Distribuição gratuita no Encontro.
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do www.jasfarma.com Em colaboração com Distribuição gratuita no Encontro. Dr. Nuno Canas, secretário-geral do 23.º ENE 03 18 e 19 de Março 2011 23.º ENE: REUNIÃO NACIONAL DOS PROFISSIONAIS DEDICADOS AO ESTUDO E TRATAMENTO DAS EPILEPSIAS Ao encontro das expectativas de todos os participantes Caros colegas e amigos: Bem-vindos a mais uma edição do Encontro Nacional de Epileptologia (ENE)! Tal como em anos anteriores, esta pretende ser a maior reunião nacional de todos os profissionais de saúde que se dedicam ao estudo e tratamento das epilepsias, sendo organizada pela Liga Portuguesa Contra a Epilepsia. No 23.º ENE pretendemos não somente abordar temas de grande relevância para epileptologistas, como também ir ao encontro das necessidades clínicas de todos aqueles que, na sua prática diária, colaboram na avaliação dos doentes com crises epilépticas. Dr. Nuno Canas Secretário-geral do 23.º ENE Assim, o primeiro dia iniciou-se com uma sessão interactiva de discussão de casos clínicos, constituindo um modo de apresentação inédita nos ENE; nesta sessão, moderada pelo Dr. António Martins e com um painel de discussão constituído pelos Prof. José Pimentel e Drs. Pedro Cabral, Dílio Alves e Francisco Sales, pudemos constatar o grau de evidência científica para muitas das práticas que efectuamos no nosso dia-a-dia. Ontem, ocorreram também, durante a tarde, duas conferências que perspectivaram o futuro no tratamento das epilepsias. Na primeira conferência, proferida pelo Prof. Meir Bialer, do Instituto de Investigação Farmacológica da Universidade Hebraica de Jerusalém, foram abordados os fármacos antiepilépticos que estão em fase avançada de investigação e com os quais poderemos contar para o tratamento dos nossos doentes, nos próximos anos. Na segunda conferência, proferida pela Prof.ª Asla Pitkanen, do Instituto de Ciências Moleculares da Universidade de Kuopio, Finlândia, e moderada pelo Prof. João Malva, do Centro de Neurociências da Universidade de Coimbra, foi abordada a prevenção da epileptogénese, nomeadamente, os novos alvos moleculares que têm sido envolvidos neste processo e nos quais é possível actuar farmacologicamente. No 23.º ENE pretendemos ir ao encontro das necessidades clínicas de todos aqueles que, na sua prática diária, colaboram na avaliação dos doentes com crises epilépticas. Hoje, sábado, temos uma conferência dedicada à monitorização electroencefalográfica contínua na unidade de cuidados intensivos, proferida pela Prof.ª Susan Herman, do Departamento de Neurologia do Centro Beth Israel Deaconess, em Boston, e moderada pelo Dr. José Augusto Mendes Ribeiro, do Hospital de São João. Nesta conferência, serão abordados conceitos práticos à execução desta técnica e as alterações mais frequentemente encontradas, destacando-se a sua utilidade na avaliação dos doentes em estado crítico. A avaliação diagnóstica dos doentes críticos que apresentam crises epilépticas em diferentes situações será também abordada, hoje à tarde, numa mesa-redonda moderada pelo Prof. Al- berto Leal e pela Dr.ª Conceição Bento e que contará com a participação de reconhecidos especialistas em diferentes áreas. Assim, a avaliação das crises epilépticas numa unidade de cuidados intensivos pediátrica será abordada pela Dr.ª Ana Moreira, do Hospital de D. Estefânia; na unidade de cuidados intensivos médica, pelo Dr. João Alcântara, do Hospital de S. José; e na unidade de AVC, pelo Dr. Miguel Rodrigues, do Hospital de São Bernardo, em Setúbal. Durante o ENE, podemos ainda assistir a três simpósios satélites, promovidos pelas companhias farmacêuticas BIAL, EISAI e UCB, onde se debatem temas do maior interesse para todos nós e que contam com a presença de reconhecidos líderes de opinião a nível internacional. Tal como é habitual, há ainda um espaço dedicado a todos os participantes, para que possam apresentar os trabalhos e investigações que estão a desenvolver, promovendo-se um importante fórum de discussão e ideias entre todos. Deste modo, teremos 14 comunicações orais, distribuídas por três sessões, e 23 cartazes, 12 dos quais seleccionados para comunicação oral de curta duração. Os prémios para a melhor comunicação oral e cartaz são anunciados na cerimónia de encerramento do encontro. Hoje temos uma conferência dedicada à monitorização electroencefalográfica contínua na unidade de cuidados intensivos, proferida pela Prof.ª Susan Herman. Este ano, o clássico jantar de confraternização do ENE foi um jantar de solidariedade a favor da Liga Portuguesa Contra a Epilepsia, comemorando-se os 40 anos desta instituição. Este ano, o clássico jantar de confraternização do ENE foi um jantar de solidariedade a favor da Liga Portuguesa Contra a Epilepsia, comemorando-se os 40 anos desta instituição, que decorreu na Casa do Alentejo. Este jantar pretendeu ser um momento de convívio, não somente destinado a todos os participantes, como também a todos aqueles que nos últimos 40 anos contribuíram para que a Liga se tivesse tornado na instituição nacional de referência no estudo e tratamento das epilepsias. Foram ainda anunciados, no decorrer do mesmo, os vencedores dos prémios e bolsas atribuídos pela Liga. Por último, não poderia deixar de agradecer a todos aqueles que apoiaram a realização deste ENE, desde a todas as companhias farmacêuticas que nele participam, como a todos aqueles que contribuíram para a sua organização, nomeadamente, a Direcção Nacional da Liga, Comissão Organizadora Local e Comissão Científica do 23º ENE. A todos o meu muito obrigado. Esperando que o programa deste ENE satisfaça as vossas expectativas, é com grande prazer que, mais uma vez, vos dou as boas-vindas. A todos, um abraço amigo. 04 18 e 19 de Março 2011 A MISSÃO DA LPCE Posicionar a epilepsia no quadro global que lhe é devido A Liga Portuguesa Contra a Epilepsia (LPCE) é uma associação particular sem fins lucrativos, de cariz técnico-científico, que congrega técnicos de várias áreas, motivados em melhorar os cuidados de saúde prestados às pessoas com epilepsia em Portugal. Com essa finalidade, procura divulgar conhecimentos e recursos sobre a epilepsia, promover a produção científica e facilitar a troca de conhecimentos e experiências entre os seus associados, bem como com os seus parceiros internacionais. Procura também ter um papel activo na definição de políticas de saúde que reconheçam o impacto da epilepsia e consagrem o acesso a cuidados de saúde condignos e qualificados às pessoas com epilepsia. A organização anual dos encontros nacionais de Epileptologia vem nessa linha, procurando promover e divulgar a produção científica nacional. Este ano, realiza-se o 23.º Encontro Na- Dr. Francisco Sales Neurologista. Presidente da Liga Portuguesa Contra a Epilepsia cional de Epileptologia e comemora-se o 40.º aniversário da Liga Portuguesa Contra a Epilepsia. São oportunidades que, ao serem vividas neste momento presente, permitem-nos olhar para o trabalho que já foi realizado e para o futuro, com os projectos que ambicionamos um dia ver realizados. Ao longo destes 40 anos muita coisa mudou. Um dos aspectos com mais significativo impacto na qualidade de vida das pessoas com epilepsia foi o desenvolvimento na área terapêutica, com o aparecimento de novos fármacos e a abordagem cirúrgica em algumas das epilepsias. Muita coisa persiste ainda por fazer, mas os doentes que conseguiram ver controladas as suas crises após a introdução de um novo medicamento ou pela cirurgia, são a razão de que vale a pena apoiar a investigação, investir em recursos e melhorar a rede assistencial. Abordar a epilepsia perspectivando estratégias de prevenção, quer diminuindo drasticamente os principais factores de risco, quer desenvolvendo fármacos que abortem/previnam o processo da epileptogénese, são importantes desafios para um futuro de curto/ /médio prazo. Manter esta investigação a nível internacional requer a manutenção de importantes recursos financeiros, competindo à Liga Internacional Contra a Epilepsia e às ligas locais um papel interventivo activo junto das instituições que gerem esses recursos. Neste 23.º Encontro Nacional de Epileptologia, as duas primeiras conferências abordaram exactamente estes tópicos: os antiepilépticos emergentes e a prevenção da epileptogénese, proferidas, respectivamente, pelo Prof. Meir Bialer e pela Prof.ª Asla Pitkänen. Hoje, dia 19 de Março, os temas abordados são de maior peso clínico imediato: referem-se à utilização do EEG nas unidades de cuidados intensivos e à ocorrência de crises em doentes críticos. A Prof.ª Susan Herman abordará a monitorização EEG contínua nas unidades de cuidados intensivos, e no período da tarde um conjunto de colegas com grande experiência em intensivismo abordará a ocorrência de crises epilépticas no contexto do doente crítico. A LPCE manterá o seu percurso, motivando todas as pessoas e envidando os esforços que forem necessários para posicionar a epilepsia no quadro global que lhe é devido, não só pela frequência desta patologia – cerca de 50 mil pessoas afectadas – mas também pelas repercussões que este diagnóstico condiciona na vida de cada uma das pessoas com epilepsia. Marcos históricos da Liga Portuguesa Contra a Epilepsia 1 8-1-1968 – É discutida, em reunião no Hospital de D. Estefânia, a proposta para a fundação da Liga Contra a Epilepsia, da autoria do Dr. Orlando de Carvalho. Dr. Francisco Pinto Consultor de Epilepsia no Hospital Prof. Doutor Fernando Fonseca 5-3-1971 – Aprovação dos estatutos da Liga Nacional Portuguesa Contra a Epilepsia e constituição da primeira sede no Centro de Saúde Mental Infantil de Lisboa (Rua João Penha, 14-B). 22-4-1971 – Eleição da primeira Direcção presidida pelo Dr. João dos Santos, sendo secretários as Dr.as Dora Bettencourt da Silva e Maria de São José Picciochi de Azevedo e tesoureira a Dr.ª Maria Lucinda de Matos. A Secção Médica é presidida pelo Prof. José Schneeberger de Ataíde, secretariado pelos Drs. Maria de Lurdes Levy e Orlando Leitão. 16-18/11/1972 – Simpósio sobre Terapêutica Anticomicial no Hospital de Júlio de Matos, publicado em volume. 1973 – A Liga Nacional Portuguesa Contra a Epilepsia é aprovada como capítulo da ILAE no 12th International Congress on Epilepsy, em Barcelona. 1983? – Mudança do nome para Liga Nacional contra a Epilepsia. 1985 – Congresso Ibero-Americano de Epilepsia – Porto. 1985 – Início da publicação do Boletim da Liga Nacional Portuguesa Contra a Epilepsia. 1986 – Congresso das Ligas Latinas – Coimbra. 1987 – Publica-se Epilepsia – Noções Fundamentais. 1988 – 1.º Congresso Nacional de Epileptologia – Lisboa. 1988 – Começa a publicar-se o Notícias da Epilepsia. 1992 – Criação da Comissão ad-hoc sobre a Cirurgia da Epilepsia em Portugal, coordenada pelo Dr. Orlando Leitão. 1994 – I Congresso Europeu de Epilepsia – Porto. 1994 – 1.º Epicentro – Porto. 1995 – 1.º Congresso de Epilepto- logia fora dos centros – Ponta Delgada. 1996 – 1.º Grupo de Ajuda Mútua – Porto. 1998 – A Liga Portuguesa Contra a Epilepsia é uma das signatárias da Declaração Europeia da Epilepsia (Heidelberga); inicia-se a campanha «Sair da escuridão». 2000 – Os epicentros do Porto e de Coimbra adquirem as actuais instalações. 2000 – Instituição do Prémio e Bolsa da Liga Portuguesa Contra a Epilepsia. 2001 – O epicentro de Lisboa adquire a actual instalação. 2003 – 25.º Congresso Internacional de Epilepsia – Lisboa. 2004 – Participação no programa Eye of Horus. 2004 – Publicação do Livro Branco de Cirurgia da Epilepsia. 2006 – Constitui-se a EPI-APFAPE. 05 18 e 19 de Março 2011 Passado, presente e futuro da terapêutica em epilepsia S egundo o Prof. Doutor Fontes Ribeiro, professor catedrático de Farmacologia da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra e moderador do simpósio da UCB-Pharma «Passado, presente e futuro da terapêutica em epilepsia», que decorreu ontem pelas 12.00 h, os últimos 50 anos registaram enormes avanços no tratamento da epilepsia. Porém, na última década «as mudanças não foram substanciais porque, apesar de os medicamentos actuais controlarem razoa- uma terapêutica modificadora da epilepsia». De acordo com o orador, «a presente abordagem terapêutica tem demonstrado resultados pouco animadores, já que só cerca de 5% das pessoas, quando há uma ausência de resposta a três medicamentos indicados para a sua síndrome epiléptica, podem beneficiar dos fármacos actuais». Os novos agentes, numa primeira fase de experimentação clínica, são administrados em regime adjuvante nos doentes epi- Após a revisão do processo de desenvolvimento do sucesso farmacológico que é o levetiracetam, o Prof. Doutor Henrik Klitgaard apresentou o novo FAE lacosamida, «um análogo sintético do aminoácido D-serina, que tem Profs. Doutores Henrik Klitgaard, Ley Sander e Fontes Ribeiro demonstrado efeito protector significativo das crises em modelos animais, que reproduzem a epilepsia refractária aos fármaco». Segundo o orador, «difere de outros FAE por ter um mecanismo de acção inovador, que consiste no aumento selectivo da inactivação lenta dos canais de sódio». Dentro da linha de desenvolvimento farmacológico da UCB, o Prof. Doutor Henrik Klitgaard referiu ainda o brivaracetam «que se encontra em fase III de desenvolvimento clínico» e «é a nova aposta da UCB na área da epilepsia». Lacosamida (Vimpat®) – Um novo mecanismo de acção velmente as crises, há uma necessidade de encontrar novos fármacos que intervenham na epileptogénese, através de mecanismos de acção inovadores, que permitam um ganho adicional no tratamento dos doentes». Para o Prof. Doutor Ley Sander, que reflectiu sobre alguns tópicos relacionados com a terapêutica actual da epilepsia, «não obstante todo o entusiasmo em torno do tratamento cirúrgico, os fármacos antiepilépticos (FAE) continuam a ser o tratamento de primeira linha para a epilepsia». O especialista do Instituto de Neurologia, em Londres, referiu, durante o simpósio, que «o paradigma do tratamento farmacológico encontra-se, por ora, longe do ideal». Embora haja mais de 20 fármacos antiepilépticos, patenteados a nível mundial, o Prof. Doutor Ley Sander considerou que «as crises, em cerca de 20-30% das pessoas com epilepsia, permanecem refractárias ao medicamentos disponíveis», acrescentando que «o tratamento actual é sintomático e não curativo, não havendo, por isso, lépticos, que, anteriormente, já estavam medicados com antiepilépticos. UCB aposta na investigação na área da epilepsia O Prof. Doutor Henrik Klitgaard, responsável pela área de Investigação e Desenvolvimento da UCB, durante a sua intervenção, apresentou o pipeline de desenvolvimento de FAE, desde o levetiracetam até ao brivaracetam, passando pela lacosamida. Referiu que, na UCB, «a maior ênfase está no desenvolvimento de novos modelos animais que mimetizem as epilepsias refractárias aos fármacos e vários aspectos da epileptogénese». Ao longo da comunicação, o especialista abordou os mecanismos moleculares envolvidos na acção antiepiléptica e o compromisso da UCB com a investigação de novos fármacos, no sentido de «providenciar novas oportunidades de tratamento para a epilepsia, baseadas numa sólida plataforma de desenvolvimento para a descoberta de FAE». Alguns fármacos antiepilépticos actuam através do bloqueio dos canais de sódio ou cálcio, potenciação da transmissão gabaminérgica, modulação dos receptores do glutamato ou ligação a ligandos específicos como a proteína 2A da vesícula sináptica, enquanto outros podem exercer a sua acção através da combinação de vários destes mecanismos. Embora o mecanismo de acção preciso pelo qual a lacosamida exerce o seu efeito anti-epiléptico no homem ainda não seja completamente conhecido, esta demonstrou possuir um mecanismo de acção distinto dos demais anti-epilépticos aprovados e disponíveis no mercado. À semelhança do que acontece com outros antiepilépticos, a lacosamida actua ao nível dos canais de sódio hiperexcitáveis, mas de uma forma completamente nova. Os outros antiepilépticos, que habitualmente bloqueiam o fluxo de iões através dos canais de sódio, fazem-no pela inibição da inactivação lenta. Ao contrário dos antiepilépticos bloqueadores dos canais de sódio, a lacosamida promove selectivamente a inactivação lenta dos canais, sem afectar a inactivação rápida em concentrações clinicamente relevantes. Este efeito pode resultar na normalização dos limiares de activação e numa redução da hiper-reactividade fisiopatológica, controlando efectivamente a hiperexcitabilidade neuronal. 06 18 e 19 de Março 2011 Crises no doente crítico D os temas abordados no 23.º Encontro Nacional de Epileptologia, gostaria de destacar o tema da última mesa-redonda do encontro, «Crises no doente crítico». É, sem dúvida, um assunto fundamental que tem vindo a ganhar importância crescente e sobre o qual muitas questões relevantes aguardam resposta e precisam de ser discutidas. Dr.ª Conceição Bento Assistente hospitalar graduada de Neurologia e neurofisiologista dos HUC O doente crítico, nas unidades de cuidados intensivos, tem, frequentemente, crises epilépticas, muitas vezes, de tipo não-convulsivo, ou seja, sem manifestações motoras evidentes, como têm mostrado numerosos estudos. Nalgumas séries foram detectadas crises não-convulsivas em até 48% dos doentes incluídos. Estes doentes apresentam, com frequência, alteração da consciência espontânea e/ou induzida por fármacos e défices motores graves. Nestas condições, o exame clínico é claramente insuficiente para uma avaliação neurológica precisa, e para avaliar ou excluir a presença de crises não-convulsivas. É necessária uma monitorização EEG, preferencialmente, contínua e associada a monitorização vídeo, para um diagnóstico correcto. Não é possível, sem EEG, identificar crises não-convulsivas, nem confirmar a natureza epiléptica de algumas alterações motoras ou da consciência. Esta é uma área em que, felizmente, nas últimas décadas, tem havido avanços tecnológicos significativos, que permitem o registo, revisão e armazenamento deste tipo de informação. Mesmo nos casos de estado de mal convulsivo, este tipo de monitorização é fundamental. Terminadas as manifestações motoras, se persistir alteração do estado de consciência, é indispensável saber se persiste actividade epiléptica cerebral que a justifique e necessite de continuar um tratamento antiepiléptico agressivo, ou se a alteração da consciência tem outra causa a necessitar de outro tipo de tratamento. No doente crítico, em coma, com crises, é importante avaliar também outras alterações do funcionamento cerebral, para além das próprias crises, uma vez que estas ocorrem, muitas vezes, no contexto de uma lesão cerebral aguda, ou de uma alteração sistémica severa, que influenciam o funcionamento cerebral e podem necessitar de uma intervenção específica. Nestes casos, a monitorização EEG, se contínua, pode ser muito útil. Nas lesões agudas cerebrais de tipo vascular, por exemplo, permite detectar precocemente situações de agravamento da isquemia ou de isquemia de novo, possibilitando uma intervenção terapêutica mais rápida. Também no caso de alterações sistémicas agudas severas com repercussão no funcionamento cerebral, tais como uma hipoxia, hipotensão, acidose, entre outras, este tipo de monitorização pode ser de grande ajuda, permitindo uma detecção praticamente imediata da sua ocorrência. É, sem dúvida, um assunto fundamental sobre o qual muitas questões relevantes aguardam resposta e precisam de ser discutidas. Sendo uma área de investigação relativamente recente, persistem muitas questões por responder. Uma das mais relevantes é a dificuldade de, nalguns padrões electroencefalográficos no doente em coma, reunir evidências suficientes que permitam distinguir entre crises epilépticas ou apenas sinais de disfunção de um cérebro encefalopático. Por outro lado, apesar de existirem numerosas evidências em modelos animais de que crises epilépticas nãoconvulsivas são nocivas para o cérebro, há menos evidências sobre a repercussão exacta destes eventos no cérebro humano. Também não é clara a repercussão do tratamento mais ou menos agressivo destes eventos, no prognóstico funcional e vital destes doentes. Parece, no entanto, razoável aceitar que a presença de crises num cérebro já lesado contribuirá para agravar ainda mais essa lesão e dificultar uma recuperação funcional adequada. Questões sobre quando, como, e durante quanto tempo este tipo de monitorização deve ser feito, que crises devem ser tratadas e qual a agressividade do tratamento, precisam de discussão e resposta. Além disso, são necessários estudos sobre a relação custo-benefício deste tipo de monitorização no doente crítico, numa altura em que há necessidade de gerir recursos económicos limitados. Não há, no entanto, dúvidas sobre a importância de se conhecer melhor o funcionamento do cérebro, em particular, do cérebro lesado, e de como esse conhecimento permitirá, sem dúvida, melhorar os cuidados e o prognóstico neurológico de muitos destes doentes. Referências: - Abend NS, Dlugos DJ, Hahn CD, Hirsch LJ, Herman ST. Use of EEG Monitoring and Management of Non-Convulsive Seizures in Critically Ill Patients: A Survey of Neurologists. Neurocrit Care 2010 June;12(3):382-389. - Friedman D, Claassen J, Hirsch L J. Continuous Electroencephalogram Monitoring in the Intensive Care Unit. Anesth Analg 2009;109:506-23. - Kilbride RD, Costello DJ, Chiappa KH. How Seizure Detection by Continuous Electroencephalographic Monitoring Affects the Prescribing of Antiepileptic Medications. Arch Neurol 2009;66(6):723-28. - Sutter R, Fuhr P, Grize L, Marsch S, Rüegg S. Continuous video-EEG monitoring increases detection rate of non-convulsive status epilepticus in the ICU. Epilepsia 2011 Jan 4. [Epub ahead of print]. - Rossetti AO, Oddo M. The neuro-ICU patient and electroencephalography paroxysms: if and when to treat. Curr Opin Crit Care 2010 Jan 21. [Epub ahead of print]. Crises na UCI Médica «C rises no doente crítico na Unidade de Cuidados Intensivos Médica» foi o tema que me foi proposto. Pretendendo ter aprendido com as centenas de doentes com crises que observei, ao longo dos anos, em cuidados intensivos, e sem pretender o carácter exaustivo da abordagem científica, irei partilhar uma visão clínica do problema. Dr. João Alcântara Neurologista. Unidade Cerebrovascular do Hospital de S. José Nesta perspectiva abordarei: – Semiologia das crises e suas particularidades no ambiente de cuidados intensivos; – Importância da avaliação complementar neurofisiológica e sua metodologia; – Como trato as crises, nomeadamente, os estados de mal epiléptico, particularmente, a valorização e opor- tunidade do uso dos vários fármacos disponíveis; – Como classifico os estados de mal epiléptico na incidência da avaliação neurofisiológica, escolhas de modalidades terapêuticas e prognóstico; – O uso de modalidade terapêutica não-farmacológica em formas particulares de estado de mal. 07 18 e 19 de Março 2011 CONFERÊNCIA DA PROF.ª DOUTORA SUSAN HERMAN Monitorização EEG contínua numa unidade de cuidados intensivos O interesse de todos os participantes deste encontro deverá voltar-se, hoje, entre as 11.30 h e as 12.30 h, para a conferência que terá como palestrante a prestigiada Prof.ª Doutora Susan Herman, neurofisiologista clínica do Beth Israel Deaconess Medical Center, em Boston. Dr. José Mendes Ribeiro Serviço de Neurofisiologia do Hospital S. João, Porto O tema da sessão, «Monitorização EEG contínua numa unidade de cuidados intensivos», constitui uma área de eleição para a investigadora, que já desenvolveu algumas prelecções sobre este assunto. Neste sentido, gostaria de deixar algumas considerações sobre o percurso da especialista, evidenciando a sua larga experiên- cia e capacidades indiscutíveis, numa sessão que muito me apraz moderar. A Prof.ª Susan Herman é neurologista e tem a subespecialidade de Neurofisiologia Clínica, com áreas de interesse em Epilepsia, EEG, Monitorização Vídeo-EEG e Monitorização EEG (-Vídeo) nas UCI. Licenciou-se em Medicina em 1993 no Columbia University College of Physicians and Surgeons, Nova Iorque. Neste prestigiado hospital, completou o Internato de Neurologia e o Fellowship em Neurofisiologia Clínica respectivamente em 1997 e 1999. Foi directora da Unidade de Monitorização de Epilepsia no Hospital da Universidade de Pensilvânia. Assume especial relevância a este propósito a sua participação na elaboração das recomendações da Associação Americana de Centros de Epilepsia Guidelines for Essential Services, Personnel and Facilities in Specialized Epilepsy Centers da NAEC, publicadas em 12 de Janeiro de 2010. É membro da American Epilepsy Society e American Academy of Neurology, do Conselho da American Clinical Neurophysiology Society, e do American Board of Clinical Neurophysiology. Exerce presentemente funções no Beth Israel Deaconess Medical Center, Boston, MA, USA, desde 15 de Novembro de 2005. A Prof.ª Susan Herman tem como área de eleição a monitorização EEG nas UCI, tendo proferido múltiplas palestras e participado em cursos sobre esta temática, tendo especial relevância o seu bem-patente empenho na definição e implementação de recomendações sobre a prática clínica de monitorização EEG contínua, como comprova a sua recente intervenção (2009) na Sociedade Americana de Epilepsia, subordinada ao tema «The new ICU EEG monitoring consensus statement: rationale and implementation», no âmbito do Plenário III: ICU Monitoring, de que foi co-moderadora com o Prof. Lawrence Hirsch, realizado no 63rd Annual Meeting of the AES, em 8 de Dezembro de 2009. Alguns artigos publicados relevantes para a conferência neste encontro nacional de Epileptologia são: 1. Nicholas S. Abend, Dennis J. Dlugos, Cecil D. Hahn, Lawrence J. Hirsch, and Susan T. Herman. Use of EEG Monitoring and Management of Non-Convulsive Seizures in Critically Ill Patients: A Survey of Neurologists. Neurocrit Care. 2010 Jun;12(3):382-9. 2. Hirsch, Lawrence J.; Brenner, Richard P.; Drislane, Frank W.; So, Elson; Kaplan, Peter W.; Jordan, Kenneth G; Herman, Susan T.; La Roche, Suzette M.; Young, Bryan; Bleck, Thomas P.; Scheuer, Mark L; Emerson, Ronald G. The ACNS Subcommittee on Research Terminology for Continuous EEG Monitoring: Proposed Standardised Terminology for Rhythmic and Periodic EEG Patterns Encountered in Critically Ill Patients. J Clin Neurophysiol 2005 Apr;22(2):128-35. 3. Klotz JM, Carvalho NR, Gilbert DL, Abend NS, Topjian A, Ichord R, Herman ST, Helfaer M, Donnelly M, Nadkarni V, Dlugos DJ, Clancy RR. Electroencephalographic monitoring during hypothermia after paediatric cardiac arrest. Neurology. 2010 Feb 2;74(5):438. 4. Abend NS, Dlugos D, Herman S. Neonatal seizure detection using multichannel display of envelope trend. Epilepsia. 2008 Feb; 49(2):349-52. CUIDADOS INTENSIVOS NO HOSPITAL DE D. ESTEFÂNIA A epilepsia e as crianças «A s crises em doentes críticos, na idade pediátrica, colocam, muitas vezes, problemas de diagnóstico e de tratamento.» Quem o afirma é a Dr.ª Ana Moreira, neurologista pediátrica no Serviço de Neurologia Pediátrica do Hospital de D. Estefânia – CHLC. A responsável participa na mesa-redonda que decorre hoje, entre as 14.30 h e as 16.00 h, e abordará a temática «Crises no doente crítico», no âmbito dos cuidados intensivos pediátricos. Consideram-se, em Pediatria, os recém-nascidos (RN) e as crianças com idades compreendidas entre o segundo mês de vida e os 18 anos de idade. São dois grupos diferentes, com patologias distintas, também, e que, por esse motivo, obrigam a unidades de cuidados intensivos com especificidades. A incidência de convulsões no RN é de 1,5-15/1000, maior no RN pré-termo. «A etiologia é fácil de identificar em dois terços dos casos. A encefalopatia hipóxico-isquémica é a causa mais frequente, mas podem ocorrer acidentes vasculares cerebrais, hemorragias intracranianas, infecções ou desequilíbrios hidroelectrolíticos. Causas mais Dr.ª Ana Moreira raras colocam mais dificuldades de diagnóstico e de tratamento.» Nos RN com crises, assim como nas crianças e jovens, internados em unidades de cuidados intensivos, a utilização de meios neurofisiológicos e, concretamente, o electroencefalograma (EEG), é fundamental. Na sua apresentação, a Dr.ª Ana Moreira realça a dificuldade de fazer, no seu hospital, um EEG durante o fim-de-semana e a impossibilidade de se fazer uma monitorização cerebral contínua, como acontece, nalgumas unidades de cuidados intensivos neonatais do País. «Não temos as condições mais adequadas, apesar de se tratar de um hospital pediátrico. Dever-se-ia investir mais nesta área, uma vez que a observação clínica não é suficiente para identificar as crises, nas 24 horas.» A terapêutica das convulsões no RN tem pontos em comum com a criança mais velha, uma vez que os medicamentos são os mesmos. «Fenobarbital e fenitoína continuam em primeira linha. Terapêuticas específicas são exigidas para determinadas situações, como nos distúrbios do metabolismo ou nas dependências de vitaminas. O prognóstico depende sempre da etiologia.» O internamento na unidade de cuidados intensivos pediátricos deve-se, na maioria das vezes, ao estado de mal, definido por crise com duração superior a 30 minutos ou a crises ocorrendo neste espaço de tempo, sem que haja recuperação de consciência entre elas. Nos três primeiros anos de vida são frequentes os estados de mal febril. As crises apiréticas em crianças ou jovens com epilepsia já diagnosticada, ou com doença neurológica, ou estados de mal como primeira manifestação de uma epilepsia, são também frequentes. «Infecções, traumatismos, tumores intracranianos, complicações de hidrocefalia, desequilíbrios hidroelectrolíticos são, também, causa de crises no doente crítico na unidade de cuidados intensivos pediátricos.» A uniformização dos procedimentos, quer no que respeita à investigação etiológica, quer à terapêutica, tem levado ao estabelecimento de protocolos, que «são um instrumento fundamental para uma eficaz prestação de cuidados e para a monitorização dos mesmos». A comunicação com os pais ou com os cuidadores deve ser constante. As dificuldades na etiologia, no controlo das crises e no estabelecimento do prognóstico, nalguns casos, «são causadores de grande ansiedade, que os técnicos de saúde terão de enfrentar e resolver da maneira mais adequada». Estas são as principais questões que serão abordadas pela Dr.ª Ana Moreira. O objectivo é debater a situação actual da Epileptologia nos cuidados de saúde pediátricos, no encontro que é organizado pela Liga Portuguesa Contra a Epilepsia e pela Associação Portuguesa de Familiares, Amigos e Pessoas com Epilepsia. 08 18 e 19 de Março 2011 Novos caminhos no tratamento da epilepsia? O tratamento da epilepsia tem sido dirigido, fundamentalmente, ao controlo das crises epilépticas. As várias tentativas de prevenir o aparecimento das crises, quer influenciando o processo epileptogénico, quer detectando precocemente os episódios comiciais, têm sido infrutíferas até ao momento, apesar de múltiplas. Prof. Doutor José Manuel Lopes Lima Presidente cessante da LPCE. Chefe de Serviço de Neurologia do CHP – HSA. Professor associado convidado do ICBAS/CHP – UP Por seu lado, o controlo completo das crises é ainda hoje uma utopia em muitos dos doentes. O aparecimento, durante os últimos vinte anos, de muitos novos fármacos antiepilépticos tem sido, em certa medida, frustrante, pois uma quantidade significativa de doentes tem de continuar a lidar com crises espontâneas, mais ou menos incapacitantes, e a cirurgia não resolve senão uma pequena percentagem de situações. Contudo, alguma melhoria tem sido alcançada. Os novos fármacos são, na sua maioria, menos tóxicos e com farmacocinéticas mais lineares, permitindo uma utilização mais confortável e segura. Tem também sido evidente que uma pequena percentagem de doentes consegue, finalmente, um controlo completo das crises, com uma nova tentativa de mudança terapêutica, na maior parte das vezes, utilizando um dos novos fármacos em monoterapia ou, mais frequentemente, em tratamento complementar. À semelhança de outros, o grupo de Glasgow, coordenado pelo Prof. Martin Brodie, tem seguido, de forma exemplar e rigorosa, doentes com epilepsia inicial e, quando compara os resultados da análise de 1998, e publicada em 2000, com os da análise de 2008, apresentada em 2009, mostra claramente que a percentagem de doente controlados (definidos com não tendo crises há pelo menos um ano) subiu de 64% para 70%. Seis por cento pode ser conside- rado pouco e frustrante, mas compara favoravelmente com os possíveis candidatos a controlo por cirurgia da epilepsia. A percentagem de doentes, numa situação ideal de termos ao dispor todas as condições técnicas existentes, não deve ultrapassar os cinco por cento de pessoas com epilepsia. Resta, assim, uma em cada quatro pessoas com epilepsia que tem de lidar, no seu dia-a-dia, com a existência de crises não-controladas, mais ou menos frequentes e mais ou menos incapacitantes. Para estas existem outras tentativas paliativas de minorar as consequências das crises não-controladas. A dieta cetogénica e suas variantes pode ajudar em casos muito particulares e individualizados. O seu uso é muito limitado pelas dificuldades de os doentes manterem disciplinadamente a dieta, necessária, sobretudo, depois da infância. A estimulação do nervo vago tem sido utilizada com algum êxito em milhares de doentes, desde a sua aprovação, em meados dos anos noventa, mas, embora atenuando a frequência das crises e a sua intensidade num número significativo de doentes, só excepcionalmente as controlam por completo. As técnicas cirúrgicas paliativas, calosotomia e transecção subpial múltipla, têm resultados semelhantes e só são utilizadas em situações mais desesperadas. Recentemente, foi aprovado pela Food and Drug Administration dos EUA a continuação da investigação da utilização da estimulação bilateral dos núcleos anteriores do tálamo neste doentes, após indícios de benefício no primeiro ensaio realizado. Neste conjunto de possibilidades terapêuticas, o tratamento medicamentoso continua a ser o esteio do tratamento da epilepsia. Não sendo legítimo que um doente seja submetido a cirurgia da epilepsia se é facilmente controlado pelos fármacos, da mesma forma, não deverá ser oferecido qualquer tratamento paliativo a potenciais candidatos a cirurgia ablativa. As comunicações desta sessão ilustram algumas das premissas expostas acima. A primeira descreve os doentes submetidos a cirurgia duma população de crianças com epilepsia, segui- das num serviço de Pediatria. Das 33 crianças operadas «...as patologias subjacentes identificadas foram: displasia cortical focal (24,2%), esclerose tuberosa (18,2%), esclerose mesial (12,1%), hamartoma hipotalâmico (12,1%), sind. de Sturge Weber (9%) e DNET (6%). Em quatro crianças não foi identificada lesão estrutural. O tempo mediano de follow-up é de 4,5 anos...», e o resultado final fala por si: «... foram classificadas como Classe I na Classificação de Engel 26 crianças, três como Classe III e quatro como Classe IV...». Os bons resultados conseguidos nesta população ilustram bem os possíveis ganhos da cirurgia, quando bem-delineada e executada. Contudo, demonstra também a limitação de candidatos cirúrgicos beneficiados se atendermos ao número de doentes seguidos na consulta desse centro. Uma em cada quatro pessoas com epilepsia tem de lidar, no seu dia-a-dia, com a existência de crises não-controladas, mais ou menos frequentes e mais ou menos incapacitantes. Para estas existem outras tentativas paliativas de minorar as consequências das crises não-controladas. Na segunda apresentação são descritos os dois primeiros casos de doentes submetidos a estimulação dos núcleos anteriores do tálamo entre nós. «... Nesta apresentação preliminar da experiência com DBS-NAT na epilepsia...» os autores discutem «... os processos de selecção dos doentes, procedimento de implantação de estimulador e eficácia/ /reacções adversas em seguimento de pelo menos de três meses...». A comparação da eficácia e da tolerância dos diferentes fármacos tem sido uma preocupação constante à medida que novos medicamentos vão sendo comercializados e postos à disposição. Os ensaios patrocinados pela indústria farmacêutica visam sobretudo a aprovação pelas agências do medicamento e não são desenhados para comparar as diferentes possibilidades terapêuticas. Por outro lado, não tem sido fácil à comunidade científica encontrar patrocínio para levar a cabo esse tipo de ensaios. Resta, portanto, encontrar soluções de análise que permitam obter as informações possíveis. A terceira comunicação deste grupo pretende responder a esse desafio, seguindo uma metodologia já utilizada noutras situações, mas envolvendo nesta os últimos fármacos comercializados. As conclusões vão a par dos comentários feitos acima «... os nossos resultados sugerem que existem diferenças entre os novos fármacos em termos de eficácia e de tolerabilidade. Contudo, estas são relativamente pequenas para permitir concluir sobre a hierarquia do uso deste fármacos...» e continuam «… o processo de decisão clínica na utilização farmacológica nas epilepsias localizadas refractárias baseia-se, provavelmente, mais noutros aspectos, como as características individuais dos doentes ou os resultados farmacoeconómicos...». Finalmente, a última das apresentações aborda o uso de técnicas de inteligência computacional na previsão de crises. Os autores monitorizaram 25 doentes de forma não-invasiva e utilizaram duas técnicas de inteligência computacional que descrevem: redes neuronais artificiais e máquinas de vectores de suporte. Concluem que «... os resultados traçam perspectivas optimistas sobre a possibilidade de se preverem crises de forma eficiente em pacientes monitorizados de forma não-invasiva, encorajando o desenvolvimento de equipamentos que aumentem a qualidade de vida de pacientes com epilepsia refractária. Um tempo de antecipação médio de 16 minutos é suficientemente alargado para a tomada de medidas preventivas pelo doente. No entanto, somente para alguns pacientes foi possível obter resultados satisfatórios, havendo ainda muita investigação algorítmica a fazer para se obterem resultados clinicamente aceitáveis...». 09 18 e 19 de Março 2011 CONFERÊNCIA DO PROF. DOUTOR MIER BIALER Antiepilépticos emergentes na terapêutica farmacológica das epilepsias N a primeira conferência deste 23.º Encontro Nacional de Epileptologia tivemos como palestrante o Prof. Doutor Mier Bialer, que abordou o tema «Antiepilépticos emergentes na terapêutica farmacológica das epilepsias». Nesta conferência, o Prof. Doutor Meir Bialer abordou os antiepilépticos recentemente disponíveis e os que estão em fases mais avançadas de investigação, destacando as suas características farmacocinéticas, mecanismos de acção, e realçando quais as mais-valias que, em relação aos fármacos já conhecidos, poderão oferecer aos nossos doentes. O Prof. Doutor Meir Bialer é o responsável pelo Departamento de Farmacologia da Faculdade de Medicina da Uni- Dr. Nuno Canas Secretário-geral do 23.º ENE versidade Hebraica de Jerusalém, sendo já bem-conhecido de todos aqueles que se dedicam ao estudo das epilepsias. Após completar a sua formação, incluindo mestrado e doutoramento, na Universidade Hebraica de Jerusalém, rumou aos EUA, onde efectuou um pós-doutoramento na Universidade da Flórida e do Kentucky. Em 1980 voltou a Israel, onde primeiramente ingressou na Faculdade de Farmácia (Departamento de Farmacêutica) e posteriormente na Faculdade de Medicina da Universidade Hebraica de Jerusalém. O Prof. Doutor Meir Bialer é uma autoridade mundial em temas como a farmacocinética e o desenvolvimento dos novos antiepilépticos, farmacogenómica e farmacorresistência. Prova disso são as mais de 200 publicações em revistas com elevado factor de impacto, a autoria de inúmeros capítulos de livros, e o reconhecimento do seu trabalho através da atribuição de vários prémios, em que se inclui o prestigiado prémio de inovação Kaye. Durante 16 anos (1996-2002) foi o presi- dente da Liga Israelita Contra a Epilepsia, tendo sido nomeado como embaixador da Liga Internacional Contra a Epilepsia e do Comité Internacional para a Epilepsia. É ainda co-fundador e organizador das conferências e cursos EILAT, realizados anualmente naquela cidade israelita, e membro do painel editorial de numerosas revistas de Farmacologia e Epileptologia, incluído a Epilepsia, Epilepsy Research e Epilepsy & Behaviour. Por todos estes factores, foi para nós uma honra ter o Prof. Doutor Meir Bialer entre nós. A sua comunicação abriu-nos, certamente, os horizontes e perspectivou mais e melhores opções terapêuticas farmacológicas para os nossos doentes. CONFERÊNCIA DA PROF.ª DOUTORA ASLA PITKÄNEN Podemos prevenir a epileptogénese? A sla Pitkänen é médica e professora de Neurologia na Universidade de Kuopio, na Finlândia. Ao longo da sua carreira científica, muito activa, de mais de 25 anos, tem-se dedicado, com grande coerência, ao estudo da epilepsia. Os seus trabalhos têm merecido elevado reconhecimento e os projectos que desenvolve abordam a investigação com lúcida complementaridade entre questões científicas básicas e pré-clínicas. Prof. Doutor João Malva Investigador principal da FMUC. Centro de Neurociências e Biologia Celular da Universidade de Coimbra Os projectos que tem desenvolvido abordam problemáticas científicas com grande interesse para o estudo da epilepsia e do processo epileptogénico. A busca de novos alvos terapêuticos e a procura fundamentada e sistemática de novos mecanismos envolvidos no desencadeamento e propagação das crises epilépticas, bem como as implicações destes processos para a sobrevivência e morte de neurónios, são pedras de toque da sua investigação. Os seus trabalhos são largamente reconhecidos pela comunidade de investigadores na área da Epilepsia. É autora de cerca de três centenas de trabalhos científicos indexados no ISI Web of Knowledge. Apresenta um factor h de 44, significando que no seu currículo há 44 publicações que são citadas mais do que 44 vezes. De notar que o seu artigo mais citado, publicado em Trends in Neurosciences, no ano de 1997, apresenta um número de citações verdadeiramente excepcional, superior a 400. Esta produtividade e qualidade científica destacaram a Prof.ª Doutora Asla Pitkänen como cientista de referência nas Neurociências Europeias. Entre outros cargos nacionais e internacionais, de relevo, pode destacar-se o seu papel enquanto secretária-geral da Federation of European Neuroscience Societies (FENS). A conferência intitulada «Podemos prevenir a epileptogénese?» (Can we prevent epileptogenesis?) abordou o desenvolvimento de modelos teóricos centrados na evolução temporal das modificações moleculares que resultam no estabelecimento de redes ictogénicas. Estes modelos assentam grandemente na experiência científica da Prof.ª Doutora Asla Pitkänen, incidindo sobre a expressão genética de moduladores da transmissão e plasticidade sináptica, adesão celular, proliferação e neurogénese, bem como na resposta neuroinflamatória. O desenvolvimento destes modelos e a integração crescente da informação proveniente de descobertas no domínio da epigenética têm permitido desenvolver novas abordagens de modo a interromper ou a modificar o fenómeno epileptogénico. O modelo tem sido validado com recurso a estratégias imunomoduladoras, de terapia genética, conducentes à expressão de factores neurotróficos, ou à estimulação farmacológica, ou mesmo ao uso de antiepilépticos em fase anterior ao aparecimento a formas hereditárias de epilepsia. A conferência da Prof.ª Doutora Asla Pitkänen realçou a variabilidade individual do processo epileptogénico e destacou a urgência do desenvolvimento de estratégias antiepileptogénicas personalizadas. A Prof.ª Doutora Asla Pitkänen publicou os seus primeiros trabalhos em 1986. Desde cedo dedicou-se a investigar diversos sistemas neuromodulares em modelos animais de crises epilépticas. Nestes primeiros trabalhos podemos destacar o seu interesse pela somatostatina e pelo ácido gama-aminobutírico (GABA) e seus receptores. Nesta fase, enquanto estudante de Doutoramento, já realizava estudos em amostras de líquido cefalorraquidiano de pacientes com epilepsia. Logo nesta fase também manifestou actividade científica de relevo na procura de mecanismos de acção para fármacos antiepilépticos, destacando-se o seu trabalho profícuo com vigabatrina. A procura de novos alvos terapêuticos esteve, desde sempre, presente na sua investigação. No início da década de 90 a Prof.ª Doutora Asla Pitkänen começou a abordar novos projectos, com vista ao estudo da neurotoxicidade provocada por crises e abordou o estudo do sistema GABAérgico dando destaque ao seu papel neuroprotector, em modelos de epilepsia provocada por fármacos (destacando a pilocarpina) ou por estimulação eléctrica – frequentemente designado como «abrasamento» (kindling). Na segunda metade da década de 90, recorreu a estudos de imagiologia cerebral para desenvolver abordagens de associação entre morfologia e volumetria no córtex temporal e memória declarativa, em epilepsia. Nos últimos anos da década de 90, publicou os seus primeiros estudos centrados na plasticidade das redes neuronais em epilepsia. A este respeito, a reorganização das projecções das células granulares do hipocampo para as células piramidais da região CA3 («fibras musgosas») foi tema de investigação activa. O início da primeira década de 2000 revelou uma nova fase do seu trabalho, centrada na preocupação com o processo epileptogénico e a sua associação causa-efeito com a degeneração e a morte celular envolvendo caspases. Esta também foi a fase em que revelou interesse crescente pela sinalização por BDNF e dispersão da camada granular do giro dentado do hipocampo e pela estimulação da neurogénese em epilepsia. A segunda metade da primeira década de 2000 veio solidificar o seu interesse pela investigação de formas pós-traumáticas de epilepsia. Esta foi também a fase em que desenvolveu colaborações activas com outros investigadores como a Prof.ª Doutora Annamaria Vezzani e o Prof. Doutor Günter Sperk em projectos que focaram o papel do neuropeptídeo Y (NPY) enquanto modulador da actividade glutamatérgica e controlo da excitabilidade no hipocampo. Os estudos mais recentes da Prof.ª Doutora Asla Pitkänen apontam novas direcções para o papel da angiogénese, da densidade da rede vascular e do fluxo sanguíneo na epilepsia. 10 18 e 19 de Março 2011 Crises na Unidade de AVC A inda que possam ocorrer convulsões sintomáticas em qualquer indivíduo com AVC, sem significarem, necessariamente, uma complicação grave desse evento, as convulsões não ocorrem espontaneamente sem uma alteração da fisiologia cerebral que perturbe a estabilidade das membranas neuronais.1 A ocorrência de uma convulsão num doente com AVC recente coloca problemas importantes de diagnóstico diferencial: – A convulsão pode mimetizar um AVC. Nesse caso, os défices focais são causados pela disfunção neuronal reversível induzida pelas crises convulsivas. No entanto, é importante considerar que algumas patologias podem ser causa de convulsão e AVC (por ex. o lúpus) e que a convulsão pode ser a manifestação de isquemia reversível, como na encefalopatia hipertensiva ou na eclampsia. A crise convulsiva inicial pode não ser testemunhada ou não ser reconhecida. Pode ocorrer com crises parciais simples ou generalizadas. A resolução espontânea ocorre ao longo de horas (podendo durar até 48 horas) e se não houver uma história característica, uma lesão cerebral não-vascular aguda com potencial epileptogénico ou uma nova convulsão, a diferenciação entre convulsão e AIT/AVC minor é impossível.2,3 – A primeira manifestação do AVC em fase aguda é de convulsões. É o caso dos AVC isquémicos ou hemorrágicos atingindo o córtex em que, na fase aguda, há convulsões ou o caso A convulsão pode mimetizar um AVC. Nesse caso, os défices focais são causados pela disfunção neuronal reversível induzida pelas crises convulsivas. raro de AIT por hipoperfusão carotídea, em que há movimentos discinéticos de um membro («limb-shaking TIA»).3 – A convulsão ocorre como consequência do AVC já diagnosticado. Nesta circunstância, os aspectos fisio- Dr. Miguel Rodrigues Serviço de Neurologia, Hospital de Garcia de Orta patológicos do AVC e as complicações do evento ou da terapêutica são responsáveis pelas convulsões.3 Calcula-se que cerca de 10% dos doentes com AVC tenha convulsões e o que risco de epilepsia pós-AVC seja de 3%. A patologia vascular cerebral é a etiologia de 30% das convulsões recém-diagnosticadas em doentes com mais de 60 anos e é a causa mais frequente de epilepsia secundária (11%). As convulsões na sequência de um AVC podem ser precoces ou tardias. As convulsões precoces são definidas, geralmente, como aquelas que ocorrem até duas semanas após o início dos sintomas de AVC. São relatados em 2-5% dos doentes com AVC recente, mais frequentemente após hemorragia intracerebral do que após lesão isquémica. A frequência das crises na fase aguda varia entre 2-33%, dependendo dos autores, sendo que a maioria (50-78%) ocorre nas primeiras 24 horas de evolução. A frequência das convulsões pós-isquémicas tardias varia entre 3-4%. Quando se considera a hemorragia intracerebral apenas, as convulsões são relatadas entre 5-25% dos doentes.3 Embora haja aspectos ainda não compreendidos na patogénese das convulsão e da epilepsia após AVC, está demonstrado que a localização cortical é um factor de risco, quer no AVC isquémico, quer no hemorrágico. A dimensão das lesões é um factor preditor apenas após isquemia cerebral.3 Cerca de 50-90% das convulsões de início precoce são crises parciais simples, geralmente, motoras, por vezes, com generalização secundária. Crises tónico-clónicas generalizadas também são comuns, mas é provável que, em muitos casos, o início focal não seja testemunhado ou não seja valorizado. As crises parciais complexas são relativamente raras após o AVC, mas é possível que estejam sub-representadas nos estudos, já que apenas 15% dos doentes com este tipo de crise se apercebem da sua ocorrência. O estado de mal epiléptico também não parece ser frequente, ocorrendo entre 0,14-13%, dependendo do tipo de AVC. Pode ser a apresentação clínica dos eventos isquémicos como dos hemorrágicos3, mas as hemorragias lobares são aquelas que mais frequentemente se apresentam com estado de mal epiléptico.4 O uso de EEG intermitente ou a monitorização contínua de EEG aumenta a percentagem de crises epilépticas que são diagnosticadas na fase aguda, ao diagnosticar crises não-convulsivas. Este facto é importante porque o estado de mal epiléptico em geral e provavelmente o não-convulsivo se associam a pior prognóstico se não tratado.5 Uma das situações clínicas que importa referir são as convulsões no doente com AVC isquémico após trombólise com rtPA. Uma das preocupações imediatas é a complicações mais temida, a hemorragia cerebral. A esse receio acresce o facto de as convulsões serem uma contra-indicação para o uso de rtPA no AVC, sendo consideradas um indicador de risco de hemorragia6. No entanto, existem outras possibilidades, sendo que as hipóteses alternativas são: 1) convulsões após AVC sem relação com a terapêutica (ocorrem coincidentemente durante ou após a perfusão de rtPA); 2) enfarte cortical secundário por embolização distal durante a trombólise; 3) as propriedades potencialmente epileptogénicas do rtPA (sabe-se que o tPA endógeno pode sensibilizar o cérebro através da modificação da sensibilidade dos receptores NMDA, baixando o limiar cerebral para um estado hiperexcitável); 4) convulsões por reperfusão cerebral (as convulsões são uma complicação conhecida da hiperperfusão em outras etiologias: encefalopatia hipertensiva, insuficiência hepática fulminante, edema cerebral de alta altitude e síndrome de hiperperfusão após endarterectomia carotídea); 5) reacção anafiláctica ao rtPA com hipotensão e choque.7,8 A maioria dos doentes com AVC que tenham crises dentro das primeiras semanas de evolução não terá crises subsequentes. Por outro lado, devido à maior probabilidade de recorrência, o início de antiepilépticos após uma segunda crise é adequado na maioria dos casos. No entanto, o início de tratamento após as convulsões precoces não se associa a uma redução das crises recorrentes após suspensão da medicação.3 Assim, a European Stroke Organization recomenda a administração de anticonvulsivantes para prevenção de convulsões recorrentes pós-AVC, mas não o seu uso profiláctico, em doentes com AVC que não tiveram convulsões.9 As crises convulsivas após AVC são comuns, especialmente nas primeiras 24 horas e nas primeiras duas semanas. São mais frequentes no AVC hemorrágico e, nesse caso, mais frequentes nas hemorragias lobares. Geralmente, os doentes que desenvolvem epilepsia pós-AVC necessitam de tratamento farmacológico. Um estudo prospectivo demonstrou que 67% dos doentes com epilepsia sintomática, secundária a enfarte cerebral, estavam livres de crises ao fim de mais de um ano, com a maioria dos doentes medicada apenas com um fármaco antiepiléptico.10 Não existem estudos comparativos entre os diferentes fármacos neste tipo de epilepsia, mas na eventualidade de existir tratamento concomitante com varfarina, o levetiracetam parece ser uma boa opção, já que demonstrou não alterar o perfil farmacocinético e farmacodinâmico da varfarina.11 Em conclusão, as crises convulsivas após AVC são comuns, especialmente nas primeiras 24 horas e nas primeiras duas semanas. São mais frequentes 11 18 e 19 de Março 2011 Can we prevent epileptogenesis? no AVC hemorrágico e, nesse caso, mais frequentes nas hemorragias lobares. O envolvimento cortical é fundamental na fisiopatologia destas convulsões. O seu tratamento precoce insere-se na gestão clínica da fase aguda do doente, mas não impede a ocorrência de epilepsia no futuro. Os antiepiléticos mais recentes poderão ter um uso mais alargado nesta forma de epilepsia, especialmente, se tiverem um baixo potencial para interacções farmacológicas com os fármacos cardiovasculares. Referências bibliográficas: 1. Huff, J.S. and N.B. Fountain, Pathophysiology and definitions of seizures and status epilepticus. Emerg Med Clin North Am, 2011. 29(1): p. 1-13. 2. Barret, K.M., J.M. Levine, and K.C. Jonhston, Diagnosis of stroke and stroke mimics in the emergency setting. Continuum Lifelong Learning Neurol, 2008. 14(6): p. 13-27. 3. Bladin, C.F. and N. Bornstein, Poststroke seizures. Handb Clin Neurol, 2009. 93: p. 613-21. 4. Sung, C.Y. and N.S. Chu, Epileptic seizures in intracerebral haemorrhage. J Neurol Neurosurg Psychiatry, 1989. 52(11): p. 1273-6. 5. Jordan, K.G., Emergency EEG and continuous EEG monitoring in acute ischemic stroke. J Clin Neurophysiol, 2004. 21(5): p. 341-52. 6. European Medicines Agency. Summary information on a referal opinion following an arbitration - Actylise. 2002; Available from: http://www.ema.europa.eu/ docs/en_GB/document_library/Referrals_ document/Actilyse_29/WC500010327.pdf. 7. Rodan, L.H., et al., Seizures during stroke thrombolysis heralding dramatic neurologic recovery. Neurology, 2006. 67(11): p. 2048-9. 8. Rudolf, J., et al., Evidence of anaphylaxy after alteplase infusion. Stroke, 1999. 30(5): p. 1142-3. 9. Guidelines for management of ischaemic stroke and transient ischaemic attack 2008. Cerebrovasc Dis, 2008. 25(5): p. 457-507. 10. Stephen, L.J., P. Kwan, and M.J. Brodie, Does the cause of localisation-related epilepsy influence the response to antiepileptic drug treatment? Epilepsia, 2001. 42(3): p. 357-62. 11. Ragueneau-Majlessi, I., R.H. Levy, and C. Meyerhoff, Lack of effect of repeated administration of levetiracetam on the pharmacodynamic and pharmacokinetic profiles of warfarin. Epilepsy Res, 2001. 47(1-2): p. 55-63. T he term epileptogenesis is most often associated with the development of symptomatic (acquired) epilepsy that presents with an identifiable structural lesion in the brain. Some studies suggest that epileptogenesis also occurs in genetic epilepsies, in which it is regulated, for example, by developmental programming of gene expression leading to abnormal circuitry during maturation. Asla Pitkänen, MD, PhD Professor of Neurobiology. Department of Neurobiology, A.I. Virtanen Institute for Molecular Sciences, University of Eastern Finland Currently, the terms epileptogenesis or latency period are used synonymously as operational terms to refer to a period that begins after the occurrence of insult (eg. traumatic brain injury [TBI] or stroke), or even during the insult (prolonged febrile seizure, status epilepticus [SE], or encephalitis), and ends at the time of the appearance of the first spontaneous seizure. The terms epileptogenesis or latency period are used synonymously as operational terms to refer to a period that begins after the occurrence of insult, or even during the insult, and ends at the time of the appearance of the first spontaneous seizure. From the neurobiological point of view, epileptogenesis refers to a dynamic process that progressively alters neuronal excitability, establishes critical interconnections, and perhaps requires intricate structural changes before the first spontaneous seizure occurs. These changes can include neurodegeneration, neurogenesis, gliosis, axonal damage or sprouting, dendritic plasticity, blood–brain barrier (BBB) damage, recruitment of inflammatory cells into brain tissue, reorganisation of the extracellular matrix, and reorganisation of the molecular architecture of individual neuronal cells. Prevention of epileptogenesis after brain trauma is an unmet medical challenge. Importantly, recent experimental and patient data suggest that molecular and cellular changes triggered by an epileptogenic insult can continue to progress after the epilepsy diagnosis, even though they might qualitatively and quantitatively differ at various phases of the epileptic process. These neurobiological data raise the question of whether the term «epileptogenesis» should be extended to also include disease progression. Thus, not only the prevention or delay of epilepsy but also seizure modification (less frequent or shorter seizures, milder seizure type, and change from drug resistant to drug-responsive) and even cure would be considered to be clinically relevant endpoints for antiepileptogenesis studies. Prevention of epileptogenesis after brain trauma is an unmet medical challenge. Recent molecular profiling studies have provided an insight into molecular changes that contribute to formation of ictogenic neuronal networks, including genes regulating synaptic or neuronal plasticity, cell death, proliferation, and inflammatory or immune responses. These mechanisms have been targeted to prevent epileptogenesis in animal models. Favourable effects have been obtained using immunosuppressants, antibodies blocking adhesion of leucocytes to endothelial cells, gene therapy driving expression of neurotrophic factors, pharmacological neurostimulation, or even with conventional antiepileptic drugs by administering them before the appearance of genetic epilepsy. Further studies are needed to clarify the optimum time window and aetiological specificity of treatments. Questions related to adverse events also need further consideration. The molecular and cellular data on processes that underlie epileptogenesis suggest a wide spectrum of treatment targets. One challenge is the design of compounds with acceptable bioavailability to achieve stable brain concentrations, sometimes for a longer period of time. Forming preclinical consortia between the laboratories will make it realistic to do randomised and blinded preclinical trials with sufficient numbers of animals to show efficacy even within specific endophenotypes and, thus, reduce the likelihood of falsenegative or false-positive data. Finally, overcoming the publication bias (i.e., by reporting negative data) will save resources if repetition of unnecessary studies can be avoided. The molecular and cellular data on processes that underlie epileptogenesis suggest a wide spectrum of treatment targets. Even though many questions remain, particularly related to translation of preclinical data to the clinic, the recent developments in modelling, target identification, and data from proof-of-principle antiepileptogenesis preclinical studies provide encouraging signals that the prevention of the complicated process of epileptogenesis is not an impossible mission, but can indeed be favourably modified. 12 18 e 19 de Março 2011 Comunicações orais A terceira apresentação traduz os resultados da investigação neuroquímica numa área de relevância potencial para o tratamento das epilepsias neonatais e infantis – a dinâmica evolutiva da transmissão GABAérgica: CO7: «Padrão de desenvolvimento dos receptores Dr.ª Élia Baeta Centro Hospitalar do Alto Minho Dr. Ricardo Rego Unidade Local de Saúde de Matosinhos As duas primeiras apresentações abordam a correlação anatomofuncional no campo da investigação semiológica e neurofisiológica de doentes com epilepsias refractárias: CO5: «Automatismos mímicos desencadeados por estimulação eléctrica cortical cerebral» Autores: Rute Teotónio, Ana Massano, Conceição Bento, Isabel Santana, Francisco Sales Afiliações: Serviço de Neurologia, HUC, Coimbra É sabido que a expressão ictal de emoções é relativamente frequente em crises focais, e que algumas particularidades destas podem mesmo ter valor localizador e lateralizador. Apesar de avanços significativos no conhecimento dos circuitos ligados à regulação emocional, sabemos ainda relativamente pouco sobre as redes neuronais que conduzem à expressão de diferentes emoções através da mímica facial. Na investigação invasiva de um doente com epilepsia frontal sintomática, os autores descrevem que a estimulação eléctrica de córtex frontobasal produziu uma alteração estereotipada da mímica facial, sugestiva do experienciar de uma emoção desagradável. Irão, assim, reflectir sobre o papel dessa região na expressão facial de diferentes estados emocionais. CO6: «Crises epilépticas e tiques com um padrão motor semelhante» Autores: Dulce Neutel1, Rita Peralta1,2, Anabela Valadas1,3, Miguel Coelho1,3, Carla Bentes1,2 Afiliações: 1. Serviço de Neurologia, Hospital de Santa Maria, CHLN; 2. Laboratório EEG/Sono, Serviço de Neurologia, Hospital de Santa Maria, CHLN; 3. Unidade Neurológica de Investigação Clínica, Instituto de Medicina Molecular, Lisboa Os neurologistas estão habituados a separar tiques motores de crises epilépticas com componente motor repetitivo, com base em critérios clínicos, relacionando-os, também, com mecanismos fisiopatológicos bem-distintos. Os autores descrevem o caso de um doente com epilepsia focal, investigado com vídeo-EEG não-invasivo, em que o início da expressão semiológica das crises habituais reproduz exactamente os tiques motores simples que o acompanham há vários anos, «fora» das crises. Irão elaborar sobre a hipótese de que os tiques possam partilhar padrões motores com as crises epilépticas, por um mecanismo putativo de activação subcortical. GABA A em humanos. Predomínio de KCC2 significativo a partir dos 7 meses de vida» Autores: Sofia T. Duarte1,2, Carlos Ortez3, Eulália Calado1, Miguel C. Seabra2,4, Angels Garcia-Cazorla3 Afiliações: 1. Serviço de Neuropediatria, Hospital de D. Estefânia, CHLC; 2. CEDOC, FCMUNL; 3Serviço de Neuropediatria, Hospital Sant Joan de Déu, Barcelona, e CIBER-ER (Biomedical Network Research Centre on Rare Diseases, Instituto de Salud Carlos III); 4Instituto Gulbenkian de Ciência A ontogenia dos efeitos da transmissão GABAérgica nos primeiros meses de vida é clinicamente relevante: entre outras implicações, basta pensarmos que o antiepiléptico tradicionalmente mais usado nas convulsões neonatais é o fenobarbital (um fármaco que interage primariamente com os receptores GABA A). Os autores analisaram quantitativamente os cotransportadores de cloro no LCR de 58 crianças de diferentes idades. Os resultados, expostos no resumo fornecido, sugerem que existe uma idade «charneira» – 7 meses – a partir da qual KCC2 predomina, sendo que só a partir daí se estabelecerá a resposta inibitória à estimulação GABAérgica. Veremos, certamente, discutidas as potenciais implicações clínicas destes achados. Finalmente, a quarta comunicação reflecte a experiência de uma consulta de Neurologia Pediátrica no seguimento prolongado de crianças com expressão electroclínica precoce de crises de ausências: CO8: «Síndromes de ausências com início antes dos 4 anos» Autores: Diana Moreira, Inês Carrilho, Adriana Ribeiro, Sónia Figueiroa, Teresa Temudo, Rui Chorão, Manuela A. Santos. Afiliações: Consulta de Epilepsia, Serviço de Neurologia Pediátrica do Centro Hospitalar do Porto Na experiência das consultas de epilepsia pediátrica não é raro observar crianças com epilepsias que preenchem todos os critérios da ILAE para a classificação como «epilepsia de ausências infantis», com excepção da idade de início: «atrevem-se» a iniciar o quadro clínico antes dos 4 anos... Existirão características clínico-electroencefalográficas diferenciadoras neste grupo de crianças? O prognóstico a longo prazo é distinto da epilepsia de ausências infantil «típica»? Para responder a estas perguntas, os autores estudaram, retrospectivamente, 32 crianças com início de crises de ausências antes dos 4 anos e com seguimento superior a dois anos (algumas das quais com mais de 10 anos de seguimento). Os resultados parecem sugerir algumas diferenças na duração das crises registadas no EEG inicial (mais curtas nas crianças em que as ausências se iniciaram antes dos 3 anos). Quanto ao prognóstico, os dados expostos no resumo sugerem evoluções globalmente favoráveis a médio prazo, com 80% das crianças a entrarem em remissão (metade das quais mesmo após a suspensão do tratamento). Nota: Este texto foi preparado com base nos resumos disponibilizados pelos autores previamente à sua apresentação no 23.º ENE, ressalvando-se, assim, que não reflecte a totalidade dos conteúdos apresentados nem a discussão com a audiência e moderadores. 14 18 e 19 de Março 2011 COMUNICAÇÕES ORAIS Seis trabalhos originais N o período de comunicações orais de hoje, entre as 10.00 h e as 11.30 h, serão apresentados seis trabalhos originais. O primeiro «Correlação entre o electroencefalograma ictal e os estudos por SPECT (Single Photon Emission Computed Tomography) ictal na epilepsia refractária» destaca o papel do SPECT ictal na localização da área epileptogénica. Os resultados de um estudo retrospectivo de 31 doentes com epilepsia refractária (lesional e não-lesional), em que foi possível obter um SPECT ictal, são demonstrativos de que existe uma correlação positiva do EEG e SPECT ictais e a capacidade de definição da zona epileptogénica, mesmo quando o padrão eléctrico ictal não é localizador. Este meio complementar de diagnóstico revela-se útil no work-up pré-cirúrgico. A segunda comunicação aborda a controvérsia da possível relação entre um início ictal característico no EEG dos doentes com esclerose mesial temporal (EMT) e a localização da zona epileptogénica nas estruturas mesiais temporais. A segunda comunicação, intitulada «Dinâmica electroencefalográfica ictal quando a esclerose mesial temporal constitui a zona epileptogénica», aborda a controvérsia da possível relação entre um início ictal característico no EEG dos doentes com esclerose mesial temporal (EMT) e a localização da zona epileptogénica nas estruturas mesiais temporais. Foram revistas as crises electroencefalográficas (n = 156) de 28 doentes com EMT, submetidos a amigdalo-hipocampectomia selectiva, com seguimento superior a um ano e em classe Engel I. Neste estudo, a EMT constituía a zona epileptogénica. Os autores demonstram que apesar de o início ictal ter frequentemente uma morfologia/localização características, pode não ocorrer uma correlação electroencefalográfica/ /imagiológica perfeita, sendo a dinâmica electroencefalográfica ictal também muito variável. Estes resultados sugerem vias de propagação ictal variáveis, o que deve ser considerado no âmbito de uma avaliação pré-cirúrgica. Dr.ª Paula Breia Serviço de Neurologia do Hospital de Garcia de Orta, Almada A terceira intervenção refere-se ao «Estudo comparativo da percepção emocional em epilepsias focais: lobo frontal vs. esclerose mesial», que avalia a percepção das seis emoções básicas (alegria, surpresa, medo, tristeza, raiva, nojo) através de expressões faciais e de prosódia emocional em 14 doentes com epilepsia frontal (EF), 32 com epilepsia temporal (esclerose mesial) e 30 controlos saudáveis (CTRL). Os resultados sugerem que o Comprehensive Affect Testing System (CATS), composto por 13 subtestes, permite diferenciar a capacidade de percepção emocional entre doentes com EM, EF e CTRL. Estes obtiveram o melhor desempenho e os doentes com EM pontuaram pior na percepção emocional de faces e prosódia. Existem itens com poder discriminador para lateralização da EM, nomeadamente, o quociente de reconhecimento emocional global e a escala de percepção da emoção/medo, tendo os doentes com esclerose mesial direita obtido piores desempenhos. A quarta comunicação oral, com o titulo «Estudo do padrão circadiário das crises em doentes com epilepsia temporal mesial refractária, em ambulatório», procura caracterizar o padrão circadiário das crises epilépticas em doentes com epilepsia temporal mesial lesional e refractária (ETMr) em ambulatório e relacioná-lo com os períodos de sono. Os autores analisaram 87 crises em 10 doentes com epilepsia temporal mesial (idade média: 45,42 anos). O número médio de crises por doente foi de 8,70 ± 6. Concluem que, em ambulatório, tal como previamente demonstrado em internamento, o período da tarde e princípio da noite parece ser o mais provável para a ocorrência de crises na epilepsia temporal mesial refractária. As crises são principalmente reportadas em vigília e não-coincidentes com eventuais períodos de sesta durante a tarde. Os autores da quinta comunicação oral efectuaram um «Estudo neuropsicológico e mapeamento funcional de epilepsias occipitais sintomáticas em avaliação para cirurgia da epilepsia», com o objectivo de identificar as áreas funcionais que melhor detectam o envolvimento cortical associado às epilepsias occipitais sintomáticas, recorrendo a uma bateria de testes neuropsicológicos desenhada para a avaliação global das funções neurocognitivas. Foram estudados cinco doentes com epilepsias occipitais sintomáticas, com foco epiléptico unilateral bem-identificado (com registos ictais) e lesão estrutural na mesma lateralização hemisférica. Os autores da quinta comunicação oral efectuaram um «Estudo neuropsicológico e mapeamento funcional de epilepsias occipitais sintomáticas em avaliação para cirurgia da epilepsia». As provas de avaliação cognitiva globais (escalas de Wechsler) e das funções cognitivas individualizadas revelaram-se pouco sensíveis para detectar défices funcionais nos doentes com epilepsia A utilização de testes envolvendo o processamento de faces, incluindo potenciais evocados visuais, revelou padrões consistentes de alterações que fornecem informação acrescida quanto à localização do foco epiléptico. occipital sintomática. A utilização de testes envolvendo o processamento de faces, incluindo potenciais evocados visuais, revelou padrões consistentes de alterações que fornecem informação acrescida quanto à localização do foco epiléptico. A sexta comunicação, intitulada «Localização robusta da área epiléptica nas displasias corticais através de ressonância magnética funcional e EEG de alta densidade», estabelece uma metodologia para optimizar a localização espacial do córtex epileptogénico em doentes com epilepsias associadas a displasia cortical. Os autores submeteram cinco doentes, com estas características, a registos de ressonância magnética funcional (RMf) e EEG de alta densidade (EEG-AD) e que foram, posteriormente, operados com sucesso (quatro doentes classe Ia e um classe II de Engel). Em todos, a activação BOLD obtida pelos métodos não-invasivos incluiu o volume ressecado na cirurgia, onde foi máxima, demonstrando assim o poder localizador desta metodologia. Os resultados foram concordantes com os registos ictais obtidos através de eléctrodos intracranianos na monitorização invasiva pré-cirurgia. Concluem os autores que a utilização de RMf e EEG-AD possibilita a localização do córtex epileptogénico nas epilepsias associadas a displasias corticais, prometendo ter um impacto significativo na abordagem cirúrgica desta patologia. 15 18 e 19 de Março 2011 Programa Científico Sexta-feira – 18 de Março Sábado – 19 de Março 08.15 h Abertura do secretariado 8.30-9.30 h Cartazes Moderadores: Pedro Rosado, Nadine Ferreira 08.45 h Sessão de abertura 9.30-10.00 h Café 09.00-10.30 h Mesa-redonda I Terapêutica racional em epilepsia (discussão interactiva de casos clínicos) Moderador: António Martins Painel de discussão: Francisco Sales, Dílio Alves, Pedro Cabral, José Pimentel 10.00-11.30 h Comunicações orais 3 Moderadores: Paula Breia, José Carlos Ferreira 11.30-12.30 h Conferência 3 Monitorização EEG contínua numa unidade de cuidados intensivos Moderador: J. Mendes Ribeiro Palestrante: Susan T. Herman (Hospital da Universidade da Pensilvânia, EUA) 10.30-11.00 h Café 11.00-12.00 h Comunicações orais 1 Moderadores: J. Lopes Lima, Isabel Luzeiro 12.30-13.30 h Almoço 12.00-13.00 h Simpósio satélite I – UCB 13.30-14.30 h Simpósio satélite III – EISAI 13.00-14.00 h Almoço 14.30-16.00 h Mesa-redonda II Crises no doente crítico Moderadores: Conceição Bento, Alberto Leal – Na Unidade de Cuidados intensivos pediátrica – Ana Moreira – Na Unidade de Cuidados Intensivos médica – João Alcântara – Na Unidade de AVC – Miguel Rodrigues 14.00-15.00 h Simpósio satélite II – Bial 15.00-15.45 h Conferência 1 Terapêutica farmacológica das epilepsias: antiepilépticos emergentes Moderador: Nuno Canas Palestrante: Meir Bialer (Universidade Hebraica de Jerusalém, Israel) 16.00 h Encerramento do Encontro e entrega das menções honrosas 15.45-16.30 h Conferência 2 Poderemos prevenir a epileptogénese? Moderador: João Malva Palestrante: Asla Pitkänen (Universidade de Kuopio, Filândia) 16.30-17.00 h Café 17.00-18.00 h Comunicações orais 2 Moderadores: Élia Baeta, Ricardo Rego 18.00-19.00 h Assembleia-geral da LPCE 20.00 h Jantar de Solidariedade Comemorativo dos 40 anos da LPCE (Inscrição separada) Patrocinadores do PRODUÇÃO COORDENAÇÃO Maria José Lages agradece o apoio de todos os que contribuíram para a realização deste Jornal, nomeadamente: Av. da Boavista, 1015, sala 601 4100-128 Porto Tel./Fax: 226 054 959 www.epilepsia.pt www.jasfarma.com [email protected] Tel.: 21 850 40 00