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Cristopher Rubio Laura Oliveira UNODC Redes Criminosas Internacionais Introdução O UNODC, Escritório das Nações Unidas para Drogas e Crime, é o comitê da ONU responsável pela referência dessa organização a questões sociais relacionadas às drogas e a crimes de cunho internacionais. Acumula conhecimento técnico sobre o controle internacional de drogas, a prevenção ao crime e a Justiça criminal, prestando cooperação técnica aos países. O UNODC, assim como todo comitê da ONU tem o objetivo de através de pronunciamento das nações presentes tentar chegar a um consenso universal. Esse ano o tema da UNODC será: Grandes máfias e organizações de poder internacional, ou redes criminosas internacionais. Urge a citação desses temas no mundo contemporâneo, visto que a diplomacia e a estabilidade da paz entre nações é intensamente arriscada diaa-dia enquanto se têm essas questões referentes pendentes à resolução. 2 Conceito As redes criminosas internacionais são popularmente conhecidas como “máfias”. A origem dessas organizações é desconhecida, no entanto acredita-se que o surgimento delas tenha se dado no sul da região da atual Itália durante o período medieval. Seus membros eram lavradores arrendatários de terras pertencentes a poderosos senhores feudais que, pretendiam dividir as terras de seus senhores. Para alcançar seus objetivos começaram a depredar o gado e as plantações. Os senhores que quisessem evitar a destruição de suas propriedades deveriam fazer um acordo com a “máfia” para terem proteção. O termo máfia, inicialmente fazia referência às organizações criminosas italianas, entretanto a indústria de “proteção forçada” se espalhou pelo mundo e desenvolveu outros segmentos como o tráfico de drogas e pessoas. Portanto quando alguém diz máfia, está fazendo alusão a toda organização criminosa internacional que esteja interligada e que seja coordenada de forma extremamente organizada, submetida a uma direção colegial e oculta que se infiltra na sociedade civil e nas instituições de forma discreta e incrivelmente disfarçada. Hoje, as redes criminosas internacionais são globalizadas e atuam em áreas nunca pensadas como a falsificação de artigos de luxo e o tratamento indevido de lixo tóxico. Como exemplo de organizações criminosas interligadas pode-se citar a Cosa Nostra Americana, que foi a expansão da rede que surgiu na Sicília. Alguns de seus membros embarcaram para os Estados Unidos durante o século XX com o objetivo de expandir suas “áreas de atuação”. Há também a máfia russoisraelense que basicamente atua no trafico de substâncias ilícitas e de pessoas para a prostituição. Dentro de um mesmo país pode existir mais de uma organização criminosa. A Itália é um exemplo, pois dentre as mais conhecidas há a Cosa Nostra e a Stidda (Sicília), Camorra (Nápoles), Ndrangheta (Calábria), Sacra Corona Unita (Puglia) e Manara' (Turim). Ao redor do mundo pode-se citar a Organizatsya e a KGB na Rússia, a Yakuza (Japão), Tríade (China) e as máfias nigerianas e turcas que estão diretamente ligadas ao trafico de drogas. 3 Atualmente, as máfias são uma densa rede mundial de comércio, contrabando e corrupção que mesmo não pagando diversos dos impostos exigidos por determinados Estados movimenta e muito a economia global, sem falar na colaboração ao PIB de diversos países. A ONU calcula que entre 2% e 3% do rendimento econômico do mundo provenha de negócios criminosos, o equivalente a 1,3 trilhão de dólares. 4 Problema A princípio, as redes criminosas atuavam dentro de sua propria nação, pois além da dificil comunicação que existia entre os países havia também barreiras ideologicas e as contantes ameaças de conflitos, entretando com o início do fim da URSS a globalização tomou força e além de ajudar a indústria a se desenvolver em termos mundiais também colaborou para o desenvolvimento do crime globalizado. O fim da bipolaridade no mundo deixou as viagens mais baratas, facilitou as negociações e melhorou a comunicação entre as nações, fatores que facilitam a transação de produtos e pessoas de forma ilegal. As maiores vítimas das ações de redes criminosas internacionais são os países pobres e a população que lá vive. Em troca de algum dinheiro essas nações mais necessitadas cedem seu espaço para o depósito de lixo tóxico por exemplo que contamina a população. Além disso as pessoas que vivem em regiões mais humildes são facilmente intimidadas e convencidas pelas máfias para trabalharem como tranportadores de droga, para permitirem que seus filhos de quatro anos trabalhem em situações de risco ou para se prostituirem. Quando o convencimento não acontece as máfias trabalham com a ilusão. Se passam por agências de emprego, dizem que a vida dessas pessoas vai melhorar e que elas serão bem recebidas no novo país, no entanto elas estão no caminho da prostituição ou terão um de seus órgãos retirados para o tráfico. Alguns acordos entre as nações como a formação da União Europeia ou até mesmo o Mercosul facilitaram o comércio entre os paises minimizando a burocracia, no entanto desrgulamentação do comércio não apenas fortaleceu os criminosos como enfraqueceu os que deveriam combatê-los. Tenha propostas para: Segurança interna Acesso dos criminosos a tecnologias bélicas Prevenção de delitos Atuação transnacional das máfias Lembre-se: Não é do escopo do UNODC a criação de qualquer tipo de órgão, comitê, grupo, agência ou congêneres. Esse comitê tem caráter RECOMENDATÓRIO. É premissa maior da ONU o respeito à SOBERANIA NACIONAL. 5 Grandes Máfias Japão - Yakuza A palavra yakuza foi utilizada pela primeira vez no início do século 17 ao descrever os homens conhecidos como 'kabuki mono', ou 'os loucos'. Esses homens ganharam reputação pelo seu curioso modo de se vestir, estranhos cortes de cabelo, e mau comportamento. Durante o período Shogun, no Japão feudal, essas pessoas viajavam ao redor do Japão em pequenos grupos, furtando e saqueando pequenas vilas e cidadelas. Outro grupo que surgiu por volta da mesma época foi o dos Machi-Yakko (empregados da cidade), que era composto por proprietários de estabelecimentos, mercadores e ronin (samurais sem-mestre), que defendia suas vilas ou cidadelas dos malfeitores Kabuki-Mono. Eles eram populares na época e são por muitos considerados os precursores dos Yakuzas. Esses gostariam de ser vistos como os protetores e salvadores do povo, assim como os Machi-Yakko eram, há 200 anos atrás. No final do século 19, e início do século 20, o Japão passou por uma grande transformação industrial e social, e a Yakuza não se atrasou em adaptarse, e a tirar proveito dessas transformações. Eles começaram a recrutar em peso dentro da indústria de transporte e construção, e também começaram a operar em conjunto com as autoridades, em troca de tratamento mais favorável pela polícia. O número de membros da Yakuza continuou a crescer progressivamente até o envolvimento do Japão na Segunda Guerra Mundial. Durante a ocupação americana no Japão após a Guerra, a comida era racionada, e isso levou à geração de um próspero mercado negro de uma variedade de produtos e ao surgimento de um novo tipo de Yakuza (gurentai - ou 'rueiro'). A Yakuza começou a adaptar muito do seu estilo ao da Máfia italiana, que na época estava operando nos Estados Unidos e que se vestia em ternos escuros e cabelo bem curto. Entre 1958 e 1963, o número de membros da Yakuza atingiu um recorde de 180,000 pessoas, em aproximadamente 5,000 gangues por todo o Japão. Esse crescimento do número de gangues também levou a um aumento na 6 violência, já que as gangues começaram a determinar territórios. Desse pico de 180,000 membros no início dos anos 60, os números começaram a cair. Em 1988, a Agência Nacional de Polícia estimou que haviam 3,400 grupos de crime organizado atuando com aproximadamente 100,000 membros (nos Estados Unidos, é estimado que haja 30,000 membros de crime organizado). Mais recentemente, a Yakuza começou a ramificar-se dentro da sociedade através de negócios nos quais eles possuem fácil acesso, como finanças, imóveis e investimento bancário. Existe até a preocupação de que a Yakuza esteja desenvolvendo um tipo de poder financeiro que poderia ameaçar a economia inteira. Em 1992, medidas foram tomadas a fim de reduzir a crescente influência política e financeira da Yakuza, através da aprovação do Ato para a Prevenção de Atividades Ilegais Realizadas por Membros de Boryukudan (Yakuza ou gangue criminosa). Enfurecidas com essa nova lei, esposas e filhas de membros da Yakuza realizaram uma marcha em Ginza, Tokyo, em protesto. A nova lei parece ter surtido pouco efeito em relação à questão, e a Yakuza ainda continua presente na sociedade japonesa. Um exemplo disto foi observado em 1995, quando um grande terremoto atingiu o Japão. A cidade de Kobe, que abriga a 'Yamaguchi-gumi' (maior organização Yakuza do Japão), foi a mais seriamente atingida. Após o ocorrido, adiantando-se às autoridades locais, a Yakuza local providenciou comida e roupas para milhares de pessoas necessitadas. Isso se tornou não somente um embaraço para as autoridades, mas também um golpe de relações públicas para a Yakuza. A Yakuza faz um tipo de serviço social nas ruas do Japão. É comum da natureza japonesa afastar-se de conflitos e não recorrer a medidas legais para resolver uma disputa, ou quando deparam-se com dificuldades. Nesses casos, pode ser que eles procurem auxílio da Yakuza local, e não da polícia. A situação pode vir a ser resolvida de uma forma cruel ou brutal, mas ela é geralmente mais rápida e mais efetiva do que através de meios convencionais. Isso talvez de alguma forma explique o por quê o índice de criminalidade no Japão seja tão baixo. Outro argumento é de que a Yakuza é simplesmente um grupo de gângsters que se aperfeiçoou na arte da exploração da inclinação japonesa em utilizar relações pessoais, ao invés de métodos legais, para resolver disputas. Não há requisitos específicos para tornar-se um membro, embora possa acontecer de as gangues individuais terem estabelecido suas próprias regras. A 7 Yakuza é formada por jovens que foram abandonados por seus pais, pessoas que não conseguiram, ou que por vontade própria não querem, ajustar-se ao rígido e opressor sistema de educação, e por refugiados de outros países próximos ao Japão. As tatuagens são vistas como um símbolo de afiliação à Yakuza, e ainda são desaprovadas por muitas pessoas, no Japão. Pessoas com tatuagens que vão a onsens (termas), piscinas e outras dependências públicas de banho podem ser impedidas de entrar, ou pode-se requisitar que cubram a tatuagem. Isso pode aplicar-se também a estrangeiros, não apenas aos japoneses, tamanho o estigma ligado às tatuagens. Geralmente, os membros da Yakuza irão ostentar um símbolo do grupo ou clã. Diz- se que a razão pela qual a Yakuza usa tatuagens deve-se ao fato de que os Bakuto (apostadores) tatuariam em seus braços um círculo preto, a cada vez que cometessem um crime. Mais tarde, passou a significar a indisposição em agir em conformidade às regras e normas da sociedade. Uma prática curiosa dos yakuzas é o Yubitsume. Corta-se um de seus dedos e envia-o ao 'Kamicho' (chefe), como pedido de desculpa por desobediência. Na primeira vez que isso é feito, é cortada a ponta do dedo mindinho, depois do próximo dedo, e assim sucessivamente. Essa prática se originou dos Bakuto. Quando um apostador não tinha como pagar uma dívida, a ponta de seu dedo mindinho era cortada, e isso fazia com que fosse difícil para a pessoa segurar uma espada no futuro. Importante: Influência na Bolsa de Valores Itália – Camorra, Cosa Nostra, Sacra Corona Unita e Ndrangheta A Camorra é uma organização mafiosa da cidade de Nápoles, na Itália. Suas atividades variam: agiotagem, extorsão, contrabando de cigarros, tráfico de drogas, importação irregular de carne, jogo clandestino e produção de cimento na região da Campania. Sempre foi muito integrada ao tecido social, sobretudo 8 junto às camadas mais pobres, e uma de suas estratégias para ganhar prestígio é o clientelismo político. Imagina-se que a organização conte atualmente com cerca de 110 famílias e 7 mil afiliados, que movimentam por ano na Itália cerca de 587 milhões. Surge na década de 1820, época do domínio dos Bourbon, nas lotadas cadeias de Nápoles tendo como objetivo a proteção dos prisioneiros. Mais tarde, num raro ato de motivação política, a Camorra associou-se ao Movimento do Nacionalista de Giuseppe Garibaldi e ajuda na expulsão da dinastia reinante dos Bourbon e na associação de Nápoles à nova Itália Unida. Após a Unificação, e dado o poder que atingiram, houve a infrutífera tentativa de integrar os camorristi nos carabinieri napolitanos. Assim, a Camorra praticamente governava Nápoles e as cidades circundantes, até às primeiras décadas do século XX. A chegada ao poder do governo de Benito Mussolini levou a sociedade camorristi até perto da extinção, com uma política de repressão e de assassinatos. Após o final da 2ª Guerra Mundial, a Camorra foi ressurgindo, e tem hoje, de novo, um peso muito forte na vida da cidade de Nápoles. Pesquise: Empresas de Coleta de Lixo e influência no surgimento de organizações criminosas em outros países. A Cosa Nostra é a mais clássica e misteriosa das máfias. Funciona sob a gerencia dos capos e suas famílias. Não se considera uma organização criminosa, mas sim uma junta de homens valorosos que luta pela manutenção da ordem em sua região quando o governo local é incapaz de fazê-lo. No início do século XX, estende sua influência para a América com a emigração das famílias para os EUA. Seu poder se fortalece na década de 30 com a Lei Seca, quando faturaram grandes somas com a venda ilegal de bebidas alcoólicas. A Cosa Nostra protagonizou verdadeiras guerras entre clãs mafiosos na disputa pelo domínio de segmentos criminosos. Pesquise: Cosa Nostra Americana Leitura Recomendada: http://www.hsw.uol.com.br/ - Como funciona a Máfia Italiana? 9 Rússia – KGB e Organizatsiya A KGB (Komitet Gosudarstvenno Bezopasnosti) ou Comitê de Segurança do Estado, era a principal agência de inteligência e segurança da extinta URSS. Criada em 1954, a agência teve um papel importantíssimo no contexto da Guerra Fria, pois servia de apoio aos interesses soviéticos, da mesma forma que a CIA atuava para os EUA. Para se ter uma idéia, a agência dispunha de trezentos mil soldados, carros blindados, caças e barcos, possuindo também total independência de atuação em relação às outras forças do exército, marinha e aeronáutica. Com o fim da URSS, os ex-agentes da KGB, desempregados, passam a se dedicar ao crime organizado, prostituição, tráfico de drogas e de armas unindose à Organizatsiya. A utilização da rede de contatos do antigo serviço secreto tornou a máfia russa ainda mais discreta e dificultou o seu combate. É importante ressaltar que a KGB em si nunca foi criminosa, seus ex-agentes é que se uniram à máfia. Fortalecida pelos novos colaboradores, a Organizatsiya tornou uma das mais temidas máfias. Ao contrário de outras organizações criminosas, não limita sua atuação a um só território e não seguem um determinado líder, muitas vezes diferentes grupos estarão a trabalhar na mesma área. Esta falta de territorialidade torna-os muito mais mortal do que os seus homólogos. Sua principal atividade é o contrabando de armas e drogas. Suas outras atividades incluem fraude, extorsão, chantagem, furto, homicídio e rapto. Pesquise: Esquadrão da Morte, Ligação entre Máfia e Vladimir Putin e influência em outros países. China – Tríades Tríade é o nome que se dá a diversas sociedades secretas criminosas chinesas. As Tríades têm em comum o juramento de fidelidade, regras rígidas, uma relação familiar entre os membros, o compromisso de mútua ajuda, uma hierarquia de funções, e filiação hereditária. 10 Suas principais atividades são a prostituição, o tráfico de drogas e pessoas, pirataria, lavagem de dinheiro entre outros. Atuam principalmente em cidades de grande concentração de imigrantes chineses. Pesquise: Prostituição e imigração ilegal no ocidente. Máfia Nigeriana Máfia nigeriana é uma expressão genérica para designar o tráfico de drogas praticado em países da costa ocidental africana, como Gana, Senegal e Nigéria. Suas atividades incluem tráfico de pessoas e prostituição. É considerada um dos principais braços criminosos no mundo. Pesquise: Atuação na América do Sul e Conexão com máfias italianas. Máfia Mexicana Surge em meados de 1950 nas prisões estadunidenses. Inspirados na máfia italiana, os detentos mexicanos se organizam em grupos que atuam no tráfico de drogas e cometem extorsões e homicídios dentro e fora dos presídios. Pesquise: Ligação com a Ndrangheta 11 Tráfico de Pessoas O tráfico de pessoas é um fenômeno complexo e multidimensional. Atualmente, esse crime se confunde com outras práticas criminosas e de violações aos direitos humanos e não serve mais apenas à exploração de mãode-obra escrava. Alimenta também redes internacionais de exploração sexual e retirada de órgãos. Segundo dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT), o lucro anual produzido com o tráfico de pessoas chega a 31,6 bilhões de dólares. Levantamento do UNODC mostra também que, para cada ser humano transportado de um país para o outro, o lucro das redes criminosas pode chegar a US$ 30 mil por ano. Estimativas da OIT assinalam que durante o ano de 2005 o tráfico de pessoas fez aproximadamente 2,4 milhões de vítimas. A OIT estima que 43% dessas vítimas sejam subjugadas para exploração sexual e 32% para exploração econômica. 12 Prostituição O crime organizado globalizou a prostituição. A maioria das pessoas recrutadas para o tráfico de seres humanos voltado para a exploração sexual sai das ex-republicas soviéticas, da África Ocidental e do Sudeste Asiático. Há muitos ganchos para atrair estas mulheres. Na maioria das vezes, são outras mulheres, ligadas de alguma maneira com o âmbito familiar da vítima, e que têm a confiança da vítima, como vizinhas ou até mesmo membros da própria família. Apresentam uma oferta de emprego bem remunerada no exterior, ou em seu país, mas longe da família. Os captadores também recorrem a táticas como a publicação de anúncios, nos quais o trabalho a desenvolver não está claramente especificado, testes de elenco para trabalhar no mundo da publicidade, ou como modelos, e até seqüestros. Quando as mulheres chegam no seu ponto de venda já têm uma divida contraída, pois todas as suas despesas foram pagas pelo aliciador, elas não sabem falar a língua do país em que estão e não tem nenhum conhecido por perto. Ameaçadas e sem opção só resta a essas mulheres cederem a esses aliciadores e trabalharem com a prostituição. O tráfico de mulheres é uma forma moderna de escravatura. A pobreza, o desemprego, bem como a ausência de educação e de acesso aos recursos constituem as maiores causas do surgimento do tráfico de seres humanos. Sabe-se que cerca de quatro milhões de pessoas são traficadas anualmente no mundo. Segundo estimativas da Federação Internacional Helsinque de Direitos Humanos da ONU (Organização das Nações Unidas). O Brasil contribui para a formação desse assombroso número com cerca de 75 mil mulheres que são exploradas sexualmente na União Européia, representando 15% do total de mulheres exploradas nesses países. Por isso, o Brasil detém o título de maior exportador de mulheres para fins de exploração sexual comercial da América do Sul. O tráfico de mulheres gera receitas anuais de US$ 32 bilhões no mundo todo, e 85% desse dinheiro vem da exploração sexual, que só na América Latina e no Caribe fez 100 mil vítimas em 2006. Uma mulher pode ser "vendida" para uma rede de exploração sexual por entre US$ 100 e US$ 1,6 mil. 13 As vítimas das organizações que traficam pessoas para obrigá-las prostituíremse geram um lucro líquido de US$ 13 mil para seus exploradores, disse o funcionário italiano. Já os aliciadores são majoritariamente do sexo masculino, sendo que 59% deles têm idade entre 20 e 56 anos. A Pesquisa sobre Tráfico de Mulheres, Crianças e Adolescentes para Fins de Exploração Sexual Comercial no Brasil (Pestraf) apontou para a existência, no âmbito nacional, de um total de 161 aliciadores, dos quais 52 são estrangeiros e 109 brasileiros. Curiosamente, a pesquisa também identificou 66 agenciadoras do sexo feminino, compondo 41% do total de 161 aliciadores encontrados. Ao que tudo indica a rede criminosa mais ligada a esse à exploração sexual, pelo menos em países da América Latina é a máfia russa que tem inclusive bancas de jornal para atraírem e abordarem e forma mais discreta mulheres das mais variadas idades. Normalmente as mulheres aliciadas na América são enviadas para a Europa. As brasileiras normalmente são enviadas à Espanha. Já as mulheres que vieram de países que falam espanhol são enviadas para a Grécia, por exemplo. Outros motivos para que a prostituição tenha de desenvolvido tanto foram as guerras. A prostituição militarizada existe nos arredores das bases dos Estados Unidos nas Filipinas, Coréia do Sul, Tailândia e outros países há muito tempo. Mas, desde que os EUA começaram a deslocar forças para muitos países muçulmanos já não podem permitir a prostituição destinada ao seu pessoal de maneira tão aberta. A mobilização das forças militares norte-americanas na Guerra do Golfo, na Guerra do Afeganistão e na Guerra do Iraque estimulou a prostituição de mulheres no Oriente Próximo. Outra mudança importante é a dependência das forças armadas dos EUA dos chamados “contratistas privados”, que já ultrapassam o número de soldados no Iraque. A opinião pública começou a prestar atenção no papel dos contratistas nas zonas onde os norte-americanos realizaram ações militares. Menos atenção foi dedicada, entretanto, à forma que os contratistas estão dando à natureza da prostituição militarizada. No exemplo mais conhecido, funcionários da DynCorp foram descobertos quando traficavam mulheres na Bósnia, e há indícios que sugerem que o mesmo pode estar ocorrendo no Iraque. 14 Regimes ditatoriais também são fortemente ligados a esse crime uma vez que as ligações desconhecidas com redes criminosas os favorecem, no entanto alguns favores devem ser prestados e o tráfico de pessoas para o trabalho forçado ou para “favores sexuais” acabam sendo vantajosos para os dois lados. Na virada dos séculos XX e XXI, uma explosão de tratados internacionais, programas de cooperação entre países, relatórios oficiais, ONGs, pesquisas acadêmicas, notícias jornalísticas e outras produções discursivas trataram de constituir o tráfico de pessoas como um problema buscando soluções efetivas para um crime que ao mesmo tempo que gera muito lucro traz uma série de problemas sociais. 15 Trabalho escravo e infantil O uso de mão-de-obra escrava tem como principal objetivo minimizar a responsabilidade do dono da fazenda ou da indústria e produzir a um custo muito baixo. A exploração do trabalho forçado gera anualmente lucros de U$S 31,6 bilhões em todo o mundo. No total, 12,3 milhões de pessoas são vítimas dessa atividade ilegal, sendo que entre 40% e 50% são crianças. Os números estão no relatório "Uma Aliança Global contra o Trabalho Escravo", divulgado hoje pela Organização Internacional do Trabalho (OIT). De acordo com a OIT, o conceito de trabalho forçado engloba a exploração de mão-de-obra escrava. O trabalho escravo se refere ao trabalho forçado encontrado nos mais diversos segmentos, desde a indústria até as áreas rurais esse tipo de crime existe. Uma das principais conclusões da OIT é que, do total de pessoas vítimas do trabalho forçado, 9,8 milhões são exploradas por agentes privados e 2,5 milhões são forçadas a trabalhar pelo Estado ou por grupos rebeldes militares. Antigamente o que se via era que o Estado, muitas vezes, explorava o trabalho forçado. Hoje o que se nota é o crescimento dessa exploração por parte do setor privado, empresas e pessoas, geralmente para a obtenção de lucro. As organizações criminosas hoje além de trabalharem com os crimes que todos já conhecem também têm indústrias e utilizam dessa mão-de-obra escrava como meio de se esconderem de crimes ambientais, por exemplo, e também para produzirem sem ter que pagar a mão-de-obra, pois eles sabem que assim poderão vender a um preço mais barato que o concorrente e assim o lucro é mais garantido. Pela primeira vez, as taxas de trabalho infantil no mundo, principalmente nas piores formas, caíram. Houve redução de 11,5% no índice de trabalhadores de 5 a 17 anos entre 2000 e 2004, chegando a 217,7 milhões naquele ano. A queda de envolvidos em trabalho perigoso foi de 26,1% no período. Mesmo assim, continuam empregados em serviços perigosos cerca de 126,3 milhões de crianças e adolescentes entre 5 e 17 anos. As regiões com o melhor ritmo de diminuição do trabalho infantil foram a América Latina e o Caribe. 16 Na outra ponta, com o maior número de crianças envolvidas em atividades econômicas está a África Subsaariana, com 26 crianças trabalhando para cada grupo de 100 na região. Na América Latina, por exemplo, essa proporção é de 5 para cada 100 crianças. Os dados são parte do "Relatório Global 2006", divulgado ontem pela OIT. O último relatório semelhante a esse é de 2002. Casos de crianças trabalhando de forma forçada são muito comuns em países que crescem de forma vertiginosa nos últimos anos como é o caso da China. Produtos feitos de uma forma incrivelmente rápida e vendidos a um preço relativamente baixo podem indicar o uso de mão-de-obra infantil. Embora no mundo o número de crianças trabalhando esteja diminuindo na China a situação é diferente: O problema do trabalho infantil na China é agravado pela pobreza, por brechas legais e por erros no sistema educacional rural. O estudo, baseado em dados recolhidos em 2005, diz que as indústrias eletrônicas, têxteis, alimentícias, de plásticos e de brinquedos são as que mais utilizam a mão-de-obra infantil especialmente de meninas, que são menos escolarizadas. 17 Tráfico de Órgãos A demora na espera por um orgão vem estimulando o comércio de desses, principalmente na internet, um caminho aberto para as negociações. O comércio, embora proibido por lei, é uma solução tentadora para os doentes em situação de desespero, cujo tempo de vida está se esgotando. Com um doador particular, ele não precisa esperar na fila e pode receber o órgão imediatamente se os testes indicarem que existe compatibilidade. O passo seguinte é buscar autorização judicial, obrigatória no caso de transplantes entre não parentes. Para concretizar a operação, basta que doador e receptor se declarem amigos perante o juiz. Como a fiscalização é falha, dificilmente se consegue desvendar a mentira. A decisão de vender um rim não é fácil. Quem segue esse caminho normalmente está tomado pelo desespero da falta de dinheiro. O comércio de órgãos pode acontecer de duas formas: o doador usa a internet para oferecer geralmente seu rim de forma direta, ou as redes criminosas fazem a ligação entre o doador e o individuo que esteja precisando de um órgão. Em alguns casos o oferecimento de uma parte do próprio corpo é voluntária. No entanto, em alguns casos, pessoas são seqüestradas e tem partes de seu corpo retiradas justamente para garantir a venda e conseqüentemente o lucro aos criminosos. Esse tipo de crime é difícil de ser controlado, pois além de existirem médicos que participam do procedimento, existem também policiais que auxiliam no transporte do órgão, sem contar que em grande parte dos casos o órgão é doado de livre e espontânea vontade. Em média quinze mil rins são transplantados por meio do 18 tráfico de órgãos. Tráfico de Armas Os conflitos armados na África e na Ásia são uma porta aberta para o tráfico de armas, pois além de ser uma venda garantida tem acesso facilitado uma vez que sempre um dos lados comanda de alguma forma as fronteira do país. Estima-se que cerca de US$ 4 bilhões são gastos com o comércio de armas leves, sendo que US$ 1 bilhão é ilegal. 30 milhões dessas armas circulam pela África e são responsáveis pela morte 500 mil pessoas por ano. O comércio dessa modalidade cresce vertiginosamente no mundo e é responsável pela instabilidade político-social de diversas de nações. E há uma incrível uma facilidade de transportar, manejar, fazer a manutenção e comprar essas armas, pois são baratas, pequenas e sempre há algum tipo de acordo que facilite sua entrada nos países. A indústria bélica financia boa parte do governo dos países pertencentes ao G8, movimentando US$ 20 bilhões ao ano. 19 Tráfico de Drogas Tráfico internacional de drogas cresceu espetacularmente durante os anos 80, até atingir, atualmente, uma cifra anual superior a US$ 500 bilhões, superando os proventos do comércio internacional de petróleo. O narcotráfico é o segundo item do comércio mundial, só sendo superado pelo tráfico de armamento. Estes são índices objetivos da decomposição das relações de produção imperantes: o mercado mundial, expressão mais elevada da produção capitalista, está dominado, primeiro, por um comércio da destruição e, segundo, por um tráfico declaradamente ilegal. Dentro do mundo do tráfico existe o tráfico de drogas lícitas e de drogas ilícitas. Aparentemente, se a droga é lícita nao haveria motivo para traficá-la, porém a sonegação de impostos sobre o transporte de cigarros por exemplo gera muito dinheiro e por tanto é muito vantajoso para a indústria de narcóticos que o tranporte ilegal de seu produto ocorra, pois dessa forma muito será economizado. No atacado ou no varejo, os traficantes tentam levar suas “mercadorias” aos consumidores. E “fregueses” não faltam. Eram mais de 200 milhões de usuários de drogas no mundo em 2006, segundo o Relatório Mundial de Drogas do UNODC. Isso representa cerca de 5% da população entre 15 e 64 anos. As substâncias mais usadas são maconha, haxixe, cocaína, heroína e drogas sintéticas. De acordo com o relatório, foram produzidas no mundo 45 mil toneladas de maconha em 82 países. A ONU registrou o tráfico dessa droga em pelo menos 146 países, ou seja, em praticamente todos os países do mundo. O que resulta num mercado que movimenta anualmente cerca de 800 bilhões de dólares no planeta. A maconha é a droga mais consumida e produzida no mundo com 165,5 milhões de usuários e com uma produção anual de 41,2 mil toneladas por ano. No entanto, a produção de maconha é proibida. Desse modo, a Holanda, como outros países, enfrenta os problemas que acompanham o mercado negro, inclusive a delinqüência e a violência ligadas à proibição. 20 O tráfico de maconha está penetrando na economia legítima. Os bancos financiam os cultivos de maconha, as empresas financiam a pesquisa universitária de métodos agrícolas e o Tesouro holandês tira proveito das vendas nos cafés. A maconha não é a única droga interessante para as redes criminosas, pois mesmo sendo a mais produzida é a mais barata. Drogas como a cocaína e a heroína geram maior lucro e maior contribuição indireta ao PIB de alguns países, fato que facilita o transporte da droga de um país para o outro. Os narcotraficantes latino-americanos utilizam cada vez mais as vias da África Ocidental e da Europa Oriental para transportar cocaína aos traficantes europeus que representam o segundo maior mercado do mundo depois dos EUA, segundo a Junta Internacional de Fiscalização de Entorpecentes (Jife). A Jife estima que quase um terço das 40 toneladas de cocaína que chegam anualmente à Europa passa pela África, aproveitando a fragilidade dos Estados no continente. A Heroína colabora indiretamente com 57% do PIB do Afeganistão. Um quilo de ópio vale US$ 82 para as 509 mil famílias camponesas do sul do Afeganistão, que produzem 92% dessa droga no mundo. Ela vai para a fabricação de heroína, que basicamente é ópio concentrado. Há quem acredite que o governo Afeganistão esteja diretamente ligado ao cultivo do ópio e ao processo de transporte de heroína, pois mesmo causando um série de problemas sociais é o que garante mais da metade da riqueza do país e alimenta boa parte da população daquela região que já é extremamente pobre. É preciso muita atenção quando se discute a proibição, a liberação ou a posição de um Estado em relação à produção de drogas ilícitas, pois para alguns gera problemas sociais e desempregos, para outro gera riqueza e garante que uma menor parcela da população passará fome, quando as o grande objetivo das redes criminosas é garantir lucro seja qual for o segmento. Portanto, enxergando no tráfico de pessoas ou de drogas uma oportunidade, as organizações criminosas irão atuar e até brigar entre si para decidir quem fica com o melhor ponto de compra e venda. 21 Posicionamento de Blocos Itália: Peça chave na questão relacionada a grandes redes criminosas internacionais, uma vez em que a Camorra e a Máfia siciliana integram as principais máfias sob tensão mundial. Nem sempre o país assume uma posição radical quanto às máfias, seu ponto de vista varia de acordo com os seus interesses internacionais. Japão: A yakuza engloba mais que o mundo oriental, sendo que suas influencias são nitidamente percebidas no ocidente, no caso das questões socioeconômicas nas quais essa máfia atua. A posição do Japão perante a influência da Yakuza, algumas vezes a favorece, porém oficialmente o país é contra o crescimento da mesma. EUA: Em seu território agem filiais das máfias usando os Estados Unidos como uma expansão das suas fronteiras de negócios. O país oficial e ativamente é contra toda e qualquer ação de origem mafiosa. Brasil: Trata-se de uma nação chave relacionado-a grandes redes criminosas presentes na América do Sul, ou no caso, no Mercosul e agregados. Além de ser um mercado consumidor para os encarregados ao tráfico de drogas, o Brasil é uma zona de “escoamento” do tráfico de pessoas ocorrido na América do Sul, e também um local aonde ocorre livremente o tráfico de órgãos humanos para a Europa e agregados. A posição oficial do país é de combate às redes internacionais de tráfico, porém enquanto é favorável para o país e favorável para a corrupção, essa questão não representa uma preocupação nacional. Colômbia e Peru: Nações ícone em relação ao tráfico de drogas. Além da sua facilidade para escoar o tráfico através do oceano atlântico ou pacífico, o país conta também com a representação de algumas máfias e também com a influência regional de máfias ligadas exclusivamente ao tráfico de drogas. Sua posição é um tanto questionada, porém, oficialmente, os governos se mantêm 22 contra o tráfico de drogas. Ambos enfrentam guerrilhas financiadas pelo narcotráfico em seus territórios, as FARC e o Sendero Luminoso, respectivamente. Rússia: O crime organizado ganhou força nos últimos quinze anos. O país reconhece que sua economia, principalmente nos setores da pesca, mineração e indústria florestal, é dominada pela Organizatsya. Holanda: Assim como a Colômbia, um dos principais representantes do tráfico de drogas, uma vez em que certos tipos de drogas são legalizados no seu território e de fácil acesso à população e turistas. O país é receptador do tráfico de pessoas e órgãos provenientes da América do Sul e a um país intermediário na questão do tráfico de órgãos presente na Europa. China: Não se sabe ao certo a posição chinesa em relação ao crescimento e a expansão de suas tríades. Ratificou a Convenção das Nações Unidas Contra o Crime Organizado. Instrução para DPOs O Documento de Posição Oficial deverá constar de uma só lauda (página) e deverá responder as seguintes perguntas: * Existe alguma máfia ou organização criminosa oriunda do seu país? * Seu país sofre influencia das redes criminosas? * Como o posicionamento de outros países afeta o seu? * Quais as ações da ONU apoiadas ou rejeitadas pelo seu país em relação ao tema? * Existem medidas internas para o combate ao problema? * Qual a expectativa do seu país para o comitê? 23