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Utilização de redes sociais na contratação de profissionais de nível gerencial * Alexandre Augusto Tayer Gonçalves ** Deisi Domenech *** Resumo: Este estudo aprofundou o entendimento do uso das redes sociais para fins de contratação especialmente de nível gerencial. Para isto, foram estudadas as principais redes sociais do mercado e o processo de contratação em si. Com base neste estudo inicial foi então formulada a pesquisa que em análise revelou detalhes significativos sobre o uso das redes. Foram realizadas 19 entrevistas com profissionais de RH, headhunters, advogados trabalhistas e psicólogos organizacionais. A importância de entender as redes do ponto de vista científico é fundamental para que seu potencial seja alcançado integralmente. Abstract: This study focused on the understanding of the use of social networks for recruiting purposes, especially at management level. To accomplish this, an initial study of the main social networks available in the market as well as the recruiting process were the basis for formulating the research itself. The research revealed important facts on the use of social networks. During the process, 19 HR professionals, headhunters, labor lawyers and organizational psychologists were interviewed. It is important to study social networks from a scientific point of view in order to understand their full potential when using them and also to understand their relation to society. Palavras-chave: Recrutamento. Redes Sociais. Seleção. Contratação. Internet. Keywords: Recruitment. Social Network. Selection. Hiring. Internet. * Este artigo tem por base o Trabalho de Conclusão de Curso intitulado “Uso das redes sociais na contratação de profissionais em nível gerencial” apresentado ao final do 1º. semestre de 2011 na Faculdade de Administração da Fundação Armando Alvares Penteado sob a orientação do Prof. Dr. Armando Terribili Filho. Autores do TCC: Alexandre Augusto Tayer Gonçalves; Deisi Domenech; Marcus Fabricius Botelho Fernandes; Rodrigo André Valério; Silvio Tadeu Agostinho Junior e Stefano Gatti Weigand de Andrade Lima. ** Graduado em Administração de Empresas pela Faculdade de Administração da FAAP e Especialista em Marketing com Enfoque em Planejamento e Marketing Digital. E-mail: [email protected]. *** Graduada em Administração de Empresas pela Faculdade de Administração da FAAP e Empreendedora Social. E-mail: [email protected]. Utilização de redes sociais na contratação de profissionais de nível gerencial, Alexandre A. T. Gonçalves e Deisi Domenech, p. 89-98 89 Introdução Como afirma Qualman (2010), já não existe para empresas a escolha de participar ou não das redes sociais, a escolha está no quão bem irão participar. Mesmo que uma empresa se negue a ser ativa no universo social da Internet, usuários farão isso por ela, tomarão propriedade de sua marca e o controle deixará de estar nas mãos da empresa. Organizações inteligentes e bem sucedidas enxergam no universo das redes sociais um conjunto de excelentes oportunidades a serem trabalhadas. Sabem que devem se manter em contato com todos os usuários que de alguma maneira lhe procuram. Seja para fazer negócios, para defender a bandeira e valores da marca, para indicar os serviços a alguém ou até para reclamar e apontar defeitos, usuários estão ativamente movimentando um conjunto de recursos tangíveis e intangíveis relacionado às empresas, e devem, portanto, ser atendidos. A atualização constante dos dados online é outro fator chave a ser destacado sobre este universo. Centrais de Call Center não precisam mais telefonar continuamente para pessoas cadastradas em seu banco de dados para atualizar os contatos, pois as próprias pessoas alteram suas informações diretamente em suas redes sociais. Usuários querem ser encontrados, buscam fazer parte de algo maior e deixam seus canais abertos para conviver neste universo dinâmico. Nesta era da informação e globalização, se torna também dinâmico o plano de carreira do profissional. As novas gerações, como aponta Terribili Filho (2011), têm menos comprometimento com empresas que não lhe oferecem bons horizontes de crescimento tanto dentro como fora do plano monetário. Empresas, por sua vez, têm a difícil tarefa de reter e atrair estes talentos, não podendo comprometer sua produtividade com profissionais mal contratados e nem investir demais em treinamento, gerando mão de obra especializada para uma concorrência cada vez mais feroz. A relação da empresa com seus colaboradores e sua rede de candidatos a eventuais vagas abertas passa por uma fase turbulenta. O trabalho do profissional de Recursos Humanos é transformado por mudanças comportamentais da nova sociedade. Profissionais concorrem em nível global por uma mesma vaga e o tempo para consolidarem suas especialidades é curtíssimo. O mercado, por sua vez, já está reprimindo o mau comportamento nas redes sociais, segundo Dreher (2011), um levantamento feito pela empresa Proofpoint em 2010 indicou que 7% das empresas já demitiram por causa do mau uso das redes e 20% advertiram seus colaboradores. Este quadro complexo do universo das redes sociais e de sua influência na sociedade gera questões a serem discutidas tanto para profissionais quanto para empresas: é vantajoso o uso de redes sociais para fins de contratação? Existem riscos e medidas que devem ser adotadas no processo? Quem sai ganhando e perdendo com isso no mercado de recursos humanos? Existem aspectos legais e éticos a serem considerados? Existem limites de privacidade a serem respeitados? 90 Estratégica, vol.11(01), junho.2011 Este artigo é baseado em um Trabalho de Conclusão de Curso de graduação que teve por objetivo responder a estas questões pertinentes a utilização das redes sociais, assim como, despertar e instigar aos demais pesquisadores e profissionais sobre formas inteligentes e produtivas de utilização no amplo e, aparentemente, “infinito” campo das redes sociais. 1 Metodologia A metodologia utilizada foi constituída por várias etapas, as quais foram organizadas de um modo lógico, sequencial e dinâmico para garantir a qualidade na coleta de informações em campo. No início, houve uma fase exploratória, caracterizada pelo aprofundamento de conceitos e referenciais teóricos. Em sequencia, foi adotado o método de Pesquisa Explicativa com base nos guias de Hernández Sampieri, Collado e Lucio (2006). Segundos os autores (2006, p. 107), os estudos explicativos “vão além da descrição de conceitos ou fenômenos ou do estabelecimento de relações entre conceitos, estão destinados a responder as causas dos acontecimentos, fatos, fenômenos físicos ou sociais“. Portanto, a metodologia adotada foi ao encontro do objetivo proposto na busca para entender o crescimento da utilização das redes sociais como forma alternativa para a contratação de pessoal, inclusive em altos escalões, assim como, se há e como estas variáveis se relacionam. Para tratar de assuntos relativos à contratação de pessoal em um ambiente repleto de novas ferramentas virtuais e tecnológicas, foi necessário realizar uma sondagem de opiniões de especialistas no assunto. Assim, o enfoque dominante do processo de pesquisa foi do tipo qualitativo, e a delimitação da amostra foi direcionado a “Amostra de Especialistas”, seguindo as mesmas metodologias adotadas pelos autores Hernández Sampieri, Collado e Lucio (2006, p. 272). Após o desenvolvimento e organização para a geração de ideias, o qual se transformou na formulação do problema de pesquisa, foram realizados roteiros de entrevista com enfoque de “Entrevista Estruturada”. Segundo, Marconi e Lakatos (20063) tal enfoque se caracteriza pela possibilidade de o entrevistador seguir um roteiro previamente estabelecido, o qual é efetuado com pessoas selecionadas de acordo com um plano. Foram elaborados três diferentes roteiros de entrevistas, um foi direcionado aos Gerentes/Diretores de Recursos Humanos e Headhunter (recrutadores terceirizados) e os outros dois roteiros direcionados aos Advogados Trabalhistas e Psicólogos Organizacionais. O objetivo foi cobrir um espectro mais aberto da questão levantada como tema, coletando assim, informações relevantes sobre aspectos legais, éticos, psicológicos, de mecânica do processo de recrutamento e seleção, e da atuação das empresas e profissionais nas redes. No total foram entrevistados 19 profissionais de grandes empresas ou de grande atuação no mercado, com 7 a 14 anos de experiência. Vale destacar, que foi determinado manter o caráter confidencial das informações pessoais obtidas sobre os entrevistados, tais como nome do profissional e empresa. Na Figura 1, é detalhado o total da Utilização de redes sociais na contratação de profissionais de nível gerencial, Alexandre A. T. Gonçalves e Deisi Domenech, p. 89-98 91 amostra de especialistas por área de atuação, tendo como prioridade os profissionais da área de Recursos Humanos (Gerentes e Headhunters). O processo de realização das entrevistas foi dinâmico, no qual o entrevistador seguiu um roteiro pré-determinado para criar com o respondente um ambiente propício para que o máximo de informações fossem reveladas. Figura 1 – Quantitativo de participantes especialistas por área Psicólogos Organizacionais 3 Advogados Trabalhistas 3 Headhunters 5 Gerentes e/ou Diretores de Recursos Humanos 8 Fonte: Autores deste artigo. Durante a análise dos dados, para manter a qualidade, foi importante a organização e classificação do material coletado ordenado em critérios, como por exemplo: cronologicamente; por unidade de análise e perfil de indivíduos participantes; e por tema tratado. Ao fim da tarefa analítica, foram destacados quatro pontos-chave na coleta de informações: utilização de redes sociais; ética e confidencialidade; comportamento e produtividade; e contratação. Estes destaques se tornaram a premissa para todo o desenvolvimento e conclusão sobre a utilização das redes sociais em contratação de nível gerencial. Vale citar, que o termo “nível gerencial” utilizado na pesquisa compreende qualquer posição que tenha outra subordinada a si e com responsabilidade significativa. 2 Redes Sociais As redes sociais estão evoluindo para serem centralizadoras de qualquer necessidade de uma pessoa navegando na Internet. Segundo o Kantar Group/TNS (2010), “o que começou como uma plataforma conectada a sua lista de amigos para envio e recebimento de mensagens se tornou um agregador de serviços: a parada única para qualquer necessidade de serviços online” . Hoje, a tecnologia de redes sociais converge com outras tecnologias e a rede se torna uma plataforma para uma gama muito grande de aplicativos diferentes: jogos, calendários, GPS, entre muitos outros. As redes, portanto, são classificadas por sua funcionalidade principal, dentre as de maior relevância no mercado: o YouTube é uma rede para transmissão de vídeo; o Twit92 Estratégica, vol.11(01), junho.2011 ter para “micro-notícias” (micro-blogging); o Facebook para relacionamento pessoal e o Linkedin para relacionamento profissional. Na Figura 2, é possível observar um comparativo entre as principais redes sociais e suas instigantes peculiaridades. Um dos aspectos mais relevantes sobre as redes sociais é que seus usuários recebem informações de canais escolhidos por eles. Isto acontece, porque um usuário está conectado com outro usuário diretamente, e esta conexão foi aceita por ambos. Desta maneira, usuários, através das redes, filtram as informações de seu interesse por selecionar suas conexões. Na rede Linkedin, por exemplo, usuários podem “seguir” empresas que lhe interessam, recebendo notícias e atualizações diretas destas empresas. Este contato direto também é interessante pois o valor de informações trocadas é maior, já que vem direto de sua fonte. Figura 2 – Comparativo entre redes sociais rede TIPO VALOR NÚMEROS RELEVANTES PERFIL Vídeo Conteúdo Real 36 horas de vídeo por minuto Amador e Profissional Mural Integração 600 milhões de usuários Pessoal Microblog Notícias 25 bilhões de postagens em 2010 Pessoal e Profissional Mural Integração 23 milhões de usuários no Brasil Pessoal Multimídia Personalização 300 mil bandas/músicos Pessoal e Profissional Mural Comprometimento Fortune 500 - Executivos de todas as empresas são membros Profissional Fonte: Adaptada de Melaragno (2009). 3 Resultados da pesquisa 3.1 Quanto à utilização de Redes Sociais A utilização das redes é um fator unânime entre os 19 respondentes. Seja para uso profissional ou pessoal, todos os entrevistados fazem uso delas. Do lado profissional, fazem uso para diversos fins, sendo um deles a contratação. Alguns dos respondentes destacaram o uso para prospecção de clientes, divulgação da empresa, e inclusive a busca por parcerias de negócios. Estas parcerias se estendem ao ponto de serem chamadas de intercâmbio comercial, e vão muito além da troca de contatos. Muitas são buscadas internacionalmente. Utilização de redes sociais na contratação de profissionais de nível gerencial, Alexandre A. T. Gonçalves e Deisi Domenech, p. 89-98 93 Alguns respondentes, contudo, se apresentaram mais cautelosos, afirmando que o uso deve ser restrito a ser inteligente e produtivo ou para assuntos específicos pertinentes às atividades da empresa, que requerem o uso das redes sociais virtuais. A maioria dos respondentes afirmou que o uso é liberado para os colaboradores de sua empresa, e inclusive incentivado. Nenhum dos respondentes tem conhecimento sobre o uso feito por parte dos concorrentes. Neste ponto, as respostas foram objetivas, na maioria dos casos, um simples “não”. 3.2 Quanto à Ética e Confidencialidade Os três profissionais da área de Direito que foram entrevistados, abordaram a questão com o “bom senso” entre indivíduos como elemento mais importante, quando o aspecto legal não oferece regras claras e específicas sobre os limites quanto ao uso e investigação das redes sociais. Não é proibido colher informações sobre um candidato através das redes sociais. O artigo 5o da Constituição Federal de 1988 destaca a proibição quanto a violar a privacidade de correspondências, telefone e telégrafo, mas nada que se refira as redes sociais. 3.3 Quanto ao Comportamento e Produtividade Os três entrevistados da área de Psicologia comentaram que é impossível traçar um perfil de personalidade e comportamento profissional apenas observando o uso das redes sociais por uma pessoa. Para criar um perfil de personalidade são necessárias técnicas específicas. O que seria possível é ter uma indicação da atuação ou comportamento de uma pessoa. Observando a ligação do indivíduo com a respectiva família e amigos é possível ter uma ideia de sua sociabilidade profissional. Observar também menções referentes ao trabalho é importante, uma pessoa que tem o hábito de reclamar constantemente, por exemplo, pode ser uma pessoa que tem dificuldades de se engajar positivamente com a empresa em que trabalha. Alguém que fala repetidas vezes sobre seu trabalho ou se vangloria de suas tarefas constantemente, e inclusive por isso passa mais do que o tempo necessário trabalhando, por outro lado, pode ser afetada mais tardiamente por não ter seus momentos pessoais satisfeitos, e isto afetar sua produtividade profissional. O que se deve observar? De acordo com os entrevistados, a frequência do uso, que pode afetar sua produtividade. A sua exposição em imagens, especialmente quando ligada ao uso exagerado de álcool ou até de drogas. Erros graves de escrita. Conteúdo de suas postagens, que podem ser agressivas, ou geradoras constantes de polêmicas, indicando um potencial criador de problemas. Perceber se a pessoa é verdadeira. Uma pessoa que transparece falsidade, não interessa. 94 Estratégica, vol.11(01), junho.2011 3.4 Quanto à Contratação O uso das redes para a contratação foi confirmado de forma unânime entre os respondentes. Alguns destacaram que preferem usar a rede de contatos particulares, seu network pessoal, mas mesmo estes afirmaram que fazem uso de redes sociais para conhecer maiores detalhes sobre seus candidatos em certos casos. A principal rede usada para fins de contratação é o LinkedIN, seguida do Twitter e Facebook. O uso do LinkedIN se justifica por ser uma rede criada para o uso profissional. Alguns respondentes reforçaram este aspecto defendendo que usuários devem estabelecer perfis diferenciados para cada rede e que o contexto muda de uma rede para outra. O Facebook foi mencionado como uma boa rede para conhecer o lado pessoal de candidatos. A frequência de contratações tendo o suporte das redes sociais é muito alta entre os respondentes. Apenas um caso apresentou uma taxa de 20% de contratações feitas diretamente por redes sociais. Os demais não deram números específicos, mas deixaram claro que sempre fazem o uso, mesmo em casos de investigações de candidato. O conteúdo que os recrutadores buscam sobre candidatos é principalmente o específico, ou seja, o que já é normal estar contido no currículo. A confirmação da veracidade de informações expostas por candidatos em currículo ou entrevista é também parte desta busca. Outro elemento destacado foi o número de contatos de um candidato na rede, um candidato com um grande número de contatos pode acrescentar valor para a empresa. Um dos cinco headhunters entrevistados, afirmou que seus clientes, muitas vezes, querem que seja feito o trabalho de investigação, que o headhunter atue como um verdadeiro detetive. Um dos aspectos chave foi a questão da indicação ou referencial de um candidato. Candidatos para cargos de nível gerencial normalmente são encontrados através de indicações. Mesmo após serem identificados, a questão das referências de cada candidato é fator relevante de análise. Um risco apontado no uso das redes foi o de obter informações falsas. Quem pesquisa sobre uma pessoa deve apurar seus resultados e validar a veracidade das informações disponibilizadas nas redes. Quanto à medição dos resultados obtidos com o uso das redes para contratação, apenas um dos respondentes utiliza um índice estatístico. Um segundo caso destaca o acompanhamento em números reais, sem um índice de correlação. A grande maioria não faz uso de métrica alguma. Utilização de redes sociais na contratação de profissionais de nível gerencial, Alexandre A. T. Gonçalves e Deisi Domenech, p. 89-98 95 Considerações Finais Evidencia-se a predominância quanto ao uso de redes sociais pelos entrevistados. Facebook e LinkedIn foram apontados como os mais utilizados, e em destaque o LinkedIn apresentou uniformidade quanto a seu uso perante os headhunters, como pode ser observado em maiores detalhes na Figura 3. Figura 3 – Utilização das redes sociais pelos respondentes Respondente 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 Área Psicologia Direito Recursos Humanos Facebook x x x x x Orkut x LinkedIn Twitter Demais x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x Headhunter x Totais % uso 13 68% 5 26% x x x x x 12 63% x x x x 8 42% x 3 16% Fonte: Autores deste artigo. Mesmo diante de todas as evidências indicando o uso das redes sociais como pré-requisito, e não mais como um diferencial, empresas ainda lidam com esta atividade de maneira experimental e de certa forma insegura. Observa-se isto quando os dados coletados revelam que poucas empresas acompanham o uso por parte da concorrência e que apenas uma, citada nas entrevistas, tem um índice estatístico para fundamentar sua atuação. É importante que se crie a demanda por uma especialização nesta atividade por parte dos profissionais, assim como, promover a inovação e ser “evangelizadores” do uso como forma de ligação direta entre profissionais e empresas, mudando a cultura vigente. Tendo isto em vista, observa-se o ânimo nos respondentes ao mencionarem aspectos como a interatividade com seus candidatos via Internet; a oportunidade de fazer uma pré-seleção como apoio ao processo de contratação; o uso da rede como ferramenta de CRM (Customer Relationship Management), mantendo o contato vivo entre as partes e os casos de intercâmbio comercial. 96 Estratégica, vol.11(01), junho.2011 A criação de aplicativos pelos recrutadores pode ser uma estratégia criativa e inovadora. Pode-se criar um aplicativo onde os candidatos entrem em um pequeno jogo de decisões, e que com uma simples resposta por dia, dentro de suas redes sociais, tomem decisões sobre um processo interno fictício criado para o jogo. Estas respostas levarão os candidatos a passarem por uma seleção natural, e na fase final a empresa entra e atua diretamente com os finalistas. Neste exemplo, a companhia não teria “reinventado a roda”, pelo contrário, teria aproveitado que seus candidatos estão diariamente nas redes e, assim como respondem a comentários de seus amigos, responderiam aos questionamentos deste jogo com um simples click por dia. Outra sugestão é a criação de um índice para o monitoramento dos resultados de ações na Internet voltadas à contratação. É importante que o uso seja otimizado para que o mercado profissional de contratação online não fique preso exclusivamente a ferramentas que cobram uma taxa de serviço de candidatos e de empresas, como por exemplo, a Catho (2011). Existem na Internet algumas ferramentas que realizam o acompanhamento da performance de marcas atuantes em redes sociais, como é o caso do IndexSocial (2011), que utiliza a mesma lógica das bolsas de valores. A criação de um índice para contratação talvez não seja tão simples quanto o IndexSocial, pois avaliaria um número maior de variáveis. Sua utilização, por outro lado, também seria muito maior. Portanto, tendo ao alcance um índice que guia a atuação, empresas podem fazer o trabalho de recrutamento por si mesmas, ou no mínimo ter mais controle do que estão fazendo e dos resultados de empresas terceirizadas que estão contratando. Pode-se afirmar que se está no caminho certo, rumo à eficácia no uso das redes sociais para identificação e contratação de profissionais para o alto escalão das organizações, mas ainda há a necessidade de quebra de paradigma para que a tecnologia seja aproveitada em todo seu potencial. Portanto, é preciso racionalizar o planejamento e análise de resultados no uso das redes, para que sejam utilizadas e aproveitadas de forma eficaz pela sociedade atual e pelas novas gerações. Referências CATHO. Disponível em: <http://www.catho.com.br/>. Acesso em: 26 mar. 2011. DREHER, Felipe. Regras de conduta. Information week. Fevereiro de 2011, p. 53. 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