Se “Abbey Road” não é o melhor dos Beatles anda
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Se “Abbey Road” não é o melhor dos Beatles anda
26 Sábado AÇORIANO ORIENTAL SÁBADO, 18 DE JANEIRO DE 2014 COORDENAÇÃO HUGO GONÇALVES, JOÃO CORDEIRO E LÁZARO RAPOSO DIREITOS RESERVADOS Se “Abbey Road” não é o melhor dos Beatles anda lá perto Uma fotografia mítica que fica na história “Abbey Road” é manta de retalhos que espelha o ambiente interno da banda naqueles anos. Mas o resultado é excelente LÁZARO RAPOSO [email protected] O Meia de Rock comemora no próximo mês o seu primeiro ano de atividade na internet. No entanto, quase 365 dias depois, não houve qualquer artigo sobre um álbum dos Beatles. Falar de Beatles não é fácil. É como falar da realeza da música. Mas tal e qual como um jogador que avança confiante para a marca de grande penalidade, chamo a mim a Além da inegável qualidade musical do disco, “Abbey Road” tornou-se também bastante famoso pela sua capa: a célebre imagem dos quatro membros da banda a atravessar a passadeira. Não só, é uma das imagens mais copiadas e parodiadas do mundo, como é também utilizada para sustentar o mito urbano de que Paul McCartney terá morrido no ano de 1 e ter, posteriormente, sido substituído por um sósia. De acordo com os “conspiradores” desta teoria, a foto da capa representa o funeral de Paul, em que Lennon, de fato branco, simboliza o padre, Ringo, de fato preto, simboliza o cangalheiro, Harrison, de calças de ganga, representa o coveiro, e finalmente, McCartney, de pés descalços, simboliza o cadáver. Fotografia tirada perto do estúdio que deu nome ao álbum responsabilidade de ‘quebrar o enguiço’. Decidi começar pelo fim. Sim, porque “Abbey Road” foi o último álbum a ser gravado, embora tenha sido lançado antes de “Let it Be”. Contextualizando historicamente: “Abbey Road” é uma ‘manta de retalhos’, reflexo do ambiente vivido pela banda naquele período, que, como se veio a confirmar, levou à dissolução dos Beatles. Enquanto John Lennon pretendia um álbum ‘tradicional’ com músicas isoladas, Paul McCartney defendia um disco mais conceptual, na linha de “Sgt. Pepper’s”. No meio desta disputa (e muitas outras) quem sai vencedor é George Harrison! Eternamente condenado a viver na sombra da dupla Lennon/McCartney, em Abbey Road, Harrison assina um dos melhores temas do disco e, ouso dizê-lo, do catálogo musical da banda. Falo de “Something”. Há qualquer coisa neste tema que é difícil de explicar. A simplicidade do nome, que não diz nada, e diz tudo. A voz melodiosa de Harrison (pena não a ouvirmos mais vezes). A explosão de cor na ‘bridge’. É tanta coisa que eu, bem… “I don’t know, I don’t know”. O álbum começa com “Come Together”, que tem um dos melhores grooves de bateria! Ainda hoje, é mágico! Outro grande tema do álbum, pejado de psicadelismo, é “I Want You (She’s so Heavy)”. Com uma estrutura pouco comum nos Beatles, o tema foi escrito por Lennon, e pode muito naturalmente ser associado ao surgimento do Heavy Metal. O meddley que começa com “You Never Give Me Your Money” e termina com “The End”, é um apanhado de temas e excertos gravados durante as sessões de “White Álbum” e de “Get Back/Let it Be”. Montado com mestria por Paul e George Martin a parte final do álbum remete-nos para a fase “Sgt. Pepper’s”. Não tendo nenhum tema particularmente excecional, este conjunto de canções vale pelo seu todo. “Abbey Road” é uma obra madura. Se não é a melhor obra dos Beatles, pelo menos anda lá perto. Blackbird Prophet estreiam-se com “Aetherea” GISELA COSTA HUGO GONÇALVES [email protected] O rock progressivo português deu à luz um novo filho, de seu nome Blackbird Prophet. Em 2011, formaram-se no Porto como um projeto de estúdio, tornando-se uma verdadeira banda na Primavera de 2012. Nesse ano produziram a demo “Symbolic Introduction”, que acabou por nunca ser lançada oficialmente. Atualmente, a banda é formada por Bruno Costa (voz, guitarras e sintetizadores), Daniel Pereira (guitarras e sintetizadores) e Cristiana Jesus (baixo e vozes de apoio). Desde então o trio começou a tocar ao vivo na Invicta e, finalmente, este mês lançaram “Aetherea”, o primeiro registo oficial da banda no formato de EP. A banda envereda por um registo que se situa entre o metal e o rock progressivo, o que, por si só, é indicador de uma certa audácia e espírito aventureiro por parte de um trio ainda de tenra idade. Apesar de este não ser um álbum inovador, ou super complexo ao nível da instrumentalização, podemos, contudo, contar com momentos interessantes e reveladores de alguma destreza e capacidade técnica como é apanágio de outras bandas que ajudaram a definir o estilo. Trio do Porto aventura-se no rock progressivo O álbum é composto por oito temas, em que se incluem alguns que servem de pequenas pontes instrumentais, na sua maioria melódicos, enquanto que os restantes se assumem como o “sumo” do álbum. Aqui é possível assistir a uma diversidade de elementos como a dicotomia de refrãos cantados/gritados (”Through The Silence” e “Under Water”), bons riffs metal (”White Night” e “Ethereal”), e vários solos dignos de registo. Este é, provavelmente, o ponto forte do álbum, o que nos deixa com a pulga atrás da orelha para o que poderão estes jovens produzir no futuro. Ficaremos atentos.