Patrícia Valéria Gomes Castelo Branco
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Patrícia Valéria Gomes Castelo Branco
UNIVERSIDADE CEUMA PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, PESQUISA E EXTENSÃO MESTRADO EM BIOLOGIA PARASITÁRIA PATRÍCIA VALÉRIA GOMES CASTELO BRANCO Fatores e propriedades de virulência de espécies de Candida provenientes da mucosa oral de pacientes com AIDS e de indivíduos imunocompetentes São Luís 2012 PATRÍCIA VALÉRIA GOMES CASTELO BRANCO Fatores e propriedades de virulência de espécies de Candida provenientes da mucosa oral de pacientes com AIDS e de indivíduos imunocompetentes Dissertação apresentada ao do Curso Mestrado em Biologia Parasitária da Universidade CEUMA, linha de pesquisa em Patogenicidade Celular e Molecular de Micro-organismos, para obtenção do título de Mestre. Orientadora: Profa. Dra. Cristina de Andrade Monteiro Coorientadora: Profa. Dra. Patrícia de Maria Silva Figueiredo São Luís 2012 C348f Castelo-Branco, Patrícia Valéria Gomes Fatores e propriedades de virulência de espécies de Candida provenientes da mucosa oral de pacientes com AIDS e de indivíduos imunocompetentes – São Luís-MA / Patrícia Valéria Gomes Castelo Branco. São Luís: UNICEUMA, 2012. 111 f. Orientadora: Profa. Dra. Cristina de Andrade Monteiro Dissertação (Mestrado em Biologia Parasitária) – Universidade CEUMA, 2012. 1. Candida 2. Exoenzimas 3. AIDS 4. Fatores de virulência. II. Título. CDU 57:616.934 PATRÍCIA VALÉRIA GOMES CASTELO BRANCO Fatores e propriedades de virulência de espécies de Candida provenientes da mucosa oral de pacientes com AIDS e de indivíduos imunocompetentes A Comissão julgadora da Defesa do Trabalho Final de Mestrado em Biologia Parasitária, em sessão pública realizada no dia / / , considerou a candidata: ( ) APROVADO ( ) REPROVADO 1. Examinador ________________________________________________ 2. Examinador ________________________________________________ 3. Examinador ________________________________________________ 4. Presidente (Orientador)________________________________________ Dedico este trabalho a todos que ajudaram a concretizá-lo. Agradeço A Deus, - sempre, por tudo. Aos meus pais, - pelo apoio e torcida. Ao meu marido, - pelo companheirismo, incentivo, apoio, compreensão e cooperação. Ao meu irmão, - por estar sempre disposto a me ajudar. Aos orientadores, - pelo incentivo, dedicação e estímulo. Aos colaboradores, - pela imensa cooperação. Aos amigos, - pela troca, apoio, auxílio, companhia e amizade. Aos professores, - pela imensa contribuição. Ao Coordenador do Curso, - pela paciência e compreensão. Ao Ceuma, - pelas várias oportunidades. À Fapema, - pelo apoio financeiro. Que os nossos esforços desafiem as impossibilidades” Charles Chaplin LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Diferentes espécies de Candida isoladas em meio cromogênico CHROMagar com a identificação prévia realizada pelo VITEK YBC...................................................................37 Figura 2 - Produção de proteinases ácidas por amostras de C. tropicalis e C. albicans isoladas da mucosa oral de pacientes com AIDS – grupo teste..............................................................40 Figura 3 - Intensidade da produção de proteinase entre as amostras positivas dos grupos teste e controle...................................................................................................................................41 Figura 4 - Intensidade da produção de fosfolipase entre as cepas positivas dos grupos teste e controle......................................................................................................................................44 Figura 5 - Produção de fosfolipase por amostras de Candida provenientes da mucosa oral de pacientes com AIDS..................................................................................................................45 Figura 6 - Teste para produção de gelatinase em amostras proveniente da mucosa oral de pacientes com AIDS..................................................................................................................47 Figura 7 - Classificação das amostras positivas para atividade hemolítica em meio sólido....49 Figura 8 - Formação de halos de hemólise em placa, acrescido de glicose (3%), após 48 horas em estufa a 37 oC.......................................................................................................................50 Figura 9 - Atividade hemolítica em sobrenadante de cultura com íons e quelantes por amostras de Candida provenientes da mucosa oral de pacientes com AIDS...........................52 Figura 10 - Relação entre grau/intensidade e padrão de aderência entre amostras de Candida isoladas de pacientes dos grupos teste e controle.....................................................................55 Figura 11 - Aderência a material inerte de células de Candida spp de pacientes com AIDS. Aumento de 1000x ao microscópio óptico...............................................................................56 Figura 12 - Aderência de Candida spp a células HEp-2. Aumento de 1000x ao microscópio óptico.........................................................................................................................................60 Figura 13 - Intensidade da produção de biofilme por amostras dos grupos teste e controle...61 LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Frequência e distribuição das amostras clínicas de Candida isoladas de pacientes com AIDS (grupo teste) e de indivíduos imunocompetentes (grupo controle)........................36 Tabela 2 - Produção de proteinase por diferentes espécies de Candida de pacientes com AIDS (grupo teste) e de indivíduos imunocompetentes (grupo controle)................................39 Tabela 3 - Produção de fosfolipase por diferentes espécies de Candida de pacientes com AIDS (grupo teste) e de indivíduos imunocompetentes (grupo controle)................................43 Tabela 4 - Produção de gelatinase por diferentes espécies de Candida de pacientes com AIDS (grupo teste) e de indivíduos imunocompetentes (grupo controle)...........................................46 Tabela 5 - Produção de hemólise em meio sólido por diferentes espécies de Candida de pacientes com AIDS (grupo teste) e de indivíduos imunocompetentes (grupo controle)........48 Tabela 6 - Produção de hemolisinas no sobrenadante da cultura por diferentes espécies de Candida de pacientes com AIDS (Grupo teste) e indivíduos imunocompetentes (Grupo controle)....................................................................................................................................51 Tabela 7 - Resultado dos testes de adesão em material inerte por diferentes espécies de Candida de pacientes com AIDS (grupo teste) e de indivíduos imunocompetentes (grupo controle)....................................................................................................................................53 Tabela 8 - Intensidade e padrão da aderência em material inerte por diferentes espécies de Candida isoladas da mucosa oral de pacientes com AIDS (grupo teste) e de indivíduos imunocompetentes (grupo controle).........................................................................................54 Tabela 9 - Porcentagem de aderência em células HEp-2 por diferentes espécies de Candida da mucosa oral de pacientes com AIDS (grupo teste) e indivíduos imunocompetentes (grupo controle)....................................................................................................................................57 Tabela 10 - Intensidade e padrão da aderência em células HEp-2 por diferentes espécies de Candida da mucosa oral de pacientes com AIDS (grupo teste) e indivíduos imunocompetentes (grupo controle).........................................................................................................................58 Tabela 11 - Formação de biofilme in vitro por diferentes espécies de Candida de pacientes com AIDS (grupo teste) e indivíduos imunocompetentes (grupo controle).............................61 Tabela 12 - Teste de resistência ao soro com espécies de Candida provenientes de pacientes com AIDS (grupo teste) e imunocompetentes (grupo controle)...............................................65 LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS ATCC - American Type Culture Collection AIDS - Síndrome da Imunodeficiência Adquirida BHI – Infusão de cérebro e coração (Brain Heart Infusion) BSA - Albumina de Soro Bovino CEB - Célula Epitelial Bucal CVC - Catéter Venoso Central EDTA - Etilenodiamina-tetra ácido acético ELISA - Enzyme-linked Immunosorbent Assay et al – et alli, e outros ITU - Infecção do Trato Urinário NCCLS - Clinical and Laboratory Standards Institute NCAC - espécies de Candida não-Candida albicans (non-Candida albicans Candida) PBS – tampão salina fosfato (phosphate buffered saline) pH – potencial hidrogeniônico Pz – zona de precipitação RBC - Células Vermelhas do Sangue (Red Blood Cells) SAP - Secreted aspartyl proteinases SDA - Sabouraud Dextrose Agar SFB - Soro fetal bovino UNAIDS - Programa Conjunto das Nações Unidas sobre o HIV/AIDS μg - microgramas μl – microlitros rpm – rotações por minuto ºC – graus Celsius RESUMO Nas últimas décadas a importância clínica das espécies de leveduras do gênero Candida tem crescido significativamente devido ao aumento da incidência de infecções oportunistas causadas por estes micro-organismos. Tais infecções têm gerado elevados índices de morbidade, longos períodos de permanência em hospitais, dificuldade e alto custo de tratamento, assim como altas taxas de mortalidade. Indivíduos imunossuprimidos como os portadores da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) apresentam grande suscetibilidade a desenvolver infecções fúngicas devido ao baixo número de linfócitos-T CD4, menor que 200 cel/mm3. Nestes pacientes, a candidíase ocorre com uma prevalência de 80 a 90%. A habilidade de C. albicans ser a espécie mais relacionada com os processos de colonização e patogenicidade na boca do homem é decorrente da acentuada capacidade de dimorfismo morfológico e produção de exoenzimas facilitadoras da interação do fungo às células do hospedeiro, propiciando a aderência e a penetração ao tecido afetado. Todas essas etapas são consideradas relevantes na patogênese da candidíase em mucosa. A capacidade de adesão e a formação de biofilme são consideradas propriedades de virulência primárias nas infecções por Candida. É também fator de virulência a habilidade em produzir enzimas hidrolíticas, dentre estas, as proteinases, que hidrolisam ligações peptídicas, e as fosfolipases, que hidrolisam os fosfoglicerídeos. Estas exoenzimas parecem exercer papel importante na invasão da célula do hospedeiro. Em particular, a secreção de outra enzima, a hemolisina, seguida por aquisição férrea, que facilita a invasão de hifas numa candidíase disseminada. Os fatos supracitados e o aumento no número de infecções oportunistas causadas por fungos, principalmente em indivíduos infectados pelo HIV, têm estimulado novas pesquisas para esclarecer os fatores de virulência e as circunstâncias da patogenicidade das várias espécies. Assim, este estudo trabalhou com 75 (setenta e cinco) amostras de Candida, sendo 49 (quarenta e nove) isoladas da cavidade bucal de pacientes com AIDS (grupo teste) e 26 (vinte e seis) de voluntários sem evidências clínicas de imunossupressão (grupo controle). Essas amostras foram avaliadas em nove testes laboratoriais usando metodologias distintas, previamente já descritos na literatura. Os testes foram: proteinase, fosfolipase, gelatinase, hemólise em placa, hemólise com sobrenadante, aderência a material inerte, aderência a células HEp-2, formação de biofilme e resistência ao soro. C. albicans (59,2%) foi a espécie mais prevalente do grupo teste e C. parapsilosis (53,8%) do grupo controle. C. albicans também teve resultados significativos para produção de proteinase (ambos os grupos) e fosfolipase (grupo teste). Já as espécies de Candida não-Candida albicans (NCAC) tiveram resultados altamente significativos para biofilme (ambos os grupos) e fosfolipase (grupo controle). Para os testes de gelatinase, hemólise em placa e com sobrenadante, adesão a material inerte e a células HEp-2 e resistência ao soro não foi encontrada diferença estatística entre a produção por C. albicans e espécies NCAC. Por fim, não houve diferença estatística em nenhum dos testes estudados quando comparados o grupo teste com o grupo controle. PALAVRAS-CHAVE: Candida, exoenzimas, adesão, biofilme, resistência ao soro. ABSTRACT In recent decades the clinical importance of the Candida species has grown significantly due to the increased incidence of opportunistic infections caused by these micro-organisms. Such infections have generated high rates of morbidity, long periods of stay in hospitals, difficulty and high cost of treatment as well as high mortality rates. Immunosuppressed individuals such as those with Acquired Immunodeficiency Syndrome (AIDS) have a high susceptibility to develop fungal infections due to the low number of CD4 T-lymphocytes, less than 200 cells/mm3. In these patients, the candidiasis prevalence with 80-90%. The ability of C. albicans being the species most related to the processes of colonization and pathogenicity in mouth of man is due to the marked morphological dimorphism capacity and production of exoenzymes which facilitate the interaction of the fungus to host cells, allowing the adhesion and penetration to the affected tissue. All these steps are considered relevant to the pathogenesis of mucosal candidiasis. The adhesion and biofilm formation are considered virulence properties in primary Candida infections. It is also virulence factor the ability to produce hydrolytic enzymes, among these proteinases, which hydrolyze peptide bonds, and phospholipases that hydrolyze phosphoglycerides. These exoenzymes appear to play an important role in the invasion of the host cell. In particular, the secretion of another enzyme, the hemolysin, followed by acquisition rails, which facilitates invasion of hyphae in a disseminated candidiasis. The above facts and the increase in the number of opportunistic infections caused by fungi, especially in HIV-infected individuals, have stimulated further research to clarify the virulence factors and circumstances of the pathogenicity of various species. This study worked with 75 (seventy five) samples of Candida, 49 (forty nine) isolated from the oral cavity of AIDS patients (test group) and 26 (twenty six) volunteers without clinical evidence of immunosuppression (control group). These samples were evaluated in laboratory tests using nine different methodologies, as described in the literature. The tests were: protease, phospholipase, gelatinase, hemolysis plate and hemolysis with supernatant, adherence to material inert and HEp-2 cells, formation of biofilm and resistance to serum. We observed that C. albicans (59.2%) was the most prevalent species in the test group and C. parapsilosis (53.8%) in the control group. C. albicans was also significant results for the production of protease (both groups) and phospholipase (test group). Since the Candida non-albicans Candida (NCAC) species had highly significant results for biofilm (both groups) and phospholipase (control group). For testing gelatinase, plate and supernatant hemolysis, adhesion to inert material and HEp-2 cells and serum resistance, no was found difference between C. albicans and NCAC species. Finally, we no found statistical difference in any of the tests studied when compared the test group with the control group. KEYWORDS: Candida, exoenzymes, adhesion, biofilm, serum resistance. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................................. 12 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................................................................... 14 2.1 Prevalência de Candida na mucosa oral ..................................................................................................... 14 2.2 Colonização e Patogenicidade .................................................................................................................... 14 2.3 Epidemiologia ............................................................................................................................................. 16 2.4 AIDS e colonização por Candida ............................................................................................................... 20 2.5 Enzimas hidrolíticas.................................................................................................................................... 21 2.6 Aderência e formação de biofilme .............................................................................................................. 22 2.7 Sistema complemento ................................................................................................................................. 24 3 OBJETIVOS ....................................................................................................................................................... 26 3.1 Geral ........................................................................................................................................................... 26 3.2 Específicos .................................................................................................................................................. 26 4 METODOLOGIA .............................................................................................................................................. 27 4.1 População e Amostra .................................................................................................................................. 27 4.1.1 Pacientes imunodeprimidos (Grupo teste) .......................................................................................... 27 4.1.2 Pacientes Imunocompetentes (Grupo controle) .................................................................................. 27 4.2 Análise dos Fatores de Virulência .............................................................................................................. 28 4.2.1 Produção de proteinase e fosfolipase .................................................................................................. 28 4.2.2 Produção de gelatinases ...................................................................................................................... 29 4.2.3 Produção de hemolisinas ..................................................................................................................... 29 Preparação de Células Vermelhas do Sangue de Carneiro - Red Blood Cells (RBCs)................................29 Análise da Atividade Hemolítica em Placas..................................................................................................29 Análise da Atividade Hemolítica com Sobrenadante das Colônias..............................................................30 4.3 Análise das Propriedades de Virulência ..................................................................................................... 30 4.3.1 Testes de Aderência ............................................................................................................................ 30 Adesão a material inerte................................................................................................................................31 Adesão em células HEp-2 (células epiteliais)................................................................................................32 4.3.2 Formação de Biofilme ......................................................................................................................... 32 4.3.3 Resistência ao Soro ............................................................................................................................. 33 4.4 Análise Estatística ....................................................................................................................................... 33 4.5 Aspectos Éticos da Pesquisa ....................................................................................................................... 34 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO........................................................................................................................ 35 5.1 Frequência e distribuição das amostras ....................................................................................................... 35 5.2 Atividade proteolítica em placa .................................................................................................................. 38 5.3 Teste de fosfolipase em placa ..................................................................................................................... 42 5.4 Testes de gelatinase .................................................................................................................................... 45 5.5 Atividade hemolítica em meio sólido ......................................................................................................... 47 5.6 Atividade hemolítica com sobrenadante ..................................................................................................... 50 5.7 Testes de aderência em lamínulas ............................................................................................................... 52 5.8 Testes de aderência em células HEp-2........................................................................................................ 56 5.9 Formação de biofilme ................................................................................................................................. 60 5.10 Resistência ao Soro ................................................................................................................................... 63 6 CONCLUSÃO.................................................................................................................................................... 65 REFERÊNCIAS .................................................................................................................................................... 66 APÊNDICE A - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.............................................................................79 APÊNDICE B - Protocolos de submissão do artigo...............................................................................................81 APÊNDICE C - Normas para Publicação da Revista de Patologia Tropical.........................................................82 APÊNDICE D - Artigo submetido à Revista de Patologia Tropical.......................................................................84 ANEXO A - Parecer de Aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa do UNICEUMA...........................................99 ANEXO B - Parecer de Aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa da UFMA....................................................103 ANEXO C - Certificado de apresentação de trabalho na VI Jornada Científica do HUUFMA...........................106 ANEXO D - Certificado de apresentação de trabalho na Semana Nacional de Ciência e Tecnologia.................107 ANEXO E - Certificado de apresentação de trabalho no Congresso Brasileiro dos Conselhos de Enfermagem.108 ANEXO F - Certificado de apresentação de trabalho no Congresso Brasileiro dos Conselhos de Enfermagem.109 ANEXO G - Certificado de apresentação de trabalho na XI Semana de Enfermagem do UNICEUMA.............110 ANEXO H - Certificado de apresentação de trabalho na 64ª Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência...................................................................................................................................................................111 12 1 INTRODUÇÃO Nas últimas décadas a importância clínica das espécies de leveduras do gênero Candida tem crescido significativamente devido ao aumento da incidência de infecções oportunistas causadas por estes micro-organismos. Tais infecções têm gerado elevados índices de morbidade, longo período de permanência em hospitais, dificuldade e alto custo de tratamento, assim como altas taxas de mortalidade (FAVERO, 2008). O aumento no número de infecções oportunistas causadas por fungos, principalmente em indivíduos infectados pelo HIV, tem estimulado novas pesquisas para esclarecer os fatores de virulência e as circunstâncias da patogenicidade das várias espécies (WALMSLEY et al., 2001; VILLAÇA; MACHADO, 2004; SANTOS; SOARES, 2005). A virulência do micro-organismo é o resultado de uma multiplicidade de fatores que agem simultaneamente para vencer as defesas do hospedeiro. No caso da infecção por Candida, estes fatores podem estar correlacionados com a aderência à célula epitelial, ao dimorfismo, à capacidade de crescimento como formação de blastósporos, pseudo-hifas e hifas, à produção de enzimas hidrolíticas (proteases e fosfolipases) (NAGLIK; CHALLACONBE; HUBE, 2003), à produção de endotoxinas de baixa e alta massa molecular, bem como a composição da parede celular, que facilita a adesão e a penetração através do tecido infectado (SCHALLER et al., 2005). Acredita-se que, na maioria das vezes, a candidíase tenha origem endógena, sendo que a capacidade que as leveduras do gênero Candida têm para colonizar, penetrar e fazer danos ao tecido do hospedeiro depende de um equilíbrio entre fatores de virulência deste micro-organismo e fatores específicos ligados ao hospedeiro (COSTA, 2009). O vírus HIV, além de destruir o principal linfócito, o T-CD4, produz uma série de outros distúrbios causados por micro-organismos tidos como comensais, como são os casos das leveduras do gênero Candida, que causam muito comumente nos pacientes portadores desse vírus, a chamada candidíase oral (MACHADO et al., 2004). A candidíase oral não é uma enfermidade mortal, mesmo que, ao provocar moléstias de diferentes níveis comprometa o paladar e a deglutição, levando a uma diminuição do apetite, principalmente nos casos de pacientes HIV-positivo ou de pacientes hospitalizados e idosos. Entretanto, é a porta de entrada para complicações da candidíase do tipo orofaríngea, esofágica, laríngea e sistêmica (BARBEDO; SGARBI, 2010). 13 Na última década, vários estudos mostraram uma correlação positiva significante entre a ocorrência de candidíase e imunossupressão grave (SOARES et al., 2002; VARGAS; JOLY, 2002; DE REPENTIGNY et al., 2004). Outros estudos investigaram a produção de enzimas hidrolíticas - proteases, gelatinases, lipases e fosfolipases – por esses microorganismos (HUBE; NAGLIK, 2001; SILVA, 2006; MARDEGAN et al., 2006; VERMELHO et al., 2006; OMBRELLA; RACCA; RAMOS, 2008). Entretanto, a maioria desses estudos, além de serem grande parte somente sobre C. albicans, não mostra uma correlação mais abrangente, com uma análise simultânea de diversos fatores e propriedades de virulência. Assim, há uma carência de estudos que analisem concomitante diferentes espécies de Candida - especialmente espécies de Candida isoladas de pacientes imunodeprimidos, como os portadores de AIDS, comparados a linhagens oriundas de indivíduos imunocompetentes - com vários fatores de virulência, como proteinase, fosfolipase, gelatinase, hemólise, resistência ao soro, adesão a material inerte e a células e formação de biofilme, que é a proposta deste trabalho. Portanto, estudos correlacionando a produção de fatores e propriedades de virulência dessas leveduras entre esses dois grupos é relevante para uma melhor análise e compreensão das manifestações clínicas provocadas por estes micro-organismos. 14 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1 Prevalência de Candida na mucosa oral Espécies de Candida encontram-se presentes como comensais em superfícies de mucosas, na pele do homem e de outros animais. Estima-se que 20 a 50% da população convivam com esta levedura na boca, sendo C. albicans prevalente entre 60 a 90% dos isolados, C. tropicalis em 7% e em menor frequência C. krusei, C. guillermondii, C. glabrata, C. parapsilosis, C. dubliniensis, C. kefyr e C. lusitaneae (MARDEGAN, 2003; BARROS, 2005). Segundo Akpan e Morgan (2002), a incidência de C. albicans isoladas da cavidade oral tem sido encontrada em 45% dos neonatos, 45-65% das crianças saudáveis, 30-45% dos adultos saudáveis, 50-65% das pessoas com dentaduras removíveis, 65-88% das pessoas internadas por longo período, 90% dos pacientes com leucemia aguda submetidos à quimioterapia e 95% dos pacientes com o vírus HIV. Estudos já comprovaram que um único hospedeiro pode ser colonizado tanto por uma como por várias espécies de Candida ou ainda por diferentes genótipos da mesma espécie, no mesmo ou em diferentes sítios do organismo (MARDEGAN, 2003; BARROS, 2005). Entretanto, há uma relação de equilíbrio entre Candida e o hospedeiro, que é propiciada pela manutenção da integridade das barreiras teciduais, relação harmônica da microbiota autóctone e funcionamento adequado do sistema imunológico humano. Em contrapartida, há por parte da levedura um equilíbrio na capacidade de aderência e produção de enzimas e toxinas (VIEIRA et al., 2005). 2.2 Colonização e Patogenicidade As leveduras do gênero Candida podem ser espécies comensais ou oportunistas. Como comensais vivem normalmente na pele e nos tratos gastrointestinal e genitourinário (ENOCH et al., 2006). Como oportunista, aproveitam-se de fatores como rompimento das barreiras cutânea e mucosa, disfunção dos neutrófilos, defeito na imunidade mediada por células, desordem metabólica, exposição direta aos fungos, extremos de idade (recémnascidos e idosos), desnutrição aguda, longo tratamento com antibióticos, quimioterapia, transplantes, resistência a antifúngicos, dentre outros (BARBEDO; SGARBI, 2010). 15 A colonização é o maior fator de risco à infecção fúngica. Ocorre inicialmente na cavidade oral seguida da intestinal (MANZONI et al., 2007; CATE et al., 2009). C. albicans é a espécie mais relacionada com os processos de colonização e patogenicidade na boca do homem. Essa habilidade é decorrente da: 1) acentuada capacidade de dimorfismo morfológico e 2) produção de exoenzimas facilitadoras da interação do fungo às células do hospedeiro, propiciando a 3) aderência e 4) a penetração ao tecido afetado. Ainda, a formação de tubo germinativo e hifas aumentam a resistência aos fagócitos devido às dimensões físicas (SAMARANAYAKE; SAMARANAYAKE, 2001). Todas essas etapas são consideradas relevantes na patogênese da candidíase em mucosa (XU et al., 2000). O crescimento e multiplicação das espécies de Candida ocorre de forma endógena e exógena. Como fonte endógena, esses micro-organismos tem como nutrientes a saliva, que fornece aminoácidos, peptídeos, vitaminas, gases e glicopeptídeos, e estabelecem cadeias alimentares com o propósito de melhor aproveitar os nutrientes presentes na boca. Já a fonte exógena de nutrientes é a dieta, sendo os carboidratos substâncias orgânicas que influenciam diretamente na microbiota bucal (PIMENTA et al., 2001). Por outro lado, importantes enzimas salivares como a lactoferrina, lisozima e outras exercem ação inibidora sobre a multiplicação de C. albicans, por exercer ação quelante sobre o ferro, que é um elemento essencial para a multiplicação dessa levedura (URIZAR, 2002). O pH da boca, regulado pela saliva, oscila entre 6,75 a 7,25. O consumo frequente de carboidratos leva a uma diminuição dessa pH devido à produção de ácidos e, posteriormente, retorna aos valores fisiológicos - capacidade tampão da saliva (SIMMONDS; TOMPKINS; GEORGE, 2002). C. albicans suporta um amplo espectro de variação de pH entre 2,5 a 7,5 (PARDI; CARDOZO, 2002) e sua virulência é favorecida pela temperatura corporal de 37 C (SIDRIM; ROCHA, 2004). C. albicans pode causar uma ampla gama de doenças como aftas, estomatite crônica atrófica, candidíase mucocutânea crônica, vulvovaginite e candidíase invasiva, que é a mais grave (EGGIMANN; GARBINO; PITTET, 2003). Um estudo em pacientes com candidíase oral e controles saudáveis mostrou que a candidíase oral está associada à hipofunção de glândulas salivares que excretam proteínas e peptídeos microbianos, ou seja, indivíduos com hipofunção nessas glândulas estariam mais propensos a apresentar candidíase oral (TANIDA et al., 2003). 16 2.3 Epidemiologia A história das infecções por Candida é relativamente recente: apenas em 1861 foi descrito o primeiro caso de infecção invasiva por Candida, embora relatos escritos de lesões orais compatíveis com candidíase datem da época de Hipócrates e Galeno (PASQUALOTTO. 2004). Há ainda poucos dados sobre a incidência de infecções fúngicas no Brasil e em países da América Latina em geral. Mas, segundo Colombo et al. (2007), as infecções por Candida respondem por 80% de todas as infecções fúngicas documentadas no ambiente hospitalar, incluindo infecções de corrente sanguínea, do trato urinário e do sítio cirúrgico. Em um de seus estudos, conduzido em 11 Centros Médicos do Brasil, das regiões sul e sudeste, observou-se uma taxa de incidência de candidemia da ordem de 2,49 casos por 1.000 admissões hospitalares, sendo Candida spp o quarto agente mais frequente entre as infecções de corrente sanguínea (COLOMBO et al., 2007). Ainda segundo Colombo, nossas taxas de infecção de corrente sanguínea por Candida spp são muitas vezes superiores àquelas relatadas pela maioria dos hospitais terciários dos EUA e Europa, onde se observa 1 episódio de candidemia para cada 1.000 admissões hospitalares, relatadas na maior parte das séries já publicadas. No Brasil, Colombo (2000) conduziu um estudo para identificar as características epidemiológicas de pacientes que desenvolvem candidemia em hospitais brasileiros. O estudo ocorreu durante um período de 22 meses em seis Hospitais Universitários do Rio de Janeiro e São Paulo. Houve 145 episódios de fungemia, com a prevalência das seguintes espécies C. albicans (37%), C. parapsilosis (25%), C. tropicalis (24%), C. rugosa (5%) e C. glabrata (4%). A distribuição por sexo foi semelhante, sendo a média e mediana de idade dos pacientes 32 e 34,3 anos, respectivamente. O tempo decorrido entre a internação e a primeira cultura de sangue positiva para Candida spp foi de 14 dias. Novamente um estudo epidemiológico conduzido por Colombo e colaboradores (2003) reuniram dados sobre infecções da corrente sanguínea, em quatro hospitais da cidade de São Paulo. Durante um período de 12 meses (março-2002 a fevereiro-2003), um total de 7038 episódios de bacteremias e fungemias foram avaliados, sendo que Candida spp respondeu por 4,3% do total das infecções de corrente sanguínea. 17 Em um estudo realizado por Passos et al. (2007), em Goiânia, foi verificado 33 casos de candidemia (9,6%) em 345 pacientes da UTI, durante o período de abril de 2003 a março de 2005, em um Hospital Universitário. Em 2006, Sandven et al., em um estudo entre 1991 e 2003, na Noruega, com um total de 1415 casos de candidemia, encontraram C. albicans em 69,8% dos casos; C. glabrata em 13,2%; C. tropicalis em 6,7%; C. parapsilosis em 5,8%; C. krusei em 1,6%; C. dubliniensis, C. guilliermondii e C. norvegensis em 0,6% dos casos, cada; C. kefyr em 0,5% dos casos e outras espécies (C. blankii, C. inconspícua, C. lusitaniae, C. sake e C. sphaerica) que juntas alcançaram 0,5%. O estudo ainda mostrou que os pacientes mais acometidos eram os com menos de 1 ano de vida e aqueles com mais de 60 anos. Diekema et al. (2002), no estado de Lowa (EUA), identificaram uma taxa de incidência anual de candidemia de 6 casos para cada 100.000 mil habitantes, bem inferior ao observado no Brasil por Colombo et al. (2007), citado anteriormente. Nos Estados Unidos, Candida spp são a quarta maior causa de infecções hospitalares, responsáveis por 35% da mortalidade por infecções sistêmicas (CALDERONE; GOW, 2002). O gênero Candida é constituído por cerca de 200 espécies, sendo que apenas 17 delas têm sido relacionadas a casos de micoses humanas. Em relação aos aspectos epidemiológicos, a identificação de leveduras ao nível de espécie é etapa fundamental para monitorização das taxas de infecção hospitalar bem como para a identificação precoce de surtos de infecções por Candida. Entretanto, a maioria destas leveduras não apresenta forma sexuada conhecida, sendo sua identificação ao nível de espécie obtida através da análise de suas características micromorfológicas e perfil bioquímico (COLOMBO, 2007). As principais espécies de interesse clínico são: C. albicans, C. parapsilosis, C. tropicalis, C. glabrata, C. krusei, C. guilliermondii e C. lusitaniae. Entretanto, um número progressivo de casos de doenças superficiais e invasivas relacionados a espécies emergentes de Candida tem sido descrito, envolvendo isolamentos de C. dubliniensis, C. kefyr, C. rugosa, C. famata, C. utilis, C. lipolytica, C. norvegensis, C. inconspicua, entre outras (COLOMBO, 2007). Abaixo, uma breve descrição sobre cada uma delas. C. albicans é a espécie mais frequentemente isolada de infecções superficiais e invasivas em diversos sítios anatômicos e como causa de candidíase em todas as partes do mundo. É a espécie de Candida com maior conhecimento patogênico, devido à diversidade de fatores de virulência descobertos. Habitualmente se considera que a origem de C. albicans 18 causadora de infecções seja a microbiota do trato digestivo humano (organismo comensal), porém diversos casos têm sido relatados de forma horizontal (BARBEDO; SGARBI, 2010). C. tropicalis, nos países da América Latina, é a segunda ou terceira na causa de candidemias em adultos, especialmente em pacientes com linfoma, leucemia, complicações hematológicas malignas, diabetes mellitus e câncer. Em contraste, é raro encontrar esta espécie em neonatos (colonização mucocutânea), porém o potencial de transmissão nosocomial é considerado. Diferentemente de C. albicans, que está associada à microbiota, a detecção de C. tropicalis é associada à infecção. C. tropicalis apresenta-se mais virulenta que C. albicans em pacientes com complicações hematológicas malignas e infecções disseminadas, portanto, com uma alta taxa de mortalidade (COLOMBO; GUIMARÃES, 2003; COLOMBO, 2007; BARBEDO; SGARBI, 2010). C. glabrata, nas duas últimas décadas, aumentou significativamente como agente de infecções em seres humanos em consequência do uso indiscriminado de drogas imunodepressoras e com o advento da AIDS, chegando a ser o segundo ou terceiro patógeno em casos de candidíases, principalmente em ambientes hospitalares. Comparando-se a mortalidade entre outras espécies de Candida não-Candida albicans (NCAC, do inglês nonCandida albicans Candida), a mortalidade por C. glabrata é relativamente alta. Mais especificamente, a mortalidade é em torno de 50% em pacientes com câncer e 100% quando em complicações de transplante de medula óssea. C. glabrata emerge como um notável agente patogênico de mucosa oral e pode promover infecção concomitante com C. albicans e, em paciente com câncer ou com o vírus HIV, associada à infecção orofaríngea, pode ser mais severa e mais difícil de ser tratada que infecções por C. albicans. Outro aspecto interessante sobre a epidemiologia deste patógeno é sua maior ocorrência em pacientes idosos (COLOMBO; GUIMARÃES, 2003; BARBEDO; SGARBI, 2010). Candida parapsilosis aparece, desde os anos 80, como um importante patógeno hospitalar em fungemias, sendo responsável por 7% a 10% das candidemias nos EUA. Caracteristicamente, esta levedura prolifera-se em soluções contendo glicose e frequentemente coloniza a pele, sendo, portanto causa comum de fungemias em pacientes submetidos à cateterização venosa central, uso de alimentação parenteral, pacientes transplantados e prévia terapia antifúngica. Em alguns hospitais infantis, C. parapsilosis torna-se predominante em candidemias, chegando a prevalecer em 17 a 50% dos casos. A habilidade de produção de biofilmes está intimamente ligada à doença e é morfologicamente 19 diferente de C. albicans (COLOMBO; GUIMARÃES, 2003; COLOMBO, 2007; BARBEDO; SGARBI, 2010). Candida krusei tem-se mostrado como um patógeno hospitalar ocasional, particularmente em pacientes portadores de doenças hematológicas malignas ou expostas a transplante de medula óssea. C. krusei apresenta uma plasticidade com respeito a desenvolver resistência a antifúngicos, e assim como a C. glabrata, é considerada uma importante espécie a ser monitorada com relação à resistência antifúngica (COLOMBO, 2007; BARBEDO; SGARBI, 2010). Infecções por C. guilliermondii ainda não são frequentes, porém é um agente de candidíase que vem sendo descrito como emergente. Muitos casos de infecção por esta espécie estão associados a onicomicoses, pacientes com câncer, neutropênicos, pacientes acometidos de cirurgias, transplantes, e em pacientes em tratamento intensivo. Muitas linhagens de C. guilliermondii são morfológica e bioquimicamente semelhantes à C. famata, e métodos baseados em ácido nucleico são utilizados para distinguir as duas espécies. Globalmente, C. guilliermondii ocorre em 2% dos casos de candidemia, todavia em determinadas regiões geográficas como Itália, Índia e Brasil, este índice pode chegar a 10% dos casos (MEDEIROS, 2007; BARBEDO; SGARBI, 2010). C. inconspicua é relatada em pacientes imunodeprimidos com infecções virais, infecções orais ou esofágicas, infecções vaginais e em pacientes com diabetes mellitus (BARBEDO; SGARBI, 2010). Infecções por C. norvegensis não são comuns. O primeiro isolado foi na Noruega, em três pacientes com asma, aproximadamente há 70 anos. O primeiro caso verificado de infecção clínica ocorreu em 1990, quando um quadro de doença invasiva, em paciente imunodeprimido devido a transplante renal, culminou em peritonite. Esta espécie de Candida pode ser de difícil identificação quando em presença de C. inconspicua e C. krusei. De acordo com a bioquímica, C. norvegensis hidrolisa a esculina, enquanto a C. inconspicua e a C. krusei, não. A identificação por métodos tradicionais pode ser contraditória, salvo por análise de DNA (BARBEDO; SGARBI, 2010). C. dubliniensis é uma espécie similar fenotipicamente, porém, geneticamente distinta de C. albicans (MARIANO et al., 2003). Essa espécie demonstra maior frequência de alterações fenotípicas, com produção significativamente menor de proteinases e fosfolipases que isolados de C. albicans. A espécie C. dubliniensis tem demonstrado grande capacidade de 20 aderir-se às mucinas, células do epitélio oral. Na maioria dos casos é isolada da mucosa de pacientes infectados pelo HIV (MILAN; SANTANA; MELO, 2001; PEREA; LÓPEZRIBOT; WICKES, 2002). Candida lusitaneae é uma levedura raramente isolada, provavelmente de aquisição endógena, que tem sido relatada como agente de candidemia em pacientes imunocomprometidos ou admitidos em Unidades de Terapia Intensiva – UTI – com múltiplos procedimentos invasivos. É isolada em menos de 1% das amostras nosocomiais, chegando a 2% das fungemias (COLOMBO, 2007; BARBEDO; SGARBI, 2010). 2.4 AIDS e colonização por Candida Desde a identificação do primeiro caso, em 1980, até novembro de 2011, foram notificados 608.230 casos de AIDS no Brasil, segundo informações do último Boletim Epidemiológico do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre o HIV/AIDS - UNAIDS. Atualmente estima-se que 630 mil pessoas convivam com o HIV/AIDS no nosso país, mas parte delas, algo em torno de 255 mil, não sabe disso ou nunca fez o teste do HIV (BRASIL, 2010; BRASIL, 2011). Ainda de acordo com esse Boletim houve 2,6 milhões (de 2,3 a 2,8 milhões) de novas infecções pelo HIV no mundo, totalizando 33,3 milhões de pessoas infectadas e 1,8 milhões (de 1,6 a 2,1 milhões) de óbitos relacionados à AIDS. A principal causa da progressão da AIDS é o declínio dos linfócitos TCD4+, responsável pela resposta imunológica específica humoral e mediada por células. Com a depleção do sistema imune, o indivíduo infectado torna-se susceptível a infecções oportunistas e outras doenças que podem levar a morte (SIERRA; KUPFER; KAISER, 2005). Dentre as infecções oportunistas, as manifestações orais são as mais comuns e constituem indício de que o estado geral de saúde encontra-se debilitado, sugerindo um pior diagnóstico da doença. As doenças bucais associadas a esta infecção também podem funcionar como parâmetro para o status imunológico do paciente, sendo a contagem de linfócitos TCD4+ e a carga viral os melhores parâmetros laboratoriais para se avaliar a progressão da doença (BRAVO et al., 2006). Os fatores que predispõem o surgimento de lesões orais relacionadas ao HIV incluem a contagem de células TCD4+ abaixo de 200 cel/mm3 e níveis de RNA do HIV no plasma acima de 300 cópias/μl, além de xerostomia, higiene oral deficiente e fumo (REZNIK, 2006, BRAVO, 2006). As lesões bucais mais comuns são: candidíase, leucoplasia pilosa, gengivite, 21 periodontite e sarcoma de Kaposi. Dessas, a candidíase e as doenças periodontais são as mais frequentes (SOUZA et al., 2000; PORTELA, 2000). De forma geral, os indivíduos com AIDS apresentam grande susceptibilidade em desenvolver infecções fúngicas devido ao baixo número dos linfócitos TCD4+. Nesses pacientes, a candidíase ocorre com uma prevalência de 80 a 95% (AKPAN; MORGAN, 2002; CLARK; HAJJEH, 2002). Em um estudo transversal, do tipo caso-controle, com 50 crianças infectadas pelo HIV e 44 crianças sem evidências clínicas de imunossupressão, Portela (2004) demonstraram uma frequencia de isolamento de Candida spp maior no grupo HIV positivo. Sant´ana et al. (2002) isolaram amostras de Candida de 130 pacientes portadores de AIDS, cuja média de linfócitos T era de 42 cel/mm3. Metade dos pacientes (50%) apresentou candidíase oral pela primeira vez, 35% já tinham tido cinco episódios e 15%, mais de cinco ocorrências. C. albicans foi isolada em 91% dos pacientes. 2.5 Enzimas hidrolíticas A habilidade em produzir enzimas hidrolíticas é considerada um importante fator de virulência, sendo as principais enzimas produzidas pelo gênero Candida, as proteinases, que hidrolisam ligações peptídicas e as fosfolipases, que hidrolisam os fosfoglicerídeos. Estas exoenzimas parecem exercer papel importante na invasão da célula do hospedeiro. (CANDIDO; AZEVEDO; KOMESU, 2000). O estudo destas enzimas é mais frequentemente descrito em C. albicans, onde se sabe que elas desempenham um papel central na patogenicidade da candidíase (SANDOVSKY-LOSICA; SEGAL, 2006). Entretanto, pouco se sabe sobre a produção e secreção dessas exoenzimas por espécies NCAC e seu subsequente papel na patogenicidade. Dentre os determinantes de virulência, tem-se a secreção de proteases ácidas, pelos genes denominados Secreted aspartyl proteinases (Saps), muito importante e bem conhecido em C. albicans, que facilita a invasão e colonização de tecidos hospedeiros pela ruptura das mucosas e degrada importantes proteínas de defesa imunológica e estrutural (SÓNIA SILVA, 2010). As proteinases são capazes de degradar proteínas como albumina, hemoglobina, queratina, colágeno, mucina, lactoferrina, lactoperoxidase e imunoglobulinas como as da classe IgA (NAGLICK et al., 2003; DA COSTA, 2009). Já foram identificados dez genes 22 Saps em C. albicans (HUBE; NAGLIK, 2001), quatro em C. tropicalis (ZAUGG et al., 2001) três em C. parapsilosis (MERKEROVA et al., 2006) e nenhum em C. glabrata (SÓNIA SILVA, 2010). Semelhantes às SAPs, as enzimas categorizadas como fosfolipases (PLs, do inglês phospholipases) também são consideradas fatores de patogenicidade em Candida. PLs são enzimas que hidrolisam os fosfolipídios e os ácidos graxos e são classificadas em PLs A, B, C e D (MUKHERJEE et al., 2001). Vários estudos já mostraram que espécies NCAC são capazes de produzir fosfolipases extracelular (BORST; FLUIT, 2003; MOHAN; BALLAL, 2008; D’EÇA JÚNIOR et al., 2011). Além disso, a produção de fosfolipases em grandes quantidades está relacionada a um alto grau de patogenicidade, aumento da aderência às células do hospedeiro e elevado percentual de mortalidade em modelos animais (IVANOVSKA, 2003). A enzima gelatinase, também chamada de metaloendopeptidase extracelular é codificada pelo gene gelE, e hidrolisa a gelatina, colágeno, caseína, hemoglobina e outros compostos bioativos (VERGIS et al., 2002). Porém, este gene também já foi encontrado em amostras que não apresentavam a atividade de gelatinase, ou seja, havia os genes, mas eles não eram expressos (genes silenciosos ou dormentes). Em contrapartida, a liquefação da gelatina também já ocorreu por linhagens de bactérias que não continham esses genes, sugerindo que existam outros genes responsáveis por essa atividade (CAMARGO, 2005). Sobre esta enzima não foram encontrado resultados publicados relacionados a espécies de Candida. A atividade hemolítica é outro fator de virulência que contribui para a patogênese da candidíase. A hemolisina é usada pelas espécies de Candida para degradar a hemoglobina ou hemina e extrair o ferro das células do hospedeiro, facilitando, assim, a invasão de hifas numa candidíase disseminada (LUO; SAMARANAYAKE; YAU, 2001; SÓNIA SILVA, 2010). 2.6 Aderência e Formação de Biofilme A aderência às células epiteliais do hospedeiro é o primeiro passo para a colonização da levedura. Isso ocorre devido à capacidade deste micro-organismo reconhecer proteínas extracelulares, tais como laminina, colágeno e fibrina, presente na superfície das células da mucosa do hospedeiro (BIASOLI et al., 2002). 23 São múltiplos os mecanismos usados pelas espécies de Candida para aderir (SAN et al., 2000). Um desses mecanismos é através das adesinas de uma família do gene ALS (agglutinin-like sequence), conhecida em C. albicans, que codifica diferentes glicoproteínas de superfície celular implicadas no processo de adesão em superfícies do hospedeiro (BARBEDO; SGARBI, 2010). Em C. glabrata, uma grande parte das adesinas é codificada por genes da família EPA (epithelial adhesin), com estrutura global semelhante à família do gene ALS (SÓNIA SILVA, 2010). Quando aderidas à superfície de mucosas da boca, Candida spp tornam-se um importante fator de virulência para candidíase oral. Estudos relatam que a capacidade de aderência apresentada por várias espécies de Candida é diferente entre elas. Este fato poderia explicar porque a colonização da superfície de mucosas é mais comum por algumas espécies do que em outras (JABRA-RIZK, 2001; DE REPENTIGNY, 2000). Estudos sobre a influência da saliva na aderência de Candida são contraditórios. Para alguns autores, a saliva e seus componentes salivares como lisozima, histatina, lactoferrina, calprotectina e sIgA interagem com essas leveduras, diminuindo a aderência das mesmas à superfícies bucais (TANIDA et al., 2001; DODDS; JOHNSON; YEH, 2004), enquanto componentes como mucina (DODDS; JOHNSON; YEH, 2004) e estaterina (JOHANSSON et al., 2000) facilitam a adsorção de C. albicans em resina acrílica e materiais resilientes. Já, Koseki et al. (2004) encontraram maior prevalência de C. albicans, C. glabrata, C. tropicalis e C. krusei em pacientes com diminuição do fluxo salivar, incluindo pacientes com Síndrome de Sjögren e Síndrome de Stevens-Johnson. Quando em dispositivos médicos, a aderência de Candida facilita o aparecimento de candidemia e a formação de uma massa de micro-organismos denominada de biofilme. A formação de biofilme nesses dispositivos tem sido descrito como uma importante fonte de infecção. Dentre esses dispositivos, os relativos ao trato urinário são os mais comuns, como os catéteres, causando as chamadas Infecções do Trato Urinário - ITU (TAMURA; GASPARETTO; SVIDZINSKI, 2003; FALLEIROS DE PÁDUA et al., 2008; UPPULURI et al., 2009). Para Silva et al. (2010), o maior fator de virulência é a capacidade do microorganismo de adaptar-se a uma variedade de diferentes habitats e, posteriormente formar uma comunidade microbiana aderida à superfície, conhecido como biofilme. 24 Nos biofilmes são encontrados leveduras, pseudo-hifas e hifas verdadeiras. A habilidade de formar biofilmes está intimamente associada à capacidade de causar infecções, podendo ser considerada um importante fator de virulência, pois biofilmes estão associados à resistência contra o sistema imune do hospedeiro e a antifúngicos (CHANDRA et al., 2001; RAMAGE et al, 2005; AULER et al., 2009). A formação de biofilme ocorre em três etapas. A primeira fase consiste na aderência do micro-organismo na superfície; a segunda é caracterizada pela formação da matriz, onde ocorre a mudança da levedura para a forma de pseudo-hifa; e a terceira por um aumento da matriz, com a formação de uma estrutura tridimensional (fase de maturação). Espécies de Candida que formam biofilme apresentam maior resistência às defesas do hospedeiro e também à terapia antifúngica, devido à limitada penetração dessas drogas através da matriz. C. albicans, C. tropicalis, C. parapsilosis e C. glabrata são espécies que têm capacidade de formar biofilme e nesses casos tem sido associados com altos índices de morbidade e mortalidade (KOJIC; DAROUICHE, 2004; TROFA; GÁCSR; NOSANCHUCK, 2008). 2.7 Sistema complemento O sistema complemento surgiu há cerca de 600 a 700 milhões de anos e é uma das pontes entre a imunidade inata e a imunidade adaptativa. O termo complemento foi dado por Ehrlich no final do século XIX, referindo-se a algo evidenciado por um conjunto de experimentos realizados por ele mesmo e outros pesquisadores, como Pfeiffer, Mentchikoff e, de modo especial, Bordet. Nesses experimentos, ao se colocar vibriões coléricos vivos em contato com o soro fresco de camundongos infectados com essa bactéria, observou-se a morte dos vibriões por meio de lise. Quando se utilizou o soro dos camundongos infectados aquecidos até 56 °C, não houve lise das bactérias. A lise, entretanto, era recuperada quando se adicionava novo soro fresco ao experimento. Assim, no soro fresco havia uma substância termolábil que complementava a destruição das bactérias e que, por tal razão, foi chamada de complemento (LEVY; CHIOCCOLA, 2007). O complemento é um sistema composto de cerca de 30 proteínas que circulam livremente no organismo de forma inativa. Por ocasião de diferentes mecanismos imunes, essas proteínas são convenientemente ativadas formando um sistema de cascata, no qual o produto de uma reação age como uma enzima sobre o outro. As proteínas do complemento 25 surgem durante o desenvolvimento fetal e são detectadas antes mesmo do surgimento de IgM. São sintetizadas em diferentes células e órgãos, como nos macrófagos (C1q), hepatócitos (C1r, C1s) no fígado (C2, C3, C4, C5, C6, C9), monócitos (properdina), epidídimo (clusterina), entre outros. (WOLFGANG et al., 2003; LEVY; CHIOCCOLA, 2007). Embora o sistema complemento seja responsável por diversas funções no sistema imune, tais como aumento de fagocitose, quimiotaxia e desgranulação de mastócitos, a função mais conhecida é a lise, que pode ocorrer por três vias diferentes: a via clássica, a alternativa e a via das lectinas (WOLFGANG et al., 2003; LEVY; CHIOCCOLA, 2007). C. albicans é um potente ativador do sistema complemento. As opsoninas termolábeis produzidas pela ativação de C3 (C3b e iC3b) melhoram a fagocitose desta levedura mediada pelos receptores do complemento (SANTOS et al., 2002). 26 3 OBJETIVOS 3.1 Geral Analisar os fatores e propriedades de virulência de espécies de Candida provenientes da mucosa oral de pacientes com AIDS e de indivíduos imunocompetentes. 3.2 Específicos Identificar as amostras de Candida provenientes dos pacientes com AIDS e dos indivíduos imunocompetentes; Analisar a expressão das exoenzimas pelos diferentes isolados de Candida; Verificar a capacidade de adesão em material inerte e em células HEp-2 pelas espécies de Candida; Avaliar a formação de biofilme entre as amostras; Identificar as cepas resistentes ao soro; Comparar os fatores e propriedades de virulência entre C. albicans e espécies NCAC; Comparar a produção de fatores de virulência de espécies de Candida isoladas de pacientes com AIDS e de pacientes sem evidências clínicas de imunossupressão; Relacionar a produção das exoenzimas, capacidade de adesão celular, formação de biofilme e resistência ao soro com patogenicidade; Identificar possíveis associações entre os fatores e propriedades de virulência estudados. 27 4 METODOLOGIA 4.1 População e Amostra 4.1.1 Pacientes imunodeprimidos (Grupo teste) Para o grupo teste, participaram da pesquisa 42 (quarenta e dois) pacientes com AIDS – 17 mulheres e 25 homens – com idade entre 22 e 61 anos, sob condições de terapia anti-viral e antifúngica, internados no Hospital Presidente Vargas, na cidade de São Luís MA. As leveduras foram coletadas com o auxílio de “swabs” estéreis e posteriormente crescidas em Ágar Sabouraud Dextrose (SDA) com cloranfenicol. Para o estoque, as cepas foram mantidas em caldo BHI (infusão de cérebro e coração), acrescido de 15% de glicerol a 20 ºC (SAMBROOK; FRTSCH; MANIATIS, 2002). As amostras foram coletadas durante a realização da primeira parte da Tese de Doutorado da Msc. Analúcia Guerra Terças (Projeto Avaliação do Extrato da Folha da Goiabeira no Tratamento da Candidíase Oral em Ratos Imunossuprimidos; nº processo CEP 23115006540/2009-40 UFMA) e gentilmente cedidas pela mesma para a Coleção de Isolados Fúngicos do Laboratório de Micologia da Universidade Ceuma. Os isolados foram previamente identificados pelo meio cromogênico CHROMagar Candida® (BioMerieux, França), um método presuntivo de identificação de Candida, e, posteriormente, pelo método automatizado VITEK YBC (BioMerieux, França). 4.1.2 Pacientes Imunocompetentes (Grupo controle) Cento e nove voluntários sem evidências clínicas de imunossupressão e negativos para o vírus HIV e outras patologias imunossupressoras participaram da busca de Candida spp de amostras bucais (PARECER CEP 226/2010). Destes, 67 eram mulheres e 42 homens, com idades entre 15 e 64 anos. A coleta consistiu no uso de “swabs” estéreis para retirada de saliva da região retromolar do aparelho bucal e inoculação imediata em tubos de ensaio estéreis contendo 28 BHI. As amostras foram incubadas a 37 ºC por 24 horas para crescimento e posterior isolamento em SDA acrescido de cloranfenicol. Para o estoque e identificação das cepas, fez-se o mesmo procedimento do citado no item 4.1.1. Na comparação de dados foi incluída nos experimentos a linhagem padrão C. albicans ATCC 18804 (Rockville, Md). 4.2 Análise dos Fatores de Virulência 4.2.1 Produção de Proteinase e Fosfolipase A determinação da produção de proteinases foi realizada de acordo com Aoki et al. (1990). O meio teste consistiu de placas com ágar contendo BSA. Foram utilizados 60 ml de solução contendo 0,04 g de MgSO4, 0,5 g de K2HPO4, 1 g NaCl, 0,2 g de extrato de levedura, 4 g de glicose e 0,5 g de BSA (fração V Sigma Aldrich Brasil), completado o volume com água destilada estéril. O pH foi ajustado para 4,0 e a solução esterilizada por filtração em fluxo laminar. Posteriormente essa solução foi misturada a 140 ml de ágar bacteriológico e distribuídos em placas estéreis. A produção de fosfolipases foi analisada de acordo com o método em placa com gema de ovo descrito por Price, Wilkinson e Gentry (1982). O meio consistiu de SDA acrescido de 17,19 g de cloreto de sódio, 0,16 g de cloreto de cálcio e 9 g de glicose. O meio foi autoclavado e posteriormente, 30% de emulsão de gema de ovo foi adicionado de forma asséptica. Para ambos os testes, as amostras foram isoladas em solução salina (NaCl 0,85%) estéril para preparo da solução de inóculo equivalente à escala 0,5 de McFarland. Dessa suspensão foram retirados 3 μl e inoculadas na superfície do meio, sendo incubadas por 7 dias a 37 ºC. A produção das enzimas foi observada pela formação de um halo transparente - para proteinase - e opaco - para fosfolipase - ao redor da colônia da levedura. Os testes foram feitos em triplicatas e o valor da zona de precipitação (Pz) foi dado como a média dos diâmetros avaliados (colônia / halo + colônia). A produção foi classificada de acordo com o valor do Pz em muito forte ++++ (Pz ≤ 0,69), forte +++ (Pz entre 0,70 – 0,79), média ++ (Pz entre 0,80 – 0,89) ou fraca + (Pz entre 0,90 – 0,99). 29 4.2.2 Produção de gelatinases Para os testes de produção de gelatinase, as amostras de Candida foram previamente crescidas em SDA por 24 horas e inoculadas em tubos (semeadas em profundidade) contendo 1 ml de uma solução de gelatina a 12%, preparados em PBS (tampão salina fosfato) (pH 7,4) e armazenados por 24 horas em geladeira. Após as amostras serem semeadas nos tubos com a solução de gelatinase e incubadas a 37 ºC por 24 horas foram novamente colocadas em geladeira por um período de 4 horas. Decorrido esse tempo, a atividade da gelatinase foi observada quando ocorreu a liquefação da gelatina (WILSON, 1930, com adaptações). 4.2.3 Produção de hemolisinas Preparação de Células Vermelhas do Sangue de Carneiro - Red Blood Cells (RBCs) Sangue de carneiro desfibrinado (7 ml) foi centrifugado a 3200 rpms por 5 minutos e o sobrenadante descartado. As células vermelhas foram ressuspendidas em 10 ml de PBS e lavadas por centrifugação, sendo este processo repetido três vezes. Por fim, as RBCs foram ressuspendidas em 5 ml de PBS e adicionadas a 100 ml de SDA, acrescido de cloranfenicol e 3% de glicose. Análise da Atividade Hemolítica em Placas A produção do fator hemolítico em placa foi avaliada pelo método descrito por Luo, Samaranayake e Yau (2001) considerando algumas adaptações de Manns, Mosser e Buckley (1994) e outras. Os isolados, mantidos em BHI-glicerol a -20 ºC foram pré-cultivados por estrias em placas de SDA acrescidas de cloranfenicol por 24 horas a 37 ºC. As colônias foram isoladas em solução salina (NaCl 0,85%) estéril para preparo de solução de inóculo equivalente a escala 0,5 de McFarland. Dessa suspensão foram retirados 3 μl e inoculados em ágar-hemácias (5%). As placas foram incubadas por 48 horas a 37 ºC. A presença de um halo transparente ao redor da colônia indicou atividade hemolítica positiva. A intensidade da produção do fator hemolítico foi estimada dividindo-se o diâmetro da zona do halo mais a colônia pelo tamanho da colônia. Os experimentos foram feitos em triplicatas e o resultado uma média dos valores 30 obtidos. A classificação foi feita de acordo com o Índice Hemolítico (IH): positiva (IH: 1,00 a 1,5); fortemente positiva (IH>1,5). Análise da Atividade Hemolítica com Sobrenadante da Cultura Para análise da produção de fator hemolítico no sobrenadante, utilizou-se o método descrito por Bhakdi et al. (1986), com algumas modificações. As amostras foram previamente incubadas em estufa a 37 ºC por 48 horas, nos seguintes meios: BHI, BHI acrescido de FeCl3 (cloreto férrico - 10 mM), BHI acrescido de 12,5 μg/ml de EDDA (ácido etileno diamino diorto- hidroxifenil acético), BHI acrescido de CaCl2 (cloreto de cálcio - 10 mM), BHI acrescido de 10 mM de EDTA (ácido etileno diamina tetra acético). Das culturas de leveduras crescidas nesses diferentes meios, foram retirados 1000 μL do sobrenadante e centrifugados três vezes (3200 rpm), retirando sempre o sobrenadante e desprezando o pellet. Por fim, uma alíquota de 100 μL da suspensão de hemácias de sangue de carneiro a 1%, previamente lavadas três vezes em tampão PBS (pH 7,4) foi adicionada a 100 μL (proporção 1:1) do sobrenadante dos cultivos leveduriformes em microplacas de 96 poços de fundo redondo. Para o controle positivo foi usado hemácias acrescidas de água e para o controle negativo, usou-se hemácias com cada um dos cinco meios analisados na mesma proporção (1:1). As microplacas foram incubadas em estufa a 37 °C por 1 hora para posterior leitura visual. O resultado para hemólise com sobrenadante foi considerado negativo quando ocorreu formação de um botão de hemácias no fundo da microplaca; e, positivo na ausência desse botão. O experimento foi realizado em triplicata. 4.3 Análise das Propriedades de Virulência 4.3.1 Testes de Aderência Adesão a material inerte Seguimos o protocolo de Kneipp et al. (2005), com algumas modificações. Os inóculos das leveduras foram diluídos em salina, padronizados para aproximadamente 106 UFC/ml de acordo com a turbidez do tubo 0,5 da escala de McFarland (CLSI – NCCLS, 2002). Lamínulas redondas de vidro foram dispostas nos poços de microplacas - 24 poços, 31 acrescidos dessa solução de salina mais BHI suplementado com glicose a 6% e incubadas por 18 horas a 37 ºC. Após esse tempo a microplaca foi lavada com água destilada estéril por três vezes. Colocou-se ainda corante violeta cristal por 5 minutos, para melhor visualização em microscópio das células aderentes, e repetiu-se o processo de lavagem da placa. As lamínulas foram fixadas em lâminas. A classificação da capacidade de aderência a material inerte foi feita de acordo com a quantidade de células aderidas nas lamínulas por campo, em um microscópio óptico, com aumento de 1000 vezes (BIASOLI; TOSELLO; MAGARÓ, 2002, com adaptações). Foram contadas as leveduras aderidas em cada lamínula, num máximo de 70 campos, escolhidos aleatoriamente e em sentido unidirecional. Considerou-se negativo quando houve menos de 01 levedura por campo, num total de 70 campos; fraco (+), quando houve de 01 a 10 leveduras aderidas às lamínulas num total de 50 campos; moderado (++) quando houve mais que 10 leveduras aderidas em 30 campos; e, forte (+++) quando houve mais de 25 leveduras aderidas em 20 campos analisados. As leituras foram realizadas por dois observadores para melhor certificação dos resultados. Adesão em células HEp-2 (células epiteliais) Para o teste de aderência em células HEp-2, as amostras de Candida foram previamente cultivadas em BHI por 24 horas a 37 °C. Depois, foram lavadas três vezes com tampão PBS (pH 7,4) e ressuspendidas no mesmo tampão com o volume inicial. Desse volume, foi retirado 40 μL e adicionados em microplacas de 24 poços, contendo monocamadas celulares semi-confluentes de células HEp-2 contidas em Meio Essencial Mínimo (MEM), acrescido de Soro Fetal Bovino a 2%. Após 3 horas de incubação a 37 °C, as placas foram lavadas com PBS (0,01M, pH 7,2) e fixadas com metanol por um período mínimo de 12 horas. As preparações foram coradas com May-Grunwald e Giemsa e analisadas quanto ao padrão de aderência em microscópio óptico (SCALETSKY; SILVA; TRABULSI, 1984). A aderência de Candida às células HEp-2 foram analisadas quanto à intensidade (negativo, fraco, forte e moderado) e ao padrão de adesão (difuso, localizado, agregativo e pseudo hifal). 32 Para a intensidade da adesão, foram contadas a quantidade de colônias de Candida aderidas em 100 células HEp-2, através de um microscópio óptico comum, com aumento de 1000 vezes (BIASOLI; TOSELLO; MAGARÓ, 2002, com adaptações). Considerou-se negativo quando houve menos de 10 colônias aderidas em 100 células visualizadas; fraco quando houve até 150 colônias aderidas; moderado até 300 colônias aderidas; e, forte com mais de 300 colônias aderidas às células HEp-2 (SILVA et al., 2007, com adaptações). Para o padrão de adesão, considerou-se adesão do tipo difuso quando as colônias de Candida encontravam-se aderidas de forma isoladas às células HEp-2; localizado quando encontravam-se agrupadas em pequenos grumos em torno da célula; agregativo quando as colônias formavam uma massa ou emaranhado em torno das células; e, pseudo hifal, quando essas leveduras produziram pseudo hifas (SILVA et al., 2007, com adaptações). 4.3.2 Formação de Biofilme A formação de biofilme foi avaliada em microplacas de 96 poços pelo método de Cristal Violeta, segundo Shin et al. (2002), com algumas modificações. Primeiramente, as amostras foram semeadas em SDA e incubadas em estufa a 37 °C por 24 horas. Em seguida, as cepas foram diluídas em salina de acordo com a turbidez do tubo 0,5 da escala de McFarland. Os poços das placas foram preenchidos sequencialmente em triplicatas. No controle negativo, transferiram-se somente 200 μL do preparado de BHI com 6% de glicose e no restante dos poços, 180 μL de BHI com 6% de glicose mais 20 μL da suspensão fúngica em salina. As placas foram incubadas a 37 °C por 24 horas em estufa. Posteriormente foram lavadas três vezes com água destilada estéril e adicionado em cada poço 200 μL de corante Cristal Violeta, por cinco minutos. Por fim, as placas foram lavadas com água destilada estéril por três vezes e acrescentado 200 μL de água destilada estéril para leitura no ELISA. O comprimento de onda usado foi de 450 ηm. Após leitura pelo ELISA, fez-se a média de absorbância das triplicatas e multiplicado o resultado por 100. Foi considerado negativo quando a absorbância foi menor ou igual a 5; fraco (1+) quando maior que 5 e menor ou igual a 20; moderado (2+), quando maior que 20 e menor ou igual a 35; forte (3+), quando maior que 35 e menor ou igual a 50; e muito forte (4+), quando maior que 50 (SHIN et al., 2002). 33 4.3.3 Resistência ao Soro Para identificar os isolados de Candida resistentes ao soro foi seguida a metodologia de Pelkonen e Finne (1987), com algumas modificações. Primeiro, obteve-se soro humano a partir da coleta de sangue de adultos imunocompetentes. Esse soro foi tratado para ser testado de três formas: 1) soro inativado, considerado sem atividade no sistema complemento, obtido por incubação em banho-maria, por 30 minutos a 56 ºC; 2) soro com EDTA (10 mM), para inibir a atividade do complemento pela via clássica e alternativa; 3) soro normal, sem quaisquer tratamento. A resistência ao soro foi analisada em triplicata usando microplacas de 96 poços de fundo chato. As cepas, previamente semeadas em SDA e incubadas em estufa a 37 °C por 24 horas foram diluídas em salina de acordo com a turbidez do tubo 1 da escala de McFarland. Para o controle negativo, colocou-se 120 µL de cada um dos três tipos de soro nos primeiros nove poços da microplaca. Nos poços subsequentes foram adicionados 120 µL de cada tipo de soro e 60 µl da suspensão fúngica, sendo incubados em estufa a 37 ºC. A absorbância em comprimento de onda de 450 ηm em ELISA foi mensurada nos seguintes tempos: 0, 6, 12, 24 e 48 horas. O isolado que reduziu a absorbância inicial para valores inferiores a 50% foi considerado sensível. Foram considerados resistentes os isolados que apresentaram fração sobrevivente superior a 90%, e os que ficaram entre estes dois valores foram considerados intermediários. 4.4 Análise Estatística Os dados foram avaliados pelo programa BioEstat 5.0 (2007). Inicialmente, a associação das variáveis classificatórias com o tipo de pacientes (grupo teste e grupo controle) e com o grupo (C. albicans e NCAC) foi feita pelo teste não paramétrico de qui-quadrado de independência ( 2). O efeito do tipo de pacientes (com ou sem o vírus HIV) com as demais variáveis foi feito pelo teste de Mann Whitney. O nível de significância para se rejeitar a 34 hipótese de nulidade foi de 5%, ou seja, considerou-se como estatisticamente significante um valor de p<0,05. 4.5 Aspectos Éticos da Pesquisa A coleta das amostras de Candida da mucosa oral de pacientes com AIDS foi permitida e executada de acordo com o parecer emitido pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Federal do Maranhão (CEP: 23115006540/2009-40 – ANEXO B), seguindo rigorosamente as normas da Resolução CNS 196/96. A pesquisa foi delineada e executada de acordo com as Diretrizes e Normas Regulamentadoras de Pesquisas Envolvendo Seres Humanos – Resolução do Conselho Nacional de Saúde – CNS, no. 196/96. Para as amostras bucais de Candida de pacientes imunocompetentes o projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade CEUMA, segundo emissão do parecer consubstanciado 226/2010 (ANEXO A). Os indivíduos participantes da pesquisa foram previamente elucidados quanto ao estudo desenvolvido e aqueles que concordaram em participar, assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE – APÊNDICE A). Os procedimentos de coleta foram realizados com material esterilizado e descartável, sem qualquer uso de técnicas invasivas ou cirúrgicas ou quaisquer procedimentos que causassem danos biológicos ao paciente. A coleta foi completamente indolor e os participantes não foram expostos a nenhum tipo de situação constrangedora. As amostras foram processadas, isoladas e analisadas no Laboratório de Micologia da Universidade CEUMA do Núcleo de Doenças Endêmicas e Parasitárias, seguindo as Normas de Biossegurança para manipulação de micro-organismos. 35 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO 5.1 Frequência e distribuição das amostras Dos 42 (quarenta e dois) pacientes com AIDS, em 6 (seis) foram identificados mais de uma espécie de Candida, o que resultou em 49 (quarenta e nove) amostras para o grupo teste. Para o grupo controle, foram positivos para leveduras do gênero Candida vinte e cinco indivíduos – 14 mulheres e 11 homens –, equivalente a 23% dos voluntários. Em um mesmo indivíduo foram identificadas duas espécies, totalizando assim, 26 amostras de Candida spp para o grupo controle (Tabela 1). Tabela 1 - Frequência e distribuição das amostras de Candida isoladas da mucosa oral de pacientes com AIDS (grupo teste) e de indivíduos imunocompetentes (grupo controle). Grupo teste Grupo controle C. albicans Espécies 29 (59,2%) 8 (30,8%) C. tropicalis 6 (12,2%) 1 (3,9%) C. krusei 6 (12,2%) - C. glabrata 4 (8,2%) - C. famata 2 (4,1%) - C. parapsilosis 1 (2,0%) 14 (53,8%) - 2 (7,6%) C. guilliermondii 1 (2,0%) - C. incons/norveg - 1 (3,9%) 49 26 C. sake TOTAL Um total de nove espécies distintas de leveduras do gênero Candida foram identificadas. O grupo teste apresentou sete espécies, prevalecendo C. albicans (59,2%), seguida de C. tropicalis (12,2%) e C. krusei (12,2%); e o grupo controle apresentou cinco espécies, prevalecendo C. parapsilosis (53,8%), seguida de C. albicans (30,8%). 36 Figura 1 - Diferentes espécies de Candida isoladas em meio cromogênico CHROMagar com a identificação prévia realizada pelo método automatizado VITEK YBC. C. tropicalis C. guillermondii C. krusei C. glabrata C. albicans CHROMAGAR C. parapsilosis C. famata C. glabrata FONTE: O autor. Para Candido, Azevedo e Komesu (2000) em estudo com espécies de Candida provenientes da mucosa oral de pacientes com lesões bucais características de candidíase e indivíduos com a boca clinicamente normal, os autores encontraram maior prevalência de C. albicans em ambos os grupos. Diferindo desses e de outros autores, onde C. albicans é encontrada em maiores proporções também em grupos de indivíduos saudáveis (RAMAGE et al., 2002; BASU et al., 2003; NETO, 2004; GASPARETTO et al., 2005), no presente estudo C. parapsilosis foi a espécie mais prevalente no grupo controle. Porém, este resultado foi corroborado por Bonassoli, Bertoli e Svidzinski (2005), que também encontraram maior prevalência de C. parapsilosis (51,0%) em uma pesquisa de amostras de Candida coletadas das mãos de profissionais que trabalham em um determinado hospital do Paraná e de indivíduos da comunidade. A proporção de C. parapsilosis foi ainda maior quando se considerou só os indivíduos da comunidade (58,3%). Enquanto neste estudo foram isoladas seis amostras de C. tropicalis no grupo de pacientes com AIDS (12,2%), só se isolou uma única amostra dessa espécie no grupo de indivíduos saudáveis (3,9%). Para Barbedo e Sgarbi (2010), a detecção desta espécie está normalmente associada à infecção, diferente de C. albicans que está associada à microbiota 37 normal. Todavia em diversos trabalhos (CANDIDO; AZEVEDO; KOMESU, 2000; BASU et al., 2003; NETO, 2004), C. tropicalis foi a segunda espécie mais isolada de pacientes saudáveis, perdendo somente para C. albicans, resultado esse observado neste estudo para o grupo teste e não para o grupo controle, como encontrado por estes autores. C. glabrata não foi encontrada no grupo de indivíduos sadios. A literatura relata maior prevalência dessa espécie em pacientes com complicações de transplante de medula óssea, pacientes com câncer e com o vírus HIV, além de pacientes idosos (COLOMBO; GUIMARÃES, 2003), grupos esses que não foram objeto desse estudo para o grupo controle. Entretanto, para Kaur et al. (2005), C. glabrata é uma espécie comensal, podendo ser isolada em indivíduos saudáveis. A ausência de C. glabrata em amostras bucais de indivíduos saudáveis também foi observada por Basu et al. (2003), Neto (2004) e Costa (2006). Infecções por C. sake são raramente publicadas na literatura. Alguns episódios já relatados são casos de peritonite (GUCLU et al., 2009), endocardite (AGGARWAL et al., 2008), candidemias (JUNEJA et al., 2011; PARMELAND et al., 2012) e colonização na mucosa oral em pacientes infectados com o vírus HIV (HOEGL et al., 1998). Outras espécies NCAC, tais como C. rugosa, C. kefyr, C. stellatoidea, C. norvegensis e C. famata são mais raras ainda, com menos de 1% dos casos de fungemias em homens (KRCMERY; BARNES, 2002). O aumento da frequência de espécies NCAC isoladas de diversos sítios do corpo e de dispositivos hospitalares é um fato que deve ser ressaltado, tendo em vista que muitos estudos tendem a centrar a preocupação exclusivamente em C. albicans e menos importância tem sido dada a outras espécies. Segundo El-Azizi et al. (2004), na candidíase bucal, por exemplo, é cada vez mais frequente o isolamento de C. tropicalis, C. krusei e C. guilliermondii. No Brasil, C. albicans continua sendo o principal agente de candidemia, mas cresce os casos por C. parapsilosis e C. tropicalis (PASQUALOTTO, 2004). 38 5.2 Atividade proteolítica em placa Nos testes de produção de proteinase, das 75 amostras de Candida testadas, 57 (76,0%) foram positivas para a enzima proteinase. Destas, 35 (71,42%) eram provenientes de pacientes com AIDS e 22 (84,61%) de pacientes imunocompetentes, diferença estatisticamente não relevante (p=0,1072; U=525,50). Do grupo teste, todas as amostras de C. albicans e C. tropicalis apresentaram positividade para proteinase, entretanto foram as únicas produtoras. No grupo controle, também, todas as amostras de C. albicans foram positivas, enquanto a única cepa de C. tropicalis, não; outras que também apresentaram atividade proteolítica desse grupo foram as duas amostras de C. sake e doze das quatorze (12/14) amostras de C. parapsilosis (85,71%). As demais espécies não apresentaram a enzima proteinase, conforme dados apresentados na Tabela 2. Analisando estatisticamente, C. albicans teve sobremaneira maior atividade proteolítica quando comparado às espécies NCAC, em ambos os grupos (p<0,001) (Figura 2). Tabela 2 - Produção de proteinase por diferentes espécies de Candida de pacientes com AIDS (grupo teste) e de indivíduos imunocompetentes (grupo controle). Grupo teste Espécies C. albicans C. tropicalis C. krusei C. glabrata C. famata C. parapsilosis C. guilliermondii C. sake C. incons/norvegen TOTAL (%) Grupo controle Positivas Negativas Positivas Negativas 29 6 0 0 0 0 0 - 0 0 6 4 2 1 1 - 8 0 12 2 0 0 1 2 0 1 35 (71,43%) 14 (28,57%) 22 (84,62%) 4 (15,38%) 39 Figura 2 - Produção de proteinases ácidas por amostras de C. tropicalis e C. albicans isoladas da mucosa oral de pacientes com AIDS – grupo teste. FONTE: O autor Quanto à classificação da intensidade da atividade proteolítica, as amostras de C. albicans do grupo teste apresentaram produção de proteinase dos tipos forte +++ (48,3%), muito forte ++++ (31,0%) e média ++ (20,7%). C. albicans do grupo controle tiveram produção dessa enzima parecida às do grupo teste, na ordem: forte +++ (50%), média ++ (37,5%) e muito forte ++++ (12,5%). Não houve amostra de C. albicans em nenhum dos dois grupos apresentado produção de proteinase do tipo fraca. Já para C. tropicalis, a maioria das amostras do grupo teste teve produção do tipo média ++ (50,0%); no grupo controle, a única cepa dessa espécie não produziu essa enzima. Quanto a C. parapsilosis, a única amostra do grupo teste não foi produtora de proteinase; enquanto no grupo controle, 75% apresentaram proteinase do tipo forte (+++) e os 25% restantes, proteinase do tipo muito forte (++++). As duas amostras de C. sake do grupo controle apresentaram proteinase forte +++ (Figura 3). A produção de proteinase é considerada um importante fator de virulência porque aumenta a capacidade do micro-organismo em colonizar e penetrar o tecido do hospedeiro, além de enganar o sistema imune, quebrando um número significativo de importantes proteínas da imunidade, como imunoglobulinas, proteínas do sistema complemento e citocinas (HUBE, 1996). Assim, a virulência de espécies de Candida diminui quando inibidores de proteinase são usados no tratamento de candidíase, como já observado em C. albicans, sugerindo que o uso do inibidor pode atuar como fungicida, diminuindo a presença de candidíase oral em pacientes com AIDS (SCHALLER et al., 1999). 40 Figura 3 - Intensidade da produção de proteinase entre as amostras positivas dos grupos teste e controle. Intensidade da proteinase número de amostras 14 12 10 8 C. albicans 6 C. tropicalis 4 C. parapsilosis 2 C. sake 0 + ++ +++ ++++ Grupo teste + ++ +++ ++++ Grupo controle LEGENDA: +, fraca; ++ média; +++ forte; ++++ muito forte. FONTE: O autor Corroborando este trabalho, Rörig, Colacite e Abegg (2009) também encontraram 100% de positividade para produção de proteinase pelos isolados de C. albicans provenientes de amostras clínicas. Já para Basu et al. (2003), foram positivos somente 66,6% dos isolados clínicos dessa espécie – oriundos de diversos sítios como trato respiratório, sangue, urina, dispositivos hospitalares e outros – e 13,3% das amostras do grupo de indivíduos sadios. Costa (2009) também encontrou alta atividade proteolítica em seus isolados clínicos. As amostras de C. albicans foram as maiores produtoras (88,1%) comparadas às espécies NCAC (69,8%), porém essa diferença não foi importante estatisticamente. Também foi observado no presente estudo maior atividade proteolítica em C. albicans, comparado às espécies NCAC, em ambos os grupos, entretanto os resultados foram considerados altamente significantes (p<0,001). Costa (2009) ainda relata a alta produção de proteinase por C. parapsilosis e C. guillermondii (81,8% e 85,7%, respectivamente). Batista (2009) encontrou 91% de positividade para produção de proteinase por amostras de C. parapsilosis provenientes de catéter e do sangue de neonatos, o que corrobora em parte os resultados encontrados neste trabalho, onde se obteve 85,71% de positividade para esta espécie, porém nas amostras do grupo controle. Já Bonassoli, Bertoli e Svidzinski (2005) encontraram 100% de positividade para produção de proteinase em amostras de C. parapsilosis coletadas das mãos de indivíduos saudáveis. 41 Matsumoto et al. (2002) verificaram que 96,4% das amostras de C. parapsilosis isoladas de sangue e catéter produziram proteinase fortemente positivas. Neste trabalho foi verificado que 75% (9/12) das amostras dessa espécie apresentaram-se como forte e 25% (3/12) como muito forte. Dados esses para o grupo controle, uma vez que a única amostra dessa espécie do grupo teste foi negativa para esta enzima. Em relação a C. glabrata, os resultados aqui encontrados concordam com alguns trabalhos já publicados, em que nenhuma amostra dessa espécie mostrou atividade proteolítica (YAMAMOTO et al., 1992; CANDIDO; AZEVEDO; KOMESU, 2000; OZCAN et al., 2006). Esses resultados são corroborados por Kaur et al. (2005), quando compara a virulência de C. albicans com C. glabrata e afirma que a diferença da primeira para a segunda, além da formação de hifas, é a produção de proteinases por C. albicans. Interessante é que até o momento na literatura, há somente dois trabalhos publicados que relataram a produção de proteinase por esta espécie: o primeiro é o de Chakrabarti et al. (1991) e o segundo é o trabalho de Deça Júnior et al. (2011). Santos e Soares (2005) demonstraram que a espécie C. guillermondii, isolada de um indivíduo soropositivo para o HIV, era capaz de secretar uma serina protease que hidrolisava proteínas presentes no soro humano e componentes da matriz extracelular. Neste estudo a única amostra de C. guillermondii, de paciente com AIDS, não produziu proteinase. Silva (1999) fez um trabalho semelhante ao aqui desenvolvido, com leveduras isoladas de pacientes com AIDS e de indivíduos imunocompetentes, e observou que, independente do grupo, todas as amostras apresentaram forte atividade proteolítica, sem diferenças estatísticas entre os grupos. O mesmo foi observado neste trabalho, em que a frequência de positividade para esta enzima no grupo teste foi de 71,43% e no grupo controle de 84,62%, porém sem diferença estatística. Interessante ressaltar é que apesar dos diversos estudos tentando relacionar a atividade proteolítica com invasão e danos ao tecido do hospedeiro, Naglik et al. (2008) e Lerman e Morschhauser (2008) relataram em seus trabalhos que não ter encontrado relação entre a expressão do gene SAP com esses danos, o que talvez possa explicar o fato de linhagens de Candida de pacientes sem quaisquer imunodepressão apresentar atividade proteolítica na mesma proporção que cepas de pacientes com HIV/AIDS, por exemplo, como mostrado neste estudo. 42 5.3 Teste de fosfolipase em placa Para a produção de fosfolipase, das 75 amostras de Candida testadas, 39 (52,0%) foram positivas, sendo 27 (55,1%) provenientes de pacientes com AIDS e 12 (46,2%) de pacientes imunocompetentes. Tal diferença não foi relevante estatisticamente (p=0,257; U=726,50). Do grupo teste, somente C. albicans apresentou esta enzima (93,1%). Do grupo controle, todas as espécies foram produtoras: C. albicans com 60,0% e C. parapsilosis com 55,5%; C. tropicalis, C. sake e C. incons/norvegen, de menores amostras, apresentaram 100% de positividade (Tabela 3). A maior atividade de fosfolipase no grupo teste por C. albicans e no grupo controle por espécies NCAC foi altamente significante (p<0,001). Tabela 3 - Produção de fosfolipase por diferentes espécies de Candida de pacientes com AIDS (grupo teste) e de indivíduos imunocompetentes (grupo controle). Grupo teste Grupo controle Espécies Positivas Negativas Positivas Negativas C. albicans C. tropicalis C. krusei C. glabrata C. famata C. parapsilosis C. guilliermondii C. sake C. incons/norvegen 27 0 0 0 0 0 0 - 2 6 6 4 2 1 1 - 3 1 5 2 1 5 0 9 0 0 TOTAL (%) 27 (55,1%) 22 (44,9%) 12 (46,2%) 14 (53,8%) Quanto à intensidade da fosfolipase, todas as amostras positivas de C. albicans (27), do grupo teste, tiveram produção do tipo muito forte ++++. Já no grupo controle, todas as amostras de C. albicans (03) positivas apresentaram intensidade do tipo forte +++, assim como C. tropicalis (01) e algumas amostras de C. parapsilosis (02/05); somente C. parapsilosis (02/05) e C. sake (02/02) mostraram atividade muito forte ++++ no grupo controle (Figura 4). 43 Figura 4 - Intensidade da produção de fosfolipase entre as amostras positivas dos grupos teste e controle. Intensidade da Fosfolipase Número de amostras 30 25 20 C. albicans 15 C. tropicalis C. parapsilosis 10 C. sake 5 C. incons/norvegen 0 + ++ +++ ++++ Grupo teste + ++ +++ ++++ Grupo controle LEGENDA: +, fraca; ++ média; +++ forte; ++++ muito forte. FONTE: O autor A fosfolipase está relacionada à maior capacidade de invadir o tecido. Algumas funções desta enzima durante a infecção têm sido postuladas, dentre elas: penetração à célula do hospedeiro, adesão às células epiteliais e invasão do epitélio oral humano (SCHALLER et al., 2005). Foi verificado neste estudo, maior atividade de fosfolipase em amostras de C. albicans (Figura 5) isoladas da cavidade bucal de pacientes com AIDS do que em isolados de indivíduos saudáveis. O mesmo foi observado por Silva (1999), quando comparou esta enzima entre esses dois grupos de estudo. Num trabalho sobre a produção de exoenzimas por amostras de Candida provenientes da mucosa oral de pacientes com e sem lesões bucais característicos de candidíase, os autores encontraram em ambos os grupos, produção de fosfolipase somente por C. albicans, o que corrobora os resultados aqui encontrados para o grupo teste (CANDIDO; AZEVEDO; KOMESU, 2000). No trabalho de Basu et al. (2003), 48,7% (19/39) dos isolados de C. albicans, de amostras clínicas, apresentaram atividade de fosfolipase, enquanto somente 6,7% (2/30) das amostras dessa espécie, provenientes de indivíduos saudáveis, foram positivas. Os resultados 44 encontrados no presente estudo mostraram 93,1% de positividade para as amostras clínicas de C. albicans e somente 37,5% para esta espécie no grupo controle. Figura 5 - Produção de fosfolipase por amostras de Candida provenientes da mucosa oral de pacientes com AIDS. C. albicans C. albicans C. guilliermondii C. glabrata Mohan e Ballal (2008) verificaram positividade para produção de fosfolipase em 48,64% (18/37) das espécies de C. albicans, de amostras clínicas do sangue, e 42,85% (33/77) por espécies NCAC. Costa (2009) também encontrou maior produção de fosfolipase em cepas de C. albicans (55,9%) comparado às espécies NCAC (37,7%) de amostras provenientes da mucosa oral de pacientes com o vírus HIV, porém sem diferença estatística (p>0,05). Já para o presente estudo, a maior prevalência de C. albicans no grupo teste (100%) e espécies NCAC no grupo controle (75%), foi considerado altamente significante (p<0,001). Diversos estudos têm relatado a capacidade de espécies NCAC para produzir fosfolipase extracelular (FURLANETO-MAIA et al., 2007; CAFARCHIA et al., 2008; GALAN-LADERO et al., 2010) ou uma quantidade relativamente menor quando comparado com C. albicans (GHANNOUM, 2000). C. tropicalis é conhecida por ter reduzida capacidade de produção dessa enzima, embora vários autores relatem que a produção de fosfolipase extracelular é fortemente dependente da linhagem. Já para a produção de fosfolipase por C. glabrata, só foi encontrado na literatura o trabalho de Deça Júnior et al. (2011), que verificou 70,0% de positividade para amostras provenientes da urina e secreção traqueal. 45 5.4 Testes de gelatinase Nos testes de gelatinase, das 75 amostras de Candida testadas, 52 (69,3%) foram positivas, sendo 33 (67,3%) provenientes de pacientes com AIDS e 19 (73,1%) de pacientes imunocompetentes. Tal diferença não foi relevante estatisticamente (p=0,571; U=549,00). Com exceção de C. guilliermondii e C. incons/norvegen, com apenas uma amostra, todas as outras espécies de Candida, de ambos os grupos, mostraram ter capacidade de liquefazer a gelatina. Comparando a produção de gelatinase entre as amostras de C. albicans e espécies NCAC, não foi encontrada diferença estatística em nenhum dos grupos (p>0,05), conforme Tabela 4. Tabela 4 - Produção de gelatinase por diferentes espécies de Candida de pacientes com AIDS (grupo teste) e de indivíduos imunocompetentes (grupo controle). Grupo teste Espécies Grupo controle Positivas Negativas Positivas Negativas C. albicans C. tropicalis C. krusei C. glabrata C. famata C. parapsilosis C. guilliermondii C. sake C. incons/norvegen 22 3 2 4 1 1 0 - 7 3 4 0 1 0 1 - 7 0 11 1 0 1 1 3 1 1 TOTAL (%) 33 (67,3%) 16 (32,7%) 19 (73,1 %) 7 (26,9%) Na literatura não foram encontradas referências sobre a atividade da gelatinase em amostras de Candida. Os poucos estudos sobre fungos encontrados são relativos a fungos filamentosos. Dentre eles, tem-se o de Souza et al. (2008), em que estudaram exoenzimas de agentes de cromoblastomicose e todas as amostras apresentaram a enzima gelatinase. Além do trabalho de Fischer e Cook (2001), que não encontraram diferenças significativas entre as amostras positivas para gelatinase de isolados patogênicos e não patogênicos de Cladosporium carrionii e Exophiala jeanselmei, semelhante aos resultados aqui apresentados, em que não foi encontrada diferença entre amostras de indivíduos com ou sem o vírus HIV/AIDS. 46 Através de estudos realizados em diferentes espécies de bactérias, sabe-se que a gelatinase age degradando a gelatina e proteínas da parede celular de bactérias (CAMARGO, 2005), além do colágeno, caseína, hemoglobina e outros compostos bioativos (VERGIS et al., 2002), o que confirma ser essa exoenzima um fator de virulência. Entretanto, como já foi comentado anteriormente, já foi verificado em testes com bactérias que a liquefação da gelatina também já ocorreu em linhagens que não continham o gene da gelatinase. Em contrapartida, em algumas amostras que continham esse gene a liquefação não aconteceu. (CAMARGO, 2005). Ainda há muito a esclarecer sobre a enzima gelatinase, especialmente em leveduras do gênero Candida. O que foi observado neste trabalho é que, com exceção de duas espécies que só continham uma amostra cada - C. guilliermondii e C. incons/norvegen -, todas as outras espécies de Candida aqui estudadas foram capazes de degradar a gelatina. Um fato curioso foi que C. glabrata, considerada uma espécie que causa alta mortalidade em pacientes debilitados (COLOMBO; GUIMARÃES, 2003), foi 100% negativa para a produção de proteinase e fosfolipase, porém 100% positiva para a produção de gelatinase (Figura 6). Figura 6 – Teste para produção de gelatinase em amostras proveniente da mucosa oral de pacientes com AIDS. A B LEGENDA: A: a colônia liquefez a gelatina (gelatinase positiva); B: a colônia não liquefez a gelatina (gelatinase negativa). FONTE: O autor 47 5.5 Atividade hemolítica em meio sólido Todas as espécies deste estudo, de ambos os grupos, apresentaram atividade hemolítica em meio sólido: o grupo teste com 89,8% e o grupo controle com 76,9%. Pela análise estatística, essa diferença não foi significante entre os grupos (p=0,1190; U=531). Somente C. albicans e C. glabrata, do grupo teste, e C. albicans, C. parapsilosis e C. sake, do grupo controle, tiveram linhagens que não apresentaram o fator hemolítico (Tabela 5). Tabela 5 - Produção de hemólise em meio sólido por diferentes espécies de Candida de pacientes com AIDS (grupo teste) e de indivíduos imunocompetentes (grupo controle). Grupo teste Espécies Grupo controle Positivas Negativas Positivas Negativas C. albicans C. tropicalis C. krusei C. glabrata C. famata C. parapsilosis C. guilliermondii C. sake C. incons/norvegen 25 6 6 3 2 1 1 - 4 0 0 1 0 0 0 - 7 1 10 1 1 1 0 4 1 0 TOTAL (%) 44 (89,8%) 5 (10,2%) 20 (76,9%) 6 (23,1%) A espécie que produziu os maiores índices hemolíticos foi C. tropicalis, com 67% e 100% das amostras fortemente positivas (grupo teste e controle, respectivamente). Todas as outras espécies foram em sua maioria classificadas como positivas. O grupo teste foi quem mais teve cepas produtoras de hemólise fortemente positivas (40,9%), comparado a 20% das amostras do grupo controle. Analisando os grupos C. albicans e NCAC para produção do fator hemolítico, não foi encontrada diferença significativa em nenhum dos grupos (p>0,05) (Figura 7). Um estudo realizado por França et al. (2010) com 28 amostras clínicas de C. tropicalis, 100% apresentaram atividade hemolítica, resultado semelhante ao encontrado nesse trabalho. O mesmo foi encontrado por Deça Júnior (2010) em suas amostras clínicas de C. tropicalis, além de 100% de positividade também para C. glabrata, seguida de C. albicans (93,5%) e C. parapsilosis (28,6%). 48 Nos trabalhos de Rörig, Colacite e Abegg (2009), somente as amostras clínicas de C. parapsilosis e C. albicans apresentaram atividade hemolítica. Entretanto os autores usaram sangue humano. Figura 7 - Classificação das amostras positivas para atividade hemolítica em meio sólido. Classificação das amostras hemolíticas em meio sólido Grupo teste 40,9% Grupo controle 59,1% 20,0% 80,0% porcentagem FONTE: O autor A produção de hemolisinas está relacionada com a maior virulência das linhagens, segundo alguns autores, em estudo realizado com bactérias (COOKSON et al., 2007; HUNT et al., 2008). Isso talvez justifique o fato de que, embora todas as cepas deste estudo, de ambos os grupos, tenham demonstrado capacidade hemolítica (Figura 8), as cepas do grupo teste foram significativamente mais hemolíticas (p<0,001), tendo mais amostras classificadas como fortemente positivas (40,9%) em relação às cepas do grupo controle (20%). Ainda, a hemolisina facilita a invasão de hifas na mucosa do paciente numa candidíase disseminada e tem capacidade de lisar hemáceas em busca de ferro para favorecer seu crescimento e disseminação, vindo a causar anemia e déficit de transporte de oxigênio nos pacientes. Essas consequências tornam os resultados aqui apresentados relevantes, uma vez que as amostras clínicas foram provenientes de pacientes internados, imunodebilitados e com AIDS, portanto, susceptíveis a essas manifestações. 49 Figura 8 - Formação de halos de hemólise em placa por espécies de Candida de amostras bucais provenientes de pacientes com AIDS. C. tropicalis C. tropicalis C. tropicalis ATCC C. albicans FONTE: O autor 50 5.6 Atividade hemolítica com sobrenadante Das 75 amostras testadas, somente 13 (17,3%) apresentaram atividade hemolítica no sobrenadante de cultura em pelo menos um dos quatro meios testados: 10 amostras (20,4%) do grupo teste e 3 (11,5%) do grupo controle. Do grupo teste, somente C. albicans (8/29) e C. glabrata (2/6) hemolisaram em um dos meios com íons e/ou quelantes, acrescidos de BHI; do grupo controle somente C. parapsilosis (3/14) apresentou esta atividade. Não houve diferença estatística entre os dois grupos em nenhum dos meios testados (p>0,05) (Tabela 6). Tabela 6 - Produção de hemolisinas no sobrenadante da cultura por diferentes espécies de Candida de pacientes com AIDS (Grupo teste) e indivíduos imunocompetentes (Grupo controle). Espécie Cálcio EDTA FERRO EDDA CÁLCIO + EDTA CÁLCIO + EDDA GRUPO TESTE C. albicans (n=29) 3 C. glabrata (n=6) 1 GRUPO CONTROLE C. parapsilosis (n=14) 1 3 1 1 1 1 1 Ao contrário do teste de hemólise em placas, onde a porcentagem de cepas hemolíticas foi bastante significante, poucas amostras demonstraram essa atividade quando analisado somente o sobrenadante da cultura após 48 horas de incubação: somente 20,4% das amostras do grupo teste e 11,5% das amostras do grupo controle apresentaram positividade nos meios com íons e/ou quelantes (Figura 9). Além disso, somente três espécies mostraram essa atividade: C. albicans, C. glabrata e C. parapsilosis. O meio de BHI contendo cálcio foi o mais hemolítico, estando presente em 7 das 13 amostras positivas. Para Malcok et al. (2009), C. albicans, C. glabrata, C. tropicalis e C. kefyr são as espécies mais hemolíticas no sobrenadante de cultura, o que corrobora os resultados deste trabalho em relação às duas primeiras espécies. Interessante ressaltar que C. tropicalis foi a espécie com maiores halos hemolíticos em placa e 100% de positividade. Entretanto, para este teste não houve nenhuma amostra positiva. 51 Figura 9 - Atividade hemolítica em sobrenadante de cultura com íons e quelantes por amostras de Candida provenientes da mucosa oral de pacientes com AIDS. LEGENDA: A1, A2, A3 hemólise positiva; os botões indicam hemólise negativa. FONTE: O autor Em um estudo desenvolvido por Barateia et al. (2001) sobre a síntese de hemolisinas pela bactéria Plesiomonas shigelloides, os autores concluíram que a produção dessa enzima pode ser dependente de diversos fatores presentes no meio de cultura. Quando em presença de quelantes de ferro, a atividade hemolítica em algumas bactérias pode aumentar. Já o cálcio foi descrito como sendo essencial para estabilização e ativação de α-hemolisina, além de ligar a toxina às membranas dos eritrócitos. 52 5.7 Testes de aderência em lamínulas Os ensaios de aderência a material inerte (lamínulas) apresentaram 85,7% de positividade para as amostras do grupo teste e 100% para as amostras do grupo controle. Com exceção de C. albicans e C. glabrata, que aderiram 82,7% e 50,0%, respectivamente (grupo teste), todas as outras espécies de Candida apresentadas neste estudo aderiram 100% a material inerte (Tabela 7). Não houve diferença significante relacionado à aderência entre os dois grupos (p=0,1555; U=546,00). Tabela 7 - Resultado dos testes de adesão em material inerte por diferentes espécies de Candida de pacientes com AIDS (grupo teste) e de indivíduos imunocompetentes (grupo controle). Grupo teste Espécies Grupo controle Positivas Negativas Positivas Negativas C. albicans C. tropicalis C. krusei C. glabrata C. famata C. parapsilosis C. guilliermondii C. sake C. incons/norvegen 24 6 6 2 2 1 1 - 5 0 0 2 0 0 0 - 8 1 14 2 1 0 0 0 0 0 TOTAL (%) 42 (85,7%) 7 (14,3%) 26 (100%) 0 C. albicans apresentou intensidade de aderência fraca em 50,0% das amostras, moderada em 41,6% e forte em 8,3% das amostras do grupo teste; já no grupo controle, a aderência foi fraca em 25,0% e moderada em 75,0%, não havendo aderência forte. C. tropicalis teve 50,0% de aderência fraca, 16,6% do tipo moderada e 33,4% do tipo forte, para o grupo teste; a única amostra dessa espécie do grupo controle aderiu fracamente. Todo o restante das amostras do grupo teste que só tinha um representante da espécie também aderiram de forma fraca - C. guilliermondii, C. incons/norvegens e C. parapsilosis. As duas amostras de C. sake aderiram fracamente e as duas de C. famata, moderadamente. As amostras de C. parapsilosis do grupo controle tiveram adesão do tipo fraca (57,1%), moderada (14,3%) e forte (28,6%), conforme dados apresentados na Tabela 8. A análise estatística não mostrou diferença significativa entre a intensidade da adesão das espécies do grupo teste (p=0,0784; H=8,3876), nem do grupo controle (p=0,2640; H=1,2477). 53 Quanto ao padrão de adesão, no grupo teste não houve diferença estatística entre as espécies (p=0,5294; H=1,2722). No grupo controle, C. albicans apresentou 25,0% de aderência do tipo difuso, 62,5% do tipo localizado e 12,5% agregativo; já C. parapsilosis teve 85,7% de aderência do tipo difuso e 14,3% do tipo localizado. O fato de C. parapsilosis ter padrão mais difuso que C. albicans foi considerado significante (p=0,0169; H=8,0208). Tabela 8 - Intensidade e padrão da aderência em material inerte por diferentes espécies de Candida isoladas da mucosa oral de pacientes com AIDS (grupo teste) e de indivíduos imunocompetentes (grupo controle). ESPÉCIES Intensidade fraco moderado C. albicans (g. teste=24) 12 (50,0%) 10 (41,6%) Padrão forte difuso localizado agregativo pseudo hifal 2 (8,3%) 18 (75,0%) 5 (20,8%) 1 (4,2%) 0 (g. controle=8) 2 (25,0%) 6 (75,0%) 0 2 (25,0%) 5 (62,5%) 1 (12,5%) 0 C. tropicalis (g. teste =6) 3 (50,0%) 1 (16,6%) 2 (33,4%) 3 (50,0%) 0 3 (50,0%) 0 (g. controle=1) 1 (100%) 0 0 1 (100%) 0 0 0 C. krusei (g. teste =6) 2 (33,4%) 3 (50,0%) 1 (16,6%) 3 (50,0%) 2 (33,4%) 1 (16,6%) 0 - - - - - - - (g. controle=0) C. glabrata (g. teste =2) 2 (100%) 0 0 2 (100%) 0 0 0 (g. controle=0) - - - - - - - C. famata (g. teste =2) 0 2 (100%) 0 2 (100%) 0 0 0 (g. controle=0) - - - - - - - C. parapsilosis (g. teste =1) 1 (100%) 0 0 1 (100%) 0 0 0 (g. controle=14) 8 (57,1%) 2 (14,3%) 4 (28,6%) 12 (85,7%) 2 (14,3%) 0 0 - - - - - - - (g. controle=2) 2 (100%) 0 0 2 (100%) 0 0 0 C. guillermondii (g. teste =1) C. sake (g. teste =0) 1 (100%) 0 0 1 (100%) 0 0 0 (g. controle =0) - - - - - - - C. incons/norveg (g. teste =0) - - - - - - - 0 5 (11,9%) 1 (3,9%) 0 0 0 (g. controle=1) 1 (100%) 0 0 TOTAL teste 21 (50,0%) 16 (38,1%) 5 (11,9%) controle 14 (53,8%) 8 (30,8%) 4 (15,4%) 1 (100%) 0 30 (71,4%) 7 (16,7%) 18 (69,2%) 7 (26,9%) No geral, não houve diferença significante entre a intensidade (p=0,1807; U=555,00), nem ao padrão de adesão (p=0,1609; U=548,00) a material inerte por amostras de Candida isoladas de pacientes com AIDS e de indivíduos imunocompetentes. As Figuras 10 e 11 ilustram a similaridade de aderência entre os grupos. Espécies como C. parapsilosis e C. albicans têm sido constantemente descobertas como causadoras de candidemia, acreditando-se que esta elevada frequência, principalmente quando se refere a C. parapsilosis pode ser explicada pela alta capacidade desta espécie em aderir a superfícies plásticas tais como o catéter (DAGDEVIREN; CERIKCIOGLU; KARAVUS, 2005). 54 Importante observar é a totalidade (100%) das amostras provenientes de indivíduos do grupo controle serem aderentes a material inerte. Segundo Calderone e Gow (2002), mesmo como comensais, Candida spp têm de aderir a superfícies de mucosas, pois não sendo capaz, será removida do corpo. Figura 10 - Relação entre grau/intensidade e padrão de aderência entre amostras de Candida isoladas de pacientes dos grupos teste e controle. Grupo teste Grupo controle Grupo teste Grupo controle 55 Figura 11 - Aderência a material inerte de células de Candida spp de pacientes com AIDS. Aumento de 1000x ao microscópio óptico. Grupo controle Grupo teste DIFUSO DIFUSO C. albicans C. parapsilosis LOCALIZADO LOCALIZADO C. albicans C. albicans AGREGATIVO C. tropicalis C. albicans AGREGATIVO 56 5.8 Testes de aderência em células HEp-2 Para os testes de aderência às células HEp-2 foram analisadas 73 amostras, sendo 48 do grupo teste e 24 do grupo controle. Aderiram às células, 41 amostras (85,4%) do grupo teste e 20 (83,3%), do grupo controle (Tabela 9). Não houve diferença estatística significante comparando-se a frequência de aderência entre os dois grupos (p=0,3964; U=554,00). Tabela 9 - Porcentagem de aderência em células HEp-2 por diferentes espécies de Candida da mucosa oral de pacientes com AIDS (grupo teste) e indivíduos imunocompetentes (grupo controle). Grupo teste Grupo controle Espécies Positivo Negativo Positivo Negativo C. albicans 28 1 8 0 C. tropicalis 5 0 1 0 C. krusei 1 5 - - C. glabrata 4 0 - - C. famata 1 1 - - C. parapsilosis 1 0 8 4 C. sake - - 2 0 C. guilliermondii 1 0 - - C. incons/norvegen - - 1 0 41 (85,4%) 7 (14,6%) 20 (83,3%) 4 (16,7%) TOTAL (%) Das amostras isoladas de pacientes com AIDS, C. albicans apresentou elevada taxa de aderência (96,5%) e somente uma amostra não aderiu às células HEp-2. Das cepas isoladas dos pacientes imunocompetentes, com exceção de C. parapsilosis, que apresentou 66,6% de aderência, todas as outras espécies aderiram 100% às células HEp-2. Comparando somente as amostras de C. albicans entre os dois grupos, não foi verificada diferença estatística (p=0,0805; U=78,00). Quando comparado C. albicans com espécies NCAC também não foi encontrada diferença estatística em nenhum dos grupos (p=0,4622, U=271,00; p=0,1792, U=49,00, grupos teste e controle, respectivamente). Quanto à intensidade da adesão, no grupo teste o tipo fraco foi o mais encontrado (51,2%), seguido do tipo moderado (34,2%). No grupo controle, os tipos fracos e moderados também foram os mais encontrados, totalizando 40% cada. A adesão do tipo forte foi mais encontrada no grupo controle (20,0%), enquanto no grupo teste foi de 14,6% (Tabela 10). 57 Quanto ao padrão de adesão, em ambos os grupos, o tipo difuso foi o mais encontrado (65,8% e 60,0%, grupos teste e controle, respectivamente), seguido do agregativo (26,9%) e localizado (7,3%) para o grupo teste e mesma porcentagem para os padrões localizado e agregativo (20,0%) no grupo controle. Em nenhum deles foi verificado o tipo pseudo hifal, embora houvesse a formação de tubo germinativo em algumas espécies (Figura 12). Isso porque, para a interação Candida e células HEp-2, foram usados no preparo Soro Fetal Bovino a 2%. E já se é sabido pela comunidade científica que este meio favorece a formação de tubo germinativo em espécies de Candida. Tabela 10 - Intensidade e padrão da aderência em células HEp-2 por diferentes espécies de Candida da mucosa oral de pacientes com AIDS (grupo teste) e indivíduos imunocompetentes (grupo controle). Intensidade ESPÉCIES Padrão moderado forte difuso 9 (32.1%) 2 (7.2%) 22 (78.6%) 1 (3.6%) 5 (17.8%) pseudo hifal 0 3 (37.5%) 5 (62.5%) 0 5 (62.5%) 0 3 (37.5%) 0 C. tropicalis (g. teste=5) 2 (40%) 2 (40%) 1 (20%) 3 (60%) 1 (20%) 1 (20%) 0 (g. controle=1) 1 (100%) 0 0 1 (100%) 0 0 0 C. krusei (g. teste=1) 1 (100%) 0 0 1 (100%) 0 0 0 (g. controle=0) - - - - - - - C. glabrata (g. teste=4) 0 2 (50%) 2 (50%) 0 0 4 (100%) 0 fraco C. albicans (g. teste=28) 17 (60.7%) (g. controle=8) (g.c ontrole=0) localizado agregativo - - - - - - - 1 (100%) 0 0 1 (100%) 0 0 0 (g.controle=0) - - - - - - - C. parapsilosis (g. teste=1) 0 1 (100%) 0 0 1 (100%) 0 0 3 (37.5%) 2 (25%) 3 (37.5%) 4 (50%) 4 (50%) 0 0 - - - - - - - 1 (50%) 1 (50%) 0 2 (100%) C. guilliermondii (g. teste=1) 0 0 1 (100%) 0 0 1 (100%) 0 ( g. controle =0) - - - - - - - C. incons/norveg (g. teste=0) - - - - - - - 27 (65,8%) 12 (60%) 3 (7,3%) 4 (20%) 1 (100%) 11 (26,9%) 4 (20%) 0 0 0 C. famata (g. teste=1) (g. controle=8) C. sake (g. teste=0) (g. controle=2) (g. controle=1) 0 0 1 (100%) TOTAL teste 21 (51,2%) 14 (34,2%) 6 (14,6%) controle 8 (40%) 8 (40%) 4 (20%) 0 A espécie C. glabrata que teve 100% de aderência nas células HEp-2, não apresentou intensidade de adesão do tipo fraco – foram 50% do tipo moderado e 50% do tipo forte - e nem padrões do tipo difuso e localizado – foi 100% do tipo agregativo. C. krusei, a espécie que menos aderiu, sua única amostra positiva apresentou intensidade fraca e padrão 58 difuso. A maioria das amostras de C. albicans do grupo teste teve intensidade fraca (60,7%) e padrão difuso (78,6%), enquanto a maioria das amostras do grupo controle mostrou intensidade moderada (62,5%) e padrão difuso (62,5%), porém nenhuma de intensidade forte. C. parapsilosis, com somente uma cepa representante no grupo teste, apresentou intensidade moderada e padrão localizado; já as do grupo controle, houve equilíbrio entre os tipos fraco (37,5%), moderado (25%) e forte (37,5%) e também quanto ao padrão de adesão, 50% do tipo difuso e 50% do tipo localizado. Emira et al. (2011) testando linhagens de C. albicans, verificaram que 61% delas foram capazes de aderir às células HEp-2 e 83% às células Caco-2 (células de adenocarcionoma do cólon humano). Já nos resultados encontrados neste trabalho, C. albicans aderiu em mais de 80% nas células HEp-2 em ambos os grupos de estudo. Também semelhante aos resultados aqui apresentados, porém diferenciando quanto ao tipo de célula, alguns trabalhos já relacionaram a forte aderência de Candida spp às Células do Epitélio Bucal - CEB (MACURA; BORT, 2001; COSTA, 2009; JAIN et al., 2010). Ademais, Costa (2009) concluiu que a aderência às CEB foi significativamente maior em amostras de C. albicans quando comparado com espécies NCAC (p<0,001) e Jain et al. (2010) concluíram que C. albicans isoladas de pacientes HIV têm maior aderência às CEB do que o grupo controle de indivíduos saudáveis. Já Pereiro, Losada e Toribio (1997) tiveram uma conclusão distinta dos outros autores. Eles mostraram que a aderência de C. albicans, isoladas da mucosa oral de pacientes em estágio inicial de AIDS, foi menor quando comparado aos isolados de sujeitos sem infecção pelo HIV. Concluíram ainda que a aderência desta espécie às células aumenta com o desenvolvimento da doença. A aderência é o passo inicial para o desenvolvimento de outro fator de virulência expresso por Candida. Após aderida a células ou a biomateriais, essa levedura produz uma larga quantidade de substâncias extracelulares na presença de glicose. A partir daí, com a persistência e colonização do tecido hospedeiro, é produzido um outro fator de virulência: o biofilme (VINITHA; BALLAL, 2007). 59 Figura 12 - Aderência de Candida spp a células HEp-2. Aumento de 1000x ao microscópio óptico. Grupo controle Grupo teste DIFUSO C. albicans LOCALIZADO DIFUSO C. parapsilosis C. parapsilosis AGREGATIVO AGREGATIVO C. albicans C. parapsilosis 60 5.9 Formação de biofilme O biofilme foi formado por 69,4% das amostras do grupo teste e 69,2% das amostras do grupo controle. C. albicans (55,0% e 37,5%, grupos teste e controle, respectivamente) foi a espécie com o maior número de amostras não produtoras dessa propriedade de virulência. Ainda, de quatro cepas de C. glabrata, somente duas foram positivas (50,0%) e C. sake foi a única espécie não formadora de biofilme in vitro. Não houve diferença significativa entre a produção de biofilme comparando-se os dois grupos (p=0,4956; U=636,00). Porém, comparando C. albicans com espécies NCAC, em ambos os grupos foi encontrado diferença altamente significativa (p<0,0001) para a maior formação deste fator de virulência por espécies NCAC (Tabela 11). Tabela 11 - Formação de biofilme in vitro por diferentes espécies de Candida de pacientes com AIDS (grupo teste) e indivíduos imunocompetentes (grupo controle). Grupo teste Grupo controle Espécies Positivas Negativas Positivas Negativas 16 13 3 5 C. albicans C. tropicalis 6 0 1 0 C. krusei 6 0 - - C. glabrata 2 2 - - C. famata 2 0 - - C. parapsilosis 1 0 13 1 C. guilliermondii 1 0 - - C. sake - 0 2 C. incons/norvegens - 1 0 TOTAL (%) 34 (69,4%) 15 (30,6%) 18 (69,2%) 8 (30,8%) Quanto à intensidade da produção de biofilme, em ambos os grupos, só houve formação do tipo fraco e moderado, não havendo diferença estatística entre os grupos (p>0,05) (Figura 13). 61 Figura 13 - Intensidade da produção de biofilme por amostras dos grupos teste e controle. Produção de Biofilme 25 20 15 10 5 0 Grupo teste negativo fraco Grupo controle moderado forte muito forte A alta frequência de formação de biofilme entre leveduras isoladas da cavidade bucal também foram observados por Li et al. (2003). Esta habilidade é especialmente requerida em pacientes que recebem nutrição parenteral, nos quais a concentração de glicose é geralmente elevada. Importante salientar que o protocolo usado neste estudo para a formação de biofilme, foi conforme o descrito por Shin et al. (2002), em que se acrescenta 6% de glicose na solução final de BHI. Gasparetto et al. (2005) em estudo com leveduras do gênero Candida isoladas de pacientes com prótese e sem prótese, verificaram que em pacientes com prótese, C. albicans foi maior formadora de biofilme e em pacientes sem prótese, prevaleceu as espécies NCAC. Shin et al. (2002) observaram maior produção de biofilme por espécies NCAC, principalmente por C. tropicalis (80,0%) e C. parapsilosis (73,0%). C. glabrata teve reduzida formação de biofilme (28,0%). Para o mesmo autor, a formação de biofilme é implicada como um fator de virulência potencial principalmente para C. parapsilosis. Também foi encontrado neste trabalho maior formação de biofilme para espécies NCAC. Com exceção de C. sake que não houve linhagem positiva (0/2), C. glabrata que formou biofilme em 50% (2/4) e C. parapsilosis que teve somente uma amostra negativa, do grupo controle, (13/14), todas as outras espécies NCAC foram 100% formadoras de biofilme, dados esses bastante significativos. 62 Um estudo realizado entre os anos de 2000 a 2004 com 294 pacientes com candidemia mostrou a formação de biofilme em 80 amostras, representando 27,2% dos casos. C. tropicalis foi a espécie que mais formou biofilme (20/28 - 71,4%), seguida de C. glabrata (6/26 - 23,1%), C. albicans (38/168 - 22,6%) e C. parapsilosis (14/64 - 21,8%). Entretanto, somente as infecções por C. albicans (p<0,001) e C. parapsilosis (p=0,003) foi associada com aumento da mortalidade. (TUMBARELLO et al., 2007). Entretanto para Douglas (2002), isolados de C. parapsilosis, C. tropicalis e C. glabrata, dentre outros, possuem menor desenvolvimento de biofilme, quando comparados com C. albicans. O mesmo foi observado por Kuhn et al. (2002), que comparando os biofilmes de C. albicans e C. parapsilosis, observaram que C. albicans foi maior produtora, e que, sob microscopia óptica, C. albicans possui uma diferença na morfologia do biofilme em contraste com outras espécies, consistindo em uma camada basal de blastoconídios com uma densa matriz composta de exopolissacarídeos e hifas. Em contraste, o biofilme de C. parapsilosis possuiu menor volume e era composto exclusivamente por grupos de blastoconídios. Em se tratando de biofilme, C. albicans é relatada como um dos mais importantes agentes de infecções hospitalares e são frequentemente isolados em associação com bactérias, como Pseudomonas aeruginosa, em ITUs associadas a catéteres. A bactéria adere extensivamente às leveduras, bem como às suas hifas, formando um biofilme misto em catéteres urinários (EL-AZIZI et al., 2004; PIERCE, 2005; FALLEIROS DE PÁDUA et al., 2008). A interação entre esses dois micro-organismos in vivo pode aumentar o risco e severidade das infecções urinárias, contribuindo para a dificuldade do tratamento, prolongando a hospitalização e os custos do tratamento. A respeito dos catéteres, Shin et al. (2002) também descreveram em seus trabalhos que os catéteres venosos centrais (CVC) parecem ser um fator de risco muito comum para o desenvolvimento de candidemia em pacientes sem neutropenia ou imunodeficiência principal. Ainda reportaram que C. parapsilosis é um importante colonizador e formador de biofilme nos CVCs, sendo essa uma forma de o micro-organismo adentrar a corrente sanguínea em pacientes submetidos à nutrição parenteral. Brito et al. (2006), também confirmaram, em um relatório de 64 episódios de candidemia por C. parapsilosis em hospitais brasileiros, entre 2002 e 2003, que os fatores de risco primários eram, além do uso CVC, neutropenia e quimioterapia para o câncer. 63 5.10 Resistência ao Soro Em ambos os grupos, todas as cepas foram consideradas resistentes ou intermediárias nos três meios testados (soro normal, soro tratado com EDTA e soro inativado), com exceção de uma linhagem de C. albicans do grupo teste, que fora sensível ao soro humano (Tabela 12), diferença não relevante estatisticamente (p>0,05). Não houve diferença também para este teste entre espécie de C. albicans e espécies NCAC. Na literatura há poucos trabalhos sobre a resistência das leveduras ao soro. Santos et al. (2002) trataram soro de camundongo com sobrenadantes de culturas de proteases produzidas por C. albicans e avaliaram a capacidade deste soro no processo de fagocitose de desta levedura. Os autores concluíram que as proteases secretadas por C. albicans podem ser um fator de virulência, pois diminuem a atividade de opsonização do soro, e, por conseguinte, reduz a fagocitose pelos receptores do sistema complemente, facilitando a sobrevivência da levedura e sua colonização em tecidos e órgãos de hospedeiros, especialmente em pacientes imunocomprometidos. Vieira, Koh e Guth (2003) estudando resistência ao soro de Providencia alcalifaciens comentaram que embora haja uma forte correlação entre resistência ao soro e habilidade de uma variedade de bactérias para invadir e sobreviver na circulação sanguínea humana, foi demonstrado também a sobrevivência de bactérias aparentemente suscetíveis ao soro, no sangue de pacientes com bacteremia. Isto pode ser relacionado à ineficácia do soro de matar o agente infeccioso. Fernandes (2008) estudando os fatores de virulência de Escherichia coli de mastite bovina, também encontraram somente um isolado sensível (3,7%), além de 11 (40,7%) intermediários e 15 (55,5%) resistentes. Esses resultados sugerem que micro-organismos como bactérias e especialmente leveduras do gênero Candida já conseguem driblar a atividade de opsonização do soro, sendo altamente resistentes. No presente trabalho, das 75 amostras testadas, 98,7% foram resistentes (74/75), sendo somente uma amostra de C. albicans, do grupo teste, sensível. 64 Tabela 12 - Teste de resistência ao soro com espécies de Candida provenientes de pacientes com AIDS (grupo teste) e imunocompetentes (grupo controle). Grupo teste Soro normal Grupo controle Soro + EDTA Soro inativado Soro normal Soro + EDTA Soro inativado Espécies R S I R S I R S I R S I R S I R S I C. albicans 28 1 0 27 0 1 26 0 2 8 0 0 8 0 0 7 0 1 C. tropicalis 6 0 0 6 0 0 6 0 0 1 0 0 1 0 0 1 0 0 C. krusei 4 0 2 4 0 3 4 0 0 - - - - - - - - - C. glabrata 4 0 0 4 0 0 3 0 1 - - - - - - - - - C. famata 2 0 0 2 0 1 2 0 0 - - - - - - - - - C. parapsilosis 1 0 0 1 0 0 1 0 0 14 0 0 13 0 1 14 0 0 C. guilliermondii 1 0 0 1 0 0 1 0 0 - - - - - - - - - C. sake - - - - - - - - - 2 0 0 2 0 0 2 0 0 C. incons/norvegen - - - - - - - - - 1 0 0 1 0 0 1 0 0 46 1 2 44 5 46 3 26 0 0 1 25 (3,9%) (96,1%) TOTAL (%) (93,8%) (2,0%) (4,2%) (89,8%) 0 (10,2%) (93,8%) 0 (6,2%) (100%) 25 (96,1%) 0 0 1 (3,9%) 65 6 CONCLUSÃO C. albicans foi mais prevalente no grupo de indivíduos com AIDS e C. parapsilosis no grupo de indivíduos imunocompetentes; Somente C. albicans, C. tropicalis e C. parapsilosis foram produtoras de proteinase; Comparado às espécies NCAC, C. albicans foram as maiores produtoras de proteinase em ambos os grupos; já para fosfolipase, C. albicans foram maior produtoras no grupo teste e as espécies NCAC no grupo controle; e para o biofilme, as amostras NCAC foram maior formadoras em ambos os grupos; Para os testes de gelatinase, hemólise em placa e com sobrenadante, adesão a material inerte e a células HEp-2 e resistência ao soro não foram encontradas diferença entre C. albicans e espécies NCAC; Todas as espécies testadas têm capacidade hemolítica em placa, porém C. tropicalis destacou-se pelos maiores índices hemolíticos; Nos testes de hemólise com sobrenadante de cultura, somente C. albicans, C. glabrata e C. parapsilosis hemolisaram na presença dos íons e/ou quelantes; A grande maioria das cepas mostrou resistência ao soro humano, com somente uma cepa de C. albicans do grupo teste sendo sensível; Não foram encontradas diferenças significativas na produção de exoenzimas quando comparados o grupo teste com o grupo controle, o que sugere que a maior prevalência da manifestação clínica de candidíase oral em pacientes imunodeprimidos deve-se mais à baixa imunidade do que necessariamente à maior virulência das espécies de Candida nesses pacientes; As cepas provenientes de indivíduos sadios podem ser as mesmas que venham a colonizar a mucosa oral dessas pessoas quando numa situação de baixa imunidade, tornando-os susceptíveis à manifestações clínicas produzidas pelas exoenzimas dessas leveduras. 66 REFERÊNCIAS 1. 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Os resultados obtidos serão importantes porque pode detectar diferenças na produção destes fatores entre indivíduos sem doença e os com doença, buscando-se assim novas opções de diagnóstico e de terapia para essas doenças causadas por fungos que afetam significativamente os indivíduos imunossuprimidos. Com sua participação vamos coletar da sua cavidade bucal amostras de fungos (Candida) para serem utilizadas nos testes. A coleta será feita com materiais descartáveis e estéreis, não durará mais de alguns poucos segundos e é completamente indolor. Utilizaremos um cotonete de cabo longo estéril e descartável (swab) para passar pela mucosa e colher amostras. O resultado da coleta será fornecido a você e será colocado em sua ficha dentária para conhecimento seu. O seu nome não será revelado para qualquer outro participante da pesquisa bem como seus dados e também não será escrito ou publicado em nenhum veículo de comunicação. Lembre-se que você é saudável e que suas amostras irão ser utilizadas na pesquisa como controle. A pesquisa não lhe trará qualquer dano ou prejuízo e os benefícios obtidos serão muito importantes para o diagnóstico, prevenção e terapia de infecções por fungos em pacientes que têm o sistema de defesa deficiente e que têm facilidade em adquirir estas infecções. Durante a pesquisa você pode fazer qualquer pergunta à doutora dentista que irá atendê-lo e coletar a sua amostra e também à doutora responsável pela pesquisa. Você pode tirar quaisquer dúvidas, fazer queixas, reclamações com qualquer um dos pesquisadores envolvidos. Após todas estas informações, se você quiser colaborar e participar da pesquisa precisa assinar esta folha concordando em ter entendido tudo o que foi explicado a você e que aceita, de livre e espontânea vontade, de participar. Você também está ciente que pode sair ou desistir de colaborar a qualquer momento sem prejuízo algum do seu atendimento regular pelo dentista. Paciente: ____________________________ Data do aceite: ___/___/___ Nomes dos pesquisadores Dra. Cristina de Andrade Monteiro Orientadora Laboratório de Micologia do UNICEUMA Fones: (98) 3214 4381; (98) 3214 4124 Patrícia Valéria Gomes Castelo Branco Aluna do Mestrado em Biologia Parasitária e-mail: [email protected] Dra. Conceição Pedrozo Colaboradora Dra. Patrícia Figueiredo Coorientadora Comitê de Ética em Pesquisa do UNICEUMA - Fone: (98) 3214 4277. End. Rua Josué Montello, Número 01, Renascenca II, Sao Luis – Ma, Cep: 65075-120. 81 APÊNDICE B – PROTOCOLOS DE SUBMISSÃO DO ARTIGO “Prevalência e produção de exoenzimas por espécies de Candida provenientes da mucosa oral de pacientes com AIDS e de indivíduos imunocompetentes” 82 APÊNDICE C – Normas para Publicação da Revista de Patologia Tropical. NORMAS PARA PUBLICAÇÃO Escopo e política A Revista de Patologia Tropical se propõe a difundir o conhecimento no campo das doenças transmissíveis, incluindo seus agentes e vetores nos seres vivos e suas consequências na saúde pública. Para isso, aceita artigos originais, comunicações (notas), relato de casos, atualizações e resenhas, tanto na área humana como animal ou vegetal, sobre temas de interesse da Patologia Tropical e Saúde Pública em português, espanhol e inglês. Os manuscritos são submetidos aos consultores e somente são publicados quando recebem parecer favorável. As opiniões emitidas são de inteira responsabilidade do autor, não refletindo a opinião do Conselho Editorial. Os autores devem revelar quaisquer conflitos de interesse de ordem financeira, pessoal ou de relações com pessoas ou organizações que, teoricamente, possam influenciar no teor do manuscrito. O encaminhamento do manuscrito deverá ser acompanhado de carta assinada por todos os autores, na qual conste seus nomes completos e endereços eletrônicos, a reafirmação de que o material não foi publicado nem está sendo submetido a outro periódico, além da concordância em transferir direitos de reprodução em todas as mídias e formatos para a Revista de Patologia Tropical. Juntamente com o manuscrito, devem ser apresentados nomes e endereços de correio electrônico de três revisores em potencial. Os editores reservam-se o direito de decidir se os revisores sugeridos serão consultados. As pesquisas que envolvam seres humanos ou animais requerem uma prévia aprovação do Comitê de Ética correspondente. Visando à globalização deste periódico, será dada preferência para artigos originais no idioma inglês. Preparação do manuscrito Os manuscritos deverão ser enviados para a Revista de Patologia Tropical pelo site: http://www.revistas.ufg.br/index.php/iptsp ou pelo e-mail: [email protected]. Na preparação do manuscrito, deve ser usado o software Microsoft Word, versão 2003 ou mais recente, fonte Times New Roman tamanho 12, com espaço duplo em todo o texto e margens com pelos menos 3cm. O limite de palavras é de 6.000 com até seis inserções (figuras e tabelas). O manuscrito deve conter título, resumo e descritores no idioma do texto e no idioma inglês, quando este não for o idioma do texto. Os artigos originais devem apresentar a seguinte estrutura: a) título; b) autor(es); c) e-mail do autor correspondente; d) filiação científica (Departamento, Instituto, Faculdade, Universidade, País); e) órgão financiador (se houver); f) resumo (com, no máximo, 250 palavras); g) descritores (três a cinco); h) título em inglês, abstract e key words; i) introdução e objetivos; j) material e métodos; k) resultados; l) discussão e conclusões; m) agradecimentos; n) referências; o) figuras e tabelas com respectivas legendas. As citações devem ser numeradas de acordo com a lista de referências. Se o nome do autor fizer parte da frase, a formatação é a seguinte: a) com um autor: Dubey (2003), b) com dois autores: Borges & Mendes (2002), c) com mais de dois autores: Borges et al. (2007). As referências devem ser apresentadas em ordem alfabética, numeradas em ordem crescente, com entrada pelo último sobrenome do(s) autor(es). Quando houver mais de um trabalho do mesmo autor citado, deve-se seguir a ordem cronológica das publicações. Exemplos de referências: 83 a) artigo: Wilson M, Bryan RT, Fried JA, Ware DA, Schantz PM, Pilcher JB, Tsang VCW. Clinical evaluation of the cysticercosis enzyme-linked immunoelectrotransfer blot in patients with neurocysticercosis. J Infect Dis 164: 1007-1009, 1991. b) artigo de revista na internet: Figueredo RM, Leite C. As práticas de precauções/isolamento a partir do diagnóstico de internação em unidade de moléstias infecciosas. Rev Eletr Enf 8: 358-362, 2006. Disponível em: http://www.fen.ufg.br/revista/revista8_3/v8n3a06. htm. Acesso em 01/12/2010. c) dissertação/tese: Spadeto AL. Eficácia do Benzonidazol no tratamento de crianças com infecção crônica pelo Trypanosoma cruzi após 6 anos de seguimento: Ensaio clínico aleatório, duplo-cego, placebo controlado. Goiânia [Dissertação de Mestrado em Medicina Tropical - IPTSP/UFG], 1999. d) livro: Smith PG, Morrow RH. Ensayos de Campo de Intervenciones en Salud em Países en Desarrollo: Una Caja de Herramientas. OPAS. Washington, 1998. e) capítulo de livro: Prata A R. Esquistossomose Mansoni. In: Veronesi R. Doenças Infecciosas e Parasitárias. Guanabara-Koogan. Rio de Janeiro, 1991. As referências devem estar de acordo com os requisitos para manuscritos em periódicos biomédicos (Consulte: http://www.nlm.nih.gov/citingmedicine). Para abreviar os títulos dos periódicos, siga o estilo usado no “Index Medicus” (Consulte:http://ncbi.nlm.nih.gov/sites/entrez?db=journals&TabCmd=limits). É necessário que as chamadas numéricas correspondam ao número estabelecido na lista de referências. Notas de rodapé devem ser evitadas. Outros tipos de manuscritos que não sejam artigos originais, tais como comunicações (notas), relatos de caso e atualizações, não precisam, necessariamente, seguir a estrutura descrita acima. As ilustrações devem apresentar a qualidade necessária para permitir uma boa reprodução gráfica. Imagens digitais devem ter resolução aproximada de 300 dpi, com 11 cm de largura e ser designadas como figura (Figura 1, Figura 2 ...) no texto. As tabelas devem ser executadas no mesmo programa usado na elaboração do texto. As fotografias coloridas estarão disponíveis na versão on-line da revista. Para a versão impressa, todo o material fotográfico será em preto e branco. Entretanto, se os autores optarem pela publicação de fotografias coloridas na versão impressa, as despesas decorrentes do processo de separação de cores caberão aos autores do trabalho. Aceite do artigo Os manuscritos serão aceitos após o cumprimento de todas as etapas da tramitação. Todos os manuscritos serão submetidos aos revisores de língua portuguesa, espanhola e inglesa com experiência em publicações na área. Os autores terão direito a cinco separatas de seus trabalhos. Maior número poderá ser solicitado, às expensas dos autores, por meio de contato com o editor. Endereço da Revista de Patologia Tropical: Caixa Postal 131, CEP 74001-970 Goiânia, GO, Brasil. 84 APÊNDICE D – Artigo submetido à Revista de Patologia Tropical. Prevalência e produção de exoenzimas por espécies de Candida provenientes da mucosa oral de pacientes com AIDS e de indivíduos sem evidências clínicas de imunossupressão Patrícia Valéria Gomes Castelo Branco (e-mail: [email protected] – Núcleo de Doenças Endêmicas e Parasitárias, Programa de Mestrado em Biologia Parasitária – Universidade Ceuma) Dália Cristine Vaz dos Anjos ([email protected]) Fabiana Beserra do Nascimento ([email protected]) Iven Neylla Farias Vale ([email protected]) Conceição de Maria Pedrozo e Silva de Azevedo ([email protected]) Silvio Gomes Monteiro ([email protected]) Patrícia de Maria Silva Figueiredo ([email protected]) Cristina de Andrade Monteiro ([email protected]) RESUMO Infecções por leveduras do gênero Candida têm gerado elevados índices de morbidade, longo período de permanência em hospitais, dificuldade e alto custo de tratamento e altas taxas de mortalidade. Indivíduos imunossuprimidos como os portadores da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) apresentam grande susceptibilidade a desenvolver essas infecções devido ao baixo número de linfócitos T-CD4, menor que 200 cel/mm3. C. albicans é a espécie mais estudada e está relacionada com os processos de colonização e patogenicidade na boca do homem, sendo essa característica decorrente, dentre outros fatores, da produção de exoenzimas facilitadoras da interação do fungo às células do hospedeiro. Este estudo verificou a produção das exoenzimas proteinase, fosfolipase, gelatinase e hemólise de amostras bucais de Candida isoladas de 49 (quarenta e nove) pacientes com AIDS (grupo teste) e de 26 (vinte e seis) indivíduos sem evidências clínicas de imunossupressão (grupo controle). C. albicans foi a espécie mais prevalente no grupo teste (59,2%) e C. parapsilosis (53,8%) no grupo controle. C. albicans teve resultados significativos para produção de proteinase (ambos os grupos) e fosfolipase, no grupo teste. Já as espécies de Candida nãoCandida albicans (NCAC) tiveram resultados altamente significativos para fosfolipase no grupo controle. Para as enzimas gelatinase e hemolisina não foram encontradas diferenças significantes entre C. albicans e espécies NCAC. Por fim, não foi encontrada diferença estatística na produção de exoenzimas quando comparados o grupo teste com o grupo controle. PALAVRAS-CHAVE: Candida, exoenzimas, fatores de virulência, HIV/AIDS. 85 Prevalence and exoenzyme production by Candida species from the oral mucosa of AIDS patients and individuals without clinical evidence of immunosuppression ABSTRACT Infections by Candida species have generated high rates of morbidity, long hospital stay, difficulty and high cost in treatment and high mortality rates. Immunosuppressed individuals such as those with Acquired Immunodeficiency Syndrome (AIDS) have greater susceptibility to developing these infections due to the low number of CD4 T-lymphocytes, less than 200 cells/mm3. C. albicans is the most studied species and is related to the processes of colonization and pathogenicity in man's mouth, and this characteristic is due to, among other factors, production of exoenzymes which facilitate the interaction of the fungus with the’s host cells. This study examined the production of exoenzymes protease, phospholipase, gelatinase and hemolysis of samples of oral Candida isolated from 49 (forty nine) AIDS patients (test group) and 26 (twenty six) individuals without clinical evidence of immunosuppression (control group). C. albicans was the most prevalent species in the test group (59.2%) and C. parapsilosis (53.8%) in the control group. C. albicans showed significant results for the production of protease (both groups) and phospholipase, in the test group. But the non-Candida albicans Candida (NCAC) species had highly significant results for phospholipase in the control group. For enzymes gelatinase and hemolysin there were not significant differences between C. albicans species and NCAC. Finally, there was no statistical difference in the production of exoenzymes the test group compared with the control group. KEY WORDS: Candida, exoenzymes, virulence factors, HIV / AIDS. INTRODUÇÃO O aumento no número de infecções oportunistas causadas por fungos, principalmente em indivíduos infectados pelo vírus HIV, tem estimulado novas pesquisas para esclarecer os fatores de virulência e as circunstâncias da patogenicidade das várias espécies desses micro-organismos44, 51. O vírus HIV, além de destruir o principal linfócito, o T-CD4, produz uma série de outros distúrbios causados por micro-organismos tidos como comensais, como são os casos das leveduras do gênero Candida, que causam muito comumente nos pacientes portadores desse vírus, a chamada candidíase oral29. Na última década, vários estudos mostraram uma correlação positiva significante entre a ocorrência de candidíase e imunossupressão grave14, 46, 49 . A candidíase oral não é uma enfermidade mortal, mesmo que comprometa o paladar e a deglutição, levando a uma diminuição do apetite, principalmente nos casos de pacientes HIV-positivos ou de pacientes hospitalizados e idosos. Entretanto, é a porta de entrada para complicações da candidíase do tipo orofaríngea, esofágicas, laríngeas e sistêmicas3. A habilidade em produzir enzimas hidrolíticas é considerada um importante fator de virulência, sendo as principais enzimas produzidas pelo gênero Candida, as proteinases e as 86 fosfolipases. Estas exoenzimas são conhecidas por desempenhar um papel importante na invasão da célula do hospedeiro10. A secreção de proteinases ocorre pelos genes denominados Secreted aspartyl proteinases (Saps), muito importantes e bem conhecidos em C. albicans. As proteinases facilitam a invasão e colonização de tecidos hospedeiros pela ruptura das mucosas e degrada importantes proteínas de defesa imunológica e estrutural47, como albumina, hemoglobina, queratina, colágeno, mucina, lactoferrina, lactoperoxidase e imunoglobulinas como as da classe IgA13, 36. Já foram identificados dez genes Saps em C. albicans24, quatro em C. tropicalis53, três em C. parapsilosis33 e nenhum em C. glabrata47 e em outras espécies. As enzimas categorizadas como fosfolipases (PLs, do inglês phospholipases) também são consideradas fatores de patogenicidade em Candida. PLs são enzimas que hidrolisam os fosfolipídios e os ácidos graxos e são classificadas em PLs A, B, C e D35. Vários estudos já mostraram que espécies de Candida não-Candida albicans (NCAC) são capazes de produzir fosfolipases extracelular8, 16, 34. Outra importante enzima é a gelatinase, também chamada de metaloendopeptidase extracelular. Ela é codificada pelo gene gelE e hidrolisa a gelatina, colágeno, caseína, hemoglobina e outros compostos bioativos50. Há ainda a hemolisina, outro fator de virulência que contribui para a patogênese da candidíase. As espécies de Candida usam essa enzima para degradar a hemoglobina ou hemina e extrair o ferro das células do hospedeiro, facilitando, assim, a invasão de hifas numa candidíase disseminada28, 47. O estudo destas enzimas é mais frequentemente descrito em C. albicans, onde se sabe que elas desempenham um papel central na patogenicidade da candidíase43. Assim, pouco se sabe sobre a produção e secreção dessas exoenzimas por espécies NCAC e seu subsequente papel na patogenicidade. Por esta razão, a proposta deste trabalho foi verificar a produção de exoenzimas por espécies de C. albicans e NCAC, analisando a diferença na produção entre um grupo de pacientes imunodeprimidos e um grupo controle de pacientes saudáveis. MATERIAL E MÉTODOS População e amostra Para o grupo teste foram usadas amostras de Candida provenientes da mucosa oral de pacientes com AIDS, sob condições de terapia anti-viral, antifúngica, internados no Hospital Presidente Vargas, na cidade de São Luís, Maranhão, Brasil. As leveduras foram coletadas com o auxílio de “swabs” estéreis e posteriormente crescidas em meio BHI (Brain Heart Infusion). Essas amostras foram coletadas durante a realização da primeira parte da Tese de Doutorado da Msc. Analúcia Guerra Terças (Projeto Avaliação do Extrato da Folha da Goiabeira no Tratamento da Candidíase Oral em Ratos Imunossuprimidos; nº processo CEP 23115006540/2009-40 – Universidade Federal do Maranhão) e gentilmente cedidas pela mesma para a Coleção de Isolados Fúngicos do Laboratório de Micologia da Universidade Ceuma. Para o grupo controle, voluntários sem evidências clínicas de imunossupressão, negativos para o vírus HIV e outras patologias imunossupressoras, participaram da busca de 87 Candida spp de amostras bucais (nº processo CEP 226/2010 – Universidade do Ceuma). A coleta consistiu no uso de swabs estéreis para retirada de saliva da região retromolar do aparelho bucal e inoculação imediata em tubos de ensaio estéreis contendo BHI. As amostras de ambos os grupos foram incubadas a 37 ºC por 24 horas para crescimento e posterior isolamento em SDA (Sabouraud Dextrose Ágar) acrescido de cloranfenicol. A identificação das espécies ocorreu presuntivamente pelo meio cromogênico CHROMagar Candida® (BioMerieux, França) e posteriormente pelo método automatizado VITEK YBC (BioMerieux, França). Produção de exoenzimas A determinação da produção de proteinases foi realizada de acordo com a metodologia de Aoki et al. (1990) e a produção de fosfolipases pelo método em placa com gema de ovo descrito por Price et al. (1982). Os testes foram feitos em triplicatas e o valor da zona de precipitação (Pz) foi dado como a média dos diâmetros avaliados (colônia / halo + colônia). A produção das duas enzimas foi classificada de acordo com Price et al. (1982), por meio do valor da Pz: muito forte ++++ (Pz≤0,69), forte +++ (Pz entre 0,70-0,79), média ++ (Pz entre 0,80-0,89) ou fraca + (Pz entre 0,90-0,99). Para os testes de produção de gelatinase, seguiu-se o protocolo de Wilson (1930), com algumas modificações. A atividade da gelatinase foi observada quando ocorreu a liquefação da gelatina. Para a produção de hemolisinas, primeiro preparou-se as RBC’s (Red Blood Cells) por meio da centrifugação de sangue de carneiro desfibrinado com PBS (phosphate buffered saline). Posteriormente seguiu-se a metodologia de Manns et al. (1994), considerando algumas adaptações de Luo et al. (2001). A intensidade da produção do fator hemolítico foi estimada pela razão: halo + colônia / colônia. Os experimentos foram feitos em triplicatas e o resultado uma média dos valores obtidos. A classificação foi feita de acordo com o Índice Hemolítico (IH): positiva (1,00<IH<1,5); fortemente positiva (IH>1,5). Análise estatística Os dados foram avaliados pelo programa BioEstat 5.0 (2007). Inicialmente, a relação dos resultados dos ensaios entre os grupos foi feito pelo teste de Mann Whitney. A relação entre os grupos C. albicans e espécies de NCAC foi feita pelo teste de qui-quadrado de independência ( 2). O nível de significância para se rejeitar a hipótese de nulidade foi de 5% (p<0,05). RESULTADOS Frequência e distribuição das amostras Quarenta e dois pacientes com AIDS – 17 mulheres e 25 homens – participaram da pesquisa. Em seis desses pacientes foram identificados mais de uma espécie de Candida, o que resultou em 49 (quarenta e nove) amostras para o grupo teste. Para o grupo controle, 109 (cento e nove) voluntários participaram da pesquisa. Destes, 67 eram mulheres e 42 homens, com idades entre 15 e 64 anos. Foram positivos para 88 leveduras do gênero Candida vinte e cinco indivíduos – 14 mulheres e 11 homens –, equivalente a 23% dos voluntários. Em um mesmo indivíduo foram identificadas duas espécies, totalizando assim, 26 amostras de Candida spp para o grupo controle. Foram identificadas nove espécies distintas de Candida: sete no grupo teste e cinco no grupo controle, conforme distribuição na Figura 1. A espécie mais prevalente no grupo teste foi C. albicans e no grupo controle, C. parapsilosis. Atividade proteolítica em placa Para a produção de proteinase, 57 amostras (76,0%) foram positivas. Destas, 35 (71,4%) foram provenientes de pacientes com AIDS e 22 (84,6%) de pacientes imunocompetentes, diferença estatisticamente não relevante (p=0,1072). Do grupo teste, todas as amostras de C. albicans e C. tropicalis foram positivas, entretanto foram as únicas produtoras (Figura 3). Do grupo controle, todas as amostras de C. albicans também foram positivas, enquanto a única cepa de C. tropicalis, não; outras que também apresentaram atividade proteolítica desse grupo foram as duas amostras de C. sake e doze das quatorze amostras de C. parapsilosis (85,71%). As demais espécies não apresentaram a enzima proteinase (Tabela 1). Assim, analisando estatisticamente, C. albicans teve sobremaneira maior atividade proteolítica quando comparado às espécies de NCAC, em ambos os grupos (p<0,001). Quanto à classificação da intensidade da atividade proteolítica, as amostras de C. albicans do grupo teste apresentaram produção de proteinase dos tipos média ++ (20,7%), forte +++ (48,3%) e muito forte ++++ (31,0%); com semelhante produção no grupo controle, média ++ (37,5%), forte +++ e (50%) muito forte ++++ (12,5%). Não houve amostra de C. albicans em nenhum dos dois grupos apresentando produção de proteinase do tipo fraca. Já para C. tropicalis, a maioria das amostras do grupo teste teve produção de proteinase do tipo média ++ (50,0%); no grupo controle, a única cepa dessa espécie não produziu essa enzima. Quanto a C. parapsilosis, a única amostra do grupo teste não foi produtora de proteinase; enquanto no grupo controle, 75% apresentaram proteinase do tipo forte (+++) e os 25% restantes, proteinase do tipo muito forte (++++). As duas amostras de C. sake do grupo controle apresentaram proteinase forte +++ (Figura 2). Teste de fosfolipase em placa Para a produção de fosfolipase, 39 amostras (52,0%) foram positivas, sendo 27 (55,1%) provenientes de pacientes com AIDS e 12 (46,2%) de pacientes imunocompetentes. Tal diferença não foi relevante estatisticamente (p=0,257). Do grupo teste, somente C. albicans (93,1%) apresentou esta enzima (Figura 3). Do grupo controle, todas as espécies foram produtoras: C. albicans com 60,0% e C. parapsilosis com 55,5%; C. tropicalis, C. sake e C. incons/norvegen, com menor número de amostras, apresentaram 100% de positividade (Tabela 1). A maior atividade de fosfolipase no grupo teste por C. albicans e no grupo controle por espécies NCAC foi altamente significante (p<0,001). Quanto à intensidade da atividade de fosfolipase, todas as amostras positivas de C. albicans do grupo teste, foram consideradas ter produção muito forte ++++. Já no grupo controle, todas as amostras de C. albicans positivas apresentaram intensidade do tipo forte 89 +++, assim como C. tropicalis e algumas amostras de C. parapsilosis. Somente C. parapsilosis e C. sake mostraram atividade muito forte ++++ no grupo controle (Figura 2). Testes de gelatinase Nos testes de produção de gelatinase, 52 amostras (69,3%) foram positivas, sendo 33 (67,3%) provenientes de pacientes com AIDS e 19 (73,1%) de pacientes imunocompetentes. Tal diferença não foi relevante estatisticamente (p=0,571). Com exceção de C. guilliermondii e C. incons/norvegen, com apenas uma amostra, todas as outras espécies de Candida, de ambos os grupos, mostraram ter capacidade de liquefazer a gelatina (Tabela 1; Figura 3). Comparando a produção de gelatinase entre as amostras de C. albicans e espécies NCAC, não foi encontrada diferença estatística em nenhum dos grupos (p>0,05). Atividade hemolítica em meio sólido Todas as espécies deste estudo, de ambos os grupos, apresentaram atividade hemolítica em meio sólido: o grupo teste com 89,8% e o grupo controle com 76,9%. Pela análise estatística essa diferença não foi significante entre os grupos (p=0,1190). Somente C. albicans e C. glabrata do grupo teste, e C. albicans, C. parapsilosis e C. sake do grupo controle, tiveram linhagens que não apresentaram o fator hemolítico (Tabela 1). A espécie que produziu os maiores índices hemolíticos foi C. tropicalis (Figura 3), com 67% e 100% das amostras fortemente positivas (grupo teste e controle, respectivamente). Todas as outras espécies foram em sua maioria classificadas como positivas. O grupo teste foi quem mais teve cepas produtoras de hemólise fortemente positivas (40,9%), comparado a 20% das amostras do grupo controle. Analisando os grupos C. albicans e espécies NCAC, não foi encontrada diferença significativa em nenhum dos grupos para produção de hemolisinas (p>0,05). DISCUSSÃO Espécies de Candida encontram-se presentes como comensais em superfícies de mucosas, na pele do homem e de outros animais. Estima-se que 20 a 50% da população convivam com esta levedura na boca, sendo C. albicans prevalente entre 60 a 90% dos isolados, C. tropicalis em 7% e em menor frequência C. krusei, C. guillermondii, C. glabrata, C. parapsilosis, C. dubliniensis, C. kefyr e C. lusitaneae4, 31. A incidência de C. albicans isoladas da cavidade oral tem sido encontrada em 45% dos neonatos, 45-65% das crianças saudáveis, 30-45% dos adultos saudáveis, 50-65% das pessoas com dentaduras removíveis, 65-88% das pessoas internadas por longo período, 90% dos pacientes com leucemia aguda submetidos à quimioterapia e 95% dos pacientes com o AIDS2. Vários estudos buscam esclarecer quais espécies prevalecem mais em determinados sítios do corpo e em determinados grupos de pessoas, a fim de compreender as circunstâncias da patogenicidade. Como por exemplo, em estudo com espécies de Candida provenientes da mucosa oral de pacientes com lesões bucais características de candidíase e indivíduos com a boca clinicamente normal, Candido et al. (2000) encontraram maior prevalência de C. albicans em ambos os grupos. C. albicans também esteve em maior porcentagem neste 90 estudo, entretanto, somente no grupo teste. No grupo controle, a espécie que prevaleceu foi C. parapsilosis, diferindo de vários estudos onde C. albicans está em maiores proporções em grupos de indivíduos saudáveis5, 22, 38. Bonassoli et al. (2005) também encontraram maior prevalência de C. parapsilosis (51,0%) em indivíduos saudáveis, numa pesquisa com amostras de Candida coletadas de mãos de profissionais que trabalham em hospital e de indivíduos da comunidade. A proporção de C. parapsilosis foi ainda maior quando se considerou só os indivíduos da comunidade (58,3%). O aumento da frequência de espécies de NCAC isoladas de diversos sítios do corpo e de dispositivos hospitalares é um fato que deve ser ressaltado, tendo em vista que muitos estudos tendem a centrar a preocupação exclusivamente em C. albicans e menos importância tem sido dada a outras espécies. Segundo El-Azizi et al. (2004), na candidíase bucal, por exemplo, é cada vez mais frequente o isolamento de C. tropicalis, C. krusei e C. guilliermondii. Para Pasqualotto (2004), C. albicans continua sendo o principal agente de candidemia no Brasil, mas cresce os casos por C. parapsilosis e C. tropicalis. Enquanto neste estudo foram isoladas seis amostras de C. tropicalis no grupo teste (12,2%), só se isolou uma única amostra dessa espécie no grupo controle (3,9%). Para Barbedo e Sgarbi (2010), a detecção de C. tropicalis está normalmente associada à infecção, diferente de C. albicans que está associada à microbiota normal. Todavia em diversos trabalhos5, 10, 38, C. tropicalis foi a segunda espécie mais isolada de pacientes saudáveis, perdendo somente para C. albicans. Resultado esse apenas observado para o grupo teste neste estudo. C. glabrata não foi encontrada no grupo de indivíduos sadios, corroborando os trabalhos de Basu et al. (2003) e Neto (2004). A literatura relata maior prevalência dessa espécie em pacientes com complicações de transplante de medula óssea, pacientes com câncer e com o vírus HIV, além de pacientes idosos11, grupos esses que não foram objeto deste estudo para o grupo controle. Entretanto, para Kaur et al. (2005), C. glabrata é uma espécie comensal, podendo ser isolada em indivíduos saudáveis. A produção de proteinase é considerada um importante fator de virulência porque aumenta a capacidade do micro-organismo colonizar e penetrar o tecido do hospedeiro, além de enganar o sistema imune, quebrando um número significativo de importantes proteínas da imunidade, como imunoglobulinas, proteínas do sistema complemento e citocinas23. Assim, a virulência de espécies de Candida diminui quando inibidores de proteinase são usados no tratamento de candidíase, como já observado em C. albicans, sugerindo que o uso do inibidor pode atuar como fungicida, diminuindo a presença de candidíase oral em pacientes com AIDS45. Batista (2009) encontrou 91,0% de positividade para proteinase por amostras de C. parapsilosis provenientes de catéter e do sangue de neonatos, o que corrobora em parte os resultados encontrados neste trabalho, onde se obteve 85,7% de positividade para esta espécie, porém nas amostras do grupo controle. Já Bonassoli et al. (2005) verificaram 100% de positividade para proteinase em amostras de C. parapsilosis de indivíduos saudáveis. Matsumoto et al. (2002) verificaram que 96,4% das amostras de C. parapsilosis isoladas de sangue e catéter produziram proteinase fortemente positivas. Neste trabalho foi verificado que 75% (9/12) das amostras dessa espécie apresentaram-se como forte e 25% 91 (3/12) como muito forte. Dados esses para o grupo controle, uma vez que a única amostra dessa espécie do grupo teste foi negativa para esta enzima. Em relação a C. glabrata, os resultados encontrados neste estudo concordam com alguns trabalhos já publicados, em que nenhuma amostra dessa espécie mostrou atividade proteolítica10, 39. Esses resultados são corroborados ainda por Kaur et al. (2005), quando compara a virulência de C. albicans com C. glabrata e afirma que a diferença da primeira para a segunda, além da formação de hifas, é a produção de proteinases por C. albicans. Rörig et al. (2009) encontraram resultados semelhantes aos obtidos neste estudo, com 100% de positividade para proteinase pelos isolados de C. albicans provenientes de amostras clínicas. Costa (2009) também encontrou alta atividade proteolítica em seus isolados clínicos. As amostras de C. albicans foram maiores produtoras (88,1%) comparadas às espécies NCAC (69,8%), porém essa diferença não foi importante estatisticamente. Também foi observado no presente estudo, maior atividade proteolítica em C. albicans, comparado às espécies NCAC, em ambos os grupos, entretanto estes resultados foram considerados altamente significantes (p<0,001). Interessante ressaltar é que apesar dos diversos estudos tentando relacionar a atividade proteolítica com invasão e danos ao tecido do hospedeiro, Naglik et al. (2008) e Lerman & Morschhauser (2008) relataram em seus trabalhos que não foi encontrado relação entre a expressão do gene SAP com esses danos, o que talvez possa explicar o fato de linhagens de Candida de pacientes sem quaisquer imunodepressão apresentar atividade proteolítica na mesma proporção que cepas de pacientes com HIV/AIDS, por exemplo, como mostrado neste estudo. A fosfolipase está relacionada à maior capacidade de invadir o tecido. Algumas funções desta enzima durante a infecção têm sido postuladas, dentre elas: penetração à célula do hospedeiro, adesão às células epiteliais e invasão do epitélio oral humano45. No trabalho de Basu et al. (2003), 48,7% dos isolados de C. albicans, de amostras clínicas de diversos sítios apresentaram atividade de fosfolipase, enquanto somente 6,7% das amostras dessa espécie, provenientes de indivíduos saudáveis, foram positivas. Esses resultados são corroborados pelo presente estudo, pois C. albicans produziu fosfolipase em 93,1% das amostras do grupo teste e somente em 37,5% do grupo controle. Também semelhante ao observado neste estudo, Costa (2009) encontrou maior produção de fosfolipase em amostras de C. albicans (55,9%) comparado às espécies NCAC (37,7%) de amostras provenientes de pacientes com o vírus HIV, entretanto estatisticamente não houve diferença significativa (p>0,05). Já no presente estudo, essa diferença foi considerada altamente significante (p<0,001) para o grupo teste. No grupo controle prevaleceu a produção de fosfolipase por espécies NCAC, o que também foi considerado bastante significativo (p<0,001). Diversos estudos têm relatado a capacidade de espécies NCAC para produzir fosfolipase extracelular9, 20, 21. C. tropicalis é conhecida por ter reduzida capacidade de produção dessa enzima, embora vários autores relatem que a produção de fosfolipase extracelular é fortemente dependente da linhagem. Já para a produção de fosfolipase por C. glabrata, só foi encontrado na literatura o trabalho de Deça Júnior et al. (2011), que verificou 70,0% de positividade para as amostras clínicas. 92 Sobre a atividade da gelatinase em amostras de Candida não foram encontradas referências na literatura. Os poucos estudos sobre fungos são relativos a fungos filamentosos18, 48. Assim, muito se tem a esclarecer sobre a produção dessa enzima nessas leveduras. O que foi observado neste estudo é que, com exceção de duas espécies que só continham uma amostra cada, todas as outras espécies de Candida aqui estudadas foram capazes de liquefazer a gelatina. Um fato curioso foi que C. glabrata, considerada uma espécie que causa alta mortalidade em pacientes debilitados11, foi 100% negativa para a produção de proteinase e fosfolipase, porém 100% positiva para a produção de gelatinase. Quanto a hemolisina, sabe-se que ela facilita a invasão de hifas na mucosa do paciente numa candidíase disseminada e tem capacidade de lisar hemáceas em busca de ferro para favorecer seu crescimento e disseminação, vindo a causar anemia e déficit de transporte de oxigênio nos pacientes. Assim, a produção desta enzima está relacionada à maior virulência das cepas12, 25. Isso talvez justifique o fato de que, embora todas as amostras deste estudo de ambos os grupos, tenham demonstrado capacidade hemolítica, as cepas do grupo teste foram significativamente mais hemolíticas (p<0,001), tendo mais amostras classificadas como fortemente positivas (40,9%) em relação às cepas do grupo controle (20,0%). Um estudo realizado por França et al. (2010) com 28 amostras clínicas de C. tropicalis, 100% apresentaram atividade hemolítica, resultado semelhante ao encontrado nesse trabalho. O mesmo foi encontrado por Deça Júnior (2010) em suas amostras clínicas de C. tropicalis, além de 100% de positividade também para C. glabrata, seguida de C. albicans (93,5%) e C. parapsilosis (28,6%). CONCLUSÃO C. albicans foi mais a espécie mais prevalente no grupo teste e C. parapsilosis no grupo controle; Somente C. albicans, C. tropicalis e C. parapsilosis foram produtoras de proteinase; Comparado às espécies NCAC, C. albicans foram as maiores produtoras de proteinase em ambos os grupos; já para fosfolipase, C. albicans foram maior produtoras no grupo teste e as espécies NCAC no grupo controle; Para as enzimas gelatinase e hemolisina não foram encontradas diferença entre C. albicans e espécies NCAC; Todas as espécies testadas têm capacidade hemolítica, porém C. tropicalis destacouse pelos maiores índices hemolíticos; Não foram encontradas diferenças significativas na produção de exoenzimas quando comparados o grupo teste com o grupo controle, o que sugere que a maior prevalência da manifestação clínica de candidíase oral em pacientes imunodeprimidos deve-se mais à baixa imunidade do que necessariamente à maior virulência das Candida spp nesses pacientes; As cepas provenientes de indivíduos sadios podem ser as mesmas que venham a colonizar a mucosa oral dessas pessoas quando numa situação de baixa imunidade, tornandoos susceptíveis às manifestações clínicas produzidas pelas exoenzimas dessas leveduras. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem à Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico do Maranhão – FAPEMA – pelo apoio financeiro. 93 REFERÊNCIAS 1. Aoki S, Ito-Kuwa S, Nakamura Y, Masuhara T. Comparative pathogenicity of wild-type strains and respiratory mutants of Candida albicans in mice. Zentralbl Bakteriol. 1990 Aug;273(3):332-43. 2. Akpan A, Morgan R. Oral candidiasis. Postgrad Med J. 2002 Aug;78(922):455-59. 3. Barbedo LS, Sgarbi, DBG. Candidíase. Revisão, DST - J Bras de Doenças Sex Transm. 2010;22(1):22-38. 4. Barros LM. Ocorrência de C. albicans e C. dubliniensis em sítios subgengivais e nas mucosas da cavidade bucal: Genotipagem por RAPD e atividade enzimática de aspartil proteinases e fosfolipases. Piracicaba [Tese de Doutorado - UNICAMP/FOP] 2005. 5. Basu S, Gugnani HC, Joshi S, Gupta N. Distribution of Candida species in different clinical sources in Delhi, India, and proteinase and phospholipase activity of Candida albicans isolates. 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Infect Immun. 2001 Jan;69(1):405-12. 96 Figura 1 - Frequência e distribuição das amostras de Candida provenientes da mucosa oral de pacientes com AIDS e de indivíduos imunocompetentes. 3,8 C. tropicalis 12,2 C. sake 0,0 C. parapsilosis 53,8 2,0 0,0 C. krusei Espécie 7,7 12,2 3,8 0.0 0,0, 2.0 0.0 C. inconspicua C. guilliermondii C. glabrata 0.0 C. famata HIV Negativo HIV Positivo 8,2 4,1 30,8 C. albicans 59,2 0.0 10.0 20.0 30.0 40.0 50.0 60.0 % Tabela 1 - Produção de exoenzimas por diferentes espécies de Candida de pacientes com AIDS (Grupo teste) e indivíduos imunocompetentes (Grupo controle). PROTEINASE ESPÉCIES Teste + - FOSFOLIPASE Controle + - Teste + - GELATINASE Controle + - Teste + - HEMOLISINA Controle + - Teste + - Controle + - C. albicans 29 0 8 0 27 2 3 5 22 7 7 1 25 4 7 1 C. tropicalis 6 0 0 1 0 6 1 0 3 3 0 1 6 0 1 0 C. krusei 0 6 - - 0 6 - - 2 4 - - 6 0 - - C. glabrata 0 4 - - 0 4 - - 4 0 - - 3 1 - - C. famata 0 2 - - 0 2 - - 1 1 - - 2 0 - - C. parapsilosis 0 1 12 2 0 1 5 9 1 0 11 3 1 0 10 4 C. guilliermondii 0 1 - - 0 1 - - 0 1 - - 1 0 - - C. sake - - 2 0 - - 2 0 - - 1 1 - - 1 1 C. incons/norveg - - 0 1 - - 1 0 - - 0 1 - - 1 0 TOTAL (%) 35 (71,4) 14 (28,6) 22 (84,6) 4 (15,4) 27 (55,1) 22 (44,9) 12 (46,2) 14 (53,8) 33 (67,3) 16 (32,7) 19 (73,1) 7 (26,9) 44 (89,8) 5 (10,2) 20 (76,9) 6 (23,1) 97 Figura 2 - Intensidade da produção de proteinase e fosfolipase pelas amostras dos grupos teste e controle. Figura 3 - Produção de exoenzimas por amostras Candida isoladas da mucosa oral de pacientes com AIDS e de indivíduos imunocompetentes (A – proteinase: formação de halo transparente por todas as amostras de C. albicans; B – fosfolipase: formação de halo opaco somente por C. albicans; C – gelatinase: a amostra do tubo superior liquefez a gelatina, a do tubo inferior, não; D – hemólise: formação de halo de hemólise pelas amostras de C. albicans e C. tropicalis). A B C. tropicalis C. tropicalis ATCC C. tropicalis C. albicans C D 98 ANEXOS 99 ANEXO A – PARECER DE APROVAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA E PESQUISA DA UNIVERSIDADE CEUMA Projeto: Aderência e Expressão de Hemolisina e Proteinase por isolados de Candida provenientes da mucosa oral de pacientes HIV positivos e de indivíduos imunocompetentes. 100 101 102 103 ANEXO B – PARECER DE APROVAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA E PESQUISA DA UNIVERSIDE FEDERAL DO MARANHÃO Projeto: Avaliação do Extrato da Folha da Goiabeira no Tratamento da Candidíase Oral em Ratos Imunossuprimidos 104 105 106 ANEXO C – CERTIFICADO DE APRESENTAÇÃO DE TRABALHO NA VI JORNADA CIENTÍFICA DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DA UFMA 107 ANEXO D - CERTIFICADO DE APRESENTAÇÃO DE TRABALHO NA SEMANA NACIONAL DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA 2011 108 ANEXO E: CERTIFICADO DE APRESENTAÇÃO DE TRABALHO NO CONGRESSO BRASILEIRO DOS CONSELHOS DE ENFERMAGEM – 14 CBCENF 109 ANEXO F: CERTIFICADO DE APRESENTAÇÃO DE TRABALHO NO CONGRESSO BRASILEIRO DOS CONSELHOS DE ENFERMAGEM – 14 CBCENF 110 ANEXO G: CERTIFICADO DE APRESENTAÇÃO DE TRABALHO NA XI SEMANA DE ENFERMAGEM DO UNICEUMA 111 ANEXO H: CERTIFICADO DE APRESENTAÇÃO DE TRABALHO NA 64ª SOCIEDADE BRASILEIRA PARA O PROGRESSO DA CIÊNCIA – SBPC