ANUAL DE ERGULHO Curso Básico 1 Estrela
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ANUAL DE ERGULHO Curso Básico 1 Estrela
CONFÉDÉRATION MONDIALE DÉS ACTIVITÉS SUBAQUATIQUES MANUAL DE MERGULHO WORLD UNDERWATER FEDERATION Curso Básico 1 Estrela MANUAL DE MERGULHO PREFÁCIO HOBBY OU ESPORTE? AFINAL, O QUE SIGNIFICA MERGULHAR? LAZER, PASSATEMPO, TRABALHO OU HOBBY? Todas as alternativas são válidas, no entanto diríamos que há "um algo mais", que nos aguarda nessa aventura. Mais que um esporte ou um hobby; o mergulhador procura uma interação com um novo meio, o meio subaquático, esse universo paralelo e silencioso, num maravilhoso contraste de cores e formas de vida que pertencem a um ecosistema racional e justo, ao qual nos interrelacionaremos por meros instantes, mas que nos fascinará por muito tempo. Diante de tal universo, sentiremos uma sensação única e indescritível, estreitos laços de sobrevivência nos envolverão, sentiremos então um incontrolável desejo de voar (que não nos foi concedido em terra), porém não mais necessitaremos de asas para realizá-lo. APENAS NADADEIRAS... -2- MANUAL DE MERGULHO ÍNDICE Histórico do Mergulho .............................................................................. 05 Equipamentos de Mergulho ..................................................................... 08 FÍSICA APLICADA AO MERGULHO Conceito de Pressão................................................................................ 19 Pressão Hidrostática e Pressão Relativa ................................................. 19 Pressão Absoluta..................................................................................... 20 Lei de Boyle & Mariotte ............................................................................ 20 Lei de Henry ............................................................................................ 21 Curva de Segurança ................................................................................ 22 Princípio de Arquimedes .......................................................................... 23 Aquacidade.............................................................................................. 24 A Visão Subaquática e Visibilidade .......................................................... 25 Absorção das Cores na Água .................................................................. 26 FISIOLOGIA DO MERGULHO LIVRE Hiperventilação ........................................................................................ 27 Técnicas de Hiperventilação .................................................................... 28 Riscos da Hiperventilação ....................................................................... 29 Hidrocução .............................................................................................. 30 Hipotermia ............................................................................................... 30 Barotrauma Pulmonar Total ..................................................................... 31 Sistema de Imersão dos Mamíferos......................................................... 31 FISIOLOGIA DO MERGULHO AUTÔNOMO Barotraumas ............................................................................................ 33 -3- MANUAL DE MERGULHO E. T. A. – Embulia Traumática Pelo Ar ..................................................... 39 Intoxicação Pelo Oxigênio ....................................................................... 40 Intoxicação Pelo Gás Carbônico .............................................................. 41 Intoxicação Pelo Gás Sulfídrico e Monóxido de Carbono......................... 42 Intoxicação Pelo Nitrogênio ..................................................................... 43 Síndrome Neurológica das Altas Pressões e D.D. ................................... 45 Consumo de Ar ........................................................................................ 49 TABELAS DE MERGULHO Introdução................................................................................................ 51 Definição dos Termos .............................................................................. 52 Tabela de Mergulho Repetitivo ................................................................ 53 Sinais ....................................................................................................... 61 ECOLOGIA Salinidade e Temperatura ........................................................................ 62 Pressão e Densidade............................................................................... 63 Composição Química da Água do Mar .................................................... 63 Características do Sedimento Marinho .................................................... 63 DISTRIBUIÇÃO DOS SERES MARINHOS Peixes ...................................................................................................... 65 Esponjas .................................................................................................. 66 Classes Scyphozoa e Anthozoa .............................................................. 67 Artrópodes ............................................................................................... 69 Moluscos ................................................................................................. 70 Equinodermos.......................................................................................... 72 Cartilaginosos .......................................................................................... 74 Ósseos .................................................................................................... 75 -4- MANUAL DE MERGULHO HISTÓRICO As primeiras descobertas de alguma atividade subaquática foram encontradas nas cavernas de HEINDRICH, (Alemanha) no ano de 1967, onde se via homens armados com arpões e na boca algo parecido a um tubo respirador, na atitude de perseguir alguns peixes. Outro dado interessante é que, nas ruínas do palácio do rei persa Assurbanipal II, uma figura em baixo relevo mostra um guerreiro provisto de um odre (saco) de carneiro, este embaixo de seu peito, tal como um saco respirador em natação. Em Creta houve manifestações de atividades subaquáticas, mas foi na Grécia que atingiu o auge. Na Grécia utilizava-se um aparelho chamado Labeta, um primitivo sino de mergulho. O ar contido em seu interior se comprimia com a água, pôr isto sempre estava à pressão ambiente. No entanto, o maior problema dos sinos primitivo era o acumulado de CO2 em seu interior, devido uma não renovação de ar. Escritos sobre a conquista de Tiro pelas tropas de Alexandre Magno, diziam que os gregos levavam mergulhadores a bordo de suas embarcações, na qual logravam destruir as defesas submarinas dos fenícios. Os mergulhadores gregos se distinguiam dos demais devido as incisões que faziam no nariz e na orelha. Nunca foi encontrada uma razão lógica para isto, mas representava uma espécie de distintivo entre os demais homens, ao qual os gregos rendiam tributos de admiração. Introduziam também na boca e nos ouvidos esponjas embebidas em óleo e quando mergulhavam, mordiam a esponja fazendo sair gotas de óleo, conseqüentemente, estas permaneciam nas cavidades dos olhos por certo tempo; reduzindo assim os erros da refração da água. Aristóteles apresentou alguns estudos sobre os problemas do mergulho, tais como sangramento pelo nariz e ruptura do tímpano. Os romanos, apesar de nenhuma tradição marítima, foram os primeiros a apresentarem uma unidade organizada de mergulhadores de combate: Os URINATORES. Eram jovens atletas que dominavam a perfeita técnica de natação e de mergulho e suas missões mais importantes eram atacar -5- MANUAL DE MERGULHO defesas inimigas, afundar barcos ancorados e levar mensagens por debaixo d'água. Estas unidades chegaram a tal grau de operacionalidade, que foram desenvolvidos engenhos diabólicos, nos quais mutilavam os mergulhadores. Os Urinatores obtiveram a sua primeira atuação nas guerras de Cezar contra Pompeu, no porto de Orique, no Mar Adriático em 49 a.C. Depois da obscura idade medieval, o mergulho teve novo destaque com o renascimento, do qual Leonardo Da Vinci, foi o principal protagonista: Criou a primeira nadadeira, um capuz de couro com um tubo acoplado a buco, cuja altura do respirador era praticamente igual ao que utilizamos atualmente, e outros desenhos muito avançados para a época. Em 1648, o famoso físico francês Blas Pascal, realizou um experimento denominando-o equilíbrio de líquidos, o que originou, mais tarde, o princípio da hidrostática. Em 1652, o físico italiano Afonso Borelli, inventou o primeiro, suposto, equipamento autônomo. Este era composto por um cilindro comprimido carregado manualmente, um projeto muito rudimentar, que não pode demonstrar sua eficácia. O primeiro passo definitivo seria dado em 1819, pelo engenheiro alemão August Siebe, inventor do primeiro equipamento clássico, batizado de escafandro. Entretanto este equipamento só permitia ao mergulhador manter uma posição reta, pois se curvasse permitia que o ar saísse pela parte interna do capacete, tendo como consequência a entrada da água. Poucos anos depois, o engenheiro inglês Willian Henry James, inventou o primeiro equipamento de circuito fechado, onde o ar respirado O2 era reciclado por um filtro de Soda Causodada. Em 1837, Siebe concluiu o seu segundo escafandro, desta vez mais completo, incorporado a um traje de goma ligado por sua vez a um capacete. O êxito foi total, levando muitas marinhas militares e profissionais a adotarem-no. -6- MANUAL DE MERGULHO Anos mais tarde, Augusto Denayroouse, oficial da marinha francesa e Denoit Rouquayrol, engenheiro, inventam um aparato denominado AEROFARO, onde pela primeira vez se REGULAVA AUTOMATICAMENTE a entrada de ar, liberando o mergulhador da dependência da superfície. Foi um aparato muito avançado para a época, entretanto sua autonomia era muito reduzida e a visão do mergulhador restrita, ficando praticamente cego. Em 1925, Le Prieur (francês) baseado no aparato de Denayroouse e Rouquayrol, inventou novo traje. Este era cheio a 150ATM e tinha uma capacidade para 6,5 L., com um mergulhador dotado de duas câmaras. Também de pouca autonomia, este aparato chegou a atingir a profundidade de 50m, embora sua segurança estivesse aquém dos 12m. Apesar de tudo, foi considerado um passo muito importante para o mundo submerso, pois libertou, definitivamente, o mergulhador do cordão umbilical da superfície. 1943 foi o ano histórico para a evolução do mergulho autônomo: Um engenheiro chamado Emile Gagnam, e o então marinheiro Jacques Yves Cousteau, e o jovem esportista que provaria o equipamento Frederic Dumas, entrariam definitivamente para a história do mundo submerso. Tudo aconteceu numa manhã de julho na Costa Azul, Dumas atingiu a profundidade de 63m, com um aparato denominado AQUALUNG. Curiosamente os alemães desenvolviam o aparato DAVIS (circuito fechado) na mesma época. Daí em diante o mergulho autônomo desenvolveu-se de maneira espantosa. Cousteau, juntamente com Dumas e Philippe Tcillez criaram o G.E.R.S. (Grupo de Estudos Recherches Soubmarines). Abordo de um caça-minas da segunda guerra mundial, pesando 360 toneladas, e medindo 42m, batizado de CALYPSO. Percorreram todos os sete marés, realizando inumeráveis estudos e descobrimentos científicos, no qual, recuperaram grande quantidade, de peças e tesouros submarinos de incalculável valor histórico. Chegará o dia que a ficção deixaria de ser um sonho distante, onde cidades inteiras habitaram o mundo marinho.Talvez o homem possa até respirar no meio líquido. A ciência caminha em largos passos, onde o homem estará sempre obrigado a se reciclar e a fantasia se tornará realidade. -7- MANUAL DE MERGULHO EQUIPAMENTOS DE MERGULHO MÁSCARA Existem basicamente, 4 (quatro) tipos de máscaras no mercado. Cada uma apresenta características técnicas, mais adequadas ao estilo de cada mergulhador. A MONOCULAR, BIOCULAR, TRIOCULAR OU QUATROCULAR . O mergulhador ao escolher, deve ter em consideração: A sua anatomia adaptada ao objeto, a finalidade e o bom padrão de qualidade. Enumeramos estes padrões em ordem de importância: A: O vidro deve ser temperado, observar a inscrição TEMPERED GLASS, nunca de plástico ou qualquer outro material. Este deve ficar completamente fixo a moldura, seja ela metálica ou plástica, rígida, montada de tal forma que uma vez colocada conserve um plano paralelo aos olhos do mergulhador. B: Deve ser de metalflex ou silicone. O metalflex, material mais recente , com sua cor escura, ajuda na conservação do efeito "túnel" na visão. O silicone, material mais antigo, tem grandes propriedades fisiológicas é muito utilizado na medicina e cirurgia, é antialérgico e translúcido, evita a clássica visão "túnel", própria com as de metalflex; é suave e flexível, se adaptando muito bem ao rosto sem prejudicar a firmeza e a resistência; suporta melhor os agentes químicos e físicos: salitre, raios solares e variações bruscas na temperatura. C: Boa vedação. Deve assentar-se por completo à pele, acompanhando todas as formas anatômicas da pessoa. O nariz deve estar sempre coberto e de fácil acesso permitindo rapidez e eficiência na compensação. (MANOBRA DE VALSALVA). D: Quanto ao volume interno, deve-se considerar o tipo de mergulho, livre ou autônomo.Se livre, a economia de ar deve ser levada em conta. Se não, a preocupação é desnecessária. -8- MANUAL DE MERGULHO NADADEIRA A nadadeira, fator preponderante para o desempenho natural do mergulho, tem como objetivo principal, melhor deslocamento com menor gasto energético. As nadadeiras devem possuir um traçado oblíquo, com exceção das nadadeiras de competição, onde quanto mais oblíqua, menor será sua área negativa. Devido ao seu traçado, o pé fica em relação a pala, com uma posição muito parecida com a normal e também sua angulação em relação a perna, permite uma maior extensão do tornozelo com esforço menor, comparado a de pala reta. Toda nadadeira deve apresentar "hidrofólios" ou canaletas, responsáveis diretas pela estabilidade do movimento. Uma nadadeira lisa é como um pneu careca. Deve-se, ainda, utilizar nadadeiras que fiquem sempre folgadas, pois uma nadadeira apertada é convite para a caimbra. Deve-se usar também, uma meia, evitando o contato direto com a pele, e conseqüentemente o desgaste precoce desta, pelo atrito (fricção entre dois corpos). Existem atualmente 2 (dois) tipos de nadadeiras no mercado: A: As CONVENCIONAIS: Estas mais antigas possuem um passado muito importante, passado este desbravado por Da Vinci. Assim, estas basearam-se na terceira Lei de Newton. Toda ação tem uma correspondente reação. As convencionais devem seguir critério minucioso na escolha, conforme a necessidade do mergulhador. Podem ser encontrada com a sapata fechada ou aberta, esta segunda necessita o uso de bota ou meia de neoprene , -9- MANUAL DE MERGULHO B: AS JUMBO :Estas são especifica para caçadores, tendo uma pala comprida e delgada, pois sua intenção é mais velocidade com menor consumo. No entanto, esta pala, não deverá ser demasiadamente rígida, pois a sobrecarga para a musculatura posterior da perna seria grande. A flexibilidade deve ser moderada. O mergulhador trabalhador, deve usar uma de pala curta e larga, pois sua necessidade é tração e força. Para quem pratica mergulho livre, pode optar pela pala média (meio termo entre a longa e a curta). O importante é ter consciência da escolha em função da modalidade de mergulho. As nadadeiras de borracha escura são muito boas, tradicionalmente mais antigas, possuem ainda muitos adeptos. As de materiais mais recente como: Polietileno,Silicone, foram elaboradas com a mais alta tecnologia de pesquisa, atingindo resultados de durabilidade e eficiência excepcionais. SNORKEL O snorkel, magnífica invenção, havia sido idealizado por Leonardo Da Vinci, em 1430. Palavra alemã, originária de SCHNORKEL (tubo que fornecia ar da superfície, para submarino alemão), o primeiro snorkel, exibido ao público, foi elaborado por Maxime Forjot (1938). Em 1939 Kramarenko, requereu os direitos do snorkel com válvula que evita a entrada d'água. Sua principal função é permitir que o mergulhador respire, sem precisar sacar a cabeça para fora da água, mantendo sempre um bom ângulo de visão do fundo marinho. Quanto ao seu tamanho e espessura, um bom snorkel não deve ultrapassar o diâmetro de 25mm (1 polegada). Quanto ao seu tamanho, entre 30 e 40cm. Sua curvatura também influi no rendimento. Esta deve ser suavemente acentuada, lembrando a letra "J". O bocal, peça fundamental para um mergulho longo, deve ser de material - 10 - MANUAL DE MERGULHO macio, pois permanecerá durante horas na boca do mergulhador. Recomenda-se o de silicone. Existem dois tipos de snorkel: A: Snorkel comum: Já relatado acima, é o mais simples e o mais usado. Não existe problema de reposição de peças e é de fácil manutenção. B: Snorkel com válvula expurgadora: Mais modernos, mais práticos e mais frágeis. Seu sistema de diafragma sofre um desgaste natural com o tempo, e portanto, a manutenção constante de tais peças não lhe fará bem ao bolso. Levando isto em consideração, a opção permanece pelo sistema mais simples, que além de ser mais barato, dura mais. CINTO DE LASTRO Entende-se por lastro, aumento de peso. Todo corpo que se encontre submerso, se submete a uma força de sentido ascencional, denominada empuxo (Princípio de Arquimedes). Baseado nisto, o mergulhador necessitará de alguns quilos a mais, para obter neutralidade. O bom cinto de lastro, deve ser confeccionado em material tipo nylon, bem resistente. Seu diâmetro não deve ultrapassar 30cm após sua fixação na cintura. Quanto a fivela, aliás, a peça mais importante do cinto, merece cuidados especiais na escolha. Deve ser de soltura rápida e antioxidante, pois numa emergência sua soltura imediata é fundamental. O mergulhador precavido, memoriza sempre o lado da soltura, facilitando assim o escape. - 11 - MANUAL DE MERGULHO Em relação a quantidade de chumbo a ser colocado, é de suma importância que o mergulhador leve em consideração todas as características que irão acompanha-lo neste passeio submarino, tais como: salinidade, constituição física, se usará roupa ou não, etc. Entretanto, existe um cálculo aproximado, baseado na reação peso corporal/quilos de lastro, para cada 40 quilos de massa, 1 quilo de chumbo. Esta relação está muito aquém da precisão, além de não valer para água doce, porém pode-se fazer um mergulho satisfatório, baseado neste conceito. FACA A faca, considerada equipamento básico, é de vital segurança para o mergulhador, devendo, por isso, ser de acabamento impecável: o metal, impreterivelmente inoxidável e de bom calibre e o punho anatômico de boa pegada. É muito importante, também, que ela seja sempre muito bem amolada, em caso de se precisar dela numa ação imediata. Quanto ao uso, não pense que usará contra um tubarão faminto ou numa luta sangrenta contra uma moréia, mas será de grande valia, ao se ver preso em uma rede ou engodo de cabos no fundo do mar. A melhor posição a ser colocada, é a que possibilite o acesso instantaneamente, geralmente, é colocada na face lateral externa da perna. E importante pensar que sua faca deve ter uma flutuação negativa e não ultrapasse 20cm de comprimento. - 12 - MANUAL DE MERGULHO ROUPAS ISOTÉRMICAS A roupa isotérmica, como é conhecida, tem como principal função evitar a perda de calor do mergulhador para o meio líquido, evitando assim problemas isotérmicos. Além disso, serve de proteção para a pele. Classificamos como dois, os tipos de roupas existentes: A: Roupa seca ou de "volume constante". Completamente hermética, o ar em seu interior permanece em equilíbrio com a pressão externa, através de válvulas de entrada de ar. O ar mantido em contato com a pele do mergulhador adquire a função de isolante térmico. Além disso, o mergulhador poder usar roupas comuns por debaixo, e adquire uma mobilidade muito grande. Todas estas características, descritas do trajeseco, o tornam ideal para mergulhos profissionais, mergulhos de larga duração ou em locais de águas contaminadas. Este traje é composto por botas e capuz incorporados numa única peça, fechada por meio de um zíper de aço inoxidável de grande resistência. Certas roupas são dotadas de válvulas anti- retrocesso na altura do joelho, que regulam o possível acumulo de ar na parte inferior do traje. Na parte superior, existe o mesmo dispositivo. Nos modelos mais sofisticados, levam dentro do capuz, um sistema de comunicação com a superfície. Os trajes mais atuais são confeccionados com neoprene de 6,5 a 7,0mm e forrados com nylon. O ar em seu interior, vem através de um tubo de média pressão, que segundo alguns modelos estão colocados na altura do peito do lado esquerdo, se conectando diretamente com o primeiro estágio do regulador. A válvula de segurança vem colocada na parte superior do capuz. Quanto ao volume de ar interior, este se regula perfeitamente por meio de válvulas de admissão: quando o mergulhador quer eliminar o excesso de ar na roupa, basta apenas, acionar as válvulas de escape. - 13 - MANUAL DE MERGULHO B: Roupa Molhada: pode ser fabricada em borracha sintética microcelular (neoprene) ou borracha sintética comum. Com o aparecimento do neoprene, a borracha tornou-se um pouco obsoleto. O neoprene é fabricado em vários tamanhos, que variam de 2 a 9 mm. Pela sua elasticidade, o neoprene funciona como uma segunda pele, tornado-se assim muito confortável. No Brasil, usa-se geralmente neoprene de 5mm, pois nossas águas variam de 12 a 24 graus, sendo esta espessura a mais adaptável a esta amplitude térmica. Devido a confecção do material, o neoprene possui grau de flutuação. Quanto a manutenção, o carinho deve ser especial: a roupa deve ser lavada com água doce e secada à sombra, e em hipótese alguma deve ser guardada molhada: recomenda-se também, não guardá-la por muito tempo dobrada, mas sim pendurada num cabide de pala grossa. CILINDROS O cilindro, considerado equipamento pesado, é o responsável direto pelo desenvolvimento do mergulho. Sua capacidade varia de 3 a 15 litros para garrafa de alumínio e para garrafa de aço de 4 a 18 litros, sendo possível fazer uma dupla do mesmo material. Todas as garrafas levam em seu interior uma proteção anticorrosiva a base de resinas, e no seu exterior, além de ser zincada, aplica-se uma laca nitrosintética garantindo uma duração prolongada (este acabamento varia conforme o critério técnico de cada fabricante). A garrafa deve ser revisada a cada 5 anos, e quando vencida não deverá ser recarregada, Esta revisão compreende também - 14 - MANUAL DE MERGULHO um teste hidrostático onde a garrafa é submetida a uma pressão de prova a 300Kg/c2. Acoplado ao cilindro existe uma torneira onde se liga o regulador. A torneira pode ser com ou sem reserva e precisa de um cuidado especial; ficando muito tempo sem uso, deve-se aplicar uma camada de silicone ou vaselina anti- umidade. Depois de utilizar no mar, o cilindro deverá ser lavado com bastante água doce e secado. Existem hoje em dia garrafas mais modernas apresentando uma carenagem hidrodinâmica de material plástico. AÇO ALUMÍNIO - 15 - MANUAL DE MERGULHO REGULADOR O regulador, peça mais delicada do equipamento de mergulho, necessita de um estudo mais detalhado, que aprofundaremos no próximo guia pedagógico. O regulador tem como função principal, levar o ar a boca do mergulhador numa pressão mais reduzida, composto por mecanismo de precisão a pressão é reduzida duas vezes. A primeira redução, se dá no primeiro estágio reduzindo a 30 ATM, já no segundo estágio a pressão cai para 8 ATM. Existe dois tipos de regulador, o monotraquéia e o bitraquéia ou de uma etapa e duas etapas. COLETE EQUILIBRADOR O colete equilibrador e um equipamento de suma importancia, sua utilização requer um aprendizado prévio. Seu uso foi declarado obrigatório pela CMAS. Suas utilidades: 1- mantém o equilíbrio hidrostático durante a imersão em qualquer profundidade. 2- uma vez na superfície equivale a um salva vidas, assegurando a flutuação. NUNCA UTILIZAR O COLETE EQUILIBRADOR PARA RETORNO A SUPERFÍCIE. - 16 - MANUAL DE MERGULHO MANÔMETRO O manômetro é uma peça importante no mergulho pelo fato dele ser responsável pela marcação da quantidade de ar existente em seu cilindro. Todo cuidado é pouco com este equipamento porque qualquer variação em sua marcação pode trazer complicações. As marcações do manômetro podem ser lidas de varias maneiras , ATM , BAR ou LIBRAS. PROFUNDÍMETRO Este equipamento tem uma importância fundamental durante e após o mergulho. Durante passa para o mergulhador a profundidade que ele está , fazendo com que ele se baseie e não ultrapassando os limites de descompressão ditados pela curva de segurança. Após o mergulho através da agulha de arrastro lhe dará a sua maior profundidade atingida , podendo assim o mergulhador programar o seu próximo mergulho com segurança. Existem três tipos de profundímetros: o primeiro, o mais comum, é o de coluna d'água e consiste num tubo aberto em um dos extremos é fechado no outro, o ar em seu interior se comprime conforme a profundidade, lateralmente existe uma escala graduada. O outro consiste numa caixa de aço inoxidável, no qual o sistema é feito por membrana, baseado no mesmo princípio dos reguladores de pressão. Esta caixa está - 17 - MANUAL DE MERGULHO dividida em dois compartimentos: um fica indicando com a água exterior, e outro fica a membrana, que recebe a pressão da água, que por sua vez, exerce pressão sobre uma agulha marcadora. Quanto ao terceiro tipo, trata-se de um sistema à mola, na qual sofre uma determinada pressão, onde registra-se em uma agulha. RELÓGIO Quanto ao relógio, existem duas características fundamentais que este deve apresentar: a primeira, deve ser de construção bastante robusta e 100% impermeável, e ser também anti-choque, antimagnético e inoxidável, precisa existir cronômetro, pois ele e o profundímetro são os responsáveis diretos pelo controle de tempo e profundidade, em outras palavras, a segurança do mergulho. Sua conservação depende de uma revisão periódica e de uma boa lavada de água doce ao término de cada mergulho. COMPUTADOR Este equipamento veio para facilitar a vida dos mergulhadores. Fazendo com que eles não se preocupem mais com tantos cálculos na hora de programar seu mergulho. O computador vem substituir o profundímetro , relógio e até mesmo o manômetro, eliminando assim um equipamento que ficava pendurado e atrapalhando a todos que era o console. Ele trás a vantagem de fornecer e armazenar várias funções ao mesmo tempo , como profundidade , tempo de fundo , temperatura da água , tempo de não descompressão e paradas descompressivas se necessário e após o mergulho planeja seu mergulho repetitivo e memoriza os últimos mergulhos em seu loog book e muito mais funções que você irá descobrir. - 18 - MANUAL DE MERGULHO FÍSICA APLICADA AO MERGULHO CONCEITO DE PRESSÃO Todos os conjuntos de força que atuam perpendicularmente sobre uma superfície, de forma que seu esforço se encontre dividido, exercendo sobre esta área uma determinada pressão, ou força que atua sobre uma unidade de superfície. PRESSÃO HIDROSTÁTICA A PRESSÃO HIDROSTÁTICA, difere da pressão atmosférica pelo fato de que a água é um corpo cerca de 800 vezes mais denso que o ar, sendo que seu peso será sempre proporcional a sua massa. Em vista disso, a cada 10 metros, a pressão hidrostática aumenta em uma atmosfera. PRESSÃO RELATIVA A PRESSÃO RELATIVA, é aquela que a massa líquida exerce sobre si mesma, isto é: PROFUNDIDADE 10M 20M 30M 40M 50M 60M 70M 80M 90M 100M PRESSÃO 1 ATM 2 ATM 3 ATM 4 ATM 5 ATM 6 ATM 7 ATM 8 ATM 9 ATM 10 ATM - 19 - MANUAL DE MERGULHO PRESSÃO ABSOLUTA A PRESSÃO ABSOLUTA, é a soma da pressão relativa com a pressão atmosférica. A pressão atmosférica, como sabemos, é de 1ATM (1Kg/cm2). Efetivamente somando-se as duas pressões, RELATIVA + ATMOSFÉRICA teremos o valor da absoluta. PROFUNDIDADE 10M 20M 30M 40M 50M PRESSÃO RELATIVA 1 ATM 2 ATM 3 ATM 4 ATM 5 ATM PRESSÃO ATMOSFÉRICA 1 ATM 1 ATM 1 ATM 1 ATM 1 ATM PRESSÃO ABSOLUTA 2 ATM 3 ATM 4 ATM 5 ATM 6 ATM LEI DE BOYLE E MARIOTTE Quanto maior for a PRESSÃO exercida sobre o gás no recipiente; menor VOLUME haverá. Pois as moléculas deste gás se aproximam uma das outras; e de forma inversa quando menor a pressão exercida maior o volume. - 20 - MANUAL DE MERGULHO PROFUNDIDADE 0 Metros 10 Metros 20 Metros 30 Metros 40 Metros PRESSÃO 1 ATM 2 ATM 3 ATM 4 ATM 5 ATM VOLUME 5,0 Litros 2,5 Litros 1,6 Litros 1,2 Litros 1,0 Litro Capacidade Pulmonar = ± 6 Litros LEI DE HENRY Está postulado que a quantidade de um gás que pode se dissolver num líquido, depende de dois fatores: a pressão total a qual o gás está submetido e o tempo em que fica exposto a esta pressão. MAIOR A PRESSÃO, MAIOR A DISSOLUÇÃO DOS GASES Gás e Líquido Aumento da Pressão - 21 - Aumento da Pressão e Dissolução MANUAL DE MERGULHO CURVA DE SEGURANÇA Existem certos limites de profundidade e de tempo de duração de mergulho, nos quais o mergulhador pode realizar a subida sem se preocupar com paradas descompressivas. Esta zona denomina-se "CURVA DE SEGURANÇA", e se encontra na faixa de 0 a 16 metros. Dentro desses limites, o mergulhador poderá realizar prolongadas imersões sem nenhum perigo de embolia. A partir dos 15 metros (2.5ATM) até chegar aos 60 metros (7ATM) pode-se permanecer certo tempo dentro da curva de SEGURANÇA. Todos esses cálculos são resultados da tabela descompressiva e como veremos podese ficar a 57 metros, 5 minutos sem ter que descomprimir, contudo estas cotas são muito arriscadas, até mesmo para mergulhadores experientes. A subida deve ser sempre respeitada a velocidade de 18 metros por minuto, e é aconselhável fazer uma parada de 3 minutos aos 3 metros, podendo parecer exagero ou perda de tempo, entretanto esta medida de precaução eliminará qualquer quantidade de nitrogênio que por ventura não tenha eliminado. Esta medida é sempre aconselhável. LIMITES DE NÃO DESCOMPRESSÃO PROFUND. LIMITE PROFUND. LIMITE METROS 3.0 4,5 6,0 7,5 9,0 10,5 12,0 15,0 18,0 21,0 24,0 MINUTOS 310 200 100 60 50 40 METROS 27,0 30,0 33,0 36,0 39,0 42,0 45,0 48,0 51,0 54,0 57,0 MINUTOS 30 25 20 15 10 10 5 5 5 5 5 - 22 - MANUAL DE MERGULHO PRINCÍPIO DE ARCHIMEDES "Todo corpo submerso em um líquido sofre um empuxo, cujo valor é igual ao peso do volume do líquido deslocado por este corpo." Segundo o postulado, todo corpo submerso se encontra submetido a duas forças verticais e de sentidos opostos: uma, a do próprio peso do corpo, na qual atua de cima para baixo (forca da gravidade G; a outra imposta pelo líquido, de baixo para cima (empuxo ascencional EA). Quando ambas as forças alcançam o mesmo valor, dizemos que atingiram o equilíbrio hidrostático. Portanto, um corpo submerso pode se encontrar em três diferentes situações: Flutuação Negativa, Flutuação Positiva, Equilíbrio Hidrostático. 1 - FLUTUAÇÃO NEGATIVA: P >E Quando o peso (P) do corpo é maior que o empuxo, o corpo afunda 2 - FLUTUAÇÃO POSITIVA: P <E Quando o peso (P) do corpo é menor que o empuxo, o corpo flutua 3 - EQUILÍBRIO HIDROSTÁTICO: P =E Quando o peso (P) do corpo é igual ao empuxo, o corpo neutraliza. Densidade do corpo menor do que a da água deslocada Densidade do corpo igual a da água deslocada Densidade do corpo maior do que a água deslocada O Corpo Bóia FLUTUABILIDADE POSITIVA O Corpo Fica em Equilíbrio FLUTUABILIDADE NEUTRA O Corpo Afunda FLUTUABILIDADE NEGATIVA - 23 - MANUAL DE MERGULHO APLICAÇÕES NO MERGULHO LIVRE Estamos considerando o mergulhador com o lastro suficiente para compensar a flutuabilidade de peças do equipamento tais como a do neoprene. Desta forma, estamos considerando o mergulho como se o corpo estivesse totalmente livre de qualquer acréscimo de lastro que não fosse o seu próprio peso. Ao iniciar a descida, o mergulhador recebe o empuxo no sentido contrário do seu movimento. A tendência é leva-lo para cima; portanto tem o movimento de descida dificultado. Tudo isso porque o volume de água que ele desloca pesa mais do que o peso do corpo. Na medida que vai aprofundado, devido a compressão e redução do volume deslocado(o neoprene torna-se mais fino, o pulmão e o abdômen se retraem, etc.) , o empuxo vai diminuindo mas o peso continua o mesmo . cada vez há menos resistência a descida. Nas imediações dos 9 a 10 metros o empuxo torna-se igual ao peso real. Então, toda resistência cessa e o corpo fica em equilíbrio. A partir dai , a tendência será , cada vez mais , a facilidade de afundar , como se fosse uma queda. Ao voltar de um mergulho mais profundo , o mergulhador tem que se esforçar para até atingir a profundidade de sua “cota de equilíbrio (9 a 10 metros). Depois dela o empuxo facilitará a subida. AQUACIDADE A facilidade com que o mergulhador domina o seu centro de gravidade e nos diversos movimentos , sob e sobre a água , é denominado aquacidade. A caça subaquática e a pratica de apnéia foram sempre a grande escola deste atributo básico de um mergulhador confiável. - 24 - MANUAL DE MERGULHO A VISÃO SUBAQUÁTICA Quando olhamos para alguma coisa , fora da água , a luz passa pelo ar e penetra no nosso olho. Na vista , temos um liquido de densidade muito semelhante a da água do mar . A diferença de densidade entre o ar e o líquido que mencionamos, faz com que a luz seja refratada ao entrar no olho. E essa luz refratada cai então na retina e nós enxergamos o objeto com perfeição. De olhos abertos , debaixo da água , esta diferencia de densidade deixa de existir. A refração torna-se mínima e , em consequência , tudo parece desfocado. ora , então precisamos de ar para podermos focalizar. E inventamos um “colchão de ar, que vem a ser a máscara de mergulho, ocorre que , ao invertermos a máscara de mergulho , para mantermos o ar na frente dos olhos , fomos obrigados a separar as duas densidades (da água e do ar) com um pedaço de vidro. Logicamente , a separação de densidade não ficou perfeita como aquela existente entre o ar e o líquido que possuímos na vista. O “corpo estranho” adicionado entre as duas superfícies provoca , pela separação ar / água , uma reflação de luz. Esta ao atravessar ambientes fisicamente diferentes, passa a ampliar tudo, em torno de 30%. VISIBILIDADE A luz que penetra no mar possui todas as cores conhecidas, reunidas sob a forma que costumamos chamar de espectro luminoso. Quando essa luz , como um todo , penetra na superfície , encontra , como campo de propagação , um meio oitocentas vezes mais denso. Isto é , a água do mar. Nesse momento , além de diminuir sua velocidade (de 300.000 para 250.000 Km/seg) os raios de luz são absorvidos e refratados pelas moléculas da água , bem como pelas partículas de areia, sal e outras suspensões . Ricocheteando em cada uma desses “empecilhos” a luz prossegue em sua penetração até que toda sua energia seja absorvida. Esse processo de absorção e dispersão é que determina o alcance e a intensidade da visibilidade. Obviamente , no mar aberto , desde que a água possua menos suspensões , a luz só será absorvida em maiores profundidades. Daí as excelentes visibilidades que se pode obter. - 25 - MANUAL DE MERGULHO ABSORÇÃO DAS CORES NA ÁGUA CORES / PROFUND. 1 5 15 45 60 300 ESCURIDÃO INFRA VERMELHO VERMELHO LARANJA AMARELO VERDE AZUL VIOLETA ULTRA VIOLETA 30 POR QUE O AZUL PERMANECE Cada cor do espectro luminoso possui um comprimento de onda diferente. Quando menor o comprimento de onda de uma cor , mais rápido ela será absorvida pelos componentes da massa da água. O azul é a cor de maior comprimento de onda , por tanto é a que mais se demora para ser absorvida. Aos 8 metros de profundidade quase toda a luz vermelha já foi absorvida. Então alguma coisa que conhecíamos como vermelho passa a ter , para nossa percepção , outra coloração. Entre as cores que se destacam no mar , o amarelo seria a última a permanecer chamando a nossa atenção. Até os 20 metros, ainda é “amarelo “. Depois e absorvido. Em tese e no mar aberto, abaixo dos 30 metros a coloração geral serra o azul, uma vez que as demais cores, por possuírem menor comprimento de onda, já terão sido absorvidas. Quando isso não ocorre no mar largo ou quando nos referimos a águas mais próximas do litoral , a causa da presença de uma outra tonalidade dominante(verde , azul esverdeada, cinza, etc.) e a presença de determinadas partículas,água doce (barrenta) ,proliferação e morte de diatomáceas (componentes do plancton) ou mesmo a poluição. - 26 - MANUAL DE MERGULHO FISIOLOGIA DO MERGULHO LIVRE HIPERVENTILAÇÃO Hiperventilar quer dizer, aumentar o ritmo respiratório acima do normal. Um homem em boas condições físicas, ventila em média de 14 a 16 atos respiratórios por minuto, movimentando um volume de 6 a 8 litros. O ponto de interrupção da apnéia costuma corresponder a um aumento na pressão parcial do CO2 arterial para aproximadamente 50mm Hg. Entretanto, para algumas é possível "ignorar" o estímulo e continuar prendendo a respiração até que o dióxido de carbono alcance níveis que causam intensa desorientação e até mesmo o desmaio. Com a hiperventilação antes da apnéia, a PCO2 pode cair de seu valor normal de 40 mmlg para 20 ou 15 mmHg. Essa eliminação do dióxido de carbono prolonga muito a duração da apnéia até que a PCO2 arterial alcance um nível capaz de estimular a ventilação. No entanto, a tentativa de prolongar o tempo de apnéia no mergulho não é isenta de sérios riscos. Se um mergulhador livre hiperventila na superfície antes de um mergulho, a PCO2 arterial cai e a duração potencial da apnéia aumenta. A seguir o mergulhador inspira profundamente e emerge na água. O O2 alveolar penetra continuamente no sangue para ser fornecido aos músculos ativos. Por causa da hiperventilação prévia, os níveis de CO2 continuam baixos e o mergulhador essencialmente está "livre" da necessidade de respirar. A medida que o mergulhador se aprofunda, a pressão externa da água, comprime o tórax. Essa maior pressão mantém uma PO2 relativamente alta dentro dos alvéolos. Assim sendo, apesar da quantidade absoluta de oxigênio nos pulmões estar diminuindo a medida que o oxigênio penetra no sangue durante o mergulho é mantida uma boa pressão para saturar a hemoglobina enquanto o mergulho progride. - 27 - MANUAL DE MERGULHO Quando o mergulhador sente a necessidade de respirar e começa a subir, ocorre uma inversão significativa na pressão. A medida que a pressão da água sobre o tórax diminui e o volume pulmonar se expande, a pressão parcial do O2 alveolar sofre uma redução proporcional. De fato, a medida que o mergulhador se aproxima da superfície a PO2 alveolar, pode ser tão baixa que o oxigênio dissolvido, em verdade abandona o sangue e penetra nos alvéolos, podendo fazer com que o mergulhador perca bruscamente a consciência antes de alcançar a superfície. TÉCNICA DE HIPERVENTILAÇÃO I. II. III. Quanto a Posição Quanto a Velocidade Quanto a Quantidade I. QUANTO A POSIÇÃO Decúbito frontal, braços afastados, antebraço flexionado, palmas viradas para baixo, pernas semi-afastadas. OBS: se estivesse na POSIÇÃO vertical sofreria influência da pressão hidrostática. II. QUANTO A VELOCIDADE (Respiração pela boca) 20 atos respiratórios por minuto, sendo cada ato 3 segundos. III. QUANTO A QUANTIDADE Para iniciantes, apenas um minuto, para experientes 2 minutos. Durante o processo de hiperventilação pode ser que o mergulhador venha a sentir um formigamento na ponta dos dedos e nos lábios acompanhado de uma sensação de vertigem. Isto se dá devido a um aumento da taxa de O2 seguido de uma redução violenta de CO2. Este desequilíbrio no qual o corpo não está acostumado é o agente causador destes sintomas. No caso, a melhor coisa a fazer é a redução imediata do ritmo respiratório afim - 28 - MANUAL DE MERGULHO de minimizar a situação. Findado os sintomas, o mergulhador retorna ao processo normal. IMPORTANTE: NUNCA INICIE O MERGULHO APÓS ESTES SINTOMAS RISCOS DA HIPERVENTILAÇÃO APAGAMENTO Ao se realizar uma hiperventilação, o nível de oxigenação aumenta muito, conseqüentemente a redução de CO2 também é alta. Este resultado, que a princípio possa parecer excelente, possui seus riscos. (ver fisiologia) Esta nova situação fisiológica em que o corpo se encontra aparentemente, alivia o mergulhador dando uma sensação de bem estar. Ao iniciar o mergulho a pressão parcial do O2 começa a reduzir-se gradativamente em consequência a do PCO2 começa a aumentar. Entretanto, ao diminuir muito a PCO2 no começo do mergulho, esta poderá atingir a cota que alerta o organismo tardiamente, onde para o mergulhador passa desapercebido, que suas suas reservas de O2 estão praticamente nulas. Na tabela abaixo, demonstramos os níveis parciais da pressão do O2 e do CO2 respectivamente durante três situações. O APAGAMENTO ACIMA DA COTA DE EQUILÍBRIO Neste caso a glote se fecha e o mergulhador não bebe água. A flutuabilidade positiva leva o corpo , com velocidade crescente , para a superfície. Ao receber a primeira ventilada de ar fresco , são grandes as probabilidades do mergulhador acordar, tossindo , engasgando, porém vivo e tendo adquirido um ensinamento do qual jamais se esquecera. O APAGAMENTO ABAIXO DA COTA DE EQUILÍBRIO. Neste caso a glote também fecha e o mergulhador não bebe água. A flutuabilidade agora é negativa , levar o corpo para o fundo. Embora inconsciente , a taxa de CO2 continua subindo no sangue. Em dado - 29 - MANUAL DE MERGULHO momento desta descida ou mesmo já tendo chegado ao fundo , o estimulo para respirar torna-se compulsivo , devido as altas taxas de CO2 existentes no organismo(apesar de estar inconsciente, o mergulhador continua em apnéia). Então , movimentos espasmódicos e característicos da ânsia de respirar forçam a abertura da glote e o corpo começa a “respirar água”. E o início do afogamento. Por estar abaixo da cota de equilíbrio , a tendência ser cada vez ir mais para o fundo. A menos que seja resgatado por um companheiro. HIDROCUSSÃO Conhecida também como síndrome termodiferencial ou “water shock”, é um caso especial de afogamento secundário. Um mecanismo reflexo seria a causa da parada cardíaca. A diferença de temperatura entre a água e a superfície cutânea do mergulhador , a dor provocada por certos mergulhos desajeitados (atingindo o epigástrio ou a genitália do homem) e a entrada de água na região retrofaríngéia , são algumas das possíveis causas. Indivíduos tresnoitados, embriagados ou em tratamento com certos medicamentos, estariam mais propensos a esse acidente. O mergulho desprotegido, em águas com temperatura inferior a 15 graus centígrados e também desaconselhável. HIPOTERMIA EXCITAÇÃO: Calafrios e vasoconstrição periférica. A temperatura do corpo já é próxima dos 34 graus C. ADINAMIA: Respiração acelerada(taquipnéia) e aumento do débito cardíaco até 5 vezes os valores em repouso. A temperatura do corpo , nesses casos , está entre 34 e 30 graus C. FASE DE PARALISIA: Situação já bastante grave , com tendências a evoluir para o coma. Os músculos e as articulações ficam rígidos e a pele - 30 - MANUAL DE MERGULHO apresenta-se muito fria, em tudo aparentando uma rigidez cadavérica. A respiração é quase imperceptível e não se sente o pulso. O reaquecimento lento é o melhor remédio. Alguma bebida doce e quente (café) pode ser de utilidade. O aquecimento ao sol, em local seco da embarcação (de preferência abrigado do vento) , agasalhado em qualquer coisa seca , é a providência mais imediata. Quanto ao neoprene, se por vezes, antes do mergulho, pode provocar excesso de calor, após o esfriamento conserva umidade. E melhor tira-lo por diversos motivos. Não se deve ingerir ou fornecer bebida alcoólica para “aquecer”. Até algum tempo atrás acreditava-se que a bebida fosse importante auxílio no processo de aquecimento. BAROTRAUMA PULMONAR TOTAL Tudo que falamos até agora, diz respeito a apnéia inspiratória, isto é, aquela onde o mergulhador inicia com os pulmões cheios. Nesse caso o volume mínimo só seria atingido por volta de 40 metros de profundidade. Entretanto, caso já se iniciasse o mergulho com os pulmões em volume reduzido (apnéia expiratória = exalou o ar e mergulhou), o volume mínimo (1 litro) seria atingido bem antes dos 40 metros. Num mergulho a partir do pulmão vazio, podem ocorrer graves problemas já aos 5 metros de profundidade (barotrauma pulmonar total, de acordo com a lei de Boyle). Soltar o ar durante o mergulho em apnéia, dependendo da profundidade onde se está, pode criar um quadro semelhante ao que ocorreria numa profundidade de 40 metros. Portanto, não é recomendado soltar-se o ar num mergulho em apnéia. O correto é tomar o ar normalmente, mergulhar, permanecer e voltar sem soltar o ar. SISTEMA DE IMERSÃO DOS MAMÍFEROS Você já deve ter ouvido falar ou lido sobre o fato do homem ter atingido, em apnéia, profundidades maiores que os 40 metros . Realmente, o recorde , hoje já passa a profundidade de 130 metros. Ocorre que estes mergulhadores possuem funcionando em seus organismos um processo que se encontra latente, hibernando, nas demais pessoas. O chamado sistema de imersão dos mamíferos. - 31 - MANUAL DE MERGULHO Para simplificar, diríamos que esse processo funciona da seguinte maneira: ao ser atingida a profundidade de 40 metros(portanto na faixa onde se daria o barotrauma pulmonar total) , por algumas razões de diferença de pressão entre o interior do pulmão e a pleura começa a haver um fluxo de sangue para o interior dos alvéolos. O sangue é um líquido, e os líquidos são incompresíveis. Esta imcompressibilidade sustenta o esmagamento que se daria na caixa pulmonar e o mergulhador, então, ultrapassa a profundidade crítica e vai em busca do recorde. Muitas pessoas que jamais mergulharam podem ter, ativos em seus organismos , este processo; muitas que mergulham a vida toda não o tem. Mas todos nós temos, pelo menos em estado latente. - 32 - MANUAL DE MERGULHO FISIOLOGIA DO MERGULHO AUTÔNOMO ACIDENTES MECÂNICOS BAROTRAUMAS Barotrauma é doença típica de compressão, que ocorre todas as vezes em que há dificuldade de equalização de pressões entre qualquer cavidade aérea do corpo humano e o meio ambiente. São eles: Barotrauma do Ouvido Médio Barotrauma do Ouvido Externo Barotrauma Sinusal Barotrauma Facial Barotrauma de Roupa Barotrauma Dental Barotrauma Abdominal BAROTRAUMA DO OUVIDO MÉDIO Ocorre devido a obstrução da tuba auditiva durante o período da compressão, surgindo uma hipotensão relativa do O.M., com lesões da caixa timpânica e da membrana do tímpano. E a mais freqüente das doenças de mergulho, na maioria das vezes menos grave.A tuba auditiva permanece, quase sempre, ligeiramente fechada e se abre normalmente no ato de deglutir, bocejar, em movimentos de laterodidução da mandíbula e principalmente na manobra de Valsalva. No período da compressão, um aumento de pressão é aplicado a superfície externa da membrana timpânica. Para que se atinja o equilíbrio, o ar comprimido deve alcançar a superfície interna da membrana, através da tuba auditiva. Se o ósteo tubário (músculo que se localiza na junção da tuba auditiva com a face lateral interna da garganta), sofrer um espasmo ou estiver obstruído por muco, hipertrofia de tecidos adjacentes ou mesmo por má formação, surgirá um gradiente de pressão entre as faces interna e externa da membrana timpânica, que se abalará para dentro da caixa do tímpano. - 33 - MANUAL DE MERGULHO ACIDENTES Dissemos anteriormente, que o barotrauma de O.M., é geralmente o menos grave dos acidentes hiperbáricos. Porém, quando ele ocorre durante o mergulho, produzindo a ruptura da membrana timpânica, é acompanhado de invasão do O.M., pela água fria, que provoca, por irritação vestibular, um quadro de vertigens e desorientação espacial que pode colocar em risco a vida do mergulhador. O barotrauma do O.M., pode ser classificado em diversos graus, de acordo com seu quadro clínico e manifestações otoscópicas. Grau 0 I II III IV Aspecto da Membrana Timpânica Normal Retenção e hiperemia da membrana de Schrapnell ao longo do manúbrio Retração e hiperemia de toda a membrana timpânica Retração e hiperemia timpânica com presença de fluído e bolhas no O.M. e membrana timpânica Presença de sangue no ouvido ou perfuração timpânica - 34 - Duração da Restrição do Mergulho -----------5 a 6 dias 10 a 14 dias 10 a 14 dias até ficar assintomático Até que a membrana timpânica fique curada ou o sangue desapareça MANUAL DE MERGULHO BAROTRAUMA DO OUVIDO EXTERNO Ocorre quando a abertura do O.E., encontra-se obstruída pela presença de rolhas de cerumem ou tampões auriculares, inadvertidamente utilizados pelo mergulhador para impedir o contato do ouvido diretamente com a água, criando-se no interior do conduto auditivo um compartimento estanque, cuja pressão torna-se menor que a do ambiente e a do O.M. equilibrado com a faringe através da tuba auditiva. Neste caso ocorre o mesmo fenômeno descrito para o barotrauma do O.M., com a diferença que o abalo da membrana timpânica, se dá no sentido inverso, ou seja, do interior para o exterior da caixa do tímpano. Quanto ao tratamento, basicamente é o mesmo adotado no barotrauma do O.M., podendo nestes casos, incluir o uso tópico de soluções antibióticas ou corticosteróides. Jamais use tampões de ouvido ao mergulhar Gorro apertado Cerúmen Realize a Manobra de Valsalva (Equalizar) - 35 - MANUAL DE MERGULHO BAROTRAUMA SINUSAL Os seios da face constituem cavidades aéreas, e estão normalmente conectadas com a nasofaringe através dos óstilos e canais sinusais, permitindo o estabelecimento de equilíbrio de pressões entre estas cavidades, e o resto do aparelho respirador durante a compressão. Porém, se ocorrer a obstrução de um desses óstios ou canais, o seio facial correspondente, transforma-se numa cavidade fechada, que não mais se equilibrará com o meio ambiente e com os tecidos circunvizinhos .Estabelece-se no seu interior uma pressão relativamente negativa, dando origem a um processo de edema e congestão da mucosa sinusal, com formação de transudato e hemorragia. Os sintomas consistem de dor contínua e de intensidade crescente na região frontal, que cessa com a interrupção da compressão. Pode ocorrer hemorragia nasal. O tratamento compreende o uso de medicação analgésica e antiinflamatória, além de interrupção temporária de exposição as variações de pressão, até o total desaparecimento dos sintomas. FRONTAL ETENOIDAL MAXILAR ETENOIDAL ESFENOIDAL - 36 - MANUAL DE MERGULHO BAROTRAUMA FACIAL Também conhecido como barotrauma de máscara, pode ocorrer durante a descida, se o mergulhador não equilibrar a pressão do ar existente no interior de sua máscara facial com a pressão ambiente,soprando pelas narinas. A redução da pressão neste espaço aéreo faz com que se instale um fenômeno de ventosa no interior da máscara, provocando nos tecidos circunjacentes lesões como equimosee edemas faciais e principalmente derrames oculares hemorrágicos com lesão da conjuntiva. BAROTRAUMA DENTAL Ocorre em torno das raízes dentárias. Podemos encontrar, em alguns casos, pequenas bolsas de gás resultantes da fermentação de alimentos que estando isoladas e encapsuladas, podem, durante a compressão, reduzir de volume e o seu espaço ser ocupado por fluídos ou sangue. Durante a descompressão, a bolha estabelecerá um aumento de pressão sobre as raízes nervosas, provocando intensa sintomatologia dolorosa. - 37 - MANUAL DE MERGULHO BAROTRAUMA DE ROUPA Caso extremamente peculiar, entretanto não é impossível. Ocorre devido a uma má colocação da roupa, onde porventura permanece uma pequena bolsa de ar enclausurada entre a roupa e a pele do mergulhador. Esta bolha como qualquer cavidade aérea, sofre os efeitos da pressão, ao reduzir de volume, poderá provocar pequenas hiperemias e leve compressão do local. BAROTRAUMA ABDOMINAL Este barotrauma não chega a ter um grau muito alto de perigo , pois está ligado ao consumo de alimentos antes do mergulho que produzem grande fermentação e líquidos com grande quantidade de gás , fazendo com que estes gazes sejam liberados durante e após o mergulho. CAUSAS: Retenção de gases nas vísceras ocas, durante a subida. CONSEQUÊNCIAS: Distensão abdominal, Dores e cólicas COMO EVITAR: Alimentação adequada, Evitar deglutir saliva, Não ingerir bebidas com gás, Manobras de Compensação. - 38 - MANUAL DE MERGULHO EMBOLIA TRAUMÁTICA PELO AR A E.T.A. é o resultado de uma hiperdistensão alveolar, conseqüentemente de um aumento de pressão intrapulmonar, sendo um acidente típico de subida. Essencialmente, é quando o mergulhador retorna a superfície prendendo a respiração (ou com a glote fechada). Durante a subida, a diminuição da pressão circunjacente (LEI DE BOYLE) faz com que o volume de ar contido nos pulmões, se expanda a tal ponto, que a pressão intrapulmonar exceda aquela do resto do corpo. Esta hiperdistensão pode- se dar a tal ponto que provoque uma ruptura alveolar, havendo passagem de ar em grande quantidade e sob a forma de bolhas para a circulação sanguínea. Quando nos referimos aos barotraumas, dissemos ser aquela condição mais freqüente e menos grave dos acidentes hiperbáricos. Comparativamente a E.T.A. constitui o mais grave e um dos menos freqüente dos acidentes. Apesar de ser um acidente típico de mergulho, como assinalamos acima, o quadro clínico da embolia depende da localização final das bolhas e freqüentemente se apresenta sob forma de embolia cerebral, provocando sinais e sintomas neurológicos comumente encontrados nesta afecção. SUBPRESSÃO PULMONAR Limite máximo de elasticidade: passagem de ar para a corrente sanguínea por mecanismo de aresão. SINTOMAS CARACTERÍSTICOS: O pulmão para de ter os movimentos normais por algum tempo.Consequências: Dor toráxica, sangramento, náuseas, tosse. ROMPIMENTO ALVEOLAR O ar pode romper a pleura ocasionando pneumotórax. O ar penetra na corrente sanguínea. - 39 - MANUAL DE MERGULHO Sintomas de manifestação com a localização das bolhas: SINTOMAS: Inconsciência , estado de choque , falta de ar acentuada, cianose, contrações , midriase(pupilas dilatadas) , estrabismo , ausência de reflexos , paralisia , convulsão (contração dos músculos do sistema motor). Ainda pode ocorrer pneumotórax, pneumomediastico, subcutâneo, sem que ocorram bolhas na articulação. enfisema Tendo acontecido um acidente desta natureza, enquanto se transporta o embolizado pode se aplicar oxigênio puro e ressuscitação, se necessário. Estimulantes cardio-respiratório podem ser utilizados e deverão ser tomadas providencias para evitar o estado de choque. ACIDENTES DE PERMANÊNCIA NA PRESSÃO INTOXICAÇÃO PELO OXIGÊNIO O risco de INTOXICAÇÃO pelo O2 em nosso meio ainda é bastante reduzido, uma vez que, apenas pequenos grupos de indivíduos estão sujeitos atualmente a exposição do oxigênio hiperbárico em nosso país. São eles representados basicamente por alguns mergulhadores que por ventura, ainda façam uso de equipamentos de circuito fechado, atividade esta que antigamente era estritamente reservada para uso militar e pessoas que se submetam a tratamento com oxigenoterapia hiperbárica, modalidade terapêutica pouco empregada entre nós, porem, já bastante difundida em países da Europa e América do Norte. Felizmente, os sintomas da intoxicação de O2 podem ser precocemente reconhecidos e desaparecem rapidamente com a simples exposição do indivíduo ao ar atmosférico, não tendo sido observados efeitos nocivos residuais ao organismo. O oxigênio torna-se tóxico, se respirado a mais de 2 atmosferas, quando respirado pelo cilindro de ar comprimido aos 90 metros. A intoxicação depende principalmente pela quantidade de pressão parcial de O2 da mistura respirada. - 40 - MANUAL DE MERGULHO INTOXICAÇÃO PELO GÁS CARBÔNICO Inúmeros casos de perda de consciência em mergulho tem sido relatados sem uma causa aparente. Algumas vezes podemos incriminar a intoxicação pelo CO2 como causador deste fenômeno, principalmente quando se utilizam equipamentos de circuito fechado. O gás CARBÔNICO, não é utilizado em nenhuma atividade hiperbárica, sendo encontrado em altas concentrações sempre como consequência de algum defeito no equipamento ou por retenção pelo organismo. Os sintomas da intoxicação dependem fundamentalmente da concentração de CO2 atingida. A pressão normal do ar atmosférico, do qual se adicionam 3% de CO2, pode ocorrer após vários dias de inalação, uma discreta diminuição de reflexos, ou perda de eficiência. A 6% a mistura produzirá um significativo aumento na frequência respiratória em aproximadamente 15 minutos de inalação, e posteriormente causará confusão mental, distúrbios na coordenação motora, aceleração da frequência cardíaca e aumento da P.A., tornando impossível a realização de trabalho que exijam maior esforço físico. Acima de 10% pode levar rapidamente a morte. O tratamento consiste em retirar rapidamente o mergulhador para a superfície. Na maioria das vezes, o quadro regride imediatamente, sem necessidade de outras providências. CAUSAS DA INTOXICAÇÃO PELO CO2 EXCESSO DE EXERCÍCIO FÍSICO Considerações: Um mergulho agitado, onde se faz muita força , seja nadando contra forte correnteza ou puxando alguém, pode criar um acumulo deste gás. EXPRESSIVA RESISTÊNCIA RESPIRATÓRIA Considerações: Uma válvula mal balanceada, contra qual o mergulhador tem que se esforçar para respirar, ou mesmo o fato de permanecer respirando um ar muito pesado, podem criar a situação de acúmulo de gás carbônico por má ventilação pulmonar. - 41 - MANUAL DE MERGULHO APNÉIA EM MERGULHO DE AR COMPRIMIDO Considerações: Com a finalidade de poupar ar do cilindro , para poder permanecer mais tempo mergulhando , o mergulhador desavisado pode incorrer na prática de apnéia , respirando somente quando sente “falta de ar”. Isso cria rapidamente uma deficiência de ventilação que evolui para uma intoxicação por gás carbônico. INTOXICAÇÃO PELO GÁS SULFÍDRICO Este gás , quando em baixa concentração é logo percebido devido ao seu odor característico. E alta concentração , entretanto , não tem cheiro e pode provocar , em tempo extremamente curto , a inconsciência e a morte. Quando não mata deixa sequelas definitivas , uma vez que provoca a morte de neurônios. Sua forma de ação e reagir com a hemoglobina, impedindo que ela cumpra sua função normal de carregar oxigênio para os tecidos. Para simplificar e generalizar , diríamos que pode haver gás sulfídrico em bolsões de ar contidos em cavernas , naufrágios, etc. A morte e fermentação de organismos marinhos pode vir a encher de gás sulfídrico um local no qual , em outro momento , encontramos ar submerso. Caso o mergulhador venha encontrar ar em algum lugar , antes de precipitar-se e tentar respira-lo , deverá verificar se existe animais vivos por ali , isso já seria um bom sinal. O procedimento correto é continuar respirando o ar do seu cilindro. INTOXICAÇÃO POR MONÓXIDO DE CARBONO (CO) O CO não faz parte da composição atmosférica, porque é reduzido pelo combustão de matérias ricas em carbono, como os motores a explosão. A intoxicação do mergulhador se dará sempre por fatores externos. As principais causas que podem provocar este acidente são: mal funcionamento do compressor, óleo vencido, má filtragem, enchimento em local desapropriado (perto de fábricas, chaminés, etc.). O processo de - 42 - MANUAL DE MERGULHO intoxicação se dá da seguinte maneira: A capacidade de absorção do CO pelos glóbulos vermelhos, é de 20 vezes superior a de O2, produzindo um déficit muito perigoso para o organismo. Quanto maior a profundidade e maior a permanência, mais perigoso será a influência do CO. INTOXICAÇÃO PELO NITROGÊNIO EMBRIAGUEZ DAS PROFUNDIDADES Também chamada de intoxicação ou narcose de nitrogênio. A causa da embriaguez é bastante complexa, não podendo ser relacionada a um único fator. Os sintomas variam amplamente de um indivíduo para o outro e até na mesma pessoa em situações diferentes. Como vimos, as manifestações da embriaguez são psíquicas, sensoriais e motoras, assemelhando-se a embriaguez alcoólica. Alguns indivíduos tornam-se agressivos, irritados, insolentes ou espalhafatosos, em alguns casos, o indivíduo pode apresentar um quadro de autismo, parecendo desligar-se completamente do ambiente, não respondendo mais a qualquer ordem mesmo quando energicamente solicitado. Não há necessidade de qualquer tratamento especifico para a intoxicação, basta que o indivíduo seja retirado da atmosfera pressurizada para que haja o completo retorno as suas condições normais. Nos casos mais graves da embriaguez, a amnésia temporária e a sensação de extremo cansaço podem necessitar de cuidados médicos temporários. NARCOSE O nitrogênio se instala na bainha de Mielina, uma camada gordurosa que envolve as células nervosas, e atrapalha a transferência de cargas elétricas e o caminho dos estímulos nervosos. - 43 - MANUAL DE MERGULHO PRINCÍPIO DE DALTON A soma das pressões parciais dos componentes de uma mistura gasosa é igual a pressão total do sistema. N2 = 80% / 100 = 0,8 x 5 ATM = 4 ATM (NARCOSE) 02 = 20% / 100 = 0,2 x 5 ATM = 1 ATM ----------------5 ATM COMPOSIÇÃO DO AR ATMOSFÉRICO N2 -> 77,14% O2 -> 20,62% CO2 -> 0,03% GASES RAROS -> 0,93% VAPOR D'AGUA -> 1,28% - 44 - MANUAL DE MERGULHO SÍNDROME NEUROLÓGICA DAS ALTAS PRESSÕES É de importância bastante negligenciável em nosso meio, uma vez que se trata de um quadro de intoxicação provocado pela utilização de misturas respiratórias, especiais, principalmente hélio-oxigênio, em mergulhos a profundidade superior a 100 metros. Este tipo de mergulho é bastante desenvolvido em outros países, e ainda, pouco empregado no Brasil, restringindo-se atualmente a pequenos grupos de mergulhadores profissionais altamente especializados. Caracteriza-se esta SÍNDROME pelo aparecimento de tremores, agitação, náuseas, vômitos e tonturas, geralmente em profundidades maiores que 100 metros. Sua etiologia é ainda desconhecida, porem supõe-se que o gás hélio, a semelhança do nitrogênio na embriaguez das profundidades, atua como agente causal. ACIDENTES DA FASE DE DESCOMPRESSÃO DOENÇA DESCOMPRESSIVA (DD) Pode ser definida como um conjunto de sinais e sintomas que acomete o indivíduo, quando submetido a condições de hiperpressão, como resultado de DESCOMPRESSÃO insuficiente. Esta definição não se aplica a todos os casos, como nos aeronautas, que pode apresentar o "mal dos aviadores" ou disbarismo durante vôos a grande altitude, por DESCOMPRESSÃO á partir da pressão atmosférica. Assim sendo, um piloto em vôo, a altitude de 9000 a 16000 metros, por uma hora ou mais, estará sujeito a apresentar DOENÇA DESCOMPRESSIVA, se a pressurização da cabina não for correta. - 45 - MANUAL DE MERGULHO O N2, por ser um gás metabolicamente inerte ao organismo, quando submetido a uma grande pressão, ele se dissolve ao sangue para equilíbrio de saturação. A D.D. ocorre, quando o N2 dissolvido sai da solução e forma bolhas nos tecidos e líquidos orgânicos, é causado pelo retorno excessivamente rápido de um mergulhador a superfície depois de um mergulho profundo e prolongado, já que o N2 alcança seu equilíbrio lentamente em vários tecidos, principalmente nos adiposos. Contudo, se o mergulhador emerge numa velocidade prescrita relativamente lenta, todo o excesso corporal de N2 dissolvido dispõe de tempo suficiente para difundir-se dos tecidos para o sangue e ser eliminado através dos pulmões. Se a subida for excessivamente rápida e a pressão externa exercida contra o corpo do mergulhador sofre uma redução dramática, o excesso de N2 começa a sair do estado dissolvido, e acaba formando bolhas nos tecidos. Este efeito não é diferente do dióxido de carbono nos refrigerantes, ao remover a tampa, enquanto a tampa está no local, o gás encontra-se sob pressão e permanece no estado dissolvido, quando a tampa é removida, a pressão diminui bruscamente e formam- se bolhas. Os sintomas começam a aparecer dentro de 4 a 5 horas após o mergulho. Se, contudo, as técnicas de descompressão forem profundamente violadas, como por exemplo, o mergulhador abandonar o equipamento e subir rapidamente, os sintomas podem aparecer rapidamente e progredir para paralisia em minutos. O tratamento consiste em recompressão hiperbárica, para forçar o N2 a entrar novamente em solução. Esta manobra é seguida por descompressão lenta, para que o gás em expansão disponha de tempo suficiente para deixar o corpo a medida que o mergulhador é trazido a superfície. LOCALIZAÇÃO DAS BOLHAS DE NITROGÊNIO INTRAVASCULAR Localização dentro dos vasos do sistema circulatório. São bolhas resistentes ao seu crescimento provoca a obstrução da circulação - 46 - MANUAL DE MERGULHO sanguínea , causando êxtase , edemas , hemorragias e até necrose nas áreas atingidas. podem unir-se tomando a forma de “mangueiras gasosas”. EXTRAVASCULAR Localizadas fora dos vasos e fora das células , podem , eventualmente , comprimir vasos sanguíneos , ocasionando os mesmos sintomas da localização anterior. INTRACELULAR São as de mais difícil constatação, localizam-se , de preferência , nas células do fígado e da medula espinhal. Provocam o rompimento da célula e se liberam, podendo alcançar a corrente sanguínea e agravando o fenômeno de localização intravascular. FORMAS DE MANIFESTAÇÃO DOR OSTEOMUSCULOARTICULAR: É a mais freqüente das manifestações dolorosas , nos casos de DD. É uma dor que se instala lentamente e ,gradativamente , aumenta até se tornar insuportável. As articulações de ombro , do cotovelo , do joelho e do quadril registram a maior incidência , nos casos dessa manifestação MANIFESTAÇÕES CUTÂNEAS: Sensação de comichão, picadas , que podem evoluir para queimação. Podem aparecer também manchas castanhas ou avermelhadas, mais frequentemente na região peitoral, ombros e parte superior do abdome. MANIFESTAÇÃO NEUROLÓGICA (ALTA): Distúrbios da consciência, vômitos , dores de cabeça e vertigens. MANIFESTAÇÃO NEUROLÓGICA ( BAIXA OU MEDULAR): Dormência , paralisias , distúrbios do esfíncter , etc. MANIFESTAÇÃO PULMONAR: Mal estar e sensação de queimação no peito , agravadas quando o mergulhador inspira profundamente ou quando fuma . Pode produzir acessos incontroláveis de tosse e agitação, evoluindo para o estado de choque. - 47 - MANUAL DE MERGULHO MEDIDAS TERAPÊUTICAS DE URGÊNCIA Uma vez identificado que o caso de DD , o único caminho e conduzir o embulizado para a câmara de descompressão , onde pessoal especializado deverá assumir o tratamento. Durante este deslocamento a aplicação de oxigênio ajudará a obtenção de uma melhor oxigenação dos tecidos, bem como eliminará algum nitrogênio alveolar, baixando a pressão parcial desse gás. A utilização de aspirina ,na dose inicial de 1 grama de 8 em 8 horas , reduz a formação de grumos e empilhamento de hemáceas. A outras medidas existentes , mas devido a sua maior complexidade (plasma , corticóides , etc) são da alçada de um médico ou pessoal bastante capacitado para esta aplicação. FATORES FAVORÁVEIS AO APARECIMENTO DA DD OBESIDADE Os tecidos adiposos tem facilidade em reter o nitrogênio. DESIDRATAÇÃO Na gênese desse acidente um mergulhador mal hidratado é um forte candidato. TRAUMATISMO Num mergulho em que se esteve perto do limite sem descompressão , o fato de chocar-se contra alguma coisa(a bordo) , tipo uma pancada , pode ter o mesmo efeito de um catalisador que ative o processo da DD. - 48 - MANUAL DE MERGULHO MERGULHO DE EMERGÊNCIA 1- O Dive Master recalculará as paradas descompressivas. 2- O mergulhador mais experiente leva o acidentado até a maior profundidade atingida. 3 - Montagem de cilindro aos 3 mts com OCTOPUS para descompressão. 4 - Mergulhadores equipados em prontidão 5 - Programar as paradas : Para aos 12 mts 1/4X Para aos 9 mts 1/3X Para aos 6 mts 1/2X Para aos 3 mts 1 1/2X Onde X é igual ao valor da parada que deveria ser feita aos 3 Mts. CONSUMO DE AR A autonomia dos equipamentos está intimamente ligada as condições físicas do usuário, a atividade que efetuará durante o mergulho e a profundidade que atingirá. Tomando como base estas condições, exibiremos a seguinte tabela: Cap. (L) Cap. (ATM) Cap. (L) Prof. (Mts/ATM) Cons. (Lts/Min.) Dur. (Min) 12 200 2400 10M – 2ATM 40 60 12 200 2400 20M – 3ATM 60 40 12 200 2400 30M – 4ATM 80 30 - 49 - MANUAL DE MERGULHO Para calcular a quantidade de litros de uma garrafa, pega-se sua capacidade em litros e multiplica-se pela pressão de trabalho, exemplo: GARRAFA DE 12L x 200 ATM - 500L = 1900 LITROS Vamos supor que um indivíduo vá fazer um mergulho a 30 metros (4ATM): multiplica-se o consumo do indivíduo na superfície pelas atmosferas correspondentes ao novo mergulho, exemplo: 20L/MIN x 4 ATM = 80L/MIN Agora divide a quantidade total pelo novo consumo: 1900 LITROS dividido pôr 80L/MIN = 24 MINUTOS FORMULÁRIO: AD = Ptrab x VI - R CF = Pabs x CS TF = AD/CF CS = 20L/min Pabs = PROF. + 1 ATM R = 500L 10 P.Tes = 1,5 x Ptrab ONDE: AD = Ar disponível Ptrab = Pressão Trabalho VI = Volume Interno R = Reserva CF = Consumo no Fundo CS = Consumo na Superfície - 50 - MANUAL DE MERGULHO TF = Tempo de fundo PTes = Pressão de teste TA = Tempo de acesso P = Profundidade TABELA DE GARRAFAS: VOL (L) PTRA (ATM) 10 150 – 200 12 200 – 210 – 220 – 250 15 230 – 250 18 230 TABELAS DE MERGULHO INTRODUÇÃO O corpo absorve nitrogênio durante cada mergulho. A quantidade absorvida depende da profundidade e da duração do mergulho. Se a quantidade de nitrogênio no corpo exceder um certo número crítico, ocorrerá uma doença descompressiva após o mergulhador emergir, a não ser que um complexo procedimento de paradas durante a subida, chamado descompressão, seja seguido, para permitir a eliminação do excesso de nitrogênio. Todos os mergulhos devem ser feitos dentro dos limites de tempo estabelecidos. Os mergulhos que excederem estes limites requerem descompressão, e não competem ao mergulhador de nível basíco. Os mergulhos feitos dentro dos limites de tempo destas tabelas são chamados mergulhos não-descompressivos. Mergulhos a profundidades menores que 9 metros não tem limite de tempo. À medida que a profundidade aumenta, porém, o tempo de mergulho permitido para os mergulhos não-descompressivos diminui. - 51 - MANUAL DE MERGULHO Depois de um mergulho, o nível de nitrogênio do corpo retorna gradualmente ao normal em 12 horas. Se um mergulho for feito dentro de 12 horas após o mergulho anterior, deve-se considerar o nitrogênio residual no corpo. Quanto maior o tempo entre os mergulhos, menos nitrogênio haverá no sistema. Para manter os níveis de nitrogênio no corpo dentro dos limites de segurança, as tabelas desenvolvidas pela Marinha Americana fornecem as seguintes informações: 1 - Tempo máximo que se pode ficar a uma profundidade que permitirá ao mergulhador subir diretamente para a superfície sem fazer descompressão. 2 - Classificação da quantidade de nitrogênio residual no corpo após o mergulho, para ser considerada nos mergulhos subseqüentes. 3 - Descompressão necessária no caso do mergulhador acidentalmente exceder os limites de não-descompressão. Não use os limites máximos de tempo fornecidos pela tabela. Mergulhe conservadoramente e dentro dos limites de não-descompressão. DEFINIÇÃO DOS TERMOS 1 - TEMPO REAL DE FUNDO: o tempo total em minutos desde o início da descida até o início da subida. 2 - NITROGÊNIO RESIDUAL: nitrogênio remanescente no corpo depois de um mergulho. São necessárias 12 horas para eliminar todo o excesso de nitrogênio no corpo. 3 - GRUPO REPETITIVO: uma letra do alfabeto e usada nas tabelas de mergulho para designar a quantidade de nitrogênio residual no corpo do mergulhador após um mergulho. 4 - MERGULHO REPETITIVO: mergulho feito entre 10 minutos e 12 horas após outro mergulho. Os mergulhos feitos antes de um intervalo de 10 minutos são considerados um único mergulho. - 52 - MANUAL DE MERGULHO 5 - TEMPO DE NITROGÊNIO RESIDUAL: certa quantidade de tempo, em minutos, somada ao tempo de fundo de um mergulho repetitivo representa o nitrogênio residual do mergulho anterior. A quantidade é obtida de uma tabela usando-se a letra do grupo repetitivo. 6 - TEMPO DE FUNDO TOTAL: a soma do tempo de nitrogênio residual e do tempo real de fundo de um mergulho, usada para determinar um grupo repetitivo depois do mergulho repetitivo. 7 - LIMITES DE NÃO-DESCOMPRESSÃO: o tempo total de fundo máximo que se pode ficar numa profundidade sem necessidade de descompressão. 8 - LIMITES AJUSTADOS DE NÃO-DESCOMPRESSÃO: o tempo de limite de não- descompressão menos o tempo de nitrogênio residual para um mergulho repetitivo especifico. É usado para o planejamento dos mergulhos não-descompressivos. O tempo real de fundo não deve exceder os ajustes dos limites não-descompressivos. 9 - PARADA DESCOMPRESSIVA: ficar numa profundidade específica para um período de tempo específico durante a subida. 10 - ESQUEMA DE MERGULHO: a profundidade e o tempo total de fundo de um mergulho expressos em profundidade e tempo, por exemplo: 27/30 = 27 metros por 30 minutos. TABELA DE MERGULHO REPETITIVO As tabelas são feitas para serem usadas em sequência para mergulhos repetitivos não-descompressivos. Existem três tabelas (uma é continuação da outra), sendo: - 53 - MANUAL DE MERGULHO TABELA 1 A tabela 1 é dos limites não-descompressivos e grupos repetitivos. Ela fornece os limites máximos para o tempo de fundo, e uma letra para indicar a quantidade de nitrogênio acumulado para vários tempos numa profundidade determinada. A tabela também indica o tempo necessário de descompressão na subida no caso do mergulhador exceder por engano os limites não-descompressivos de um mergulho. Esta parte da tabela só deve ser usada numa emergência, e não deve ser usada para mergulhos normais. TABELA 2 A tabela 2 é de crédito para intervalo de superfície. Ela fornece ao mergulhador a perda gradual de nitrogênio que ocorre na superfície para as 12 horas seguintes a um mergulho, até que o nível de nitrogênio no corpo volte ao normal. As tabelas 2 e 3 só são necessárias para mergulhos repetitivos. O grupo repetitivo mudará, passando para o início do alfabeto a medida que o tempo passa, e desta maneira indicando um nível de nitrogênio menor no sistema. TABELA 3 A tabela 3 é de tempo do mergulho repetitivo, e fornece dois grupos de números: os tempos de nitrogênio residual e os limites ajustados para nãodescompressão para mergulhos repetitivos. O tempo de nitrogênio residual desta tabela é somado ao tempo real de fundo para se obter o tempo total de fundo, que é usado para obter outro grupo repetitivo na tabela 1, completando o ciclo. REGRAS GERAIS Ao usar tabelas de mergulho, as seguintes regras devem ser observadas: 1 - Use o número exato ou maior (o próximo) nos tempos e profundidades de todos os mergulhos. As profundidades são dadas em metros, e todos os tempos em minutos, ou horas e minutos separados por dois pontos, por exemplo: 2:10 significa duas horas e dez minutos. - 54 - MANUAL DE MERGULHO 2 - Suba em todos os mergulhos na velocidade máxima de 18 metros/minutos; você aprenderá a estimar a velocidade correta de subida durante o treinamento. 3 - Use o esquema para a próxima profundidade maior e o tempo maior quando um mergulho for frio ou cansativo. 4 - Planeje os mergulhos repetitivos de forma que cada mergulho sucessivo seja mais raso. Isto auxilia a eliminação do nitrogênio e diminui a necessidade de descompressão. 5 - Os mergulhos não devem exceder 40 metros de profundidade, sendo de 30 metros o limite recomendado para o mergulho amador. USANDO AS TABELAS TABELA 1 Comece na tabela 1 verticalmente do alto na profundidade exata ou maior mais próxima alcançada no mergulho. Selecione o tempo de fundo do mergulho exatamente igual ou maior mais próximo. Siga a coluna horizontalmente para a direita para obter o grupo repetitivo de exposição. Por exemplo, um mergulho de 18/30 colocaria o mergulhador no grupo F. Um mergulho de 19/33 colocaria o mergulhador no grupo G; já que os números exatos não se encontram nas tabelas, e os maiores mais próximos são 21/35. TABELA 2 Comece horizontalmente pelo tempo de intervalo de superfície. Vá para a direita e selecione o tempo de intervalo de superfície. Siga a coluna escolhida para baixo para obter o novo grupo repetitivo para o final do intervalo de superfície. Por exemplo: um esquema de mergulho de 24/30 - 55 - MANUAL DE MERGULHO coloca um mergulhador no grupo G (veja tabela 1). Depois de ficar na superfície por 1h30min, o mergulhador quer descobrir o novo grupo repetitivo. Comece pela linha horizontal com a letra G. Um intervalo de superfície de 1:30h fica entre os tempos 1:12 e 1:59. Descendo nesta coluna, encontraremos o novo grupo repetitivo do mergulhador, a letra E. Note que o intervalo de superfície for menor que 10 minutos, trate os mergulhos como um único mergulho, somando os tempos de fundo e usando a maior profundidade alcançada nos dois mergulhos para determinar o grupo repetitivo. Porém, não é recomendado fazer pequenos intervalos de superfície (veja tabela 2). TABELA 3 A tabela 3 dá dois ítens de informações para o mergulho repetitivo. O número de cima em cada coluna horizontal é o tempo de nitrogênio residual em minutos para um grupo repetitivo específico, e deve ser somado ao tempo real de fundo de um mergulho. A soma do tempo de nitrogênio residual com o tempo real de fundo é o tempo total de fundo, que é usada na tabela 1 para determinar o grupo repetitivo para um mergulho repetitivo. O número de baixo em cada linha horizontal é o limite ajustado para não-descompressão em minutos para a combinação de profundidade com o grupo repetitivo. O tempo real de fundo não deve exceder este período de tempo. Em vários casos, no canto esquerdo de baixo da tabela, não há limite ajustado para não-descompressão. Isto porque o tempo de nitrogênio residual é tão grande nestas circunstancias que é necessário descompressão. Nestes casos, suba um pouco, ou estenda o intervalo de superfície para atingir um grupo repetitivo e um tempo de nitrogênio residual menores. Um exemplo do uso da tabela 3 é o que se segue: o mergulhador com grupo F no final do intervalo de superfície planeja um mergulho a 18 metros. Nas coordenadas F e 18 na tabela 3, encontramos 36 sobre 24. Isto significa que o tempo de nitrogênio residual é de 36 minutos e o limite ajustado de não-descompressão é de 24. O mergulhador deve somar 36 minutos do tempo de nitrogênio residual ao tempo real de fundo do mergulho, e o tempo real de fundo não deve exceder 24 minutos (veja tabela 3). VOLTANDO A TABELA 1 Para completar o ciclo do uso da tabela para mergulhos repetitivos, o número do tempo total de fundo para a profundidade do mergulho - 56 - MANUAL DE MERGULHO repetitivo é usada para recomeçar na tabela 1 e obter o grupo repetitivo para aquele esquema. Se, devido a algum erro, os limites de nãodescompressão forem excedidos num mergulho, a seção de descompressão (quadrinhos pretos e brancos) da tabela 1 terão que ser usados. Os números de cima indicam o tempo total de fundo, e o de baixo, o numero de minutos que se deve ficar a 3 metros de profundidade durante a subida. PLANEJAMENTO DE MERGULHOS REPETITIVOS As tabelas no mergulho amador são destinadas para mergulhos nãodescompressivos. Para mergulhos repetitivos, um planejamento adequado assegura que os mergulhos serão feitos dentro dos limites de nãodescompressão. Pode-se controlar isso limitando-se a duração e a profundidade do mergulho, e planejando- se a duração do intervalo de superfície. O equipamento necessário inclui profundímetro, placa, lápis, tabelas de mergulho, e meios de acompanhar o tempo passado embaixo d'água. Você precisa planejar os mergulhos não-descompressivos usando as tabelas e os fatores limitantes para determinar os esquemas de mergulho não-descompressivo. Para um mergulho repetitivo, é preciso saber a profundidade do mergulho planejado, ou o mergulhador deve limitar-se a uma profundidade máxima no mergulho. Também é preciso saber aproximadamente quanto tempo ficará naquela profundidade. Com a experiência, pode-se estimar esse tempo facilmente. Vamos planejar um mergulho repetitivo de 18 metros para um mergulhador no grupo E. Na tabela 3, encontramos o limite ajustado para nãodescompressão de 30 minutos. Isto significa que nosso tempo real de fundo não pode exceder 30 minutos. Este mergulho pode ser feito dentro dos limites de não-descompressão, portanto, você estará seguro, mas e se você estivesse no grupo G ?. O tempo real de fundo de 18 metros não deve exceder 16 minutos e poderemos ficar 25 minutos. Devemos limitar o tempo real de fundo a menos que 16 minutos. Mergulhar mais raso, ou - 57 - MANUAL DE MERGULHO aumentar o intervalo de superfície a fim de fazer este mergulho com segurança. suponha que nesta situação quiséssemos ficar a 18 metros por 25 minutos. Como conseguir isto sem exceder os limites de não-descompressão ?. Só é necessário encontrar um limite ajustado para não-descompressão a 18 metros maior que os 25 minutos que queremos ficar la, encontrar o grupo repetitivo relativo aquele limite de não-descompressão e, então, determinar o intervalo de superfície mínimo necessário para atingir aquele grupo repetitivo. Neste exemplo, o primeiro limite ajustado para não-descompressão maior que 25 minutos a 18 metros é 30 minutos, encontrado sob a coluna E. Basta determinar o intervalo de superfície mínimo do grupo G para alcançar o grupo E. Veja tabela 2, nas coordenadas horizontal G e vertical E. O tempo mínimo para alcançar o grupo E é de 1:16h, portanto, para fazer um mergulho de 25 minutos a 18 metros sem descompressão, um mergulhador no grupo G precisa esperar na superfície no mínimo durante uma hora e 16 minutos antes de mergulhar. Outra alternativa para o mergulhador do grupo G é mergulhar mais raso do que 18 metros. Mergulhando a 15 metros, o mergulhador poderia ficar 44 minutos acima da duração de suprimento de ar. Portanto, mergulhar mais raso é uma solução simples para situações onde o tempo real de fundo for limitado devido ao nitrogênio residual. As tabelas devem ser consultadas antes de cada mergulho repetitivo para determinar os limites de não-descompressão do mergulho. Os mergulhadores devem anotar isto nas placas, não esquecendo de anotar também,oslimitesdenão-descompressão para a próxima profundidade maior, no caso da profundidade planejada ser excedida. - 58 - MANUAL DE MERGULHO - 59 - MANUAL DE MERGULHO EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO Tabela 1 1 – Se você faz um mergulho a 18m (60 pés) durante 40 minutos, seu grupo de letra será de ________. 2 – Se você faz um mergulho a 12m (40 pés) durante 80 minutos, seu grupo de letra será de ________. 3 – Se você faz um mergulho a 36m (120 pés) durante 09 minutos, seu grupo de letra será de ________. Tabela 2 4 – Se você tem um grupo de letra D e seu intervalo de superfície é de 2 horas e 36 minutos, seu novo grupo de letra será _______. 5 – Se você tem um grupo de letra C e seu intervalo de superfície é de 3 horas, seu novo grupo de letra será _________. 6 – Se você tem um grupo de letra G e seu intervalo de superfície é de 42 minutos, seu novo grupo de letra será _________. Respostas: 1-F, 2-H, 3-D, 4-C, 5-A, 6-F - 60 - MANUAL DE MERGULHO SINAIS INTERNACIONAIS OK DESCER SUBIR CALMA ESTOU AQUI ESTOU BEM VERTIGENS ACELERAR PRESSÃO DEVAGAR BARCO 50 BAR TODOS AQUI SEM AR ME DÊ AR 100 BAR - 61 - MANUAL DE MERGULHO ECOLOGIA SALINIDADE A quantidade total de substâncias dissolvidas na água do mar denominase salinidade, cujas unidades são grama por quilograma (g/kg) ou partes por mil (%o). A salinidade dos oceanos varia, normalmente, entre 33 a 37%o. Salinidades mais baixas (28 a 29%o) são encontradas em águas costeiras. Alguns pequenos mares têm salinidade muito pequena (Báltico, 20%o) e outros muito grandes (Mediterrâneo 38%o e Vermelho, 40%o). A salinidade de superfície é muito influenciada por dois fatores: a evaporação, que a aumenta e a precipitação, que a reduz. TEMPERATURA Segunda a característica física da água do mar é a temperatura. O pesquisador tem interesse especial na temperatura e na salinidade porque tais características o ajudam a identificar tipos de água. A temperatura em mar aberto varia entre os limites de –2°C a +30°C, aproximadamente. O limite inferior é regulado pelo ponto de congelamento da água do mar, o qual é sempre maior que –2°C, de modo que há formação de gelo antes que a temperatura da água caia abaixo deste nível. Efetivamente, uma água do mar tendo uma salinidade de 37%o congela a –2,023°C, mas águas com essa salinidade relativamente alta não são encontradas nas altas latitudes, onde o congelamento normalmente ocorre. Com ao limite superior da temperatura, qualquer calor absorvido na camada de superfície tem a tendência de se espalhar através da hidrosfera, devido à alta capacidade do calor específico, condutividade térmica e mistura presentes no mar. E outra razão importante para a manutenção da temperatura no oceano abaixo de 30°C é o fato que mais que a metade da energia recebida nas camadas superiores é utilizada para - 62 - MANUAL DE MERGULHO a evaporação, e o restante para variações de temperatura. Obviamente, isto não significa que a temperatura do oceano seja constante, mas sua variação é bem menor que a da atmosfera. PRESSÃO A pressão atmosférica normal é 1 atmosfera ou 1013 milhares. Um decibar corresponde aproximadamente à variação da pressão de cerca de 1 atmosfera. DENSIDADE A densidade é expressa em gramas por centímetro cúbico e no oceano aberto varia de 1.02000 a 1.03000 g/cm3, aproximadamente. Valores mais baixos são encontrados junto à costa, próximos a rios. COMPOSIÇÃO QUÍMICA DA ÁGUA DO MAR Princípio das proporções constantes (Lei de Dittmar) A partir das análises realizadas sobre a composição química da água do mar nas amostras provenientes da Expedição do Navio HMS Challenger foi observado por Dittmar que os constituintes maiores da água do mar apresentam sempre as mesmas proporções entre si, ou seja, independentemente da salinidade total da água do mar (total de sólidos dissolvidos) seus elementos maiores (Na, Cl, K, Ca, Mg, HCO3 eSO4) apresentam proporções constantes entre si. Também temos outros constituintes menores como nutrientes, gases, compostos orgânicos e elementos traços. CARACTERÍSTICAS DOS SEDIMENTOS MARINHOS COMPOSIÇÃO: os sedimentos que compõem os fundos marinhos são, principalmente, detritos, provenientes de erosão das rochas continentais ou resultantes de combinações dos elementos dissolvidos na água do mar, ou restos orgânicos (animais ou vegetais). - 63 - MANUAL DE MERGULHO QUANTO À ORIGEM DO SEDIMENTO: Terrígenos: resultantes da erosão das rochas emersas. Biológicos: são sedimentos de origem orgânica. Vulcanismo submarino: vidros vulcânicos. Químicos: são materiais dissolvidos na água do mar, ex-nódulos de manganês. AÇÕES HIDRODINÁMICAS Ondas: são movimentos de vai e vem da água do mar, que ocorre na superfície dos oceanos. Para haver ondas é preciso haver energia. Quem fornece a energia? O vento, os maremotos e a tração gravitacional. Para haver ondas é necessário alem de energia, ter uma interação com o fundo, portanto nas grandes profundidades não há ondas porque não há atrito com o fundo. Tsunami são ondas catastróficas de origem sísmica (maremotos), com velocidades de até 700 km/hora. Marés: são levantamento e abaixamento periódicos da superfície do mar, resultantes da atração gravitacional do sol e da lua. Correntes: são deslocamentos longos e contínuos das massas d´água, geradas por diferenças de temperatura, de densidade ou pressão das águas oceânicas. - 64 - MANUAL DE MERGULHO DISTRIBUIÇÃO DOS SERES MARINHOS PEIXES I - PELÁGICOS Que vivem continuamente na superfície ou meia-água nas áreas abertas dos oceanos. A maioria vive em cardumes e tem escamas. BARRACUDA ANCHOVA XAREU II - NECTÔNICOS São seres que vivem ativamente na massa d´agua, mantem uma relação com o abstrato marinho e onde fazem sua moradia(toca) MERO BORBOLETA - 65 - GAROUPA MANUAL DE MERGULHO BAIACU ARARA MORÉIA VERDE PEIXE PEDRA III - BENTÔNICOS São que habitam e dependem do fundo do mar. ESPONJAS (FILO PORIFERA) As esponjas são animais multicelulares inferiores, incapazes de movimentos, de aspecto semelhantes a de várias plantas. Espécies diferentes apresentam-se como crostas finas e chatas, em forma de vaso, ramificada, globular ou de forma variada e de 1mm até 2mts de diâmetro. Muitas são coloridas de cinzento ou pardo e outras são brilhantes vermelhas, alaranjadas, azuis, violáceas ou pretas. A maioria das esponjas é marinha, dos mares árticos até os tropicais, vivendo da linha da maré baixa até a profundidade de 5500 mts. Todas são fixas a rochas, conchas e outros objetos sólidos. O nome Porífero (lat. Porus, poro + ferre, - 66 - MANUAL DE MERGULHO possuir) refere-se a estrutura porosa do corpo, com muitas aberturas superficiais. CLASSE SCYPHOZOA - (ÁGUA-VIVA, CARAVELA) No scyphozoa (gr. skyphos, taça + zoom, animal) o estágio de medusa mede de 2,5 cm até 2,1 metros de diâmetro e consiste em grande parte de mesogleia gelatinosa, o pólipo sendo diminuto ou ausente. Aurélia Aurita é uma cifomedusa comum nas águas costeiras, freqüentemente vista isoladamente ou em pequenos grupos. Estrutura: o corpo parece um guarda-chuva, este franjado por uma série de tentáculos marginais delicados e densamente distribuído. Possui gônodas, uma rede nervosa primitiva, bolsa gástrica, boca e um braço oral pontiagudo. CLASSE ANTHOZOA (ANÊMONAS DO MAR E CORAIS) Os anthozoa são pólipos marinhos em forma de flor (gr. anthos, flor + zoon, animal), de tamanho pequeno a grande e textura relativamente firme, com uma tendência para a simetria biradial. Além das anêmonas do mar e corais pétreos, esta classe inclui os corais negros, os moles e os córneos, as - 67 - MANUAL DE MERGULHO penátulas e renílias coloniais e outros. Os corais são os principais construtores de recifes, crescendo como massas rígidas capazes de resistir ao constante embate das ondas. Outros invertebrados e algas marinhas também contribuem para a formação dos recifes. Muitos tipos de animais vivem entre ou dentro dos corais; alguns caranguejos tornam-se prisioneiros em galhas de corais. O organismo do coral é um pequeno polipo em forma de anêmona, com tentáculos curtos, musculatura escassa e sem disco pedal (pé), que vive em uma taça pétrea com elevações radicais no fundi, fabricada pela própria epiderme. Gerações de tais polipos produzem os esqueletos calcários de corais e os recifes coralinos. Os corais construtores de recifes requerem água de 8 graus centígrados ou mais durante todo o ano para crescerem bem. Além disso, não conseguem viver em profundidades maiores que 36 metros, porque precisam de luz suficiente para suas algas simbiontes, portanto nós mergulhadores os encontraremos com regularidade. - 68 - MANUAL DE MERGULHO ARTROPODES - (FILO ARTHROPODA) É o grupo que possui a maior parte dos animais conhecidos e nele estão englobados os crustáceos. SUBFILO CRUSTACEA (CRUSTÁCEO) Caranguejos, lagostas, camarões, cracas, siris. Os crustáceos marinhos podem ser essencialmente caracterizados do seguinte modo: cabeça formada pela fusão de cinco segmentos, com dois pares de antenas, um par de mandíbulas e dois maxilares. Tórax constituído de dois a sessenta segmentos. Segmentos abdominais normalmente distintos,com um telson na extremidade do corpo. Freqüentemente com uma carapaça que cobre a cabeça e parte do tórax. Apêndices modificados, respiração porbrânquias, sexo separados ou por vezes hermafroditas. - 69 - MANUAL DE MERGULHO CLASSE PYCNOGONIDA (ARANHA DO MAR) Aranha do mar: corpo pequeno, estreito, com segmento cefálico de três a quatro segmentos correspondentes ao tronco. Abdômen vestigial. Quatro olhos, boca sugatória na extremidade de probócides. Em regra, quatro pares de patas, sexos separados, ovos transportados pelo macho, vivem sobre briosoários, corais ou anêmonas. Alimentam-se de fluídos e partes móveis destes. MOLUSCOS (FILO MOLLUSCA) Búzios, mexilhões, polvos, lulas, ostras. BIVALVIA - (MEXILHÕES, OSTRAS, BUZIOS, ETC...) Os membros desta classe são bilateralmente simétricos e compridos lateralmente com corpo mole incluindo uma concha rígida de duas partes (bi, 2- valva, concha). Não há cabeça. O pé geralmente tem forma de machado. - 70 - MANUAL DE MERGULHO CEPHALOPODA - (NÁUTILUS, LULAS E POLVOS) Os cephalopoda (gr. kephale, cabeça + podos, pé) são os moluscos mais desenvolvidos e de estrutura diferenciada dos moluscos. Em muitos aspectos podemos até considerar um grupo evoluído dentre os invertebrados. A classe é representada por apenas 650 espécies. Incluem os maiores invertebrados viventes, a lula gigante Architeuthis, que alcança um comprimento de 16 mts. Possui uma cabeça grande, tem dois olhos conspícuos e uma boca central, a qual é circundada por 10 braços canosos contendo ventosas em forma de taça; o quarto par de braços são tentáculos retráteis e longos. O corpo delgado; cônico, têm uma nadadeira triangular ao longo de cada lado da extremidade afiliada. Abaixo do pescoço há um funil muscular ou sifão. A pele contém muitos cromatóphoros (células capazes de mudanças de cor), pigmentos amarelo ou pardo, em uma cápsula lástica circundada por células circulares. Estes expandem-se e contraem-se ritmicamente, tomando o animal alternadamente claro e escuro. A lula é mais longa dorsoventralmente, a cabeça é morfologicamente ventral e os braços e o sifão representam o pé dos outros moluscos. Na parte superior da parede do corpo há uma pena córnea, a concha, enrijecendo o corpo. O aparelho digestivo inclui boca, faringe, mandíbula, rádula, esôfago, intestino, ânus. Acima do reto há uma bolsa de tinta glandular com um duto que se abre próximo ao ânus. Em cada lado da cavidade do manto há uma brânquia alongada. Os sexos são separados, cada um com uma gônoda próxima a extremidade da cavidade do manto. Esta classe tem povoado os mares desde milênios. Também conhecemos os náutilus e argonautas como parte desta classe. - 71 - MANUAL DE MERGULHO EQUINODERMOS – FILO ECHINODERMATA Estrelas, ouriços do mar, pepino do mar, ophiurus. ASTEROIDEA - (ESTRELA DO MAR) As estrelas do mar abundam em quase todas as costas marinhas, especialmente em praias rochosas e ao redor de pilares nos portos. Várias espécies vivem desde a linha das marés até profundidades consideráveis na areia e no lodo. Estrutura: o corpo consiste de um disco central e cinco raios ou braços afiliados. Na superfície aboral ou superior há muitos espinhos obtusos calcários, os quais são partes do esqueleto. Brânquias pequenas e moles projetam-se na cavidade do corpo. O ânus é uma abertura diminuta próxima ao centro da superfície aboral. Possui pés ambulacrários (tubos afiliados com um disco na porta). OPHIUROIDEA (OPHIURIUS OU SERPENTE MARINHA) Os ophiurius têm um disco pequeno, arredondado, com cinco braços distintos, longos, delgados, articulados e frágeis. Um braço consiste de muitos segmentos semelhantes. As laterais com espinhos pequenos. O phiurius vive desde as águas rasas ás profundas, algumas vezes em grande - 72 - MANUAL DE MERGULHO número escondendo-se debaixo de pedras ou plantas marinhas ou até mesmo se enterrando na areia ou no lodo. Movem-se por movimentos serpenteados rápidos. ECHINOIDEA - (OURIÇO DO MAR E BOLACHA) Os membros desta classe têm corpo arredondado, sem braços, mas possuem espinhos delgados e móveis. Os ouriços do mar são de forma esférica, pé ambulcral como das estrelas do mar, um esqueleto calcário, cinco pares de brânquias, cinco dentes fortes (estes são suportados por uma estrutura complexa de cinco lados dentro de uma carapaça calcária, que é conhecida como lanterna de Aristóteles). HOLOTHUROIDEA - (PEPINO DO MAR) Em oposição aos outros equinodermas, as holothureas têm corpo delgado alongado e eixo oral laboral. A boca é circundada por dez a trinta tentáculos retráteis que são modificados de pé ambulacrais. As holothureas movem-se como lesmas no fundo do mar ou cavam no lodo ou na areia deixando somente uma extremidade do corpo exposta, e quando pertubados contraem-se lentamente. Alimentam-se de matéria orgânica e de detritos do fundo. CRINOIDEA - (LÍRIO DO MAR) Estes equinodermos, semelham-se a flores, vivem abaixo da linha das marés até ás profundidades abissais. O corpo é um pequeno cálice e forma de taça, de placas calcárias a qual estão presos cinco - 73 - MANUAL DE MERGULHO braços flexíveis que se bifurcam formando dez ou mais extremidades estreitas, cada uma contendo muita pínulas delicadas e laterais, dispostas como barbas em uma perna. CARTILAGINOSOS - CLASSE CHONDRICHTHYES Os tubarões, raias e quimeras da classe Chondrichthyes (gr. chondros, cartilagem + ichthys, peixes) são os vertebrados viventes mais inferiores que têm vértebras completas e separadas, mandíbulas móveis e extremidades pares. Todos são predadores e praticamente todos são habitantes dos oceanos. O grupo é antigo e representado por muitos restos fósseis, especialmente dentes, espinhos das nadadeiras e escamas. Os tubarões são de grande interesse biológico, porque algumas de suas características anatômicas básicas aparecem em embriões jovens dos vertebrados superiores. - 74 - MANUAL DE MERGULHO ÓSSEOS - CLASSE OSTEICHTHYES Várias espécies de animais que vivem na água, são chamados peixes, desde os peixes-boi até as estrelas-do- mar, mas o termo se explica propriamente a vertebrados aquáticos inferiores. Os gregos conheciam os peixes como ichthyes, sendo ictiologia o estudo científico dos peixes; o nome comum peixes deriva do latim, pisces. Os peixes mais típicos ou peixes ósseos têm esqueleto ósseo, são cobertos com escamas dérmicas, geralmente têm corpo fusiforme, nadam por meio das nadadeiras e respiram por brânquias. Várias espécies habitam todos os tipos de água: doce, salobra, salada, quente ou fria. Os peixes têm sido um armazém de alimento protéico para a humanidade desde a antigüidade e muitas espécies fornecem recreação agradável para pescadores amadores. RÉPTEIS Nos répteis encontramos a família das tartarugas e um tipo de lagarto, o higuanas das Galápagos. Podemos encontrar com freqüência tartarugas tanto de carapaça mole como rígidas. As de carapaça mole (Dermchelyscoriacea) podem atingir 2,25mts de comprimentos com um peso médio entre 300 a 400kg. Alimentam-se de peixes, moluscos e crustáceos. Deposita seus ovos na areia da praia. As de carapaça rígida - 75 - MANUAL DE MERGULHO (Eretmochelysimbricata) chegam a medir 60 cm de comprimento, alimenta-se fundamentalmente de peixes e efetua sua postura de ovos na areia. Podendo eventualmente encontrar outras espécies de tartarugas, algumas chegando a medir 1,5mts de comprimento e atingindo um peso de 450kg (Carettacaretta). MAMÍFEROS Nos Mamíferos é que encontramos o maior animal da face da terra: as BALEIAS. Os mamíferos marinhos são da ordem cetácea compreendendo baleias cachalotes e golfinhos. Animais de forma hidrodinâmica com os nervos inferiores formados em barbatanas, sem membros superiores, cauda terminal em fora de barbatana horizontal. Existem duas sub-ordens de mamíferos: os com dentes (Odontoceti) e os sem dentes (Mysticeti). ODONTOCETI: Golfinhos, botos e orcas. MYSTICETI: Baleias com barbatanas no lugar de dentes. A família Delphinidae compreende os golfinhos e toninhas. Animais de extrema inteligência, excelente senso de direção e vida em comunidade. Facilmente avistados em nosso litoral, geralmente chegando ou acompanhando embarcações. Quando nós avistarmos golfinhos ou toninhas, para atraí-los, é necessário gritar ou bater no casco da embarcação. Isto prova a tremenda curiosidade deste animal, além de ser muito amável e perspicaz. As baleias em nosso litoral se tornam difíceis de serem avistadas devido a temperatura da água não ser adequada a elas, embora muitas espécies já foram avistadas em nossas costas. Isto não é uma regra geral, exemplo do Arquipélago de Abrolhos. - 76 - MANUAL DE MERGULHO EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 1) Quais são os dois tipos de nadadeiras encontradas no mercado atualmente? ____________________________________________________________ 2) Permite que o mergulhador respire, sem precisar sacar a cabeça para fora da água, mantendo sempre um bom ângulo de visão do fundo marinho: a) b) c) d) Máscara Snorkel Cinto de Lastro Cilindro 3) Qual a função das roupas isotérmicas? ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ 4) Qual a capacidade dos cilindros de alumínio? ____________________________________________________________ 5) Peça importante no mergulho pelo fato de ser o responsável pela marcação da quantidade de ar existente no cilindro: a) b) c) d) Manômetro Profundímetro Regulador Relógio 6) Quando a pressão de uma determinada quantidade de gás aumenta para o dobro, o seu volume será reduzido à metade. Estamos falando de: a) Princípio de Archimedes - 77 - MANUAL DE MERGULHO b) Lei de Henry c) Lei de Boyle e Mariotte d) Pressão hidrostática 7) Diferencie: Flutuação Negativa: ___________________________________________ ____________________________________________________________ Flutuação Positiva: ____________________________________________ ____________________________________________________________ Equilíbrio Hidrostático: ________________________________________ ___________________________________________________________ 8) Defina Hidrocução. ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ 9) Quais são os principais sintomas da Hipotermia? ____________________________________________________________ 10) O que são Barotraumas? ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ 11) Cite três tipos de Barotraumas. ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ - 78 - MANUAL DE MERGULHO 12) Por que o mergulhador não pode mergulhar usando tampões auriculares? ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ 13) Que equipamento de mergulho pode causar o Barotrauma Facial? a) b) c) d) Snorkel Regulador Colete Máscara 14) O que pode acontecer ao mergulhador que retorna à superfície prendendo a respiração (ou com a glote fechada)? a) b) c) d) Embolia Traumática pelo Ar Barotrauma Facial Hiperventilação Barotrauma Sinusal 15) Quais são as causas da intoxicação pelo Gás Carbônico? ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ 16) O que é Narcose? ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ 17) Defina Doença Descompressiva. ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ - 79 - MANUAL DE MERGULHO 18) Quais são os fatores favoráveis ao aparecimento da D. D.? ____________________________________________________________ 19) Qual o objetivo das Tabelas de Mergulho? ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ 20) Qual o objetivo da Parada Descompressiva? ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ - 80 - MANUAL DE MERGULHO - 81 -