A UNIVERSIDADE E A FUNDAMENTAL IMPORTÂNCIA
Transcrição
A UNIVERSIDADE E A FUNDAMENTAL IMPORTÂNCIA
A UNIVERSIDADE E A FUNDAMENTAL IMPORTÂNCIA DA MORADIA ESTUDANTIL COMO INCLUSÃO SOCIAL Cristiane de Moraes Gomes 1 Dawerson da Paixão Ramos 2 Emilye Stephane de Souza 3 Vanessa França Baisi Ramos 4 RESUMO: No Brasil, existe ampla rede de instituições de ensino superior e, segundo o Ministério da Educação – MEC, o número de estudantes cresce diariamente, tornando cidades como pólos universitários. Porém, não se pôde observar um crescimento semelhante na assistência estudantil, caracterizando a moradia como principal dificuldade. Este artigo tenta compreender o sistema universitário e as reais necessidades dos estudantes, pesquisando suas origens, para conhecer o ambiente em que os mesmos estão inseridos, além de suas moradias, para identificação dos problemas e soluções adotados. PALAVRAS-CHAVE: Universidade. Moradia estudantil. Inclusão social. 1 INTRODUÇÃO Sendo a universidade uma instituição de ensino superior, pesquisa e extensão, compreendendo um conjunto de faculdades, escolas profissionais 1 GOMES, Cristiane de Moraes: arquiteta e urbanista, autônoma desde 2007, pela Universidade Santa Cecília – UNISANTA, Santos, SP; [email protected] 2 RAMOS, Dawerson da Paixão. Professor orientador, arquiteto e urbanista, pela Universidade Braz Cubas - UBC, pós-graduado e mestre em engenharia urbana, pela Universidade Federal de São Carlos – UFSCar, professor no curso de arquitetura e urbanismo da Universidade Santa Cecília – UNISANTA, de 1997 à 2009 e professor coordenador do curso de arquitetura e urbanismo do Centro Universitário Luterano de JiParaná – CEULJI/ULBRA, desde 2010; [email protected] 3 SOUZA, Emilye Stephane de. Acadêmica do 4º Período do Curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário Luterano de Ji-Paraná – CEULJI/ULBRA; [email protected] 4 RAMOS, Vanessa França Baisi. Arquiteta e urbanista, autônoma desde 2001, pela Universidade Católica de Santos - UNISANTOS, pós-graduada em MBA - Gestão Ambiental Portuária e Costeira, 2005 - UNISANTOS e, farmacêutica e bioquímica desde 2012 pela UNISANTOS; [email protected] 2 e centros de ciências humanas, sociais e científico-tecnológicas, com autoridade para conferir títulos de graduação e pós-graduação, a sua finalidade além de formar profissionais para as diversas carreiras de base teórica, científica e intelectual, é cultivar e transmitir o saber humano ao longo dos tempos. Desta forma, seu papel se manifesta de diferentes maneiras, devido às necessidades de uma sociedade, tentando solucionar seus problemas, para a o seu desenvolvimento. Para Anísio Teixeira5, “São as universidades que fazem, hoje, com efeito, a vida marchar. Nada as substitui. Nada as dispensa. Nenhuma instituição é tão assombrosamente útil” (TEIXEIRA, 1.988). Neste momento, percebe-se que a moradia estudantil é um componente social de fundamental importância na assistência universitária, pois são habitações que geralmente substituem a vida familiar e possuem como objetivo, além de abrigo, finalidades sociais, humanas e de desenvolvimento do meio educacional. Oferecendo aos seus moradores uma infra-estrutura adequada, a fim de viabilizar a permanência dos mesmos nas instituições. 2 HISTÓRIA DA UNIVERSIDADE Existem apenas vestígios do nascimento das universidades, aos quais mostram que seu surgimento se deu na Europa, entre o final do século XI e início do século XII. A universidade de Bolonha, na Itália, surgiu em 1.088 e aparece na história como uma das instituições mais antigas, porém fora entre 1.150 e 1.170 que a universidade de Sorbonne (FIGURA N.01), em Paris, se destacou como modelo mundial através de seu ensino teológico. 5 Anísio Teixeira nasceu na Bahia em 1.900, foi advogado, intelectual, educador e escritor brasileiro. 3 Figura 1 - Universidade de Sorbonne Fonte: www.fotosearch.com.br/fotos-imagens/sorbonne.html As universidades expandiram-se ao longo dos séculos XII e XIII pela Inglaterra - Oxford e Cambridge; Itália - Siena, Pádua e Nápoles; Espanha Salamanca, Valladolid; e Portugal com a universidade de Coimbra. Criadas para suprir as necessidades educacionais, durante esse período existiram as chamadas studia generalia, instituições de ensino freqüentadas por estudantes vindos de todas as regiões, sendo escolas catedrais6 e monásticas7. Porém, devido aos estudos universais, o nome dessas instituições logo foi substituído por universitas, que significa corporação, agrupamento ou universalidade, agregando pessoas com um mesmo interesse econômico, político ou cultural, normalmente compostas por mestres e alunos. Com a grande multiplicação de corporações, principalmente nas cidades, e crescente número de alunos, surgiram as primeiras moradias estudantis. Estudantes, pertencentes à elite, moravam na cidade junto com 6 Escolas catedrais foram instituídas no século XI por determinação do Concílio de Roma. Eram consideradas escolas urbanas que funcionavam junto à sede dos bispados. 7 Escolas monásticas surgiram junto aos mosteiros da Europa, visando inicialmente a formação de futuros monges. Mais tarde passaram a ser escolas externas com o propósito da formação de leigos da elite. 4 seus responsáveis, e os estudantes de classe média a baixa, alojavam-se em pensões ou nas próprias instituições de ensino. As universidades tinham características inteiramente eclesiásticas; eram criadas pelo papa, e todos os mestres pertenciam à igreja. Os alunos eram chamados de clérigos, mesmo quando não se destinavam ao sacerdócio. As disciplinas se dividiam entre o trivium - a ciência da palavra ou as artes liberais, com a gramática, retórica e lógica; e o quadrivium8 - a ciência dos números, com aritmética, geometria, astronomia e música, formando mestres em filosofia, teologia, direito, medicina ou artes, tendo como língua comum para todos na universidade, o latim. As universidades medievais, ao decorrer dos tempos, foram adequando-se às novas condições da sociedade e já século XV, estas instituições na Europa, receberam o impacto das transformações comerciais do capitalismo e do humanismo literário. À partir do século XVI, a reforma e a contra-reforma religiosa afetaram-nas de maneiras diferenciadas, rompendo com domínio tradicional da igreja sobre o ensino. Portanto, a primeira universidade aberta às descobertas das ciências e ao humanismo foi a de Halle (FIGURA N.02), fundada por luteranos em 1.694, em Wittenberg, Alemanha. Figura 2 - Universidade de Halle Fonte: PATRUNI, 2.005. 8 Trivium e quadrivium foram programas de estudos, baseados nas sete artes liberais clássicas do século IX, inseridos dentro de uma reforma da educação na Europa por Carlos Magno. 5 Ou seja, a religião foi gradualmente substituída à medida que as universidades européias se tornaram instituições modernas de ensino e pesquisa. A universidade de Berlim, foi um típico exemplo dessas tendências, fundada em 1.809, pelo filósofo, Humboldt, na qual a experimentação de laboratório substituiu as doutrinas teológicas, e pela primeira vez surgiram padrões modernos de liberdade acadêmica. O modelo alemão de universidade como um complexo de escolas de graduação que executavam experimentação e pesquisa, tornou-se influência mundial. Com a revolução industrial no século XVIII, e a consolidação do modo de produção capitalista, surgiu a necessidade de especialização profissional e buscou-se a integração do ensino com a pesquisa e, a partir do século XIX, a maioria das universidades adotara o princípio da liberdade de cátedra, que concedia aos professores e alunos o direito de buscarem a verdade sem restrições ideológicas, políticas ou religiosas. As democracias liberais favoreceram essa prerrogativa, enquanto os governos autoritários ou os que sofriam influências de confissões religiosas a restringiram. Após a segunda guerra mundial, a universidade de Londres adotou dois conceitos revolucionários: o de universidade aberta e o de cursos de extensão universitária, resultando em um novo progresso para as instituições de ensino e estudantes. 2.1 A UNIVERSIDADE NA AMÉRICA. No novo continente, a primeira universidade surgiu na atual República Dominicana - América Central, em 1.538 pelos espanhóis. Logo em seguida, vieram as de San Marcos, no Peru em 1.551, no México em 1.553, Bogotá em 1.662, Cuzco em 1.692, Havana em 1.728 e entre outras. Já as primeiras universidades norte-americanas, Havard, Yale e Filadélfia, surgiram respectivamente em 1.636, 1.701 e 1.755. Na Argentina, destacam-se as universidades de Córdoba em 1.611, Buenos Aires (FIGURA N.03) em 1.821, La Plata em 1.884 e do Cuyo em 1.939. 6 Figura 3 - Universidade de Buenos Aires Fonte: www.uba.ar/ A maioria destas universidades incluíram no currículo o estudo de técnicas agrícolas e comerciais, até então estudadas apenas em universidades da Europa. O modelo adotado formava uma mão-de-obra qualificada e propiciava a descoberta de novas possibilidades tecnológicas. 2.2 A UNIVERSIDADE NO BRASIL. O Brasil, ao contrário dos países de colonização espanhola, no seu período colonial, não existiram universidades, apenas escolas superiores. Segundo Teixeira, a universidade brasileira até o início do século XIX, foi a universidade de Coimbra (TEIXEIRA, 1.988, p.65). A educação no Brasil sempre teve bases religiosas, sem dúvida influenciadas pela experiência portuguesa. Todos os cursos criados por D. João VI, entre 1.808 a 1.817, na Bahia e no Rio de Janeiro, foram para oferecer uma infra-estrutura que garantisse a sobrevivência da corte na colônia. Os cursos destinavam-se ao ensino de economia, agricultura, química e desenho técnico. Mais tarde, esses cursos deram origem às escolas e faculdades profissionalizantes que constituíram o conjunto das instituições de ensino superior até a República. 7 Vários cursos foram instalados após a proclamação da República, em outras regiões do país como Pernambuco, Minas Gerais e São Paulo. Como registro oficial, tem-se como registro o surgimento da primeira universidade brasileira somente em 1.920, a atual Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ, que recebeu o nome de Universidade do Rio de Janeiro (FIGURA N.04), criada pelo governo federal através da fusão de três escolas profissionais existentes, a Escola Politécnica, a Faculdade de Medicina e a Faculdade de Direito, às quais, continuaram isoladas sem nenhuma integração. Em 1.927, foi criada pelo governo federal, a Universidade de Minas Gerais, seguindo os mesmo princípios da UFRJ. Figura 4 - Universidade Federal do Rio de Janeiro Fonte: www.ufrj.br/ Surge a Universidade de São Paulo – USP em 1.934, criada por um grupo de intelectuais integrantes do jornal O Estado de São Paulo, sendo seu objetivo central, o desenvolvimento de pesquisas, criada também, como as anteriores, através da incorporação de institutos profissionalizantes existentes. Em 1.937, a Universidade do Rio de Janeiro, passou a se chamar Universidade do Brasil, por um projeto criado por Gustavo Capanema9, 9 Gustavo Capanema Filho, nascido em Minas Gerais em 1.900, formou-se em direito e foi um importante político brasileiro. 8 ministro da Educação de 1.934 a 1.945, transformando-a em um modelo padrão à qual, todas as outras instituições do país deveriam se adequar, projeto este, que não durou por muito tempo. Entre a década de 1.940 a 1.950, surgiram as universidades particulares - de ordem religiosa, além das universidades federais de Pernambuco, Bahia, Rio Grande do Sul, Paraná, Pará e Paraíba. Adentrando aos primeiros passos de modernização das universidades, pelo serviço militar, em 1.947, cria-se o Instituto Tecnológico de Aeronáutica – ITA, onde os alunos e professores dedicavam-se exclusivamente ao ensino e à pesquisa, inclusive residindo no campus universitário. Ao longo dos anos 50 e 60, por conflitos ideológicos e políticos, surge a reforma universitária, gerando muitos movimentos estudantis promovidos pela União Nacional dos Estudantes - UNE, aonde era reivindicada a democratização da educação, abertura da universidade através da extensão universitária e serviços comunitários e a criação de um sistema eficiente de assistência ao estudante. Sendo data significativa na vida universitária do Brasil, em 1.961 surge a Universidade de Brasília – UNB (FIGURA N.05), que apresentou uma proposta de modelo acadêmico revolucionária, sob a orientação de Anísio Teixeira e Darcy Ribeiro10. Com o golpe de 1.964, a UNB foi fortemente atingida e a intervenção governamental descaracterizou totalmente o seu projeto original. 10 Nascido em 1.922, em Montes Claros – Minas Gerais, Darcy Ribeiro foi etnólogo, antropólogo, professor, educador e escritor romancista. Na década de 1.960 lutou pela criação da UNB, sendo o primeiro reitor da universidade. 9 Figura 5 - Universidade de Brasília Fonte: www.unb.br/ Em 1.968 o sistema universitário transforma-se pela reforma universitária, na modernização dos cursos, das carreiras e da valorização dos professores, no aumento de vagas e na estruturação e apoio estudantil. Na década de 1.980, a expansão do ensino superior é contida por causa dos recursos públicos. Desde a década de 90 as universidades se expandiram com o predomínio de instituições privadas. Segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais – INEP, em 1.998, havia 153 universidades no Brasil, sendo 77 públicas e 76 privadas; porém no último censo de 2.005 esse número passou para 2.165 universidades, sendo 231 públicas e 1.934 privadas. Com grande número de universidades nos últimos anos e a abertura de novos cursos, houve um aumento significativo no fluxo de estudantes de várias regiões do país, e conseqüentemente gerou a necessidade de infraestrutura aos universitários, principalmente a assistência habitacional. 3 MORADIAS ESTUDANTIS Componente social de fundamental importância na assistência universitária, São habitações com objetivo, além de abrigo, finalidades sociais, humanas e de desenvolvimento do meio educacional. 10 Segundo a Secretaria Nacional da Casa de Estudante11 - SENCE, existem três tipos básicos de moradia: alojamento estudantil; casa de estudantes e república estudantil. • Denomina-se alojamento estudantil a moradia de propriedade da instituição de ensino superior, e /ou secundaristas públicas que com estas mantenham vínculo gerencial administrativo; • Casa de estudante é a moradia estudantil administrada de forma autônoma, segundo estatutos de associação civil com personalidade jurídica própria, sem vínculos com a administração de instituição de ensino superior ou secundarista; • República estudantil é o imóvel locado coletivamente para fins de moradia estudantil (SENCE, 2.006). 3.1 HISTÓRICO Na Idade Média, os estudantes reuniam-se em casas, conhecidas por "nações" e cada uma, abrigava estudantes oriundos de lugares diferentes. Na Universidade de Coimbra, Portugal, as origens das moradias estudantis surgiram no século XIV, quando D. Dinis12, por diploma régio de 1.309, promoveu a construção de casas que deveriam ser habitadas por estudantes, mediante pagamento de um aluguel (SITE DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA, 2.007). No Brasil, as casas de estudantes mais antigas do país estão na cidade de Ouro Preto, em Minas Gerais (FIGURA N.06), onde as primeiras instituições de ensino surgiram entre 1.839 a 1.876, originando em 1.969, a Universidade Federal de Ouro Preto - UFOP. A ocupação das casas de 11 A Secretaria Nacional da Casa de Estudante é uma entidade que representa as casas estudantis do Brasil, ela articula a promoção de movimentos locais, que tenham como reivindicação a priorização da assistência estudantil, buscando a regulamentação da manutenção e ampliação principalmente de moradias estudantis, como direito fundamental de todo cidadão brasileiro. 12 D. Dinis foi o sexto rei de Portugal, aclamado em Lisboa em 1.279. A sua prioridade de governo foi essencialmente a organização do reino. 11 estudantes ocorreu pela necessidade de fixação dos alunos e professores na cidade. Figura 6 - Moradia Estudantil de Ouro Preto, MG. Fonte: http://www.ouropreto.com.br As moradias estudantis foram construídas por fundações ou instituições religiosas, entre a década de 1.920 a 1.930, pois, as moradias eram consideradas uma necessidade moral para os estudantes, por substituírem as relações familiares. Em 1.929 fundou-se a Casa do Estudante do Brasil, no Rio de Janeiro, ofertando suporte aos estudantes da Universidade do Rio de Janeiro, gerando em 1.937, a União Nacional dos Estudantes – UNE13. No entanto somente a partir do governo de Getúlio Vargas é institucionalizada a assistência estudantil. Com isso, entre 1.940 a 1.950, vem a determinação da criação das cidades universitárias, para a fixação de docentes e discentes nas recém universidades federais brasileiras. Segundo a SENCE, durante a década de 60, foram destruídas quase todas as casas de estudantes que pertenciam ao movimento da Juventude 13 A UNE é a principal entidade estudantil brasileira que representa os estudantes do ensino superior. Possui sede no Rio de Janeiro e sub-sedes em São Paulo e Goiás. Dentro de suas funções está a democratização do acesso ao ensino superior, qualidade de ensino e financiamento público para as universidades. 12 Universidade Católica – JUC 14 , por causa do envolvimento político com os problemas que a sociedade brasileira enfrentava (SENCE, 1.987/1.988). Devido ao desenvolvimento do país e a reforma universitária, há um aumento crescente de alunos durante a década de 70 e, desta forma, o governo percebeu a necessidade da construção de novas habitações estudantis, porém, a proposta de construção só seria realizada se as casas de estudantes não discordassem das ideologias do Ministério da Educação. Existem hoje diversas casas de estudantes espalhadas pelo Brasil, montadas por instituições governamentais ou privadas. A seleção desses estudantes é diferente para cada moradia. Os critérios variam de acordo com os mantenedores, variando também as regras de convivência. A estrutura de uma casa de estudante permite que seus moradores criem novos valores através da formação acadêmica, desenvolvendo processos alternativos de aprendizado que vão além das salas e laboratórios das universidades. 3.2 ENCONTRO NACIONAL DE CASAS DE ESTUDANTES Evento estudantil organizado anualmente pela SENCE desde 1.975, o Encontro Nacional de Casas de Estudantes – ENCE, reúne estudantes de vários estados do país, para lutar por melhorias na habitação universitária, por assistência estudantil e justiça social. O ENCE representa um importante espaço de interação cultural e acadêmica, proporcionando troca de experiências entre os universitários residentes em moradias estudantis em todo o país. Dentro dos objetivos gerais do ENCE se destacam: • “Discutir e exigir políticas voltadas para a assistência estudantil no sentido de garantir moradia, educação, atendimento médico, odontológico, psico-pedagógico, cultura e lazer; 14 O Movimento da Juventude Católica eram instituições religiosas que possuíam suas sedes e moradias estudantis nos centros urbanos, aonde era constante a presença de um sacerdote que se preocupava com a salvação espiritual dos moradores. 13 • Organizar ações que garantam estas reivindicações; • Agir, transformando a realidade” (ENCE, 2.006). Dos objetivos específicos: • “Discutir a realidade das moradias estudantis no Brasil e meios que possibilitem a participação dos residentes nos movimentos de casas de estudantes; • Elaborar um plano estratégico de ação para o movimento de moradias fortalecendo assim, sua organização; • Discutir formas imediatas de ampliação de assistência; • Discutir formas de construção, ampliação e manutenção de novas moradias; • Estimular o debate contra as opressões e preconceitos; • Discutir formas de criação das secretarias ou associações regionais de moradias estudantis; • Trocar experiências sobre problemas internos de cada moradia; • Fortalecer a Secretaria Nacional de Casas de Estudantes” (ENCE, 2.006). A casa de estudantes é um equipamento social fundamental na aplicação da assistência estudantil, viabilizando a permanência dos universitários de baixa renda nas instituições de ensino superior, sendo seus encontros, extrema importância para o fortalecimento da luta dos estudantes. 4 CONCLUSÃO O Brasil é um país aonde a maioria das universidades ainda não assumiu seu verdadeiro papel na sociedade. Como já foi visto anteriormente, a assistência estudantil é quase inexistente. 14 Atualmente há milhares de estudantes que deixam seus lares para ingressar em uma universidade, e geralmente se deparam com uma grande dificuldade de adaptação. Neste momento a universidade precisa estar pronta a oferecer um apoio estudantil e integrar os novos estudantes ao ambiente acadêmico. A moradia estudantil tem o propósito de promover justamente a integração entre estudantes, possibilitando o intercâmbio entre diversas culturas e desenvolver o aprendizado da vivência em comunidade. Segundo Helena Maria Bousquet Bomeny, a moradia estudantil facilita o desempenho acadêmico de seus moradores no mundo universitário (BOMENY, 1.994). As universidades precisam investir nesse tipo de empreendimento, pois além de ser um investimento muito rentável, é uma forma de oferecer apoio e qualidade aos estudantes, melhorando o nível acadêmico do aluno. Esse tipo de investimento infelizmente ainda não é muito desenvolvido, devido a uma ausência de estímulo por parte das instituições e dos órgãos competentes. Precisa-se criar portanto uma proposta de moradia estudantil, com objetivo de servir como modelo para as instituições de ensino superior, valorizando os estudantes existentes. Este projeto deve abranger os estudantes das universidades, provenientes de outras cidades através de um processo seletivo. Será uma nova forma de moradia com serviços direcionados ao estudante. O projeto terá grande importância, trazendo qualidade aos estudantes existentes e impulsionando novos alunos a ingressar na universidade. A residência universitária tem como objetivo principal, além de oferecer abrigo ao estudante, propiciar condições adequadas de conforto, convívio social e desenvolvimento das atividades acadêmicas. REFERÊNCIAS ALBUQUERQUE, João Lucilio Rueger de. Significado da Casa. São Paulo: FAU/USP, 1.974. 15 ANTUNHA, Heládio C.G. Universidade de São Paulo: fundação e reforma. São Paulo: MEC/INEP/CRPE, 1.974. BRASIL, Constituição. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado, 1.988. BOMENY, H. M. B. . A Reforma Universitária de 1.968: 25 Anos Depois. REVISTA BRASILEIRA DE CIENCIAS SOCIAIS, n. 26, p. 0-0, 1.994. BUARQUE, Cristovam. A Aventura da Universidade. São Paulo: Editora UNESP; Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1.994. CEUC. Casa da Estudante Universitária de Curitiba. Disponível em: <http://www.ceuc.ufpr.br/>. Acesso em: 23 mar. 2.013. CHARLES, Christophe e VERGER, Jacques. História das Universidades. São Paulo: UNESP, 1.996. COM CIÊNCIA UNIVERSIDADES. Do império à atualidade: marcas de continuidade na história das Disponível universidades. <http://www.comciencia.br/reportagens/universidades/uni03.shtml> em: Acesso em: 15 fev. 2.013. CUNHA, Luiz Antonio. A universidade temporã. 2ª ed. Rio de Janeiro: Editora Civilização Brasileira, 1.980. JANOTTI, Aldo. Origens da Universidade. São Paulo: EDU/EDUSP, 1.992. MENDONÇA, Ana Waleska P.C. professores: uma perspectiva Universidade integradora. A e formação de Universidade de Educação, de Anísio Teixeira. Tese de Doutorado, Departamento de Educação da PUC-Rio, 1.993. 16 MENDONÇA, Ana Waleska P.C. A Universidade no Brasil. In: Revista Brasileira de Educação, N.º 14. Departamento de Educação da PUC-Rio, 2.000. MIGUEL, Sylvia. Universidade: invenção ocidental. In: Revista Ensino Superior, ed. 85. São Paulo, 2.006. MINGUILI, M. da Glória; CHAVES, Adriana Josefa e FORESTI, Miriam C.P. Porto. Universidade Brasileira: visão histórica e papel social. São Paulo: Portal da UNESP. Disponível em: <http://www.fmvz.unesp.br/Eixos/Eixo_1/universidade_brasileira.pdf>. Acesso em: 03 abr. 2.013. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Congresso da UNE reiteira apoio à reforma universitária. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/sesu/index.php> . Acesso em: 03 abr. 2.013. NUNES, Ruy Afonso Costa. História da educação na Idade Média. São Paulo: EPU/EDUSP, 1.978. PATRUNI, Silvana Biaggi. Casa de Estudantes Universitário. Curitiba: PUC-Paraná, 2.005. Trabalho Final de Graduação, Departamento de Arquitetura e Urbanismo da PUC-Paraná. __________. Plano Nacional de Habitação. São Paulo: Telepress. RUBANO, Lizete M.; YAMAMOTO, A.; NADER, M. S.; VITALE, L.; MACHADO, L.; MAZZER, A.; STEINER, F.; BOUCINHAS, H.; GIANCOLI, G. P.; CAMPAGNUCCI, S. . Habitação Social: Direito à Arquitetura. São Paulo: Pró Livros, 2.006. SEGAWA, Hugo. Arquiteturas no Brasil 1.900-1.990. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo – EDUSP, 2.002. 17 SCHWARTZMAN, Simon e PAIM, Antônio. A Universidade que não houve: antecedentes da ciência e educação superior no Brasil. São Paulo e Rio de Janeiro: Editora Nacional/FINEP, 1.976. SCHWARTZMAN, Simon. Formação da Comunidade Científica no Brasil. São Paulo e Rio de Janeiro: Editora Nacional/FINEP, 1.979. __________. As teorias da Universidade Brasileira. São Paulo e Rio de Janeiro: Editora Nacional/FINEP, 1.984. __________. Permanência e Mudança das Universidades. São Paulo e Rio de Janeiro: Editora Nacional/FINEP, 1.987. TEIXEIRA, Anísio. Educação e Universidade. Rio de Janeiro: Editora da UFRJ, 1.988. TRINDADE, Hélgio. Universidade em perspectiva: Sociedade, conhecimento e poder. Departamento de Ciência Política, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Caxambu, 1.998. Disponível em: <http://www.anped.org.br/rbe/rbedigital/RBDE10/RBDE10_03_HELGIO_TRI NDADE.pdf> . Acesso em: 25 fev. 2.013. UNE e UBES. Estudantenet Site Oficial Une e Ubes. Disponível em: <http://www.une.org.br/> . Acesso em: 07 fev. 2.013. UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA. Portal Universidade de Brasília. Disponível em: <http://www.unb.br/>. Acesso em : 27 abr. 2.013. UNIVERSIDADE DE BUENOS AIRES. Universidade de Buenos Aires Home Page. Disponível em: <http://www.uba.ar/homepage.php>. Acesso em : 20 mai. 2.013. 18 UNIVERSIDADE DE COIMBRA. U.C. Universidade de Coimbra. Disponível em: <http://www.uc.pt/>. Acesso em : 03 abr. 2.013. UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS. UFMG. Disponível em: <http://www.ufmg.br>. Acesso em: 21 mar. 2.013. UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO. UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro. Disponível em: <http://www.ufrj.br/>. Acesso em: 27 abr. 2.013. VERGER, Jacques. As Universidades na Idade Média. São Paulo: UNESP, 1.990.
Documentos relacionados
reforma universitária e manifesto de córdoba
tardiamente, a universidade brasileira nunca esteve livre de críticas, primeiro pela sua estrutura orgânica, fruto da junção de faculdades que se deu na sua fundação, segundo pela falta de coesão e...
Leia mais