Guião da Reportagem
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Guião da Reportagem
Guião Reportagem Música Brasileira em Portugal Entre pistas de dança e mosh pits Dizem que são países irmãos. Partilham o mesmo idioma e transferem entre si indivíduos, empresas e novelas. Mas não é só isso, entre Brasil e Portugal também se transfere música. Contudo, e ao contrário do que se poderia pensar, os jovens portugueses são aqueles que ouvem mais música brasileira. Talvez por isso se justifique a atual vaga de músicas brasileiras nos bares e discotecas portugueses. A enchente de músicas brasileiras nas discotecas portuguesas surgiu com a emancipação do funk brasileiro e com o aumento das transmissões de novelas brasileiras em Portugal. O crescimento da comunidade brasileira em Portugal também contribuiu para este apego aos sons brasileiros. (Michel Teló – Ai se eu te pego) Houve uma espécie de habituação ao sotaque, à felicidade e à folia. Em tempos tão conturbados, onde todos os dias os portugueses veem mais uma medida de austeridade à qual se têm que sujeitar, nada melhor do que poder descontrair com um som bem-disposto tão característico do Brasil. E, por isso, O Dj Sérgio Moura admite que, quando está na mesa de mistura, é com êxitos brasileiros que conquista o público. (fala de Sérgio Moura) Apesar de, hoje, os jovens não frequentarem bares ou discotecas pela música e sim pelo convívio, na pista o público delira com o êxito do momento. (João Lucas e Marcelo – Eu quero tchu eu quero tcha) Os grupinhos dispersos que se formam no início da noite pela discoteca, acabam por se juntar para dançar ao som da tal música. Há já uma coreografia definida – uns mais coordenados, outros menos mas todos repetem os mesmos movimentos. Domingos Araújo, tem 27 anos, e já não saía à noite há bastante tempo. Assim que regressou à discoteca ficou espantado com a quantidade de músicas brasileiras que ouviu, mas não estranhou este fenómeno. Diz que talvez não passe de uma moda mas acrescenta que as letras brasileiras são muito mais fáceis de consumir. (fala de Domingos Araújo) Saímos das pistas de dança onde a euforia corre pelas veias dos que dançam ao som destes ritmos latinos e saltamos diretamente para o mosh pit (Sepultura – Ratamahatta). Aqui o público dança de forma diferente: correm uns para os outros como que se de um jogo de rugby se tratasse. Mas nunca com a intenção de magoar, dizem que se trata uma brincadeira violenta mas, acima de tudo, amigável. Podia dizer-se que são feios, porcos e maus, mas na realidade apenas se vestem de preto, têm cabelos compridos e gostam de música “pesada” ou “barulhenta”, como lhe costumam chamar. João Vinagre e Christophe Correia são dois jovens metaleiros que conheceram grande parte das bandas de metal brasileiras pela internet. Bandas como Sepultura, Soulfly e Angra são das mais conhecidas pelos portugueses e aquelas que mais vezes pisam um palco português. João diz que a principal característica destes artistas é a mistura de sons tribais e exóticos que encantam os portugueses e remetem ao tão conhecido samba. (fala de João Vinagre) Estas bandas têm fãs de todas as idades em Portugal e, para João, isto acontece precisamente por serem artistas brasileiros. (Angra – Caça e Caçador) O português usado em algumas das músicas é uma forma de criar laços com os lusitanos. O metal brasileiro, não tão mainstream, não chega a passar em rádios nem em discotecas, mas, para além de concertos, podem ouvir-se estas bandas em alguns bares portugueses, com a mesma intensidade que a música do momento nas discotecas. (Angra – Carolina VI) São diferentes tipos de música, com diferentes públicos mas com as mesmas origens e com a mesma capacidade de envolver a audiência portuguesa. É bom saber que estes irmãos se dão bem. Espera-se que o imenso oceano atlântico não impeça os dois países de continuarem a partilhar música entre si. Sofia Carneiro Machado a60774