Diario de afecçoes LaSUS (1)
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Diario de afecçoes LaSUS (1)
VER-SUS CENTRO SUL PIAUIENSE 2015 DIÁRIO DE AFECÇÕES LASUS Ana Carla Ramos Borges David Halen Araújo Pinheiro Edirlane Soares do Nascimento Elber Belisario Rodrigues do Vale (facilitador) Jessilene Bezerra Marques PICOS 2015 RELATÓRIO 1 - TERÇA FEIRA - 04/08/2015 Iniciou-se na cidade de Picos Piauí, os trabalhos de vivências e estágios do VER-SUS CENTRO SUL PIAUIENSE, que conta com a participação de 16 viventes, 4 facilitadores e 7 pessoas que compõem a comissão organizadora e apoio do projeto na referida cidade, o que totaliza, 25 componentes. Nesta manhã houve a recepção de alguns viventes das cidades circunvizinhas na pousada Guaribas, e logo após, um café da manhã para todos os versusianos. Houve ainda um momento de conversa, em que contamos com apresentações de cada versusiano, através de desenhos e frases que retratassem o presente momento, com a finalidade de promover uma melhor socialização, para o conhecimento de cada vivente, de qual localidade este mesmo estava a representar. Embora este trabalho esteja ligado à vivência, foi repassado e acordado por todos que a partir daquele momento em diante, não existia um coletivo específico, mais sim uma “unidade”, que a partir de então, todos passavam a ser “VERSUSIANOS”. Esta possuía ainda o intuito de construirmos e percebermos que estamos aqui para e por um bem em comum, nos fazendo trabalhadores, capazes e dispostos à trabalharmos com a interdisciplinaridade, e que não existe “a área” específica, com o conhecimento único e verdadeiro, mais que existe trabalhadores de diversas áreas em prol de um mesmo objetivo, desconstruir “concepções” estarrecedoras e errôneas que possuímos a respeito da rede SUS. “Agora somos um só, uma só unidade, não somos coletivo Parnaíba, Floriano, Teresina, Picos... Somos todos agora... VERSUSIANOS”. Prosseguindo com as atividades, foram realizadas as discussões e explicações sobre o projeto, e posteriormente ocorreu a divisão dos grupos, em que cada um deste ficará sob orientações de um facilitador. Lembramos ainda que, esse ato não possui o caráter de exercer nenhuma prática separatista ou exclusiva, mais sim, de facilitar e melhorar o desenvolvimento das atividades no decorrer do projeto/vivência. Diante disso, cada grupo passou a sentar com seu facilitador, para uma conversa a respeito das tarefas e exercícios desempenhados por cada um, para podermos chegar à devolutiva. Nesta conversa, o nosso facilitador procurou conhecer um pouco mais sobre cada um que compõe a equipe, em suma, houve o conhecimento mais acurado de cada participante, fortalecendo assim o vínculo entre facilitador-vivente, vivente-facilitador e vivente-vivente. Neste momento, cabe lembrar que foram dadas algumas explicações sobre o diário de afecções que deverá ser preenchido/confeccionado tanto individual como coletivamente. A equipe presente decidiu colocar em exercício, a criação do nome da mesma e um grito de guerra, com objetivo de relacionar de maneira dinâmica e criativa a teoria vivenciada com a prática que a equipe visa desenvolver durante o estágio, enfatizando a abordagem do SUS, a proposta que cada um procura realizar e perceber. O nome escolhido da presente equipe foi “LaSUS”, com uma proposta de fortalecer os laços, não só de amizades construídas, mas, com o prazer de poder trazer mais humanização, interação e interdisciplinaridade com os trabalhadores em saúde e os beneficiados dos serviços. No período vespertino iniciamos as atividades com uma dinâmica com a denominação “Desatando o nó”, o seu desenvolvimento se deu da seguinte forma, o grupo se colocou na posição em círculo e neste momento a facilitadora pediu que cada um observasse bem o seu colega da direita e o seu colega da esquerda e fechar os olhos. Os facilitadores deslocaram cada vivente do seu lugar e assim, cada participante ficou em um local diferente. Com os olhos abertos e sem caminhar procurar o colega da direita e o colega da esquerda e dar as mãos aos colegas da direita e da esquerda sem caminhar, podendo somente abrir as pernas e/ou dar um passo caso o colega esteja muito distante, em seguida o facilitador explicou que deveríamos voltar à posição inicial em círculo sem que soltássemos as mãos e nem ficarmos de costas para o interior do círculo e nem com os braços cruzados, ou seja, que deveríamos voltar exatamente à posição inicial. A princípio parecia impossível realizar a tarefa, mas aos poucos fomos montando estratégias e descobrindo maneiras todos juntos, de voltarmos a posição inicial. Essa dinâmica tinha como objetivo principal desenvolver a solidariedade e a força da união do grupo, pois, várias cabeças pensando sobre um mesmo problema ficaria mais fácil de encontrar uma solução, ela também exigia dos participantes: cooperação, liderança, comunicação, afetividade, criatividade, segurança e muita atenção, uma forma de selar convivências bem semeadas, apertando os nós para podermos chegar nos "laços" que nos aproximam e de reconhecer a importância de um processo positivo vivido, ela estimulou nossa conscientização da potência que é viver em grupo, onde as diferenças podem ser acolhidas como construtivas, gerando flexibilidade, reflexão, aumento na possibilidade de questionamento pela diversificação dos olhares para o mesmo objeto. Uma discussão foi estabelecida para que pudéssemos associar a dinâmica ao Sistema Único de Saúde (SUS). A proposição para a atuação na linha de frente do sistema de saúde pública de nosso país desde o campo conceitual da saúde coletiva tem nos exigido uma imersão em situações complexas e difíceis de serem resolvidas, nos levando aos nós, quem podem ser por ocasionados por diferentes motivos dentre eles estão, a falta dos serviços em rede, a sobrecarga de trabalho dos profissionais, investimentos insipientes na qualificação para atendimento no SUS, entre outros. Assim, compartilhamos o duro trabalho que precisa ser operacionalizado pelos profissionais da saúde para dar conta dos desafios que essa realidade apresenta. Cabe a mobilização de cada profissional uma busca constante de recursos internos que permitam seguir trabalhando e, além disso, a percepção da fundamental importância de uma parceria entre equipes de trabalho de uma instituição e a gestão das diversas políticas públicas, para garantir a implementação dos princípios que regem o SUS. Foi realizada uma“chuva de palavras”, em que cada participante expressou uma palavra para definir o momento, dentre elas foram citadas, paciência, persistência, coletivo, interdisciplinaridade, união, respeito, carinho, companheirismo. Concluindo nossas atividades da tarde, confeccionamos o “Contrato de Convivência”, o mesmo foi realizado de forma livre e aperfeiçoando-se pela mera troca de consentimentos, visando segurança e regras para uma boa convivência do coletivo. No turno da noite, tivermos a presença ilustre do Dr. Pascoal Gomes da Costa Neto, que ministrou a palestra com o tema: “Os desafios do SUS na consolidação de direitos”, cujo objetivo foi passar para os viventes e facilitadores do projeto VER-SUS Centro-Sul Piauiense, sobre a transformação do sistema de saúde, até os dias de hoje no município de Picos, PI. SUS – Processo Dinâmico Nova demanda Resposta Imediata Em seguida o Dr. Pascoal Gomes relatou um pouco sobre a Policlínica, como foi a mesma foi criada, trazendo para nós viventes muitas curiosidades, pois o referido dispositivo foi um projeto que veio de uma iniciativa de Alemães e que trouxe muitas discussões e embates por conta de questões políticas e empresas privadas, porque estas temiam perder lucros mesmo sabendo da importância que a Policlínica traria para a vida das pessoas e para o desenvolvimento da nossa cidade, pois ela desenvolve muitas ações diferenciadas, conta com profissionais especializados nas suas áreas de atuação e equipamentos modernos e a serviço de todos os usuários. Além disso, recebemos o convite para que os viventes e facilitadores visitem o serviço, proporcionando maior conhecimento e interação com a mesma. Destacamos aqui que a palestra ministrada foi de suma importância, pois nos proporcionou conhecer a dimensionalidade do SUS, em que foram indagadas muitas questões que fizeram aflorar o nosso senso crítico, visando a relevância e a contribuição que cada profissional tem para o sistema, no objetivo de ter um atendimento mais qualificado e humanizado para os usuários do serviço, levando em conta as redes de saúde que são estratégicas na imersão dos serviços de saúde e que estas possuem muitos embates, mas que com o empenho e dedicação dos profissionais atuantes pode-se fazer um trabalho diferenciado e de qualidade. E é isso que o VerSus deseja... Mostrar os desafios e o que podemos estar aptos a fazer para atuar na melhoria do nosso Sistema. Dando continuidade com as atividades, foi ministrada a palestra sobre: “Educação Permanente em Saúde” com o Enfermeiro Eduardo Souza que trouxe várias temáticas sendo elas: Educação formal, Educação em serviço, Educação continuada e a Educação Permanente o que, esclareceu muito a diferença entre elas e a importância para a vida profissional, para estarmos efetuando um trabalho humanizado e propagar a aquisição da Saúde permanente no ambiente de trabalho, finalizando as atividades do dia com a dinâmica do “Muro de Concreto” que fez as pessoas quebrarem a ideias de medo, insegurança e começar a acreditar e ter atitudes para conseguirem concretizar suas realizações e por fim a dinâmica do beijo que aproxima mais os viventes e facilitadores com uma maior interação trazendo a ideia de dar e receber tudo que você transmite. RELATÓRIO 2 – QUARTA-FEIRA - 05/08/2015 Realizamos hoje uma visita técnica ao assentamento Geminiano, a qual nos reunimos na casa da dona Gorete (Acadêmica do curso de Educação do Campo) e seu Francisco Canindé que são considerados militantes responsáveis pela realização de movimentos sociais que dizem respeito a melhoria da qualidade de vida das pessoas que habitam aquele assentamento, que vai desde a saúde, questões agrárias e entre outras políticas públicas. Escutamos dos mesmos como se deu o processo de formação/construção do presente assentamento, quem foram as primeiras famílias a habitarem e se alocarem nessas instâncias. Paralelamente à esses momentos houveram perguntas para esclarecimentos de algumas dúvidas à respeito também de como se dá a realização de atendimento de saúde na comunidade, quais os desafios que essas pessoas enfrentaram e ainda enfrentam como usuários dos serviços de saúde. A mesma localidade é composta por 220 famílias, e que através dos relatos desses moradores, o referido assentamento começou a ser construído aproximadamente nos anos de 1987, com a montagem de „piques‟ feitos por posseiros que chegavam à área para poderem se instalar ali e assim começarem a constituir uma família, construção de uma moradia para sua sobrevivência e permanência. Após a instalação dos posseiros e suas respectivas famílias, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) passa então a tomar frente das regulamentações e delimitação dessas terras, o que acabou conferindo um processo de aceleramento de construção das casas. SOLIDARIEDADE RESGATE PROCAMPO GEMINIANO DEDICAÇÃO INCRA Diante disso, podemos perceber durante esse momento que o assentamento Geminiano possui um único posto de saúde, que foi construído pela própria população, que pela necessidade de obterem um serviço de saúde resolveram por conta própria o processo de construção, e que ainda tem-se o que ser melhorado, pois, o assentamento está localizado em uma área um pouco distante da zona urbana, no caso, Picos, e assim, há uma dependência dessas pessoas para que suas necessidades possam ser atendidas e assim adquirirem uma melhor qualidade de vida, que adquiram saúde, seja ela física, mental, social, financeira e etc. O serviço primário quando não consegue suprir a necessidade dos geminianos, esses são assistidos por outra unidade de saúde próxima, que fica localizado em Cacimbinha, que é um ponto de continuidade do assentamento, e a mesma comunidade utiliza de conhecimentos empíricos para a busca da promoção e manutenção de sua saúde. No período vespertino, realizamos uma visita ao Grupo Cultural Adimó, em que esta é uma entidade totalmente filantrópica, que trabalha o resgate da cultura negra, desenvolvendo atividades educativas, culturais e esportivas para tentar combater o racismo e a ociosidade através de atos que buscam a inclusão de seus participantes e de atos que buscam a inclusão da sociedade no mercado de trabalho, assegurando a efetivação de direitos sociais previstos na Constituição Brasileira. As ações acontecem por meio de oficinas, seminários, palestras, cursos e capacitação. Esse projeto foi criado em 2006 por iniciativa de Franciso das Chagas (Mano Chagas), engajado nas causas do Movimento Social Negro, que também contou com o apoio de casais paroquianos do município de Picos, em Julho de 2007, o grupo constituiu-se em entidade jurídica, funcionando em sedes provisórias, e atualmente desenvolve suas atividades em um prédio que não é próprio, situado na Rua São Vicente, Bairro Bomba, em Picos - PI. A entidade se propõe a oferecer políticas públicas de desenvolvimento educacional e cultural para a comunidade em geral. Envolve agentes que contribuem voluntariamente para o desenvolvimento do trabalho, ministrando oficinas de inclusão digital, dança, cultura e também voltadas para o esporte a 268 membros, entre eles, crianças, adolescentes e adultos. FINANCEIRO PSIQUICO SAÚDE SOCIAL FÍSICO Diversas são as produções culturais que o mesmo promove de maneira ativa e contínua, como por exemplo, "O mês da consciência negra", em que acontece o concurso da beleza negra como forma de fomentar a autoestima do povo negro, a "Semana Municipal de Combate ao Racismo" que é realizado no mês de março, com uma vasta programação de atividades alusivas e o "Festival de Dança" que é a culminância de todas as ações desenvolvidas no grupo ao decorrer do ano. Nesse quase sete anos de atuação o projeto enfrentou e enfrenta vários problemas, alguns foram superados e definidos como avanços significativos, um dos principais problemas é a falta de um espaço físico próprio para que possa suprir a demanda. Outro desafio está relacionado ao leque de voluntários que diariamente se apresentam no projeto, cedendo seu tempo voluntariamente, mas, que por falta de recursos, não há como oferecer nem mesmo uma ajuda de custo, o que se configura como um obstáculo para que este venha a se firmar de fato. Um dos mais importantes avanços foi a conquista do selo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) em 2013, onde o grupo esteve entre os vinte finalistas da etapa regional do prêmio Itaú Social, concorrendo com mais de 2.713 projetos em âmbito nacional. O prêmio é uma iniciativa da Fundação Itaú Social e do fundo da UNICEF. Podemos perceber durante a vivência que o movimento negro é uma série de movimentos realizados por pessoas que lutam contra os preconceitos. Eles têm o objetivo de resgatar a memória de um povo que batalhou muito por sua liberdade, de estimular a autoestima da população negra, e mesmo com todas as diferenças e as dificuldades que se encontram eles se sentem felizes e gratificados em poder proporcionar esse tipo de projeto para a comunidade. E para fomentar a nossa vivência nesse serviço podemos apreciar literalmente um "espetáculo" de danças que são desenvolvidas no mesmo. E uma mensagem fica aqui... Não! Uma reflexão... Será mesmo que saúde está relacionada somente à ausência de doença?! Logo após, realizamos uma visita ao representante esportivo do bairro pedrinhas, José Augusto dos Santos, mais conhecido como DECÃO. O seu principal objetivo é contribuir para uma formação integral e crítica do ser humano, formação essa que vai muito além do processo técnico, mas uma formação que priorize valores para vida em sociedade, como também de ocupar o tempo das crianças e adolescentes da comunidade para que elas não fiquem dispersas e propícias a más práticas sociais. O representante nos relatou um pouco sobre sua experiência profissional, como também, um pouco da história do bairro e suas principais conquistas. “No dia que eu demoro pra chegar ao campo, os garotos ficam tudo doido... O boletim é a principal arma para participação e permanência na atividade... Não gosto de chamar isso de “escolinha”, os meninos chamam mais eu não gosto, porque aqui o meu objetivo não é formar atletas, mais sim, cidadãos comprometidos com a sociedade, com a vida, pessoas de bem...”. Retornando para a pousada a qual estamos hospedados, realizamos uma devolutiva repassando o que vivenciamos no estágio para o coletivo de maneira criativa, através de uma dança em que os componentes se dividiam cantando e dançando a mesma música em ritmos e movimentos diferentes para contextualizar o que foi visto em todas as vivências de hoje. No turno da noite, tivermos a presença ilustre das palestrantes mestres: Valeria Barros e Dayse Galiza, que ministraram a palestra com o tema: “Formação em Saúde Coletiva - Desafios no Vale do Rio Guaribas”, cujo objetivo foi expor aos viventes e facilitadores do projeto VER- SUS Centro-Sul Piauiense uma visão mais ampliada de saúde coletiva, no município de Picos, PI. No presente momento também foi abordado a importância da participação dos viventes, o ponto de vista de todos para geração de críticas e soluções para as questões dos serviços e das Academias (educação), ampliando a visão de resolutividade. “... os currículos na graduação são tradicionalmente organizados de modo a pouco contribuir para uma formação digna e eficaz para se trabalhar em saúde...” Foi de suma importância, pois nos proporcionou conhecer a dimensionalidade da saúde coletiva, os percalços que impedem um agir de forma plena, onde foram mencionados alguns desafios como: resistência dos profissionais as mudanças do processo vista nos serviços e a questão da atenção básica como aprendizagem marginal nas academias e foi tema de muitas discussões e essa é a questão principal, em cima das várias críticas e pontos de vista diferenciados, que surgem uma ampla variedade de conhecimento e maior enriquecimento. Em um momento houve uma comparação em relação às instituições de Picos e aos diversos cursos da área da saúde em relação ao que a academia proporcionava para o acadêmico quanto à teoria e a prática em saúde coletiva e se aquele conhecimento e vivência eram suficientes para os acadêmicos atuarem no mercado de trabalho. Diante dessa questão e das diversas opiniões os viventes e facilitadores mudarão sua forma de olhar para saúde coletiva e quando profissionais enfatizarão a sua importância. Tivemos um segundo momento que já iniciou quebrando o gelo com a participação da Nega Mazé, coordenadora da União das Mulheres Picoenses (UMP), defendendo os direitos das mulheres do município, como por exemplo: respeito, igualdade e violência contra mulher, pois vem crescendo a cada dia. Ela sempre se dedicou para diminuir os casos de agressão e para lutar pelos direitos das mesmas, buscando ajuda na câmara dos vereadores de Picos e da parte jurídica, como os promotores da cidade. E em seguida, tivemos a participação da Teresa, assistente social que trouxe um pouco sobre a Clínica Integrada de Saúde da Mulher (CLISAM), que visa prestar serviço para as mulheres de forma especializadas, contando com equipe multiprofissional, de forma gratuita, sendo mais um serviço que vem a somar pontos positivos para a saúde da população Picoense, de forma acessível e qualidade. NÃO À VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER DISCRIMINAÇÃ O PRECONCEITO RELATÓRIO 3 - QUARTA FEIRA - 06/08/2015 Entre as atividades realizadas durante o dia de hoje podemos destacar a realização de uma visita ao 20º Grupo Escoteiro Vale da Águia de Picos, onde o Márcio, diretor-presidente do grupo nos acolheu com um imenso carinho e nos proporcionou todas as informações necessárias. O grupo surgiu em 1907 atendendo a crianças e jovens a partir de sete anos de idade, a qual não se tem uma idade limite para a permanência, todas as atividades desenvolvidas no grupo são voltadas as faixas etárias de acordo com as possibilidades, e o mesmo não conta com uma ajuda de órgãos do governo e funciona a partir de uma mensalidade irrisória, mas a maior parte dos equipamentos são adquiridas a partir da ajuda da maçonaria e da luta do presidente que sempre vai em busca de doações. A importância de visitar esses serviços é vivenciar de perto o trabalho que é realizado e quais são as dificuldades e as resolutividades encontradas para a realização de um trabalho de qualidade e o “Que os nós encontrados hoje, continuem a fomentar a vida dessas crianças, adolescentes e adultos dispostos a aprenderem sempre mais, tentando solucionar problemas sociais, físicos e psíquicos... O que nos faz ver que aqui, enquanto viventes, transformaríamos esses nós em lindos laços!” que eles aprendem e desenvolvem a partir desse conhecimento. E um dos desafios é a questão de não se ter uma sede fixa para o grupo, a questão do apoio de órgãos públicos que não inventem para a ampliação desse serviço que ajuda e muito na vida dessas crianças e jovens, mas ao mesmo tempo eles não desistem pelo contrario, só aumenta a garra e a procura de outras alternativas para dar continuidade ao trabalho, em que as crianças são ensinadas a viverem numa sociedade de bem, ocupam suas mentes com atividades, e é estimulado quanto a importância de uma alimentação saudável com as práticas mateiras com o que o meio ambiente fornece, treinamento em primeiros socorros, e eles utilizam esses ensinamentos para desenvolverem ações na comunidade, nas escolas e passarem para os colegas a importância de participarem do grupo. Fomos visitar a Associação de Moradores do Bairro Paroquial, e quem nos acolheu foi o presidente João Pereira conhecido como Pena de Ouro que já está à frente da associação há vinte anos. Sendo fundada em 1995, ele começou relatando as conquistas para o bairro como: calçamento para a rua, posto de saúde mesmo sendo alugado o prédio, DESCASO COM A SAÚDE PÚBLICA... MEDO, REVOLTA... “ERAM REALIZADAS 70 CONSULTAS SEMANAIS, HOUVE DECRÉSCIMO PARA 30 CONSULTAS ATUALMENTE...” serviços eleitorais, saneamento básico e conta com uma creche que atende crianças até cinco anos de idade, mas também falou que são muitas as dificuldades como um colégio para o bairro, pois os alunos se locomovem para outros bairros por falta da escola, em relação à saúde, a questão de ter reduzido o número de consultas e médicos, a qual contava com dois médicos e atualmente só possuí um e só fazia apenas uma visita por semana, mas que as lutas continuavam e que muitos dos impasses eram devido a questão política que não fomenta e da própria população que é muito passiva e não lutam junto a associação em prol de melhoras. Ao retomarmos à pousada Guaribas, nos preparamos para apresentação da devolutiva aos demais versusianos. Iniciamos a mesma com o grito de guerra do grupo de escoteiros Vale da Águia de Picos e em seguida relatamos a vivência dessa manhã. “um por todos, todos por um, Uma vez escoteiro, sempre escoteiro, pau Brasil, arrêa, arrêa, arrêa!” Realizamos uma visita na Secretária de Saúde do município de Picos nesta tarde, sendo esta uma entidade de suma importância para a organização da saúde na cidade. Fomos recebidos pelos profissionais que atuam no órgão. Inicialmente, tivemos uma breve apresentação do projeto VER-SUS, facilitadores e viventes, para os profissionais que atuam na secretária. Logo em seguida, conhecemos os setores da instituição como, por exemplo: imunização, marcação de exames, coordenação da atenção básica, recursos humanos, almoxarifado, serviço social e Sistema de Informação Ambulatorial (SIA). O SIA em primeira mão nos chamou bastante atenção, por se um setor responsável por sistematizar os serviços prestados para que possam ser liberados os repasses financeiros para às instituições que prestam serviço à secretária municipal de saúde. Podemos perceber durante a visita que o SIA SIA, é o órgão que visa prestar um serviço de qualidade e de confiança para os usuários do sistema, pois se não existisse o setor, o mesmo, inviabilizava a existência do serviço no município. Pudemos através da nossa observação nessa tarde que o SIA atua como um verdadeiro coração, Paródia justamente com o setor financeiro da instituição. Para finalizar, realizamos uma devolutiva repassando o que vivenciamos no SIA, para os demais viventes do coletivo de maneira criativa realizando uma paródia da musica “eu sou a diva que você quer copiar” da cantora Valesca. No turno da noite, tivemos uma palestra com o tema Gestão de Saúde: a Estratégia Saúde da Família (ESF) ministrada pelo Professor Ms. Nero. O mesmo é Conselheiro Municipal de Saúde e Conselheiro Regional de Enfermagem. No presente momento Antes do serviço o que é? Sem produções como é? Como é que gasta esse dinheiro? Para vir verba tem que lançar direito! Auditoria confiscando, e o SIA regulando, As produções não podem parar, Vamos lançar para a saúde melhorar! tivemos a presença da Agente Comunitária de Saúde e que também faz parte do Conselho Municipal de Saúde. O professor destacou inicialmente sobre a figura do ACS, considerado segundo o mesmo, o elo principal entre a comunidade e a ESF. Foi durante esse encontro que nos empossamos da informação de que a ESF iniciou-se no ano de 1994, surgindo como Programa Saúde da Família (PSF) no estado de Pernambuco, com seu treinamento em Cuba. Primordialmente foi explanado sobre a reafirmação do SUS como política pública de estado é papel de todos, destacando que a atuação do gestor nas três esferas de governo assume papel fundamental visto a capacidade de transformação que seu trabalho podia contribuir para a melhoria do sistema, levantando algumas indagações, como: como é possível gerir um sistema complexo como o SUS, com seus programas e diversos projetos?; quais ferramentas existem e como podem ser usadas pelo gestor para transpor as dificuldades de áreas da gestão?; como entender, avaliar e planejar estratégias para que o SUS seja contemplado em suas diretrizes de acordo com as realidades locais?. Segundo o Ministério da Saúde, até 2012 a ESF estava atuando em 5.278 municípios, fato que confirma a consolidação desse modelo de assistência à Saúde Básica. A estrutura do SUS e seu reflexo a nível local - toda a estrutura do SUS devido sua complexidade passa pela constituição de normas, leis, decretos, portarias e instituições bem definidas que orientam as ações desenvolvidas a nível local. Assim, a partir dessa hierarquia os profissionais das Unidades de Saúde, dentro de uma interdependência profissional, necessitam trabalhar em equipe o que constitui o diferencial da ESF, excluindo assim, toda forma de se trabalhar “euquipe”. O professor salientou ainda que o SUS prevê a autonomia dos municípios na decisão de habilitar ou não a equipe da ESF. Por não ser a única forma de se aplicar a atenção primária, mais sim uma das formas de desenvolvê-la, a ESF deve ser adotada como uma estratégia que contempla as necessidades locais, assim sendo, a participação social se torna imprescindível na tomada de decisão de adotar ou não a estratégia. Nesse sentido devem ser observados pelo entendimento que se tem das realidades locais e conscientização da gestão, principalmente pelas modalidades possíveis de serem implantadas em suas particularidades. Segundo ele a proposta da implantação da ESF prevê: adequação física; recursos humanos; e equipamentos necessários para garantir que a UBS possa atender aos problemas de saúde da família na área sob sua responsabilidade. Devendo ainda apontar: referência e contra referência dos usuários; apoio ao diagnóstico laboratorial de enfermagem (raios X e ultrassom); assistência farmacêutica; proposta de gerenciamento de trabalho da Saúde da Família, em que esta deve exigir um tipo de gerenciamento diferente, humanizado, sensível e dinâmico, embora devamos levar em conta os mesmos itens de uma organização. Nesse A sistematização da organização pode ser demonstrada através do seguinte modelo, o processo de trabalho se caracteriza pela horizontalidade gerencial. organograma: PLANEJAMENTO ORGANIZAÇÃO COORDENAÇÃO Supervisão AVALIAÇÃO SUPERVISÃO Após a apresentação do professor Nero através de sua palestra, foi aberto aos viventes um momento para discussões à cerca do que foi apresentado. Assim, pudemos concluir através da explanação sobre Gestão de Saúde com enfoque central na Estratégia Saúde da Família que muitos desafios foram superados, e que se percebe ainda uma forte influência política quanto às politicas públicas de se promover saúde, na região picoense. Para finalizar as atividades fechamos o encontro com duas dinâmicas para fortalecimento dos vínculos afetivos e também profissionais, que foram elas: a dinâmica do beijo e das profissões. RELATÓRIO 4 – SEXTA FEIRA - 07/08/2015 Iniciamos as atividades do dia de hoje com uma visita a Estratégia de Saúde da Família da Aerolândia, ao qual fomos recebidos pela Técnica em Enfermagem Aylane, que nos mostrou toda a estrutura física da unidade e nos proporcionou a realidade do funcionamento. A ESF possui uma estrutura completa com recepção, consultório de enfermagem que possui uma sala separada para a realização de prevenção, consultório médico, consultório dentários, um pequeno auditório para fazer palestras, sala para procedimentos, uma sala para os profissionais do NASF e uma copa, possui uma equipe com três técnicos de enfermagem, uma enfermeira, um médico e dois vigias, ACS, e um profissional de educação física, que presta serviço voluntário à comunidade. Depois das apresentações a técnica sentou com a gente e então nos contou das dificuldades e das atividades que a enfermeira juntamente com toda a equipe desenvolvia com a comunidade para suprir as dificuldades. Uma das dificuldades encontradas foi à questão da burocracia, em que o posto necessitava de medicação, material básico para realização de curativos, o consultório odontológico estava lá, mas não funcionava e a questão de uma sede própria, pois o mesmo funcionava em uma casa adaptada e alugada. Mas ao mesmo tempo a técnica falou das atividades desenvolvidas na área de saúde da mulher, saúde da criança, saúde do homem já aproveitando o programa de tabagismo, pois a maior parte dos clientes do programa são os homens, realizam também atividades de caminhada com a comunidade idosa, hipertensos e diabéticos juntamente com toda a equipe do ESF e todas essas atividades ficam registradas e organizadas em livro ata, e o que mais chama a atenção é o amor depositado em cada atividade, pois tudo é custeado pelos próprios funcionários, a técnica possui graduação em enfermagem e desenvolve atividades para a ESF mesmo não sendo da sua competência, pois ela disse que ama o que faz e mão de obra tem, e força de vontade também, e como resultado desse trabalho bem feito temos, o retorno da comunidade pela procura da ESF e a participação da mesma nas atividades desenvolvidas. E como fazemos ao final de cada encontro, nos reunimos e realizamos a devolutiva para todo o grupo, que foi feita através de uma pequena encenação e um pequeno texto intitulado AoMENTando, com os desafios que a ESF mostrou e as atividades desenvolvidas para sobrepor esses problemas e ao final explicamos a nossa encenação e cada um falou o que conseguiu absorver da experiência vivida de perto na ESF. AoMENTando Aonde quer que eu vá Seja eu grande ou pequeno Mereço ser assistido Para que eu cresça. Vou dos direitos da criança e do adolescente. Após o descanso depois do almoço, nos reunimos no refeitório, que Sou jovem, sou gente, funciona também como nosso pequeno auditório para um diálogo com E você quem é?! alguns dos profissionais que compõem a equipe do Núcleo de Apoio a Tia Coruja... Quem ama pega no pé. Saúde da |Família (NASF). Dentre eles, estavam presentes um psicólogo, Como poderei me arrumar, um fisioterapeuta, uma assistente social e uma nutricionista, ao qual realizamos uma pequena acolhida com a dinâmica “o trem das profissões”. Não vestindo essa camisa? Uma coisa eu digo: A moda é não fumar! Não importa o desafio, Precisamos enfrentar. E os loucos desse mundo? Ah, já dizia a saúde mental... Sua INDIFERENÇA é loucura! A priori, foi nos repassado os papeis desempenhados por cada um destes dentro do NASF, e sobre a como se dá o processo de escolha dos profissionais que irão compor essa equipe. A escolha acontece através do gestor. Durante o presente diálogo, alguns dos desafios relatados pela equipe foram: infraestrutura que deixa a desejar, a falta de recursos, as dificuldades na realização de visitas domiciliares, e principalmente a falta de interação entre a Estratégia Saúde da Família (ESF) e o NASF, pois esta mesma, ainda é carente nesse quesito, o que deixa a desejar a realização de um serviço mais humanizado e de qualidade. Após o encerramento dessa roda de conversa com os profissionais do NASF, cada equipe o VER-SUS Centro Sul-Piauiense se reuniram para elaboração dos cartazes de suas equipes com os seus respectivos gritos de guerra. No turno da noite, no primeiro momento aconteceu uma palestra com o Júlio Araújo Silva, que é Secretário Executivo do Conselho Municipal de Saúde com o tema Controle Social do Sistema Único de Saúde (SUS), ele abordou a lei 8.080 de 19 de Setembro de 1990 que regulamenta a organização e funcionamento do SUS e explicitando como ele foi criado. O mesmo destacou que o SUS possui a finalidade de alterar a situação de desigualdade na assistência à saúde da população, tornando obrigatório o atendimento público a qualquer cidadão, sendo proibidas cobranças de dinheiro sob qualquer pretexto. Do SUS fazem parte os centros e postos de saúde, hospitais - incluindo os universitários, laboratórios, hemocentros (bancos de sangue), além de fundações e institutos de pesquisa. Através do Sistema Único de Saúde, todos os cidadãos têm direito a consultas, exames, internações e tratamentos nas Unidades de Saúde vinculadas ao SUS, sejam públicas (da esfera municipal, estadual e federal), ou privadas, contratas pelo gestor público de saúde. O SUS é destinado a todos os cidadãos e é financiado com recursos arrecadados através de impostos e contribuições sociais pagos pela população e compõem os recursos do governo federal, estadual e municipal. O Sistema tem como meta tornar-se um importante mecanismo de promoção da equidade no atendimento das necessidades de saúde da população, ofertando serviços com qualidade adequados às necessidades, independente do poder aquisitivo do cidadão. O SUS se propõe a promover a saúde, priorizando as ações preventivas, democratizando as informações relevantes para que a população conheça seus direitos e os riscos à sua saúde. O controle da ocorrência de doenças, seu aumento e propagação (Vigilância Epidemiológica) são algumas das responsabilidades de atenção do SUS, assim como o controle da qualidade de remédios, de exames, de alimentos, higiene e adequação de instalações que atendem ao público, onde atua a Vigilância Sanitária. O setor privado participa do SUS de forma complementar, por meio de contratos e convênios de prestação de serviço ao Estado - quando as unidades públicas de saúde não são suficientes para garantir o atendimento a toda à população de uma determinada região. O secretário citou ainda alguns dos princípios organizativos e doutrinários tais como: universalidade de acesso aos serviços de saúde em todos os níveis de assistência; integralidade de assistência; equidade; descentralização político-administrativa com direção única em cada esfera de governo; conjugação dos recursos financeiros, tecnológicos, materiais e humanos da união dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios na prestação de serviços de assistência à saúde da população; participação da comunidade; regionalização e hierarquização. Logo em seguida, o ministrante falou sobre a lei 8.142 de 28 de novembro de 1990, que dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do SUS e sobre as transferências intergovernamentais de recursos financeiros na área de saúde. O SUS conta em cada esfera de governo com as seguintes instâncias colegiadas: A Conferência de Saúde; Conselho de Saúde; A Conferência de Saúde reunir-se-á a cada quatro anos com a representação dos vários segmentos sociais, para avaliar a situação de saúde e propor as diretrizes para a formulação da política de saúde nos níveis correspondentes, convocada pelo Poder Executivo ou, extraordinariamente, por esta ou pelo Conselho de Saúde. O Conselho de Saúde, em caráter permanente e deliberativo, órgão colegiado composto por representantes do governo, prestadores de serviço, profissionais de saúde e usuários, atua na formulação de estratégias e no controle da execução da política de saúde na instância correspondente, inclusive nos aspectos econômicos e financeiros, cujas decisões serão homologadas pelo chefe do poder legalmente constituído em cada esfera do governo. Ela também trata sobre a alocação dos recursos do Fundo Nacional de Saúde, do repasse de forma regular e automática para os Municípios, Estados e Distrito Federal. Para o recebimento destes recursos, Municípios, Estados e Distrito Federal devem contar com: O atual sistema de saúde brasileiro vive um momento de intensos avanços, mas ainda de muitos desafios a serem superados. Podemos Fundo de Saúde; Conselho de Saúde; Plano de Saúde; Relatório de Gestão; Contrapartida de recursos para a saúde no respectivo orçamento; Comissão de elaboração do Plano de Carreira, Cargos e Salários (PCCS). descrever como avanços o que se refere à oferta de diversos programas, projetos e políticas que têm apresentado resultados inegáveis e exitosos para a população brasileira, que incluem a evolução das equipes do Programa Saúde da Família, do Programa Nacional de Imunizações, do Sistema Nacional de Transplantes, sendo o segundo país do mundo em número de transplantes entre outros como desafios, podemos enumerar aqueles referentes aos problemas de implementação, implantação, financiamento e gestão do Sistema Único de Saúde (SUS), fato que, para ser compreendido, merece uma análise mais detalhada, fazendo-se necessário um resgate do processo de construção do sistema de saúde no Brasil a partir da construção do SUS. No caso das discussões sobre o direito à saúde e o controle social, avalia-se, considerando a dinamicidade da participação dos usuários nos grupos, estarem contribuindo no sentido da legitimidade dos direitos sociais, principalmente, com vistas a incentivar o exercício político. E possibilita o acesso e a reflexão para a garantia do direito à saúde e outros em geral. Ou seja, aliam-se os assuntos saúde e cidadania. Dando prosseguimento com as atividades, o professor Ms. Mailson, que é enfermeiro enfatizou sobre a organização piramidal da assistência de saúde picoense. Este lembrou que os gestores da cidade de Picos estão tentando implantar a Organização em Rede, para poderem acabar com o modelo existente. Segundo o mesmo este é um processo complicado, pois, se o modelo existente que é a organização em forma de pirâmide já é trabalhado de forma inadequada, imagine tentar implantar um novo modelo que necessita de uma grande integração entre os diversos profissionais. Segundo o professor Mailson, esta possibilidade ainda está longe de ser alcançada pelo fato de a Atenção Hospitalar Especializada ainda ser realizada na capital do estado, Teresina; o que poderia acontecer ou ser realizado na cidade de Picos. Em suas palavras, o professor alertou a todos os versusianos que não utilizamos mais ou não devemos mais referenciarmos termos como: nível primário, secundário e terciário, mais que os mesmos foram substituídos por densidades tecnológicas. Pois o que se visualiza é um trabalho a fim de se alcançar a realização da organização em rede. Podemos exemplificar estes modelos de organização piramidal e a organização em rede logo a seguir. Organização Piramidal Atenção Hospitalar Especializada Atenção ambulatorial Atenção Primária Sistema fragmentado e hierarquizado Depois de encerrada a palestra, houve as apresentações dos nomes das equipes e seus respectivos gritos de guerra. Equipe LaSUS: Êh... leleô, leleô, leleô, leleô... LaSUS! Êh... leleô, leleô, leleô, leleô... LaSUS! E assim, terminamos o dia de hoje! RELATÓRIO 5 – SÁBADO - 08/08/2015 Hoje iniciamos as atividades com a presença ilustre do professor Marttem Costa de Santana, que abordou na sua palestra o tema: Tecnologias leves: acolhimento, vínculo e automatização. Tomou como ponto inicial a questão do acolhimento que é um modo de operar processos de trabalho onde deve ter um atendimento a todos, uma postura capaz de acolher, escutar e pactuar respostas mais adequadas à pessoa humana. O mesmo relatou a falta de comunicação e um contato mais próximo ao paciente no âmbito dos serviços de saúde e a questão dos profissionais serem qualificados e garantir o acesso a qualquer pessoa, priozando o atendimento pela gravidade e não pela ordem de chagada e dedicar-se ao máximo para oferecer um atendimento digno para os usuários dos serviços de saúde. Outro ponto abordado esteve relacionado ao direito dos usuários dos serviços sobre: o direito ao acompanhante e visitante, respeito aos direitos, adequação dos espaços físicos nas unidades de saúde, saberes e história das pessoas e família, presença de integrantes da equipe no momento da visita, pois muitos dos usuários desconhecem tais direitos e se submetem a muitas situações constrangedoras por acharem que são obrigadas. Assim, partimos para o atendimento como postura acolhedora, em que esta pressupõe hora, local ou profissional específico. Essa é atribuição de todos. Pressupõe ainda abertura à diversidade cultural, racial e ética; escuta, atitude profissional-usuário e relação intra-equipe, retratando a indiferença quanto ao atendimento, este nos fez refletirmos sobre qual e que profissional eu quero ser quando “crescer”! “a indiferença é a morte do amor e do cuidado” Diante disso, foi retratado ainda o acolhimento como local de primeiro contato: acesso e organizacional, em que este mesmo nos dará condições para a vida que são elas: Foi abordado o acolhimento enquanto processo de trabalho/diretriz reorganizadora/reorientação dos serviços e enquanto ferramenta de vínculo, acessibilidade e universalidade, e o acolhimento como técnica de trabalho em equipe. O professor Marttem ainda colocou em reflexão a questão sobre o corpo nu. Como tratamos esse corpo? Será que oferecemos à esse corpo a devida atenção?. Trazendo para contextualização, foi explanado sobre o vínculo, reconhecimento de que o serviço de saúde integra a rede, e assim, abrimos espaço para os diversos tipos de vínculos, em que podemos destacar o vínculo familiar: relacionado ao envolvimento da família; vínculo espiritual: espiritualidade e o vínculo de amigos: que se refere ao pertencimento, o quanto um amigo é muito importante para a realização de um trabalho também humanizado. Uma lição que pudemos tirar dessa linda e maravilhosa palestra foi de que o simples fato de eu quebrar a “barreira” existente entre eu (profissional) e o usuário, já contribui muito para um trabalho mais humanizado e acolhedor. O simples fato, por exemplo, de me sentar ao lado da mesa de atendimento ao invés de atrás dela, já me traz para perto do usuário, que muitas vezes, precisa somente ser ouvido, receber atenção. É uma atitude simples? Sim, pois, seus reflexos já serão grandes o necessário para termos o retorno que tanto almejamos... São pequenas atitudes que mudam como e que profissional somos, e que com certeza nos fará reconhecido pelo trabalho que desenvolvemos nos tornando um profissional diferenciado. ACOLHIMENTO AMOR No período da tarde iniciamos nossas atividades com a dinâmica das profissões, nessa atividade tínhamos que fazer mímicas, teatros, paródias ou qualquer outro tipo de atividade que demonstrasse o que conhecíamos sobre as diversas profissões que estão misturadas no VER-SUS Centro-Sul Piauiense. Algumas dessas eram: Enfermagem, Fisioterapia, Nutrição, Educação Física, Turismo, Farmácia, Medicina, Biomedicina. Os facilitadores dividiram o coletivo em cinco grupos, e entregou a cada um dos grupos dois papeis com o nome dos cursos que cada um iria ficar. Depois que todos os grupos se apresentaram, discutimos sobre a formação do préjulgamento pelas aparências, principalmente sobre o Turismo e convidamos os futuros profissionais que estavam presentes de acordo com o que era apresentado, para falar um pouco sobre a sua profissão. O objetivo dessa dinâmica foi analisar os estereótipos e as características que compõem uma imagem e as reações frente a ela. Como também conhecemos um pouco mais sobre outras profissões, pois muitas vezes temos visões retorcidas ou até mesmo não conhecemos os serviços de outras categorias, implicando em mais um problema, já que as conhecendo podemos quando for necessário, buscá-las. E para finalizar, nessa noite, “Todas as profissões são dignas, realizamos uma biodança, que é um sistema cheias de integração afetiva e desenvolvimento importantes”. humano, que tem o objetivo de estimular a Trabalhamos comunicação das pessoas com o seu próprio corpo, mediada pela comissão do VERSUS. Foi um momento repleto de energias positivas de responsabilidades não apenas e para ganhar um salário, mas para sermos solidários uns com os outros. Todos e emoção entre o coletivo do Centro Sul trabalhamos para pessoas, pessoas piauiense. essas que trabalham para outras pessoas, e por conseguinte, há pessoas que trabalham para nós. Estás a desempenhar o teu trabalho com essa consciência, já pensaste sobre isso?" (Linda de Ceriz) RELATÓRIO 6 – DOMINGO - 09/08/2015 VISITA AO POÇO JORRANTE DE SANTA CRUZ DO PIAUÍ Na presente visita pudemos aproveitar a paisagem natural do Poço Jorrante de Santa Cruz do Piauí, que está localizado, próximo à cidade de Picos. Segundo a população desse local, o mesmo existe há mais de 50 anos, em que libera águas termais, indicado pelos profissionais da saúde para a população, com finalidade terapêutica, atraindo diversos turistas da região no quesito lazer. Observamos através dessa vivência, que desfrutando de um lugar como este estamos adquirindo diversos benefícios para além da saúde física, mental e social. Aqui, destacamos o cuidado com o meio ambiente, preservação cultural e histórica da região. Nesta noite, realizamos aplicação do Arco de Maguerez. O mesmo trata-se de um caminho metodológico capaz de orientar a prática de soluções de problemas, visando o pensamento critico e criativo, mediada pelo enfermeiro e coordenador do projeto VERSUS Centro Sul Piauiense de Picos, Eduardo Carvalho. A divisão do grupo foi realizada a partir das equipes dos facilitadores. A equipe LaSUS, decidiu discutir os problemas da associação de moradores do bairro paroquial, realizando o arco a partir da realidade do bairro abordando os pontos: observação da realidade, pontos chaves, teorização, hipótese de solução e somando todas essas etapas, com o intuito futuramente de aplicar a prática, através de projetos de intervenções juntamente com os profissionais dessa área. Diante disso, houve uma discussão das equipes sobre os seus arcos, visando assim, uma melhor qualidade de vida para os usuários. RELATÓRIO 7 – SEGUNDA FEIRA – 10/08/2015 Igreja Matriz Nossa Senhora da Vitória – Oeiras Piauí Hoje, realizamos uma visita à Capital de Fé, Oeiras – PI, onde tivemos uma acolhida no Cine Teatro, ministrado pelo Secretário de Cultura, Estefano Ferreira. A cidade foi construída há mais de três séculos e se desenvolveu ao redor da matriz de Nossa Senhora da Vitória. Inicialmente foi conhecida como Vila da Mocha, por estar localizada às margens do riacho Mocha. Teve seu nome modificado para homenagear o Conde de Oeiras, futuro Marquês de Pombal, o todo poderoso ministro da corte portuguesa do Rei D. José. A cidade foi designada capital da província do Piauí em 1758 permanecendo como centro das decisões políticas até 1852, quando então a sede do governo foi transferida para Teresina. Depois deste período, a cidade prosperou principalmente com a criação de gado, mas guardou um patrimônio histórico dos mais valiosos, com seus casarões coloniais e monumentos dos séculos 18 e 19 que remontam à colonização do Piauí. A Semana Santa de Oeiras é a maior festa religiosa do Estado, atraindo milhares de fiéis. A Festa de Bom Jesus dos Passos começa na quinta-feira da Fugida, com a primeira procissão da Semana Santa. A sexta dos Passos é o dia da Procissão dos Passos, a mais rica em símbolos e presença humana. A procissão segue parando nos 5 Passos. Em cada passo se repete o ritual de cantos, queima de incenso e benção de Santo Lenho. Entre as cerimônias religiosas destaca-se ainda a Procissão do Fogaréu, composta somente por homens. Entre as manifestações populares está o Carnaval e a Festa do Vaqueiro, em maio, com corridas, competições e shows artísticos, além da tradicional Festa Junina. Uma grande atração na cidade é assistir aos concertos do Grupo Bandolins de Oeiras – tradicional grupo de músicos formado por senhoras da cidade, com quase 30 anos de existência -, que se apresenta em festividades religiosas e culturais, conservando um estilo musical do passado. Dando continuidade as atividades na cidade da fé, realizamos uma visita na Estratégia de Saúde da Família (ESF), Dr. Pedro Barbosa, a qual fomos recepcionados pelo enfermeiro Valdemir, que nos mostrou a estrutura física da ESF, que por sinal está de acordo com a preconização do Ministério da Saúde (MS). A mesma possui um quadro de profissionais todos efetivados; as atividades realizadas estão de acordo com os protocolos do MS, e todas são registradas em atas confeccionadas onde se pode fazer o acompanhamento dos usuários. O que mais se destacou durante a vivencia na EFS foi à questão da coletividade onde todas as atividades educativas reúnem todos os profissionais, em relação aos setores: contém uma sala de vacinação, que possui profissionais especializados e funciona em dois turnos (manhã e tarde), um consultório odontológico que funciona e contem os materiais necessários. O serviço que não é possível realizar no presente dispositivo faz-se um encaminhamento do usuário para o Centro de Especialidade Odontológica (CEO). Os testes rápidos de (VDRL, HIV, Sífilis, Rubéola, Dengue, VBh) dentre outros são realizados na UBS, em parceria com alguns consultórios particulares, sem custo nenhum. A única queixa foi em relação a um espaço maior para o auditório, para realização de palestras e oficinas. “Nas reuniões semanais, a ausência de qualquer profissional é marcada na ata como falta, até mesmo o médico!... Ele (médico) não gosta, mas, estamos aqui para fazer o que é certo!” Foi de suma importância a visita em outra localidade, pois vivenciamos uma realidade da que foi vista até o presente momento, sendo que a mesma supriu as expectativas, fortalecendo as perspectivas de que podemos mudar a realidade do SUS. Logo em seguida, visitamos o Hospital Regional Deolindo Couto (HRDC), ao qual fomos recepcionados pelo enfermeiro Valdemir e enfermeira Adriana, que nos conduziram nessa ação. Os viventes e facilitadores do projeto VERSUS puderam conhecer as instalações e o funcionamento do HRDC. Podemos perceber que a instituição é bastante organizada e que gerar frutos positivos para os usuario como, por exemplo: Raio X portátil, centro cirúrgico ampliado, fácil acesso para o atendimento de urgência, brinquedoteca e entre outros. Segundo o enfermeiro Valdemir, o hospital já apresenta uma melhora siginificativa, temos como exemplo: o acolhimento dos usuários, melhores condições de salários para os profisionais e arcondicionados nas enfermarias, sendo que a unidade de terapia intensiva está em construção. Podemos perceber que o HRDC, ele fornecer um atendimento de qualidade e humanizado para os usuários de Oeiras e os 14 municipios do Vale Canidé. Visitamos o CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) no período da tarde, onde fomos recebidos pelo Psicólogo, Assistente Social e a enfermeira que explicou sobre o funcionamento, dificuldades e as atividades desenvolvidas no dispositivo. A mesma disse que atende desde transtornos leves até graves, conta com uma equipe: Psicólogo, médico (que possui especialização em saúde mental), Assistente Social, Técnico em enfermagem, Enfermeiro, Nutricionista e Educador Físico que desenvolvem oficinas de alfabetização e grupos terapêuticos. Como dificuldades a enfermeira relatou a dificuldade de corresponsabilização com os outros dispositivos de saúde mental como, por exemplo, passar pela ESF para então ir para o referido serviço, a dificuldade de conscientizar a família, a importância dos laços familiares no comprometimento quanto ao tratamento do usuário e por fim a falta de interação entre a equipe para criar soluções e trabalhar na lógica do matriciamento. Realizamos uma visita ao Conselho Municipal de Saúde. O mesmo funciona de caráter permanente e deliberativo, atuando na formulação de estratégias e no controle da execução da política de saúde na instância correspondente, inclusive no que tange aos aspectos econômicos e financeiros. Quanto a sua composição são constituídos por formação paritária, sendo usuários (50%), trabalhadores de saúde (25%), representantes do governo e prestadores de serviços (25%). Por usuários entende-se: a participação de sindicatos, as organizações comunitárias, as organizações religiosas e não-religiosas, movimentos e as entidades das minorias, entidades de portadores de doenças e necessidades especiais, movimentos populares de saúde, movimentos e entidades de defesa dos consumidores, em suma, toda a sociedade organizada. P A R T I C I P A Ç Ã O P O P U L A Ç Ã O Num segundo momento, nos reunimos na Secretaria Municipal de Saúde de Oeiras para apresentarmos a devolutiva, a qual realizamos uma pequena encenação para demonstrarmos os pontos fortes durante a vivência de hoje. Na ocasião, estava presente a equipe da mesma, e apresentamos sugestões aos servidores da saúde. Para finalizarmos, todo o coletivo e demais da equipe da secretaria de saúde, participaram da dinâmica do “que o círculo se abra, mais que não se rompa” para fortalecimento do trabalho coletivo no meio da rua. Agora, extasiados de tanta experiência rica e bonita, retornamos para Picos... No turno da noite realizamos uma devolutiva para repassar aos outros grupos o que foi assimilado nos serviços visitados hoje durante o dia na cidade de Oeiras, pontuando os principais desafios e potencialidades dos serviços. Logo em seguida a comissão realizou uma atividade de relaxamento em que todos os viventes foram trocados de lugares e com os olhos fechados fomos guiados até formamos um circulo. Nesse momento pudemos manifestar sensações de medo, insegurança, mas, também de confiança no seu colega. E para finalizar, a comissão realizou uma biodança para promover a chegada de energias positivas e como uma forma de retirar todo o cansaço desse dia proveitoso, corrido e cansativo. ] RELATÓRIO 8 – TERÇA-FEIRA – 11/08/2015 Hoje pela manha iniciamos as atividades com a visita ao CAPSad (Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas). Aqui fomos recepcionados pela coordenadora da instituição que forneceu todas as informações necessárias. O surgimento do CAPSad foi em 26 de março de 2007. A presente instituição é voltada para tratar de dependência química (Álcool e Drogas), e para nós versusianos, foi triste saber de mais um dispositivo que não possui uma sede própria. Seu funcionamento acontece de segunda à sexta das 08:00 às 17:00 h, em que há a classificação dos usuários em 3 modalidades: pacientes intensivos (ficam todos os dias da semana),semiintensivos ( ficam de dois ou três dias na semana) e não-intensivo (só de quinze em quinze dias ou uma vez por mês). A coordenadora nos relatou que já estão habilitados para o CAPSadIII, que será de funcionamento de 24 horas, e o que precisa para que isso ocorra é somente algumas mudanças na estrutura. Em relação ao quadro de funcionários este possui: Médica Psiquiátrica, Psicólogo, Enfermeiros, Assistente social, Técnicos de Enfermagem, Nutricionista, Terapeuta Ocupacional, Fisioterapeuta, Zeladores, Copeira, Segurança, Motorista e Vigias. O que se pode perceber em relação às dificuldades é a questão de uma sede própria, da falta de transporte de pacientes vindos de outras localidades, e às vezes a falta de medicamentos. Com relação às potencialidades, no presente dispositivo, há o trabalho com demanda espontânea, encaminhamentos da justiça e das estratégias de saúde, realizam oficinas para o entretenimento desses pacientes, para firmar a aliança da instituição com a família realizam uma reunião toda quinta-feira com os familiares para saber como está sendo o desenvolvimento do tratamento e fortalecer esse laço. Um ponto que se destacou e chamou nossa atenção, foi em relação a SAE (Sistematização da Assistência de Enfermagem) que é realizada, e um plano de cuidado individual para cada paciente, que é articulado com o quadro de profissionais em que cada um é responsável por está realizando esse plano. Produções geradas pelos usuários do CAPSad, com supervisão da Terapeuta Ocupacional. São, materiais muitas vezes reciclados como garrafas pet, jornais, TNTs, telhas e entre outros. Finalizando nosso encontro, participamos do acolhimento dos usuários do CAPSad, que é realizado todos os dias pela manhã juntamente com a Assistente Social e a Enfermeira que vai registrando em livro ata as possíveis recaídas, as atividades que eles realizaram no fim de semana e a palavra do dia que serve de reflexão e de persistência, palavras essas que eles mesmos veem como uma filosofia de continuar o trabalho. Chegando à pousada, começávamos a pensar sobre a devolutiva. Então, decidimos apresentar uma pequena encenação de dependentes químicos, e também dependentes da sociedade. Na presente devolutiva, procuramos demonstrar que nós, enquanto pessoas ditas “normais” aos olhos da sociedade nos comportamos com diversos vícios, seja ele um simples fato de ouvir uma música, de usar uma roupa que amamos, de tirarmos fotos toda hora. Quantas vezes criticamos aquele usuário que precisa de ajuda, precisa ser olhado com mais humanização, pois ele também é um ser humano, e é criticado pelo fato de ser um alcóolatra, um fumante, um drogado. Que a experiência de hoje, faça mudar nossos olhares repugnantes que nós enquanto sociedade e futuros profissionais possuímos a respeito dessas pessoas sedentas de carinho e apoio. Nesta tarde, viajamos junto com o coletivo para a cidade de Ipiranga do Piauí, com o objetivo de conhecer os dispositivos de saúde da localidade. Primeiramente fomos recebidos na Secretária Municipal de Saúde da cidade, pelos diversos profissionais que atuam no serviço de saúde. Os viventes, facilitadores e comissão do VERSUS Centro Sul Piauiense, participaram da capacitação para o Projeto Terapêutico Singular, ao qual foi abordada a patologia Hanseníase. Este projeto visa discutir casos clínicos dos pacientes referente à patologia supracitada. Logo em seguida, o enfermeiro Eduardo Carvalho, apresentou a Unidade Básica de Saúde (UBS) - Claro da Silva Rêgo, que atende a zona urbana, na mesma, contêm os setores de vigilância epidemiológica de saúde, sala de reuniões dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS´s), sala de coleta para os exames laboratoriais, consultório odontológico equipado e funcionando ativamente, consultório fisioterapêutico com todos os materiais necessários para oferecer um atendimento de qualidade aos usuários, e dentre outros. Pode-se perceber que as instituições citadas estão de acordo com as preconizações do ministério da saúde, as mesmas, tem uma interação de trabalho em equipe, sendo assim, proporcionando um atendimento qualificado para os usuários do serviço. Dando continuidade, realizamos uma visita a Unidade Básica de Saúde Bairro Boa Vista, a mesma foi construída seguindo as normas do Ministério da Saúde e a sua inauguração está prevista para o final de setembro. A Atenção Básica deve ser o contato preferencial dos usuários com o Sistema Único de Saúde, uma vez que é a principal porta de entrada das redes de atenção à saúde. Orienta-se pelos princípios da universalidade, da acessibilidade, do vínculo, da continuidade do cuidado, da integralidade da atenção, da responsabilização, da humanização, da equidade e da participação social. Para finalizar a nossa vivência no município de Ipiranga realizamos uma visita ao Sistema de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU). Esse dispositivo de saúde foi implantado ha um mês no município e ainda está passando por adaptações e capacitações de alguns profissionais. Apesar dos desafios ele vem sendo mais um dispositivo de importância para a comunidade de Ipiranga. A priori, iniciamos a noite com um momento de cuidado e reflexão sobre algumas práxis vigentes na saúde da sociedade atual, desempenhando uma atividade terapêutica com os viventes com o propósito de reafirmar a humanização dentro dos contextos de produção, fomentação e debate a saúde. Atividade esta que além de propiciar um contato físico, de cuidado, de deixar seus afetos afetarem o outro, seus sentimentos de cuidado, agindo sobre o outro, sendo um processo de grande valia acerca das percepções entre cuidado e cuidador. Pois prática desvinculada de teoria não se fundamenta, assim como prática desvinculada de sensibilidade não se sustenta, sendo apenas mero conhecimento tecnicista. Com essa atividade os viventes puderam enxergar a importância do afeto dentro do trabalho humanizado, sendo protagonistas na disseminação e na construção de um novo debate sobre saúde. RELATÓRIO 9 – QUARTA-FEIRA – 12/08/2015 Após o café da manhã, fomos conhecer o dispositivo de saúde Posto de Atendimento Infantil Municipal Frei Damião (PAIM), que oferece atendimento como: teste do pezinho, imunização de crianças e adultos, atendimento médico para crianças de zero a doze anos de idade e consultas de enfermagem. Esta é composta pelo quadro de funcionários: médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem. O PAIM, conta com uma estrutura preparada para fornecer um atendimento de qualidade para os usuários, sendo as principais dificuldades é a alta procura, pois o mesmo atende a cidade de Picos, e a macrorregião, e infelizmente, observamos que a instituição não tem uma simples caixa de perfuro cortante, sendo assim, expondo seus profissionais a risco biológico. A equipe de profissionais é bastante dedicada ao serviço, pois prestam um atendimento digno ao público, e os mesmo, se reúnem para uma roda de conversa no objetivo de melhorar sempre o atendimento para os usuários. Chegando à pousada, apresentamos a devolutiva ao coletivo, com uma pequena encenação de cuidados à criança. No turno tarde, realizamos uma visita a Clínica Integrada de Saúde da Mulher (CLISAM). A presente visita foi Mediada pela Enfermeira Rahylla Pio. A CLISAM é referência para a cidade de Picos e macrorregião, em que, a priori a mulher vem referenciada de alguma unidade Básica de Saúde e logo em seguida, passa por o processo de triagem para assim, realizar a classificação de risco. A mesma abrange desde o pré-natal de alto risco até a colposcopia e biópsias. A Enfermeira relatou algumas dificuldades, que nos deixou sensibilizados, como por exemplo, " O médico trabalha de acordo com a sua disponibilidade", "Encontro-me sobrecarregada", "Realizamos a entrega do DIU, mas os médicos não colocam o dispositivo por questões de interesse próprio". No entanto, ela apontou alguns avanços como: a melhoria no sistema de marcação de consultas que está mais organizado, fato que tem melhorando o fluxo do serviço. E finalizou dizendo que "Ama o que faz, ama ser uma Enfermeira" e que mesmo com as dificuldades o município está de parabéns por ter uma clínica voltada somente para a saúde da mulher. Agora à noite, tivemos a palestra sobre o Sistema Único de Saúde (SUS) mediada pela professora Dra. Ana Roberta Vilarouca, que utilizou uma metodologia diferenciada para conduzir esse momento. A mesma convidou alguns viventes durante a palestra para que esses pulassem “amarelinha” e ao chegar ao céu o vivente da vez recebia um bombom de chocolate com um pedacinho de papel, o qual deveria ler a mensagem que estava escrita ali, para que a professora explanasse de maneira dinâmica sobre o assunto. Essas mensagens estavam sempre contextualizadas com o assunto em questão. Diversos temas foram abordados como: Criação das Caixas de Aposentadorias e Pensões; 8º Conferência Municipal de Saúde; Constituição Cidadã; Estratégia Saúde da Família (ESF); Decreto 7508/2011 que se refere à regulamentação do SUS. CRIATIVIDADE DINÂMICA PRODUÇÃO CANSAÇO SUSmiu CONHECIMENTO Dando continuidade as atividades, agora passamos a conhecer um pouco mais sobre Gestão e Redes de Atenção à Saúde pela secretária municipal de saúde de Ipiranga do Piauí, Maria Valdete. A mesma apresentou seu relato de experiência enquanto gestora, referente às potencialidades e desafios de seu município, em que considera sua cidade, um modelo de referência em saúde, e destaca que esse fato se deve em parte por conta da participação da população/comunidade. “temos a mania de dizer que o SUS só é bonito no papel; ele é lindo no papel e lindo na prática, quando fazemos!”, “a saúde acontece debaixo de uma árvore, acontece dentro de casa, acontece na rua...”. Utilizando a fala da secretária, esta quis se referir as vezes que realizam vacinas debaixo de árvores na cidade, em meio à rua, e realizam mesmo, até para uma dinamização do (s) serviço (s) ofertado (s). Apesar de ser mais um dia cansativo foi muito proveitoso, em que tivemos a oportunidade de desfrutar agora de dois lindos momentos: distribuição dos cuidados do anjo e a construção de compromissos individuais com o SUS. Aqui, foram colocados anéis de tucum amarrados à fitas numa tela de metal, em que cada vivente se dirigia à sua fita, retirava o seu anel e amarrava um compromisso na mesma, revelando uma palavra que continha no seu compromisso. Assim, após essa atividade, viemos para nosso quarto confeccionar o presente relatório. Boa Noite! RELATÓRIO 10 – QUINTA-FEIRA 13/08/2015 Já chegando à reta final do projeto VER-SUS Centro-Sul Piauiense, iniciamos o dia com uma visita ao Centro de Referência Especializada de Assistência Social (CREAS), que é um órgão responsável por atender casos de violação dos direitos humanos, como por exemplo: violência sexual, violência doméstica, tráfico de pessoas, violência física e entre outros. O CREAS, busca a construção de um espaço de acolhida e escuta qualificada, fortalecendo vínculos familiares e comunitários, priorizando a reconstrução de suas relações familiares. O dispositivo tem como profissionais: assistente social, psicóloga, educadora física, auxiliar de serviços gerais, vigilante, motorista e um advogado. A entidade, infelizmente, não tem uma sede própria, e que funcionam outros órgãos no mesmo prédio. Durante a vivência, pudemos observar que os profissionais que atuam no CREAS, são dedicados buscam solucionar os problemas dos usuários. O mesmo tem no mínimo uma reunião mensal, no objetivo de discutir os casos da população que busca o serviço oferecido pela intuição. Logo após o término da visita ao CREAS, nos deslocamos para a pousada, em que realizamos a devolutiva para os demais membros do coletivo em forma de uma simulação de como ocorreu, e posteriormente, teve uma breve roda de conversa. No turno da tarde, realizamos a visita ao SAMU (Sistema de Atendimento Móvel de Urgência) que iniciou seus serviços na cidade de Picos em 2006, atuando com cinco níveis de urgência, conta com uma UNB (Unidade Básica de Atendimento) e uma UNA (Unidade Avançada de Atendimento). O SAMU sempre visa prestar um atendimento rápido e eficaz, infelizmente, os profissionais relataram que não tem espaço suficiente para realizar os treinamentos necessários para um socorro rápido, mais a equipe é bastante qualificada para esse tipo de serviço. Logo em seguida, foi realizada a devolutiva para o coletivo, em forma de uma roda de conversa. Para finalizar o dia, tivemos dois momentos, no primeiro, fizemos uma dinâmica com o tema: Que bom? Que pena? Que tal? No objetivo de avaliar como foi à vivência do projeto, analisando os pontos positivos e negativos, visando sempre, uma melhor vivência para os VERSUS que virão. Já no segundo momento, fomos para uma pizzaria, para fazer uma confraternização, seguida da dinâmica do anjo. Já estamos sentindo saudades... RELATÓRIO 11 – SEXTA-FEIRA – 14/08/2015 Hoje o céu amanheceu triste... Após o café da manhã, realizamos em coletivo uma devolutiva em forma de documentário para repassar para a população o que conseguimos aprender, e o que sentimos durante toda a nossa vivência. A devolutiva foi realizada por meio de uma encenação, em que um anjo que protegia as pessoas que estavam vulneráveis a algumas situações, como álcool, cigarro, e drogas, logo depois cantamos uma música. "Às vezes me sinto um descaso, as vezes o potente o bastante , garantindo o direito de vocês. Não posso ficar assim tão solto , me vem logo o bom gestor investindo verbas em mim, num repasse perfeito. Enquanto alguns criticam a apedrejam ao mesmo tempo eu vejo potencialidades tão de perto. Profissionais, estudantes e militantes, todos os saberes são importantes. O saber flui fácil. O SUS é potencializado. Acredito mesmo em você, bem do jeito que você é. Eu quero convocar você, desconstruindo que não é só a gente quem sabe, promover saúde, sem graduação, é o saber popular em mim. A culpa recaí sobre o que é meu e ninguém investe e nem tenta, de repente a mídia diz que sou ineficaz e lenta. E eu acho que eu preciso de você, construindo a saúde que a gente quer". Essa música foi adaptada no ritmo de uma música da Pitty, Equalize! Também foi recitado um poema por uma vivente enquanto os outros se abraçavam e formavam um cordão simbolizando a união. "Vamos esse nó desatar e uma rede unificar quando a realidade, impedir que o SUS possa evoluir". O aprendizado a partir da experiência contribui para que nós, enquanto futuros profissionais da saúde possamos nos qualificar, transformando as experiências em saberes. Para isso é preciso, em diversas situações, nos depararmos com a ideia de que poderíamos ter agido melhor, mas não simplesmente para constatar e sim para nos conscientizarmos de nossa ação, entendendo nossos atos, sendo capazes de resignificá-los e aprendermos com eles, agindo assim, em uma constante postura de aprimoramento. Após essa linda devolutiva, retornamos ao refeitório, que durante 12 dias foi o nosso palco... Palco de alimentação, de palestras, reflexões, relaxamento, devolutivas, ou seja, foi nosso lar na maioria das vezes. Enfim, agora nos sentamos, para nosso último almoço em coletivo... E com o VER-SUS Centro Sul Piauiense fica a reflexão de que... “A mudança tem que partir da gente. A mudança ela acontece quando nos propomos a fazer o melhor, quando nos doamos, quando fazemos com amor, quando nos dedicamos, quando nos colocamos no lugar daquele que necessita apenas de um abraço! A mudança.. Ah, doce mudança... Ela só acontece, quando realmente queremos que ela aconteça!” E aqui, nos despedimos cheios de certezas e incertezas... Pois sempre haverá algo a ser aprendido. “...É preciso amar as pessoas como se não houvesse o amanhã ...” (Renato Russo) Que os LaSUS... Tomem o lugar dos “nós”! AbraSUS