Flight Level
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BOM ANO! REVISTA APCTA.VOL4 #34. JAN16 APCTA/SINCTA: Ontem & Hoje e Festa de Aniversário INTERNACIONAL: IFATCA e ATCEUC TECNOLOGIA: AMAN FACTORES HUMANOS: Cultura Justa POR CÁ: Trident Juncture 2015 FLIGHT LEVEL: 10 anos ao vosso lado HISTÓRICOS DA AVIAÇÃO: DESTINO: Vickers VC10 (I) Ásia - do Mianmar (Birmânia) ao Laos Flight Level Revista da APCTA Associação Portuguesa dos Controladores de Tráfego Aéreo Presidente do SINCTA: Pedro Barata Presidente da APCTA: Sérgio Capela Director: Carlos Valdrez Coordenação Editorial: Andreia Lopes Colaboradores: Leonor Casanova, Nuno Catarina, Nuno Chambel, Mário Coelho, Rita Costa, Bruno Figueira, Ana Cristina Lima, Rui Marçal, Pedro Matos, Abel Paraíba, Nuno Simões, Luís Tojais Tradução: Rita Costa Correspondentes: Delegações da APCTA Propriedade: APCTA (Associação Portuguesa dos Controladores de Tráfego Aéreo) Rua de Matola 4 – 1800-270 Lisboa Distribuição: Gratuita aos Sócios Design gráfico: FPreto – graphic design for closed and open media Impressão: TEMAS / PESSOAS / LOCAIS CONTRIBUA COM IDEIAS E SUGESTÕES PARA: [email protected] Europress - Indústria Gráfica Periodicidade: Trimestral Tiragem: 650 exemplares Lisboa, Janeiro de 2016 EDITORIAL REVISTA APCTA. VOL4 #33. OUT15 Associação Portuguesa dos Controladores de Tráfego Aéreo p.1 Pedro Barata Presidente do SINCTA SUMÁRIO 02 08 10 12 14 16 18 20 22 24 30 36 38 40 41 42 43 44 Celebramos em Dezembro o 40º aniversário da APCTA e o 35º aniversário do SINCTA com um jantar comemorativo que ficará certamente na memória de todos os que nele participaram. Tratou-se, de facto, de um evento singular na história das organizações da classe, que contou com a presença de um número recorde de participantes e cujo sucesso devemos a todos os que se empenharam na sua organização. Cabe, por isso, aqui um agradecimento a todos os delegados do SINCTA e da APCTA, ao corpo redatorial da Flight Level, aos associados que, a título individual, se disponibilizaram para esta tarefa, bem como à equipa da Direção que organizou estas comemorações com um detalhe e rigor irrepreensíveis. A todos, muito obrigado pelos momentos que nos proporcionaram! Crescemos Juntos foi o tema escolhido para estas comemorações e com toda a razão. Fruto de uma visão e perspicácia daqueles que nos antecederam que, se não é única, é, pelo menos, rara, os Controladores de Tráfego Aéreo dispõem hoje de uma capacidade de intervenção nas áreas técnico-profissional e sociolaboral totalmente integrada e articulada, mantendo total coerência de propósitos e alinhamento de ação. Crescemos Juntos e iremos continuar a crescer juntos, porque isso nos torna mais fortes. A história conjunta das nossas organizações de classe é, claramente, uma história de sucesso, reconhecida interna e externamente. E esse sucesso é também resultado de conseguirmos manter dois princípios fundamentais: pluralidade de opinião e unidade na ação, garantindo que as decisões da classe são levadas à prática sem hesitações e permitindo granjear respeito junto dos nossos interlocutores. Entrevista: Ontem e Hoje Internacional: IFATCA – Tallinn Internacional: ATCEUC – Marselha Tecnologia: AMAN Factores Humanos: Cultura Justa Por Cá: Trident Juncture 2015 Dia do CTA: Dia Internacional do CTA 2015 SINCTA/APCTA: Aniversário - Crescemos Juntos! Flight Level: 10 anos ao vosso lado Históricos da Aviação: Vickers VC10 (parte I) Destino: Ásia – do Mianmar (Birmânia) ao Laos Ecos da Imprensa: Uma seleção de interesse ATC Breves: Torneio de Padel em Mafra / Encontro de Mergulho NAV/ APCTA Breves: VIII Torneio Internacional de Futebol da Aviação Civil Breves: Seminário sobre Bird-strike Breves: Reforma do Rui Torres / Nuno Nepomuceno “A Hora Solene” Breves: Festa de Natal APCTA Breves: Carlos Silva Nunca perdendo a noção dos objetivos essenciais e estratégicos, soubemos manter uma flexibilidade e adaptação à mudança que, mesmo em condições de alteração de contexto, nos tem permitido sustentar as nossas posições e alcançar compromissos favoráveis, mesmo quando alguns julgavam tal ser impossível. A responsabilidade e seriedade com que nos posicionamos perante os nossos interlocutores são ativos importantes que continuaremos a cultivar. E esta forma de estar na ação associativa e sindical é fundamental para que, depois de alguns anos de obstáculos que conseguimos ultrapassar com sucesso, possamos enfrentar as dificuldades que continuaremos a ter no horizonte. Apesar da estabilidade alcançada num horizonte de médio prazo, permanecem inúmeras incertezas, quer em termos globais, quer no que à NAV Portugal diz respeito. Aliás, como temos referido noutros momentos, estas incertezas estão a colocar em risco a própria capacidade de intervenção e desenvolvimento da empresa, quer no plano nacional, quer no plano internacional, arrastando-a para uma perigosa indefinição estratégica. É por esta razão que APCTA e SINCTA estabeleceram como prioridade para os próximos tempos aprofundar a participação na definição e concretização de ações estratégicas na NAV Portugal. Revitalizar a empresa, respondendo aos desafios que se colocam, nomeadamente, no âmbito das nossas responsabilidades europeias e quanto ao sistema aeroportuário nacional é absolutamente vital para garantir o nosso posicionamento estratégico no plano internacional e no setor dos serviços de navegação aérea. Resta saber se, da parte de quem toma decisões políticas e de gestão também existe a percepção da degradação da situação e se, pelo seu lado, entendem a colaboração dos Controladores de Tráfego Aéreo e das suas organizações como uma mais-valia e, em definitivo, se tomam as indispensáveis decisões, nomeadamente, quanto à condução dos destinos da empresa e à modernização dos seus sistemas de controlo de tráfego aéreo. É que não tem sido por falta de chamadas de atenção ou de manifestação de disponibilidade da nossa parte... p.2 ENTREVISTA Carlos Valdrez, Andreia Lopes No âmbito das comemorações dos aniversários da APCTA e do SINCTA procurámos testemunhos das diferentes gerações de Controladores de Tráfego Aéreo. O resultado final foram 7 entrevistas a CTA cujas idades conseguem abranger cerca de 50 anos de Controlo de Tráfego Aéreo. O QUE TE FEZ VIR PARA ESTA CARREIRA? COMO TOMASTE CONTACTO COM A PROFISSÃO? Tive conhecimento casual desta profissão em 1962 e decidi concorrer pelo facto de representar uma melhoria financeira e porque a préseleção era baseada num estágio de três meses. Adorei a profissão e fiquei logo classificado para frequentar o curso. Nelson Cândido Barreto 76 anos PRIMEIRA QUALIFICAÇÃO: 1964 QUALIFICAÇÕES OBTIDAS: Aeródromo, Aproximação e Regional Convencional OUTRAS FUNÇÕES: Chefe de Aeródromo, Chefe SAR (Busca e Salvamento), Director-Adjunto do Aeroporto Internacional da Beira, Chefe do Centro de Controle Regional da Divisão de Segurança Aérea dos Serviços da Aernáutica Civil, Director Nacional-Adjunto, Director Nacional da Aviação Civil, Monitor de Formação, Técnico de Formação, CTA/Instrutor, Chefe do Centro de Formação ATS (DFATS) e posteriormente (FORNAV), Chefe da Formação Técnica e Operacional (FORTOP). QUAIS FORAM AS PRINCIPAIS ALTERACÕES (TÉCNICAS/SOCIAIS) A QUE ASSISTISTE DESDE QUE OBTIVESTE A PRIMEIRA QUALIFICACÃO ATÉ AOS DIAS DE HOJE? A evolução tecnológica e social desde aquela data até hoje é abismal como devem imaginar, não só em equipamento disponível, como em regalias sociais, apesar do nosso estatuto de CTA’s ter sido sempre bem considerado. O QUE ACHAS QUE IRÁ MUDAR NOS PRÓXIMOS ANOS? COMO VÊS A EVOLUCÃO DO PAPEL DO CTA NOS PRÓXIMOS 10/20 ANOS? Dada a evolução tecnológica da aviação e consequente evolução nos métodos de Controlo de Tráfego Aéreo, cometi a ousadia de, numa das minhas aulas de Serviços de Tráfego Aéreo, dizer que, num futuro não muito longínquo, o Controle de Tráfego Aéreo seria exercido também para aeronaves supersónicas com início dos voos na atmosfera, saídas para a estratosfera e reentradas a atmosfera próximos do destino. Li, muito recentemente, esta probabilidade. p.3 REVISTA APCTA. VOL4 #33. OUT15 Associação Portuguesa dos Controladores de Tráfego Aéreo QUERES PARTILHAR UMA SITUACÃO/ACONTECIMENTO ESPECIAL QUE TENHAS VIVIDO ENQUANTO CTA? Enquanto CTA gostaria de partilhar do que foi a sensação de controlar aeronaves com motores convencionais e depois sucessivamente para aeronaves com turbo-hélice e finalmente com motores a jacto. QUAIS FORAM AS PRINCIPAIS ALTERACÕES (TÉCNICAS/SOCIAIS) A QUE ASSISTISTE DESDE A PRIMEIRA QUALIFICACÃO ATÉ AOS DIAS DE HOJE? Foram inúmeras e profundas as alterações que testemunhei. Só para dar um pequeno exemplo, os telefones começaram por ser à manivela e hoje em dia basta carregar num botão que liga instantaneamente para o órgão com que queremos falar. Mas, mais importante que isso, foi a passagem de um radar primário, que só detectava os alvos, sem qualquer tipo de correlação, para o radar secundário. Este radar permite-nos saber o callsign da aeronave, a altitude, a velocidade, o rate de subida ou descida e até o código transponder. Outra importante evolução foi o STCA, que nos avisa atempadamente dos conflitos eminentes. A nível social, penso que havia mais camaradagem. A crescente exigência da profissão contribuiu também para um ambiente cada vez menos informal. Maria Adelaide Lopes Lalanda de Figueiredo O QUE ACHAS QUE IRÁ MUDAR NOS PRÓXIMOS ANOS? COMO VÊS A EVOLUCÃO DO PAPEL DO CTA NOS PRÓXIMOS 10/20 ANOS? Não faço a menor ideia. Já houve tanta evolução nos últimos anos que parece não haver espaço para muitas mais. Mas de certeza que vai surgir algo novo. Não consigo é imaginar o quê... Quanto ao papel do CTA, penso que o aumento do volume de tráfego vai trazer mais carga de trabalho, mas acredito que as evoluções tecnológicas irão acompanhar esse crescimento, ajudando num desempenho sempre seguro. . 63 anos PRIMEIRA QUALIFICAÇÃO: 1976 QUALIFICAÇÕES OBTIDAS: Aeródromo, Aproximação Convencional, Aproximação radar OUTRAS FUNÇÕES: Supervisão, Chefia de Sala ÓRGÃOS: Torre de Lisboa (LPPT), Centro de Controlo de Lisboa (LPPC) O QUE TE FEZ VIR PARA ESTA CARREIRA? Durante um período de greve na Faculdade de Ciências de Lisboa, passávamos algum tempo num café ali perto. Num desses dias, em conversa com uma colega de curso que já tinha ingressado na carreira, a Liliana Cosme, descobri que tinha aberto concurso. Como era um trabalho por turnos, algo que me interessava bastante, resolvi concorrer. COMO TOMASTE CONTACTO COM A PROFISSÃO? Até entrar pela primeira vez na antiga sala, não tinha tido qualquer contacto com a profissão. Aliás, nem sabia que existia este tipo de carreira. QUERES PARTILHAR UM ACONTECIMENTO/SITUACÃO ESPECIAL QUE TENHAS VIVIDO ENQUANTO CTA? Quando o Concorde veio cá pela primeira vez, tive o prazer de o controlar na aproximação a Lisboa. A excitação entre nós era imensa. Nesse mesmo dia, fomos todos conhecer o concorde. O procedimento era descolá-lo logo para o mar, qualquer que fosse o destino, pois a passagem a voo supersónico não podia ser feita sobre o continente. . p.4 João Paulo Lino Pereira Gaio 52 anos PRIMEIRA QUALIFICAÇÃO: 1987 QUALIFICAÇÕES OBTIDAS: Aeródromo, Aproximação OUTRAS FUNÇÕES: OJTI, Supervisão, Chefia de Órgão ÓRGÃOS: Faro (LPFR), Porto Santo (LPPS), Funchal (LPMA) O QUE TE FEZ VIR PARA ESTA CARREIRA? COMO TOMASTE CONTACTO COM A PROFISSÃO? Foi completamente ao acaso. Estava a terminar o serviço militar obrigatório na altura e os meus Pais falaram-me em concorrer após terem visto anúncio de abertura de concurso num jornal. Concorri e fui seleccionado. Infelizmente ainda estava a cumprir o serviço militar e não pude ingressar no curso para o qual fui seleccionado, mas ingressei no seguinte. Apenas tomei contacto com a profissão durante o curso. QUAIS FORAM AS PRINCIPAIS ALTERACÕES (TÉCNICAS/SOCIAIS) A QUE ASSISTISTE DESDE QUE OBTIVESTE A PRIMEIRA QUALIFICACÃO ATÉ AOS DIAS DE HOJE? A principal alteração em termos tecnológicos foi sem dúvida a passagem do controlo convencional para o radar. A utilização da visualização radar é sem dúvida uma mais-valia, pois não só aumenta a segurança como a capacidade de um determinado sector. Em termos sociais no início o ambiente aeronáutico era muito mais ‘relaxado’, agora é tudo muito mais profissional, cheio de regras fruto das imposições da União Europeia e também da exposição que o mundo aeronáutico tem nos média. Rui Manuel Pereira Gomes O QUE ACHAS QUE IRÁ MUDAR NOS PRÓXIMOS ANOS? COMO VÊS A EVOLUCÃO DO PAPEL DO CTA NOS PRÓXIMOS 10/20 ANOS? Penso que iremos ter ferramentas, mais automatização dos equipamentos, que nos irão permitir melhorar ainda mais a nossa produtividade e, quem sabe, um dia passaremos a ser apenas gestores de sistemas automatizados. Já temos ‘Drones’ a voar, automóveis que circulam sozinhos, estão a aparecer as primeiras torres remotas… É uma questão de tempo até chegar ao Controlo de Tráfego Aéreo. O QUE TE FEZ VIR PARA ESTA CARREIRA? COMO TOMASTE CONTACTO COM A PROFISSÃO? Desde muito pequeno, ia com os meus pais ao aeroporto de Lisboa, e adorava ficar horas no velho terraço a observar os movimentos das partidas e chegadas dos aviões, todo aquele movimento da placa me empolgava. Aos 16 anos faço a minha primeira viagem de avião, sozinho, de Lisboa para o Cairo via Madrid. Apaixonei-me pelos aeroportos, pelos aviões… ainda hoje recordo o cheiro do combustível e o ruído dos motores. No regresso a Lisboa demorei vários dias a chegar a casa por causa de uma greve de controladores em França! Estávamos nos anos Oitenta. Mais tarde, já na Universidade, concorro para controlador e durante o AB-INITIO percebo que ser Controlador de Tráfego Aéreo era o meu destino. QUERES PARTILHAR UMA SITUACÃO/ACONTECIMENTO ESPECIAL QUE TENHAS VIVIDO ENQUANTO CTA? Na parte positiva é, sem dúvida, quando por vezes o nosso trabalho é reconhecido pelos nossos clientes e eles o expressam na frequência. A parte negativa a queda de uma aeronave ligeira minutos depois de descolar do Funchal. Um episódio muito marcante na minha experiência nesta profissão. . 47 Anos PRIMEIRA QUALIFICAÇÃO: 1991 QUALIFICAÇÕES OBTIDAS: Aeródromo, Oceânica, Radar Área OUTRAS FUNÇÕES: Supervisão, Instrucção, Facilitador TRM ÓRGÃOS: Madeira (LPMA), Santa Maria (LPPO), Torre de Lisboa (LPPT), Centro de Controlo de Lisboa (LPPC) QUAIS FORAM AS PRINCIPAIS ALTERACÕES (TÉCNICAS/SOCIAIS) A QUE ASSISTISTE DESDE QUE OBTIVESTE A PRIMEIRA QUALIFICACÃO ATÉ AOS DIAS DE HOJE? Passei por duas torres, Madeira e Lisboa, e já conheci 4 Centros de Controle, dois em Santa Maria e 2 em Lisboa. As torres passaram de lugares pequenos e espartanos com equipamento mínimo para espaços bem mais bonitos e repletos de tecnologia. A maior mudança deu-se com o novo ACC de Santa Maria, de uma sala pequena e alcatifada, no chão e paredes, para um centro moderno em espaço e equipamento. No ACC de Lisboa a mudança foi grande mas não tão radical. REVISTA APCTA. VOL4 #33. OUT15 Associação Portuguesa dos Controladores de Tráfego Aéreo O QUE ACHAS QUE IRÁ MUDAR NOS PRÓXIMOS ANOS? COMO VÊS A EVOLUCÃO DO PAPEL DO CTA NOS PRÓXIMOS 10/20 ANOS? O mundo da Aviação está a mudar, aliás já começou a mudar e vai continuar nos próximos anos. Vamos ter que encontrar e ocupar o nosso espaço neste mundo global e concorrencial. Aos CTA só resta assumir o papel principal na mudança com investimento nos meios técnicos e uma profunda aposta na formação dos seus quadros. QUERES PARTILHAR UMA SITUACÃO/ACONTECIMENTO ESPECIAL QUE TENHAS VIVIDO ENQUANTO CTA? A profissão CTA tem-me dado muito do que sou; vivi momentos muitos especiais por todos os locais onde passei. Na Madeira fui muito bem recebido e fiz a minha primeira qualificação num aeródromo com condições de trabalho muito especiais, muito motivantes. Em Santa Maria fiz Oceânica durante 8 Anos e recordo os tempos, na pequena sala alcatifada, onde se controlava de forma convencional uma fatia enorme do Atlântico Norte. Sentíamos interiormente o sentido da profissão e a essência da Aviação. Na torre de Lisboa, onde acabei por desempenhar as funções de supervisor, encontrei um órgão com um ambiente de trabalho fantástico. Chegada ao ACC Lisboa - o radar era o sonho concretizado! Em jeito de conclusão uma frase que ouvi num congresso IFACTA na Ásia; “ Não nasci controlador mas vou morrer controlador”. . p.5 Cláudia Alexandra Amélio António 37 anos PRIMEIRA QUALIFICAÇÃO: 2003 QUALIFICAÇÕES OBTIDAS: Oceânica, Aeródromo, Aproximacão Radar OUTRAS FUNÇÕES: Instrucção ÓRGÃOS: Santa Maria (LPPO), Faro (LPFR) O QUE TE FEZ VIR PARA ESTA CARREIRA? COMO TOMASTE CONTACTO COM A PROFISSÃO? No início do século, trabalhei durante três verões IATA no Aeroporto de Faro, ao serviço da TAP e, nessas circunstâncias, tive oportunidade de visitar a Torre de Controlo. Na altura, já com o gostinho pela aviação, achei extremamente interessante o tipo de serviço que era prestado e tomei conhecimento da carreira CTA, decidindo assim concorrer à profissão. QUAIS FORAM AS PRINCIPAIS ALTERACÕES (TÉCNICAS/SOCIAIS) A QUE ASSISTISTE DESDE QUE OBTIVESTE A PRIMEIRA QUALIFICACÃO ATÉ AOS DIAS DE HOJE? Durante o período de oito anos em que trabalhei no Centro de Controlo Oceânico de Santa Maria, assisti a bastantes alterações, nomeadamente a introdução do radar e do multilateration e constantes evoluções de software do SATL. Já na Torre de Faro, a principal alteração que presenciei foi a muito esperada e celebrada redução da separação radar para 5NM, que ocorreu recentemente. p.6 O QUE ACHAS QUE IRÁ MUDAR NOS PRÓXIMOS ANOS? COMO VÊS A EVOLUCÃO DO PAPEL DO CTA NOS PRÓXIMOS 10/20 ANOS? Na minha opinião, nos próximos anos, continuaremos a assistir ao crescimento da aviação e, simultaneamente, a inúmeros avanços tecnológicos que permitirão ao ATC fazer face a essa maior procura. O papel do CTA continuará a ser de importância fulcral para garantir que, face a um cenário de maiores demandas de tráfego e complexidade acrescida, os índices de segurança se mantenham em patamares de excelência. Para possibilitar que a utilização do espaço aéreo seja feita de forma cada vez mais eficiente, a pressão e os níveis de exigência sobre o desempenho de cada CTA, sector ou órgão continuarão também a crescer. . Radar de Solo (imperioso num órgão com tanta incidência de LVO...) foi também uma mudança importante. Pena que actualmente esteja Out of Service... Mais recentemente, a redução da Separação Radar de 7NM para 5NM foi também deveras importante. O QUE ACHAS QUE IRÁ MUDAR NOS PRÓXIMOS ANOS? COMO VÊS A EVOLUCÃO DO PAPEL DO CTA NOS PRÓXIMOS 10/20 ANOS? Julgo que nos próximos anos não haverá uma mudança muito grande no nosso papel e no nosso modo de prestar o serviço. Parece-me que a principal alteração será ao nível da optimização do “potencial” de cada CTA: mais aviões, menos atrasos, gestão mais optimizada do trá- Francisco Tiago Barros do Casal Bom fego... A nível interno, julgo ser urgente a nossa empresa perder uma centralização característica, e uma burocracia no que aos seus mais diversos departamentos diz respeito. 34 anos QUERES PARTILHAR UMA SITUACÃO/ACONTECIMENTO ESPECIAL QUE TENHAS VIVIDO ENQUANTO CTA? A minha primeira colocação após o Ab Initio foi nas Flores, e como órgão mais pequeno e sui generis, numa ilha também pequena, o potencial de situações fora do normal é bastante elevado... Ainda durante a qualificação, e como as Flores são também responsáveis pela prestação de serviço para o Corvo, apenas no serviço de aproximação, já que serviço de TWR não era prestado (pela razão de não estarmos lá nem termos visualização para a RWY do Corvo). Após serviço de APP prestado a uma aeronave, que ficou de nos comunicar a cruzar 4000´ em descida e visual com a Ilha, a aeronave não mais entrou em contacto (o que deveria ter feito, ao cruzar 4000´, ou na final da RWY, ou depois de aterrada...) E nada. Durante minutos chamámos várias vezes, e nada de resposta. Contactado o operacional do Aeródromo do Corvo, estava de férias. Deu-nos o número do primo, que era ele que tomava conta daquilo quando ele estava de férias... Ligámos, e enquanto esperávamos, ouvíamos os Tokio Hotel na chamada em espera... Não atendeu também. Como a necessidade aguça o engenho, resolvemos procurar o número da GNR do Corvo, que também não nos atendeu. Já com os Bombeiros em estado de prevenção, lembrámo-nos então de procurar e contactar a Câmara Municipal, na qual uma prestável senhora se disponibilizou a ir fumar um cigarro já que da varanda conseguia ver a pista e a placa... Afinal estava aterrado e parqueado, pelo que tudo estava bem e posso hoje orgulhar-me de ter feito Controlo de Tráfego Aéreo através de Páginas Amarelas, separação e serviço que merece certamente ser incluído numa adenda do Doc. 4444. PRIMEIRA QUALIFICAÇÃO: 2009 QUALIFICAÇÕES OBTIDAS: Aeródromo, Aproximação Convencional, Aproximação Radar ÓRGÃOS: Flores (LPFL), Porto (LPPR) QUE TE FEZ VIR PARA ESTA CARREIRA? COMO TOMASTE CONTACTO COM A PROFISSÃO? Sou licenciado em Recursos Humanos, e estava a trabalhar na área, numa empresa de Construção Civil. Os meus pais há anos tinham visto uma reportagem sobre a profissão numa revista e tinham-me falado. Apesar de não ter tentado na altura, a ideia tinha ficado e mais tarde, quando as coisas na empresa estavam menos bem, a ideia bateu novamente. E aí tentei. Felizmente consegui passar as várias fases do processo de selecção, e entrar para o Curso Ab Initio, FI004, que se iniciou em Outubro de 2007, e terminou em Dezembro de 2008. QUAIS FORAM AS PRINCIPAIS ALTERACÕES (TÉCNICAS/SOCIAIS) A QUE ASSISTISTE DESDE QUE OBTIVESTE A PRIMEIRA QUALIFICACÃO ATÉ AOS DIAS DE HOJE? Sendo relativamente recente na empresa, não assisti ainda a mudanças técnicas de fundo na prestação do nosso serviço. A maior mudança técnica, aquando da minha primeira colocação, em LPFL, foi a passagem de fitas escritas e organizadas à mão, todas as manhãs, para uma impressora de fitas, como nos órgãos mais “centrais”. Isto em 2009... Em LPPR, onde estou desde Maio de 2010, o aparecimento de . REVISTA APCTA. VOL4 #33. OUT15 Associação Portuguesa dos Controladores de Tráfego Aéreo p.7 DEPOIS DA FORMAÇÃO INICIAL NO CDF QUAIS FORAM OS PRINCIPAIS DESAFIOS QUE ENCARASTE COM A CHEGADA AO ÓRGÃO DA PRIMEIRA QUALIFICAÇÃO? Após terminado o curso no CDF, a colocação foi em Santa Maria, Ilha do Sol. Depois de toda uma vida na Grande Lisboa, em casa dos pais, sair para viver nos Açores, numa das ilhas mais pequenas e com as dificuldades inerentes à insularidade, foi talvez um dos maiores desafios da altura - a adaptação a uma realidade muito diferente. Fosse na oferta de produtos do dia-a-dia, fosse no facto de dividir casa e carro com os restantes colegas de curso, fosse na dimensão da própria ilha, todos estes pequenos pormenores tornaram o impacto inicial da chegada a Santa Maria um desafio muito interessante. Ricardo José Miradouro Pereira 26 anos PRIMEIRA QUALIFICAÇÃO: 2015 QUALIFICAÇÕES OBTIDAS: Oceânica, Aproximação Radar ÓRGÃOS: Santa Maria (LPPO) O QUE TE FEZ VIR PARA ESTA CARREIRA? COMO TOMASTE CONTACTO COM A PROFISSÃO? Efectivamente o controlo de tráfego aéreo surgiu na minha vida um pouco por acaso. Terminada que estava a licenciatura em Engenharia Civil no Instituto Superior de Engenharia de Lisboa, e numa altura em que prosseguia os estudos de Mestrado na mesma área, acreditava piamente que a minha carreira ia prosseguir na Engenharia, área em que toda a minha vida estive inserido por influências familiares e para a qual me preparei desde cedo. Eis que recebo um telefonema de um familiar, por curiosidade é piloto, que tinha dado com o concurso de 2013, a perguntar se eu não estaria interessado em concorrer, mas avisando desde logo para não me entusiasmar muito com a ideia porque era sempre um concurso muito complicado pelo número reduzido de vagas e elevado de candidatos. Na altura tinha ideia do que era o trabalho de um CTA através de uma série de programas de TV, mas nunca tinha ponderado sequer a possibilidade de entrar para a área. Por ser uma carreira muito apelativa, nas várias vertentes, e algo que me imaginava facilmente a fazer durante uma vida decidi tentar a minha sorte, encarando sempre como uma oportunidade de ganhar pelo menos experiência em entrevistas e testes. Foi com muita sorte e orgulho que recebi a notícia que tinha entrado para o curso ab-initio FI 012 a começar em Abril de 2013. Desde já um cumprimento especial aos restantes colegas de curso: João Pereira, Denise Agostinho, Rui Lucena, Mara Pimentel e Ivo Nascimento. O QUE ACHAS QUE IRÁ MUDAR NOS PRÓXIMOS ANOS? COMO VÊS A EVOLUÇÃO DO PAPEL DO CTA NOS PRÓXIMOS 10/20 ANOS? Os próximos anos avizinham muitas mudanças, mas como é possível de ler de outras situações semelhantes e até noutras áreas, a evolução tecnológica é algo que tem tendência a ir esbarrando em mentalidades e preconceitos. Se essas mentalidades e esses preconceitos vão parar a evolução? É claro que não. Mas existem certas barreiras a ser ultrapassadas até - no limite - termos uma série de máquinas a fazer o trabalho de um CTA. Necessariamente o nosso papel vai mudar, como tem mudado ao longo dos anos. Não há muito tempo, os colegas mais antigos de Santa Maria trabalhavam com FPV em papel e escritas à mão. Neste momento temos um dos sistemas mais evoluídos a nível mundial. Talvez as mudanças da próxima década não sejam as mais benéficas pelo nosso entender, por mudarem necessariamente o nosso trabalho e até talvez o próprio paradigma associado à aviação civil em geral, mas não acredito que sejam tão drásticas quanto alguns fazem ver. Lembre-se que há uns anos pensava-se que nesta altura teríamos carros a voar por todo o lado, colonização de planetas, viagens espaciais e no tempo…temos a tecnologia para fazer uma série destas ideias? Temos! Mas por alguma razão ainda não aconteceram. Existe muita gente, muita estrutura, muito capital envolvido e dependente desta nossa área e da forma como ela ainda é encarada, e primeiro têm que se ir derrubando estas barreiras. QUERES PARTILHAR UMA SITUAÇÃO/ACONTECIMENTO ESPECIAL QUE TENHAS VIVIDO ENQUANTO CTA? Na minha curta carreira como CTA - cerca de 10 meses qualificado - não tenho nenhuma situação em particular que me tenha marcado. Tenho alguns episódios caricatos no trabalho, desde CTA’s americanos a atender o telefone aos gritos ou mesmo música forró de um TAM na frequência VHF do radar de Santa Maria. Fora da sala de controlo, e num ambiente como não acredito que exista em mais nenhum órgão da NAV, existem já uma série de episódios engraçados com os colegas da Ilha do Sol. Colegas esses que tiveram e continuam a ter um papel muito importante na constante adaptação dos caloiros que vão chegando a esta ilha e a este órgão. . p.8 INTERNACIONAL Hugo Ângelo IFATCA European Regional Meeting 09-11 Outubro 2015 No segundo fim-de-semana de Outubro do ano passado, realizou-se em Tallinn, Estónia, a European Regional Meeting 2015 da IFATCA. Todas as associações de CTA europeias foram chamadas a esta reunião informal do velho continente e, claro, a APCTA esteve presente. Tallinn, cidade banhada pelo mar Báltico e capital da bela Estónia, recebeu a ERM de 2015 entre os dias 9 e 11 de Outubro, com temperaturas consideradas frias - para a nossa cultura - para início de Outono (2ºC a 7ºC). Os nossos colegas estónios tiveram o prazer – e muito trabalho – de organizar esta reunião anual da IFATCA, destinada apenas às associações europeias de CTA. É importante referir que esta reunião tem um enquadramento muito específico na IFATCA, considerando-se um evento informal, no qual não é discutida a política da IFATCA, mas que se reveste de extrema importância, pois permite à região europeia debater os assuntos que mais lhe dizem respeito. Fazendo a comparação, digamos que a ERM é um evento para soft law, enquanto por sua vez a conferência anual faz hard law (a próxima está agendada para Março). O primeiro dia da ERM foi dedicado inteiramente a um seminário sobre a relação entre Cultura Justa e Segurança Operacional. Dois temas intimamente ligados e que estão actualmente na ordem do dia com a Declaração Europeia de Cultura Justa no seio da aviação civil, assinada apenas uns dias antes da ERM (vide artigo sobre este tema nas páginas 14 e 15). Este seminário iniciou-se com a apresentação dos resultados do inquérito voluntário sobre Cultura Justa, nos quais ficou patente haver já um nível satisfatório de implementação deste conceito na região europeia, por oposição ao resto do mundo. Ainda assim, o caminho para uma efectiva Cultura Justa é ainda longo e foram dados inúmeros exemplos de boas práticas ao longo deste dia. Desde logo, a nova abordagem à Segurança Operacional conhecida por Safety II, a qual defende uma perspectiva holística do sistema. Ou seja, em vez de procurar as causas para os erros/ocorrências de forma a evitá-los no futuro, como a aviação sempre fez (Safety I), procura analisar a globalidade do sistema, assegurando que o mesmo funciona bem, sem falhas, todos os dias. Enquanto a Safety I é reactiva e limitada – entra em acção apenas quando há uma ocorrência e cinge a sua análise aos erros –, a Safety II é activa e REVISTA APCTA. VOL4 #33. OUT15 Associação Portuguesa dos Controladores de Tráfego Aéreo abrangente, analisando o dia-a-dia, onde em 99% dos dias tudo corre bem, procurando que as boas práticas informais se tornem a regra e não a excepção, assegurando que o sistema opera bem, todos os dias. Concordemos que o objectivo é particularmente difícil de atingir, quiçá impossível, mas é como a história da menina que queria chegar à Lua – não chegou, mas conseguiu tirar os pés do chão. Outro dos temas abordados neste seminário foi a dialéctica entre o trabalho imaginado e o trabalho realizado, ou seja, o conflito entre o idealizado e o que acontece na realidade (teoria vs prática). Quantos de nós não “dobramos” as regras todos os dias para tornar o nosso trabalho mais eficiente, desvirtuando certos procedimentos (trabalho imaginado) para tornar a prestação real do nosso serviço (trabalho realizado) mais satisfatória para os nosso clientes? A aproximação entre estas duas visões do nosso trabalho é desejável, mas é importante também compreender que serão sempre distintas. O segundo dia iniciou-se com a cerimónia formal de abertura oficial da ERM 2015, com os discursos protocolares do Presidente da IFATCA, Patrik Peters, do Vice-Presidente Executivo Europeu, Zelkjo Oreski, e de todos os ilustres convidados. Foi ainda confirmada a presença de 35 Associações Membro europeias de um total possível de 44, ou seja, uma excelente participação. Em seguida, iniciaram-se os trabalhos propriamente ditos, com apresentações importantes sobre o futuro Pacote Legislativo europeu para a aviação (apresentado no dia 2 de Dezembro de 2015 e do qual ainda faz parte o SES2+), sobre o funcionamento do Network Manager perante as alterações de fluxos de tráfego em virtude dos inúmeros conflitos no médio-oriente e ainda sobre o programa SESAR. Sobre este último ponto, Fiona MacFadden apresentou os princípios da segunda etapa deste programa, o agora chamado SESAR 2020. Esta etapa não será uma parceria público privada como a primeira e sofrerá uma enorme reorganização ao nível de estrutura, de envolvimento dos parceiros sociais e de financiamento - este será reduzido significativamente. Na apresentação em nome do Network Manager, Razvan Bucuroiu apresentou algumas conclusões muito interessantes sobre a drástica alteração de fluxos de tráfego, motivadas pelos conflitos geoestratégicos em espaço europeu ou na sua imediata vizinhança. O crescimento de tráfego em Portugal foi justificado p.9 dessa forma (com o fluxo de e para as Canárias a aumentar significativamente), mas há outros países que sofreram alterações em alta e baixa ainda mais significativas - a Bulgária, por exemplo, acomodou um aumento de cerca de 25% de tráfego. O último dia foi dedicado quase por completo aos reportes nacionais e à análise dos problemas comuns a praticamente todas as associações europeias. Entre estes urge destacar a subida da idade de reforma específica para CTA em muitos países europeus, a pressão sobre os custos e os seus efeitos nefastos sobre o desenvolvimento técnico e a formação operacional e, claro, a já referida alteração de fluxos de tráfego que está a deixar alguns ANSP e CTA preocupados com as quebras de receita, por um lado, ou com a capacidade e qualidade do serviço, por outro. Outro tema bastante abordado foi a implementação de Torres Remotas em vários países no médio prazo (i.a. Alemanha, Suécia, Noruega, Itália, Hungria). ERM 2016 Reykjavík, Islândia A próxima European Regional Meeting será organizada pelos nossos colegas islandeses na cidade de Reykjavík, entre os dias 21 e 23 de Outubro. Até lá! . p.10 INTERNACIONAL Bruno Gama 48ª reunião do ATCEUC Air Traffic Control European Unions Coordination Decorreu em Marselha, entre os dias 30 de Setembro e 2 de Outubro, o 48º encontro da ATCEUC (Air Traffic Control European Unions Coordination). Como é do conhecimento de todos, hoje os prestadores de serviços de navegação aérea europeus estão sujeitos a uma apertada e exigente regulação, imposta pelas autoridades europeias. Seguindo a máxima de que a união faz a força, plataformas como a ATCEUC apresentam-se como fundamentais para conseguir contrabalançar o poder e a influência dos lobbys da indústria, junto dos decisores políticos, e conseguir fazer ouvir a “voz” da nossa classe. Fig. 1: Mapa da Europa e sindicatos membros da ATCEUC O SINCTA, como não podia deixar de ser, tem desempenhado um papel muito activo nesta frente, e isso tem sido reconhecido pelos seus pares através da atribuição de funções na organização. Exemplo disso são a coordenação de toda a actividade relacionada com a EASA e a manutenção do SINCTA no Executive Board. Os três dias de conferência foram repartidos por apresentações de entidades exteriores à ATCEUC e de diversos grupos de trabalho da ATCEUC, e pelo debate de assuntos internos da ATCEUC, como por exemplo, a admissão de novos membros. Começando pelo último ponto, gostaria de destacar a entrada de um novo membro, a FATCA, sindicato dos nossos colegas finlandeses. O seu pedido para se tornarem membros efetivos foi aceite por unanimidade e tornaram-se o 30º sindicato a aderir à ATCEUC. Na figura 1 mostro a actual composição da ATCEUC, sendo possível verificar a dimensão que esta organização já alcançou. Outro ponto a destacar da conferência foi a apresentação do Gestor de Rede (Network Manager), Joe Sultana. O Gestor de Rede surgiu em 2011, e é responsável pela concepção da rede Europeia de rotas, gestão do fluxo de tráfego aéreo e coordenação de recursos escassos como as radiofrequências e os códigos de transponder. A apresentação do Gestor de Rede, Sr. Joe Sultana, baseou-se no tema dos atrasos ATFM*, tendo sido assinalada a falta de flexibilidade REVISTA APCTA. VOL4 #33. OUT15 Associação Portuguesa dos Controladores de Tráfego Aéreo dos prestadores de serviços de navegação aérea no que diz espeito à gestão dos seus recursos. Relativamente ao sistema de desempenho, o Gestor de Rede sublinhou a necessidade de criar novos indicadores e de analisar as interdependências antes de avançar para o RP3. Foram ainda fornecidos alguns exemplos de matérias que deverão ter um papel relevante no próximo período de referência: a racionalização da infraestrutura europeia; a implantação efectiva das tecnologias provenientes do SESAR; e a participação dos utilizadores do espaço aéreo no sistema de desempenho. Nas figuras 2 e 3 estão representados os dados disponíveis em Outubro sobre atrasos (setores de rota e aeródromos respetivamente). Outra das personalidades influentes que esteve presente na conferência foi o Sr. Florian Guillermet, Executive Director do SESAR JU (Single European Sky ATM Research Joint Undertaking). O SESAR JU é uma parceria público-privada, que está a gerir o desenvolvimento de novas tecnologias/infra-estruturas para aumentar a eficiência e a capacidade de todo o sistema de aviação europeu. Esta apresentação do Sr. Florian Guillermet centrou-se nos objectivos a que o SESAR JU se propõe cumprir, e que estão sintetizados na figura 4, e reflectidos no ATM Master Plan. Ainda no que concerne a intervenções de personalidades exteriores à ATCEUC, merece também referência a apresentação do Sr. Olivier Waldner, representante da Comissão Europeia. Esta exposição centrou-se nos últimos desenvolvimentos do projecto Céu Único Europeu com especial ênfase para os resultados alcançados através do sistema de desempenho durante o RP1. No que se refere ao futuro, o representante da Comissão Europeia destacou a necessidade de simplificar as normas, aumentar a eficiência institucional, melhorar a ges- Figura 4 – Objectivos do projecto SESAR JU. tão de recursos humanos, desenvolver as áreas chave de desempenho, promover alterações ao sistema de tarifação e alargar do âmbito geográfico. No que diz respeito aos grupo de trabalho da ATCEUC, gostaria primeiro de salientar a sua importância no contexto político em que hoje estamos inseridos. Já todos nos apercebemos que o centro de decisão das nossas vidas é cada vez mais Bruxelas, e menos Lisboa. O que talvez ainda nos passe despercebido, é a quantidade astronómica de legislação que é produzida em Bruxelas, e que nos afeta a todos. Todos os anos são produzidas milhares de páginas de normas e regulamentos, cuja adoção é obrigatória por todos os estados membros da União Europeia, e que depois de serem aprovados é (practicamente) impossível revertê-los. Os grupos de trabalho da ATCEUC (e de outras plataformas sindicais) são a primeira linha de defesa da nossa classe contra eventuais ataques a este nível. Participam activamente na preparação das leis/regulamentos, garantindo que estes são equilibrados e respeitadores dos nossos direitos. Fig. 2: Evolução dos atrasos (sectores de rota) em 2015 p.11 Sendo impossível falar de todos os grupos de trabalho, vou apenas destacar algum do trabalho realizado no âmbito do ATCEUC: participação no grupo de trabalho da EASA que elaborou a primeira abordagem às torres remotas; análise da proposta de alteração da regulamentação da EASA relativa aos drones; participação no grupo de trabalho da EASA que prepara a transposição dos requisitos ATS da ICAO para regulamentação europeia; participação nos workshops da Comissão Europeia com o objectivo de preparar a European Corporate Just Culture Declaration; participação, entre outros, nos exercícios de validação do SESAR relativos às torres remotas, à automação, ao AMAN/DMAN, ao STAM (ShortTerm ATFM Measures), ao projecto Sectorless e ao Multiple Sector Planner; nas diversas reuniões do Industry Consultation Body e respectivos pareceres sobre a extensão das competências da EASA, os poderes do Gestor de Rede, a concentração da investigação e desenvolvimento tecnológico no SESAR Joint Undertaking e o novo cargo de Deployment Manager. No futuro próximo, a ação da ATCEUC vai continuar a focar-se no acompanhamento da regulamentação proveniente da EASA, nos desenvolvimentos e posterior implementação das tecnologias do SESAR e na monitorização do RP2 e preparação do RP3. Ficou também já marcado o próximo encontro da ATCEUC, realiza-se em Maio de 2016, em Rhodes, Grécia. Até lá! . * Atrasos ATFM (Eurocontrol) - “the duration between the last take-off time requested by the aircraft operator and the take-off slot allocated by the Central Flow Management Unit following a regulation communicated by the FMP, in relation to an airport (airport delay) or sector (en-route delay) location.“ Fig. 3: Evolução dos atrasos (aeródromos) em 2015. p.12 TECNOLOGIA Rui Marçal AMAN Os sequenciadores de chegadas (AMAN) foram desenvolvidos e implementados na Europa ao longo dos últimos anos. Foram criados principalmente para fornecer suporte de sequenciação automatizada para os Controladores de Tráfego Aéreo lidarem com o fluxo de tráfego a chegar a um determinado aeroporto. Os AMAN também são usados como ferramentas de medição, auxiliando na métrica do fluxo de tráfego para as TMA circundantes de aeroportos muito movimentados, por exemplo, aplicando uma distância de entrega de tráfego de um sector de Rota para o ponto de entrada de uma TMA. Esta ferramenta ajuda a fazer melhor uso da capacidade disponível de um aeroporto, ao mesmo tempo que permite um processo de gestão de descida de voo mais eficiente e previsível, diminuindo emissões de CO2, ruído e consumo de combustível. Vários trabalhos estão actualmente em curso no SESAR e NextGen (programa de modernização ATM nos EUA) para disponibilizar informações de gestão de chegada cada vez mais cedo em voo, como por exemplo o “Extended-AMAN”. A poupança e eficácia de um voo têm maior impacto a partir do TOD (topo de descida) até à aterragem. O TOD é calculado baseado nas “Track Miles” para a aterragem. A ferramenta preferível dentro de uma TMA seria sempre a “Distance to go” (fonte SESAR), sustentada no princípio: “Unknown track miles = Sub-optimized descend”. REVISTA APCTA. VOL4 #33. OUT15 Associação Portuguesa dos Controladores de Tráfego Aéreo De acordo com os dados apresentados pala companhia NOVAIR, uma volta de Holding a FL050 representa em média 180kg de consumo de combustível e 550kg de emissões de CO2. Com o uso do AMAN, se em Rota se conseguir reduzir velocidade de modo a perder 1 minuto (cerca de 7NM) o consumo de combustível será de 6kg, contrastando com 1 minuto em holding que será cerca de 45kg. De momento estão em operação 100 Aeroportos a usar AMAN. 32 na Europa, 32 nos Estados Unidos e 36 no resto do mundo. Deste universo o horizonte de alcance do AMAN varia entre 20 minutos e 90 minutos antes da aterragem. O ideal é o alcance do AMAN apanhar o TOD, para que a gestão seja feita com maior eficácia, possibilitando uma previsão com maior rigor da hora de topo de descida, de acordo com a hora de aterragem. Os requisitos operacionais para os sequenciadores de chegada (AMAN) foram desenvolvidos na década de 1990, e muitos desses sistemas estão agora em uso pela Europa. Actualmente, o suporte para sequenciadores de chegada para uso dos Controladores de Tráfego Aéreo pode ser separado em 2 grupos principais: 1. Sistema de processamento de dados de voo básico - que utiliza mecanismos FDPS para fornecer informações básicas de chegada (por exemplo, uma lista de chegadas e respectiva hora) para os voos de entrada, e que é usado pelos Controladores de Tráfego Aéreo principalmente para fins de informação. 2. AMAN dedicado – a categoria que cobre a maior parte dos AMAN a operar no momento. Nestes sistemas, as aeronaves são sequenciadas segundo um conjunto de regras, princípios e necessidades definidas, e os Controladores de Tráfego Aéreo operam de forma mais colaborativa e activa, com o apoio do sistema. O AMAN interage com vários sistemas, incluindo o sistema de processamento de dados de voo (FDPS) e o sistema de processamento de dados de Radar (PDR). É usada uma combinação de informações de plano de voo, informações radar, informações meteorológicas, informações locais do espaço aéreo e rota e um modelo de desempenho de aeronaves e sua previsão de trajectória, resultando num determinado tempo planeado para qualquer voo individualmente. Além de fornecer informações de sequência para os Controladores de Tráfego Aéreo, o sistema também normalmente disponibiliza a informação necessária sob a forma de tempo para perder/hora, por exemplo a típica visualização de um ‘L2’, que significa que o voo precisa perder 2 minutos para se encaixar na sua posição da sequência. Outras visualizações são possíveis, como por exemplo o uso dos sinais “+” e “-” ou as cores vermelha e verde, para representar ao Controlador a diferença entre a estima actual e o EAT (expected approach time). O Controlador será sempre responsável por encontrar e aplicar um método apropriado através de vectorização, alteração de STAR, . p.13 controlo de velocidade ou manobras de holding, de modo à aeronave adequar o seu tempo ou posição na sequência. www.eurocontrol.int www.sesarju.eu p.14 FACTORES HUMANOS Carlos Valdrez e Hugo Ângelo CULTURA JUSTA «Cultura justa»: uma cultura em que os operadores de primeira linha ou outras pessoas não são objeto de sanções pelas suas ações, omissões ou decisões ajustadas à sua experiência e formação, mas em que a negligência grave, as infrações deliberadas e os actos de destruição não são tolerados. A publicação do regulamento europeu n.º 376/2014 relativo à comunicação, análise e seguimento de ocorrências na aviação civil [1] despoletou o desenvolvimento de uma série de iniciativas por parte da Comissão Europeia. Foi detectada a necessidade de adoptar uma lista de classificação das ocorrências [2] e um sistema comum europeu de classificação de risco [3], mas também ficou evidente a necessidade de promover o apoio das partes interessadas relativamente à implementação do regulamento. É nesta última vertente que podemos identificar a importância do desenvolvimento de um modelo de política interna de Cultura Justa bem como da preparação de material promocional do conceito. O próprio regulamento n.º 376/2014 prevê que a confiança no sistema de comunicação de ocorrências é assegurada evitando a utilização das informações para fins distintos da segu- rança operacional e implementando critérios de confidencialidade quanto aos seus autores e pessoas mencionadas. Refere ainda que se deverá fomentar um ambiente de Cultura de Segurança propício à comunicação espontânea de ocorrências e portanto à generalização do princípio de Cultura Justa sem isentar de responsabilidade “os casos de conduta dolosa ou as situações em que tenha havido uma falta manifesta, importante e grave ao dever de diligência perante um risco óbvio, e uma extrema falta de responsabilidade profissional que tenha levado a não tomar as disposições evidentemente necessárias nessas circunstâncias, causando um prejuízo previsível a pessoas ou bens, ou comprometendo seriamente o nível de segurança da aviação”. Mas vai ainda mais longe, dando a possibilidade de os EstadosMembro alargarem aos processos cíveis ou penais a proibição aplicável aos processos disci- plinares e administrativos de utilizar relatórios de ocorrências como meios de prova contra os autores das comunicações. Em termos legais é ainda acrescentada a obrigatoriedade dos ANSP adotarem, após consulta aos representantes dos trabalhadores, regras internas que descrevam a forma como os princípios de Cultura Justa são garantidos e aplicados. Foi neste contexto que a Comissão Europeia preparou algumas reuniões com representantes do sector da aviação civil, permitindo a sua participação no processo de elaboração duma declaração europeia de Cultura Justa. Apesar de IATA [4] e ELFAA [5] se terem recusado a assinar a declaração (a IATA tê-lo-á feito algumas semanas após o evento), esta acabou por ser assinada por outras 16 organizações [6] das quais podemos destacar IFATCA, ATCEUC, ETF e CANSO, ou seja, as organizações representativas de Controladores de Tráfego Aéreo e dos prestadores de serviços de navegação aérea concordaram com a declaração e por isso eram mais um passo em direcção à implementação do conceito de Cultura Justa no sector ATM. A declaração, apesar de não vinculativa, complementa o Reg. 376/2014 com alguns princípios gerais da Cultura Justa, o que poderá assistir na implementação da Política de p.15 REVISTA APCTA. VOL4 #33. OUT15 Associação Portuguesa dos Controladores de Tráfego Aéreo Cultura Justa em cada ANSP. Façamos então uma passagem por alguns desses princípios por forma a perceber como o conceito de Cultura Justa pode ser aplicado. O documento faz uma abordagem global à implementação do conceito de Cultura Justa, pois inclui todos os níveis da organização com o objectivo de estabelecer um ambiente de confiança e respeito mútuo, onde a formação nos princípios da Cultura Justa, a disponibilização da documentação relevante e a responsabilização de cada um dos actores nestas tarefas é um factor preponderante. O conceito de Safety II, ou seja, a abordagem holística à análise da segurança operacional na aviação, acaba também por ser abordado, pois refere-se que apesar da maioria das ocorrências analisadas serem relativas a incidentes, devemos introduzir a procura e o encorajamento de comportamentos e acções positivas, centrando a análise das ocorrências no desempenho integral do sistema e nos factores contributivos, sem atribuição de culpa ou de responsabilidade individual. Além disso, aqueles que comunicam as ocorrências, bem como os que nela são mencionados, devem ser protegidos de consequências adversas, tais como penalizações, excepto em casos de conduta dolosa ou comportamento inaceitável. A confidencialidade dos dados relativos à segurança operacional está também prescrita na declaração recentemente assinada, devendo estes ser geridos, guardados, protegidos, divulgados e utilizados, por exemplo na formação, de forma totalmente anónima. O acompanhamento previsto do pessoal em casos de procedimentos externos, tais como acções judiciais, é mais um factor que contribuirá para o reforço da confiança mútua necessária para uma implementação efectiva da Cultura Justa. As organizações devem ainda envolver as partes interessadas, incluindo as organizações representativas do pessoal, na definição da contínua promoção e estimulação da implementação dos princípios e práticas da Cultura Justa e rever e avaliar a maturidade da sua Política de Cultura Justa comparando-a com a sua percepção no seio da organização. Podemos afirmar que alguns destes princípios já são prática corrente, no entanto, se em alguns países o conceito de Cultura Justa já é aplicado há muito tempo, existem diversos casos onde este processo ainda terá de trilhar um longo caminho até trazer frutos. Não podemos também deixar de sublinhar a elevada resistência à implementação deste conceito fundamental por parte de alguns sectores da aviação e, a outro nível, pelas autoridades judiciais. Nesta última vertente devemos destacar o papel da Dinamarca pois o seu Parlamento aprovou, em 2001, uma lei que visa o estabelecimento de um sistema de comunicação mandatório, confidencial e não punitivo. Estamos por isso perante um tema que requer uma abordagem pragmática mas que simultaneamente exige a atenção de uma série de interlocutores nomeadamente das administrações e dos colaboradores das empresas, das autoridades supervisoras e judiciais nacionais, dos legisladores, da imprensa e, por último, da própria sociedade. Estaremos prontos? . [1] REGULAMENTO (UE) Nº 376/2014 DO PARLAMENTO EUROPEU E DO CONSELHO de 3 de abril de 2014 relativo à comunicação, à análise e ao seguimento de ocorrências na aviação civil, que altera o Regulamento (UE) nº 996/2010 do Parlamento Europeu e do Conselho e revoga a Diretiva 2003/42/CE do Parlamento Europeu e do Conselho, e os Regulamentos (CE) nº 1321/2007 e (CE) nº 1330/2007 da Comissão [2] REGULAMENTO DE EXECUÇÃO (UE) 2015/1018 DA COMISSÃO de 29 de junho de 2015 que estabelece uma lista com a classificação das ocorrências na aviação civil que devem ser obrigatoriamente comunicadas nos termos do Regulamento (UE) n.o 376/2014 do Parlamento Europeu e do Conselho [3] Até 15 de Maio de 2017 [4] IATA - Interantional Air Transport Association [5] ELFAA - European Low Fare Airlines Association [6] ACI – Airports Council International AEA – Association od European Airlines AEI – Aircraft Engineers International ARC – Airport Regions Conference ASA – Airport Services Association ASD – Aerospace and Defense Industries Association of Europe ATCEUC . Air Traffic Controllers’ European Unions Coordination CANSO – Civil Air NAvigation Services Organisation EBAA – European Business Aviation Association ECA – European Cockpit Association ERA – European Regions Airline Association ETF – European Transport Workers’ Association IACA – International Air Carrier Association IFAIMA – International Federation of Aeronautical Information Management Associations IFATCA – International Federation of Air Traffic Controllers’ Association IFATSEA – International Federation of Air Traffic Safety Eletronics Association p.16 POR CÁ José Correia TRIDENT JUNCTURE 2015 Realizou-se entre os dias 3 de outubro e 6 de novembro aquele que foi considerado o maior exercício militar realizado pela Aliança Atlântica desde 2002. Apesar do seu planeamento ter começado há mais de 2 anos, foi com a intervenção Russa na Ucrânia que o exercício tomou um novo significado. Os oficiais da NATO declararam que a aliança tem que se adaptar às mudanças e desenvolvimentos na Europa e, para isso, aumentaram o estado de alerta e de prontidão da sua força de resposta a crises (NRF- NATO Response Force), neste momento composta por cerca de 40,000 militares, e na criação de uma nova força de intervenção rápida chamada “Very High Readiness Joint Task Force”, capaz de se mobilizar em 48 horas. O principal objetivo do exercício TJ15 foi o de monitorizar a performance destas capacidades, de modo a certificar durante o ano de 2016, o Comando de Forças Conjuntas Brunssum a liderar a NRF. Envolveu mais de 36,000 militares de 30 diferentes nações, 160 aeronaves (Eurofighter/ Typhoon, Tornado, F-16, F-18, L-159, Mirage 2000, JAS-39 Gripen, MV-22, C-130, C-160 e aeronaves reabastecedoras), 60 navios de guerra, e teve lugar em Portugal, Itália, Espanha, oceano Atlântico, mar Mediterrâneo e também Canadá, Noruega, Alemanha, Bélgica e Holanda. Teve também acesso aos exercícios, um grupo de observadores internacionais, incluindo da Rússia. A primeira parte do Trident ocorreu de 3 a 16 de outubro, e teve como objetivo testar os elementos de comando e controlo da NATO Response Force (NRF). A segunda parte, e a mais visível e mediática deste exercício, teve lugar dos dias 21 de outubro a 6 de novembro, o denominado “Live Exercise”, que teve como palco Portugal, Espanha e Itália. Em Portugal estiverem cerca de 13,000 militares de 14 países e o exercício teve lugar na zona de Beja, Santa Margarida, Tróia e Setúbal. REVISTA APCTA. VOL4 #33. OUT15 Associação Portuguesa dos Controladores de Tráfego Aéreo A parte marítima do Trident testou desembarques anfíbios, operações de forças especiais, patrulhas marítimas e guerra submarina, tudo conjugado com missões das várias forças aéreas presentes. A componente aérea esteve baseada na Base Aérea de Beja, foi daí que saíram as missões para as diversas áreas espalhadas pelo território nacional. O TJ15 simulava um conflito numa região fictícia chamada Cerasia, onde uma determinada nação invade o seu vizinho de menores dimensões, tudo isto acompanhado por tensões étnicas, religiosas e uma luta por recursos naturais. Qualquer semelhança com a realidade dos dias de hoje é pura coincidência! O envolvimento da NAV no processo de preparação do TJ15 iniciou-se em fevereiro de 2015. A Força Aérea Portuguesa informou que o exercício Real Thaw deste ano seria uma preparação de modo a testar áreas e eventuais necessidades extras para a concretização do Trident. A partir dessa altura, existiram duas reuniões onde foram prestados esclarecimentos à NAV sobre o exercício, bem como as negociações de altitudes das áreas, previsto no Flexible Use of Airspace, algo de extrema importância, pois iria ditar os cenários onde seriam impostas as restrições ao tráfego civil. Seguiram-se reuniões em Bruxelas com a NATO, Eurocontrol e os países envolvidos. Durante este processo foi formado um grupo de trabalho interno composto por CTAs dos diversos órgãos de Portugal continental e abrangendo o maior número de funções possíveis: Instrutores, supervisores, chefes de sala, assessores e chefias. O objectivo era ajudar no processo de preparação, identificando problemas e sugerindo eventuais soluções de modo a garantir a segurança e o fluxo expedito (dentro do possível) do tráfego. A magnitude do exercício e as restrições que iriam ser impostas fez perceber a necessidade de uma formação antecipada para todos os operacionais. p.17 No ACC de Lisboa, foram efetuados briefings a todos os turnos, explicando todos os cenários ativos durante os dias do Trident, tendo-se passado o mesmo no Porto e em Faro. Estes briefings acabaram também por servir para identificar mais situações problemáticas que foram resolvidas antes do início do exercício. Para além dos operacionais, também as companhias aéreas a operar no aeroporto de Lisboa receberam um briefing, de modo a perceberem as restrições que iriam ser impostas e poderem adaptar as suas operações à realidade dessas duas semanas. O exercício realizou-se em 3 períodos distintos, das 09H00 às 12H00, 13H30 às 17H00 e das 18H30 às 22H00, e os cenários e áreas ativas variavam, alternando-se dias de mais ou menos restrições. Como exemplo, durante alguns períodos de maior atividade, as capacidades dos sectores foram reduzidas a 25 % e fecharam-se pontos de entrada e de saída da FIR, sendo as aeronaves forçadas a voar por rotas mais longas, de modo a evitar as áreas militares ativas. O espaço aéreo português foi de tal forma restringido que o Eurocontrol, no seu relatório de impacto do TJ15, referiu que este “apenas” provocou 28.000 minutos de atraso na Europa, dos quais 22.400 foram gerados no ACC de Lisboa, ou seja 80%! No meio de todas estas restrições, e em colaboração com os nossos colegas militares da EITA, foi feito um trabalho exemplar, tendo os únicos problemas (resolvidos atempadamente) surgido de algumas falhas na coordenação por parte dos nossos vizinhos relativamente ao encaminhamento de tráfego a entrar em território nacional. A nível militar, e concluído o exercício, o Quartel-general do Comando de Forças Conjuntas Brunssum ficou oficialmente certificado para liderar a NRF ao longo de 2016, caso seja ativada, e na qual Portugal participa com seis aeronaves F-16. . p.18 DIA DO CTA Ana Santiago, Sérgio Santana, Delegações de Faro, Ponta Delgada e Santa Maria Dia Internacional do Controlador 2015 No passado dia 20 de Outubro celebrou-se mais um Dia Internacional do Controlador de Tráfego Aéreo. As celebrações decorreram um pouco por tudo o mundo e, à semelhança de anos anteriores, a APCTA decidiu associar-se a este evento internacional promovendo várias atividades comemorativas, através das suas delegações, por todo o país. Faro De acordo com a ICAO, o Dia Internacional do CTA é comemorado em 20 de Outubro devido ao primeiro encontro mundial entre CTAs, que aconteceu neste mesmo dia em 1961, onde foi aprovado a criação e os estatutos da IFATCA - Internacional Federation of Air Traffic Controllers Association. Como tem sido tradição, a delegação de Faro da APCTA promoveu um agradável jantar de convívio entre CTAs no ativo, reformados/ aposentados e as suas famílias. Como complemento ao jantar, foi organizado ainda um pequeno passeio pedestre pela Ria Formosa na Quinta de Marim, que apesar das ameaças de São Pedro conseguiu chegar até ao final sem chuva e com bastante divertimento. Além do Dia Internacional do Controlador, este ano teve a particularidade de se celebrar simultaneamente a implementação da separação de 5NM entre aeronaves, à muito ambicionada pelos efetivos da Torre de Faro. p.19 REVISTA APCTA. VOL4 #33. OUT15 Associação Portuguesa dos Controladores de Tráfego Aéreo chumbo. Os jogos começaram ainda durante a manhã, tendo sido interrompidos durante a hora de almoço para descanso das equipas. Para compensar o esforço despendido, ao almoço foi serviço um menu especial para atletas (bifanas, morcela e chouriços) acompanhados com bebidas energéticas. Durante a pausa para almoço, decorreram diversas clínicas de padel para os CTAs menos experientes na prática de padel. Lisboa Ponta Delgada À semelhança das celebrações de Faro, também em Ponta Delgada se celebrou o Dia Internacional do CTA com um jantar de convívio, juntando cerca de 25 pessoas: 9 CTAs no ativo, 7 CTAs reformados/aposentados e 7 acompanhantes. O restaurante escolhido foi o Pé na Areia, sobre o areal da Praia das Milícias em Ponta Delgada, onde se degustou um buffet típico num excelente ambiente de confraternização e convívio. Santa Maria Também em Santa Maria se organizou um jantar de convívio, optando-se por um jantar de degustação no restaurante Concord para variar ao tradicional buffet. O jantar teve uma forte adesão por parte dos CTAs (cerca de 50), reformados/aposentados e ativos, sendo o jantar com mais participantes deste ano, o que tornou a noite bastante animada. Em Lisboa, a direção da APCTA preparou um dia a pensar em todos os seus associados, tentando abranger os CTAs que estavam de serviço e os que estavam de folga, bem como os reformados/aposentados. Os CTAs que se encontravam de serviço no ACC, na Torre de Lisboa e na Torre de Cascais, foram surpreendidos com a oferta de cupcakes alusivos ao Dia do CTA, com duas decorações e dois sabores diferentes. Ainda no edifício 118 e na Torre de Controlo de Lisboa estiveram presentes todo o dia duas equipas de massagistas para ajudarem todos os CTAs de serviço a descontrair e a relaxar. Para os CTAs que se encontravam de folga foi organizado um torneio de padel, no Indoor Padel Center em Carnaxide (www.indoorpadelcenter.pt), com almoço incluído, que foi pautado de boa disposição e fair play. As atividades de padel começaram por volta das 09:45h, com a formação de equipas e sorteio de grupos, tendo sido nomeados a equipa cabeça de série e a equipa pés de Da parte da tarde e terminados os jogos dos grupos começaram os jogos de eliminação até à final. A equipa vencedora foi a dupla: João Galvão e António Alves. Terminada a parte desportiva do evento, a parte social prosseguiu sem sobressaltos e com vigor tendo terminado a altas horas da noite. Por fim, com o objetivo de aproximar as diferentes gerações dos CTAs e a partilha de experiências, os CTAs reformados/aposentados foram convidados a vir celebrar o Dia Internacional do CTA com os CTAS de serviço, através de uma visita ao edifício 118. A visita decorreu durante o período da manhã, onde se sucederam vários reencontros e várias partilhas de memórias e experiencias. Tendo a visita terminado com um almoço muito animado no restaurante Safari. Em todos os órgãos onde decorreram celebrações do Dia Internacional do CTA, houve dois aspetos em comum: o prazer do convívio entre colegas e a vontade de repetir. Assim, comece a contagem decrescente para o Dia Internacional do Controlador 2016! . p.20 APCTA/SINCTA António Retorta e Patrícia Gera Festa de Aniversário Crescemos juntos! 2015. Muitos eventos dignos de nota ocorreram ao longo do ano. Internamente, este ano trouxe consigo também um momento que entendemos merecedor de uma celebração especial; APCTA e SINCTA comemoram os seus 40º e 35º aniversários, respectivamente. Não sendo caso para dizer que alguma das organizações está “velhota”, as suas histórias contam já com vários momentos que moldaram o serviço de Controlo de Tráfego Aéreo em Portugal. Sem a existência destas duas instituições a realidade seria hoje bem diferente. No entanto, a APCTA e o SINCTA existem, porque existem pessoas que fizeram e fazem o que elas foram e são; porque têm um núcleo de associados cujas vidas profissionais e em alguns casos pessoais compuseram as suas histórias. Crescemos juntos e por isso o aniversário em “números redondos”, deu o mote para se transformar um simples jantar de aniversário, numa homenagem a todos os homens e mulheres, reformados ou no ativo, que contribuíram e contribuem activamente para a excelência do serviço que se presta em Portugal. Assim nasce a ideia da Exposição “Ontem e Hoje” em que se procurou entrevistar colegas de diferentes gerações, com experiências diferenciadas e expectativas bastante diferentes face ao que nos espera. Mas expor diferentes gerações não nos pareceu suficiente e quisemos igualmente aproximar colegas a quem a distância muitas vezes nega a oportunidade de conhecer. Numa intenção clara de envolver todos os órgãos, pedimos a colaboração de todas as delegações locais para que elaborassem um texto que descrevesse o seu órgão de trabalho, relatando o seu início, evolução e episódios mais caricatos. E este é sem duvida o primeiro agradecimento que nos cabe fazer. Toda as delegações se esmeraram e o resultado foi um conjunto de painéis capaz de orgulhar todos os outros. Sendo o trabalho levado a cabo pelas delegações, o ACC de Lisboa poderia ficar em desvantagem já que não tem essa representação. No entanto e porque há sempre quem se disponha a ajudar, contámos com a colaboração do colega Pedro Matos a quem desde já deixamos também o nosso obrigado. Porque textos são textos e carecem de uniformização para que possam ser apresentados, também REVISTA APCTA. VOL4 #33. OUT15 Associação Portuguesa dos Controladores de Tráfego Aéreo Vamos por partes.... nos cabe um agradecimento muito especial ao colega Nuno Nepomuceno a quem coube a revisão dos mesmos. Até neste pequeno grande trabalho se percebe a capacidade que temos de juntos fazermos mais e melhor, e que acompanhado ao som de saxofone, se revelou um sucesso com sugestões várias acerca do futuro desta coletânea de trabalhos. Ainda que a exposição fizesse o seu papel de homenagem transversal sentimos que esta também devia passar por proporcionar um jantar que potenciasse o convívio, o lazer, o rir. Não queríamos apenas um desfilar de pratos num local aprazível. Queríamos um lugar que fosse tão especial quanto as pessoas a quem o jantar se dirigia, queríamos um entretenimento tão sagaz quanto o seu público, queríamos levar os CTAs um pouquinho para lá das suas realidades profissionais quotidianas. Local – Montes Claros em Monsanto. Existem sempre várias opções em cima da mesa e muitas das preteridas, foram-no apenas por pormenores técnicos que se prendiam com o que pretendíamos do espaço. O espaço Montes Claros já referenciado no Google como Secret Spot de Lisboa arrebatou as nossas expectativas. Espaços diferenciados para exposição e jantar, a localização fantástica com as luzes da cidade como moldura já a cheirar a Natal, e com uma noite estrelada e sem chuva foi memorável. O efeito dos logos da APCTA e SINCTA projetados no chão à chegada, a carpete azul e a iluminação das escadas não deixavam dúvidas que os pormenores tinham sido levados muito a sério. E estava apenas a começar. Entertainment... Muitos entre os CTAs são fãs de humor, aliás muitos CTAs são donos de um excelente sentido de humor. Assim pareceu-nos que stand up comedy / story telling seria uma boa experiência. Por sugestão do colega Eurico a escolha recaiu sobre Jorge Serafim que com o seu sotaque marcadamente alentejano foi uma aposta ganha, arrancando sorrisos e gargalhadas pela sala que se rendeu ao seu repertório. Outro momento apoteótico surgiu com a atuação dos Aerosmint, banda totalmente composta por CTAs que sob a coordenação do conhecido “Kaki” abrilhantou a noite e a quem p.21 coube cantar os Parabéns à APCTA e SINCTA e aos colegas que também celebraram no dia 17 de Dezembro os seus aniversários. Novidade foi também a homenagem aos antigos presidentes SINCTA e APCTA com entrega de canetas personalizadas e quadro de homenagem, com direito a algumas palavras de agradecimento e encorajamento ao público presente. Mas se tivéssemos que escolher o momento cujo homenageado não esperava de todo, foi seguramente o merecido reconhecimento ao colega Luís Reis pela sua entrega durante mais de vinte anos às lides sindicais. Dress code... Provavelmente a variação que mais polémica gerou foi o pedido de um dress code formal, algo que nunca tinha surgido antes. O certo é que apesar das dúvidas iniciais e alguma resistência, nem isso deteve os convidados e tivemos um recorde de inscrições com mais de 260 participantes marcando um recorde absoluto. E se algo nos deixou particularmente satisfeitos foi termos tido a possibilidade de contar com a presença de tantos colegas de fora de Lisboa. Com muita gente gira em dress code formal, o secret spot de Lisboa viu-se transformado num espaço repleto de elegância que não passou despercebida e ficou devidamente registada frente ao Photo screen, a fazer lembrar eventos bem célebres. Para que os mais noctívagos pudessem levar de recordação uma noite longa, houve ainda direito a muita música às mãos do DJ Monchike (mais uma vez obrigado Eurico pela dica) que garantiu a animação até altas horas da madrugada. Porque as imagens valem mil palavras deixamos algumas imagens do que foi um jantar bem especial. A todos os que estiveram presentes o nosso muito obrigado, a quem não pode participar haverá certamente outras oportunidades e a quem não considerou participar, esperamos contar convosco em breve. . p.22 FLIGHT LEVEL Ano novo, cara nova! REVISTA DA APCTA / VOL3#20 / JAN12 Associação Portuguesa dos Controladores de Tráfego Aéreo Andreia Lopes, Nuno Simões Em trânsito! REVISTA DA APCTA. VOL2#1. JAN06 Associação Portuguesa dos Controladores de Tráfego Aéreo REVISTA APCTA.VOL4 #29. OUT14 Descolar de novo! Percecionar a Mudança IFATCA Dubrovnik INTERNACIONAL: INTERNACIONAL: TECNOLOGIA: GNSS – Global Navigation Satellite System POR CÁ: “E tudo o vento levou” GENERAL AVIATION: A operação SAR nas FIR de Lisboa e Santa Maria HISTÓRICOS DA AVIAÇÃO: Tupolev-114 DESTINO: Menorca - As Caraíbas do Mediterrâneo ENTREVISTA COM: Comandante Carlos Mirpuri Air Luxor/Hifly HISTÓRICOS DA AVIAÇÃO: DC-3 “Dakota” “Level Capping”? O que é isso? ATC Brasil e Copa do Mundo ENTREVISTA: Paulo Encarnação SKYBRARY: RWY Incursion LADO AR: REFLEXÃO: Aproximação em condições adversas: Toronto - O caso do voo AFR358 INTERNACIONAL: DESTINO: Nova Zelândia POR CÁ: LPPS SINCTA/APCTA: Nova Imagem HISTÓRICOS DA AVIAÇÃO: Tupolev 160 (Parte 2) DESTINO: Costa Rica - pura vida! 10 anos ao vosso lado Uma década de Flight Level Há dez anos atrás, a velhinha revista “o Controlador” que marcou uma geração, anunciava o seu fim eminente. Era preciso decidir, se o projeto de levar aos Controladores (e não só) uma revista com artigos e informação atualizada, que fosse a expressão da mudança, e um espaço de afirmação da classe, ainda era pertinente ou não? A resposta surgiu pouco tempo depois… Na forma de um projeto de substituir a velhinha ‘O Controlador’ por uma revista com um novo aspeto, mais moderno e apelativo, com novas rúbricas, artigos de interesse para o ATC, quer a nível da tecnologia, quer sobre a atualidade política internacional, mantendo sempre um espaço para o lazer e para as iniciativas dos associados. Para que tudo isto fosse possível, procurou formar-se uma equipa ‘residente’ que pegasse neste projeto e lhe fosse dando continuidade e regularidade. E assim, nasceu a ‘Flight Level’, pela mão dos nossos colegas Nuno Simões e Rodrigo Vaz como coordenadores editoriais, com os colaboradores Andreia Lopes, Nuno Chambel e Pedro Matos na parte editorial, a Leonor Ferreira na rúbrica mais lida – Humor em Banda - e o insubstituível Filipe Preto como designer gráfico. Em Janeiro de 2006 nasceu como volume 2 #1, pois sempre se entendeu a FL como uma continuação do ‘O Controlador’. Pouco a pouco, a revista foi começando a fazer parte do quotidiano dos CTA e a tornar-se uma referência no meio aeronáutico português, chegando a outras profissões aeronáuticas e a outras entidades fora da NAV, nomeadamente através da edição on line na página do SINCTA. Durante este tempo houve algumas alterações na equipa - o Rodrigo Vaz e, mais tarde, o Nuno Simões deixaram de estar como coordenadores da revista (e que bela equipa eles formavam!) e foram sendo ‘recrutados’ novos colaboradores que nos trouxeram novas ideias e vieram aligeirar o trabalho destes ‘escritores amadores’. Passados 6 anos, em reunião de equipa, sentiu-se necessidade de dar nova cara à revista e em janeiro de 2012 nasceu o 3ºvolume com um novo grafismo, que se pretendia mais apelativo e mais atual. Em outubro de 2014, associado à renovação da imagem do SINCTA e da APCTA, nasce o 4º volume, ajustando a imagem da revista à nova imagem da associação. Desde dezembro de 2013, convidaramme para coordenar este projeto, inicialmente com o Nuno Simões e, posteriormente, com o Carlos Valdrez, atual diretor da revista. E agora a revista está sempre presente, é um trabalho constante, pois mal sai um número há que reunir e decidir os artigos e rúbricas que devem fazer parte das edições seguintes; escolher os colaboradores para cada artigo (e fazer um certo trabalho de persuasão, pois muitos não sentem REVISTA APCTA. VOL4 #33. OUT15 Associação Portuguesa dos Controladores de Tráfego Aéreo Começo por agradecer o convite da Andreia para escrever algumas linhas sobre a Flight Level mas sob uma diretiva rígida, a de ter só um parágrafo e de não me alongar muito. Enfim, não prometo, mas aqui vai!!! É indiscutível que a revista Flight Level, durante estes 10 anos, manteve uma qualidade inigualável e é um orgulho para todos os CTA´s. Para mim, em particular, pois não poderia estar mais satisfeito, é como ver um filho crescer e a voar sozinho num rumo certo. Aos olhos de hoje, e passado uma década, poderemos afirmar com toda a certeza que a Revista é um projeto ganhador ou a win-win Project, as you wish! Para trás ficam algumas memórias curiosas... lembro-me do desafio que foi lançar o concurso a três designers e a opção do novo grafismo, a escolha do novo nome, das rubricas, dos colaboradores, da paginação, dos artigos, o ter de disciplinar os escribas ao espaço e ao tempo... enfim, tudo valeu a pena e não mudava uma vírgula ao projeto. A todos os colaboradores, à classe e, em especial, à Direção, o meu muito obrigado por acreditarem no projeto e por nele trabalharem. Muitos Parabéns à Flight Level e venham mais dez... Rodrigo Vaz Win win, também para a Direção que acreditou no projeto desde o primeiro dia e que deu luz verde para irmos em frente. Hoje ganharam uma excelente ferramenta de divulgação que é, também, uma maisvalia para eles e para toda a classe. 20 e 21 de Setembro de 2005 Mudanças Estruturais da Revista Pretende-se realizar uma mudança estrutural da Revista, essencialmente a nível de um novo design e grafismo, de uma nova estrutura de redacção e de um novo modelo de gestão de funcionamento. Imagem e Comunicação Proposta a diversos Gabinetes de Imagem e Comunicação de desafio da criação de uma nova linha gráfica. Esta deverá englobar, entre outras coisas, uma imagem mais atractiva e actual, um novo suporte gráfico para a estrutura de artigos, mais imagem e mais cor, tornando-a, assim, mais apelativa. Prevê-se, também, um novo envelope de distribuição aos sócios. No ano de 2008 fui desafiado, pelo Nuno Simões, a fazer parte da equipa da Flight Level. Devo dizer que aceitei com alguma renitência até porque os meus dotes linguísticos sempre me empurraram para os números em detrimento das letras. No entanto, o projecto era aliciante e a equipa excepcional. Apesar do grafismo e impressão profissionais, a redacção é totalmente amadora mas encara todo o trabalho de uma forma muito profissional e os resultados estão à vista. A equipa amadureceu e tem conseguido cumprir os objectivos a que se propôs, ultrapassando os obstáculos com uma vontade férrea e o apoio da Direcção. A saída do Nuno Simões veio abalar a estrutura e para colmatar este problema resolvemos criar uma coordenação bicéfala. Acredito que a minha parceria com a Andreia tem vindo a dar os seus frutos e além de termos uma revista que faz eco além fronteiras temos também vindo a registar um aumento significativo da participação dos associados na sua revista. Mas queremos mais! Queremos mais participação, mais dinâmica, mais modernidade! O desafio está lançado! Win-win no sentido de quem nela, como eu, colaborou, cresceu e aprendeu. Mostrámos que, com a prata da casa, se fez tudo isto e sem interrupções até aos dias de hoje. De referir que, tirando o designer e o fotógrafo, todos éramos e somos amadores e, sem grandes aspirações jornalísticas, escrevemos 32 a 35 páginas todos os trimestres. Enfim, é obra!!! BRIEFING AOS GABINETES DE IMAGEM E COMUNICAÇÃO E DESIGNERS CONVIDADOS p.23 Carlos Valdrez Ficha Técnica Duas propostas de nome: 1 - O Controlador / Revista da APCTA 2 - Flight Level / APCTA Magazine Presidente do SINCTA: Carlos Reis Presidente da APCTA: António Lança de Carvalho Coordenação: Rodrigo Vaz, Nuno Simões Colaboradores: Pedro Matos, João Paulo Castanheira, Nuno Chambel, Andreia Lopes Correspondentes: Delegações da APCTA Convidados: Dr.ª Isabel Cambraia, Cmdt. Pedro Cadete Propriedade: APCTA Distribuição: gratuita aos Sócios Tiragem: 700 exemplares Número de páginas actuais: 28 Periodicidade: 1- Trimestral, Jan, Abril, Jul, Out ; 2- Quadrimestral, Jan, Maio, Set; 1- numeração antiga – Janeiro 2006 nº 67; 2- numeração nova – Jan2006 nº1 ter sido tocados pelo dom da escrita…); definir prazos e, recordar novamente, prazos de entrega para que o novo número saia na data definida; rever os artigos e a composição gráfica; procurar respeitar o número de páginas previstas para a edição; pedir, por vezes, ao Filipe artes de malabarista para encaixar ‘só mais esta breve’; pedir inspiração à Leonor para que mais uma situação de humor no controlo pos- Estrutura: Artigos, Rubricas ou Conteúdos - média de 12 a 15 artigos por número: In forma – artigos das Direcção do SINCTA/ APCTA, artigos de CTA´s e ou das Delegações; Tecno – artigos técnicos sobre o controle, aviação, companhias, escolas de aviação); Formare – artigos formativos, informação sobre formação interna e externa, CDF e outras empresas, TRM ,CISM); DOCS – artigos de pesquisa, análise, tradução e leitura de documentos, artigos de pesquisa e análise de acidentes/incidentes; Nacional (aviação, controle, geral); Internacional (aviação, controle, geral); Do ponto de vista do Piloto – rubrica do Cmdt. Pedro Cadete Entrevista com… (pessoal da Nav, companhias, INAC); À Lupa – convidados a falarem do Controle Português; Comunicações Bilaterais (controlador / piloto); Zoom – visitas a Bases Aéreas, aeródromos, companhias, OGMA, etc…; sa ser transcrita para BD; um não terminar de tarefas… que são amplamente recompensadas quando finalmente abro a caixa do correio e o envelope da Flight Level lá está depositado! Pessoalmente, posso dizer que sempre foi muito gratificante para mim fazer parte deste projeto, pois considero a revista não apenas um motor de informação da atualidade da carreira, mas também como um símbolo do valor Breves – Informação geral (acordos de saúde, seguros), Concursos externos e internos (Eurocontrol); Cultura – artigos culturais, programas sócio- culturais; Desporto - artigos desportivos (Torneios de futebol, Ténis, Kart); Informática (sites, programas, simuladores); Plano de Voo – propostas de viagens e destinos; Rota dos Sabores – cozinha nacional e internacional; Saúde e Stress – artigos de Saúde e Stresss; Especial sócio – promoções; A nossa escolha – livro, música, vinho, por número; Agenda temática – congressos, exposições, feiras, meetings; Calendário – datas importantes, IRS etc.; B.D. Controle. da classe e como um veículo de união dos associados espalhados pelos diferentes órgãos. Espero que a Flight Level corresponda à expectativa dos leitores, que continue a acompanhar a evolução da classe, que novas ideias, sugestões e colaborações possam surgir, porque esta revista é uma revista de todos nós controladores, um espaço de informação e partilha para todos! . p.24 HISTÓRICOS DA AVIAÇÃO Pedro Matos (parte I) VICKERS VC10 Com uma silhueta inconfundível, graças à colocação peculiar dos motores, o Vickers VC10 foi o maior avião de passageiros construído no Reino Unido. Concebido segundo especificações muito particulares, acabou por não ser um sucesso comercial, mas teve uma vida operacional longa, com mais de 50 anos a passarem entre o primeiro e o último voo. O antecessor…que não chegou a existir: Vickers V1000 / VC7 No início da década de 1950, duas empresas aeronáuticas do Reino Unido tinham interesses complementares: por um lado, a transportadora comercial British Overseas Airways Corporation (BOAC, companhia estatal responsável pelo voos intercontinentais), tendo já encomendado o revolucionário jacto deHavilland Comet (ver Flight Level #22), via com bons olhos a possibilidade de contar com um REVISTA APCTA. VOL4 #33. OUT15 Associação Portuguesa dos Controladores de Tráfego Aéreo se à necessidade sentida pela força aérea britânica (Royal Air Force – RAF) de um avião de transporte táctico a jacto, com maior capacidade e mais rápido do que os de que dispunha na altura. Deste modo, o governo do país, em Outubro de 1952, encarregou a Vickers de estudar a construção deste avião, incluindo nas exigentes especificações um alcance de 2.100 milhas náuticas, capacidade de transportar 120 passageiros e aptidão para operar em pistas curtas. Satisfeito com o estudo preliminar, o governo encomenda à Vickers, em Janeiro de 1953, um protótipo do avião, designado V1000, equipado com os na altura revolucionários motores a jacto “by-pass” Rolls-Royce Conway (ver caixa). Ano e meio depois, surge a encomenda de seis unidades de produção, já destinadas à RAF. Tendo já a BOAC a observar a evolução do projecto, a Vickers procurou interessar companhias aéreas estrangeiras no V1000, cuja versão civil teria a designação VC7, dado ser o sétimo projecto comercial da empresa, tendo sido bem-sucedida em captar a atenção de dois potenciais clientes: a Trans-Canada Airlines (antecessora da Air Canada) e a Pan American World Airways (Pan Am – a mais importante companhia da altura); portanto, tudo parecia assim correr de feição à Vickers, nesta fase. outro jacto, de maior capacidade e alcance, capaz de atravessar o Atlântico sem escalas; por outro, a construtora Vickers-Armstrongs (uma das maiores empresas de engenharia do país, que fabricava desde submarinos e navios de guerra a aviões comerciais), tendo em estado avançado de desenvolvimento o bombardeiro quadrimotor a jacto de longo alcance Valiant, estudava a adaptação do mesmo para o potencialmente mais lucrativo mercado civil. Todavia, o arranque deste projecto deveu- A construção do protótipo decorria a bom ritmo nas instalações da Vickers no aeródromo de Wisley, onde se esperava que o primeiro voo ocorresse em meados de 1956…no entanto, no Verão de 1955 surgiu uma contrariedade: tornou-se evidente que o peso do protótipo do V1000 viria a ser maior do que o previsto, o que eventualmente levaria a que não fosse capaz de atingir as especificações. Se para o fabricante tal não representava grande problema, dado confiar que seria p.25 possível reduzir o peso significativamente nas unidades de produção, bem como que a RollsRoyce conseguiria desenvolver versões do Conway com potência suficiente para cumprir as especificações, tal confiança não era partilhada nem pelo governo nem pela BOAC – de facto, a transportadora parecia, nesta altura, mais inclinada em apostar, para as rotas transatlânticas, em outros dois aviões “da casa”: o Bristol Britannia, quadrimotor turbo-hélice ainda em testes, e o deHavilland Comet 4, ainda em projecto. Assim, o governo britânico cancela todo o projecto em 29 de Novembro de 1955, justificando a decisão com a necessidade de reduzir custos e a falta de um cliente “da casa”, já que a BOAC se desinteressara do VC7 (esta decisão causou forte polémica no país, com muitos observadores a acreditarem que também existiam razões políticas por trás dela). O cancelamento do VC7 eliminou uma possível concorrência às construtoras americanas, deixando o Boeing 707 e o Douglas DC-8 (ver Flight Level #2 e #14, respectivamente) sozinhos no mercado, numa altura em que as transportadoras se começavam a virar para a aviação a jacto. De facto, mês e meio antes do cancelamento do VC7, a Pan Am havia agitado o mundo aeronáutico civil ao encomendar 20 Boeing 707 e 25 Douglas DC-8, de longe a maior encomenda da história até à data, e diversas outras companhias rapidamente seguiram o seu exemplo: ainda antes do fim de 1955, Air France, American Airlines, Continental Airlines e Sabena encomendaram o 707, enquanto United Airlines, National Airlines, KLM, Eastern Airlines, JAL e SAS optaram pelo DC-8. Nos dois anos seguintes, mais encomendas engrossaram as listas de espera dos dois construtores americanos, que no início de 1958 já apresentavam números bastante razoáveis: a Boeing tinha nos seus livros 150 encomendas, e a Douglas 133. Em retrospectiva, é muito difícil compreender a falta de visão do governo britânico e da sua companhia de bandeira, que na prática entregou o domínio do mercado comercial de longo curso às empresas americanas, situação que se manteria durante várias décadas. p.26 Como nota final deste processo, registe-se que, logo após o cancelamento do VC7, o presidente da BOAC reafirmara a sua confiança no Britannia e no Comet 4, rejeitando a hipótese de comprar aviões americanos no futuro próximo…mas algo se passava com os encarregados de definir a estratégia da empresa (ou então, o boato de que existiam razões políticas para o cancelamento do VC7 era verdadeiro), dado que, em Outubro de 1956, a BOAC seguiu o exemplo da Pan Am, e encomendou 15 Boeing 707, justificando esta compra por não haver nenhum avião inglês equivalente (o que era verdade, pois o VC7 havia sido cancelado menos de um ano antes). Apesar de tudo, existia um toque inglês nos 707 encomendados – eram a versão 400, que se diferenciava das restantes principalmente por estar equipada com motores Rolls-Royce Conway A BOAC volta a pensar Inglês…e surge o VC10 Após a encomenda dos 707, o governo informou a BOAC de que o país não estava em condições de gastar mais dinheiro na compra de aviões estrangeiros, pelo que futuras aquisições teriam de ser de produção inglesa. E pouco depois a transportadora chegou à conclusão de que necessitava, não só por razões comerciais, mas também por uma questão de prestígio, de um jacto para as suas rotas africanas e asiáticas (as chamadas “Empire Routes”, por ligarem principalmente nações outrora pertencentes ao império britânico), dado que o Boeing, para além de ser demasiado grande para a procura que se verificava habitualmente nestes serviços, não tinha performance suficiente para operar em diversos aeroportos servidos pelas referidas rotas. Assim, necessitando de um avião mais pequeno do que o 707 e capaz de operar em pistas curtas com temperatura ambiente elevada, a BOAC teve de se voltar para os fabricantes nacionais, e a Vickers, um pouco reticente ao início, acabou por aceitar o desafio (em parte por considerar que poderia aplicar neste projecto parte dos ensinamentos obtidos com o VC7), e em 14 de Janeiro de 1958 foi assinado um contrato entre as duas empresas. Neste, a BOAC comprometia-se a adquirir 35 unidades do Vickers VC10, com opção para mais 20, no valor total de £89,3m. As difíceis especificações da BOAC implicavam que o VC10 fosse capaz de aterrar e descolar a velocidades relativamente baixas, pelo que foi claro desde o princípio para os engenheiros da Vickers a necessidade de uma asa “limpa” (sem motores), de forma a maximizar REVISTA APCTA. VOL4 #33. OUT15 Associação Portuguesa dos Controladores de Tráfego Aéreo a área dos dispositivos hipersustentadores (flaps e slats). Tal implicou a colocação dos motores na parte traseira da fuselagem, junto à empenagem (em T), o que deu ao VC10 uma silhueta elegante e inconfundível. Este posicionamento dos motores tem vantagens evidentes…e uma grande desvantagem: se, por um lado, torna a cabine mais silenciosa e afasta os motores do chão (factor importante, dado que o VC10 iria operar em pistas em menos bom estado de conservação, onde a possibilidade de ingestão de detritos pelos motores era grande), por outro aumenta o peso do avião, uma vez que implica estruturas de suporte dos motores e das asas mais robustas. Para descolar de pistas curtas, é importante não só uma asa eficiente, mas também motores potentes. Felizmente, a Rolls-Royce tinha continuado a desenvolver o Conway, vindo o VC10 a ser equipado com a versão R.Co.42, que debitava 21.000lb de impulso. Hoje em dia, não parece um valor extraordinário, mas representava uma diferença de monta relativamente aos Pratt & Whitney JT3C-6 que equipavam a primeira versão do Boeing 707, cujo impulso era de apenas 13.500lb. Claro que na engenharia não há milagres: relativamente aos rivais americanos, a combinação de menor capacidade de passageiros, peso elevado e motores potentes implicaria sempre que o VC10 teria custos operacionais superiores, apesar de oferecer uma flexibilidade de utilização superior, i.e., a possibilidade de voar para aeroportos interditos ao 707 e ao DC-8. Em termos de dimensões, esta primeira versão do VC10, que viria a ser denominada “Standard”, apresentava 48,36m de comprimento, 44,55m de envergadura e 12,04m de altura, sendo a largura da fuselagem de 4,31m, o que permitia a instalação de filas de seis bancos em classe económica. A capacidade de passageiros típica variava entre 109 e 151, sendo o peso máximo à descolagem de 141,5 toneladas. O Super VC10…e as contínuas indecisões da BOAC Ainda antes do primeiro protótipo do VC10 estar concluído, a Vickers, em colaboração da BOAC, começou a estudar evoluções do projecto, no sentido de aumentar a capacidade de passageiros e carga, melhorando os custos operacionais. Pretendia-se assim uma versão do VC10 adaptada às rotas em que existiam aeroportos com pistas maiores (como as transatlânticas), uma vez que o referido aumento de capacidade teria como evidente contraponto a diminuição da performance e da flexibilidade de utilização. Estes estudos viriam a dar origem ao “Super” VC10, sendo as principais alterações p.27 um alongamento da fuselagem em 3,96m, utilização dos mais potentes reactores Conway R.Co.43 (com 22.500lb de impulso) e um depósito de combustível adicional no estabilizador vertical. O Super podia transportar entre 139 e 174 passageiros, tendo o peso máximo à descolagem aumentado para 152 toneladas. A BOAC encomendou inicialmente 10 unidades do Super (em Junho de 1960), mas, infelizmente para a Vickers, a transportadora continuava a demonstrar alguma falta de capacidade de planeamento a médio prazo, o que se reflectiu numa indecisão contínua quanto ao número de unidades de que necessitava (de ambas as versões). De facto, nos anos seguintes, as negociações sobre este assunto arrastaram-se, e em determinada altura incluíram mesmo uma tentativa da BOAC de cancelar a encomenda dos Super... resumindo uma longa história, a companhia acabou por receber 17 unidades deste último e apenas 12 do Standard. Note-se que o arrastar destas negociações (e principalmente a referida tentativa de cancelamento da encomenda dos Super) não terá encorajado outras companhias a apostar no VC10, isto numa altura em que a Vickers precisava rapidamente de novos clientes, uma vez que tinha verificado que os cálculos originais para o “break even” do projecto (45 unidades) eram muito optimistas, e que precisaria de vender muito mais aviões para obter lucro. E, infelizmente, esta não foi a última acção da transportadora a afastar potenciais clientes, como se vai descrever na segunda parte deste artigo. Testes e produção A construção do VC10 teve lugar nas instalações da Vickers no aeródromo de Brooklands, nos arredores de Londres, tendo o protótipo do Standard (registo G-ARTA) sido apresentado em 15 de Abril de 1962, pouco mais de quatro anos após a assinatura do contrato com a BOAC. Após dois meses e meio de testes no solo, o primeiro voo ocorreu a 29 de Junho, comandado pelo piloto-chefe da Vickers, Gabe “Jock” Bryce. p.28 Logo neste voo, o VC10 provou a sua capacidade de operar em pistas de reduzida dimensão: a de Brooklands era tão curta (1.146m) que não seria utilizada no programa de testes (este seria levado a cabo no aeródromo de Wisley), apesar de ter recebido uma extensão de 180m, de forma a permitir uma maior distância de descolagem, e de onde o avião iniciou a respectiva corrida. Esta extensão possuía duas peculiaridades interessantes: tinha metade da largura da pista, e fazia com esta um ligeiro ângulo, pelo que obrigaria o piloto a fazer uma curva durante a corrida de descolagem, manobra muito pouco habitual – tanto mais que a capacidade de aceleração do VC10 permitia que, ao chegar à pista propriamente dita, a sua velocidade já fosse de cerca de 80km/h. Outra curiosidade, esta referente ao material de monitorização de sistemas e registo de dados que o avião levava a bordo: como nesta altura os equipamentos electrónicos eram bastante mais volumosos e pesados do que actualmente, o G-ARTA tinha a cabine atulhada com 15 toneladas de equipamento Os dois primeiros aviões de produção saíram da fábrica ainda em 1962, tendo voado pela primeira vez a 8 de Novembro (registo G-ARVA) e 21 de Dezembro (G-ARVB). Juntaram-se ambos ao protótipo no programa de testes, o mesmo acontecendo às três primeiras unidades construídas no ano seguinte (G-ARVC/E/F). A cada um destes VC10 estavam destinados testes específicos: • Protótipo: estabilidade e controlo, comandos de voo, piloto automático e estruturais; • G-ARVA: sistemas (ar condicionado, combustível, hidráulico) e piloto automático; • G-ARVB: desempenho em pista (características de aterragem e descolagem); • G-ARVC: rádio e equipamento electrónico; • G-ARVE: medições do atrito aerodinâmico; • G-ARVF: voo em linha, ou seja, transportar passageiros nas rotas para as quais o VC10 fora concebido (o chamado “route proving”). Registe-se que este avião, entre Outubro de 1963 e Março de 1964, fez 840 horas de voo, visitando aeroportos da África, América do Norte e Médio Oriente. Os testes correram a bom ritmo, apesar de se terem descoberto problemas de atrito aerodinâmico inesperados, nomeadamente por a circulação de ar junto dos motores se ter revelado bastante mais turbulenta do que o previsto, e também se verificou ser necessário fazer algumas alterações nas asas. No entanto, os engenheiros da Vickers não demoraram muito a descobrir como resolver os problemas, com os VC10 a começarem a receber as modificações necessárias ainda na primeira metade de 1963. No fim deste ano, o programa de testes – que implicou cerca de 1.800 horas de voo – estava praticamente concluído, e o VC10 Standard viria a receber o seu Certificado de Aeronavegabilidade em 23 de Abril de 1964, tendo o primeiro voo comercial ocorrido seis dias depois. Note-se que os aviões utilizados nos testes não foram os primeiros a entrar em serviço, pois a conversão de uma função para outra ainda, ou seja, a troca de todo o equipamento de testes pelo necessário à operação comercial, ainda demorou alguns meses. O primeiro VC10 Super, registo G-ASGA, voou pela primeira vez em 7 de Maio de 1964, comandado por Brian Trubshaw, co-piloto de “Jock” Bryce no primeiro voo do Standard e seu sucessor como piloto-chefe da Vickers. Dadas as suas semelhanças com o Standard (que, como referido acima, já havia entrado em serviço), o programa de testes foi bastante mais curto, e envolveu apenas dois aviões; de facto, menos de um ano depois do primeiro voo, mais concretamente a 1 de Abril de 1965, o Super efectuou o seu primeiro voo comercial. A Vickers esperava que o Super, com operação mais económica que o Standard, viesse a ter maior sucesso comercial…infelizmente, tal não viria a acontecer, principalmente devido a ter chegado ao mercado demasiado tarde, numa altura em que a concorrência americana já estava firmemente implantada, com centenas de unidades em serviço por todo o Mundo (mais concretamente, o Boeing 707 e o Douglas REVISTA APCTA. VOL4 #33. OUT15 Associação Portuguesa dos Controladores de Tráfego Aéreo O Rolls-Royce Conway O Rolls-Royce (RR) Conway foi o primeiro motor a jacto “by-pass” (ou “turbofan”, como são conhecidos na actualidade) a entrar em serviço. A designação “by-pass” significa que parte do ar aspirado pela fan (o conjunto de pás que se vê quando se olha de frente para um motor a jacto) passa pelo exterior da sua “parte quente” (sendo esta a parte central do motor – ver figuras), onde o ar restante é misturado com combustível, mistura esta que é depois incendiada, provocando a sua saída a alta velocidade pela traseira do motor. O “turbofan” é muito mais económico e silencioso do que o jacto puro (sem “by-pass”), e está há muitos anos generalizado na aviação comercial. O Conway que equipava o VC10 tinha uma razão DC-8 tinham iniciado os voos comerciais em Outubro de 1958 e Novembro de 1959, respectivamente, e no final de 1964 já haviam sido entregues aos clientes 396 exemplares do primeiro e 215 do segundo), mas também porque, mesmo na versão Super, o VC10 continuava a ter uma operação mais dispendiosa que os rivais. Por outro lado, a grande vantagem de que o VC10 dispunha – superior capacidade de operar em pistas curtas e/ou em condições hot & high – já não era tão necessária como na altura em que o avião fora projectado, uma vez que entretanto muitos aeroportos, desejosos de receber os jactos americanos, tinham ampliado as suas pistas originais ou construído novas (por curiosidade, o de Lisboa foi um deles – ver FL#27). Deste modo, não é de admirar que o número de VC10 produzidos tenha ficado muito lon- p.29 “by-pass” de 0,60 (quociente entre a massa de ar que passa por fora da “parte quente” e a que entra na mesma), mas os avanços tecnológicos possibilitam que hoje em dia se construam motores com razões de “by-pass” na ordem de 10:1, o que lhes permite um binómio potência / economia com que os projectistas do Conway provavelmente nem sequer sonhavam. Finalmente, uma nota sobre o nome “Conway”: durante alguns anos, foi tradição da RR baptizar os seus motores de turbina (tanto jactos como turbo-hélices) com nomes de rios, simbolizando o facto de nestes motores a potência ser debitada de um modo contínuo, contrariamente ao que acontece nos motores de êmbolos, sendo “Conway” a escrita anglo-saxónica de “Conwy”, um rio do País de Gales. Entre outros rios que baptizaram motores da RR, podemos referir Dart, Tyne, Spey, Avon, Trent e Tay. ge do necessário para a Vickers ter lucro com o projecto: das instalações de Brooklands apenas saíram 32 unidades do Standard (incluindo o protótipo) e 22 do Super. Algo incomparável com as 556 unidades do DC-8 vendidas pela Douglas, já para não mencionar os 1.010 707 fabricados pela Boeing. . p.30 DESTINO Marta Tomada Laos – Na scooter que nos levou aos confins do Bolaven Mais uma vez de mochila às costas seguimos para a Ásia à descoberta de Mianmar (antiga Birmânia) e Laos. Desta vez decidimos apenas delinear o percurso deixando tudo em aberto; datas, estadias, meios de transporte e eventuais alterações de rota foram sendo decididos com a antecedência média de dois dias. Não há melhor maneira de conhecer a Ásia. Mianmar – Criança com as tradicionais pinturas faciais REVISTA APCTA. VOL4 #33. OUT15 Associação Portuguesa dos Controladores de Tráfego Aéreo p.31 Mandalai, Mianmar – Pequeno-almoço dos monges do Templo Mahagandayon, em Amarapura ÁSIA DO MIANMAR (BIRMÂNIA) AO LAOS Neste artigo não vou fazer uma descrição exaustiva do percurso e dos locais visitados, para isso existem guias de viagem muito completos e a imensa internet com informações e relatos de viagens. Vou focar-me, de preferência, nas sensações e nas diferenças em relação aos países asiáticos anteriormente visitados. O objectivo da viagem era percorrer Mianmar e Laos mas fizemos uma passagem por Chiang Mai e Chiang Rai, na Tailândia, que tinham ficado de fora do percurso das anteriores férias. Estava previsto guardar uma semana para descansar numa praia paradisíaca em local a definir, mas ficámos tão apaixonados pelo sul do Laos que prolongámos a digressão por essa zona e ficamos com pena de não termos ainda mais dias. Rangum, Mianmar Depois de muitas horas de viagem chegámos finalmente a Rangum (Yangon), que foi até há poucos anos a capital. Mianmar é o país de Aung San Suu Kyi, a ativista galardoada com o Nobel da Paz que passou cerca de 15 anos em prisão domiciliária por defender a democracia na Birmânia. Estávamos com alguma curiosidade do que seria visitar um país governado por uma junta militar, com um parlamento ocupado por uma esmagadora maioria pertencente ou conivente com as forças militares. Qual não foi a nossa surpresa quando encontrámos uma campanha eleitoral no auge, a cerca de um mês de eleições gerais, alegadamente livres. Foi a altura ideal para conhecermos um povo muito alegre, entusiasta, com muito sentido de humor, vontade de falar e, pelo menos temporariamente, sem medo de o fazer. Desejamoslhes boa sorte para o futuro. Pelas ruas de Rangum chamam-nos imediatamente a atenção as pinturas nos rostos, quase sempre sorridentes, de praticamente todas as mulheres e crianças e de alguns homens. Pensámos que podia ser algo relacionado com a religião mas descobrimos depois que é puramente estético e de proteção contra o sol. Estas pinturas, normalmente marcas circulares nas faces mas por vezes com alguns efeitos decorativos, são feitas com a casca de pequenos troncos, não sei de que árvore ou arbusto, que são esfregados numa pedra áspera a que se vai juntando água. O creme daí resultante é aplicado na cara. Outro hábito que encontrámos no Mianmar, este não tão agradável à vista, foi o de mascarem. Todos os homens, desde muito jovens, estão constantemente com a boca cheia, mascam uns embrulhinhos feitos com uma folha recheada de tabaco e um pedaço de um fruto seco local. Isto provoca uma grande quantidade de saliva vermelha acastanhada que está sempre presente nos sorrisos e que tem de ser cuspido regularmente. Também não deve dar muita saúde à boca como se pode ver pela má qualidade generalizada dos dentes. Surpreendeu-me ver que uma grande maioria dos homens, e quase todas as mulheres, usam o longyi, saia comprida, que com grande perícia, tornam curta se necessitam de liberdade de movimentos. Pelas ruas deambulam constantemente grupos de monges, adultos e crianças, com as suas vestes laranja ou cor de vinho, na recolha diária de donativos. Outra surpresa foi a existência de monjas, também com as cabeças rapadas mas com as vestes cor-de-rosa. De todos os países budistas que visitámos até hoje, o Mianmar é o que nos pareceu o mais devotamente religioso. Aqui o Budismo não é uma filosofia de vida que transmite o equilíbrio e a tranquilidade, é uma religião em que os rituais e regras são utilizados da mesma forma que em qualquer outra, por vezes com muito pouca serenidade. Em todo o lado se vêm templos e existem milhões de imagens de Buda, em todas as posições, que as pessoas veneram como se fosse um Deus. Todos os rituais de orações e oferendas são executados com fervor, e as regras cumpridas à risca. Como exemplo, tivemos a experiência de, num templo, apesar de termos roupas muito respeitadoras, estarmos descalços, sossegadinhos e caladinhos, surgir do nada uma senhora aos gritos dizendo que não podíamos estar sentados com os pés a apontar na direcção de Buda. Não pensei que houvesse regras deste género no Budismo mas compreendo que as normas de cada religião são para ser cumpridas e respeitadas e que pode ser muito ofensivo virar os pés para Buda. Seria, para mim, mais de acordo com a imagem que tenho do budismo que alguém viesse, muito pacificamente, explicar essa regra. Não foi a única situação a que assistimos em que o equilíbrio associado ao Budismo foi esquecido. Rangum é uma cidade repleta de pagodes e estupas douradas, com destaque para o imponente Shwedagon com 2500 anos. A sua estupa principal, coberta com placas de ouro e rodeada de dezenas de pequenos pagodes, atinge quase cem metros de altura e julga-se albergar algumas relíquias de quatro budas, incluindo fios de cabelo. p.32 Para visitar este e outros templos tem de se estar descalço, e, com temperaturas que podem aproximar-se dos 40 graus, o chão em mármore fica tão quente que muitas vezes fizemos figuras ridículas a saltitar até às sombras para não queimar tanto os pés. Talvez tenha a vantagem de matar qualquer tipo de fungo. Num dia de sol, nada melhor que o terminarmos com um passeio no lago artificial Kandawgyi, apreciando as belas imagens dos últimos raios refletidos nos dourados dos pagodes que vão variando de tonalidade à medida que o sol se põe. Estávamos na estação de caminhos-deferro no nosso exercício favorito de observação de pessoas, sempre a inventar histórias para as personagens que víamos ou conversas para as que não percebíamos quando, de repente, caiu um raio na estrutura metálica da estação. Nunca tinha ouvido um estampido tão poderoso em simultâneo com a luz mais brilhante. Foi o primeiro sinal das já habituais trovoadas de fim de tarde. Hpa Na, Mianmar Durante a estadia em Rangum fizemos um desvio de dois dias a Hpa Na. A viagem de autocarro foi atribulada, atravessando algumas zonas com grandes inundações, consequência das chuvadas dessa noite e manhã. Quando chegámos ainda chovia bastante, o que não nos impediu de dar uma pequena volta junto ao lago Kan Thar Yar, atravessado por um passadiço em madeira percorrido por grupos de jovens estudantes com os seus uniformes vermelhos e brancos em direção à escola de enfermagem. Durante alguns minutos observámos uma senhora que se dedicava a pescar pequenos peixes com uma arte de pesca, certamente ancestral, muito interessante e eficiente. Esta seria a amostra de uma pequena cidade que se iria tornar uma bela surpresa. Resolvemos aceitar a indicação na Guesthouse e durante o dia percorremos os arredores de tuk tuk com um grupo de outros mochileiros. O percurso levou-nos a vários templos e pagodes. Um deles, o Kyauk Kalap, encontra-se empoleirado numa formação rochosa no meio de um lago e tem uma vista espetacular. Para chegarmos às grutas Sadan tivemos que caminhar cinco quilómetros pois a estrada de cimento estava em construção. Soubemos que o governo fornece o material e a população local é que executa a obra, viam-se homens, mulheres e crianças de todas as idades a trabalhar, cada um com uma tarefa adequada à idade e forma física. Passámos por um campo com mais de mil budas sentados, templos em que os macacos são donos e senhores e várias piscinas naturais onde a juventude local tomava banhos divertidos, mas sempre vestidos. Para finalizar atravessámos a pé uma área de belos campos de arroz que circunda um mosteiro, onde um grupo de jovens monges com cerca de dez anos, saltavam de cima de um muro, numa brincadeira igual à de qualquer criança da mesma idade. Bagan, Mianmar O comboio noturno até Bagan foi uma experiência intensa. As linhas têm uma bitola pequena e muito pouca manutenção o que faz da viagem um verdadeiro milagre, o de não descarrilar. Tive de reformular todas as noções de física ao ver as carruagens contíguas fazerem movimentos lateLago Inle, Mianmar – Pesca artesanal rais opostos absurdamente amplos e ao não conseguir estar sentada sem me sentir no tambor de uma máquina de lavar roupa, in- Lago Inle, Mianmar cluindo a presença de água. Acabei por adorA viagem de sete horas por estrada de mecer encolhida num banco, escorada como montanha entre Bagan e Inle Nyaung Shwe, podia, com os pés descalços de um mianma- a cidade junto ao lago, foi feita numa van. rense a centímetros da cara. Supostamente seria uma ligação direta, sem Bagan é a cidade do Mianmar de que mais paragens, mas na prática recolhemos no camigostei. Numa área de oito por treze quilómetros nho tantos quantos cabiam e estavam interesexistem mais de dois mil templos ligados por sados em seguir na mesma direcção. As paracaminhos de terra e areia. Alugámos uma scoo- gens sucediam-se e uma passageira americana ter elétrica e percorremos a teia de trilhos; num refilava em Inglês com o motorista e o ajudandeles, mais arenoso que o esperado, atirámo- te, que não entendiam nada, e lhe respondiam nos para o chão em grande estilo, recebendo com um enorme sorriso vermelho de tanto como prémio pela alta nota artística algumas mascarem; entretanto lá entrava mais um. Até nódoas negras e pequenas esfoladelas. houve uma paragem na montanha para lavar a Os templos, com distintos graus de conser- carrinha, e penso que para arrefecer o motor. vação, têm diferentes arquiteturas, dependenO Lago Inle, nos seus cerca de vinte quilódo da época em que foram construídos; alguns metros de comprimento, não tem mais de três têm frescos ainda em muito bom estado. metros de profundidade. Alugámos uma barDo topo das construções mais altas pude- caça tradicional para o percorrer e conhecer mos apreciar o pôr-do-sol tendo como cenário o modo de vida dos habitantes. Passámos por a vasta área semeada de templos. São imagens vários barcos de pescadores com as suas técnidignas de postal mas é impossível conseguir cas muito peculiares de pescar, usando armaque uma foto capte totalmente a vastidão da dilhas cónicas, e de conduzir o barco, interlacena. çando a perna no remo. Alguns barcos estavam REVISTA APCTA. VOL4 #33. OUT15 Associação Portuguesa dos Controladores de Tráfego Aéreo p.33 Chiang Rai, Tailândia – Wat Rong Khun (Templo Branco) a recolher algas, ou plantas aquáticas, e iam tão carregados que se viam poucos centímetros de amura acima da linha de água. Visitámos aldeias flutuantes, onde as pessoas vivem com a normalidade de quem vive em terra; os pequenos barcos são como bicicletas. Passámos pelo mosteiro Nga Hpe Kyaung, construído em madeira e famoso pelos gatos saltadores, e por mercados na margem do lago, coloridos pelos produtos frescos e especiarias, em que tudo se vende, desde frutas a roupas passando por gasolina e alcatrão. Antes de deixarmos esta zona ainda alugámos bicicletas para um passeio, entrando aleatoriamente por caminhos de terra e encontrando pequenas aldeias agrícolas com gente a sorrir e a dizer adeus. Mandalai, Mianmar Pela primeira vez nesta viagem chegámos antes do previsto no horário: o autocarro noturno adiantou-se e chegou às três da manhã. No hotel, a que prevíamos chegar dali a umas horas, o rapaz da receção deu-nos o nosso quarto sem nos cobrar mais uma noite. Soubenos muito bem o descanso extra. Fiquei feliz quando me apercebi que Mandalai está organizada como Nova Iorque (mal comparando). As ruas são numeradas em grelha e ao centro tem a enorme propriedade do Palácio Real, tornando muito fácil a orientação. A única entrada do palácio aberta a turistas é a Porta Este e dá acesso a uma versão mais pequena e muito menos rica e interessante da cidade proibida em Pequim. A cidade é muito plana, com a exceção do Mandalay Hill, uma colina de mais de duzentos metros e uma escadaria que vai dando acesso a vários templos e mosteiros. Percorrendo as avenidas observa-se que os estabelecimentos comerciais estão organizados por temas, havendo áreas de ferramentas, de tecidos, de marcenaria, e vários mercados cobertos, também meticulosamente estruturados. Amarapura, a onze quilómetros do centro da cidade, alberga o Mosteiro Mahagandayon, onde todas as manhãs se podem ver centenas de monges nos rituais do pequeno-almoço. É também nesta zona que se encontra a ponte U Bein, uma ponte de madeira de mais de um quilómetro, cenário perfeito para o pôr-do-sol Um pequeno ferry levou-nos a Inwa Ava onde, numa carroça puxada por um cavalo, demos um passeio para conhecer alguns templos e construções ancestrais. Chiang Mai, Tailândia A parte velha da cidade está dentro de uma muralha que faz um perfeito quadrado com cerca de um quilómetro e meio. A melhor maneira de a percorrer é de bicicleta ou a pé, as distâncias são bastante curtas e em cada esquina há templos e mosteiros que se podem visitar. Em alguns dos mosteiros há monges que se dispõem a conversar com os turistas e enquanto praticam o seu inglês, explicam o modo de vida no mosteiro. Para destinos fora da cidade velha pode apanhar-se um songtao, uma espécie de tuk tuk em tamanho grande que só arranca quando tem pelo menos dez pessoas para a mesma zona, com menos que isso tem de se negociar o preço. Saindo pela Porta Norte da muralha encontrámos um ponto de songtaos com destino a Doi Suthep, uma montanha com mil e setecentos metros de altitude, a dezasseis quilómetros e que alberga um importante templo, o Wat Phra That. A subida é feita por uma estrada no meio da floresta e a temperatura diminui ao passo de que nos aproximamos do templo. Chiang Rai, Tailândia No caminho de Chiang Mai para Luang Prabang decidimos ficar um dia em Chiang Rai para visitar o Wat Rong Khun, conhecido como Templo Branco. Foi uma surpresa ver um templo budista com uma arquitetura tão pouco convencional, faz lembrar o Parque Güell de Gaudí mas em branco. Está repleto de figuras míticas e até de ficção científica e grande parte das superfícies estão revestidas de cacos de vidros e espelhos. A viagem para Luang Prabang foi atribulada. Numa estrada de montanha, em obras, já de noite e com um chuvisco contínuo, um camião escorregou no barro e tombou. Deixou um espaço muito estreito, escorregadio e íngreme para a fila de carros, camionetas e camiões que se acumularam, passarem. Não é agradável sentir a camioneta em que se segue patinar tão perto de valas. Luang Prabang, Laos O primeiro contacto com os laosianos não foi muito positivo. Chegámos a Luang Prabang às quatro da manhã e os poucos transeuntes que encontrámos, e a quem pedimos indicações, foram extremamente frios e pouco prestáveis. Felizmente a nossa opinião mudou e, principalmente no sul do Laos, as pessoas são muito afáveis, sorridentes e prestáveis, mesmo quando a língua é um obstáculo. p.34 Bagan, Mianmar – Vista panorâmica A característica mais diferenciadora dos laosianos em relação aos outros asiáticos, que os próprios reconhecem e troçam, é a constante lanzeira. Tudo é feito a um ritmo muito pachorrento, para quê a pressa? Em todo o lado há redes ou estrados, ou até uma esteira no chão, para descansarem. Quando se chega a uma mercearia espera-se que a dona se levante da esteira para nos atender, enquanto o autocarro ou comboio não chega vai uma sesta, os outros povos asiáticos esperam de cócoras mas os laosianos esperam deitados. Na Ásia é muito raro encontrar-se pão, foi uma agradável surpresa ver que os antigos colonizadores franceses deixaram no Laos, como herança, as estaladiças Baguetes. Luang Prabang, com a sua arquitetura colonial, é uma cidade muito presente nos roteiros turísticos, tendo-se tornado pouco genuína e cheia de lojas de artesanato e outros estabelecimentos para estrangeiros. Mesmo assim é muito interessante e de visita quase obrigatória no Laos. As águas castanhas do rio Mekong e do seu afluente Nam Khan envolvem a cidade, sendo via de comunicação para pequenas aldeias e alguns templos. Fomos de canoa até às grutas Pak Ou, com a sua infindável escadaria e os milhares de Budas que os crentes vão colocando em todos os recantos, e às Whisky e Weaving villages. Em Ban Xang Hai produz-se Whisky com todo o tipo de lagartos, cobras e insetos metidos nas garrafas e em Ban Xang Khong existem dezenas de teares onde se vêem nascer os bonitos tecidos de seda. Pelo caminho encontramos pescadores, ferries de travessia em canoas ainda mais pequenas do que a que nos levava e até um treino de remo dos monges de um templo da margem, em que remavam cerca de trinta monges numa canoa comprida e estreitíssima e atingiam grande velocidade ao ritmo das ordens de um deles. Há inúmeros templos para conhecer, incluindo o existente no cimo do monte Phou Si, mesmo no centro da cidade, e de onde se aprecia um espetacular pôr-do-sol no Mekong enquanto se descansa da subida pela escadaria ingreme que lhe dá acesso. Também central encontra-se o Palácio Real e o Mercado Noturno é um excelente local para recuperar as forças nos buffets vegetarianos e apreciar o artesanato local. Tínhamos ouvido falar de um Centro de Visitantes UXO (UneXploded Ordenance), uma organização que tem como missão encontrar e neutralizar bombas de fragmentação utilizadas na Guerra do Vietnam. Durante os 9 anos de guerra estima-se que os Americanos tenham largado 266 milhões de bombas de fragmentação no Laos. Estes números são impressionantes mas podem ser mais: é o equivalente a largar uma munição com 450 bombas a cada 8 minutos, 24 horas por dia, durante 9 anos. Cerca de um terço destas bombas não detonaram sendo agora uma ameaça permanente. Para que a experiência asiática fosse completa passámos uma manhã no Luang Prabang Provincial Hospital, a tratar uma cólica renal. Depois de uma hora de alguma apreensão com a ineficiência do médico de serviço nas urgências, chegou um médico tailandês bastante competente que estava a fazer um mês de voluntariado. Foi uma experiência muito interessante, uma espécie de visita ao sistema de saúde laosiano. Apesar de todos os procedimentos médicos terem sido efetuados com a maior higiene e perícia, digamos que não achei que fosse o sítio ideal para ter uma apendicite ou até uma fratura. Foi daqui que aproveitámos para mandar postais à família, um hábito que não perdi pela imagem romântica e nostálgica do ritual de escrever e enviar um postal ilustrado de países longínquos. Vientiane, Laos É a capital mais sossegada que conhecemos até hoje, com grandes avenidas que ligam uma réplica do Arco do Triunfo, construída em cimento, e Pha That Luang, a grande estupa símbolo nacional. A estação de camionetas parece, à primeira vista, confusa, mas, depois de perceber como funciona, conseguimos usar este trans- Monjas numa pausa depois de almoço porte público para nos deslocarmos na cidade e arredores. Fomos até ao Centro de Visitantes do COPE (Cooperative Orthotic and Prosthetic Enterprise) onde são acompanhados e integrados nas suas novas valências os amputados pelos UXO. Fora da cidade visitámos um parque com estátuas de episódios da vida de Buda, que à partida parecia antigo, mas depois nos apercebemos que tudo era feito em cimento. Planalto Bolaven, Laos Fizemos de Pakse a nossa base para percorrer o sul do Laos. Esta é agora a minha zona preferida de toda a Ásia que conheço, surpreendeu não só pelas pessoas, mas principalmente pela natureza. O Laos é um país com poucos recursos, o que tem para vender aos países vizinhos é a eletricidade produzida pelas inúmeras hídricas. Isto deve-se à quantidade, dimensão e desníveis das suas linhas de água, que resultam em impressionantes cascatas. Alugámos uma scooter e passámos uns dias a deambular pelo planalto, que se encontra a mais de mil metros de altitude. Ainda é uma zona com pouco turismo e tudo o que isso tem de positivo ou negativo. Além das poucas infraestrutura hoteleiras também a comunicação pode tornar-se muito difícil ou quase impossível pois raramente se encontra alguém p.35 REVISTA APCTA. VOL4 #33. OUT15 Associação Portuguesa dos Controladores de Tráfego Aéreo estrado, a scooter ocupava todo o estrado e nós lá nos acomodámos no pouco espaço que sobrava. Don Khone, 4000 ilhas, Laos que fale inglês, esta dificuldade é compensada pela afabilidade laosiana e o desenrasque “tuga”. A ausência de turistas faz com que toda esta zona seja muito genuína podendo apreciar-se o verdadeiro Laos. Sendo ainda os últimos dias da época das chuvas, fomos por vezes surpreendidos com chuvadas épicas, que terminavam tão subitamente com tinham surgido. Numa delas deparámo-nos com uma parede de água a cair no chão aquecido pelo sol, produzindo uma névoa misteriosa, só percebemos do que se tratava quando furámos o muro de chuva. As quedas de água são tantas, tão bonitas e surpreendentemente grandiosas que não vou descreve-las em pormenor, apenas digo que umas pareciam as Angel Falls pela sua altura, outras as do Iguaçu pela largura. Pronto, talvez esteja a exagerar ligeiramente na dimensão, mas esta é a impressão que ficou no momento. Um ponto ótimo para passar uns dias embrenhado na mais perfeita selva é Tad Tayicsua, de onde se pode ter acesso a algumas das onze cascatas circundantes, sendo que o caminho para cada uma delas é uma aventura, outras são mesmo inacessíveis. Visitámos também o Vat Phou (Templo Montanha), com estilo arquitetónico khmer semelhante aos que se encontram em Angkor, no Camboja. No regresso usámos um ferry feito com duas pequenas canoas ligadas por um A sul de Pakse existe uma zona em que o Mekong alarga formando as famosas 4000 ilhas (Si Phan Don). Apenas três destas ilhas são frequentadas por turistas, por terem acesso fácil para quem não tem uma canoa. Pensámos inicialmente em ir para Don Khong, a maior, mas soubemos que, embora fosse perfeita para descansar, não tinha pontos de interesse nem acesso a mais nenhuma ilha. Decidimos ficar em Don Khone, mais sossegada que Don Det e ligada a esta por uma ponte. Em volta destas ilhas o Mekong forma rápidos, tornando impossível a navegação de barcos de maior dimensão. Os franceses construíram uma linha de caminho-de-ferro que atravessa Don Det e Don Khone e uma ponte ferroviária que as liga, assim todas as mercadorias e passageiros eram retirados dos navios no terminal norte de Don Det, e iam de comboio até ao sul de Don Khone de onde seguiam novamente de barco. Esta linha tinha cerca de sete quilómetros e é agora a estrada principal, de terra batida, onde já se vêem poucos indícios da existência de carris. A forma ideal de percorrer estas ilhas é de bicicleta, seguindo os trilhos que passam por aldeias, campos de arroz, pequenas praias e dão acesso às cascatas. Por vezes tem de se convencer delicadamente algum búfalo a sair dos estreitos caminhos. Ao vermos os rápidos Khon Pa Soi, a este, e Tat Somphamit (ou Li Phi Falls), a oeste, percebemos imediatamente a necessidade dos franceses construírem o caminho-de-ferro, pois são intransponíveis e impressionantes. Numa praia alugámos uma minúscula canoa para irmos ver os Golfinhos Irrawaddy, uma espécie em perigo que se instalou numa pequena área de águas cambojanas. A piroga que usámos era tão estreita que qualquer movimento nosso provocava alguma instabilidade mas foi suficientemente segura para nos dirigirmos a terra do Camboja e pagar a taxa por entrarmos no país e passarmos uma hora a ver os caricatos golfinhos sem nariz surgirem à superfície. Nada melhor do que, no fim do dia, ver o pôr-do-sol na nossa varanda de madeira sobre o Mekong a beber BearLao e a comer amendoins. Bangkok, Tailândia Aproveitámos o último dia na Ásia para desfrutar de uma cidade que adoro, principalmente pela forma como o rio e os canais são aproveitados como vias de comunicação. Decidimos visitar um mercado flutuante mas não quisemos passar umas horas num sítio com mais turistas do que autóctones, como seria o caso de Damnoen Saduak. Escolhemos então um mais calmo e com menos turistas, fomos no autocarro da carreira 79 até ao de Talin Chan. O forte deste mercado é o excelente marisco e peixe, grelhados na hora nos pequenos barcos, e o colorido já normal nos mercados asiáticos. Foram trinta e cinco dias de viagem, que souberam a pouco. Não fosse o mundo tão grande, e ainda com tanto para conhecer, teria a certeza de que um dia voltaria a esta zona da Ásia, pelo menos ao sul do Laos. . DICAS DE VIAGEM: • QUANDO IR Pode viajar-se para esta zona durante todo o ano, não havendo grandes riscos de tempestades. Dependendo do objetivo da viagem pode escolher-se a época. Entre Junho e Outubro chove mas está calor. Entre Novembro e Fevereiro, as temperaturas são mais baixas e sem chuva. Abril e Maio são secos mas mais quentes. • COMO IR Com alguma antecedência conseguem-se grandes promoções em algumas companhias de bandeira para Singapura, Kuala Lumpur ou outras cidades da Ásia. Para os voos internos existem muitas companhias low cost. Normalmente usamos o skyscanner ou as páginas das próprias companhias: airasia.com, lionair.co.id, etc. • ONDE FICAR Em todas as zonas mais turísticas existem bastantes guesthouses, nas menos turísticas também se encontram algumas ou pode usar-se o sistema de homestay, ficar em casas de famílias. É praticamente indispensável ter wifi para planeamento dos dias seguintes. Usamos normalmente as páginas tripadvisor. com, booking.com e agoda.com. • PLANEAR A VIAGEM Os Guias da Lonely Planet são sempre uma grande ajuda, mas cada vez estou mais fã de pesquisar relatos de viagens na internet. Os nossos preferidos são os de viajantes espanhóis, como mochileros.org, ou blogs pessoais onde descrevem em pormenor os percursos e estadias com opiniões informadas. p.36 ECOS DA IMPRENSA Nuno Catarina SUSTENTABILIDADE Uma seleção de interesse ATC Recentemente foram anunciadas pela IATA as previsões para o crescimento do número de passageiros de aviões. Segundo aquela organização, devem ser atinjidos os 7 biliões em 2034 o que mais do que duplica os números de 2014 (3,3 biliões). Estes números terão obviamente fortes implicações, estando o impacto ecológico na linha da frente. No entanto, tendo em conta a grandeza dos valores, a indústria aeronáutica é apenas responsável por cerca de 2,5% das emissões mundiais de CO2, o que não é impeditivo para a procura de soluções sustentáveis que previnam o aumento das mesmas nos próximos anos. A nível europeu, pode afirmar-se que o projecto free-route é sem dúvida prioritário para uma gestão sustentável do sector aeronáutico. Em 1995 cerca de seis milhões de aviões cruzaram os céus europeus, número esse que aumentou para 9 milhões passados que estão vinte anos. NEFAB Neste contexto, no passado dia 12 de Novembro o bloco funcional do norte da Europa (NEFAB) anunciou alterações na sua estrutura de espaço aéreo e sistemas de gestão ATM, por forma a apresentar melhorias na flexibilidade e na relação custo-eficiência operacional aos utilizadores do espaço aéreo sob a sua jurisdição. Este bloco é formado pela Estónia, Finlândia, Letónia e Noruega e é mais um exemplo de compromisso para com os objectivos do Céu Único Europeu, contribuindo assim para um espaço aéreo cada vez menos fragmentado. Entre as principais alterações salta à vista o conceito free-route e as suas óbvias vantagens, nomeadamente rotas mais directas que proporcionam custos mais baixos às companhias e um impacto ambiental benéfico. Para além do FRA, este projecto (NEFAB Network Plan) contempla ainda outros objectivos, nomeadamente a melhoria de coordenação entre centros de controlo, aumentando capacidades e mantendo níveis de segurança; alterações estruturais em áreas segregadas e melhorias na utilização de espaço aéreo flexível com introdução de prácticas para uma melhor gestão e planeamento quer para utlizadores civis quer para militares. Para o sucesso deste projecto contribuirá sem dúvida a estreita relação do NEFAB com o DK-SE FAB ( bloco funcional formado pela Suécia e Dinamarca), pois os utilizadores puderão planear as suas rotas através de um espaço aéreo mais simplista, muito embora estejam envolvidos seis Estados. O plano torna-se ainda mais abrangente a médio prazo, pois até 2021 o objectivo passa por proporcionar um FRA bem mais amplo onde será incluído o bloco composto pelo Reino Unido/Irlanda e o espaço aéreo islandês; criando assim uma rede de rotas directas ao longo destes nove países do norte europeu (Borealis FRA Programme). REVISTA APCTA. VOL4 #33. OUT15 Associação Portuguesa dos Controladores de Tráfego Aéreo FABEC Também no bloco funcional onde se incluem, entre outros, alemães (DFS), franceses (DSNA), suiços (Skyguide) e a Eurocontrol, o free-route é uma realidade bem presente. Nos primeiros nove meses de 2015 foram criadas 240 novas rotas directas, elevando para cerca de 1350 o número total das mesmas desde 2010. Algumas destas rotas prolongam-se para os blocos vizinhos (NEFAB, UK/ IRELAND FAB, FAB CENTRAL EUROPE e BLUE MED FAB), estendendo assim a rede FRA e indo de encontro aos propósitos do projecto do céu único europeu. A um nível mais regional e dentro do próprio FABEC, existem cerca de 800 rotas directas entre o centro de controlo de Maastricht e espaço aéreo controlado pela DFS, metade das quais em horário H24; e por volta de 145 entre espaço francês e suiço (maioritariamente nocturnas). Nas rotas implementadas em 2015, as previsões de redução de milhas percorridas ronda aproximadamente as 510 mil, poupando assim às companhias 3.000 toneladas de combustivel e reduzindo as emissões em cerca de 10.000 toneladas CO2 com uma poupança aproximada de 4,8 milhões de euros. Recentemente, os ministros dos transportes dos Estados que formam o FABEC reuniram-se no Luxemburgo e sublinharam a importância para com o compromisso na organização conjunta da gestão aeronáutica. Estes líderes encorajam as respectivas entidades de cada país (admnistradores, reguladores e prestadores), a continuar com a cooperação por forma a permitir uma integração plena dos sistemas ATM, indo de encontro aos interesses civil e militar e afirmando que só assim se atingirão os propósitos do céu único europeu. Desde a formação deste bloco funcional, a qualidade do serviço aumentou substancialmente sendo um bom exemplo a diminuição dos atrasos causados directamente pelos prestadores (reduziram 46% entre 2011 e 2014) e onde se excluem causas meteorológicas e acções laborais. O objectivo comum passa pelo desenvolvimento de projectos que visam a melhoria da segurança, gestão dos atrasos e redução da pegada carbónica. Saltam à vista processos como o que pretende juntar áreas militares entre as diversas nações envolvidas nomeadamente um espaço aéreo militar francoalemão previsto para 2018. EXTENDED ARRIVAL MANAGEMENT Envolvendo ainda o FABEC e mais concretamente o centro de Maastricht, foi implementado em Novembro último o Extended Arrival Management para o aeroporto de Heathrow. Este procedimento faz parte de um plano mais abrangente que junta aquele bloco com o de ingleses e irlandeses no intuito de optimizar as chegadas ao aeroporto da capital britânica, através da gestão de velocidades das aeronaves a distâncias de até 350 milhas do seu destino. Iniciado em 2014 e tendo como intervenientes os centros de controlo de Reims, Brest, Prestwick, Shannon e Shanwick, este projecto tem prevista para 2016 a próxima implementação operacional pelo prestador francês (DSNA).Reduzir o atraso em rota é sem dúvida mais eficiente, poupa combustivel e emissões quando comparado com as esperas nas imediações dos aeroportos, para além p.37 de diminuir também a poluição sonora nas zonas afectadas pelas mesmas. Com base neste modelo é expectável a diminuição dos tempos de espera em cerca de 1 minuto, projectando poupanças anuais na ordem dos 2,3 milhões de litros de combustivel e 8.000 toneladas de CO2. Os aeroportos de Frankfurt, Munique, Nice, Lion, Zurique, Bruxelas, Amesterdão, Berlim e Dusseldorf serão os próximos a beneficiar deste programa que envolverá todos os centros de controlo que formam o FABEC, os quais podem retirar exemplos de sucesso como o do aeroporto de Munique com o ACC de Viena. CIBER SECURITY Os sistemas de gestão ATM estão particularmente vulneráveis a ataques por parte de piratas informáticos. Quem o afirma é a CANSO, que pela voz do seu director Jeff Poole chama a atenção para os riscos que a automatização dos mesmos acarreta. Segundo Poole e por forma a atenuar o impacto de tal ameaça, é necessária uma abordagem de trabalho de equipa entre prestadores e todos os parceiros da indústria aeronáutica e ATM, antecipando quaisquer riscos ou falhas. Os sistemas tradicionais , quer de comunicações, navegação ou vigilância não foram desenhados para lidar com este género de ciber-ataques, sendo um bom exemplo o ADS-B. De facto esta tecnologia é totalmente “aberta”, não-encriptada, estando informação crucial totalmente exposta e vulnerável (indicativo, altitude, posição, caminho, velocidade…), possibilitando assim a injecção de falsas informações nos sistemas provocando sérios e óbvios problemas ao controlo aéreo. Alguns especialistas afirmam que os sistemas utilizados a bordo das aeronaves estão desactualizados e como tal podem ser quebrados facilmente e levar os pilotos a tomar decisões com base em mensagens falsas. Poole realça também os problemas que puderão surgir na modernização da tecnologia no mundo ATM, dando os exemplos europeu (SESAR), americano (NextGen) e japonês (CARATS), os quais centralizam muita informação em ambientes de rede. No entanto e tal como outras indústrias, que são igualmente sensíveis a estes ataques, os líderes e todos os envolvidos da indústria aeronáutica e mundo ATM não estão a ficar para trás e continuam a modernizar e a inovar, sendo um bom exemplo disso o guia lançado em 2014 pela CANSO (Ciber Security and Risk Assessment), destinado a fornecer orientações e prácticas aos prestadores de tráfego aéreo. Esta organização está igualmente a trabalhar, em conjunto com a ICAO, no desenvolvimento de estratégias para combater este problema e irá apresentar ainda durante 2016 um conjunto de recomendações para todo o sector sob a forma de uma “declaration on cyber security”. FONTES: airtrafficmanagement.net eurocontrol.int canso.org iata.org p.38 BREVES de várias fontes Torneio de Padel Mafra por: António Alves Foi no passado dia 5 de Junho que começou a história do Padel a nível oficial no ACC de Lisboa, com o primeiro torneio a realizar-se na bela vila de Mafra. Este “1o Torneio ACC LIS” teve lugar no My Padel Center, tendo havido grande adesão da parte dos colegas praticantes da modalidade. Inscreveram-se dez duplas para a competição, que colaboraram numa alegre confraternização e inesquecíveis momentos desportivos e também humorísticos. Na competição sagrou-se campeã a dupla mais encarnada do torneio - constituída pelos colegas João Castanheira (JP) e Pedro Fonseca (Todi) - deixando no ar a suspeita de terem sido levados ao colinho... Ao final do dia rumámos à Ericeira para um fantástico jantar ao qual compareceram ainda mais colegas, estes sim mestres do desporto mais apreciado entre a classe CTA a nível nacional: a Arte de bem comer e beber. Fechou-se com chave de ouro uma magnífica jornada da qual saíram reforçados os laços de companheirismo e amizade entre todos. Aproveito este espaço para agradecer aos colegas Pedro Fonseca, Francisco Guia e também à APCTA a ajuda e empenho na organização deste evento, sem os quais tudo teria sido mais difícil. Para os que foram e os que não foram, em Outubro há mais! Encrontro de Mergulho NAV/APCTA por: João Marques Pelo 3º ano consecutivo, nos dias 3, 4 e 5 de Setembro de 2015, realizou-se o Encontro de Mergulho NAV/APCTA, desta vez na Ilha da Madeira. Mais um vez, e mantendo a tradição, foi um excelente evento “desportivo” de promoção do convívio entre colegas, com muita água à mistura, a qual nos brindou com a excelente temperatura de 25 ºC! Desta vez optou-se por tentar também convencer alguns colegas a juntar-se à causa, organizando baptismos de mergulho, tendo sido efectuados 10, dos quais esperemos que a maioria se junte a nós já no próximo ano! Quanto aos “profissionais” propriamente ditos, aproveitaram as águas quentes e limpas para fazer aquilo que tanto gostam, fazer bolhas e ver peixes! Foram mergulhos sempre cheios de vida, diversidade e abundância, com claro destaque para os meros do Garajau e a cálida recepção e amistosa interacção com que brindam os mergulhadores, deixando até os mais experientes incrédulos e extasiados. Foram 4 dias muito agradáveis, com o cimentar de algumas amizades e o início de outras tantas, aliados a uma actividade lúdico/desportiva que pauta acima de tudo pelo convívio e boa disposição e que culminou com um jantar convívio à volta dos clássicos da ilha: Bolo Caco, Espetada e Poncha. Neste jantar - e como é hábito – foi votado onde seria feito o IV Encontro de Mergulho e quem ficaria responsável, tendo sido escolhida a Ilha de Santa Maria e com organização a cargo de Herlander Simões. O IV Encontro de Mergulho terá lugar então nos dias 11, 12 e 13 de Julho de 2016, podendo ser feitas inscrições ou pedidas informações para o email [email protected]. Como nota final, gostaríamos de agradecer aos nossos patrocinadores: NAV Portugal EPE e APCTA, assim como aos nossos parceiros: Hotel Four Views Monumental e à Focus Natura, pela sua ajuda e disponibilidade. REVISTA APCTA. VOL4 #33. OUT15 Associação Portuguesa dos Controladores de Tráfego Aéreo p.39 Convívio de Karting 10º Troféu de Resistência NAV por: Rui Forjaz, Carlos Dionisio 1 2 3 … GO! “Here we go Again ! ”. E lá fomos, após um interregno de 6 anos - 2009 tinha sido a última vez que nos sentámos num Kart - voltámos a vestir os fatos de competição agora bastante mais “justinhos”, e lá nos fizémos á pista ao fim da tarde do passado dia 8 de Novembro no kartódromo de Palmela. Isto após uma primeira falsa partida que S. Pedro nos pregou, enviando-nos um dilúvio na véspera da data inicialmente aprazada, o que nos fez adiar a prova por uma questão de precaução e tendo em conta a segurança, questão fundamental na nossa actividade profissional. Durante 1 hora foram “avaliadas” as habilidades de condução de 56 pilotos distribuídos pelas 25 equipas inscritas, compostas por dois ou três elementos, conforme fosse maior a vontade de conduzir ou o medo de dores nas costas . Apareceram todos, desde os antigos companheiros de karts, alguns já reformados, quase todos com mais “lastro”, a uma nova geração de colegas cheios de vontade de participar (e também de “cascar”) de todas as áreas da Empresa, desde CTA´s do ATC de Lisboa, TWR de Lisboa, TWR de Cascais, CDF, TICAS, TTA´s, FAP (com 2 equipas da EITA), colegas da Sede, Engenheiria, Motoristas e “the last but not the least” uma simpática equipa de senhoras. Foi realmente gratificante e também surpreendente para nós Comissão Organizadora do Troféu todo este entusiasmo que nos obrigou mesmo a limitar as inscrições, uma vez que o espaço para o jantar de confraternização, por um lado, e os patrocínios entretanto cabimentados por outro, não permitiam a presença de mais interessados. Fica para a próxima. Descarregada que estava a adrenalina em pista, foi tempo de repôr as energias e para tal, marcámos mesa no Hotel & Golf Resort do Montado, local escolhido para o jantar de grupo e atribuição de prémios. Falando de prémios e como esta coisa das corridas implica que tenha de haver sempre um vencedor, ganhou brilhantemente a equipa do CDF constituída pelo Rodrigo Vaz e pelo Pedro Cambraia seguidos pela “TOP GEAR” (não, não veio o Jeremy Clarkson, mas o Francisco Salgado acompanhado pelo Luis Freire) e pela equipa MOULAN (Pedro Dinis/João Moura). Realce para a bela prova das MAMONAS ASSASSINAS (Leonor, Filipa Figueiredo e a Margarida Salgado) vencedoras do troféu das senhoras assim como para a equipa RAMSES II composta pelo Vasco Domingos e pelos filhos, Leonor e Miguel que arrebataram o último e mais importante prémio da noite, o já tradicional troféu “Fair-Play” que serve para realçar o desportivismo e/ou o comportamento de um piloto ou equipa, que pela sua atitude ou maneira de estar dentro e fora das pistas, sirva de inspiração e de exemplo para todos. Desde a primeira hora que se mostraram disponíveis para se separarem e irem compondo outras equipas que foram perdendo elementos. A eles o nosso muito obrigado. Uma palavra de agradecimento para os nossos patrocinadores, a NAV que através do GABCIM como habitualmente ofereceu o jantar de confratrenização e a APCTA e APTICA que custearam outras lembranças, nomeadamentre a Tshirt que foi desenhada em exclusivo para este troféu. Todos contribuíram para que o saldo final fosse francamente positivo. Valeu a pena. Muito obrigado pela vossa participação e por tornarem este acontecimento uma bela festa. A Comissão Organizadora CLASSIFICAÇÃO FINAL NOME DA EQUIPA 1 CDF 2 TOP GEAR 3 MOULAN 4 FAST & FURIOUS 5 BURAKA SEM SISTEMA 6 MY BABY 7 OS CALÕES 8 PETRUS 9 AIR SAILORS 10 REGPOP KARTING TEAM 11 DIAS & DIAS 12 SÓ ME DOEM AS COSTAS 13 MARGEM SUL 14 SEITA 15 TUK-TUK 16 RAMSES II 17 JÁMELIXASTE 18 OS TURISTAS 19 EITINHOS 20 MAMONAS ASSASSINAS 21 CARACOL GT 22 OS ULTIMOS 23 FAISCA & MCQUEEN 24 BOM VIVANS 25 ILHEUS NOME DOS CONCORRENTES Rodrigo Vaz Pedro Cambraia Francisco Salgado Luis Feire Pedro Dinis João Moura Rui Forjaz Carlos Dionisio Rui Valério Luis Baptista João Ornelas Martin Nepomuceno Bruno Rodrigues André Nascimento Pedro Gaspar João Galvão Nuno Chambel João Saraiva João Rodrigues José Leitão Jorge Dias Jorge Dias Jr Pedro Ferreira Francisco Antunes Francisco Antunes Jr António Lourenço Vitor Almeida Diogo Almeida António Rita Edgar Pereira Pedro Reis Luis Paixão João Salvador Jorge Ferreira Vasco Domingos Leonor Domingos Miguel Domingos Rui Pereira Bruno Valente Delfim Loureiro Pedro Almeida João Oliveira Egdar Lopes Rui Luis Leonor Filipa Figueiredo Margarida Salgado Maicon Heretier Gabriel Oliveira José Carvalho Carlos Ramos Nuno Ferreira Andreia Carolino Paulo Ceia Gonçalo Casqueiro Hugo Silva Rodrigo Aguiar p.40 BREVES de várias fontes VIII Torneio Internacional de Futebol da Aviação Civil por: Diogo Laureano Amigos CTAs, Volto ao vosso contacto com mais uma crónica desportiva. A bem dizer, é o único tipo de crónica que consigo articular. Realizou-se no passado mês de Setembro o VIII torneio internacional de Futebol da Aviação Civil. O local escolhido este ano foi Mafra/Ericeira, região de paisagens bonitas e gentes simpáticas. Ou pelo menos quatro pessoas simpáticas, tendo em conta que o Abegão, o Tozé, o Guia e eu próprio moramos lá. Felicito o Virgílio Belo por tão acertada escolha. O Torneio começou com uma bonita recepção e jantar no Hotel Vila Galé. Da comida não me lembro bem, mas recordo-me vivamente que o Benfica ganhou um jogo nessa noite, pelo que o jantar estava, seguramente, maravilhoso. Em termos desportivos tivemos uma edição renhida com a participação das 5 equipas melhor classificadas nas edições anteriores, ou seja, exactamente as mesmas. Este é sempre um torneio complicado em termos emocionais para mim, pois represento a equipa dos Pilotos/APPLA e jogo contra o TEAM Lisboa, equipa que me tem convidado a vestir a sua camisola nos últimos ECCs. Claramente este conflito emocional não afeta todos os jogadores em igual situação, uma vez que o Paulo Ramos marcou o único golo contra o TEAM Lisboa e festejou como se não houvesse amanhã. Os mais atentos repararam que eu não celebrei esse golo por razões óbvias. Estava do outro lado campo e já não já tenho idade para correr daquela maneira. O carinho que tenho pelo TEAM Lisboa leva-me a perder algumas linhas acerca do seu desempenho. Tenho que deixar ao Celso e ao Nuno o meu agradecimento público por reservarem a primeira vitória no tempo regulamentar, da sua era, para uma oportunidade mais tarde, de modo a que também eu possa fazer parte desse 11. Fizeram um esforço grande para não alcançar essa primeira vitória neste torneio. O meu obrigado. Em muito se deve ao excelente ponta de lança Nuno Ferreira, que lentamente, mas mesmo muito lentamente, se vai enquadrando na equipa. É um daqueles “pontas-de-lança” à antiga, que, se podem chutar de primeira, chutam logo à terceira! E o Guia no banco... Os Pilotos/APPLA acabaram por disputar a final com a DOV e quero aqui rejeitar todas as críticas que ouvi à equipa da DOV, que não representariam verdadeiramente a DOV. Eu tenho lá muitos amigos e posso garantir, pois joguei contra eles, que eles estavam lá... no almoço, onde pudemos confraternizar. O que é realmente de louvar é a coerência em campo da equipa dos Pilotos/APPLA. Em dois anos de austeridade, onde nos cortaram 10% do salário, manifestámos sempre a nossa insatisfação, jogando mais uma vez sem os mesmíssimos 10% de jogadores. Curiosamente optámos mais uma vez por sacrificar o mesmo dízimo, chamado Paulo Ramos. Não ficaria de bem com a minha consciência se não denunciasse aqui, publicamente, algo que eu acho que deve ser denunciado, a bem da verdade desportiva do torneio. Sei de fonte segura que foram oferecidos “kits” aos árbitros do torneio. A questão não seria grave se não estivessem incluídos “vouchers” para almoços, de valor incalculável, tal o aspeto do porco no espeto. E posso garantir que isto é verídico, pois eu próprio vi o trio a “enfardar” à hora de almoço, ao lado da minha mesa. Fica por apurar se o “kit” incluiria uma camisola nº 10 da “velha” glória Aguiar, fazendo disparar o valor da oferta. O mais escandaloso é que os “kits” foram também oferecidos aos observadores. E isso posso garantir porque as minhas filhas estavam lá a observar o jogo e também deram forte e feio no suíno assado. Parabéns aos vencedores e a todos os vencidos, pois os cinco primeiros classificados garantiram acesso à prova do próximo ano. Obrigado a toda a organização, na pessoa do Virgílio Belo, que mais uma vez nos proporcionou também um jantar de despedida digno da qualidade do torneio em causa, nos claustros do Convento de Mafra. Este torneio é um importante convívio e deve ser sempre encarado como tal. Daí a vontade de reservar uma folga para aquele fim de semana de Setembro. Que não se perca o espírito e a razão de ser do torneio. Até para o ano, se o Virgílio quiser! REVISTA APCTA. VOL4 #33. OUT15 Associação Portuguesa dos Controladores de Tráfego Aéreo Cleo Leite e Yuval Milo da Pharovision Equipa da Pharovision na Torre de Ponta Delgada durante a montagem do SENTINEL Yuval Milo da Pharovision junto ao SENTINEL Seminário sobre Bird-strike por: Paulo Melo Por iniciativa da delegação de Ponta Delgada da APOOA (Associação Portuguesa de Oficiais de Operações Aeroportuárias) teve lugar no passado dia 29 de outubro no Aeroporto de Ponta Delgada e em videoconferência com a Horta, Flores e Santa Maria, um Seminário sobre Bird-Strike, onde se incluía a apresentação do sistema de monitorização de Vida Animal/FOD’s (Foreign Object Debris) “SENTINEL” da Pharovision. Após a abertura dos trabalhos pelo delegado da APOOA Marco Rodrigues e do Diretor dos Aeroportos dos Açores Dr. José Luís Alves, tomou a palavra o Dr. Álvaro Neves, Diretor do GPIAA que abordou a importância da aplicação da regulamentação europeia, nomeadamente o DL nº 318/99 e o Regulamento EU nº 996/2010 do Parlamento Europeu. Seguiu-se a apresentação do “SENTINEL”, sistema de monitorização de vida animal e FOD’s da Pharovision (www.pharovision.com) pelo Eng. Cléo Leite e Yuval Milo da Pharovision. Este sistema permite a digitalização contínua de pistas, caminhos de circulação e outras superfícies de asfalto. Várias unidades integradas podem fornecer cobertura completa de um aeródromo onde potenciais alvos detectados são exibidos imediatamente numa estação remota, para análise direta e investigação. O sistema é capaz de detectar qualquer objeto na superfície da pista ou caminhos de circulação a mais de 800 metros de distância, dia ou noite, e exibir instantaneamente a geolocalização do objeto num mapa aéreo do aeródromo. Sendo um sistema integrado e abrangente é capaz de, simultaneamente detectar detritos em todas as superfícies de asfalto dentro da vizinhança, e entre os movimentos de aeronaves, bem como outros tipos de alvos como por exemplo vida animal. O sistema pode transmitir avisos quando um nível pré-definido de tamanho ou quantidade de detrito/ vida animal é atingido na proximidade de uma área, que potencialmente possa colocar em causa a segurança (por exemplo, corredores de aeronaves, áreas protegidas, zonas de acesso restrito, etc) Seminário - abertura pelo DAA - Director dos Aeroportos dos Açores Ao contrário de qualquer outro sistema de detecção FOD, o sistema SENTINEL também pode ser utilizado para várias funções de segurança, visualizações melhoradas e detecções de animais selvagens. Após o almoço, os participantes tiverem a oportunidade de assistir a uma demonstração no “terreno” e manusear directamente com o equipamento SENTINEL montado pela Pharovision na Torre de Ponta Delgada, com a colaboração da NAV Portugal através da chefia TWRPON e onde foi possível constatar as evidentes potencialidades do sistema. p.41 SENTINEL montado no exterior da Torre Foi ainda possível o contacto em modo nocturno, ou seja após o por do sol, onde as capacidades de detecção de vida animal e FOD’s impressionou os presentes. Jantar de encerramento do seminário BREVES de várias fontes Da esquerda para a direita: Rui Torres, Ana Melro, Eliza Telhado, Jorge Avelar, Rui Medeiros, Nuno Mendes, Paulo Melo, José Pereira e José Sousa. Passagem à reforma do CTA Rui Torres No dia 20 de novembro de 2015, os CTA’s da Torre de Ponta Delgada organizaram um almoço de despedida para o colega Rui Torres, que ao fim de 36 anos de serviço vai gozar a sua merecida reforma. Em 1979 integrou os quadros da, na altura ANA, EP em Santa Maria, como Assistente de Controlo de Tráfego Aéreo, tendo em 1985 frequentado o curso por: Paulo Melo de Controlador de Tráfego Aéreo. Em setembro de 1990, foi transferido para a Torre de Controlo de Ponta Delgada onde desempenhou funções de Supervisor Operacional até ao passado dia 19. Após o almoço e a convite do Rui, os colegas foram presenteados com o digestivo na sua “mansão”, onde se aproveitou para registar em foto o momento. Os colegas expressaram os votos de uma longa e bem aproveitada reforma. Nuno Nepomuceno “A Hora Solene” por: Patrícia Gera Um ex professor de matemática, hoje Controlador de Tráfego Aéreo na Torre de Lisboa e a trilhar caminho para se firmar como escritor de ficção. Uma aventura que vê a luz do dia em 2012 com o “Espião Português”, após cerca de nove anos de preparação iniciados ainda nos Açores. Se o primeiro livro trouxe a história de um rapaz que viveu uma mentira dentro de uma vida dupla como espião, o segundo volume “A Espia do Oriente” conferiu romance é uma maior complexidade às personagens e densidade à trama. © Gil Cardoso p.42 2015 traz o fim da trilogia “Freelancer” com o lançamento de “A Hora Solene”. O último volume desvenda as histórias escondidas de André Marques-Smith e restantes personagens num continuo de relações inesperadas. Inspirado num discurso de guerra de Winston Churchill é a tão aguardada conclusão que tem deixado os leitores siderados. A quem ainda não teve oportunidade de conhecer a(s) obra(s) recomenda se vivamente. De preferência autografada. Nunca se sabe se o autor não será “the next big thing”! REVISTA APCTA. VOL4 #33. OUT15 Associação Portuguesa dos Controladores de Tráfego Aéreo p.43 FESTA DE NATAL APCTA/Kids por: Ana Santiago A Milhas e o Torres, as novas mascotes da APCTA, convidaram todos os filhos dos CTA de Lisboa para a festa de Natal da APCTA KIDS, realizada no passado dia 12 de Dezembro, no Space Radical Kids, em Carnaxide. O Pai Natal presenteou-nos com a sua presença, com uma entrada muito radical, atravessando o espaço da festa em slide e descendo para o chão em rappel, trazendo um saco de presentes cheio de chocolates para oferecer às crianças. Por fim, para compensar o desgaste físico de tanta animação, e a pensar nos pais das crianças, foi disponibilizado um magnífico lanche, com uma grande variedade de doces e salgados, animado pela presença da Milhas e do Torres. ERRATA Por lapso, trocámos o autor das breves “ATC Meeting” e “Sunset Cocktail Party”, publicados na edição anterior (FL33). O autor foi sim o Nuno Sousa e não o Filipe Gago. Pelo erro aqui fica o nosso pedido de desculpa. A redação © Gil Cardoso As crianças puderam desfrutar de várias atividades radicais, incluindo escalada de rede e de parede artificial, slackline e slide, bem como, de atividades de festa mais tradicionais, tais como, insufláveis, trampolins, pinturas faciais, teatro de marionetas, entre outras. p.44 Carlos Silva Dia 30 de outubro de 1995, pelas 09h30 no Centro de Formação da ANA, 12 pessoas encontram-se pela primeira vez. São o ATC FB 005. – “Bom dia, o meu nome é...” Foi assim que se conheceram , entre eles estava o Carlos Silva, rapidamente ficou só o Silva. O Silva era professor, mas queria algo que fosse mais aliciante, mais motivante, achava que tinha o que era necessário para ser um Controlador de Tráfego Aéreo. Rapidamente o Silva o demonstrou, tanto durante o ab-initio, como depois no desempenho das suas funções de CTA, de Instrutor e Supervisor. Em abril de 1997, foram para Santa Maria e claro o Silva não podia de deixar de levar a sua “burra”, a bicicleta que rapidamente lhe valeu ser conhecido como o “Ciclista” e com a qual percorreu a ilha de Santa Maria de ponta a ponta. Quem com ele conviveu certamente se lembrará do brilho nos olhos do Silva quando falava do filho. Quem com ele trabalhou certamente se recorda da facilidade com que o seu humor e a sua gargalhada contagiava quem estava por perto. Quem com ele partilhou interesses sabe que era dedicado, interessado e de pouco precisava para se realizar. Dia 21 de novembro de 2015, pelas 20h00 no ACC de Lisboa. – “Até amanhã pessoal...” Terão sido estas as suas últimas palavras na sala de controlo. Ninguém imaginava que não o voltaríamos a ver. No dia seguinte fomos surpreendidos com a notícia. A tristeza, o choque e a incredulidade tomaram conta de colegas e amigos. O FB 005 perdeu mais um companheiro de jornada e porque o Silva já não era só do FB 005, os controladores perderam um dos seus. Para ti, companheiro, a homenagem dos teus colegas! “Na memória os muitos km que partilhámos de moto, as conversas e tudo o mais... as curvas do azul celeste te abracem Amigo...até sempre!” “Companheiro, para onde quer que tenhas ido,que fiques em paz.” “Depois do choque desta manhã ainda nem sei bem o que dizer. Descansa em paz Amigo.” “Não passaste pelas nossas vidas em vão. Descansa em paz!” “Keep them separate in heaven my friend. Godspeed.” “Un sentido pésame a la familia y un fuerte abrazo a todos los compañeros de Lisboa Acc.” “Espero do fundo coração que tenhas encontrado a tua paz mas vais-me fazer muita falta, Sr. Supervisor!” “Estarás para sempre nos nossos corações e com muita saudade já!” HUMOR EM BANDA Leonor Casanova REVISTA APCTA. VOL4 #34. JAN16 Associação Portuguesa dos Controladores de Tráfego Aéreo
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