Entendendo a Identidade de Gênero
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Entendendo a Identidade de Gênero
1 Entendendo a Identidade de Gênero Por Wal Torres, Ph.D. Copyright © 2007, Gendercare.com Abstract/Resumo: Infelizmente ainda se considera – equivocadamente – que só seres humanos têm uma identidade de gênero, definida como “se perceber homem ou mulher”. Confunde-se muito a identidade com os papeis de gênero, “como alguém se mostra como homem ou mulher” numa sociedade. Aqui generalizamos o conceito de identidade de gênero: “como um organismo se percebe num espaço virtual de percepção de gênero” e não consideramos a vivência de papéis – que são exclusivamente humanos. Para conhecermos a identidade de gênero, antes precisamos caracterizar o que é e como se forma o EU e como pode ocorrer através dele qualquer percepção. Consideramos para modelo de formação de um EU para qualquer organismo o modelo de relação mentecérebro de Neumann/Stapp (ou o de Bohm, ou o de Penrose). Com base nesses modelos, cada organismo através de seu sistema sensorial imerso num universo, desenvolve evolutivamente as possibilidades de atenção, questionando o universo – a atenção questionando o meio – e recebendo uma resposta desse meio. A atenção “colapsa” – no sentido quântico, questionando e recebendo respostas do meio. Deese colapso da atenção, surge a percepção e da percepção a ação – como mostra Bohm, a mente movimenta a matéria. Dessa forma se vive um Eu consciente – e esse Eu em relação com o corpo e o meio desenvolve diferentes dimensões em espaços mentais virtuais de personalidade. Em uma dimensão – ou num conjunto de dimensões – se desenvolve a identidade de gênero – para todo organismo sexuado. A vivência dessa identidade virtual se dá num meio – e nesse meio ela se mostra. Podemos considerar que o desenvolvimento se dá num espaço mental e virtual de Hilbert na consciência – e se mostra no espaço de fase, também virtual, no espaço social – onde pode ser expresso e conhecido por outros organismos. Seres sexuados têm que se mostrar e se fazer reconhecer. Dessa forma podemos avaliar e reconhecer desenvolvimentos de identidades – inclusive de gênero – pelos sinais que exteriorizam no espaço de fase do meio social. No espaço da consciência, a identidade de gênero, para organismos complexos, certamente será muito complexa, com um envolvimento (“entanglement”) – em inter-relação com muitas dimensões, sofrendo influências de afinidades, amores, atrações, desejos, odores, medos, memórias, repulsas, entre outros fatores, no seu desenvolvimento integrado. No ser humano a identidade de gênero na consciência tem uma complexidade muito grande – mas se mostra no espaço de fase de forma mais simples – evidenciando padrões e estados típicos dentro da sociedade humana. Nesse espaço de vivência social, pode-se tentar subverter a identidade – quando “inconveniente”, através da vivência de papéis. Esse espaço de fase coletivo e humano pode ser conhecido, reconhecido e estudado, e assinaturas dinâmicas típicas podem ser reconhecidas, e dessa forma avaliadas. 2 Introdução Quando pesquisei e escrevi “Meu Sexo Real”, escrito em 1995 e publicado em 1998 pela Editora Vozes, e então comentava com “especialistas” que o sexo/gênero – a percepção de gênero eu queria então dizer – derivava do cérebro e não da criação e do meio social somente – sendo então o estudo do cérebro e das diferenças no cérebro principalmente em suas porções mais antigas e basais um aspecto fundamental - muitos zombaram. Eu contrariava John Money. Para a sexologia/psicologia oficial ele era o Papa. Ele definia o que valia ou não valia. Ele definia identidade de gênero, papéis de gênero, dizia que hormônios afetavam os papéis e não a identidade, e todos acreditavam. Ai de quem lhe fosse contrário! Para muitos, até hoje – inclusive nossa Lei dos Registros Civis – identidade de gênero não se estuda – ela é considerada óbvia – pois de forma certa e inequívoca, a forma como somos conformados entre as pernas a caracteriza. Se alguém não se adapta a essa simplicidade – a essa noção ingênua para dizer o mínimo – ou é pecador e merece o ostracismo – já que hoje em dia seria inconveniente mandar para a fogueira - ou é doente mental e merece o ostracismo já que “não tem cura”. De qualquer forma deve ser um desqualificado que merece o ostracismo – este sempre presente no destino dessas pessoas que “não se conformam” com o que outros gostariam que se conformassem. Noto inclusive no Brasil – em partes mais civilizadas já não é mais assim – o pobre do profissional que tiver padecido desses assuntos e neles se especializar é visto com muito desrespeito – é verdadeiramente marginalizado, principalmente se quiser pensar, conhecer, criar e inovar. Uma pena. No assunto correlato a esse, da compreensão de como se forma a mente, do que ela é e como se relaciona com o mundo material e com o próprio cérebro, também surgiram dogmas, e ostracismos. Penrose, o descobridor do Big-Bang junto com Stephen Hawking, quando se voltou para a relação mente-cérebro, começou a ficar mal-visto no meio da física quântica. David Bohm nem se fala. Banido de Princeton, caiu no Brasil por 3 anos. E depois por 2 em Israel, até encontrar guarida em Londres. Hoje suas posições começam a ser consideradas com mais seriedade. O futuro dirá. Esses grandes físicos se vêm banidos da física por seus pares, por colocarem em xeque velhos – ou não tão velhos -- dogmas. Quando falam de consciência 3 e mente, são rejeitados por psicólogos por seu corporativismo – é uma classe muito insegura dos próprios conhecimentos, e muito limitada em seu background científico – e sempre nada sistêmicos mesmo que adorem ser “interdisciplinares”. No mundo da física o mundo está mudando. Mesmo no mundo da sexologia as coisas podem mudar, reconheço. Não no mundo inteiro, infelizmente, mas pelo menos na parte mais civilizada. Hoje, ao contrário – como me centro no cérebro – mas não mais apenas nele – alguns estrangeiros muito amigos chegam a me criticar por não mais me centrar só no cérebro. Hoje quem se centra mais no cérebro são os holandeses, e mesmo grupos que advogam a diferenciação do cérebro como a única causa, e qualificam transexuais em especial como portadores de síndrome de Harry Benjamin (HBS). Muita coisa mudou nestes 12 anos, mas não mudou o essencial: a maneira equivocada de perceberem e estudarem a identidade de gênero Não mudou para a maioria, o conceito de Stoller de que só humanos têm identidade. Mesmo depois de Damásio (1996) mostrar que primatas têm um cerne basal de identidade, e de Waal (1997, 2006) mostrar fortes evidências disso em primatas não humanos. Como a identidade de gênero se forma na mente? Não apenas na mente humana muito complexa, mas em um outro primata? em um réptil? Ou num tubarão? Vi outro dia um filme em que um biólogo fez profunda amizade com um tubarão tigre, a tal ponto de nadarem juntos, como vemos com golfinhos. A relação dele com os tubarões chegou a tal ponto que ele vive mergulhando entre os outros tubarões tigre, mesmo sem o amigo por perto, e os toca e os abraça, também como amigos. Na mais profunda amizade e harmonia. Essa possibilidade com mamíferos – golfinhos, baleias, ainda vá lá... mas com peixes? Tubarões tigre? John Money admitia, entre outros de seus equívocos, que só o homem teria uma identidade de gênero. Não se podia falar de identidade de gênero entre os outros animais que não o homem. Assim ele, com uma canetada, do alto de seu pedestal, desqualificava pesquisas seríssimas, se indicassem o contrário. Total engano. Não falo nem de primatas, mas entre tubarões tigre se percebe claramente um eu, a capacidade de sentir amizade, até de demonstrar afeto. Quem tem uma identidade suficientemente desenvolvida para demonstrar afeto e amizade, certamente tem um eu. Não um eu humano, evidentemente, não tão complexo, não tão multifacetado, não apresentando o mesmo número incalculável de dimensões humanas, mas certamente existe, já é bastante 4 complexo, e apresenta uma identidade sexual e de gênero, mesmo que ainda muito simples a nossos olhos. O que ela, a identidade de gênero, é? Quais as variáveis que interferem, causalmente, em sua formação? Quais os inter-relacionamentos com outras causas e com outros efeitos advindos de mesmas causas? Essas são poucas entre as inúmeras perguntas que, seriamente, parece que ninguém quer fazer e muito menos arriscar a responder. Infelizmente quando alguém procura responder, o faz de forma muito antiga, cartesiana, reducionista e mesmo preconceituosa – para não dizer autoritária, sempre buscando relações simples e fórmulas mágicas (o que chamo de pseudociência e superstição), como fizeram e continuam fazendo e perpetuando nossos “juristas” em nosso Código Civil. Os dogmas se sucedem. São os genitais entre as pernas, o que existe entre elas define o gênero de forma certa e inquestionável! Não é verdade. Muitas pessoas apresentam os genitais normais e demonstram que eles não são o fator determinante absoluto para definir o gênero de alguém. Os médicos mais antigos bradam, atônitos: sãos os cromossomos! Vamos verificar o cariótipo! Não necessariamente. E as síndromes AIS? E outras síndromes nem vamos comentar, já é do conhecimento do mundo mineral, segundo Mino Carta. Então é a criação, como ensinamos nossas crianças a serem nos primeiros anos de vida (gostei sempre da precisão matemática dos dois anos de John Money)! Assim, com alguma tortura, poderemos moldar as crianças ao que achamos ser o melhor para elas! (vide Colapinto, 2000) Não, isso é uma violência. Suicídios decorreram dessa postura agressiva e violenta contra pessoas que não se adaptavam a ela – e pior, contra ela estavam indefesas. Então está nos genes! Vamos procurar um gene da “homossexualidade ou da transexualidade”! Não, esse reducionismo genético não funciona para o gênero e identidade de gênero. Muitos fatores interferem e evolvem conjuntamente (entanglement), o que impossibilita essa simplificação reducionista da realidade. 5 Então vamos encontrar no cérebro! Vamos fazer ressonâncias nos cérebros e descobriremos quem são de forma simples! Não, esse é outro reducionismo, que eu advoguei e depois repensando o assunto, não posso aceitar integralmente. O cérebro é a parte central, é o cerne da questão e como devemos compreender a questão – já que mente e cérebro tem uma íntima relação – mas essa relação não é necessariamente simples, tipo uma causa um efeito. Ao contrário, o cérebro é o cerne, mas a mente transcende o cérebro. Estamos falando de ciência e não de misticismos ou metafísicas – transcender aqui significa estar em relação mas não se limitar direta e linearmente a suas influências. São assim porque são gays enrustidos, e ficam imaginando que queriam ser meninos (lésbicas masculinizadas, “sapatões”) ou meninas (gays efeminados e passivos), querendo “mudar de sexo”. Não passam de gays radicais e efeminados (ou masculinos se lésbicas). Se forem “gays” , como gays devem ser considerados normais. Se não forem ou não se considerarem gays, são completamente malucos – ou “autoginefílicos” (os MtF’s... e os FtM’s...?)! Não, isso tudo não faz o menor sentido. Veremos que a identidade de gênero se envolve com a orientação sexual, mas são diferentes e têm bases diferentes. Existe uma relação, como que num des-envolviento em relação, mas não numa dependência de causa e efeito. A natureza prova isso. Basta avaliar os Pan paniscus, os primatas mais próximos do homem. Toda a sociedade se comporta de forma homo e bisexual – o mesmo ocorre entre as fêmeas na espécie de Macaca fuscata (macaco japonês), mas não se encontram problemas de gênero – macacos se sentindo em disforia ou inadequação de gênero entre eles. Essa teoria do “transexual gay” e do “transexual não-gay” de Blanchard/Bailey vai exatamente no mesmo sentido dos velhos equívocos de John Money – querendo sempre autoritariamente impor seus equívocos (agora os gays querendo impor sua maneira de ser e ver as coisas aos variantes de gênero, que as rejeitam). Para eles o “transexual gay” é normal. O “transexual não-gay” é “doente”, é “transexual a-normal”. Ou seja, querem submeter a identidade de gênero como em dependência absoluta e simplista mais uma vez, da orientação sexual, o que na natureza os primatas citados mostram que não é verdade. Apenas, ninguém se interessa seriamente em pensar e estudar como se desenvolve na mente a percepção de gênero – os fatores que interferem nessa percepção e os sinais sociais que podem ser externados e reconhecidos. Não como papéis, mas como sinais, assinaturas distintas da identidade. Se conseguirmos conhecer – se conseguirmos estimular os indivíduos a mostrar esses sinais ou assinaturas que transcendem os papéis que porventura tenham 6 sido forçados a aceitar, talvez se possa avaliar quem é quem entre eles, para poder ajudar essas pessoas em suas dificuldades, angustias e sofrimentos. 7 Um modelo de “eu” – I Quando falamos em modelo de eu, falamos da relação mente-cérebro e mais generalizadamente da relação mente-matéria. Falamos sempre de dualidades. Em ciência, um bom modelamento de uma dualidade, um modelamento que funciona, foi conseguido pela física, com a Mecânica Quântica – QM. Para Bohr, esse modelo era bom porque funcionava, mesmo que não se entendesse o que realmente ele significava no mundo da concretude material – que deixava de existir, ontologicamente. A partícula, a matéria, deixava de existir “de per se” e passava a existir apenas se observada. Quando não observada, o que existia era uma onda de probabilidades matemáticas de existir se observada. Einstein e De Broglie não gostaram desse modelo, mas ele prevaleceu como a “ontologia de Copenhagen”. É o que vale na física quântica hoje, os campos quânticos têm por base ela sem questionamentos. Penrose na realidade, não a questiona. Ele a considera em sua teoria da formação da mente. Von Neuman e Henry Stapp não a questionam, em sua teoria da formação da mente, na qual centramos mais em nossas suposições. Mas talvez justamente por isso, elas até hoje permaneçam teorias mais filosóficas que científicas, pois não podem ser falseadas, como considera necessário Popper. Por outro lado, Bohm foi além. Ele definiu uma ontologia para a QM. Podemos chamar de QM Bohmiana – ou BQM. Para Bohm, a QM estava incompleta – como imaginavam Einstein e De Broglie – e seria mais completa se acrescentar-se uma limitação – uma direção – para a função de campo de probabilidades. Podemos interpretar, para o assunto mente – matéria, as conseqüências principais da teoria BQM: 1. Para a teoria QM, a matéria só colapsava, se fosse observada. Se não fosse observada, ela permanecia limitada por suas probabilidades mas não colapsava. Essa ontologia – da qual se aproveitam Penrose e Stapp – faz com que a realidade seja sempre mental – e talvez material. 8 2. Para a teoria BQM, a matéria colapsa sempre, tem uma trajetória sempre, concretude sempre – independentemente de ser ou não observada – mas para que essa concretude exista sempre é necessário um “envolvimento à distância” – ou seja, cada parte está intrinsecamente ligada (entanglement) com o todo. 3. Nesse sentido, na teoria BQM, a trajetória de uma partícula (“o movimento da matéria”) depende não só das forças conhecidas da física quântica e relativística: nucleares, atômicas, eletromagnéticas e gravitacionais ; mas também de um “potencial quântico” definido por Bohm, que interrelaciona as partículas – a matéria. 4. É importante notar que a BQM é teoria científica e não só filosofia – ela está comprovada por experimentos e medidas, e reproduz à perfeição – ou quase – todas as previsões mensuráveis da QM. 5. Bohm sugere então que a mente é análoga ao “potencial quântico”. É um potencial quântico gerado e em relação com o cérebro e com o meio e com o todo. 6. De onde ele tem essa idéia? O que faz, na BQM o potencial quântico? Ele movimenta matéria. 7. O que faz a mente? Seja numa bactéria seja no homem? Ela tem a capacidade de movimentar matéria. 8. A bactéria movimenta-se e movimenta o seu meio – a mente da bactéria movimenta matéria. 9. O homem movimenta seu corpo, seu automóvel, manda ao espaço uma nave... a mente movimentando matéria. 9 Um modelo de “eu” - II A identidade de gênero diz respeito a uma percepção. Os papéis de gênero são vivenciados externamente, como exposição. A exposição se dá no meio social, se dá num “espaço virtual de fase social”, para sermos mais precisos. A percepção se dá num “eu”. Para entender o que é, como se forma, quais as causas e relações envolvidas nessa formação, temos antes de mais nada – se quisermos fazer ciência e não política, ideologia ou neo-superstições – saber como se forma um “EU”. Como se forma um eu? Não humano, que se perde em sua própria complexidade, mas em um pavão? Para estudar esse modelo – para adotar um modelo possível, coerente e inteligente entre os hoje existentes – vou propor uma analogia. Uma historinha. Vou chamar um pavão fêmea de Maria. Vou chamar um outro pavão da mesma espécie de João. Como se sente – como se forma – o perceber-se Maria ou João? Observando. Vamos definir como um EU, “aquele que observa”. O mesmo pressuposto de Bohr, em sua mecânica quântica, em sua discussão com Einstein. Para que uma medição quântica seja feita – para que um evento quântico ocorra – para que esse evento quântico “colapse” de sua situação de uma onda de probabilidades de poder ser, na realidade concreta de vir a ser uma partícula, é necessário que um observador observe. Ou seja, o universo quântico é sempre o da dualidade (não se confunda com a dualidade na teoria das cordas por favor) – a relação quântica se dá entre um observado e um observador – quando existe a dualidade na natureza, não importando a escala do fenômeno. A física quântica surgiu, antes de mais nada, da percepção por Planck de que a energia não era um “continuum”, mas que existiam pacotes ou quanta de 10 energia. Quantidades muito pequenas. Daí derivou-se a teoria quântica para a compreensão do átomo e suas partículas subatômicas, onde a física de Newton (do continuum de energia) não funcionava. Por isso, sempre se imagina que o quanta só se aplica ao muito pequeno – porque se esquecem que o formalismo matemático da teoria não derivou apenas da escala das partículas mas também de seu comportamento DUAL. Ou seja, a matemática – o modelamento matemático considerado – se mostra válido pois consegue modelar a dualidade – no caso onda/partícula. Com o resultado dessa modelagem, chega-se – como falou Bohr em sua discussão com Einstein (quando Einstein disse que achava que Deus não jogava dados!), e depois Von Neumann e atualmente Penrose e Stapp – à necessidade de um observador para o “colapso” da onda de probabilidades em partícula concreta – mesmo que essa partícula colapse com características incertas (incerteza de Heisemberg). Bohr deixa claro que a partícula surge com o colapso da equação de onda, mais como criação mental virtual do que como existência material concreta. Mas essa existência se mostra efetiva, de tal forma que permitiu o avanço vertiginoso da tecnologia nuclear e eletrônica – mesmo como descrição de uma realidade – que ainda permanece “de per se” misteriosa. O que seria da partícula sem um observador? Ela não existiria como partícula, mas existiria como onda de probabilidade de vir a existir. Então existem duas possibilidades: Ou a partícula não existe – ela colapsa apenas na mente do observador – mas na natureza ela continua como uma onda de probabilidade, e neste caso cada observador que observar gera o colapsar para si mesmo, ou Ela existe na natureza como onda de probabilidade e de energia real, num campo quântico da realidade – e esse campo interage com um outro campo quântico mental virtual – onde colapsa a partícula ao ser observada. Em outras palavras, ou como Bohr não importava muito onde estava o campo – o que importava era que funcionava, nem que só existisse no observador, ou haveria a possibilidade de DOIS CAMPOS, um real material e outro em relação ao primeiro, mental e virtual. Ou seja, a partícula, com a atenção do observador surge de maneira incerta: 11 Com o colapso da onda de probabilidades, num espaço - da mente do observador ou do espaço físico – na realidade isso não era tão importante saber - a conclusão de “Copenhagen” que prevaleceu na física; ou Em dois espaços – mais uma dualidade – no espaço físico e no espaço virtual da mente do observador – defendida por Neumann, Stapp e Penrose. Essas possibilidades delimitam as diferenças de percepção de Bohr e Von Neumann (1955), e o assunto modernamente é muito bem analisado tanto por Penrose (1996, 2000, 2007) como por Stapp (2004, 2007). O mais importante para mim é notar que o que está em jogo nessa discussão é a realidade do campo quântico da partícula na realidade física – mas todos implicitamente concordam, e não está em jogo, a existência do campo quântico mental virtual do observador – onde necessariamente a partícula deve colapsar. O colapso da partícula como ente real é duvidoso – para a teoria quântica, mas o colapso da partícula como ente de razão é certo. Por outro lado, todo o desenvolvimento tecnológico em física quântica e nuclear, assim como na eletrônica de supercondutores por exemplo, testificam que a mecânica quântica funciona no mundo físico – também. O observado existe em “potência” – ele tem uma distribuição de probabilidades de existir – que limitam sua possibilidade de existir - mas apenas existirá efetivamente – colapsará na concretude – se observado. A partir dessa observação ele passa a existir – o colapso já aconteceu – aquele colapsar não se repetirá pois já colapsou. Nota importante: Existem conceitos com base em “mente quântica”, defendidos por Amit Goswami, entre outros, que em minha opinião sem qualquer base sólida científica – e mesmo filosófica – extrapolam a realidade quântica para mundos paralelos, poderes da mente, controles de destino, vidas passadas e daí por diante. Nada temos a ver com essas imaginações, não as consideramos válidas e nem as sufragamos. Pelo contrário, infelizmente elas denigrem o que existe de sério em relação a estudos sérios como os de Stapp, Bohm e Penrose a respeito do assunto. Daí a substancial importância do observador. Sempre a nossa mente vem como o observador – seja a observação de um cientista maluco em Berkeley ou no MIT, seja na observação de Maria ou José. Meu observador vai ser o João – sim, o pavão. Ou será que um pavão não percebe, não observa? 12 Ele foge de condições adversas e procura comida. Como nosso pavão é sexuado ele procurará uma parceira que se espera deixar-se-á achar por parceiros reprodutivos também. Só para criar um clima de romance entre Joãozinho e Maria. Vamos imaginar uma espécie ainda mais simples. Bactérias. A bactéria para se alimentar, ela tem que perceber a necessidade do alimento e a possibilidade de encontrá-lo. Ela tem que sentir. Ela tem que procurar – ela tem que observar e ter atenção. Nesse sentido, a sua atenção TEM QUE COLAPSAR, não a realidade de uma partícula elementar, seu momento ou posição num espaço de Hilbert num laboratório – mas colapsar EM SEU EU, em si mesma, em seu espaço mental e virtual de Hilbert, a percepção da fome primeiro e da caça do alimento depois. Nesse exemplo a necessidade interna da bactéria gera a atenção, depois a ação de buscar alimento. O colapso da atenção gera a percepção. A percepção continuada gera a possibilidade de ação. Nem toda percepção do sistema nervoso precisa ser consciente – a maioria é autônoma e inconsciente. Na realidade, podemos imaginar para uma bactéria, pelo menos duas dimensões conscientes que exigem atenção, percepção e ação, e inúmeras inconscientes. Conscientes derivam da fome e do medo. Sobrevivência. Entre pavões já é bem mais complexo. Existem muito mais dimensões no espaço mental virtual de Hilbert num pavão que numa bactéria.Certamente dezenas de dimensões são acrescidas, e algumas delas dizem respeito à reprodução. Onde se desenvolvem fome, medo, “sexualidade” em Joãozinho? No EU. Como se forma o EU do Joãozinho? Observando. Através de seu sistema nervoso – ele percebe o meio e suas necessidades internas – e recebe inputs de sensores nervosos vindos do meio e do seu interior. Esses inputs, segundo Damásio, formam imagens dispositivas que serão “digeridas” - algumas permanecerão no inconsciente – por sua simplicidade e autonomia – como o respirar por exemplo – e outras virão para a atenção – colapsarão a mente como atenção - o colapsar da mente é a atenção – na fome por exemplo. Nesse sentido a mente questiona, através do sistema nervoso o meio interno e interno, e recebe inputs deles. Digere essa informação, seleciona um foco de atenção, e estimula mais questionamentos recebendo mais inputs seletivos por essa atenção. Essa atenção se torna percepção se continuada, e pode se tornar em ação. Procurar comida por 13 exemplo. Assim se forma em Joãozinho – não me pergunte onde em seu corpinho ou seu cérebro por favor, muito menos se num “Hiperuranion” de Platão – uma “mente”, que vive num espaço virtual de Hilbert com pelo menos essas 3 dimensões conscientes – fome, medo, reprodução. Num ser mais complexo como o pavão, deve ser no cérebro, mas já numa bactéria, não faço a mínima idéia onde estaria. Como funcionam essas 3 dimensões? Um sistema de informações. Sempre observando. O observar – o ter atenção gera o perceber – o colapsar da mente – e nesse colapsar ela se relaciona com o meio. O observar já traz uma pergunta – como mostra o modelo de Neumann/Stapp. A pergunta sempre simples – um Booleano sim ou não – sempre terá do universo/meio – ou do íntimo visceral para quem tem vísceras e não numa bactéia - uma resposta Booleana – um sim ou um não. Por exemplo uma bactéria gosta de frio. Ela vive na água e gosta de frio, por exemplo por volta de 10° C é uma boa temperatura para ela. Mais de 15° C ela começa a sofrer. Com o sofrimento ela observa – pergunta para o meio através de seus sensores nervosos e obtém respostas – assim ela sente, percebe, que a temperatura está subindo. Ela age, foge, debate-se para encontrar um lugar mais frio. Ela observou. Perguntou a temperatura, está boa ou ruim? A resposta do meio foi... RUIM! Imediatamente ela continua perguntando e os sensores nervosos respondendo e ela fugindo (percebendo e agindo), até que enfim ela pergunta e do meio, pelos sensores vem a resposta. BOA!. Ela continua por algum tempo perguntando e e enfim se acalma. Passa a nem perguntar mais CONSCIENTEMENTE, ou seja, sua mente vai CONCENTRAR SUA ATENÇÃO em outro assunto. Mas inconscientemente sempre os sensores estão recebendo informações do meio. Num certo sentido a mente metaboliza informações. Ela as digere, no sentido de separar o que é importante - que chama a atenção e em que ela se concentra, deixando o resto no inconsciente, em parte para ser guardado na memória e em parte para ser esquecido. Onde na bactéria existe esse metabolismo de informações, esse arquivo de memória? Não sei, talvez nem chegue ainda a existir numa bactéria, mas certamente no Fred, o peixinho lá de casa, EXISTE! E nos meus dobermans, memória, metabolismo de informações e identidades existem CERTAMENTE! E também em Joãozinho, o nosso pavão. As bactérias têm poucos assuntos para se concentrarem, para colapsarem sua equação de onda de seu espaço virtual de Hilbert. A fome quando cresce, sai do inconsciente e atua no consciente motivando a atenção. O que ativa a observação do observador? A necessidade em alguma de suas dimensões – percebida no digerir as informações, ATRAVÉS DE SEU SISTEMA DE SENSORES – e da interconexão entre sensores e receptores. 14 Como João e Maria são pavões, eles têm uma dimensão especial que as bactérias geralmente não têm! Sexo! Oba! Vamos para o motel! 15 A identidade de gênero se forma quanticamente num espaço mental virtual de Hilbert O Eu consciente – a auto percepção de um eu - é formado pelo contínuo (na realidade descontínuo – lembremos que o quanta é sempre descontínuo) colapsar no espaço virtual de Hilbert n dimensional, da atenção (quando em vigília) pela necessidade (na bactéria só a necessidade – mas em seres mais complexos pluricelulares como o pavão, novas dimensões são acrescentadas como desejos, memórias e no homem até projetos, cálculos, abstrações) – detectada por um crivo ou pela digestão das informações vindas de sensores internos e externos, que segundo Damásio (1994) formam “imagens dispositivas”. A avaliação dessas imagens ativa a atenção, faz com que colapse a atenção. A atenção tem vários “assuntos” ou dimensões onde pode se concentrar, focar ou colapsar – entre uma variabilidade e ao mesmo tempo condicionamento “quântico” de possibilidades ou probabilidades – e a cada iteração, apenas uma colapsa. Como a freqüência de iterações é enorme, mesmo descontínua, sentimos como um contínuo, como percebemos um filme. Quem detalha isso tudo não sou eu, mas o modelo de relação cérebro - mente de Neumann/Stapp. Outro modelo interessante, mas que segue “grosso modo” considerações análogas, é o de Penrose (infelizmente um pouco “contaminado” por Amit Goswami & Cia). Para Joãozinho e Maria, eles teriam uma terceira dimensão – pelo menos nesse espaço em que poderia colapsar sua atenção em seu eu formando uma identidade de gênero – no caso muito simples mesmo – provavelmente inconsciente – que se mostraria no interesse reprodutivo – já que, ao que tudo indica, amor e prazer ainda não evoluíram em pavões desse tipo. O desejo da cópula, não é a identidade de gênero – é outra dimensão, que podemos chamar do amor, do afeto, do desejo sexual, da reprodução – ou um complexo entre eles. Mas como estamos numa história romântica, no caso de João e Maria tudo era consciente. Eles se apaixonaram desesperadamente. Amor a primeira vista. Êpa! Observação! Amor... a primeira vista! A observação – a percepção – pode levar ao reconhecimento de si mesmo – de alguém, de uma necessidade. A fome vem de dentro. O medo também. Os desejos, quaisquer que sejam, também. Realmente não necessariamente num 16 pavão – mas em Joãozinho e Maria, pavões talvez um pouco humanizados é verdade, tudo isto estava presente! Joãozinho, é verdade, já se sentia “o tal”, o pavão mais valente, bonito e galante do bairro empavonado. Ele a toda hora, a qualquer feromônio já quer começar uma dança para elas, se abre como um leque, sabe ser o tal. Maria se sentia lindíssima, feminina, apetitosa, e um dia se observaram. Não preciso dizer que essas fortes diferenças entre Maria e João são características de suas diferentes identidades de gênero! Eles se fixavam nelas, de forma consciente? Provavelmente não, eles se viam e reagiam como os outros, deveria tudo se dar de forma inconsciente. Colapsou nos espaços de Hilbert de ambos a atenção entre eles. O resto da história é conhecida de todos – terminou num motel de pavões mais próximo – mas muito charmoso. A auto-observação leva ao desenvolvimento da identidade de gênero. Como que colapsando e se formando e dinamicamente se desenvolvendo no Eu. Sem dúvida esse desenvolvimento não é estanque, ele se dá também com o envolvimento (“entanglement”) de outras dimensões, que interagem entre si. As dimensões SÃO DIFERENTES, mas se inter desenvolvem em relação uma com a outra – como relações de feedback positivo ou negativo – por exemplo. A atração sexual pode levar, através de um feedback positivo ou negativo – a novas excitações no desenvolvimento da identidade de gênero, e vice versa. Quanto mais complexa é a espécie, mais complexas são essas relações. Por isso inclusive, sempre será falsa qualquer relação simples de causa e efeito, com relação à formação da identidade de gênero no indivíduo. Por outro lado, analisando não o indivíduo, mas a coletividade, agora já entre humanos sabemos que a identidade de gênero se desenvolve de forma caótica – formando um espaço virtual de fase, de estados, em que muitos estados são possíveis – os de alta probabilidade (normais ou Gaussianos – dicotomia M/F) e os de menor probabilidade – havendo nesse espaço um “espectro de probabilidades” (ou de intensidade versus incidência de variâncias de gênero - GV) Por esse espectro de probabilidades sempre será totalmente imprevisível “a priori” como se desenvolverá a identidade de gênero em qualquer indivíduo humano. Mesmo em outras espécies, quando não se relacionam sexualmente apenas reprodutivamente, como os Macaca fuscata e os Pan paniscus, o espectro de gênero se resume basicamente à dualidade simples. 17 Portanto, esse espectro de gênero entre humanos, que parece típico e único entre humanos e não em outras espécies mesmo próximas do homem, parece mesmo singular. Não encontramos analogias entre outras espécies. Podemos em laboratório, fazer essas analogias, atuando em cérebros e ministrando hormônios, a fetos, mães, ovos – mas na natureza essa dispersão não se encontra – jamais existe algum relato nesse sentido que conheçamos. Existem espécies primitivas na natureza, principalmente entre peixes e anfíbios, por outro lado, em que POR NECESSIDADE DO GRUPO e não de indivíduos, ocorre uma transição completa não só de gênero, mas sexual e reprodutiva em alguns do grupo. Como no grupo se escolhe um ou outro para que ocorra a transição radical? Parece que o meio é fundamental, como temperatura e certamente a necessidade. Mas não ocorre na mesma espécie um espectro de distribuição. Isso só conhecemos na espécie do primata homem. A identidade de gênero pode-se definir então como o desenvolvimento do colapso da dimensão de gênero na auto-percepção do eu, num espaço mental virtual de Hilbert, que é pluri-dimensional de dimensão desconhecida – dependendo da espécie. Esse colapso pode aparecer em qualquer espécie? Certamente sim. Poder aparecer não quer dizer que necessariamente factualmente algum outro animal, que não o homem, fixe sua atenção em si mesmo sob esse aspecto. Isso parece bastante improvável, pela inexistência do espectro de gênero em outras espécies. Para que serve saber tudo isso? Por enquanto, para nada. Espero que venha a servir para alguma coisa. A mecânica quântica na física serviu para muita coisa. Vamos ver se será útil também para Joãozinho e Maria mesmo que não sejam humanos, mas pavões. 18 O “envolvimento” (entanglement) da Identidade de Gênero no espaço mental virtual de Hilbert Vamos tentar descobrir para que pode servir tudo isso. Ao contrário do que as pessoas imaginam, conforme o que disse Bohr em seu debate com Einstein, a física quântica é muito pragmática – ela simplesmente funciona – mesmo que ela não aprofunde os conhecimentos reais sobre a realidade da matéria, ela funciona. Meu laptop prova que ela funciona. Dentro desse mesmo princípio, o que podemos saber é que seu embasamento matemático pode resolver o problema da compreensão do funcionamento de dualidades – seja ela material no sentido onda/partícula seja ela virtual na dualidade cérebro/mente. Na dualidade onda/partícula, podemos medir, podemos experimentar. Podemos contradizer, podemos falsear. Nesse sentido, de acordo com Popper, a teoria quântica em física é plenamente científica. Quanto a sua aplicação à dualidade cérebro/mente, tanto Penrose com sua teoria, como Stapp com a sua, alegam ter dados experimentais e condições de mostrar que as teorias são científicas e falseáveis. Não tenho conhecimento para entrar, pelo menos por enquanto, nesses detalhes. Mas mesmo que não possam comprovar sua validade plenamente científica ainda, seu valor filosófico já é enorme. A identidade de gênero então, no íntimo da consciência, é vivido como um conjunto de dimensões ou uma dimensão da identidade, da personalidade, da formação do eu, no espaço mental virtual de Hilbert. Quem acessa esse espaço? Só o próprio indivíduo. Onde se localiza esse espaço? Não sei, ele é virtual. Não sei onde se localiza, mas sei que está em contínua relação de interdependência com o cérebro. Mesmo que não seja uma criação “só do cérebro”, ele só vive em contato com o cérebro. Como funciona esse espaço? Primeiro, pela informação. A mente é um espaço de informação. Na mente, num certo sentido a informação é processada – ela é metabolizada, digerida – através do cérebro Então a mente em vigília colapsa pela atenção em alguma informação. A atenção se concentra sobre um aspecto. Esse aspecto como que colapsa na atenção. Esse colapso se dá sempre pelo questionamento da 19 atenção com relação a alguma coisa. Essa coisa em organismos mais simples, é o meio. Em organismos mais complexos pode ser a memória, a sensação visceral do próprio corpo, o meio, a imaginação, etc.. No caso da identidade de gênero, a atenção se volta – por algum motivo - para esse assunto. Sua auto percepção de gênero. Se em harmonia existencial e social, essa auto percepção não fixará a atenção, e ficará inconsciente – como parece sempre acontecer entre os não humanos. O problema não existindo, a própria identidade se torna menos consciente, chama menos a atenção. Quem tem alguma inadequação, terá sua atenção voltada para essa dimensão, e colapsará essa dimensão. John Money e Stoller, entre outros, partiam do princípio de que os outros animais não tem uma identidade de gênero, de que nem teriam uma identidade. Eles estavam equivocados. Hoje em dia sobejam evidências de que eles têm. Por outro lado, como a maioria dos humanos não pensa em sua identidade de gênero pois ela não surge em sua atenção por estar harmonizada com corpo, mente e meio, esse tipo de desatenção é colocada como óbvia. Nas outras espécies – de onde derivamos – essa questão também não se coloca – por isso parece aos olhos da maioria como óbvia. As dimensões, como a atenção, são dinâmicas. A atenção estará sempre a postos para variar, em estado de vigília. Viverá sempre na beira do caos, ou seja, será sempre instável, podendo variar e bifurcar à medida das necessidades dos estímulos. A dimensão da identidade de gênero se formará, amadurecerá – em todos, de todas as espécies sexuadas, de indivíduo em indivíduo. Permanecerá inconsciente para quase todos, inclusive humanos. Mas entre os humanos, não em todos. Nossos testes de identidade (MFX e FMX) visam estimular a pessoa a nos mostrar, respondendo umas poucas perguntas Booleanas, o que se lembra, desde sua infância, sobre sua atenção com relação a essa dimensão. Para as pessoas normais (Gaussianas), as questões propostas são estúpidas e não fazem sentido – porque para elas essas coisas não afloraram no seu consciente. Segundo Stapp, a atenção se forma e permanece através de questionamentos. Como se o cérebro perguntasse para o meio – ou o íntimo, ou a própria memória – perguntas Booleanas, e recebesse respostas Booleanas, e dependendo das respostas, a atenção se fixaria ou moveria para outra direção. 20 Que outras variáveis do espaço mental virtual de Hilbert afetam a identidade de gênero? Com que outras dimensões ela está envolvida, interconectada, em relação? O que afeta a identidade de gênero e sua formação? Certamente existe um cerne que catalisa essa formação – esse cerne tem sua origem biológica e no cérebro – ao que tudo indica as variáveis mais influentes deverão ser os genes, os hormônios, o meio intra-uterino afetando estes últimos, atuando em partes antigas “reptilianas” do cérebro, como no hipotálamo, estria terminal, amígdalas e sistema límbico por exemplo. As diferenças encontradas entre os gêneros masculino e feminino nessas partes basais do cérebro – em todas as espécies inclusive nos primatas e no primata homem - indicam que essas regiões são importantes para a formação de algo tão basal quanto a auto percepção – consciente ou não – do próprio gênero. Como deve funcionar essa formação do cerne da identidade de gênero – na auto percepção do gênero? No bebê e na criança, esse cerne estará formado – sabe-se que essas estruturas em primatas se formam durante a gestação, e dificilmente são alteráveis por hormônios de forma substancial após o nascimento. Então, esse cerne estará pronto para gerar na consciência, na mente, nesse espaço mental virtual quântico, a dimensão da percepção do próprio gênero. Para as espécies não humanas, essa informação não aflorará, não colapsará na atenção – permanecerá existente mas inconsciente. Por isso não existe um espectro de probabilidades em incidência versus intensidade no espaço social de gênero para eles. Entre humanos essa inadequação pode acontecer. Quando essa percepção está em desacordo com outras percepções – do próprio corpo, de como é reconhecido pela família, do próprio nome inadequado, das situações inadequadas de vida onde desejos e propensões não se harmonizam com as perspectivas do meio, a atenção que esqueceria essa dimensão no inconsciente, passa a se fixar nela de forma consciente. A partir daí outras dimensões acrescentam ou suavizam a situação. Os amores, o afeto... a forma de dirigir afeto e a forma de amar, de desejar, pode se mostrar também de forma a ser considerada imprópria – aí já dependendo do meio e da cultura. Poderão ou não haver incentivos ou repressões. Mas a identidade não será afetada, ela será modulada, ela será estimulada a se fixar mais na mente, a colapsar na atenção ou não – mas sem a capacidade de alterá-la. 21 Essa incapacidade do meio em alterar o cerne na formação da identidade de gênero é demonstrada pela forma do espectro de freqüências – do espectro de incidência e intensidade – que é fractal – que não demonstra situações de falta de “naturalidade”. Por outro lado, se os casos de variâncias de gênero radicais como de transexuais são raros, os casos de “regressão” de transexuais é praticamente inexistente. Outros fatores interferirão. A perda de oportunidades de vida e profissionais advindas dessa situação serão notadas e percebidas pela atenção. A inteligência será uma variável a atuar, e a participar da decisão na ação de se mostrar ou de se esconder socialmente. E assim por diante. O sistema é muito complexo – quanto mais complexo o organismo, quanto mais complexo o cérebro, mais complexa a mente, e mais complexa a formação das identidades, de gênero inclusive. E mais coisas vêm a tona, e do inconsciente passam a ser conscientes, a chamar a atenção, a colapsar na mente. As variáveis envolvidas são muitas, e essa dinâmica toda se desenvolve na consciência, na mente, no eu, na forma como a atenção se fixa, na maneira como a inteligência participa e reage, na forma como as modulações interferem, na forma como o cerne se fixa e se mantém. Por isso, ninguém avalia melhor uma variância de gênero, que o próprio indivíduo que a sofre. Tudo se passa dentro dele. Mas nem todo indivíduo, mesmo consciente de sua situação, tem conhecimento para se avaliar completamente. Certamente poderá estar muito perturbado por sua situação, e poderá não saber discernir plenamente detalhes e relações com outros que vivem situações semelhantes – se não tiverem o preparo profissional para tanto. Por outro lado, o melhor avaliador, é o avaliador experiente e capacitado tecnicamente, mas que tenha sofrido os mesmos problemas para poder avaliálos em toda a sua dimensão. O paciente, ou seus pares, ou seus pais, devem procurar um profissional especializado, ou um “grupo interdisciplinar” especializado – para que o paciente possa ser ajudado convenientemente. 22 A avaliação “interdisciplinar” Os grupos “interdisciplinares” de avaliação de transexuais no Brasil, antes de mais nada se mostram inadequados desde o princípio – desde seu objetivo. O que deve ser avaliada não é a transexualidade, que é um caso particular inserido numa gama muito maior de fenômenos – mas as variâncias de gênero – que são múltiplas e se manifestam de inúmeras maneiras. As pessoas sempre imaginaram que o que existe, em termos de gênero, são duas caixas pretas reprodutivas – aliás não são pretas, mas são caixas: uma rosa feminina – a que tem o óvulo e vai trazer o ovo e fazê-lo vingar; e a caixa azul, daqueles que querem mandar em tudo e apenas ajudam a fecundar o óvulo. Quem não se adaptar a essas duas caixas é um problema. Deve ir logo para a caixa dos “transtornos mentais” – pois não se adaptam a nossas duas caixinhas – com problemas genitais, ou só com problemas de gênero ou com os dois! A realidade não é assim. Como em cada consciência humana, existe uma dimensão de gênero, que pode ser esquecida na inconsciência da plena adaptação aos padrões sociais, ou pode terminar por vir sempre à mente, devido a sua situação de improbabilidade e de aparente falta de adaptabilidade, essas pessoas (essas mentes) terminam por se mostrar no meio, em sociedade. Nessa sociedade e nesse meio, elas mostram que nem sempre as duas caixas são as únicas opções. Elas são as opções mais prováveis, mas existem outras menos prováveis – que não podem ser simplesmente ignoradas. Qualquer avaliador desses casos, deve estar consciente que esses casos existem em todo o mundo, sob todas as culturas e já têm em algumas levantamentos de sua incidência, e pode-se medir sua intensidade em várias escalas – como na escala Cogiati ou nas escalas Gendercare, entre outras. A avaliação de intensidade versus incidência, conforme apresentamos em Chicago 2007, no espaço de fase da comunidade humana (não no espaço mental virtual de Hilbert de ninguém) se mostra como uma função de probabilidades do tipo 1/f – o que indica uma situação crítica, de mudanças de fase, numa distribuição “auto-similar” ou “fractal”. Podemos começar a pensar em medir, nesse espaço de fase virtual coletivo, assinaturas, sinais característicos, padrões – que nos permitam identificar no meio social através de comparações entre indivíduos – as respostas da 23 atenção de cada indivíduo, ao longo de sua história, em sua mente – de sua dimensão de identidade de gênero e como ela se formou. A identidade está no espaço de Hilbert do indivíduo – jamais poderemos penetrar lá. Ele é gerado pelo indivíduo. Ele só é vivido pelo indivíduo. Mas podemos estimular o indivíduo a mostrar a dinâmica de seu passado, a dinâmica de sua formação – de forma a que possamos com a ajuda dele montar padrões de assinaturas dinâmicas típicas para situações classificadas como típicas – nos SOC6th da WPATH por exemplo – e classificá-lo através dessas comparações com outros padrões, para depois de classificá-lo podermos ajudá-lo a viver em harmonia e em paz consigo mesmo – e em sociedade. Nas equipes interdisciplinares cabem profissionais que compreendam que a avaliação de um indivíduo com problemas de gênero, cabe a ele mesmo. Só ele pode saber o que se passa no seu eu. Nós podemos estimulá-lo a se mostrar e tentar verificar através do que ele mostra, quem ele é, para podermos ajudá-lo. Não temos o direito de impor nada a ele. Nem uma realidade mais conveniente a nós, nem nossos conceitos, teorias e percepções. Muito menos nossa “psicologia”. A nós, avaliadores, só cabe estimular que a pessoa se mostre. E depois compararmos o que ele mostrou com os padrões que deveremos ter estabelecido previamente. Essas pessoas têm pressa. Geralmente são avaliadas tardiamente e não podem esperar muito mais. Já sofreram muito, estão vivendo sempre uma situação de dificuldades. Geralmente de dificuldades profissionais e financeiras a dificuldades existenciais e familiares enormes. Nossas equipes interdisciplinares, não só no Brasil, mas mesmo na Inglaterra, demoram anos avaliando – ou torturando? – essas pessoas. Na Inglaterra só se pode começar a corrigir e transformar o corpo, quando necessário, após dois anos de avaliação prévia, o paciente se vestindo e se mostrando com vestimentas do sexo pretendido por sua identidade. O sofrimento social é inimaginável! Quem consegue seguir estudando ou trabalhando dentro dessas premissas? O Reino Unido, nesse sentido, está na pré-história! A pessoa se mostrando – como estimulamos em nossas anamneses e através de nossos testes MFX e FMX de identidade inesperada, a avaliação é instantânea. Já sabemos quem ela é. Apenas ainda precisamos de um “peneiramento mental” preventivo, para sabermos como vai a saúde mental do paciente – para podermos começar a pensar em ajudar em qualquer transição desejada e necessária. 24 Não havendo graves riscos mentais que coloquem vida ou saúde em xeque, podemos, se for o caso e o desejo do paciente, iniciar imediatamente a transição. Essa transição demorará algum tempo, pois o corpo precisa de tempo para se transicionar de forma natural. Cada caso é um caso. Depende da idade e das condições de cada caso. De um a dois anos geralmente são necessários – não para a avaliação, que já foi terminada pois pode ser muito rápida – mas para que o corpo se adapte. Essa transição deve sempre respeitar o paciente e suas necessidades profissionais inclusive. Se se mostrar socialmente de forma incômoda vai fechar portas e causar problemas. Por isso propusemos o que chamamos de transição tipo “borboleta” – resguardando o paciente num casulo, de roupas largas e de não exposição social ou familiar prematura – muitas vezes esta pode ser a melhor alternativa. Os programas interdisciplinares e a própria SOC6th da WPATH temem essa estratégia justamente porque suas avaliações como regra são inseguras e desajeitadas – e jogam o paciente no fogo da necessidade de se mostrar – mesmo sofrendo perdas vivenciais, profissionais e familiares – de forma obrigatória. Esse se expor não deve ser obrigatório nem essencial. É viável dependendo das circunstâncias, é adequado em algumas situações. Em certas situações levam à violência, ao suicídio, ao assassinato. Interdisciplinaridade sem pensar no todo de forma sistêmica, e sem estar centrado no paciente – é simplesmente uma falácia e uma perda de tempo inaceitável. A primeira coisa que se deve pressupor num grupo interdisciplinar, é que seus componentes atuem de forma sistêmica, que tenham uma percepção sistêmica da realidade que querem conhecer não para remoldar a seu bel-prazer ou com base em suas convicções - mas para harmonizar o paciente consigo mesmo e com o meio social em que ele se vê constrangido a viver. Um grupo interdisciplinar que soma cartesianamente suas partes – para nada serve e é totalmente inadequado. Uma boa medida da atitude sistêmica de uma equipe dessas é verificar o tempo médio entre a entrada de um paciente no programa, e sua saída após completa harmonização. Para transexuais, mais de 2 anos, evidencia problemas no programa. Mais de 4, o programa é absolutamente inócuo. 25 Para transgêneros, a harmonização, quando possível, deve necessitar menos de 1 ano. Mais que isso, evidenciam-se problemas COM O PROGRAMA. Se não atenderem cross-dressers, o programa em si, é falho. Entre outros casos. 26 As assinaturas da identidade de gênero Essas assinaturas podem ser medidas e comparadas. Através de anos, em entrevistas pessoais – anos ou pelo menos meses – procurando-se reconhecer sinais. Ou através de nossos testes pela internet – que reconhecem os sinais rapidamente – em uma ou duas semanas. Vemos como um grande aprimoramento dos sistemas de avaliação “oficiais” nossos métodos pela internet – por serem objetivos, precisos, rápidos e baratos. 27 Bibliografia sugerida para saber mais Sobre os modelos cérebro/mente: Bohm, D - Veja a Bibliografia no final do artigo seguinte de Bohm em inglês para uma bibliografia sobre seu trabalho. Sugiro que os mais interessados consultem o site www.citebase.org com o tema Bohm – tema não autor – para acessar inúmeros e moderníssimos estudos sobre BQM e comparações de resultados de BQM com QM. Damasio, A --- O Erro de Descartes (1994 in English) --- Versão em português Cia das Letras, 1996; De Waal, F & Lanting, F --- Bonobo, the forgotten Ape --- Oxford University Press 1997; De Waal, F --- Our Inner Ape --- Riverhead 2006. Penrose, R --- The Emperor’s New Mind: concerning Computers, Mind and the Laws of Physics --- Oxford University Press, 2002; Penrose, R --- Shadows of the Mind: a Search of the Missing Science of Consciousness --- Oxford University Press, 1996; Penrose, R --- The Road to Reality: a Complete Guide to the Laws of the Universe --- Vintage Books, 2007; Stapp, H P --- Mind, Matter and Quantum Mechanics --- Springer 2004; Stapp, H P --- Mindful Universe: Quantum Mechanics and the Participating Observer --- Springer 2007; Von Neumann, J --- Mathematical Foundations of Quantum Mechanics (1955 in German) --- Princeton University Press – English Translation 1996. Sobre assuntos referentes a identidade de gênero diretamente sugiro consultar os outros artigos referentes a Chicago 28 Veja a seguir, em inglês, a transcrição de um paper muito importante de David Bohm – que lecionou física no Brasil inclusive – sobre o assunto mente-cérebro, ou melhor, da relação mente-matéria. A teoria da mente de Bohm é tão ou mais importante do que as de Penrose e Stapp. Aproveite! A diferença fundamental entre as teorias de Bohm e a de Stapp e também de Penrose, é que as duas últimas consideram as equações da mecânica quântica sem alterações, sem considerar “variáveis ocultas”. São idéias mais filosóficas que físicas, pois discutem mais a ontologia de Bohr e não as equações matemáticas. Bohm vai mais fundo. Ele admite uma alteração na matemática na mecânica quântica – alteração que afeta muito a ontologia quântica de forma radical, mas que preserva todos os resultados físicos e experimentais da ontologia “de Copenhagen” de Bohr. Não há dúvida que a ontologia de Bohm (também conhecida como de De Broglie – Bohm) faz sentido. Se ela tivesse surgido poucas décadas antes certamente teria sido adotada de forma generalizada – na mesma época, em 1927, entre Bohr e Bohm, provavelmente Bohm prevaleceria. Mas como surgiu depois de estabelecida a ontologia de “Copenhagen”, passou a ser difícil alterar o que já havia e estabelecido – mas dia a dia sua importância cresce no mundo da física – e ela permite uma física da mente – e não apenas uma filosofia da mente – o que já é um feito extraordinário!!!! Vale a pena fazer um esforçozinho e ler o artigo de Bohm – um grande cientista! 29 A new theory of the relationship of mind and matter DAVID BOHM [Reprinted From: PHILOSOPHICAL PSYCHOLOGY, VOL. 3, NO. 2, 1990, pp. 271-286.] Department of Theoretical Physics, Birkbeck College, University of London, Malet St, London WC1E 7HX, United Kingdom ABSTRACT: The relationship of mind and matter is approached in a new way in this article. This approach is based on the causal interpretation of the quantum theory, in which an electron, for example, is regarded as an inseparable union of a particle and afield. This field has, however, some new properties that can be seen to be the main sources of the differences between the quantum theory and the classical (Newtonian) theory. These new properties suggest that the field may be regarded as containing objective and active information, and that the activity of this information is similar in certain key ways to the activity of information in our ordinary subjective experience. The analogy between mind and matter is thus fairly close. This analogy leads to the proposal of the general outlines of a new theory of mind, matter, and their relationship, in which the basic notion is participation rather than interaction. Although the theory, can be developed mathematically in more detail the main emphasis here is to show qualitatively how it provides a way of thinking that does not divide mind from matter, and thus leads to a more coherent understanding of such questions than is possible in the common dualistic and reductionistic approaches. These ideas may be relevant to connectionist theories and might perhaps suggest new directions for their development. 1 Introduction This article discusses some ideas aimed at bringing together the physical and mental sides of reality. It is concerned mainly with giving the general outlines of a new way of thinking, consistent with modern physics, which does not divide mind from matter, the observer from the observed, the subject from the object. What is described here is, however, only the beginning of such a way of thinking which, it is hoped, can be developed a great deal further. The problem of the relationship of mental and physical sides of reality has long been a key one, especially in Western philosophy. Descartes gave a particularly clear formulation of the essential difficulties when he considered matter as extended substance (i.e. as occupying space) while mind was regarded as thinking substance (which clearly does not occupy space). He pointed out that in mind, there can be clear and distinct thoughts that correspond in content to distinct objects that are separated in space. But these thoughts are not in themselves actually located in separate regions of space, nor do they seem to be anything like separate material objects in other ways. It appears that the 30 natures of mind and matter are so different that one can see no basis for a relationship between them. This point was put very clearly by Descartes (see Cottingham, 1986) when he said that there is nothing included in the concept of body that belongs to mind, and nothing in that of mind that belongs to body. Yet, experience shows that they are closely related. Descartes solved the problem by assuming that God, who created both mind and matter is able to relate them by putting into the minds of human beings the clear and distinct thoughts that are needed to deal with matter as extended substance. It was of course also implied by Descartes that the aims contained in thoughts had somehow to be carried out by the body, even though he asserted that thought and the body had no domain in common. It would seem (as was indeed suggested at the time by Malebranche) that nothing is left but to appeal to God to arrange the desired action somehow. However, since that time, such an appeal to the action of God has generally ceased to be accepted as a valid philosophical argument. But this leaves us with no explanation of how mind and matter are related. This article aims at the development of a different approach to this question, which permits of an intelligible relationship between mind and matter without reducing one to nothing but a function or aspect of the other (such reduction commonly takes the forms of materialism which reduces mind, for example, to an 'epiphenomenon' having no real effect on matter, and of idealism, which reduces matter to some kind of thought, for example, in the mind of God). The new approach described in this article is made possible from the side of matter by the quantum theory, which is currently the most basic theory of the nature of matter that we have. Certain philosophers of mind (see, e.g. Haugeland, 1981, ch. 1) would criticize bringing physics into the study of mind. In this way, because they assume mind to be of such a different (and perhaps emergent) quality that physics is not relevant to it (even though they also assume that mind has a material base in the brain). Such criticisms are inspired, in large part, by the belief that physics is restricted to a classical Newtonian form, which in essence ultimately reduces everything to a mechanism of some kind. However, as will be explained in more detail later, the quantum theory, which is now basic, implies that the particles of physics have certain primitive mind-like qualities which are not possible in terms of Newtonian concepts (though, of course, they do not have consciousness). This means that on the basis of modern physics even inanimate matter cannot be fully understood in terms of Descartes' notion that it is nothing but a substance occupying space and constituted of separate objects. Vice versa, It will be argued that mind can be seen to have always a physical aspect, though this may be very subtle. Thus, we are led to the possibility of a real relationship between the two, because they never have the absolute distinction of basic qualities, that was assumed by Descartes and by others, such as the emergent materialists. 31 The way is thus now opened to see the possible relevance of physics in this context. This is because the quantum theory denies the mechanistic (Newtonian) conceptual framework which has thus far implicitly justified the notion that mind is of such a nature that it can have absolutely nothing to do with the laws of matter. Moreover, though those new qualities of matter have been established at the fundamental level of particle physics, we shall indicate in a later section how it may be possible for them to become operative at higher levels of organization such as that of brain and nervous system. 2 The implicate order and the quantum theory The question of the relationship of mind and matter has already been explored to some extent in some of my earlier work in physics (Bohm, 1980). In this work, which was originally aimed at understanding relativity and quantum theory on a basis common to both, I developed the notion of the enfolded or implicate order. The essential feature of this idea was that the whole universe is in some way enfolded in everything and that each thing is enfolded in the whole. From this it follows that in some way, and to some degree everything enfolds or implicates everything, but in such a manner that under typical conditions of ordinary experience, there is a great deal of relative independence of things. The basic proposal is then that this enfoldment relationship is not merely passive or superficial. Rather, it is active and essential to what each thing is. It follows that each thing, is internally related to the whole, and therefore, to everything else. The external relationships are then displayed in the unfolded or explicate order in which each thing is seen, as has already indeed been indicated, as relatively separate and extended, and related only externally to other things. The explicate order, which dominates ordinary experience as well as classical (Newtonian) physics, thus appears to stand by itself. But actually, it cannot be understood properly apart from its ground in the primary reality of the implicate order. Because the implicate order is not static but basically dynamic in nature, in a constant process of change and development, I called its most general form the holomovement. All things found in the unfolded, explicate order emerge from the holomovement in which they are enfolded as potentialities and ultimately they fall back into it. They endure only for some time, and while they last, their existence is sustained in a constant process of unfoldment and re-enfoldment, which gives rise to their relatively stable and independent forms in the explicate order. The above description then gives, as I have shown in more detail elsewhere (Bohm, 1980) a valid intuitively graspable account of the meaning of the properties of matter, as implied by the quantum theory. It takes only a little reflection to see that a similar sort of description will apply even more directly and obviously to mind, with its constant flow of evanescent thoughts, feelings, 32 desires, and impulses, which flow into and out of each other, and which, in a certain sense, enfold each other (as, for example, we may say that one thought is implicit in another, noting that this word literally means 'enfolded'). Or to put it differently, the general implicate process of ordering is common both to mind and to matter. This means that ultimaltely mind and matter are at least closely analogous and not nearly so different as they appear on superficial examination. Therefore, it seems reasonable to go further and suggest that the implicate order may serve as a means of expressing consistently the actual relationship between mind and matter, without introducing something like the Cartesian duality between them. At this stage, however, the implicate order is still largely a general framework of thought within which we may reasonably hope to develop a more detailed content that would make possible progress toward removing the gulf between mind and matter. Thus, even on the physical side, it lacks a well-defined set of general principles that would determine how the potentialities enfolded in the implicate order are actualized as relatively stable and independent forms in the explicate order. The absence of a similar set of principles is, of course, also evident on the mental side. But yet more important, what is missing is a clear understanding of just how mental and material sides are to be related. Evidently what is needed is an extension of the implicate order, which develops the theory in the direction indicated above. In this paper, we shall go into another approach that in my opinion goes a long way toward fulfilling this requirement. This is based on what has been called the causal interpretation of the quantum theory (Bohm, 1952; Bohm & Hiley, 1975, 1987; Hiley & Peat, 1987). To show why this is being brought in, I shall first give a brief review or some of the main features of the quantum theory that called for a new interpretation along the proposed lines (see also Bohm, 1984; Zukav, 1979). First, the quantum theory implies that all material systems have what is called a wave-particle duality in their properties. Thus, electrons that in Newtonian physics act like particles can, under suitable conditions, also act like waves (e.g. electrons can show statistical interference properties when a large number of them is passed through a system of slits). This dual nature of material systems is totally at variance with Newtonian physics, in which each system has its own nature independently of context. Secondly, all action is in the form of definite and measurable units of energy, momentum and other properties called quanta which cannot be further divided. (For example, an atom is said to 'jump' from one state to another without passing through intermediate states and in doing this to emit an indivisible quantum of light energy.) When particle interact, it is as if they were all connected by indivisible links into a single whole. However, in the large scale limit, the number of links is so great that processes can be treated to a good degree of approximation as divisible (as one can treat the collective movement of a large mass of grains of sand as an approximately divisible flow). And this 33 explains the indefinite divisibility of processes that we experience on the large scale level as a limiting case. Thirdly, there is a strange new property of non-locality. That is to say, under certain conditions, particles that are at macroscopic orders of distance from each other appear to be able, in some sense, to affect each other, even though there is no known means by which they could be connected. Indeed if we were to assume any kind of force whatsoever (perhaps as yet unknown) to explain this connection, then the well-known Bell's theorem gives a precise and general criterion for deciding whether the connection is local, i.e. one brought about by forces that act when the systems are not in contact (Bell, 1966). It can be shown that the quantum theory implies that Bell's criterion is violated, and this implication is confirmed by the actual experiments. Therefore, it follows that if there are such forces, they must act non-locally. Such non-local interactions are basically foreign to the general conceptual scheme of classical (Newtonian) physics, as it has been known over the past few centuries (which states that interactions are either in contact or carried by locally acting fields that propagate continuously through space). All of this can be summed up in terms of a new notion of quantum wholeness, which implies that the world cannot be analyzed into independently and separately existent parts. This sort of analysis will have at most an approximate and limited kind of applicability; i.e. in a domain in which Newtonian physics is approximately valid. But fundamentally, quantum wholeness is what is primary. In particular, such wholeness means that in an observation carried out to a quantum theoretical level of accuracy, the observing apparatus and the observed system cannot be regarding as separate. Rather, each participates in the other to such an extent that it is not possible to attribute the observed result of their interaction unambiguously to the observed system alone. Therefore, as shown by Heisenberg, there is a limit to the precision of the information that can be obtained about the latter. This contrasts with Newtonian physics, in which it is always possible in principle to refine observations to an unlimited degree of precision. Niels Bohr (1934, 1958) has made a very subtle analysis of this whole question. For reasons similar to those outlined above, he treats the entire process of observation as a single phenomenon, which is a whole that is not further analyzable. For Bohr, this implies that the mathematics of the quantum theory is not capable of providing an unambiguous (i.e. precisely definable) description of an individual quantum process, but rather, that it is only an algorithm yielding statistical predictions concerning the possible results of an ensemble of experiments. Bohr further supposes that no new concepts are possible that could unambiguously describe the reality of the individual quantum process. Therefore, there is no way intuitively or otherwise to understand what is happening in such processes. Only in the Newtonian limit can we obtain an 34 approximate picture of what is happening, and this will have to be in terms of the concepts of Newtonian physics. Bohr's approach has the merit of giving a consistent account of the meaning of the quantum theory. Moreover, it focuses on something that is new in physics, i.e. the wholeness of the observing instrument and what is observed. The question is clearly also of key importance in discussing the relationship of mind and matter. But Bohr's insistence that this wholeness cannot be understood through any concepts whatsoever, however new they may be, implies that further progress in this field depends mainly on the development of new sets of mathematical equations without any real intuitive or physical insight as to what they mean apart from the experimental results that they may predict. On the other hand, I have always felt that mathematics and intuitive insight go hand in hand. To restrict oneself to only one of these is like tying one hand behind one's back and working only with the other. Of course, to do this is a significant restriction in physics, but evidently it is even more significant restriction in studying in mind, where intuitive insight must itself be a primary factor. In view of the above, it seems very important to question Bohr's assumption that no conception of the individual quantum process is possible. Indeed, it was just in doing this that I was led to develop the causal interpretation of the quantum theory, that I have already mentioned earlier, which is able, as will be shown in this article, to provide a basis for a non- dualistic theory of the relationship of mind and matter. 3 The causal interpretation of the quantum theory brief account of the causal interpretation of the quantum theory win now be given (see Bohm, 1952; Bohm & Hiley, 1987). The first step in this interpretation is to assume that the electron, for example, actually is a particle, following a well defined trajectory (like a planet around the sun). But it is always accompanied by a new kind of quantum field. Now, a field is something that is spread out over space. We are already familiar, for example, with the magnetic field, shown to spread throughout space by means of iron filings around a magnet or a current carrying wire. Electric fields spreading out from a charged object are also well known. These fields combine to give electromagnetic waves, radiating out through space (e.g. radio waves). A The quantum field is, however, not simply a return to these older concepts, but it has certain qualitatively new features. These imply a radical departure from Newtonian physics. To see one of the key aspects of this departure, we begin by noting that fields can generally be represented mathematically by certain expressions that are called potentials. In physics, a potential describes a field in terms of a possibility or potentiality that is present at each point of space for giving rise to action on a particle which is at that point. What is crucial in classical (-Newtonian) physics is then that the effect of this potential on a particle is always proportional to the intensity of the field. One can picture this 35 by thinking of the effect of water waves on a bobbing cork, which gets weaker and weaker as the waves spread out. As with electric and magnetic fields, the quantum field can also be represented in terms of a potential which I call the quantum potential. But unlike what happens with electric and magnetic potentials, the quantum potential depends only on the form, and not in the intensity of the quantum field. Therefore, even a very weak quantum field can strongly affect the particle. It is as if we had a water wave that could cause a cork to bob up with full energy, even far from the source of the wave. Such a notion is clearly fundamentally different from the older Newtonian ideas. For it implies that even distant features of the environment can strongly affect the particle. As an example, we may consider the two slit interference experiment, shown in Fig. 1. FIG. 1. The two slit interference experiment. In this experiment, one may think of quantum waves that are incident on a sheet containing two slits, A and B. These waves pass through the two slits and then spread out as they propagate forward. Where the waves meet, they interfere, adding up to a stronger wave where their oscillations are in phase and canceling each other where they are out of phase. With classical fields, such as the electromagnetic, this gives rise to the well known interference pattern consisting of a set of fringe-like bands that are alternately strong and weak. 36 To see what happens with quantum systems, let us consider a very weak beam of electrons coming in to the slit system separately and independently, one after another. Each electron follows a well defined path, going through one slit or the other. Indeed, according to Newtonian ideas, after such an electron has passed through one of the slits, it should move through the empty space in front of it in a straight line at constant velocity. But quantum theoretically, this is not so. To see what happens here, let us consider the quantum potential, shown in Fig. 2., which results from the interference of the waves shown in Fig. 1. FIG. 2. The quantum potential for the two slit interference experiment. The quantum potential is present in front of the slits. It consists of a series of plateaus' separated by deep 'valleys'. When an electron crosses one of these 'valleys', it is sharply accelerated. So the electrons are deflected even in the 37 empty space in front of the slits by the quantum potential, and this deflection may still be large even far from the slits. Now, in a typical experiment of this kind, the source of electrons is a hot filament, behind the slits, out of which they may be thought of as 'boiling' with a random statistical variation of initial positions (i.e. appearing here and there by chance). Each electron follows a particular path, going through one slit or the other, as it arrives at the detecting screen as an individual, particle, producing, for example, an individual spot in a photographic plate located at the screen. In its movement the electron is affected by the quantum potential, which, as we recall, is determined by the wave that in general precedes the particle. However, if we follow the whole set of trajectories, which represents an initially random distribution of particles, then, as shown in Fig. 3, these are 'bunched' systematically into a fringe-like pattern (which will become apparent after many electrons have arrived at the screen in front of the slits). 38 FIG. 3. Particle trajectories for the two slit interference expedient. In this way, we explain how the electron can be a particle, and yet manifest characteristics wave-like properties statistically. It is essential for this explanation, however, that the quantum potential depends only on the form of the wave, so that it can be strong even when the wave intensity is weak. Or to put it differently, what is basically new here is the feature that we have called non-locality, i.e. the ability for distant parts of the environment (such as the slit system) to affect the motion of the particle in a significant way (in this case through its effect on the quantum field). I would like to suggest that we can obtain a further understanding of this feature by proposing a new notion of active information that plays a key role in this context. The word in-form is here taken in its literal meaning, i.e. to put form into (rather than in it's technical meaning in information theory as negentropy). One may think of the electron as moving under its own energy. The quantum potential then acts to put form into its motion, and this form is related to the form of the wave from which the quantum potential is derived. There are many analogies to the notion of active information in our general experience. Thus, consider a ship on automatic pilot guided by radar waves. The ship is not pushed and pulled mechanically by these waves. Rather, the form of the waves is picked up, and with the aid of the whole system, this gives a corresponding shape and form to the movement of the ship under its own power. Similarly, the form of radio waves as broadcast from a station can carry the form of music or speech. The energy of the sound that we hear comes from the relatively unformed energy in the power plug, but its form comes from the activity of the form of the radio wave; a similar process occurs with a computer which is guiding machinery. The 'information' is in the program, but its activity gives shape and form to the movement of the machinery. Likewise, in a living cell, current theories say that the form of the DNA molecule acts to give shape and form to the synthesis of proteins (by being transferred to molecules of RNA). Our proposal is then to extend this notion of active information to matter at the quantum level. The information in the quantum level is potentially active everywhere, but actually active only where the particle is (as, for example, the radio wave is active where the receiver is). Such a notion suggests, however, that the electron may be much more complex than we thought (having a structure of a complexity that is perhaps comparable, for example, to that of a simple guidance mechanism such as an automatic pilot). This suggestion goes against the whole tradition of physics over the past few centuries which is committed to the assumption that as we analyze matter into smaller and smaller parts, their behaviour grows simpler and simpler. Yet, assumptions of this kind 39 need not always be correct. Thus, for example, large crowds of human beings can often exhibit a much simpler behaviour than that of the individuals who make it up. Does our knowledge of physics allow room for a structure of the kind suggested above? Actually, the smallest distances that have thus far been probed in physics are of the order of 10-16 cm. On the other hand, the shortest distance that could have meaning in present-day physics is of the order of 10-33 cm, the so-called Planck length, at which it is generally agreed that current concepts of space, time and matter would probably have to change radically. Between 1016 and 10-33, there is a factor of 1017, which is about the same as that between 10-16 and ordinary macroscopic distances (of the order of 10 cm). Between 10 cm and 10-16 cm lies a tremendous possibility for structure. Why should there not be a similar possibility between 10-16 cm and 10-33 cm, and perhaps beyond even this? (It is interesting in this connection to note that even the current string theories of physics lead to the possibility of very complex structures at distances as short as 10-33 cm.) The notion of active information implies, as we have seen, the possibility of a certain kind of wholeness of the electron with distant features of its environment. This is in certain ways similar to Bohr's notion of wholeness, but it is different ill that it can be understood in terms of the concept of a particle whose motion is guided by active information. On the other hand, in Bohr's approach, there is no corresponding way to make such wholeness intelligible. The meaning of this wholeness is, however, much more fully brought out by considering not a simple electron as we have done thus far, but rather a system consisting of many such particles. Here several new concepts appear. First, two or more particles can affect each other strongly through the quantum potential even when they are separated by long distances. This is similar to what happened with the slits, but it is more general. Such non-local action at long distances has been confirmed in experiments aimed at testing whether the Bell criterion that I mentioned earlier is satisfied. Secondly, in a many particle system, the interaction of the particles may be thought of as depending on a common pool of information belonging to the system as a whole,, in a way that is not analyzable in terms of pre-assigned relationships between individual particles. This may be illustrated in terms of the phenomenon of superconductivity. Now, at ordinary temperatures, electrons moving inside a metal are scattered in a random way by various obstacles and irregularities in the metal. As a result, there is a resistance to the flow of electric current. At low temperatures, however, the electrons move together in an organized way, and can therefore go around such obstacles and irregularities to re-form their pattern of orderly movement together (see Fig. 4). Thus they are not scattered, and therefore the current can flow indefinitely without resistance. 40 FIG. 4. Superconducting current flowing around an obstacles. A more detailed analysis shows that the quantum potential for the whole system then constitutes a non-local connection that brings about the above described organized and orderly pattern of electrons moving together without scattering. We may here make an analogy to a ballet dance, in which all the dancers, guided by a common pool of information in the form of a score, are able to move together in a similar organized and orderly way, to go around an obstacle and re-form their pattern of movement. If the basic behaviour of matter involves such features as wholeness, nonlocality and organization of movement through common pools of information, how then do we account for ordinary large scale experience, in which we find no such features? It can be shown (Bohm & Hiley, 1987) that at higher temperatures, the quantum potential tends to take the form of independent parts, which implies that the particles move with a corresponding independence. It is as if, instead of engaging in a ballet dance, 41 people were moving independently, each with his own separate pool of information. They would then constitute a crowd, in which the organized movement of the ballet has broken up. 4 Implications for mind It follows from the above that the possibilities for wholeness in the quantum theory have an objective significance. This is in. contrast to what happens in classical physics, which must treat a whole as merely a convenient way of thinking about what is considered to be in reality nothing but a collection of independent parts in a mechanical kind of interaction. On the other hand, in the quantum theory, the 'ballet-like' behaviour in superconductivity, for example, is clearly more like that of an organism than like that of mechanism. Indeed, going further, the whole notion of active information suggests a rudimentary mind-like behaviour of matter, for an essential quality of mind is just the activity of form, rather than of substance. Thus, for example, when we read a printed page, we do not assimilate the substance of the paper, but only the forms of the letters, and it is these forms which give rise to an information content in the reader which is manifested actively in his or her subsequent activities. A similar mindlike quality of matter reveals itself strongly at the quantum level, in the sense that the form of the wave function manifests itself in the movements of the particles. This quality does not, however, appear to a significant extent at the level at which classical physics is a valid approximation. Let us now approach the question from the side of mind. We may begin by considering briefly some aspects of the nature of thought. Now, a major part of the significance of thought is just the activity to which a given structure of information may give rise. We may easily verify this in our subjective experience. For example, suppose that on a dark night, we encounter some shadows. If we have information that there may be assailants in the neighbourhood, this may give rise immediately to a sense of dancer, with a whole range of possible activities (fight, flight, etc.). This is not merely a mental process. But includes an involuntary and essentially unconscious process of hormones, heart-beat, and neurochemicals of various kinds, as well as physical tensions and movements. However, if we look again see that it is only a shadow that confronts us, this thought has a calming effect, and all the activity described above ceases. Such a response to information is extremely common (e.g. information that X is a friend or an enemy, good or bad, etc.). More generally, with mind, information is thus seen to be active in all these ways, physically, chemically, electrically, etc. Such activity is evidently similar to that which was described in connection with automatic pilots, radios, computers, DNA, and quantum processes in elementary particles such as electrons. At first sight, however, there may still seem to be a significant difference between these two cases. Thus, in our subjective experience action can, in some cases at least, be mediated by reflection in conscious thought, whereas in the various examples of activity of 42 objective information given here, this action is immediate. But actually, even if this happens, the difference is not as great as might appear. For such reflection follows on the suspension of physical action. This gives rise to a train of thought. However, both the suspension of physical action and the resulting train of thought follow immediately from a further kind of active information implying the need to do this. It seems clear from all this that at least in the context of the processes of thought, there is a kind of active information that is simultaneously physical and mental in nature. Active information can thus serve as a kind of or 'bridge' between these two sides of reality as a whole. These two sides are inseparable, in the sense that information contained in thought, which we feel to be on the 'mental' side, is at the same time a related neurophysiological, chemical, and physical activity (which is clearly what is meant by the 'material' side of this thought). We have however up to this point considered only a small part of the significance of thought. Thus, our thoughts may contain a whole range of information content of different kinds. This may in turn be surveyed by a higher level of mental activity, as if it were a material object at which one were 'looking'. Out of this may emerge a yet more subtle level of information, whose meaning is an activity that is able to organize the original set of information into a greater whole. But even more subtle information of this kind can, in turn, be surveyed by a yet more subtle level of mental activity, and at least in principle this can go on indefinitely. Each of these levels may then be seen from the material side. From the mental side, it is a potentially active information content. But from the material side, it is an actual activity that operates to organize the less subtle levels, and the latter serve as the material' on which such operation takes place. Thus, at each level, information is the link or bridge between the two sides. The proposal is then that a similar relationship holds at indefinitely great levels of subtlety. I am suggesting that this possibility of going beyond any specifiable level of subtlety is the essential feature on which the possibility of intelligence is based. It is interesting in this context to consider the meaning of subtle which is, according to the dictionary 'rarefied, highly refined, delicate, elusive, indefinable'. But it is even more interesting to consider its Latin root, sub-texere, which means 'finely woven'. This suggests metaphor for thought as a series of more and more closely woven nets. Each can 'catch' a certain content of a corresponding 'fineness'. The finer nets can not only show up the details of form and structure of what is 'caught' in the coarser nets; they can also hold within them a further content that is implied in the latter. We have thus been led to an extension of the notion of implicate order, in which we have a series of interrelated levels in which the more subtle-I.e. 'the more finely woven' levels including thought, feeling and physical reactions-both unfold and enfold those 43 that are less subtle (i.e. 'more coarsely woven'). In this series, the mental side corresponds, of course, to what is more subtle and the physical side to what is less subtle. And each mental side in turn becomes a physical side as we move in the direction of greater subtlety. 5 An extension of the quantum theory Let us now return to a consideration of the quantum theory. What is its relationship to the interweaving of the physical and the mental that has been discussed above? First, let us recall that because the quantum potential may be regarded as information whose activity is to guide the "dance" of the electrons, there is a basic similarity between the quantum behaviour of a system of electrons and the behaviour of mind. But if we wish to relate mental processes to the quantum theory, this similarity will have to be extended. The simplest way of doing this is to improve the analogy between mental processes and quantum processes by considering that the latter could also be capable of extension to indefinitely great levels of subtlety. To bring this about, one could begin by supposing, for example, that as the quantum potential constitutes active information that can give form to the movements of the particles, so there is a superquantum potential that can give form to the unfoldment and development of this first order quantum potential. This latter would no longer satisfy the laws of the current quantum theory, which latter would then be an approximation, working only when the action of the superquantum potential can be neglected. Of course, there is no reason to stop here. One could go on to suppose a series of orders of superquantum potentials, with each order constituting information that gives form to the activity of the next lower order (which is less subtle). In this way, we could arrive at a process that would be very similar to that to which we have been led in the consideration of the relationship of various levels of subtlety in mind. One may then ask: what is the relationship of these two processes? The answer that I want to propose here is that there are not two processes. Rather, I 'Would suggest that both are essentially the same. This means that that which we experience as mind, in its movement through various levels of subtlety, will, in a natural way ultimately move the body by reaching the level of the quantum potential and of the 'dance' of the particles. There is no unbridgeable gap of barrier between any of these levels. Rather, at each stage some kind of information is the bridge. This implies, that the quantum potential acting on atomic particles, for example, represents only one stage in the process. The content of our own consciousness is then some part of this over-all process. It is thus implied that in some sense a rudimentary mind-like quality is present even at the level of particle physics, and that as we go to subtler levels, this mind-like quality becomes stronger and more developed. Each kind and 44 level of mind may have a relative autonomy and stability. One may then describe the essential mode of relationship of all these as participation, recalling that this word has two basic meanings, to partake of, and to take part in. Through enfoldment, each relatively autonomous kind and level of mind to one degree or another partakes of the whole. Through this it partakes of all the others in its 'gathering' of information. And through the activity of this information, it similarly takes part in the whole and in every part. It is in this sort of activity that the content of the more subtle and implicate levels is unfolded (e.g. as the movement of the particle unfolds the meaning of the information that is implicit in the quantum field and as the movement of the body unfolds what is implicit in subtler levels of thought, feeling, etc.). For the human being, all of this implies a thoroughgoing wholeness, in which mental and physical sides participate very closely in each other. Likewise, intellect, emotion, and the whole state of the body are in a similar flux of fundamental participation. Thus, there is no real division between mind and matter, psyche and soma. The common term psychosomatic is in this way seen to be misleading, as it suggests the Cartesian notion of two distinct substances in some kind of interaction (if not through the action of God, then perhaps in some other way). Extending this view, we see that each human being similarly participates in an inseparable way in society and in the planet as a whole. What may be suggested further is that such participation goes on to a greater collective mind, and perhaps ultimately to some yet more comprehensive mind in principle capable of going indefinitely beyond even the human species as a whole. (This may be compared to some of Jung's (1981) notions.) 45 FIG. 5. Magnetic poles as abstractions from an overall magnetic field. Finally, we may ask how we can understand this theory if the subtle levels are carried to infinity. Does the goal of comprehension constantly recede as we try to do this? I suggest that the appearance of such a recession is in essence just a feature of our language, which tends to give too much emphasis to the analytic side of our thought processes. To explain what is meant here, one may consider the analogy of the poles of a magnet, which are likewise a feature of linguistic and intellectual analysis, and have no independent existence outside such analysis. As shown in Fig. 5, at every part of a magnet, there is a potential pair of north and south poles that overlap each other. But these magnetic poles are actually abstractions, introduced for convenience of thinking about what is going on, while the whole process is a deeper reality-an unbroken magnetic field that is present over all space. Similarly, we may for the sake of thinking about the subject abstract any given level of subtely out of the unbroken whole of reality and focus our attention on it. At each such level, there will be a 'mental pole' and a 'physical pole'. Thus as we have already implied, even an electron has at least a rudimentary mental pole, represented mathematically by the quantum potential. Vice versa, as we have seen, even subtle mental processes have a physical pole. But the deeper reality is something beyond either mind or matter, both of which are only aspects that serve as terms for analysis [1]. These can contribute to our understanding of what is happening but are in no sense separate substances in interaction. Nor are we reducing one pole to a mere function or aspect of the other (e.g. as is done in materialism and in idealism). The key point is, however, that before the advent of the quantum theory, our knowledge of matter as gained from the study of physics would have led us to deny that it could have a mental pole, which would enable it to participate with mind in the relationship that have been described here. We can now say that this knowledge of matter (as well as of mind) has changed in such a way as to support the approach that has been described here. To pursue this approach further might perhaps enable us to extend our knowledge of both poles into new domains. 46 Note [1] See Marshall (1989, p. 73) for an account of an idea having important similarities with what has been proposed here. He, too, uses the notion of a general quantum reality as a basis for the bodily and mental realms, considered as inseparable sides or aspects. But he proposes to explain this from the quantum theory as it now stands in its usual interpretation. However, in this paper we have used the causal interpretation of the quantum theory with its additional concepts of particle trajectories and active information, and have assumed that ultimately the relationship of mental and material sides can be understood only by extending the scheme beyond the domain in which the current quantum theory is valid. For other recent attempts to consider the mind-matter relation in the light of the quantum theory, see Penrose (1989) and Lockwood (1989). For a discussion of the notions of active information and implicate order by a number of authors, see Pylkkanen (1989). References BELL, J.S. (1966) On the problem of hidden variables in quantum theory, Reviews of Modern Physics, 38, p. 447. BOHM, D. (1952) A suggested interpretation of the quantum theory in terms of hidden variables, Physical Review, 85, pp. 166-189. BOHM, D. (1980) Wholeness and the Implicate Order (London, Routledge & Kegan Paul). BOHM, D. 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