Crescimento e sobrevivência de duas linhagens de Puntius titteya
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Crescimento e sobrevivência de duas linhagens de Puntius titteya
Crescimento e sobrevivência de duas linhagens de Puntius titteya em aquário (1). Fábio Xavier Wegbecher(2); Daniel Steil Alves(3) (1) Trabalho executado com recursos do Edital 12/2012 da Pró-Reitoria de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação. Professor de biologia - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina; Campus Joinville; [email protected]. (3) Estudante do curso integrado em Eletroeletrônica - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina; Campus Joinville; [email protected] (2) RESUMO: A espécie Puntius titteya (Deraniyagala, 1929) é um ciprinídeo de água doce de pequeno porte. Apresenta algumas variações na coloração e é comercializada como peixe ornamental em vários países, inclusive o Brasil. Com o objetivo de verificar o crescimento e a sobrevivência de duas linhagens da espécie, respectivamente selvagem e albina, foi executado um experimento em seis aquários, divididos em dois tratamentos (T1= albino; T2= selvagem), configurando triplicatas para cada tratamento. Em cada aquário, considerado uma unidade experimental, foram colocadas 40 larvas recém-eclodidas das respectivas linhagens. Foram monitorados diariamente a temperatura e o pH da água das unidades experimentais no decorrer dos sessenta dias de experimento. Os resultados demonstraram não haver diferença entre o crescimento e sobrevivência das linhagens submetidas ao experimento. Palavra Chave: albina, selvagem, linhagens INTRODUÇÃO A espécie Puntius titteya (Deraniyagala, 1929) é um ciprinídeo endêmico do Sri Lanka que vive em águas continentais, especificamente riachos densamente sombreados com águas lênticas e de substrato de lodo e restos de folhas (BMELF, 1999). Peixe de pequeno porte e bastante popular para aquariofilia, tem sido comercializado em vários países do mundo, como é o caso do Brasil, onde é conhecido pelo nome de Barbus titeia. É um organismo amplamente utilizado em pesquisas, como são os caso de estudos do hábito alimentar (DE SILVA et al., 1977), biologia reprodutiva (DE SILVA et al., 1985), e infecções experimentais (P O N P O R N P I S I T et al., 2000) Em se tratando da finalidade de aquariofilia, é comercializada sob a forma de duas linhagens: selvagem e albina. Esse trabalho teve o objetivo de analisar o crescimento e a sobrevivência de duas linhagens de Puntius titteya, uma albina e outra selvagem. METODOLOGIA O experimento foi conduzido no Laboratório de Experimentação de peixes Ornamentais, em Joinville, e as biometrias e análises foram realizadas no IFSC, Campus Joinville. Foram utilizadas duas linhagens da espécie Puntius titteya, uma albina e outra selvagem, procedentes de desovas de dois grupos de reprodutores, respectivamente albinos e selvagens. Cada grupo de reprodutores foi estocado em aquários distintos. Cada aquário, com volume total de cinquenta litros, foi preparado com água a uma temperatura de 27°C, pH 7 e aeração constante. Como substrato para desova, foi utilizado Vesicularia dubyana, conhecida por musgo de Java. Após o ato de desova, os reprodutores foram retirados dos aquários e, após 36 horas, as larvas, já recém eclodidas foram repassadas uma a uma e para seus respectivos aquários (unidades experimentais). Cada aquário recebeu 40 larvas. Para a configuração de cada tratamento em triplicata, foram utilizados seis aquários, divididos em dois tratamentos, sendo eles: T1= albino; T2= selvagem. Cada aquário apresentou volume de 25 litros, com aeração constante e trocas parciais de água, na taxa de 50% do volume total, foram realizadas a cada três dias. Precedendo as trocas parciais de água, temperatura e pH foram medidos, por meio de pHmetro digital. Durante o período experimental, foram realizadas três biometrias: uma inicial (b1); a segunda após trinta dias (b2) e a terceira após sessenta dias (b3) da biometria inicial. Para cada biometria, foram utilizados dez indivíduos de cada aquário. Com exceção da b1, onde os indivíduos foram medidos e descartados, nas biometrias b2 e b3, os indivíduos foram anestesiados com benzocaína (GIMBO et al., 2008) medidos e devolvidos aos seus respectivos tratamentos. As biometrias foram realizadas com um paquímetro digital, sob a observação em lupa. Foi utilizada a informação morfométrica “comprimento padrão” (CP). Os peixes foram alimentados duas vezes ao dia, até a saciedade aparente, com microverme da aveia (Panagrellus redivivus). As taxas de sobrevivência foram estipuladas mediante contagem direta dos indivíduos vivos. RESULTADOS E DISCUSSÃO A temperatura registrada no período experimental foi semelhante para os dois tratamentos. A temperatura média de ambos foi 25,2°C. A mesma semelhança entre tratamentos ocorreu com o pH, que apresentou registro médio de 7,1. Segundo Boyd, (1996), estes valores estão dentro de um padrão aceitável para o cultivo. O crescimento das linhagens estudadas está representado no gráfico 01. As curvas de sobrevivência geradas foram semelhantes entre si. Ao final do experimento, foram constatadas as sobrevivência de 57,5 e 55% para as linhagens albina e selvagem respectivamente. Em Salmo gairdneri com 135 dias póseclosão, além de menor sobrevivência, o crescimento da linhagem albina foi menor do que o de peixes selvagens (Kohlmann e Fredrich, 1986). Os resultados aqui obtidos demonstram o oposto, ou seja, por não ter ocorrido diferença entre o crescimento e sobrevivência nas fases iniciais de desenvolvimento de Puntius titteya, do ponto de vista da comercialização, viabiliza uma linhagem que teoricamente demoraria mais para crescer. CONCLUSÕES As linhagens albina e selvagem de Puntius titteya apresentaram semelhança quanto ao crescimento e sobrevivência, nas condições laboratoriais testadas. REFERÊNCIAS BOYD,.C.E. Component of development techniques for management of environment quality in aquaculture Aquaculture Engineering., 5, pp.135-146. 1986. Gráfico 01- Crescimento de duas linhagens de Puntius titteya As curvas de crescimento obtidas das biometrias foram semelhantes entre si, sendo possível observar um crescimento mais acentuado nos primeiros trinta dias. A sobrevivência das linhagens estudadas está representada no gráfico 02. BUNDESMINISTERIUM FÜR ERNÄHRUNG, LANDWIRTSCHAFT UND FORSTEN (BMELF). Gutachten über Mindestanforderungen an die Haltung von Zierfischen (Süßwasser). Bundesministerium für Ernährung, Landwirtschaft und Forsten (BMELF), Bonn, Germany. 16 p. 1999. DE SILVA, S.S., KORTMULDER, M.J.S., WIJEYARATNE, A. comparative study of the food and feeding habits of Puntius bimaculatus and P. titteya (Pisces, Cyprinidae) Netherlands Journal of Zoology, 27 (3), pp. 253–263. 1977. DE SILVA, S.S., SCHUT, J., KORTMULDER, K. Reproductive biology of six Barbus species indigenous to Sri Lanka. Environmental Biology of Fishes., 12, 201218. 1985 GIMBO, R. Y., SAITA, M. V., GONÇALVES, A. F. N., TAKAHASHI, L. S. Diferentes concentrações de benzocaína na indução anestésica do lambari-doraboamarelo (Astyanax altiparanae) Revista Brasileira de Saúde e Produção Animal, v.9, n.2, p. 350-357, 2008 KOHLMANN, K., FREDRICH, F. Albinismus Regenbogenforellen (Salmo gairdneri). Binnenfischerei DDR 33, 270 –272. 1986. Gráfico 02- Sobrevivência de duas linhagens de Puntius titteya bei Z. P O N P O R N P I S I T , A., E N D O , M., M U R A T A , H. Experimental infections of a ciliate Tetrahymena pyriformis on ornamental fishes. Fisheries Science, 66, 1026-1031. 2000.