jornal astrológico - Associação Portuguesa de Astrologia

Transcrição

jornal astrológico - Associação Portuguesa de Astrologia
julho a setembro
Verão 2014 | N.º 9
jornal astrológico
Um Modelo Astro-Psicológico para o
Amor
Jorge Lancinha
Um Universo em Equilíbrio, sob as ordens
do Amor
Ana González
A Arte de Amar
Patrícia Azenha Henriques
Amor Além de Vênus e Marte
Titi Vidal
Da Paixão pelo Abismo à Ilusão da
Dependência
Narciso Saramago
O Amor e o Mapa Natal - 3 Momentos a 2
Isabel Figueiras
O Amor unindo Campos do Saber
Patrícia Ungarelli
Pergunte ao Astrólogo
Paulo Alexandre Silva
Arquétipos Vivos
Ivo Miguel Silva
Efemérides
Inês Miranda
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Diretora Editorial
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Edição
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EDITORIAL
Uma vez por ano dedicamos um número do jornal 4
Estações a um único assunto. Em 2013 foi o Cinema.
Em 2014 e concretamente neste número falamos de
Amor.
Grande parte das preocupações dos nossos clientes
centram-se à volta de questões amorosas. Não deixa de ser irónico o facto de ser muito difícil ou talvez
impossível de analisar o amor astrologicamente. Outras emoções são mais claras no mundo da interpretação astrológica. Quando nos falam em raiva olhamos
para a dupla Marte/Carneiro, em pessimismo e medo
para Saturno/Capricórnio, em euforia para Júpiter /
Sagitário. Mas amor?
A wikipedia define-o assim:
“A palavra amor (do latim amor) presta-se a múltiplos significados na língua portuguesa. Pode significar
afeição, compaixão, misericórdia, ou ainda, inclinação, atração, apetite, paixão, querer bem, satisfação, conquista, desejo, libido, etc. O conceito mais
popular de amor envolve, de modo geral, a formação de um vínculo emocional com alguém, ou com
algum objeto que seja capaz de receber este comportamento amoroso e enviar os estímulos sensoriais
e psicológicos necessários para a sua manutenção e
motivação. É tido por muitos como a maior de todas
as conquistas do ser.”
Não é fácil dar uma visão astrológica sobre este difícil
e palpitante assunto, por isso, escolhemos uma abordagem eclética com 8 perspetivas diferentes:
◘ Abrimos com Jorge Lancinha, que através de mitologias greco-romanas e arte dos seculos XVII, XVIII e
XIX aborda vários tipos de amor ligados à Lua, Vénus
e Neptuno.
◘ Seguidamente Ana González usa o filme “Café Bagdad” para nos falar da Ordem do Amor, a única forma do Universo estar em equilíbrio.
◘ A Literatura está presente com Patrícia Azenha Henriques que escolhe como foco do seu artigo Ovídio, o
autor de “A Arte de Amar”.
Mas a maioria dos astrólogos membros da Aspas que
aceitaram o desafio de escrever sobre o Amor, centram-se no amor relacional, aquele que todos nós vivemos ou queremos viver, aquele que inspirou Luís de
Camões, quando escreve:
Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói, e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer.
◘ Titi Vidal vai para além de Vénus e Marte integrando
o Sol e Lua na sua abordagem.
◘ Por outro lado Narciso Saramago mostra bem a sua
Lua em Escorpião com uma análise muito profunda
sobre as trocas psicológicas do mundo a dois.
◘ O artigo de Isabel Figueiras entra na mecânica da
consulta de relacionamentos e aconselha o auto conhecimento e a consulta individual de ambos os parceiros, antes da consulta a dois.
◘ Conselhos muito práticos são dados pela Patrícia
Ungarelli que mostra como unindo a astrologia, nomeadamente o elemento em que se encontra Vénus,
aos ensinamentos do Feng Shui, o quarto do casal
pode ficar com uma energia mais harmónica.
◘ Fechamos com a pergunta de uma Mãe sobre o futuro do casamento da sua filha. Paulo Alexandre Silva
usa técnicas de astrologia horária para responder a
uma questão provocada por uma preocupação lunar
(da Mãe) sobre um assunto da casa 5 (filha) e casa 7
(relacionamentos). A coluna “Pergunte ao Astrólogo”
esteve a cargo de Paulo Alexandre Silva durante um
ano. Aproveitamos para agradecer a sua colaboração e desejar que recarregue as suas baterias e inspiração.
Uma outra forma de abordar o amor foi utilizada pelo psicólogo John
Alan Lee que, nos anos 70, desenvolveu a teoria dos 6 Estilos de Amor.
Encontraríamos aqui grandes correspondências com as energias zodiacais. Assim:
Tipo
Baseado
Energias Zodiacais
Eros
Ludos
Storge
Pragma
Mania
Agape
Romance
Conquista
Amizade
Praticalidade
Obsessão
Amor
incondicional
Vénus / Balança, Marte/Carneiro, Casa 5
Marte/Carneiro e um pouco de Mercúrio
Vénus/Touro e Balança, Sol como regente da Casa 5
Vénus/ Touro, Marte e Mercúrio
Marte/Escorpião
Lua, Neptuno, Casa 12
Muito mais haveria a comentar e escrever sobre o Amor, mas independentemente do estilo de amor ou combinação de estilos próprios
de cada um desejamos que AMEM muito, perdidamente, com paixão
porque “quem nunca curtiu uma paixão, nunca vai ter nada não” …
palavra de Vinícius de Moraes e Toquinho.
Como dizia o poeta
“Quem já passou por essa vida e não viveu
Pode ser mais, mas sabe menos do que eu
Porque a vida só se dá pra quem se deu
Pra quem amou, pra quem chorou, pra quem sofreu
Ah, quem nunca curtiu uma paixão nunca vai ter nada, não
Não há mal pior do que a descrença
Mesmo o amor que não compensa é melhor que a solidão
Abre os teus braços, meu irmão, deixa cair
Pra quê somar se a gente pode dividir
Eu francamente já não quero nem saber
De quem não vai porque tem medo de sofrer
Ai de quem não rasga o coração, esse não vai ter perdão
Quem nunca curtiu uma paixão, nunca vai ter nada, não”
Luiza Azancot, 21 de Junho
9 Um Modelo Astro-
psicológico para o Amor
17 Um Universo em
Equilíbrio, sob as Ordens
do Amor
29 A Arte de Amar
35 Amor além de Vênus
e Marte
41 Da Paixão pelo Abismo à Ilusão pela Dependência
53 O Amor e o Mapa
Natal - 3 Momentos
para 2
61 O Amor unindo Campos do Saber
69 Pergunte ao Astrólogo
77 Arquétipos Vivos
93 Efemérides
7
13
25
35
43
51
57
67
77
87
9
Nasceu em 1975 na cidade de Évora e é formado em Pintura pela
FBAUL. Estuda Astrologia e Esoterismo desde 2000.
No presente dedica-se prossionalmente à Astrologia na vertente
de consultoria de desenvolvimento pessoal e à investigação e
formação na área da simbologia astrológica, e da psicologia
analítica.
Por: Jorge Lancinha
Membro N.º56
www.astrologia.jorgelancinha.com
UM MODELO
ASTRO-PSICOLÓGICO
PARA O AMOR
Falar de amor é uma tarefa complexa, desde logo porque designamos com esta palavra variados sentimentos e níveis de envolvimento. O amor que um pai sente por um filho é distinto do amor
que um amante tem pela sua amada. Podemos também falar de
amor relativamente a um ideal, a uma nação, a uma divindade.
Utilizando a linguagem astrológica, aplicada numa perspectiva
psicológica, podemos estabelecer uma base para o entendimento das várias manifestações do amor no contexto das relações e
o papel que este tem no desenvolvimento humano.
Tomando à partida que os planetas em astrologia representam
as diversas funções psicológicas que constituem a nossa psique, a
vivência do amor vai-se desenvolvendo paralelamente à medida
que essas funções vão sendo activadas e integradas. Vamos então fazer uma viagem através dos vários arquétipos planetários e
construir um modelo astro-psicológico para o amor.
Começamos pela Lua, que é o ponteiro mais rápido do
nosso relógio astrológico, completando uma volta ao
zodíaco a cada 28 dias. Este ponteiro marca o ritmo dos
primeiros meses de vida, imprimindo com a sua influência
um registo consistente que serve de suporte a todo o desenvolvimento da personalidade. E o que é vital nesses
primeiros tempos de vida é assegurar o amor dos pais, ou
daqueles que cumprem o papel de nos alimentar e proteger. Disso depende a sobrevivência e o bem-estar do
recém-nascido. Este é um tipo de amor instintivo, visceral,
nascido da necessidade de segurança e de estabelecer
uma ligação vinculativa entre criança e progenitor.
No mito grego que descreve o amor da 11
Deusa Selene (a personificação da Lua)
pelo jovem pastor Endimião, vemos um
perfeito retrato deste amor lunar. Selene tomada pela extrema beleza de
Endimião, pede a Zeus que o conserve
para sempre jovem, num sono perpétuo, visitando-o todas as noites numa
caverna e engendrando com ele 50 filhos. Noutra versão do mito, é Endimião
que escolhe perante Zeus ficar para
sempre a dormir em troca de conservar
a sua beleza juvenil. Ainda numa outra
é Zeus que castiga Endimião ao sono
eterno por este ter tentado uma aproximação sexual a Hera, sua esposa.
Nas várias versões deste mito vemos
claramente o carácter do amor lunar:
o sono de Endimião é símbolo do desejo de permanecer na segurança do
útero materno (a caverna); no amor de
Selene temos um sentimento voltado
para a satisfação das necessidades de
perpetuação, negando a possibilidade
de uma maturação individual; no castigo de Zeus vemos a consequência de
falhar a prova iniciática da adolescênSelene e Endimião, Ubaldo Gandolfi, 1770
cia, que quebra o vínculo lunar e faz a
passagem para o reino do amor sexuMesmo após a infância, e de resto até alizado. E aqui entramos no território de
ao fim da vida, este compasso rítmico da Vénus!
Lua permanece imprimindo a sua cadência. Ainda que aparentemente se possa
perder na complexidade da melodia que
formos compondo ao longo da vida com
as nossas experiências, este pulsar primordial subsiste em pano de fundo. Quer isto
dizer que as necessidades emocionais
lunares continuarão sempre a fazer parte
do repertório, mesmo ao longo da vida
adulta.
Assim, o amor que a Lua representa assenta na necessidade que permanece
em nós de estarmos ligados vinculativamente a um outro, em busca de segurança, conforto e sentido de pertença. É um
amor não individualizado.
O amor como emancipação e auto-descoberta é simbolizado
por Vénus. Neste plano amoroso o que se procura através da
relação com o outro é uma imagem reflectida da nossa essência, um espelho no qual buscamos reconhecer-nos. Podemos
dizer que Vénus, no mapa natal, serve o Sol, na medida em que
nos ajuda a definir e a refinar uma identidade própria, desenvolvendo um conjunto de preferências, seleccionando experiências,
promovendo escolhas.
O Nascimento de Vénus, William Bouguereau, 1879
13
Inversamente ao amor lunar, que procura a coesão na unidade familiar, o
amor venusiano move-se em direcção
à separação e à autonomização do
individuo. As relações venusianas são
movidas pela paixão e pelo erotismo
da descoberta. O outro é uma fonte de
entusiasmo e excitação que nos atraí,
levando-nos a explorar territórios fora da
zona de conforto e para lá do domínio
dos padrões instintivos de segurança e
protecção. Fora de pé, somos obrigados a convocar os nossos recursos pessoais e a desenvolver mecanismos de
auto-suficiência, daí que o processo do
amor venusiano esteja intimamente ligado a questões de auto-estima.
Como vemos simbolizado na mitologia através do intenso envolvimento
entre Vénus e Marte, este amor venusiano desperta e catalisa o impulso de
afirmação marciano. É Marte que, excitado por Vénus, corta o cordão umbilical lunar e efectiva a separação. Na
adolescência esta dinâmica reflecte-se
claramente nas escolhas amorosas que
nos afastam da influência familiar, na
procura de privacidade e independência. Mesmo quando essas escolhas são
aprovadas pela família há a necessidade de manter uma separação entre
estes dois universos, para que o jovem
possa construir a sua identidade.
Após este processo de descoberta e
afirmação, proporcionado pela activação do amor venusiano, é fundamental integrar nas dinâmicas relacionais o
conjunto de necessidades emocionais
simbolizado pela Lua. E aqui temos outro momento chave no desenvolvimento da psique. Se até aqui, idealmente,
tiver havido um desligar construtivo da
matriz parental e uma exploração saudável do universo amoroso venusiano,
que possibilitou a construção de uma
riqueza emocional própria, então a personalidade, em virtude da sua ignição
solar, poderá agora integrar a herança
lunar de forma equilibrada. E o amor
entra noutra fase, a de Júpiter.
Júpiter e Juno no Monte Ida, Antoine Coypel, 1699
Este plano de vivência amorosa que associo a Júpiter, neste modelo que aqui estamos a desenhar, pode ser visto como um amor
“maduro”, no sentido em que aponta o seu foco para o “fruto”.
Ou seja, aqui o importante é o produto da interacção com o outro, seja o desenvolvimento de um projecto partilhado ou a construção de uma família. Aqui combinam-se as capacidades nutridoras da lua com a experiência da partilha venusiana. Surgem
valores e princípios que estruturam as relações e as enquadram
numa perspectiva comunitária, mais social, mais abrangente. Um
maior desapego e um alargado espaço de liberdade também
caracterizam este plano. Saturno é também activado trazendo
uma consciencialização dos limites e responsabilidades que estão implícitos nas nossas escolhas. O amor jupiteriano é um amor
fraternal que reconhece no outro um seu semelhante.
Também aqui não se trata de deixar para trás as dimensões
lunares e venusianas mas enquadrá-las numa consciência mais
vasta. E também como nas fases anteriores do processo, esta integração faz despontar outra esfera de manifestação amorosa:
o amor neptuniano.
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O processo do amor neptuniano é interno e tem como finalidade o casamento da psique com a alma. O foco deixa
de estar centrado no desenvolvimento
psicológico, com a sua busca incessante de experiências e complexidades,
deixando cair o fruto e concentrando a
atenção na semente – a essência.
União da Terra e da Água (Gaia e Poseidon), Peter Paul
Rubens, 1618
Neptuno traz consigo a dissolução das
fronteiras do eu, abrindo o contacto à
vastidão da totalidade cósmica. Este
arquétipo representa a transcendência
e o mergulho de volta à fonte. Neste
sentido, com Neptuno completa-se o
ciclo. O amor neptuniano não conhece
limites, é dirigido a toda a criação, incondicionalmente. Aqui já não se trata
do individuo, nem da sua relação pessoal com outro individuo particular, mas
sim do ser como reflexo da essência divina presente em todas as coisas. É um
amor totalmente espiritualizado que nos
eleva ao êxtase divino e se revela externamente como absoluta compaixão.
É interessante notar que a expectativa
média de vida, nos países mais desenvolvidos (80 a 85 anos), corresponde actualmente a meio ciclo de Neptuno (82
anos). Este indicador revela-nos que,
por um lado, estamos ainda longe de
entender totalmente o alcance deste
arquétipo, mas por outro, marca claramente um ponto de viragem naquilo
que será o próximo passo na evolução
interna da humanidade. O amor neptuniano é o novo continente onde já
assentamos o pé mas que ainda se nos
apresenta como um vasto mistério por
explorar.
Este modelo, que aqui sucintamente
delineámos, pode ser aplicado à compreensão do mapa individual de cada
um. A análise da posição dos planetas
por signo e por casa e dos aspectos que
estabelecem entre si, pode facultar-nos
grandes insights sobre a forma como
vivemos o amor e como projectamos
estes processos arquetípicos nas nossas
relações interpessoais.
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Astróloga brasileira há cerca de trinta anos, pesquisadora e educadora. Leitura do mapa astrológico com ênfase nos ciclos de
experiência e na consciência corporal.
Coordenadora do Departamento de Pesquisas da Gaia por duas
temporadas, no Brasil.
Por: Ana González
Membro N.º111
www.agonzalez.com.br
UM UNIVERSO
EM EQUILÍBRIO,
SOB AS ORDENS
DO AMOR
Antes de mais nada, devemos saber de que amor estamos
falando. Do amor cortês medieval, das cantigas de amor e de
amigo? Do amor romântico do século XIX, de José de Alencar
e Camilo Castelo Branco? Ou desse amor tão difícil de hoje
em dia em que as mudanças sócio-culturais se efetivam tão
profundamente? Difícil tarefa.
Também difícil, será fugir desses conceitos históricos e por isso
parciais, e atingir um conceito mais amplo de amor. Para tanto, escolhemos um filme que poderá servir como exemplo das
ideias que desejamos desenvolver fora de contextos históricos.
Será possível? As teorias astrológicas serão de grande apoio,
pois nelas podemos detectar ideias em seu estado puro ou
essencial.
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Nosso foco será essa experiência de encontros. O que ocorre com aquelas pessoas a
partir da chegada da estrangeira? E o que
ocorre com ela mesma depois de um tempo? Se for amor, de que tipo é ele?
Essa análise levará em conta a teoria astrológica relacionada ao planeta Vênus e
aos signos de Touro e de Libra.
Out of Rosenheim (em tradução
brasileira Bagdad Café e em
Portugal, Café Bagdad) é uma
produção de 1987, dirigido por
Percy Adlon e com música de
Bob Telson (premiação de melhor música no Oscar de 1988).
A ação se passa no deserto de
Mojave na Califórnia. Em síntese,
um casal alemão a caminho de
Las Vegas, briga no meio desse
deserto. A mulher abandona
o marido, toma de sua mala e
segue a pé até o motel-posto
de combustível Bagdad Café,
onde transcorre a história. O
contato dessa personagem feminina com as pessoas que habitam essa pequena comunidade
promove encontros e transformações em todos.
Na primeira parte do artigo, iremos descrever a narrativa do filme em seus aspectos básicos. Na segunda iremos desenvolver uma observação mais detalhada,
procurando estabelecer a relação entre
a teoria astrológica e os aspectos que nos
interessam do filme. A parte final tentará
responder às perguntas que nos propomos
nesta introdução.
I - CONTANDO A HISTÓRIA
A primeira cena do filme nos mostra a briga
do casal alemão em clima de agressividade.
Após a decisão de abandonar o marido, vemos a personagem andando pela estrada carregando sua bagagem. A caminhada sem
destino determinado é arrastada sob o sol de
deserto, com roupas pouco adequadas para
esse clima. O sapato é social, os pés afundam
nas areias e a mala pesa. O alívio não parece
estar perto de ser alcançado. É o deserto que a
acolhe, enquanto o vento levantando poeira.
A secura e a falta de sombra escaldam o corpo
e a alma.
Ao chegar a um motel e posto de gasolina, ela
não tem muito consolo. A pessoa que a recebe
não lhe dá muita atenção. A responsável pelo
estabelecimento estranha a forasteira. Trata-se
de uma cliente diferente do habitual. O quarto é simples e o conforto mínimo. Ainda faltam
novidades desagradáveis, como se estas não
bastassem. A mala veio trocada. Ela só tem as
roupas do companheiro à sua disposição.
A dificuldade com a língua inglesa não facilita
a convivência. Com poucos clientes, há ócio,
individualismo e consequente desconexão entre os habitantes da comunidade. O garçom é
paciente, observa quieto e passa o tempo que
pode na rede. O filho toca o piano quando
a mãe permite. A presença de nova cliente,
apresentada pelo sobrenome alemão impronunciável, impede o estudante de se exercitar.
O marido, preguiçoso, parece não agradar em
nada.
A dona do posto-café, Brenda,
apresenta um humor irascível e
uma imagem pouco simpática
com tudo e todos. A única que
parece ter o dom de se aproximar de Brenda sem perigo é a filha mimada que aparece de vez
em quando para lhe pedir dinheiro e logo em seguida, ir-se a
outras paragens. Há outros dois
hóspedes: um senhor mais velho
e uma jovem que faz tatuagens
nos motoristas de caminhão que
chegam para abastecer. Pouco
depois, soma-se a este grupo um
jovem mochileiro que pede para
acampar.
Nesse conjunto pequeno e pouco homogêneo de integrantes
sucede, então, a partir da chegada de Jasmin uma crescente
sintonia. Inventa-se um show.
Bagdad Café, torna-se uma
referência para os motoristas
dessa estrada. Ele se tornará um
divertido ponto de encontro e
acolhimento para todos.
Um dia, Jasmim tem que ir embora por questões legais de documentação por ser estrangeira.
Todos se ressentem de sua partida. Um tempo depois, seu retorno traz de novo a harmonia.
Essa história não tem nada de
muito original quando é lida
dessa forma. Mas esconde outras leituras. Nelas podemos exercitar o pensamento a partir dos
símbolos astrológicos.
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II - LINGUAGENS SE ENCONTRAM : CINEMA E ASTROLOGIA
Recontemos a história acrescentando a leitura dos elementos
astrológicos. Tomamos de empréstimo a teoria dos signos (Touro
e Libra) de Gregório Pereira Queiróz . Segundo ele, signos são
“campo de forças” que é “a base para as dinâmicas da carta
astrológica”. Isto é, “a base da interpretação astrológica consistente.” Além dessa perspectiva da importância dos signos no
sistema de compreensão astrológica, Gregório parte das qualidades elementares para seu estudo o que me pareceu elucidativo para a análise dos comportamentos da personagem e do
seu contexto.
Robert Hand nos emprestará sua compreensão do planeta Vênus. Segundo ele, planetas são “esses fatores, que variam no
tempo e que, portanto, se relacionam com os componentes
dinâmicos da vida da pessoa.” E ainda diz, “representam as energias da personalidade, todo o dinamismo e processo dentro
da psique, corpo e ambiente.”
Ainda contaremos com o conceito de Glenn Perry a respeito
de planetas e signos, segundo o qual eles formam pares inseparáveis, os planetas sendo os realizadores das necessidades
dos signos.
A partir dessas ideias teóricas, voltamos à narrativa do filme na
busca do tema Amor.
RECONTANDO A HISTÓRIA, OUTRA HISTÓRIA
O sol a pino incendeia o horizonte desértico. O vento sopra levantando poeira. Há falta de verde e de sombra. É a partir da
rudeza desse contexto que a personagem chega ao café-motel
onde a história se desenrola. Tendo abandonado o marido, desliga-se também de uma forma de vida estabelecida.
Talvez ela não tenha plano definido, além do desejo de se safar
de agressividade e de maus tratos. Poderá iniciar nova vida?
Leva consigo elementos mínimos para a sobrevivência: dinheiro, a roupa do corpo e poucos recursos linguísticos de comunicação. Leva consigo uma determinação concentrada que
tem características taurinas. A personagem não tem como se
expandir no contexto em que se encontra e desconhece o que
vai encontrar adiante. As condições naturais com as quais se
depara são adversas e pouco facilitadoras.
Então é natural que ela se contraia em movimento de defesa.
Isso é necessário para lhe dar a estrutura suficiente para esse
começo. Segundo Gregório, o signo de Touro se caracteriza pelas qualidades elementares de Frio e Seco: “a pressão de fora
para dentro (frio) força a coesão interna (seco) a se tencionar
ainda mais, gerando a dinâmica de condensação e concentração.” Observamos um “movimento de consolidação de si
mesmo”. Compreendemos neste contexto o Frio, como oposto
a expansão, ou seja, a situação que impede o calor se efetivar naquilo que lhe é mais característico. Jasmin não pode
se expandir nesse primeiro momento de observação e de defesa. Ela tem que se guardar e observar. Saiu de uma situação
áspera. Não pode facilitar. Visto que “Touro é o processo de
conservação em sua interioridade de algo que lhe tocou desde
o ambiente”, ela aproveita como pode os elementos com os
quais entra em contato. Sem outras alternativas, a partir de agora, seu compromisso deve ser tornar sua nova vida viável.
23
Pode ser cruel, mas ela encontra uma situação semelhante àquela que acabou
de abandonar, pois percebe agressividade, maus tratos, rupturas e desconexão
entre os que dela participam. Seria seu destino lidar com esse tipo de situação.
Dessa forma, apesar da escassez inicial, ou melhor, a partir dela, a personagem
vai descobrir maneiras de lidar com o novo contexto.
Preocupa-se então com as questões de ordem, tem desejo de tornar seu mundo mais eficaz . Daí, ocupa o espaço de seu quarto, ajuda o garçom, limpa o
escritório. É isso o que lhe tocou. Faz o melhor que pode, dispondo de determinação e preocupação taurinas. Mas, lida também com traços do signo de Libra.
Transita entre os parceiros, exercendo uma atração espontânea e possibilitando
a criação de uma nova ordem de funcionamento mais perfeito onde havia caos
e separação.
Segundo a teoria desenvolvida por Gregório esse signo nos traz as qualidades
Úmido o Quente (mais o primeiro que o segundo). Ou seja, temos a umidade
necessária para estabelecer ligações com as pessoas, o que se realiza de forma
sutil. Há pouca expressão de uma vontade pessoal e explícita, por causa da
menor presença da qualidade elementar quente. A personagem passa ao largo
da linguagem o que poderia significar uma manifestação consciente por causa
do uso da razão e da mente. Entretanto, Jasmin estabelece comunicação por
outros meios: pelo olhar (com o garçom), pelos risos (com a adolescente e nova
amiga), pela escuta musical (com o pianista), pela sensibilidade estética (com
Rudi Coxx). Há comunicação muda. Há ligação e gentileza nesses encontros librianos.
Ela entra na vida das pessoas, tais como elas se manifestam no desenho de suas
ações. Então, joga boomerang com os jovens. Assim também, após a cumplicidade com o quadro de dois sóis, ela se entrega à pintura de Rudi Coxx.
De uma forma feminina e delicada (a qualidade do úmido de Libra), ela se
propõe aceitar a realidade, exercendo uma atração natural e simples. Ela entra
nos contatos sem revolta ou questionamento, mesmo quando acontece alguma
frustração como quando o bebê lhe é retirado do colo. Vai lidando com os dados acessíveis de uma realidade objetiva (Touro) de forma gentil (Libra).
Paralelamente, ocorrem transformações a sua volta. As pessoas vão encontrando novas expressões de si mesmas e, aos
poucos, formando um novo desenho do conjunto inicialmente
desconexo.
Assim, assistimos à cena em que brota o talento do pianista .
Com a parceria estimuladora de Jasmin, ele desenvolve uma
atuação de qualidade superior, sob as bençãos de Joahnn Sebastian Bach, cujo retrato paira na parede. A juventude se expande e Jasmin conquista a leveza na corrida pelo boomerang,
enquanto a adolescente se fixa no grupo. O talento de pintor de
Rudi Coxx se amplia desde que ele se propõe a pintar Jasmin,
compondo cenas criativas e inusitadas de uma mulher que vai
se expondo cada vez mais bela e exuberante. E nos surpreendemos quando Brenda entra em contato com a ausência da
maternidade de Jasmin. Nesse momento, elas se encontram em
um espaço da feminilidade. Só elas, como mulheres, poderiam
viver esse momento de abertura.
Há um movimento de atração nesses encontros improváveis:
pela estética e pela afinidade de consciência (com Rudi Coxx),
pela maternidade e pelo feminino (com Brenda), pela herança
musical (com o pianista), pela alegria (com os jovens).
Enquanto todos da comunidade se transformam também Jasmin
passa por mudanças importantes. Ao final, veste roupas claras e
solta o cabelo. O processo de posar para o trabalho artístico
de Rudi propiciou a ela um desnudar-se que pode significar a
desmontagem de uma identidade em favor de outra que está
surgindo naquele ambiente. Cada vez com menos roupa mas
sempre com algo na mão a oferecer (uma flor, um fruto) vai-se
desvelando metaforicamente uma mulher cada vez mais essencial e até sensual. Será talvez o renascer de uma mulher pronta
novamente para a relação com um homem, mediada por outros valores.
Talvez possamos chamar de amor a todos esses relacionamentos. Um tipo diferente de amor que surge quando as diferenças
já não se fazem presentes e não há críticas. Quando o poder da
terra se alia à água benfajeza da umidificação, resultando tudo
isso no processo de semear. Jasmim desmancha as barreiras
com o poder coesivo que vem de dentro de si mesma. E nessa
função, ela incorpora o próprio planeta Vênus, cujos mecanismos de aproximação são expressos em seu comportamento.
Segundo Robert Hand, Vênus “é o planeta em
que os elementos Yin , terra e água, predominam”. E também por isso “a percepção da terra é menos influenciada pelos desejos pessoais
do fogo. É mais preocupada com a realidade
objetiva.”
Ele ainda diz que Vênus não é “especialmente
preocupado com abstrações, ele pode até ser
impaciente com elas. Por outro lado, é grandemente preocupado com a percepção do ordem no mundo e fazer essa ordem mais eficaz
e aparente.”
Tais características do planeta são visíveis em
Jasmin, que se preocupa com a arrumação do
seu contexto e com a aceitação do outro da
maneira como ele é. Sua observação da realidade material e da natureza individual de seus
novos parceiros, despertou o melhor em cada
um deles.
Há semelhanças entre estas características do
planeta Vênus e as que identificamos nos signos
de Touro e de Libra dos quais ele é regente. Essa
semelhança talvez torne difícil estabelecer os
limites de signos e do planeta na manifestação
da linguagem cinematográfica. Há diferenças
sutis e elas são muitas vezes difíceis de serem
definidas.
O que pode resolver essa questão é a perspectiva teórica de Glenn Perry. Segundo ele, “planetas simbolizam funções que são orientadas
para a satisfação das necessidades dos signos
que eles governam. Os signos são motivações;
planetas são seus agentes ativos.”
Esse conceito pode justificar que
Jasmin seja a representação do
planeta Vênus em seu funcionamento dentro das dinâmicas dos
signos: “Isto implica que a motivação e função são inseparáveis
como um foguete e seu tanque
de combustível. Cada pareamento signo/planeta pode ser
considerado como um sistema.”
Como agente ativo, a personagem age de acordo com as
motivações de seu momento e
que se aplicam às necessidades
de ambos os signos. Ela comporta as duas possibilidades.
A personagem funciona na
representação de Vênus e na
dinâmica dos signos de Touro
e Libra, mobilizando as características desses signos e dando
oportunidade de manifestação
para suas necessidades: segurança e estabilidade em Touro
e a experiência equilibrada nos
relacionamentos e de padrão
estético em Libra.
Essa perspectiva resolve nossa
dificuldade de separar os recursos e imagens da linguagem cinematográfica relacionadas ao
planeta Vênus e aos signos visto
serem um sistema integrado de
manifestação. Ela dá fundamentos para nossa interpretação da
personagem como mensageira
dos dois signos.
25
De acordo com Robert Hand,
“Marte ajuda a estabelecer uma
identidade separada. A não ser
que você tenha se estabelecido
como um indivíduo, Vênus não
poderá funcionar corretamente
em sua vida.” Jasmin primeiramente teve que se afirmar independentemente para depois
desenvolver relações de amor
saudáveis, fundadas no respeito
mútuo.
III - ALGUMAS OBSERVAÇÕES FINAIS
Percebemos que o embate entre as duas personagens femininas forma o eixo mais importante da narrativa. Como resolução de seu encontro, elas conversam ao final da narrativa se
olhando nos olhos, irmanadas. As arestas foram
aparadas. Deu-se o encontro de amor e compreensão mútua. Jasmin, liberando-se no ambiente estranho, foi-se soltando e ampliando
sua manifestação pessoal. Tentando tirar partido das situações objetivas que encontrou, foi
abrindo espaço e eliminando os obstáculos. Ao
mesmo tempo, Brenda perdeu a agressividade,
adoçou o temperamento enquanto foi encontrando a confiança para se sentir com apoio e
para lidar com a posição difícil de responsável
por todo o estabelecimento.
Mas talvez haja ainda alguns dados astrológicos complementares a serem observados. A
primeira cena do filme nos trouxe Jasmin tomando a decisão de deixar o marido inadequado. Tal atitude marca a afirmação de uma
autoridade, o que proporcionou a ela a competência para tentar sua vida de outra forma.
Esse movimento característico de Marte foi essencial para o bom desenvolvimento das características do planeta Vênus, ou seja, do que
sucedeu depois.
A partir dessa conquista nos
relacionamentos pessoais, ela
conseguiu também que se
construísse harmonia no grupo
como um todo. Seguiu-se então
a recolocação de ordem nas
funções devidamente restabelecidas entre seus participantes.
Tal evento é da competência
de Saturno em Libra, ou seja, expressão de excelência e da exaltação desse planeta. Essa é a
manifestação da exaltação de
Saturno como a lei, o respeito e
a harmonia nos relacionamentos
de um grupo.
Seria o destino da personagem
sair de Roseheim (em inglês, Out
of Roseheim) para estabelecer
nova ordem de amor no Café
Bagdad? Na verdade, sobram
perguntas sem respostas. Brenda
não saberá como uma cafeteira
pôde chegar a seu estabelecimento com o nome do local de
origem da estrangeira que veio
se hospedar com ela.
A trilha sonora e os efeitos da fotografia são apenas dois aspectos,
entre muitos outros que nos oferecem imagens que permanecem
e ainda nos fazem pensar. Uma flor
ou fruto na mão de Jasmin,a auréola em sua cabeça na pintura
de Rudi Coxx, o ciciar de cobra. A
câmera focalizando o livro Morte
em Veneza, a chegada do mochileiro. Todos esses eventos não são
aleatórios.
Os mistérios pairam em meio ao
nada, em meio ao deserto. Nele
um pequeno oásis começou a funcionar. O café-posto de combustível funcionaria daí em diante como
um pequeno oásis de idealismo,
onde tudo funciona como deveria
ser. São felizes as consequências
do relacionamento entre a personagem feminina e as pessoas do
Café Bagdad. Houve a construção
da harmonia nessa pequena comunidade exemplar.
A confissão da tatuadora dizendo
que vai embora por haver harmonia
demais no lugar é mais uma cena
meio absurda entre outras. Às vezes
realista, muitas vezes surrealista, o
diretor do filme nos desafia o tempo
todo. Essa personagem não cabe
mais no grupo ausente de conflitos.
Ela se torna nesse momento a metáfora da realidade dura e perversa
que foi eliminada do Café Bagdad
pela mágica amorosa de Jasmin.
A caixa de mágicas encontrada
por ela na mala do marido, é um
presente inesperado em situação
surpreendente. Um sinal do destino
a lhe dar condições imprevistas de
ação. Trata-se de um final feliz.
De forma atemporal, entramos em
contato com um tipo de amor puro
e essencial. Notamos que sutilmente
a cultura americana e a alemã estão presentes de forma a não nos
obrigar à contextualização e à historicidade. Há muitas imagens que
continuam a alimentar nossa imaginação. São elas outras possibilidades dentro do universo dos símbolos astrológicos ligados a Vênus,
Touro e Libra. Há muita beleza, refinamento estético e poesia, muita
harmonia dando sentido a tudo e
para todas as personagens.
O diretor nos diz “Sim, no meio do
deserto, com mínimos recursos, é
possível construir harmonia”.
Isso é da ordem do mundo, é da ordem do amor.
BIBLIOGRAFIA
◘ HAND, Robert. Horoscope Symbols. Atglen: Whitford Press, sem
data.
◘ ORNELL, Howard Leslie. Encyclopaedia of Medical Astrology. New
York: Samuel Weiser inc, 1972.
◘ PERRY, Glenn. Planets as faculties
and functions. ISAR International
Astrologer , Vol 43 no 1, April 2014.
p.65-66.
◘ QUEIRÓZ, Gregório Pereira . Astrologia, constelação de forças dinâmicas. Quente, Frio, Úmido, Seco. (em
processo de publicação).
27
29
Nasceu em Coimbra em 1972 e reside no Funchal, ilha da Madeira. Depois de um longo flirt, rendeu-se à astrologia em 1998
e mantem com esta uma relação permanente e apaixonada.
Fundadora da empresa “Estudante de Astrologia”, exerce a sua
actividade nas áreas do ensino, investigação, divulgação e consultoria em astrologia.
Por: Patrícia Azenha Henriques
Membro N.º12
www.estudantedeastrologia.com
A
ARTE
DE AMAR
“Quem é o homem sensato que não mistura beijos com palavras meigas?
Ainda que tos não dê, rouba, mesmo assim, os que não te são dados.
Resistirá, talvez, ao princípio, e há-de exclamar: “malandro!”
Enquanto resiste, porém, o que ela quer é ser vencida.
Acautela-te, apenas, de que não magoem seus lábios delicados os beijos roubados e de que não possa queixar-se de terem sido grosseiros.”
31
O amor não é exclusivo de um país nem de uma raça, é universal, seja
amor ao próximo, amor aos filhos, amor aos pais, amor a Deus, amor
romântico, principalmente este último, deve ser o tema que mais livros
escreveu, que mais filmes realizou, que mais canções compôs, toda a
gente fala de amor, quer saber de amor, todos desejam amar e ser amados.
Alguns planetas podem falar parcialmente de amor, mas o planeta do
amor por excelência é Vénus que, de acordo com o signo em que está,
expressa diferentes formas de amar.
Vénus revela as suas qualidades máximas para amar nos seus signos de
regência, Touro e Balança e no seu signo de exaltação, Peixes. É nestes
signos que Vénus apresenta maior estabilidade para amar e ser amado,
e sabemos como a estabilidade é importante para Vénus.
Mas nem todas as pessoas têm uma Vénus dignificada, muitas têm uma
Vénus debilitada, e não amam? Amam muito também, a vontade de
amar e ser amado é tão grande e intensa como se Vénus estivesse num
signo dignificado, simplesmente não têm as condições ideais, que podem ser de ordem diversa de acordo com o signo em que se encontra.
Vénus em Virgem está no signo oposto ao da sua exaltação e por isso
no signo da sua queda. O amor – Vénus - é dominado pelas qualidades do signo e pelo regente Mercúrio, tornando o ato de amar mais
racional, prático, planeado, minucioso, servil, as emoções são filtradas
pelo lado racional e menos pelos impulsos do coração. É uma Vénus
cheia de regras para amar e ser amada e busca a perfeição, estado
difícil, se não impossível, de ser alcançado, por tudo isto a sua queda.
Públio Ovídio Nasão, no Século I a.c., escreveu sobre o amor. Uma das
suas obras foi a coletânea “Arte de Amar” 1, composta por três livros. No
primeiro livro ensinava o homem a seduzir a mulher; no segundo a conservar o amor, depois de concluído com êxito o processo de sedução;
no terceiro englobava o mesmo conjunto de ensinamentos, mas dirigidos à mulher.
“Era hábil Automedonte nas corridas e
no manejo das rédeas;
Tífis, na proa hemónia, era um mestre;
A mim, Vénus me designou o artesão do
Amor;
O Tífis e o Automedonte do Amor, assim
me hão-de chamar.”
Ovídio acreditava que o amor podia ser ensinado, que se podiam educar os amantes, ele que conhecia de perto o amor, ousou ensiná-lo.
Acreditava, por convicção e experiência, que o amor, como tudo na
vida, obedece a uma técnica e que essa técnica, como todas as técnicas, pode ser ensinada e aprendida, com proveito.
Aprendido o amor, a única paga que ambicionava era que os amantes
reconhecessem que foi Nasão o seu mestre.
Podemos encontrar numa das suas obras – Tristia – Vol. IV - informações
precisas sobre a data do seu nascimento, mas sem a hora.
1“Arte de Amar” – Ovídio, tradução, introdução e notas de Carlos Ascenso André, Livros Cotovia
Fonte da Imagem:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ars_Amatoria#mediaviewer/Ficheiro:Ovid_Ars_Amatoria_1644.jpg
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ars_Amatoria#mediaviewer/Ficheiro:Ovide_auteur.jpg
33
Vemos que tinha Vénus em Aquário. A sua postura no amor era liberal,
baseada em ideias e ideais muito próprios, com uma atitude progressista, original e inovadora, e como muitos, incompreendido no seu tempo,
mas admirado até hoje pela sua audácia. O sextil de Vénus e Mercúrio
em Carneiro permitiu que nos transmitisse a sua arte de amar através da
sua escrita, mas a oposição de Vénus à Lua e Neptuno em Leão, apesar
de grande imaginação e inspiração somadas a um enorme desejo de
brilho e reconhecimento, trouxeram também as grandes desilusões que
sofreu por ser incompreendido e banido da sua terra.
Alegadamente, foi por amores que teve, e por ter escrito “Arte de Amar”,
uma obra considerada imoral, que foi banido de Roma pelo imperador
Augusto, um duro golpe para este amante liberal que ansiava por reconhecimento dos amantes a quem ensinou a amar. A morte e o tempo
trouxeram esse reconhecimento.
“(…)se em alguma coisa confiais, acreditai na minha arte, que em longa experiência foi construindo; os meus versos hão-de ser o garante da
vossa confiança.
Solte-se, do fundo das suas entranhas, a mulher e sinta os prazeres de
Vénus, e a coisa há-de ser aprazível, ao mesmo tempo, aos dois;
E não deixem de se ouvir falas meigas e murmúrios de delícias, nem
fiquem em silêncio, em pleno prazer, palavras menos próprias.”
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Astróloga, taróloga e terapeuta. Atende e ministra cursos. Formada em Astrologia pela Gaia. Foi Vice-Presidente da CNA.
Membro da Astrobrasil, do Sinarj e da ASPAS. Autora do Caderno Brasileiro de Astrologia 19: Amor e Astrologia: em busca de
relacionamentos melhores. Co-autora dos Livros Comunicação
em Cena volumes 2 e 4, com artigos que relacionam Astrologia
e Comunicação. Colunista de sites, revistas, jornais e televisão.
Já atuou como advogada especialista em Direito da Família e
das Sucessões. Pós graduada em Jornalismo. Mestranda em Comunicação.
Por: Titi Vidal
Membro N.º21
www.titividal.com.br
AMOR
ALÉM DE VÊNUS
E MARTE
Somos nosso Sol, reagimos emocionalmente com nossa Lua,
pensamos com Mercúrio, nos relacionamos com Vênus, agimos com Marte, e assim por diante. Cada planeta, assim
como cada casa astrológica, tem sua função específica.
Apesar disso, somos todo nosso mapa, o que reforça a complexidade do ser humano que é tudo ao mesmo tempo. Ou
seja, todo nosso mapa está presente em tudo que fazemos
e nas diversas áreas da nossa vida, ao mesmo tempo.
Assim, quando falamos sobre relacionamentos, os primeiros
pontos a serem observados são Sol e Lua, o “eu” e “suas
emoções”, o pai e a mãe, a origem da vida. Cada um deles
precisa ser interpretado e compreendido se desejamos saber como é uma pessoa, quais suas buscas, necessidades e
reações emocionais. Além disso, a relação entre ambos influencia muito na personalidade da pessoa, especialmente
quando pensamos nos relacionamentos.
Até porque Sol é o princípio masculino e a Lua o feminino e
para que possamos ter um bom relacionamento, temos que
ter ambos os lados bem integrados e compreendidos.
Além disso, a relação entre Lua e
Vênus é uma grande indicadora
do potencial de relacionamento, já
que ambas são os princípios femininos que, se não estiverem bem
integrados, podem trazer dificuldades numa relação. Por exemplo,
mulheres que tenham Lua e Vênus
em conflito em seu mapa natal, podem ter dificuldade com seu próprio feminino e, consequentemente,
ter algum tipo de dificuldade para
se relacionar ou dentro de um relacionamento.
Isso não significa que a dificuldade precisa existir para sempre e esta é uma das
importâncias da Astrologia, que ajuda a
compreender onde estão nossos desafios e como podemos lidar melhor com
cada um deles.
A relação entre Lua e Vênus no mapa
dos homens também deve ser avaliada para saber como esses femininos
se combinam. Isso é importante porque
alguns homens com Vênus e Lua em
conflito podem ter dificuldade para enxergar a mulher-mãe e a mulher-amante
na mesma mulher e, sabendo disso, a
Astrologia ajuda a integrar essas duas
partes internas e a conviver melhor com
essa dificuldade.
As casas astrológicas também têm extrema importância para a melhor compreensão da dinâmica das relações.
Elas seguem uma sequência lógica e
estão totalmente interligadas. É a nossa
jornada de vida, que tem início na casa
um com o nascimento (representado
pelo Ascendente). Assim, na primeira
casa temos o próprio “eu”. Na segunda
casa os “meus valores”.
Na terceira o “meu ambiente próximo”.
Na quarta casa a “minha família”. Isso
significa que nascemos num determinado momento e pertencemos a uma
determinada família, que além de estar representada pela Lua, que também
tem a ver com as emoções, está na casa
4, a base do mapa que, assim como a
Lua, mostra o quanto temos e/ou buscamos segurança na vida e nas relações.
Ou seja, compreender a própria família
e sua história, ajuda a viver melhor as
relações afetivas.
37
Na casa cinco nos apaixonamos. É a casa
dos prazeres, do namoro. É nela que uma
relação começa e enquanto vivemos a
casa cinco tudo é muito divertido, prazeroso.
Conforme vamos nos relacionando, vivendo essa paixão, o amor, a diversão e o
prazer, vamos criando uma rotina. A outra
pessoa e o namoro entram em nosso dia
a dia. O outro passa a fazer parte da nossa vida, do cotidiano.
E conforme isso acontece, estamos vivendo a casa seis. Ou seja, a relação vai
ganhando forma, rotina, repetição.
Quando já temos uma certa rotina,
um tempo juntos e alguma segurança,
começamos a estabelecer contratos,
ainda que tácitos. Existe um respeito ao
outro e determinadas regras (coisas de
casa seis) se instalam. Nesse momento
em que o contrato é formalizado, por exemplo, com o casamento, estamos na
casa sete, a casa do casamento, a casa
do outro. Aqui a relação não é apenas o
prazer, mas sim uma série de regras combinadas ou não e toda a vida de cada
um interferindo no relacionamento.
Uma boa relação, portanto, depende
muito da capacidade que um casal tem
de integrar casa cinco e casa sete: o
amor e o contrato. E o que está entre elas
é justamente a casa seis, a casa da rotina, o que aproxima ou afasta as pessoas.
A rotina é a grande construtora de
um relacionamento. É no dia a dia
e nos pequenos detalhes que vamos nos entregando, conhecendo
o outro e convivendo com alguém.
A vida é construída nesse dia a dia
representado pela casa seis e cada
detalhe pode ser decisivo quando
criamos vínculos com alguém.
Essa mesma rotina que constrói é
capaz de destruí um relacionamento, já que as coisas do dia a dia podem nos afastar de quem amamos
e criar uma série de obstáculos à
uma união. Sem falar que os assuntos de casa seis estão presentes em
muitas separações: o excesso de
trabalho, os problemas de saúde,
a falta de higiene, os hábitos e manias que podem incomodar.
Por isso a casa seis pode ser a
grande ponte que liga a cinco à
sete e mantém o amor e o prazer
dentro da relação, assim como
pode ser um grande muro que se
constrói e afasta o lado prazeroso e
feliz, fazendo a relação ficar difícil,
chata, apenas pautada nos contratos, nas obrigações e assuntos
burocráticos.
Isso significa que o sucesso de uma
relação também depende muito
do dia a dia e dos detalhes. Ou
seja, um relacionamento é como
uma flor que precisa ser cuidado
todos os dias, com atenção a todos os detalhes.
Quando as casas cinco e sete estão bem integradas, com a ajuda
da seis, a casa oito tende a ser vivida de forma mais positiva. Esta é a
casa da intimidade e de tudo que
compartilhamos com o outro num
relacionamento. Por isso é chamada a casa dos valores do outro e
da sexualidade.
Na casa oito mergulhamos intensamente na relação e nos fundimos com
o outro. Por isso ela traz transformações,
já o equilíbrio de uma relação também
depende da nossa capacidade de abri
mão de algumas coisas, de ceder . Além
disso, também depende de aceitarmos
o outro exatamente do jeito que ele é,
com tudo que lhe pertence, e isso também está nessa casa oito, que fala, ainda, da sexualidade vivida entre o casal,
do dinheiro conjunto, dos detalhes íntimos.
Uma relação bem vivida terá uma
boa intimidade, sexualidade positiva,
um bom compartilhamento. Mas na
casa oito também temos a violência, a
traição, a separação. Curiosamente as
duas casas – seis e oito – que cercam a
casa sete precisam ser muito bem cuidadas se desejamos uma relação saudável e duradoura.
Além dessas casas, os valores e crenças
da casa nove, a carreira e os objetivos
de vida, da casa dez, os amigos e ideias, da casa onze e todo nosso mundo
interno e oculto da casa doze também
fazem parte de nós e podem influenciar
qualquer relação.
Por isso tudo, é fundamental o autoconhecimento e a boa compreensão de
toda nossa complexidade, pois quando
nos relacionamos, tudo que nos pertence está junto, assim como tudo que
pertence ao outro também faz parte da
relação.
Isso também inclui o passado de cada um, que quando não respeitado e inte- 39
grado pode influenciar negativamente uma relação atual. Não apenas os relacionamentos anteriores como toda nossa história precisa estar bem resolvida
dentro de nós mesmos para que isso nos fortaleça e para que não se criem ganchos que atuam em nós, atrapalhando a vida e as relações.
Portanto, se compreender uma pessoa já é uma tarefa complexa – que felizmente a Astrologia, assim como outras áreas do conhecimento nos ajuda – compreender a dinâmica que se forma entre duas pessoas é algo ainda mais complexo e profundo e, astrologicamente falando, depende de tudo que faz parte
de nosso mapa astrológico e da combinação que se cria entre os mapas de um
casal. Ou seja, a dinâmica da relação vai muito além de Vênus e Marte que, certamente, também são uma parte bem importante dos nossos relacionamentos.
As imagens criadas especialmente para esta apresentação são da autoria de
Paulo Tripitelli.
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Nascido em Estremoz, Abril de 1949. Astrologia, Teosoa, Espiritismo, Simbologia dos Números, Geometria Sagrada, Extraterrestres, a Face Oculta da Vida. Estes são alguns dos temas que
merecem a minha atenção e estudo, procurando sempre interligá-los através de actividades que venho a desenvolver, com
o empenho que a minha capacidade e consciência me permitem.
Por: Narciso Saramago
Membro N.º83
www.astrovida.com
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DA PAIXÃO PELO
ABISMO À ILUSÃO
PELA DEPENDÊNCIA
Tenho por hábito dizer, repetindo, que a formidável e
mais difícil “disciplina” da “escola da vida” é a do relacionamento humano. A minha teimosa persistência nesta
atitude serve para me lembrar, com a maior frequência
possível, o quanta atenção esta área de vida requer.
Quando alguém resolve empreender uma experiência
de relacionamento a dois, e se diz que duas alminhas decidiram viver juntas, costumo perguntar em jeito de comentário irónico – “sim? Fulano ou fulana casou? CONTRA
QUEM?” – Se duas pessoas se deparam com o desafio de
um relacionamento íntimo activam de imediato uma estranha aritmética que diz que 1+1 é igual a 4.
Os envolvidos na experiência vêem-se na empolgante
condição do encantamento um pelo outro, isso é verdade, mas com o tempo terão forçosamente de enfrentar o lado sombra da natureza de cada um, aquela contraparte que no início de um relacionamento amoroso
se esconde atrás das atitudes do querer agradar para
alcançar os objectivos, sejam eles quais forem. Muitas
vezes pode não parecer. Mas de uma ou outra forma,
no começo de um relacionamento, a pessoa que temos
pela frente é ainda algo estranha numa ou outra área da
interacção a dois.
Raro é o caso de duas “almas” que partem para a experiência de um
relacionamento íntimo que levam no enxoval alguma consciência das
controvérsias dos seus próprios mecanismos internos, para mais tarde poderem mostrar maturidade e abertura perante o parceiro/a, e tentarem
gerir os naturais avanços que sempre invadem o espaço interno de cada
um. De uma maneira ou outra a maioria acaba por inconscientemente
levantar as suas defesas pessoais.
Nesta atitude e com o tempo, quando tudo parecia dar a entender que
reinava um certo equilíbrio entre ambos, um deles começa a dar sinais
de perda de interesse e desilusão amorosa. O fogo de queima rápida
da paixão já não encontra alimento no objecto da sua fascinação, ou
o que parecia deixou de ser o que aparentava ser. Porém, o que foi,
sempre foi como é, apenas com a diferença que já não se faz uso da
cautela necessária para não se cair em desagrado perante o outro. Terminado o tempo que parecia garantir a posse e o controlo da situação,
já não há mais justificação para se esconder a face oculta do ego pessoal, que ao revelar-se em todos os seus aspectos faz muitas vezes com
que um se apresente ao outro como se fosse um estranho.
Tudo o que tem uma frente inevitavelmente tem um verso. E não há
como mudar esta realidade. Assim, quando duas faces de alguém se
somam com as duas faces de outra pessoa surge de imediato a fórmula:
1 (1) + 1 (1) = 4.
E esta estranha aritmética não funciona apenas nos relacionamentos a
dois. De uma maneira menos intensa o fenómeno opera de igual modo
quando se trata de um relacionamento de amizade, trabalho, grupo
de pessoas interagindo entre si, etc. O certo é que quanto mais íntima
é a proximidade entre os envolvidos e maior é a interacção entre eles,
maiores são também as possibilidades de vir a sobressair de uma forma
mais intensa o que de mais oculto jaz na personalidade de cada um.
De acordo com o psicólogo Carl Gustav
Jung este fenómeno é conhecido como
“mecanismo da projecção do lado sombra da personalidade”. A palavra “personalidade” tem como raiz o termo latino, persona, significando o mesmo que
a palavra grega, prósopon, e quer dizer
– máscara. A “máscara” (a persona – a
Lua astrológica) simboliza o lado escuro
da natureza humana revelando-se nas
atitudes e comportamentos quando na
busca de adaptação às mais diversas
situações do quotidiano. Este mecanismo
dá por vezes lugar a um quadro pródigo
em dissimulações e equívocos colocando-se com muita veemência nos relacionamentos.
Mas por mais controverso e desconcertante que se mostre, é neste mesmo lado
sombrio da natureza humana que habita
a semente para a integração dos opostos nela mesma, mostrando que no mundo da dualidade a sombra não pode
existir sem a sua contraparte – a LUZ, a
consciência solar. Numa outra dupla da
simbologia astrológica, o Sol interno vêse também ensombrado pela natureza
da expressão de Saturno, energia sentida
por uns como um sinónimo de provações
e limitações, e por outros como uma via
de orientação e propósito.
Ainda relativamente à anterior alusão
sobre a frase “contra quem”, esta surgiu
como uma forma de lembrete à antiga
premissa filosófica que expressa a dialéctica entre os opostos e a sua respectiva
solução ao dizer que – “No princípio era
a Tese e depois veio a Antítese, e em
seguida a Síntese”. Esta última aparece
como resultado da integração dos dois
factores anteriormente numa relação de
oposição.
No tríptico Tese/Antítese/Síntese
o primeiro factor projecta-se
dando lugar ao segundo, originando-se em seguida um terceiro – a Síntese – que acrescenta
aos dois anteriores algo que eles
próprios desconheciam deles
mesmo.
Na prática de um relacionamento, a “Síntese” transmite a
mensagem como um terceiro
factor para se chegar a possíveis
soluções para as divergências
entre os “oponentes”, mas tudo
depende do nível da síntese interna conseguida por cada um
deles até ao momento. De outro
modo embrulham-se numa infinidade de equívocos alimentados
pelos fantasmas da personalidade de cada um, num cenário
de “faz de conta” até à próxima
fase de tensão no relacionamento… se lá chegarem. E assim fica
adiada para uma futura oportunidade a possível manifestação
da mediadora e pacificadora
“Síntese”.
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Todo aquele que vive em estado de cisão interna ignorando os opostos
em si mesmo, tende sempre a esperar que os outros ou o ambiente exterior lhe providencie o alimento emocional e afectivo que lhe possa vir faltar. Interpreta assim como inexistente o que nele mesmo já possa existir
em potencial. Ironicamente, podemos chamar a este estado de ser de –
“síndrome de auto-insuficiência”. Considerando ainda algumas variantes possíveis e a título de exemplo, sabemos bem como são afectados os
anseios pessoais daqueles que em seu mapa natal têm a Lua ou Vénus
(ou ambas) em tensão com Saturno, Neptuno ou Plutão. O pessimismo e
a falta de auto-estima, o fascínio pelo encantamento e a paixão obsessiva, tarde ou cedo acabam por se converter em provações e desilusões
no relacionamento.
Mas o acima exposto não é algo de novo. Os dramas nos relacionamentos amorosos ondulam pelas Eras, assim como as dissertações a eles
relativas perduram fixadas na tónica de quem as escreveu em páginas
cujo papel já amareleceu com o tempo. No entanto, podemos dizer que
as dificuldades nos relacionamentos não é uma causa perdida e sem
solução. Referindo-se a estas questões alguém se expressou da seguinte
forma: “A guerra dos sexos jamais será resolvida, ou ganha, porque há
demasiada confraternização com o inimigo!”
De uma forma superficial esta frase não acrescenta grande coisa. Mas
reflectindo um pouco sobre o seu possível significado no que se refere
ao “inimigo”, atenta para aquela parte interna em cada um de nós – o
lado sombra da personalidade – que quando não consciencializada e
deixada à revelia na expressão dos seus conteúdos, acaba por se transformar em um verdadeiro inimigo para a própria pessoa.
Mas na medida em que a consciência humana se vai desenvolvendo
estes problemas tendem a minimizar-se.
Quando o ego pessoal começa a entender que o seu verdadeiro papel nesta
47
existência passa por se colocar ao serviço do desenvolvimento espiritual, quando
essa parte em nós parar de tentar assumir o comando das “operações”, o problema da cisão interna passa a ser uma questão menor e o problema dos relacionamentos já não se colocará de um modo tão dramático. Porque a capacidade das partes colaborarem entre si já não é algo estranho e inatingível, não se
manifestando a necessidade de conquista de território de um perante o outro.
Neste ponto gostaria de acrescentar ainda outras questões: quando se trata de
relacionamentos a uma escala maior esta não é uma condição à qual coisa
alguma no universo da dualidade não pode escapar? E não é através da interacção que se estabelece nos relacionamentos que temos a grata oportunidade
de nos “aproximarmos” um pouco mais de nós mesmos? Parece então que estamos perante algo impossível de evitar e que, de uma forma ou outra, no que
diz respeito a relacionamentos, acabamos por nada mais fazer do que reproduzir
imitando o modelo original do Universo, no qual mundos incomensuráveis vivem
em permanente estado de relação entre si.
Pode não parecer, mas a distância entre os organismos seja ela de que dimensão
for não os impede de agir em permanente sincronia, em que os menos evoluídos
sempre vivem em fase de preparação para futuramente poderem comunicar
com os mais adiantados, sujeitos ao mesmo propósito definido por – vida, acção,
comunicação, porque essa é a base da “Lei Cósmica” – comunicação, interacção, relacionamento. Em sua essência primordial, o Espírito surge da Unidade
e mergulha nos mundos da diversidade. Isto conduz ao pressuposto imediato
que envolve a lei da “acção/reacção, “causa/efeito” – KARMA – como se diz
vulgarmente. Tão vulgarmente como é hábito no ser humano, que ao vulgarizar
as expressões que utiliza deixa escapar a profundidade do seu significado.
Por conseguinte, o comunicar, o interagir e o relacionar são verbos que estão
na base da expressão da vida e que conduzem a experiências tenham elas as
consequências que tiverem. E o classificar uma experiência de “má” ou “boa”
depende apenas se estamos a avaliar a situação por uma perspectiva quantitativa ou qualitativa. Mas se em nós estiver entendido que o processo de desenvolvimento da consciência passa inevitavelmente por consecutivos mergulhos no desconhecido, então os relacionamentos amorosos, como parte desse
processo, passam a assumir um papel não de gratificação do desejo pessoal
tresmalhado, mas de uma tarefa de integração que conduz ao cultivo da dignidade e respeito pelo outro.
Em língua espanhola, “tarefa” diz-se “tarea”. Mas face à possível dupla interpretação da palavra, fica a nosso cargo o encarar o desafio de um relacionamento
como uma verdadeira “tareia” no sentido vulgar do termo, ou, pelo contrário,
encarar esse desafio como uma “tarefa” em que o equívoco e a desilusão já não
são a tónica dominante, não nos deixando enganar assim pela “cereja no topo
do bolo”.
Mas quando se trata de relacionamentos
Deus também tem “problemas”.
Quando a “Mente Universal” ou “Mente
Divina”, um ponto algures no infinito e
em parte indefinida, Se projectou a partir de Si mesmo criando uma imensidão
de universos menores, iniciou-se de imediato um processo de relacionamento e
intercâmbio entre o centro e a periferia
no hiperespaço, gerando-se um campo
de múltiplas e infinitas experiências. Desta maneira manifestou-se a multi-diversidade e a dinâmica interactiva entre as
partes.
“Deus”, provavelmente “não satisfeito”
com a Sua condição, projectou-Se a partir de Si mesmo através da experiência
da diferenciação, criando algo de novo
que lhe conferiu uma nova noção de Si
Mesmo. Em termos microcósmicos e em
nós, humanos, o processo passa-se do
mesmo modo. Sem divagações ou delírios filosóficos, o certo é que Algo teve um
indubitável começo do qual somos parte
integrante e um modelo em sequência
fractal.
E não importando nesta análise a
fase do desdobramento em que
as Hierarquias se estabeleceram
e envolveram, o certo é que
de um Universo indiferenciado
(universo/versus uno) teve início o “Princípio Activo”, que ao
projectar-se deu lugar à manifestação das diferenças. Aconteceu assim o primeiro conflito
que gerou as infinitas faces com
seus ângulos e arestas, colocando as mais elementares formas
de vida numa dinâmica de relacionamento entre si, por caminhos, obstáculos e abismos numa
misteriosa senda em busca da
essência que os originou.
Pela lei da evolução, este
mecanismo é conduzido a organizar-se em estruturas cada
vez mais e mais complexas,
congregando-se em organismos
também cada vez mais e mais
complexos, e por seu turno também cada vez mais capazes de
se sobreporem às limitações características das formas elementares. Podemos, vá lá, dizer, que
esta foi a dinâmica que provocou as futuras e contíguas crises de identidade. Daqui nasce
o “velho herói” na senda para
tentar descobrir a sua “Essência
Original”.
E como consequência vemo-nos
chegados ao paradigma humano. Embora numa arrojadíssima comparação e a uma ínfima
escala, à semelhança da Fonte
Original, cada um de nós reproduz o modelo do mecanismo da
projecção, não como seres inteiros criadores em plena consciência, mas desencadeando trôpegos gestos em busca da outra
parte em nós mesmos, numa
primeira e longa fase impossível
de alcançar senão através da
interacção com outros.
O drama humano acresce em dificuldade na inabilidade de lidar com
a dualidade em si próprio. A dinâmica consciente/inconsciente, como
duas faces da mesma moeda, é um colossal desafio para se tentar manter a sintonia entre as partes. Mas nos primeiros passos do percurso da
alma, para a auto-descoberta é mesmo necessário a presença do “outro” em várias vertentes e facetas.
Na minha maneira de entender a Ordem do Universo este é um “jogo”
que não podemos recusar, restando-nos apenas tentar entender o seu
funcionamento e objectivo, procurando assim agir em conformidade
com vista à harmonia interna pessoal. Ao nível da psicologia humana e
em boa verdade, o “mecanismo da projecção” é uma ferramenta de
extrema utilidade para se chegar à consciência de quem somos. Embora numa primeira fase tentemos ir ao encontro da harmonia, é um facto,
porém ainda através do conflito.
Mas na “Causa Primeira”, quiçá surgida de uma outra “Causa Primeiríssima”, quando o que com arrojo chamamos de “a Fonte”, se projectou
e criou o primeiro impulso para a dualidade em Si mesma, ficou estabelecida a “primeira regra do jogo”, a polaridade como dois princípios
do mesmo modelo, que passam a relacionar-se entre si. Se o exemplo
exposto for suficientemente claro para que possamos usufruir de alguma
luz sobre o que poderá ter sido o “primeiríssimo relacionamento”, então
parece que a nós, humanos, produtos do mesmo modelo, só nos resta
mesmo procurar entender os desafios que surgem em um relacionamento temporal, como espelho e ajuda para chegarmos ao âmago intemporal de nós mesmos.
Certo ou não, porque há controvérsia, atribui-se a Abert Einstein a famosa frase – “Tudo é relativo!” Não importando quem disse o quê e a
abrangência do significado da frase, o importante é termos a noção
de que de facto tudo é relativo a algo, e pelo relacionamento tudo se
liga a tudo, seja por que maneira for. E como todas as experiências são
válidas e não existem boas ou más escolhas mas simplesmente escolhas,
é por este meio que chegamos à possibilidade de integrar o resultado
daquilo que se experimenta num relacionamento seja com quem ou o
que for.
Assim, um dia, num futuro ainda difícil de vislumbrar, com o corpo físico
vivendo no tempo linear mas em consciência multidimensional, muito
para além do que o simbolismo do Sol astrológico a um nível mais básico
possa expressar, chegaremos ao âmago do nosso Sol Espiritual, a consciência máxima, aquela concepção superior em nós, aquele ponto
central unificador que faz de cada ser humano um criador à semelhança do “Criador”, que ao projectar-se a partir de um Ponto Central indefinido, algures no espaço indefinido e sem espaço definido, criou a circunferência limítrofe de um campo organizado de infinitas experiências
e possibilidades.
49
Na condição humana, sublimando a energia do Sol que se expressa
através do Plexo Solar, o Sol Espiritual passa a brilhar intensificando a
energia associada ao chacra do Coração, expressando-se assim a benevolência e o amor altruísta, a tolerância e a humildade. Desta maneira como poderão os relacionamentos falhar?
Fica aqui ainda uma outra questão: qual o real valor que deveríamos
atribuir ao drama ilusório dos relacionamentos interpessoais, quando o
mais importante é o relacionamento último que temos de estabelecer
com o lado mais íntimo da nossa própria natureza de ser, chegando
um dia ao chamado Casamento Interior? De acordo com o Mestre S.
Germain, “não devemos esquecer que no altar do coração humano
existe uma câmara secreta que abriga o holograma da centelha divina,
a Chama Trina”, esse Cálice Sagrado de onde todo o ser humano deve
“beber”, ligando-se ao mais sublime da sua natureza, para um dia se
poder livrar da paixão pelo abismo e da ilusão da dependência. Bom!
Esta é a visão de alguém que em seu mapa lida com uma Lua de Escorpião quadratura crescente e aplicativa a Saturno – “Ou te ergues em
consciência ou te tornas vítima de ti próprio!”
51
53
Ao trilhar caminhos no Ensino, Publicidade, Jornalismo, Marketing Editorial, Produção Editorial e Coaching em paralelo foi
surgindo e instalando-se a Astrologia.
A sua utilidade é cada vez mais consciente e clara: primeiro
como auto-conhecimento, depois como conhecimento humano e promotor de uma maior compreensão na interação
com o outro.
Por: Isabel Figueiras
Membro N.º31
www.astrocoachingblog.wordpress.com
O AMOR E O MAPA NATAL
3 MOMENTOS PARA 2
Na vida queremos ser felizes. Para atingir a felicidade há tantos
caminhos ou mais quantos os seres humanos existentes na terra. Para
entrarmos nos trilhos da nossa felicidade precisamos de nos conhecermos e querermos o melhor para nós. Para nos relacionarmos
precisamos também de conhecer o outro e amá-lo. Através de uma
consulta de astrologia é possível conquistar uma maior consciência
de nós e conhecer melhor as pessoas e os ambientes com os quais
interagimos. Desse conhecimento é comum nascer um objetivo a
partir do qual traçamos um plano de ação e avançamos na sua
concretização. E esta abordagem é válida para qualquer assunto
que queiramos tratar, tendo como ponto de partida o mapa natal.
Para muitos de nós a felicidade passa por um relacionamento feliz,
sermos felizes no amor. Mas o amor não é visível num mapa. Então,
qual a pertinência de uma consulta sobre o amor? Supondo que temos um casal que quer verificar se se ama e se vale a pena continuarem juntos, se não podemos ver o amor nos mapas valerá a pena
dar-lhes uma consulta? O que podemos fazer para os ajudar?
“Conhece-te a ti mesmo e conhecerás todo o universo e os deuses,
porque se o que procuras não achares primeiro dentro de ti mesmo,
não acharás em lugar algum.” Oráculo de Delfos
O autoconhecimento é o primeiro passo para uma vida mais feliz. O
autoconhecimento é promovido e facilitado pela astrologia através
do mapa natal. É o nosso instrumento de trabalho e é através da
sua leitura que damos a conhecer as motivações, o temperamento,
o comportamento, enfim, descrevemos a pessoa que está à nossa
frente. É no conhecimento da nossa natureza, do nosso temperamento, daquilo que nos motiva e o que nos caracteriza que temos
a porta aberta para nos aceitarmos e para sermos tolerantes em
relação ao outro. O facto de nos conhecermos é a chave que nos
vai permitir conhecer o outro. E o facto de nos aceitarmos facilitanos a aceitação do outro, tanto no que consideramos qualidades
como no que consideramos defeitos.
55
Daí que uma consulta astrológica de relacionamentos deva ter três momentos distintos: uma consulta individual para cada um e só depois uma consulta
em conjunto.
A primeira consulta relacional que dei, ainda estava a tirar o curso de astrologia. Foi uma experiência muito caseira pois os supostos clientes eram pessoas
conhecidas e devidamente informadas sobre a minha inexperiência. Numa
das consultas tinha diante de mim um casal. Pediram-me que eu visse como
estava a relação deles e se se amavam o suficiente para continuarem juntos.
Se valia a pena investirem um no outro. Comecei por descrever o mapa de
um deles de forma breve e seguidamente o do outro. Pouco tempo depois
estavam a discutir usando as minhas palavras como armas de arremesso. Um
desastre!
Se por um lado a primeira consulta deveria ter sido separada, como referi, por
outro onde está o amor retratado num mapa natal e na relação entre os dois
mapas? Uma consulta individual teria permitido tomarem conhecimento do
seu próprio mapa. Haveria oportunidade para esclarecer as características
que a pessoa não consegue ver em si. Nem sempre nos reconhecemos na
descrição do ascendente, por exemplo. Normalmente as características do
nosso ascendente e planeta ou planetas na primeira casa são mais visíveis aos
outros. Há as características que não reconhecemos à primeira mas até não
achamos nada de mal, às vezes até têm alguma graça. E o que dizer daquelas características que o astrólogo até descreve com a melhor das intenções
mas que detestamos, abominamos e desconhecemos em nós ou não queremos ver? Para aumentar as variantes e complexificar tudo isto, ao longo da
vida vamos criando crenças sobre nós, sobre os outros e o mundo em geral.
E essas crenças podem ser contrastantes com o que somos e como agimos..
Se essa característica, com a qual não nos identificamos ou não quer ver e
entra em conflito com as nossas crenças, é exposta perante outra pessoa, a
nossa reação não pode ser suave. Por isso, é de enorme importância que esse
trabalho seja feito entre o astrólogo e cada um dos elementos do casal em
separado. E só depois de ambos se sentirem preparados para a sessão a dois
é que se deve avançar. É muito importante ter essa perceção, de facto, a
sessão a dois só deverá acontecer quando os dois já se sentem preparados.
É nesta autodescoberta que cada um faz individualmente, que nasce a autoestima, a autoconfiança, no fundo, o amor-próprio. E é com o amor-próprio,
com o conhecimento de quem somos que podemos partir para a consulta
a dois. A nossa ambição no amor deverá começar por conhecermo-nos e
amarmo-nos. O Amor é inteiro. Os amores fragmentados procuram no outro o
que carecemos em nós. «Nenhum homem é uma ilha» mas quanto mais inteiros maior possibilidade de partilhar o Amor.
57
Na consulta individual com o fim relacional, analisamos a forma
como a pessoa exprime o afeto (Vénus), como se relaciona sexualmente (sobretudo relações de Vénus e Marte) , que dinâmica procura num relacionamento (protocolo da casa sete); a tendência
de durabilidade dos relacionamentos (modo do signo e relação
sol e lua); o tipo de parceiro que procura (tipo de significadores)
entre outros.
Toda esta informação recolhida individualmente, é posta em interação na consulta a dois para destacar as compatibilidades e
incompatibilidades entre os dois mapas. Para além disto, são analisadas as afinidades entre os pontos hylégicos (o sol, a lua, o ascendente, a parte da fortuna e a sizigia.) E a partir desta análise
destacamos os aspetos difíceis ou seja, as zonas de tensão entre
os dois mapas; e os bons aspetos elementos facilitadores na compreensão entre as pessoas.
Ao fazermos a análise dos dois mapas recebemos informações
importantes: as incompatibilidades e compatibilidades. É preciso
desmistificar. O que é bom não garante sucesso e o que é difícil
não indica rutura. E se há mais incompatibilidades do que compatibilidades quer dizer que não vai dar certo? O nosso mapa individual também tem questões difíceis, quer dizer que não podemos
ser felizes? A consciência de nós e do outro, neste caso através da
análise dos mapas, a vontade e as ações certas, permitem que
duas pessoas que se amem possam ultrapassar as questões apresentadas pelos mapas.
No confronto com o outro aprendemos muito sobre nós.. Es se eu
«não consigo aproximar-me da outra pessoa(…) é porque ainda
não dialoguei o suficiente com o que aquela realidade revela
em mim», diz-nos o arquiteto, teólogo e filósofo João Delicado. E
é nessa interação comigo, no reconhecimento daquilo que me
quer obrigar a sair da minha zona de conforto e com a qual travo
lutas ferozes e resisto, que encontro a oportunidade valiosa de
«visitar partes da minha interioridade que de outra forma me seriam inacessíveis», acrescenta o filósofo.
Temos de estar dispostos a trabalhar o que somos e a relação. Havendo a semente do amor entre duas pessoas, é preciso fazê-la
germinar, dar flor e fruto. E é mesmo como uma planta. Se deixarmos de a regar, de a pôr ao sol, enfim, de reparar nela e cuidar
dela, ela morre, tal como a canção do Caetano Veloso «Quando
a gente gosta é claro que a gente cuida». Para manter e fazer
crescer uma relação de amor é importante ter presente se queremos mesmo essa relação e fomentar a comunicação.
59
Anthony Robbins escreveu: «To effectively communicate, we must realize that we
are all different in the way we perceive the world and use this understanding as
a guide to our communication with others»1. Para comunicar com o outro não
basta falar de tudo sem ter em conta as diferenças entre os dois. E esta consulta
a dois ajuda o casal a ter uma comunicação mais construtiva. Se ambos querem
estar juntos, ambos têm de trabalhar a comunicação entre os dois e respeitar
o que cada um é. É útil lembrar que não conseguimos não comunicar. E o que
dizemos que não é comunicação, o silêncio, pode ser o sinal mais evidente que
comunica a rutura, por exemplo. É preciso lembrar que ambos estão a comunicar em nome do amor. E se assim é, a resposta que procuram quando comunicam
um com o outro é crescer em amor. E que o facto de nem sempre agirem da
melhor maneira, nem sempre estarem no vosso melhor para poderem utilizar em
pleno os vossos recursos, não implica que não se amem.
Se querem mesmo essa relação é essencial ter esse pensamento presente e focar no amor. Onde têm o vosso foco? No ciúme? Ele vai crescer. Nos defeitos de
cada um? Eles vão ficar gigantes. Numa terceira pessoa ? Ele vai ganhar demasiado poder. ..Onde puserem a vossa atenção, vai ganhar vida; onde não estiver
a vossa atenção; vai morrer.
Então onde querem pôr o vosso foco?
Posso sugerir?
Que tal no amor?
1
Tradução “Para comunicar de forma eficaz, devemos perceber que somos todos diferentes na forma como
percebemos o mundo e usar esse entendimento como guia para nossa comunicação com os outros.”
61
Astróloga, arquiteta e consultora em harmonização ambiental e pessoal há mais de 20 anos. Diretora do Harmonizarescritório de consultoria holística, agora também em Portugal. Desde 2008 desenvolve seu trabalho em solo português.
Faz atendimentos e ministra formações em Astrologia e Feng
Shui. Membro da CNA (Central Nacional de Astrologia), da
ASPAS e também consultora empresarial da Astrobrasil.
Por: Patrícia Ungarelli
Membro N.º14
www.harmonizar.com.br
O AMOR UNINDO
CAMPOS DO SABER
Quando recebi o convite carinhoso da
Diretora Editorial do jornal para escrever
sobre o Amor explorando o tema com
as minhas especialidades profissionais
fiquei muito feliz, pois é realmente um
tema que muito me agrada, fonte inspiradora da minha trajetória profissional unindo campos de saberes, e muito
procurado em meu trabalho de consultoria, principalmente na área que
chamo de Harmonização ambiental e
pessoal.
Quando desenvolvi o produto de harmonização ambiental, a principio dentro da área de Arquitetura de Interiores e depois mais especificamente
na área holística tive dificuldades em
explicar o principio de integração multidisciplinar, pois aparentemente estaríamos falando de universos que não
conversam entre si. Defino hoje a Harmonização Ambiental e Pessoal ou Arquituterua Holística como um processo
que tem como objetivo a integração
do ser humano com o espaço físico
que o cerca, utilizando técnicas alternativas para isso, mais especificamente
na atualidade a Astrologia, técnicas
de Feng Shui intuitivo e limpezas energéticas. Mais do que seguir uma escola
específica de Feng Shui, o que não é o
caso, realmente compreendo ser uma
competência de Arquitetura Holística, se pudesse existir como cadeira
acadêmica.
63
A Arquitetura Holística procura conscientizar as pessoas a perceberem melhor os
espaços físicos em que vivem e trabalham, do ponto de vista energético e sensorial. Aproveitando assim a boa energia
presente em toda a Natureza, à qual no
Feng Shui chamamos de Ch´i para manter e trazer prosperidade, felicidade e
harmonia em nossa vida. Estamos constantemente recebendo influências de
energias que permeiam os ambientes, e
muitas vezes não nos damos conta disso.
Podemos utilizar o Feng Shui com muita objetividade, buscando o equilíbrio com as
forças positivas e benéficas da Natureza, e trazer mais saúde, boa sorte e prosperidade em todos os sentidos de nossa vida.
Entendendo que existe uma íntima ligação entre nós e os espaços físicos ao nosso
redor podemos utilizar procedimentos muito simples para resgatar os significados e
sentidos de nossas próprias essências, como seres humanos, e aumentar consideravelmente nossa qualidade de vida e bem estar. E não seria diferente para as questões
do amor e do coração.
Assim como a Astrologia enquanto ferramenta de autoconhecimento e autodesenvolvimento, a harmonização ambiental e pessoal entende o ser humano
como um Ser Holístico, um verdadeiro microcosmo em conformidade com o macrocosmo.
O Feng Shui enquanto corrente de pensamento analítico tem um história de aproximadamente 4000 anos, e como a Astrologia são saberes milenares com tradição
na observação e constatação, postulando assim um conhecimento complexo e
profundo sobre a natureza humana e suas relações com as forças do universo que
o cerca; tanto do ponto de vista visível e tangível como a matéria, quanto do ponto
de vista invisível e intangível como o espírito e as energias. Na tradução da palavra
Feng Shui vemos esse ponto de vista bem claro, Feng = vento ( invisível e intangível)
e Shui = água ( observável e visível).
Os ambientes possuem sua vibração própria, sua marca e são influenciados
pela presença do Ch´i. Mas essa energia observada e postulada pelos chineses há tantos anos atrás também está presente nos seres humanos, mostrando
que tanto somos influenciados pelos ambientes quanto podemos intervir neles
influenciando-os também: motivar ou desmotivar, estimular ou desestimular,
e assim por diante.
Quantos de nós já não tiveram a experiência de entrar em uma loja cheio
de vontade e desejo de comprar e simplesmente após uns minutos lá dentro perdermos completamente essa vontade? E mais ainda, sair de lá meio
desanimado, sentindo-se esgotado? E assim com inúmeros ambientes que
nos circundam, por exemplo: ambientes de trabalho que não nos ajudam
a produzir e apenas nos desgasta, ambientes acadêmicos e escolares que
não estimulam o aprendizado, casas que nos adoecem ao invés de serem
“lares sagrados” para recarregar as baterias, etc.etc. A lista seria infinita. O
que acontece então nesses ambientes? Segundo o Feng Shui são influências nocivas de energias que não são combatidas, limpas, equilibradas ou
harmonizadas que prejudicam esses ambientes e não colaboram para nos
trazer o bom Ch´i e assim melhorar nossas condições de vida. Ora, o que teria
tudo isso a ver com o Amor e nossas relações interpessoais? Eu diria, tudo!
Como trazer essa boa energia para nossos lares, e principalmente para o nosso quarto de dormir, o lugar mais
importante ao falar de relacionamento do casal, e à
própria qualidade e durabilidade de um casamento?
Em Astrologia temos a Vênus como uma importante
referência para os assuntos afetivos e amorosos. Vênus, a Deusa do amor e da beleza, um astro muito
benéfico que rege sobre os valores e tudo aquilo que
gostamos e nos dá prazer.
Representa a maneira como expressamos a afetividade, e lógico, é o motor
que faz as relações interpessoais acontecerem. “Representa o mundo no qual
o indivíduo exprime amor e afeto, e faz dádivas dos próprios sentimentos. Representa o tipo de experiência e de expressões que nutrem a nossa necessidade
de intimidade com os outros e nos ajuda a sentir que somos amados e apreciados” (Stephen Arroyo). Para a mulher está diretamente ligado à sua feminilidade, ao tipo de papel feminino que gosta mais de desempenhar, para o
homem é a simbologia do tipo de mulher que atrai para suas relaçoes, no que
tange à propria sensualidade, erotismo e fantasia.
65
Dessa forma o signo onde Vênus se encontra no mapa vai nos dar
a qualidade dessa energia, e o elemento a essência dessa manifestação energética.
◘ Vênus em signos de fogo valoriza a conquista, a competitividade,
o brilho pessoal e o do outro, a necessidade de aventura e idealismo. É uma Vênus “energética” que valoriza o livre arbítrio, as escolhas e a capacidade de desejar mais do que ser desejada.
◘ Vênus em signos de terra valoriza os aspectos práticos da relação,
o concreto, a estabilidade e durabilidade são pontos muito importantes. Vênus nesse elemento busca conceitos “aceitos como normal” pela sociedade, tradicionais e mais conservadores do que os
demais.
◘ Vênus em signos de ar valoriza a idéia de se relacionar, o próprio
conceito inserido nas trocas faz parte desse universo mental do ar.
Portanto a comunicação, diversidade, estética e beleza e principios humanitários são parte das características da Vênus em ar.
◘ Vênus em signos de água valoriza os sentimentos e a partilha das
emoções. A valorização acontece na empatia, capacidade de nutrir, alimentar, cuidar e proteger o outro. Nesse elemento há mais
tendência à intensidade, profundidade, entrega e fusão espiritual.
Como podemos aplicar os elementos do Feng Shui no quarto do casal para ativar
a energia de Vênus em nossa vida e trazer benefícios energéticos para essa área?
Antes de mais nada é necessário nos conscientizar da importância da limpeza de
espaço, pois o quarto é o local onde mais ficamos, passamos quase 2/3 da nossa
vida dormindo, e no caso das relações é fundamental que esse ambiente esteja
sempre com uma excelente energia. Não adianta apenas “atrair” o Ch´i com
elementos, objetos de decoração, cores, disposição de móveis, é antes de tudo
necessário limpar e manter essa limpeza energética e física no quarto.
Começamos por abrir janelas para que o ar circule dentro do ambiente. É péssima a ídéia das janelas permanecerem fechadas em função do ar condicionado ou do aquecimento no inverno, pois nada se compara à força do sol e do
ar entrando no ambiente para higienizar, limpar e purificar as energias básicos do
quarto. Em seguida devemos proceder à algum tipo de limpeza energética, seja
através de incensos, aromatização, defumações, ou procedimentos magísticos
e religiosos. Existem infinitas técnicas disponíveis para que essas limpezas sejam
feitas, normalmente adapto as técnicas em conformidade com as crenças e
filosofia do cliente, para que não haja desarmonia e sempre prevaleça o respeito
às crenças e individualidade da pessoa. Somente depois disso, lembrando que
são procedimentos que devem ser repetidos ao menos 1 vez por mês para que
se mantenha; é que podemos então trabalhar no sentido de “atrair o Ch´i”. O
ideal é que a posição desse quarto esteja inserido na área de relacionamentos
do Baguá, a ferramenta que utilizamos para dividir toda a casa em 9 áreas com
significados específicos. Nem sempre isso é possivel, já que as habitações não
costumam ser projetadas seguindo os princípios do Feng Shui.
Dessa forma podemos trabalhar diretamente no quarto do casal, e para isso
podemos usar símbolos e objetos relacionados à Vênus, como cristais de quartzo
rosa, a pedra de Vênus, em formato de coração simbolizando o amor e os afetos.
Podemos usar de forma harmoniosa e estética objetos em pares nas mesas de
cabeceira, colocarmos ali uma fotografia do casal, utilizar as cores de Vênus
como o cor de rosa e o verde. Vamos lembrar também que podemos ativar essa
energia venusiana mesmo que a pessoa ainda não esteja casada. É possível
utilizar esses mesmos procedimentos para atrair um bom relacionamento para a
sua vida, lembre-se que ao invés da fotografia do casal, é possível colocar uma
imagem daquilo que entende por “amor ou casamento”.
Um quadro, almofada ou objetos em formato de coração, as rosas vermelhas
67
– símbolo máximo da paixão, os cristais de quartzo rosa, ou pedras rosadas, os
cortinados mais leves, claros e esvoaçantes que tragam sensualidade e feminilidade para a decoração. Roupa de cama macia, que prime pela beleza e a estética, que tenham texturas agradáveis, e principalmente lembrar que o quarto
do casal é naturalmente um ambiente que deve proporcionar a entrega, a confiança e a comunicação na relação, e portanto deve agradar aos dois sempre.
E ao meu ver o ponto mais importante é sempre a aromatização ambiental. É
importantíssimo um cheiro agradável que traga na nossa memória olfativa simbolos de afetos, paixão, união e amor, mas antes de qualquer coisa é importante
entender que como universos individuais que somos nem sempre aquilo que está
pré-estabelecido como simbolos de paixão e amor servem para todos. Então
primeiro sinta, traga na sua mente esses simbolos e aromas que façam uma referência ao tema e utilize-os para harmonizar seu quarto e sua vida. Rosa, jasmim,
violeta, lavanda, lírio e dama-da-noite são alguns exemplos de aromas para essa
finalidade.
Na análise energética do ambiente, é possível detectar também bloqueios, problemas e pontos a serem curados , e nesse caso o uso de cores específicas podem
ser diferente dos rosados e verdes de Vênus. Essa análise pode ser feita conforme
o estudo do momento astrológico do casal, informações sobre as coisas que estão ocorrendo na individualidade e no decorrer da vida a dois.
Quartos de dormir precisam ser lugares “sagrados” onde uma boa noite de sono
aconteça de verdade, e onde o “amor” do casal possa ser renovado, energizado,
estimulado e vitalizado trazendo uma vida sexual plena e positiva. Uma oração
sincera, com fé e intensidade à Vênus pode também ajudar a estabelecer a
conexão com o fluxo de energia amorosa abundante no Universo. Feche seus
olhos, respire profundamente e peça de coração que Vênus, a deusa do amor
e da beleza harmonize sua vida amorosa, potencialize sua relação, traga felicidade e prosperidade para sua vida, e encha o seu quarto com a mais auspiciosa
das energias- o Amor em todas as suas formas e manifestações!
69
Nasceu em Setúbal no ano de 1975. Deu início aos estudos
em Astrologia Moderna nos anos 90, passan¬do depois para
um estudo da mesma numa vertente mais clássica, frequentando cursos e workshops cuja temática se aproximava
mais da Astrologia que viria a exercer. Quando entrou em
contacto com a Astrologia Medieval deu início ao estudo
da mesma, acabando o nível de Certificado e Diploma do
curso de Robert Zoller pela Academy of Predictive Astrology
London.
Por: Paulo Alexandre Silva, DMA
Membro Efetivo N.º57
www.astrologiamedieval.com
ao
PERGUNTE
ASTRÓLOGO
astrologia horária - caso n.º4
Esta rubrica visa responder a questões reais usando técnicas de
delineação astrológicas muito específicas, técnicas essas que se
encontram num dos ramos da Astrologia - a Astrologia Horária.
De salientar que as informações apresentadas ao longo destes
casos têm a autorização prévia dos envolvidos, omitindo-se apenas os nomes reais.
71
“A minha filha P. vai fazer as
pazes com o marido?”
Pergunta colocada por cliente J. sobre a
sua filha P.
Alguma clarificação sobre as circunstâncias que envolvem a pergunta:
A minha filha após diversas discussões
com o marido está a pensar em sair
de casa e pedir o divórcio, contudo
eu creio que ela ainda gosta dele,
encontrando-se muito confusa com
a decisão a tomar acerca do futuro
dela.
FIGURA HORÁRIA
Sistema de Casas: Regiomontanus
DADOS
16 Janeiro 2014 AD GC
4:05:58 PM Amora / Portugal - GMD
-01:00:00
9w07 00 / 38n37 00
Significador da querente / Mãe: Ascendente e Regente do Ascendente;Mercúrio
Significador da filha: A Quinta Casa e o Regente da Quinta Casa; Vénus
Significador do marido da filha: A Sétima Casa a partir da Quinta Casa e o Regente da Sétima Casa a partir da Quinta Casa; Marte
“O querente é aquele ou aquela que faz a pergunta e deseja uma resolução ...
O significador é não mais do que aquele planeta que rege a casa que significa
a coisa perguntada ...
De forma que, em primeiro lugar, quando qualquer pergunta é apresentada, o
signo ascendente e o seu regente são sempre dados àquele ou àquela que faz
a pergunta.
Em segundo lugar, deve-se considerar o assunto apresentado e ver qual das doze
casas ele pertence devidamente; quando se tiver encontrado a casa, considerar
o signo e o regente desse signo ...”1
1
Astrologia Cristã, William Lilly, pág. 123. Tradução CMM, QHP - Edição Biblioteca Sadalsuud
Quanto à radicalidade da figura
horária (conjunto de regras que nos
diz se a figura pode ou não ser julgada):
◘ A Lua não se encontra Vazia de
Curso
◘ Marte, regente da hora, encontrase na mesma Triplicidade que Mercúrio, regente do Ascendente - ambos encontram-se num Signo de Ar;
Balança/Libra e Aquário, respectivamente
◘ Não ascendem nem os primeiros
nem os últimos graus do Signo
Pode-se então dar início à delineação:
Segundo o mestre astrólogo inglês do
Século XVII, William Lilly, deve-se em
questões horárias considerar o estado
da Lua em geral, neste caso em concreto a Lua separa-se do Sol, significador natural dos homens, por uma
oposição e aplica-se a Mercúrio também por uma oposição; esta configuração denuncia as discussões já relatadas pela mãe.
Pode-se verificar que Vénus - o significador da filha - é recebido por Marte
- o significador do marido da filha - por
Exaltação, e que este mesmo Marte
é recebido por Vénus, por Regência,
havendo um aspecto de quadratura
aplicativo entre ambos os significadores. A esta configuração dá-se o
nome de Recepção Mista.
“Recepção - É quando dois planetas
que são significadores em qualquer
pergunta ou assunto, estão nas dignidades um do outro, como o Sol em
Carneiro e Marte em Leão; aqui há
recepção destes dois planetas por
domicílio, e esta é certamente a mais
forte e a melhor de todas as recepções ...
A utilidade disto [da Recepção]2 é
grande, pois muitas vezes, quando
a efectivação de um assunto é negada pelos aspectos, ou quando os
significadores não fazem aspecto um
ao outro, ou quando parece muito
duvidoso o que é prometido por uma
quadratura ou oposição dos significadores, se houver contudo uma recepção mútua entre os principais significadores, a coisa acontece, sem
grande problema, e subitamente, a
contento de ambas as partes.”3
2
3
Texto em parênteses rectos adicionado por mim.
Astrologia Cristã, William Lilly, pág. 112. Tradução
CMM, QHP - Edição Biblioteca Sadalsuud
William Lilly no parágrafo acima está
a falar de recepção mútua, contudo,
em várias passagens na sua obra “Astrologia Cristã” depreende-se o uso
de recepções mistas.
De notar que Vénus, o significador da
filha, encontra-se Combusto, podese então deduzir o estado debilitado,
nervoso e inquieto em que se encontra a filha da cliente. Uma outra conclusão a tirar desta configuração é
que a filha não vê, dada a combustão, o quanto o marido gosta dela,
note-se que o significador do marido
encontra-se na casa V, dispositado/
regido por Vénus, a casa e o significador da mulher, respectivamente.
Toda esta configuração é um indicador astrológico do amor do marido
pela mulher.
73
“Combustão: Diz-se que um planeta está combusto do Sol quando, no mesmo
signo em que se encontra o Sol, não dista dele antes ou depois, mais do que 8°
30’; assim, se Júpiter estiver no décimo grau de Carneiro e o Sol estiver a dezoito
de Carneiro, Júpiter está combusto ... e deve-se observar que um planeta está
mais aflito quando o Sol se aproxima da sua conjunção do que quando o Sol se
afasta dele, visto ser o corpo do Sol que aflige ...”4
4
Astrologia Cristã, William Lilly, págs. 113. Tradução CMM, QHP - Edição Biblioteca Sadalsuud
75
“A Sexta Consideração é verificar outro modo pelo qual os planetas estão debilitados ou enfraquecidos e afligidos ... a 3ª quando está combusto ...” 5
5
Anima Astrologiae, Guido Bonatus, pág. 4. Tradução CMM, QHP - Edição Biblioteca Sadalsuud
Posso então, dados os testemunhos acima, concluir que a resposta mais correcta
e apropriada seria de que com algum custo e demora a filha da cliente iria fazer
as pazes com o marido, e tal veio a verificar-se.
77
“Nasci em Vila Nova de Gaia no ano de 1990.
Em 2009 comecei a despertar para os assuntos da espiritualidade, tema que se tornou numa busca consciente em 2013
quando entrei para o Gabinete Isastros (agora Faces - Isabel
Guimarães), iniciando-me no Reiki e na formação em Astrologia, a qual venho prosseguindo os meus estudos como estudante do 2ºnível.
Nesse mesmo ano de 2013, licenciei-me em Geografia pela
Faculdade de Letras da Universidade do Porto.”
Por: Ivo Miguel Silva
Membro Estudante N.º70
ARQUÉTIPOS
VIVOS
Y DI
LAD
A
M
A
B
O
K
C
A
R
A
B
N
O
S
K
C
A
J
MICHAEL
Este artigo descreve as qualidades e características
de Caranguejo, Leão e Virgem através da vida de
uma figura pública. Os signos contemplados correspondem aos meses que esta edição cobre: Julho,
Agosto e Setembro. Não pretende ser uma análise
exaustiva do tema astral de cada uma das figuras
públicas, Lady Di, Barack Obama e Michael Jackson mas sim uma ilustração que por ser despretensiosa e divertida não perde em profundidade astrológica.
79
http://static6.businessinsider.com/image/521faf5fecad04a442ff5312/remembering-princess-diana-30-iconic-photos-of-the-princess-ofwales.jpg
Princesa Diana | Caranguejo
Dados de Nascimento: 1 de Julho de 1961; 19:45; Sandringham
Palavras-Chave: Emoções; Proteção; Passado; Patriotismo; Tradições; Romantismo; Lar; Sonhador
A Princesa Diana ou simplesmente Lady Di, ainda continua a ser uma das mulheres mais populares e acarinhadas na Inglaterra, mesmo já tendo passado mais
de quinze anos após a sua morte.
À sua imagem pública permanece impresso um ideal de beleza e elegância
muito feminina, assim como a de uma mãe amorosa e preocupada. Contudo,
os seus instintos maternais também foram reconhecidos além-fronteiras através
dos seus vários trabalhos quase sempre relacionados com alguma forma de caridade, proteção e alimentação dos outros (material, emocional,…).
A Lua, regente natural do signo de Caranguejo, encontra-se em Aquário, signo
coletivo. Como a Lua na carta de uma personalidade pública rege a popularidade e as multidões, não será portanto de admirar a maneira e intensidade com
que o povo amava a sua princesa, apelidando-a literalmente como a Princesa
do Povo. “Em desfiles e eventos ao ar livre, o público tentava aproximar-se dela,
não do marido [Príncipe Carlos]. Em sintonia com as massas, os fotógrafos buscavam a melhor imagem da bela princesa e quase ignoravam o príncipe orelhudo.”
Mas voltemos atrás…voltemos ao
passado…onde se depositam as
memórias de infância…tão caras a
esta princesa sonhadora.
A sua infância foi algo sofrida devido aos problemas de relacionamento que assistiu entre os pais. Não
obstante, ela não podia negar os
seus ancestrais aristocráticos e as
tradições que tanto valorizavam.
Através delas viveu a sua juventude
de uma forma recatada, descobrindo talentos nas artes mas, de forma
particular, na dança e na música,
evidenciando uma poderosa imaginação e entrega a um mundo de
sonhos, do qual faria parte o ballet,
provavelmente a sua maior paixão.
Mais tarde mudou-se para Londres,
cidade cosmopolita e ruidosa, mas
que pouco interferiu na vida serena
da princesa que então era professora num jardim-de-infância. Não frequentava discotecas, nem nenhum
tipo de festas mais agitadas, preferindo locais mais modestos e calmos
dos quais a intimidade do lar parecia ser o seu preferido. A sua personalidade era então descrita como
“tímida, insegura e sensível” e vinculada a ela estava a promessa de
permanecer “tidy” (relativo a virgindade) pois ela esperava ou intuía a
chegada de alguém muito especial.
Recolhida bem no interior de si mesma,
81
é fácil imaginar a então futura princesa idealizando um romance maravilhoso, um casamento de sonho…e
a verdade é que, em 1980, quando
tinha 19 anos de idade, as suas aspirações românticas materializaram-se
num encontro com o Príncipe Carlos
de Inglaterra que logo se transformou
em casamento real, mas demasiado
cedo, porém, o sonho se reverteu em
pesadelo…
Ora para a realeza britânica havia
uns pré-requisitos que eram necessários cumprir para se avançar para um
casamento e um deles fazia questão
que a rapariga eleita fosse capaz de
gerar herdeiros para a Coroa, mas
tudo de acordo com as tradições, isto
é, tinha efectivamente que ser virgem.
Diana preenchia os requisitos e por isso
foi favorecida na escolha. No entanto,
nunca teve o apoio da família real da
qual se veio a ressentir assim como em
relação ao Príncipe Carlos que alimentava um romance com Camilla Parker-Bowles. Para além do mais, Diana
queixava-se da sua indiferença, chegando inclusive a apelidá-lo de “carade-peixe” devido à forma como este
a olhava. Como Diana chegou a dizer
uma vez: “Não quero presentes caros;
não quero ser comprada. (…) Só quero alguém que esteja lá por mim, que
me faça sentir segura e protegida”.
Ora o Príncipe Carlos e toda a família real, diga-se, não reuniam por sua
vez os requisitos necessários, pelo que
com obvia naturalidade os problemas
começaram a surgir.
A crise conjugal agravou-se e vieram a público as tentativas de suicídio por parte da princesa, assim como as suas constantes instabilidades emocionais. Para
além disso, outros rumores davam conta de distúrbios alimentares que tomavam
forma através de bulimia. Alguns biógrafos de Diana acreditavam que ela tinha
desenvolvido uma doença mental decorrente da sua infância problemática.
Sem surpresas, o divórcio aconteceu em 1992. Cinco anos depois haveria de
morrer num acidente de automóvel. Contudo, foi nesses cinco anos que mais fortaleceu a faceta de Caranguejo mais voltada para o nutrir os outros, tornando-se
madrinha de mais de cem instituições sociais. Esse amplo trabalho que desinteressadamente doou a favor dos outros ajudou a conquistar para sempre um lugar
no coração do povo.
Resumindo o seu Sol em Caranguejo na casa 7, a Princesa Diana sempre disse a
forma como gostaria de ser lembrada - “Gostaria que as pessoas pensassem em
mim como alguém que se importa com elas”.
83
Barack Obama | Leão
Dados de Nascimento: 4 de Agosto 1961; 19h24; Honolulu, Hawai
Palavras-Chave: Vivacidade; Auto-estima; Exuberância; Criatividade; Generosidade; Orgulho; Liderança; Identidade
http://1.bp.blogspot.com/-EBpki73QgLw/UnAc72EXrpI/AAAAAAAAAeE/G3rYWwcuTfE/s1600/obama-barack.jpg
Barack Obama surge-nos como representante do arquétipo de Leão.
O seu papel na política mundial, como presidente de um dos países mais poderosos, ajusta-se perfeitamente aos princípios de prestígio e autoridade associados ao seu signo.
Com a liderança natural surge a conquista de uma certa respeitabilidade internacional, pois em 2009 “Obama foi classificado como o líder mundial mais respeitado, bem como mais poderoso”, assim como também foi eleito o líder mundial
mais popular. Os anos vão passando, mas Obama é ainda o político que reúne
maior consenso no mundo.
Ser leonino é ser distinto, é ser especial, daí que ele não podia ser apenas mais
um presidente na história do país, sobretudo porque já 43 lhe tinham antecedido.
Assim, Obama tratou de ser o primeiro afro-americano a ocupar a Casa Branca.
Não há dúvida que Obama possui uma notável autoexpressão e parece sentir85
se bastante confortável nos grandes palcos. A sua imagem carismática assenta
bem entre as molduras dos ecrãs de qualquer aparelho de filmagem… A relação
com o público reveste-se de naturalidade, resultante de uma notável e descontraída presença física que transborda confiança e de uma maneira de ser e de
estar bastante jovial. Os seus discursos denotam a sinceridade e clareza das suas
intenções o que, claro está, serve para aquecer e abrir os corações das pessoas
e, sem dúvida, o da sua mulher, Michelle Obama, que disse um dia: “One of the
things that attracted me to Barack was his emotional honesty. (…) There are no
games with him – he is who he appears to be.”1
Não será portanto de admirar que este Sol em Leão faça conjunção com o Descendente (os outros), enfatizando a necessidade de reconhecimento junto do
público com quem ele pretende interagir de uma forma mais pessoal, tentando
chegar mais próximo dos outros do qual ele igualmente dependente para obter aprovação. Decerto estaremos todos lembrados do seu famoso slogan de
campanha “Yes, we can.” Uma curta e poderosa expressão que parece reunir
em si o melhor de todos os seus outros planetas no signo de Leão. Urano (grupos,
sociedade, actividades humanitárias, esperanças…) e Mercúrio (comunicação,
expressividade…) em Leão (brilho, confiança, poder no crer e na vontade…)
próximos ao descendente. Nos seus discursos está sempre subjacente um tom
optimista, entusiasta, exaltando a vontade das pessoas na construção de uma
sociedade melhor.
Falar em Leão é falar no que de bom a vida pode oferecer e que, entre um
vasto leque de escolhas, se incluem os romances e os momentos de lazer e divertimento. Michelle Obama, a grande mulher que surge ao lado do presidente,
é reconhecida como um forte alicerce no seu sucesso. A relação entre os dois é
marcada pela cumplicidade, pela espontaneidade da expressão dos sentimentos e por um vínculo de lealdade que fortalece a imagem do casal. O apoio de
Michelle é vital para Obama pois lhe dá a confiança necessária nos momentos
cruciais. Ele disse sobre ela num dos momentos mais importantes da sua vida “…
And I would not be standing here tonight without the unyielding support of my
best friend for the last 16 years (…)”2.
Uma das coisas que me atraiu no Barack foi a sua honestidade emocional. (...) Não há jogos com ele - ele é
quem parece ser.
2
“... E eu não estaria aqui esta noite sem o apoio incansável de minha melhor amiga durante os últimos 16 anos
(...).”
1
A criatividade é outra caracteristica muito importante em Leão, a criatividade
como forma de construção da identidade, sendo que os filhos são tidos como a
nossa expressão máxima de criatividade. Barack Obama não podia pois deixar
de cuidar da sua família da qual irradia um forte sentido de clã. Tendo em conta
a sua elevada responsabilidade como presidente, Obama tenta sempre estar o
mais presente na vida das filhas. Michelle disse a propósito: “The thing that Barack
does is that when he is there, he is a parent. He’s not like play dad. He´s the guy
who has read through all of the Harry Potter books with Malia. Barack is very good
about understanding that the kids and their structure and stability are important.”3
Essa é uma habilidade que se estende às gerações mais jovens que são aquelas
que sustentam a grande base de apoio às políticas de Obama.
Por último, a presença de um risco assumido. Há sempre um atrevimento em
Leão que emerge com a sua elevada crença nas suas capacidades. A propósito da campanha para presidente, Obama enfatiza este lado leonino de querer
vencer dizendo: “I tell myself all the time, we’re supposed to take the risk. In the
end, I think we have an obligation to give it a shot. To do our best.”4
Barack Obama é um político que irradia uma áurea de magnificência sem demostrar opulência, é brilhante sem ofuscar, é generoso sem ser pomposo…e é por
isso e muito mais que o mundo continua a depositar nele as esperanças para um
futuro melhor.
A coisa que Barack faz é que, quando ele está lá, é um pai. Ele não brinca aos pais. Ele leu todos os livros de
Harry Potter com Malia. Barack compreende muito bem as crianças e a importância para elas da estrutura e
3
estabilidade.
4
Digo a mim mesmo constantemente, que nós deveríamos correr o risco. No final, acho que nós temos a obrigação de tentar. De fazer o nosso melhor.
87
Porém, o ambiente de trabalho e
podemos dizer também familiar, era
opressivo, pois o pai costumava bater
em Michael e nos irmãos, muitas vezes
com um cinto enquanto prosseguiam
os ensaios musicais (Sol em conjunção
Plutão na casa 6 – trabalho). Independentemente destas influências Michael sempre foi muito autocritico em
relação ao seu trabalho, procurando
a repetição exaustiva dos movimentos
até atingir a perfeição, a exemplo da
aprendizagem do seu famoso passo
de dança conhecido como “moonwalk”.
http://stonerdays.com/wp-content/uploads/2013/05/Kingof-Dancing.jpg
Michael Jackson | Virgem
Dados de Nascimento: 29 de Agosto
de 1958; 19:33; Gary, Indiana
Palavras-chave:
Funcionalismo;
Organização; Realismo; Trabalho;
Aperfeiçoamento; Saúde; Detalhes;
Adaptabilidade
Michael Jackson é uma celebridade
que dispensa apresentações. Ele é
um ícone, uma singular e brilhante
estrela musical que constantemente
bateu recordes com os seus sucessos musicais. Naquilo que fez, ele
tornou-se um mestre, mas um mestre não se faz sem haver um intenso
trabalho de aperfeiçoamento, situação que nos remete para o signo
de Virgem…
Trabalho foi a palavra de ordem no
início da vida de Michael Jackson.
Aos 5 anos de idade ele começou a
cantar e dançar, sendo que aos 11
já tinha iniciado a sua carreira profissional como vocalista dos Jackson 5.
Mas Michael Jackson foi mais além, fazendo do seu corpo uma espécie de
instrumento de trabalho. Ele dizia-se
estar “viciado em trabalho”. A partir
dos anos de 80 iniciou uma dieta de
modo a perder peso e “afinar” o seu
corpo para a dança. Tais obsessões,
de acordo com um biógrafo não oficial, fizeram com que ele chegasse a
ter 48kg. Nesse período, rumores não
paravam de apontar uma anorexia
nervosa. Porém, também não deixava
de ser verdade que Michael Jackson
deixava parte de si em palco, no seu
esforço diligente de obter uma prestação de excelência que tanto o categorizava. E poder-se-ia falar inclusive
num sentido literal para estas palavras
se levarmos em conta o que ele disse:
“Quando estou no palco, é como uma
maratona de 2 horas. Eu peso-me antes e depois, e perco 4kg. O suor fica
por todo o palco.”
89
http://www.billboard.com/bbcom/photos/stylus//502536-michael-jackson-617-409.jpg
Exigência na prestação ao público, critico e perfeccionista nos ensaios “Jackson ensaiava intensamente sem fazer intervalos para comer ou descansar”. A
repetição, o treinamento exaustivo dos detalhes para levar à maximização da
sua performance eram levados tão a sério que um dia, no final de 1995, Jackson “foi levado às pressas para um hospital depois de desmaiar durantes os
ensaios para um programa de televisão, o incidente [tinha sido] causado por
um ataque de stress”.
Em Jackson verifica-se a ligação corpo-mente que sustenta, ou não, uma
mente sã em um corpo são. Normalmente, os seus espetáculos eram motivo de
preocupação e era usual ficar sem comer e sem dormir por causa deles. As suas
insônias eram muito frequentes. No entanto, fruto do trabalho também surgiam
acidentes. Num ensaio, ele caiu e quebrou o nariz que depois teve de ser sujeito
a várias operações o que lhe dificultou respirar. Noutro acidente, o seu cabelo
foi incendiado por fogos-de-artifício, ficando com queimaduras de segundo
grau e valendo um internamento no hospital.
As questões sobre saúde, tema tão caro ao signo de Virgem, dominavam muito
da vida de Michael Jackson. Em jovem, teve uma fase em que a sua pele passava por um alto grau de acne. Depois foram as muito badaladas mudanças de
aparência e as cirurgias plásticas nomeadamente para mudar a cor da pele.
Michael surpreendeu o mundo afirmando sofrer de uma doença chamada vitiligo e depois de uma outra chamada de Lúpus que, para além de estarem a
causar a alteração da sua pele, deixavam-no com fortes dores. Este foi o ponto
de partida para a entrada no mundo dos remédios e da auto-medicação, que
lhe providenciaram alívio contra as dores mas que também provocaram o vício.
Outras excentricidades para a época indicavam preferências pelo vegetarianismo e pelo seu horror a refrigerantes artificiais, reforçando sua tendência hipocondríaca.
Na expressão do amor, Michael Jackson era uma pessoa calma e tímida, procurando ser prestável aos outros. Relembrando, porventura, situações desagradáveis
vividas na infância, Michael sempre transmitiu uma impressão de pureza, assim
como uma imagem algo assexuada. Num primeiro romance, O’Neal descreveuo como sendo muito tímido e uma das mais simpáticas e inocentes pessoas que
ela conheceu. As suas relações, sobretudo no inicio, pareciam primar mais pelos
vínculos de amizade do que por uma verdadeira atração sexual.
Michael Jackson tornou-se um arquétipo vivo extraordinariamente presente na
mente do público. Usando da técnica e da persistência, fez dos seus rituais diários de aperfeiçoamento a escada para o seu enorme sucesso, coroando-se a si
mesmo como o “Rei do Pop”.
Fontes:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Michael_Jackson
http://en.wikipedia.org/wiki/Personal_relationships_of_Michael_Jackson
91
93
Nascida a 26 Junho de 1982, licenciada em Educação de Infância,
é estudante do último ano do curso de Astrologia na FacesIsabelGuimarães.
O seu interesse e enamoramento por esta área de conhecimento
surgiu desde cedo e foi-se desenvolvendo de forma autodidata. A
necessidade sempre presente, de aprofundar e alicerçar os seus estudos, conduziu-a em 2011 a uma procura de um centro de formação
onde pudesse continuar a trilhar este caminho, agora escolhido como
um propósito de vida.
A convite de Isabel Guimarães, acabou por integrar o projeto embrionário da ASPAS, estando presente na sua fundação em 2012, fazendo atualmente parte dos órgãos sociais da Associação Portuguesa
de Astrologia como Secretária da Direção.
Por: Inês Miranda
Membro N.º6
EFEMÉRIDES
JULHO
Dia 1 às 00:00
Hora Legal
18° 57’ Leão
20° 55’ Leão
24° 23’ Gémeos Rx
24° 23’ Gémeos Rx
08° 51’ Gémeos
08° 03’ Gémeos
09° 04’ Caranguejo
09° 13’ Caranguejo
18° 20’ Balança
18° 24’ Balança
26° 35’ Caranguejo
26° 37’ Caranguejo
16° 57’ Escorpião Rx
16° 57’ Escorpião Rx
16° 19’ Carneiro
16° 19’ Carneiro
07° 28’ Peixes Rx
07° 28’ Peixes Rx
12° 22’ Capricórnio Rx
12° 22’ Capricórnio Rx
Principais Aspetos – Julho, Agosto e Setembro
Tendências Facilitadoras
07/07 ◘ Vénus Sextil Urano – Intuição e criatividade em alta
09/07 ◘ Sol Trígono Saturno – Tendência a uma maior calma, autodisciplina e autocontrolo
13/07◘ Vénus Trígono Marte – Os relacionamentos com o sexo oposto encontramse favorecidos
19/07◘ Mercúrio Trígono Neptuno – Bom dia para utilizar a sua imaginação e criatividade nos processos de expressão oral e escrita
24/07◘ Vénus Trígono Neptuno – Dia de grande sensibilidade e perceção
emocional e artística
25/07 ◘ Mercúrio Trígono Saturno – Marcada concentração e paciência. Aproveite
para se organizar e esclarecer questões pendentes
01/08 ◘ Vénus Trígono Saturno – Reuniões de negócios com parceiros encontramse beneficiadas
07/08 ◘ Marte Trígono Neptuno – Poderá sentir-se motivado a agir de acordo com
a sua fé e espiritualidade
08/08 ◘ Mercúrio Trígono Úrano – Dia propício ao processo criativo com a possibilidade de surgimento de ideias novas e originais
09/08 ◘ Sol Trígono Úrano – Poderá sentir uma identificação com ideias radicais
ou diferentes da norma
21/08 ◘ Mercúrio Trígono Plutão – Conversas profundas e acesso ao inconsciente
encontram-se favorecidos
25/08 ◘ Mercúrio Sextil Marte, Vénus Trígono Úrano e Mercúrio Sextil Saturno – Pensamento ágil e capacidade de tomar decisões de forma rápida e eficaz encontram-se em destaque. Aproveite a sua criatividade mental, disciplina e paciência
para colocar em prática os seus objetivos
03/09 ◘ Sol Trígono Plutão – Poder pessoal e autoconfiança em destaque
10/09 ◘ Mercúrio Sextil Júpiter – Dia propenso a pensamentos positivos e ao processo de aprendizagem
11/09 ◘ Sol Sextil Saturno – Dia favorável à concretização de objetivos através da
persistência, organização e autodisciplina
95
14/09 ◘ Vénus Trígono Plutão – Dia propício a aprofundar os seus relacionamentos
21/09 ◘ Vénus Sextil Saturno – Diplomacia e estabilidade nos relacionamentos
encontram-se em destaque
25/09◘ Júpiter Trígono Úrano – Momentos de sorte inesperados encontram-se
favorecidos
Tendências desafiadoras
04/07 ◘ Sol Oposição Plutão – A sua ação poderá ser motivada por questões
inconscientes.
08/07◘ Sol Quadratura Úrano – Esteja atento a possíveis mudanças bruscas de
comportamento
19/07◘ Sol Quadratura Marte – Alguma agressividade e um certo descontrolo
são expectáveis
22/07◘ Mercúrio Oposição Plutão – Evite defender as suas ideias e opiniões com
violência e agressividade
24/07◘ Sol Conjunção Júpiter – Dia propício a sentir um extremo otimismo. Acautele-se nos processos de tomada de decisões
25/07◘ Mercúrio Quadratura Úrano – Possível inquietude e tensão mental
28/07◘ Vénus Oposição a Plutão – Poderá sentir necessidade de aprofundar as
suas relações. Grande tensão sexual
97
01/08 ◘ Vénus Quadratura Úrano e Marte Quadratura Júpiter – Os seus valores
poderão ser desafiados por novas ideias e correntes de pensamento originais.
Tente ser moderado pois haverá tendência a agir com pouca cautela e racionalidade
02/08◘ Mercúrio Conjunção Júpiter – Excelente dia para todos os processos de
ensino e aprendizagem
03/08 ◘ Mercúrio Quadratura Marte – Cuidado com atitudes impulsivas. Tente
refletir antes de falar
08/08 ◘ Sol Conjunção Mercúrio – Evite ser intolerante às ideias dos outros
09/08 ◘ Mercúrio Quadratura Saturno e Sol Quadratura Saturno – Alguma rigidez
e inflexibilidade poderá dificultar a sua comunicação. É provável que sinta alguma insatisfação e dificuldade em controlar a sua vida
18/08 ◘ Vénus Conjunção Júpiter – Cuidado com atos de generosidade impensados e insensatos
19/08◘ Mercúrio Oposição Neptuno – Dia propício a ilusões. Poderá sentir alguma
desconcentração e confusão mental
25/08◘ Marte Conjunção Saturno – Ações responsáveis, cautelosas e estruturadas. Evite ser inflexível
26/08◘ Vénus Quadratura Saturno – Haverá alguma tendência ao recolhimento
27/08◘ Vénus Quadratura Marte – Tendência a atitudes agressivas e impulsivas
que poderão criar tensões nos relacionamentos
29/08◘ Sol Oposição Neptuno – Dificuldade em ver as coisas com clareza e objetividade. Evite a tomada de decisões
09/09◘ Mercúrio Quadratura Plutão – Possível agitação mental provocada por
pensamentos intensos
10/09◘ Vénus Oposição Neptuno – Os relacionamentos mais íntimos são vistos à
luz de fantasias românticas e sonhadoras
13/09◘ Mercúrio Oposição Úrano – Esteja atento a uma possível inflexibilidade no
processo de comunicação
22/09◘ Marte Quadratura Neptuno – Poderão surgir alguns conflitos dada a dificuldade de agir clara e objetivamente
Movimentos Retrógrados e Diretos
Hora Legal
Data
Movimento
02/07
Estação Direta Mercúrio 24º22’ Gémeos
20/07
Estação Direta de Saturno 24º22’ Escorpião
22/07 Estação Retrógrada de Úrano 13º34’ Carneiro
13:50
21:36
03:52
09:30
17:36
23:52
Ingressos
Hora Legal
Data
Ingresso
13/07
16/07
18/07
22/07
26/07
31/07
12/08
15/08
23/08
02/09
05/09
13/09
23/09
27/09
29/09
Mercúrio em Caranguejo
Júpiter em Leão
Vénus em Caranguejo
Sol em Leão
Marte em Escorpião
Mercúrio em Leão
Vénus em Leão
Mercúrio em Virgem
Sol em Virgem
Mercúrio em Virgem
Vénus em Virgem
Marte em Sagitário
Sol em Balança
Mercúrio em Escorpião
Vénus em Balança
05:46
11:31
15:07
22:42
03:26
23:46
08:43
17:44
05:46
06:38
18:07
22:57
03:30
23:40
21:53
01:46
07:31
11:07
18:42
23:26
19:46
04:43
10:44
01:46
02:38
14:07
18:57
23:30
19:40
17:53
99
Luas
Hora Legal
Data
Face da Lua
12/07
26/07
10/08
25/08
09/09
24/09
Lua Cheia 20º03´Capricórnio
Lua Nova 03º51´Leão
Lua Cheia 18º51’ Aquário
Lua Nova 02º18´ Virgem
Lua Cheia 16º19’ Peixes
Lua Nova 01º07´Balança
08:24
18:51
14:09
10:12
21:37
04:13
11:24
22:41
18:09
14:12
01:37
06:13
PUBLICIDADE
20,21,22 de março
41 Astrológos Portugueses e Brasileiros
4 Salas
1 site a um clique
http://simposioaspas2015.wix.com/aspas
Antes de tudo, a Associação Portuguesa de Astrologia é um
tributo ao trabalho do Astrólogo. Tentamos aperfeiçoar os
ensinamentos e princípios, sabendo que nada é nosso mas
sim de Todos.
Uma associação é feita por todos aqueles que a constituem,
é isso que a honra e é isso que nos faz dizer “Juntos fazemos
a diferença”.