FCT
Transcrição
FCT
ESCRITA NA PAISAGEM É UM PROJECTO COLECÇÃO B DIRECÇÃO ARTÍSTICA E DE PROGRAMAÇÃO ¬ José Alberto Ferreira ASSISTENTE DE PROGRAMAÇÃO ¬ Rita Valente DIRECÇÃO DE PRODUÇÃO ¬ Diana Regal DIRECÇÃO TÉCNICA ¬ Carlos Arroja PRODUÇÃO EXECUTIVA Eleonora Marzani, Joana Queirós, Rita Valente ASSISTENTES DE PROJECTO Daniel Moutinho, Kalinde Braga, Marcília Rodrigues, Márcio PereiraMárcio Pereira DESIGN GRÁFICO David Francisco/Escrita na Paisagem WEB DESIGN Larapal.org ESTRUTURA FINANCIADA POR Ministério da Cultura / Direcção Geral das Artes E POR Direcção Regional de Cultura do Alentejo, Associação de Municípios do Distrito de Évora, Câmara Municipal de Arraiolos, Câmara Municipal de Évora, Câmara Municipal do Fundão ACOLHIMENTO Câmara Municipal de Viana do Alentejo, Câmra Municipal do Crato, Câmara Municipal de Sines PROJECTO ASSOCIADO INTERsection: intimacy and spectacle ¬ http:// www.intersection.cz Quadrienal de Praga 2011 ¬ http://www.pq.cz/ en PARCERIAS Centro de História da Arte e Investigação Artística (CHAIA)/Fundação Ciência e Tecnologia (FCT), Universidade de Évora, Departamento de Artes Cénicas/U. de Évora, Museu de Évora, Biblioteca Pública de Évora, Pé de Xumbo, A Bruxa Teatro, Associação Menhuim Portugal Projecto MUSEpe, Cooperativa Teatro dos Castelos, Centro Cultural Emmerico Nunes, Festival Músicas do Mundo, M’ar de Ar Hotels APOIOS Fundação Eugénio de Almeida, Instituto Português da Juventude / OTL, ERT – Turismo do Alentejo APOIOS COMERCIAIS Convento do Espinheiro, Hotel e Spa, Recicloteca, Hotel Dom Fernando, Adega de Favaios, Herdade de São Miguel CO-PRODUÇÕES António Pedro Lopes & Monica Gillette, Rita Natálio, Teatro de Ferro, Teatro do Vestido APOIO À DIVULGAÇÃO Jornal Registo, Revista Alentejo, Lifecooler – Canal Alentejo, Diana FM CONTACTOS Apartado 287 7002-504 Évora www.escritanapaisagem.net [email protected] + 351 266 704 236 + 351 266953607 Abaixonado, Alda Salavisa, Alexandre David, Ana Rocha, Ana Vitorino, André Pinto, André Uerba, André Salvador, Andrea Inocêncio, António Júlio, António Pedro Lopes, Antonio Tagliarini, Bárbara Fonseca, Blue Moustache, Brad Garton, Carlos Arroja, Carlos Costa, Carlos Marques, Carlos Martins, Carlos Rodrigues, Catarina Lopes, Chiara Langani, Cie. Moglice - Von Verx, Cláudia Miriam, Cláudio da Silva, Colecção B, Colectivo SophieMarie, Cristina Rodrigues, Daniel Garfo, Daniel Moutinho, Daria Deflorian, David Francisco, Diana Pires, Diana Regal, DI-GA-BA, Dinis Machado, DJ Spooky - That Subliminal Kid, Eduardo Vinhas, Eleonora Marzani, Elisa Pinto, Elliot Mercer, Eric de Sarria, Fanny & Alexander, Filipa Leão, Frank Michel, Greg Taylor, Gisella Mendonza, Gonçalo Alegria, Helena Calvet, Henrique Calado, Inês Rosado, Inês Vaz, INTERsection, Isabel Cartaxo, JIJEIS ALTEMENTE, Joana Craveiro, Joana Neto, Joana Queirós, Joana Velez, João Bastos, João Farelo, Jorge de Sousa, Jorge Gonçalves, José Alberto Ferreira, Kaite O’Reilly, Kalinde Braga, Lara Portela, Luciana Fina, Luigi de Angelis, Luís Ribeiro, Marcília Rodrigues, Márcio Pereira, Marcos López, Maria José Correia, Mariana Sampaio, Margarida Alegria, Marco Cavalcoli, Maria Gil, Mellissa Von Vépy, Monika Frycová, Monica Gillette, Morgane Mastermann, Nancy Rusek, Noémia Cruz, Nuno Lucas, Nuno Veiga, Oficína do Feltro, Oficína Movimento, Patrícia Galego, Paulo Pimenta, Paulo Ramos, Pedro Almeida, Pedro Antunes, Pedro Carreira, Pedro Francisco, Pedro Proença, Phillip Zarrilli, Rita Natálio, Rita Valente, Rosinda Costa, Rubi Girão, sal., Sofia Ramos, Sophie Pinto, Stephan Oliva, Tânia Dias, Teatro de Ferro, Teatro do Silêncio, Teatro do Vestido, Telma Santos, Terry Pender, Théo Zackman, Tiago Gomes, Tiago Pereira, Tó Trips, Ulf Ding, Vanda Cerejo, Vanda Rodrigues, Vera Mantero, Visões Úteis 3 Arquivo vivo Escrever na paisagem é o gesto cultural mais continuada e aprofundadamente repetido pelo ser humano na sua relação com o território. Como num palimpsesto, sobrepõem-se ao longo do tempo narrativas, pontos de vista e marcas de actividades que são formas, espaços, pessoas e movimentos, ora presentes ora ausentes, constituindo o que pode pensar-se como um imenso arquivo geológico, mas também antropológico, político, cultural, performativo, na exacta medida em que é dos homens, das suas opções de vida e das suas práticas culturais e performativas que resulta o que chamamos paisagem. O que lemos como paisagem, o que escrevemos como paisagem. A sétima edição de Escrita na Paisagem — festival de performance e artes da terra olha para a paisagem à luz da ideia de Re:play. Re:petição, arquivo, memória, documento, uma paisagem feita ainda (sempre) da possibilidade de re:ler, re:fazer, re:ver. Isto é, de performar o arquivo, atendendo ainda a tendências da cultura contemporânea que passam pela re:masterização, pelo copy-paste, pelo re:mix, pela fotocópia. Tudo isto sem esquecer o quanto de re:petição há nas tradições, que se re:visitam encontrando nelas mesmas as vias de re:novação. Projectos vindos da cultura do re:mix como o de DJ Spooky – That Subliminal Kid, ou da cultura electrónica, como no caso dos PGT. Projectos de re:actualização, a partir de ou em confronto com a sua memória documental ou artística, como os de Vera Mantero — sobre cujo trabalho se promove uma exposição documental — ou de Antonio Tagliarini e Daria Deflorian, sobre a figura de Pina Bausch em Café Müller. Ou ainda a elaborada condição documental das propostas do Teatro do Silêncio ou de Dinis Machado, a poética especular do projecto da Cie. MogliceVon Verx ou a leitura crepuscular do On the road de Tó Trips e Tiago Gomes. Presença forte têm também os projectos de criação que claramente reflectem o conceito de Re:play, como os de Rita Natálio ou António Pedro Lopes, as residências (Teatro do Vestido, Pedro Antunes), as estreias (Teatro de Ferro) e os projectos da plataforma Movimento Arriscado que pontuam a programação. Duas exposições marcam esta edição do Festival. Em parceria com o Museu de Évora, um diálogo entre Últimas Ceias quinhentistas e as criadas por Marcos López (2001), Jorge de Sousa (2007) e Noémia Cruz (1979-2010) coloca a re:petição do gesto redentor no centro da problemática do Re:play. Já com Pedro Proença, outra presença no Festival, a abordagem do tema é feita a partir dos materiais re:visitados nas suas Saladas Tipográficas, usando os espaços de vilas e cidades para se exporem livremente em colagens e formas de presença radicais, no que quisemos designar como ‘arte de guerrilha’. Tempo ainda para referir a Escola de Verão, com Cie. Philippe Genty (FR) e Phillip Zarrilli (UK), que este ano cresce em número e intensidade ao conjugar as oficinas de formação com a criação (ambos com apresentações públicas) e com a figura do artista convidado a que Vera Mantero dá corpo nesta edição. No quadro das iniciativas financiadas pelo Programa Cultura da União Europeia, o Festival participa, entre 2010 e 2012 no projecto INTERsection: intimacy and spectacle, integrado na Quadrienal de Praga 2011, no âmbito do qual acolhemos a realização de um simpósio Sobre Curadoria em Évora (27, 28 e 29 de Setembro 2010). Pois tudo isto é Re:play (re:petição, re:novação), está assim identificado o tom geral dos projectos que apresentamos nesta edição do Festival, ao longo dos próximos meses de Julho, Agosto e Setembro. Fazemos o festival para si. Esperamos contar consigo! José Alberto Ferreira Director artístico e de programação do Festival Escrita na Paisagem 4 (c) Michael Raz-Russo 5 DJ SPOOKY (USA) THAT SUBLIMINAL KID Sound Unbound Conferência ¬ Demonstração Lecture ¬ Demonstration Grande Auditório da Universidade de Évora 1 de Julho ¬ July ¬ 15H Duração ¬ Duration ¬ 90min The Secret Song Música ¬ Vídeo Music ¬ Video Colégio do Espírito Santo/Universidade de Évora 1 de Julho ¬ July ¬ 22H Duração ¬ Duration ¬ 75min Entrada livre ¬ Free entrance Todas as idades ¬ All ages “O DJ é, primeiro e acima de tudo, um coleccionador de informação. Não se trata apenas do número de discos raros, actualizações de software, ou aplicações para o iPhone que tens; trata-se sim de juntar [todos estes elementos] e produzir com eles algo interessante” ¬ DJ Spooky apud Sean Ryon, “DJ Spooky Talks the Secret Song, Music Diversity”, in HIP-HOP DX REVIEW “O que te passa pela cabeça quando atravessas a geometria desgastada pela paisagem da nossa vida contemporânea hipermediada (hypermediated), saturada de frequências? [...] Roda, reconfigura, edita, transforma a forma. A composição sonora contemporânea é um engenho “involutivo”. A história desenrola-se à medida que os fragmentos vão sendo articulados. ¬ Paul D. Miller in RHYTHM SCIENCE “Miller levanta questões essenciais e produtivas sobre a filosofia que está por detrás da mixagem do DJ e sobre o papel que o DJ desempenha na sociedade.” ¬ Doree Shafrir in PHILADELPHIA WEEKLY Born in Washington D.C. in 1970, Paul D. Miller aka. DJ Spooky That Subliminal Kid is a New York based composer, multimedia artist, and writer. He is a multi-tasking, trans-disciplinary conceptual artist, bringing to the field of electronic music his eclectic education. Paul D. Miller developed a whole philosophy around the DJ’s activity of re:mixing and the role the DJ plays in society. According to the authorDJ, contemporary artistic creation is based on the flow of patterns in sound and culture, being the artists’ creative activity based on assembling and re:arranging the various cultural concepts and objects that surround us, using technology and aesthetics to create something new, expressive, and endlessly variable. Paul D. Miller’s practical and theoretical works are deeply entangled and are the product of an extremely rich and varied background. He mixes his academic education in French Literature and Philosophy with his wide musical culture and comes up with an eclectic aesthetics: a fusion of hip-hop, jazz, Jamaican roots and DJ culture, with experimental music and cinema, literature and contemporary art by some of the most sophisticated thinkers of the last one-hundred years. He first conceived his persona, DJ Spooky, (“spooky” given the eerie sounds of hip-hop, techno, ambient, and the other music that he plays) as a conceptual art “The deejay is a collector of information, first and foremost. It’s not just about how many rare records you have or how many software patches or iPhone applications, it’s about pulling [all of these elements] together and making something interesting.” ¬ DJ Spooky apud Sean Ryon, “DJ Spooky Talks the Secret Song, Music Diversity”, in HIP-HOP DX REVIEW “What goes through your mind as you move through the geometric fray of contemporary hypermediated life’s frequency drenched landscape? [...] Rotate, reconfigure, edit, render the form. Contemporary sound composition is an involution engine.[...] The story unfolds while the fragments coalesce.” ¬ Paul D. Miller in RHYTHM SCIENCE “Miller raises compelling questions about the philosophy behind the DJ mix and the role the DJ plays in society.” ¬ Doree Shafrir in PHILADELPHIA WEEKLY Nascido em Washington D.C. em 1970, Paul D. Miller aka DJ Spooky - That Subliminal Kid é um compositor, artista multimédia, e escritor sediado em Nova Iorque. Artista conceptual, multifacetado e transdisciplinar traz ao mundo da música electrónica um conjunto eclético de conhecimentos. O seu trabalho como DJ não se resume simplesmente a pôr música a tocar para entreter festas - vai muito para lá disso. Paul D. Miller desenvolveu toda uma filosofia em torno da actividade de re:mixing realizada pelos DJs, bem como sobre o papel que estas figuras desempenham na nossa sociedade. No seu primeiro livro, Rhythm Science (2004), que alcançou grande sucesso nas bancas, Miller apresenta um autêntico manifesto sobre a sua percepção do mundo da arte: a criação artística faz-se de fluxo de padrões de som e de cultura. Tomando a mixagem dos DJs como modelo, o autor descreve como o artista, ao articular e restruturar vários conceitos e objectos culturais que nos rodeiam, faz uso da tecnologia e estética para criar algo novo, expressivo, e totalmente imprevisível. “A história escreve-se à medida que os fragmentos vão sendo articulados”, escreve Miller em Rhythm Science: “No mundo em que vivemos todos os significados foram arrancados às suas origens e todos os sinais apontam para um caminho que se constrói à medida que se vai percorrendo o texto.” Este texto de que Paul D. Miller fala não é apenas o texto que 6 conhecemos dos livros, mas antes o texto que é toda a paisagem que nos rodeia. A paisagem cultural e multimédia, eclética e idiossincrática em que vivemos hoje, e cujas peças DJ Spooky re:combina e re:cria para os seus espectadores. Segundo Paul D. Miller, a música é, para o DJ, um veículo, um meio de transportar e disseminar informação; por outras palavras, um instrumento de comunicação. Este conceito é posto em prática pelo próprio autor, quando veste a pele de DJ Spooky: os materiais que utiliza nas suas mixagens são captados da vida real, e “a música não é mais do que um dos dialectos da linguagem criativa.” A linguagem artística contemporânea não pode ignorar a tecnologia, lembra Miller, já que “esta proporciona [ao artista] método e modelo; a informação disponibilizada pela Internet, como os elementos de uma mistura, não ficam parados no lugar. E a tecnologia é um meio que transporta a consciência do artista e o mundo exterior”. project, but later he came to regard it as an opportunity to reconstruct the role of the DJ: an artist that stimulates the birth for new creative languages. Fully embracing Paul D. Miller’s musings on sound, rhythm theory, and the role of the DJ in contemporary society, DJ Spooky’s last musicand-video project, The Secret Song, centers on the clashing relationship between economy and globalization. DJ Spooky looks back at the 20th century, approaching “history through lens of the sample” and presents his comment on our changing world and its consequences in 21st century music, economy, and global culture. In The Secret Song the sound plays along and against the transaction of space, time, and commerce in both individual and social histories, depicturing the world’s reaction to the ups and downs of financial markets. Sound digs into the roots of an arbitrary economy, examines existing ideas and articulates new ones through and across the track list, placing the short sequences of sonic inquiry next to, on top of, and underneath one another. As dimensões práticas e teóricas do trabalho de Paul D. Miller implicamse mutuamente e são o produto de um conjunto extremamente rico e variado de saberes e de conhecimentos. O autor articula o seu estudo de literatura francesa e filosofia com uma vasta cultura musical, produzindo uma estética multifacetada: uma fusão de hip-hop, jazz, música jamaicana e cultura DJ, com música e cinema experimentais, literatura e arte contemporânea, com as teorias de alguns dos pensadores mais sofisticados dos últimos cem anos, tais como Deleuze, Guattari, Artaud, Lefébvre, Virilio e Adorno. Começou por conceber a persona a que deu o nome “DJ Spooky”, (“spooky” [assustador] devido aos sons estranhos e arrepiantes da música hip-hop, techno, ambiente, e outras que costuma utilizar), como um projecto de arte conceptual, mais tarde, no entanto, começou a abordá-lo como oportunidade para re:construir o papel do DJ: um artista que estimula a criação de novas linguagens artísticas. “Spooky” é também o nome de uma das personagens do romance Nova Express (1964), escrito por William S. Burroughs. O enredo é difícil de relatar, mas é interessante notar que Burroughs escreveu esta obra empregando o método “cut-up”, agregando fragmentos de diferentes textos num romance. O método “cut-up” é uma técnica literária aleatória na qual um texto (ou vários) são cortados ao acaso em secções mais pequenas, sendo depois rearticulados para criar um novo texto. Este é precisamente o procedimento que está na técnica de re:mixing, e é precisamente o que a persona de Paul D. Miller, DJ Spooky faz: ele é um mago do re:mix, não apenas alguém que põe discos a tocar uma e outra vez. DJ Spooky é hoje um nome artístico mundialmente conhecido, dado o seu contributo continuado e sempre em desenvolvimento para a cultura re:mix que todos experienciamos. Com a sua abordagem multimedia, que inclui vídeo, som e imagem, DJ Spooky estabelece ligações surpreendentes entre tempos, culturas e estilos distintos, criando objectos totalmente novos. É quase impossível elencar todos os trabalhos e colaboração de DJ Spooky. As suas criações de arte multimédia já foram exibidas em contextos tão variados como a Bienal de Veneza, o Andy Warhol Museum de Pittsburgh, a Bienal do Whintey Museum of American Art (Nova Iorque), o Ludwig Museum em Colónia, e a Kunsthalle em Viena. Os seus ensaios e artigos já forma editados em publicações como Ctheory, The Source, Artforum e The Village Voice. Já tocou com Arto Lindsay, Iannis Xenakis, Ryuichi Sakamoto, Butch Morris, Kool Keith aka Doctor Octagon, Pierre Boulez, Philip Glass, Steve Reich, Yoko Ono, e Thurston Moore dos Sonic Youth, entre muitos outros. Até à data, o projecto de Paul D. Miller que alcançou maior notoriedade terá sido Rebirth of a Nation (2004), uma obra que reinventa e reestrutura o polémico filme Birth of a Nation de D. W. Griffith. Em 2008 Paul D. Miller publicou o seu segundo livro, Sound Unbound, uma colecção variada de ensaios sobre re:mix: a forma como a música, arte e literatura esbateram as fronteiras entre o que um artista pode fazer e o que um compositor pode criar. Em Sound Unbound artistas e autores como Brian Eno, Chuck D, Pierre Boulez, e Jonathan Lethem descrevem o seu trabalho e estratégias de composição, em ensaios que abordam o som a partir de uma variedade de perspectivas: cósmica, química, política e económica. Em plena sintonia com as reflexões de Paul D. Miller sobre som, teoria do ritmo, e concepção do papel que o DJ desempenha na sociedade contemporânea, o último projecto de vídeo e música de DJ Spooky, The Secret Song (Canção Secreta), foca-se no choque entre economia e globalização no som. DJ Spooky observa o século XX em retrospectiva, abordando “a história através do sample”. The Secret Song é o comentário de DJ Spooky ao nosso mundo em transformação e às consequências que se reflectem na música, economia e cultura global do século XXI. Os autores e obras que lhe servem de inspiração e de referência teorica vão dos autores clássicos da economia como Adam Smith e John Maynard Keynes, à Theory of the Leisure Class de Thorstein Veblen, passando pela relação entre o hip-hop e a psicanálise e o conceito de “manufacture of consent” (“consenso fabricado”, i.e. a manipulação da opinião pública através dos media) de Edward Bernay. A lista de materiais e colaborações que figuram no álbum desta peça é extremamente variada: de Thurston Moore dos Sonic Youth a Vijay Iyer, passando pela lenda da velha-escola do hip-hop africano Zimbabwe Legit, o impressionante turntablism de Rob Swift (o líder dos The Xecutioners), e pelo hip-hop político de The Coup, The Jungle Brothers, a celebrada cantora iraniana Sussan Deyhim (que canta em farsi), e Abdul Smooth da Índia. Em The Secret Song o som desenha relações de colaborações e oposições com as transacções de espaço, tempo, e comércio, das histórias individuais e sociais, ilustrando a reacção do mundo às subidas e descidas dos mercados financeiros. DJ Spooky apresenta-nos uma playlist de ‘interrogações sónicas’, guiando-nos numa reflexão sobre as regras (tantas vezes arbitrárias) da nossa economia global. 7 JOANA CRAVEIRO (PT) À Transparência Teatro Theater 3º Ano do curso de Teatro Antiga Fábrica dos Leões, Universidade de Évora 2 e 3 de Julho ¬ July ¬ 21H30 Duração ¬ Duration ¬ 120min Lotação ¬ Max. Seats ¬ 40 lugares Todas as idades ¬ All ages Entrada livre ¬ Free entrance Direcção ¬ Joana Craveiro Co-criação, Interpretação, Escrita ¬ Margarida Alegria, Kalinde Braga, Henrique Calado, Tânia Dias, Rubi Girão, Ana Lopes, Cláudia Miriam, Daniel Moutinho, Diana Pires, Cristina Rodrigues, Marcília Rodrigues, Joana Velez, Théo Zackmann Desenho de luz ¬ Paulo Ramos ¬ Joana Craveiro Direcção Montagem ¬ Paulo Ramos Produção executiva ¬ Cristina Rodrigues Produção ¬ Festival Escrita na Paisagem Quando a nossa imagem ficava gravada nós tornávamo-nos aquilo. Mas depois não queríamos ser aquilo e íamos lutar para rasgar uma a uma todas as fotografias onde tivéssemos ficado aprisionados. No tempo em que eles nos fotografavam sem pedir, no tempo em que nós posávamos para as fotografias sem saber, no tempo em que eles ainda nos podiam subornar com dinheiro (para pastilhas) para vestirmos o vestido dos laçarotes, ou para pentearmos o cabelo, ou para nos mostrarmos apresentáveis. No tempo em que éramos apresentáveis. No tempo em que ainda não utilizávamos essa expressão ‘no tempo’. Um dia veio parar às nossas mãos um conjunto de fotografias de pessoas que não sabemos quem são. Um dia começámos a escrever-falar sobre isso. À Transparência (See through) is the result of the creative process directed by Joana Craveiro with the senior undergraduate students of the BA Theater of University of Évora. A work that brings together autobiography, memory, the act of photographing, and the students’ everyday experiences of living in Évora. Joana Craveiro Joana Craveiro é actriz, encenadora e co-fundadora e directora artística do Teatro do Vestido. Concluiu, em 2004, o Master of Drama em Encenação, da Royal Scottish Academy of Music and Drama, de Glasgow. Licenciada em Antropologia pela Universidade Nova de Lisboa, FCSH, foi professora de Interpretação na Escola Superior de Teatro e Cinema, entre 2004 e 2006, e na Royal Scottish Academy of Music and Drama, em 2004. Neste ano, ganhou o prémio de encenação Avrom Greenbaum, da Royal Scottish Academy of Music and Drama. Concluiu, em 2006, o 2º Curso de Encenação da Fundação Calouste Gulbenkian, sob a direcção do Professor Alexander Kelly, da companhia Third Angel. Na Escócia, em 2003, foi assistente de encenação de Graham Eatough, da Suspect Culture Theatre Company. Tem trabalhado como dramaturga para diversos criadores. Dirige, desde Outubro de 2006, juntamente com os membros do Teatro do Vestido, o projecto pedagógico Zonas. Um dia já éramos aquelas pessoas, ou aquelas pessoas permitiram-nos começar a falar de nós. Um dia demos por nós a utilizar a expressão ‘um dia’. Porque de repente era tudo no passado, eram tudo especulações sobre a vida de outros. Depois trouxemos as nossas fotografias. Um conjunto delas. Depois instalámos uma parede que éramos nós. Depois fomos para a rua com a tarefa específica de fazer uma visita guiada a um local. Depois a expressão ‘depois’ tornou-se obsoleta, e foi aí que nos pusemos a repetir coisas. Ideias, textos, cenas. De repente éramos máquinas de fixar momentos. O nosso corpo era isso. A máquina da qual queríamos falar, o processo sobre o qual era o nosso exercício - o de fixar momentos - éramos afinal nós. Nós, que ainda não tínhamos nascido para esta evidência: o que nós vemos não está lá; realmente, queremos nós dizer. Inventamos o que vemos, construímos o que vemos, e está tudo bem, aceitamos as ficções como parte natural da vida. Os nossos olhos são uma máquina de fixar memórias. A nossa cabeça é uma máquina de as editar. Ou, pelo menos desejaríamos que assim fosse. Na verdade, nós não somos realmente máquinas. Somos só transparentes. À Transparência é o exercício final da Licenciatura em Teatro da Universidade de Évora. Estamos a construí-lo como espécie de épico do olhar e da memória, estamos a fazer este percurso de nos encontramos na sua construção. Há diversas partes: Prólogo, Câmara Escura, Estúdio de Revelação, Lá Fora. O exercício teve como ponto de partida a fotografia, o acto de fotografar, a memória, a prática autobiográfica no contexto performativo e o mapear da cidade. 8 TEATRO DE FERRO (PT) Ópera dos cinco — Teatro Theater Pátio do Chão das Canas (frente ao Teatro Garcia de Resende), Évora 7 e 8 de Julho ¬ July ¬ 22H Estreia ¬ Premiere Duração ¬ Duration ¬ 120min M/12 ¬ 12A Entrada livre ¬ Free entrance Texto, dramaturgia e canções ¬ Regina Guimarães Encenação e cenografia ¬ Igor Gandra Figurinos ¬ Diana Regal Marionetas ¬ Júlio Alves Movimento ¬ Carla Veloso Desenho de luz ¬ Teatro de Ferro Interpretação ¬ António Oliveira, Igor Gandra, José Pedro Ferraz, Julieta Rodrigues, Rodrigo Malvar e Rosário Costa; [participação especial] Carlota e Matilde Fotografia de Cena ¬ Susana Neves Design Gráfico ¬ CATO Direcção de Montagem ¬ Virgínia Moreira Oficina de Construção ¬ Gil Rovisco, Virgínia Moreira, Nuno Bessa e Américo Castanheira – Tudo Faço Produção ¬ Teatro de Ferro Co-produção ¬ Teatro de Ferro, Teatro do Frio, Radar 360, Festival Escrita na Paisagem, FIMP – Festival Internacional de Marionetas do Porto e Teatro Nacional São João O Teatro de Ferro é uma estrutura financiada pelo MC / DG Artes O que é que acontece quando um grupo de artistas saltimbancos se instala numa praça da cidade? A nova criação do Teatro de Ferro(TdF) chega ao centro histórico de Évora com a vitalidade e o romantismo dos nómadas, para um espectáculo ao estilo popular que incita a participação do público. Numa re:conversão de moeda da ópera de B. Brecht, a Ópera dos cinco € “tenta tirar da gaiola dos especialistas e das especialidades alguns temores, inquietudes e fechamentos que nos afectam a todos na sociedade contemporânea [...], construindo um tempo diferente – aquele de um mundo ambulante, em trânsito, de um mundo gema dentro de um ovo de Colombo, e permitindo uma outra maneira de estarmos juntos” (TdF). As lógicas de criação deste “Brecht rap - techno weill” re:fletem a tensão entre (um)a disciplina e um desejo de transdisciplinaridade, procurando as relações entre a palavra dita e a cantada e entre a canção e o movimento. Promete grande animação para todos, em plena praça! TdF desenvolve trabalho nos campos do teatro de marionetas e manipulação de objectos, movimento e multimédia, sendo na fusão destes elementos que forja o seu vocabulário teatral, performativo e interventivo. A direcção artística é da responsabilidade de Igor Gandra, distinguido e premiado pelo Clube Português de Artes e Ideias (1997), Ministério da Cultura/DGArtes(2004), Cidade de Gaia (2005) e Jornal do Centro (2005). Teatro de Ferro (TdF) presents a popular-style show that encourages the audience participation. In a currency exchange-re:convertion of B. Brecht’s opera, Ópera dos Cinco — (Five — Opera) “tries to take out of the cage of experts and expertises some of the fears, anguishes and isolation that affect us all in contemporary society [...], conceiving a different time – that of a wandering world, in transit, the yolk inside a Colombo’s egg, and allowing another way of collective gathering” (TdF). The creative logics of this “Brecht rap - techno weill” re:flects the tension between a/the discipline and desire for transdisciplinarity, in a quest for the relationship between the uttered and sang word, as well as between song and movement. 9 On The Road, The Jack Kerouac Música ¬ Performance Music ¬ Performance Espaço Celeiros, Évora 8 de Julho ¬ July ¬ 00H Entrada livre ¬ Free entrance TÓ TRIPS & TIAGO GOMES (PT) Tó Trips (guitarra e efeitos vários) e Tiago Gomes (leitura) re:visitam o mítico livro de Jack Kerouac num concerto que reenvia para a viagem de todas as viagens, para a route 66 e para a América de todos os sonhos. Com o vídeo-beat de Raquel Castro em fundo, o espectáculo faz ecoar nas palavras de Kerouac todas as estradas do mundo, vias rápidas, estradas secundárias, deserto, cidades perdidas na noite e becos sem saída. Tiago Gomes Tiago Gomes nasceu em 1971, tem quatro livros de poesia editados e esgotados. Letrista do grupo A NAIFA e LINHA DA FRENTE. Vocalista e letrista do grupo OS INSPECTORES. Editor e produtor da revista BÍBLIA. Fundador da Galeria ZDB. Performer há muito dedicado à poesia em acção. Também conhecido, quando põe música, como DJ VAIPES. Produtor de festas com bandas e djs. Mais informações em: www.myspace.com/revista_biblia www.myspace.com/totripsguitar www.revista-biblia.com Tó Trips (guitar and various sound effects) and Tiago Gomes (reading) re:visit the mythic book by Jack Kerouac, in a concert that leads us into the journey of all journeys, to Route 66 and the America of all dreams. With the video-beat by Raquel Castro as background, the show echoes all the world’s roads, all speed ways, secondary roads, desert, cities lost in the night, and dead ends. Tó Trips Nascido em Lisboa em 23 de Janeiro de 1966, Aquário, Cavalo de fogo. Desde 1986 que tem bandas, nos 80’s os AMEN SACRISTI, nos 90’s os SANTA MARIA GASOLINA EM TEU VENTRE, dos quais gravou um maxi que foi reeditado à dois anos pela SABOTAGE. Integrou durante dez anos os LULU BLIND, com os quais editou 3 álbuns: DREAD, BLAST, FOGE DE TI. Fez igualmente parte dos HI FI Jï e dos THE TYSONS. Em 2001 fundou uma banda chamada DEAD COMBO, a qual gravou 4 discos, GUITARS FROM NOTHING, VOL. I, QUANDO A ALMA NÃO É PEQUENA, LUSITÂNIA PLAYBOYS. Tudo isto converte-se em centenas de concertos por Portugal, Espanha, Itália, França, Holanda, Inglaterra e Alemanha. Long live rock ‘n roll! André Breton havia escrito em Les Pas Perdus um texto intitulado “Largai Tudo”: Largai tudo. Largai Dada. Largai a vossa mulher, largai a vossa amante. Semeiai os vossos filhos ao canto de um bosque. Largai a presa pela sombra. Largai se necessário uma vida folgada, aquilo que vos é dado por uma situação de futuro. Parti pelas estradas fora. 10 MOVIMENTO ARRISCADO A platform, a space to take risks, where young creators are offered an opportunity to present their works, some of them still in-progress, and all driven by a will to overcome limits, to experiment beyond the protected space offered by education institutions. In accordance with the main theme of the Festival Escrita na Paisagem 2010 – re:play – all projects presented within this context will approach practices and strategies of re:petition, re:creation, re:descovering, re:reading, re:viewing, re:doing, re:make, re:mix, re:novate, re:cycle, re:start, re:enact, re:present, re:invent, etc. Curadoria: Daniel Moutinho (PT) e Eleonora Marzani (IT) Plataforma de jovens criadores vídeo, música, , performance, dança, poesia, conversas, festa... video, music, performance, dance, poetry, talks, party... Convento dos Remédios e Espaço Celeiros, Évora Já tudo foi dito, já tudo foi feito | nada se cria, nada se perde, tudo se transforma. Podemos fazer alguma coisa nova hoje? Estamos condenados a re:petir-nos nas nossas criações, dispondo camadas sobre camadas, para re:cuperar esse húmus ilimitado, que nos precede e nos sustém, mesmo que não tenhamos consciência da sua existência. A criação artística contemporânea mostra-nos que o que nos rodeia, nos domínios do espaço e do tempo, não é uma matéria negra que nos assoberba, reprime ou sufoca, mas antes um horizonte aberto que se desdobra num vasto conjunto de possibilidades, abertamente ao nosso alcance. Quais são as preocupações dos criadores de hoje perante esta paisagem? A procura de um confronto com o passado abrangente é um dos estímulos partilhado pelos artistas participantes neste Movimento Arriscado. A busca de uma relação re:novada entre o corpo humano e a arquitectura de Évora é a proposta da Oficina Movimento, um laboratório de introdução à dança contemporânea: explorar novas possibilidades de nos re:posicionarmos na cidade, dentro das suas paredes seculares, em particular as do edifício do Convento dos Remédios. A história da arte, em particular a história da performance e os seus idolatrados ícones – como Yves Klein, Marina Abramovic e Franko B –, inspiram re:criações, transformadas em ecos por novas vozes, como são os projectos-experiência incluídos em Kinda Li’l MoMa e os trabalhos de Catarina Lopes e André Salvador. A análise da história pessoal é o ponto de partida para a pesquisa sobre a identidade, um assunto amplamente explorado pela criação artística das últimas décadas, e que é igualmente explorada em Movimento Arriscado. Uma tentativa de re:construir a memória pessoal e a interacção entre passado e presente, com base no arquivo familiar, é o que alimenta a performance de Márcio Pereira. Por outro lado, a memória de toda uma geração pode ser recuperada através de uma arqueologia dos “média”, como acontece no projecto de Carlos Rodrigues ao transpor imagens de VHS para formatos mais actuais, ou na sessão de Dj-Vj dos Jijeis Altemente + Blue Moustache, inspirada nos míticos videojogos dos anos 80 e 90. De memórias (mesmo recentes) se alimentam ainda projectos como os dos alunos de electroacústica (alunos e professor da Universidade de Évora), a abordagem noise dos Psychotic Kindergarten, ou os processos utilizados em Symbol Transfer, a circular entre fotografia, infografia e som. Há projectos de percepção e fruição imediata, com os quais todos se podem identificar, e também projectos que nos pedem abandono – como as atmosferas musicais de Di-Ga-Ba. Por outro lado, também há trabalhos que re:querem a concentração do público, uma observação e audição participativas e atentas, como é o caso dos vídeos de André Uerba, e a performance de Bárbara Fonseca e Telma Santos. Se há materiais, objectos, sons e corpos que procuram o confronto-choque, há também um grupo de artistas que aposta em jogos de ambiguidades e justaposições de diversas realidades. Assim, assistimos à construção de ficções, mundos e personagens, como na performance Segura-te ao meu sofá e À prova de fogo e de bala (Ai! A Super-Artista incógnita). Brincar com o efémero é a premissa de base da escultura-instalação de Maria José Correia. Um trabalho feito em pão, que perturba assim o conceito de escultura como arte produtora de objectos eternos. Assim, o programa de Movimento Arriscado desdobra-se em projectos cujas premissas são criar algo de novo, partindo de regras pré-estabelecidas, libertas do passado e de pré-determinações, sem caminhos já percorridos, procurando novas formas de espontaneidade. Dois são os palcos onde o Movimento Arriscado tem lugar: o Convento dos Remédios e os Antigos Celeiros da EPAC. O primeiro, votado à arqueologia, é um espaço ainda por explorar pela arte contemporânea e cheio de possibilidades para a criação artística. O segundo, já conhecido pelas gerações mais jovens, é apresentado com uma imagem re:novada. Graças à colaboração entre os agentes artísticos com base nos Antigos Celeiros da EPAC – PédeXumbo, A Bruxa Teatro, Festival Escrita na Paisagem e Pachamama – todo o bloco, os edifícios, e a área circundante acolheram projectos de performance, música, vídeo, instalação, e CE-LE-BRA-ÇÃO! Movimento Arriscado é tudo isto e muito mais: um movimento fluido, irrequieto, irreprimível, imparável e sempre no fio na navalha. Vivemos num caldeirão de referências. E nem por isso precisamos de sucumbir, pois há sempre uma maneira de seguir em frente. Cada um destes projectos procura o seu caminho, e é isso que aqui se mostra. Eleonora Marzani Movimento Arriscado é uma plataforma promovida pela primeira vez no âmbito do Festival Escrita na Paisagem, cujo tema deste ano é o re:play. Através desta plataforma, o festival perpetua o seu compromisso, a sua aposta nos novos criadores. É uma plataforma de emergência. Em primeiro lugar, porque faz emergir na sua programação um espaço que se preocupa verdadeiramente com as interrogações artísticas dos jovens criadores, em dar-lhes visibilidade, em assisti-los no caminho que procuram traçar. Em segundo lugar, porque urge a problemática actual de uma política cultural estruturada, que dê lugar e apoio aos novos criadores que após terminarem a sua formação académica, batalham por este mesmo espaço de visibilidade que o festival oferece. Chama à atenção de uma questão que devia ser de ontem. O que fazer com os novos criadores? Que política cultural tem o país, ou mais localmente, a cidade, que permita a estes novos criadores fazer o seu trabalho e dessa forma contribuir para a cultura local e nacional? Lançámos o desafio a inúmeros jovens criadores, muitos dos quais estudam em Évora, para que acordassem a cidade com a sua voz, com a sua procura. Que fizessem parte da dinamização da cidade, aproveitando esta plataforma como processo de aprendizagem, como oportunidade de correr um risco, ou de o traçar. O Festival Escrita na Paisagem é, desde o seu começo, uma casa que alberga os novos criadores e que se orgulha disso. Serviu de casa para mim, quando há três anos me abriu a porta e me deu um lugar para eu crescer e aprender. Foi a minha Universidade de Verão, mas mais que isso, foi um despertador e ainda continua a sê-lo. Acorda a cidade para mostrar o que ela, por norma, se esquece de ver. Os jovens e a sua importância no crescimento cultural, o caminho que eles percorrem, o risco com que eles marcam o seu trabalho artístico. São caminhos que se traçam, o Festival escolheu este entre os muitos que vai percorrendo. E como jovem só posso dizer: ainda bem que apareceu no nosso caminho. Daniel Moutinho 11 7JULHO 8JULHO Tó Trips & Tiago Gomes On the Road Música e re:leitura do “On the Road” do Jack Kerouac 00H, Espaço Celeiros VER página 9 Oficina Movimento E se as paredes fossem de carne? Intervenção na cidade e na arquitectura 6 de Julho, 19H, vários locais da cidade, Évora 7 de Julho, 23H30, Convento dos Remédios O grupo de participantes da Oficina Movimento – laboratório de ferramentas de dança contemporânea – deixa o estúdio para procurar, através do corpo, um diálogo com a cidade de Évora e a sua arquitectura. Márcio Pereira Um enxoval cor-de-rosa para a menina que não nasceu Performance 22H, Galerias dos Celeiros (1º andar) João Farelo Symbol Transfer Vídeo projecção e som 23H, Convento dos Remédios Um ponto assinala num retículo de paralelipípedos – que é também o mapa abstracto de uma cidade – o lugar exacto onde uma fotografia foi tirada. Esta fotografia, trabalhada em estúdio, dá origem a uma imagem que, submetida a um processo de leitura por computador, se ‘transforma’ numa ‘imagem sonora’, num percurso que nos leva a passar, de suporte em suporte, da realidade documentada à abstracção matematizada. André Uerba Birthdays Vídeo-Instalação 23H, Espaço Celeiros Uma re:criação do percurso de construção da identidade a partir de materiais da autobiografia. Como se construiu a personalidade à luz do olhar condicionador do Outro e da relação entre mãe e filho? Dj 2old4School (Crew Hassan) + Dj Deni Shain + Dj Sofa Funk, Afro-Beat, Ska, Breaks, Dubstep & Drum’n’Bass 1H, Espaço Celeiros Em colaboração com Pachamama. 9JULHO Mariana Sampaio, Alexandre David e Pedro Antunes Segura-te ao meu sofá Performance 22H, Espaço A Bruxa Teatro Eles vivem numa casa subalugada. Perderam a sua cadela e passam muito tempo à janela à espera que ela apareça, porém, não lhes apetece sair de casa para procurá-la. Eles têm um mealheiro que já tem trezentos euros, queriam usá-los para uma nova máquina de lavar roupa mas vão oferecê-los à pessoa que encontrar a cadela. Enquanto esperam pelo regresso de Laika, vêem filmes, comem, limpam a casa, ouvem música e organizam as estantes. 12 Andrea Inocêncio À prova de fogo e de bala (Ai! A Super-Artista incógnita) Performance 23H, Espaço Celeiros Uma Heroína, inspirada em personagens de banda desenhada, identidades e estereótipos da figura feminina: a Super-Artista Incógnita aparece nas nossas noites como simulacro da força e importância da Mulher e da potência desconhecida da Arte. 10JULHO 14JULHO Trio Hugo Trindade (Hugo Trindade - Guitarra, Afonso Castanheira Contrabaixo e Javier del Barco – Bateria) Concerto de Jazz 23H, Espaço Celeiros Em colaboração com Pachamama. Psychotic Kindergarten Noise Jam Concerto de música Noise 00H, Espaço Celeiros Falamos de Ruído (Noise), antihumanismo, contra-cultura, violência, terrorismo… Noise começa onde a linguagem se fina, não há espaço para a intelectualização, não é suposto fazer sentido. É a sua obliteração de significado e de identidade que o tornam erótico, extasiante (literalmente)! sal. aka Dj Start 2 Finish, Carlos Martins e Morgane Masterman Abaixonado Dj Set Pimba-Arraial-Mix / Festa dos Celeiros em parceria com a Pé de Xumbo, a Bruxa Teatro, Pachamama a partir das 17H, Espaço Celeiros Abaixonado traz a Évora a nova formação duo com convidada: Morgane Masterman vem de França dar um ar da sua graça. Carlos Martins assegura as guitarras e coros, e sal. ruma à vela deste navio descontrolado que é a vida e palco. Depois, vestindo a pele de Dj Start 2 Finish, brindará os presentes com pérolas dançáveis do nacional esquizofrenismo. É pular e chorar por menos, senhores! DI-GA-BA Música improvisada 23H, Convento dos Remédios Carlos Rodrigues VHS is not dead ¬ Slide Identity Trabalhos de instalação, vídeo e performance a partir das 22H, Convento dos Remédios Três músicos de Montemor-oNovo juntaram-se no projecto DI-GA-BA para dar vida à criações musicais que, com a espontaneidade da improvisação e através do uso de Mandalas musicais, nos levam em intensas viagens plenas de ambiências sugestivas. VHS is not dead VHS is not dead é um projecto que visa a re:cuperação e re:utilização de um antigo suporte de armazenamento fílmico - o VHS de forma a testar o seu comportamento visual aquando da modificação do formato de vídeo 4:33 para o formato 16:9. 15JULHO Slide Identity Um meio antigo como o slide, protagonistas das documentações familiares nos anos Setenta e Oitenta, é recuperado para projectar a memória familiar sobre o corpo, que acolhe as imagens da história que o precedem. Kinda Lil’ MoMa Jovens artistas propõem-se analisar e re:fazer obras de ícones da performance art, para re:formular questões antigas e novas através do corpo e da sua presença viva. Vanda Rodrigues e Sofia Ramos Kamasutra Machine Performance 22H, Convento dos Remédios 13 Paulo Pimenta Nude with Skeleton Performance 22H Convento dos Remédios Neste exercicio de re:petição da homónima performance de Marina Abramovic, um corpo nu de um jovem artista repousa deitado com um esqueleto sobre si próprio. Segundo Abramovic, este é o último espelho que todos deveremos encarar. Esta re:visitação de uma peça clássica da performance, remete-nos para o permanente desassossego da relação morte-vida. 16JULHO André Salvador Eu não quero morrer sem cicatrizes: de que corpo é este rasto? Performance 23H, Convento dos Remédios Electromachine Night Música electroacústica 00H, Convento dos Remédios Esta performance não é para todos, embora fale de todos nós, da nossa natureza de carne e alma, e da complicada relação entre os dois numa sociedade o onde o corpo é funcionalidade e parece tumba da alma. Nesta performance levada ao extremo, cujo ponto de partida foi o trabalho do performer italiano Franko B, surge uma interrogação sobre o lugar do corpo: confrontado com a dor, a mutilação, o sangue, o corpo perde o seu funcionalismo e retorna à carne que, através da purificação, procura libertar a alma. Estudantes de composição electroacústica da Universidade de Évora, sob direcção do professor Amílcar Vasques Dias, apresentam as suas criações na ambiência festiva do Pátio da Romãs. Catarina Lopes O Yves Klein agora sou EuInquietação do movimento estático Performance 23H, Convento dos Remédios Pedro Francisco Música Improvisada 00H, Convento dos Remédios Uma joven artista desafia o seu público para um jogo de movimento e cor sobre o papel, numa re:visitação das célebres Antropometrias de Yves Klein. 17JULHO Maria José Correia Última Ceia Instalação/Happening 22H, Galerias dos Celeiros (1º andar) Uma escultura traz-nos o pão da Última Ceia, para comermos numa dimensão espectacular da procura de nutrição visual e vital que a Arte nos proporciona, neste caso literalmente. Mas o Paraíso não é fácil de alcançar... Jijeis Altemente + Blue Moustache Concerto/vídeo/dvj 23H, Espaço Celeiros JIJEIS ALTEMENTE!!! (também já conhecidos como J1J315 4L73M3N73, DJIDJIZ OLTIMENTEI ou DIJEIS ALTAMENTE) dupla de DJ’s de alto gabarito (DJ PIMPUÑETA e DJ BADAMERDA) internacionalmente reconhecida, aliam-se mais uma vez (como sempre e como nunca poderá deixar de ser) ao grandioso e háitéc VJ BLUE MOUSTACHE (também já conhecido como BLEU MOUSTACHE, BIGODE AZUL, BIGODANAS ou JOÃO DO BIGODE), dia 17 de Julho para uma alucinante viagem ao mundo dos videojogos de antigamente, que Telma Santos e Bárbara Fonseca Introdução Performance 22H, Espaço A Bruxa Teatro Da negociação entre a diferença, surge uma partitura que acontece entre um corpo e uma voz que se cruzam e se “tocam”. A dificuldade na negociação. A problemática da decisão. A falha como parte integrante do processo. Esta Introdução põe em confronto dois instrumentos que “colocam as cartas na mesa” para começar a criação da obra, numa exploração de possibilidades de conflito e harmonia em interacção com o outro. ainda eram todos feitos só de quadradinhos e quando se morria tinha que se começar tudo do princípio! Isto num espectacular set musical e visual para um bailarico à antiga, repleto de acasalamentos casuais entre diferentes espécies de personagens do imaginário colectivo. Altemente e Blue Mustache prometem vir cheios de surpresas na manga e malte no copo prometendo assim uma noite diferente e inesquecível ao ritmo do Super Mario em drogas pesadas!!! KURTE-SE, DIVERTE-SE, DRUNKEN PORTUGUESE GUYS! JIJEIS ALTEMENTE + BLUE MOUSTACHE é a BANDA MINHA PREFERIDA! 14 FESTA DA LÃ (PT) Festa da Lã Evento Comunitário Community Gathering Largo da Vermelha, Bairro da Cruz da Picada, Évora 9 de Julho ¬ July ¬ 18H30 Todas as idades ¬ All ages Entrada livre ¬ Free entrance Projecto ¬ Colecção B - Oficina do Feltro Com a colaboração especial ¬ Grupo Coral Feminino de Viana do Alentejo Equipa da Oficina do Feltro ¬ Diana Regal, Elisa Pinto, Isabel Cartaxo, Helena Calvet e Patrícia Galego Parceria ¬ Associação Menuhin Portugal/Projecto MUSEpe Apoios ¬ Junta de Freguesia da Malagueira, EB1 e JI da Malagueira, ADBES At the Festa da Lã (Wool festival) a fabric is stepped on and felted, with the sound of Alentejo’s traditional singing as soundtrack of the work. A collective festival that counts with the participation of Grupo Coral Feminino de Viana do Alentejo and with the neighbors from Bairro da Cruz da Picada. Engaging local community, we bring together other traditional knowledge and tastes, as there will be singing and food typical from Alentejo. And everybody is invited to participate in this re:cuperation and re:invention of traditional practices of felting into a collective practice. Na Festa da Lã pisa-se e feltra-se um têxtil, ao som dos cantares do Alentejo. Uma Festa colectiva que conta com o Grupo Coral Feminino de Viana do Alentejo e com os moradores do Bairro da Cruz da Picada. Envolvendo a comunidade local, integramos outros sabores e saberes, pois haverá também comida e cantares alentejanos. E todos são convidados a participar nesta re:cuperação e re:invenção de formas tradicionais de fazer feltro como uma prática colectiva. O re:play é abordado por este projecto no re:tomar e re:trabalhar da tradição – das técnicas tradicionais de trabalho do feltro ao repertório do cante alentejano do Grupo Coral – e transformação (re:ciclagem / re:utilização) da lã. Este processo seguindo as práticas ancestrais de produção de tecido sem fio, distingue-se das formas mais actuais de fazer feltro, sobretudo pela utilização mais imediata da lã sem a sua transformação. A Festa da Lã é uma das actividades desenvolvidas pela Oficina do Feltro. Este projecto integra a plataforma de trabalhos de criação e investigação artística e artesanal Formas de Fazer da Colecção B, que visa a reabilitação do trabalho artesanal com as lãs locais, sobretudo a partir da técnica de feltragem, mas também da fiação e da tecelagem. Através das suas actividades, A Oficina do Feltro busca o encontro com as “‘artes de fazer’ isto ou aquilo [...], práticas [que] põem em jogo uma ratio ‘Popular’, uma maneira de pensar investida numa maneira de agir, numa arte de combinar indissociável de uma arte de utilizar” (Ana Paula Guimarães, B. I. do Zarapelho, Lisboa, Apenas Livros, 2004: 31 apud Michel de Certeau, L’Invention du quotidien). 15 ELLIOT MERCER(USA) COM MÁRCIO PEREIRA & AMIGOS(PT) Homenagem à Judson Dance Performance ¬ Dança Performance ¬ Dance Arraiolos, Évora, Fundão, Viana do Alentejo* Festival Escrita na Paisagem ¬ Extensão de Sines De ¬ From ¬ 12 de Julho ¬ July ¬ a ¬ to ¬ 22 de Agosto ¬ August Todas as idades ¬ All ages *Para mais informações sobre horários e localizações *for more information contact [email protected] +351 266 704 236 In Hommage to the Judson Dance Elliot Mercer brings to Alentejo a project he started during last year in New York, while he was studying in the MA of the Performance Studies (Tisch School of the Arts / New York). This project consists of reinventing performance events and dance constructions by American artists from the 1960s and ‘70s, staged in outdoor locations. At the Festival, Elliot Mercer will be joined by Márcio Pereira and a group of young participants. Em Outubro de 2009 comecei a pesquisar e reinventar trabalhos de performance e dança produzidas originalmente entre as décadas de 1960 e 70. Apresentadas em espaços exteriores, estas peças exploram concepções alternativas de paisagens tanto públicas como privadas. Ao fazê-lo, estas criações desafiam os espectadores a questionar as suas relações com o espaço exterior, bem como a reconsiderar a forma como interagem com outras pessoas, nestes mesmos espaços. O conjunto de trabalhos de performance seleccionados para este projecto representam um espectro diversificado de artistas com diversas formações, sendo que muitos deles não são sequer considerados coreógrafos ou artistas da área da dança. No entanto, escolhi referir-me a cada um destes trabalhos como “dança”, fundando a minha opção no quanto estas peças se focam num movimento de intervenção que pretende enfatizar, interromper, perturbar e questionar a estagnação e sedimentação de noções de local, espaço e coreografia social. O processo de reinvenção de cada uma destas performances começa com um estudo detalhado da documentação que os próprios artistas fizeram dos seus trabalhos sob a forma de anotações publicadas, notas pessoais, fotografias de arquivo, textos de artista, vídeos, e/ou entrevistas. Usando estes documentos como moldura para o trabalho coreográfico, lançome na exploração das ideias e ideais destas peças. Para descrever esta actividade, opto por adoptar o termo “reinvenção” de Helen Molesworth, que descreve reinvenção como “uma forma de pensar o tempo e a história. Uma reinvenção não é objectiva; é um apelo à interpretação. A reinvenção questiona o significado das ideias do passado no presente e quer que essas ideias sejam válidas, úteis, e talvez promotoras de perspectivas críticas.” Até à data, este projecto tem explorado e brincado com os trabalhos de Trisha Brown, Lucinda Childs, Laura Dean, Simone Forti, Anna Halprin, Allan Kaprow, Bruce Nauman, e Yoko Ono. Elliot Mercer Elliot Mercer, norte americano nascido na Califórnia, define-se como coreógrafo-arquivista e bailarino-arquivista. A sua investigação prática e teórica centra-se nas possibilidades de re:criar e re:actualizar peças de performance e dança experimental americana produzida durante os anos 60 e 70 – uma investigação sobre as possibilidades de trazer o passado para o presente, arquivando-o nos corpos que o actuam. Foi precisamente este o tema que esteve no centro do seu trabalho final de mestrado, no Departamento de Performance Studies (Tisch School of the Arts / Universidade de Nova Iorque), que concluiu em Maio de 2010. 16 VISÕES ÚTEIS (PT) A Comissão Teatro Theater Conversa com os artistas Meeting whith the artists 14 de Julho ¬ July Apresentação Presentation Hotel D. Fernando, Sala de reuniões 15 de Julho ¬ July ¬18H e 21H30 Duração ¬ Duration ¬ 80min Lotação ¬ Max. Seats ¬ 30 lugares M/12 ¬ 12A Texto e Direcção ¬ Ana Vitorino e Carlos Costa Colaboração na Dramaturgia ¬ Nuno Casimiro Figurinos e Adereços ¬ Inês de Carvalho Banda Sonora Original e Sonoplastia ¬ João Martins Desenho de Luz ¬ José Carlos Gomes Infografismo e Audiovisuais ¬ João Martins / entropiadesign Projecto Fotográfico ¬ Paulo Pimenta Coordenação Técnica ¬ Luís Ribeiro Produção Executiva e Direcção de Cena ¬ Joana Neto Assistência de Produção ¬ Helena Madeira Design Gráfico ¬ Entropiadesign a partir de imagem de Ricardo Lafuente Interpretação ¬ Ana Vitorino, Carlos Costa, Pedro Carreira e ainda Joana Neto e Luís Ribeiro com a participação especial (em vídeo) de Nuno Casimiro, João Teixeira Lopes, José Pinto da Costa, Miguel Guedes, Alice Costa, Carolina Gomes, Raquel Carreira, Ana Azevedo, João Martins e José Carlos Gomes Produção ¬ Visões Úteis Numa sala de reuniões de hotel, uma Comissão reúne-se em torno de um “Plano de Acção”. O Comité Executivo (o elenco) recebe os restantes membros da Comissão (os espectadores) para a delicada missão de apresentar de modo convincente este “Plano”, preparado a partir do “Programa Estratégico” previamente definido e aprovado. O objectivo é obter uma maioria de votos. Ao longo da reunião exibem-se gráficos, sobrepõem-se burocracias e debatem-se intrincadas terminologias, instalando-se progressivamente a dúvida quanto à competência e isenção dos principais responsáveis... Esta bem humorada Comissão, estreada no âmbito do FITEI 2010, questiona, re:produzindo e re:criando, a linguagem utilizada pelos decisores políticos enquanto mecanismo de exercício de poder. Surge como “Lado B” do espectáculo “Boom & Bang”, versado sobre as circunstâncias que levaram à actual crise financeira e remete-nos para os muitos “Planos de Acção” que proliferam por toda a Europa, para desespero do cidadão comum. A Companhia Visões Úteis veste-se de fato e gravata para nos proporcionar uma “visão politicamente útil” sobre os complexos processos de decisão da sociedade contemporânea. Conseguirá esta Comissão reunir o consenso generalizado? Visões Úteis chega-nos do Porto, com um percurso de mais de quinze anos no cruzamento constante entre os temas do nosso aqui e agora e a procura de linguagens performativas contemporâneas. Enquanto companhia profissional de teatro, tem desenvolvido projectos que fogem aos modos habituais da representação teatral, propondo novos tipos de parcerias às estruturas de programação e tentando envolver instituições privadas. (c) Paulo Pimenta In the seminar room of an hotel, a Committee meets to discuss a “Plan of Action”. The Executive Committee (the actors) hosts the other members of the Committee (the spectators) to the delicate mission of presenting in a convincing way this “Plan”, based on the “Strategic Plan” previously elaborated and approved. The goal is to get the larger number of votes. Throughout the meeting charts are shown, paperwork overlaps, and complicated jargon is debated. The doubt about the skills and honesty of the board of directors increasingly grows as the meeting proceeds. The Company Visões Úteis dresses in business attire to offer us a “politically useful perspective” on the complex decision-making processes of contemporary society. Will this Committee be able to gather general consensus? 17 VERA MANTERO (PT) A Dança do Existir Retrospectiva em imagens do trabalho coreográfico de Vera Mantero Exposição e Centro de documentação temporário Exhibition Convento dos Remédios, Évora 16 de Julho ¬ July ¬ a ¬ to ¬ 30 de Setembro ¬ September (9H30 ¬ 12H30 e ¬ and ¬ 14H – 18H Terça-feira a Sábado ¬ Tuesday to Saturday) Encerra ao Domingo e Segunda-feira ¬ Closed on Sundays and Mondays Entrada livre ¬ Free entrance Práticas Documentais / Práticas Documentadas Inauguração Inauguration Com Rita Natálio e Elliot Mercer Convento dos Remédios 16 de Julho ¬ July ¬ 19H Fotos de ¬ Alain Monot, Alcino Gonçalves, Dirk Rose, Henrique Delgado, José Fabião, Jorge Gonçalves, João Tuna, João Sérgio, Laurent Philippe e Margarida Dias. Centro de documentação temporário Espaço multidisciplinar que permite aos visitantes/espectadores uma aproximação a várias vertentes relacionadas com o trabalho de Vera Mantero ¬ Publicações e clippings sobre o trabalho de Vera Mantero ¬ Vídeos de espectáculos, documentários, filmes, etc. ¬ Bandas sonoras das peças e propostas musicais ¬ Vídeos e livros propostos, de autores com quem Vera Mantero comparte afinidades ¬ Notas de criação ¬ Guest Book (c) João Tuna Vera Mantero inaugura, na 3ª edição da Escola de Verão, um formato novo, o de artista convidada. Trata-se de um contributo central para a temática do Festival nesta edição, acrescentando à formação a exemplaridade de um percurso revisitado numa iniciativa fortemente documental. Com efeito, na condição de artista convidada, Vera Mantero apresenta em Évora A dança do existir, uma exposição retrospectiva sobre o seu trabalho coreográfico. São cerca de 80 fotografias traçando o percurso da coreógrafa, das suas primeiras criações às mais recentes. A exposição integra ainda um Centro de documentação temporário, um espaço transdisciplinar que faculta aos visitantes / espectadores uma aproximação a várias vertentes do trabalho de Vera Mantero. O debate em torno das práticas de documentação (Práticas documentais / Práticas documentadas), encontros com a coreógrafa e a apresentação de dois solos da coreógrafa (ver página própria) completam esta proposta, actualizando e ampliando o espaço de reflexão e crítica onde se cruzam em plena igualdade formação, investigação e criação. Vera Mantero opens, in the 3rd edition of the Summer School, a new format: the guest artist. This is a extremely significant contribute to the theme this Festival’s edition, as it adds to training programs an exemplary career, re:visited by means of a strongly documental initiative. In fact, as guest artist, Vera Mantero presents in Évora A dança do existir (The Dance of Existence), a retrospective exhibition on her choreographic work. There are 80 photographs documenting her career as choreographer, from her first creations to the most recent ones, as well as a Temporary Documentation Center, which allows visitants and spectators to become more familiar with the various aspects of Mantero’s work. In addition to the exhibition there will be an encounter to debate the role of documenting practices in performance art creations, and also encounters-talks between the choreographer and academics that have been elaborating on her work. 18 PGT (PENDER, GARTON, TAYLOR) (USA) PGT Música Electrónica Improvisada Improvised Electroacustic Music Jardim da Biblioteca, Arraiolos 24 de Julho ¬ July ¬18H30 Castelo de Viana do Alentejo 25 de Julho ¬ July ¬19H PGT Festival Escrita na Paisagem ¬ Extensão de Sines 27 de Julho ¬ July ¬19H Todas as idades ¬ All ages Entrada livre ¬ Free entrance Laptops ¬ Brad Garton e Greg Taylor Bandolim ¬ Terry Pender PGT são uma formação peculiar. Um bandolim (Pender) dialoga intensa e vibrantemente com dois laptops (Garton, Taylor), abrindo caminhos através dos territórios da tradição musical em direcção ao mundo contemporâneo, onde se cruzam interesses, metodologias e dispositivos com outros músicos, outras músicas. De forma notável, trazem ao Festival Escrita na Paisagem a própria evidência da re:petição, do re:play. Com efeito, logo no processo de trabalho que utilizam, ‘process improvisation’, é evidente a re:petição e a transformação dos inputs circundantes (instrumentos ou outros) em material sonoro, umas vezes difuso, outras intenso, ou vibrante, lírico, etc. Nos concertos que apresentam em Portugal, haverá lugar para diálogo com músicos desconhecidos (prolongando os blind dates que realizámos em 2009), com as suas próprias fontes de criação, mas também com a criação irreverente de nomes como John Cage ou Cornelius Cardew. Ao espectador está reservado o especial papel de participar. Quem são os PGT Terry Pender é compositor e músico, os seus interesses estendem-se da música contemporânea multimédia à irlandesa e ao bandolim. Os seus trabalhos já foram apresentados em todo o mundo, incluindo Japão, Grécia e China. Compôs para a cadeia de rádio NPR e para o Whitney Museum of American Art. Mais recentemente, tem colaborado na criação de sonoplastias para eventos artísticos de larga escala com o Open Ended Group, tendo o seu trabalho corrido mundo, inclusive o Mostly Mozart Festival 2007, em Nova Iorque. É professor na Columbia University (NY), onde co-dirige com Brad Garton o Computer Music Centre, há mais de onze anos. Brad Garton é doutorado em composição musical pela Princeton University, e professor na Columbia University. Desenvolve software para música, tendo já trabalhado como consultor na concepção e instalação de laboratórios de computadores para criação musical em várias partes do mundo. Gregory Taylor iniciou a sua formação em artes visuais. Também estudou o gamelão de Java e música electroacústica, nos EUA e na Holanda, tendo escrito artigos para publicações como a Wired, Array e Option. Para além da sua colaboração com os PGT, conta igualmente com gravações a solo e colaborações com vários outros artistas: Jeff Kaiser, Scott Fields, Kim Cascone, entre outros. Actualmente trabalha na área dos novos media com a companhia de software Cycling ’74 (a empresa que fabrica o max/msp). PGT are a peculiar ensemble. A mandolin (Pender) dialogues intensive and vibrantly with two laptops (Garton, Taylor), opening new paths through the territories of traditional music, and heading toward the contemporary world, where other music and musicians’ interests, methodologies, and devices, cross. Their work process, called ‘process improvisation’, is clearly nurtured by re:petition and the rendering of the surrounding inputs into sonic material, sometimes dispersed, other times intense, or vibrant, lyric, etc. In the concerts they present in Portugal, there will be a dialogue with musicians the ensemble never met before, with their own creative sources, but also with the irreverent work of artists such as John Cage or Cornelius Cardew. 19 CIE. MOGLICE-VON VERX (FR) Miroir, Miroir Dança ¬ Música Dance ¬ Music Largo Marquês de Marialva (Frente à Sé Catedral), Évora 28 de Julho ¬ July ¬ 19H Jardim da Biblioteca, Arraiolos 29 de Julho ¬ July ¬ 18H30 Largo da Igreja, Fundão 31 de Julho ¬ July ¬ 22H30 Duração ¬ Duration ¬ 40min Todas as idades ¬ All ages Entrada livre ¬ Free entrance Concepção, Interpretação ¬ Méllissa Von Vépy Compositor, Pianista ¬ Stephan Oliva Dramaturgia ¬ Angélique Willkie Produção ¬ Laurence Edelin Co-produção ¬ SACD e Festival d’Avignon lado que não mostra, o lado intangível da interioridade. Estreado em 2009 no Festival de Avignon (Co-produção), Miroir Miroir é o resultado da exploração coreográfica, musical e cinematográfica de Melissa Von Vépy, Stéphan Olivia e Angélique Willkie. (c) Christophe Reynaud de Lage In Miroir Miroir (Mirror, mirror on the wall…) a piano multiplies in sonic images the encounter between a dancer and a mirror. She observes herself on it, reaches it in the air, and passes through it to discover (herself on) the other side... Musician and dancer create an intimate moment of simple beauty, on the edge of the anxieties and fragilities of a subject when facing his/her own image – his/her reflex. The mirror does not cease to evoke the side it does not show, the intangible site of the inner being. O espelho. Este objecto reflecte directamente demasiados filmes, estórias, contos de fadas e mitologias, e suscita questões existenciais e terríveis relacionadas com o acto de olhar para o mais profundo de nós próprios. Que integridade procuramos, quando nos olhamos nos olhos? Será que deixamos transparecer o reflexo do que se passa “por detrás da cena”? Podemos sempre tentar a salvação; objectivamente, o nosso reflexo mente. Som e coreografia são como uma fonte comum de interioridade para criar material subjectivo, deixando espaços vazios e fugas fantasmagóricas... Mélissa Von Vépy e Stéphan Oliva Um espelho, esse lugar de re:petições, suspende-se sobre os nossos olhos re:flectindo a paisagem à sua volta. Em cena, um piano multiplica em imagens sonoras o encontro de uma bailarina com o espelho. Ela re:vê-se nele, alcança-o no ar, entra nele, entra na sua própria imagem, para (se) descobrir o outro lado... Músico e bailarina constrõem um momento íntimo de uma beleza singela, no limite das inquietações e fragilidades do ser quando confrontado com a sua própria imagem – o seu re:flexo. O espelho não deixa de evocar o Von Vépy, nascida em Geneva (Suíça) é trapezista de formação e cofundadora da Cie Moglice – Von Verx (criada em 2000, em conjunto com Chloé Moglia). Na sua companhia Von Vépy e Moglia co-criaram e apresentaram vários espectáculos: “Un certain endroit du ventre” (Um certo lugar na barriga), “Temps troubles” (Tempos Conturbados), “I look up, I look down…” (Olho para cima, olho para baixo), “Une jambe n’est pas une aile / Nimbus / Croc” (Uma perna não é uma asa/ Nimbus/Croc) e “Dans la gueule du ciel” (Na boca do céu), em colaboração com o actor Peter James. Em 2007 a companhia foi galardoada com o prémio “Arts du Cirque”, do SACD – Societé d’Auteurs et Compositeurs Dramatiques (Sociedade de Autores e Compositores Dramáticos). Olivia, pianista francês, começou a ser notado nos finais dos anos 80 pela sua sensibilidade como intérprete. O seu trabalho é marcado pela diversidade e originalidade, como se pode verificar nas variadas homenagens a pianista como Bill Evans, Lennie Tristano, Paul Motian, Giacinto Scelsi, Paul Auster, Bernard Herrmann e Harlem Piano Stride, bem como na sua nova criação “Little Nemo”. Já tocou com diversos músicos, entre os quais Bruno Chevillon, Paul Motian, JeanMarc Foltz, François Raulin, Claude Tchamitchian, Jean-Pierre Jullian, Christophe Monniot, Linda Sharrock, Joey Baron e Suzanne Abbuehl. Apaixonado por cinema, desenvolve parte do seu trabalho sob a forma de improvisações em concertos a solo sobre bandas sonoras de filmes e ainda em cineconcertos para filmes mudos. Também compõe e interpreta música para curtas e longas metragens, algumas das quais realizadas por Jacques Maillot. Desde 2006, que trabalha com regularidade com a actriz e cantora Hanna Schygulla. Willkie, bailarina natural da Jamaica, iniciou a sua formação em dança na School of Toronto Dance Theatre. Depois de se ter estreado no Quebec viajou para a Europa onde se fixou – há 17 anos que divide o seu trabalho entre a criação autónoma e o trabalho com várias companhias. Na Bélgica colaborou com Les ballets C de la B e Needcompany, como cantora, e com Zap Mama, dEUS e DAAU. Participou em vários projectos com Ultima Vez Company/ Wim Vandekeybus (Bruxelas), Henny Jurriens Stichting (Amesterdão), Circuit-Est (Montreal), SEAD (Salesburgo) e ImPulsTanz. Também desenvolve trabalho na área da pedagogia em treino vocal e dança, e ainda como dramaturgista e assistente de teatro-dança. 20 TEATRO DO VESTIDO (PT) Chegadas Teatro Theater Residência artística Artistical residency Viana do Alentejo De ¬ From ¬ 15 a ¬ to ¬ 28 de Agosto ¬ August Apresentação Presentation 28 de Agosto ¬ August ¬ 21H30 M/12 ¬ 12A Entrada livre ¬ Free entrance Direcção ¬ Joana Craveiro Criação, Interpretação ¬ Gonçalo Alegria, Joana Craveiro, Rosinda Costa, Inês Rosado Dramaturgia ¬ Teatro do Vestido Assistente de encenação ¬ Lara Portela Produção ¬ Sandra Carneiro Co-Produção ¬ Festival Escrita na Paisagem Projecto financiado por ¬ Ministério da Cultura/DGArtes (c) Gonçalo Alegria O Teatro do Vestido (TdV) tem vindo a colaborar com o Festival Escrita na Paisagem desde 2006, numa relação institucional e artística que se consolida de ano para ano. Em 2010, o TdV traz ao Festival a estreia de Chegadas, o resultado de um projecto que a companhia começou a desenvolver numa residência artística, no quadro do Escrita na Paisagem 2009. Depois de um longo período a escrever sobre e re:presentar o acto de “partir”, os membros do TdV compreenderam que, no fim de contas, só têm sido capazes do acto de “permanecer”. Na produção literária, o acto de “partir” (e a urgência que o acompanha) é (são) o(s) mais documentado(s). Assim, TdV aventura-se a iniciar uma pesquisa sobre a estranheza da “chegada”. O primeiro passo foi dado em 2009, numa residência artística desenvolvida no Escrita na Paisagem, sob o tema escolhido pelo festival para esse ano: o corpo. TdV empreendeu uma pesquisa artística fundada num trabalho site-specific de observação e documentação. O seu objectivo era compreender como é que o acto de “chegar” se inscreve no nosso corpo: a sensação do corpo chegar a um lugar novo (ou já conhecido), a relação que se estabelece com os “verdadeiros” e “autênticos” habitantes de um local, ser turista, o nomadismo da comunidade cigana, e o nomadismo dos próprios artistas, cujo trabalho os leva a percorrer Évora, encharcados pelo calor insuportável que, em Agosto, assola o Alentejo. Este material foi todo re:colhido, trabalhado, e re:criado numa nova peça, a 14ª criação do TdV. Chegadas é uma peça de teatro documental, onde a observação se deixa permear pelos observadores. É uma estória sobre uma experiência peculiar – chegar –, contada e re:presentada por actores-nómadas. É também um projecto que desvenda como o re:play, sendo repetição, é sempre-já uma re:novação. O acto de chegar está inscrito nos nossos corpos e nós actuamo-lo uma e outra vez, mas sempre de um modo diferente. Chegar é sempre-já re:gressar, mesmo que não conheçamos os lugares e as pessoas que os habitam. Estamos sempre a chegar a algum lado, vindos de um lado qualquer. E a cada chegada estamos diferentes. O Teatro do Vestido vem mais uma vez ao Festival, ao Alentejo; esta chegada, bem como o processo criativo a desenvolver e os resultados a apresentar pela companhia, serão certamente tão familiares quanto surpreendentes e inesperados. Teatro do Vestido (TdV) brings to the Festival the premiere of the performance Chegadas (Arrivals), the outcome of a project the company started developing during an artistic residence at the Festival, in 2009. Arrivals is a documental theatre play, where documental observation is mixed with the implication of those who have been observing. It is a tale about a peculiar experience – arriving –, told and re:presented by travellers-actors. It is also a project that surfaces how re:play, being re:petition, is always-already an act of re:novation. The act of arriving is inscribed in one’s body and one is constantly performing it again and again, although differently. To arrive is always-already to re:turn, even when one does not know the sites and the people that inhabit them. One is always arriving to somewhere, from someplace else. And one is always changing at each arrival. Teatro do Vestido é um colectivo artístico multidisciplinar, fundado em 2001, e dedicado à criação de peças teatrais e instalações que explorem novos processos criativos e que, em particular, constituam uma dramaturgia original. O TdV aposta numa forte relação com o espaço, valorizando-o, ao mesmo tempo que procura estabelecer uma relação de participação com o público. A abordagem estética desenvolvida pelo TdV tem levado a companhia a trabalhar em contextos diversos: nacional e internacional, rural e urbano. Entre 2006 e 2007 o TdV desenvolveu a sua actividade num espaço cedido pelo Hospital Psiquiátrico Júlio de Matos (Lisboa), onde concebeu e materializou projectos artísticos, leituras encenadas, e projectos pedagógicos. Desde 2007 que a companhia carece de um espaço de trabalho permanente. O TdV é reconhecido pela originalidade, experimentação e pesquisa que caracterizam os seus projectos, e pela reflexão sobre a contemporaneidade, o que tem sido considerado muito pertinente pelo público e pela crítica. Recentemente a companhia tem-se dedicado a desenvolver projectos pedagógicos (Zonas) através dos quais pretende contribuir para a formação de actores autónomos e responsáveis, bem como de novos públicos, e ainda suscitar uma reflexão constante sobre arte e realidade. • LA O C ES O VER Ã E D • CIE PHILIPPE GENTY (FR) PHILLIP ZARRILLI & KAITE O’REILLY (EN) VERA MANTERO (PT) Artista Convidada ¬ Guest Artist Co-produção FCT 22 ESCOLA DE VERÃO Cie Philippe Genty (FR) Souvenir d’une Amnésie Phillip Zarrilli & Kaite O’Reilly (EN) Making The Body All Eyes Vera Mantero (PT) Olympia + uma misteriosa Coisa disse e. e. cummings Artista Convidado ¬ Guest Artist Escola de Verão 2010 Summer School 2010 Desde 2008, o Festival Escrita na Paisagem elege Agosto como o mês dedicado à Escola de Verão, proporcionando a jovens artistas e alunos de artes a oportunidade de aprender com artistas internacionais reconhecidos no campo do teatro e performance. Since 2008, the Festival Escrita na Paisagem chooses August as the month dedicated to the Summer School, providing young artist and arts students with the opportunity to learn with acknowledged international theater and performance artists. For its 3rd edition, the Summer School 2010 widens its scope and offer. For the first time this project will host a guest artist, Vera Mantero; conferences, debates, and a documental exhibition will be presented. In addition the artist will perform two of her creations – Olympia and a mysterious Thing said e.e. cummings. Following the scheme of the previous editions, but in a broader format, Summer School will offer two intensive performance workshops: “Souvenir d’une amnésie” (Memory of an amnesia), focused on puppetteering and manipulation of objects, coordinated by Cie. Philippe Genty; and “Making the body all eyes”, which approaches actor’s trainning and performance creation and writing, and it is directed by Phillip Zarrilli and Kaite O’Reilly. Na sua terceira edição a Escola de Verão 2010 expande a sua abrangência e oferta. Pela primeira vez, o projecto acolhe um “artista convidado”, Vera Mantero. Em torno do trabalho desta criadora desenvolvem-se conferências, debates e uma exposição documental. Por fim, Vera Mantero apresenta ainda duas performances – Olympia e uma misteriosa Coisa disse e. e. cummings – nas quais se encontram re:flectidas e problematizadas questões que ocupam este ano o Festival, centrado no tema re:play. Dando continuidade ao formato de edições anteriores, agora alargado, a Escola de Verão oferece dois cursos de formação intensiva: “Souvenir d’une amnésie” (Memória de uma amnésia), centrado no actor marionetista e manipulação de objectos, coordenado pela Cie. Philippe Genty; e “Making the Body All Eyes” (Tornar o corpo ‘todo olhos’), dedicado ao treino do actor e criação e escrita para performance, dirigido por Phillip Zarrilli e Kaite O’Reilly. 24 JU LHO ARRAIO LOS ÉVORA 17 ¬ ELLIOT MERCER 24 ¬ PGT 29 ¬ CIE MOGLICE-VON VERX 1 ¬ DJ SPOOKY 2 ¬ 3 ¬ JOANA CRAVEIRO 7 ¬ 8 ¬ TEATRO DE FERRO 7 ¬ 10 ¬ MOVIMENTO ARRISCADO 9 ¬ FESTA DA LÃ 12 ¬ 15 ¬ ELLIOT MER- CER 14 ¬ 17 ¬ MOVIMENTO ARRISCADO 14 ¬ 15 ¬ VISÕES ÚTEIS 28 ¬ CIE MOGLICE-VON VERX 31 ¬ CIE MOGLICE-VON VERX ALENTEJO 16 ¬ ELLIOT MERCER SINES 25 ¬ PGT 27 ¬ ELLIOT MERCER 27 ¬ PGT FUNDÃO VIANA DO AGO STO ÉVORA 2 ¬ 13 ¬ CIE PHILIPPE GENTY (ESCOLA DE VERÃO) 11 ¬ 12 ¬ VERA MANTERO (ENCONTROS) 14 ¬ VERA MANTERO (SOLOS) 24 ¬ 3 (SETEMBRO) ¬ PHILLIP ZARRILLI (ESCOLA DE VERÃO) FUNDÃO 20 ¬ 22 ¬ ELLIOT MERCER CARTAZES DO FESTIVAL ESCRITA NA PAISAGEM IMPRESSOS POR http://recicloteca.net/ [email protected] +351266758626 +351266704829 25 VIANA DO ALENTEJO 15 ¬ 29 ¬ TEATRO DO VESTIDO 24 (AGOSTO) ¬ 3 ¬ PHILLIP ZARRILLI (ESCOLA DE VERÃO) 21 ¬ 23 ¬ MOSTRA DE VÍDEO PERFORMANCE 22 ¬ 23 ¬ PEDRO ANTUNES 23 ¬ ANTÓNIO PEDRO LOPES & MONICA GILLETTE SE TEM BRO ARRAI LOS 27 ¬ DINIS MACHADO 27 ¬ 29 ¬ INTERSECTION: SOBRE CURADORIA 28 ¬ ANTONIO TAGLIARINI & DARIA DEFLORIAN 29 ¬ FANNY & ALEXANDER 30 ¬ TIAGO PEREIRA FUNDÃO EXPOSI ÇÕES PER MANENTES PEDRO PROENÇA ¬ ARRAIOLOS ¬ ÉVORA ¬ SINES ¬ VIANA DO ALENTEJO ÚLTIMAS CEIAS ¬ ÉVORA LINHAS COM QUE ME COSO ¬ CRATO VERA MANTERO ¬ ÉVORA (16 de JULHO a 30 de SETEMBRO) 9 ¬ 12 ¬ TEATRO DO SILÊNCIO 24 ¬ PEDRO ANTUNES ÉVORA 6 ¬ 18 ¬ RITA NATÁLIO 25 ¬ PEDRO ANTUNES Av. Dr. Barahona, 2 7005-105 - Évora http://www.grupofbarata.com/pt/ [email protected] +351 266 737 990 27 CIE PHILIPPE GENTY (FR) SOUVENIR D’UNE AMNÉSIE Escola de Verão Summer School Antiga Fábrica dos Leões, Universidade Évora De ¬ From ¬ 2 de Agosto ¬ August ¬ a ¬ to ¬ 13 de Agosto ¬ August A Companhia Philippe Genty é responsável por criações multidisciplinares, nas quais cruza teatro, dança, música, teatro de marionetas e objectos. O seu trabalho é baseado na relação entre corpo e objecto, explorada através de uma variedade de abordagens, materializando uma linguagem visual original e tocante. A cena é concebida como uma paisagem interior onde o consciente se revela: medos, esperanças, vergonha, desejos reprimidos… As criações da Cie Philippe Genty pertencem ao mundo do sonho, no qual actores, marionetistas, e bailarinos, manipulando marionetas e objectos de várias dimensões, surgem em cena tecendo estórias fantásticas perante os olhos do público. Na Escola de Verão do Festival Escrita na Paisagem, em Évora, a Cie Philippe Genty coordena um curso intensivo que introduz os participantes à linguagem visual da companhia. Em “Souvenir d’une amnésie” (Memória de uma amnésia) trabalho centra-se em técnicas básicas da manipulação de marionetas e objectos e na relação entre corpo e objecto, abordada através de exercícios de pesquisa individual e colectiva. O curso é dirigido a marionetistas, actores, bailarinos, e performers. Após dez dias de trabalho intensivo as portas da Escola de Verão abrem-se aos espectadores numa apresentação pública. At Escrita na Paisagem’s Summer School, in Évora, the Company Philippe Genty coordinates a intensive workshop that introduces participants to the company’s visual language. The work is focused on the basic techniques of puppet manipulation and on the relationship between body and object, approached via both individual and collective research. The workshop is opened to puppeteers, actors, dancers, and performers. After 10 days of intense work a final presentation will be open to public. “Memória de uma amnésia” é coordenado por Eric de Sarria e Nancy Rusek Eric de Sarria, actor e encenador, é marionetista e manipulador de objectos na Companhia Philippe Genty desde 1988. Para a mesma companhia, trabalhou como actor em Dérives (19881992), Dédale (1998-2000) e Zigmund Follies (2000-2007), produção que foi apresentada em digressões pela França, Istambul, Arménia, Georgia, Finlândia e Milão (2008-2009). Em 2007 foi assistente de encenação na produção Boliloc. É responsável pela encenação de vários espectáculos em França e no estrangeiro como: 3 Petit’s Notes (2008); Cabaret Exorciste, baseado no texto de Henri Michaux (2007); La Tête dans les Nuages, para o colectivo Playground (2004); Sur les Hauteurs et Autres Textes de Christian Bobin (2003); The Story of Aywa, apresentado na África do Sul em 2002. Também em 2002 encenou o espectáculo La Reine et la Pierre de Lumière, uma produção destinada ao público mais jovem. Esteve envolvido em várias colaborações com diversos colectivos como L’Illustre Famille Burattini, com a qual desenvolveu criações de teatro de rua, e com o Théâtre de L’Unité onde trabalhou como actor em Terezin (1996-1997). Com o colectivo Playground trabalhou como actor e marionetista nas produções A Table (2008) e Le Roi de la Solitude (2007). Mais recentement, no estrangeiro, escreveu e encenou, em 2009, a peça Commune Empreinte, numa co-produção com o Teatro Samart, na Rússia (2009); e também criou e dirigiu duas obras na África do Sul: Un Molière à Soweto (2006) e +/- Mémoire de Batteries (2005). É ainda autor de vários solos (sendo responsável pelo texto, concepção do jogo cénico e encenação), concebidos para salas ou espaços ao ar livre, como é o caso de Un foût de Millefeuille (2008). Ao trabalho de criação junta ainda o ensino. Sarria coordena oficinas sobre trabalho com marionetas e jogo cénico, tanto em França como no estrangeiro. Nancy Rusek, nascida na Bélgica, iniciou a sua formação em dança clássica aos 11 anos na École du Ballet Royal de Flandres em Anvers (Bélgica). Aos 18 anos dá os primeiros passos na carreira de bailarina contemporânea com Karmen Larumbe Danza em Madrid, companhia com a qual faz seguidamente mais duas produções. No entanto, é em França que se instala e participa nas criações La Bayadère de Andy Degroat, Décodex de Philippe Decouflé, e Anthrop Modulo I, Almanach Bruitax, e Les Récits de Tribus Oméga da Cie Système Castafiore. Trabalhou também como assistente de coreografia para o Ballets de MontéCarlo (com Jean-Christophe MAillot) em L.F.O. e para o Ballets de Loraine (com Didier Deschamps). Entre um Laboratório de Coreografia e os «bailados» com a CIE Beau Geste (dirigida por Dominique Boivin), Nancy desenvolveu igualmente trabalho coreográfico para a sua própria companhia, criando três peças: Le Fragile équilibre de l’Affaire em 2000, F3 em 2004, bem como EXIT, peça para 16 bailarinos (encomenda da École du Ballet Royal des Flandres) em 2005. Em Junho de 2006, colabora como coreógrafa e bailarina no filme Que reste-t-il de Chris Conty, pelo realizado Benoit Finck (um documentário-ficção transmitido pelo Canal +) , e ainda no espectáculo com o mesmo nome, por JeanJacques Nyssen. Em Novembro de 2008, Rusek colabora como coreógrafa com o realizador Gilles Charmant na curta-metragem Quelques conseils contre l’usure. Desde Fevereiro de 2008, é coach assistente nas digressões de Sombrero de Philippe Decouflé. Entretanto, em Agosto de 2004, conhece o trabalho de Philippe Genty, integrando a companhia a partir depois de participar no espectáculo La Fin des Terres. Continua a desenvolver trabalho individualmente, bem como enquanto assistente de Mary Underwood – função que assumiu depois de ter participado, em Julho de 2009, num estágio no Institut International de la Marionnette em Charleville-Mézières. 28 PHILLIP ZARRILLI & KAITE O’REILLY (EN) Making the Body All Eyes Escola de Verão Summer School Antiga Fábrica dos Leões, Universidade Évora De ¬ From ¬ 24 de Agosto ¬ August ¬ a ¬ to ¬ 2 de Setembro ¬ September “Dos Livros Évora”: A Library of Hands Performance 3 de Setembro ¬ September ¬ 21H30 Duração ¬ Duration ¬ 55 minutos M/12 ¬ 12A Entrada livre ¬ Free entrance Depois de terem coordenado a segunda edição da Escola de Verão, em 2009, o coach de actores e encenador Phillip Zarrilli e a dramaturga, dramaturgista e criadora de performance Katie O’Reilly orientam um novo curso, dirigido a actores, performers, bailarinos e escritores. O trabalho desenvolvido no curso culmina numa performance site-specific e em-processo, intitulada “Dos livros de Évora”: A Library of Hands, a ser apresentada na Biblioteca Pública de Évora. Em “Making the Body All Eyes” (Tornar o corpo ‘todo olhos’) a criação artística é abordada da perspectiva da performance e da escrita de/para performance, através de um treino psicofísio e orientado para estimular a imaginação. Phillip Zarrilli introduz os participantes ao seu treino psicofísico internacionalmente reconhecido, no qual articula exercícios baseados em artes marciais e de meditação asiáticas, como o kalarippayattu e o Thai Chi Chuan, com princípios essenciais e abordagens concebidas por encenadores e teóricos do teatro ocidental como Stanislavski, Grotowski, e Artaud. A outra componente do curso centra-se na escrita de/para performance. Orientados por Kaite O’Reilly, os participantes vão construir textos a partir de exercícios para estimular a imaginação, explorando diferentes pontos de partida e estéticas. Estes exercícios têm por base um trabalho sobre imaginação inspirado na abordagem de Michael Chekhov. À medida que o trabalho progride Zarrilli e O’Reilly colaboram entre si e com os participantes na criação de uma performance, tomando como ponto de partida exercícios psicofísicos, textos de autor, textos ‘encontrados’, e as reacções ao espaço da performance – a extraordinária sala de leitura da Biblioteca Pública de Évora. Após dez dias de trabalho intensivo será apresentada a performance site-specific e em-processo: “Dos livros de Évora”: A Library of Hands. Uma performance que materializa uma combinação dos processos de trabalho de Zarrilli e O’Reilly: criação de textos tomados como estímulo para a criatividade, textos representados, e improvisações estruturadas. A peça será igualmente reflexo de questões artísticas gerais que ocupam os criadores, bem como de questões específicas suscitadas pelo trabalho no espaço da Biblioteca Pública de Évora e sobre o conceito e práticas de arquivo: que possibilidades performativas nos oferece o espaço enquanto lugar onde algo pode acontecer? Que estímulos à criação de textos e partituras provocam os livros desta biblioteca? Qual é o toque e a sensação desses livros? Que histórias estão “contidas” nestes textos? After coordinating the second edition of the Summer School in 2009, the actor trainer and director Phillip Zarrilli and the dramaturg, dramaturgist and performance creator Katie O’Reilly offer a new workshop, addressed to actors, performers, dancers, and writers. The workshop will culminate in a work-in-progress site-specific performance, “The Évora Books”: A Library of Hands, in The Public Library of Évora. In the workshop “Making the body all eyes” creation is approached from the perspective of performing and writing (to) performance through a psychophysical and imagination-oriented training. 29 Phillip Zarrilli e Kaite O’Reilly dirigem o curso “Tornar o corpo ‘todo olhos’” Phillip Zarrilli é internacionalmente reconhecido pelo seu método de treino psicofísico do actor, baseado em artes marciais e de meditação asiáticas, e como encenador. Tem um estúdio próprio (Tyn-y-parc C.V.N. Kalari/Studio) em Gales, e dirige workshops um pouco por todo o mundo – incluindo os recentes workshops e residências de longaduração no Centro de Estudos sobre Jerzy Grotowski (Polónia), no Festival Internacional de Teatro de Seul, no International Workshop Festival (Londres), no Teatro Nacional da Grécia, Theatre Training Initiative (Londres), Companhia de Teatro Tainan-Jen (Taiwan), TTRP (Singapura), Associação Teatral Gardzienice e Passe Partout (Holanda), entre muitos outros. As suas produções mais recentes das peças de Samuel Beckett, que circularam por Los Angeles (2000), Áustria (2001) e Irlanda (2004), foram aclamadas pela crítica e galardoadas com os prémios de ‘melhor actriz’ e ‘produção corajosa’ em Los Angeles. Em 2002 colaborou com a artista e escritora premiada, sedeada no Reino Unido, Kaite O’Reilly, e com o Teatro Asou (Áustria) na performance, Speaking Stones, que estreou na Áustria em Setembro, apresentada pela primeira vez na Áustria em Setembro de 2002, e estreou em inglês em Varsóvia (Polónia), sob o convite do Centro de Estudos sobre Jerzy Grotowski, em 2003, voltando mais uma vez à Áustria com uma apresentação em Aflenz, 2004. Também em 2004 encenou The Water Station, de Ota Shogo, com o TTRP na The Esplanade Theatres on the Bay em Singapura. Entre 2005 e 2006 encenou Die Zofen (As Criadas) de Genet na Áustria, e esteve em digressão, pelo EUA, durante Março e Setembro de 2007, com The Beckett Project. Em 2007 encenou, em Singapura, a estreia de Attempts on Her Life, de Martin Crimp, (uma produção do TTRP na Esplanade Theatres on the Bay). Recentemente encenou a estreia mundial, e aclamada pela crítica, de The Almond and the Seahorse, de Kaite O’Reilly’s, com a Sherman Cymru, e a nova tradução de Psicose 4:48, de Sarah Kane, na KNUA (Seul, Corea, 2008). Entre 2009 e o início de 2010 colaborou com Kaite O’Reilly e Jo Shapland na criação de Told by the Wind; este trabalho foi apresentado como work-in-progress em Agosto de 2009 no Festival Escrita na Paisagem, e estreou em Janeiro de 2010 no Chapter Arts Centre de Cardiff. Zarrilli também é reconhecido pelo seu trabalho com bailarinos e coreógrafos indianos. Em 2000 dirigiu Walking Naked, com o bailarino/ coreógrafo bharatanatyam, Gitanjali Kolanad, estreou em Chennai e fez uma digressão internacional até 2004, passando por Mumbai, Londres, Seul, Nova Iorque, Toronto, etc. Em 2003 adaptou e encenou a farsa em Sânscrito do séc. XVII para a companhia de dança/ teatro bharatanatyam, sedeada no Reino Unido, Sangalpam, com performances no Purcell Room, Queen Elizabeth Hall (Royal National Theatre, Londres), e por todo o Reino Unido. Em 2006 completou um nova performance a solo, The Flowering Tree, com Gitanjali Kolanad. Junta-se ao seu percurso profissional o ensino do processo psicofísico nos cursos superiores do departamento de Theatre Practice da University of Exeter (UK). Entre os seus numerosos livros destacam-se (como editor) Acting (Re)Considered (2ª edição no prêlo), When the Body Becomes All Eyes (1998), Kathakali Dance-Drama: Where Gods and Demons Comes to Play (2000), e (como editor) Martial Arts in Actor Training (1993). O seu novo livro com um DVD-Rom interactivo (por Peter Hulton) sobre a sua abordagem ao treino do actor e performance, Psychophysical Acting: an intercultural approach after Stanisalvski acaba de ser publicado pela prestigiada Routledge Press (2009). Mais informações em: www.phillipzarrilli.com Kaite O’Reilly é internacionalmente reconhecida como dramaturga e dramaturgista galardoada. Mais recentemente, foi uma das vencedoras do Prémio Susan Smith Blackburn (2009), com The Almond and the Seahorse. Outros prémios que recebeu incluem: o prémio Peggy Ramsay com YARD (Bush Theatre, Londres e Schlacthaus, Maxim Gorky Theater, Berlin), o prémio MEN de melhor obra em 2004 com Perfect (encenada por John E McGrath) e o prémio Theatre-Wales em 2003 com Peeling. Em 2008, Kaite foi galardoada com o prémio Major Creative do País de Gales com ‘D’ Monologues, que está neste momento a ser desenvolvido no National Theatre Studio, em Londres. Actualmente encontra-se a escrever uma nova versão dos Persas de Ésquilo, para ser encenada por Mike Pearson para o National Theatre of Wales. Kaite e Phillip colaboraram em Speaking Stones, para o Theatre Asou, e em Told by the Wind. Mais informações em: www.kaiteoreilly.com 30 VERA MANTERO (PT) Olympia ¬ uma misteriosa Coisa disse e. e. cummings Dança ¬ Performance Dance ¬ Performance Convento dos Remédios, Évora 14 de Agosto ¬ August ¬ 21H30 Duração ¬ Duration ¬ 55 minutos M/12 ¬ 12A Entrada livre ¬ Free entrance Olympia Concepção e interpretação ¬Vera Mantero Luzes ¬ João Paulo Xavier Adaptação e operação de luz ¬ Bruno Gaspar Texto ¬ Jean Dubuffet Música ¬ extractos de música dos Pigmeus Bakma, Camarões Agradecimentos de Vera Matero ¬ a Ana Mantero e Miguel Ângelo Rocha uma misteriosa Coisa disse e. e. cummings Concepção e interpretação ¬ Vera Mantero Caracterização ¬ Alda Salavisa (desenho original de Carlota Lagido) Adereços ¬ Teresa Montalvão Desenho original de luz ¬ João Paulo Xavier Adaptação e operação de luzes ¬ Bruno Gaspar Produção executiva ¬ Forum Dança Apoio ¬ Casa da Juventude de Almada; Re.al / Amascultura Produção ¬ Culturgest, 1996 Homenagem à Josephine Baker Sobre Olympia Vera Mantero concebeu Olympia como uma peça para ser apresentada no programa da Maratona para Dança (1993). O seu objectivo, contaminado pelo do próprio evento que ia integrar era “‘acordar’ as pessoas”. Foi esta a premissa que levou Vera Mantero a articular passos da obra literária Asfixiante Cultura de Jean Dubuffett e a figura de Olympia, pintada por Manet. Uma articulação que extrai a sua vitalidade do acto de re:criar, re:pensar e re:inventar objectos artísticos com uma história própria, re:escrevendo-a, e assim re:inventar também a prática e fruição estética da dança, e a sua história. Ao apresentar Olympia no Escrita na Paisagem, Vera Mantero não só glosa as obras originais que lhe servem de base de trabalho, como re:pensa e re:actualiza a sua própria criação, no encontro com um novo espaço e um novo contexto. Um duplo re:play que levanta questões centrais ao debate que o Festival propõe este ano, colocando as práticas de re:petição no cerne da criação artística contemporânea. Porquê re:pensar uma criação? O que significa re:criar um objecto artístico? O que se altera, perde ou acrescenta a cada re:petição? Eis algumas das interrogações para as quais queremos encontrar possibilidades de resposta – não só com Vera Mantero, mas também com os espectadores que se juntam a nós. Vera Mantero presents two solo performances: Olympia and a misterious Thing said e. e. cummings. The first was originally conceived in 1993 to the program of “Maratona para Dança” (Maraton to Dance), in which Vera Mantero brings together excerpts of Jean Dubuffett’s text Asphyxiating Culture and the figure Olympia as painted by Manet. The power of the piece comes from Mantero’s ability to re:create, re:think, and re:invent the artistic objects she uses as raw material, re:writing their history and at the same time re:inventing practices and aesthetic pleasure of dance, as well as its history. The second piece emerges from Mantero’s need of materializing a sense of “greatness of spirit” (grandeza de espírito). By articulating various sources and figures, from Josephine Baker and e. e. cummings to a speech by Mário Soares, Glenn Gould’s “Goldberg Variations” and the work of the butoh master Kazuo Ohno, Mantero creates a piece that re:actualizes ghosts, in particular, as André Lepecki argues, those of Josephine Baker and the European (especially, the Portuguese) colonialist past (cfr. Lepecki, 2004: 106-122). re:play, isto é, ler as práticas de re:petição e re:criação como centrais na criação contemporânea. Neste peça, o re:play está presente em diversos níveis, dos quais o mais evidente é propor a Vera Mantero que re:faça um dos seus solos, instalando-o num novo contexto. Re:play é, na verdade, um conceito intrínseco a uma misteriosa Coisa, já que esta peça, como nota André Lepecki, é uma re:actualização de fantasmas – o de Josephine Baker e das suas coreografias e, em consequência, das problemáticas do racismo e colonialismo que atravessam a Europa pós-colonial, problemáticas especialmente sensíveis (e silenciadas) em Portugal. Em síntese, como Lepecki afirma: “a forma como o corpo europeu, feminino e branco de Mantero escolhe abordar (o fantasma de) Josephine Baker, precisamente como uma subjectividade assombradora e um corpo assombrado, intensifica o caudal de histórias e memórias do colonialismo europeu, das actuais fantasias raciais europeias e da actual amnésia do colonialismo, oferecendo uma apresentação perturbadora de uma imagem desafiante e improvável de uma mulher, uma bailarina, e uma subjectividade.” (Lepecki, 2006: 111) Lepecki, André. 2006. “Melancholic dance of postcolonial spectral: Vera Mantero summoning Josephine Baker”, Exhausting Dance: Performance and the politics of movement. Londres / Nova Iorque, Routledge: 106122. [Tradução do original inglês por Rita Valente]. Sobre Vera Mantero Vera Mantero nasceu em Lisboa, em 1966. Estudou Ballet Clássico até aos dezoito anos. Trabalhou durante cinco anos para o Ballet Gulbenkian. Em Nova Iorque e Paris, estudou Técnica de Dança Contemporânea, Técnica Vocal e Teatro, abandonando por completo as suas origens clássicas. Como bailarina, trabalhou em França com Catherine Diverrès. Começou a criar as suas próprias coreografias em 1987, e desde 1991 apresenta-as em teatros e festivais da Europa, Brasil, EUA, Canadá e Singapura, entre outros. Para Vera Mantero a dança não é um dado adquirido; ela acredita que quanto menos se apodera dela, mais dela se aproxima. A dança e o trabalho performativo servem-lhe para compreender o que precisa de compreender; faz-lhe cada vez menos sentido a condição de performer especializado (bailarino, actor, cantor ou músico) e cada vez mais a de performer total. A vida é para si um fenómeno terrivelmente rico e complicado, e o seu trabalho uma luta contínua contra o empobrecimento de espírito, seu e dos outros. Uma luta que considera essencial a este momento da nossa História. (c) Jorge Gonçalves Sobre uma misteriosa Coisa disse e. e. cummings “uma misteriosa Coisa, nem primitiva nem civilizada, ou para além do tempo, no sentido em que a emoção está para além da aritmética” (e. e. cummings, sobre Josephine Baker) Em 1995 Vera Mantero encontrou-se com Josephine Baker, e. e. cummings, e com um discurso de Mário Soares (na altura, Presidente da República). A partir destes, encontrou-se também com o pianista Glenn Gould e as suas “Variações Goldberg” e com o mestre butô Kazuo Ohno. Este encontro fez crescer em Vera Mantero a necessidade de conceber e materializar uma “grandeza de espírito”, “[o seu] grande desejo de uma vitória do espírito”, que não é desprovido da existência e do prazer do corpo – concebido como igualmente grandioso. Numa articulação transdisciplinar entre dança contemporânea ocidental, butô, política e música, Vera Mantero lançou-se no desafio de coreografar e dar corpo a um espírito que “tem vontade de anular […] a boçalidade, a assustadora burrice, a profunda ignorância, a pobreza dos horizontes, o materialismo…”. Com uma misteriosa Coisa o Festival Escrita na Paisagem aborda mais uma das várias modalidades do tema escolhido para a edição de 2010: 32 RITA NATÁLIO (PT) “Nada do que dissemos até agora teve a ver comigo - to be continued” Residência de criação ¬ Performance Artistical residency ¬ Performance Casino, Fundão De ¬ From ¬ 12 a ¬ to ¬ 16 de Abril ¬ April e de ¬ and from ¬ 8 a ¬ to ¬ 18 de Setembro ¬ September Direcção Artística ¬ Rita Natálio Interpretação ¬ António Júlio, Cláudio da Silva, Nuno Lucas Imagem ¬ Luciana Fina Direcção técnica ¬ Mafalda Oliveira Apoio à produção O Rumo do Fumo Co-produção ¬ Culturgest, Festival Temps d’Image, Festival Escrita na Paisagem, Município do Fundão “Nada do que dissemos até agora teve a ver comigo - to be continued” (Nothing we’ve said by now is about me), developed from a workshop on oral improvisation, started at SKITe/Sweet & Tender Collaborations (2008), and presented at Fundação de Serralves within the project Ciclo Documente-se (2009). The work takes as its core concern the construction / narration of identity, applied to text improvisation. “Nothing we’ve said by now is about me - to be continued” (the second stage of the project that Rita Natálio develops at Escrita na Paisagem) follows the same research approach, although transformed to suit the construction of a theatrical and visual fiction. Nada do que dissemos até agora teve a ver comigo, foi desenvolvido a partir de um laboratório sobre improvisação oral, iniciado no SKITe/ Sweet & Tender Collaborations (2008), e apresentado na Fundação de Serralves, no âmbito do Ciclo Documente-se (2009). No centro deste trabalho estavam os fenómenos de construção/narração de identidade, aplicados à improvisação de texto. Nada do que dissemos até agora teve a ver comigo - to be continued, prossegue a mesma linha de pesquisa anterior, embora re:dimensionando-a à construção de uma ficção teatral e plástica. Seguindo a ideia de “encenação da vida quotidiana”, do sociólogo Erwin Goffman, este projecto dividiu-se em duas fases: uma primeira fase de recolha e documentação de encontros com desconhecidos, em colaboração com a videasta Luciana Fino; e uma segunda fase de apropriação desses materiais para palco, com um grupo de três performers. Das noções de retrato, testemunho autobiográfico e da relação com os registos audiovisuais captados, surge um diálogo explícito entre o documento e a apropriação desse documento, numa esfera ficcional. O projecto mergulha numa répèrage da oralidade e da gestualidade do corpo social, para emergir numa performance sobre os diferentes aspectos da dramatização do eu, no seio do espaço público. Um re:play que é a re:criação do eu, emergindo da pesquisa sobre arquivo da documentação auto-biográfica. Rita Natálio nasceu em Lisboa. Da sua formação académica destaca História (UNL) e Artes do Espectáculo Coreográfico (Universidade de Paris VIII). Como intérprete, realizou o Programa de Estudos e Pesquisa Coreográfica do Fórum Dança (2006), onde mais tarde viria também a ensinar, e vários workshops de composição e improvisação. A sua actividade principal tem-se centrado na área da dramaturgia e acompanhamento de projectos artísticos e de investigação. Trabalhou com a RE.AL na coordenação/acompanhamento de projectos de investigação e treino em torno do método de Composição em Tempo Real. Desde 2008, começou igualmente a desenvolver o seu próprio trabalho. O filme “Looking back into the future” mereceu-lhe a Menção Honrosa no FICAP – Festival Internacional de Cinema de Artes Performativas. Faz parte da rede internacional SKITe. Actualmente trabalha com Vera Mantero na publicação de um livro de artista. (c) Inês Abreu 33 TEATRO DO SILÊNCIO (PT) Cartas Telegramas e Postais Performance Residência artística Artistical residency Arraiolos De ¬ From ¬ 9 a ¬ to ¬ 12 de Setembro ¬ September Texto e Direcção artística ¬ Maria Gil Sonoplastia e Espaço Cénico ¬ Monika Fryčová Intérpretes ¬ Maria Gil, Gisella Mendonza e Monika Fryčová Figurinos ¬ Catarina Varatojo Fotografia ¬ Tatiana Macedo Direcção de Produção e Produção executiva ¬ Raquel Belchior Produção ¬ Teatro do Silêncio Co-produção ¬ ZDB e Teatro Aveirense Residência Artística e de criação ¬ Festival Escrita na Paisagem Parceria ¬ Livraria Trama Letters, Telegram and Postcards is a performance about the intimacy of the relationship sender-addressee and the need to creating alter-egos. During April and May 2010, Maria Gil has received letters from senders, whom she invited to write, whisper, yell out, confess to her whatever they wanted. Based on this material, the project investigates the possibility we all have to re:create a double of ourselves, giving life to hidden sides of our personalities and to fantastic worlds where we can be somebody else, where we can re:invent our biographies, turning it into a parallel life on its own. The intimacy of the relationship sender-addressee is here re:proposed as the relationship between performer and audience member. A relationship affected both by the choice about how much of ourselves do we want to put in the social we create, and by the trust we put in someone else, certain that the other is full of questions and doubts, just like we are. Apresentação Presentation Arraiolos 12 de Setembro ¬ September ¬ 18H30 M/12 ¬ 12A Entrada livre ¬ Free entrance “O que posso eu escrever? O que pensará a artista quando ler a minha mensagem? Qual será a sua reacção? Será que ela vai descobrir quem sou eu? E quem é ela? Quem é Maria Gil? Será este o seu verdadeiro nome? Quem é M.? E quem sou eu?” – Pensamentos de um remetente anónimo, antes de enviar a sua carta… Cartas, Telegramas e Postais é uma performance sobre a intimidade que se estabelece entre quem envia e quem recebe uma carta, e sobre a necessidade da re:criação do indivíduo em alter-egos. Durante os meses de Abril e Maio de 2010, Maria Gil recebeu cartas de remetentes anónimos, que ela convidou a escrever-lhe, sussurrar-lhe, desabafar, confessar-lhe o que quisessem. Qualquer um pode escrever qualquer coisa, qualquer um pode ser “ninguém”. Ela não conhece os seus remetentes em pessoa, mas através das suas palavras, escritas num suporte tão íntimo: uma mensagem em papel, dirigida directamente à artista. Aqueles textos pessoais transformam-se em material para a criação de uma performance na qual o público é chamado a interagir com a criadora, estabelecendo uma relação de proximidade entre ambos. As duas partes e as suas identidades confrontam-se, reflectem-se uma na outra, e partilham um espaço de comunicação cheio de possibilidades: quem são os interlocutores? O que se troca nestas cartas íntimas? Que “imagem” de nós próprios passamos ao outro? Este projecto investiga a possibilidade que todos temos de re:criar duplos de nós próprios, dando vida a partes escondidas das nossa personalidade e a mundos fantásticos onde podemos ser outro, onde re:inventamos as nossa biografias, numa vida paralela e autónoma. A intimidade da relação estabelecida entre remetente e destinatário é re:pensada como a relação que se estabelece entre performer e espectador. Um relação afectada pelas escolhas que fazemos sobre quanto queremos revelar sobre nós próprios nas máscaras sociais que criamos, e pela confiança que depositamos nos outros, sabendo que as suas mentes, como as nossas, estão cheias de questões e hesitações. Quer tenha escrito a Maria Gil, ou não, esta performance é a sua oportunidade para a conhecer, bem como aos seus alter-egos, e, assim, re:presentar-se e re:inventar-se. Teatro do Silêncio, fundado em 2004, está sedeado em Lisboa. Colectivo transdisciplinar, junta pessoas com diferentes conhecimentos e interesses: teatro, cinema música, dança, artes visuais, e também matemática. O Teatro do Silêncio produz trabalho de carácter experimental, baseado numa pesquisa constante por novas abordagens e linguagens artísticas. A criação de textos originais, a utilização de materiais autobiográficos e a construção de uma relação de intimidade com o público durante as performances, são outras características essenciais do grupo. Os processos criativos de Teatro do Silêncio materializa-se numa variedade de objectos artísticos, desde performances (até agora todas da responsabilidade de Maria Gil), a curtasmetragens, álbuns, e livros. 34 Performance Évora, Convento dos Remédios e Tuareg Al-Andaluz De ¬ From ¬ 20 a ¬ to ¬ 23 de Setembro ¬ September Entrada livre ¬ Free entrance MOSTRA DE VÍDEO PERFORMANCE O vídeo tem, ao longo da sua ainda curta mas intensa existência, ocupado uma posição privilegiada face às práticas performativas, em regimes que podemos reconhecer ora como documentais, ora como criativos, ora ainda como performativos. Organizada em torno da problemática da documentação, esta Mostra de vídeo-performance procura contemplar essas três modalidades, distribuindo-as quer por sessões de concurso, quer por mostras temáticas. O Convento dos Remédios será o pólo principal da Mostra, com o seu Pátio das Romãs e a frescura das noites. Outros espaços da cidade terão parte da Mostra em regime de espaço público e em colaboração com a Mostra para a exibição de secções especiais (ver programa próprio). Formas de participação 1. Envio das obras em formato DVD, acompanhadas de uma breve sinopse, ficha técnica e nota(s) biográfica(s). 2. Cada vídeo deve identificar o autor e a secção para que se propõe: documentação, criação, ou vídeo-performance. 3. Todos os trabalhos devem ser enviados até 15 de Agosto de 2010 para: Festival Escrita na Paisagem Mostra de vídeo-performance Apartado 287 7002-504 Évora PORTUGAL 4. Os vídeos serão objecto de análise por parte do Júri do Festival e poderão não ser exibidos caso não respeitem padrões de qualidade mínimos. Todos os resultados serão comunicados aos participantes. 5. Sinopses e créditos serão objecto de publicação no catálogo da Mostra. Mais informações em www.escritanapaisagem.net [email protected] Contactos Rita Valente ¬ [email protected] +351 266 953 607 +351 266 704 236 +351 931 985 560 Video has been having, during its still short but intense existence, a priviledge position toward performance practices, in the realms of documentation, creation and also performance. Centered on the issue of documentation, this Mostra de vídeoperformance (Vídeo-performance Show) tries to address all those three realms in a competition and a thematic show. The Convento dos Remédios, with its Pátio das Romãs and warm nights, will be the main center of the Show. The Show will also be present in other spaces of the city, for special sessions freely opened to the public. (See the event’s program). 35 PEDRO ANTUNES (PT) Uma Parte Perdida Performance Évora, Sede do Grupo Pró-Évora, Rua do Salvador nº1 22 e ¬ and ¬ 23 de Setembro ¬ September ¬ 21H e ¬ and ¬ 23H Arraiolos 24 de Setembro ¬ September ¬ 21H e ¬ and ¬ 23H Fundão, Casino (zona Antiga do Fundão) 25 de Setembro ¬ September ¬ 21H30 e ¬ and ¬ 23H Duração ¬ Duration ¬ 90min Lotação ¬ Max seats ¬ 12 M/16 ¬ 16A Entrada livre ¬ Free entrance “Um filho tenta reconstruir a sua família. Uma performance sobre o reencontro de uma família” Pedro Antunes é um jovem artista português que vive e trabalha em Londres. A sua condição, a de viver há muitos anos separado da sua família biológica, levou-o a desenvolver este trabalho, na tentativa de criar uma re:constituição viva da sua família. Esta é a re:encenação de um re:encontro que Pedro Antunes nunca conseguir realizar com os seus. Criação ¬ Pedro Antunes Performers ¬ Pedro Antunes, actriz convidada e cantora surpresa Com os espectadores, o performer recria vários episódios de uma família feliz: ele é sempre o “filho”, enquanto os espectadores vão assumindo papéis de diferentes membros da família. Neste quadro ficcional, a realidade autobiográfica do performer emerge sob a forma de espaços em branco e lapsos de memória. A realidade autobiográfica da identidade do filho (Pedro Antunes) mistura-se com a re:constituição ficcional da família. O resultado é uma experiência a partilhada entre performer e público. Uma Parte Perdida explora a relação de Pedro Antunes com a sua família, bem como a sua decisão de se afastar dela, sobre a sua necessidade de mentir sobre o que lhe falta, e a necessidade da sua família de esconder a ausência do filho que lhe falta. Esta performance reflecte sobre a reorganização de uma família, quando um dos seus membros está ausente: como é que esta formação social funciona sem um dos seus membros? Que histórias habitam a mente do filho, na tentativa de substituir o seu pai e mãe ausentes, que se encontram longe? Uma Parte Perdida (A Missing Part) is an exploration about Pedro Antunes’s relationship with his family, and it is also about his decision of being apart from them, the need to lie about his missing parts, and the need of a family to hide absence of its missing son. This piece materializes Antune’s need to create a live family re:construction: the re:enactment of a re:union he never lived in reality. Together with the audience members, the performer re:creates different episodes of a happy family: he is always the “son”, while the spectators assume the roles of different family members. In this fictional set, the autobiographical reality of the performer emerges in the gaps and lapses of memory, and the reality of the autobiographic identity of the son (Pedro Antunes) is mingled with the fictional re:construction of the family. The result is an experiment shared with the audience. Criador de teatro nascido em Lisboa, mestre em Contemporary Performance Making pela Brunel University, tem vindo, desde então, a trabalhar, performar e colaborar com diferentes companhias de teatro e artistas internacionais como os rotozaza, Robin Deacon, Tik Tak Boom, La Pocha Nostra e Cataphonic - artistas que se dedicam ao desenvolvimento de trabalho inovador e que desafiam as limitações da própria linguagem teatral. Em 2005 criou o seu primeiro espectáculo, Narrow Room um trabalho de teatro e movimento estreado em Londres. Após esta primeira criação desenvolveu uma instalação para o Camberwell Arts Festival intitulada Wrapped Bodies (Londres, 2006). Mais recentemente co-criou A Noite da Galinha Gorda (Arraiolos, 2009) um conto surrealista apresentado num quintal em Arraiolos e encontra-se agora a desenvolver com a companhia Big Odd um tríptico de espectáculos sobre família: The Missing Parts - A Reconstrução de Uma Família ao vivo (Londres, 2008 / 09); A Broken Part (Londres, 2009 - 2010) uma ópera teatral sobre a tragédia da mãe e Uma Parte Perdida (ainda em criação). No seu trabalho dedica-se à criação de espectáculos que exploram a natureza intimista das relações humanas experimentando com a interacção entre o teatro e as artes plásticas, sempre na tentativa de reunir pessoas para uma celebração que pode ter a forma de uma festa ou de encontro informal e na qual a audiência é confrontada com a ideia de deslocamento. O trabalho artístico do Pedro foi comissionado e apoiados por Colecção B (Évora, Portugal), Quarta Parede (Covilhã, Portugal), Performas (Aveiro, Portugal), Performance Initiative Network (Londres, UK) e The Scene Pool (Londres, UK). 36 ANTÓNIO PEDRO LOPES & MONICA GILLETTE (PT/USA) Luzes Ligadas Não Quer Dizer Que Estejamos Em Casa Performance Évora 23 de Setembro ¬ September ¬ 21H30 M/12 ¬ 12A 5— ¬ 3— (estudantes ¬ students) Um espectáculo de ¬ Monica Gillette & António Pedro Lopes Produção Executiva ¬ Joana Martins Colaboração Dramatúrgica ¬ Rita Natálio Desenho de Luz ¬ Alexandre Coelho Figurinos ¬ Guilherme Garrido Fotografia ¬ Rodrigo Valero Puertas, Olga Belchior Residências Artísticas ¬ RE-AL, Balleteatro, Teatro Micaelense, Forum PrismaMexico, Devir/CAPA, La Caldera Apoio de Viagens ¬ Instituto Camões Agradecimentos ¬ Rita Almiro, Laura Lamas, Marta Vieira, Romana Moreira, Gianna & Conrad Smart, Ana Lúcia Cruz, National Theater of Mannheim, Tommy Noonan, Inês Mariana Moitas, João Fiadeiro, O Espaço do Tempo, Francisco Lopes, Diana Gillette, Primeiro Andar Co-produzido por ¬ Festival Escrita na Paisagem, Teatro Micaelense Em Luzes Ligadas Não Quer Dizer Que Estejamos Em Casa António Pedro Lopes (PT) e Monica Gillette (USA) re:inventam constantemente a sua identidade individual e enquanto casal, cruzando o seu material autobiográfico – experiências individuais e vividas em conjunto – com elementos ficcionais e ficcionados. Lopes e Gillette iniciaram o seu processo de re:criação artística partindo do cinema. Juntos começaram por re:visitar as vidas de vários casais do cinema – relações felizes e complicadas, de amizade, amor, cumplicidade no crime ou na rebeldia contra os padrões sociais. A dupla desmontou estes casais e examinou-os à lupa, para depois os re:construir, re:construindo-se, inculcando em si aspectos daqueles, emprestando-lhes simultaneamente características suas. Lopes e Gillette re:vivem a ficção, para a re:inventarem e, sobretudo, para se re:inventarem constantemente. Neste processo, a dupla desmultiplica a re:construção das suas biografias tomando diversos pontos de vista – o individual, o da vida em comum, o familiar... – e recorrendo a uma variedade de suportes e técnicas de documentação – filme, fotografia, escrita de texto. O casal já visitou as suas terras natais – Açores e Califórnia –, conheceram as mães um do outro e acederam aos “arquivos” das respectivas famílias e tomaram uma variedade de locais como palcos para re:encenar as suas biografias-ficcionadas/ficçõesbiográficas. Os resultados do processo de re:criação-documentação não constituem objectos fixos, mas sim material a ser re:trabalhado, alimentando a continuidade do processo de criação. Por fim, o percurso culminará na criação de uma performance baseada na documentação recolhida e numa publicação: duas modalidades de re:play/re:criação do arquivo constituído durante o processo de pesquisa/criação artística. Nómadas, Lopes e Gillette percorrem constantemente as distâncias entre a narração de uma realidade-ficcionada (ou da ficção-real) e a possibilidade de a inscrever (ou re:escrever) nos seus corpos, a criação de documentação e a documentação da ficção. Ocasionalmente nestas viagens são acompanhados por um “passageiro”, um artista de outra disciplina que se junta ao casal numa experiência partilhada, temporária, produzindo um objecto artístico que materializa a sua perspectiva sobre o casal. A intervenção dos “artistas-passageiros” desenvolve-se em duas direcções: o desenvolvimento de objectos artísticos que constituem mais um olhar sobre o trabalho do casal (documentação), e material de (c) Rodrigo Valero Puertas In Lights on Doesn’t Mean We’re Home António Pedro Lopes (PT) and Monica Gillette (USA) re:invent, again and again, their identities, as subjects and as a couple, articulating their autobiographic material – individual and joined experiences – with fictional and fictionalized elements. Lopes and Gillette began their re:creative artistic process taking cinema as starting point. Their first step was to watch some couples in film – happy and complicated relationships, friendships, love, accomplices in crime or against social patterns. The duo disassembles these couples, analyze them closely, and then re:constructs them, re:constructing themselves. Each member of the couple insert in themselves aspects from the couples of they watched on film, simultaneously lending them some of their own personal features. trabalho na sua pesquisa/re:criação; e a colaboração directa de alguns destes artistas na construção da performance (concepção de figurinos, cenografia, sonoplastia, iluminação...). Entre ficção e realidade, como se apresentam António Pedro Lopes e Monica Gillette? Lopes, performer e autor de espectáculos, nasceu nas Ilhas dos Açores. Actualmente é nómada e trabalha internacionalmente com diversos coreógrafos, e regularmente em colaboração com Marianne Baillot, Guilherme Garrido, Tommy Noonan e Monica Gillette. Ensinou workshops de pesquisa na Europa em diversos contextos e instituições. É membro fundador da rede internacional Sweet & Tender, da qual partilhou a direcção artística em 2008. Fez curadoria de Conclusions for the Future, no Espaço do Tempo. Monica Gillette é natural da Califórnia, onde adquiriu formação como bailarina clássica. Continuou os seus estudos em dança contemporânea em Nova Iorque e na Europa. Apresentou-se pelos quatro cantos do mundo com o seu trabalho e de outros coreógrafos. Mais recentemente tem estado envolvida em projectos colaborativos com António Pedro Lopes e Tommy Noonan, bem como com a rede internacional Sweet & Tender Collaborations. Trabalhou ainda em montagem e edição de filmes em Hollywood, tendo trabalhado nas séries “Os Sopranos” e “Crime & Castigo”. Actualmente combina os seus conhecimentos em dança e filme na criação de filmes para espectáculos, assim como na realização de curtas-metragens já apresentadas em festivais internacionais. 37 ON CURATING / SOBRE CURADORIA Simpósio Internacional Scenography Expanding 3: on curation Performance Integrado no projecto INTERsection: intimacy and spectacle Auditório da Universidade de Évora 27-28-29 de Setembro ¬ September Ver programa próprio In the third symposium of the project INTERsection, speaker presentations, panel discussions, and workshop sessions are concerned with the complex role of the curator in exhibiting spatial practice. A range of models, examples, and future perspectives are introduced and discussed. How is scenographic practice in theatre (performance), architecture, exhibition, installation, and media framed in order to curate, program, communicate, display and reflect? When does an artist become a curator? Who is the author of the space? What are contemporary perspectives on the display of ephemeral practice? Between Badious’s call for “decidedness” (2005) and Bourriauds’s relational aesthetics (2002) – where do we stand? Ao longo da última década, a cenografia e o design de performance têm-se progressivamente deslocado da caixa negra do teatro para um território híbrido, situado na intersecção entre teatro, arquitectura, exposição, as artes visuais e os media. Espaços que são simultaneamente híbridos, mediados, narrativos, e o resultado de transformações no entendimento transdisciplinar do espaço e numa consciência distinta de intervenção social. Estes dois factores de “expansão” podem ser vistos como forças centrais na prática e no pensamento cenográfico contemporâneo. Com o objectivo de despoletar e acolher um discurso activo e transdisciplinar sobre a noção de cenografia expandida, a Quadrienal de Praga de Design de Performance e Espaço lança um convite à apresentação de comunicações para o Scenography Expanding 1-3 em 2010. Os symposia debaterão noções como espectador, artista / autor, e a curadoria na relação com os diversos intervenientes artísticos no design de espaço contemporâneo. Preparando o projecto INTERsection da Quadrienal de Praga, a realizar em Junho de 2011, convidámos investigadores no campo da teoría e práticas artísticas (artistas, curadores, programadores, encenadores, dramaturgos, críticos e teóricos) para participar nos simpósios a realizar em Riga, Belgrado e Évora em 2010. Scenography Expanding 1-3 publicará uma selecção das comunicações apresentadas. Sobre curadoria constitui a terceira etapa dos simpósios, centrada no complexo papel do curador na exibição de trabalhos focados nas problemáticas do espaço. Neste simpósio serão introduzidos e discutidos variados modelos, exemplos e perspectivas sobre o futuro, na tentativa de encontrar possíveis respostas para perguntas como: Como enquadrar a cenografia em teatro (performance), arquitectura, exposição, instalação e media, para curar, programar, comunicar, mostrar e reflectir? Quando é que um artista se transforma em curador? Quem é o autor de um espaço? Quais as perspectivas contemporâneas sobre a problemática de mostrar trabalhos marcados pelo efémero? Entre o apelo de Badiou para “ser decidido [decidedness]” (2005) e o conceito de “estética relacional” de Bourriaud (2002), onde nos situamos? INTERsection: Intimacy and Spectacle – 2009 / 2012 ¬ Projecto internacional que explora a performance como elemento presente em diversas disciplinas artísticas e culturais, abordando a concepção do espaço performativo e a cenografia como campos interdisciplinares. ¬ Projecto constituído por duas partes: (1) discussões teóricas; e (2) instalações interactivas e performances. ¬ (1) Os debates teóricos estão a ter lugar, desde 2009, em Zurique, Riga, Amsterdão, Belgrado e Évora. Nestes debates, teóricos e artistas relevantes nesta área reunem-se para explorar a concepção do espaço performativo em várias disciplinas artísticas e culturas, bem como as diversas formas e usos que a performance pode ter, a partir de três pontos de vista: do público, dos artistas e dos curadores. ¬ Durante o Outono de 2009 o simpósio internacional, Scenography Expanded, foi organizado em colaboração com a Theaterschool de Amesterdão; este simpósio centrou-se na curadoria de exposições de cenografia, bem como, na expansão do termo “cenografia” e abordando a performance contemporânea como um fenómeno que está para lá do teatro. ¬ Em colaboração com a Universidade de Artes de Zurique – Instituto de Design e Tecnologia, foi desenvolvido o projecto Monitoring Scenography 3: Space and Desire, para o qual foram convidados artistas e investigadores para discutir a existencia e textura das linguagens espaciais, coreografias, mise-en-scènes e representações espaciais de desejo. ¬ (2) As instalações interactivas e performances terão lugar durante a PQ 2011: 30 projectos de performance e concepção do espaço performativo, desenvolvidos em trinta cubos brancos e pretos, por cenógrafos, artistas dedicados à instalação, companhias de teatro, artistas dedicados ao vídeo, estilistas e arquitectos de todos o mundo. Três performances em larga escala também farão parte desta actividade, iluminando o contraste entre a relação intima que se desenvolve entre espectadores e objecto artístico, no interior dos cubos, e o espectáculo que se desenrola do lado de fora. Estas actividades serão acompanhadas por cinquenta painéis de discussões, apresentações, conferências e desfiles, juntamente com quarenta workshops e quinze mil estudantes de teatro e artes visuais, oriundos de todo o mundo. ¬ Projectos individuais serão igualmente apresentados em festivais na Hungria, Sérvia, Letónia, Irlanda, Grã-Bretanha, Estónia, Finlândia e Portugal entre 2011 e 2012. Mais informações sobre INTERsection: intimacy and spectale: http://www.intersection.cz Quadrienal de Praga: http://www.pq.cz/en/ 38 DINIS MACHADO (PT) Parole, parole, parole... Teatro Theater Palácio de D. Manuel, Évora 27 de Setembro ¬ September ¬ 21H30 Duração ¬ Duration ¬ 80min M/12 ¬ 12A 5— ¬ 3— (estudantes ¬ students) Um espectáculo da ¬ Dinis Machado, corp. Intrepretação ¬ Ana Rocha, Dinis Machado, Inês Vaz e Jorge Gonçalves Consultoria ¬ José Capela Figurinos ¬ Miguel Flor Produção, Assistência de encenação ¬ Ana Rocha (Obra Madrasta) Co-Produção ¬ Núcleo de Experimentação Coreográfica e Galeria Zé dos Bois Apoio ¬ Fundação Calouste Gulbenkian, Pedras e Pêssegos e Teatro Nacional S. João Agradecimentos ¬ Sérgio Julião (VoiceLand), Filipe Taxas, Retroparadise, Lisa Cepeda e Vera Carmo Projecto criado no âmbito do “Serviço Permanente”/ NEC Parole, parole, parole... (Palavras, palavras, palavras...) desafia-nos para um exercício de esvaziamento do significado das palavras, bem como um exercício de tradução e transposição de códigos. Assim, Parole, Parole, Parole... toca o tema do re:play menos como re:petição e mais como re:invenção e re:criação Quando nos confrontamos com uma linguagem que não compreendemos, um código que não dominamos, ou quando por fascínio nos abstraímos do seu conteúdo, tendemos a construir “imagens”. Nesta peça o dispositivo cénico é o mecanismo de comunicação gerador dessas “imagens”, que surgem quando o discurso é substituído pela contemplação. O facto de nos tornarmos voyers, numa espécie de dead end comunicacional, permite-nos analisar essas “imagens” e criar um metadiscurso sobre elas. Neste teatro de personagens sem identidade, as figuras em cena são meros interlocutores de uma sucessão de traduções cénicas, que se vão sobrepondo e deixando marcas na significação do texto que transfere. Os diálogos e as narrações – na maioria em francês e inglês – vedam a possibilidade de uma compreensão integral, quase como uma sátira ao desajuste entre significado e contexto, tão frequente no nosso universo social. O recurso a clichés e a elementos de uma cultura mainstream, sugere a crítica à postura espectacular de entretenimento. Dinis Machado nasceu no Porto. Formou-se como actor pela Escola Superior de Teatro e Cinema, Academia Contemporânea do Espectáculo e Balleteatro Centro de Formação (onde estudou também Dança Contemporânea). Estudou Artes Visuais no Independent Study Program of Visual Arts da Maumaus (Lisboa). Como actor trabalhou com diversas estruturas e encenadores. Desde 2007 desenvolve trabalho como criador autónomo, sendo responsável pelos espectáculos Ponto de Fuga e Dramaturgia, as performances Only you. e Vernissage/Finissage, assim como as instalações Nowhere e E Eis que de súbito descobriu uma nova porta na sua mesma e velha casa. (c) Vera Carmo Parole, parole, parole... (Words, words, words...) is a challenge to empty words from its meaning, as well as an exercise of translation and rendering of codes. Thus, Parole, Parole, Parole... leads us to an approach to re:play which is nearer notions of re:invetion and re:criation, and farther from plain re:petition. In this piece, the characters are anonymous interlocutors in a series of translations on stage, which overlap on each other and leave traces of signification from the text that is being transferred. The dialogs and translations – mostly in French and English – push farther away the possibility of fully understanding what is happening, in an almost-satire about the misfit between signification and context, which is extremely common in our social intercourses. In addition, the use of codes and clichés from mainstream culture, suggests a critique about its logics of bourgeois entertainment. 39 ANTONIO TAGLIARINI & DARIA DEFLORIAN (IT) REWIND: uma homenagem a Café Müller de Pina Bausch Teatro ¬ Dança ¬ Performance Theater ¬ Dance ¬ Performance A Bruxa Teatro, Évora 28 de Setembro ¬ September ¬ 21H30 Espectáculo em Italiano, legendado em Português ¬ Performed in Italian, with Portuguese subtitles M/12 ¬ 12A 5— ¬ 3— (estudantes ¬ students) Criação e performance ¬ Antonio Tagliarini e Daria Deflorian Co-Produção ¬ Planet 3 + Dreamachine Pina Bausch foi umas das coreógrafas mais importantes do século XX. As suas criações ainda suscitam grande admiração, até dos espectadores menos versados em dança contemporânea. Antonio Tagliarini e Daria Deflorian descrevem a sua experiência desta peça com as seguintes palavras: 1978. Café Müller de Pina Bausch. Uma peça que faz parar o coração. Um acontecimento artístico, uma peça da história da arte do século XX. Para todos nós – demasiado novos na altura – Café Müller foi um marco, um mito, um cliché. [...]Hoje, esta peça é inevitavelmente outra coisa: o tempo mudou-a, esbateu-a, confundiu-a, e idolatrou-a; um objecto intocável e mítico foi desfeito, e só ficaram as suas ruínas sagradas. Só ruínas. Assim, agora, podemos andar no meio dos destroços, apanhar a suas peças, manipulá-las, observá-las de perto e estilhaçá-las ainda mais. (c) Serafino Amato In Rewind, the performers Antonio Tagliarini and Daria Deflorian pay an homage to the German choreographer, taking up Caffé Müller’s ruins as starting point: today it is possible to do every and any thing with the “ruins” of this piece. This work is about memory betrayals. Like in a re:wind, the performers look back searching for their recollections about Caffé Müller. However, their attempt to re:invent the piece based on their memories is continuously interrupted by a myriad of little stories that come and go, and sometimes suspended in an autobiographical reverie. Thus, Rewind is an assemblage of memory fragments as they emerge from the confrontation with the original object. Memories are partial and mixed-up: an improbable re:winding of time. Em Rewind, os performers Antonio Tagliarini e Daria Deflorian prestam homenagem à coreografa alemã, tomando como ponto de partida o espectáculo Café Müller (ou o que dele resta): hoje é possível fazer qualquer coisa com as “ruínas” desta peça. Este trabalho é sobre as partidas que a memória nos prega, quando tentamos recordar. Como quem faz o re:wind de um filme, os criadores procuram no passados as suas recordações que guardam de Café Müller. Porém, a sua tentativa de re:inventar a peça, baseando-se nas suas memórias, é constantemente interrompida por uma série de pequenas histórias que vão e vêm, e por vezes suspensa num devaneio autobiográfico. Rewind faz-se, assim, da articulação de fragmentos de memórias que emergem do confronto com o objecto original. As memórias são parciais e confusas: uma recapitulação improvável do tempo. Antonio Tagliarini é performer, bailarino, e encenador. As suas criações já foram apresentadas em Itália, Portugal, Espanha, Alemanha, Áustria, Polónia, Bélgica, Eslovénia e França. Convidado a participar como criador em projectos como APAP 2007, “sites of imagination” 2008, e “Pointe to Point” Ásia-Europa 2009, já trabalhou com Miguel Pereira, Raffaella Giordano, Giorgio Rossi, Massimiliano Civica, Fabrizio Arcuri, Idoia Zapaleta, Daria Deflorian e Ambra Senatore. Daria Deflorian é actriz, autora de teatro e encenadora. Trabalhou como actriz com Marcello Sambati, Fabrizio Crisafulli, Remondi and Caporossi, Mario Martone, Martha Clarke (Nova Iorque), e Accademia degli Artefatti, entre outros. Trabalhou como assistente de encenação com Mario Martone, Pippo Delbono e Eimuntas Nekrosius. Daria Deflorian e Antonio Tagliarini iniciaram a sua colaboração em 2008, precisamente desenvolvendo Rewind – uma homenagem a Café Müller de Pina Bausch, e ainda a leitura pública de Blackbird de David Harrower. Continuam a trabalhar juntos, agora num projecto inspirado no livro From a to b de Andy Warhol. 40 FANNY & ALEXANDER Him Teatro Theater Palácio de D. Manuel, Évora 29 de Setembro ¬ September ¬ 21H30 Espectáculo em Italiano, legendado em Português ¬ Performed in Italian, with Portuguese subtitles Duração ¬ Duration ¬ 75min M/12 ¬ 12A 5— ¬ 3— (estudantes ¬ students) Produção ¬ Fanny & Alexander Dramaturgia ¬ Chiara Langani Encenação ¬ Luigi de Angelis Interpretação ¬ Marco Cavalcoli Direcção de produção ¬ Valentina Ciampi Logística ¬ Sergio Carioli Agradecimento ¬ Teatrino Clandestino Não há quem não fique enfeitiçado pela magia do cinema. O poder das imagens transporta-nos para outro mundo, conquista-nos, rendemo-nos a ele da mesma forma que nos deixamos apanhar pelo poder do teatro e de outras artes. Him da companhia italiana Fanny & Alexander traz este poder para o palco – o poder da Arte – pertencendo este tanto ao actor quando este domina a cena, como ao filme quando prende o olhar do público. Him traz o cinema para o teatro. Em cena encontram-se apenas a projecção do filme O Feiticeiro de Oz, de Victor Fleming, e um actor que dá vida a uma estranha personagem. Um ditador de bigode, cuja aparência nos lembra tanto uma conhecida personalidade negativa da história contemporânea – Adolf Hiltler – está ocupado a tentar fazer um re:play completo d’O Feiticeiro de Oz. Ele re:actua o filme do princípio ao fim; dobra-o; dirige-o como se fosse o maestro de uma orquestra, e dá (a sua própria voz) a todas as personagens, e até à banda sonora. (c) Enrico Fedrigoli Him (Ele) é exactamente ele, Hitler, inspirado pela escultura de Maurizio Cattelan, cujo título inspira o nome deste espectáculo. Na peça de Cattelan o “pequeno” ditador em tamanho real encontra-se ajoelhado, como que a pedir perdão. Neste espectáculo, a única personagem em palco exibe todas as suas capacidades na tentativa de dominar a cena. Ele quer dominar o filme, enquanto o re:faz para nós. Mas o filme não é um adversário fácil de vencer, nesta batalha pelo poder. O ditador é obrigado a fazer escolhas durante o seu empreendimento megalomaníaco que é este re:play-radical, de forma a conseguir estar a par do ritmo do filme. Mesmo que a imagem evocada em palco seja dramática, o público não consegue alhear-se do efeito de cómico e grotesco que é inevitavelmente produzido. Porque o poder deste ditador é falso, nulo; o filme não precisa do ditador, não é este que controla o que se passa em cena, pelo contrario, ele é controlado pelo ritmo do filme, que não consegue controlar. Este é um jogo de poderes e re:petição de imagens cruzadas: nós vemos o filme, nós vemos a peça, o actor também é espectador do filme, nós somos espectadores de um espectador... Aqui joga-se com as relações entre arte e poder, bem como com o poder das imagens. E colocam-se questões: que formas tomam estas relações hoje? Como se alteraram (se é que se alteraram de todo) em comparação com aquele tempo histórico em que o poder político conseguiu manipular o povo ao ponto de conseguir instalar uma ditadura? (IT) The magic of cinema bewitches everyone. The power of the images brings us to another world, it conquers us all, in the same way as we surrender to the catching power of theatre and all the arts. Him by the Italian theater company Fanny & Alexander stages this power – the power of Art – belonging both to the actor when dominating the scene, and to the cinema when catching the audience’s sight. Him brings the cinema into the theatre. On the scene, there is only the projection of Victor Fleming’s The Wizard of Oz and an actor who gives life to a bizarre character. This, a moustached dictator whose look reminds us so much of a well-known negative figure from contemporary history – Adolf Hitler – , is busy doing a total re:play of the film. He re:performs it from the very beginning to the very end; he dubs it, he directs it like an orchestra leader, and gives (his own) voice to every character, even to the sound track. Em O Feiticeiro de Oz, Dorothy e os seus companheiros de aventura vão em busca da intervenção mágica do Feiticeiro. Mas quando finalmente o encontram, descobrem que a sua magia não passa de um truque; o Feiticeiro não é mais do que um homenzinho que constrói à sua volta uma ficção, fazendo todos acreditar que ele tem poderes mágicos – poderes que na realidade não possui. No final o Feiticeiro convence as outras personagens de que para terem o que querem, basta nomeá-lo, basta pronunciar a palavra: casa, coração, coragem, cérebro. Não há magia. O Feiticeiro não é mais do que um homem mortal com a capacidade de manipular as pessoas à sua volta através de uma capacidade de persuasão extremamente apurada: o poder é um grande ilusionista. A companhia Fanny & Alexander descreve esta “operação monstruosa”, mas sublinha que “as personagens [Dorothy e os seus amigos] são igualmente monstruosos pois aceitam [a situação]”. Porque o exercício do poder é sempre baseado num acordo, porque ambas as partes são responsáveis pela administração do poder. Historicamente há sempre os que controlam o poder e aqueles que consentem em que os outros controlem o poder. É curioso observar o uso da cor n’O Feiticeiro de Oz, de Fleming, que foi um dos primeiros filmes a utilizar imagem a cores. A parte do filme que retrata a realidade é apresentada ainda a preto e branco, enquanto a cor é usada nas imagens do mundo de fantasia onde a protagonista Dorothy se acha, e no qual empreende a sua viagem à procura do Feiticeiro, na esperança que este a ajude a voltar para casa. O público para o qual Fleming produziu o filme, lia claramente a ilusão do sonho: preto e branco representava o realismo, a cor a fantasia. Para nós hoje, quando vimos este filme, a correspondência “realidade-preto e branco” e “coresfantasia” não é assim tão clara; na verdade, tendemos a invertê-la. Hoje, lemos as imagens a cores como “realidade”, relegando as imagens a preto e branco para o “tempo histórico”, ou seja, o que já não existe. Adolf Hitler também já não existe e, por isso, esta estranha figura em palco evoca fantasmas do passado, que nos parecem inofensivos hoje. Mas, e se existir, hoje, um re:play disfarçado daquele ditador? Será que conseguiremos aperceber-nos da ilusão? Será que também andamos à procura de um Feiticeiro? Haverá, no mundo de hoje, algum maestro a tentar “enfeitiçar-nos” ao ritmo da sua batuta? O que acontecerá se repetirmos as experiencias passadas e nos deixarmos apanhar na ilusão? Perante tudo isto, qual é o papel da Arte? Qual a responsabilidade da Arte quando lança o seu feitiço sobre os seus espectadores? Vê-lo-emos em Him, à medida que este mito clássico sobre ilusão é re:presentado. Fanny & Alexander é uma companhia de teatro italiana, fundada em Ravenna, em 1992, por Luigi de Angelis e Chiara Lagani. Entre 1993 e 1999 a companhia atravessou um período de desenvolvimento e crescimento. Ao criar espectáculos como “Cantico dei cantici”, “Con mano devota”, “Ponti in core”, “Sinfornia majakovskiana” (em colaboração com Teatrino Clandestino), e “Sulla turchinità della fata”, preparava-se para produções mais exigentes como “Requiem” (2001) e as várias etapas do projecto “Ada, Cronaca familiare” (2002-2004), inspirado no romance de Nabokov. A produção mais recente de Fanny & Alexander, “Heliogabalus”, conta a estória do jovem imperador romano que dá nome à peça. As qualidades mais impressionantes do trabalho de Fanny & Alexander são: a deliberada inversão dos códigos (um desafio constante à percepção do público) e uma cultura visual refinada. No entanto, estas características são secundárias quando comparadas com a atenção e análise rigorosa que dedicam à linguagem – um aspecto que atravessa todo o trabalho da companhia, culminando em “linguagens impossíveis”. O “duplo” é um elemento igualmente recorrente no trabalho de Fanny & Alexander – e o projecto que a companhia traz este ano ao Festival é disso exemplo. 42 TIAGO PEREIRA COM EDUARDO VINHAS E O COLECTIVO SOPHIEMARIE(PT) Equação Visuals ¬ Música ¬ Performance Visuals ¬ Music ¬ Performance Praça 1º de Maio, Évora 30 de Setembro ¬ September ¬ 22H Todas as idades ¬ All ages Entrada livre ¬ Free entrance Tiago Pereira ¬ Visualista Eduardo Vinhas ¬ Músico Colectivo SophieMarie ¬ Performers O auto-intitulado “ovni do cinema português”, Tiago Pereira, acompanhado pelo musico Eduardo Vinhas e pelo Colectivo SophieMarie, aterram no encerramento do Festival Escrita na Paisagem para apresentar Equação. Celebramos de uma só vez, o próprio conceito do Festival – o vínculo que mantém com a paisagem Alentejana – e o tema deste ano, re:play, com um trabalho que constrói a ponte perfeita entre ambos, sintetizando-os. Com Equação, um espectáculo multimédia que constrói uma narrativa não linear sobre impressões e tradições, Pereira, Vinhas e SophieMarie abordam o património imaterial da região do Alentejo, re:inventando-o numa montagem criativa, numa sobreposição e justaposição de pensamentos, registos, documentos audiovisuais, lendas, contos, práticas rituais e paisagens sonoras relativas ao arquétipo feminino na tradição musical alentejana. Estes materiais e conceitos são re:organizados e re:pensados na articulação com a contemporaneidade, materializando-se num espectáculo sensorial e transdisciplinar. Uma experiência pós-cinemática que dissemina a linguagem visualista em tempo-real potenciando a re:actualização do passado. Um espectáculo através do qual o Festival re:afirma, no seu encerramento, o ponto de vista a partir do qual escolheu ler e escrever a paisagem em 2010: re:play – a re:petição, re:invenção e re:criação como o cerne da criação artística contemporânea. Tiago Pereira nasceu em Lisboa. Os anos 80 atravessaram-lhe a adolescência, vivida no contexto do urbano-popular Bairro Alto. O seu trabalho distingue-se por uma abordagem particular da tradição oral portuguesa: ele re:colhe para re:criar, para desconstruir, e não parare:produzir acriticamente. A sua missão é sobretudo contribuir para uma “alfabetização da memória”, porque “as pessoas são analfabetas em relação a recolher e a terem memória e é preciso ensinar a fazer recolhas, a criar o bicho de recolher as suas coisas em vez de terem vergonha dos sítios onde nasceram e de onde são”. Tiago Pereira empenha-se em libertar a tradição, preservando-a sem a sufocar. “Tradição oral é transmitir o que se vive, passá-lo de geração em geração, contaminandose, alargando-se e atingindo combinações infinitas”. Em 1998, o Alentejo provoca o seu primeiro video-documentário musical “Quem canta seus males espanta”, e desde aí parte à descoberta da ruralidade. E não pára: em 1998 recebeu o prémio de Melhor Realizador nos Encontros de Cinema Documental da Malaposta; em 2003 foi Equação (Equation) is a multimedia concert in which the visuals artist Tiago Pereira, with the musician Eduardo Vinhas, and the Collective SophieMarie, creates a non-linear narrative that approaches the immaterial patrimony of Alentejo – the region’s oral traditions. This patrimony is re:invented through a creative montage and overlapping of thoughts, registers, audiovisual documents, legends, tales, ritual practices and soundscapes related with the female archetype as it is expressed in Alentejo’s music traditions. Materials and concepts are re:organized and re:considered at the articulation with the present. The result is a sensorial and transdisciplinary show; a post-cinematic experience that disseminates the language of visuals in real-time, strengthening possibilities of re:actualizing the past. galardoado com o Grande Prémio do Juri no Festival Ovarvídeo; em 2006, ganha o Grande Prémio Tóbis para a Melhor Curta Metragem Portuguesa no Doc Lisboa; em 2007 recebe o galardão para Melhor Filme Etnográfico no Dialektus Festival, em Budapeste. A par de tudo isto, resta mencionar que Tiago Pereira foi várias vezes seleccionado em diversos festivais europeus e participou em inúmeros outros projectos, desde a animação infantil aos Live Acts. Eduardo Vinhas, é um dos três sócios de Golden Poney Studio, que partilha com João Osório e Rodrigo Alfacinha, e é membro do duo Musgo, do qual Alfacinha também faz parte. Na última década, Vinhas e Alfacinha têm tocado juntos, primeiro dedicados ao indie-rock e, mais recentemente, à música electrónica. Eduardo Vinhas tem colaborado com Tiago Pereira em vários projectos; o mais recente, Fireworks, foi apresentado no dia 24 de Abril de 2010, na Casa da Música, no Porto. Colectivo SophieMarie junta Sophie Pinto, Filipa Leão, e Vanda Cerejo, três actrizes licenciadas em 2007 pela Escola Superior de Teatro e Cinema de Lisboa. A sua mais recente criação, Ensaio Paralelo, baseia-se numa única regra: as duas actrizes que integram o elenco da peça devem ensaiar separadamente, encontrando-se apenas no final do processo. Esta criação foi apresentada recentemente no Espaço Nimas, em Lisboa 42 PEDRO PROENÇA (PT) Saladas Tipográficas e Outras Barbaridades Afins Arte de Guerrilha Guerrilla Art Biblioteca Municipal de Arraiolos 3 a ¬ to ¬ 30 de Junho ¬ June Arraiolos, Évora, Sines, Viana do Alentejo, numa rua perto de si ¬ at a street near you 1 de Julho ¬ July ¬ a ¬ to ¬ 30 de Setembro ¬ September Impressão: Staples e Recicloteca A graphic joke, a game of writing, a construction made of letters, styles, and images assembled in funny combinations – this is the result of Pedro Proença’s work. The graphic designer and illustrator re:assembles, re:paints, re:uses, cuts-and-sticks, copy-pastes the graphics, writing, and illustration. Playing with types, playing with words and the place they fill in the page is a joyful process that allows him to take advantage of what is already existing and thus to build something new. Crossed headlines, clipped titles and sources, fonts and drawing, image and word, wordimage, writing as image, everything turns out as a serious printing work with an amusing tone. An ironic attack to the world of linguistic sense, to the image in a poster format. The single parts are no news, but the outcome is totally unexpected. Uma brincadeira gráfica, um jogo de escrita, uma construção de letras, estilos e imagens em combinações divertidas. É este o resultado do trabalho de Pedro Proença. A história da imprensa e da ilustração, assim como as vanguardas artísticas do princípio do século XX, proporcionam-lhe uma infinidade de referências que ele re:combina com o gosto do funny joke e com um êxito engenhoso. O Pedro Proença é um ilustrador cujo trabalho recupera o grafismo grego, as cores brilhantes da estética Pop, a ilustração publicitária dos anos 50 e gravuras exóticas de baixa qualidade e, ao mesmo tempo, pega na história dos estilos gráficos, desde o nascimento da imprensa a caracteres móveis nos tempos do Gutenberg, passando pelas elegantes letras barrocas, até a inesquecível experiência do Futurismo, Construtivismo, Dadaísmo, para juntá-los numa nova combinação. Pedro Proença re:assembla, re:pinta, re:utiliza, corta-pega, copia-cola a gráfica, escrita e ilustração. Brincar com as letras, brincar com as palavras e o lugar que ocupam na folha é um processo lúdico que lhe permite aproveitar aquilo que já existe e construir algo novo. Cabeçalhos entrelaçados, recortes de títulos e fontes, fonts e desenho, imagem e palavra, palavra-imagem, a escrita como imagem, tudo resulta com um imparável tom de brincadeira, num sério trabalho para a imprensa e a ilustração. Um ataque irónico ao mundo do sentido linguístico, à imagem em formato de cartaz. As suas partes não são novas, mas o resultado é inesperado. Pedro Proença, nasceu em Lubango (Angola) em 1962. Frequentou e terminou o curso de pintura da Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa. Expõe com regularidade desde 1981. Em fundou 1982 o “movimento homeostético”, cujas obras compuseram um número reduzido de exposições e que em 2011, terá verá a primeira retrospectiva organizada pelo Museu de Serralves. A sua obra tem reconhecimento nacional e internacional. Realizou a sua primeira exposição individual em 1984, em Portugal e a partir de 1987 começa a expor a nível internacional. No final dos anos 80 iniciou um ciclo de instalações no qual continua a trabalhar, num constante “work-in-progress”. Nestes trabalhos, usa materiais pobres, estruturados de acordo com arquitecturas existentes ou construções que enfatizam a multiplicidade da dinâmica de enquadramentos. Instalações e pinturas complementam-se no trabalho de Pedro Proença, concretizado tentativas de seriar a “pluralidade do sujeito” e de responder, uma e outra vez, a questões (mais ou menos actuais) que o campo artístico lhe coloca, e às quais não consegue ficar indiferente. Desenvolve igualmente trabalho no campo da ilustração, em livros para todas as idades, e na escrita, tendo publicado ficção (The Great Tantric Gangster), poesia (O Homem Batata) e ensaios (A Arte ao Microscópio). 44 ÚLTIMAS CEIAS Últimas Ceias ¬ Jorge de Sousa (PT) ¬ Marcos López (ARG) ¬ Noémia Cruz (PT) Instalação Installation Museu de Évora 1 de Julho ¬ July ¬ a ¬ to ¬ 30 de Setembro ¬ September (10H ¬ 18H ¬ Quarta-feira a Domingo ¬ Wednesday to Sunday ¬ 14H30 – 18H Terça-feira ¬ Tuesday) Encerra à Segunda-feira ¬ Closed on Mondays Gratuito aos Domingos até ás ¬ Free on Sundays til ¬ 14H Jorge de Sousa (PT) A Última Ceia, 2007 Fotografia, 110 X 165 Marcos López (ARG) La última cena argentina. Asado en Mendiolaza, 2001 Fotografia, 65 x 180 cm A Última Ceia é talvez o tema mais recorrentemente difundido no espaço da cultura religiosa de matriz cristã, mas também um dos mais glosados, citados, re:mediados pela arte do século XX. É um tema re:play por excelência, inscrevendo nos seus próprios termos a re:petição do gesto redentor. Noémia Cruz (PT) Isto é o meu corpo, 1979-2010 Escultura, 58 x 100 x 30 cm Suporte: 80 x100 x 30 cm Projecto ¬ Festival Escrita na Paisagem Parceria ¬ Museu de Évora Curadoria ¬ Colecção B No cenário institucional do Museu de Évora, onde se encontram duas belíssimas pinturas quinhentistas representando últimas ceias (uma do Mestre do Retábulo da Sé de Évora, outra de Martin de Vos), o Festival Escrita na Paisagem promove o encontro entre estas peças do acervo patrimonial do Museu e a criação contemporânea, numa instalação plena de registos críticos e discursivos fortemente inscritos na actualidade. Noémia Cruz, Jorge de Sousa, portugueses, e Marcos López, argentino, são os autores das três peças que instauram o diálogo no Museu com os seus trabalhos de fotografia e escultura em regime de instalação. Noémia Cruz, com o re:play de uma sua escultura de 1979, cuja história se reveste de ressonâncias sexuais e políticas. Inscrevendo o feminino na cena pela transformação do pão em seio, opera uma deslocação que obviamente dá ao gesto da repetição eucarística a ressonância transgressora do seio materno, feminino. Marcos López, fotógrafo argentino, procedeu por seu lado à proletarização do tema, inscrevendo a última ceia num contexto de classe média, uma refeição generosa num cenário idílico, quase arcádico, como que a esvaziar pela serenidade quotidiana o sentimento trágico e redentor do arquétipo, reconhecível na carcaça sacrificial que ocupa o centro da mesa (o anho redentor pobremente materializado e degustado?). Jorge de Sousa, como acontece com Noémia Cruz, evidencia a importância da problematização de género nas re:visitações contemporâneas da última ceia, compondo a cena em busca de uma teatralização das relações (a foto corresponde ao momento em que Cristo anuncia que um de entre eles o trairá e procura captar as reacções dos discípulos). Tatuagens e roupas configuram um espaço de sociabilidade masculina, próxima de estereótipos marginais, a que a própria figura de Cristo não escapa. Este espaço dialógico poderia completar-se com a re:visitação das inúmeras versões da última ceia que a cultura popular contemporânea pôs a circular de múltiplas formas, do cinema à publicidade, e que podem ver-se em abundância por exemplo no inesgotável youtube e no seu persistente devir… The Last Supper may be the theme most common and repeatedly disseminated within the Christian based religious culture, but also one of the most referenced, quoted, re:mediated by 20th century’s art. It is a re:play theme par excellence, inscribing in its own language the re:petition of the sacred redemptive gesture. At the institutional scenario of the Museum of Évora, where we can find two of the most beautiful paintings from the 14th century on the last supper (one by the Mestre do Retábulo da Sé de Évora [Master of the Retable of Évora Main Church] and another by Martin de Vos), the Festival Escrita na Paisagem promotes an encounter between these works from the Museum’s patrimonial collection and contemporary creation, by means of an installation full of critical and discursive remarks heavily loaded with issues from current times. The Portuguese artists Noémia Cruz and Jorge de Sousa, as well as the Argentinian Marcos López are the authors of these three pieces, who bring the dialogue into the Museum with their creations in photography and sculpture, exhibited as installation. 45 Jorge de Sousa sobre Last Supper [À esquerda, no segundo grupo de três figuras, está Judas.] Ele é o único com as costas viradas para Jesus. Pedro também se encontra neste grupo, com aparência irada e desconfiada. O apóstolo colocou a sua faca sobre a mesa, perto de si, para ter controlo sobre a arma. Se alguém tentar pegar na faca ele chegará a ela primeiro, impedindo que qualquer um dos outros a use. Mas Pedro não acredita que alguém do grupo possa trair Jesus. A situação mais provável é que o traidor seja alguém de fora; por isso, ele olha na direcção dos espectadores. [...] O número 3, que é uma alusão à Santíssima Trindade, é a chave principal do trabalho. Toda a composição é baseada numa estrutura triangular que se centra em Jesus; e a forma da figura de Cristo assemelha-se igualmente a um triângulo. Os Apóstolos estão organizados em grupos de três. Três objectos sobre a mesa representam o Cálice Sagrado (um cálice para o vinho, um prato para o pão, e uma faca para dividir a comida). Três apóstolos encontram-se sentados, à direita de Jesus, e outros três estão sentados do seu lado esquerdo. Se contarmos o número de dedos esticados (nas mãos dos Apóstolos), encontramos 72 dedos, um número múltiplo de 3. Três Apóstolos no lado esquerdo e mais três no lado direito vestem preto. Três escondem a face. [...] E assim por diante… (Jorge de Sousa, http://1x.com/?viewpic=21914) (c) Jorge de Sousa Noémia Cruz sobre Isto é o meu corpo, 8 de Maio de 2010 Sobre La última cena argentina de Marcos López La última cena argentina é, nas palavras de Marcos López, a “versão argentina” da imagem icónica da cultura religiosa cristã – a Última Ceia de Jesus Cristo com os Doze Apóstolos. Cruzando A Última Ceia de Leonardo da Vinci com Os beberrões de Velásquez, Lopez re:cria a cena fundadora da cristianidade no que poderia chamar-se a cena fundadora do “ser argentino”. Assim, a mesa austera da Última Ceia representada por Da Vinci é substituída por uma mesa opulenta, repleta de carne – vaca, leitão, salsichas, assadas –, e vinho tinto, cerveja e pão em abundância. Esta não é a refeição da tristeza, suspeição e ira que caracteriza a obra-prima italiana, mas sim a refeição do encontro da comunidade, da hospitalidade e da amizade – o “último asado argentino”, como alguns críticos lhe chamaram. Diz López: “Interessa-me sempre que a minha obra fale da periferia, que mostre a textura do subdesenvolvimento. […] Tento que o meu trabalho tenha a dor e o despojamento da América mestiça”. “Isto é o meu corpo” tem a sua génese numa fotografia dum político, de mãos postas, num comício dum partido democrata cristão, onde se gritavam frases apologistas de políticas de extrema-direita. Está-se em 1979, a luta pela emancipação da mulher é uma constante no nosso, meu, quotidiano: último ano do curso de escultura, o tema impõe-se. A política e a igreja de mãos dadas contra a dignificação da mulher: subverter a “Última Ceia” é a minha proposta, cuja concepção formal surge da forma mais inesperada: como técnica paramédica, num laboratório de anatomia patológica, dava assistência ao médico na análise macroscópica das peças anatómicas. O médico corta uma mama às fatias como se corta o pão: a forma do pão transfigura-se e Cristo oferece fatias duma mama (mutilação do corpo? ou do próprio desejo?), mas que é também um doce conventual. Instalou-se a ambiguidade/subversão: o corpo como objecto votivo mas sobretudo como objecto de desejo? “Isto é o meu corpo”, mas de quem é o corpo? Da mulher, oferecida como repasto duma sociedade decadente, mas também como símbolo de vida e redenção? Ou do próprio Cristo que se quer assumir no feminino? “Isto é o meu corpo” é exposta pela primeira vez em 1979. Uma mão é roubada; manifestação de desaprovação ou de aprovação? Em 1980 fica parcialmente destruída por um incêndio no meu estúdio. Re:feita, passados que são trinta anos sobre a sua concepção, re:nova-se, numa rejeição do falso moralismo duma sociedade capada por um deus ressabiado, porque o homem tomou consciência da sua própria sexualidade na descoberta do erotismo, celebrando assim a vida em todo o seu esplendor. 46 LINHAS COM QUE ME COSO Instalação Installation Mosteiro de Flor da Rosa, Crato 1 de Julho ¬ July ¬ a ¬ to ¬ 30 de Setembro ¬ September Um projecto Colecção B em parceria com a Direcção Regional de Cultura do Alentejo e com a Cooperativa Teatro dos Castelos. Coordenação ¬ Diana Regal Execução ¬ Elisa Pinto Direcção de montagem ¬ Carlos Marques Hand-crafted installation in lace, inspired in various sources: a visual poem by Regina Guimarães, legends related with the Circle of Life and the Wheel of Fortune, and the rose window represented on the tomb of the Portuguese king D. Pedro I. Apropriamo-nos de um poema visual de Regina Guimarães para dar o nome a esta obra, que reflecte sobre as práticas de produção e transformação de têxteis, em contexto doméstico, para a manufactura de peças de roupa e do lar. Sabendo que trabalhar com têxteis veicula normalmente implicações de género – nas relações com o trabalho feminino – ou de relevância económica – quer no contexto global quer na economia doméstica, pretende-se que este trabalho se relacione com estas práticas numa proposta de criação, através da produção de uma peça de “renda sol” de grandes dimensões, como se do elemento da arquitectura gótica – a rosácea – se tratasse. Esta peça nasce re:união e re:articulação destas fontes e temas com outros, em particular: o simbolismo inerente à rosácea (nomeadamente aquela que está inscrita no túmulo de D. Pedro I) a qual com a sua forma circular representa a Roda da Vida – o mundo, a vida e a morte, figurando nelas a condição do Homem nos domínios do privado e do social; e a lenda que está na origem da Renda sol ou Nhanduti. Esta narra a estória de uma inconsolável indígena cujo amado desapareceu no dia do casamento. Ao achá-lo morto na selva fechada, ela abraçouse ao corpo do amante, velando-o toda a noite. Ao amanhecer, a luz do sol mostrou que o guerreiro morto estava coberto por um belo manto de teias tecido pelas aranhas. A noiva buscou fios e agulhas e, copiando o trabalho das aranhas, teceu para o amado uma deslumbrante mortalha, criando assim a primeira peça conhecida de Nhanduti. Organização Municípios de Acolhimento Parcerias FCT Apoios Institucionais IPJ/OTL Apoios Comerciais Apoios à Divulgação Co-Produções Festival Escrita na Paisagem 2010 Teatro de Ferro António Pedro Lopes & Monica Gillette Teatro do Vestido Rita Natálio As iniciativas: Ópera dos 5— (7 e 8 de Julho, Évora), Festa da Lã (9 de Julho, Évora), Homenagem à Judson Dance (12 a 15 de Julho, Évora), Escola de Verão (2 de Agosto a 3 de Setembro, Évora), Equação (30 de Setembro, Évora), são co-financiados por As iniciativas: Homenagem à Judson Dance e PGT (27 de Julho, Sines), são co-financiadas por ESTRUTURA FINANCIADA POR PROJECTO ASSOCIADO