Untitled
Transcrição
Untitled
ISBN: 978-85-7758-293-8 BELO HORIZONTE NAD/FALE/UFMG 2016 CATALOGAÇÃO Ficha catalográfica elaborada pelos Bibliotecários da Biblioteca FALE/UFMG S612p Simpósio Internacional sobre Análise do Discurso (4. : 2016 : Belo Horizonte, MG). Programação e caderno de resumos [do] IV Simpósio Internacional sobre Análise do Discurso : Discursos e Desigualdades Sociais, Belo Horizonte, Brasil, 14 a 17 de setembro de 2016 / organizadores : Wander Emediato... [et.al.]. – Belo Horizonte : Núcleo de Análise do Discurso, Programa de Pós-Graduação em Estudos Linguísticos, Faculdade de Letras, 2016. 396 p. : il. Textos em português, inglês, francês e espanhol. Inclui bibliografia. ISBN: 978-85-7758-293-8. 1. Análise do discurso – Congressos. I. Emediato, Wander, 1964-. II. Universidade Federal de Minas Gerais. Faculdade de Letras. III. Título. IV.Título: Simpósio Internacional sobre Análise do Discurso: Discursos e Desigualdades Sociais. CDD : 418 Imagem da capa: http://ideafixa.com/wp-content/uploads/2012/10/OZMO_5-600x858.jpg Os resumos que integram este material são de inteira responsabilidade de seus autores. ORGANIZADORES Organizateurs | Organizadores | Organizing committee Organizadores: Prof. Dr. WANDER EMEDIATO (UFMG/NAD) Profa. Dra. GLAUCIA MUNIZ PROENÇA LARA (UFMG/NAD) Profa. Dra. IDA LUCIA MACHADO (UFMG/NAD) Prof. Dr. ANDRÉ WILLIAM ALVES DE ASSIS (UEL/NAD) Websites: http://simposioad.wordpres.com http://www.ufmg.br/nucleos/nad Mídias sociais do evento: https://www.facebook.com/simposioad @simposioad #simposioAD BELO HORIZONTE NAD/FALE/UFMG 2016 COMISSÃO CIENTÍFICA Commission scientifique | Comisión científica | Scientific committee Prof. Dr. Alain Rabatel (Université de Lyon 1, França) Prof. Dr. André William Alves de Assis (UEL) Profa. Dra. Anne Henault (Université Paris IV-Sorbonne, França) Profa. Dra. Carolina Assunção e Alves (UniCEUB) Profa. Dra. Beth Brait (PUC-SP) Profa. Dra. Denize Elena Silva Garcia da Silva (UNB) Prof. Dr. Dominique Ducard (Université Paris-Est Créteil, França) Prof. Dr. Dominique Maingueneau (Université Paris IV-Sorbonne, França) Profa. Dra. Dylia Lysardo-Dias (UFSJ) Profa. Dra. Emília Mendes (UFMG) Profa. Dra. Fernanda Mussalim (UFU) Profa. Dra. Giani David Silva (CEFET-MG) Profa. Dra. Glaucia Muniz Proença Lara (UFMG) Prof. Dr. Hugo Mari (PUC/MG) Prof. Dr. Ivã Carlos Lopes (USP) Profa. Dra. Ida Lucia Machado (UFMG) Profa. Dra. Lúcia Teixeira (UFF) Profa. Dra. Maria Carmen Ayres Gomes (UFV) Profa. Dra. Marie-Anne Paveau (Université Paris XIII, França) Profa. Dra. M. Cecília P. de Souza-e-Silva (PUC-SP) Prof. Dr. Patrick Charaudeau (Université Paris XIII, CNRS, França) Prof. Dr. Paulo Henrique Aguiar Mendes (UFOP) Prof. Dr. Renato de Mello (UFMG) Profa. Dra. Rita de Cassia Pacheco Limberti (UFGD) Prof. Dr. Roberto Leiser Baronas (UFSCar) Prof. Dr. Sírio Possenti (UNICAMP) Profa. Dra. Sophie Moirand (Université Paris III–Sorbonne Nouvelle, França) Prof. Dr. Wander Emediato (UFMG) Prof. Dr. William Menezes (UFOP) PROJETO EDITORIAL Prof. Dr. André William Alves de Assis (UEL/NAD/FEsTA) SUMÁRIO ORGANIZADORES ............................................................................................................. 3 Organizateurs | Organizadores | Organizing Committee COMISSÃO CIENTÍFICA .................................................................................................... 5 Commission Scientifique | Comisión Científica | Scientific Committee APRESENTAÇÃO DO SIMPÓSIO ...................................................................................... 9 PRÉSENTATION DU SYMPOSIUM .............................................................................................. 11 PRESENTACIÓN DEL SIMPOSIO ................................................................................................ 13 ABOUT THE SYMPOSIUM ........................................................................................................ 15 PROGRAMAÇÃO ............................................................................................................. 17 Programme | Programación | Program PROGRAMAÇÃO GERAL......................................................................................... 19 Programme Général | Programación General | General Program COMUNICAÇÕES COORDENADAS ........................................................................ 23 Communications Coordonnées | Comunicaciones Coordinadas | Coordinated Presentations COMUNICAÇÕES INDIVIDUAIS .............................................................................. 45 Communications Individuelles | Comunicaciones Individuales | Individual Presentations PÔSTERES ............................................................................................................... 79 Posters | Carteles | Posters LANÇAMENTO DE LIVROS ..................................................................................... 85 Lancement de Livres | Lanzamiento de Libros | Book Launch RESUMOS......................................................................................................................... 87 Résumes | Resúmenes | Abstracts MESAS REDONDAS (Professores Convidados) ...................................................... 89 Tables Rondes (Professeurs Invités) | Mesas Redondas (Profesores Invitados) | Round Tables (Invited Guests) COMUNICAÇÕES COORDENADAS ...................................................................... 101 Communications Coordonnées | Comunicaciones Coordinadas | Coordinated Presentations COMUNICAÇÕES INDIVIDUAIS ............................................................................ 213 Communications Individuelles | Comunicaciones Individuales | Individual Presentations PÔSTERES ............................................................................................................. 373 Posters | Carteles | Posters APOIO ............................................................................................................................. 395 APRESENTAÇÃO DO SIMPÓSIO Para dar sequência aos simpósios internacionais realizados em 1997, 2002 e 2008, na UFMG, e outros tantos e relevantes eventos organizados por diferentes grupos brasileiros e estrangeiros que comprovam a consolidação da Análise do Discurso como disciplina, o IV Simpósio Internacional sobre Análise do Discurso, realizado pelo Núcleo de Análise do Discurso (NAD) da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais, pretende, mais uma vez, abrir um espaço de reflexão e de debate para professores, pesquisadores, alunos de pós-graduação e de graduação do Brasil e do exterior em torno de um eixo central: aquele que 9 articula discursos e desigualdades sociais, tema esse dos mais relevantes no contexto mundial da atualidade. A relação entre discursos e desigualdades é ampla e transdisciplinar, o que favorece a participação de diferentes correntes dos estudos do discurso, das ciências da linguagem e de disciplinas afins. Ela envolve tanto as questões relacionadas às desigualdades socioeconômicas quanto étnicas, raciais, de gênero, profissionais, políticas, jurídicas, religiosas, científicas, midiáticas, literárias, publicitárias, de diversidades linguísticas, familiares, regionais, geográficas, identitárias, educacionais, arquiteturais, urbanas, entre muitas outras. Seja no plano do fazer social, espaço externo da produção do discurso, seja no plano interno, linguístico e enunciativo, tal relação entre discurso e desigualdade ocupa um lugar privilegiado no debate contemporâneo, independentemente do contexto geográfico, nacional ou cultural. É o que se pretendemos enfatizar no IV Simpósio Internacional sobre Análise do Discurso, pois compreendemos que esta é uma questão que abrange todas as relações sociais e humanas e que passa, necessariamente, pelo discurso, pela linguagem, por suas condições de produção, emergência, resistência, circulação e representação. Não se trata, porém, de discutir apenas a desigualdade social nos seus aspectos políticos, ideológicos e econômicos, certamente relevantes, mas de identificar e investigar a função e a representação da desigualdade na e pela linguagem, bem como seus modos de funcionamento nas diferentes práticas discursivas. O IV Simpósio Internacional sobre Análise do Discurso: Discursos e Desigualdades Sociais será realizado nos dias 14, 15, 16 e 17 de setembro de 2016, na Universidade Federal de Minas Gerais, em Belo Horizonte - MG, no Brasil. O evento contará com conferências, mesasredondas, comunicações individuais e coordenadas, minicursos, apresentação de pôsteres e lançamento de livros, o que, além de propiciar amplas possibilidades de participação a todos os interessados, reitera o caráter interdisciplinar da AD e sua importância no âmbito dos Estudos Linguísticos e Discursivos. 10 PRÉSENTATION DU SYMPOSIUM Dans la suite des symposiums internationaux d’analyse de discours réalisés en 1997, 2002 et 2008, dans l’UFMG, et parmi tant d’autres rencontres importantes sur ce sujet, réalisées par différents groupes de recherche (brésiliens et étrangers) – ce qui confère une juste place à l’analyse du discours en tant que discipline appartenant aux Sciences du langage -, le IV Simposium International sur l’Analyse du Discours, organisé par le Núcleo de Análise do Discurso (NAD) de la Faculté des Lettres de l’Université Fédérale du Minas Gerais, a une fois encore l’intention d’ouvrir un espace destiné aux réflexions et discussions sur l’Analyse du Discours. Le Symposium accueillera des professeurs, chercheurs, étudiants de 3e. Cycle ou ceux préparant une licence, du Brésil et d’autres pays, autour d’un axe central : celui qui articule de différents discours portant sur des inégalités sociales, sujet de grand importance dans le contexte mondial d’aujourd’hui. Cette rencontre accueillera des conférences, de tablesrondes, des communications individuelles et coordonnées, des cours de courte durée, de la présentation des posters et consacrera également un espace destiné aux auteurs qui voudront faire paraître ou divulguer des livres (publiés en 2015 ou en 2016). Le Symposium compte sur la participation effective de tous ceux/celles qui s’intéressent aux études discursives et veut réitérer le caractère interdisciplinaire de l’Analyse du Discours et son importance au sein des Sciences du Langage. Le thème proposé par ce nouveau symposium approche les rapports entre les discours et les multiples faces des inégalités sociales. Il s’agit d’un vaste sujet transdisciplinaire qui permettra la participation des chercheurs liés à des courants distincts concernant les études discursives, mais aussi à ceux qui viennent d’autres champs des sciences du langage ou des disciplines qui maintiennent des interfaces avec l’AD. Il ne concerne pas que des inégalités existant dans le domaine socio-économique et idéologique, mais toutes les questions susceptibles de mettre en rapport le langage et l’inégalité et qui se font voir par le biais de plusieurs pratiques discursives: celles qui concernent les ethnies, les genres, la politique, la religion, le pouvoir judiciaire, les productions littéraires, publicitaires, les diversités linguistiques, les différences régionales ou géographiques, identitaires, éducationnelles, liées à l’architecture ou à l’urbanisme des villes, les hiérarchies, etc. Il y a certainement plusieurs occasions de la vie et du discours où le manque d’égalité apparaît. Il s’agit des réalités discursives qui méritent un symposium pour en discuter. Voilà ce que le IV Symposium International sur l’Analyse du Discours se propose de faire. Nous croyons que la question centrale du Congrès traverse toutes les relations humaines et sociales qui passent nécessairement par le discours, par le langage, par ses conditions de production, de résilience, de circulation et de représentation. Il s’agit donc d’un espace destiné à identifier et problématiser les fonctions et les représentations de l’inégalité dans et par le langage, à travers les pratiques discursives les plus diverses et hétérogènes. 11 12 PRESENTACIÓN DEL SIMPOSIO Continuando los simposios internacionales celebrados en 1997, 2002 y 2008, en la Universidad Federal de Minas Gerais, junto a otros eventos relevantes organizados por varios grupos brasileños y extranjeros que demuestran la consolidación del análisis del discurso como un campo de estudios, el IV Simposio Internacional sobre Análisis del Discurso, organizado por el Centro de Análisis del Discurso (NAD) de la Facultad de Letras de la Universidad Federal de Minas Gerais, desea, una vez más, abrir un espacio de reflexión y debate a profesores, investigadores, estudiantes de postgrado y grado del país y del exterior acerca de un eje central: el que articula los discursos y las desigualdades sociales, que es un tema de los más importantes en el contexto mundial actual. El evento contará con conferencias plenarias, mesas redondas, comunicaciones individuales y coordinadas, cursos, presentaciones de carteles y de libros. El tema central de este simposio, la relación entre el discurso y la desigualdad es amplio e interdisciplinario, lo que favorece la participación de las diferentes corrientes de estudios del discurso, de las ciencias del lenguaje y disciplinas relacionadas. Se trata tanto de las cuestiones relacionadas con las desigualdades socioeconómicas, como étnica, racial, de género, profesional, política, jurídica, religiosa, científica, los medios de comunicación, la literatura, la publicidad, la diversidad lingüística, la familia, la regionalidad, la geografía, la identidad, la educación, la arquitectura urbana, entre muchos otros. La relación entre el discurso y la desigualdad ocupa un lugar privilegiado en el debate contemporâneo, lo que justifica el tema de este simpósio. Es lo que quiere hacer el IV Simposio Internacional porque entendemos que este es un tema que abarca todas las relaciones sociales y humanas y que necesariamente implica el discurso, por el lenguaje, por sus condiciones de producción, de emergencia, de fuerza, de circulación y de representación. No es, sin embargo, sólo la desigualdad social, política, ideológica y económica, sin duda relevante, que nos interesa, sino identificar e investigar el papel y la representación de la desigualdad por medio del lenguaje, así como sus modos de funcionamiento en las diferentes prácticas discursivas. 13 14 ABOUT THE SYMPOSIUM Continuing the sequence of international symposia held at the Federal University of Minas Gerais (UFMG) in 1997, 2002 and 2008 and so many other important events organized by several Brazilian and foreign research teams, which consolidate Discourse Analysis as a discipline, the 4th International Symposium on Discourse Analysis, promoted by the Discourse Analysis Nucleus (NAD) of the Faculty of Letters (UFMG), intends, once more, to provide a forum for reflection and debate for professors, researchers, graduate and post-graduate students from Brazil and abroad around a central axis: the one that links discourses and social inequalities, a relevante issue in the global context today. The relationship between discourse and inequality is wide and transdisciplinary, which favors the participation of different streams of discourse studies, language sciences and similar disciplines. It involves not only issues related to socio-economic inequalities, but also many other kind of inequalities: ethnic, racial, professional, political, juridical, religious, scientific, midiatic, literary, regional, geographic, educational, architectural, urban, as well as the inegualities related to language, family, gender and identity, among others. Such a relationship is underscored in contemporary debates, regardless of the geographical, national or cultural context, not only on the social plane, the external space for discourse production, but also on the internal, linguistic and enunciative one. That is what we intend to emphasize in the 4th International Symposium on Discourse Analysis, since we understand that such an issue covers all social and human relations and necessarily involves language / discourse, as well as their production, emergence, strength, circulation and representation conditions. Our aim, however, is not only to discuss social inequality in its political, ideological and economic aspects, which are certainly relevant, but also to identify and investigate the role and the representation of inequality in and through language, as well as its operating modes in different discursive practices. The 4th International Symposium on Discourse Analysis will be held from the 14th to the 17th of September, at the Federal University of Minas Gerais, in Belo Horizonte – MG, Brazil. The event includes plenary lectures, round-tables, individual and coordinated oral presentations, minicourses, poster presentations and book launching which, besides providing wide opportunities for participation, enhances the interdisciplinary nature of DA and its importance in the context of Linguistics. 15 16 PROGRAMAÇÃO 17 18 Programação Geral PROGRAMAÇÃO GERAL Programme Général | Programación General | General Program 14/09/2016 (Quarta-feira) SAGUÃO DO CAD 1 (CENTRO DE ATIVIDADES DIDÁTICAS 1) 7:30 Recepção dos participantes e credenciamento Accueil des Participants et Accréditation | Recepción de Participantes y Entrega de Credenciales | Welcome to Participants and Registration AUDITÓRIO NOBRE – CAD 1 8:30 às 9:30 CERIMÔNIA DE ABERTURA 9:30 às 10:30 CONFERÊNCIA DE ABERTURA Cérémonie d'Ouverture | Ceremonia de Apertura | Opening Ceremony Conférence d'Ouverture | Conferencia de Apertura | Opening Lecture SÔNIA GUAJAJARA (Líder indígena brasileira) As vozes silenciadas das nações indígenas 11:00 às 12:30 CONFERÊNCIA PLENÁRIA 1 Séance Plénière 1 | Sésión Plenaria 1 | 1st Plenary Lecture PATRICK CHARAUDEAU (Université Paris XIII – LCP (CNRS), França) Les inégalités sont-elles solubles dans le discours (As desigualdades são solucionáveis no discurso?) 12:30 às 14:00 Horário livre (almoço) | Déjeuner | Almuerzo | Lunch FACULDADE DE LETRAS (FALE) 14:00 às 15:30 Sessões de Comunicações Coordenadas 15:30 às 16:00 Intervalo - Fixação de pôsteres no saguão do CAD 2 – Faculdade de Letras. 16:00 às 18:00 Sessões de Comunicações Individuais Communications Coordonnées | Comunicaciones Coordinadas | Coordinated Presentations Pause (Installation des posters au CAD 2) | Intervalo (Instalación de los carteles en el CAD 2) | Break (Installation of the Posters at CAD 2) Communications Individuelles | Comunicaciones Individuales | Individual Presentations SAGUÃO DO CAD 2 (FACULDADE DE LETRAS) 18:30 às 20:30 Lançamento de livros Lancement de Livres | Lanzamiento de Libros | Book Launch 19 Programação Geral 15/09/2016 (Quinta-feira) AUDITÓRIOS DA FACULDADE DE LETRAS (FALE) 08:00 às 10:00 MESAS REDONDAS (Professores convidados) AUDITÓRIO 102 (CAD2 - FALE) MESA 1: Discursos, ideologias e desigualdades sociais Sírio Possenti (UNICAMP) - Coordenador; Roberto Leiser Baronas (UFSCAR); M. Cecília P. de Souza-e-Silva (PUC-SP). AUDITÓRIO 104 (CAD2 - FALE) MESA 2: Análise de discurso crítica e estudo das desigualdades Viviane Resende (UnB/CNPq) - Coordenadora; Izabel Magalhães (UFC); Lésmer Montecino (PUC-CHILE). AUDITÓRIO 1007 (FALE) MESA 3: Semiótica e desigualdade social Ivã Carlos Lopes (USP) - Coordenador; Rita de Cássia Pacheco Limberti (UFGD); Lúcia Teixeira (UFF). AUDITÓRIO NOBRE (CAD1) Tables Rondes (Professeurs Invités) | Mesas Redondas (Profesores Invitados) | Round-Tables (Invited Guests) MESA 4: Narrativas de vida e desigualdade Ida Lucia Machado (UFMG) - Coordenadora; Glaucia Muniz Proença Lara (UFMG); Patrick Charaudeau (Université Paris XIII, CNRS-LCP). AUDITÓRIO NOBRE – CAD 1 10:30 às 12:00 CONFERÊNCIA PLENÁRIA 2 Séance Plénière 2 | Sésión Plenaria 2 | 2nd Plenary Lecture SOPHIE MOIRAND (Université Paris 3 – Sorbonne Nouvelle, França) Des mots de l'(in)égalité aux représentations de l'émotion dans les discours des professionnels et les discours ordinaires représentés (Das palavras da (des)igualdade às representações da emoção nos discursos profissionais e nos discursos ordinários representados) 12:00 às 14:00 Horário livre (almoço) | Déjeuner | Almuerzo | Lunch FACULDADE DE LETRAS (FALE) 14:00 às 15:30 Sessões de Comunicações Coordenadas Communications Coordonnées | Comunicaciones Coordinadas | Coordinated Presentations SAGUÃO DO CAD 2 (FACULDADE DE LETRAS) 15:30 às 16:00 Apresentação dos Pôsteres Présentation de Posters | Presentación de Carteles | Poster Presentations FACULDADE DE LETRAS (FALE) 16:00 às 18:00 Sessões de Comunicações Individuais Communications Individuelles | Comunicaciones Individuales | Individual Presentations AUDITÓRIO NOBRE – CAD 1 18:30 às 20:00 CONFERÊNCIA PLENÁRIA 3 Séance Plénière 3 | Sésión Plenaria 3 | 3rd Plenary Lecture TEUN VAN DIJK (Universitat Pompeu Fabra, Barcelona) Discurso e Manipulação 20 Programação Geral 16/09/2016 (Sexta-feira) AUDITÓRIOS DA FACULDADE DE LETRAS (FALE) 08:00 às 10:00 AUDITÓRIO NOBRE (CAD1) MESAS REDONDAS (Professores convidados) Tables Rondes (Professeurs Invités) | Mesas Redondas (Profesores Invitados) | Round-Tables (Invited Guests) MESA 5: Discursos políticos na América Latina e as desigualdades sociais Wander Emediato (UFMG) - Coordenador; Morgan Donot (CREDA CNRS – Université Paris III–Sorbonne Nouvelle - ADAL; Mónica Zoppi-Fontana (UNICAMP/CNPq). AUDITÓRIO 102 (CAD2-FALE) MESA 6: Olhares sobre a desigualdade no discurso Patrick Dahlet (Poslin/UFMG) - Coordenador; Beatrice Turpin (Université de CergyPontoise); Jean-Claude Soulages (Université de Lyon 2, França). AUDITÓRIO 104 (CAD2-FALE) MESA 7: Discurso e exclusão em contextos midiáticos Isabel Roboredo Seara (Universidade Aberta de Lisboa e Centro de Linguística da Universidade Nova de Lisboa) - Coordenadora; Denize Elena Garcia da Silva (UNB); Giani David Silva (CEFET-MG). AUDITÓRIO NOBRE – CAD 1 10:30 às 12:00 CONFERÊNCIA PLENÁRIA 4 Séance Plénière 4 | Sésión Plenaria 4 | 4th Plenary Lecture MARIE-ANNE PAVEAU (Université Paris XIII, França) Le discours des locuteurs vulnérables. Proposition théorique et politique (O discurso dos locutores vulneráveis. Proposta teórica e política) 12:00 às 14:00 Horário livre (almoço) | Déjeuner| Almuerzo | Lunch FACULDADE DE LETRAS (FALE) 14:00 às 15:30 Sessões de Comunicações Coordenadas 15:30 às 16:00 Intervalo 16:00 às 18:00 Sessões de Comunicações Individuais Communications Coordonnées | Comunicaciones Coordinadas | Coordinated Presentations Pause | Intervalo | Break Communications Individuelles | Comunicaciones Individuales | Individual Presentations AUDITÓRIO NOBRE – CAD 1 18:30 às 20:00 CONFERÊNCIA PLENÁRIA 5 Séance Plénière 5 | Sésión Plenaria 5 | 5th Plenary Lecture ALAIN RABATEL (Université de Lyon 1, França) Analyse de discours et inégalités sociales : de l’empathie pour les invisibles à l’engagement pour le commun (Análise do discurso e desigualdades sociais: da empatia para com os invisíveis ao engajamento para com o comum) 21 Programação Geral 17/09/2016 (Sábado) AUDITÓRIOS DA FACULDADE DE LETRAS (FALE) 08:00 às 10:00 MESAS REDONDAS (Professores convidados) Tables Rondes (Professeurs Invités) | Mesas Redondas (Profesores Invitados) | Round-Tables (Invited Guests) AUDITÓRIO 1007 MESA 8: Pluralismos, identidades e desigualdades sociais Leonor Fávero (PUC/SP) - Coordenadora; Yumi Garcia dos Santos (Fafich-UFMG); Guy Lochard (Université Paris III-Sorbonne Nouvelle, França). AUDITÓRIO 1005 MESA 9: Educação e desigualdade social Aracy Alves Martins (FAE/UFMG) - Coordenadora; Maria Dirlene Trindade Marques (FAE/FACE-UFMG); Marisa Ribeiro Teixeira Duarte (FAE/UFMG), Francisco Coutinho (FAE/UFMG). AUDITÓRIO 2001 MESA 10: Discursos, gêneros e desigualdades sociais María Eugenia Flores Treviño (Universidad Autónoma de Nuevo Leon, México) Coordenadora; José Maria Infante Bonfiglio (Universidad Autónoma de Nuevo Leon, México); Claude Chabrol (Université Paris III-Sorbonne Nouvelle, França). AUDITÓRIO 2003 MESA 11: Narrativas de sobrevivência, representações e memória Dylia Lisardo-Dias (UFSJ) - Coordenadora; William Augusto Menezes (UFOP); Paulo Henrique Aguiar Mendes (UFOP). 10:30 às 12:00 AUDITÓRIO 1007 - FALE 12:00 às 14:00 CONFERÊNCIA PLENÁRIA 6 Séance Plénière 6 | Sésión Plenaria 6 | 6th Plenary Lecture DOMINIQUE DUCARD (Université Paris-Est Créteil, França) La division sociale de la langue: la fiction d'une langue populaire (A divisão social da língua: a ficção de uma língua popular) Horário livre (almoço) | Déjeuner| Almuerzo | Lunch FACULDADE DE LETRAS (FALE) 14:00 às 15:30 Sessões de Comunicações Coordenadas 15:30 às 16:00 Intervalo 16:00 às 18:00 Sessões de Comunicações Individuais Communications Coordonnées | Comunicaciones Coordinadas | Coordinated Presentations Pause | Intervalo | Break Communications Individuelles | Comunicaciones Individuales | Individual Presentations AUDITÓRIO 1007 - FACULDADE DE LETRAS (FALE) 18:30 às 20:00 CERIMÔNIA DE ENCERRAMENTO Cérémonie de Cloture | Ceremonia de Clausura | Closing Ceremony 22 Programação: Comunicações Coordenadas COMUNICAÇÕES COORDENADAS Communications coordonnées | Comunicaciones coordinadas | Coordinated Presentations 14/09/2016 (Quarta-feira) – 14:00 às 15:30 SESSÃO 1: SALA 2000 Discurso, texto multimodal e tecnologias Coordenador: Sandro Luis da Silva (UNIFESP) Ana Elisa Ribeiro CEFET-MG Escrita, linguagens e tecnologias: uma pesquisa com estudantes de Ensino Médio Carla Viana Coscarelli UFMG Leitura de textos multimodais no ensino de Língua Portuguesa Luiz Fernando Gomes UFAL Tecnologias, novos letramentos e ativismo social: reflexões sobre uma pesquisa etnográfica com as mulheres da comunidade do Pontal da Barra- Maceió Sandro Luis da Silva UNIFESP Letramentos midiáticos, leitura e produção de sentido: desafios na formação do professor de língua portuguesa SESSÃO 2: SALA 2001 Desigualdade e Cognição: teoria e práticas escolares sociointerativas Coordenadora: Maria do Carmo de Oliveira Moreira dos Santos (UFV - MG) Olga Valeska CEFET-MG O corpo em estado de poesia: a apreensão corporal das linguagens poéticas Emanuela Francisca Ferreira Silva IFSULDEMINAS Literatura e discurso: intersecções possíveis na aprendizagem de língua portuguesa Viviane Cristina Garcia-de-Stefani IFSULDEMINAS Autonomia no processo de ensino e aprendizagem Maria do Carmo de Oliveira Moreira dos Santos UFV - MG Mário e Carlos: texto carta, conhecimentos linguísticos e a conscientização das manifestações culturais, uma visão aberta sobre a Língua Portuguesa SESSÃO 3: SALA 2002 Análise comparativa de discursos: princípios teóricos, metodológicos e análises das desigualdades Coordenadora: Sheila Vieira Camargo Grillo (USP) Sheila Vieira de Camargo Grillo USP Fundamentos teórico-metodológicos de uma análise comparativa de discursos: a divulgação científica no Brasil e na Rússia 23 Programação: Comunicações Coordenadas Flávia Silvia Machado Université de Poitiers A divulgação científica em blogs de língua portuguesa : uma análise comparativa entre discursos do Brasil e Portugal Ekaterina Vólkova Américo UFF A terminologia da Escola Semiótica de Tártu-Moscou nas traduções brasileiras Maria Glushkova USP A análise dos meios de interrupção no discurso científico brasileiro e no russo SESSÃO 4: SALA 2003 Discurso e desigualdades: a interface entre o fazer social e o fazer linguístico Coordenadora: Rosane Santos Mauro Monnerat (UFF) Rosane Santos Mauro Monnerat UFF “Quando rivais viram aliados”: efeitos patêmicos nos discursos desiguais sobre o “onze de setembro” francês Gisella Meneguelli UFF Apologia à polêmica como modalidade argumentativa: o conflito público no Brasil nos protestos de março de 2015 Eveline Coelho Cardoso UFF “Quadro-negro”: a desigualdade como acontecimento midiático no discurso de charges sobre educação SESSÃO 5: SALA 3000 Fundamentos bakhtinianos na análise de interações verbais: a orientação social e ideológica da palavra na constituição de enunciados que circulam nas esferas midiática, política, museológica e educacional Coordenadora: Simone Ribeiro de Avila Veloso (SEESP) Arlete Machado Fernandes Higashi FFLCH-USP O destinatário inscrito na exposição Biomas, do museu Catavento Cultural Inti Anny Queiroz FFLCH-USP O conceito de arquitetônica na história da filosofia e sua construção na teoria bakhtiniana Simone Ribeiro de Avila Veloso SEESP Os modos de recepção dos discursos que permeiam os documentos oficiais legitimadores de políticas públicas de reestruturação da rede pública de ensino do Estado de São Paulo: análise comparativa de enunciados jornalísticos produzidos na mídia de referência e alternativa Sueli Pinheiro da Silva UEPA Discurso, norma e estilo no texto literário: o caso de orações subordinadas sem conjunção SESSÃO 6: SALA 3002 Discursos em tensão: desigualdades sociais e identidades entrelaçadas em cenas plurais e culturas heterogêneas Coordenador: Ernani Cesar de Freitas (UPF/FEEVALE) Vera Lúcia Pires UFSM/UCPEL Identidades de gênero nas práticas discursivas da mídia publicitária Débora Facin UPF/CAPES A voz da desigualdade social: por uma identidade enunciativa da música popular brasileira Raquel Aparecida Cesar da Silva UPF/CAPES O gênero como performance discursiva: uma análise do fenômeno drag queen 24 Programação: Comunicações Coordenadas Gislene Feiten Haubrich FEEVALE/CAPES Refugiados e desigualdade no trabalho: entre o prescrito e o real, o (des)vínculo da alteridade SESSÃO 7: SALA 3009 Desigualdades e identidades: aportes desde la indagación de lo nacional en el discurso Coordenadora: María Beatriz Taboada (CONICET/UNER/UADER) Edith Lupprich Universidad Nacional de Tucumán (UNT). Consejo Nacional de Investigaciones Científicas y Técnicas (CONICET) La nación en discursos entre Europa y la Argentina: ¿única y homogénea? Jesús David Salas Betin Facultad Latinoamericana de Ciencias Sociales Ecuador (FLACSO) Estereotipos y racialización en el discurso de la nación ecuatoriana: Análisis Crítico del Discurso de la marca país “Ecuador Ama la Vida” María Beatriz Taboada Consejo Nacional de Investigaciones Científicas y Técnicas (CONICET), Argentina. Universidad Nacional de Entre Ríos (UNER). Universidad Autónoma de Entre Ríos (UADER) Migrar, permanecer y transcurrir: aproximaciones a la construcción de sujetos migrantes en libros de texto para la educación secundaria argentina SESSÃO 8: SALA 3017 Desigualdade, imaginários sociodiscursivos, discursos discriminatório e de resistência Coordenadora: Beatriz dos Santos Feres Beatriz Dos Santos Feres UFF Charges e cartuns na resistência à desigualdade: estratégias semiodiscursivas da verbovisualidade, do estereótipo à subversão do imaginário Margareth Silva de Mattos UFF Cena de rua e marginal à esquerda: analisando estratégias semiodiscursivas denunciadoras da infância socialmente discriminada e excluída Anabel Medeiros de Azerêdo UFF A influência da desigualdade social nas inferências de memórias discursivas em livros ilustrados SESSÃO 9: SALA 3019 O discurso de divulgação científica no Brasil. Olhares sobre seus diferentes momentos Coordenador: Luiz Rosalvo Costa (USP) Luiz Rosalvo Costa USP A produtividade da concepção bakhtiniana de esferas ideológicas para a análise de enunciados da revista Ciência Hoje nas décadas de 1980 e 1990 Urbano Cavalcante Filho USP/Paris Nanterre Cultura científica e o discurso de divulgação científica no brasil do século xix: uma análise discursiva da unidade arquitetônica das Conferências Populares da Glória Artur Daniel Ramos Modolo USP Curtir, compartilhar e comentar: A responsividade dos leitores de divulgação científica no Facebook Ana Fukui Unisinos O discurso promocional e epistemológico de um texto da revista Ciência Hoje das Crianças 25 Programação: Comunicações Coordenadas SESSÃO 10: SALA 3053 Desigualdade, imaginários sociodiscursivos, ideologia, mídia Coordenadora: Ilana Da Silva Rebello Viegas (UFF) Ilana da Silva Rebello Viegas UFF Mariana e Paris – o que dá capa? Uma análise discursiva do tratamento desigual em fotos e manchetes Nadja Pattresi de Souza E Silva UFF O terror dito, mostrado e construído: uma análise discursiva do verbal e do visual em jornais impressos Glayci Kelli Reis Da Silva Xavier UFF Representações do Nordeste brasileiro nas tirinhas da Turma do Xaxado: os imaginários sociodiscursivos revelados por meio da qualificação SESSÃO 11: SALA 3057 Análise de discurso do fim dos tempos: política como acontecimento Coordenador: Jose Luiz Aidar Prado (PUC-SP) José Luiz Aidar Prado PUC-SP Da antipolítica ao acontecimento Vander Casaqui ESPM Heresias dirigidas à Teologia do Empreendedorismo: considerações sobre a análise crítica da cultura da inspiração Vinicius Prates UPM e UNIP A dieta do fim do mundo: perversões do sujeito do consumo diante da crise ambiental María Cecilia Ipar USP A nova liderança técnico-cínico-perversa da direita anti-populista argentina: uma análise política do discurso nas instâncias de campanha e posse do Pro em 2015 SESSÃO 12: SALA 3061 O discurso da violência em diferentes materialidades Coordenador: Márcio Rogério de Oliveira Cano (UFLA) Márcio Rogério de Oliveira Cano UFLA A manifestação dos estados de violência no discurso jornalístico Luciana Soares da Silva UFLA Representação, gênero e violência no discurso jornalístico Rosângela Aparecida Ribeiro Carreira IFMA Discurso da negritude em José do Nascimento Moraes: ação e reação contra violências e estados de violência Jarbas Vargas Nascimento PUCSP A violência no discurso religioso SESSÃO 13: SALA 3065 Mídia e discurso: as vozes de opressão e de resistência no cotidiano das cidades Coordenadora: Maria Lúcia da Cunha Victório de Oliveira Andrade (USP) Maria Lúcia da Cunha Victório de Oliveira Andrade USP A voz feminina no jornalismo paulista do século XIX : em busca de uma identidade social Kelly Cristina de Oliveira UFMG Cabelo liso e solto ao vento: o racismo na metáfora da boa aparência – uma perspectiva crítica social da linguagem 26 Programação: Comunicações Coordenadas Paulo Roberto Gonçalves Segundo USP #OcupaEstudantes: o discurso de resistência do movimento estudantil secundarista do estado de São Paulo em perspectiva crítico-discursiva SESSÃO 14: SALA 3055A Discurso, trabalho e (superação de) desigualdades Coordenador: Antônio Augusto Moreira de Faria (UFMG/UNA) Maria Juliana Horta Soares UNA Discurso literário e (superação de) desigualdades: trabalhadores como personagens protagonistas na cultura literária brasileira Antônio Augusto Moreira de Faria e Dimas Alberto Gazolla Palhares UNA Discurso histórico e (superação de) desigualdades no trabalho e no transporte: “batistinha”, líder ferroviário até 1964 Clarice Lage Gualberto UFMG Discurso educacional e (superação de) desigualdades: o tema “trabalho” nos Parâmetros Curriculares Nacionais Denise dos Santos Gonçalves CEFET/MG Discurso educacional e (superação de) desigualdades: há diálogo entre PCN e livro didático de Português? SESSÃO 15: SALA 4000 Discursos hegemônicos e sentidos estabilizados na construção da memória Coordenadora: Eliane Righi de Andrade (PUC-Campinas) Eliane Righi de Andrade PUC-Campinas A apropriação do discurso político pela mídia: efeitos de sentido que podem se tornar hegemônicos Maria de Fátima Silva Amarante PUC-Campinas As comunidades facebookianas como dispositivos disciplinares de professores e alunos Ricardo Gaiotto de Moraes PUC-Campinas Reinventando Mário de Andrade: arquivo e recepção crítica Eliane Fernandes Azzari UNICAMP Falácias contemporâneas: o discurso e a práxis na utilização de tecnologias por professores de inglês na educação pública SESSÃO 16: SALA 4006 A linguagem verbo-visual em múltiplos gêneros: um enfoque bakhtiniano Coordenadora: Eliana Vianna Brito Kozma (UNITAU) Miriam Bauab Puzzo UNITAU Linguagem verbo-visual e os efeitos de sentido em reportagem jornalística Joaciana Pessanha Barbosa da Silva UNITAU Os memes como enunciados verbo-visuais e seus efeitos de sentido Claudia Meire Rodrigues UNITAU Sentidos construídos discursivamente nos gêneros: charge e capa do filme “A hora do pesadelo” Eliana Vianna Brito Kozma UNITAU A linguagem verbo-visual na esfera publicitária: os efeitos de sentido nas campanhas da CocaCola 27 Programação: Comunicações Coordenadas SESSÃO 17: SALA 4063 Desenvolvimento de recursos educacionais abertos para a prática de escrita e de leitura: as metas do milênio para a redução das desigualdades em foco Coordenadora: Ana Lúcia Tinoco Cabral (UNICSUL) Ana Lúcia Tinoco Cabral UNICSUL A construção de estereótipos na argumentação pela “melhor idade” na mídia digital: desigualdade no envelhecimento Manoel Francisco Guaranha UNICSUL e FATEC O discurso em torno do Bolsa Família: escrita, leitura e desigualdades em foco Ana Elvira Luciano Gebara UNICSUL e FGV Vozes subalternas, vozes possíveis? A construção do referente violência na expressão no discurso da mulher SESSÃO 18: SALA 4069 Uma categorização dos argumentos de autoridade nos discursos sociais: tendências e reflexões Coordenador: Rony Petterson Gomes do Vale (UFV/CCH/DLA) Mônica Santos de Souza Melo UFV/CNPq O argumento de autoridade como estratégia no discurso religioso Cristiane Cataldi dos Santos Paes UFV/CCH/DLA A utilização do argumento de autoridade como estratégia divulgativa no âmbito da comunicação da ciência Rony Petterson Gomes do Vale UFV/CCH/DLA Argumentos de autoridade e discurso humorístico: da imitação ao método confuso SESSÃO 19: SALA 4071 Diversidade de inscrição de práticas discursivas paratópicas na contemporaneidade Coordenadora: M. Cecília P. de Souza-e-Silva (PUC-SP/CNPq) Marcella Machado de Campos PUC-SP A paratopia identitária de travestis, transexuais e transgêneros M. Cecília P. de Souza-e-Silva PUC-SP/CNPq Discursos de mulheres da periferia de São Paulo: um pertencimento paradoxal Décio Rocha UERJ/CNPq Paratopia dos discursos sobre o trabalho docente em pós-graduação SESSÃO 20: SALA 4067 Discurso, psicanálise e o mal estar contemporâneo Coordenadora: Maria Antonieta Amarante de Mendonça Cohen (UFMG) Maria Antonieta Amarante de Mendonça Cohen O sujeito fragmentado dos dias atuais UFMG Hermínia Maria Martins Lima Silveira UFMG (Re)arranjos sociais e modos de subjetivação do professor na contemporaneidade Iná Maria Nascimento Gomes Silva UFU Os não-lugares do discurso e do sujeito 28 Programação: Comunicações Coordenadas 15/09/2016 (Quinta-feira) - 14:00 às 15:30 SESSÃO 1: SALA 2000 Desigualdade, memória e história: estratégias, normas e densidade histórica Coordenadora: Patricia Ferreira Neves Ribeiro (UFF) Patricia Ferreira Neves Ribeiro UFF Desigualdade no discurso jornalístico: estratégias linguageiras e jogos de poder Luciana Paiva de Vilhena Leite UNIRIO Correspondência e história: produção de memória e ficção de si Iran Nascimento Pitthan UFF O corpo da voz (e o tom discursivo) SESSÃO 2: SALA 2001 Análise dialógica do discurso: o dialogismo como chave para problematizar as relações sociais como compromisso para uma ética da equidade, solidariedade e afetividade social Coordenadora: Angela Maria Rubel Fanini (UTFPR) Angela Maria Rubel Fanini UTFPR Dialogismo: autoria e co-autoria como perspectiva para um novo horizonte de prática sociais mais inclusivas Maria Cristina Hennes Sampaio UFPE As formas de desigualdade no acontecimento do ser-idoso: uma análise dialógica da memória narrativa de velhos Jean Carlos Gonçalves UFPR Fé e liberdade artística em perspectiva dialógica: o ator evangélico na formação universitária em teatro SESSÃO 3: SALA 2002 Desigualdade de gênero no espaço lusófono e seus ecos nas práticas discursivas institucionais Coordenadora: Rosalice Botelho Wakim Souza Pinto (FCSH-UNL) Isabel Sebastião FCT & CLUP - Portugal O género e os estereótipos no cartoon Rosalice Pinto e Isabelle Simões Marques FCSH-UNL-Portugal Polêmica(s), preconceito(s) e discriminação sobre questões de gênero na mídia virtual: estudos de caso em espaço lusófono Maria do Socorro Oliveira Sec. de Estado de Educação e Cultura do Rio Grande do Norte Marcas linguísticas e discursivas da violência contra a mulher em termos de declarações e de depoimentos de inquérito policial Maria de Fátima Silva dos Santos Sec. Municipal de Educação de Santa Cruz As representações discursivas da violência contra a mulher: as marcas linguísticas SESSÃO 4: SALA 2003 Desigualdades e cognição social - aspectos sociocognitivos da construção do sentido e de conflitos conceituais nas práticas discursivas Coordenadora: Edwiges Maria Morato (UNICAMP) Edwiges Maria Morato UNICAMP Gestão do tópico discursivo e coesividade comunicacional na interação entre afásicos e não afásicos 29 Programação: Comunicações Coordenadas Heronides Moura UFSC Implicaturas e metáforas: juntando as pontas do conflito entre dizer e não dizer Neusa Salim Miranda UFJF Frames e discursos - a sala de aula sob a perspectiva de seus atores SESSÃO 5: SALA 3000 A temática da desigualdade em gêneros midiáticos Coordenadora: Maria Aparecida Lino Pauliukonis (UFRJ) Amanda Heiderich Marchon UFRJ A subjetividade discursiva em textos multimodais: charges da Internet Maria Aparecida Lino Pauliukonis UFRJ Enunciatemas ou marcas discursivas subjetivas em video on-line Regina Célia Cabral Angelim UFRJ A construção do sentido por operações de processualização SESSÃO 6: SALA 3002 Discursos sobre refugiados e migrantes na esfera pública portuguesa Coordenadora: Isabel Roboredo Seara (Universidade Aberta de Lisboa e Centro de Linguística da Universidade Nova de Lisboa) Isabel Margarida Duarte Universidade do Porto UP Sequências narrativas ao serviço da emoção: os refugiados vistos por dois cronistas portugueses Maria Aldina Marques e Rui Ramos Universidade do Minho UM Discursos migrantes: estratégias de designação de nós e os outros em discursos de opinião Maria Alexandra Guedes Pinto Universidade do Porto Os refugiados no discurso político eleitoralista UP Isabel Roboredo Seara Universidade Aberta de Lisboa e Centro de Linguística da Universidade Nova de Lisboa Ciberagressividade nos comentários do facebook sobre populações migrantes: a construção discursiva de um ethos intolerante e xenófobo SESSÃO 7: SALA 3009 Direitos, discurso humanitário e transformação social: sujeitos Coordenador: José Ribamar Lopes Batista Júnior (UFPI/LPT) Denise Tamaê Borges Sato UnB Dilemas de professores/as entre a docência e o acolhimento: uma análise das práticas de educação inclusiva Guilherme Veiga Rios INEP/UnB Direito à educação, à aprendizagem e a base comum do currículo para a educação básica José Ribamar Lopes Batista Júnior UFPI/LPT Superação de práticas discriminatórias no atendimento educacional especializado: letramento e discurso Tatiana Rosa Nogueira Dias UnB Representações de gênero e Lei Maria da Penha 30 Programação: Comunicações Coordenadas SESSÃO 8: SALA 3017 Práticas discursivas mineiras: performances identitárias, representações e memória Coordenadora: Maria Alzira Leite (UNINCOR) Maria Alzira Leite UNINCOR A memória no delinear das representações na Folia de Reis Mariana Luz Pessoa de Barros UNINCOR A escola, a escrita e a leitura sob a perspectiva de jovens e adultos do município de Três Corações (MG) Thayse Figueira Guimarães UNINCOR Letramentos híbridos: multimodalidade, performances identitárias e a emergência de um novo ethos interacional SESSÃO 9: SALA 3019 Representações das desigualdades sociais em narrativas de si em diversos corpora Coordenador: Cláudio Humberto Lessa (CEFET-MG) Cláudio Humberto Lessa CEFET-MG Análise das representações das desigualdades sociais sob a ótica feminina em textos autobiográficos de alunas da EJA Mariana Ramalho Procópio UFV Narrativas de vida e relações de poder: representações de patroa e empregada doméstica em um programa de TV Raquel Abreu-Aoki UFMG Análise argumentativa dos novos arranjos familiares Luciana Martins Arruda FASM/FAMINAS A voz e a vez da mulher: um resgate da memória ferroviária em discursos biográficos SESSÃO 10: SALA 3053 Análise do Discurso Ecológica (ADE) -horizontes teóricos, metodológicos e analíticos Elza Kioko Nakayama Nenoki do Couto (UFG) Hildo Honório do Couto UNB-NELIM Fundamentação epistemológica da análise do discurso ecológica (ADE) Alessandro Borges Tatagiba INEP-UNB Desigualdade social nas vozes do rap de Ceilândia: representações da experiência nas interrelações do ecossistema social da língua Mabel Pettersen Prudente UFG-NELIM Discursos sobre diversidade e desigualdade social na fronteira entre Brasil e República Cooperativa da Guiana Samuel de Sousa Silva UFG-NELIM Uma leitura eco-discursiva da identidade caipira na música “Nois é jeca mais é joia” e a formação da identidade do povo goiano (goianidade) SESSÃO 11: SALA 3057 Discurso midiático, construções discursivas e a instância de recepção Coordenador: Hugo Mari (PUC Minas) Juliana Lopes Melo Ferreira Sabino PUC Minas Análise discursiva de comentários em portais de notícias Ana Márcia Ruas de Aquino PUC Minas Narrativas online: o espontâneo, o instantâneo e o passional em abordagens personalizadas pelos usuários de internet 31 Programação: Comunicações Coordenadas Carlucci Medeiros de Souza Lima Intencionalidade, leitura e Internet SESSÃO 12: SALA 3061 PUC Minas (Des)Igualdade e (in)visibilidade no discurso de informação midiático Coordenadora: Giani David Silva (CEFET-MG) Leila Marli de Lima Caeiro CEFET-MG Donas de casa no teatro Entre elas – uma análise discursiva da representação da história dessas mulheres no palco Lílian Aparecida Arão CEFET-MG (Des)Iguais no discurso publicitário: a representação do portador de deficiência em anúncios impressos da AACD Rafael Magalhães Angrisano CEFET-MG Narrativas de resistência: análise da série de reportagens do Repórter Brasil sobre a escravidão negra André Luiz Silva CEFET-MG (In)Visibilidade no discurso de informação midiático: edição, discurso direto e dimensão argumentativa SESSÃO 13: SALA 3065 Do discurso da/na arte: funcionamento e efeitos de sentido Coordenadora: Roselene de Fatima Coito (UEM) Roselene de Fatima Coito UEM Entre o dizer e o mostrar: a ilustração produzindo sentidos Veronica Braga Birello UEM Na sintaxe da narrativa cinematográfica: deslocamentos e transformações em A viagem de chihiro Renata Marcelle Lara UEM Discursos sobre arte-performance no Facebook SESSÃO 14: SALA 3055A Discursos em perspectiva dialógica: áreas em debate Coordenadora: Alessandra Avila Martins (FURG) Adriana Danielski Batista IFRS Construção de sentido no gênero piada: a palavra sob uma perspectiva dialógica Kelli da Rosa Ribeiro PUCRS Concorrência religiosa na televisão: vozes de consumo em conflito no discurso Vanessa Fonseca Barbosa PUCRS O papel do interlocutor no discurso publicitário: tensão e produção de sentidos Alessandra Avila Martins FURG Da escuta à autoria: uma incursão na formação continuada docente SESSÃO 15: SALA 4000 Discursos sobre o outro: ambiguidades entre identidades, imaginários e preconceito de grupos sociais diferentes Coordenadora: Sônia Caldas Pessoa (UFMG) Joana Ziller UFMG Roberto Reis UNA Faça o que eu digo, mas tudo bem se não fizer: discurso de ódio, discursos da Fifa 32 Programação: Comunicações Coordenadas Janaina Dias Barcelos UFMG Imaginários sociodiscursivos das favelas cariocas e de seus moradores a partir da análise do discurso fotojornalístico do jornal O Globo Sônia Caldas Pessoa UFMG Discursos sobre a deficiência: entre a liberdade de expressão, o humor e o ódio nas redes sociais on-line SESSÃO 16: SALA 4006 Materialidades Midiáticas: discursividade em foco Coordenador: Thiago Manchini de Campos (UFPI) Thiago Manchini de Campos UFPI Entre a paráfrase e a polissemia: fotojornalismo, memória e a representação da pobreza João Benvindo de Moura UFPI O muro da inclusão: condições de produção, interdiscurso e estratégias discursivas num ambiente de arte urbana Cássio Eduardo Soares Miranda UFPI Os jovens e as telas: demonização ou divinização da esfera midiática? SESSÃO 17: SALA 4063 Vozes e silêncios dos excluídos na mídia: a representação dos “sem-palavras” Coordenador: Wander Emediato de Souza (UFMG) Wander Emediato UFMG A palavra representada dos excluídos: vozes autorizadas, vozes silenciadas Glaucia Muniz Proença Lara UFMG Aforizações, vozes e silêncios dos excluídos nas mídias André William Alves de Assis UEL - PNPD/CAPES NAD/FEsTA Os modos de controle da irradiação da fala política: as sobreasseverações em debate SESSÃO 18: SALA 4067 Discurso Pedagógico e Relações Etnico-Raciais Coordenadora: Míria Gomes de Oliveira (UFMG) Míria Gomes de Oliveira UFMG De leitor para leitor: ensino da literatura e relações etnico-raciais Audrey Michele Nogueira UFMG Análise do Discurso institucional: A demanda de implementação da Lei nº10.639/03 nos curso de formação inicial da UFMG Silvia Regina de Jesus Costa Galvão UFMG Franz Galvão Piragibe UFMG Diálogos discursivos entre estudos das relações raciais e sociologia e educação SESSÃO 19: SALA 4069 Os corpos, os sujeitos e as modalidades do dizer: a desigualdade em algumas problemáticas foucaultianas Coordenador: Atilio Butturi Junior (UFSC) Sandro Braga UFSC A contradição no dizer de si pautada na vontade de uma verdade acerca da subjetividade transgênero Atilio Butturi Junior UFSC O phármakon e o discurso sobre a terapia antirretroviral 33 Programação: Comunicações Coordenadas Fábio Francisco Feltrin de Souza UFFS O discurso histórico entre a referência e a representação SESSÃO 20: SALA 4071 Processos identitários de sujeitos entre-línguas e culturas: questões de exclusão e resistência Coordenadora: Celina Aparecida Garcia de Souza Nascimento (UFMS/CPTL) Claudete Cameschi de Souza UFMS/CPTL Celina Aparecida Garcia de Souza Nascimento UFMS/CPTL c Os Kinikinau: processos identítários e a luta pela terra Nair Cristina Carlos de Medeiros UFMS/CAPES A vivência territorial e o processo de constituição identitária entre Os Terena do MS Beatriz Maria Eckert-Hoff UDF e UNICSUL Escritas de si de sujeitos entre-línguas: um estudo discursivo em cartas Angela Derlise Stübe /UFFS Eliana Canova/UFFS Memória e exclusão: silenciamento de povos indígenas 16/09/2016 (Sexta-feira) - 14:00 às 15:30 SESSÃO 1: SALA 2000 Emoções e desigualdades sociais Coordenadora: Lúcia Helena Martins Gouvêa (UFRJ) Lúcia Helena Martins Gouvêa Pathos e questões de gênero UFRJ Mário Acrisio Alves Junior UFES/CAPES/FAPES A crônica jornalística dando voz às minorias emudecidas: o contrato, as emoções e as identidades em foco Luana Maria Siqueira Machado UFRJ A desigualdade reforçada pela patemização em crônica de Zuenir Ventura SESSÃO 2: SALA 2001 Les mots de l’(in)égalité au fil des discours de la presse : une approche sémantique et discursive des mots et notions associés Coordenadora: Sophie Moirand (Université Paris III- Sorbonne Nouvelle) Michele Pordeus Ribeiro Université Paris III-Sorbonne Nouvelle Pascale Brunner Université de Poitiers - FoReLL A L’« inégalité » dans le discours de la presse française sur les attentats en France Pascale Brunner Université de Poitiers - FoReLL A Michele Pordeus Ribeiro Universidade Sorbonne nouvelle - Paris 3 Les attentats en France vus par les presses brésilienne et allemande Sandrine Reboul-Touré Université Paris III-Sorbonne Nouvelle Sophie Moirand Université Paris III-Sorbonne Nouvelle Interaction entre deux événements de l’année 2015 qui reposent sur un sentiment d’inégalité : la crise des migrants en Europe et la COP 21 34 Programação: Comunicações Coordenadas SESSÃO 3: SALA 2002 Discursos de professores de línguas estrangeiras: representações, formação e (des)construção identitária Coordenadora: Vanderlice dos Santos Andrade Sól (IFMG – Ouro Preto) Kátia Honório do Nascimento UFVJM/UFMG A (des)construção de representações sobre professores de inglês de escolas públicas através do programa PIBID-Letras-Inglês Fernanda Peçanha Carvalho UFMG Representações acerca da língua espanhola como valor na dimensão escolar, curricular e para os estudantes Valdeni da Silva Reis UFMG O professor de inglês de contextos de privação de liberdade: vozes, formação, representações e identidade Vanderlice dos Santos Andrade Sól IFMG - Ouro Preto Mexeu com a gente, foi mexer com quem tava quieta, adormecida: educação continuada, (in)esperado e (re)invenção SESSÃO 4: SALA 2003 O percurso do verbo na gramática brasileira: séculos XIX e início do XX Coordenadora: Leonor Lopes Fávero (USP/PUC-SP) Leonor Lopes Fávero USP/PUC-SP O verbo no início do século XX Márcia Antonia Guedes Molina UFMA O verbo no início do século XX Ricardo Cavaliere UFF O verbo em Júlio Ribeiro SESSÃO 5: SALA 3000 Sociedade contemporânea: diversidade e transculturação Coordenadora: Vânia Maria Lescano Guerra (UFMS/CNPq) Vânia Maria Lescano Guerra UFMS/CNPq Um olhar discursivo sobre a cartilha "povos indígenas em espaços urbanos": transculturação e identidade Edgar Cézar Nolasco NECC/UFMS; PACC\UFRJ A (des)ordem epistemológica do discurso fronteiriço Marcos Antônio Bessa-Oliveira UEMS - NAV(r)E/NECC Fronteiras culturais (différences) (coloniales): biogeografias e (des)igualdades sociais Zélia R. Nolasco dos S. Freire UEMS Uma literatura de fronteira: encontro dos povos e de suas culturas SESSÃO 6: SALA 3002 Representações linguístico-discursivas e discurso político: reforma agrária, educação e meio ambiente Coordenadora: Carina Aparecida Lima de Souza (IFTO) Carina Aparecida Lima de Souza IFTO Um plano de desenvolvimento agrário em representações de assentados Kelly Cristina de Almeida Moreira SEEDF O direito de inclusão educacional de crianças e adolescentes no Brasil: uma análise linguístico-discursiva 35 Programação: Comunicações Coordenadas Veralucia Guimarães de Souza IFMT Cadeia de gênero que permeia o contexto de trabalho de catadores de materiais recicláveis SESSÃO 7: SALA 3009 Análise Crítica do Discurso e educação em Ciências Coordenadora: Isabel Martins (UFRJ) Angélica Cosenza UFJF Justiça ambiental e conflito socioambiental na prática escolar docente Laísa Maria Freire NUTES/UFRJ Sama de Freitas Juliani NUTES/UFRJ María Angélica Mejía NUTES/UFRJ Gabriela Ventura NUTES/UFRJ Entendendo processos de desigualdades socioambientais na sociedade contemporânea a partir da Análise Crítica do Discurso: contribuições para a formação docente em ciências Maria Cristina do Amaral Moreira IFRJ O livro didático de ciências e a pesquisa em ensino de ciências: relações menos desiguais entre o discurso da ciência e o pedagógico Rita Vilanova UFRJ Discursos da cidadania no Programa Nacional do Livro Didático SESSÃO 8: SALA 3017 MESA: Pra não dizer que não falei ... da música: memórias, enunciação, ethos, identidades Coordenadora: Claudia Maria Gil Silva (UniFOA) Claudia Maria Gil Silva UniFOA Os ethe em Adoniran Barbosa e as faces (re)veladas pelo humor Marcelo Gomes Beauclair UERJ/COLÉGIO PEDRO II O ethos do ideal romântico na música do Clube da Esquina Maria Aparecida Rocha Gouvea UniFOA “Certas canções que ouço cabem tão dentro de mim”: a subjetividade enunciativa em canções da MPB e a construção do ethos discursivo SESSÃO 9: SALA 3019 Análise do Discurso Ecológica (ADE) - horizontes teóricos, metodológicos e analíticos Coordenadora: Elza Kioko Nakayama Nenoki do Couto (UFG) Elza Kioko Nakayama Nenoki do Couto UFG Antônio Busnardo Filho FIAM/FAMM Narrativa da desigualdade: arquitetura da pobreza Lutiana Casaroli UFG-NELIM Autorreferencilidade midiática: imagem, imaginário Lorena Araújo de Oliveira Borges UnB O estupro nosso de cada dia: discursos sobre a violência contra a mulher na sociedade de riscos Zilda Dourado Pinheiro UFG-NELIM Empoderamento feminino na capoeira angola em Goiânia da perspectiva da análise do discurso ecológica 36 Programação: Comunicações Coordenadas SESSÃO 10: SALA 3053 A questão ambiental e a (re)produção das desigualdades: ideologias e discursos Coordenadora: Doralice Barros Pereira (DEP. DE GEOGRAFIA/UFMG) Eliano de Souza Martins Freitas UFMG/COLTEC Os discursos sobre a água e a produção das desigualdades no contexto da “crise ecológica” Doralice Barros Pereira DEP. DE GEOGRAFIA/UFMG Rogata Soares Del Gaudio COLÉGIO TÉCNICO/UFMG As múltiplas apreensões da cidade - discursos e práticas que promovem desigualdades: em questão a relação entre parques e cidades SESSÃO 11: SALA 3057 Mediação editorial e autoria: a circulação dos discursos da perspectiva dos processos de inscrição material Coordenadora: Luciana Salazar Salgado (UFSCar) Helena Maria Boschi da Silva UFSCar Autoria coletiva e imaginários: indícios da heterogeneidade discursiva em uma coleção didática de português para estrangeiros Luciana Rugoni Sousa UFSCar Revisor: um coenunciador do texto? João Thiago Monezi Paulino da Silva UFSCar O sintagma “complexo de vira-latas” e a gestão da autoria nas crônicas de Nelson Rodrigues Luciana Salazar Salgado UFSCar Autorias, materialidades e meios: modos de gerir a figuração de poeta SESSÃO 12: SALA 3061 Imagens, corpo e memória na ordem do discurso midiático Coordenadora: Denise Gabriel Witzel (UNICENTRO) Denise Gabriel Witzel UNICENTRO Discursos e Imagens da mulher viril Renata C. Bianchi de Barros UNIVÁS-MG Significação e sujeito-autista: corpo-sentido e marcas da alteridade Débora Massmann UNIVAS Sentidos e sociedade: imagens e discursos sobre a “família” brasileira no século XXI SESSÃO 13: SALA 3065 A construção do ethos e pathos nas desigualdades sociais Coordenadora: Simone Sant'Anna (UFRJ) Vanessa Candida de Souza UFRJ Desigualdade política e religiosa: uma análise discursiva dos efeitos patêmicos Claudia Sousa Antunes UNIFA Desigualdade de gênero e ethos militar: uma análise Simone Sant'Anna UFRJ Ethè construídos pelo discurso machista nas redes sociais Giselle Aparecida Toledo Esteves UFRJ Cartas à direção: construção de ethè no ambiente escolar 37 Programação: Comunicações Coordenadas SESSÃO 14: SALA 3055A Fronteiras invisíveis: materialidade discursiva, história, memória Coordenadora: Aline Fernandes de Azevedo Bocchi (IEL/UNICAMP - PHIM - PNPD/CAPES) Aline Fernandes de Azevedo Bocchi IEL/UNICAMP - PHIM - PNPD/CAPES A maternidade nas prisões: o avesso de uma formação discursiva Thales de Medeiros Ribeiro IEL/UNICAMP - PHIM - CNPq-Brasil As metamorfoses da literatura fantástica: metáfora e segredo em contos de José J. Veiga e Murilo Rubião Karine de Medeiros Ribeiro IEL/UNICAMP - PHIM - CNPq-Brasil A praia é democrática? História, memória, desigualdade SESSÃO 15: SALA 4000 Imagens de mulher na mídia: desigualdades e estereótipos Coordenadora: Silvia Maria de Sousa (UFF) Alexandra Robaina dos Santos UFF Jout Jout: a construção discursiva da mulher contemporânea na internet Matheus Nogueira Schwartzmann UNESP Receita de mulher: formas de vida no GNT Naiá Sadi Câmara UNIFRAN O discurso da desigualdade: uma análise das formas de vida da narrativa seriada “Orange is the new black” Silvia Maria de Sousa UFF Receita de mulher: formas de vida no GNT SESSÃO 16: SALA 4006 Letramentos sociais, discurso midiático, projeto iconográfico e identidade: possibilidades de análises semióticas dos discursos Coordenadora: Eliane Aparecida Miqueletti (UFGD) Eliane Aparecida Miqueletti UFGD Os discursos escolares na construção da identidade indígena Paulo Gerson Stefanello UFSCar Letramentos sociais na reserva indígena de Dourados/MS: características do diálogo cultural a partir da tradução em contexto complexo Anailton de Souza Gama DINTER UPM/UFMS A subjetivação da linguagem no projeto iconográfico de “Mato Grosso do Sul – Estado do Pantanal” Tania Regina Montanha Toledo Scoparo UEL A construção de sentido no discurso de textos midiáticos SESSÃO 17: SALA 4063 Crianças de rua no discurso midiático Coordenadora: Doris Martínez Vizcarrondo (UPR) Guy Pinto de Almeida Junior ESPM Sem-teto no discurso jornalístico Comunicação, discursos e biopolíticas do consumo Tania Marcia Cezar Hoff ESPM Anthony Diaz UPR Delinquência, Juventude e reguetón 38 Programação: Comunicações Coordenadas Marcos Maurício Alves da Silva ESPM A rua como espaço da morada: representações do rap brasileiro e porto-riquenho sobre as crianças de rua SESSÃO 18: SALA 4067 Razão sensível e polarização política Coordenador: Carlos Fernando Jáuregui Pinto (UNA) Carlos Fernando Jáuregui Pinto UNA Afetos em disputa: razões e economias patêmicas no contexto eleitoral Cláudia Chaves Fonseca UNA Educação e Comunicação como leitura crítica do mundo e de si mesmo: análise dos vídeos veiculados pela TV Carta em outubro/2014 Maria Magda de Lima Santiago FALE-UFMG / UNA Intertextualidade no discurso político das ruas: entre brados e diálogos Izabella dos Santos Martins UNA Construção e representação da realidade no discurso oposicionista: uma abordagem crítica de vídeos veiculados pela TV Carta em outubro/2014 SESSÃO 19: SALA 4069 O documentário em animação: memória, construção identitária e recentes movimentos migratórios no oriente médio Coordenadora: Glória Dias Soares Vitorino (UNILESTE) Glória Dias Soares Vitorino UNILESTE A primazia do interdiscurso no discurso de construção identitária de Marjane Satrapi no documentário em animação “Persépolis” Ana Cláudia de Freitas Resende UNILESTE O documentário em animação: (im)possíveis limites entre ficção e não ficção Luiz Antônio da Silva UNILESTE “Persépolis” – opressão e resistência frente aos fundamentalismos contemporâneos SESSÃO 20: SALA 4071 Em cena: histórias de acesso à cultura escrita Coordenadora: Maria Ester Vieira de Sousa (UFPB - Campus I) Maria Ester Vieria de Sousa UFPB - Campus I Histórias de aprendizagem da leitura: memórias de sujeitos leitores Laurênia Souto Sales UFPB - Campus IV Nas histórias de professores de Português: a leitura (in)certa Thiago Trindade Matias UFAL Cultura escrita na escola: entre histórias de vida e memórias de leitores SESSÃO 21: SALA 4073 O papel da mídia e o outro no acontecimento discursivo Coordenador: Fabio Elias Verdiani Tfouni (UFS) Fabio Elias Verdiani Tfouni UFS Posições discursivas e ideológicas sobre o papa Francisco na mídia Wilton James Bernardo-Santos UFS Acontecimentos na França: o papel da mídia no processo de construção Maria Emília de Rodat de Aguiar Barreto Barros “Amistad”: disciplina do corpo, da alma 39 UFS Programação: Comunicações Coordenadas 17/09/2016 (Sábado) – 14:00 às 15:30 SESSÃO 1: SALA 2000 Contextos de dissenso político: ações de textualização/discursivização como recursos de (des)legitimação social Coordenadora: Anna Christina Bentes (UNICAMP) Anna Christina Bentes UNICAMP Estilização da linguagem e categorização social no facebook: lutas por legitimação social na arena política brasileira Hosana dos Santos da Silva UNIFESP Inserção e (des)legitimação dos médicos cubanos no Brasil Edwiges Maria Morato UNICAMP Processos de (des)legitimação linguístico-cognitiva: notas sobre o “campo” das patologias SESSÃO 2: SALA 2001 Violência, discriminação e preconceito em práticas discursivas contemporâneas Coordenadora: Maria Virgínia Leal (UFPE) Maria Virgínia Leal UFPE Preconceito e violência: uma análise de discursos intolerantes religiosos em redes sociais Morgana Soares da Silva UFRPE Ethos de violência e ciberviolência contra professores, uma visita atualizada a comunidades virtuais Jaciara Josefa Gomes UPE Entre novinhas e sapequinhas: analisando os modos de identificação no funk-brega pernambucano SESSÃO 3: SALA 2002 Desigualdades - Humor, política e íconotextos Coordenadora: Sidnay Fernandes dos Santos (UNEB) Sidnay Fernandes dos Santos UNEB Circulação de sentidos em imagens fotográficas Sarah Menoya Ferraz UFSCar A derrisão antirreligiosa Jorcemara Matos Cardoso UFSCar A mulher na f(r)esta: dos produtos de consumo ao consumo da cultura – o poder da propaganda SESSÃO 4: SALA 2003 Estereótipos e clichês em diversos mídiuns: considerações teórico-metodológicas Coordenador: Roberto Leiser Baronas (UFSCar) Sírio Possenti UNICAMP Estereótipo e protótipo: preconstruído e discurso transverso Anna Flora Brunelli UNESP-IBILCE Mais razão e menos emoção: estereótipos de mulher no discurso de autoajuda e a Teoria da Justificação do Sistema Júlia Almeida UFES Estereótipos e representações da favela e de seus moradores no discurso promocional do Rio Olímpico 40 Programação: Comunicações Coordenadas Roberto Leiser Baronas UFSCar Notas sobre estereótipos, clichés e acontecimentos discursivos morais na comunicação política brasileira: as supostas gafes de Dilma SESSÃO 5: SALA 3000 Futebol e discurso da desigualdade social Coordenador: Elcio Loureiro Cornelsen (UFMG) José Carlos Marques UNESP O Haiti é aqui: futebol, fanatismo e desigualdade social no documentário O dia em que o Brasil esteve aqui, de Caíto Ortiz e João Dornelas Elcio Loureiro Cornelsen UFMG Futebol e discurso da desigualdade social em canções da Música Popular Brasileira SESSÃO 6: SALA 3002 Novas Perspectivas na Análise de Discurso Crítica Coordenadora: Maria Izabel Magalhães (UFC) David Barbosa de Oliveira UFC Izabel Magalhães UFC-UNB Direito e Análise de Discurso Crítica Ana Cláudia Barbosa Giraud UFC Globalização, ensino de línguas e ADC Lorena Araújo de Oliveira Borges UnB/Capes A Análise De Discurso Crítica e o estudo das identidades de gênero Viviane M. Heberle UFSC/CNPq Multimodalidade, multiletramentos e Análise Crítica Do Discurso SESSÃO 7: SALA 3009 Práticas de exclusão e inclusão social Coordenadora: Lucia Teixeira (UFF/CNPq) Lucia Teixeira UFF/CNPq Fronteiras e travessias numa instalação de Francis Alys Eliane Soares de Lima UNIFRAN Entre limites e limiares: práticas de exclusão e inclusão em Passageiro do fim do dia, de Rubens Figueiredo Jean Cristtus Portela UNESP/CNPq Figuras da inclusão em L’Arabe du futur, de Riad Sattouf Ivã Carlos Lopes USP Exclusivos e excluídos numa sociedade do privilégio: Ricardo Aleixo e a desigualdade escancarada SESSÃO 8: SALA 3017 Divulgação científica, múltiplos letramentos: ações de textualização/ discursivização como recursos de (des)legitimação social Coordenadora: Maria Eduarda Giering (UNISINOS) Maria Eduarda Giering UNISINOS O discurso promocional da divulgação científica midiática para crianças: relação entre ciência e vida social 41 Programação: Comunicações Coordenadas Juliana Alles de Camargo de Souza UNISINOS Texto e discurso no infográfico de Divulgação Científica na Mídia (DCM): da tese acadêmica ao fascículo jornalístico LER para crianças e adolescentes Vivian Cristina Rio Stella UNIANCHIETA -PUC/SP O papel da divulgação cientifica midiática no letramento acadêmico: uma experiência em curso de extensão Márcia Mendonça UNICAMP Mediação docente e apropriação dos gêneros reportagem de divulgação científica e artigo de divulgação científica: aspectos de um projeto didático interdisciplinar SESSÃO 9: SALA 3019 Práticas discursivas sobre (in)corpo(reidade): regimes do olhar e do dizer Coordenadora: Ismara Tasso (UEM) Ismara Tasso UEM Dobras das desigualdades em tela: subversão dos corpos em transformação Rafael de Souza Bento Fernandes UEM Cheiro é discurso: práticas midiáticas sobre a (in)corporalidade na construção do sujeito viril Jefferson Campos UEM/FAMMA Desigualdades sociais, inovação e acontecimentalização: (i)materialidades do corpo no mosaico da rede SESSÃO 10: SALA 3053 Das margens ao centro: minorias e marginalizações sociais Coordenadora: Maria Clara Maciel de Araújo Ribeiro (UNIMONTES) Maria Clara Maciel de Araújo Ribeiro UNIMONTES Surdos acadêmicos e as transformações imagéticas da comunidade surda brasileira Manuella Felicíssimo CEFET Corpo, identidade e sexualidade como mecanismos de controle e exclusão social: uma análise do discurso sobre a transgeneridade Carla Roselma Athayde Moraes UNIMONTES O discurso paródico e o desmascaramento da condição da velhice Gustavo Leal Teixeira IFNMG Cicatrizes da colonização: o autodesprezo retratado em excertos de Os versos Satânicos SESSÃO 11: SALA 3057 Discurso, mídia e desigualdades sociais Coordenador: Conrado Moreira Mendes (PUC-MG/FIP) Conrado Moreira Mendes PUC-MG/FIP A discursivização da “nova classe C” na telenovela Lívia Borges Pádua PUC-MG/UFSCAR A campanha eleitoral para os pobres: o discurso de Aécio Neves no Horário Gratuito de Propaganda Eleitoral Adinan Carlos Nogueira PUC-MG/UNIVERSIDADE LUSÓFONA PORTUGAL Literacia em saúde: discurso midiático e desigualdades sociais 42 Programação: Comunicações Coordenadas SESSÃO 12: SALA 3061 Da língua pra fora: limites e bordas do (in)dizível Coordenador: Lauro José Siqueira Baldini (UNICAMP) Ana Paula El-Jaick UFJF Desigualdades como (diferentes) formas de vida ou diferentes formas de vida e incomunicabilidade ou a trilogia da incomunicabilidade de Antonioni (mais “O deserto vermelho”) Glória da Ressurreição Abreu França UFMA Um “país mestiço” com “cidades de herança europeia” : em um corpo brasileiro (mestiço) vive uma alma europeia? Tyara Veriaro Chaves UNICAMP “Im itiri i di timinhi di im pinhi”. As mulheres na escrita de Angélica Freitas Lauro José Siqueira Baldini UNICAMP Cenas do erótico no político ou e veio aquele beijo SESSÃO 13: SALA 3065 A desigualdade refletida na mídia: novas abordagens da indústria midiática e cultural brasileira? Coordenadora: Renata Mancini (UFF) Renata Mancini UFF A desigualdade como ponto de partida e de chegada na animação “O menino e o mundo” Regina Souza Gomes UFRJ O tema da desigualdade social e aspectualização actancial em “Que horas ela volta?” Oriana de Nadai Fulaneti Luta armada ontem e hoje UFPB Alexandre Marcelo Bueno PUC-SP (Des)valorizações em torno das imigrações contemporâneas no Brasil SESSÃO 14: SALA 3055A Desigualdades e resistências: discursos em luta Coordenadora: Águeda Aparecida da Cruz Borges (UFMT/CUA) Águeda Aparecida da Cruz Borges UFMT/CUA A “lei da compensação”: uma análise de textos da política nacional da igualdade racial Mónica G. Zoppi Fontana UNICAMP/CNPq Enunciação/legitimação: a dupla face do dizer político Ana Josefina Ferrari UFPR As cores do Brasil quilombola Mariana Jafet Cestari UNICAMP Vozes - mulheres negras na poesia 43 Programação: Comunicações Coordenadas 44 Programação: Comunicações Individuais COMUNICAÇÕES INDIVIDUAIS Communications individuelles | Comunicaciones individuales | Individual presentations 14/09/2016 (Quarta-feira) – 16:00 às 18:00 ÁREA TEMÁTICA Desigualdade, Ciência e Discurso Científico. 1 SALA 2000 SESSÕES DE COMUNICAÇÕES INDIVIDUAIS Ilderlândio Assis de Andrade Nascimento UFPB Entre fronteiras: a autoria do discurso monográfico Letícia Moreira Clares UFSCar Mediação editorial na comunicação científica: imaginários de ciência e a produção de valor Juliana Maria Gonçalves da Silva /+ Coautor POSLIN-FALE-UFMG Annallena de Souza Guedes UFMG O discurso acadêmico sob a perspectiva da Linguística Sistêmico-Funcional: mapeamento de diferentes abordagens ao tratamento da doença falciforme Bruno Focas Vieira Machado UFMG Pela preservação de uma desigualdade: entre o discurso da ciência, o discurso do capitalismo e a psicanálise Rodrigo Araújo e Castro UFMG Francieli Silvéria Oliveira UFMG Adriana Alves Pinto Ferreira UFMG A desigualdade social na análise do discurso da ciência à luz da Linguística Sistêmico-Funcional Desigualdade e Narrativas de vida 2 SALA 2001 Érica Alessandra Fernandes Aniceto IFMG As construções discursivas de alunos de EJA matriculados em uma escola pública de periferia: um estudo sobre as narrativas de resistência Cleide Emília Faye Pedrosa UFS Estudo de narrativas de vida da comunidade surda sob a perspectiva da Análise Sociológica e Comunicacional do Discurso Magali Simone de Oliveira UFSJ #PrimeiroAssédio: cronotopos metálicos de uma nova narrativa biográfica? Nicolas Schongut Grollmus Universidad Gabriela Mistral Narrativa, género y desigualdad: una aproximación reflexiva al estudio del dolor cronificado Aline Torres Sousa Carvalho UFMG Análise do discurso e narrativa de vida: em busca de interfaces 45 Programação: Comunicações Individuais Desigualdade e Discursos sobre Deficiências e Necessidades Especiais Dani Cristina de Castro Andrade e Gonçalves FEOL Análise das práticas discursivas de crianças com transtorno do espectro autista Alecrisson da Silva UFS A constituição do aluno surdo segundo perspectiva docente: um estudo com base no viés da Análise Crítica do Discurso – ACD 3 SALA 2002 Ana Paula Oliveira e Fernandes UFGD Desigualdade e surdez: reflexões sobre a escrita do surdo, segundo uma experiência pessoal Fabiane Ferreira da Silva Moraes UFGD Surdez, língua e desigualdade: análise do discurso oficial a partir da Lei 13.146/2015 Jaci Leal Pereira dos Santos UEFS A análise textual da charge e a construção de sentido sobre a surdez Desigualdade, Tecnologias e Dispositivos. 4 SALA 2003 Camilla Ramalho Duarte UFF O que eu vejo quase ninguém vê: uma análise semiolinguística da campanha #QuemLiga?, promovida pela ONG Teto e pelo Jornal Sensacionalista Diogo Silva Chagas UFSCar A autoria em questão: processos de destacabilidade no livro “Ô, raça! Má notícia é a maior diversão: o humor de Tutty Vasques na internet” Halanna Souza Andrade / + coautor UESB Articulações entre “voz” e Semiolinguística no blog Boteco Clarina Lafayette Batista Melo IFPB Efeitos dos resultados de busca no Google: um modo de reforçar estereótipos e diferenças sociais? Wânia Gomes Mariano Vieira UFG/Catalão O discurso dos memes: a incitação à desconstrução da identidade docente Cellina Rodrigues Muniz UFRN Humor e interdiscursividade na imprensa natalense da Belle Époque Desigualdade, Direito e Discurso Jurídico. 5 SALA 3000 Lorraine de Souza Pereira UERN Gilton Sampaio de Souza UERN Argumentação e retórica no discurso “A história me absolverá”, de Fidel Castro: desigualdade jurídica na defesa criminal de um réu revolucionário Caio Cesar Silva Nascimento CEFET–MG Maria Aparecida da Silva CEFET–MG Os discursos sobre educação e trabalho para os adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa Sandra Nascimento da Hora UFF Todos são iguais perante a lei. Só que não! Lúcia Gonçalves de Freitas UEG Narrativas de violência de gênero em acórdãos do STJ Maysa de Pádua Teixeira Paulinelli PNPD CAPES UFOP Kátia Aparecida Custódio UFOP A construção discursiva da demência em gêneros judiciários do século XIX 46 Programação: Comunicações Individuais Aurelio Agostinho Verdade Vieito UFMG Flexibilização dos direitos trabalhistas – acordos de fatos e verdades falaciosos Desigualdade, Ideologia, Formações Discursivas e Imaginários. Antonio José Filho UEMS Produção textual, discursividade e ideologia no Ensino Médio Elizabeth Antonia de Oliveira UFMG Academia: indústria do texto e choques ideológicos 6 SALA 3002 Hanna Pinheiro Diniz Bezerra UERN Michel Foucault: formação discursiva e discurso José Mágno de Sousa Vieira UFPI O trânsito da língua, o discurso e seu outro: marcas ideológicas de estereótipos relacionados à desigualdade social em traduções de Zapiski iz podpolia, de Dostoiévski José Simão da Silva Sobrinho UFU Da contradição na resistência à família nuclear burguesa Terezinha Ferreira de Almeida /+ Coautor UFMT BR 163 no município de Sorriso: via de acesso ou barreira? Desigualdade, Literatura e Discurso Literário 7 Mayara Yukari Kato UEL A ironia na crônica drummondiana “receita” Michelle Márcia Cobra Torre UFMG O discurso sobre a mulher, a questão da alteridade e da memória em romances históricos latino-americanos contemporâneos SALA 3009 Manuel Santiago Herrera Martínez Facultad de Filosofía y Letras UANL La automitografía: una autorrepresentación literaria en Las genealogías, de Margo Glantz Renata Aiala de Mello UFBA As “quedas” de Emma Bovary: análise discursiva do processo judicial contra Flaubert Rosana Vaz Silveira Feevale A dramatização na cena do storytelling: o discurso pelo ethos da identificação Licilange Gomes Alves UERN Ciranda de pedra: reflexões sobre a desigualdade à luz do realismo crítico urbano Desigualdade, Ethos e Representações Sociais 8 Aykut Ozturk Syracuse University Development Fantasy in Brazil and Turkey Diego Lasio University of Cagliari - ITALY / University Institute of Lisbon – Portugal LGBTIQ Italian activism and the hegemonic discourse about parenting SALA 3017 Luciana Rodrigues d'Anunciação Cefet-MG “Mulheres no Metal”: desigualdade, ethos e representação Marcondes Cabral De Abreu UFAM Análise discursiva da imagem da mulher operária da Zona Franca de Manaus 47 Programação: Comunicações Individuais Glauciane Aparecida dos Santos UFMG/NEIA A representação do negro a partir do discurso observado em Leite Derramado, de Chico Buarque Maria Aparecida de Oliveira Souza Autarquia Municipal do Ensino Superior de Goiana Quilombola: produção de sentidos na construção do sujeito Desigualdade, Cinema, Imagem e Artes 9 Alice Almeida Gontijo Escola de Belas Artes- UFMG Representações do invisível: as artes visuais e os estados de exceção Carolina Assunção e Alves UniCEUB Heróis, vilões, anti-heróis e o imaginário das desigualdades sociais no Cinema Brasileiro SALA 3019 Renato de Mello UFMG Interfaces entre catarse e pathos: alguns apontamentos Santiago Lemos SEDUCE-GO Inclusão Social: possibilidades de acesso aos museus através da impressão 3D Daniela Nery Bracchi UFPE Paula de Souza Sores UFF Desigualdades na circulação e exposição de fotografias: a construção do sentido das imagens fotográficas Caroline da Cunha Moreno FFCLRP- USP As contribuições da poética sociológica para a leitura de imagens: construindo caminhos para uma leitura da imagem sob a perspectiva discursiva Desigualdade, Arquitetura e Urbanidades 10 SALA 3053 Benalva da Silva Vitorio UNISANTOS As relações sociais nos transportes coletivos Agmar Bento Teodoro CEFET – MG Aspectos das campanhas de educação para o trânsito. Um grito a favor da segurança ou um reforço à desigualdade entre os iguais? Lucimery dal Medico /+Coautor FEEVALE Um discurso com relação às políticas públicas habitacionais brasileiras para povos tradicionais Rafaela Defendi Mariano Unicamp Práticas culturais da periferia no campo jornalístico: analisando os processos de legitimação nos quadros “Buzão: Circular Periférico” (TV Cultura) e “Cultura SP” (Rede Globo) Miren Artetxe Sarasola University of the Basque Country Improvisación oral, pensamiento crítico y comportamientos lingüísticos. El discurso que creamos nos crea Desigualdade, Teorias do Texto e do Discurso; Interdisciplinaridades 11 Micheline Moraes UniRitter Luis Paulo Arena Alves UniRitter Discurso em análise: a discursividade como procedimento no processo de compreensão crítica da realidade Daniel Monteiro Neves UFMG O paradoxo da igualdade nas polêmicas SALA 3057 48 Programação: Comunicações Individuais Danillo Mota Lima / + Coautor UFBA “É que Narciso acha feio o que não é espelho”: o corpo-imagem e o discurso do corpo sem limites Soraia Farias Reolon FCRB Referenciação: as cadeias referenciais de um texto escrito e a construção do discurso das desigualdades sociais Alex Fabiani de Brito Torres UFMG Estratégia discursiva de ampliação do conceito sociedade, na extensão universitária pública brasileira Giselle Maria Sarti Leal Muniz Alves UFRJ Operadores argumentativos em anúncios publicitários Desigualdade, Organização Escolar e Discurso Pedagógico 12 Paulo Frederico Homero Junior FEA/USP Construção de uma narrativa hegemônica sobre a adoção das IFRS no Brasil Regina Lúcia Cerqueira Dias UFF Trajetórias escolares e práticas docentes de professoras das camadas populares: reflexões a partir da análise de memoriais acadêmicos SALA 3061 Patrícia de Fátima Souza Costa UFMG A construção da enunciação em livros didáticos voltados para o campo sob a perspectiva da Teoria Semiolinguística Sayonara Miotto Centro Universitário eAprenda eLearning A gestão da ação docente e a diversidade humana Khal Rens UFU Na Moral, língua portuguesa: uma análise da interincompreensão Desigualdade, Organização Escolar e Discurso Pedagógico 13 Nilsa Brito Ribeiro UNIFESSPA Trajetórias identitárias de professores na Amazônia: migração e docência Arabela Vieira dos Santos Silva e Franco UFMG Ser e não ser bilíngue – os posicionamentos no discurso de uma brasileira professora de inglês SALA 3065 Adriana María Helver Universidad Nacional de La Plata La construcción del discurso pedagógico en la clase de Inglés de la Escuela Secundaria de Jóvenes y Adultos: prácticas y estrategias de negociación, desde la reproducción hacia la transformación Amidou Sanogo Université Félix Houphouët-Boigny Cocody Abidjan Le phénomène de l'inégalité sociale dans le discours pédagogique Andrea Rodrigues UERJ Sentidos sobre a desigualdade social de alunos da rede pública de ensino no discurso de uma instituição "parceira" das políticas públicas de educação Desigualdade, Organização Escolar e Discurso Pedagógico 14 SALA 3055A Rejane Rodrigues Almeida de Medeiros UFSCar Ler em voz alta ou ler em silêncio? O tema do ensino da leitura no discurso pedagógico produzido na década de 1930 Cristiane Barbalho da Silva Gaio de Sá UFRJ Análise da utilização de processos referenciais no gênero carta do leitor produzida por alunos do nono ano com uma intervenção de sequência didática, para um ensino crítico 49 Programação: Comunicações Individuais Darryl Hocking AUT University The studio-based and project-led pedagogical model, now universally employed in tertiary art and design Marcela Escobar Segura UPN Mónica Guerrero Garay UFSCar Discurso y Educación: Un análisis discursivo de las políticas educativas en las alcaldías de Bogotá durante el período de 1997-2001 y 2012- 2015 Melissa Gonzales University of the Incarnate Wordi Audra Skukauskaite University of the Incarnate Wordi Official and personal discourses: School leaders’ views on creating open communication Desigualdade, Política e Discurso Político Ana Paula Albarelli USP Uma análise das estratégias de (de)cortesia como mecanismos discursivos de persuasão em interações polêmicas: o debate político 15 SALA 4000 André Henrique Mariz Salmerón UFSJ Governamentalidade neoliberal e desigualdade: uma análise de comentários sobre o Bolsa-Família no portal UOL Dieny Graciely Souto de Souza Melo UEMS Os efeitos de sentido sobre as drogas: discursos motivadores ao (des)uso no ambiente escolar Eliana Amarante de Mendonça Mendes Tortura e discurso UFMG Geisa Fróes de Freitas IFBA A constituição do discurso político contemporâneo e a materialidade sincrética das redes sociais Desigualdade, Mídias e Discurso Midiático Daniela Savaget Barbosa Rezende +/ Coautor Fiocruz Os miseráveis: apontamentos sobre a construção de sentidos da pobreza extrema pelo jornal O Globo 16 SALA 4006 Eliara Santana Ferreira PUC-Minas Estratégias de produção de sentido no discurso midiático Eliziane Cristina daSilva de Oliveira CEFET-MG Representação do sofrimento em capas de jornais brasileiros: coberturas fotográficas dos terremotos no Haiti e no Japão Eric Bortolato Fernandes PUC/SP A desigualdade como lugar retórico na imprensa Luis Henrique Boaventura UPF Reconstrução do ethos em uma propaganda institucional da Petrobras Clécio Luis Gonçalves de Oliveira UFG - Regional Catalão Círculo bakhtiniano e os estudos discursivos: a análise do estereótipo no discurso humorístico 50 Programação: Comunicações Individuais Desigualdade, Mídias e Discurso Midiático 17 SALA 4063 Fernanda Bufoni UNIFRAN O saber e as relações de poder no jornalismo Fernanda Mussalim UFU Ações editoriais e gestão da imagem de autor: em pauta os processos enunciativos de aforização e de destacamento de frases de escritor Flávia Campos Silva UFSJ "Avatares midiáticos” e a “tragédia de mariana”: memória e testemunho das vítimas Gabriele Cerceau Flausino UFOP William Augusto Menezes UFOP Estratégias argumentativas na construção do poder nos jornais marianenses “O Germinal” e “O Cruzeiro” (1930) Fabiana Andrade Santos UESB Valméria Brito Almeida Vilela Ferreira UESB Virgínia Maria Ferreira Silveira Baldow UESB O(s) sentido(s) da palavra “pixuleco” na revista Veja por meio das vozes e axiologias de seus leitores Desigualdade, Religiões e Discurso Religioso 18 SALA 4067 Ricardo Rodrigues de Assis PPGCOM/UFJF As estratégias discursivas acionadas pelo fundador da Igreja Mundial do Poder de Deus (IMPD) na conversão e manutenção de fiéis Shara Lylian de Castro Lopes UFC A interdiscursividade pelas cenas enunciativas religiosas na canção “Súplica cearense” Ayşe Kıran Université de Hacettepe Inégalité, Religons et Discours Religieux: Le Coran et La femme Iptisam Salame Muhammad Universidad de Carabobo Discurso religioso y su relevancia en la legitimación de la violencia de género, exploración desde dos perspectivas árabe y latina Aristóteles de Almeida Lacerda Neto IFMA Diana Sousa Silva IEFA O discurso da salvação: análise das estratégias argumentativas nos enunciados de Jesus dirigidos à mulher samaritana, ao jovem rico e à mulher adúltera Desigualdade, Sexualidade e Relações de Gênero 19 SALA 4069 Rafaella Elisa da Silva Santos UFBA O delineamento da subjetividade e a imersão no mundo das notas aromáticas: estabelecimento de significações em torno da identidade feminina Raquel de Freitas Arcine UEM Silvia Caroline Gonçalves UEM Legitimidade política e relações de desigualdade de gênero Regiany Silva de Freitas PUC-SP A representação da mulher da periferia na grande mídia Sara Isabel Pérez Universidad Nacional de Quilmes Yanel Alejandra Mogaburo Universidad Nacional de Quilmes/ CONICET Violencia de género y desigualdades en los medios masivos de comunicación 51 Programação: Comunicações Individuais Rosane Vicentina Goulart Beltrão CEFET-MG A marca da desigualdade na representação feminina construída na produção jornalística de Clarice Lispector Desigualdade, Racismo e Discursos Étnico-Raciais Ludmila Salomão Venâncio PUC – MG Abordagem metodológica para análise de discursos sociais: considerações a partir das histórias de vida e dos percursos profissionais de professoras negras da UFMG 20 SALA 4071 María Susana Gallardo ISFD Recurrencias en la escritura de relatos de experiencias pedagógicas en contextos de desigualdad (Desigualdad y narrativas de vida) Letícia Santana Gomes CEFET-MG Mulher, pobre e negra: análise autobiográfica da editora mineira independente Maria Mazarello (Mazza Edições) Mírian Lúcia Brandão Mendes UFMG Do antiescravismo ao antirracismo: uma breve análise do discurso contra o racismo do ponto de vista histórico Natália Elvira Sperandio Metáforas do preconceito Desigualdade, Publicidade e Discurso Publicitário 21 SALA 4073 UFSJ Denner Edyzio da Silva FAFICA Um discurso não- normativo na campanha publicitária de "O Boticário" Joyce Leite Marinho UFES Discurso publicitário da cerveja Itaipava Karina Nogueira Druve Novais UFMG O discurso publicitário: as desigualdades entre as instâncias de produção e de recepção Suegna Sayonara de Almeida UERN O enunciado e seus efeitos de sentido nas propagandas de lingerie Du Loren Desigualdade, Discurso e Pobreza 22 Decio Bessa /+ Coautor UNEB/Campus X Discurso e situação de rua em Sergipe Eduardo de Figueiredo Santos Barbabela e Oliveira IESP-UERJ A favela como tema: a cobertura do processo de pacificação das favelas cariocas SALA 4079 Caroline Maria Braciak Reisdorfer UNIOESTE DSM e a Infância Patológica: uma questão de (des) curso Fernanda Laís de Matos UFPE Direitos culturais no discurso recomendatório das Nações Unidas Natália Martins Flores UFPE Isaltina Maria de Azevedo Mello gomes UFPE Um lugar ao sol: desigualdade social naturalizada 52 Programação: Comunicações Individuais 15/09/2016 (Quinta-feira) - 16:00 às 18:00 ÁREA TEMÁTICA Desigualdade, Ciência e Discurso Científico 1 SALA 4079 SESSÕES DE COMUNICAÇÕES INDIVIDUAIS Luana Macieira Barbosa CEFET-MG Do artigo científico à matéria jornalística: uma problemática comunicacional e descritiva de dois discursos sobre o mesmo tema Maria Helena Albé UNISINOS A responsabilidade enunciativa em dossiês que promovem a divulgação da ciência para jovens leitores Nayara Silva Guimarães Pereira UFV A divulgação da ciência na mídia digital: um enfoque sobre o método redução Shirlei Maria Freitas de Mello Senac A construção da identidade cientista feminina Adriana Silvina Pagano /+ Coautores UFMG Kícila Ferreguetti UFMG Júlia Santos Nunes Rodrigues UFMG Adequação cultural de instrumentos da área das ciências da saúde: estudo de aplicação de um protótipo orientado para a interação entre profissionais e usuários do sistema de saúde Desigualdade e Narrativas de vida 2 SALA 2000 Pollyanna Júnia Fernandes Maia Reis UFMG Os contornos discursivos de uma vida - a constituição dos ethé de Paulo Freire Terezinha Coelho de Souza UFGD Da reforma agrária no interior do MS: discursos e relatos dos estudantes assentados Renata Sant'Anna Lamberti PUC – SP Pixo, logo existo: vozes de pixadores da cidade de São Paulo Adrián Vergara Heidke Universidad de Costa Rica El discurso sobre la discapacidad: desigualdad y exclusión generalizadas Nizar Ben Ali Manouba University Linguistic Construction of Identity by Tunisian Employees in Subordinate Positions Desigualdade e Discursos sobre Deficiências e Necessidades Especiais Marivan Tavares dos Santos UNINORTE / SEDUC/AM Uma experiência docente com aluno deficiente visual: perplexidade, dificuldades e possibilidades Michelle Sousa Mussato UFMS Representação do/sobre o surdo indígena Terena 3 SALA 2001 Roberto César Reis da Costa UFBA O discurso ouvintista e a exclusão do sujeito surdo Romana Castro Zambrano UFS A construção discursiva da identidade surda no contexto da educação inclusiva: diferenças e semelhanças entre o Brasil e a Alemanha Rosanny do Perpétuo Socorro de Souza Lima UFRA, SEDUC, SEMEC Entre normas e renormalizações: práticas discursivas do trabalho docente no processo de inclusão escolar de pessoas com deficiência 53 Programação: Comunicações Individuais Ruth Maria Rodrigues Garé PUC-Campinas Escola x família: diferentes contribuições na construção de identidades surdas Desigualdade, Tecnologias e Dispositivos 4 Weidson Leles Gomes UNIFEI Uma arqueologia dos discursos pedagógicos sobre software e educação Luciana Carmona Garcia Manzano UNIFRAN “Não tenho preconceito, mas…”: o jogo discursivo do preconceito nas redes sociais SALA 2002 Márcia Fonseca de Amorim UFLA Discurso, ideologia e representações do sujeito nas redes sociais Murilo Coelho de Moura UFPA Consumidores e empresas no Facebook: transformações nas relações de trabalho e poder Roberto de Farias David Junior UFRJ Subjetividade e desigualdade em textos midiáticos: estudo comparativo de duas notícias Danillo Mota Lima / + Autor UFBA A construção on-line de objetos de discurso e a exposição de si no Scruff Desigualdade, Direito e Discurso Jurídico 5 SALA 2003 Fátima Cristina da Costa Pessoa UFPA A atividade no campo jurídico: práticas discursivas mediadoras Helder Rodrigues Pereira UNIPAC Discurso da caridade e discurso do direito: inclusões excludentes na sociedade Helio Luiz Fonseca Moreira UFPA Práticas discursivas no campo jurídico: os enunciados do STF e STJ que propõem ordenamento de condutas no trabalho desenvolvido nos tribunais de instância inferior Juliana Marques Resende UFMG Desinstitucionalização prisional e o discurso do método APAC Juan Camilo López Universidad de los Andes ¿Qué es tener un caso? Visiones sobre la justicia y la moralidad en un consultorio jurídico de Bogotá Suelem Cristina Silva Bezerra UFPA Relações interdiscursivas na constituição do conceito de personalidade no âmbito de uma sentença penal Desigualdade, Ideologia, Formações Discursivas e Imaginários 6 SALA 3000 Karen Kennia Couto Silva Secretaria UFMG A construção do monolinguismo no ideário brasileiro: uma visão althusseriana sobre o processo Laís Marina de Souza UEL Casamento igualitário: a ideologia como reguladora das condições de produção Anderson Nowogrodzki da Silva UFG Entre movimentos sociais e movimentos de classe: o discurso neo-ateísta e o martelar da resistência 54 Programação: Comunicações Individuais Sueli Paiva dos Santos UFG Aspectos da formação discursiva na constituição identitária do professor da EJA na cidade de Goiás Juliana Karina Voigt UNIOESTE Assédio ideológico nas escolas é crime: proibição, justificativa e efeitos de sentido sobre um projeto de lei Denise de Sousa Assis UFV O discurso religioso midiatizado e as relações homoafetivas: uma análise comparativa entre os discursos do padre Fábio de Melo e do pastor Silas Malafaia Desigualdade, Literatura e Discurso Literário 7 Aline Silvério de Freitas UFG -CAC Discurso literário e a constituição do sujeito-personagem Dorian Gray Carla Prado Lima Silveira Vilela UTFPR Literatura e mundo do trabalho: vozes discursivas sobre o trabalho no romance O homem de macacão, de Oswaldo França Júnior SALA 3002 Cícero Barboza Nunes UFPB Formação discursiva, ideológica e (inter)discursos: uma análise da crônica “Os filhos do lixo”, de Lya Luft Denise Aparecida de Paulo Ribeiro Leppos UFSCar Uma análise discursiva das relações dos discursos sobre desigualdades no discurso literário brasileiro Eliana Dias UFU Maria Cecília de Lima UFU – ILEEL Discurso e representação em "O jardineiro Timóteo" Carlos Antonio Fernandes UFMG As estratégias políticas de “O Bem Amado”: uma construção linguísticodiscursiva da desigualdade social Desigualdade e Movimentos Sociais Carlos Alexandre Nascimento Aragão UFBA O Movimento Sindical à luz dos conceitos bakhtinianos: uma abordagem discursiva 8 SALA 3009 Gilvan Santana de Jesus UFS Impeachment de Dilma Rousseff: a constituição dos sujeitos em cartazes de manifestações Jaqueline dos Santos Batista Soares UFMG Discurso e construção da opinião sobre movimentos populares na mídia impressa Thaiza de Carvalho dos Santos UnB Uma aproximação das ações sociodiscursivas do “Movimento Brasil Livre” à luz da análise de discurso crítica Wilson Malafaia Peixoto PUC-RIO Ocupando novas identidades: uma análise da negociação identitária entre participantes de ocupações alinhados com a luta por moradia Edgar Daniel Manchinelly Mota El Colegio de México Análisis del discuro de la interacción social de la corrupción en México 55 Programação: Comunicações Individuais Desigualdade, Cinema, Imagem e Artes 9 Márcio Ronei Cravo Soares UFMG Sobre o conceito de periferia e o rap: o discurso verbo-musical de Ice Band Marco Antonio Villarta-Neder UFLA Vozes em relações exotópicas sobre desigualdade: análise do documentário “Desigualdade para todos” SALA 3017 Maria Aparecida Resende Ottoni /+ Autor UFU A representação de estereótipos e de desigualdades no stand up: uma análise do gênero Maurício Divino Nascimento Lima UFG Mamonas Assassinas e o Jumento Celestino: O preconceito encoberto pelo humor Richarles Souza de Carvalho UNISUL Memória, gourmetização e elementos tipográficos na construção da persuasãonostálgica Maria Inês Ghilardi-Lucena PUC-Campinas Relações de gênero, identidade e moda Desigualdade, Teorias do Texto e do Discurso; Interdisciplinaridades Alex Caldas Simões UERJ A Estrutura Potencial do Gênero (E) uma teoria pouco falada? Dagoberto Buim Arena UNESP, câmpus de Marília Em torno de Volochinov 10 SALA 3019 Grenissa Bonvino Stafuzza UFG Fundamentos do Círculo de Bakhtin para análise de discursos verbovocovisuais Jônio Machado Bethônico UFMG As contribuições de Norman Fairclough para as investigações sobre o Letramento em Marketing Losana Hada de Oliveira Prado PUC/SP Tradução intersemiótica na perspectiva da análise do discurso Ana Paula Campos Fernandes UNIVALE O rio Doce nos discursos dos viajantes naturalistas e dos gêneros textuais jornalísticos contemporâneos: entre a natureza exuberante e a degradação Desigualdade, Organização Escolar e Discurso Pedagógico Adriana dos Reis UNEB Práticas pedagógicas, desigualdade social e juventude marginal Adriana Pastorello Buim Arena UFU Indícios de autoria em práticas de escrita no ensino fundamental 11 SALA 3053 Amisa Dayane Lima de Gois UFS A relação de subjetividade/alteridade nas produções de textos de estudantes de Letras: Campus Professor Aloísio de Campo s Ana Emilia Fajardo Turbin UnB O ensino de Inglês na escola pública: obrigatório tratado como opcional Audra Skukauskaite University of the Incarnate Wordi Melissa Gonzales University of the Incarnate Wordi Metaphors teachers live by: Discourse and its sociohistorical contexts 56 Programação: Comunicações Individuais Ana Lúcia Guedes-Pinto UNICAMP Autoria nos textos de estudantes-estagiários: compreensões sobre o processo de formação docente Desigualdade, Organização Escolar e Discurso Pedagógico 12 SALA 3057 Andréia Godinho Moreira PUC MINAS A construção discursiva da dificuldade de aprendizagem Carla Cristina Braga dos Santos /+ coautor UFOB Formação docente e discurso: por intelectuais transformadores Andreza Roberta Rocha IEL – UNICAMP O Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (PNAIC) e os Cadernos de Formação de Professores: dispositivos para a (des)igualdade no ensino de língua materna? Atauan Soares de Queiroz IFBA Produção escrita na escola: tecendo caminhos de autoria Pascale Delormas Université Paris-Est Créteil Pratiques enseignantes et inégalités scolaires à l’école primaire en France : de l’effet paradoxal des réformes institutionnelles Desigualdade, Política e Discurso Político Glaucy Ramos Figueiredo UFPA Enunciados proverbiais no apelo à fé cristã: um modelo eficiente da retórica proverbial nos discursos proferidos por Abraão Lincoln 13 SALA 4073 Guilherme Beraldo de Andrade UEMG UNIVAS Francisco e o Parlamento Europeu: a argumentação no discurso Gustavo Ximenes Cunha UFMG O comentário metadiscursivo em debates eleitorais Jéferson Ferreira Belo UNICAMP Proposta para a circunscrição da emergência do “funcionamento discursivo politicamente correto” Jussaty Luciano Cordeiro Junior Centro Universitário Newton Paiva O discurso escancarado: naturalização dos discursos de ódio e preconceito na campanha à presidência de 2014 Lenin Miranda Maldonado Universidad Central del Ecuador La construcción discursiva del Yasuní ITT a través de los discursos de Rafael Correa Desigualdade, Mídias e Discurso Midiático 14 SALA 3061 Adélia Barroso Fernandes UNIBH O ethos profissional construído pelos ombudsmans da Folha de São Paulo Alessandra Folha Mós Landim UFOP A construção discursiva de posicionamentos identitários de jornais marianenses a partir de elementos da representação da meneiridade Amanda Martins dos Reis UEL Rosemeri Passos Baltazar Machado UEL O discurso midiático e a noção de fórmula discursiva Ana Cecília Almeida Accetturi UNICAMP Processos de legitimação no programa televisivo Conexões Urbanas 57 Programação: Comunicações Individuais Anderson Ferreira PUC-SP A censura no discurso midiático: o caso das ocupações contra a reestruturação das escolas públicas do Estado de São Paulo Ana Carolina Vilela-Ardenghi CPPP-UFMS/FEsTA Polícia e(m) discurso: embates na mídia Desigualdade, Mídias e Discurso Midiático 15 SALA 3065 Cleide Lima da Silva USP O éthos polemizador de Charlie Hebdo Deborah Gomes de Paula UNIP-PUC/SP Discurso jornalístico e desigualdade social: implícitos e contextos nas expressões multimodais de textos jornalísticos para a construção do escândalo Cristhiane Ferreguett UNEB Relações dialógicas em revista infantil: o processo de adultização de meninas Luciana Pereira da Silva IFPE Ideologia e meio ambiente: uma análise do discurso da imprensa na informação da temática ambiental Patricia Castillo Universidad Diego Portales El papel del horror en la re-semantización de la justicia social en Chile Tatiana Barbosa de Sousa UEMG; UNIVAS A imagem da mulher nas enunciações sobre cerveja Desigualdade, Religiões e Discurso Religioso Éder Wilton Gustavo Felix Calado UEL O discurso do sermão do monte: a busca por uma sociedade mais justa e fraterna 16 Eduardo Assunção Franco UFMG Igreja Católica, mídia religiosa e a exclusão dos novos modelos de família SALA 3055A Marcus Túlio Tomé Catunda Faculdade Martha Falcão - DeVry Brasil O discurso profético de manipulação do poder, da Igreja Universal do Reino de Deus, em pregações do bispo Edir Macedo Clebson Luiz de Brito UFRN Cenografia messiânica e o problema da luta de classes nas Teses sobre o conceito de história, de Walter Benjamin Rafael Campos Amaral Lobato UFMG Maíra Lobato Bicalho Chagas Moura Campo UFMG A desigualdade social no discurso do Papa Francisco Wendell Lessa Vilela Xavier IFNMG A influência do discurso religioso da IPB na garantia dos direitos humanos e sociais Desigualdade, Sexualidade e Relações de Gênero 17 Andréia Aparecida Thibes Santos Silveira UNICENTRO O corpo do sujeito transexual na (des)ordem discursiva Antônio José da Silva UFAM O Bafon da Linguagem Gay: as implicações do dialeto homossexual na sociedade SALA 4000 58 Programação: Comunicações Individuais Arlete Ribeiro Nepomuceno Unimontes Vera Lúcia Viana de Paes Unimontes Desigualdade, sexualidade: a representação da mulher no gênero publicitário Augusta Cássia Schwtner David UNIFRAN Práticas discursivas machistas e resistências feministas Bárbara Amaral da Silva UFMG A imagem da mulher bruxa e a inferioridade feminina Fábio Araújo Oliveira UNEB Historicização e institucionalização das masculinidades no Brasil Desigualdade, Sexualidade e Relações de Gênero 18 Ceuline Maria Medeiros Santiago /+ Coautor UFPE Travestis e transgêneros e o acesso à Educação Superior Bruna Toso Tavares UFMG #MeuAmigoOculto: Estratégias discursivas utilizadas em uma campanha de miltância feminista online SALA 4006 Carolina Gonçalves Gonzalez UnB Reflexões sobre gênero e diversidade sexual no contexto escolar à luz da Análise de Discurso Crítica Carlos Alexandre Molina Noccioli IFSULDEMINAS/UNESP O tabu sexual na recontextualização do discurso sobre ciência na revista Superinteressante Cristiane Gomes de Souza UFAL A mulher no discurso SEBRAE e parceiros: uma análise das desigualdades de gênero no mercado de trabalho Marta Aguiar da Silva UFV A representação da mulher em situação de rua no jornal O Globo Desigualdade, Sexualidade e Relações de Gênero 19 SALA 4063 Tatiana Emediato Correa UFMG As representações da mulher contemporânea: narrativas de vida nas seções “Eu, leitora” e “Moi, lectrice” nas revistas Marie Claire, brasileira e francesa Paulina Soledad Santander Astorga Pontificia Universidad Católica de Valparaíso/Universidad Técnica Federico Santa María Las identidades de las mujeres emprendedoras en Chile: Significados que circulan en torno a “ser emprendedora” Soledad Martínez Labrín Universidad del Bío-Bío, UBB Análisis feminista del discurso sobre la violencia doméstica construido en folletería del SERNAM, Chile André Luiz dos Santos IFG A construção da imagem da “drag queen” americana: uma análise das particularidades do inglês falado Samara Elisana Nicareta UFSC O discurso epistolar e os manuais de civilidade na construção do imaginário feminino Silvana Cosmo Dias UEMS Diáspora Pós-moderna: exclusão do sujeito idoso 59 Programação: Comunicações Individuais Desigualdade, Racismo e Discursos ÉtnicoRaciais 20 SALA 4067 Camila Couto Teicher El Colegio de México - Colmex O indigenismo como patrimônio: representações do México pré-hispânico nas traduções de O Correio da Unesco Carlos Maroto Guerola UFSC Famílias humildes de pescadores versus índios em extrema pobreza: a representação de atores sociais no discurso midiático sobre demarcação de terras indígenas Daniele de Oliveira UFBA A negação do racismo: proposta de análise discursiva crítica do livro “Não somos racistas”, de Ali Kamel Josias Semujanga Université de Montréal Discours social et ethnicité au Rwanda Daniele Lucena Santos UFMS Claudete Cameschi de Souza UFMS Escola e Território: o discurso legal x discurso Kinikinau Desigualdade, Racismo e Discursos ÉtnicoRaciais Adelson Florencio de Barros UNINORTE Texto, discurso e multimodalidade: imagem da ama-de-leite e suas representações socioculturais no Nordeste patriarcal-escravocrata 21 Lizett Paola López Bajo Universidad Tecnologica de Bolívar Mujeres, mulatas y profesionales: representaciones y discursos SALA 4069 Victor Ariole University of Lagos La présence de discours portugais en Afrique: une analyse de dégré de hauteur d'expression politique Fernanda da Silva Machado UFBA Antirracismos vários: somos todos o quê? Desigualdade, Publicidade e Discurso Publicitário 22 SALA 4071 Lucy Barbosa Duarte De Araújo /+ coautor UNOPAR A representação feminina nas propagandas de automóveis da década de 50 aos dias atuais (2015) Ivandilson Costa UERN/UFPE Da informação à promoção: análise da reestruturação do discurso jornalístico pela publicidade Regina Celia Pagliuchi da Silveira PUC/SP Anúncios multimodais publicitários e a construção de identidade(s) feminina(s): expressões e implícitos Raniere Marques de Melo /+ Coautor UFPB O sujeito com sobrepeso em embalagens de produtos dietéticos: a polifonia em foco Tatiane Chaves Ribeiro PUC/CAPES Silvana Marchesani PUC/UFV A des-construção de papéis identitários de homens e mulheres nas propagandas da Bombril 60 Programação: Comunicações Individuais 16/09/2016 (Sexta-feira) - 16:00 às 18:00 ÁREA TEMÁTICA Desigualdade, Ciência e Discurso Científico 1 SALA 2000 SESSÕES DE COMUNICAÇÕES INDIVIDUAIS André Luiz Rosa Teixeira /+ Coautores UFMG Empoderamento de usuários dos serviços de saúde: um estudo sob a perspectiva da análise do discurso com potencial de aplicação (Appliable Discourse Analysis) Kícila Ferreguetti UFMG Flávia Ferreira de Paula UFMG O discurso do empoderamento/empowerment nas ciências da saúde: estudo exploratório de mineração de textos em corpus comparável bilíngue Antônio Marcos Muniz Carneiro COPPE/UFRJ Hibridização do discurso científico no contexto da complexidade Carla Andreia Schneider UFGD Rita de Cassia Pacheco Limberti UFGD Desigualdade e ciência: o discurso científico sobre as plantas medicinais Êrica Ehlers Iracet UNISINOS A narrativa no discurso de divulgação científica midiática: favorecendo a igualdade no acesso à ciência Desigualdade, Tecnologias e Dispositivos 2 SALA 2001 Quezia dos Santos Lima UFBA/IFBAIANO Feminista ou pró-feminista? Autorização e interdição das vozes no feminismo da web Romilda Meira de Souza Barbosa UFMS Práticas discursivas de inclusão no ensino de língua portuguesa: o uso do Whats App para escrita em L2 pelo deficiente auditivo Sheila Alves de Oliveira UFPE Entre os discursos feministas, machistas e afins: uma análise discursiva das hashtags #MeuAmigoSecreto e #MinhaAmigaSecreta Janayna Bertollo Cozer Casotti UFES Comportamentos enunciativos em ambiente virtual de aprendizagem: discursos sobre a língua em uso na internet María Cristina Arancibia Pontificia Universidad Católica de Chile Lésmer Montecino Pontificia Universidad Católica de Chile Memoria del abuso: construcción discursiva de la ira en comentarios del sitio web Saludos a Martín Desigualdade, Direito e Discurso Jurídico Adriana do Carmo Figueiredo UFMG O relator e a encenação do múltiplo: análise dos atores discursivos e da gestão dos seus pontos de vista no discurso jurídico 3 SALA 2002 Carla Leila Oliveira Campos IPTAN Culpado ou inocente? A construção narrativa da imagem do réu em processos criminais de tráfico de drogas Dionéia Motta Monte-Serrat IEL-UNICAMP A “igualdade para todos” do discurso do Direito e a pluralidade nos modos de apreensão da desigualdade 61 Programação: Comunicações Individuais Douglas do Carmo Araujo UFF “Este fato deixou o autor chocado e humilhado”: o contrato discursivo e a estratégia de captação em petições iniciais Égina Glauce Santos Pereira UFMG O papel da audiência pública no Supremo Tribunal Federal quanto à perspectiva da desigualdade social Camila Cabral Arêas Universidade Paris II - Sorbonne Panthéon-Assas A “estigmação” como argumento: entre denunciação e legitimação da lei do véu integral Desigualdade, Literatura e Discurso Literário 4 SALA 2003 Elisson Ferreira Morato UFMG Pourquoi la fiction? o discurso literário e a desigualdade social Fernanda Moraes D’Olivo FTESM A argumentação e a narratividade na configuração da discursividade do cordel Gabriela Pacheco Amaral UFMG A multiplicidade dos "eus" de Graciliano Ramos na narrativa de vida, Infância Isis Cristina Ramanzini PUC-SP O ethos e a identidade de Monteiro Lobato na construção e transformação dos anos 1930 Lucas Frederico Andrade de Paula UPF Análise discursiva do enunciado: “Um artista da fome”, de Kafka Ana Maria Rocha Soares UESB O espelho da sociedade no sujeito de “O espelho”, de Guimarães Rosa Desigualdade, Cinema, Imagem e Artes Thiago Martins Prado UNEB Os discursos sobre a provisoriedade estética e as suas implicações com o mercado de arte 5 SALA 3000 Lucas Martins Gama Khalil UNIR Ethos e qualidade de voz: aspectos discursivos do death metal María Elisena Sánchez Román Universidad Intercultural de Chiapas Superhéroes a la defensa de Occidente cuando Oriente amenaza la comunidad Lucas Piter Alves Costa UFMG Embates na formação do campo quadrinístico: a trajetória de Rodolphe Töpffer Luciana Cristina de Sousa Ribeiro UFG Rosana Maria Sant'Ana Cotrim UFG Subjetividade na/da EJA: análise do discurso dos alunos do curso técnico integrado em artesanato na modalidade EJA do IFG na cidade de Goiás Lizainny Aparecida Alves Queiróz /+ Autor APMMG-Academia de Polícia Militar de Minas Gerais A Semiolinguística aplicada ao cinema: análise do filme “a história da eternidade” Desigualdade, Teorias do Texto e do Discurso; Interdisciplinaridades Zeneide Resende de Sousa Carvalho PUC/MG Os atos de fala em meio às desigualdades Luiz Claudio Vieira de Oliveira FUMEC Estudo comparativo de diferentes abordagens discursivas 6 SALA 3002 62 Programação: Comunicações Individuais Angélica Ferreira da Fonseca UFRN Responsabilidade enunciativa: a noção do ponto de vista Jéssica de Oliveira da Silva UFF A desigualdade sob uma perspectiva semiótica: o discurso de "amorteamo" Vivia Aparecida da Silva Reis UFSJ O modelo familiar sagrado: uma análise semiolinguística Renata Soneghetti Cauper Pinto FFP-UERJ Produção de textos do tipo argumentativo nas modalidades oral e escrita em uma escola pública na perspectiva da análise do discurso Desigualdade, Organização Escolar e Discurso Pedagógico 7 Josciene de Jesus Lima USF Entre eu e os outros: modos de identificação do(a) professor(a) Josete Rocha dos Santos UFRJ Uma análise crítica de discursos sobre cidadania em materiais educativos para a Educação de Jovens e Adultos SALA 3009 Karyn Meyer UNESP Os gêneros discursivos na alfabetização Laura Amélia Fernandes Barreto UERN Concepções de gênero na escola associadas às diversas disciplinas curriculares Solange Christina Carneiro Rodriguez UEMG/Univás Análise do discurso da Escola em Tempo Integral Virginia Orlando Universidad de la República - Udelar Procesos de socialización académica en la escritura de monografías de humanidades: ¿hacia una educación universitaria igualitaria? Desigualdade, Organização Escolar e Discurso Pedagógico 8 SALA 3017 Tanise Corrêa dos Santos do Nascimento UPF Estudos discursivos e ergológicos: uma interface possível por meio da atividade docente Tatiane Feitosa dos Santos UEMS Readaptação em meio escolar: qual identidade para o professor? Terezinha Maria Marques Teixeira Unimontes Entrelinhas e vozes: o discurso docente sobre a prática de leitura em escolas públicas de Montes Claros – MG Mónica Peña Ochoa Facultad de Psicología Universidad Diego Portales Educación, desigualdad y nuevas élites. Un estudio discursivo crítico en Santiago de Chile Danielle Cristina Mendes Pereira UFRJ Valéria Campos Muniz INES Práticas discursivas na construção da identidade e aquisição da Língua portuguesa como L2 Natália Costa Leite CEFET - UFMG/POSLIN O mal-estar do professor de língua inglesa: narrativas em foco 63 Programação: Comunicações Individuais Desigualdade, Organização Escolar e Discurso Pedagógico 9 Eduardo Lopes Salatiel UEMG A escola no discurso de um adolescente ameaçado de morte por envolvimento com a criminalidade Fabiany Carneiro de Melo UFF Programa “escola sem partido” e seus PLS: uma análise discursiva SALA 3019 Francisco José Caldas Nunes Unimontes Arlete Ribeiro Nepomuceno Unimontes A construção do letramento e da multimodalidade em anúncios publicitários de alunos do ensino fundamental Vítor Lopes Andrade UFSC Elizabete Sanches Rocha UNESP Representações do exterior no manual brasileiro de ensino da língua inglesa Upgrade Eunice Maria da Silva Camargo NEAD Maria Aparecida da Silva Santandel NEAD Sujeito professor: dizer que marca resistência e representação Desigualdade, Organização Escolar e Discurso Pedagógico Carmen Irene Correia de Oliveira UNIRIO As noções de contextualização, situação-problema e interdisciplinaridade nos documentos que embasam o ENEM: uma discussão a partir de dois textos documento básico e do fundamento teórico do ENEM 10 SALA 3053 Dalcylene Dutra Lazarini FASM Desigualdades e dificuldades na educação de jovens e adultos (EJA): o uso de publicidades como uma estratégia para práticas leitoras Daniervelin Renata Marques Pereira /+ Coautor UFMG Recursos educacionais abertos para o ensino superior: um panorama a partir da análise semiótica do discurso Dulce Maria Lopes de Aguiar IFMG/Campus Ouro Preto Preconceito e silenciamento no ensino de literatura Edigar dos Santos Carvalho UFPE O discurso opressor e contraditório de regimento escolar Nathália da Silva de Oliveira UFF O trabalho do professor e a terceirização do ensino de língua estrangeira Desigualdade, Política e Discurso Político 11 Thaís Rios de Aguiar UNIMONTES A Rosa Branca: o ethos da resistência nazista Monica Alvarez Gomes UFMS Desigualdade e Igualdade: por uma teoria argumentativa da analogia SALA3057 Alicia María Elizundia Ramírez Universidad Iberoamericana del Ecuador - UNIB.E El discurso del presidente Rafael Correa frente a las manifestaciones ocurridas en Ecuador durante junio-agosto 2015 Rodrigo Seixas Pereira Barbosa UFMG O argumento ad populum da desigualdade social como subterfúgio retóricodiscursivo 64 Programação: Comunicações Individuais Ana Soledad Montero UBA-CONICET El objeto discursivo "dictadura cívico-militar" en la Argentina reciente: recorridos y genealogías históricas Carlos Salvatore Durán Migliardi Centro de estudios del desarrollo regional y políticas públicas CEDER Universidad de Los Lagos Campo político y discursos sobre la migración en Chile Desigualdade, Política e Discurso Político 12 SALA 3061 Maísa Ramos Pereira UFSCar Procedimentos de legitimação do dizer político: teorias e reflexões Maria Aparecida Silva Furtado UFOP O ethos no discurso de Michel Temer: imagem de um vice-presidente da República na política brasileira Ferhat Balouli Université de Bouira Les inégalités dans le discours politique (Cas des discours électoraux en Algérie) Andrea Guajardo University of the Incarnate Word Critical Discourse Analysis of Testimonios of Latinas in State and Federal Government of the United States Maria do Carmo Gomes Pereira Cavalcanti UNICAP Discurso político, religião e preconceito: um enlace que não cessa de produzir efeitos Desigualdade, Política e Discurso Político 13 Mario Luis Grangeia UFRJ Discursos sobre a desigualdade: três imagens governamentais no Brasil Thiago Fernandes Peixoto Faculdade Guanambi Os apoiadores no contrato político-eleitoral SALA 3065 Natália Rocha Oliveira Tomaz UFRJ Estratégias de desqualificação e exploração do ethos em um debate político: Dilma X Aécio Caterine Galaz Valderrama Universidad de Chile La configuración discursiva de la inmigración como problema desde la intervención social Frédéric Torterat Université de Nice Quelles dénonciations des inégalités sociales dans les discours institutionnels ? (domaines de l'éducation et de la politique éducative urbaine) Paula Camila Mesti UFSCar Entrevistas televisivas com Dilma Rousseff: a desigualdade política feminina na construção e incorporação do ethos Desigualdade, Mídias e Discurso Midiático Suzana Leite Cortez UFPE Representação do discurso outro e construção de ponto de vista em gêneros da mídia 14 SALA 3055A Simone de Paula dos Santos /+ Autor UFVJM O Guernica de Mariana: retroalimentação entre a opinião das mídias tradicionais e as opiniões nas mídias sociais 65 Programação: Comunicações Individuais Danúbia Aline Silva Sampaio UFMG Jairo Venício Carvalhais Oliveira UFMG O “certo” e o “errado” na mídia brasileira: a legitimação da desigualdade social por meio da exclusão de usos linguísticos Lisiane Schuster Gobatto UPF/IFRS A Rede Globo e o acontecimento Diretas Já: do reconhecimento de um erro à produção de novas memórias Ana Virgínia Lima da Silva Rocha UFRN Modalizadores e construção de pontos de vista em reportagens televisivas de jornal local do Rio Grande do Norte Desigualdade, Mídias e Discurso Midiático 15 SALA 4000 Teresinha Souto de Azevedo Campos UFF/CNPq Discursos de poder no cotidiano midiático Vanessa Amin UFMG Efeitos de sentido gerados a partir da cobertura da mídia sobre a PNAD em 2015 Marcelo Eduardo da Silva UEMS Análises sobre estratégias linguístico-discursivas de não assunção da responsabilidade enunciativa no discurso jornalístico Melly Fatima Goes Sena FCMS Euzenir Francisca da Silva FCMS Análise do discurso jornalístico das reportagens em Campo Grande, MS sobre os povos haitianos: apresentação e aceitação do outro por intermédio da enunciação midiática Ângela Teixeira de Moraes UFG e PUC-GO Metodologia de análise do discurso jornalístico a partir de uma construção processual Desigualdade, Mídias e Discurso Midiático Hernán Robledo Nakagawa Universidad Católica de Valparaíso Función valorativa de las nominalizaciones en columnas de economía y negocios 16 SALA 4006 Irene Madfes UDELAR Sin posibilidad de réplica. Discurso de autoridad en un programa radial Nicolás Amoroso Boelcke Universidad Autónoma Metropolitana La desigualdad en los medios imponiendo gobernantes Pablo Segovia Lacoste Universidad de Playa Ancha Problemáticas de las designaciones “Conflicto mapuche” y “Cuestión mapuche” en la prensa escrita chilena desde el Análisis del discurso Antonio Augusto Braighi UFMG O discurso do Mídia Ninja: a (des)igualdade social nas representações e ações midiativistas Desigualdade, Mídias e Discurso Midiático Ariana da Rosa Silva UFF Discursos sobre “desigualdade” nas vozes dos presidenciáveis nos debates televisionados 2014 17 SALA 4063 Bruno Deusdará UERJ O combate à diferença: movimentos de desqualificação na mídia brasileira 66 Programação: Comunicações Individuais Déborah Caroline Cardoso Pereira Rorato UEL Educação brasileira em cena: uma análise do discurso de uma charge online Erike Luiz Vieira Feitosa UTFPR Angela Maria Rubel Fanini UTFPR Indignação e brio: o discurso sobre a improdutividade do trabalhador brasileiro na Folha de São Paulo Adriano Rodrigues de Melo UFMG A construção da identidade do professor na mídia impressa Desigualdade, Sexualidade e Relações de Gênero 18 Gilmar Bueno Santos UFMG Gênero, identidade social e feminismo: abordagem discursiva de periódicos brasileiros do século XIX Cristia Rodrigues Miranda UFMG Mise-en–scène epidítica e a retórica em torno da maternidade SALA 4067 Israel Fonseca Araújo Seduc-PA Discurso jornalístico, política e gênero: (inter)discursos que enunciam a atuação política da mulher, em Igarapé-Miri (PA) Rayén Amanda Rovira Rubio Universidad de Manizales Análisis de las desigualdades de género en el Marco de la Intervención Social para la Superación de la Pobreza en Chile (1990-2010) Pauline Freire Pimenta UFMG Quando elas ganham as capas de revista: a representação da mulher como militante em revistas semanais Desigualdade, Sexualidade e Relações de Gênero Fabiano Ormaneze PUC-Campinas Duílio Fabbri Júnior PUC-Campinas Uma âncora é um outro falar? Pré-construído e efeitos de sustentação sobre homossexualidade no webprograma “Põe na Roda” 19 SALA 4069 Javier Enrique García León Université d´Ottawa De la espectacularización a la transgresión normativizada. Una aproximación al estudio de la representación de los sujetos transgénero en la prensa colombiana Iverton Gessé Ribeiro Gonçalves UPF Práticas discursivas, mulheres e memórias: manifestações culturais e identidade na esteira do discurso em Nova Prata Tatiana Affonso Ferreira UFMG Gênero, maternidade e direitos: o aborto como conduta desviante da mulher Everaldo dos Santos Almeida /+ Coautor PITÁGORAS Roberto Max Louzeiro Pimentel PITÁGORAS Rita Ivana Barbosa Gomes UFMA A mulher pós-moderna nas teias do discurso musical Desigualdade, Racismo e Discursos ÉtnicoRaciais. 20 Poliana Coeli Costa Arantes UERJ O trabalho com refugiados no ensino intercultural de língua: ações para a redução de desigualdades Nathalie Fuchs Sciences Po Paris Une montée en généralité en mots des plus vulnérables SALA 4071 67 Programação: Comunicações Individuais Adriana Recla Sarcinelli FAACZ As relações interdiscursivas e as formas de manifestações culturais em materialidades discursivas indígenas tupiniquins Alessandra Dias Carvalho PUC-SP Indígenas de Mato Grosso do Sul: ethos e representações de si no Facebook Aline Saddi Chaves UEMS A construção do(s) sentido(s) de índio/indígena em um acontecimento discursivo Desigualdade, Racismo e Discursos ÉtnicoRaciais. Carmen Alén Garabato Université Paul-Valéry, Montpellier Egalité des citoyens, inégalité des langues… Quelques réflexions à propos des politiques linguistiques en France et en Espagne 21 Chibane Rachid Centre Universitaire de Tindouf Algérie La représentation de l’altérité et les discours de la différenciation chez les jeunes des quartiers populaires en Algérie SALA 4073 Etheves Cynthia Université de Monpellier 3 Des inégalités linguistiques aux inégalités politiques en Italie Fernanda Silva Dias de Aquino /+ coautor UFRJ Selvagens e domesticados, puros e impuros: um olhar categorizado sobre os índios do Brasil Fernanda Pereira UNIOESTE Kaoana Sopelsa UNIOESTE Sob o véu do discurso: efeitos de sentido produzidos pelo uso do hijab Desigualdade, Racismo e Discursos ÉtnicoRaciais. Gustavo Augusto Fonseca Silva UFMG Os movimentos sociais negros no Brasil e a ressignificação de "quilombo": da criminalização à autoafirmação 22 Icléia Caires Moreira UFMS Um olhar discursivo sobre a produção indentitária e processos de subjetivação do indígena em material didático publicizado no ciberespaço SALA 4079 Isaac D'Leon de Almeida UNIFRAN Da senzala à publicidade: a representação da imagem do negro marcada pelo regime escravocrata Irení Aparecida Moreira Brito UEMS Desigualdades sociais e construções identitárias: reflexos discursivos da Política de Cotas na Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul - UEMS Jessica Fernanda Mezadri UPF A voz dos quilombos: identidade e produção discursiva na manifestação do ethos discursivo João Paulo F. Tinoco Machado UFMS A carta do cacique seattle: um estudo discursivo da construção identitária agonística 68 Programação: Comunicações Individuais 17/09/2016 (Sábado) - 16:00 às 18:00 ÁREA TEMÁTICA Desigualdade, Ideologia, Formações Discursivas e Imaginários 1 SALA 2000 SESSÕES DE COMUNICAÇÕES INDIVIDUAIS 17 de setembro Ana Michelle de Melo Lima /+ Coautor UERN Os efeitos de sentido no discurso da Mafalda: interdiscurso e memória discursiva Andreza Santos Xavier Rodrigues de Carvalho UEMG/FAPP Discursos sobre o negro: mito, história, memória e tradição Daniel Mariano UFSCar É proibido dizer massacre? O silêncio das palavras na história sobre o Massacre do Carandiru Gleici Heringer UFF Silenciar e resistir: posicionamentos em políticas ambientais Monica Fontenelle Carneiro UFMA A violência urbana brasileira: um levantamento dos estudos fundados na Análise do Discurso à luz da metáfora Cleotilde Gonzalez Instituo de Mejoramiento Profesional del Magisterio UPEL Analisis del discurso de la entrevista de selección de personal. Estudio de caso Desigualdade, Ideologia, Formações Discursivas e Imaginários 2 SALA 2001 Shirley Maria de Jesus UFMG A exclusão do outro na Literatura enquanto espaço de conflito social Bárbara Marques Barbosa de Carvalho UFMG O anonimato como estratégia de combate às desigualdades de um mundo panóptico José de Souza Muniz Júnior USP “Independente”: uma fórmula discursiva na produção cultural contemporânea Sabriny Suelen dos Santos UFMG Identidade(s) em questão: A Análise do Discurso e seu papel na construção identitária do sujeito Tânia Maria de Oliveira Gomes UFMG De cabelereiro [sic] a hairstylist: a estetização profissional e seus desdobramentos sociais Maria Lucia Loureiro Paulista PGLETRAS/UEMS/NEAD Uma luta desigual: uma análise do discurso feito por Madre Tereza de Calcutá Desigualdade, Ideologia, Formações Discursivas e Imaginários 3 SALA 2002 Viviane Raposo Pimenta PUCMINAS Direitos humanos, processos discursivos, legitimação da exclusão e promoção das desigualdades: há luz no final do túnel? Júnia Diniz Focas FALE-UFMG Polifonia: as vozes da ética do discurso Eliane Davila dos Santos Universidade Feevale Identidade e desigualdades sociais: o ethos discursivo como imagem de si na música “Minha Casa” 69 Programação: Comunicações Individuais Otília Maria Alves da Nóbrega Alberto Dantas +Coautora UnB/ PPGE/FE/MTC Entrevista compreensiva, análise de discurso e materialismo histórico: um caminho possível Luis Gabriel Arango Pinto Universidad Pedagógica Nacional Verónica Ochoa López Universidad Simón Bolívar Juana Lilia Delgado Valdez Universidad Simón Bolívar Los mirreyes: ostentación y desigualdad social en México. Estudio de las formaciones imaginarias en el video generacional 2014 del Instituto Cumbres José Cláudio Vasconcelos da Silva UNICAMP Clube de autores: processos de legitimação por meio dos comentários nos posts do Facebook Desigualdade, Ideologia, Formações Discursivas e Imaginários 4 SALA 2003 Sérgio Nunes de Jesus /+ Coautor IFRO Campus Cacoal A violência doméstica: da perspectiva do discurso policial à análise linguísticoideológica Paulo Henrique Silva UNICAMP Sentidos de “apocalipse”: o sujeito contemporâneo e seu mal-estar Hamidreza Rahmatjou Université de Téhéran, Iran/ Université de Lorraine, France Le discours apocalyptique en rigueur dans les écrits écofictionnels extrêmecontemporains Sóstenes Ericson Vicente da Silva UFAL Da Reforma Agrária ao Desenvolvimento Agrário: o silenciamento da luta pela terra e a simulação da superação das desigualdades sociais do campo Carlos Alejandro Montes de Oca Universidad de Guanajuato La democracia en un grupo de élite política Bárbara do Vale Reis de Sousa UFMG Imaginários sociodiscursivos acerca dos esquizofrênicos: entrevista sobre o documentário “Pára-me de repente o pensamento”, de Jorge Pelicano Desigualdade, Literatura e Discurso Literário 5 SALA 3000 Manuel José Veronez de Sousa Júnior UFU A gestão da paratopia criadora em cartas de autor Marcia dos Santos Lopes UTFPR O discurso do favor e da subserviência na voz do trabalhador agregado: Dona Plácida Margareth Torres de Alencar Costa UESPI Ethos e subjetividade nas obras: “Recordações Do Escrivão Isaías Caminha”, de Lima Barreto, e “O caso da vara”, de Machado de Assis Maria das Dores Nogueira Mendes UFC A intervocalidade mostrada nos posicionamentos do discurso literomusical para crianças Sônia Maria de Oliveira Pimenta UFMG Luiz Antônio Andrade UFMG As relações de poder no Conto The Old Chieif Mishlanga 70 Programação: Comunicações Individuais Desigualdade, Cinema, Imagem e Artes Ricardo Celestino PUCSP Processo de subjetividade e a leitura sobre desigualdade social nos discursos musicais de criolo 6 SALA 3002 Robson da Silva Constante Universidade Feevale Funk ostentação: Discursos e desigualdades sociais analisadas em duas músicas do gênero do funk com destaque ao consumo de grifes e marcas de luxo como forma de inclusão social Romison Eduardo Paulista PUC-Minas Análise de metáforas e esquemas imagéticos no processamento cognitivodiscursivo do filme “Django livre” Mathieu Feryn Avignon University Jazz audiences in France since 2000. Mutations, circulations, cultural prescriptions Nahúm Castillo Rodríguez Universidad Autónoma Benito Juárez de Oaxaca El discurso intercultural debatido desde el ámbito audiovisual Mahmood Kadir Ibrahim University of Huddersfield Ideologies in Sherko Bekas’s Coarse: a critical stylistics and cognitive metaphor approach Desigualdade, Organização Escolar e Discurso Pedagógico 7 SALA 3009 Gláucia Rejane da Costa UFBA Discurso pedagógico e desigualdade no acesso aos saberes Hadson José Gomes de Sousa /+Coautor Identidade docente: um jogo de im-posições UFPA Hildete Pereira dos Anjos /+ Coautor UNIFESSPA Reprodução do estereótipo de gênero na escola: contribuições do discurso docente Inez Barcellos de Andrade UFRJ/NUTES; IFF O discurso sobre leitura na pesquisa em Educação em Ciências Adriana Aparecida da Silva Cardoso UFMG Ensino da leitura: o papel da imagem na compreensão do gênero anúncio publicitário Mauricio Zacarías Gutiérrez Escuela normal "Fray Matías de Córdova" José Macías Equihua Escuela normal "Fray Matías de Córdova" Ma. Juana Eva Denicia Luna Escuela normal "Fray Matías de Córdova" Discurso de la formación docente, en estudiantes de Licenciatura en Educación Especial. Escuela normal Fray Matías de Córdova. Tapachula, Chiapas Desigualdade, Organização Escolar e Discurso Pedagógico 8 SALA 3017 Valeria Schmid Queiroz UFMG Uma análise dos traços subjetivos em textos de participantes do Celpe-Bras sob uma perspectiva modular Verônica Maria Araújo dos Santos /+ Coautor UESB ENEM e(m) imaginários sociodiscursivos: do estrutural da/na escola às ações individuais rumo à mobilidade social 71 Programação: Comunicações Individuais Laísa Maria Freire NUTES/UFRJ Sama de Freitas Juliani NUTES/UFRJ María Angélica Mejía NUTES/UFRJ Gabriela Ventura NUTES/UFRJ Entendendo processos de desigualdades socioambientais na sociedade contemporânea a partir da Análise Crítica do Discurso: contribuições para a formação docente em ciências Waléria Andrade Martins /+ Coautor UFSCAR Práticas discursivas de subjetivação docente: estratégias de poder no contexto do PIBID Tamiris Machado Gonçalves PUCRS Vanessa Fonseca Barbosa PUCRS Concepção dialógica e variação linguística: uma reflexão sobre o ensino de língua portuguesa Wagner Ribeiro de Carvalho IFBA Os sentidos tecnológicos e sua apropriação educacional Desigualdade, Organização Escolar e Discurso Pedagógico 9 SALA 3019 Júlio César Souza de Oliveira UFJF A retórica na construção do discurso antifônico em Luiz Gama - uma arma contra a desigualdade racial Maria Isabel Soares Oliveira IFMA/UNICSUL O modo de organização do discurso argumentativo e os tipos de argumentos: análise de redações nota mil do ENEM 2012 Mayane Santos Amorim IFBA O funcionamento do silêncio na construção discursiva do sujeito estudante universitário Michelle Morais Domingos UFT A atribuição do(s) sentido(s) em realizações avaliativas de alunos da educação básica em diferentes gêneros discursivos Maysa de Pádua Teixeira Paulinelli / +Autor PNPD CAPES UFOP A redação do ENEM: reflexões à luz dos gêneros do discurso Karine Correia dos Santos de Oliveira PUCMG As desigualdades sociais como objeto de ensino e aprendizagem: propostas de leitura e produção de textos Desigualdade, Organização Escolar e Discurso Pedagógico Roberta Rego Rodrigues UFPEL Análise textual de dois diálogos em A hora da estrela e em suas traduções para o inglês 10 Fabricia Aparecida Migliorato Corsi UFSCar Os discursos sobre a leitura instaurados por estudantes que adentram o Ensino Médio SALA 3053 Jair Alcindo Lobo de Melo IFPA Análise do discurso em textos icônico-verbais, questões étnico-raciais e interdiscurso nos livros do PNLD (Plano Nacional do Livro Didático) Regina Lúcia Péret Dell´Isola UFMG Desigualdades na construção da argumentação nas redações do ENEM 72 Programação: Comunicações Individuais Ivan Vale de Sousa UNIFESSPA Argumentação na Educação de Jovens e Adultos Maralice de Souza Neves UFMG A abordagem do mal-estar na circulação da palavra: deslizamentos de sentido na conversação Desigualdade, Organização Escolar e Discurso Pedagógico 11 Soraia Cristina Blank IFTO El uso de cortos metrajes en clase de ELE Agnaldo Almeida de Jesus UFMG Ensinar a gramática (normativa) para ascender socialmente: deslocamentos (im)possíveis SALA 3057 Nelson Barros da Costa UFC O despudor da língua: reflexões discursivas sobre o palavrão Elizabeth Bozoti Pasin /+ Coautor Colégio Pedro II e PGECOL/UFJF Discursos de professores de uma licenciatura em ciências biológicas sobre a educação ambiental Armando González Salinas Facultad de Filosofía y Letras - UANL Adriana Elizabeth Rodríguez Althon Facultad de Filosofía y Letras - UAN Desigualdad cultural: las metáforas en la traducción de textos financieros en inglés y español Juliana de Paiva Vieira Soares UFMG O uso das mídias tecnológicas em aulas de língua portuguesa: um método para o ensino de produção de textos e incentivo à leitura Desigualdade, Política e Discurso Político Rafael Batista Andrade UFMG Igualdade de gênero e empoderamento das mulheres no discurso diplomático de Dilma Rousseff e François Hollande 12 SALA 3061 Emiliane Moraes Silva FUNCESI “Cadê o petróleo que estava aqui?”: o caso OGX e as práticas discursivas mantenedoras do capitalismo da especulação Reinaldo César Zanardi UEL/Unopar A palavra na produção de sentidos: uma reflexão discursiva sobre a linguagem politicamente correta Merlin J. Serrano Corrales Observatorio social y político La fuerza movilizadora y emocional de los discursos políticos polarizantes chavismo-oposición. Principales coyunturas , 1999-2015. Venezuela María Isabel De Gregorio de Mac Universidad Nacional de Rosario Gloria Noemí Otaduy Universidad Nacional de Rosario Adriana Patricia de Vooght Universidad Nacional de Rosario "Viejos temas, enfoques nuevos" (Sobreaserciones y aforismos) Desigualdade, Política e Discurso Político Monique Marie Vaughan Moppett Facultad de Comunicación, Universidad Austral La subjetividad en el discurso político del ex-presidente José Mujica 13 SALA 3065 Amanda Gazola Tartuci UFSJ De direta ou de esquerda? Argumentação e ethos em um embate políticoreligioso 73 Programação: Comunicações Individuais Ana Miriam Carneiro Rodriguez UninCor/CAPES A venda do produto “político”: o estudo de caso de um percurso argumentativo com vistas à adesão Bruno Bohomoletz de Abreu Dallari UFPR O diálogo sobre cotas no vestibular 2015 da UFPR: tensões e latências no espaço público brasileiro Paula Rafael Gonzalez Valelongo Uniso Maria Angélica Lauretti Carneiro Uniso Formações imaginárias e o sistema de cotas: (des)naturalização de mitos Lais Carolina Machado e Silva UFG Lajla Katherine Rocha Simião UFG A perspectiva da ADE acerca dos discursos do aborto enquanto pró-vida Desigualdade, Mídias e Discurso Midiático 14 SALA 3055A Maria de Fátima Fernandes Bispo CEFET-RJ A linguagem criativa em jornais populares Asiru Hamee Tunde Kenyatta University Presuppositions and implicatures in mass media socio-cognitive representation of the nigerian police force Maria do Socorro Morato Lopes UFPA Trabalho prescrito: a constituição de imagens do profissional docente em revistas especializadas Maria Felícia Romeiro Mota Silva UFOB/UNB Identidade do “Zé Povinho”: representação das pessoas de baixa renda no discurso da mídia impressa Maria Roseli Castilho Garbossa UNIOESTE Sujeito, corpo e mídia: a eterna ilusão da completude Julia Ferreira Veado UFMG O jovem discurso da culinária nos programas de receita: uma análise das representações do ato de cozinhar Desigualdade, Mídias e Discurso Midiático Natália Silva Giarola de Resende UFSJ O discurso do portal veja.com na construção da morte dos mitos Lula e Gianecchini 15 SALA 4000 Àyelen Dichdji Universidad Nacional de Quilmes La percepción de la problemática ambiental en la revista argentina Expreso Imaginario (1976-1983) Regysane Botelho Cutrim Alves UFMA/UnB Criatividade discursiva na publicidade televisiva: um estudo da utilização de crianças na construção de representações Edith Regina Escutia Solis ENAH - Escuela Nacional de Antropología e Historia, México Discursos de los medios de comunicación respecto a la desigualdad del rock indígena en México Patrícia Sousa Almeida de Macedo UFC Referenciação, argumentação e ethos: estratégias de persuasão em uma entrevista televisiva 74 Programação: Comunicações Individuais Francoise Sullet-Nylander Université de Stockholm - Département d'Etudes Romanes et Classiques, Suède De l'"inégalité" dans la confrontation : humour, termes d'adresse et discours rapportés dans les débats télévisés de l'entre deux-tours (1974-2012) Desigualdade, Mídias e Discurso Midiático Rafael Guimarães Nogueira UFF Entre vítimas e criminosos: estratégias de captação em manchetes policiais do jornal Meia Hora 16 SALA 4006 Dhyan Singh Govt. PG College Dharamshala Impact of culture and caste on social communication: a empirical study Rodrigo da Silva Campos UERJ Aforização como mecanismo de construção de imagens de enunciador em manchetes do jornal Meia Hora: um estudo discursivo Ana Cecília da Costa UNISANTOS A encenação da informação: o Movimento Passe Livre no jornal Folha de S. Paulo Tamires Bonani Conti UFSCar Enunciados curtos em comunicação política: a emergência do “Volta, Lula” como uma palavra-acontecimento Fábio Ávila Arcanjo UFMG “A cidade é uma só” e as desigualdades sociais são inúmeras Desigualdade, Sexualidade e Relações de Gênero 17 Valdirene de Jesus Alves /+ Coautor UESB Os imaginários sociodiscursivos na construção da imagem de mulher: identidades (re)dimensionadas Venan Lucas de Oliveira Alencar UFMG Imaginários sociodiscursivos e aplicativos de encontro gays SALA 4063 Vicentina dos Santos Vasques Xavier UEMS Um triângulo (nada) amoroso: o cravo, a rosa e a Maria da Penha Victor Augusto Menezes Ribeiro UERJ Vozes da diversidade: uma reflexão sobre interações verbais a partir da cobertura jornalística da 19ª Parada LGBT de São Paulo Viviane Cristina Vieira UnB Corpos e identidades nas mídias: reflexões em análise de discurso crítica ecofeminista Desigualdade, Sexualidade e Relações de Gênero 18 SALA 4067 Márcia Silva Amaral /+ Autor UESB As identidades de gênero como objeto de ensino e de discurso: apontamento sobre a sala de aula como espaço discursivo Marcos Paulo de Azevedo /+ Coautor UERN O avesso que sou eu: uma análise da construção ética da identidade crossdresser Nívea Barros de Moura /+ Coautor UERN As relações de poder e as práticas de subjetivação do sujeito mulher pelo enunciado midiático 75 Programação: Comunicações Individuais Maria Cecília de Lima UFU – ILEEL Eliana Dias UFU Discurso e representação em “Mulheres negras” Desigualdade, Sexualidade e Relações de Gênero Claudinéia Cristina Valim UEM Regimes de olhar e de dizer o corpo feminino obeso na contemporaneidade: estratégias de (des) igualdades 19 David Leonardo García León Université d´Ottawa Cuerpos que importan a la jurisprudencia colombiana. Análisis crítico que es discursivo de la sentencia judicial sobre reasignación de género a niños intersexuales SALA 4069 Carla Luzia Carneiro Borges UEFS Discursividade, corpo e desigualdade social nas feiras livres ambulantes Lucas Nascimento Silva UFBA Ato argumentativo e sujeito argumentante: uma análise dos enunciados em torno da criminalização da homofobia Tainara de Lima Mello URI Sabrina Alves de Souza URI A voz do estuprador: uma análise de discurso Desigualdade, Sexualidade e Relações de Gênero 20 Leonardo Coelho Corrêa-Rosado UFMG Corpo e feminilidade em telenovelas brasileiras Gracielle Fonseca Pires UFV Os discursos sobre a mulher nos veículos midiáticos especializados em Heavy Metal SALA 4071 Luciane Thomé Schröder Quem comeu a vovozinha? UNIOESTE Bruno Bivort Urrutia Universidad del Bío-Bío La Ciudadanía Política y los discursos sobre la igualdad/desigualdad de género Faiza Benidir Département de Français Alger 2 La construction argumentative du discours féministe de Simone de Beauvoir Desigualdade, Racismo e Discursos ÉtnicoRaciais 21 SALA 4073 Priscila Mion Ferreira Egidio UFES Representação social dos torcedores do Grêmio no caso do goleiro “Aranha” Renata Aparecida Ianesko UFMS – UNIR A representação identitária dos sujeitos haitianos de Três Lagoas – MS Rosemeri Passos Baltazar Machado UEL Dayane Caroline Pereira UEL Preconceito, relação de poder e a questão da desigualdade racial no campo do humor pelo viés da AD Sabrina Sant'Anna Rizental UFF Refugiados - um olhar além dos estereótipos: uma reflexão sobre produções discursivas num país de misturas 76 Programação: Comunicações Individuais Selma Marques da Silva Fávaro UFMS Perspectivas futuras do indígena da aldeia São João- Porto Murtinho/MS na constituição de sua identidade Silvania Maria Maciel SEDUC-PE Secretaria de Educação Discurso e sociabilidade afro-religiosa no bairro do Ipsep Desigualdade, Racismo e Discursos ÉtnicoRaciais 22 Juliana Silva Santos UFMG Os embates discursivos sobre as relações raciais brasileiras a partir dos argumentos sobre política de cotas Waneuza Soares Eulálio Unimontes Desigualdade na igualdade: representação social de ingressantes pela categoria afrodescendente carente SALA 4079 Ramon Silva Chaves PUC SP O lugar e o não lugar do negro brasileiro no século XX: a paratopia e a identidade no discurso literário Carta de um defunto rico, de Lima Barreto Marcelo Cordeiro IEC – PUC Minas Um caso de mesaliance bakhtiniana: o discurso LGBT (e simpatizantes) e a sociedade brasileira no carnaval do século XXI Renato Cassim Nunes /+ Coautor PUC O discurso do desarmamento pelo viés da Religião e da Filosofia 77 Programação: Comunicações Individuais 78 Programação: Pôsteres PÔSTERES Posters | Carteles | Poster SAGUÃO DO CAD 2 – FACULDADE DE LETRAS 14/09 Fixação de pôsteres no saguão do CAD 2 – Faculdade de Letras 15:30 às16:00 Installation des posters | Instalación de los carteles | Installation of Posters 15/09 Apresentação dos pôsteres (Saguão do CAD 2 – Faculdade de Letras) 15:30 às 16:00 Présentation de Posters | Presentación de carteles | Poster Presentation A-Z Os pôsteres estão classificados por ordem alfabética (Nome dos Autores Principais). Les posters sont classés par ordre alphabétique (Prenom et Nom des auteres principaux). Los carteles están clasificados por orden alfabético (Nombre de los autores principales). Posters in alphabetical order (by main authors’ name). 01 A construção discursiva nas capas de jornais: um estudo comparativo entre as manchetes sobre as manifestações de agosto de 2013 em O Globo e Meia Hora Alan de Almeida Dalles ISAT 02 A construção de ethos no microblog Twitter Albylene da Silva UFRPE – UAG 03 Evaluación del impacto del Programa Todos a Aprender en los procesos de enseñanza del lenguaje y las matemáticas: el caso de la institución educativa “San José del Pantano” Alex Mauricio Diaz Diaz Gobernacion de Cordoba 04 Desenvolvendo materiais e (des) construindo a sala de aula: uma análise crítica do discurso de professores de língua inglesa em formação Amanda de Oliveira Lopes UVA Rayza Loureiro UVA 05 Denúncia da desigualdade racial brasileira contemporânea no poema “Duro não é o cabelo” de Akins Kin Ana Carolina Assis de Almeida UFLA 06 Trabalhos vinculados ao PAD – Pesquisas em Análise do Discurso: o processo de significação em diversos gêneros Ana Carolina Bernardino UEL Ana Luísa Loureiro Bracarense Costa UEL 07 O corpo para consumos no discurso da superação da obesidade Ana Paula Picagevicz UNIOESTE 79 Programação: Pôsteres 08 Mulheres na torcida organizada Anna Gabriela Rodrigues Cardoso UFLA 09 A escola e o processo de reprodução social Bianca Cristina dos Santos UEM 10 A construção do enunciado crítico nas canções de Emicida Bruno Oliveira UFG-Regional Catalão 11 Sujeito-mãe nas tramas discursivas do filme “O nascimento do parto” Camila Ratki Krautchuk UNICENTRO 12 A consolidação da habilidade de inferir informações implícitas Claudia Tatiana Prates Nunes Unimontes 13 Ethos propriamente discursivo: uma análise da construção da imagem do enunciador que se propõe a mostrar a desigualdade social no Facebook Cristina Rothier Duarte IFPB 14 Realidade complexa e contraditória: a interface entre a extensão e a transformação social Daniela Caroline Silva UFMG Felipy Cairo Lima UFMG Jeane Oliveira Coutinho UFMG Lucas Rocha Santos UFMG 15 A voz que ecoa das ruas e o discurso midiático: uma luta entre poderes Daniele Cristina Campos UFF 16 Estudos do discurso didático-pedagógico numa perspectiva do gênero da atividade docente Debora Luiza Portela Santos IFPR 17 O ensino de advérbios modalizadores em livros didáticos de ensino médio Dennis da Silva Castanheira UFRJ 18 Um sonho a mais: análise do discurso jornalístico sobre o primeiro dia do sonho de uma travesti Edivanaldo Vicente da Silva UFRN 19 Uma análise tridimensional da representação do negro na série de livros Storyfun: desconstruindo hegemonias de poder Fernanda de Barros Nogueira Santarelli UVA Cláudia Cristina Mendes Giesel UVA 20 O discurso ambiental presente em projetos de Educação Ambiental de Unidades de Conservação: o caso do Instituto Inhotim Fernanda Moraes Mendes UFMG 21 Relações lógico-semânticas texto-imagem em narrativas infantis: uma análise orientada para os estudos da tradução no par linguístico inglês/português brasileiro Flávia Ferreira de Paula UFMG 22 Desigualdade no viés das vozes que compõem a docência no PIBID Letras, subprojeto inglês IFPR / câmpus Palmas Gerson Anschau Poleze IFPR Kátia Cilene Silva Santos Conceição IFPR 23 Mitos gramaticalmente situados: compreendendo o olhar do usuário sobre a língua Gizelle Ferreira Barbosa UNILESTE Glória Dias Soares Vitorino UNILESTE 80 Programação: Pôsteres 24 Acervo de Jornais do século XX da cidade de Mariana - MG Guilherme de Carvalho Euzébio UFOP 25 O revisor de textos e sua formação profissional: como esses profissionais avaliam sua atividade Halyne Maria Stefani do Porto UFSM 26 As gramáticas reveladas nos livros didáticos de Língua Portuguesa do ensino fundamental Iscarlety Matias do Nascimento UFG 27 Entornos híbridos de enseñanza para el desarrollo de la comprensión lectora y la producción de discurso escrito en educación media Jacob Vargas Arteaga Universidad de Córdoba 28 Rodas de conversa na educação infantil: momentos de interação, aprendizagem, e construção de novos significados? Jéssica de Fátima Azevedo Silva UEMG 29 A seção ciência no Estado de Minas: divulgar ou debater os avanços científicos? Jéssica de Lourdes Ferreira Ferraz UFV Elza Mayra de Oliveira Silva UFV 30 Narrativas de vida no documentário “Vila Mariquinhas: a memória do bordado” – um estudo à luz da Análise do Discurso Jéssica Mariana Andrade Tolentino CEFET-MG 31 Discurso, trabalho e (superação de) desigualdade: o CIPMOI, Curso Intensivo de Preparação de Mão de Obra Industrial, da UFMG Jucimar Antonia Teodoro UFMG 32 O discurso pornográfico nas mídias: representações e estereótipos Julio Cesar Paula Neves UFLA Marcio Rogério de Oliveira Cano UFLA 33 O discurso da desigualdade social na fábula “Sopa de Pedra” de Millôr Fernandes Kaline Ferreira Oliveira UNEB 34 Os imaginários sociodiscursivos no humor piauiense Karen Raquel Rodrigues Estevão UFPI 35 Futebol, humor e discurso: por uma categorização do riso na mídia esportiva Kariny Ranelli Tavares Dutra UFV 36 O mundo natural nos livros didáticos de geografia: uma análise do discurso sobre a água no PNLD/2015 Larissa Brant Pimenta de Faria UFMG 37 Becoming a woman in a sexist society: an analysis of the character Mrs. Kember in the fiction “At the bay” Larissa Bruna Batista de Farias (UEPB) 38 Discursos da Educação Ambiental e Literatura: o seu papel como instrumento de reflexão e ressignificação do conceito “meio ambiente” na educação infantil Lígia Fanton Ribeiro UFMG 39 A FUNASA e as ações de saúde ambiental e saneamento básico: análise dos discursos dos materiais didáticos no contexto da ideologia do desenvolvimento sustentável Luiz Carlos da Silva UFMG 81 Programação: Pôsteres 40 Análise da visão de ciência e de física quântica no discurso de defesa da eficácia de terapias alternativas para a cura de doenças Marcia Tiemi Saito PIEC-USP 41 Interdiscurso, cenas de enunciação e ethos discursivo em veiculações jornalísticas online Márcio Torres Gotierre Lopes UFLA 42 Transformação do carnaval de Salvador/BA em negócio e desigualdades trazidas pela transformação Marcos Oliveira Mendes UFMG 43 Compreendendo o olhar do usuário sobre a língua: mitos ideologicamente e culturalmente situados Maressa de Jesus Evangelista Unileste 44 Direitos humanos: universalização ou relativismo Mariana Konkel Barbosa Centro Universitário eAprenda eLearning 45 O uso do website como mecanismo de captação da Igreja Universal do Reino de Deus: análise da seção “Quem somos” Mariane Almeida Varela UFV 46 Desigualdades e violências reveladas nas e pelas alteridades das personagens do filme “Som ao redor” (2013), de Kleber Mendonça Mateus Silveira Bello UFLA 47 "A alma encantadora das ruas": um retrato da desigualdade na Cidade Maravilhosa Mayara Faria Quirino UFMG 48 A mineração como impacto pontual: discurso e realidade Melissa Rocha Lima UFMG 49 Os discursos sobre a mineração e seus impactos ambientais nos livros didáticos de geografia: por que tantos silenciamentos? Natália Coimbra Jesus Santos UFMG 50 A tecnologia como fator de inclusão e exclusão social em “Geração Brasil” Paulo Leal Manso UFF 51 Ethos político vs. Ethos ridículo - riso e vrbanitas nos debates políticos de 2014: reflexões e conclusões Paulo Roberto de Deus Júnior UFV 52 Gravidez interditada: discurso, poder e memória Priscila de Souza (UNICENTRO) 53 O filme “As Domésticas”: uma relação exotópica e polifônica Rafael Junior de Oliveira UFLA 54 O imbricamento sujeito-artista-obra nos Parangolés, de Hélio Oiticica Rafaella Barqueiro Domingues UEM 55 A necessidade de uma comunicação cooperativa entre o direito processual e os conflitos fundiários: uma análise da nova configuração do regime das possessórias no novo Código De Processo Civil Rafaella Santos Costa UFPE 56 Tecnologias como commodity: o discurso hegemônico na educação Renata Targino de Figueiredo UFF Cíntia Velasco Santos UFF 82 Programação: Pôsteres 57 Subjetivação feminina: análise da mulher no mito da criação na Bíblia Rennika Lázara Dourado Cardoso UFG 58 A construção da imagem feminina nas postagens do Facebook da página Itaipava Rosangela Soares de Lima UFC Thamyres Barrozo de Paula UFC 59 Publicidade e literatura: as relações de interdiscurso presentes no discurso publicitário Sandra Maria Oliveira UFLA 60 Diário de Bitita: a desigualdade social nos escritos de Carolina Maria de Jesus Sandro Aragão UFRRJ Manoela Tavares Carvalho UFRRJ Fabiane Aparecida Lima UFRRJ 61 Deficiência intelectual: prática educativa e reflexões Silvia Cristina Ximenes Viana Centro Universitário eAprenda eLearning 62 O circuito esotérico do direito: o “juridiquês” como linguagem desviante e discurso de exclusão jurídica Stener Carvalho Fernandes Barbosa FAMINAS-BH 63 Jornalismo em contexto de multiplataformas: abordagem comparativa de jornais online (Huffpost Brasil, Vice News Brasil, El País Brasil) Thales de Oliveira Moreira UTP 64 El ethos político presente en Violeta Parra y Mercedes Sosa Thiago de Sousa Amorim UESPI 65 A transgressão e as desigualdades na/da ditadura militar: uma análise de textos publicados nos arquivos da Comissão Nacional da Verdade (CNV) e no Arquivo Público Mineiro (APM). Túlio Sousa Vieira UFOP 66 Aspectos da desigualdade de gênero na obra “O paraná mental” (1908), de Mariana Coelho Valter Andre Jonathan Osvaldo Abbeg UNIFESP Samara Elisana Nicareta UFSC 67 A representação do negro na novela Carrossel, de Iris Abravanel Welber Nobre Dos Santos UNIMONTES 68 Respostas ativo-responsivas a proposta de redação do ENEM 2015 no ambiente virtual: uma análise dialógica-discursiva William Duarte Ferreira UFRPE/UAG 83 Programação: Pôsteres 84 Programação: Lançamento de Livros LANÇAMENTO DE LIVROS Lancement de livres | Lanzamiento de libros | Book releases SAGUÃO DO CAD 2 (FACULDADE DE LETRAS) 14/09/2016 (Quarta-feira) – 18:30 às 20:30 ANDRADE, Rafael Batista. Semiótica éthos e gêneros de discurso nas canções-poemas de Maria Bethânia. Curitiba: CRV, 2015. ANICETO, Érica Alessandra Fernandes. A linguagem do gueto: construção de identidades por estudantes jovens e adultos. Curitiba: Appris, 2016. ANJOS, Hildete Pereira dos. Porque a escola não é azul? Os discursos imbricados na questão da inclusão escolar. Jundiaí, SP: Paco Editorial, 2015. ARAÚJO, Julio; LEFFA, Vilson (Orgs.). Redes Sociais e Ensino de Línguas: o que temos de aprender? São Paulo: Parábola, 2016. BATISTA JÚNIOR, José Ribamar Lopes. Pesquisas em Educação Inclusiva: questões teóricas e metodológicas. Recife, PE: Pipa Comunicação, 2016. BERNARDO-SANTOS, Wilton James; TFOUNI, Fábio Elias Verdiani. Discurso, Mídia e Ensino: entrecruzamentos de abordagens. São Cristóvão: Editora UFS, 2016. BOYER, Henri. Faits et gestes d’identité en discours. Paris: L’Harmattan, 2016. BRAGA, Denise Bértoli (Org.) Tecnologias digitais da informação e comunicação e participação social: possibilidades e contradições. São Paulo: Cortez, 2015. CANO, Márcio Rogério de Oliveira (Org.). Língua Portuguesa: sujeito, leitura e produção. São Paulo: Blucher, 2016. EMEDIATO, Wander (Org.). Análises do Discurso Político. Belo Horizonte: NAD/FALE/UFMG, 2016. FREITAS, Lúcia; PINHEIRO, Veralúcia. Violência de Gênero, Linguagem e Direito: Análise de Discurso Crítica em Processos na Lei Maria da Penha. São Paulo: Paco Editorial, 2013. GABARATO, Carmen A.; LOCHARD, Guy; et al. (Orgs.). Rencontres en sciences du langage et de la communication. Paris: L’Harmattan, 2016. GARÉ, Ruth Maria Rodrigues. Educação Formal x Não Formal: diferentes práticas discursivas e a construção de identidades surdas. São Paulo: Gregory, 2016. GRANGEIA, Mario Luis. Cazuza, Renato Russo e a transição democrática. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2016. GUEDES-PINTO, Ana Lúcia. Práticas de escrita na formação de professores: indícios de apropriação da profissão docente. Campinas, SP: Mercado de Letras, 2015. GUERRA, Vânia M. L.; NOLASCO, Edgar C. (Orgs). Michel Foucault: entre o passado e o presente, 30 anos de (des)locamentos. Campinas, SP: Pontes, 2015. GUERRA, Vânia M.L. Povos Indígenas: identidade e exclusão social. Campo Grande: Editora da UFMS, 2015. 85 Programação: Lançamento de Livros LARA, Glaucia M. P.; LIMBERTI, Rita de Cássia P. (Orgs.). Representações do outro: discurso, (des)igualdade e exclusão. Belo Horizonte: Autêntica, 2016. LINS, Heloisa Andreia de Matos (Org.). Tecnologias, linguagens e letramentos: sociedade, educação e subjetividade. Campinas, SP: Edições Leitura Crítica; Associação de Leitura do Brasil - ALB , 2015. LUZ, R. R. Conjugalidades possíveis: um estudo sobre relacionamentos homossexuais. Rio de Janeiro: Multifoco, 2015. MACHADO, Ida Lucia; SANTOS, João Bôsco Cabral dos; JESUS, Sérgio Nunes de (Orgs.). Análise do discurso - afinidades epistêmicas franco-brasileiras. Curitiba: CRV, 2016. MACHADO, Ida Lucia; MELO, Mônica Santos de Souza (Orgs.). Estudos sobre narrativas em diferentes materialidades discursivas na visão da Análise do Discurso. Belo Horizonte: Coleção NAD, 2016. (E-book). MENDES, Conrado; LARA, Glaucia Muniz Proença (Orgs.). Em torno do acontecimento: uma homenagem a Claude Zilberberg. Curitiba: Appris, 2016. MOURA, João Benvindo de; BATISTA JÚNIOR, José Ribamar Lopes; LOPES, Maraisa. Discurso, memória e inclusão social. Teresina: EDUFPI, 2015. NICARETA, Samara Elisana; ABBEG, Valter Andre Jonathan Osvaldo. Semiótica e Análise de Imagens: a recorrência da modernidade. Colombo: Prepárate Desenvolvimento Humano, 2016. OLIVEIRA, Fábio. Segredos, verdades e mentiras. São Paulo: Scortecci, 2016. SALGADO, Luciana Salazar. Ritos genéticos editoriais: autoria e textualização. Bragança Paulista, SP: Margem da Palavra, 2016. SANTOS, André Luiz; SOUZA, Jorge Paulo. Particularidades do inglês falado na construção da imagem das "drag queens" americanas. Jundiaí, SP: Paco Editorial, 2016. SANTOS, Cíntia Velasco; FONTOURA, Helena Amaral (Orgs.). Processos Formativos e Desigualdades Sociais: a educação entre políticas e práticas. Curitiba: CRV, 2016. SCOPARO, Tania Regina Montanha Toledo; MIQUELETTI, Eliane Aparecida; FRANCISCO, Eva Cristina; GABRIEL, Fábio Antonio (Orgs). Estudos em linguagens: diálogos linguísticos, semióticos e literários. Rio de Janeiro: Multifoco, 2016. SILVA, Claudia Maria Gil. Discursos de Posse dos Presidentes do STF – Brasil, Capital Brasília: uma das faces do ethos do Poder Judiciário. Rio de Janeiro: Lumen Juris Ltda, 2016. SILVA, Sóstenes Ericson Vicente da. Agronegócio e Agricultura Familiar: a desfaçatez do Estado e a insustentabilidade do discurso do capital. Maceió: Edufal, 2015. SÓL, Vanderlice dos Santos Andrade. Educação continuada e ensino de inglês: trajetórias de professores e (des)construção identitária. Campinas, SP: Pontes, 2015. SOULAGES, Jean-Claude (Org.). L’Analyse de discours – sa place dans les sciences du langage et de la communication. Rennes: Presses Universitaires de Rennes, 2015. TASSO, Ismara; CAMPOS, Jefferson (Orgs.). Imagem e(m) discurso: a formação das modalidades enunciativas. Campinas, SP: Pontes, 2015. TFOUNI, F. E. V.; STUBE, A. D.; PAULON; C. P. (Orgs.). Silêncio e interdito: discursos em movimento. São Carlos: Pedro & João, 2016. TORRE, Michelle Márcia Cobra. O outono do patriarca de Gabriel García Márquez: um estudo crítico. Curitiba: Appris, 2015. TORRE, Melissa Cobra. Antonio Tabucchi: viagem, identidade e memória textual. Curitiba: Appris, 2015. VITORIO, Benalva da Silva. Imigrantes Brasileiros e a crise em Portugal. Santos: Editora Universitária Leopoldianum, 2015. 86 Resumos: Conferências Plenárias RESUMOS 87 88 Resumos: Mesas Redondas (Professores Convidados) MESAS REDONDAS (Professores Convidados) Tables rondes (Professeurs Invités) | Mesas Redondas (Profesores invitados) | Round-Tables (Invited Guests) MESA 1: DISCURSOS, IDEOLOGIAS E DESIGUALDADES SOCIAIS Coordenador: Sírio Possenti (Unicamp / FEsTA / CNPq) (Não) Foi golpe Sírio Possenti (Unicamp / FEsTA / CNPq) [email protected] As polêmicas fornecem os melhores corpora para analistas do discurso, especialmente se cobrem um tempo relativamente longo. Mas, mesmo se esta última condição não está presente, permitem configurar com relativa precisão os posicionamentos em questão (pelo menos dois, mas pode haver mais, ou desdobramentos dos dois). Além disso, permitem descobrir não apenas como um posicionamento se constitui, mas como “dialoga” com o outro, como o compreende (provavelmente, construindo simulacros). Este trabalho pretende analisar aspectos da polêmica recente, gerada em decorrência da instalação do processo de impeachment da Presidenta Dilma Rousseff. O elemento central da análise será o item lexical “golpe”. Em primeiro lugar, trata-se de verificar como ele entra no “dicionário político” dos diversos posicionamentos, ou seja, suas definições, mais ou menos explícitas. Eventualmente, ocorrerá como “menção” (de dicto), significando “a palavra “golpe” (não) é adequada para designar tal evento”. Em segundo lugar, tenta-se mostrar como os dois posicionametos “estendem” o sentido da palavra, procurando fazer com que se refira um grande número de fatos diferentes dos dois invocados como razões para a aceitação do processo pelo presidente da câmara (pedaladas e decretos). Os extremos talvez sejam “o impeachment deve ser aceito pelo conjunto da obra” e “o impeachment visa instaurar uma pauta regressiva”. O corpus será organizado a partir de jornais e revistas e por buscas no Google. A desordem da polêmica na mídia: o caso da pílula do câncer Roberto Leiser Baronas (UFSCar/FEsTA/CNPq) [email protected] Em seu último livro “Apologie de la polemique”, publicado em 2014, pela Presses Universitaires de France, - PUF - Ruth Amossy nos chama a atenção para o fato de que no momento atual é possível constatar que os conflitos de opinião e seus desdobramentos, geralmente violentos, ocupam um lugar de bastante destaque na cena política. Nesse sentido, as mídias de uma maneira em geral, com base no argumento do interesse público, não cessam de orquestrar e de difundir polêmicas das mais variadas naturezas. Para comprovar tal asserção basta dar uma espiada, sobretudo nos grandes jornais e revistas brasileiros e/ou estrangeiros, para ver que as menções às polêmicas pululam. No entanto, por meio de comentários nos mais diversos dispositivos midiáticos, distintos sujeitos, inscritos em diferentes posicionamentos ideológicos, têm criticado de maneira contundente essa polemização midiática. Diante desse fenômeno discursivo, do mirante dos estudos discursivos, nossa questão nessa comunicação é tentar responder: por qual razão, mesmo sendo tão criticada pelos mais distintos atores sociais, a polêmica, ocupando um lugar bastante privilegiado nas mídias em geral – fenômeno que se acirra no momento atual, mas que já vem de uma longa data - insiste em se manter viva no espaço publico? Para dar conta dessa problemática, tomamos a polêmica midiática envolvendo a liberação por parte da presidente Dilma Rousseff do uso da Fosfoetanolamina (pílula do câncer), produzida desde os anos 90 do século passado pelo Instituto de Química da USP – de São Carlos – SP. Frequentamos um extenso conjunto de matérias publicadas em 2016 acerca desta temática em diversos dispositivos midiáticos brasileiros. 89 Resumos: Mesas Redondas (Professores Convidados) Discursos dos coletivos nas mídias sociais Maria Cecilia Pérez de Souza-e- Silva (PUC-SP/Atelier/CNpq) [email protected] É comum que se trate de fenômenos discursivos que ocorrem nas redes sociais considerando a mudança na relação entre público e privado, denunciando-se tanto excessos como tentativas de controle. Centrando-me também nessa problemática, interrogo-me sobre o papel desempenhado pelas mídias sociais como possibilitadoras do surgimento, manutenção e multiplicação de diferentes coletivos, os quais vêm inaugurando novas práticas e comunidades discursivas. Refiro-me aqui ao coletivo Nós mulheres da periferia, formado por oito jornalistas e uma designer, todas elas negras e habitantes de diferentes periferias de São Paulo, cuja atividade de trabalho teve início, em 2014, por meio de um site, de redes sociais e de uma plataforma de partilhamento de vídeos com o objetivo de dar visibilidade aos direitos das mulheres da periferia. Partindo do princípio formulado por Maingueneau de que os modos de organização dos homens e de seus discursos são inseparáveis, pretendo, neste trabalho, discutir duas questões: como o coletivo Nós mulheres da periferia se organiza? Que posicionamentos se configuram em seus discursos, discursos esses que visam à defesa de valores humanistas fundamentais: gênero, raça e classe social? Uma entrevista com participante do coletivo e o Manifesto do grupo constituem o corpus organizado até o momento. MESA 2: ANÁLISE DE DISCURSO CRÍTICA E ESTUDO DAS DESIGUALDADES Coordenadora: Viviane Resende (UNB/CNPq) Representação de pessoas em situação de rua no jornalismo on-line: violência e violação de direitos Viviane de Melo Resende (UnB/ CNPq) [email protected] Parte do projeto de pesquisa “Representação midiática da violação de direitos e da violência contra pessoas em situação de rua no jornalismo on-line” (CNPq 304075/2014-0), este trabalho focaliza formas como a mídia jornalística eletrônica brasileira representa a população em situação de rua em notícias, especialmente quando vítima de violência e violação de direitos. Com base nos estudos discursivos críticos, e tirando proveito dos ambientes de investigação constituídos na Rede Latino-Americana de Análise de Discurso Crítica sobre a Pobreza (REDLAD), no Núcleo de Estudos de Linguagem e Sociedade (NELiS/UnB) e no Laboratório de Estudos críticos do Discurso (LabEC/UnB), a investigação focaliza a extrema pobreza como problema social que inclui facetas discursivas, já que os modos como se representa a situação de rua em textos têm influência sobre os modos como a sociedade compreende o problema e reage a ele, o que também impacta sobre os modos como pessoas que enfrentam a situação de rua se identificam e se relacionam no tecido social. Assim, abordam-se facetas semióticas dessa problemática, tendo como foco específico a pesquisa documental de textos noticiosos publicados na mídia eletrônica, no Brasil, acerca desse grupo populacional. Os objetos da investigação são textos coletados nos portais dos jornais O Globo, Correio Braziliense e Folha de S. Paulo, considerado o recorte temporal 2011-2013. Os dados coletados nos três portais de notícias, totalizando mais de 500 textos, foram organizados com auxílio do software NVivo e analisados por meio de categorias da análise de discurso crítica. Ideologias linguísticas e deficiência visual Izabel Magalhães (UFC/UnB) [email protected] A questão central desta apresentação é o conceito de ideologia nos processos de leitura e escrita entre pessoas com deficiência visual (LIMA, 2015, p. 221). Nas atividades de leitura e escrita entre essas pessoas, há textos em Braille (tato), textos no computador (audição) e textos em tinta (visão). Percebe-se uma oposição, implícita ou explícita, entre o sistema Braille e o computador. De acordo com Lima (2015, p. 222), o Braille é defendido em contraposição ao computador, pois o artesanato do Braille e a facilidade das tecnologias resultam na redução do uso do Braille. Há uma defesa do Braille, primeiro, como garantia de contato com a variedade padrão do português e, segundo, pela relação íntima que se estabelece com o Braille na leitura e na escrita. Toda essa discussão centra-se no conceito de ideologia nas relações desiguais entre videntes e não videntes, que leva um grupo de não videntes a defender o sistema Braille. A reflexão sobre os dados de Lima instiga-me a definir duas ideologias linguísticas entre as pessoas com deficiência visual: a ideologia tecnológica a favor do uso do computador, panaceia na sociedade contemporânea, textualmente mediada; e a ideologia do Braille, fundamental para as identidades sociais de não videntes. Como diz uma das participantes do estudo de Lima (2015, p. 224): “o Braille, as pessoas não estão mais valorizando, né?” Essa abordagem dos estudos críticos do discurso contribui para o aprofundamento da análise de Lima (2015). Trabajo interaccional y violencia simbólica en un programa de radio mediados por YouTube Lésmer Antonio Montecino Soto (Pontificia Universidad Católica de Chile) [email protected] Los internautas, cuentan, en la actualidad, entre otros géneros, con ‘programas de radio televisados o streaming’ (López Martín, 2013), podcast o archivos de audio y selecciones de fragmentos de programas que permiten acceder, en diferido o en directo, a una 90 Resumos: Mesas Redondas (Professores Convidados) multiplicidad de saberes, experiencias y valoraciones sobre el mundo a través de conversaciones espontáneas o semiespontáneas. Quienes conversan y construyen opinión en las radios, lo hacen desde una pauta que permite que, establecido el tópico, fluya una conversación en que afloran lugares comunes, prejuicios, valoraciones y formas de ver el mundo que reproducen –en términos de discurso cotidiano e interculturalmente– estados de cosas que nos conectan con la entretención, pero al mismo tiempo con el abuso, con la exclusión, con la discriminación, con la naturalización de la desigualdad, en fin, con la violencia simbólica. En este contexto, nos proponemos, dar cuenta de los recursos lingüístico-discursivos implicados en la negociación de significados que posibilitan la construcción, reproducción y naturalización discursiva de la violencia simbólica (Bourdieu, 1999) a través del trabajo interaccional (Locher y Watts), en ‘conversaciones de radio televisada’ o streaming. Todo ello, enmarcado en los estudios críticos del discurso (Fairclough, 2012) y utilizando las herramientas que provee la lingüística sistémico-funcional, en especial, los sistemas de valoración y negociación (Martin y Rose, 2007). MESA 3: SEMIÓTICA E DESIGUALDADE SOCIAL Coordenador: Ivã Carlos Lopes (FFLCH/USP); Igualdade, desigualdade, aqui, agora: julgamentos de insuficiência e excesso Ivã Carlos Lopes (FFLCH-USP) Ao trabalhar com a organização do discurso e com a busca de princípios formais – na acepção de “forma do conteúdo” – da geração do sentido, a semiótica deve nos ajudar a explicar procedimentos subjacentes a discursos oriundos das mais variadas esferas, incluindo a do político, pensado, para nosso propósito aqui, como lugar de confrontação dos projetos de fazer e ser dentro da coletividade, e da distribuição dos poderes resultante. Se tomarmos a desigualdade social como questão, antes de mais nada, política, deve ser de interesse o desvendamento das comparações entre “iguais e diferentes”, das posições previsíveis de uns e outros sob o impulso das operações de triagens e misturas que fazem mover-se a chamada dimensão da extensidade, bem como das ascendências e descendências que intensificam ou abrandam contrastes na dimensão da intensidade, por remissão à hipótese tensiva em semiótica. Duas referências principais norteiam nossa intervenção: o artigo de Claude Zilberberg, “As condições semióticas da mestiçagem” (2004, in Cañizal & Caetano, orgs.) e o de Diana Luz Pessoa de Barros, “Intolerância, preconceito e exclusão” (2015, in Lara & Limberti, orgs.). Em seu artigo, Zilberberg elabora a ideia de que, a depender das ideologias que o motivam, este ou aquele discurso pode apresentar suas células narrativas de disjunção ou conjunção como satisfatórias, insatisfatórias ou excessivas. A articulação juntiva recebe, assim, uma avaliação que nos remete, de pronto, aos valores da instância da enunciação, o que nos traz de volta, mediante o devido investimento temático, ao terreno do político: é nele que se julgam as entradas e saídas de elementos, para dentro ou para fora de classes previamente constituídas na vida social. Barros, por sua vez, traz a discussão para nosso contexto, dando-lhe uma primeira especificação no momento e no lugar, e já apontando, com exemplos, para os limites recursivos da mistura (a perda de toda identidade) e da triagem (a perda de toda diferença). Munidos dessa pequena ferramentaria conceitual, proporemos uma análise de discursos breves em que essas questões políticas se acham explicitamente tematizadas quando se fala da vida social no Brasil de hoje. Semiótica, discurso e refrações semânticas: a gênese das desigualdades sociais Rita de Cássia A Pacheco Limberti (UFGD) [email protected] Os estudos desenvolvidos no campo da teoria semiótica desempenham o importante papel de destacar as linhas retóricas e argumentativas através das quais se produzem os efeitos de sentido, entre eles os de igualdade/desigualdade, criados e alimentados no imaginário social. Tais estudos transmutam-se em objetos de análise preciosos, considerando-se a demanda premente de formulações efetivas de questionamento e de resistência às condições de desigualdade social. Não se trata de analisar o papel e os efeitos das teorias da igualdade/desigualdade na sociedade, mas de observar seus modos de recepção, pois, embora se obtenha um posicionamento crítico dos atores sociais, tal posicionamente se mantém no âmbito retórico e discursivo. Essa tarefa, contudo, não é simples, pois ela demanda a busca redobrada dos “efeitos dos efeitos” de sentido. Tais “efeitos dos efeitos” de sentido dos discursos constituem o conjunto das práticas sociais que reforçam, contradizendo, as desigualdades. Há um conjunto caudaloso de discursos confluentes que questionam a relação, por exemlo, centro/periferia; sabe-se, contudo, que esse estado tensivo entre essas grandezas contrárias são sua condição de existência. Considerando-se que a abordagem das desigualdades sociais enfrenta um objeto complexo, repleto de paradoxos e de incongruências, pressupõe-se, de partida, a existência de uma elite simbólica, de privilégios discursivos e enunciativos (mídia, discursos políticos), que camuflam os discursos subalternos. O grande desafio dessa proposta é extrapolar o estágio das formulações teóricas e chegar aos mecanismos pelos quais os subalternos depreendidos na percepção das desigualdades escapam ao escrutínio racional, permanecendo não identificados pelos agentes de poder da sociedade (o governo, a polícia, as instituições). Falemos do Haiti Lucia Teixeira (UFF/CNPq) [email protected] Se a canção de Caetano Veloso e Gilberto Gil anunciava, no início dos anos 90, um Brasil “como” o Haiti, com sua grande massa de “pretos pobres”, o fluxo migratório de haitianos que tem início em 2010 põe concretamente em cena a presença deste que a canção 91 Resumos: Mesas Redondas (Professores Convidados) acolhia como semelhante àqueles que sempre ocuparam lugares de exclusão. Sobrepõem-se, na comparação entre os dois países proposta pela letra da canção e no noticiário que narra episódios da imigração haitiana, percursos temáticos que exploram traços de etnia, classe e nacionalidade, para falar de regimes de exclusão naturalizados por práticas sistemáticas de fixação de um “sistema de estereótipos identitários fixado pelo ‘grupo de referência’ (ou aquele que se considera como tal).” (LANDOWSKI, 2002, p.33). Para tratar semioticamente da desigualdade social no discurso, é preciso considerar essa construção de imagens materializadas nas diferentes formas de expressão das linguagens como um contínuo em que pontos extremos como eu e outro, inclusão e exclusão, pertencimento e alheamento são marcos de força de políticas discriminatórias e inclusivas, em torno dos quais uma variada gama de possibilidades de sentido se constitui. A abertura da semiótica discursiva para esse aspecto contínuo da produção de sentido (ZILBERBERG, 2006), a análise de situações e práticas semióticas (FONTANILLE, 2005, 2015) e a configuração de uma gramática das relações sociais (LANDOWSKI, 2002) são os fundamentos teóricos que permitirão a análise de objetos de ampla circulação, como reportagens jornalísticas e canções que falam do Haiti como interseção de espaços imaginários de luta, discriminação e resistência. MESA 4: NARRATIVAS DE VIDA E DESIGUALDADE Coordenadora: Ida Lucia Machado (UFMG) Luiz Carlos Prestes: um político que entrou na história do Brasil Ida Lucia Machado (Poslin/FALE/NAD/UFMG –CNPq) [email protected] Nesta comunicação iremos nos basear sobre algumas declarações de Luiz Carlos Prestes, contidas no livro que mostra sua narrativa de vida, cheia de peripécias e dificuldades, pontuada por algumas alegrias e sempre, muito esperança. O livro foi escrito por Anita Leocádia Prestes, sua filha e Historiadora da UFRJ. A desigualdade entre os muito ricos e os muitos pobres de seu país sempre chocou Prestes que almejava um país mais humano e com menos desigualdades sociais. Iremos nos deter particularmente em dois excertos onde dois amores de Prestes se fazem ver: primeiro o que dedicou a filha que teve com Olga Benário; segundo, o amor que o fez lutar pelo Brasil, contra ventos e marés. Nossa perspectiva de análise reúne conceitos vindos da Semiolinguística e da Narrativa da vida. Abrindo as portas: a voz dos (i)migrantes e refugiados Glaucia Muniz Proença Lara (FALE/NAD/UFMG) [email protected] No presente trabalho, propomo-nos a dar a palavra aos habitualmente “sem voz”, ouvindo o que os próprios sujeitos – no caso, refugiados ou (i)migrantes que vivem, atualmente, na França –, têm a dizer de si, do outro e do mundo. Tomaremos por base alguns dos vários depoimentos apresentados na exposição Ouvrons les portes, organizada pelos Médecins du Monde (www.ouvronslesportes.medecinsdumonde.org), em Paris, de 15 a 18 de outubro de 2015, com o objetivo de “mudar o olhar sobre a migração”. Na esteira de pesquisadores como Daniel Bertaux e Ida Lucia Machado consideramos tais depoimentos como (micro) narrativas de vida, já que se trata de textos que falam, ainda que em poucas linhas, da trajetória do refugiado/(i)migrante entre seu país de origem e a França, bem como de sua adaptação à nova realidade. Para a análise do plano de conteúdo das narrativas selecionadas, buscaremos o auxílio da semiótica greimasiana dita standard, mobilizando, a partir do dispositivo teórico-metodológico que ela propõe – o percurso gerativo de sentido –, algumas estruturas narrativas e discursivas (tais como as relações entre sujeitos e entre estes e os objetos; as paixões em jogo; os temas e as figuras, as projeções das categorias de pessoa, tempo e espaço), de modo a apreender as representações (de si, do outro, do mundo) que atravessam cada uma dessas narrativas. Em seguida, por meio da comparação entre elas, buscaremos chegar às invariantes que apontem para uma possível configuração do que se poderia denominar, em linhas gerais, “discurso do (i)migrante/refugiado”. Récit de vie et inégalites sociales : notoriété et présomption de sincerité Patrick Charaudeau (Université Paris XIII - CNRS-LCP) [email protected] Le récit de vie, du moins celui qui est produit par un sujet à propos de lui-même, est marqué par plusieurs présomptions : d'authenticité, de sincérité, de continuité et de dévoilement. D'authenticité dans la mesure où ce qui est raconté est censé être le reflet fidèle de la réalité qui a été vécue par le sujet lui-même et dont il rend compte comme témoin ; de sincérité, car on suppose qu'il s'agit d'un moment ou le sujet cherche à se confier sans détours ; de continuité, car on peut penser que le sujet en parlant de lui-même cherche à reconstituer la permanence de son identité ; de dévoilement, enfin, car c'est un moment où le sujet met à la lumière du jour des pans de sa vie qui n'avaient jamais été exposés jusqu'alors. Mais en même temps, le récit de vie est souvent entaché de soupçons : soupçon de déformation de la réalité, soit parce que la mémoire trahirait le sujet, soit parce que celui-ci l'aurait perçue dans des conditions particulières ; soupçon d'insincérité, car en racontant sa vie le sujet pourrait chercher à l'embellir ; soupçon de faux dévoilement, ce qui renvoie aux autres soupçons. La question se pose alors de savoir dans quelles conditions de communication, le sujet est amené à parler de lui-même au grand jour, en rendant sa parole publique, et quelle peut en être sa motivation. C'est 92 Resumos: Mesas Redondas (Professores Convidados) pourquoi, il faut examiner les conditions dans lesquelles des individus produisent des récits de vie, car ce sont ces conditions qui sont source d'inégalité dans la mesure où elles donnent la parole à certains et pas à d'autres, et dans le mesure où ces mêmes conditions lèvent ou renforcent le soupçon d'insincérité. Pour illustrer cette question, il sera ici question d'un cas particulier, celui des livres que les hommes politiques écrivent en prétendant dire la vérité sur ce qu'ils sont. Par moments, ils jouent le jeu du repentir, et c'est cela qui sera examiné dans cet exposé. MESA 5: DISCURSOS POLÍTICOS NA AMÉRICA LATINA E AS DESIGUALDADES Coordenador: Wander Emediato (UFMG – NAD) Discurso político e populismo: quando os fracos (não) têm voz Wander Emediato (UFMG/NAD - Núcleo de Análise do Discurso) [email protected] Etimologicamente, como sabemos, democracia vem da junção das palavras gregas demo (povo) e kratos (poder), o que sugere, no conjunto de sistemas de governo existentes, um sistema que teria o povo como agente de seu destino ou um governo que seria feito “em seu nome” ou no qual o poder seria exercido pelo povo e para o povo (o poder emana do poder e em seu nome será exercido). Esse sistema se diferenciaria, portanto, da aristocracia, das palavras gregas aristos (elites) e kratos (poder), ou seja, um governo em que as elites teriam o comando – e a competência - da deliberação ou da autocracia (autos – por si próprio; e kratos) regime próprio à tirania, exercido por um único homem (ou mulher), seja por delegação divina, seja pela força. As etimologias servem, sem dúvida, para compreendermos a origem dessas palavras e, em alguma medida, os seus fundamentos políticos e ideológicos. Na democracia, a maioria, independente de sua qualidade, deliberaria em nome de todos (poder do maior número, lugar comum da quantidade); na aristocracia, uma minoria (supostamente qualificada) deliberaria em nome da maioria (lugar comum da qualidade). Mais do que regimes políticos que se justificariam na estrutura do real, todos eles são sustentados por valores (uns abstratos, como a justiça, outros concretos, como a competência ou a força) e por imaginários. Na democracia, o imaginário da soberania popular; na aristocracia, o imaginário está mais vinculado a uma tradição que indica os “melhores da tribo”, os “mais aptos” a governar ou a uma petição de princípio sobre a relação entre mérito pessoal e aptidão a governar. Nosso objetivo neste trabalho é de refletir sobre os fundamentos discursivos dessas noções, enfatizando o populismo como uma prática discursiva que, no campo político, pretende falar “em nome do povo”, exaltando as necessidades e desejos desse último e colocando-se como seu porta-voz privilegiado e intérprete da própria noção de democracia. Independente de suas relações com realidades em que são as elites inegavelmente que deliberam, o discurso populista (seja de direita, seja de esquerda) investe suas subjetividades no imaginário da soberania popular, negando seus vínculos com as elites e construindo uma série de figuras retóricas e simbólicas identificáveis independente dos espaços geográficos onde se desenvolvem. Em nossa apresentação, enfatizaremos, sobretudo, a relevância do populismo na América Latina. De Peron aux Kirchner : la justice sociale en Argentine Morgan Donot (CREDA CNRS UMR 7227 - Paris 3 – Sorbonne Nouvelle) [email protected] Que ce soit Juan Domingo Perón, Evita, ou encore le parti péroniste, ils font partie de l’imaginaire comme de la vie quotidienne des Argentins. Tant pour les détracteurs du péronisme que pour ses plus fervents adeptes, le péronisme reste vivant dans la mémoire d’une classe politique argentine qui se dispute encore l’héritage de Juan Domingo Perón et de sa femme Eva Duarte de Perón. Le triptyque classique du péronisme historique, justice sociale, souveraineté politique et indépendance économique, apparaît donc comme un legs imprescriptible. Mais ce legs est-il toujours aussi imprescriptible quarante ans après la mort de son leader historique ? Dans le cadre de cette table-ronde, je voudrais revenir sur l’emploi de l’expression justice sociale dans les discours présidentiels argentins, sur ses usages et les significations qu’elle a recouvert et qu’elle recouvre dans la société argentine. Si le mouvement politique fondé par le général Juan Domingo Perón dans les années 1940 symbolise l’intégration politique des classes populaires, qu’en est-il de la lutte contre les inégalités et contre la pauvreté dans l’Argentine contemporaine ? Avec en toile de fond la vision idyllique de la situation sociale du pays dans les années quarante et cinquante comme relativement égalitaire qui contrasterait avec la société inégalitaire de l’époque contemporaine et à travers une analyse argumentative d’une sélection de discours présidentiels, je m’attacherai à démontrer l’utilisation de l’héritage discursif du péronisme historique et les tensions entre une rhétorique progressiste et la mise en place de politiques publiques assitancielles. L’objectif est de mettre en relation les discours de Carlos Menem, de Néstor Kirchner et de Cristina Kirchner et les politiques publiques relatives à la lutte contre la pauvreté et les inégalités qui ont modelé une image de l’Argentine renouvelée à l’époque de Menem et à celle des Kirchner. Um vocabulário político diferente: enunciar entre acontecimentos e encontros Mónica G. Zoppi Fontana (UNICAMP/CNPq) [email protected] A relação entre discurso e prática política tem sido objeto de estudo desde longa data, principalmente no campo da retórica e da análise de discurso. Dois eixos de pesquisa organizam os trabalhos mais recentes: 1- estudos sobre a interlocução política e sobre os modos de circulação dos enunciados que participam da cena política; e 2- estudos sobre a constituição e formulação dos enunciados políticos e sua determinação pela memória discursiva. Essas análises têm se centrado principalmente na descrição do agir de figuras políticas institucionalizadas, com predominância dada ao discurso de presidentes, candidatos e líderes sindicais. Porém, as práticas 93 Resumos: Mesas Redondas (Professores Convidados) políticas contemporâneas, principalmente no espaço do discurso digital, têm mostrado uma renovação das formas históricas de enunciação política, que não só dispersa e esfacela os lugares tradicionais de enunciação, trazendo as subjetividades anônimas para a arena política, mas também incorpora a dimensão estética e performática às manifestações de rua e nas redes sociais. Para além do seu funcionamento espectacularizado, já estudado por diversos autores, almejamos pensar essas práticas como representativas de uma nova ordem que configura a enunciação política na atualidade, a partir das dimensões de acontecimento e encontro. Para tanto, analisamos o “livro-invenção” Vocabulário político para processos estéticos, organizado por Cristina Ribas e publicado online em 2014. Organizado sob a forma de verbetes, o vocabulário reúne de forma dispersa e plural uma série de práticas estéticas e políticas que questionam a ordem já estabilizada do dizer/fazer políticos. Múltiplos autores, diversas práticas materiais e a impossibilidade de representar qualquer ilusão de completude ou fecho. A partir da análise deste vocabulário, em contraponto com dicionários políticos publicados na última década (Dicionário Lula de Ali Kamel e Dicionário de politiques de Vito Giannotti e Sérgio Domingues), que se esforçam por organizar a língua política, questionamos a possibilidade de instrumentalizar o discurso político contemporâneo, na forma de dicionários e manuais. O dizer/fazer político na sua dimensão subjetiva e anônima rompe com as amarras da representação (da linguagem e da política) e irrompe como acontecimento na ordem dos encontros de corpos em espaços multiplicados. MESA 6: OLHARES SOBRE A DESIGUALDADE NO DISCURSO Coordenador: Patrick Dahlet (UFMG) De que a fórmula pacificação da comunidade é o nome? Patrick Dahlet (UFMG) [email protected] As designações discursivas do espaço urbano e de suas populações esquematizam desigualdades que motivam a ação individual e legitimam a ação institucional. Nesta perspectiva, alimentada pela ideia de que toda e qualquer realidade tem uma procedência discursiva ancorada em um ato de nomeação dialógico, se procura desvendar as condições de possibilidade e os efeitos socioenunciativos da instrumentalização, a cada vez maior desde dez anos, em contexto brasileiro, da palavra comunidade com função designatória de favela e como foco da fórmula pacificação da comunidade que catalisou, quase concomitantemente, a intervenção de um tipo de policiamento inédito, o das UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora), enquanto referência e real emancipador de esta nova “comunidade” discursiva. Sustenta-se aqui a hipótese de que a “comunidade” foi criada como um objeto espacial pelos discursos institucionais e a chamada grande mídia, não só para eufemizar ou inverter o estigma centenário da favela pela fabulação de uma positividade harmônica e servir assim à reificação de múltiplas discriminações sociais, mas também e talvez sobretudo para que seja instituído pelo discurso, a naturalidade de uma territorialização fora do comum, de qualquer comunidade cuja prática chega a contrariar a imaginária essência harmônica do ideal comunitário. Considerando as significações da circulação dos termos em um leque de discursos institucionais e midiáticos, se pretende então descrever e formalizar, em uma primeira etapa, as propriedades semânticas da palavra comunidade que explicam o seu destaque atual no paradigma designacional da favela, e em uma segunda etapa, os procedimentos e impactos da construção/ divulgação da fórmula pacificação das comunidades, localizando as designações comunidade e pacificação enquanto componentes distintos de um mesmo discurso pro e contra. A exploração da alternância favela/ comunidade e da coalescência desta última com a pacificação levarão a vincular o poder de tal substituição enunciativa ao seu dinamismo político-discursivo paradoxal. De fato, embora seja determinada por um projeto de apagamento do estigma da favela e de erradicação da violência, o papel que cabe à redesignação da favela por comunidade parece ser paradoxalmente o de justificar e naturalizar a incorporação ao fundo comum de linguagem da fórmula, pacificação da favela, que, longe de descartá-lo, legitima ou enfrentamento, gerando-o enquanto condição de volta a uma ordem que refaça a comunidade e, portanto suas designações, sobre ela(s) mesma(s): daí a aparição sub-reptícia de uma neo-designação – a comunidade pacificada – para distinguir dos outros, os espaços que formam comunidades de verdade. Les thèmes de l’égalité/inégalité dans les discours politiques en France Béatrice Turpin (Université de Cergy-Pontoise) [email protected] Nous nous intéresseront ici au thème de l’égalité et à son envers, l’inégalité, dans les discours politique français sous la cinquième République, ce terme, entendu dans son sens juridique, étant un des principes clés de la République. Le corpus de l’étude sera constitué des débats présidentiels et des programmes des principaux partis politiques. Nous rechercherons quels sont les candidats qui mobilisent ces thématiques, dans quels contextes et dans quelles instances de discours, en recherchant les normes implicites à ces discours. Par instances de discours, nous entendons ici les références aux catégories aristotéliciennes du logos, pathos ou ethos et par normes implicites les marques énonciatives, rhétoriques ou narratives qui sous-tendent ces discours. Nous tenterons alors de voir la manière dont cette thématique est traitée par les différents partis politiques tant dans la synchronie d’une époque que dans la diachronie d’un genre. 94 Resumos: Mesas Redondas (Professores Convidados) Le genre comme rapport d’inégalité sociale dans le discours publicitaire Jean-Claude Soulages (Université Lyon 2) [email protected] Dans nos sociétés bâties sur cette « égalité des conditions » postulée par Tocqueville, l’évolution de l’espace public offre aujourd’hui de plus en plus la reconnaissance des “autres” ; femmes, minorités visibles, homosexuels, etc. Or paradoxalement, nous constatons la persistance de ces discriminations dans les représentations. Les inégalités demeurent dans les imaginaires, tout simplement parce que les imaginaires ne sont pas le décalque de la réalité, « on vit dans un monde et l’on pense dans un autre ». De ce point de vue, le discours publicitaire comme d’autres récits sociaux cherche à maintenir un consensus conservateur mais parfois il cherche à “faire bouger les lignes” sensible à la lente dérive des imaginaires comme par exemple dans les assignations de genre. Il va donc s’efforcer d’introduire des phénomènes de défigement autour des relations entre les femmes et la voiture, ou celles reliant l’homme au foyer domestique ou l’éducation des enfants. Seule solution pour le publicitaire, introduire un cadre secondaire en “descellant” des éléments périphériques pour introniser ces intrus dans un domaine de compétence qui n’est pas le leur. Il met alors en scène des identités réactives ou des contre-stéréotypes qui vont incarner ce glissement dans les imaginaires. Deux possibilités s’offre à lui : le récit ou l’humour. Cette béquille ou ce travestissement que peuvent constituer une “belle histoire” entre une femme et une voiture ou bien le gag qui met un homme aux prises avec un appareil ménager, assure une fonction d’enfouissement de l’usurpation de place pour ces identités décalées. Chacun d’eux est tenu à faire ses preuves dans un domaine de compétence qui n’est pas le sien. La présence d’une trame narrative ou d’une visée humoristique, en rendant toute annonce plus saillante, vise ainsi à renforcer la charge pragmatique du message. Ces récits illustrent parfaitement ce jeu rhétorique tout à fait ambivalent de double speak évoqué par Noël Burch privilégiant délibérément une double lecture (« je défige le stéréotype, mais dans le même temps je le réactive »). A l’ère de la ségrégation sociale et morale, succède celle de la discrimination symbolique. A l’aide d’exemples, nous illustrerons cette problématique. MESA 7: DISCURSO E EXCLUSÃO EM CONTEXTOS MIDIÁTICOS Coordenadora: Isabel Roboredo Seara (Universidade Aberta- Portugal e Centro de Linguística da Universidade Nova de Lisboa) “Barbarus ad portas”: a contenda no discurso mediático sobre migrantes e a agressividade verbal em comentários na rede social Facebook Isabel Roboredo Seara (Universidade Aberta- Portugal e Centro de Linguística da Universidade Nova de Lisboa) [email protected] O ritmo desmedido das mudanças decorrentes das inovações tecnológicas, nomeadamente no âmbito da comunicação eletrónica, configura um fenómeno de tão elevada repercussão e amplitude, que importa proceder a questionamentos ontológicos e reflexivos sobre a adequação e a eficácia dos diferentes meios e repensar e redefinir o papel e o estatuto que podem assumir na reflexão sobre problemas sociais emergentes. As redes sociais, como o Facebook, enfatizam a interação em rede, a sociabilidade, tendo os utilizadores um contexto aberto e livre para a construção das relações interpessoais, através de espaços de exposição discursiva (Develotte 2006) e de produção discursiva, que possibilitam a expressão contínua de comentários avulsos, inclusive a expressão de opiniões que geram polémica, através de manifestações que configuram FTAs, atos ameaçadores da face do outro. Partiremos de um corpus de mensagens no facebook recolhidas em 2015-16, para procedermos a uma análise discursivo-pragmática das estratégias desvalorizadoras e agressivas recenseadas em comentários sobre a crise migratória na Europa. Esta crise migratória agravou-se enormemente a partir de 2015. O número de refugiados e migrantes é exponencial, devido aos conflitos no Médio oriente e em África, à guerra civil na Síria, bem como à frágil e débil qualidade de vida de alguns países não europeus, o que tem suscitado inúmeras discussões, nomeadamente em contextos mediáticos. Quais são as estratégias discursivas que operam a exclusão social? Tratar-se-á de um discurso ideologicamente marcado ou preferencialmente estamos em presença de um discurso piedoso, ensaiando criar uma atmosfera de compaixão, convocando recorrentemente as emoções através de perífrases de cunho dramático? Como se processa a polarização de opiniões e em que bases se sustenta? Constata-se que, se por um lado, se comenta discursivamente a população migrante como estranha, numerosa e causadora de perturbação social (“ilegal, intrusa, terrorista, bárbara”), sendo construída uma imagem depreciativa, uma imagem de vitimização, por outro, em contraposição, exalta-se quem acolhe, proliferando um discurso inclusivo, marcadamente humanista. Pistas linguístico-discursivas no silêncio dos excluídos e na voz da midia Denize Elena Garcia da Silva (Universidade de Brasília – UnB) [email protected] A apresentação tem como objetivo discutir questões que refletem “contextos de situação” (pobreza) e tangenciam “contextos de cultura” (discriminação), onde se encontram incrustadas representações sociais que podem ser identificadas, de modo específico, na voz da midia escrita, bem como no silêncio dos excluídos na Midia. Trata-se de uma pesquisa balizada na tríade: discurso, gramática e contexto social, que constitui um desdobramento do Grupo Brasileiro de Estudos de Discurso, Pobreza e Identidades - REDLAD (DGP/CNPq), configurado no projeto interdisciplinar mais recente: “Discurso, gramática e texto na perspectiva funcional da linguagem” (Silva, 2016). A geração de dados selecionados para análise compreende uma vasta pesquisa documental, o que permite 95 Resumos: Mesas Redondas (Professores Convidados) a seleção de textos midiáticos voltados para os temas da pobreza e da discriminação. Para descrição e interpretação dos dados empíricos, recorre-se à lupa de Análise de Discurso Crítica (ADC), na condição de instrumento teórico-metodológico básico, associada às ferramentas analíticas oriundas da Linguística Sistêmica Funcional (LSF). A metodologia adotada para a realização da pesquisa de natureza qualitativa (descritiva e interpretativa) envolve uma triangulação entre os estudos de Fairclough (2003, 2010) com a proposta de Halliday (1994), ampliada em Halliday e Mathiessen (2014, 2010), sobretudo, no que concerne à representação como categoria linguístico-discursiva. Os primeiros resultados significam uma forma de contribuição para modelos teóricometodológicos funcionais, com vistas à aproximação das dimensões do discurso (exterioridade) e da gramática (interioridade), desde as relações de produção, circulação e, sobretudo, de representação. Trata-se de uma maneira de colaborar para os estudos da linguagem, bem como para a conscientização da opinião pública, uma vez que determinados tipos de registro dialogal, veiculados, sobretudo, na mídia impressa, sugerem um padrão social responsável pela manutenção de práticas naturalizadas de representações discursivas discriminatórias. Estratégias de (in)visibilidade no discurso midiático de informação Giani David-Silva (CEFET-MG) [email protected] O discurso de legitimação do fazer jornalístico baseia-se em dois fortes argumentos: o da complexidade e o da opacidade do mundo. Sendo o mundo complexo, como um cidadão comum pode compreendê-lo? O grau de complexidade do mundo está relacionado com o conhecimento que temos sobre ele, quanto mais informações, mais clara fica essa complexidade. Ao procurar uma forma de adequar suas explicações a um conceito de verdade que pressupõe o julgamento da maioria, não estaria simplificando demais o complexo? E, paradoxalmente, ao simplificá-lo, não estaria mascarando a sua complexidade? Outro argumento para o discurso de legitimidade é a opacidade. Revelam-se e omitem-se acontecimentos de acordo com o jogo de poder estabelecido. E seria pela luta para que o exercício do poder não seja obscurecido pelo interesse político-pessoal dos governantes que a mídia, em seu papel de desvelador do que está escondido, legitimaria de forma pragmática o seu fazer. Considerando esses dois argumentos, o que define um fato como pertinente para ser divulgado e como se procede a seleção da informação? Toda escolha pressupõe que alguns fatos sejam evidenciados em detrimento de outros. Fragmentos da realidade são focados, deixando-se grande parte dos acontecimentos à sombra. A construção da notícia é realizada por meio do uso de estratégias de (in)visibilidade. Entre essas estratégias, uma parece ser bastante relevante: a tentativa de unificar, de tratar as notícias como representativas de um todo, de uma nação. O uso de imagens estereotipadas, por exemplo, é uma estratégia que busca facilitar a compreensão do destinatário "todo-mundo", mas que, por outro lado, exclui a heterogeneidade em seu discurso. A ausência da diversidade na informação midiática reforça na nossa memória discursiva a desigualdade, em todas as suas dimensões, tornando invisíveis não só acontecimentos, mas também lugares, pessoas, comportamentos, ideologias. MESA 8: PLURALISMOS, IDENTIDADES E DESIGUALDADES SOCIAIS Coordenadora: Leonor Fávero – (USP, PUCSP) A Gramática na infância fluida do século XIX Leonor Lopes Fávero (USP, PUC-SP) [email protected] A proposta é revisar conceitos em gramáticas da infância produzidas no século XIX no Brasil. Lembramos que os limites entre a infância e a juventude eram fluidos, podendo ir dos 9 a mais ou menos 14 anos (Ariès, 1981). Nessa ocasião, a ideia de Educação para todos, a luta contra o analfabetismo, a busca pela valorização da língua nacional e o combate contra as influências estrangeiras, como forma de valorização da nossa cultura, eram temas constantemente debatidos no âmbito escolar. A Escola, contrapondo-se à ideias pedagógicas tradicionais, começou a ver na criança um ser com características próprias, necessitando de um ambiente pensado para ela, isto é, desviou seu olhar, até então centrado na figura e ação do professor para o aluno. Era necessário reorganizar o material didático, treinar com antecedência as atividades a serem propostas aos alunos, aprendendo antes para fazê-los aprender a aprender (...) antes de tudo é preciso aprender a ensinar para ensinar a aprender (Carneiro Leão, 1917.p.102). A análise das obras será feita à luz da História das Ideias Linguísticas (Auroux, 1989, 1992) e da História Cultural (Chartier, 1998). Relatos singulares, experiências compartilhadas: mulheres chefes de família no Brasil, na França e no Japão sob o prisma da raça/nacionalidade, classe e geração Yumi Garcia dos Santos (Departamento de Sociologia da UFMG) [email protected] Pretendo discutir as situações, as identidades e as subjetividades das mulheres que fazem parte de minoria social historicamente discriminada por razões de raça, etnia e nacionalidade, além de serem pobres e possuirem idade relativamente avançada, com base nos relatos de vida das mulheres chefes de família monoparental no Brasil, na França e no Japão. Trata-se de parte de uma investigação mais ampla sobre as mulheres nessa situação familiar no Brasil, na França e no Japão realizada para a minha tese de doutorado. Nela foram analisadas entrevistas biográficas de 39 mulheres chefes de família monoparental, 13 em cada país. Nossas 96 Resumos: Mesas Redondas (Professores Convidados) interlocutoras não se adequam à norma social predominante de família biparental, mas suas vidas dissidentes são vividas em contextos socioculturais fortemente diferentes, levando-nos a pensar em experiências bastante distintas. Atentamos a privilegiar gênero, raça/nacionalidade e geração não somente como categorias estruturantes da trajetória individual, mas também enquanto fatores que impulsionam as ações dessas mulheres como processo da construção identitária a partir da “confrontação com os outros” atores, grupos sociais e instituições, constituindo-se em “experiência social” (DEMAZIÈRE; DUBAR, 2007). Estudar essas interações deve nos levar a compreender “os processos através dos quais os atores acordam suas condutas, sobre a base de suas interpretações do mundo que os cerca.” (COULON, 2004). Nos ateremos às trajetórias de Kika, brasileira de 55 anos, moradora da periferia de São Paulo; Samantha, francesa de 42 anos, oriunda de Martinique; e Rosa, 47 anos, imigrante das Filipinas que vive como imigrante no Japão. Apesar de inseridas em sociedades contrastantes do ponto de vista socioeconômico e cultural, foram constatadas mais similitudes do que diferenças no processo de formação de identidade social dessas mulheres, que compartilham as discriminações por razões de classe, gênero e raça/nacionalidade, obstáculos para o acesso ao emprego estável cuja consequência é a precariedade econômica e social que se aprofunda com o avanço da idade. De outro lado suas subjetividades e experiêncas são singulares e apontam para a importância da agência na configuração social, participando da mudança das relações sociais (ELIAS, 2008). La figure du « jeune des banlieues » en France : génèse et mutations Guy Lochard (Université Paris III-Sorbonne nouvelle) [email protected] La « question des banlieues» est présente depuis très longtemps dans l’espace public français. Et ce d’autant plus que cet imaginaire socio-culturel fondé sur l’opposition centre/périphérie t a été sans cesse activé depuis le XIX° par des productions culturelles de masse qui ont contribué à stigmatiser les marges urbaines. Ce regard péjoratif s’est plus spécialement focalisé sur la population juvénile masculine qui, configurée dans de grands rôles stéreotypiques, est venue cristalliser l’ensemble des problèmes traversant cet espace urbain. Le jeune des banlieues n’est pas une figure récente. Elle est de fait l’actualisation d’une lignée de jeunes délinquants urbains, émergeant dès la fin du XIX° et ethnicisée au début des années 80 sous la forme du « jeune immigré de deuxième génération ». Elle a connu enfin plus récemment une nouvelle mutation en endossant dès la fin des années 90 les traits du « barbu » puis au début 2015 du jeune « djihadiste ». Dans la continuité d’un travail initié à la fin des années 90 et plusieurs fois réactualisé depuis, c'est donc à un examen des mutations historiques du personnage du « jeune des banlieues » que nous procéderons dans un premier temps. En nous livrant à un examen des dispositifs de programmes télévisuels observables lors de « moments discursifs » intenses et significatifs (par exemple les émeutes de 2005), nous nous attacherons dans un second temps à mettre en évidence les déplacements de grandes configurations actantielles structurées autour de la figure du « jeune de cités ». Nous nous intéresserons plus spécialement à celle observable après l’assassinat le 7 janvier 2015 des rédacteurs de Charlie Hebdo à Paris. Elle se caractérise par trois déplacements. Une déterritorialisation, la menace liée à cette population pouvant désarmais siéger dans des micro-espaces résidentiels des grands agglomérations ou dans des bourgades provinciales. Une virtualisation, la conversion au djihadisme s’opérant dès lors principalement par le biais de sites spécialisés opérateurs d’une autoradicalisation de ces jeunes gens d’autant plus menaçants qu’internationalisés sinon ubiquitaires. Enfin et surtout une forme de désécularisation avec la découverte que l’endoctrinement islamiste concerne aujourd’hui une proportion importante de « français de souche ». MESA 9: EDUCAÇÃO E DESIGUALDADE SOCIAL Coordenadora: Aracy Alves Martins (FAE/UFMG) Desigualdade e etnocentrismo Aracy Alves Martins (FAE-UFMG) [email protected] Considerando que diferença não é deficiência (SOARES, 1986, p. 38), esta comunicação, oriunda da pesquisa em Rede CNPq, no interior do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Educação, História, Letras e Artes: Diversidade Sociocultural, Relações Étnico-raciais em Países de Língua Portuguesa/NEPEHLA, discute investigações de pesquisadores do Centro de Alfabetização, Leitura e Escrita/Ceale e do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Relações Raciais e Ações Afirmativas/NERA, da Faculdade de Educação/FaE, da Universidade Federal de Minas Gerais/UFMG. Enfatizando diálogos sul/sul (SANTOS; MENEZES, 2010), (MUNANGA; GOMES, 2006) e cooperação horizontal entre países de língua portuguesa e partindo de orientações das Leis brasileiras 10.639/2003 e 11.645/2008, que instituem o estudo da História e Cultura dos africanos e indígenas nas escolas brasileiras, a pesquisa em Rede analisa, pelo viés da Análise Crítica do Discurso (VAN DIJK, 2008), o Letramento Literário (PAULINO; COSSON, 2009), Manuais Escolares/Livros Didáticos (DIONÍSIO, 2000), (COSTA VAL; MARCUSCHI, 2005) e documentos oficiais, relacionados a políticas linguísticas e culturais (CALVET, 2007). 97 Resumos: Mesas Redondas (Professores Convidados) Desigualdade social: as partes e o todo Maria Dirlene Trindade Marques (FAE/FACE-UFMG) [email protected] A desigualdade social é elemento cada vez mais presente no cotidiano brasileiro. Nas grandes cidades fica mais chocante pelo contraste entre os bairros dos ricos e as vilas e favelas; entre os equipamentos sociais para os ricos e os para os pobres, entre as escolas para os ricos e as escolas para os pobres. De onde vem esta desigualdade? Alguns dizem que é o mercado, outros que são as capacidades diferentes, outros que vem da educação ou da diferença entre os gêneros, etc. Para entender estas desigualdades é importante entender os contextos em que estão inseridos. É necessário procurar ver o todo sabendo que os diversos aspectos constitutivos do todo não é neutro e que interfere neste todo. Partimos, portanto, da discussão e compreensão do funcionamento da sociedade capitalista que vai dar alguns elementos constitutivos do todo. Neste sentido, também, o sistema educacional vai assumir um papel fundamental na manutenção da alienação e da divisão social do trabalho, pois este é um espaço estratégico da convivência social pautada pela reprodução da dinâmica da sociedade capitalista. Política, educação e desigualdades: três perspectivas, confinamentos e hibridizações Marisa Ribeiro Teixeira Duarte (FAE-UFMG) [email protected] A exposição sistematiza algumas das ideias, provenientes de três subáreas de conhecimento sobre política e que conduzem a compreensões diferenciadas das relações entre educação e desigualdades. A vertente analítica, exposta por Arendt e Foucault, dentre outros autores, reconhece que poder é promotor de ações concertadas, ou seja, alinhadas e requer a formação de consenso. Com a sociologia política de matriz weberiana, o poder decorre da apropriação de recursos diversos, que constroem capacidade de uns em orientar o sentido da ação de outros. Por último, os estudos em políticas públicas, vertente analítica mais recente, onde o poder é apreendido como ação de atores conscientes que, ao expor seus interesses, formulam demandas. Cada vertente analítica parte de ideias distintas para o estudo do fenômeno do "poder" e, ao longo do tempo, organizaram conceitos, categorias, discursos. Esses desenvolvimentos têm consequências para os estudos das relações entre educação e desigualdades e podem produzir efeitos de confinamento, quanto hibridismos. Em outra oportunidade, respeitada a organização da mesa, pretende-se analisar hibridismos epistêmicos. Os discursos científicos: contribuições das epistemologias pospositivas Francisco Coutinho (FAE-UFMG) [email protected] Inicialmente defendemos o estudo da ignorância como um tema legítimo de pesquisa em educação em ciências. Esta defesa é feita com base nas premissas da Epistemologia da Ignorância ou Agnotologia, segundo a qual a ignorância é ativamente produzida e pode servir a projetos de dominação. Em nossa fala escolhemos os hormônios "sexuais" como objeto de análise. Para evidenciar a construção da ignorância acerca dessas substâncias e seus efeitos nos organismos, procuramos dialogar com as contribuições das epistemologias pospositivas, principalmente as que se originam de estudos sobre as realidades colaterais. De posse desses referenciais, procuramos demonstrar como, ao longo da história, as pesquisas acerca dos hormônios sexuais produziram realidades colaterais que engendram uma concepção de mundo de base essencialista, segundo a qual existe uma natureza biológica que determina os papeis sexuais de machos e fêmeas humanos. Esse discurso está presente nos textos dos livros didáticos de biologia que nós analisamos, o que revela a necessidade de sinalizar, principalmente em cursos de formação de professores, como esses materiais porta-vozes da biologia podem atualizar o sexismo e a discriminação de gênero. MESA 10: DISCURSOS, GÊNEROS E DESIGUALDADES SOCIAIS Coordenadora: María Eugenia Flores Treviño (Universidad Autónoma de Mexico – UNAM) Desigualdad de género en la política mexicana Maria Eugenia Flores Treviño (Universidad Autónoma de Nuevo León) [email protected] José María Infante Bonfiglio (Universidad Autónoma de Nuevo León) [email protected] La desigualdad social en México tiene distintas dimensiones. En la última reunión del Foro de Davos, se informó que México ocupa el lugar 111 de entre 138 países en cuanto a la participación de la mujer en política. No se trata del único tipo de desigualdad (Therborn, 2015) que padecen las mujeres en México, pero sí, probablemente, una de las más perversas, dado que las leyes establecen el principio de igualdad de género para los cargos de elección, pero en las últimas elecciones (año 2015) para legisladores del orden nacional o federal los datos muestran que todavía falta mucho para alcanzar el 50 % de los puestos. Este hecho señala la exclusión que permea en este ámbito social. La incursión femenina en la política mexicana ha sido, con mucho, limitada, pues siguiendo a Hernández: “solo el 18% de los senadores son mujeres, mientras que en la Cámara de Diputados éstas representan el 22.8%”(Hernández, 2000: 79). La situación no es mejor a nivel estatal: “en México solamente hay 172 diputadas de 1.119 escaños 98 Resumos: Mesas Redondas (Professores Convidados) distribuidos entre todas las entidades federativas; únicamente ha habido 4 jefas de ejecutivo estatal y 98 alcaldesas entre más de 2,400 municipios. Por tanto, en nuestro país solo uno de cada 4 puestos de función pública están ocupados por mujeres” (2000: 79). Como se observa, una de las causas de esa desigualdad puede situarse en el orden del discurso (Foucault, 1970), donde se racionalizan y justifican las diferencias entre las normas jurídicas y los resultados en la determinación de la desigual distribución de los cargos legislativos y ejecutivos. En este trabajo, desde una perspectiva transdisciplinaria: comunicativo-pragmática y discursivoideológica (Bajtin, 1970; Benveniste, 1991; Ducrot, 1986;Chauradeau, 2011; Van Dijk, 2008; Reboul, 1980, Haidar, 2006), analizamos los argumentos (Van Eemeren y Grootendorst, 2013) divulgados en la prensa, de los partidarios de la equidad y las réplicas y contra argumentos que recibieron en el proceso electoral (junio de 2015) en un estado del noreste mexicano: Nuevo León. La muestra son fragmentos discursivos, que analizamos como actos ilocucionarios (Austin, 1981), siguiendo, entre otras propuestas, el modelo de secuencialidad de Etsuko Oishi (2015). Catégorisation de genre et stéréotypage médiatique : du procès des médias aux processus psycho-socio-médiatiques Claude Chabrol (Université de Paris , Sorbonne Nouvelle) [email protected] Aborder un sujet qui donne lieu à des prises de position militantes fortes non seulement dans la société civile (mouvements et associations féministes) mais aussi au sein même des sciences humaines et ce quelque soit les disciplines, de la sociologie à la psychologie en passant par les sciences du langage (sémiotique et analyse du discours), implique de prendre soin de déterminer la position d’où l’on parle : chercheur et/ou militant, savant ou penseur social engagé dans l’action. Ce discours est celui d’un chercheur qui affiche sur un tel sujet une « neutralité engagée" pour reprendre l’heureuse expression de Jacques Walter. Autrement dit, tout en soutenant dans le monde l’amélioration nécessaire des conditions économiques et sociales des femmes, l’on peut s’obliger à garder une distance et une clairvoyance dans le travail de recherche, au plan théorique et méthodologique. Ceci est d’autant plus crucial avec des problématiques socialement chargées (« gender studies ») et surtout les « mots » qui circulent dans la langue ordinaire comme celui de « stéréotype » ou de « préjugé » car le chercheur qui tentera en les employant d’inscrire son apport spécifique directement dans la circulation du dire social ordinaire, risque aussi en retour d’être pris dans les brumes du sens commun. Nous tenterons donc de clarifier les problèmes de définitions à propos des concepts de catégorisation et de stéréotype qu’on appliquera à la notion de genre « sexuel ». On en déduira quelques lignes d’analyse, en faisant un bilan rapide des études psychosociologiques sur le genre en général et dans les médias. Le stéréotypage est une notion intéressante pour tous les discours sociaux, dont les discours médiatiques, car il renvoie à un processus psycho-socio-langagier qui articule souvent explicitement des éléments de langue et de genres avec des marquages de différences sociales, ethniques ou des mises en scènes de genres sexuels, contrairement aux catégorisations psychologiques qui peuvent demeurer implicites dans les discours ou les comportements publics. Il faudrait donc clarifier les rapports entre les concepts de catégorisation et de stéréotype, trop souvent rapprochés si ce n’est confondus. Après avoir esquissé un bilan rapide des études psychosociologiques sur les catégorisations de genre, on montrera ce qui peut les différencier des stéréotypages de genre dans les médias, qui seraient évoqués parce que supposés bien connus pour servir le plus souvent à des processus plus complexes caractéristiques des « Imaginaires sociaux ». MESA 11: NARRATIVAS DE SOBREVIVÊNCIA, REPRESENTAÇÕES E MEMÓRIA Coordenadora: Dylia Lisardo-Dias (UFSJ) Narrativas de moradores de rua nas mídias sociais Dylia Lysardo-Dias (UFSJ) [email protected] Pretendemos mostrar como os moradores de rua se representam quando convidados a expor sua trajetória de vida por meio das diferentes formas de expressão autobiográfica instauradas nas e pelas mídias sociais digitais. Tais mídias têm alterado o modo de interagir dos indivíduos, que mobilizam redes de compartilhamento de informação de grande alcance e impacto para expressão de sua subjetividade. Elas representam hoje um novo espaço de manifestação de si pois os grupos não hegemônicos podem também dar a conhecer o modo como se inscrevem na sociedade. Sites, blogs e páginas de Facebook, na diversidade de configuração multimodal que exploram, têm se revelado como um espaço de manifestação de várias categorias de subalternos (SPIVAK, 2010), que ao testemunharem sua forma de habitar o mundo reorganizam o vivido, oferecendo um entendimento das suas condições de existência. Concebidas como uma “reconstrução discursiva” (GUILLHAUMOU,2004), essas narrativas se situam no interior das circunstancialidades sociohistóricas factuais que interdiscursivamente se manifestam e apontam para movimentos de alteridade inerentes ao processo de biografização de si. Trata-se de um processo que permite uma tomada de consciência do próprio percurso e se relaciona com a história coletiva, pois essas narrativas têm valor de um testemunho (OROFIAMA, 2008), que participa da construção de uma memória plural. Assim, a representação de si construída deixa entrever uma representação das relações culturais e do modo como os diferentes atores sociais se posicionam e agem, seja individual, seja coletivamente. Procederemos a uma análise discursiva do que dizem os moradores de rua sobre sua trajetória e suas condições de existência, considerando como os eventos narrados participam de uma sequencialidade e temporalidade que caracterizam as textualidades autobiográficas. Esses eventos são de alguma forma classificados e alinhados axiologicamente dentro de uma dada causalidade e no interior de um circuito enunciativo que coloca o sujeito que se autobiografa como personagem nuclear. 99 Resumos: Mesas Redondas (Professores Convidados) Memórias de Bento: trauma, tradição oral e luta pela sobrevivência William Augusto Menezes (UFOP) [email protected] No último 5 de novembro, ocorreu, na cidade de Mariana (MG), mais especificamente no subdistrito de Bento Rodrigues, o rompimento de uma das barragens de rejeitos da mineradora Samarco. Com isso, aquela que parecia ser mais uma tarde tranquila entre os habitantes de Bento e distritos próximos transformou-se em período de desespero e fuga da morte. Era preciso sair, imediatamente, das regiões mais baixas, entrar pela mata e ganhar a estrada para os espaços mais elevados. Na pressa, tudo o que pudesse contribuir para atrasar a fuga precisava ficar para trás. Bento, sobretudo, ficava para trás e logo estaria coberto pelo minério e pelo mau cheiro da lama podre. As residências e seus artefatos, os encontros no restaurante local, as rezas na Capela, bem como todos os objetos que compunham os cenários de interação naquele arraial setecentista ficaram por lá, soterrados, e [por enquanto?] deixaram de existir. Contudo, não se desfez a memória compartilhada entre habitantes daquele espaço de convivência e da tradição oral. Pelo contrário, ao lado da memória recente, informada pelo caos e pelo trauma, convive uma memória discursiva de longa duração, amparada no imaginário social e interações diversas, nos campos da política, da religião, da educação e, sobretudo, nas condições de vida e relações de trabalho junto à atividade mineradora: “eu era pequena, quando tivemos que sair correndo da escola, porque disseram que a barragem tinha estourado. A gente convivia com isso há muito tempo”, conta-nos uma moradora. Barragem, escola, trabalho e imaginários se cruzam e se misturam nesse ambiente de constante luta pela sobrevivência: tudo em função da mineradora. A partir de entrevistas coletadas por pesquisadores do GEDEM-UFOP, a presente pesquisa tem por objeto os imaginários sociodiscursivos relacionados ao mundo do trabalho e sobrevivência, em particular em torno à atividade mineradora, entre ex-moradores de Bento Rodrigues. Análise discursiva da narrativa midiática produzida pela imprensa sobre o rompimento da barragem de rejeitos da mineração em Mariana (MG) Paulo Henrique Aguiar Mendes (UFOP) [email protected] Pretendemos realizar uma análise discursiva da narrativa produzida pela mídia sobre o rompimento da barragem de rejeitos da mineradora Samarco em Mariana (MG), no dia 05 de novembro 2015. A gravidade e a complexidade desse acontecimento de proporções catastróficas fazem com que ele se torne objeto privilegiado dos diferentes suportes e veículos de comunicação, que produzem e fazem circular uma série de narrativas destinadas a informar e opinar sobre o fenômeno em questão e seus desdobramentos. O aumento e o desenvolvimento das corporações midiáticas, bem como do alcance e da velocidade de difusão da informação, possibilitam a cobertura ostensiva dos fatos noticiáveis, a exemplo da ‘tragédia ambiental e social’ que se traduz pelo evento do rompimento da barragem da mineradora Samarco, em Mariana, cujos desdobramentos ainda não podemos vislumbrar. Os problemas relacionados a esta proposta dizem respeito à organização da narrativa e às estratégias discursivas colocadas em ação pela mídia na construção do seu relato, sob a forma de notícias, de reportagens, imagens e comentários acerca do rompimento da barragem de rejeitos denominada Fundão, das suas causas e consequências. Ressaltamos que o nosso interesse pela análise dessas narrativas midiáticas sobre o evento em questão deve-se não apenas à importância do próprio fato, de seus desdobramentos e de sua cobertura jornalística, mas, especialmente, à sua convergência/afinidade com as pesquisas que vêm sendo desenvolvidas pelo Grupo de Estudos sobre Discurso e Memória (GEDEM) na Universidade Federal de Ouro Preto. Nessa perspectiva, interessa-nos analisar a narrativa construída pelas mídias, como acontecimento discursivo, sobre o rompimento da barragem de rejeitos da mineração em Mariana (MG), enquanto acontecimento histórico, que passa a ser inscrito na memória coletiva da sociedade em geral, e, mais especificamente, da Região dos Inconfidentes em Minas Gerais. 100 Resumos: Comunicações Coordenadas COMUNICAÇÕES COORDENADAS Communications coordonnées | Comunicaciones coordinadas | Coordinated Presentations A-Z Os resumos estão classificados por ordem alfabética (Nome dos coordenadores). Les résumés sont classés par ordre alphabétique (Prenom et Nom des coordinateurs). Los résumenes están clasificados por orden alfabético (Nombre de los coordinadores). Abstracts in alphabetical order (by chairs’ name). DESIGUALDADES E RESISTÊNCIAS: DISCURSOS EM LUTA Coordenadora: Águeda Aparecida da Cruz Borges (UFMT/CUA) [email protected] Resumo da sessão: Sob o eixo temático Desigualdade, História e Memória, nos propomos a realizar um diálogo para refletir/discutir, sobre o aporte teórico da Análise de Discurso, o resultado de algumas análises de diferentes materialidades. As pesquisadoras têm filiação ao Grupo de Pesquisa “Mulheres em Discurso: desestabilizando sentidos”, coordenado pela prof.ª Dr.ª Monica Zoppi-Fontana e, consideramos que o IV Simpósio Internacional sobre Análise de Discurso para tratar de discursos e desigualdades sociais é um espaço propício para dar visibilidade à nossa proposta. Nos entremeios abertos pela pesquisa buscamos, por exemplo, desestabilizar sentidos naturalizados na materialização de textos jurídicos sobre a política de promoção da igualdade racial; identificar a característica de contestação das redes de memória de sentidos dominantes, marcante nas lutas por voz, reconhecimento de identidades, visibilidade e pela interpretação de si, em poesias sobre mulheres negras; ainda mostrar o funcionamento dos processos de sentido que constituem a memória discursiva em relação com os processos de subjetivação, de identificação, de resistência que constituem as mulheres quilombolas e para complementar, trazemos discursividades sobre a figura da empregada doméstica nas quais se representa um dizer que se mostra como um falar do lugar próprio ou um falar do lugar do outro, no jogo dos processos de projeção imaginária por antecipação. Assim, podemos afirmar que esta é uma forma de participar do esforço teórico, mas, também, político, considerando as relações discursivas de desigualdades que atravessam a história e ressoam na/pela memória no presente. Trabalhos dos Integrantes: A “lei da compensação”: uma análise de textos da política nacional da igualdade racial Águeda Aparecida da Cruz Borges (UFMT/CUA) [email protected] Para dialogar nesta mesa, analiso textos jurídicos da política nacional de promoção da igualdade racial. Trato o “corpus” como arquivo como define Pêcheux (1982, p. 57), “no sentido amplo do campo de documentos pertencentes e disponíveis sobre uma questão”, no caso, a Política Nacional da Igualdade Racial (PNIR), que, de acordo com o Decreto Nº 65.810 de dezembro de 1969 e a CONVENÇÃO INTERNACIONAL, se propõem a “eliminar todas as formas de discriminação racial”. (grifo meu). Faço um percurso sobre os estudos da enunciação, descrevo alguns procedimentos de reescritura e desloco para uma análise discursiva do material. O arquivo é opaco e não se fecha; assim é o trabalho de leitura do analista que o constrói, ou seja, o modo como li os materiais me permitiu identificar que a proposta de promoção à igualdade racial converge para uma direção que contraria os sentidos de igualdade, pois, diferencia os sujeitos, divide-os e elege a cor da pele produzindo o efeito de sentidos de que uma parte desses sujeitos é atendida, de forma prioritária (ênfase na população negra) como enunciado no artigo 2º. Pela noção discursiva de arquivo é possível apreender o gesto que, na história, separa, divide o direito à interpretação e trabalha os modos de administrá-la. Se os sentidos não estão colados nas palavras, eles são “relação a”, logo a interpretação não é mera decodificação e não pode ser qualquer uma, ela é sustentada, de um lado, pela memória institucionalizada (o arquivo), e, de outro, pela memória constitutiva, isto é, pelo interdiscurso. Os sentidos não são transparentes é a história que lhes dá densidade. 101 Resumos: Comunicações Coordenadas A história do Brasil não se faz sem uma relação com a história da colonização, com a história da escravidão, determinadas pelo processo como se deu a “descoberta”. Ao se enfatizar no Art.2º, a população negra, contrariando a proposição do Decreto, rememora-se um capítulo da História do nosso País e imprime linguisticamente, pelo texto jurídico, a “Lei da compensação” no presente, nas condições de produção atuais. Enunciação/legitimação: a dupla face do dizer político Mónica G. Zoppi Fontana (UNICAMP/CNPq) [email protected] Recentemente a questão da enunciação ganhou destaque em teorias que discutem a legitimidade de um lugar/ponto de vista para enunciar tanto política quanto teoricamente o conflito social. Do ponto de vista analítico, trata-se de identificar as marcas das contradições que determinam condições de possibilidade de uma enunciação política ancorada nas inscrições subjetivas que constituem um eu/nós que forneceria o fundamento último da legitimidade ética e epistemológica de um dizer. Do ponto de vista teórico trata-se da relação entre acontecimento discursivo, memória discursiva e enunciação na sua reflexividade performativa. Se é a posição-sujeito que determina o sentido dos enunciados a partir do funcionamento da memória discursiva, é na enunciação de um sujeito em determinadas condições de produção que esse dizer poderá ser reconhecido como legítimo em relação a um determinado lugar de enunciação. Exploramos diferentes processos de construção de um lugar de enunciação da demanda social e política em movimentos nos quais as questões identitárias, principalmente de gênero e raça, estão na base. Consideramos, assim: 1- A dimensão subjetiva de representação imaginária das relações sociais, compreendidas como processos de subjetivação; 2- A dimensão jurídica que aparelha o Estado e as instituições para administrar as relações sociais (na sua contradição constitutiva), produzindo processos de individuação; 3- A dimensão axiológica de construção de valores sociais produzidos como consenso, que desenham uma hierarquia interpretativa, a partir da qual se produzem processos de inclusãoexclusão-segregação dos sujeitos com seus consequentes efeitos sobre os processos de subjetivação. Analisamos discursividades sobre a figura da empregada doméstica nas quais se representa um dizer que se mostra como um falar do lugar próprio ou um falar do lugar do outro, no jogo dos processos de projeção imaginária por antecipação. Esse modo de representar o dizer em relação à legitimidade de uma inscrição subjetiva em uma posição ideológica historicamente determinada nos permite abordar a questão das expectativas de reconhecimento tal como elas se apresentam na formulação, já interpretadas pela relação constitutiva com a filiação a posições-sujeito no interdiscurso. Nesse sentido avançamos na reflexão sobre o funcionamento dos lugares de enunciação no discurso (Zoppi-Fontana, 2002). As cores do Brasil quilombola Ana Josefina Ferrari (UFPR - Setor Litoral) [email protected] Historicamente, no Brasil, os quilombolas se constituíram como modo de resistência ao regime escravagista no Século XIX e ao governo das elites nos Séculos XX e XXI. No presente trabalho, trazemos o resultado parcial da nossa pesquisa titulada “Memórias de mulheres quilombolas: uma análise discursiva de entrevistas a mulheres de comunidades quilombolas de áreas rurais do município de Guaraqueçaba (Pr)”. Propomo-nos analisar, neste trabalho, sequências relacionadas com a autodeterminação de raça e cor em formulários de inscrição para vestibular de mulheres quilombolas. Descreveremos o funcionamento dos processos de sentido que constituem a memória discursiva em relação com os processos de subjetivação, de identificação, de resistência que constituem o sujeito de discurso, no nosso caso, as mulheres quilombolas. Partimos da hipótese de que os processos de identificação e subjetivação são produzidos a partir de uma relação constitutiva com a memória, em determinadas condições de produção. Filiamos nosso trabalho teórica e metodologicamente à Análise de Discurso francesa, especificamente, através dos textos de Pêcheux (1975), Orlandi (1996; 1999; 2001, 2010), Zoppi Fontana(2004), entre outros. Vozes - mulheres negras na poesia Mariana Jafet Cestari (Mulheres em Discurso/Grupo de Pesquisa-UNICAMP) [email protected] Nesta comunicação, com base em “corpus” composto por poemas de Conceição Evaristo (2008) e Lívia Natalia (2015), poetas, contistas e teóricas da literatura, discuto a enunciação de si, que projeta vozes-corpos de mulheres negras como sujeitas de um dizer próprio e protagonistas de suas histórias. Em análises sobre o eu político e o eu poético, minha reflexão entrecruza as propostas de formações imaginárias e processos de subjetivação, de Michel Pêcheux (1969, 1975), de lugares de enunciação, de Mónica Zoppi Fontana (2002), de reflexividade metaenunciativa, de Authier-Revuz (1998) e as formulações acerca do euenunciador negro na literatura negra brasileira. As vozes-mulheres negras que ecoam nos poemas constituem-se em posições sujeito divergentes daquelas que formulam e fazem circular os estereótipos de submissão e inferioridade do imaginário racista, sexista e lesbofóbico da ideologia dominante, seja no cânone literário ou em outros âmbitos do discurso. No entanto, a característica de contestação das redes de memória de sentidos dominantes marcante nas lutas por voz, reconhecimento de identidades, visibilidade e pela interpretação de si não deve reduzir as descrições e interpretações desta produção literária, pois esta seria uma forma de limitar os fazeres possíveis às mulheres negras e de negar os equívocos, pontos de deriva e deslocamentos dos sentidos dos discursos e suas especificidades na poesia. 102 Resumos: Comunicações Coordenadas DISCURSOS EM PERSPECTIVA DIALÓGICA: ÁREAS EM DEBATE Coordenadora: Alessandra Avila Martins (FURG) [email protected] Resumo da mesa: A linguagem sempre foi um tema que intrigou estudiosos de diferentes épocas. Em tempos atuais, mais precisamente nos séculos XX e XXI, a abrangência dos estudos sobre a linguagem tem recebido atenção de autores de diferentes campos do saber. O Círculo de Bakhtin se dedicou a aprofundar os estudos sobre a linguagem em torno dos anos 1925/26, fenômeno que se caracteriza como uma espécie de virada linguística, já que a linguagem passou a receber atenção especial nos debates e acabou por reorientar os escritos e as discussões do Círculo, que vieram posteriormente. Desse modo, a questão da linguagem marca significativamente a participação e a inserção de Bakhtin e seu Círculo no pensamento contemporâneo de parte de estudiosos das Ciências Humanas e Sociais, revelando a impossibilidade de estudá-la fora do seio social. Em suas reflexões, Bakhtin atenta para o caráter dialógico da linguagem, pois a produção de cada enunciado estabelece um elo com os outros enunciados, já que responde a enunciados presentes, passados e futuros. Além do caráter dialógico, a incompletude, a mobilidade e a tensão se configuram como aspectos constitutivos da linguagem, o que possibilita que os estudos de Bakhtin travem diálogo com diferentes campos do saber e respaldem, teoricamente e metodologicamente, a análise discursiva dos processos de instauração de sentido em múltiplos objetos. Assim, considerando que todas as atividades humanas estão relacionadas ao uso da linguagem, pretende-se, com este simpósio, reunir quatro trabalhos que analisam discursos que circulam na esfera acadêmica, religiosa e publicitária, evidenciando a interface entre os estudos de base bakhtiniana e diferentes áreas do conhecimento. Trabalhos dos Integrantes: Construção de sentido no gênero piada: a palavra sob uma perspectiva dialógica Adriana Danielski Batista (IFRS) [email protected] Em todo e qualquer enunciado, que tem existência a partir da interlocução entre sujeitos, há a interação de diversas vozes, em que a compreensão de uma voz leva à compreensão de outra e assim sucessivamente. É a análise dessa teia de vozes, permeada pela palavra, que permite o alcance dos sentidos em circulação no discurso. Ou seja, para a compreensão de um enunciado, faz-se necessário observar vozes que interagem no material verbal, evidenciando, assim, o caráter plurilinguístico e dialógico da língua. Dessa forma, o presente trabalho estuda o funcionamento discursivo da palavra de modo a compreender como ocorre a construção de sentidos no gênero discursivo piada, verificando a evocação de diferentes valorações e vozes discursivas. A piada analisada foi extraída de um sítio eletrônico, denominado PIADAS.COM.BR. O gênero piada exige o entendimento da plasticidade das palavras para que a compreensão se efetive. O sentido da piada é pautado, geralmente, na plasticidade impressa a uma dada palavra ou expressão, que reflete e refrata diferentes pontos de vista, significações. Compreende-se que a plasticidade da palavra e a consequente mobilidade impressa por ela aos gêneros está condicionada a diversos aspectos discursivos, tais como forma, situação enunciativa (quem fala? para quem? sobre o que fala? com que projeto enunciativo?), contexto de produção, alteridade, entonação, reflexo/refração. Para tanto, o método de análise apoia-se nos conceitos postulados por Bakhtin e seu Círculo (Bakhtin/Volochinov, 1929/2010; Bakhtin, 1975/1998, 1979/2011), que entendem a palavra como elemento polissêmico e plurivocal da língua. Cabe salientar que a plasticidade perpassa a língua e se estabelece a partir da relação palavra versus gênero. A palavra imprime mobilidade ao gênero, mas este também condiciona o funcionamento da palavra. Há gêneros mais coercitivos, que impõem à palavra um funcionamento discursivo mais estável, em que o estabelecimento de diferentes vozes sociais são coibidas. Há gêneros que são extremamente plásticos, que propiciam maior mobilidade à palavra. Concorrência religiosa na televisão: vozes de consumo em conflito no discurso Kelli da Rosa Ribeiro (PUCRS) [email protected] Levando em consideração a crescente circulação de diversos discursos religiosos neopentecostais, em meios de comunicação de massa, sobretudo na televisão, este trabalho pretende levantar discussões enunciativo-discursivas a respeito dos efeitos de consumo e da acirrada concorrência que emergem no anúncio de produtos evangélicos, articulação composicional que integra o gênero culto televisivo Show da fé, veiculado em diferentes canais televisivos brasileiros. Para atingir tal objetivo, recorremos às ideias filosóficas e linguísticas da Teoria Dialógica do Discurso, desenvolvida por Mikhail Bakhtin e seu Círculo, como embasamento teórico central. As reflexões teóricas do Círculo possibilitam o estudo enunciativo-discursivo do funcionamento e da refração de sentidos dos signos ideológicos que se engendram no anúncio de produtos evangélicos, tendo em vista suas especificidades de composição e sua relação dialógica com a diversidade de discursos da esfera religiosa e midiática. Estabelecemos ainda um diálogo com o filósofo Dany-Robert Dufour e o semiolinguista Patrick Charaudeau que tratam respectivamente do consumo na sociedade contemporânea e das questões que envolvem o discurso das mídias. Assim, partimos das seguintes perguntas norteadoras: i) Como acontece a relação de concorrência no mercado religioso da esfera midiáticatelevisiva nos anúncios de produtos evangélicos do programa Show da fé? ii) Como acontece o ataque ao concorrente e a tensão 103 Resumos: Comunicações Coordenadas com as diversas vozes sociais no anúncio? iii) De que forma a seleção de signos verbais e não verbais fazem reverberar efeitos de consumo e da concorrência? Para responder tais questões, selecionamos dois trechos dos anúncios de produtos evangélicos, do culto Show da fé transmitido em 16 de junho de 2012. Buscamos levantar reflexões a respeito da tensão entre vozes sociais de consumo que complexificam o discurso religioso neopentecostal tanto na sua esfera de origem, a esfera religiosa, quanto na esfera midiática, na qual tem propagação rápida, interpelando uma grande massa de sujeitos. A interpelação acontece baseada nas relações pós-modernas entre fé e consumo, criando efeitos de sentidos propagandistas num discurso televisivo que promete bênçãos ilimitadas aos fiéis, desde que aceitem seu dizer profético-publicitário. O papel do interlocutor no discurso publicitário: tensão e produção de sentidos Vanessa Fonseca Barbosa (PUCRS) [email protected] Os trabalhos desenvolvidos pelo chamado Círculo de Bakhtin, na Rússia do Séc. XX, deixaram um grande legado para os estudos do Discurso, pois demonstraram, dentre outras questões, que a linguagem é um objeto inerentemente ideológico, constituído pelo imbricamento dos mais diversos valores e discursos colocados em permanente relação de tensão. Nesse sentido, por meio das reflexões advindas da teoria bakhtiniana, encontram-se subsídios para analisar e melhor compreender o complexo processo de instauração de sentidos na linguagem. Diante dessas considerações, este trabalho apresentará uma proposta de análise dos sentidos estabelecidos discursivamente a partir do papel atribuído ao interlocutor em duas campanhas institucionais lançadas no ano de 2012 por uma grande empresa de televisão sediada em uma região do extremo Sul do Brasil. Constituem o corpus do trabalho duas campanhas institucionais da RBS TV lançadas, respectivamente, nos meses de abril e junho do ano de 2012, em comemoração aos cinquenta anos da emissora. A primeira campanha publicada pela mídia teve o seguinte slogan: “A gente faz pra você”, sendo substituída dois meses depois pela segunda, cujo slogan fora “A gente faz com você”. Para analisar o objeto selecionado, no trabalho, são mobilizados, dentre outros, os conceitos de enunciado, signo ideológico, tensão e valor, advindos da compreensão dialógica da linguagem através dos estudos bakhtinianos; bem como estabelece-se uma interface com os trabalhos de Patrick Charaudeau para tratar da mídia em foco. A análise realizada permite verificar uma significativa reorganização do discurso publicitário de uma campanha para a outra, com o intuito de criar efeitos de sentido que aproximassem o locutor cada vez mais de seu interlocutor. O trabalho permite ainda enfatizar a constituição dialógica da linguagem para a construção dos sentidos estabelecidos discursivamente. Da escuta à autoria: uma inscursão na formação continuada docente Alessandra Avila Martins (FURG) [email protected] A formação continuada de docentes, política pública prevista na Lei 5692/71 e ampliada pela Lei de Diretrizes e Bases, se configura como um espaço de (re)construção da identidade profissional e assume diferentes contornos. Em 2013, foi instituído O Pacto Nacional pelo Fortalecimento do Ensino Médio, programa que prevê a formação continuada dos professores e coordenadores pedagógicos que atuam no Ensino Médio da rede estadual de ensino. Esse programa envolve todas as universidades federais, que elaboraram metodologias para o processo formativo. Em cada encontro de coletivo com os professores cursistas, estes eram convidados, por meio da escrita, a refletirem sobre o espaço de formação constituído na escola. A partir disso, este trabalho tem por objetivo analisar os dizeres dos pesquisados e quais as vozes/sociais discursivas que atravessam esses dizeres e como a identidade docente se reposicionou a cada enunciado. O material de pesquisa foi analisado à luz da perspectiva bakhtiniana de linguagem e dos estudos identitários (Hall e Silva). A leitura e a análise do material revelaram a importância da escola como um espaço para a reflexão e a qualificação das práticas docentes. Além disso, observou-se que o professor, que historicamente ocupou um papel de escuta, passa a ter voz, ou seja, transita em outra identidade, que é a da autoria. FRONTEIRAS INVISÍVEIS: MATERIALIDADE DISCURSIVA, HISTÓRIA, MEMÓRIA Coordenadora: Aline Fernandes de Azevedo Bocchi (IEL/Unicamp) [email protected] Resumo da mesa: Em seu texto “Delimitações, inversões, deslocamentos”, publicado em 1982, Michel Pêcheux defende que o funcionamento equívoco e contraditório do discurso se sustenta em uma relação particular com a história: há efeitos do discursivo sobre a história, embora haja concomitantemente efeitos de determinação da estrutura histórica sobre o discursivo. Para ele, no funcionamento da memória “aquilo que irrompe no espaço da repetição discursiva é efeito de uma materialidade específica, sobre e com a qual não se pode dizer qualquer coisa”. No processo de formulação dos sentidos como lugar da contradição, as barreiras invisíveis que atravessam as sociedades como linhas móveis, sensíveis às relações de força, resistentes e elásticas indicam as margens entre as formações discursivas a sulcar fronteiras invisíveis no dizer. Ancorados nas teorizações de Michel Pêcheux, esta mesa coordenada reúne reflexões de integrantes do PHIM – Projeto História, Inconsciente, Materialidades, com sede no IEL/Unicamp e coordenação de Lauro José Siqueira Baldini. Nosso objetivo é, assim, levar a sério a questão das materialidades 104 Resumos: Comunicações Coordenadas discursivas, na sua relação com a história e com a memória, indicando como as fronteiras das desigualdades sociais se textualizam no discursivo, pelo funcionamento equívoco da ideologia, no jogo entre o visível e o invisível. Trabalhos dos Integrantes: A maternidade nas prisões: o avesso de uma formação discursiva Aline Fernandes de Azevedo Bocchi (IEL/UNICAMP - PHIM - PNPD/CAPES) [email protected] Esta reflexão foi elaborada em decorrência do exame da duplicidade própria ao enunciado dividido “Nós, mulheres”, formulação contraditória produtora de uma identidade política articulada a um imaginário de coesão que historicamente serviu de sustentação aos movimentos feministas. O funcionamento da memória (PÊCHEUX, 2007), compreendido no/pelo jogo entre paráfrase e polissemia, sugere que tal formulação se repete nos discursos feministas contemporâneos de forma recorrente e insistente, apesar das críticas e questionamentos de feministas atentas aos limites de tal enunciado. Diante disso, pretendo problematizar algumas questões acerca das fronteiras entre as formações discursivas, particularmente no que se refere aos discursos sobre parto e maternidade no Brasil. Trata-se de examinar os processos históricos que determinam as práticas discursivas (PÊCHEUX, 1981) que constituem sentidos para a maternidade em nossa formação social, questionando o caráter profundamente dividido de tais discursos (COURTINE, 2009). Para tanto, irei me deter em uma questão que permanece à margem dos discursos dominantes sobre o tema: a maternidade no cárcere, ou seja, o ser mãe nas prisões e penitenciárias brasileiras, priorizando os discursos jurídicos e midiáticos no embate com meu arquivo. Além do “ça circule” (PÊCHEUX, 1981) próprio ao discurso da mídia e seu eco vazio, considero que o campo do direito simula um funcionamento lógico dedutivo no qual a lei universal é supostamente aplicada a todos. Assim, procuro sustentar que em uma sociedade onde há contradição de classe a universalidade produzida por tais discursos é um efeito imaginário necessário. Nesta direção, a maternidade nas prisões abordada por alguns discursos de militância promove uma ruptura com tal efeito de universalidade ao mostrar o avesso de uma formação discursiva. As metamorfoses da literatura fantástica: metáfora e segredo em contos de José J. Veiga e Murilo Rubião Thales de Medeiros Ribeiro (IEL/UNICAMP - PHIM – CNPq) [email protected] Em seu comentário sobre Sombras de Reis Barbudos, de José J. Veiga, Eni Orlandi (2007) afirma que, na ditadura militar, o domínio da literatura jogava largamente com o realismo fantástico e com as metáforas como forma de resistência à política do silêncio (censura). Nesse sentido, “a separação entre pessoas é metaforizada, no romance, por muros que começam a crescer sozinhos; o arbitrário do poder e a ameaça são metaforizados pela proibição de cultivar legumes no quintal” (ORLANDI, 2007, p. 115). De outro lugar teórico, Silviano Santiago (2015) problematiza a relação estrita entre o poder coercitivo e a dimensão do segredo na literatura de José J. Veiga. Diante desses apontamentos e inseridos no quadro teórico e analítico materialista da Análise de Discurso (GADET, PÊCHEUX, 1981; PÊCHEUX, 1980, 1990, 1999, 2008; ORLANDI, 1999, 2007), empreendemos um gesto de leitura sobre a relação entre metáfora e segredo em contos de José J. Veiga e Murilo Rubião. Na perspectiva discursiva, consideramos que os contos textualizam as relações assimétricas de forças e a desigualdade real entre os sujeitos no modo de produção capitalista. Poderíamos afirmar, assim, que o realismo fantástico não é um “aerólito miraculoso” independente das redes de memória e dos trajetos sociais nos quais irrompe. Para trabalhar com essa materialidade discursiva específica, levantamos também uma discussão sobre a problemática da representação e do impossível na literatura embasados nos trabalhos de Shoshana Felman (2003) e de Roland Barthes (2008). A praia é democrática? História, memória, desigualdade Karine de Medeiros Ribeiro (IEL/UNICAMP - PHIM – CNPq) [email protected] Neste trabalho, analisamos a formulação “a praia é democrática” no documentário Faixa de Areia (2007). No filme, é apresentada uma série de entrevistas com banhistas e trabalhadores em diferentes praias do Rio de Janeiro. Na imbricação de materialidades significantes específicas, o documentário traz, em sua narratividade, um enquadramento político da “desigualdade social” — especificadamente, a divisão social de classes e os discursos sobre a circulação dos sujeitos no espaço urbano — que atravessa os diferentes bairros da cidade. Em outros termos, o imaginário de igualdade (o efeito de evidência de “igualdade” e “liberdade de circulação” dos sujeitos nas praias) textualizado com regularidade nas entrevistas choca-se, de forma tensa e contraditória, com a desigualdade real e estrutural que irrompe nos efeitos de montagem das sequências dessa narrativa. A partir do quadro teórico materialista da Análise de Discurso, consideramos que o documentário em questão é sustentado por uma série de discursos exteriores, anteriores e independentes. Nesse sentido, buscamos empreender um gesto de leitura da formulação em sua relação com a história, com a memória e com a desigualdade, isto é, tomando como ponto de partida a rede de memória de um corpo sócio-histórico de traços discursivos, atravessado por divisões, deslocamentos e contradições. 105 Resumos: Comunicações Coordenadas DESENVOLVIMENTO DE RECURSOS EDUCACIONAIS ABERTOS PARA A PRÁTICA DE ESCRITA E DE LEITURA: AS METAS DO MILÊNIO PARA A REDUÇÃO DAS DESIGUALDADES EM FOCO Coordenadora: Ana Lúcia Tinoco Cabral (UNICSUL) [email protected] Resumo da mesa: Os pesquisadores que participam desta comunicação coordenada alinham-se todos a projeto de pesquisa que tem por objeto de estudo processos de leitura e escrita, tanto do ponto de vista teórico como prático. Concebendo leitura e escrita como atividades indissociáveis, o projeto visa ao desenvolvimento de recursos educacionais abertos para a prática de escrita os quais possibilitem despertar no estudante a percepção das unidades textuais que contribuem para manter a coerência por meio do conceito de navegação em textos, utilizando pistas de leitura. Os recursos educacionais abertos serão concebidos a partir de uma abordagem sociocognitiva e interacional do texto (Koch, 2004). A temática geral norteadora dos conteúdos desses recursos contempla questões relacionadas à participação cidadã no contexto do século XXI, com base na Agenda 2030 para o desenvolvimento sustentável e em concordância com o que preconizam os PCN. Para esta comunicação coordenada, elegeu-se como temática, entre as metas da Agenda, aquelas que focalizam a redução de desigualdades sociais, ligadas a questões que envolvam pobreza, gênero, educação, envelhecimento. Uma vez que a primeira etapa do processo de produção de recursos educacionais abertos consiste na análise linguístico-textual de material que poderá servir de base para o desenvolvimento deles, os trabalhos que compõem esta comunicação coordenada apresentam análises realizadas em corpus de textos selecionados na Web e comentários de leitores; as análises fundamentam-se em conteúdos teóricos que subsidiarão o projeto. Assim, Ana Lúcia Tinoco Cabral analisa o discurso sobre o idoso na mídia digital verificando como os estereótipos geram segregação; Manoel Francisco Guaranha analisa a construção linguístico-argumentativa em comentários de leitores de um jornal eletrônico sobre o corte de verbas no “Bolsa Família”; Ana Elvira Gebara investiga processos referenciais na construção do objeto de discurso “violência” no discurso da mulher. Trabalhos dos Integrantes: A construção de estereótipos na argumentação pela “melhor idade” na mídia digital: desigualdade no envelhecimento Ana Lúcia Tinoco Cabral (UNICSUL) [email protected] As metas do milênio constituem um plano acordado nas Organização das Nações Unidas relativamente às áreas em que a ação humana impacta o meio ambiente, em resposta à necessidade de se atingir uma economia mundial mais eficiente e equitativa. Busca um padrão de desenvolvimento no século 21 alicerçado na sustentabilidade ambiental, social e econômica. As metas foram consolidadas na Declaração do Milênio, documento resultante de debate na ONU, em 2000. Os objetivos traçados nesse documento são mensuráveis, temporalmente delimitados e reconhecem que o mundo possui tecnologia e conhecimentos para resolver a maioria dos problemas enfrentados pelos países pobres. Como esses objetivos não foram atingidos, em 2015, estabeleceu-se nova agenda, com novas metas. Entre elas, algumas focalizam a questão das desigualdades, e, especialmente, para este trabalho, duas delas, cujo escopo abrange envelhecimento: assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, em todas as idades; garantir educação inclusiva e equitativa de qualidade, e promover oportunidades de aprendizado ao longo da vida para todos. Dito isso, o objetivo deste trabalho é analisar como se dá o discurso sobre o idoso na mídia digital no Brasil atualmente. Procuramos, por um lado, descrever as estratégias linguísticas e, por outro, questionar os efeitos sociais desses discursos. Nossa hipótese é que tal discurso é carregado de estereótipos que segregam os idosos, incitando-os a assumir uma atitude de “não idoso”, muitas vezes inacessível aos idosos de baixa renda. O quadro teórico que dá suporte ao trabalho contempla semântica argumentativa (Ducrot,1980 e 1984) e estudos dos estereótipos (Amossy e Peirrot, [1997]2007; Boyer, 2007), em diálogo com os estudos da enunciação (Benveniste, 1966 e 1974; Kerbrat-Orecchioni, 1980, 1997). Como metodologia de análise, verificamos as marcas linguísticas que permitem identificar as intenções que determinaram as escolhas linguísticas, focalizando a construção de estereótipos. As análises fundamentarão o desenvolvimento de recursos educacionais abertos voltados para a leitura crítica. Análises preliminares indicam que a mídia, ao cobrar dos idosos que cumpram com o estereótipo de “melhor idade”, gera segregação e desigualdade. O Discurso em torno do Bolsa Família: escrita, leitura e desigualdades em foco Manoel Francisco Guaranha (UNICSUL e FATEC) [email protected] Esta comunicação está vinculada ao Projeto de Pesquisa: “Desenvolvimento de materiais para a práticas de escrita por meio de pistas de leitura” que objetiva o desenvolvimento de recursos educacionais abertos para essas práticas contemplando aspectos teóricos, metodológicos e tecnológicos. Trata-se de um projeto do Programa de Mestrado em Linguística da Universidade Cruzeiro do Sul – UNICSUL – São Paulo/Brasil e insere-se na linha de pesquisa “Texto, discurso e ensino: processos de leitura e de produção do texto escrito e falado”. Os objetos de estudo deste projeto são os processos de leitura e escrita, consideradas atividades indissociáveis, para as quais serão desenvolvidos recursos educacionais abertos a partir da abordagem sociocognitiva e interacional do texto (Koch, 2004). O projeto elegeu como temática geral dos textos que irão compor os recursos educacionais questões relacionadas à participação cidadã no contexto do século XXI, com base na Agenda 2030 para o desenvolvimento sustentável e em concordância com o que preconizam os Parâmetros Curriculares Nacionais - PCN. Para esta comunicação, 106 Resumos: Comunicações Coordenadas elegeu-se como temática, entre as metas da Agenda 2030, a primeira delas: “Acabar com a pobreza em todas as suas formas, em todos os lugares”. Desse modo, foi selecionado como corpus para um estudo linguístico-textual a reportagem do Jornal Folha de São Paulo, edição eletrônica de 20/10/2015, sobre o corte de 35% de verbas do orçamento, proposta pelo relator da Lei Orçamentária de 2016, Deputado Ricardo Barros (PP/PR) e, principalmente, os comentários dos leitores sobre a reportagem. A análise terá como objetivo identificar a estrutura argumentativa desses comentários, bem como o modo como os sujeitos organizam suas posições, dialogam com o texto da reportagem e com os outros comentários. O Bolsa Família é um “programa federal destinado às famílias em situação de pobreza e extrema pobreza [...], que associa à transferência do benefício financeiro o acesso aos direitos sociais básicos saúde, alimentação, educação e assistência social” (http://bolsafamilia.datasus.gov.br/w3c/bfa.asp). Desde seu início, em 2003, o programa tem sofrido críticas negativas que se intensificaram nos últimos anos, à medida que a crise econômica aumentou. Nesse sentido, torna-se relevante estudar como os textos dos comentários materializam as ideologias acerca do tema. Vozes subalternas, vozes possíveis? A construção do referente violência na expressão no discurso da mulher Ana Elvira Luciano Gebara (UNICSUL e FGV) [email protected] Uma das maneiras de se promover ações produtivas para o desenvolvimento da leitura e escrita, meta central do ensino de língua materna, no quadro atual da educação no Brasil é adotar as propostas de desenvolvimento sustentável como os da Agenda 2030. Essa perspectiva, que une o fazer tecnológico e o saber, apresenta parâmetros para as temáticas a serem abordadas no ensino, de acordo com uma visada global, e estimula o diálogo entre os documentos internacionais e nacionais, em especial, os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN. No cruzamento dessas preocupações e dessas propostas, constituiu-se o projeto de pesquisa: “Desenvolvimento de materiais para a práticas de escrita por meio de pistas de leitura”, que envolve as teorias do texto (em especial, a Linguística Textual), as metodologias relacionadas a essas posições teóricas e a utilização de recursos tecnológicos para concretizá-las. O projeto vinculado ao Programa de Mestrado em Linguística da Universidade Cruzeiro do Sul – UNICSUL – São Paulo/Brasil insere-se na linha de pesquisa “Texto, discurso e ensino: processos de leitura e de produção do texto escrito e falado” e tem, em sua gênese, uma proposição interdepartamental principalmente no que diz respeito ao papel das TICs. Dentre os objetivos do projeto, esta comunicação se vincula especificamente ao de produzir material bibliográfico de divulgação para a comunidade acadêmica, tomando por objeto a referenciação, compreendida como processo linguístico-discursivo, tal como Koch, Morato e Bentes (2012) a apresentam, constituintes dos objetos do discurso; e como Mondada e Dubois, em livro organizado por Cavalcante, Rodrigues e Ciulla (2003), conceituam tomando também a categorização como parte desse processo. Assim, tomamos o item 5 da Declaração do Milênio: “Alcançar igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas” e elegemos como corpus, dois textos do jornal Folha de São Paulo – o texto de Tati Bernardi, “Respeite as mulheres, sua vaca”, na coluna “Ilustríssima” e o artigo “Podem as mulheres falar?”, de Daniela Lima, cujo tema é a violência relacionada à mulher em papel de agente e objeto, e em cujas relações dialógicas explícitas permitem estabelecer quais procedimentos materiais linguísticos e discursivos envolvidos para o desenvolvimento do tema. A análise tem ainda como corpus os comentários (um total de 17) feitos para o texto de Bernardi, cruzando os elementos referenciais da escrita ao de leitura. ANÁLISE DIALÓGICA DO DISCURSO: O DIALOGISMO COMO CHAVE PARA PROBLEMATIZAR AS RELAÇÕES SOCIAIS COMO COMPROMISSO PARA UMA ÉTICA DA EQUIDADE, SOLIDARIEDADE E AFETIVIDADE SOCIAL Coordenadora: Angela Maria Rubel Fanini (UTFPR) [email protected] Resumo da mesa: Esta sessão coordenada visa discutir a importância do conceito chave, ou seja, do dialogismo, na perspectiva de Mikhail Bakhtin e do Círculo. Acredita-se que a categoria dialógica pode esclarecer a questão da autoria, da intersubjetividade, da ideologia, dos discursos sociais e das interfaces da linguagem com outras áreas do conhecimento e da práxis humana tais como a Filosofia, a Economia, o Universo do Trabalho, a História, o Teatro, a Educação, a Cultura, a Leitura etc. A perspectiva dialógica prevê sempre uma relação de alteridade, distanciando-se das polarizações dicotômicas, ou seja, percebe-se a partir desse mirante, a interrelação, a interação, o avizinhar-se do outro. Esse contato dialógico quer seja entre sujeitos, culturas, áreas do conhecimento diversas, vozes sociais díspares pressupõe sempre uma relação tensa, orgânica e não conclusiva de um eterno embate em que as relações de poder, de hierarquia, de gênero, de faixa etária, regem essa relação, evitando-se um fechamento e uma conclusividade. As comunicações para esta sessão procuram demonstrar com exemplos práticos mediante estudos de caso ou de corpus específico como a perspectiva dialógica é potente ferramenta para se entender nossa práxis humana cotidiana em nossa interação com textos, autores, pessoas, culturas e de como essas articulações podem gerar compromissos éticos com a equidade, solidariedade e afetividade social. 107 Resumos: Comunicações Coordenadas Trabalhos dos Integrantes: Dialogismo: autoria e co-autoria como perspectiva para um novo horizonte de prática sociais mais inclusivas Angela Maria Rubel Fanini (UTFPR) [email protected] Nesta comunicação, visamos discutir como a categoria autor é poderosa ferramenta para se repensar a questão dialógica na obra de Mikhail Bakthin e do Círculo. Os pensadores russos repensam essa categoria sob a perspectiva da interação e da centralidade da linguagem enquanto práxis social que permite um novo olhar sobre as formulações estruturalistas, formalistas e individualistas. Negando tanto o Subjetivismo idealista quanto o Objetivismo abstrato, a questão da autoria emerge de modo novo no cenário das Ciências Sociais do Século XX. Demonstramos a partir de textos concretos, em diálogo com essa problemática teórica da autoria, como o autor se relaciona com a linguagem e de como ele se dá pela linguagem e não fora dela, distanciando-nos de perspectivas formalistas que isolam o autor histórico do autor de linguagem. Acreditamos que essa nova formulação do Círculo contribui para uma outra visão da linguagem e da autoria, propiciando uma reflexão ética sobre os encontros e desencontros a partir da linguagem, possibilitando também se pensar as questões do cotidiano em termos de igualdade, desigualdade, viés político e de poder quando nos instituímos pela linguagem em interação dialógica com o outro, em consenso ou dissenso. Com base nos autores propostos para fundamentarem nossa trajetória de pesquisa, percebemos que a autoria é sempre uma co-autoria e, nessa perspectiva, podemos repensar as práticas sociais mediante novo horizonte em que se fortaleçam posturas políticas e éticas mais inclusivas e igualitárias. As formas de desigualdade no acontecimento do ser-idoso: uma análise dialógica da memória narrativa de velhos Maria Cristina Hennes Sampaio (UFPE) [email protected] A acelerada transição demográfica brasileira e mundial, projetada para a segunda metade do Século XXI, suscita interrogações e desafios acerca do futuro da humanidade que envelhece a passos largos. O objetivo deste estudo é evidenciar as formas de desigualdade, no acontecimento do ser-idoso, expressas nos discursos narrativos de idosos, no município de Sairé, no agreste pernambucano. Faremos uma abordagem dialógica e onto-fenomenológica-hermenêutica desses discursos os quais serão contrapostos ao cronotopo linear dos discursos governamentais. Para esse fim serão consideradas algumas noções advindas da filosofia bakhtiniana e heideggeriana, tais como cronotopo e memória, acontecimento do ser, vida vivida/vida autêntica, tomemocional-volitivo/afetividade, cuidado, responsabilidade, etc, para a compreensão e interpretação da intersubjetividade do ser humano idoso na sua ação produtiva de narrar suas memórias sobre suas condições de vida e saúde na velhice. Esta memória será analisada através de fragmentos de depoimentos os quais, em seu conjunto, constituem cronotopos que dialogam entre si, que estabelecem uma relação de compreensão uns com os outros. O confronto dialógico das narrativas dos idosos de Sairé suscitaram um interessante debate acerca das formas desiguais de vivenciar o acontecimento do ser-idoso, levantando questões éticas e bioéticas, no processo do envelhecimento, relacionados à existência e ao sentido da vida humana, à paridade ontológica dos sujeitos, valores, deveres e responsabilidades do ser na dimensão da alteridade. Se, por um lado, o pensamento ético e a bioética parecem ter evoluído com o avanço do conhecimento e das conquistas científicas e da ampliação do reconhecimento dos direitos democráticos entre os povos, o fato é que as desigualdades, sobretudo as de natureza socioeconômica e a ineficiência de governos na implementação de políticas públicas, ainda dificultam o pleno acesso destes sujeitos idosos a uma existência com qualidade de vida, sem a qual dificilmente terão assegurados os princípios éticos da dignidade e da integridade. Fé e liberdade artística em perspectiva dialógica: o ator evangélico na formação universitária em teatro Jean Carlos Gonçalves (UFPR) [email protected] Esta comunicação tem como objetivo refletir sobre a relação entre fé e liberdade artística a partir do discurso de alunos/atores cristãos que cursam graduação na área de teatro em Curitiba/PR. O estudo tem interesse nas possibilidades e limites da criação cênica quando estão em jogo questões como princípios e valores morais/religiosos no contraponto com a ideia de um fazer teatral de ordem vanguardista e transgressor, presente, especialmente, no contexto universitário. O quadro teórico-metodológico está ancorado na Análise Dialógica do Discurso, que tem nos estudos de Bakhtin e o Círculo sua principal ancoragem. O corpus da investigação é composto de enunciados escritos por alunos/atores que se autodenominam cristãos evangélicos. Os resultados apresentam uma noção conflituosa da relação entre fé e liberdade artística, que resulta em dilemas de caráter pessoal e íntimo, constituídos por vozes de diferentes esferas, principalmente a teatral e a religiosa. A interpretação teatral se configura, nos dados analisados, como permissividade para a experimentação corporal, em virtude de sua posição extracotidiana (exotópica) no que se refere à vida real e, também, como obstáculo intransponível, na acepção de interpretação como responsabilidade do ator, munido de corpo, voz e presença (sem álibi, portanto, para as experimentações de um ser que encena). A pesquisa contribui para o campo da educação em teatro no sentido de provocar reflexões junto aos alunos/atores de graduação na área, para que os pressupostos da fé e suas reverberações na criação cênica do ator evangélico não comprometam a liberdade artística, levando-a ao risco do esmaecimento e da opacidade e para que o exercício da religiosidade dos sujeitos não seja sacrificado em nome da liberdade artística. O jogo discursivo-enunciativo que se estabelece na dualidade fé/princípios/valores X teatro/criação/transgressão é amplo, instigante e repleto de vicissitudes ainda pouco exploradas academicamente, o que faz com que esta comunicação se instaure, também, enquanto abertura para o diálogo sobre o tema em questão no sentido mais bakhtiniano que o termo possa esboçar. 108 Resumos: Comunicações Coordenadas CONTEXTOS DE DISSENSO POLÍTICO: AÇÕES DE TEXTUALIZAÇÃO/DISCURSIVIZAÇÃO COMO RECURSOS DE (DES)LEGITIMAÇÃO SOCIAL Coordenadora: Anna Christina Bentes (UNICAMP) [email protected] Resumo da mesa: Essa sessão tem como proposta colocar em diálogo um conjunto de trabalhos que consideram que as ações de textualização/ discursivização configuradoras de gêneros do discurso e/ou práticas de linguagem constituem-se em um lócus importante de observação tanto da emergência de processos de (des) legitimação de atores e lugares sociais específicos como também das possibilidades de movimentação desses atores nas tramas sociais nas quais estão envolvidos. Cada trabalho enfoca diferentes conjuntos de textos e de práticas sociais, analisando como os recursos textuais e discursivos mobilizados estruturam um determinado campo social e são estruturados por esse campo. Um primeiro trabalho analisa práticas de linguagem no facebook, procurando mostrar que estilizações da linguagem e categorizações sociais são recursos fundamentais nas lutas por (des) legitimação de posições na arena política brasileira atual. Um segundo trabalho analisa textos jornalísticos que tematizam a presença dos médicos cubanos nos centros de saúde, discorrendo especialmente sobre a qualidade dos serviços por eles prestados. As análises desenvolvidas evidenciam que os textos recuperam esquemas classificatórios que solidificam as estratificações sociais, cooperando para inscrição dos médicos cubanos em um lugar na ordem social inferior àquele historicamente reservado aos médicos brasileiros. Um terceiro trabalho procura levantar e discutir alguns processos de (des)legitimação associados ao frame naturalista que orienta determinadas concepções teóricas, práticas diagnósticas e iniciativas terapêuticas atinentes a duas entidades nosológicas, Doença de Alzheimer e afasiacuja recepção social é ainda altamente judiciosa em termos éticodiscursivos. Os pesquisadores que estão propondo essa sessão compartilham os referenciais teóricos da teoria da prática social e de teorias sociolinguísticas, do texto e do discurso de base crítica, buscando produzir uma arbitragem interdisciplinar, especialmente entre teorias sociais e teorias linguísticas, que possibilite uma compreensão mais ampla das práticas de linguagem em contextos de dissenso político. Trabalhos dos Integrantes: Estilização da linguagem e categorização social no facebook: lutas por legitimação social na arena política brasileira Anna Christina Bentes (UNICAMP) [email protected] A arena social e política brasileira encontra-se em ebulição em função do alto grau de reflexividade dos atores sociais, especialmente sobre categorias como gênero, classe, etnia, religião e idade. Na contemporaneidade urbana, os atores sociais julgam que não só suas experiências virtuais são tão importantes quanto suas experiências sociais face a face, dado que uma alimenta a outra, mas também estão convencidos de que a elaboração contínua de suas subjetividades passa inevitavelmente por essa relação constitutiva entre o que chamamos de mundo social corporificado e o mundo social virtualizado. No entanto, para Williams (1989/2011), o que hoje chamamos de “uso interativo”, é, em sua maioria, bastante desigual, nas relações entre provedor e usuário, já que a oferta é de escolhas simples e determinadas. Apesar do diagnóstico de Raymond Wiliiams, sabemos que o ambiente social criado na internet, e especialmente, nas redes sociais, de fato, possibilita a circulação de experiências e de valores humanos em alta velocidade e em quantidade antes nunca vista. É possível identificar a ordem social contemporânea fazendo emergir novas formas de interação social, contribuindo para a produção de um habitus alinhado às pressões modernas. Nossas análises de um conjunto de postagens de facebook revelam que uma relação entre performance e estilização se constitui como uma característica dos textos produzidos pelos atores sociais. Hanks (1996) afirma que quanto mais assumimos uma visão contextualista de linguagem, mais a questão da consciência metalinguística se impõe, dado que a especificação semânticodiscursiva das palavras, das expressões e dos textos emerge tanto do trabalho dos atores sociais relativamente ao contexto de produção e de recepção dos enunciados como também da condição estruturante de todo contexto relativamente às práticas comunicativas. Nas práticas comunicativas digitais, isso se mostra de forma contundente, especialmente se observarmos a maneira como os atores sociais elaboram os sentidos das categorizações sociais e das versões de mundo por elas produzidas (Koch, 2002), submetendo os processos de produção e de recepção discursivos à lutas intensas por legitimação (Bourdieu, 2007) nos mais diversos campos sociais. Inserção e (des) legitimação dos médicos cubanos no Brasil Hosana dos Santos Silva (UNIFESP) [email protected] Neste estudo, discutimos alguns processos relativos à inserção social dos médicos cubanos entrados no Brasil por meio do “Programa Mais Médicos”, proposto pelo Governo Federal, com apoio de estados e municípios, visando ao aprimoramento do atendimento aos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS). Para desenvolvimento do estudo, analisamos um conjunto de textos publicados na imprensa brasileira, entre junho e dezembro de 2014, sobre a presença desses profissionais nos centros de saúde e, especialmente, sobre a qualidade dos serviços por eles prestados, levando em conta a avaliação dos usuários do SUS, no contexto histórico, sócio-cultural e político de sua produção. Ademais, consideramos os depoimentos produzidos pelos próprios médicos 109 Resumos: Comunicações Coordenadas cubanos sobre a experiência no Brasil e a interação com pacientes brasileiros. Mais especificamente, com esteio na Análise Crítica do Discurso (vanDjik, 2008), em diálogo com a sociologia da prática de Pierre Bourdieu (1989, 2007), buscamos analisar os comentários avaliativos (re) produzidos nos discursos midiáticos, que cooperam para legitimação ou deslegitimação desses médicos enquanto profissionais da saúde, tendo em vista as características primárias (capital cultural, capital escolar, experiência etc.) e secundárias (idade, sexo, etnia, origem, classe social etc.) que funcionam como exigências explícitas ou tácitas ao efetivo exercício da profissão, conferindo-lhe valor social (prestígio e desprestígio). O estudo evidencia que essas publicações recuperam esquemas classificatórios que solidificam as estratificações socias, cooperando para inscrição dos médicos cubanos em um lugar na ordem social inferior àquele historicamente reservado aos médicos brasileiros. Processos de (des)legitimação linguístico-cognitiva: notas sobre o “campo” das patologias Edwiges Maria Morato (UNICAMP) [email protected] Nesta comunicação, com base em dados relativos a pesquisas que temos desenvolvido no campo das afasias e da Doença de Alzheimer, pretendemos levantar e discutir alguns processos de (des)legitimação associados ao frame naturalista que orienta determinadas concepções teóricas, práticas diagnósticas e iniciativas terapêuticas atinentes a essas duas entidades nosológicas, cuja recepção social é ainda altamente judiciosa em termos ético-discursivos. Assim, nosso foco será não apenas o escopo das duas expressões, afasia e Doença de Alzheimer, como também seus efeitos (institucionalização, variadas formas de “inclusão social” e esquemas adaptativos aventados pelos indivíduos, seus pares e entorno social). São ambas as entidades nosológicas aqui mencionadas, por razões distintas e em graus variados de severidade, patologias da interação, da comunicação, da cognição, da cooperação. Por este motivo, são, pois, muito mal “toleradas” socialmente. O fenômeno da (des)legitimação comunicativa e interacional teria uma natureza multimodal que envolveria uma ordem sociocognitiva que diz respeito à observação, reconhecimento e coletivização das normas que constituem e presidem os regimes simbólicos dos muitos campos sociais (BOURDIEU, 1982) nos quais se exibe: o campo da ciência, o das comunicações cotidianas, o da conversação, o das práticas médicas, o das ações inclusivas, etc. Nesse sentido, tomar a cognição como faculdade mental, isolada e circunscrita à intimidade cerebral seria (des)legitimar os processos variados (socioculturais, discursivos, experienciais, corpóreos, interacionais, afetivos, intersujetivos, etc.) que a constituem. Do mesmo modo, conceber a competência relativamente à linguagem como natural seria (des)legitimar condições pragmáticas decisivas para a sociabilidade humana. Nossa hipótese é que os processos discursivos e sociocognitivos de (des)legitimação social associados aos contextos das afasias e da Doença de Alzheimer dizem respeito a um frame naturalista que, a despeito de ainda orientar as relações entre o normal e o patológico, ou entre saúde e doença, atualmente encontra-se enfraquecido ou em mudança. Para dimensionar o impacto das discussões teóricas e práticas relativas aos dois contextos patológicos considerados, pretendemos inicialmente nos deter nesses dois conceitos, interação e cognição, levando em conta o que eles requerem, envolvem ou implicam. Num segundo momento, esta comunicação discutirá as implicações do frame naturalista no campo da neurolinguística. DISCURSO, TRABALHO E (SUPERAÇÃO DE) DESIGUALDADES Coordenador: Antônio Augusto Moreira de Faria (UFMG/UNA) [email protected] Resumo da mesa: Só existe vida humana se existe trabalho, assim como só existe vida humana se existe linguagem. É por isto que as desigualdades sociais tão frequentes na vida humana, assim como as lutas pela superação das desigualdades, são refletidas e refratadas por discursos os mais diversos. Tais fatos, entretanto, tendem a ser ocultados pelos discursos e ideologias dominantes na sociedade e na cultura brasileiras, inclusive na cultura educacional. Assim, por exemplo, quase sempre os estudantes saem de nossas escolas e universidades sem saber que boa parte dos escritores brasileiros escreveu sobre trabalhadores, entre outros personagens, e sobre as relações de trabalho, entre outros temas. Na tentativa de contribuir para reverter tal situação, as comunicações adiante resumidas apresentam e analisam aspectos de discursos nos quais os personagens protagonistas são trabalhadores e as relações de trabalho são um dos temas principais. Serão apresentadas e analisadas parcelas do discurso literário, do discurso histórico e do discurso educacional provenientes das atividades de ensino, pesquisa e extensão realizadas no âmbito do LINTRAB – Grupo de Estudos em Linguagem, Trabalho, Educação e Cultura, que desde 2009, na Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais, reúne pesquisadores da própria UFMG e de outras instituições. Como partes dos resultados de estudos desenvolvidos por seus pesquisadores, o LINTRAB produziu quatro livros eletrônicos: Poemas brasileiros sobre trabalhadores: uma antologia de domínio público (2011) e Lima Barreto: artigos, cartas e crônicas sobre trabalhadores (2013) estão disponíveis gratuitamente no blog do LINTRAB na internet: http://lintrab.blogspot.com.br/p/e-livros-do-lintrab.html. Por outro lado, tanto Mário de Andrade e os trabalhadores – antologia de prosa e verso quanto Linguagem, trabalho, educação e cultura: estudos encontram-se em finalização eletrônica, quando da proposição deste conjunto de comunicações coordenadas. 110 Resumos: Comunicações Coordenadas Trabalhos dos integrantes: Discurso literário e (superação de) desigualdades: trabalhadores como personagens protagonistas na cultura literária brasileira Maria Juliana Horta Soares (UNA) [email protected] O objetivo principal desta comunicação é apresentar três antologias literárias que trazem o trabalho humano como tema e os trabalhadores como personagens protagonistas. Tais coletâneas são fruto de pesquisas realizadas pelo LINTRAB– Grupo de Estudos em Linguagem, Trabalho, Educação e Cultura, que reúne professores e estudantes que desenvolvem seus estudos na Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais (FALE/UFMG). Como ressaltam os coordenadores do grupo, “o trabalho é uma condição básica da vida humana, sempre criando e recriando diferentes hábitos, valores, crenças, linguagens – cultura, enfim” (FARIA, PINTO et al., 2013, p.7). Daí a importância de se estudar o tema e conferir destaque aos personagens trabalhadores. As atividades do LINTRAB em ensino, pesquisa e extensão desenvolvem-se a partir de teorias e métodos de estudos linguísticos e discursivos iniciados sobretudo por M. M. Bakhtin, B. Brait, J.-P. Bronckart, P. Charaudeau, O. Ducrot, J. L. Fiorin, R. Jakobson, D. Maingueneau e V. N. Voloshinov. Partindo de tais referências, são estudados textos de diferentes gêneros e produzidos, entre outros resultados de pesquisas, antologias literárias disponibilizadas gratuitamente no blog do LINTRAB na internet: http://lintrab.blogspot.com.br/p/e-livros-do-lintrab.html. O primeiro dos livros eletrônicos, Poemas brasileiros sobre trabalhadores: uma antologia de domínio público(2011), traça um panorama de poemas brasileiros que desde o século XVII trouxeram trabalhadores como personagens protagonistas. Lima Barreto: artigos, cartas e crônicas sobre trabalhadores(2013), por sua vez, revisita textos de um escritor que também escreveu sobre personagens do povo, entre eles os operários, nas primeiras décadas do século XX. Mário de Andrade e os trabalhadores – antologia de prosa e verso(no prelo) resgata poemas, contos, crônicas e diários de viagens do autor modernista, que retratou e refletiu sobre a difícil vida do trabalhador brasileiro no início do século passado. Nesta comunicação, pretendemos apresentar, a partir dessas três antologias, uma visão geral dos estudos desenvolvidos pela equipe do LINTRAB. Discurso histórico e(superação de) desigualdades no trabalho e no transporte: “Batistinha”, líder ferroviário até 1964 Antônio Augusto Moreira de Faria (UFMG/UNA) [email protected] Dimas Alberto Gazolla Palhares (UFMG) [email protected] Um ferroviário - Demisthoclides Baptista (1928-1993), o “Batistinha” – tem sua história de vida submetida a análise linguística discursiva cujo primeiro objetivo é compreender relações entre esse personagem individual e o personagem coletivo constituído pelos trabalhadores brasileiros, particularmente os ferroviários, na conjuntura espaçotemporal do golpe de Estado em 1964 no Brasil. Compreender isto abrange aspectos explícitos, implícitos e silenciados referentes aos temas “Relações de Trabalho” e “Perfil Profissional e Cultural Ferroviário”. O segundo objetivo é compreender aspectos referentes a políticas de transportes brasileiras, comparando os períodos 1945-1964 e pós-1964, relacionados com os temas “Mudanças nos Transportes” e “Financiamento”. Para atingir os dois objetivos, é analisada uma entrevista-depoimento de Batistinha, na modalidade História de Vida,publicada pelo Sindicato dos Ferroviários da Central do Brasil. Alguns resultados são relativamente previsíveis, porque diretamente relacionados à conjuntura espaçotemporal, mas outros são menos previsíveis e até surpreendentes. Não é imprevisível que aquele ferroviário fosse em 1964 presidente, em segundo mandato, do sindicato dos trabalhadores na Estrada de Ferro Leopoldina, além de deputado federal, comunista, pelo Estado do Rio. Já entre os aspectos menos previsíveis no discurso de Batistinha, um exemplo é a percepção da hipertrofia rodoviarista que já tornava desigual a matriz de transportes brasileira e se acentuaria desde 1964. Outro exemplo são as mudanças nas relações de trabalho e na cultura profissional ferroviária entre a geração de Batistinha e a atual. Um terceiro exemplo é a importância da cultura letrada na trajetória daquele ferroviário, que na juventude foi líder estudantil e, quando adulto já sindicalista, se formou advogado. A entrevista-depoimento situa-se simultaneamente em pelo menos dois discursos, pois se constitui como um discurso de Batistinha, na dimensão enunciva, e sobre Batistinha, na dimensão enunciativa. O discurso do ferroviário é um fragmento enuncivo do discurso político e sindical enunciado pelos trabalhadores comunistas na mencionada conjuntura espaçotemporal.Já na dimensão enunciativa, e na medida em que a entrevista-depoimento não foi publicada integralmente, sendo editada por dirigentes e assessores do sindicato responsável pela publicação, além de receber prefácios de pesquisadores, é também um discurso sobre um personagem individual, Batistinha, e um personagem coletivo, os trabalhadores ferroviários. Discurso educacional e (superação de) desigualdades: o tema “trabalho” nos Parâmetros Curriculares Nacionais Clarice Lage Gualberto (UFMG) [email protected] O objetivo desta comunicação é apresentar um estudo realizado sobre como o tema “trabalho” é abordado pelos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN). Esse documento oficial estabelece o foco de cada área de conhecimento bem como os alvos a serem atingidos em cada série escolar. Além disso, os PCN recomendam a abordagem de alguns “temas transversais”, entre os quais encontra-se o objeto de estudo desta pesquisa: a seção intitulada “trabalho e consumo”. Como os PCN exercem grande influência no âmbito escolar, e, portanto, na formação dos alunos, cabe questionar: como esse documento apresenta o tema “trabalho”? Como ele é definido para os estudantes? Quais conceitos são transmitidos?Qual é a visão predominante sobre o tema 111 Resumos: Comunicações Coordenadas nessa seção dos PCN? Para responder a essas perguntas, esta pesquisa se ampara em um roteiro linguístico, cujos critérios são amparados principalmente em M. M. Bakhtin / V.N. Voloshinov (2004), J.L. Fiorin (2007) e O. Ducrot (1987). Assim, esta análise busca explorar como a materialidade linguística do texto pode indicar posicionamentos e inclinações presentes no documento acerca do tema “trabalho”. Por exemplo, o fato de o tema transversal ser denominado como “trabalho e consumo” já é um indício da forma como os PCN concebem o tema. Isto é, ao optar pelo uso desses vocábulos, o documento parece atrelar o trabalho diretamente ao consumo, estreitando a relação entre ambas as atividades, como se a existência de uma necessariamente implicasse a da outra. Este breve exemplo demonstra o caminho seguido pela metodologia de estudo, que possibilitou analisar a linguagem verbal, partindo de sua estrutura explícita, para alcançar possíveis sentidos implícitos produzidos pelos trechos selecionados dos PCN.A análise do material revelou, principalmente, a coexistência de dois discursos distintos ao longo do texto. Acredita-se que um deles seja o do governo, da instituição que contratou os serviços dos profissionais responsáveis por elaborar e redigir o documento. O outro discurso pertence a essa equipe de especialistas em educação, que, em alguns momentos, aparenta transparecer uma posição contrária à do governo em relação ao conceito de “trabalho”. Discurso educacional e (superação de) desigualdades: há diálogo entre PCN e livro didático de Português? Denise dos Santos Gonçalves (Academia da Polícia Militar de Minas Gerais/ CEFET-MG) [email protected] O tema trabalho é recorrente na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, enfática em afirmar a estreita relação entre trabalho e educação escolar. A escola pode contribuir para que futuros profissionais se posicionem ativa e criticamente no mundo do trabalho, conscientes de seus direitos e responsabilidades – com o trabalho, com o conjunto da sociedade e consigo mesmos – e, nesse sentido, fomentar ou estimular a manutenção ou a redução de desigualdades. Espera-se que a relação escola-trabalho se desenvolva em um processo planejado, desde os anos iniciais, com o envolvimento dos diversos atores, cientes de seus papéis e habilitados a mobilizar os recursos disponíveis para favorecer o progresso dos alunos no trabalho. Nesse quadro, os Parâmetros Curriculares Nacionais para o ensino de língua portuguesa no ensino fundamental reafirmam a expectativa de que os alunos “adquiram progressivamente uma competência em relação à linguagem que lhes possibilite resolver problemas da vida cotidiana, ter acesso aos bens culturais e alcançar a participação plena no mundo letrado” (BRASIL, 2000), no qual se inserem práticas referentes ao trabalho. Reconhecendo o livro didático de língua portuguesa como um importante e frequente recurso na sala de aula, acreditamos na sua potencialidade como fomentador de discussões que contribuam para a formação ampla dos alunos, não restrita aos conteúdos estritamente escolares. Nesse sentido, e tomando o livro didático como gênero do discurso (BUZEN e ROJO, 2005) propomo-nos a analisar uma coleção de livros didáticos de língua portuguesa para verificar em que medida tal recurso contribui para a exploração do tema trabalho na escola e a maneira como isso ocorre. Buscaremos o conjunto de relações semânticas estabelecidas no percurso semântico – razão pela qual centraremos nosso olhar nos percursos temático e figurativo (GREIMAS & COURTÉS, 2008; LARA & MATTE, 2009). Para tratar da projeção do discurso no enunciado, recorreremos a Faria (2001), Fiorin (1998), Maingueneau (1997). Recorreremos à Retórica da Imagem (Barthes,1990), buscando perceber em que medida as imagens apresentadas no livro didático contribuem para que se reflitam posicionamentos em relação ao tema trabalho por meio de imagens linguísticas, icônicas codificadas e icônicas não codificadas, empregadas para representá-lo. OS CORPOS, OS SUJEITOS E E AS MODALIDADE DO DIZER: A DESIGUALDADE EM ALGUMAS PROBLEMÁTICAS FOUCAULTIANAS Coordenador: Atilio Butturi Junior (UFSC) [email protected] Resumo da mesa: Esta comunicação coordenada reúne discussões que, de maneiras distintas, investigam os discursos de desigualdade a partir do trabalho de Michel Foucault, levando em consideração tanto a arqueogenealogia quanto a chamada “fase ética” na produção de seus questionamentos. Dessa perspectiva abrangente, são quatro comunicações que versam, respectivamente: sobre a distribuição desigual do acesso ao discurso, tomando como objeto de análise a polêmica que envolveu o cantor Chico Buarque e três jovens em um restaurante do Leblon, em dezembro de 2015; sobre a permanência do discurso do “verdadeiro sexo” na contemporaneidade, notadamente nos enunciados acerca da transexualidade e da demanda cirúrgica pela completude subjetiva e corporal dos sujeitos trans; sobre os discursos que emergem com a Terapia Antirretroviral (TARV) para o tratamento do HIV e a cisão promovida, da ordem do phármakon platônico, e observada em enunciados de um blog e de um programa de televisão brasileiros; finalmente, sobre o papel da linguagem na discussão teórica da história e da representação, entendendo o discurso historiográfico segundo critérios enunciativos. O esforço dos trabalhos reunidos é o de apresentar um painel amplo dos debates sobre discurso e desigualdade que têm como vértice a filosofia foucaultiana. Trabalhos dos Integrantes: A contradição no dizer de si pautada na vontade de uma verdade acerca da subjetividade transgênero Sandro Braga (UFSC) [email protected] A problemática em torno do corpo e da “verdadeira” identidade, bem com da subjetivação do indivíduo através dela, mais do nunca, vem produzindo desdobramentos que merecem nossa atenção. Foucault (1982) inicia a apresentação da história de 112 Resumos: Comunicações Coordenadas Herculine Barbin – O Diário de Um Hermafrodita – com a pergunta: “Precisamos verdadeiramente de um verdadeiro sexo?” À que ele aponta que as sociedades do ocidente moderno responderam afirmativamente a essa pergunta. A questão era situada obstinadamente em torno do “verdadeiro sexo”, posta em uma ordem que contavam apenas a realidade dos corpos e a intenção dos prazeres. Foucault pontua que as coisas são bem mais complicadas, uma vez que as regras do direito e da medicina, de tempo em tempo, vêm tentando classificar o sujeito de modo a controlá-lo numa relação direta entre o saber e o poder. Ou seja, atribuem às teorias biológicas da sexualidade, às concepções jurídicas do indivíduo, às formas de controle administrativo nos Estados Modernos, a responsabilidade de acarretar pouco a pouco a recusa da ideia de mistura dos dois sexos em um só corpo e consequentemente à restrição da livre “escolha dos indivíduos incertos”. Partindo do exposto, busca-se com este trabalho voltar à questão da verdade do sujeito dito ou autodenominado como transexual. Nosso foco recai sob dois aspectos. Primeiro, é comum o dizer de que a realização cirúrgica e/ou o desejo em realizá-la seria da ordem da harmonização entre o corpo e a identidade de gênero. E, dois, que essa realização estaria na instância da completude do sujeito em busca de sua felicidade. Assim, nossa hipótese é que ainda se insiste num discurso da existência de um verdadeiro sexo, de um verdadeiro corpo para a completude da verdade do sujeito, e que esta compõe a fórmula da felicidade. E mais, que esse discurso se sustenta na justificativa confortável para atribuir uma força externa ao sujeito que não encontraria plausibilidade para dizer de si ao modo de construir-se fora dos padrões cristalizados socialmente. Entendemos que subjetividade e corpo não são instâncias de realidade e abstração, mas estariam desde sempre intersectados na “massa amorfa” de possibilidades de se ser sujeito. O phármakon e o discurso sobre a terapia antirretroviral Atilio Butturi Junior (UFSC) [email protected] Este trabalho pretende investigar a ambiguidade dos discursos acerca da Terapia Antirretroviral (TARV), utilizados no tratamento contra a infecção pelo vírus HIV. Para isso, lança inicialmente o olhar para o conceito de phármakon, tomado da filosofia platônica por Derrida e apresentado, então, segundo os sentidos de “cura” ou de “veneno”. A partir daí, estabelece uma análise, segundo uma perspectiva arqueogenealógica, de dois grupos de enunciados: o primeiro, de enunciados reunidos nos comentários dos leitores em postagens o blog Jovem Soropositivo, no segundo semestre de 2015, que apontam para uma economia delicada entre os cuidado de si, produtor de formas de sujeito inovadoras, e a apropriação de um discurso de adesão, pautado na contenção de uma epidemia a partir dos corpos dos sujeitos codificados. O segundo grupo de enunciados é composto por aqueles que emergiram com a presença de um personagem soropositivo no programa Malhação, da Rede Globo, e a polêmica discursiva que envolveu a Terapia Antirretroviral e a produção estereotipada – segundo o modelo proposto por Homi Bhabha – do portador de HIV, segundo a ordem de um discurso médico de promoção de saúde mas, também, de cisão entre o normal e o patológico. As conclusões apontam, para os dois grupos de enunciados, para uma produção de discursos ainda ambivalente, marcada pela iteração e pela deriva na produção do outro, qual seja, o sujeito em tratamento que se utiliza da TARV. O discurso histórico entre a referência e a representação Fábio Francisco Feltrin de Souza (UFFS) [email protected] Esta comunicação visa investigar a natureza da relação entre verdade e linguagem do discurso historiográfico contemporâneo. Para isso, faz-se necessário produzir uma diferenciação entre “referência” e “representação” de modo a posicionar a “evidência” e a “verdade” fora das marcas ontológicas que a História construiu para si ao longo do século XIX e boa parte do século XX. Roland Barthes afirmou que a História era o único discurso em que o referente é visado como exterior ao próprio discurso, sem que nunca seja possível atingi-lo fora desse discurso. Dentro desse conjunto organizador, o enunciador (o historiador) deve se ausentar do discurso, eliminando todo e qualquer signo que remeta ao emissor da mensagem. Com a chamada virada linguística e as provocações propostas por Hayden White e Michel de Certeau, o discurso historiográfico necessitou rever seus protocolos constitutivos de legitimidade aceitando que a verdade reside na linguagem. Por fim, aceitando que o discurso historiográfico reside numa trama representativa, faz-se necessário historicizar a própria noção de verdade revisitando os conjuntos de regramentos que tornam o discurso história possível e ainda necessário. DESIGUALDADE, IMAGINÁRIOS SOCIODISCURSIVOS, DISCURSOS DISCRIMINATÓRIO E DE RESISTÊNCIA Coordenadora: Beatriz Dos Santos Feres (UFF) [email protected] Resumo da Mesa: A desigualdade social, geralmente marcada por atitudes segregadoras, encontra na linguagem espaço propício para sua perpetuação, ou para resistência por parte do grupo colocado em posição de inferioridade, ou de exclusão. Se na linguagem e pela linguagem o homem se constitui como sujeito, é também por meio dela que ele se posiciona e age sobre o outro, de acordo com os imaginários sociodiscursivos que alimentam suas crenças e saberes sobre o mundo. De acordo com a Teoria Semiolinguística de Análise do Discurso, postulada por Patrick Charaudeau, os imaginários sociodiscursivos funcionam como “espelho indentitário”, dando testemunho de identidades coletivas, da percepção que os indivíduos e os grupos têm dos acontecimentos, dos julgamentos que fazem de suas atividades sociais; nos imaginários as representações sociais se fundamentam não só para 113 Resumos: Comunicações Coordenadas simbolizar, mas para interpretar a realidade, avaliando-a em função de um modo de olhar próprio. Esta mesa reúne trabalhos que objetivam a investigação de estratégias semiodiscursivas vinculadas a projetos de influência voltados para a reafirmação da desigualdade social e/ou para a resistência ao discurso discriminatório, sejam estratégias do nível situacional (relacionadas às restrições impostas pelo contrato de comunicação firmado entre os parceiros), do nível discursivo (relacionadas aos saberes de conhecimento e de crença acionados pelo enunciado), ou do nível formal de construção de sentido (relacionadas à materialidade do texto e à sua organização). Os textos analisados oscilam entre aqueles centralizados no tema da desigualdade e/ou de seu combate, e aqueles em que a desigualdade se manifesta implicitamente por meio de representações referendadas por um imaginário sociodiscursivo específico. Trabalhos dos Integrantes: Charges e cartuns na resistência à desigualdade: estratégias semiodiscursivas da verbovisualidade, do estereótipo à subversão do imaginário Beatriz dos Santos Feres (UFF) [email protected] Este trabalho pretende apontar estratégias semiodiscursivas próprias de textos verbovisuais como são os que pertencem aos gêneros charge e cartum, a fim de evidenciar a materialização de representações sociais de um imaginário sociodiscursivo impregnado de desigualdades e atitudes discriminatórias, mas de potencial resistência à segregação. Considerados gêneros compostos por uma cena imagética com ou sem o acompanhamento da palavra, ambos com tom crítico, a vinculação de seu teor a um assunto do momento ocorre apenas na charge; o cartum costuma apresentar uma temática independente da atualidade dos fatos. Os textos, bastante sintéticos, se constituem de elementos figurativos ilustrados de forma codificada, isto é, alçando um sentido convencional e/ou contextual para além da referência mais direta à realidade por meio da semelhança entre imagem e referente. Em outras palavras, charges e cartuns se valem de representações sociais imagéticas de larga disseminação (sobretudo estereótipos), associadas, quase sempre, a uma pequena parcela verbal, com função ancoradora. Na semiotização do mundo, esses gêneros se valem, portanto, de objetos de discurso ajustados a um contrato comunicativo que prevê inferências relacionadas a saberes de conhecimento e de crença - ora mais vinculados a um contexto atual, ora mais vinculados a avaliações propagadas socialmente. Parte-se do pressuposto que gêneros complexos como esses, por meio da inserção de objetos de discurso bem delineados, se valem não só da evocação de valores preconcebidos (quase sempre inconscientes) perpetuados pela cultura, mas, sobretudo, da subversão desses valores justamente por causa de sua materialização no texto e, em função disso, da conscientização do destinatário, programada na textualização. Quando se trata de temas relacionados aos vários tipos de desigualdade, a charge e o cartum se aproveitam dos estereótipos e dos valores apregoados por um grupo para desconstruir preconceitos e se deslocar do discurso discriminatório em direção a um discurso de resistência. A análise das estratégias semiodiscursivas observadas na verbovisualidade de charges e cartuns estará fundamentada, sobretudo, pela Teoria Semiolinguística de Análise do Discurso, com destaque aos conceitos de contrato comunicativo, visada de efeito e imaginário sociodiscursivo. O corpus será composto por cartuns de Quino e de Millôr e charges de Ziraldo. Cena de rua e marginal à esquerda: analisando estratégias semiodiscursivas denunciadoras da infância socialmente discriminada e excluída Margareth Silva de Mattos (UFF) [email protected] Angela-Lago, escritora e ilustradora brasileira reconhecida em âmbito nacional e internacional, já recebeu vários prêmios importantes, justificados pela excelência de seu fazer artístico-literário. Um dos temas contemplados em sua produção de livros de potencial destinação infantil é a discriminação e a exclusão social de crianças como resultado de uma sociedade que explora o trabalho humano, gerando profundas desigualdades e injustiças. Mais de uma década separa a publicação de Cena de rua (1994) e de Marginal à esquerda (2007), mas o que aproxima essas duas obras uma da outra é precisamente o fato de ambas apresentarem, por meio de suas personagens, realidades de pobreza e de exclusão social de maneira delicada e pungente, seja para denunciá-las, seja para mostrar que podem ser superadas. Na primeira obra, um livro de imagem, a narratividade é construída pelo texto icônico. Na segunda, é o texto verbo-visual que estrutura a narrativa. Este trabalho tem como objetivo investigar, com base na Teoria Semiolinguística da Análise do Discurso, como o processo de semiotização do mundo (CHARAUDEAU, 2005) se perfaz nesses dois livros da autora por meio da ativação de diferentes estratégias semiodiscursivas, a saber, de credibilidade, legitimidade e captação. Essa última, vinculada ao afeto, à empatia, à emoção, ao pathos, parece ser bastante produtiva para a compreensão das dimensões ética e estética das obras analisadas. Assim, interessa-nos refletir acerca de como essas estratégias, sobretudo a estratégia de captação, são empregadas com o propósito de se conseguir a máxima adesão dos leitores à temática abordada. A influência da desigualdade social nas inferências de memórias discursivas em livros ilustrados Anabel Medeiros de Azerêdo (UFF) [email protected] Neste trabalho pretende-se investigar como o processo de inferências de imaginários sociodiscursivos auxilia a construção de sentidos na leitura de livros ilustrados, destinados ao público infantil e juvenil. Essas narrativas constituem-se de textos 114 Resumos: Comunicações Coordenadas verbovisuais, cujos sentidos emergem das relações que se estabelecem entre a linguagem verbal e a visual, e que suscitam competências específicas de leitura. Esses sentidos (des)velam-se através de um processo de interpretação, que se realiza pela percepção dos seres do mundo, manifestados não só de modo icônico nas ilustrações, mas também pelo reconhecimento do universo construído pelo homem, concebido e categorizado de maneira simbólica pelas palavras. O texto verbovisual requer do leitor uma competência semântica, que o permita identificar os discursos que circulam na sociedade, formulados a partir de saberes de conhecimento e de crença sobre o mundo. Esses saberes constituem uma memória dos discursos, e por meio do reconhecimento comum entre sujeitos que partilham os mesmos sistemas de valores, formam-se comunidades discursivas, que se inscrevem em estratos sociais diferentes. Em sociedades marcadas pela desigualdade socioeconômica, as memórias discursivas do grupo que detém maior poder de acesso aos bens materiais se sobrepõem às das comunidades que possuem menor poder aquisitivo. E, isso pode se manifestar na destinação da produção material, contribuindo para disseminar os valores do grupo social privilegiado. O leitor precisa extrair do texto informações implícitas a partir de marcas textuais, tanto no plano linguístico quanto no plano discursivo, para realizar inferências, reconhecer intertextualidades e calcular o não-dito pelo autor da obra. Como os saberes em jogo não são compartilhados do mesmo modo pelas diferentes camadas sociais, não há como garantir quais memórias discursivas pressupostas serão ativadas, podendo resultar ou não no processo de identificação do sujeito interpretante. O aporte teórico para analisar essas estratégias discursivas se concentra na Teoria Semiolinguística de Análise do Discurso e o corpus investigado se constitui de obras de Odilon Moraes e de Otávio Júnior. REPRESENTAÇÕES LINGUÍSTICO-DISCURSIVAS E DISCURSO POLÍTICO: REFORMA AGRÁRIA, EDUCAÇÃO E MEIO AMBIENTE Coordenadora: Carina Aparecida Lima de Souza (IFTO) [email protected] Resumo da mesa: Esta sessão de comunicações coordenadas tem como objetivo apresentar resultados de pesquisas que investigaram representações linguístico-discursivas em documentos oficiais e dados coletados em campo, que focalizam a inclusão social de catadores de materiais recicláveis, crianças em situação de risco e assentados do programa do governo federal de reforma agrária. As pesquisas encontram-se desenvolvidas à luz dos estudos críticos do discurso e, de modo específico, estão guiadas pelos pressupostos teórico-metodológicos da Análise de Discurso Crítica (ADC), na vertente de Fairclough (2001, 2003, 2010). O percurso dessas pesquisas é balizado pelo diálogo da ADC com a Linguística Sistêmica-Funcional (LSF), teoria social da linguagem proposta por Halliday (1994) e ampliada em Halliday e Matthiessen (2004). Também foi utilizado o programa computacional Wordsmith Tools v. 5.0 (SCOTT, 2010) para seleção e visualização de dados documentais. Os diversos usos da linguagem materializam, pois, representações sociais, (re)constituindo formas de ação social. Trabalhos dos Integrantes: Um plano de desenvolvimento agrário em representações de assentados Carina Aparecida Lima de Souza (IFTO) [email protected] O presente estudo tem como objetivo analisar o Plano de Desenvolvimento Agrário (PDA) do Projeto de Assentamento Santa Tereza I, em Ponte Alta, Estado do Tocantins, em termos de representações de assentados. Os assentados buscam inclusão social através de projetos de assentamento de terra na expectativa de uso de uma unidade agrícola familiar. No processo de seleção de sem terra para participação no programa de reforma agrária do Brasil, o governo federal - representado pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) - utilizou a elaboração de PDAs com “participação” de candidatos aos projetos de assentamentos como uma das etapas para haver o “sorteio” de lotes na década de 2000. Como o PDA Santa Tereza I é constituído de forma social, o conteúdo de seus itens é perpassado também por um aspecto especificamente discursivo. Esse aspecto discursivo pode ser estudado através do significado representacional, diretamente relacionado a modos de representar (FAIRCLOUGH, 2003). Trata-se, pois, de uma pesquisa de natureza qualitativa (descritiva e interpretativa), realizada com dados documentais. Para tanto, foi utilizado o programa computacional Wordsmith Tools v. 6.0 (SCOTT, 2012) para seleção e visualização de dados, o que contribui para o estudo do Sistema de Transitividade (HALLIDAY & MATTHIESSEN, 2004). Os diversos usos da linguagem materializam representações sociais, (re)constituindo formas de ação social. Os resultados do estudo permitem afirmar que a análise documental, ao ser levada a cabo, pode apontar características específicas do tipo de Reforma Agrária implementado no Brasil, não só em termos de benefícios relevantes, mas, sobretudo, em termos de implicações presentes em textos institucionais que deixam implícita a continuidade, ou a manutenção, da precariedade social. O direito de inclusão educacional de crianças e adolescentes no Brasil: uma análise linguístico-discursiva Kelly Cristina de Almeida Moreira (SEEDF) [email protected] Este trabalho tem como objetivo apresentar resultados de uma pesquisa de natureza qualitativa (descritiva e interpretativa,) levada a cabo à luz da Análise de Discurso Crítica, que investigou representações linguístico-discursivas em documentos oficiais 115 Resumos: Comunicações Coordenadas selecionados a partir de uma cadeia de gêneros discursivos da ordem de discurso legal que envolve os direitos de crianças e adolescentes em situação de risco, sobretudo, o direito de inclusão educacional. Para tanto, foram selecionadas duas leis brasileiras: a Lei 8.069/90, Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), e a Lei 9.394/96, Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB). O arcabouço teórico abarca a exterioridade da linguagem (discurso) nos moldes de Fairclough (2001; 2003), que propõe uma concepção de linguagem como prática social, bem como a interioridade do sistema linguístico, através da Linguística Sistêmico-Funcional, proposta por Halliday&Matthiessen (2004). Complementa esse embasamento teórico-analítico o estudo sobre a representação dos atores sociais, desenvolvido por van Leeuwen (1997). Na análise documental, foram utilizadas duas ferramentas do programa computacional WordSmith Tools v. 5.0, desenvolvido por Scott (2010): a lista de palavras (wordlist) e o concordanciador (concordancer), o que permitiu fazer o levantamento dos vocábulos presentes nos documentos oficiais. Buscou-se analisar, desde um ponto de vista crítico, aspectos linguístico-discursivos que marcam o contraste entre o par ‘inclusão versus exclusão’, sobretudo, no que concerne aos documentos balizadores do sistema educacional brasileiro (leis e decretos). Trata-se, aqui, de uma pesquisa que, embora voltada para a meta da inclusão pela educação, necessitou buscar razões e consequências responsáveis pela ausência da coesão social, fenômeno que multiplica a exclusão social, cujo processo principia na exclusão educacional, em paralelo à econômica, da saúde, bem como de todos os serviços do Estado em favor da cidadania daqueles que representam o futuro do país, ou seja, a adolescência a caminho da juventude. Cadeia de gênero que permeia o contexto de trabalho de catadores de materiais recicláveis Veralucia Guimarães de Souza (IFMT) [email protected] Este trabalho faz parte de um recorte de uma tese de doutorado defendida na Universidade de Brasília que procurou investigar os discursos que permeiam uma cooperativa de catadores de materiais recicláveis. Assim os dados empíricos selecionados para análise são de natureza documental que trazem como corpus a Lei 5.764/71 do cooperativismo no Brasil , o estatuto e o regimento interno de uma cooperativa de catadores de materiais recicláveis enquanto textos que regulamentam ações operacionalizadas em uma cooperativa. Buscou-se mapear situações de interação linguístico-discursivas para identificar a influência dos gêneros de governança em ações locais, bem como a intertextualidade e a interdiscursividade presentes nessa cadeia genérica de tipos de discurso. A pesquisa encontra-se desenvolvida à luz dos estudos críticos do discurso e, de modo específico, guiada pelos pressupostos teórico-metodológicos da Análise de Discurso Crítica (ADC), na vertente de Fairclough (2001, 2003, 2010), num percurso balizado pelo diálogo da ADC com a Linguística Sistêmico-Funcional, teoria social da linguagem proposta por Halliday (1994) e ampliada em Halliday e Matthiessen (2004). Complementa esse embasamento teóricoanalítico o estudo sobre a representação dos atores sociais, desenvolvido por van Leeuwen (1997). Devido aos dados documentais, buscou-se utilizar a ferramenta computacional WordSmith Tools v. 5.0, desenvolvido por Scott (2010), desta ferramenta foram utilizados: a lista de palavras (wordlist) e o concordanciador (concordancer), os quais me permitiram fazer o levantamento dos processos e atores sociais mais recorrentes para compreender a inclusão ou exclusão de atores sociais presentes na legislação. Dessa forma apresento a estrutura composicional e o estilo que permeiam a escritura do texto jurídico que me guiou para a intertextualidade manifesta e constitutiva que permeiam os textos. Quanto à materialidade linguística, os resultados apontam para recorrência de processos materiais na voz ativa com atores sociais incluídos e excluídos, processos materiais na voz passiva como recurso linguístico para supressão ou encobrimento dos atores sociais e uso de modalizadores com estruturas na voz ativa e na voz passiva com os respectivos atores sociais. RAZÃO SENSÍVEL E POLARIZAÇÃO POLÍTICA Coordenador: Carlos Fernando Jáuregui Pinto (UNA) [email protected] Resumo da mesa: Apesar do amplo espectro ideológico existente no campo da política, gestos de polarização têm ganhado visibilidade no atual momento do país, construindo discursos baseados em oposições do tipo “nós contra eles”, “esquerda vs. direita” e, principalmente, na disputa entre “petistas vs. tucanos”; neste último caso, designações dadas, respectivamente, para eleitores e/ou simpatizantes do Partido dos Trabalhadores (PT) e do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB). Tais posicionamentos, marcados por um notável componente emocional, podem ser observados em diferentes manifestações de apoio ou oposição a tais partidos. Tendo em vista esse cenário, o Grupo de Pesquisa em Comunicação do Instituto de Comunicação e Artes do Centro Universitário UNA tem desenvolvido um projeto de pesquisa voltado para a análise de vídeos postados em redes sociais no ano de 2014, à ocasião do processo eleitoral que viria a conduzir o PT a mais quatro anos no comando do país, após um período de 12 anos no poder. Compõem esse corpus um total de cinco vídeos assinados pela TV Carta (ligada à Revista Carta Capital) e pela TV Folha (ligada ao jornal Folha de S. Paulo). A pesquisa tem a noção de razão sensível como um principal norte para a compreensão da dimensão afetiva do discurso político, considerando que existem complexos argumentos sociais que induzem o sujeito a produzir/sentir sensações e paixões. Nesta comunicação coordenada, apresentaremos algumas abordagens que vêm sendo construídas pelo grupo, a partir de diferentes vertentes dos Estudos Discursivos e da Semiótica. 116 Resumos: Comunicações Coordenadas Trabalhos dos Integrantes: Afetos em disputa: razões e economias patêmicas no contexto eleitoral Carlos Fernando Jáuregui Pinto (UNA) [email protected] Este trabalho apresenta uma análise da dimensão patêmica dos discursos atribuídos, por vídeos veiculados pela TV Carta, a eleitores dos então candidatos à presidência do Brasil em outubro 2014: Dilma Rousseff, do Partido dos Trabalhadores (PT), e Aécio Neves, do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB). A partir de uma perspectiva que não toma pathos e logos como elementos necessariamente opostos, mas como dimensões articuladas e complementares do pensamento humano e das trocas comunicativas, propomo-nos compreender de que forma se constrói a afetividade comunicada nos vídeos, com ênfase para aquelas paixões relacionadas a situações de oposição e disputa como é o caso de antipatia, ódio, repulsa, indignação e sentimento de vingança. O estudo é desenvolvido a partir de três gestos de apreensão dos vídeos. Num primeiro momento, fazemos o reconhecimento dos pathé comunicados; num segundo momento, buscaremos identificar os argumentos (as razões do pathos) que embasam as paixões identificadas e, finalmente, apresentaremos nossa compreensão a respeito das economias afetivas que se constroem no corpus, colocando em relação diferentes emoções e objetos de investimento emocional. Educação e Comunicação como leitura crítica do mundo e de si mesmo: análise dos vídeos veiculados pela TV Carta em outubro/2014 Cláudia Chaves Fonseca (UNA) [email protected] Tendo em mente a dupla dimensão evocada pelo termo educação: por um lado, como educere, ou seja, a autonomia como conquista de si e de leitura crítica do mundo e, de outro, a educação como heteronomia (da raiz latina educare) como perda de si em favor da sociabilidade, nosso objetivo é compreender como a dinâmica discursiva apresentada pelos vários interlocutores em interação nos vídeos – interação entre eles mesmos, com a câmera e com o público – tece uma rede semiótica com intencionalidade formativa. As falas, os gestos, os enquadramentos e a edição dos vídeos possuem uma dimensão pedagógica que visa, por meio desses recursos, propor a leitura a partir de uma certa perspectiva política, entrelaçando o educere com o educare. Intertextualidade no discurso político das ruas: entre brados e diálogos Maria Magda de Lima Santiago (FALE-UFMG / UNA) [email protected] A cobertura jornalística das eleições presidenciais de 2014 resultou na produção de diversos vídeos publicados online, via facebook e outras redes sociais, que são uma amostra dos movimentos políticos populares que se estabelecem no contexto atual. Escolhemos para análise, neste trabalho, um vídeo veiculado pela TV Carta (ligada à Revista Carta Capital) no ano de 2014, entre os cinco vídeos atualmente em estudo pelo grupo de Pesquisa em Comunicação do Centro Universitário UNA, de Belo Horizonte. Assim como em outros selecionados, no vídeo analisado os manifestantes estão reunidos em torno de lideranças que tentam convencer/influenciar por meio de efeitos de dramatização, que atravessam estratégias de credibilidade, como os acessos interdiscursivos – considerados por nós como índices da formação ideológica contida nesses dizeres, que investigamos nas relações de confirmação ou de oposição aos discursos com as quais estabelecem diálogo (Pêcheux, 2009). Observamos, assim, a intertextualidade, como nomeia Maingueneau (2008), que diz respeito tanto às relações com a memória discursiva interior desse campo de conhecimento, quanto com discursos de outros campos, que discriminamos entre intertextualidade explícita, quando se citam as fontes, e intertextualidade implícita, que usa, por exemplo, a alusão ou a paródia para dialogar com outro(s) texto(s) (CARDOSO, 1999). Também lançamos mão da tematização, verificando os temas impostos (compatíveis/incompatíveis) e específicos, em relação ao discurso/contexto, categoria da “semântica global” descrita por Maingueneau (2008). Esses conceitos nos conduziram a desvendar esse texto audioverbovisual, onde a análise do discurso é confirmada pelo áudio e pela imagem, que determinam sentidos conjuntamente, produzidos entre um brado e outro de oposição indignada, em que identificamos uma construção de sentido permeada pela superficialidade de referências relativas aos discursos acessados, diante de uma explicitada posição ideológica. Construção e representação da realidade no discurso oposicionista: uma abordagem crítica de vídeos veiculados pela TV Carta em outubro/2014 Izabella dos Santos Martins (UNA) [email protected] A abordagem analítica aqui proposta se assenta no aparato teórico-metodológico da Análise Crítica do Discurso (FAIRCLOUGH, 2001). O foco da análise é a metafunção ideacional (HALLIDAY, 1994), que trata da representação da realidade por meio do discurso. Através da análise das falas e das imagens, este trabalho se propõe a evidenciar a representação da realidade política atual, bem como a projeção da realidade ideal, dos participantes da marcha da família contra Cuba, governo e “idiotas da USP”, a partir de um vídeo editado pela TV Carta, em outubro de 2015 (MARCHA, 2015). Este vídeo foi escolhido entre os cinco atualmente em estudo pelo grupo de Pesquisa em Comunicação do Centro Universitário Uma, de Belo Horizonte. 117 Resumos: Comunicações Coordenadas Como suporte para a análise das imagens, utilizo as contribuições da Semiótica Social (KRESS & VAN LEEWEN, 2001). Tal aparato dialoga aqui com o conceito de razão sensível (RANCIÈRE, 2000), tentando evidenciar como a construção do discurso da oposição frequentemente é feita por meio de estratégias argumentativas complexas e, muitas vezes, sutis, por meio de nominalizações (HALLIDAY, 1994; FAIRCLOUGH, 2001) e da recorrência do uso de orações identificativas, que prescindem do uso de adjetivos, para que a argumentação soe mais razoável. PROCESSOS IDENTITÁRIOS DE SUJEITOS ENTRE-LÍNGUAS E CULTURAS: QUESTÕES DE EXCLUSÃO E RESISTÊNCIA Coordenadora: Celina Aparecida Garcia de Souza Nascimento (UFMS/CPTL) [email protected] Resumo da mesa: Esta mesa congrega pesquisas que discutem traços da constituição identitária numa perspectiva discursivo-desconstrutivista, buscando abordar as noções de língua, cultura, exclusão, poder e resistência, em interface com conceitos oriundos da psicanálise, relevantes para discutir o simbólico e o imaginário na construção da memória e da identidade dos sujeitos pesquisados. Assim, a pesquisa de Claudete Souza e Celina Nascimento/UFMS problematizam a constituição identitária do indígena Kinikinau a partir do discurso do "IpuxowokuHouKoinkunoe, que representa o “grito de resistência” do povo Kinikinau em busca do “bem viver”, compreendido como reconhecimento étnico, linguístico e cultural em território próprio demarcado pelos órgãos governamentais responsáveis. A doutoranda Nair Medeiros/UFMS trata da diáspora vivida pelo povo Terena, o qual se viu forçado a buscar novas estratégias de sobrevivência em um processo crescente de territorialização e de busca de autoafirmação nos territórios ocupados. Já a pesquisa de Beatriz Eckert-Hoff/UDF e UNICSUL propõe analisar escritas de si de sujeitos discursivo em Cartas, coletadas na Alemanha, escritas por imigrantes alemães do sul do Brasil aos seus familiares, no século XXI e XX. Seu olhar se dirige às in(e)scritas de si de sujeitos em situação de exclusão, e também de resistência (movimento inerente ao sujeito) ditas nas cartas, para analisar a relação do sujeito com as línguas, as nações, bem como as questões de memória e de identidade – dos que migraram e dos que ficaram. Por fim, Ângela Stübe/UFFS e Eliana Canova/UFFS propõem analisar marcas discursivas que apontam para o silenciamento dos povos indígenas inscritas no Projeto Político Pedagógico (PPP) da Escola de Educação Básica São Francisco, da rede estadual de Santa Catarina, que atende a alunos indígenas Kaingangs no Ensino Médio regular, devido à proximidade com a aldeia Condá. Em suma, propõe-se a compreender como se dá a relação de sentidos e os processos de identificação e de exclusão com relação à memória, à língua-cultura e à subjetividade em diferentes práticas de linguagem. Trabalhos dos Integrantes: Os Kinikinau: processos identítários e a luta pela terra Claudete Cameschi de Souza (UFMS/CPTL) [email protected] Celina Aparecida Garcia de Souza Nascimento (UFMS/CPTL) [email protected] Este trabalho é resultante de subprojeto de pesquisa vinculado ao projeto maior Koenukunoe: língua e cultura, desenvolvido junto ao povo Kinikinau residente na Aldeia São João, município de Porto Murtinho/MS e no interior do grupo de pesquisa Povos do Pantanal: aspectos linguísticos, discursivos, fronteiriços, culturais e identitários UFMS/CNPq. Objetivamos problematizar a constituição identitária do indígena Kinikinau a partir do discurso do "IpuxowokuHouKoinkunoe (Conselho do Povo Kinikinau): “Carta do Povo Kinikinau", que representa o “grito de resistência” do povo Kinikinau em busca do “bem viver”, compreendido como reconhecimento étnico, linguístico e cultural em território próprio demarcado pelos órgãos governamentais responsáveis. Analisamos como são construídas as representações sociais de terra, território e exclusão que constituem o discurso do documento indígena, recorrendo ao método arqueogenealógico de Foucault (1988) para refletir as relações de força e poder. O arcabouço teórico funda-se nos estudos da Analise do Discurso de linha francesa, nos estudos culturalistas e no processo de referenciação. Enquanto resultado, o Kinikinau busca no passado, a história do povo, excluído socialmente entre os brancos, entre outras etnias e por órgãos governamentais, para reivindicar a terra originária, vislumbrando um “bem viver” como a resolução da situação conflituosa vivenciada até o momento atual. A vivência territorial e o processo de constituição identitária entre os terena do MS Nair Cristina Carlos de Medeiros (UFMS/CAPES) [email protected] O processo de diáspora vivido pelo povo Terena e o seu posterior reajuntamento afetaram o modo de vida e operaram mudanças bruscas na paisagem ecológica e social desse povo indígena, o qual se viu, a partir daí, forçado a buscar novas estratégias de sobrevivência em um processo crescente de territorialização e de busca de autoafirmação nos territórios ocupados. Devido a este processo, há um discurso corrente de estigmatização dos terena que assevera que eles abandonaram suas raízes, se aculturaram e se tornaram "índios urbanos". Neste contexto de estigmatização e de institucionalização de sentidos vários sobre o sujeito índio, nos propomos a problematizar as representações imaginárias desses sujeitos sobre si mesmos, em publicações de postagens no facebook realizadas por professores indígenas desta etnia. São territorialidades próprias, nas quais a constituição identitária constitui elemento mobilizador desse povo, tanto em da luta pelo direito à terra, quanto na relação com a cultura do “homem 118 Resumos: Comunicações Coordenadas branco” em seu entorno. A referência teórica é a Análise do Discurso de linha francesa através dos conceitos de memória, interdiscurso e formações discursivas propostos por Pecheux (2009), da formulação do conceito de formações discursivas realizada por Foucault ([1969] 1997) e da problematização de noções como identidade, processos identitários e fronteirarealizadas por Coracini (2007), Canclini (1999), além das concepções de território, territorialidade e topofilia propostas por Haesbart (2004), Rafestin (1993) e Tuan (2012). Os resultados iniciais apontam para identidades construídas a partir das relações territoriais que encenam o funcionamento de diferentes posições sujeito, constituídas em duas formações discursivas que estão relacionadas entre si por oposição: uma primeira formação discursiva em que se pode dizer que os modos de vida do homem branco produzidos pelo desenvolvimento e pelo progresso são melhores que os modos de vida indígena e uma segunda formação discursiva em que se nega essa afirmação. Assim, os processos de identificação configuram uma relação de contradição, que coloca em jogo a formação discursiva indígena e a formação discursiva não-indígena. Escritas de si de sujeitos entre-línguas: um estudo discursivo em cartas Beatriz Maria Eckert-Hoff (UDF / UNICSUL) [email protected] Este estudo propõe-se a analisar escritas de si de sujeitos entre línguas por meio de um estudo discursivo em Cartas, coletadas na Alemanha, escritas por imigrantes alemães do sul do Brasil aos seus familiares, no século XXI e XX. Tendo como aporte teórico os estudos de Derrida, Robin, Coracini, nosso olhar se dirige às in(e)scritas de si de sujeitos entre-línguas para analisar a relação do sujeito com as línguas, as nações, bem como as questões de memória e de identidade – dos que migraram e dos que ficaram. Nosso olhar é dirigido pelos pressupostos teóricos da Análise do Discurso, cuja interpretação é sempre um gesto de captura; o que se vislumbra são rastros do sujeito cindido, uma vez que há sempre alteridade: é um eu Outro e um Outro eu quem fala, havendo sempre uma incorporação, uma não-separação. Nessa linha, entendemos memória como interpretação, rasura, recriação, invenção, ficção, em que o esquecimento faz parte do agenciamento desses fios, dessas inscrições e a interpretação é sempre um gesto de captura; o que se vislumbra são rastros do sujeito cindido, uma vez que há sempre alteridade: é um eu Outro e um Outro eu quem fala, havendo sempre uma incorporação, uma não-separação. Nossos gestos de interpretação mostram que os dizeres analisados evidenciam resistências e exclusões das/nas/pelas línguas e mostram errâncias e inscrições de nações, de línguas que constituem memória, identidade, cultura. A pesquisa nos instiga a direcionar o olhar para os contextos de imigração, no sentido de promover formas de inclusão no/pelo simbólico que suponham o não silenciamento nas e das línguas, o não apagamento do sujeito. Memória e exclusão: silenciamento de povos indígenas Angela Derlise Stübe (UFFS) [email protected] Eliana Canova (UFFS) [email protected] O projeto de pesquisa “Política linguística e identidade cultural: representações de língua na região de abrangência da UFFSChapecó/SC problematiza a relação linguagem e identidade para, então, discutir consequências à formação dos sujeitos. Este texto se insere nesse projeto e tem por objetivo analisar marcas discursivas que apontam para o silenciamento dos povos indígenas inscritas no Projeto Político Pedagógico (PPP) da Escola de Educação Básica São Francisco, da rede estadual de Santa Catarina, no município de Chapecó, que atende a alunos indígenas Kaingangs no Ensino Médio regular, devido à proximidade com a aldeia Condá. Compreendemos o PPP como um instrumento identitário da escola, que representa o modelo de sociedade que a escola almeja construir, disso decorre a importância de analisar como o sujeito indígena e sua língua são discursivisados nesse corpus. Do ponto de vista teórico, situamo-nos na interface da análise discursivo-desconstrutivista com teorias que abordam o sujeito em sua constituição linguística, histórica e social, marcado pela heterogeneidade e pela contradição. Nas análises, inquieta-nos o silenciamento, na textualidade do PPP, sobre a presença e o lugar do indígena na escola, o que aponta para o fato de o sujeito índio, historicamente, ser visto como o outro e o estranho, negando sua história, língua e identificações. A (não) tematização do índio nesse documento funciona como indício de seu apagamento. Ao negar o indígena, ele deixa de “existir” no espaço pedagógico e social, torna-se (in)visível. Esse processo passa pela exclusão de línguas outras que constituem a identidade desses sujeitos, em prol de um ideal de língua una e padrão. Quando o diferente é negado, tornando-o igual, se apagam muitas histórias, línguas e identidades. PRA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI ... DA MÚSICA: MEMÓRIAS, ENUNCIAÇÃO, ETHOS, IDENTIDADES Coordenadora: Claudia Maria Gil Silva (UniFOA) [email protected] Resumo da mesa: Esta comunicação coordenada reúne pesquisadores, cujos trabalhos têm como objetivo comum identificar o ethos discursivo no folhado textual das letras de músicas de compositores brasileiros. Os aspectos enunciativos e linguísticos serão investigados de modo a comprovar a expressividade que conferem a esses textos musicais. Também a complexidade da relação língua/sociedade será mostrada com o objetivo de identificar as relações intertextuais e interdiscursivas que as autorizam, marcam a heterogeneidade do discurso, a memória social, as identidades que o atravessam e o papel cultural que exercem na sociedade brasileira. 119 Resumos: Comunicações Coordenadas Trabalhos dos Integrantes: Os ethe em Adoniran Barbosa e as faces (re)veladas pelo humor Claudia Maria Gil Silva (UniFOA) [email protected] Propomos analisar os textos musicais de Adoniran Barbosa, inventor de si mesmo e desinventor de Rubinato, que foi como nascera. Investigaremos, principalmente, as vozes presentes nas cenas enunciativas em que se dão as narrativas de suas histórias e, em decorrência, as relações intertextuais e interdiscursivas que as autorizam e marcam a heterogeneidade do discurso. O patrimônio lexical utilizado e as manifestações linguísticas nos permitirão a recuperação do não dito ou do sugerido (Monnerat, 2009), do enriquecimento de novos significados, do reconhecimento das identidades individuais (ethe) e de sua carga ideológica de natureza social, do papel cultural desempenhado na sociedade brasileira, em um determinado tempo. Em decorrência, as imagens delineadas pelo enunciador – de si para si mesmo e para o outro – revelarão e/ou protegerão as faces, ou fachadas (Goffman, 2012, 13) que pretende veladas e/ou expostas em seus textos, que cantam os fios soltos da vida, as tragédias mais íntimas, as amarguras e filosofias retiradas do fundo dos copos dos botequins, nas noites de São Paulo. Tudo com muito humor e ironia. O ethos do ideal romântico na música do Clube da Esquina Marcelo Gomes Beauclair (UERJ /COLÉGIO PEDRO II) [email protected] Este trabalho tem como objetivo analisar o folhado textual das letras das músicas de artistas que fundaram o Clube da Esquina, como Milton Nascimento, Beto Guedes e Lô Borges, investigando os aspectos enunciativos, como as vozes presentes na situação discursiva e os contextos em que se dão tais relações, e sobretudo, atentar para a construção de um ethos que aponta para um ideal romântico, que espelha criticamente o seu tempo e sua história. Por meio da música desses três autores, pesquisar a importância desse ethos construído, reconhecendo um papel de identidade cultural da sociedade brasileira. Perceber que, de certa forma, a função catártica da música desse grupo mineiro pode levar o leitor / ouvinte à sua própria identificação com o mundo que o cerca e com o espaço em que está inserido – papel, afinal, da leitura de um texto, mais ainda, de um texto com traços poéticos. Sabendo, certamente, que é a língua, a palavra, a sustentação de todo esse processo. “Certas canções que ouço cabem tão dentro de mim”: a subjetividade enunciativa em canções da MPB e a construção do ethos discursivo Maria Aparecida Rocha Gouvea (UniFOA) [email protected] Benveniste (1989, p. 21) toma a língua como sistema e propõe um mecanismo de referência que considera o sujeito e a enunciação, destacando o caráter social da língua e a subjetividade enunciativa. Para ele, a linguagem é “um meio, na verdade, o único meio de atingir outro homem, de lhe transmitir e de receber dele uma mensagem” (BENVENISTE, 1989, p. 93) e a língua é “um instrumento de comunicação investido de propriedades semânticas que funciona como uma máquina de produzir sentido” (BENVENISTE, 1989, p. 99). Nessa perspectiva, o sujeito tem o poder de manejá-la para emitir opiniões e para se colocar como sujeito em um determinado tempo e espaço, construindo, com isso, uma imagem de si: o ethos discursivo (AMOSSY, 2005, p. 9). A canção, por sua vez, tem o poder de encantar e persuadir. Valverde (2008, p. 273) aponta que “o encanto das canções resulta da simbiose entre a voz, o gesto, a melodia, o acompanhamento e as palavras.” Assim, esse conjunto de recursos e as estratégias de persuasão são responsáveis pelo efeito produzido no interlocutor (ouvinte/plateia), manifestado pelo enunciador (intérprete),de forma a concretizar essa ação comunicativa. Esta pesquisa se propõe a analisar a subjetividade enunciativa em canções da Música Popular Brasileira, denominada MPB, objetivando verificar como os efeitos de sentido produzidos nas letras das canções e suas marcas linguísticas formam o ethos discursivo, estabelecendo a relação entre as categorias propostas por Benveniste: a pessoa, o tempo e o espaço. REPRESENTAÇÕES DAS DESIGUALDADES SOCIAIS EM NARRATIVAS DE SI EM DIVERSOS CORPORA Coordenador: Cláudio Humberto Lessa (CEFET-MG) [email protected] Resumo da mesa: Segundo Arfuch (2010), desde os anos 1980, observa-se, tanto no âmbito sociais quanto das mídias, um interesse pelos relatos autobiográficos. As histórias de vida legitimaram-se como objetos de pesquisa que se tornam suportes para a investigação de fenômenos sociais, culturais, históricos e identitários. O exame das micro-histórias, de acordo com a supracitada autora, permite recuperar uma memória coletiva, geracional e de costumes, resgatar diferentes vozes sociais, além daquelas hegemônicas, possibilitando ao outro, por meio da narrativa de vida, constituir uma lógica própria e refletir sobre sua trajetória de vida. Essas narrativas constituem um lócus privilegiado para o exame das identidades sociais, das diversas representações e imaginários sociais circulantes em uma formação social que sinalizam maneiras de ser, de parecer e de se 120 Resumos: Comunicações Coordenadas comportar, além dos diversos conflitos ideológicos. O sujeito, ao se narrar, desdobra-se: um eu-aqui-agora projeta, em seu dizer, um eu-lá-antigamente (cf. MIRAUX, 2008); busca reconstruir, fixar, por meio da narrativa, um versão de si e dos acontecimentos que foram significativos em sua vida, gesto que o permite (re)configurar-se identitariamente, produzir imagens de si e do outro, expressar um tom, de nostalgia, de superação, de ressentimento, entre outros. Esse grupo temático visa reunir trabalhos que reflitam sobre as representações das desigualdades sociais em narrativas de si em textos de diversos gêneros discursivos. Trabalhos dos Integrantes: Análise das representações das desigualdades sociais sob a ótica feminina em textos autobiográficos de alunas da EJA Cláudio Humberto Lessa (CEFET-MG) [email protected] Nesta comunicação, apresento uma análise de textos autobiográficos produzidos por alunas da EJA (Educação de Jovens e Adultos) resultantes de um projeto desenvolvido em uma escola pública de Belo Horizonte, intitulado Memória, Fragmentos de Memórias: de Leitura e de Vidas, desenvolvido durante os anos de 2004 a 2013, realizado no contexto de minhas aulas de Língua Portuguesa, ministrada para o nono ano. Os textos estão reunidos em nove livros-coletânea publicados pelos alunos e constituiu um corpus para minha pesquisa de pós-doutorado (2011 e 2012). Em trabalhos anteriores, Lessa (2013, 2014, 2015), analisei de que maneira os alunos de EJA projetam, em suas narrativas de vida, imagens de si e do outro (de professores, de alunos, da instituição escolar, dos processos de alfabetização e de letramento). Desta vez, focalizo o discurso das alunas e busco mostrar como, sob a ótica feminina, o eu-aqui-agora projeta, em seu dizer, um eu-lá-antigamente (cf. MIRAUX, 2008) que é caracterizado, via de regra, como um sujeito marcado por dificuldades e sofrimentos advindos das desigualdades sociais, vividas em contexto escolar. Conforme Bakhtin (2006), a narrativa de si constitui um ato ético e estético, o sujeito ao se lembrar, projeta sua vida em uma totalidade sígnica, simbólica, busca “enformar” suas experiências; ao mesmo tempo, avalia, elabora julgamentos sobre si e sobre outrem. Esses julgamentos são determinados pelas referências sociais, éticas e axiológicas que constituem sua subjetividade. De maneira semelhante, para Namer (1987), a memória possui natureza social, sua expressão é determinada pelos rituais linguageiros, pelas formas de interagir vigentes em uma época e em uma cultura; antes de ser expressa, a memória, é “ruminada”, é ordenada pelo sujeito a partir de uma intencionalidade, de um projeto retórico, que visaria convencer/persuadir um auditório específico, projetando uma identidade narrativa, constituída por imagens de si que podem revelar suas diversas facetas identitárias. Para analisar o projeto retórico subjacente ao discurso das alunas da EJA, examino os processos de referenciação, as marcas de subjetividade, os termos axiológicos e os operadores argumentativos passíveis de indiciar as avaliações que as enunciadoras realizam sobre as desigualdades sociais vividas em sua trajetória de vida em geral e no contexto escolar. Narrativas de vida e relações de poder: representações de patroa e empregada doméstica em um programa de TV Mariana Ramalho Procópio (UFV) [email protected] No cenário midiático contemporâneo, Arfuch (2010) nos alerta para a existência de um espaço biográfico, isto é, um horizonte de possibilidades de tematização do eu e da própria existência, em diferentes gêneros discursivos. Nesse espaço biográfico proposto, a construção da vida e apresentação do eu é feita, muitas vezes, por uma perspectiva enunciativa polifônica: trata-se de construções dialogiacamente elaboradas. Partindo de tais premissas, propomo-nos a analisar o quadro Dia de Patroa, do programa televisivo Mais Você, para compreender como as narrativas de vida dos participantes são mobilizadas para legitimar representações de patroa e empregada doméstica. Trata-se de um quadro específico do programa, no qual as patroas são estimuladas a inscrever suas empregadas domésticas para que elas sejam premiadas com um dia especial e para que possam demonstrar “o quanto as empregadas são especiais em suas vidas”. Entendemos que as narrativas de vida, como objeto de estudo, possibilitam a discussão sobre os vínculos sociais e históricos que se relacionam com a forma como o personagem teve sua trajetória lembrada ou esquecida ao longo do tempo, além de revelar representações, valores e imaginários vinculados ao universo que este personagem está inserido. Ainda, consideramos que as memórias tidas como individuais, apresentadas nas narrativas de vida, são consideradas como coletivas, pois mesmo a evocação do próprio passado só se realiza na relação com as representações, percepções e a memória coletiva de algum grupo. Desse modo, a memória individual se configura como um recorte, como um modo de ver a memória coletiva, demarcado pelas referências, quadros sociais e relações de poder nos quais o indivíduo está inserido. Na rememoração individual, nos reportamos a pontos de referência que existem fora da própria lembrança, pontos este que são fixados pela sociedade. Análise argumentativa dos novos arranjos familiares Raquel Abreu-Aoki (UFMG/CNPq) [email protected] Karen Atala Riffo e o marido Ricardo Jaime López Allendes separam-se em 2002. Estabeleceram, em comum acordo, que a guarda das três filhas ficaria com Karen e visita semanal à casa de Ricardo. Ainda em 2002, a companheira afetiva de Karen, Emma Ramón e seu filho (de outro matrimônio), passam a viver na mesma casa de Karen e filhas. Em 2003, Ricardo solicita judicialmente a guarda das meninas, alegando que o “desenvolvimento físico e emocional delas estaria em risco se continuassem sob a guarda de Karen, cuja vida sexual, decorrente da convivência lésbica, estaria produzindo consequências danosas ao desenvolvimento das menores”. Em outubro de 2004, em última instância, a Suprema Corte Chilena julgou procedente o pedido 121 Resumos: Comunicações Coordenadas e concedeu a guarda definitiva das crianças ao pai, declarando que elas deveriam viver e se desenvolver “no seio de uma família estruturada normalmente, segundo o modelo tradicional que lhe é próprio”. Karen denunciou o Estado do Chile à Comissão Interamericana de Direitos Humanos. Após seis anos de investigação, a CIDH declarou o Chile responsável internacionalmente por ter violado, principalmente, os direitos à igualdade, à não discriminação e à vida privada em prejuízo de Karen Atala, suas filhas e outros. O relato biográfico do leading case (caso paradigma) Atala Riffo vs. Chile servirá de exemplo para demonstrar como uma mesma demanda judicial pode ser interpretada por diferentes facetas, muitas vezes sustentada por aspectos axiológicos oriundos da moral e da religião, violando os direitos fundamentais do indivíduo. Mostraremos como os estudos linguísticos e, em especial, a análise do discurso, trata a questão da alteridade, da exclusão do outro e das diferenças. Além disso, ressaltaremos que a história de vida de Atala estabelece um novo patamar para outras demandas sociais, como a poliandria e poligamia, rechaçadas pelos mesmos argumentos negativos utilizados contra a homoafetividade. A voz e a vez da mulher: um resgate da memória ferroviária em discursos biográficos Luciana Martins Arruda (FASM/FAMINAS) [email protected] A memória é o ponto de ancoragem discursiva do sujeito que narra a sua história para outrem, pois o fazer biográfico se dá a partir da junção dos “fragmentos da memória”. Nesse sentido, o ato de biografar representa uma reconstrução simbólica da realidade e mobiliza alguns imaginários sociodiscursivos que trazem à tona um momento da história ou da vida de uma pessoa em particular. Quando se fala da memória histórica, de um modo geral, podemos perceber que o discurso da mulher nem sempre se sobressai, pois, muitas vezes, a voz dela não aparece. Por essa razão, o objetivo deste trabalho é fazer uma análise dos discursos biográficos produzidos por algumas mulheres e registrados no “Vale Registrar – Catálogo de Entrevistas 2007-2009” sobre os imaginários, as representações e os aspectos da memória que emergem com relação ao ser e ao fazer ferroviário. Este é o segundo dos três catálogos produzidos pela Vale até o momento e esses discursos representam um recorte feito pelos enunciadores das narrativas produzidas pelas entrevistadas. Utilizando-se da história oral, esse catálogo visa a uma tentativa de recriação de uma época apresentando relatos de personagens representativas para aquela sociedade, principalmente, em se tratando de uma cultura associada aos ofícios ferroviários. Esses relatos biográficos serão analisados a partir da Teoria Semiolinguística e dos estudos de Patrick Charaudeau, ao se fazer uma análise intra e itrediscursiva, dos estudos de Zambello (2003), Maia (2009) e Namer (1987), para mostrar a influência da memória coletiva na construção desses discursos, e de Arfuch (2010), ao se abordar as narrativas de vida. A análise desses discursos tem no permitido observar a projeção de um imaginário de saudosismo, representado por todas os biografadas quando se referem à época em que trabalhavam ou moravam próximos à ferrovia, bem como com relação aos ferroviários que passaram por suas vidas. DISCURSO, MÍDIA E DESIGUALDADES SOCIAIS Coordenador: Conrado Moreira Mendes (PUC-MG/Poços de Caldas) [email protected] Resumo da mesa: Como se constrói a chamada “nova classe C”, enquanto discurso, na telenovela? Como é tematizado o consumo do pobre e figurativizadas as marcas por ele euforizadas em videoclipes do gênero funk? No que diz respeito à política, como se constrói o tema da pobreza no Horário Gratuito de Propaganda Eleitoral? Essas são questões que norteiam presente comunicação coordenada. Assim, o primeiro trabalho investiga, à luz da semiótica francesa, a discursivização da nova classe média em duas telenovelas brasileiras: I love Paraisópolis e A Regra do Jogo. Cabe dizer que a também chamada nova classe C são os ex-pobres que ascenderam socialmente, sobretudo nos últimos 12 anos no Brasil, muito mais pela via do consumo, do que pela da educação. Além disso, em muitos casos, não é simples diferenciar o pobre do ex-pobre, uma vez que as formas de vida desses grupos estão sobremaneira imbricadas. O segundo trabalho, cujas bases teóricas também se reportam à semiótica francesa, trata especificamente do tema do consumo, por meio da inserção de marcas – as quais são figurativizadas e, não raro, iconicizadas – em videoclipes do gênero funk cujo enunciatário é, a priori, o pobre, o favelado. Por fim, a ideia da pobreza é tema do terceiro trabalho desta mesa, o qual, tomando como base a Análise do Discurso de linha francesa, analisa os programas do então candidato à presidência da República Aécio Neves, no Horário Gratuito de Propaganda Eleitoral das eleições de 2014. Referido trabalho investiga de que modo a construção discursiva dessa pobreza visa à persuasão de um grupo que, paradoxal e historicamente, nunca foi prioridade dos governos de centro-direita. Os três trabalhos aqui propostos apresentam um mesmo fio condutor, que é justamente a desigualdade social que subjaz aos discursos provenientes da mídia, a qual estabelece, sem sombra de dúvidas, um encontro entre linguagem e sociedade. Trabalhos dos Integrantes: A discursivização da “nova classe C” na telenovela Conrado Moreira Mendes (PUC-MG/FIP) [email protected] Na presente comunicação, analisamos de que maneira a “nova classe média/ nova classe C”, enquanto discurso e, portanto, efeito de sentido, engendra-se em duas telenovelas brasileiras: I Love Paraisópolis e A Regra do Jogo, exibidas pela Rede Globo. Em ambas as produções, a dita “nova classe C” não apenas faz parte, mas protagoniza as tramas centrais. A presença e a importância 122 Resumos: Comunicações Coordenadas desse grupo social nas telenovelas relacionam-se com o momento atual do Brasil, em que 35 milhões de pessoas entraram para a classe média, segundo dados oficiais. Considerando, porém, a epistemologia discursiva (BEIVIDAS, 2006, 2008) a que nos filiamos, partimos do pressuposto de que a “nova classe média” não existe enquanto tal no mundo e que é simplesmente “representada” pela linguagem, mas, diferentemente, é produto de uma construção discursiva, a qual envolve desde signos e textos-enunciados, chegando a níveis de pertinência mais amplos (FONTANILLE, 2008, 2015): as práticas semióticas e as formas de vida. Desse modo, a presente pesquisa gira em torno do seguinte problema: como se discursiviza a chamada “nova classe média” nas referidas telenovelas? Consideramos que tais produções estabelecem uma relação com o mundo e com a sociedade, não sendo essa relação simples reflexo da realidade, mas uma construção de natureza discursiva, que enfatiza determinados pontos, mas que também oculta outros. Por isso, partimos da hipótese de que a “nova classe média”, por sofrer as coerções do gênero telenovela/folhetim, constrói-se de forma mais glamorizada que aquela apresentada nos documentos oficiais sobre o tema (BRASIL, 2012). A metodologia do trabalho envolveu a seleção de capítulos, transcrição de falas e descrição de cenas, as quais foram apresentadas em quadros/frames, com a respectiva minutagem, e a análise semiótica das cenas selecionadas. Como resultados parciais, podemos afirmar, preliminarmente, que existe uma glamorização da nova classe média, o que, de certo modo, contribui para a manutenção hegemonia e, logo, das desigualdades sociais. Por outro lado, essa glamorização se relaciona a aspectos discursivos e narrativos que a telenovela articula, mas também às práticas semióticas e às estratégias da dita “nova classe média”, os quais são encampados pelo nível das formas de vida. A campanha eleitoral para os pobres: o discurso de Aécio Neves no Horário Gratuito de Propaganda Eleitoral Lívia Borges Pádua (PUC-MG/UFSCAR) [email protected] Este trabalho se debruça sobre as propostas apresentadas pelo candidato do PSDB à Presidência da República, Aécio Neves, em seus programas do Horário Gratuito de Propaganda Eleitoral (HGPE), exibidos na televisão, durante o primeiro turno das eleições do ano de 2014. Entre as propostas do candidato, interessam aquelas direcionadas aos pobres – parcela da população que, segundo as pesquisas de intenção de voto realizadas pelo Ibope e pelo Instituto Datafolha – demonstrava menor propensão de escolher o representante dos “tucanos”. Com isso, intencionou-se: (a) analisar o discurso de Aécio em referência aos pobres; (b) como os pobres e as suas demandas foram representados no HGPE; e (c) os argumentos para convencê-los a escolher o PSDBista. Para empreender tal análise, adotaram-se, como corpus, as partes dos programas em que foram apresentadas as propostas de governo relacionadas à “Poupança Jovem”, às “Clínicas de Especialidades”, além dos momentos em que Aécio buscou afastar as dúvidas de que os programas sociais, promovidos pelo Governo Federal, então sob a administração de Dilma Rousseff, do PT, não seriam interrompidos, caso ele se tornasse presidente. Os fragmentos dos programas foram analisados com base em Orlandi (2007) e de pesquisadores da linha francesa, que se atentam à análise do discurso e às ideologias, que contribuíram para a problematização dos textos (depoimentos, imagens, lettering, trilhas sonoras etc.) do HGPE de Aécio, considerando-os não somente como objetos linguísticos, mas como objetos sócio-históricos, passíveis de serem interpretados diante de determinadas “condições de produção”, que coincidem com o próprio contexto eleitoral, com o qual o discurso apresentado nos programas dialogava. Além disso, recorreu-se a Charaudeau (2006), cuja obra recai sobre o discurso político, que objetiva persuadir o eleitor utilizando, para isso, recursos midiáticos, como no caso em questão, cujos programas se prestam a tentar influenciar a formação das opiniões públicas, de modo a torná-las favoráveis à eleição de Aécio Neves. Desse modo, foi possível identificar como a ideia da pobreza foi construída e qual a expectativa da política foi atribuída aos pobres, afinal, as propostas de governos, feitas durante uma campanha eleitoral, servem como uma moeda de troca entre os candidatos e votantes. Literacia em saúde: discurso midiático e desigualdades sociais Adinan Carlos Nogueira (PUC-MG/UNIVERSIDADE LUSÓFONA PORTUGAL) [email protected] A presente comunicação aborda um tema que, originalmente, pertence à área da Educação, mas que, neste trabalho, é tomado num sentido mais amplo: a literacia em saúde sob a ótica da comunicação. O tema e o termo são estudados há bastante tempo fora do Brasil, sendo mais conhecidos no País como letramento. A World Health Organization (WHO, 1998), por exemplo, define literacia em saúde como a habilidade cognitiva e social que determinam a motivação e capacidade do indivíduo para ter acesso, entender e utilizar informações de maneira a promover e manter uma boa saúde. Tal conceito conjuga saúde e comunicação de maneira a orientar um comportamento individual por meio da abordagem de temas ambientais, políticos e sociais que são determinantes para a saúde. Assim, sabe-se que os baixos níveis em literacia em saúde representam um fator de risco para o desenvolvimento de doenças, assim como um entrave para formas adequadas de tratamento e, trazendo a discussão para âmbito midiático, para a produção de campanhas publicitárias eficientes. Dessa forma, acredita-se que melhorar entendimento e o nível de literacia da população, principalmente a de baixa renda é uma forma de colaborar efetivamente para o desenvolvimento do capital social, criando uma interação entre educação crítica, saúde e comunicação adequada com vistas a melhorar a saúde pública. Por essa razão, pretende-se demonstrar como o discurso publicitário e propagandístico, por meio de estratégias de persuasão, permite aumentar a eficácia da comunicação em saúde, como ferramenta do acesso à cidadania e, consequentemente, promovendo a diminuição das desigualdades sociais. Desse modo, aumentar o nível de literacia entre os mais pobres, por meio do discurso midiático, pode ser considerada uma ferramenta poderosa de mobilização social tanto em países em desenvolvimento, quanto nos desenvolvidos. 123 Resumos: Comunicações Coordenadas IMAGENS, CORPO E MEMÓRIA NA ORDEM DO DISCURSO MIDIÁTICO Coordenadora: Denise Gabriel Witzel (UNICENTRO) [email protected] Resumo da mesa: Em torno da inescapável e complexa articulação entre discurso, memória e história, os trabalhos desta sessão coordenada fundamentam-se nas teorias do discurso, com o objetivo de refletir sobre modos de apreensão, produção e circulação de sentidos (re)produzidos na mídia contemporânea. Atentos aos debates que problematizam a questão do imagético como objeto de estudo, as discussões dão visibilidade à ideia de que (i) existe uma passagem conflitante e imprecisa do visível ao nomeado; (ii) o efeito de repetição e de reconhecimento faz da imagem como que a recitação de um mito; (iii) a formação do arquivo e da memória sobre a questão do corpo sempre se deu por meio de certa fixação seletiva de discursos produzidos pelas/nas relações de poder. Diante das diferentes materialidades examinadas, os trabalhos dão relevo às condições de existência e de circulação de enunciados imagéticos, as posições de sujeito ali apontadas, as especificidades das materialidades e as articulações que esses enunciados estabelecem com a história e a memória. Trabalhos dos Integrantes: Discursos e imagens da mulher viril Denise Gabriel Witzel (UNICENTRO) [email protected] A virilidade é produtiva e guerreira; a feminilidade é suave e lânguida. Ao longo da nossa história ocidental, esta dicotomia tradicional (i) ecoou nos discursos médicos, filosóficos e jurídicos, (ii) sexualizou os espaços, (iii) construiu fronteiras entre homens e mulheres, (iv) definiu e regulou ideais de conduta. Ancorando-me nos pressupostos teóricos da arquegenealogia de Michel Foucault, em diálogo com o conceito de memória discursiva, proponho-me a pensar as condições sócio-histórica de existências de enunciados – verbais e imagéticos - que, na atualidade, reverberam aquela tradicional dicotomia, notadamente no campo da política. Analiso o enunciado “coração valente”, slogan da campanha de 2014 da presidente Dilma Rousseff associado a sua imagem de guerrilheira, amplamente difundida na grande mídia. Em nosso gesto de análise, tomamos o corpo como objeto do discurso. Em se tratando de um corpo de mulher no espaço político, as análises apontam para a exigência de um corpo saturado de virilidade, na medida em que, interdiscursivamente, a imagem-enunciado da campanha em questão atualiza as memórias que inventaram o ideal de virilidade, notadamente o poder, a força, o vigor e a coragem, entendidas como características atreladas durante muito tempo à “perfeição” masculina. Significação e sujeito-autista: corpo-sentido e marcas da alteridade Renata C Bianchi de Barros (UNIVÁS-MG) [email protected] Objetivo, nesta comunicação, apresentar alguns dos desdobramentos teóricos/analíticos das pesquisas que venho desenvolvendo acerca de tecnologia e tecnologias de linguagem, pensando os modos como os sujeitos elencados como “sujeitos da diversidade” são discursivizados. Para os fins desta apresentação, coloco-me a analisar imagens produzidas para a “divulgação e sensibilização” da sociedade sobre o tema autismo, transtorno de linguagem que marca o sujeito no estabelecimento de estereotipias e, sobretudo, com uma suposta impossibilidade de relação entre sujeitos. Para tanto, fundamento-me teórica e metodologicamente nos estudos da Análise de Discurso de linha francesa, cujos principais autores são Michel Pêcheux e Eni Orlandi. Com este estudo, ao suspender e questionar os efeitos de sentidos que se pretendiam estabilizados acerca do autismo e dos sujeitos significados como sujeitos autistas (ou pacientes, autistas entre outras designações) pelo modo como o seu corpo (corpo-sentido) é/se significa(do) no mundo, apontamos para novos modos de/para pensar a responsabilidade das tecnologias da linguagem no/para o acompanhamento de sujeitos no espectro autístico e das instituições que o acompanham. Sentidos e sociedade: imagens e discursos sobre a “família” brasileira no século XXI Débora Massmann (UNIVAS) [email protected] Em um momento em que o racismo volta a ser notícia nas diferentes mídias, em que a intolerância ocupa espaço nas redes sociais, discutir a intolerância, a desigualdade e o respeito à diversidade faz-se fundamental. É tomando a sociedade contemporânea como cenário para esta reflexão que, neste estudo, somos levados a refletir sobre as formas de discriminação, de preconceito e de desrespeito à diversidade em um país que se constituiu e que se construiu na e pela diferença. Afinal, somos ou não um país plural? Nesta exposição, proponho-me a refletir sobre a questão da intolerância tomando como ponto de partida a família, instituição que ocupa uma posição central nos debates jurídicos, políticos, sociais e midiáticos sendo descrita como o núcleo formador da cidadania, dos afetos e da civilidade. De fato, constituindo, para muitos, o pilar da sociedade contemporânea a instituição família tem sido utilizada como forte argumento político-social em diferentes discursos produzidos na sociedade brasileira. Mas afinal qual é o sentido de família no século XXI em um momento em que se discutem diferentes formas de afeto, 124 Resumos: Comunicações Coordenadas diferentes formas de organização familiar e, sobretudo, em que diferentes políticas públicas têm no conceito de família seu pilar de sustentação? Entre afetos, políticas e direitos, a família pode se constituir como um espaço simbólico da diversidade? Ou a intolerância às novas formas de afeto coloca em funcionamento o preconceito em relação à efervescência de outros modos de organização familiar? Em minha exposição, fundamentada pela Semântica Histórica da Enunciação, respondo a estes questionamentos e reflito sobre os sentidos da palavra “família” que têm circulados em diferentes discursos, sobretudo, naqueles provenientes do discurso jurídico, do midiático e do político. A QUESTÃO AMBIENTAL E A (RE)PRODUÇÃO DAS DESIGUALDADES: IDEOLOGIAS E DISCURSOS Coordenadora: Doralice Barros Pereira (DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA/UFMG) [email protected] Resumo da mesa: A desigualdade que, ao invés da diferença, é socialmente construída, constitui-se com campo profícuo aos diversos processos e fenômenos de interesse das ciências humanas. Sua naturalização é povoada por ideologias que nos interpelam à elaboração de análises e críticas concernentes à produção dos espaços. A presente Comunicação Coordenada objetiva identificar e investigar a função e a representação da desigualdade na/pela linguagem nos processos de (re)produção do espaço, bem como seus modos de funcionamento nas diferentes práticas discursivas das ciências humanas, e por diferentes segmentos sociais. As complexidades de elementos que envolvem as desigualdades possibilitam sua apresentação em feições díspares enquanto um problema social, que se intensifica sobremaneira em momentos de crise e em espaços variados. Tendo em conta essas características de plasticidade, as formações discursivas e imaginárias abarcadas em políticas/operações que recorrem a ideia de Desenvolvimento Sustentável para se legitimar, por vezes negligenciam as raízes histórico-geográficas da produção das desigualdades. Assim, nos interessa aqui debater discursos em torno do ambiente em seus âmbitos, setores e representações aliadas aos elementos de construção de concepções afeitas à raridade da natureza (ar, água, solo, vegetação) em suas diferentes performances e apropriações. Trabalhos dos Integrantes: Os discursos sobre a água e a produção das desigualdades no contexto da “crise ecológica” Eliano de Souza Martins Freitas (UFMG/COLTEC) [email protected] A modernização capitalista transformou as dimensões da natureza em força produtiva para/da sociedade, modificando a relação sociedade/natureza. A natureza passou a ser considerada infinita e passível de conhecimento/dominação pelo homem. Porém, a partir dos anos de 1960, verificou-se a emergência de uma abordagem em que os elementos naturais passaram a ser apresentados como insuficientes e frágeis. Desde então, consolidou-se um discurso de limitação e de carência, norteando e institucionalizando as discussões sobre os limites da natureza e as ações a serem desenvolvidas pelas sociedades a partir daí, com vistas à sua preservação ou conservação. Tal processo tomou forma por meio dos discursos em torno da “crise ecológica”, que se acentuou no seio da sociedade devido à crescente degradação dos “recursos naturais”. Entre os elementos da natureza natural que tiveram sua representação alterada pelas práticas discursivas na sociedade, destaca-se a abordagem dada a água. Até meados de 1970 havia um entendimento de que a água fosse um recurso infinito, inesgotável e disponível para todas as populações e para todos os setores produtivos. Porém, a partir dos anos de 1990 essa abordagem sofreu profundas modificações, pois foi elaborada e exposta como “Verdade” uma nova concepção sobre a água. Essa se tornou homogênea, delimitada e se transformou numa representação que impõe uma prática social que coloniza os diversos espaços. A água, passível de escassez absoluta, tratada como uma “nova raridade”, poderia resultar na extinção dos seres vivos no planeta. Na atualidade, é possível verificar tal metamorfose discursiva em cartilhas de educação ambiental, programas televisivos, programas de governo, propagandas sobre esta temática, livros (para)didáticos, produções cinematográficas etc., que nos estimulam a uma análise crítica. É nesse sentido que se insere a proposta de comunicação. Por meio da Análise Crítica do Discurso (ACD) objetiva-se apresentar os principais elementos discursivos que transformaram a água em raridade e vem produzindo uma “visão social de mundo” sobre ela. É oportuno refletir como essa metamorfose discursiva/prática tem contribuído para a (re)produção das desigualdades sociais no contexto da “crise ecológica”, pois experienciamos um processo de segregação/separação das pessoas/grupos em “classes ambientais”. As múltiplas apreensões da cidade discursos e práticas que promovem desigualdades Doralice Barros Pereira (DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA/UFMG) [email protected] Rogata Soares Del Gaudio (COLÉGIO TÉCNICO/UFMG) [email protected] Buscamos identificar as possibilidades de ampliar a biodiversidade e sociodiversidade na metrópole de Belo Horizonte a partir de olhares e construções simbólico-materiais expressas nas operações, políticas e práticas existentes ou em projeção. Como os discursos de crise e escassez dos elementos da natureza têm composto discursos/práticas que envolvem uma perspectiva multiescalar e engendram novas ideologias e desigualdades? Quais perspectivas de um outro apreender e projetar das cidades tem se tornado viável e acessível a uma gama mais ampla de pessoas e lugares tendo em conta as proposições: cidade saudável, cidade inteligente, cidade sustentável, cidade resiliente? Assim, nos interessa aqui debater as operações de 125 Resumos: Comunicações Coordenadas revitalização/renovação nos últimos anos, sejam decorrentes de eventos e/ou de remoção/higienização de porções das metrópoles brasileiras promovendo a apostasia de indesejáveis. Para Belo Horizonte, quais ideologias e novas desigualdades têm sido produzidas nesses discursos/práticas? A articulação e otimização de grupos de pronta resposta com uma gestão mais planejada e inteligente pode ser uma estratégia positiva de contraprojeto à ordem estabelecida e conduzir a isonomia? COMUNICAÇÃO, DISCURSOS E BIOPOLÍTICAS DO CONSUMO DA ESPM Coordenadora: Doris Martínez Vizcarrondo (UPR) [email protected] Esta mesa tem por intenção apresentar uma reflexão sobre as representações das crianças sem-teto na imprensa. Tomaremos como base nossa investigação ABANDONO SOCIAL E MIDIÁTICO: as representações da criança de rua nas páginas da revista Veja São Paulo, na qual empreendemos uma análise do discurso jornalístico nos textos da revista Veja São Paulo, no período de 2005 e 2012. Propomos uma reflexão com base nos conceitos de biopolítica, de Michel Foucault, teorias sociocognitivas sobre o discurso de Teun Van Dijk e às metáforas como ferramentas sociocognitivas de George Lakoff. Trabahos dos Integrantes: Sem-teto no discurso jornalístico Guy Pinto de Almeida Junior (ESPM) [email protected] O pesquisador busca a compreensão de como o morador em situação de rua está representado no discurso jornalístico referente à cidade de São Paulo. Comunicação, discursos e biopolíticas do consumo Tania Marcia Cezar Hoff (ESPM) [email protected] Proposta de estudo para compreensão de como o corpo infantil está representando, do ponto de vista das lógicas da biopolíticas do consumo, na comunicação publicitária brasileira. Delinquência, juventude e reguetón Anthony Diaz (UPR) [email protected] O pesquisador estuda como os processos de delinquência e juventude se aproximam e se afastam no contexto do gênero musical conhecido como reguetón. A rua como espaço da morada: representações do rap brasileiro e porto-riquenho sobre as crianças de rua Marcos Maurício Alves da Silva (ESPM) [email protected] Neste trabalho pretendemos fazer uma análise comparativa entre as canções “Mágico de Óz” do Racionais Mc´s e “Canción para un niño en la calle” de Calle 13. Vemos aqui as canções e os vídeos relacionados às músicas selecionadas como expressões midiáticas que explicitam em suas letras e imagens a desigualdade social e a exclusão de crianças nas ruas de grandes cidades. Procuramos mostrar como a topografia, tal como a define Maingueneau (1997), é construída na enunciação discursiva das letras estudadas. Estabelecemos assim diferenças e semelhanças nos locutores discursivos, na topografia e na cronografia das letras levando em consideração os espaços sociais e as regiões nas quais foram (re)produzidas. Percebemos, finalmente, que a exclusão das crianças e, consequentemente, as ruas como espaço de morada e de sobrevivência são marcas da enunciação explícitas nas letras estudadas. 126 Resumos: Comunicações Coordenadas DESIGUALDADES E COGNIÇÃO SOCIAL - ASPECTOS SOCIOCOGNITIVOS DA CONSTRUÇÃO DO SENTIDO E DE CONFLITOS CONCEITUAIS NAS PRÁTICAS DISCURSIVAS Coordenadora: Edwiges Maria Morato (UNICAMP) [email protected] Resumo da mesa: A proposta desta sessão de comunicações coordenadas é discutir vários aspectos da desigualdade (linguístico-comunicativa, social, pragmática) no domínio das práticas discursivas. No terreno de estudos de vocação interdisciplinar, pretendemos analisar (i) a construção referencial e a gestão do tópico discursivo por interagentes afásicos e não afásicos, isto é, indivíduos que apresentam competências comunicativas desiguais; (ii) a complexidade das questões educacionais mobilizadas pelos discursos (narrativas de experiência) de discentes e docentes sobre a sala de aula; (iii) o conflito entre dizer e não dizer agenciado por implicaturas e metáforas que manifestam desigualdades entre os falantes, bem como conflitos conceituais. Diferentes aspectos da desigualdade serão discutidos a partir de corpora discursivos variados (como conversações e narrativas orais), de forma a permitir um diálogo interteórico entre áreas afins da ciência da linguagem e de outros campos do Conhecimento. Mais especificamente, a presente sessão de comunicações coordenadas pretende focalizar, com base na análise de dados linguístico-discursivos heterogêneos marcados por desigualdades de diversas ordens, algumas propriedades sociocognitivas (intencionais, inferenciais, reflexivas, perspectivais, intersubjetivas, etc.) da linguagem e da interação que interatuam nas atividades discursivas e na modulação da cognição social. Trabalhos dos Integrantes: Gestão do tópico discursivo e coesividade comunicacional na interação entre afásicos e não afásicos Edwiges Maria Morato (UNICAMP) [email protected] Esta comunicação baseia-se em alguns achados preliminares de pesquisa coletiva (MORATO et al, 2014) apoiada pela Fapesp (Proc. 2014/05850-5) que tem por objetivo a análise do papel dos frames na organização do tópico discursivo em conversações desenvolvidas no Centro de Convivência de Afásicos (CCA-IEL/Unicamp). Os dados a serem apresentados foram extraídos de conversação entre afásicos e não afásicos a respeito de estratégias por eles utilizadas para enfrentar dificuldades nominativas que podem impactar a dinâmica interacional e mesmo os propósitos discursivos dos interagentes. Entre as conclusões a que temos chegado estão a de que (i) fatores sociocognitivos da interação (como perspectivação conceitual, coordenação da ação, atenção conjunta, intencionalidade compartilhada - dentre outros) estão na base da relação entre enquadres cognitivos (como os frames) e tópico discursivo; e a de que (ii) riscos para a falta de coesividade comunicacional não se devem apenas à afasia, uma vez que são também associados à maneira como os frames e os processos referenciais mobilizados pelos interagentes (afásicos e não afásicos) atuam no desenvolvimento e na gestão do tópico discursivo, bem como na interação de uma maneira geral. Implicaturas e metáforas: juntando as pontas do conflito entre dizer e não dizer Heronides Moura (UFSC) [email protected] As implicaturas, em muitos usos, dão forma linguística a um conflito social (PINKER, 2008), alicerçado em desigualdades e assimetrias entre os falantes. Implicaturas envolvem uma forma de negociar os conflitos sociais. Ao manter em suspenso dois sentidos antagônicos, a implicatura evoca e, ao mesmo tempo, evita o conflito. Da mesma forma, uma metáfora pode ser uma maneira de agenciar o conflito e a desigualdade, escondendo e evocando ao mesmo tempo um tópico conflituoso ou que manifesta a desigualdade entre os falantes. Sustento que usos de fala indireta (implicaturas, metáforas) provocam uma competição entre conceitos na mente dos falantes. Um desses conceitos tende a sobrepujar o conflito, o outro tende a acentuá-lo. Desigualdades sociais provocam, assim, um conflito conceitual no plano da cognição. Frames e discursos - a sala de aula sob a perspectiva de seus atores Neusa Salim Miranda (UFJF) [email protected] Tomando como figura investigativa a perspectiva instaurada pelo discurso de discentes e docentes sobre a sala de aula, este estudo vem desenvolvendo um modelo de análise do discurso de viés sociocognitivista, tomando como categorias centrais (i) o conceito de frame nos termos definidos pela Semântica de Frames (FILLMORE, 1977, 1979, 1982, 1985; PETRUCK, 1996) e descrito pelo projeto lexicográfico FrameNet () e (ii) a definição de frequência (types e tokens) em sua relação com a arquitetura dos usos linguísticos posta pelos Modelos Baseados no Uso (GOLDBERG, 1995, 2006; TOMASELLO, 2003; SALOMÃO, 2009; CROFT e CRUSE, 2004, dentre outros). O caráter híbrido deste estudo e a complexidade das questões educacionais mobilizadas pelos discursos (narrativas de experiência) impõem a ruptura dos limites disciplinares da Linguística e a assunção de um diálogo interteórico entre distintas áreas do saber (CAMPOS, 2007; GIERE, 2006). As generalizações analíticas alcançadas pelo desenvolvimento de treze (13) estudos de caso concluídos e dois (2) em andamento (Estados de Minas Gerais e do Rio de 127 Resumos: Comunicações Coordenadas Janeiro) vêm servindo de aporte às metas de formação continuada de professores da rede pública no Mestrado Profissional em Letras (PROFLETRAS/UFJF). Uma ambição teórico-metodológica (MIRANDA, 2013; MIRANDA e BERNARDO, 2013; MIRANDA e LIMA, 2013; LIMA, 2014; FONSECA, 2014) desta proposta de análise do discurso ancorada na Semântica de Frames está na sua extensão à compreensão de diferentes ordens de vivências sociais, para além da educação. FUTEBOL E DISCURSO DA DESIGUALDADE SOCIAL Coordenador: Elcio Loureiro Cornelsen (UFMG) [email protected] Resumo da mesa: Futebol e desigualdade social – essa relação pode ser vista a partir de duas perspectivas distintas: por um lado, da perspectiva daquele que pretende ascender à carreira profissional como jogador de futebol; por outro lado, da perspectiva do torcedor de futebol. No primeiro caso, aquilo o que pode parecer uma via de ascensão social, numa sociedade injusta como a brasileira, revela-se na prática como exceção, e não como regra. Certa vez, o cineasta João Moreira Salles, co-diretor do documentário Futebol (1998) juntamente com Arthur Fontes, foi taxativo ao declarar que “[é] mais fácil ser aceito para fazer física nuclear em Harvard do que conseguir ser jogador profissional, porque é tanta gente atrás desse prato de comida! É muita gente, muita concorrência e também é preciso uma conjunção de acasos. Como é difícil!” (SALLES, João Moreira. Entrevista concedida a Luiz Zanin Oricchio. In: ORICCHIO, Luiz Zanin. Fome de bola: futebol e cinema no Brasil. São Paulo: Imprensa Oficial, 2006, p. 265-280, aqui p. 279.) No segundo caso, a desigualdade social associada ao futebol, nos dias de hoje, se expressa topograficamente nas chamadas “arenas”: além de terem acabado com a “geral” em vários estádios, espaço eminentemente popular, os setores “nobres”, que costumam levar designações de bandeiras de crédito, são inacessíveis às camadas populares devido aos altos preços cobrados. Isso tem um efeito imediato sobre o próprio modo de torcer, além de, no caso brasileiro, produzir um “branqueamento” das arquibancadas, como pode ser constatado durante a Copa das Confederações em 2013 e a Copa do Mundo, em 2014. Afinal, no Brasil, a desigualdade social anda de mãos dadas com a desigualdade racial. Desse modo, a mesa coordenada tem por objetivo reunir comunicações que reflitam sobre a relação entre futebol e desigualdade social a partir de um viés discursivo, sobretudo nos modos de representação de tal relação, contemplando a área temática “Desigualdade, Cinema, Imagem e Artes”. Trabalhos dos Integrantes: O Haiti é aqui: futebol, fanatismo e desigualdade social no documentário O dia em que o Brasil esteve aqui, de Caíto Ortiz e João Dornelas José Carlos Marques (UNESP) [email protected] Em fevereiro de 2004, um golpe de estado no Haiti derruba o presidente Jean-Bertrand Aristide, que cede o poder para as mãos de guerrilheiros armados. O país caribenho, detentor dos maiores índices de pobreza nas Américas, recebe em seguida a intervenção da ONU (Organização das Nações Unidas), que passa a contar em sua missão de paz com a colaboração de exércitos internacionais, entre eles uma delegação enviada pelo Brasil. Em meio ao caos da reconstrução do território, o primeiro-ministro interino do Haiti, Gérard Latortue, faz uma declaração inusitada: “em vez de tropas, o Brasil deveria enviar sua seleção de futebol”. Interessado em obter um assento no Conselho Permanente de Segurança da ONU, o governo brasileiro atende ao apelo de Latortue e organiza um amistoso entre a seleção brasileira (campeã mundial dois anos antes na Copa do Japão e Coreia do Sul) e a seleção haitiana. Realizada em Porto Príncipe (capital do país) no dia 18 de agosto de 2004, a partida integrava o pacote de ajuda humanitária e militar do Estado brasileiro, à época já no comando das forças pacificadoras da ONU. Intitulado ainda de “Jogo da Paz”, o encontro serviu de mote para a produção do documentário “O dia em que o Brasil esteve aqui” (2005) de Caíto Ortiz e João Dornelas. Este trabalho procura verificar, por meio de uma análise discursiva, como este documentário reconstrói o dialogismo entre o futebol e o fanatismo dos haitianos em torno dos astros da seleção brasileira, tudo isto em meio às profundas mazelas sociais em que se encontrava o país, assolado pela miséria e por uma profunda crise institucional. Neste sentido, interessam-nos sobremaneira quais os efeitos de sentido que são colocados em marcha por esta produção fílmica ao retratar uma partida de futebol plena de múltiplos significados. Futebol e discurso da desigualdade social em canções da Música Popular Brasileira Elcio Loureiro Cornelsen [email protected] “O conhecimento do Brasil passa pelo futebol” – essas palavras do escritor José Lins do Rego, de modo emblemático, dão a dimensão da importância desse esporte para o país. Isso se justifica, sobretudo, quando se considera o complexo fenômeno de produção discursiva que se desenvolve em torno desse esporte na sociedade brasileira, desde a multiplicidade da mídia esportiva e seus diferentes gêneros até a utilização do futebol como tema de obras literárias, cinematográficas, musicais etc. Nesse sentido, o presente estudo enfoca a relação entre futebol e discurso da desigualdade social no Brasil, a partir de um corpus composto pelas 128 Resumos: Comunicações Coordenadas letras das canções “Beto bom de bola” (1967), de Sérgio Ricardo, e “Brazuca” (1999), de Gabriel o Pensador em parceria com André Gomes e Ciro Cruz. Tal relação será analisada à luz de postulados da teoria semiolinguística, sobretudo no que diz respeito às noções de contrato comunicacional, de instância de enunciação, e de encenação de linguagem. Na cena enunciativa de “Beto bom de bola”, o desenvolvimento da personagem se estabelece da seguinte maneira: Partindo de uma infância humilde, Beto se torna jogador profissional, sem dar ouvidos à cigana, abandonando a namorada e buscando proteção do cartola, rendendo-se à fama. Chega à Seleção Brasileira e faz o gol do título na Copa, atingindo a glória. Mas o tempo passa e vem a contusão séria e o esquecimento. Nessa curva da ascensão à queda, daquele que chutava “bola de meia” e termina chutando “pedra”, estão presentes a felicidade e a amargura. Por sua vez, a letra de “Brazuca” evidencia seu caráter de protesto. A desigualdade é marcada pela trajetória dos irmãos “Brazuca” e “Zé Batalha”, que trilham caminhos contrários: enquanto o primeiro se torna um jogador de sucesso, o segundo fracassa, embora trabalhe muito. Seus destinos são igualmente diversos: enquanto Brazuca atinge a glória na Copa, marcando o gol do título, Zé Batalha é confundido com bandido na favela e assassinado por policiais. A LINGUAGEM VERBO-VISUAL EM MÚLTIPLOS GÊNEROS: UM ENFOQUE BAKHTINIANO Coordenadora: Eliana Vianna Brito Kozma (UBC) E-mail: [email protected] Resumo da Mesa: Os múltiplos gêneros discursivos que circulam nas mais variadas esferas de atividade humana são constituídos, em sua maioria, pela linguagem verbo-visual. Como o conceito de gênero discursivo na perspectiva bakhtiniana parte da concepção dialógica de linguagem, seu desdobramento exige nova forma de análise desses enunciados genéricos. Como Bakhtin e o Círculo ressaltam a importância dos signos não verbais na constituição de sentido, embora não tenham se debruçado sobre as novas linguagens, muitas pesquisas têm sido desenvolvidas com intuito de ampliar o campo de investigação de enunciados compostos por múltiplas linguagens. Entre as novas pesquisadoras nessa linha discursiva, destacam-se Haynes (1995; 20) nas artes visuais e Brait (2010; 2012; 2013;2014) na análise dialógica do discurso, sugerindo novas formas de análise integrando na unidade enunciativa os signos verbo-visuais. Tendo em vista essa peculiaridade investigativa, o presente simpósio propõe discutir, na perspectiva dialógica da linguagem, de Bakhtin e do Círculo, os efeitos de sentido decorrentes da articulação verbo-visual em diferentes gêneros, entre eles os memes, as capas de revista, os anúncios publicitários. Uma das pesquisas trata dos memes, enunciados que materializam uma das novas formas de linguagem que surgem com o advento das novas tecnologias digitais da informação. Os memes são frases comumente acompanhadas de figuras que contêm um tom irônico e informações com trocadilhos. Outra pesquisa que relaciona charge com capa de filme objetiva estabelecer relações dialógicas com o contexto sócio histórico, suscitando atitudes responsivas mais adequadas e reflexivas. Também as ilustrações e as capas de revista e de livros suscitam novas formas de ler tais enunciados, procurando destacar os efeitos de sentido, materializados na verbo-visualidade, marcando desigualdades sociais nos diversos gêneros. Espera-se com esse simpósio ampliar o campo investigativo dos enunciados genéricos em suas múltiplas linguagens, no campo da Linguística Aplicada. Trabalhos dos Integrantes: Linguagem verbo-visual e os efeitos de sentido em reportagem jornalística Miriam Bauab Puzzo [email protected] Se até a metade do século XX, a predominância dos estudos linguísticos estavam direcionados à linguagem verbal com algumas pesquisas referentes à comunicação, com o desenvolvimento tecnológico bastante avançado, é impossível ignorar outras formas de linguagem e de produção de sentido. Muitas são as vertentes teóricas que tratam do estudo das linguagens em enunciados que circulam nas mais variadas esferas de produção. Nesta comunicação toma-se como referencial teórico a teoria/análise dialógica de Bakhtin e do Círculo, em suas reflexões sobre linguagem e discurso. Embora tais pesquisadores tenham privilegiado os enunciados verbais, sinalizam possibilidades de construção de sentido por outras formas sígnicas como os gestos, a mímica, os sons e as imagens visuais. Tendo em vista esse aspecto, muitos pesquisadores, partindo dessa vertente teórica que entende a linguagem em sua natureza viva, procuram articular os signos verbais e visuais nas diversas formas de expressão artística, como Haynes (1995) que analisa a arte visual a partir das categorias discutidas pelo círculo, em especial a ética e a estética. Brait (2010; 2013), voltando seu olhar para os enunciados concretos, compostos pelas linguagens verbal e visual, cunha o termo verbo-visualidade com o intuito de demonstrar a unidade articuladora de tais enunciados na produção de sentido. Além dessas referências, outros autores são convocados para analisar a linguagem visual: Dondis (2003) e Guimarães (2004). Para efeito demonstrativo, foi selecionada a reportagem de Eliane Brum “Adail quer voar” que integra a coletânea A vida que ninguém vê (2006). Nessa coletânea, há um trabalho estético com as imagens fotográficas, criando efeitos de sentido que colaboram na forma composicional e no estilo da reportagem. A partir dessa perspectiva teórica, a reportagem é analisada considerando os signos verbo-visuais e seus efeitos de sentido nesse enunciado concreto, tendo em vista o tom valorativo do enunciador e o contexto social de produção, com o qual a repórter dialoga. 129 Resumos: Comunicações Coordenadas Os memes como enunciados verbo-visuais e seus efeitos de sentido Joaciana Pessanha Barbosa Da Silva (UNITAU) [email protected] A presente comunicação apresenta uma pesquisa sobre os memes, enunciados que materializam uma das novas formas de linguagens que surgem com o advento das novas tecnologias digitais da informação e comunicação. Os Memes são frases comumente acompanhadas de figuras que contêm um tom irônico e informações com trocadilhos. O presente trabalho trata de investigar como se realiza o processo de produção e de recepção dos memes, bem como sugere uma proposta de ensinoaprendizagem em leitura a partir deles. Esse texto é muito veiculado nas redes sociais e possui marcas do texto multimodal O que justifica a necessidade de uma análise dialógica que caracteriza esse tipo de enunciado como um texto contemporâneo tanto em termos de tema quanto em termos de forma composicional e de estilo que resultam na construção dos sentidos. Neste trabalho, são apresentados dados de uma pesquisa, inserida no campo da Linguística Aplicada, cuja análise objetivou identificar a multimodalidade e o processo dialógico (BAKHTIN/VOLOCHÍNOV, 2003) na produção e recepção dos Memes. Para realizar este trabalho, utilizamos um corpus composto por dois memes com a temática da crise hídrica ocorrida no sudeste brasileiro no ano de 2015. Realizou-se uma análise sob o enfoque da teoria discursiva do filósofo da linguagem Mikhail Bakthin a fim de observamos como a multimodalidade e dialogia são evidenciados na materialidade do enunciado meme. Os resultados demonstraram que os memes são textos que contribuem com a formação de leitores a fim de pensarem a linguagem como prática social numa perspectiva dialógica. Sentidos construídos discursivamente nos gêneros: charge e capa do filme “A hora do pesadelo” Claudia Meire Rodrigues (UNITAU) [email protected] Nos dias de hoje, os meios de comunicação exploram os recursos verbo-visuais na troca de informações que não mais permite uma simples decodificação linear, o leitor precisa conhecer a linguagem verbo visual para estabelecer sentidos. Veiculados na mídia, a charge e a capa do filme são gêneros cuja complexidade se configura como um interessante objeto de análise para se observar como os sentidos se constroem no discurso. Pois todo discurso é dialógico, isto é, ele estabelece relação com outros discursos já-ditos, desencadeando diferentes sentidos. Deve-se considerar o contexto sócio histórico, o que remete à necessidade de as análises serem compreendidas a partir dos limites de determinada cultura, de modo a perceber as questões discursivas engendradas às esferas sociais de onde emergem. Tendo por referência a premissa de que a linguagem é a mediadora de toda a percepção humana, que deve produzir significados, o objetivo deste trabalho é analisar as marcas discursivas e dialógicas da charge “A hora do pesadelo” publicada no jornal Folha de S. Paulo no dia 16 de setembro de 2015 e da capa do filme “A hora do pesadelo” de 1984.O enfoque teórico-metodológico adotado para a análise da charge e da capa do filme baseia-se em Brait (2007), Dondis (2007) e na teoria de Bakhtin (2003) e seu Círculo, que postula que todo enunciado só pode ser compreendido no interior de um gênero. A análise mostra que os sentidos produzidos nos discursos observados levam as reflexões voltadas a uma leitura crítica que se materializa em diferentes gêneros discursivos, que estabelece relações dialógicas com o contexto sócio histórico, suscitando atitudes responsivas e reflexivas. A linguagem verbo-visual na esfera publicitária: os efeitos de sentido nas campanhas da Coca-cola Eliana Vianna Brito Kozma (UBC) [email protected] O objetivo deste trabalho é analisar os anúncios verbo-visuais das campanhas publicitárias da Coca-cola a partir de um enfoque dialógico da linguagem. Partimos do princípio bakhtiniano de que o gênero discursivo anúncio publicitário apresenta-se como enunciado relativamente estável, cuja forma composicional e estilo possibilitam ao interlocutor compreender sua função comunicativa. No entanto, os anúncios que constituem as campanhas da Coca-cola fogem do lugar comum, o que possibilita diferentes atitudes responsivas por parte do público alvo. Como gênero da esfera publicitária, os anúncios da Coca-cola estabelecem uma relação dialógica com o contexto sócio-histórico imediato, sendo considerados como anúncios de oportunidade, pois se apoderam do discurso de um acontecimento com grande repercussão, seja na mídia local, regional ou nacional, para transformá-lo numa criação. Dessa forma, as campanhas deixam entrever, na materialidade linguística, um julgamento, um tom valorativo de sua equipe de produção, que procura atender aos interesses da empresa e do público-alvo. Os pressupostos teóricos que sustentam a análise estão calcados na teoria/análise dialógica da linguagem de Bakhtin e do Círculo, considerando a forma composicional e o estilo como categorias de análise dos anúncios bem como o tom avaliativo expresso na materialidade verbovisual do enunciado. Como objeto de análise, foram selecionadas as campanhas publicitárias da Coca-cola de 2007, 2010, 2012 e 2014, em diferentes veículos da mídia impressa e digital. Especificamente objetivamos analisar o modo pelo qual os recursos verbo-visuais – imagem, fotos, diagramação, cores – contribuem para a veiculação de efeitos de sentido multifacetados. Dessa forma, os anúncios da Coca-cola não se limitam a vender apenas os produtos, mas parecem revelar o compromisso social da empresa para com seu público consumidor. Trata-se, portanto, de uma arquitetura linguístico-discursiva que faz com que as campanhas da Coca-cola apresentem uma forma particularmente especial de vender seu produto, sem sequer anunciá-lo explicitamente. 130 Resumos: Comunicações Coordenadas LETRAMENTOS SOCIAIS, DISCURSO MIDIÁTICO, PROJETO ICONOGRÁFICO E IDENTIDADE: POSSIBILIDADES DE ANÁLISES SEMIÓTICAS DOS DISCURSOS Coordenadora: Eliane Aparecida Miqueletti (UFGD) [email protected] Resumo da mesa: Esta comunicação coordenada é permeada por reflexões teóricas e análise de dados em torno de eixos ligados à desigualdade e aos discursos midiáticos, políticos e escolares. Integra trabalhos, frutos de pesquisas de Doutorado, que têm como fundamentação teórica principal a Semiótica francesa, ou a Semiótica Russa aliada às leituras advindas da Educação, dos Estudos Culturais e da Linguística Aplicada, que complementaram o caráter interdisciplinar das investigações. Entre os objetivos dos trabalhos estão: a análise dos regimes de interação e a construção da identidade indígena a partir do olhar do não indígena no âmbito escolar, a caracterização do diálogo cultural que se instaura por meio de atividades sociais de letramento em comunidade indígena, a exploração da iconografia representativa sul-mato-grossense e a análise da escolha das diferentes linguagens na construção de obra literária e fílmica para marcar elos e confrontos entre os atores envolvidos nas narrativas. Em comum, pretendem apresentar reflexões em torno das marcas discursivas que revelam direcionamentos ideológicos. Trabalhos dos Integrantes: Os discursos escolares na construção da identidade indígena Eliane Aparecida Miqueletti (UFGD) [email protected] A sociedade é alicerçada por discursos que revelam o modo como os sujeitos se relacionam. Nesse sentido, este trabalho apresenta considerações sobre a relação entre indígenas e não indígenas a partir dos discursos proferidos por professores e alunos do Ensino Fundamental de uma escola pública da cidade de Dourados-MS. Nesse recorte, o objetivo principal é investigar os regimes de interação e a construção da identidade indígena a partir do olhar do não indígena no âmbito escolar. Os dados resultam de uma pesquisa qualitativa de tipo participativa, com discussões realizadas em processo de diagnóstico e de intervenção, a partir de abordagem de natureza etnográfica. A análise estará centrada em enunciados advindos de entrevistas com educadores, produções escritas e desenhos dos alunos, gravações e anotações de enunciados proferidos por esses sujeitos ao longo do processo de pesquisa. A base teórica principal é a semiótica francesa e, mais especificamente, as considerações da sociossemiótica, tendo como propósito pensar os sentidos construídos na vivência, considerando-se as condições de produção e a apreensão do sentido em ato, conceitos ligados à Educação, à Linguística Aplicada, aos Estudos Culturais complementam as discussões realizadas. O resultado da pesquisa aponta que frente aos novos espaços de atuação o ser indígena é colocado em questionamento, há tendência para sua segregação e/ou assimilação. A escola reitera o distanciamento do outro, alunos e professores emitem estereótipos do indígena marginalizado socialmente. Letramentos sociais na reserva indígena de Dourados/MS: características do diálogo cultural a partir da tradução em contexto complexo Paulo Gerson Stefanello (UFSCar) [email protected] A pesquisa em questão propõe caracterizar o diálogo cultural que se instaura por meio de atividades sociais de letramento (STREET, 1984; 2014) mediadas pela AJI - Ação de jovens indígenas - dentro da Reserva Indígena de Dourados/MS. Para este fim, o método de pesquisa participante (BRANDÃO, 1985; 2006) é adotado desde a etapa de observação da preparação dessas atividades até a escrita do relato etnográfico final, desenvolvido, assim, não a partir da univocidade do pesquisador em campo, mas deste em conjunto com as vozes dos jovens indígenas da comunidade local. A teoria da semiosfera (LOTMAN, 1996), difundida pelos postulados da semiótica de vertente russa, é creditada como imprescindível para a realização da pesquisa, no sentido de que viabiliza o delineamento de fronteiras e oferece mecanismos para a compreensão dos processos tradutórios que constroem os discursos ali circulantes e constituem o diálogo cultural em contexto de grande complexidade simbólico-social e cultural. A subjetivação da linguagem no projeto iconográfico de “Mato Grosso do Sul – Estado do Pantanal” Anailton de Souza Gama (DINTER UPM/UFMS) [email protected] Procura-se estabelecer, de maneira prática, o percurso de uma teoria de texto: a Semiótica Narrativa e Discursiva, elaborada por Algirdas Julian Greimas, aplicando-a na análise da iconografia representativa sul-mato-grossense, buscando estabelecer uma construção de sentidos para os signos implantados no Estado de Mato Grosso do Sul a partir do Governo Popular de Zeca do PT, em 1998, relacionando esses signos ao processo de construção identitária sul-mato-grossense. Tomando como referência Barros (1990, 2003), Chevalier & Gheerbrant (2000), Lopes (1995) e Fiorin (2002), analisamos na iconografia representativa sul-matogrossense, através de algumas pistas de análise, possíveis levantamentos de campos lexicais e semânticos, da coerência narrativa e do percurso gerativo de sentido todo o processo narrativo/discursivo e figurativo da construção dos actantes e suas ações. 131 Resumos: Comunicações Coordenadas Verifica-se que a iconografia representativa nos remete a comportamentos, verdades, realidades, ideologias, enfim, aspectos que nos evidenciam modalizações desses sujeitos de estado no que tange ao ser e fazer que constituem a complexidade enunciativa, mesmo parcialmente observada, do objeto em questão. A construção de sentido no discurso de textos midiáticos Tania Regina Montanha Toledo Scoparo (UEL) [email protected] Este trabalho se propõe a construir o sentido no discurso de um fragmento da narrativa do romance de Raduan Nassar, e do filme homônimo Lavoura Arcaica, de Luiz Fernando Carvalho, sob a luz da semiótica greimasiana para o verbal narrativizado e para a sequência fílmica transmutada, o sincretismo verbo-viso-plástico-sonoro. Objetiva, por meio do exame de um objeto-modal apreendido no contexto, atingir a forma do conteúdo na manifestação não verbal, demonstrando “o como” do sentido; de que modo o verbal fez-se valorizar num texto sincrético. Para isso, levantaremos questões sobre a adaptação: o texto literário, o texto fílmico, suas especificidades e a diversidade de códigos utilizados, levando em consideração os aspectos técnicos expressivos nas suas realizações: a linguagem das imagens, sons, movimentos, jogos de câmera, enquadramento, iluminação, música, e outros, para revelar os diferentes materiais de expressão e seus significados empregados pelo diretor na construção de uma obra cinematográfica tendo por base um texto literário. Na análise do fragmento das obras – literária e fílmica – mostraremos como, pelas diferentes linguagens, é possível marcar elos e confrontos entre os atores envolvidos nas narrativas. A nossa pesquisa sobre a análise semiótica de discursos de textos midiáticos contribuirá para a compreensão das especificidades que fazem parte da dinâmica dos campos de cada linguagem. Somente através da reflexão teórica poder-se-á compreender o mundo das palavras e das imagens. Estudos sobre os discursos da mídia podem mostrar como é importante reconhecer nos veículos de comunicação a sua contribuição na formação das pessoas. DISCURSOS HEGEMÔNICOS E SENTIDOS ESTABILIZADOS NA CONSTRUÇÃO DA MEMÓRIA Coordenadora: Eliane Righi de Andrade (PUC-Campinas) [email protected] Resumo da Mesa: O que torna certos discursos mais legítimos do que outros? Em que regimes de verdade o sujeito se inscreve ou tem de se inscrever para ter o seu dizer validado, dentro das condições de produção dos discursos? Partimos, pois, nesta sessão de comunicações coordenadas, de um olhar discursivo da linguagem, que a coloca na articulação língua e história, buscando problematizar e refletir, em diferentes campos discursivos, como se dá a construção social de sentidos e sua disseminação, fazendo com que certas interpretações prevaleçam, tornando-se, muitas vezes, verdades inquestionáveis. Dessa forma, a proposta desta mesa é colocar em discussão a “desejada” invisibilidade de algumas formações discursivas, a imposição de outras, dentro de discursos que circulam na escola, na literatura, na mídia, na política, a fim de entender de que modo as relações de poder-saber que enredam os discursos e os sujeitos delimitam a construção das significações e constituem os processos de organização dos arquivos sociais e da memória, de modo a entender os processos identitários que engendram o sujeito contemporâneo. Assim, tomamos enunciados que constituem o corpus de cada pesquisador para entender a produção de sentidos marcada pelo tempoespaço, pelas condições histórico-sociais, pelas relações de poder, pelas formações discursivas dominantes e dominadas - as quais remetem igualmente a grupos sociais hegemônicos ou não – e a construção do imaginário social, as quais sugerem a presença, ainda, de representações dicotômicas e antagônicas da modernidade e que precisam, dessa forma, serem desconstruídas em seu discurso totalizador. Trabalhos dos Integrantes: A apropriação do discurso político pela mídia: efeitos de sentido que podem se tornar hegemônicos Eliane Righi de Andrade (PUC-Campinas) [email protected] Partindo dos estudos do discurso, nossa proposta nesta comunicação é discutir o papel que a mídia exerce na disseminação de sentidos referentes a enunciados tomados do discurso político, sentidos esses que podem se tornar “únicos”, estabilizados, se considerarmos a hegemonia do discurso midiático em produzir regimes de verdade. Segundo Charaudeau (2013) o discurso político propicia o que ele chama de “jogo de máscaras”, já que ele é um espaço de sedução e de persuasão, o que o remete a certa identificação com os discursos midiático e publicitário, já que, muitas vezes, neles “a palavra diz e não diz”, ainda que a linguagem seja sempre um lugar de não transparência. A esses enunciados que circulam socialmente podem ser atribuídas interpretações hegemônicas que constroem efeitos na memória discursiva do sujeito e do corpo social, indicando as relações de poder que atravessam os campos discursivos e que afetam a constituição do sujeito e de suas representações. Por outro lado, pensamos na história como elemento fundador das interpretações e, uma vez que os enunciados são tomados de outros espaços/tempos enunciativos, sob novas condições de produção, estão sujeitos a gestos de interpretação que não se pode controlar. Dessa forma, entendemos que esses processos de ressignificação são também novas formas de acesso aos arquivos de memória e produzirão efeitos na constituição da identidade do sujeito na contemporaneidade. Como referências teóricas, entre outras, trazemos os estudos do discurso de Foucault (2004) e Pêcheux (1990; 1997); os estudos sobre memória e arquivo de Derrida (2001; 2004) e Candau (2011); o discurso das mídias, de Charaudeau (2006), e o estudo do discurso político de Charaudeau (2013) e Courtine (2009). 132 Resumos: Comunicações Coordenadas As comunidades facebookianas como dispositivos disciplinares de professores e alunos Maria de Fátima Silva Amarante (PUC-Campinas) [email protected] Postagens publicadas por professores e alunos em redes sociais, em especial em páginas de comunidades, têm sido objeto de nossa atenção, com o objetivo de refletir sobre representações de comunidades de aprendizagem de línguas e de seus atores educacionais e sobre os processos identitários que emergem dos processos de objetificação e de subjetivação constituídos por e constituintes de relações de poder/saber que se estabelecem no/pelo discurso midiático-digital. Pensar o imbricamento entre identidade e memória na constituição identitária dos sujeitos educacionais, de nosso ponto de vista, pode contribuir para o entendimento das implicações das práticas identitárias para a formação de gestores educacionais e professores e para a capacitação de professores em serviço. Assim, tomando uma perspectiva discursivo-desconstrutivista para a Análise do Discurso, examinamos postagens publicadas na rede social Facebook entre 2010 e 2015. A fundamentação teórico-metodológica se pauta nos estudos foucaultianos acerca de poder e subjetividade e na proposta de Ferreira (2008), no sentido de considerar a estrutura rizomática de Deleuze & Guatarri como um método para analisar o discurso das redes. Emprestamos, ainda, de Derrida, reflexões acerca de memória e de Lipovetzky & Seroy, considerações sobre os processos de estetização que constituem a contemporaneidade. Portanto, inseridos na perspectiva foucaultiana de que a linguagem é prática social, é ação sobre outros (Foucault, 1980), partimos da expectativa de que as comunidades facebookianas podem se revelar como dispositivos disciplinares bem ao gosto da sociedade de consumo contemporânea em que imperam processos antropofágicos e autofágicos. Em decorrência, preocupamo-nos com os “profundos” regimes de discurso/prática, ou saber/poder, que permitem que afirmações tais como “o sujeito contemporâneo é um hiperindivíduo” ou “o caminho é desenvolver uma cultura de solidariedade” sejam legitimadas como verdades. Tal legitimação, com certeza, leva-nos a pensar que as comunidades podem se caracterizar como pseudo-desterritorializações dos grupos formais ou dos grupos de amigos e, assim, nelas encontramos representações estabilizadas dos sujeitos e, consequentemente, relações de poder-saber simétricas (no sentido foucaultiano), que, contraditoriamente, conciliam hiperindividualidade e solidariedade, por meio de sua reconceituação. O que se sobressai da análise é a constituição de um sujeito hedonista que se nos apresenta em processos antropofágicos e autofágicos que se materializam, por exemplo, na recorrência à auto-referenciação e referenciação em ilustrações imagéticas e digitais e no exacerbado recurso à narrativa de si com efeito de sentido de atendimento a uma demanda hipertrofiada estetizante de um hiper Narciso que, estrategicamente, constrói-se como um irresistível Don Juan. Reinventando Mário de Andrade: arquivo e recepção crítica Ricardo Gaiotto de Moraes (PUC-Campinas) [email protected] A autobiografia, forma narrativa que empresta uma identidade ao sujeito, está presente na contemporaneidade não apenas na biografia dos avatares criados nas redes sociais, mas se materializa também no “pacto biográfico” (LEJEUNE, 2008) da literatura contemporânea e na crítica literária que se preocupa ora em desconstruir as mitificações em torno deste ou daquele escritor, ora em construir chaves interpretativas surpreendentes a partir de novas achegas biográficas e/ou teóricas. Portanto, o dado biográfico explícito continua como elemento importante tanto na produção quanto na recepção dos textos literários. Em nosso país, um dos temas mais revisitados pela crítica acadêmica e jornalística nos últimos anos tem sido o modernismo brasileiro de 1922 e figuras relacionadas a ele como Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Anita Malfatti, Paulo Prado e Sérgio Buarque de Holanda. O objetivo desta comunicação é analisar como o acesso ao arquivo pessoal de um escritor como Mário de Andrade, possibilitando desvendamento de informações da vida privada antes inéditas e também das marcas materiais deixadas no processo de criação literária, tem sido produtivo para a escrita de revisões críticas, cuja montagem é atravessada por novas abordagens teóricas, pelos jogos de poder e contingências do campo da literatura e da cultura e pelas tensões ideológicas que permeiam os vários discursos na sociedade. O ponto de partida teórico serão estudos que relacionam recepção de textos literários e estudos culturais como Frow (1997; 2014), Bordieu (1996) e Said (1975), que analisam criticamente o modernismo brasileiro, Faria (2006), Meira Monteiro (2012), Moreschi (2013), Prado (2015), e que estudam as (re)organizações de arquivos de escritores, Grésillon (2007), Miranda (1995), Moraes (2007). Falácias contemporâneas: o discurso e a práxis na utilização de tecnologias por professores de inglês na educação pública Eliane Fernandes Azzari (UNICAMP) [email protected] Dentre os discursos contemporaneamente legitimados no âmbito educacional, circulam aqueles que advogam a inserção iminente de Tecnologias de Comunicação e Informação Digitais (TICDs) nos fazeres de professores na escola pública. Tais discursos, de caráter hegemônico, neoliberalista e naturalizante, materializam-se, por exemplo, em materiais didáticos abalizados por órgãos públicos competentes e em enunciados de editais para a seleção desses e/ou outros recursos pedagógicos (AZZARI, 2015). Grosso modo, predominam olhares cartesianamente orientados que tendem a tratar as TICDs como objetos autônomos que poderiam revolucionar (e sanar) reconhecidas carências na educação – neste estudo interesso-me, especificamente, pela educação linguística em inglês. Conquanto a presença das TICDs tenha, de fato, alterado a maneira como são produzidos, propagados e acessados os conhecimentos na sociedade atual (GEE; HAYES, 2001), sua inserção nas práticas e rotinas de professores ainda demanda estudo e discussão (SELWYN, 2014) a fim de que não se torne apenas fruto da apropriação de “discursos autoritários” e de repetição, mas que, eventualmente – e contextualmente localizados em tempos-espaços escolarizados –, possam se tornar discursos “internamente persuasivos” (BAKHTIN, [1992]2011) e, portanto, (re) construtores de sentidos. Nessa direção, 133 Resumos: Comunicações Coordenadas investigo por meio de Pesquisa-ação Participativa (REASON; BRADBURY, 2008), as implicações da apropriação de tais discursos e sua práxis na rotina de dois professores de inglês atuando na rede estadual pública paulista. A pesquisa, financiada pelo CNPq, espera poder contribuir para a discussão supramencionada de forma a (re)pensar a interface entre os discursos socialmente validados em relação ao papel das TICDs e as práticas pedagógicas, bem como suas relações para a formação inicial e continuada de professores de inglês para a educação básica. ANÁLISE DO DISCURSO ECOLÓGICA (ADE) -HORIZONTES TEÓRICOS, METODOLÓGICOS E ANALÍTICOS Coordenadora: Elza Kioko Nakayama Nenoki do Couto (UFG) [email protected] Resumo da Mesa: O objetivo desta sessão de comunicações coordenadas é apresentar a fundamentação epistemológica da novel Análise do Discurso Ecológica (ADE) e algumas de suas aplicações a casos concretos, avançando um pouco a proposta da Análise do Discurso Positiva, de James Martin. A ADE está emergindo no âmbito da Ecolinguística, mais especificamente da Linguística Ecossistêmica. Ela veio para complementar as análises do discurso já existentes, tanto a versão francesa quanto a inglesa, dando maior prioridade a uma defesa da vida e a uma luta contra o sofrimento por parte dos seres vivos, entre os quais se incluem os humanos. As questões ideológicas e de poder são subordinadas às duas. Ao analisar um discurso sobre uma mulher maltratada pelo marido, a ADE parte do sofrimento dela, não da ideologia machista e patriarcal, que existem e devem ser combatidas, mas à la Gandhi. O mesmo princípio vale para qualquer tipo de sofrimento, ou seja, o natural (espancamentos, assassinatos), o mental (tortura mental) e o social (exposição ao ridículo, difamação etc.), e não só dos humanos, pois se combate o antropocentrismo. Em todos os casos de sofrimento, a análise começa pelo lado do sofrimento, chegando até as ideologias e relações de poder, não o contrário. Essa postura é parte da ecoideologia da ADE, influenciada que é pela Ecologia Profunda de Arne Naess, pelo taoísmo e pelo exemplo de vida de Mahatma Gandhi. Trabalhos dos Integrantes: Fundamentação epistemológica da análise do discurso ecológica (ADE) Hildo Honório do Couto (UNB-NELIM) [email protected] O principal objetivo desta comunicação é apresentar, em linhas gerais, a fundamentação teórica da Análise do Discurso Ecológica (ADE). Ela emergiu no contexto da versão da Ecolinguística chamada Linguísitica Ecossistêmica (LE), da qual é uma parte. Por esse motivo, todas as categorias linguístico-ecossistêmicas são também catetorias da ADE. Essas categorias são de cunho ecológico, em que se incluem todas as categorias da Ecologia. O que a ADE tem de específico é a maneira de tratar os discursos sob análise. Em vez de partir de ideologias (marxista, p. ex.) e relações de poder para chegar a questões como sofrimento, ela parte do sofrimento, lutando contra ele e defendendo com denodo a vida, de humanos e não humanos, até chegar às ideologias e relações de poder. Entre as categorias ecológicas que a ADE usa estão o holismo (considerar todos os lados da questão, não apenas o que interessa), o começar pelas releções harmônicas (não pelas desarmônicas, conflitos), a diversidade (de todos tipos), a evolução (a vida é dinâmica, tudo está sempre mudando) e muitas outras. A ADE foi influenciada pela Análise do Discurso Positiva de James Martin, pela Ecologia Profunda de Arne Naess, pelo taoísmo e pelo exemplo de vida de Gandhi. Seguindo a proposta de Naess, ela é prescritiva, no sentido de recomendar atitudes que preservem a vida e evitem o sofrimento desnecessário. Dois exemplos que serão discutidos são o da mulher que é espancada pelo marido (às vezes até assassinada) e o do infanticídio entre alguns grupos ameríndios. No primeiro caso, o praticante de ADE defende a mulher não por ser mulher, mas um ser que está sofrendo, fazendo do homem um igual dela, não superior. No segundo, defende a manutenção da vida da criança mesmo que o sacrifício faça parte dos costumes tradicionais do grupo. Afinal, tradição se altera ao longo do tempo, mas a morte é irreversível. A vida vem sempre em primeiro lugar. Isso tem muitas implicações, algumas das quais serão discutidas em detalhe. Desigualdade social nas vozes do rap de Ceilândia: representações da experiência nas inter-relações do ecossistema social da língua Alessandro Borges Tatagiba (INEP-UNB) [email protected] Esta comunicação tem por objetivo analisar, a propósito das desigualdades sociais, as representações da experiência nas interrelações do Ecossistema Social da Língua. O aporte teórico da pesquisa baseou-se na análise do discurso ecológica da linguística ecossistêmica, combinadas com as ideias de Bakhtin, Fairclough, Halliday e Mathiessen, além de minhas próprias reflexões. De acordo com a linguística ecossistêmica, a população de organismos é o povo (P), o meio ambiente (físico) é o território (T) e as interações são a língua (L); tudo baseado numa visão ecológica de mundo (VEM). Nessa perspectiva ecossistêmica e ampla em que as desigualdades sociais podem ocorrer numa mútua relação entre prática discursiva e social segundo Fairclough, constituem o corpus desta análise textos de composições artísticas do gênero Ritmo e Poesia (RAP) de Saphira e Dj Jamaika, cujas abordagens referem-se à cidade de Ceilândia, localizada em uma das Regiões Administrativas do Distrito Federal. A metodologia de abordagem qualitativa interpretativista inclui, entre os procedimentos de pesquisa, a coleta de documentos disponíveis no Ecossistema Virtual. Em relação aos cuidados éticos, procedeu-se previamente à coleta da autorização dos compositores e 134 Resumos: Comunicações Coordenadas artistas. A análise de como os atores sociais representam a desigualdade social utiliza os procedimentos de categorização do sistema ideacional de base hallidayana para buscar responder à questão-problema levantada para esta análise: como os participantes representam a experiência sobre as desigualdades em composições de RAP, considerando as inter-relações do Ecossistema Social da Língua? Os resultados preliminares sugerem a reiteração de estilos culturais voltados para conceitos ecossistêmicos como o da comunhão voltados para a valorização da cultura da paz. Discursos sobre diversidade e desigualdade social na fronteira entre Brasil e República Cooperativa da Guiana Mabel Pettersen Prudente (UFG-NELIM) [email protected] As fronteiras são regiões geográficas que podem ser consideradas distintas das demais, sobretudo pelo fato de que nelas as interações regionais, nacionais e internacionais fazem parte do cotidiano das pessoas, favorecendo o contato social, linguístico e cultural entre os diversos grupos de indivíduos que compõem o mosaico local. Conflitos advindos deste contato moldam as relações sociais na fronteira, especialmente a desigualdade social a exemplo da região onde estão localizadas as cidades de Bonfim e Lethem na fronteira do Estado de Roraima com a República Cooperativa da Guiana. Esta é uma região caracterizada pelo baixo nível desenvolvimento, onde os guianenses percebem o Brasil como um país que deu certo em oposição à situação de fragilidade econômica e política apresentada pela Guiana. Ao lado desta percepção, há também o reconhecimento das injustiças sociais e da violência praticadas no Brasil. Assim, a população da região formada por guianenses, brasileiros, macuxis, wapichanas, venezuelanos, imigrantes chineses, entre outros, se encontram em uma teia complexa de relações assimétricas de poder, assegurando um contexto permeado pelas desigualdades sociais. Para compreender como estas desigualdades são construídas e mantidas, os dados foram gerados nos discursos produzidos pelos indivíduos dos diversos grupos que compõem a faixa fronteiriça compreendida entre Bonfim e Lethem. Estes dados são descritos e analisados de acordo com os pressupostos teóricos e metodológicos da análise do discurso ecológica (ADE) com o objetivo de compreender como as diferenças linguísticas e culturais estão relacionadas às desigualdades sociais da região. Uma leitura eco-discursiva da identidade caipira na música “Nois é jeca mais é joia” e a formação da identidade do povo goiano (goianidade) Samuel de Sousa Silva (UFG-NELIM) [email protected] A linguagem “caipira” do povo goiano foi e é estigmatizada devido ao processo histórico do êxodo rural que valorizou a cultura urbana em detrimento da cultura rural a fim de conseguir trabalhadores para as cidades. O processo de escolarização que implementou como língua padrão a língua escrita da elite dominante, estigmatizando as variedades com raízes na oralidade e nos regionalismos. O objetivo desta comunicação é mostrar como essa estigmatização permanece na estrutura da língua, mas, ao mesmo tempo, como se constrói um discurso de resistência a essa estigmatização mediante o uso artístico dessa linguagem em musicas como “Nois é jeca mais é joia”. A partir do conceito ecolinguístico de Ecossistema Fundamental da Língua, veremos como a identidade de uma determinada comunidade linguística (o povo caipira goiano) é reforçada e defendida por meio da estigmatização da linguagem caipira que permanece na língua por meio de certos vocábulos pejorativos e a valorização de determinadas características desse povo que são consideradas pejorativas no uso hodierno da língua, mas que são assumidas como qualidades essenciais da identidade goiana. Também verificaremos a partir das condições de produção do vocábulo “caipira” a representação da desigualdade na e pela linguagem e os modos pelos quais as lutas se estabelecem pelas identidades sociais que constituem o sujeito. Essa análise, portanto, relaciona a ecolinguística e a análise do discurso, assim como os conceitos de ecossistema, condições de produção, relações de poder e identidade. Mais especificamente, essa análise se coloca no interior da nova heurística Análise do discurso ecológica, que é um paradigma transdisciplinar que parte da Ecologia. ANÁLISE DO DISCURSO ECOLÓGICA (ADE) -HORIZONTES TEÓRICOS, METODOLÓGICOS E ANALÍTICOS Coordenadora: Elza Kioko Nakayama Nenoki do Couto (UFG) [email protected] Resumo da mesa: O objetivo desta sessão de comunicações coordenadas é apresentar a fundamentação epistemológica da novel Análise do Discurso Ecológica (ADE) e algumas de suas aplicações a casos concretos, avançando um pouco a proposta da Análise do Discurso Positiva, de James Martin. A ADE está emergindo no âmbito da Ecolinguística, mais especificamente da Linguística Ecossistêmica. Ela veio para complementar as análises do discurso já existentes, tanto a versão francesa quanto a inglesa, dando maior prioridade a uma defesa da vida e a uma luta contra o sofrimento por parte dos seres vivos, entre os quais se incluem os humanos. As questões ideológicas e de poder são subordinadas às duas. Ao analisar um discurso sobre uma mulher maltratada pelo marido, a ADE parte do sofrimento dela, não da ideologia machista e patriarcal, que existem e devem ser combatidas, mas à la Gandhi. O mesmo princípio vale para qualquer tipo de sofrimento, ou seja, o natural (espancamentos, assassinatos), o mental (tortura mental) e o social (exposição ao ridículo, difamação etc.), e não só dos humanos, pois se combate o antropocentrismo. Em todos os casos de sofrimento, a análise começa pelo lado do sofrimento, chegando até as ideologias e relações de poder, não 135 Resumos: Comunicações Coordenadas o contrário. Essa postura é parte da ecoideologia da ADE, influenciada que é pela Ecologia Profunda de Arne Naess, pelo taoísmo e pelo exemplo de vida de Mahatma Gandhi. Trabalhos dos Integrantes: Narrativa da desigualdade: arquitetura da pobreza Elza Kioko Nakayama Nenoki do Couto (UFG) [email protected] Antônio Busnardo Filho (FIAM/FAMM) [email protected] Desigualdade, antes de ser um assunto acadêmico e objeto de pesquisa, é uma questão social cotidiana, que diferencia os homens Ela é bem vista quando gera a diversidade e, consequentemente, a diversidade cultural. Pensar uma igualdade cultural seria definir para os homens um único padrão de comportamento, como se a aquisição de conhecimento estabelecesse o mesmo nível de cultura a todos, o que limitaria o desenvolvimento humano. No entanto, se pensarmos a desigualdade como a distância dos indivíduos de seus direitos básicos, criamos a segregação e a exclusão. No espaço urbano, no uso e ocupação do solo, esta segregação é amplamente perceptível, uma vez que os cidadãos com menores rendas são empurrados para locais mais distantes das áreas urbanas consolidadas e dos centros urbanos, e até de seus empregos. Os documentos governamentais relativos à diminuição do déficit de moradia instituem um discurso que incorpora uma designação da desigualdade social, Habitação de Interesse Social. A moradia é direito de qualquer pessoa, para trabalho e descanso, portanto, é um interesse social. Há também uma diferenciação estética na produção destas moradias, que por serem para pessoas com renda de até três salários mínimos, tem uma limitação nos gastos de projetos, por serem considerados de alto o seu custo social. Esta denominação caracteriza uma arquitetura da pobreza na questão social, pela localização urbana e pela estética e barateamento da construção. Com isto podemos pensar o discurso oficial – instituído - como gerador de segregação social e de definição de arquitetura e de urbanidades e, provavelmente, como criador da relação entre linguagem, meio e indivíduo – o discurso como criador de espacialidades, como na epistemologia da Análise do Discurso Ecológica. Autorreferencilidade midiática: imagem, imaginário Lutiana Casaroli (UFG-NELIM) [email protected] Nosso objetivo nessa comunicação é compreender a autorreferencialidade midiática à luz da Análise do Discurso Ecológica, aplicada ao discurso do jornal “O Popular”, usando uma metodologia bibliográfica e documental. A base teórica são os pressupostos da Análise do Discurso Ecológica, especialmente como exposta em Couto (2012, 2015). A partir dessa investigação, pretendemos chegar a algumas considerações acerca do modo como se dá o processo de constituição dos enunciados autorreferentes publicados pela organização midiática “O Popular” e como eles interferem na imagem pública dessa organização mediante o estabelecimento de um estado de comunhão entre organização e públicos, em prol da igualdade social. Partimos do pressuposto de que a autorreferencialidade é construída com base na ecologia da interação comunicativa, por isso a relevância em estudá-la a partir do quadro da Análise do Discurso Ecológica. O problema que norteia essa reflexão parte da seguinte perspectiva: o discurso autorreferencial midiático seria uma tentativa de estabilizar o ecossistema sobre o qual trata por meio de mudanças na linguagem e nas práticas enunciativas? Tais mudanças poderiam ser imputáveis à modificação das relações que regem a economia simbólica de um ecossistema, em busca da adaptação e evolução em tempos de midiatização, de visibilidade e de interação? Esse fenômeno linguístico colabora no combate à desigualdade social? Nesse sentido, acreditamos que a autorreferencialidade constituída a partir da ecologia da interação comunicativa provoca mudanças na linguagem e nas práticas enunciativas do discurso das mídias, aqui associadas à modificação das relações que regem a economia simbólica de um ecossistema, em busca principalmente da adaptação, em tempos de midiatização, numa espécie de busca pelo controle das desigualdades. O estupro nosso de cada dia: discursos sobre a violência contra a mulher na sociedade de riscos Lorena Araújo de Oliveira Borges (UNB) [email protected] Esse trabalho tem o objetivo problematizar a práticas sociodiscursivas que constituem o estupro à luz da noção de sociedade de riscos desenvolvida por Beck (1992) e Giddens (1992; 1999). Ainda que os autores classifiquem os riscos da sociedade contemporânea como essencialmente ecológicos, nucleares, biológicos, químicos, econômicos e políticos, consequências dos avanços tecno-científicos advindos da sociedade industrial, pretende-se, aqui, contribuir para a concepção de riscos sociais, decorrentes da complexificação das relações estabelecidas entre os indivíduos. Conforme Giddens (1992) aponta, o risco surge a partir de uma projeção para o futuro, demandando um processo social de reconhecimento e legitimação, naturalizando a convivência com o risco e suas consequências. Ultrapassa, nesse sentido, questões estritamente tecno-científicas. Trata-se de um evento cultural que remete para além da condição social do indivíduo, transpõe fronteiras nacionais, mas também sociais, como a noção classe social. Nesse sentido, o estupro, ele mesmo, constitui-se como um risco, uma vez que se estabelece como um perigo naturalizado que ameaça a todas as mulheres, independentemente de sua classe social, orientação sexual, etnia etc. Para corroborarmos essa perspectiva, analisamos, à luz dos estudos ecofeministas (HOLLAND-CUNZ, 1994;) e da Análise de Discurso Ecológica (COUTO et al, 2015), alguns discursos colocados em circulação sobre o estupro com o objetivo de elucidar os aparatos linguísticos que são mobilizados para construir essa prática como um risco a ser prevenido e não uma violência a ser punida. 136 Resumos: Comunicações Coordenadas Empoderamento feminino na capoeira angola em Goiânia da perspectiva da análise do discurso ecológica Zilda Dourado Pinheiro (UFG-NELIM) [email protected] A capoeira angola chegou em Goiânia na década de 1980. No começo ela era praticada apenas por homens, discriminando as mulheres. Estas só começaram a participar no final de década de 1990 e início da década de 2000. Desde então, existem muitas discussões realizadas pelas angoleiras sobre o papel da mulher na capoeira. Esta comunicação pretende contribuir com a discussão no sentido da responsabilidade de buscar uma harmonia entre homens e mulheres dentro da prática de capoeira. Vale dizer, na atualidade praticamente não há mais a discriminação contra a mulher como havia no início. É essa mudança de comportamento que a presente comunicação pretende discutir usando o arcabouço teórico da Análise do Discurso Ecológica aplicado a um relato de uma das angoleiras mais antigas do grupo. DISCURSOS EM TENSÃO: DESIGUALDADES SOCIAIS E IDENTIDADES ENTRELAÇADAS EM CENAS PLURAIS E CULTURAS HETEROGÊNEAS Coordenador: Ernani Cesar de Freitas (UPF/FEEVALE ) [email protected] Resumo da Mesa: A língua, como sistema interpretante por excelência, carrega a heterogeneidade cultural e identitária de diferentes grupos. A força de uma sociedade consolida culturas, modifica saberes e garante a circulação de fórmulas e discursos que, por meio da língua, refletem a história de grupos marcada pelas desigualdades. Esta proposta reúne pesquisas dedicadas à analise de discursos provenientes de grupos sociais, os quais revelam em sua constituição a subjetividade de um enunciador cujo tom denuncia a desvalorização de indivíduos marginalizados. O objetivo deste trabalho visa à análise, mediante o viés enunciativo-discursivo, de discursos que integram a diversidade cultural de grupos socialmente marginalizados. O marco teórico comum deste estudo inscreve-se na perspectiva enunciativo-discursiva, mais especificamente em Bakhtin (2002, 2015) e Maingueneau (1984/2008, 1997, 2014); nas contribuições sobre linguagem e trabalho (SCHWARTZ; DURRIVE (2007); e nos estudos de cultura e identidade (BOURDIEU, 1996; DAMATTA, 1997; HALL, 2011). Os corpora de pesquisa têm ênfase no processo de construção de identidades que passa, inevitavelmente, pelas práticas de significação, entre as quais aquelas ligadas às esferas midiáticas, como jornais, revistas, campanhas publicitárias, documentários, vídeos na internet, meios que oferecem amplo material de análise. Particularizam-se composições da música popular brasileira, de filmes e reality shows exclusivamente dedicados ao universo drag queen e da relação de alteridade, Brasil-Imigrante, evidenciada em discursos sobre refugiados, a partir do enfoque do mundo do trabalho. A análise empreendida destaca a linguagem como elemento crucial para a construção de sentidos e de identidades, relacionando aspectos também ligados à cultura e à identidade que revelam, nos discursos, cenografias e ethos que contribuem para a construção do sentido cujo valor social só se consolida pelo conflito entre história e contemporaneidade. Resulta, então, que é pela leitura enunciativa que se pode vislumbrar o esforço pela sobrevivência e validação de identidades quase apagadas e silenciadas em sua história. Trabalho dos Integrantes: Identidades de gênero nas práticas discursivas da mídia publicitária Vera Lúcia Pires (UFSM/UCPEL) [email protected] Os estudos culturais trouxeram para a área das Humanidades um número crescente de abordagens que levam em consideração o poder constitutivo dos discursos, das representações sociais e das práticas semióticas em geral nas atividades que constituem a sociedade. Isso implica considerar identidades e subjetividades não como algo interior ou inerente ao sujeito, mas como parte dos processos relacionais e das práticas sociais em que os indivíduos estão inseridos diariamente. O presente estudo aborda o conceito de identidade, relacionando-o com os de linguagem e de cultura. Exemplifica a relação entre esses conceitos, a partir da discussão sobre desigualdades sociais e identidades de gênero em práticas discursivas, bem como da análise de recortes midiáticos produzidos e veiculados no sul do Brasil. Linguagem e identidade são indissociáveis: esta é um produto dos contextos sociais, históricos e políticos. A sociedade constrói discursos e representações sobre si mesma a partir da interação dos sujeitos em contextos sociais específicos. Tais construções fazem com que as relações que se estabelecem entre práticas discursivas, processos identitários e atividades sociais sejam analisadas nas dimensões de uso e recepção em diferentes comunidades de fala. Linguagem e sociedade constituem-se em relação dialética, e como consequência, o processo de construção de identidades passa, inevitavelmente, pelas práticas de significação, entre as quais aquelas ligadas às esferas midiáticas, como jornais, revistas, campanhas publicitárias, documentários, vídeos na internet, meios que oferecem amplo material de análise. Apoiando-nos, também, na perspectiva enunciativo-discursiva-dialógica de M. Bakhtin e seu Círculo, que reconhecem a linguagem como elemento crucial para a construção de sentidos e de identidades, relacionaremos aspectos ligados à linguagem, à cultura e à identidade, articulando por meio das práticas discursivas da comunicação midiática em uma abordagem interdisciplinar, gênero social, cultura e gêneros discursivos. 137 Resumos: Comunicações Coordenadas A voz da desigualdade social: por uma identidade enunciativa da música popular brasileira Débora Facin (UPF/CAPES) [email protected] Sob o tema desigualdade, identidades, pluralismos e culturas, este estudo teve como objetivo construir uma unidade teóricometodológica a partir de alguns conceitos mobilizados na obra de Dominique Maingueneau (1984/2008, 1997), mais especificamente as noções de semântica global, interdiscurso e cenografia, para analisar as letras das músicas Fora de Ordem e Podres Poderes, composições de Caetano Veloso que, analisadas sob o prisma de um sistema de restrições semânticas, possibilitam falar em identidade enunciativa da Música Popular Brasileira. Diferentemente das peculiaridades da Bossa Nova – representada pela classe média alta do Rio de Janeiro –, cujas composições eram marcadas pelo canto-falado, pela calmaria de uma “Garota de Ipanema”, Fora de Ordem e Podres Poderes parecem representar uma regularidade semântica a qual aponta para uma cenografia comum: a desordem, o caos, a denúncia. Olhar para a materialidade, conforme Maingueneau (1984/2008, 1997), significa não apenas desvendar um sentido único, mas um dos sentidos presentes no discurso e, sobremaneira, a circulação e eficácia dos textos. Em termos metodológicos, os procedimentos organizam-se a partir da construção de cenografias presentes na materialidade discursiva, da identificação de sintagmas que não se limitam ao aspecto formal da língua, mas contemplam em sua significação toda uma história e adquirem um sentido novo quando atualizados numa instância de discurso. O exercício de análise das composições de Caetano Veloso permitiu compreender que o gênero música, enquanto manifestação artística, tem muito a revelar em termos de uma comunidade que partilha de uma mesma identidade discursiva. Uma identidade que se consolidou no espaço brasileiro por meio da história e da cultura inscritas na linguagem. O gênero como performance discursiva: uma análise do fenômeno drag queen Raquel Aparecida Cesar da Silva (UPF/CAPES) [email protected] Esta pesquisa constitui um estudo do fenômeno drag queen à luz de teorias discursivas e sociológicas capazes de melhor situá-lo, em termos de importância e visibilidade, dentro do contexto sócio-histórico e cultural da atualidade, no que diz respeito, em especial, às desigualdades sociais. Para tanto, faz-se uso das concepções de Dominique Maingueneau (1997, 2008, 2014) acerca da cenografia e do ethos discursivo, assim como do conceito de performatividade do gênero, concebido por Judith Butler (2007, 2011), como suporte teórico para a análise do corpus delimitado. Os procedimentos metodológicos consistem na identificação e análise da cenografia imposta por artistas que personificam mulheres, no sentido de evidenciar as diferenças e semelhanças entre o discurso convencionalmente considerado como feminino e a cena enunciativa estabelecida numa performance in drag. É importante ressaltar que o corpus de investigação deste trabalho foi delimitado a partir da existência real de artistas que – via de regra – encontram na personificação de mulheres uma forma de sustento e de inserção social. Entretanto, compreende-se que um trabalho de natureza científica demanda um nível de materialidade mínimo no qual se possa apoiar os procedimentos de análise. Assim, neste estudo adota-se como corpus o documentário Paris is Burning e o reality show Rupaul’s Drag Race, produções estadunidenses exclusivamente dedicadas ao universo do transformismo. A cena drag queen possui suas próprias referências, seus próprios termos e, consequentemente, seu próprio discurso, e a hipótese levantada neste artigo é a de que, por ser performativo, o gênero é, também, necessariamente, discursivo. Os artistas que envergam trajes femininos impõem uma cenografia e definem um ethos que, por sua vez, é capturado na fronteira entre o que pode ser compreendido como parte da realidade biológica e social de um sujeito e aquilo que é produzido por meio de sua performance. É desta ambiguidade intrínseca que se origina o fenômeno aqui estudado. Refugiados e desigualdade no trabalho: entre o prescrito e o real, o (des)vínculo da alteridade Gislene Feiten Haubrich (FEEVALE/CAPES) [email protected] A temática dos novos fluxos migratórios vem recebendo destaque internacional mediante o volume de povos que têm se deslocado em busca de melhores condições de vida. Até julho/15, o Brasil abrigava 1.847.274 imigrantes regulares, o que representa 0,9% da população do país. Ressalta-se, ainda, que mais 57% dos sujeitos que ingressaram neste país, no primeiro semestre de 2015, têm concluído, no mínimo, o ensino superior. As condições prestadas pelo “homem cordial” àqueles que buscam oportunidades no “país do futebol” é, então, questão inevitável. Com base nesses aspectos, este estudo visa compreender a relação de alteridade, Brasil-Imigrante, evidenciada em discursos sobre refugiados, a partir do enfoque do mundo do trabalho. O marco teórico se constitui de uma breve reflexão sobre a cultura brasileira (HOLANDA, 1995; DAMATTA, 1997) em confluência com a noção ergológica de atividade (SCHWARTZ; DURRIVE, 2007) e culmina com a reflexão sobre dialogismo e alteridade (BAKHTIN, 2002; 2015). Este é um estudo de natureza aplicada, exploratório e descritivo quanto à apresentação dos resultados e qualitativo na análise. A coleta de dados é estruturada mediante as pesquisas bibliográfica e documental. A organização dos dados será sustentada pelo mapa de associação de ideias, partindo de categorias oriundas da relação teoria e objeto empírico. Como corpora, elencam-se: duas cartilhas publicadas em 2015 pela Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), denominadas “Direitos trabalhistas para refugiados no Brasil” e “Trabalhando com Refugiados”, além de três matérias do Portal G1 que retratam a situação do migrante Moussa, cujo caso ganhou repercussão nacional após o atendimento emergencial em um transporte público, no RS. Acredita-se que estes corpora contribuirão para a reflexão da desigualdade social no que se refere ao trabalho dos refugiados no Brasil. O processo de análise se estrutura mediante categorias teóricas em duas etapas: a) cultura brasileira, atividade laboral e saberes; b) dialogismo e alteridade. Como principal resultado evidencia-se que 138 Resumos: Comunicações Coordenadas apesar dos elementos identitários, em geral, atribuídos ao brasileiro, tanto as prescrições das cartilhas quanto os acontecimentos noticiados expressam que o vínculo estabelecido com refugiados é motivado por uma monetização da identidade do outro e parece refletir certo fechamento à alteridade. LED - LINGUAGEM ENUNCIAÇÃO E DISCURSO PARA O ENSINO DA LÍNGUA PORTUGUESA Coordenador: Fabio Elias Verdiani Tfouni (UFS) [email protected] Resumo da mesa: A comunicação procura tornar proveitoso o debate entre diferentes modos de conceber o discurso, focalizando o papel da mídia na produção de efeitos de sentido quando a temática é o “outro”. Seja considerando uma análise discursiva de textos do noticiário publicado na imprensa brasileira quando em outubro e novembro de 2005, jovens da periferia parisiense passaram a incendiar automóveis como forma de protesto em relação a sua condição: “franceses de segunda classe”; são acontecimentos parte dos mais recentes ataques terroristas também na França em janeiro e novembro de 2015. Nesse caso, o acontecimento histórico discursivamente construído é examinado na mídia impressa brasileira enquanto memória (PÊCHEUX, 1983) como efeito da papelada/falação (RANCIÈRE, 1994), no excesso de palavras como encaixes do acontecimento na dispersão de diferentes textos. A comunicação também aborda o discurso da mídia sobre o papa Francisco, tomado como um acontecimento histórico e discursivo que clama por interpretação. A mídia então formula e faz circular sentidos sobre o papa Francisco. Nesse caso, o corpus é formado a partir de capas de revistas de grande circulação, bem como da mídia “alternativa” (trechos de Blogs, sites e entrevistas). O ponto central é o questionamento sobre quais formações ideológicas e discursivas são mobilizadas pela mídia no processo de construção. A mídia o tem tratado como uma grande novidade com estatuto de um acontecimento que rompe com os discursos próprios da Igreja Católica. Considerando basicamente a mídia cinematográfica (KRISTEVA, 1999; RODRIGUES, 2002) e a Análise Arqueológica do Discurso (FOUCAULT, 1997), também apresentamos uma análise dos movimentos de sentidos reatualizados no filme Amistad (1997): os discursos ditos e esquecidos, ou seja, a movência de determinados sentidos em contexto específico: o filme narra a prisão do navio negreiro de mesmo nome, nos EUA, problematizando não só a escravidão como também as relações entre poderes no século XIX. Trabalhos dos integrantes: Posições discursivas e ideológicas sobre o papa Francisco na mídia Fabio Elias Verdiani Tfouni (UFS) [email protected] Filiado a análise do discurso pecheutiana, o presente trabalho aborda discurso da mídia sobre o papa Francisco. O papa Francisco é tomado aqui como um acontecimento histórico e discursivo que clama por interpretação. A mídia então formula e faz circular sentidos sobre o papa Francisco. Com um corpus formado a partir de capas de revistas de grande circulação, bem como da mídia “alternativa” (trechos de Blogs, sites e entrevistas), o ponto central deste trabalho é questionar quais formações ideológicas e discursivas serão mobilizadas pela mídia nesse processo, bem como quais imagens são construídas sobre o papa. A mídia tem tratado o papa Francisco como uma grande novidade, dando a ele e seu papado o estatuto de um acontecimento que romperia com os discursos cristalizados até então sobre a Igreja Católica. Esse discurso supostamente novo pode ser tratado também levando em conta a questão da posição ideológica. Afinal, o novo papado representa uma ruptura ideológica com o discurso da/sobre a Igreja Católica na mídia ou não? Apontamos que o sentido dominante na mídia parece ser o de que o discurso do novo papa é progressista (possivelmente associado à posição de esquerda), o que romperia com a tradição conservadora (possivelmente de direita) da Igreja até então. No entanto, parte da análise, principalmente sobre o corpus da mídia “alternativa”, vai apontar para um discurso diferente, o qual afirma que tudo continua igual, que nada mudou, e que o novo papado não teria nada de progressista. Acontecimentos na França: o papel da mídia no processo de construção Wilton James Bernardo-Santos (UFS) [email protected] O trabalho é parte de um projeto que toma o acontecimento histórico discursivamente construído enquanto memória (PÊCHEUX, 1983) na dispersão de diferentes textos da mídia pelo efeito da papelada/falação (RANCIÈRE, 1994), no excesso de palavras como encaixes do acontecimento. Seja o “11 de Setembro” de 2001(SANTOS, 2014) que instaura uma nova ordem de condições históricas. Pois bem, nesse trabalho, apresentamos uma análise discursiva de textos do noticiário publicado na imprensa brasileira sobre os acontecimentos da França realizados em outubro e novembro de 2005 em que jovens da periferia parisiense passaram a incendiar automóveis como forma de protesto em relação a sua condição, ao desemprego etc. Obviamente que aqueles acontecimentos vêm aos mais recentes ataques terroristas também na França em janeiro e novembro de 2015. Além de língua, linguagem, enunciação e discurso a partir da tradição da Análise de Discurso francesa, trabalhamos com a compreensão da escrita enquanto interface S. Auroux (1992; 1998). Exploramos diferentes posições construídas, ex. a do Presidente da República, do ativista, terrorista, “lobo solitário”, “homem comum”, jornalista; o intelectual sociólogo, o antropólogo, cientista político; o humorista chargista/cartunista etc. Exploramos os enunciados/slogans em circulação no acontecimento (REBOL, 1975; PÊCHEUX, 1997; KRIEG-PLANQUE, 2010): são as fórmulas que circulam socialmente e são catalisadas pelo acontecimento 139 Resumos: Comunicações Coordenadas via memória discursiva. E é nesse escopo que recortamos o tema/problema objeto da pesquisa: os efeitos contraditórios próprios da tensão que cindi o sujeito nos processos de rupturas históricas: as formações discursivas, o interdiscurso. De todo o processo analítico que almeja a relação entre o sistema sintático e a inscrição na História (PÊCHEUX, 1982), vem dois percursos em diferentes espaços discursivos na circulação de sentidos: o racional e o natural. Em cada um deles, há uma região onde os processos discursivos de acontecimentalização (CHARAUDEAU, 1997) trazem “pontos de inflexão: ruptura-articulação”. É lugar de radicalização das relações na complexa rede de formações discursivas (PÊCHEUX, 1988). Mas, em ambos, o que resulta é a constituição da fronteira de tensão histórica no sujeito. “Amistad”: disciplina do corpo, da alma Maria Emília de Rodat de Aguiar Barreto Barros (UFS) [email protected] No presente trabalho, procedemos a uma análise discursiva do filme Amistad (1997), verificando quais movimentos de sentidos podem ser reatualizados pela mídia cinematográfica, na medida em que traz à tona os discursos ditos e esquecidos, assumindo, consequentemente, a responsabilidade pela movência de determinados sentidos. Consideramos, então, que a utilização dessa mídia consiste em um meio propício para a disseminação de determinados discursos. Isso porque o cinema, ao adaptar determinada obra para exibição, tem como um dos seus princípios corroborar/contestar discursos que circulam na sociedade. E, ao se eleger o cinema como suporte midiático em que ‘uma história’ é veiculada, tal escolha não significa apenas um meio dentre outros, mas o meio ideal para perpassar discursos, valores idealizados por aqueles que se encontram à frente desse suporte midiático. O filme analisado narra a prisão do navio negreiro de mesmo nome, nos EUA, problematizando não só a escravidão dos negros como também as relações entre os poderes executivo e judiciário americanos (século XIX). A partir da observação do próprio título, podemos inferir a polifonia, sobre a qual também discutimos, questionando quais vozes são ecoadas nela/por ela; de que lugares institucionais são enunciadas. Quanto ao dispositivo de análise do discurso, utilizamos os princípios relacionados à análise arqueológica do discurso, postulada por Foucault, para quem é possível reconstituir atrás do fato toda uma rede de discursos, de poderes, de estratégias e de práticas. Como arcabouço teórico, estudamos quatro áreas do saber, às quais esta pesquisa está circunscrita: a Mídia Cinematográfica (KRISTEVA, 1999; RODRIGUES, 2002); a Análise Arqueológica do Discurso (FOUCAULT, 1997); a Filosofia e a História (ADORNO, HORKHEIMER, 1969; FOUCAULT, 1997, 2003, 2008, 2009, 2012; GOULD, 2002; HEGEL, 2008; KUPER, 2008; SLOTERDIJK, 2000; ZEA, 1978, 2005). Justificamos a relevância deste trabalho por estarmos investigando as complexas relações que ligam a tecnologia do poder, o desenvolvimento das forças produtivas, a naturalização do controle dos corpos, dos discursos, tudo isso mediatizado pelo cinema. (DES)IGUALDADE E (IN)VISIBILIDADE NO DISCURSO DE INFORMAÇÃO MIDIÁTICO Coordenadora: Giani David Silva (CEFET-MG) [email protected] Resumo da mesa: Se o jornalista de um dado veículo, na condição de “pesquisador-fornecedor” de notícias, opera escolhas na seleção de um acontecimento a ser noticiado em detrimento de outros, pois não se pode falar de tudo – há critérios de seleção (“isso é notícia, isso não é”) –, bem como o modo de tratar esses acontecimentos evenemenciais, é de se interrogar a maneira como se dão tais escolhas no âmbito linguístico-discursivo. Nesse sentido, o acontecimento é sempre construído, isto é, um fenômeno ganha existência a partir da percepção-captura-sistematização-estruturação por uma instância midiática – grupo heterogêneo de pessoas: administradores, editores, repórteres, comentaristas etc. – cuja responsabilidade passa por transformar o “mundo a descrever e a comentar” em “mundo descrito e comentado” para uma dada instância de recepção. Dessa maneira, a informação midiática não é o reflexo do acontecimento como se deu, mas o resultado de uma construção. O acontecimento não é jamais transmitido em seu estado bruto, pois, antes de transmitido, ele se torna objeto de racionalizações: pelos critérios de seleção dos fatos e dos atores, pela maneira de encerrá-los em categorias de entendimento, pelos modos de (in)visibilidade escolhidos. Destarte, a instância midiática impõe ao cidadão uma visão de mundo previamente articulada, apresentada como se fosse uma visão natural do mundo (CHARAUDEAU, 2010). Dessa forma, nesta comunicação, busca-se discutir as estratégias de (in)visibilidade dos veículos de informação, no sentido de dar (ou não) a ver acontecimentos transformados em fenômenos midiáticos. Nesse sentido, quer-se ainda compreender as formas de organização do mundo contemporâneo e a inteligibilidade do real presentes na lógica dos dispositivos midiáticos de informação na forma de modelos metodológicos de narrativas midiáticas de informação, de análise de alguns corpora a partir de estudos de caso, de reflexão da comunicação em seus âmbitos publicitário e de informação e suportes impressos, audiovisuais e digitais, dentre outras propostas. Trabalhos dos Integrantes: Donas de casa no teatro Entre elas – uma análise discursiva da representação da história dessas mulheres no palco Leila Marli de Lima Caeiro (CEFET-MG) [email protected] Nesta pesquisa buscamos tecer uma análise discursiva acerca de um programa que compôs o quadro Parceiros do MGTV do telejornal mineiro MGTV 1ª edição em 2013. A proposta do quadro era que comunidades da periferia de Belo Horizonte e das cidades de Betim e Contagem ganhassem representatividade no telejornal. Com a possibilidade de dar voz e visibilidade a esse 140 Resumos: Comunicações Coordenadas grupo, as matérias foram produzidas por jovens moradores das respectivas comunidades. O discurso que nos propusemos a analisar é composto pela matéria produzida no Aglomerado da Serra e se refere a um grupo de teatro composto por donas de casa, o Entre elas. O enredo das peças teatrais tem como pano de fundo a própria história de vida dessas mulheres. O palco se transforma no espaço de realização de sonhos e faz resgatar velhas lembranças, nem sempre boas. Ao mesmo tempo, esse palco pode se tornar o lugar de reconhecimento de outras mulheres, cujas histórias de vida se assemelham ao que é relatado pelo grupo de “atrizes”. Sonhos e dificuldades fazem parte da realidade dessas mulheres que mostram à comunidade um pouco de si. Em nossa pesquisa buscamos analisar os depoimentos e entrevistas que compõem a matéria produzida, assim como o espaço onde ocorre a encenação. Utiliza-se a Análise do Discurso, mais precisamente a Teoria Semiolinguística de Patrick Charaudeau, como metodologia. Para as análises de narrativas de si dentro do discurso, buscamos aporte teórico nos trabalhos da pesquisadora Ida Lúcia Machado. Tentaremos perceber como os signos verbais e visuais agenciados na construção desses fragmentos de histórias constituem-se como discurso de um grupo que sofre as mazelas da desigualdade social. São mulheres, são pobres, que moram em periferias e que tiveram pouco acesso à educação e à cultura tradicionalmente reconhecidas na sociedade, porém, mesmo com os desafios impostos pela vida cotidiana, elas se impõem e têm voz na comunidade da qual fazem parte. (Des)Iguais no discurso publicitário: a representação do portador de deficiência em anúncios impressos da AACD Lílian Aparecida Arão (CEFET-MG) [email protected] O discurso publicitário, ao incorporar o universo de referências da instância de recepção, consegue atuar no imaginário de determinada sociedade, influenciando, corroborando e/ou, mesmo, instituindo representações sociais. Nesse sentido, códigos linguísticos e sociais se entrecruzam e fazem da publicidade um espaço privilegiado de jogos intertextuais, no qual há o compartilhamento de saberes supostamente comuns que cria, nos sujeitos do ato de comunicação, uma sensação de identidade, de pertença ao mesmo grupo. E são esses saberes, de conhecimento e de crença, conforme Charaudeau (2004), que sustentam a argumentação e constroem os imaginários sociodiscursivos. Com intuito de buscar compreender a diferença da representação e do entendimento que a sociedade tinha/tem do sujeito portador de deficiência, selecionamos dois anúncios publicitários impressos, da Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD), veiculados nos anos de 1967 e 2014. Para isso, buscamos identificar os modos de organização do discurso, a escolha lexical e os efeitos gerados por ela, e os recursos semióticos presentes nas publicidades. Todavia foi necessário também identificar o tratamento conferido a esses sujeitos no ordenamento jurídico brasileiro. Foi somente com a Constituição de 1946, que o portador de deficiência é considerado pelo discurso jurídico. Trata-se do artigo 172, que assegurava condições de eficiência escolar a alunos necessitados, em cada sistema de ensino, por meio de assistência educacional. Com a promulgação da Constituição de 1988, a chamada “constituição cidadã”, o sujeito portador de deficiência é recepcionado em diversos artigos que lhe confere direitos sociais, como educação, trabalho, previdência e assistência social. Na esteira dessas mudanças no discurso jurídico do país, a terminologia adotada para denominar o sujeito portador de deficiência alterou-se no decorrer dos anos. A conclusão a que chegamos, após análise, é a de que o ethos discursivo construído pelo sujeito enunciador e a representação do portador de deficiência identificados nos anúncios publicitários analisados reforçam, revelam e refletem a cultura, os costumes, os valores e as crenças da sociedade de cada período de tempo por nós delimitado. Narrativas de resistência: análise da série de reportagens do Repórter Brasil sobre a escravidão negra Rafael Magalhães Angrisano (CEFET-MG) [email protected] Já faz algumas décadas que diversos pesquisadores de variados campos do conhecimento pesquisam o fenômeno televisivo. Sabemos que a ideologia representacional está em voga na contemporaneidade e os processos sociais seguem a lógica da midiatização, na qual certas narrativas televisuais hegemônicas procuram colonizar o espaço urbano, confundindo seu discurso com o próprio real. Para isso, a televisão possui a seu favor o poder da imagem. Com ele, o efeito de realidade da TV emoldura certos recortes do mundo e os coloca dentro do seu regime de visibilidade. A análise crítica dos modelos de pensamento unívocos que são construídos nas esferas públicas representa, a nosso ver, um importante auxílio que não apenas diagnostica as práticas coletivas de desigualdade naturalizadas, mas também aponta rumos para modificá-las. Nesse contexto, nos interessa analisar narrativas que estão à margem dos grandes conglomerados midiáticos. Por esse motivo, escolhemos o Repórter Brasil, telejornal da emissora pública TV Brasil. Como corpus escolhido, a seleção foi uma série de cinco reportagens do programa supracitado, intitulada “A verdade sobre a escravidão negra”, veiculada no primeiro semestre deste ano. Na série, é contada uma perspectiva crítica e lateral da história da escravidão negra no Brasil. Pensando em uma análise mais completa de um produto no qual sua linguagem envolve o texto, o som e a imagem, utilizamos como aporte teórico-metodológico a Análise do Discurso e a Semiótica, além de outros recursos reflexivos filosóficos e sociológicos. Nosso objetivo foi apontar uma identidade midiáticodiscursiva das reportagens, desvendando certas marcas e os modos e condições em que se constituiu tal discurso de resistência. Dessa maneira, pensamos em chaves de leitura para fins de análise que pudessem fazer emergir certos imaginários sociodiscursivos, refletindo a narrativa televisual em seus aspectos icônicos, indiciais e simbólicos. Acreditamos que a revisão teórica sintética que foi realizada e a observação das narrativas que escolhemos fizeram refletir sobre a naturalização do ethos do negro no Brasil, frequentemente não veiculada pelos grandes meios; figura historicamente injustiçada. 141 Resumos: Comunicações Coordenadas (In)Visibilidade no discurso de informação midiático: edição, discurso direto e dimensão argumentativa André Luiz Silva (CEFET-MG) [email protected] Em consonância com a proposta da comunicação coordenada “(Des)Igualdade e (in)visibilidade no discurso de informação midiático”, na presente pesquisa, busco analisar a repercussão do último debate político-midiático dos então candidatos à Presidência da República, Aécio Neves (PSDB) e Dilma Rousseff (PT), gerido e exibido pela Rede Globo no dia 24 de outubro de 2014, nos sites das três maiores revistas semanais de informação (atualidades) CartaCapital, Época e Veja. Nesse sentido, investiguei o modo como o locutor-jornalista construiu seu texto (em cada uma das três publicações), sobretudo como utilizou o discurso direto, promovendo um destacamento de fala dos candidatos-enunciadores do debate para o relato noticioso. A partir da transcrição do debate político-midiático e da comparação com os textos publicados nas revistas, percebi, inicialmente, uma supervalorização do tempo no processo de edição, quase em regime de cotemporalidade ao acontecimento – menos de uma hora após o debate já havia relato publicado nas três revistas; em segundo lugar, sobre o modo como o dito relatado (discurso direto) é usado no texto, notei uma escolha calcada na polêmica, no deboche e na acusação – embora tenha ocorrido debate de temas como emprego, educação, agricultura, entre outros, a ênfase foi dada, nas três revistas, para momentos nos quais houve interferência da plateia (com vaias, aplausos, risos) e deslizes dos candidatos; por último, pude observar, em se tratando do modo como o locutorjornalista geriu as vozes de cada um dos debatedores (tomados por enunciadores), a (in)visibilidade no discurso de informação midiático presente de duas maneiras: no uso de elementos coerentes com a proposta de relato, isto é, de maneira a não criar uma contradição entre a narrativa do locutor-jornalista e as falas ali presentes, e, em consequência dessa não contradição, no modo como o locutor-jornalista propôs um modo de ver aquela natureza acontecimental, o debate. O DOCUMENTÁRIO EM ANIMAÇÃO: MEMÓRIA, CONSTRUÇÃO IDENTITÁRIA E RECENTES MOVIMENTOS MIGRATÓRIOS NO ORIENTE MÉDIO Coordenadora: Glória Dias Soares Vitorino (UNILESTE) [email protected] Resumo da mesa: Por meio da análise de Persépolis (2007), filme francês em animação, que se aproxima das combinatórias narrativas do chamado documentário, neste estudo, investigam-se novas possibilidades oferecidas pela animação ao gênero documental e vice-versa, a partir da extensão do olhar para os (im)possíveis limites entre ficção e não ficção. Tal reflexão é fundamentada em relevantes teóricos do cinema (GRIERSON, NICHOLS, RABIGER, COMPARATO, DA-RIN, RAMOS, CARROLL), entre outros. Para uma compreensão interdisciplinar da obra Persépolis, investigam-se, também, com base em teorias do discurso da vertente francesa (AUTHIER-RÉVUZ, 1982; CHARAUDEAU, 2001; MAINGUENEAU, 2000; 2006), possíveis evidências da primazia do interdiscurso no discurso de construção identitária de Marjane Satrapi, personagem central da referida obra. Essa parte do estudo se dará por meio da análise de discursos controversos e até mesmo paradoxais, ressaltados nos diálogos da personagem Satrapi, geralmente, resultantes da vivência dessa jovem iraniana em circunstâncias também conflituosas. A fim de compreender certos fluxos migratórios na sociedade contemporânea, que, por sua vez, se refletem nas artes, analisa-se, ainda, do ponto de vista sociológico, o contexto em que tal “documentário em animação” está inserido e sua possível contribuição para a compreensão de possíveis causas dos mais recentes movimentos migratórios no Oriente Médio. Ao longo deste estudo, propõe-se um termo substituto ao “documentário”, cuja atual denominação é marcada por controvérsias, desde sua gênese. Por fim, questiona-se a associação entre o “documentário” e a animação, no que se refere à relação estabelecida entre essas “modalidades”, colocando-se em xeque os limites, ao mesmo tempo, tênues e simbióticos entre os universos ficcional e não ficcional. Trabalhos dos Integrantes: A primazia do interdiscurso no discurso de construção identitária de Marjane Satrapi no documentário em animação “Persépolis” Glória Dias Soares Vitorino (UNILESTE) [email protected] Estudo reflexivo sobre as conflituosas narrativas da história de vida da jovem Marjane Satrapi, trazidas à tona no “documentário em animação” Persépolis (2007), em diferentes fases da trajetória da jovem iraniana, nos aspectos discursivos e interacionais, enfocando a tensão resultante desses conflitos na questão do pertencimento (ou não) a um povo e na identificação (ou não) com certa naturalidade / nacionalidade. No estudo proposto, realiza-se uma análise qualitativa de discursos apresentados em transcrições de falas que se inscrevem em cenas desse filme, devidamente identificadas e, por vezes, ilustradas por meio de fotogramas. O propósito final dessa discussão, que se faz com base em teorias enunciativo-discursivas (AUTHIER-RÉVUZ, 1982; CHARAUDEAU, 2001; MAINGUENEAU, 2000; 2006), é investigar possíveis evidências da primazia do interdiscurso no discurso de construção identitária de Satrapi, em Persépolis, resultantes da convivência da jovem iraniana em meio a discursos altamente controversos e até mesmo paradoxais: o familiar (moderno, questionador, esquerdista); o religioso (conservador, repressor, normatizador); o político (ditatorial, fundamentalista). Porém, não se trata de investigar apenas a constituição do discurso de Satrapi, mas também o caráter documental (ou não) de dizeres salientados em diferentes domínios discursivos que, embora divergentes, por vezes, se entrecruzam e contribuem, efetivamente, para a construção identitária da jovem iraniana. 142 Resumos: Comunicações Coordenadas O documentário em animação: (im)possíveis limites entre ficção e não ficção Ana Cláudia de Freitas Resende (UNILESTE) [email protected] Por meio da reflexão e análise do filme Persépolis (2007), filme francês realizado em animação, e que se aproxima das combinatórias narrativas do chamado “documentário”, este trabalho se concentra no estudo da imbricação de “modalidades” aparentemente tão diversas, buscando compreender um novo estilo de “documentário em animação” contemporâneo. A partir da extensão do olhar para os (im)possíveis limites entre ficção e não ficção, tal estudo fundamenta-se em relevantes teóricos do cinema (CARROLL, COMPARATO, DA-RIN, GRIERSON, NICHOLS, RABIGER, RAMOS), a fim de apontar / discutir as novas possibilidades que a animação pode oferecer ao documentário e vice-versa. Ao longo do trabalho, propõe-se um termo substituto ao “documentário”, cuja denominação é marcada por controvérsias, desde sua gênese. Para uma compreensão ampliada e interdisciplinar do estudo realizado, estabelece-se uma correlação com teorias do discurso, com reflexões teóricas que tratam da identidade do narrador (CHARAUDEAU), bem como com estudos sobre “narrativa de vida” como estratégia discursiva (AMOSSY, ARFUCH, MACHADO, entre outros). A fim de compreender as atuais demandas da sociedade, que se refletem nas artes, analisa-se, também, o contexto em que o “documentário em animação” estaria inserido. Constata-se que a associação entre o “documentário” e a animação estabelece uma relação mutuamente vantajosa entre essas “modalidades”, colocando em xeque os limites, ao mesmo tempo, tênues e simbióticos entre os universos ficcional e não ficcional. “Persépolis” – opressão e resistência frente aos fundamentalismos contemporâneos Luiz Antônio da Silva (UNILESTE) [email protected] O documentário “Persépolis” retrata a história de uma menina que cresce no Irã durante a Revolução Islâmica e representa a autobiografia de Marjane Satrapi. Sob os olhos da corajosa Marjane, de apenas nove anos de idade, podemos compreender a esperança de um povo ser destruída (paradigma liberal), quando os fundamentalistas tomam o poder, forçando as mulheres a usar o véu e prendendo milhares de pessoas. Por sua vez, sua trajetória de vida em alguns países do velho continente lhe permite alargar sua compreensão sobre os efeitos dos vários fundamentalismos que impactam as identidades sociais e culturais das sociedades contemporâneas em seus diferentes espaços. Em tempos de intensos fluxos migratórios como assistimos recentemente no Oriente Médio em função dos conflitos militares, econômicos e políticos, podemos extrair lições importantes para a superação das experiências de intolerância, ódio e discriminação nas relações entre diferentes setores das sociedades consideradas civilizadas, modernas, desenvolvidas. Tendo como referência mais geral a contribuição teórica de CASTELLS (1999) podemos perceber que as categorias básicas da existência humana vêm sendo ameaçadas pelos assaltos ao mesmo tempo combinados e conflitantes de forças técnicas-econômicas e de movimentos sociais transformadores, cada um usando o novo poder da mídia para promover suas ambições. Neste estudo, podemos identificar as origens, os propósitos e os efeitos de múltiplos movimentos sociais, tais como o feminismo, o LGTB, e o ambiental, que visam transformar as relações humanas em seu nível mais fundamental, assim como de movimentos conservadores que constroem trincheiras de resistência em nome de Deus, da nação, da etnia, da família ou da localidade. DISCURSO MIDIÁTICO, CONSTRUÇÕES DISCURSIVAS E A INSTÂNCIA DE RECEPÇÃO Coordenador: Hugo Mari (PUC Minas) [email protected] Resumo da mesa: A presente Sessão propõe discutir, a partir de múltiplas materialidades discursivas, a produção de sentido das informações transmitidas pelas mídias on-line e a forma como essas são recebidas pela audiência, pelo viés da Análise do Discurso (AD). Assim, pretendemos investigar o poder que se mostra não somente na instância de produção, mas também, e, sobretudo, na esfera da recepção, centrando-se, nos modos de dizer. Consideraremos a relação entre sujeito, ideologia e discurso, já que, compreendemos que avaliar a instância de recepção também se exige um olhar sobre o meio social, a construção ideológica e a estrutura linguística. Iremos discutir sobre as construções discursivas e as estratégias que revelam as formas de ação do público em relação às informações divulgadas pela mídia on-line. A tentativa é reunir pesquisadores que se debruçam sobre o discurso midiático e a construção do lugar público por meio dos recortes (postagens de internautas) que se manifestam os fatos do mundo, bem o sentido produzido na relação de intencionalidade estabelecida entre a instância de produção e de recepção. 143 Resumos: Comunicações Coordenadas Trabalhos dos Integrantes: Análise discursiva de comentários em portais de notícias Juliana Lopes Melo Ferreira Sabino (PUC Minas) [email protected] O estudo ora proposto pretende realizar uma análise discursiva de comentários postados em portais de notícias do G1 e Uol, mídia essas que compõe o tecido social da comunidade, e concebida como um dos meios mais poderosos e influentes na formação da cultura brasileira. Iremos analisar os comentários postados sobre o tema de redação do Enem 2015: A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira. Uma de nossas discussões será a de analisar a interação e os laços dos comentaristas nos portais, as discussões acompanhadas, e que geram resposta a uns e a outros não. Para análise do processo de interação entre os comentaristas dos portais, nos debruçaremos sobre as técnicas utilizadas para a preservação das faces, e para tanto, utilizar-se-á das definições e reflexões de Goffman, para o qual a face se define como a imagem construída a partir de atributos sociais aprovados. Assim, pretendemos analisar a face que os comentaristas almejam tornar pública, e se elas são mesmo consideradas a face positiva, a dita imagem valorizante, e como isso se dá. E por outro lado, por observações preliminares dos comentários postados em portais, compreendemos que há também os deslizes cometidos pelos comentaristas, com enunciados que confirmam uma face que não se pretendia de fato mostrar, e que iremos analisá-la a partir da discussão sobre a ameaça das faces. Ademais, pretendemos mostrar como se dá a polidez linguística, haja vista que a percebemos como um meio de preservação das faces. Narrativas online: o espontâneo, o instantâneo e o passional em abordagens personalizadas pelos usuários de internet Ana Márcia Ruas de Aquino (PUC Minas) [email protected] Este estudo tem como tema as narrativas online atuais, postadas por usuários de internet, transgressoras de um esquema de captação comum à instância midiática da informação. Tem como objetivo demonstrar a transição de uma narrativa tradicional da comunicação de massa para uma narrativa passional, espontânea e instantânea em comentários personalizados pelos usuários de internet. Como pressupostos teóricos, valer-se-á este estudo das teorias de Charaudeau (2006; 2008) sobre discurso e mídias e de Pernisa (2010), Castells (2013), Malini e Antoun (2013), acerca da comunicação social e das mídias alternativas, entre outras teorias que envolvem o tema, ao se realizar uma pesquisa bibliográfica e se analisarem, qualitativamente, narrativas contemporâneas com comentários de internautas. Como resultados, percebe-se que surge um novo tipo de informação, em que os fatos selecionados não precisam ser mais hierarquizados, descritos, contados e explicados no intuito de se submeter a uma lógica de mercado e de seduzir o público. Surge um novo público “receptor-emissor”, não mais um público sem opinião, mesmo que esta seja passional. Diante disso, conclui-se ser o cidadão um novo receptor que se torna emissor, nas mídias alternativas de comentários no ciberespaço, em um formato de narrativa desobrigada de persuadir para atender a um interesse mercadológico, mas nem por isso menos opinativa e informativa, embora evoque um caráter passional, com (aparente) falta de racionalidade. Intencionalidade, leitura e Internet Carlucci Medeiros de Souza Lima (PUC Minas) [email protected] Nossa pesquisa pretende discutir alguns aspectos fundamentais sobre a questão da intencionalidade na linguagem associados aos processos de leitura. Destacam-se nessa discussão: (a) um histórico sobre os estudos da intencionalidade, voltados para as questões de linguagem; (b) os fundamentos gerais sobre a intencionalidade como uma condição da atividade mental; (c) a intencionalidade enquanto uma atividade de atribuição de sentido; (d) a intencionalidade enquanto manifestação nos processos enunciativos e como registro nos enunciados linguísticos. Esses aspectos da avaliação da presença da intencionalidade em padrões distintos da expressão linguística (signos, enunciados, textos) estarão voltados para uma análise dos processos de leitura e interpretação de textos que circulam na internet. DESIGUALDADE, IMAGINÁRIOS SOCIODISCURSIVOS, IDEOLOGIA, MÍDIA Coordenadora: Ilana Da Silva Rebello Viegas (UFF) [email protected] Resumo da mesa: A Semiolinguística em Análise do Discurso, postulada por Patrick Charaudeau, aponta para a impossibilidade de se pensar a experiência da linguagem distante dos sujeitos históricos. Inserido em uma sociedade, o homem, enquanto sujeito-falante, por meio da linguagem, “repete” a voz do social, mas o lado psicossocial-situacional lhe garante também uma individualidade. Assim, é da junção entre social e individual, que diferentes sentidos são comunicados, sejam de resistência, de afirmação, de desigualdade... A fim de mostrar que o ato de linguagem é o produto da ação de seres psicossociais que são testemunhas, mais ou menos conscientes, das práticas sociais e das representações imaginárias da comunidade a que pertencem, esta mesa reúne trabalhos que se debruçam sobre textos verbais e não verbais (fotos, manchetes e tirinhas), extraídos da mídia, levando em 144 Resumos: Comunicações Coordenadas consideração aspectos enunciativos, históricos, interativos e linguísticos. Nos textos midiáticos em foco, a legitimidade está em não apenas produzir, divulgar informações, construir conhecimentos ou entreter, mas atualizar a realidade e renovar a apreensão do mundo. A mídia, de forma geral, mostra o que julga importante saber, de uma maneira particular, não transparente. Linguagem verbal e não verbal são organizadas de modo a formarem não uma pura descrição, mas uma interpretação subjetiva do real, impregnada de ideologia. Trabalhos dos integrantes: Mariana e Paris – o que dá capa? Uma análise discursiva do tratamento desigual em fotos e manchetes Ilana Da Silva Rebello Viegas (UFF) [email protected] A Semiolinguística em Análise do Discurso aponta para a impossibilidade de se pensar a experiência da linguagem, distante dos sujeitos históricos. O discurso não é construído apenas em torno do binômio estrutura/enunciado, mas apresenta características individuais e sociais, ou seja, características de língua e de fala. Nesse sentido, este trabalho, baseando-se, sobretudo, na teoria Semiolinguística de Análise do Discurso, de Charaudeau, articulando esses postulados aos pressupostos da Linguística Textual, analisa quatro fotos de reportagem, atreladas às suas respectivas manchetes e aos seus respectivos leads e uma capa de revista, a fim de evidenciar que, por meio da imagem e da palavra, os veículos de comunicação legitimam e veiculam seu discurso ideológico, pondo em evidência determinadas escolhas e, consequentemente, um olhar desigual. As organizações que têm por objetivo informar estruturam-se como empresas, como “fábricas de informação”, no dizer de Charaudeau (2006). Encontram-se em concorrência num mercado que as “obriga” a distinguir-se uma das outras e, para isso, acionam estratégias quanto à maneira de reportar os acontecimentos, comentá-los, ou mesmo provocá-los. Na esfera jornalística, as imagens - desenhos ou fotos - têm por função a comprovação de fatos reportados, com valor documental. No entanto, não há isenção total ao recortar uma imagem ou uma cena do mundo real, tendo em vista que há um sujeito que está por trás da câmera, cujas escolhas são definidas pelo seu modo de ver o objeto retratado. As imagens e a capa são da revista Veja, dos dias 18 e 25 de novembro de 2015, disponíveis na internet, e têm como tema duas tragédias: o rompimento da barragem de uma mineradora na cidade de Mariana (MG), no Brasil e o episódio terrorista em Paris, na França. A revista Veja toma para si a função de propiciar aos leitores a compreensão sobre o mundo. Os temas e a forma como a revista os organiza, hierarquizando-os (os que merecem destaque e os que não devem nem ser divulgados) constituem indicadores da forma como a revista manipula, decide pelo leitor. O terror dito, mostrado e construído: uma análise discursiva do verbal e do visual em jornais impressos Nadja Pattresi de Souza e Silva (UFF) [email protected] Com base na premissa de que o estudo da linguagem deve envolver não só o que se fala, mas também o como se fala, este trabalho propõe uma análise das imagens sociais e discursivas relacionadas ao episódio terrorista de novembro de 2015 na França. Investigamos o modo como tais imagens são forjadas verbal e visualmente na primeira página de dois jornais, O Globo e o Correio Braziliense, ambos de 14 de novembro de 2015. Como as capas de jornal reúnem, a cada edição, as notícias mais relevantes, aproximamo-nos da ideia de que, por si mesmas, também constituem um discurso. Essa construção se organiza, em geral, por elementos verbais e visuais, os quais, pelas escolhas discursivas do produtor - em última instância, o veículo jornalístico -, recebem maior ou menor destaque. Assim, pelo postulado de que o sentido se constrói na relação entre fatores internos e externos ao discurso, num movimento de semiotização do mundo, filiamo-nos à perspectiva semiolinguística de Análise do Discurso (CHARAUDEAU, 2001, 2005, 2008). Na comparação entre os jornais, buscamos examinar como elementos situacionais, discursivos e semiolinguísticos são mobilizados para acionar determinados imaginários sociais e discursivos relacionados aos franceses, de um lado, e aos responsáveis pelos atentados, de outro, demarcando uma relação conflituosa e, portanto, desigual no movimento de (re)construção do real. Tais imaginários, conforme propõe Charaudeau (2008, 2015), tornam-se perceptíveis por meio das representações que cada grupo tem de si mesmo e também dos outros. Na interface com a Linguística Textual, o processo de referenciação será convocado, pois, para além da retomada de termos na superfície textual, responde pela criação de objetos de discurso, que acabam por revelar o ponto de vista que o enunciador sustenta e que, em geral, deseja que o leitor também adote (KOCH; PENNA, 2006). Quanto aos elementos não verbais, interessa-nos analisar como as fotografias participam da construção dos sentidos nas capas, destacando, com base em Sousa (2004) e Guimarães (2000, 2003), por exemplo, como certas características formais e cromáticas extrapolam a dimensão perceptiva e convergem para a criação de signos que engendram leituras possíveis sobre o episódio noticiado. Representações do Nordeste brasileiro nas tirinhas da Turma do Xaxado: os imaginários sociodiscursivos revelados por meio da qualificação Glayci Kelli Reis da Silva Xavier (UFF) [email protected] As histórias em quadrinhos, também conhecidas como HQ, bandas desenhadas, comix ou simplesmente gibis, são “um dos mais difundidos e populares meios de fabulação visual do planeta” (PATATI & BRAGA, 2006). E, por tal popularidade, esse gênero e seus subtipos revelam, por meio da qualificação, a percepção e os julgamentos que indivíduos de um determinado grupo social têm do mundo a seu redor. Segundo Charaudeau (2009), qualificar é atribuir a um ser, de maneira explícita, uma qualidade que o caracteriza e o especifica; o autor ainda afirma que tal operação pressupõe uma tomada de posição, ou seja, a qualificação, mesmo que pretenda ser objetiva, revela a ótica do enunciador. O ato de qualificar permite ao sujeito falante manifestar seu imaginário (individual ou coletivo) da construção e da apropriação do mundo, num jogo de conflito entre visões normativas, 145 Resumos: Comunicações Coordenadas impostas pela sociedade, e suas próprias visões; sendo assim, o imaginário é uma imagem interpretativa da realidade, e a faz entrar em um universo de significações. Nos quadrinhos, a qualificação dos seres aparece normalmente de forma subjetiva, principalmente nas imagens, revelando os imaginários sociodiscursivos por meio do uso de estereótipos: “uma ideia ou um personagem que é padronizado numa forma convencional, sem individualidade” (EISNER, 2005). Com relação às imagens estereotipadas, o autor aponta que a arte dos quadrinhos lida com reproduções que sejam facilmente reconhecíveis da conduta humana; seus desenhos são o reflexo no espelho, e dependem de experiências armazenadas na memória do leitor para que ele consiga visualizar ou processar rapidamente uma ideia. Nessa perspectiva, o presente trabalho pretende verificar como a desigualdade se manifesta por meio de representações e qualificações ligadas ao imaginário sociodiscursivo relativo ao povo do Nordeste do Brasil e ao país em geral, tendo como corpus de análise tirinhas da Turma do Xaxado, de Antônio Cedraz, e como base teórica a Teoria Semiolinguística de Análise do Discurso de Patrick Charaudeau (1992; 2009). ANÁLISE CRÍTICA DO DISCURSO E EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS Coordenadora: Isabel Martins (UFRJ) [email protected] Resumo da mesa: Nesta sessão exploramos contribuições da análise crítica do discurso, conforme as formulações de Chouliaraki e Fairclough (1989) e Fairclough (2003), para o campo da educação . Discutimos os pares dialéticos "estrutura e agência" e "colonização e apropriação" em estudos teóricos e empíricos que destacam a necessidade superar análises na forma de exercícios de desconstrução textual que se contentam em revelar aspectos desumanos ou deletérios e tipos de injustiça social. Neste sentido, buscamos estabelecer uma agenda na qual as atenções se voltam para a análise de formas alternativas de organização social (Kress 1996) e para a positividade de algumas mudanças discursivas (Martins 2004) em textos, discursos e práticas de educação em ciências e educação ambiental. Trabalhos dos Integrantes: Justiça ambiental e conflito socioambiental na prática escolar docente Angélica Cosenza [email protected] Isabel Martins (UFRJ) [email protected] Atualmente, práticas de educação ambiental vêm sendo chamadas a responder a uma formação para participação comunitária e para justiça social. Todavia, sentidos hegemônicos, constituintes de tais práticas, contribuem para o apagamento de lutas ambientais, bem como de injustiças e desigualdades socioambientais que afligem determinadas comunidades. Assim, este trabalho, parte deste problema social e assume como questão de pesquisa entender o papel do conflito socioambiental na constituição de propostas de ensino relacionadas a uma formação voltada à justiça ambiental na escola. Seu objetivo é explorar sentidos de uma professora, em processo de formação continuada, na enunciação de um determinado conflito socioambiental em suas possibilidades e limites didáticos. As ações de formação foram realizadas no ano de 2011, em Macaé, uma região do norte do estado do Rio de Janeiro, altamente impactada pela indústria do petróleo e gás. Neste trabalho, apresentamos análises de construções discursivas baseadas no referencial teórico-metodológico da Análise Crítica do Discurso (ACD). Tais análises revelaram hibridização entre visões emancipadoras, com aportes da justiça ambiental, e outras que não envolvem dimensões de questionamento, participação e transformação social. Problematizam em que medida ambivalências presentes no discurso investigado, tais como a coexistência da defesa de uma educação ambiental transformadora e de formulações nas quais prevalece o apagamento de injustiças/conflitos socioambientais e de seus atores, sinalizam a cooptação ideológica por discursos que não valorizam dimensões distributivas, participativas relacionadas à justiça ambiental. Além disso, as análises identificam matrizes curriculares rígidas como fator limitante da potencialidade transformadora de uma prática educativa voltada à discussão de temas socioambientais. Finalmente, os resultados apontam para a necessidade de fortalecimento da justiça ambiental e de conflitos socioambientais no tratamento didático de questões ambientais na escola como possibilidade de alcançar objetivos comprometidos com práticas educativas emancipatórias. Entendendo processos de desigualdades socioambientais na sociedade contemporânea a partir da Análise Crítica do Discurso: contribuições para a formação docente em ciências Laísa Maria Freire (NUTES/UFRJ) [email protected] Sama de Freitas Juliani (NUTES/UFRJ) [email protected] María Angélica Mejía (NUTES/UFRJ) [email protected] Gabriela Ventura (NUTES/UFRJ) [email protected] Dada a centralidade do discurso nas sociedades contemporâneas, o presente trabalho aborda a Análise Crítica do Discurso (ACD) como um marco teórico-metodológico para compreensão e enfrentamento da questão ambiental no mundo contemporâneo 146 Resumos: Comunicações Coordenadas caracterizado por transformações no campo econômico, político, social e cultural, com significativas influências no processo produtivo. Assim, discutimos aspectos relativos ao cenário de globalização econômica e de neoliberalismo e refletimos sobre a importância da linguagem na sociedade capitalista contemporânea. Partimos do argumento de que a ACD permite questionar processos de desigualdade socioambiental em contextos e discursos nos quais tais processos tornam-se apagados e invizibilizados. Ao explicitarmos determinados processos como: conflitos associados à distribuição e uso da água em nossa sociedade; distribuição desigual de bens e prejuízos gerados a partir da produção de bens de consumo; desigualdades sociais e injustiças ambientais com a precarização nas relações de trabalho, analisando diferentes discursos sobre estas questões, podemos contribuir com mudanças sociais que envolvem a construção de novos cenários emancipatórios a partir de superação de assimetrias sociais. Neste sentido, entendemos que tais discussões, em um contexto de formação de professores em ciências, ganham contornos mais críticos em que a questão ambiental é posta a partir de seus embates e relações de poder e lutas que moldam e ao mesmo tempo transformam as práticas discursivas de uma sociedade ou instituição. Em nosso grupo de pesquisa o fazemos por meio de análises de representações discursivas de Educação Ambiental presentes na formação docente de ciências. Temos caracterizado atores sociais e processos representados. Entendemos como fértil caracterizar se e como os atores sociais são representados, se são representados de forma genérica reforçando o sentido de inexorabilidade do Discurso do neoliberalismo que aponta o atual modelo de produção como única via, se são representados como ativos ou passivos. Da mesma forma, entender como os processos são representados, se são representados como fatos, apagando a sua dimensão históricosocial, naturalizando determinados discursos ou não. Em síntese, entender os processos de desigualdades socioambientais na sociedade contemporânea a partir da ACD pode colaborar com a compreensão e as possibilidades de enfrentamento da atual crise socioambiental nos processos de formação docente. O livro didático de ciências e a pesquisa em ensino de ciências: relações menos desiguais entre o discurso da ciência e o pedagógico Maria Cristina do Amaral Moreira (IFRJ) [email protected] O estudo em foco investiga as relações entre a pesquisa em Educação em Ciências e o Ensino de Ciências. Privilegia-se o livro didático para a análise por sua disponibilidade e amplo uso nas escolas. A Análise Crítica do Discurso é o referencial teóricometodológico desenvolvido em duas etapas: a macro-análise ou análise da conjuntura e a micro análise de textos gerados e circulando nas práticas sociais do problema de pesquisa. Na conjuntura explorou-se: as orientações curriculares oficiais, o mercado editorial, o livro didático e a pesquisa em educação de ciências, sobretudo, as linhas identificadas com construtivismo, modelagem, história da ciência/natureza da ciência, Ciência-Tecnologia-Sociedade e estudos da linguagem. Os resultados apontaram que pesquisas em educação em ciências recontextualizadas no discurso do livro didático contribuem para: a inclusão da perspectiva do estudante; o entendimento do discurso da ciência como prática social e institucional; a confluência de elementos da linguagem, tais como agenciamento e processos relacionais, na dimensão social do conhecimento científico; a valorização de atitudes emancipatórias coletivas; a aproximação necessária entre linguagem científica e linguagem cotidiana, entre outros aspectos. As escolhas lexicais empregadas de modo geral no conjunto do livro didático constituem aspectos fundamentais para se entender a inclusão do estudante no discurso pedagógico. O emprego do gerúndio como: construindo, modelando, viajando, entre outros exemplos têm a marca de uma negociação, por incluir a voz do estudante, concepções alternativas, o discurso do social, da responsabilização, o discurso da ciência como atividade humana etc. Observaram-se consistentes articulações entre vertentes, tais como Concepções Alternativas e Ciência-Tecnologia-Sociedade e o discurso da ciência escolar, o que reflete uma hibridização de discursos em maior consolidação com essas ideias para o ensino de ciências. Discursos da cidadania no Programa Nacional do Livro Didático Rita Vilanova (UFRJ) [email protected] Este trabalho discute aspectos relativos à mudança discursiva que vem ocorrendo no campo da educação em ciências, na qual a finalidade de educação para a cidadania assume uma posição central. Com o objetivo de identificar e situar as tensões inerentes a essas mudanças e as perspectivas sobre cidadania que aí se inscrevem, nos debruçamos sobre as relações que se estabelecem nas ações de regulação governamental da produção de livros didáticos para a educação pública brasileira. Para isso, nos apoiamos no arcabouço teórico-metodológico da análise crítica do discurso, perspectiva que considera os textos como integrantes das práticas sociais e busca discernir como os discursos tomam parte e orientam as mudanças. Esta visão enfatiza o caráter socialmente e historicamente situado dos textos e destaca relação dialética entre os discursos e as práticas sociais, ou seja, os textos modulam as práticas sociais, ao mesmo tempo em que são modulados por elas. A proposta metodológica da ACD - no que tange a abordagem das relações discursivas que se configuram nos eventos sociais - opera com o conceito de interdiscursividade e as categorias de discursos, gêneros e estilos, elaboradas a partir do diálogo com as contribuições dos estudos da linguagem desenvolvidos por Bakhtin, Foucault, Halliday e Bernstein e das noções de ideologia e hegemonia. Com base nessa perspectiva analítica abordamos os discursos sobre educação em ciências e cidadania que se inscrevem nos textos do Programa Nacional dos Livros Didáticos, a política governamental de avaliação e compra dos livros didáticos para a educação pública e os textos dos livros de ciências no sentido de apreender os sentidos que a cidadania adquire nesta cadeia de textos. Nossas análises apontam para uma recontextualização dos discursos sobre ciência e cidadania que circulam no campo da educação em ciências no texto do PNLD. Nesse movimento, os debates do campo da pesquisa em educação em ciências são recontextualizados na forma de uma retórica de conclusões, por meio de uma série de prescrições e asserções, adotando uma estratégia comunicativa típica das reformas, baseada na asserção de rupturas e substituições de um modelo por outro, que apagam as tensões inerentes às mudanças. De modo diferente, no caso dos livros didáticos analisados nossas análises apontam que estas tensões estão profundamente marcadas nos textos, o que ressalta o caráter de luta hegemônica entre as práticas estabelecidas e as tentativas de mudança. 147 Resumos: Comunicações Coordenadas DISCURSOS SOBRE REFUGIADOS E MIGRANTES NA ESFERA PÚBLICA PORTUGUESA Coordenadora: Isabel Roboredo Seara (Universidade Aberta de Lisboa e Centro de Linguística da Universidade Nova de Lisboa) [email protected] Resumo da mesa: Nesta sessão propomo-nos refletir sobre as diferentes estratégias discursivo-textuais convocadas em discursos políticos, de imprensa e redes sociais, sobre os migrantes/refugiados neste início do século XXI, na Europa. Desde a II Guerra Mundial que a Europa não assistia a um fluxo de refugiados e migrantes tão elevado. Este êxodo tem-se agudizado, o que configura um novo problema social sobre o qual os estados e os políticos têm de refletir, ponderar e encontrar soluções. Há conflitos entre vozes que ora propõem um discurso mais securitário, ora, como o faz Andersson (2014), consideram fundamental passar desses discursos para um discurso mais humanitário, que transmita um acolhimento efetivo e que ajude a construir a ação humanitária. Propomonos analisar a construção destes discursos em conflito na esfera social portuguesa. Esta conjunção de quatro trabalhos está ancorada teoricamente em vários estudos de análise do texto e do discurso, e procuram ler os textos nas suas circunstâncias e contextos socio-históricos e na multiplicidade de vozes e atores que neles se constituem e por intermédio deles criam diferentes imagens discursivas. As quatro propostas que compõem a mesa definem como objetivos nucleares: a) identificar, em artigos de opinião de jornais portugueses, a construção discursiva das imagens dos migrantes/refugiados em contraste com a Europa; b) analisar a forma como o discurso político eleitoralista, do género textual ‘manifesto político,’ codifica argumentativamente a questão dos refugiados, em manifestos eleitorais dos candidatos às eleições presidenciais portuguesas de 2016; c) analisar as sequências narrativas presentes em crónicas/reportagens, que se encontram ao serviço da argumentação, por via do reforço da emoção e da criação de laços empáticos entre o leitor e os migrantes/refugiados; d) analisar algumas estratégias que subjazem à construção do ethos discriminatório, intolerante e xenófobo na rede facebook. Trabalhos dos Integrantes: Sequências narrativas ao serviço da emoção: os refugiados vistos por dois cronistas portugueses Isabel Margarida Duarte (Universidade do Porto) [email protected] A partir de um corpus de sete textos da imprensa portuguesa - dois da autoria de Alexandra Lucas Coelho (Público) e cinco de André Cunha (Visão) -, ver-se-á como as sequências narrativas neles presentes estão ao serviço da argumentação, por via do reforço da emoção e da criação de laços empáticos entre o leitor e os refugiados que vêm chegando à Europa, fugidos, sobretudo, do Iraque e da Síria, tema central das crónicas em apreço. Tais textos serão crónicas ou reportagens, classificação de género a questionar brevemente. As sequências narrativas curtas que existem nesses textos têm, a nosso ver, uma função persuasiva: de comover o leitor, aproximando-o do sofrimento dos refugiados, apresentados como pessoas normais, idênticas ao leitor. Outras sequências das crónicas / reportagens deverão ser analisadas do mesmo ponto de vista: quer as sequências descritivas que mostram espaços inóspitos e seres humanos em sofrimento, quer as sequências dialogais em que é relatado discurso dos vários intervenientes. Também a escolha desse discurso atribuído aos refugiados, aos que os auxiliam ou aos líderes europeus que lhes são hostis está ao serviço da criação de diferentes imagens, mais ou menos empáticas. Discursos migrantes: estratégias de designação de nós e os outros em discursos de opinião Maria Aldina Marques e Rui Ramos (Universidade do Minho) [email protected] O discurso dos media é fundamental para a construção e difusão de representações sobre o mundo, sobre eventos que marcam a(s) sociedade(s): de facto, os media não retratam a realidade, antes a criam ativamente (Charaudeau, 1997). Em particular, destacam-se os opinion makers, fazedores da opinião pública, cuja atividade discursiva releva de um género jornalístico específico, o artigo de opinião. Neste trabalho, pretendemos responder a uma pergunta, fundamental para a elucidação da representação discursiva do fluxo migrante do médio oriente para a Europa, que marcou a atualidade jornalística portuguesa ao longo de 2015: de que modo são construídas, nos discursos de opinião, as imagens dos migrantes/refugiados e dos europeus, atores em situações complexas com interesses nem sempre convergentes. O objetivo nuclear é, assim, identificar, em artigos de opinião publicados em jornais portugueses durante um período intenso de mediatização do problema (setembro e outubro de 2015), a construção discursiva das imagens dos migrantes em contraste com a Europa, de que os articulistas fazem parte; está, assim, em debate a construção de Nós e os Outros. Em particular, pretendemos determinar: - os processos de referenciação discursiva dos “migrantes” e do mundo ocidental através de mecanismos discursivos como a dêixis e o léxico; - a relação entre estes objetos discursivos; - a relação do locutor com estes objetos discursivos; - as vozes discursivas convocadas neste processo de referenciação. Num quadro teórico enunciativo-discursivo, consideramos os discursos como práticas linguísticas sociais (Bakhtine, 1984), pelo que a atenção à construção social, cultural, contextual e linguística dos discursos determina a presente análise. Tomamos como autores fundamentais, entre outros, Mondada (2001), Koch (2002), Cavalcante (2003), Charaudeau (2006). Para a nossa análise, selecionámos os artigos de opinião divulgados em três publicações generalistas de qualidade da imprensa escrita, de âmbito nacional: a revista semanal Visão, o jornal diário Público e o semanário Expresso. 148 Resumos: Comunicações Coordenadas Os refugiados no discurso político eleitoralista Maria Alexandra Guedes Pinto (Universidade do Porto) [email protected] A crise dos migrantes e refugiados na Europa do início do século XXI abriu as portas a novas divergências no velho continente que colocam desafios difíceis à construção da identidade europeia. Classificada já como a maior crise migratória e humanitária na Europa após a Segunda Guerra Mundial, a realidade dos migrantes e refugiados pôs a nu uma Europa incapaz de responder ao problema com uma solução única e conjunta. Para além do aspeto humanitário, muitas vezes de contornos dramáticos explorados pelos media, o fenómeno é também motivo de fricções e fissuras entre as instituições e os estados membro, ameaçando tornar-se o gatilho de uma crise política europeia, conducente a um novo equilíbrio de forças entre os estados. Dada a centralidade que ganhou, a crise dos refugiados pode também ser perspetivada do ponto de vista do aproveitamento político por parte de diferentes fações, que dela extraem dividendos importantes para a sua própria territorialização. Discursos europeístas, de tolerância e aceitação, baseados nos ideais solidários do projeto europeu, coexistem com discursos extremistas, de tendência xenófoba e antiintegração. Na presente reflexão, analisaremos a forma como o discurso político eleitoralista, do género textual ‘manifesto político,’ codifica argumentativamente a questão dos refugiados, focalizando, para esse efeito, os manifestos eleitorais dos candidatos às eleições presidenciais portuguesas de 2016. Tema incontornável na agenda de qualquer campanha política, a crise migratória na Europa marca também presença nestes manifestos eleitorais, que dedicam sempre algumas linhas da sua ‘carta de principios’ à questão dos refugiados. Confirmaremos, a partir da análise dos manifestos, que a exploração do pathos no auditório, através do aumento do tom subjetivista e dramático nas macroestruturas dedicadas ao tema, denuncia o aproveitamento populista do mesmo. Este aproveitamento populista encontra-se ao serviço da construção de um ethos presidenciável, empático, justo e magnânimo, desígnio comum a todos os candidatos e a todas as forças políticas representadas. Ciberagressividade nos comentários do facebook sobre populações migrantes: a construção discursiva de um ethos intolerante e xenófobo Isabel Roboredo Seara (Universidade Aberta de Lisboa e Centro de Linguística da Universidade Nova de Lisboa) [email protected] Partindo do pressuposto de que a linguagem deve ser analisada como um recurso de interação social, propomo-nos mostrar os resultados de um estudo empírico conduzido a partir da análise de mensagens recolhidas na rede social facebook sobre o tema dos migrantes/refugiados na Europa. Este estudo foi despoletado pela leitura de alguns posts que veiculam um discurso agressivo que merece ser denunciado e combatido. As redes sociais, nomeadamente a rede facebook, assumiram na última década uma enorme visibilidade, tendo permitido a todos os seus utilizadores a prática quotidiana de afixação (postagem) de mensagens, quer sobre o universo privado dos participantes, quer sobre a exposição pública das ideias, crenças, posicionamentos religiosos, sociais e políticos que ganham, desta forma, um acréscimo de projeção em consequência da atual omnipresença da web. Embora Castells (2013) sublinhe que as redes sociais permitem instaurar um clima de fraternidade em prol da luta por questões sociais e políticas, em defesa dos direitos do cidadão, em que a violência acontece como instrumento de luta ou de opressão de poderes ditatoriais, constatamos, inversamente, que nas mesmas redes é utilizado um discurso agressivo e violento na construção de movimentos discursivos que apresentam negativamente a imagem dos novos migrantes na Europa. Assim, com base nos estudos de análise do discurso sobre ethos, partindo das conceções da retórica clássica, passando por Maingueneau (2002), Charaudeau (2005), Amossy (1999), Discini (2008), Marques (2008), subscrevemos que o ethos é uma noção discursiva, que se constrói através do discurso; que decorre fundamentalmente de um processo interativo de influência sobre o outro (sendo de importância capital na rede social) e que é uma noção fundamentalmente híbrida (sociodiscursiva), um comportamento socialmente avaliado, que não pode ser apreendido externamente à situação de comunicação precisa. Nesse sentido, partiremos da descrição do contexto histórico-social do recente fenómeno migratório na Europa, para evidenciar algumas estratégias que subjazem à construção do ethos discriminatório, intolerante e xenófobo na rede facebook, evidenciando como as especificidades da organização enunciativa neste lugar de construção de representações, a total liberdade de expressão, a necessidade de exibição, a banalização dos insultos e a construção mascarada dos sujeitos potencia a ciberagressividade. PRÁTICAS DISCURSIVAS SOBRE (IN)CORPO(REIDADE): REGIMES DO OLHAR E DO DIZER Coordenadora: Ismara Tasso (UEM) [email protected] Resumo da mesa: Tratar a desigualdade, na multiplicidade constitutiva de sua acepção, implica reconhecer seu caráter material nas práticas sociais e discursivas pelas quais, na contemporaneidade, o homem se torna sujeito. Eis aí uma das tarefas a que o GEDUEM (www.geduem.com.br) tem se dedicado: cotejar a corporificação dos sujeitos e dos sentidos no interior dos estilhaços significativos que resultam do encontro entre a língua(gem) e a história. Assim, tomando por base a prerrogativa foucaultiana segundo a qual a “verdade” essencial inexiste, já que ela se dá por “regimes” os quais se inscrevem numa dada ordem do que (não) se pode e (não) se deve dizer - uma vez que os discursos fundam os objetos dos quais ele mesmo trata -, os trabalhos vinculados a essa comunicação coordenada têm por objetivo compreender como o corpo (e a corporeidade) é discursivizado em práticas circunscritas ao ambiente virtual (nas quais o corpo é incorporal, já que se marca pela ausência), em práticas midiáticas 149 Resumos: Comunicações Coordenadas que tomam a virilidade como parâmetro para a constituição de memórias e de corpos em mutação (do transexual) e em corpos performativos (crossdresser) cujos domínios técnicos e tecnológicos das tecnologias discursivas cinematográficas instauram regimes outros do olhar e do dizer. Tal como preconiza Courtine (2012), não podemos sê-lo, senão como sujeitos encarnados, isto é, transvestidos pela/na carne. Os corpos são, portanto, objetos de desejo, de coibição, de controle, de vergonha, de pudor, de mercado, na medida em que as produções de subjetividade perpassam certa “estética da existência”. Desse modo, urge a necessidade de análises sobre a construção de modelos de (im)perfeição e de (in)sucesso, que resvalam em regimes de desigualdades e exclusões, intrincados em jogos de poder. Trabalhos dos Integrantes: Dobras das desigualdades em tela: subversão dos corpos em transformação Ismara Tasso [email protected] (UEM) Dado o estrato de sua formação discursiva, estética e monumental, o cinema constitui-se em dispositivo maquínico e em espaço propício à visibilidade de como o sujeito da contemporaneidade busca gerir o próprio corpo e sublimar a representação de si, enquanto identidade em transversão que se movimenta pelo desvelamento de si mesmo. Trata-se de condutas cuja tese se estabelece pela (in)corporeidade em mutação e em vigília, bem como da corporeidade performática. Conjuntura que possibilita, ao cinema, colocar em cena demandas do social circunscritas a políticas da diversidade cultural de gênero. Pela arte e estética cinematográfica, (re)criam-se as condições que possibilitam a compreensão diagnóstica do presente e tornam possível escavar discursividades em territórios sociopolíticos, religiosos, jurídicos e da medicina, em busca de pontos de singularidade à subjetivação dos corpos em cuja governamentalidade pulsa a força que os impele a traçar para si “novos objetivos de vida e novos padrões de conformidade para substituir aqueles que costumavam ser fornecidos pelas comunidades em que as vidas humanas, do berço ao túmulo, se inscreviam, mas que se extinguiram, ficaram inacessíveis ou caíram [ou se encontram prestes a cair] em desuso” (BAUMAN, 2003, p. 114). Nesse espaço, fazem-se circular práticas discursivas que enunciam o desprendimento de continuidades e se dissipam de identidades temporais. Dessa forma e sob a perspectiva foucaultiana, a analítica atém-se à cinematografia nacional e internacional, que trazem à reflexão desafios e conflitos identitários de gêneros em subversão. Produções fílmicas que põem em diálogo ciência, história e cultura, de forma a produzir o inventário do real sobre sujeitos crossdresser e transexual. Para isso, estabelecemos como princípio analítico a condição de a tecnologia cinematográfica criar a possibilidade do fazer visível o enunciável, conduta imanente aos campos de utilização e de estabilização dos conceitos que fazem emergir pontos de orientação à subjetivação dos corpos, às tecnologias sobre os corpos e aos dispositivos de segurança do corpo social. Cheiro é discurso: práticas midiáticas sobre a (in)corporalidade na construção do sujeito viril Rafael de Souza Bento Fernandes (UEM) [email protected] O processo de construção das subjetividades, segundo Foucault (2008; 2015), deriva de intricadas relações entre domínios de saber e mecanismos de poder, os quais impõem normas aos seres viventes, cujos discursos sustentam e são sustentados por regimes de verdade, os quais se estabelecem por referenciais contrastivos e polares e se alinham sob os princípios que regem o certo e errado, o bom e ruim, o permitido e proibido. A mídia, compreendida como prática de linguagem, cumpre o papel de “mediar” leitores e realidades construindo a “história do presente”, atuando (in)diretamente na complexa produção de sujeitos, instituindo-lhes condutas de (des)igualdades sociais. Tomando por base tais princípios, o estudo tem por objetivo analisar, sob a ótica da análise do discurso de orientação francesa, enunciados de três campanhas publicitárias de desodorante e de perfume masculinos. Espera-se apreender como se dá o movimento de constituição da virilidade relacionada à performance (no comercial “O Chamado”, da “Old Spice”), à carnalidade e ao sexo (no caso do comercial “Efeito Axe”, da marca homônima) e ao sucesso financeiro (no comercial para divulgação do perfume “Zaad”, da “O boticário”). Um resultado primeiro de pesquisa indica que o cheiro, nesses comerciais, faz emergir discursos sobre homens extraordinários ou por efeito temporário (o “efeito axe”) ou por qualidades intrínsecas de sua natureza viril como a dominação e o dinheiro. Trata-se, portanto, da natureza discursiva (material e, paradoxalmente, incorporal) do cheiro, de uma “memória olfativa” do que um homem deve vir a ser (e a comprar). Desigualdades sociais, inovação e acontecimentalização: (i)materialidades do corpo no mosaico da rede Jefferson Campos (UEM/FAMMA) [email protected] A desigualdade é fundante e constitutiva. Quaisquer que sejam suas acepções, ao abordá-la no âmbito dos estudos discursivos, tratamo-la sob a égide de seu caráter heteróclito, contudo, valioso para a consolidação da vã tarefa de diagnosticar “quem somos”. Aventar, na ontologia do presente, a produção de sujeitos no interior de práticas discursivas, requer estabelecer sob quais condições são corporificados os sentidos de “ser sujeito”, razão pela qual observar a corporeidade na sua materialização por e em processos biológico e sociocultural torna-se uma tarefa profícua aos interessados em flagrar os processos de subjetivação/objetivação no curso das rupturas e dispersões do(s) acontecimento(s) em que se efetiva e do qual é efeito (FOUCAULT, 2010). Neste cenário e como contribuição às discussões desta comunicação coordenada, debruço-me sobre as condições de existência do Portal Projeto Portinari e do Museu Casa de Portinari objetivando demonstrar, na engrenagem do dispositivo da qual deriva, o processo pelo qual o sujeito expectador da obra de arte se constitui (i)materialmente, enquanto efeito 150 Resumos: Comunicações Coordenadas discursivo. Longe de tratar o processo de subjetivação como parte da experiência privada do sujeito que acessa esses espaços de significação, entendo que o deslocamento pela espacialidade virtual explicita a operação pela qual os indivíduos se constituem como sujeitos no batimento saber/poder/verdade. A tese defendida é a de que, no mosaico de possibilidades de deslocamento pelo espaço virtual, é criada uma conduta modelar a um corpo imaterial que presentifica, no acontecimento da linguagem do espaço, aquilo que tenho chamado de corpo-olhar, cuja produto pretende-se democrático, tal como uma medida políticodiscursiva que dirime os efeitos da desigualdade no que tange ao acesso à obra de arte e que, incontornavelmente, conclama o investir na formulação foucaultiana de “materialismo do incorporal. ANÁLISE DE DISCURSO DO FIM DOS TEMPOS: POLÍTICA COMO ACONTECIMENTO Coordenador: Jose Luiz Aidar Prado (PUC-SP) [email protected] Resumo da mesa: Há hoje um senso comum em torno da vida capitalista globalizada: ela é o melhor sistema que se experimentou e não se pode colocá-la em risco, caracterizando uma espécie de mundo paneleiro “pós-político”, espécie de “fim dos tempos”, como diria Žižek. Contra essa visão há muitos movimentos de atores engajados em redes que atuam em lutas concretas: ambientais, étnicas, feministas, sem-teto etc. Em contraponto à visão cosmopolita do materialismo democrático (Badiou), esses atores atuam politicamente contra a postura antipolítica do consenso globalizado do liberal-capitalismo, fazendo emergir discursos potentes em termos de engajamentos, afetações, mobilizações contra a conformidade com o status quo, que vampiriza o imaginário da transformação e o reduz a uma ética empreendedora. Como a análise de discurso pode trabalhar nesse cenário? Trata-se de pensála como um manual de sobrevivência na selva à noite, onde as formas não são inteiramente visíveis e os espectros e sons criam atmosfera de insegurança. A ideologia não é aí pensada como falsa consciência, mas como um dispositivo foucauldiano de disputa contra a manutenção dos discursos hegemônicos, como, por exemplo, o da sustentabilidade/ ecoeficiência, o da busca do sucesso pelo mérito (o EU S/A), ou seja, discursos que recusam o antagonismo, que é constitutivo do político. A AD entra em campo nesse justo ponto: batalhando concretamente contra a visão de que política é consenso, apostando na ideia de democracia como campo de disputas e controvérsias em que os embates se dão em torno de antagonismos. Nessa perspectiva performativa da AD, em que pensar/falar é fazer, cada integrante da mesa debaterá um tema concreto ligado aos discursos hegemônicos: sustentabilidade, empreendedorismo, populismo. Finalmente um dos debatedores apresentará a questão central do antagonismo e a política entendida como processo de verdade em direção a um acontecimento (Badiou). Resumo dos Integrantes: Da antipolítica ao acontecimento José Luiz Aidar Prado [email protected] Partirei de uma ideia de Badiou que critica o materialismo democrático da era globalizada (que Christian Dunker chama de gestão condominial), centrado no princípio da finitude de que só há corpos e linguagens, propondo a dialética materialista, que afirma que não há somente corpos e linguagens, mas também verdades acontecimentais, infinitos genéricos que surgem a partir de acontecimentos que rompem com a ordem estabelecida, com os estados de coisas com representações estáveis. Os acontecimentos só podem surgir a partir de uma visão pós fundacional de política, em que política não é gestão dos seres a partir dos biopoderes midiatizados, mas surgimento da voz que não tem voz, do povo a partir das demandas diferenciais que de início não dialogavam, de algo que não fazia sentido antes da emergência do acontecimento. Desta forma, como diz Nancy, a surpresa é o que caracteriza o acontecimento, não o simples fato de que ele ocorre. A teoria materialista é aqui pensada a partir de um antagonismo de base, de uma negatividade da ordem pulsional que circula em um campo tensivo (Zilberberg) a partir do qual as partes buscam performativamente, na luta pelo reconhecimento (Honneth) e pela visibilidade (Jessé Souza), a emergência de acontecimentos disruptivos (Badiou). Em termos de uma lógica dos afetos ou das paixões o caminho da política se faz do medo para a alegria, da retenção à libertação/emancipação (Dussel; Santos; Mignolo). Nesta direção é que pensaremos a análise de discurso, que não é apenas análise de textos, mas de práticas engajadas num processo acontecimental da política. Heresias dirigidas à Teologia do Empreendedorismo: considerações sobre a análise crítica da cultura da inspiração Vander Casaqui (ESPM) [email protected] O historiador Leandro Karnal, em palestra intitulada “Os velhos e os novos pecados” (Café Filosófico CPFL, 2013), defende a ideia de que vivemos uma era regida pela Teologia do Empreendedorismo. Nada mais apropriado do que aproximar religião e empreendedorismo para compreender uma das principais forças moventes de nosso tempo, que combina doutrinas, crenças, mitológicas. O processo histórico da modernidade - que envolve as formas de trabalho sob a égide do capitalismo, a emergência da lógica liberal e a consolidação da economia de mercado, o tensionamento das subjetividades em função dos imperativos que ordenam a “vida capital” (Pelbart, 2003) - culmina no cenário contemporâneo em que o espírito empreendedor é elevado ao status de grande paradigma moral. Nesse contexto, qual é o papel do analista de discurso? Exercer a crítica, desconstruir prescrições naturalizadas no cotidiano, revelar os paradoxos de discursos hegemônicos potentes em promover engajamentos, modos de viver e de pensar. Nessa tarefa de remar contra a maré dos afetos que seduzem multidões e são replicados em inúmeros produtos culturais, discursos midiáticos, propostas de consumo de toda ordem, propomos um olhar analítico em torno da cultura 151 Resumos: Comunicações Coordenadas empreendedora, que transcende a esfera econômica e povoa a vida como um todo. Em meio à profusão de discursos associados a essa cultura, elegemos um recorte: os discursos que assumem a missão de “inspirar”, constituindo uma espécie de subcultura, derivada do empreendedorismo, que ora denominados cultura da inspiração. A prática dessa cultura pressupõe um modelo comunicacional: uma cadeia de produção, circulação e consumo de discursos baseados nas lógicas de “contaminação” e “contágio”, tendo como grande paradigma global as palestras conhecidas como TED Talks, em seu formato de até 18 minutos e seu objetivo manifesto de “falar, convencer, emocionar” (Gallo, 2014). Dessa forma, o imaginário da sociedade empreendedora (Drucker) busca se difundir, universalizar-se e perpetuar-se como hegemonia. Sua promoção se dá por um sem número de agentes, sistemas especialistas, institucionalidades. Essa difusão descentralizada se apresenta como mais um desafio na formulação crítica pelo analista do discurso - cuja tarefa exige destreza em reunir fragmentos, identificar vozes e lugares de fala, cartografar afetos e macroproposições. A dieta do fim do mundo: perversões do sujeito do consumo diante da crise ambiental Vinicius Prates (UPM e UNIP) [email protected] Produzir conhecimento sobre a crise ambiental é hoje a tarefa mais urgente que um pesquisador possa colocar. Embora determinado senso comum possa pensar o contrário, é ainda mais central nos estudos de humanidades – na sociologia, na filosofia, na política, nas comunicações – do que propriamente nas ciências da natureza, pois essa não é uma crise da natureza, mas da humanidade. Paul Crutzen, já em 2000 cunhou a expressão Antropoceno, como a marca de nossa era geológica. Ora, é evidente que não criamos essas condições a partir de uma vida instintiva, biológica, espécie de “vida nua”, como diria Agamben. A marca da humanidade sobre a história natural passa pela cultura, pela civilização, e mais especificamente pelo modo de produção e consumo que se desenvolveu nas últimas décadas, e num intervalo curtíssimo de tempo nos coloca em relação direta com o Real (lacaniano) da morte. A crise ambiental indica que, como projeto, nossa civilização já fracassou, caracterizando uma condição que aponta de forma irrevogável para o fim e a destruição, já sendo, em si mesma, fim e destruição. Um sintoma dessa sociedade de “fim dos tempos” é uma denegação perversa, cuja melhor definição pode ter sido dada pelo devaneio do próprio Bill Gates, que certa vez sonhou com um “capitalismo livre de fricção”. Este é o mundo imaginarizado pelos relatórios de sustentabilidade empresariais. É também o apelo dos alimentos diet e light (ou sem glúten, sem lactose, sem gorduras trans), da cerveja sem álcool, do cigarro eletrônico, da própria guerra de drones e robôs na qual não há sangue ou lágrimas visíveis. É a obsessão da sociedade contemporânea em anular as consequências negativas de suas in-decisões, sonhando com uma espécie de fruição sem seu contrário, de consumo sem fumaça, violência ou colesterol, sem o seu furo constitutivo em última instância. A análise de discurso deve visar desmontar os tamponamentos desses furos e preparar a ida ao campo de antagonismos. A nova liderança técnico-cínico-perversa da direita anti-populista argentina: uma análise política do discurso nas instâncias de campanha e posse do Pro em 2015 María Cecilia Ipar (USP) [email protected] O texto terá como principal objetivo diferenciar o populismo (de direita ou de esquerda) do anti-populismo (de direita ou de esquerda) através da filosofia política do pós-marxismo, para desta forma construir um argumento teórico que nos permita enquadrar conceitualmente a atual dominação política argentina do Pro (Propuesta Republicana), liderado pelo presidente Mauricio Macri na nova direita anti-populista argentina. Para entender como a “direita” anti-populista se atualiza politicamente (discursivamente) realizaremos um exercício de análise política do discurso, inspirada na teoria da hegemonia de Ernesto Laclau e Chantal Mouffe e na sociologia da dominação de Max Weber, que visa identificar e compreender o sentido articulado dos principais alinhamentos significantes e estilos discursivos que compõem o que fundamentarei como sendo o núcleo “técnicocínico-perverso” do discurso do macrismo. Pesquisarei este componente –que se revela como um indicador eficaz para podermos caracterizar o Pro como um partido não somente anti-populista, mas de direita–, a partir do qual subverte-se o poder político eleitoral da hegemonia kirchnerista nos dois registros enunciativos que supõem a hegemonia populista ou, em termos weberianos, a dominação carismática: líder populista-povo; líder carismático-séquito (entendido como o quadro administrativo típico na dominação carismática). Conceitualmente, construiremos este indicador discursivo a partir de certas reflexões de Slavoj Žižek e da psicanálise lacaniana sobre o problema do cinismo e a estrutura da perversão, assim como a partir da sociologia da dominação de Max Weber e das diferenças e oposições fundamentais existentes entre a dominação carismática e a dominação racional-legal. Neste sentido, nosso argumento central em relação ao macrismo será que para subverter a hegemonia populista do kirchnerismo esforçou-se, com evidente sucesso, em significar o significante “mudança” (nome da coligação que o levara ao poder nas últimas eleições de 2015), substituindo a política na dimensão do antagonismo por uma visão técnica-genérica, gerencialista (management) e “desideologizada” da administração pública. DIREITOS, DISCURSO HUMANITÁRIO E TRANSFORMAÇÃO SOCIAL: SUJEITOS Coordenador: José Ribamar Lopes Batista Júnior (UnB/LPT) [email protected] Resumo da Mesa: Os casos de violência ou desigualdade, dentre elas a violência contra a mulher e as desigualdades na educação, estão vinculadas a aspectos hegemônicos, por sua vez sustentados por modos de operação da ideologia (Thompson, 1995). Ao se ter contato com formas do discurso humanitário, considerando que o discurso contribui para modificar a prática social em que está inserido, pode 152 Resumos: Comunicações Coordenadas haver uma mudança na realidade, e mesmo a alteração do quadro de poder. Segundo a teoria Fairclougheana, a Análise de Discurso Crítica (ADC) está fundamentada na “análise da relação dialética entre discurso e outros elementos da prática social” (Fairclough, 2001). Por meio da ADC é possível realizar uma análise das identidades e das ideologias no jogo da construção ou negociação identitária. Quando há a inserção de um discurso humanitário em determinada comunidade, ou acesso individual e coletivo a esse discurso, pode-se estabelecer uma nova ação em determinada prática social, ou a mudança completa de uma prática já vigente. Esses são alguns aspectos que procuraremos debater e evidenciar na presente comunicação coordenada. Trabalhos dos Integrantes: Dilemas de professores/as entre a docência e o acolhimento: uma análise das práticas de educação inclusiva Denise Tamaê Borges Sato (UnB) [email protected] A educação inclusiva no Brasil recebeu maior impulso a partir de ajustes legais promovidos em 2004 e em 2008, principalmente, no tocante à regulamentação do financiamento público da educação especial na modalidade inclusiva. Nesse contexto, ao defrontar com a nova realidade, professores e professoras do ensino regular passaram por um processo de acomodação à nova prática profissional. Neste trabalho, propomos a análise do discurso humanitário de professores e professoras que atuam na educação inclusiva de jovens com Síndrome de Down em Brasília e em Goiás com o objetivo de compreender o papel do discurso humanitário no processo inclusivo. Utilizamos as ferramentas da Análise de Discurso Crítica combinada com a etnografia, com vistas a percebermos em que sentido o discurso humanitário facilitou a transição da educação regular para a educação regular inclusiva e se tal prática constitui-se em ferramenta ideológica, tanto em relação aos/as professores/as como em relação aos/as alunos/as com Síndrome de Down. A análise demonstra que o discurso humanitário na prática da educação inclusiva facilitou o posicionamento dos sujeitos em situações de desvantagem e desprestígio social. Igualmente, atenuou, ideologicamente, a obrigação da administração pública em relação ao fornecimento nas escolas regulares de recursos materiais, tecnológicos e humanos que permitissem a prática educacional emancipatória. Direito à educação, à aprendizagem e a base comum do currículo para a educação básica Guilherme Veiga Rios (Inep/UnB) [email protected] Nesta comunicação apresentarei um recorte do cenário discursivo de atores na política para a educação básica, relacionada ao direito à educação, à aprendizagem e à base comum do currículo. A característica mais importante desse cenário é o campo de poder (Bourdieu, 1990) que se distribui em posições por vezes antagônicas, por vezes convergentes, desses atores, ao se tratar de temas como financiamento da educação pública, qualidade da educação e organização curricular. O campo de disputa já se mostrou nos debates prévios e durante as Conferências Nacionais de Educação, nos grupos de trabalho de política curricular coordenados pelo MEC em cuja culminância estava o foco na base comum nacional do currículo e nos debates e aprovação do Plano Nacional da Educação (PNE). Por meio da análise discursiva crítica (Fairclough, 2003, 2010; Van Dijk, 2008) de documentos selecionados por critério de rele-vância sobre as questões em tela, buscarei evidenciar alguns conflitos e contradições, ideologicamente motivados, bem como alguns modos de operação da ideologia (Thompson, 1995). Em meio a tantas vozes institucionais sobre tais questões das políticas para a educação básica, uma das vozes oferece resistência, particularmente aquela que ampara o protagonismo do/a professor/a como ator privilegiado na execução da política pública, não obstante a expropriação de sua autonomia no sobrepujamento das políticas. Superação de práticas discriminatórias no atendimento educacional especializado: letramento e discurso José Ribamar Lopes Batista Júnior (UFPI/LPT) [email protected] O presente trabalho é resultado da investigação realizada em Teresina, Floriano, Fortaleza e Brasília nos anos de 2008 a 2015. Nesse período foram observadas atividades e dinâmicas utilizadas para o Atendimento Educacional Especializado, nas Salas de Recursos Multifuncionais. Igualmente, foram coleta-dos artefatos e entrevistas nas quais professores e professoras definiam o papel do Atendimento Educacional Especializado (AEE) no bojo da prática educacional inclusiva. Consideramos como práticas emancipatórias aquelas em que houve efetividade na superação de dificuldades ou aquelas em que resultou em aprendizagem efetiva dos/as alunos/as com deficiência. Como parte da metodologia aplicada, confrontamos a presença dos discursos humanitário e burocrático na fala desses profissionais, à luz da Análise de Discurso Crítica (Fairclough, 2003), com o conceito e a vivência do AEE, sob o olhar dos Novos Estudos do Letramento (Barton, 1998). Os resultados demonstram que há práticas excludentes e emancipatórias indiferentemente da presença ou não dos discursos humanitário ou burocrático. Não há neutralidade no discurso, porém, a adoção dos posicionamentos humanitário ou burocrático por si só não resulta na experiência exitosa ou na superação dos estigmas. Contudo, quando associado a uma concepção libertadora acerca da capacidade de aprendizagem dos/as alunos/as, o discurso humanitário funcionou como veículo de valorização do fazer pedagógico, bem como dos sujeitos envolvidos, inclusive, dos/as próprios/as professores/as. Nesse sentido, percebemos que embora o discurso humanitário e burocrático possa servir para camuflar práticas tradicionais ou excludentes, outros discursos podem emergir na prática que associado à base humanitária ou burocrática, a prática emergente pode ser transformada. 153 Resumos: Comunicações Coordenadas Representações de gênero e Lei Maria da Penha Tatiana Rosa Nogueira Dias (UnB) [email protected] A presente comunicação origina-se como investigação linguístico-discursiva da prática de audiências de instrução e julgamento e de retratação do Juizado de Violência Doméstica e Familiar do Distrito Federal e da Lei Maria da Penha investigando as questões hegemônicas. O principal objetivo deste recorte é o de investigar as representações apresentadas na Lei Mara da Penha e nas entrevistas com os profissionais e mulheres vítimas de violência, considerando possíveis questões ideológicas. Foram analisadas entrevistas com a juíza, promotora, advogada e psicóloga que atuava no Juizado de Violência Doméstica e Familiar, bem como entrevistas com as mulheres vítimas de violência. Para tanto, as pesquisas tiveram como suporte teórico metodológico a Análise de Discurso Crítica (ADC) por meio de Análise Textualmente Orientada (ADTO), bem como a utilização de ferramentas da etnografia para coleta e geração de dados. Dessa forma, uma perspectiva dialético-relacional (Wodak e Mayer, 2009) é adotada, com base nos pressupostos de Fairclough (trad. 2001), Chouliaraki e Fairclough (1999), e Fairclough (2003), que consideram aspectos de mudança social. DA LÍNGUA PRA FORA: LIMITES E BORDAS DO (IN)DIZÍVEL Coordenador: Lauro José Siqueira Baldini (UNICAMP) [email protected] Resumo da mesa: Em “A Língua Inatingível”, Michel Pêcheux e Françoise Gadet refletem sobre o ideal de igualdade proclamado pela formação social capitalista em sua relação com uma desigualdade real que precisa ser organizada, absorvida e trabalhada pelos aparelhos de poder que regulam as relações sociais. Esses aparelhos, por sua vez, podem ser pensados em sua relação com a série incômoda linguagem/língua/discurso, que vem desestabilizar os níveis em que o linguista procura domesticar aquilo que do linguajeiro remete a um além do campo específico da linguística. Nesse sentido, os trabalhos aqui reunidos procuram tensionar essas fronteiras, na medida em que se voltam para materialidades que convocam diálogos com campos de saber como o cinema, os estudos de gênero, a psicanálise e a literatura. Abordaremos o modo como flagrantes “inusitados” em meio às imagens dos protestos de junho de 2013, no Brasil, e outras manifestações locais e internacionais, estabelecem relações entre o erótico e o político; pensaremos o caráter não localizável do “traço poético”, o que nos leva a considerar que o processo metafórico está em relação tanto com o processo revolucionário quanto com o ordinário do sentido; o paradoxo entre comunicabilidade e incomunicabilidade a partir do conceito de “formas de vida”, de Wittgenstein, num diálogo com produção fílmica de Antonioni; e os discursos exotificadores a respeito de um imaginário de brasilianidade, que convocam diferentes memórias para dar conta do “mestiço” e do “europeu”. Trabalhos dos Integrantes: Desigualdades como (diferentes) formas de vida ou diferentes formas de vida e incomunicabilidade ou a trilogia da incomunicabilidade de Antonioni (mais “O deserto vermelho”) Ana Paula El-Jaick (UFJF) [email protected] Os filmes A Aventura (1960), A Noite (1961) e O Eclipse (1962), de Michelangelo Antonioni, não foram premeditadamente concebidos como uma trilogia, mas, ainda que à revelia do diretor, são comumente agrupados como a “Trilogia da Incomunicabilidade” – a qual alguns críticos ainda incluem O deserto vermelho (1964). Analisarei esse (pretenso?) discurso da incomunicabilidade a partir do notório aforismo de L. Wittgenstein com que o filósofo vienense termina seu Tractatus LogicoPhilosoficus: “Sobre aquilo de que não se pode falar, deve-se calar” (TLP §7) e, também, a partir da perspectiva de linguagem da segunda fase de seu pensamento, aquele expresso em suas Investigações Filosóficas, quando a linguagem passa a ser entendida por Wittgenstein como uma prática humana, como forma de vida. Ao nos fixarmos nesta segunda fase de seu pensamento, aventaremos a hipótese de que, wittgensteinianamente, se não há uma linguagem oculta para além desta que usamos, então não existe um incomunicável para além do que sempre comunicamos – de modo que, então, o incomunicável está aqui, já diante de nossos olhos. Ou seja: se não há uma linguagem para além desta, então também experimentar a incomunicabilidade só pode acontecer nesta linguagem. Assim, explorando o paradoxo de se comunicar a incomunicabilidade, este texto não chega a “resultados finais”; antes, abre-se para dois paradoxos: 1) se a língua é alteridade, na medida em que pressupõe o outro, como poderia haver um fosso, um vão em que todo esforço de comunicação resulta em nada?; e 2) se a incomunicabilidade faz parte da linguagem ordinária, como há a necessidade do outro para haver linguagem? Por fim, entendemos que tais paradoxos tendem a mostrar que, se é possível comunicar a incomunicabilidade, isso seria menos o triunfo da comunicação e mais um reconhecimento dos limites da linguagem. Um “país mestiço” com “cidades de herança europeia”: em um corpo brasileiro (mestiço) vive uma alma europeia? Glória da Ressurreição Abreu França (UFMA) [email protected] Este trabalho se situa no campo teórico da Análise de discurso e se propõe a analisar as (re)produções de discursos exotificadores a respeito de um imaginário de brasilianidade, através da observação tanto das formas de nomear a população brasileira quanto 154 Resumos: Comunicações Coordenadas dos nomes dados aos lugares (ao Brasil, às regiões e às cidades brasileiras). Percebe-se que, ao se fazer um cruzamento da análise usando como critério a língua de formulação, os discursos se relacionam com diferentes espaços de memória, ainda que ambos retomem uma forma de binarismo corpo/mente (espírito). O corpus se constitui em torno de guias de viagens, em língua portuguesa (Guia 4 rodas e Guia da Folha) e em língua francesa (Guide du Routard, Petit Futé e Guide Bleue), além da página Facebook do Ministério do Turismo Brasileiro. A partir desse material, constituí um corpus em torno de formas de nomear e designar tanto a população quanto os lugares do país. Em específico, trarei na análise o fato de que, na materialidade de língua francesa, se fala em corpo “mestiço”, de um ponto de vista que pode ser considerado como exotificador, ao passo que há, no corpus de língua portuguesa (do Brasil), um tipo de escolha discursiva - em particular nas designações - de tratar dos aspectos europeus presentes no Brasil (o que também pode ser considerado exotificador). Nesse olhar cruzado, tem-se que falar de país mestiço implica, no material analisado, a falar de traços marcados no corpo: tem-se uma lista de cores, tonalidades, danças, gestos, até mesmo a língua portuguesa “faz ondular o corpo”. Nesse mesmo sentido, falar de um país de “herança europeia”, recai a se falar da arquitetura, da culinária, das festividades, e em cidades tais como a “Veneza brasileira” e a “nova Friburgo”. Esses exemplos não devem ser tomados como homogêneos, mostrarei igualmente casos em que se pode ver ruptura dessas regularidades, como é caso de Salvador, designada como a “Roma brasileira”. Tem-se nesse trabalho um exercício de análise de um discurso que funciona por binarismos e onde se vê de maneira clara, na comparação francês/português, um funcionamento discursivo intrinsecamente ligado à materialidade da formulação linguística. “Im itiri i di timinhi di im pinhi”. As mulheres na escrita de Angélica Freitas Tyara Veriaro Chaves (UNICAM) [email protected] Tomando como ponto de partida as reflexões de Michel Pêcheux em O discurso: Estrutura ou Acontecimento, onde se afirma que “[...] o humor e o traço poético não são o ‘domingo do pensamento’, mas pertencem aos meios fundamentais de que dispõe a inteligência política e teórica” (1983, p.53), propomos neste trabalho um gesto de leitura em torno do livro Um Útero É do Tamanho de Um Punho (2012), de Angélica Freitas. Esta obra se subdivide nas seguintes sessões: “uma mulher limpa”, “mulher de”, “a mulher é uma construção”, “um útero é do tamanho de um punho”, “3 poemas com o auxílio do google”, “argentina” e “o livro rosa do coração dos trouxas”. Retomando Pêcheux, consideramos que tais materialidades culturais e estéticas estão implicadas em rituais ideológicos, concernem a determinadas condições de produção, inserem-se em redes de memórias, o que nos leva a pensar os seus efeitos políticos no campo da linguagem e dos sentidos. Dessa forma, pretendemos refletir sobre o funcionamento do poético no processo de (des)construção dos sentidos de mulher. Trata-se de pensar o caráter não localizável do “traço poético”, o que nos leva a considerar que o processo metafórico está em relação com o processo revolucionário, na medida em que desloca as evidências. Cenas do erótico no político ou e veio aquele beijo Lauro José Siqueira Baldini (UNICAMP) [email protected] Este trabalho procura se mover no espaço por onde Pêcheux se movia, isto é, um espaço pedregoso e ao mesmo tempo incontornável: levar a sério que houve Saussure, houve Marx, houve Freud. Considerar, portanto, que não é possível falar do discurso sem levar em conta que “Há um real da língua. Há um real da história. Há um real do inconsciente”, como afirma Pêcheux no colóquio Materialidades Discursivas (1980). Falar de uma materialidade discursiva, portanto, implica pensar um lugar de entremeio para a Análise de Discurso, como afirma Eni Orlandi. Se pensamos, como Pêcheux, que o que está em jogo no processo ideológico que sobredetermina toda materialidade discursiva é uma divisão contraditória em que as ideologias dominadas “não são nem um simples reflexo da ideologia dominante [...] nem um germe independente”, mas sim um processo em que a resistência se dá como ruptura interna, propomos pensar algumas elaborações iniciais sobre essa questão a partir do olhar para uma materialidade específica: flagrantes “inusitados” em meio às imagens dos protestos de junho de 2013 , no Brasil, e outras manifestações locais e internacionais, procurando ver como se dá a dimensão do erótico nesse material, partindo do pressuposto de que o erótico é “o desequilíbrio em que o próprio ser se coloca em questão”, como diz Bataille. Desse modo, não seria essa dimensão também aquela em que a questão da resistência se alinha à do nonsense, da falha e do equívoco? O PERCURSO DO VERBO NA GRAMÁTICA BRASILEIRA: SÉCULOS XIX E INÍCIO DO XX Coordenadora: Leonor Lopes Fávero (USP/PUCSP) [email protected] Resumo da mesa: O verbo é um dos elementos mais complexos e mais difíceis, “ o mais difícil”, no dizer de Rask (1824), na constituição das línguas, tendo sido estudado sob diferentes perspectivas. Propomo-nos, neste trabalho a examinar como esse elemento foi visto pelos gramáticos brasileiros, no século XIX, à luz da História das Ideias Linguísticas. O procedimento metodológico utilizado consiste em examinar as ideias predominantes acerca dessa classe gramatical, como o conceito e as mudanças por que passou ao longo do século, mas para que chegássemos a este período, traçamos um breve histórico dessa classe gramatical, começando na Antiguidade Clássica. Lembremo-nos de que pesquisadores como Elia (1975) Guimarães (1996), Cavaliere (2002) e Fávero e 155 Resumos: Comunicações Coordenadas Molina (2006) , apesar da complexidade ou mesmo impossibilidade de uma partição rígida dos estudos gramaticais, reconhecem dois momentos na produção gramatical do século: um sob a égide da gramática geral e filosófica e outro sob a égide das correntes “científicas” com a Gramática portuguesa de Júlio Ribeiro (1881), divisora de águas (embora se afirme não ter sido ele o precursor, foi indubitavelmente o mais citado por seus contemporâneos) e o que de fato penetrou nos bancos escolares do Brasil). Como afirma Zamorano Aguilar (2002, p. 216) “a escolha de um corpus é sempre uma tarefa complexa e altamente subjetiva”. Apesar dessa dificuldade, serão selecionados autores que fizeram escola no século XIX e início do XX avaliando como compreendem o verbo e em qual corrente situam-se seus estudos. Autores como Auroux (1992), Cavaliere (2002) e Fávero e Molina (2004, 2006) embasam as análises. Trabalhos dos Integrantes: O verbo no início do século XX Leonor Lopes Fávero (USP/PUCSP) [email protected] O verbo é um dos elementos mais complexos e mais difíceis, “ o mais difícil”, no dizer de Rask (1824), na constituição das línguas, tendo sido estudado sob diferentes perspectivas. Propomo-nos, neste trabalho a examinar como esse elemento foi visto pelos gramáticos brasileiros, do início do século XIX, à luz da História das Ideias Linguísticas. Serão avaliados: a definição, conjugações, conceito de tempo e modo, lembrando que, nesse momento histórico, imperava a corrente de inspiração filosófica, assentada nos preceitos da Grammaire de Port-Royal que considerava o verbo "ser" o verbo por excelência. Autores como Auroux (1992), Cavaliere (2002) e Fávero e Molina (2004, 2006) embasam as análises. O verbo no início do século XX Márcia Antonia Guedes Molina (UFMA) [email protected] O verbo é um dos elementos mais complexos e mais difíceis, “ o mais difícil”, no dizer de Rask (1824), na constituição das línguas, tendo sido estudado sob diferentes perspectivas. Propomo-nos, neste trabalho a examinar como esse elemento foi visto por gramáticos brasileiros, do início do século XX, à luz da História das Ideias Linguísticas. Serão avaliados: a definição, conjugações, conceito de tempo e modo, lembrando que nesse momento histórico a corrente histórico-comparativa imperava. Autores como Auroux (1992), Cavaliere (2002) e Fávero e Molina (2004, 2006) embasam as análises. O verbo em Júlio Ribeiro Ricardo Cavaliere (UFF) [email protected] O verbo é um dos elementos mais complexos e mais difíceis, “o mais difícil”, no dizer de Rask (1824), na constituição das línguas, tendo sido estudado sob diferentes perspectivas. Propomo-nos, neste trabalho a examinar como esse elemento foi visto pelos gramáticos brasileiros, no século XIX, à luz da História das Ideias Linguísticas. Lembremo-nos de que pesquisadores como Elia (1975) Guimarães (1996), Cavaliere (2002) e Fávero e Molina (2006) , apesar da complexidade ou mesmo impossibilidade de uma partição rígida dos estudos gramaticais, reconhecem dois momentos na produção gramatical do século: um sob a égide da gramática geral e filosófica e outro sob a égide das correntes “científicas” com a Gramática portuguesa de Júlio Ribeiro (1881), divisora de águas. Exatamente por ser marco dos estudos gramaticais brasileiros é que a escolhemos como objeto de análises. Analisaremos como se comporta essa classe, sublinhando, em especial, o estudo do aspecto. Autores como Auroux (1992), Cavaliere (2002) e Fávero e Molina (2004, 2006) embasam as análises. EMOÇÕES E DESIGUALDADES SOCIAIS Coordenadora: Lúcia Helena Martins Gouvêa (UFRJ) [email protected] Resumo da mesa: Esta sessão reúne trabalhos que tratam do conceito de pathos como meio de persuasão. Considerando-se que o ser humano está sempre expressando sua opinião e procurando atuar sobre o outro a fim de convencê-lo da pertinência de suas ideias e/ou persuadi-lo a realizar alguma coisa, é importante estudar os meios por intermédio dos quais os indivíduos agem uns sobre os outros, levando-os a um fazer crer e/ou a um fazer fazer. Nessa atitude de atuar sobre o interlocutor – sobre o auditório –, o locutor se vale de variadas estratégias linguístico-discursivas que lhe permitirão acessar o intelecto e a sensibilidade de seu auditório. O locutor, entretanto, não se utiliza somente do conteúdo informativo de seus enunciados (logos), ou da imagem que transmite por meio de seu discurso (ethos); utiliza-se também da emoção que pode produzir no auditório (pathos). É, assim, sobre os efeitos patêmicos (emoções) que o sujeito da enunciação pode desencadear, que esta mesa pretende discutir. Para isso, serão utilizadas, como corpus, crônicas jornalísticas que tratarão de temas relacionados a desigualdades sociais, como questões de 156 Resumos: Comunicações Coordenadas gênero, problemas socioeconômicos e matérias jurídicas. No que diz respeito à teoria que fundamenta as pesquisas, trabalha-se com a Semiolinguística do Discurso, de Patrick Charaudeau, mas também se levam em conta estudos de Christian Plantin, de Teun Van Dijk e de Herman Parret. Finalmente, vale destacar um pressuposto básico para os trabalhos desta mesa: a oposição razão X emoção, que por tanto tempo subjazeu as discussões acerca da argumentação, desfaz-se com o estudo do pathos, a partir do momento em que se constata que toda emoção tem sua razão, que os dois fenômenos não se separam. Trabalhos dos Integrantes: Pathos e questões de gênero Lúcia Helena Martins Gouvêa (UFRJ) [email protected] O presente trabalho constitui-se de um estudo sobre o conceito de pathos desenvolvido em uma pesquisa de pós-doutoramento. Formando-se, o corpus, de crônicas jornalísticas e visando-se a estudar, neste momento, a articulação entre discurso e desigualdades sociais, seleciona-se uma crônica que discute questões de gênero, publicada no jornal O Globo, do Rio de Janeiro, em 21/06/2013 e intitulada A falsa cura. O pathos, segundo Aristóteles, é um meio de prova derivado da emoção despertada pelo orador nos ouvintes. Patrick Charaudeau, linguista em cuja teoria a pesquisa se fundamenta, trata o fenômeno como uma categoria de efeito. O trabalho, portanto, considera o pathos como o efeito produzido pelo locutor no auditório. Como, para o linguista, o interesse da disciplina Análise do Discurso, com relação a esse conceito, está em estudar o processo discursivo por meio do qual as emoções se desencadeiam, para a análise do corpus da pesquisa foram estudadas estratégias linguísticodiscursivas consideradas favorecedoras de efeitos patêmicos. Neste trabalho, especificamente, serão focalizadas as estratégias presentes no texto em apreço. Trata-se de estratégias por meio das quais são identificadas algumas emoções que possivelmente foram provocadas no auditório. As emoções (pathos), à semelhança do conteúdo informativo dos enunciados (logos) e da imagem transmitida pelo locutor por meio de seu discurso (ethos), são consideradas importantes meios de persuasão. Deve-se assinalar, por fim, que dois outros estudos sobre o conceito-base deste trabalho foram relevantes: o de Christian Plantin e o de Herman Parret. A crônica jornalística dando voz às minorias emudecidas: o contrato, as emoções e as identidades em foco Mário Acrisio Alves Junior (UFES/CAPES/FAPESP) [email protected] O propósito desta comunicação é trazer à tona um debate que raramente é tema de relevância em matérias jornalísticas: o alto índice de mortes de bebês em hospitais do país e o descaso que caracteriza tal fenômeno. Tomando-se como ponto de partida o exame da crônica A matança dos bebês, publicada na revista Veja, em julho de 2008, observa-se a relevância social deste gênero do jornalismo impresso, tendo em vista seu potencial para viabilizar a notoriedade de certas minorias. Retomando alguns conceitos advindos da Teoria Semiolinguística do Discurso, proposta por Patrick Charaudeau, assumem-se os seguintes pressupostos: i) a crônica jornalística pode constituir-se como um espaço privilegiado para a difusão de vozes que, por motivações diversas, são socialmente emudecidas; ii) enquanto comentarista da realidade, o cronista explora ao máximo o espaço de estratégias de que dispõe, na emergência do contrato estabelecido entre ele e seu leitor, para manifestar seus pontos de vista acerca de variados fatos e fenômenos sociais, assumindo uma identidade de porta-voz de minorias emudecidas. Outros teóricos, tais como Teun Van Dijk e Adriana Bolívar, representantes de uma perspectiva crítica de análise discursiva, serão retomados para as discussões aqui propostas, compreendendo-se que tal abordagem oferece noções relevantes para o exame da reprodução das desigualdades no discurso. Acredita-se que as questões levantadas são relevantes: para os estudos da linguagem, por salientarem a função social da crônica jornalística; e, para outras áreas do conhecimento, cujas reflexões, de alguma forma, recaem sobre minorias desfavorecidas. A desigualdade reforçada pela patemização em crônica de Zuenir Ventura Luana Maria Siqueira Machado (UFRJ) [email protected] O presente trabalho é o resultado de um estudo desenvolvido em uma pesquisa de doutoramento. Tal pesquisa propôs-se a estudar estratégias de patemização presentes em crônicas de Zuenir Ventura. Para traçar a relação pathos e desigualdade, selecionou-se uma crônica do citado autor, publicada no jornal O Globo, do Rio de Janeiro, em 27/03/2013, cujo título é “Um peso e duas medidas”. A análise fundamenta-se em estudos de Análise do Discurso, apoiando-se, principalmente, nas contribuições da teoria Semiolinguística de Patrick Charaudeau e suas considerações a respeito do conceito de patemização. Acrescentam-se à teoria estudos de Christian Plantin, nos quais defende que existem formas de argumentar por meio da emoção. Esta análise visa a detectar as estratégias linguístico-discursivas utilizadas pelo cronista para, na construção do texto, suscitar emoções no auditório. Essas emoções têm propósito argumentativo, orientando o leitor para a tese defendida no texto. Neste trabalho, serão analisadas as estratégias presentes na crônica em análise. Com isso, busca-se detectar de que forma elas ajudam o cronista a criar uma carga emocional na discussão da desigualdade, reforçando seu ponto de vista por meio das emoções. 157 Resumos: Comunicações Coordenadas PRÁTICAS DE EXCLUSÃO E INCLUSÃO SOCIAL Coordenadora: Lucia Teixeira (UFF/CNPq) [email protected] Resumo da mesa: Viver em sociedade pressupõe práticas semióticas de interação, reguladas por relações linguageiras e discursivas que constituem limiares e limites para a sociabilidade, oscilando, de um lado, entre os polos do confronto máximo entre valores opostos, que se atualiza em manifestações de assimetria radical, e, de outro, a conciliação eufórica entre eles, que procura neutralizar as diferenças, as relações de heterogeneidade, conciliando-as, ainda que aparentemente. Assim, para analisar um leque variado de manifestações sociais de exclusão e de inclusão, examinaremos não só a situação semiótica em que ocorrem, mas, sobretudo, as formas graduais de sua resolução na argumentação em causa, os mecanismos de gerenciamento da tensão axiológica que, operados por movimentos discursivos de triagem e mistura, tendem ora à concentração dos valores, fazendo predominar os valores de absoluto e com eles o regime da exclusão, ora à sua difusão, consagrando, então, os valores de universo, de inclusão. Mais do que pensar as práticas de exclusão e inclusão como opostas e estanques, interessa-nos analisar suas diferentes formas de agenciamento estratégico, na medida em que exclusão e inclusão são operações semióticas complementares que se desdobram sobre um pano de fundo comum por meio de interdependências de várias ordens, segundo o horizonte ético e moral dos actantes da situação semiótica, da instância de destinação e dos sujeitos observadores. A partir dessas premissas, nesta sessão analisaremos práticas manifestadas em diferentes campos discursivos: o das artes plásticas (a instalação No cruzarás el río antes de llegar al puente, de Francis Alys); o da literatura ( o romance Passageiro do fim do dia, de Rubens Figueiredo e poemas de Ricardo Aleixo); e o da história em quadrinhos (a HQ autobiográfica L’Arabe du futur: une jeunesse au Moyen-Orient (19781984), de Riad Sattouf). Trabalhos dos Integrantes: Fronteiras e travessias numa instalação de Francis Alys Lucia Teixeira (UFF/CNPq) [email protected] O artista belga radicado no México Francis Alys (1959 -) apresenta, na obra intitulada “Não cruzarás a ponte antes de chegares ao rio”, uma instalação que tematiza o fluxo ilegal de imigrantes no estreito de Gibraltar. Os 14 Km de distância que, em seu trecho mais estreito, separam África e Europa foram o cenário da instalação em que crianças dos dois continentes criaram uma ponte simbólica de barcos feitos de sandálias e lenços e atiraram-se ao mar para um encontro com os que vinham do outro lado. Vídeos, objetos, pinturas, mapas, recortes de jornais e esculturas constituem a instalação, exposta no MALBA de Buenos Aires (06/11/2015 a15/02/2016). A análise semiótica dessa obra permitirá examinar os mecanismos de triagem e mistura que, ora selecionando espaços, percursos e sujeitos, ora misturando-os em discurso de alta densidade plástica, põem em relevo práticas de exclusão. Se a imigração tratada pelas mídias mostra o horror da discriminação e dizimação em fotos e reportagens que exploram a narrativa de casos, despolitizando a questão pela exposição crua da dor individual, a instalação de Alys, pela força de presença do imaginário e do simbólico, realça as contradições políticas, geográficas e históricas dos eventos migratórios. Não se trata mais de uma questão entre Espanha e Marrocos, mas de um fenômeno social universal que, tratado esteticamente, sobrepassa espaços, superpõe tempos e acolhe actantes em complexos papéis figurativos e temáticos. A linguagem multimodal da instalação, que os procedimentos enunciativos resolvem sincreticamente numa unidade de sentido, ainda que fragmentada e partida em seus desdobramentos cenográficos e meios expressivos, acolhe também o espectador, para fazê-lo parte do mundo de dor e injustiça exposto em telas líricas, barcos coloridos e mapas desconhecidos. Somente o discurso estético, ao forçar os limites dos planos de expressão das linguagens, pode abranger em sua potência máxima de sentido a aventura humana que põe um sujeito à deriva, destituindo-o da possibilidade de ancorar sua subjetividade num espaço e num tempo. Entre limites e limiares: práticas de exclusão e inclusão em Passageiro do fim do dia, de Rubens Figueiredo Eliane Soares de Lima (UNIFRAN) [email protected] Marcado pelo viés de uma contundente consciência crítica sobre os moldes vigentes de estruturação da sociedade brasileira, o romance contemporâneo Passageiro do fim do dia, de Rubens Figueiredo, publicado em 2010, pela Companhia das Letras, e vencedor, em 2011, dos prêmios São Paulo de Literatura e Portugal Telecom, segundo lugar do Prêmio Jabuti, alia apuro estético à denúncia das desigualdades sociais. Sem perder de vista o domínio da escrita, da representação literária da questão, o autor consegue, com um mínimo de ação narrativa – os contratempos enfrentados por Pedro, o protagonista, para chegar de ônibus ao Bairro do Tirol, na periferia pobre onde mora a namorada –, dar conta da complexidade envolvida na constituição dos processos que produzem e reproduzem as práticas de exclusão-inclusão, dinamizando-as. Assim, na tentativa de depreender o funcionamento interno de geração, justificação e legitimação subjacente a essas práticas semióticas ali representadas, nossa proposta é a de examinar, com base sobretudo nas lembranças de Pedro sobre o bairro do Tirol e seus moradores, núcleo de violência e injustiças sistemáticas, primeiro, se, tal como as operações discursivas de triagem e mistura – conforme concebidas por Zilberberg (2004 [2001]) –, também as práticas de exclusão e de inclusão social pressupõem uma a outra, isto é, se o movimento de exclusão recairia necessariamente sobre o de inclusão, desfazendo-o, na mesma proporção em que este último incidiria sobre as resultantes de exclusões anteriores, e de que maneira, segundo, as condições aspectuais de tais operações e suas 158 Resumos: Comunicações Coordenadas consequências interpretativas. Interessa, pois, verificar, a partir daí, como se manifestam discursivamente e são problematizadas as convicções e os valores subjacentes à opressão cotidiana e às injustiças sociais retratadas, bem como os mecanismos discursivos que, sendo o seu fundamento, levam a nossa consciência a assimilar, na experiência cotidiana, a desigualdade como algo dado, natural, algo que, na grande maioria das vezes, não se faz objeto de incômodo e questionamento crítico. Figuras da inclusão em L’Arabe du futur, de Riad Sattouf Jean Cristtus Portela (UNESP/CNPq) [email protected] Para a semiótica discursiva, a exclusão, regida pela triagem, pode ser definida como uma operação de distinção e de separação, na qual limiares e limites são tão salientes quanto precisos. É desse modo, por exemplo, que se produzem e se tipificam as diferenças entre grupos sociais hegemônicos e minoritários, entre movimentos progressistas e conservadores, entre posicionamentos moderados e extremistas e entre nativos e estrangeiros. Nesses casos, a exclusão parece claramente produzir uma narrativa, na medida em que consagra a falta. Em contrapartida, seu correlato regido pela mistura, a inclusão, torna indistintos e amalgama elementos e classes de elementos, produzindo um contraprograma à exclusão, uma narrativa de reparação do excluído. Questão por excelência de ponto de vista, restituir ou doar ao despossuído não raramente significa privar um eventual possuidor. Nas práticas de inclusão, dons e trocas entre actantes, tão próprios à estrutura das narrativas em geral, adquirem uma coloração ética notável que produz inclusões eufóricas ou disfóricas, desejáveis ou indesejáveis. Assim, a inclusão parece ser uma solução ambivalente, da qual se necessita, muitas vezes, explicitar a motivação e a finalidade. Procurando aprofundar essas reflexões, o objetivo deste trabalho é investigar as ambiguidades que subjazem às figuras da inclusão presentes na HQ autobiográfica L’Arabe du futur: une jeunesse au Moyen-Orient (1978-1984), de Riad Sattouf, primeiro volume das memórias do quadrinista em que se narra com humor e acidez o percurso de quem foi criado pelo pai sírio e pela mãe francesa para ser um árabe “educado e culto”, o “árabe do futuro”. Exclusivos e excluídos numa sociedade do privilégio: Ricardo Aleixo e a desigualdade escancarada Ivã Carlos Lopes (USP) [email protected] Experimentando, na fase recente, a multiplicação de suas orientações teóricas, a semiótica tem desenvolvido, entre outras linhas de força, a hipótese tensiva, a qual veio nos habituando à ideia de movimentos de homogeneização e heterogeneização no universo do sentido, como resultantes das operações elementares de triagem e mistura com que se comprometem os enunciadores. Meros operadores da extensidade enquanto nos atenhamos ao patamar esquemático, os movimentos de triagem e mistura não podem ocultar suas implicações de cunho político, a partir do instante em que levamos em conta seus resultados: o puro, para a triagem, e o universal, para a mistura, cada qual sendo suscetível de investimento valorativo dependente das tendências ideológicas de quem enuncia. Em cada caso, a dosagem de heterogeneidade admitida decide sobre as exclusões e inclusões praticadas aqui ou ali. Mantendo em mente essas poucas premissas de partida, queremos nesta comunicação ler e explorar em traços breves alguns poemas de Ricardo Aleixo, nos quais o poeta belo-horizontino põe em cena essas questões sociais e políticas, sem por isso desprezar o artesanato poético. Avesso a cristalizações classificatórias, difícil de situar neste ou naquele compartimento das artes que pratica, Aleixo nos fornece um bom desafio contemporâneo para a avaliação operacional da pequena ferramentaria nocional aqui evocada, quando o assunto são as inclusões e exclusões na sociedade brasileira. Com ajuda de seus poemas, poremos à prova localmente o alcance do material conceitual em construção pelos semioticistas nos dias de hoje. MEDIAÇÃO EDITORIAL E AUTORIA: A CIRCULAÇÃO DOS DISCURSOS DA PERSPECTIVA DOS PROCESSOS DE INSCRIÇÃO MATERIAL Coordenadora: Luciana Salazar Salgado (UFSCar) [email protected] Resumo da mesa: Considerando que mediações editoriais não vêm acrescentar-se aos textos como circunstância contingente e, portanto, que a inscrição material dos textos é parte integrante de seu sentido, reunimos neste simpósio estudos de diferentes objetos discursivos, delimitados em conjunturas distintas, que têm em comum tratarem do modo como uma certa formalização material, implicada em um dado modo de circulação do objeto aí constituído, estabelece uma identidade assentada nos modos de inscrição e de dispersão de uma semântica fundamental. Interessa, aqui, explorar noções de autoria atravessadas por uma relação espaço-temporal imposta pela cibercultura – fundamentada na sofisticação dos sistemas de controle e altamente informacional, isto é, autorias que se delineiam com base em materialidades de alta potência difusora, cuja produção supõe sucessivas mediações editoriais, oficiais ou oficiosas, complexificadoras das noções de fonte, instituição e mesmo de posicionamento. Assim, abordaremos as seguintes questões: 1. a autoria coletiva de livros didáticos de português para estrangeiros e a construção de imaginários sobre a cultura e o português brasileiro; 2. como se constitui a autoria nos ritos genéticos editoriais, ao considerarmos o lugar discursivo ocupado 159 Resumos: Comunicações Coordenadas pelo revisor de textos.; 3. o modo de funcionamento de gestão da autoria e do espaço associado em crônicas de Nelson Rodrigues; 4. a gestão política da figuração de poeta na contemporaneidade. Os temas propostos fazem parte de trabalhos que, estribados nos pressupostos da análise do discurso de base enunciativa, são desenvolvidos no âmbito do grupo de pesquisa Comunica – inscrições linguísticas na comunicação (UFSCar/CNPq). Trabalhos dos Integrantes: Autoria coletiva e imaginários: indícios da heterogeneidade discursiva em uma coleção didática de português para estrangeiros Helena Maria Boschi da Silva (UFSCar) [email protected] Numa conjuntura em que o interesse pelo “português brasileiro” e pelo que se convencionou chamar “cultura brasileira” em nível mundial aumenta consideravelmente devido a fatores de ordem socioeconômica – o que pode ser constatado em notícias, fatos e pesquisas diversas – , o estudo de livros didáticos como dispositivos históricos, materialidades que linearizam discursos de uma certa época, torna-se um imperativo para que se conheçam seus desdobramentos na construção identitária de nosso país. Na esteira dos estudos do discurso de linha francesa, consideramos esses materiais como suportes que se constituem na articulação de técnicas e normas que, embora produzam um efeito de neutralidade e consenso, são sempre formalizações de práticas oriundas de comunidades específicas, suportes produzidos por sujeitos e que produzem subjetivação (SALGADO, 2013). A composição de sua forma final, portanto, é sempre o resultado de negociações entre o posicionamento de seus autores, de quem lhes encomenda, daqueles que o editam, e legitima imaginários produzidos em redes interdiscursivas tecidas por relações de poder. Definimos como córpus o conjunto de livros didáticos Brasil Intercultural: língua e cultura brasileira para estrangeiros (MOREIRA; BARBOSA; CASTRO, 2013), publicado recentemente pela Casa do Brasil de Buenos Aires e utilizado por instituições argentinas e uruguaias. Assim como muitos materiais didáticos, a autoria nesse caso é formalmente estabelecida como coletiva, uma vez que são materiais produzidos por equipes de autores. Verificaremos como se constroem imaginários de língua, de cultura e de nação por meio dos textos e atividades escolhidos para fazer parte de sua composição, procurando indícios da heterogeneidade constitutiva característica da linearização dos discursos e do conflito solidário que daí resulta (AUTHIERREVUZ, 2004), potencializada, nesse caso, pela coletividade enunciativa da instância autoral. Revisor: um coenunciador do texto? Luciana Rugoni Sousa (UFSCar) [email protected] Para muitos, a revisão de textos é um trabalho exclusivamente técnico, pois não se associa a tal atividade a complexidade que envolve os processos de correção, calibragem e sugestões ao texto de um outro, que tem dimensão normativa, portanto implicações ideológicas. Observando os processos de tratamento dos textos de uma perspectiva discursiva, é possível encontrar indícios de diferentes formas de imposição e apropriação dos textos, em suas diferentes etapas e feições. O revisor de textos, nessa perspectiva, parece ser aquele que, por trabalhar diretamente na malha textual, propõe novas possibilidades, alterações, levantando imprecisões e reflexões sobre o texto e, desse modo, proporcionando ao autor uma exterioridade, um distanciamento, permitindo que se estabeleça uma versão final consistente. Ou seja: é preciso que o revisor se ocupe com problemas tanto da língua enquanto sistema quanto com as escolhas estilísticas e suas consequências discursivas, que produzem a posição de um autor. Instituído nessa trama, o revisor parece fazer parte dessa negociação de sentidos que se dá nas textualizações dos discursos. Fala de um lugar que não é propriamente de coautoria, tampouco é de mero “parafraseador”; o trabalho do revisor de textos, escancarando o dialogismo constitutivo de toda tomada de palavra, caracteriza-se como o de um coenunciador. Portanto, ao trabalhar sobre o texto de um outro, parece essencial compreender a relação entre autoria e leitura e, com isso, compreender melhor a produção de bens culturais, que mobilizam vários atores, estabelecendo relações entre diferentes lugares, práticas e memórias numa atividade “de coxia”. Para tanto, investiga-se, por meio da noção de ritos genéticos editoriais, o lugar discursivo ocupado pelo revisor de textos, ao considerarmos que tal atividade faz parte dos ritos genéticos (MAINGUENEAU, 2007): “são esses ritos que, ao confrontar escribas – autores e coenunciadores – fazem funcionar a autoria, nas muitas formas que ela assume atualmente, quando a criação é um processo cada vez mais coletivo e socialmente partilhado” (SALGADO, 2007, p. 290). O sintagma “complexo de vira-latas” e a gestão da autoria nas crônicas de Nelson Rodrigues João Thiago Monezi Paulino da Silva (UFSCar) [email protected] As pesquisas que tratam da gestão da autoria em textos literários vêm constituindo um lugar bastante produtivo para os estudos do discurso, visto que se propõem a investigar, especificamente, os regimes de funcionamento das instâncias de autoria em modos diferentes de publicações e de circulação, inscritos em diferentes materialidades. É possível notar que, em algumas produções de escritores já consagrados pelo cânone, há um modo particular de gestão da autoria que se põe como manutenção dos próprios discursos. Algumas inscrições, tal como o sintagma “complexo de vira-latas”, cunhado na crônica homônima, de autoria de Nelson Rodrigues, pode constituir, discursivamente, como dispositivo de autogestão da figura de auctor, constituindo um perfil identitário do escritor. Como objetos de análise, balizamos nossa pesquisa no levantamento de diferentes publicações de crônicas esportivas, publicadas entre os anos de 1955 e 1959, postas em circulação pela revista Manchete Esportiva. As paráfrases do sintagma figurariam um posicionamento estético-político do autor sobre um ponto de vista em relação à 160 Resumos: Comunicações Coordenadas problemática da autoestima brasileira, particularmente no campo esportivo, instaurada depois da derrota da seleção brasileira de futebol em 1950. Desse modo, as ocorrências compreenderiam como um constituinte da conjuntura socioesportiva do período, que compreende as décadas de 1950 e 1960, ao mesmo tempo em que configuraria um modo de gestão do próprio discurso de Nelson Rodrigues. Teoricamente, para atender a essa demanda, mobilizamos noções de dimensões de autor e gestão de espaços canônico e associado (MAINGUENEAU, 2006, 2010). Isso implica em analisar a forma como a instância subjetiva manifesta certa unidade ao seu discurso, corroborando uma visão de mundo singular do contexto social e esportivo. As formulações parafrásticas de “complexo de vira-latas”, portanto, nesse contexto, funcionariam como o elemento literário que amalgamaria a gestão de auctor aos discursos de representação do complexo de inferioridade, corriqueiramente presentes nas crônicas de Nelson Rodrigues. Autorias, materialidades e meios: modos de gerir a figuração de poeta Luciana Salazar Salgado (UFSCar) [email protected] A problemática da circulação é, hoje, pedra de toque dos estudos discursivos, e os trabalhos que se põem a investigá-la têm de abordar as características dos objetos nos quais, inscritos, os discursos textualizados se difundem, se dispersam. Aqui, assumimos a ênfase na investigação de objetos que, também como efeito dessa inscrição, participam da produção dos sentidos reconhecidos como literários. Mais especificamente, dos que são assim reconhecidos porque fazem referência a processos de criação, produzindo o que caberá numa partilha do sensível (RANCIERE, 2009), uma forma de coesão social. Isso implica, no atual período, levar em conta a cultura remix, notadamente as práticas de edição que a caracterizam, as quais põem problemas interessantes a categorias há muito assentadas, como autor, leitor, editor, original, obra derivada, citação, plágio, direitos autoriais, entre outras correlatas. Para tanto, mobilizamos noções como paratopia criadora, gestão de espaço canônico e espaço associado (MAINGUENEAU, 2006) e procuramos considerar em termos interdiscursivos essa abordagem das manifestações literárias, isto é, que ela exige levar em conta que uma nova cultura se impõe, formulada na aceleração contemporânea (SANTOS, 2010), geradora de uma intensa demanda por ubiquidade. Nesse contexto, a circulação da poesia demanda dos poetas que figurem fundamentalmente assentados numa performance política. Casos como a coleção Galo Branco da editora Urutau, as publicações do Poeta em Queda, a programação de marketing da Companhia das Letras ao republicar Leminski ou a recente atuação de Augusto de Campos sustentam nossa hipótese de trabalho relativa a essa cultura estar diretamente ligada a certos conjuntos de sistemas de objetos e, vivida como sensação arrebatadora, ser da ordem da materialidade, ou seja, é materialmente produzida. Mais precisamente: conjuntos de dispositivos (objetos técnicos) em articulação sistêmica geram certas disposições (subjetivações), que também sobre eles recaem, numa dinâmica não só de cultivo dessa articulação, mas de culto. O DISCURSO DE DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA NO BRASIL. OLHARES SOBRE SEUS DIFERENTES MOMENTOS Coordenador: Luiz Rosalvo Costa (USP) [email protected] Resumo da mesa: O objetivo desta comunicação coordenada é apresentar uma amostra de pesquisas que, alinhavadas pelo fato de se dedicarem à análise de enunciados de divulgação científica, exprimem a convergência e a diversidade de recortes e perspectivas dos estudos nos quais essa atividade discursiva como um campo em que podem ser mostradas formas específicas pelas quais o discurso se constitui na e pela articulação entre o linguístico e o extralinguístico. Nessa linha, são mobilizados, de uma parte, referenciais teóricos do Círculo de Bakhtin para compreender especificidades da arquitetônica do discurso de divulgação científica no Brasil em três espaços-tempos distintos: no século XIX, com as Conferências Populares da Glória; no final do século XX, com a revista Ciência Hoje, e; no século XXI, com três revistas de divulgação científica em suas páginas no Facebook. A partir de conceitos como responsividade, relações dialógicas, gêneros discursivos, esferas ideológicas etc., os enunciados que compõem esses diferentes corpora são focalizados, como propõe a teoria bakhtiniana, na qualidade de elos da cadeia de comunicação da sociedade. De outra parte, em um frutífero contraponto, elementos da análise do discurso e da epistemologia da ciência são manejados em uma abordagem teórica transdisciplinar com o propósito de investigar a divulgação científica enquanto atividade discursiva na qual, de modos específicos, articulam-se o conhecimento científico e o senso comum. Fundamentado em proposições de Charaudeau, Giering, Bachelard e Adam, o estudo em questão analisa enunciados da revista Ciência Hoje das Crianças mostrando como certos procedimentos construtivos são organizados justamente para preencher o distanciamento entre o senso comum e o saber dos cientistas. Com esse painel, a mesa conta oferecer exemplos de relevantes contribuições para a produção de conhecimento sobre o discurso de divulgação científica no Brasil e sobre algumas das perspectivas teóricas a partir das quais esse discurso pode ser compreendido. Trabalhos dos Integrantes: A produtividade da concepção bakhtiniana de esferas ideológicas para a análise de enunciados da revista Ciência Hoje nas décadas de 1980 e 1990 Luiz Rosalvo Costa (USP) [email protected] O objetivo da comunicação proposta é explorar a produtividade do conceito bakhtiniano de esferas ideológicas para a análise do discurso de divulgação científica materializado em enunciados da revista Ciência Hoje nas décadas de 1980 e 1990. A análise é 161 Resumos: Comunicações Coordenadas norteada pelo pressuposto de que alguns dos principais conceitos da teoria da linguagem do Círculo de Bakhtin são atravessados por uma concepção de ideologia cuja síntese pode ser traduzida pela ideia de que o universo ideológico se constitui nos e pelos significados e sentidos materializados em objetos-signo e enunciados concretos construídos sob as coerções e os limites das especificidades e dos gêneros próprios à esfera em que eles se produzem. Nessa perspectiva, a esfera é pensada, então, como uma instância de mediações entre a produção enunciativa concreta e as determinações da realidade histórico-social. Cada uma delas representa uma maneira específica pela qual o intuito discursivo dos sujeitos enunciativos articula-se, no território dos enunciados concretos, com as injunções e os condicionamentos do macrocosmo social. Assim, levando em conta algumas especificidades das esferas articuladas pelo discurso de divulgação científica e alguns aspectos relativos ao estatuto do conhecimento científico na sociedade atual, a comunicação busca mostrar alguns traços pelos quais as determinações da realidade social mais ampla, sob a ação de mediação próprias do discurso de divulgação científica, manifestam-se em elementos composicionais, temáticos e estilísticos de enunciados da revista Ciência Hoje no período mencionado. Cultura científica e o discurso de divulgação científica no Brasil do Século XIX: uma análise discursiva da unidade arquitetônica das Conferências Populares da Glória Urbano Cavalcante Filho (USP/Paris Nanterre) [email protected] A atividade de divulgação científica, no decorrer dos séculos e a partir do estabelecimento da ciência moderna nos séculos XVIXVII, respondeu a vários interesses, contextos e motivações, apresentando fases distintas por conta dos pressupostos filosóficos sobre ciência, conteúdos científicos e interesses sociopolíticos e econômicos envolvidos no momento sóciohistórico em que estava inserida. O século XIX é considerado o período de forte desenvolvimento e consolidação da ciência. Conhecido como o século das Ciências, nesse período, muitos avanços e muitas descobertas aconteceram nas variadas áreas do conhecimento, a exemplo da medicina, da filosofia, das ciências naturais e da filosofia. Nesse período, a Revolução Francesa e a Revolução Industrial desempenharam papel importante no processo de racionalização da pesquisa científica. Toda essa conjuntura, de certa forma, influenciou a criação das Conferências Populares da Glória, um espaço de divulgação científica de grande impacto na sociedade do Rio de Janeiro no século XIX, projetado com a finalidade de promover instrução, socialização e divulgação de saberes científicos, das artes e da cultura em geral à sociedade. Nessa comunicação, nosso objetivo central é analisar a unidade arquitetônica do projeto discursivo das Conferências Populares da Glória que se dedicaram a tratar de temas científicos. Para depreendermos a arquitetônica desse discurso, convocaremos os conceitos de gênero do discurso, ato ético responsável, responsividade, relações dialógicas e tom emotivo-volitivo da teoria dialógica da linguagem, advinda das reflexões epistemológicas do Círculo de Bakhtin. Como objeto de análise, elegemos três conferências proferidas em 1876: “Darwinismo, seu presente, seu passado e seu futuro”, “Materialismo e Espiritualismo” e “O Positivismo”. Com essa análise, buscaremos mostrar as características das regularidades relativamente estáveis dessas conferências que, nas singularidades do material semiotizado nos enunciados, permitir-nos-ão descrever a constituição do conteúdo e da forma da arquitetônica desse projeto discursivo. Curtir, compartilhar e comentar: A responsividade dos leitores de divulgação científica no Facebook Artur Daniel Ramos Modolo (USP) [email protected] A presente comunicação visa analisar a maneira pela qual a responsividade se constitui discursivamente em páginas de divulgação científica no Facebook. Empregaremos como material de análise posts publicados pelas revistas Superinteressante, Scientific American Brasil e Pesquisa Fapesp durante a primeira semana de dezembro de 2015 em suas respectivas páginas no Facebook. Quantitativamente analisaremos o número de curtidas e compartilhamentos como um dos índices de interesse do leitor presente no Facebook. Qualitativamente investigaremos como os comentários permitem não apenas a aprovação dos enunciados postados, mas também réplicas, perguntas, sugestões etc. As ideias bakhtinianas referentes à responsividade e às relações dialógicas serão utilizadas como orientação teórico-metodológica dessa comunicação. O contexto sócio-histórico indica uma série de mudanças tecnológicas e culturais que reverberaram no jornalismo e na ciência. As revistas de divulgação científica eram uma das mais relevantes fontes de conteúdo relacionado à ciência no cenário pré-popularização da Internet. Tal protagonismo passou a ser continuamente compartilhado após o crescimento do uso domiciliar da Internet e as centenas de milhares de páginas criadas diariamente. A partir do Facebook, revistas de divulgação científica gradativamente passaram a publicar e disponibilizar conteúdo para os seus leitores em suas páginas, não apenas em seus sites oficiais. Ao mesmo tempo que o Facebook possibilita a ampliação do público leitor, um novo grau de complexidade se impõe às revistas que disputam a atenção do leitor em meio a outros posts de temática heterogênea. A principal hipótese de nossa análise é que recursos visuais (vídeos, imagens, tabelas) e humor sejam utilizados para captar a atenção e possíveis reações positivas do leitor. O discurso promocional e epistemológico de um texto da revista Ciência Hoje das Crianças Ana Fukui (Unisinos) [email protected] A divulgação científica está relacionada à grande assimetria entre os cientistas e o público; esta constatação solicita um esforço para criar formas de aproximação entre os participantes. Uma das formas mais antigas e populares de se realizar essa tarefa são as revistas impressas de divulgação científica, que também têm sua versão voltada às crianças. Assim, além de sua finalidade inicial, falar de ciência para quem não é cientista, elas precisam ainda lidar com a linguagem de uma maneira particular. Um dos 162 Resumos: Comunicações Coordenadas melhores exemplos no Brasil sobre a realização dessa complexa atividade é a revista Ciência Hoje das Crianças. Neste trabalho, analisa-se um conjunto de textos desse periódico com o objetivo de descrever como as desigualdades entre o conhecimento de senso comum e o conhecimento científico foram organizados para, ao mesmo tempo, captar o leitor e assegurar uma efetiva compreensão dos conceitos científicos. Para isso, se constrói uma abordagem teórica transdisciplinar, relacionando-se elementos da análise do discurso e da epistemologia da ciência. Assim sendo, esta investigação é fundamentada teoricamente nos conceitos de discurso promocional proposto por Charaudeau (2010) e por Giering (2016). Também traz reflexões da epistemologia de Bachelard (1996) para definir senso comum e conhecimento científico. Como metodologia, consideram-se também dois conceitos da Análise Textual dos Discursos segundo Adam (2011): a orientação argumentativa dos enunciados e as sequências textuais. Os resultados obtidos mostram que as categorias textuais-discursivas e epistemológicas usadas para analisar o texto são coerentes entre si; além disso, a sequência textual proposta visa preencher o distanciamento inicial entre as duas formas de conhecimento apresentadas: o senso comum e o científico. DIVERSIDADE DE INSCRIÇÃO DE PRÁTICAS DISCURSIVAS PARATÓPICAS NA CONTEMPORANEIDADE Coordenadora: M. Cecília P. de Souza-e-Silva (PUC-SP/CNPq) [email protected] Resumo da Mesa: Os textos aqui reunidos tratam da inscrição dos enunciadores em diferentes discursos que apontam para a produtividade do conceito de paratopia, o qual vem sendo desenvolvido por Maingueneau em vários de seus livros e/ou artigos, entre os quais destacamos O contexto da obra literária (1995), O discurso literário (2010a), A paratopia e suas sombras (2010b) e Discurso e análise do discurso (2015). Machado de Campos procura compreender, sob o ponto de vista discursivo, a peculiaridade da condição de travestis, transexuais e transgêneros, uma vez que não se encaixam nas topias preestabelecidas, fundadas no binarismo masculino e feminino, relegando-os a uma posição marginal na sociedade. Essa consequente desigualdade aponta para a relevância de se discutir o preceito de paratopia de identidade. Souza-e-Silva problematiza o modo de inscrição dos discursos da mulher dos bairros periféricos de São Paulo no universo discursivo. Questiona e ao mesmo tempo propõe sua classificação na categoria de discursos paratópicos. Se a paratopia expressa o pertencimento e o não pertencimento, a possível inclusão em uma topia, aponta para a possibilidade de estudar, nesses discursos, as paratopias de identidade e espacial. Rocha explora a dimensão paratópica dos discursos que funcionam na atualidade como reguladores das atividades do trabalho docente em programas de pós-graduação. Considerando que a noção de paratopia implica uma negociação entre inclusão em/exclusão de uma dada “topia”, e que várias são as possibilidades que se oferecem à investigação (paratopias de identidade, espacial, temporal, linguística, etc.), centra a atenção no caráter paratópico das identidades em produção nos referidos discursos. Trabalhos dos Integrantes: A paratopia identitária de travestis, transexuais e transgêneros Marcella Machado de Campos (PUC-SP) [email protected] Com o intuito de compreendermos, sob o ponto de vista do discurso, quão peculiar é a condição de travestis, transexuais e transgêneros, uma vez que não se encaixam em nenhuma das topias preestabelecidas fundadas a partir do binarismo masculino e feminino, o que acaba por relegá-las/los a uma marginalização imemorial e consequente desigualdade, afirmamos ser relevante discutir o preceito de paratopia – aqui, a de identidade. Na contramão do pertencimento morfológico ao sexo que o constitui biologicamente, o indivíduo “T” é um ser paratópico por excelência, pois sua existência e seu direito à cidadania são rechaçados de modo reiterado nos âmbitos jurídico, político e social, comprometendo seu papel como enunciador de um discurso caso seja aceito que “para estar em conformidade com sua enunciação, o produtor de um texto deve construir ele mesmo uma impossível identidade por meio das formas de pertencimento/não pertencimento à sociedade” (Maingueneau, 2010a: 160). Diante disso, e não pela aparente perfilhação a um mesmo campo semântico como suporia o senso comum heteronormativo, torna-se plausível traçar um paralelo com os estudos do discurso pornográfico empreendidos por Maingueneau (2010b) e a materialidade linguística que transita sobre a população “T”: o espaço social que ambos os discursos ocupam é problemático, e assim como a produção pornográfica é “tolerada, clandestina e noturna”, o mesmo é válido para travestis, transexuais e transgêneros, bem como para seus discursos. Ainda que pareça haver essa correspondência, é preciso levar em conta como (não) se dá o modo de inscrição da comunidade “T” no universo discursivo e como elas e eles se apropriam do domínio daquilo que pode ser dito em dada sociedade; daí a pertinência de se apreender o conceito da paratopia sob o viés da identidade de gênero como subsídio para a análise das condições de produção daquilo que circula sobre travestis, transexuais e transgêneros. Discursos de mulheres da periferia de São Paulo: um pertencimento paradoxal M. Cecília P. de Souza-e-Silva (PUC-SP/CNPq) [email protected] No momento em que muitos coletivos multiplicam-se e se firmam, gerando novas formas de se organizar e discutir questões sociais importantes, parece-nos fundamental entender os discursos do coletivo Nós, mulheres da periferia que têm circulado, desde 2012, em um site e em redes sociais, com o objetivo de chamar a atenção para a invisibilidade e os direitos não atendidos de uma parte específica das mulheres, as que moram em bairros periféricos de São Paulo: “Informar e divulgar ações, criar um 163 Resumos: Comunicações Coordenadas canal de diálogo sobre mulheres da periferia e colocar o tema em discussão. Queremos dar voz e nos ver sentir representadas”. Entre as atividades de trabalho mais recentes do grupo, destaca-se a exposição multimídia QUEM SOMOS [POR NÓS], na qual as histórias das mulheres da periferia, contadas [por] elas mesmas através de diversos suportes semióticos, saíram de suas casas, lugar historicamente destinado a elas, para ocupar um espaço público, o de um centro cultural na zona norte da cidade. Procurando problematizar o modo de inscrição desses discursos no universo discursivo, perguntamos: Qual sua maneira de se relacionar com a “topia”, de ocupar o espaço do que é dizível em uma sociedade (Maingueneau, 2010)? Tal discurso pode ser classificado como paratópico? Se toda paratopia expressa o pertencimento e o não pertencimento, a possível inclusão em uma topia, se ela pode afastar alguém de um grupo, de um lugar, de um momento, depreende-se a possibilidade de estudar, nesses discursos, as paratopias de identidade e espacial. As falas das enunciadoras problematizam não só sua condição como mulheres, a maioria delas, negras, mas também o espaço a partir do qual pretendem manter seu discurso: “Somos maioria. Somos minoria. Pobres, pretas, brancas, periféricas. Migrante, nordestina, baianinha, quilombola, indígena.” Continuar essa reflexão implica discutir cenografias construídas pelo Manifesto do grupo e pelo cartaz da exposição, composto de uma frase destacada que busca dar o tom do evento: “A mídia não conta a minha história”, aforização não isenta de valores assumida pela fotografia do rosto de uma negra. Paratopia dos discursos sobre o trabalho docente em pós-graduação Décio Rocha (UERJ/CNPq) [email protected] De produtividade ainda não suficientemente explorada nos trabalhos em Análise do Discurso, o conceito de paratopia circunscreve o problema da relação que se estabelece entre um texto e a configuração histórica da qual emerge esse texto. A esse respeito, falar de texto, por um lado, e de uma configuração histórica que lhe dá origem, por outro, assumindo de antemão um hiato entre ambos, talvez já signifique a negação mesma do conceito de paratopia, cujo traço mais pregnante é a impossibilidade de se conceber a obra como representação ou expressão de conteúdos produzidos à parte, no mundo. Como se lê em O Contexto da obra literária (MAINGUENEAU, 1995, p. 19), “as obras falam efetivamente do mundo, mas sua enunciação é parte integrante do mundo que pretensamente representam”. Eis a razão pela qual a visada paratópica conduz a uma perspectiva oposta à do filólogo, que lida com o texto como um documento, como a expressão dos costumes de uma dada época, e com o autor como ser “representativo” dessa mesma época. Como diz Maingueneau, o autor fica sendo o lugar da reconciliação do individual e do coletivo (MAINGUENEAU, 1995, p. 2). Por razões da mesma ordem, a visada paratópica também se opõe à perspectiva sustentada por um marxismo clássico, para o qual a obra é um reflexo ideológico da luta de classes, ou, numa versão mais recente do marxismo, uma “representação das contradições do mundo histórico real” (MAINGUENEAU, 1995, p. 7). Neste trabalho, busco explorar a dimensão paratópica dos discursos que funcionam na atualidade como reguladores das atividades do trabalho docente em programas de pós-graduação. Considerando que a noção de paratopia implica uma negociação entre inclusão em/exclusão de uma dada “topia”, e que várias são as possibilidades que se oferecem à investigação (paratopias de identidade, espacial, temporal, linguística, etc.), centrarei a atenção no caráter paratópico das identidades em produção nos referidos discursos. O interesse deste trabalho será ainda ratificado por uma dupla questão: (i) a pertinência de um corpus de natureza jurídica para abordar a noção de paratopia; (ii) a produtividade da noção de ritos genéticos no referido contexto de investigação. DISCURSO, PSICANÁLISE E O MAL ESTAR CONTEMPORÂNEO Coordenador: Maria Antonieta Amarante de Mendonça Cohen (UFMG) [email protected] Resumo da mesa: A partir dos últimos textos de Freud, incluindo O homem Moisés e a religião monoteísta e os comentários ali presentes, título da última edição traduzida diretamente do alemão por Zwick (2013), faremos algumas conexões entre o mal estar daquela época, que foi objeto da atenção de Freud, e o atual, que nos circunda e nos envolve. Há uma queixa generalizada de que nos tempos atuais, a esse homem da globalização pós-moderno, imbricado e implicado em redes, falta um parâmetro. Segundo Forbes (2014: xviii) no tempo de Freud a organização social era em pirâmide: o pai, o chefe, a pátria e também o era o pilar da estruturação subjetiva. O entendimento da situação atual como fragmentada nos conduz a uma reflexão sobre a constituição do sujeito na contemporaneidade e à pergunta se esta se faz atualmente de uma forma diferente das gerações anteriores. Para tal discussão estabeleceremos um diálogo entre os estudos dialógicos e discursivos, para quem a alteridade, a existência de um outro, é fundamental e a psicanálise, para quem o outro também é um conceito constitutivo. Pretendemos imbricar conceitos que envolvam o eu e o outro que se manifestem em diferentes instâncias discursivas. Trabalhos dos Integrantes: O sujeito fragmentado dos dias atuais Maria Antonieta Amarante de Mendonça Cohen (UFMG) [email protected] Propomos para esta sessão coordenada sobre o mal estar contemporâneo, a psicanálise e os estudos discursivos, problematizar a ideia da existência de um parâmetro único, que seria a figura paterna, tanto do ponto de vista individual quanto coletivo. Vários fenômenos da pós-modernidade, como a violência, as seitas religiosas sinalizam a fragmentação desse parâmetro, esse colapso 164 Resumos: Comunicações Coordenadas da subjetivação, como citado por Rosário (2006) ao tratar da violência de adolescentes. Os estudos discursivos tomam a linguagem como dialógica em vários de seus momentos, seja no das heterogeneidades constitutivas, como o faz Authier (2014) e Authier-Revuz (1990) e anteriores, na teoria dos sujeitos de Charaudeau (2008) e mesmo nas mais recentes, que tratam da Nova Retórica e dos estudos discursivos. A necessidade dos funcionamentos discursivos para o entendimento da argumentação é mostrada por Amossy (2011), e é patente a importância do outro nesses mecanismos da linguagem humana. Também o é para a psicanálise, para a qual o outro é de fundamental importância, já que o sujeito se constitui através deste na sua entrada na linguagem humana. Pretendemos imbricar conceitos que envolvam o eu e o outro que se manifestam em diferentes instâncias discursivas, sem perder de vista esse vínculo constitutivo da subjetivação. (Re)arranjos sociais e modos de subjetivação do professor na contemporaneidade Hermínia Maria Martins Lima Silveira (UFMG) [email protected] Este estudo, à luz de uma abordagem discursiva em interface com a psicanálise, propõe investigar o discurso de sete professores que atuam em turmas de ensino básico de uma escola pública localizada no interior de Minas Gerais cujo público discente, em grande parte, é oriundo de comunidades rurais. Para a pesquisa, admite-se que existem novas formas da sociedade contemporânea se organizar, novas maneiras do sujeito se relacionar com o espaço e o tempo, novas formas de fazer laço social, ou seja, o que se tem é uma sociedade da supremacia do imaginário e empobrecimento na palavra, do simbólico, sociedade narcísica, teatral, cuja performance do sujeito adquire destaque na cena social, no movimento de sedução, de objetalização do outro em prol de satisfação pessoal. É sob essa perspectiva que se pretende refletir a respeito do surgimento de novas imagens de si do sujeito-professor, de novas representações, de novos modos de subjetivação do professor na atualidade. Tendo em vista os objetivos propostos, o corpus foi construído a partir, no primeiro momento, da realização de entrevista individual de natureza semiestruturada que permitiu ao professor falar e refletir sobre si, sobre o seu fazer em sala de aula e sobre ser professor na atualidade. No segundo momento de encontro com os professores, foram realizadas rodas coletivas de conversa com propósito de interrogar os discursos cristalizados presentes nas entrevistas, colocar em xeque as identificações do grupo atravessadas pelo imaginário coletivo e possibilitar a emergência de dizeres silenciados nas entrevistas. Para tanto, alguns questionamentos se apresentaram pertinentes para este estudo: De que maneira se configuram as relações professor-aluno nessa nova dinâmica social? Houve um esvaziamento simbólico e imaginário da função de professor enquanto autoridade? Como é construída a relação dos docentes com os discursos das políticas pedagógicas do campo educacional? Os não-lugares do discurso e do sujeito Iná Maria Nascimento Gomes Silva (UFU) [email protected] A mobilidade urbana constitui, na contemporaneidade, o semblante que mimetiza o conceito de movimento tentando legitimar desejo e vida em não-lugares como aeroportos, auto-estradas, viadutos, ou seja, lugares que apenas possibilitam passagem de um espaço a outro. Cercado de “espaços” por todos os lados – espaço de lazer, espaço de jogos, espaço público, etc. – vive-se na cidade não a experiência de satisfação de uma conquista espacial, mas, a experiência de anonimato e isolamento. Os não-lugares constituem hoje a mensuração do nosso tempo. Presentificam a estranheza e a experiência de choque na qual o sujeito é remetido à condição de expectador sem se importar com a natureza do espetáculo. Ocorre que a relação sujeito-cidade excede às tentativas de enunciados. Os sujeitos assim como a cidade são igualmente constituídos de desejos. Em Freud o desejo é o Wunsch – aspiração, voto, desejo permeado pela tessitura do enigma de um saber não-sabido. Quem a-borda o mal estar contemporâneo necessita de letra. Com que letra eu vou? O DISCURSO DA VIOLÊNCIA EM DIFERENTES MATERIALIDADES Coordenadora: Márcio Rogério de Oliveira Cano (UFLA) [email protected] Resumo da mesa: Os trabalhos acerca das formas como se manifestam a violência tem gerado um campo produtivo para compreender diferentes estratégias de instalação das desigualdades entre os sujeitos e os grupos aos quais pertencem. Nos últimos anos, uma forma sutil de violência tem sido evidenciada para além daquelas que se configuram como ato agressivo ao corpo físico e que tem apreendido esse fenômeno nas formas de tratamento dos grupos estereotipados, que retiram a dignidades dos sujeitos. Esses trabalhos são formas de se pensar tal violência como uma construção discursiva. Nesse sentido, a Análise do Discurso tem sido uma disciplina bastante fértil em problematizar essa questão e levantar possibilidades de compreendê-la e, dentro dos seus limites, mostrar como ela se constitui. Por isso, essa mesa tem por objetivo congregar alguns estudiosos de diferentes instituições que tratam desse fenômeno como um discurso e procura discuti-lo a partir de diferentes materialidades em diferentes campos discursivos, como o religioso, o literário, o político e o jornalístico. Em tais estudos temos podido levantar os traços constitutivos de uma formação específica da violência que parte do primado do interdiscurso e que prevê, em sua gênese, os discursos racista, machista, homofóbico, patronal entre outros, construindo uma série de desiguadades. Nos trabalhos aqui desenvolvidos, nos respaldamos em uma teoria enunciativo-discursiva conforme é apontado, especialmente, pelos trabalhos de Dominique Maingueneau no que diz respeito às categorias como ethos discursivo, paratopia, atopia, cenas de enunciação entre outras. 165 Resumos: Comunicações Coordenadas Trabalhos dos Integrantes: A manifestação dos estados de violência no discurso jornalístico Márcio Rogério de Oliveira Cano (UFLA) [email protected] Esta pesquisa trata da forma como os estados de violência, orientados por um discurso da violência, constitui, interdiscursivamente, o discurso jornalístico. Para tanto, traçamos como objetivo apresentar de que forma o discurso da violência acaba impregnando o discurso jornalístico, promovendo uma série de estados de violência. O tema mostra-se de grande relevância social e acadêmica, pois contribui com os estudos acerca de um fenômeno de grande preocupação social, que é a violência, assim como a importância acerca da necessidade de se buscar caminhos para entender os traços de uma violência que se encontra em uma dimensão mais sutil, diferente dos atos de violência, que se encontram em uma dimensão mais concreta. Partimos, portanto, da tese de que o discurso da violência é um discurso atópico, que vive à margem da sociedade, impregnando outros discursos nas formas de tratar o outro, mas que pode ser apreendido pelos mecanismos da Análise do Discurso. Para efetivar essa pesquisa, constituímos um corpus composto de cinco cenas genéricas selecionadas durante nosso doutorado, provenientes da Folha de S. Paulo e da revista Veja. Como respaldo teórico da Análise do Discurso, utilizamos, principalmente, os trabalhos de Dominique Maingueneau. Esta pesquisa apontou que há um discurso da violência e que ele é atópico, ficando, portanto, à margem dos outros discursos tópicos e paratópicos, mas que, por meio do interdiscurso, ele acaba impregnando o discurso jornalístico e faz com que, por meio da cenografia e do ethos discursivo, cometa-se uma série de estados de violência contra os vários grupos e atores sociais, utilizando os traços estereotípicos que repousam na memória discursiva das comunidades discursivas para tratar o outro de forma violenta. Esse discurso da violência constitui os traços do posicionamento do enunciador que pode ou não ser aderidos pelo co-enunciador, fazendo com que esse tipo de violência se perpetue. Representação, gênero e violência no discurso jornalístico Luciana Soares da Silva (UFLA) [email protected] Este trabalho diz respeito aos resultados obtidos na pesquisa de doutorado, na qual foi abordada a relação entre discurso, gênero e violência, procurando mostrar os conflitos e desigualdade social presentes na linguagem. Por essa razão, objetivamos discutir de que modo a mulher política é representada no discurso jornalístico e como essa representação revela a violência simbólica contra a mulher. Tais objetivos foram motivados pela observação de que há uma forma sutil de tratar a mulher no jornal que suscita, além do ato, um estado de violência contra as mulheres. Para alcançar nossos propósitos, fundamentamos nosso trabalho nos estudos da Análise do Discurso, na abordagem semiolinguística de Patrick Charaudeau, em paralelo à discussão interdisciplinar de gênero, de representação social e de violência. Procedemos, em seguida, à análise do corpus, constituído por textos recolhidos do jornal Folha de S. Paulo, no período eleitoral de 2010 e no primeiro ano de mandato presidencial de Dilma Rousseff, a partir das categorias de estereótipo, ethos e metáfora. Nessa investigação, verificamos que a violência baseia-se, principalmente, no conflito entre o espaço privado e o espaço público, em que a herança patriarcal é transferida. A mulher, mesmo ocupando o espaço político de poder, é representada pelas funções sociais que lhe são atribuídas no interior da casa (dona de casa e mãe) e pela imagem de objeto sexual de desejo que lhe é atribuída no exterior da casa (musa). Assim, constatamos que a violência simbólica está presente na forma de representação da mulher pelo discurso jornalístico, por meio da reprodução estereotipada das relações de gênero. Discurso da negritude em José do Nascimento Moraes: ação e reação contra violências e estados de violência Rosângela Aparecida Ribeiro Carreira (IFMA) [email protected] O discurso da negritude presente em José do Nascimento Moraes, autor maranhense, não somente revela o racismo social como instaura um discurso de reação às condições sociais, econômicas e políticas a que eram submetidos os cidadãos maranhenses, em particular os negros, revelando violências e estados de violência presentes naquela sociedade. Este trabalho expõe tais características, utiliza como corpus o romance “Vencidos e Degenerados” e pauta seus resultados na Análise do Discurso (AD), utilizando categorias como fato relatado, dito relatado e discurso relatado de Charraudeau (2007-2012) e universo, campo e espaço discursivos de Maingueneau (2007) para compreensão do topos jornalístico na construção do espaço discursivo e da encenação genérica para verificar como o dito relatado revela o contexto da época por meio das estratégias linguísticas, que constroem a encenação e revelam características sócio-culturais do período abolicionista, bem como, estabelecem um processo de construção da imagem do negro naquela época, revelando, assim, a ideologia de diferentes classe sociais em relação à posição do negro na sociedade abolicionista. A violência no discurso religioso Jarbas Vargas Nascimento (PUC-SP) [email protected] Com base na Análise do Discurso em sua abordagem enunciativo-discursiva, conforme aponta Maingueneau, a Comunicação discute a prática de incitação à violência em discursos religiosos que circulam na sociedade brasileira. Considerando uma perspectiva que quer compreender práticas religiosas integradas à qualidade de vida em sociedade, examinamos o modo como 166 Resumos: Comunicações Coordenadas determinados interdiscursos, em interação, no funcionamento do discurso religioso contemporâneo, indiciam pontualmente atitudes de fanatismo e violência. Para explicitar melhor os efeitos de sentido que decorrem do que antecede e, considerando a Religião como um locus privilegiado para observação de formações discursivas em concorrência, partimos do pressuposto de que o discurso religioso opera com o sagrado, apropria-se do discurso teológico, a partir de sua constituência, e legitima-se com autoridade para direcionar a conduta humana. Neste sentido, não há como aceitar um enunciador que marginaliza, domina, exclui, odeia e incita fiéis à violência. Parece-nos urgente colocar em discussão a forma como a violência se constitui no discurso religioso. PRÁTICAS DISCURSIVAS MINEIRAS: PERFORMANCES IDENTITÁRIAS, REPRESENTAÇÕES E MEMÓRIA Coordenadora: Maria Alzira Leite (UNINCOR) [email protected] Resumo da mesa: Essa sessão tem como objetivo reunir pesquisadores e estudantes com interesse em estudar e compreender, entre outras, práticas linguísticas e discursivas da/na região de Minas Gerais, promovendo a interação acadêmica e científica entre elas. Essa proposta reflete os objetivos do grupo de pesquisa da UninCor, criado em 2012, o LOGOS, os quais poderiam ser resumidos como o interesse pelas produções linguageiras realizadas em Minas Gerais e suas reverberações identitárias. Ou seja, nosso empenho é pesquisar a produção de textos empíricos por meio de uma reflexão sobre a produção de sentido e das práticas discursivas presentes e pertencentes ao linguajar mineiro, com vistas a um mapeamento das formas de se autorrepresentar. Trabalhos dos Integrantes: A memória no delinear das representações na Folia de Reis Maria Alzira Leite (UNINCOR) [email protected] Alegria, música e valores, eis as palavras-chave que podem circular na(s) nossa(s) forma(s) de ver o mundo, quando deparamonos com a Folia de Reis. Essa festa, ligada à tradição católica, costuma encantar, e ao mesmo tempo, despertar determinados estranhamentos com relação ao(s) modos de teatralizar e legitimar a celebração dos Três Reis Magos. Essa encenação nos instiga a refletir sobre as práticas linguageiras que compõem as personagens, quando assumimos que “é na linguagem e pela linguagem que o homem se constitui como sujeito” (BENVENISTE, 1991, p. 288). Nessa linha, na tentativa de compreender as ações discursivas e representacionais que perpassam essa festa, o objetivo geral deste estudo é o de examinar como a memória delineia as representações e, ainda, verificar como os atores utilizam determinados saberes axiológicos para a construção das personagens, e, finalmente, observar como os mecanismos enunciativos orientam os posicionamentos dos foliões no contexto específico de preparação para a folia. A pesquisa segue uma abordagem etnográfica e os resultados preliminares apontam que os estereótipos e os imaginários colaboram para uma (re)construção de uma identidade tricordiana. A escola, a escrita e a leitura sob a perspectiva de jovens e adultos do município de Três Corações (MG) Mariana Luz Pessoa de Barros (UNINCOR) [email protected] Os jovens e adultos que chegam à escola, tendo experiências escolares anteriores ou não, ouvem leituras em celebrações religiosas, ditam cartas, utilizam receitas médicas, etc. Estão, portanto, inseridos em processos de letramento, se entendermos os letramentos como práticas sociais de leitura e de escrita situadas dentro de uma cultura e que são necessariamente plurais. Esses jovens e adultos também estão em contato com os diferentes discursos e visões de mundo a respeito do que é a escola, do que é escrever, do que é ler, do que é ser aluno, do que é ser aquele modalizado discursivamente como portador do “saber” ler e escrever ou do “não saber” ler e escrever. Isso significa que são atravessados por discursos que valorizam tanto a escola e os aprendizados ligados a ela de distintas formas quanto eles mesmos, o que interfere muito nas relações de ensino-aprendizagem desses educandos. É da percepção da importância de conhecer melhor quais são os simulacros e as múltiplas vozes em confronto presentes nos discursos desses alunos a respeito da figura da escola e de outras relacionadas a ela (professor, aluno, leitura, escrita, etc.) que nasce o projeto de pesquisa que será apresentado nesta comunicação: “Lembranças da escola: um estudo discursivo dos relatos autobiográficos de jovens e adultos do município de Três Corações”. Esse projeto tem como objetivo examinar as concepções de escola, leitura e escrita encontradas em relatos autobiográficos de alunos da Educação de Jovens e Adultos e ainda verificar de que maneira essas concepções interferem no modo de produzir suas identidades discursivamente. Para isso, nossas bases teóricas são dadas pelos estudos de letramento e pela semiótica discursiva, sem perder de vista o importante diálogo que vem estabelecendo, especialmente no Brasil, com outras teorias do texto e do discurso. 167 Resumos: Comunicações Coordenadas Letramentos híbridos: multimodalidade, performances identitárias e a emergência de um novo ethos interacional Thayse Figueira Guimarães (UNINCOR) [email protected] Este trabalho tem por finalidade apresentar o projeto de pesquisa “Letramentos híbridos: multimodalidade, performances identitárias e a emergência de um novo ethos interacional”, desenvolvido pelo Programa de Mestrado em Letras da Universidade Vale do Rio Verde –UninCor. Com base na teorização sociocultural dos letramentos, compreendidos como práticas sociais situadas e nos referências teóricos das performances, problematiza-se a multiplicidade de discursos a que somos expostos nas sociedades contemporâneas pelas diferentes práticas de letramentos e seus efeitos na constituição da vida e das identificações sociais. Como ponto de partida, serão focalizadas as práticas interacionais de jovens da região de Minas Gerais, em seus espaços de afinidades on-line, tais como blogs, chats e o Facebook. O foco aqui é colocado na ampliação do ethos interacional e nas performances de gênero e sexualidade que tal ampliação possibilita, passando a pesquisa a ter um viés etnográfico. Para observação analítica, recorro às noções de entextualização, performances, footing e pistas de contextualização. Defende-se que as práticas interacionais da web 2.0 são lugares pertinentes para observação das hibridizações discursivas, identitárias e culturais que cada vez mais nos desafiam a experimentar e a compreender a diversidade da vida social e a alteridade que lhe é constitutiva. A TEMÁTICA DA DESIGUALDADE EM GÊNEROS MIDIÁTICOS Coordenadora: Maria Aparecida lino Pauliukonis (UFRJ) [email protected] Resumo da mesa: Certas correntes da AD defendem a impossibilidade de se pensar qualquer experiência linguística sem considerar a atuação dos sujeitos sociais e históricos. Essa nova ordem foi fundamental para o surgimento das Teorias da Enunciação, cujo estatuto leva em consideração a presença de sujeitos enunciadores, o contexto de produção e recursos linguísticos diversos. Dessa forma, tomando a Análise do Discurso como perspectiva e a Enunciação como objeto de análise, esta mesa-coordenada objetiva estabelecer uma categorização de ordem argumentativa acerca do emprego de índices enunciativos utilizados como estratégias para expressão de desigualdades sociais. Tais índices serão observados em “corpora’ de textos midiáticos que focalizem a temática, pelos seguintes Autores: Amanda: charge/tirinha; Maria Aparecida: vídeos on-line e Regina Célia: cartas de leitores. Tomando por base o enfoque de textos como prática de interação discursiva, a apresentação busca desvendar, à luz do enfoque teórico da Teoria Semiolinguística (Charaudeau, 2008, 2015), a função e a representação das desigualdades sociais na e pela linguagem, por meio da análise do emprego de certas marcas discursivas delineadoras da subjetividade. A problematização da construção argumentativa do sentido, será vista tanto no espaço externo (lugar da produção social do discurso) quanto no espaço interno ( lugar do linguístico e do enunciativo), evidenciando-se a importância da análise dessas operações estratégicas no momento de se programar o ensino de leitura, com o fim de direcionar o posicionamento crítico do leitor frente a textos de diferentes gêneros. Trabalhos dos Integrantes: A subjetividade discursiva em textos multimodais: charges da Internet Amanda Heiderich Marchon (PG- UFRJ) [email protected] A Análise do Discurso, no interior das Ciências da Linguagem, preocupa-se com as várias maneiras de se perceber a realidade e considera que há um sujeito que atravessa a relação linguagem–mundo, sujeito este que registra, por meio de certos elementos verbais e/ou não-verbais, seu maior ou menor comprometimento em relação ao conteúdo que enuncia, expressando diferentes atitudes, em função de seus objetivos e condicionamentos situacionais e interacionais. Em virtude da influência que os textos midiáticos exercem sobre a sociedade, propomos a análise da subjetividade discursiva de algumas charges veiculadas pela internet, em 2015, sobre a imagem do menino sírio encontrado morto numa praia da Turquia. A charge normalmente provém de um evento deflagrador, tratado por outros gêneros (notícia, reportagem, artigo opinativo), do interesse do leitor e que é revisto figurativa e criticamente. Por isso, é fundamental que os leitores tomem consciência do fato em questão, sob pena de não entender a mensagem calcada no que Ducrot (1987) denomina de implícitos textuais. A foto do pequeno Aylan virou símbolo da crise migratória que já matou milhares de pessoas do Oriente Médio e da África que tentam chegar à Europa para escapar das guerras, das perseguições e da pobreza. As charges deflagradas por esse fato buscaram reler os acontecimentos, denunciar a realidade e questionar o sentimento europeu de superioridade. Enunciatemas ou marcas discursivas subjetivas em video on-line Maria Aparecida Lino Pauliukonis (UFRJ) [email protected] Este trabalho tem como objeto de análise um vídeo veiculado pela Internet, com temática voltada para a exaltação da superioridade dos europeus frente a outros povos menos favorecidos social e culturalmente. Propõe-se examinar o texto, sob um viés discursivo, com base na Teoria Semiolinguística do discurso (CHARAUDEAU, 1992, 2008) a qual caracteriza o ato de 168 Resumos: Comunicações Coordenadas linguagem como inter-subjetivo, apresentado por meio de uma mise-en-scène em que se sobressai a enunciação e o projeto de influência do emissor sobre o receptor, regulado por um contrato de comunicação, em uma dada situação social. A análise focaliza, portanto, a ação dos sujeitos enunciadores em operações linguístico-discursivas de transformação e de transação, responsáveis pela construção do sentido em gêneros e modos de organização do discurso. Imbuídos de um projeto de influência, esses sujeitos realizam operações estratégicas de persuasão, veiculadas por recursos modalizadores ou enunciatemas ( KerbratOrecchioni, 2001) que serão apresentados pelo levantamento e análise de índices verbais e não- verbais. A construção do sentido por operações de processualização Regina Célia Cabral Angelim (UFRJ) [email protected] Neste trabalho, propõe-se analisar processos de interpretação textual de cartas de leitores de jornais, tendo em vista o conceito de texto como discurso. A perspectiva teórica básica é a da Teoria da Enunciação. Detectores de uma percepção de mundo, os sujeitos sociais realizam operações estratégicas de persuasão sobre o Tu destinatário, em função do contexto. Essas operações, que ocorrem em diversas práticas discursivas, estão vinculadas aos sujeitos e a seus projetos de comunicação. No caso em foco, serão analisadas operações enunciativas em modo argumentativo (oposição dos tempos verbais e implícitos). DESIGUALDADES E IDENTIDADES: APORTES DESDE LA INDAGACIÓN DE LO NACIONAL EN EL DISCURSO Coordenadora: María Beatriz Taboada Consejo Nacional de Investigaciones Científicas y Técnicas (CONICET), Argentina Universidad Nacional de Entre Ríos (UNER) Universidad Autónoma de Entre Ríos UADER) [email protected] Resumo da mesa: Esta sesión coordinada busca analizar el modo en que lo nacional se manifiesta en el discurso, mediante el abordaje de géneros discursivos que responden a ámbitos de circulación y objetivos comunicativos diversos, ante los que podemos leer como continuidad la focalización en aspectos identitarios vinculados a la nación y en rasgos que se atribuyen como inherentes a dicha construcción. Frente a ello, asumimos que las identidades nacionales pueden ser pensadas como formas específicas de identidad social discursivamente producidas, reproducidas y transformadas (de Cillia, Reisigl y Wodak, 1999), y fuertemente influenciables por el contexto. Así, todo discurso identitario debe ser pensado en contexto, en una relación de mutua dependencia que nos obliga a trascender sus límites y a desarmar su construcción para abordar tanto lo dicho como los silencios, las mitigaciones, las polarizaciones, para acercarnos al modo en que las desigualdades se materializan en el discurso. Desde estas definiciones iniciales, buscamos poner en diálogo investigaciones centradas en el análisis de corpus frente a las que podemos sostener que todo discurso identitario supone la construcción de vínculos simbólicos entre lo que se considera propio y ajeno, a partir de representaciones que dan cuenta de tensiones y desigualdades. Así, los discursos en torno a lo nacional involucran elecciones y omisiones que tanto incluyen como excluyen, lo que vuelve necesario su abordaje crítico. En este marco, las intervenciones que compartiremos remiten a discursos contextualizados en diferentes países de Sudamérica y de Europa, frente a los que proponemos abordar representaciones identitarias mediante el análisis de libros escolares, blogs, artículos periodísticos, entrevistas, interacciones cara a cara y discursos publicitarios. Trabalhos dos Integrantes: La nación en discursos entre Europa y la Argentina: ¿única y homogénea? Edith Lupprich Universidad Nacional de Tucumán (UNT) Consejo Nacional de Investigaciones Científicas y Técnicas (CONICET) [email protected] La presentación de la nación como entidad única e internamente uniforme, al igual que la oposición entre un “nosotros/as” nacional connotado positivamente frente a “los/as otros/as”, son estrategias de construcción y perpetuación de la identidad nacional que aparecen en diferentes discursos públicos, semi-públicos y privados (cfr. Wodak, de Cillia, Reisigl y Liebhart, 2009). Sin embargo, como Karner (2011) sostenemos que la supuesta homogeneidad de la nación puede ser contestada y que los discursos acerca de lo nacional no están exentos de ambigüedades. Por eso recurrimos a las herramientas que nos brindan el Análisis Crítico del Discurso y el Membership Categorization Analysis, a fin de revisar un amplio corpus compuesto por blogs, artículos periodísticos, entrevistas e interacciones cara a cara en situaciones de contacto entre argentinos/as, alemanes/as y austríacos/as. De esta manera, vemos cómo los estereotipos sobre “los/as otros/as” pueden ocurrir al mismo tiempo que un discurso que pone énfasis en la diversidad del propio ingroup nacional o incluso prioriza otras categorías de pertenencia. Por otra parte, diversos recursos lingüísticos y discursivos aportan a poner en duda el carácter “único” de cada nación. Por supuesto, hay una serie de factores contextuales e interactivos que intervienen en las diversas producciones discursivas, como la imagen de los/as enunciadores/as, su afán de mostrarse “políticamente correctos/as” o la cortesía conversacional. Esto nos permite afirmar que las construcciones de la nación y de las igualdades o desigualdades vinculadas a ella en gran medida dependen de las situaciones comunicativas en las que tienen lugar. 169 Resumos: Comunicações Coordenadas Estereotipos y racialización en el discurso de la nación ecuatoriana: Análisis Crítico del Discurso de la marca país “Ecuador Ama la Vida” Jesús David Salas Betin Facultad Latinoamericana de Ciencias Sociales Ecuador (FLACSO) [email protected] La marca país es una herramienta utilizada para hacer referencia al conjunto de percepciones, elementos materiales y simbólicos, que recogen los factores diferenciales de un país, con la intención de dinamizar su economía. La cultura, su gente, los recursos naturales, sus características socioeconómicas y políticas, son cualidades empleadas para proyectar una imagen particular que le permita distinguirse frente a otros países, y es la base sobre la cual se elabora la oferta de bienes y servicios que busca posicionar en los mercados internacionales. Sin embargo, la construcción simbólica de la marca país pone en evidencia las prácticas significativas y la producción de representaciones que producen el imaginario de la nación. Aunque es un símbolo comercial, debe proyectar por igual los valores sociales de la comunidad que representa, convirtiéndose en objeto de discurso, desde el cual se busca configurar un imaginario de nación coherente con los objetivos comerciales que trazan sus creadores. En el caso de Ecuador, la marca país “Ecuador Ama la Vida”, recoge valores como la diversidad, la plurinacionalidad, el respeto por la naturaleza y la visión andina del mundo, para proyectar una imagen comercial que pretender atraer turistas e inversionistas extranjeros y, al mismo tiempo, fortalecer las exportaciones. Sin embargo, un análisis más exhaustivo de la campaña publicitaria a través de la cual se promociona esta imagen de Ecuador ante el mundo, sugiere que el discurso de la marca país está atravesado por tensiones sociales de clase, raza y etnia. Esta ponencia pretende evidenciar los elementos que se muestran como marcas de poder social, estereotipos y racialización en el discurso publicitario de la marca país de Ecuador. A través del Análisis Crítico del Discurso de un corpus de spots producidos entre los años 2010 a 2013, señalamos elementos relacionados con la construcción de estereotipos en el imaginario cultural del país, la perpetuación de la dominación social de la clase hegemónica y la racialización del discurso oficial del gobierno ecuatoriano. Migrar, permanecer y transcurrir: aproximaciones a la construcción de sujetos migrantes en libros de texto para la educación secundaria argentina María Beatriz Taboada Consejo Nacional de Investigaciones Científicas y Técnicas (CONICET), Argentina Universidad Nacional de Entre Ríos (UNER) Universidad Autónoma de Entre Ríos (UADER) [email protected] El libro de texto puede ser pensado como un objeto discursivo complejos por su contexto de producción y circulación, pero también por sus objetivo primordial, dado que se presenta como un material curricular legitimado por la tradición y el uso sostenido que apunta a que sus destinatarios adquieran un conocimiento considerado socialmente válido. También por ello, este material puede asumir un marcado protagonismo en la reproducción de ideologías dominantes (van Dijk, 2005), lo que vuelve necesario someterlo a revisiones críticas que permitan desmontar sus discursos y analizar las representaciones que ponen a circular en las escuelas. Desde estas certezas, el Proyecto de Investigación “`Nosotros, los argentinos´: la construcción de la identidad nacional en libros de texto de Ciencias Sociales”, aborda definiciones explícitas e implícitas vinculadas a la identidad nacional presentes en un corpus de libros de texto para la educación secundaria argentina, prestando especial atención a los rasgos que se atribuyen como constitutivos y a las identidades que se articulan y/o excluyen en dicha construcción. Los avances de la investigación mencionada han mostrado que el tratamiento de sujetos que migran o han migrado y procesos migratorios aparece como problemático en los materiales analizados, dado que se observa un abordaje apoyado en polarizaciones, esquematizaciones y/o estereotipos. Al respecto, nos interesa en este contexto someter a discusión algunos de estos abordajes para analizar además las articulaciones que los libros plantean entre esas realidades y la definición de rasgos de identidad nacional, recurriendo particularmente al análisis de estrategias discursivas desde la consideración de herramientas teóricometodológicas provenientes del Enfoque Histórico del Discurso (Wodak et al., 2009). DAS MARGENS AO CENTRO: MINORIAS E MARGINALIZAÇÕES SOCIAIS Coordenadora: Maria Clara Maciel de Araújo Ribeiro (Unimontes) [email protected] Resumo da mesa: Esta sessão focaliza o problema da marginalização das minorias por meio da análise discursiva de textos estéticos (discurso literário) e utilitários (sobretudo depoimentos dos próprios sujeitos). Partimos do princípio de que a desigualdade social é alicerçada pela permanência de grupos à margem de uma suposta normatividade (que, como se sabe, é ser ouvinte, heterossexual, nativo e jovem). Assim, surdos, homossexuais, imigrantes e idosos (objetos dessa sessão), submetidos a estruturas sociais e processos imagéticos que legitimam a exclusão, vêm-se na condição de aceitar as estereotipias sobre si ou de questioná-las, (des)construindo a narrativa da opressão ao indagar imagens pré-estabelecidas. Por outro lado, há, também, aqueles que aceitam as estereotipias de si por se verem assujeitados ao discurso dominante, de modo a verem-se e a narrarem-se a partir da perspectiva do outro. Nessa seção, tal problemática será discutida por meio de eixos que abordam: a) os mecanismos de controle e de exclusão das chamadas identidades “transgêneros”; b) as (trans)formações imagéticas da comunidade surda brasileira, verificadas sobretudo a partir do ingresso de surdos na graduação e na pós-graduação; c) o texto literário paródico, que 170 Resumos: Comunicações Coordenadas desmascara o discurso da doxa sobre os idosos ao mostrar o seu avesso; d) o desejo do colonizado de ser diferente de si mesmo, desvalorizando sua cultura e seu corpo em função de uma ideologia colonizadora. Por meio de diferentes perspectivas teóricas (semiótica greimasiana, AD francesa e teoria pós-colonial), os estudos que compõem essa sessão promovem um debate sobre minorias marginalizadas e (auto)imagens sociais, e demonstra, entre outras coisas, que o discurso é o lugar do contraditório. Trabalhos dos Integrantes: Surdos acadêmicos e as transformações imagéticas da comunidade surda brasileira Maria Clara Maciel de Araújo Ribeiro (Unimontes) [email protected] Este estudo em andamento focaliza um fazer pós-moderno: o conhecimento acadêmico produzido pela comunidade surda brasileira contemporânea e as imagens de sujeitos surdos, decorrentes desse fazer, construídas por diferentes grupos sociais. Como se sabe, surdos brasileiros têm adentrado à universidade e produzido pesquisas sobre si. Tais pesquisas são consideradas engajadas, por manterem fortes relações de interesse com a agenda de lutas do movimento surdo (RIBEIRO, 2012). Assim, sujeitos antes considerados inábeis para o exercício de práticas cidadãs produzem atualmente saber acadêmico sobre si, fazendo avançar, ao mesmo tempo, tanto a ciência quanto as práticas e imagens sociais da minoria linguística usuária de língua de sinais. Nesse cenário, questionamo-nos: como a atividade de pesquisa empreendida por surdos tem sido percebida por diferentes grupos sociais, a saber, médicos, professores universitários e surdos não pesquisadores? E mais especificamente: em que medida a atividade de pesquisa acadêmica empreendida por surdos tem contribuído para as (trans)formações imagéticas da comunidade surda brasileira? O corpus que embasa o mapeamento dessa (trans)formação imagética está sendo constituído por entrevistas, questionários e conversas espontâneas com os grupos supracitados, e os dados estão sendo analisados por meio da vertente francesa da Análise do Discurso, principalmente a partir das noções de Jogos de imagens, de Pêcheux (1997), e Semântica Global, de Maingueneau (2005). Os resultados parciais indicam formações imaginárias que caracterizam surdos pesquisadores como o resultado: i) da regeneração pela ciência e pela tecnologia (discurso da classe médica); ii) da aceitação da sociedade, que “abriu as portas” para a diversidade (discurso dos professores); iii) da luta social da comunidade surda, que reivindicou a valorização da língua de sinais (discurso dos surdos). Como se vê, os grupos enunciam a partir de lugares determinados na estrutura de uma formação social, veiculando posicionamentos historicamente constituídos e regidos por uma semântica global que funciona como uma rede de restrições semânticas capaz de sobredeterminar a atividade discursiva. Corpo, identidade e sexualidade como mecanismos de controle e exclusão social: uma análise do discurso sobre a transgeneridade Manuella Felicíssimo (CEFET) [email protected] Nossa sociedade se assenta sobre os padrões heteronormativos. Em linhas gerais, a heteronormatividade consiste no estabelecimento da heterossexualidade como única forma legítima de vivência da sexualidade e da identidade de gênero. É ela quem dita os padrões para os papéis masculino e feminino, enquadrando-os numa série de normas que controlam o corpo, a sexualidade e a identidade. Ajustar-se à heteronormatividade significa estar ajustado à sociedade. Por essa razão, os indivíduos que não se enquadram “corretamente” nesses papeis sociais são sancionados negativamente, uma vez que transgridem uma norma que é, ideologicamente, fortemente naturalizada. Dentre as identidades que são excluídas da sociedade, encontramos as travestis, perfil que mais sofre violência física e simbólica em comparação com outras identidades homossexuais. Uma das razões para que isso se dê é justamente o fato de as travestis possuírem um corpo transgressor, que gera estranhamento e rejeição mesmo dentro da própria comunidade LGBT. Com o objetivo de conhecer os mecanismos de controle e de exclusão das chamadas identidades “trans”, tomamos como objeto de análise o vídeo “Encontrando Bianca”, narrativa que aborda o processo de transformação do sujeito José Ricardo até tornar-se Bianca. A partir da análise do discurso de linha francesa, no seu diálogo com a semiótica greimasiana, procedemos ao exame do texto, no intuito de conhecer o discurso que por meio dele se projeta, situando-o no quadro social e na memória que permitem sua emergência. Através da análise, pudemos verificar que a temática do gênero é construída, especialmente, a partir do tema da identidade e da figura do corpo; é o abandono dos caracteres masculinos e a conjunção com o corpo e gestualidade femininos que deflagra o conflito vivido entre Bianca e os destinadores-julgadores, sujeitos hostis em relação à mudança operada pela personagem. A sanção sofrida por Bianca mostra como a família e a escola atuam como instituições sobredeterminadas pelo conjunto de valores heteronormativos, agindo de modo a garantir a permanência e hegemonia da heteronormatividade. Para que isso se dê, estabelece-se um corpo, uma sexualidade e uma identidade em consonância com a heterossexualidade, padrão rompido por Bianca, quando seu corpo quebra a lógica naturalizada sexo-gênero. O discurso paródico e o desmascaramento da condição da velhice Carla Roselma Athayde Moraes [email protected] Neste trabalho, procuramos demonstrar como a escritura, assumindo a dimensão de “figura histórica” (CERTEAU, 2007), tornase um registro do que é vivido pelos homens. Essas relações têm como forças propulsoras as ações desses homens; entre elas, a prática de uma linguagem. Tomamos como base de nossa reflexão teórica Certau (2007), Foucault (1971), Genette (1982), Machado (1999) e Bakhtin (1997). Para empreender este estudo, examinamos duas crônicas de autores brasileiros, Paulo Mendes Campos e Millôr Fernandes, para analisar, pela via discursiva da paródia, a condição dos velhos face à nossa sociedade. Condição essa muitas vezes encoberta, mascarada ou mesmo recalcada num discurso de exaltação à juventude. Ouvimos de um velho: “Com tantos preconceitos associados aos velhos”, fraquezas, falhas, fragilidades, “pouco se sabe sobre como agir de 171 Resumos: Comunicações Coordenadas maneira efetiva para amparar o sentimento de abandono profundo de alguns idosos”, mas, antes de tudo, pouco se sabe sobre como romper com uma “verdade” pressuposta nos discursos sociais que costumam representar essa relação social entre sujeitos como dois extremos, com um deles comportando juízos valorativos negativos, a velhice, em que termos como “gagá” estabelecem relação com a decrepitude, a disformidade física e psíquica das pessoas. Assim, o texto paródico constitui uma forma de desmascaramento de um discurso da doxa, uma forma de manifestação discursiva de excentricidade, de violação do comum e aceito. Nas palavras de Foucault (1971, p.51): “Há, [...] em nossa sociedade, uma espécie de temor surdo [...] dessa massa de coisas ditas, do surgir de todos esses enunciados, de tudo que possa haver aí de violento, de descontínuo, de combativo, de desordem também, e de perigoso, desse grande zumbido incessante e desordenado do discurso.” A paródia, então, num gesto de subversão, alardeia: mostrou-se a ascensão (o alto), “ser brotinho”; deve-se, então, ser mostrado o seu duplo negativo (paródico), “ser gagá”, (o baixo). Cicatrizes da colonização: o autodesprezo retratado em excertos de “Os versos satânicos” Gustavo Leal Teixeira (IFNMG) [email protected] Nosso objetivo é discutir, a partir de excertos do romance Os versos satânicos, de Salman Rushdie, como o colonialismo inglês, enquanto máquina ideológica, criou estruturas para a mímica pós-colonial, ou seja, perpetuou-se mesmo com o fim do império. Desta maneira, refletiremos sobre o desejo de ser diferente de si mesmo, desvalorizando sua cultura e seu corpo em função de uma ideologia colonizadora. Bhabha (2007) retrata a mímica como uma das estratégias mais ardilosas do poder e do saber colonial. Segundo ele, a mímica se apropria do outro quando este visualiza o poder, de modo que o poder colonial, desejado pelo colonizado, se reverte num processo contínuo de atuação mimética. A mímica torna-se, então, um processo de recusa: no romance, Salahuddin se recusa continuar a ser indiano, logo imita o colonizador; este ato, contudo, somente reafirma a existência de uma diferença e a consumação do poder colonial sobre o colonizado. Em relação à colonização britânica, sabe-se que, na verdade, a propaganda nacionalista era feita de forma a exaltar e supervalorizar seus feitos. Assim, registra-se que o secretário colonial Joseph Chamberlain afirmou que a raça britânica era a melhor governante de outras raças que o mundo jamais vira. De maneira semelhante, em 1870, a Times Magazine afirmou ter sido este o império mais benéfico nos anais da humanidade. Assim, o colonizador legitimava seu domínio, pois era aquele que melhor poderia controlar o colonizado: o primeiro era a síntese do trabalhador expansionista e possuía grandes ideias de “salvação” da colônia repleta de nativos que necessitavam de seu controle para não viverem na “preguiça” e “improdutividade”. Havia, assim, um contraste entre a prosperidade e civilização do colonizador e o “atraso” do colonizado, sendo a colonização vista como uma força “benigna” para estas colônias e nativos. Os nativos, portanto, eram desejosos de algo que nunca poderiam ter (mas que poderiam imitar): a língua do outro, o corpo do outro e a cultura do outro. DESIGUALDADE E COGNIÇÃO: TEORIA E PRÁTICAS ESCOLARES SOCIOINTERATIVAS Coordenadora: Maria do Carmo de Oliveira Moreira dos Santos (UFV) [email protected] Resumo da mesa: Esta sessão propõe uma reflexão sobre práticas de ensino de Língua Portuguesa, Língua estrangeira e Literatura, a partir de novas metodologias, visando à inclusão e à construção de sujeitos autônomos. Para tanto, as discussões serão tangenciadas pelo princípio de que as linguagens não se constituem apenas de formas linguísticas ou de uma enunciação monológica, mas da interação entre manifestações e fenômenos sociais, isto é, a linguagem existe dentro de uma esfera de relação social organizada e assim deverá ser pensada. Com isso, prevê-se que as práticas pedagógicas de ensino deverão contemplar leituras, compreensão e construção de sentidos, associadas a outras práticas e saberes, capazes de promover uma educação sócio/cultural, de forma reflexiva, crítica, transformadora. A esse princípio, agrega-se o pensamento de que o texto, enquanto objeto simbólico, produz efeitos de sentidos e estão investidos de significância para os sujeitos e pelos sujeitos. Nessa perspectiva, o objetivo é debater processos de ensino/aprendizado, observando a produção do conhecimento em seus aspectos dinâmico, processual, cognitivo, interativo, social. Trabalhos dos integrantes: O corpo em estado de poesia: a apreensão corporal das linguagens poéticas Olga Valeska (CEFET - MG) [email protected] O Núcleo de Pesquisa e Experimentação em Poéticas do Corpo e do Movimento-COMTE/CEFET-MG reúne pesquisadores de diversas áreas do conhecimento no intuito de desenvolver estudos interdisciplinares sobre as linguagens poéticas envolvendo corpo, movimento e voz, em suas interfaces tecnológicas. Dessas pesquisas derivaram várias oficinas e disciplinas atingindo um público bastante diversificado como graduandos em Letras, estudantes do Ensino Médio, do Mestrado e do Doutorado do CEFET-MG. O presente trabalho tem como objetivo elaborar uma reflexão sobre algumas dessas experiências docentes, focalizando especificamente a apreensão corporal da linguagem poética de diversos objetos artísticos como a arte visual a música e a literatura. Para tanto, utilizaremos, como fundamentação teórica, o Sistema Laban de Movimento, a Semiótica de Peirce e os conceitos de Ethos, Pathos e Logos. 172 Resumos: Comunicações Coordenadas Literatura e discurso: intersecções possíveis na aprendizagem de língua portuguesa Emanuela Francisca Ferreira Silva (IF Poços de Caldas) [email protected] A leitura literária é mais que um procedimento cognitivo ou afetivo, ela é ação cultural historicamente constituída. O projeto “O conteúdo de Língua Portuguesa sobre a perspectiva de projetos: transgredindo para uma educação profissional integrada que diversifique, humanize e inove”, apresentou no primeiro semestre de 2015 o subprojeto “Entre o real e o ficcional: o julgamento de Capitu” que contou com a participação de todos os alunos dos cursos integrados do Instituto Federal do Sul de Minas – Câmpus Poços de Caldas. Esse trabalho teve como premissa pensar a leitura literária como um processo de experenciação, uma ação cultural historicamente constituída. Acredita-se que há uma zona de intersecção entre a análise do discurso e o ensino de literatura no que tange à forma peculiar de ambas as teorias estarem inseridas na cultura, na sociedade e na história. O ensino de literatura na última etapa da educação básica prevê a formação de um leitor híbrido que, perceba nos clássicos a possibilidade de aprender mais sobre o humano e o mundo: historicamente, politicamente, socialmente e até mesmo juridicamente. Nessa perspectiva, foi realizado o julgamento da personagem Capitu do livro “Dom Casmurro” (MACHADO DE ASSIS, 1997). Esse trabalho tem como recorte demonstrar a importância de trazer para a atualidade a leitura de um clássico da literatura brasileira suscitando nos discentes práticas que favoreçam a função interativa da leitura em um contexto mais amplo, sócio - histórico e ideológico da sociedade na qual ele se insere. Pretende-se com isso fazer uma pequena análise sobre a intersecção entre literatura e análise do discurso tendo como parâmetro o “teatro” desenvolvido pelos alunos dos cursos integrados do Instituto Federal do Sul de Minas – Campus Poços de Caldas, em que foi realizado o julgamento de Capitu. Autonomia no processo de ensino e aprendizagem Viviane Cristina Garcia-de-Stefani (IF Poços de Caldas) [email protected] Liberdade e autonomia são palavras-chave no processo de ensino e aprendizagem, e devem envolver, escola, alunos e professores. Para promover a liberdade do aluno em sala de aula é preciso que o professor tenha autonomia, tanto no que se refere à abordagem de ensino, como aos procedimentos e técnicas e escolha de materiais didáticos. A autonomia do professor conduz à liberdade do aprendente. A liberdade do aluno na construção do conhecimento implica sua autonomia no processo de ensino e aprendizagem, e esse é um desejo comum aos educadores. É papel do educador transformar a informação em conhecimento e em consciência crítica, ou seja, contribuir para a formação de indivíduos críticos e pensantes (GADOTTI, 2006). O processo de ensino e aprendizagem não se refere necessariamente a situações em que haja um educador fisicamente presente. A presença do outro social pode se manifestar por meio dos objetos, da organização do ambiente, dos significados que impregnam os elementos do mundo cultural que rodeia o indivíduo (OLIVEIRA, 1995). Para que haja autonomia, tem que haver também empenho do professor e esse empenho não está de maneira nenhuma garantido (LEFFA, 2003). Há uma estrutura de poder bem definida na sala de aula tradicional onde o controle normalmente é exercido pelo professor. É ele quem estabelece os objetivos a serem atingidos, quem escolhe as atividades a serem desenvolvidas. Quando passamos o controle da aprendizagem para o aluno, damos a ele a liberdade de escolher, e essa escolha envolve o direito de eleger como deseja aprender, de estabelecer seus próprios objetivos, de progredir no seu próprio ritmo, de se autoavaliar (LEFFA, 2003). Na aula autônoma, o professor não é a autoridade máxima, tanto em termos de controle com em termos de conhecimento. Não é mais o dono do saber, que tipicamente só faz as perguntas que ele mesmo sabe responder. Na aula autônoma qualquer pergunta pode aparecer e o professor obviamente não tem a obrigação de saber todas as respostas. Seu papel é realmente o de facilitador da aprendizagem, ajudando o aluno a desenvolver sua autoconfiança, a se tornar ainda mais autônomo e ficar menos dependente dele, professor. Na aprendizagem autônoma, a responsabilidade está no aluno, e é papel da escola e do professor contribuir para o desenvolvimento dessa responsabilidade. Mário e Carlos: texto carta, conhecimentos linguísticos e a conscientização das manifestações culturais, uma visão aberta sobre a Língua Portuguesa Maria do Carmo de Oliveira Moreira dos Santos (UFV) [email protected] Esta comunicação apresenta uma proposta de ensino da Língua e Literatura, a partir de trechos das correspondências trocadas entre Carlos Drummond de Andrade e Mário de Andrade. Para isso, discute questões pertinentes ao texto carta, no que se refere à complexidade desse gênero discursivo em seus desdobramentos social, histórico, político, cultural e literário. Essas questões apontam elementos importantes que compõem a cena enunciativa das cartas em seu movimento ideológico e estético, tornando textos propícios para o e estudo das condições de produção da linguagem na interface com múltiplos campos disciplinares: Teoria da Literatura, Linguística, Semântica, Pragmática, Análise da Conversação, Análise do Discurso. Em outra vertente, as cartas também se constituem textos propícios para trabalhar elementos da cultura popular brasileira, associados ao conhecimento formal, exigido pela sociedade letrada. A proposta de trabalho da linguagem do “texto carta” é apresentar como, lá nos anos 20, Mário de Andrade valorizava as diversas formas de falar no Brasil. Ao associar a aquisição de conhecimentos linguísticos e a conscientização das manifestações culturais, uma visão mais aberta sobre a língua se estabelece, abrindo-se para as práticas democráticas e experiências de aprendizagens eficientes para a aceitação do outro. 173 Resumos: Comunicações Coordenadas DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA, MÚLTIPLOS LETRAMENTOS: AÇÕES DE TEXTUALIZAÇÃO/ DISCURSIVIZAÇÃO COMO RECURSOS DE (DES)LEGITIMAÇÃO SOCIAL Coordenadora: Maria Eduarda Giering (UNISINOS) [email protected] Resumo da mesa: Esta sessão tem como proposta colocar em diálogo um conjunto de trabalhos que consideram que as ações de textualização/ discursivização configuradoras de gêneros do discurso e/ou práticas de linguagem constituem-se em um lócus importante de observação da emergência de processos de (des) legitimação de atores e de práticas sociais características do campo científico. Cada trabalho enfoca diferentes conjuntos de textos e de práticas sociais, analisando como essas ações mobilizadas auxiliam na estruturação do campo e são por ele estruturados. Dois trabalhos privilegiam a análise de ações de textualização observadas em textos de Divulgação Científica (DC). Um primeiro trabalho mostra como essas ações contribuem para a valorização do saber científico por meio da incorporação desse saber às práticas cotidianas dos indivíduos. Um segundo trabalho mostra como textos sincréticos, como infográficos, podem implicar uma mudança de atitude da parte de quem os lê, o que necessariamente leva a uma distribuição mais igualitária dos recursos textuais discursivos próprios do campo científico. Dois outros trabalhos analisam estratégias para o desenvolvimento do letramento científico em diferentes níveis de ensino. Um dos trabalhos pretende mostrar como determinados aspectos dos gêneros de DC foram destacados por bolsistas-docentes em turmas do Ensino Fundamental II e de que maneira os alunos se apropriaram desses aspectos da produção, como a temática, o estilo ou a organização das informações no texto. Um outro trabalho tem por objetivo apresentar a experiência didática de como usar textos de DC para promover o letramento acadêmico em um curso de extensão de nível universitário. As pesquisadoras que compõem esta sessão compartilham referenciais teóricos dos estudos do texto e do discurso e dos estudos aplicados do letramento e também a compreensão do importante papel da DC na distribuição mais igualitária do capital simbólico representado principalmente pelo domínio de determinados modos de textualização/discursivização. Trabalhos dos Integrantes: O discurso promocional da divulgação científica midiática para crianças: relação entre ciência e vida social Maria Eduarda giering (UNISINOS) [email protected] No âmbito da popularização da ciência, estudamos a divulgação científica midiática (DCM) dirigida a um público infantil em artigos publicados na revista Ciência Hoje das Crianças (CHC). Alguns artigos dessa revista objetivam não apenas fazer-saber (informar) ou fazer-compreender (explicar) um tema científico, mas também incitam o leitor a um fazer. Essa característica nos levou a postular que, em determinadas condições contratuais nas quais se encontram artigos de DCM, ocorre o discurso promocional. Baseamo-nos, para nosso estudo, em postulados de Charaudeau (2008; 2009; 2010) sobre o discurso de midiatização da ciência e o promocional. Por meio do fim discursivo de incitação (fazer-fazer) direcionado aos leitores jovens, os textos revelam o intuito de provocar ações que beneficiam os destinatários, valorizando o saber da ciência e estabelecendo relação entre ciência e vida social. A representação que faz o locutor de seus leitores mostra-os como pessoas que, a partir do conhecimento científico informado, podem exercer sua cidadania no cotidiano ao executarem pequenas boas ações. Verificamos a presença do discurso promocional num corpus de 30 textos da CHC, estudando características comunicacionais e discursivas desse discurso. Constatamos a presença dos esquemas narrativo e argumentativo como estratégias para fazer-crer o leitor com vistas ao fazer. Observamos também o intuito de, por meio da DCM, provocar ações que promovam bem-estar social ou individual. A presença do discurso promocional na DCM nos remete aos modelos de comunicação pública da ciência, que buscam explicar as relações entre ciência e sociedade, mais especificamente ao Modelo Contextual de comunicação pública da ciência. O locutor, para a incitação ao fazer, explora informações consensuais e vivências do leitor a fim de contextualizar a informação nova e, dessa forma, possibilitar inferências exigidas para levar o leitor à ação. Ainda que o cientista detenha o saber científico, o processo discursivo para o fazer-fazer valoriza o leitor, atraindo-o para o exercício de ações que relacionam conhecimento científico e fazeres da vida diária. Texto e discurso no infográfico de Divulgação Científica na Mídia (DCM): da tese acadêmica ao fascículo jornalístico LER para crianças e adolescentes Juliana Alles de Camargo de Souza (UNISINOS) [email protected] A partir dos estudos sobre a Divulgação Científica Midiática na Mídia (DCM), foram investigados, em tese acadêmica, aspectos texto-discursivos de 58 infográficos, utilizados em matérias publicadas em revistas Superinteressante, Mundo Estranho e Saúde! É vital. Os textos foram analisados, dentre outras perspectivas teóricas, com base em estudos de Charaudeau (2006, 2008), de Adam (2011), de Oliveira (2010), de Teixeira (2011). Constatou-se que os infográficos se orientaram, predominantemente, para fins explicativo-demonstrativos consubstanciados por processos descritivos ou narrativos. Derivou-se, posteriormente, na continuidade das pesquisas, a hipótese de que, no contexto da DCM, esses textos sincréticos pudessem visar não só um fazersaber e fazer-compreender, mas também o fazer-fazer. Tais textos verbovisuais explicam fatos e temas complexos; podem implicar a mudança de atitudes da parte de quem adquire competências leitoras e científicas; possibilitam pensar/resolver problemas, contribuindo para a qualificação de vida das pessoas de desiguais comunidades. A hipótese mencionada tem sido corroborada, na prática, a cada edição de fascículos de um projeto denominado LER (Parceria Grupo Sinos, Unisinos e Faccat). 174 Resumos: Comunicações Coordenadas Publicam-se 3 fascículos anuais com temas literário-científicos destinados a crianças e jovens. Busca-se capacitar professores para a utilização deste material midiático em salas de aula. Neste trabalho do Simpósio, apresentam-se duas infografias, uma da tese acadêmica e outra do fascículo, pontuando aspectos da configuração discursivo-textual de um e de outro texto, remetendo ao Modelo Contextual de comunicação pública da ciência. Em conclusão, demonstra-se o papel relevante da infografia como texto que otimiza informação da ciência mediante processos de construção sincrética, por meio de ações descritivo-narrativoexplicativas que fazem compreender e, inferencialmente, no contrato de comunicação em que se publicam, oportunizam fazer agir. O papel da divulgação cientifica midiática no letramento acadêmico: uma experiência em curso de extensão Vivian Cristina Rio Stella (UNIANCHIETA -PUC/SP) [email protected] Com a necessidade de maior domínio da escrita para a publicação, o letramento acadêmico vem ganhando a atenção dos linguistas brasileiros, que começam a desenvolver pesquisas e a implementar ações didáticas para, respectivamente, identificar e sanar os principais problemas dos textos científicos, tais como: plágio, falhas de coesão sequencial e referencial, inapropriações textuais-discursivas dos gêneros acadêmicos. Uma das causas para que esses problemas ocorram, segundo Ferreira e Santos (2012), são as falhas no letramento, decorrentes, especialmente, da ausência de um ensino sistemático que permita que os alunos de graduação e de pós-graduação se apropriem desse capital simbólico (Bourdieu, 1989). O objetivo deste trabalho é apresentar a experiência didática de como usar a divulgação científica midiática para promover o letramento acadêmico no curso de extensão Ler e Escrever: Redação Acadêmica (IEL/Unicamp). Como decidimos por uma abordagem generealista no curso, isto é, há alunos de diferentes áreas e experiências com o saber científico, escolhemos usar, inicialmente, artigos de divulgação científica por estes se situarem, segundo Giering (2007), na intersecção dos contextos midiático, científico e didático e apresentarem características textuais-discrusivas do gênero artigo científico, especialmente os de visada fazer-saber. (GIERING, 2007). A partir de atividades de retextualização, especialmente a elaboração de resumos e paráfrases, procuramos desenvolver a reflexividade dos alunos em relação aos recursos de coesão textual, o que permite criar uma maior autonomia e construir uma identidade social de maior autoridade para escrever no campo científico. Ao analisar o desempenho dos alunos em função do desenvolvimento da reflexividade sobre a linguagem no campo acadêmico, podemos afirmar que essa proposta tem se mostrado bastante acertada. Mediação docente e apropriação dos gêneros reportagem de divulgação científica e artigo de divulgação científica: aspectos de um projeto didático interdisciplinar Márcia Mendonça (UNICAMP) [email protected] Sendo a diversidade de textos – e de esferas e gêneros discursivos, por conseguinte –princípio básico do currículo de língua portuguesa nos últimos 20 anos (Brasil, 1997), o discurso da divulgação científica (DC) passa a desfrutar da mesma legitimidade pedagógica que os demais discursos na escola. Configura-se, portanto, um contexto favorável ao trabalho com os gêneros de DC na escola, uma vez que, paralelamente, os gêneros discursivos são tomados como objetos de ensino (Rojo, 2001; Dolz e Schneuwly, 2004) que devem ser apropriados pelos alunos não só pela imersão em práticas sociais de leitura e produção desses gêneros, mas também por meio de um trabalho reflexivo específico voltado para suas diversas dimensões (em termos bakhtinianos): relação com a vida social, temáticas possíveis e esperadas, construção composicional, traços de estilo. Interessanos observar que aspectos dos gêneros de DC foram destacados pelos bolsistas-docentes e de que maneira os alunos reagiram às mediações docentes no contexto de um projeto didático. Este teve como produto final a criação de uma revista de DC pelos alunos de turmas do EF II, sob a orientação de bolsistas ID (Iniciação à Docência), todos licenciandos. Tomamos como corpus as versões dos textos, as observações dos bolsistas sobre esses textos, assim como entrevistas semiestruturadas com alunos da escola e com bolsistas ID. Verificamos que as mediações pedagógicas dos licenciandos se direcionaram para múltiplos aspectos da produção, relacionados ao gênero, como a temática, o estilo ou a organização das informações no texto; a sua inserção no suporte revista de DC, situado no contexto do projeto específico; ou a traços formais do texto. Os alunos, por sua vez, revelaram ser desafiados a se apropriar ainda de traços do estilo do gênero e de sua construção composicional, estando a questão temática relativamente resolvida, uma vez que as pesquisas antecedentes à escrita foram realizadas em textos de D. A apropriação dos aspectos dos gêneros de DC, seja por parte de professores em formação inicial seja por parte de alunos da escola, é influenciada por fatores diversos, como as ações didáticas realizadas – leituras, discussões, pesquisas, etc. – e os contextos mais amplos de ensino-aprendizagem em que tais ações se situam, como a forma de organização do trabalho pedagógico, por exemplo, aulas regulares, oficinas extras projetos de médio ou longo prazo, entre outras possibilidades. EM CENA: HISTÓRIAS DE ACESSO À CULTURA ESCRITA Coordenadora: Maria Ester Vieira de Sousa (UFPB) [email protected] Resumo da mesa: Pêcheux (1997) defende a existência de “técnicas” de gestão social que marcam os indivíduos, identifica-os, classifica-os, compara-os, coloca-os em ordem, em colunas, em tabela, reúne-os e os separa. Trata-se de um poder gerido em um espaço administrativo (político, jurídico, econômico e educacional, a exemplo da escola) no qual os sujeitos são/estão submetidos a regras e normas que atuam sobre o ser e o modo de ser; sobre o dizer e o modo de dizer; enfim, sobre o calar e o falar, já que não 175 Resumos: Comunicações Coordenadas se pode dizer de qualquer modo. Às técnicas de gestão social, os sujeitos pragmáticos respondem com as táticas, no sentido em que formula Certeau (1984). Nesse jogo entre normatização, normalização e burla, pensamos o lugar da linguagem como atividade constitutiva de sujeitos que produzem linguagem e nela se produzem. De modo semelhante, essa noção fundamenta a compreensão de leitor como um sujeito ativo que não são meros reprodutores de uma ordem instituída. Nesse sentido, ouvir os leitores significa fazer ressoar suas práticas leitoras, as suas histórias de leitores e o modo como se relacionam com a cultura escrita. Essa sessão coordenada propõe-se a colocar em cena discursos de sujeitos marcados por diferentes histórias de acesso à cultura escrita. Trabalhos dos Integrantes: Histórias de aprendizagem da leitura: memórias de sujeitos leitores Maria Ester Vieria de Sousa (UFPB - Campus I) [email protected] Nos últimos anos, pesquisas sobre a leitura têm focado práticas efetivas de leitura, dentro e fora da escola e em diferentes épocas, visando compreender como o leitor se institui: o quê e como lê, qual o seu perfil e que determinações históricas e sociais condicionam sua leitura. Esses estudos, em geral, seguem perspectivas abertas principalmente por estudiosos como Michel de Certeau e Roger Chartier. Nessa perspectiva, a leitura tem sido assumida como prática social, como atividade que revela maneiras de conceber (e de se relacionar com) o texto escrito, próprios de cada época, determinados pelos sujeitos sociais, pelos gêneros “da moda”, pelos suportes que veiculam o escrito. Seguindo essa concepção de leitura e, do ponto de vista analítico, priorizando as noções de interdiscurso e memória discursiva, desenvolvida por Pêcheux, neste trabalho, buscaremos, especificamente, refletir acerca da história e das práticas de leitura de alunos recém-ingressos no Curso de Letras da Universidade Federal da Paraíba, futuros professores de Língua Portuguesa cuja função precípua será formar leitores. Os dados de análise serão constituídos de relatos de histórias de leitura produzidos na disciplina Leitura e Produção de Texto, oferecida no primeiro período do referido curso. De modo geral, os relatos dos alunos retomam uma história da leitura que se configura pelo retorno de alguns lugares comuns acerca da aprendizagem da leitura. Esse retorno marca o lugar de um já-dito que se institui pela naturalização e pela normalização de um dizer. Nesse sentido, os dados analisados, por um lado, revelam um número significativo de alunos que não gostavam de ler em função de uma ausência de leitura na família e na escola, instâncias inicialmente ligadas à formação do leitor. Por outro lado, alguns alunos, até mesmo independente do fator influência, demonstram uma relação de aproximação de prazer pela leitura. Para além de apontar discursos contraditórios, esses dados revelam modos diferentes de acesso à cultura escrita, característicos de diferentes sujeitos em diferentes contextos sociais e culturais. Nas histórias de professores de Português: a leitura (in)certa Laurênia Souto Sales (UFPB - Campus IV) [email protected] Crescem, significativamente, as pesquisas sobre leitura desenvolvidas no Brasil, nas últimas duas décadas, especialmente no tocante às práticas leitoras dos sujeitos-alunos que cursam a Educação Básica. No entanto, o número de trabalhos relativos a essa temática no Ensino Superior, ainda não é tão significativo assim; e, quando há, em sua maioria, buscam conhecer a prática pedagógica do professor de Língua Portuguesa, desconhecendo, muitas vezes, a história e as práticas de leitura desse profissional. Tal fato pode ser considerado, no mínimo, curioso, uma vez que o conhecimento de tais aspectos em muito pode explicar o fazer docente desse sujeito, ao qual cabe o trabalho com a leitura enquanto conteúdo de ensino, bem como fazer da leitura uma prática cotidiana dessa disciplina. Nesse sentido, esta comunicação objetiva analisar o discurso sobre leitura de sujeitos-alunos do Programa de Mestrado Profissional em Letras (PROFLETRAS), da Universidade Federal da Paraíba – Campus IV, a fim de compreender a história de leitura desses sujeitos, a partir do acesso que tiveram aos bens culturais da escrita. A pesquisa apresenta um corpus discursivo composto de 25 questionários respondidos por alunos recém-ingressos no referido programa de pós-graduação. Utilizamos como aporte teórico os estudos de De Certeau (1994) e Chartier (1999, 2001), que concebem a leitura como prática social e cultural, uma atividade que (re)vela as maneiras como o sujeito se relaciona com o texto. Os resultados da análise nos apresentam, por um lado, a sujeitos ávidos pela leitura e, por serem assim, não se deixaram abater, na infância, pela falta de acesso fácil aos livros; e, por outro lado, a sujeitos que, devido à falta de incentivo à leitura e à falta de acesso aos livros, apresentam uma lacuna em sua história de leitura, a qual foi resgatada ao ingressarem no Curso de Letras e nos cursos de formação continuada. Cultura escrita na escola: entre histórias de vida e memórias de leitores Thiago Trindade Matias (UFAL) [email protected] O presente trabalho é uma análise de produções autobiográficas de alunos de uma escola pública do município de Delmiro Gouveia, localizada no Estado de Alagoas (Brasil). As atividades são resultantes da parceria entre a escola pública e o Subprojeto do PIBID (Programa Institucional de Iniciação à Docência) / CAPES – Letras UFAL / Campus do Sertão. Partimos da noção de gênero discursivo proposta por Bakhtin (2003) e pela noção de letramentos múltiplos, por Rojo (2009). A produção escrita do gênero foi desenvolvida na oficina intitulada – “Minhas memórias de leitor”. Na oficina, os alunos foram levados a produzir autobiografia e a confeccionar uma capa para o gênero proposto. Conforme Orlandi (2008), em sua perspectiva discursiva, na reflexão sobre a leitura, ao afirmar que o sujeito-leitor tem suas especificidades e sua história, nossa pesquisa se voltou a investigar, por meio das autobiografias, histórias de leituras e de escrituras dos alunos da escola parceira. Nelas buscamos a história de acesso à leitura e à escrita, aos modos de ler, ao gosto pela leitura dos alunos. Chartier (2007) afirma que “a escrita 176 Resumos: Comunicações Coordenadas teve por missão conjurar contra a fatalidade da perda”, nesse caso, nosso propósito foi constatar que as autobiografias, como gênero discursivo escrito, são um gênero que tem por função “imortalizar” histórias, como bem afirma Castillo Gómez, em seu texto - ‘La biblioteca interior’ – que “las diversas maneras en las que se puede afrontar la reconstrucción histórica de las prácticas de la lectura, una de ellas es la que trata de hacerlo a partir del estatuto dado a los libros y al acto de leer en los escritos auto biográficos.”. NOVAS PERSPECTIVAS NA ANÁLISE DE DISCURSO CRÍTICA Coordenadora: Maria Izabel Magalhães (UNB/UFC) [email protected] Resumo da mesa: O fato de a Análise de Discurso Crítica (ADC) ser uma teoria transdisciplinar possibilita o dialogo com múltiplas disciplinas e teorias. Diante desse fato, é possível perceber, nas pesquisas de análise de discurso, que a profícua interlocução entre a ADC e variadas teorias de diversas disciplinas findam mobilizando estudos inovadores em dispares áreas. Ante isso, não raro se observa, através de esforços pautados na ADC, trabalhos com abordagens singulares, preocupadas em perceber, por exemplo, as lutas por poder e a orientação ideológica no/do discurso em áreas e objetos antes alheios a análises de cunho crítico. Assim, ante essas constatações, a presente comunicação coordenada preocupa-se com as “Novas Perspectivas na Análise de Discurso Crítica”, buscando dar visibilidade a pesquisas de ADC que detêm seu olhar sobre disciplinas e objetos “tradicionais” na academia, dandolhes enfoques particulares. A presente comunicação coordenada está segmentada em quatro partes e reúne estudos diversos que vão desde identidade de gênero a Direito, senão vejamos: a fala primeira é de Lorena Araújo de Oliveira Borges (UnB/Capes) sobre a “Análise de Discurso Crítica e o estudo das identidades de gênero”; a segunda é de Viviane M. Heberle (UFSC/CNPq) e nomeia-se “Multimodalidade, multiletramentos e Análise Crítica do Discurso”; a terceira é de Ana Cláudia Barbosa Giraud (UFC) e possui como título “Globalização, ensino de línguas e ADC”; e, por fim, há a exposição de David Barbosa de Oliveira (UFC) e Izabel Magalhães (UFC-UNB) sobre a relação entre “Direito e Análise de Discurso Crítica”. Trabalhos dos Integrantes: Direito e Análise de Discurso Crítica David Barbosa de Oliveira (UFC) [email protected] Izabel Magalhães (UFC/UNB) [email protected] A relação entre a linguagem e a sociedade é um fato na Análise de Discurso Crítica (ADC) (CHOULIARAKI E FAIRCLOUGH, 1999; FAIRCLOUGH, 1992, 2003, 2010) e um precioso instrumento para o estudo dos processos ideológicos que medeiam relações de poder no Direito. O discurso jurídico possui forte persuasão e isso se deve ao apelo a uma pretensa objetividade que busca possuir, que é alcançada com neutralização ou naturalização dos valores não confessados, por exemplo, pelo magistrado, valendo independente de situações e contextos específicos (FERRAZ JR., 1980). Se o texto legal carrega consigo variadas posições ideológicas dentro do campo de interpretação possível, tentativas de lograr isenção ou confiança social, por meio de posturas “objetivas” e “neutras” ou de afirmações como “a lei é clara e não há espaço para interpretações” são infrutíferas, pois em verdade elas tanto quanto outras situam o ator jurídico na reprodução de um específico discurso, vinculando-o ideologicamente. Essa prática jurídica conhecida como legalista, em vez de evidenciar as escolhas ideológicas dos operadores do Direito, opta por afastar o conflito impondo uma específica e “única” ideologia havida como natural. Assim, mesmo com a pretensão de criar um discurso seguro, objetivo e neutro, arrebentam-se contra o Direito as ondas das disputas por poder travadas na sociedade, denotando que nenhuma ação jurídica, por mais técnica que seja, é desvinculada da ideologia (GUERRA FILHO, 2009). As práticas do Direito encenam formas particulares de pensar e representar o mundo ou legitimando o novo discurso ou reforçando as trincheiras do pensamento conservador por meio da violência estatal. Dessa maneira, a ADC surge como uma importante opção para identificar e, caso possível, transformar os direcionamentos ideológicos sobre o Direito, pois possibilita identificar, revelar e divulgar aquilo que está implícito ou que não é imediatamente assumido nas relações de dominação discursivo-jurídicas, trazendo à tona as estratégias de manipulação, legitimação e criação de consensos normativos. Globalização, ensino de línguas e ADC Ana Cláudia Barbosa Giraud (UFC) [email protected] Nos últimos quarenta anos, a globalização têm promovido mudanças profundas no mundo social, cujas características mais marcantes são uma reorganização espaçotemporal e uma crescente interconexão mundial (HARVEY, 2010, 2012). As relações sociais, as trocas de ideias, bens e serviços foram radicalmente transfomadas, e construiram novas redes de interação, atividade e poder. Assim, para a ADC, a globalização deve ser vista (para além de um conjunto de processos econômicos e tecnológicos) também como um processo sociodiscursivo, que encerra possibilidades de regulação e/ou de alteração de seu curso (CHOULIARAKI & FAIRCLOUGH, 1999; FAIRCLOUGH, 2001, 2003, 2006, 2012). Com base em um estudo etnográfico discursivo (MAGALHÃES, 2000, 2006; RESENDE, 2008), cotejo dados coletados junto a oito docentes de língua francesa de duas universidades do estado do Ceará, examinando como certos discursos da globalização valorizam e difundem a língua 177 Resumos: Comunicações Coordenadas inglesa como língua global, priorizando seu estudo com vistas ao mercado de trabalho, em detrimento das demais línguas estrangeiras. Analiso ainda como esses discursos causam efeitos sobre o planejamento e a execução de políticas para o ensino de línguas (CALVET, 1999, 2002, 2007), modificando seu valor social e influenciando discursos e estilos de docentes de francês. As análises, construídas, sobretudo, a partir da categoria modalidade, demonstram o ponto de vista dos/das docentes, sobre os documentos oficiais reguladores do ensino de línguas no Brasil (LDB e PCNs), os quais veiculam um discurso que prega a diversidade linguística, mas que, na realidade, não a favorece. Os dados apontam ainda que no Ceará, os discursos contidos nesses documentos têm contribuído para a restrição do campo de atuação de profissionais das línguas hoje consideradas como não prioritárias, e a consequente diminuição da procura pelos cursos de formação docente. Por outro lado, novas configurações provocadas pela globalização, como a internacionalização das universidades, tem, nos últimos anos, aumentado o interesse pelo aprendizado do francês, indicando a revitalização do idioma. Assim, se a Globalização e os discursos mercadológicos têm certos efeitos nocivos, produzem também efeitos positivos para o ensino de francês. A Análise de Discurso Crítica e o estudo das identidades de gênero Lorena Araújo de Oliveira Borges (UnB/Capes) [email protected] Esse trabalho tem o objetivo de apresentar uma reflexão sobre a relevância da Análise de Discurso Crítica (CHOULIARAKI E FAIRCLOUGH, 1999; FAIRCLOUGH, 1992, 2003, 2010) para os estudos pós-estruturalistas de gênero e linguagem desenvolvidos à luz da Terceira Onda do Movimento Feminista. Para Fairclough (1992), o discurso é uma forma de prática social que se constitui dialeticamente, sendo moldado e restringido pelas estruturas sociais na mesma medida em que colabora para a constituição de todas as dimensões destas estruturas. Nesse sentido, um dos aspectos dos efeitos do discurso seria o de contribuir para a constituição das identidades sociais (FAIRCLOUGH, 1992), dentre elas as identidades de gênero (MAGALHÃES, 2005). Atentas a essa perspectiva, algumas pesquisadoras propuseram o desenvolvimento de uma Análise de Discurso Crítica Feminista (LAZAR, 2005), que tem como foco o estudo dos modos como as identidades de gênero são representadas, construídas e contestadas por meio da linguagem. Esses estudos têm fornecido ferramentas para que o movimento feminista possa fomentar a desestabilização das identidades de gênero heteronormativas (MOTSCHENBACHER, 2010), propondo formas de reconhecimento de novas identidades que não são aceitas pelos discursos hegemônicos. Tal perspectiva pode ser vislumbrada, por exemplo, em processos de reconfiguração semântica de determinadas palavras, como vadia e feminista, propostos por diversos grupos feministas ao redor do mundo. Entretanto, ainda que o Feminismo seja um movimento global, ele não se realiza da mesma maneira em todos os lugares, o que significa que uma análise que se propõe crítica não pode desconsiderar o contexto social local (MAGALHAES in RESENDE; PEREIRA, 2010) em que as práticas sociais tomam lugar. É nesse sentido que a Análise de Discurso Crítica se sobressai enquanto aparato teórico-metodológico no estudo das construções das identidades de gênero, uma vez que fornece, ao mesmo tempo, uma estruturação relativamente estável para a análise de textos e uma abertura essencial para o reconhecimento das peculiaridades de práticas sociais localmente situadas, garantindo a fluidez e negociação necessárias para a compreensão das práticas de gênero “mosaico” contemporâneas. Multimodalidade, multiletramentos e Análise Crítica do Discurso Viviane M. Heberle (UFSC/CNPq) [email protected] Cada vez mais na contemporaneidade novas formas de comunicação estão surgindo e consequentemente há novos desafios educacionais a serem enfrentados. Estudos em multimodalidade e multiletramentos fundamentados na linguística sistêmicofuncional (LSF) e na gramática do design visual (GDV) constituem novas perspectivas teórico-metodológicas que possibilitam a investigação de diferentes recursos semióticos além da linguagem verbal na construção de sentido em gêneros textuais pertencentes a diferentes práticas sociais contemporâneas. De acordo com a LSF, a linguagem verbal representa um dos possíveis sistemas semióticos de uma cultura e todos os sistemas semióticos (incluindo danças, músicas e exposições em museus, por exemplo) estão relacionados às funções que exercem em contextos sociais. A partir das três metafunções da LSF (ideacional, interpessoal e textual), a GDV utiliza os termos representacional, interacional e composicional, respectivamente, para a análise de imagens em relação a) à representação de pessoas, ações, circunstâncias e conceitos; b) às interações complexas existentes entre os participantes representados e o/a espectador/a; e c) à organização e distribuição dos elementos imagéticos. Enquanto multimodalidade pode ser entendida como abordagem sociossemiótica da comunicação contemporânea, o termo multiletramentos, mais direcionado a contextos educacionais, refere-se ao desenvolvimento de habilidades e estratégias de produção e interpretação de textos com o uso de diferentes recursos semióticos. Para estudiosos de análise crítica do discurso, que se preocupam em descrever, interpretar e explicar as relações entre textos e seus contextos, examinando aspectos socioculturais e ideológicos, esses estudos podem contribuir como suporte teórico-metodológico para a análise de significados visuais estáticos e/ou em movimento, em consonância com a investigação de estruturas lexicogramaticais, a partir da linguística sistêmico-funcional. Nesta apresentação discuto essa interface, argumentando a favor desta possível relação saudável entre a análise crítica do discurso e estudos de multimodalidade e multiletramentos para a investigação de relações de poder, gênero e identidade. Espero que o trabalho possa contribuir para uma discussão mais ampla sobre a relevância dessa interface/sinergia para estudos do discurso e de formação de professores. 178 Resumos: Comunicações Coordenadas MÍDIA E DISCURSO: AS VOZES DE OPRESSÃO E DE RESISTÊNCIA NO COTIDIANO DAS CIDADES Coordenadora: Maria Lúcia da Cunha Victório de Oliveira Andrade (USP) [email protected] Resumo da mesa: Os trabalhos apresentados nesta sessão dedicam-se ao estudo crítico-discursivo de representações de grupos oprimidos e/ou minoritários em gêneros discursivos distintos divulgados na mídia impressa e online. Visa-se, assim, a uma análise tanto da configuração quanto das formas de mobilização e de articulação de vozes de grupos sociais dominantes e resistentes, buscando compreender a dinâmica de conflito representacional que atua no processo de manutenção e de confrontação de hegemonias no discurso. Para isso, propomos uma pesquisa interdisciplinar que integre a História, a Sociologia e a Linguística Cognitiva e/ou Funcional, de forma a buscar evidenciar e analisar — por meio da descrição textual, da interpretação do processamento cognitivo-discursivo e da explanação sócio-histórica — a voz dos atores sociais oprimidos — muitas vezes, esquecidos e silenciados por grupos dominantes. Assim, pretendemos depreender de que maneira tanto a grande mídia quanto a mídia alternativa concebem a interação com os leitores, no sentido de naturalizar relações desiguais de poder ou de confrontá-las, visando a uma conscientização social orientada contra-hegemonicamente. Assumimos que, discursivamente, o poder é exercido tanto por meio de gêneros, padrões sociodiscursivos de interação que funcionam como meios de governança, quanto por meio de representações e de estilos, responsáveis pela legitimação de aspectos da realidade e pela imposição de modos preferenciais de ser, pensar, sentir e comportar-se. Contudo, assumimos, em consonância com os estudiosos da Análise Crítica do Discurso, que os atores sociais são dotados de reflexividade e, por isso, são apenas parcialmente determinados pelas estruturas sociais, sendo capazes de modificá-las em ações coletivas. Por fim, consideramos, em nossa análise, não apenas as escolhas lexicais e gramaticais estruturantes dos discursos em foco, mas também as implicações sociais e ideológicas, o contexto sociocultural em que o texto se instaura e os processos cognitivos que subjazem à interpretação e à produção textual. Trabalhos dos Integrantes: A voz feminina no jornalismo paulista do século XIX : em busca de uma identidade social Maria Lúcia da Cunha Victório de Oliveira Andrade (USP) [email protected] Para poder contar e refletir um pouco sobre a história das mulheres brasileiras e construir sua identidade pode-se seguir vários caminhos, escolhemos aquele trilhado pelas mulheres que se dedicaram a tecer e divulgar suas ideias, aspirações e realizações por meio da imprensa, criando jornais com o intuito de dialogar com as leitoras e torná-las conscientes de suas escolhas e papeis sociais, buscando retratar em suas páginas o perfil da mulher no final do século XIX. Perfil desenhado através da escrita da fundadora e editora do jornal literário A Família (1888 a 1894), Josefina Alvares de Azevedo – professora e escritora – que tinha como objetivo interagir com a mãe de família, visando à sua educação. Buscamos, portanto, analisar as relações dialógicas estabelecidas entre enunciador e enunciatário nas cartas da editora, enquanto práticas discursivas ritualizadas que possuem um espaço específico na referida publicação. A partir dos pressupostos teóricos da Análise Crítica do Discurso elaborados por Fairclough (2001, 2003, 2006) e Van Dijk (2003, 2012), buscamos revelar como o jornal concebe, metaforicamente, a interação com as leitoras, criando um tipo particular de envolvimento, chegando mesmo à cumplicidade. Para construir um perfil do enunciador (ethos) e como ele deseja transformar seu enunciatário (as leitoras), consideramos não apenas as escolhas lexicais e as implicações sociais e ideológicas, mas também o contexto sociocultural em que o texto se instaura. Importa observar também as relações de poder que a enunciadora exerce sobre as leitoras e como esse gênero discursivo, a carta da editora, forma e propaga um conceito de comportamento social feminino que perpassa toda a publicação, trabalhando como a linguagem empregada constitui uma estratégia de persuasão que legitima os padrões ideológicos existentes em nossa sociedade no final do século XIX. Por meio de 5 cartas da editora de A Família selecionadas entre as primeiras edições digitalizadas do ano de 1888 e disponíveis na Hemeroteca Digital Brasileira, analisamos a posição que as mulheres ocupavam na família e na sociedade brasileira, nesse final de século. A partir dessas cartas estamos buscando resgatar os discursos que fundamentam e prescrevem o sentir, o fazer e o saber do sujeito mulher do final do século XIX, na sociedade paulista e determinam suas formas de ser no desempenho de diferentes papeis, seja como esposa, como dona de casa ou mãe, e como mulher que agora tem uma profissão e se projeta na sociedade por desempenhar mais essa função. Cabelo liso e solto ao vento: o racismo na metáfora da boa aparência – uma perspectiva crítica social da linguagem Kelly Cristina de Oliveira (UFMG) [email protected] Este artigo pretende analisar como o racismo ainda circula no nosso cotidiano, por meio das diversas práticas sociais, sob a metáfora da boa aparência. Nosso corpus é composto por três notícias de jornal sobre uma escola de São Paulo que solicitou aos pais que trouxessem suas filhas com os cabelos lisos e soltos, para participar de uma apresentação de final do ano. O bilhete colado nas agendas traz a imagem da personagem, Maria Joaquina, da telenovela Carrossel, conhecida exatamente por ser racista. O fato ganhou notoriedade depois que uma pessoa postou o bilhete numa rede social, Facebook, seguido de uma mensagem de indignação, tendo mais de 6.000 compartilhamentos. Esse fato foi noticiado em vários jornais impressos e on line, gerando comentários dos leitores e uma carta de desculpas da escola. Por isso, nosso corpus é composto: por três notícias de jornais de maior notoriedade de São Paulo, Folha de S.Paulo, O Globo e Extra Globo, na versão on line: por alguns comentários de leitores desses jornais: e pela referida carta da escola. O tema torna-se relevante, porque mesmo após a abolição dos escravos, o racismo 179 Resumos: Comunicações Coordenadas é presente, naturalizado, fazendo parte das práticas comuns do cotidiano brasileiro e, por anos, ainda está presente por trás da boa aparência. Pretendemos analisar, portanto, uma prática social que moveu várias outras práticas, numa rede, gerando ações nos produtores e leitores das mídias jornalísticas e sociais. Utilizaremos o arcabouço teórico da Análise Crítica do Discurso desenvolvida por Fairclough (2001, 2003), que, baseado em estudos do Realismo Crítico, propõe analisar a linguagem numa relação dialética com a vida social. Para analisar o racismo, utilizaremos van Dijk (2010) que o considera um sistema social de dominação bem complexo, pois envolve fundamentações éticas e questões de desigualdade, além de ser composto por um subsistema social e cognitivo. #OcupaEstudantes: o discurso de resistência do movimento estudantil secundarista do estado de São Paulo em perspectiva crítico-discursiva Paulo Roberto Gonçalves Segundo [email protected] O objetivo deste trabalho é analisar o discurso das vozes resistentes ao programa de reorganização das escolas públicas dos Ensinos Fundamental II e Médio do Estado de São Paulo, proposto pela gestão do governador Geraldo Alckmin em 2015, materializado em textos opinativos escritos em jornais, revistas e portais online por meio da hashtag #OcupaEstudantes. Dentre eles, podem-se citar os portais da Revista Fórum, do Esquerda Diário, do blog Blogueiras Feministas, da Revista Capitolina e do coletivo de comunicação Periferia em Movimento. A campanha visava a propiciar um espaço na mídia para que os estudantes mobilizados contra a medida governamental relatassem sua experiência de luta, sua vivência nos espaços ocupados e o cotidiano das escolas públicas paulistas, posicionando-se em relação à situação da educação no estado. Por meio de um referencial que estabelece convergências entre os pressupostos teóricos e as categorias de análise da Linguística Cognitiva e dos estudos sociocognitivistas (Chilton, 2004; Hart, 2014; van Dijk, 2014; Gonçalves-Segundo, 2014) com o modelo tridimensional de análise proposto por Fairclough (1998, 2003, 2010), visa-se a depreender os padrões de configuração linguístico-discursiva de esquematização e de atenção articulados estrategicamente na defesa da ocupação das escolas e na mobilização da opinião pública no sentido de apoiar a movimentação e rejeitar a atuação da gestão Alckmin na questão, construída como autoritária, truculenta e mercadológica. Serão observados o papel da esquematização de forças — considerando as propostas de Talmy (2000) e Croft (2012) no que tange à interação entre a experiência corporeada com forças e a construção da causalidade externa e/ou interna das cenas nos enunciados em relação às possíveis rotas de conceptualização incitadas — e dos processos de foco, granularidade e quadro de visualização (Langacker, 2008; Hart, 2014) como recursos de seleção e de direcionamento da atenção do leitor a determinadas entidades e processos, considerando sua possível atuação na legitimação da mobilização estudantil. Assim, este trabalho visa a buscar contribuir para a compreensão da complexa interação entre processos linguísticos, discursivos, retóricos e cognitivos. VIOLÊNCIA, DISCRIMINAÇÃO E PRECONCEITO EM PRÁTICAS DISCURSIVAS CONTEMPORÂNEAS Coordenadora: Maria Virgínia Leal (PPGDH e PPGL/UFPE) [email protected] Resumo da mesa: Discute-se, no campo dos chamados Estudos Discursivos, práticas linguageiras em suas relações com a violência, o preconceito e a discriminação de determinados grupos sociais, enfocando fenômenos como fórmulas discursivas, identidade e ethos, tendo como objetivo propor aos participantes a problematização no Brasil dessas práticas no âmbito da construção de uma Cultura de Paz ou de uma Educação em Direitos Humanos. Trabalhos dos Integrantes: Preconceito e violência: uma análise de discursos intolerantes religiosos em redes sociais Maria Virgínia Leal (PPGDH e PPGL/UFPE) [email protected] A violência é hoje um fenômeno mundial, presente em diversas esferas da vida em sociedade e com diversas formas de materialização – entre elas, inclui-se a violência discursiva. Radicada em (pre)conceitos e diversificadas formas de intolerância, esta violência atinge particularmente negros, mulheres, indígenas, idosos, e comunidades religiosas, entre muitos outros grupos vulneráveis à defesa dos direitos humanos que poderiam ser citados. Esta pesquisa, ante o exposto, se propôs a investigar determinados efeitos de sentido advindos de práticas discursivas preconceituosas e intolerantes produzidas em redes sociais, especificamente no Facebook. Tratou-se de pesquisa qualitativa, com grupo focal formado por mestrandos de programas de pósgraduação em letras e em direitos humanos, e com análise específica de fenômenos presentes na contemporaneidade, tais como fórmulas discursivas, aforização, designações, entre outros elementos enunciativo-discursivos, utilizadas em referência a grupos ou comunidades religiosas distintas e entre diferentes grupos oriundos de uma mesma comunidade religiosa. Tendo como solo teórico que o contraponto da intolerância não é a tolerância, como também desconfiando de certas proposições do movimento “politicamente correto”, a investigação concluiu que existem formas intolerantes de se tratar de intolerância a determinadas religiões ou grupos religiosos, realçando contradições de natureza política (por exemplo, a captura da defesa dos “direitos humanos” pelo neoliberalismo), no combate a preconceitos e discriminações, marcando os modos pelos quais certas inscrições discursivas estão relacionadas a um modo de “naturalização” dessas formas de violência. Tais reflexões encontram-se 180 Resumos: Comunicações Coordenadas sedimentadas na Análise do Discurso, especialmente desenvolvida por Dominique Maingueneau (2001; 2005a; 2005b; 2008, 2010a; 2010b; 2014) e Alice Krieg-Planque (2008, 2010) e dá prosseguimento a pesquisas realizadas por Cisneiros e Leal (2015) e Leal e Gomes (2015). Ethos de violência e ciberviolência contra professores, uma visita atualizada a comundades virtuais Morgana Soares da Silva (UFRPE) [email protected] O presente trabalho dá continuidade à pesquisa de doutoramento intitulada “Ciberviolência, ethos e gêneros de discurso em comunidades virtuais: o professor como alvo” e financiada pela CAPES, com o intuito de revisitar algumas comunidades virtuais e discursivas nela analisadas. Temos, portanto, os objetivos precípuos de desenvolver o conceito de ethos de violência anteriormente cunhado e de analisar os discursos violentos contemporâneos veiculados em 5 comunidades públicas do Facebook e 5 do Twitter, corpus deste trabalho. Vale ressaltar que concebemos o ethos de violência, categoria analítica central desta investigação, como uma imagem agressiva de si construída por alunos enunciadores em textos pejorativos e degradantes sobre seus professores (SILVA, 2014). Este estudo é relevante, porque os discursos coletados em 2011 sofreram modificações em sua materialidade, assim como mudaram as ferramentas e as interfaces dos sites de redes sociais (SRS), o que proporciona novos e preciosos dados. Para tanto, realizamos uma pesquisa qualitativa e documental, com pretensões comparativas e interpretativas, que emprega o método indutivo e se respalda teoricamente na Análise do Discurso de linha francesa e em pesquisadores que têm as redes sociais como objeto de estudo. Ancoramo-nos, especificamente, na heurística de Maingueneau (2014, 2013, 2008, 2007, 2010, 2002, entre outros), para quem: i) o ethos discursivo é híbrido, partilhado, implícito e divergente, é o caráter e a corporalidade que o locutor mostra para conquistar a adesão de outros sujeitos (MAINGUENEAU, 2013, 2010, 2006, 2002, 1998); ii) as comunidades virtuais são agrupamentos de pessoas que partilham ideologias (CASTELLS, 2003; RECUERO, 2009) e filiam-se a discursos e a comunidades discursivas e imaginárias (MAINGUENEAU, 2008). Os resultados oriundos das reflexões sobre a questão de pesquisa deste estudo – a saber: “Como se configura atualmente o ethos de violência construído por alunos em comunidade virtuais que agridem professores?” – revelam que a ciberviolência é um fenômeno sociodiscursivo ainda presente nas comunidades virtuais analisadas e que o ethos de violência continua conquistando adesões de outros sujeitos discursivos. Essa última constatação corrobora o conceito cunhado anteriormente e confirma que o processo discursivo é realmente produtivo em comunidades discursivas veiculadas em redes sociais. Entre novinhas e sapequinhas: analisando os modos de identificação no funk-brega pernambucano Jaciara Josefa Gomes (UPE) [email protected] O modo como os atores sociais se identificam nos discursos é investigado nesse artigo a partir do processo de avaliação. Investigamos especificamente os modos como o MC Sheldon, cantor de funk-brega pernambucano, identifica a si próprio e aos outros em suas produções musicais. Para tanto, analisamos a construção de identidades nesse estilo musical, bem como a finalidade de tais construções, através da investigação de elementos linguísticos que possibilitam observar os significados identificacionais. A avaliação é uma categoria que pode ser subclassificada em três outros conteúdos, a saber: o grupo das afirmações avaliativas, o grupo das afirmações que utilizam verbos de processo mental afetivo, e, por fim, o grupo das presunções valorativas (FAIRCLOUGH, 2003). Esses conteúdos são uteis para desvelar identidades por revelarem apreciações e perspectivas próprias do locutor, que ele avalia como boas ou ruins, por exemplo. Com isto, objetivamos compreender como a organização social molda a prática discursiva desse discurso específico. Baseamo-nos no enquadre teórico-metodológico da Análise Crítica do Discurso (ACD), sobretudo nos estudos de Fairclough (1997 e 2001), aliado ao pensamento de Giddens (1991) sobre as consequências da modernidade tardia. Ademais, refletimos sobre o funk como prática social, já que entendemos que o papel da linguagem é mediar a vida social. Daí que, recorremos ainda à noção de prática social como uma categoria constituída por discurso, atividade material e mental (VAN DIJK, 2004 e 2008), relações sociais, poder e crenças (é nos campos da economia, da cultura e da política, bem como da vida cotidiana que as práticas se concretizam). Daí porque se faz necessária uma análise ampla do discurso, uma análise que compreenda as dimensões da estrutura social, além da linguística, pois tal investigação nos possibilita desvelar as relações de dominação e desigualdades sociais comuns no universo funk-brega. DISCURSO PEDAGÓGICO E RELAÇÕES ETNICO-RACIAIS Coordenadora: Míria Gomes de Oliveira (UFMG) [email protected] Resumo da mesa: Nesta comunicação coordenada, apresentaremos trabalhos que investigam relações entre discursos pedagógicos e estudos étnicoraciais no Brasil contemporâneo. De fato, estudos voltados para o discurso educacional e relações étnico-raciais se entrelaçam no que se referem às desigualdades sócio-econômicas da população negra (pretos e pardos) brasileira e apontam entraves e avanços na efetivação e eficácia da Lei 10.639/2013 (OLIVEIRA & SILVA, 2016) que determina o ensino da cultura, literatura e história africana e afro-brasileira. Os conflitos gerados por ações afirmativas remontam a lutas do movimento negro em curso desde o fim do século XIX e resvalam na presença de ideologias racistas no Brasil. Apresentaremos, assim, quatro pesquisas. A primeira, “De leitor para leitor”, tem por objetivo investigar e intervir na formação de leitores do 2o Ciclo do Ensino Fundamental e divulgar 181 Resumos: Comunicações Coordenadas obras literárias do chamado “Kit-Afro” distribuído nas escolas municipais de Belo Horizonte[1]. Analisados depoimentos de alunos que participaram de oficina de leitura e resenha de textos literários voltados para a diversidade social. A segunda, reflete sobre o discurso institucional de coordenadores dos cursos de licenciatura em Letras, História e Artes da UFMG perante demandas da lei federal supracitada. Na terceira apresentação, apontamos interfaces entre discurso pedagógico e estudos sociológicos, a partir da Revista do Centro de Estudos Afro-Orientais(2014). Recortaremos artigos que dialogam com Nina Rodrigues, Gilberto Freire, Florestan Fernandes e Guerreiro Ramos. Nosso objetivo é demostrar que as diferentes representações do que seja ‘ser negro” pode desmistificar estereótipos em torno da subjetividade negra e apoiar na implementação da lei, tanto na formação docente como na prática da sala de aula. Partindo do pressuposto de que o silenciamento histórico desses estudos nos impedem de avançar na compreensão do racismo em nossa sociedade, destacaremos os principais conceitos presentes na obra desses autores. ([1] Pesquisa apoiada com recursos do Edital FAPEMIG - Pesquisa Aplicada/2013). Trabalhos dos Integrantes: De leitor para leitor: ensino da literatura e relações etnico-raciais Míria Gomes de Oliveira (UFMG) [email protected] A pesquisa aplicada “De leitor para leitor” tem por principal objetivo investigar, problematizar e intervir na formação de leitores do 2o Ciclo do Ensino Fundamental e divulgar obras literárias do chamado “Kit-Afro” distribuído nas escolas municipais de Belo Horizonte. Os livros do “Kit” trazem, como temática transversal, questões étnico-raciais e sobre diversidade cultural de forma mais ampla. O trabalho de pesquisa está organizado a partir de três ações metodológicas interligadas: 1. Oficina “De leitor para leitor”, em que são realizadas e pesquisadas práticas de letramento literário (Paulino, 1999; Cosson, 2006; OLIVEIRA, 2014) no 2o ciclo na E. M. Dep. Milton Salles, em Belo Horizonte. 2. Registro em vídeo e divulgação virtual de indicações de leitura feitos pelos alunos no www.youtube.com. 3. Produção de catálogo literário cujo público alvo será toda comunidade escolar e, em última instância, leitores virtuais. Partindo das orientações da lei 10.639/03 e dos trabalhos de KABENGELE (1999), GOMES, AMANCIO E JORGE (2008) dentre outros, nosso objetivo é trazer as temáticas da diversidade para o centro da formação de leitores do 2o Ciclo de formação. Nesta apresentação, apontaremos as tensões resultantes de políticas raciais e linguísticas a partir da análise de questionário em que buscamos perceber a avaliação do projeto pelos alunos e suas representações de raça e de racismo. Análise do Discurso institucional: A demanda de implementação da Lei nº10.639/03 nos curso de formação inicial da UFMG Audrey Michelle Nogueira (UFMG) [email protected] Esse trabalho traz algumas reflexões decorrentes da pesquisa em desenvolvimento, que visa analisar o discurso institucional da Universidade Federal de Minas Gerais, perante a demanda de implementação do estudo/ensino da História e Cultura da África e Afro-brasileira, nos curso de formação de professores, conforme dispõe a lei federal nº 10.639/2003.Tal legislação está inserida no contexto de luta pelo enfrentamento da desigualdade racial no Brasil, e se efetiva como uma normativa que questiona o currículo como elemento de dominação e poder. É indispensável, portanto, refletir sobre os possíveis impactos desta legislação, por meio de uma perspectiva teórica comprometida ativamente com os temas e fenômenos relativos aos estudos do poder, dominação e desigualdade. Neste contexto, destaca-se a Análise Crítica do Discurso, como vertente teórico-metodológica que ressalta a dimensão social da linguagem. O discurso é elemento integrante da sociedade, e como prática social, emerge em meio às relações de conflito e poder, sendo ao mesmo tempo instrumento de dominação e instrumento de mudança. O que se busca nas análises linguísticas desta perspectiva, não é o estudo minucioso de um “documento-objeto”, mas a descrição da ordem do discurso de uma instituição, de suas formações ideológicas-discursivas e as relações de dominação entre elas. (VAN DIJK, 2000). Diálogos discursivos entre estudos das relações raciais e sociologia e educação Silvia Regina Galvão e Franz Piragibe (UFMG) [email protected] Frans Galvao Piragibe (UFMG) [email protected] Nesta apresentação, apontaremos a influencia dos estudos sobre relações étnico-raciais no campo da educação, a partir dos textos da Revista do Centro de Estudos Afro-Orientais (CEAO). Em 2014, esse periódico lançou a quinquagésima edição, divulgando estudos sobre populações africanas, asiáticas e seus descendentes no Brasil. Recortaremos os textos que remetem aos autores Nina Rodrigues, Gilberto Freire, Florestan Fernandes e Guerreiro Ramos, tendo em vista sua notória repercussão não só nos estudos educacionais como literários, linguísticos e sociológicos. Nosso objetivo é demostrar que as diferentes perspectivas da representação do que seja ‘ser negro” pode desmistificar estereótipos em torno da subjetividade negra e apoiar na implementação da Lei 10.639/03, tanto na formação docente como na prática da sala de aula. Partindo do pressuposto de que o silenciamento histórico desses estudos nos impedem de avançar na compreensão do racismo em nossa sociedade, destacaremos os principais conceitos presentes na obra desses autores. 182 Resumos: Comunicações Coordenadas DESIGUALDADE, MEMÓRIA E HISTÓRIA: ESTRATÉGIAS, NORMAS E DENSIDADE HISTÓRICA Coordenadora: Patricia Ferreira Neves Ribeiro (UFF) [email protected] Resumo da mesa: Em suas variadas práticas discursivas, o sujeito – ser individual e coletivo – dota-se, conforme postulado por Patrick Charaudeau em sua Análise Semiolinguística do Discurso, de memórias que o possibilitam inserir-se no universo dos signos, conferir sentidos a suas intenções e comunicar-se. No espaço das restrições dos contratos de comunicação, as memórias funcionam como dispositivos que normatizam “as maneiras de dizer”, as representações dos conteúdos e os quadros situacionais em que forma e sentido se mostram. Ao mesmo tempo, essas normas, evocadas pelas memórias, convivem, na produção dos atos de linguagem, com um espaço de manobras as quais permitem o emprego de estratégias por parte dos sujeitos comunicante e interpretante. Na produção dessas estratégias, é possível flagrar uma diversidade de construções de sentido e de identidades na e pela linguagem no âmbito, supostamente, de um mesmo contrato comunicativo. Esse diversificado quadro de estratégias pode desenhar-se por apelo a procedimentos de ordem linguageira, de ordem semântica ou de ordem situacional. Como resultado, as enunciações apontam para distintas projeções históricas que acabam por esclarecer os diferentes jogos de poder na linguagem. Nesta mesa, os trabalhos interessam-se, justamente, por pensar, revelar ou desvelar a desigualdade – no sentido da diversidade ou da divergência – flagrada na mobilização de estratégias discursivas variadas, ora no seio de diferentes acontecimentos enunciativos projetados de um mesmo acontecimento bruto em determinado tempo e lugar, ora no quadro de diferentes tons enunciativos projetados de uma mesma encenação discursiva em tempos e lugares outros. Num caso e no outro, a densidade histórica, enlaçada às memórias que normatizam e as estratégias que as subvertem, será considerada. A partir da análise dessas estratégias, pode-se comprovar a presença de um discurso da desigualdade que subjaz não só temáticas relativas às divergências socioeconômicas, às segregações sociais e atitudes discriminatórias, mas, sobretudo, que perpassa o próprio processo de semiotização do mundo, no qual a discursivização já carrega, em si, mecanismos de captação e de influência diretamente relacionados às diversidades sociais. Trabalhos dos Integrantes: Desigualdade no discurso jornalístico: estratégias linguageiras e jogos de poder Patricia Ferreira Neves Ribeiro (UFF) [email protected] Na produção dos mais diversos macroatos de linguagem, o sujeito comunicante mostra-se implicado na mobilização de uma tripla memória – memória dos discursos, memórias das situações de comunicação e memória das formas de signos – correspondente a uma multifacetada competência discursiva – semântica, situacional e semiolinguística. Entre memórias que carrega e competências de que dispõe – conceitos teóricos aludidos pela Semiolinguística –, o sujeito elege estratégicas operações linguístico-discursivas, no quadro dos modos enoncivos, enunciativos, de tematização e de semiologização, correspondentes, em parte, às determinações impostas pelos dados do contrato comunicativo. Este trabalho tem como proposta apresentar a análise dessas estratégicas operações linguístico-discursivas selecionadas por três diferentes jornais cariocas de grande circulação – O Globo, O Dia e Extra – para a produção de três notícias jornalísticas publicadas a respeito de um mesmo fato, a saber: incêndio ocorrido num dos campi da UFRJ. Assim, este trabalho objetiva, em primeira instância, refletir sobre a desigualdade – tomada segundo a acepção da diferença – verificada entre três acontecimentos enunciativos oriundos de um mesmo acontecimento bruto e engendrados por distintos processos de discursivização no seio das três distintas publicações e de seus dados contratuais. Sob essa reflexão, as maneiras de dizer flagradas no corpus selecionado são consideradas, em segunda instância, conforme certa densidade histórica que aponta, inegavelmente, para os divergentes jogos de poder na linguagem. Desse modo, com base nas análises das estratégicas operações linguístico-discursivas supracitadas, é possível evidenciar um discurso de desigualdade subjacente às três notícias focalizadas que atravessa os programados processos de construção de sentido os quais estão em acordo com mecanismos de captação identificados a divergências sociais, econômicas, culturais e políticas. Correspondência e história: produção de memória e ficção de si Luciana Paiva de Vilhena Leite (UNIRIO) [email protected] A presente pesquisa pretende investigar as cartas pessoais trocadas por autores da literatura no seu domínio afetivo, buscando demonstrar que a memória construída a partir de seu discurso, muitas vezes, afasta-se daquela produzida por suas obras, o que instaura a correspondência em um domínio genérico que oscila entre a confissão e a ficção. Entendendo ser o sujeito um ente individual e coletivo, percebemos que ele pode instaurar-se em um universo de memórias – “produzidas” ou “reais” –, que confiram sentidos a suas intenções nas trocas linguageiras. Desse modo, a pesquisa faz suscitar o questionamento em torno do qual o sujeito escrevente da correspondência constrói um discurso de si baseado no que projeta de si mesmo e não na noção do discurso factual ou mesmo confessional, já que a correspondência parece ser um gênero em que se coadunam vários modos de organização discursiva, podendo estes, inclusive, apresentar-se entremeados. Sustentado pela abordagem semiolinguística do discurso de Patrick Charaudeau (1983, 2008), o trabalho investiga as muitas estratégias que o discurso das cartas faz emergir a partir do momento em que o sujeito-enunciador se distancia do lugar de autor socialmente estabelecido na cultura e se coloca na esfera do locutor envolvido afetivamente com seu co-enunciador, construindo, assim, um quadro de memória, alicerçado pela densidade histórica. Nesse sentido, a pesquisa também leva em conta os papéis sociais e discursivos levantados por Charaudeau na construção de seu dispositivo enunciativo no que se refere, sobretudo, aos circuitos externo e interno da linguagem. A partir 183 Resumos: Comunicações Coordenadas da análise dessas estratégias, conseguimos atestar a presença de um discurso da desigualdade que não se atrela somente aos aspectos estritamente socioculturais, mas, sobretudo, atrela-se a um fenômeno de discursivização, que traz à tona mecanismos que deixam transparecer as diferenças, as assimetrias, as dissonâncias responsáveis por subsidiar o sujeito no processo de semiotização do mundo. O corpo da voz (e o tom discursivo) Iran Nascimento Pitthan (UFF) [email protected] A recriação de um texto, pela leitura ou pela escuta, oferece condições para o nascimento de identidades e/ou reorganização de sujeitos, a partir da faculdade da fala que é, ora apenas sonorização do texto escrito, ora representação de vida posta em relatos pessoais, impulsionados por efeitos patêmicos. Inicialmente, é apenas a voz dos participantes que pode estabelecer cumplicidade nesse contrato comunicativo proposto pela leitura compartilhada. A atividade não só oferece bases para se avaliar sutilezas de realidades do semelhante, como também apresenta um espelho identitário que leva à reflexão: reconhecer-se no diferente é lançar-se em visão de caráter mais universal. Realizadas em locais reconhecidos como espaços alternativos (M.Petit), atividades de leitura ajudam a resistir às adversidades e a construir consciência, por estabelecer estreita relação com as bases enunciativas – autores e personagens. Levados a reler a vida de forma indireta, esses indivíduos reavivam suas histórias e liberdades, do particular para o coletivo. Ao cultivar coragem para expor experiências e compartilhar sonhos, equalizam suas vozes e fogem ao sufocamento imposto pelo discurso de ocasião. Embora um texto fixado no papel nunca deixe de ser o mesmo, sempre que exposto despertará ecos de passados recentes ou longínquos que sempre podem conferir mutações a quem lê ou a quem ouve. Como tentativa de capturar a vocalidade da escrita (Zumthor), promovida também por meio de tons, a leitura em voz alta não se resume a ressaltar valores semânticos ou sonoros capazes de manter temporariamente a atenção do ouvinte, mas colabora para organizar estratégias como trampolins de insurreição para vozes reprimidas. Neste trabalho, partiremos do monólogo de Segismundo, fragmento da peça A vida é sonho, de Calderón de La Barca. Envolvidos nesse tipo de ato de linguagem, justamente por acionar sujeitos discursivos, o leitor é fortalecido como sujeito social em progressiva mutação, resgata memórias e consegue inserir-se, como presença, com sentidos e intenções acessíveis aos demais (Charaudeau). Durante a decifração do texto, enquanto se é conquistado por palavras e ideias, se organiza o corpo da voz, aquela que se deseja pôr no mundo, em busca de audição e em igualdade com o outro. A DESIGUALDADE REFLETIDA NA MÍDIA: NOVAS ABORDAGENS DA INDÚSTRIA MIDIÁTICA E CULTURAL BRASILEIRA? Coordenadora: Renata Mancini (UFF) [email protected] Resumo da mesa: A desigualdade social é um tema tão caro quanto nebuloso para um país como o Brasil que ostenta um dos piores índices mundiais de concentração de renda. Apesar do esforço de muitas correntes de estudo do texto e do discurso em mostrar de que forma a desigualdade encontra paralelo no modo como a mídia aborda os diferentes estratos sociais, raciais, econômicos etc., e mesmo que atualmente exista um debate amplo e até acirrado sobre o assunto, estamos ainda longe de deixar o posto de país de grandes injustiças sociais e de enorme concentração de renda e privilégios. No entanto, se até pouco tempo esse fato não gerava uma comoção em maior escala, hoje a discussão sobre o abismo social brasileiro parece ganhar novas dimensões. Há atualmente uma grande presença de obras da indústria cultural sobre o assunto, mas com o diferencial, em relação a outros períodos, de que esses produtos estão alcançando uma maior penetração no mercado midiático. Com o auxílio da semiótica discursiva, trataremos aqui de dois expoentes atuais da indústria cinematográfica: o filme “A que horas ela volta”, de Ana Muleyart, lançado em 2015, com grande impacto na mídia nacional; e da animação “O menino e o mundo”, de Alê Abreu, lançado em 2014 e indicado para o Oscar em 2016. Ainda na esteira de procurar entender os desdobramentos midiáticos atuais sobre a desigualdade, abordaremos duas questões historicamente ligadas às coberturas sobre a disparidade social no país: o tratamento da mídia dado à figura dos guerrilheiros, no passado e hoje, e o modo como o imigrante é apresentado nas reportagens jornalísticas e televisivas. A partir do debate entre esses trabalhos, esperamos poder jogar luz sobre o olhar coletivo do Brasil sobre o Brasil, espelhado em sua produção cultural e midiática. Trabalhos dos Integrantes: A desigualdade como ponto de partida e de chegada na animação “O menino e o mundo” Renata Mancini (UFF) [email protected] Historicamente presente, o desnível econômico exacerbado e suas implicações sociais figuram entre os principais elementos que moldam a sociedade brasileira em seus valores primordiais, tomados tanto internamente, como a partir do olhar estrangeiro. Em textos técnicos, em artigos de grande circulação, nos objetos culturais, ou mesmo em trocas informais sobre o país, a desigualdade social integra o rol das temáticas centrais de constituição da identidade do país, competindo com pilares do imaginário sobre o Brasil como o carnaval, a mestiçagem e o futebol. Muito já se produziu sobre o assunto, porém vemos hoje uma maior aceitação por parte da indústria cultural com relação à abordagem das distorções, de várias ordens, originadas 184 Resumos: Comunicações Coordenadas sobretudo na disparidade social acentuada. Essa é a temática que dá origem à trama do filme de animação “O menino e o mundo”, de Alê Abreu, lançado no Brasil em 2014. Após conquistar o mundo em vários festivais e ganhar o honroso prêmio do Festival de Cinema de Animação de Annecy, na França, foi indicado para concorrer ao Oscar de melhor filme de animação em 2016. Seu gatilho narrativo é a desigualdade social, vista de forma ampla, ao congregar desdobramentos múltiplos indicados nas dicotomias pobreza e riqueza; cidade e campo; olhar infantil e olhar adulto; guerra e paz, entre outras. A proposta deste trabalho é analisar, com o auxílio da semiótica discursiva, a maneira pela qual essas dicotomias são organizadas narrativa e discursivamente para construir as estratégias argumentativas do filme. A abordagem tensiva da teoria semiótica, proposta por Zilberberg, nos permite também explorar como os elementos da expressão visual e musical criam verdadeiras ambiências sensoriais que auxiliam uma leitura mais complexa das relações entre as temáticas abordadas. Sem diálogos propriamente ditos, o conteúdo que dá base ao argumento da animação é manifestado num sincretismo de formas visuais, cores, movimentos, texturas e sons, de maneira a propor camadas de leitura e oportunidades de experiência que fazem dessa animação uma verdadeira obra de arte que merece ser debatida em toda sua complexidade. O tema da desigualdade social e aspectualização actancial em “Que horas ela volta?” Regina Souza Gomes (UFRJ) [email protected] Este trabalho tem como objetivo analisar, sob a fundamentação teórica da semiótica de linha francesa, a grande repercussão do filme “Que horas ela volta?”, de Anna Muylaert, analisando críticas publicadas em sites de jornais e revistas e blogs especializados em cinema, assim como comentários dos leitores (quando tornados possíveis) de alguns desses sites. O filme, que angariou prêmios nos festivais de Sundance e Berlim, motivou tanto críticas positivas – que o consideram como um filme crítico e inovador – quanto críticas menos entusiastas – que o tomam como mais conservador e reiterador de estereótipos. Tomando o eixo temático principal a desigualdade e o preconceito sociais abordados no filme, as críticas e comentários (especialmente) não raramente polemizam uns com os outros, intertextual ou interdiscursivamente, assumindo um caráter mais excessivo, passional e polarizador. A análise observará, então, por meio do emprego de alguns recursos sintáticos e semânticos do nível discursivo, a aspectualização actancial tanto do ponto de vista da enunciação quanto do enunciado. Analisaremos a qualificação ética e passional construída pelos actantes da enunciação, ao julgar o filme e o discurso crítico sobre o filme, e o modo como seu discurso se gradua tensivamente, tomando um tom mais ou menos superlativo. Para a compreensão da difusão do filme, a comoção e a polêmica geradas sobre ele na mídia, cotejaremos os textos críticos e comentários com o próprio filme. Luta armada ontem e hoje Oriana de Nadai Fulaneti (UFPB) [email protected] Adotando a perspectiva da semiótica discursiva francesa, realiza-se neste trabalho uma análise comparativa da repercussão da luta armada brasileira no período de sua vigência (1968-1973) e na década atual, passados quase meio século. No contexto da ditadura militar brasileira e sob a influência de acontecimentos da época, como a Guerra do Vietnã, a Revolução Cubana, entre outros, uma parcela da esquerda decide pegar em armas para lutar contra o governo. De acordo com Ridenti (1993), as organizações armados eram tipicamente urbanas, seus militantes, em sua maioria, tinham entre 20 a 25 anos, eram brancos e pertencentes às camadas médias intelectualizadas. Todos eles foram massacrados pela repressão. Muitos guerrilheiros morreram e poucos foram aqueles que não passaram pela tortura, pela prisão, pelo exílio ou pela clandestinidade. A opção pela luta armada representa uma forma extrema de militância que gera opiniões, quase sempre calorosas. Algumas pessoas julgam-na fascinante, outras, incompreensível, mas poucas são aquelas que exprimem indiferença diante do tema. Dessa forma, apesar de ter sido um movimento fortemente massacrado, a guerrilha urbana foi e ainda é bastante abordada por diversos gêneros discursivos, como depoimentos, trabalhos acadêmicos, filmes, livros, documentários, reportagens entre outros. Nessa perspectiva, o presente trabalho tece uma comparação entre as reportagens publicadas pela imprensa escrita no período militar e aquelas divulgadas na mídia digital contemporaneamente. O objetivo é verificar as diferenças e semelhanças de imagem do guerrilheiro, mas também aquelas relativas à organização e ao funcionamento dos textos estudados. Para isso, explora-se principalmente o conceito de ethos enquanto estilo semiótico. Todo discurso é resultado de inúmeras escolhas enunciativas, tais como: valores; tipo de narratividade; formas de interação, projeções das categorias de pessoa, tempo e espaço; referências de autoridade; seleção dos temas e a forma de explorá-los; vocabulário; relações interdiscursivas, suas alianças, seus confrontos, etc. A recorrência desses traços, ou de alguns deles, ao longo dos textos delineia um estilo, um modo de dizer próprio daquela totalidade discursiva. Como resultados, espera-se, por meio da análise de estilo semiótico, trazer contribuições para a maior compreensão da luta armada e para as discussões sobre as características dos discursos que circulam no meio digital. (Des)valorizações em torno das imigrações contemporâneas no Brasil Alexandre Marcelo Bueno (PUC-SP) [email protected] Dentre as reportagens sobre a imigração contemporânea para o Brasil, podemos distinguir diferentes grupos estrangeiros a partir do trabalho que eles realizam: um que mostra os chamados trabalhadores estrangeiros “bem qualificados” que chegam para ocupar postos de direção em multinacionais; outro que se refere aos que trabalham no comércio, administrando seus próprios negócios; e um terceiro que apresenta os imigrantes e refugiados “sem qualificação”. Se partimos da premissa de que o papel temático do imigrante é o de um sujeito do trabalho, a partir de reportagens da mídia impressa e televisiva, observamos como esses sentidos ligados ao universo do trabalho são sobredeterminados por outros que misturam classe social e origem nacional. Assim, os imigrantes do primeiro grupo, constituído em grande parte por europeus, têm em sua base a ideia de cidadãos 185 Resumos: Comunicações Coordenadas globalizados, quase nunca referidos como “imigrantes”. No segundo grupo, também formado por imigrantes europeus, a ideia de cidadãos globalizados dá lugar ao de sujeitos já completamente integrados à sociedade brasileira. Por fim, o terceiro grupo, que conta com imigrantes bolivianos, haitianos e africanos em geral, são representados como sujeitos carentes e que vivem em uma situação de contínua precariedade, seja no próprio posto de trabalho, seja em busca de uma vaga. Além dessas questões, desejamos observar como essa divisão dos grupos é valorada positiva e negativamente como uma forma de se tentar entender como a sociedade brasileira sanciona os diferentes grupos imigrantes, e suas diferentes funções sociais no trabalho, além de refletir sobre as formas de interações possíveis para cada um dos grupos, ao menos como um registro das reportagens. Veremos ainda como são construídas as imagens do país pelos imigrantes, um tópico recorrente nessas reportagens. Para isso, recorremos aos postulados da semiótica discursiva, em especial as propostas de Landowski a respeito das interações e a formação dos valores da forma como é apresentada por Zilberberg. ESTEREÓTIPOS E CLICHÊS EM DIVERSOS MÍDIUNS: CONSIDERAÇÕES TEÓRICO-METODOLÓGICAS Coordenador: Roberto leiser Baronas (UFSCar) [email protected] Resumo da mesa: Nesta comunicação coordenada, inicialmente discutimos a designação “corinthiano”, por meio da análise de um corpus composto por piadas. O corinthiano, em termos imaginários, é tipicamente “pobre”. Relações consideradas óbvias sobre as quais certas piadas se constroem é a implicação “corinthiano -> pobre -> ladrão / marginal”. Uma das hipóteses é tratar essas relações aproximando estereótipo de preconstruído (cf. Gatti), sendo que “corinthiano é pobre ou pobre é corinthiano”. Outra hipótese é tratar da questão em termos de discurso transverso: em vez de uma equivalência, trata-se de uma relação entre condição / causa e consequência: “Se pobre, então criminoso / marginal”. A história aponta para a maior probabilidade da segunda alternativa. Num segundo momento, analisamos estereótipos de mulher presentes em obras de autoajuda sobre relacionamentos destinadas a mulheres, procurando refletir sobre o papel desses estereótipos no funcionamento do discurso em questão. A análise revela que esse discurso caracteriza a mulher de uma forma que justifica a necessidade de um certo tipo de intervenção: que as mulheres se tornem mais “racionais” e menos “emotivas”. Assim, o discurso de autoajuda reproduz, à sua maneira, o conteúdo do estereótipo de gênero feminino tradicional, segundo o qual as mulheres são mais emocionais e menos competentes. Na sequência, buscamos analisar campanhas promocionais e publicitárias no contexto de realização das Olimpíadas de 2016, de modo a observar como os morros e seus moradores são apresentados e quais traços da vida cultural das favelas são cristalizados e incorporados nessas representações. Por último, analisamos um conjunto de textos que circularam em diversos dispositivos comunicacionais brasileiros, enquanto comunicação política, sobre possíveis gafes cometidas pela presidente do Brasil, Dilma Rousseff, em 2015. São tratadas desde matérias e comentários de internautas, que circulam na web, até o livro “Dilmês: o idioma da mulher sapiens”, lançado pelo jornalista Celso Arnaldo Araujo, em 2015. Trabalhos dos Integrantes: Estereótipo e protótipo: preconstruído e discurso transverso Sírio Possenti (UNICAMP) [email protected] O trabalho parte de uma definição comum de estereótipo (idéia preconcebida sobre alguém ou algo, resultante de expectativa, hábitos de julgamento ou falsas generalizações), da admissão de que pode ser aproximado de protótipo (AMOSSY e PIERROT Estereotipos y clichés) e da assunção de que palavras implicam frames ou scripts. Os estereótipos e os protótipos são sentidos circulantes e os scripts fazem com que certos elementos sejam associadas a certas palavras. Estes sentidos nem sempre estão dicionarizados. Um exemplo: o verbete “boteco” do dicionário Houaiss diz que é uma “pequena venda tosca onde [se] servem bebidas, algum tira-gosto, fumo, cigarros, balas, alguns artigos de primeira necessidade”. Se um texto progride pela associação entre “boteco” e “tira-gosto”, encontra respaldo no dicionário. No entanto, o mesmo dicionário dá 34 acepções de “gato”, mas não assinala que é caçador de ratos (fato capturado em “quando o gato sai de casa os ratos fazem a festa”). São relações deste tipo (boteco / tira-gosto; gato / rato) que o trabalho pretende explicitar em relação a “corinthiano” (reconhecidamente estereotipado), por meio da análise de um corpus composto por piadas. O corinthiano, em termos imaginários, é tipicamente “pobre”. Relações consideradas óbvias sobre as quais certas piadas se constroem é a implicação “corinthiano -> pobre -> ladrão / marginal”, como nas piadas: (1) - Por que o placar do Pacaembu já não marca mais as horas?- Porque os corinthianos já roubaram o relógio. (2) - Vocês sabem por que corinthiano gosta tanto de tocar cavaquinho? - Porque é o único instrumento que dá para tocar algemado. Uma das hipótese é tratar estes dados aproximando estereótipo de preconstruído (cf. Gatti, A representação da criança no humor), sendo que “corinthiano é pobre ou pobre é corinthiano” o que se diz “antes e alhures”. Outra hipótese é tratar da questão em termos de discurso transverso: em vez de uma equivalência (ou de pertencimento de um elemento a uma classe), trata-se de uma relação entre condição / causa e consequência: “Se pobre, então criminoso / marginal”. (algemado é outra conseqüência, não equivalência). A história aponta para a maior probabilidade da segunda alternativa. 186 Resumos: Comunicações Coordenadas Mais razão e menos emoção: estereótipos de mulher no discurso de autoajuda e a Teoria da Justificação do Sistema Anna Flora Brunelli (UNESP-IBILCE) [email protected] Na Psicologia Social, a Teoria da Justificação do Sistema (cf. Jost e Banaji, 1994) considera que certos estereótipos ajudam a sustentar um certo estado de coisas (o sistema social ou o econômico, hierarquias de status ou poder, distribuições de renda, divisão dos papéis sociais, etc.), fazendo com que tais arranjos sejam percebidos e explicados como justificáveis por aqueles que participam do sistema. No que diz respeito aos estereótipos de gênero, essa teoria considera que é a complementaridade dos estereótipos de gênero que contribui para manter o status quo. Assim, os estereótipos de gênero não se restringem a racionalizar as funções que tipicamente são associadas aos gêneros, o que não deixa de ser mesmo um papel que eles cumprem. Na verdade, os estereótipos de gênero também justificam o sistema dado o seu caráter complementar. Por exemplo, os relacionados às mulheres, ao caracterizarem positivamente as mulheres em uma das dimensões (a da “afetividade”, nos termos de Fiske, 2012), servem objetivos de justificação do sistema porque contrabalançam as vantagens dos homens em termos de “agentividade”. Considerando a teoria em questão, neste trabalho, analisamos estereótipos de mulher presentes em obras de autoajuda sobre relacionamentos destinadas a mulheres, procurando refletir sobre o papel desses estereótipos no funcionamento do discurso em questão, o que fazemos também com base nos postulados da Análise do Discurso francesa. A análise revela que esse discurso caracteriza a mulher de uma forma que justifica a necessidade de um certo tipo de intervenção, que, no caso, são as orientações fornecidas pelo discurso para que as mulheres se tornem mais “racionais” e menos “emotivas” (“ansiosas”, “inseguras”, “obcecadas”), o que não deixa de ser uma forma de promover ideias recorrentes em sociedades como a nossa, tais como a de que as mulheres não sabem resolver problemas sozinhas. Assim, o discurso de autoajuda reproduz, à sua maneira, o conteúdo do estereótipo de gênero feminino tradicional, segundo o qual as mulheres são mais emocionais e menos competentes, colaborando, desse modo, para a manutenção do sistema de desigualdade entre os gêneros. Estereótipos e representações da favela e de seus moradores no discurso promocional do Rio Olímpico Júlia Almeida (UFES) [email protected] Desde o lançamento da candidatura do Rio de Janeiro a cidade-sede das Olimpíadas de 2016, através de vídeos promocionais divulgados em 2009 pelos organizadores da campanha, tem sido notado o modo como as favelas e seus moradores são subrepresentados nesses discursos de criação da marca Rio 2016. Também o vídeo de candidatura do Rio a Patrimônio da Humanidade, em 2012, traz essa (quase) ausência das favelas na paisagem cultural da cidade, não fosse a cena muito rápida de um sambista com uma cerveja ao lado, tendo como fundo um típico bairro popular. Essa invisibilização da pobreza se estende também a campanhas publicitárias internacionais de marcas brasileiras que se utilizam de recursos de edição de imagem para apagar as comunidades populares dos morros cariocas. Mas não raramente esses mesmos discursos sobre o Rio de Janeiro, que excluem as favelas das representações da cidade, reivindicam para ela a excepcionalidade da mistura social e da convivência cordial entre diferentes. Entendendo estereótipo como imagem coletiva ou conjunto de traços em circulação que expressa a relação entre grupos e o imaginário social (AMOSSY; PIERROT, 2001), pretende-se analisar campanhas promocionais e publicitárias no contexto de realização das Olimpíadas de 2016, de modo a observar como os morros e seus moradores são apresentados e quais traços da vida cultural das favelas são cristalizados e incorporados nessas representações. Com o processo crescente de gentrificação de áreas populares da Zona Sul com vistas privilegiadas para o mar, que passam a ter cada vez mais estrangeiros em seu cotidiano, como visitantes e hóspedes, espera-se que a representação desses espaços pelo discurso publicitário se intensifique com a proximidade das Olimpíadas e seja colocada diante de alguns desafios e contradições. Notas sobre estereótipos, clichés e acontecimentos discursivos morais na comunicação política brasileira: as supostas gafes de Dilma Roberto Leiser Baronas (UFSCar) [email protected] Nesta comunicação, analisamos discursivamente um conjunto de textos que circularam em diversos dispositivos comunicacionais brasileiros, enquanto comunicação política, sobre possíveis gafes cometidas pela presidente do Brasil, Dilma Rousseff em seus pronunciamentos e em entrevistas concedidas aos jornalistas, ao longo de 2015. São tratadas desde matérias e comentários de internautas que circulam na web até o livro “Dilmês: o idioma da mulher sapiens”, lançado pelo jornalista Celso Arnaldo Araujo, em 2015. Teórico-metodologicamente ancoramos as nossas discussões no trabalho de Krieg-Planque (2011) sobre a abordagem discursiva da comunicação; nas proposições de Amossy e Pierrot (2001) acerca dos estereótipos e clichés e também nos recentes trabalhos de Paveau (2015) sobre a análise moral dos discursos. Inicialmente, realizamos uma discussão sobre a pertinência epistemológica de se tratar a comunicação política não somente no âmbito das teorias da comunicação, mas, sobretudo no campo dos estudos discursivos “como antecipação de práticas de retomada e de transformação dos enunciados” (Krieg-Planque, 2011). Num segundo momento, após conceituarmos discursivamente o lexema gafe, enquanto um insulto dissimulado, que objetiva ofender o outro, por meio da descaracterização de seu discurso, discutimos as relações existentes entre esse termo e estereótipos e clichês que o engendram. Por último, postulamos que as possíveis gafes cometidas pela presidente do Brasil podem ser compreendidas enquanto “acontecimentos discursivos morais” (Paveau, 2015), engendrados por diferentes metadiscursos morais, que fazem parte da revolução moral atualmente em curso na nossa sociedade e potencializada pelos mais diferentes dispositivos tecnodiscursivos. 187 Resumos: Comunicações Coordenadas UMA CATEGORIZAÇÃO DOS ARGUMENTOS DE AUTORIDADE NOS DISCURSOS SOCIAIS: TENDÊNCIAS E REFLEXÕES Coordenador: Rony Petterson Gomes do Vale (UFV/CCH/DLA) [email protected] Resumo da mesa: Em termos retóricos, entende-se por argumento de autoridade aquele que se apoia sobre os atos e juízos que se fazem de certas pessoas ou grupos de pessoas. Ou seja, esses argumentos se condicionam ao prestígio, e por que não dizer, ao poder que essas pessoas detêm em determinado contexto sócio-histórico (cf. C. Perelman). Como podemos observar, a força do argumento de autoridade está ligada ao reconhecimento – não arbitrário – do poder aferido a determinada pessoa, o que, em termos de discurso, institui um fazer-crer e um fazer-ver que podem confirmar, refutar ou mesmo transformar certas visões sobre o mundo (cf. P. Bourdieu). Desse modo, podemos dizer que se estabelecem, pelo e no discurso, hierarquias – e, por consequência, desigualdades – perceptíveis no direito à “palavra”, na “idealização” do interlocutor (auditório, sujeito destinatário, público-alvo etc.) e na construção de representações e imaginários sociodiscursivos do “outro”. Com base nisso, essa proposta de comunicação coordenada alia análises sobre diferentes discursos sociais (a saber: discurso religioso; discurso de divulgação científica; discurso humorístico), buscando discutir a possibilidade de subcategorizações de argumentos de autoridade adaptáveis a diferentes situações de comunicação. Assim, pretende-se, por um lado, evidenciar as fontes desses argumentos que, a nosso ver, variam de um tipo de discurso para outro (do texto sagrado ao testemunho, no discurso religioso; do teórico ao pesquisador, no discurso científico, por exemplo). Por outro lado, espera-se ressaltar a margem de manobra do sujeito produtor do discurso, pois se acredita que a ele cabe não somente a seleção do argumento de autoridade, mas também a articulação desses argumentos com outras estratégias discursivas, como, por exemplo, a captação, a legitimação, a credibilidade (cf. P. Charaudeau), a imitação (cf. D. Maingueneau) e as estratégias divulgativas como a definição, a explicação e a exemplificação (cf. Calsamiglia; Cassany e Martí), em prol de determinados efeitos de sentido. Trabalhos dos Integrantes: O argumento de autoridade como estratégia no discurso religioso Mônica Santos de Souza Melo (UFV/CNPq) [email protected] Este estudo se vincula à Comunicação Coordenada “Uma tipologia dos argumentos de autoridade nos discursos sociais: tendências e reflexões” e traz uma contribuição no sentido de abordar o uso do argumento de autoridade como estratégia argumentativa e fator de manutenção de poder e hierarquia entre a instância religiosa e a instância fiel, no discurso religioso. Sabemos que a religião, como instituição, possui um conjunto de pessoas autorizadas e legitimadas para interpretar e reproduzir os signos da linguagem religiosa diante da comunidade de fiéis, ou seja, pessoas que concentram um saber que permite a elas reproduzir um discurso ao mesmo tempo doutrinário e normativo. Ocorre uma manipulação legitimada da religião, delimitada por preceitos e conceitos previamente definidos, o que caracteriza uma assimetria entre as instâncias de produção e recepção do discurso, a partir de um acordo acerca dos significados dos signos pertencentes a tal comunidade. Através do que diz, o religioso conquista credibilidade diante do fiel e pode ditar comportamentos e pregar valores. Nesse trabalho vamos analisar a forma como a questão da desigualdade religiosa é abordada em dois pronunciamentos de representantes da igreja católica, analisando dois pronunciamentos em torno do tema da tolerância religiosa, a saber, o pronunciamento papa Francisco, no encontro em prol da liberdade religiosa, realizado no Independece National Historical Park na Filadélfia, Estados Unidos, e uma orientação do padre Fábio de Melo, em torno do tema do radicalismo e da tolerância religiosa, veiculada no Programa Direção Espiritual, exibido pela rede católica de TV Canção Nova. Vamos analisar e comparar a organização argumentativa desses discursos, com ênfase no argumento de autoridade, avaliando a forma como essa organização se diferencia em função da situação de comunicação. Para isso, tomamos como eixo teórico a Análise do Discurso Semiolinguística de Patrick Charaudeau, conjugada a teorias argumentativas, e a estudos na área da Sociologia, representados por Bourdieu. Acrescentamos, ainda, que tal estudo se insere projeto intitulado “A midiatização do Discurso Religioso: a tecnologia a serviço da religião”, financiado pelo CNPq (PQ-2014). A utilização do argumento de autoridade como estratégia divulgativa no âmbito da comunicação da ciência Cristiane Cataldi dos Santos Paes (UFV/CCH/DLA) [email protected] Constata-se, atualmente, que o grande desafio da divulgação científica é estreitar as relações entre ciência e público e proporcionar a inserção social e cultural do conhecimento científico. Assim, os meios de comunicação têm a função de proporcionar a informação necessária para que a sociedade possa aprimorar seus conhecimentos e ter a capacidade de tomar decisões frente às novas descobertas. Considerando essa realidade comunicativa, o grau de credibilidade que se atribui à comunidade científica é determinado pela forma como os jornalistas reproduzem os discursos dos cientistas e/ou pesquisadores para o público em geral. Dessa forma, é importante conhecer o contexto do qual procedem os discursos sobre ciência citados nos textos de divulgação científica como: quem os produz, em que lugar, para quem, com que objetivo. Tendo como foco essa realidade discursiva, esse trabalho tem por objetivo analisar como os jornalistas fazem uso de citações procedentes do âmbito científico para legitimar o discurso sobre ciência na mídia impressa. Ao realizar a integração social do saber como prática 188 Resumos: Comunicações Coordenadas discursiva, compete ao jornalista não apenas a seleção e inserção dessa voz, mas também a articulação do argumento de autoridade com as estratégias divulgativas como definição, explicação, exemplificação, dentre outras. Para nortear a análise discursiva, serão considerados os pressupostos teórico-metodológicos da Análise do Discurso da Divulgação Científica que propõem a recontextualização do conhecimento científico para o público em geral (cf. Calsamiglia; Cassany e Martí; Ferrero). Nessa perspectiva, considera-se que os dados científicos não devem ser simplesmente resumidos, mas devem ser selecionados, reorganizados e reformulados para que os leitores possam compreendê-los. Os textos jornalísticos para análise foram selecionados a partir da seção Ciência do jornal Folha de S. Paulo no período de setembro a outubro de 2014. Observa-se, nesse corpus de análise, que o jornalista, ao selecionar as vozes procedentes do âmbito científico, estabelece uma relação de desigualdade com o público leigo, já que se direciona, a priori, a argumentação e a interpretação dos fatos divulgados. Argumentos de autoridade e discurso humorístico: da imitação ao método confuso Rony Petterson Gomes do Vale (UFV/CCH/DLA) [email protected] Argumento fortemente condicionado pelo prestígio atribuído à pessoa ou ao grupo de pessoas que se reconhece como autoridade, o argumentum ad verecundiam ou argumentum magister dixit, enquanto estratégia discursiva, pode incorrer, muitas vezes, em falácia, dependendo do tipo de raciocínio estabelecido na argumentação ou da pessoa a quem se concede o prestígio (cf. M. Joseph). Assim também pensavam os defensores da verdade nos discursos da ciência à época de Descarte (cf. Perelman). Todavia, nem todos os discursos sociais buscam a verdade, muitas vezes se voltando para o convencimento ou para o prazer simplesmente. Nessa linha, propomos, neste trabalho, levantar algumas reflexões a respeito da presença desse tipo de argumento dentro do Discurso Humorístico (Doravante, DH). Sabendo que esse tipo de discurso pode ser considerado como mimotópico por excelência (cf. R. Vale), ou seja, um tipo de discurso que, podendo absorver qualquer cena de fala e tendo a capacidade de se difundir como modelo de formatação para outras enunciações, duplica, em simulacro, o conjunto de características de outros discursos (cf. D. Maingueneau), procuraremos observar como o conceito de imitação age sobre esse argumento, alterando a sua função argumentativa pelo método confuso e fazendo que as estratégias de captação e de subversão – diferentemente do que postula D. Mainguneau –, por vezes, se voltem para um mesmo efeito de sentido, ou seja, para o humor. Nesse ínterim, analisamos os argumentos de autoridade presentes em quatro obras humorísticas (Gramática pelo Método Confuso e História do Brasil pelo Método Confuso, de Mendes Fradique; e Homem: manual da proprietária e Mulher: manual do proprietário, de Carlos Q. Teles) e, a partir disso, procuramos ressaltar a diferença na seleção/elaboração desses argumentos, o que, acreditamos, possa ser o primeiro passo para uma caracterização dos argumentos de autoridade dentro do DH. DESIGUALDADE DE GÊNERO NO ESPAÇO LUSÓFONO E SEUS ECOS NAS PRÁTICAS DISCURSIVAS INSTITUCIONAIS Coordenadora: Rosalice Rosalice Botelho Wakim Souza Pinto (FCSH-UNL- Portugal) [email protected] Resumo da mesa: O(s) discurso(s), através das várias linguagem que o(s) compõe(m) têm um papel fundamental na focalização das diversas formas de exclusão e de discriminação nas sociedades modernas, reproduzindo em seus vários meios de comunicação valores racistas e preconceituosos. As elites simbólicas que integram as várias instituições são elites discursivas como afirma van Dijk (2015). Em especial, no que tange ao(s) discursos(s) construídos pelas/sobre as mulheres essas questões encontram-se, na sociedade atual, muito valorizados. Face a este contexto, este simpósio, que integra trabalhos com abordagens teóricas diversas sobre a análise de textos/discursos, procurará analisar de que forma algumas práticas discursivas midiáticas, jurídicas exercem o seu poder, tanto enquanto reprodutoras de valores que podem vir a dar origem à discriminação/exclusão, quanto enquanto desconstrutoras/modificadoras desses valores institucionalmente estabelecidos. Para atingir esse objetivo, serão analisados, de forma detalhada, práticas institucionais em suas diversas formas (textos em circulação na área jurídica e, na prática midiática, notícias, editoriais, cartoons, capas de revista) em contextos portugueses e brasileiros. Os dois primeiros trabalhos estão inseridos na prática mediática. O primeiro, o de Isabel Sebastião, intitulado O gênero e os estereótipos no cartoon, procura analisar, a partir de cartoons publicados na imprensa portuguesa diária e semanal, a desconstrução de estereótipos relativos à discriminação do gênero. O segundo, de Rosalice Pinto e de Isabelle Marques, tem como título Polêmica(s), Preconceito(s) e Discriminação sobre o gênero na mídia virtual: estudos de caso em espaço lusófono, tentará, a partir de um estudo contrastivo, mostrar de que forma os textos que circulam nas redes sociais sobre e/ou a partir das mulheres polemizam a discriminação contra o gênero no espaço público. Os demais inserem-se na prática jurídica. O terceiro, o de Maria Socorro Oliveira, intitulado Marcas Linguísticas e discursivas da violência contra a mulher em termos de declarações e de depoimentos de inquérito policial, analisa inquéritos policiais originados a partir de denúncias registradas em boletins de ocorrência em uma Delegacia Especializada de Amparo à Mulher, em Natal, Rio Grande do Norte, mostrando marcas linguísticas e discursivas da violência contra a mulher. O quarto, de Fátima Sena Silva, que analisa o mesmo corpus do trabalho anterior, tem como título As representações discursivas da violência contra a mulher: as marcas linguísticas e objetiva identificar, descrever e analisar as marcas linguísticas que constrõem uma representação discursiva da violência contra a mulher e explicar a função dessa representação nos textos analisados. 189 Resumos: Comunicações Coordenadas Trabalhos dos integrantes: O género e os estereótipos no cartoon Isabel Sebastião (FCT & CLUP – Portugal) [email protected] A presente comunicação procura discutir sobre o uso contínuo de estereótipos de género na imprensa escrita, especificamente no caso dos cartoons. Desde sempre as imagens masculinas e femininas fazem parte das folhas que diariamente compõem a imprensa escrita. No entanto, nem sempre a mensagem subjacente a essas imagens é transmitida de forma neutra ou igualitária, adquirindo, por vezes, nuances negativas que acabam por se perpetuar e provocar o enraizamento de estereótipos na sociedade (Amossy & Herschberg Pierrot, 1997). A estrutura do cartoon (Leal, 2011), combinação do discurso e do desenho, produz leituras diferenciadas entre a imagem das mulheres e a dos homens, aprofundando as desigualdades de género. Desta forma, nesta apresentação, em que o corpus é constituído por textos da imprensa portuguesa diária e semanal, pretende-se analisar, através da desconstrução dos estereótipos, como o cartoon pode apresentar propostas de discriminação de género. Tendo em conta o suporte de transmissão do género discursivo-textual em análise, o contexto social e cultural português, será também nosso objetivo a identificação e a análise das estratégias linguísticas e discursivo-textuais do género que suportam a construção do estereótipo. Polêmica(s), preconceito(s) e discriminação sobre questões de gênero na mídia virtual: estudos de caso em espaço lusófono Rosalice Pinto (FCSH-UNL-Portugal) [email protected] Isabelle Simões Marques (Universidade Aberta e CLUNL) [email protected] Como aponta Amossy (2014: 51), a polémica diz respeito a um debate sobre uma questão atual, de interesse público que traz implicações sociais relevantes em determinada cultura. Ou ainda, como afirma Angenot (1982: 32), insere-se em discursos em que há oposição de pontos de vista, ou seja, supõe a existência de um contra-discurso antagônico, com uma dupla estratégia: tanto de demonstração de uma tese quanto de refutação ou desqualificação de uma tese adversa. No que tange em especial a questões de gênero, tal caráter polêmico se instaura no espaço público, suscitando discussões e embates de vozes que reverberam nas diversas instituições. Face a este contexto, esta comunicação, perspectivada em abordagens teóricas que privilegiam o estudo da materialidade plurissemiótica instanciada em práticas sociais, terá como objetivo verificar de que forma os textos e discursos, produzidos nas redes sociais sobre as mulheres ou a partir das mesmas, procuram denunciar discriminações de gênero ou até desconstruir esses mesmos preconceitos. A partir de alguns ‘debates polêmicos’ que circularam na mídia digital, mostrar-se-á de que forma esta polemicidade é construída em textos/discursos em contexto brasileiro e português. Veremos de que forma a mídia digital pode sustentar a circulação da polêmica e qual o seu papel nas nossas sociedades contemporâneas. Marcas linguísticas e discursivas da violência contra a mulher em termos de declarações e de depoimentos de inquérito policial Maria do Socorro Oliveira (Secretaria de Estado de Educação e Cultura do Rio Grande do Norte) [email protected] Esta comunicação está inserida em uma pesquisa voltada para o estudo da responsabilidade enunciativa no inquérito policial, documento de caráter administrativo interno, conduzido pela polícia judiciária. A responsabilidade enunciativa é um dos níveis de análise proposto por Adam (2011), que corresponde à enunciação e à coesão polifônica. A pesquisa fundamenta-se no quadro teórico da linguística de texto, nos pressupostos da Análise Textual dos Discursos e da linguística da enunciação. Para este momento, o objetivo é analisar as marcas linguísticas e discursivas, bem como os efeitos argumentativos que apontam para a violência contra a mulher no termo de declarações prestado pela vítima e no termo de depoimento prestado pelo acusado. Desse modo, o suporte teórico que sustenta a análise está ancorado na linguística textual, nos estudos linguísticos do texto, dos gêneros textuais e do discurso, com Adam (2011), Koch (2014), Marcuschi (2003, 2008), Maingueneau (2002) e da enunciação, com Benveniste (2006), Ducrot (1987), dentre outros. Quanto aos aspectos metodológicos da pesquisa, trata-se de uma abordagem documental, de base descritiva, em que se investiga um corpus constituído por nove inquéritos policiais originados a partir de denúncias registradas em boletins de ocorrência em uma Delegacia Especializada de Amparo à Mulher, em Natal, Rio Grande do Norte. Os sujeitos da pesquisa são os sujeitos que atuam na origem, constituição, guarda e administração do inquérito policial. Nos procedimentos de análise metodológica do corpus são aplicadas as oito categorias propostas por Adam (2011), capazes de marcar o grau de responsabilidade enunciativa de uma proposição. Para esta comunicação, apresentamos apenas as marcas linguísticas e discursivas da violência contra a mulher em termos de declarações e de depoimentos de inquérito policial. Os resultados mostram que essas marcas linguísticas e discursivas direcionam para uma orientação argumentativa dos enunciados. As representações discursivas da violência contra a mulher: as marcas linguísticas Maria de Fátima Silva dos Santos (Secretaria Municipal de Educação de Santa Cruz, RN) [email protected] Nesta comunicação, apresentamos um estudo sobre as representações discursivas da violência contra a mulher no inquérito policial, com foco nas marcas linguísticas das operações de referenciação, predicação, modificação e localização. Trata-se de um 190 Resumos: Comunicações Coordenadas recorte de pesquisa que aborda a construção de imagens de vítima e de agressor em um corpus constituído por nove inquéritos policiais, com base na noção de representação discursiva, conforme encontrada em autores como Adam (2011) e Grize (1996), dentre outros. Na perspectiva da Análise Textual dos Discursos (Adam, 2011), a representação discursiva é uma das principais noções do nível semântico do texto, sendo responsável pela união, descrição e caracterização de elementos imprescindíveis na construção do texto. Com essa noção, entendemos que a discursivização ou representações do mundo por meio da linguagem não consiste em um simples processo de elaboração de informações, mas num processo de (re)construção do próprio real (cf. Koch, 2014). Na análise, para abstrairmos a construção dessas representações (no discurso construído pela vítima, em seu depoimento), observamos a ocorrência das categorias semânticas referenciação, predicação, modificação e localização presentes nos textos do inquérito policial. Partindo do pressuposto que toda manifestação de linguagem apresenta uma orientação argumentativa, temos por objetivos identificar, descrever e analisar as marcas linguísticas que constroem uma representação discursiva da violência contra a mulher e explicar a função dessa representação nos textos analisados. A pesquisa fundamenta-se (entre outros autores) na Linguística de Texto, com Adam (2011), em estudos sobre gênero textual, com Bakhtin (1995) e Bazerman (2006). Inserida no paradigma qualitativo de caráter descritivo, trata-se de uma pesquisa documental, cujo corpus é constituído por textos de inquéritos policiais originados a partir de denúncias registradas em boletins de ocorrência, em uma Delegacia Especializada de Amparo à Mulher, em Natal, cidade do Nordeste do Brasil. DISCURSO E DESIGUALDADES: A INTERFACE ENTRE O FAZER SOCIAL E O FAZER LINGUÍSTICO Coordenadora: Rosane Santos Mauro Monnerat (UFF) [email protected] Resumo da mesa: Esta sessão coordenada apresenta como proposta a análise de práticas discursivas, na esfera midiática, em diferentes níveis de atuação, com referência não só à situação de comunicação em que são produzidas, como também às operações enunciativas que as realizam. Nessa perspectiva, todos os atos de comunicação são considerados como “encenações” (no sentido teatral do termo), que resultam da combinação de uma determinada situação de comunicação com uma determinada organização discursiva e com um determinado emprego de certas marcas linguísticas. Isso mostra a exigência de uma competência de produção/interpretação por parte do leitor/ouvinte, que ultrapassa o simples conhecimento das palavras e suas regras de combinação e que requer um saber global, o qual compreende, além dos saberes compartilhados (tanto de experiência, quanto de crenças), outros elementos de interação social, como o reconhecimento do poder de influência e dos perfis identitários (sociais e discursivos) envolvidos nessa interação, como elementos fundamentais para a compreensão/interpretação de todo texto como discurso. Dessa forma, pretendese focalizar a linguagem em ação, os efeitos produzidos por seu uso, a representação da desigualdade na e pela linguagem, enfim, o sentido social construído, a partir de identidades assimétricas, e que testemunha a maneira pela qual os grupos sociais instauram seus intercâmbios no interior de sua própria comunidade e com outras comunidades estranhas. Trabalhos dos integrantes: “Quando rivais viram aliados”: efeitos patêmicos nos discursos desiguais sobre o “onze de setembro” francês Rosane Santos Mauro Monnerat (UFF) [email protected] Este trabalho pretende investigar como se constrói o universo do pathos, com ênfase aos efeitos patêmicos desencadeados nos/pelos discursos desiguais sobre o atentado terrorista de 13 de novembro, em Paris, com vistas a mostrar como se estrutura discursivamente o social, como o discurso é portador de normas que sobredeteminam o indivíduo que vive em coletividade. O corpus selecionado foi extraído de reportagens veiculadas pelas revistas Isto É e Veja, de 25 de novembro de 2015. Sabe-se que todo acontecimento não existe até ser construído discursivamente: o interesse que pode provocar está na razão direta do processo de sua semiotização - ou seja, de sua discursivização. Nessa perspectiva, considera-se que as emoções articulam-se a imaginários (LAPLANTINE, 1997), mais especificamente, a imaginários sociodiscursivos (CHARAUDEAU, 2006). A patemização será, por conseguinte, focalizada discursivamente como uma categoria de efeito, cujo universo de atuação dependerá da situação social e sociocultural em que se inscreve a troca comunicativa. A questão da natureza do patêmico será, assim, analisada a partir da situação de comunicação, dos universos de saber partilhado e de estratégias enunciativas identificadoras desses efeitos (principalmente, a da seleção lexical), responsáveis pela emergência, sobretudo, de emoções negativas – medo, terror, insegurança. Será destacado, ainda, o texto imagético (que contribui para a consolidação dessas patemias), articulado ao texto verbal, e também interpretado como discurso, já que entender a imagem como discurso significa atribuir-lhe um sentido do ponto de vista social e ideológico, considerando as formações e imaginários sociais em que se inserem o sujeito autor e o sujeito receptor do texto (não) verbal (JODELET, 2001), Nesse sentido, a imagem também “comunica”, não apenas por meio das formas de significação visíveis, mas também e, sobretudo, por aquelas sugeridas, ou implícitas, figurando, dessa forma, em uma relação de complementaridade, (ou de dissensão) com o texto verbal (PEREIRA, 2008). Essas análises articuladas – verbal/não-verbal poderão contribuir para o desvelamento de ideologias, imaginários sociodiscursivos e estereótipos subjacentes a essas reações emocionais. 191 Resumos: Comunicações Coordenadas Apologia à polêmica como modalidade argumentativa: o conflito público no Brasil nos protestos de março de 2015 Gisella Meneguelli (UFF) [email protected] Esta investigação busca analisar os protestos cidadãos que ocorreram no Brasil, em março de 2015, considerando a construção discursiva da polêmica política na geração da confrontação pública. A proposta teórica se orienta nos conceitos de dissensus y polêmica, seguindo Amossy (2014), para analisar 20 cartazes elaborados por cidadãos brasileiros que foram às ruas para exigir o impeachment da presidenta recém-eleita Dilma Rousseff em um ato simbólico contra a corrupção no país. Para dar conta da diversidade dos temas dos cartazes, consideramos categorias baseadas em estudos sobre o discurso que constrói uma imagem de/para (AMOSSY, 2014; CHARAUDEAU, 2013a, 2013b; KRIEG-PLANQUE, 2011) e sobre polêmica (AMOSSY, 2014). O ato de protesto como prática discursiva circula a partir de posições ideológicas que se organizam em imaginários sociais constituídos pela via do discurso (CHARAUDEAU, 2006; KRIEG-PLANQUE, 2011). Os protestos mostraram um paradoxo entre o direito à manifestação pública e a reclamação do regresso da ditadura militar, o que demonstra a historicidade do discurso bem como a heterogeneidade de sua condição de produção. As conclusões abordam o limite argumentativo da polêmica e da violência verbal como meios para valorizar e/ou criticar o estado da democracia no Brasil, pondo em evidência que a sua função crítica se dá pelo exercício popular em fiscalizar as regras do jogo de dominação. “Quadro-negro”: a desigualdade como acontecimento midiático no discurso de charges sobre educação Eveline Coelho Cardoso (UFF) [email protected] Sendo um gênero discursivo marcadamente temporal e circunstancial, a charge é uma representação caricatural e satírica, que ilustra acontecimentos de natureza política e social importantes em determinado momento histórico. Neste trabalho, o caráter imediato e crítico do discurso das charges nos convida à reflexão sobre a desigualdade social no contexto da educação brasileira, tal como se reflete na construção verbo-visual de duas charges, que fazem referência à condição geral negativa da carreira do magistério no país. Sob o viés semiolinguístico (CHARAUDEAU, 2004; 2010), as charges são gêneros concebidos como parte do projeto de fala de um enunciador midiático – “instância de produção” –, o qual se dirige a um interlocutor/leitor – “instância de recepção” – que deve mostrar interesse e/ou prazer em consumir informação. Para organizar discursivamente o acontecimento que é seu objeto, o chargista trabalha com uma encenação própria, equilibrando estratégias de informação e captação, sob cuja tensão o “mundo a comentar” passa a “mundo comentado”, através do processo de transformação e transação (CHARAUDEAU, 2005). O mundo gerado no e pelo discurso das charges é, assim, marcado pela visão de um sujeito, que o integra num sistema de pensamento e o torna inteligível, baseado em seus saberes de crença e de conhecimento do mundo. Juntamente com a caricatura e o cartum – mas diferenciando-se destes (NERY, 2001; FONSECA, 1999; ROMUALDO, 2000), a charge se apoia no sujeito real para criar seus personagens, numa relação paradoxal de diferença: “quanto mais se afasta da realidade, mais realidade contém” (TEIXEIRA, 2005). Tal relação é marcada pela agressividade da forma, que impacta visualmente, mobiliza as emoções e desperta a consciência; e pelo delírio de conteúdo, que extrapola os limites do sentido de língua, rompendo-se na produção de múltiplos sentidos de discurso (CHARAUDEAU, 1995). Fundadas, então, sobre o terreno do acontecimento comentado (CHARAUDEAU, 2010), as charges se alimentam da avaliação, da medida e do julgamento, e nos impelem a tomar a decisão de aderir a seu discurso ou rejeitá-lo, gerando um espaço público de informação e construindo, no quadro marcado por seu traço fluido e por seu texto irreverente, a chamada opinião pública. DO DISCURSO DA/NA ARTE: FUNCIONAMENTO E EFEITOS DE SENTIDO Coordenadora: Roselene de Fatima Coito (UEM) [email protected] Resumo da mesa: O propósito desta comunicação coordenada é colocar a arte em evidência. Para tanto, numa visada discursiva de linha foucaultiana ou pêcheuxtiana, a ilustração do livro infantil clariciano, a literatura roseana, o cinema deHayao Miyazaki e a arteperformance no facebook, serão discutidos em seu funcionamento e, do seu funcionamento, os (possíveis) efeitos de sentido (possíveis). Com relação à ilustração, serão selecionadas de alguns textos infantis de Clarice Lispector. O propósito passa pela questão de que, assim como o discurso, a imagem, mais especificamente, a ilustração também significa. Ao significar, e se significar no seu funcionamento,a ilustração produz um dizer que pode estar, ou não, na evidência do sentido. No entanto, o sentido pode se dar como um “efeito de”. Já, no conto “O espelho” de Guimarães Rosa se discutirá a posição-sujeito do indivíduo diante da (im)possibilidade de apreensão total dos objetos do/no mundo. Para refletir sobre essa problemática, buscar-se-á apoio na perspectiva discursiva proposta por Michel Foucault em diálogo com pressupostos oriundos da filosofia de Friedrich Nietzsche. Por meio dessesfilósofos, o objetivo é refletir sobre o funcionamento discursivo da/na possível experiência do narrar diante da pluralidade que é encoberta pelo (falso) aparente. Logo a seguir, “As viagens de Chihiro”, filme do cineasta Miyazaki será analisado enquanto uma estrutura narrativa que, por meio de sua sintaxe, vai construindo e se constituindo de sentidos e de efeitos de sentido. E, por fim, a arte-perfomance, observando-se, a partir de uma perspectiva pêcheutiana, as posições-sujeito na sustentação dos sentidos possíveis para a (A)arte, funcionando na/pela formulação e defesa de discursos “sobre”, de sujeitos comuns, em comentários no Facebook. 192 Resumos: Comunicações Coordenadas Trabalhos dos Integrantes: Entre o dizer e o mostrar: a ilustração produzindo sentidos Roselene de Fatima Coito (UEM) [email protected] A ilustração tem sua história e esta não está desvinculada da história da editoração do livro. Segundo PhillipeKaenel (1996), a ilustração teve seu auge no século XVIII na França, na Inglaterra e na Alemanha. Detendo-se na história da ilustração do livro no século XVIII na França, o estudioso realiza uma pesquisa sobre esta relação texto/imagem. De acordo com ele, a ilustração acompanhava os livros de alguns autores de destaque na época, como Corneille, Racine, Moliére entre outros. Muitas vezes, o texto escrito ganhava maior peso artístico, e por isso de mercado,quando vinha acompanhado de ilustração.Também ocorria que a ilustração era produzida isoladamente e o editor era o responsável por relacioná-la ao texto escrito. Já no Brasil, somente no início do século XX a ilustração ganha fôlego e a revista Tico-Tico, direcionada ao público infantil, lança textos ilustrados, não que antes Monteiro Lobato não tivesse ilustrado o seu livro Urupês, livro este direcionado ao público adulto. Pelo fato de aliar-se, no Brasil, texto e imagem ao público infantil, por muito tempo a ilustração do livro infantil foi considerada um mero adendo do texto verbal. Contudo, tendo em vista que tanto o dizer quanto o mostrar, não necessariamente, se produzem na evidência do sentido, proponho neste trabalho problematizar a evidência do sentido na ilustração, pois que numa visada discursiva o dizer é opaco e o mostrar pode se configurar como aquilo que explicita o dizer, aquilo que opaciza o dizer ou ainda aquilo que produz um outro dizer. Essa possibilidade de configurações da função da ilustração nos livros se deve aos campos do saber dos quais o estudo da ilustração emerge. Na mirada discursiva, a ilustração tal qual o discurso significa, e, se significa, produz sentidos. Então, partindo de algumas ilustrações dos livros infantis de Clarice Lispector, veremos quais e como são produzidos os sentidos, que podem desencadear pelo texto e/ou pela imagem como se estabelece por meio do poder a opressão, a violência, o medo, a liberdade, a compaixão como um “efeito de”. Na sintaxe da narrativa cinematográfica: deslocamentos e transformações em a viagem de chihiro Veronica Braga Birello (UEM) [email protected] Entendemos que o cinema é uma vasta área de pesquisa, contudo, em trabalhos anteriores percebemos que o cinema de animação precisa receber mais atenção, visto que não existem muitas pesquisas no Brasil sobre o assunto, mais especificamente, na área do discurso. Dando continuidade aos nossos estudos do mestrado, continuaremos a analisar outras obras de Hayao Miyazaki, importante diretor japonês, como é o caso desse estudo que tem como material de análise o filme ganhador do Oscar, A Viagem de Chihiro. Partindo de um viés estruturalista sobre a narrativa e sua possível aplicação em narrativas cinematográficas, temos por objetivo mobilizar os estudos sistematizados por Barthes com base nos trabalhos de Todorov, Propp, Greimas e outros. Dessa forma, buscaremos identificar e descrever as sequências, núcleos e índices em um recorte da narrativa cinematográfica A Viagem de Chihiro, do diretor japonês Hayao Miyazaki. Ao (d)escrevermos e identificarmos os elementos elencados, aliaremos a reflexão à proposta de Reis e Metz para, então, entender como, a partir da estrutura, o sentido vai sendo construído e constituído e que efeitos de sentido pode produzir, tendo em vista que o discurso produzido nas e produzido por imagens em movimento desvelam efeitos que podem deslocar e/ou transformar um sentido “primeiro”. Discursos sobre arte-performance no facebook Renata Marcelle Lara (UEM) [email protected] Na condição de rede social na internet, o Facebook tem posto sujeitos em inter-relações cotidianas sobre os mais diversos assuntos. Há sujeitos “anônimos”, antes, “sem face”, que ganham, nesse cenário, visibilidade pública ao postarem fotos, comentários, ao “curtirem” e “compartilharem” um post, por exemplo. Como espaço de circulação discursiva, o Facebook figura como vozes individuais que se coletivizam ou como um conjunto de vozes que se marcam na individualidade e no coletivo (uno e/ou dividido) ao mesmo tempo, ecoando dizeres múltiplos, os mesmos ou outros. São efeitos de um “poder dizer”, “poder (se) mostrar”, das redes sociais. Sujeitos que se (auto) autorizam dizer um dizer sem autoridade, antes desconhecido como tal, desautorizado, antes sem lugar, antes sem plateia, antes sem vez. Incorporando a figura de um “porta-voz” de si mesmos ou de um grupo inexistente, forjado ou in-visível, põem em circulação discursos que transitam da política pública a uma festa particular. Nesse cenário da rede em que “tudo pode ser dito”, enquanto efeito deste “poder dizer”, a Arte, como área de conhecimento e/ou a arte como manifestação artística, também aparece sendo dita por tais sujeitos. É justamente esses dizeres “sobre” (A)arte, que não são os dizeres da arte, enquanto arte se dizendo, e que aqui, também, não são dizeres de sujeitos institucional e socialmente autorizados a falar de (A)arte, como estudiosos/ profissionais/críticos de (A)arte, que interessa como objeto de investigação desta comunicação. O interesse recai nos discursos “sobre” (A)arte formulados e postos em circulação no Facebook por sujeitos comuns, não especializados, não artistas, não estudiosos da Área, mas que se colocam do lugar de poder dizer acerca da (A)arte. Nesse sentido, toma-se como material de análise comentários de usuários doFacebook em torno da Performance “Macaquinhos” (2015), que ganhousignificativa repercussão nessa rede social, pondo em jogo relações de oposição e validação sobre o ser ou não arte. Objetiva-se, portanto, pela Análise de Discurso pecheutiana, e considerando a especificidade do Discurso Artístico, com Neckel, observar as posições-sujeito na sustentação dos sentidos possíveis para a (A)arte, funcionando na/pela formulação e defesa de discursos “sobre”, de sujeitos comuns, em comentários no Facebook. 193 Resumos: Comunicações Coordenadas DISCURSO, TEXTO MULTIMODAL E TECNOLOGIAS Coordenador: Sandro Luis da Silva (UNIFESP) [email protected] Resumo da mesa: Esta mesa propõe a discussão e a reflexão sobre prática(s) de (multi)letramento(s) evidenciada(s) em atividades de língua(gem) construídas em atividades linguístico-discursivas no cotidiano de pessoas, seja no ambiente escolar, seja no ambiente extraclasse. Ana Elisa Ribeiro, com a comunicação “Escrita, linguagem e tecnologias: uma pesquisa com estudantes do Ensino Médio” relata alguns resultados da pesquisa “Visualização de informações e letramento multissemiótico: relações entre leitura e alfabetismo gráfico entre alunos de ensino médio”. Carla Coscarelli, por sua vez, no texto “Leitura de textos multimodais no ensino de Língua Portuguesa”, analisa um conjunto de questões de avaliações aplicadas a alunos do Ensino Fundamental II de uma escola particular que se utilizam recursos verbais e não-verbais. “Tecnologias, novos letramentos e aticismo social: reflexões sobre uma pesquisa com as mulheres da comunidade do Pontal da Barra - Maceió” é o título do trabalho de Luiz Fernando Gomes, que apresenta uma reflexão sobre uma iniciativa de educação popular em uma comunidade carente no estado de Alagoas (o Pontal da Barra). A partir de um grupo focal de rendeiras, vinculadas a uma associação que comercializa os produtos artesanais que elas produzem, Gomes avalia as práticas letradas para uma maior organização coletiva. Por fim, mas não menos importante, Sandro Luis da Silva traz um estudo intitulado “Letramentos midiáticos, leitura e produção de sentido: desafios na formação do professor de língua portuguesa”, com o objetivo de apresentar uma reflexão sobre a importância do letramento midiático em atividades de leitura na perspectiva analítico-discursiva na formação inicial do professor, a partir de uma propaganda veiculada em um canal aberto de televisão com alunos do curso de Licenciatura em Letras. Trabalhos dos integrantes: Escrita, linguagens e tecnologias: uma pesquisa com estudantes de Ensino Médio Ana Elisa Ribeiro (CEFET-MG) [email protected] A produção de textos na escola é o aspecto focalizado neste trabalho, que relata alguns resultados da pesquisa “Visualização de informações e letramento multissemiótico: relações entre leitura e alfabetismo gráfico entre alunos de ensino médio”, desenvolvida no Instituto de Estudos da Linguagem da Unicamp. Com base nos preceitos e conceitos propostos, mais atrás, pelo New London Group (1996), e, principalmente, por Gunther Kress (1998; 2003), buscamos uma reflexão mais local e crítica sobre a multimodalidade na circulação dos textos escolares. Como se redige na sala de aula? Com que ferramentas seria possível produzir textos compostos por semioses diversas? Bastaria obter as ferramentas? Advoga-se aqui que os “designs disponíveis” em nossa sociedade precisam estar articulados às competências desenvolvidas pelos alunos como cidadãos capazes de se expressar, de diversas formas, empregando variadas ferramentas, incluindo-se as digitais. Com base em grupos focais de estudantes, após elencar suas formas de acesso a textos multimodais, aplicamos tarefas de produção textual fortemente relacionadas à composição de imagens. A produção dos estudantes nos possibilitou uma análise de suas propostas de textos multimodais, com e sem o uso do computador para a edição desses textos. A conclusão nos leva a confirmar que as competências é que definem o projeto e o produto textuais dos estudantes, soma-se a isso que o emprego de editores de texto com possibilidades multimodais oferece condições mais fáceis para a execução dos textos, conforme solicitados. Estudantes que não desenvolveram competências criativas e planejadoras não são capazes de executar e finalizar bem as tarefas, gerando textos inapropriados ou insatisfatórios, quando não equivocados ou ilegíveis. O emprego do editor de textos digital, ao oferecer opções semiprontas, auxilia na tarefa da composição da página, embora não resolva questões de criação. Leitura de textos multimodais no ensino de Língua Portuguesa Carla Viana Coscarelli (UFMG) [email protected] Com base em avaliações aplicadas a alunos do Ensino Fundamental II de uma escola particular, selecionamos questões que envolvem textos que se utilizam de recursos verbais e não-verbais. Analisamos esse conjunto, a fim de verificar como é feita a exploração da leitura desses objetos discursivos, multimodais e polifônicos, ou seja, se e como as questões verificam a análise das linguagens e a compreensão desses textos pelos alunos. As questões foram analisadas tomando como base os trabalhos de Souza (2005) sobre provas e avaliações e as matrizes de avaliação de leitura do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) e do Programme for International Student Assessment (Pisa). Partimos de uma concepção de multiletramentos como sugerida pelo New London Group (1994) e reforçada por autores como Rojo e Almeida (2012), para examinar até que ponto as questões incorporam concepções de novos e multiletramentos, explorando a leitura de textos multimodais, que empregam as diversas linguagens dos textos, problematizam questões culturais e ideológicas e estimulam uma análise crítica dos textos em seus ditos e não-ditos. A análise destas questões revelou que uma concepção de leitura dialógica, situada, que explora uma perspectiva crítica e vislumbra uma prática transformadora ainda não é trabalhada na escola em questão, que opta por focalizar apenas questões gramaticais pontuais. Este pode ser o caso de muitas outras escolas de nossa sociedade, que não se preparam a contento para atender as necessidades atuais e, por conseguinte, não preparam os alunos para serem cidadãos ativos, críticos e capazes de exercer plenamente a sua cidadania. Em tempos digitais, precisamos repensar o ensino de língua materna e fomentar uma visão que comporte a ideia de letramento no singular e no plural. 194 Resumos: Comunicações Coordenadas Tecnologias, novos letramentos e ativismo social: reflexões sobre uma pesquisa etnográfica com as mulheres da comunidade do Pontal da Barra- Maceió Luiz Fernando Gomes (UFAL) [email protected] Os estudos do letramento têm apontado para três direções analíticas: letramentos como práticas sociais situadas; as novas formas expressivas propiciadas pelos avanços das tecnologias e as propostas intervencionistas que buscam ampliar as práticas de letramento locais, conduzindo a um modelo crítico que leva os indivíduos a refletirem sobre sua própria realidade e a encontrarem caminhos para melhorar as condições e a qualidade de vida em contextos sociais específicos. O presente estudo reflete sobre uma iniciativa de educação popular em uma comunidade carente do estado de Alagoas: o Pontal da Barra, cujas fontes de renda principais advêm da pesca e do artesanato. A proposta inicial do estudo era avaliar a possibilidade de explorar o uso de práticas letradas para uma maior organização coletiva, para a valoração da identidade local e que viabilizasse ações mais organizadas no sentido de encontrar alternativas que promovessem mudanças, quebrando um círculo vicioso de reprodução da estratificação e das desigualdades sociais da região. Foi escolhido para grupo focal do estudo rendeiras, com idades entre 37 e 69 anos e com pouca ou nenhuma escolaridade, vinculadas a uma associação que comercializa os produtos artesanais que elas produzem. O estudo foi realizado com base nas teorias de Kalantizis & Cope, do Círculo Bakhtiniano, Gohn e Rocha & Tosta, entre outros. A pesquisa, de orientação etnográfica, estendeu-se por 18 meses, durante os quais foram utilizados registros em áudio e vídeo, fotografias e diários dos pesquisadores. Entre as alternativas buscadas para dar voz às rendeiras, discute-se uma experiência realizada com uso de fotografias feitas pelas próprias artesãs e o perfil de seu grupo no Facebook. As análises desses produtos ressaltam as dificuldades de pesquisadores externos entenderem as dinâmicas sociais e as relações de poder local que, muitas vezes, prejudicam projetos de intervenção via educação popular. A pesquisa indica a necessidade de estudos etnográficos mais prolongados e maior imersão do pesquisador no campo, principalmente quando no estudo de contextos sociais periféricos por pesquisadores externos ao grupo social local. Letramentos midiáticos, leitura e produção de sentido: desafios na formação do professor de língua portuguesa Sandro Luis da Silva (UNIFESP) [email protected] Com os diversos eventos comunicativos presentes no dia a dia das pessoas, acentua-se cada vez mais a forte presença da multimodalidade e dos gêneros midiáticos, fazendo com que novas formas de organizar o texto surjam, o que implica, necessariamente, novas formas de leitura, ampliando o conceito de texto. Exige-se dos sujeitos leitores novas habilidades leitoras. Acrescente-se, também, o fato de que, com o acesso cada vez mais facilitados pelas tecnologias, os alunos chegam à sala de aula fazendo uso constante da multimodalidade, seja para a produção, seja para a leitura de um texto. Essa realidade que se configura exige-se a necessidade de uma abordagem multimodal no desenvolvimento de atividades na prática docente, como pode exemplificar exercício de leitura na aula de língua de portuguesa. A leitura consiste em um processo complexo, em que se estabelecem relações entre sujeitos e discurso, de acordo com as condições sócio-históricas em que ocorre a enunciação produção e leitura do texto, o que implica a construção de sentido. Ressalte-se, ainda, que as mídias têm contribuído significativamente para o trabalho com a linguagem multimodal no processo de ensino e aprendizagem, considerando os letramentos midiáticos dos alunos, os quais não podem ser desprezados. A partir desse contexto, valendo-nos da Análise do Discurso, sobretudo na abordagem enunciativo-discursiva trazida por Maingueneau (2011, 2014), nossa fala propõe examinar uma atividade de leitura de um gênero midiático, mais especificamente uma propaganda que circulou em canal aberto de televisão - “Sandálias Melissinha". Adotamos a concepção de leitura trazida por Chartier (2009, 2012), Kleiman, (2009, 2010, 2011) e as mídia, na perspectiva dos estudos de Martin-Barbero (2009, 2012), Setton, (2011), além das teorias de Kalantizis & Cope (2009). Essas atividades, realizadas por alunos de um curso de Letras de uma Universidade Pública no Estado de São Paulo, levaram-nos a evidenciar o leitor, no ambiente escolar, como um sujeito histórico, capaz de negociar efeitos de sentidos no ato de ler, considerando os interdiscursos e a multimodalidade. ANÁLISE COMPARATIVA DE DISCURSOS: PRINCÍPIOS TEÓRICOS, METODOLÓGICOS E ANÁLISES DAS DESIGUALDADES Coordenadora: Sheila Vieira de Camargo Grillo (USP) E-mail: [email protected] Resumo da mesa: A análise comparativa de discursos entre duas ou mais comunidades etnolinguísticas diferentes (francesa e brasileira, russa e brasileira etc.) é um campo pouco desenvolvido no universo de pesquisas no Brasil. Nos dias atuais, a grande circulação de informações, mercadorias, pessoas, possibilitada pelos avanços das tecnologias de informação (sobretudo a digital e a internet), pela rapidez e facilidade dos meios de transporte e pelo enriquecimento de parte da população que tem acesso a esses bens intensificou, por um lado, a consciência da relatividade ideológico-discursiva (Bakhtin, 2015[1930]) e, por outro, proporcionou uma certa homogeneização das culturas. O campo de pesquisas do discurso certamente poderá contribuir para uma melhor compreensão das diferenças e do seu apagamento na contemporaneidade por meio de análises comparativas de comunidades etno-linguísticas distintas, como a russa e a brasileira, por exemplo. Nossos objetivos nesta comunicação coordenada são: propor os fundamentos teóricos de uma análise comparativa de discursos com base nos trabalhos de Bakhtin e seu Círculo e nas contribuições dos pesquisadores do eixo “Comparação, língua e cultura em perspectivas discursivas” do “Centro de pesquisa 195 Resumos: Comunicações Coordenadas sobre discursos cotidianos e especializados” (Cediscor), que, desde o início dos anos 2000, reuniram-se em torno de um mesmo objeto, a fim de investigar as “dimensões culturais na produção do discurso por meio de abordagens contrastivas” (CLAUDEL et al, 2013, p.9); em segundo lugar, refletir sobre os procedimentos metodológicos de constituição dos corpora de pesquisa e de análise dos enunciados; e, por fim, apresentar análises concretas de enunciados de diferentes comunidades etnolinguísticas, em especial, a brasileira e a russa, e a brasileira e a portuguesa. Trabalhos dos integrantes: Fundamentos teórico-metodológicos de uma análise comparativa de discursos: a divulgação científica no Brasil e na Rússia Sheila Vieira de Camargo Grillo (USP) [email protected] Construir uma abordagem teórico-metodológica para comparar enunciados de duas comunidades etnolinguísticas distintas é o principal objetivo deste comunicação. Para isso, constatamos, primeiramente, que a abordagem bakhtiniana das relações dialógicas, do enunciado, do heterodiscurso contém princípios e conceitos (autoria, gênero discursivo, esfera ideológica, signo ideológico, discurso citado, horizonte ideológico, destinatário presumido, ideologia do cotidiano) extremamente produtivos à comparação de enunciados em línguas e culturas distintas, pois permitem tanto descrever a materialidade linguística, quanto produzir interpretações sobre as especificidades das culturas discursivas envolvidas. As pesquisas do Cediscor, por sua vez, apresentaram possibilidades de análise comparativa de enunciados não literários, pouco presentes nos trabalhos bakhtinianos. Além disso, a assunção do gênero discursivo como tertium comparationis pertinente para a comparação do semelhante e para a configuração da comunidade discursiva foi ao encontro dos trabalhos bakhtinianos sobre os gêneros discursivos, permitindo uma articulação enriquecedora a ambas as teorias. A metodologia de abordagem do corpus é outro ponto de encontro entre as duas teorias, no sentido de que o lugar do pesquisador é teorizado como um sujeito que, imbuído de seu referencial teórico e cultural, vai ao corpus de enunciados não com categorias prontas, mas com conceitos flexíveis que permitem a descoberta do inesperado e a volta à teoria, num movimento constante de vai e vem. A partir desses fundamentos, construímos um corpus de enunciados das edições brasileira e russa da revista Scientific American e pudemos observar que o gênero editorial - presente em revistas das esferas jornalística e científica bem como nas de divulgação científica - possibilitou a identificação de diferentes arquitetônicas, condicionadas pela autoria e pela relação mais ou menos estreita com a matriz norte-americana: os editoriais brasileiros materializaram valores éticos e cognitivos de um autor marcado pela assinatura pessoal e pela posição social de editor chefe; já os editoriais russos foram bastante plurais, ora subordinando-se à arquitetônica da editora-chefe da matriz norte-americana, ora acentuando a proximidade com as esferas científica e política por meio da assinatura do editor-chefe cientista e gestor da política científica russa, ora assumindo uma posição institucional impessoal por meio autoria “redação da revista”. A divulgação científica em blogs de língua portuguesa : uma análise comparativa entre discursos do Brasil e Portugal Flávia Silvia Machado (Université de Poitiers, França) [email protected] O propósito da atual comunicação é analisar os enunciados de dois blogs de divulgação científica escritos em língua portuguesa, mas pertencentes a comunidades etnolinguísticas distintas: a brasileira e a portuguesa. A partir da perspectiva teórica elaborada pelo Círculo de Bakhtin e os recentes trabalhos feitos pelas pesquisadoras do grupo de pesquisa Diálogo - USP (GRILLO, GLUSKOVA, 2015; GRILLO, HIGASHI, 2015), pretendemos traçar uma reflexão sobre como os discursos de divulgação científica são constituídos e circulam nas esferas da atividade humana nos dois países. Mesmo tendo o meio digital e a língua portuguesa como denominadores comuns aos enunciados que compõem nossa análise, acreditamos que será possível encontrar dissonâncias no modo com que cada comunidade linguística e científica os formula. O corpus é formado por postagens de dois blogs de divulgação científica, coordenados por pesquisadores e cientistas de diversas áreas em cada país, a saber: “De Rerum Natura” e “Cientistas descobriram que ...”. Temos como objetivos principais: primeiramente, contribuir para a consolidação de uma linha teórica em análise comparativa de discursos e, em segundo lugar, verificar como se dá a concretização de enunciados de uma mesma língua oficial nas comunidades etnolinguísticas brasileira e portuguesa, por meio das relações dialógicas inerentes à divulgação científica. A terminologia da Escola Semiótica de Tártu-Moscou nas traduções brasileiras Ekaterina Vólkova Américo (UFF) [email protected] A comparação entre os textos dos diferentes integrantes da Escola Semiótica de Tártu-Moscou (1960-1980), originalmente escritos em russo, e as suas traduções para a língua portuguesa representa um campo fértil para uma análise dos desdobramentos que a terminologia "codificada" dos semioticistas russos recebeu nas traduções brasileiras. A comparação entre os textos originais e as suas traduções brasileiras, cujo número ainda é pequeno, fundamenta-se no conceito bakhtiniano do "outro" e na noção de "fronteira", desenvolvida na obra de Iúri Lotman. Além disso, baseamos a nossa análise comparativa nas conclusões teóricas elaboradas no âmbito do Grupo de Pesquisa Diálogo, USP (GRILLO, GLUSHKOVA, 2015; GRILLO, HIGASHI, 2015). O uso da linguagem codificada, nos trabalhos dos semioticistas soviéticos, foi motivado pelo desejo, por parte dos representantes da Escola, de serem compreendidos pelo círculo e não compreendidos por intrusos indesejáveis do governo soviético. O próprio termo central da Escola - os "sistemas modelizantes secundários" - foi sugerido por Vladímir Uspiénski com o objetivo de substituir a palavra "semiótica", associada à semiótica ocidental. Outro traço que observamos nos artigos é o seu 196 Resumos: Comunicações Coordenadas caráter resumido, sendo que alguns deles até foram escritos em forma de teses. Objetivamos verificar se essas e outras peculiaridades dos textos russos foram preservadas e comentadas pelos tradutores brasileiros ou não, bem como analisar as soluções apresentadas por eles. A análise dos meios de interrupção no discurso científico brasileiro e no russo Maria Glushkova (USP) [email protected] O primeiro desafio deste artigo é comparar os discursos orais em português e em russo, presentes em textos falados, coletados pela própria pesquisadora, entre os anos de 2010 e 2015. O discurso científico, em ambos os países, pode ser considerado como um padrão da cultura dialógica destas línguas e é um bom material para estudar as formas da etiqueta, ou seja, as formalidades que marcam as caraterísticas culturais e discursivas. Os textos falados tendem a ser mais espontâneos e não podem ser revistos ou repensados pelos falantes, por isso, neste artigo, foram escolhidas as formas de "interrupção" como exemplos de busca inconsciente cultural e discursiva. A pesquisadora mostra que em ambas culturas em situação da discussão científica os falantes usam os meios mais "educados" e escolhidos para interromper os colegas e tomar a iniciativa na comunicação mesmo que para guardar essa iniciativa. Por outro lado, essa escolha é bem diferente nas duas comunidades etnolinguísticas. O caráter categórico da língua russa com frases curtas, perguntas diretas e a repetição persistente das frases mostram que estas formas ultimamente não são consideradas ásperas nessa cultura. Ao mesmo tempo, a interrupção é considerada um fenómeno forçado, que é melhor evitar. A fim de combinar estas duas posições existe uma forma bem comum na língua russa - interromper as pessoas e mesmo iniciar a comunicação com as formas de pedido de desculpas. No discurso científico brasileiro, foram observadas como mais comuns as formas variadas de acordo com o falante e com o assunto com o propósito de tomar a iniciativa comunicativa e desviar a conversa para um assunto favorável ao adversário. As observações mostram que em ambas culturas ocorre a escolha inconsciente das formas da etiqueta destinadas a uma comunicação bem-sucedida. Um erro ou a escolha errada destas formas podem causar um fracasso comunicativo, ou seja, impedir de alcançar o objetivo do falante. HUMOR, POLÍTICA E ÍCONOTEXTOS Coordenadora: Sidnay Fernandes dos Santos (UNEB) [email protected] Resumo da mesa: O que motiva a realização de uma sessão que discuta o tema “humor, política e íconotextos” é a relevância que a dimensão desses eixos possui na produção dos mais diversos discursos, os quais, ao circularem, reverberam sentidos que perpassam desde um viés eufórico a um disfórico acerca das construções às quais estão ligados. Partindo da necessidade de problematizar temas como a derrisão, o jogo político, a construção de identidade e a narrativa midiática, propõe-se a Mesa Coordenada “Desigualdades Humor, política e íconotextos”. As pesquisas que pautam as discussões desta mesa inserem-se nos trabalhos do Grupo Laboratório de Estudos Epistemológicos e de Discursividades Multimodais - LEEDIM-UFSCar/CNPq, cujo objetivo é constituir uma rede de estudos que se debruce sobre a epistemologia da Análise do Discurso e as discursividades multimodais. Na perspectiva de analisar os modos como os mais variados suportes midiáticos, por meio de textos e de íconotextos, constroem suas narrativas, discutimos: i) a circulação de sentidos em imagens fotográficas com a proposta de compreender como os textos circulam e como as práticas linguageiras, na esfera da atividade jornalística, retomam e reformulam já-ditos, cujos sentidos podem adquirir grandes potencialidades enunciativas; ii) os modos de funcionamento do discurso político derrisório de vídeos de atores políticos brasileiros no site YouTube, pensando a noção de heterogeneidade e tomando-a enquanto heterogeneidade dissimulada; iii) o discurso derrisório antirreligioso, com o objetivo de analisar as derrisões veiculadas nos últimos anos em dois suportes midiáticos - o jornal francês Charlie Hebdo e o programa brasileiro Porta dos Fundos, usando conceitos como discurso constituinte, cena da enunciação e formação discursiva; e iv) o feminino no jogo cultural de consumo, tendo em vista o modo como o discurso publicitário abraça para dentro de sua formação sentidos de outros discursos, desde o religioso até o cultural, usando a imagem da mulher como uma representação metonímica, a ponto de chegar a ser a própria representação do produto. Tais discussões trazem como arcabouço teórico-metodológico a Análise de Discurso francesa com contribuições de vários autores como Maingueneau, Foucault, Authier-Revuz e outros. Trabalhos dos Integrantes: Circulação de sentidos e imagens fotográficas Sidnay Fernandes dos Santos (UNEB) [email protected] Este estudo apresenta uma análise discursiva do percurso de circulação da fotografia 3x4 do rosto de Dilma Rousseff que consta numa ficha criminal da Polícia do Estado de São Paulo – Departamento de Ordem Política e Social / DOPS. Como corpus de análise, selecionamos textos publicados em revistas e jornais impressos e eletrônicos que circularam no Brasil durante as campanhas eleitorais de 2010 e de 2014 que citam a referida fotografia. A pesquisa está embasada no quadro teóricometodológico da Análise do Discurso proposta por Dominique Maingueneau (1984; 2007; 2008; 2010; 2014). Recorremos ainda a uma abordagem antropológica acerca da história do rosto, proposta por Courtine & Haroche (1988) e a uma discussão teórica acerca da fotografia e do fotojornalismo a partir dos estudos de Barthes (1984), Buitoni (2011), Kossoy (2007; 2009), Flusser (2011), Machado (1984), Sontag (2004). Essa proposta tem como objetivo primeiro não só compreender como os textos 197 Resumos: Comunicações Coordenadas circulam, mas como as práticas linguageiras, na esfera da atividade jornalística, retomam, transformam e reformulam já-ditos, cujos sentidos podem adquirir grandes potencialidades enunciativas. Maingueneau não se preocupa apenas com a produção de sentidos, mas também com a sua circulação. Desde Genèses du discours (1984), quando traz as práticas discursivas e não apenas o discurso como objeto de estudo, destaca que o modo pelo qual o texto é produzido e pelo qual é consumido estão ligados. Para ele, “[a] própria rede institucional desenha uma rede de difusão, as características de um público, indissociáveis do estatuto semântico que o discurso se atribui” (MAINGUENEAU, 2007, p. 140-1). O modo de consumo dos textos que interessa à Análise do Discurso está visível na própria materialidade discursiva, diz respeito à população enunciativa e trata do tipo de veiculação que o próprio discurso institui por meio de seu universo semântico. A derrisão antirreligiosa Sarah Menoya Ferraz (UFSCar) [email protected] Neste ano dou início ao desenvolvimento de uma pesquisa, filiada à Análise do Discurso francesa, visando a defesa de uma tese de doutorado. Objetiva-se analisar as derrisões de cunho antirreligioso veiculadas nos últimos anos em dois meios de comunicação: em uma revista de humor francesa, Charlie Hebdo, e em um programa humorístico televisivo brasileiro, o Porta dos Fundos. Concebe-se que cada um destes enunciados está inscrito numa formação discursiva determinada, por isso cabe observar o que há de relevante do ponto de vista das ideologias em relação às derrisões analisadas. Consideramos que as identidades de cada grupo representado nas derrisões são mobilizadas sob forma de estereótipos e estes se confrontam com a ilusão de verdade absoluta dos ideais da formação discursiva estereotipada. Em suma, defendemos a tese de que o responsável pelos processos de criação intolerantes das derrisões antirreligiosas (assim como pelos processos de criação dos enunciados que as refutam) é a ilusão de racionalidade (PÊCHEUX, 2014) dos discursos religiosos. A fim de comprovar esta afirmação, a pesquisa será baseada nos pressupostos teóricos de Dominique Maingueneau sobre discursos constituintes, cena de enunciação e formação discursiva e também na noção de formação discursiva proposta por Pêcheux, assim como sua noção sobre o funcionamento das representações e do pensamento nos processos discursivos. Levar-se-á em conta também a noção de estereótipo dada por Sírio Possenti. A mulher na f(r)esta: dos produtos de consumo ao consumo da cultura – o poder da propaganda Jorcemara Matos Cardoso (UFSCar) [email protected] O sujeito, construído no discurso, está o tempo todo sendo alvo de várias práticas que o objetivam, o engendram (em grande parte) a ser o que é (FOUCAULT, 1995). Essa objetivação através das práticas discursivas que circulam em determinadas épocas vão construindo esse sujeito e formando identidades. A cultura popular, principalmente as manifestações folclóricas regionais, parece estar cada vez mais sendo alçada a um guarda-roupa de identidades (HALL, 2005), em que consumir uma identidade e não outra, em determinada época, tornou-se uma prática constitutiva do que podemos chamar de produção consumível de emblemas de brasilidade. A questão que se coloca é em que medida os íconotextos, como as propagandas, que fazem circular essa “brasilidade”, pautam-se no estereótipo ou estereotipizam (AMOSSY, 2010) determinadas construções de sujeitos sociais, como, por exemplo, a mulher. Para traçar uma linha de análise, mostraremos como o feminino aparece, em diferentes épocas, nas propagandas publicitárias, produzindo sentidos. Veremos nesse traçado como o discurso publicitário abraça para dentro de sua formação sentidos de outros discursos, desde o religioso, até o cultural, usando a imagem da mulher como uma representação metonímica, seja numa relação estreita de “afinidade”, na qual o feminino age como instrumento para que se consiga vender algo, seja numa relação ambígua de parte pelo todo, em que ela chega a ser a própria representação do produto. Em relação a esse último ponto, deter-nos-emos mais especificamente à mulher como parte/integrante da mobilização da cultura como produto de consumo. Por que a mulher? Por vermos o quanto ela é ativada no processo propagandístico, principalmente no que tange à divulgação de manifestações folclóricas. Para isso, trazemos como arcabouço teórico-metodológico as reflexões da Análise de Discurso de orientação francesa, pautada nos estudos de Michel Foucault (1995) acerca das questões subjetivas; e Dominique Maingueneau (2006) com as questões de engendramento textual dos sentidos através da cena enunciativa. IMAGENS DE MULHER NA MÍDIA: DESIGUALDADES E ESTEREÓTIPOS Coordenadora: Silvia Maria de Sousa (UFF) [email protected] Resumo da mesa: A sessão reúne trabalhos que discutem a imagem da mulher construída na mídia, observando especialmente objetos audiovisuais como produções televisas e sites da Internet. Busca-se analisar, sob o viés da Semiótica discursiva o emprego de uma práxis enunciativa que, alinhavando diferentes níveis da produção do sentido, põe em circulação determinadas imagens (ou formas de vida) da mulher contemporânea. A Semiótica propõe que o uso e a repetição de estratégias enunciativas, de gêneros, tipos e estilos seja tomado como uma práxis. De um lado, a práxis enunciativa, conforme nos diz J. Fontanille em “Nome da obra” (2007, p. 271), seria responsável por atualizar no discurso determinadas formas que, segundo certos usos, podem ser esquematizadas, chegando mesmo a assumir a forma de estereótipos e estruturas cristalizadas. De outro lado, essa mesma práxis ofereceria espaço para novas significações, ao prever e acolher os desvios, as subversões e expansões de formas já em uso e o emprego de novas formas e estruturas. A partir dessa formulação teórica, os trabalhos buscarão observar como emissoras de TV, 198 Resumos: Comunicações Coordenadas narrativas ficcionais televisivas e canis do Youtube discutem a questão da mulher contemporânea, tematizam as desigualdades entre os gêneros, dissolvem e reafirmam estereótipos. Trabalhos dos Integrantes: Jout Jout: a construção discursiva da mulher contemporânea na internet Alexandra Robaina dos Santos (UFF) [email protected] Dentre as inúmeras possibilidades que a plataforma Youtube apresenta, uma tem se tornado bastante popular entre os usuários: a apreciação e a criação de canais não institucionais. Nesse novo modelo de mídia, as funções tradicionais de produtor e consumidos de conteúdo são democratizadas, uma vez que qualquer pessoa que possua os recursos tecnológicos mínimos, e não apenas as emissoras de TV, pode gravar suas falas sobre temas de sua preferência – salvo os considerados impróprios pela plataforma- e ter seus vídeos disponibilizados para visualização simplesmente pressionando o botão “publicar”. Desse momento em diante, o conteúdo produzido estará acessível a todos e exposto às opiniões, que podem ser expressas no espaço reservado para os comentários, e também pelos ícones de “curtir” ou “não curtir”. A visibilidade desses canais e o formato fornecido pela plataforma possibilitam um tipo específico de interação diferente daqueles vivenciadas antes da popularização da internet e da tecnologia que facilitam a produção de conteúdo digital. Para investigar as tensões discursivas que decorrem dessa nova conjuntura, adotamos a perspectiva das práticas semióticas, conforme postulada por Fontanille (2005, 2007), cuja proposta sintetiza os desdobramentos mais recentes da semiótica discursiva, e definimos essa cena enunciativa como uma prática que conjuga dois predicados: o de assistir e o de comentar o material lançado pelos chamados Youtubers. A partir do aporte fornecido pela teoria, este trabalho investiga as diferentes imagens de mulher construídas no canal Jout Jout, em que não só a Youtuber Julia discorre sobre temas diversos, como seus seguidores e outros usuários colaboram com o caloroso debate. Mais especificamente, buscaremos descrever como o sentido produzido nessa prática complexa decorre do jogo de vozes do enunciador do vídeo e dos enunciadores que, ao comentá-lo, ampliam exponencialmente as projeções de pessoa no texto original. Nosso objetivo é compreender como os elementos que compõem a prática complexa que encontramos no canal Jout Jout interferem no fazer interpretativo do enunciatário, bem como analisar o papel dos fãs, denominados como “família Jout Jout”, na construção da identidade do canal. O discurso da desigualdade: uma análise das formas de vida da narrativa seriada “Orange is the new black” Naiá Sadi Câmara (UNIFRAN) [email protected] Objetivamos investigar o papel das mídias na produção e veiculação de formas de vida da desigualdade, a partir da análise do discurso da desigualdade social manifestado em narrativas seriadas audiovisuais, uma vez que esse formato atinge, na contemporaneidade, índices de adesão bastante significativos. Com base no modelo de análise do discurso do intolerante proposto por Barros (2011), no artigo “ A construção discursiva dos discursos intolerante”, consideramos que o discurso da desigualdade estabelece-se por meio de reconhecimentos sociais entre identidade e alteridade de formas de vida, relações que podem ser observadas, conforme nos ensina a autora, nos percursos de sanção, nos percursos passionais, na elaboração dos temas e das figuras e na organização discursiva na perspectiva tensiva. Selecionamos a narrativa seriada “Orange is the new black”, websérie produzida e veiculada pela Netflix em 2013, e cuja trama apresenta o discurso da desigualdade de gênero, de sexualidade e de posição social, pois narra a história de Piper Chapman, que é condenada a cumprir 15 meses numa prisão feminina federal por ter participado do transporte de dinheiro proveniente do tráfico de drogas a pedido da sua ex-namorada. Da perspectiva de análise das formas de vida, adotamos a concepção proposta por Greimas ( 1993) no artigo intitulado “ Le beau geste”, segundo a qual as sociedades podem ser divididas e observadas pela complexidade moral dos seres semióticos que são sancionados por suas formas de vida em interação com as dos outros. Receita de mulher: formas de vida no GNT Silvia Maria de Sousa (UFF) [email protected] Matheus Nogueira Schwartzmann (UNESP) [email protected] O canal GNT (Globosat News Television), um dos canais pagos da Globosat Programadora, braço do Grupo Globo, nasceu nos idos da década de 1990, originalmente como canal de notícias, o que sua própria sigla já anunciava. Com o passar dos anos, e com o surgimento de outro canal de notícias da Globosat, o canal foi paulatinamente mudando sua imagem e se especializando no que hoje é sua marca: o universo feminino. Essa é justamente uma das razões pela qual se destaca no cenário nacional como único canal do gênero, já que, além de produzir grande parte de seus conteúdos, com reconhecida qualidade, valendo-se de diversos formatos e temas, assume declaradamente que sua programação está voltada a um enunciatário-espectador bastante específico, a mulher. É nesse cenário que se inserem as preocupações do presente trabalho: queremos observar, de um lado, como o discurso de um canal se espalha por sua grade de programação, por meio de relações entre o conjunto dos programas, inserções comerciais e outros produtos do canal (como o próprio site), e, de outro, como tal discurso projeta a imagem de um enunciatário feminino. Além disso, nossa intenção é a de averiguar se essa imagem é una e coerente ou múltipla e, portanto, polêmica, o que pode dizer muito sobre o modo de construção da imagem da mulher pelo GNT. Para investigar nossas hipóteses nos centraremos 199 Resumos: Comunicações Coordenadas em programas que discutem o papel social da mulher na contemporaneidade, como por exemplo o programa Saia justa, buscando identificar a forma (ou as formas) de vida da mulher que o canal faz circular e os discursos que circundam a identidade feminina. FUNDAMENTOS BAKHTINIANOS NA ANÁLISE DE INTERAÇÕES VERBAIS: A ORIENTAÇÃO SOCIAL E IDEOLÓGICA DA PALAVRA NA CONSTITUIÇÃO DE ENUNCIADOS QUE CIRCULAM NAS ESFERAS MIDIÁTICA, POLÍTICA, MUSEOLÓGICA E EDUCACIONAL Coordenadora: Simone Ribeiro de Avila Veloso (SEESP) [email protected] Resumo da mesa: O objetivo desta Comunicação Coordenada será oportunizar o diálogo entre pesquisas fundamentadas em pressupostos teóricos e metodológicos advindos da Análise Dialógica do Discurso (ADD). A filosofia da linguagem proposta por estudiosos do chamado Círculo de Bakhtin tem oferecido sustentação para numerosos estudos. Nesta ocasião, será considera-do o conceito de arquitetônica na perspectiva bakhtiniana na relação com outros pensadores em especial Aristóteles e Kant, bem como a importância desse conceito no desenvolvimento de pesquisas realizadas sob a ótica dialógica. Configura-se igualmente relevante considerar a palavra enquanto signo ideológico na composição de discursos presentes em documentos oficiais elaborados por especialistas da esfera educacional pública estadual de São Paulo acerca do processo de reestruturação da rede no Estado e a recepção desses discursos em enunciados midiáticos direcionados a um público de não especialistas tanto no chamado “jornalismo de referência”, quanto em veículos de comunicação compreendidos como de “alternativa” e que se constituem, em especial, nas redes sociais da internet. De outra parte, tal direcionamento se releva determinante, por exemplo, na composição de gêneros que circulam na esfera museológica, mais precisamente no Museu Catavento. Em ambos os casos, compreende-se como fundamental o direcionamento socioideológico da palavra que determina escolhas estilísticas, temáticas e composicionais. No que se refere ao estudo propriamente estilístico do texto literário serão observadas as relações discursivas construídas notadamente por meio de casos de orações subordinadas sem conjunção na obra de um autor da literatura nacional e da literatura amazônica. Reveladas em diferentes fases de desenvolvimento, tais pesquisas visam a apresentar resultados parciais de análise de diversos corpora. Trabalhos dos integrantes: O destinatário inscrito na exposição Biomas, do museu Catavento Cultural Arlete Machado Fernandes Higashi (FFLCH-USP) [email protected] A quem se dirige o enunciado? Como o locutor (ou o escritor) percebe e imagina seu destinatário? Qual é a sua influência no enunciado? A partir desses questionamentos, Bakhtin (2003[1923-24]) pondera que um traço constitutivo do enunciado é seu direcionamento a alguém, ou seja, de estar voltado para seu destinatário, o qual pode ser um parceiro e interlocutor direto do diálogo na vida cotidiana, um conjunto diferenciado de especialistas de alguma esfera individualizada da comunicação cultural, um público mais ou menos diferenciado, os contemporâneos, os partidários, os adversários e até um outro não determinado. Como bem nota o teórico russo, a orientação do discurso verbal em função de um interlocutor tem uma imensa importância no processo de sua construção. Essa orientação determina as escolhas estilísticas, composicionais e temáticas que compõem o enunciado, o qual é permeado ainda pela relação valorativa do autor. Desse modo, à luz das noções de gêneros do discurso e entonação valorativa, propostas por Bakhtin e seu Círculo, este trabalho objetiva analisar os enunciados verbo-visuais que compõem os painéis da exposição Biomas, da seção Vida, do Museu Catavento Cultural, destacando seu destinatário presumido e sua dimensão valorativa. Os resultados preliminares apontam que a construção dos enunciados verbo-visuais da exposição Biomas leva em conta um destinatário escolarizado e afeito aos assuntos tratados e expressa ainda uma entonação enaltecedora do território brasileiro. O conceito de arquitetônica na história da filosofia e sua construção na teoria bakhtiniana Inti Anny Queiroz (FFLCH-USP) [email protected] Nossa reflexão busca encontrar traços em comum das diversas abordagens do conceito de arquitetônica, utilizado por em Mikhail Bakhtin e outros pensadores ao longo da história. Observaremos a partir dos resultados iniciais da pesquisa de doutorado como o conceito é abordado filologicamente e como foi pensado dentro de sistemas filosóficos de épocas diversas e assim auxiliar na reflexão mais aprofundada do conceito nas obras do Círculo de Bakhtin, bem como da teoria dialógica do discurso à qual nos filiamos como fundamentação teórica principal desta pesquisa. A menção ou mesmo o uso significativo do conceito foi encontrado nos seguintes filósofos ao logo da pesquisa: Aristóteles, Tomás de Aquino, Leibniz, Lambert, Kant, Krug, Peirce, Wronski, Warrain, Bornstein, Vossler, Hildebrand e nos pensadores do Círculo de Bakhtin. A pesquisa demonstrou que é possível dizer que existe um diálogo entre a abordagem do conceito nas obras de Aristóteles, Kant e Bakhtin, pois ambos operam o conceito por meio de uma abordagem sistemática e ética, ainda que de formas diversificadas. Nosso estudo buscar mostrar como o diálogo entre as teorias auxiliou Bakhtin na construção não apenas de seu conceito de arquitetônica, mas também na sistematização da teoria bakhtiniana para pensar a filosofia da linguagem e os estudos do discurso. 200 Resumos: Comunicações Coordenadas Os modos de recepção dos discursos que permeiam os documentos oficiais legitimadores de políticas públicas de reestruturação da rede pública de ensino do Estado de São Paulo: análise comparativa de enunciados jornalísticos produzidos na mídia de referência e alternativa Simone Ribeiro de Avila Veloso (SEESP) [email protected] Esta comunicação visa a apresentar considerações sobre um projeto de pesquisa que tem por objetivo investigar as inter-relações dialógicas instauradas no processo de reestruturação da rede pública de ensino do Estado de São Paulo. Para tanto, vislumbra observar os discursos constitutivos dos textos oficiais que legitimariam e oficializariam tal processo, bem como a recepção desses discursos nas mídias de referência e alternativa. São considerados os seguintes documentos oficias: “Escolas estaduais com uma única etapa de atendimento e seus reflexos no desenvolvimento dos alunos”, elaborado por especialistas em políticas públicas da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo e publicado em agosto de 2015, o Projeto de Lei 1035/2015 que institui o Plano Estadual de Educação e que se configura atualização de proposta elaborada por especialistas docentes da USP, UNESP, dentre outras instituições da esfera educacional. Compreende-se que os discursos constitutivos de tais documentos se configuram na inter-relação de saberes oriundos, de um lado, da esfera acadêmica-científica, de outro, da esfera jurídica. Identificados os discursos fundantes desses documentos, será apresentada uma análise comparativa entre enunciados concretos publicados entre outubro e dezembro de 2015 nas mídias de referência e alternativa. A primeira representada por duas reportagens e dois editoriais respectivamente dos jornais O Estado de S. Paulo e Folha de S. Paulo e a segunda, por duas reportagens e dois artigos de opinião publicados no site Rede Brasil Atual. A partir da perspectiva teórica bakhtiniana, o estudo visa a contribuir não apenas com reflexões acerca dos posicionamentos axiológicos assumidos pelos sujeitos enunciativos inscritos nos documentos oficiais, mas também com os modos de recepção desses discursos em dois diferentes contextos de divulgação desses saberes especializados. Discurso, norma e estilo no texto literário: o caso de orações subordinadas sem conjunção. Sueli Pinheiro da Silva (UEPA) [email protected] Este estudo pretende identificar como se constroem as relações discursivas entre norma e estilística no texto literário, a partir de um corpus constituído na obra de um autor da literatura nacional e em um da literatura amazônica. Sua base teórica se fundamenta, sobretudo, em estudos bakhtinianos acerca do papel da estilística no ensino de língua (em particular de uma experiência vivida por ele como professor de língua russa), recentemente traduzidos e publicados no Brasil. Partimos da hipótese de que para além da chamada “licença poética” há, na elaboração do discurso literário, modos específicos de dizer por meio das orações subordinadas sem conjunção o que lhe confere certa dramaticidade e que, ao serem transportadas para o plano em que se apresente a conjunção, haverá mudanças tanto no aspecto formal quanto estilístico e estético. Há ainda que se verificar como os sujeitos se inscrevem por meio de tais escolhas e que efeitos se sentido assumiria o texto no caso da inserção da conjunção. A pesquisa deve, mais adiante, se estender ao espaço da sala de aula em um processo de intervenção de modo a ensinar na língua portuguesa o fenômeno das orações subordinadas sem conjunção o qual não é explorado pelas gramáticas brasileiras, a fim de contribuir para reflexões sobre tal manifestação no texto literário e sobre práticas de ensino de língua portuguesa que deveria, conforme assevera Bakhtin, ser articulado à estilística. A CONSTRUÇÃO DO ETHOS E PATHOS NAS DESIGUALDADES SOCIAIS Coordenadora: Simone Sant'Anna (UFRJ) [email protected] Resumo da mesa: As pesquisas da presente comunicação coordenada abordam a questão da desigualdade sob a ótica da Semiolinguística de Charaudeau (2006,2009, 2011, 2013). O objetivo é evidenciar a influência dos efeitos patêmicos e da construção do ethos nos diferentes discursos de desigualdade sócio-política, econômica, religiosa e de gênero. Vale ressaltar que os espaços de patemização são responsáveis pela construção de diversos efeitos de sentido que conferem ao texto a presença de emoções. O ethos, por sua vez, está ligado ao exercício da palavra e não ao indivíduo. Por isso, é natural que possa haver uma diferença entre um sujeito e a imagem construída desse sujeito através da linguagem. A partir dos conceitos de ethos e pathos a mesa apresenta as seguintes abordagens: “Desigualdade política e religiosa: uma análise discursiva dos efeitos patêmicos”, de Vanessa Candida de Souza, demonstra os efeitos patêmicos criados por elementos linguísticos e extralinguísticos em reportagens sobre o ataque terrorista ocorrido na França. “Desigualdade de gênero e ethos militar: uma análise”, de Claudia Sousa Antunes, apresenta aspectos de influência na construção e na possível mudança do ethos militar a partir da participação de mulheres nas Forças Armadas, corporação que representa um lugar social predominantemente masculino. “Cartas à direção: construção de ethé no ambiente escolar”, de Giselle Aparecida Toledo Esteves, versa sobre os ethé construídos pela redação de alunos revelando desigualdade social no contexto escolar. “Ethé construídos pelo discurso machista nas redes sociais”, de Simone Sant’Anna, expõe as imagens construídas nos discursos da campanha #meuamigosecreto criada para mulheres denunciarem qualquer tipo de violência sofrida. Todas as pesquisas apresentadas contribuem para a reflexão de mudanças significativas que ocorrem pelo e no discurso e refletem situações de desigualdade e conflito em esferas distintas da sociedade. 201 Resumos: Comunicações Coordenadas Trabalhos dos Integrantes: Desigualdade política e religiosa: uma análise discursiva dos efeitos patêmicos Vanessa Candida de Souza (UFRJ) [email protected] Segundo a proposta de Charaudeau (2006), o discurso midiático coloca em contato duas instâncias: a de produção e a de recepção. A instância de produção, representada pela figura do enunciador, visa a captar a atenção da instância de recepção e, nesse percurso discursivo, dispõe de algumas estratégias para convencer o enunciatário e sustentar sua argumentação como, por exemplo, a utilização de elementos da emoção (que geram efeitos patêmicos) e a recorrência a topoi (lugares-comuns). Tendo em vista essas considerações, o presente trabalho tem como objetivo analisar reportagens sobre os ataques terroristas ocorridos na França em novembro de 2015, motivados por diferenças relacionadas a aspectos econômicos, políticos e religiosos. Por meio do levantamento de elementos linguísticos como verbos, adjetivos, substantivos, advérbios e de elementos extralinguísticos (contextuais), tentar-se-á identificar o posicionamento do enunciador em relação ao tema abordado. Como referencial teórico, adotam-se princípios da Análise Semiolinguística do Discurso, de Patrick Charaudeau (2008), e os estudos sobre emoções empreendidos por esse mesmo teórico (2010) e por Plantin (2010). Desigualdade de gênero e ethos militar: uma análise Claudia Sousa Antunes (UNIFA) [email protected] Este estudo pretende mostrar uma análise de alguns caminhos pelos quais é percebida a desigualdade de gênero pelo viés das abordagens da temática da feminilidade/masculinidade em trabalhos apresentados nos Encontros Nacionais da Associação Brasileira de Estudos de Defesa – ENABED. Pretende-se, ainda, mostrar como isso pode interferir em uma mudança na concepção do ethos militar. Parte-se de uma concepção de linguagem como atividade construída na interação e encenada no teatro da vida social. A Análise do Discurso aparece como basilar nos estudos por considerar o contexto sócio-histórico do ato comunicativo. Com base na Teoria Semiolinguística de Patrick Charaudeau (2009; 2013), pretende-se refletir sobre como a construção de uma identidade militar passa pelos discursos proferidos pelos pesquisadores do tema. Apesar de poder ser compreendida como uma construção estática e una, por conta de seus referenciais e fundamentos idealmente fixos e universais, a formação de um ethos institucional militar, a partir dos pilares de hierarquia e disciplina, está sujeita a mudanças. O momento histórico atual é marcado por transformações. Grupos tradicionalmente vistos como hegemônicos têm suas identidades transformadas, o que leva a uma reflexão sobre a problemática da formação da subjetividade, com a consequente ressignificação das questões de gênero. Pela existência de uma crise das fontes tradicionais de referência de identidade, definir como diversos autores tratam a temática das questões de gênero no espaço militar e de defesa leva a uma perspectiva em relação à política de defesa e de integração de mulheres nas Forças Armadas. Pode-se afirmar que a inserção feminina nos quartéis é um fato e novos contextos se apresentam. O objetivo é perceber de que forma os discursos sobre esta temática são apresentados e como estão articulados à discussão e à visibilidade de questões de gênero em vários organismos e instâncias, refletindo sobre como as políticas de integração de mulheres nas Forças Armadas intervêm na formação do ethos militar. Ethè construídos pelo discurso machista nas redes sociais Simone Sant'Anna (UFRJ) [email protected] O presente estudo propõe a analise de imagens (ethé) construídas no e pelo discurso de desigualdade entre gêneros por meio de enunciados publicados nas redes sociais através da campanha #meuamigosecreto, durante o ano de 2015, cujo objetivo é fazer denúncias de práticas machistas. O objetivo principal da pesquisa é verificar a abordagem da temática apresentada e reunida pela hastag responsável por categorizar a desigualdade no tratamento entre homens e mulheres e denunciar a violência sofrida por mulheres em decorrência dessa desigualdade. A princípio pode se observar diferentes opiniões e consequentemente a criação de imagens distintas nos aspectos da linguagem quando se referem ao comportamento social de homens e mulheres. Desse modo, pretende-se identificar como a imagem do homem e da mulher é representada nessas postagens. O arcabouço teórico relaciona o conceito de ethos da Semiolinguística de Charaudeau (2006, 2011), e os conceitos de ethos prévio e ethos discursivo de Maingueneau (2008) e Amossy (2011). A análise qualitativa dos enunciados possibilita a comparação entre os discursos apresentados para verificar se as imagens criadas (ethé) formam ou não uma ideia coletiva de comportamento estereotipado. Cartas à direção: construção de ethè no ambiente escolar Giselle Aparecida Toledo Esteves (UFRJ) [email protected] Neste trabalho, são analisadas cartas à direção redigidas por alunos do oitavo ano de uma escola Municipal do Rio de Janeiro. Tenciona-se relacionar a identidade dos sujeitos comunicantes (alunos/ autores) e dos sujeitos interpretantes (diretoras/ leitores) aos ethè desses enunciadores, o que poderá ser observado pelas escolhas de determinados recursos semiolinguísticos. Acredita-se que as imagens construídas pelos alunos (ethè) revelarão um olhar crítico acerca de sua condição de desigualdade social e a tentativa de os alunos exercerem sua cidadania. A análise das cartas ocorrerá com base em pressupostos da Análise 202 Resumos: Comunicações Coordenadas Semiolinguística do Discurso de Charaudeau (1996, 2006). De acordo com o autor, o ato de linguagem ocorre nos níveis situacional, comunicacional e discursivo. Caracteriza-se por constituir um “contrato de enunciação” em que atuam sujeito comunicante (eu/autor) e o interpretante (tu/leitor) no circuito considerado interno (situacional e comunicacional). No nível discursivo, o sujeito (eu) enunciador apresenta suas críticas para que ocorra alguma providência por parte do sujeito (tu) destinatário, interagindo em uma encenação (“mise em scène”). Recorrer-se-á também ao conceito de ethos proposto por Maingueneau (2008), segundo o qual a construção de imagens acontece ao longo da atividade discursiva, podendo ser identificada por aspectos semiolinguísticos. Ademais, a noção de gênero textual enfocada por Bronkart (1999) fundamenta a pesquisa, uma vez que, para o autor, o conhecimento dos gêneros é essencial para uma socialização satisfatória. DISCURSOS SOBRE O OUTRO: AMBIGUIDADES ENTRE IDENTIDADES, IMAGINÁRIOS E PRECONCEITO DE GRUPOS SOCIAIS DIFERENTES Coordenadora: Sônia Caldas Pessoa (UFMG) [email protected] Resumo da mesa: A Comunicação Coordenada propõe uma reflexão sobre discursos social e historicamente construídos sobre grupos tratados como diferentes tanto do ponto de vista político-ideológico quanto do ponto de vista identitário e sociodiscursivo. Em um vasto universo dos imaginários que circulam sobre pessoas com deficiência, comunidade LGBT e moradores de favelas, por exemplo, três grupos amplos e heterogêneos, propomos uma abordagem que atravessa dois campos discursivos igualmente amplos: a mídia e as redes sociais on-line. Nosso objetivo é analisar os discursos sobre esses grupos por meio de recortes que nos permitem transitar entre as identidades, os imaginários e o preconceito, em um diálogo entre a Análise do Discurso e a Comunicação Social. Trabalhos dos Integrantes: Faça o que eu digo, mas tudo bem se não fizer: discurso de ódio, discursos da Fifa Joana Ziller (UFMG) [email protected] Roberto Reis (UNA) [email protected] O trabalho trata das diferenças entre as regras previstas nos documentos oficiais da Fifa em relação aos discursos de ódio, mais especificamente ao racismo e à homofobia e sua aplicação na Copa do Mundo da Fifa em 2014. Vários casos de racismo e homofobia, e até episódios de apologia ao nazismo, foram registrados pela grande imprensa durante as partidas da Copa do Mundo e, ao contrário do que determinam os documentos oficiais da Fifa, não houve punição, com exceção de um caso de racismo. Imaginários sociodiscursivos das favelas cariocas e de seus moradores a partir da análise do discurso fotojornalístico do jornal O Globo Janaina Dias Barcelos (UFMG) [email protected] Nossa proposta é apresentar quais os imaginários sociodiscursivos sobre as favelas do Rio de Janeiro e seus residentes seriam acessados, reforçados ou transgredidos pelos discursos fotojornalísticos do jornal “O Globo”, o mais lido na cidade e o segundo lugar no ranking dos jornais de circulação nacional. É no Rio que se encontra a maior favela do Brasil, a Rocinha, e é a cidade brasileira onde as favelas ganharam maior visibilidade midiática, em função de suas especificidades geográficas na zona sul, do tratamento espetacularizado de certos acontecimentos e, atualmente, da implantação da política de segurança pública baseada nas Unidades de Polícia Pacificadora – UPP. Pensamos que o veículo, ao atuar na construção de subjetividades, colabora para a edificação de uma visão sobre esses aglomerados urbanos e as pessoas que ali vivem, a partir do engendramento de imaginários sociodiscursivos que emergem do mecanismo das representações sociais. No escopo deste Simpósio, tal tema se apresenta bastante pertinente, uma vez que os discursos midiáticos têm papel relevante na elaboração de visões de mundo e, quando se trata de minorias ou grupos estigmatizados histórica, social e/ou discursivamente, é preciso que nos voltemos para uma reflexão crítica sobre o processo que leva a determinados posicionamentos discursivos. Desde a derrubada dos cortiços no século XIX aos dias atuais, as designadas favelas passaram por uma série de mudanças, porém alguns discursos cristalizados em torno dos eixos da carência e da violência se mantêm. Entretanto, podemos identificar também posicionamentos discursivos que, apesar de insistirem em situar o favelado como vítima, ora do sistema, ora do tráfico, buscam fugir do viés estigmatizado por décadas, do criminoso em potencial ou do miserável. Nosso trabalho tem como sustentação na Análise do Discurso a Teoria Semiolinguística, bem como colaborações dos estudos sobre imagem, fotojornalismo, representações sociais e imaginários. 203 Resumos: Comunicações Coordenadas Discursos sobre a deficiência: entre a liberdade de expressão, o humor e o ódio nas redes sociais on-line Sônia Caldas Pessoa (UFMG) [email protected] A comunicação discute a mise en scène e os imaginários sociodiscursivos sobre a deficiência em perfis em redes sociais on-line como o Twitter e o Facebook. As postagens coletadas revelam pistas de redes que se constituem entre o movimento de imaginários sociodiscursivos contemporâneos sobre a pessoa com deficiência e outros identificados por anos na sociedade. A encenação das repetições óbvias oscila com a das dissimuladas em um ir e vir discursivo sobre o qual os sujeitos não têm muito controle nem reflexão. Em geral nesse jogo prevalecem os estereótipos, que vão sendo repetidos à exaustão. A nosso ver faz parte do jogo social projetar representações comumente aceitas e repetir sem se importar evitando-se, assim, que seja possível uma revisão de repetições perpetuadas, com adaptações sutis, por mero comodismo. LES MOTS DE L’(IN)EGALITE AU FIL DES DISCOURS DE LA PRESSE : UNE APPROCHE SEMANTIQUE ET DISCURSIVE DES MOTS ET NOTIONS ASSOCIES Coordenadora : Sophie Moirand (Universidade Paris III-Sorbonne Nouvelle) [email protected] Resumo da mesa: Au cours de ce panel, on s’interroge sur le sens cotextuel et contextuel des mots associés aux notions d’égalité/inégalité sous trois aspects complémentaires : travailler sur les cotextes sémantico-syntaxiques des mots associés (analyse qualitative et quantitative) ; mettre au jour les représentations liées aux notions d’égalité/inégalité et aux notions associées ; procéder à une analyse comparative entre langue et cultures différentes. On tente de mettre au jour différents mots associés aux notions d’égalité/inégalité tels qu’ils apparaissent au fil des discours de la presse quotidienne et/ou spécialisée (presse associative et/ou syndicale) : équité, parité, différence ; inégalités réelles, inégalités sociales, produire des inégalités, avantages vs désavantages, discrimination et discrimination positive, etc. ; les mots associés à « sans » (les sans abris, sans logis, sans domicile fixe, sans travail, sans papiers…) ou à « mal » (mal logés), par exemple, ou encore des métaphores du type « fracture sociale » ou « fracture urbaine »… On s’arrêtera en particulier sur le « ressenti » de l’inégalité, de la discrimination, de tout ce qui relève de la différence « ressentie » comme négative parce que productrice d’inégalités sociales ou identitaires. Pour mieux cerner les sens cotextuels et contextuels des mots de l’(in)égalité, on prend appui sur des corpus de presse française (imprimée ou en ligne) recueillis autour d’événements récents, comme, par exemple, la crise des migrants en Europe, les attentats de l’année 2015 en France, conçus comme des prolongements de domaines de mémoire à court terme (Foucault , Courtine, Orlandi), « moments discursifs » qui permettent de mettre au jour les usages des mots de l’inégalité dans des cotextes discursifs et des contextes sociopolitiques particuliers. D’autres corpus issus de presse brésilienne et allemande permettent d’élargir la réflexion sur les sens et les représentations des mots de l’inégalité selon les langues et les cultures (Ribeiro 2015). L’analyse permet de « penser » une sémantique discursive et énonciative autre que celle proposée par Pêcheux dans les années 1970, et qui emprunte aux sémantiques qui se sont développées récemment, et différemment des sémantiques structurales des premières analyses du discours en France (Dubois par exemple). On s’appuie de ce fait à la fois sur le renouveau d’une analyse de discours à entrée lexicale (Née et Veniard 2012, Brunner 2014) qui repose en partie sur les travaux de l’École contextualiste anglaise (Veniard 2013, Moirand et Reboul, in Langue française 188, 2015). Trabalhos dos Integrantes : L’« inégalité » dans le discours de la presse française sur les attentats en France Michele Pordeus Ribeiro (Universidade Sorbonne nouvelle - Paris 3) [email protected] Pascale Brunner (Université de Poitiers - FoReLL A) [email protected] Dans cette communication, nous proposons d’observer les lieux où s’inscrit « l’inégalité » dans les discours des journaux français portant sur les attentats qui ont eu lieu en France entre 2012 et 2015. Notre corpus de travail rassemble précisément des articles de presse, issus des quotidiens Le Monde, Libération et Le Figaro, sur les événements suivants : les tueries de 2012 à Toulouse et à Montauban et les attentats de janvier et de novembre 2015 à Paris. En partant de l’usage du mot « inégalité » et de son champ associatif (« égalité », « disparité », « différence », etc.), on mènera dans un premier temps une analyse quantitative et statistique, à l’aide du logiciel Lexico3, des fréquences des mots étudiés ainsi que de leurs cooccurrences. L’objectif de cette première analyse est de mettre au jour d’une part la présence de ces termes en fonction des journaux et d’autre part les éventuelles associations lexicales en lien avec d’autres thématiques, comme, par exemple, les questions des « banlieues », de la mixité sociale, de l’immigration et de l’intégration. Dans un deuxième temps, on mènera une analyse qualitative des mots dans leurs cotextes (« inégalité de X », « contre l’inégalité », « inégalité entre », etc.), dans le but de questionner les différents rapports qu’entretiennent les énonciateurs avec l’objet nommé (ici, l’inégalité). En s’appuyant sur l’idée que le cotexte permet d’accéder au sens (Cusin-Berche 1997) et qu’il est révélateur des expériences sociales associées aux mots (Branca-Rosoff 2001 ; Veniard 2007), on essaiera enfin de mettre en relation le traitement précis des trois journaux avec leurs lignes éditoriales et avec les représentations existantes dans la société française. 204 Resumos: Comunicações Coordenadas Les attentats en France vus par les presses brésilienne et allemande Pascale Brunner (Université de Poitiers - FoReLL A) [email protected] Michele Pordeus Ribeiro (Universidade Sorbonne nouvelle - Paris 3) [email protected] À la suite de l’étude précédente, nous proposons d’élargir la réflexion par des analyses comparatives de discours médiatiques brésiliens et allemands. Dans un premier temps on s’intéressera aux traductions d’« inégalité » (en particulier vers la langue allemande) et aux définitions proposées par les dictionnaires dans le but de relever les associations et les représentations communes et stables liées aux mots. Il s’agira par la suite de voir si les mots exprimant l’inégalité resurgissent dans les traitements faits par la presse étrangère (plus particulièrement, par les journaux O Estado de S. Paulo, Süddeutsche Zeitung et Frankfurter Allgemeine Zeitung) des attentats en France. Dans l’affirmatif, on procédera à une analyse quantitative et qualitative de ces mots en portugais (« desigualdade », « injustiça », « diferença », etc.) et en allemand (« Ungleichheit », « Verschiedenartigkeit », « Ungerechtigkeit » etc.) en la mettant en perspective avec les résultats de l’étude sur le corpus français. Il s’agira, par ailleurs, d’examiner dans quelle mesure ces termes apparaissent dans des discours rapportés, mais aussi d’étudier ce que leur usage dit du positionnement des énonciateurs − et des journalistes en particulier – (Siblot 2007) par rapport aux attentats et par rapport au traitement de ceux-ci par la presse française. En revanche, si ces termes n’apparaissent pas dans les corpus brésilien et allemand, l'analyse lexicométrique nous permettra de déterminer les occurrences les plus récurrentes en lien avec les événements. Enfin, nous essayerons de dégager des hypothèses interprétatives (von Münchow 2011) mettant en rapport les résultats obtenus par la comparaison avec des facteurs politico-culturels inhérents aux sociétés brésiliennes et allemandes. Interaction entre deux événements de l’année 2015 qui reposent sur un sentiment d’inégalité : la crise des migrants en Europe et la COP 21 Sandrine Reboul-Touré (Université Sorbonne nouvelle - Paris 3) [email protected] Sophie Moirand (Université Sorbonne nouvelle - Paris 3) [email protected] Il s’agira davantage d’une analyse qualitative, mais aussi quantitative (logiciels ad-hoc) autour de la notion d’inégalité et du ressenti d’inégalité « montré » lors du traitement de deux événements mondiaux et internationaux : inégalité dans la façon de nommer les personnes qui contribuent à entretenir des sentiments identitaires négatifs, inégalité entre les pays qui contribuent à renforcer ces sentiments identitaires négatifs. Le corpus sera constitué de discours de presse, y compris à visée de vulgarisation, de « genres de l’information » sur lesquels nous avions essentiellement travaillé jusqu’à maintenant à propos du traitement de l’événement dans la presse quotidienne. On pourra prendre des « genres du commentaire » en tant que révélateurs des ressentis d’inégalités des auteurs que des ressentis d’inégalités montrés par les auteurs de ces commentaires, professionnels ou internautes, ou par des auteurs littéraires dans des genres fictionnels (dans la presse ou dans la littérature). On rappellera cependant les travaux antérieurs à titre de comparaison du traitement des notions d’égalité/inégalité et des notions associées dans leurs fonctionnements discursifs (sémantiques et énonciatifs) et on introduira l’inscription de l’émotion dans l’étude des cotextes et des contextes des mots de l’inégalité. MATERIALIDADES MIDIÁTICAS: DISCURSIVIDADE EM FOCO Coordenador: Thiago Manchini de Campos (UFPI) [email protected] Resumo da mesa: O discurso midiático é, na atualidade, um potencializador de diferentes efeitos de sentido. Os suportes e materialidades no qual funciona apontam para seu caráter plural que constrói e legitima um lugar de interpretação de saberes relacionados a temáticas diversas. O objetivo desta comunicação coordenada é discutir o funcionamento de alguns discursos que se manifestam em diferentes materialidades - a tela, o grafiti, o fotojornalismo – mas que, devido a seu caráter midíatico, compreendido como um "meio" com a função de "comunicar", agem em diferentes instâncias do espaço público. Esperamos que o debate proposto sirva como reflexão de cunho teórico e analítico, centrado no fato de que o objeto "discurso" se constitui como o local privilegiado para se observar o funcionamento de linguagens que vão além do signo verbal. Deste modo, falar de discurso é sinalizar uma postura que considera a língua e outras linguagens como fato social e histórico, logo marcado por rupturas e desigualdades. Trabalhos dos Integrantes: Entre a paráfrase e a polissemia: fotojornalismo, memória e a representação da pobreza Thiago Manchini de Campos (UFPI) [email protected] Nesta comunicação irei discorrer sobre os usos da fotografia, no contexto do fotojornalismo, voltada para a temática da pobreza. Parto do pressuposto que, muito mais do que servir como instrumento de denúncia social, a materialidade imagética do 205 Resumos: Comunicações Coordenadas fotojornalismo, operando na tensão entre ficção e realidade, tem o efeito de estabelecer um espaço de interpretação que reforça, legitima e naturaliza o indivíduo na posição-sujeito sob a qual é retratado. A materialidade das imagens que serão analisadas é definida por duas memórias que conduzem o olhar: a) memória da prática do fotojornalismo, que delimita um certo leque e vocabulário de técnicas a serem adotadas; b) memória sobre o que é ser pobre, filiada a uma rede de discursos que têm na falta e na religião aspectos centrais. No entremeio dessas memórias vai se delineando um espaço de interpretação configurado como narrativa, tendo como efeito principal a naturalização do indivíduo na posição sujeito-pobre. Tal narrativa tem seu funcionamento caracterizado pela paráfrase (clichê/simulacro) e a polissemia (abertura do simbólico) constatando que toda e qualquer imagem, enquanto discurso, opera inscrita a uma rede de memória que é em si contraditória pois, ao limitar o que pode e deve ser dito, aponta para outros sentidos possíveis, porém silenciados. Apesar de compreender que a fotografia tem um viés social, o reconhecimento de que o funcionamento discursivo do fotojornalismo – assim como de outras instituições voltadas para a imagem – opera dentro de uma matriz neoliberal acarreta um golpe nas aspirações “sociais” do mesmo: de modo a circular, imagens de pobreza são tratadas como capital. Esta é a grande e principal contradição do fotojornalismo que, ao se apresentar como um modo privilegiado de lutar contra as “injustiças” sociais, contríbui para com a ficcionalização e perpetualização das mesmas. O corpus é constituído por imagens de fotojornalistas conhecidos por retratarem a desigualdade social e a análise tem como base teórica autores que discutem discurso (Pêcheux, Orlandi) e fotografia (Sontag, Kossoy, Machado). O muro da inclusão: condições de produção, interdiscurso e estratégias discursivas num ambiente de arte urbana João Benvindo de Moura (UFPI) [email protected] O ambiente urbano configura-se cada vez mais como uma arena na qual formações discursivas diversas disputam sentidos, espaço e poder uma vez que trazem consigo um contexto, uma situação e uma memória. O presente trabalho tem por objetivo investigar as condições de produção, o interdiscurso e as estratégias discursivas presentes em frases escritas num muro da periferia de Teresina. O corpus desta pesquisa é constituído por um conjunto de, aproximadamente, duzentas frases devidamente fotografadas, do qual foram selecionadas oito – considerando-se os dois tipos discursivos mais recorrentes (religioso e literário) – sendo que seis delas são provenientes da bíblia e classificadas, portanto, como pertencentes ao tipo discursivo religioso cristão (três delas relacionadas ao Antigo Testamento e três retiradas do Novo Testamento) e duas catalogadas como discurso literário. Tais frases foram reproduzidas no muro pelas mãos de uma moradora da localidade, aqui reconhecida como artista urbana. Tratase de uma pesquisa qualitativa cuja base teórica está centrada nos postulados da Análise do Discurso de linha francesa. Os resultados apontam para a constituição de tipos discursivos religiosos e literários inseridos num contexto de arte urbana, cujas condições de produção remetem desde ao cativeiro da Babilônia e da Assíria até a era cristã, passando pelo Modernismo da literatura brasileira até chegar à reprodução de toda essa memória histórica e social num muro de concreto de uma grande cidade, em pleno século XXI. Neste percurso, as relações interdiscursivas e ideológicas estão centradas em estratégias discursivas que remetem a processos tais como a intergenericidade, a paráfrase e a polissemia. A presença de uma formação discursiva cristã associada a uma formação discursiva literária faz com que a população que por ali transita, mergulhada num ambiente de desigualdade social, seja influenciada pela diversidade de sentidos e construções ideológicas veiculadas por trás de simples frases. Conclui-se que a palavra é um signo ideológico por natureza, assumindo os sentidos que lhes são impostos pelo contexto histórico e social no qual está inserida. Os jovens e as telas: demonização ou divinização da esfera midiática? Cássio Eduardo Soares Miranda (UFPI) [email protected] O presente trabalho discute o caráter performativo da esfera midiática na vida contemporânea e seus efeitos na constituição da subjetividade de jovens em idade escolar. A partir do conceito de “sobremodernidade” proposto por Marc Augé (AUGÉ, 2005), discutiremos os efeitos do excesso de informação e de imagens e como o “instantâneo” caracteriza a vida contemporânea. Em uma pesquisa realizada com adolescentes entre 10 e 17 anos, buscou-se verificar a relação existente entre as crianças e as telas: trata-se de uma relação de sedução, fascinação ou educação? A partir do conceito lacaniano de imaginário (LACAN, 1949; 1974), verificaremos se o “poder das imagens” faz com que elas ocupem o lugar das referências familiares e educacionais e quais seus efeitos nos laços sociais entre alunos e nas relações entre professor e aluno e entre aluno e conhecimento. Se o aluno contemporâneo tem sido caracterizado como um “aluno multimídia”, problematizaremos o modo como o sujeito comunicante (CHARAUDEAU, 2005) se inscreve no circuito comunicacional contemporâneo. Do mesmo modo, pretende-se verificar se o discurso demonizado por parte dos pais e professores se concretiza na relação dos jovens com as telas. DISCURSOS DE PROFESSORES DE LÍNGUAS ESTRANGEIRAS: REPRESENTAÇÕES, FORMAÇÃO E (DES)CONSTRUÇÃO IDENTITÁRIA Coordenadora: Vanderlice dos Santos Andrade Sól (IFMG- Campus Ouro Preto) [email protected] Resumo da mesa: Esta sessão coordenada visa apresentar quatro estudos desenvolvidos no campo da Linguística Aplicada que apresentam discursos na/da formação de professores de línguas estrangeiras (LE), arrolando representações e a (des)construção nas trajetórias identitárias de professores em contextos distintos. A primeira investigação traz como objeto de estudo o Programa Institucional 206 Resumos: Comunicações Coordenadas de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) e problematiza as representações dos alunos-pibidianos em relação aos professores de inglês da rede pública de ensino. O estudo é um recorte de uma pesquisa de doutorado, em andamento, sobre um subprojeto do PIBID-letras/Inglês, realizado em uma universidade localizada no Vale do Jequitinhonha/MG. A segunda comunicação objetiva investigar as representações dos sujeitos-professores de espanhol sobre a Lei 11.161/2005 e seus efeitos de sentido no processo de ensino da Língua Espanhola e na constituição subjetiva do professor. O terceiro estudo lança luz sobre o/a professor(a) de língua inglesa em contextos de privação de liberdade, atentando para as vozes, o fazer pedagógico e à constituição identitária do professor. A quarta comunicação visa investigar as representações de professores sobre um projeto de educação continuada para professores de língua inglesa. A investigação traz problematizações sobre a educação continuada para além do suprimento de soluções para as possíveis falhas do professor, baseando-se nas contribuições das perspectivas discursiva, desconstrutivista e psicanalítica. Os quatro estudos baseiam-se em princípios e procedimentos da análise de discurso e apontam para a importância de se problematizar e refletir sobre as contingências do trabalho do professor de LE, sua constituição identitária e suas trajetórias de formação inicial e continuada. Trabalhos dos Integrantes: A (des)construção de representações sobre professores de inglês de escolas públicas através do programa Pibid-LetrasInglês Kátia Honório do Nascimento (UFVJM e UFMG) [email protected] Esta comunicação se propõe a apresentar parte do corpus de uma pesquisa de doutorado, em andamento, sobre um subprojeto do PIBID-letras/Inglês, realizado em uma universidade localizada no Vale do Jequitinhonha/MG. Esta região sempre apresentou uma carência bastante acentuada em relação à formação docente inicial e continuada e dificuldades dos professores em buscar formação fora de seu espaço social e de trabalho. Tendo em vista essa condição, o PIBID se faz como uma importante ferramenta para a área de formação de professores, quando um dos seus objetivos consiste em incentivar o contato e experiências formativas de licenciandos ao magistério, ainda no período da graduação. Buscamos nos concentrar em um estudo no campo da Linguística Aplicada com atravessamentos teóricos das perspectivas discursiva (PÊCHEUX, 1975/2009, 1969/2010, 2012; ORLANDI, 2012, 2013; TEIXEIRA, 2005, dentre outros), psicanalítica FREUD, 1899/1996, 1914/1996; LACAN, 1964/2008), desconstrutivista derridiana (DERRIDA, 1972/1991, 1995/2001, 1972/2005) e pela contribuição do trabalho de Authier-Revuz (1998, 2004) e da Linguística textual (KOCH, 2006, 2010) para problematizarmos as representações dos alunos-pibidianos em relação aos professores de inglês de escolas públicas. O estudo foi realizado através de entrevistas semiestruturadas e de narrativas escritas pelos participantes. Percebemos, com o estudo, que algumas representações se alteram de forma positiva e outras se cristalizam ainda mais negativamente durante a execução do projeto. Nossos gestos de interpretação apontam que, tal qual phármakon, o PIBID se faz remédio e veneno para a formação docente ao (de)frontar, ao colocar o discente (de) frente (com) (a)o cotidiano escolar com seus (dis)sabores, suas contingências, desafios, mal-estares e (des)autorização docente, que subjazem as subjetividades dos professores de inglês na atualidade. Apontamos para a necessidade de um trabalho no PIBID que extrapole as dimensões didático-pedagógicas do trabalho docente, propostas no projeto nacional, e desconstrua imagens de mestria e de prática docente que, como Lajonquière (2011) propõe, não é a que faz realmente falta no processo de formação de professores, antes sim é aquela da qual nada se sabe e nada se quer saber. Representações acerca da língua espanhola como valor na dimensão escolar, currícular e para os estudantes Fernanda Peçanha Carvalho (UFMG) [email protected] Com o desejo que o ensino de língua espanhola alcance um espaço de excelência e visibilidade na realidade escolar brasileira desenvolvi minha pesquisa de mestrado, inserida na Linguística Aplicada, que teve como objetivo geral investigar representações dos sujeitos-professores de espanhol como língua estrangeira (doravante E/LE) sobre a Lei 11.161/2005 e seus efeitos de sentido no processo de ensino da Língua Espanhola e na constituição subjetiva do professor. O percurso teórico-metodológico foi desenvolvido a partir do corpus de pesquisa constituído por dizeres de professores de espanhol de Belo Horizonte e região metropolitana e do texto integral da Lei Nº 11.161/2005. O aporte teórico está ancorado na Análise de Discurso franco-brasileira que parte dos estudos pecheutianos em interface com a psicanálise lacaniana. Empregou-se como dispositivo de análise dos fatos linguísticos de nosso corpus a interpretação (ORLANDI, 2012), as ressonâncias discursivas (SERRANI-INFANTE, 1998), as noções de intra e interdiscurso (PÊCHEUX, 1974), algumas modalidades da heterogeneidade enunciativa (AUTHIER-REVUZ, 1998, 2004) e noções tomadas da psicanálise. Dialoguei também com conceitos referentes aos estudos culturais sobre globalização e pós-modernidade. Ao identificar as representações sobre a língua como valor na dimensão do espaço escolar, por um lado, depreendi o efeito de militância; por outro lado, indícios da desresponsabilização do sujeito-professor, permitindo que a valorização do E/LE seja atribuída a diversas interpretações que os outros dão à Lei, que institui a língua como disciplina escolar. Na análise dessas representações, vislumbrou-se como os modos de gozo incidem na constituição subjetiva dos professores, mortificando-os através das queixas ou vivificando-os através das ideias criativas. As representações do valor atribuído à língua no currículo da escola deslizam entre o campo semântico da relevância e o da irrelevância, e nas representações dos professores sobre o valor da disciplina Língua Espanhola para os estudantes, são empregados enunciados que remetem à língua para a comunicação e de valor quantitativo. O valor do E/LE é representado como mais uma língua para um repertório global de línguas, imaginariamente, demandado pelo mercado de trabalho. 207 Resumos: Comunicações Coordenadas O professor de inglês de contextos de privação de liberdade: vozes, formação, representações e identidade Valdeni da Silva Reis (UFMG) [email protected] Pouco sabemos sobre o ensino e a aprendizagem (de língua estrangeira - LE) em contextos de privação de liberdade. Nesta mesma direção, a formação de professores que atuam ou atuarão no complexo contexto de privação de liberdade é um universo geralmente ignorado em nossos currículos, programas educacionais para o ensino de LE ou em nossas pesquisas acadêmicas. Defendendo a necessidade de adentrar esse contexto educacional, olhando para o sujeito que nele atua, a presente proposta objetiva apresentar projeto de pesquisa que visa lançar olhar sobre o/a professor(a) de língua inglesa em contextos de privação de liberdade. A pesquisa ainda em sua fase inicial, procura compreender a formação e a atuação do/da professor(a) de inglês neste contexto particular, sua relação consigo, com este espaço, com o outro e também com a língua que deve ser ensinada por ele/ela. Estaremos focados nos movimentos dessas relações a fim de nos aproximarmos do modo como as representações deste sujeito são demarcadas, (re)produzidas e mobilizadas, constituindo tanto a identidade desse sujeito-professor de língua estrangeira, quanto seu fazer pedagógico e seu dizer sobre sua prática. Em momentos distintos da pesquisa, questionários e entrevistas serão delimitados com professores de língua inglesa em unidades socioeducativas e em presídios do estado de Minas Gerais. Os métodos e procedimentos do referido estudo são concebidos em pilares de pesquisas quantitativas e em princípios e procedimentos da análise de discurso. Deste modo, cremos ser necessário investigar a formação deste/desta professor(a), suas angústias, conflitos e as representações que mobilizam ou estagnam sua constituição identitária moldando sua prática e seu posicionamento. Nossa investigação estará, por fim, atenta à voz, ao fazer e à constituição identitária do professor de inglês em contextos de privação de liberdade acreditando que este sujeito tem sido ignorado em seu fazer importante e, igualmente solitário, ignorado e até discriminado, sócio e profissionalmente. Mexeu com a gente, foi mexer com quem tava quieta, adormecida: educação continuada, (in)esperado e (re)invenção Vanderlice dos Santos Andrade Sól (IFMG -Campus Ouro Preto) [email protected] A educação continuada (EC) surgiu no Brasil a partir da década de 1990, como alternativa para a formação do professor; é definida como um processo de desenvolvimento profissional em constante movimento, ou seja, ela deve ser considerada de maneira processual e não como um produto (GARCIA, 1992). Segundo Sól (2014, p. 233), “é inegável a necessidade e os benefícios da escuta aos professores, em contextos de EC, considerando as possibilidades que esse contexto apresenta para instaurar novos olhares para a própria prática, não apenas dos professores, mas de todos os envolvidos na empreitada da EC. Ela está para além do suprimento de soluções para as possíveis falhas do professor, pois se ancora na tomada de responsabilidade por parte dos envolvidos”. Este estudo é um recorte de uma pesquisa de doutorado e visa investigar as representações de professores sobre um projeto de EC para professores de língua inglesa. A investigação baseia-se nas contribuições das perspectivas discursiva, desconstrutivista e psicanalítica. Este trabalho se constitui em uma pesquisa que estabelece a relação intra e interdiscursiva, cuja modalidade seguirá uma abordagem metodológica que privilegia diferentes possibilidades de interpretação sobre o material discursivo a analisado. A trajetória teórico-metodológica deste estudo está ancorada no atravessamento das perspectivas discursiva ((FOUCAULT, [1969] 2009); PÊCHEUX, 1988; ORLANDI, 2005); AUTHIER-REVUZ, 1998 e outros), psicanalítica freudo-lacaninana (FREUD, [1901] 1996); LACAN, 1998 e outros) e desconstrucionista (Jacques Derrida ([1972c] 2001). Os participantes foram sete professoras da rede pública de ensino do Estado de Minas Gerais egressas de um projeto de EC. O corpus foi formado por meio de questionários abertos, entrevistas semiestruturadas, narrativas, filmagens de aulas e notas de campo. Os resultados revelam que o projeto de EC é representado como o lugar de segurança e conforto, fonte do saber, da verdade e lugar de solucionar problemas. Nessa perspectiva, as professoras justificam suas ações, seus modos de agir e pensar pautados em um antes e um depois do projeto. Os dizeres das professoras revelam que mudanças aconteceram tanto no campo profissional quanto no pessoal e que a (des)construção nas trajetórias das professoras se deu pela via dos rastros e dos “indecidíveis” derridianos. SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA: DIVERSIDADE E TRANSCULTURAÇÃO Coordenadora: Vânia Maria Lescano Guerra (UFMS) [email protected] Resumo da mesa: Pretendemos trabalhar sob a temática "Sociedade contemporânea: diversidade e transculturação", cujo argumento central gira em torno da ideia de que pensar e viver no mundo atual passa pelo reconhecimento da pluralidade e diversidade de sujeitos e de culturas com base no respeito e hospitalidade, concebendo as diferenças culturais não como sinônimo de inferioridade ou desigualdade, mas equivalente a plural e diverso. Dessa feita, propõe-se valorizar, a partir dos quatro diferentes textos, no processo formativo dos sujeitos, a necessidade e importância de se reconhecer e acolher identidades plurais. O primeiro texto vem propor uma reflexão baseada nos postulados de uma epistemologia crítica biográfica fronteiriça que discute o hibridismo e a identidade, a partir da discussão baseada nas teorias pós-ocidentais e nas teorias do pós-colonialismo. O segundo texto, pautado na perspectiva teórica pós-colonialista, na visão desconstrutivista de Derrida e na arqueogenealogia foucaultiana, problematiza as relações históricas, sociais e culturais do povos indígenas, sofridas a partir da colonização, a partir de um material didático. O terceiro texto mobiliza reflexões pautadas em práticas artísticas a partir da divers(al)idade, da (trans)(cultura)(ação) entre os lugares geofísicos e os sujeitos — as biogeográficas, erigidas a partir de um lócus enunciativo encravado na tríplice fronteira 208 Resumos: Comunicações Coordenadas (Brasil/Paraguai/Bolívia), como é o caso de Mato Grosso do Sul. O quarto texto vem refletir sobre as manifestações literárias em Mato Grosso do Sul, a partir dos estudos acerca de regiões culturais e/ou microrregiões que conduzem ao mapeamento da constituição do elemento regional, cujo aporte emerge com a noção cultural de “transculturação narrativa”. A proposta de trabalho pretende trazer contribuições sobre os desdobramentos possíveis a partir de diferentes pesquisadores brasileiros, em diferentes lugares de enunciação, embora saibamos que nenhuma discussão/reflexão possa exaurir o debate e as possibilidades de intersecções que a temática das (des)igualdades sociais provoca no bojo das Ciências Humanas. Trabalhos dos Integrantes: Um olhar discursivo sobre a cartilha "povos indígenas em espaços urbanos": transculturação e identidade Vânia Maria Lescano Guerra (UFMS/CNPq) [email protected] A circulação de acontecimentos discursivos tem demonstrado, na atualidade, que a presença de indígenas nas cidades tornou-se fato recorrente e os motivos que os levam para os contextos urbanos são os mais diversos, especialmente a luta por seus direitos e a reconstrução de suas relações e organizações. E como tais acontecimentos são efeitos de discursos que intervém na produção social de sentidos, e se materializam na/pela língua(gem), o objetivo dessa pesquisa é refletir sobre o processo identitário de indígenas sul-mato-grossenses da contemporaneidade a partir de discursos veiculados na cartilha denominada "Povos indígenas em espaços urbanos", publicada por ocasião da "Semana dos Povos Indígenas", realizada de 14 a 20 de abril de 2008 e organizada por Cledes Markus, com apoio do Conselho de Missão entre Índios (COMIN). Com um olhar crítico pautado na perspectiva teórica pós-colonialista, na visão desconstrutivista de Derrida e na arqueogenealogia foucaultiana, problematizamos as relações históricas, sociais e culturais desses povos, sofridas a partir da colonização. Este estudo considera a proposta teórica transdisciplinar, que se apóia na Análise do discurso de perspectiva francesa, a partir dos estudos de Pêcheux (2009, 1990) e de Coracini (2007, 2010, 2011), a fim de investigar possíveis marcas de exclusão deixadas pelo período colonial no texto da cartilha, que influenciam no deslocamento identitário desses grupos sociais. Dessa perspectiva, a materialidade da cartilha nos interessa em razão dos objetivos do discurso nela traçados, tais como o conhecimento, o respeito e a troca de informações com os povos indígenas. É possível dizer que o discurso da cartilha afirma, como pretensa referencialidade, ter o objetivo de ouvir e olhar para grupos de diferentes povos, que vivem em espaços urbanos, para mostrar o contexto, o cotidiano, a luta e os desafios da vida em cidades como Campo Grande, Dourados (MS), entre outras. No que tange à divisão temática, a primeira parte é elaborada para crianças, a segunda volta-se para o público juvenil, servindo também como fonte de informações para educadores na direção de orientar, animar e facilitar as reflexões. A (des)ordem epistemológica do discurso fronteiriço Edgar Cézar Nolasco (NECC/UFMS; PACC\UFRJ) [email protected] Tendo por base o lócus enunciativo de onde vivo, trabalho e penso, a UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL –UFMS e, por extensão, a zona de tríplice fronteira (MS-BRASIL\PARAGUAI\BOLÍVIA), proponho uma reflexão ─ assentada nos postulados de uma epistemologia crítica biográfica fronteiriça ─ que visa discutir, entre outros, os conceitos de hibridismo e de identidade. Para a discussão proposta, serão fundamentais as teorias pós-ocidentais defendidas por Walter Mignolo, entre outros latinos, bem como as discussões acerca do pós-colonialismo propostas por Homi Bhabha e outros. Do crítico argentino, destaco os livros Histórias locais\Projetos globais (2003), Desobediência epistêmica (2010) e El vuelco de la razón (2011). Já de Bhabha, detenho-me no livro O local da cultura (1998), por entender que ali o autor se vale do conceito de “hibridismo” que permite a discussão que busco fazer. Afora os dois conceitos mencionados, também serão fundamentais para sustentar minha proposição crítica os conceitos de “diferença colonial”, “opção descolonial”, “desobediência epistêmica”, “identidade em política”, “teorias itinerantes” e o de “transculturação”. Todos esses conceitos sustentam, ou passam, por uma desordem epistemológica que ancora o que aqui estou denominando por discurso fronteiriço. Da reflexão proposta, sobressaem duas posições que permeiam o posicionamento da crítica contemporânea: uma diz respeito ao lócus geoistórico de onde a enunciação crítica está sendo feita, permitindo, assim, que o crítico, ou intelectual, se posicione diante do discurso crítico proposto. Esta primeira posição mostra, por conseguinte, a importância da relação dentro x fora, centro x periferia, apesar de tais limites apenas fazerem sentido numa discussão de ordem conceitual. Já a segunda posição, apesar de não ignorar os postulados teórico-críticos da epistemologia moderna que costumeiramente migraram dos centros para as bordas do mundo ocidental, pontua a importância de uma crítica fronteiriça se deter na exterioridade do discurso moderno eurocêntrico e mostrar, por conseguinte, que tal reflexão se sustenta em suas bases epistemológicas por fora da interioridade dos discursos imperiais modernos que se alojaram dentro das discussões críticas feitas nas bordas dos grandes centros euro-norte-americanos. Fronteiras culturais (différences) (coloniales): biogeografias e (des)igualdades sociais Marcos Antônio Bessa-Oliveira (UEMS - NAV(r)E/NECC) [email protected] As demandas culturais contemporâneas situam-nos em lugares recheados de conceitos e preconceitos. Nas produções em artes tais demandas não o são diferentes. Especialmente quando se pensa em produções artísticas (críticas, práticas e pedagógicas) que estão sendo erigidas a partir de um lócus enunciativo encravado na tríplice fronteira (Brasil/Paraguai/Bolívia) como é o caso de Mato Grosso do Sul. O que se poderia dizer de “Sociedade contemporânea: diversidade e transculturação” nesse lugar toma um “color” discursivo enunciativo, como diria Mignolo (2003), de uma diversalidade outra, sobretudo porque nesse lócus fronteiriço de onde formulo minhas reflexões pautadas em práticas artísticas a divers(al)idade, a (trans)(cultura)(ação) entre os lugares 209 Resumos: Comunicações Coordenadas geofísicos e os sujeitos — as biogeográficas — estão sempre em movimentos de (e)(i)migrações. Por conseguinte, deve haver, teórico e criticamente, uma preocupação por parte de artistas, teóricos, críticos e professores das artes em conceituar esses muitos ‘agoras’ das/nas produções artísticas (discursivas, porquanto) que nos obrigam situar – logo, as (e)(i)migrações biogeográficas – as desigualdades, identidades, pluralismos e culturas de uma(s) perspectiva epistemológica que melhor possa contemplar os “irem” e “virem” da contemporaneidade cultural. Nesse sentido, aprioristicamente cabe dizer que o mundo todo está trans(itando)culturando na atualidade. Seja por uma perspectiva da necessidade, seja por uma visada voluntária, as biogeografias estão transladando continentes – por mar, pelo ar ou por terra – em busca de igualdades, identidades (a fim de pertencimentos), pluralidades e liberdades culturais. Por isso, neste trabalho pretendo refletir a partir de algumas epistemologias contemporâneas: O local da cultura (BHABHA, 1998); Histórias locais/Projetos globais (MIGNOLO, 2003); A mobilidade das fronteiras (HISSA, 2002); Diáspora (HALL, 2009); Escritura e a diferença (DERRIDA, 2009); Paisagens Biográficas (BESSA-OLIVEIRA, 2014) etc. Tais perspectivas epistemológicas, se, por um lado, podem até não dialogar entre si, por outro elas me são pertinentes até na (não)conversa, mas como conversação, tendo em vista a ideia de que no meu lugar biogeográfico – de onde falo e das produções para as quais quero ter meu discurso melhor compreendido – a (in)compreensão do (extra)(nho)(ngeiro) é condição sine qua non para sobrevi(da)vência dos sujeitos, lugares e práticas artístico-culturais. Uma literatura de fronteira: encontro dos povos e de suas culturas Zélia R. Nolasco dos S. Freire (UEMS) [email protected] O presente trabalho tem por objetivo refletir sobre as manifestações literárias em Mato Grosso do Sul, buscando nos estudos acerca de regiões culturais e/ou microrregiões que conduzem ao mapeamento da constituição do elemento regional, cujo aporte emerge com a noção cultural de “transculturação narrativa” (Rama, 2001). Dessa perspectiva sublinha-se a necessidade de verificação da representação e legitimidade das narrativas brasileiras contemporâneas, frequentemente afastadas para as margens ou como “vozes nas sombras” (Dalcastagnè, 2008). Desse modo, constatamosaimportância das obras literárias de escritores sulmato-grossenses como representação de fatoshistóricos e culturais de um povo e de uma época.Sublinha-se, assim, uma perspectiva teórico-crítica,cuja proposta visa refletir acerca das produções regionais enquanto narrativas que são tessituras do local, a partir das quais os autores/escritores formularam diversas abordagens de um entorno comum.Por esse viés, a riquíssima obra de Hélio Serejo é objeto que nos proporciona discutir criticamente as produções culturais periféricas, tendo por fundamentação uma visada epistemológica específica dos locais geoistóricos, tanto no tocante aos loci das próprias produções, quanto do lócus de onde o intelectual erige seu discurso crítico. Para Serejo, o ser fronteiriço significa mais do que viver nos limiares geográficos; significa “respirar” os “ares” culturais que vem de outros lugares e que convergem na fronteira. Reflexão essa que se apoia em teoria e noções que são de interesse da literatura comparada, como o processo de transculturação na América Latina, a intertextualidade, a descolonização cultural, a carnavalização do seu discurso, a desterritorialização, o hibridismo cultural e literário, a busca da identidade cultural e da consciência latino-americana no contexto sócio-político, histórico e cultural no qual as obras e seu autor se inserem. Fundamenta-se esse estudo nas contribuições de dois teóricos latinoamericanos, o etnólogo cubano Fernando Ortiz, pioneiro do conceito de transculturação, e o crítico literário uruguaio Ángel Rama, teórico da transculturação narrativa na América Latina. VOZES E SILÊNCIOS DOS EXCLUÍDOS NA MÍDIA: A REPRESENTAÇÃO DOS SEM-PALAVRAS Coordenador: Wander Emediato de Souza (UFMG/NAD) [email protected] Resumo da mesa: O objetivo desta sessão será o de discutir o problema da representação de excluídos (atores sociais marginalizados, anônimos, minorias, etc.) nas mídias, os quais designamos de "sem-palavras". Referimo-nos, aqui, em especial, àqueles coletivos e grupos sociais que raramente podem se expressar e cujos pontos de vista são em geral representados por vozes autorizadas e legitimadas, o que coloca um problema relevante em relação ao que Michel Foucault (1969, 1970) denominava de princípio de "rarefação" dos discursos. Nem todo mundo tem direito à palavra, nem todos podem exercer o poder do discurso. O exercício do discurso é controlado, distribuído e organizado, ele deve obedecer à ordem do discurso. Assim, os trabalhos que serão apresentados aqui analisarão os diferentes modos como a mídia pode representar as vozes desses excluídos, ou mesmo silenciá-las e quais princípios parecem reger esse "contrato midiático" (Charaudeau, 2005) nesses jogos de representação das vozes do outro. A representação de pontos de vista no discurso é um problema que diz respeito tanto às teorias do discurso quanto às teorias da enunciação. Nas teorias do discurso, esse problema nos leva a refletir sobre a questão da legitimidade e do poder, quem está autorizado para falar, quais são as fontes dessa legitimidade e quem não tem direito à fala, ator desautorizado, cuja voz só surge através de porta-vozes legitimados, vozes terceiras que falam em seu nome. Esse problema, de natureza complexa, está relacionado ao princípio de rarefação do discurso, dos mecanismos de sua distribuição e de seu controle (Foucault, 1969; 1970). Nas teorias da enunciação, tal questão se vincula a não menos complexa problemática da polifonia e do dialogismo, sobre como se dá a gestão interacional dos pontos de vista e à hierarquização de vozes e enunciadores nos textos (Rabatel, 2005). Neste trabalho, buscamos relacionar certas problemáticas do discurso (Foucault, Charaudeau, Maingueneau) e da enunciação (Bakhtin, Rabatel) para compreender o funcionamento desses discursos de representação, através de vozes autorizadas, desses atores sociais excluídos da ordem do discurso. Vozes silenciadas e apenas parcialmente representadas por atores legitimados para falar em seu nome. A título de exemplificação, mostraremos como esses fenômenos discursivos e enunciativos interagem em reportagens sobre a violência em periferias urbanas brasileiras. 210 Resumos: Comunicações Coordenadas Trabalhos dos Integrantes: A palavra representada dos excluídos: vozes autorizadas, vozes silenciadas Wander Emediato (UFMG/NAD) [email protected] A representação de pontos de vista no discurso é um problema que diz respeito tanto às teorias do discurso quanto às teorias da enunciação. Nas teorias do discurso, esse problema nos leva a refletir sobre a questão da legitimidade e do poder, quem está autorizado para falar, quais são as fontes dessa legitimidade e quem não tem direito à fala, ator desautorizado, cuja voz só surge através de porta-vozes legitimados, vozes terceiras que falam em seu nome. Esse problema, de natureza complexa, está relacionado ao princípio de rarefação do discurso, dos mecanismos de sua distribuição e de seu controle (Foucault, 1969; 1970). Nas teorias da enunciação, tal questão se vincula a não menos complexa problemática da polifonia e do dialogismo, sobre como se dá a gestão interacional dos pontos de vista e à hierarquização de vozes e enunciadores nos textos (Rabatel, 2005). Neste trabalho, buscamos relacionar certas problemáticas do discurso (Foucault, Charaudeau, Maingueneau) e da enunciação (Bakhtin, Rabatel) para compreender o funcionamento desses discursos de representação, através de vozes autorizadas, desses atores sociais excluídos da ordem do discurso. Vozes silenciadas e apenas parcialmente representadas por atores legitimados para falar em seu nome. A título de exemplificação, mostraremos como esses fenômenos discursivos e enunciativos interagem em reportagens sobre a violência em periferias urbanas brasileiras. Aforizações, vozes e silêncios dos excluídos nas mídias Glaucia Muniz Proença Lara (FALE/NAD/UFMG) [email protected] Em pesquisas anteriores (vide Campos & Lara, 2012; 2013), constatamos, num conjunto de sete reportagens publicadas nas revistas IstoÉ, Veja e Carta Capital, sobre a ocupação do Morro do Alemão, no Rio de Janeiro, pelo Exército e pela Polícia Militar, que a voz privilegiada era, via de regra, a dos dirigentes (Governador, Secretário de Segurança do Estado etc), sendo a voz dos moradores da referida favela sistematicamente “apagada”. Em outras palavras, as falas que figuravam, em discurso relatado, nas referidas reportagens, eram, normalmente, as da classe dominante e não as daqueles que conviviam diariamente com as dificuldades de morar numa favela e lidar com a violência do tráfico de drogas. Articulando essa questão com pesquisas mais recentes que vimos desenvolvendo sobre a noção de aforização, proposta por D. Maingueneau (2012) no âmbito da Análise do Discurso francesa, nosso objetivo maior será verificar como jornais impressos de ampla circulação no Brasil gerenciam a voz dos excluídos quando destacam, de notícias e reportagens que tratam desses indivíduos (pessoas em situação de extrema pobreza, homossexuais, imigrantes/refugiados, índios etc), enunciados que serão transformados em títulos, intertítulos e legendas de foto de suas matérias. Trabalharemos, pois, com aforizações secundárias (aquelas que são “recortadas” de um texto), num período de quatro meses (de março a junho de 2016), observando: 1) se a voz dos excluídos é mencionada ou, ao contrário, silenciada no que tange a essas “pequenas frases” destacadas de um texto; 2) que semelhanças/diferenças podem ser observadas entre os jornais mobilizados. Assumimos, assim, que se as mídias não são a única instância responsável pela construção da opinião pública, não podemos perder de vista sua influência nesse processo, na medida em que, ao destacar determinados enunciados e não outros, que estariam igualmente disponíveis, elas vão (con)formando imagens dos eventos noticiados e dos atores que deles participam. Os modos de controle da irradiação da fala política: as sobreasseverações em debate André William Alves de Assis (UEL-PNPD/CAPES – NAD/FEsTA) [email protected] A proposta deste trabalho é analisar a produção de sobreasseverações nas falas dos candidatos à presidência do Brasil, a partir de um corpus composto por quatro debates televisivos veiculados no segundo turno das eleições de 2014. Parte-se do princípio de que os debates políticos são acontecimentos duplamente orientados pelas mídias e pela política, e que as condições de produções da fala política, que definem, mais ou menos, suas características e o lugar de circulação do gênero, interferem também nas produções de falas sobreasseveradas. As análises demonstram a recorrência de tentativas de controle da irradiação da fala política, processos bastante sofisticados e reguladores sobre aquilo que é dito e sobre a adaptação dos candidatos às cenografias dos debates, capazes de criar, na cenografia mais fechada do gênero, cenografias periféricas que singularizam os candidatos. As sobreasseverações classificadas neste trabalho são produtos que advêm da relação de irradiações interna e externa à enunciação dos debates, processos reveladores de sujeitos que tentam antecipar o destacamento de suas falas e que reconhecem o alcance daquilo que dizem, a partir da enunciação dos debates. O alcance da irradiação, a partir do debate como núcleo genérico, parece ser relativamente estável no campo midiático, embora sempre haja espaço para novas possibilidades, sobretudo por causa dos avanços tecnológicos, atrelados ao surgimento de novos gêneros ou à adaptação de gêneros já existentes na conjuntura social. 211 Resumos: Comunicações Coordenadas 212 Resumos: Comunicações Individuais COMUNICAÇÕES INDIVIDUAIS Communications individuelles | Comunicaciones individuales | Individual Presentations A-Z Os resumos estão classificados por ordem alfabética (Nome dos Autores Principais). Les résumés sont classés par ordre alphabétique (Prenom et Nom des auteres principaux). Los résumenes están clasificados por orden alfabético (Nombre del los autores principales). Abstracts in alphabetical order (by main authors’ name). O ethos profissional construído pelos ombudsmans da Folha de São Paulo Adélia Barroso Fernandes (UNIBH) [email protected] O jornalismo vem recebendo críticas, especialmente a partir da década de 1980, pelo seu distanciamento dos problemas sociais e do uso das mazelas sociais de forma apelativa para obter lucros. Para alguns teóricos, como Traquina (2001) e Silva (2002), o jornalismo tem sido excessivamente negativo em relação às questões mais cotidianas dos cidadãos. Numa tentativa de resgatar a credibilidade com seus receptores, os jornais têm apresentado algumas mudanças. Nesse esforço, a Folha de S.Paulo institui, há 25 anos, a função de ombudsman, um ouvidor que atende os leitores e critica o jornal internamente. Esse trabalho tem como objeto de análise as críticas que os ombudsman da Folha de S.Paulo dirigem ao próprio jornal e as estratégias discursivas utilizadas para a construção do ethos profissional desses profissionais entre 1989 e 2014. Palavra de origem sueca, ombudsman significa, originalmente, homem que representa os cidadãos nas instâncias governamentais. Mais tarde, a figura do ombudsman passou também a ser incorporado por empresas, nas ouvidorias e nos serviços de atendimento ao consumidor (Sac), estabelecendo um elo entre a empresa e seus públicos. No Brasil, o primeiro jornal a adotar essa figura foi a Folha de S.Paulo, em setembro de 1989 e o jornalista Caio Túlio Costa inaugurou a atividade. Os 12 ombudsmans que passaram pela Folha de S. Paulo, nesses 25 anos, contribuíram, cada um à sua maneira, para a construção de uma agenda de temas e do ethos profissional. A noção de ethos, a construção da imagem de si, será importante para tentar entender a construção do ethos profissional do ombudsman. Charaudeau e Maingueneau (2006, p. 220) lembram que o termo ethos veio da retórica antiga e designa a imagem que o locutor constrói de si, em seu discurso, para influenciar seu público. Essa noção foi retomada e atualizada na Análise do Discurso e ajuda demonstrar a busca de legitimidade do enunciador em seu discurso. O discurso proferido pelos ombudsmans apóia-se num ethos profissional que pode ser melhor observado depois de 25 anos da primeira publicação de Caio Túlio Costa. Texto, discurso e multimodalidade: imagem da ama-de-leite e suas representações socioculturais no Nordeste patriarcalescravocrata Adelson Florencio de Barros (UNINORTE) [email protected] Este texto está situado na Análise Crítica do Discurso com as vertentes sociocognitivas (Van Dijk: 1997), Social (Fairclough:2001 e Thompson:2011) e da semiótica social (Kress e Van Leeuwen:2001). Tem-se por tema os papéis sociais atribuídos aos negros adultos durante a escravidão em Pernambuco por Gilberto Freiyre. Justifica-se a pesquisa realizada na medida em que há uma divergência de opiniões a respeito da obra de Gilberto Freyre, segundo alguns ela retrata a escravidão brasileira pelo olhar do negro, segundo outros ela retrata a escravidão brasileira pelo olhar do branco, do senhor. As bases teóricas são da ACD onde serão tratados aspectos da cognição humana relativos à produção de sentidos com recursos de memória a partir de contextos, trata-se também da relação entre imagens e cores a partir da multimodalidade proposta na semiótica social crítica. Cabe mencionar que todas as formas de conhecimento são representações mentais, construídas no e pelo discurso. Assim, Van Dijk (1997) postula três categorias analíticas: Sociedade, Cognição e Discurso. Tem-se por objetivos: 1. Verificar as representações em língua dos papéis sociais dos escravos na obra de Gilberto Freyre. 2. Verificar quais relações esses papéis exerciam na estrutura social da época. Os resultados aqui apresentados são parciais e participa de uma pesquisa mais ampla a respeito dos diferentes papéis sociais atribuídos durante a escravidão aos negros em Pernambuco. Os resultados obtidos até o momento indicam que inúmeras gerações se formaram embaladas no colo das escravas domésticas, amas-de-leite, mães pretas. Essa relação social criada no cenário da escravidão imortalizou-se em inúmeros retratos por todo o Brasil. Escolhidas dentre as mais limpas, mais bonitas, mais fortes, excluídas de qualquer tarefa 213 Resumos: Comunicações Individuais doméstica mais pesada, eram obrigadas a dividir seu leite com os filhos das senhoras, que não tinham condições ou não queriam amamentá-los. Atendia aos filhos de seu senhor como se fossem seus. E assim, ao tornar‐se literalmente a “mãe de criação” dessas crianças, a ama era incorporada à família senhorial como uma escrava de outro quilate. É muito ambígua, portanto, essa relação social entre mãe preta e filho branco, expressa no laço afetivo entre pessoas pertencentes a diferentes status e hierarquias. El discurso sobre la discapacidad: desigualdad y exclusión generalizadas Adrián Vergara Heidke (Universidad de Costa Rica) [email protected] Según el modelo social, la discapacidad se concibe como la situación de desventaja que enfrenta una persona con una deficiencia y que se genera por la relación de esa condición de salud y las barreras del entorno (Palacios, 2008): la discapacidad surge de la interrelación entre la condición de la persona y la posibilidad de desarrollarse en un entorno determinado. En este marco, el estudio del discurso entendido como un modo de significar la experiencia (Fairclough, 2008) es fundamental para comprender las contrucciones que circulan en la sociedad y determinan actos, actitudes y productos concretos que generan desigualdad y exclusión social hacia las personas con discapacidad (denominación en Costa Rica). Sin embargo, la investigación sobre este discurso también se encuentra en una situación de exclusión dentro de la academia y de los estudios del discurso (Grue, 2011) si se le compara con trabajos sobre género, xenofobia, racismo, pobreza, criminalidad o política. En este proyecto de investigación nos propusimos identificar el discurso sobre la discapacidad que se manifestaba en tres géneros textuales distintos: Asamblea Legislativa de Costa Rica, historias de vida de personas con discapacidad y grupos de discusión con madres de niño/as con discapacidad. Conceptualizamos el discurso como un sistema de conocimiento (Jäger, 2003) y lo abordamos desde una perspectiva crítica. Además, nos posicionamos dentro del modelo social sobre la discapacidad, por cuanto lo consideramos la mejor postura para trabajar por la inclusión social de las personas con discapacidad. La metodología fue: identificar y marcar categorías generales; seleccionar fragmentos textuales representativos de cada categoría; construir posibles implicaciones; y, finalmente,recurrir a categorías lingüísticas específicas útiles para la explicación y comprensión de cada fragmento. Entre los resultados más importantes se encuentran la distinción normalidad-persona con discapacidad, la valoración de la “discapacidad” como algo negativo, el estigma que carga tanto la persona con discapacidad como su familia, la no relación entre sociedad y condición discriminatoria. Estos y otros resultados evidencian un discurso discriminatorio generalizado hacia las personas con discapacidad, incluso, de ellas mismas y su familiares, lo que dificulta la transformación social necesaria para su inclusión. Ensino da leitura: o papel da imagem na compreensão do gênero anúncio publicitário Adriana Aparecida da Silva Cardoso (UFMG) [email protected] O objetivo deste trabalho é compreender o papel da imagem na construção do anúncio publicitário e intervir no processo de compreensão de anúncios publicitários de alunos do ensino fundamental para que eles atentem para o papel da linguagem mista (verbal e não verbal) nesses textos e desenvolvam capacidades de leitores críticos. Busca-se responder a seguinte pergunta: até que ponto atividades sistematicamente orientadas na escola podem contribuir para que o aluno do ensino fundamental construa sentidos na leitura do anúncio publicitário que a utiliza a linguagem mista? A hipótese inicial é a de que as capacidades acionadas pelos alunos nas leituras dos anúncios publicitários com a mediação do professor estejam mais consolidadas do que as capacidades que os alunos já possuíam sem a mediação do professor para a leitura desses textos. A metodologia de pesquisa adotada será a qualitativa. A coleta dos dados será feita em uma escola pública no município de Belo Horizonte. O corpus da pesquisa será constituído por questionário, teste de leitura de anúncios publicitários sem a mediação do professor e teste de leitura de anúncios publicitários depois da leitura mediada de anúncios publicitários pelo professor. A mediação recorrerá a roteiros para leitura de imagens me anúncios publicitários propostos por Santaella (2012), como: a) o ponto de vista das qualidades visuais, dos índices e das convenções culturais; b) estratégias comunicativas da linguagem publicitária: sugestão, persuasão e sedução. E, ainda, recorrerá às estratégias de leitura para antes durantes e depois da leitura, propostos por Solé (1998). Serão feitas análises comparativas das capacidades acionadas pelos alunos antes e depois da mediação do professor. As análises serão feitas considerando a linguagem enquanto interação, a leitura enquanto um processo social e cognitivo e a intervenção/mediação enquanto o uso de estratégias que mobilizam capacidades ainda não acionadas pelos alunos. Toma-se com referencial teórico autores como Bakhtin ([1929] 2003), Cafiero (2005, 2010), Kleiman (2004, 2013), Lara (2010), Santaella (2007, 2012), Solé (1998), Vygotsky (1991, [1984] 2007), entre outros. O relator e a encenação do múltiplo: análise dos atores discursivos e da gestão dos seus pontos de vista no discurso jurídico Adriana do Carmo Figueiredo (UFMG) [email protected] Este estudo tem como proposta analisar o modo de organização do discurso jurídico proferido pelo ministro relator Ayres Britto, em 2011, na Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 4277 em conjunto com a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 132, em que se discutia a equiparação da união estável entre pessoas do mesmo sexo ao entendimento de entidade familiar. Para a construção da análise do discurso do referido corpus, serão utilizados como referenciais teóricos os artigos Tiers où es-tu? de Patrick Charaudeau (2004) e O papel do Enunciador na Construção Interacional dos Pontos de Vista de Alain Rabatel (2013), com a finalidade de avaliar como o relator dessa arquitetônica jurídica investe-se subjetivamente no tratamento da decisão jurisdicional, evocando terceiros discursivos, para fundamentar seu entendimento, com matizes transgressores, de que a sexualidade, entendida como “bruta flor do querer”, é um direito subjetivo de grandeza constitucional que espelha as redes de afetos 214 Resumos: Comunicações Individuais e desejos insondáveis entre as pessoas humanas. Nessa perspectiva analítica, serão consideradas as relações interacionais entre sujeito da enunciação (locutor) e sujeitos do enunciado (sujeitos modais), bem como os jogos discursivos com seus arranjos polifônicos internos na evocação dos múltiplos enunciadores que produzem subjetivemas aos conteúdos proposicionais que fundamentam o discurso do ministro. Esse agrupamento de dizeres subjetivos, dispostos na tessitura dos hiperenunciadores representados pela voz da lei infraconstitucional em sua interpretação conforme a Constituição Federal (escolha hermenêutica do jurista), parece perfilar uma visão e também uma direção de ajustamento convergente que dão a aparência de enunciados objetivantes na decisão que reconheceu a união estável para casais homoafetivos. Como resultado, pretende-se argumentar que as expressões modalizadoras objetivas e subjetivas empregadas no discurso jurídico, além dos fundamentos específicos da argumentação e instauração de um esquema de verdades, próprias do Direito, conferem ao voto do relator um efeito de objetividade que mascara e, ao mesmo tempo, revela a subjetividade do locutor, no que se refere ao seu entendimento, como ministro da Suprema Corte, sobre o fenômeno da (des)igualdade social. Práticas pedagógicas, desigualdade social e juventude marginal Adriana dos Reis (UNEB) [email protected] O controle disciplinar é mantido e exercitado, porém este domínio causa em alguns sujeitos, o efeito contrário: alguns indivíduos que passam por essas instituições, por não adquirirem os comportamentos pretendidos, são marginalizados pela sociedade. E mesmo ao evadir-se da escola e entrar no mundo do crime, eles são interpelados por esses valores, a fim de não serem vistos como seres impróprios à aproximação da sociedade em geral. Desta forma, o objetivo desse estudo é refletir sobre os discursos da posição de jovem marginal, como produção de sentidos para a manutenção das desigualdades sociais colocando-o à margem da sociedade a partir de um processo de subjetivação. Para analisá-las, buscou-se compreender as relações que engendram na produção e funcionamento dos discursos, através do aporte teórico suscitado do encontro dos pressupostos teóricos da Análise do Discurso de Michel Pêcheux com os de Michel Foucault, no que tange a uma microfísica do poder. A construção das identidades nessa microfísica também se perfaz nos espaços dos aparelhos e instituições, pondo em jogo as práticas de poder e de punição, a exemplo da escola. Assim, refletiremos sobre estes discursos da juventude marginal que evade de escolas públicas da cidade de Conceição do Jacuípe- BA, na perspectiva de observar um conjunto de regularidades discursivas em que se apoiam, em confronto com os discursos de uma sociedade que coage e pune, legitimando desigualdades pedagógicas e de aceitação social, através de mecanismos linguísticos de estabilizações de comportamentos e da inversão das relações de força nas quais eles estão inseridos. O trabalho desenvolveu-se numa abordagem qualitativa, como pesquisa de campo, documental e bibliográfica, através de entrevistas semiestruturadas, tomando por base as materialidades (enunciados/enunciações) de jovens envolvidos com o mundo do crime e da representação escolar. Assim, concluiu-se que, nas escolas, dentro de jogos de recompensas e de premiações, reconhece-se a heterogeneidade de comportamentos, manifesta-se uma pressão no sentido da homogeneização da experiência da juventude em decorrência do processo de manutenção das disparidades sociais entre eles. La construcción del discurso pedagógico en la clase de inglés de la escuela secundaria de jóvenes y adultos: prácticas y estrategias de negociación, desde la reproducción hacia la transformación Adriana María Helver (Universidad Nacional de La Plata) [email protected] El espacio de la modalidad denominada Educación Permanente de Jóvenes y Adultos despliega, en el nivel de enseñanza secundaria actual de la Provincia de Buenos Aires, un contexto educativo sumamente complejo debido a la diversidad de su matrícula y a los diferentes formatos (Centros de Educación de Nivel Secundario -CENS-, Bachilleratos de Adultos, Centros de Bachilleratos de Adultos con orientación en Salud -CEBAS-, plan de Finalización de Estudios-FinEs-) que se han establecido como oferta en estos últimos años. Sin embargo, esta relevancia que dicha modalidad ha adquirido en toda la región, no se ve reflejada en la reformulación de los diseños curriculares correspondientes, los que datan de la década del noventa. Dentro de la dimensión de la enseñanza de la lengua extranjera, la complejidad de este contexto descripto se acentúa aun más, ya que se ponen en juego cuestiones no sólo de índole pedagógico-didácticas, sino también políticas e ideológicas con respecto a la construcción de los diferentes discursos pedagógicos que se despliegan en el espacio de un aula marcada por la interculturalidad. En este marco referencial, el objetivo de este trabajo de investigación es explorar e interpretar las prácticas y estrategias de negociación en la construcción del discurso pedagógico en la clase de inglés en los cuatro formatos que despliega hoy en día la Escuela Secundaria para Jóvenes y Adultos con el fin de delinear cómo la estructuración de estas redes discursivas pueden crear condiciones de aprendizajes muy variadas que van desde la reproducción hacia la auténtica transformación de los sujetos. Indícios de autoria em práticas de escrita no ensino fundamental Adriana Pastorello Buim Arena (UFU) [email protected] A escrita é compreendida como um trabalho laborioso, extensivo, reflexivo e ou mesmo mítico, quando se concebe a criação literária como resultante de inspiração. No campo epistemológico e filosófico, diferentes correntes teóricas investigam a natureza da produção escrita e sua relação com o pensamento. Este artigo tomará como ponto de partida a concepção vigotskiniana de que o ato de escrever não registra somente as ideias concebidas no pensamento, mas provoca um movimento intenso e dialético gerado pelo confronto entre pensamento e palavra. Ao tentar textualizar os enunciados mentalmente construídos, o autor entra num processo de 215 Resumos: Comunicações Individuais racionalização, próprio do universo do mundo da escrita, que provoca um movimento intelectual que não poderia se desenvolver sem o exercício da escrita. Este estudo de caso tem como objetivo analisar dois textos narrativos – primeira versão e versão revisada produzidos por uma criança de oito anos, matriculada no 2º ano do ensino fundamental, em fase de apropriação da escrita. Entre a primeira produção e a segunda produção, a professora conversou individualmente com a aluna e expressou suas incompreensões em relação ao texto produzido. Esse diálogo não será aqui apresentado. Os dados analisados provêm apenas dos dois manuscritos. A função de interlocutora, exercida pela professora, provocou mudanças radicais na segunda produção. Pode-se concluir que os textos produzidos pela criança para cumprir uma tarefa escolar já apresentam os indícios de marcas de autoria e indícios de ideias apresentadas na primeira versão e desenvolvidas na versão revisada. Nesse contexto particular, a escrita foi um instrumento para constituir, organizar e modificar o pensamento. As relações interdiscursivas e as formas de manifestações culturais em materialidades discursivas indígenas tupiniquins Adriana Recla Sarcinelli (FAACZ) [email protected] Esta comunicação tem por intuito discutir como determinadas práticas discursivas se manifestam em diferentes materialidades discursivas, a partir da teoria da Análise do Discurso de linha francesa, com ênfase nas relações interdiscursivas, conforme baliza Dominique Maingueneau (2004, 2005, 2008). Tomamos como objeto de análise o discurso “Maria Borralheira - versão Tupinikim” produzido por indígenas tupiniquins da aldeia Caieiras Velhas, localizada no município de Aracruz, estado do Espírito Santo. Pretendemos verificar as relações interdiscursivas e as formas de manifestações culturais que perpassam as práticas discursivas da população indígena tupiniquim. Para a análise, tomamos como categorias o interdiscurso, as cenas de enunciação (enfatizando a cenografia) e a semântica global em suas dimensões: ethos discursivo, modo de enunciação, tema, código linguageiro, intertextualidade e dêixis discursiva. Constatamos que há uma tradução do outro, uma relação de embate entre as formações discursivas derivadas do interdiscurso. É nítida a influência da cultura ocidental (histórias de conto de fadas), manifestação que cria a polêmica, a qual auxilia na definição da identidade desse novo discurso. Adequação cultural de instrumentos da área das ciências da saúde: estudo de aplicação de um protótipo orientado para a interação entre profissionais e usuários do sistema de saúde Adriana Silvina Pagano (UFMG) [email protected] Heloísa de Carvalho Torres (UFMG) [email protected] Ilka Afonso Reis (UFMG) [email protected] Kícila Ferreguetti (UFMG) [email protected] Júlia Santos Nunes Rodrigues (UFMG) [email protected] A tradução e adaptação cultural de instrumentos destinados a mensurações e avaliações na área da saúde constitui procedimento padronizado abrangendo etapas que visam garantir a equivalência de conteúdo dos textos originais e traduzidos – elaboração de versão inicial por tradutores independentes, compilação de versão síntese, retrotradução (back-translation), revisão, avaliação por comitê de especialistas e fase de pré-testes com o público alvo (BEATON; BOMBARDIER, et al., 2000; WILD; GROVE, et al., 2005). Pela sua afiliação disciplinar às ciências da saúde, a metodologia desconhece aspectos relevantes da linguagem em uso, tendose em vista que os instrumentos traduzidos são produzidos como textos escritos que, na sua aplicação, são utilizados em interações orais nas quais se verifica uma relação de desigualdade entre aplicadores e público alvo (ROSAL et al., 2003;2004). O projeto Empoder@, uma parceria entre a Escola de Enfermagem, a Faculdade de Letras e o Departamento de Bioestatística da UFMG, desenvolveu um protótipo conceitual e metodológico interdisciplinar para avaliação de intervenções orientadas ao autocuidado em diabetes. Esse protótipo foi testado na tradução do Diabetes Empowerment Scale - Short Form (DES-SF) (ANDERSON et al., 2003) para sua utilização com usuários do Sistema Único de Saúde em municípios do Estado de Minas Gerais. O protótipo prevê uma etapa de adequação cultural para garantir que os instrumentos traduzidos guiem de forma bem sucedida a prática dos profissionais em sua interação face-a-face ou mediada por computador com usuários do sistema de saúde, principalmente dada a natureza das trocas entre falantes que possuem um repertório discursivo distinto daqueles que estão vinculados ao discurso da ciência. Esta comunicação apresenta a configuração do protótipo desenvolvido e os resultados obtidos em sua aplicação à adequação cultural do Diabetes Empowerment Scale - Short Form. A abordagem discursiva que norteou esse desenvolvimento esteve pautada pelos princípios da teoria sistêmico-funcional (HALLIDAY; MATTHIESSEN, 2014) no escopo de uma linguística com potencial de aplicação, conforme definida por Halliday (1985) e Matthiessen (2011). A construção da identidade do professor na mídia impressa Adriano Rodrigues de Melo (UFMG) [email protected] Não há discurso aleatório ou neutro, todo discurso produz sentidos que expressam as posições sociais, culturais, ideológicas dos sujeitos da linguagem e, além disso, muitas vezes os sentidos produzidos ocorrem de forma implícita. É o que ocorre quando se 216 Resumos: Comunicações Individuais analisa a construção ideológica injusta que os jornais impressos fazem da figura do professor. Quando o assunto da imprensa é o professor, percebe-se que as imagens acerca da figura docente em escolas públicas é carregada de elementos pejorativos. A imprensa devido a sua influência na esfera pública, local de constituição da opinião e de imaginários coletivos, constrói pelo discurso a imagem de um professor desestimulado, incompetente e extremamente preocupado com a questão salarial. Como estratégia discursiva do discurso jornalístico, vários especialistas são convocados, há análises superficiais do problema, assim como pesquisas que revelam o medíocre desempenho nos exames internacionais de avaliação de estudantes como o PISA. Dessa forma, a figura do professor muitas vezes surge de forma sutil como vilã do fracasso educacional. Para efetivar a pesquisa, utilizar-se-á o aporte metodológico da Análise do Discurso, pois “estratégias conversacionais e argumentativas, entre outros elementos, pode ajudar-nos a detectar os preconceitos subjacentes que operam na linguagem dos usuários e das instituições.” (Teun A. Van Dijk, 2015) Além da visão deturpada sobre o professor, há outra desigualdade: o discurso jornalístico não pensa o professor como um ser real e que desempenha um trabalho difícil devido às condições a que está submetido. Incoerentemente, esses profissionais raramente ganham voz. Conclui-se que é um erro se imaginar que o discurso jornalístico, por ser detentor da palavra, representa a realidade no que tange a imagem do professor. Esse discurso é só mais uma versão da realidade e que deve repensar a forma como contribui com a formação de imaginários sobre os professores de educação básica, pois, o discurso jornalístico ocupa “posição dominante, detendo, assim, o poder de conferir a certos seres 'etiquetagem estigmatizante' ”. (Ida Lúcia Machado, 2015). Aspectos das campanhas de educação para o trânsito. Um grito a favor da segurança ou um reforço à desigualdade entre os iguais? Agmar Bento Teodoro (CEFET – MG) [email protected] O ato de caminhar é o modo mais antigo de se locomover, mesmo assim a infraestrutura urbana sempre privilegiou o automóvel. Tem-se em mente que a rua é somente do carro, e, com isso, se promove uma visível desigualdade no tratamento dado ao veículo (condutor) e ao pedestre. A ONU (Organização das Nações Unidas) instituiu a década de 2011 a 2020 como sendo a “Década de Ação pela Segurança no Trânsito". A partir de então, o DENATRAN (Departamento Nacional de Trânsito) tem produzido várias campanhas de educação para o trânsito, veiculadas em diferentes mídias. O objetivo deste trabalho é apresentar uma análise de como foram construídas as estratégias enunciativas em campanhas educativas de trânsito produzidas pelo DENATRAN, buscando compreender as suas possibilidades de exclusão informacional, levando em consideração o receptor motorista e o pedestre. Para tanto, foram analisadas campanhas elaboradas pelo DENATRAN, no ano de 2014 e 2015, com o apoio de duas teorias. A primeira trata-se das funções da linguagem descritas por Roman Jakobson e a segunda trata-se da teoria de Oswald Ducrot, denominada Pressupostos e Subentendidos. Em um primeiro momento, foram identificadas quais funções de linguagem fazem parte da constituição das mensagens que compõem as campanhas, e apresentadas algumas elucidações sobre cada uma dessas funções. Com o suporte da segunda teoria, buscou-se identificar os pressupostos e subentendidos existentes nas peças analisadas e, por último, foi feita uma análise das mensagens emitidas. Foi possível concluir que as principais funções de linguagem utilizadas, nas campanhas analisadas, são a conativa e a poética. Além disso, concluiu-se que as campanhas se valem de recursos textuais e imagéticos com a finalidade de pressuporem mensagens capazes de reforçar seus objetivos. Observou também que as campanhas podem reforçar a desigualdade no trânsito, pois têm como foco somente o motorista. Ensinar a gramática (normativa) para ascender socialmente: deslocamentos (im)possíveis Agnaldo Almeida de Jesus (UFMG) [email protected] Para a Análise de discurso, de matriz pecheutiana, sujeitos e sentidos constituem-se ao mesmo tempo, em um processo que tem como fundamento a ideologia: relação imaginária dos indivíduos com suas condições reais de existência. Como vivemos em uma sociedade capitalista, com seus valores hierárquicos e verticalização social, essas relações são diversas e desiguais, sobretudo em relação à língua. Para Orlandi (2013), por ser lugar de subjetivação e de constituição de identidade, a língua é um dos lugares mais delicados e sensíveis no qual se materializam práticas de exclusão, de inclusão e de (des)valorização dos sujeitos pelo modo como falam. Nesse sentido, no presente trabalho, buscamos compreender os gestos de interpretação do gramático Evanildo Bechara em relação ao ensino de gramática (normativa) e “ascensão social”, observando como o tal sujeito significa os deslocamentos possíveis a partir do ensino da norma padrão (para ele, norma culta) nas escolas. Para tanto, temos como objeto de análise duas peças textuais (entrevistas com o gramático), são elas: "Em defesa da gramática" e “O aluno não vai para a escola para aprender ‘nós pega o peixe’”. Em nossas análises, verificamos que o gramático significa o domínio da norma padrão como um instrumento de deslocamento de um lugar marginalizado, daqueles que falam “o menos correto” e que vivem num “ambiente estreito”, para um lugar privilegiado socialmente, daqueles que usam o “bom e correto” português e, por isso, ocupam “cargos importantes” sócio e financeiramente. É materializada uma mudança de lugar: sair de um, para ocupar um outro. De nossa parte, sustentamos que o domínio da norma padrão, assim como das variantes linguísticas que os sujeitos têm contato, permita um outro tipo de deslocamento: um movimento que possibilite que os sujeitos circulem por diferentes processos de significação: diferentes modos de significar e, consequentemente, de significarem a sim mesmo, indo além da distinção entre “maus” e “bons” falantes pelo modo mesmo como falam. 217 Resumos: Comunicações Individuais A constituição do aluno surdo segundo perspectiva docente: um estudo com base no viés da Análise Crítica do Discurso – ADC Alecrisson da Silva (UFS) [email protected] Este trabalho foi construído a partir do recorte de uma pesquisa de mestrado, na qual se discute a constituição do sujeito surdo a partir do olhar dos docentes. Para tanto, usou-se como elemento proponente para análise da mensuração das informações citadas pelos professores a Análise Crítica do Discurso – ACD. A investigação interdisciplinar poderá lograr que relações tão complexas transpareçam mais transparentes, visto que em uma investigação desse tipo, a ACD é mais um dentre os elementos de múltiplos enfoques que serve de base para esse estudo. Seu aspecto transdisciplinar é necessário para abordagens que investiguem o uso da linguagem em sociedade, visto que não há uma relação externa entre linguagem e sociedade, mas uma relação interna e dialética. Isso promove o rompimento das fronteiras disciplinares traz à Linguística a ancoragem em perspectivas teóricas acerca da estrutura e da ação sociais, e propicia para as Ciências Sociais um arcabouço para análise textual. Essas características da ACD servem de base para analisar e descrever o modo como os discentes surdos, matriculados no fundamental II, são constituídos discursivamente pelos seus professores, tendo em vista que todos não têm domínio da Língua Brasileira de Sinais – Libras. Para tanto se fez necessário superálas, visto que a comunicação é o principal instrumento que faz com que o feedback entre professores e alunos seja realmente possível e o professor possa, à medida que for percebendo o progresso na aprendizagem de seus alunos, fazer os ajustes e dá sequência ao processo de ensino. No entanto, em um ambiente onde não há qualquer possibilidade de comunicação entre professores e alunos surdos, muitas vezes esses são apenas integrantes de uma carteira em sala de aula, mas que está à margem da aprendizagem. Partindo desse pressuposto, analisou-se os relatos de dois professores que têm um aluno surdo em suas classes, observando o modo como esses discente são constituídos discursivamente. Indígenas de Mato Grosso do Sul: ethos e representações de si no facebook Alessandra Dias Carvalho (PUC-SP) [email protected] Um dos primeiros registros sobre os povos indígenas brasileiros encontra-se na carta endereçada ao El Rei Dom Manuel, escrita por Pero Vaz de Caminha. Por meio dela, Caminha faz uma descrição minuciosa de tudo o que poderia interessar ao rei, principalmente informações acerca dos habitantes do novo território. No documento, os indígenas são descritos como pardos, nus e arredios. Essas primeiras construções imaginárias já apontavam para os diferentes costumes e valores entre os nativos e os colonizadores, e marcavam, portanto, o início de uma longa batalha dos povos indígenas contra a segregação social, uma das causas da desigualdade entre brancos e indígenas. Diante do exposto, o objetivo principal deste trabalho é depreender a imagem discursiva dos indígenas sulmato-grossenses na contemporaneidade, a partir de discursos veiculados no Facebook. Pressupomos haver nos discursos produzidos nesse espaço virtual, marcas linguísticas que apontam para discursos de exclusão numa tentativa de (in)clusão social. Tal hipótese nos remete a questionamentos tais como: 1) Quais são os possíveis ethé construídos pelo enunciador indígena sul-mato-grossense nessa rede social?; 2) Que marcas linguísticas apontam para o discurso de exclusão? Para responder tais questões analisamos postagens retiradas de duas páginas, que têm como objetivo comum a propagação das causas indígenas: Solidariedade ao Povo Guarani Kaiowá e Apoiamos os povos indígenas de Todas as Etnias. Para a análise, adotamos o aparato teórico-metodológico da Análise do Discurso de linha francesa, sobretudo as reflexões de Maingueneau (2008, 2013) sobre ethos discursivo. Os resultados parciais apontam que o espaço enunciativo Facebook proporciona aos sujeitos indígenas uma nova possibilidade de se (re)inventar, se (re)constituir e, consequentemente, de ser/estar na sociedade. A construção discursiva de posicionamentos identitários de jornais marianenses a partir de elementos da representação da mineiridade Alessandra Folha Mós Landim (UFOP) [email protected] No contexto social, linguístico e cultural do Brasil, é amplamente aceito que variados traços culturais tenham seu papel/lugar nas diferentes regiões do país. Na região Sudeste e, mais especificamente, no estado de Minas Gerais, o fenômeno da mineiridade é um desses traços brasileiros que merece ser pensado especialmente se levarmos em consideração suas manifestações discursivas. Sendo assim, o que chamaremos a partir de então de representação da mineiridade e/ou imaginário de mineiridade, pode ser realizado discursivamente em diferentes tipos de texto, como é o caso dos textos midiáticos e, mais estritamente, dos jornais marianenses. Neste trabalho, procuraremos destacar elementos da representação da mineiridade identificáveis na construção discursiva dos jornais que circula(ra)m na cidade de Mariana – MG e que fazem parte do acervo da UFOP/ICHS administrado pelo GEDEM – Grupo de Estudos sobre Discurso e Memória. Assim, ao utilizarmos categorias oriundas das teorias do discurso, procuraremos identificar formas dessa representação na mídia marianense. Porque a pesquisa aborda o tema da representação da mineiridade, julgamos necessário tratar de tal fenômeno com o objetivo de suplementar a análise pretendida com reflexões que a auxiliarão e igualmente trarão contribuições importantes. Procuraremos também trazer exemplos de editoriais e notícias que reforçam a identidade com a representação da mineiridade e pautaremos nosso trabalho em um modelo de análise discursiva representado por categorias como fórmula, aforização e sobreasseveração, elementos bastante recorrentes na construção discursiva dos jornais de Mariana – MG analisados até então. Este trabalho faz parte da nossa pesquisa de pós-graduação (mestrado) em estudos da linguagem e se inscreve, como já dito anteriormente, em categorias de análise discursiva contribuindo, com isso, com estudos dessa área do conhecimento e sendo também uma possibilidade de reflexão sobre a memória, compreensão das representações de regionalismos, como é o caso da representação da mineiridade, e análise de como esse imaginário se faz presente no objeto de análise (mídia/jornais de Mariana – MG), permanecendo como elemento característico da sociedade mineira. 218 Resumos: Comunicações Individuais A estrutura potencial do gênero (EPG) uma teoria pouco falada? Alex Caldas Simões (UERJ) [email protected] O Brasil ainda não possui uma abordagem de gêneros genuinamente brasileira, ainda que alguns autores afirmem o contrário (BAWARSCHI; REIFF, 2013). Em nosso país há uma síntese teórica sobre os estudos de gêneros, a “síntese brasileira” (BAWARSCHI; REIFF, 2013, p. 17). Aqui convivem tanto abordagens de ensino explícito de gêneros, quanto abordagens de ensino implícito de gênero – sugerindo-se o predomínio da segunda pela primeira. Já é claro para os estudiosos da linguagem que as abordagens explícitas de gêneros do discurso estão comprometidas com a ideia de que “o ensino explícito de gêneros relevantes fornece acesso para aprendizes menos favorecidos” (BAWARSCHI; REIFF, 2013, p. 253). A partir dessa constatação, e da necessidade cada vez maior da divulgação de teorias de ensino explícitas de gêneros, evidenciaremos em nossa exposição o estado de arte da teoria sistemicista de análise de gêneros cunhada por Ruqaiya Hasan, a Estrutura Potencial do Gênero (EPG). Apresentaremos em nossa pesquisa uma ampla revisão bibliográfica das pesquisas realizadas em EPG de 1980 a 2015. Nossa investigação abrangerá pesquisas em EPG em português, espanhol e inglês. Após comparativo quantitativo entre as pesquisas – que indicarão onde estão os pesquisadores, centros de estudos, domínios e gêneros mais investigados, entre outros – será possível afirmar que, de fato, a Estrutura Potencial do Gênero (EPG) não uma teoria pouco falada, mas, pouco conhecida, tendo em vista a hegemonia das teorias implícitas de gêneros do discurso no Brasil e em outros países. Estratégia discursiva de ampliação do conceito sociedade, na extensão universitária pública brasileira Alex Fabiani De Brito Torres (UFMG) [email protected] Na atualidade, o termo sociedade tem sofrido uma abrangência antagônica, na extensão universitária pública brasileira. Assim, uma agente extensionista da UFMG cujo imaginário sociodiscursivo é o social-assistencial-intervencionista incluiu estudantes da comunidade acadêmica no conceito sociedade, contrariando a noção convencional de extensão universitária. Outra agente extensionista dessa instituição cujo imaginário sociodiscursivo é o demandista-prestador de serviços incluiu, nesse conceito, o setor produtivo. Essa última inclusão também ocorreu em uma outra universidade pública brasileira, a UNICAMP, e em algumas universidades europeias, parecendo constituir-se, portanto, em uma tendência global. Essa ampliação do termo sociedade acaba, consequentemente, modificando o termo compromisso social da universidade, ora sendo utilizado em defesa dos interesses dos segmentos sociais, ora em defesa dos interesses do setor produtivo. Assim, o termo sociedade funciona como um guarda-chuva. O corpus desta pesquisa é constituído de: a- o Programa Conexões de saberes- diálogos entre universidade e comunidades populares; bentrevista com uma agente extensionista do imaginário sociodiscursivo demandista-prestador de serviço; c- o estudo de Sanches (1996), especificamente quanto aos discursos dos reitores da UNICAMP, no período de sua criação até 1986, vinculando, no conceito extensão universitária, sociedade a atendimento aos interesses do setor produtivo; d- o estudo de Santos (2013), especificamente quanto à redução do compromisso social da universidade, por meio do qual o termo sociedade é reduzido ao atendimento aos interesses do setor produtivo. Representações do invisível: as artes visuais e os estados de exceção Alice Almeida Gontijo (Escola de Belas Artes- UFMG) [email protected] Pensar a relação entre discurso e desigualdade no macro contexto das ditaduras militares latino-americanas da segunda metade do século XX, em uma investigação da função e da representação da desigualdade na e pela linguagem, pressupõe reconhecer que há lugares de desigualdade em tal contexto. Nesse sentido, só se pode falar sobre o tema, se reconhecido de antemão um estado de exceção seletivo, no qual a exceção está para alguns, e para alguns mais do que para outros. O presente trabalho apresenta e articula obras que operam “representações do invisível” em contextos de exceção, revelando os múltiplos lugares de desigualdade numa reflexão sobre a memória da ditadura na e pelas artes visuais, em uma tentativa de contribuição para a construção de uma a memória reflexiva. Nos longos anos de chumbo brasileiros (1964-1985), mais especificamente na década de 1970 quando o estado de exceção vigorava há tempo o bastante para naturalizar as práticas repressivas oficiais no cotidiano dos cidadãos, artistas como Paulo Bruscky e os integrantes do coletivo 3Nós3 criaram e executaram exercícios reflexivos, articulados cada qual a uma situação urbana, que traziam à tona tal naturalização da exceção, em seus diferentes formatos/aspectos e atuações. E mais recentemente, mesmo após a chamada “redemocratização”, enquanto o discurso oficial celebra a nova democracia, a arte contesta a certeza do restabelecimento de um estado e direito e a memória oficial, nos fazendo lembrar, através dos diferentes sentidos acionados, daquilo que já não se pode ver. Aqueles cuja voz não cabe no lugar do pronunciamento, aparecem direta ou indiretamente em trabalhos de jovens artistas brasileiros, como os paulistas Clara Ianni e Fernando Piola, que embora necessitem do espaço institucional para a efetivação de seus trabalhos, se valerão novamente do espaço público. El discurso del presidente Rafael Correa frente a las manifestaciones ocurridas en Ecuador durante junio-agosto 2015 Alicia María Elizundia Ramírez (Universidad Iberoamericana del Ecuador - UNIB.E) [email protected] Este estudio se centra en el análisis crítico del discurso del presidente Rafael Correa frente a las manifestaciones ocurridas en Ecuador durante junio-agosto 2015, periodo en el que miles de personas salieron a protestar a las calles contra la política del 219 Resumos: Comunicações Individuais gobierno. Nos propusimos analizar la posición del discursante frente a las protestas, las estrategias empleadas para legitimar el proyecto de la Revolución Ciudadana, deslegitimar a la oposición interna y a los medios de comunicación, así como el uso de la reiteración para convencer y persuadir al auditorio. Otros aspectos de interés de análisis fueron el fraccionamiento social que se maneja desde el discurso, la polarización en el lenguaje, y la defensa de la idea de la permanencia del proyecto de la Revolución Ciudadana. Para ello hemos procedido a la selección de los mecanismos pragmático-discursivos relevantes que transmiten la intencionalidad de los actos de habla correspondientes, es decir la unidad básica de creación de significados, así como a las principales estrategias (legitimación, deslegitimación, disimulación, eufemismo, unificación, etc.) referidas por Thompson (1990). El reto de construir la democracia requiere de un esfuerzo mancomunado en un país pluricultural como lo es Ecuador, en el que se mueven fuertes intereses de clases y de lucha por el poder, así como el enfrentamiento a determinados medios de comunicación. Por tanto, la opción del diálogo y de una participación real, es fundamental para la construcción democrática y para ser consecuente con el concepto de Revolución Ciudadana. A construção do(s) sentido(s) de índio/indígena em um acontecimento discursivo Aline Saddi Chaves (UEMS) [email protected] Os mais de quinhentos anos de história do contato interétnico entre os portugueses e o povo nativo do Brasil foram marcados por episódios recorrentes de luta pela terra. É no discurso que o real da história encontra o real da língua, pela instalação de uma rede de memória que une os dizeres de ontem aos de hoje, isto é, uma memória interdiscursiva que dá provas da permanência do conflito. Neste trabalho, analisamos como se dá a construção do(s) sentido(s) do índio/indígena a partir de um acontecimento discursivo: a tentativa de retomada de terras por parte de Terenas no estado de Mato Grosso do Sul, em maio de 2013, no município de Sidrolândia. As observáveis da pesquisa são as operações de designação de índio/indígena, e as estratégias de reformulação discursiva e de apagamento enunciativo, que, em um jogo de essência/aparência, concorrem para significar uma identidade excluída. O corpus de estudo é composto de um arquivo de textos oriundos de diferentes gêneros discursivos – panfletos, charge, propaganda, entrevista, notícias –, produzidos por diferentes domínios discursivos: política, ação coletiva e mídias de informação e opinião. Discurso literário e a constituição do sujeito-personagem Dorian Gray Aline Silvério de Freitas (UFG -CAC) [email protected] Este artigo busca refletir sobre a construção do sujeito-personagem Dorian Gray, considerando para o trabalho o discurso literário de O retrato de Dorian Gray, do escritor irlandês Oscar Wilde, uma vez que o sujeito-personagem encontra-se em uma sociedade londrina conservadora do século XIX. Nesse sentido, é preciso pontuar que Wilde fez parte da sociedade vitoriana do século XIX que se caracterizava pelos bons costumes, manutenção das normas e regras sociais, bem como pelo comportamento social polido. Logo, Wilde era o oposto do que a sociedade vitoriana da época postulava: o escritor era visto como um escritor transgressor, pois seus escritos denunciavam a hipocrisia social, e seu comportamento libertino chocava a sociedade londrina. Ao pensar que fatores das convenções sociais afetam diretamente quem faz parte destas, o sujeito-personagem Dorian Gray é passivo de apreciação neste artigo que se fundamenta na Análise de Discurso, pois o personagem, assim como o discurso literário, é construído a partir da história, de ideologias e sentidos. O elemento transgressor, que se distancia das normas vigentes sociais da sociedade londrina, constitui o sujeito-personagem, portanto, quanto mais distante Dorian Gray fica de sua época, mais sua decadência e seu declínio apresentam-se como elementos de libertação: o sujeito do desejo e do inconsciente é libertado ao dissociar-se do olhar dos outros sobre sua beleza. Ser feio, degradante, nesse sentido, é constituir-se sujeito com voz e posicionar-se contra as normas sociais. Neste trabalho, portanto, através de uma pesquisa teórica e analítica, mostraremos as características do discurso literário com foco no sujeito-personagem Dorian Gray e suas modificações durante o decorrer da obra. Análise do discurso e narrativa de vida: em busca de interfaces Aline Torres Sousa Carvalho (UFMG) [email protected] Este trabalho situa-se no quadro teórico-metodológico da Análise do Discurso (AD), mais especificamente, da Teoria Semiolinguística, de Patrick Charaudeau (1983, 1992), as quais se caracterizam pela abertura e mobilidade a conceitos, metodologias e objetos advindos de outras disciplinas. Dentre tais objetos, destacamos as narrativas de vida ou récits de vie (BERTAUX, 2007) que, provenientes das Ciências Sociais, foram introduzidas na AD, no Brasil, pela pesquisadora Machado (2009, 2011, 2012, 2013), da Universidade Federal de Minas Gerais. Nosso objetivo é estabelecer possíveis maneiras de relacionar o tratamento teórico e analítico dado ao gênero nessas duas áreas, traçando buscando interfaces entre elas. Nossa metodologia consta de revisão e discussão teórica, a partir de uma interdisciplinaridade focalizada (CHARAUDEAU, 2013), ou seja, da recorrência, enquanto analistas do discurso, a conceitos advindos de outras disciplinas, tentando redefini-los e trazê-los para nosso viés de leitura. Por se tratar de um trabalho teórico, tomamos como corpus o próprio referencial mencionado — os escritos de Charaudeau (1983, 1992) e de Bertaux (1997). Percebemos que a Análise do Discurso e a Narrativa de Vida têm, em última instância, o mesmo objeto de estudo: o discurso, ainda que com objetivos e metodologias diferentes. Elas abordam tanto o discurso de alguém que vive e conta sua vida, quanto o daquele que se propõe a narrar, em terceira pessoa, a vida de alguém que existe ou existiu. Uma narrativa de vida é uma construção discursiva, uma representação de si ou do outro que o sujeito faz por meio de estratégias que ele organiza e no espaço de restrições que o contrato comunicativo lhe impõe. É por meio do discurso na forma narrativa que uma vida se organiza e ganha sentido, de modo que a história da mesma seja, mais que uma realidade objetiva, uma realidade discursiva. 220 Resumos: Comunicações Individuais De direta ou de esquerda? Argumentação e ethos em um embate político-religioso Amanda Gazola Tartuci (UFSJ) [email protected] O objetivo desse trabalho é propor uma análise da construção argumentativa do artigo de opinião “De esquerda ou de direita, sejamos inteligentes e cristãos”, de Paul e Raphael Freston para a edição 346 da revista Ultimato, relacionando os procedimentos utilizados à questão relativa aos ethé construídos. Primeiramente, nos dedicaremos à análise da argumentação sob uma perspectiva discursiva, indicando como os argumentos do texto se constroem a partir de uma premissa, a partir da qual o enunciador-argumentante se coloca em evidência em um quadro de raciocínio persuasivo justificando sua opção. Em seguida, discutiremos a projeção dos ethé, considerando prioritariamente o ethos de credibilidade pelo qual o sujeito enunciador busca ganhar a confiança de seu público apresentando-se como sério, virtuoso e competente. Indicaremos que é no processo de interação do espaço do dizer que o sujeito argumentante, ao construir seu ethos calcado em valores socialmente partilhados, procura legitimar seu discurso e, consequentemente, sua imagem enquanto cristão e sociólogo. Nesses termos, esse sujeito procura legitimar seu discurso através da filiação de seu ethos a valores biblicamente aceitos. Partiremos da concepção de ato de linguagem Charaudeau (2008) para analisar o artigo de opinião nos aspectos ligados aos planos situacional, comunicacional e discursivo, que permitirão concebermos o ethos como a projeção da imagem de si e do outro via dizer (c.f Amossy, 2005). Utilizaremos ainda as formulações de Plantin (2011) para articular uma perspectiva discursiva da argumentação. O discurso midiático e a noção de fórmula discursiva Amanda Martins dos Reis (UEL) [email protected] Rosemeri Passos Baltazar Machado (UEL) [email protected] Com a finalidade de verificarmos como os efeitos de sentido se estabelecem em nossa sociedade, esse trabalho, sob a perspectiva da Análise do Discurso de orientação francesa, objetiva reconhecer a notoriedade de três enunciados proferidos em suportes midiáticos a respeito da Greve dos professores, cuja ocorrência se deu no Paraná por 45 dias (de 25 de abril a 09 de junho de 2015), refletindo sobre as propriedades que constituem a noção de fórmula. Podemos pensar que a fórmula discursiva “greve” carrega valores construídos sócio-historicamente e valida os discursos diante das condições de produção, levando em consideração uma série de aspectos, dentro os quais é possível citar a formação discursiva (FD), a formação ideológica (FI). A noção de fórmula constrói e reconstrói discursos, pois ela designa um conjunto de formulações que se cristalizam em determinado momento e espaço. A pesquisa de Krieg-Planque (2010), referente à noção de fórmula, estabelece-se em um quadro teórico-metodológico o qual dispõe a identificar o que de fato constitui a fórmula. Apesar de seu caráter cristalizado, é importante destacar que a fórmula também sofre mutações de acordo com o tempo e com o uso; porém, ela existe apenas dentro de uma sequência identificável. Tal aspecto é possível de ser verificado nos três enunciados que servem como corpus desse trabalho. As fórmulas conservam-se na mídia por meio de palavras, pequenas frases, sintagmas e estes são associados por manifestações imagéticas as quais só tendem a atestar as construções cristalizadas e que valem de identificação com determinado grupo social. Para esse estudo selecionamos como corpus três expressões: “Nenhum direito a menos.”, “Menos bala e mais giz.” e “Eu tô na luta." E, a partir das percepções discutidas, é admissível ponderarmos o quanto a ideologia disseminada por tão distintas classes (professores e governo) corroboram não só para a emissão e compreensão dos sentidos, mas para a própria constituição dos discursos e da ideologia que neles se materializam. Esse estudo está vinculado ao projeto de pesquisa “PAD - PESQUISAS EM ANÁLISE DO DISCURSO: os processos de significação em diversos gêneros”, desenvolvido na Universidade Estadual de Londrina. Le phénomène de l'inégalité sociale dans le discours pédagogique Amidou Sanogo (Université Félix Houphouët-Boigny Cocody Abidjan) [email protected] Le mode de hiérarchisation de la société traditionnel africaine inscrit au cœur de ses relations de parole des modalités discursives calquées sur les inégalités sociales. L’implantation de l’école, traditionnellement, a suivi le même schéma pour définir la relation pédagogique où le maître est dispensateur de savoir. Dès lors, la nature des échanges verbaux induit une inégalité au niveau interactionnel. Cette inégalité de statut entre maître et élève est-elle perceptible dans l’interaction verbale ? Quelles sont les marques linguistiques de la position dominante et celles de la position dominée dans les échanges discursifs ? L’inégalité peut-elle toujours transparaître à la co-construction du savoir ? Notre objectif est d’étudier les modes d’apparition du phénomène de l’inégalité dans le discours pédagogique. L’étude part de l’hypothèse que le maître et l’élève sont des co-énonciateurs qui, prenant en charge le discours, émettent des points de vue divergents ou concordants sur un sujet donné. A partir de la transcription des échanges verbaux pendant une séance pédagogique, l’étude examine les spécificités du discours selon les postures socio-énonciatives observées. A relação de subjetividade/alteridade nas produções de textos de estudantes de letras: campus Professor Aloísio de Campos Amisa Dayane Lima de Gois (UFS) [email protected] O objetivo desse trabalho é propor um repensar sobre a Produção Textual no Curso de Letras (UFS – São Cristóvão), no sentido de fazer com que este estudante ganhe voz em seus textos (orais e escritos) e, consequentemente, dê voz a seus futuros alunos, uma vez 221 Resumos: Comunicações Individuais que fazemos parte de um curso de formação de professores. A pesquisa em questão analisou primeiramente respostas obtidas a partir de 20 entrevistas semiestruturadas, realizadas com estudantes da disciplina Produção e Recepção de Texto II; no segundo momento, coletamos mais 20 entrevistas, com alunos de Produção e Recepção de Texto I. A partir desta pesquisa, tentamos contribuir para o ensino da língua materna, em geral, e de produção de texto, em particular, numa perspectiva da linguagem como trabalho. Pretendemos, assim, observar as dificuldades de escrita na produção textual de estudantes de Letras, definir uma sequência de habilidades, a partir de entrevista semiestruturada com estudantes universitários. Utilizamos como aporte teórico escritores como Gnerre (1987), segundo o qual a escrita está pautada nas relações de poder historicamente determinadas; Foucault (1997), por sua vez, situa a escola, local onde o tempo do aluno é controlado, condição para a disciplina, garantia da obediência dos indivíduos. Utilizamos também Foucault (2003), para quem a educação ajuda a manter os discursos, garantindo a sua existência, e a disciplina é uma forma de controle dos discursos. Afora esses estudiosos, trabalhamos com os postulados de Orlandi (2005), a fim de entendermos a Análise do Discurso de linha francesa; Bakhtin (2006), para quem a linguagem é dialógica; Antunes (2007; 2009), para quem a gramática não é o fator primordial para eficácia da escrita. Observamos, entretanto, que a escola está pautada em mecanismos de coesão/coerência, identificando-se com aspectos de uma gramática de texto, elucidando aspectos estruturais do texto. Isso significa que esses estudantes são fruto do ensino de texto, numa perspectiva estruturalista, prescritiva. Constatamos que os estudantes não sabem o significado da escrita efetivamente, já que a escola não mostra as regras do jogo: é importante aprender a escrever, a entender que, para se escrever é preciso saber o que escrever, para que e para quem. Polícia e(m) discurso: embates na mídia Ana Carolina Vilela-Ardenghi (CPPP-UFMS/FEsTA) [email protected] Dizer que um trabalho situa-se no quadro teórico-metodológico da Análise do Discurso de linha francesa (doravante AD) implica, como aponta Maingueneau (2008, p. 147), assumir um conjunto de pressupostos que, respeitando as diversas correntes, parece manter-se como uma espécie de “núcleo duro” dos estudiosos da área, como, por exemplo, a importância dada ao interdiscurso, a constante reflexão sobre os modos de inscrição da subjetividade no discurso, a ênfase dada ao caráter construído dos “dados”/”fatos” com os quais lida o analista. Essas questões mostram que, de fato, discurso e desigualdade(s) têm uma relação bastante próxima: a desigualdade mantém-se/é mantida também por meio de discursos. Unindo, assim, uma reflexão de base teórica e uma preocupação pessoal, o presente trabalho pretende analisar um conjunto de matérias em torno de dois episódios recentes da atuação policial em Campo Grande (MS): uma abordagem em um bar frequentado por universitários (4 e 5 de dezembro) e uma operação realizada em um shopping da capital (13 de dezembro). Ambos os episódios reúnem um conjunto de discursos (polarizados) em torno do tema: de um lado, aqueles de exaltação da atividade e da instituição policial e, de outro, uma condenação dessa mesma esfera. Duas são as questões que, de um ponto de vista discursivo, chamam a atenção: as operações de metaenunciação e as paráfrases, categorias, digamos, muito atreladas às formulações “originais” da AD. As análises dão conta, efetivamente, do alcance de classe de tais operações: elas dirigem-se essencialmente para “punir” as classes mais pobres – o que fica claro, também, nas imagens da operação. Por fim, é preciso dizer que trata-se de um trabalho “militante”, porém não num sentido vulgar. Bourdieu (1997, p. 735) ensina que “o que o mundo social faz, o mundo social pode, armado deste saber, desfazer”. Assim, que possamos contribuir para dar a ver como as desigualdades sustentam-se nos discursos e talvez assim possamos contribuir para desfazê-las. Processos de legitimação no programa televisivo Conexões Urbanas Ana Cecília Almeida Accetturi (UNICAMP) [email protected] Este trabalho tem como objetivo analisar os processos de legitimação cultural (Lahire, 2006) que ocorrem no programa Conexões Urbanas, privilegiando os episódios que têm como temática variados grupos sociais. Conhecido por veicular reportagens representativas das mudanças pelas quais tem passado a mídia televisiva brasileira, o programa proporciona ao telespectador o acesso a atores e/ou ações sociais que estão à margem da grande mídia, e observar o modo como determinados grupos vêm conquistando sua legitimação nos dias atuais se mostra uma importante tarefa. Assim, o reconhecimento e a valorização dos diversos atores sociais decorrentes de lutas constantes contra a imposição social representam práticas relevantes de toda uma comunidade. O presente trabalho visa, portanto, à observação das manifestações culturais no programa Conexões Urbanas, das práticas de linguagem e das ações linguísticas presentes no discurso de seus participantes. A encenação da informação: o Movimento Passe Livre no jornal Folha de S. Paulo Ana Cecília da Costa (UNISANTOS) [email protected] O objetivo deste trabalho é apresentar um estudo discursivo de publicações jornalísticas do caderno Cotidiano da Folha de S.Paulo sobre manifestações do Movimento Passe Livre ( MPL). Nosso enfoque se detém sobre os modos de organização do discurso e a análise linguistico-discursiva das publicações sobre o Movimento e de como os sujeitos envolvidos nos fatos relatados são representados, bem como a relação destes com o espaço social. A base teórica deste estudo são os pressupostos da Análise de Discurso Francesa, tais como: o silêncio e a memória discursiva, baseando-se em Orlandi (1999) e os Modos de Organização do Discurso e a encenação da informação à luz de Charaudeau (2008, 2012). A partir do corpus selecionado observamos que a Folha de S. Paulo transformou os conflitos gerados pelas manifestações do MPL em uma " guerra da tarifa", em um processo de encenação da informação que traduz a violência como espetáculo, a partir de um jogo de forças que encobre reivindicações sociais e silenciam o debate sobre a atual concepção de transporte coletivo nas metrópoles brasileiras. 222 Resumos: Comunicações Individuais O ensino de Inglês na escola pública: obrigatório tratado como opcional Ana Emilia FAjardo Turbin (UnB) [email protected] Não é novidade que o ensino de Inglês na escola pública é obrigatório por lei, porém não é assim que ouvimos dos próprios professores e até alunos da escola pública.O discurso a respeito de seu ensino-aprendizagem gira em torno de uma disciplina que está longe em termos prioritários do ensino da Matemática ,por exemplo. Esta comunicação vem indagar a respeito deste discurso e pensar as razões que ainda no século XXI levam as escolas públicas a não valorizarem uma disciplina que permite uma ampliçaõ de saber e de se situar num mundo em que a língua inglesa a cada dia se torma mais popular e necessária para se inserir no mundo acadêmico e dos negócios , enquanto as escolas particulares se esmeram em oferecer cursos de Inglês com excelentes professores.Buscaremos apoio na literatura pertinente à Análise do Discurso Francesa e em autores do campo da Educação a fim de pensarmos as sutis desigualdades presentes na escola pública no discurso que toca a posição da Línguia Estrangeira no currículo. Autoria nos textos de estudantes-estagiários: compreensões sobre o processo de formação docente Ana Lúcia Guedes-Pinto (UNICAMP) [email protected] Tomando a perspectiva de análise do discurso com base nos estudos bakhtinianos, esta comunicação tem como objetivo problematizar os textos produzidos pelos estudantes-estagiários inseridos em um curso de licenciatura. Trata-se de dar continuidade às discussões dos resultados parciais do projeto de pesquisa em andamento “Discursos entrecruzados na formação de professores”, que toma como foco os sentidos atribuídos pelos estudantes em suas produções escritas à profissão docente. Para orientar as análises, assume-se como referências as categorias de gêneros discursivos, dialogia, autoria e enunciado/enunciação. A metodologia ancora-se na pesquisa participante tendo como base a condição de professora das disciplinas do eixo teórico-prático do curso de formação de professores de uma universidade pública paulista. O sujeito é entendido como sujeito histórico, imerso nas práticas sociais, as quais ele tanto as produz quanto por elas é produzido. Neste âmbito, nas relações que se constituem entre sujeito-sujeito, sujeito-mundo, ganham relevância os processos produtivos de linguagem. Por esse viés é que são problematizados os textos escritos dos estudantes no contexto da educação superior, especificamente de um curso de licenciatura, nas disciplinas de estágio. Nessa esfera de uso da linguagem acadêmica, esta investigação focaliza seus processos discursivos tomando como escopo a questão da autoria. Trata-se, portanto, de um estudo com enfoque analítico-interpretativista. Optou-se por se focalizar nas produções escritas dos estagiários seus modos de dizer e de se referir à profissão de professor. Entre os elementos composicionais de seus textos ressaltam-se a elaboração de títulos, subtítulos, a formatação textual. Também se destacam os modos de referenciação em sua materialidade linguística. Tais aspectos da escrita analisada revelam a inscrição dos sujeitos nas suas produções, tornando visíveis seus projetos de autoria no processo de estágio. O espelho da sociedade no sujeito de “O Espelho”, de Guimarães Rosa Ana Maria Rocha Soares (UESB) [email protected] Intenta-se discutir o conto O Espelho, da obra Primeiras Estórias (1962), de Guimarães Rosa, como amostra da inclinação metafísica do autor e, como tal, enquanto expressão literária que intenta desvelar mecanismos político-ideológicos responsáveis pelo ajustamento e adequações do sujeito às convenções e normas do meio social do qual este é oriundo. N’O Espelho Rosa faz uso de uma estratégia discursiva com a qual nos apresenta um narrador cujo discurso evidencia uma linguagem filosófica que lhe garante uma autoridade para refletir sobre os mecanismos político-ideológicos que são responsáveis pelo aprisionamento do homem em relação a si mesmo e à própria vida. O protagonista faz uma reflexão sobre seu ser, bem como sobre sua condição enquanto indivíduo social no mundo e, para tal, revela-se dotado de um discurso capaz de refletir e expressar, de forma consciente, as suas limitações enquanto sujeito autônomo, assim como capaz de questionar as razões que o limitam. Assim, as reflexões do narrador-personagem do conto vislumbram que comportamentos e ações do indivíduo estão, na maioria das vezes, em conformidade com uma ordem previamente estabelecida – os preceitos, as condutas, funções. Nesse sentido, este trabalho discute, a partir do aludida obra, até que ponto o indivíduo pode ser considerado um ser autônomo na medida em que ele está, involuntariamente, submetido a papéis previamente delimitados por uma ordem social da qual é oriundo. Para tal, parte-se da perspectiva de Berger e Luckmann (2012), de que a realidade – enquanto construto de aparelhos ideológicos dominantes – consegue ser, mediante os mesmos mecanismos ideológicos, aquela que determina comportamentos, ações, enfim a identidade do sujeito. Ademais, reporta-se às contribuições de Bergson, sobretudo quanto ao conceito de percepção discutido no livro Matéria e Memória. Por conseguinte, a nossa proposta parte da perspectiva de que aquilo que comumente se concebe como identidade do sujeito nada mais é que um “construto” políticoideológico previamente determinado que circunscreve e delimita esse indivíduo. Os efeitos de sentido no discurso da Mafalda: interdiscurso e memória discursiva Ana Michelle de Melo Lima (UERN) [email protected] Maria Eliza Freitas do Nascimento (UERN) [email protected] Partindo de uma análise do discurso das tirinhas da Mafalda, objetivamos verificar a construção dos efeitos de sentidos nesse enunciado. Nessa materialidade, é possível observar questões de luta de classes, reveladas por meio das injustiças sociais, em virtude 223 Resumos: Comunicações Individuais de um regime político autoritário, opressivo, contribuindo para a formação de uma sociedade oprimida. Isso é percebido por meio das condições de produção do discurso. Para esta análise, recorremos aos pressupostos teóricos da Análise do Discurso de linha Francesa, a partir da contribuição de Michel Pêcheux e Michel Foucault, mobilizando categorias como: discurso, interdiscurso, memória discursiva, condições de produção, formação discursiva, relações de poder - saber, para discutir os efeitos de sentidos no discurso. Nossa pesquisa destaca como objeto de estudo, as tirinhas da personagem Mafalda, criadas pelo desenhista argentino Joaquim salvador Lavado, mais conhecido como (Quino), que utilizou a imagem de uma menina de seis anos, para denunciar e criticar os problemas sociais da época. Justificamos essa escolha, uma vez que o enunciado discursivo favorece a construção de diferentes efeitos de sentidos, a partir das condições de produção dos discursos. Como metodologia, faremos pesquisa bibliográfica sobre a Análise do Discurso para marcar o lugar teórico de Pêcheux e Foucault e as categorias que serão mobilizadas no percurso analítico. Posteriormente, analisaremos no enunciado discursivo das tirinhas da Mafalda, como os efeitos de sentidos são produzidos e relacionados ao resgate da memória discursiva e ao interdiscurso, mostrando como a repressão militar por parte do governo constitui sujeitos submissos pelas relações de poder, uma vez que se rendem as formações discursivas do sistema, e desse modo se fabrica um efeito de sentido de ironia. A venda do produto “político”: o estudo de caso de um percurso argumentativo com vistas à adesão Ana Miriam Carneiro Rodriguez (UninCor/CAPES) [email protected] Parte da população brasileira, por desencanto ou ignorância, diz preferir ficar fora da política e não percebe que a campanha eleitoral é o momento em que se promove discursivamente uma imagem de representante ideal. No dia a dia, salvo em épocas de eleição, pouco se fala sobre as estratégias argumentativas utilizadas pelos candidatos políticos para construção da própria imagem, atração da simpatia do público eleitor e persuasão desse mesmo interlocutor para a ação de interesse dos partidos (o voto). No livro “Tratado da Argumentação: uma nova retórica”, originalmente publicado em 1958, Perelman e Olbrechts-Tyteca retomam e reabilitam o estudo sistematizado da argumentação a partir das ideias de Aristóteles. Desde então este importante componente da comunicação humana vem sendo estudado por diversos teóricos sob pontos de vista diferentes. Por ser a eleição uma questão com mais de uma possibilidade de solução (mais de candidato com possibilidade de ser eleito a um único cargo político eletivo), cada um dos participantes da situação comunicativa interessados em que a questão se resolva a seu favor tem, por lei, oportunidade de, por meio de discursos especialmente construídos para a situação de campanha eleitoral, convencer e persuadir o público-alvo a aderir à imagem do candidato, criada discursivamente, para atender aos interesses propagandistas. Sendo assim, este trabalho visa perceber as estratégias argumentativas, com vistas à persuasão, utilizadas pelo candidato à Presidência da República pelo Partido da Social Democracia do Brasil (PSDB) Aécio Neves em seu discurso veiculado na propaganda eleitoral gratuita televisiva, no ano de 2014, bem como seus possíveis efeitos de sentido. O corpus deste trabalho é composto por quatro vídeos de campanha exibidos no horário nobre eleitoral de todas as emissoras abertas de televisão brasileiras e os teóricos base de nossa análise serão Perelman e OlbrechtsTyteca (2014) com suas categorias de argumentos. Uma análise das estratégias de (des) cortesia como mecanismos discursivos de persuasão em interações polêmicas: o debate político Ana Paula Albarelli (USP) [email protected] O presente estudo tem por objetivo investigar os mecanismos discursivos empregados em interações polêmicas - no caso, o debate político - cujo propósito é expor e denegrir a imagem dos interlocutores de modo deliberado. Nesse tipo de interação, na qual predominam atos de ameaça às faces dos interactantes, observa-se um tipo específico de troca verbal cujos processos de gestão da imagem calcam-se no emprego agressivo do trabalho de face, conforme Goffman (1967). Por essa razão, considerar-se-ão, como aporte teórico, os estudos de Goffman (1967) acerca das faces, bem como os postulados de Culpeper (2011), relativos à descortesia verbal. Há que se ressaltar que os atos de (des) construção da imagem cumprem o papel de procedimentos argumentativos que engendram um tipo de prática comunicativa na qual se privilegia a construção de um discurso de cunho marcadamente axiológico, cujo foco incide no desacordo. Os processos de negociação na interação dão lugar à polêmica, a qual, por sua vez, afigura-se como recursos argumentativos, empregados pelos candidatos, com vistas à persuasão do auditório. Por essa razão, consideramos a hipótese de que os atos de ameaça à imagem (face) – descortesia ou a falsa cortesia (mock politeness) – atuam, no discurso político, como técnicas argumentativas. Destarte, tomamos, ademais, como aparato teórico na abordagem da descortesia, as contribuições da Teoria da Argumentação, bem como da Nova Retórica, postulada por Perelman e Olbrechts-Tyteca (2005). O corpus constitui-se da gravação do discurso de Dilma e Aécio Neves, no contexto das eleições presidenciais. Verifica-se que ambos os candidatos visam à adesão do auditório procedendo à valorização de sua imagem em detrimento da face do oponente. Com efeito, questões relativas à desigualdade erigem-se no discurso, em virtude de o corpus ser um debate, em que se problematizam questões sociais e políticas distintas. O rio Doce nos discursos dos viajantes naturalistas e dos gêneros textuais jornalísticos contemporâneos: entre a natureza exuberante e a degradação Ana Paula Campos Fernandes (UNIVALE) [email protected] A região leste do estado de Minas Gerais entrou em evidência desde o século XIX. A partir daí, pode-se encontrar relatos feitos por viajantes que passaram pelo rio Doce, como aparece nas descrições de Spix e Martius, Saint-Hilaire, dentre outros. Através dos discursos destes viajantes, percebe-se um rio retratado com fartura de água e florestas em suas margens, imaginando a natureza nesta 224 Resumos: Comunicações Individuais região como inesgotável. No entanto, ao longo dos anos, o rio Doce passou por processos de degradação das florestas de sua margem, poluição das águas e longo período de seca. Além disso, recentemente, teve seu curso invadido por rejeitos de mineração, em função do rompimento de barragem de minério no distrito de Bento Rodrigues – MG, que acabou por repercutir em várias cidades margeadas pelo rio. Contudo, Governador Valadares – MG foi um dos municípios com maiores consequências para a população, pois a captação de água depende unicamente deste rio. Assim, serão analisados os gêneros textuais jornalísticos, do jornal local impresso de Governador Valadares – MG, publicados entre 05 de novembro a 05 de dezembro de 2015. Nos discursos dos viajantes a projeção do rio Doce é repleta de significados e memórias. Particularidades que podem ser analisadas como um território simbólico, logo, ele é valorizado e configurado inerente à identidade de determinados sujeitos. Diferentemente, o rio ganha dimensões diferentes após a invasão da lama de rejeitos que altera tanto a paisagem quanto a percepção dos ribeirinhos e dos relatos jornalísticos produzidos para retratar o que tem sido considerado como o maior desastre ambiental do Brasil. Nesse sentido, os discursos dos viajantes e dos jornalistas serão evocados através da Análise do Discurso, enquanto ramo da Linguística. Neste estudo, o rio Doce constitui-se enquanto território simbólico cujas representações se expressam nos diversos discursos proferidos sobre o rio. Enfim, serão considerados os discursos sobre o rio em dois momentos diferentes: no passado e presente. Antes, abundante em água limpa, atualmente, poluído. Desigualdade e surdez: reflexões sobre a escrita do surdo, segundo uma experiência pessoal Ana Paula Oliveira e Fernandes (UFGD) [email protected] As pessoas surdas enfrentam inúmeros entraves para participar da vida social e educacional, decorrentes da perda da audição e das formas como se estruturam a educação e a sociedade atual, além do desconhecimento da Lei nº 10.436/2002, que reconhece o direito de expressão das pessoas surdas e reconhece a LIBRAS (Língua Brasileira de Sinas) como sua língua. Os surdos já se constituem uma comunidade, portanto possuem cultura e língua diferentes daquelas da comunidade ouvinte. A resistência da pessoa surda brasileira que luta pelo reconhecimento da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) como língua vem de uma luta muito antiga. Além disso, em relação a sua escrita, a pessoa surda ainda sofre com as discriminações relacionadas à sua incapacidade de se expressar na escrita da língua dos ouvintes. Seria mesmo incapacidade de expressão escrita? Qual a diferença entre a escrita de uma pessoa surda e de uma pessoa ouvinte? De onde vem o prestígio da escrita da língua dos ouvintes? Eu, como pessoa com surdez, vivo em um mundo com limitações auditivas e vejo a Língua Oral como algo desconhecido, somente compreensível minimamente graças à leitura labial, uma modalidade visual pela qual se reconhece os códigos vocais. A modalidade visual é minha única capacidade de assimilação, vivo aquém das fronteiras do mundo da modalidade vocal. O que faz uma pessoa surda conseguir aprender uma outra língua escrita, neste caso a língua portuguesa? A Língua Portuguesa Escrita é, de fato, uma língua difícil de aprender para a pessoa surda por ser uma modalidade vocal? Tais perguntas fizeram-me refletir sobre como adquiri a escrita da língua portuguesa, mesmo sendo pessoa surda, oralizada e sinalizada (uso da LIBRAS), que não teve apoio e nem intérprete de LIBRAS. Meu projeto de pesquisa norteia-se pelos estudos da consciência metapragmática sobre os corpora de relatos de experiências (meus, de meus professores e de meus familiares) sobre meu processo em adquirir a escrita da Língua Portuguesa. Fala e escrita são dois sistemas distintos de signos; a única razão de ser do segundo é representar o primeiro, a escrita não é a grafia fiel da fala. El objeto discursivo "Dictadura Cívico-Militar" en la Argentina reciente: recorridos y genealogías históricas Ana Soledad Montero (UBA-CONICET) [email protected] El objeto discursivo (Sitri, 2003; Grize, 1990) “dictadura cívico-militar” se ha instalado en los últimos años en la opinión pública, en los discursos políticos, en la prensa y en las memorias oficiales sobre la última dictadura militar argentina (Vezzetti, 2009). La expansión y circulación de esa noción establece una lectura novedosa sobre la naturaleza del régimen militar, sobre la composición de los actores que participaron de él y en particular sobre el rol de la sociedad civil en la instauración y consolidación del proyecto autoritario iniciado el 24 de marzo de 1976. Esa nueva lectura sobre el pasado dictatorial tiene efectos simbólicos y también prácticos, ya que ha dado lugar a nuevas investigaciones, juicios e incluso condenas a numerosos y diversos actores de la sociedad civil, y a profundos debates sobre la responsabilidad política y civil en la violencia política estatal. Este trabajo tiene dos objetivos: en primer lugar, analizar los usos de la noción de “dictadura cívico-militar” en los discursos políticos y las memorias oficiales durante los gobiernos kirchneristas (2003-2015), e interrogar sus sentidos y repercusiones contemporáneas. En segundo lugar, rastrear la genealogía de esa noción en el interdiscurso histórico (discursos de organizaciones de derechos humanos, de organizaciones militantes, de actores políticos) con el fin de reconstruir su circulación histórica y sus efectos argumentativos en el presente. Modalizadores e construção de pontos de vista em reportagens televisivas de jornal local do Rio Grande do Norte Ana Virgínia Lima da Silva Rocha (UFRN) [email protected] O jornal local de maior audiência no Estado do Rio Grande do Norte inaugurou em agosto de 2015 o quadro “Eu vivo Zona Norte” (de Natal), transmitido duas vezes por semana, com a proposta de destacar potencialidades da região, mostrar e auxiliar os moradores locais a solucionar problemas de ordem pública e dar voz a esses moradores, conforme expresso na primeira edição do programa. Segundo Silva, A. F. C (2003) e Silva, M. . M. R. (2010) et al., em oposição a áreas “ricas” da cidade, a Zona Norte – onde reside cerca de 40% dos moradores de Natal - é caracterizada pela população em geral como um espaço de pobreza, além de ser alvo de preconceito devido aos problemas que enfrenta. Nesse sentido, o presente trabalho tem por objetivo investigar de que forma as 225 Resumos: Comunicações Individuais modalizações presentes em reportagens do quadro “Eu vivo Zona Norte” (re)constroem pontos de vista sobre a região e seus habitantes, por meio da análise de quatro reportagens veiculadas entre os meses de agosto e novembro de 2015. Para tanto, adota-se o aporte teórico de Bronckart (1999), o qual situa as modalizações (lógica, deôntica, apreciativa e pragmática) como parte dos mecanismos enunciativos que compõem a arquitetura interna dos textos. Adota-se também o aporte teórico de Charaudeau (1992; 2007) no que concerne à presença de modalizações no implícito e ao discurso midiático. Tendo em vista que a reportagem é caracterizada como um gênero jornalístico plurissemiótico, primeiramente é analisado o corpus com enfoque em seus aspectos situacionais, textuais, discursivos e visuais. Em seguida, o enfoque é dado às modalizações e às suas relações com a imagem. Como resultados parciais, constata-se que, embora o quadro proposto no referido jornal possa ter um papel social de chamar a atenção para uma área desfavorecida do município, as reportagens focalizam apenas problemas infraestruturais, sem abordar as potencialidades da região. Por meio dos modalizadores e de sua relação com a imagem, são reiteradas as práticas de marginalização e preconceito, além de ser frequente a antecipação da voz dos coenunciadores por parte do repórter, configurando-os como sujeitos cuja voz se limita à enunciada pelo jornal. A censura no discurso midiático: o caso das ocupações contra a reestruturação das escolas públicas do Estado de São Paulo Anderson Ferreira (PUC-SP) [email protected] É lamentável, no atual período histórico, termos de conviver com práticas de censura às mídias: pressões econômicas, intervenções judiciais, ameaça a jornalistas, leis regulatórias, vigilância da sociedade civil, tudo isto tem funcionado como mecanismos de censura externos que frustram a possibilidade de alcançar uma democracia plena. Contudo, em meio ao discurso mítico de liberdade de expressão, torna-se relevante observar em que medida às mídias também praticam, no e pelo discurso, a censura que nos impede, segundo elas próprias, de construir uma sociedade mais justa, equalizadora e democrática. Neste sentido, este trabalho visa a analisar de que modo o discurso midiático censura os saberes, os valores, as identidades e as vozes dos sujeitos que se encontram fragmentados do poder político e econômico. Para tanto, selecionamos, da plataforma digital da Revista Época, dois textos de opinião, tomados aqui como discurso, acerca das ocupações ocorridas no mês de novembro de 2015 contra a reestruturação das escolas públicas do Estado de São Paulo. Com isso, objetivamos verificar os mecanismos de funcionamento do discurso midiático como modo de enunciação (diante de um fato inédito na recente história da educação pública do Estado) do mesmo, da repetição, da ininterrupção enunciativa, cujo escopo tem sido a manutenção do status quo. Postulamos, assim, que há, pelo menos, três modos de construção do sentido que implicam em formas de censuras, a saber: i) a deslegitimação dos atores sociais; ii) o apagamento do sujeitos na história; iii) o reducionismo da problemática sócio-político-cultural a intrigas político-partidárias. Dessa forma, com base nos pressupostos teórico-metodológicos da Análise do Discurso, em sua perspectiva enunciativo-discursiva, mobilizamos, para compor o quadro teórico-metodológico de nossa análise, a categoria de cenografia proposta por Dominique Maingueneau e os estudos realizados por Jean-Michel Adam acerca das sequências argumentativas em seu princípio dialógico. Ao contrário da censura às mídias, que, de modo geral, visa a suprimir o dizer que se coloca contra o poder, o discurso midiático instaura a censura por meio de sua enunciação infindável e inesgotável do discurso do mesmo, instaurando um efeito de sentido de discurso acabado e transparente. Entre movimentos sociais e movimentos de classe: o discurso neo-ateísta e o martelar da resistência Anderson Nowogrodzki da Silva (UFG) [email protected] Olhar para a complexidade inscrita em um conceito torna-se uma tarefa difícil quando não há um consenso teórico-metodológico a seu respeito. Pensa-se que é preciso, para conceber uma definição de “movimentos sociais” e aplicá-la, olhar para a totalidade das relações humanas em sociedade, tratando-as a partir de uma análise histórica. Objetiva-se, dessa forma, trazer, à luz das ideias, o século XXI, mais especificamente os anos que sucederam 2001 – data em que ocorreu o atentado conhecido como “11 de setembro” –, almejando entender como se deu a formação, a constituição, de um movimento social neo-ateísta, suas características e efeitos manifestos em uma sociedade capitalista, regida pelo acúmulo de capital, permeada pela desigualdade social, retomando o ateísmo clássico para que se entenda a movimentação histórica. Para tanto, observam-se, na sociologia marxista, as questões epistemológicas que se referem às mudanças que podem ocorrer na ordem social, no atravessamento entre diferentes totalidades que constituem e são constituídas (os movimentos sociais como totalidades constituídas, inseridas na sociedade que também é uma totalidade, porém, constituinte). Olha-se, dessa forma, para a propriedade de mudança inerente aos movimentos sociais, o modo como se manifestam, e suas relações com o Estado. Agrega-se a essa busca, então, a partir de uma perspectiva foucaultiana, um olhar para a história em sua descontinuidade e para as redes de relações inerentes a ela, instaurando poderes, regulados pela atualidade do saber e materializados como enunciados, que dão forma aos sujeitos. Dessa maneira, faz-se uso das fases arqueológica e genealógica de Foucault, dando foco às formas de resistência na sociedade de controle. Por último, e não menos importante, este trabalho se orienta pela “Filosofia do Martelo” de Nietzsche, em que se busca abalar o que está posto, fazer ressoar a rigidez das verdades vigentes na sociedade, questionando e refletindo sobre as possibilidades de mudança, a vontade de potência que dá movimento à existência, a oposição ao que é passível de sentido. 226 Resumos: Comunicações Individuais O Guernica de Mariana. Retroalimentações entre a opinião da mídia tradicional e as opiniões nas mídias sociais André Covre (UFVJM) [email protected] Simone de Paula dos Santos (UFVJM) [email protected] Este trabalho propõe a análise dos discursos sobre a tragédia da Samarco-Vale-BHPBilliton, ocorrida no dia 05 de novembro de 2015, com o rompimento das barragens no distrito de Bento Rodrigues, em Mariana (MG-Brasil), a partir da descrição da retroalimentação entre a opinião da mídia e as opiniões presentes nas mídias sociais. A hipótese que será apresentada defende que a opinião da mídia tradicional reflete e refrata a mistura/confusão das opiniões presentes nas mídias sociais, na medida em que: (1) as opiniões nas mídias sociais se configuram como uma espécie de Guernica, refletindo e refratando as opiniões dos sujeitos e da mídia tradicional; (2) a opinião da mídia tradicional agencia e escolhe os discursos dos sujeitos como forma de construir a própria opinião, revelando um posicionamento argumentativo sobre o acontecimento; (3) ocorre uma retroalimentação entre a opinião da mídia tradicional e as opiniões nas mídias sociais que pode desvelar a disputa ideológica presente no acontecimento. Eliane Brum, em um belíssimo texto de 30 de Novembro de 2015, no jornal El País, defende que "talvez seja a hora de começar a pintar a nossa Guernica para tentarmos uma representação da catástrofe. Uma Guernica de imagens, mas também de vozes. Uma Guernica de memórias e de testemunhos. Uma Guernica que confronte 'o interesse nacional' e que o denuncie". Em tom de crítica ao comportamento social hipoteticamente alienado nas atividades cotidianas das pessoas, nas quais se inclui as atividades exaustivas de "curtir" e "compartilhar" nas redes, a autora defende que precisamos tomar uma posição, dar uma opinião e confrontar o discurso hegemônico. Apoiados na compreensão dialógica de ideologia (BAKHTIN, 2006) e de gêneros do discurso (BAKHTIN, 2010), trabalharemos nossa hipótese de que a construção do discurso da mídia tradicional (CHARAUDEU, 2010; EMEDIATO, 2013) é turbulenta devido a força dos discursos presentes nas mídias sociais. Em última instância, defenderemos que nosso Guernica está sendo pintado nas camadas cotidianas da ideologia e o que tentaremos descobrir é o tamanho de sua força diante da ideologia oficializada. Governamentalidade neoliberal e desigualdade: uma análise de comentários sobre o Bolsa-Família no portal UOL André Henrique Mariz Salmerón (UFSJ) [email protected] O artigo realiza um ensaio de análise sobre o neoliberalismo nos termos de seus procedimentos de governamentalidade. Em especial, a forma como as noções de mérito e meritocracia se materializam enquanto elementos dessa governamentalidade neoliberal, levandose em conta um caso específico do Brasil. Desse modo, o material de análise consiste de três comentários, com maior número de curtidas, feitos por leitores (as) em uma notícia publicada no site do portal UOL em outubro de 2015, intitulada “Proposta de corte no Bolsa Família gera medo da fome entre dependentes”. Parte-se da hipótese de que o discurso neoliberal, em especial, os valores de mérito e meritocracia levam à redução do debate sobre as desigualdades sociais ao deslegitimarem o direito a benefícios sociais, como o Bolsa Família. Tal processo ocorre na medida em que o discurso neoliberal constitui sujeitos e saberes que colocam as noções de mérito e meritocracia como sendo mais centrais do que a própria solução do problema. Desse modo, o foco desloca-se não para a solução do problema em questão – no caso, a desigualdade econômica – mas, antes, a adequação dessas soluções a um modelo neoliberal. A governamentalidade, conforme proposta por Foucault (2008), é aqui compreendida como um conjunto de procedimentos discursivos que contribuem para a autorregulação da sociedade segundo determinados parâmetros. Tal processo se dá na medida em que são produzidos sujeitos que, a uma só vez, tendem a se adequar a um determinado conjunto de normas e compelir outros sujeitos a fazerem o mesmo. Atua, dessa forma, como um poder essencialmente produtivo na medida em que constrói e organiza saberes, objetos, sujeitos, favorecendo uma forma de governo à distância (SPRINGER, 2012). Além dos trabalhos de Foucault, o quadro teórico é complementado pelos trabalhos de Harvey (2005), Boas e Gans-Morse (2009), Springer (2012), Gerzson (2007), Fernandes (2011), Hardt e Negri (2001), dentre outros(as). A construção da imagem da “drag queen” americana: uma análise das particularidades do inglês falado André Luiz dos Santos (IFG) [email protected] Este trabalho aborda o papel exercido por alguns recursos do texto falado em inglês, observando a função que estes desempenham na caracterização do discurso do sujeito “drag”, pois é também na e pela linguagem que os sujeitos se constituem e se representam. Para tanto, verifica-se como esses recursos linguísticos são utilizados pelo sujeito “drag” em relação à identidade de gênero. O corpus deste trabalho é constituído pela gravação do episódio denominado “Reunited” da segunda temporada do reality show “Ru Paul Drag Race” veiculado no canal a cabo Multishow às quintas-feiras às 23h30min. Ressaltamos que o nosso corpus pode ser classificado como conversação espontânea, pois apresenta características básicas de uma conversa espontânea, tais como: falta de planejamento antecipado, o envolvimento dos interlocutores entre si e com o assunto e a existência de um espaço compartilhado entre os interlocutores. Os resultados demonstram que a construção identitária do sujeito “drag” é resultado não somente de sua caracterização, mas também de seu discurso e por se configurar como uma construção social, a identidade desse sujeito é múltipla e fragmentada. 227 Resumos: Comunicações Individuais Empoderamento de usuários dos serviços de saúde: um estudo sob a perspectiva da análise do discurso com potencial de aplicaçao (Appliable Discourse Analysis) André Luiz Rosa Teixeira (UFMG) [email protected] Maria Augusta Correa Barroso Magno Viana (Escola de Enfermagem - UFMG) [email protected] Mariana Almeida Maia (Escola de Enfermagem - UFMG) [email protected] Thais Silva Pereira Campos (UFSC) [email protected] Este estudo foi desenvolvido num trabalho interdisciplinar da Linguística Aplicada e da Enfermagem e, adotando a Linguística Sistêmico-Funcional, mais especificamente, a análise do discurso com potencial de aplicação (appliable discourse analysis) (ADA) (MATTHIESSEN, 2011), examinou, sob a perspectiva da metafunção interpessoal, o sistema de SUJEITABILIDADERESPONSABILIDADE nos textos compilados para o corpus desta pesquisa. Partiu-se do pressuposto de que, as escolhas dentro desse sistema podem ser interpretadas como evidência de um discurso que revela manifestações de empoderamento dos usuários do sistema de saúde com relação ao autocuidado e diante de ações de comprometimento para com os cuidados com a alimentação, atividade física e tratamento medicamentoso. A análise foi realizada em um corpus monolíngue em português brasileiro composto por um banco de falas compilado em práticas grupais (conduzidas com base no Protocolo de mudança de comportamento-Behavior Change protocol) (CHAVES, 2014), realizadas em um programa educativo em Diabetes mellitus em uma unidade básica de saúde de Belo Horizonte. Com o auxílio do software AntConc (ANTHONY, 2014), através de técnicas da Linguística de Corpus, foram realizadas buscas por pronomes que realizam as opções dentro do subsistema de RESPONSABILIDADE, bem como seus respectivos colocados nas linhas de concordância. Com o auxílio do software e ambiente estatístico R (R CORE TEAM, 2014) foi realizada a mineração dos textos e nuvens de palavras foram geradas. Os resultados mostram que o discurso dos usuários possui escolhas de Sujeitabilidade que podem ser interpretadas como maior corresponsabilidade e comprometimento no que diz respeito aos tratamentos medicamentosos. Por outro lado, as escolhas de Sujeitabilidade no discurso relativo a alimentação e atividade física podem ser interpretadas como menor comprometimento. Critical Discourse Analysis of Testimonios of Latinas in State and Federal Government of the United States Andrea Guajardo (University of the Incarnate Word) [email protected] The ethnic and racial demographics of the United States are changing. Increasing numbers of Latina/o persons are contributing to a shift in which groups, traditionally called “the minority,” are now becoming the ethnic majority. As the Latina/o presence in the United States increases, the potential to influence the American political process increases. As greater numbers of Latinas/os exercise their right to vote, they will choose a candidate that best represents the interests and values most important to them. However, the make-up of state and federal government does not reflect the shift in demographics that has been in process or that is predicted (Bejarano, 2013). A review of literature pertaining to Latina/o political representation suggests that Latina elected officials, although privileged in some respects, possess a rarified experience that should become more commonplace if Latina leadership in the U.S. keeps pace with the expected growth of this ethnic group by the year 2060. In recognition of the conference theme of Inequality and Narratives of Life, the proposed article would explore the personal and professional lived experiences of Latinas in the United States who have been elected or appointed to public office. The paper proposes the use of testimonio methodology guided by Latino Critical Race Theory, as an extension of oral history, with the intent “reveal the racial, classed, gendered, and nativist injustices they have suffered as a means of healing, empowerment, and advocacy for a more human present and future.” (Perez Huber, 2009; Perez Huber, 2010). Testimonios, guided by Latino Critical Race Theory, explores the lived experiences of Latinas in elected office and is a mechanism of defiance of the Eurocentric epistemology that has traditionally pervaded narrative inquiry. Testimonies provide spoken words and written texts that will illuminate gender, ethnic, and class struggles inherent in the political process when a Latina pursues public office (Perez Huber, 2009). Critical Discourse Analysis of these data that considers large discursive units will reveal the influences of power, dominance, and discrimination within the social context of a changing U.S. demographic. Practical application of these findings includes leadership development, mentoring of future Latina candidates, and creation of public policy (Wodak & Meyer, 2001). Sentidos sobre a desigualdade social de alunos da rede pública de ensino no discurso de uma instituição "parceira" das políticas públicas de educação Andrea Rodrigues (UERJ) [email protected] Esta pesquisa apresenta a análise de entrevistas sobre políticas educacionais implementadas na rede pública de educação no Estado do Rio de Janeiro, oriundas de parcerias/convênios entre a Secretaria de Educação e uma ONG. Considerando que o discurso é constituído também pelo não dito (Orlandi, 1999), nossa proposta é discutir o quanto o que não é dito pode ecoar e produzir também sentido, num discurso que toma como ponto de partida uma determinada formação discursiva (Pêcheux, 1975) que parece remeter para a banalização da desigualdade social. Interessa-nos especificamente os modos de produção de sentidos sobre a desigualdade social dos alunos e o seu papel no processo de ensino-aprendizagem. Na análise, consideramos também o fato de as entrevistas serem veiculadas pela mídia, destacando a ausência da voz de professores e alunos, não entrevistados para as matérias publicadas. Pretendemos levantar as seguintes questões: a) como alunos e professores da rede pública são significados no discurso produzido nas 228 Resumos: Comunicações Individuais entrevistas? b) de que modo são produzidos sentidos sobre a desigualdade social dos alunos? c) que outros sentidos podem ecoar nesses discursos? O corpo do sujeito transexual na (des)ordem discursiva Andréia Aparecida Thibes Santos Silveira (UNICENTRO) [email protected] A análise arqueológica de discursos propõe que analisemos os acontecimentos como ruptura ou regularidade histórica. Para que isso aconteça, precisamos considerar as condições sócio-históricas de existência dos enunciados e, porque ele é único, devemos questionar porque emergiu esse certo enunciado e não outro em seu lugar. Nessa perspectiva teórica, propomo-nos a analisar a imagem que irrompeu quando do acontecimento do dia 07 de junho de 2015, desfile da parada e orgulho LGBT, em que a modelo Viviany Beleboni, foi fotografada enquanto desfilava “crucificada”, com marcas simbólicas de agressões pelo corpo, seminua, apenas com um pedaço de pano amarrado à cintura; sua foto foi amplamente divulgada nas redes sociais, notadamente no Facebook, cujas postagens e comentários constituem nosso corpus de análise. Descrevemos e interpretamos esse acontecimento tendo em conta sua inscrição no campo de uma memória discursiva, e mais especificamente de uma memória das imagens, denominada por Jean Jacques Courtine intericonicidade. Assim, baseados nos pressupostos da análise do discurso de linha francesa, e especialmente nos apontamentos de Michel Foucault sobre o poder/saber, abordamos o corpo como objeto de discurso com o objetivo de darmos visibilidade tanto para os embates entre formações discursivas antagônicas quanto para os modos de subjetivação do sujeito transexual. As análises apontam para a produção do sujeito anormal e monstro, pois, segundo a analítica foucaultiana, trata-se um ser transgressor das leis naturais e, por isso, viola as normas da natureza. Nessa linha de análise, as regularidades enunciativas apreendidas na dispersão da história, definem o transexual, impondo-lhe uma identidade segundo os discursos que tradicionalmente legitimaram o normal e o desviante, reverberando verdades forjadas, desde a noite dos tempos, nos discursos médicos, religiosos e jurídicos. Tais verdades, no sentido que Foucault dá ao termo, impõem na atualidade das memórias analisadas o certo e o errado, o aceitável e o inaceitável, permitindo-nos analisar as proliferações, as permanências e as movências de discursos que inscrevem o sujeito em um regime particular de visibilidade e de dizibilidade, normatizado por ideais de conduta. A construção discursiva da dificuldade de aprendizagem Andréia Godinho Moreira (PUC MINAS) [email protected] Este estudo visa a analisar a construção de imagens de si e do outro no discurso produzido em âmbito escolar, em uma reunião de formação em serviço. A cena investigada ocorreu no ano de 2008, em uma escola da rede municipal de ensino de Belo Horizonte, localizada na região sul da capital, cujo público principal é constituído por crianças advindas de vilas e aglomerados, que experienciam, portanto, condições de vulnerabilidade social. O corpus deste estudo é composto por texto oral, produzido em uma reunião pedagógica, envolvendo uma professora formadora da Secretaria Municipal de Educação (SMED), a coordenadora pedagógica da escola envolvida e quatro professoras que lecionam para alunos dos iniciais da educação básica. Na época em que a pesquisa foi realizada, essas reuniões, de caráter semanal, se justificavam pelo baixo IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) da escola, devido ao alto índice de evasão e repetência. Além disso, os alunos dos anos iniciais da educação básica demonstraram um desempenho insatisfatório em avaliações sistêmicas, como a Avalia BH e a Provinha Brasil.Na tentativa de tentar reverter esse quadro, segundo diretrizes pedagógicas da SMED, a escola passou a ser monitorada por uma professora formadora, que reunia, semanalmente, com gestores e professores a fim de discutir questões político-pedagógicas, oferecer formação nas áreas de letramento e alfabetização, produzir material didático, juntamente com o corpo discente da escola, juntamente com os gestores, buscar soluções para os problemas apontados pelos professores, além de outras tarefas. No que se refere a essas tarefas, para fins de estudo, foi feita a opção por uma reunião na qual os professores discutem com a formadora sobre o que denominam problemas de aprendizagem dos estudantes. A fim de tentar entender como o grupo constrói discursivamente a imagem desses estudantes e como a gestão de vozes enunciativas e as imagens de si e do outro projetadas no discurso concorrem para a emergência de posicionamentos enunciativos/discursivos, esse estudo recorre, principalmente, às contribuições de Volochinov (1992) e Amossy (2008), procurando fazer a interceção com os estudos acerca da problemática da identidade, à luz de Hall (2006), Davies & Harré (1990), dentre outros. O Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (PNAIC) e o os Cadernos de Formação de Professores: dispositivos para a (des)igualdade no ensino de língua materna? Andreza Roberta Rocha (IEL – UNICAMP) [email protected] Este estudo toma como objeto a influência dos dizeres dos cursos de formação de professores nas representações destes a respeito de si e da realização do seu trabalho, visando a responder a seguinte pergunta: quais representações a respeito dos membros da categoria docente e do trabalho que eles realizam com relação ao ensino de língua materna emergem dos materiais escritos produzidos em função dos cursos de formação? Para tanto, tomamos como cenário a iniciativa apresentada pelo Ministério da Educação e Cultura desde 2013 denominada Pacto Nacional Pela Alfabetização Na Idade Certa (PNAIC), compromisso em função do qual o governo federal, do Distrito Federal, dos estados e dos municípios visam a garantir a alfabetização de todas as crianças até os oito anos de idade, no final do 3º ano do ensino fundamental. Mais especificamente, nos dedicamos ao exame dos materiais escritos publicados para a formação continuada dos professores, os Cadernos de formação. Com o objetivo de problematizar o modo de funcionamento dos cursos de formação, examinando a tensão decorrente do conflito entre a perspectiva de padronização das instâncias oficiais e a singularidade das pessoas envolvidas no processo de ensino de língua materna (professores e formadores de professores), 229 Resumos: Comunicações Individuais formulamos a hipótese de que é possível elencar nos referidos materiais estratégias linguístico-discursivas que permitem compreendê-los como dispositivos (AGAMBEM: 2009) que repercutem no silenciamento da categoria docente em relação às práticas que não pertençam ao discurso dominante na atualidade com relação o ensino de língua materna e à identidade do professor. Nesse contexto, tendo como referência as considerações de Coracini (2000), que problematiza o modo de presença do sujeito na atualidade, adotamos em nossas análises a abordagem discursivo-desconstrutivista, principalmente no que se refere ao modo de presença dos membros da categoria docente na atualidade, os quais, segundo a autora, são atravessados por dizeres que lhes conferem o status de produto de interesse de uma época. O exame dos Cadernos de Formação levou-nos a apreender a figura de um locutor que emprega estratégias linguístico-discursivas que apresentam o efeito de apresentá-lo aos interlocutores como uma figura que detém um saber consolidado a respeito dos professores. Discursos sobre o negro: mito, história, memória e tradição Andreza Santos Xavier Rodrigues de Carvalho (UEMG/FAPP) [email protected] O texto apresenta um exercício teórico-reflexivo dedicado a explorar uma de várias dimensões da significância discursiva proposta por Maingueneau (2008a) - o estatuto do enunciador e do destinatário - que integra o tratamento teórico-metodológico denominado como Semântica Global. De maneira a concordar com o autor da precedência do interdiscurso sobre o discurso, nos interrogamos, como um prolongamento dos resultados obtidos com a análise linguístico-discursiva e ideológica da referida categoria em Xavier (2011) que tanto o enunciador quanto o destinatário visam estabilizar um dado lugar político que atenua conflitos, visa concretizar discursivamente um determinado projeto de experiência humana tal que a imagem do negro construida discursivamente amenisam as tensões de relações de poder e não contestam ausências do estatuto epistêmico das diversas fontes de saberes africanos. Dessa forma, conceitos que estariam na ordem dos acontecimentos discursivos que tematizariam a discriminação étnica-racial como: mito, história, memória e tradição estão silenciados. Consideramos que trazer a tona tais categorias silenciadas permite ampliar uma análise da complexidade que envolve a abordagem a respeito da pluralidade da história e da cultura africana. Contribuem no trabalho teóricoreflexivo proposto: Maingueneau (2008a, 2008b) com a Semântica Global; Armstrong (2005) com a categoria de mito; Boaventura e Meneses (2009) e Meneses (2010) que discorrem sobre história e memória e, Ranger (1984) com alguns aspectos da obra “A invenção das tradições”. Em linhas gerais, optamos operar a dimensão – estatuto do enunciador e do destinatário – com o objetivo de demonstrar possibilidades para análises, à luz dos conceitos (mito, história, memória e tradições), que evidenciam um esvaziamento discursivo de maneira a cumprir uma função política do dizer sobre o negro. Metodologia de análise do discurso jornalístico a partir de uma construção processual Ângela Teixeira de Moraes (UFG e PUC-GO) [email protected] Este trabalho propõe uma metodologia de análise do discurso jornalístico a partir de uma construção processual, que inclui as etapas de produção, a publicação e a circulação da notícia. A metodologia identifica as forças discursivas que moldam os discursos nesses três diferentes momentos. No primeiro, são avaliados os valores noticiosos dos acontecimentos e o olhar do profissional sobre eles e suas condições de produção. No segundo, identificam-se os constrangimentos do gênero textual e estratégias espaciais e visuais. No terceiro, a partir dos sentidos produzidos pelos leitores, verifica-se a força da comunidade interpretativa. A força histórica aparece como subjacente a todo esse processo. Os resultados apontam para uma heterogeneidade discursiva e que, embora se possa detectar uma ordem discursiva visando à regularidade, outras forças intervenientes afetam a produção de sentidos intencionada pelo campo produtor da notícia em direção ao campo receptor. Este último também se porta de forma heterogênea, dependendo da experiência educacional e profissional. Teoricamente, a proposta metodológica baseia-se nas teorias construcionistas do jornalismo, nos dispositivos analíticos de Foucault e na estética de recepção de Stanley Fish. A pesquisa traz como objeto o suplemento "Pensar" do jornal brasileiro "O Popular", destinado a professores. Responsabilidade enunciativa: a noção do ponto de vista Angélica Ferreira da Fonseca (UFRN) [email protected] Este trabalho insere-se nos estudos sobre a Análise Textual dos Discursos (doravante ATD) e a Linguística da Enunciação. A Responsabilidade Enunciativa, como um dos níveis de análise da ATD, diz respeito ao gerenciamento das vozes em um texto e, sendo assim, à atribuição de enunciados e pontos de vista (PDV) a instâncias enunciativas. Neste sentido, interessa-nos identificar, descrever, analisar e interpretar o ponto vista e, dessa maneira, contribuir para as pesquisas sobre o fenômeno da RE. Para tal, subsidiamo-nos, particularmente, de ADAM (2011), RABATEL (2006, 2008, 2009, 2010) e RODRIGUES (2010). Ressaltamos, também, que para realizar a investigação adotamos uma abordagem qualitativa e interpretativista, bem como utilizamos o método indutivo em uma amostragem constituída pelo discurso político de posse de Lula apresentado ao Congresso Nacional em 2003. Os resultados apontam para a estreita relação entre o ponto de vista e a orientação argumentativa, além disso para a predominância do PDV afirmado no discurso político de posse. 230 Resumos: Comunicações Individuais O discurso do Mídia Ninja: a (des)igualdade social nas representações e ações midiativistas Antonio Augusto Braighi (UFMG) [email protected] Em 2013 o Brasil passou por diversas manifestações, muitas delas violentas, que levaram milhares de pessoas às ruas das principais capitais do país. Os atos foram marcados pelo grito da crise de representatividade, política e midiática; assim, nenhuma bandeira parlamentar e logo de mídias corporativas eram aceitas pelos ativistas nas marchas. É neste contexto que ganha representatividade o Mídia Ninja, coletivo de comunicação independente (veículo de imprensa alternativa) que registrava os protestos bem de perto, em tempo real, pela internet, pautando, inclusive, os tradicionais órgãos de comunicação. Em 2014, durante a Copa do Mundo de Futebol, mais uma vez os repórteres-Ninjas estavam nas ruas – período que representa o recorte de exame da pesquisa de doutorado a que esta comunicação faz referência. Os resultados foram obtidos a partir de uma apreciação balizada pela semiolinguística e análises fundamentadas em um amplo arcabouço teórico. Foi examinado o conjunto das transmissões simultâneas do Mídia Ninja, realizadas no período de 12 de Junho a 13 de Julho de 2014, composto por 290 vídeos, totalizando mais de 96 horas de exibição. Os dados indicam um forte posicionamento ideológico na defesa de causas sociais que, aparentemente, não têm grande apelo nos canais de comunicação de massa no país. Com uma métrica diferente da utilizada pela mídia corporativa, e uma parcialidade declarada, o coletivo tem dado voz a atores sociais sem muito espaço, fomentando os processos democráticos uma vez que potencializa os argumentos de movimentos sociais e de ativistas, alargando os horizontes da liberdade de expressão, trazendo mais informações para a sociedade civil. A presente comunicação então tem como finalidade apresentar os resultados da tese supracitada, procurando centralizar a discussão nos aspectos discursivos que demonstram como a dinâmica desta mídia independente pôde contribuir ainda para um trabalho crítico dos internautas, gerando reflexão, engajamento e participação política. O bafon da linguagem gay: as implicações do dialeto homossexual na sociedade Antônio José da Silva (UFAM) [email protected] Muitos são os trabalhos desenvolvidos acerca do que, historicamente, costumou-se caracterizar como "linguagem gay". Pesquisas diversas apontaram a constituição do vocabulário desse grupo social, sua relação com o Candomblé e outras referências históricosociais. Há uma riqueza incontestável na linguagem dos homossexuais, não somente pela sua variedade vocabular e de expressões já bem delimitados em diversas abordagens - mas também no fato de que a "linguagem gay" ultrapassou os limites físicos e sociais dos guetos, dos espaços frequentados por esses grupos: há uma evidente proliferação do dialeto em outras instâncias sociais. Homens, mulheres, jovens, senhores multiplicam diuturnamente expressões, termos, trejeitos antes próprios dos homossexuais. Com a presença de personagens gays cada vez mais constantes nas novelas televisivas, cada um com seus bordões, essa multiplicação tornou-se efetivamente maior, cabendo aqui a reflexão que se apresenta como cerne para proposta de pesquisa: estamos diante de mera repetição ou a linguagem dos gays é promotora de aceitação social? Há ou não um bem querer decorrente das nuances linguísticas dos homossexuais no Brasil? Com a significativa proliferação de termos, jargões e expressões comuns entre os gays, temse a hipótese de que a linguagem desempenharia, como em outros casos, o papel de promoção de um grupo socialmente posto à margem e visto com reticências, em razão de outras questões, especialmente a religiosa. Avaliar em que sentido, de fato, a linguagem atua como elemento de valorização dessas pessoas é algo que se aponta como valoroso para abordagens nesse campo. Produção textual, discursividade e ideologia no ensino médio Antonio José Filho (UEMS) [email protected] Esse trabalho, apresentado à Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, (UEMS) como estudo de Pós-Doutoramento, diz respeito a uma pesquisa sobre produção de texto e discursividade iniciada em duas turmas do ensino médio, em duas diferentes escolas públicas de Campo grande, MS. Uma das escolas de localização central, a outra de região periférica, tal critério de seleção teve como hipótese a desigualdade social. Os textos produzidos pelos alunos estão sendo analisados no tocante à textualidade segundo Koch (2003), Orlandi (1999) e Bakhtin (1986). Especificamente a coesão textual, segundo Koch (1994) e coerência textual, Koch/Travaglia (1996). Para a teoria bakhtiniana da enunciação que orienta esse trabalho, o texto ideologicamente organizado ancora a comunicação discursiva de um dado gênero do discurso. Desse modo, língua e discurso encontram-se no texto. Assim, pois a ideologia e a comunicação discursiva serão analisadas nos textos produzidos pelos alunos, segundo Bakhtin (1986 e 1990), e Brait (2005). Já a estilística e gêneros do discurso, de acordo com Bakhtin, (2013 e 2003). Hibridização do discurso científico no contexto da complexidade Antônio Marcos Muniz Carneiro (COPPE/UFRJ) [email protected] O presente artigo concerne a questões levantadas por uma tese de doutorado sobre mudanças do discurso científico que estariam ocorrendo em razão da crise do paradigma da Ciência Moderna e da emergência do movimento atual da complexidade. Esta seria crescente e acelerada por vários fatores próprios da época contemporânea. Nesse contexto, torna-se um imperativo a instauração de consensos e a fundamentação de entendimentos nos âmbitos acadêmico e científico, segmentados pela modernidade em uma diversidade de campos autônomos. As mutações científicas recentes configurariam “flutuações” e “instabilidade”, em substituição à 231 Resumos: Comunicações Individuais ordem e à estabilidade, conforme explica Prigogine (1996) no anúncio da nova Ciência. Nesse contexto, o apagamento das marcas da enunciação como manobra discursiva para efeito de objetividade do texto científico torna-se paradoxal para uma ciência que se abre à polifonia. Conforme a hipótese deduzida, foram identificadas mudanças do gênero do discurso científico, caracterizado como monológico, neutro e a-histórico, para gêneros híbridos, apropriados, a uma realidade apreendida pela incerteza, instabilidade e multiplicidade. Essa identificação foi obtida por meio de pesquisa de um corpus de projetos de orientação técnico-científica cujas metodologias configuraram o seu afastamento da matriz disciplinar do paradigma iluminista em direção à transdisciplinaridade. O quadro de referência proposto, o discurso evanescente, consiste em uma abordagem integrada com as seguintes contribuições diferenciadas, tendo em comum o reconhecimento da linguagem humana ser uma ação essencialmente interativa: em Taylor (1989), a genealogia da identidade humana na modernidade que compreende ser o seu objeto (o self) interpretações humanas mutáveis; a nova retórica com pressupostos linguístico-pragmáticos, para além do paradigma iluminista (Toulmin, 1994; Perelman e Tyteca (1996), o gênero discursivo de orientação sociocognitva com ênfase na recursividade e referenciação (Koch, 2002) e a Teoria Social do Discurso de Fairclough (2004) que associa as mudanças discursivas entre os níveis linguístico e societário. Esse framework se coaduna com novas metodologias de projetos apropriadas a problemas complexos, por propiciarem o diálogo e alternatividade, ao invés de pautar-se pela evidência (“évidence”) de Descartes ou pela reificação da mente intensificada por Locke, com seus discursos assertivos e apodíticos, fechados à alteridade e à dialogicidade. Ser e não ser bilíngue – os posicionamentos no discurso de uma brasileira professora de inglês Arabela Vieira dos Santos Silva e Franco (UFMG) [email protected] A noção de falante bilíngue remonta à antiguidade, mas, até os dias de hoje, a ciência ainda não chegou a um acordo sobre os parâmetros que delimitariam as especificidades do bilinguismo. São muitas as propostas que vão desde o mínimo de conhecimento em pelo menos duas línguas, ao extremo da proficiência em todas as habilidades linguísticas. Uma abordagem psicanalítica do discurso nos oferece a possibilidade de tratar o tema pelo viés da singularidade, isto é, analisando como cada sujeito se inscreve discursivamente como falante bilíngue. Proponho-me a apresentar algumas falas a respeito do posicionamento de uma professora extraídas de rodas de conversação com um grupo de professores de inglês em formação continuada, destacando o advento das multiplicidades de posicionamentos frente ao Outro, lugar simbólico, tesouro dos significantes. As análises foram feitas a partir da Teoria dos Quatro Discursos, de Lacan, observando-se os significantes que emergem nas falas dos sujeitos, especialmente o que desliza entre eles. Constatamos que nas relações em que o sujeito se coloca como mestre da língua, o sujeito não se desestabiliza frente aos seus deslizes, considerando-se, então, proficiente. Contudo, quando a língua assume o lugar de mestre, há uma possibilidade de giro discursivo, e esse sujeito pode se deslocar, ou para posição da histérica, ou se tornar um sujeito conformado com sua incompletude, ou, ainda, implicando-se e reinventando seus saberes, ao se posicionar como agente do seu saber no discurso do analista. Esta pesquisa pretende ser uma contribuição para os estudos sobre o bilinguismo a partir de uma perspectiva que privilegia a singularidade e a subjetividade dos sujeitos que se constituem discursivamente. Discursos sobre “desigualdade” nas vozes dos presidenciáveis nos debates televisionados 2014 Ariana da Rosa Silva (UFF) [email protected] Não se pode negar que existe no Brasil uma desigualdade social de proporção considerável, onde algumas pessoas têm vantagens e outras desvantagens em relação aos direitos e deveres perante a sociedade. Essa desigualdade pode ser vista em qualquer parte do país e está presente nos discursos de forma latente, inclusive nos discursos políticos, sendo tema relevante nas discussões da atualidade. A fala pública, segundo Courtine, “conheceu no curso do século XIX grandes mutações e profundas revoluções”, devido ao surgimento das sociedades de massa e a ascensão das novas mídias (COURTINE, 2015). Pensando nisso, este artigo propõe como objeto de estudo os discursos políticos sobre a “desigualdade” nas falas dos presidenciáveis durante os debates televisionados de 2014 e seus efeitos de sentido. Quais são os efeitos de sentido possíveis para os discursos sobre “desigualdade” nessas condições de produção? Em que situações eles aparecem e com que objetivo? Estas são as questões que norteiam a pesquisa e para esta análise, será utilizada, como aporte teórico metodológico, a perspectiva da Análise do Discurso, que surgiu na década de 60 na França, com base em estudos de M. Pêcheux e que se mantém sob três pilares: Linguística, Marxismo e Psicanálise. “Por esse tipo de estudo se pode conhecer melhor aquilo que faz do homem um ser especial com sua capacidade de significar e significar-se” (ORLANDI, 2010). De acordo com a Análise do Discurso, não se pode separar língua da história, da ideologia e dos jogos de poder. Os debates políticos são constituídos num momento de campanha política, onde o principal objetivo é persuadir o eleitor e convencê-lo a votar em determinado candidato em detrimento de outro. Desta forma, pretende-se analisar os textos orais produzidos pelos presidenciáveis de 2014 nos debates políticos transmitidos pelos canais de televisão aberta Globo, SBT, Band e Record, observando de que modo, a partir da materialidade linguística utilizada para a produção dos enunciados, os sentidos sobre “desigualdade” são construídos nesses discursos, pensando nas condições de produção em que se produzem esses discursos e ainda as filiações ideológicas a sentidos préconstruídos sobre “desigualdade”, mobilizando o conceito de memória discursiva. 232 Resumos: Comunicações Individuais O discurso da salvação: análise das estratégias argumentativas nos enunciados de Jesus dirigidos à mulher samaritana, ao jovem rico e à mulher adúltera Aristóteles de Almeida Lacerda Neto (IFMA) [email protected] Diana Sousa Silva (IEFA) [email protected] O combate de Jesus às desigualdades e à discriminação mostra-se relevante na Bíblia, principalmente por meio da linguagem. Isso motivou-nos a investigar a manifestação discursiva de Cristo em algumas passagens bíblicas. O objetivo do presente trabalho é analisar as estratégias argumentativas nos enunciados do referido personagem, dirigidos à Mulher Samaritana, ao Jovem Rico, e à Mulher adúltera, no contexto bíblico. Para a realização do presente estudo, recorremos à Teoria Semiolinguística, de Patrick Charaudeau (2010), que concebe a significação como um ato resultante não só das circunstâncias da enunciação, como também das possibilidades interpretativas do destinatário ao qual o discurso é dirigido. Os objetos de análise são os seguintes textos: Evangelho de Mateus, Capítulo 19; Evangelho de João, Capítulos 4 e 8, conforme estão plasmados na Bíblia de Jerusalém. Na verificação proposta, nosso foco recai na observação da proposta de mundo que é marcada pelo privilégio de uns em detrimento de outros (os menos favorecidos), e na análise dos procedimentos que caracterizam o discurso da Salvação. Serão avaliados os efeitos de sentido resultantes das estratégias argumentativas na construção da força persuasiva desses enunciados. Observamos que tais procedimentos agem como instrumentos persuasivos sobre os interlocutores de Jesus, aspecto que evidencia que o discurso em comento configura-se como uma atividade argumentativa, que corrobora a salvação e a esperança evangélicas. Desigualdade, sexualidade: a representação da mulher no gênero publicitário Arlete Ribeiro Nepomuceno (Unimontes) [email protected] Vera Lúcia Viana de Paes (Unimontes) [email protected] Esta pesquisa, recorte do projeto de pesquisa A Multimodalidade em Anúncios Publicitários, com o apoio financeiro da Fapemig (BIPIC), objetiva evidenciar, em peças publicitárias, diferentes modos semióticos (verbal e visual) na construção da imagem da mulher, bem como os discursos de gênero que circulam nessa construção. Para atingir tal propósito, elegemos como ancoragem a Semiótica Social, a Teoria Multimodal do Discurso (TMD), nos termos de Kress e van Leeuwen (2001; 2006 [1996]); a Linguística Sistêmico-Funcional (GSF) - Halliday e Matthiessen (2004) -; bem como a Análise Crítica do Discurso (ACD), segundo Fairclough (2001). Acolhemos a hipótese de que exista uma ordem social de gênero hierárquica e desigual mantida por interesses dominantes. Como expediente metodológico, valemo-nos de uma análise de cunho qualitativo-interpretativo de três anúncios publicitários, veiculados na mídia impressa, nos quais haja a veiculação de discursos e imagens relacionadas a figura da mulher: feminilidade, beleza, posição social, sexualidade, moda, aparência, corpo, por meio de categorias de análises, propostas pela Gramática do Design Visual. A pesquisa justifica-se por buscar evidenciar uma multiplicidade de modos semióticos que perpassam a construção ideológica da imagem da mulher: cor, brilho, luminosidade, enquadramento da imagem, posição do olhar, para citar apenas alguns. Muito embora este tema já tenha sido amplamente discutido em textos monomodais, abre-se uma nova perspectiva relevante de estudo pelo impacto visual em anúncios multimodais, a qual constrói significados, promovendo uma análise crítica do discurso. Com a proposição desta investigação, pretendemos contribuir para uma reflexão sobre linguagem e práticas discursivas na sociedade, uma vez que a publicidade, com seu poderoso discurso da pós-modernidade, busca apresentar modos semióticos na construção de relações sociais de poder e domínio, veiculando uma ideologia que traduz significações da realidade, como bem pontua Fairclough (2001). Desigualdad cultural: las metáforas en la traducción de textos financieros en inglés y español Armando González Salinas (Facultad de Filosofía y Letras - UANL) [email protected] Adriana Elizabeth Rodríguez Althon (Facultad de Filosofía y Letras - UANL) [email protected] Es un proyecto de investigación con alumnos de 9º semestre, Especialidad en Traducción en la UANL (Monterrey, México). Se trabaja con un artículo en inglés publicado en internet como noticia: “Emerging Markets Are Still the Future”. Se localizan metáforas en economía (Ramacciotte, 2012) para traducir al español. El propósito se centra en el manejo de recursos retóricos en publicaciones en inglés como parte del ejercicio de traducir al español. Secuencia: 1. Investigar la teoría sobre análisis del discurso especializado, 2. La metáfora en textos financieros responde a una necesidad de comunicación, y divulgación para lograr un acercamiento al lector no especializado en estos temas, Gilarranz (2008:408) y esto es la base para facilitar al lector especializado o no en estos temas la alternativa de encontrar rasgos de desigualdad cultural en las metáforas seleccionadas, 3. Espigar la versión original en inglés para identificar metáforas; 4. Traducir al español en grupos y discutir versiones; 5. Comparar y contrastar las versiones de traducción de las metáforas; 6. Revisar la clasificación de las mismas por campos semánticos en ambos idiomas/culturas en donde se discute la adecuación de expresiones discursivas clave, y su léxico. Se siguen tanto la clasificación de Gilarranz (2008): de movimiento, estado físico de la materia; clima, y personificación, como la de Russo (2006) que incluye medicina, la salud: optimista, o patológico, en las que se encuentren indicadores de atenuación/intensificación e identificación de imagen. Se discuten la equivalencia semántica en la creación de metáforas, y el apego a las características culturales e idiosincráticas de cada lengua. Se contrasta cada metáfora identificada/traducida antes de realizar la versión final. 233 Resumos: Comunicações Individuais Presuppositions and implicatures in mass media socio-cognitive representation of the nigerian police force Asiru Hamee Tunde (Kenyatta University) [email protected] The continuous debates on the power of the mass media in scholarly works have attracted the concerns of linguists in recent times. This is particularly owing to the fact that mass media is a strong part of the various institutions that inform, create and recreate the world that we live with imbued ideologies; consciously or unconsciously, positively or negatively. This research, therefore, explores the instances of presuppositions and implicatures in how mass media; specifically, print media sociocognitively represents the Nigerian Police Force (NPF) with the intent of uncovering the covert ideologies that lie behind their representation. The work is situated within the theoretical framework of Critical Discourse Analysis in order to uncover implicit meanings, that is, the ideological loads of the representation. The study discovers that the Nigerian Police Force is negatively portrayed by the media; hence the negative mental models and sociocognitive representations being shared by individuals and the public. Produção escrita na escola: tecendo caminhos de autoria Atauan Soares de Queiroz (IFBA) [email protected] O objetivo geral do estudo é ampliar o debate teórico e metodológico sobre práticas pedagógicas do ensino de LP no EM, na área de produção escrita, na perspectiva da constituição do aluno como sujeito-autor. Desse objetivo, derivam-se outros dois, quais sejam: analisar as práticas pedagógicas de produção textual, em aulas de LP, identificando a concepção de língua(gem), escrita e autoria que embasa a prática docente; analisar como os traços de autoria, de singularidades, se apresentam, nos textos produzidos pelos alunos. A pesquisa justifica-se pela necessidade de promoção de um debate sobre um tema que ainda não foi suficientemente incorporado ao ensino da língua, nem do ponto de vista teórico nem do metodológico: o estudo do texto e sua relação com a autoria, considerando as práticas pedagógicas que orientam a produção escrita no EM. O estudo de natureza qualitativa e inspiração etnográfica, operacionalizado através de entrevista semiestruturada, observação de aula e análise de documento (planejamento anual de ensino de cada professor e textos produzidos pelos alunos), ancora-se nos estudos teóricos desenvolvidos pela Análise de Discurso Francesa, pela Linguística Textual e pelos autores do campo da Educação que se preocupam com a pedagogia da escrita. O locus de produção das informações foi o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia – IFBA, campus Barreiras, e os sujeitos do estudo foram 03 (três) docentes de Língua Portuguesa que atuam no EM integrado e suas respectivas turmas, totalizando um universo de 03 (três) turmas. A análise das informações mostrou que os professores ensinam a escrita, visando ao aperfeiçoamento das competências e habilidades textuais dos alunos, não necessariamente da autoria, que surge como consequência. O discurso pedagógico transita entre o autoritário e o polêmico. Constatou-se que há indícios de autoria nos textos produzidos pelos alunos, mas isso acontece especialmente nas últimas séries. Os processos de revisão e reescrita se revelaram como indispensáveis para a elevação da qualidade dos textos dos alunos e, consequentemente, para o aparecimento de indícios de autoria. No contexto do EM, o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) tem-se constituído o Outro (grande outro) para docentes e discentes. Metaphors teachers live by: Discourse and its sociohistorical contexts Audra Skukauskaite (University of the Incarnate Word) [email protected] Melissa Gonzales (University of the Incarnate Wordi) [email protected] Since Lakoff & Johnson’s 1980 publication of “Metaphors we live by” scholars across disciplines (e.g., Agbaria, 2011; Aspinwall, 2008; Boers, 2003) have examined how the metaphors people use inscribe particular meanings and views of the world. Metaphors have long been used to understand teacher views of themselves and of teaching (e.g., Alger, 2009; Baptist, 2002; White & Smith, 1994; Zapata & Lacorte, 2007). However, little of the literature on teaching and teacher education examines the views of practicing, especially veteran, teachers, or situates teacher discourse within the broader social, political, and/or economic contexts of teachers’ lives. Revealing how practicing teachers view themselves within schools and in society can demonstrate ways in which teaching is part of the complex web of social and educational processes (Anderson-Levitt, 2002; Tierney, 2010). Understanding what teachers think and what are the bases for those thoughts can enable teacher educators, teachers, and policy makers to tap into vast knowledge and rich understandings of education that veteran teachers have developed over time. After all, understanding the past and its multiwebbed connection to the present is a necessary foundation for building educational environments that are socially just and culturally and globally relevant. In this paper we examine three metaphors one veteran teacher uses as she describes her work and her position in education. The metaphors of “teacher placement,” “boar gardens,” and “lighthouse” the teacher used in an open-ended interview are used to examine the social, historic, political, economic and value conditions of her work and life as a teacher. Two analytic approaches are used to examine each metaphor. A discourse analysis from a sociolinguistic perspective reveals how the teacher develops and signals her thinking through her discursive choices (Ivanič, 1994). The second analytic pass is a sociohistorical analysis of the histories and conditions the teacher inscribes through her metaphor. By analyzing metaphors through two analytic lenses I make visible the inextricable links between societal developments and the discursive choices through which the teacher, in an interview context, constructs a meaning for her life, actions, and views. 234 Resumos: Comunicações Individuais Práticas discursivas machistas e resistências feministas Augusta Cássia Schwtner David (UNIFRAN) [email protected] O presente trabalho se propõe a entender as condições de produção discursiva que propiciaram a emergência de comentários machistas sobre o caso do ranking sexual exposto publicamente no câmpus da ESALQ/USP na cidade de Piracicaba em junho deste ano; nosso principal objetivo se traduz em desvelar como tal discurso tão desmerecedor do sexo feminino ainda se reproduz e se reverbera num momento em que as mulheres se mostram cada vez mais independentes, capazes e ocupadoras de lugares antes destinados apenas aos homens. Para tal estudo, nos valeremos da abordagem francesa dos estudos de Análise do Discurso, teoria que abarca uma visão da Linguagem como lugar onde a Ideologia e o inconsciente se expressam. Pêcheux, Althusser, Lacan e Foucault são alguns dos autores em destaque nessa perspectiva; dentre eles, debruçar-nos-emos sobre as reflexões de Michel Foucault, por apresentar uma visão arquegenealógica sobre os conceitos de sujeito, enunciado, (des)continuidade histórica e relações de poder que ora permitem ora interditam a produção e a disseminação dos saberes e vontades de verdade. Comentários feitos na página www.g1.com - onde a notícia foi veiculada - encerram o escopo a ser analisado. Flexibilização dos direitos trabalhistas – acordos de fatos e verdades falaciosos Aurelio Agostinho Verdade Vieito (UFMG) [email protected] Verificamos, na disputa pela prevalência entre discursos de categorias econômicas e profissionais, a estratégia de, a priori, considerar acordos sobre fatos e verdades, próprios de auditórios particulares (especializados), como se fossem acordos de auditório universal (PERELMAN & OLBRECHAT – TYTECA, 2000), com objetivo de ofuscar qualquer dúvida ou pergunta do interlocutor ou de silenciar vozes de outros protagonistas. Em se tratando de discursos de categorias econômicas constamos que o resultado dessa estratégia é a restrição a direitos dos trabalhadores, como podemos inferir em discursos relativos à flexibilização dos direitos trabalhistas, acirrando ainda mais a desigualdade social. Nesse sentido, há conjuntamente com o discurso jurídico um discurso midiático corroborando com a tese da universalidade e unanimidade dos argumentos trazidos à baila. Muitos debates televisivos são organizados para debater certos assuntos, como o da necessidade de flexibilização dos direitos trabalhistas, porém com um discurso monofônico em que o contraditório é raro. As divergências são apresentadas como periféricas, o que provoca um consenso forjado (FONSECA, 2005). Na argumentação a noção de fato se dá “pela ideia que se tem de certos gêneros de acordos a respeito de certos dados: os que se referem a uma realidade objetiva ( ..)”(PERELMAN & OLBRECHT –TYTECA, 2000: 75). Porém, esse acordo pode ser refutado e rompido se um dos interlocutores levantar dúvidas sobre ele. No caso da flexibilização dos direitos do trabalhador, parte – se de certas presunções, entre elas a de que as categorias econômicas e profissionais estão devidamente representadas, em igualdade de condições, e de que as normas trabalhistas impedem o desenvolvimento do país. Ora, como elas decorrem de enunciados que estabelecem uma verossimilhança com o real, mas que o senso comum (como se fosse um auditório universal) dá como válido, há a metamorfose da presunção ao acordo do auditório universal. No entanto, nosso objetivo é mostrar que as afirmações partem de oradores especializados e muito raramente se ouve a voz dos trabalhadores ou do contraditório, o que pode evidenciar que a força dessas presunções se deve mais à legitimidade e poder das fontes enunciativas do que do valor de evidência dos fatos e das verdades asseveradas. La percepción de la problemática ambiental en la revista argentina Expreso Imaginario (1976-1983) Àyelen Dichdji (Universidad Nacional de Quilmes) [email protected] En las últimas décadas, la preocupación por la cuestión ambiental y la emergencia de los problemas socioambientales suscitaron un progresivo interés en la relación hombre-medio. Esto habilitó nuevos marcos de interpretación dado que la alteración del ambiente habla de la propia sociedad que la genera. Al tiempo que, ese vínculo entre la sociedad y el ambiente es definido por los procesos políticos, sociales y económicos que protagonizan los hombres en su apropiación de los espacios y en la utilización de sus recursos (Zarrilli, 2014). La historia ambiental dado su abordaje interdisciplinar, se posiciona como pilar primordial que impulsa la relectura de los desequilibrios ambientales en clave histórica. Asimismo, atiende a las relaciones sociedad-naturaleza y establece diálogos con otros campos disciplinares, como el análisis crítico del discurso. En este sentido, estas disputas entre sociedad-ambiente, también se proyectan en el universo discursivo y conforman un orden social de los discursos (Foucault, 1973) donde tanto la producción y circulación como la intervención y regulación de éstos: construyen identidades, relaciones sociales y sistemas de conocimiento de los hablantes (Martín Rojo, 1997; Fairclough, 1995). En este trabajo analizaremos la revista argentina Expreso Imaginario (1976-1983) partícipe de movimientos influenciados por tendencias vanguardistas con un fuerte hincapié en las preocupaciones por cuestiones socioculturales. Esta publicación, dentro de la prensa gráfica contracultural argentina, fue pionera por ofrecer un lugar destacado a temas inéditos para la época y, a su vez, no abordados por otros medios de comunicación: como la crisis ambiental mundial que identifica como un eje de discusión. Así, en tanto fuente de información histórica sobre prácticas socioambientales, y sus repercusiones en el pasado reciente, siguiendo la Teoría de la Argumentación de Ruth Wodak, es posible preguntarse: ¿bajo qué argumentos y estructura argumentativa se presenta y emerge la problemática ambientalista en la prensa gráfica contracultural argentina y cómo esto dialoga con la Historia Ambiental? 235 Resumos: Comunicações Individuais Development fantasy in Brazil and Turkey Aykut Ozturk (Syracuse University) [email protected] AKP in Turkey and PT in Brazil have ruled their countries during the last fifteen years. Both parties have gone through very similar processes: taking power as an outsider at a highly elitist and lowly institutionalized political system, ruling during a period of fast economic growth, and winning consecutive elections. During these fifteen years, AKP succeeded to establish an ideological regime and create a new political identity around the promise of 'national development'. An increasingly active foreign policy based on a claim for the leadership in global politics, grandiose infrastructural investments and construction projects symbolizing the development of the country, a charismatic leader, and increased levels of consumption helped AKP to establish this regime. Using the Lacanian terminology, I define this ideological regime as “development fantasy”. The development fantasy in Turkey monopolized the national discourse, veiling the increasing inequalities and class cleavages in the society. Following the function of Lacanian fantasy , when the economic growth faltered, development fantasy easily gave way to conspiracy theories about external enemies. PT, and especially Lula, made very similar moves in Brazil; grandiose developmentalist projects starting after PAC, a very active foreign policy directed towards polishing the brand of Brazil, an enthusiasm to host mega-events, and increased consumption characterized the discourse of PT years. Yet, Brazil’s ideological regime turned out to be more resistant to the “development fantasy” than Turkish ideological regime. Most importantly, the support of PT was more conditional on indicators of material well-being and good governance. Unlike Turkey, PT supporters were in the streets during 2013 protests. Why did this divergence occur between Turkey and Brazil? My presentation intends to promote this question and discuss possible explanations. I hope that a comparison of ideological regimes in Turkey and Brazil will help us to better understand the conditions under which discursive projects become more successful. Similarly, I hope that, a discussion of ‘development fantasy’ will demonstrate when ‘inequality’ and 'class cleavages' can be successfully concealed by other discursive formations promoting 'national unity'. Inégalité, religons et discours religieux : le Coran et la femme Ayşe Kıran (Université de Hacettepe) [email protected] Faire une étude sur le Coran présente quelques problèmes qui rendent difficile une analyse textuelle du discours. La rédaction de Coran à une époque très éloignée pose des difficultés culturelles et sociales. Le texte traduit (Le Coran, traduit par Kazimirski Garnier 1981) amène par ailleurs les problèmes sémantiques, stylistiques, pragmatiques et énonciatifs. Le discours dialogique et polyphonique tenu dans le Coran laisse entendre à la fois la voix de Dieu et celle de Mahomet et organise la vie sociale et les croyances de l’époque. Dans ce contexte la place accordée à la femme montre surtout son existence dans la vie privée et dans l’espace clos. Dans le mariage l’inégalité est exprimée de la façon suivante : « Les maris sont supérieurs à leurs femmes » (Sourate II, verset 228 : p. 127). Bien que la première femme de Mohamet soit une riche commerçante (p. XIX) et qu’elle lui propose le mariage le discours coranique n’accorde aucune indépendance à la femme. Dans ce discours on n’observe non plus aucune relation amicale et professionnelle de la femme, en dehors de sa famille. Presque la majorité des femmes qui figurent dans le Coran ne portent pas de nom et ne sont pas décrites par leurs traits physiques et psychologiques. Elles n’ont donc ni d’identité ni de traits distinctifs. Elles ne sont définies que par leurs dépendances familiales : épouse, compagnon, mère, fille, concubine et esclave. N’étant pas considérées égales une hiérarchie est établie entre elles : femme mère/ femme qui n’enfante plus ; mère/ épouse (« Dieu n’a pas donné deux cœurs à l’homme ; il n’a pas accordé à vos épouses le droit de vos mères » (Sourate XXXII, verset 4, p. 443)…. Dans notre travail nous comptons étudier égalité/inégalité, la dépendance des femmes à l’homme en fonction du discours coranique selon l’ethos dit et l’ethos montré. Plusieurs versets sont repris dans de différentes sourates tout comme ceux qui concernent les femmes. Ces reprises révèlent l’ethos retravaillé du locuteur qui est également le sujet de cette proposition. A imagem da mulher bruxa e a inferioridade feminina Bárbara Amaral da Silva (UFMG) [email protected] A Caça às Bruxas foi um fenômeno que se deu por volta dos anos de 1450, momento final da Idade Média e início da Idade Moderna. A Caça foi uma tentativa de por fim à bruxaria, um movimento pagão cujas diversas versões deixam dúvidas sobre o que teria ocorrido. Fato é que, condenadas como bruxas, milhares de mulheres foram torturadas e mortas. A construção da imagem da mulher como uma bruxa se deu principalmente a partir da difusão de determinadas obras publicadas em sua maioria por religiosos inquisidores. Levando-se em conta a Análise do Discurso, pretendemos no presente trabalho refletir sobre a construção da imagem da mulher bruxa em uma dessas obras, mais especificamente naquela que ganhou mais destaque na época e uma das mais conhecidas até a atualidade, O Malleus Maleficarum (O Martelo das Feiticeiras), publicado pela primeira vez em 1486. Nesse sentido, retomaremos a tríade aristotélica, ethos, pathos e logos, sob um viés atual. Abordaremos, portanto, os elementos linguístico-discursivos que contribuíram para a criação dessa imagem e, consequentemente, para a desigualdade de gêneros. Para tanto, a pesquisa será baseada, principalmente, na Análise Argumentativa do Discurso, proposta por Ruth Amossy, sem deixar de lado, entretanto, contribuições de outros pesquisadores, como Patrick Charaudeau e Perelman & Olbrechts-Tyteca. Por fim, refletiremos a partir de autores de outras áreas, como Michelle Perrot e Pierre Bourdieu, sobre possíveis consequências dessa imagem da bruxa para a mulher não só da modernidade, mas da pós-modernidade, ou seja, sobre os efeitos de uma imagem dessas para a vida de uma mulher. 236 Resumos: Comunicações Individuais Imaginários sociodiscursivos acerca dos esquizofrênicos: entrevista sobre o documentário “pára-me de repente o pensamento”, de Jorge Pelicano Bárbara do Vale Reis de Sousa (UFMG) [email protected] Este trabalho tem como objetivo analisar, a partir da fala de sujeitos-entrevistados, quais são os imaginários sociodiscursivos que circulam sobre os esquizofrênicos naquilo que poderíamos designar como “discurso do senso comum”. Para tanto, analisamos uma entrevista com a participação do cineasta português Jorge Pelicano e do ator Miguel Borges sobre os pacientes esquizofrênicos do Hospital Conde de Ferreira, na cidade do Porto, Portugal e o documentário Pára-me de repente o pensamento, do cineasta referido, no contexto do lançamento do documentário, à emissora RTP – Rádio e Televisão de Portugal, em 07 de maio de 2015. Para tal análise, apoiar-nos-emos, sobretudo, nos conceitos de imaginário sociodiscursivo e de identidade (CHARAUDEAU, 2005, 2015) para levar à compreensão sobre a formação dos imaginários sobre os esquizofrênicos pacientes e participantes do longa-metragem configurados na entrevista. O anonimato como estratégia de combate às desigualdades de um mundo panóptico Bárbara Marques Barbosa de Carvalho (UFMG) [email protected] Em nossa comunicação, buscaremos discutir o anonimato como estratégia para combater uma situação de desigualdade, tomando como objeto de análise o coletivo Anonymous – uma comunidade online de hacktivistas (hackers e ativistas) que tem uma estrutura descentralizada e horizontal, sem líderes e sem legitimidade. O coletivo é formado por um grupo heterogêneo de membros anônimos, que têm em comum a busca pela liberdade na Internet e no “mundo real”. Selecionamos duas “operações”, ou protestos, para nosso corpus: a Chanology, protesto contra a igreja da Cientologia, e a Operation Payback, que apoiou o WikiLeaks. Elas são operações determinantes para a formação do coletivo, para sua consolidação política e de seu anonimato. Anonymous se encontra em uma posição desprivilegiada, pois não conta com legitimidade nem tem apoio político ou financeiro como seus adversários. Acreditamos que, para ganhar força e combater a desigualdade da posição em que se encontra, Anonymous, de forma consciente ou não, lança mão da estratégia discursiva do anonimato. Enquanto analistas do discurso, adotaremos a concepção de sujeito de Charaudeau, que o entende como nem totalmente livre nem totalmente submisso. O autor diferencia o espaço das restrições (imposições da situação comunicativa ao sujeito) e o espaço das estratégias (margem de manobra que permite ao sujeito se diferenciar para alcançar seu projeto de fala). A partir disso, buscaremos realizar nossa análise com base no conceito de Panoptismo de Foucault, exposto em sua obra Vigiar e Punir. Na estrutura arquitetônica do Panóptico, há uma situação de desigualdade clara entre o vigia que está na torre e os prisioneiros isolados nas celas. O vigia se esconde nas sombras da torre e, ao mesmo tempo, consegue ver com total transparência todos os prisioneiros nas celas. Anonymous se rebela contra a censura e o estado de vigilância que existe tanto no mundo cibernético quanto no real e quer fugir dos moldes panópticos estabelecidos pela estrutura da sociedade em que vivem (Estados Unidos). Assim, Anonymous, com seu anonimato, tenta fugir da posição de vigiado, pois o coletivo adquire certas características do vigia da torre, saindo da luz reveladora para a proteção das sombras da torre. As relações sociais nos transportes coletivos Benalva da Silva Vitorio (UNISANTOS) [email protected] Durante a semana, já se tornou rotina na vida de muitos brasileiros o jogo alternado entre paciência e irritação no trânsito das grandes e médias cidades, que fica mais tenso quando se viaja em transporte coletivo, dependendo do movimento no trânsito. Nos horários de pico, o interior dos ônibus lotados proporciona campo fértil para observar a relação que os sujeitos mantêm com esse espaço e com os outros ao seu redor. Como as palavras constituem a mediação que estabelece o vínculo dos sujeitos com o seu círculo no espaço do transporte coletivo, procuramos compreender o sentido da relação entre discurso e desigualdade, a partir das narrativas de vida. Assim, procuramos analisar o discurso de motoristas e passageiros de linhas dos ônibus da Viação Piracicabana, uma das cinco empresas que opera o transporte intermunicipal na Baixada Santista, região metropolitana do estado de São Paulo. Por meio de pesquisa etnográfica, com apoio teórico dos princípios e procedimentos da Análise de Discurso da Escola Francesa, observamos, descrevemos e analisamos as dinâmicas interativas e comunicativas para compreender os contextos destes relacionamentos. No discurso dos sujeitos pesquisados, passageiros e motoristas de linhas dos ônibus que circulam entre os municípios de Praia Grande, São Vicente e Santos, buscamos compreender os processos de produção de sentidos e de constituição dos sujeitos em suas posições. Como em todo dizer há sempre um não-dizer necessário, procuramos compreender também o sentido no silêncio, que passa pelas palavras, que escorre por entre a trama das falas. Assim, no exercício permanente dos bordos da interpretação, entendemos a desigualdade social que marca as relações entre as pessoas nos transportes coletivos. Na prática discursiva de entrevistados, há confirmação do que mostra a realidade: grávida, portador de deficiência física, idoso, que viajam em pé, enquanto jovens fingem dormir nos assentos reservados; motoristas que desrespeitam as dificuldades físicas dos passageiros, entre outras atitudes que, em nosso país, escapam do exercício de cidadania. #MeuAmigoOculto: estratégias discursivas utilizadas em uma campanha de miltância feminista online Bruna Toso Tavares (UFMG) [email protected] Em novembro de 2015, depois do sucesso da campanha Meu primeiro assédio, mais uma campanha de cunho feminista tomou conta das redes sociais. Aproveitando o engajamento esperado pelo Dia de Luta Mundial contra a Violência contra as Mulheres, 25 de 237 Resumos: Comunicações Individuais novembro, e de novos protestos no Brasil contra o projeto de lei que dificulta o acesso à pílula do dia seguinte em postos públicos, por meio da hashtag #MeuAmigoSecreto, militantes expõem comportamentos incoerentes de amigos e colegas que, na prática, se mostram machistas e preconceituosos, embora pareçam não perceber isso. A campanha usa a tradicional brincadeira do Amigo Oculto, típica dos fins de ano, para revelarem práticas machistas a fim de combatê-las, escancarando a violência simbólica sofrida pelas mulheres. Por outro lado, alguns homens descontentes com a delação velada criaram também a hashtags #MinhaAmigaSecreta por meio da qual, em alguns casos, atacam ditas incoerências do discurso feminista de algumas amigas e, em outros, reproduzem com veemência um discurso machista de depreciação da mulher. Assim, neste trabalho, pretendemos investigar as estratégias discursivas utilizadas neste discurso de militância feminista online e de seu contra-discurso, buscando identificar as imagens do amigo e da amiga oculta que são construídas, os efeitos patêmicos suscetíveis de serem provocados, relacionando-os com valores colocados em cena na situação de comunicação, assim como os raciocínios construídos por ambos os lados. Para isso, utilizaremos a Retórica aristotélica e trabalhos contemporâneos que apresentam visões renovadas desta, como em Perelman e Amossy, além de perspectivas que tratam da questão de gênero e da transgressão. La Ciudadanía Política y los discursos sobre la igualdad/desigualdad de género. Bruno Bivort Urrutia (Universidad del Bío-Bío) [email protected] En el contexto latinoamericano la presencia de mujeres en los cargos políticos de mayor importancia en países como Argentina, Brasil y Chile, ha generado la impresión de que la brecha en la representación política de la mujeres ha disminuido en los último años, sin embargo la realidad ha estado marcada por procesos diversos y complejos; que configuran un escenario en el que las desigualdades políticas que se han posicionado históricamente continúan siendo la característica preponderante, al menos en el caso de Chile. La actual conformación del Senado y de la Cámara de Diputados sigue siendo mayoritariamente de carácter masculina, por tanto demandas que han surgido desde los movimientos de mujeres se han visto afectadas por tal escenario poco favorable a las transformaciones respecto de derechos fundamentales como el aborto, el acoso callejero, la penalización de la violencia de género y de los femicidios, entre otros. En esta ponencia se presentará un análisis que problematiza las condiciones de producción del discurso de la igualdad/desigualdad política de género, en jóvenes de educación superior de la región del Biobío en Chile, para ello se realiza un análisis del discurso de estudiantes que participaron grupos focales convocados para analizar las prácticas discursivas de ciudadanía política, desde una perspectiva de género. Se parte de la comprensión de la ciudadanía política como una práctica discursiva orientada a tener una incidencia más equitativa en el ejercicio del poder y se aborda desde la perspectiva teóricometodológica del Análisis Crítico del Discurso, de orientación sociológica. Los resultados son producto de una investigación desarrollada por un grupo interdisciplinario y que cuenta con financiamiento de la Dirección de Investigación de la Universidad del Bío-Bío, en la investigación se ha podido constatar la persistencia de desigualdades respecto de la participación política en hombres y mujeres, la que estaría asociada a procesos de socialización diferenciados y a la vigencia de estereotipos de género respecto del desempeño de la actividad política y del desenvolvimiento en espacios públicos y privados, así como diferencias respecto ámbitos de interés y prioridades en agendas ciudadanas por sexo. O diálogo sobre cotas no vestibular 2015 da UFPR: tensões e latências no espaço público brasileiro Bruno Bohomoletz de Abreu Dallari (UFPR) [email protected] O vestibular 2015 da UFPR (que não está integrado ao SISU) deixou de exigir uma nota de corte mínima para a segunda fase, garantindo o ingresso de uma certa percentagem de estudantes cotistas independente de seu desempenho nos exames, o que suscitou discussões entre participantes diretamente concernidos. Esta pesquisa analisa essas falas, coletadas na internet e nas redes sociais. Ancorada no dialogismo bakhtiniano, mas recorrendo também a conceitos gerais da AD, o objetivo da pesquisa é (1) identificar os termos do diálogo em torno do tema, os discursos que o constituem e sua orientação argumentativa e (2) compreender e configurar como esse diálogo se inscreve no espaço público brasileiro e que espécie de tensões e latências ele revela, não só sobre o tema-álibi das cotas, mas sobre a desigualdade constitutiva da sociedade brasileira. As falas coletadas não visam registrar posicionamentos eventualmente assumidos por indivíduos, o que é acidental e secundário ou irrelevante, mas identificar as vozes que constituem esse diálogo. Para esse efeito, essas falas têm um valor amostral qualitativo na medida em que correspondem a discursos em circulação proferidos por diversos falantes inespecíficos. A discussão incide desde sobre aspectos tópicos do processo (como um estudante que tirou 2 em Matemática pode seguir um curso de Engenharia?) até questões gerais sobre a dimensão social e política do sistema (cotas raciais ou sociais?). Há algumas manifestações em primeira pessoa (por que eu, que estudei o ano inteiro e não sou branco, nem rico, vou perder minha vaga para um cotista?) e outras que colocam posicionamentos gerais (faculdade pública para quem fez escola pública; faculdade particular para quem fez escola particular). A controvérsia que talvez sintetize o sentido do debate é sobre o que é fazer justiça, nesse contexto: é dar uma oportunidade a quem foi privado de meios para entrar na universidade ou reconhecer o mérito de quem se mostra mais capacitado e se esforçou para isso? O quadro que emerge coloca o dilema sobre o encaminhamento da questão social no Brasil, num diálogo cujos termos aparecem explicitados no debate sobre as cotas. O combate à diferença: movimentos de desqualificação na mídia brasileira Bruno Deusdará (UERJ) [email protected] Neste trabalho, investigamos os modos de apreensão, cristalização e desqualificação da diferença, nos discursos midiáticos. Como quadro teórico de referência, partimos da noção de prática discursiva, tal como elaborada por D. Maingueneau (1997), afirmando 238 Resumos: Comunicações Individuais dupla produção entre texto e comunidade de sustentação desses textos e da hipótese de uma semântica global (MAINGUENEAU, 2005). Aliado a isso, recuperamos em G. Deleuze e F. Guattari (2004) uma política cognitiva da diferença. Para tanto, analisaremos textos publicados em revistas de grande circulação, a respeito de evento recente no contexto francês. Os resultados apontam para movimentos de essencialização e consequente desqualificação da diferença. Pela preservação de uma desigualdade: entre o discurso da ciência, o discurso do capitalismo e a psicanálise Bruno Focas Vieira Machado (UFMG) [email protected] Tomando como ponto de partida uma articulação entre linguagem, discurso e psicanálise; torna-se possível propor uma generalização da ideia de desigualdade. Como afirma Lacan, se não há harmonia no mundo dos humanos é pelo fato de sermos seres falantes afetados por uma linguagem que põe a trabalho uma falta, falta essa engendrada pelo encontro arriscado das palavras e dos corpos. O ser falante é, partindo deste paradigma, estruturalmente assimétrico e desigual em relação ao Outro simbólico e ao seu semelhante, o que implica a singularidade do sujeito. Considerando tais afirmações, o presente trabalho pretende discutir e refletir sobre essa noção de desigualdade, inscrita estruturalmente para o ser falante. Para cumprir esse objetivo, é proposta uma interface entre a intervenção de Pêcheux de 1983 (O discurso: estrutura ou acontecimento) e algumas questões psicanalíticas contemporâneas sobre os efeitos da “dominação combinada” de dois discursos: o discurso da ciência e o discurso do capitalismo. Pêcheux, em um diálogo com a psicanálise, problematiza as consequências dessa combinação discursiva, denunciando como efeito uma instabilidade lógica da singularidade do sujeito. Pêcheux também não se furta a afirmar que o discurso da ciência tem como característica o apagamento do sujeito em sua estrutura, este permanecendo, no entanto, “presente por sua ausência”. O pragmatismo do sujeito contemporâneo, expressão de Pêcheux, busca apagar essa desigualdade singular estruturante do sujeito, assim como esforça por anular os efeitos de sujeito no discurso. Tal discussão o coloca em articulação com questões contemporâneas da Psicanálise. Para Ansermet, psicanalista francês, esse neo-positivismo forma uma das “epistemes” maiores do nosso tempo, o que para ele também vem a afetar o lugar do sujeito. Em suas palavras, o sujeito pragmático tem por si mesmo uma imperiosa necessidade de homogeneidade lógica. Ansermet, assim como fez Pêcheux três décadas antes, situa o centro desse debate no cientificismo contemporâneo. Dessa forma, ilumina-se determinados pontos da última construção teórica de Pêcheux que legitimam a interface entre o campo discursivo e o campo psicanalítico, assim como pontos da reflexão pêcheutiana que problematizam a questão do cientificismo no mundo atual. Os discursos sobre educação e trabalho para os adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa Caio Cesar Silva Nascimento (CEFET–MG) [email protected] Maria Aparecida da Silva (CEFET-MG) [email protected] A pesquisa tem a pretensão de refletir acerca da medida socioeducativa de internação no âmbito da educação para o emprego e trabalho. Tem como método à análise bibliográfica dos documentos legais e a pesquisa exploratória. No imaginário popular da sociedade brasileira, o trabalho é a grande salvação para o problema social da adolescência em conflito com a lei e educar para o trabalho é o discurso para a juventude. No cumprimento das seis medidas socioeducativas; advertência, obrigação de reparar o dano, prestação de serviços à comunidade (PSC), liberdade assistida, inserção em regime de semiliberdade, e internação em estabelecimento educacional, a premissa da educação para o trabalho é o foco na medida socioeducativa, pelo Estado, pelos adolescentes e seus familiares. Indaga-se; como educar um futuro trabalhador crítico, solidário e consciente cercado por grades, paredes, com proibições de entrada e utilização de instrumentos pedagógicos necessários para a formação profissional, com educandos com mãos para trás, com cabelos raspados e roupas iguais? A presente pesquisa discute as concepções de emprego, trabalho em sua relação as medidas socioeducativas, e também pretende dialogar em como os documentos legais da socioeducação traduzem uma concepção de mundo, sociedade, homem e natureza para os socioeducandos e para os trabalhadores da socioeducação. A historicidade da criança e do adolescente em conflito com a lei é marcada por ações de inserção em empregos. Os discursos do emprego como dignidade permanecem presente, porém, surgem as ideias da centralidade do trabalho para as nações ricas e do trabalho como cultura e socialização. Qual trabalhador os programas de educação nas medidas socioeducativas pretende formar? Atualmente, vive-se a divisão entre os saberes tácitos e teóricos, entre o trabalho intelectual e o braçal, a retenção do lucro e da matéria prima, o valor da força de trabalho, as divisões nos processos de produção, e as necessidades da classe trabalhadora como participante no sistema de compra. A acomodação do trabalho ao capitalismo. E falando dos "menores" ou "desvalidos da sorte", quais ações são necessárias para sair da alienação? A “estigmação” como argumento: entre denunciação e legitimação da lei do véu integral Camila Cabral Arêas (Universidade Paris II - Sorbonne Panthéon-Assas) [email protected] Esta proposta de comunicação trata da centralidade do argumento da “estigmatização” no debate público sobre a lei do véu integral na França (2009-2010). A partir de uma perspectiva semiótica - centrada na análise do sentido pragmático dos enunciados argumentativos -, o objetivo desta comunicação é compreender as diversas apropriações e re-significações do argumento da “estigmatização” operados pelo atores sociais, midiáticos, políticos e religiosos inscritos no debate público conhecido como o “Caso da burca” (Affaire de la burqa). Articulando o terceiro, o quarto e o quinto eixo de análise propostos nesta chamada de comunicação, propomos estudar o fenômeno de estigmatização na materialidade dos discursos políticos, midiáticos e religiosos que configuram 239 Resumos: Comunicações Individuais este debate público. No seio deste, tratamos a estigmatização como um processo de expressão e/ou de construção de uma desigualdade que é não apenas social, política, econômica, mas sobretudo que se constitui como uma desigualdade de “visibilidade”, reconhecimento e estima. (Heinich: 2012 / Aubert, Haroche: 2011). O estudo semiótico da cobertura de imprensa nacional (Le Monde, Libération, Le Figaro e Le Parisien) do “Caso da burca” demonstra que o argumento da “estigmatização” foi mobilizado ao mesmo tempo para denunciar e justificar a legitimidade desta lei. Assim, de um lado, termos tais como “prisão portátil”, “ideologia bárbara”, “retorno ao Oriente Médio”, “postura regressiva” e “perigo contagioso” ilustram, de forma emblemática, a violência retórica mobilizada pelos atores proibicionistas (sobretudo os políticos da maioria governamental) que fizeram do véu integral um signo de sujeição e de extremismo (religioso e político). Do outro lado, os atores anti-proibicionistas (sobretudo, políticos da oposição e representantes religiosos) denunciam a estigmatização gerada pela lei, assim como a estigmatização onipresente no discurso proibicionista através de palavras de ordem e termos ameaçantes cuja performatividade seria de marginalizar e tornar “invisível” o Outro muçulmano, seus valores, crenças e identidades. Em resposta a esta crítica, os atores proibicionistas se reapropriam do argumento da “estigmatização” e culpabilizam o véu integral pela “estigmatização” do islã e não a lei que eles promovem. Seguindo estas constatações, nosso principal eixo de análise semiótica deste debate público concerne o entrelaçamento da argumentação (Ducrot: 1984 / Amossy: 2006) e da violência verbal (Lecercle: 1996 / Oger: 2012) que caracteriza esta polêmica midiática. Nós estudamos as estratégias retóricas mobilizadas, assim como o funcionamento semântico e pragmático (Galanatu, Bellachhab: 2012 / Butler: 2004 / Kerbrat-Orecchioni, 2008, 2009) dos discursos em torno da burca e da estigmatização com o objetivo de compreender a construção linguística das violências verbais como atos de discurso visando ofender a imagem pública do Outro muçulmano e provocar sua perda de “face” (Goffman: 1975), quer dizer um mal-estar. Nós focalizaremos assim a disputa retórica em torno da orientação argumentativa conferida à expressão “estigmatização” nestes discursos e atos de linguagem, cuja força ilocutória depende do sistema axiológico do sujeito interpretante. O indigenismo como patrimônio: representações do México pré-hispânico nas traduções de O Correio da Unesco Camila Couto Teicher (El Colegio de México - Colmex) [email protected] Esta dissertação de mestrado se baseia no cotejo das traduções de seis artigos publicados na revista O Correio da Unesco na década de 1990, escritos em espanhol por autores mexicanos, e suas respectivas traduções ao inglês, francês e português brasileiro. A partir de uma análise discursivo-tradutológica, busca-se identificar as estratégias de tradução utilizadas em cada versão e seus respectivos efeitos de sentido em cada contexto de recepção específico. Em geral, a análise revela uma maior incidência de omissões, adições e outras adaptações nas versões inglesa e francesa, principalmente no tocante ao discurso sobre a colonização e à relação enunciativa nós-eles, que precisa ser reformulada com a inclusão da voz do tradutor como novo enunciador, deslocado culturalmente em relação ao enunciador do texto original. Já as versões em português, embora passem por um pelo mesmo processo de sobreposição de vozes enunciativas – inerente à tradução –, parecem guardar uma relação de equivalência mais clara ao original, que vai além de uma mera questão de proximidade léxica e sintática. Longe de restringir-se a uma apreciação do grau de fidelidade ou literalidade das traduções em relação ao texto original, o objetivo desta pesquisa é analisar as condições sociais, culturais e históricas que tornam possível a existência dessas novas versões e refletir acerca das possíveis repercussões ideológicas dos novos discursos construídos por meio da tradução. Além disso, busca-se problematizar tais repercussões ideológicas no âmbito das instituições internacionais, que, embora se definam a partir de valores como a igualdade, a tolerância e o respeito entre os povos, sem hierarquias nem assimetrias de poder, mostram, através de suas práticas discursivas e políticas culturais, que esta autodefinição ética e equitativa coexiste com uma postura por vezes eurocêntrica e verticalizada, a começar pelo conceito de “cultura” presente em diversos documentos da Unesco. Finalmente, pretende-se chamar a atenção à ausência de um discurso metalinguístico sobre a tradução dentro das organizações internacionais apesar da sua importância fundamental para a existência e a funcionalidade dessas instituições. O que eu vejo quase ninguém vê: uma análise semiolinguística da campanha #QuemLiga?, promovida pela ONG Teto e pelo jornal Sensacionalista Camilla Ramalho Duarte (UFF) [email protected] O presente trabalho tem como objetivo analisar a campanha publicitária #QuemLiga?, promovida pela ONG Teto em parceria com o Jornal Sensacionalista, discutindo de que maneira a invisibilidade social de pessoas que vivem em situação de rua e/ou extrema pobreza acaba por refletir no espaço que têm na mídia, em contraposição à notoriedade dada às celebridades: além de estarem à margem na vida em sociedade, também estão à margem no que diz respeito à importância que recebem da imprensa. Abre-se, então, uma discussão acerca do que vira notícia e do que deveria virar notícia, problematizando qual é o papel de um jornal. A campanha será analisada por meio da Teoria Semiolinguística de Análise do Discurso, no que diz respeito aos conceitos de sujeito social e discursivo, Contrato de Comunicação e visadas discursivas, haja vista que a campanha acima foi idealizada e posta em prática, social e discursivamente, pelos sujeitos do ato de linguagem; bem como seguiu um quadro de referência ao qual se reportaram esses sujeitos, estabelecendo entre si um acordo tácito que engendra restrições e possibilidades em termos de discurso, já que foi criado um Contrato de Comunicação; além disso, houve, a nosso ver, a realização de um de jogo de luz e sombra entre as visadas elencadas para conduzir a troca linguageira: usou-se a visada de incitação, visto que o objetivo primordial da campanha era angariar fundos para a ONG, ensejando, portanto, levar o sujeito a tomar alguma atitude nesse sentido e sensibilizar tal sujeito por meio de estratégias de patemização, posto que se fez uso a visada de efeito. Portanto, é possível estabelecer que há uma desigualdade com relação ao que é importante para a mídia, como celebridades saindo da academia, e o que deveria ser, de fato, importante não só para a mídia, como também para sociedade como um todo: a criação de uma espécie de rede de solidariedade que ajudasse pessoas que vivem em situação de rua e/ou extrema pobreza, ou seja, tornar visíveis sócio, política e economicamente aqueles que não têm voz nem vez dentro da sociedade estratificada em classes na qual vivemos. 240 Resumos: Comunicações Individuais Desigualdade e ciência: o discurso científico sobre as plantas medicinais Carla Andreia Schneider (UFGD) [email protected] Rita de Cassia Pacheco Limberti (UFGD) [email protected] As pesquisas com abordagem etnodirigidas que procuram explicar o potencial terapêutico das plantas medicinais ou de seus princípios ativos no meio acadêmico têm crescido consideravelmente nas últimas décadas. O uso de plantas medicinais sempre ocorreu em nossa sociedade, as quais foram e são usadas pelos povos indígenas de forma ampla; tal conhecimento faz parte da cultura, do conhecimento tradicional dos povos, como um saber do senso comum, empírico, o qual, por consequência, polariza-se em relação ao saber científico. Este trabalho tem como objetivo descrever, a partir de uma abordagem teórica da Semiótica greimasiana, os discursos científicos produzidos pela comunidade acadêmica de Dourados-MS em relação ao conhecimento tradicional sobre as plantas medicinais. O corpus constitui-se de 13 resumos científicos provenientes de Trabalhos de Conclusão de Curso e de pesquisas publicadas online em anais de eventos científicos em Dourados-MS e em outras regiões do país ou publicadas em revistas científicas online do Brasil. Os resultados mostram que o discurso produzido pela ciência sobre as plantas medicinais apresenta-se como legítimo e apropriado, ora impositivo - pelas suas próprias características -, ora sutil - quando atua apenas como inventariante e se coloca resgatador, registrando, catalogando e preservando o conhecimento tradicional. Desta forma, o discurso construído pela ciência sobre as plantas medicinais revelam o conflito dos conhecimentos (tradicional x científico), assim como a busca pela agregação das culturas. A assimilação promovida pelo conhecimento científico, contudo, é preponderante, gerando desigualdade. Formação docente e discurso: por intelectuais transformadores Carla Cristina Braga dos Santos (UFOB) [email protected] Juliana de Freitas Dias (UnB) [email protected] A partir da constatação, feita por Henry Giroux (1992), de que o enfraquecimento da esfera pública afetou a escola de modo a desgastar um espaço de luta e de resistência diante da concentração de poder, este trabalho objetiva discutir teoricamente e compartilhar uma experiência de intervenção no âmbito da formação docente continuada. A finalidade de compartir os resultados desta pesquisa pretende construir possíveis caminhos de ação perante o fato de que a escola não tem sido suficientemente crítica e não tem produzido, substancialmente, formas emancipatórias de conhecimento e relações sociais. O trabalho focaliza o papel que a linguagem e o poder desempenham em todos os níveis de escolarização e nas tarefas pedagógicas do/a professor/a como intelectual transformador. Dentre essas tarefas pedagógicas elencadas por Giroux, enfatizam-se: o questionamento de como a dinâmica da linguagem e do poder funcionam integradamente; a construção de análises linguístico-discursivas que incorporam formas de poder e autoridade; e o propósito de desafiar modos de pensamento, expressão e ação que fortaleçam a pedagogia crítica. Assim, além das discussões protagonizadas pelo autor supracitado a respeito da educação crítica e do professor como intelectual transformador, este estudo possui bases epistemológicas e metodológicas no arcabouço da Análise de Discurso Crítica (ADC) e sua aplicação para o ensino da leitura e da escrita. A geração dos dados fundamenta-se na pesquisa qualitativa de cunho etnográfico, cujos instrumentos são a entrevista semiestruturada e a produção escrita de memorial por parte de uma professora-colaboradora, no contexto de uma escola pública localizada no oeste baiano. Como resultados, destacam-se as mudança