Edição nº 5 | Março/2009 +

Transcrição

Q U E I R O Z G A LV Ã O
Q U E I R O Z G A LV Ã O
ANO 2 - Nº 5
ANO 2 - Nº 5
Arte
Gastronomia
Cinema
Turismo
Decoração
Ana
Paula
Padrão
FELICIDADE NO EQUILÍBRIO
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editorial e expediente revista 4.indd 2
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Expediente
QUEIROZ GALVÃO
Presidente:
Diretor-executivo:
Superintendentes:
Fernando de Queiroz Galvão
Frederico Pereira
Arno Stupp, Carlos Coimbra,
Carol Boxwell, Henrique Suassuna,
Múcio Souto, Pierre Prelorentzou
e Ricardo Gusmão
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JB Pátria Editora Ltda.
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Jaime Benutte
Iberê Benutte
Fátima Conceição
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Luiz Aymar e Marina Beltrame
PREMIUM MAGAZINE
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Carol Boxwell, Carol Neves, Christiana Guimarães,
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Trilogia Comunicação e Arte Ltda.
Mauro Malin, MTB 14887-67
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Gabriel de Moraes Luiz, Evandro Oliveira dos Anjos
e Julio Grobel - Assistentes de arte
Carla Julien Stagni e Natalie Betito
Amaury Simões, Elpis Icannidis / dreamstine.com,
João Bosco, Raul Junior e Wilton Montenegro
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Gráfica Santa Marta
A Revista PREMIUM QUEIROZ GALVÃO é uma
publicação trimestral da JB Pátria Editora Ltda.,
localizada na R. Flórida, 1703, 11o andar, Brooklin.
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Dúvida e sugestões:
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Os textos assinados são responsabilidade
dos seus autores, que não estão autorizadas
a falar pela revista.
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Editorial
QUEIROZ GALVÃO
A revista Premium entra em seu segundo ano de existência com a meta de
elevar ainda mais, e continuamente, o padrão de qualidade e interesse das
reportagens que oferece a seus leitores.
Nesta edição, a jornalista Ana Paula Padrão fala de seu contentamento
com a opção feita em 2005, quando deixou o Jornal da Globo e se transferiu para o SBT, para o qual hoje produz reportagens especiais. Ela ganhou
tempo para pesquisar, viajar, estar com amigos, em casa e com o marido.
Nesta edição, você lerá também uma entrevista com o chef e empresário
Sérgio Arno, que advoga o direito não só à boa comida, mas igualmente
ao conforto e aos sonhos de consumo.
Premium antecipa os padrões sóbrios que, neste inverno, vão predominar
na moda de cama, mesa e banho. Apresentamos a charmosa Courchevel,
nos Alpes Franceses, um dos principais destinos europeus de celebridades.
O paisagismo leva ao Giardino Giusti, na Verona dos amantes Romeu e
Julieta. A revista foi saber também o que faz de um quarto um ambiente
ideal para o bom sono.
Quem quiser descansar depois da folia carnavalesca em lugares tranquilos
encontrará sete indicações à beira do mar, no planalto e na montanha.
Sugestões de restaurantes tradicionais em Recife, Salvador, Rio de Janeiro
e São Paulo estão na seção Gourmet.
Em Art Cinema, mostramos que co-produções entre diretores de cinema
do Brasil e produtores estrangeiros abriram todo um caminho para os mercados de vários países e para o intercâmbio artístico e técnico. Em Art
Cultura, apresentamos um dos escultores com mais obras colocadas em
espaços públicos no país, Ascânio MMM. Ele inspirou-se desde o início
em figuras geométricas de uma disciplina sisuda do curso de arquitetura:
Geometria Descritiva.
Que a leitura seja prazerosa e inspiradora.
Frederico Pereira
Diretor-executivo
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Sumário Edição 05
MARÇO DE 2009
32 ANA PAULA PADRÃO
Equilíbrio entre realização profissional e vida
pessoal foi o que a jornalista buscou — e
encontrou — ao escolher a atividade autônoma.
12 Spot Objetos de Desejo
Alta tecnologia, produtos que se adaptam
ao meio ambiente e decoração de luxo
para consumidores em busca de novidades
úteis e bonitas.
38 Destino França
Courchevel, nos Alpes franceses, é opção
para quem quer conhecer um dos locais
prediletos das celebridades internacionais.
Capa
Ana Paulo Padrão
Foto: Divulgação
44 Destino Brasil
Para descansar da folia, sete destinos
garantem tranquilidade absoluta no mar
ou na montanha.
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24 DECOR
18 PERFIL
As tendências da moda de inverno em roupas
de cama, mesa e banho, que vestem a casa.
Comer bem não é tudo. Uma casa confortável e sonhos
de consumo elevado também fazem parte da vida
do bem-sucedido chef e empresário Sérgio Arno.
50 Gourmet Culinária Tradicional
74 Art Cinema
Leite, em Recife, Yemanjá, em Salvador, Casa
da Suíça, no Rio de Janeiro, e La Casserole,
em São Paulo, são restaurantes onde a
tradição é penhor de boa comida.
Cineastas brasileiros encontram nas
co-produções com empresas do
exterior abertura de mercados e
precioso intercâmbio artístico.
60 Bem-viver Quarto do bom sono
78 Art Cultura
Como criar o ambiente ideal para dormir
confortavelmente e acordar bem disposto.
Conheça as esculturas de Ascânio MMM,
um dos artistas com maior número de
obras em espaços públicos no país.
64 Queiroz Galvão Pronto para morar
Vencedora do Troféu Ademi-PE 2008, a
construtora entrega o primeiro edifício na cidade
de São Paulo, o HLI 120, e alia modernidade e
tradição em Recife, com o Dona Sylvia.
82 Habitar Crônica
Mauro Malin fala de fotografias
impessoais e de ambientes
excessivamente personalizados.
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Spot Objetos de Desejo
Ondas de gelo
Fotos: Divulgação
Com tecnologia semelhante à do microondas, o Dynasty é capaz de produzir 15 kg de gelo em tempo
recorde: entre 8 e 12 minutos, com opção de três
diferentes tamanhos de pedras. Útil para quem costuma receber amigos para drinques e festas. A máquina
ocupa pouco espaço (36 cm de altura por 34 cm de
largura) e possui modelos de 110V e 220V. À venda
na internet, o preço varia conforme o site.
Recarga em dez minutos
A MTI MicroFuel Cells, fabricante de gadgets,
acaba de lançar uma novidade que vai revolucionar a vida dos “viciados” em telefones celulares e afins. O Mobion é capaz de recarregar
totalmente uma bateria em apenas 10 minutos.
Isso graças a um chip que produz eletricidade
mediante reação entre metanol, água e ar.
Tem diversas opções de saída, que comportam
desde cabos USB até entradas para câmeras
digitais. Sem data de lançamento prevista no
mercado brasileiro. Mais informações no site
www.mtimicrofuelcells.com.
Revisteiro com arte
Para os amantes da arte, a Le Design produz peças de decoração artesanais e exclusivas. A designer Patrícia Naves
criou um revisteiro que une arte e funcionalidade, em um
estilo nada óbvio. Toda feita em madeira compensada curvada e lâmina de rovere, uma espécie de fórmica, essa peça
roubará a cena na decoração de qualquer ambiente. À venda na Le Design, em São Paulo, por R$ 585.
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Entretenimento puro
Com uma tela de 2.8 polegadas, o N96, novidade
da Nokia, suporta jogos N-Gage, GPS integrado com
Nokia Mapas 2.0 e câmera digital de 5 megapixels. O
teclado desliza para os dois lados, possibilitando a escolha entre teclas multimídias ou de voz. O aparelho
ainda vem com 16 GB de memória interna, expansível
para até 24 GB, com cartão MicroSD. Com tanta memória o N96 armazena mais de 40 horas de vídeo, que
podem ser transferidos via USB 2.0 ou baixados pela
internet. Suporta diversos formatos de gravação, como
MPEG-4, Windows Vídeo ou Flash Vídeo. A qualidade
é similar à de DVD, com 20 frames por segundo. Preço
sugerido de R$ 2.399.
À prova d’água
Para desfrutar das novidades tecnológicas até embaixo
d’água, a Mevolution, marca especializada em gadgets de
luxo, apresenta a caixa de som flutuante wireless. Com
formato divertido e rede sem fio, a caixa se comunica com
os aparelhos Ipod, permitindo ao usuário curtir seu som
favorito enquanto se refresca na piscina, por exemplo. À
prova d’água, o equipamento funciona a uma distância de
até 70 metros e possui leds azuis, que iluminam à noite.
Custa R$ 1.490, na Mevolution.
PC Fashion
Computador não é só tecnologia. Um design diferenciado pode fazer a diferença
na hora de escolher um equipamento. A
Ego-Lifestyle trouxe ao mercado máquinas
ultrapersonalizadas. O laptop é fabricado
pela Bentley Motors, a mesma dos carros
de James Bond, e é equipada com Windows Vista, disco rígido de 160 GB, wi-fi,
bluetooth e webcam. O aparelho da foto é
uma luxuosa edição limitada em couro, cravejada de diamantes, que com certeza vai
deixar muita executiva enlouquecida. Os
modelos estão disponíveis em edições numeradas e podem ser encontradas no site
www.ego-lifestyle.com
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Brilho próprio
Foto: Luiz Aymar
Ideal para quem gosta de assistir a cenas de ação, a TV OLED X-1,
da Sony, tem tela de apenas 3 mm de espessura, com imagens
d
nítidas e tempo reduzido para exibir movimentos, o que garante
n
rrapidez às sequências. Primeiro aparelho do mundo feito com tecnologia Oled (Diodo Orgânico Emissor de Luz), o televisor funcion
na com luz própria, ao contrário dos televisores de cristal líquido
n
(LCD), que necessitam de lâmpadas fosforescentes para emissão
das imagens. É econômico no consumo de energia, além de obter
d
o chamado “preto real”, já que não existe luz de fundo.Ainda não
está à venda no Brasil, mas pode ser adquirido pelo site da Sony
e
Style por US$ 2.499,99 (www.sonystyle.com).
S
Moda na decoração
Depois de conquistar posição de destaque na moda brasileira,
o estilista André Lima decidiu usar seu talento e criatividade em
outras áreas. Em parceria com a Firma Casa, ele desenvolveu
e lançou uma linha de mobiliário moderno e ousado, como as
roupas que faz. Sua assinatura está no design, na escolha dos tecidos e na estamparia. Uma das peças de maior sucesso é a confortável poltrona samambaia, forrada com linho puro e estampa
exclusiva. Preço sob consulta na Firma Casa, em São Paulo
Sofisticadas e descartáveis
Para mudar o conceito das louças descartáveis, a fabricante espanhola TAST conta com
um grupo de designers que elabora produtos
modernos e sofisticados, cujo diferencial não
está apenas no requinte. Feito com material
mais resistente do que os tradicionais produtos descartáveis, as louças têm estabilidade,
mesmo sendo bem leves. Úteis e econômicas,
uma mesma peça pode ser utilizada de formas
diferentes. Comercializadas em 14 países, são
vendidas apenas em grandes quantidades. O
preço varia conforme o item, é cobrado em
euro e por unidade. No Brasil, pode ser adquirido apenas pela internet, através do site
www.cocinaonline.com
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Memória de elefante
A Kingston, uma das grandes marcas fabricantes de memory sticks, apresenta
o DT 150, que possui capacidade para
armazenar até 64 GB de arquivos. Baseado em tecnologia de memória flash,
onde os arquivos se tornam mais compactos, do que resulta maior espaço
disponível, este pen-drive é compatível
com Windows XP, Windows Vista e Windows 2000, e também com os sistemas
da Apple. Preço sugerido: R$ 733.
Útil e ecológico
Ideal para quem se preocupa com o
meio ambiente, a lixeira seletiva da
Tok&Stok facilita na hora da reciclagem.
São quatro lixeiras de cores diferentes,
que possuem super-ímãs para mantêlas unidas. Com detalhes vazados a laser, são feitas em aço, com acabamento
em epoxi-pó — pintura que protege o
produto da ferrugem e o deixa esteticamente mais bonito. O conjunto com as
quatro peças custa R$ 149,90 — preço
consultado em janeiro e sujeito a alterações (www.tokstok.com.br).
Última palavra em ergonomia
A Embody Chair é um passo à frente no design da Herman Miller, fabricante da famosa cadeira Aeron. O diferencial está sobretudo no encosto, inspirado na coluna
vertebral. Permite total liberdade de movimentos, o que
reduz a pressão sobre músculos, ossos e tecidos do corpo. É feita para eliminar o desconforto causado pelo
excesso de tempo em frente ao computador. À venda
no site: www.atecnet.com.br. Preço sob consulta.
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Portátil e potente
Para quem deseja ter em casa o charme de uma
lareira mas não está disposto a quebrar paredes,
a Apoll Table Top Fireplace, da empresa alemã Carl
Mertens (http://www.carl-mertens.com), é uma solução. Móvel, a lareira pode ser utilizada em ocasiões e ambientes diversos. De vidro temperado e
aço inoxidável, funciona com álcool. Suas chamas
são reguláveis e chegam a durar quatro horas. À
venda em sites internacionais, com preços que variam entre 500 e 800 dólares.
Ipod para soltar a voz
Conectado ao ipod, o iKaraoke retira a voz principal da
música selecionada e passa a transmitir o áudio através de uma porta de saída. Apesar de não ter letras e
notas de pontução como os tradicionais karaokês, o
aparelho tem microfone com efeito de reverberação, o
que garante a potência da vibração sonora. Mais informações no site da Griffin (www.griffintechnology.com).
Brinde com classe
A Perrier Jouet Belle Epoque confeccionou uma edição limitada para os
apreciadores de champanhas. O Brasil
é o único país da América do Sul a receber as dez embalagens do pack especial do Belle Epoque. Produzido na
cidade de Epernay, França, o conjunto
é composto por uma caixa personalizada, uma garrafa de Belle Epoque e
duas taças decoradas com figuras de
anêmonas e rosas. Vendido com exclusividade no Empório Santa Maria, em
São Paulo. Preço sob consulta.
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Fotos: Divulgação
Perfil Sérgio Arno
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Desbravador das
panelas
Chef apaixonado pelo que faz e empresário, Sérgio
Arno continua expandindo os horizontes de sua
gastronomia pelo Brasil. Prestes a lançar uma
cadeia de fast-food, o criador do renomado La
Vecchia Cucina fala nesta entrevista sobre o que
considera comer e viver bem
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C
hef por paixão, empresário por necessidade profissional. Sérgio Arno tem bom olfato tanto para
as panelas quanto para os negócios. Comandante
de seis restaurantes (dois deles, o La Pasta Gialla
e o Alimentari, com mais de uma loja) e de uma
marca de produtos que leva o seu nome, ele fatura atualmente R$ 1,2 milhão por mês e continua
expandindo os horizontes de sua gastronomia no
país. Atualmente se prepara para lançar uma rede
de fast-food e para realizar o primeiro abate em
sua criação de caprinos, empreitada que iniciou
recentemente. “Vi uma oportunidade aí, porque
temos demanda e produção defasada no Brasil,
com baixa qualidade. Acredito que podemos crescer nesse mercado e obter raças melhoradas”, diz
Arno. Outra chance de expansão ele identificou
no mercado nordestino, para onde levou lojas do
La Pasta Gialla e inaugurou, em Salvador, o 33
Sérgio Arno. Assim como na cozinha é necessário
arte para saber misturar vários e diferentes ingredientes, nos negócios Arno diz que o segredo da
diversificação está em trabalhar com pessoas bem
treinadas, contar com sócios com participação ativa e gerência eficiente. O chef abriu em 1987 seu
primeiro restaurante, o La Vecchia Cucina, até hoje
uma referência da alta gastronomia paulistana. Na
entrevista a seguir ele fala sobre negócios, sobre a
arte de comer e de viver bem.
Salão de uma das 12 unidades do La Pasta
Gialla: no cardápio destacam-se bruschettas,
saladas e massas de fabricação caseira
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Para Arno, qualquer
restaurante, de luxo ou
não, é importante. O que
vale é a boa qualidade
dos produtos
Premium – Como comandar um restaurante de alta
gastronomia, como o La Vecchia Cucina, e uma rede
de fast-food sem perder o foco da boa cozinha?
Sérgio Arno – Temos bons cozinheiros, altamente
qualificados para trabalhar dentro dos padrões que
eu exijo. Acompanho o trabalho deles de perto sempre que posso.
Premium – De que um restaurante não pode abrir
mão, independentemente de seu perfil?
Sérgio Arno – Qualquer restaurante é importante,
sendo de luxo ou não, caro ou não. O que me importa
é a ótima qualidade dos produtos e do treinamento
do pessoal. Compramos com o melhor preço possível
o melhor produto. Preferimos ter um ótimo azeite do
que um talher de prata. Temos que gastar bem naquilo que fazemos: a comida.
Premium – Você se considera hoje mais chef ou
empresário?
Sérgio Arno – Sou chef de coração. Amo o que faço.
Ser empresário é uma conseqüência.
Premium – O que não pode faltar na geladeira ou
na sua cozinha, em casa?
Sérgio Arno – Salsicha, frios, suco de frutas, vinho
branco, patê, queijos diversos e saladas.
Premium – Qual sua comida ou ingrediente favorito?
Sérgio Arno – Gosto muito de comida brasileira bem
feita e simples.
Premium – O que é comer bem para você?
Sérgio Arno – Para comer bem não é preciso luxo. É
preciso uma comida bem feita. Adoro um arroz soltinho
com feijão com caldo grosso. Fazer a comida simples do
dia-a-dia é muito mais difícil do que fazer um foie gras.
Premium – E morar bem?
Sérgio Arno – Morar bem é se sentir confortável. Querer sempre voltar para casa e não ter vontade de sair
depois. Eu tenho um belo jardim, uma cozinha externa com fogão a lenha, forno de pizza, churrasqueira,
uma bela adega. Moro em uma rua tranqüila e tenho
no quarto uma TV de plasma. E, lógico, conto com um
ótimo ar condicionado!
Premium – Qual seu canto preferido em casa?
Sérgio Arno – Gosto muito de ficar à noite sentado à
mesa do terraço para ver o céu, tomar um vinho e ficar
papeando com os amigos. Também gosto de tirar uma
soneca à tarde no meu quarto.
Premium – Você tem algum sonho de consumo?
Sérgio Arno – Seria muito sonhar com um helicóptero?
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Salmão grelhado com molho de tangerina e arroz primavera
Receita de La Pasta Gialla
INGREDIENTES
Salmão - 140g
Arroz - 100g
Cenoura picada -10g
Cebola picada -20g
Manteiga - 20g
Brócolis - 10g
Sal e pimenta a gosto
Vagem - 10g
MODO DE PREPARO DO SALMÃO E ARROZ
1) Picar a cenoura em cubos pequenos, branquear
todos os legumes, reservar.
2) Puxar na manteiga 10 g de cebola picada, todos
os legumes, sal, pimenta e o arroz. Cozinhar até
que o arroz esteja no ponto.
3) Grelhar o salmão.
MODO DE PREPARO DO MOLHO
1) Aquecer a manteiga e refogar 10g de cebola. Em
seguida juntar o gengibre e refoguar.
Molho
Manteiga - 40g
Gengibre - 15g
Mel - 2 colheres de sopa
Tangerina – 500 ml
2) Adicionar suco de tangerina, espremido na mão
para não amargar.
3) Acrescentar o mel e deixar ferver. Coar e deixar o
molho reduzir-se.
4) Resfriar rapidamente até, pelo menos, 4º C e
guardar em recipiente tampado sob refrigeração.
MONTAGEM DO PRATO
1) Montar o prato com o salmão grelhado, arroz primavera, e regar com o molho de tangerina.
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Foto: Amaury Simões
Decor Roupagem da decoração
Nos roupões da MMartan,
classicismo para o inverno.
Na toalha de mesa da
Zelo, tom neutro
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casa
Foto: Divulgação
Vestir a
As tendências que vão dominar cama,
mesa e banho no inverno de 2009
Natalie Betito
N
o século XVI, Luís XIV ditava a moda da França – dos
suntuosos cômodos do palácio de Versalhes ecoavam
as últimas tendências em mobiliário e artigos têxteis
para decoração e vestimenta. Hoje, não há quem não
se encante com as coleções e últimos lançamentos
dos estilistas e marcas mais prestigiados das grandes
maisons europeias. Das passarelas do mundo para o
grande público, jornais, sites, revistas e programas
de TV especializados divulgam as últimas tendências
na composição de cores, estampas, formas, volumes,
texturas e tramas que dominarão o desejo de consumo nas estações seguintes.
Uma visita às lojas Zelo revela ampla linha de artigos para cama, mesa e banho assinada pelo estilista
Alexandre Herchcovitch. Das formas geométricas às
tradicionais e orgânicas, a cada estação é possível
vestir a casa com o que há de mais contemporâneo
e elegante. Para aqueles que buscam maior sofisticação e conforto na escolha dos tecidos e acabamentos,
marcas como a Calvin Klein e Armani também comercializam móveis, roupa de cama, complementos para
casa e uma linha exclusiva de aparelhos para almoço
e jantar, que, aliados a uma boa pintura, iluminação
e acabamento, fazem o styling de qualquer casebre à
beira-mar ganhar ares de haute couture.
Para o inverno brasileiro, chegam às lojas a partir de
março as primeiras coleções de artigos para cama,
mesa, banho, homewear e housewear que dominarão as vitrinas e o imaginário dos consumidores mais
ávidos por novidades. Segundo Armando Casulli,
relações públicas da MMartan Têxtil, as linhas concebidas para a decoração tendem a unir clássico e
contemporâneo.
— O design francês e o inglês misturam-se a requintadas peças de roupas de casa italianas exclusivas
MMartan e é sob o domínio do branco, cru e cáqui
que vão se compondo os ambientes no inverno — especifica Casulli. — A estação pede atenção especial
às peles mink e leopard, ecologicamente corretas,
que fazem companhia aos elegantes cobertores e
mantas com toque de lã merino, além de outros itens
confeccionados em fibra natural de bambu. Propostas românticas ganham bordados delicados, laços e
ponto à jour em seus acabamentos.
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Foto: Amaury Simões
Decor Roupagem da decoração
Pele leopard sobre manta em cru, também na MMartan
Fotos: Divulgação
Cores seguem a tendência à sobriedade mostrada nas
semanas de moda, sem deixar de ser atraentes
Linha Zero Twist, da Karsten
Tal como nos desfiles apresentados nas semanas de moda do Rio e São Paulo, em
janeiro, a cartela de cores permanece mais
sóbria, porém não menos atraente e harmônica. Casulli cita grafite, denim e verdeoliva, e anuncia que “bordados elegantes,
rendas suaves e listrados e xadrezes calmos aparecerão num crash de estampas
nas toalhas e roupões em microfibra”.
Na coleção de inverno da Karsten, a tendência maior na paleta de cores para a
roupa de cama aponta para a cor roxa, que
traz uma combinação equilibrada e criativa
entre as listras e múltiplas estamparias. Os
produtos ecologicamente corretos também
estão entre as tendências da marca. Os fios
compostos por 100% de algodão reciclado
são matéria-prima para designs modernos
e arrojados. Para a linha de banho, a marca oferece os tecidos tecnológicos, a linha
Zero Twist, que aumenta a capacidade de
absorção e a maciez dos produtos.
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As pessoas se refugiam nas casas, que se tornam
mais aconchegantes, diz a designer Carol Lovisaro
Atenta ao comportamento e às vontades dos consumidores, a
designer de interiores Carol Lovisaro destaca a importância que
as casas voltaram a ter para o convívio social.
– É muito interessante ver como os lares ficam a cada dia mais
aconchegantes. Acredito que seja este o refúgio do dia-a-dia, das
ruas, do caos. A vida moderna impôs uma mudança nos nossos hábitos e costumes – diz. – Atualmente recebemos nossos
amigos em casa com maior frequência. Os ambientes ganharam
maior importância, compondo estilos que tornaram as casas mais
confortáveis e bem decoradas. Percebo que, como uma roupa caracteriza a personalidade das pessoas, as casas cada vez mais
cumprem esse papel.
Para o décor de inverno, Lovisaro propõe um resgate ao passado:
– Já que estamos passando por um momento de incertezas, vamos dar as boas vindas ao estilo barroco, com formas arredondadas e tecidos deliciosos, deixando o ambiente aconchegante e
luxuoso. A tendência é usar tudo que inspire o conforto, e ter
um olhar mais atento ao eco-design.
Linha Silhueta
Azul, da Zelo
O arquiteto americano Louis Sullivan criou um
slogan, “A forma segue a função”, que foi entendido como regra, mas não o era, alerta o
canadense Wytold Rybczynski no livro Casa:
pequena história de uma ideia. Não houve
uma “estética da engenharia” na Inglaterra
vitoriana, onde os engenheiros eram tão proeminentes. Mais do que a tecnologia, afirma
Rybczynski, a moda e o gosto popular comandaram a decoração de interiores.
Um marco do século XX foi uma exposição internacional realizada em Paris em 1925. Ela
deu origem ao estilo batizado a partir de seu
nome: Art Déco, sucedido pelo Art Nouveau.
A exposição parisiense foi calcada numa tendência que havia surgido antes, em 1909,
quando o balé russo Serge Diaghilev se apresentou em Paris.
Figurinos exóticos e resplandescentes
Rybczynski recapitula:
“A música de Rimsky-Korsakov e a dança de
Nijinsky tiveram um efeito eletrizante sobre
a sociedade parisiense, mas a decoração e o
figurino sensuais de Leon Bakst impressionaram da mesma maneira. Eram exóticos e resplandecentes (….) Depois de assistir ao balé
Sheherazade, costureiros influentes como Paul
Poiret introduziram os turbantes com plumas,
as meias-calças de seda colorida, as calças
de odalisca e outras modas orientais. A nova
aparência, glamurosa e sensual, era um enorme sucesso. As curvas amplas da Belle Époque
foram substituídas por finas saias em camadas
e os corpetes foram substituídos por tubinhos
retos (que, mais tarde, ficaram bastante curtos)
e vestidos com peitos pequenos. Como já havia
acontecido tantas vezes no passado, as roupas
influenciaram a decoração. O lamê precisava de um ambiente adequado (….). Os trajes
mais soltos e mais livres criavam uma postura
mais descontraída; as pessoas começaram a se
recostar – uma moda oriental – sobre pilhas
de almofadas soltas. Em 1911, Poiret abriu o
seu próprio negócio de decoração de interiores – antecipando-se a Ralph Lauren em mais
de meio século – e estendeu o luxo lânguido
dos seus trajes aos próprios ambientes. Assim
nasceu o Art Déco”.
Ilustração: Francesa/Dreamstime.com
Do corpo para os ambientes
Ambientes e vestuário se
confundem na textura do Art Déco
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Decor Paisagismo
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Natureza
e arte
O jardim Giusti, expressão estética
do Renascimento tardio, há séculos
encanta visitantes na charmosa Verona
Na “formosa Verona” onde transcorre a tragédia de Romeu
e Julieta, obra mais popular de Shakespeare, encontra-se
um dos jardins célebres da Itália, o Giardino Giusti. Há pelo
menos 350 anos ele provoca encantamento com sua mistura serena de natureza, arte e história. Goethe e Mozart
estão entre os visitantes ilustres que deixaram registro de
seu deleite com o lugar.
A família Giusti se estabeleceu na cidade no século XV,
mas só no final do século seguinte o conde Agostino Giusti
(1546-1615) mandou criar o jardim, atrás do magnífico
palácio construído por seus antepassados.
O terreno se divide em duas partes. A parte plana, contígua ao palácio, é dividida em quadras por eixos perpendiculares e atravessada por uma aléia central de elegantes
ciprestes. Nas laterais ficam canteiros e sebes ornados
com estátuas e fontes. A parte elevada segue a tradição
vêneta de intervenção na natureza com respeito pela con29
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Decor Paisagismo
Exemplo de jardim
renascentista, o Giusti
acolheu elementos
barrocos e românticos.
É local de visitação
obrigatória em Verona
formação do terreno, o que cria expressivo contraste com o jardim geometrizado da parte inferior. A ligação entre os dois planos é feita por uma
torre encostada na rocha original, recoberta por
vegetação de bosque.
Ao longo dos séculos, o jardim passou por mudanças que refletiam os padrões de cada época, principalmente com a introdução de elementos barrocos e românticos. Mas nos anos 60 do século
passado o conde Nicolò Giusti del Giardino – “do
Jardim” passou a fazer parte do nome da família,
que ainda é dona do palácio – promoveu uma recuperação
da feição original.
Verona foi cidade romana – período em que ganhou seus
mais famosos monumentos, a Arena, um teatro da época
do imperador Augusto e a Ponte Pietra, notável exemplo de
arquitetura militar sobre o Rio Ádige –, depois submetida à
Lombardia e à Baviera, independente, submetida a Milão,
a Veneza e à Áustria, antes de ser incorporada ao reino da
Itália, em 1866.
O Giardino Giusti abre todos os dias de 9h às 20h (no inverno, só até 17h), a entrada custa 5 euros e se gasta usualmente uma hora para percorrê-lo. A cidade tem excelentes
restaurantes, sobretudo populares, onde se pode beber o
vinho mais famoso da região, o Valpolicella. Verona realiza
anualmente, entre outras, a grande feira de mobiliário moderno Abitare il Tempo.
Além da muito conhecida Arena, onde no verão se realizam
espetáculos artísticos conhecidos em toda a Itália, em Verona se encontram um castelo medieval, o Castelvecchio, e vários palácios do Renascimento desenhados por Michele Sanmicheli na mesma época em que foi feito o jardim Giusti.
O livro 1001 Gardens You Must See Before You Die (1001
jardins que você deve ver antes de morrer), organizado em
2007 por Rae Spencer-Jones, lista ainda, na região do Vêneto, as vilas Pisani, em Stra, Barbaro, em Maser, Barbarigo,
em Valsanzibio, e o Horto Botânico de Pádua, o mais antigo
jardim botânico universitário do mundo.
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Fotos: Divulgação
Capa Ana Paula Padrão
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Feliz
como
nunca antes
Jornalista representa bem a mulher
contemporânea que concilia
sucesso profissional e vida pessoal.
Encontrou esse equilíbrio e garante
que nunca esteve tão feliz
Carla Julien Stagni
E
la é uma das jornalistas mais competentes e respeitadas do
país. De uns anos para cá mostrou que também é uma mulher muito corajosa. Não só porque cobriu situações difíceis,
como a queda da ditadura talibã no Afeganistão, e a guerra
de Kosovo, mas porque abriu mão de um dos postos mais
cobiçados da televisão brasileira, o de âncora do Jornal da
Globo, para cuidar de sua vida pessoal.
Depois de quase 20 anos na emissora, onde também foi correspondente em Londres e Nova Iorque, e passou por momentos memoráveis, como a transmissão ao vivo da queda das Torres Gêmeas, em 11 de setembro de 2001, Ana Paula Padrão
causou polêmica ao anunciar que estava saindo da Globo, em
2005, para assumir o, na época, falido jornalismo do SBT.
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“O lugar mais interessante é sempre aquele
para onde ainda não fui”
Ana Paula estava casada pela segunda vez
havia dois anos – com o economista Walter
Brasil Mundell – e não suportava mais trabalhar todos os dias das duas da tarde às
duas da madrugada.
“Nesse momento entendi que poderia ser o
que quisesse. Bastaria coragem para decidir privilegiar o amor, os amigos, a família.
Hoje, com o SBT Realidade, recuperei o que
há de mais nobre na profissão: a reportagem”, diz.
A jornalista é uma daquelas mulheres que
são femininas e orgulho de feministas. Aos
43 anos de idade, parece ter encontrado o
equilíbrio. Está mais madura e se diz feliz
tanto na profissão como na vida pessoal.
Atualmente, a brasiliense, filha de mineiros
e que pensou em ser bailarina quando adolescente – ela chegou até a dar aulas e fazer
teste para o conceituado Grupo Corpo, de
Belo Horizonte –, comanda sua própria produtora, a Touareg Conteúdo, que, além de
fazer o programa de documentários SBT Realidade, apresentado por ela, atende uma
clientela formada por grandes empresas.
Ser independente era um dos objetivos da
jornalista quando decidiu sair da Rede Globo de Televisão. Na data desta entrevista,
ela e o marido acabavam de voltar de férias.
Estavam curtindo uma temporada de relax
total na casa que construíram em Itacaré, no
litoral sul da Bahia.
“Itacaré é meu paraíso. Desligo assim que
chego lá. Adoro aquele contraste da mata
atlântica superpreservada com as praias lindíssimas”, conta Ana Paula, que já voltou ao
trabalho com força total. No momento está
em fase de pré-produção de um novo documentário para o SBT Realidade: “Estou indo
para os EUA gravar um programa especial sobre o início do governo Obama”.
Premium – Você viajou – e viaja – muito a trabalho... De todos os lugares
para onde foi, qual o mais marcante?
Por quê?
Ana Paula – O lugar mais interessante, para
mim, é sempre aquele para onde ainda não
fui. Mas é claro que adoro muitos dos países
que conheci. A Turquia, pelo contraste oriente/ocidente. A Índia, porque nunca consegui
entendê-la. O Afeganistão, porque parte de
mim ficou por lá.
Premium – Conte um pouco como foi
sua experiência no Afeganistão...
Ana Paula – Estive no Afeganistão três
vezes. Todas muito diferentes umas das outras. A primeira, ainda sob o regime talibã,
foi de muita tensão. A segunda, de júbilo,
com milhares de pessoas nas ruas, comemorando a queda do governo. E a terceira,
de tristeza, ao constatar que a esperança
deu lugar a uma enorme desilusão. Os serviços públicos não melhoraram e as mulheres continuam muito oprimidas por lá.
Premium – Para onde ainda não foi,
mas quer ir em breve?
Ana Paula – Para o Vietnã.
Premium – A trabalho ou a passeio?
Ana Paula – Tanto faz. Mas para passear
com meu marido seria o ideal.
Premium – Aliás, você consegue viajar
somente a passeio, desligar-se totalmente do trabalho?
Ana Paula – Hoje em dia consigo, sim. E
quanto mais faço isso, mais importante eu
acho desligar-me de tudo, descansar, limpar
a cabeça e voltar renovada para uma nova
etapa de trabalho.
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Ana Paula
em Israel.
Os países
que mais
marcaram
a jornalista
foram Turquia,
Índia e
Afeganistão
Trabalhar no exterior ajuda a ter uma visão
diferente do país, com os olhos de outras culturas
Premium – Você foi correspondente internacional da Globo, em Londres e NY... Como
foi a experiência de viver e trabalhar fora
do Brasil?
Ana Paula – No começo é bem difícil. A gente se
sente foca (repórter em início de carreira) de novo,
já que não tem a memória daquele lugar. Mas em
seguida é muito bom. Você passa a ter uma visão
diferente do Brasil, a partir dos olhos e da cultura
de outras pessoas, e isso faz toda a diferença.
Premium – Se pudesse escolher uma cidade
para viver fora do Brasil, qual seria? Por
quê?
Ana Paula – Acho que seria Nova Iorque, porque
a partir de lá o mundo fica muito perto.
Premium – Em algum momento você se arrependeu de sair da Globo?
Ana Paula – Minha decisão não foi um rompante. Refleti muito sobre o que queria fazer. Não era
apenas uma mudança de emprego, era, e foi, uma
mudança de vida. Eu queria depender menos do
glamour da televisão e mais da minha própria
produção. Queria me testar como líder de
uma equipe na minha própria empresa. Queria conhecer o mercado de produção independente. E queria muito, mas muito mesmo, ter
mais tempo. Para mim, para pesquisar, para
viajar, para estar com amigos, para minha casa
e meu marido. Essas são coisas que de fato
importam para mim e, quando olho para trás,
tenho ainda mais certeza de que tomei a decisão correta. Nunca estive tão feliz em toda
minha vida.
Premium – Você tem fama de ser durona
no trabalho e com sua equipe. É verdade? Você se considera uma workaholic?
Ana Paula – De jeito nenhum. Trabalho muito e trabalho de maneira séria, mas hoje dou
uma incrível importância ao lazer e ao ócio.
Boa parte da minha equipe está comigo há
mais de oito anos. Todos eles exigem, como
eu, qualidade e dedicação. E também bom
caráter e, acima de tudo, bom humor!
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Premium – Como é definida a pauta
do SBT Realidade?
Ana Paula – É definida em reuniões da
equipe, aqui na Touareg Conteúdo, nossa
produtora. Tanto os assuntos quanto a abordagem editorial, e ainda a produção, captação e edição são feitos por nós. O produto
chega pronto ao SBT.
Premium – Desde quando existe a
Touareg?
Ana Paula – Há dois anos.
Premium – Que outros trabalhos a
Touareg faz?
Ana Paula – Desenvolvemos e produzimos
formatos de documentários e séries para
televisão, e atendemos clientes como fornecedores de conteúdo para TVs corporativas
e vídeos institucionais.
Premium – Como é seu dia-a-dia?
Ana Paula – Durmo e acordo cedo. Leio os
jornais durante o café da manhã, faço ginástica
e venho para a produtora. Todos os dias tenho
compromissos muito distintos, e ainda as viagens! Mas hoje tento ir para casa mais cedo,
para um jantar tranquilo, um bom vinho, um
livro ou um filminho na TV com o meu marido
antes de deitar.
Premium – O que costuma assistir na TV?
Ana Paula – Pouca coisa. Telejornais, às vezes,
e documentários bons nas TVs a cabo.
Premium – Quais seus planos para
2009?
Ana Paula – Quero fazer minha empresa crescer mais. Quero dar mais empregos e realizar
mais projetos. No lado pessoal… acho que quero ir mais para Itacaré.
Ana Paula com uma criança afegã
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Destino Courchevel França
Sofisticação na
neve
Destino de ricos e famosos, Courchevel, nos Alpes
franceses, é considerada a estação de esqui mais
chique e concorrida da Europa
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Foto: Elpis Ioannidis/Dreamstime.com
D
eslizar por picos gelados, com ângulos perfeitos e vertiginosos, várias opções de pistas
e... muito luxo! Courchevel oferece tudo isso
e muito mais. Incrustada nos Alpes franceses,
essa, que é uma das estações de esqui mais
exclusivas do mundo, fica a 633 quilômetros
de Paris e é o paraíso de inverno de europeus
endinheirados. Brasileiros ligados a esportes
de neve, mas que não abrem mão da sofisticação, também procuram este destino.
Courchevel faz parte da chamada Les Trois
Vallées, a maior área esquiável interligada do
mundo. Dividida em quatro vilas – Courchevel
1300, Courchevel 1550, Courchevel 1650 e
Courchevel 1850, batizadas de acordo com
suas altitudes –, a cidade vai se tornando mais
chique e cara à medida que se sobe a mon-
tanha. Assim, é fácil adivinhar que os preços
em Courchevel 1850 são os mais elevados do
pedaço. É lá, inclusive, que se concentram os
hotéis mais luxuosos, chalés multimilionários,
restaurantes estrelados e, claro, uma verdadeira constelação de ricos e famosos.
Não é de hoje que Courchevel é destino de
celebridades. A atriz Brigitte Bardot, na década de 60, foi uma das primeiras a adotar
a cidade como refúgio de inverno. Portanto,
não se espante se, de repente, você der de
cara com o casal David e Victoria Beckham,
ou com o rei Juan Carlos da Espanha, habitués da estação de esqui, assim como o
estilista Giorgio Armani, o cantor Elton John,
o ator George Clooney e a top model Naomi
Campbell.
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Fotos: Divulgação
Hotel Annapurna, na Vila 1850, paraíso das celebridades
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Chalés do Annapurna
Para quem ainda não sabe esquiar, três escolas, com
700 instrutores, ajudam a superar os tombos na neve
Cada vila recebe turistas com características bem diferenciadas. A 1550, por exemplo, é mais procurada
por famílias, enquanto a 1650 tem uma atmosfera
mais jovem e festiva. A 1850 é, claro, a mais elegante
de todas.
Por oferecer tamanha diversidade de opções, Courchevel segue imbatível como o point europeu dos amantes
dos esportes de neve. Seus visitantes são basicamente
esquiadores, snowboarders ou aprendizes dispostos a
levar alguns tombos antes de descer as montanhas da
região. São 150 quilômetros de pistas de esqui, mais
604 quilômetros, contando com as de Les Trois Vallées.
Quem não domina ainda a arte de deslizar no gelo tem
assistência qualificadíssima por perto. Três escolas de
esqui atendem a área, com cerca de 700 instrutores que
prometem tornar a estadia dos leigos no assunto bem
mais divertida.
Nem só de esporte, porém, vive Courchevel.
Quando o sol se põe, as ruas das vilas se enchem de pessoas encapotadas, que enfrentam os ventos gelados atrás de compras em
butiques de luxo, dos charmosos cafés, para
espantar o frio, conversar e paquerar, dos requintados restaurantes, comandados por chefs
renomados que oferecem iguarias das cozinhas francesa e internacional. Depois disso
tudo, quem tiver fôlego pode ainda entrar madrugada adentro “fervendo” em uma das várias
casas noturnas da cidade.
Em meio à brancura das montanhas nevadas,
enormes chalés de madeira se destacam na
paisagem. Aconchego e tradição definem a arquitetura das construções locais, incluindo aí
os hotéis mais badalados e sofisticados.
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Elegância e conforto na suíte do Annapurna
Os hotéis mais badalados e sofisticados
oferecem arquitetura que privilegia
aconchego e tradição
Alguns merecem destaque, graças a seus
serviços impecáveis e frequência idem.
Cinco hotéis em Courchevel 1850 estão
entre os mais concorridos: o Kilimandjaro (www.hotelkilimandjaro.com), o Le
Bellecôte (www.lebellecote.com), o Les
Airelles (www.lesairelles.fr), o Annapurna
(www.annapurna-courchevel.com) e o La
Pomme de Pin (www.pommedepin.com).
Todos oferecem conforto e luxo necessários para uma temporada inesquecível na
montanha, como suítes aquecidas por lareiras, TVs de LCD, DVD, hidromassagem
no banheiro, spas com todo tipo de tratamento de relax e beleza, e, principalmente, paisagens incríveis emolduradas
pelas janelas.
A gastronomia é um capítulo à parte.
Há ótimos restaurantes para diferentes
paladares e grande parte deles fica nos
próprios hotéis, como o Le Bateau Ivre,
considerado um dos melhores de Courchevel, com um cardápio baseado na
culinária francesa e ingredientes locais.
O Le Bateau Ivre fica dentro do hotel La
Pomme de Pin.
Esses atributos fazem Courchevel ser elegante e sofisticada sem perder a essência
da vida na montanha.
Quem leva
Interpoint
11-3087-9401
www.interpoint.com.br
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Chalé Totara, no Hotel Kilimandjaro
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Destino Rumo ao sossego
Depois da folia,
pernas para o ar
Sete destinos para quem quer descansar em grande
estilo para se recuperar do agito carnavalesco
C
arnaval é uma fonte incomparável de curtição e,
para os que levam a folia a sério, consome energias que precisam ser repostas. Quarta-Feira de
Cinzas é dia da volta ao trabalho, aos estudos, às
tarefas domésticas. Mas há quem possa decretar
feriado até o primeiro domingo de março. E colocar pernas para o ar, que ninguém é de ferro.
No litoral sul de Pernambuco, uma das opções de
descanso é o Pontal dos Carneiros Beach Bungalows, em Tamandaré, a 95 quilômetros do Recife.
A Praia dos Carneiros é uma mais bonitas
do Brasil. Uma barreira de recifes forma piscinas naturais e o hotel fica dentro de uma
fazenda de coqueiros. Nos bangalôs – para
casal ou família de até seis pessoas –, varanda para redes, banheira de hidromassagem,
TV e DVD trazem conforto à acomodação.
A Bahia tem opções de mar e planalto. Na
beira da praia, a pedida são as praias paradisíacas e o bucólico vilarejo de Trancoso. A
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Lençóis, cidade construída
com a riqueza dos diamantes
em meio a um cenário
espetacular
exuberante e única, Lençóis, na Chapada Diamantina, interior baiano, é o lugar certo para
quem gosta de paisagens diferentes. Estando
lá, prepare-se para longas caminhadas, recompensadas por cavernas, cânions, vales, cachoeiras e rios maravilhosos, que são um convite
à aventura.
Para o merecido descanso, o Hotel Canto das
das Águas, que acompanha o leito do Rio Lençóis e fica a poucos metros do centro histórico
— com sua arquitetura remanescente da época
de esplendor do garimpo de diamantes, no século XIX —, tem suítes com ar condicionado,
internet wi-fi e varandas com um vista incrível
da região. Aconchego e charme a toda prova.
Pousada Ilha do Papagaio
Fotos: Divulgação
pousada Estrela d’Água é uma das mais exclusivas e
concorridas do pedaço.
No melhor estilo “pé na areia”, a pousada foi montada
onde antes ficava a casa da cantora Gal Costa e tem alto
padrão de conforto. Suítes espaçosas são equipadas com
ar condicionado, TV de plasma, internet wi-fi, DVD, isso
sem falar nas suítes master, que têm 120m2, cama king
size, piscina privativa, SPA hidro e home theater.
Afastado do litoral, porém cercado de uma natureza
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Destino Rumo ao sossego
dade chique, graças aos chalés com lareira,
que podem esquentar as noites mais frias,
muito comuns na montanha. Também merecem destaque a piscina sem cloro, ozonizada e aquecida, a gastronomia requintada
oferecida por seu restaurante e uma adega
repleta de bons rótulos.
Área onde ficam os bangalôs,
em Pontal dos Carneiros
Na região serrana do Rio de
Janeiro, hotel abrigado dentro
de um bosque de pinheiros
No Rio de Janeiro, dias de dolce far niente são possíveis
na região serrana, especialmente em Itaipava, distrito de
Petrópolis onde se estabeleceram, nas últimas décadas,
muitos restaurantes finos – principalmente no Vale dos
Gourmets.
Encravado em um bosque de pinheiros, o Hotel Capim
Limão se destaca pelos jardins e por uma certa simplici-
Respirar fundo, sem
medo de poluição, bem
perto do caos paulistano
Próximo à metrópole paulistana existe um
lugar para relaxar em grande estilo. No Ronco do Bugio - Pouso e Gastronomia tudo é
muito exclusivo. Localizado na encosta da
serra de Paranapiacaba – em uma área preservada de 16 alqueires de Mata Atlântica
– o local é cuidado nos mínimos detalhes,
desde o projeto arquitetônico até o cardápio focado na gastronomia brasileira. Cada
suíte tem decoração própria, varanda, cama
king size e lençóis de algodão egípcio, entre outros pequenos, porém indispensáveis,
luxos. Um espaço terapêutico, com banhos,
massagens e tratamentos estéticos, completa o repouso.
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Piscinas da pousada
Estrela D’água
Hotel Capim Limão
Pousada Ilha do Papagaio,
em Santa Catarina, tem
vinte chalés virados
para o pôr do sol
São 142 mil metros de Mata Atlântica em uma área de
preservação cercada de lindas praias por todos os lados. É na Ilha do Papagaio, no município de Palhoça, ao
lado de Florianópolis, que fica a pousada homônima.
Um pedacinho de paraíso na terra? Pode ser. Para
começar, todos os 20 chalés são virados para o pôr
do sol e uma fazenda marinha própria abastece o restaurante com ostras, mariscos e vôngoles fresquinhos.
Também é o destino ideal para os amantes de esportes aquáticos, como esqui, mergulho e pesca. Para
que mais?
A ilha, que fica dentro de uma das áreas mais preservadas do litoral catarinense, é cortada por oito trilhas
que convidam a uma caminhada contemplativa.
E para quem quer garantia de sol brilhando, mas com
uma brisa que alivia o calor, recomenda-se o Rio Grande do Norte. Pipa, no sul, a poucos quilômetros de
Natal, é uma charmosa vila procurada por quem tem
o chamado estilo hippie-chique. As praias nos arredores, algumas isoladas por enormes falésias, são um
show à parte. Têm mar azul-esverdeado, com águas
mornas e povoadas de golfinhos, que em determinada hora do dia costumam se exibir.
A pousada Toca da Coruja é uma das mais atraentes da região. Os apartamentos e bangalôs
ficam em meio a um belo jardim, numa área de
25 mil m². As unidades mais luxuosas, além de
cama king size, TV a cabo, ar condicionado e
outros confortos, têm hidromassagem particular
ao ar livre. Tudo totalmente integrado com a
exuberante natureza local.
Todos esses lugares são garantia de recuperação de forças. Afinal, elas não poderão faltar
nos próximos agitos.
Contatos
Pontal dos Carneiros, 81-3676-2365
www.pontaldoscarneiros.com.br.
Demais destinos:
www.roteirosdecharme.com.br.
Quarto da Pousada Toca da Coruja
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No restaurante Leite, do
Recife, o mais antigo do
Brasil, as preferências são
mariscos e frutos do mar
Fotos: Divulgação
Gourmet
Velha e boa comida
Restaurantes Leite, do Recife, Yemanjá, de Salvador, Casa da
Suíça, do Rio de Janeiro, e La Casserole, de São Paulo, trocam
vantajosamente surpresas por certezas
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T
radição, em gastronomia, é palavra enganosa. Possibilidades e hábitos alimentares transformam-se com as
trocas humanas e econômicas, são extremamente sensíveis a mudanças tecnológicas e sujeitam-se a outros
fatores culturais.
O que foi tradicional para uma geração passada pode ser
impensável hoje. Ou vice-versa: o que é hoje requintado
já foi prosaico. Veja-se o caso do bacalhau. Em Salvador,
nas primeiras décadas do século passado, ele era servido
na sala de jantar com as janelas que davam para a rua fechadas: comida de pobre, as famílias não queriam que os
passantes soubessem que aquele era o prato do dia...
O pão, hoje tão banal em qualquer couvert, foi uma novidade do século XIX. Escreveu Gilberto Freyre: “O que
se usou nos tempos coloniais, em vez de pão, foi beiju
de tapioca ao almoço, e ao jantar a farofa, o pirão escaldado ou a massa da farinha de mandioca feita no caldo
do peixe ou da carne”.
Premium trata aqui de tradições urbanas relativamente recentes, embora décadas possam parecer séculos
na idade da eletrônica e da internet. E fala de quatro
restaurantes entre os mais tradicionais em suas cidades. Não prometem novidades, mas garantem o que
prometem.
RECIFE
Leite
Comida brasileira e portuguesa
O mais antigo restaurante em funcionamento do Brasil
premia Recife com o esmero de quem entende do assunto. O Leite completa 126 anos de tradição visíveis
tanto no ambiente colonial como nos pratos servidos.
O restaurante foi inaugurado em 1882 – seis anos antes
da abolição da escravatura – por Armando Manoel Leite
de França. Era uma época em que nem todos podiam
frequentá-lo, muito menos mulheres desacompanhadas.
Em 1956 os irmãos Amadeu Dias, Luiz Dias e Armênio
Ferreira e o amigo Hugo Laprovítera assumiram a casa
– hoje sob o comando de Armênio. “De lá para cá o
tornamos mais democrático, porém sem perder a reminiscência”, afirma Ferreira.
O atual dono trata o restaurante “como um hobby, não
como um negócio”. O cardápio é escolhido pelo chef Edmilson Araújo, Bigode, e as preferências são mariscos
e frutos do mar. “Quando alguém muito conhecido ou
com quem tenho muita amizade vem nos visitar, peço licença ao Bigode e vou para a cozinha”, brinca Ferreira.
Se essa ida à cozinha dependesse da frequência de
personalidades conhecidas, Ferreira não sairia de lá.
Há muito políticos e personalidades ligadas à arte e à
cultura procuram a casa. Já almoçaram no Leite figuras
como Juscelino Kubitschek, Jânio Quadros, o então coronel, depois marechal e presidente da República Humberto de Alencar Castelo Branco, e o criador do império
dos Diários Associados, jornalista Assis Chateaubriand,
que ganhou espaço no cardápio. Segundo Ferreira, o
nome do suculento Filet à Chateaubriand do Leite, que
leva champignon, cebola e vinho do Porto, é homenagem ao amigo que fez muitas festas lá.
Hoje, as comemorações são diurnas. O restaurante só
abre para almoço.
Leite:
Praça Joaquim Nabuco, 147
Santo Antônio
81-3224-7977
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Gourmet
SALVADOR
Yemanjá
Comida baiana
O Yemanjá, em Salvador, é referência há 33 anos
em cozinha brasileira. Suas raízes começaram
com a baiana Anália, que nos anos 60 preparava quitutes no então Tabuleiro da Baiana. Em
1969, Dona Anália mudou o nome e o local do
restaurante para onde é hoje o Yemanjá, inaugurado em 1974. O nome é homenagem a visões
que sua filha tinha da bela rainha do mar da mitologia afro-brasileira.
Garçonetes vestidas com as tradicionais roupas
baianas de tabuleiro e a decoração azul e branca, cores da orixá, compõem o clima do restaurante. De frente para o mar, caravanas de turistas lotam o salão do restaurante e movimentam
a cozinha do chef José Isael.
A especialidade da casa são as moquecas, das
mais diversas, mas todas com o mesmo tempero da original, preparada pelas mãos da quituteira Anália na década
de 60. A tradição é manter o tempero, que não muda há
mais de trinta anos. “Os turistas passam pelo Yemanjá e
se apaixonam pelas moquecas. Quando retornam a Salvador e ao restaurante, tornam a pedi-las. E o segredo está
no tempero, que permanece intacto e acaba por fascinar
a clientela”, diz o gerente geral, José Manoel de Pina Martins. Não à toa mais de 250 moquecas são servidas diariamente pelo Yemanjá. Para acompanhar o prato principal,
a irresistível farofa de dendê, arroz e pirão. Boa sugestão
para a sobremesa são as cocadas branca e preta.
Revezam-se na casa empresários e turistas. “De segunda a
sexta o Yemanjá recebe, em sua maioria, turistas. Aos sábados e domingos são os moradores de Salvador que ocupam
as cadeiras”, diz o gerente Pina Martins.
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Yemanjá serve por dia 250 moquecas, com um
tempero que não muda há mais de trinta anos
Yema
Yemanjá:
manj
njá:
á:
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Gourmet
RIO DE JANEIRO
Casa da Suíça
Comida suíça, francesa, italiana, alemã e austríaca
A principal atração da Casa da Suíça são fondues,
iguarias convidativas no tempo frio, que no Rio
de Janeiro é uma espécie de ponto fora da curva.
Mas o cardápio da Casa da Suíça é variado, e só
podia ser assim, pois o país, como se sabe, é uma
confederação republicana. E mais: o restaurante,
como o pequeno Estado alpino, está aberto às
influências da culinária dos vizinhos: França, Itália, Alemanha e Áustria. A culinária suíça presta
tributo a pratos desses países.
Da Áustria veio Volkmar Wendlinger, no Brasil
desde 1964. Em 1965 e 1966, ele foi chef. Voltou
à Casa da Suíça em 1977, agora também como
arrendatário, e continua lá. “O restaurante no início era um
clube privado dos suíços residentes no Rio, mas sempre
com as portas abertas”, conta Wendlinger. O prédio onde
fica a Casa da Suíça ficou pronto em 1956, quando abrigava embaixada, consulado, câmara de comércio, sociedade
filantrópica e outras instituições da colônia suíça no Brasil.
Curiosidade: foi o primeiro edifício do Rio de Janeiro com
pista de boliche e elevador de automóveis. Algum tempo
depois da mudança da capital para Brasília, em 1960, só o
restaurante permanecia.
O cardápio varia mensalmente, balizado pelas estações do
ano: oferece sopas, cremes, saladas, peixes, carnes, massas.
Segundo Wendlinger, a única mudança significativa desde a
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Cardápio da Casa da Suíça
combina diferentes influências
fundação foi a introdução, em 1977, dos flambados feitos
diante da mesa – como prato principal ou sobremesa.
Entre os numerosos pratos, Zürcher Geschnetzeltes, traduzido como Iscas de filé à moda de Zurique, “filé cortado
em tirinhas finas, sauté na manteiga com ervas frescas e
flambado com vinho branco, no qual se faz um molho cremoso com champignons que envolve novamente a carne
e é servido com batata suíça”. Ou Escalope Cordon-Bleu,
“dois escalopes de porco recheados com queijo Emmental
e presunto, empanados e fritos, servidos com batata suíça
e petit-pois”. Talvez Filet de Sole “Noilly Prat”, quer dizer,
filé de linguado à moda Noilly Prat, nome de um vermute
do Sul da França que é colocado quente sobre o prato. Ou
ainda, prosaicamente, espaguete, ao gosto do freguês.
Wendlinger diz que a Casa da Suíça está entre os poucos
endereços cariocas que recebem público de todas as idades: “Tanto que a maior afluência é no Dia dos Namorados”.
Não por acaso. É uma comemoração que no Brasil se faz na
entrada do inverno. Fondue, comida compartilhada por definição, é, ao fim e ao cabo, a grande
atração. Na lista da Casa da Suíça, ele pode ser de
queijo, de queijo com peras e cogumelos, com carne tradicional (Bourguignonne), chinês – com carne cozida em consommé – e de verão, com “lâminas de carnes enroladas em pequenas surpresas,
como ameixa, Gruyère, aipo, e cozidas em vinho
tinto com especiarias”, detalha o chef Wendlinger.
Pode ser também uma sobremesa: tem gente que
perde a cabeça com fondue de chocolate.
Casa da Suíça:
Rua Cândido Mendes, 157, Glória
21-2252-5182 e 2252-2406
www.casadasuica.com.br
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Gourmet
SÃO PAULO
La Casserole
Comida francesa
O La Casserole é um endereço gastronômico bem conhecido de São Paulo, não exatamente pelo fato de estar há 55
anos no mesmo lugar, em frente ao mercado de flores do
Largo do Arouche, centro velho da cidade, mas principalmente porque se manteve fiel às origens. Fundado por um
casal de imigrantes franceses, Roger e Fortunée Henry, o
bistrô – o nome Casserole quer dizer “panela” – é dirigido
desde 1987 por Marie-France Henry, filha do casal.
Marie se aferra lucidamente à tradição. O gigot d’agnot
aux soissons e os escargots são as escolhas clássicas,
como eram em 1954, e o cardápio tradicional inclui ainda
terrine de foi gras, filé com sauce béarnaise, boeuf bourguignon, tripes e coelho cozido no vinho branco. Essa é
a plataforma. Mas, atenta aos ditames do tempo, Marie
sempre promove mudanças.
– Procuro dar ao restaurante uma cara mais dinâmica,
que inclui a renovação do cardápio, dentro do espírito de
manter os pratos “perenes”, como o cordeiro (gigot) e ou56
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O gigot d’agnot aux
soissons e os escargots
estão entre as escolhas
clássicas do La Casserole
tros clássicos da culinária francesa – diz Marie.
– Sempre levando em conta essa grande linha,
renovo a cada ano o cardápio e faço mudanças
no serviço e na decoração. Mais no sentido de
restaurar do que de modificar.
Os freqüentadores da hora do almoço são principalmente executivos e políticos. “Hoje mesmo
tivemos aqui uma mesa com Fernando Henrique
Cardoso, Andrea Matarazzo (ex-ministro e figura
de proa da prefeitura de Gilberto Kassab) e a arquiteta Regina Meyer”, conta. É uma cena com
a qual os garçons estão sobejamente acostumados. À noite, o restaurante recebe famílias, casais
e bastante gente ligada à cultura, como músicos
e atores. Assim como a qualidade dos pratos, o
perfil básico dos freqüentadores não mudou em
cinco décadas em meia.
La Casserole:
Largo do Arouche, 346
11-3331-6283 e 3221-2899
www.lacasserole.com.br
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Ilustração: Américo Gobbo
Bem-viver Quarto do bom sono
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De olhos bem
fechados
Além do indispensável repouso, uma boa noite de sono
proporciona saúde. Crie o ambiente ideal, conheça os
conselhos dos especialistas – e durma mais e melhor
V
ocê tem dormido bem? Mais do que descansar corpo
e mente, boas horas de sono garantem saúde, disposição – e até uma maior facilidade de aprendizado. Sim, é durante o sono que as coisas importantes
que vivemos são fixadas no cérebro. Ou seja, quem
não dorme direito aprende menos. Mas como garantir boas noites de sono? Comece pelo ambiente:
torná-lo agradável, convidativo ao relaxamento, é o
primeiro passo. Ter um quarto limpo, com ventilação
e luminosidade adequadas, o colchão e o travesseiros certos e decoração que combine com sua
personalidade farão grande diferença.
– Eu costumo dizer que a palavra-chave é aconchego – resume a arquiteta de interiores Paula
Gambier. Para ela, qualquer que seja o estilo
da pessoa, seu quarto deve ter elementos que
tragam conforto e bem-estar – de preferência,
sem excessos.
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Projetos: Paula Gambier
Fotos: Divulgação
Bem viver Quarto do bom sono
Cores frias podem ajudar no quarto de uma criança
irrequieta, mas talvez não sejam o ideal para um casal
– Muitas vezes, apesar de bonita, a decoração traz
uma sensação de desassossego – aponta a arquiteta. Um exemplo: a escolha das cores. Ter detalhes em tonalidades diferentes traz personalidade
ao ambiente, mas abusar de cores vibrantes, como
amarelo ou vermelho, pode irritar. Tons de azul, em
geral, são associados a calma, tranquilidade. Perfeito para o quarto de uma crianças agitada, por
exemplo. No caso de um quarto de casal, no entanto, Paula não aconselha o azul:
– É uma cor que esfria. Quando o quarto é para
dois, procuro criar climas diferentes.
Um dos segredos para isso está na iluminação: ter a
opção de luz ampla, que ilumine bem todo o quarto quando for preciso, é importante – mas é bom
ter possibilidades de variação, com a colocação de
abajures e velas.
A escolha da cama (e do colchão) é outro ponto
fundamental. Embora não haja estudos detalhados
que mostrem a relação entre tipos de colchão e qualidade
de sono, é consenso que é preciso achar aquele que o faz
sentir-se bem. De modo geral, o colchão deve ser firme e com
densidade adequada ao peso de cada um, para que o corpo
não afunde. Superfícies duras demais não são aconselhadas,
pois não deixam a coluna se amoldar. Para descobrir tudo
isso, vá a uma loja e deite em vários modelos em busca do
que for mais confortável para você. Casais devem fazer isso
juntos. Para a escolha do travesseiro, vale a mesma receita:
experimentar antes de comprar.
No quesito enxoval, evite os tecidos sintéticos, que são quentes e formam bolinhas, e dê preferência a lençóis e fronhas
de algodão, com pelo menos 200 fios por polegada. Quanto
maior o número de fios, mais macia é a roupa de cama. O
máximo de conforto está nas peças de algodão egípcio, o
melhor do mundo.
A regra é estar bem dentro do ambiente. Por mais contemporâneo que seja – todo branco, por exemplo –, o quarto precisa
ter um elemento de aconchego. Um tecido, um detalhe em cor,
Tecidos sintéticos são menos agradáveis. Quanto maior o
número de fios de algodão, maior a maciez
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Levar computador para a cama e deixar o celular à mão
são maneiras de prejudicar o repouso noturno
toques pessoais. Quanto ao uso de equipamentos eletrônicos, Paula Gambier recomenda os que ajudem a relaxar. A maior parte dos clientes pede televisão no quarto.
– Sou a favor, porque ver TV pode ser uma maneira de
repousar, desligar-se. Ouvir música, idem. É seu canto
de relaxamento. Mas um computador ligado até altas
horas não combina com isso – diz a arquiteta.
O neurologista Luciano Ribeiro, do Instituto do Sono da
Unifesp, em São Paulo, concorda. Para ele, o estilo de
vida nas grandes cidades faz com que o quarto acabe
virando uma extensão do escritório.
– Não é raro que as pessoas fiquem na cama com o
computador no colo ou com o celular ligado e ao alcance da mão a noite toda. Cama foi feita para dormir, e
não para trabalhar – alerta o médico.
É bom frisar que de nada vai adiantar o ambiente perfeito se os hábitos não forem saudáveis. A começar pela
quantidade de horas de sono.
– A população brasileira em geral dorme menos do que
precisa. Por razões profissionais, principalmente, as
pessoas vão para a cama mais tarde e acordam bem
antes do tempo necessário – afirma Ribeiro.
Se é o seu caso, é hora de mudar: ir para a cama sempre no mesmo horário, evitar álcool e atividades físicas à noite e dormir a quantidade de horas adequada
– aquela que permite que o indivíduo acorde bem e
permaneça bem ao longo do dia, o que varia entre seis
e oito horas de sono em média – vão garantir saúde,
disposição. E bom humor.
Receita de sono
Dez mandamentos para uma boa noite de sono,
segundo os especialistas do Instituto do Sono da
Unifesp, em São Paulo
1. Ter horário regular para dormir e despertar.
2. Ir para a cama somente na hora de dormir.
3. Criar um ambiente saudável.
4. Não beber álcool próximo ao horário de dormir.
5. Não
tomar medicamentos para dormir sem
orientação médica.
6. Não exagerar em café, chá e refrigerante durante o dia.
7. Fazer
atividade física regularmente – mas
nunca perto da hora de dormir.
8. Jantar moderadamente em horário regular e
adequado.
9. Problemas profissionais não devem ser resolvidos no local de repouso.
10. Procurar atividades repousantes e relaxantes
após o jantar.
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Queiroz Galvão São Paulo
Fotos: Raul Junior
Fachada do
HLI 120
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Hall do edifício
Moderno
e bem
localizado
Primeiro edifício Queiroz
Galvão na cidade tem
destaque nas áreas
sociais e de lazer
O
edifício HLI 120 inaugura em grande
estilo as construções da Queiroz Galvão na metrópole paulistana.
O empreendimento, feito em parceria
com a Cyrela, fica na Avenida Horácio
Lafer, Itaim Bibi. Com 27 pavimentos,
possui 2 apartamentos de 201m² de
área privativa por andar, com quatro
quartos, varanda e área de serviço. Na
garagem, três vagas para cada morador.
O diferencial está no ambiente externo, planejado para criar áreas sociais
agradáveis. “A vegetação foi selecionada visando florações em várias épocas
do ano, texturas diferenciadas, aromas delicados e, finalmente, sabores
especiais graças à diversidade de frutíferas que atraem os pássaros; e estes,
por sua vez, também compõem a paisagem dos jardins”, explica Benedito
Abbud, responsável pelo paisagismo
do edifício.
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Fotos: Raul Junior
Queiroz Galvão São Paulo
Salão de Jogos
Este ambiente natural também está presente nas áreas
de lazer, com playground, espaço coberto para recreação, sala para massagem, jardim com espelho d’água,
além do conjunto aquático com três ambientes: piscina
descoberta com SPA, piscina infantil e a raia coberta, de
25 metros.
Para Abbud, preservar árvores existentes na região e
plantar novas espécies não é apenas uma questão estética, mas uma contribuição para a cidade. “A vegetação
dos grandes centros urbanos mundiais vem adquirindo
importante papel tanto no que diz respeito à melhora do
clima, atenuação da poluição e ruídos, como na construção da paisagem. É um símbolo vivo da natureza entre
construções”.
Com apenas 1000km² de área verde, São Paulo ganhou
mais de 3 mil edifícios entre 1997 e 2007. Empreendimentos como o HLI 120 mostram que ainda é possível
aliar a demanda dos sofisticados moradores à simplicidade de áreas sociais agradáveis em ambientes externos.
Com projeto arquitetônico assinado por Henrique Cambiaghi, o edifício possui ainda cobertura duplex com
347m² e quatro vagas na garagem.
Espaço
gourmet
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Fotos: Divulgação
Queiroz Galvão Recife
Ilustração artística da varanda
com vista para o mar
O elo da
tradição
À beira-mar do Recife, padrões herdados de antigas mansões
O
edifício Dona Sylvia, localizado na Avenida Boa Viagem, principal endereço do Recife, tem 14 andares.
Com traços arquitetônicos utilizados na cidade desde
a década de 70, a construção respeita a região ao preservar a identidade urbana local. Os apartamentos,
um por andar, chegam a ter 323m² de área privativa.
Apesar de clássico, os ambientes do edifício garantem a beleza e o conforto contemporâneo. Há sala
para motoristas, salão de festas, quatro suítes por
apartamento, recursos tecnológicos, sistema de ar
condicionado evoluído e arquitetura em forma de
pirâmide a partir do décimo andar.
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Ilustração artística
da fachada
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Ilustração artística da sala de estar
Na década de 70, as enchentes eram um conhecido problema para os moradores do Recife. Em 1975, o Rio Capibaribe – que passa pelo centro – transbordou, e o resultado foram mortes e a destruição de casas e plantações.
Para fugir dos perigos das enchentes, os proprietários de
velhas mansões buscaram nos edifícios uma opção segura
de moradia, e estes, antes construções modestas, tiveram
que se adaptar aos novos clientes.
A sala de estar do Dona Sylvia, com 100m², possui janelas
laterais que são complementos da
varanda, o que permite a extensão
da vista para o mar e proporciona
um diálogo entre o ambiente interno
e o externo.
– Você se encanta logo ao entrar. A
brisa permanente e a descontração
causada pela beleza da vista passam
a sensação de amenizar conflitos. O
que antes estava ligado a casas de
veraneio hoje tornou-se moradia –
diz Borsoi.
Tendência entre os edifícios de alto
padrão, o espaço gourmet é flexível:
além de estar presente no salão de
festas, também pode ser adaptado na
cozinha dos apartamentos, já que as
grandes dimensões do cômodo o tornam aberto a modificações.
É um prédio sóbrio e clássico, para quem
Ilustração artística da suíte
valoriza uma arquitetura elegante.
– Após gerações, ainda haverá depuração de
qualidade e dos detalhes que têm se modificado
desde a década de 70, quando as enchentes obrigaram os antigos barões a saírem de suas mansões, abrindo caminho para os edifícios voltados
para o público classe A. É a ligação entre a cultura
do passado e do presente, visando o futuro – diz
Marco Antonio Borsoi, arquiteto responsável pelo
projeto do Dona Sylvia.
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Para morar. Para viver.
www.queirozgalvao.com.br/incorporacao
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Reconhecimento
Prêmio Ademi 2008 confirma qualidade
e credibilidade da construtora
Quartos Sociais Máster. O edifício Maria Cláudia, igualmente localizado no bairro de Boa Viagem, foi contemplado com o Troféu Quatro Quartos Sociais.
Apesar de ser a primeira vez que a Queiroz Galvão ganha o prêmio Máster, a empresa já havia sido contemplada em edições anteriores, em outras categorias. Em
2007, com o edifício Maria Flávia; em 2006, com o Maria Heloísa, e em 2003, com os edifícios Valdemar de
Oliveira, Maria Yone e Robert Bruce Harley Jr.
A Queiroz Galvão foi a principal vencedora do Troféu
Ademi-PE 2008, evento anual organizado pela Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário para premiar as melhores construções civis de
Pernambuco.
O prefeito do Recife, João da Costa, estava presente
no evento, que aconteceu no Blue Angel, sede de comemorações sociais e culturais de Pernambuco.
Com o edifício Dona Izabel, a construtora conquistou
o Troféu Empreendimento Máster, um dos mais importantes do setor, e principal premiação do evento.
Com 13 andares mais uma cobertura duplex, o edifício
está localizado na Avenida Boa Viagem. Todos os apartamentos tipo possuem três varandas, quatro suítes,
sala para cinco ambientes e cinco vagas.
O Troféu Empreendimento Máster mostra o reconhecimento por todo o esmero da Construtora na execução
de seus empreendimentos. Valoriza a importância de
ter cuidado desde o acabamento e a escolha de materiais de primeira qualidade à execução da obra, o
controle e organização dos procedimentos e o serviços
oferecidos aos clientes.
O Dona Izabel venceu também na categoria Quatro
Fachada do edifício
Dona Izabel
Foto: Fred Jordão
Foto: Divulgação
A partir da esquerda: Carlos Coimbra
(superintendente de Incorporação da Queiroz
Galvão), Marcello Gomes (presidente da Ademi -PE),
Ana Adelaide Galvão, Frederico Pereira (diretorexecutivo da Queiroz Galvão) e Celso Guerra (gerente
de Desenvolvimento Tecnológico da Queiroz Galvão).
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Art Cinema Brasileiro
Selton Mello (esquerda) em Federal
Sem fronteiras
Brasil entra na produção cinematográfica globalizada, que aproxima
produtoras, promove o intercâmbio de profissionais e ideias, e abre as
portas para o mercado internacional
C
om as antenas ligadas e a necessidade de se reciclar rapidamente, para não serem engolidos pelo
turbilhão tecnológico e informativo que ocupa todos
os espaços, os grandes estúdios e produtores de
Hollywood e da Europa descobriram o potencial do
cinema brasileiro. Fitas que retratam a violência urbana e a desigualdade social do país têm a preferência. Um dos veteranos do processo de co-produção
é Federal, filmado em Brasília por Erik de Castro em
2006, e cujo lançamento está previsto para o segundo semestre de 2009.
Em 2003, Cidade de Deus, de Fernando Meirelles, 100% brasileiro, ganhou o mundo e muitos louros (ao lado de algumas críticas consistentes). Em menos de um ano, Meirelles coordenava
uma equipe de estrelas internacionais nas filmagens de O Jardineiro Fiel, estrelado por Ralph Fiennes e Rachel Weisz. Sucesso.
Faturou prêmios importantes: o Oscar e o Globo de Ouro de
Melhor Atriz Coadjuvante, para Rachel Weisz, entre outros.
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Ensaio Sobre a Cegueira ficou oito semanas em cartaz
no Brasil e atraiu 800 mil espectadores
Em 2008 chegou aos cinemas mais uma empreitada internacional de Meirelles: a adaptação do romance de José Saramago Ensaio Sobre a Cegueira. O filme, uma produção parte
brasileira, parte canadense, parte japonesa, arrebatou, logo
de cara, o prêmio de Melhor Filme pelo voto popular no Festival Internacional de Cinema da Catalunha. Ainda abriu os
Festivais de Cannes e Tóquio, e o Atlantic Film, no Canadá,
e também entrou para a seleta lista de exibições do Festival
de Toronto. No Brasil, Ensaio Sobre a Cegueira quebrou dois
recordes: esteve na lista dos mais vistos por oito semanas e
levou mais de 800 mil pessoas aos cinemas.
Estômago, dirigido por Marcos Jorge, é outro bom exemplo da escalada internacional do cinema Made in Brazil em
2008. Apesar de não ter apelo, nem apoio, que rendesse
grandes bilheterias no país, o filme ganhou destaque no exterior. Levou os prêmios de Melhor Filme e Melhor Ator no XI
Festival Internacional de Cinema de Punta del Este, no Uruguai, e foi premiado em Roterdã com o prêmio Lions Award,
dedicado ao melhor filme da seção Sturm und Drang. Sua
carreira internacional também passou pela mostra de Cinema Culinário do Festival de Berlim e pelas mostras competitivas do Jameson Dublin Festival, na Irlanda, e do Miami
International Film Festival, nos EUA.
O personagem Sandro — interpretado por Michel Gomes
— segura uma das vítimas pelo cabelo e circula armado
(foto abaixo) dentro do ônibus, em Última Parada, 174
Última Parada, 174, de Bruno Barreto, ficção baseada em
documentário, abriu o Festival do Rio
No final de 2008, o diretor Bruno Barreto
entrou em cartaz com Última Parada, 174
– ficcional baseado no mais premiado documentário brasileiro, Ônibus 174, de José Padilha, o diretor de Tropa de Elite. O filme foi
convidado para uma apresentação especial
no Festival Internacional de Toronto e abriu o
Festival do Rio.
O que esses filmes têm em comum, além,
claro, da qualidade e competência de seus
profissionais: todos foram co-produzidos internacionalmente. Isto é, receberam financiamento do Brasil e de outros países também.
A articulação com produtoras estrangeiras
abre caminho para distribuidoras e para um
precioso intercâmbio técnico. Uma tendência
muito benvinda para o cinema nacional, que
deixou para trás um período de letargia.
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Art Cinema Brasileiro
Federal
Michael Madsen,
ator americano
que interpreta
um agente
em Federal
Federal ligou a BSB Cinema, de Erik de Castro, diretor de Senta
a Pua! e A Cobra Fumou – dois bons filmes sobre a participação
das Forças Armadas brasileiras na Segunda Guerra Mundial –, ao
produtor mexicano Matthias Ehrenberg, da Titán Filmes (responsável, entre outros, por Sexo, pudor y lágrimas, maior bilheteria da
história do México), e à EuropaCorp, do diretor francês Luc Besson
(Nikita, O Quinto Elemento).
– A EuropaCorp tornou possível a participação de um ator americano, Michael Madsen, e me colocou em contato com Hervé de
Luze, montador premiado de O Pianista, filme de Roman Polanski
– conta Erik de Castro. – Hervé acabou não participando, mas me
beneficiei muito das dicas dele e de James Canal, assistente de
Besson, durante a própria gênese do filme. Da Colômbia, onde
Matthias Ehrenberg também produz, vieram a atriz Carolina Gomez, ex-Miss Colômbia, bonita e talentosa, e a maquiadora Olga
Turri, cujo trabalho foi para todos nós, no set de filmagem, uma
lição. A participação de Ehrenberg na produção do filme foi, em si
mesma, um grande trunfo.
Erik de Castro diz que a importância da co-produção vai muito além
dos aspectos comerciais e financeiros, embora esses sejam decisivos: “Ela se reflete nos planos artístico, intelectual e criativo”.
Doze cópias no Brasil,
dezenas no exterior
Fabíula Nascimento e Joâo Miguel em Estômago
O filme Estômago tem dupla nacionalidade, numa parceria firmada entre produtoras do Brasil e Itália, onde o diretor, Marcos Jorge, viveu e trabalhou por
um tempo. “Ele é o primeiro produzido
dentro do acordo entre os dois países,
que existe desde a década de 70”, diz
a produtora da Zencrane Filmes e responsável pela película, Cláudia da Natividade. Nesse caso, a ideia e o roteiro
do filme foram brasileiros e a produtora
italiana acabou comprando o projeto.
Filmes co-produzidos internacionalmente ganham o empurrãozinho que
faltava para o mercado estrangeiro. As
co-produções têm o poder de formar
um público internacional e, dessa forma, um mercado estrangeiro rentável.
Estômago, por exemplo, distribuiu 12
cópias no Brasil. Em compensação, as
cópias chegaram a mais vinte países.
Só a Espanha recebeu cinquenta. Além
disso, as co-produções vêm para estimular o desenvolvimento da cinematografia brasileira. “Se elas não cumprirem
esse papel, corremos o risco de subsidiar uma obra estrangeira”, argumenta
Cláudia da Natividade.
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publi editorial
Grandes profissionais, pioneirismo, ambiente especial
e todos os procedimentos em um só local
Centro de Excelência Mundial em Odontologia
Marcelo Kyrillos e Marcelo Moreira, dois dos mais respeitados nomes na área de
odontologia estética do Brasil, iniciaram em 1995 uma revolução no tratamento de
seus clientes e hoje são referência no mundo todo
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Artesanato em porcelana
Instalada no antigo endereço da butique Daslu, na Vila
Nova Conceição, a clínica possui salas equipadas com
cadeiras de procedimentos e projetadas pela alemã
Kavo, instrumentos com tecnologia de ponta, forração
e pisos impecavelmente higienizados.
Suba as escadas e veja um ateliê onde uma equipe de
artesãos esculpe em porcelana cada peça que será
usada na estética dental do cliente.
Entre os ambientes, distribuídos com privacidade, você
encontrará quartos para repouso com lençóis e toalhas
de fio egípcio e mantas de pura lã da grife Trousseau, TV,
laptops e muita atenção no atendimento.
Também possui estúdio fotográfico profissional mon
tado por André Schiliró, utilizado para imagens técnicas necessárias aos tratamentos, além de cabeleirei-ro
e maquiador à disposição.
Para saber mais, acesse o site
http://www.atelieoral.com.br/
Fotos: Mario Castello e Ilker / sxc.hu
Uma casa ampla, uma frondosa ameixeira, jardim. Sala
de estar com pé direito duplo, confortável e decorada com
modernidade – cadeiras Philippe Starck, bar onde são servidos cafés com blends especiais, HDTV que exibe shows
de sucesso ininterruptamente. Profissionais com uniformes
assinados por Ricardo Almeida. Cheiro de alfazema no ar,
sensação de aconchego. Pode apostar, você está em uma
clínica odontológica: o Ateliê Oral, primeira empresa do setor a focar no segmento premium.
Única no Brasil a oferecer ao cliente uma equipe especializada desse gabarito, a clínica possibilita a finalização do
tratamento em apenas 48 horas.
Entre as especialidades estão prevenção, periodontia, cirurgia ortognática, pediatria, cirurgia bucomaxilofacial, endodontia, implantodontia, microcirurgia gengival e ortodontia. Elas são procuradas por clientes do Brasil e do exterior,
socialites e celebridades, além de pessoas que têm altas
exigências profissionais, como artistas, repórteres, apresentadores e políticos.
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Art Cultura
Princípio oculto
para formas
Foto: Divulgação
E
Piramidal 12.5, 1991-1999, instalada em Fão, Portugal
xistem caminhos consagrados para inspirar o talento
nas artes plásticas. A visão da natureza ou de figuras
humanas, paixões terrenas ou transcendentes, a sedução por formas, reflexões filosóficas. Menos usual
é achar quem tenha encontrado uma combinação
doce para elementos sisudos. Um dos que fizeram
isso foi o escultor e arquiteto Ascânio MMM, autor
das esculturas geométricas brancas que hoje enfeitam muitos lugares públicos no Rio de Janeiro, em
São Paulo e no exterior.
– Em 1966, já na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFRJ, comecei a construir meus primeiros relevos em madeira a partir da observação de maquetes
de planos urbanísticos, que eu analisava como formas
abstratas, e de uma exposição do pintor inglês Victor
Pasmore que visitei no Museu de Arte Moderna – diz
Ascânio, batizado Ascânio Maria Martins Monteiro
no registro civil de Fão, província do Minho, Portugal,
e que em 2009 faz cinqüenta anos de Brasil.
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Foto: Arquivo do artista
visíveis
Ele já havia cursado dois anos de Belas Artes. Na Faculdade
de Arquitetura, ficou muito interessado nos módulos e na
geometria descritiva, um ramo do desenho técnico que permite desenvolver uma peça – no caso, escadas circulares
– a partir de uma planta baixa. Em suas esculturas brancas,
Ascânio fez módulos girarem em torno do eixo. Esses módulos são ripas de madeira, ou, em espaços públicos, perfis
de alumínio pintados de branco. E eis o paradoxo aparente:
nas figuras curvas que vemos, todas as partes são retas.
Um dos trabalhos mais antigos de Ascânio MMM é a escultura Módulo Rio, que está na Praia de Botafogo, 228,
no Rio de Janeiro, há 25 anos. Foi escolhida em 2007 por
um júri da revista Rio Show, do jornal O Globo, uma das
dez mais importantes esculturas em espaços públicos no
Rio. Também no ano passado, uma obra realizada por ele
em 1968, para um banco que faliu, foi arrematada em disputado leilão.
O artista teve uma fase que chama das “piramidais de alumínio”. A Piramidal 1.4, comprada pela Nissin, encontra-se
Foto: João Bosco
Formação 7, 1979, madeira. Abaixo, Módulo Rio
(Módulo 8.4), 1971-1983, alumínio, instalada no Centro
Empresarial Rio, Praia de Botafogo, 228, Rio de Janeiro
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Fotos: Wilton Montenegro
Art Cultura
Acima,Velas (Módulos 3.3), 1970-2000, alumínio,
instalada na entrada do Hotel Royalty Barra, Avenida
do Pepê, 690, Rio de Janeiro. À esquerda, Piramidal
32, 1999, alumínio, instalada na Avenida Ayrton
Senna, 2.150, Rio de Janeiro
no hall de entrada do prédio sede da Empresa, em Tóquio. A
Piramidal 1.5 foi comprada pela Caixa Geral de Depósitos e
está em exibição no hall central do edifício sede desse banco,
em Lisboa. A Piramidal 34, adquirida pelo governo do estado
de São Paulo, foi colocada no parque de esculturas da Pinacoteca de São Paulo. Sua terra natal, Fão, exibe a escultura
intitulada Livro.
Muitas esculturas de Ascânio enfeitam entradas de edifícios
de apartamento no Rio de Janeiro. Uma das mais antigas fica
na Rua Cosme Velho, 415.
A exposição da fase “Flexos e Qualas”, montada em agosto
de 2008 no MAM do Rio, com curadoria de Paulo Herkenhoff, deverá ser apresentada em São Paulo em 2010. Esses
trabalhos são realizados a partir de quadrados de alumínio,
de argolas e de arame inox. Têm grandes dimensões. O maior
chega a 6 x 6 x 5 metros.
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Ilustração: Américo Gobbo
Habitar Crônica de Mauro Malin
Cenas imaginadas
F
otografias de ambientes publicadas em revistas, jornais
e livros são sempre minuciosamente esvaziadas de sua
contingência humana. Se houver um objeto esquecido
em algum ponto da cena que o fotógrafo enquadra, ele
o retirará. Com isso, remove qualquer toque pessoal que
possa causar ao leitor a sensação de que aquele lugar
lhe é alheio porque tem a marca de outrem.
Em compensação, essas fotos transmitem a falsa impressão de que arrumação produz aconchego: é claro que
ninguém vive em salas e quartos onde não ficou nenhuma capa de CD jogada, nenhuma peça de roupa pousada sobre o encosto de uma cadeira.
Essa assepsia tem, um tanto paradoxalmente, uma faceta positiva. O leitor está diante de um modelo, de uma hipótese, não de uma escolha personalizada que fará com
que ele siga os passos de alguém.
A marca individual pode assustar. Lembro-me de uma
história ocorrida vinte anos atrás com um casal de amantes, ambos casados. Precisavam de um lugar para encontrar-se. Um amigo lhes emprestou o apartamento. A
cama de casal era rodeada por marcas muito pessoais
que o dono da casa pusera nas paredes. Os amantes
sentiram tão de perto a presença do amigo que ficaram
inibidos. Foram embora.
No filme O Último Tango em Paris, de Bertolucci, Marlon Brando e Maria Schneider se encontram num velho
apartamento vazio. Ele quer esquecer o suicídio de sua
mulher. Propõe total ignorância a respeito do mundo lá
fora e a respeito de suas próprias identidades. Mas ela é
atraída por uma entrega que reforça os traços de sua criação, filha de um coronel francês morto na guerra contra a
independência da Argélia. Ela se submete.
E Brando não consegue sustentar-se no limbo. A energia
sexual do personagem apóia-se em instâncias cruciais da
formação de sua personalidade. Ele é um machão americano. Conta histórias de sua infância.
O apartamento já não está indiferentemente vazio. Brando quer deixar o anonimato e propõe à jovem uma ligação duradoura que não está na agenda dela.
Na casa de sua mãe, plena de lembranças do coronel,
Maria Schneider retoma o curso de sua vida, que exclui
brutalmente o desconhecido e assustadoramente conhecido Brando.
Fiquemos com as fotos neutras de ambientes. Elas deixam o caminho aberto para uma negociação de detalhes
que é sustentáculo de um cotidiano compartilhado.
Mauro Malin é editor da Premium.
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Edição nº 5 | Março/2009 +

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