
PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DO PORCO TIPO CARNE:
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Preferência do mercado consumidor;
Peso de abate em torno de 90 a 100Kg com 5 a 6 meses de idade;
Boa Conversão Alimentar (350 Kg de ração para produzir 100 Kg de peso vivo);
Ótima qualidade de carcaça:
• Espessura do Toucinho máxima de 3,5cm.
• Área do olho do lombo de 22cm².
• Comprimento de carcaça mínimo de 75cm.
• Menor custo de produção, quando comparado com o tipo banha.
• Produz pouca gordura, que é um produto tardio.
• A carne é mais nobre.
• QUADRO: Características do Porco Tipo Carne e do Porco Tipo Banha:
CARACTERÍSTICAS
TIPO CARNE TIPO BANHA
Idade de abate (meses)
5a6
12 a 24
Conversão Alimentar (Kg)
3 a 3,5:1
8 a 10:1
Peso de Abate (Kg)
90 a100
120 a 150
Espessura do Toucinho (cm)
2,8 a 3,5
10 a 15
Número de Leitões por porca por leitegada
10 a 12
5a7
Tempo de Permanência nas Instalações (meses)
5a6
12 a 24
REPRODUÇÃO DOS SUÍNOS
A espécie suína é MULTÍPARA, ou seja, tem vários filhotes por parto. É Poliéstrica Anual,
apresentando um Ciclo Estral a cada 21 dias. As leitegadas são numerosas (8 leitões vivos no
mínimo por parto). O Período de Serviço é curto (intervalo entre o parto e o primeiro cio fértil),
possibilitando a fêmea conseguir 2 a 2,5 partos por ano, representando de 16 a 20 leitões
desmamados por ano.
APARELHO REPRODUTOR:
FEMININO: dois ovários funcionais, corpo do útero, cornos uterinos (são longos e
tortuosos, onde os embriões se desenvolvem), cérvix ou colo uterino, vagina e vulva.
Amadurecem em média de 15 a 18 óvulos por ciclo, e os espermatozóides do macho duram em
média 30 horas dentro do aparelho reprodutor feminino.
MASCULINO: dois testículos e um pênis que apresenta um formato de "saca-rolhas";
a cobertura é demorada, e o volume de sêmen pode chegar a até 1 litro por ejaculação nos casos
de reprodutores mais adultos.
PUBERDADE:
Ocorre com 5 a 5,5 meses. Quando os animais são destinados a reprodução, ocorre a
separação dos sexos já nos 4 meses de idade.
IDADE PARA A REPRODUÇÃO:
As fêmeas iniciam a vida reprodutiva com cerca de 7 a 8 meses de idade. Existem outros
dois parâmetros importantes que são o peso vivo no período, que deve estar em torno dos 110Kg,
e estar no segundo ou terceiro cio.
Os machos são um pouco mais tardios, devendo começar aos 9 meses de idade.
CICLO ESTRAL:
Duração de 21 dias. Segue abaixo as fases:
•
•
PROESTRO: fase de proliferação. Fase do desenvolvimento dos folículos de Graaf ou
ovarianos; O hormônio Estrógeno desencadeia o início da atividade psíquica do cio.
Dura cerca de dois dias.
ESTRO ou CIO: fase ovulatória, de maturação dos óvulos, ocorrendo a ruptura dos
folículos e assim acontecendo a ovulação. Dura de dois a três dias. É a fase onde a
fêmea aceita o macho para o acasalamento ou cobertura.
•
•
Os sintomas da fêmea em cio: Sensível ao toque de imobilização (ela fica parada)
quando se coloca a mão ou se monta no dorso do animal; perda de apetite; urina
constante; a fêmea monta e deixa ser montada; apresenta corrimento vaginal cristalino e
vulva entumecida.
METAESTRO: fase pós-ovulatória, quando ocorre a formação do Corpo Lúteo (atuação
do hormônio Progesterona). Dura dois dias.
DIESTRO: fase de repouso. Se ocorreu a cobertura no CIO e a fecundação dos óvulos,
ocorre a gestação, que dura 114 dias. Não ocorrendo a fecundação, acontece a
involução do Corpo Lúteo, cessando a ação do hormônio Progesterona e o aparelho
reprodutor feminino entra em descanso por 14 dias.
Se a porca não fecundar em 3 cios, ela deve ser descartada.
ALGUNS DADOS DE DESEMPENHO REPRODUTIVO
• Mortalidade embrionária de 30%. Desconhece-se a causa, por isso deve-se contornar o
problema através do melhoramento genético.
• Leitões natimortos de 3 a 8%.
• Peso dos leitões ao nascer de 1300 a 1400 g.
• Intervalo entre partos de 156 dias.
• Vida útil reprodutiva da fêmea na granja de até 3 anos e o macho de até 5 anos.
TIPOS DE CIOS
• CIO SILENCIOSO: ocorreu o cio e a porca não manifestou os sintomas psíquicos,
acontecendo dois cios consecutivos, perfazendo um intervalo de 42 dias. Esta situação é
indesejável, devendo descartar a porca.
• CIO POST PARTUM: pode ocorrer de 2 a 4 dias após o parto, mas é infértil.
• CIO NA LACTAÇÃO: apresenta sintomas, é fértil, mas não é recomendada a cobertura. Pode
ocorrer, mas não é sempre.
• CIO APÓS O DESMAME: ocorre entre o 5º e o 14º dia após o desmame. Este cio deve ser
aproveitado.
NÚMERO MÁXIMO DE COBERTURAS DOS REPRODUTORES
Deve-se respeitar um número máximo de coberturas feitas pelo cachaço para que não ocorra a
queda de fertilidade da granja. Reprodutores jovens, ou seja, menores de 15 meses de idade,
devem executar no máximo 25 coberturas mensais, ou 8 coberturas semanais ou 2 coberturas
diárias. Reprodutores acima de 15 meses, considerados adultos, podem executar até 35
coberturas mensais, ou 12 coberturas semanais ou 2 coberturas diárias. A relação do número de
fêmeas para cada reprodutor vai depender da idade do mesmo:
Idade do Reprodutor
8 a 12 meses
12 a 15 meses
Acima de 15 meses
Número de Fêmeas para cada Reprodutor
10
15
20
INSTALAÇÕES, CONSTRUÇÕES E EQUIPAMENTOS.
NECESSIDADES AMBIENTAIS
•
TEMPERATURA: ao nascerem, os leitões ainda não apresentam seu sistema
termorregulador totalmente desenvolvido, o que exige, principalmente nas primeiras
semanas de vida, uma fonte artificial de calor, como uma campânula ou um piso térmico.
Abaixo, as temperaturas médias de conforto para os suínos de acordo coma idade.
CATEGORIA
Leitões de 0 a 1 semana de idade
Leitões de 1 a 5 semanas de idade
Leitões de 5 a 8 semanas de idade
Suínos com 50Kg
Suínos com 100Kg
TEMPERATURA (ZONA DE
CONFORTO)
30ºC
22 a 27ºC
19 a 24ºC
20 a 23ºC
17 a 22ºC
•
UMIDADE RELATIVA: a umidade relativa ideal deve estar em torno de 60 a 70%.
Umidades muito baixas podem provocar dificuldades respiratórias, aumentando o stress
e diminuindo o consumo de ração. Umidade elevada favorece o desenvolvimento de
fungos e bactérias, aumentando o risco de doenças nos animais.
•
VENTILAÇÃO: deve apresentar uma boa ventilação. Para isto, deve-se observar o pé
direito das instalações de acordo com as condições climáticas da região.
LUMINOSIDADE: é importante que as instalações permitam que a luz solar atinja por
completo o interior das mesmas. Instalações fechadas devem ser equipadas com
amplas janelas para facilitar a irradiação.
•
•
BARULHO: o barulho em excesso provoca stress nos animais, principalmente nos
filhotes, nas porcas no final da gestação e em lactação, e nos porcos em terminação.
Estes fatos são muito importantes quanto a escolha do local para as instalações.
FATORES A SEREM CONSIDERADOS NA IMPLANTAÇÃO DE UMA SUINOCULTURA:
• PROPRIEDADE: localização; capital disponível; local plano, drenado, adequado de
acordo com a região; estradas trafegáveis; próxima a grandes centros consumidores e
fornecedores de matéria prima.
• ORIENTAÇÃO: as instalações devem estar dispostas na direção LESTE-OESTE quanto
ao comprimento das mesmas.
• PLANEJAMENTO: o planejamento inicia-se com a elaboração de um fluxograma de
produção, para definir uma logística nas instalações e otimizar o uso das mesmas. De
uma maneira geral, as instalações são agrupadas em 3 grandes blocos, definindo o
bloco 1 da reprodução, o bloco 2 da cria e o bloco 3 da recria e terminação. No bloco 1,
as fêmeas jovens entram no sistema, quando atingem a idade de reprodução são
servidas pelo cachaço. Se não conseguem emprenhar depois de duas tentativas, são
descartadas. Se emprenharem antes do parto, seguem para o bloco 2 , para a
maternidade. As crias vão para a creche após o desmame e as fêmeas retornam para o
bloco 1. Após criados, os leitões seguem para o bloco 3, onde são recriados e
terminados, saindo do sistema. As fêmeas e os reprodutores podem sair do sistema
assim que seus índices zootécnicos caírem.
NÚMERO DE ANIMAIS POR CATEGORIA E POR BAIA:
CATEGORIAS
PESO VIVO (Kg)
ANIMAIS POR BAIA
Leitões desmamados
4 a 11
20 a 30
Suínos em crescimento
11 a 18
20 a 30
18 a 45
20 a 30
Suínos em terminação
45 a 68
10 a 15
10 a 15
Leitoas cobertas (gestação)
12 a 15
Porcas cobertas (gestação)
10 a 12
•
CONSTRUÇÕES:
MATERNIDADE INTENSIVA: esta instalação é equipada com as gaiolas de parição.
São estruturas metálicas que mantém as porcas alojadas isoladamente, cada uma com
seus láparos. A área das porcas e dos láparos é dividia pêlos escamoteadores, que
formam nas laterais das gaiolas os abrigos dos leitões para que a fêmea não esmague
as crias na hora de deitar-se. O escamoteador permite o acesso dos leitões por toda a
gaiola, facilitando para os mesmos nas horas de amamentação. As gaiolas têm largura
média de 1,2 m, distribuindo 0,4 m de cada lateral para os leitões e 0,8 m no centro para
a porca. As laterais onde ficam os leitões são equipadas com campânulas ou pisos
térmicos para mantê-los aquecidos.
CRECHE: é o alojamento dos leitões vindos da maternidade (leitões desmamados).
Permanecem na creche até atingirem de 20 a 25 Kg de peso vivo. O grupo ideal para
criação é de 16 leitões por baia, podendo chegar até a 30 por baia, dependendo da
qualidade e tipo de creche, e da qualidade sanitária da mesma. A área para cada leitão
é de 0,55 m² em creches de piso sólido e 0,35 m² em instalações suspensa com piso
ripado ou parcialmente ripado.
RECRIA: é o abrigo dos leitões de 20 a 25 Kg de peso vivo, vindos da creche.
Permanecem nesta instalação até atingirem de 50 a 60 Kg de peso vivo. O grupo ideal
para a criação é de 15 a 25 animais por baia, podendo chegar até 30. A área para cada
leitão é de 0,85 m² em instalações com piso sólido e 0,50m² em instalações suspensas,
com piso ripado ou parcialmente ripado. Esta instalação deve equipar-se de piquetes
para os animais, com área útil de 25m² por leitão.
TERMINAÇÃO: é a instalação dos animais de 50 a 50 Kg, vindos da recria.
Permanecem nesta até atingirem 90 a 100Kg de peso vivo, o que deve coincidir com
150 a 180 dias de idade. O grupo ideal é de 15 a 20 animais por baia, podendo chegar a
25 cabeças. A área para cada animal é de 1,0 m² em instalações com piso sólido e 0,90
m² em estruturas suspensas, com piso ripado ou parcialmente ripado.
PRÉ COBRIÇÃO: é uma instalação também denominada área de descanso das fêmeas
vindas da maternidade, onde as mesmas ficam descansando de 14 a no máximo 28
dias, aguardando a manifestação de cio e ser novamente coberta pelo cachaço. É
formada por baias com 1,8 m² por fêmea em piso sólido ou 1,4 m² em piso ripado ou
parcialmente ripado. Esta instalação também pode ser substituída por piquetes de 20 a
25 m² por porca.
GESTAÇÃO: nesta instalação, as porcas prenhes são alojadas em gaiolas individuais ou
baias com 20 animais e no máximo 30. A área disponível nas baias possui as mesmas
dimensões das baias da instalação de pré cobrição.
CACHAÇO: as instalações para os cachaços podem ser formadas por piquetes
individuais de 200 m² com abrigo de 6 m², ou, em confinamento de 3 m por 3 m em piso
sólido ou 2 m por 3 m em piso ripado.
QUARENTENÁRIO: local de abrigo dos animais suspeitos de doenças, em tratamento
ou originados de outras criações para integração. Deve ser construído afastado pelo
menos 100 m das outras instalações e abrigar até 10% do número de animais adultos
da criação.
ESCRITÓRIO / FARMÁCIA: local para armazenar medicamentos,
equipamentos e montar o escritório para a administração do criatório.
pequenos
FÁBRICA DE RAÇÃO: em casos de grandes criações, onde a ração é preparada na
propriedade. Esta instalação demanda um elevado investimento e deve ser muito bem
avaliada antes da sua implantação.
BALANÇA: instalada próxima do embarcadouro para uma prévia conferência do peso de
saída dos animais. Outras balanças para o acompanhamento do desenvolvimento dos
suínos nas suas diversas fases.
•
EQUIPAMENTOS
COMEDOUROS: manuais ou automáticos.
BEBEDOUROS: automáticos, tipo taça ou tipo chupeta.
BALANÇAS: de até 30Kg para os leitões e de até 500Kg para os adultos.
CACHIMBO OU PITO: instrumento de contenção dos suínos. É uma argola na ponta de
um cabo que prende o animal pelo focinho. Ideal no momento das vacinações e outros
manejos que exijam contenção.
ALICATE OU MOSSADOR: instrumento de marcação dos leitões (piques nas orelhas).
TESOURA: para corte do cordão umbilical.
GRADE DE MANEJO: também utilizada para a contenção. Trata-se de uma grade móvel
que pode ser utilizada dentro da baia, ou fora, para isolar um animal.
EQUIPAMENTOS DE LIMPEZA: tudo que for de utilidade para promover a melhor
higiene das instalações. A higiene é um importante indicativo da eficiência da criação de
suínos.
MANEJO GERAL DOS SUÍNOS
MANEJO DOS REPRODUTORES: para alcançar uma alta eficiência na criação de suínos,
é muito importante trabalhar atento aos índices técnicos econômicos da criação, ou seja, animais
em constante processo de melhoramento genético, raças ou cruzamentos adequados, observar o
número de leitegadas desmamadas por porca por ano, o peso ao nascer dos leitões, o peso a
desmama, a taxa de retorno do cio das fêmeas, dentre outros.
• CACHAÇO: não deve iniciar a reprodução antes dos 8 meses de idade. Fazer um
rigoroso controle das coberturas, conforme comentado no tópico de reprodução dos
suínos. A alimentação, quantitativamente, não deve ultrapassar 1% do peso vivo do
animal, o que representa em média 2,0Kg de ração por cabeça para animais de até 15
meses e após, até 2,5Kg por dia por cabeça. Na reprodução, a monta sempre deve ser
assistida e às vezes ajudada. Sempre se leva a fêmea a baia do macho.
• MATRIZ: inicia a sua vida reprodutiva com 7 a 8 meses de idade, quando deve estar
pesando cerca de 100 a 120 Kg. São alojadas em gaiolas individuais ou em lotes. As
instalações das fêmeas devem ser construídas próximas as dos machos. As
construções contíguas (uma baia ou gaiola ao lado da outra) facilitam a incidência de
cio. Observar e registrar sempre o intervalo entre partos das fêmeas (devem manter
próximos de 156 dias). O IEP é um importante parâmetro para a permanência ou o
descarte da fêmea.
• COBRIÇÃO: antes de levar a fêmea ao macho, deve-se verificar se a mesma se
encontra no cio, executando o toque de imobilização, que é apertar o dorso ou montar
no dorso da fêmea e ela permanecer imóvel. Nas fêmeas primíparas, faz-se duas
cobrições, sendo uma 12 a 18 horas após a identificação do cio e a segunda cobertura
18 a 24 horas após a primeira cobertura. No caso das porcas, apenas uma cobertura 18
a 24 horas após a identificação do cio.
• GESTAÇÃO: o período de gestação é de 114 dias. Deve-se ter muita atenção com a
alimentação. As marrãs não devem exceder o peso na gestação além de 50Kg, e as
porcas além de 30Kg. As quantidades devem ser determinadas com base em 2% do
peso vivo para as marrãs e de 1 a 1,5% do peso vivo para as porcas.
• PARTO E LACTAÇÃO: 5 a 7 dias antes do parto, deve-se higienizar a porca (água e
sabão). Em seguida levar a porca para a maternidade para a mesma ir se adaptando as
gaiolas de parição. Neste período, deve-se diminuir a quantidade de ração e fornecer
uma ração com até 30 a 40% de fibra bruta. No dia do parto não fornecer ração,
mantendo apenas água a vontade. O parto deve ser assistido. Após o parto a fêmea
entra em lactação.
MANEJO COM OS LEITÕES:
•
CUIDADOS COM OS RECÉM-NASCIDOS: verificar a fonte de aquecimento, utilizando
um termômetro para auxiliar no controle da temperatura. No momento do nascimento,
cortar o cordão umbilical, amarrar e cortar com 2cm; desinfetar com iodo. Limpar e
massagear o leitão com papel toalha. O leitão nasce com dentes, os quais devem ser
cortados com um alicate especial no momento do nascimento para não ferir os tetos da
fêmea. Colocar os leitões para mamar o colostro. A ponta da cauda também deve ser
cortada para evitar o canibalismo. Os leitões são marcados para sua identificação.
O método mais utilizado é o australiano, que consiste em fazer piques nas orelhas dos
leitões com base nas regras a seguir: 1) enumera os animais de 1 a 1599; 2) quando se
faz 3 piques na borda superior da orelha não se faz nenhuma na borda inferior; 3)
sempre iniciar do número maior; 4) os números 100, 200, 400 e 800, marca-se apenas
uma vez; 5) os números 3 e 30, marca-se até 3 vezes; 6) os números 1 e 10, marca-se
até 2 vezes. Acompanhamento da amamentação dos leitões. Verificar o peso dos leitões
ao nascer.
•
MANEJO DOS LACTENTES: promover a enxertia - trata-se de uniformizar as crias
quanto ao peso e ao número; deve ser feito logo nos primeiros dias. No terceiro dia de
vida, aplicar injeção de ferro (Ferro Dextrano 200mg/Kg), pois os leitões nascem com
carência de ferro e isto pode matá-los. Na natureza eles compensam esta deficiência
comendo terra. No caso de desmame precoce, fazer injeção intramuscular de complexo
vitamínico ADE (40mg/Kg).
Do 7º até o 14º dia, os leitões devem iniciar a ingestão de alimentos sólidos (ração).
Entre o 10º e o 15º dia, aplicar vacina contra o paratifo. A castração dos machos faz-se
com até 15 dias de idade.
DESMAME: dependendo do nível de tecnologia aplicado na criação, pode-se praticar a
desmama precoce com até 21 dias; no Brasil, a desmama varia entre 28, 35 e 42 dias. A
desmama em criações convencionais dá-se aos 56 dias de idade dos leitões.
FASE DE CRESCIMENTO OU RECRIA: compreende o período do desmama até atingir
cerca de 50 a 60 Kg de peso vivo. É o período de melhor conversão alimentar nos
animais. Nesta fase, recebem ração de crescimento a vontade. Quando atingem cerca
de 3 meses de idade são separados por sexo. São mantidos em lotes de 25 a 30
animais por baia. As instalações devem proporcionar boas condições de conforto aos
porcos.
TERMINAÇÃO: fase que começa quando o animal atinge 50 a 60 Kg de peso vivo,
permanecendo até o abate, quando terá cerca de 90 a 100 Kg e 150 a 180 dias de
idade. Neste período, a ração é controlada e do tipo terminação. Encontram-se mais
resistentes aos fatores ambientais.
•
•
•
REPOSIÇÃO DO PLANTEL:
Selecionar 25% dos animais das leitegadas maiores e mais numerosas após o desmame.
Pode-se adotar também o padrão de reposição de 2 fêmeas para cada 3 matrizes. Quanto
mais se trabalha com elevados índices zootécnicos, mais o criador se preocupa com a
reposição do plantel para manter ideal estes índices, principalmente o intervalo entre partos.
Uma taxa média de reposição de 30 a 40% ao ano para contribuir com bons índices
zootécnicos. Uma matriz apresenta até 2,5 a 3 anos de vida útil reprodutiva, chegando a ter
de 5 a 6 partos neste período.
ALIMENTAÇÃO - INFORMAÇÕES BÁSICAS
O objetivo da alimentação é de atender as exigências de manutenção e de produção dos
animais.
Os suínos devem receber a ração parcelada em pelo menos 3 vezes e em horários
distintos, devendo respeitar estes horários como rotina (ex: 6h - 12h -18h). A mineralização
é muito importante para complementar a dieta, além de melhorar o crescimento. A adição
de "temperos", como o sal (15 a 25 g/cabeça/dia), melaço ou açúcar, aumentam o apetite
dos suínos, o qual é voraz quando jovem, mas diminui na fase de terminação. Atenção a
qualidade da ração: rações estragadas ou fermentadas podem causar distúrbios nos
animais, comprometendo a produção., Por se tratar de animais monogástricos e onívoros, a
dieta é basicamente em alimentos concentrados, mas a oferta de fibra na forma de capim,
pasto e outros, melhora o aproveitamento digestivo dos suínos.
Pode-se oferecer a ração seca, o que é melhor, mas o inconveniente está no desperdício
que o suíno provoca, sendo interessante oferecer a ração úmida, com no máximo 70% de
umidade, o que diminui o desperdício. A ração ensopada não deve ser oferecida,
principalmente na terminação, pois compromete a qualidade da carne. Os grãos e alimentos
concentrados grosseiros devem ser oferecidos triturados ou na forma de farinha, devendo
pelo menos umedecer o alimento, como no caso do grão de milho. Com relação ao
fornecimento de gordura, não deve-se alimentar os suínos com altos índices de gordura
vegetal insaturada (óleo), pois compromete a qualidade do toucinho.
ALGUNS ALIMENTOS
• VOLUMOSOS: pasto tenro, cana de açúcar, milho forrageiro, alfafa, capineiras, etc.
• CONCENTRADOS VEGETAIS: farelo de soja, farelo de algodão, raízes (mandioca,
nabo, beterraba, etc.), feijões, tubérculos, resíduos, como a fécula de mandioca e
outros. Não fornecer resíduos de rápida fermentação, como a cevada de cervejaria.
• CONCENTRADOS DE ORIGEM ANIMAL: farinha de ossos, tancage (resíduos de
frigorífico), farinha de carne, farinha de sangue, etc.
Atenção aos excessos de proteína animal, pois podem causar distúrbios digestivos nos
porcos (prisão de ventre). OBS: esses alimentos vem sendo abandonados,
principalmente se os animais são destinados à exportação.
PROGRAMA DE VACINAÇÃO
Confinar suínos é uma atividade que exige, além de controle na higiene, a manutenção do
local sempre limpo. Uma das mais simples providências que alguns criadores tomam é colocar
uma caixa com cal na entrada de todas as instalações: impedirá que haja a propagação de
microorganismos entre as baias, pois desinfeta-se os calçados nos trajetos internos da granja.
Toda vez que um lote de animais deixar a instalação, é preciso limar o local com cuidado:
com água e sabão, ou algum produto comercial desinfetante; depois com um maçarico; pode-se
também aplicar caiação nas paredes. Recomenda-se aguardar de 3 a 5 dias antes de colocar um
novo lote no local.
Este tipo de desinfecção deve ser executado, sobretudo na maternidade, onde se não for
possível deixar o estabelecimento vazio por alguns dias, é bom pelo menos fazer um
revezamento, evitando a colocação consecutiva de duas fêmeas no mesmo boxe.
Deve-se lavar também, periodicamente, os bebedouros e comedouros e verificar se o
sistema de escoamento de fezes está funcionando bem. Ao perceber um porco doente, separe-o
dos demais até que esteja curado. Quando adquirir um novo animal, mantenha-o sozinho por
cerca de três semanas para observar se apresenta algum sintoma de doença e junte-o aos outros
só depois de confirmar seu bom estado de saúde.
É importante vacinar os animais, e para que as vacinas sejam eficazes, deve-se observar à
risca as recomendações do veterinário e do fabricante. Para prevenir o aparecimento das várias
doenças, é preciso uma série de vacinas, o que pode custar caro. Uma forma de baratear os
custos da vacinação é vacinar de acordo com a ocorrência de doenças na região onde está
instalada a criação. Se casos de Leptospirose, por exemplo, são freqüentes na região, a criação
recebe as aplicações específicas contra essa doença. Se a Colibacilose é mais comum, recebem
outro tipo de vacina, e assim por diante. Esse esquema, sem dúvida deixa muito a desejar como
garantia de uma vez por todas à saúde dos animais.
Em todo caso, um criador com recursos limitados pode apelar para esse método na
tentativa de diminuir a perda de animais. Certas doenças, com a Peste Suína, nunca devem ser
deixadas de vacinar, pois mata 100% dos porcos contaminados.
As verminoses e os ácaros causadores da sarna podem ser tratados com medicamentos
receitados pelo médico veterinário, nas dosagens e modo de aplicar indicados por ele.
As principais vacinas para suínos estão nas duas tabelas a seguir, divididas em doenças
provocadas por bactérias e por vírus:
VACINAÇÃO DE SUÍNOS - DOENÇAS BACTERIANAS
DOENÇAS
AGENTES
ETIOLÓGICOS
Escherichia coli
TIPO DE VACINA
RINITE ATRÓFICA
Bordetella
Bronchiseptica
Pasteurella
multocida
Bacterina,
adsorvida em gel
de hidróxido de
alumínio. Existem
vacinas tríplices,
com associação à
erisipela.
ERISIPELA
Erysipeletrix
rhusiopathiae
Bacterina,
adsorvida em gel
de hidróxido de
alumínio.
COLIBACILOSE
Bacterina, com
adjuvante oleoso,
com diferentes
antígenos de E.
coli .
IDADE DE
VACINAÇÃO
A - leitões a partir
de um mês de
idade.
B - Porcas
prenhes já
vacinadas
anteriormente,
uma dose antes
da parição.
C - porcas
primíparas e as
ainda não
vacinadas,
primeira dose um
mês da parição.
A - leitões, filhos
de porcas não
vacinadas,
primeira dose aos
7 dias de idade.
Bprimovacinação
nas primíparas,
primeira a partir
do segundo mês
de gestação.
C - porcas já
vacinadas
anteriormente,
uma dose 2 a 4
semanas antes da
parição.
A - leitões, filhos
de porcas
vacinadas,
primeira dose aos
3 meses de idade.
B - em criações
onde a doença
nunca ocorreu,
vacinar todos os
suínos com mais
de 6 semanas.
C - reprodutores
jovens, após os 6
meses de idade.
DOSE E VIA DE
APLICAÇÃO
2 a 3 ml, via
intramuscular ou
subcutânea de
acordo com a
vacina utilizada.
REVACINAÇÃO
DURAÇÀO DA
IMUNIDADE
6 meses
OBSERVAÇÕES
2 a 3 ml, via
intramuscular ou
subcutânea de
acordo com a
vacina utilizada.
A - segunda dose
aos 21 dias.
B - 2, 5, a 3
semanas antes da
parição.
6 meses
1 - sendo muito
grande a
infestação, deve
ser feito um
tratamento antes
da vacinação.
2 - medidas
preventivas, de
ordem geral, são
importantes.
2 ml via
subcutânea.
A - Segunda
dose aos 9 meses
de idade.
B - segunda dose,
3 semanas após a
primeira.
C - segunda dose,
4 a 6 semanas
após a primeira.
6 meses
1 - em granjas
com animais
terminados, o
controle da
doença pode ser
conseguido com o
tratamento com
penicilina.
2 - porcas
prenhes, uma
dose de reforço, 4
a 2 semanas
antes da parição.
A - 1 a 2 semanas
antes da
desmama.
C - 2 semanas
antes da parição.
1 - os leitões
deverão receber o
colostro, rico em
anticorpos e
proteínas básicas.
2 - são muito
importantes as
práticas de
manejo.
LEPTOSPIROSE
Leptospira
pomona
Leptospira
icterohemorragi
ae
Leptospira
canicola
Leptospira
grippotyphosa
Bacterina inativa
e adsorvida em
adjuvante.
SALMONELOSE
Salmonella
cholerasuis
Salmonella
typhimurium
Bacterina morta
com ou sem
adjuvante
EDEMA MALIGNO
Clostridium
septicum
C. novyi,
tipos A e D
C. perfingens
tipo A
C. perfingens
tipo C
C. chauvoei
Bacterina
inativada,
polivalente,
adsorvida em
emulsão oleosa.
GANGRENA
GASOSA
ENTEROTOXEMIA
CARBÚNCULO
SINTOMÁTICO
A - em criações
onde a doença
ocorre, primeira
dose após a
desmama.
B - marrãs,
primeira dose aos
2 meses antes da
cobertura.
Restantes
reprodutoras,
primeira dose um
mês antes da
cobertura.
A - porcas
prenhes, um mês
antes da data
prevista para a
parição.
B - leitões,
primeira dose
com 3 a 4
semanas de
idade.
C - leitões, duas
doses com15 e 30
dias de idade.
Entre os 3 e 6
meses de idade.
Fêmeas prenhes,
2 a 4 semanas
antes do parto.
2 ml via
subcutânea ou
intramuscular.
A - segunda dose
30 dias após a
primeira.
B - segunda dose
entre a oitava e a
segunda semana
antes da parição.
6 meses
1 - tratamento dos
reagentes com
quimioterápicos.
2 - no caso de
portadores
crônicos, tratar
com
estreptomicina e
tetraciclina.
Dose variável, via
subcutânea.
A - na primeira
semana após o
desmame.
Discutida
1-a
recomendação de
vacinação é para
as criações onde
o problema já foi
diagnosticado.
3 ml, via
subcutânea ou
intramuscular
Anual
12 meses
1 - a vacina
deverá ser
utilizada nas
regiões onde as
enfermidades são
constatadas.
Fonte: Sanidade Suína - Principais Vacinas (Boletim Técnico da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo): Fernão
Brazão N. Farinha, Josete G. Bersano e Maria Helena S. Schotten.
VACINAÇÃO DE SUÍNOS - DOENÇAS À VÍRUS
DOENÇAS
AGENTES
ETIOLÓGICOS
Peste-vírus
TIPO DE VACINA
DOENÇA DE
AUJESZKY
Herpes-vírus
Cepas
selecionadas em
cultivo inativadas,
com adjuvante
oleoso.
PARVOVIROSE
Parvovirus suíno
Vírus inativado,
cultivado em
células de suíno,
com adjuvante.
FEBRE AFTOSA
Vírus O-A-C
Inativada,
trivalente,
elaborada com
vírus adaptado ao
suíno,
emulsionada em
óleo mineral.
PESTE SUÍNA
Vírus modificado,
cepa China, em
cultivo de células
renais de suínos
ou carneiro.
IDADE DE
VACINAÇÃO
A - leitões de
porcas vacinadas,
a partir dos 2
meses de idade.
B - Leitões de
porcas não
vacinadas, a partir
das duas
semanas de
idade.
C - fêmeas
prenhes, entre os
70 e 90 dias de
gestação.
A - Vacinação
Básica: todos os
suínos da
propriedade, com
mais de 1 mês de
idade.
B - leitões, filhos
de porcas
vacinadas,
primeira dose n a
quarta ou quinta
semana de idade.
C - Matrizes com
4 a 2 semanas
antes do parto.
A - leitoas, 2 a 3
semanas antes da
primeira
cobertura.
B - Porcas, 2 a 3
semanas antes da
cobertura.
C - cachaços
entre os 6 e 7
meses de idade.
Leitões, a partir
de 2 meses de
idade.
DOSE E VIA DE
APLICAÇÃO
2 ml via
intramuscular.
REVACINAÇÃO
DURAÇÀO DA
IMUNIDADE
1 ano
OBSERVAÇÕES
1 a 2 ml
intramuscular.
A - segunda dose,
seis semanas
após a primeira.
B - segunda dose
com 10 a 12
semanas de vida.
C - segunda dose
um mês após a
primeira
6 meses
Vacinação sujeita
ao controle do
Ministério da
Agricultura.
Animais de
granjas que
comercializam
reprodutores não
devem ser
vacinados.
2 ml, via
intramuscular ou
subcutânea.
Anual
1 ano
3 ml via
intramuscular
profunda, atrás da
orelha.
A cada quatro
meses para
reprodutores.
Inicia-se 7 dias
após a vacinação
e permanece por
4 meses.
A - porcas
reprodutoras, uma
dose de reforço
um mês antes da
data prevista para
a cobertura
B - aos 5 meses
de idade.
C - anual.
Animais
introduzidos na
criação, vacinar
no período de
quarentena.
Para animais de
corte, uma única
aplicação aos 2
meses de idade.
Fonte: Sanidade Suína - Principais Vacinas (Boletim Técnico da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo): Fernão
Brazão N. Farinha, Josete G. Bersano e Maria Helena S. Schotten.
ALGUMAS INFORMAÇÕES SOBRE CUSTOS
Estabelecer dados precisos sobre custos de implantação e execução de uma suinocultura,
ou apresentar dados comparativos entre diferentes sistemas de criação deve ser feito com muito
critério, pois os elementos que compõem o os sistemas variam muito de acordo com a região e a
situação levantada ( mão de obra, alimentação, materiais, equipamentos, etc.). Segundo a
EMBRAPA de Concórdia, SC, a suinocultura é um dos segmentos pecuários mais importantes do
Brasil, sendo a atividade conduzida principalmente em pequenas propriedades, e está associada
ao cultivo do milho, que representa cerca de 80% do custo da ração para suínos.
Os custos de implantação de uma suinocultura totalmente confinada podem chegar a até
US$ 2,000.00 por matriz alojada, ou a US$ 630.00 em sistemas semi confinados. Apesar de mais
econômicos, o que determina o sistema a ser implantado, certamente são as condições climáticas
do local e o nível de tecnologia que será aplicado na criação.
A EMBRAPA de Concórdia, SC, realizou um estudo comparativo entre dois sistemas de
criação, considerando um alto nível tecnológico em ambos e mesmas condições climáticas, assim
dimensionados: agregou-se a ambos uma fábrica e depósito de ração em 25m². O primeiro
sistema de criação é totalmente confinado (aqui denominado sistema A) e foi considerado como
uma construção em alvenaria com 135 m², cobertas com telhas de barro do tipo francesa, uma
sala de maternidade com 4 celas parideiras e 4 baias de gestação com 8,75 m² cada, e duas
baias para reprodutores de 5,25 m² cada, uma fábrica e depósito de ração e uma esterqueira de 3
x 4 x 3 m, com capacidade para 36 m³ de dejetos. o segundo sistema (aqui denominado sistema
B) que apresenta parte das instalações ao ar livre, foi concebido com 13 piquetes, sendo 3 de
gestação, com 2.310 m² cada, um piquete de pré-cobrição, um para alojar o reprodutor com 666
m² cada, e 8 piquetes de maternidade com 643 m² cada. Não foi considerado o custo da utilização
da terra. Os sistemas comparados alojavam 16 matrizes e um reprodutor cada, e um quadro
abaixo mostra os resultados:
ÍTENS
CUSTO DO
SISTEMA A
(US$)
CUSTO DO
SISTEMA B
(US$)
5,149. 84
195,38
125.96
2,449. 12
475.25
-
560.26
171.28
76.50
1,308. 99
231.70
-
1,063. 47
1,159. 43
SUB TOTAL
8,395. 55
4,571. 63
MÃO DE OBRA
Construção civil
Formação dos piquetes
Elétrica
Hidráulica
Pintura
2,376. 09
79.20
87.12
23.76
211.70
21.17
42.34
21.17
MATERIAL
Material de construção civil
Material para piquetes
Material hidráulico
Material elétrico
Equipamentos
Esterqueira
Material das 2 cabanas de gestação
Material das 9 cabanas (8 de maternidade e 1 do
reprodutor)
Material da fábrica e depósito de ração
Esterqueiras
Cabanas
198.41
-
122.82
SUB TOTAL
2,764. 58
419.20
11,160. 13
697,51
4,990. 83
311.93
CUSTO TOTAL DAS INSTALAÇÕES
CUSTO POR MATRIZ ALOJADA
DEJETOS DOS SUÍNOS
A quantidade de total de dejetos líquidos de suínos produzidos numa granja varia de acordo
com a idade e peso dos animais, cerca de 8,5 a 4,9% de seu peso vivo por dia, para a faixa de 15
a 100 kg. A urina é um dos componentes que influenciam na produção dos dejetos líquidos e que
depende diretamente da ingestão de água pelo animal. Em geral para cada litro de água ingerido
pelo animal resultam em 0,6 litros de dejetos líquidos.
Quadro: produção média diária de dejetos nas diferentes fases produtivas dos suínos.
FASES DE PRODUÇÃO
DOS SUÍNOS
Terminação
Porcas
Porcas em lactação
Macho
Leitões na creche
MÉDIA
ESTERCO
(KG POR
DIA)
2,30
3,60
6,40
3,00
0,35
2,35
ESTERCO MAIS
URINA (KG POR
DIA)
4,90
11,00
18,00
6,00
0,95
5,80
DEJETOS
LÍQUIDOS
(LITROS POR
DIA)
7,00
16,00
27,00
9,00
1,40
8,60
PRODUÇÃO
m³/ANIMAL/
MÊS DE
DEJETOS
LÍQUIDOS
0,25
0,48
0,81
0,28
0,05
0,27
Fonte: Oliveira et al. 1993
O MANEJO ADEQUDO DA ÁGUA NA GRANJA
O sistema de fornecimento de água e o método de higienização das construções são
fatores determinantes da quantidade de dejetos produzidos, sendo de grande importância a
redução da água de limpeza e do desperdício dos bebedouros, bem como evitar a entrada da
água da chuva nas instalações e depósitos de dejetos. A redução do volume de água na limpeza
das instalações pode ser feita através de medidas alternativas de manejo, como a limpeza a seco
e o uso de piso ripado. Em sistemas onde o pis é compacto, deve-se fazer a raspagem a seco,
devendo as instalações possuir um maior número de saídas para os dejetos (três ou mais) o que
facilita a limpeza diária, fazendo-se o uso da água somente na saída dos animais.
A água fornecida aos animais deve ser de boa qualidade (bacteriológica e química) e em
quantidade suficiente para não ocorrer problemas de infecções urinárias, constipação, síndrome
de MMA (metrite, mastitre, agalaxia) e diminuição na ingestão de alimento, prejudicando a
produção.
Quadro: exigências de água dos suínos, de acordo com a fase do ciclo de produção:
CATEGORIA DO SUÍNO
LITROS D'ÁGUA/SUÍNO/DIA
Leitão em aleitamento
0,1 - 0,5
Leitão (7-25kg)
1,0 - 5,0
Suíno (25-50kg)
4,0 - 7,0
Suíno (50-100kg)
5,0 - 10,0
Porcas na maternidade
20,0 - 35,0
Cachaço
10,0 - 15,0
Fonte: Barbari & Rossi, 1992.
A redução do desperdício de água dos bebedouros está relacionado com a escolha correta
do tipo de bebedouro para cada fase do ciclo de produção dos suínos, que deve seguir orientação
técnica para a escolha.
Quadro: tipos de bebedouros e recomendações de emprego para garantir o consumo e
evitar o desperdício, de acordo com a fase de produção dos suínos:
FASE PRODUTIVA
TIPO DE BEBEDOURO
CHUPETA TAÇA CALHA NÍVEL BÓIA
Leitão em aleitamento
X
X
Leitão em fase inicial
X
X
X
Suínos de 25 a 100kg
X
X
Reprodutores e Matrizes
X
X
X
Cachaço
X
X
X
Matriz na maternidade
X
X
X = tipo de bebedouro recomendado / Fonte: Oliveira, 1994.
CONTROLE INTEGRADO DE MOSCAS NA GRANJA
O excesso de moscas encontrado nas granjas de criação de suínos, geralmente é devido
ao manejo inadequado dos dejetos, pois é a fonte de alimento e onde se desenvolvem.
As moscas são decompositoras, atuando ao lado de outros insetos na transformação da
matéria orgânica. Outro fator positivo é que há espécies de moscas que são polinizadoras,
permitindo a multiplicação das plantas, fatores que devem ser levados em consideração ao se
pensar em controle com aplicação específica de inseticidas (controle químico). Juntamente com
estes dois fatores positivos, temos outros negativos de relativa importância, que nos leva a
utilização do controle integrado.
O mais importante deles é a capacidade das moscas em carregar agentes causadores de
doenças, como bactérias, ovos de endoparasitas, protozoários e vírus. Ainda, as moscas podem
transmitir doenças como a ferida de verão ou esponja, causada por um verme que vive uma parte
da sua vida no corpo da mosca. Também há o incômodo causado pelas moscas ao produtor no
seu dia-a-dia de trabalho numa granja infestada de moscas. E no que se refere aos animais,
existe espécies que se alimentam de sangue, como a mosca do estábulo (Stomoxys calcitrans)
que promove um incômodo aos animais, resultando na diminuição de leite das porcas, lesões nas
tetas, levando à diminuição da produção com prejuízos para o produtor.
No controle integrado, temos o controle mecânico, de menor custo, que consiste em
medidas permanentes de controle que são: não deixar dejetos acumulados nas calhas ao lado das
instalações (não havendo calhas) e embaixo das instalações, e ainda manter os dejetos
totalmente cobertos com água nas calhas (não sendo possível, remover os dejetos no mínimo
duas vezes por semana).
Todo dejeto sólido que não for utilizado dentro de dois dias, deve ser amontoado em local
alto e seco, sendo coberto com lona plástica.
Outras medidas que fazem parte do controle mecânico, seria a prática de se enterrar ou
colocar, em fossa aberta no chão e coberta, os animais mortos e outros resíduos da criação de
suínos, bem como a utilização de telas nas portas e janelas de ambientes onde se manuseia
qualquer tipo de alimento, impedindo a alimentação de moscas adultas.
Dentro do controle integrado, há também o controle biológico, feito através de inimigos
naturais das moscas, como ácaros, besouros e outras espécies de moscas, que se alimentam de
ovos e larvas de moscas domésticas e varejeiras. O Bacillus turingiensis variedade israelensis é
uma bactéria tóxica para as larvas de moscas, sendo inócua para os insetos úteis, isolada em
laboratório, para uso em controle integrado, que já se encontra no mercado, porém ainda com um
custo elevado.
Existe também a participação de galinhas no controle integrado das moscas.
O controle químico, através da aplicação de inseticidas visando o controle dos insetos
adultos, vem sendo utilizado, porém os produtores na ânsia de ver os insetos mortos, o fazem de
maneira incorreta e indiscriminada, levando as moscas a criarem resistência aos inseticidas, e
ainda, a custo elevado. Isso se deve ao fato dos produtores não tomar medidas, cuidados
necessários, para impedir a multiplicação desses insetos nos dejetos.
Produtos na forma de larvicidas e inibidores do crescimento podem ser úteis no esquema de
controle integrado de moscas na granja, quando aplicados de maneira correta com
acompanhamento técnico, apesar dos custos elevados destes inseticidas.
TRATAMENTO DE DEJETOS DE SUÍNOS NA GRANJA
No tratamento de dejetos de suínos, há duas etapas: o tratamento físico e o tratamento
biológico.
O produto final, o dejeto tratado, tem um destino nobre, que é a utilização como adubo para
as diversas culturas. O uso do dejeto, como complemento na alimentação de bovinos, peixes e
outros animais, vem sendo abandonado pelos riscos como a intoxicação por excessos na dieta, a
contaminação com resíduos de medicamentos nas fezes e a não aceitação da carne para
exportação de animais alimentados com qualquer resíduo de origem animal. E também, após a
redução da carga orgânica, objetivo maior do tratamento, o descarte dos efluentes nos rios e
mananciais d'água.
TRATAMENTO FÍSICO
SEPARAÇÃO DAS FASES (SÓLIDA E LÍQUIDA) DOS DEJETOS: os processos de
separação das fases podem ser: Decantação, Peneiramento e Centrifugação.
No processo de decantação, um volume de dejetos é armazenado em reservatório por
tempo determinado, para que a fase sólida se decante, ocorrendo a separação das fases. Existem
tanques de decantação de fundo inclinado e de fundo plano. O dimensionamento desses tanques
devem ser feitos com acompanhamento técnico, uma vez que dependem da vazão do efluente e
velocidade de sedimentação das partículas para o cálculo da área do tanque.
O peneiramento também promove a separação das fases, obtendo-se duas fases bem
distintas, uma líquida e outra sólida, porém com uma eficiência menor de remoção dos sólidos em
relação aos decantadores. No mercado, encontram-se dois tipos de peneiras: as vibratórias e as
rotativas.
A centrifugação é um processo que usa a força gravitacional para a separação das fases,
com capacidade de separar grande parte da matéria em suspensão. Pode ser do tipo horizontal,
cilindro rotativo ou cônico, com diferentes velocidades.
Como processo de tratamento, ainda pode-se citar a separação química, através da adição
de produtos químicos, como o Sulfato de Alumínio, Sais de Ferro e Hidróxido de Cálcio ou Óxido
de Cálcio. Este método não é apropriado para a remoção de compostos orgânicos solúveis e sim
compostos inorgânicos insolúveis na forma de precipitados insolúveis.
DESIDRATAÇÃO: a desidratação dos dejetos é a redução do teor de umidade da massa de
dejetos, podendo ser feita através da secagem natural em terreiro cimentado ou em esterqueiras;
adição de materiais absorventes, ou seja, materiais com grande capacidade de absorção de água
como os materiais utilizados como cama de animais (maravalhas e serragem de madeira, sabugo
de milho picado, etc.)
TRATAMENTO BIOLÓGICO:
No tratamento biológico vai ocorrer a decomposição da matéria orgânica, que pode ocorrer
por dois processos: na presença de oxigênio (aeróbio) e na sua ausência (anaeróbio).
COMPOSTAGEM: A compostagem é um processo de decomposição aeróbia, em que a
ação e interação de microorganismos em condições favoráveis de temperatura, umidade, aeração,
pH, tipos de compostos orgânicos e nutrientes disponíveis, permitirá a produção de um adubo
orgânico de qualidade. É técnica promissora que poderá ser adotada em algumas propriedades
que diversificam a produção agrícola.
As palhadas de culturas (cana, café, arroz, milho, feijão), sobras de capineiras, etc.,
associadas aos dejetos de suínos, produzirá o composto orgânico. Como regra prática, utilizam-se
duas a quatro partes de restos vegetais (palhadas), material rico em carbono, para uma parte rica
em dejeto de suíno, rico em nitrogênio. Entretanto, sempre que for possível, é aconselhável
analisar, principalmente os teores de carbono, de nitrogênio e de matéria seca dos dejetos e
materiais palhosos, pois essa composição irá refletir na qualidade dos compostos orgânicos
produzidos.
Quadro: Composição das matérias primas (secas a 65ºC) empregadas na produção de
compostos orgânicos.
% do total
MATERIAIS
C
N
P
K
Ca
Mg RELAÇÃO C/N MIST*
Bagaço
48,59 0,72 0,05 0,14 0,97 0,33
68
1,5:1
Palha de café
52,95 1,39 0,10 3,42 0,76 0,11
39
3,0:1
Capim Napier
43,93 1,39 0,16 1,22 0,92 0,29
32
16:1
Dejeto
21,31 1,98 1,99 0,45 6,15 0,59
11
* relação entre materiais palhosos e dejeto líquido de suínos
Fonte: Relatório de pesquisa da EPAMIG/CRZM, 1995.
Os compostos orgânicos produzidos com dejeto líquido de suínos e materiais palhosos
(bagaço de cana de açúcar, palha de café e capim napier picado), fornecem em quantidades
totais, em média, para cada 10 toneladas/há de matéria seca: 160kg de N, 135kg de P2O5, 180 kg
de K2O, 28 kg de S, 234 kg de Ca, 26 kg de Mg e 12 kg de N.
LAGOAS DE ESTABILIZAÇÃO: o sistema de tratamento de dejetos líquidos de suínos
considerado mais econômico é o sistema de lagoas de estabilização, que possui duas fases de
tratamento biológico, a fase anaeróbia e a faz aeróbia.
Os dejetos líquidos a serem tratados no sistema de lagoas de estabilização podem ser do
tipo bruto (dejetos não processados em decantadores e/ou peneiras) ou o líquido resultante da
separação de fases, que neste caso vão exigir lagoas de menor tamanho (volume). O sistema
constitui-se de um conjunto de lagoas em série: As lagoas que compõem o sistema podem ser
classificadas como:
Lagoas anaeróbias
Lagoas facultativas
Lagoas aeróbias com aeração natural
Lagoas aeróbias com aeração mecânica
O sistema de lagoas de estabilização tem duas fases. Na primeira fase, formada por lagoas
anaeróbias, onde não há oxigênio livre, ocorrendo a destruição e a estabilização da matéria
orgânica, desempenhando a função de sedimentadoras, reduzindo a carga orgânica dos dejetos
para posterior tratamento aeróbio. São lagoas que requerem menor área superficial, com
profundidades adequadas para promover as condições de anaerobiose. As profundidades destas
lagoas variam de 3,0 m a 5,0 m.
Na segunda fase podem-se ter as lagoas facultativas, que possuem na região na região
superficial uma fase aeróbia, ocorrendo fotossíntese pelas algas e suprimento de oxigênio da
superfície, na região central uma fase facultativa, e no fundo junto com uma camada de
sedimentos uma fase de anaerobiose, onde é removida uma quantidade adicional de carbono. A
profundidade varia de 1,0 m a 2,5 m, de acordo com as condições do ambiente e tipo de dejeto a
ser tratado.
Quadro: Profundidades recomendadas para lagoas facultativas em relação ao meio
ambiente e o tipo de dejeto:
Profundidade
Ambiente
Tipo de dejeto
recomendada
(m)
1,0
Temperatura alta uniforme
Dejeto pré-sedimentado
1,0 - 1,5
Temperatura alta uniforme
Dejeto sem tratamento
1,5 - 2,0
Moderada variação sazonal da
Dejeto contendo sólidos
temperatura
sedimentáveis
2,0 - 2,5
Ampla variação sazonal da temperatura Dejeto com alta
quantidade de sólidos
sedimentáveis
Fonte: Merkel (1981), citado por Oliveira et al, 1993.
Nesta fase também se podem ter lagoas aeróbias ou aeradas mecanicamente. Lagoas
aeróbias (aeração natural) são lagoas que exigem pouca profundidade e grandes extensões de
áreas, que as torna limitantes e inviáveis economicamente. Já as lagoas aeradas mecanicamente
são aquelas, onde a aeração é induzida por agitação mecânica diretamente na superfície. Estas
trabalham com oxigênio dissolvido mínimo de 1,5 mg/l e possuem profundidades entre 1,8 e 4,5
m.
USO DE DEJETOS COMO FERTILIZANTE:
A matéria orgânica é um fator muito importante para manter o solo produtivo, melhorar suas
propriedades físicas, químicas e biológicas. Uma maneira tradicional de se aumentar ou manter o
teor de matéria orgânica no solo é a adição de resíduos orgânicos provenientes de práticas
agropecuárias, tais como estercos, restos culturais, adubos verdes e composto orgânico.
A composição química dos dejetos de suínos pode apresentar grandes variações, por ser
diretamente dependente do sistema de manejo adotado, composição das rações fornecidas aos
animais e principalmente da quantidade de água em sua composição. Portanto, para se
determinar a quantidade correta de dejetos a ser aplicada no solo é preciso seguir alguns
princípios básicos: primeiro deve-se definir as quantidades de nutrientes existentes, procedendo a
análise do solo e do dejeto a ser utilizado, bem como conhecer as exigências das plantas a serem
cultivadas. Depois de serem feitas as análises, calcula-se a quantidade de dejeto a ser aplicada
com base no teor de nutrientes mais alto. Se necessário, completa-se os elementos em deficiência
com adubação química. O nitrogênio é, entre os demais nutrientes, que exige maiores cuidados,
por ser o elemento que mais está sujeito a transformações biológicas e perdas, tanto no
armazenamento, quanto no solo.
Quadro: composição química de dejetos líquidos de suínos de diferentes regiões
produtoras:
ELEMENTO
UNIDADE
SC
RS
PR
MG
COMPONENTE
Matéria Seca
%
34,00
38,00
4,00
6,00
N
%
2,15
2,32
3,58
1,98
P2O5
%
2,72
4,72
9,50
4,55
K2O
%
0,71
1,95
6,72
0,54
Ca
%
1,95
3,25
3,63
6,15
Mg
%
0,48
0,77
1,50
0,59
O nitrogênio, nos dejetos líquidos de suínos está em grande parte na forma prontamente
disponível para as plantas e também mais sujeito a ser perdido por volatilização de N - NH3 ou
lixiviação de N - NO3. Enquanto o nitrogênio estiver na forma de cátion amônio, a possibilidade de
sua perda por lixiviação é baixa.
Entretanto, em condições normais de solo cultivado, o amônio é oxidado à nitrato, íon de
carga negativa que move-se mais livremente com a água do solo. A lixiviação pode ocorrer se o
nitrato estiver presente em grandes quantidades no solo antes do plantio, quando a cultura não
estiver utilizando este nutriente com rapidez, ou ainda, quando a irrigação ou chuva exceder a
capacidade de retenção do solo e o requerimento de umidade da cultura.
A taxa de nitrificação (passagem da forma amoniacal para a forma nítrica) no solo é afetada
pela taxa de aplicação de nitrogênio, aeração, temperatura e umidade do mesmo. A alternância de
aplicação de resíduos com períodos de repouso permite que grandes cargas de nitrogênio
possam ser dispostas, já que o fornecimento de mais dejeto favorece a desnitrificação (perda de
nitrogênio na foram de N2) do nitrato presente no solo, minimizando os riscos de contaminação de
águas subterrâneas por nitratos.
Na fração sólida dos dejetos líquidos de suínos a quase totalidade do nitrogênio (N)
encontra-se fazendo parte de substâncias orgânicas e, para tornar-se disponível para as plantas,
deve passar pelo processo de mineralização. Estudos comprovaram que 50% do N orgânico
presente nos dejetos sólidos de suínos foi mineralizado num período de 3 semanas. Sendo o
dejeto líquido de suínos rico em nitrogênio, recomenda-se, sempre que possível, a incorporação
do esterco ao solo e, de preferência, nas horas de mais baixa temperatura e insolação, afim de
reduzir as perdas de N por volatilização.
A combinação do fósforo com compostos orgânicos e sua mineralização gradual durante o
ciclo da cultura fazem com que este nutriente fique menos sujeito às reações de adsorção e
fixação pelos óxidos de Fe e Al, material argiloso presente em abundância nos solos de regiões de
clima tropical e que estão associados à fixação do fósforo solúvel dos solos. Estudos comparando
a eficiência agronômica de doses idênticas de fósforo fornecidas por dejetos de suínos e
superfosfato triplo encontra-se maiores teores de fósforo disponível nos solos que receberam
dejeto líquido de suínos como fonte de fósforo.
Além dos macronutrientes essenciais, os dejetos de suínos contém também
micronutrientes, tais como o Zn, Cu, Mn e Fe, devido as suplementações minerais oferecidas aos
animais.
Os métodos de utilização dos dejetos como fertilizante são diversos, pois podem ser
utilizados na forma líquida e sólida, e ainda na forma de composto orgânico, após o processo de
compostagem, com já comentado ser uma das formas de tratamento.
As culturas adubadas com dejetos líquidos de suínos ou com a parte sólida são as mais
diversas (hortaliças, banana, milho, café, cana-de-açucar, capineiras e pastagens), e os
resultados obtidos são bastante satisfatórios, inclusive com economia no gasto com adubos
químicos.
Quadro: produtividade de hortaliças cultivadas com composto orgânico produzido com
dejeto líquido de suínos:
QUANTIDADE
APLICADA
PRODUTIVIDADE
DIFERENÇA
(%)
750kg 4-14-8/há +
60kg N/há
28,21t/há
69,07
40,84t/há
100,00
Composto orgânico
Dejeto seco de suíno
ABÓBORA HÍBRIDA
Sem adubo
60t/há matéria fresca
90m³/há
45,25t/há
54,42t/há
110,80
133,25
-
10,46t/há
100,00
Composto orgânico
72t/há matéria fresca
20,17t/há
192,82
ALFACE
Sem adubo
Adubo químico
BATATA DOCE
Sem adubo
-
31,27t/há
100,00
Composto orgânico
CENOURA
Sem adubo
Adubo químico
90t/há matéria fresca
64,02t/há
204,73
2t 4-14-8/há
47,93t/há
55,62t/há
86,17
100,00
Composto orgânico
Dejeto seco de suíno
60t/há matéria fresca
90m³/há
75,32t/há
75,40t/há
135,41
135,56
Fonte: Relatório de Pesquisa da EPAMIG/CRZM, 1995
Quadro: produtividade de hortaliças cultivadas com dejeto líquido de suínos:
QUANTIDADE
APLICADA
PRODUTIVIDADE
DIFERENÇA
(%)
-
12,75t/há
100,00
Dejeto líquido de suínos
BATATA DOCE
Sem adubo
66m³/há
28,68t/há
224,94
-
34,84t/há
100,00
Dejeto líquido de suínos
CENOURA
Sem adubo
60m³/há
39,94t/há
116,19
-
46,62t/há
100,00
Dejeto líquido de suínos
88m³/há
54,17t/há
116,19
ABÓBORA HÍBRIDA
Sem adubo
Fonte: Relatório de Pesquisa da EPAMIG/CRZM, 1995