O Jogo de Sherlock Holmes
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O Jogo de Sherlock Holmes
O Jogo de Sherlock Holmes Retirado do livro ‘Bringing Up a Moral Child’, de Michael Schulman e Eva Mekler Páginas 30 a 32 Main Street Books Uma forma de ensinar o seu filho a observar outros com cuidado e a perceber seus sentimentos é o jogo de detetive Sherlock Holmes. Ele pode ser usado com crianças de cinco a nove anos de idade. Comece por mostrar claramente o objetivo do jogo, que é o de ensinar a criança algo importante, algo que ela possa usar em seu dia-a-dia. Depois apresente o jogo da seguinte maneira: “Vamos jogar o jogo de Sherlock Holmes. Sherlock Holmes foi um detetive famoso que era capaz de resolver crimes que ninguém mais conseguia resolver. O segredo dele é que ele observava as pessoas com muita atenção e cautela. Exatamente porque reservava tempo para observar, ele via coisas que ninguém mais via, e era capaz de saber se a pessoa tinha cometido o crime ou não”. “Vamos prender a usar o método de Sherlock Holmes de observar as pessoas. Só que as pessoas que vamos observar não cometeram nenhum crime. Vamos observar pessoas que nós conhecemos e tentar descobrir um jeito de agradá-las o máximo possível. Para fazermos isto, primeiramente temos que descobrir do que elas gostam e do que elas não gostam”. Depois desta introdução, peça a seu filho para escolher a pessoa, alguém que ele já conhece bem e gosta, e que esteja disponível para observação direta. Aí, fale de novo o objetivo do jogo: “Vamos ver se conseguimos descobrir o que a faz [a pessoa escolhida] alegre ou triste. Para fazer isto precisamos descobrir do que ela gosta e do que ela não gosta”. (Para pais que não se sentem à vontade com este procedimento formal, o mesmo objetivo pode ser alcançado em conversas informais do dia-a-dia. Por exemplo, você pode dizer “Vamos fazer tudo que pudermos para agradar o Tio Harry hoje. Vamos descobrir primeiramente as coisas das quais ele gosta e do que ele não gosta”.) Faça uma ficha com as seguintes categorias: Nome da pessoa: .................................................................................................... Gosta de Quando Por quê? Como você sabe? Não gosta Quando? Por quê? Como você sabe? Peça a seu filho para pensar em atividades ou coisas que essas pessoas gostam ou não; quando e por que elas gostam ou não dessas atividades e que “evidência” seu filho tem para provar suas conclusões. 1 Você pode ajudar seu filho no ponta-pé inicial, dando exemplos sobre o que você já observou na pessoa. Comece com a seguinte fala: “Vou lhe dar um exemplo e depois você me dá o seu, certo?” Depois que seu filho tiver aprendido a jogar, você preenche um dado numa coluna e pede para ele preencher um outro dado nas outras colunas. Você pode dizer “Televisão muito alta” na coluna de coisas que a pessoa não gosta. E pode pedir ao filho para pensar no “quando” e no “porquê” que aquela pessoa não gosta de televisão muito alta. Talvez seu filho tenha apenas um pressentimento sobre a pessoa. Ele pode dizer, “Não sei porque, mas acho que Tio Harry não gosta da Tia Jean (a cunhada).” Ajude-o a tornar mais claras as suas suspeitas perguntando o que especificamente ele já viu ou ouviu que o fez pensar assim. Sugira a ele outras formas, dicas, de como ele poderá no futuro confirmar ou não estes sentimentos. A seguir um exemplo de uma ficha: O caso de Tio Harry: Gosta Quando? Por quê? Como você sabe? Conversar com o vovô. Depois da janta Porque ele gosta de ouvir estórias antigas Porque pergunta sobre o passado e fica ouvindo. Trabalhar na horta Nos finais de semana Gosta de descobrir a melhor forma de fazer as planta crescerem. Gosta de comer verduras frescas. Gasta um tempão na horta. Diz “Espera só até você provar estes tomates”. Pizza Na janta Tem um delicioso Não gosta Quando gosto Come um tantão e sorri quando a pizza chega. Por quê? Como você sabe? Chegar atrasado No cinema Não vai entender a estória Se recusa a ir se estiver atrasado TV em volume muito alto Depois do trabalho Está cansado Fica irritado e nervoso Da Tia Jean Sempre Ela é muito crítica e manda muito nele Ele sai da sala quando ela entra. E gosta de fazer caretas quando ela fala A parte final do jogo Sherlock Holmes serve para ajudar seu filho a sair da observação para a ação. No caso descrito acima, a seguinte pergunta foi feita a Martin, de sete anos: “O que você que pode fazer para que o tio Harry se sinta bem?”. Seus pais lhe pediram que pensasse em coisas que poderiam fazer para ajudar o tio a obter o que ele desejava e evitar o que ele não gostava. Martin chegou às seguintes conclusões: “quando o tio Harry estiver ouvindo as estórias do vovô, vou brincar sozinho em um outro quarto ou ficar ouvindo o vovô junto com ele ”; “vou perguntar para ele se 2 precisa de ajuda na horta”; “vou ficar pronto na hora para não atrasar a nossa ida ao cinema”; “vou diminuiu o volume da TV quando ele voltar do trabalho”. Martin pensou também em algumas idéias de como o tio Harry poderia se dar melhor com a tia Jean. Mas os pais do Martin acharam que qualquer tentativa de ajuda da parte do menino poderia ser interpretada como uma invasão de privacidade por ambos os tios. Além disso, os pais achavam que seria muito difícil para o menino conseguir fazer algo que realmente obtivesse o resultado esperado: melhorar a relação dos dois. Martin se viu frente a frente com o seu primeiro dilema moral: é bom tentar ajudar os outros, mas, às vezes, a ajuda pode se tornar uma invasão de privacidade. Outro dilema possível teria sido enfrentado por Martin se seus pais quisessem que Martin fosse legal com o tio em detrimento de seus próprios interesses de forma injusta (se, por exemplo, suas tentativas de ser legal tomassem todo o seu tempo). (Texto traduzido por Elsie Gilbert) Mãos Dadas Revista de Apoio aos que trabalham pela dignidade de nossas crianças e adolescentes. Caixa Postal 88 - 36.570-000 Viçosa MG Brasil [email protected] 3