História da América séculos XVI
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História da América séculos XVI
História da América séculos XVI-XVIII Aula III Objetivo: A civilização Maia. A) Cronologia das civilizações da América central. A arqueóloga Maria Longhena em seu livro, O México Antigo, apresenta a seguinte cronologia para as civilizações surgidas na América Central até o início do século XVI: PRÉ-CLÁSSICO Inferior CLÁSSICO Superior Intermediário Protoclássico Tardio PÓS-CLÁSSICO Anterior Tardio Anterior TOLTECAS MAIAS MAIAS-TOLTECAS EL TAJÍN HUASTECAS TEOTIHUACÃ ASTECAS MIXTECAS MONTE ALBÁN-ZAPOTECAS OLMECAS 1 5 0 0 a. C. 1 4 0 0 a. C. 1 3 0 0 a. C. 1 2 0 0 a. C. 1 1 0 0 a. C. 1 0 0 0 a. C. 9 0 0 a. C. 8 0 0 a. C. 7 0 0 a. C. 6 0 0 a. C . 5 0 0 a. C. 4 0 0 a. C. 3 0 0 a. C. 2 0 0 a. C. 1 0 0 0 a. C. 1 0 0 d. C. 2 0 0 d. C. 3 0 0 d. C. 4 0 0 d. C . 5 0 0 d. C. 6 0 0 d. C. 7 0 0 d. C. 8 0 0 d. C. 9 0 0 d. C. 1 0 0 0 d. C. 1 1 0 0 d. C. 1 2 0 0 d. C. 1 3 0 0 d. C. 1 4 0 0 d. C . 1 5 0 0 d. C. B) Antecedentes da cultura Maia clássica. Os primeiros sinais que apontam para uma cultura Maia surgem no pré-clássico superior entre os planaltos da Guatemala e a região de Chiapas, no México, com a transformação de povoados agrícolas em centros cerimoniais, onde se percebe uma clara influência Olmeca. Estes sinais se caracterizam pelo surgimento de divindades que teriam recorrência na história da mesoamérica, e pelo aparecimento de estelas com a escrita glífica nos moldes da cultura Maia clássica. Os primeiros locais de desenvolvimento cultura Maia seriam as localidades de Izapa (a partir de 800 a.C.) e Kaminaljuiú (a partir de 400 a.C.), e posteriormente Tikal, na parte central da área Maia, onde por volta de 150 d.C. podem-se perceber claramente traços da cultura clássica. Graças à tradução de textos Maias presentes em estelas e em outros monumentos, pode-se detectar o surgimento de padrões urbanísticos clássicos, como estradas, templos, praças e locais para o jogo de bola. A maior cidade Maia do período pré-clássico superior foi Tikal, que chegou a possuir 40.000 habitantes em seu perímetro urbano, e cerca de 500.000 nas comunidades rurais. Esta cidade continuaria a ser um importante centro no período clássico. C) A civilização Maia na era clássica. Durante a época clássica a civilização Maia se estendeu por uma área que abrange o México, Guatemala, Belize, Honduras e El Salvador. A organização política Maia não correspondia a um império, mas sim a um agrupamento de cidades-estados independentes que se organizavam em confederações. Segundo descobertas recentes, a maioria das cidades-estados se reunia em dois grupos confederados liderados pelas cidades mais importantes do período, Tikal e Calakmul. Neste período a pirâmide social Maia mostrava-se bem diversificada e hierarquizada, aparecendo como chefe dos centros cerimoniais o Halach-Uinic, “o homem verdadeiro”, líder com funções sacerdotais, civis, e militares, que exercia o poder de forma absoluta e centralizada. Completavam esta pirâmide sacerdotes funcionários, guerreiros, artistas, artesãos, camponeses e escravos (inimigos capturados). Ao contrário do que se acreditava até algumas décadas atrás, os Maias não eram um povo pacífico. As guerras entre as cidades eram constantes, motivadas por rivalidades entre soberanos, ou por desejo de expansão dos domínios. Nos períodos de paz, os governantes se dedicavam a expansão das áreas urbanas, com a construção de templos, estelas, locais para jogos de bola, tornando a cidade mais suntuosa para expressar o seu poder. É interessante notar que em alguns períodos houve cidades governadas por mulheres. Nesta fase da história maia desenvolve-se uma vasta rede de trocas entre as cidades, aonde algumas regiões iriam se especializar na produção dos bens necessários, como tecidos, cerâmicas, pinturas, objetos de luxo, aumentando a importância dos grandes centros cerimoniais, como Tikal, na organização deste comércio, interno e externo, vital para a sobrevivência desta cultura. Dentre os artigos de luxo estava o cacau, que tinha a origem mítica vinculada a ação dos deuses, e também era utilizado como moeda de troca. A principal forma de consumo era a de uma bebida, o xocoatl, com propriedades estimulantes e afrodisíacas. Descobertas arqueológicas recentes sugerem que o cacau também seria utilizado como condimento em alguns pratos. A cultura Maia foi a mais elaborada da América pré-colombiana. Partindo de influências da cultura Olmeca e de Teotihuacã, desenvolveram um grande interesse pela astronomia e pela matemática. Foram a primeira civilização a desenvolver o uso de um símbolo matemático para significar a ausência de valor, muitos séculos antes dos indianos e da introdução deste conceito na Europa, através dos árabes. O sistema de cálculo maia era baseado em três símbolos: um ponto (∙) representando a unidade, uma linha curta (─) representando cinco unidades e um símbolo parecido com uma meia concha alongada representando o zero. Os interesses pela matemática e pela astronomia se cruzavam na prática de elaboração de calendários. Utilizavam cotidianamente dois. Um calendário ritual de 260 dias e um civil de 360 dias, com uma sobra de 5 dias que geralmente eram considerados nefastos. Todos os eventos, como guerras, casamentos de dignitários e festividades religiosas deveriam estrar ali registradas. A cada 52 anos os dois calendários se encontravam, em seu ponto de partida, dando início a um novo ciclo. Os Maias desenvolveram, também, uma escrita complexa, com gramática e sintaxe bastante elaboradas, sem paralelos nas demais culturas pré-colombianas, e que só recentemente foi traduzida. Infelizmente poucos códices maias (livros pintados) sobreviveram à chegada dos europeus. A maior parte do que se conhece está sendo revelada pelas escavações nas áreas ocupadas pelas antigas cidades. A religião Maia estava vinculada à agricultura, com divindades relacionadas à chuva (Chac), à fertilidade, ao milho e, deuses ligados aos astros, principalmente, o sol (Hanab Ku), a lua (Ixchel) e Itzamná, o deus criador, que governava o dia e a noite, que em algumas estelas e gravuras aparece representando também os pontos cardeais. O culto aos deuses seguia ritos ancestrais de tipo xamanístico, com a comunicação com os deuses e sacrifícios. A partir de 900 d.C., a cultura Maia clássica inicia o seu declínio, que pode ser mensurado pelo abandono da construção de estelas. A decadência dos Maias foi rápida (em torno de um século) e sempre gerou especulações e debates. Apesar de não ser aceita por todos, nos últimos anos ganhou força a teoria de que longos períodos de secas e escassez levaram a diminuição da população, ao aumento dos preços dos produtos, diminuição do comércio, maior frequência das guerras entre cidades-estados e a ocorrência de uma maior disputa pelo poder dentro das famílias soberanas. O último expoente do povo Maia se consolidou, por volta do ano 1000, na cidade de Chichen Itzá, no extremo da península do Iucatã, sob o impulso da penetração da cultura Tolteca na área da civilização Maia.
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