Doença Pulmonar Ocupacional
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Doença Pulmonar Ocupacional
http://www.medipedia.pt/home/home.php?module=artigoEnc&id=927&action=letra&search=D Doença Pulmonar Ocupacional Anos a inalar fibras de amianto, pó de carvão, sílica e as poeiras de têxteis como o algodão, o linho, o cânhamo ou o sisal — e até bolores de excrementos de pássaros ou banhos quentes — podem prejudicar os pulmões, provocando uma doença pulmonar ocupacional. Esta pode resultar em insuficiência respiratória, insuficiência cardíaca direita e hipertensão pulmonar (pressão elevada nos pulmões). Pulmão negro, uma doença que afecta os mineiros de carvão, é um dos problemas mais conhecidos, mas a forma mais comum de doença pulmonar ocupacional é a asma ocupacional. CAUSAS Respirar várias toxinas ao longo do tempo resulta em inflamação ou edema dos alvéolos (bolsas de ar) e do interstício pulmonar, a sua estrutura de apoio nos pulmões. A repetição da inflamação acaba por resultar em cicatrizes, o que torna os pulmões menos flexíveis e faz com que os alvéolos deixem de ser eficientes na transferência do oxigénio para o sangue. Asma ocupacional. Este tipo de asma, a doença pulmonar ocupacional mais comum, resulta da exposição a substâncias irritantes no local de trabalho. Também pode exacerbar casos de asma existentes. Cancro do pulmão ocupacional. O cancro mais frequente resultante da exposição ocupacional é o cancro do pulmão e cerca de 10 por cento dos cancros do pulmão, da traqueia e dos brônquios são causados por toxinas no local de trabalho. Em todo o mundo, 20 a 30 por cento dos homens e 5 a 20 por cento das mulheres em idade útil estiveram expostos a agentes carcinogénicos no trabalho. Asbestose. Os trabalhadores da construção e da indústria expostos a asbesto (amianto), antigamente usado para isolamento, podem vir a ter asbestose. Esta pode piorar progressivamente e pode ser fatal. Mesotelioma. A exposição ao amianto também pode provocar este cancro raro e incurável da pleura. O risco é particularmente maior em pessoas que estão expostas e também fumam. Bissinose. Também chamada pulmão castanho ou dos trabalhadores do algodão, a bissinose resulta da inalação de poeiras do processamento de cânhamo, linho e algodão. Milhares de trabalhadores têxteis foram afectados por esta doença que envolve obstrução das vias respiratórias de pequeno calibre. É comum em países em vias de desenvolvimento, mas menos nas nações industrializadas. Pneumoconiose dos carvoeiros. Mais conhecido por doença do pulmão negro, este problema é provocado pela inalação de pó de carvão, que acaba por ficar retido nos pulmões, fibrosando os tecidos envolventes. Afecta quase 3 por cento de todos os mineiros de carvão e 0,2 por cento têm a forma mais grave da doença. Silicose. Este problema é provocado pela inalação de sílica, um cristal comum e que existe naturalmente. Os trabalhadores em minas, fundições, operações de dinamitação e pedra, barro e fabrico de vidro podem estar expostos. A silicose aumenta o risco de desenvolver tuberculose activa. Pneumonite de hipersensibilidade. Os esporos dos fungos de feno com bolor, excrementos de pássaros ou outras poeiras orgânicas provocam este problema, que é o resultado da inflamação dos alvéolos dos pulmões que eventualmente leva ao desenvolvimento de tecido fibroso com cicatrizes. Doença pulmonar dos trabalhadores das fábricas de pipocas. A exposição ao diacetilo, um ingrediente libertado pelo aromatizante artificial de manteiga usado nas pipocas preparadas em microondas, tem causado tosse crónica e dispneia, bem como bronquite e asma. Doença pulmonar do World Trade Center. Os trabalhadores expostos a uma variedade de materiais durante e depois do colapso do World Trade Center adquiriram uma tosse persistente e outros problemas respiratórios. O pó de cimento pode ter sido em parte responsável por danos nas vias respiratórias. PREVENÇÃO Usar uma máscara, um filtro respiratório ou outra protecção pode ajudar a reduzir a quantidade de toxinas inaladas. Radiografias anuais ao tórax dos trabalhadores em risco podem permitir identificar a doença nas suas fases iniciais. Pode ser necessário mudar de actividade. Dado que fumar ou aumenta o risco para muitos tipos de doença pulmonar ocupacional ou pode piorar os sintomas, é importante não fumar. DIAGNÓSTICO Dispneia, tanto em repouso como com exercício, e uma tosse crónica são os principais sintomas de todos os tipos de doença pulmonar ocupacional. Nalguns casos, podem ocorrer dores no tórax, uma sensação de aperto torácico ou respiração sibilante. À medida que a doença pulmonar ocupacional se torna mais grave, todos os tipos de actividade se tornam difíceis, se não impossíveis, de realizar. O médico regista a história clínica para avaliar as exposições a toxinas no local de trabalho ou em resultado de passatempos ou outras actividades. Por exemplo, os indivíduos podem ter estado expostos a fibras de amianto provenientes das roupas que os seus cônjuges traziam vestidas para casa quando vinham do trabalho. Auscultar os pulmões com o estetoscópio pode revelar ruídos anormais de respiração. Outros testes que podem ser necessários incluem radiografias ao tórax, TC torácica, teste da função pulmonar, medições dos níveis de oxigénio no sangue, broncoscopia e, raramente, biopsia cirúrgica dos pulmões. TRATAMENTOS Não há cura para a doença pulmonar ocupacional, mas os sintomas podem ser tratados. Todavia, em primeiro lugar, a exposição à substância agressora tem de ser imediatamente suspensa para impedir a doença de evoluir. Oxigénio. Um suplemento de oxigénio pode aliviar os sintomas. Cinesiterapia respiratória. Técnicas como a drenagem postural (em que uma postura específica do corpo ajuda a drenar expectoração dos pulmões), percussão torácica (palmadas) e vibrações podem remover a expectoração dos pulmões. Medicação. Pode ser necessário prescrever corticosteróides para casos graves de doença pulmonar, mas o facto é que estes medicamentos têm o potencial para provocar efeitos secundários a curto e a longo prazo que são não só desconfortáveis como graves. Quando necessário, são administrados antibióticos para infecções respiratórias. Estes fármacos, tomados por via oral ou com um inalador, podem melhorar a circulação do ar. Transplante de pulmão. Nalguns casos avançados e graves, a única opção poderá ser um transplante de pulmão. Cessação tabágica. Como fumar piora todas as doenças pulmonares, é fundamental deixar de fumar. Exercício. A actividade fisica e os exercícios respiratórios podem ser úteis. Existem muitos programas de educação de pacientes para doentes com doença pulmonar crónica. Grupos de apoio. Pode ser útil aderir a um grupo de apoio para partilhar experiências com os outros e para aprender mais acerca dos tratamentos e das alterações do estilo de vida. Factores de risco: Tabagismo Duração da exposição ocupacional Profissões de risco: Mineiros de carvão Trabalhadores têxteis Limpadores com jacto de areia Trabalhadores da construção Trabalhadores em fundições Trabalhadores de pedreiras Fabricantes de vidro