Caderno de Instruções - Home | Cristiane Bouger
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( x) Retrato F rontal ( ) Foto de Perfil Na capa do caderno será utilizada uma foto do seu rosto. O que você prefere? Caderno de Instruções - de Cristiane Bouger para Michelle Moura faz parte do ciclo de entrevistas do Tête-a-Tête Couve-Flor realizadas para o evento 20minutos.mov durante a Corrente Cultural no Cafofo, em Curitiba (Nov. 2011). Material exclusivo para os participantes das instruções disponibilizadas no evento. Tiragem: 15 cadernos. Impressão artesanal com transferência com acetona e inkjet. Nova York, 2012. Consultoria: Larissa Brandão. Uma versão em arquivo pdf será disponibilizada no blog www.cristianebouger.wordpress.com. E D O N R E CA D S E Õ Ç U R INST helle Moura ger para Mic Bou de Cristiane LÉXICO PARA UM CORPO QUE SE MOVE Criei uma lista de palavras que creio relacionarem-se com o seu trabalho. Gostaria que você definisse cada uma delas a partir da sua perspectiva coreográfica e artística. Quero que você crie aqui as definições para o seu próprio léxico/ vocabulário. A ideia é que os leitores compreendam um pouco do seu pensamento, do seu universo e processo de investigação/criação a partir da definição ou importância que você atribui a estas palavras. Você pode criar suas definições de forma ampla ou citando exemplos mais objetivos a partir dos seus trabalhos. CURIOSIDADE é o que move. C O NT RO L E Quando eu estava trabalhando o Big Bang Boom, que é uma performanceestratégia para mover o chão, e consiste em um chão coberto por várias camadas de papel, e toda ação é feita de trajetórias que acontecem debaixo do papel, me frustava com as vezes que o papel “reagia” diferente do programada. Um dia a Jennifer Lacey estava acompanhando um ensaio e me disse que quando se escolhe trabalhar com cães, crianças e papel sempre poderemos ser surpreendidos. E S TA D O Adoro uma frase do Tunga que li numa revista “Eu não acho que exista um estado de consciência alterado. Acho que todos os estados de consciência já são uma alteração”. (Tunga) I N S TA BIL IDA DE (do objeto ou base/chão) Transformação, precariedade, deformação. I N S T RU ÇÕ E S Alguns corpos são móveis e outros (aparentemente) são estáticos. Gente é um corpo. E corpo também é de bicho. Assim como o tapete, a sala e a casa também são e têm um corpo. As coisas são corpos. As coisas são relações. E por isso um corpo transforma outro. E sempre um corpo que cria outro corpo. Criação de alguns, pela destruição? A estabilidade é uma ficção. A precariedade é fato. O movimento é verdade. MA L E A BIL IDA DE Transformar hábitos, estar “livre” de condicionamentos perceptivos ou desidentificar da idéia/sensação que tenho do meu corpo em relação a este espaço, desconhecer “este lugar”, poder mover-se estando livre de ser quem a gente é agora. Isto é, alterar o programa de “como eu percebo eu mesma e o mundo”, e assim, reprogramar percepções. OBJETO No CAVALO os objetos são: dedos de bruxa, dread-locks, piranhas de cabelo com cabelo, um microfone sem fio. PERMI SSI VI DADE “A experiência, a possibilidade de que algo nos aconteça ou nos toque, requer um gesto de interrupção, um gesto que é quase impossível nos tempos que correm: requer parar para pensar, parar para olhar, parar para escutar, pensar mais devagar, olhar mais devagar, e escutar mais devagar; parar para sentir, sentir mais devagar, demorarse nos detalhes, suspender a opinião, suspender o juízo, suspender a vontade, suspender o automatismo da ação, cultivar a atenção e a delicadeza, abrir os olhos e os ouvidos, falar sobre o que nos acontece, aprender a lentidão, escutar aos outros, cultivar a arte do encontro, calar muito, ter paciência e dar-se tempo e espaço.” Jorge Larrosa Bondía, em “Notas sobre a experiência e o saber de experiência”. PRESENÇA Estar “presente” é uma alteração de consciência muito positiva e saudável. Uma outra compreensão de tempo e também de “ser”. Um “stop” de julgar, analisar, avaliar e abrir-se para a experiência do agora. PÚB L ICO TRADUÇÃO É o outro que me olha. Lembrei de uma fala de Benilton Bezerra Jr: “Nós todos dependemos do outro pra que nos reconheçamos como sendo capazes de dar sentido, e para que o sentido que damos a vida se sustente. Nenhum homem de fato é uma ilha. Na constituição de um sujeito a dependência em relação aquilo que o outro vê quando nos olha é fundamental. Nós não somos lagartos que precisam apenas surgir no mundo e já tem toda dotação biológica para serem plenamente lagartos (…) Quando nos constituimos como um “eu” a gente começa a existir como sujeito, a gente entra nessa infinita tarefa de responder a pergunta que não tem solucão última : O que o outro quer de mim? Que lugar eu ocupo no desejo do outro, o que eu preciso fazer pra ser aceito, amado, querido. Pra ser reconhecido como sendo um eu a dependêndia ao que o outro diz é constitutiva (…) Nenhum de nós é capaz por si própio de se fundar a si, embora nossa cultura nos alimente com essa ilusão.” Não estou mais interessada hoje em dia por significar, traduzir, interpretar. Gosto de pensar que os sonhos, assim como a dança estão além disso. (Fala de Benilton Bezerra Jr. na palestra “Novas Fronteiras da Subjetivação” transcrita de um vídeo: [www.cpflcultura.com.br/site/2009/12/02/ integra-novas-fronteiras-da-subjetivacaobenilton-bezerra-jr-sao-paulo/] ) R IGO R É realizar o que se pretende. PRO CED IME NTO 15.12.2009. terÇ a-feira. No estúdio Les Abattoirs I DO THIS BECAUSE I ALWAYS ASK MYSELF “WHAT MOVES ME?” And when you look at me, something changes in my presence and in this space, so I need to ask myself again. And because all situations between two or more people is a kind of contract. Because I’m always looking for problems to be solved. Because I want to know the meaning of here and now. ‘cause I want to build spaces inside this space. because I want to understand the time of the clock, and time as time. ‘cause I want to know where is my key. ‘cause I believe that I should prepare myself to die. ‘cause I feel miserable. ‘cause I wanna know what the Truth is. ‘cause it IS true that I’m romantic. ‘cause this is the perfect moment. ‘cause I say yes to everything, Agnieszka. ‘cause my mind is a muscle. ‘cause my eyes are muscles. ‘cause I want to understand the 4th dimension. ‘cause I’d like to go out of my body when I feel pain. ‘cause sometimes I’m a horse for spirits that come to earth. ‘cause I’d like to take a holiday from myself. ‘cause I’d like to re-build my perfect moment here and now. ‘cause I need, I want, I feel. ‘cause everything gives cancer. ‘cause I feel that I can die without understanding all that I want about my body, this place, my love. ‘cause what I WANT and what I’m ABLE TO DO are differents things. ‘cause I dream a lot about the end of the world. ‘cause I REGULARLY dream that I have the right answers. And I don’t remember a single one. ‘cause eveything becomes trash one day. ‘cause I want to know what I will become after being human. ‘cause I want to do a “ TIME travel”, ‘cause I want to feel time more slowly, ‘cause I feel a lot, ‘cause from here everything will change, everything will be different. INSTRUÇÕES Dê UM GRITO EM UMA PáGINA DE NúMERO íMPAR. Desenhe um segredo em uma página par. Compartilhe aqui a foto. Abandone um dos seus adereços em um lugar público. Fotografe o abandono. Escreva o nome de cada um dOS seus trabalhos em um pedaço de papel. Dobre todos os papéis, de forma que os trabalhos não sejam identificáveis. Coloque-os dentro de um saco qualquer. Peça para um outro membro do coletivo Couve-Flor sortear 3 papéis. Selecione uma fotografia correspondente a cada trabalho sorteado. Duplique as fotografias, de maneira que você tenha 2 imagens iguais de cada trabalho. Na imagem duplicada, faça interferências que demonstrem o que você mudaria naquele trabalho específico se você o apresentasse hoje. Se não houver nenhuma alteração a ser feita deixe a imagem duplicada intocada. Abaixo da primeira imagem, coloque o nome do trabalho e substitua o ano de criação pela sua idade na época em que o trabalho foi concebido. 1. 2. 8) 0 s (20 ad dra drteo: Alessan fo o Har se a c e ap umBorges s i a m Lauro : foto 3. 8) -200 7 ? (200 ove m e e m Haro o qu: Alessandra foto 04) (20 a t c le O ano no qu al voc ê vive u o se u mai 1996 dor O ano no q 2010 ual você v iveu a sua maior ale gria 2 008 O ano no qual vo cê se apaixonou pela primeira v ez 1994 Some os 4 anos 8008 Divida por 4. Se necessário, ar redonde o número final. 2002 O ano n o qual você vi v or me eu a su a maior do Em 2002, terminei a faculdade de dança e já me inscrevi em uma especialização em dança na UFBA. Em janeiro de 2003 fui de ônibus de Curitiba até Salvador e fiquei hospedada durante uma semana na casa de um rapaz que conheci dentro do ônibus. A claridade de Salvador me fez formular pela primeira vez a ideia “eu realmente posso perceber o espaço em torno de mim?” Esse ano voltei a Salvador e me chamou atenção que as pessoas quase nunca desviam umas das outras quando caminham, esbarrandose constantemente. Fiz essa foto na Estação da Lapa, onde as pessoas ficam aglomeradas bebendo cerveja antes de pegar o ônibus para voltar pra casa. A estação de metrô ainda está em construção, e depois de tantos anos de desvios de dinheiro já não existe mais previsão pra ficar pronta. Compartilhe aqui uma foto do ano correspondente ao resultado do seu cálculo. INSIRA aqui uma imagem que represente 2011. Inclua o fuso horário. Curitiba, 15:22 s a r i t n e m s a u d e t Con e uma verdade. eu Quando criança ter achava injusto as dinheiro se outr ham. n ti pessoas não Quando criança s eu falava com o animais. nhei Ano passado so aos que irei morrer e. 83 anos de idad instruções para OS LEITORES Compre uma bola de sorvete do seu sabor predileto na casquinha. Coloque-o sobre uma mesa ou superfície na altura dos seus olhos e o observe derreter. Coloque uma folha de papel sobre o sorvete derretido, “imprimindo” o sorvete no papel. Deixe o papel secar. Fotografe e compartilhe a foto no seu facebook ou orkut. Coloque no tag, os nomes “Michelle Moura” e “Cristiane Bouger”. Jogo da fortuna Recorte e monte o Jogo da próxima página. Abra o Youtube. Jogue sozinho ou leia a fortuna de alguém. Michelle Moura (de onde você irá partir) e Cristiane Bouger (aonde você chegará) irão levá-lo ao seu destino! Escolha uma cor. Abra e feche o jogo de acordo com o número de letras da cor selecionada. Escolha uma das 4 opções. Abra e feche o jogo de acordo com o número de sílabas do nome escolhido. Escolha um dos nomes. Abra o nome e descubra o que o destino lhe revelará com uma busca no Youtube. ka ji Hi t i/ um s at T a AT A JIK Ho an t so r pa t2 JU US N FL UX O DS Ro tM be r ris or TE "S I 64 "1 9 hn Jo C a ge 9 Ev Va en ria i ng tio s n I- sV I HI p4 .m al iv st fe cY (G out eo h p rg la e yi M ng ac P iu ia na no s) # 13 A TB ni e c en er sf An ish Ka po or A KA NIS H P O O R JO CA HN GE L AN E H IC ISM M RO G an Tr So tu JO B S E U EPH Y S en In n ce in sV n ca nt Jo "W sep ie h m Be an uy de s: m to t o up D t V DU INC E P O NT N T Pt 1. w m v EMBALAGEM O caderno deve ser entregue aos leitores dentro de um: (x) embrulho/invólucro de papel ( ) embrulho/invólucro de tecido