da Matéria

Transcrição

da Matéria
%HermesFileInfo:X-9:20140326:
O ESTADO DE S. PAULO
QUARTA-FEIRA, 26 DE MARÇO DE 2014
Pequenas e Médias Empresas X9
ESTADÃO
PME/Encontro
FOTOS: SERGIO CASTRO/ESTADÃO
Foco.
Mesmo de
férias, Tito
procura
viajar para
lugares
onde pode
conhecer
algo novo
para trazer
para a
empresa
Quem
participou
Anselmo e Selma Cimatti
Blue Moana
Tiago da Silva
Administrador
Celso Nascimento
Omega
“Aprendi com o
tempo a ser do
ramo de moda.
É preciso viver o
seu negócio
intensamente. E
não existe essa
de funcionar das
10h às 18h”
‘Eu sempre sonhei
alto’, diz o fundador
da rede TNG
Tito Bessa Jr. trabalhava
com o pai em uma loja de
assistência técnica, mas já
pensava em iniciar uma
grande rede de varejo
Gisele Tamamar
Tem quem, na hora de abrir um
comércio, opte por aquilo que
mais gosta, o tipo de produto
que mais se encaixa às suas afinidades. Tito Bessa Jr. não é assim. Ao 13 anos de idade, quando ainda dava expediente na assistência técnica do pai, ele já tinha planejado o futuro: seria dono de uma rede de lojas. E pouco lhe importava o tipo de mercadoria vendida, bastaria que o
empreendimento vingasse e se
tornasse realmente grande.
Hoje, ele pode se vangloriar de
ter alcançando o objetivo. Tito
é dono da rede TNG, com 178 lojas próprias e com produtos distribuídos em 800 pontos de venda no Brasil.
O empresário costuma brincar que a TNG começou com
uma briga. Isso porque ele tinha
acabado de montar uma assistência técnica dentro do antigo
Shopping Matarazzo, onde hoje
fica o Shopping Bourbon, quando a administradora iniciou a expansão do espaço e ergueu uma
parede em frente a loja.
“Todo mundo que saía do estacionamento não me via mais.
Fui me informar sobre a parede
e começou aquela briga: muda,
não muda. Como tinha sobrado
uma loja para vender na expansão, a condição era eu comprar
a loja e me mudariam de lugar.”
O investimento em uma nova
loja de bolsas, inspirada no negócio da mãe, surpreendeu. No
primeiro fim de semana, as vendas superaram o faturamento
de um mês da assistência técnica e Tito se animou com a moda. Depois de um ano, pela facilidade de operação, o negócio de
bolsas passou a vender roupas e
ele começou a criar uma marca
de moda nacional.
Inicialmente, a TNG surgiu focada no cliente masculino com
a proposta de mudar a ideia de
que o guarda-roupa do homem
precisava ser sóbrio para ser elegante. As peças femininas começaram a ser vendidas depois de
15 anos, quando a empresa detectou a presença das mulheres
nas lojas para comprar roupas
para maridos, filhos e namorados. Recentemente, a marca lan-
✽
Cenário
Varejista se prepara para
expandir por franquia
A
estruturação de um projeto de franquia
faz parte dos planos da TNG, que a partir de 2015 deve começar a se movimentar nesse sentido, justamente para bancar um
vigoroso plano de expansão, que prevê duas
vezes mais o número de lojas no Brasil.
Nesse sentido, a rede acaba de finalizar uma
consultoriaque, segundo o fundador Tito Bessa Jr., conclui que a marca tem espaço para 450
unidades e presença em até 1,5 mil pontos de
vendamultimarcas (atualmente são 178 lojas e
produtos em 800 pontos).
“Tenho inaugurado de oito a dez lojas nos
últimos anos. Com o trabalho de consultoria,
estamos repensando se vamos continuar des-
sa forma ou se vamos aumentar essa agressividade”, diz o empresário, que hoje tem todas as
lojas próprias. Enxergo as franquias como
uma força muito grande. Vamos começar a
pensar nisso em 2015”, contou.
A marca, aliás, já chegou a operar com o modelo no passado, sem sucesso. “Temos muitos
interessados em investir em franquia. Mas hoje só fazemos o cadastro. Já tentei franquia
umavez, há muitosanos, masacabei comprando todo estoque e pagando um valor para indenizar. Não estava preparado”, confessa.
Quanto à internacionalização, Tito diz que
ela não está nos planos da marca. “Não dá nem
para pensar. É outra legislação, outro consumo,outracabeça.Paraquevamos quererinternacionalizar? Já será difícil fazer esse crescimento.” Sobre a entrada de investidores, Tito
contou que já foi procurado e participou de
algumas conversas. “Fazer um movimento
nesse sentido, não necessariamente com um
fundo, é inevitável”, disse.
Márcia Fróes
NL Suporte à Gestão
Marcos Silva
CDM Comunicação
Design Marketing
Tito Bessa Jr.,
TNG
çou uma linha infantil.
A trajetória de crescimento
da rede foi um dos assuntos
abordados pelo empresário durante o Encontro PME. Confira
os principais trechos.
Gerson e Gabriel Morera
ATG Equipamentos
●
Desafio
Já com a rede estruturada, Tito
percebeu que precisava reinventar o negócio para vender um
produto com valor agregado e
ganhar relevância. “No início,
meu foco não era construir uma
marca de moda e, sim, ter várias
lojas vendendo produtos de moda. Depois percebi que se eu
continuasse naquela velocidade
não teria um diferencial.”
Outro passo importante foi
participar das semanas de moda
no País. Em julho de 2002, a
TNG fez sua estreia no Fashion
Rio. “Enfrentei muita crítica. E
muitas críticas que recebi no
passado vejo as pessoas utilizando como estratégia hoje, como
a participação de celebridades
na passarela e a opção de fazer
moda para que o consumidor
olhasse o desfile e pudesse ir na
loja e comprar”, lembrou.
Gustavo Jardim
Bruno Vacari
Tom J
Liftec Brasil
Maicon Bonissoni
Óticas Carol
Raquel Takaoka
Profile
●
Importação
Do portfólio da TNG, entre
30% e 40% das peças são importadas. Para o empresário, essa é
uma questão de sobrevivência.
“Quando você tem escala é impossível não ter parte das peças
importadas. Não temos parque
industrial que suporte a demanda. Para atender as classes B e
C, não existe como operar uma
grande empresa sem ter um braço forte de importação.”
●
Gestão
O fundador da TNG destaca
que a cabeça do empreendedor
precisa estar voltada para o negócio. “Eu brinco que pode até
controlar o negócio com anotações em papel de pão de padaria, mas se você não estiver com
a cabeça focada para o crescimento do negócio e entender
que o que entra no caixa não é
só seu, não adianta.”
●
Foco
Mesmo sem tradição na família
ou experiência no setor de moda, Tito aprendeu na prática como empreender na área. “Eu
aprendi a ser do ramo. É preciso
viver o negócio intensamente.
Não existe essa de funcionar
das 10h às 18h”, pontuou o empresário que diz trabalhar de 12
horas a 14 horas, feliz. “Tenho
que ter essa disposição de acordar e estar feliz para enfrentar
seja o que for pela frente. A
TNG pra mim é o ar que eu respiro”, diz. E férias? Tito conta
que o descanso faz parte, mas
suas férias são todas para lugares onde consegue trabalhar
‘um pouco’. “Gosto de um lugar
onde tem varejo para conhecer
e trazer alguma coisa nova.”