Segurança alimentar ou segurança para agricultura familiar?
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Segurança alimentar ou segurança para agricultura familiar?
9° CONGRESSO DE EDUCAÇÃO AGRÍCOLA SUPERIOR AREIA-PB - 27 A 30 DE OUTUBRO DE 2014 Nº ISSN / 0101-756X SEGURANÇA ALIMENTAR OU SEGURANÇA PARA AGRICULTURA FAMILIAR? Igor Jose da Silva Consultor do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – PNUD e do Ministério do Desenvolvimento Agrário – MDA. SBN Q1 – Bloco D – 6 andar – Ed. Palácio do Desenvolvimento – Brasília – DF – (61) 2020-0932, www.mda.gov.br RESUMO O Governo brasileiro buscando desenvolver um setor de produção no país, antes desguarnecido de Políticas Públicas diretas, o país criou uma esfera produtiva denominada de Agricultura Familiar. Tal iniciativa buscou gerar emprego e renda para facilitar a Segurança Alimentar no Brasil. Com isso o Brasil passou a apostar na Agricultura Familiar para ser a grande ferramenta de desenvolvimento para atender a necessidade alimentar do povo brasileiro. Neste sentido, apareceram novas políticas que mostram que se aplicadas de forma coesa e profissional poderia dar certo. No entanto vários entraves continuam prejudicando o pleno desempenho destas políticas. PALAVRAS-CHAVES: Agricultura Familiar, Políticas Publicas, Segurança Alimentar ABSTRACT FOOD SAFETY OR SECURITY FOR FAMILY FARM? In search of the Brazilian government to develop a manufacturing sector in the country before unmanned Public Policy Direct, the country has created a productive sphere called Family Farming. This initiative aimed to generate employment and income to facilitate food security in Brazil. With that Brazil began to focus on Family Farming for the great development tool to meet the food needs of the Brazilian people. In this sense, new policies appeared to show that if applied in a cohesive and professional could work. However several obstacles still hampering the full performance of these policies. KEYWORDS: Family Farming, Public Policy, Food Security INTRODUÇÃO 9° CONGRESSO DE EDUCAÇÃO AGRÍCOLA SUPERIOR AREIA-PB - 27 A 30 DE OUTUBRO DE 2014 Nº ISSN / 0101-756X O Brasil parece ter aprendido que a necessidade básica da vida parte em primeiro momento em buscar formas que garantam que todos tenham acesso à alimentação. Aparentemente essa lógica só teve um aporte a partir dos anos 1990 através de ONG´s e movimentos sociais que alertavam os governantes sobre a existência de déficits alimentares em todo o país. No entanto neste mesmo período ocorreu um desmonte na forma que agricultores recebiam os nortes de um acompanhamento técnico. O fechamento da EMBRATER – Empresa Brasileira de Assistência Técnica e Extensão Rural. A EMBRATER foi um órgão federal que orientavam as diretrizes para que as EMATER´s – Empresa de Assistência Técnica e Extensões Rurais, ligadas aos governos estaduais operassem em cada Unidade da Federação. Pós-derrocada da EMBRATER os governos que sucederão o então Presidente Fernando Collor de Melo tiveram a obrigação de lograr atividades que garantissem uma continuidade sobre as ações para os agricultores. Neste momento as políticas públicas passaram a ter papel importante para a criação, manutenção e consolidação da Agricultura Familiar brasileira, tida como operacional. O presente trabalho teve como objetivo dar transparência sobre os conceitos de segurança alimentar atrelados ao conceito de agricultura familiar. A partir desde ponto espera-se que se possa ter uma resposta eficaz sobre a existência de uma segurança alimentar ou apenas uma segurança para a agricultura familiar. MATERIAL E MÉTODO Para este trabalho foram realizados pesquisas bibliográficas em livros, revistas científicas e documentos Ministeriais publicados e mimeografados ligados às pastas do Programa Nacional de Apoio à Agricultura Familiar - PRONAF no Ministério do Desenvolvimento Agrário. RESULTADOS E DISCUSSÕES Não há em curso no Brasil um Programa Nacional de apoio a Segurança Alimentar. O que se tem é um conjunto de políticas voltadas à população que pelo menos nos altos dos processos de incentivos a cada uma expõe uma vontade de governo. Porém, desde 1997 a União, Estados e Municípios buscam esforços para efetivação de vários programas de Segurança Alimentar (PAULILLO & PESSANHA, 2002) 9° CONGRESSO DE EDUCAÇÃO AGRÍCOLA SUPERIOR AREIA-PB - 27 A 30 DE OUTUBRO DE 2014 Nº ISSN / 0101-756X Segundo o Conselho Nacional de Segurança Alimentar (2010), segurança alimentar “consiste na realização do direito de todos ao acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais, tendo como base práticas alimentares promotoras da saúde, que respeitem a diversidade cultural e que seja ambiental, culturais, econômica e socialmente sustentáveis.” Pode-se até atribuir às políticas de Segurança Alimentar um caráter assistencialista, desde que se tenha como base as políticas criadas pelo então Presidente da República Getúlio Vargas. Naquela época o Presidente buscando atender os anseios populares criou o “Serviço de Alimentação da Previdência Social – SAPS”. Nesta perspectiva pode-se salientar que mesmo sendo legítima a política, pois alimentava quem tinha fome, não garantia uma continuidade. Não era uma política estruturante que conseguiria levar conforto a todos de forma satisfatória e sustentável. Voltando a nossa época, podemos verificar que a Segurança Alimentar brasileira, entra em um viés diferente da época de Getúlio. Pois, como não e tem uma única política e sim várias dentro de um setor produtivo, buscando muito mais do que fornecer alimento, elas buscam ações para fazer com que o pequeno produtor tenha uma produção com a garantia de mercado e proporcionando aos seus familiares emprego e renda, e aos consumidores produtos de boa qualidade, com preço justo. Considerando o recorte para a Agricultura Familiar como ferramenta para impulsionar a política de Segurança Alimentar do Brasil, apresentam-se aqui as políticas públicas para este setor. Começando pela Implantação do Ministério do Desenvolvimento Agrário - MDA e de sua Secretaria da Agricultura Familiar - SAF. Constituídos num conceito técnico para buscar formular políticas específicas para a pequena propriedade. A Tabela 01 apresenta de forma resumida as políticas de apoio a Agricultura Familiar no âmbito da SAF/MDA. Nota-se que há pelo menos no campo teórico apoio na Assistência técnica, conquista do crédito e segurança na produção e comercialização dos produtos. Tabela 01 - Relação dos programas da SAF e descrição dos mesmos. Programas Agroindústrias Assistência técnica Biodiesel Garantia Safra Mais Alimentos Descrição Apoia na industrialização e agregação de valor. Melhoria da produção através de projetos técnicos sustentáveis Garante a Agricultura Familiar na cadeia produtiva do Biodiesel Garante renda a agricultores familiares no semiárido brasileiro Incorporou e melhorou as linhas de crédito do Pronaf 9° CONGRESSO DE EDUCAÇÃO AGRÍCOLA SUPERIOR AREIA-PB - 27 A 30 DE OUTUBRO DE 2014 Nº ISSN / 0101-756X PAA PGPAF Credito do Pronaf Redes temáticas ATER SEAF Alimentação Escolar SUASA Diversificação econômica Projetos Especiais Selo da Agricultura Familiar Sociobiodiversidade Apoio na comercialização com vistas ao Programa Fome Zero Garantia de competitividade perante aumento no custo de produção Financiamento com menores custos para os Agricultores Familiares Busca o potencial produtivo de cada região ou grupo de agricultores Garante renda ao agricultor quando acometido a eventos climáticos Contribui para a manutenção da alimentação nas escolas públicas Fiscaliza a produção agropecuária em todo o território nacional Apoia a diversificação da produção da Agricultura Familiar Fortalece ideias da Assistência técnica e Extensão rural Dar visibilidade à produção da Agricultura Familiar Integração das ações voltadas a manutenção da diversidade Fonte: MDA, 2014 CONCLUSÕES A construção do conceito de Agricultura Familiar no Brasil reflete a polêmica no campo social ao qual está inserido o meio rural brasileiro. De um lado a formação acadêmica de um termo, atribuída diante muitos anos após acompanhamento do desenvolvimento do campesinato. E de outro a construção política de um conceito baseado em fornecer identidade a um povo, para que este possa concorrer às políticas públicas para sua manutenção. Contudo respondendo à pergunta do artigo tem-se: As políticas agrícolas e agrárias pensadas, criadas e operadas para a Segurança Alimentar, não são as mesmas para garantir que a Agricultura Familiar continue pulsante? Ao ver desde artigo sim. Oque demonstra que a segurança alimentar contemporanea também é uma ferramenta de segurança para a permanencia de uma Agricultura Familiar produtiva. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABRAMOVAY, Ricardo. Paradigmas do Capitalismo Agrário em Questão. São Paulo: HUCITEC, 1992. AMARAL, Luiz. História Geral da Agricultura Brasileira. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1958, volume 1, 2a. ed. BRASIL, Presidência da República. Decreto n° 1946, de 28 de junho de 1996. Cria o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar – PRONAF, e dá outras providências. Disponível em: www.pronaf.gov.br. 9° CONGRESSO DE EDUCAÇÃO AGRÍCOLA SUPERIOR AREIA-PB - 27 A 30 DE OUTUBRO DE 2014 Nº ISSN / 0101-756X BRASIL, Lei 11.326, de 24 de Julho de 2006. Estabelece as diretrizes para a formulação da Política Nacional da Agricultura Familiar e Empreendimentos Familiares Rurais. Diário Oficial da União, em 25/07/2006. CAPORAL, F. R.; COSTABEBER, J. A. Segurança Alimentar e Agricultura Sustentável: uma perspectiva agroecológica, Porto Alegre, 2002 CHAYANOV, Alexander V. La organización de la unidad económica campesina. Buenos Aires: Ediciones Nueva Visión, 1974. GANZIROLI et al. Agricultura familiar e reforma agrária no século XXI. Rio de Janeiro. Ed. Garamond, 2001.