captura de enxames com caixas iscas e sua importância - Ser-Apis
Transcrição
captura de enxames com caixas iscas e sua importância - Ser-Apis
CAPTURA DE ENXAMES COM CAIXAS ISCAS E SUA IMPORTÂNCIA NO MELHORAMENTO DE ABELHAS AFRICANIZADAS Ademilson Espencer Egea Soares Depto. de Genética. Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo 1. Introdução As abelhas africanas, sabidamente conhecidas como altamente produtivas e agressivas, foram introduzidas no Brasil em 1956 em Camaquã na região de Rio Claro-SP com o intuito de se executar um programa de melhoramento genético que fosse capaz de aumentar a produção de mel do país, associado a uma baixa agressividade. Entretanto, devido a uma manipulação incorreta feita por um apicultor que estava visitando o apiário onde as rainhas africanas estavam sob controle, ocorreu a enxameação de 26 colméias. Isto levou ao início de um processo de cruzamentos naturais com as abelhas de origem européia que haviam sido trazidas pelos imigrantes entre 1840-1850, propiciando a formação de um híbrido, que foi chamado de abelha africanizada. Essa abelha africanizada embora muito produtiva causou um impacto muito grande no início de sua dispersão, devido ao alto grau de agressividade que elas apresentavam e as próprias deficiências dos apicultores e da população em geral que não sabiam como trabalhar e conviver com elas. (SOARES, et al 1994) Houve abandono da atividade apícola, morte de pessoas, animais e a produção de mel, que já era baixa, praticamente zerou. Foram dias negros. Entretanto, com o passar do tempo, os apicultores se conscientizaram que essas abelhas poderiam ser controladas e exploradas com êxito, se houvesse uma adequação e uma total reformulação de técnicas e conceitos válidos para as abelhas européias, mas que eram desastrosos para a abelha africanizada. Baseando-se em suas próprias experiências e nas informações geradas pelos centros de pesquisas, os apicultores conseguiram assimilar as novas técnicas e passaram novamente a acreditar que seria possível uma apicultura eficiente com abelhas africanizadas. A apicultura voltou a tomar impulso fazendo com que nos anos 80 tivéssemos a chamada "explosão doce" no país, quando o Brasil passou de 27º para o 7º produtor mundial de mel, ocupando hoje um lugar de destaque no cenário internacional com uma produção de aproximadamente 35.000 ton/ano, se tornando um dos maiores produtores sul-americano. Muito bem adaptada às condições tropicais, essa abelha africanizada apresenta basicamente dois modelos de dispersão que têm favorecido a sua sobrevivência e a expansão no continente americano. Migrando a uma velocidade de 400-500 km por ano, atingiu o Texas (USA) em outubro de 1990. Dentro dos Estados Unidos a abelha africanizada migrou mais rapidamente para a costa oeste chegando ao sul da California, e recentemente atingiu a Florida na costa leste. Quando as condições de fluxo de alimento são ótimas, com abundância de flores abertas na natureza, produzindo néctar e pólen, as abelhas africanizadas trabalham incessantemente. Expandem sua população que, em alguns casos, chega a 120 mil abelhas e podem produzir uma divisão natural da colônia pelo processo de enxameação. Neste processo ocorre a formação de uma nova rainha e a metade das abelhas da colônia sai com a rainha velha à procura de um local adequado de nidificação para estabelecer a sua nova moradia. Quando o fluxo de alimento diminui, para não morrerem de fome e não terem extinta a sua colônia, as abelhas abandonam a colméia e vão em busca de um outro local que apresente condições favoráveis a sua sobrevivência. Esses dois mecanismos, enxameação e abandono, embora sejam altamente adaptativos para a sobrevivência das abelhas, podem contribuir para o aumento significativo do número de acidentes com animais e pessoas. Ao escolherem o seu novo local de nidificação, como por exemplo: tubulações, caixas de madeira ou de papelão, cavidades em postes, paredes, árvores, latas velhas, pneus, cupinzeiros, arbustos, tambores, etc, as abelhas podem se posicionar de maneira a provocar acidentes fatais. Esses acidentes podem ser produzidos inadvertidamente quando capinamos um gramado, cortamos um arbusto, aramos um terreno, batemos no local do enxame ou nele provocamos uma vibração sonora, ou de uma forma irresponsável quando atiramos pedras, paus nas colméias ou simplesmente quando tentamos mexer com as abelhas sem os devidos conhecimentos e sem os equipamentos se segurança e proteção. Evidentemente que estes dois mecanismos que contribuem para a dispersão das abelhas e sua localização na natureza, apresentam em comum um aspecto fundamental, que é a escolha pelas campeiras ou batedoras do sítio definitivo de moradia. A escolha do local onde o enxame vai se instalar, envolve inicialmente o reconhecimento dos sítios pelas batedoras, comunicação pela dança e a liberação de feromônios, notadamente da glândula de Nassanof das operárias, que sinalizam o local definitivo onde se dará a agregação e início da nova colméia. A compreensão e a elucidação de quais variáveis poderiam estar influenciando neste comportamento decisório, poderia resultar em uma "caixa isca" que fosse altamente atrativa para as abelhas e que fosse extremamente prática para a monitoração e retirada dos enxames das regiões passíveis de acidentes. O Departamento de Genética da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (Universidade de São Paulo) conseguiu tal intento desenvolvendo uma caixa-isca padrão, confeccionada de papelão, que deve ser pintada com cores claras (branco ou amarelo) que são 1.5 X mais eficientes que aquelas pintadas com cores mais escuras (verde folha, azul marinho ou preta). Deve ter um volume de aproximadamente 35 litros, conter no seu interior 5 caixilhos, com 1/3 de cera alveolada, e ter um análogo do feromônio da glândula de Nassanof, que é extraído do capim limão ou capim erva cidreira (Cymbopogon citratus), que é colocado em vaselina e aplicado nas paredes da colméia ou no interior de um tubo eppendorf preso no arame do caixilho central. A caixa deve ter uma abertura de 10 cm2 , e dever ser colocada a uma altura de 2,0 m do solo. (SOARES; MICHELETTE & PENATTI, 1984) Testes comparativos revelaram que a caixa papelão é pelo menos 10 vezes mais atrativa que aquelas caixas iscas construídas com madeira e sua durabilidade pode ser aumentada revestindo-as com sacos plásticos ou pintando com tintas impermeabilizantes. Essa caixa isca, não serve para criar abelhas. É uma caixa que se presta simplesmente para a captura dos enxames e não para se fazer apicultura. Embora a caixa de papelão resista até 2 meses com o enxame dentro, eles devem ser passados logo para a colméia Langstroth padrão para se desenvolverem. A transferência do enxame deve ser feita de preferência depois que a rainha realizou postura nos favos e que já tenha larvas jovens. Não convém passar o enxame recém pego porque ele poderá abandonar a sua colméia. (SOARES, 1996) A eficiência dessa caixa isca, já foi determinada em várias situações experimentais, e hoje temos a total certeza de que se durante a enxameação ela for encontrada por uma "batedora" que esta procurando um local para o enxame se abrigar, seguramente que o enxame irá para dentro da caixa isca. Isto abriu a grande possibilidade de prevenir e controlar acidentes em áreas urbanizadas. (DINIZ; SOARES, & PECCI, 1994) A utilização dessas caixas iscas pelo Departamento de Genética da FMRP-USP como estratégia de prevenção de acidentes, já foi realizada na indústria AKZ turbinas (Ribeirão Preto, SP), na Fazenda Amália (Cajuru-Serrana, SP) e na própria cidade de Ribeirão Preto, com resultados altamente significativos, obtidos através do Programa SOS Apicultor. (DINIZ & SOARES, 1990) Esse modelo de caixa isca, foi utilizado nos países Centro-Americano, para prevenir acidentes e retardar a invasão das abelhas africanizadas no México e nos USA dentro do “Programa de Manejo y Control de la Abeja Africanizada”, financiado pelo BID/OIRSA do qual participaram vários pesquisadores brasileiros. O México que é um dos maiores exportadores de mel, antevendo o que poderia significar a entrada das abelhas africanizadas em seu país, utilizou o modelo brasileiro de caixas-iscas, e instalou aproximadamente 300.000 caixas iscas nas rotas de entrada com a Guatemala e hoje mantém um esquema na própria cidade do México de prevenção de acidentes, utilizando ao redor 30.000 caixas. Os apicultores podem optar também por caixas iscas feitas de madeira que são mais duráveis, mas devem obedecer os mesmos procedimentos para as caixas de papelão. 2. Material Genético Evidentemente que em uma época de enxameação forte, como acontece geralmente nos meses de agosto-março, os enxames que entram nas caixas iscas tem diferentes características e devem ser avaliados. Trabalhando com caixas iscas numa região de cerrado na região de Luís Antônio, São Paulo, verificou-se que que a troca de rainhas que chegavam nos enxames por outras rainhas novas, contribuía para evitar o abandono dos futuros ninhos. É aconselhável que a troca de rainha ocorra principalmente nos enxames que não se desenvolvem satisfatoriamente nos primeiros quinze dias. Este desempenho pode ser avaliado por pessagem e aqueles enxames que normalmente não tiveram um ganho de 10 kg nos primeiros quinze dias, devem ter suas rainhas trocadas. DUAY (1996) mostrou que a simples substituição de rainhas de enxames africanizados aumentava a produção de mel em 22,3% e que, quando a substituição era realizada com rainhas selecionadas, este aumento chegava a 41,44% e que em apiários sem nenhuma seleção poderia ocorrer uma grande variabilidade de produção que variaram de 0 até 153,5 kg de mel. Como enfatiza SOUZA (2002) estas grandes diferenças entre as colméias reduzem a produtividade e oneram os custos de produção, diminuindo a eficiência e a competitividade do setor. Uma vez estabelecido os apiários com os enxames capturados, deve-se definir quais são propósitos e as metas a serem alcançadas e direcionar o trabalho de melhoramento que pode ser feito no sentido de: incrementar a produção de mel, maior eficiência de coleta de própolis; resistência a doenças (comportamento higiênico), redução da agressividade; maior coleta de pólen, maior produção de cera, maior produção de geléia real, etc. 3. Seleção para maior eficiência de coleta de mel e própolis. (MANRIQUE, 2001; MANRIQUE & SOARES, A.E.E. 2002) 3.1. Introdução Os objetivos do presente trabalho foram: realizar uma seleção das melhores colônias produtoras de própolis, para iniciar um processo de melhoramento genético, visando aumentar a produtividade de própolis, partindo de uma população silvestre não selecionada nem melhorada e verificar se há correlação entre produção de própolis e a produção de mel 3.2. Material e Métodos O experimento foi desenvolvido de abril a julho de 1999, os trabalhos foram realizados na Reserva Florestal "Pé de Gigante" no município de Santa Rita de Passa Quatro, SP com uma superfície de 10.000 hectares, localizada a 70 km de Ribeirão Preto na via Anhanguera em direção a São Paulo. vegetação fronteiriça predominante é de eucalipto (Eucaliptus sp.), enquanto na reserva a vegetação é típica de cerrado, com destaque para: angico (Piptadenia falcata Benth), gabiroba (Campomanesia cambedessiana Berg.), pequi (Caryocar brasiliense Camb.), jatobá (Hymenaea stilbocarpa Mart.) cipó São João (Pyrostegia venusta) e faveiro (Pterodon apparicioni Pedersoli). O clima da região é subtropical úmido, com inverno seco e chuvas fortes no verão. A população base foi formada inicialmente por 130 colméias de abelhas africanizadas do Departamento de Genética da FMRP-USP, e foram avaliadas somente 100 devido a perdas e alguns roubos. Todas as colônias provinham de enxames silvestres capturados no período de agosto de 1998 a fevereiro de 1999, em caixas iscas . Após a sua captura os enxames eram transferidos para ninhos após completarem a construção dos cinco favos de lâminas alveoladas e expandirem a sua população. Os enxames diferiam em tamaho e não foi feita uma homogeneização da população. Todas as colméias foram identificadas com uma chapa numerada, e foram feitas quatro coletas de própolis no período abril-julho. Em todas as extrações eram pesadas e registradas as quantidades de própolis produzidas por cada colméia. A seleção da melhor colônia foi feita baseada nos registros de produção de própolis, a qual tiveram uma produtividade pelo menos 40% superior as outras colônias, durante a temporada. A avaliação da produção foi feita por pesagem direta da própolis colhida em coletores do tipo Apis flora, que se coloca em cima da melgueira ou sobreninho e impede que a própolis receba sol ou chuvas diretamente, o que pode diminuir sua qualidade. Embora as abelhas estoquem própolis em buracos, fendas, caixilhos e alvados, neste experimento só foi considerada a própolis produzida nos coletores, por ter menos resíduos que a contaminem, elevando seu preço e valor para gerar produtos derivados, além de não prejudicar a colônia. 3.3. Produção de mel A produção de mel foi feita durante a floração do eucalipto (Eucaliptus sp.) de abril a julho de 1999, simultaneamente com a produção de própolis e também foram testadas 100 colônias. A avaliação da produção de mel foi feita com uma metodologia indireta, os quadros foram colhidos com um mínimo de operculação de 2/3, depois eram centrifugados e juntava-se o mel remanescente que escorrera da cera, depois de tirar as impurezas , o mel era colocado em baldes de 25 kg.. Para determinar o peso líquido de mel/colônia, a produção total de mel foi dividida entre o número total de quadros colhidos e foi determinado um fator de correção pelo qual se multiplicava e se obtinha o peso de cada quadro que multiplicado pelo quadros colhidos por colonia, dava o total em kg/colonia. 4. Análise estatística Foram feitas as provas não paramétricas de Mann-Whitney e a de Kruskal-Wallis 5. Resultados e Discussão Na Tabela 1, são mostrados os dados de produção média de própolis por apiários onde não se apresentaram diferenças estatísticas entre os apiários, segundo a prova de Kruskal-Wallis. No entanto, observaram-se marcadas diferenças biológicas ressaltando o apiário Cynthia que teve a maior produtividade de própolis com uma média de 68,82 g/colônia, mais de três vezes superior à média total, enquanto a produtividade do apiário Americano foi zero. Todavia o número de colônia por apiários poderia influir na coleta de própolis, mas este efeito não foi tão contundente, visto que a diferença média entre o apiário mais populoso (Pé de Gigante) e o Magnético, for de apenas 4 gramas. Embora essas médias fossem estatisticamente semelhantes, quando se comparam com os dados da primeira seleção, elas indicam que mais importante do que população é a própria disponibilidade de pasto apícola que pode influenciar consideravelmente, visto que a vegetação na região é pobre no fornecimento de resina em quantidade e em qualidade. Também é importante ressaltar o fato que somente 25 colônias (25% do total) produziram própolis o que poderia dar uma idéia do baixo potencial propolizador destes enxames, ou que, poderia ser devido à pouca habilidade genética de coletar própolis ou que a própolis fora depositada em outro lugares das colméias, como descrito por THIMANN & MANRIQUE (2001) que observaram na Venezuela, que as abelhas, usando o mesmo coletor Apis Flora, depositavam a própolis entre os quadros, fechando todos os espaços vazios. Por outro lado, observamos, que as colônias 156 e 99 do apiário Cynthia produziram respectivamente 571,9 e 102,4 gramas de própolis verde e que foram as únicas colônias em coletarem tal tipo. Esta coleta preferencial de resina, transformada em própolis verde, provavelmente de alecrim do campo (pouco abundante na região) poderia indicar uma tendência genética com algum traço herdável, tal como é sugerido por NYE & MACKENSEN (1965) que apontaram que o comportamento coletor de pólen de alfafa por parte de algumas abelhas é herdável. Resultados similares foram reportados por MACKENSEN & TUCKER (1973) quanto a diferenças na coleta de pólen entre duas linhagens de abelhas selecionadas para coletar pólen de alfafa. Tabela 1 - Produção média de própolis na Reserva Florestal "Pé de Gigante" Santa Rita de Passa uatro, SP. De abril a julho de 1999. Apiário Número de colônias Produção de própolis (g/colônia) Pé de Gigante 47 9,60±20,12 N.S Cynthia 15 68,82±159,21 N.S Magnético 19 14,23±46,67 N.S Do Meio 8 23,39±45,97 N.S Ximena 5 15,69±19,44 N.S Yolanda 3 48,97±7,57 N.S Americano 3 0 N.S Total/ Média 100 21,87±69,40 N.S = Não significativo, segundo a prova de Kruskal-Wallis. 5.1. Produção de mel Na Tabela 2 é apresentada a produção de mel por apiário no Pé de Gigante, onde foram encontradas diferenças significativas (P= 0,015), segundo a prova de Kruskal-Wallis, entre os apiários Yolanda, Ximena e Cynthia, quando comparados com os apiários Magnético, Pé de Gigante, Do Meio e Americano. A produção média não esteve influenciada nem pela localização dos apiários distantes entre si a menos de 400 metros nem pelo número de colônias por apiários, já que apiários com o mesmo número de colônias tiveram produtividade dispares, sendo a máxima em Yolanda (31,67 kg/colônia) e a mínima no Americano (0kg/colônia), com uma variação alta no apiário Yolanda de 0 kg - 48 kg/colônia, mostrando a existência de variabilidade das abelhas africanizadas na produção de mel, dado o elevado nível de hibridização destas abelhas. Esta variabilidade na produção de mel foi constatada por DUAY (1996) no Brasil, tanto em abelhas africanizadas selecionadas quanto não selecionadas, com variabilidade de 0 a153 kg para as selecionadas e 0 a 90,5 kg para as não selecionadas. A diferença na produção de mel entre os diferentes apiários poderia ser explicada principalmente por características genéticas das abelhas, população e pela idade da rainha, visto que todas elas receberam o mesmo tipo de manejo, após serem capturadas como enxames. Nesse sentido, ROOT (1985) menciona que a idade da rainha tem uma relação inversa com o número de abelhas da colônia e sua produtividade, dado que rainhas velhas ovopositam menos e mais espalhado, diminuindo a população. Por outro lado, as abelhas que têm boa disposição para produzir mel têm menos tendência a enxamear, trocando periodicamente a sua rainha velha por substituição natural (RUTTNER, 1988). Outro fator que pôde ter influenciado foi a época de captura dos enxames, já que os primeiros a serem capturados poderiam crescer e se desenvolver mais rápido, razão pela qual produziram uma maior quantidade de mel. Embora, SPIVAK et al.(1989) relatem que não encontraram correlação em colméias com graus variados de africanização entre o peso inicial da colônia ou a área de cria com a quantidade total de mel, na Costa Rica que apresentaram médias variando de 42,5 a 50,3 kg. Tabela 2 Produção média de mel nos apiários da Reserva Florestal "Pé de Gigante”, Santa Rita de Passa Quatro, SP. De abril a julho de 1999. Apiário Número de colônias Pé de Gigante Cynthia Magnético Do Meio Ximena Yolanda Americano Total/ Média 47 15 19 8 5 3 3 100 Produção de mel kg/colônia 13,27±12,20 b 21,80±17,73 a 17,52±14,85 ab 13,00±12,65 b 26,40±6,54 a 31,67±5,51 a 0c 16,34±13,14 Letras minúsculas diferentes indicam diferenças significativas (P<0.05), segundo a prova de Kruskal-Wallis. A Tabela 3 mostra a produção média de mel das colônias que produziram própolis e mel e aquelas que produziram somente mel. Nesta avaliação observou-se que as colônias propolisadoras tiveram um desempenho altamente significativo (P = <0.001), segundo o teste de Mann-Whitney, na produção de mel, comparado com as que produziram só mel, com uma produtividade 2,04 vezes maior, estes resultados diferem dos FUNARI et al. (1998) que mostraram que, apesar de não apresentarem diferenças significativas, as colônias mais produtoras de mel produziram menos própolis. Por outro lado, a análise de Correlação de Pearson, mostrou que a produção de própolis e de mel tem um coeficiente de correlação positivo, com um valor de r = 0,4215 e P= 0,00001256. Esta tendência faz sentido, porque a produção de mel está correlacionada com a atividade de forrageamento (SUGDEN & FURGALA, 1982) e a coleta da própolis é mais uma atividade de forrageamento embora não seja para produzir alimento, mas para se proteger. Tabela 3 - Produção média de mel de colônias propolisadoras e não propolisadoras nos apiários da Reserva Florestal "Pé de Gigante". Santa Rita de Passa Quatro, SP. De abril a julho de 1999. Tratamento Número de colônias Colônias propolisadoras Colônias não propolisadoras Total/ Média 25 75 100 Produção média de mel kg/colônia 26,98±13,53 a 13,23±13,12 b 16,34±14,14 Letras minúsculas distintas indicam diferenças altamente significativas (P<0.001), segundo a prova Mann-Whitney. 6. CONCLUSÕES Os resultados obtidos mostram que nem todas as abelhas coletam própolis tanto em quantidade (menos do 50 % das colônias) quanto em qualidade (com diferença até de 12 vezes em teor de flavonóides), o qual poderia sugerir diferenças genéticas embora todas as colônias fossem de híbridos africanizados. Houve correlação entre a produção de própolis e a produção de mel, com valor de r= 0.422. Observouse que as colônias produtoras de própolis produziram maior quantidade de mel do mel do que aquelas que não coletaram própolis. 7. BIBLIOGRAFIA DINIZ, N. M. & SOARES, A. E. E. 1990. Programa de prevención de accidentes con abejas africanizadas en zonas rurales y urbanas de Brasil. Avances en Apicultura. 3(1):11-12, 3(2):37-38. DINIZ, N.M.; SOARES, A.E.E. & PECCI, V.B. 1994. Africanized honey bee control program in Ribeirão Preto City, São Paulo, Brazil. American Bee Journal, 134(11):746-748. DUAY, R.P. 1996. Produção de mel em abelhas africanizadas, Apis mellifera - como subsídio para um programa de seleção e melhoramento genético. Dissertação de Mestrado. FFCLRP-USP, 119 páginas. FUNARI, S.; ROCHA, H.; SFORCIN, J.; PEROSA, J.; CURI, P. & CAMARGO, R. 1998. Produção de mel, própolis e coleta de pólen em colônias de abelhas africanizadas Apis mellifera L. Anais do XII Congresso Brasileiro de Apicultura, Salvador, Bahia, p. 231 MANRIQUE, A.J. 2001. Seleção de abelhas africanizadas para a melhoria na produção de própolis. Tese de Doutorado, FMRP-USP, 108 páginas. MANRIQUE, A.J. & SOARES, A.E.E. 2002. Início de um programa de seleção de abelhas africanizadas para a melhoria na produção de própolis e seu efeito na produção de mel. Interciencia, 27(6):312-316. MACKENSEN, O. & TUCKER, S. 1973. Preference for some other pollens shown by lines of honeybees selected for high and low alfalfa pollen collection. Journal of Apicultural Research, 12(3): 187-190. NYE, W. P. & MACKENSEN, O. 1965. Preliminary report on selection and breeding of honeybees for alfalfa pollen collection. Journal of Apicultural Research, 4 (1):43-48. ROOT, A. 1985. El ABC y XYZ de la apicultura. Editorial Hemisferio Sur. Buenos Aires, Argentina, 565 pp. RUTTNER, F. 1988. Breeding Techniques and Selection of the Honeybee. G. Beard & Son Ltd, Brighton, England, 354 pp. SOARES, A.E.E. 1996. Alternativas de controle da agressividade em abelhas africanizadas. Anais do XI Congresso Brasileiro de Apicultura. Teresina, PI, pp.69-75. SOARES, A. E. E.; MICHELETTE, E. R. F. & PENATTI, A. 1984. Atração por cores e coleta de enxames naturais de Apis mellifera na região do cerrado. Anais do Simpósio de Apicultura. UNESP, Jaboticabal. SP. Brasil, pp. 96-102. SOARES, A.E.E.; MICHELETTE, E.R.F.; DINIZ, N.M. & TEIXEIRA, M.V. 1994. Dispersão das abelhas nas Américas: Aspectos comportamentais. Anais do X Congresso Brasileiro de Apicultura. Pousada do Rio Quente, GO. pp. 204-211. SOUZA, D.C. 2002. Captura de enxames de abelhas africanizadas com caixas iscas: como evitar acidentes e aumentar as colônias do seu apiário. Anais do XIV Congresso Brasileiro de Apicultura, Campo Grande, MS, pp. 161-165. SPIVAK, M.; BATRA, S.; SEGREDA, F. CASTRO, A. & RAMIREZ, W. 1989. Honey production by Africanized and European honey bees in Costa Rica. Apidologie, 20:207-220. SUDGEN, M. & FURGALA, B. 1982. Evaluation of six commercial honey bees (Apis mellifera L.) stocks used in Minnesota. Part III: Productivity. American Bee Journal, 122:207-209. SZABO, T. & LEFKOVITCH, L. 1987. Fourth generation of closed-population honeybee breeding. 1. Comparison of selected and control strains. Journal Apicultural Research, 26: 170-180. THIMANN, R & MANRIQUE, A. 2001. Recolección de propoleo en colonias de abejas africanizadas durante la temporada de lluvias en el apiario de la UNELLEZ, Guanare, Venezuela. Revista UNELLEZ de Ciencia y Tecnología. p.23.