LANÇAMENTOS IMOBILIÁRIOS NA FREGUESIA:
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LANÇAMENTOS IMOBILIÁRIOS NA FREGUESIA:
UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE PSICOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA SOCIAL CURSO DE MESTRADO/DOUTORADO GISELA VERRI DE SANTANA LANÇAMENTOS IMOBILIÁRIOS NA FREGUESIA: CONSUMO DA HABITAÇÃO NA HIPERMODERNIDADE. O MARKETING DO DISCURSO VERDE E DO LAZER. Rio de Janeiro 2008 UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE PSICOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA SOCIAL CURSO DE MESTRADO/DOUTORADO GISELA VERRI DE SANTANA LANÇAMENTOS IMOBILIÁRIOS NA FREGUESIA: CONSUMO DA HABITAÇÃO NA HIPERMODERNIDADE. O MARKETING DO DISCURSO VERDE E DO LAZER. Tese apresentada, como requisito parcial para obtenção do título de Doutor, ao Programa de PósGraduação em Psicologia Social, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Área de concentração: Contemporaneidade e Processos de Subjetivação. Orientador: Prof. Dr. Jorge Coelho Soares. Co-orientadora: Profa. Dra. Ariane Patrícia Ewald. Rio de Janeiro 2008 CATALOGAÇÃO NA FONTE UERJ / REDE SIRIUS / BIBLIOTECA CEH/A S232 Santana, Gisela Verri de Lançamentos imobiliários na Freguesia : consumo da habitação na hipermodernidade. O marketing do discurso verde e do lazer /Gisela Verri de Santana - 2008. 404f. Orientador : Jorge Coelho Soares. Co-orientadora : Ariane Patrícia Ewald . Tese (Doutorado) – Universidade do Estado do Rio de Janeiro . Instituto de Psicologia. 1.Habitação – Aspectos psicológicos – Teses. 2.Anúncios – Mercado imobiliário – Teses. 3. Arquitetura e sociedade – Teses. I.Soares, Jorge Coelho. II. Ewald, Ariane Patrícia. III. Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Instituto de Psicologia. IV. Título. CDU 159.9:643 Autorizo, apenas para fins acadêmicos e científicos, a reprodução total ou parcial desta tese. ___________________________________________ Assinatura _______________ Data GISELA VERRI DE SANTANA LANÇAMENTOS IMOBILIÁRIOS NA FREGUESIA: CONSUMO DA HABITAÇÃO NA HIPERMODERNIDADE. O MARKETING DO DISCURSO VERDE E DO LAZER. Tese apresentada, como requisito parcial para obtenção do título de Doutor, ao Programa de Pós-Graduação em Psicologia Social, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Área de concentração: Contemporaneidade e Processos de Subjetivação. Aprovada em _________________________________________________________ Banca Examinadora: ___________________________________________________ Prof. Dr. Jorge Coelho Soares (Orientador) Programa de Pós-graduação em Psicologia Social da UERJ Profa. Dra. Ariane Patrícia Ewald (Co-orientadora) Programa de Pós-graduação em Psicologia Social da UERJ Prof. Dr. Gerônimo Emilio Almeida Leitão Escola de Arquitetura e Urbanismo da UFF. Profa. Dra. Lilian Fessler Vaz Programa de Pós-Graduação em Urbanismo - UFRJ Prof. Dr. Ricardo Ferreira Freitas Programa de Comunicação Social da UERJ Rio de Janeiro 2008 Dedicatória Dedico esta tese à cidade do Rio de Janeiro e ao seu povo cosmopolita, onde entre acertos e tropeços pude me subjetivar, compartilhar minha vida com Nilton e onde nasceram dois filhos meus: Gabriela e este trabalho que ora vos apresento. Agradecimentos Agradeço primeiro a Deus pelos dias que me concedeu para a realização deste trabalho. As pessoas que pôs no caminho trazendo luz, idéias e soluções para as minhas questões. Aos autores dos livros a que tive acesso. Graças a eles pude tecer redes e conexões para construir novas elucidações e utopias. E, mesmo sem saber a quem os escritos alcançam terão sempre contribuído para o crescimento e a evolução do conhecimento. Sou grata aos Professores Jorge Coelho Soares e Ariane Patrícia Ewald que me acolheram como orientanda na Psicologia Social e na vida em Jacarepaguá, oferecendo informações, elucidações e riquíssimas indicações bibliográficas. Pacientemente incentivaram meus avanços e souberam pontuar, matizar os meus arroubos de indignação ambiental. Os professores Lilian Vaz, Gerônimo Leitão, Heliana Conde, Gilberto Velho, Eliane Falcone, Ana Maiolino, Deise Mancebo, Ana Fani Carlos, Norma Lacerda, Ricardo Freitas, Maria Stella Bresciani que em conversas, orientações, indicações e questionamentos trouxeram ricas contribuições intelectuais. Os colegas e amigos Antônio Agenor, Andréa Sampaio, Liliane Britto, Canagé Vilhena, Graça Gouveia, Denise Topke, Ana Paula Perissé, Ana Paula Bragaglia, Maria Claudia Tardin Pinheiro, Ana Claudia Laviano propuseram indicações de leituras, troca de informações, de idéias, para que este trabalho assumisse tal configuração. Nilton de Faria, Gabriela Verri de Faria, Geraldo Santana, Gilda Whitaker Verri, Paola Verri de Santana, Marília Verri de Santana, Rachel Whitaker Verri, Solange Whitaker Verri, Paulette Cavalcanti de Albuquerque e Michele Lisboa, além dos laços de parentesco e amizade, contribuíram com saberes, ajudas e paciência. O generoso amparo concedido pela FAPERJ, ao longo destes últimos anos, possibilitou pesquisa, reflexão e análises que permitiram um novo olhar interpretativo da realidade. Seguramente, com as ajudas pessoais recebidas, o caminho percorrido deu-me visão mais ampla de mundo, tornando-me uma pessoa mais lúcida e consciênte. Quando a última árvore tiver caído, o último rio tiver secado, quando o último peixe for pescado. Vocês vão entender que dinheiro não se come. Preserve a natureza. Autor desconhecido Temos de pensar em sustentabilidade ambiental. Sair dos modelos predatórios de habitação e recursos naturais. Ignacy Sachs. Para homens modernos, pode ser uma aventura criativa construir um palácio, e no entanto ter de morar nele pode virar um pesadelo. Marshall Berman Pensar a função vital da utopia não como a forma última do paraíso, mas a necessidade ética de buscar um outro mundo a partir de uma crítica ao presente. Edson Luiz André de Sousa RESUMO SANTANA, Gisela Verri de. Lançamentos imobiliários na Freguesia: consumo da habitação na hipermodernidade. O marketing do discurso verde e do lazer. 2008. 404 f. Tese (Doutorado em Psicologia Social) – Instituto de Psicologia, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2008. A Freguesia de Jacarepaguá, do Rio de Janeiro, nos últimos cinco anos recebeu mais de 80 lançamentos. Juntamente com a Barra da Tijuca, vem sendo um dos principais alvos do mercado imobiliário carioca, correspondendo a 95% das construções da cidade. Tornou-se bairro na década de 1980. Nas últimas décadas, tem sido foco de expansão urbana. Foi escolhida como espaço privilegiado para a análise das construções e práticas discursivas do mercado imobiliário. O objetivo foi entender o processo de comercialização e lançamento das habitações. Anúncios e materiais de propaganda de 52 empreendimentos permitiram identificar 21 grupos de discursos, ancorados em enunciados e imagens do verde, de famílias felizes e inúmeros itens de lazer que se constituíram em objetos de análise. Novos conceitos e produtos habitacionais são postos no mercado com o uso de inúmeras táticas e estratégias, embasadas no imaginário carioca do verde local e no ideário da casa própria. O marketing dos discursos é utilizado como produtor de sentido sobre o consumidor, sujeito urbano hipermoderno, desejoso de segurança, maior qualidade de vida, sustentabilidade, novos luxos e facilidades a sua disposição. O discurso sedutor é voltado para uma sociedade de consumo, onde inovações mercadológicas, crescentes facilidades financeiras e de crédito fomentam e retroalimentam o desejo e o sonho da casa própria. O crescente número de unidades lançadas estimula a concorrência, assume o posto de investimento lucrativo e fomenta a lógica de uma economia neoliberal. Paradoxalmente, destrói a casa-oïkos planetária. A nova habitação ganha itens ecoeficientes, certificações ecológicas e itens de entretenimento, serviços e lazer que extrapolam as necessidades básicas de abrigo e proteção para atingir o encantamento e o novo status do público alvo: o consumidor da classe média. Surgem novos conceitos de moradia, spa’s, clubes e boutiques. O mundo urbano é transportado para dentro dos muros. O espaço da habitação ganha inúmeros atributos de distinção e consumo. Desta forma, o produto habitação assume definitivamente a categoria de bem de consumo. PALAVRAS-CHAVE: Habitação. Consumo. Sustentabilidade. Marketing Imobiliário. Bairro. ABSTRACT SANTANA, Gisela Verri de. New housing developments in Freguesia: real state consumption in hypermodernity. The marketing of green and leisure. 2008. 404 f. Doctor’s Thesis (Doctor’s degree in Social Psychology) – Institute of Psychology, Rio de Janeiro State University (UERJ), Rio de Janeiro, 2008. For the last five years, the district of Jacarepaguá, in Rio de Janeiro, has been the scenery of more than 80 new housing developments. Just like Barra da Tijuca, the area is one of the main targets of the carioca real state market, corresponding to 95% of all constructions in town. The district is a residential area since the 1980’s. From then on, it has become a center of urban spreading. The area was chosen as a privileged space for the analysis of construction works and discursive practices in the real state market. The goal was to understand the process of housing trade and strategies to launch new residential complexes. Flyers and others promotional materials of 52 construction enterprises allowed the identification of 21 discourse groups, based on expressions and images of green areas, happy families and a number of leisure items which constitute objects of analysis. New residential concepts and products appeared in the market following a number of methods and strategies based on the carioca imaginary of a local green area and the ideal of a home private property. Marketing methods in these discourses are used as producers of meanings for the consumer, a hypermodern urban individual, eager for security, better quality of life, sustainability, and new luxuries and facilities. The seductive discourse is directed to a consumption society, in which market innovations and increasing financial and credit opportunities encourage and bring up a desire and a dream of home property. The increasing number of newly launched units fosters competition, defines real state as a profitable investment and encourages the logic of a neoliberal economy. Paradoxically, it destroys the planetary home-oïkos. The new residence is provided with eco-efficient items and ecological certificates, as well as items for entertainment, services and leisure which go beyond the basic needs of shelter and protection, so as to reach the enchantment and the new status of its target public: the middle class consumer. New concepts of housing, spas and clubs have appeared. The urban world is transferred to a space within walls. Housing is provided with a number of attributes of distinction and consumption. In this way, housing as a product is definitively brought to the category of a final good. KEY WORDS: Housing. Consumption. Marketing. Neighborhood. Sustainability. LISTA DE ILUSTRAÇÕES FIGURAS Figura 1. Fotos aéreas de terreno de 11 mil metros quadrados da Rua Araguaia em 2004 e em 2006 com o stand de vendas, após a preparação do terreno para iniciar as obras de 6 blocos. Fonte: Google Earth. ................ 26 Figura 2. Foto de inúmeros banners no Largo da Freguesia, se misturando com as placas de sinalização. ......... 27 Figura 3. Jornal O Globo com matéria sobre a atuação do mercado imobiliário na Freguesia e em outros bairros. Fonte: Jornal O Globo, 1 de outubro de 2006................................................................................................ 28 Figura 4. Foto na qual é possível identificar edificações de períodos distintos. Foto: Gisela Santana. 2006. ....... 29 Figura 5. Foto da fila de caminhões a serem carregados com a terra de um morro que cedeu lugar às unidades habitacionais. Foto: Gisela Santana. 2006. .................................................................................................... 31 Figura 6. Foto da Estrada do Pau Ferro uma das grandes vias que cortam o bairro, ligando ao bairro do Pechinha e ao início da Estrada Grajaú-Jacarepaguá. Ao fundo a Serra do maciço da Tijuca. Foto: Gisela Santana. 2006............................................................................................................................................................... 32 Figura 7. Folder de um dos empreendimentos, apresentando algumas das opões de lazer. ................................. 33 Figura 8. Exemplo da quantidade de opções de lazer oferecidas. Foto: Gisela Santana. 2006.............................. 34 Figura 9. Croqui de Lúcio Costa apontando o novo centro metropolitano em relação ao atual centro da Cidade. ....................................................................................................................................................................... 35 Figura 10. Terreno do Aquárius com o primeiro painel, anunciando o empreendimento. Foto: Gisela Santana, em abril de 2006. ................................................................................................................................................. 36 Figura 11. Foto dos quadros de controle de vendas durante o evento de lançamento. Foto: Gisela Santana. 2006. ....................................................................................................................................................................... 38 Figura 12. Fotos dos banners mostrando o primeiro layout à esquerda e a direita a nova comunicação visual, com o discurso adaptado às contingências. Fotos: Gisela Santana. 2005 e 2006. ......................................... 39 Figura 13 . Exemplos de recursos midiáticos usados, com destaque para o uso da cor verde............................... 40 Figura 14. Exemplos de folders e flyers de empreendimentos. ............................................................................. 41 Figura 15. Foto de taxidoor e demais placas ao fundo. Foto: Gisela Santana. 2006. ........................................... 43 Figura 16. Capa da Revista Veja de 14 de março de 2007. ................................................................................... 50 Figura 17. Foto de placas de lançamentos imobiliários na Av. Abelardo Bueno. ................................................. 51 Figura 18. Fotos de placas com exemplos do discurso da antecipação e da urgência. Foto: Gisela Santana, 2006. ....................................................................................................................................................................... 52 Figura 19. Primeiros folders do Del Giardino e do Colors. ................................................................................... 53 Figura 20. Primeiros folders do Aquárius e do Reserva do Bosque. .................................................................... 54 Figura 21. Primeiros folders do GrandValley e do Ecolife. .................................................................................. 55 Figura 22. Foto da maquete, com detalhe do home cinema, espaço kids e Parque Aquático. Ver paredes de acrílico sem os prédios. Foto: Gisela Santana. 2006. .................................................................................... 92 Figura 23. Exemplos de tipos de propagandas utilizadas para chamar atenção para o lançamento. Fotos Gisela Santana. 2006, 2008 e 2008 respectivamente. ............................................................................................... 93 Figura 24. Propaganda do empreendimento e do carro como brinde. Fonte: site do empreendimento http://www.chl.com.br/estrelas/, acesso em 26 set. 2008. ............................................................................. 94 Figura 25. Vista parcial da Freguesia. Foto tirada do alto do Penedo. Foto: Gisela Santana. ............................. 110 Figura 26. Estes banners exemplificam a nova interpretação da natureza, já que tanto a cachoeira quanto o riacho não existiam e estão sendo produzidos pelo mercado e o reaproveitamento da água da chuva incorpora-se ao discurso eco-responsável. Foto: Gisela Santana. 2007. ............................................................................... 116 Figura 27. Mapa do livro: O Sertão Carioca, p. 272, item XXII. ........................................................................ 120 Figura 28. Capa do livro: O sertão Carioca de Armando Côrrea......................................................................... 120 Figura 29. Igreja Nossa Senhora da Penna e Nossa Senhora do Loreto, que compõem a paróquia da Freguesia, antiga paróquia de Jacarepaguá. Foto: Gisela Santana. 2008. ..................................................................... 121 Figura 30. Rua Candido Benício, na Taquara, em abril de 1952........................................................................ 123 Figura 31. Mapa com os caminhos férreos. ........................................................................................................ 124 Figura 32. Cidade de Deus em 1970.................................................................................................................... 125 Figura 33. Primórdios da ocupação no Itanhangá e Barra da Tijuca, s.d............................................................. 125 Figura 34. Primórdios da ocupação e arruamento da Barra da Tijuca, ao fundo a Baixada de Jacarepaguá em 14 de novembro de 1972. ................................................................................................................................. 126 Figura 35. Baixada de Jacarepaguá e da Barra da Tijuca, s.d.............................................................................. 126 Figura 36. Desenho de 1845 da Ig. N. S. Penna e do Loreto. ............................................................................. 127 Figura 37. Foto do Penedo e parte da Freguesia.................................................................................................. 127 Figura 38. Foto aérea do Largo da Freguesia, Praça Profa. Camisão, Estrada dos Três Rios, Av. Geremário Dantas, Estrada do Gabinal e Estrada Velha de Jacarepaguá. ..................................................................... 128 Figura 39. O bairro da Freguesia no destaque em relação ao município do Rio de Janeiro. Ilustrações adaptadas. Fonte: Prefeitura do Rio de Janeiro. 2006. .................................................................................................. 129 Figura 40. Mapa do zoneamento de áreas do Projeto de Estruturação Urbana adaptado. ................................... 134 Figura 41. Trator circulando pelas ruas do bairro e prédio em construção ao fundo........................................... 137 Figura 42. Foto aérea da área do Novo Centro Metropolitano do Rio e das ações do Mercado Imobiliário....... 140 Figura 43. Tapume promovendo o Novo Centro Metropolitano do Rio, na Av. Abelardo Bueno...................... 141 Figura 44. Divisão dos bairros do Rio de Janeiro segundo sua ocupação residencial. Figura adaptada. Fonte: Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro (2000)............................................................................................ 142 Figura 45. Imagem extraída do site: www.euodeiopagaraluguel.com.br. ........................................................... 145 Figura 46. Seqüência de imagens do site: www.euodeiopagaraluguel.com.br. Acesso em: 2006....................... 146 Figura 47. Site da uol onde a propaganda do “eu odeio pagar aluguel” está sendo veiculada (destacada em amarelo). Acesso em 13 de outubro de 2008............................................................................................... 147 Figura 48. Ilustração do folder apresentando a imagem e o enuciado de ancoragem.......................................... 154 Figura 49. Foto do anúncio do jornal, anunciando o lançamento do empreendimento acima citado. ................. 155 Figura 50. Folders de empreendimentos da Freguesia que exemplificam os sentimentos e emoções de felicidade. ..................................................................................................................................................................... 158 Figura 51. Cobertura vegetal do terreno antes e depois do início das obras. Foto: Gisela Santana. 2007 e 2008. ..................................................................................................................................................................... 165 Figura 52. Foto de terreno que teve árvores e morro derrubados. ....................................................................... 166 Figura 53. Imagens de folders reforçando a ligação com a natureza e o contexto local..................................... 167 Figura 54. Exemplo de discurso para atrair compradores: Banner do empreendimento. ................................... 175 Figura 55. Folder de lançamento Del Monte Club & Houses. ............................................................................ 178 Figura 56. Folder de lançamento Del Monte Club & Houses, com primeira dobra aberta. ................................ 178 Figura 57. Foto em junho de 2006, no dia do lançamento e foto em setembro de 2008 com as casas em obras. 180 Figura 58. Três novos empreendimentos, construídos nos últimos três anos, o que está mais ao fundo é citado no exemplo abaixo. Foto: Gisela Santana. 2008............................................................................................... 181 Figura 59. Folder de lançamento Belle Epoque, à esquerda o Espaço Gourmet com cave de vinhos, à direita o Home Cinema. ............................................................................................................................................. 182 GRÁFICOS Gráfico 1. Novas construções na Lagoa e em Botafogo...................................................................................... 132 Gráfico 2. Lançamentos imobiliários por bairro no primeiro semestre nos anos de 2004, 2005 e 2006. ........... 138 Gráfico 3. Lançamento por bairro no segundo semestre dos anos de 2003, 2004, 2005 e 2006. ........................ 139 QUADROS Quadro 1. Tipo de habitação............................................................................................................................... 130 Quadro 2. Condição de ocupação dos imóveis. ................................................................................................... 130 Quadro 3. Número de moradores por domicílio. ................................................................................................. 130 Quadro 4. Quadro de áreas naturais..................................................................................................................... 131 Quadro 5. Discriminação dos grupos de discurso com numeração de enquadramento. ...................................... 144 Quadro 6. Quadro síntese de classificação nos grupos de discurso. .................................................................... 149 Quadro 7. Valores dos imóveis para compra e venda......................................................................................... 172 Quadro 8. Análise de classificação dos grupos de discurso................................................................................. 188 Quadro 9. Ranking de categorias......................................................................................................................... 188 LISTA DE ABREVIATURAS ADEMI Associação das Empresas do Mercado Imobiliário. APA Área de Proteção Ambiental. BNH Banco Nacional da Habitação. CFTV Circuito Fechado de Televisão. DOM Diário Oficial do Município. FGTS Fundo de Garantia por Tempo de Serviço. IGPM Índice Geral de Preços do Mercado. PAN Jogos Panamericanos ocorridos no Rio de Janeiro em 2007. PEU Projeto de Estruturação Urbana, no caso PEU-Taquara. SAC Sistema de Amortização Constante. SUMÁRIO INTRODUÇÃO ................................................................................................................................................... 15 O cenário do mercado........................................................................................................................................ 17 Posicionamento metodológico........................................................................................................................... 19 Interlocutores e intelectuais ............................................................................................................................... 20 A estrutura da tese ............................................................................................................................................. 22 CAMINHOS, ESCOLHAS E PROCEDIMENTOS: ABORDAGEM PRELIMINAR................................. 24 Arquitetura, Psicologia Social e recorte temático.............................................................................................. 24 Porquê a Freguesia... ......................................................................................................................................... 27 O discurso como ferramenta ............................................................................................................................. 36 Metodologia de coleta ....................................................................................................................................... 42 Metodologia de classificação............................................................................................................................. 46 Metodologia de análise...................................................................................................................................... 46 Categorizando e classificando os discursos ....................................................................................................... 48 1. ENTREMEAR DISCURSOS NA TESSITURA DE SENTIDOS ................................................................ 56 1.1. Sociedade de Consumo: Uma sociedade em mutação em busca de sentidos.............................................. 61 1.2. Mercado imobiliário: Construção e comercialização das habitações ......................................................... 72 1.3. O papel do marketing na construção dos discursos e dos desejos .............................................................. 86 2. HABITAÇÃO: PRODUTO E CONTEXTOS............................................................................................... 99 2.1. Habitação e sua abrangência sócio-ambiental .......................................................................................... 100 2. 2. O verde: relação homem – natureza ........................................................................................................ 109 3. FREGUESIA - A TRANSFORMAÇÃO DO LUGAR: DE SERTÃO CARIOCA À MENINA DOS OLHOS DO MERCADO IMOBILIÁRIO...................................................................................................... 118 3.1. Um pouco da história de Jacarepaguá....................................................................................................... 120 3.2. A Freguesia............................................................................................................................................... 127 3.3. Crescimento e transformações do bairro .................................................................................................. 132 3.4. O PEU – Taquara...................................................................................................................................... 134 3.5. Freguesia: seus símbolos e mudanças no modo de vida do bairro............................................................ 136 3.6. Mercado imobiliário do Rio de Janeiro hoje ............................................................................................ 137 3.7. Algumas considerações ............................................................................................................................ 143 4. MUNIDOS PARA VENDER ........................................................................................................................ 144 4. 1. Criação de novos conceitos e novas necessidades de moradia ................................................................ 151 4. 1. 1.O mundo dentro dos muros .............................................................................................................. 152 4. 1. 2.Emoção e desejo pessoal: A qualidade de vida visando à felicidade? .............................................. 156 4. 2.Relação com os outros e a sociedade........................................................................................................ 160 4. 2. 1. Da escassez à distinção.................................................................................................................... 160 4. 2. 2. Acolhimento e lazer: A família, os amigos e os outros ............................................................... 163 4. 3. Natureza em abundância?................................................................................................................. 165 4. 3. 1. Do verde natural ao greenwashing............................................................................................... 167 4. 3. 2. Itens ecológicos e a eco-sustentabilidade .................................................................................... 168 4. 4. Pra não dizer que não falei dos preços.............................................................................................. 170 4. 4. 1. Negócio financeiro para empresários e investidores.................................................................... 171 4. 4. 2. Negócio financeiro para proprietários ao sabor das promoções .................................................. 173 5. TECENDO OUTRAS ARTICULAÇÕES................................................................................................... 177 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................................................ 192 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................................................. 198 REFERÊNCIAS ELETRÔNICAS E AUDIOVISUAIS ................................................................................ 207 EN D ER EÇ O S D A S C O N S TR U TO R A S ............................................................................................... 210 GLOSSÁRIO ..................................................................................................................................................... 212 APÊNDICE A .................................................................................................................................................... 220 APÊNDICE B .................................................................................................................................................... 267 APÊNDICE C .................................................................................................................................................... 286 APÊNDICE D .................................................................................................................................................... 294 APÊNDICE E .................................................................................................................................................... 296 APÊNDICE F..................................................................................................................................................... 346 ANEXOS ............................................................................................................................................................ 352 15 INTRODUÇÃO O Brasil, desde o final de 2006 e início de 2007, vem experienciando um dos mais expressivos momentos de crescimento imobiliário de sua história. Desde a época do BNH (Banco Nacional de Habitação) e dos anos do chamado “milagre brasileiro” (1967 – 1973) não se via tantas obras habitacionais sendo construídas ao mesmo tempo. As evidências apontam para um conjunto de fatores socioeconômicos e financeiros que favoreceram tal boom imobiliário, dentre eles: a estabilidade econômica brasileira, a ampliação do crédito imobiliário, o alongamento dos prazos de financiamento, a abertura do capital de empresas do setor ao mercado interno e externo de ações, as fusões de médias e grandes empresas, a globalização do mercado, as parcerias entre construtoras, bancos e governo, além de outros fatores. No final de 2005, ao decidir estudar o boom imobiliário que se iniciava no bairro da Freguesia de Jacarepaguá, não imaginei que este seria apenas a ponta de um iceberg socioeconômico-cultural-histórico que estava por eclodir em todo o Brasil, e mais recentemente, no mundo, deflagrado pela crise financeira da bolha imobiliária norte-americana. As questões foram tomando vultos cada vez maiores e instigantes, abrindo inúmeras possibilidades de abordagens para novos estudos científicos. No início da pesquisa, em função do próprio crescimento do setor imobiliário e da construção civil, o número de matérias em jornais e revistas, o surgimento de periódicos especializados foi abundante e com diversas abordagens. Por um lado, tantas informações ajudavam, por outro complicavam. As inúmeras fontes tornaram as escolhas ainda mais complexas. Desta forma, o caminho foi sendo trilhado, definido e delimitado com o próprio caminhar da pesquisa, à medida que os fatos iam emergindo e acontecendo. Para dar continuidade ao processo de elaboração da tese de doutorado, com término estabelecido, foram necessárias escolhas, nem sempre fáceis, principalmente por se tratar de um objeto de estudo que estava em processo, em andamento e em construção. Diferente de se estudar o passado e a história, observar o presente em movimento é uma tarefa que requer aproximação e afastamento, estranhamento e busca de entendimento. As questões urbanas, por natureza são complexas e sistêmicas, compõem um imbricado de relações. Foi necessário abrir mão de dados, materiais, análises, conexões interessantes e instigantes, que por questões de prazo e menor amadurecimento reflexivo precisaram ser deixadas de lado. Durante o caminhar, ficou evidente que compreender o modo como os discursos são usados no processo de comercialização e lançamento imobiliário das habitações era o mais 16 importante. Assim, a meta foi entender o contexto no qual esses discursos emergem. Contexto esse atravessado pela construção social da realidade econômica. O material priorizado para esta análise foram os folders. Feito este preâmbulo, é necessário voltar o olhar para o caso estudado: A Freguesia de Jacarepaguá, no Rio de Janeiro. A Freguesia de Jacarepaguá foi escolhida para estudo por ser um espaço privilegiado de análise. Este bairro expressa a complexidade e a interdisciplinaridade presente no meio urbano, principalmente por ser oriundo de sesmarias, do século XVII, ter se desenvolvido sem planejamento e em momentos distintos, alternados por ondas de expansão imobiliária. Caracterizadas por vários padrões residenciais, são reflexo das iniciativas econômicas e político-administrativas de naturezas diversas. O atual momento reflete esse conjunto de fatores onde as construções e práticas discursivas do mercado imobiliário se redefinem e se projetam dando novos sentidos ao conceito da habitação e ao modo de morar que estão sendo introduzidos. Por estas razões, o bairro foi priorizado como estudo de caso, a fim de serem observadas as construções e práticas discursivas vigentes, expressas através dos enunciados e da práxis do mercado imobiliário habitacional, presentes nos folhetos e meios de propaganda, bem como nos modos como seus agentes atuam. Os folders empregados pelo mercado imobiliário foram usados por este estudo como principal meio de identificação e veículo para as análises das construções e das práticas discursivas. O objetivo foi compreender o processo de comercialização e lançamento imobiliário das habitações, a partir das construções e das práticas discursivas do mercado, presentes nos prospectos dos novos empreendimentos habitacionais e dos novos conceitos de moradias lançados no bairro pelos construtores e incorporadores atuantes na área. Foram analisadas as relações entre os discursos, o imaginário social e seus reflexos nas atuais transformações no modo de morar e habitar urbano das camadas médias, correlacionando-os aos valores que permeiam a sociedade atual e à existência ou não de promoção e marketing. Apesar das propagandas serem o meio que o mercado se utiliza para dar publicidade aos seus produtos, não é a única forma pela qual o seu discurso pode ser analisado. Segundo González Rey “todos os fenômenos são construções discursivas”, este conceito permite melhor compreender como o mercado constrói o seu discurso. Desta forma, observei como recurso complementar, as estratégias de comercialização, os meios, as técnicas, táticas e outras ações que pudessem funcionar como arcabouço do discurso do setor voltados para a venda. 17 O recorte temporal adotado toma como parâmetro a promulgação do Projeto de Estruturação Urbana – Taquara1, em 2004, visto que a área tornou-se mais atraente ao Mercado Imobiliário devido à sua aprovação. A coleta de material começou no final de 2005 quando iniciei o doutorado e foi encerrada em novembro de 2007, quando o decreto nº 28672 proibiu a distribuição de panfletos e outros tipos de materiais gráficos nos sinais de trânsito. O cenário do mercado... Para situar sinteticamente o contexto no qual este trabalho se insere, parto do entendimento que existe um mercado e uma indústria imobiliária que fazem parte do sistema econômico em vigor. Admito que exista uma competitividade entre empresas do setor, que esta se expresse na busca por novos nichos de mercado e na crescente concorrência entre grandes e pequenas incorporadoras, que dividem sua atuação entre os mercados habitacional, empresarial, rural e urbano, em busca de oportunidades de negócios. Torna-se claro também que os espaços da cidade se transformam em locais de venda, onde cada esquina, cada logradouro, cada portaria, bem como seus stands e showrooms destinam-se à comercialização de seus produtos. Nesta pesquisa, o foco está no mercado habitacional urbano, voltado para as camadas médias, que disputa lugares, regiões e “conceitos” de novos tipos, padrões, modos e estilos de morar. Neste processo, são utilizados inúmeros meios e ferramentas para conquistar novos consumidores. Dentre estes está o marketing e demais recursos a ele imbricados, a exemplo das estratégias de comunicação e de comercialização de produtos. Na outra ponta desta relação, há o consumidor como sujeito urbano, alvo principal dos interesses do mercado imobiliário, sem o qual este não existiria. No Brasil, devido a um conjunto de fatores, dentre eles o déficit habitacional e as desigualdades socioeconômicas, a moradia é considerada como meta de vida, patrimônio familiar, sonho e ideal a ser alcançado. Ter casa própria tornou-se símbolo de sucesso e 1 Lei Complementar n° 70 de 06/07/04, que instituiu o Peu Taquara – Projeto de Estruturação Urbana (PEU) dos Bairros da Freguesia, Pechincha, Taquara e Tanque, integrantes das Unidades Espaciais de Planejamento 42 e 43 (Uep 42 e 43). E que, a priori, foi hipoteticamente considerada por mim como um dos fatores que possibilitou a abertura do bairro da Freguesia e entorno ao estoque de terrenos para ação do mercado imobiliário. 18 distinção social, expresso pela localização da habitação, pelo seu valor econômico e pelo estilo de morar2. Em linhas gerais, a questão habitacional brasileira, sobretudo, no meio urbano, tem assumido configuração bastante peculiar, reflexo da condição socioeconômica do país. Nos últimos quatro anos, a questão ganhou novo fôlego com as injeções de recursos do capital financeiro, talvez um dos maiores booms da história da construção civil brasileira. Nas últimas décadas, a temática habitacional tem sido foco de estudos e discussões entre técnicos, assistentes sociais, intelectuais e governantes, principalmente nos seguintes eixos temáticos: 1. Déficit habitacional que atinge, predominantemente, às camadas de baixa renda; 2. Renda fundiária e imobiliária que, recentemente, abriu uma variante voltada para a questão do mercado financeiro. Por ser mais emergencial, o primeiro eixo tem sido mais explorado pelas pesquisas científicas, enquanto que o segundo, em relação ao primeiro, tem sido menos estudado. Em 2006, o déficit habitacional superou a cifra de dois milhões de moradias, apenas nas 11 maiores cidades brasileiras, dentre estas, 800 mil relativas ao Estado do Rio de Janeiro. Segundo os cálculos do Ministério das Cidades, “83% do déficit habitacional se concentra nas famílias com renda média mensal de até três salários mínimos (R$ 780,00)”.3 O segundo eixo de estudo, das rendas fundiária, imobiliária e do mercado financeiro, apresenta este setor econômico como um dos vetores mais promissores para investimento e obtenção de lucros privilegiados da atualidade. Inclusive, na Bolsa de Valores nacional e norte-americana4, com a venda de ações de diversas empresas de incorporação e construção civil de capital aberto, que favoreceu ganhos bilionários para algumas delas (ver anexo). Sem desmerecer a urgência de soluções para a carência habitacional e o fato das classes D e E5, deverem ser priorizadas, considero que estudar o mercado imobiliário voltado 2 Sobre esse assunto ver SAMPAIO, Maria Ruth Amaral de. (Org.). A promoção privada de habitação econômica e a Arquitetura Moderna 1930 – 1964. São Carlos: RiMa, 2002. E, CALDEIRA, Teresa Pires do Rio. Cidade de muros: crime, segregação e cidadania em São Paulo. São Paulo: Ed. 34 / Edusp, 2000. 3 FU TE MA , Fa b ia n a . Fo l ha on lin e, d i n h eir o, 2 4 /1 1 /2 0 0 4 . D i sp on í v el em : <http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u91050.shtml>, acesso em: 22 nov. 2006. Ver também o documentário “À margem do Concreto” de Evaldo Mocarzel. 4 Apesar das instabilidades econômicas pelas quais os Estados Unidos estão passando, diversas empresas brasileiras se lançaram no mercado internacional em 2007. Dentre elas a Gafisa que foi primeira empresa brasileira a lançar suas ações na Bolsa de Valores norte-americana. 5 Conforme a classificação do mercado, ou seja através do prisma do consumo, as camadas se dividem em classes A, B, C, D e E, onde classe A, é aquela com renda familiar mensal superior a 20 salários mínimos (R$ 7 19 para as classes A, B e C é importante para o entendimento do sistema imobiliário como um todo. Por serem menos estudadas tornam-se nicho de estudo. Nas últimas décadas, devido aos avanços midiáticos, vem sendo destinada uma abundância de conteúdo publicitário e de comunicação para esta camada. Tais informações permitem um melhor entendimento do pensamento e da lógica do mercado por meio de suas construções e práticas discursivas voltadas para essa faixa da população. Este conteúdo permitirá complementar e esclarecer espectros que compõem a questão habitacional brasileira que, por natureza, é multifocal e interdisciplinar. Posicionamento metodológico A partir da condição de moradora e potencial compradora de imóvel, adotei a posição de observadora participante, baseada em uma Etnografia urbana6. Entretanto, as tarefas de aproximação, estranhamento e distanciamento a ser exercida por uma arquiteta urbanista que se inicia nos estudos da Psicologia Social e que se aventura na Etnografia, na análise das construções discursivas e no marketing requer alguns cuidados. Principalmente, quando a realidade que está sendo estudada é familiar e lhe envolve emocionalmente, por ser o lugar de moradia, um lugar de afeição, mas que se torna imprescindível estranhar. Por ser a questão urbana tão complexa, busquei diversas fontes do saber para uma interlocução metodológica e reflexiva. Apesar do posicionamento adotado para a coleta de informações diretas por meio da observação participante ser antropológica, também foram realizados estudos de análise do discurso, baseados em aspectos da Psicologia Social, da Arquitetura, do Urbanismo, da História, da Sociologia, do Marketing e da Comunicação Social. Além disso, as análises foram realizadas a partir do foco das construções e práticas discursivas do mercado. Mesmo porque como nos fala Malinowski, para que um trabalho etnográfico seja válido, é imprescindível que cubra a totalidade de todos os aspectos – social, cultural e psicológico – da comunidade; pois esses aspectos são de tal forma interdependentes que um não pode ser estudado e entendido a não ser levando-se em consideração todos os demais. (MALINOWSKI, 1976, p. 15-16). mil); B, entre 10 e 20 salários mínimos (R$ 3,5 mil a R$ 7 mil); C, entre quatro e 10 salários (R$ 1,4 mil a R$ 3,5 mil); D, entre dois e quatro (R$ 700 a R$ 1,4 mil); e E, com renda familiar mensal inferior a dois salários mínimos. (BORGES, in: GUIMARÃES, JB, 8/4/2007) 6 CORDEIRO, G. I.; BAPTISTA, L. V; COSTA, A. F. (Org.). Etnografias Urbanas. Oeiras, Portugal: Celta Editora, 2003. 20 E, mais adiante continua, nossa responsabilidade não se deve limitar à enumeração de alguns exemplos apenas; mas sim, obrigatoriamente, ao levantamento, na medida do possível exaustivo de todos os fatos ao nosso alcance. [...] cada fenômeno deve ser estudado a partir do maior número possível de suas manifestações concretas. (MALINOWSKI, 1976, p. 30-31). Procurando seguir as orientações deste autor, foram recolhidas informações, sobretudo, material publicitário impresso, de praticamente todos os empreendimentos lançados na Freguesia no período de 2005 a 2007. Se algum escapou foi por escassez deste material no bairro. Para realizar determinadas análises do discurso, em algumas circunstâncias, foi usada análise genealógica. Como diria Foucault: de fatos que contribuíssem para o entendimento da maneira como tais discursos são e foram construídos ao longo do tempo, quer pelo mercado imobiliário, quer por outros agentes envolvidos no processo. Um exemplo é a busca de sentido realizada a respeito da casa própria, enquanto instituição imaginária da população brasileira. Na medida em que o trabalho foi sendo redigido, a postura antropológica adotada para observar a realidade pesquisada também se tornou presente na estruturação de algumas partes do texto e na forma de construção do pensamento. Principalmente, por meio dos relatos de fatos e experiências vivenciadas. Estas impressões fazem parte da pesquisa e, amparada em alguns estudos antropológicos urbanos, como Street Corner Society, de William Foote Whyte e Utopia Urbana, de Gilberto Velho, acredito que estes relatos tenham o seu valor para o desenrolar da pesquisa. Por esta razão, a ressalva ao leitor: o envolvimento com o tema e com o contexto estudado estará expresso e, mais que isso, tecerá um entremeio entre teoria e prática, urdindo uma trama de relações, paulatinamente laçada envolvendo a pesquisadora e o objeto de pesquisa desde o nascedouro. Interlocutores e intelectuais Diante de um universo de pesquisa com variáveis tão abrangentes, foi necessário abrir o leque teórico-metodológico em diversas direções e buscar focos de convergência, mesmo que pontuais, para auxiliar o entendimento dos aspectos que emergiram ao longo da pesquisa. Ao estudar as construções e práticas discursivas expressas, ou não, pelo mercado imobiliário 21 por meio dos prospectos voltados para as classes A, B e C, foram revolvidas “essas formas prévias de continuidade”, com o uso de uma análise crítica e, como diz Foucault: sacudir a quietude com a qual as aceitamos; mostrar que elas não se justificam por si mesmas, que são sempre o efeito de uma construção cujas regras devem ser conhecidas e cujas justificativas devem ser controladas; definir em que condições e em vista de que análises, algumas são legítimas; indicar as que, de qualquer forma, não podem mais ser admitidas (FOUCAULT, 2000, p.29). Não se pretende esgotar todos os autores e referências consultadas. Mesmo porque a construção teórica se fez paulatinamente e com a contribuição de todas as reflexões acessadas fossem estas impressas, eletrônicas ou verbais. A oportunidade de dialogar pessoalmente com intelectuais construtores de idéias, conceitos e teorias também é parte do embasamento teórico deste trabalho. São apontadas as mais significativas e citadas ao longo do texto, deixando claro, porém que é apenas um apanhado delas. Para uma postura etnográfica, realizada por meio da observação participante, foram utilizadas as experiências de Malinowiski, Foote Whyte, Marc Augé, Gilberto Velho, Graça Índia Cordeiro e António Firmino da Costa. A base para a análise do discurso, das construções e práticas discursivas é decorrente de estudos realizados por Mary Jane Spink, Fernando Luiz González Rey, Berger e Luckmann e Michel Foucault. Porém, para melhor observar o discurso não verbal das imagens foram estudados textos de Lucrecia D’Aléssio Ferrara, Bauer e Gaskell e Gemma Penn. Para tecer reflexões sobre a atual sociedade hipermoderna neoliberal e de consumo, bem como suas implicações sobre o indivíduo foram determinantes autores como: Henri Lefebvre, Simmel, Richard Sennett, David Harvey, Zigmunt Bauman, Milton Santos, Don Slater, Lipovetsky, Bourdieu, Baudrillard, Castoriadis, Alain de Botton, Nicole Aubert, De Certeau, Mike Featherstone, Guy Debord, Jorge Coelho Soares e Ariane Ewald. A aproximação do marketing foi realizada com base nos estudos de Philip Kotler, Marcos Cobra, Áurea Ribeiro e Raimar Richers. O primeiro autor aponta inclusive, outros trabalhos que embasam as teorias de marketing, a exemplo de Maslow, Freud e Herzberg, que foram citados para melhor entender o ponto de vista do marketing sobre as necessidades humanas. Para compreender a propaganda, os conceitos de Rafael Sampaio e reflexões de Maria Arminda Arruda subsidiaram as reflexões. As idéias sobre o mercado habitacional brasileiro e carioca, a questão da casa própria e dos condomínios fechados ocorreram pelos prismas dos seguintes autores: Luiz Cezar Queiroz Ribeiro, Arlete Rodrigues, Lícia Valladares, Ermínia Maricato, Lilian Fessler Vaz, Flávio Vilaça, Roberto Almeida, Teresa Pires Caldeira, Gerônimo Leitão e Ricardo Freitas. 22 Além desses, para uma análise histórico-genealógica da problemática fundiária e imobiliária utilizei registros de Leonardo Benevolo. Para melhor compreensão do discurso ecológico e da presença do verde nos folders coletados, foram realizadas aproximações com textos de autores que refletem a relação homem-natureza e repensam o desenvolvimento pela via da sustentabilidade. Para isso, as construções teóricas de Ignacy Sachs, Leonardo Boff, Heidegger e Keith Thomas foram utilizadas. A estrutura da tese A presente tese está dividida em cinco capítulos e uma parte inicial na qual são preliminarmente apresentados os caminhos, as escolhas, recortes e procedimentos metodológicos adotados. Os dois primeiros capítulos situam as questões dos discursos, do consumo, do mercado imobiliário, do marketing, da habitação e do meio ambiente, inseridos nos contextos urbano e social atual. O terceiro aproxima a realidade empírica de evolução do bairro. No quarto capítulo serão apresentados de forma mais direta os dados qualitativos e algumas análises destes. As reflexões dos quatro capítulos dão suporte às articulações e às análises dos grupos de discursos que compõem o quinto capítulo. O primeiro capítulo visa introduzir a produção de sentidos contextualizando o atual momento da sociedade e do indivíduo que, no turbilhão de eventos cotidianos, tenta dar sentido à própria existência através do consumo dos bens materiais. Insere-se a questão do mercado imobiliário como agente e ator, produtor de bens de consumo e de discursos. Na seqüência, surge o marketing como instrumental que visa a garantir vendas de produtos usando para isso uma série de técnicas, inclusive os discursos. O segundo capítulo apresenta a habitação, não só como abrigo, mas como produto do mercado e das construções sociais e discursivas, desempenhando diversos papéis, principalmente como símbolo e como elo entre o homem e o meio ambiente, seja este: natural, pessoal, familiar, social, simbólico e construído. O terceiro capítulo demonstra a evolução do bairro partindo do momento em que era considerado como “Sertão Carioca” e como se tornou a menina dos olhos do mercado imobiliário. Fornece subsídios para entender não só a classificação de alguns discursos como para melhor contextualizar o momento atual pelo qual o bairro está passando. O quarto capítulo foi estruturado a partir da classificação dos 21 grupos de discursos identificados. Reunidos por áreas temáticas afins, com o objetivo de articulá-los entre si. 23 O quinto capítulo estabelece uma tessitura entre as partes precedentes, visando construir reflexões e entendimentos sobre os novos sentidos que estão sendo atribuídos à habitação e à moradia nos empreendimentos habitacionais recentes. Aponta para as relações identificadas entre os discursos publicitários, o marketing, os valores socioculturais da atualidade, o imaginário social e seus reflexos nas atuais transformações no modo de morar e habitar urbano das camadas médias da sociedade brasileira. As conclusões deste estudo trazem luz para o processo de comercialização da habitação e orientam a existência de um novo modo de habitar urbano, baseado no deslocamento da necessidade da moradia, enquanto abrigo, para o desejo da habitação, permeada de acessórios, voltada para os moradores típicos das grandes cidades que, existencialmente vazios, buscam âncoras biológicas na natureza e de distinção nos bens de consumo. A habitação e a moradia apresentam-se como reflexos decorrentes da mutação das construções e formação de sentidos, oriundas de um mercado voltado para o consumo e de uma sociedade em transformação. O presente trabalho aponta, ainda, para a identificação de novos comportamentos, formas novas de subjetividade e de produção social do espaço construído decorrentes das ofertas e demandas. 24 CAMINHOS, ESCOLHAS E PROCEDIMENTOS: ABORDAGEM PRELIMINAR. Arquitetura, Psicologia Social e recorte temático. Devo esboçar aqui um pouco da minha própria trajetória acadêmica e de contato com o objeto de estudo como forma de justificar a escolha temática. No início dos anos 90 me formei em arquitetura e urbanismo. Desde o mestrado em 1995, tenho buscado aprofundar conhecimentos sobre as relações entre o espaço habitado e os indivíduos, sobretudo, no que tange às grandes cidades. Na dissertação de mestrado observei que a configuração e a disposição espacial das habitações exerciam influências sobre o comportamento social dos indivíduos. Identifiquei que os modos e estilos de vida urbanos também sofriam interferências da forma como os espaços se configuram. Apesar da maior parte dos entrevistados residir em prédios de apartamentos, naquela oportunidade, eles afirmavam desejar morar em casas térreas. Identifiquei ainda que a escolha do bairro estava bastante relacionada ao modo e ao estilo de vida que buscavam levar ou pelo qual gostariam de ser identificados. Estas e outras questões me instigaram a realizar o doutorado a partir do prisma do indivíduo em sua relação com o espaço habitado e com o modo de vida urbano contemporâneos, enquanto cenários sociais. Daí a minha presença na Psicologia Social, onde busquei novos pontos de vista para observar, estudar e compreender os espaços e as moradias urbanas, sobretudo, no que se refere à sua produção social. Ao iniciar esta pesquisa pretendia estudar as influências do espaço sobre o comportamento dos indivíduos e de que forma a sua composição interferiria na maneira deles se comportarem. No caminhar etnográfico, o comportamento dos indivíduos e a construção da subjetividade social assumiu o novo foco na inter-relação com o discurso dos produtores do espaço habitacional. Na qualidade de moradora da Freguesia de Jacarepaguá, observei que, em 2005, se anunciava um boom imobiliário no bairro. Apesar de residir há pouco tempo na região e no Rio de Janeiro, havia identificado que a área era de origem histórica com raízes rurais e que estaria passando por um processo de transformação urbana de mudanças de tipologias7 habitacionais e, conseqüentemente, de adensamento construtivo e populacional. Este processo 7 Tipologia – Estudo e variação dos diferentes tipos de edificações, em função dos tamanhos, alturas, estílos arquitetônicos e uso de matérias. Ex.: casas e apartamentos classificados por número de pavimentos, número de cômodos e por forma de agrupamento, ou classificados conforme uma dada época ou estilo arquitetônico. 25 anunciava um período de elevação social do bairro pelo mercado imobiliário, a partir do aumento do valor do metro quadrado de área construída. Este processo foi progressivamente tomando vulto sobre o espaço urbano da Freguesia e sobre o meu olhar e, ainda, sobre a minha forma de interagir com ele, me inquietando enquanto usuária, citadina, cidadã e pesquisadora. Passei a observar a atuação do mercado imobiliário na área e vislumbrei diferentes possibilidades de recortes temáticos, inclusive sobre os impactos que essa transformação tipológica e de densidade representariam sobre a população local e sobre os estilos de vida dos moradores da Freguesia. Para que o(a) leitor(a) possa ter uma idéia, apenas na Rua Araguaia, no ano de 2006, cinco novos empreendimentos foram lançados. Estes se somaram a outros sete que estavam em obras, desde 2005, em diferentes fases: lançamento, construção e acabamento. No início de 2007 mais cinco novos empreendimentos foram iniciados no mesmo logradouro. Foram dezessete novos empreendimentos residenciais em dois anos em uma única rua do bairro! Um deles com seis blocos de apartamentos, totalizando 348 unidades habitacionais. Vale ressaltar que em 2008 três novos empreendimentos estão sendo lançados, fazendo crer que outros ainda virão. Esta é uma pequena amostra das transformações sócio-ambientais e infra-estruturais ocorridas nos últimos quatro anos no bairro. Além das inúmeras árvores derrubadas, novos empreendimentos comerciais e de serviços foram abertos, outros de maior porte estão em fase de abertura: a exemplo de locadoras de vídeo e dvd’s, creches, escolas, bancos, magazines, delivery’s etc. Estas transformações produzem impactos na qualidade de vida dos habitantes locais e na infra-estrutura, que já são percebidos, sobretudo, no que se refere à natureza, ao tráfego de veículos, às quedas de energia e ao número de pessoas circulando pelas ruas do bairro. 26 Figura 1. Fotos aéreas de terreno de 11 mil metros quadrados da Rua Araguaia em 2004 e em 2006 com o stand de vendas, após a preparação do terreno para iniciar as obras de 6 blocos. Fonte: Google Earth. Entretanto, uma constatação me fez desistir de analisar tais impactos: os empreendimentos só ficariam prontos no final de 2008 e início de 2009, fato que me impediria, por uma questão de prazo, de avaliar os seus reais efeitos sobre a população e sobre o bairro, visto que os novos moradores estariam apenas chegando no momento em que precisaria estar concluindo o Doutorado. Porém, como arquiteta, urbanista, moradora da área e pesquisadora, não podia me furtar de analisar tal momento e o movimento que emergia e borbulhava. Então, foi preciso buscar rapidamente outro recorte para a pesquisa. Ampliei os modos de aproximação ao contexto estudado. Realizei visitas aos empreendimentos, participei de lançamentos e conversei com corretores, comecei a colecionar matérias, anúncios de jornais e folders que eram distribuídos nos sinais de trânsito. Percebi que a crescente expansão imobiliária e a chegada de grandes empresas, de atuação nacional, no mercado habitacional da área aumentaram a concorrência entre as construtoras estabelecidas na região, desestabilizando o mercado local. O movimento se espalhou pelo bairro e com isso, ocorreu uma invasão de banners, outdoors, distribuidores de folders, panfletos e tantas outras formas de divulgação. Não foi e não era preciso ir ao meu objeto de pesquisa ele é que vinha até mim das mais diversas formas. 27 Figura 2. Foto de inúmeros banners no Largo da Freguesia, se misturando com as placas de sinalização. Foto: Gisela Santana. 2006. Por ser moradora da área e me enquadrar no perfil8 de potencial compradora de imóveis, fui me tornando, cada vez mais, alvo dos corretores, dos distribuidores de folders, e das pesquisas diretas de mercado, realizadas pelas empresas de marketing. E, assim, o meu olhar foi se aguçando, envolvido pelos anúncios, pelas propagandas, pelas estratégias, pelo marketing e pelo discurso imobiliário, configurando-se como uma alternativa determinante para esta pesquisa. Porquê a Freguesia... O Mercado Imobiliário vem atuando em várias áreas da cidade e do país como um todo, apoiado e acompanhando um processo de estabilidade econômica e incremento financeiro pelo qual o Brasil vem passando nos últimos anos. No caso do Rio de Janeiro, as Baixadas da Barra da Tijuca e de Jacarepaguá, incluindo os bairros da Barra da Tijuca, Recreio dos Bandeirantes, Vargem Grande, Vargem Pequena, Jacarepaguá, Freguesia, Anil, Gardênia, Pechincha, Taquara, Praça Seca e Vila Valqueire são focos das ações do mercado. Inclusive a Freguesia, mantêm-se, sobretudo, nos últimos trinta anos, no contexto carioca como áreas de forte expansão urbana e adensamento imobiliário, incentivado inclusive pela alínea I, do artigo 69, do Plano Diretor Decenal do Rio de Janeiro de 1993. Estas áreas 8 O fato de ser mulher, de estar desejando mudar para um imóvel maior, enquadrada entre as classes de renda A e B, por ter filho e já ser moradora do bairro me inseria perfeitamente no público-alvo. 28 somadas corresponderam, em 2006, a 95% dos novos empreendimentos lançados na cidade do Rio de Janeiro. (ADEMI, 2006). Cada uma dessas áreas apresenta suas peculiaridades relativas ao número de novos empreendimentos, área livre, proximidade com a natureza, disponibilidade de terrenos, demolições, desmatamento, desmonte de morros, aterros, manutenção dos padrões construtivos, inovação e mudança dos paradigmas anteriores, no que tange às dimensões, serviços e tipologia dos empreendimentos. A área da Barra da Tijuca é a mais conhecida. Entretanto, será observada genericamente neste trabalho. A sua grande extensão, o status e o caráter simbólico adquiridos contribuíram para sua inclusão no imaginário urbano como símbolo de ascensão social. Em conseqüência disso, sua delimitação simbólica foi ampliada indo da Barrinha ao Recreio, da beira mar ao Rio Centro, sendo denominada atualmente por alguns como Grande Barra. Por ter sido objeto de análise de outros pesquisadores e por ter tido maior destaque em outros estudos acadêmicos, não a torna tão inédita nem inovadora. Por outro lado, a Freguesia despontava como foco em expansão. (ver ilustração a seguir). Figura 3. Jornal O Globo com matéria sobre a atuação do mercado imobiliário na Freguesia e em outros bairros. Fonte: Jornal O Globo, 1 de outubro de 2006. 29 Em Jacarepaguá, a Freguesia merece destaque no volume de novas construções. Ocorreram maciçamente, sobretudo, entre os anos de 2005 a 2008 e, em uma velocidade espantosa, superando a marca de 80 empreendimentos no período. No ano de 2006, o crescimento foi de 144% e o número de novas unidades, 1440, superou as construídas na Barra de Tijuca, 850, segundo dados publicados no Jornal Extra9, no Jornal O Globo acima, relatórios da ADEMI-RJ e da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro. É importante descacar a divergência entre os números apresentados pelos dois jornais. Porém, é notório que em ambos a Freguesia assume a liderança em relação aos demais bairros da cidade, situando-se como o preferido pelo mercado imobiliário. No período de dezembro de 2005 a novembro de 200710, havia catalogado folders e panfletos de 52 lançamentos imobiliários, localizados na Freguesia. Entretanto, vale ressaltar que, além desses, havia mais de 20 empreendimentos em construção no bairro que não distribuíram material publicitário. Além disso, o processo de expansão perdura e, a cada dia novos empreendimentos continuam sendo lançados. Figura 4. Foto na qual é possível identificar edificações de períodos distintos. Foto: Gisela Santana. 2006. 9 Jornal Extra do dia 10 de dezembro de 2006. 10 Época em que foi baixado um Decreto Municipal proibindo a distribuição de folders e panfletos nos sinais de trânsito da cidade. 30 Ao longo da sua história, a expansão imobiliária local vem acontecendo em ondas, temporais e conjunturais11. Aqui cabe reforçar que o atual momento, foco de nosso olhar para esta pesquisa, é posterior ao ano de 2004, que corresponde à alteração da legislação urbana local, PEU-Taquara (ver anexo), que outorga a construção de empreendimentos de maior porte na região e que se apresenta como fator primordial para tal explosão imobiliária. Apesar da lei abranger diversos bairros, chama a atenção o fato de ser a Freguesia o maior foco de atuação do mercado, no período estudado. Além de ter área quatro vezes menor do que a Barra, a Freguesia é um bairro bastante ocupado e adensado, apesar da reminiscência de alguns pequenos sítios e chácaras, visados para produção de novos empreendimentos pelos incorporadores imobiliários. Em relação aos bairros acima citados, a Freguesia apresenta uma menor quantidade de terrenos vagos. As novas construções ainda estão ocorrendo em terrenos médios e grandes, ocupados por casas e casarões, além de outros vazios destinados à especulação imobiliária. Outra modalidade se dá por meio do remembramento12 de terrenos (em menor número) que têm suas casas demolidas e sua vegetação derrubada para dar lugar aos novos empreendimentos. Os condomínios fechados de prédios e de casas estão promovendo um maior adensamento construtivo e populacional, substituindo a antiga tipologia e a vegetação das grandes chácaras, algumas com árvores centenárias. Terrenos onde só havia uma casa são substituídos por um número muito maior de unidades habitacionais. Há casos de empreendimentos com mais de 400 residências. Tal adensamento deixa claro que o impacto se produz na infra-estrutura, mas, sobretudo, na paisagem e na qualidade de vida do bairro, compreendendo o clima e a segurança. A construção simultânea de tantos empreendimentos atrai pessoas de diversas origens. No final do expediente, é possível ter idéia da quantidade de operários. Chama a atenção dos mais pobres para as supostas melhorias que estão sendo realizadas, dos comerciantes que modificam seus negócios, de moradores de outros bairros. Enfim, é uma sucessão de efeitos em cadeia. 11 Estas serão posteriormente abordadas em maior detalhe quando a história e a evolução do bairro forem abordadas no capítulo 3. 12 Remembramento é a junção de dois ou mais lotes para formar um lote maior, a fim de viabilizar a construção de uma ou mais edificações de maior porte. 31 Figura 5. Foto da fila de caminhões a serem carregados com a terra de um morro que cedeu lugar às unidades habitacionais. Foto: Gisela Santana. 2006. A estrutura viária local está sofrendo, não só pelo expressivo aumento de caminhões e tratores que passaram a circular pelo bairro, mas incorpora-se a isso o aporte de veículos da nova população que está por vir. O sistema de circulação viário é bastante limitado, se comparado ao da Barra da Tijuca. Além disso, apresenta menos possibilidades para ampliação da infra-estrutura, por se tratar de uma malha antiga oriunda das velhas estradas coloniais. Os impactos serão mais fortemente sentidos pela população residente, inclusive, em relação aos valores socioculturais e ao modo de vida anteriores. Em contraposição à Barra, um bairro novo, onde há 30 anos atrás havia poucos residentes. E onde, o plano urbanístico considerou a circulação de automóveis em vias largas e expressas e, ainda hoje apresenta extensas áreas com grandes vazios, sem nenhuma ocupação. Os valores e o modo de vida foram sendo construídos e consolidados na medida em que a população chegava. Nos casos do Recreio e das Vargens (Grande e Pequena) guardam ainda características semi-rurais, compondo até bem pouco tempo uma franja rural urbana, principalmente devido à distância do centro, ao modo de vida e às próprias atividades locais. Neste contexto, vale ressaltar que a Freguesia foi rural e área periurbana, depois engolida pelo processo de expansão do Rio de Janeiro. Na década de 1980, tornou-se mais um bairro da cidade. Desde a sua origem apresenta características de bairro de passagem. Atualmente fica no caminho para quem vai ao centro, vindo da Barra e dos demais bairros de Jacarepaguá, fato que interfere significativamente sobre o volume de tráfego local, ver foto a seguir. 32 Figura 6. Foto da Estrada do Pau Ferro uma das grandes vias que cortam o bairro, ligando ao bairro do Pechinha e ao início da Estrada Grajaú-Jacarepaguá. Ao fundo a Serra do maciço da Tijuca. Foto: Gisela Santana. 2006. Por uma série de fatores, que serão detalhados mais adiante, a Freguesia é considerada como área nobre da região, tida como “Zona Sul de Jacarepaguá”. Tem acessos facilitados pela Linha Amarela para o centro da cidade e para a Barra da Tijuca e, como dizem os folders “está a dez minutos da praia”. Além disso, a menor quantidade de comunidades perigosas13 na vizinhança também influencia incorporadores e compradores, na escolha do lugar. Soma-se ainda aos fatores de demanda, a grande variedade de comércio e serviços presentes no bairro, a proximidade com áreas verdes, matas e a famosa tranqüilidade, almejada pelos novos compradores. Agora não mais garantidas... 13 Bauman usa o termo classes perigosas para designar o grupo que tem sido foco de ações punitivas “contra moradores de ruas pobres e das áreas urbanas proibidas”, por derivação denomino “comunidades perigosas”. 33 Figura 7. Folder de um dos empreendimentos, apresentando algumas das opões de lazer. Neste processo de especulação imobiliária que vem sendo empreendido no bairro, alguns aspectos chamam a atenção. Dentre eles, a mudança dos padrões de moradia, que anunciam um novo estilo de vida para o bairro. Uma série de opções de lazer e serviços é oferecida aos novos moradores14, se aproximando da realidade dos condomínios existentes na Barra da Tijuca15. Os novos ambientes de lazer e serviços nas áreas comuns dos prédios são introduzidos de forma mais significativa no bairro por volta de 2004, como apresentado nas figuras 7 e 8. Alguns exemplos são: Espaço gourmet, Home Cinema, Spa, espaço kids, 14 Em janeiro de 2007, ao observar alguns anúncios do mercado imobiliário em áreas nobres da cidade do Recife, como Boa Viagem e Madalena, pude verificar que a variedade de mídias, serviços e áreas de lazer presentes nos empreendimentos do Rio de Janeiro e de São Paulo não existiam naquela cidade. Entretanto, no final de 2007 e início de 2008 empresas que também atuam no Sudeste iniciaram a introdução destas inovações. Valeria a pena realizar um estudo cruzado entre capitais, neste momento, infelizmente, este estudo não comporta. 15 Esses tipos de serviços talvez existam há mais tempo nos condomínios da Barra por este ter sido um bairro que não dispunha de nenhuma infra-estrutura quando surgiram os primeiros exemplares, talvez instituído como uma prática. Entretanto, na Freguesia, certamente as motivações são outras. 34 redário, espaço Zen, oficinas de automóveis, cachoeiras, parques aquáticos, entre tantos outros espaços e conceitos16. Figura 8. Exemplo da quantidade de opções de lazer oferecidas. Foto: Gisela Santana. 2006. Em contrapartida, observa-se que as áreas dos cômodos e dos apartamentos estão sendo reduzidas. Há, ainda, alterações de tipologias construtivas autorizadas com a aprovação do Projeto de Estruturação Urbana – Taquara, que além da redução de área verde permeável, passou a permitir um acréscimo de até 50% no gabarito17. Por estas razões, entendo que os impactos deste processo de crescimento urbano serão mais nitidamente percebidos neste bairro. Sinteticamente, a escolha dessa área contextualiza melhor este estudo pelos seguintes aspectos: 1. A rápida, crescente e atual expansão, decorrente do grande interesse imobiliário, simbólico e comercial, que produz grandes transformações ambientais e sociais; 16 Em fevereiro de 2007 a Gafisa introduziu um novo conceito, o da aventura, com cachoeira, circuito de mountain bike com obstáculos, ecotrilhas, mini-arvorismo, ski-grama, escalada, mini-rapel. A mesma construtora lançou, no final de 2006, outro empreendimento denominado de “inteligente” visando economizar energias, “poupando e otimizando os recursos naturais”. Foi a primeira empresa a anunciar o “uso de medidores de água individual, energia eólica para bombas e iluminação de áreas comuns, reaproveitamento de água da chuva para jardins e limpeza, coleta seletiva de lixo, luz natural nos banheiros”. (Conforme dizeres dos corretores do empreendimento). 17 Gabarito – altura máxima da edificação, autorizada por lei. 35 2. Por estar no entorno imediato de um Plano Urbanístico solicitado pelo poder público, em 1960, realizado por Lúcio Costa e, recentemente, compor o PEU – Taquara, promulgado em 2004. Que ainda está sem regulamentações específicas, sobretudo, no que concerne aos impactos sócio-ambientais; 3. Pelos relatos de transformações por parte da população mais antiga, residente da área, que percebe o próprio modo de vida sendo alterado, em função dos deslocamentos mais demorados, reduzindo o tempo da sociabilidade; 4. Pelo fato dos sítios e chácaras estarem sendo substituídos por prédios com ambientes internos cada vez menores, com densidades cada vez maiores, expressando uma tendência à fragmentação espacial da área que, enquanto propriedade de terra, foi uma sesmaria, subdivida ao longo dos últimos três séculos de ocupação; 5. Por conter áreas de preservação cultural, com edificações do início do povoado nos séculos XVII e XVIII, e ambiental com APA (Área de Proteção Ambiental) constituida em lei, que contempla o Bosque da Freguesia. Áreas paulatinamente degradadas apesar da necessidade de ter sua ambiência construtiva e natural preservadas; 6. Por fazer parte da área denominada, por Lúcio Costa, como o futuro centro metropolitano do Rio de Janeiro18, portanto, de grande convergência e concentração urbana e habitacional; Figura 9. Croqui de Lúcio Costa apontando o novo centro metropolitano em relação ao atual centro da Cidade. 7. Por ser um bairro predominantemente residencial; 18 A respeito do “novo centro metropolitano do Rio de Janeiro” este mote vem sendo utilizado para a ocupação de grandes terrenos da Av. Abelardo Bueno, área geograficamente situada entre a Freguesia e a Barra da Tijuca, correspondendo às imediações da Vila Panamericana. 36 8. Pelo fato das incorporadoras estarem introduzindo novos equipamentos e serviços, nas áreas comuns dos prédios, que antes compunham áreas públicas da cidade, alterando assim a relação espaço público X espaço privado; 9. Por apresentar um estilo de vida diferenciado da Barra da Tijuca, tornando-se uma alternativa para novos compradores, sobretudo, das camadas médias; 10. Por apresentar maior quantidade de material impresso, permitindo a análise do discurso e das estratégias de lançamentos, comercialização e venda habitacional. Esse material apresenta elementos significativos para a análise da produção social de sentidos. É preciso destacar que devido ao grande número de materiais de propaganda distribuídos no início do doutorado, ocorreu uma inversão nas etapas de pesquisa, tendo o empírico atravessado o teórico e a observação participante se transformado em uma constante no cotidiano de pesquisadora-moradora da área, a exemplo de alguns antropólogos urbanos. O fato da pesquisa acabar e o processo continuar avançando, inclusive com o estouro da bolha imobiliária norte-americana, informações foram geradas até os momentos finais da redação deste trabalho. A etnografia, complementada pelo diário de campo, possibilitou inúmeras observações e análises que passariam despercebidas a um pesquisador visitante. O discurso como ferramenta ... Figura 10. Terreno do Aquárius com o primeiro painel, anunciando o empreendimento. Foto: Gisela Santana, em abril de 2006. 37 O empreendimento Aquárius Residencial, situado na Rua Araguaia19, lançado em maio de 2006, chamou atenção para aspectos até então não percebidos da atuação do mercado imobiliário habitacional local, como anunciado na mídia externa apresentada na figura 10 e devido às transformações no skyline da rua. Em primeiro lugar pelo impacto que produziu sobre a paisagem da rua ao derrubar frondosas árvores de um dos terrenos mais arborizados da área para abrigar 348 unidades distribuídas em seis blocos de apartamentos. Em segundo, este empreendimento adotava um farto conjunto de mídias para lançar um novo conceito habitacional na área: o “bairro dentro de bairro”. As estratégias usadas por seus divulgadores incluíam a distribuição de CD’s promocionais, a realização de tele-marketing convidando os moradores do bairro para o coquetel de lançamento; o marketing direto, com a distribuição de folders nos condomínios, nas lojas da região e nos sinais de trânsito; painéis imensos no local do empreendimento e banners espalhados pelas ruas do bairro; stand de vendas com dois apartamentos decorados; duas maquetes com iluminação especial durante o dia e a noite; a super produção do coquetel de lançamento e os já conhecidos anúncios de jornal. De início, o folder deste empreendimento merece destaque, pois apresentava o seu “diferencial”. Ao ser aberto tinha medidas superiores à de um jornal, com imagens das inúmeras e inovadoras opções de lazer e dos serviços. A principal delas era um Parque Aquático. Introduzia no bairro um novo estilo de vida, um novo conceito de moradia a partir da inserção de diversos serviços e inovadores equipamentos de lazer, apelidado pelo mercado de conceito de “bairro dentro de bairro”. O marketing “agressivo” utilizado pela equipe encarregada da divulgação transformou o comportamento dos corretores e imobiliárias locais. Eles mudaram estratégias e discursos visando resgatar a atenção para os seus produtos. O empreendimento acima citado modificou radicalmente os paradigmas de vendas. Cerca de 150 unidades foram averbadas na noite do lançamento. 19 A rua Araguaia: é uma rua relativamente longa, que inicia na Av. Geremário Dantas, em uma praça, no meio, uma outra de nome praça Macgregor que é uma rotatória e chegando a Estrada do Pau Ferro. Possui cinco grandes quarteirões, que até então abrigavam grandes terrenos alguns com mais de 10 mil metros quadrados. É denominada pelos incorporadores como área nobre da Freguesia e, nos últimos anos recebeu 20 novos empreendimentos. 38 Figura 11. Foto dos quadros de controle de vendas durante o evento de lançamento. Foto: Gisela Santana. 2006. A partir daí, com a continuidade da observação pude perceber que a quantidade e a qualidade de material publicitário distribuído por esses novos empreendimentos merecia maior atenção. Certo sábado de 2006, após o lançamento do empreendimento acima citado, estava de carro parada no sinal20, quando recebi cerca de 14 folders de empreendimentos diferentes, cada um apresentando seus diferenciais, naquele concorrido mercado. Já havia iniciado uma coleção destes, por isso, meu olhar ia cada vez mais se aguçando em busca do novo recorte para o objeto de estudo. Os folders recebidos apresentavam formatos e tamanhos bastante variados. Observei que os textos e a diagramação também tinham características peculiares. Uns informavam o breve lançamento do empreendimento, outros modificavam seus discursos. Alguns empreendimentos dos quais havia recebido exemplares anteriormente, haviam mudado seu enunciado, bem como a estrutura de apresentação do folder. Aquele fato me chamou a atenção. Um dos empreendimentos que havia modificado o layout estava localizado na mesma rua, do condomínio citado anteriormente e o período dessa mudança de ativação21 foi posterior ao referido lançamento. 20 A distribuição dos folders, durante o período estudado, ocorria predominantemente nos sinais de trânsito, onde eram oferecidos aos motoristas. Vale ressaltar que os transeuntes não eram abordados, demonstrando que havia foco na distribuição. O público com potencial de compra era o proprietário de automóveis e não os que estavam a pé. 21 Ativação – termo utilizado no meio da publicidade e do marketing que designa “o conjuto de medidas destinadas a fazer com que o produto atinja os mercados pré-definidos e seja adquirido pelos compradores com a freqüencia desejada”. (RICHERS, 2006, p. 22) 39 Figura 12. Fotos dos banners mostrando o primeiro layout à esquerda e a direita a nova comunicação visual, com o discurso adaptado às contingências. Fotos: Gisela Santana. 2005 e 2006. Aquele foi um indício da mudança de comportamento e de adaptação do discurso para “captar” novos clientes e compradores e se contrapor à concorrência. Um ajuste das estratégias de propaganda e marketing às contingências do momento e em função do interesse final – a venda dos apartamentos, ou melhor, o lucro e a efetividade das vendas. No mês de março de 2007, observei que este mesmo empreendimento tornou a mudar seu discurso, o layout, o formato e as mídias de divulgação. Houve uma ampliação da sua presença nos jornais de grande circulação, apontando para a busca de um outro perfil de consumidor. Este fato reforçou ainda mais a atenção aos discursos e às estratégias de marketing. Pude perceber que alguns discursos apresentavam traços semelhantes, outros variavam em função dos valores socioeconômicos, do público-alvo que o mercado pretendia alcançar e havia variações e combinações temáticas: um falava da tranqüilidade do bairro, outro falava do verde, um outro do baixo preço e do modo de pagamento, outros do lugar ideal para se criar filhos, das opções de lazer, da segurança etc. Posteriormente, observei que aos discursos anteriores foi introduzida a questão do espaço interno e da planta-baixa22 do imóvel. E, no final de 2006 e início de 2007, houve a introdução do discurso ecológico e da sustentabilidade ambiental. 22 Planta-baixa ou simplesmente Planta – Termo técnico da arquitetura e da engenharia utilizado para designar a representação gráfica e espacial de uma projeção horizontal, que permite ver a disposição dos cômodos da residência ou de objeto qualquer. 40 Figura 13 . Exemplos de recursos midiáticos usados, com destaque para o uso da cor verde. Foto: Gisela Santana. 2006 e 2007. Identifiquei ainda que a divulgação dos novos empreendimentos, sobretudo, quando comparados ao estudo de mestrado, realizado no período de 1995-1998, no Recife, havia sido incrementada. Surgira uma infinidade de novos e remodelados recursos midiáticos que iam do tradicional anúncio nos jornais, da simples distribuição de folders aos anúncios de televisão, aos outdoors, busdoors, taxidoors e backlights23 expostos nas vias mais movimentadas da região, além de tantas outras estratégias de marketing utilizadas para dar visibilidade a um dado empreendimento e a uma dada empresa, que buscava reforçar sua marca. As informações apresentadas nestes meios de comunicação continham mensagens bastante significativas de estilos e modos de vida. Ao reunir os elementos e ao começar a juntar as “peças do quebra-cabeça” concluí que aquele empreendimento da Rua Araguaia representava um divisor de águas, não só para o mercado local como para a minha pesquisa. Pois trazia em seu bojo a desestabilização do tradicional paradigma de moradia e das estratégias de divulgação, até então presentes no bairro, onde dominavam as pequenas e médias empresas de construção civil. A chegada desta “nova” empresa de incorporação à Freguesia, a inovação nos equipamentos, nos serviços e áreas de lazer, na diversidade de mídias e estratégias para sua divulgação24, fez emergir o enfoque do comportamento dos agentes do mercado e ressaltou o quanto o marketing pode influenciar o comportamento do comprador e do próprio mercado local por meio do seu discurso e de suas estratégias. Por não ser prática corrente das outras empresas atuantes na região, veio à tona todo esse aporte desapercebido até então. Daí em diante os outros passaram a se comportar de forma mais “agressiva” (para usar o jargão do marketing) em função da relação entre o 23 Grandes painéis luminosos, geralmente fixados em grande altura nas laterais de vias de grande fluxo e, por vezes maiores que os outdoors e que, dependendo da localização, chegam a custar cerca de R$ 8 mil reais por mês. 24 Estas diferentes formas de divulgação serão detalhadas mais adiante. 41 próprio volume de vendas e o do outro. Foram obrigados a alterar o discurso e a readaptar estratégias de marketing a fim de alcançarem suas metas de venda. Foi ficando claro que as imagens e discursos do mercado produziam sentido e atingiam emocionalmente os sujeitos. Atuavam como um fenômeno que é produzido socialmente, por meio de uma relação entre partes, se configurando como construções discursivas, enquadradas como processo gerador de subjetividades sociais, onde “o indivíduo é constituinte e, simultaneamente, constituído” (REY, 2003, p. 202) por suas ações, independentemente de suas intenções, em uma constante interação entre o indivíduo e o social e vice-versa. Figura 14. Exemplos de folders e flyers de empreendimentos. O cenário apresentado até aqui sugere a idéia de que a força da mensagem publicitária utilizada tem um peso bastante significativo nos processos de decisão dos compradores. Captando-os, juntamente com os atrativos de serviços e lazer, condições de pagamento e outros acessórios que lhes são oferecidos25. Esta constatação conduziu, não só à análise do discurso do mercado imobiliário expresso nos meios de comunicação promocional26, como à 25 Tais como armários de cozinha, TVs de Plasma, um ano de condomínio garantido, brindes de vários tipos entre outros atrativos. 26 Aparecem nos folders, banners, anúncios de jornais e sítios da Internet e são os meios utilizados tanto pelos grandes quanto pelos pequenos construtores e incorporadores imobiliários. 42 observação das construções discursivas que se expressam através da práxis e de outras ações que nem sempre ganham publicidade, mas que compõem o mix de um lançamento imobiliário. Devido à abundância de material obtido, os esforços foram centrados nos prospectos, folders e panfletos. Apesar disso, a análise realizada não se limita ao discurso escrito, inclui também as imagens, montagens e meios gráficos, é complementada por exemplos ilustrativos da práxis utilizada por seus promotores, inclusive os freqüentes miseen-scènes nos stands de vendas e showrooms e em alguns casos pela confrontação com as transformações da paisagem. González Rey assinala que a dimensão discursiva fornece uma nova possibilidade ao entendimento dos fenômenos produzidos socialmente. Para ele, uma realidade socialmente construída estabelece uma dicotomia entre o construído e o constituído, onde todos os fenômenos são construções discursivas. A nova ordem discursiva gera “visibilidade sobre um conjunto de fenômenos sociais que estavam ocultos pela naturalização do social” (REY, 2003, p. 213) enquanto o entendimento viabiliza a compreensão de dimensões ocultas da realidade social. Do seu ponto de vista, “a análise do discurso é um recurso técnico da construção da informação sobre o discurso”. (REY, 2003, p. 231). Delimitou-se então, o recorte: estudar as construções discursivas do mercado imobiliário habitacional da Freguesia, presentes no material publicitário impresso utilizado pelos incorporadores e construtores para divulgação de seus produtos, como forma de melhor compreender os processos de lançamento, comercialização e produção da habitação. Metodologia de coleta No início da fase empírica da pesquisa, ou seja, no final de 2005, os materiais coletados para análise eram de diversas naturezas. Naquele momento, todas as mídias voltadas para a divulgação dos novos lançamentos do mercado imobiliário eram observadas e colecionadas. Conforme lista a seguir: a) Matérias e anúncios em jornais; b) Matérias e anúncios em revistas especializadas ou de variedades; c) Folders, panfletos e prospectos distribuídos em locais públicos; d) Sítios dos empreendimentos na Internet; 43 e) E-mails de divulgação de imobiliárias e corretores, também conhecidos como emarketing ou e-flyer; f) Correspondência e convites de lançamentos recebidos via correio, mais conhecidos como mala direta; g) Catálogos e CD’s multimídias distribuídos pelos corretores nos stands de vendas e showrooms; h) Fotos dos empreendimentos, stands e showrooms; i) Fotografias de mídias externas, como: outdoors, backlight, frontlight, banners, busdoor, taxidoor, expostos nas ruas, nos próprios empreendimentos, nos veículos coletivos e em carros de som; Figura 15. Foto de taxidoor e demais placas ao fundo. Foto: Gisela Santana. 2006. j) Filmagens de anúncios em meio televisivo; k) Telefonemas de corretores, pesquisas de opinião sobre imóveis e sondagens para novos lançamentos, nas quais fui entrevistada; l) E ainda, escuta de anúncios nas rádios. Ao longo do tempo de coleta, com a aproximação e com o aprofundamento das informações e da práxis de mercado cheguei à conclusão que a abundância de material era crescente e em tal proporção que, para atender aos prazos do doutorado, seria necessário optar por um tipo de mídia para um estudo mais aprofundado. Em função da quantidade de panfletos, prospectos e folders, da quantidade de informações que alguns destes traziam, optei por adotá-los como ponto principal de análise. E, ainda por serem uma mídia comum, utilizada para lançamentos de construtoras de diversos portes. As demais mídias também foram utilizadas, porém, como apoio e elementos complementares de análise. Em função do grande número de material coletado dos 52 empreendimentos na Freguesia, devido ao aumento contínuo, à variação e à renovação dos materiais de propaganda 44 que cada empreendimento apresentava, optei por fazer uma análise mais específica de alguns exemplares. Elegi os mais representativos, que trouxessem contribuições significativas para o entendimento de questões do mercado. A partir da evolução das observações, da própria análise e das constatações iniciais decorrentes do próprio processo, optei por priorizar o olhar para a questão ecológica e da sustentabilidade. O imaginário social carioca vincula o bairro à natureza e à roça. Após algumas manifestações da população local contra as derrubadas de árvores na Freguesia, este passou a ser o carro chefe dos discursos, apontando para outra adaptação do comportamento das empresas. Apesar disso, outros tipos de discursos também foram observados e analisados, principalmente no que se refere à oferta de lazer e serviços nas áreas comuns dos condomínios e nos significados neles embutidos. Adotei uma análise qualitativa, destacando os exemplos de maior relevância para o entendimento do processo. Relevância no que diz respeito às inovações introduzidas, à relação comparativa entre outro(s) empreendimento(s) e, à quantidade e à qualidade do material obtido sobre os mesmos. A coleta de matérias e anúncios em jornais foi assistemática até identificar as regularidades e periodicidade dos cadernos e quais jornais eram preferidos pelos empreendedores. A partir da identificação do Jornal O Globo27 como prioritário, uma postura sistematizada foi adotada para este periódico, e assistemática para os demais. Num primeiro momento as buscas eram realizadas às quintas e sextas-feiras, sábados e domingos no Jornal do Brasil e no Jornal O Globo, nos cadernos Barra, Imóveis, Morar Bem e na coluna “Negócios & Cia”. Posteriormente, com a decisão de utilizar os folders e panfletos como mídia prioritária de análise, devido à abundância do material coletado, continuei a pesquisa nos periódicos de forma assistemática nos dias dos cadernos Barra, imóveis e Morar Bem. As revistas gratuitas especializadas em divulgação de imóveis eram coletadas nos pontos de distribuição28. Devido à facilidade e à periodicidade mensal, dei preferência pelo “Guia aqui imóvel”, por ser o mais abundante e mais fácil de encontrar no bairro. Merece destaque o surgimento de algumas destas revistas no período da pesquisa, o que se apresenta como indicador do crescimento do mercado imobiliário e como este se tornou oportunidade de negócios para outros setores. 27 Conforme Mário Rigon, gerente geral de publicidade do Infoglobo, O Globo consegue dar aos seus anunciantes uma das maiores coberturas do país e, por isso, tornaram-se a opção preferncial do mercado imobiliário do Rio de Janeiro. (Revista Meio & Mensagem, 2007) 28 Em sua maioria, pontos comerciais, tais como farmácias, academias de ginástica, mercadinhos, lojas de conveniência etc. 45 Também realizei levantamento junto às revistas comercializadas (Veja, Veja Rio, Casa Claudia, Arquitetura & Construção, LIDE entre outras) que acontecia por meio da ida às bancas, no acesso à Internet e a conseqüente aquisição das mesmas. Como disse, a principal coleta foi a dos folders e panfletos, justificada pela grande quantidade de lançamentos e pela abundância de distribuidores nas ruas do bairro. Em sua maior parte, este modo de coleta aconteceu nos sinais de trânsito, sobretudo, antes da proibição. Entretanto, os folders também estavam disponíveis nas portarias dos prédios e em pontos comerciais. Além da Freguesia, estes também foram coletados nos bairros vizinhos e em outras áreas da cidade, como Barra da Tijuca, Tijuca, Vila Isabel, Grajaú, Méier, Laranjeiras, Botafogo, São Cristóvão, Maracanã e adjacências. Foi observada uma tendência da distribuição se realizar no próprio bairro onde o lançamento imobiliário se localizava e nos bairros e áreas limítrofes. (No caso da Freguesia: Anil, Pechincha, Taquara, Barra da Tijuca, na Av. Airton Senna, na Av. Abelardo Bueno e, até mesmo em Vila Isabel e Grajaú). Os locais de distribuição tendiam a acompanhar o nível socioeconômico do público-alvo do bairro onde a obra se localizava. No caso dos panfletos, merece destaque o fato de ter sido baixado um decreto municipal, no final de 2007, proibindo a sua distribuição nos sinais de trânsito. O ocorrido foi justificado, pelo poder público, como uma questão de segurança. Entretanto, acredito que fatores como o crescimento da concorrência também possam ter induzido a publicação do Decreto Municipal Nº 28672 de 9 de novembro de 2007 (DOM/RJ de 12/11/2007), que “proíbe a distribuição de qualquer material gráfico-publicitário nos sinais de trânsito da Cidade do Rio de Janeiro” (ver anexo). As filmagens de anúncios televisivos foram ocasionais. Principalmente por não representar a realidade de todos os empreendimentos. Este tipo de mídia era usado para os de maior porte, que tinham a bandeira de grandes construtoras, aqueles com um número muito grande de unidades habitacionais à venda, ou ainda, para os de maior luxo, destinados à população de maior poder aquisitivo, pois viabilizavam o alto custo de uma propaganda televisiva. As fotografias das diversas mídias externas também foram realizadas de forma assistemática, sem dia nem horário certos. Entretanto, em função do próprio movimento e da práxis do mercado houve uma tendência em realizar as fotos dos banners, que eram móveis e colocados nas vias públicas, nos finais de semana. Certa vez, em conversa informal com uma fiscal da Secretaria da Fazenda da Prefeitura fui informada que as placas, os banners e os painéis que são colocados nas ruas pelo mercado imobiliário não têm autorização embasada 46 na legislação, portanto não são permitidos por lei. Porém, recebem autorização da subprefeitura. Metodologia de classificação No último trimestre do ano de 2005 iniciei a coleção dos folders e panfletos. Ao longo desse tempo, até novembro de 2007, recolhi material referente a 52 empreendimentos na Freguesia29. O período de distribuição do material de cada empreendimento era bastante variável. Na maior parte durava de 3 a 4 meses, em alguns casos foi observada a distribuição durante todo o período de coleta, ou seja, quase dois anos. Este fato, certamente, está associado ao baixo índice de venda dos referidos imóveis. Vale ressaltar que alguns materiais publicitários sofriam alterações de formato, cores, layout e, no caso de um empreendimento, mudança do nome. Em um primeiro momento, para catalogação, os folders e panfletos recebiam data e nomes dos locais onde foram coletados (rua, bairro, portaria, etc)30. Com o decorrer do processo observei que apenas esta forma de classificação não seria suficiente. Assim, além da classificação por data, também foi realizada uma classificação por empreendimento, devido à variação dos folders e panfletos de cada lançamento. Outra classificação também adotada foi à diferenciação temática dos discursos. Ex: Ecológico, distinção social, financeiro, segurança, lazer, qualidade de vida etc. Houve ainda uma terceira forma de classificação por bairros, com o objetivo inicial de avaliar as possíveis diferenças dos discursos por área da cidade. Entretanto, por uma questão de tempo e de abundância de material, esta análise ficou para um próximo estudo. Metodologia de análise Inspirada nos estudos práticos realizados por Mary Jane Spink (2004) e em notas de aula (2006) de curso ministrado pela mesma, uma grande matriz foi composta com os 52 29 Dois desses empreendimentos afirmavam estar localizados na Freguesia. Entretanto, conforme limites oficiais do bairro definidos pela administração municipal, estavam localizados no Pechincha. Apesar disso, foram incluídos como elementos de análises. Também merece destaque o fato de novos lançamentos ainda estarem ocorrendo no bairro. 30 Em alguns casos, por questões circunstanciais e contingenciais isto não ocorreu, pois como o material era colhido de carro – forma de maior ocorrência de distribuição, nem sempre era possível anotar no mesmo momento, o que implicou em algumas perdas de informações. 47 empreendimentos listados por ordem cronológica de coleta dos folders (conforme apêndice A) de modo a facilitar a visualização dos dados disponíveis nos mesmos. Mary Jane trabalha com Mapas de Associação de Idéias. Esta forma de agrupar relatos de entrevistas permite a visualização de informações que extrapolam o próprio discurso. Esta experiência fomentou a idéia das matrizes de análise dos empreendimentos, que estão anexadas no final deste trabalho. Os estudos desta autora também contribuiram para a metodologia de análise dos textos e enunciados apresentados pelos prospectos aqui levantados. O conceito de Práticas Discursivas, usado por ela, inspirado em Foucault, complementa o conceito de construções discursivas, citado anteriormente e cunhado por González Rey. Segundo a autora, Ao trabalhar com Práticas Discursivas não estamos procurando estruturas ou formas usuais de associar conteúdos. Partimos do pressuposto que esses conteúdos associam-se de uma forma em determinados contextos, e de outras formas em outros contextos. Os sentidos são fluídos e contextuais. (SPINK, 2004, p. 41). Apesar de não estar trabalhando com o discurso entre pessoas, os aspectos textuais existentes nos panfletos personalizam a interação com o interlocutor-consumidor, estabelecendo uma “conversa” o que torna os sentidos ainda mais fluídos e dependentes do contexto sócio-cultural individual de cada comprador em potencial. Desta forma, na tentativa de reduzir a complexidade das informações disponíveis para análise, dividi as matrizes em colunas temáticas, atribuí códigos para classificação do tamanho da construtora, tipo de empreendimento e data de coleta. Ainda na primeira coluna, também constavam os nomes dos empreendimentos, enquadrando-os nos grupos de discurso. Em outra coluna, foram colocados os slogans de maior destaque nos folders. Uma terceira coluna continha a descrição das imagens, cores predominantes e texturas que compunham as diversas gerações dos folders de cada empreendimento e mais algum enunciado relevante para a análise, além da descrição da imagem. Em um segundo momento da análise, as imagens eram enquadradas nos grupos de discursos a partir de indícios e referências diretas de pertencimento ao grupo. A exemplo do uso da cor verde que está presente nas fachadas e vidros verdes, no papel, nos banners e no mapa do empreendimento. Na quarta coluna foram listados os itens e diferenciais ecológicos, de serviço, lazer e segurança. Diante das três primeiras colunas foram introduzidas sub-colunas para facilitar a classificação destes nos 21 grupos de discursos identificados. 48 Categorizando e classificando os discursos A partir dos anúncios coletados foi possível identificar 21 grupos de discursos, que estão em constante transformação. Há casos em que o “lançamento” apresentou oito gerações de estratégias de propaganda. Em cada uma delas o material visual, gráfico e impresso foi reformatado, ganhando informações e discursos diferentes, por vezes complementares para reforçar aspectos anteriormente pouco valorizados. Os grupos de discursos identificados que nortearam o desenrolar deste trabalho são: 1. O discurso verde que se subdivide em: a. Proximidade com a natureza do bairro cujas referências podem ser diretas ou indiretas: “Venha viver no mesmo endereço da natureza”. Por meio do uso de tonalidades de verdes nos folders, ou uso de elementos simbólicos a exemplo das folhas e árvores, como que ativando subliminarmente o imaginário social de quem recebe o folder. Contraditoriamente, a maioria dos empreendimentos derruba a grande parte da vegetação e relevo do terreno, em alguns casos a totalidade das árvores foi retirada, deixando o terreno “limpo”; b. Aspectos ecológicos e de aventura do próprio empreendimento, que estejam relacionados à natureza, como: cachoeira, riacho, sky grama, ecotrakking, jardins e bosques (mesmo que artificiais); c. Exposição dos princípios de sustentabilidade e eco-responsabilidade que abrangem a distribuição de folders em papel reciclado, sacos de lixo para carros com mensagens para manter a cidade limpa, aprimoramentos da edificação quanto ao reaproveitamento da água da chuva, economia de energia elétrica, uso de energia solar, reciclagem de lixo, uso de gás, certificações verdes etc; d. E ainda na escolha dos nomes dos empreendimentos: Ecolife, Reserva do Bosque, GrandValley, Del Giardinno entre outros; 2. O discurso do espaço interno: relacionado às áreas de lazer ou ao interior do apartamento, e ainda, referente à paisagem que se pode ver da varanda. 3. O discurso da localização que pode estar dividido em: a. Nobilitante, quando atribui nobreza à área ou à rua do bairro no qual se localiza; b. Da proximidade com serviços e comércio relacionado à rua, à determinada área do bairro ou da vizinhança; 49 c. Da praia mostrando a distância entre o empreendimento e a praia (programação comum dos cariocas). 4. O discurso da Freguesia. A Freguesia tem sido apresentada como referencial em relação a outros bairros, em conseqüência disso, seus limites simbólicos estão sendo aumentados. Alguns empreendimentos que estão situados em bairros contíguos se dizem localizar na Freguesia ou fazem referência à proximidade entre estes. De certa forma, este discurso relaciona-se a outros já identificados: questão da nobreza, da distinção, da qualidade de vida, da localização, da proximidade com o verde, com a praia, com a Barra. Por esta razão optei por separá-lo dos demais. 5. O discurso da qualidade de vida que pode ser subdividido nas seguintes modalidades: a. Quantidade e tipo de equipamentos, serviços, áreas livres e de lazer do próprio empreendimento, como parque aquático, spa, fitness, ofurô, espaço kids, espaço gourmet, Home cinema, redário, espaço lounge, entre outros. b. Proximidade com a natureza, com a tranqüilidade, a paz, presentes no imaginário social da população; c. Relativo às características do bairro, como proximidade da praia, do comércio, dos bancos, serviços, escolas, Bosque da Freguesia etc; 6. O discurso sobre a Planta do empreendimento. Este se tornou evidente após a chegada das grandes empresas, da “redução” dos ambientes internos e da área total das residências. Desde então, tem sido introduzida a questão do espaço interno dos apartamentos, comprovada por meio da Planta do imóvel31. Este novo elemento se expressa no discurso que relaciona tamanho e qualidade: “A melhor planta”, ou “O maior 2 e 3 quartos da região”, “Os melhores 2 e 3 quartos”; 7. O discurso da sedução, da curiosidade, da expectativa, do convite para eventos de lançamentos. Fica evidente que algumas frases de efeito são usadas para ativar a curiosidade do pretenso comprador, como forma de aproximá-lo do produto a ser vendido. Uma variação deste discurso de atração se materializa nos convites para eventos, a exemplo dos coquetéis e brunchs de lançamentos; 31 Como a maior parte dos empreendimentos vende as unidades habitacionais na Planta, ou seja, sem que o edifício esteja construído, a Planta e o apartamento decorados são os referenciais para o comprador no momento da escolha do apartamento, ou da casa. 50 8. O discurso da casa própria relacionado ao sonho, à oportunidade de realização do desejo da primeira casa, ao abandono do aluguel e ao status que a posse da casa própria implica; Figura 16. Capa da Revista Veja de 14 de março de 2007. 9. O discurso do baixo preço e do tempo para pagar, do preço acessível, do número de parcelas que “você pode pagar...”. Os prazos de pagamento em 2005 eram de 48 meses. Atualmente, alguns casos de financiamentos é possível pagar em até 360 meses, ou seja, 30 anos. Este é um dos aspectos onde o discurso faz referência a outros empreendimentos quando diz “pode comparar...”. 10. O discurso das promoções, dos descontos e dos ganhos econômicos. Após o aumento da concorrência e da imensa variedade de opções semelhantes, relativas à área, à disposição de cômodos e aos itens de serviço e lazer, alguns empreendimentos passaram a usar o discurso das promoções, dos descontos e das facilidades no pagamento como forma de se diferenciarem dos demais. 11. O discurso da segurança emerge com os circuitos internos de TV para controlar os ambientes externos e áreas comuns do condomínio, portarias, portões eletrônicos, entre outros; 12. O discurso da confiança baseado na integridade e na marca da construtora, ou no fato das obras já estarem iniciadas ou concluídas, garantindo assim a entrega do imóvel; 13. O discurso da emoção e da satisfação de desejos. Os apelos emocionais são de diversas naturezas e permeiam os outros grupos de discursos, pois são usados como forma de chamar a atenção do consumidor. Pode também estar associado à 51 prática de esportes radicais em seu próprio local de moradia, à realização do sonho e da satisfação de morar naquele lugar; 14. O discurso da família ao se referir ao imóvel ou ao bairro como lugar ideal para criar filhos, providos de segurança, lazer, tranqüilidade entre outros; 15. O discurso da exclusividade e da privacidade, emerge após os lançamentos dos empreendimentos com grande número de unidades habitacionais. Desta forma, os prédios com menos de 50 apartamentos procuram explorar este aspecto, como forma de compensar a ausência das inúmeras opções de lazer oferecidas pelos grandes empreendimentos; 16. O discurso da raridade, da singularidade, da novidade quando se relaciona ao discurso da distinção social, como se o empreendimento fosse o único ou o último, ou o melhor em algum aspecto, portador de luxo. Os aspectos explorados por esse tipo de discurso são: a. A vista para alguma paisagem; b. A localização; c. O relevo; d. O clima; e. Um determinado serviço ou característica do empreendimento, como cave de vinho, por exemplo, ou churrasqueira na varanda, entre outros; 17. O discurso das vantagens, facilidade e dos brindes. Este aparece como um diferencial. Por exemplo: ter a taxa de condomínio garantida por um ano, o grande número de parcelas para pagar o imóvel, o relógio individual de água, “ganhar” uma TV de Plasma de 42”, “ganhar” os armários da cozinha, o apartamento mobiliado, ou um carro (outro sonho brasileiro); Figura 17. Foto de placas de lançamentos imobiliários na Av. Abelardo Bueno. Foto: Gisela Santana, 2008. 52 18. O discurso da customização, do imóvel personalizado. Fica evidente a partir das possibilidades de modificações, pequenas adaptações no layout do imóvel e opções de materiais e acessórios, no qual o comprador é atraído pela possibilidade de fazer adequações tanto físicas, quanto espaciais, mediante pagamento, para que seu imóvel fique ao seu gosto. Assim, “você pode deixar o apartamento exatamente do jeito que você sempre sonhou”. Alguns exemplos são plantas reversíveis dos apartamentos, com opcionais como: kit barbecue e cozinha gourmet, com sala e cozinha integradas, diversas opções de revestimentos de piso e parede, louças sanitárias, granitos, porcelanatos, metais entre outros; 19. O discurso da urgência e da antecipação, que utiliza frases de impacto que visam mobilizar o pretenso comprador a uma ação mais concreta em relação àquele empreendimento. Por exemplo: “últimas unidades”, “antecipe-se ao lançamento”, “garanta já o seu”, “breve lançamento”, “não compre nada antes de ver…” Figura 18. Fotos de placas com exemplos do discurso da antecipação e da urgência. Foto: Gisela Santana, 2006. 20. O discurso personalizado baseado no marketing one-to-one no qual o texto conversa e interage de forma pessoal com o interlocutor, usando o pronome “você”. 21. O discurso da felicidade. Este discurso merece destaque por ser explorado de forma particular pela propaganda. Por ser um estado de espírito almejado pelos seres humanos e que vem sendo associado aos bens materiais na atual sociedade de consumo. O aprofundamento da análise Dos 52 empreendimentos com material publicitário coletado, selecionei 6 empreendimentos que apresentaram algumas singularidades que merceciam ser analisadas 53 com mais detalhes para auxiliar nas reflexões e conclusões. Estes também foram ordenados em matrizes de análise (ver apêndice C) O primeiro empreendimento escolhido foi o Del Giardino. Apesar de ter sido lançado um ano antes do Residencial Aquárius32, sofreu o impacto deste último lançamento. Principalmente por se localizar na mesma rua e apresentar bem menos opções de lazer. Este fato foi percebido em função das mudanças realizadas em seu material publicitário e no seu discurso, produzindo quatro gerações de folders. Figura 19. Primeiros folders do Del Giardino e do Colors. O segundo é o Colors. Este empreendimento mereceu um estudo mais minucioso por ter distribuído material por cerca de dois anos e por ter seu lançamento antecedido ao do Aquárius em alguns meses. Após dois anos de propaganda ainda não havia iniciado suas obras e possuía apenas 30% de suas 144 unidades vendidas. Por outro lado, o Aquárius tem 348 apartamentos e em dois meses vendeu quase a totalidade. No início de 2008, estava com os 6 prédios praticamente prontos, com entrega prevista para outubro do mesmo ano. O Colors apresentava no final de 2005 uma forma peculiar de chamar a atenção dos motoristas nos sinais. Várias pessoas seguravam prismas triangulares, que eram girados para formar a palavra Colors, de modo a também mostrar as cores da identidade visual do empreendimento. O terceiro caso escolhido é o Aquárius que, como dito anteriormente, foi o divisor de águas desta pesquisa. A velocidade de venda de suas unidades, a variedade de mídias e as estratégias introduzidas no mercado local, além das inovadoras opções de lazer fazem deste 32 Empreendimento responsável pela transformação do comportamento do mercado local. 54 empreendimento um marco referencial deste estudo. Principalmente por ter contribuído, significativamente para a mudança de comportamento do mercado local, bem como do meu próprio olhar. Figura 20. Primeiros folders do Aquárius e do Reserva do Bosque. O quarto empreendimento escolhido é o Reserva do Bosque. Assim como o Colors e o Del Giardino, foi lançado antes do Aquárius e também teve que ajustar seu discurso para atrair compradores. Este empreendimento também mereceu ser estudado por se denominar “Condomínio ecológico”, permitindo também a comparação com o Ecolife e com o GrandValley. O quinto empreendimento selecionado para análise é o GrandValley. O forte apelo ecológico que realiza e as inovações nas opções de lazer que apresenta, também foram determinantes para sua escolha. O apelo do discurso ecológico fica evidente neste empreendimento. Apesar de sua construtora ter lançado, seis meses antes, um outro na região, o Vivance, que também já trazia o discurso da sustentabilidade. Porém, este aparecia de forma menos enfática, nada comparado ao introduzido pelo GrandValley. Esse discurso se expressava objetivamente por palavras, a partir do material publicitário, que além do uso de papel reciclado, utilizou saquinhos com logomarca para coletar lixo no interior dos automóveis. E ainda os itens e atividades ecológicas que propunha: cachoeira, riacho, skigrama entre outros. 55 Figura 21. Primeiros folders do GrandValley e do Ecolife. O Ecolife é o sexto selecionado. Além do nome que chama atenção para um novo estilo de vida – o ecológico, este empreendimento se diz o “primeiro empreendimento ecológico do Rio de Janeiro” e com selo de certificação internacional. Mais a frente será visto que os aspectos e diferenciais ecológicos que ele apresenta não são muito diferentes do GrandValley que é anterior ao Ecolife. Simultaneamente ao seu lançamento, o Prefeito do Rio de Janeiro, decretou a premiação com o Selo Verde novos empreendimentos que trouxessem diferenciais de sustentabilidade ecológica. Fato que reforça a ascensão deste tipo de discurso. Na Freguesia este enfoque já se mostrava presente, mesmo antes do Ecolife, por isso mesmo este empreendimento merece uma análise comparativa com os demais, já que se coloca como o primeiro desta natureza na cidade do Rio de Janeiro. 56 Capítulo 1 1. ENTREMEAR DISCURSOS NA TESSITURA DE SENTIDOS A cidade é mensagem à procura de significado que se atualiza em uso. Lucrécia d’Aléssio Ferrara. A burguesia não pode viver sem revolucionar constantemente os instrumentos de produção, e, portanto, as relações de produção e, com elas, todas as relações da sociedade[...]. A constante revolução da produção, a perturbação incessante de todas as condições sociais, a incerteza e a agitação distinguem a época burguesa de todas as anteriores. Todas as relações estabelecidas e consolidadas, com sua gama de preconceitos e opiniões antigos e veneráveis, são varridas do mapa, e todas as recém-formadas se tornam antiquadas antes de poder fincar raízes. Tudo que é sólido desmancha no ar, tudo o que há de sagrado é profanado[...] Manifesto Comunista de Marx e Engels (1848) O objetivo deste capítulo é situar o contexto sociocultural que apóia a construção dos discursos que dão sustentação aos lançamentos imobiliários. Também é seu papel elucidar o ambiente socioeconômico e as condições nas quais os discursos são gestados e produzidos. Por sua vez, contribuem para a produção de sentidos para os sujeitos. Estas questões serão paulatinamente transpostas para a realidade do mercado imobiliário, que compõe um dos mais promissores setores econômicos da sociedade atual. As propagandas e o marketing, apoiados por construções discursivas, auxiliam a venda do produto habitação, que será objeto de análise no próximo capítulo. A aproximação inicial com este contexto é importante para esta análise, pois, segundo Bauer e Gaskell “como atores sociais nós estamos continuamente nos orientando pelo contexto interpretativo em que nos encontramos e construímos nosso discurso para nos ajustarmos a esse contexto” (2002, p. 248). Desta forma, o discurso é construído nas relações socialmente estabelecidas em um dado contexto interpretativo, onde um interfere no outro e vice-versa. Conhecer esse contexto trará mais elementos para pensar a habitação e a moradia como produtos de um mercado, não só como construção física de tijolo e concreto, mas como construção social, fruto de construções discursivas. 57 Segundo Foucault, o discurso “em sua realidade material de coisa pronunciada ou escrita” possui uma “existência transitória [...], segundo uma duração que não nos pertence”(2006, p.8). Conforme seu ponto de vista, o pensamento ocidental tomou cuidado para que o discurso ocupasse o menor lugar possível entre o pensamento e a palavra; [...] para que o discurso aparecesse apenas com um certo aporte entre pensar e falar; seria um pensamento revestido de seus signos e tornado visível pelas palavras, ou, inversamente, seria as estruturas mesmas da língua postas em jogo e produzindo um efeito de sentido. (FOUCAULT, 2006, p. 46). Ora, se o pensar e o falar estão no bojo do discurso, e se os signos introjetados tornamse visíveis por meio das palavras que produzem sentidos, pode-se caminhar para o entendimento de que o conhecimento deve ser construído pelos sentidos que os indivíduos atribuem a estas palavras e aos objetos por elas representados. As reflexões de Berger e Luckmann (2000) contribuem com a idéia de que a construção do conhecimento que dirige a conduta na vida diária passa pelas concepções que se tem do mundo e que, “a vida cotidiana apresenta-se como uma realidade interpretada pelos homens e subjetivamente dotada de sentido para eles na medida em que forma um mundo coerente”. (BERGER; LUCKMANN, 2000, p. 35). Para melhor entender os discursos e suas finalidades seria necessário realizar “genealogias”, no sentido foucaultiano. Descobrir suas origens, ir ao cerne da questão. Porém, não está entre as competências deste trabalho fazer a genealogia da origem de todos os 21 grupos de discursos identificados, nem de fazer uma sociologia do conhecimento. Interessa aqui, compreender o modo como os discursos são usados no processo de comercialização e lançamento imobiliário das habitações e, de certa forma, como eles produzem eco nos consumidores33, em função dos seus signos e símbolos. Assim, a meta é entender o contexto no qual esses discursos emergem. Contexto esse que é atravessado pela construção social da realidade econômica. Berger e Luckmann (2000, p. 13) levantam a questão da relatividade social, ou seja, o que é real para um não necessariamente é real para o outro. O conhecimento de um, é diferente do conhecimento do outro. O mundo da vida cotidiana não somente é tomado como uma realidade certa pelos membros ordinários da sociedade na conduta subjetivamente dotada de sentido que imprimem a suas vidas, mas é um mundo que se origina no pensamento e na ação dos homens comuns, sendo afirmado como real por eles. (BERGER; LUCKMANN 2000, p. 36). 33 Segundo o Código do Consumidor (Lei n° 8.078, de 11 de setembro de 1990) em seu art. 2º.: consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final. Para o mesmo código, produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial. 58 Considerar que as visões de mundo e da própria realidade dependem do sentido que se atribui ao que é posto, expõe a importância do quê pensamos, de como pensamos, do quê aceitamos como verdades. Por isso, torna-se necessário conhecer, mesmo que minimamente, os contextos específicos e observáveis que irão formar os conhecimentos e as realidades envolvidas com a temática da habitação e da aquisição da casa própria que, por sua vez, são dotados de sentidos construídos socialmente. Mary Jane Spink (2004, p. 23) ao considerar o conhecimento como construção social complementa e dá suporte para o entendimento do que é o sentido para o sujeito. Segundo ela, o sentido é uma construção social, um empreendimento coletivo mas precisamente interativo, através do qual as pessoas, na dinâmica das relações sociais, historicamente datadas e culturalmente localizadas, constroem os termos a partir dos quais compreendem e lidam com as situações e fenômenos a sua volta. [...] Situamos o sentido como uma construção social, e enfatizamos que tal construção se dá num contexto, numa matriz que atravessa questões históricas e culturais e que é essa construção que permite lidar com situações e fenômenos do mundo social. (SPINK, 2004, p. 48). Sob esse prisma, o sentido é produzido todo o tempo. Atribui-se sentido a tudo que está ao redor. Bauer e Gaskell contribuem com esse raciocínio quando colocam que “todo discurso é circunstancial” (BAUER; GASKEEL, 2002, p. 249), fazendo crer que a circunstância, a intenção, o contexto podem determinar e modificar o discurso. Segundo o ponto de vista de Foucault, o discurso nada mais é do que a reverberação de uma verdade nascendo diante de seus próprios olhos; e, quando tudo pode, enfim, tomar a forma do discurso, quando tudo pode ser dito e o discurso pode ser dito a propósito de tudo, isso se dá porque todas as coisas tendo manifestado e intercambiado seu sentido, podem voltar à interioridade silenciosa da consciência em si. (FOUCAULT, 2006, p. 49). Pode-se dizer então que o sentido seria a reverberação de um discurso que vai e que volta, produzindo assim uma consciência com “vontade de verdade”. A verdade para Foucault, nos dizeres de Bruni, é “o conjunto de procedimentos regrados para produção, a distribuição e a circulação de enunciados aos quais se atribui efeitos específicos de poder: o poder de serem aceitos como verdadeiros”. (BRUNI, 1989, p. 205). Cria-se uma situação e uma prática que corrobora com o que está sendo apresentado, denotando uma vontade de verdade. Dito isso, emerge o seguinte questionamento: seriam a publicidade e a propaganda produtoras de sentido e de conhecimento? Ao pensá-las como forma de levar uma 59 determinada informação ao público comum e, considerando o conceito atribuído ao termo publicidade, no sentido de publicity, oriundo da língua inglesa, ou seja: informação disseminada editorialmente [...] com o objetivo de divulgar informações sobre pessoas, empresas, produtos, entidades, idéias, eventos, etc., sem que para isso o anunciante pague pelo espaço ou tempo utilizado na divulgação da informação. (SAMPAIO, 2003, p. 27). Pode-se considerar que esta é produtora de “realidades” e, portanto, de sentidos. Em uma aproximação maior com o termo publicidade encontra se a primeira produção de sentido. Segundo a “realidade” brasileira o conceito de publicity se funde aos de advertising e propaganda constituindo-se em um único, subentendendo os três, tornando-os quase sinônimos. No meio da comunicação e do marketing há muita divergência sobre suas distinções. Por isso, não irei entrar aqui nas discussões e questionamentos conceituais a esse respeito34. Para esta análise pontual irei considerá-los como sinônimos, seguindo a “realidade” brasileira. Segundo Sampaio a “propaganda é a divulgação de um produto ou serviço com o objetivo de informar e despertar interesse de compra/uso nos consumidores” (SAMPAIO, 2003, p. 27). E, há a intenção de despertar interesse, como o próprio Sampaio coloca: “o anunciante [...] tem alguma coisa a comunicar e alguma intenção de influenciar o consumidor”. A partir do exposto pode-se concluir que direta ou indiretamente a propaganda/publicidade35 é produtora e construtora de informações, de conhecimento, por meio dos discursos que utiliza e, por conseguinte, também é produtora de sentidos e de realidades sociais. Desde o momento em que as informações publicitárias são expostas pelas mídias e tornam-se conhecidas pela população, produzem sentido para os sujeitos e ganham status de realidade, sendo introjetadas como um determinado conhecimento e não mais como mera idéia. As reflexões de Foucault, ao colocar a pequena distância entre pensamento e palavra, reforçam esta teoria. Bauer e Gaskeel complementam esta noção quando colocam que “todo discurso é organizado a fim de se tornar persuasivo” (BAUER; GASKEEL, 2002, p. 250). Ou 34 Para maiores aprofundamentos sobre esta questão ver tese de PINHEIRO, Maria Claúdia Tardim. Publicidade emocional: a sensibilidade a serviço do consumo. 2007. 416 f. Tese (Doutorado em Psicologia Social) – Instituto de Psicologia, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, 2007. 35 Conforme o código do consumidor brasileiro, Art. 37, em seu parágrafo 1º: “é enganosa qualquer modalidade de informação ou comunicação de caráter publicitário, inteira ou parcialmente falsa, ou, por qualquer outro modo, mesmo por omissão, capaz de induzir em erro o consumidor a respeito da natureza, características, qualidade, quantidade, propriedades, origem, preço e quaisquer outros dados sobre produtos e serviços". 60 seja, a persuasão o apresenta com coerência, a ponto de fazer sentido e ser absorvido e incorporado ao conhecimento do sujeito. De Certeau (1996, p. 39) também auxilia neste raciocínio quando fala que o “consumidor cultural ‘fabrica’” com essas imagens, ou seja, as imagens ganham significados e representações diferentes para cada indivíduo, assumindo formas distintas. É bem verdade que, quando afirma isso, De Certeau está se referindo às imagens da televisão, mas certamente a realidade publicitária pode ser transposta para os anúncios e folders que, cheios de imagens e mensagens textuais fazem o consumidor sonhar, fabricar e lhes atribuir sentidos. A habitação, por ser um espaço existencial carregado de significados, sonhos e desejos, tem o seu processo de promoção e venda, cada vez mais cercado de magia e sedução, por meio de linguagens, imagens, estratégias, práticas discursivas e mise-en-scènes voltados para este envolvimento emocional e psicológico produtor de sentidos. Segundo a experiência de Mary Jane Spink, o discurso em seu enunciado tem um autor e tem também um destinatário, ou seja, no caso dos prospectos do mercado imobiliário haverá uma “comunicação cultural específica” (SPINK, 2004, p. 50), com público-alvo previamente conhecido e definido, mapeado pelas pesquisas de mercado. Desta forma as estratégias de marketing e os discursos das propagandas voltados para a comercialização e para o consumo terão um estilo condizente com o público a que se destinam. Produzirão sentidos para os sujeitos, transformando seus sonhos em realidades plausíveis. Cria-se uma linguagem de sedução, onde certos elementos são selecionados de acordo com o perfil do segmento a ser atingido. Palavras-chaves que ganham destaque em enunciados e imagens que falam por si mesmas. O mundo onde se vive, ou melhor, a realidade na qual se vive é, cada vez mais influenciada pelos meios de comunicação, pelos elementos visuais e propagandas oriundas das diversas mídias e da concorrência entre empresas, que acirram sobremaneira este processo. Segundo Maria Arminda Arruda, “onde a concorrência se torna mais violenta, resultante de extrema proliferação de similares, a necessidade de fixação das marcas se torna indispensável. Além do mais, são todos os grandes oligopólios, que, dada a forma da concorrência existente, são obrigados a diversificar a produção”. (ARRUDA, 2004, p. 81). Ela complementa: “a publicidade visa assegurar a manutenção da procura”. (ARRUDA, 2004, p. 90). Segundo ela a publicidade usa técnicas de persuasão extraídas das ciências sociais, “ligadas às ‘compulsões sociais’, cujos apelos, direta ou indiretamente, estão concentrados na 61 idéia de valor-de-uso dos produtos” (ARRUDA, 2004, p. 75), este reciocínio reforça a intenção de influenciar o consumidor, conforme afirmação de Sampaio. O que pode perfeitamente se reproduzir na propaganda. Como diz Bauer e Gaskell “‘o visual’ e ‘a mídia’ desempenham papéis importantes na vida social, política e econômica”. (BAUER; GASKELL 2002, p.138). E é nesta direção que os valores por eles apresentados repercutem mais e mais no modo de consumo da sociedade. 1.1. Sociedade de Consumo: Uma sociedade em mutação em busca de sentidos Durante longos séculos, a Terra foi o grande laboratório do homem; só há pouco tempo é que a cidade assumiu esse papel. O fenômeno urbano manifesta hoje sua enormidade, desconcertante para a reflexão teórica, para a ação prática e mesmo para a imaginação. Sentido e finalidade da industrialização, a sociedade urbana se forma enquanto se procura. Henri Lefebvre Dans tous les groupes sociaux, on a pu assister à des transformations en profondeur des modes de vie depuis le début du siècle. Les raisons en sont multiples, et vont de l’apparition de technologies nouvelles à la concentration de la population dans les villes, au développement du travail salarié des femmes.36 Michel Pinçon e Monique Pinçon-Charlot As cidades se desenvolvem, se modificam, nos modificam em nome de um conceito de progresso que nos é imposto e com uma marcha à qual não devemos opor obstáculos, visto que ela se apresenta a nós como ‘única possibilidade’ à qual devemos aderir incondicionalmente. Jorge Soares Denominado por Lipovetsky como hipermoderno, o atual momento que a sociedade e o indivíduo estão vivenciando tem se caracterizado pelo turbilhão de eventos cotidianos. Na tentativa de dar sentido à própria existência os sujeitos buscam bens materiais e o consumo como ícones de realização e felicidade. Por estas razões, este enquadramento será adotado como eixo norteador para este trabalho. A sociedade contemporânea pode ser estudada sob os mais variados aspectos e olhares temáticos. Aqui, a opção foi enfocar a questão entremeada pelo viés do consumo e da 36 “Em todos os grupos sociais, pudemos assistir às profundas transformações nos modos de vida, desde o início do século. As razões são várias e vão da aparição das novas tecnologias à concentração da população nas cidades, ao desenvolvimento do trabalho assalariado das mulheres…”(Tradução própria). 62 cidade. Estes dois pontos auxiliam a análise proposta por este trabalho sob as ramificações a seguir: 1) A comunicação publicitária que dá suporte ao consumo tem o meio urbano como base territorial; 2) Os fluxos e ritmos da cidade também são determinantes nos modos e estilos de viver e morar desta sociedade urbana de consumo; 3) Este recorte também oferece pistas para pensar os novos conceitos e a produção de sentido do modo de morar e habitar da atualidade, que podem variar em função da camada, do contexto e da realidade na qual o indivíduo se insere. Estudos urbanos, sociológicos, econômicos, antropológicos e geográficos revelam que os últimos 50 anos as transformações socioeconômicas e culturais têm interferido nas cidades. Por sua vez, o modo de vida urbano tem repercutido nos indivíduos e em todo o planeta. As condições de vida vêm sendo sucessivamente transformadas, produzindo alterações nos ambientes, nos sujeitos, bem como nos seus modos de viver e de se relacionar. Segundo Fernando Luis González Rey a subjetividade social é um sistema complexo “da qual o indivíduo é constituinte e, simultaneamente, constituído” (REY, 2003, p. 202). Para ele, a constituição social do indivíduo é um “processo que acompanha tanto o desenvolvimento social como o desenvolvimento individual” (REY, 2003, p. 203). Para que se possa melhor entender tais processos há de se considerar as inúmeras reações e interrelações entre o indivíduo e seu espaço, na e para a vida social. O espaço das cidades e os espaços habitacionais, bem como os demais sistemas que os compõem, fazem parte desse imbricado que revelam as constantes transformações pelas quais a sociedade vem permanentemente passando. Com a revolução urbana, ou seja, com o predomínio da população mundial nas grandes cidades, muita coisa mudou. Hoje cerca de 80% da população mundial vive em 10% das cidades, principalmente nas grandes cidades mundiais, mais conhecidas como metrópoles, megalópoles ou megacidades. No caso do Brasil, mais de 80% da população mora em aglomerados urbanos. No Estado do Rio de Janeiro, quase 50% da população mora na capital37. Este cenário dá uma idéia da demanda habitacional, adensamento populacional e construtivo de uma grande cidade e das possíveis e múltiplas repercussões sobre o espaço, o contexto social e individual. 37 Conforme dados do IBGE, 2000. 63 Este crescimento deve-se ao poder de atratividade que, de forma geral, está relacionado à perspectiva de melhoria de ganhos e diversas oportunidades que o aglomerado urbano pode vir a oferecer, seja pela concentração de serviços, comércio, indústrias e cultura, seja pela expectativa de melhores postos de trabalho. Parafraseando Don Slater (2002, p. 20), a cidade seria a materialização da “terra prometida” no mundo industrial. O poder de atratividade é decorrente de muitos fatores, inclusive da difusão do modo de vida urbano a partir da multiplicação dos meios de comunicação e das inúmeras mensagens publicitárias a ele veiculadas. Esse aporte populacional que chega às cidades demanda uma absorção profissional e, principalmente, habitacional, alimentar e infra-estrutural. Por outro lado, questiona-se a existência de um modo de vida rural, tal a influência que o meio urbano tem exercido sobre a população mundial. Fato que repercute na configuração sócioeconômica e cultural da sociedade como um todo. A cidade física não acompanha a velocidade do crescente movimento populacional, de difícil mensuração, pelo qual a sociedade vem passando. A população mundial tem ocupado as cidades de forma um tanto quanto aleatória, sem planejamento e ao sabor dos interesses do mercado. A formação dos agrupamentos humanos, os usos e ocupação do solo pelas edificações expõem a distribuição desigual e desordenada nos territórios, principalmente nos países subdesenvolvidos e em desenvolvimento. No caso do Rio de Janeiro isso não tem sido diferente. A cidade se move em função das ações dos seus inúmeros agentes. É fruto da existência ou ausência de planejamento, mandos e desmandos, ações e omissões do poder político, econômico e da própria população. Aspectos como distância casa-trabalho, adensamento construtivo-populacional, oferta de trabalho, áreas comerciais, de serviço e lazer são determinantes na dinâmica de uma cidade. Seus fluxos podem ser maiores ou menores, mais rápidos ou mais lentos em função da distribuição dos arranjos produtivos, populacionais e infra-estruturais que lhe dão suporte. As relações podem ser mais “frouxas” ou mais “estreitas” em função dos espaços e dos tempos da vida. Os produtores, detentores de um pensamento fordista, têm a produção em massa e suas idéias de incentivo ao consumo reforçadas por um cenário de grandes aglomerados populacionais que se localizam nos pólos urbanos. Por exemplo, a mecanização do lar que se tornou um dos focos do consumo e da modernização (SLATER, 2002, p. 21), como forma de agilizar a vida da mulher moderna, que trabalha fora e cria filhos. Os eletrodomésticos são uma alternativa para reduzir o tempo gasto com os serviços domésticos. Os alimentos industrializados surgem com finalidade similar, além de aumentar sua conservação, visam 64 facilitar a vida das famílias. Esta realidade é extensiva aos prédios e condomínios que, atualmente, passam a concentrar inúmeros serviços e equipamentos intramuros, antes distribuídos pela cidade, como forma de reduzir deslocamentos, aumentar a permanência em casa e supostamente garantir maior segurança. Estes exemplos permitem fazer inúmeras análises das causas e efeitos por eles produzidos, suas repercussões econômicas, sociais, familiares, espaciais, culturais, energéticas, ambientais e na saúde física e mental humana. A partir das décadas de 1970 começam a emergir reflexões teóricas sobre as recentes transformações pela qual a sociedade estaria passando. Estudiosos como David Harvey, Max Págès, Zygmunt Bauman, Marc Augè e Gilles Lipovetsky buscavam e, ainda buscam entender as transformações que estavam e que ainda estão se produzindo no mundo. Seus efeitos afetam ao mesmo tempo a economia, o meio físico, as relações sociais e a psicologia dos atores sociais nelas inseridos. (AUBERT, 2004. p. 229). Surgem as noções de “pósmodernidade”, “super-modernidade”, “modernidade líquida”, “hipermodernidade” e suas diversas interpretações e reflexões. Não interessa aqui discutir as minúcias, nem tão pouco os enquadramentos dos termos, a intenção é apenas contextualizar a série de movimentos que estavam ocorrendo e que ainda estão evidenciando o atual processo de transformação da sociedade. Pois, como nos diz Lefebvre, “a sociedade urbana se forma enquanto se procura”. Harvey utiliza uma declaração “cautelosa” de Huyssens (1984), que diz o seguinte: O que aparece num nível como o último modismo, promoção publicitária e espetáculo vazio é parte de uma lenta transformação cultural38 emergente nas sociedades ocidentais, uma mudança da sensibilidade para a qual o termo ‘pósmoderno’ é na verdade, ao menos por agora,39 totalmente adequado. A natureza e a profundidade dessa transformação são discutíveis, mas transformação ela é. Não quero ser entendido erroneamente como se afirmasse haver uma mudança global de paradigma nas ordens cultural, social e econômica; qualquer alegação dessa natureza seria um exagero40. Mas, num importante setor da nossa cultura, há uma notável mutação na sensibilidade, nas práticas e nas formações discursivas41 que distingue um conjunto pós-moderno de pressupostos, experiências e proposições de um período precedente. (HUYSSENS, 1984, apud HARVEY, 1992, p. 45). Como se pode verificar, naquele momento, Huyssens afirmava que mudança global seria um exagero. Porém a evolução deste movimento produziu um novo momento que estaria relacionado ao fenômeno da globalização. Como nos diz Ianni, 38 Grifo nosso. 39 O grifo é para evidencia que que foi dito em 1984 e que esta não é mais a mesma realidade. 40 Idem, sobretudo, no que se refere ao crescente processo de globalização. 41 O grifo chama a atenção sobre a notável mutação nas formações discursivas. 65 no final do século XX, o mundo se dá conta de que a história não se resume no fluxo das continuidades, seqüências e recorrências, mas que envolve também tensões, rupturas e terremotos. Tanto é assim que permanece no ar a impressão de que terminou uma época, terminou estrondosamente toda uma época; e começou outra não só diferente, mas muito diferente, surpreendentemente. Agora, são muitos os que são obrigados a reconhecer que está em curso um intenso processo de globalização das coisas, gentes e idéias. (IANNI, 1997, p. 9-10). A questão da globalização torna-se útil aqui, pois permite pontuar três aspectos: 1) o da reverberação das ações e informações de qualquer natureza em todo o globo, sejam elas: sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais; 2) que as idéias e parcerias entre empresas globais permeia a questão do consumo e da produção imobiliária e; 3) que as transformações estão acontecendo em todo o orbe, porém de forma muito mais acentuada nas cidades. Frederic Jameson reforça as idéias acima: Acredito que a emergência da pós-modernidade está estreitamente relacionada à emergência desta nova fase do capitalismo avançado, multinacional e de consumo. Acredito também que seus traços formais expressam de muitas maneiras a lógica mais profunda do próprio sistema social. (JAMESON, 1985, p. 26) Como se pode verificar este processo de transformação interfere nas coisas, nas idéias e nos indivíduos. Seguindo a lógica de Jameson, a emergência de uma nova configuração do capitalismo e do consumo repercute diretamente sobre o sistema social. Lipovetsky em seu ensaio sobre a sociedade de hiperconsumo (2007) traça este processo evolutivo de construção de valores sociais que, segundo ele se inicia em 1880 e avança continuamente e exponencialmente até os dias atuais, promovendo o atual modelo de consumo individualista. (LIPOVETSKY, 2007, p. 40). Ao cruzar essas informações com as opiniões de González Rey, evidencia-se que o desenvolvimento e a transformação do sujeito individual permite a emergência de novas subjetividades sociais que por sua vez atuam nas formas anteriores de funcionamento do sistema e na produção de sentidos. Cabem correlações com o que Pagès (In: AUBERT, 2004. p. 229) denominou de hipermodernidade, sobretudo, quando tinha a intenção de diferenciar do que estava se chamando de pós-moderno. Uma vez que admitia a hipótese de uma transformação qualitativa maior que estava se produzindo no mundo capitalista desenvolvido e afetava ao mesmo tempo a economia, as relações sociais e a psicologia dos atores e, conseqüentemente o espaço, que neste caso é o urbano. As reflexões de Lipovetsky corroboram com as de Pagés quando diz que “o rótulo pós-moderno já ganhou rugas, tendo esgotado sua capacidade de exprimir o mundo que se 66 anuncia”. (LIPOVETSKY, 2004, p. 52). Ele afirma ainda que tudo passou a ser hiper: hipermercado, hipercenter, hipercidades, hipercapitalismo, hiperconsumo, hipermonderno etc. E, sob este guarda-chuva “a sociedade de consumo se exibe sob o signo do excesso, da profusão de mercadorias”, (LIPOVETSKY, 2004, p. 52-56), ou seja, exacerbando e enaltecendo a questão do consumo. Para Don Slater o consumo de massa no seu início era: a idéia de fabricar grandes quantidades de mercadorias para vender a um público genérico, em vez de fabricá-las para si, para um domicílio ou para a comunidade local, ou com base em uma encomenda pessoal. A idéia de vender um produto que não tenha sido feito sob medida para as necessidades de um indivíduo ou comunidade singular e conhecida, e sim para um indivíduo qualquer de um lugar qualquer, pressupõe relações de troca impessoais e generalizáveis como a base de mediação do consumo. (SLATER, 2002, p. 34). Seguindo a linha de raciocínio da uniformização e da padronização de produtos que são usados e portados pelos indivíduos urbanos, pode-se deduzir que esta lógica de produção tendeu a homogeneizar e padronizar os indivíduos, abafando suas singularidades. A distinção, a diferenciação entre um sujeito e outro se fará pelos objetos que este possui, ou melhor, que consome. É do interesse do mercado que o consumo cresça, para que os lucros aumentem. Segundo Weber (1992, p. 122) no seu nascedouro o sistema se deparava com as crenças religiosas que restringia o consumo, especialmente o do luxo. Segundo as reflexões de Fátima Severiano, para a implantação do novo modelo de “massas”, era necessária, além de novas estratégias econômicas e transformações tecnológicas, uma ampla ofensiva contra todos os elementos morais e éticos [...] uma vez que contradiziam a “liberdade” de consumir. Para tal, o capitalismo de então, passa a elaborar estratégias na qual o próprio desejo passa a ser socialmente “educado” por agências “extra-familiares” (Marcuse, 1975), a exemplo da publicidade, que a partir das décadas de 20 e 30, transforma-se em uma instância cultural e simbólica de extrema significação na ação normativa social [...]. O que aí observamos é o surgimento de um novo ethos, não mais orientado pela moral puritana e racional do capitalismo nascente, mas baseado num modelo hedonista e lúdico, cujos valores fundamentam-se na “auto-realização” e na “felicidade”, buscadas no próprio ato de consumir. Neste contexto, o homo ludens substitui o homo economicus da fase anterior. A prudência e sobriedade, próprias do código moral protestante são suplantadas pelos novos valores de “liberdade econômica” que influem na criação de um novo sujeito com características de personalidade distintas: mais “social” e “comunitário”, com maior necessidade de distinção e aprovação social42, de natureza mais “sensível” e estética, mais simbólico e fetichista; novos valores capazes de gerar um tipo de subjetividade mais funcional às necessidades de uma ordem social baseada no consumo de massas, cujo grande “argumento” era o de o consumo ser acessível a “todos”. (SEVERIANO, 2007). 42 O grifo é para destacar a questão da distinção e da aprovação social que será um tipo de discurso em evidência entre os 21 grupos encontrados. 67 Com a difusão do consumo, assiste-se a um estímulo à aquisição do novo, onde o “velho” e o “usado” são relegados a um status inferior, muitas vezes, transformado em “lixo”. Na problemática habitacional esta questão também existe. As áreas centrais da cidade vão sendo esvaziadas tornando-se ociosas, perdem espaço para áreas periféricas, que se transformam em novos nichos. O mercado imobiliário expande a cidade para novas áreas, criando novos conceitos e desqualificando os já existentes. Slater estende o raciocínio em direção a uma cultura do consumo que, passa a representar todos os tipos de escravidão: ao desejo e a necessidades insaciáveis, à opinião e a competição social, ao despotismo e tirania políticos bem como culturais. Liberar-se da restrição social significa realmente a perda do sentimento natural e de valores sociais estáveis, daí o enfraquecimento, a desorientação e a subordinação do indivíduo. A sociedade passa a dominar o indivíduo, muito através do mundo material dos objetos e interesses, agora essenciais não só para a satisfação das necessidades, mas também para ele ser ou encontrar uma identidade. (SLATER, 2002, p.86). A fase do consumo de massas foi sendo superposta por variações e inovações para viabilizar a ampliação dos mercados, atuando nos nichos e no marketing one-to-one. Outra variante refere-se ao luxo. Lipovetsky assinala que “a estrutura dos sortimentos da grande distribuição, [...] faz coexistir linearmente produtos de massa e produtos de luxo” (2005, p. 97). Desta forma, a noção de produto vai sendo substituída pela noção de marca. Segundo Lipovetsky, as marcas são como uma garantia da qualidade dos produtos, que funciona como uma assinatura de um nome que os distingue. Estabelece uma intermediação entre produto, comerciante e consumidor, para isso, a publicidade entra em ação educando e seduzindo o cliente. (LIPOVETSKY, 2007, p. 30). Por outro lado as grandes marcas reduzem a distância psicológica entre os dois segmentos: ‘luxo’ e ‘massa’. (LIPOVETSKY, 2005, p. 97). Os produtos de luxo passam a ser mais acessíveis, democráticos e mais desejados como um suplemento de ‘valor’ que lhe é proporcionado por uma marca de luxo em comparação a outra marca menos distintiva. (LIPOVETSKY, 2005, p. 97). A profusão dos produtos de luxo, segundo Lipovetsky estaria relacionada às afinidades e identificações afetivas que fariam projetar a identidade do seu usuário. Ou seja, “qual é o valor agregado simbólico, afetivo e emocional, que justifica o diferencial de preço praticado pelas marcas de prestígio?” (LIPOVETSKY, 2005, p. 96). Cobra e Ribeiro relatam que uma marca têm maior valor agregado quanto maior sua força simbólica intangível, isto é, o prestígio que ela pode conferir às pessoas. (COBRA; RIBEIRO, 2000, p. 146). 68 Ao transpor esta realidade para o mercado imobiliário é possível observar a introdução de uma série de itens inovadores de serviços e lazer nas habitações, destinadas às classes B e C, que parece justificar um aumento nos valores do metro quadrado das habitações, produzindo assim a especulação em áreas onde esses atributos eram inexistentes. Segundo Ricardo Freitas, é no pós-guerra que o lazer tornou-se um forte setor para a indústria. Nesta lógica, ter acesso ao lazer representa a possibilidade de desenvolver uma vida privada. (FREITAS, 2005(b), p. 114). O autor se remete a Morin para falar da construção de utopias concretas como o “clube de férias”. Desta forma, ao introduzir tantas opções de diversão no local de residência o incorporador modifica o limite entre o público e o privado, trasforma todos os dias em domingos e traz o mundo e as férias para dentro dos muros. Ricardo Freitas e Rafael Nacif afirmam que os condomínios fechados se apresentam como “uma nova alternativa de lazer associado à moradia e, portanto, fazendo parte irremediável do cotidiano do habitante”. (FREITAS; NACIF, 2005). Desta forma, esses empreendimentos são produzidos de modo a se tornarem cada vez mais sedutores e atraentes. Em geral, estes lançamentos são ações de construtoras e incorporadoras de renome no mercado, que lançam “modas” e “estilos”. Quando vão empreender para classes mais baixas mudam seus nomes, ou seja, abrem empresas pertencentes ao mesmo grupo, para atender a públicos de faixas sócio-econômicas distintas, caracterizando-se pela segmentação de mercado. Deste fato três questões emergem: 1) Ao adotarem uma outra marca para os produtos destinados a um padrão socioeconômico mais baixo, não afetam a imagem da marca de luxo, voltado para um público-alvo de maior poder aquisitivo; 2) Esta ramificação, ou melhor, diversificação empresarial amplia o número de clientes e aumenta o alcance de seus produtos, que apresentam características similares, porém com materiais mais simples e áreas úteis menores. 3) Ao introduzir uma grande variedade de itens de lazer e serviços em empreendimentos voltados para as classes B e C, as empresas do mercado imobiliário mudam o conceito habitacional e aumentam o status destes perante os antigos padrões habitacionais, conferindo ao seu possuidor mais distinção social. A partir desse novo valor agregado viabiliza o aumento do preço de seus produtos, com o discurso de que o valor do condomínio será dividido por muitos. A partir dessa questão insere-se um outro elemento, o poder de sedução ativado pela propaganda, que por meio da estética, da moda, do entretenimento e da espetacularização incita o desejo de consumo. (LIPOVETSKY, 2004, p.41). Ao aplicar esse conteúdo na 69 questão da moradia é preciso fazer algumas considerações. Quando se busca algum lugar para morar pode-se estar procurando um imóvel maior ou menor, algo que se adapte às novas necessidades da família ou do indivíduo. Mas, que necessidades seriam essas? São reais? De sobrevivência e abrigo? De lazer? São estéticas? Ou são simbólicas? Pierre Bourdieu (1976) explica o que pode ser considerado como necessidades, que determinam a condição de existência e o que é considerando com um luxo ou novos consumos criados e destinados, na maioria das vezes, a uma minoria privilegiada, mas que influenciam direta ou indiretamente, positiva ou negativamente a sociedade como um todo. Sob este prisma, será que se poderia afirmar que as habitações seriam consumidas como um ato simbólico? O que representaria a casa própria para o sujeito brasileiro da atualidade? De que maneira esta forma de consumo pode interferir na subjetividade social deste indivíduo? Canclini, Bourdieu e Castoriadis levantam a questão da distinção atravessada pelo consumo, que promoveria um status simbólico a quem possui um dado bem. “Consumir é participar de um cenário de disputas por aquilo que a sociedade produz e pelos modos de usálo”. (CANCLINI, 1999, p. 78). A casa é um bem de uso, supre uma necessidade de abrigo que se interpenetra com a própria identidade do sujeito. A sua posse distingue socialmente e dá a sensação de pertencimento. A presença ou ausência de seus atributos permite enquadrar o sujeito em diferentes camadas sociais. Será que se poderia pensar a casa como bem de consumo? Como isso acontece? Canclini faz um alerta sobre as relações envolvidas neste processo ao afirmar que: hoje vemos os processos de consumo como algo mais complexo do que a relação entre meios manipuladores e dóceis audiências. Sabe-se que um bom número de estudos sobre comunicação de massa tem mostrado que a hegemonia cultural não se realiza mediante ações verticais, onde os dominadores capturariam os receptores: entre uns e outros se reconhecem mediadores como a família, o bairro e o grupo de trabalho. Nessas análises deixou-se também de conceber os vínculos entre aqueles que emitem as mensagens e aqueles que as recebem como relações, unicamente de dominação. A comunicação não é eficaz se não inclui também interações de colaboração e transação entre uns e outros43”. (CANCLINI, 1999, p. 75-76). Então, como a casa incorpora características de um bem de consumo? Jean Baudrillard (1995) expressa algo que propicia refletir um pouco mais sobre a questão. É a consumição como um desperdício produtivo, como ato simbólico dos supérfluos que transformam os indivíduos em “heróis do consumo”. O luxo referido por Lipovetsky também poderia estar inserido neste contexto, oferecendo pistas para pensar, sob esse prisma, 43 O grifo é nosso, o itálico é do original. 70 os modelos atuais de moradias, permeadas de inúmeros espaços de lazer e serviços intramuros. Itens que oferecem o conforto e o luxo de ter tudo ao alcance em um estalar de dedos, como um passe de mágica. Nicolau Sevcenko aponta para um aspecto que desvela uma das chaves para o entendimento do comportamento dos sujeitos urbanos perante os bens e os objetos: Os indivíduos não serão mais avaliados pelas suas qualidades mais pessoais ou pelas diferenças que tornam única sua personalidade. Não há tempo nem espaço para isso. Nessas grandes metrópoles em rápido crescimento, todos vieram de algum outro lugar; portanto, praticamente ninguém conhece ninguém, cada qual tem uma história à parte, e são tantos e estão todos o tempo todo tão ocupados, que a forma prática de identificar e conhecer os outros é a mais rápida e direta: pela maneira como se veste, pelos objetos simbólicos que exibem, pelo modo e pelo tom com que falam, pelo seu jeito de se comportar. (SEVCENKO, 2001, p. 63-64). Isto pode ser complementado, pela inclusão do local e pelo modo de morar. O meio físico das cidades também é produtor de imagens simbólicas e afetuais dos indivíduos, agindo como forma de identificação dos grupos e/ou de camadas sociais em decorrência do bairro onde residem e do modo como habitam. Como diria Da Matta (1997, p. 30), “o espaço se confunde com a própria ordem social de modo que, sem entender a sociedade com suas redes de relações sociais e valores, não se pode interpretar como o espaço é concebido”. Sendo assim essa inter-relação entre espaço, sociedade, redes de relações e valores sociais certamente repercutem nas relações e estas teriam um vínculo direto com o consumo. Lefebvre (1999) sintetiza afirmando que o espaço é um objeto de consumo. Ora, se o espaço é um objeto de consumo, as áreas da cidade e as suas edificações também podem ser assim consideradas. Vainer reforça esta idéia quando afirma que na cidade o homem está colocado diante de um mundo humano. Um mundo de objetos, de coisas criadas pelo próprio homem onde as necessidades, os impulsos tornam-se “meios tanto de acicatar quanto de satisfazer desejos”. (VAINER, 1998, p. 43). Sendo assim, o indivíduo ao buscar um local de moradia estaria buscando sentido para sua própria existência na cidade. A habitação torna-se, tanto como o carro ou outro objeto, um símbolo, um sonho de consumo que confere cidadania e identidade. Permite ser identificado como tal ou qual, pertencente a um determinado grupo ou classe social, em função do que este lugar ou esta moradia possa representar no contexto sócio-urbano. É por isso que o espaço físico e, mais precisamente, o território no qual se encontra um determinado grupo tem profunda importância para o indivíduo e para os grupos como forma de identificação social. Segundo Gilbert Durand (1988, p.69) “minha casa é o símbolo último” relacionada a um trajeto de felicidade. 71 A casa própria é um desses objetos de distinção e âncora de subjetividade social, que se incorpora ao rol dos objetos de consumo. Assim como qualquer objeto que represente a posse dos bens materiais que se evidencia predominantemente por meio do consumo, a habitação também passa a ser definidora de papéis nesta sociedade urbana e, mais que isso, símbolo de realização pessoal. Há no contexto da cidade, quer de forma afetual, quer de forma simbólica grupos que se fixam em decorrência de características específicas com as quais se identificam ou querem ser identificados. Ou seja, o lugar onde se inserem as habitações tem o poder de comunicar algo sobre um determinado grupo. As imagens construídas socialmente irão fortalecer o imaginário social, que por sua vez, alimentam os discursos do mercado imobiliário. Segundo Nilda Teves, o imaginário social é um “quadro cultural que matricia a produção imaginativa do grupo”. (TEVES, 1992, p. 17). Para ela este é definido por “um conjunto de representações, uma estrutura de sentidos, de significados que circulam entre seus membros, mediante diferentes formas de linguagem”. (TEVES, 1992, p. 17). Na medida em que a sociedade se transforma e os valores mudam, o imaginário também se modifica. Nilda Teves trata os meios de comunicação como grandes máquinas de sedução. “Essas máquinas trabalham na instituição e na modificação do imaginário social”, (TEVES, 1992, p. 21) porque introduzem um discurso imagético que combinam crenças, desejos, sonhos e fantasias, necessidades materiais e simbólicas dos grupos-alvos, de forma a satisfazê-los. Entretanto, pergunta-se: até que ponto os discursos se transformam em realidade? Fica evidente que as impermanências e o turbilhão de eventos cotidianos no qual o sujeito está inserido, procurando algo em que se sustentar para dar sentido à própria existência passam a ser ancorados pelas propostas publicitárias e pelos produtos a elas vinculados. Neste contexto, os atuais sistemas de valores cultural, social e econômico emergem como definidores de parâmetros para as subjetividades sociais, principalmente quando a relação inseparável e de reciprocidade entre indivíduos e sociedade está em jogo. (REY, 2003, p. 201-205). Por outro lado, sobretudo, na década de 1980, o marketing ganha força (SLATER, 2002) com diversos instrumentos e ferramentas que objetivam garantir as vendas dos produtos. Em suas estratégias de marketing, as empresas planejam e executam ações de médio e longo alcance com objetivos específicos. Dentre elas a “ativação”, que interessa mais de perto a este estudo, ou seja, “o conjunto de medidas destinadas a fazer com que o produto atinja os mercados pré-definidos e seja adquirido pelos compradores com a freqüência desejada”. (RICHERS, 2006, p. 22). 72 Do ponto de vista do mercado de terras urbanas existem questões que merecem um olhar mais atento. Os terrenos são a base onde a habitação será “plantada” enquanto produto. Por ser finita, a terra é inflacionada em certos locais da cidade. Onde os terrenos são escassos e foram quase totalmente ocupados, tornam menos vantajosos os empreendimentos ali localizados em função da redução das margens de lucros. Em contrapartida, em outras áreas há maior numero de terrenos, porém, por diversos fatores podem apresentar pouca demanda. Por isso, “a questão das alternativas espaciais para novos lançamentos estará amarrada a uma vinculação entre o empresariado e o setor público para a elevação do status de alguns bairros [...], onde os terrenos ainda são baratos”. (ALMEIDA, In: VALLADARES, 1982, p.180). Esta informação fornece subsídios para pensar a construção social de status por parte dos agentes imobiliários para determinadas áreas da cidade. Certamente, as novas representações sociais de um determinado lugar serão construídas a partir de ações e práticas discursivas, apresentadas ao público por meio da propaganda e da publicidade. 1.2. Mercado imobiliário: Construção e comercialização das habitações Como situado na introdução deste trabalho, ao partir do entendimento de que existe um mercado e uma indústria imobiliária que fazem parte do sistema neoliberal, fica implícito que haverá competitividade entre empresas do setor, e que estas buscarão novos mercados e novos clientes para garantir seus lucros. Ainda assim, são necessários aprofundamentos para estabelecer sua relação com o discurso do mercado. Ao longo das últimas décadas de expansão urbana, uma das mudanças mais significativas do mercado imobiliário está no modo como os agentes socioeconômicos têm se comportado diante do processo de comercialização dos seus produtos: os imóveis. Sobretudo, devido às revoluções informacionais e midiáticas que ganham força como táticas de divulgação e estratégias de venda, que se somam às revoluções tecnológicas dos modos de produção mais acelerados e otimizados. A habitação apesar de ser um bem de uso, vem ganhando características de bem de consumo, como visto no item anterior, transformando-se em produto a ser consumido. Para este trabalho considero o mercado imobiliário como um sistema de negócios realizados para viabilizar a produção e comercialização de imóveis, composto por inúmeros agentes. O principal agente do sistema de promoção imobiliária é o incorporador, também conhecido como promotor imobiliário. Além dele, podem ser incluídos neste sistema: o proprietário da terra, as empresas de construção, o Estado, os técnicos (arquitetos, engenheiros e 73 seus respectivos escritórios de planejamento), as instituições financeiras, o corretor ou consultor de imóveis (vinculado ou não a uma imobiliária); o comprador-morador-usuário ou o comprador-investidor. Destaco que antigos moradores da área, que também são usuários da cidade, apesar de não comporem o sistema de negócios têm poder de interferir no processo produtivo em função de manifestações e reivindicações44. As empresas e os profissionais de propaganda e marketing, vêm assumindo crescente importância no sistema imobiliário incorporando-se ao sistema. A definição das estratégias de promoção e venda tem sido a sua principal função. Inclusive, há empresas especializadas no setor que oferecem consultoria45 para escolha do “ponto”, ou seja, do melhor terreno e localização para realizar a obra, além da definição de programas e ordenamento dos empreendimentos.46 É curioso notar que este novo ramo profissional além de se incorporar à indústria da construção civil, de certa forma, destitui o “posto” de conselheiro e até mesmo de conhecedor das melhores localizações, antes ocupado pelos arquitetos e urbanistas. A produção imobiliária se compõe pelos agentes acima citados. Entretanto, o enfoque dado permeará os espectros que seguem: O incorporador (promotor) imobiliário, o comprador (consumidor), o corretor (intermediário, portador do discurso), o profissional de marketing e, em certa medida, o Estado e o sistema financeiro. A partir da Lei do Inquilinato de 1942 assentiu-se ao estabelecimento de formas e programas habitacionais que garantisse o sucesso dos empreendimentos, isto é o lucro, a venda e o aluguel das unidades. Emergiram a incorporação e os condomínios, que independente da classe social a que se destinava, oferecia um modelo de habitação reduzida da tipologia burguesa oitocentista com um programa básico de sala, dormitório (2 ou 3), banheiro e cozinha, apresentando, na maioria dos casos, cômodos de empregados – dormitório e banheiro –, e entradas separadas para as áreas social e de serviços. Sob a ótica da formulação de uma “cidade ideal”, industrializada, cosmopolita e moderna, São Paulo dos anos de 1950 e 1960 construía seus apartamentos como símbolo de seu poder cultural e econômico, refletindo novos hábitos e referências. A sociedade paulistana referenciava-se claramente nos padrões norte-americanos de viver, abandonando gradativamente os padrões europeus: era o american way of life que soprava nos trópicos. (VILLA, disponível em: <http://www.vitruvius.com.br/arquitextos/arq000/esp390.asp>, acesso em: 2 out. 2008). No Rio de Janeiro esta realidade não foi diferente. Um exemplo claro da influência norte-americana é a Barra da Tijuca que, além dos modelos arquitetônicos tão associados à 44 Cf. MELO, 1993 ; RIBEIRO, 1997, LEITÃO, 1999 e SANTANA, 1998. 45 Nos últimos anos estão aparecendo diversos cursos técnicos e de especialização voltados para a capacitação de gestores e consultores imobiliários, inclusive com o foco no marketing imobiliário. 46 Cf. REVISTA MEIO & MENSAGEM. São Paulo: [s.n.], ago. 2007. 74 Miami, tem ainda os shoppings e aglomerados urbanos que seguem o mesmo padrão. Reflexo de ações conduzidas pelo mercado, onde o arquiteto e urbanista passam a coadjuvantes. De modo geral, os incorporadores, em conjunto com o Estado, são os agentes que mais interferem no processo de construção, estruturação e transformação urbana47. Estão mais fortemente vinculados ao processo de comercialização da construção civil, sobretudo, no que se refere ao setor habitacional (RIBEIRO, 1997). Neste processo, os incorporadores são os responsáveis pela produção de novos empreendimentos e, por isso, grandes formadores de opinião ao divulgarem seus produtos, que neste caso são as habitações. Eles não são necessariamente os construtores dos empreendimentos, mas podem também o ser, exercendo assim as duas funções. Podem ainda acumular uma terceira função que é a de financiador dos imóveis, estabelecendo uma relação econômico-financeira com os compradores. Segundo Luiz Cezar Ribeiro, O incorporador é um agente que exerce as seguintes funções: a) escolha e compra do terreno; b) análise do mercado; c) concepção e desenvolvimento do projeto, compreendendo aspectos técnicos, legais, fiscais, financeiros e operacionais; d) mobilização do capital necessário à operação, compreendendo financiamento para a construção e para o consumidor final. (RIBEIRO, 1981, p. 41). O autor coloca a polêmica sobre a definição conceitual deste agente em função dos seus múltiplos papéis, inclusive por ser um proprietário fundiário-capitalista comercial, ao exercer o controle e a transformação do uso e da ocupação do solo. Os corretores imobiliários são intermediários que exercem o papel de vendedor e agora ganham status de consultores de imóveis. Diante da enormidade de ofertas, são treinados, capacitados e incentivados por programas específicos para realizarem a venda de um maior número de imóveis em um menor período de tempo. Na outra extremidade do sistema de comercialização os compradores (consumidores) apresentam-se como atores fundamentais para a existência do sistema. Norma Lacerda (1993) sintetiza a lógica de funcionamento do sistema imobiliário e o papel dos seus promotores da seguinte maneira: se os promotores concentram suas operações imobiliárias, é para responderem a um imperativo social. Os promotores, os proprietários fundiários e os consumidores 47 Um bom exemplo disso é o que está ocorrendo na área da Vila Olímpica Panamericana do Rio de Janeiro, sob a anuência do Poder Público Municipal. Além da melhoria das vias, dos equipamentos inicialmente destinados ao Pan, atualmente surge uma série de empreendimentos promovidos por grande grupo de incorporadores que, além de proporem bairros inteiros, estão enfatizando a criação de um novo centro metropolitano do Rio, com novos shoppings, centros médicos, comerciais e bairros habitacionais. 75 participam de um mesmo processo: os dois primeiros se apropriam dos ganhos fundiários e os terceiros realizam as suas aspirações. Neste contexto, não há vencedores nem vencidos. As responsabilidades referem-se tanto aos promotores imobiliários e aos proprietários de terrenos, quanto aos próprios consumidores. Assim, os promotores não podem ser considerados como os grandes ‘vilões’, como se faz habitualmente. Considerá-los desta forma seria desconhecer o funcionamento do mercado fundiário e imobiliário, que procede de uma construção social complexa resultante do comportamento dos diversos agentes concernentes. Os consumidores são um dos componentes não negligenciáveis. (MELO, 1993). Este ponto de vista traz parte da responsabilidade do que é produzido para o próprio consumidor. Porém, é preciso deixar claro que o incorporador não é apenas o construtor de novos espaços e novas edificações, mas é aquele que promove a venda de “um novo estilo de vida” para os indivíduos. (MARICATO, In: RIBEIRO, 1997, p.16). Para Luiz Cesar Ribeiro o incorporador exerce a função de gestor do capital e é “a chave em todo o processo de produção e circulação, na medida em que permite a transformação de um capital-dinheiro em terreno e edificação”. (RIBEIRO, 1997, p. 96). É ele quem dirige o processo de transformação, diferente de outros setores produtivos onde as decisões são integralmente tomadas pelo “capital-produtivo” e, portanto, diferente das figuras do proprietário fundiário e do construtor. Como se pode verificar, a questão da habitação como objeto de consumo no contexto capitalista está atrelada à problemática da propriedade da terra urbana enquanto um bem – o imóvel – que associado ao capital produtivo, é claramente privilegiado desde os primórdios da sociedade urbana. As relações existentes entre o crescimento das cidades e o capitalismo iniciam-se nos primórdios da questão mercantil, avança com a Revolução Industrial e com os períodos pósindustrialização que se sucedem. As populações passam a migrar do campo e dos burgos para as cidades. Os camponeses que vinham do campo para trabalhar nas novas e emergentes indústrias necessitavam de local de moradia. (BENEVOLO, 1983, p.566). A sociedade urbana remete à sociedade pós-industrial e fundamenta o consumo (LEFEBVRE, 1999); designa, mais que um fato consumado, a tendência, a orientação, a virtualidade. Isso, por conseguinte, não tira o valor de outra caracterização crítica da realidade contemporânea como, por exemplo, a análise da “sociedade burocrática de consumo dirigido”. (LEFEBVRE, 1999, p. 16). Historicamente, o advento da revolução industrial incrementou a idéia de que as cidades ofereceriam maiores oportunidades de trabalho, atraindo uma grande massa de populações de diversas áreas, vizinhas, rurais ou não. Por sua vez, esse aporte populacional que chegava e ainda chega às cidades, demanda uma absorção não apenas profissional, como 76 também habitacional e infra-estrutural. Como dito anteriormente a cidade física não acompanha a velocidade de crescimento humano, e se move em função dos interesses hegemônicos dos seus inúmeros agentes, produtores e atores sociais. No contexto de crescimento populacional a produção em massa torna-se viável. A sociedade torna-se foco dos interesses dos produtores e da difusão de suas idéias de consumo, fomentadas pelas concentrações populacionais, enraizadas nos pólos urbanos. Em estudos sobre as cidades (PARK, 1979; BENEVOLO, 1983; GOTTDIENER, 1993; LEFEBVRE, 1999; VILLAÇA, 1986) é possível identificar que os incorporadores imobiliários iniciam suas investidas de mercado antes mesmo do período da revolução industrial, quando construíam casas, muitas vezes em condições precárias de salubridade e higiene. A habitação vai se tornando uma mercadoria. Associado a isto se coloca a fragmentação da propriedade do solo urbano. Desde os primórdios do processo de urbanização, a terra foi sendo fragmentada, produzindo e reproduzindo novas parcelas cada vez menores. Inicialmente, a partir das grandes propriedades rurais que, ao longo dos séculos, foram sendo subdivididas em fazendas, sítios, chácaras, loteamentos, casas até chegarem às pequenas unidades habitacionais dispostas em pavimentos dos atuais edifícios de apartamentos, com o crescente número de unidades por andar (SANTOS, 1996; VAZ, 1994). Como conseqüência, modificando o meio ambiente. Primeiro, as casas eram alugadas. Posteriormente, a idéia da casa própria irá evoluir como forma de distinção social. Lilian Vaz (1994) analisa que inicialmente as casas eram construídas para suprir uma necessidade de uso, de abrigo. Depois, além do valor de uso é a ela atribuído o valor de troca. Deste modo, o mercado da construção tornou-se “um importante setor da produção” (VAZ, 1994, p. 214) que tem a moradia como sua principal mercadoria. Na atualidade a mercadoria habitação continua a se transformar, ganhando atributos de bem de consumo. Ao longo dos séculos, este processo se reproduziu, com suas peculiaridades. Nos séculos passados as casas eram construídas para serem alugadas e usadas pelos trabalhadores vinculados às indústrias. Há indicativos de que lá estava o gérmen do consumo e da reprodução cultural, inclusive quando se trata de habitação. É o que nos mostra Benévolo: Adam Smith aconselha os governos a vender os terrenos de propriedade pública, para pagar suas dívidas. Estes conselhos são recebidos de bom grado pelas classes dominantes, que têm interesse em fazer valer, também no campo imobiliário, a liberdade da iniciativa privada, isto é, têm condições de aproveitar a desordem urbana sem sofrer-lhes as conseqüências. Mas algumas desvantagens de ordem física (o congestionamento do tráfego, a insalubridade, a feiúra) tornam intolerável 77 a vida nas classes subalternas, e ameaçam, a partir de certo momento em diante, o ambiente em que vivem todas as outras classes. (BENEVOLO, 1983, p. 552). Além de apontar a venda como obtenção de recursos, esta citação também expressa o processo de reprodução da “liberdade da iniciativa privada” e sua relação com o Estado. Aponta ainda para a desordem ocasionada por essa “liberdade” que comprometerá as camadas mais baixas, bem como todas as outras classes da sociedade e o ambiente em que vivem, deixando claro o caráter sistêmico das ações humanas. São decorrentes da ausência do Estado, da falta de planejamento, de recursos, de serviços, de infra-estrutura, de moradias, e pelo impacto causado nas condições de sobrevivência dos próprios indivíduos. A terra enquanto propriedade, como se verificou era considerada como mercadoria e a habitação também assume esse atributo. Villaça (1986, p.16-17) observa que existe um vínculo territorial entre a habitação e a terra que dificulta a sua produção enquanto mercadoria a ser consumida. A propriedade privada da terra onera o preço do “produto habitação” devido a sua finitude e às suas localizações privilegiadas, sobretudo, nas grandes cidades. Por esta razão a “necessidade” de aumentar o status de outras áreas da cidade, a fim de facilitar o processo de comercialização. Por sua vez, a produção e o consumo (venda) da mercadoria – habitação – exige um longo período entre a produção e comercialização que, por vezes, compromete a “conhecida fórmula Dinheiro-Mercadoria-Dinheiro (D-M-D’)”48 (VILLAÇA, 1986, p.17), corresponde ao giro do capital presente na economia capitalista. O mercado busca constantemente maneiras de encurtá-lo. As transformações se sucedem em diversos setores, tais como: tecnológico, econômico-financeiro, informacional, cultural, modo e estilo de vida etc. Em virtude disso, a cada dia, novas necessidades emergem e são produzidas, gerando novas questões a serem sanadas. Por outro lado, o capitalismo cria permanentemente a escassez que gera a concorrência. (VILLAÇA, 1986, p. 16). Surge o princípio da disseminação de idéias e da cultura de consumo. As cidades começam a se expandir horizontalmente em busca de novas áreas, ditas mais salubres, para a burguesia. Apesar dos inúmeros imóveis vagos, o discurso da escassez de áreas centrais é utilizado. Assim a malha urbana vai se espraiando cada vez mais e produzindo a periferização. 48 Mais adiante, serão observadas táticas e estratégias de marketing que somadas às inovações tecnológicas buscam reduzir esse período tais como: eventos de pré-lançamentos, comercialização antes do início das obras (venda na planta), sistemas estruturais pré-fabricados, entre outros. 78 Benevolo, ao falar da época industrial, relata que o rapidíssimo crescimento das cidades à época produz a transformação física das mesmas, o núcleo passa a ter “nova delimitação surgindo uma nova faixa construída: a periferia”. (BENEVOLO, 1984, p. 565). As cidades vão abarcando as áreas rurais e periurbanas. Benevolo continua sua análise levantando questões que estabelecem um vínculo de permanência, uma continuidade com a realidade atual das grandes cidades. As ruas são demasiado estreitas para conter o trânsito em aumento, as casas são demasiadamente diminutas e compactas para hospedar sem inconvenientes uma população mais densa. Assim, as classes abastadas abandonam gradualmente o centro e se estabelecem na periferia: as velhas casas se tornam casebres onde se amontoam os pobres e os recém-imigrados. [...] As zonas verdes compreendidas no organismo antigo – os jardins por trás das casas em fileira, os jardins maiores dos palácios, os hortos – são ocupadas por novas construções, casas e barracões industriais. (BENEVOLO, 1984, p. 565). As cidades contemporâneas, infelizmente, ainda perpetuam esse modelo de crescimento, destruindo o verde e ocupando as periferias, deixando os edifícios das áreas centrais vazios ou transformando em cortiços os que antes foram nobres. Esta é uma realidade que se assemelha ao caso do Rio de Janeiro, e de tantas outras cidades, que crescem e se expandem em direção à periferia, que se verticalizam como forma de multiplicar o espaço urbano e, conseqüentemente, o número de unidades habitacionais para alimentar a produção e a oferta de novos produtos imobiliários. Este assunto será mais aprofundado no próximo capítulo. A semelhança permanece se comparada ao caso da Freguesia, antiga franja rural, cujas áreas verdes e de preservação estão sendo suprimidas pelas ações do mercado imobiliário, que desde a década de 1970 avança mais fortemente sobre o bairro. Agora se verticaliza, sob a bandeira de aumentar os estoques para a classe média baixa49. Na prática, não é exatamente esta a realidade, constrói-se para classes A, e, predominantemente para a classe B e, mais recentemente, para a classe C, como será visto mais adiante. Observa-se que além do crescimento horizontal soma-se o vertical. Uma constante que, com os avanços das técnicas, é tomada como símbolo de modernidade das grandes cidades. Lilian Vaz (1994, p.214) sintetiza a grande procura por casas afirmando que esta não se explica apenas pelo crescimento populacional urbano. Soma-se o fato das transformações nas relações e espaços de trabalho. As fábricas e indústrias da Revolução Industrial 49 Vale ressaltar que o déficit habitacional predomina nas classes D e E, que não é contemplada pelas ações do mercado imobiliário. Só agora a produção para a classe C vem sendo foco do mercado. 79 introduzem novos espaços e novas relações. Para suprir as novas necessidades, os operários precisavam de alojamentos específicos, fomentando assim o mercado de habitações. Surge a indústria da construção civil. Entretanto, se estabelece um paradoxo: a indústria da construção civil nasce para resolver a questão da moradia, e [...] o edifício de apartamentos surge prometendo democratizar o acesso a [sic.] habitação, ambos se afastando progressivamente destes objetivos. Trata-se de demonstrar historicamente como no caso da moradia a modernização brasileira se constituiu em mais um processo de exclusão social. (VAZ, 1994, p. 229). Lilian Vaz não é a única a tratar deste assunto. Autores brasileiros como Arlete Rodrigues, Ermínia Maricato e Flávio Villaça o abordam com muita propriedade. Para Ermínia Maricato (2006) e Arlete Rodrigues (2003)50 as questões da renda fundiária e do mercado imobiliário são também consideradas como causa do déficit habitacional brasileiro. O mercado produz predominantemente para as classes média e alta que é a menor parte da população brasileira e relega a faixa mais necessitada e numerosa à própria sorte, ou à espera das ações governamentais. Estas vertentes de análises sobre a questão habitacional relacionam-se ao fato da crescente concentração populacional em poucas e grandes cidades e à grande distância dos níveis de renda das diversas camadas da população no Brasil. Apesar das transformações socioeconômicas pelas quais o Brasil vem passando nos últimos anos, inclusive com o crescimento da chamada classe “C”51 e do paulatino crescimento do número de ofertas voltadas para este grupo social. Apesar da importância do tema, este não é o foco principal. Entretanto, é preciso entender melhor o universo ideológico que delineia este setor econômico, para situar tais questões nos discursos do mercado. Pilares da economia de qualquer país, as empresas do setor da construção civil estão mostrando o que podem representar para o crescimento econômico do País. Nos últimos dois anos, as companhias nacionais realizaram um bem planejado movimento de abertura de capital, obtiveram recursos bilionários e agora, a olhos vistos, dão um show de competência e produtividade. De norte a sul do País, as grandes cidades voltaram a exibir aqueles saudáveis canteiros de obras que primeiro representam empregos e, em seguida, se transformam na realização do sonho do brasileiro: a casa própria. O mesmo fenômeno se vê no interior, com uma profusão de lançamentos de imóveis para todos os padrões de consumo. A combinação de cofres cheios entre as companhias, competência técnica construtiva, 50 Cf. MARICATO, Ermínia e TANAKA, Giselle. O planejamento urbano e a questão fundiária. Ciência hoje, Rio de Janeiro, v. 38, n. 227, p. 16-23, jun. 2006. E, RODRIGUES, Arlete Moysés. Moradia nas cidades brasileiras. 10. ed. São Paulo: Contexto, 2003. 51 Conforme a classificação do mercado, ou seja através do prisma do consumo, as camadas se dividem em classes A, B, C, D e E, onde classe A, é aquela com renda familiar mensal superior a 20 salários mínimos (R$ 7 mil); B, entre 10 e 20 salários mínimos (R$ 3,5 mil a R$ 7 mil); C, entre quatro e 10 salários (R$ 1,4 mil a R$ 3,5 mil); D, entre dois e quatro (R$ 700 a R$ 1,4 mil); e E, com renda familiar mensal inferior a dois salários mínimos. (BORGES, Apud GUIMARÃES, JB, 8/4/2007). 80 ousadia empreendedora e melhores condições de compra para o público, em razão da redução nos juros e da ampliação dos prazos para os financiamentos habitacionais, faz com que o setor da construção civil entre num virtuoso ciclo de prosperidade. (DORIA, 2008, p. 8).52 A construção civil tem sido considerada o motor e mola propulsora da economia mundial, de um país, de uma região. O sistema que o compõe faz movimentar uma série de setores que move a produção e faz o dinheiro circular. A produção de materiais de construção, de equipamentos e máquinas, a geração de empregos diretos e indiretos, alimenta uma série de outras cadeias produtivas, em função dos salários recebidos por seus funcionários. Esse é um lado das múltiplas perspectivas que se pode ter do setor. Tá vendo aquele edifício moço ajudei a levantar Foi um tempo de aflição eram quatro condução duas pra ir duas pra voltar Hoje depois dele pronto olho pra cima e fico tonto mas me chega um cidadão E me diz desconfiado tu tá aí admirado ou tá querendo roubar Meu domingo tá perdido vou pra casa entristecido dá vontade de beber E pra aumentar o meu tédio eu nem posso olhar pro prédio que eu ajudei a fazer (Trecho da música Cidadão de autoria de Lúcio Barbosa) Além desses, certamente muitos outros aspectos existem. O boom atual inicia-se por volta de 2004. Desde então, o Rio de Janeiro, e o Brasil como um todo, vivenciam novamente este momento de expansão imobiliária, que ganha corpo e é retro-alimentado por diversos discursos, inclusive o do déficit habitacional que se acopla ao sonho da casa própria. Apesar dos aspectos acima apresentados, existem outros que ficam ocultos e não aparecem. Quando emergem, ganham relevo sob um ponto de vista parcial. Existem construções sociais que dão suporte a este setor, que impedem a exposição pública, pois sua emergência poderia ameaçar as bases econômicas, sociais e políticas de sustentação. Em um primeiro momento eclodem quatro delas: 1. A construção social de que a posse da casa própria representa ganho de status e segurança. É uma realidade na qual os valores sócioculturais, econômicos de ascensão social dão sustentação socioeconômica ao setor que estimula sua venda e, garante o sonho para um determinado grupo social; 2. A noção de desenvolvimento e progresso socioeconômico e urbano. Neste caso, os valores são atribuídos ao setor como se esta via fosse a única produtora de desenvolvimento e progresso. Uma relação a repensar. Certamente, existem muitas outras formas de promover o 52 João Doria Junior é presidente do Grupo de Líderes Empresariais. 81 desenvolvimento socioeconômico e urbano da sociedade. Entretanto, são os valores apresentados acima que mais aparecem por favorecerem ao sistema. Diante da atual crise norte-americana, a noção de desenvolvimento promovida pelo mercado imobiliário está sendo posta à prova. O mercado, associado ao sistema financeiro, sem a regulação do Estado, deixa instável e põe em cheque o sistema econômico em vigor; 3. O disfarce dos atores financeiramente mais beneficiados de uma balança socioeconômica bastante desequilibrada. O guarda-chuva ideológico produzido pelo discurso da geração de empregos e da redução do déficit habitacional justifica os ganhos bilionários do setor (ver anexos); 4. A ausência de reflexões sobre as economias e deseconomias decorrentes do maior adensamento urbano, sem planejamento, promovido por este setor, com a anuência do poder público. São exemplos: a. Impactos ambientais naturais; b. Impactos ambientais construtivos; c. Impactos ambientais infra-estruturais; d. Impactos ambientais psicológicos. O atual modelo de desenvolvimento tem produzido inúmeras deseconomias em diversos aspectos do todo que compõe a cidade e a sociedade. O adensamento construtivo segregacionista, de interesse do mercado, sem a devida correspondente atenção aos setores ambiental, social e infra-estrutural, tem produzido engarrafamentos, alagamentos, crescentes índices de poluição ambiental, sonora e visual e, as conseqüentes alterações climáticas de temperatura, umidade, pluviométricas, mais os inúmeros efeitos sobre os habitantes das cidades. Não apenas sobre a saúde física, mas, sobre a saúde mental. Como fala Simmel, em uma metrópole os indivíduos apresentam uma “reserva exterior [...] uma leve aversão, uma estranheza e repulsão mútuas, que redundarão em ódio e luta no momento de um contato mais próximo”. (SIMMEL, In: VELHO, 1987, p.17). Em uma abordagem inicial, a noção de desenvolvimento mais premente para a sociedade contemporânea é a econômica. Sob esta ótica o desenvolvimento promovido pelo setor fica evidente, em função não só do giro econômico, mas, em decorrência da construção de uma idéia, de uma ideologia na qual o setor é sinônimo de desenvolvimento. Em um movimento de contra-corrente, a noção de desenvolvimento é transmutada, principalmente a partir da noção de sustentabilidade, que se baseia no tripé que inclui, além do econômico, o social e o ambiental. Segundo Kothari o desenvolvimento sustentável deve ser visto como um ideal ético, a partir do respeito à “diversidade do fluxo da natureza”, um 82 respeito à “diversidade de culturas” e de “sustentação da vida, base não apenas da sustentabilidade, mas também da igualdade e justiça”. (KOTHARI, 1995, p. 285 Apud SACHS, 2002, p. 67). Seria esta uma nova forma de pensar a emergência de uma nova razão objetiva onde a razão estaria inscrita no cosmos, na natureza e em um outro tipo de indivíduo? Este enfoque interessa a este trabalho devido à emergência do discurso ecológico nos prospectos coletados. Principalmente, após manifestações da população local contra as constantes derrubadas de árvores para a construção de novos prédios. Sobrepõe-se a isso, o fato da Freguesia ser um bairro que está no imaginário carioca como “verde” e como “roça”. Aspectos estes que serão aprofundados mais adiante. A emergência desta nova concepção de desenvolvimento tem levado o setor imobiliário a reformular seus discursos de divulgação mercadológica, na tentativa de manter de pé a noção de desenvolvimento produzida por ele, baseado em uma razão objetiva cujo propósito é a comercialização da produção. Desta forma, o mercado transforma o verde em mercadoria urbana, utilizando-a como estratégia imobiliária (SANTANA, 1999, p. 183). Entretanto, o esforço de readequação deixa à mostra uma série de fragilidades do seu discurso, posto que o lucro continua a ser o principal fim. Não é a sustentabilidade social, nem a sustentabilidade ambiental que estão em jogo. No setor da construção civil o pé econômico continua pesando mais, e a balança continua desequilibrada, apesar do “marketing socialmente responsável” (KOTLER; KELLER, 2006, p. 16), do discurso da sustentabilidade ecológica, tão em voga. Mais adiante ficará claro porque o discurso tem sido o meio utilizado para se alcançar o fim principal – o lucro. O marketing verde, como tem sido denominado por especialistas do setor, também ganha o apelido de maquiagem verde e de greenwashing53, pois realiza uma apresentação inexistente ou inadequada dos benefícios ambientais ou sócio-ambientais, supostamente presentes nos empreendimentos. O Conselho Brasileiro de Construção Sustentável faz o seguinte alerta “procure julgar a eco-eficiência global da empresa e não apenas do produto de interesse”.54 Por vezes, os conceitos ecológicos de sustentabilidade e de eco-responsabilidade aparecem sem que toda a produção da habitação contemple tais aspectos. A sustentabilidade real só virá quando a edificação deixar de ser vista como produto isolado e passar a ser projetada como um processo e como parte de um todo. Quando for considerada como parte de 53 Ver JB Ecológico, n. 79, agosto de 2008 e sítio do Conselho Brasileiro de Construção Sustentável, disponível em: <http://www.cbcs.org.br/hotsite/index.php?NO_LAYOUT=true#passo-5>, acesso em: 6 out. 2008. 54 http://www.cbcs.org.br/hotsite/index.php?NO_LAYOUT=true#passo-5, acesso em 6 de outubro de 2008. 83 um quebra-cabeça ambiental natural, social, cultural, infra-estrutural e construtivo que compõe a cidade, e que compõe o sistema. Não só como ocupação de um lote urbano, e sim como parte que interage com o todo que é o sistema planetário. Sachs (2002, p. 71-72) contribui para este raciocínio, quando ampliou o conceito de sustentabilidade, inicialmente apenas voltado para o ambiental. Ele enumera suas outras dimensões, dividindo-as em: sustentabilidade social, sustentabilidade cultural, sustentabilidade do meio ambiente, distribuição equilibrada de assentamentos humanos e atividades [que talvez pudesse receber o nome de sustentabilidade de usos e ocupação do solo], sustentabilidade econômica [nesta ele faz uma ressalva “um transtorno econômico trás consigo o transtorno social, que por seu lado, obstrui a sustentabilidade ambiental” (SACHS, 2002, p. 71)], sustentabilidade política e a sustentabilidade do sistema internacional. Baseado nestas premissas, ele evolui para o que denomina de ecodesenvolvimento que contemplaria “o planejamento local e participativo, no nível micro, das autoridades locais, comunidades e associações de cidadãos envolvidas na proteção da área”. (SACHS, 2002, p. 73). Armando Corrêa advertia sobre o que estava acontecendo em 1936: A flora carioca foi desde os tempos coloniais devastada pelo homem, quer para a construção, quer para a lenha e carvão, transformando a exuberante vegetação secular em depauperada capoeira. As nossas serras e planícies, pobres pelas constantes queimas, transformaram-se completamente, só recebendo pelos ventos espécimes de imigração. Assim é preciso que o governo proíba esse abuso, pois, sem a sistematização do corte e o replantio obrigatório, estaremos perdidos. (CORRÊA, 1936, p. 73). Observa-se na Freguesia, como em outras áreas do país, o adensamento acelerado, a derrubada de árvores, a ausência de diálogo com a população local, a ausência de planejamento, que agrava, não só a questão climática, mas a qualidade de vida. O avanço do urbano sobre o rural interliga-se ainda à ausência de infra-estrutura adequada, ao crescente número de automóveis, aos crescentes deslocamentos, ao aumento da poluição decorrente, não só do aumento de veículos e dos maiores deslocamentos, mas pelo aprisionamento dos gases nas barreiras físicas que as edificações promovem. A sucessão desses eventos, associada ao encadeamento existente entre eles, nos faz repensar a noção de desenvolvimento promovido pelo setor da construção civil. Bem como a tranqüilidade e a qualidade de vida por eles vendida por meio de seus discursos. Entretanto, não é só a construção civil em si, ou seja, não é só a edificação isolada, é todo um sistema articulado entre atores sociais, econômicos e políticos que compõem a engrenagem do desenvolvimento das cidades. 84 Há mais de 100 anos que se pensam soluções para as cidades. Os utopistas, como foram denominados os pensadores urbanos no final do século XIX, buscavam alternativas para os problemas daquela época, bem como os higienistas, buscavam “sanear a cidade” dos seus miasmas. Esses visionários buscavam novos paradigmas para melhorar o ambiente urbano tentando trazer o verde para o interior da cidade moderna. Segundo Ianni a cultura capitalista está articulada à reprodução de idéias, valores, princípios e doutrinas. As forças produtivas e as relações de produção, ou as relações de apropriação econômica e dominação política não se encadeiam, reproduzem e expandem se não se expressam em idéias, valores, princípios e doutrinas (ou formas de pensar) organizados segundo as determinações básicas do modo capitalista de produção. (IANNI, 1979, p. 13). A interligação desses setores tem definido o modelo de desenvolvimento das cidades, juntamente com a construção dos discursos e ideologias que dão sustentação ao modo de pensar e agir capitalista. O imaginário social dá suporte aos interesses da elite econômica, cujas atuais bases estão fincadas nos interesses, no bem estar e na almejada felicidade. A visão dos benefícios imediatos obstrui a verdadeira preservação para as futuras gerações de forma socialmente responsável. Os detentores do poder econômico têm a possibilidade de construir materialmente o modelo de desenvolvimento. Entretanto, para que se sustente, torna-se necessário um arcabouço ideológico que é lançado no ideário da sociedade por meio dos diferentes canais de comunicação, que podem ser usados de forma positiva ou negativa, atendendo aos interesses de uns ou da maioria. Para Ianni o processo de produção e comercialização de mercadorias utiliza-se dos serviços de informação. O conceito de indústria cultural estudado por Adorno, Horkheimer, Marcuse e Walter Benjamin foi ampliado por Ianni: Para realizar-se, esse processo integra elementos da cultura espiritual e material que podem ser distinguidos da seguinte maneira: a) idéias, noções, valores, princípios, categorias, doutrinas, teorias; b) palavras, imagens, cores, sons; c) livros, jornal, revista, rádio, televisão, filme, xerox; d) empresa, estabelecimento, conglomerado, organização; e) sistemas de comunicação, ensino e propaganda; f) técnicas de informação, processamento de dados, tomada de decisões e implementação; g) força de trabalho, capital, tecnologia, divisão do trabalho social. (IANNI, 1979, p. 59). A construção imaginária que vem sendo produzida, apoiada pela industria cultural, em certa medida, molda a forma de pensar da massa de consumidores. Estes motivados pelos próprios desejos de consumo, do seu vazio existencial e, imersos na velocidade que a vida 85 contemporânea impõe, consomem impulsivamente, sem refletir as conseqüências do seu ato de compra. Como nos diria Ewald, trata-se de “uma manipulação consciente” (2005, p. 20). O objetivo do sistema produtivo na economia clássica é o consumo, que define as vendas e os lucros que alimentam o sistema. Para isso, as satisfações materiais dos indivíduos por meio da aquisição das mercadorias são um estímulo ao consumo e à produção. Esta questão se insere em um universo social mais amplo, também vinculado ao sistema produtivo, aos trabalhadores como engrenagem do capitalismo, aos consumidores - foco principal do sistema e a repercussão deste imbricado de coisas sobre o meio ambiente, no sentido lato do termo. A articulação dos sistemas de produção e consumo reverbera em todos os demais sistemas que compõem a sociedade, principalmente no meio urbano, no qual se concentra a maior parte dos consumidores mundiais. Todos juntos formam uma teia que desencadeia uma série de efeitos, por vezes perversos como os decorrentes das desigualdades sociais. As máquinas produzem os objetos, bens de consumo, móveis ou imóveis, bens simbólicos, prazeres emocionais, realizam sonhos e desejos. (FEATHERSTONE, 1995, p.31). A oferta de produtos cresce a um ritmo cada vez mais acelerado, ou seja, é a quantidade contra o tempo e contra a concorrência. Esta realidade tem se reproduzido em vários campos, inclusive na promoção imobiliária da produção da habitação. Continuando a reflexão produzida no item anterior, ao falar da cultura do consumo, Don Slater (2002) a apresenta como um modelo de reprodução cultural que se estende desde o século XVI até o presente, onde podemos discernir, em primeiro lugar, um novo ‘mundo de mercadorias’ (uma ampla penetração de bens do consumo na vida cotidiana de mais classes sociais); em segundo lugar, o desenvolvimento e disseminação da ‘cultura do consumo’ no sentido da moda e gosto como elementos-chave do consumo; em terceiro 55 lugar, o desenvolvimento de infra-estruturas, organizações e práticas que tinham como alvo esses novos tipos de mercado (o surgimento do shopping, da publicidade, do marketing). (SLATER, 2002, p.25). Esta citação suscita diversos aspectos que merecem atenção. A disseminação da cultura do consumo que vai alcançando os diversos tipos de produtos, eleitos pelos modismos, caracterizando-se pela segmentação de mercado. O terceiro aspecto, levantado por Slater, relativo ao desenvolvimento de “infra-estruturas, organizações e práticas que tinham como alvo esses novos tipos de mercado ([...] da publicidade, do marketing)”, apresenta elementos 55 Os grifos são meus. 86 como a publicidade e o marketing que emergem para dar forma e concretizar o consumo, por meio dos modos de atuar na “sociedade do consumo dirigido”, como frisou Lefebvre (1999). A habitação também pode ser vista como produto e bem de consumo, sobretudo, quando se correlacionam aos novos tipos de habitação56, aos novos conceitos, conforme orientação de marketing57 propostos pelos lançamentos imobiliários, onde são introduzidas diversas inovações que ditam moda e que alcançam um maior número de segmentos socioeconômicos. A abundância de ofertas cada vez mais diversificadas e inovadoras e a forma como o indivíduo urbano “precisa” /deseja / necessita viver a realidade da casa própria reafirma-a como forma de subjetivação. A habitação assume a categoria de objeto de desejo, transpondo o físico e se incorporando ao campo subjetivo do consumo e da comercialização. Uma das características dos bens de consumo duráveis é a forma de reposição que se dá por desgaste ou por modelos mais sofisticados. Este segundo ponto é essencial para o entendimento da reflexão da habitação como um novo bem de consumo. As táticas e estratégias de distribuição que são criadas e adaptadas para dar suporte à comercialização dos produtos reforçam esta teoria. Aqui se insere o poder da propaganda atrelada às estratégias de marketing e do discurso como forma de despertar interesses, semear sonhos e plantar produtos que atendam aos novos desejos dos novos e eternos consumidores. 1.3. O papel do marketing na construção dos discursos e dos desejos O desejo da gente não é um desejo definido, que seria "o nosso" (como uma espécie de DNA psíquico) e que se trataria de descobrir e logo seguir à risca. O episódio bíblico do pecado original é uma boa metáfora da condição humana. Todas as necessidades estavam satisfeitas no Paraíso terrestre, e fomos querer um fruto que não sabíamos direito o que era: a humanidade (pecadora, claro) surge quando começamos a desejar além do que satisfaz nossa necessidade de sobrevivência. Como nosso desejo não é regrado pela necessidade, ele é variável, não depende do valor intrínseco dos frutos desejados, nem da singularidade de nosso paladar, mas de nossos vínculos com os outros: no caso, com as Evas que nos seduzem ou com a vontade de transgredir a ordem divina. Conclusão: nosso desejo é o fruto volúvel das ocasiões, das circunstâncias e, sobretudo, das relações com nossos semelhantes; ele é uma disposição que INVENTAMOS - não que DESCOBRIMOS. Contardo CALIGARIS, Folha de São Paulo 21 de agosto de 2008. 56 Em arquitetura entende-se por tipo o conjunto de características arquitetônicas de uma determinada edificação que permite o seu enquadramento em uma dada classificação. Por exemplo: Casas térreas, casas geminadas, edifícios multifamiliares, conjuntos habitacionais, etc. 57 Conceito é uma terminologia que o mercado imobiliário tem usado recentemente para distinguir os diversos tipos de condomínios. Por exemplo: Condomínio Club, Condomínio boutique, Club residence, prédio inteligente, prédio ecológico, prédio sustentável, Cidade Jardim, etc. 87 É possível influenciar o consumidor por meio de discursos e estratégias? O comportamento dos agentes do mercado relacionado ao marketing pode interferir no comportamento do comprador e do próprio mercado? Segundo Philip Kotler e Kevin Lane Keller “o marketing envolve a identificação e a satisfação das necessidades humanas e sociais. Para defini-lo de uma maneira bem simples, podemos dizer que ele ‘supre necessidades lucrativamente’”. (KOTLER; KELLER, 2006, p. 4). Estes autores trabalham com o conceito de administração de marketing que orienta os negócios das empresas em relação à produção, aos produtos, às vendas, ao marketing e ao marketing holístico. É necessário ressaltar a distinção existente entre a administração de marketing e o que é popularmente denominado marketing. Theodore Leavitt esclarece que a orientação de marketing está voltada para as necessidades do comprador, preocupa-se com a idéia de satisfazer necessidades do cliente por meio do produto e de todo um conjunto de coisas associado a sua criação, entrega e consumo final. (LEAVITT Apud KOTLER; KELLER, 2006, p. 14). Contrariamente ao senso comum, o marketing extrapola a propaganda. Ele também está mudando, se adaptando às novas exigências do mercado. Segundo Kotler e Keller “a orientação de marketing surgiu em meados da década de 1950”. (2006, p.14). Naquela época houve uma mudança na filosofia de “ ‘fazer-e-vender’, voltada para o produto” para outra de “ ‘sentir-e-responder’, centrada no cliente”, segundo esta idéia, o marketing deixou de “caçar” e passou a “plantar”. (KOTLER, 2006, p. 14). As empresas que estão sintonizadas com este processo, para por em prática o conjunto de medidas contemplado por ele precisam contar com o apoio dos profissionais de marketing e estabelecer os “planos de marketing” (KOTLER, 2006), ou o também conhecido “sistema integrado de marketing” (RICHERS, 2006). Segundo Kotler, o plano de marketing “é composto de seis passos: análise situacional, objetivos, estratégias, táticas, orçamento e controles”. (2003, p. 174). Aqui, não interessa esmiuçá-los. Porém, tomar conhecimento da existência dessas etapas traz elementos de análise para entender o porquê das mudanças dos discursos, ou o enfoque em determinados tipos e não em outros. Saber da pré-existência de uma análise situacional, por exemplo, que examina e identifica atores, pontos fortes, pontos fracos, oportunidades e ameaças, permite entender que o processo de comercialização não está sendo feito ao acaso. Que os passos são dados baseados em análises e no conhecimento dos fatos e dos clientes em potencial. São 88 estruturados a partir da definição de objetivos, metas e cronogramas. Que são definidas estratégias e táticas para alcançar as metas, por meio da escolha da ação mais eficaz para a consecução dos objetivos. E que por meio do controle são realizadas revisões periódicas, definidos indicadores que possibilitam a avaliação do progresso e do desempenho de comercialização dos produtos. Caso não esteja sendo satisfatório, a empresa deve rever objetivos, estratégias e iniciativas para corrigir a situação. (KOTLER, 2003, p. 175). O marketing emerge como instrumental, além de visar à garantia das vendas de produtos, gerando lucros para as empresas, tem a missão de satisfazer necessidades e realizar desejos. Para isso usa uma série de técnicas, táticas e estratégias que encantam o cliente, inclusive por meio da Propaganda que, por sua vez, utiliza diversas mídias e mensagens para “plantar” produtos e mercados. Aliás, estratégias de guerra são usadas como forma de lidar com os concorrentes. Para situar melhor o universo do marketing, vale lembrar que há autores que utilizam orientações e objetivos estratégicos diferentes como: os sistemas de marketing dos 4P’s [Promoção, Preço, Ponto (relativo à localização) e Produto], 4 C’s [Cliente, Custo, Conveniência e Comunicação] e 4 A’s [Análise, Ativação, Avaliação, Adaptação], também considerados como termos estruturais do marketing. Estes modelos são norteadores de comportamentos que servirão de base para o planejamento empresarial. Entretanto, não será necessário alongar esta análise, esmiuçar o marketing não é o objetivo aqui. Merecem maior atenção a Ativação ( Promoção e Comunicação) e a Adaptação, que irão apontar elementos para a análise dos discursos que se modificaram ao longo do período estudado. Segundo Richers (2006), a Ativação é “o conjunto de medidas destinadas a fazer com que o produto atinja os mercados pré-definidos e seja adquirido pelos compradores com a freqüência desejada”. (RICHERS, 2006, p. 22). Para Kotler a Promoção e a Comunicação estão vinculadas. Segundo ele, Comunicação é um termo amplo, e que pode ocorrer com ou sem planejamento. Promoção, conforme a sua ótica, “é a parte da comunicação que se compõe das mensagens destinadas a estimular pessoas a tomar consciência dos vários produtos e serviços da empresa, interessando-se por eles e comprando-os.” (KOTLER, 2003, p. 30). Vale ainda ressaltar que a Promoção envolve a propaganda, a promoção de vendas, o pessoal de vendas, relações públicas, de modo a “disseminar mensagens destinadas a atrair a atenção e interesse”. (KOTLER, 2003, p. 30). Aspectos em evidência no material de propaganda analisado por esta pesquisa. 89 Este estudo, utiliza o conteúdo dos prospectos para fazer referência aos diversos aspectos contemplados pela Promoção e pela Propaganda, a análise dos enunciados e mensagens presentes nos prospectos ganhou relevo. Rafael Sampaio utiliza a seguinte definição de Propaganda: “manipulação planejada da comunicação visando, pela persuasão, promover comportamentos em benefício do anunciante que a utiliza”. (SAMPAIO, 2003, p.26). Esta definição por si só permite diversas análises em favor dos agentes do mercado imobiliário. Porém, uma “perspectiva cínica”, do humorista e educador Stephen Leacock, utilizada por Kotler é ainda mais ilustrativa e conclusiva: “A propaganda pode ser descrita como a ciência de aprisionar a inteligência humana durante tempo suficiente para ganhar dinheiro”. (KOTLER, 2003, p. 192). Qual a diferença entre propaganda e anúncio? Conforme o Dicionário de Comunicação de Rabaça e Barbosa, propaganda é mais abrangente e, de certa forma, engloba o anúncio. Logo, é um conjunto das técnicas e atividades de informação e de persuasão, destinadas a influenciar as opiniões, os sentimentos e as atitudes do público num determinado sentido. Ação planejada e racional, desenvolvida através dos veículos de comunicação, para divulgação das vantagens, das qualidades e da superioridade de um produto, de um serviço, de uma marca, de uma idéia, de uma doutrina, de uma instituição etc. Processo de disseminar informações para fins ideológicos (políticos, filosóficos, religiosos) ou para fins comerciais58. (RABAÇA; BARBOSA, 2001, p. 598). O anúncio é mais específico que propaganda: mensagem de propaganda elaborada e veiculada com finalidades comerciais, institucionais, políticas etc. Informação publicitária de uma marca, produto, serviço ou instituição, apresentada por meio de palavras, imagens, música, recursos audiovisuais, efeitos luminosos e outros, através dos veículos de comunicação59. (RABAÇA; BARBOSA, 2001, p. 32). Como se pode verificar a propaganda é um processo composto por ações planejadas, enquanto que o anúncio é a mensagem de propaganda que é veiculada por meio das diversas mídias, na qual os prospectos, folders e os flyers estão incluídos. A mensagem, em outras palavras, os enunciados dos discursos presentes nos materiais impressos escolhidos para este estudo estarão permeados por todos os ingredientes de magia e sedução, identificados como atraentes pelas pesquisas de mercado e pelos planos de marketing para despertar o consumidor - indivíduo. 58 Os grifos são para evidenciar as diferenças entre ambos os termos. 59 Idem. 90 Ao analisar a evolução do modelo de consumo individualista, Lipovetsky destaca como determinados elementos dos produtos são utilizados para “impressionar o olhar” e como a “publicidade esforça-se em louvar produtos como símbolos de condição social” (LIPOVETSKY, 2007, p. 40) com o objetivo de despertar a curiosidade, captar a atenção e estabelecer uma sintonia direta com os desejos e os prazeres individuais. Ao retomar a questão do desejo e da necessidade sob a problemática do consumo, em particular do consumo habitacional, é necessário contextualizá-la diante do “sonho da casa própria”. Lipovetsky denomina a sociedade atual como sociedade do desejo já que, Toda uma sociedade se mobiliza em torno do projeto de arranjar um cotidiano confortável e fácil, sinônimo de felicidade. Celebrando com ênfase o conforto material e o equipamento moderno dos lares. [...] A sociedade de consumo de massa apresenta-se, através da mitologia da profusão, como utopia realizada. Do outro, ela se pensa como marcha rumo à utopia, exigindo sempre mais conforto, sempre mais objetos e lazeres. Há algo mais na sociedade de consumo além da rápida elevação do nível de vida médio: a ambiência de estimulação dos desejos, a euforia publicitária, a imagem luxuriante das férias [...]. Eis um tipo de sociedade que substitui a coerção pela sedução, o dever pelo hedonismo, a poupança pelo dispêndio, o recalque pela liberação, as promessas do futuro pelo presente. (LIPOVETSKY, 2007, p. 35). Esta citação faz emergir aspectos bastante significativos para reflexão da habitação: 1) As pessoas compram produtos, serviços, ou compram a satisfação de necessidades, ou a realização de desejos? 2) Tais desejos são conscientes ou inconscientes? No caso brasileiro da habitação, o desejo é a posse da própria casa que se torna foco de atuação do marketing imobiliário e, não apenas, a necessidade de abrigo e proteção. Na análise de Lipovetsky, é a atual “mercantilização moderna das necessidades”, “orquestrada por uma lógica desinstitucionalizada, subjetiva, emocional”. (LIPOVETSKY, 2007, p. 41). Ou seja, as motivações privadas, visam satisfações emocionais, corporais, sensoriais, estéticas, relacionais, sanitárias, lúdicas e distrativas. Há uma transição da necessidade de sobrevivência para o desejo, do status para os serviços de naturezas diversas que prestam ao indivíduo, trazendo-lhes compensações afetivas. As reorientações do marketing buscam fidelizar os clientes por meio de novas estratégias. Além da diversificação e dos novos serviços que são oferecidos, as marcas, as embalagens, o design, a personalização e os preços entram no jogo que promove a venda. E vai além, transforma o consumidor em ator, ao fazer parte do mise-en-scène da compra dos produtos, sua alma é seduzida e, pela encenação, transforma-se em parte do espetáculo e participante da festa do consumo. (LIPOVESTKY, 2007, p. 82 – 86). 91 Estes aspectos podem ser transpostos para a realidade que envolve o lançamento imobiliário de um novo empreendimento, principalmente por que a casa própria vem permeada de novos desejos, que a tornam cada vez mais atraente, envolta na embalagem da distinção social e permeada pelos itens de serviços e lazer, tais como: fitness, spa, garage band, home cinema, home office, espaço gourmet, cave de vinhos, churrasqueira, pistas de ecotrakking, etc. O evento que lança o imóvel é uma festa, com telas de vídeo, música, champanhe, caviar, elementos de sedução e envolvimento. O lançamento imobiliário extrapola o evento, engloba uma série de procedimentos que incluem os atos de divulgar e colocar à disposição do público-alvo um novo produto imobiliário seja ele um loteamento, um conjunto ou condomínio de casas, de apartamentos residenciais ou de lojas comerciais e de serviços com o objetivo da venda, mesmo que estas ainda não estejam iniciadas ou concluídas. Segundo Lilian Vaz, por volta de 1930 havia indícios de que a comercialização de imóveis acontecia na planta e que a divulgação dos anúncios e da propaganda ocorria predominantemente nos jornais. Naquela época a configuração do produto habitação era diferente e não havia indicativos da presença das áreas de lazer. Um dos objetivos da venda na planta é encurtar o processo de produção e comercialização, ao mesmo tempo em que garante os custos nas etapas iniciais do processo. A maior parte dos grandes lançamentos imobiliários da atualidade brasileira acontece com a venda dos imóveis “na planta”. Principalmente, se a construtora-incorporadora for conhecida e de médio à grande porte, tendo em vista já terem nome no mercado e uma marca a zelar, transmitindo assim uma maior segurança ao comprador. Outro fator que “garante” a entrega do produto são os seguros de conclusão de obra, que passaram a existir no mercado brasileiro após o incidente ocorrido com a Encol, de falência em nível nacional. As construtoras e pequenos incorporadores, em geral, primeiro constroem para depois colocarem seus produtos no mercado. Quase não há a venda na planta. Para este tipo de comercialização é necessário algum grau de confiabilidade entre o comprador e o vendedor. Vende-se algo que não existe concretamente, e que ainda é um sonho. A imagem dos anúncios, as perspectivas digitais, as maquetes e os apartamentos decorados trazem materialidade àquele sonho e o torna vendável. 92 Figura 22. Foto da maquete, com detalhe do home cinema, espaço kids e Parque Aquático. Ver paredes de acrílico sem os prédios. Foto: Gisela Santana. 2006. Porém, nem sempre a comercialização ocorre como o esperado e nem sempre as mensagens surtem os efeitos planejados. Diante disso, outro aspecto estruturador é utilizado pelo marketing com o objetivo de manter as vendas e as metas sob controle. É a Adaptação que tem o “intuito de ajustar a oferta da empresa [...] às forças externas detectadas através da Análise” (RICHERS, 2006, p. 22), esta última, também inserida no plano de marketing. A adaptação inclui às “revisões periódicas” que visam acompanhar o desempenho de comercialização do produto. Se este não está sendo satisfatório, a empresa precisará adotar medidas “para corrigir a situação”. (KOTLER, 2003, p. 175). Para realizar a comercialização do produto que é posto a venda, o seu produtor, que no caso é o incorporador imobiliário, quando apoiado por empresas de marketing, utilizará diversos recursos. Dentre eles estão: 1) Conhecer seu público-alvo, por meio de pesquisas; 2) Modelar um produto para este público e verificar tendências do mercado; 3) Definir estratégia de localização do empreendimento e do stand de vendas (que não necessariamente estão no mesmo local); 4) Definir estratégias de promoção e apresentação do produto ao público-alvo (neste item serão definidas as mensagens que irão compor os enunciados dos discursos, as imagens e as formas de seduzir os compradores); 5) Comunicação e propaganda de diversas naturezas sob diversas lógicas de localização e distribuição na cidade e no bairro onde se situa o empreendimento, utilizando diversas mídias (Ex: Feiras e salões de imóveis, banners, outdoors, busdoors, taxidoors, prospectos, encartes, jornais, revistas, rádio, televisão, maladireta, e-mails, telemarketing, hotsites, catálogos, CD’s e DVD’s, pessoas com 93 vestimentas sugestivas do empreendimento, segurando placas ou vestidas de palhaços segurando setas indicativas do empreendimento etc.); Figura 23. Exemplos de tipos de propagandas utilizadas para chamar atenção para o lançamento. Fotos Gisela Santana. 2006, 2008 e 2008 respectivamente. 6) Um aparato de corretores, normalmente vinculados a uma ou mais imobiliárias, munidos de books, CD’s e DVD’s de divulgação e tabelas de preços que variam em função da fase do lançamento; 7) Evento de lançamento, que por si só envolve muitas outras estratégias de persuasão de venda (festas regadas a comes e bebes no stand ou em casa de eventos, plantas humanizadas, maquetes, passeios virtuais, manobristas, animadores e espaço para crianças brincarem, telão com contagem de unidades vendidas, anúncio no alto-falante do número de unidades vendidas, atrativos como banda de música, passeio de balão, torre de visualização simulando os andares do prédio, brindes para os primeiros compradores: passagens para Paris, eletrodomésticos, carro, além de aplausos e espocar de champanhe no ato da compra, etc.). O roteiro que o potencial comprador é conduzido durante o evento segue os seguintes passos: recepcionistas, corretor, maquetes, apartamento decorado, unidades disponíveis, preços, formas de financiamento e para quem for comprar o imóvel, a promessa de compra e venda com a emissão dos cheques correspondentes; 94 Figura 24. Propaganda do empreendimento e do carro como brinde. Fonte: site do empreendimento http://www.chl.com.br/estrelas/, acesso em 26 set. 2008. 8) Apartamentos decorados, seguindo as tendências da moda, assinados por decoradores badalados (marketing da experiência sensorial); 9) Monitoração do desempenho das vendas; 10) Adaptação em casos de “fuga” da rota planejada. Estes aspectos possibilitam uma visão geral do processo de estruturação das ações que dão suporte à comercialização dos produtos do mercado imobiliário. Vale ressaltar que este não é um procedimento geral para todas as empresas do setor, mas certamente, é bastante utilizado pelas médias e grandes. E, fica evidente que a incorporadora que realizou o Residencial Aquários se utilizou deste arsenal mercadológico para se inserir no mercado da Freguesia. As demais, que sentiram o impacto, também realizaram processos de adaptação, visando corrigir a situação. O marketing envolve ainda outras questões e ações que também auxiliam o entendimento de diversos aspectos envolvidos com esta temática. Um conceito utilizado pelo marketing que merece atenção é o “valor”. Este, não se refere exclusivamente ao preço. Valor é a percepção que surge da combinação entre o preço e o benefício que se obtém. Quem define valor é o cliente, não a empresa. (NOBREGA, 2002, p. 41). Pode-se acrescentar, que uma determinada marca e atributos de tais produtos podem representar valor para o consumidor, portador, possuidor de determinados bens. Para definir quais valores o produto deverá ter e quais deverão ser postos em evidência, os profissionais de marketing precisam identificar o “valor percebido por um consumidor” e para isso, é 95 necessário investir em conhecimento. Neste ponto é que entram as pesquisas de mercado e de pós-atendimento, como forma de identificá-los e mensurá-los. Durante o período deste trabalho, fui entrevistada cerca de sete vezes, tanto por telefone, quanto nos stands de vendas, durante os lançamentos imobiliários. A maior parte das perguntas eram previsíveis, do tipo: Qual o número de quartos que deseja? Qual a renda familiar? Quantos filhos têm? Por que o imóvel visitado não interessou? Porém, outras perguntas chamaram a atenção. Tais como: Qual o menor preço que você pagaria para não desconfiar da qualidade da construção? Que tipos de itens de lazer não poderiam faltar no seu local de residência? Para você, quais os atributos mais importantes que um empreendimento deve ter? É melhor que sua residência esteja a 50 ou a 150 metros do centro do bairro? Estas questões surpreenderam, nunca havia pensado nelas! Além do mais, são passíveis de diversas interpretações. De forma geral, conduzem ao entendimento de que ao realizá-las os profissionais de marketing estão buscando conhecer o comportamento do cliente, identificar os perfis dos consumidores em potencial, seus valores e seus desejos, por vezes, ocultos, para que possam modelar o produto, os discursos, as estratégias e as táticas. Para identificar quais os fatores mais representativos para um público alvo, os profissionais do setor fazem uso das pesquisas. Segundo Kotler (2003), as pesquisas de marketing, são usadas para conhecer os clientes “como segmento [de mercado] e como indivíduo. [...] Os profissionais de marketing utilizam todo um aparato de técnicas de pesquisa de marketing para compreender os clientes e os mercados e avaliar a eficácia de suas próprias práticas”. (KOTLER, 2003, p. 170). Ele cita algumas: observação em lojas, observações domiciliares, outras observações (olheiros), Pesquisa de grupos de foco [no caso do mercado imobiliário é bastante usada], questionários e levantamentos, técnicas de entrevista em profundidade, experimentos em marketing, pesquisa do cliente misterioso, data mining (banco de dados para identificar novos segmentos e novas tendências). As informações levantadas por esse instrumental darão suporte para as decisões, norteando planos de marketing para o desenvolvimento do(s) produto(s). O marketing possui diversos recursos para analisar os “mercados consumidores” e conhecer o que influencia o comportamento de compra. Kotler identifica os seguintes fatores: culturais (cultura, sub-cultura, classe social), Fatores sociais [grupos de referência (ex: grupos de aspiração), família, papéis e status], Fatores pessoais [Idade e estágio no ciclo de vida (ex. solteiro(a), casado(a), separado(a) com filhos), ocupação e circunstâncias econômicas, personalidade e auto-imagem, estilo de vida e valores], Fatores psicológicos [motivação 96 (baseadas nas teorias de Freud do comportamento inconsciente, Maslow das necessidade e Herzberg dos satisfatores e insatisfatores), percepção60 [atenção seletiva, distorção seletiva, retenção seletiva, percepção subliminar, aprendizagem (decorrente de experiências anteriores), memória]61. (KOTLER, 2006, p. 173- 188). Apesar da pirâmide de Maslow estar em desuso no campo da psicologia, esta merece uma maior atenção por ser largamente utilizada pelo marketing para identificar os tipos de necessidades humanas. Essa é mais uma possibilidade de abordagem, diferente das levantadas até aqui. Ele as dispõe de forma hierárquica, por ordem de importância, da mais vital e urgente para a menos urgente. As necessidades segundo Maslow são: 1)Fisiológicas (comida, água, abrigo); 2) Segurança (segurança e proteção); 3) Sociais (sensação de pertencer, amor); 4) Estima (auto-estima, reconhecimento, status); 5) Auto-realização (desenvolvimento e realizações pessoais) (MASLOW, apud KOTLER, 2006, p. 183-184). Sob esta ótica, ao correlacioná-las com a habitação, observa-se que a necessidade de abrigo está em primeiro lugar, juntamente com a comida e a água. A residência não é o único abrigo utilizado pelo homem, mas ela também possui este atributo, juntamente com o sentimento de proteção e segurança. Morar em uma casa própria pode conferir ao sujeito a satisfação de necessidades em níveis mais altos, através das representações sociais expressas pelo sentimento de pertencimento, reconhecimento, status e realização pessoal. A casa própria pode ser enquadrada em todos os níveis de necessidades da mais básica a mais alta, dependendo do enfoque que se pretenda dar. Principalmente quando inserida em um contexto da sociedade de consumo onde a sensação de pertencimento, reconhecimento, status e realização pessoal acontecem por meio dos bens materiais. Estes aspectos também entram no jogo de elaboração dos discursos das propagandas destinadas a vender novas residências. Como forma de adaptação o desenvolvimento dos empreendimentos pode ocorrer em etapas, como no conceito de projeto, baseado em fases de desenvolvimento. Segundo o diretor da STA Arquitetura, com a expansão do projeto sendo realizada em diferentes fases, podemos ajustar as especificações dos próximos lançamentos de acordo com o mercado, aumentar ou diminuir o tamanho dos apartamentos e dos próprios prédios, seguindo as variações na demanda do setor nos próximos anos. Portanto, o planejamento existe, mas não é rígido. (CONDE, In: COSTA, Gabriel. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 24 de agosto de 2008). 60 Este aspecto é bastante relevante para este estudo, já que os folhetos precisam ser percebidos, chamar e reter a atenção dentre às inúmeras informações visuais recebidas diariamente pelos citadinos. 61 Ao comparar os fatores apontados por Kotler com os 21 grupos de discursos identificados, é possível verificar que muitos desses estão estreitamente articulados com esta lógica, que pensa o comportamento do consumidor. 97 Outro aspecto considerado pelo marketing que merece ser citado é o processo de decisão de compra pelo qual passa o consumidor. Kotler apresenta cinco estágios: O reconhecimento do problema, a busca de informações, a avaliação de alternativas, a decisão de compra e o comportamento pós-compra. Seria muito interessante poder analisar este processo com mais vagar, porém seria desviar a rota, já que este estudo não aborda diretamente os compradores. Entretanto, vale ressaltar alguns aspectos. Por ser a Freguesia um dos focos do boom imobiliário, com quase 100 empreendimentos lançados nos últimos quatro anos e, devido ao fato dos diversos empreendimentos terem características bastante similares, certamente o processo de decisão e de escolha entre um ou outro apartamento, casa ou terreno irá implicar em inúmeras informações a serem ponderadas pelo consumidor. Estas, por sua vez, acirram a concorrência e interferem nos processos de adaptações que deverão ser adotados pelos incorporadores e profissionais de marketing. As adaptações podem ocorrer em diversas etapas e são de diversas naturezas. Como o marketing não está ileso às transformações pelas quais toda a sociedade vem passando ele também promove adaptações no modo de atuar. Além do marketing integrado abordado até aqui, o marketing socialmente responsável também merece atenção, em virtude da emergência da responsabilidade ambiental nos discursos publicitários dos empreendimentos estudados. O marketing socialmente responsável está presente nos discursos, como também no posicionamento que uma empresa adota, a partir da definição de atributos que deverão ser vinculados a ela na mente de seus clientes. (RIES; TROUT, apud: KOTLER, 2003, p. 177), e está intimamente ligado ao conceito de marca. Segundo Kotler, As grandes marcas são a única tragetória para a rentabilidade [...]. Além disso, as grandes marcas oferecem benefícios emocionais, não apenas benefícios racionais. [...] As grandes marcas trabalham mais com as emoções. E, no futuro, as melhores marcas demonstrarão responsabilidade social – um interesse zeloso pelas pessoas e pelo estado do mundo. (KOTLER, 2003, p. 120). Quando uma construtora vincula sua logomarca a um slogan do tipo “empreendimentos sustentáveis”, “construindo um mundo melhor” ou “sinônimo de sucesso” está definindo um posicionamento, agregando valor e incutindo essas mensagens na mente do cliente, que será atraído por tais atributos. Por outro lado, Kotler fala dos níveis de marketing de massa, para atender a produção em série e do micro marketing (segmentação) que procura individualizar o desejo de cada um. Desta forma surgem os discursos e os produtos personalizados. No qual uma pessoa pode ter 98 acesso a variações de um mesmo produto e assim, a produção alcança maior diversidade de consumidores. Como no caso das varandas gourmet, ou das cozinhas americanas onde o comprador poderá optar por tê-las ou não. Outro exemplo são os novos conceitos e estilos de morar que também personalizam seus moradores, tais como o ecolife, o club residence, o condomínio boutique, bairro dentro de bairro. Há ainda o que está se denominando de “terceira onda do marketing” que é o marketing da experiência sensorial, cujo objetivo é criar um vínculo emocional entre produto e consumidor. No caso dos lançamentos imobiliários isso fica evidente nos apartamentos decorados, onde um ou mais modelos, réplicas de apartamentos ou casas que estejam à venda são postos à visitação pública, totalmente mobiliados com itens esteticamente favoráveis àqueles ambientes e, normalmente, assinado por decoradores de renome no mercado. Com esta breve incursão pela seara do marketing e da propaganda, fica evidente que os recursos que vêm sendo usados para elaborar as mensagens, apoiar as escolhas e a definição de modelos, conceitos, produtos e estratégias de divulgação e comercialização da habitação têm o objetivo de alcançar os desejos dos consumidores e seduzi-los ao ato da compra. 99 Capítulo 2 2. HABITAÇÃO: PRODUTO E CONTEXTOS Em nenhuma outra ocasião na história documentada da arquitetura, a maneira como o homem constrói sofreu mudanças tão radicais como as que ocorreram no último século. Sob a pressão do tremendo crescimento da população mundial, novos fatos ocorreram em quase todos os campos da atividade humana. Mas esses fatos em nenhuma esfera foram mais espetaculares do que na arquitetura. Uma vez que um número crescente de pessoas precisava ser alojadas e trabalhar em grandes centros urbanos, os construtores tiveram que aprender a construir verticalmente. Peter Blake. Antigamente, toda a comunidade participava da construção das moradias e dos seus implementos. O indivíduo estava em fecundo contato com essas coisas; as casas eram construídas com um sentimento natural em relação ao lugar, aos materiais e ao uso, e o resultado era uma edificação agradável aos olhos e perfeitamente adequada. Hoje, em nossa sociedade altamente civilizada, as casas onde as pessoas comuns estão condenadas a viver e que são forçadas a contemplar, em geral, são desprovidas de qualidade. Não podemos, entretanto, retornar ao velho método de artesanato supervisionado pessoalmente. Devemos nos esforçar por avançar, tendo interesse pela obra que o arquiteto realiza e procurando compreendê-la. Steen Eiler Rasmussen. Quem analisar a arquitetura, a história íntima, as funções protetoras, várias delas maternas, as relações como que mulher sedentária, soberana, com homens, além de móveis, dependentes características de um tipo nacional ou regional de casa que seja o que a casa-grande foi, no Brasil, é quase certo que começará quase sempre – ou terminará – por analisar-se, por encontrar-se, por descobrir-se nesse objeto analisado que passará, sob vários aspectos, a sujeito; a criador, em vez de paciente, do analista; a co-autor com ele de valores característicos desse objeto-sujeito. Gilberto Freyre. O termo habitação é estudado e analisado não só como abrigo nos seus diversos papéis, mas como principal produto do mercado imobiliário e como elo de ligação entre o homem e os meios social, urbano e natural, perpassando pelos aspectos: pessoal, familiar, social, biológico, simbólico e construído. O ponto norteador desta reflexão é o meio urbano, sobretudo, a partir do crescimento das cidades, como lócus privilegiado de atuação e comercialização dos produtos, mais especificamente no que concerne à moradia. Ao longo do capítulo serão abordados aspectos fundamentais que alimentam a relação consumo-habitação. Tais como: 1. A habitação em si, suas inter-relações diretas e indiretas com o meio social e com o ambiente natural e ambiente construído urbano; 2. O verde como sinônimo de natureza e os novos modos de relações que estão surgindo entre o homem e a natureza; 100 2.1. Habitação e sua abrangência sócio-ambiental Os termos morar e habitar podem parecer sinônimos. Entretanto, na medida em que a aproximação acontece, é possível identificar termos correlatos, sinônimos ou complementares e sutilezas que os permeiam. Para este estudo, torna-se relevante esclarecer os significados: real e atribuído socialmente ao termo, principalmente por ser esse o produto comercializado pelo mercado imobiliário. Ao decidir estudar os espaços de moradia questionei quais seriam os outros termos correlatos e se esses seriam sinônimos ou complementares. Dentre eles: residência, residir, domicílio, casa, vivenda, morar, morada, moradia, habitação e habitar. A partir de uma préidentificação, decidi explorar os significados dos termos morar, morada, habitar, habitação, casa, residir, residência e vivenda, visando melhor entender as diferentes nuances existentes entre eles. Para optar pelos vocábulos acima, busquei inicialmente definições em alguns dicionários renomados da língua portuguesa, bem como em dicionários e em enciclopédias históricas, inclusive em outras línguas, como o Emile Littré, em francês. Posteriormente, busquei a etimologia destes vocábulos e alguns de seus desdobramentos. Foi possível chegar a algumas conclusões: 1. Morar está relacionado à permanência, à de(mora). Ao verificar etimologicamente o que é mora encontra-se: demora, dilação, retardo, espera, espaço ou lapso de tempo. Ou seja, o termo morar estaria relacionado ao tempo de permanência em um determinado espaço. 2. Habitar vem do latim e tem como sinônimos os verbos morar e residir. Entretanto, o verbete morar não contém habitar como sinônimo. Portanto, habitar e morar não necessariamente têm o mesmo significado. 3. Residir está mais próximo de ser sinônimo de morar, o que não necessariamente acontece com habitar. Para a geógrafa Arlete Rodrigues, morar como vestir, alimentar, é uma das necessidades básicas dos indivíduos. Historicamente mudam as características da habitação, no entanto é sempre preciso morar, pois não é possível viver sem ocupar espaço. (RODRIGUES, 2003, p. 11). Como se pode verificar na citação acima, morar é uma necessidade básica do indivíduo enquanto que habitar relaciona-se à edificação em si, à parte edificada, concreta da 101 casa. Se considerada como produto pode ser modificada. A habitação está etimologicamente relacionada à ação de habitar, o morar estaria relacionado ao abstrato, ao subjetivo e à vida. Vejamos o que nos diz a arquiteta, Lilian Fessler Vaz: O mais importante elemento do ambiente construído é, sem dúvida, a habitação. Ocupando parcela substancial do solo urbano, a habitação constitui um elemento básico da reprodução da força de trabalho e um elemento privilegiado, através do qual o capital é investido na cidade. Parte integrante do cotidiano, a habitação interfere nas práticas sociais, apóia a memória individual e coletiva, guardando significados para os diversos segmentos da população e participando da formação das identidades sociais. Encontra-se, portanto, no centro da relação espaço – sociedade. [...] A habitação é definida historicamente de acordo com o desenvolvimento das formações econômico-sociais em que se manifestam e de que há correspondência entre as transformações que ocorrem nas formações econômico-sociais e as transformações da habitação – nos seus padrões, nas maneiras de produzi-las, de usá-las e de pensá-la. Cabe assinalar que compreendemos a habitação não apenas como um componente dos sistemas espaciais em que se insere e que define seu complexo valor de uso. (VAZ, 1994, p. 5). O termo é polissêmico e por isso mesmo merece maior atenção. As duas citações referem-se à mudança das características da habitação, fato que demonstra estar se falando de algo concreto: “as transformações da habitação – nos seus padrões, nas maneiras de produzilas, de usá-las e de pensá-la”. (VAZ, 1994, p. 5). Quer dizer, a habitação é algo que se produz, que se usa, que tem valor de uso e de troca e que, com o passar dos tempos e das técnicas se transforma e passa a ser desejada. Por outro lado, Lílian Vaz levanta aspectos importantes para este estudo: 1) a habitação é “um elemento privilegiado, através do qual o capital é investido na cidade”; 2) “ a habitação interfere nas práticas sociais, apóia a memória individual e coletiva, guardando significados para os diversos segmentos da população e participando da formação das identidades sociais. Encontra-se, portanto, no centro da relação espaço – sociedade”; 3) “a habitação é definida historicamente de acordo com o desenvolvimento das formações econômico-sociais”; 4) “há correspondência entre as transformações que ocorrem nas formações econômico-sociais e as transformações da habitação”; 5) ocorrem transformações “nos seus padrões, nas maneiras de produzi-las, de usá-las e de pensá-la” e; 6) a habitação não é apenas “um componente dos sistemas espaciais em que se insere e que define seu complexo valor de uso”; 102 7) Ela é mais que isso: “guarda significados para os diversos segmentos da população e participando da formação das identidades sociais”. Este último ponto é central para esta pesquisa. Tais significados, na maioria das vezes, serão norteadores dos discursos utilizados pelo mercado imobiliário. As afirmativas acima ajudam a compor o intricado espectro que permeia esta pesquisa, e será tecido no desenvolvimento dos capítulos e da própria tese, estabelecendo uma costura das partes que se entrelaçam. A origem etimológica da palavra morar é derivada do latim - mora,ae que está relacionada à demora, à dilação, ao retardo, à espera, ao espaço ou lapso de tempo. Esta permanência, este lapso de tempo é o tempo da vida, da relação em família, do descanso, da satisfação da necessidade básica de abrigo do indivíduo: o morar. Em espanhol, os termos vivienda e alojamiento trazem uma distinção entre as permanências em um abrigo. Alojamento refere-se a algum espaço que forneça abrigo temporário. Enquanto vivenda é entendida como um espaço para a construção da vida em uma habitação. Por indução, o morar pode ou não estar associado à habitação enquanto casa ou lar, porém sempre estará ligado a uma construção, como será visto mais adiante. Pode se referir a qualquer edificação na qual o indivíduo permaneça por um “lapso de tempo”. Desta forma, segundo as teorias de Maslow a casa pode ser um abrigo, mas nem todo abrigo precisa ser uma casa, pode ser uma ponte, o escritório ou algo similar. O entendimento para o desenrolar desta questão é de que o habitar está relacionado à edificação - a casa, esteja ela no solo ou superposta na condição de apartamento. O morar é a necessidade vital de permanecer, de se demorar em um abrigo, em um alojamento, seja ele a casa ou não. A necessidade de proteção, identificada por Maslow está relacionada tanto à habitação quanto à moradia. O sentido de proteção pode estar relacionado à segurança ou à proteção psicológica que um determinado espaço possa representar. Desta forma, os novos conceitos de residência propostos pelo mercado se relacionam tanto à moradia quanto à habitação em si. Em paralelo às questões acima, é preciso lembrar que as casas, ao longo de séculos, sofreram diversas transformações na sua estrutura física. De isolada passou a coletiva, de coletiva a multifamiliar, distribuída em conjuntos, em condomínios e em apartamentos, superpostos a muitos outros e bem longe do chão, cercadas por muros em planícies e em colinas. Nas últimas décadas, com os condomínios fechados, os lazeres e serviços são integrados a esses espaços. Apesar da diversidade de tipos e arranjos, a moradia continua 103 sendo denominada como casa, inclusive o apartamento. No meio da construção civil e do mercado imobiliário a casa e o prédio são moradias, ou melhor, unidades habitacionais. Heidegger (1994) analisa a origem das palavras habitar e construir em alemão arcaico e conclui que construir, bauen, significa habitar. Ele afirma que a construção é meio para se chegar ao fim que é o habitar. Esta conclusão reforça ainda mais a idéia de que a habitação se relaciona ao construído, ao produto do que se constrói fisicamente para abrigar e alojar o homem e se transformar em moradia. O renomado arquiteto modernista, Le Corbusier, diz que o ato de construir moradias é: abrigar os homens primeiro, colocá-los ao abrigo das intempéries e dos ladrões, mas sobretudo, montar em torno deles a paz de um lar, fazer tudo o que é preciso para que a existência decorra suas horas em harmonia, sem transgressão perigosa das leis da natureza62. E não essa moradia tolerada da forma como é atualmente, a transação entre os poderes determinados pelo dinheiro: o lucro, a concorrência, a pressa, coisas que, após fazer o homem perder sua realeza, e após esmagar servidões, fizeram-no esquecer seu direito fundamental a uma vida decente. (LE CORBUSIER, 2006, p. 25). Esta citação faz referência ao abrigo seguro, que garante proteção e, indiretamente, à segurança financeira. Le Corbusier aponta para uma distorção dos poderes do dinheiro, do lucro e da concorrência que coloca em cheque o direito do homem ao abrigo, a uma vida decente. Enfim, coisas que fazem o homem perder a sua realeza... A noção do morar também sofre mutações com os novos conceitos lançados pelo mercado imobiliário, ganha sentido diferente em função do contexto. A relação entre a necessidade e o desejo dos indivíduos urbanos, vinculados aos diferentes sentidos do morar e do habitar vão sendo permeados pelos interesses dos “poderes determinados pelo dinheiro”, subliminarmente expressos nas práticas e construções discursivas do setor imobiliário. Aliadas às legislações urbanísticas municipais seguem, há tempos, demolindo casas, desmontando morros, aterrando rios e alagados, derrubando árvores, sob o manto do discurso da saúde pública e da renovação urbana, de “áreas imobiliariamente promissoras” (VILLAÇA, 1986, p. 36 – 38), como a Freguesia. O leque de conexões e ramificações começa a se abrir para formar a teia conceitual a partir do momento em que o morar e o habitar estão inseridos em um espaço, seja ele urbano ou rural, que por essência é social. São espaços internos, externos e intermediários, naturais e artificiais, com formas e funções que os definem. Entendo que os espaços e áreas comuns dos condomínios que estão sendo produzidos para as camadas médias e alta modificam a extensão 62 Aqui várias interpretações são possíveis. O que Le Corbusier estaria querendo dizer por transgressão da natureza? Em seus escritos e projetos, justificava a verticalização em prol da natureza, como resgate de verde para a cidade. 104 do morar e do habitar para além das quatro paredes do privado. O espaço do morar, da demora na habitação, em parte, está sendo transferido para o espaço coletivo dos condomínios fechados. O espaço pode ser entendido e estudado pelas partes que o compõe, o conforma, o produz e o descreve. São os macro-campos: geográfico, humano, natural, físico, psíquico, ecológico, econômico, social, cultural, histórico, político e financeiro que, cada um em sua totalidade também se desdobra em outras ramificações. O espaço envolve, abriga e conforma as ações e a vida cotidiana dos seus usuários, citadinos, indivíduos, sujeitos. Este espaço também pode ser denominado de espaço ecológico. De origem etimológica baseada na palavra grega oîkos, que significa ‘casa’, adicionada ao sufixo “lógos”, 'linguagem', e, com a influência do francês surge o vocábulo “ecologia”. Dando a idéia de: linguagem da casa. Ou seja, o estudo das relações recíprocas entre o homem e seu meio moral, social, econômico e ainda, ciência que estuda as relações dos seres vivos entre si ou com o meio orgânico ou inorgânico no qual vivem. Em francês, a definição de ecologia é: “étude des milieux où vivent les êtres vivants, ainsi que des rapports de ces êtres avec le milieu”63. (LE ROBERT, 1992, p. 331). Estas evidenciam cada vez mais, as relações homem-natureza e casa-natureza, homem-espaço que serão abordadas em maior profundidade no item a seguir. Esta discussão interessa, pois define a relação do homem com o interior da habitação, e com seus espaços externos, sejam eles naturais ou artificiais. Diante do que foi visto até aqui, vai se delineando e reconfigurando esta relação de contigüidade entre os espaços e os indivíduos em si, bem como suas relações sociais, culturais, comerciais e naturais com o habitar e os processos de subjetivação que essas relações irão produzir. Como visto, a moradia é uma necessidade básica de todo ser humano. Porém, a casa enquanto núcleo familiar é muito mais que o lugar do abrigo físico, é abrigo psicológico, emocional e até social. É lugar da vida, nos seus diversos campos: individual, familiar, social, simbólico e, nas últimas décadas novamente ressurge, o profissional, sobretudo, quando se refere ao espaço físico. A casa irá compor o mundo de quem nela habita, de quem nela vive. É na casa-lar que se constrói o porto-seguro da própria existência. É nela onde é possível estar protegido física e emocionalmente das questões externas da cidade. Contudo, há de se distinguir o que é a casa 63 Estudo dos meios onde vivem os seres vivos, bem como as relações destes seres com o meio. (Tradução nossa). 105 moradia de espaços íntimos e a casa das relações com o externo, com o mundo que nos cerca, dos espaços contíguos à habitação, seus quintais, seus jardins, suas áreas livres, de contato com a natureza, com o chão, com a terra com o ar, com o céu e com o mar. Qual de nós guarda lembranças das nossas casas? Das casas da infância? Das brincadeiras nos jardins e áreas comuns? Dos vizinhos? Qual de nós não tem a casa dos próprios sonhos? A casa é lugar de memória e de subjetividade. É lugar construído, de construção e de autoconstrução – construção de si mesmo. A relação casa-homem é uma construção que faz revelações, em função das referências a ela atribuída e, dos significados que constroem e permitem construir. Como diz Alain de Botton “não deve surpreender se, do ponto de vista emocional não menos que da perspectiva material, somos ansiosos em relação ao lugar que ocupamos no mundo. Esse lugar determinará quanto amor receberemos [...]”. (BOTTON, 2005, p. 19). Este amor ao qual Botton refere a uma necessidade humana de reconhecimento social, também presente na teoria de Maslow. Que pode acontecer de diferentes maneiras inclusive a partir do lugar social e físico onde e como se situa a casa na qual se habita e na forma como esta deixa transparecer informações sociais. Tereza Pires Caldeira traduz isso de forma muito clara: Através das mais diferentes culturas e classes sociais, o lar cristaliza importantes sistemas simbólicos e molda sensibilidades individuais. A moradia e o status social são obviamente associados e em várias sociedades a residência é uma forma de as pessoas se afirmarem publicamente. Em conseqüência, a construção ou aquisição de uma casa é um dos projetos mais importantes que as pessoas irão realizar. A casa faz declarações tanto públicas quanto pessoais, já que relaciona o público e o doméstico. Ao criar uma casa as pessoas tanto descobrem e criam sua posição social quanto moldam seu mundo interior. (CALDEIRA, 2000, p. 264). Por isso, o modo como se mora, o bairro onde se localiza a casa e o estilo de vida que se leva funcionam como signos, que se traduzem ou não em reconhecimento social, produzem ou não status e distinção em função do que permitem transparecer. É bem verdade que nem sempre a escolha da casa própria se dá de forma consciente e por opção. Por vezes, o sistema político, econômico, social e cultural coloca situações que o usuário-comprador-morador é induzido àquela forma de morar, seja por falta de opção de moradia, seja pelos modelos produzidos e reproduzidos em série pelo sistema, como se as plantas fossem carimbos que se repetissem. Lilian Vaz ao analisar estudos norte-americanos aponta que “a função social do apartamento nos Estados Unidos é exatamente o que o termo indica: apartar-se, segregar-se”. 106 (VAZ, 1994, p.34). Dentro dos apertados e apartados apartamentos o indivíduo fica longe do solo, aumentam as distâncias do social, da rua e da cidade. Cabem aqui as reflexões de Jane Jacobs (2000) sobre a morte das grandes cidades. Ao segregar-se e ao apartar-se do meio urbano, nega-se a cidade e a forma como se vive nela para produzir um outro modo de vida com novas formas de segmentação, de segregação, de priva-cidades e aparta-mentos, no sentido do apartheid, cercado de muros, onde se criam mini-cidades muradas e ilhadas dentro da grande cidade. Carlos Nelson e Arno Vogel também contribuem para essa reflexão e afirmam que “o planejamento urbano racionalista acaba se transformando numa espécie de taylorismo urbano, que segrega, particulariza e disciplina os espaços”. (SANTOS; VOGEL, 1985, p. 135). É o mito da cidade funcional que se metamorfoseia em espaços exclusivos. Uma prova deste contra-senso ocorre quando em condomínios permeados de atrativos de lazer e entretenimentos apenas 15% a 20% dos seus moradores utilizam tais áreas64. Estes percentuais são indicativos de que a maior parte dos habitantes está fora de casa, no trabalho, desempenhando atividades externas ou dentro das quatro paredes e, por conseqüência, socializando menos. A privatização das atividades de lazer também passa pelo consumo da auto-realização e do modo como o tempo livre será utilizado. Este é efeito dos outros tempos da vida: trabalho, sono, alimentação, satisfação das necessidades fisiológicas. Sendo assim o lazer é uma escolha pessoal de oposição aos outros aspectos da vida. (FREITAS; NACIF, 2005, p.1130). Como nos fala Ricardo Freitas e Rafael Nacif, os condomínios também representam a possibilidade de somar facilidades e dividir dificuldades, umas vez que os moradores compartilham a gestão e a manutenção desses ambientes, permitindo às famílias o acesso a serviços e lazer que, sozinhas, não teriam condições de manter. (FREITAS; NACIF, 2005, p. 26). A casa, enquanto espaço de abrigo – habitação – transformou-se ao longo do tempo, mudando fisica e conceitualmente, ganhando status de bem comercializado e de consumo. Serviços e lazeres foram introduzidos à habitação. O incorporador tem desempenhado esse papel de criador de novos estilos de habitar. Alguns destes aspectos são utilizados pelo discurso como argumento de convencimento e de estimúlo ao desejo e à segmentação do mercado. Segundo Soares a sociedade está diante de, uma fragmentação crescente e irreversível de códigos culturais, na direção de uma hipotética multiplicidade nova de estilos de viver, sob o império do efêmero, do 64 Informação verbal de um gerente imobiliário de uma empresa de grande porte, com sede no Rio de Janeiro. 107 flutuante, do impermanente, da diferença, num processo fascinante e frenético. (SOARES, 1998, p.159). Seguindo a lógica da produção, o mercado se apóia no discurso das “novas necessidades” do homem urbano para introduzir novidades e agregar valor e diferenciais ao seu produto. As novas necessidades podem ser de várias ordens: físicas, sociais, espaciais, de localização, de retorno à natureza, de segurança, de lazer, de serviços, de custos, formas de pagamento, entre outras. Podem nem ser necessidades reais e sim, desejos. Como nos diz Botton “desejo de status”, desejo de poder e, deslizando para Debord, seria a passagem do ser para o ter e deste para o parecer-ter, cujo objetivo é “extrair seu prestígio imediato”. (DEBORD, 1997, p. 18). O próprio Debord usa o termo “pseudonecessidades” (DEBORD, 1997, p. 35) que são criadas ininterruptamente, com a função de manter o reino da mercadoria. Para àqueles excluídos do espetáculo da mercadoria só resta “identificar-se-comquem-parece-ser-ou-ter” (DUPAS, 2000, p. 111). O caráter utilitário da casa vai se misturando aos modismos e aos mimetismos imitativos. Segundo Ricardo Freitas baseado em reflexões de Simmel, a moda é um produto da divisão de classes, [...] quando as classes inferiores começam a imitar as classes superiores e a se apropriar da sua moda, estas últimas passam a declinar daquelas preferências para adotarem outras novas. (FREITAS, 2005, p. 128). Lívia Barbosa aprofunda essa questão e afirma que “todo e qualquer ato de consumo é essencialmente cultural” (BARBOSA In: BARBOSA; CAMPBELL, 2006, p. 108), ou seja, a interconexão entre cultura e consumo também precisa ser considerada, já que os processos de escolhas e aquisições de bens e serviços só fazem sentido em esquemas cultural e social específicos. Por esta razão a casa própria ganha valor de mercadoria distintiva na sociedade onde impera a desigualdade socioeconômica oriunda do período pós-escravidão na qual a posse da terra representava a ascensão social. Villaça (1986) aprofunda mais essa questão e, apoiado em Althusser e em Chauí, identifica que o plano ideológico da classe dominante brasileira contribuiu para a difusão da “crença de que só a casa própria dava segurança econômica e social, representando uma espécie de seguro face às incertezas do futuro”. (VILLAÇA, 1986, p. 53). O mesmo autor afirma que a aceitação dessa idéia foi tão forte que atualmente ela extrapola o ideológico e possui um sentido concreto. A idéia da associação entre casa própria e segurança social e econômica só representa uma relação imaginária ou é uma expressão ideal das relações dominantes, numa certa etapa do desenvolvimento da habitação no Brasil e que corresponde mais ou menos ao período de 1920/50. Nesse período a classe dominante transformou as relações reais de maneira a corresponderem à ideologia e 108 esta deixou então de existir. Hoje [...] corresponde a relações reais. A posse de uma casa não só confere mais status como facilita as relações econômicas, abre as portas aos empréstimos e aos crediários e constitui não só uma forma bastante segura de investimento[...]. É claro que pode ser falsa a idéia de que para se ter segurança social e econômica é necessário ter casa própria, mas o mundo real construído pela burguesia tornou verdadeira essa idéia. ( VILLAÇA, 1986, p. 53). Esta citação aponta como a casa própria que, em um determinado contexto, se apresentava como um bem de raiz e patrimônio familiar, vem proporcionando outro tipo de segurança a psicológica que, em outro contexto, se transforma em elemento de distinção. Fica claro que a permanência das crenças e valores, criados há tempos, que se reproduzem, ganham novos sentidos que perpetuam determinados comportamentos e interesses. Diante da atual crise norte-americana, onde inúmeros americanos estão ficando sem teto devido ao sistema hipotecário, creio ser necessário ponderar e repensar a cristalização de tais paradigmas, principalmente da casa como bem de raiz. No atual sistema de concessão de crédito para financiamento da casa própria onde o próprio imóvel é a garantia, há de se reavaliar os níveis de segurança econômica que este bem de fato representa para o comprador. Considerando que, atualmente, no caso brasileiro, o prazo de pagamento atinge 30 anos e que a inadimplência representa a perda da própria casa, isso pode significar uma incerteza e uma insegurança, ao contrário do que faz crer o discurso do mercado65. Nos jornais há um número crescente de imóveis indo a leilão. Conforme descrição dos anúncios, estão sendo leiloados devido à falta de pagamento e, muitos deles ainda estão ocupados pelos primeiros compradores, que ficarão desalojados após revenda. Economistas afirmavam ser mais vantajoso colocar o valor de uma casa em aplicações financeiras e pagar o aluguel com os juros do que adquiri-la. Estas reflexões fazem crer que comportamentos são repetidos sem reflexão, sem análise, apenas aceitando como verdadeira uma realidade que foi posta. Vale a pena repetir Foucault para repensar as continuidades e: sacudir a quietude com a qual as aceitamos; mostrar que elas não se justificam por si mesmas, que são sempre o efeito de uma construção cujas regras devem ser conhecidas e cujas justificativas devem ser controladas; definir em que condições e em vista de que análises, algumas são legítimas; indicar as que, de qualquer forma, não podem mais ser admitidas [...]. (FOUCAULT, 2000, p.29). Ficam as questões: a produção em série de habitações atende aos interesses de quem? O que se pode fazer com os estoques de imóveis desocupados das áreas centrais das cidades? E as sobras da produção que não são vendidas? Como dar uso aos apartamentos e casas adquiridos como investimentos, segundas, terceiras e quartas residências que estão desocupadas e ociosas? Vale ressaltar que a construção civil é o setor que mais gera impacto 65 Cf. Jornal O Globo, 5 out. 2008. Morar bem, 2. 109 ambiental: 65% dos resíduos, 70% da eletricidade, 12% da água doce, 40% dos gases66. Como equilibrar com a sustentabilidade do Planeta e sobrevivência das espécies? Qual o custo ambiental do atual modo de produção habitacional? “É necessário desenvolver nosso olhar para ver o que está por trás dos produtos e serviços que consumimos”. (GUNN, In: TRIGUEIRO, 2005, p. 39-43). 2. 2. O verde: relação homem – natureza Se todos na Terra reconhecerem a beleza como bela, desta forma já se pressupõe a feiúra. Se todos na terra reconhecerem o bem como bem, Deste modo já se pressupõe o mal. Porque ser e não-ser geram-se mutuamente. Lao-Tsé. As cidades são o reconhecimento de que para desenvolver nossas plenas potencialidades necessitamos daquilo que outras pessoas podem dar. Cidade é um ecossistema criado pelas pessoas para sua mútua realização. Num ecossistema, assim como numa floresta tropical, tudo está inter-relacionado e é interdependente. Cada organismo provê algo essencial para a vida de outros organismos e, em troca deles, recebe aquelas coisas essenciais para sua própria sobrevivência e bem-estar. David Engwhich. O verde é um dos atributos do bairro da Freguesia que está presente no imaginário carioca, além de direta e indiretamente estar presente no discurso do mercado imobiliário por meio: do uso de tons de verde, das imagens de vegetação e paisagem, dos nomes dos empreendimentos, do discurso e mais recentemente os atributos das edificações ecoresponsáveis. Apesar de todo apelo e reverência ao verde a questão é atravessada pelo paradoxo da destruição da natureza decorrente da ação do homem. Ao produzir a cidade e as ocupações humanas avançam sobre a natureza, substituindo árvores por prédios com pastilhas e vidros verdes. 66 Informações do Programa Cidades & Soluções, Construções Sustentáveis: Globo News, exibido em 28 de setembro de 2008. 110 Figura 25. Vista parcial da Freguesia. Foto tirada do alto do Penedo. Foto: Gisela Santana. Na história da humanidade as relações entre homem e natureza emergem de forma dicotômica, em basicamente duas polaridades: proteção e sobrevivência. Com a evolução, o sedentarismo e a constituição dos primeiros aglomerados, os indivíduos descobriram, além da extração, o cultivo de vegetais e a criação de animais, o uso dos materiais naturais como madeira, pedras e folhagens para a construção de seus abrigos. O crescimento dos povoados, a transformação desses em cidades e o desenvolvimento das técnicas produziu um outro tipo de relação com a natureza: a dominação do espaço natural. A substituição foi paulatina, foram introduzidas vias, edificações, carros, que somados às culturas agrícolas e à pecuária em larga escala transformam progressivamente o meio ambiente. Essas transformações da natureza são denominadas por Milton Santos como “diversificações”. Segundo ele: Quando a natureza ainda era inteiramente natural, teríamos, a rigor, uma diversificação da natureza em estado puro. [...] A primeira presença do homem é um fator novo na diversificação da natureza, pois ela atribui às coisas um valor, acrescentando ao processo de mudança um dado social. Num primeiro momento, ainda não dotado de próteses que aumentem seu poder transformador e sua mobilidade, o homem é criador, mas subordinado. Depois, as invenções técnicas vão aumentando o poder de intervenção e a autonomia relativa do homem, ao mesmo tempo em que se vai ampliando a parte da ‘diversificação da natureza’ socialmente construída. (SANTOS, 1996, p. 105 e 106). A construção social da natureza, através da ação do homem sobre o meio dá um caráter distinto à natureza virgem. Keith Thomas em seu livro “O homem e o mundo natural” revela muito desse processo que “simbolizava o triunfo da civilização” (THOMAS, 1988, p. 111 232), onde “o predomínio do homem sobre o mundo animal e vegetal foi e é, afinal de contas, uma precondição básica da história humana”. (THOMAS, 1988, p. 19). Segundo Cotton Mather, “Os colonos [...] se puseram a destruir as árvores de forma a tornar ‘habitáveis’ os ‘bosques sinistros’”. (MATHER Apud: THOMAS, 1988, p. 232). Esta forma de intervenção do tudo ou nada ainda é presente em nossos dias. Porém, nem sempre foi assim. Na Grécia antiga, Hipódamos de Mileto, produziu cidades moldadas pelos obstáculos naturais, numa relação de profundo respeito. Segundo Thomas, Hoje em dia [se referindo à década de 1980], quando as matas encolheram a menos da metade do espaço deixado ao desenvolvimento urbano, nossa atitude é muito diferente: consideramos que é melhor plantar árvores que derrubá-las. É no início do período moderno que repousam as origens dessa nova atitude. Evidentemente, não houve uma simples volte-face, uma guinada dramática da destruição para a preservação de árvores. Não obstante, o surgimento de uma atitude mais simpática para com elas é um fato incontestável. (THOMAS, 1988, p. 235). As cidades grandes, sobretudo, as não planejadas, cresceram e crescem sob a lógica do mercado imobiliário ocupando os espaços onde antes predominava a natureza. Os impactos dessas ações sobre o meio e sobre o homem ainda não são devidamente mensurados, mas já são nitidamente sentidos. Os benefícios das árvores vêm sendo divulgados, bem como a contribuição destas para amenizar o clima. Torna-se imprescindível lembrar que os indivíduos são parte integrante de um sistema que está totalmente interligado. As construções interferem na economia, que, por sua vez, interfere no social, que interfere na segurança, que interfere nas edificações, que interferem nas cidades, que interferem no meio natural e todos juntos configuram o meio ambiente, o ecossistema no qual vivemos. O meio ambiente engloba a todos, fazemos parte dele, como peça de um quebra-cabeça. Thomas ressalta que “à medida que as fábricas se multiplicavam, a nostalgia do morador da cidade refletia-se em seu pequeno jardim, nos animais de estimação [...], no gosto das flores silvestres [...], e no sonho com um chalé de fim de semana no campo”. (THOMAS, 1988, p. 16). Segundo ele, “essa afeição pelo campo, real ou imaginária, não se confinava às classes altas, sendo comum a muitos indivíduos”.(THOMAS, 1988, p. 16). Há registros deste fato ter ocorrido na Inglaterra e também na França, mas certamente este é um reflexo do vínculo humano com a natureza. Aos poucos as cidades, que antes foram espaços naturais, se transformaram em selvas de pedra, onde os inimigos e perigos são outros. As diversificações foram tantas que as distâncias entre o homem urbano e o meio natural aumentaram significativamente, deixando 112 uma lacuna em seu próprio interior, que se mistura entre permanências e impermanências em um vazio ampliado pela rotina alucinada das metrópoles e megalópoles. Assiste-se o homem urbano buscando o retorno e o contato com a natureza, a partir do uso das casas de campo, dos passeios e turismo ecológicos, dos esportes ligados à natureza tais como: o rafting, o arvorismo, as caminhadas ecológicas, também denominadas de ecotrakking, o rapel entre outros. Aliás, esses esportes emergem como itens “indoor” de lazer, apresentados por empreedimentos imobiliários. Na atualidade, as alterações climáticas e ambientais emergem de forma cada vez mais alarmante, corroborada pelo espaço crescente nas mídias. Põem em evidência a necessidade de readequação do comportamento humano perante a natureza e o meio ambiente, pressupondo uma revisão dos atuais padrões construtivos. Na Freguesia há relatos que na década de 1970 a temperatura era 3 a 4 graus mais baixa do que é hoje. Ignacy Sachs destaca a importância da economia de recursos (urbanos e rurais), da ecoeficiência e da “produtividade dos recursos (reciclagem, aproveitamento de lixo, conservação de energia, água e recursos, manutenção de equipamentos, infra-estruturas e edifícios visando à extensão do seu ciclo de vida)”. (SACHS, 2002 p. 55). Este tipo de economia começa a ser utilizada em alguns empreendimentos mais recentes. Entretanto, ainda são raros. O vocábulo ecologia, paradoxalmente, irá permear um outro significado presente neste estudo: a busca pela casa-oîkos em um meio Natural, ou seja, da busca do homem, enquanto ser vivo, ao retorno e à proximidade com a Natureza. Seria essa uma busca da “vida descente” como nos fala Le Corbusier? Que em seus escritos e projetos tentava resgatar o verde para a cidade? O indivíduo urbano, em uma busca dual entre a cidade e o campo, procura uma alternativa à cidade caótica sem, no entanto, se afastar definitivamente dela. O citadino da atualidade parece buscar novas formas de relação com a natureza. A casa assume novos significados. Seria uma tentativa de resgate do seu lado biológico? Seria uma busca de proteção, de segurança ou de fuga? Nesta direção, aumenta a busca por moradias nas periferias urbanas, nas franjas rurais, onde os efeitos da cidade sobre si possam ser atenuados. A busca por uma vida mais tranqüila, mais saudável, com mais qualidade e um modo, supostamente, mais sustentável e ecológico. A Freguesia de Jacarepaguá há 30 anos abrigava muitas áreas semi-rurais e florestas, ainda presentes no imaginário social da cidade, como será visto no capítulo 3. Por isso, 113 atributos associados ao verde também estão presentes no discurso, a exemplo da sustentabilidade e da tranqüilidade. Na atualidade, os novos empreendimentos procuram explorar em seus discursos aspectos relacionados à proximidade com a natureza, à ecologia, à eco-responsabilidade e à tranqüilidade do lugar. E, ainda, com a ecoeficiência e a suposta sustentabilidade do empreendimento. Entretanto, é necessário refletir: se todos forem para as franjas rurais esta deixará de sê-lo e suas características originais mudarão, perdendo assim seus atributos. Vive-se o paradoxo da busca da natureza e a avareza do progresso econômico destruidor. Vive-se a dualidade dos prazeres e do distanciamento dos homens, a dicotomia entre o ser e o ter. O ambiente rurbano surge como possibilidade de re-significar o contato com a natureza, como escape e alternativa à cidade. Este é um movimento que vem ocorrendo em todo o mundo e que está associado a um fenômeno denominado de “rurbanização”, no qual se enquadra o conceito de “novos rurais”. Como será visto mais adiante, a Freguesia foi uma área rural até a primeira metade do século XX. Constata-se que o crescimento urbano expande cada vez mais os limites físicos das cidades, “engolindo” o espaço rural, sem considerar que o mesmo é dotado de uma identidade própria e específica, modo de vida e organização sócio-econômica singulares. A noção de desenvolvimento sustentável surge com o propósito de equilibrar estas forças. Para Sachs o desenvolvimento sustentável é, evidentemente, incompatível com o jogo sem restrições das forças do mercado. Os mercados são por demais míopes para transcender os curtos prazos (Deepak Nayyar) e cegos para quaisquer considerações que não sejam lucros e a eficiência smithiana de alocação de recursos. (SACHS, 2002 p. 55). Desta forma, o discurso ecológico que emerge em diversos cantos do planeta produz um eco lógico no meio imobiliário, que está mais para mercado-lógico do que para ecológico. Já que a ação do mercado, na maioria das vezes destrói a natureza para im“plantar” seus produtos de concreto. Quando o discurso ecológico entra em ação, é mais paliativo do que proativo67. Como levantado no capítulo anterior, o marketing ecológico, apesar do nome, nem sempre tem sido usado conforme os seus preceitos. O que ocorre, na maior parte dos casos são propagandas com nomes, discursos e atributos relacionados ao verde e à ecoresponsabilidade, mas que não contemplam todas as etapas do processo, oferecendo, na maior 67 Mais adiante, com o estudo prático dos discursos ecológicos e de sustentabilidade isso ficará mais claro. 114 parte das vezes, uma maquiagem verde, ou greenwashing. No caso da habitação e, de forma mais abrangente, no setor da construção civil, esta é uma equação bastante complexa de ser equacionada. Pensar a questão da relação homem-natureza sob a ótica de Heidegger (1994) é expor o paradoxo que o modo de vida capitalista “civilizado” e a forma de atuar do mercado tem imposto. Ao buscar no gótico e no anglo saxão a essência da palavra habitar Heidegger identifica que relaciona-se a estar satisfeito, ser levado à paz e a permanecer nela. E que a palavra paz “friede” significa – o livre, que cuida, que olha por, preservado de dano. Ao associar esse sentido com o de construir chegar-se-ia ao sentido da construção que cuida e preserva, sem causar dano. Os índios possuem essa consciência e esse modo de vida, diferente do homem da civilização urbana, que já nasceu longe da natureza. Heidegger associa a essência da palavra habitar a quaternidade terra, céu, divindade e os mortais, onde descansa o homem e que formam uma unidade. Segundo esse ponto de vista, o homem depende dessa unidade e dessa quaternidade para habitar. Sem isso, o homem produz a destruição do seu próprio habitat. Este rasgo atraviesa el habitar em toda su extensión. Ésta se nos muestra así que pensamos em que em el habitar descansa el ser del hombre, y descansa em el sentido del residir de los mortales em la tierra. Pero ‘em la tierra’ significa abajo el cielo’. Ambas cosas co-significan ‘ permanecer ante los divinos’ e incluyen um ‘perteneciento a la comunidade de los hombres’. Desde uma unidad originaria pertenecem los cuatro - tierra, cielo, los divinos y los mortales – a uma unidad. La tierra es la que sirviendo sostiene; la que floreciendo da frutos, extendida em roquedo y águas, abriéndose em forma de plantas y animales. Cuando dicimos tierra, estamos pensando ya com ella los otros Três, pero, no obstante, no estamos considerando la simplicidad de los Cuatro. [...] Esta unidad de ellos la llamamos la Cuaternidad. Los mortales están em la Cuaternidad al habitar. Pero el rasgo fundamental del habitar es el cuidar (mirar por). Los mortales habitan em el modo como cuidan la Cuaternidad em su esencia. Este cuidar que habita es así cuádruple. Los mortales habitan em la medida em que salvan la tierra – retten (salvar), la palabra tomada em su antiguo sentido, que conocía aún Lessing. La salvación no solo arranca algo de um peligro; salvar significa propiamente: franquearle a algo la entrada em su propia esencia. Salvar la tierra es más que explotaria o incluso estragaria. Salvar la tierra no es adueñarse de la tierra, no es haceria nuestro súbdito, de onde solo um paso lleva a la explotación sin limites. (HEIDEGGER, 1994, disponível em <http://www.udp.cl/humanidades/pensamiento/docs/03/construir.pdf>, acesso em julho de 2007). Para Heidegger, habitar é salvar a terra da exploração que a estragaria. Neste sentido, quando a grande cidade e o mercado desmatam, derrubam árvores, e avançam sobre a natureza, realizando uma exploração sem limites, caminha-se para a destruição do meio onde o homem habita: o planeta. E, para ele isso não significaria habitar. 115 Muitos são os campos do saber que estão estudando estas relações sócio-ambientais. Além da própria ecologia, da psicologia e da sociologia surgem: a psicologia ambiental, a psicologia ecológica, a ecologia social e a ecosofia. Não cabe aqui um aprofundamento dessas. Interessa sim a relação pessoa-ambiente no que tange ao valor afetivo e vital de um determinado lugar, cujas características vão se transformando, se diversificando e, conseqüentemente, modificando suas representações sociais, suas características sócioambientais e os elementos essenciais à sobrevivência. Esses conteúdos interessam na medida em que são utilizados nos discursos do mercado como forma de “ativar” desejos e necessidades, por vezes inconscientes, de um homem urbano que busca se reencontrar com a natureza. Retomando o ponto de vista da ecologia, Leonardo Boff, no documentário “As Quatro Ecologias” e em suas obras intituladas: “Ética da Vida” e “Homem: satã ou anjo bom?”, discute os novos desafios ético-sociais para a preservação da vida planetária. Boff desvela uma nova visão ecológica que articula quatro modalidades: 1) Ecologia ambiental - que se preocupa diretamente com o meio ambiente e suas formas de manipulação e controle; 2) Ecologia social - que se preocupa com as políticas públicas e as formas de organização do ambiente coletivo, quer seja em uma comunidade rural ou no espaço urbano; 3) Ecologia mental - que se preocupa com os aspectos psíquicos dos homens. Na qual os infortúnios contra a biosfera repercutem na psicosfera humana e; 4) Ecologia integral que se preocupa de forma global e holística com a saúde do planeta. Cada indivíduo é parte de um todo e ao mesmo tempo experiencia esse todo nas partes que estão interligadas de uma forma sistêmica.68 Apesar da sociedade formar um todo, cada indivíduo tem poder de atuar individualmente sobre os sistemas. O sujeito consumidor pensa e age diferente do sujeito morador, que por sua vez age e pensa diferente do sujeito produtor. Possuem intenções diversas e são movidos por interesses distintos. Milton Santos tem um ponto de vista complementar a esse raciocínio. Segundo ele: “a idéia de ciência, a idéia de tecnologia e a idéia de mercado global devem ser encaradas conjuntamente e desse modo podem oferecer uma nova interpretação à questão ecológica”. (SANTOS, 1996, p. 190). Para ele “as mudanças que ocorrem na natureza também se subordinam a essa lógica” (SANTOS, 1996, p. 190), e onde a energia motriz é a informação, 68 Maiores detalhes no documentário “as 4 ecologias”, http://haraldpinheiro.com/art3.html , acesso em: 8 de maio de 2008. de Leonardo Boff; e em: 116 que é a principal ferramenta das mensagens contidas nos anúncios. Os exemplos abaixo demonstram isso. Figura 26. Estes banners exemplificam a nova interpretação da natureza, já que tanto a cachoeira quanto o riacho não existiam e estão sendo produzidos pelo mercado e o reaproveitamento da água da chuva incorpora-se ao discurso eco-responsável. Foto: Gisela Santana. 2007. Por outro lado, o produtor de habitações, sob o viés dos discursos, utiliza técnicas do marketing, nas quais os valores afetivos, características e representações presentes no imaginário dos sujeitos são importantes elementos para construir um panorama favorável às vendas. Desta forma, une ciência, técnica e informação para dar suporte aos interesses de mercado. Porém, de que forma a propaganda é usada? Como os sentidos criados por elas estão reverberando nos sujeitos? Sob a ótica da ecologia integral de Boff, a perspectiva temporal adquire relevância, sobretudo, quando vinculada à noção de sustentabilidade de Sachs, uma vez que, um de seus pressupostos é a preocupação com recursos disponíveis e com a qualidade de vida das gerações futuras. Este aspecto contrapõe-se, à sociedade de consumo imediatista, individualista e hedonista onde o que está em primeiro plano é a gratificação material sem delongas, apoiada na farta e renovada oferta de produtos para os mais variados segmentos. (LIPOVETSKY, 2007, p. 26-37). Ao traçar um paralelo com a emergência dos conceitos de sustentabilidade ecológica e de responsabilidade social, a noção de consumo também sofre seus efeitos, tornando-se alvo de transformações. Conceitos como consumo sustentável, consumo consciente e comércio justo começam a ganhar espaço nas discussões ligadas ao meio ambiente. Porém, como nos diz David Harvey “nossas responsabilidades coletivas perante a natureza humana e perante a 117 natureza precisam ser unidas entre si de uma maneira bem mais dinâmica e co-evolutiva que abarque uma variedade de escalas espaço-temporais”. (HARVEY, 2004, p. 303). As propagandas do setor começam a explorar os conceitos de sustentabilidade e de eco-responsabiidade como forma de atingir os anseios de um dado perfil de consumidor. Entretanto, ainda permanece o paradoxo: Se o mercado imobiliário visa o lucro, como garantir a preservação do meio ambiente e a responsabilidade social de forma mais integrada? Harvey nos ajuda nesta resposta quando afirma: não podemos esperar transformar o mundo sem transformarmos a nós mesmos. Portanto, a negociação que sempre está na base de todas as práticas políticas e arquitetônicas envolve pessoas que buscam transformar umas às outras e ao mundo, como a si próprias. [...] Porém, há igualmente a necessidade de persuadir as pessoas a ver para além das fronteiras do míope mundo da vida cotidiana que todos habitamos necessariamente. (HARVEY, 2004, p. 309-310) 118 Capítulo 3 3. FREGUESIA - A TRANSFORMAÇÃO DO LUGAR: DE SERTÃO CARIOCA À MENINA DOS OLHOS DO MERCADO IMOBILIÁRIO Essa região, quer pela quantidade de árvores frutíferas, quer pelo afastamento do centro populoso e dificuldade de condução, torna-se isolada e, portanto, ambientada para um verdadeiro viveiro da nossa fauna. Armando Corrêa, 1936. Para melhor delimitação da área, seria desde já criado ao longo dêsse eixo, na divisa do bairro Gardênia Azul, uma densa cortina verde de árvores de porte de crescimento livre, de preferência “ficus-benjamina”, e as construções, de partido arquitetônico horizontal, seriam dispostas sôbre plataformas e espelhos d’água ligeiramente escalonados, conjunto dominado por um edifício-tôrre da altura da pedra monumental. Deve ser previsto acesso independente a êsse “Paço da Panela” – como seria chamado noutros tempos – ao longo do canal do Anil, e todo o ângulo visual compreendido entre êsse canal, a Via 11 e a Pedra, deverá ser preservado no seu estado agreste natural, sem qualquer “benefício” a fim de garantir ambientação autêntica ao monumento tombado, e de fazer contraste ao apuro arquitetônico do Centro Cívico. Lucio Costa, 1968. O contexto histórico do processo de evolução e transformação da Freguesia traz subsídios para a análise dos elementos que compõem o imaginário social carioca sobre o bairro. Originário da freguesia eclesiástica de Irajá, posteriormente desmembrada para freguesia de de Jacarepaguá, foi fundada em 1661. Possui conjuntos arquitetônicos datados da época colonial, pouco conhecidos pela população carioca por se tratar de uma área periférica do centro urbano. Além desses aspectos, esta parte do trabalho introduz a atuação do mercado imobiliário na região. Considerado por alguns como hinterlândia carioca é um dos grandes focos de novos empreendimentos imobiliários, sobretudo, com o mote da proximidade da natureza, principalmente nas últimas décadas. Em 2006, somado à Barra da Tijuca e ao Recreio dos Bandeirantes, representaram 95% dos novos lançamentos do mercado imobiliário no Município. Isto dá idéia do impacto das transformações produzidas sobre o ambiente natural, cultural e histórico da região. Nos últimos anos, Jacarepaguá tem assumido lugar de destaque na mídia por abrigar a Cidade de Deus, que inspirou o filme, ou por ter sediado a maior parte dos equipamentos dos Jogos Panamericanos realizados em 2007, no Rio de Janeiro. 119 Por ser bem mais afastada do centro do Rio de Janeiro, como diz Armando Corrêa (1936), Jacarepaguá é uma área que ficou por longo período com poucas opções de acesso e de condução. Manteve-se até o início do século XX com baixa ocupação populacional e com características eminentemente agrárias, com engenhos, chácaras, árvores frutíferas e edificações que datam do século XVII. (COSTA, Disponível em: <http://www.acija.org.br/>, acesso em: 24 out. 2005). Ao longo dos séculos o parcelamento do solo tem se transformado: das sesmarias passando pelos engenhos, sítios, chácaras, casas e atualmente condomínios de luxo. A paisagem rural, do verde e do veraneio que permeia o imaginário carioca da região, cede lugar aos prédios e aos condomínios para a classe média e média alta. Transformação apoiada na atual legislação que favorece um modelo de desenvolvimento urbano que privilegia uns em detrimento de tantos outros aspectos. Modelo de crescimento este que merece ser estudado, discutido e reavaliado. Vale destacar que o material histórico e gráfico disponível sobre a região é muito escasso e amador, coube aqui compilar para dar uma noção panorâmica da questão. Além disso, dois outros fatores se inserem e sugerem uma melhor interpretação dos dados: 1. A Freguesia só ganhou o status de bairro na década de 1980; 2. A ADEMI-RJ, Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário do Rio de Janeiro, não considera a Freguesia como bairro isolado em seus relatórios gerais, disponibilizados ao público69. Considera Jacarepaguá como um todo, o que não permite uma avaliação mais precisa do volume de novas construções no bairro.70 Desta forma, o presente capítulo auxilia a visualizar o processo de transformação pelo qual o bairro vem passando evidenciando papéis, agentes e ações que contribuíram para as sucessivas mutações. 69 Os dados detalhados só são disponibilizados para associados, não estando disponíveis para o público. 70 Em diversas incursões realizadas na região de Jacarepaguá, incluindo os bairros adjacentes (Anil, Gardênia, Pechincha, Taquara, Praça Seca, Vila Valqueire, Camorim, Vargem Grande, Vargem Pequena e, obviamente a Freguesia) foi possível constatar que a Freguesia, desde 2005 vem sendo o bairro com maior número de empreendimentos lançados na região. Fato que gera uma distorção nos resultados apresentados pelos relatórios da ADEMI. Entretanto, existe ainda um outro fator que provoca outra distorção, é que a Avenida Abelardo Bueno, outra área de grande crescimento imobiliário da região, está situada na Baixada de Jacarepaguá, conforme dados da Prefeitura, entretanto é considerada pelos construtores e pela ADEMI como Barra da Tijuca. 120 3.1. Um pouco da história de Jacarepaguá Figura 27. Mapa do livro: O Sertão Carioca, p. 272, item XXII. Figura 28. Capa do livro: O sertão Carioca de Armando Côrrea. Assim como outras áreas do Rio de Janeiro, a origem de Jacarepaguá está associada ao período colonial e à administração eclesiástica, precedendo a administração civil. A Baixada de Jacarepaguá pertencia à sesmaria de Inhaúma, sob a tutela de Salvador Correa e, no final do século XVI foi dividida entre seus filhos, Gonçalo e Martim Correia de Sá. A parte de Gonçalo correspondia às áreas do Campinho à Barra da Tijuca, incluindo a Taquara, a Freguesia e Camorim. (VELASQUES, 2001, p. 23). Um dos pilares da colonização lusa era a catequese, as ocupações ocorriam por meio das paróquias. Os contornos geográficos de freguesias ou paróquias originam, por este caminho, a maioria dos municípios posteriores ou, então, os distritos no interior dos municípios. [...] No caso do município do Rio de Janeiro, por exemplo, existiam historicamente 21 freguesias, sendo a primeira criada em 20 de fevereiro de 1569, atualmente com a denominação de São Sebastião. O avanço do povoamento 121 implicou um constante movimento de expansão, surgindo a Candelária, em 1634; Irajá, em 1644; Jacarepaguá, em 166171; Campo Grande, em 1673; Ilha do Governador, em 1710; Inhaúma, em 1749; [...] Ilha de Paquetá, em 1769; Lagoa, em 1809; [...] Santa Cruz, em 1833; Glória, em 1834; Santo Antônio, em 1854; São Cristóvão, em 1856; Espírito Santo, em 1865; e. finalmente, Engenho Novo e Gávea, em 1873. [...] Uma análise detalhada do perfil das freguesias antigas, e não só no Rio de Janeiro, e tanto daquelas urbanas quanto das rurais, mostra claramente que acompanhavam o ritmo do povoamento e possuíam uma forte homogeneidade econômica e social. Paróquias açucareiras do Nordeste ou do Rio de Janeiro, paróquias cafeeiras do Rio, São Paulo e Espírito Santo ou policultoras do Rio de Janeiro ou da Bahia, mantiveram estruturas básicas, como a rede fundiária, por períodos algumas vezes centenários. Assim, vemos que o avanço da fronteira agrícola fez com que algumas das freguesias constituíssem perfis específicos. (SILVA; LINHARES, 1995, p. 9-10). Figura 29. Igreja Nossa Senhora da Penna e Nossa Senhora do Loreto, que compõem a paróquia da Freguesia, antiga paróquia de Jacarepaguá. Foto: Gisela Santana. 2008. Os primeiros povoadores de Jacarepaguá usavam o caminho dos jesuítas. Assim como a maior parte das ocupações urbanas, Jacarepaguá também foi sendo estruturada ao longo de estradas que eram ocupadas longitudinalmente, ou configurando-se em pequenos centros, como Largo da Freguesia, Tanque, Valqueire, Praça Seca, Anil. Algumas áreas foram se desenvolvendo em função do maior movimento das estradas, um exemplo é a que passava pelo bairro e seguia em direção à Santa Cruz. Maurício de Abreu (1997, p. 54 e 55) utiliza-se de dados dos recenseamentos, do ano de 1872 para informar que a população residente na Freguesia rural de Jacarepaguá era de 8.218 e no ano de 1890 passou para 16.070 habitantes. E que o número de domicílios em 1890 era de 1.397. Para se ter uma idéia da rapidez do crescimento atual, esse número corresponde ao número de unidades lançadas por ano na Freguesia. Na medida em que os aglomerados iam aumentando, as propriedades iam sendo subdivididas, e transformando-se em futuras áreas para especulação. Segundo o historiador Waldemar Costa, há indícios de que na década de 1920 uma propriedade pertencente a Francisco Teles, foi vendida à Companhia Territorial Edificadora Suburbana. E que esta 71 Grifo nosso. 122 Companhia, posteriormente teria vendido os terrenos do Valqueire também localizados em Jacarepaguá. A ocupação destes terrenos foi bastante lenta, já que a maior parte dos compradores os adquiriu para investir e não para construir. Aberta pelos colonizadores há mais de 300 anos, a estrada de Jacarepaguá (atual Rua Cândido Benício) era passagem obrigatória dos tropeiros e carruagens que se dirigiam para Irajá ou para Cidade vindos da Freguesia do Loreto, que deu origem ao atual bairro da Freguesia. A princípio, somente o perímetro ao redor da Igreja Nossa Senhora do Loreto era chamado de Jacarepaguá. Ao passar dos tempos, porém, o topônimo identificava também as terras vizinhas. Em virtude de ser cortado pela Estrada de Jacarepaguá, o vale do Maranguá, acabou fazendo parte de Jacarepaguá. Toda região do vale do Marangá, do Campinho ao Tanque, era a Fazenda do Engenho de Fora, que foi fundada pelo Governador Salvador Correia de Sá e Benevides no século XVII. (COSTA, in: <http://www.acija.org.br/>, acesso em 24 out. 2005). Algumas dessas vias são resultantes de intervenções públicas. Segundo Waldemar Costa quando Correia de Sá ocupou o cargo de Governador do Rio de Janeiro, proporcionou muitos melhoramentos tendo uma das vias abertas o objetivo encurtar o acesso à Estrada de Jacarepaguá. E, no ponto da bifurcação, surgiu um pequeno logradouro, que inicialmente recebeu o nome de Largo do Asseca, e depois passou a ser conhecido como Praça Seca. Outros engenhos foram vendidos ou divididos entre descendentes, um desses casos é o Engenho de Fora que, em 1796, foi adquirido pelo Juiz de Orfãos Francisco Teles Barreto de Meneses. Ao falecer, deixou suas terras em Jacarepaguá para serem divididas entre seus descendentes. De mão em mão, o Engenho chegou às mãos dos pais do Barão da Taquara. Um dos conjuntos arquitetônicos remanescentes, a atual Colônia Juliano Moreira, apesar de estar localizada na Taquara é originária de um dos mais antigos engenhos de Jacarepaguá. Inicialmente conhecido por Engenho de Nossa Senhora dos Remédios, passou a ser conhecido por Engenho Novo de Jacarepaguá.[...] Algumas construções do Engenho Novo ainda existem na Colônia Juliano Moreira e foram tombadas pelo Patrimônio Histórico Nacional. O aqueduto, idêntico ao da Lapa, foi construído no século XVIII. Trazia água do maciço da Pedra Branca, local abundante de nascentes, inclusive do Rio Grande. O chafariz e a Igreja de Nossa Senhora dos Remédios também são remanescentes da época do Engenho Novo. A igreja foi edificada no mesmo local da antiga capela do século XVII [...]. O pavilhão I do Núcleo Rodrigues Caldas, igualmente tombado, foi construído na década de 1920, já na administração da Colônia. No final do século passado, o dono do Engenho Novo era o Comendador Francisco Teles Cosme dos Reis. Em 1912, o Governo do Presidente Marechal Hermes da Fonseca (1855-1923) desapropriou o Engenho Novo para transferir a Colônia de psicopatas da ilha do Governador para aquele local.[...] Até a década de 1930, o estabelecimento era denominado Hospital Colônia de Jacarepaguá. O nome atual é em memória do Dr. Juliano Moreira (1873-1933), batalhador em prol dos doentes mentais e um dos responsáveis pela lei de assistência aos alienados de 1904. (COSTA, Disponível em: <http://www.acija.org.br/>, acesso em: 24 out. 05). 123 Outro importante conjunto arquitetônico é o Engenho D’água, datado de 1616, que pertence, ainda hoje, aos descendentes de Francisco Pinto da Fonseca, tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Juntamente com a paróquia da Igreja de Nossa Senhora do Loreto consolidaram a ocupação da Freguesia. A abertura de loteamentos de muitos terrenos pelo Banco Crédito Móvel, que havia recebido terras como pagamento de uma dívida, também contribuiu para o aumento demográfico na área. Naquela época ainda predominava a agricultura na região que, com o passar do tempo e com o aumento dos loteamentos, foi perdendo tais características, principalmente após 1930 com a abertura de várias vias de acesso, como as estradas dos Três Rios, do Pau-Ferro e dos Bandeirantes e, em 1940, com o desmembramento da fazenda Taquara. Figura 30. Rua Candido Benício, na Taquara, em abril de 1952. Fonte: Correio da Manhã, Arquivo Nacional. Os bondes de tração animal tiveram relevante papel estruturador do espaço, chegaram a Jacarepaguá em 1875 e tinham dois destinos: Porta D’Água, hoje Freguesia, e Taquara. Em 1911 os bondes deixaram de ser de tração animal e passaram a eletrificados. A expansão desse meio de transporte favoreceu a maior ocupação da área por facilitar o acesso do centro a este subúrbio, como pode ser visto no mapa a seguir. 124 Figura 31. Mapa com os caminhos férreos. Disponível em: <http://br.geocities.com/zostratus8/rio-trem-02.htm>, acesso em: 26 mar. 2008. O crescimento paulatino teve um novo incremento com a construção da estrada Grajaú-Jacarepaguá em 1950, ainda em terra batida e, seu posterior asfaltamento em 1960. As poucas casas, na grande área loteada da década de 1950, presenciaram o grande boom de construção iniciado no final da década de 1960. (COSTA, Disponível em: <http://www.acija.org.br/>, acesso em: 24 out. 2005). Em 1982, a duplicação da GrajaúJacarepaguá, aproximou mais o centro urbano do ainda subúrbio rural da cidade. Essas ações associadas favoreceram sobremaneira a atuação do mercado imobiliário na região. À medida que os acessos iam sendo melhorados, a área ia sendo paulatinamente ocupada. Ainda nas décadas de 1950 e 1960, com a política de industrialização do governo Vargas a taxa de crescimento populacional de Jacarepaguá foi 15% maior que a do Rio como um todo, perfazendo um total de 50%. Para fazer frente a esse quadro de ocupação o governo implementou obras viárias na região. Foi nesta época que foram construídos conjuntos habitacionais, dentre eles o da Cidade de Deus. Apesar de ter sido construído para abrigar os funcionários públicos do antigo Estado da Guanabara, terminou abrigando, em 1966, os desabrigados de um dos maiores temporais da história da cidade. Posteriormente, ocorreram invasões e construções irregulares que se sucederam e que compõem a atual Cidade de Deus. 125 Figura 32. Cidade de Deus em 1970. Disponível em: <http://www.wsc.jor.br/fotos/Galeria5/index.htm>, acesso em: 26 mar. 2008. Gradativamente, a região perdeu suas características rurais e assumia feições de periferia, apresentando-se como eixo de expansão metropolitana. Outra via de acesso à Baixada de Jacarepaguá, bastante relevante, é o Complexo da Auto-Estrada Lagoa – Barra, que liga São Conrado ao Joá. Inaugurado em junho de 1971, reforça o acesso à Barra da Tijuca. Posteriormente, seguido pela Avenida das Américas, antiga Rio-Santos. Com a implantação da via de penetração no continente, prevista no Plano Piloto de Lúcio Costa, antiga Alvorada, atual Av. Airton Senna, ocorreu a ligação da Baixada da Barra da Tijuca à Baixada de Jacarepaguá. Neste período, soma-se o milagre econômico que fomentou o aumento no número de construções na região, principalmente por apresentarse como alternativa aos já “saturados” bairros da Zona Sul do Rio. (VIANNA, 1992, p. 109111). Figura 33. Primórdios da ocupação no Itanhangá e Barra da Tijuca, s.d. Fonte: Correio da Manhã, Arquivo Nacional. . 126 Figura 34. Primórdios da ocupação e arruamento da Barra da Tijuca, ao fundo a Baixada de Jacarepaguá em 14 de novembro de 1972. Fonte: Correio da Manhã, Arquivo Nacional. Sob a lógica do mercado, na década de 1970, esta região emerge como área propícia para a expansão do mercado imobiliário, sob as diretrizes do Plano Piloto realizado por Lúcio Costas. Segundo Vera Rezende e Gerônimo Leitão, nos 10 primeiros anos de sua implantação os projetos eram submetidos a uma equipe técnica da Superintendência de Desenvolvimento da Barra da Tijuca (SUDEBAR). Conforme as idéias de Lúcio Costa “os empreendimentos imobiliários a serem realizados na Barra da Tijuca e na Baixada de Jacarepaguá não poderiam comprometer a ambientação paisagística local”. (REZENDE; LEITÃO, 2004, p. 33). Na década de 1990 havia indícios do “crescimento desordenado, imposto pelas empresas imobiliárias, ávidas de lucros que violentam a fauna e a flora dessa região”. (ARAUJO, 1995, p. 28). Figura 35. Baixada de Jacarepaguá e da Barra da Tijuca, s.d. Fonte: Correio da Manhã, Arquivo Nacional. 127 Em 1995, a abertura da Linha Amarela muito incrementou a expansão imobiliária na região, bem como as recentes obras do PAN, que apóiam o discurso e aquecem sobremaneira este mercado nas baixadas da Barra e de Jacarepaguá. 3.2. A Freguesia À unidade religiosa mais pequena chamava-se paróquia ou freguesia. A freguesia surgira como substituta do antigo paço rural, sempre que seu senhor, nos casos em que sobreviveu, deixara de constituir a fonte de proteção eficaz e o símbolo da riqueza e da autoridade junto da população de cada villa. Em vez dele foi o padre da paróquia que se tornou o chefe respeitado de muitas comunidades, aquele cuja influência jamais diminuiu. A sua área de ação coincidia com a da antiga villa, herdando dela a tradição unificadora. (MARQUES, 1972, apud SILVA; LINHARES, 1995, p. 9). Figura 36. Desenho de 1845 da Ig. N. S. Penna e do Loreto. Disponível em: <http://www.wsc.jor.br/fotos/Galeria5/index.htm>, acesso em: 26 mar. 2008. Figura 37. Foto do Penedo e parte da Freguesia. Foto: Gisela Santana. 2008. A Freguesia é o bairro de maior destaque na Baixada de Jacarepaguá. Como dito anteriormente, é originário da Freguesia de Jacarepaguá, da paróquia das Igrejas de Nossa 128 Senhora da Penna e Nossa Senhora do Loreto que datam, respectivamente de 1633 e 1661. Ambas situam-se em um penedo que aflora na planície. Além destas, a presença do Engenho D’Água, com os seus habitantes também foram responsáveis pela ocupação. A religiosidade do bairro ainda é flagrante, sobretudo, nas procissões, quermesses, missas e toques diários do sino da igreja, às 6 da manhã, ao meio dia e 18 horas. O estilo de vida ainda existente, mas em deterioração, assemelha-se ao rural, aos contatos com o verdureiro, com os vendedores na porta, nas relações sociais e encontros nas ruas e nas calçadas do bairro. Além dos aspectos expostos, o crescimento da região foi propiciado por alguns fatores, dentre eles o ponto final de uma das duas linhas de bonde do bairro, a antiga Porta D'Água. Localizada na Freguesia, favoreceu o acesso não só aos moradores, mas aos visitantes de outras regiões da cidade. A área que ficou conhecida como Porta d'Água, compreende o largo em que se encontram as principais ruas do bairro. Hoje conforma o Largo da Freguesia, ou melhor, o centro do bairro. Figura 38. Foto aérea do Largo da Freguesia, Praça Profa. Camisão, Estrada dos Três Rios, Av. Geremário Dantas, Estrada do Gabinal e Estrada Velha de Jacarepaguá. (Fonte: Google Earth, 2006). A influência desta localidade se estendeu por uma área ampla em várias direções, entre elas a localidade do Anil que pela Estrada Velha ligava a Freguesia ao Itanhangá, às ilhas das lagoas costeiras e às praias da Barra da Tijuca. (COSTA, Disponível em: <http://www.acija.org.br/>, acesso em: 24 out. 2005). 129 Figura 39. O bairro da Freguesia no destaque em relação ao município do Rio de Janeiro. Ilustrações adaptadas. Fonte: Prefeitura do Rio de Janeiro. 2006. Como visto até então, as características de origem dos bairros de Jacarepaguá e da Freguesia estão estreitamente ligadas às características de produção e ao modo de vida rurais, apresentando vegetação e fauna ricas e abundantes, principalmente devido à proximidade com as duas maiores reservas florestais urbanas – A Floresta da Tijuca e o Maciço da Pedra Branca. Baseado nestes elementos, o imaginário da população do Rio de Janeiro está povoado com essas características da região, como área longínqua, a “roça” que ficava distante do centro e da agitação urbana. Esta franja rural torna-se atraente na atualidade. Observa-se o homem buscando um retorno à natureza, por meio das aventuras, das trilhas, das caminhadas ecológicas, da moradia nas periferias urbanas. Tais áreas surgem, em um primeiro momento, como atenuação dos efeitos da cidade, na busca por uma vida supostamente mais tranqüila, mais saudável, com mais qualidade, em alternância ao agitado modo de vida da grande cidade. Há cerca de 30 anos a Freguesia de Jacarepaguá ainda não era bairro. Atualmente, está situada na Área de Planejamento 4, e na XVI Região Administrativa do Rio de Janeiro, juntamente com os bairros do Anil, Curicica, Gardênia Azul, Jacarepaguá, Pechincha, Praça Seca, Tanque, Taquara e Vila Valqueire. Segundo dados municipais, a Freguesia, possui uma área de 1.039,61 hectares. No ano 2000, sua população era de 54.010 habitantes e neste mesmo ano, apresentava um total de 16.780 domicílios. Dentre os 159 bairros da cidade, a Freguesia é o 20º em área, enquanto que a Barra da Tijuca é o 5º com 4.815,06 hectares e uma população de 92.233 habitantes. Isso se considerado apenas a divisão territorial administrativa. Caso a divisão simbólica seja levada em conta estes números mais que dobram, pois incorporará parte de outros bairros, como faz o discurso do mercado imobiliário, ampliando consideravelmente a sua abrangência. Segundo informações da Prefeitura, no ano 2000, os domicílios particulares da Freguesia se dividiam da seguinte forma: 130 Tipo de habitação Tipos Casas Apartamentos Cômodos Quantidade 7.478 8.736 147 Quadro 1. Tipo de habitação Fonte: Armazém de Dados, da Prefeitura, coletados pelo IBGE, 2000. E com a seguinte forma de ocupação: Condição de ocupação Particular Permanente por Condição de Ocupação Próprio Quitado (2000): 9.786 Próprio em Aquisição (2000): 2.747 Alugado (2000): 2.617 Cedido pela Empresa (2000): 171 Cedido por Outra Forma (2000): 415 Outra Condição (2000): 625 Quadro 2. Condição de ocupação dos imóveis. Fonte: Armazém de Dados, da Prefeitura, coletados pelo IBGE, 2000. Os dados da Prefeitura, no ano 2000, indicam a Freguesia como o 32º bairro em número de domicílios. Um quadro importante reflete a tipologia habitacional. É a divisão dos domicílios permanentes conforme o número de moradores, de acordo com o quadro a seguir, extraído do sítio Armazém de Dados, da Prefeitura, coletadas pelo IBGE. Número de moradores por domicílio Particular Permanente por número de moradores 1 morador (2000 ): 2 moradores (2000 ): 3 moradores (2000 ): 4 moradores (2000 ): 5 moradores (2000 ): 6 moradores (2000 ): 7 moradores (2000 ): 8 moradores (2000 ): 9 moradores (2000 ): 10 moradores e mais (2000 ): 1.757 3.670 4.137 4.041 1.652 635 253 110 45 61 Quadro 3. Número de moradores por domicílio. Fonte: Armazém de Dados, da Prefeitura, coletadas pelo IBGE, 2000. É interessante observar que, na Freguesia, a predominância é de dois, três e quatro moradores por domicílio. O mercado imobiliário, certamente se baseia nestes números para oferecer imóveis predominantemente com 2 e 3 e, em menor número, com 4 quartos. 131 Em relação às áreas naturais existentes no bairro a Prefeitura apresenta as seguintes informações em percentual: Quadro de áreas naturais Áreas Naturais (%) Área Total: Floresta: Floresta Alterada: Mangue : Apicum : Restinga : Área Úmida com Vegetação : Praia e Areal : Afloramento Rochoso : Ambientes Estuarinos, Lagoas, Rios e Canais : 41,07 25,95 13,76 0,32 0,00 0,00 0,00 0,11 0,94 0,00 Quadro 4. Quadro de áreas naturais. Fonte: Armazém de Dados, da Prefeitura, coletados pelo IBGE, 2000. Dentre as áreas de floresta, está a unidade de conservação do Bosque da Freguesia que tem 6.854.759,98 m2 . Além das áreas naturais de conservação, a Freguesia ainda apresenta uma área de 72.590,36 m2 legalmente preservados, referente às áreas dos sítios históricos das Igrejas de N. S. do Loreto e N. S. da Penna, do Engenho D’água e outras áreas de encostas. Como é possível verificar os aspectos acima oferecem elementos que fornecem subsídios ao discurso do mercado. Esses dados que são certamente utilizados para a escolha dos padrões e das características das novas habitações. No atual contexto socioeconômico da cidade do Rio de Janeiro as áreas nobres de Jacarepaguá surgem como nicho de mercado para o setor imobiliário, sobretudo, quando se observa o modo de vida nas grandes cidades, a velocidade crescente, confrontada com o trânsito caótico, restando pouco tempo para o lazer e o desejo de proximidade com a natureza. Neste sentido, fomentada pelo discurso do mercado imobiliário, a Freguesia é reforçada no imaginário urbano carioca como uma área idealizada, que reúne características da grande cidade devido aos seus acessos, novos comércios e serviços próximos aos shoppings da Barra e, por outro lado, do meio natural, vinculado ao verde e a tranqüilidade. Com esses apelos o mercado imobiliário vai reforçando o imaginário. Como diz um slogan de um lançamento: “venha viver no mesmo endereço da natureza”. Paradoxalmente, produz simultaneamente um novo meio com outras características, já que a sua produção 132 transforma o meio anterior, dando origem a uma segunda natureza, conforme as reflexões de Milton Santos (1996). 3.3. Crescimento e transformações do bairro O crescimento e as transformações do bairro também estão relacionadas a outros fatores socioeconômicos, políticos-administrativos e de legislação urbana. Vinculados inclusive às políticas habitacionais do Sistema Financeiro da Habitação para a classe média e a redução dos estoques de terras na Zona Sul do Rio de Janeiro. O primeiro deles emerge com a análise do quadro a seguir que permite levantar algumas questões para reflexão. Ele mostra que desde o ano 2000 o número de novas construções vinha decrescendo nas áreas da Lagoa e Botafogo. Novas construções na Lagoa e em Botafogo. Gráfico 1. Novas construções na Lagoa e em Botafogo. Fonte: Armazém de Dados – Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro. (2006). Um segundo aspecto diz respeito à própria evolução e expansão urbana: como dito anteriormente, na origem histórica da Freguesia, a povoação estava estreitamente ligada ao meio agrário e eclesiástico. Existiam grandes propriedades de terra, originárias da sesmaria de Martin Correia de Sá e pouquíssimos acessos. Com o passar do tempo, os engenhos e fazendas foram sendo desmembrados em frações menores, por herança e para a venda ou quitação de dívidas de seus proprietários. À medida que o transporte público – bonde – se modernizava a localidade passou a ser mais freqüentada e ocupada. Entretanto, o seu parcelamento fundiário ainda era composto por sítios, chácaras e áreas remanescentes dos engenhos e fazendas. 133 Com a criação do BNH72 em 1964, há um aporte de recursos destinados à habitação para a classe média, o que irá refletir na produção de inúmeros conjuntos habitacionais, em sua maioria nas áreas de periferia. Freguesia foi um desses lugares, principalmente na década de 1970 e início de 1980. Nesta época, com o crescimento urbano da Freguesia73 e a integração de Jacarepaguá como bairro da cidade, sobretudo, em função dos acessos que foram criados, chegava uma classe média de jovens casais que buscavam a área para criar seus filhos, com preços mais acessíveis que os da zona sul do Rio. Fomentou-se então a construção de condomínios de casas para este outro perfil social. Mesmo porque esta era uma exigência da legislação em vigor à época. Um terceiro aspecto ocorre simultaneamente. A Barra da Tijuca estava em franco crescimento, dando prosseguimento à implantação do Plano Piloto das Baixadas da Barra da Tijuca e de Jacarepaguá, elaborado por Lúcio Costa, apesar de algumas distorções promovidas pelo mercado. (LEITÃO, 1999). A partir de 2004, com a economia do país em ascensão, bem como a do próprio Rio de Janeiro, observou-se um acelerado crescimento do setor, favorecido pelo momento de expansão do crédito imobiliário e dilatação dos prazos de pagamento, configurando-se o desenvolvimento econômico em um quarto aspecto. No primeiro semestre de 2008 o prazo de financiamento atingiu 360 meses. A Baixada de Jacarepaguá, mais especificamente a Freguesia, considerada como a Zona Sul de Jacarepaguá, tem concentrado a maior parte dos novos empreendimentos imobiliários da região. São mais de 80 novos lançamentos nos últimos 4 anos. Na maior parte, grandes lotes de densa massa verde cederam lugar a empreendimentos de até 400 unidades habitacionais. Juntamente com a Barra da Tijuca e com o Recreio dos Bandeirantes atingiram 95% dos lançamentos do Rio de Janeiro, no ano de 2006. A legislação configura-se como o quinto aspecto que favorece a expansão do setor nesta área da cidade. Em 2004 foi promulgado o Projeto de Estruturação Urbana – PEU – Taquara, lei municipal que contribuiu para a mudança do perfil construtivo de Jacarepaguá. Antes desta lei, em boa parte da Freguesia só era permitida a construção de casas 72 O BNH, em sua história produziu mudanças radicais no sistema financeiro público e privado, bem como propiciou a modernização e concentração das empresas do ramo de construção civil, visando sempre a acumulação capitalista mais do que o atendimento ao problema habitacional. (BOTELHO, 2005, disponivel em: http://www.ub.es/geocrit/sn/sn-194-18.htm, acesso em 2 out. 2008). 73 Na década de 1980 foi promulgado um decreto no qual a Freguesia, entre outras localidades, ganhou o status de bairro. 134 unifamiliares. O PEU favoreceu esta expansão na medida em que elevou o gabarito para até 8 pavimentos e viabilizou a construção de vários blocos de apartamentos em um único lote. 3.4. O PEU – Taquara O PEU – Plano de Estruturação Urbana – Taquara é uma lei complementar, número 70, que foi promulgada em julho de 2004, pela prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro. Compreende os Bairros da Freguesia, Pechincha, Taquara e Tanque, integrantes das Unidades Espaciais de Planejamento (UEP 42 e 43) do Rio de Janeiro. Esta lei estabelece disposições urbanísticas para a área por ela descrita e visa atender as diretrizes definidas pelo Plano Diretor Decenal da Cidade do Rio de Janeiro de 199074. Abaixo o mapa de zoneamento da área compreendida pelo PEU – Taquara. Onde ZCA quer dizer Zona de Conservação Ambiental, ZR – Zona Residencial, ZUPI – Zona de Uso Predominantemente Industrial e ZCS – Zona Comercial e de Serviços. FREGUESIA Figura 40. Mapa do zoneamento de áreas do Projeto de Estruturação Urbana adaptado. Fonte: Secretaria Municipal de Urbanismo – PCRJ, 2004. 74 Vale ressaltar que atualmente o Plano Diretor está sendo revisto (2008), reformulado e em tramitação na Câmara Municipal do Rio de Janeiro. 135 Dentre os objetivos descritos pelo PEU merecem destaque para análise: 1. “O equilíbrio entre o desenvolvimento das atividades e a melhoria da qualidade de vida nos bairros”; 2. “A relação adequada entre adensamento e as possibilidades de ocupação do sítio”; 3. “A definição de normas de uso do solo de modo a garantir: a. seu equilíbrio com a preservação e a recuperação ambiental, paisagística e cultural; b. o equilíbrio entre o desenvolvimento imobiliário e as habitações e atividades existentes; c. a possibilidade de criação de empregos próximos às concentrações residenciais;” 4. “A promoção da estruturação urbana”. Não está dentre os nossos objetivos aprofundar o discurso do Estado nem do Poder Legislativo, mas o que tem acontecido nos últimos quatro anos na Freguesia não reflete os objetivos acima descritos. O PEU prevê uma série de análises de impactos que deveriam ser regulamentadas por legislação específica, entretanto essas ainda não foram promulgadas, apesar de decorridos cerca de 4 anos. O que a observação participante demonstrou é que a ampliação do gabarito está sendo posta em prática, porém sem as contrapartidas estruturais para o meio ambiente urbano, social, construtivo e natural. O equilíbrio apontado está longe de se tornar realidade. É apenas “vontade de verdade”, como diria Foucault. Conforme dados do relatório da ADEMI-RJ, do segundo semestre de 2003, os bairros da Barra, Jacarepaguá, Recreio, Vargem Grande e Vargem Pequena tiveram um crescimento expressivo. As informações nele contidas apontam alguns aspectos que podem ser indicativos dos motivos dessa tendência: A Região 1 [Para a Ademi a Região 1 corresponde à Barra da Tijuca, Jacarepaguá, Recreio dos Bandeirantes, Vargem Grande, Vargem Pequena e Campo Grande] foi a que teve maior volume de vendas no segundo semestre, 1.159 unidades, correspondente a 73% das vendas totais, em decorrência do crescimento natural da cidade nesta direção. Nesta região há uma maior disponibilidade de terrenos a menores custos e uma legislação que não impõe tantas limitações quanto às de outras áreas como a Zona Sul.75 Hoje a Região 1 conta com hospitais, clínicas, shoppings, cinemas, teatros, etc, toda uma infra-estrutura capaz de torná-la atrativa a novos investimentos76. (ADEMI, 2003). 75 O grifo é nosso. 76 Idem. 136 Em função dos motivos expostos no relatório acima citado, após 2004, com o PEU favorecendo a expansão imobiliária, a tendência foi de um crescimento ainda maior. Devido ao acréscimo do número de pavimentos Jacarepaguá chega a superar a Barra da Tijuca em número de unidades lançadas. Este fato pode representar o impacto que o PEU produziu após a sua promulgação em 2004. 3.5. Freguesia: seus símbolos e mudanças no modo de vida do bairro A Freguesia apresenta-se como uma região com uma alta carga simbólica devido a sua origem colonial dos engenhos e fazendas de propriedade de alguns fidalgos. Essa característica se expressa em alguns anúncios que apresentam o bairro como área nobre, ou associando-o à distinção. A exemplo do empreendimento “Belle epóque”, que faz referência à elegância da Freguesia. Outros aspectos que caracterizam o discurso do mercado para área dizem respeito à tranqüilidade e ao verde do bairro. Com as crescentes empreitadas do mercado imobiliário essas características vêm sendo sucessivamente transformadas. As derrubadas de árvores das antigas chácaras e sítios cedem lugar aos novos prédios com numerosos apartamentos. O crescente aumento populacional oriundo de diversas áreas da cidade e, o conseqüente aporte de veículos posteriores à abertura da Estrada Grajaú-Jacarepaguá e da Linha Amarela, reforçou a característica de bairro de passagem. Atualmente a Freguesia situa-se no caminho daqueles que usam a Linha Amarela ou a Estrada Grajaú-Jacarepaguá e seguem para a Barra ou para o Centro. A infra-estrutura não acompanhou o seu crescimento demográfico. Os engarrafamentos, são agravados com o crescente volume de caminhões, betoneiras e tratores, oriundos das inúmeras obras em andamento no bairro. 137 Figura 41. Trator circulando pelas ruas do bairro e prédio em construção ao fundo. Foto: Gisela Santana. 2007. Estes são apenas alguns indícios e prenúncios das transformações pelas quais o bairro está passando, um vislumbre dos efeitos do atual boom imobiliário. 3.6. Mercado imobiliário do Rio de Janeiro hoje Para que se possa ter uma idéia de como o mercado imobiliário está crescendo em Jacarepaguá, anexo a seguir um breve relatório, disponibilizado na página da Internet da Prefeitura do Rio de Janeiro, seguido de informações dos últimos relatórios da ADEMI, 2005 e 2006. Novas construções aquecem mercado imobiliário na Cidade A Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, através da Secretaria Municipal de Urbanismo (SMU), disponibiliza ao público os Relatórios de Licenciamento de Construções no município. As informações, acessíveis no site www.rio.rj.gov.br/urbanismo, são bastante detalhadas. Além de especificidades sobre cada imóvel – endereço, uso, área, atividade etc –, os Relatórios revelam o aquecimento das atividades imobiliária e econômica. A área de construção das novas obras licenciadas em janeiro de 2005 foi 41% superior à verificada no mesmo período do ano passado. Além das estatísticas do início deste ano, já estão disponibilizadas as relativas ao Relatório de 138 Licenciamento de 2004. Mas a intenção da SMU, para atender a crescente demanda por informações do gênero, é ampliar o serviço, atualizando-o e acrescentando os dados relativos aos anos anteriores. Os documentos apontam forte crescimento em determinadas áreas da Cidade, em particular na Barra da Tijuca, onde a construção apresentou um aumento de 114% em comparação com janeiro / 2004. Ali, o destaque é para o licenciamento da Cidade da Música, com quase 50 mil metros quadrados. A Baixada de Jacarepaguá (AP4) é mesmo a campeã em expansão urbana. O índice de crescimento chegou a 117% na área licenciada. Já os bairros que menos licenciaram, neste período, foram Cordovil e Vigário Geral, na área do 4º DLF – respectivamente, 222 e 230 metros quadrados –, e Vila Isabel, onde a única construção licenciada ocupa 83,86 metros quadrados. Fonte: Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro. Disponível em: <http://www.rio.rj.gov.br/urbanismo/>, Acesso em: 24 mar. 2006. A ADEMI, disponibiliza as seguintes informações globais dos lançamentos imobiliários realizados no Rio de Janeiro nos meses de janeiro a dezembro de 2004, 2005 e 2006. Os gráficos a seguir representam a distribuição geográfica das unidades lançadas no Rio de Janeiro. A Barra da Tijuca, o Recreio dos Bandeirantes e Jacarepaguá concentraram, no primeiro semestre de 2004, 66% dos lançamentos. No mesmo período de 2005 esses três bairros reuniram 82% de tudo que foi lançado na cidade e, em 2006, esse percentual foi de 95%. (ADEMI, 2006). Os relatórios do primeiro e segundo semestre da ADEMI ainda apresentam os seguintes gráficos conforme o percentual de lançamentos por bairro por semestre. Gráfico de Lançamentos imobiliários do primeiro semestre Gráfico 2. Lançamentos imobiliários por bairro no primeiro semestre nos anos de 2004, 2005 e 2006. Fonte: Pesquisa ADEMI do Mercado imobiliário, análises do primeiro semestre de 2006. 139 Nestas três pizzas referentes ao primeiro semestre de 2004, 2005 e 2006, Jacarepaguá, corresponde ao azul mais claro, ou seja, corresponde a 11% em 2004, 33% em 2005 e 32% em 2006. Apesar de não discriminado, é possível afirmar que, conforme dados levantados pela observação participante, a maior parte desses empreendimentos se localizavam na Freguesia, ultrapassando 50% do total de Jacarepaguá como um todo. Gráfico de Lançamentos imobiliários do segundo semestre Gráfico 3. Lançamento por bairro no segundo semestre dos anos de 2003, 2004, 2005 e 2006. Fonte: Pesquisa ADEMI do Mercado imobiliário, análises do segundo semestre de 2006. Nestes gráficos, que correspondem ao segundo semestre dos anos de 2003, 2004, 2005 e 2006, Jacarepaguá, na cor bordô, apresenta, respectivamente, os seguintes percentuais 19%, 26%, 15% e 23%. As informações acima expostas são bastante representativas da tendência do mercado em investir e empreender nos bairros do Recreio, Barra da Tijuca e Jacarepaguá. Ao cruzar os dados das pizzas com os dados da citação de que estes bairros alacançaram, 140 no primeiro semestre de 2004, 66% dos lançamentos. No mesmo período de 2005 esses três bairros reuniram 82% de tudo que foi lançado na cidade e, em 2006, esse percentual foi de 95%. (ADEMI, Primeiro semestre de 2006). Fica evidente que, quase a totalidade dos novos empreendimentos propostos para toda a cidade do Rio de Janeiro, no primeiro semestre de 2006 se localizou nesses bairros e, dentre esses, cerca de um terço em Jacarepaguá, conforme dados abaixo. Verifica-se que no primeiro semestre de 2005 e 2006, o percentual de lançamentos em Jacarepaguá supera os lançamentos da Barra da Tijuca. Ao comparar o mesmo percentual isoladamente em 2004 com 2005 e 2006 estes triplicam, apontando sua relação com a promulgação do PEU. Conforme divisão administrativa do município, a Av. Aberlado Bueno77 e entorno, ou seja, as obras do PAN e os inúmeros empreendimentos residenciais que foram por elas atraídos, fazem parte de Jacarepaguá. Apesar disso, segundo dados da ADEMI, foram computadas como Barra da Tijuca e não como Jacarepaguá. O que significa dizer que até 2006 a Freguesia, proporcionalmente, superou as demais áreas da cidade. No final de 2007 e durante o ano de 2008, após o término das obras do PAN, a área de entorno da Av. Abelardo Bueno se tornou o maior foco das ações do mercado, com a proposta da constituição do Novo Centro Metropolitano do Rio de Janeiro. Figura 42. Foto aérea da área do Novo Centro Metropolitano do Rio e das ações do Mercado Imobiliário. Fonte: site do empreendimento Cidade Jardim. Disponível em: <http://www.cyrela.com.br/web/ficha/cidadejardim/>, acesso em: 30 set. 2008. 77 A Av. Abelardo Bueno é limite divisório entre os bairros de Jacarepaguá e Barra da Tijuca, o lado no qual se encontram os empreendimentos corresponde à Jacarepaguá. 141 Esta área foi delineada por Lúcio Costa no Plano Piloto da Barra e de Jacarepaguá, como novo centro metropolitano, conforme citado no início deste trabalho. Nos projetos do mercado imobiliário fazem parte novos shoppings, centros médicos, empresariais e “novos bairros”, um deles denominado “Cidade Jardim”. Figura 43. Tapume promovendo o Novo Centro Metropolitano do Rio, na Av. Abelardo Bueno. Foto: Gisela Santana. 2008. 142 Freguesia Jacarepaguá Av. Aberlardo Bueno Barra da Tijuca Figura 44. Divisão dos bairros do Rio de Janeiro segundo sua ocupação residencial. Figura adaptada. Fonte: Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro (2000). 142 143 3.7. Algumas considerações Dentre os aspectos levantados neste capítulo merece atenção o fato da expansão da cidade promovida pelo mercado imobiliário ocorrer de forma cada vez mais espraiada, associada ao imaginário, aos desejos e às necessidades do citadino de maior poder aquisitivo e, sobretudo, à necessidade do próprio mercado imobiliário expandir a sua produção, procurando áreas que favoreçam sua intervenção. A favelização da cidade, o discurso da melhor qualidade de vida, da proximidade com a natureza e as propostas de maior segurança nos condomínios fechados transformam o estilo de moradia e fomentam a busca por áreas mais distantes das comunidades perigosas. Nas áreas aqui levantadas, tanto a Barra como Jacarepaguá estão no imaginário carioca com essas características. A primeira como área de veraneio, ligada ao mar e ao lazer e a segunda ligada ao verde, a vida rural, à tranqüilidade, em oposição à vida agitada do centro urbano e, supostamente, mais seguras no contexto carioca. Paradoxalmente, o mercado imobiliário as modifica na medida que destrói o verde, os valores históricos e aumenta as densidades construtivas e humanas, muda o skiline e a paisagem. Neste processo, o Estado como parte do tripé que dá suporte a produção, abre vias e elabora legislações favoráveis para que as edificações e as habitações sejam produzidas. Há assim a transformação do meio urbano, natural, cultural e histórico. Seus atuais usuários não são consultados e se encontram em meio a um processo que oscila entre a construção e a desconstrução de identidades, de transformação de parâmetros e referenciais que antes compunham seus imaginários. A cidade é produzida, reproduzida e transformada ao sabor das elites econômicas, que fogem dos centros lotados e que podem bancar financeiramente o ônus do novo. Entretanto, existem outros ônus que precisam ser repensados e postos na balança do atual modelo de desenvolvimento urbano: o ônus social, o ônus ambiental, o ônus cultural, o ônus histórico e o ônus das deseconomias urbanas das áreas subutilizadas, sistemas infra-estruturais por vezes saturados, por vezes ociosos, dos tempos gastos em deslocamentos nas grandes cidades, cada vez maiores. As transformações recentes foram tão rápidas que a antiga história da área está sendo completamente modificada sem que a população carioca a conheça. Muitos exemplares já foram postos a baixo sem que houvesse a devida documentação. A paisagem, em seu relevo, flora, fauna e patrimônio histórico-cultural está sendo refigurada sob a égide da modernidade e do desenvolvimento, em um ritmo hipermoderno. É preciso buscar um novo modelo para as nossas cidades que equilibre interesses e memória, modelo que vise o todo e não só as partes. 144 Capítulo 4 4. MUNIDOS PARA VENDER Uma investigação do processo que dá origem às construções revela que obras infelizes, no final, podem sempre ser atribuídas não à mão de Deus, a uma necessidade econômica ou política insuperável, aos desejos arraigados de compradores ou a algum novo nível de depravação humana, mas a uma combinação prosaica de falta de ambição, ignorância, ganância e acaso. Alain de Botton. No início deste trabalho foram apresentadas a classificação dos discursos, a metodologia de coleta e de análise. Traçou-se um panorama da parte empírica referente aos prospectos de 52 empreendimentos, sob a chancela de 37 incorporadoras, conforme Apêndice D. Para uma análise global, os 21 grupos de discursos utilizados com mais freqüência e presentes nos enunciados foram agrupados conforme quadro abaixo. GRUPOS DE DISCURSOS 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 Verde, natureza, ecológico, sustentabilidade e eco-responsabilidade Espaço, área comum do empreendimento, lazer, serviços, diversão Localização: nobilitante em relação ao bairro, proximidade da praia Freguesia Qualidade de vida, conforto, tranqüilidade, vida melhor, paz, harmonia Planta do empreendimento (apartamentos e casas) Aproximação, curiosidade, expectativa, convite para eventos de lançamentos Casa própria como sonho Baixo preço e tempo para pagar Promoções, descontos e economia Segurança do empreendimento Confiança na marca da construtora e prazo de entrega Emoção e satisfação de desejos Família e filhos Exclusividade, privacidade Raridade, distinção social, singularidade, novidade, luxo Vantagens, facilidade e brindes Customização, imóvel personalizado Urgência e antecipação Personalizado, marketing one-to-one, feito para você Felicidade Quadro 5. Discriminação dos grupos de discurso com numeração de enquadramento. 145 Com o objetivo de facilitar a identificação dos tipos de discursos, foram usados números para enquadramento dos tipos de discursos, que correspondem à classificação acima. Nos casos em que o empreendimento apresentou mais de um prospecto, folder ou convite, os números das legendas foram antecedidos pelo número do folder. Exemplo o primeiro folder de um empreendimento faz referência ao discurso ecológico então o número de enquadramento será: (1.1.), o segundo folder do empreendimento faz referência ao discurso da exclusividade então o número de enquadramento será: (2.15.) e assim sucessivamente. Quando só houve um prospecto do empreendimento o número da legenda virá isolado. (Ver apêndice A). Entretanto, outros tipos de discursos foram encontrados e não foram classificados. Estes surgiram em apenas um ou dois empreendimentos. São exemplos: o discurso religioso que faz alusão ao Céu, aos anjos e ainda a Deus, como no nome “Natan” (nome do edifício), que significa “enviado de Deus”. O discurso da liberdade, como no empreendimento Free, cujo próprio nome já é uma alusão à liberdade, apesar de seu slogan apresentar a seguinte contradição: “Você nunca se sentiu tão livre entre quatro paredes”, levando a crer que está se referindo a liberdade de não mais pagar aluguel. Aliás, este é outro discurso, o de se livrar do aluguel, que aparece apenas em dois empreendimentos da Freguesia. Em 2006, uma incorporadora espalhou pela cidade o outdoor com o site: www.euodeiopagaraluguel.com.br. Ao ser acessado, encontrava-se uma seqüência de janelas, com identidade visual igual à do outdoor, e extremamente produtoras de sentido, conforme imagens a seguir. Figura 45. Imagem extraída do site: www.euodeiopagaraluguel.com.br. Acesso em: 2006. 146 Figura 46. Seqüência de imagens do site: www.euodeiopagaraluguel.com.br. Acesso em: 2006. Porém, esta idéia vem sendo massificada de diferentes formas e em diversas mídias pela incorporadora acima, quase se transformando em uma lavagem cerebral. O impacto da frase que utiliza a primeira pessoa “eu”, faz com que o indivíduo fale para si próprio. Ao ler os enunciados propostos por esta empresa, o sujeito introjeta valores que vão sendo incutidos na própria mente, produzindo sentidos. O discurso contrário ao aluguel reforça o discurso do consumo da casa própria. Em 2008, o mesmo discurso foi retomado e vem sendo apresentado nas propagandas televisivas e em janelas de diversos sites da Internet, como se pode ver no destaque em amarelo da imagem a seguir. 147 Figura 47. Site da uol onde a propaganda do “eu odeio pagar aluguel” está sendo veiculada (destacada em amarelo). Acesso em 13 de outubro de 2008. O discurso dos diferenciais começa a emergir e apresenta o que o empreendimento traz de diferente e de inovação em relação dos demais. Há casos que os itens ecológicos e de sustentabilidade são considerados como diferenciais, bem como a varanda gourmet, ou a personalização. O discurso da economia de recursos para o proprietário do imóvel, que irá pagar menores taxas de condomínio, também é uma novidade, associada aos itens de ecoeficiência, ao reaproveitamento da água da chuva, sensores de presença para economizar energia, coleta seletiva para revenda de recicláveis, angariando recursos para o próprio condomínio. Para o enquadramento dos dizeres e das imagens nos respectivos tipos de discursos busquei a forma direta, a partir de palavras que tivessem o significado proposto pelos grupos de discurso, evitando interpretações. O discurso direto está presente nos textos, de forma explícita nos prospectos, no nome do empreendimento. Entretanto, há casos em que o discurso é exposto de forma indireta, sem o uso de palavras, principalmente no caso das imagens, que fazem alusão à uma temática, apenas lançando uma idéia no imaginário do sujeito. São exemplos: as ilustrações, logomarcas do empreendimento, ou os tipos de serviços e lazer apresentados nas fotos dos folders. Também considerei como discurso indireto os estrangeirismos, principalmente nos nomes dos empreendimentos, que foram interpretados 148 como forma de elitização e distinção social e, ainda, nos inúmeros itens de entretenimento que, mesmo com sinônimos em português recebiam um upgrade com um termo anglo-saxão. Vale lembrar que o processo de coleta dos prospectos e a observação participante antecederam o embasamento teórico. A classificação e a descrição realizadas evidenciam o que estava nos folhetos, de uma forma “crua”, sem o enquadramento teórico e, sem a ótica do marketing (ver apêndice A). Como o leitor pode verificar, alguns dos grupos previamente classificados foram abordados de forma mais teórica nos capítulos precedentes, por comporem o imaginário da casa própria, do verde presente na Freguesia e pelo distintivo de status do bairro relativo aos Barões e fidalgos de séculos passados. Nos capítulos anteriores houve uma mescla entre o empírico e o teórico. Neste, a atenção se voltará para o conteúdo identificado nos prospectos, complementado por informações colhidas por meio da observação participante e registradas no diário de campo. Os grupos foram redefinidos em quatro temáticas afins, de modo a facilitar a apresentação de exemplos e correlações, deixando para a próxima parte do trabalho um enquadramento mais detalhado nas questões relativas ao marketing e aos contextos sócioeconômico-cultural-histórico onde o individuo se insere. Os novos grupos apresentam as seguintes temáticas: 1) “A criação de novos conceitos e novas necessidades de moradia”, onde serão abordados os desejos por uma melhor qualidade de vida e, como o mercado a propõe dentro dos muros; 2) “Relação com os outros e a sociedade”, onde a questão da construção de uma identidade social permeia as questões da habitação e onde o lazer voltado para os filhos, a família, e para a recepção de amigos também se apresenta como elemento distintivo; 3) “A natureza em abundância?” Levanta os discursos ligados ao verde, à natureza; pondo em cena o processo de transformação pelo qual o bairro vem passando ao mesmo tempo em que é permeado pelas questões ecológicas. E por fim o último, não menos relevante; 4) “Pra não dizer que não falei dos preços...”. no qual serão abordados aspectos financeiros e as supostas vantagens oferecidas pelos produtores com a finalidade de atrair novos compradores. Esses quatro grupos fornecem munição para as vendas. Apesar da proposta de análise ser qualitativa, após o enquadramento dos nomes, dos slogans e descrição de imagens dos 52 empreendimentos nos 21 grupos de discursos, uma matriz foi produzida com códigos numéricos que além de identificar a classificação no grupo de discurso, indicavam o número do prospecto78, conforme explicação anterior e apêndice A. Diante de tantos números, foi inevitável o uso quantitativo das informações obtidas. A 78 Ressalto que alguns empreendimentos mantiveram o mesmo prospecto. Entretanto houve casos em que o lançamento imobiliário se utilizou de até 8 tipos diferentes. 149 freqüência de ocorrências de cada grupo foi levantada e apontada quais as predominâncias dos mesmos, conforme matriz a seguir. MATRIZ COM PREDOMINÂNCIAS DOS GRUPOS DE DISCURSOS POR CATEGORIA DE ANÁLISE GRUPOS DE DISCURSOS 1 Verde 2 Área lazer 3 Localização 4 Freguesia 5 Qualidade vida 6 Planta 7 Sedução 8 Casa própria 9 Baixo preço 10 Promoções 11 Segurança 12 Marca 13 Emoção 14 Família 15 Exclusividade 16 Distinç. social 17 Brindes 18 Customização 19 Urgência 20 Personalizado 21 Felicidade Nome do empreendimento Slogan Imagem Predominância Geral 9 3 3 1 1 1 1 20 - 5 2 2 6 3 3 3 3 2 1 1 4 11 - 13 15 8 1 6 5 1 8 1 1 2 3 1 3 1 4 1 20 10 7 3 5 5 1 6 1 1 2 19 1 1 6 1 Grupos usados para adaptação 1 4 7 5 5 8 7 2 4 3 4 5 4 3 4 1 3 1 3 3 2 Ocorrências Ranking79 48 33 24 15 22 21 12 2 21 4 5 10 6 8 9 47 5 2 3 24 4 1º. 3º. 4º. 6º. 5º. 7º. 5º. 8º. 10º. 9º. 2º. 4º. Quadro 6. Quadro síntese de classificação nos grupos de discurso. Após a construção dessa matriz, identifiquei que este tipo de análise apresentava algumas discrepâncias. Ao proceder a classificação dos nomes, slogans e das ilustrações e quantificá-los de forma homogênea, percebi que este procedimento implicava em um grande equivoco. Esta visão uniforme de dados com naturezas diferentes não contemplava o peso emocional e simbólico que uma imagem é portadora, nem dimensionava os efeitos subreptícios do uso de cores e ativações psicológicas que esses poderiam produzir no sujeito, diferentemente dos textos. Diante desta inconsistência busquei outras formas de melhor entender o peso das imagens na produção de sentidos. Nos estudos de Gemma Penn sobre semiologia em Barthes identifiquei que “o sentido de uma imagem visual é ancorado pelo texto que a acompanha, e pelo status dos objetos” (GEMMA PENN, In: BAUER; GASKELL, 2002, p. 321), ou seja, o meio visual tem forte poder de significação sim. Entretanto necessita de um meio lingüístico que o esclareça e o ancore. Em outras palavras, um precisa do outro para produzir sentido. Segundo a autora “a imagem é sempre polissêmica ou ambígua” e segundo Barthes existem 79 Em outras áreas da cidade essa hierarquia pode ser diferente. Por exemplo, na Barra, certamente o maior atrativo deverá ser a Praia. 150 dois tipos de relações entre texto e imagem: a ancoragem e o revesamento, nos quais “imagem e texto, contribuem para o sentido completo”. Concluí que estes dois meios são complementares e, apesar disso, a leitura de “um texto ou de uma imagem é, pois, um processo interpretativo”. (GEMMA PENN, In: BAUER; GASKELL, 2002, p. 324). Para fazer um contraponto a essa reflexão, destaco um aspecto levantado por Lucrécia d’Aléssio Ferrara que fornece indícios de que a propaganda pode iludir o comprador apressado e desavisado. Segundo ela “o não verbal não é signo que está em lugar de alguma coisa, mas é alguma coisa em si mesma que se auto-anuncia através de seus índices”. (FERRARA, 1988, p. 33). A leitura mais rápida é responsável por certa disritmia entre o que se vê e o que se lê, impõe ao leitor ‘ir em frente’ e confiar na capacidade de sua própria percepção associativa, que opera por similaridades gestálticas em detrimento da continuidade lógica. Impõe-se uma nova dinâmica da sensibilidade e da inteligência. A linearidade da leitura verbal opera com alto grau de redundância, o que lhe confere o coeficiente da segurança na informação. Na leitura não-verbal, os índices operam simultaneamente com alta taxa de informação, porém sua decodificação permanece potencial e extremamente frágil enquanto eficiência de informação, mesmo que se possa contar, entre os índices, com um eficiente processo de realimentação. (FERRARA, 1988, p.33). Apesar de uma imagem estar ancorada em um texto, se vista rapidamente, pode ser interpretada de forma associativa por quem observa a partir dos próprios valores e experiências, sem necessariamente corresponder à informação escrita e expressa pelo anúncio. Segundo Gemma Penn “o sentido é gerado na interação do leitor com o material”, esta reflexão corrobora com a noção de produção de sentido apresentada no primeiro capítulo, onde o contexto é fundamental. A autora continua, “o sentido que o leitor vai dar irá variar de acordo com os conhecimentos a ele(a) acessíveis, através da experiência e da proeminência cultural”. (GEMMA PENN apud: BAUER; GASKELL, 2002, p. 324). A partir daí, pode-se concluir que, mesmo que haja um texto explicativo, o leitor-consumidor fará interpretações e associações em função da própria experiência de vida. Esta breve incursão na semiologia possibilitou apontar aspectos relevantes que ajudam a pensar as imagens dos anúncios, tais como: a significação do meio visual, a polissemia e ambigüidade das imagens e seus níveis denotativos e conotativos. Apesar de grosseira, a análise quantitativa realizada permitiu vislumbrar que a predominância geral dos discursos indiretos contemplavam prioritariamente o verde, muito presente nas ilustrações e na cor dos prospectos. Permitiu ainda, destacar que as imagens dos itens de lazer predominaram nos folders. Os valores relativos à distinção social estavam presentes nos nomes dos condomínios conforme matriz apresentada. A maior parte dos slogans principais, presentes nos prospectos dos empreendimentos, utilizavam o discurso 151 personalizado, chamava a atenção e interagia com o potencial comprador, ativando a curiosidade e estabelecendo uma sintonia direta com a sua alma, cumprindo assim o papel do marketing. 4. 1. Criação de novos conceitos e novas necessidades de moradia Nas últimas décadas, observa-se um fenômeno que acompanha o atual boom imobiliário. É a crescente diversificação de “conceitos de residências”, baseado nos conceitos do Marketing. Com a expansão, a abundância de ofertas, a concorrência e ainda, apoiado no marketing do diferencial e da inovação, emergiu a necessidade mercadológica de sair do “lugar comum” e distinguir um empreendimento do outro. Para isso, atributos foram criados para delinear os novos produtos lançados no mercado. Como forma de “sair na frente” e driblar a concorrência, as grandes empresas de incorporação usam tais artifícios que reafirmam a grife e o status de criadoras de novos estilos de morar, e “novas formas de viver” corroborando com a citação de Ermínia Maricato, no item 1.2. Nos anos de 1930 a 1950 o Brasil assistiu ao fenômeno de expansão da verticalização e dos prédios de apartamentos. Cerca de quarenta anos depois os condomínios residenciais, com muitos prédios e casas, cercados por muros ganham espaço no mercado habitacional brasileiro, sob a bandeira de que trariam maior segurança80. A partir de então, alguns foram contemplados com serviços comerciais, educacionais e, atualmente, estão cada vez mais recheados de inumeráveis opções de serviços e lazeres. No Brasil, a Barra da Tijuca é um dos bairros pioneiros neste novo jeito de morar. Em seus primórdios não era propriamente um bairro, foi mais uma área de expansão urbana, corroborada pelo Plano Piloto para a urbanização da Baixada compreendida entre a Barra da Tijuca, o Pontal de Sernambetiba e Jacarepaguá sob o planejamento de Lúcio Costa, encomendado pelo governo da época. (Ver fotos da Barra no item 3.1.) De modo geral, a implantação dos primeiros condomínios brasileiros aconteceu em áreas mais afastadas do centro das cidades. E, como forma de compensar a distância da região central e, para que houvesse moradores interessados, foi necessário oferecer o básico para a sobrevivência, como padarias, farmácias, enfim, pequenos centros comerciais aos moldes das superquadras de Brasília. 80 Diversos estudos apontam controvércias sobre o assunto. Dentre eles os de Ricardo Freitas (2005), Teresa Pires Caldeira (2000) e Cristina Patriota de Moura (2003). 152 Atualmente, mesmo empreendimentos de menor porte oferecem inúmeras e inovadoras opções de lazer, serviços e segurança de modo a continuar atraindo compradores. A idéia também se fez presente em outras cidades, como São Paulo e Belo Horizonte e tem sido disseminada pelas cidades médias e grandes do país. Atualmente os condomínios ganham novos atributos e renovados “conceitos de residência” e de moradia. São os Condomíniun Club, Spa Residence, Condomínio boutique, Condomínios ecológicos, Condomínio inteligente, Cidade Jardim, Ecolife, Ecoway além de outros que se apresentam com parques aquáticos, resorts, atividades de aventura entre outros. Em síntese, pode-se dizer que esses novos estilos de vida transportam serviços e lazeres do meio urbano e do entretenimento para dentro dos muros. Em um primeiro momento este tipo de empreendimento estava mais restrito às classes mais abastadas. Atualmente tais produtos também estão sendo oferecidos para as classes B e C, com equipamentos semelhantes. A diferença entre eles está no tamanho das unidades, na quantidade das residências, no adensamento construtivo e nos tipos de materiais de construção utilizados. Para as classes mais abastadas o luxo, a sofisticação e a exclusividade dão o tom. Os serviços prestados recebem a “assinatura” de grifes de renome como espaço fitness Reebok, Biblioteca By Argumento, e espaço gourmet By Flávia Quaresma. Os espaços são amplos e abundantes. Para as classes médias não há tantos distintivos. Os espaços são mais simples e de áreas reduzidas, apenas as autorizadas na legislação, principalmente no interior dos apartamentos. A localização na cidade também os caracterizam e os diferenciam. Porém, sempre baseadas no mesmo princípio: o da criação de novos mercados e na diversificação de produtos. 4. 1. 1. O mundo dentro dos muros Os homens vivem e se protegem atrás dos muros há séculos. Esta é outra questão que mereceria uma genealogia para melhor conhecer a origem e a perpetuação deste modelo até os dias de hoje. Apesar de não fazê-la, creio ser necessário mencionar que, mesmo antes da idade média já existiam fortificações e povoados murados. Este recurso de defesa, do isolamento e da segregação não é novo na história da humanidade. E, mesmo os urbanistas mais utópicos também se fizeram valer deles81, a exemplo dos Falanstérios, familistérios. Segundo a 81 Palestra proferida pela professora de história da Unicamp, Maria Stella Bresciani, na Ia. Conferência Internacional de Núcleo de Estudo das Américas (NUCLEAS), em 9 de Setembro de 2008. Para maior aprofundamento conferir O urbanismo: utopias e realidades: uma antologia de Françoise Choay. 153 Historiadora Maria Stella Bresciani “a configuração física é uma construção social”. (BRESCIANI, 2008). Porém, de uma forma ou de outra ela se perpetua a partir da reedição das cidades fortificadas. Os condomínios fechados vão sendo incorporados socialmente como um “novo” e renovado modelo de moradia. No qual a segurança e a proteção ganham caráter distintivo, no mundo hipermoderno e hiperviolento, ainda mais na cidade do Rio de Janeiro, considerada uma das mais perigosas do país. Apesar de tais atributos não serem de fato uma garantia de proteção, com comprovações baseadas nos trabalhos de Teresa Pires Caldeira, Ricardo Freitas e Cristina Patriota de Moura. O discurso da segurança aparece direta e indiretamente na maior parte dos lançamentos imobiliários. As imagens dos pórticos de entrada e das guaritas estão presentes em diversos prospectos. Os apetrechos de segurança configuram itens de destaque nos discursos do mercado imobiliário. O discurso da “segurança total” emerge na apresentação dos circuitos internos de TV, para controlar os ambientes externos e áreas comuns do condomínio, portarias e guaritas com seguranças 24h, portões eletrônicos, cercas eletrificadas, segurança perimetral e CFTV82 entre outros que imprimem “ar de segurança”. Este modelo apresenta o paradoxo de aprisionar voluntariamente os moradores destes enclaves. Passam a depeder da ação dos porteiros e vigilantes para abrirem cancelas e portões. A cidade dentro dos muros cresce e se transforma, traz novos equipamentos, serviços e lazeres urbanos para dentro de suas cercas. Há casos de empreendimentos com mais de 80 itens. E como o marketing prega a inovação, certamente os diferenciais continuarão aparecendo e surpreendendo cada vez mais. Além do discurso da segurança corrobora com o crescente universo de lazeres e serviços nos condomínios o discurso da qualidade de vida, principalmente quando se refere às facilidades do cotidiano e às relações familiares, sociais e com o próprio corpo. São exemplos de itens que reforçam a permanência do morador dentro do condomínio: Spa, hidromassagem, saunas, espaço fitness, ofurô, espaço mulher, piscinas, pistas de Cooper, espaço kids, game station, espaço gourmet, Home cinema, coffee shop, espaço barbecue, redário, espaço lounge, cyber space, home Office, Car service, Car wash, serviços domésticos, entre outros. Os slogans também são indicativos desta tendência: 1. “Por trás deste portal um estilo de vida para poucos privilegiados”. 2. “Condomínio fechado, com segurança e área de lazer para toda família”. 3. “Espaço para brincar como seus filhos pediram aos céus”. 82 CFTV – Circuito Fechado de TV. 154 4. “O residencial [...] é um verdadeiro clube, onde viver é como estar de férias todos os dias. Com uma fantástica área de lazer e serviços completos, você terá aqui dentro tudo o que precisa. E aquilo que nem sabia que precisava”. 5. “Bem vindo ao paraíso. Viva numa ilha de tranqüilidade, conforto e muito lazer”. 6. “Garanta seu lugar no 1º. Condomínio com vida independente de Jacarepaguá”. 7. “Venha viver no [...] com toda a segurança de um condomínio fechado”. Os exemplos acima não esgotam os slogans que fazem referência à segurança e aos itens de lazer intramuros. São ilustrativos das formas como estes estão sendo utilizados para atrair compradores que têm este enfoque como importante fator de decisão. O uso de imagens de itens de segurança é pouco freqüente. Além das guaritas e pórticos de entradas com portões eletrônicos houve um caso no qual a comunicação visual do prospecto utilizava diversas placas de sinalização, como se estivesse em um bosque. Uma delas, em vermelho, mostrava a imagem de uma câmera. Continha os seguintes dizeres que ancoravam o sentido da ilustração: “área monitorada por câmeras de segurança” e ao lado o enunciado “Segurança: porque todo paraíso feito pela natureza precisa de proteção: monitoramento total dos acessos principais e das áreas vitais do empreendimento (CFTV); sistema de segurança perimetral com sensores infravermelhos; - leitor de proximidade para veículos; - cadastramento eletrônico de visitantes”. Figura 48. Ilustração do folder apresentando a imagem e o enuciado de ancoragem. Fonte: Folder do empreendimento GrandValley. Este empreendimento também a utilizou esta mesma lógica de apresentação para elencar os serviços ofertados. Desta vez a placa era azul e havia escrito: “serviços” com uma 155 seta que apontava para o texto explicativo. Continha quatro desenhos esquemáticos: um com aparência de um fax, outro de um carro com capô aberto, outro de uma máquina de lavar e outro de um cachorro de coleira. Ao lado da imagem a especificação dos serviços: “Serviços: Assim você guarda suas energias para coisas mais divertidas”. Este enunciado é uma clara alusão à qualidade de vida e à suposta facilidade que se terá naquele empreendimento. Entretanto, dos dez itens de serviços propostos seis continham asteriscos, com explicações em letras bem menores, onde se lia “serviços pay-per-use. Só paga se usar”. Os itens listados: “car service – vestiário de empregados – antena coletiva – PAX – central de fax e xerox – central de arrumação e limpeza – central de pequenos reparos – posto de coleta de lavanderia – car wash – estrutura de cabeamento da Net: Net virtua (Internet banda larga) mais Net fone, mais Net TV a cabo”. Merece destaque e correlação o fato dos apartamentos deste empreendimento só terem porta de entrada social e não terem banheiro de serviço. As ilustrações das áreas de lazer são as mais presentes nos folders, recebem grande destaque em tamanho e diversidade. Porém, o item campeão é a piscina. Todo empreendimento que se preze tem que ter uma ao menos uma piscina. O contexto do verão carioca justifica essa preferência. Tendência essa reforçada pela concorrência do lançamento que oferece um Parque Aquático. E, que, além disso, apresenta “uma área de lazer maravilhosa, com atrações para todas as idades” com “as melhores opções de lazer para seus filhos. Churrasqueiras, forno de pizza e salões para você reunir os amigos”. A churrasqueira também vem ganhando espaço, tanto nas áreas comuns como a opção de tê-la na própria varanda. Este fato se relaciona aos hábitos locais, do churrasco de domingo. Figura 49. Foto do anúncio do jornal, anunciando o lançamento do empreendimento acima citado. Fonte: Jornal o Globo, 25 de maio de 2006. 156 Os grandes empreendimentos, que fogem do “feijão com arroz” e utilizam os diferenciais e as inovações, procuram as colocar em evidência de modo a chamar a atenção do comprador em potencial e, obviamente se destacar da concorrência. Como se pode verificar há uma tendência em trazer para o interior do condomínio uma enormidade de serviços, entretenimentos e lazeres, supostamente garantidos pelos sistemas de segurança. Por outro lado, em conversa informal com um corretor, fui informada que apenas 15% a 20% dos condôminos costumam utilizar os espaços comuns dos prédios. Ora, se menos de 1/4 dos compradores usam tais serviços, qual a razão dos outros 2/4 ou 3/4 adquirirem um apartamento onde terão que pagar por uma infra-estrutura que não utilizarão? Ou seja, pagar por algo que não necessitam? 4. 1. 2. Emoção e desejo pessoal: A qualidade de vida visando à felicidade? Parece que não podemos evitar de projetar semiconscientemente a nossa própria dinâmica interna nos prédios, correlacionando as oposições que certas construções exibem a aspectos concorrentes de nossos próprios caráteres. Alain de Botton A tradição de relacionar móveis e prédios com seres humanos vem desde o autor romano Vitruvius, que casou cada uma das três principais ordens clássicas com arquétipos humanos ou divinos da mitologia grega. Alain de Botton Os perfis dos compradores de novos empreendimentos na Freguesia são de residentes do bairro conforme identificados pelos corretores. Outra parte são investidores83 que adquirem imóveis como forma privilegiada de investimento. Os compradores que buscam novas residências se dividem basicamente em cinco grupos: os casais com filhos, os recém casados, os casais mais idosos, as mulheres separadas 83 Existem grupos de investidores que adquirem mais de 3 unidades em empreendimentos de sucesso. Normalmente, são convidados e têm prioridade nos lançamentos. Fazem parte da carteira de negócios da incoporadora e das corretoras de imóveis. Incorporadoras que estão associadas ao mercado financeiro apresentam um discurso diferenciado para esses grupos. Por exemplo “A [...] é uma empresa jovem que surge no fluxo do crescimento que se verifica no mercado de imóveis no Brasil. Empresa do Grupo [...] – dono de uma expertise adquirida durante vários anos de atuação no mercado financeiro – prepara-se para o lançamento de vários empreendimentos imobiliários, com o intuito de produzir resultados cada vez mais atraente para seus investidores. Em conseqüência da visível expansão deste setor, a [...] coloca-se como uma opção séria e segura para quem quer morar bem ou investir na área imobiliária, um setor que garante as maiores taxas de retorno”. (Trecho retirado do site da incorporadora) 157 com filhos e os sozinhos (solteiros, separados etc.). Obviamente cada um desses grupos irá apresentar necessidades diferentes. Alguns desejam maiores áreas de lazer ou uma residência maior, pois a família cresceu. Outros são casais que vieram morar na Freguesia há cerca de 30 anos quando os filhos ainda eram pequenos e, agora saíram de casa e, como a casa ficou grande, estão em busca de uma nova residência mais adequada às novas necessidades. Outros são oriundos de bairros como Méier e Tijuca. Esta variedade de grupos e interesses define o processo de segmentação do mercado habitacional. Tive conhecimento de que uma empresa de incorporação contratou uma pesquisa específica com mulheres. Entrei em contato com o gerente de marketing da incorporadora que forneceu o contato com a empresa de marketing realizadora da pesquisa. Dados mais concretos não foram fornecidos, devido ao seu caráter confidencial. Segundo a profissional, as mulheres exercem forte poder de decisão na escolha da nova residência. Além disso, muitas delas são chefes de família. Outra informação relevante que parece ser própria da Freguesia é que as pessoas moradoras da área gostam muito de receber pessoas em suas casas. Esses dois aspectos podem ser percebidos nos discursos. Outro elemento fundamental para a definição do perfil do comprador são as faixas de renda. Em um primeiro momento as edificações estavam mais voltadas para a classe A e B, denominação usada pelo mercado. Mais recentemente, no final de 2007 e 2008, quando o mercado foi ficando mais saturado surgiram os empreendimentos para a classe C. Diante da atual crise financeira, há indícios que o mercado se retrairá. Segundo Fábio Mariano Borges84, em matéria publicada no Jornal do Brasil, esta é uma classificação que diz respeito ao tipo de consumidor, ou seja: classe A, aquela com renda familiar mensal superior a 20 salários mínimos (R$ 7 mil); B, entre 10 e 20 salários mínimos (R$ 3,5 mil a R$ 7 mil); C, entre quatro e 10 salários (R$ 1,4 mil a R$ 3,5 mil); D, entre dois e quatro (R$ 700 a R$ 1,4 mil); e E, com renda familiar mensal inferior a dois salários mínimos. (BORGES apud: GUIMARÃES, JB, 8/4/2007). Uma correlação apresentada por Fábio Borges é de que a classe A corresponde aos ricos, a classe B à classe média alta e a C à classe média típica. Desta forma, o público-alvo das propagandas tem o perfil de consumo das camadas A, B e C, cujas mensagens variam de acordo com a fase da vida e a faixa de renda em que se situam. Com base nesses perfis os discursos da emoção e da satisfação de desejos serão direcionados para o público alvo que o incorporador pretende atingir. Há casos em que o 84 Fábio Mariano Borges é professor no núcleo de ciências do consumo da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM). 158 discurso é direcionado de forma genérica e assim atinge diversos grupos focais. Nos demais casos a imagem é utilizada como recurso de expressão, captação de sentimentos e emoções. As pessoas estão sempre alegres, sorridentes. Muitas vezes, existe uma família unida, abraçada, pais e mães brincando com seus filhos em plena harmonia. Figura 50. Folders de empreendimentos da Freguesia que exemplificam os sentimentos e emoções de felicidade. O discurso do público alvo aparece de diferentes formas. Por exemplo: “Aqui os solteiros, jovens casais e grandes famílias têm muito lazer e conforto”. Neste caso fica clara esta definição, ainda mais quando este empreendimento oferece cinco tipos de apartamentos: studio, um, dois, três quartos e cobertura. “Depois de conhecer este condomínio sua vida nunca mais será a mesma”. A forma genérica como este enunciado é apresentado permite ao comprador o devaneio de como será a sua vida dali em diante. “Só aqui na Freguesia você tem tanta qualidade de vida”. O vínculo da Freguesia com a qualidade de vida, ou seja, com um dos desejos do homem urbano – a qualidade de vida. E, ao mesmo tempo, a fixação no imaginário de que a Freguesia é um bom lugar para se viver, reforça assim o desejo da maior parte dos compradores que já são moradores da área. “O [...] é o lugar para viver intensamente. Um condomínio belo, seguro, moderno, com uma área de lazer completa para a sua família aproveitar a vida. Viver na Freguesia é ter tudo que sua família precisa para aproveitar a vida. Uma vida repleta de diversão e sossego para sua família”. Estes enunciados são de um único folder. Observe que a palavra vida aparece três vezes, se somada ao vocábulo viver, daria cinco ocorrências. A família também foi destacada de forma bastante repetitiva. Seria uma técnica para retenção da mensagem? O fato é que atinge três importantes eixos emocionais a família, o viver e o prazer, da forma como é apresentado tudo é uma maravilha. 159 Em outros exemplos encontram-se aspectos e vocábulos que pressupõem emoção. “Veja nossa planta, apaixone-se!”; “Na Freguesia, um canto de amor à natureza”. Este último faz um trocadilho com as palavras amor e canto, apontando um certo lirismo, pode sugerir diversas interpretações: amor à natureza; um canto, como canção para amar, e ainda um canto como um lugar para se relacionar com a natureza. Há uma exaltação emocional à natureza. Apesar disso, além das árvores derrubadas este empreendimento teve autorização para realizar movimentação de terra e modificar o relevo, demonstrando a contradição em seu próprio nome “Recanto Verde”. Este exemplo deixa claro como as questões estão interligadas, e como os discursos se interpenetram. A emoção de se estar em contato com a natureza, ao mesmo tempo a emoção de modificá-la. Em um misto de paixão e castração. “A oportunidade é única. A localização é única. O preço é único. Você não vai ser o único a perder, vai?” Este exemplo fala ao ego, como se estivesse em um jogo que ele não pudesse perder de forma alguma. E para ganhar tem que comprar. “Prepare-se para viver a melhor época da sua vida. Parece que foi feito para você. E, aliás, foi mesmo”. Além de criar uma expectativa, este enunciado alcança vários públicos por falar de forma genérica. Como visto anteriormente, cada sujeito realiza interpretações diferentes do que seria uma boa época da própria vida. E o anúncio sugere que será a “melhor” época! Além do mais ele personaliza o discurso, dialogando com o interlocutor, colocando-o como especial, já que o “casual” – “Parece que foi feito para você” – se transforma em uma afirmação: “E, aliás, foi mesmo”. “O 3 quartos na Freguesia do tamanho do seu sonho. Viver no [...] é sinônimo de uma vida mais feliz e saudável. Aqui, tudo foi projetado para que você tenha apenas momentos de diversão e total tranqüilidade”. Curioso como o empreendimento está sendo colocado como “sinônimo” de felicidade e de prazer. E como restringe à vida à diversão e tranqüilidade. Realmente é uma vida de sonho. Ou será de ilusão? Para Alain de Botton, “a reverência por construções belas não parece uma grande aspiração onde devemos depositar nossas esperanças de felicidade”. (BOTTON, 2007, p.20). No contexto da sociedade de consumo há pessoas que projetam e transferem suas alegrias e felicidade para os objetos que adquirem. Será que a transferência se transforma em felicidade? 160 4. 2. Relação com os outros e a sociedade Conforme levantado por pesquisa de marketing, receber pessoas é uma das características comportamentais da população do bairro. Na Freguesia, ainda se preservam os laços de amizade e relacionamentos entre o freguês e o comerciante, o relacionamento de uma “freguesia”, onde as atividades cotidianas podem ser resolvidas a pé. Onde encontra-se conhecidos nas calçadas, uma convivência mais fraterna e solidária. Esta conotação ainda atribuída ao bairro lhe situa como lugar, no sentido afetual do termo, diferente da Barra da Tijuca. Aparece em relação ao bairro enquanto lugar de afeto, em relação à localização da Barra e às demais áreas de Jacarepaguá. Aparece ainda como distinção social e tranqüilidade em contraposição a outras áreas da cidade. Principalmente, quando a cidade cresce, se transforma, novas pessoas chegam ao lugar e os aspectos distintivos se voltam para os objetos e para os bens que possui. 4. 2. 1. Da escassez à distinção Como apresentado no capítulo 3 a Freguesia tem sido considerada como área nobre de Jacarepaguá. Apesar disso, o mercado ainda subdivide o bairro, elegendo e afirmando haver três ou quatro áreas, que seriam ainda mais nobres. Indiscutivelmente, a Rua Araguaia é uma delas. Basta contar o número de novos empreendimentos para saber que lá está o foco do desejo. Já são vinte! A localização também recebe outro enfoque, quando trata da proximidade com comércio e serviços, bancos, lanchonetes, escolas, cursos de línguas etc. O enfoque da distinção social não se restringe à localização do empreendimento. Está expresso nos nomes dos lançamentos que, em sua maioria, são estrangeiros, ou sugestivos de status diferenciado, do tipo “Jóia Rara”, “Mansões do Paraíso”, “Grand Maison”, “Garden Up”, “Victoria Top Park”, “Spazio Reale”. Este aspecto é sugestivo de uma imagem a ser transmitida ao outro, uma imagem portadora de identidade social. Como forma de enquadramento social. A quantidade de apartamentos ou de casas no empreendimento, se maior ou menor, também assume esta conotação distintiva de classe e de grupo social, sobretudo, nos discursos. Onde os “poucos privilegiados” se destacam da massa. 161 Após os lançamentos de empreendimentos com mais de 200 unidades habitacionais, os conjuntos com menos de 50 residências procuram explorar este aspecto, se autodenominando privilegiados e exclusivos. O discurso da distinção também é emocional, pois relaciona emoção, desejo de status e distinção. “Rua Araguaia, o ponto mais nobre e desejado da Freguesia. Um empreendimento único, um lugar especial”. O discurso da escassez e da singularidade, se relaciona ao da distinção social, quando se coloca como único ou o último, ou melhor em algum aspecto, afinal quem tem o “raro” é uma minoria que se diferencia dos demais. Os aspectos explorados por esse tipo de discurso são: a. A vista para alguma paisagem; b. A localização; c. O relevo; d. O clima; e. Um determinado tipo de serviço ou característica do empreendimento, como por exemplo: cave de vinho. Os exemplos são muitos, e normalmente vêm associados a outros tipos de discurso. I. Os nobres bem localizados: a. “Rua Araguaia, o ponto mais nobre e desejado da Freguesia. Um empreendimento único, um lugar especial”. b. “Localização nobre. Estrada do Pau Ferro, 7...”. Como se pode verificar, não é só a Rua Araguaia que é considerada nobre, a Pau Ferro também. c. “Apartamentos com vista para o verde na área mais nobre da Freguesia: Estrada do Pau Ferro, 1...”. Este caso, além da “área mais nobre” a vista para o verde é o diferencial. Entretanto, após este lançamento novos empreendimentos estão sendo comercializados, na sua cercania, fazendo crer que “a vista para o verde” talvez já não esteja tão garantida. Este fato leva a reflexão sobre a impermanência dos discursos. d. “Morar na Joaquim Pinheiro, a melhor rua da Freguesia, com uma estrutura completa de lazer, na melhor planta da região e ainda com um cômodo a mais para você usar como desejar”. A Rua Joaquim Pinheiro fica ao lado da Rua Araguaia. O conceito do que é a melhor rua é muito relativo. Esta tem uma escola, praticamente na 162 frente do empreendimento, é uma rua relativamente estreita, para o fluxo de carros que recebe... Tem uma praça em uma extremidade e na outra um posto de gasolina e uma churrascaria. Tem uns seis prédios mais dois em construção e é arborizada. Será que tais atributos a tornam a melhor rua? e. “Viva na maior ilha de tranqüilidade do Rio de Janeiro. Freguesia: A parte mais nobre de Jacarepaguá”. Este empreendimento fica localizado na Rua Antônio Cordeiro, rua do outro lado do bairro, distante da Rua Araguaia, da Estrada do Pau Ferro e da Rua Joaquim Pinheiro. Este empreendimento se propõe a ser a maior ilha de tranqüilidade. A nobreza aqui está no bairro, a Freguesia, como mais nobre de Jacarepaguá. f. “Venha morar na rua mais arborizada de Jacarepaguá”. Este empreendimento foi lançado em 2004 e localiza-se na Rua Araguaia. Observe que o diferencial: “rua mais arborizada”, talvez já não corresponda mais à realidade, tendo em vista os 20 novos lançamentos que ocorreram nos últimos três anos no referido logradouro. g. “Todo clima especial da serra, em um lugar único para sua família. Venha viver cercado de verde e tranqüilidade, na área mais nobre da Freguesia, com toda a segurança de um condomínio fechado”. Este empreendimento também se localiza na Estrada do Pau Ferro, entretanto ele associa o “clima especial da serra” ao distintivo, do “lugar único”. II. Os exclusivos e singulares: a. “Por trás deste portal um estilo de vida para poucos privilegiados”. Este discurso corresponde à adaptação utilizada por um empreendimento localizado na Rua Araguaia, após o lançamento de outro com 348 unidades. b. “O único 4 quartos com bosque privativo”. O bosque privativo o distingue dos demais. c. “Prepare-se para comemorar temos uma reserva Especial para você. Poucas unidades reservadas para pessoas especiais”, a imagem era de uma garrafa de vinho, estabelecendo uma âncora com o vocábulo “reserva”. d. “Venha viver com conforto, tranqüilidade e privacidade. Exclusivo para 42 famílias”. A privacidade e a tranqüilidade tornaram-se diferenciais em um contexto conturbado e de condomínios com mais de 200 unidades. Assim, comparativamente 163 com o atual contexto, conviver em um prédio com 42 unidades, supostamente oferece maior privacidade. III. Os acima da média a. “O lugar para construir uma vida com muita classe e segurança”. b. “2 apartamentos por andar, pronto para morar, apartamentos de luxo, só 12 unidades”. c. “Victoria Top Park Residencial. 3 e 4 quartos Premium na Freguesia. [...] A sua vida pode ser muito mais Premium”. Não basta ter classe, nem basta ser nobre, tem que ser Premium tem que está no Top de linha. d. “PENSE GRANDE. Agora multiplique por 3. Conheça uma nova forma de viver. Um espaço incomparável na área nobre de Jacarepaguá”. Este caso associa diversos tipos de distinção, a grandiosidade, a nova forma de viver, e a nobreza da localização. 4. 2. 2. Acolhimento e lazer: A família, os amigos e os outros O discurso do espaço está relacionado às áreas de lazer, aos entretenimentos e ao interior do apartamento. Nestes casos evidencia-se a intenção de como estes espaços irão servir à família e como estes poderão ser usados para recepcionar amigos, parentes e ainda, como podem ser usados como “vitrine” para os relacionamentos sociais. Afinal, “já está na hora de viver num lugar onde você tenha prazer de receber os amigos”. O discurso dos atributos interiores do apartamento, normalmente está associado à Planta do empreendimento. Como citado anteriormente, a chegada das grandes empresas interferiu nos espaços internos dos apartamentos e casas. É nítida a “redução” dos ambientes e da área total das residências. Entretanto, nem sempre isso fica evidente para um leigo que olha a planta e que visita um apartamento decorado. Para ter uma idéia como isso é recorrente e está acontecendo em várias capitais brasileiras, citamos o caso de São Paulo. Em 1985 um apartamento de três dormitórios tinha em torno de 115m², em 2000 o mesmo programa caberia em 81m² 85. Aqui na Freguesia encontram-se apartamentos de três quartos com 71 m². 85 (Embraesp, Relatórios anuais, São Paulo, 2000 apud: VILLA, <http://www.vitruvius.com.br/arquitextos/arq000/esp390.asp>, acesso em: 2 out. 2008). disponível em: 164 Os discursos refletem esta realidade referindo-se ao tamanho e à qualidade: “A melhor planta”, ou “O maior 2 e 3 quartos da região”, “Os melhores 2 e 3 quartos”. Será que é mais “aconchegante”? Há casos onde espaços internos ganham nomes distintivos, como diferenciação dos demais, como é o caso do “smart space”. Outro aspecto que favorece este tipo de discurso é a customização dos ambientes internos: “você pode deixar o apartamento exatamente do jeito que você sempre sonhou”. Isto acontece quando o empreendedor oferece opções de plantas e materiais onde o comprador pode escolher o que mais interessa. As plantas dos apartamentos tornam-se reversíveis. Em outra época isto ocorria muito com os quartos de empregadas que podiam ser revertidos como terceiro quarto. Atualmente, há uma variação dessa “reversibilidade”, são os opcionais do tipo kit barbecue, cozinha gourmet, com sala e cozinha, integradas por uma abertura, e ainda a varanda gourmet que integra cozinha, sala e varanda em alguns casos com a churrasqueira na varanda. Outra possibilidade de customização oferecida pelas grandes empresas é a escolha dos revestimentos, louças e metais de banheiro e cozinha, mediante pagamento. A construtora envia o “caderno flex home” com as opções de materiais e os valores correspondentes para que o proprietário escolha a(s) que mais agrada(m). Desta forma o conforto e a comodidade estão em alta nos itens opcionais. Porém, até que ponto a redução dos espaços internos contribui para isso? Para contrapor a redução dos espaços internos, é oferecida grande variedade de espaços externos, comuns a todos os condôminos, para usufruto dos moradores. Em São Paulo, alguns apresentam 80 itens, nem sempre são todos de lazer. Na Freguesia, podem incluir relaxamento, contemplação, entretenimento, serviços, diferenciais ecológicos e segurança. Segurança? Sim. A segurança é incluída nos diferenciais e computam na totalização dos itens. Existem casos destes serem usados como elemento de distinção social: “Já na entrada, seus amigos vão ficar impressionados com o lugar que você escolheu para viver”. Já que este empreendimento também oferece “uma área de lazer maravilhosa com atrações para todas as idades”; “As melhores opções de lazer para seus filhos”; “Churrasqueiras, forno de pizza e salões para você reunir os amigos” e também é o “1º. Empreendimento da Freguesia com lazer num jardim suspenso e segurança total”. Este empreendimento também diz que “vai elevar o padrão de moradia do bairro, com um conceito inovador: o Jardim Suspenso. A área de lazer e as portarias ficam numa altura equivalente ao segundo andar de um prédio. E todos os detalhes foram cuidadosamente planejados. O paisagismo é surpreendente: espelhos d’água, cascatas e muito verde criam a sensação de estar em uma 165 ilha paradisíaca. Área de lazer com diversão para todas as idades e o maior parque aquático da Freguesia. A segurança é total para você ficar tranqüilo e esquecer os problemas. Venha aproveitar a vida aqui”. Normalmente, estas áreas ficam nos pavimentos vazados distribuídos entre os blocos de apartamentos. Os itens são listados e aqueles de maior destaque e de maior demanda são exibidos nas imagens, ancoradas por algum enunciado. Por exemplo, “A diversão é incomparável”, é seguido pelas fotos dos serviços e lazer: piscina, salão de jogos, spa, espaço gourmet com salão de festas, espaço kids, fitness center, Home Office. Na maior parte das vezes as imagens não esgotam a lista de opções. (Ver figura da página 33). O importante é deixar claro que “Aqui, tudo foi projetado para que você tenha apenas momentos de diversão e total tranqüilidade”. Nos espaços comuns: “Salão de Festas gourmet, Espaço kids, Salão de Jogos, Spa, Sauna a vapor, home cinema, segurança 24 h” e muito mais. 4. 3. Natureza em abundância? Contribui para a construção dessa imagem de proximidade com a natureza o fato da Freguesia transmitir a idéia de ser um bairro com muito verde, próximo à natureza. De fato, está limitada por parte do maciço da Tijuca. Até bem pouco tempo era uma área semi-rural, onde casas, sítios e chácaras possuíam grandes quintais arborizados. Este ambiente natural vem mudando de forma acelerada e avassaladora, mais acentuadamente nos últimos 40 anos. (Ver anexo F e figura da página 26). Figura 51. Cobertura vegetal do terreno antes e depois do início das obras. Foto: Gisela Santana. 2007 e 2008. Dos empreendimentos catalogados a grande parte utilizou pequenos sítios e chácaras de baixíssima densidade construtiva e de altíssima densidade arbórea. As árvores são substituídas por edificações em altas densidades e não são preservadas. O que significa dizer 166 que o verde e as paisagens vendidas pelos discursos já não são mais as mesmas. Estão sendo modificadas. Aliás, a maioria derruba a totalidade das árvores, muitas vezes centenárias; modificam o relevo; esgotam o lençol freático e quando não, aterram ou canalizam os cursos d’água que, devido ao relevo, são muitos na região. O nome de algumas ruas e estradas e pontos da área são indicativos: Porta d’água, Estrada dos Três Rios, Engenho d’água, Estrada do Rio Grande, etc. Figura 52. Foto de terreno que teve árvores e morro derrubados. Foto: Gisela Santana, 2006. A partir de tantas feridas que a natureza local vem sofrendo, muitos moradores manifestam-se, protestam de forma isolada e com pouca articulação “se vestem de árvores”, e “se plantam” na frente dos terrenos para que os funcionários das empresas não as derrubem. Foi possível ver passarinhos, corujas, esquilos, micos em profundo estado de desespero e desorientação. Sem saber onde estavam seus filhotes e ninhos. Ouvi relatos de diversas pessoas que se disseram profundamente entristecidas e impotentes diante dos fatos. Diversas denúncias foram feitas por pessoas e instituições de ensino aos órgãos municipais, estaduais e até federais, mas sem efeitos prolongados. Algumas obras foram embargadas, mas por pouco tempo. Logo retornaram aos trabalhos. Tais protestos repercutiram indiretamente nos discursos e, de certa forma, ecoaram em alguns empreendimentos que ao invés de derrubar todas as árvores preservavam algumas poucas, por orientação do IBAMA, segundo informações dos corretores. A Freguesia tem se apresentado como alternativa em relação à Barra e ao Recreio, principalmente em relação ao estilo de vida local: a quitanda, a mercearia, o açougue, o vassoureiro, o entregador de pão, entre outros aspectos que remetem a uma cidade pequena, 167 interiorana, da roça. Os outros dois bairros estão mais ligados à praia, à elite emergente. A Barra também está associada ao consumo devido à abundância dos Shoppings Centers, exalando hipermodernidade por todos os poros. As largas avenidas e a forma de disposição dos condomínios, fazem crer que a Barra não tem “cara de bairro”, que lá as relações acontecem de outra forma, sem as peculiaridades do jeito carioca de ser. Em contraposição a isso a Freguesia, surge como alternativa, à apenas “10 minutos da Barra”, agora com o trânsito, são 40 minutos. Esta diferenciação emerge na mensagem publicitária de um dos empreendimentos: “sorria você não está na Barra”. Em função deste contexto e, conforme apresentado na introdução, o discurso do verde se expressa de diversas formas, fazendo referência à proximidade com a natureza do bairro; evidenciando aspectos do próprio empreendimento que se relacione à natureza, como: cachoeira, riacho, sky grama (mesmo que artificiais); na distribuição de folders de papel reciclado, sacos de lixo para carros e ainda na escolha do nome do empreendimento: Ecolife, Reserva do Bosque, Grand Valley, entre outros citados. Assim, somado às manifestações da população local, o discurso ecológico emerge, porém nem sempre ele é suficientemente consistente, transformando-se assim em greenwashing. 4. 3. 1. Do verde natural ao greenwashing A partir do acoplamento da imagem da Freguesia à natureza e ao verde, diversos empreendimentos utilizam enunciados e artifícios que reforçam este liame. A começar pela própria cor dos prédios, dos banners e dos prospectos e, obviamente, por meio das ilustrações. Figura 53. Imagens de folders reforçando a ligação com a natureza e o contexto local. Os nomes dos prédios também são indicativos desta estreita relação, como por exemplo: Del Giardino, Chácara da Freguesia, Bosque da Mirataia, Jardins de Londres, Green 168 Hill, Garden Up, Green Mountain, Green Ville, Del Monte, GrandValley, Green Valley, Golden Hills, Mirante Campestre, Recanto Verde, Bella Vista, Vale do Ipê. Com a demonstração da impopularidade do mercado imobiliário na região, por meio das manifestações contra a degradação ambiental, evidencia-se a adaptação e a atuação mercadológica mais forte. Os nomes dos empreendimentos são exemplos desta aproximação com o marketing ecológico: Reserva do Bosque: Condomínio Ecológico, Ecolife e Green life. A referência ao verde também está presente nos slogans: “Viva de verdade na maior área verde de Jacarepaguá”, “Com tantos jardins por aí, resolvemos lhe oferecer um bosque. Chácara da Freguesia. Seu pedaço de verde num verdadeiro bosque”; “Você e sua família viverão em equilíbrio com a natureza e a vida urbana”. Este último oferece o equilíbrio entre natureza e vida urbana, remetendo ao que foi falado sobre rurbanização, da busca da natureza, sem abandonar a vida urbana. Não cabe aqui apontar qual empreendimento está ou não fazendo greenwashing. Porém, fica evidente que o processo que engloba a edificação de um prédio pressupõe a derrubada de vegetação, remoção de árvores, movimentação de terras, desalojamento de animais, depósitos de entulhos em outras áreas da cidade, combustão de muitos litros de diesel de tratores e caminhões, além da própria edificação que, depois de pronta torna-se grande consumidora de energia. Todos esses fatores, e mais alguns, apontam para o grande paradoxo desse discurso. Em alguns casos, a ecoeficiência surge como alternativa, porém esta só atua no prédio construído, após a sua ocupação. E o antes e o durante a obra? É preciso pensar novas soluções que possam tornar o setor eco-responsável de fato. 4. 3. 2. Itens ecológicos e a eco-sustentabilidade Em outubro de 2006 foi lançado um dos primeiros empreendimentos a oferecer itens diretamente ligados à questão ecológica: arvorismo e ecotrekking. Este ainda não apontava para a eco-responsabilidade nem para a ecoeficiência. No mesmo mês, um outro empreendimento introduziu o conceito de condomínio inteligente, sem evidenciar a questão da sustentabilidade. Porém, em segundo plano colocava “Viver com inteligência é: - escolher um empreendimento que combine sustentabilidade com modernidade, gerando, entre outras vantagens, praticidade e menor custo mensal de condomínio; ter menor custo de manutenção de fachada, pois ela será toda revestida em cerâmica; economizar com o sistema de reaproveitamento da água da chuva para regar 169 os jardins e limpar as áreas comuns; pagar menos com o uso de medidores individuais de água por apartamento; aproveitar todas as vantagens que só a [nome da construtora] oferece”. A única novidade sustentável proposta era o sistema de reaproveitamento da água da chuva, pois a fachada em cerâmica, apesar de não ser regra geral, é usada por vários empreendimentos e os medidores individuais são obrigados por lei no município do Rio de Janeiro, ou seja, todos os novos lançamentos devem ter hidrômetros individuais. Em março de 2007, a mesma construtora do empreendimento anterior, lançou um outro empreendimento, com uma nova proposta: “viva com eco-responsabilidade: preserve a natureza e economize nos custos de condomínio. Medidores individuais de água por apartamento, reaproveitamento da água da chuva, fachada revestida em cerâmica, cachoeira e riacho sem desperdício de água, coleta seletiva de lixo, energia alternativa para funcionamento de bombas e iluminação das áreas comuns, melhor aproveitamento da luz natural, ventilação natural dos banheiros”. Como se pode verificar, aos três itens do empreendimento anterior foram acrescidos “cachoeira e riacho sem desperdício de água, coleta seletiva de lixo, energia alternativa para funcionamento de bombas e iluminação das áreas comuns, melhor aproveitamento da luz natural, ventilação natural dos banheiros”. Estes são itens que produzem ecoeficiência porém, não garantem a preservação da natureza do terreno onde o empreendimento foi implantado, nem garantem a sustentabilidade do processo produtivo. (Ver fig. 51). Outro aspecto diz respeito ao melhor aproveitamento da luz natural e da ventilação natural dos banheiros. Há legislações urbanas, em outras cidades brasileiras onde isso é obrigatório. Apesar de estar presente no enunciado do discurso, ao analisar as plantas do empreendimento identifica-se banheiros que não possuem nenhum tipo de ventilação direta. A introdução desses itens gera mudança de comportamento, não só do morador como do próprio mercado que passa a se inspirar no exemplo do concorrente e os compradores passam a cobrar de outros construtores que façam o mesmo. Em junho de 2007 foi lançado um outro empreendimento, de outra construtora que se apresenta como ecologicamente sustentável. Portanto, seus lançamentos seguem esta diretriz: Veja os diferenciais que fazem do [...] um empreendimento único: Energia solar, Sensores de presença, medidor individual de água, reutilização de água do chuveiro e lavatório, coleta de lixo seletiva, aquecimento de água com gás, captação e reutilização da água da chuva, Pomar & herbário, churrasqueira limpa e com pedra vulcânica, Água filtrada, elevadores ecológicos, janela de alumínio com persianas. 170 Apesar de evoluir em relação ao lançamento anterior, também é possível identificar “diferenciais” que já são de uso comum: os sensores de presença, medidor individual de água, o aquecimento de água com gás (o diferencial aqui está em uniformizar todas as unidades com o mesmo tipo de energia, o mesmo acontece com água filtrada). “O 1º. Condomínio do Rio que integra práticas ecológicas” está localizado na Freguesia e, será o “1º. empreendimento do Rio de Janeiro com selo Greenbuilding”. Na última semana de setembro de 2008, enquanto o empreendimento acima ainda não havia iniciado suas obras, foi inaugurado outro empreendimento empresarial, no centro do Rio, que já recebeu a referida certificação86. O Selo do Greenbuilding87 é uma certificação internacional fornecida pelo LEED - Leadership in Energy & Environmental Design, conferida às edificações que atendem aos seus preceitos. Apesar do avanço, ainda é preciso chamar a atenção pelo bolso do consumidor e não pela consciência ecológica. primeiro condomínio ecologicamente sustentável do Rio. Um empreendimento único, com diversos diferenciais ecológicos que preservam e valorizam os recurso da natureza, melhoram sua qualidade de vida e ainda reduzem seus custos [...] Respeito à natureza faz bem para o meio ambiente, para sua família e, principalmente, para o seu bolso. O discurso é complementado: “Conheça o melhor empreendimento da Freguesia, com práticas de sustentabilidade que reduzem em até 30% o valor do condomínio”, ou seja, o fator econômico ainda é o que pesa mais, tanto para o incorporador quanto para o comprador. Como colocado no capítulo 2, a sustentabilidade se baseia em um tripé que inclui, além do econômico, o social e o ambiental. 4. 4. Pra não dizer que não falei dos preços... Freguesia se apresenta como uma alternativa em relação à Barra e ao Recreio, não só do ponto de vista socio-espacial, mas do ponto de vista financeiro, no que se refere aos preços dos imóveis e ao custo de vida. Apesar de estarem geograficamente perto, esses aspectos variam significativamente. Os preços das habitações também variam em função do tipo de edificação, do tipo de materiais que são usados, do andar e da orientação da unidade habitacional em relação ao próprio empreendimento. 86 Cf. Construções Sustentáveis, Programa Cidades & Soluções, da Globo News, exibido em 28 de setembro de 2008. 87 Cf. http://www.gbcbrasil.org.br/pt/ , acesso em 24 de setembro de 2008. 171 Grosso modo, na Freguesia um imóvel é 2% a 5% mais barato que no Recreio e de 4% a 30% que na Barra que, dependendo da localização, do andar e do tipo de acabamento, há imóveis que atingem o valor de R$ 11 mil o metro quadrado, justificando esta variação. 4. 4. 1. Negócio financeiro para empresários e investidores Há de se destacar a vertiginosa valorização, se é que se pode assim chamar, dos imóveis lançados na Freguesia nos últimos cinco anos. Um aumento artificial, inflacionou o valor real produzido. (ver Quadro a seguir). O valor do metro quadrado em 2006 girava em torno de R$ 1.400,00, a partir do momento que as grandes construtoras passaram a investir no mercado, o valor vem aumentando sobremaneira, fruto da especulação imobiliára. Atualmente, na Freguesia, encontram-se imóveis de R$ 3.500,00 o metro quadrado. Vale ressaltar que esse valor é relativo aos imóveis novos em fase de acabamento. O preço varia também em função da fase de construção em que se encontre. No prélançamento e no lançamento, os corretores usam a tabela “zero”, que corresponde aos menores valores que as unidades deverão ter. No dia do lançamento, esta tabela pode mudar, caso as metas de venda para o dia sejam alcançadas. Desta forma, os valores são muito variáveis. Quanto maior o intervalo entre o evento de lançamento e a compra mais altos vão ficando os valores. Certa vez, perguntei a um corretor o motivo desses aumentos, ele me confidenciou dizendo que era devido aos custos com a propaganda. Quanto mais tempo para vender, maior o número de material publicitário. Tive a oportunidade de confirmar a informação com outros corretores, que também disseram o mesmo. Quadro 7. Valores dos imóveis para compra e venda Máximo Conjugado Médio Mínimo Máximo 1 Quarto Médio Mínimo Máximo 2 Quartos Médio Mínimo Jacarepaguá 60.000 36.705 25.000 125.000 67.191 30.000 250.000 113.377 37.000 (dez. 2006) Jacarepaguá 120.000 60.684 30.000 165.000 115.590 50.000 320.000 167.854 70.000 (5/10/2008) Barra e 200.000 104.888 50.000 550.000 235.409 80.000 1.000.000 289.381 99.243 Recreio (dez. 2006) Barra e Recreio 150.000 87.187 55.000 500.000 231.460 110.000 1.050.000 297.987 130.000 (5/10/2008) Botafogo 120.000 67.666 30.000 300.000 155.121 60.000 450.000 234.016 100.000 (dez. 2006) Botafogo 120.000 72.842 38.000 350.000 184.794 90.000 600.000 287.412 120.000 (5/10/2008) Quadro 7. Fonte: O Globo, Morar bem, Preços dos imóveis no Rio de Janeiro. (Adaptado). Dados de 2006 e 2008. Máximo 3 Quartos Médio Mínimo Máximo 4 Quartos Médio Mínimo 350.000 168.567 50.000 400.000 207.757 70.000 350.000 205.930 85.000 400.000 247.941 110.000 1.220.000 463.596 160.000 1.500.000 706.516 200.000 1.200.000 462.001 200.000 1.280.000 581.166 250.000 600.000 331.166 135.000 750.000 392.291 160.000 800.000 392.349 175.000 1.000.000 585.125 220.000 172 173 Por outro lado, existe um outro grupo que utiliza transações imobiliária como forma de investimento, são os investidores que adquirem imóveis com o objetivo de revendê-los mais à frente e assim obterem seus ganhos. Ou seja, o investidor que adquiria o imóvel para alugar praticamente não existe mais. A nova forma de obtenção de lucros é comprar o empreendimento na planta por ser mais barato e, vender quando o apartamento estiver pronto ou quase pronto. Os ganhos irão depender do sucesso do lançamento, caso a demanda seja muito grande os lucros serão maiores. Normalmente, estes investidores fazem este tipo de transação em lançamentos de grandes incorporadoras, que possuem uma “carteira de clientes”, já que há maior garantia das obras serem iniciadas e concluídas. Além do mais, ainda há o diferencial da marca, ou melhor, da grife. 4. 4. 2. Negócio financeiro para proprietários ao sabor das promoções Diante da crescente concorrência e como forma de atrair compradores, as incorporadoras e os profissionais de marketing utilizam o discurso do baixo preço, da forma de pagamento, dos tipos de financiamentos, das promoções e dos brindes. Estes também podem variar ao longo do processo de comercialização, tanto aumentando prazos de financiamentos, como diminuindo preços das unidades. No início dessa pesquisa os prazos de financiamentos giravam em torno de 48 meses, atualmente passaram de 300, alguns chegam a 360 meses. O período para pagamento está intimamente ligado às regras do sistema financeiro público e privado para o financiamento da casa própria que, até antes da crise financeira mundial permitiam o aumento dos prazos de pagamento, usando como garantia o próprio imóvel. Em outubro de 2008, diante da quebra de bancos e da redução do crédito no exterior estas regras estão se tornando mais rígidas. Vale ressaltar que este processo de aumento do prazo de pagamento foi relativamente rápido porém, de forma gradativa. De 48 meses passaram para 100, depois para 120, em seguida para 180, para 240, 300 e finalmente 360 meses. Interessante observar que os acréscimos foram de 60 meses, ou seja, 5 anos a mais por período de financiamento, com exceção da primeira mudança. Isto significa dizer que quem comprou imóvel em 2005 deve terminar de pagar seu imóvel em 2009, ou seja, em 4 anos e, quem está comprando imóvel em 2008 poderá levar 30 anos até quitá-lo em 2038. Em outras palavras, em 3 anos houve um aumento do prazo de financiamento de 7,5 vezes. 174 Os contratos de financiamento junto aos bancos ocorrem após a “entrega das chaves”, ou seja, quando a residência é entregue ao proprietário. Antes disso, ele irá pagar cerca de 20% do valor do imóvel à incorporadora, normalmente distribuídos em parcelas, em um prazo de aproximadamente dois anos. Estes 20% são divididos em sinal (5%), mensais e intercaladas (10%) e chaves (5%), que podem variar de acordo com o empreendimento e as condições contratadas com a incorporadora. As mensalidades, quando o financiamento era menor, giravam em torno de R$ 1.200,00 por mês, na medida em que o prazo de financiamento foi aumentando estas foram reduzindo. Até outrubro de 2008, para residências com padrão similar estavam na faixa de R$ 400,00. Porém, em empreendimentos para a classe C, havia mensais de R$ 99,00, durante a obra. Para o financiamento existem dois tipos básicos: o Sistema “Price” (Sistema Francês de Amortização) que são parcelas “fixas” que aumentam conforme IGPM (Índice Geral de Preços do Mercado) e o Sistema SAC (Sistema de Amortização Constante)88, no qual as parcelas são decrescentes. Além disso, o comprador pode utilizar o FGTS, caso esteja adquirindo a sua primeira residência. No entanto, este só poderá ser usado após a entrega do apartamento ao proprietário, ou seja, após o pagamento dos 20%. Alguns exemplos ilustram as variações de preços. Os dois enunciados a seguir são do mesmo empreendimento, mostram que após o lançamento o valor das mensais mudou. “O melhor condomínio na hora de viver. O menor na hora de pagar. Mensais de R$ 561,56** sem correção, sem intermediárias durante a obra e 240 meses para pagar”. [...] “Premium até na hora de pagar. Mensais de R$ 626,67 apenas 10% de sinal, dividido em 4 vezes. Sem intermediárias, sem juros e sem correção nas mensais durante a obra. 240 meses para pagar”. Este outro evidencia o aumento do prazo de financiamento, passando para 300 meses “Aproveite as condições especiais de lançamento. Mensais a partir de R$ 440,** Até 300 meses para pagar pós-chaves”. Aqui, as etapas de pagamento estão em evidência: “Sinal: R$ 3.800,00 Escritura: 3.800,00. Sem juros e sem correção até as chaves* (*corresponde a casa 6) USE O SEU FGTS NAS CHAVES”. As condições de pagamento podem variar segundo a obra, ao longo da mesma e em função das regras vigentes no mercado financeiro para o crédito imobiliário. Diante da crise de crédito mundial, que tem como um dos deflagradores o sistema hipotecário do mercado imobiliário norte-americano, denominada de bolha imobiliária, 88 Existe ainda um outro sistema de amortização o Sacre (Sistema de Amortização Crescente), porém este tem sido pouco utilizado pelo mercado imobiliário. Além dos consórcios imobiliários. 175 iniciada em 2007 e “estourada” em setembro de 2008, novas regras para a concessão de crédito estão sendo postas em prática, inclusive no Brasil. Os consumidores que buscaram crédito agora em outubro sentiram o peso no orçamento. Pelo menos, três grandes bancos brasileiros aumentaram a taxa para o financiamento da casa própria. O Bradesco mudou de 9% para 10,5% ao ano a taxa de juros para imóveis até R$ 120 mil. O Banco Itaú reajustou de 9% para 12% o teto dos juros; e o Unibanco, de 11% para 12%. [...] “O banco está sendo mais seletivo na escolha de seus clientes. Ao contrário de endurecer a análise de crédito das pessoas, preferiram pegar o atalho, o caminho mais fácil, que é aumentar os juros”, afirma o presidente do Creci-SP, José Augusto Vianna. (BOM DIA BRASIL, 13 de outubro de 2008). Desta forma, alguns compradores que adquiriram suas residências na planta poderão ser surpreendidos quando chegar o momento do financiamento junto às instituições de crédito. Além das formas de pagamento outros tipos de discursos são utilizados para atrair compradores: os das vantagens, das facilidades e dos brindes. Estes aparecem de várias formas: 1) ter o condomínio garantido por um ano, ou seja, um valor fixo 2) o número de parcelas para pagar, 3) o relógio individual de água, 4) “ganhar” uma TV de Plasma de 42”, 5) “ganhar” os armários da cozinha, entre outros. Figura 54. Exemplo de discurso para atrair compradores: Banner do empreendimento. Foto: Gisela Santana. 2006. Como exemplos pode-se citar: 1. “condomínio garantido R$ 285,00” e em letras pequenas o esclarecimento: “ref. às unidades de 2 quartos”. 2. “é a melhor planta e o melhor acabamento da Freguesia. 4 quartos em ambientes amplos e confortáveis. Quer outra enorme razão para garantir o seu?” Ao abrir o 176 folder aparece a TV de plasma “na compra de uma unidade ganhe uma TV de plasma 42”. 3. “Promoção especial: acabamento em porcelanato nos quartos para os 5 primeiros compradores”. 4. “COQUETEL DE LANÇAMENTO Dia 1º./12 a partir das 10h”. Apontar enunciados, pinçar palavras em busca de sentido traz a tona os arsenais lingüístico, simbólico e contextuais que delineiam o arcabouço utilizado pelo mercado com o objetivo de ativar, atrair e conquistar compradores que se identifiquem de uma maneira ou de outra com os produtos que estão postos à venda. Em paralelo, estratégias de persuasão utilizadas pelos decodificadores de sentidos, personificados em consultores imobiliários, que como máquinas fazem parte dessa engrenagem de um sistema capitalista que tem como meta vender para angariar seus lucros. Cabe ainda, interpretar dados, tecer relações, costurar sentidos para trazer luz sob o que ainda está na penumbra. 177 CAPÍTULO 5 5. TECENDO OUTRAS ARTICULAÇÕES Não se trata de ligar conseqüências, mas sim de aproximar e isolar, de analisar, ajustar e encaixar conteúdos concretos; nada mais tateante, nada mais empírico (ao menos na aparência) que a instauração de uma ordem entre as coisas; nada que exija um olhar mais atento, uma linguagem mais fiel e mais bem modulada; nada que requeira com maior insistência que se deixe conduzir pela proliferação das qualidades e das formas. E, contudo, um olhar desavisado bem poderia aproximar algumas figuras semelhantes e distinguir outras em razão de tal ou qual diferença: de fato não há, mesmo para a mais ingênua experiência, nenhuma similitude, nenhuma distinção que não resulte de uma operação precisa e da aplicação de um critério prévio. Michel Foucault. Os discursos não são apenas uma espécie de película transparente através da qual e graças à qual enxergamos as coisas, eles não são simplesmente o espelho do que é do que pensamos. O discurso possui uma consistência própria, sua espessura, sua densidade, seu funcionamento. As leis do discurso existem do mesmo modo que as leis econômicas existem. Michel Foucault. Desde a introdução até o capítulo 4 os conteúdos teóricos e práticos, dados da observação participante e dos anúncios foram expostos, entremeados com as construções teóricas. Os fios delineados até aqui serão entremeados em busca da identificação de outros pontos de converência. Não há a pretensão de esgotar todas as articulações, o objetivo é realizar correlações entre o discurso e o arcabouço contextual, técnico e simbólico que permeiam a comercialização da habitação, no caso da Freguesia. como jogos, jogos estratégicos, de ação e de reação, de pergunta e de resposta, de dominação e de esquiva, como também de luta. O discurso é esse conjunto regular de fatos lingüísticos em determinado nível, e polêmicos e estratégicos em outro. (FOUCAULT, 1973, p. 9). Os panfletos utilizados pelo mercado imobiliário apresentam uma série de fatos lingüísticos eminentemente estratégicos, com o objetivo de produzir uma ação e até reação dos prováveis compradores. Nos folders, além de palavras, são usadas cores, imagens, formatos diferentes. Enfim, uma série de artifícios como recursos de comunicação. Segundo Berger, a “visão chega antes das palavras, e [...] quase nunca pode ser por elas descritas, não é uma questão de reagir mecanicamente a estímulos. [...] Olhar é um ato de escolha. [...] Aquilo que vemos é trazido para o âmbito do nosso alcance”. (BERGER, 1999, p. 10). 178 Por exemplo, quando um folder anuncia na parte da frente: “Prepare-se para começar uma nova vida”, ele está instigando o leitor, provável comprador, a imaginar e a aguçar a sua curiosidade e, desta forma, joga com sentimentos e emoções, com ação e com reação. Figura 55. Folder de lançamento Del Monte Club & Houses. O folder está dobrado de maneira estratégica, para ser aberto em etapas e assim acentuar a curiosidade de quem o vê. Primeiro abre-se a parte de cima, que anuncia o que o comprador pode “esperar”: “Todo clima especial da serra, em um lugar único para sua família”. Figura 56. Folder de lançamento Del Monte Club & Houses, com primeira dobra aberta. Ao grifar que o lugar é único quero dar ênfase ao discurso da exclusividade, o diferencial está na forma de tratar o cliente como especial. Poderia dizer que esses seriam fatos de linguagem ou fatos de discurso que vão além do aspecto lingüístico, que é usado como um jogo estratégico no apelo emocional da prática discursiva, mas que atribui sentidos fluidos e contextuais. 179 Aqui se pode usar Foucault como ferramenta, quando fala sobre a emergência de novas formas de subjetividade levantadas pela análise histórica e sobre a história da verdade. Quando afirma que parece existir “em nossas sociedades, vários outros lugares onde a verdade se forma” (FOUCAULT, 1973, p. 11), faz pensar nas verdades que são criadas, ou inventadas, nos termos de Nietzsche, pelos meios publicitários. Na análise são consideradas as figuras, o tamanho das letras e a forma de apresentação do folder. Ao observar as imagens que são apresentadas neste anúncio, percebe-se que a ilustração da casa que aparece na propaganda é de um bloco com duas casas geminadas que corresponde ao modelo construído para visitação durante o lançamento do empreendimento. No entanto, se olhada de relance faz parecer que é uma mansão. Esta, por sua vez, é a melhor opção de compra, oferecida pelo empreendimento, em termos de área construída, de localização e de alternativa de agrupamento, mas não de preço, como faz crer o anúncio (ver o preço no prospecto). Outro detalhe relevante, que pode passar despercebido ao comprador desatento é o preço das mensalidades, apesar de escrito com uma fonte bem maior que os textos que o circundam, não corresponde ao tipo de casa da ilustração. Refere-se à unidade mais barata que está geminada à dez outras que não aparecem nas ilustrações do folder. No lote, os blocos de casas estão muito próximos uns dos outros (ver a foto a seguir). Isto só está sendo possível verificar agora, com a obra avançada. Observa-se que o prospecto cria uma “verdade” que não corresponde ao real e sim ao imaginário de uma família que se “preparou para começar uma nova vida” em uma casa em um “lugar único” mas que só pode pagar a casa que está geminada com mais dez famílias. “A maneira como vemos as coisas é afetada pelo que [...] acreditamos”. (BERGER, 1999, p. 10). São os sentidos fluidos e contextuais dos quais nos fala Mary Jane Spink que aparecem nos anúncios. Em momento algum a quantidade total de casas e a forma de agrupamento foram citadas no prospecto. Na maquete, os blocos são sutilmente marcados em um plano sem volumes no qual apenas a casa modelo estava isolada dentro do enorme terreno. 180 Figura 57. Foto em junho de 2006, no dia do lançamento e foto em setembro de 2008 com as casas em obras. Fotos: Gisela Santana. 2006 e 2008. Ao abrir a parte de baixo do folder, surge a frase: “Venha viver cercado de verde89 e tranqüilidade, na área mais nobre da Freguesia, com toda a segurança de um condomínio fechado”. Apresenta a variedade de serviços que comporão a “nova vida” que está “prestes” a começar: são churrasqueiras, playground, piscina com borda infinita, quadra poliesportiva, espaço de festas gourmet, spa, play baby... No entanto, o verde que é vendido é o exterior ao terreno, o da paisagem. No terreno onde as casas estão sendo construídas, as árvores foram derrubadas e trocaram de lugar com o tijolo e o cimento. O processo de transformação da paisagem tem sido tão rápido e violento que os atributos externos tornam-se vulneráveis as impermanências. A velocidade com que acontecem mudanças no entorno é tão grande que por vezes nos deixa desorientados. De uma semana para outra surge um novo lançamento, novas demolições, novos modos de comercialização, novas formas de financiamentos, é a lógica hipermoderna dos mercados que se expressa no boom imobiliário da Freguesia. Isto é flagrante no contato com os próprios corretores vinculados às grandes imobiliárias, pois têm que dar conta de conhecer uma enormidade de lançamentos em detalhe e terminam por se confundir. Além do quê muitos deles são novatos no ramo. É todo um sistema de coisas que estão em uma hipertransformação de valores, hábitos e idéias. Conforme o exemplo da foto a seguir. 89 O grifo é nosso. 181 Figura 58. Três novos empreendimentos, construídos nos últimos três anos, o que está mais ao fundo é citado no exemplo abaixo. Foto: Gisela Santana. 2008. No exemplo: “Apartamentos com vista para o verde na área mais nobre da Freguesia: Estrada do Pau Ferro, 1...”. O enfoque é a “vista para o verde”. Entretanto, na sua cercania, após este lançamento, novos empreendimentos são construídos e comercializados fazendo crer que “a vista para o verde” talvez não esteja tão garantida. Este fato evidencia mais uma vez a impermanência dos discursos e do que é comercializado, pois a partir do momento que “a vista” está no anúncio, ela também está sendo vendida. E passa a ser um atributo do apartamento... Inclusive, existe um caso em São Conrado onde os proprietários estão recorrendo na justiça, pois a propaganda dizia “vista eterna para o mar” e atualmente está sendo construído um espigão que irá impedir a vista privilegiada. Para criar novos modelos residenciais os incorporadores se apóiam em pesquisas de mercado. O gosto e a opinião do cliente delimitam e configuram o produto. Ao respondê-las o comprador tem poder para continuar apoiando o padrão proposto ou exercer mudança no processo e produtos quando se posiciona de forma diferente. Na condição de partícipe do processo, os consumidores influenciam os produtos oferecidos pelo mercado. A opinião do cliente interfere diretamente nas decisões dos produtores e, indiretamente sobre os seus concorrentes que tendem a copiar produtos. Isso fica claro com os serviços e lazer nas áreas comuns dos prédios e, mais recentemente, com a introdução de itens ecológicos nos novos produtos imobiliários. Foucault, no texto Sujeito e Poder faz referência à necessidade de distinguir: as relações de poder das relações de comunicação que transmitem uma informação através de uma língua, de um sistema de signos ou de qualquer outro meio simbólico. Sem dúvida, comunicar é sempre uma certa forma de agir sobre o outro ou os outros. Porém, a produção e a circulação de elementos significantes podem perfeitamente ter por objetivo ou por conseqüência efeitos de poder, que não são simplesmente um aspecto destas. Passando ou não por sistemas de comunicação, as relações de poder têm sua especificidade. (FOUCAULT, 1995, p. 240). Existe uma via de mão dupla entre consumidor e produtor. Porém, o consumidor consciente, em uma postura crítica, terá melhores condições de desempenhar este papel. Enquanto que, um consumidor acrítico é mais facilmente manipulável. 182 Certos detalhes podem ser interpretados como uma certa dominação sobre o comprador desatento. Atualmente, os empreendimentos vendem seus imóveis na planta e em eventos de lançamento, coquetéis, brunch’s onde o clima é de pressão para não se perder a casa para o outro ou para não perder a oportunidade de compra. Cria-se um clima de disputa e de velocidade, alguns empreendimentos chegam a vender todas as unidades nestes eventos, a exemplo do Cores da Lapa, na Lapa, com cerca de 800 unidades. A inovação em um bairro “redescoberto” produzindo transformações no contexto da cidade. Nota-se que o jogo estratégico vai além do discurso do folder e se estende às práticas sociais dos incorporadores e corretores imobiliários. Os corretores são treinados para adotar certos tipos de comportamento diante dos compradores, os procedimentos são similares, seguem uma espécie de modelo e roteiro, apresentando a maquete, as opções de lazer, o modelo decorado, criando assim um encantamento, a magia e a sedução do marketing da experiência sensorial. Depois, passam para as unidades que ainda estão disponíveis. As informações são apresentadas pelos corretores de forma a parecer que as unidades estão acabando, e que, se você não se apressar, perderá a oportunidade. Estas práticas produzem efeitos de poder sobre os compradores. Agora com prazos longos e parcelas menores para o financiamento são tentados a adquirir um novo sonho. Os preços são sempre a última coisa a ser apresentada aos compradores, as formas de pagamento estão cercadas de um certo mistério. Ao analisar um outro folder, é possível identificar que alguns tipos de sonhos de consumo são aguçados. Por meio, da análise do discurso percebe-se como a verdade se transforma e como as regras do “jogo” também mudam. Houve um tempo em que se recebiam amigos em casa e que a moradia estava restrita à família mononuclear e as suas relações mais próximas. Figura 59. Folder de lançamento Belle Epoque, à esquerda o Espaço Gourmet com cave de vinhos, à direita o Home Cinema. 183 Neste como em outros exemplos, o enunciado isolado pode não dar a conotação que se pretende. No caso, a ancoragem do enunciado: “Já está na hora de viver num lugar onde você tenha prazer de receber amigos”, à ilustração do espaço gourmet e do home cinema definem um tom impositivo. Ao mesmo tempo, nos faz questionar se há prazer em receber de outro modo que não o apresentado pelas imagens. Foucault se referindo a Nietzsche diz que “a invenção [...] é por um lado, uma ruptura, por outro, algo que possui um pequeno começo, [...] mesquinho”. A invenção desta frase de impacto, presente no enunciado, inverte valores. Põe no espaço e nos objetos o prazer de receber pessoas. Enfatiza a aparência do invólucro e não a essência do encontro. Modifica sentidos, criando valores. Neste caso, fica clara a influência do tamanho dos apartamentos que tornam-se cada vez mais ‘apertamentos’, de espaços reduzidíssimos e como se tornou impraticável receber pessoas em seus interiores, que tornaram-se espaços dormitórios. Por isso, os incorporadores, que reduzem os espaços internos, nos oferecem a “oportunidade” de adquirir espaços sociais, em áreas comuns dos condomínios, como forma de voltarmos a “ter prazer” em “receber os amigos”. Outro exemplo dessa inversão é: “Depois de gastar as energias, vem a melhor parte: recuperar as energias”. Este enunciado é acompanhado pelas fotos do Body Therapy, da sauna, da massagem, da sala de repouso, do fitness, da piscina, do redário e do espaço zen, que lhe atribuem sentido de relaxamento após uma vida agitada do cotidiano. “No [....], as crianças têm todo o espaço de que precisam para crescer, no sentido mais amplo da palavra” mais uma vez, o texto e as imagens estão interligados atribuindo sentido: “Brinquedoteca com jogos educativos e salinha de leitura, Lan House com acesso à Internet banda larga”. Porém, as crianças não têm espaço para se expandir, subir em árvores e correr, pois as quatro paredes as limitam. Os espaços inovadores criados produzem um novo jeito de morar das camadas médias e alta. O que ganha destaque nos anúncios é a inovação, são os ambientes e os serviços diferentes, é o diferencial em relação à concorrência. São os Espaços gourmet, Zen, a hidroopenly, a cachoeira, os acessórios. Internamente os apartamentos são similares e cada vez menores. Houve uma época em que o salão de festas era um diferencial. Atualmente, o novo Espaço gourmet ganha notoriedade e distinção sobrepondo-se ao antigo salão de festas. O chique não é mais receber e socializar no espaço de festas e sim exibir as habilidades culinárias. A socialização passou para segundo plano e o espetáculo do fazer culinário ganha status. 184 Na busca pelo diferencial cada novo lançamento procura criar algum atrativo diferente que, rapidamente passa a ser incorporado pelos seus concorrentes. Em alguns casos o que muda é apenas o nome ou pequenos detalhes. Um exemplo é a Hidro-openly, uma versão da hidromassagem, porém em área externa, ou ainda a hidro in sauna, que reúne sauna e hidromassagem em um mesmo ambiente e ainda a Jacuzzi, que é uma marca de banheiras de hidromassagem. São exemplos ainda as variações de parquinho: Baby garden, Baby Park, espaço kids, kid’s room, play baby, playground, play-land, play zôo, Baby care. E, não por acaso as novas denominações promovem status ao parquinho, ao utilizar os estrangeirismos. (Ver glossário). Como estratégias de venda os eventos de lançamento e relançamentos ocorrem em finais de semana seguidos de brunch’s e coquetéis organizados pelas corretoras de imóveis. Há casos que um grande evento ocorre em uma só noite, alguns no próprio stand de vendas, outros em casas de festas. O importante é criar um fato novo para dar publicidade ao acontecimento, de modo a chamar a atenção dos compradores em potencial. Além dessa tática, os brindes, as vantagens “exclusivas” e mudança do discurso e das cores dos prospectos. Inclusive as promoções são usadas com o mesmo objetivo. Em alguns a mudança é apenas para causar uma nova impressão. Alguns folders mudavam apenas a frente fazendo parecer algo novo e diferente. Sobre a distribuição dos prospectos observei que há empreendimentos que investiram muito em propaganda no pré-lançamento, lançamento e pós-lançamento e que depois pararam a distribuição dos folders e panfletos, apesar de terem unidades à venda. Enquanto que outros, após as três fases, interrompiam as distribuições por um período de 3 a 6 meses, as vezes até mais, e depois retornavam a distribuição. Um mesmo empreendimento pode utilizar ou não variações de campanhas publicitárias, de formato, de peças publicitárias, incrementos na quantidade de um mesmo tipo ou de diversos tipos de peças. Algumas identidades visuais, discursos e até mesmo o nome desses empreendimentos podem ser alterados ao longo deste tempo. Estes são indícios das estratégias e táticas de marketing utilizadas para atrair novos compradores, realizando as adaptações necessárias a fim de atingir as metas traçadas. Durante o período de divulgação que antecede o evento de lançamento, algumas empresas utilizam outdoors e banners, espalhados pelas ruas do bairro e no próprio local do empreendimento. Outros apenas possuíam a placa da obra, sem qualquer divulgação publicitária ou midiática. Em alguns casos, em contato direto com o corretor no stand de 185 vendas, também eram distribuídos catálogos, CD’s e DVD’s com informações do empreendimento. Os mecanismos da comercialização e a velocidade de vendas de um determinado empreendimento têm um caráter extremamente subjetivo, pois depende da aceitação e da receptividade do produto pelo comprador, não podendo ser analisada de forma padronizada. Os sentidos que os discursos promocionais imprimem em um indivíduo, não necessariamente serão os mesmos que outro sujeito irá atribuir. Mesmo porque, estando o meio social e o indivíduo em constante transformação, o que hoje tem um sentido, amanhã poderá ter outro e assim sucessivamente. Segundo Gozález Rey, “as configurações de sentidos representam formações psíquicas dinâmicas e em constante desenvolvimento dentro das diferentes práticas sociais dos sujeitos”. (REY, 2003, p. 267). Desta forma, ao se estudar as maneiras como os discursos do mercado imobiliário repercutem sobre os sujeitos e seus processos de subjetivação há de se ter que estudar os sujeitos individualmente, em suas formas individuais de experienciar profundamente tais processos. O mercado sabe disso e estuda tais comportamentos através das formas de percepção, da teoria de Freud dos comportamentos inconscientes. Para equacionar esta incoscistência realizam entrevistas em profundidade e diversificam espacialmente seus investimentos com a produção simultânea de diversos empreendimentos residenciais espalhados pela cidade. As construtoras maiores e mais consolidadas costumam ter simultaneamente diversos empreendimentos em construção a fim de minimizar os riscos. Danilo Volochko (2008) afirma ser dez um bom número de obras espalhadas pela cidade, de modo garantir o equilíbrio financeiro destas. Tais empresas produzem folders, filipetas e outros tipos de propaganda com os vários empreendimentos na mesma peça publicitária. As pequenas fazem poucos folders e filipetas bem pequenas, muitas vezes nem as fazem. Os seus empreendimentos, por vezes, não têm nome e geralmente não apresentam opções de lazer para áreas comuns. Quando estes existem são os mais tradicionais: playground, salão de festas e piscina. Em função desta ausência, há uma tendência dos empreendimentos de pequeno porte focarem os atributos na própria residência: se a casa ou apartamento tem varanda, número de quartos, se há suítes etc., ou seja, no modelo mais tradicional. Outro comportamento observado refere-se ao fato dos empreendimentos médios e grandes, sob a chancela de grandes e médias incorporadoras e construtoras, apresentarem associações entre empresas, por vezes, com duas ou mais imobiliárias responsáveis pelas 186 vendas. Estas, estão respaldadas por uma instituição financeira que, nem sempre, será a financiadora dos imóveis para os compradores. A execução do próprio empreendimento acontece de forma bastante variada, não seguindo um padrão fixo. Há construtoras que apresentam um cronograma claro e com prazo de entrega definido, que pode ser acompanhado pelo comprador pelas fases da obra no hotsite do empreendimento. Isso ocorre, sobretudo, com as de maior porte. O que não significa dizer que elas cumpram os prazos. Um dos empreendimentos da Freguesia se deparou com uma enorme rocha, de profundidade e extensão não previstas. Essa contingência provocou um efeito em cascata no cumprimento dos prazos. Algumas obras iniciam rapidamente, logo após o lançamento, outras esperam as vendas avançam, e outras começam sem haver o lançamento. Isso ocorre principalmente com as construtoras de pequeno porte que vendem o produto pronto. Enquanto que as grandes vendem também suas marcas e grifes. Há um comportamento do setor que é importante observar. As incorporadoras adquirem grandes lotes e anunciam o lançamento de um prédio, em função da evolução das vendas do primeiro lançamento, meses depois, lançam um novo prédio ao lado do primeiro. Quem compra o primeiro não sabe que terá tão rapidamente um “vizinho”, pois são construídos como se fossem prédios distintos, mas estarão lado a lado e são produtos de uma mesma empresa. Esta defasagem temporal permite que o incorporador ajuste o novo projeto, o mix de lazer e serviços às necessidades de um outro público alvo identificado. Este reconhecimento muitas vezes, é feito a partir de dados levantados no período de lançamento do primeiro prédio, por pesquisas realizadas naquela ocasião. Certamente, os valores cobrados serão outros. Na Freguesia, este comportamento foi identificado em quatro casos, de construtoras diferentes. Porém, foram observados casos similares na cidade do Rio de Janeiro e em escalas muito maiores, principalmente na Barra da Tijuca e imediações da Vila Panamericana, onde estão ocorrendo os Mega empreendimentos. Que são lançados em etapas. Outro aspecto a ser ressaltado são os espaços de comercialização. Alguns lançamentos utilizam stand de vendas, outros showroom e outros o espaço Lounge. O espaço Lounge é um showroom no qual diversos imóveis lançados por uma mesma incorporadora são comercializados simultaneamente. Vale destacar que estes nem sempre estão situados no local do empreendimento. Por vezes, podem estar a vários metros de distância. Observe o enunciado a seguir: “Se assim já muito bom, venha se surpreender ainda mais no nosso 187 show room. É o Lounge [...], onde você pode conhecer cada oportunidade com mais detalhes e ainda garantir o seu apartamento. Esperamos por você”. De modo geral, os enunciados são elaborados de forma “aberta”, utilizando práticas discursivas que favoreçam diversas interpretações em função do sentido e dos contextos apropriados pelo próprio leitor, ou seja, do provável comprador. No exemplo: “Você e sua família viverão em equilíbrio com a natureza e a vida urbana”. É possível notar que a noção que um sujeito tem de equilíbrio com a natureza e a vida urbana pode ser bem diferente da atribuída por outro indivíduo. As interpretações irão variar segundo os valores que lhe são atribuídos, mas que se encaixa e faz sentido para quem lê, justamente por permitir diversas conotações. Aliás, uma das regras do composto comunicacional é permitir várias interpretações para que atinja um maior número de pessoas. A partir da classificação dos 21 grupos dos discursos, identifiquei que alguns deles poderiam ser diretamente ou indiretamente relacionados com: 1) as técnicas, táticas e estratégias de marketing; 2) a satisfação das necessidades, segundo a pirâmide de Maslow; 3) o ideal da casa própria; 4) a questão do amor à natureza; 5) o vínculo afetivo com a Freguesia, enquanto lugar; 6) o escape ao modo de vida urbano, associado à busca de prazer, ao relaxamento, à convivência em família, ou à busca de segurança; 7) a distinção social e; 8) o desejo de consumo. Em um primeiro momento pode parecer óbvio que os itens 1 e 2 estejam presentes nesta análise. Porém, é necessário levar em consideração que as pequenas construtoras nem sempre fazem uso de empresas de marketing e que, em alguns casos, agem intuitivamente, sem o apoio dos números e técnicas do marketing. Foi possível verificar que os grupos de discursos podem estar inseridos em mais de uma categoria. Assim, defini cores para realizar a classificação, conforme legenda a seguir: 188 Legenda Cor Grupo de relação Marketing Necessidades Ideal da casa própria Amor à natureza Vínculo afetivo com a Freguesia Escape ao modo de vida urbano Distinção social Desejo de consumo Quadro de Análise Classificação GRUPOS DE DISCURSOS 1. Verde, da natureza, ecológico, da sustentabilidade e da eco-responsabilidade 2. Espaço, da área comum do empreendimento, do lazer, dos serviços, da diversão 3. Localização: nobilitante em relação ao bairro, proximidade da praia 4. Freguesia 5. Qualidade de vida, conforto, tranqüilidade, vida melhor, paz, harmonia 6. Planta do empreendimento (apartamentos e casas) 7. Aproximação, curiosidade, expectativa, convite para eventos de lançamentos. 8. Casa própria como sonho 9. Baixo preço e tempo para pagar 10. Promoções, descontos e economia 11. Segurança do empreendimento 12. Confiança na marca da construtora e do prazo de entrega 13. Emoção e satisfação de desejos 14. Família e filhos 15. Exclusividade, privacidade 16. Raridade, distinção social, singularidade, novidade, luxo 17. Vantagens, facilidade e brindes 18. Customização, imóvel personalizado 19. Urgência e antecipação 20. Personalizado, marketing one to one, feito para você 21. Felicidade Quadro 8. Análise de classificação dos grupos de discurso. Quadro 9. Ranking de categorias Ranking Ocorrência 1º. 2º. 3º. 4º. 5º. 6º. 7º. 8º. 19 14 13 10 7 7 3 2 Grupo de relação Marketing Necessidades Desejo de consumo Ideal da casa própria Escape ao modo de vida urbano Distinção social Vínculo afetivo com a Freguesia Amor à natureza 189 Sob esta lógica de análise o Ranking de relações muda bastante em relação à análise da simples ocorrência, apresentada no capítulo 4. Certamente as associações realizadas a partir dessa classificação não esgotam suas possibilidades. Esta é uma análise qualitativa que procurou apontar as relações mais evidentes. Mesmo porque é uma interpretação, a partir das próprias percepções e experiências de vida da pesquisadora. O leitor poderá ter outras visões e encontrar outros enquadramentos possíveis. Por exemplo: a freqüência das necessidades nos discursos pode ser atribuída ao fato da classificação de Maslow também incluir, além do abrigo, as necessidades de segurança e proteção, de amor e sensação de pertencimento, de reconhecimento e status e, ainda de realização pessoal que, aliás, aparecem muito nos enunciados. A questão do desejo de consumo é atravessada ainda por outros aspectos, dentre eles o modo de vida urbano, a casa própria e as próprias necessidades aguçadas pelo marketing. Há que se levar em consideração que fatores sociais, fatores culturais, como família, a classe social também estão diretamente ligados aos tipos de discursos. Como visto no item 1.3., quando o marketing foi observado com mais detalhes. Estes são utilizados como tática de persuasão. O profissional de marketing que esteja “antenado” com o contexto social e cultural bem como, inteirado dos perfis do público alvo, seguramente utilizará esses conteúdos para formular os enunciados dos anúncios. Nos exemplos analisados o discurso da casa própria foi pouco explicitado pelo marketing, porém ele está nas entrelinhas, incutido em praticamente todos os outros, inclusive por fazer parte do imaginário brasileiro. Este foi identificado no empreendimento Colors-Exclusive, como será visto na análise comparativa das linhas narrativas dos seis empreendimentos. O uso do marketing verde e ecológico, pouco evidenciado na classificação acima, é utilizado de modo bastante contextualizado, direta e indiretamente no caso da Freguesia. Aparece também nas linhas narrativas a seguir e nos nomes dos empreendimentos. Linhas Narrativas de fatos dos 6 empreendimentos Vida com classe e segurança Exclusividade é tudo. Por traz deste portal um estilo de vida para poucos privilegiados. Dez. 2005 Maio 2006 Set. 2006 Lançamento na Freguesia, amplos 4 quartos com bosque exclusivo, 4 quartos, lazer completo Espaço, Lazer, segurança e natureza. lazer e muito Brunch de e acabamento Aqui você pode: 150 mensais direto verde Lançamento de alto padrão com o incorporador Melhor oportunidade da Freguesia. O único 4 quartos com bosque privativo Lazer completo 2005 Out. 2006 25.3.2006 Abril 2006 Maio 2006 Os bons apartamentos voltaram. Exclusividade é tudo Março 2007 Reserva do Bosque. É a melhor planta e o melhor acabamento da Freguesia. 4 quartos em ambientes amplos e confortáveis. Quer outra enorme razão para garantir o seu. Na compra de uma unidade, ganhe uma Tv de Plasma 42” Abril 2007 Os bons apartamentos voltaram. O maior 2 quartos da Freguesia Julho 2007 4 quartos de verdade. A melhor planta da Freguesia. Obras em andamento. Obras iniciadas. Reserva do Bosque. O melhor 4 quartos da Freguesia. Maio 2007 Set. 2007 Evento de Lançamento Depois de conhecer este condomínio sua vida nunca mais será a mesma. Descubra a vantagem de comprar o melhor pelo menor preço por m2. Garanta seu lugar no 1º. Condomínio com vida independente de Jacarepaguá. Agora você vai comprar o seu primeiro imóvel. Exclusive Fev. 2006 Abril 2006 Junho 2006 Dez. 2006 Julho 2007 Del Giardino Reserva do Bosque Colors Aquárius Rua Araguaia o ponto mais nobre e desejado da Freguesia. Um empreendimento único, um lugar especial. Evento de Lançamento Rua Araguaia: Os melhores 2 e 3 quartos da Freguesia estão aqui. Maio 2006 25.maio 2006 Maio 2007 GrandValley GrandValley. Um lugar que a natureza fez pra você. Sucesso de vendas. Condomínio Garantido R$ 285,00 Março 2007 Junho 2007 Obras iniciadas condomínio garantido R$ 277,00 (Portaria) Jan. 2008 Ecolife Vem aí o 2 e 3 quartos na Freguesia com Lazer completo e um concieto inédito de vida. Ecolife 14Julho 2007 Vai ser natural você querer viver aqui. Ecolife. 22 julho 2007 Compare e se encante pelo melhor empreendimento da Freguesia. Visite o apartamento decorado no stand de vendas. Ecolife Freguesia Viver aqui faz bem.(Portaria) Março 2008 190 191 Nas linhas narrativas destaco em negrito e em cores diferentes as alterações dos discursos. É possível identificar a repercussão do lançamento do Residencial Aquárius nos empreendimentos que estavam à venda. O próprio Aquários muda seu discurso de forma a adaptar-se ao novo contexto discursivo. Vale lembrar que os ambientes dos apartamentos deste empreendimento, que tem 348 unidades, são menores que os existentes nos apartamentos anteriores. Além disso, extende o prazo de financiamento para 180 meses. Em menos de um ano após o lançamento do Residencial Aquários, ocorreram inúmeras queixas relativas à destruição ambiental por ele produzida e surgem condomínios mais preocupados com os impactos ao meio ambiente. Outro aspecto que merece destaque relaciona-se ao aumento do prazo de financiamento descrito no capítulo 4, que é evidenciado pelo suporte econômico dado pelo sistema financeiro ao setor imobiliário, conforme estudos de Danilo Volochko (2008). Diante da atual crise mundial, a maior preocupação é a redução do crédito e redução nos prazos de pagamento que acarretarão a redução do consumo, que retroalimenta a cadeia produtiva. Empresas do setor estão anunciado reduções de aproximadamente 50% nos lançamentos para o próximo ano devido a redução do crédito e a queda das ações na bolsa90. O longo prazo para pagamento da casa própria, em suaves prestações, interfere diretamente no volume de compra e venda. O sistema de crédito e financiamento viabiliza e retro-alimenta o consumo de novas casas-próprias. Auxilia a reprodução deste ideário em várias escalas da sociedade. Desta forma, com módicas prestações, quem tem uma residência de dois quartos, almejará adquirir uma de três, quem tem uma de três, vai ser tentado a adquirir uma de quatro, ainda mais se esta apresenta produtos mais sofisticados, que trarão mais qualidade de vida e maior distinção e realização pessoal. Lipovetsky (2007, p. 38) coloca que quanto mais se enriquece surgem novas vontades de consumir e quanto mais se consome maior o desejo de consumir. Esta é uma constatação banal que nos leva a crer que a reprodução desta máxima pode ser transferida para a questão do consumo da habitação. Este é incentivando e alimenta a produção de novas necessidades, novas vontades e novos luxos. Desta maneira a mercadoria habitação extrapola a condição de bem de uso e integra-se definitivamente aos bens de consumo. E almejada não só por quem não a tem, mais por todos que desejam algo mais, que pensam grande, que desejam estar no Top e ser Premium. 90 Jornal do Brasil, Imóveis, p. F2, 5 out. 2008 e Jornal O Globo, Morar bem, p. 1, 5 out. 2008. 192 CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao envelhecer, parei de escutar o que as pessoas dizem. Agora só presto atenção no que elas fazem. Andrew Carnegie. De fato, se desejarmos escapar à crença de que esse mundo assim apresentado é verdadeiro, e não queremos admitir a permanência de sua percepção enganosa, devemos considerar a existência de pelo menos três mundos num só. O primeiro seria o mundo tal como nos fazem vê-lo: a globalização como fábula; o segundo seria o mundo tal como ele é: a globalização como perversidade; e o terceiro, o mundo como ele pode ser: uma outra globalização Milton Santos. Pensar a função vital da utopia não como a forma última do paraíso, mas a necessidade ética de buscar um outro mundo a partir de uma crítica ao presente. Edson Luiz André de Sousa. Diante do vazio existencial pelo qual os indivíduos vêm passando, os bens materiais, os hábitos de consumo, os prazeres sensoriais e emocionais ganham fôlego. Associado a isso, a produção, em busca de auferir lucros, vai construindo seu discurso a partir do seu ponto de vista. Compreendido pelos incorporadores e pela construção civil o mercado imobiliário busca novas áreas da cidade no intuito de realizar a sua produção. Por outro lado, o homem urbano busca e aceita a melhoria da qualidade de vida vendida pelo mercado e demonstra seu desejo de estar mais próximo à natureza. Detentora do poder econômico, a instituição do capital associa-se ao poder político, ao financeiro e ao da informação para dar suporte ao seu ideário. Monta um arcabouço de construções discursivas, construído dia-a-dia, remontando há tempos imemoriais, que as transformam em práticas usuais das interlocuções humanas. As construções discursivas vão sofrendo ajustes ao longo do tempo e das contingências. Para alcançar os fins utilizam-se dos meios, das mídias, das técnicas, das táticas, das estratégias para garantir os lucros. Na comercialização da habitação são utilizados diversos recursos de publicidade e propaganda, associados ao instrumental do marketing. São carros, móveis, eletrodomésticos de última geração, brindes e promoções que visam driblar a concorrência para seduzir o consumidor. São serviços, lazeres inimagináveis, mais de 80 tipos. O novo discurso oferece economias no valor da manutenção do condomínio com o uso de sistemas eco-eficientes que tentam encantar o consumidor pelo bolso. O comprador também é atraído pelo estômago com 193 espaços gourmet, fornos de pizza e kits barbecues. Desejo de status, de pertencer a um seleto grupo de eleitos. O sonho de poder ter em sua casa o mundo ao seu dispor, sem precisar se deslocar pela caótica cidade criada por esse próprio jeito desordenado de produzi-la. A habitação ganha diversificação, conceitos, marcas e inovações dignas de um produto de consumo. O mercado imobiliário se associa aos sistemas de crédito que viabilizam a aquisição para os que terão a primeira casa e para àqueles que desejam uma maior e com mais atributos. É sempre o belo que aparece nas suas mais declaradas intenções, revestidas de magia e sedução. Construções de discursos que ganham lógica, articulações estratégicas na sucessão de fatos e idéias que mais uma vez se transformam em práticas discursivas, apropriadas pelo sujeito comum, inserido em todas as camadas sociais. Mas, o que os distingue já pode ser alcançado pela classe média, porém em espaços menores e dividido com muitos, afinal exclusividade é para poucos. A classe média é o grande foco do mercado. Os sistemas de financiamento e empréstimo associam-se aos empreendedores, utilizam-se dos juros para continuarem auferindo lucros. Enquanto isso, as habitações para as classes D e E, ainda estão no campo das idéias, não apresentam viabilidade econômica para o setor. O déficit habitacional não cai, fica à espera de subsídios do governo. Pobres daqueles que não têm onde dormir, que estão destinados a viverem alojados em barracos e em comunidade perigosas, sem educação e entregues a própria sorte. Um dos paradoxos que permeia a produção habitacional é a sua função social: Até que ponto ela vem sendo alcançada? Até que ponto os discursos da satisfação dos desejos e dos prazeres sensoriais são postos e aceitos pelas camadas mais abastadas? Construídos de forma lógica escamoteiam necessidades sociais e aguçam desejos individuais e inconscientes, afinal de contas: “você merece”. Viver o mundo dos sonhos, do conto de fadas, dos desejos e da realidade, dura realidade, que nem sempre queremos enxergar. Olhar em volta e ver beleza, luxo e exaltação de um mundo de prazeres é desejo de todos. Porém, esses atributos vêm cercados de muros, onde antes belas árvores cheias de frutos e vida habitavam. Vemos o mundo de que forma? O que queremos? Será que o vemos com nossos próprios olhos? Ou será que as imagens são postas, o discurso é construído e o ideário constitui um arcabouço genealógico que se perpetua? Para quem? E para quê? Até que ponto isso nos afeta? E de que forma? Ao iniciar o presente trabalho, desconfiava que o mercado baseava suas idéias e práticas discursivas em outros discursos e que um iceberg estava por emergir. Na medida em que fui levantando as informações de campo minhas suspeitas se consolidaram. Além do 194 discurso direto dos anúncios, destinados aos compradores com o objetivo da venda dos imóveis, foram emergindo as construções discursivas: o discurso da geração de empregos, o discurso da casa própria como sonho e como bem de raiz, o discurso da redução do déficit habitacional, do progresso e do desenvolvimento econômico. Foi ficando claro que estes dão sustentação ao setor, “justificando” o desmatamento e o vertiginoso e indiscriminado avanço do cimento e do concreto. O sujeito também participa desse processo em virtude dos seus anseios, desejos e sonhos. Ficam as dicotomias entre: o discurso e o desejo? O sonho e o concreto? As construções discursivas e as necessidades? Creio que esta tese realiza seu objetivo, na medida em que ajuda a clarear o processo de comercialização habitacional e traça um panorama do que é, e do que vem sendo as práticas do mercado. Processo que contribui para a construção do produto habitação, que assume um outro atributo: ser bem de consumo. Este trabalho traz luz à reflexão e à necessidade de se procurar a origem dos discursos, do que está posto e do que tem sido reproduzido e aceito de forma passiva. Ao mesmo tempo, descortina diversas possibilidades de análises desta problemática, que merecem continuar sendo estudadas. Algumas delas são: a visão dos novos moradores, suas impressões e sentimentos no momento da compra e do pós-ocupação; a visão dos moradores locais, os impactos decorrentes das mudanças físicas, da ambiência social e urbana da paisagem, entre outros. Diante dos comentários realizados até aqui, foi possível verificar que o discurso do mercado imobiliário não está presente apenas nos anúncios. Alguns deles configuram o arcabouço da atividade comercial do setor, dando-lhe estrutura e suporte, fornecendo lubrificação à engrenagem do sistema. Não emergem, necessariamente, nos enunciados dos prospectos, pois já foram incorporados ao imaginário urbano, vêm sendo aceitos sem questionamentos. A casa tornou-se um produto a ser socialmente consumido, seus atributos superam o abrigo, passam pelo simbólico, pela distinção e pelo modismo. Tornou-se espaço de lazer, nem sempre por todos utilizado. Os tempos urbanos impõem rotinas causticantes. Diante dos tempos do trabalho e dos deslocamentos o sujeito busca idealmente contrapô-los com o tempo do lazer, da tranqüilidade, do relaxamento e do prazer, nem sempre alcançado. A escolha da moradia é mais complexa que a de um bem comum. Por isso, seus produtores utilizam estratégias, táticas e discursos articulados que produzam lógica e contextualizem a sua aquisição. Na realidade, cada um dos agentes que compõe o sistema tem um tipo de discurso, mas os que aparecem são aqueles que buscam sintonia com os sentimentos, os desejos, os sonhos e com a subjetividade dos consumidores. O mercado 195 pretende seduzir, encantar, cativar, envolver e convencê-los a partir dos meios de propaganda nos quais são gastos fortunas, que se refletem no preço dos imóveis, dando [publi]cidade a um discurso de sedução. A lógica é costurada. O sonho é construído no verbo e na imagem. Modelado pela maquete e pelo apartamento decorado, que permitem ao consumidor um vislumbre do seu sonho. Alimentado pelo devaneio das palavras e informações vagas de imagens que deixam a imaginação correr solta para encontrar o próprio sentido da existência. Em um lar feliz, onde todos vivam felizes para sempre, conforme as imagens dos anúncios. Onde o lazer, o relaxamento e a emoção afastem os problemas e protejam do mundo real que corre a todo vapor, numa velocidade hipermoderna do lado de fora dos muros e das grades. A angústia e a ansiedade de escolher entre tantas ofertas leva ao sofrimento psíquico.... Qual a melhor? Quem dá mais? Se não comprar logo, a oferta vai acabar! O outro vai comprar! O que os meus amigos vão pensar? Tenho que comprar. Não posso perder a oportunidade da minha vida! Tenho que comprar logo! Como pagar? Ah! Tenho trinta anos para pagar... Mas ainda está na planta! Como será a paisagem? Os vizinhos? E a conjuntura econômica? Com tanto lazer e tanta diversão eu quero é emoção! O importante é o agora! O amanhã, quem viver verá. E a natureza? Árvores centenárias substituídas por jardins suspensos, árvores e palmeiras caribenhas. E o contexto histórico? Memórias e registros apagados de história e casas modificadas. O “velho” é substituído pelo novo, a pátina pelos porcelanatos reluzentes, transmutando pobreza em beleza, em luxo e em sedução, simplicidade em status e distinção. Valores vão sendo corroídos, lixados e polidos em busca do brilho da ilusão. Novos conceitos da habitação onde prevalece o poder de distinção, de uma classe média em ascensão. Destino de todos ou de poucos? Onde está a distinção? No luxo? Onde o tudo é hiper e o nada é a sedução da ilusão, de pensar que tem tudo e, vazio o coração. A conquista da “causa própria” torna os consumidores condescendentes com a noção de desenvolvimento e do progresso de um modelo onde prevalece o desejo de ter ao invés de ser. Os 40 itens de lazer, a posse da marca e da moda fazem a distinção. A quantidade de opções faz diferença? As novidades sobrepõem-se ao tradicional, ao “velho” e ao usado, o hiper, a abundância, o luxo substituem à simplicidade do ser. Parafraseando Mies Van der Rohe91: o mais torna-se must, para exibir o próprio diferencial do parecer ter. 91 Arquiteto Alemão naturalizado norte americano e um dos principais nomes do movimento moderno da arquitetura. Dizia “the less is more” (o menos é mais), defendendo a simplicidade e uma forma limpa da arquitetura, sem exageros e sem rebuscamentos. 196 É preciso enxergar o equívoco do atual modelo de desenvolvimento predatório, baseado no consumo do novo e das inovações, não levando em conta a realidade de um planeta limitado e finito. O desgaste e a degradação sem precedentes sofridos pela Terra nos últimos 150 anos coincidem com o período da revolução industrial e com o maior crescimento populacional e urbano de todos os tempos. Este modelo, difundido pela publicidade e retroalimentado pelo consumo, conduz ao caos que já se faz sentir em diversos locais e setores e que se agrava a cada dia em escala exponencial. É preciso parar o processo e aproveitar a crise financeira mundial para rever paradigmas. Como diria Harvey: O arquiteto se afigura assim uma roda da engrenagem da urbanização capitalista, tão construído por esse processo quanto é construtor dele. (HARVEY, 2004, p. 311). Somos todos responsáveis pelos nossos atos e por suas conseqüências. Pensar na habitação além das aparências, ir além do que aparece nos discursos de encantamento e sedução. Pensar na Terra como casa-oikos, como solo fértil para novas formas de desenvolvimento e de moradia. Ir além do sonho, do prazer do agora, para antever o futuro dos nossos netos, para construímos uma boa casa para eles, sem que fiquem imersos no imenso vazio da extinção da própria espécie. Estudar a Freguesia de Jacarepaguá permitiu ver de perto a prática do fazer imobiliário. Sentir na própria carne os efeitos da pedra e do aço, com os ensinamentos do estranhamento e da aproximação do fazer etnográfico. Ao longo da história, são muitas as tentativas de transformar as cidades em lugares melhores para se viver. A história do urbanismo é testemunha dos vários pensadores utópicos, modernistas e tantos outros que buscaram e buscam soluções para as inúmeras problemáticas trazidas pelo seu acelerado crescimento. No entanto, sem conseguir fazer valer seu ideal de eqüidade e equilíbrio. Talvez a falta de vontade e preparo político seja uma das muitas respostas possíveis. Outras questões se colocam para que isto aconteça, dentre elas: a visão humana fragmentada de especialistas isolados e a desarticulação popular, os diversos agentes, atores e interesses distintos que dificultam imensamente a articulação, a descoberta e a implementação de soluções que atendam as necessidades dos citadinos, o equacionamento e o ordenamento do crescimento. Acredito que só um esforço conjunto poderá nos mostrar os caminhos para os problemas urbanos. Retomar Foucault como ferramenta, para lembrar que o “olhar clínico posto sobre a cidade” (VIOLEAU, 2004. p. 161) pode também ajudar a entendê-la e diagnosticar a(s) sua(s) 197 doença(s), podendo ainda contribuir com a visão de que ela está sendo esquartejada, degradada e estragada em suas partes, muitas vezes, sob o discurso desenvolvimentista do “progresso”. O contrastante e paradoxal desenvolvimento baseado no consumo reforça as dualidades existentes entre o desenvolvimento e o caos, a construção de prédios e a destruição da natureza e dos ambientes históricos, das relações sociais próximas e duradouras que se contrapõem às relações fugazes e frouxas da atualidade. O urbanista, na condição de estudioso da cidade, pode exercer sua função clínica e reparadora, mas nada pode fazer isoladamente. Seria necessária uma transfusão de valores que respaldassem suas propostas, bem como o apoio e a participação dos agentes e dos atores envolvidos no processo. Apesar de desconhecer a sua força, a população tem o poder de transformar a realidade. A cada ação de manifestação e protesto corresponde a uma reação de adaptação do discurso e das práticas. Isso fica evidente no caso da Freguesia. Os sujeitos em conjunto têm poder para mudar este estado de coisas, controlar a degradação do ambiente e construir uma emergente conscientização ecológica de respeito mútuo, transformando feridas e rupturas em oportunidade de transmutação. A cada nova transformação social, há paralelamente, para os fabricantes de significados, uma exigência de renovação das ideologias e dos universos simbólicos, ao mesmo tempo em que, aos outros, tornam-se possíveis o entendimento do processo e a busca de um sentido. (Milton Santos, 1996, p. 103). Para pensar o futuro da humanidade como uma comunidade de destino, será necessário estabelecer um novo paradigma da habitação, que transcenda os lucros e os valores econômicos, suplante desejos hedonistas e plante sementes de formas mais sustentáveis e saudáveis para habitar as cidades. A sustentabilidade humana está ameaçada pelo próprio homem, que precisa rever padrões de produção e consumo e, observar mais as práticas e os efeitos, ir além dos discursos dos verbos insidiosos para ser arquiteto do próprio futuro, de um futuro mais humano, mais equânime e mais justo. 198 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABREU, Maurício de. A evolução urbana do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: IPLANRIO, 1997. ALMEIDA, Roberto Schmidt. Alternativas da promoção imobiliária em grandes centros urbanos: o exemplo do Rio de Janeiro. In: VALLADARES, Lícia do Prado (Org.). Repensando a habitação no Brasil. Rio de Janeiro: Zahar, 1982. ARAUJO, Carlos Francisco Correia de. Jacarepaguá de antigamente. Belo Horizonte: Carol Borges, 1995. ARRUDA, Maria Arminda do Nascimento. A embalagem do sistema: publicidade no capitalismo brasileiro. Bauru, SP: EDUSC, 2004. AUBERT, Nicole. (Org.). L’individu hypermoderne. Ramonville-Saint-Agne, FR: Éd. Érès, 2004. AUGÉ, Marc. 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Disponível em: <http://www.carmoecalcada.com.br> CHL. Sinônimo de sucesso. Rua Aníbal de Mendonça, 114 | Ipanema - Rio de Janeiro - RJ Cep: 22410-050 Disponível em: <http://www.chl.com.br> CONCAL. Construindo um Rio mais bonito. Rua General Urquiza, 132 | Leblon- Rio de Janeiro - RJ Disponível em: <http://www.concalconstrutora.com.br> CYRELA BRAZIL REALTY. Incorporadora de imóveis residenciais. Av. Pres. Juscelino Kubitschek, 1455, 3º andar | Itaim Bibi - São Paulo, SP Cep 04543-011 PABX: 4502 3000 Disponível em: <http://www.cyrela.com.br> ECOSFERA. Fazendo sua internet melhor. Caixa postal, 4001 | Taubaté, SP CEP 12070-990. Tel: 12/36226710 Caixa Postal 40 Disponível em: <http://www.ecosfera.com.br> EVEN. Uma marca do grupo Even. R. Funchal, 418 - 29º andar | Vila Olímpia - São Paulo, SP Tel.: (11) 3466-3836 Disponível em: <http://www.even.com.br> GAFISA. Uma história de grandes idéias para viver bem. Shopping Downtown Av. das Américas, 500 – Bl. 15, lj. 102 | Barra da Tijuca - Rio de Janeiro, RJ Cep 22640-100 Disponível em: <http://www.gafisa.com.br> 211 GRUPO ZAYD. Incorporadora. Imobiliária. Construtora Rua Victor Civita, 66, Edfício 4, Bl 2 | Barra da Tijuca - Rio de Janeiro, RJ Cep 22775-044 Tel: (21) 35359494 Disponível em: <http://www.zayd.com.br> ICONI. Uma empresa voltada para a realização de grandes empreendimentos na área imobiliária. Empresa do Grupo Queluz. Rua Visconde de Pirajá, 351, salas 1005 / 1008 | Rio de Janeiro, RJ Cep 22410-003 Tel: (21) 3289-8300 / 3289-8320 Disponível em: <http://www.iconi-incorporadora.com.br> MONSERRAT. Construção e incorporação. Av. Ayrton Senna, 3000, Bl 1, Sl, 404 Via Parque Offices | Barra da Tijuca - Rio de Janeiro, RJ Tel: (21) 34169001 Disponível em: <http://www.montserrat.com.br> MOZAK Engenharia. Vencedora do Prêmio Máster Imobiliário 2006 da Ademi. Av. Armando Lombardi, 800. Sl 322 | Barra da Tijuca - Rio de Janeiro, RJ Tel: (21) 30799619 Disponível em: <http://www.mozak.com.br> MR2 CONSTRUTORA. Av. das Américas, 2901, Sl. 415 | Barra da Tijuca - Rio de Janeiro, RJ Tel: (21) 2439 1217 Fax: (21) 2439-9869 Disponível em: <http://www.mr2construtora.com.br> MRV ENGENHARIA. Bom de morar. Bom de investir. Av. Raja Gabáglia, 2.720 - 2o. Andar | Estoril - Belo Horizonte, MG Cep 30350-540 Tel: (31) 3348-7100 Disponível em: <http://www.mrv.com.br ROSSI Av. Major Sylvio de Magalhães Padilha, 5200 - Ed. Miami | Morumbi - São Paulo, SP Cep 05693-000 Disponível em: <http://www.rossiresidencial.com.br> SOMARIO EMPREENDIMENTOS. Pensa grande. Shopping Downtown Av. das Américas, 500 - Bloco 11 - Grupo 205 | Barra da Tijuca - Rio de Janeiro - RJ. Tel: (21) 24948388 Disponível em: <http://www.somario.com.br> 212 GLOSSÁRIO AMBIENTES DE RELAXAMENTO E CONTEMPLAÇÃO Body Therapy com sauna a vapor – Terapia corporal com sauna a vapor Deck molhado – Área que margeia a piscina, com pequena profundidade de água onde são colocadas espreguiçadeiras. Ducha máster – Jato d’água mais importante. Banho de ducha forte. Espaço Zen – O termo Zen refere-se à escola do budismo surgida na China, caracterizada pela busca de um estado extático de iluminação pessoal, obtido por meio de práticas de meditação sobre o vazio (Houaiss). O Espaço Zen está associado a um local que favoreça a meditação. Fontana - Termo italiano que quer dizer fonte ou chafariz. Hidro ou Hidromassagem – Massagem realizada por meio de jatos d’água em uma banheira ou em piscina projetada para este fim. Normalmente está localizada em espaços fechados. Hidro in sauna – É a junção da banheira de jatos no mesmo espaço da sauna, permitindo que se utilize os dois tratamentos simultaneamente. Hidro-openly – Neologismo para hidromassagem, em espaço aberto. (O empreendimento que utilizou este termo integra este equipamento às demais piscinas) Jacuzzi – Usado como sinônimo de banheira de hidromassagem é a marca de um fabricante de banheiras de hidromassagem. Ofurô – Banheira feita de ripas de cedro. O termo ofurô é originário de um ritual japonês, visando à sociabilidade entre amigos e parentes, com espiritualidade e misticismo. No Brasil, foi adaptado para versões individuais e/ou para casais, incrementado por óleos, sais, pétalas, frutas, velas e música suave para relaxamento. Praça Zen – Semelhante ao Espaço Zen. Solarium - Área reservada para banhos de sol ou que recria parcialmente a luz do sol. Solarium com coolers - O mesmo que solarium com sistema de refrigeração. Solarium da Piscina – O mesmo que solarium, próximo da piscina. 213 SPA – Abreviação do estrangeirismo Sano per acqua ou “cura pela água” e tomonímio a Spa, estância hidromineral nas proximidades de Liège (Bélgica) ESPAÇOS PARA JOVENS Cyber Space – Espaço destinado ao cibernético. Sinônimo de acesso à Internet, ou Lan house. Espaço Teen – Espaço destinado aos adolescentes. Fun ball – Termo adotado para caracterizar um espaço para o jogo de bolas. Na tradução literal seria brincadeira com bola. Game station – Na tradução literal seria um local de jogos, ou seja, um espaço específico para jogos de computador. Garage Band – Banda de Garagem, seria a tradução deste termo. Entretanto, nos empreendimentos trata-se do espaço destinado para jovens tocarem instrumentos musicais. Pode ou não receber tratamento acústico específico a fim de reduzir a intensidade do som. Jogos teen – Espaço destinado aos jogos para adolescentes. Lan House – LAN é a abreviatura dos termos Local Area Network, ou seja, rede local. A Lan House é o espaço destinado a computadores conectados e que permitem acesso à Internet, normalmente voltado para jogos em rede. Lounge Adolescente - O termo lounge em sua tradução simples pode significar ociosidade, lugar de descanso, saguão de hotel ou prédio, passar o tempo ociosamente. (Michaelis) Entretanto na atualidade se tornou uma tendência da moda, mas que não define algo específico. É um espaço híbrido. Pode estar relacionado a um pub, a um bar, a um restaurante, a uma sala de estar e que tenham música. Neste caso, ponto de encontro destinado aos adolescentes. Mountain Bike – Normalmente associado a um circuito de bicicleta com diversos obstáculos de relevo acidentado. Pista de skate – O termo skate se traduzido literalmente quer dizer patins, ou patinar. Entretanto, no Brasil skate é uma prancha com 4 rodas sobre a qual se pode locomover-se. A pista de skate pode oferecer ondulações para manobras acrobáticas. 214 Quadra de streetball – Em uma tradução literal seria jogo de bola na rua. Entretanto, esta se localiza no interior de um condomínio residencial. No caso, trata-se de uma área, sem dimensões oficiais para o jogo de futebol. Sound House – Na tradução literal seria casa de som. Entretanto, tem a mesma função do Garage Band, ou seja, local destinado ao uso de instrumentos musicais. Subida jungle – Também denominado de escalada. O termo jungle pode contribuir para um cenário de selva ou mais selvagem. Teen Hall – Pode ser considerado como sinônimo do Lounge adolescente, ou seja, uma sala ou salão destinado ao estar dos jovens. EQUIPAMENTOS PARA ATIVIDADES FÍSICAS E GINÁSTICAS Ecotrekking – Trilha ecológica, destinada a caminhadas em meio à natureza. Fitness center ou Sala de Fitness completa - A expressão fitness significa aptidão física, não relacionando somente à capacidade física, relaciona-se ainda ao aspecto de equilíbrio corporal e espiritual. Apesar disso, nos empreendimentos estudados, Fitness center ou a sala de Fitness diz respeito ao espaço destinado às atividades físicas com equipamentos de ginástica. Gym Club – Clube de ginástica, teria o mesmo emprego do item anterior. Pista de Cooper – Pista de corrida. Baseado no método do Dr. Kenneth H. Cooper. ESPAÇOS PARA RECEPÇÕES COM FOCO NOS ADULTOS Coffee Shop – Ambiente onde cafés, sucos, refrescos e pequenas refeições são servidos. Espaço Barbecue – Área destinada para grelhados ou churrasco. Espaço gourmet – Segundo o dicionário Houaiss gourmet significa “indivíduo que é bom apreciador e entendedor de boas mesas, de bons vinhos e se regala com finos acepipes e bebidas”, por derivação o Espaço gourmet, que pode se aproximar de um restaurante ou de um salão de festas com cozinha americana, permitindo ao dono da casa ou o convidado executar os seus quitutes ao mesmo tempo em que recebe seus convidados nas dependências comuns do prédio ou condomínio. 215 Espaço gourmet com Cave de vinhos – O mesmo que o anterior com o adicional de local destinado ao armazenamento de vinhos. Em alguns empreendimentos, cada apartamento possui uma quota para sua reserva pessoal. Espaço grill – Sinônimo de Espaço Barbecue, ou seja, área destinada a grelhados ou churrasco. Home Cinema – A tradução literal é cinema em casa. Nos empreendimentos é um ambiente com telão e algumas poltronas dispostas como em um cinema. Home Theater – Sala equipada para exibição de audio e vídeo. A disposição dos assentos se assemelha a uma sala de TV. Lounge - O termo lounge em sua tradução simples pode significar ociosidade, lugar de descanso, saguão de hotel ou prédio, passar o tempo ociosamente. (Michaelis) Entretanto na atualidade esse se tornou uma tendência da moda, mas que não define algo específico. É um espaço híbrido, que pode estar relacionado a um pub, a um bar, a um restaurante, a uma sala de estar e que tenham música. Ver outra ocorrência acima: Lounge adolescente. Lounge Dinner – Como parte desse híbrido o Lounge Dinner além de sala de estar também tem característica de sala de jantar na área comum do prédio. Pérgola [sic] gourmet – Espaço aberto, coberto por pérgulas onde o morador também pode cozinhar para convidados. Neste caso, pode ter forno de pizza ou churrasqueira. Pub house com chopeira – Public house, taverna, bar com choperia. Salão de Festas gourmet – Tem características semelhantes ao Espaço gourmet, entretanto o espaço destinado aos convidados pode ser maior. NOMES DE EMPREENDIMENTOS Aquárius – De origem latina, relativo a água, que vive na água. Bella Vista Classic Houses - O nome deste empreendimento utiliza duas línguas. Bella Vista é italiano, quer dizer Vista Bela. Há uma expressão em italiano que diz far bella vista, que significa causar boa impressão. A segunda parte: Classic Houses, quer dizer casas clássicas. Bella Vita – Vocábulos em italiano que significam Bela Vida. Belle Époque Résidence & Charme – Vocábulos em francês. Belle Époque pode ter duplo sentido já que além de sua tradução literal significar “Bela época”, a Belle Époque também 216 corresponde a uma época histórica antes da primeira guerra na qual as invenções promoveram mais facilidades e onde o luxo se fez presente nas artes e na arquitetura. Inicialmente ocorreu na França e países vizinhos da Europa, mas em período áureo posterior de mesmo nome também ocorreu no Rio de Janeiro. A “Résidence & Charme” soma a sedução, o charme à residência. Capri - é uma ilha italiana que fica na baía de Nápoles. Colors – Vocábulo em inglês que significa cores Del Giardino – Vocábulos em italiano que traduzindo significa: Do Jardim. Del Monte Club & Houses – Na California – San Francisco San Diego eram territórios espanhóis, onde muito se utiliza vocábulo em inglês e espanhol. Del Sole – O primeiro vocábulo é espanhol (preposição do) e o segundo é italiano “sol” ou “Luz” traduzindo: Do Sol, ou Da Luz. Ecolife – Neologismo de origem inglesa para designar modo de vida ecológico ou vida ecológica. Exclusive – Vocábulo de origem inglesa cuja tradução pode significar exclusivo, privativo, único. Free - Vocábulo de origem inglesa com muitos significados dentre eles: 1. livrar, libertar, emancipar, soltar, pôr em liberdade. 2 resgatar, desobrigar, isentar, eximir. 3 desembaraçar, desobstruir, franquear, abrir. // adj 1 livre, independente, autônomo. 2 liberto, emancipado. (Michaelis) Este termo pode ser associado não só à liberdade do lugar, mas em consonância com o discurso tem associação com o aluguel do qual se poderia desobrigar e ficar livre. Garden Up - Vocábulo de origem inglesa cuja tradução pode ser Jardim alto ou Jardim elevado. Golden Hills - Vocábulo de origem inglesa cuja tradução possível seria Colinas douradas. Talvez fazendo referência à vista da montanha que se teria dos apartamentos. Grand Maison - Vocábulo de origem francesa cuja tradução seria Grande Casa ou Casa Grande. GrandValley - Vocábulo de origem inglesa cuja tradução pode ser Grandioso Vale, Imponente Vale, Vale nobre. Green Hill – Vocábulo de origem inglesa cuja tradução seria Campo verde. 217 Green Mountain Residence - Vocábulo de origem inglesa cuja tradução pode ser Residência da Montanha Verde. Green Valley Exclusive - Vocábulo de origem inglesa cuja tradução quer dizer Vale Verde Exclusivo, ou Exclusivo Vale Verde. Green Ville – Vocábulo de origem inglesa cuja tradução quer dizer Vila Verde. Kauai – Ilha do Havaí L’Espace – Vocábulo de origem francesa cuja tradução literal é O Espaço. Lótus – Flor, também considerada com flor sagrada na índia. Lumière - Vocábulo de origem francesa cuja tradução literal é Luz. Massimo Confort Residence – Massimo termo italiano que quer dizer máximo, ou o maior de todos. Confort termo em francês, cuja tradução pode significar conforto, bem estar, aconchego e o vocábulo Residence existe tanto na língua inglesa quanto na francesa, porém na francesa teria um acento, em ambas tem a mesma significação residência, morada, domicílio. Portanto, a tradução do nome do empreendimento seria Residência de máximo bem estar, ou de conforto máximo. Monte Carlo Residence Park – Como em outros empreendimentos este mescla o uso de vocábulos hispânicos e ingleses, cuja tradução seria Monte Carlo Parque Residência. Natan – Nome masculino que pode significar presente de Deus. Vocábulo que também dá nome à famosa joalheria “Natan”. Privilege – Vocábulo de origem francesa que representa Privilégio. Rimini Spazio – Rimini é uma província italiana, Spazio significa espaço em italiano. Rhodes – Ilha Grega Santorini - Ilha Grega Shanti – Vocábulo de origem hindu que significa paz interior, tranqüilidade. Singulare – Neologismo provavelmente baseado no italiano (singolare) que quer dizer singular, particular, único. Spazio Reale – Vocábulos italianos cuja tradução literal é espaço real. Entretanto o termo real pode designar proveniente da realeza; relativo à realidade, ou seja, que existe verdadeiramente. 218 Victoria Top Park Residencial – Termos em inglês cujos significados podem ser interpretados de forma simbólica, já que Victoria pode ter o sentido de vitória, de sair vencedor, de êxito alcançado. Top também pressupõe outros significados: topo, ponto mais alto, o melhor de uma escala. Os outros dois vocábulos apresentam tradução mais direta: parque e residencial. Ao traduzir pode-se atribuir ao conjunto de termos Vitória Residencial com parque no topo, sobretudo, ao saber que a área de lazer encontra-se na cobertura do empreendimento. Villagio – Termo italiano cuja grafia correta seria villaggio. Significa vila, aldeia, pequeno centro habitado. Vitá - Neologismo provavelmente baseado no italiano (vita) que quer dizer vida, mas que pode ter intenção de relacionar com vitalidade, “l’attività vitale”. Vivance Residence – Vivance neologismo que pode ter raiz francesa relativa aos termos “vivace” (resistente, robusto, atividade vivaz) ou “vivante” (que vive, que é animado). Ao procurar o vocábulo na Internet foi encontrado o nome de um remédio “vivanse” cuja destinação tratar “ADHD” Attention déficit hyperactivity disorder, ou seja, o transtorno de hiperatividade por déficit de atenção. Residence é um termo que existe tanto no francês quanto no inglês, ambos com significado de residência. RECREAÇÃO INFANTIL Baby Care – Espaço fechado destinado às crianças pequenas, com equipamentos adaptados. Baby garden – Na tradução literal seria jardim para bebês. Entretanto, este é um espaço semelhante ao playground, com brinquedos adaptados às crianças pequenas, que pode ter grama sintética, ou pisos emborrachados. Baby Park – Variação do termo Baby Garden e do playground, ou parquinho para bebês. Espaço kids – Este é um espaço destinado às crianças. Nos empreendimentos, freqüentemente este espaço é fechado, e localiza-se nas áreas comuns do prédio. Kid’s room – Variação do termo Espaço kids, sala fechada destinada à crianças. Play baby - Variação do termo Baby Garden, Baby Park e do playground, o mesmo que parquinho para bebês. 219 Playground - É um termo que designa uma área aberta, “out door play”, para jogos e brincadeiras para crianças. Comumente chamado de parquinho. Play-Land – A tradução seria terra da brincadeira. Segundo o incorporador: espaço para recreação infantil. Play Zôo – Parquinho com brinquedos com formato de animais. SERVIÇOS Box para pertences – Armários para guarda de pertences dos funcionários domésticos. Car service – Espaço destinado à realização de serviços de manutenção de carros de moradores (em geral é um serviço pago, não incluso no condomínio). Car wash – Espaço destinado à lavagem de carros (em geral é um serviço pago, não incluso no condomínio). Home Office – Escritório principal de uma empresa ou departamento do governo britânico. Nos empreendimentos é o espaço destinado ao desempenho de atividades relacionadas ao trabalho dos moradores. Internet – Serviço de acesso à rede de computadores interconectados em todo o mundo. Intranet – Serviço de acesso à rede local de computadores, restrita ao ambiente do condomínio. Pay-per-use – Tipo de serviço que é pago em função do uso do mesmo, ou seja, não está incluso nas taxas de condomínio como um serviço que se pode usar livremente. Ex: Car wash, car service, faxineira, etc. OUTROS Smart space – Termo em inglês que significa “Cômodo inteligente”92, localizado no interior do apartamento que pode se “transformar no que quiser, como home theater, home Office, etc.”. Premium – “Premium é o que possui qualidade superior. É tudo aquilo que é diferenciado, especial, único”. (Definição dada empreendimento Premium Tijuca) 92 Significado retirado do próprio prospecto do empreendimento L’espace. 220 APÊNDICE A 221 APÊNDICE A Matriz com os empreendimentos da Freguesia: levantamento de slogan principal, ilustrações, serviços e lazer dos prospectos coletados Legenda ª ¨ ë Cp Cmg ND 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 Loteamento: Terrenos sem casas Condomínio de casas Prédio isolado Condomínio com 2 ou mais prédios Construtora pequena93 Construtora ou incorporadora média ou grande94 Não definido no folder GRUPOS DE DISCURSOS O discurso verde, da natureza, ecológico, da sustentabilidade e da eco-responsabilidade O discurso do espaço, da área comum do empreendimento, do lazer, dos serviços, da diversão O discurso da localização: nobilitante em relação ao bairro, proximidade da praia O discurso da Freguesia O discurso da qualidade de vida, conforto, tranqüilidade, vida melhor, da paz, da harmonia O discurso sobre a Planta do empreendimento (apartamentos e casas) O discurso da aproximação, da curiosidade, da expectativa, do convite para eventos de lançamentos O discurso da casa própria como sonho O discurso do baixo preço e do tempo para pagar O discurso das promoções, dos descontos e economia O discurso da segurança do empreendimento O discurso da confiança na marca da construtora e do prazo de entrega O discurso da emoção, da satisfação de desejos O discurso da família, dos filhos O discurso da exclusividade, da privacidade O discurso da raridade, da distinção social, da singularidade, da novidade, do luxo O discurso das vantagens, facilidade e dos brindes O discurso da customização, imóvel personalizado O discurso da urgência e da antecipação O discurso personalizado, marketing one-to-one, feito para você O discurso da felicidade 93 Para este estudo está se considerando construtora ou incorporadora pequena aquela que só comercializa e constrói um empreendimento por vez, que atua em poucos bairros, ou ainda, que possui menos que 10 empreendimentos em seu histórico. As informações que embasaram a inclusão das construtoras nesta categoria são oriundas dos próprios sites das construtoras e incorporadoras. 94 Para este estudo está se considerando construtora ou incorporadora média ou grande aquela que comercializa e constrói mais de 2 empreendimentos por vez, chegando a mais de 10 obras simultâneas, que atua em várias regiões da cidade do Rio de Janeiro, ou em outras cidades do estado ou do país, ou ainda, que esteja há mais de 15 anos no mercado. As informações que embasaram a inclusão das construtoras nesta categoria são oriundas dos próprios sites das construtoras e incorporadoras. 221 222 Para uma análise global dos discursos utilizados pelos empreendimentos, os tipos de discursos encontrados com mais freqüência foram agrupados nos 21 grupos acima. Entretanto, outros tipos de discursos foram encontrados, porém não foram classificados, pois surgiram em apenas um ou dois empreendimentos. São exemplos: o discurso religioso que faz alusão ao Céu, aos anjos e ainda, no nome Natan, que significa “enviado de Deus” e o discurso da liberdade, como no empreendimento Free, cujo próprio nome já faz alusão à liberdade. Entretanto, seu slogan apresenta a seguinte contradição: “Você nunca se sentiu tão livre entre quatro paredes”, levando a crer que estivesse se referindo a liberdade de não mais pagar aluguel. Aliás, este é outro discurso, o de se livrar do aluguel, que aparece apenas em dois empreendimentos da Freguesia. Um outro discurso começa a emergir que é o dos diferenciais, ou seja, o que o empreendimento apresenta de diferente, que o distingue dos demais. Há casos que os itens ecológicos e de sustentabilidade são considerados como diferenciais. Outro caso é a varanda gourmet. Para o enquadramento dos dizeres e das imagens nos respectivos tipos de discursos busquei a forma direta, a partir de palavras que tivessem o mesmo significado, evitando interpretações. O discurso direto está presente nos textos, de forma explícita nos prospectos, no nome do empreendimento. Entretanto, há casos em que o discurso é exposto de forma indireta, sem o uso de palavras, principalmente no caso das imagens, que fazem alusão, apenas lançando uma idéia no imaginário do sujeito, a exemplo das ilustrações, logomarcas do empreendimento, ou nos tipos de serviços e lazer presentes nos folders. E, ainda os estrangeirismos, principalmente nos nomes dos empreendimentos, foram considerados como forma de elitização e distinção social. Com o objetivo de facilitar a identificação dos tipos de discursos, foram usados números para enquadramento dos tipos de discursos, que correspondem à legenda acima. Nos casos em que o empreendimento apresentou mais de um prospecto, folder ou convite, os números da legendas foram antecedido pelo número do folder. Exemplo o primeiro folder de um empreendimento faz referência ao discurso ecológico então o número de enquadramento será: (1.1), o segundo folder do empreendimento faz referência ao discurso da exclusividade então o número de enquadramento será: (2.15) e assim sucessivamente. Quando só houver um prospecto do empreendimento o número da legenda virá isolado. 222 1. 1 2. 1 3 4 ¨ Cp Chácara da Freguesia Jacarepaguá (2005) discurso Slogan principal do folder Tipo de discurso Nome dos empreendimentos classificados por data da 1ª. coleta ë Cp Del Giardino Residencial (fev/05) Tipo de discurso Tipo de Número 223 Tipos de Ilustrações presentes nos prospectos e enunciados secundários e modificações posteriores do discurso Lazer e serviços da área comum com estrangeirismos ou inovações95 1.3 1.5 1.11 2.15 3.5 3.16 4.6 1º. O lugar para construir uma vida com muita classe e segurança. 2º. Exclusividade é tudo 3º. Por trás deste portal um estilo de vida para poucos privilegiados. 4º. Os bons apartamentos voltaram. 1.1 1.2 1.6 2.1 2.2 2.3 2.12 2.15 2.17 3.1 3.2 3.6 4.1 4.2 4.3 4.15 1º. Logomarca com flores. Um buquê de flores. Dentro a fachada dos prédios em destaque, pequenas fotos da piscina e do fitness center. Atrás as plantas dos aptos. De 2 e 3 quartos, e o pórtico de entrada. 2º. Logomarca com flores, fundo verde claro. E pórtico de entrada. Dentro fotos grandes do fitness center e piscina, e do mesmo tamanho a da fachada. Destaque para o número de apartamentos “70”, para data de entrega “setembro 2007” e para “os armários de cozinha” Atrás plantas dos aptos e mapa em verde 3º. Logomarca com flores, fundo verde claro. E pórtico de entrada. Dentro fotos grandes do fitness center e piscina, e do mesmo tamanho a da fachada. Atrás plantas dos aptos e mapa em verde. 4º. Logomarca com flores. Ilustração com a fachada dos prédios. Dentro ilustração do pórtico de entrada, piscina e fitness, ao lado plantas em maior tamanho que os anteriormente apresentados. Novidade é um “carimbo” dizendo “exclusividade é tudo 35 aptos p/ prédio. Atrás mapa com ruas principais.96 Lazer completo para poucos Piscina, 2 saunas (seca e vapor) , com repouso e fitness center, câmeras de segurança, Playground, 2 salões de festas, coberturas com piscinas. 1 4 15 20 Com tantos jardins por aí, resolvemos lhe oferecer um bosque. Chácara da Freguesia. Seu pedaço de verde num verdadeiro bosque. 1 2 3 6 14 Foto de fundo de copas de árvores, olhando de baixo para cima. E no centro foto de uma família muito sorridente, um casal com um filhinho nas costas do pai. A logomarca do empreendimento é uma flor amarela com fundo verde. Dentro, perspectiva dos prédios, com a logomarca ao fundo, e planta baixa do apartamento de 3 quartos. Ao lado perspectiva da área de lazer, piscina e brinquedos, gramado, foto de uma família brincando na piscina, espaço gourmet, sala de ginástica e uma família brincando em balanços. Atrás, mapa esquemático em amarelo com nome das ruas, Largo da Freguesia e logomarca do empreendimento. O seu bosque com um completo lazer de 2.500m2. Área de lazer cercada de verde. Espaço gourmet, SPA, hidromassagem, ofurô, sala de descanso, sauna, sala de musculação, salão de festas, piscina, sala de ginástica, Playground. 95 Os itens aqui listados não correspondem a totalidade dos itens de lazer e serviços propostos pelo empreendimento. Foram citados apenas àqueles que se apresentam como novidade ou com palavras estrangeiras. As línguas mais usadas são o inglês e o francês, entretanto também se pode encontrar termos em espanhol e em italiano, sobretudo no nome dos empreendimentos. 96 É curioso observar a evolução do discurso, com as imagens e a relação com a evolução do mercado imobiliário local. O fato de dizer “poucos privilegiados” contrapõe-se ao empreendimento Aquários que possui 348 unidades. Na outra etapa quando fala em bons apartamentos, também está se colocando como alternativa em relação aos novos empreendimentos que reduziram a área média dos apartamentos do bairro. 223 3. 1 1.1 1.5 1.6 1.11 2.1 2.15 4. ----- ë Cp ND (Soma rio) (2005) (No folder não fala o nome. Parece ser o Dom Bosco) 2 5 6 14 5. 16 ¨ Cmg Residencial Rhodes (2005/06) 1.2 1.5 1.6 1.9 1.20 2.3 2.4 2.13 2.14 1º. Viva de verdade na maior área verde de Jacarepaguá. 3 quartos (suíte), salão e varanda com muito conforto, espaço e segurança. 2º. More na Natureza. Clube privativo e bosque com mais de 10.000m2 com centenas de árvores frutíferas, flores e jardins. 2 e 3 quartos, suíte, varandão, deps, 1 ou 2 vagas, deps, 1 ou 2 vagas. Condomínio com 4.200 m2 de área de lazer completo. Espaço para brincar como seus filhos pediram aos céus. Se você procura lazer e conforto seu lugar é aqui. 3 quartos a partir de R$ 119.800 sem comprovação de renda. O residencial Rhodes é um verdadeiro clube, onde viver é como estar de férias todos os dias. Com uma fantástica área de lazer e serviços completos, você terá aqui dentro tudo o que precisa. E aquilo que nem sabia que precisava. 2º Em uma filitepa juntamente com os Residenciais Santorini, Capri e Cozumel: havia as discurso Slogan principal do folder Tipos de Ilustrações presentes nos prospectos e enunciados secundários e modificações posteriores do discurso Lazer e serviços da área comum com estrangeirismos ou inovações95 1.1 1.11 1.14 2.1 2.2 2.3 2.5 2.14 Prospectos na cor verde. 1º. Foto de um menino jogando bola, ao lado foto de campo de futebol cercado de árvores. 2º. Folder foto de uma praça com mangueiras e brinquedos, com o prédio ao fundo. Dentro: foto aérea do empreendimento já pronto. Foto da piscina, pai com menina de patinete, uma menininha regando as plantas. Atrás, foto do quarto de casal e da cozinha. Mapa em verde com ruas e Linha Amarela. 2 Piscinas (adulto e infantil), quadras de vôlei, Mini Campo de futebol, Anfiteatro, churrasqueiras, Pista de Cooper, Pavilhão coberto com salão de festas, salão de jogos, saunas seca e a vapor, 2 duchas, sala de repouso. 3 6 9 14 Prospecto pequeno em amarelo, na frente com foto de um menino andando de bicicleta e abaixo foto do empreendimento. Atrás, foto da sala do apartamento decorado planta dos 2 tipos de apartamentos. O destaque é para o nome da rua e a forma de pagamento. Piscina, sauna, fitness center, salão de festas, playground, Chafariz, churrasqueiras, segurança para sua família. 2 3 11 Perspectiva do prédio à noite, logomarca do empreendimento uma fortaleza entre a montanha e o mar, indicativo da ilha grega. Na parte de trás, perspectiva da piscina, do espaço kids, sala de repouso, fitness center, espaço gourmet, ofurô, vestíbulo de empregados. Um pequeno mapa em rosa e outro ainda menor mostrando a praia. Piscina com raia, Churrasqueira, ofurô, sauna seca e a vapor, sala de repouso, fitness center, salão de festas, espaço gourmet, espaço kids, vestíbulo de empregados, Internet e intranet, Guarita com segurança 24 h, circuito interno de TV. Tipo de discurso Nome dos empreendimentos classificados por data da 1ª. coleta ë Cp Bosque da Mirataia (2005) Tipo de discurso Tipo de Número 224 224 discurso Slogan principal do folder Tipos de Ilustrações presentes nos prospectos e enunciados secundários e modificações posteriores do discurso Lazer e serviços da área comum com estrangeirismos ou inovações95 1 2 3 6 14 Fundo azul com letras e prédio verdes, perspectiva do prédio e logomarca do empreendimento representando a ilha de Santorini na Grécia. Dentro imagem da piscina, foto de uma família um casal e três filhos jogando descontraidamente na sala, foto do apartamento decorado, 2 mapas em verde um local maior e outro menor e com menos detalhes mostrando a Praia com distância reduzidíssima. Piscina adulto e infantil, churrasqueira e quiosque, bar, sauna e sala de repouso, salão de festas, fitness center, Guarita com segurança 24 h, circuito interno de TV, Internet e intranet. 1 2 3 5 14 Fundo imitando um laminado de madeira, com a logomarca do prédio, uma oval com o nome Capri no centro uma montanha acima e um lago abaixo. Dentro prospecto dobrado em 3 partes, ilustração da piscina, perspectiva do prédio, foto de um pai com uma menina na piscina, do vestiário de empregados, fitness center, Espaço gourmet, spa, foto de uma família casal e casal de filhos, ilustração do muro de escalada, espaço kids, salão de festas e hall de entrada. Atrás fotos com logomarcas de supermercados bancos, McDonalds, Habib’s, colégio e shopping. Mapa em azul com esquema das montanhas da Floresta da Tijuca em verde. Churrasqueira, Piscina adulto e infantil com raia e cascata, muro de escalada, SPA, sauna seca e a vapor, sala de repouso, hidromassagem, fitness center, salão de festas, espaço gourmet, vestiário de empregados, Guarita com segurança 24 h, circuito interno de TV. Tipo de discurso Nome dos empreendimentos classificados por data da 1ª. coleta Tipo de discurso Tipo de Número 225 seguintes incrições “no coração da Freguesia97, é como morar em um verdadeiro clube. Estrutura para toda família” 6. 16 ¨ Cmg Residencial Santorini (2005/06) 1.4 1.6 1.9 2.5 7. 16 ¨ Cmg Residencial Capri (2005/06) 1.1 1.2 1.5 1.6 1.9 1.20 2.1 2.3 2.4 2.5 2.14 2.16 A partir de R$ 98.800 2 quartos (1 suíte) e o 3º. Reversível! Ninguém vai acreditar! Na Freguesia – Jacarepaguá. 2º. Em uma outra filipeta juntamente com os Residenciais Rhodes, Capri e Cozumel: as inscrições:” Um lugar que é sinônimo de qualidade de vida. Instalações pensadas para o seu bem estar”. 3 quartos a partir de R$ 129.800 sem comprovação de renda. Lazer, tranqüilidade, verde e o que você mais gosta de ouvir à noite: o silêncio. 2º. Em filipeta juntamente com os Residenciais Rhodes, Santorini e Cozumel: “O melhor projeto da Freguesia. Você e sua família viverão em equilíbrio com a 97 O uso da palavra “coração” pode dar margem a interpretações: tanto de centro, parte mais central do bairro, como por questões afetivas, mais querida, mais desejada da Freguesia. 225 8. 16 ¨Cp Ville d’Or 9. 1 16 ª Cmg Jardins de Londres (jan/06) 2.20 natureza e a vida urbana”.98 6 12 15 16 2 3 4 6 8 9 11 14 15 16 2 apartamentos por andar, pronto para morar, apartamentos de luxo, só 12 unidades. Na Freguesia, casas com charme europeu e clima brasileiro. (Localização nobre) “Casas de 3 quartos, com 2 ou 3 andares, jardim privativo e opções de plantas. Tudo isso na melhor localização da Freguesia”. “Condomínio fechado, com segurança e área de lazer para toda família” “Preços a partir de R$ 199 mil* (Preço à vista da casa 104 – Windsor). Mensais de R$ 1204 ** (Mensais durante a obra) “Localização nobre” Estrada do Pau Ferro, 710 – Freguesia - JPA. 3 1 2 3 6 9 12 16 discurso Slogan principal do folder Tipo de discurso Nome dos empreendimentos classificados por data da 1ª. coleta Tipo de discurso Tipo de Número 226 Tipos de Ilustrações presentes nos prospectos e enunciados secundários e modificações posteriores do discurso Prospecto (único) em azul, impresso só na frente com perspectiva do prédio, planta baixa muito pequena e mapa esquemático, pequeno em azul, com omissão de ruas, mostrando Linha amarela, Largo da Freguesia e Barra. Folder frente e verso tamanho ofício. Com fundo imitando papel vergê bege com moldura com desenhos clássico e tinta sépia. No centro foto das casas geminadas na cor ocre e piso gramado com lajotas para estacionar o carro. E acima os dizeres “Na Freguesia, casas com charme europeu e clima brasileiro”. Abaixo logomarca do empreendimento. Um brasão com uma tulipa estilizada e o nome Jardins de LONDRES. Atrás a mesma textura e moldura com foto da piscina, dizeres “Casas de 3 quartos, com 2 ou 3 andares, jardim privativo e opções de plantas. Tudo isso na melhor localização da Freguesia”. “Condomínio fechado, com segurança e área de lazer para toda família” a lista com 9 itens de lazer. Abaixo mapa do empreendimento imitando o mapa de metrô de Londres, com o mesmo símbolo das estações de metrô usadas para a “estação” Freguesia e para a “estação” Pechincha. As ruas foram marcadas com linhas coloridas e nomeadas com legenda, a exemplo do mapa de metrô. Ao lado os dizeres “Preços a partir de R$ 199 mil* (Preço à vista da casa 104 – Windsor). Mensais de R$ 1204 ** (Mensais durante a obra) “Localização nobre” Estrada do Pau Ferro, 710 – Freguesia - JPA. E abaixo a logomarca do empreendimento, a imobiliária e a construtora. Lazer e serviços da área comum com estrangeirismos ou inovações95 ND Piscina adulto e infantil, Salão de festas, Sauna a vapor, Sala de ginástica, Sala de jogos, Churrasqueira, Forno de pizza, Playground, Baby garden 98 “Você e sua família viverão em equilíbrio com a natureza e a vida urbana.” Quando esta afirmação é feita, permite diversas interpretações, dependendo de quem lê, e dos valores que lhe são atribuídos. Aliás, uma das regras do composto comunicacional é permitir várias interpretações para que atinja um maior número de pessoas. Outro aspecto a ser ressaltado é que a construtora Zayd tinha o LOUNGE ZAYD, espécie de estande de vendas com mais pompa. È um Show room no qual diversos imóveis da região eram comercializados. “Se assim já muito bom, venha se surpreender ainda mais no nosso show room. É o Lounge Zayd, onde você pode conhecer cada oportunidade com mais detalhes e ainda garantir o seu apartamento. Esperamos por você. 226 10. 99 16 1.4 1.8 1.9 2.6 2.7 2.15 2.20 3.2 3.3 3.4 3.5 3.15 3.20 1º. Pré-lançamento do Residencial Kauai. Esta é a oportunidade de garantir seu apartamento no m2 mais barato da Freguesia. Aproveite. A partir de R$ 119 mil 2º. Encontrar o menor preço por m2 da Freguesia merece uma comemoração. Que tal um churrasco na varanda? Único com churrasqueira na varanda. 3º. Bem vindo ao paraíso. Viva numa ilha de tranqüilidade, conforto e muito lazer. (Internet – Viva na maior ilha de tranqüilidade do Rio de Janeiro. Freguesia: A parte mais nobre de Jacarepaguá. Um bairro arborizado, seguro, tranqüilo e de fácil acesso a todos os pontos da cidade.) 1.1 1.3 1.6 1.9 2.1 2.2 2.3 2.4 2.5 2.6 2.7 2.15 2.16 3.2 discurso Slogan principal do folder Tipo de discurso Nome dos empreendimentos classificados por data da 1ª. coleta ë Cmg Kauai Residencial (fev/06) Tipo de discurso Tipo de Número 227 Tipos de Ilustrações presentes nos prospectos e enunciados secundários e modificações posteriores do discurso Lazer e serviços da área comum com estrangeirismos ou inovações95 1º.Folheto frente-verso. Fundo em textura imitando tecido, com perspectiva do prédio com céu azul emoudurados por bambu, no alto ao lado, o nome do prédio em montagem com fundo de cortiça, moldura de bambu amarrado com juta e decorado com galho de palmeira e flores tropicas (sugestivas do Havaí) e abaixo os dizeres “bem-vindo ao paraíso”. Do outro lado outra plaqueta com o valor “a partir de R$ 119 mil”. No verso discrição dos tipos de apartamentos 2, 3 Q e 3 e 4 Q cobertura, fotos emolduradas com bambu, da piscina com hidro, home cinema, salão de festas e da varanda com churrasqueira. Também faz comparação com “outros lançamentos na Freguesia (Ao que tudo indica ao Aquárius também) 2º. Folheto com duas dobras mantém a textura e molduras igual ao anterior, muda a foto da frente para a varanda evidenciando a churrasqueira. Ao abrir, os dizeres “viva numa ilha de tranqüilidade, conforto e muito lazer” abaixo a descrição da localização relacionando à Linha Amarela, praia, serviços e ao verde, além de “está num dos pontos mais desejados da Freguesia” lista os serviços e lazer99. 3 Fotos ampliadas da piscina, do deck molhado e da piscina infantil. A outra abertura mostra a perspectiva do prédio e “muita diversão para o paraíso ser ainda mais perfeito”, o home cinema, o fitness center, o vestiário de empregados e o Box (ferramentas, bolas etc, não é diversão!!!) entre eles os dizeres “ muita praticidade e privacidade para sua vida. Fala do preço e das coberturas “morar num paraíso já é ótimo. Agora IMAGINE morar na PARTE MAIS ALTA DELE” (o grifo é meu). Atrás o mapa em verde. E a logomarca da incorporadora e 3 imobiliárias. 3º. Similar ao segundo muda apenas a frente retornando a perspectiva da fachada ampliada com o céu azul. Muda ainda a quantidade e a variedade de fotos dos itens de serviço e lazer, acrescidos a brinquedoteca o salão de festas e o spa. (provavelmente para fazer frente às opções do Aquárius) Brinquedoteca, espaço kids para menino e para menina, churrasqueira com forno de pizza, Espaço gourmet, home cinema, Espaço Zen, Espaço repouso (qual seria a diferença em relação ao Zen? Após a sauna?) Spa, hidromassagem Piscinas adulto, infantil, com raia e com hidro, deck molhado, fitness center, vestiário de empregados, Box para pertences, segurança total. Na segunda geração de folders há um enfoque maior nas áreas de lazer, certamente influenciado pela presença do Residencial Aquários. 227 11. 16 1.2 1.5 1.6 1.13 2.4 2.7 2.9 2.16 Mala direta “O 3 quartos na Freguesia do tamanho do seu sonho. Viver no Grand Maison é sinônimo de uma vida mais feliz e saudável. Aqui, tudo foi projetado para que você tenha apenas momentos de diversão e total tranqüilidade”. 2º. No folder os dizeres: “Não perca a maior oportunidade da Freguesia”. “ 3 quartos a partir de R$ 129.500,00” 1.1 1.2 1.3 1.5 1.6 1.9 1.11 1.13 1.14 1.16 1.20 2.1 2.2 2.3 2.21 discurso Slogan principal do folder Tipo de discurso Nome dos empreendimentos classificados por data da 1ª. coleta ¨ Cmg Grand Maison Residencial (fev/06) Tipo de discurso Tipo de Número 228 Tipos de Ilustrações presentes nos prospectos e enunciados secundários e modificações posteriores do discurso Mala direta: Folder com três dobras, a semelhança de envelope vertical. Logomarca sugestiva de um M indicativo de brasão. Primeira abertura aparece a perspectiva do edifício ao alto. A cor predominante passa a ser o verde. Abaixo, os dizeres “A apenas 10 minutos da praia e 2 minutos da Linha Amarela, o Grand Maison é o condomínio feito para quem quer viver com conforto. Com apartamentos espaçosos e modernos, ele foi projetado para que sua família se sinta em um verdadeiro porto seguro”. A partir de R$129.500,00. Sistema de obra por administração, totalmente sem juros. Em apenas 36 meses o seu apartamento já estará quitado. Segunda abertura para a direita, surge ao centro a planta com a descrição “3 quartos (1 suíte) com 1 ou 2 vagas na garagem. Cobertura duplex de 3 quartos (1 suíte) e 2 vagas na garagem”, ao lado fotos do Home cinema e do spa (piscina fechada e sauna) ao abrir o lado esquerdo, as ilustrações do salão de festas e o Espaço kids. No Centro com fundo verde. E os dizeres “Uma estrutura de lazer e conforto totalmente voltada para o bem-estar”. “Viver no Grand Maison é sinônimo de uma vida mais feliz e saudável. Aqui, tudo foi projetado para que você tenha apenas momentos de diversão e total tranqüilidade. Salão de Festas gourmet, Espaço kids, Salão de Jogos, Spa, Sauna a vapor, home cinema, segurança 24 h”. No Folder Fundo verde, perspectiva do edifício no centro alguns dizeres. No verso fundo amarelo com letras e detalhes em verde, fotos dos ambientes apresentados no prospecto da mala direta, acrescido de ilustração da cobertura com piscina e churrasqueira. Mapa em verde com localização e indicação da Praia. Lazer e serviços da área comum com estrangeirismos ou inovações95 Salão de Festas gourmet, Espaço Kids, salão de jogos, Spa, Sauna a vapor, Home Cinema, Segurança 24 horas. 228 12. 1.16 2.152. 16 (mar/06) 2º. Exclusive (2007) 1.4 1.5 1.7 1.16 1.20 2.2 2.5 2.20 3.7 3.8 3.9 3.16 3.20 1º. “Depois de conhecer este condomínio sua vida nunca mais será a mesma”. “As melhores cores da Freguesia”. “Aqui os solteiros, jovens casais e grandes famílias têm muito lazer e conforto”.2º. “Garanta seu lugar no 1º. Condomínio com vida independente de Jacarepaguá”. 3º. Descubra a vantagem de comprar o melhor pelo menor preço por m2 (quadro comparativo [Aquárius] de preços atrás da página). 4º. (Exclusive) “Agora você vai comprar o seu primeiro imóvel”. 1.1 1.2 1.3 1.5 1.9 1.21 2.1 2.2 2.3 2.21 3.3 3.5 3.6 3.9 3.16 4.2 4.3 4.5 4.7 4.8 4.9 4.13 4.15 4.20 4.21 discurso Slogan principal do folder Tipo de discurso Nome dos empreendimentos classificados por data da 1ª. coleta ë Cmg 1º. Colors residencial100 Tipo de discurso Tipo de Número 229 Tipos de Ilustrações presentes nos prospectos e enunciados secundários e modificações posteriores do discurso Lazer e serviços da área comum com estrangeirismos ou inovações95 1º. Folder dobrado: frente 4 quadrantes, um de cada cor(Pessoas sozinhas em cada quadrado...verde-moça na praia; azul – rapaz no céu; amarelado, moço moreno de braços abertos, vermelho moça ouvindo som deitada no tapete), dentro a esquerda fotomontagem parte do prédio com vista da piscina, letras coloridas, preços dos estúdios e do apartamento de 2 quartos. A direita seis fotos (home cinema, home Office, espaço kids, spa, sala de ginástica e Espaço gourmet) e lista dos outros serviços e lazer, atrás o mapa com ruas do bairro em verde e nomes de supermercados. Nomes da construtora, incorporadora e 4 imobiliárias. 2º. Prospecto frente verso, com vermelho predominante ainda os 4 quadrados com as pessoas em verde, azul, amarelo e vermelho, e fotomontagem ampliada do prédio com vista da piscina. Aparece a logomarca do arquiteto e site do empreendimento. Atrás tabela comparativa entre os preços deste e de “outro” (Res. Aquários, lançado após o lançamento deste e foi sucesso de vendas) Fotos pequenas dos ambientes de lazer e serviços, e mapa pequeno. 3º. Folder dobrado em verde com foto de um jovem casal de mãos dadas em primeiro plano e ao fundo fotomontagem do prédio. Ressalto da logomarca do empreendimento no canto superior esquerdo, frase com palavras em 11 cores diferentes, escrita de forma ascendente da esquerda para a direita “Garanta seu lugar no primeiro condomínio com vida independente de Jacarepaguá. Com folder aberto muitas informações ... meio confuso, letras quadros de cores variadas, fotos dos serviços e lazer em duas faixas horizontais (spa, lazer-piscina, piscina, espaço gourmet, sala de ginástica, espaço kids, home cinema, home Office), uma em cima outra em baixo e no meio as informações meio embaralhadas. Preço, financiamento, 5 tipos de apartamentos, tranqüilidade, independência, férias, trabalho com muito prazer... Atrás, fundo verde com letras amarelas “compare e compre!” e branca “Jacarepaguá nunca viu nada igual” mapa igual ao folder anterior. ***A construtora assumiu a incorporação e mudaram todas as imobiliárias, de 4 passaram para duas. 4º. Folheto frente-verso. Mudança de nome “Exclusive” e do discurso agora “o seu primeiro imóvel” ainda com quadrados coloridos acrescidos das palavras: alegria, tranqüilidade, conforto e liberdade. Foto do empreendimento com vista mais ampliada. Mensalidades de R$299,00, redução das fotos (4 = piscina, spa, sala de ginástica, Espaço kids) Descrição dos 5 tipos de aptos com respectivas áreas. “um condomínio que com certeza tem um apartamento perfeito para você” Mapa 3 piscinas, spa, sala de ginástica, espaço gourmet, espaço kids, playground, bar da piscina, saunas seca e a vapor, espaço recreação, espaço zen, home cinema, salão de festas, Home Office, sala do internauta, guarita de segurança 24 h, circuito interno de TV 100 Em meados de 2007 este empreendimento foi relançado, com o nome de Exclusive. 229 13. 1 16 1.2 1.4 1.5 1.6 1.9 1.11 1.14 2.5 2.9 2.12 3.4 3.6 3.12 3.16 2 e 3 quartos na Freguesia, Prestações R$ 860,00. O Green Hill é o lugar para viver intensamente. Um condomínio belo, seguro, moderno, com uma área de lazer completa para a sua família aproveitar a vida. Viver na Freguesia é ter tudo que sua família precisa para aproveitar a vida. Uma vida repleta de diversão e sossego para sua família. 2º. Conheça o jeito mais fácil e rápido de mudar de vida. Prestações a partir de R$ 454,00. Entrega em setembro de 2007. O 3º. folder “O melhor 2 e 3 quartos da Freguesia. É só comprar”. “Obra em ritmo acelerado. Entrega em setembro de 2007” 1.1 1.2 1.3 2.1 3.1 3.2 3.5 3.9 3.6 3.7 3.15 3.16 3.20 discurso Slogan principal do folder Tipo de discurso Nome dos empreendimentos classificados por data da 1ª. coleta ¨ Cmg Green Hill Residencial (mar/06) Tipo de discurso Tipo de Número 230 Tipos de Ilustrações presentes nos prospectos e enunciados secundários e modificações posteriores do discurso Lazer e serviços da área comum com estrangeirismos ou inovações95 Prospecto branco com detalhes em verde e azul. Perspectiva do prédio. Atrás, ilustração da piscina, salão de jogos, spa, espaço gourmet com salão de festas, espaço kids, fitness center, home Office e mapa em verde com logomarcas de postos de gasolina, supermercados e praia da Barra. No 2º. prospecto algumas informações ganham um fundo de flores verdes estilizadas. O 3º. Ganha mais área em verde, papel de melhor qualidade e folder dobrado com a Planta baixa que antes não aparecia nos folders anteriores e os dizeres “O Melhor 2 e 3 quartos da Freguesia” Dentro fundo verde.. E várias propostas de comparação “compare o espaço” “ 2 quartos com até 83 m2, e 3 quartos com até 107 m2. “Compare a privacidade: apenas 36 apartamentos: mais tranqüilidade e qualidade de vida” “A diversão é incomparável” E as fotos dos serviços e lazer já mostradas em folders anteriores. Na última página: “compare até o preço: prestações fixas, sem juros e correção durante a obra. Financiamento direto do incorporador em até 60 meses ou até 180 meses pelo Itaú. Piscina, Fitness center, Espaço kids, Home Office, Espaço gourmet com salão de festas101, salão de jogos, SPA, vestiário de empregados, segurança 24 h, circuito interno de TV. 101 Observe que o que está em evidência é o Espaço Gourmet, o salão de festas é acessório complementar. Em outra época o salão de festas já foi um diferencial. Atualmente, o Espaço Gourmet ganha notoriedade e distinção se sobrepondo ao salão de festas. 230 14. 1 16 1.1 1.2 1.6 2.1 2.2 2.4 2.6 2.15 2.16 3.1 3.2 3.11 4.1 4.4 4.6 4.15 4.16 5.2 5.4 5.6 5.12 1º. 4 quartos, lazer e muito verde no melhor ponto da Freguesia. 2º. Lançamento: Na Freguesia, amplos 4 quartos, com bosque exclusivo, lazer completo e acabamento de alto padrão. 3º. Espaço, lazer, segurança e natureza. 4º. Melhor oportunidade da Freguesia. O único 4 quartos com bosque privativo. 5º. 4 quartos de verdade. A melhor planta da Freguesia. Obras em andamento. 1.1 1.2 1.3 1.4 1.6 1.9 1.14 2.1 2.2 2.3 2.4 2.6 2.7 2.9 2.15 2.16 3.1 3.2 3.3 3.5 3.6 3.9 3.11 3.16 3.20 4.2 4.4 4.9 4.16 5.1 5.2 5.4 5.6 5.9 5.12 6.1 6.2 6.3 6.4 6.5 6.6 6.7 6.17 6.20 7.1 7.2 7.5 7.6 7.9 8.2 8.3 discurso Slogan principal do folder Tipo de discurso Nome dos empreendimentos classificados por data da 1ª. coleta ëCmg Reserva do Bosque Condomínio Ecológico (o complemento só estava no convite, nos folders não tinha) (out/05 primeiro folder, mar/06 lançamento)102 Tipo de discurso Tipo de Número 231 Tipos de Ilustrações presentes nos prospectos e enunciados secundários e modificações posteriores do discurso Lazer e serviços da área comum com estrangeirismos ou inovações95 8 tipos diferentes de prospectos, variando formato, dobraduras, tonalidade de verde e um com mudança de cor. Iniciou a distribuição em 2005 e distribuiu até a promulgação do decreto. 1º. Tamanho oficio + 1 dobra (A3 dobrado) Frente parte superior, em primeiro plano, duas crianças deitadas na grama, em segundo plano o casal (desfocado) abraçados e sentados na grama, no centro a logomarca do Reserva do Bosque “condomínio ecológico”. “Fala dos 4 quartos, lazer e muito verde no melhor ponto da Freguesia”. Ao abrir página completa, planta baixa, “4 quartos (2 ou 3 suítes)”, foto da “vista indevassável” e áreas internas do ap. Imagens do “bosque exclusivo”, piscina e spa. Lista dos itens de lazer e preço. Na última página mapa também em verde. Referência à praia. 2º. Convite para o lançamento que foi no dia 25 de março de 2006. Folder frente-verso de lançamento (um mês após) “Lançamento: Na Freguesia, amplos 4 quartos, com bosque exclusivo, lazer completo e acabamento de alto padrão. Preço incomparável, a partir de 237 mil) Foto do prédio em segundo plano e piscina com deck molhado em primeiro plano. Atrás perspectivas ilustrativas da brinquedoteca, lan house, “bosque”, spa, fitness center envolvendo o mapa. Acima os dizeres “vista indevassável para o verde” abaixo em vermelho: “visite o apartamento decorado”.3º. dobrado com formato e dobra diferenciados na horizontal. Foto da grama com uma borboleta, porém a logomarca continua. “Espaço, lazer, segurança e natureza” (no centro e sobre a imagem da grama) Abaixo em uma faixa verde musgo “Aqui você pode: 150 meses direto com o incorporador”. Primeira abertura, 4 folhas indicando 4 quartos, abaixo foto da piscina e do prédio ao fundo a frase da faixa verde manteve. Segunda abertura fotos da áreas comuns e do apartamento , fotos da vista indevassável e do pergolado do bosque: “respire a vida de verdade”. Atrás mapa de localização “O melhor 4 quartos no melhor ponto da Freguesia 4º. Folder frente-verso distribuído 5 meses após o outro (o preço da mensalidade baixou quase R$ 300). Prédio Bosque privativo, Piscina com raia, Quadra de streetball, churrasqueira, Sauna seca e a vapor, Spa, Espaço Zen, Lan House, Brinquedoteca, Salão de festas, Espaço gourmet 102 Este empreendimento distribuiu 9 tipos diferentes de prospectos. 231 8.4 8.6 8.12 15. 16 ëCmg Monte Carlo Residence Park (I, II e III) (abr/06) 1.4 1.5 1.7 1.20 2.9 2.20 1º. Só aqui na Freguesia você tem tanta qualidade de vida. 2º. Pesquise à vontade. Você não vai encontrar condição melhor. 1.1 1.2 1.3 1.6 2.1 2.3 2.9 3.1 3.3 discurso Slogan principal do folder Tipo de discurso Nome dos empreendimentos classificados por data da 1ª. coleta Tipo de discurso Tipo de Número 232 Tipos de Ilustrações presentes nos prospectos e enunciados secundários e modificações posteriores do discurso com piscina “Melhor oportunidade da Freguesia. O único 4 quartos com Bosque privativo. Abaixo, “ lazer completo. Atrás: planta e fotos ilustrativa do spa, bosque, vista, mapa. 5º. Mantém frente-verso e a perspectiva frente e piscina, muda o tom de verde, passa a ficar high linght, dizeres “4 quartos de verdade: a melhor planta da Freguesia “obras em andamento” Atrás planta baixa fotos internas dizeres do preço dos 4 quartos e do lazer completo. 6º. Folder em papel mais espeço, com textura de tecido bege, ao centro “Reserva do Bosque é a melhor planta e o melhor acabamento da Freguesia. 4 quartos em ambientes amplos e confortáveis. Quer outra enorme razão para garantir o seu?” abrir o folder aparece a tv de plasma “na compra de uma unidade ganhe uma tv de plasma 42”. Outra abertura vira um quadrado com fotos piscina, spa e fittness, dizeres da metragem dos aptos e da área do terreno, 6.900 m2. Atrás o mapa.7º. similar em verde sem dizeres na frente nem tv de plasma, fotos da piscina e spa, ao abrir planta baixa ampliada e dizeres ampliados “apartamentos de 126 a 165 m2. 4 quartos em ambientes amplos e confortáveis: financiamento em até 240 meses com as melhores taxas” (aumento do prazo). Atrás mapa. 8º. Aumento de tamanho “carimbo de obras iniciadas, o melhor 4 quartos da Freguesia. Dobra na vertical, aparece a planta muito ampliada e área do terreno e aptos. Além dos itens de lazer. Atrás o mapa e o convite visite o decorado. 1º. Fundo verde com “moldura” em madeira. Perspectiva do prédio, dentro fotos da “área de lazer” (piscina, churrasqueira) planta e fotos internas do apartamento, “caramanchão” . Atrás mapa, com referência à praia. 2º. Placa de madeira rústica com fundo de folhas e com borboleta “pousada” na placa, com os dizeres e valores da entrada R$6.912, e prestações a partir de R$517, dentro outras molduras de madeira rústica com fundo de folhas e a borboleta pousada, e as ilustrações do folder anterior. Mesmo mapa atrás, com placa rústica folhas e flor, se referindo a localização privilegiada. (perto do Bosque da Freguesia) 3º. Fundo de tábuas de madeira com papel – placa pregado, e flor exótica. No interior os mesmos “papis” pregados nas tábuas com flores superpostas e as mesmas ilustrações Lazer e serviços da área comum com estrangeirismos ou inovações95 Área de lazer exclusiva, piscina, sauna, churrasqueira, fitness center, Bosque arborizado com pista para caminhada, mesas de jogos e bancos de leitura. (Este empreendimento fica ao lado do Bosque da Freguesia) 232 discurso Slogan principal do folder Tipo de discurso Nome dos empreendimentos classificados por data da 1ª. coleta Tipo de discurso Tipo de Número 233 Tipos de Ilustrações presentes nos prospectos e enunciados secundários e modificações posteriores do discurso Lazer e serviços da área comum com estrangeirismos ou inovações95 dispostas de uma maneira diferente. Parte de trás idem. 16. 16 ª Cp Mansões do Paraíso (abr/06) 20 O seu pedaço do céu, aqui na terra. 1 2 3 5 6 9 11 12 14 16 20 Folder frente e verso, tamanho ofício em dégradé, na parte de baixo verde escuro, passando verde água, cores esbranquiçadas como se fossem nuvens e indo para o azul do céu na parte de cima. Na parte de cima os dizeres “O seu pedaço de céu, aqui na terra”. E abaixo a fotomontagem da casa. Abaixo a esquerda a logomarca do empreendimento um quadrado com um imponente portão de grade e abaixo o nome “Mansões do Paraíso”. Abaixo os dizeres “Maravilhosas casas duplex com 4 suítes, 2 varandas, salão, lavabo e garagem, no point de Jacarepaguá”. Ao lado a foto de uma família composta de um casal e três filhos, todos sorrindo e vestidos de branco, quase que num abraço único e envolta em uma nuvem branca. Mais abaixo 4 fotos da “rua com pouco trânsito, condomínio fechado com 2 guaritas, Imensa área de lazer, Playground” e o endereço do empreendimento. Atrás fundo branco. Acima os dizeres “Mais privacidade e conforto para sua família, em ótima planta de 168 m2”. Abaixo a planta do pavimento térreo e do segundo pavimento. Mais abaixo novamente a logomarca do empreendimento “2 guaritas 24h e um verdadeiro clube privativo para você viver com mais segurança, saúde e lazer, sem sair de casa”. Lista dos itens ao lado. Mapa em verde com indicação das ruas e da Linha Amarela. Ao lado a foto de uma “mãe” com filha andando juntas na mesma bicicleta. Destaque para as condições de pagamento em um círculo verde, “Sinal: R$ 15.000, ContratoR$ R$35.000, Mensais R$ 2.667, Sem juros durante a obra. Financiamento direto com o incorporador ou SFH USE O SEU FGTS”. VISITE UMA CASA PRONTA. Logomarca da construtora. Piscina, Sala de ginástica, Sala de repouso, sauna a vapor, Salão de festas, churrasqueira, sala de jogos, Playground. 233 17. 16 18. 16 ª Cp Villagio Isabella (maio/06) 5 7 15 16 20 5 16 1º. Prepare-se para comemorar temos uma reserva Especial para você. Poucas unidades reservadas para pessoas especiais. Em rua sem saída, toda a paz que você merece. 2 3 5 6 7 16 20 Aqui, a liberdade, o requinte 1 e o conforto ESTÃO EM 2 CASA. 6 9 12 14 15 discurso Slogan principal do folder Tipo de discurso Nome dos empreendimentos classificados por data da 1ª. coleta ¨Cp Jóia Rara Residências. (abr/06) Tipo de discurso Tipo de Número 234 Tipos de Ilustrações presentes nos prospectos e enunciados secundários e modificações posteriores do discurso 1º. Folder dobrado = tamanho ofício. Frente fundo azul com suporte para champanhe com champanhe e um “brilho” especial, com a frase “Prepare-se para comemorar temos uma reserva especial para você”. No interior do folder as fotos da piscina, do interior do apartamento (sala jantar e estar) Foto da fachada e vista da varanda. Com descrição “magnífico hall social, fachada em cerâmica, pisos em granito e porcelanato, piscinas, salão de festas, sauna seca, sauna a vapor, sala de repouso, playground coberto”. “Em rua sem saída, toda a paz que você merece” “Apartamentos de até 149 m2. 1 ou 2 varandões, salão com 2 ambientes, 3 quartos (1 suíte), copacozinha, dep. Completas, 2 e 3 vagas” “fotos do local”. Atrás “Uma localização especial”. O mapa verde como cor predominante, mostrando a Praia da Barra, e o percurso de lá até a Jóia Rara. “Distâncias: Linha Amarela – 1 minuto, Praias = 10 minutos”103 Folheto tamanho ofício, só frente, na cor bege, com letras e mapa em verde. Acima logomarca do empreendimento duas flores envoltas em folhas estilizadas e o nome do empreendimento. Na parte superior do folder a fotomontagem do empreendimento mostrando as casas, as montanhas ao fundo e vegetação na frente. “3 quartos (suíte), sala, lavabo, copa-cozinha e amplo terraço com vista para o verde”. A lista de alguns diferenciais “Piscina, área de recreação e churrasqueira, acabamento de excelente qualidade, bancada de granito na cozinha e banheiros, esquadrias anodizadas brancas, privacidade para apenas 7 famílias” Destaque para “entrega em julho de 2006” “casas já em fase de acabamento”. Ao lado foto de uma família, um casal e casal de filhos sorridentes, com filho no colo. Abaixo destaque para as informações sobre o pagamento “Sinal:R$ 3.800,00 Escritura: 3.800,00 Sem juros e sem correção até as chaves*(casa 6) USE O SEU FGTS NAS CHAVES”. Abaixo as logomarcas da construtora, do Lazer e serviços da área comum com estrangeirismos ou inovações95 Magnífico hall social, fachada em cerâmica, pisos em granito e porcelanato, piscinas, salão de festas, sauna seca, sauna a vapor, sala de repouso, playground104 coberto. Piscina, área de recreação e churrasqueira 103 As distâncias são medidas em minutos (tempo) e não em metros. 104 Playground é um termo que designa uma área aberta, “out door play”, quando o empreendimento anuncia que é um Playground coberto passa a haver uma distorção do significado original do termo Playground. 234 discurso Slogan principal do folder Tipo de discurso Nome dos empreendimentos classificados por data da 1ª. coleta Tipo de discurso Tipo de Número 235 Tipos de Ilustrações presentes nos prospectos e enunciados secundários e modificações posteriores do discurso Lazer e serviços da área comum com estrangeirismos ou inovações95 financiador, e “vendas exclusivas”. 19. 1 16 ëCmg Garden Up (maio/06) 1 3 4 7 9 16 20 1º. A oportunidade é única. A localização é única. O preço é único. Você não vai ser o único a perder, vai? “Apartamentos com vista para o verde na área mais nobre da Freguesia: Estrada do Pau Ferro, 1.100”. 1 2 3 4 6 12 14 20 Folder tamanho ofício frente e verso, em verde, logomarca verde e azul com horizonte de montanhas, como deve ser a vista no interior dos aptos. O nome também é sugestivo, já que o terreno em que os prédios estão, é bem mais elevado que a Pau Ferro. No centro do folder a perspectiva do prédio, mostra a subida e uma mãe com o filho subindo a ladeira, mostra a vegetação com aléia de palmeiras. Um céu azul com gaivotas voando. Abaixo os dizeres “você ainda pode participar deste sucesso”. 2 quartos com varanda na suíte e 3 quartos (cobertura). “Apartamentos com vista para o verde na área mais nobre da Freguesia” abaixo. No verso “Uma área de lazer mais que completa” 6 fotomontagens , mostrando a entrada (cascata vegetação aléia de palmeiras, subida), piscina com raia de 20m, Jardim das águas (detalhe da entrada), tenda de relaxamento, Pérgola gourmet, churrasqueira. Abaixo os valores das prestações para o 2 quartos e para as coberturas. (ver abaixo nota 12). Por fim, as logomarcas dos “realizadores” = construtores e incorporadores, da administradora de condomínio e da imobiliária. Piscina com raia de 20 m, Jardim das águas, Tenda de relaxamento, Pérgola [sic] gourmet, Churrasqueira. 235 20. 105 16 5 15 Venha viver com conforto, tranqüilidade e privacidade. Exclusivo para 42 famílias.106 discurso Slogan principal do folder Tipo de discurso Nome dos empreendimentos classificados por data da 1ª. coleta ¨ Cmg Natan 105(maio/06) Tipo de discurso Tipo de Número 236 1 2 3 6 12 13 14 16 Tipos de Ilustrações presentes nos prospectos e enunciados secundários e modificações posteriores do discurso Lazer e serviços da área comum com estrangeirismos ou inovações95 Folder com duas dobras. Aberto mede 30 X 83cm. Frente: Fundo em bege, com marca d’água tipo de ‘brasão’ que faz parte da logomarca do empreendimento. Sobre a grande marca d’água, um coração e dentro dele a perspectiva do prédio e ao lado um menino vestido de anjo com um arco e flecha apontando para o empreendimento (sugerindo que seja um cupido que vai dar uma flechada) E que se vai ficar ‘apaixonado’, e abaixo no canto direito a frase “Você vai se apaixonar!” ao abrir na página a da esquerda só tem dizeres no centro e em vermelho “pronto em novembro – 2007 – 18 meses... a direita, fotos da piscina, e abaixo de pessoas sorrindo das 4 duas eram de famílias. Abrindo novamente aparece a planta e acima “veja nossa planta, apaixone-se” Acima e ao lado direito o cupido está apontando para um coração. Do lado esquerdo a logomarca. “veja nossa planta, apaixone-se!” a esquerdo fotos apontando aspectos do apartamento e outros prédio já realizados pela empresa e os dizeres “Qualidade de acabamento Montserrat. O melhor acabamento de Jacarepaguá. (fachadas, vidros, esquadrias, salas, banheiros e corredores ). Após fechar o folder, ao fundo azul com o “anginho” sentado sobre o mapa apontando a flecha para o empreendimento, ao lado o texto “muita natureza, comércio, acesso rápido à Barra, centro e zona norte, pertinho da linha amarela, no pedaço de Jacarepaguá que mais valoriza”. Área de lazer do tamanho certo: piscinas adulto e infantil com área de churrasqueira, área para recreação infantil, área para musculação, sauna e salão de festas. Natan significa “enviado de Deus”. 106 Este folder saiu logo após o lançamento do Aquárius, que têm 348 unidades residenciais. 236 21. 2 1.2 1.3 1.4 1.16 2.3 2.4 2.6 2.16 1º. Rua Araguaia, o ponto mais nobre e desejado da Freguesia. Um empreendimento único, um lugar especial. Parque Aquático. 2º. Rua Araguaia107: Os melhores 2 e 3 quartos da Freguesia estão aqui. 1.1 1.2 1.3 1.5 1.7 1.8 1.9 1.11 1.12 1.13 1.14 1.16 1.20 2.2 2.3 2.4 2.6 2.9 2.12 2.16 discurso Slogan principal do folder Tipo de discurso Nome dos empreendimentos classificados por data da 1ª. coleta ëCmg Aquárius Residencial (maio/06) Tipo de discurso Tipo de Número 237 Tipos de Ilustrações presentes nos prospectos e enunciados secundários e modificações posteriores do discurso Lazer e serviços da área comum com estrangeirismos ou inovações95 1º. Tamanho ofício quando fechado, e 86cm de largura e 61cm de altura quando aberto. Com 3 dobras, corresponde a 16 faces do tamanho ofício. Abrindo o folder em duplo ofício uma grande ilustração do “Parque Aquático” e acima os dizeres “Rua Araguaia, o ponto mais nobre e desejado da Freguesia. Um empreendimento único, um lugar especial”. Abrindo novamente, fica maior que um jornal, apresenta 12 fotos organizadas 3 a 3 intercaladas por comentários, “3 e 2 quartos, uma área de lazer maravilhosa com atrações para todas as idades” (nítida separação etária dos grupos). As primeira fotos apresentam o empreendimento (Fachada, pórtico e cascata de entrada). “Já na entrada, seus amigos vão ficar impressionados com o lugar que você escolheu para viver”. O segundo grupo de fotos espaços voltados para as crianças (recreação infantil, espaço criança, salão de festas infantil) “As melhores opções de lazer para seus filhos” O terceiro grupo de fotos são relativas aos espaços para jovens (Quadra poliesportiva, Lan house, salão de jogos infanto-juvenil) e o último grupo de fotos espaços de socialização para adultos (churrasqueira e forno de pizza, salão de festas adulto, salão de jogos adulto) “Churrasqueiras, forno de pizza e salões para você reunir os amigos”. “1º. Empreendimento da Freguesia com lazer num jardim suspenso e segurança total” Abrindo novamente na dimensão total, apresenta-se no centro o “Máster plan”, com a localização dos 37 itens listados, emoldurado acima e abaixo por 12 fotos dos referidos espaços (deck molhado, solarium, piscina adulto, fitness, spa e sauna, cinema, portaria, alameda de entrada, espaço estética, coffee shop, sound house repouso e ofurô). A esquerda os dizeres em letras garrafais “Financiamento em até 180 meses(* crédito sujeito a aprovação) ou em até 100 meses, direto do incorporador”. “O Residencial Aquarius vai elevar o padrão de moradia do bairro, com um conceito inovador: o Jardim Suspenso. A área de lazer e as portarias ficam numa altura equivalente ao segundo andar de um prédio. E todos os detalhes foram cuidadosamente planejados. O paisagismo é surpreendente: espelhos d’água, cascatas e muito verde criam a sensação de estar em uma ilha paradisíaca. Área de lazer com diversão para todas as idades e o maior parque aquático da Freguesia. A segurança é total para Pórtico de Entrada/Guarita, escada com cascata, Alameda de acesso, Fonte de Chegada, Salão de festas infantil, Pergolado, Playground, Salão de festas adulto, Salão de Jogos Adulto, Espaço Estudo, Praça Zen, Lounge Adolescente, Sound House, Espelho d’água, Raia de Natação, Piscina adulto, Deck Molhado, Solarium da Piscina, Piscina Infantil, Mesas na piscina, Hidromassagem externa, Repouso, Sauna, Ofurô, Churrasqueira, Churrasqueiras com Forno de Pizza, Quadra Poliesportiva, Fitness, Coffee Shop, Espaço Estética, Cinema, Espaço criança, Recreação infantil, Salão de Jogos infantojuvenil, Lan House/ Game station, Espaço gourmet, Administração. 107 A rua Araguaia é considerada como área nobre. Um dos motivos para isso é que durante muitos anos não era permitida a construção de prédios, apenas de casas. Além de ter grandes casas e grandes terrenos, inclusive onde se instalou o Aquárius. 237 discurso Slogan principal do folder Tipo de discurso Nome dos empreendimentos classificados por data da 1ª. coleta Tipo de discurso Tipo de Número 238 Tipos de Ilustrações presentes nos prospectos e enunciados secundários e modificações posteriores do discurso Lazer e serviços da área comum com estrangeirismos ou inovações95 você ficar tranqüilo e esquecer os problemas. Venha aproveitar a vida aqui, o Aquarius foi criado especialmente para você”. (A medida que o folder vai sendo aberto e ficando maior é como se o observador fosse entrando no empreendimento. Na última página, novamente dobrada, um mapa apresentado em prerspectiva “vôo de pássaro” com muito verde e a identificação de 49 pontos de referência e de comércio e serviços da região, além da vista para a lagoa e para a praia da barra, em uma distância mais reduzida. Além da listagem do comercio e serviços da Freguesia, também foram listados alguns da Barra. Os dizeres “Visite dois apartamentos decorados”. Há ainda o endereço, os incorporadores a “estruturação finaceira” e a última informação e em letras bem pequenas “ As perspectivas apresentadas neste folheto são meramente ilustrativas e podem sofrer alteração de cor, acabamento, textura, mobiliário etc. [...]As fotos apresentadas neste folheto são ilustrativas e não fazem parte do empreendimento”. O 2º. folheto, tamanho ofício com uma dobra (aberto duplo ofício) “adequou” o discurso, já que este empreendimento reduziu bastante as áreas dos ambientes internos. Na frente a parte de cima, com fundo vermelho “Rua Araguaia” seguido, na parte central dos dizeres “Os melhores 2 e 3 quartos da Freguesia estão aqui” e abaixo a foto do parque aquático. Ao abrir 12 fotos como cartas de um baralho emolduravam os dizeres em letras garrafais “A melhor localização – no ponto mais nobre da Rua Araguaia. O lugar mais desejado da Freguesia. A melhor área de lazer – Parque aquático, cascatas, espelhos d’água, jardins suspensos e mais de 40 itens de lazer. O melhor preço – a partir de R$ 180 mil (*preço referente ao apartamento 333 do Ed. Cozumel. Tabela completa no stand.) Uma variação com “As melhores condições a partir de R$ 450 mil (*preço referente ao apartamento 333 do Ed. Cozumel. Tabela completa no stand.)”. Há também uma lista com 33 espaços de lazer. Atrás mapa (detalhe da perspectiva do folder anterior), mantém o convite “visite dois apartamentos decorados”. Logomarcas dos promotores imobiliários. 238 22. 1 (jun/06) 1.1 1.2 1.4 1.5 2.1 2.4 2.13 1º. FREGUESIA. Viva com mais conforto, tranqüilidade e lazer, num recanto bonito por natureza. 2º. Na Freguesia, um canto de amor à natureza. Cond. Recanto Verde. 1.1 1.2 1.3 1.5 1.6 1.7 1.9 1.12 1.13 1.16 1.17 2.1 2.2 2.4 2.5 2.6 2.9 2.12 2.14 2.16 2.17 discurso Slogan principal do folder Tipo de discurso Nome dos empreendimentos classificados por data da 1ª. coleta ¨ Cp Condomínio Recanto Verde108 Tipo de discurso Tipo de Número 239 Tipos de Ilustrações presentes nos prospectos e enunciados secundários e modificações posteriores do discurso Folder tamanho ofício dobrado. Foto montagem de perspectiva do empreendimento, céu azul folhagens verdes, logomarca do empreendimento folhas com passarinhos. Destaque para “obra já iniciada” e os dizeres “Na Freguesia, um canto de amor à natureza”. Dentro, fundo de esteira de madeira, com moldura de folhagem, apresentação das plantas apartamento tipo e da cobertura. E fotos das áreas comuns. Dizeres “2 quartos cercados de verde, varandas e tranqüilidade. Recanto de Conforto 86 m2. sala, suíte, dependências completas, opção de 3º. Quarto reversível, garagem. Recanto duplex. Cinematográficas coberturas com 160 m2: 2 salas, 3 quartos, dependências completas, terraço com piscina e 2 vagas de garagem. Recanto de lazer, piscina, sauna, churrasqueira, salão de festas e espaço kids. Recanto de delícias. Na compra do seu apartamento ganhe uma cozinha planejada”. Atrás, fundo de grama, os dizeres “Plante que a JC engenharia garante. A partir de R$ 129.880* Mensais a parir de R$ 649,40 Finaciamento bancário em até 240 meses. Mapa com muitas árvores estilizadas, indicação do empreendimento e da linha amarela. 2º. Folder Frente e verso tamanho ofício. Fundo verde, com cantos floridos e borboleta no centro a perspectiva do empreendimento. Os dizeres “FREGUESIA, viva com mais conforto, tranqüilidade e lazer, num recanto bonito por natureza. Entrega em novembro 07 e endereço. Verso fundo em verde com 5 fotomontagens da áreas comuns. Acima com letras grandes “ 2 quartos com 3º. Quarto reversível e coberturas cinematográficas. Apartamentos com varanda, sala, suíte, dependências e cobertura duplex com 160 m2: 3 quartos, dependências, 2 vagas, terraço com piscina. Diversão para toda família! Piscina; sauna, churrasqueira, salão de festas e espaço kids. Comprou... ganhou de brinde uma cozinha planejada. A partir de R$ 127,200. Financiamento em até 240 meses use sue FGTS. Lazer e serviços da área comum com estrangeirismos ou inovações95 Recanto de lazer Piscina, sauna, churrasqueira, salão de festas e espaço kids Recanto de conforto 86 m2., sala, suíte, dependências completas, opção de 3º. Quarto reversível, garagem. Recanto duplex Cinematográficas coberturas com 160 m2, 2 salas, 3 quartos, dependências completas, terraço com piscina e 2 vagas de garagem. 108 Este condomínio foi vendido inicialmente como bloco único. Após o término da construção do primeiro, está em construção um segundo bloco. 239 23. 2 16 1.10 1.15 1.16 1.20 2.8 2.13 3.4 3.5 3.6 3.16 3.20 1º. Toda a [sic.] grande conquista tem um preço. Mas você vai ganhar uma vantagem exclusiva: Visitando o stand do Victória Top Park antes do dia 22/07[2006], você ganha na hora um desconto especial na compra do seu apartamento. 2º. A grande conquista da sua vida. Victoria Top Park Residencial. 3º. Victoria Top Park Residencial. 3 e 4 quartos Premium na Freguesia. 4º. Victoria Top Park Residencial. A sua vida pode ser muito mais Premium. 1.1 1.2 1.3 1.5 1.6 1.7 1.8 1.10 1.11 1.13 1.14 1.15 1.16 1.19 1.20 2.1 2.2 2.3 2.4 2.5 2.6 2.7 2.8 2.9 2.11 2.16 2.20 3.2 3.4 3.5 3.6 3.7 discurso Slogan principal do folder Tipo de discurso Nome dos empreendimentos classificados por data da 1ª. coleta ë Cp Victoria Top Park Residencial (jul/06) Tipo de discurso Tipo de Número 240 Tipos de Ilustrações presentes nos prospectos e enunciados secundários e modificações posteriores do discurso Lazer e serviços da área comum com estrangeirismos ou inovações95 3 Tipos de folder e um prospecto de mala direta. Mala direta fechado mede 15 X 15 cm, aberto 15 X 43 cm. Pano de fundo textura de folhas em marca d’água. Em primeiro plano um pai com uma filha e um filho no colo todos rindo alegremente. E acima os dizeres: “Toda a grande conquista tem um preço. Mas você vai ganhar uma vantagem exclusiva”. Ao abrir o folder, a esquerda a perspectiva artística do empreendimento com a logomarca acima Victoria Top Park Residencial. A direita os dizeres “ Visitando o stand do Victoria Top Park antes do dia 22/07(2006), você ganha na hora um desconto especial na compra do seu apartamento.109 Abrindo o prospecto novamente na parte de cima lê-se “Victoria Top Park. O 3 e 4 quartos na Freguesia na medida certa para você e com a mais completa área de lazer na cobertura”. Na parte central as “ilustrações artísticas” da piscina, do fitness center, sala de jogos adultos, solário. “No Victoria Top Park, você vai conquistar a qualidade de vida que sempre sonhou. São confortáveis apartamentos e fantásticas coberturas duplex com total segurança, privacidade, 2 vagas de garagem para a maioria dos moradores e a sofisticação de uma área de lazer na cobertura. Não perca essa oportunidade única de realizar sua grande conquista. E ainda a lista dos serviços e áreas de lazer. Atrás, os dizeres “Visite o stand e conheça o apartamento decorado. Estrada do Bananal, 395- Freguesia. Corretores no local”. O mapa de localização em verde. 2º. Dobrado 26 X 27cm, aberto 54 X 52cm. Dobrado textura de folha em marca d’água ao fundo, uma moça vibrante em primeiro plano e acima de sua cabeça os dizeres “A grande conquista da sua vida”. Ao abrir a figura da moça se completa e aparece o nome do empreendimento Victoria Top Park Residencial. Ao abrir novamente o folder fica em sua máxima dimensão. Acima o texto “3 e 4 quartos na melhor localização da Freguesia, com completa estrutura de lazer na O melhor condomínio na hora de viver. Até 2 vagas de garagem, churrasqueiras e forno de pizza, salão de festas adulto, Espaço gourmet, Salão de jogos adulto, Piscina infantil, Piscina adulto, Sala de repouso, Ofurô, Saunas seca e a vapor, Salão de jogos infantil, Quadra poliesportiva, Cyber Space, Espaço Teen, Praças de Contemplação, Playground, Salão de festas infantil / Espaço Kid’s, Home Theater, Solarium. 2º. Lazer completo nas coberturas, Infra-estrutura para TV a cabo, Intranet e Internet, Segurança Perimetral e CFTV110 24 horas, Previsão de reutilização de águas servidas e captadas, hidrômetro individual. 109 É colocado como diferencial, como condição especial, entretanto é uma política corrente das empresas ter vários tipos de tabelas de preço sendo que antes do lançamento os preços são sempre menores. 110 CFTV – Circuito Fechado de TV. 240 3.9 3.14 3.15 3.20 4.3 4.4 4.5 4.6 4.7 4.11 4.14 4.16 4.20 discurso Slogan principal do folder Tipo de discurso Nome dos empreendimentos classificados por data da 1ª. coleta Tipo de discurso Tipo de Número 241 Tipos de Ilustrações presentes nos prospectos e enunciados secundários e modificações posteriores do discurso Lazer e serviços da área comum com estrangeirismos ou inovações95 cobertura, condomínio racionalizado e segurança completa. Abaixo ilustrações da piscina, da quadra, da fachada, da sala de repouso e ofurô, e do espaço gourmet, abaixo a planta do empreendimento. O convite “visite o apartamento decorado” e ao lado o comentário “O melhor condomínio na hora de viver. O menor na hora de pagar. Mensais de R$ 561,56** sem correção, sem intermediárias durante a obra e 240 meses para pagar”. Também é apresentada a lista dos serviços e lazer do empreendimento. Na parte de trás novamente a logomarca do empreendimento, os dizeres “Na melhor localização da Freguesia, em uma área estritamente residencial”. Abaixo o mapa em verde indicando a localização do empreendimento. O endereço e os construtores e imobiliárias. O 3º. Aumenta um pouco de tamanho, muda as dobras e a disposição das informações, porém mantém a estrutura similar ao anterior, com mesma textura de fundo. Os dizeres da frente passam para “3 e 4 quartos Premium na Freguesia. Na primeira abertura surge a ilustração da fachada e da guarita de entrada com os dizeres “Premium no projeto” “Premium no condomínio” com descrições do projeto e do condomínio (conforme descrição ao lado). Ao abrir totalmente, acima lê-se “Premium no lazer para toda a família”, seguido por ilustrações do cyber space, do fitness center, da piscina, da quadra e novos textos “Infra-estrutura completa de lazer para adultos e crianças no seu condomínio”, seguido por nova discrição de 18 itens. “Premium no acabamento e em cada metro quadrado” Pensando nos mínimos detalhes para o seu conforto, sua praticidade e seu bem estar” (descrição de diversos materiais) Abaixo foto da sala do apartamento. E ao lado “visite o apartamento decorado” ao lado da planta do apartamento. Mais abaixo as referências dos preços “As melhores condições e o menor preço. Premium até na hora de pagar. Mensais de R$ 626,67 apenas 10% de sinal, dividido em 4 vezes. Sem intermediárias, sem juros e sem correção nas mensais durante a obra. 240 meses para pagar. Atrás mantém as mesmas informações que o folder anterior. 4º. Mudou o formato as cores e o layout. A frente em primeiro plano, do lado direito, um casal abraçados olhando ao longe, como se 241 24. ---- ¨ Cp ND (jul/06) (731) 1 20 Venha morar na rua mais arborizada de Jacarepaguá (R. Araguaia) 6 9 12 25. 16 ëCmg Belle Époque Résidence & Charme (ago/06) 1.5 1.7 1.13 1.20 1º. Prepare-se para viver a melhor época da sua vida. Parece que foi feito para você. E, aliás, foi mesmo.[Parece um comentário casual, mas foi bem pensado. Apesar disso, o interior dos apartamentos é equivalente aos outros 2 e 3 quartos] 2º. Bem-vindo à melhor época da sua vida. 1.1 1.2 1.3 1.5 1.6 1.7 1.9 1.13 1.14 1.16 1.19 1.20 2.5 2.7 2.2 2.3 2.4 2.5 2.6 discurso Slogan principal do folder Tipo de discurso Nome dos empreendimentos classificados por data da 1ª. coleta Tipo de discurso Tipo de Número 242 Tipos de Ilustrações presentes nos prospectos e enunciados secundários e modificações posteriores do discurso olhando para o futuro. No canto superior a esquerda a logomarca do empreendimento e abaixo os dizeres “A sua vida pode ser muito mais Premium” No interior do folder acima “3 e 4 quartos Premium na melhor localização da Freguesia, como completa estrutura de lazer, condomínio racionalizado e segurança completa. Diagramação setorizada associando texto às imagens “Premium no projeto e no condomínio” (fachada), “Premium no acabamento e em cada metro quadrado” (planta baixa), “Premium no lazer”. Atrás, na parte de acima, os dizeres “na melhor localização da Freguesia, em uma área estritamente residencial”, porém mudou o tipo da letra e utilizado o mesmo colorido da logomarca. Folder frente e verso: Fundo amarelo, prédio em verde, perspectiva da fachada do prédio e o dizer “Aptos Prontos” Acima “Varandão, 2 e 3 qtos. 1 suíte. 2 vagas na garagem. Atrás, degradê de verde ao amarelo, Planta e mapa, preço a partir de 149 mil. Nomes dos empreendedores e financiamento “Caixa”. Basicamente dois tipos de folder (um deles tem pequena variação no preço) 1º. Livreto medindo 27,5 cm X 29 cm. Na primeira página uma foto com um casal na varanda brindando com laças de champanhe de frente para a montanha (sem nenhuma edificação) acima da montanha o céu azul e os dizeres e a logomarca com o nome do empreendimento (centralizados) Belle époque Résidence & Charme. “Preparese para viver a melhor época da sua vida”. Ao abrir a esquerda a “fachada em estilo neoclássico”. Perspectiva do “amanhecer” ou “anoitecer”? a direita página dividida em 3 faixas a primeira em vermelho telha “Belle époque é chame e beleza em 2 ou 3 quartos com suíte, coberturas lineares ampla varanda, belíssima vista e infra estrutura completa de lazer. No meio “elegância do Belle époque começa no boulevard de entrada e permanece em cada detalhe dos jardins e espaços internos, abaixo as imagens do ponto de encontro e do Lobby pricipal. Nas paginas seguintes mais fotos e comentários “Depois de gastar as energias, vem a melhor Lazer e serviços da área comum com estrangeirismos ou inovações95 ND Sala de Fitness completa, Body Therapy com sauna a vapor, sala de Massagem e sala de repouso, Piscina adulto e infantil, Play Zôo, Redário Contemplativo, Espaço Zen, Brinquedoteca com jogos educativos e salinha de leitura, Lan House com acesso à Internet banda larga, Espaço gourmet com Cave de vinhos111, Home Cinema, Salão de jogos, Churrasqueira com forno a lenha. 111 Este é o único empreendimento na Freguesia que oferece Cave de vinhos. 242 2.9 2.14 2.16 discurso Slogan principal do folder Tipo de discurso Nome dos empreendimentos classificados por data da 1ª. coleta Tipo de discurso Tipo de Número 243 Tipos de Ilustrações presentes nos prospectos e enunciados secundários e modificações posteriores do discurso Lazer e serviços da área comum com estrangeirismos ou inovações95 parte: recuperar as energias. (fotos do Body Therapy, sauna, massagem, sala de repouso, fitness, piscina, play zôo, redário, espaço zen) “No Belle Époque, as crianças têm todo o espaço de que precisam para crescer, no sentido mais amplo da palavra (fotos “Brinquedoteca com jogos educativos e salinha de leitura, Lan House com acesso à Internet banda larga”). “Já está na hora de viver num lugar onde você tenha prazer de receber os amigos” (fotos Espaço gourmet com cave de vinhos, Home cinema, salão de jogos, churrasqueira com forno a lenha), mais a frente plantas baixas com localização nos blocos (3) “Parece que foi feito para você. E, aliás, foi mesmo”. (casual??) Penúltima página “Quadro de áreas e distribuição de vagas” por edifício, lista das unidades, a área de cada uma, a quantidade de vagas e o tamanho (algumas cabem dois carros um na frente do outro = vaga presa) “tipologia” = número de quartos e se tem terraço. “Ficha técnica” Lançamento- set 06, realização RJZ Cyrela, vendas Patrimóvel, Projeto de Arquitetura, Projeto. Executivo, de paisagismo, de interiores, Perspectivas, Plantas humanizadas. Última pagina mapa em perspectiva vôo de pássaro (mesmo autor do Aquárius) também mostrando a praia. “Situado no ponto mais nobre de Jacarepaguá”, “pertinho da Barra e das principais vias de acesso”. “É a tranqüilidade que você procura, a poucos minutos de tudo que você precisa. Estrada do Bananal, 981 – Freguesia..”. 0% “onde tem este selo é sem juros e sem correção” *** “ANTECIPE-SE AO LANÇAMENTO” 2º. Folder. Depois do lançamento o folder mudou para dobrável, com outra foto na capa e o discurso passou para “Bem-vindo à melhor época da sua vida” e abaixo a foto do apartamento decorado com a logomarca. Dentro como no anterior repete a perspectiva noturna do prédio. Ao lado fotos do apartamento decorado em cima e em baixo. E no centro com letras garrafais o valor das mensais. Além dos dizeres “2 ou 3 quartos com suíte, coberturas lineares, ampla varanda e infra-estrutura completa de lazer. Tudo isso no melhor ponto da Freguesia. Visite o apartamento Decorado no Showroom de vendas na Estrada do Bananal, 981”. Mensais a partir de R$ 681,43***(dois meses depois essa mensalidade reduziu para R$428,22), em 243 discurso Slogan principal do folder Tipo de discurso Nome dos empreendimentos classificados por data da 1ª. coleta Tipo de discurso Tipo de Número 244 Tipos de Ilustrações presentes nos prospectos e enunciados secundários e modificações posteriores do discurso Lazer e serviços da área comum com estrangeirismos ou inovações95 até 202 meses. Sem semestrais, sem juros, sem correção durante a obra”. Abre novamente em 4 quadrados um “corpo e mente” com fotos do redário contemplativo, piscina adulto e infantil, espaço Zen. “Saúde e bem-estar” (fitness, body therapy com sauna a vapor, sala de massagem e sala de repouso com hidromassagem. “Criança e lazer” (brinquedoteca, churrasqueira com forno de lenha, Play zôo, salão de jogos), “diversão e Cia” Espaço gourmet com cave de vinhos, Lan house com acesso a Internet banda larga, home Office, Home cinema. “Belle époque – viva com uma infra-estrutura completa de lazer, saúde e bem-estar. (Infraestrutura de bem-estar) Atrás, mapa em perspectiva, lista de comércio e serviços da região. “um condomínio localizado no melhor ponto da Freguesia, cercado de área verde e tranqüilidade por todos os lados”. 26. 1 16 ªCp Cond. Green Ville (ago/06) 5 14 Exclusivo para famílias que desejam conforto e tranqüilidade. 1 3 5 6 9 12 15 16 27. 5 ¨ Cp Solar do Retiro (ago/06) 5 A arte de Bem Viver. (obs. Localiz. Rua Retiro dos Artistas) 1 2 3 4 6 9 12 16 Folheto com 2 empreendimentos um na frente outro no verso. O lado do Green Ville em tons de verde com logomarca do empreendimento montanhas em verde com sol atrás. Foto externa da casa. E muitos dizeres. “Casa Duplex Prontas” “Salão, 3 suítes e varanda, luxuosas casas duplex, totalmente prontas, com: copa cozinha, área de serviço, quintal e vaga para seu carro. Tudo isso com muita privacidade e conforto, em um dos pontos mais desejados de jacarepaguá [sic.]”. “Financiamento em até 240 meses pelo SFH”. “R$230mil use seu FGTS” “condomínio fechado” “No ponto mais residencial da Freguesia, pertinho de tudo. Rua Ituverava, 802, Jacarepaguá. A 10 minutos da BARRA” no canto esquerdo e abaixo está um mapa de localização, faz referência a Linha Amarela e a direção da Barra, sem falar da praia. Nomes da construtora e da imobiliária. Verso de outro empreendimento (Green Ville). Tamanho ofício, fundo em bege. “Salão, varandão, 2 quartos (suíte) Coberturas duplex com terraço” Foto do prédio “ultimas unidades disponíveis” “Apartamentos de alto luxo com copa-cozinha e dependências completas” “Coberturas Duplex com terraço” [dito duas vezes em um folder só frente] Prédio de luxo com playground, área de recreação infantil e garagem”. “A partir de R$ 138.500, (apto 203)” ND Playground 244 19 28. 6 16 ¨ Cmg L’Espace (set/06)112 1.2 1.3 1.4 1.6 1.9 1.16 2.4 2.6 2.9 2.19 3.3 3.5 1º. Morar na Joaquim Pinheiro, a melhor rua da Freguesia, com uma estrutura completa de lazer, na melhor planta da região e ainda com um cômodo a mais para você usar como desejar é fácil. Difícil é acreditar na forma de pagamento. Entrada: 3 x R$ 7.950,00, Mensais: ZERO, Intermediárias: ZERO. 2 quartos a partir de R$ 159 mil. 2º. A oportunidade da sua vida. 3 quartos a partir de R$ 136 mil, na melhor rua da Freguesia. 3º. Tranqüilidade maior que a da rua só mesmo na hora de pagar as prestações. .... [mais 3 tipos de folder] 1.1 1.2 1.3 1.5 1.6 1.16 2.2 2.3 2.4 2.5 2.6 2.7 2.9 2.11 2.12 2.14 2.16 2.18 2.20 3.4 3.6 3.9 3.10 3.14 3.19 4.4 4.5 4.6 discurso Slogan principal do folder Tipo de discurso Nome dos empreendimentos classificados por data da 1ª. coleta Tipo de discurso Tipo de Número 245 Tipos de Ilustrações presentes nos prospectos e enunciados secundários e modificações posteriores do discurso “Financiamento direto ou em até 240 meses pelo SFH. USE SEU FGTS. “Excelente localização a 5 minutos do Largo da Freguesia. Perto de Shoppings, comércio variado, condução farta, colégios e acesso a Linha Amarela”. Mapa esquemático em verde com ruas principais. Nome do construtor e logomarca da imobiliária. 6 versões de folders, no período de set. 06 a ago 07. 1º. O menor deles, tamanho carta, frente verso nas cores azul e branco, com textura de fundo imitando carpete ou tecido. Na frente em cima a logomarca, quadrados dentro de quadrados, com o nome “L’Espace” abaixo. Com os dizeres ao lado, e abaixo uma fotomontagem da piscina, mais abaixo ainda o endereço. No verso, no canto superior esquerdo uma fotomontagem do prédio, ao seu lado os dizeres “Os melhores 2 e 3 quartos da Freguesia com SMART SPACE: um cômodo extra para você viver com mais conforto e modernidade. Abaixo fotos ilustrativas do fitness, home cinema, playground, mais em baixo o mapa em verde, com a praia, e a lista dos itens de serviços e lazer. 2º. Aumentou de tamanho e ganhou uma dobra, manteve as cores azul e branco. Na frente mudaram as informações, os preços e a ilustração. Acima a logomarca, no centro a fotomontagem do prédio. No canto a esquerda o valor do apt 105 e 106 R$ 159 mil, pequena entrada = R$ 530,00** mensais durante a obra, sem juros, sem intermediárias, saldo em 100 meses sem comprovação de renda. Abaixo destaque para o “smart space” “Os melhores 2 e 3 quartos da Freguesia com SMART SPACE. Um cômodo extra para você viver com mais espaço e conforto”. Ao abrir o folder, grande fotomontagem da piscina, e em cima os dizeres “A Freguesia acaba de ganhar os 2 e 3 quartos sob medida para a sua família. Agora você terá a união perfeita do lazer de um condomínio completo com as melhores e mais modernas plantas da região. “Smart space” – “Conheça o smart space. O Espaço criado para você usar como quiser. Os apartamentos de 2 quartos do L’Espace ainda contam com exclusivo SMART SPACE, um cômodo inteligente que você pode transformar no que quiser, como Lazer e serviços da área comum com estrangeirismos ou inovações95 Piscina, Espaço gourmet, Fitness, Home Cinema, Playground, Segurança total 24 horas. Excluído: a 112 Este empreendimento é praticamente vizinho ao Aquárius, observe que fez 6 tipos de folders enquanto o Aquários só fez 2 tipos. Ver a relação de opções de lazer. 245 4.9 5.2 5.3 5.4 5.5 5.6 5.9 5.14 5.19 5.21 6.2 6.4 6.5 6.6 6.9 6.11 6.13 6.14 6.20 discurso Slogan principal do folder Tipo de discurso Nome dos empreendimentos classificados por data da 1ª. coleta Tipo de discurso Tipo de Número 246 Tipos de Ilustrações presentes nos prospectos e enunciados secundários e modificações posteriores do discurso Lazer e serviços da área comum com estrangeirismos ou inovações95 home theater, home Office, etc. COBERTURAS DUPLEX COM PISCINA E AMPLO TERRAÇO”. Ao lado a Planta baixa, com destaque para o smart space, que ganhou uma logomarca. Abaixo, fotos das áreas comuns Espaço gourmet, Fitness, Home Cinema, Playground. Destaque para os dizeres de “Segurança Total 24 horas – O L’Espace contará com um sistema de vigilância monitorado o dia inteiro. Tudo para que você possa curtir a sua família e todas as opções de lazer sem se preocupar com mais nada. Guarida de segurança 24h; sensores infravermelhos de movimento; circuito interno de TV”. Atrás “Para sua vida ficar repleta de conforto nada como morar num bairro como a Freguesia”. “O melhor ponto de Jacarepaguá. Suas ruas tranqüilas e cercadas pela natureza se unem a uma gama completa de serviços, criando uma atmosfera de conveniência e paz ao mesmo tempo”. No centro o mapa com localização do empreendimento, da Linha Amarela e da praia e com logomarcas dos serviços da região. Além da indicação da construtora de da imobiliária. 3º. Mantém o formato e as cores, porém chama a atenção com uma estrela em vermelho para o preço (reduzido em relação ao folder anterior) “A oportunidade DA SUA VIDA. 3 QUARTOS a partir de R$ 136 MIL, na melhor rua da Freguesia.”. (oportunidade = promoção) Acima uma etiqueta com a logomarca do empreendimento. No interior as fotos do empreendimento são as mesmas do folder anterior, muda apenas o tamanho e a disposição. Acrescentou uma grande foto de uma mãe (fora de foco) com uma filha (em primeiro plano). Destaque para os preços e forma de pagamento. “3 quartos a partir de R$ 136 mil, entrada R$ 4.091, Mensais R$ 341, durante a obra” Atrás mesma diagramação, mudando apenas o fundo que ficou sem textura. 4º Mantém o mesmo estilo do anterior, porém mudam os dizeres da frente “Tranqüilidade maior que a da rua só mesmo na hora de pagar as prestações” “3 quartos na rua mais sossegada da Freguesia” Destaque em vermelho para as mensalidades “por apenas R$ 439,30 mensais”. A parte de dentro é exatamente igual a anterior, mudando apenas os valores dos apartamento. “3 quartos por R$ 168.400, Entrada R$ 5.052, Mensais R$439,30 durante a 246 29. 2 16 ª Cmg Del Monte Club & Houses 1 3 “Todo clima especial da serra, em um lugar único 1 2 discurso Slogan principal do folder Tipo de discurso Nome dos empreendimentos classificados por data da 1ª. coleta Tipo de discurso Tipo de Número 247 Tipos de Ilustrações presentes nos prospectos e enunciados secundários e modificações posteriores do discurso Lazer e serviços da área comum com estrangeirismos ou inovações95 obra” (Nas letras miúdas verifica-se que trata-se do mesmo apartamento, portanto houve readequação do preço, que teria sido reduzido para atrair compradores no folder anterior). A parte de trás manteve-se igual. 5º. Mantém a forma e as cores, muda tipo de letra, introduz na frente moça de biquíni “relaxada” de olho fechado, tomando sol abaixo dos dizeres “L’Espace. A tranqüilidade que você sempre sonhou, com prestações que não vão tirar o seu sono. 3 quartos com diversão e sossego de sobra por apenas R$481,00 mensais durante a obra”. Dentro muda o layout predomina o azul com destaque em alarajado o preço. Mantém as mesmas fotos, retira a menina. Os dizeres acima “Com tantas opções de lazer, a felicidade da sua família já tem endereço certo”. Atrás mantem o mapa e mudam as letras, susbtitui-se o dizer para: “Garanta já a oportunidade de viver no melhor ponto da Freguesia”. O 6º. Folder muda completamente cores imagens e formato. Volta a ser frente e verso são introduzidas fotos de pessoas descansando, relaxando, dormindo e alegres, cada uma relacionada a uma frase elucidativa. “3 quartos com muito conforto” uma moça na piscina, de rosto plácido, de olhos fechados. “ótimas condições de pagamento” Outra moça deitada na rede no meio de um jardim, com braço relaxadamente em direção ao chão. “Muito lazer e segurança 24 h. Uma moça sorrindo alegremente, com uma “mão dada” em primeiro plano, sem mostrar de quem é a mão, sutilmente aparece o guidom de uma biscicleta. “A rua mais sossegada da Freguesia” um pai com uma criança no colo ambos dormindo em uma cama. E abaixo a logomarca e os dizeres “No L’Espace, o que não falta é motivo para você viver tranqüilo”. Atrás, as fotos do empreendimento, perspectiva da fachada, espaço gourmet, piscina e do mapa intercalados pelos dizeres: “3 quartos com diversão, conforto e segurança na melhor rua da Freguesia. A partir de 183.600, Entrada R$ 5.508, Mensais R$ 579,79 durante a obra” “ Salão de festa (gourmet, churrasqueira, forno de pizza) Sala de ginástica, sauna, sala de Repouso, piscina, Playground, home cinema, Lounge. Folder dobrado tamanho fechado 24 X 24 cm, aberto 24 X 50 cm, na vertical. Quando fechado apresenta-se dividido em Pórtico de entrada, Playground, piscina com borda infinita, churrasqueiras, 247 4 5 7 11 14 16 para sua família”. “Venha viver cercado de verde e tranqüilidade, na área mais nobre da Freguesia, com toda a segurança de um condomínio fechado”. 4 5 6 7 9 12 14 16 17 20 discurso Slogan principal do folder Tipo de discurso Nome dos empreendimentos classificados por data da 1ª. coleta (set/06) Tipo de discurso Tipo de Número 248 Tipos de Ilustrações presentes nos prospectos e enunciados secundários e modificações posteriores do discurso Lazer e serviços da área comum com estrangeirismos ou inovações95 duas partes cujos fundos são fotos de texturas. Na superior o fundo imita papel reciclado, papel de embrulho, sobre ele os dizeres “Prepare-se para começar uma nova vida”. Na parte debaixo um trançado como se fosse uma cesta de junco, com uma etiqueta de papel “madeira” com a logomarca do empreendimento: um desenho esquemático de uma casa em uma montanha com algumas folhas sobre eles, com o nome abaixo Del Monte, Club & Houses. Ao abrir a parte de cima do folder Aparece a “tampa” da cesta acima com outra etiqueta igual a outra, e sobre o fundo de papel madeira, no centro a foto da “casa de 4 quartos”. A foto parece ser de uma só casa de primeiro andar, entretanto são duas geminadas. Acima os dizeres “Todo clima especial da serra, em um lugar único para sua família”. “Casas de 4 quartos, com jardins privativos e um clube exclusivo”. Mensais a partir de R$ 784 *”(as informações deste asterisco não estão fáceis de localizar) “Até 240 meses para pagar”. E em um circulo verde, destacado “Na compra de uma casa ganhe** uma cozinha planejada da Bontempo”. Ao abrir a parte de baixo da “cesta” aparece mais alguns itens, emoldurados pela palha. São 6 fotos uma de cada item: pórtico de entrada, churrasqueiras, playground, piscina com borda infinita, quadra poliesportiva, espaço de festas gourmet, spa, play baby. E abaixo os dizeres “Venha viver cercado de verde e tranqüilidade, na área mais nobre da Freguesia, com toda a segurança de um condomínio fechado”. Em letras muito pequenas as informações “Todas as ilustrações são representações artísticas. Memorial de Incorporação registrado sob o No [...], Responsáveis técnicos..... e “*mensais ref. à casa 14 do bloco 19. Demais cndições de pagamento disponíveis com os corretores”. “**Veja regulamento da promoção no stand de vendas”. Atrás, a tampa entreaberta da cesta mostra novamente a etiqueta do spa113, Quadra poliesportiva, espaço de festas gourmet114, play baby 113 SPA significados encontrados - sano per acqua ou “cura pela água” e tomonímio a Spa, estância hidromineral nas proximidades de Liège (Bélgica) 114 Espaço Gourmet. Segundo o dicionário Houaiss Gourmet significa “indivíduo que é bom apreciador e entendedor de boas mesas, de bons vinhos e se regala com finos acepipes e bebidas”, por derivação o espaço Gourmet, que pode se aproximar de um restaurante ou de um salão de festas com cozinha americana onde o dono da casa ou o convidado executa os seus quitutes ao mesmo tempo em que recebe seus convidados nas dependências comuns do prédio ou condomínio. 248 30. 1 2 ë115 Cmg Mirante Campestre Parque . Clube. Condomínio (out/06) 1.5 1.7 1.16 1.20 2.7 2.16 3.3 3.7 3.16 3.19 4.2 4.7 4.19 4.20 5.21 1º. “PENSE GRANDE. Agora multiplique por 3. Conheça uma nova forma de viver. Um espaço incomparável na área nobre116 de Jacarepaguá”. 2º. “Este lançamento está recebendo tantos elogios que eles não couberam neste folheto. [no centro do folheto aparece a logomarca com uma série de adjetivos: incomparável, cativante, inédito, privilegiado, único, magnífico, surpreendente, excepcional”[...] 3º. “Perto da praia, perto da Linha Amarela e muito perto de vender tudo. LANÇAMENTO. Último bloco do Mirante Campestre. Até ontem, o mais aguardado. Depois de hoje, o mais disputado”. 4º. “Difícil é escolher em qual dos três lugares você se sente mais 1.1 1.2 1.5 1.7 1.14 1.16 1.19 1.20 1.21 2.2 2.3 2.6 2.9 2.10 2.17 2.21 3.2 3.5 3.9 3.16 3.20 4.1 4.2 discurso Slogan principal do folder Tipo de discurso Nome dos empreendimentos classificados por data da 1ª. coleta Tipo de discurso Tipo de Número 249 Tipos de Ilustrações presentes nos prospectos e enunciados secundários e modificações posteriores do discurso Lazer e serviços da área comum com estrangeirismos ou inovações95 empreendimento e ao lado “Venha conhecer o seu novo endereço no Rio:” Seguido do mapa em perspectiva, mostrando a serra e muitas árvores e as ruas principais inclusive a Linha Amarela. Ao lado “Visite uma casa-modelo decorada pela Bontempo(seu espaço. Seu mundo[dizeres da logomarca da Bontempo]) Abaixo o endereço e como que uma etiqueta colada na cesta os realizadores, administrador do condomínio e as vendas. 1º. Convite, formato de envelope = 4 pontas dobradas para dentro. Cada uma das pontas apresenta uma faceta “parque”, “condomínio”, “clube”. E, a de cima “ Você está convidado para conhecer uma nova forma de viver. Ao abrir esta ponta aparece o nome e a logomarca “Mirante Campestre, club, “condo” (estava encoberto), abre outra ponta, no verso uma família sorridente em primeiro plano e em segundo plano as varandas do prédio, com a tonalidade vermelha, abre a outra ponta no verso outra família, de mãos dadas, todos sorrindo em primeiro plano e em segundo plano folhagem verde, e a última ponta aparece a foto de um pai com a mão no ombro do filho e ambos segurando raquetes de tênis em uma quadra de tênis. Em segundo plano a tonalidade azul de uma piscina. Forma-se um losango que é esquematicamente a mesma forma do logomarca do empreendimento, que por sua vez é o esquema da divisão das áreas do terreno onde está o empreendimento. No centro o convite “Mirante campestre – parque-clube-condomínio. Coquetel de lançamento do Mirante Campestre, o condomínio mais surpreendente de Jacarepaguá. Venha e conheça antes de todo mundo este novo conceito de morar: um parque, um clube e um condomínio no mesmo lugar. Dia 11 de novembro, da 10h às 20h. Rua Retiro dos Artistas 1931 – Jpa. Imobiliária......, Corretor.... telefone... (Peguei no Colégio Alfa 100, em nov. de 2006) 2º. Folheto frente-verso tamanho ofício. Foto aérea do local com montagem dos edifícios e desenho nas cores das PARQUE 30.000 m2. Uma gigantesca área verde preservada para você caminhar, fazer trilhas, piquenique e curtir a paz e a tranqüilidade. CLUBE 46.600 m2. Um moderno e encantador clube, literalmente na porta de casa. E o melhor: totalmente revitalizado e com dezenas de novas atrações. CONDOMÍNIO 23.500 m2. O condomínio mais completo que Jacarepaguá já viu. Mais de 40 opções de lazer e conforto no empreendimento pensado em cada detalhe. SEGURANÇA Guarita 24h, Circuito interno de TV, Central de controle informatizada para monitoramento de toda movimentação do condomínio. DIVERSÃO (parque aquático e bar da piscina) Piscina com raia de 20m, Bar da piscina, sauna, quadra poliesportiva, cidade da criança, arvorismo, 115 Este empreendimento é composto por 7 blocos de apartamentos, perfazendo um total de 490 unidades. 116 Esta já é a terceira ou quarta área nobre, como diz ser de Jacarepaguá, talvez não seja da Freguesia... E a Freguesia sim, seja a área nobre de Jacarepaguá. Além dessa, as imediações da Rua Araguaia, com Joaquim Pinheiro e Pau Ferro, segundo os prospectos, delineiam uma área nobre da Freguesia. A outra seria nas imediações da Rua Francisco Cordeiro e Bananal. 249 em casa. Já começaram as obras do único parque, clube e condomínio do Rio. Aproveite”. 5º. “Sua Felicidade multiplicada por três”. 4.5 4.6 4.11 4.13 4.20 4.21 5.3 5.6 5.7 5.9 5.19 5.20 6.2 6.7 6.12 6.14 6.16 6.19 6.20 discurso Slogan principal do folder Tipo de discurso Nome dos empreendimentos classificados por data da 1ª. coleta Tipo de discurso Tipo de Número 250 Tipos de Ilustrações presentes nos prospectos e enunciados secundários e modificações posteriores do discurso partes correspondentes ao parque, ao clube e ao condomínio. “Sua felicidade multiplicada por três” texto explicativo geral do empreendimento e de cada uma das partes. Atrás foto de uma mãe brincando um a filha na piscina, “2 e 3 quartos com suíte em um condomínio completo, com mais de 40 opções de lazer”. “Tabela especial e novas condições de pagamento. Vire sócio do Clube Campestre e ganhe as 12 primeiras mensalidades”. “visite os apartamentos decorados” mapa com predominância em verde com desenho da praia do Barra shopping,... “A 2 minutos da LA e a 10 da Praia da Barra” 3º. Frente e verso maior que um A4. Frente semelhante ao anterior mudando os textos principais “PENSE GRANDE. Agora multiplique por 3. Conheça uma nova forma de viver. Um espaço incomparável na área nobre de Jacarepaguá...”.Atrás as mesmas fotos do convite, porém ampliadas, introduziu “O melhor preço, a melhor prestação e 240 meses para pagar” 4º. Foi aumentado com 2 dobras, similar ao Belle Époque. Na frente:(ver ao lado 2º Slogan principal) e faz referência ao n. de quartos e às mensalidades “durante a obra”, ao abrir o folder uma grande fotomontagem mostrando o empreendimento. E detalhando o Parque “30.000 m2. Uma gigantesca área verde preservada para você caminhar, fazer trilhas, piquenique e curtir a paz e a tranqüilidade”. O Clube “46.600 m2. Um moderno e encantador clube, literalmente na porta de casa. E o melhor: totalmente revitalizado e com dezenas de novas atrações”. O condomínio “23.500 m2 o condomínio mais completo que Jacarepaguá já viu. Mais de 40 opções de lazer e conforto no empreendimento pensado em cada detalhe. Ao abrir todo 53 X 59 cm perspectiva do empreendimento, foto ampliada da ‘família feliz’ E a lista dos itens com fotos de “segurança” “diversão – Jacarepaguá nunca viu tantas opções de lazer num mesmo lugar” “corpo e mente – Aqui você vai encontrar a paz e a harmonia com que sempre sonhou” 5º. Redução do folder pela metade. Logomarca em ‘marca d’água e letras garrafais “Perto da praia, perto da linha amarela e muito perto de vender tudo” no centro a logomarca e abaixo, “Lançamento. Último bloco do Mirante Campestre. Até ontem, o mais aguardado. Depois de hoje o mais disputado”. Lazer e serviços da área comum com estrangeirismos ou inovações95 ecotrekking, pista de skate, parede de escalada, Salão de jogos adulto e adolescente, brinquedoteca, casa do Tarzan, Home cinema, Churrasqueira com forno de Pizza, Lan House, Salão de festas Infantil. CORPO E MENTE Sauna, fitness, Spa, Sala de Estudos, Espaço Piquenique, Mirante, Redário, Espaço gourmet, Espaço Estética, Lounge Dinner. 250 31. 5 ë Cmg Vivance Residence (out/06) 1.4 1.5 1.6 1.7 1.12 1.20 2.1 2.9 1º. Vem aí o 2 e 3 quartos mais moderno da Freguesia, para quem gosta de viver com inteligência. Não compre apartamento na Freguesia antes de conhecer o novo lançamento da Gafisa.117 2º. Vivance Residence. Barato para comprar e barato para manter. [se referindo às fachadas revestidas em cerâmica, aos medidores individuais de água por apartamento, aproveitamento da água da chuva, menor custo mensal de condomínio] 1.1 1.4 1.5 1.6 1.7 1.9 1.10 1.12 1.19 1.20 2.1 2.2 2.3 2.6 2.9 2.11 3.1 3.2 4.1 4.2 discurso Slogan principal do folder Tipo de discurso Nome dos empreendimentos classificados por data da 1ª. coleta Tipo de discurso Tipo de Número 251 Tipos de Ilustrações presentes nos prospectos e enunciados secundários e modificações posteriores do discurso Lazer e serviços da área comum com estrangeirismos ou inovações95 Dentro além da perspectiva normal mostrava os 7 blocos dos quais 6 em vermelhos “vendidos” e só um em verde “último bloco à venda” Todas as informações dos folders anteriores porém em outra diagramação e em vermelho “2 e 3 quartos. A partir de R$ 386,00***mensais durante a obra”. Atrás igual ao folder anterior com o acréscimo de “visite os apartamentos decorados”. 6º. Formato igual ao anterior muda a frente reforçando as cores do parque, clube e condomínio. Mudando as fotos de identificação. No parque uma família fazendo piquenique, do clube mantém e do condomínio um grupo de pessoas brindando em uma mesa de jantar todas sorridentes.... “Difícil é escolher em qual dos três lugares você se sente mais em casa. Já começaram as obras do único parque, clube e condomínio do Rio. Aproveite”. 4 Tipos: tamanho, cores e formatos diferentes. Todos com a presença do verde e a mesma logomarca com a borboleta em degradê, com antenas em formato de V. 1º. Pequeno prospecto (meio ofício) em verde claro. Frente a logomarca “Vivance residence” e os dizeres “vem aí o 2 e 3 quartos mais moderno da Freguesia, para quem gosta de viver com Inteligência”. Não compre apartamento na Freguesia antes de conhecer o novo lançamento da Gafisa”. Atrás, no centro fotomontagem com perspectiva do empreendimento foto de uma menina segurando uma borboleta e abaixo um pai brincando-segurando o filho no colo. Os dizeres “Viver com inteligência é: - escolher um empreendimento que combine sustentabilidade com modernidade, gerando, entre outras vantagens, praticidade e menor custo mensal de condomínio; ter menor custo de manutenção de fachada, pois ela será toda revestida em cerâmica; economizar com o sistema de reaproveitamento da água da chuva para regar os jardins e limpar as áreas comuns; pagar menos com o uso de medidores individuais de água por apartamento; aproveitar todas as vantagens que só a Gafisa oferece” ... Antecipe-se ao lançamento. Entre em contato com seu corretor.... 2º. Fechado = tamanho ofício, 3 dobras, branco com a logomarca em degradê verde, o nome Vivance residence no centro e os ÁREA DE LAZER Entrada das águas, Estar sob pergolado, Hidro da psicina, Piscina adulto com raia, deck molhado, Piscina infantil, Cascata, Solarium, Salão de festas adulto com 4 ambientes, Espaço cinema, Lan House, brinquedoteca, salão de jogos, Redário, Espaço Barbecue, Fitness center, Sauna seca, sauna a vapor, Hidro in sauna, Spa, Repouso, Salão de festas infantil com minibar, Playground infantil, Parede de escalada infantil, Espaço grill, Espaço gourmet com churrasqueira e forno de pizza, Pomar infantil, Bosque. INTELIGENTE É VIVER COM SEGURANÇA Monitoramento total dos acessos principais e das áreas vitais do empreendimento (CFTV), sistema de segurança perimetral com sensores infravermelhos, leitor de proximidade para veículos, Cadastramento eletrônico 117 Este é o único empreendimento que usa o nome da construtora na mensagem principal. É uma forma de vender o produto através da marca Gafisa. 251 4.3 4.4 4.6 4.19 4.20 32. 16 ë Cmg Spazio Reale (nov/06) 1.7 1.12 1.13 1.20 2.2 2.9 2.10 2.12 2.17 2.20 1º. “Conheça e apaixone-se. Obras iniciadas e mude em 12 meses” 2º. 8 Raz.ões para morar aqui: 1. Obras iniciadas, 2. Entrega em 12 meses, 3. Baixa taxa de condomínio, 4. Prestações decrescentes pós-chaves, 5. Sem juros durante a obra, 6. Seguro término de obra já com a apólice emitida, 7. 1.2 1.6 1.9 1.14 1.21 2.2 2.9 2.10 2.12 2.20 discurso Slogan principal do folder Tipo de discurso Nome dos empreendimentos classificados por data da 1ª. coleta Tipo de discurso Tipo de Número 252 Tipos de Ilustrações presentes nos prospectos e enunciados secundários e modificações posteriores do discurso Lazer e serviços da área comum com estrangeirismos ou inovações95 dizeres “Barato para comprar e barato para manter”. Ao abrir a direita está a perspectiva da fachada com acesso e piscina. Do lado esquerdo só dizeres: “2 e 3 qtos no melhor ponto da Freguesia, com fácil acesso aos meios de transporte e tudo próximo a tudo,que a região tem de melhor. R$ 459,00, selo de que o garante. Na outra dobra surge a área de lazer com foto montagem da piscina, foto destacada de pai com filho na piscina, relação de itens. Itens de segurança e de serviço. A direita fotos dos espaços com borboletas como legenda “espaço gourmet com churrasqueira e forno de pizza, entrada das águas... (foto redonda com criança soltando bolas de sabão). Atrás, mapa verde com referência à praia. 3º. Tamanho ofício, em verde com perspectiva do prédio na frente, interior semelhante ao anterior, porém sem a segunda dobra. Destaque para as fotos da piscina, acima a direita espaço gourmet com churrasqueira e forno de pizza e abaixo foto do car wash e car service. Atrás mapa em verde similar ao anterior. 4º. Mesmo tamanho porém frente-verso e em verde claro esmaiecido. Frente além da perspectiva o convinte “venha para o Vivance o 2 e 3 quartos mais moderno da Freguesia” “aproveite as últimas unidades. Verso área de lazer completa e condomínio eco-responsável. Fotos da piscina, espaço gourmet, e salão de festas, abaixo duas plantas baixas da planta da cobertura. Atrás, mapa em verde e foto aérea com vista do local do empreendimento até o mar, destacando também a linha amarela e a AV. Geremário Dantas. 1º. Foder tamanho ofício, frente e verso em azul, com fotomontagem de um prédio, abaixo foto de uma família sorridentes todos abraçados: casal com um casal de filhos. Atrás foto da piscina e informações sobre os apartamentos de 2 e 3 qurtos (suíte) coberturas duplex com opção de 2 vagas, Lan house, salão de festas com espaço gourmet, área de fitness, piscina com deck, playground, spa com sauna Bosque com vegetação nativa. 8 razões para morar aqui (ver ao lado). Preço do apto a vista “a partir de R$ 91.410,00 ou prest. Média durante a obra a partir de R$ 529, (o tamanho da letra varia muito em função do tipo de informação e do que se quer chamar a atenção) “Financiamento da Caixa: use seu de visitantes. INTELIGENTE É TER TODOS OS SERVIÇOS SEM SAIR DE CASA Antena coletiva, PAX com 1 ramal por unidade, vestiário de empregados para uso das unidades autônomas, bicicletário, Car service, um espaço planejado para você cuidar do seu carro. Central de fax e xerox, central de arrumação e limpeza, central de pequenos reparos, posto de coleta de lavanderia, Car wash, Estrutura de cabeamento da Net, Net virtua (Internet banda larga), mais Net Fone, mais Net TV a cabo. [serviços pay-per-use. Só paga se usar.] Lan house, Salão de festas com espaço gourmet, área de fitness, Piscina com deck, Playground, Spa com sauna, Bosque com vegetação nativa. 2º. Piscina com raia 3º. Baby Care (sítio da Internet) 252 33. 5 ¨ Cp Edifício Shanti (nov/06) 1.4 1.12 1.20 1.21 2.5 2.6 2.20 34. 16 Cp Classe A (dez/06) 14 16 20 Financiamento garantido, 8. A MRV não cobra pela infra-estrutura do condomínio 3º. Esta é sua oportunidade: Lançamento da 2ª. Fase. 3.2 3.5 3.6 3.9 3.12 3.14 3.18 Receita para um Natal feliz. Compre já seu apartamento na Freguesia e mude em dezembro. (prospecto com o empreendimento praticamente pronto) 2º. Para você viver com arte. 2 quartos (1 suíte) com terceiro reversível. Sua família merece. “O melhor de Jacarepaguá” 1.3 1.16 1.17 1.20 2.6 1 3 11 discurso Slogan principal do folder Tipo de discurso Nome dos empreendimentos classificados por data da 1ª. coleta Tipo de discurso Tipo de Número 253 Tipos de Ilustrações presentes nos prospectos e enunciados secundários e modificações posteriores do discurso FGTS”. 2º. Tem basicamente as mesmas dimensões e informações porém muda o layout do folder. Ganha uma coloração alaranjada com vermelho. Na frente a perspectiva já mostra os dois prédios e um céu de por do sol e as 8 razões para morar aqui: estão na frente e bem mais ampliadas que no folder anterior. Atrás a foto da piscina é a mesma porém acrescida de uma bela moça de maiô em primeiro plano. O apartamento ao qual os preços se referem muda e conseqüentemente os preços também mudam, são maiores. A localização das informações no folder se mantém, muda a cor. 3º. O tamanho do folder é o mesmo. As cores e a diagramação mudam. É o “lançamento da 2ª. Fase”. A fotomontagem da piscina está na primeira página, e ganha uma moça em primeiro plano, tranqüila, bebendo água. também uma foto de crianças brincando em um gramado. Atrás “Freguesia – entregue dez¤2007”, no canto superior a esquerda a perspectiva do empreendimento. A descrição dos itens de lazer. “cobertura duplex c¤ opção de 2 vagas”. “Mensais durante a obra a partir de R$462, “ “Caixa use seu FGTS, mensais decrescentes pós-chaves, taxa a partir de 8,16% a.a.” mais abaixo fotomontagem do playground e abaixo os dizeres “CONSTRUTORA LÍDER DO SEU SEGMENTO. Presente em mais de 30 cidades. Pela 5ª. Vez Top Of Mind (Revista Mercado Comum), 32.000 imóveis lançados, 6 mil postos de trabalhos gerados por ano”. “KIT ACABAMENTO. PERSONALIZE SEU IMÓVEL” 3 prospectos diferentes (pouca distribuição) Perspectiva do empreendimento, uma taça sendo abastecida de vinho. Atrás, taças de vinho, com uma garrafa de vinho “Na compra de seu apartamento, ganhe uma cozinha planejada. E o vinho da sua ceia é por nossa conta”. Mapa em rosa, com Linha Amarela e a rua do prédio. 2º. Perspectiva do empreendimento, atrás planta humanizada do apartamento. Folder amarelo com perspectiva do loteamento cujos lotes são representados em verde, representação de um rio atrás do terreno, a logomarca do empreendimento e um mapinha bastante esquemático. “Terrenos planos com 360 m2” “a 10 Lazer e serviços da área comum com estrangeirismos ou inovações95 ND ND 253 discurso Slogan principal do folder Tipo de discurso Nome dos empreendimentos classificados por data da 1ª. coleta Tipo de discurso Tipo de Número 254 Tipos de Ilustrações presentes nos prospectos e enunciados secundários e modificações posteriores do discurso Lazer e serviços da área comum com estrangeirismos ou inovações95 minutos da BARRA. “Segurança 24 hs. Infra-estrutura completa” 35. 16 ë Cp Lumière Aliados VII (dez/06) 1.4 1.16 1.17 1.20 1º. O melhor da Freguesia, agora ao seu alcance, luxuoso e totalmente mobiliado 2º. 3 ou 4 quartos mais completo da Freguesia: Tem quartos mobiliados, cozinha planejada, armários nos banheiros... 1.1 1.2 1.6 1.9 2.1 2.2 2.9 36. ---- ªCp ND (dez/06) 1 3 4 20 Casas junto ao Bosque. Venha morar em um condomínio dentro de um Bosque, próximo ao centro da Freguesia. 1.1 1.3 1.4 1.6 1.12 1.20 37. 1 16 ¨ Cp Green Mountain Residence 1 5 Descubra agora porque sua vida está no Green 1 2 1º. Folder horizontal, frente e verso. Frente bordô e branco com perspectiva da fachada verde e branco do empreendimento e pouco texto (1º. ao lado). Verso planta baixa, informações dos itens de lazer, das condições detalhadas de pagamento e financiamento. E mapa do empreendimento em verde. 2º. Também frente e verso, porém mudou as cores para verde e linho e a disposição para vertical, reduziu o tamanho da ilustração e aumentou o tamanho das letras utilizando os dizeres ao lado. No verso retirou a planta e substituiu por fotos dos ambientes do apartamento decorado, manteve a lista de itens de serviços e lazer, o mapa também era o mesmo e as condições de pagamento continuavam, porém, alguns valores foram alterados: as mensais aumentaram e o valor a ser pago no contrato diminuiu. 3 tipos de folheto meio ofício frente e verso com pequenas variações de diagramação, texto e algumas mudanças de cores. 1º. Vermelho com laranja. Na frente a foto da casa e os dizeres “venha morar em um CONDOMÍNIO dentro de um BOSQUE, próximo ao CENTRO DA FREGUESIA, na Rua Iberê de Abreu, esquina com Estrada de Jacarepaguá No. 7221. Ao lado da foto o nome da empresa e os telefones para contato. Atrás fotos do caxinguelê, da casa, de um tucano, de um caminho arborizado e do interior da casa com o jardim interno. Além dos dizeres” “casas em condomínio fechado com 170 m2, 3 quartos (3 suítes) quarto-banho empregada, cozinha, salão, sala de jantar, Jardim de inverno, lavabo, varandas, garagem, churrasqueira” e algumas estrelas dizendo “próximo a bancos, comércio e escolas” “junto ao bosque da Freguesia e ao centro empresarial” “ a 10 min. Da Barra da Tijuca” e um mapa de localização com o condomínio e demais indicações de ruas e serviços”. 2º. Muda basicamente o fundo que passa a ser azul e o 3º. Faz variações de cores também. Fotomontagem da varanda do apartamento com mesa e cadeiras com vista para a montanha, sem nenhuma Lazer completo: fitness center, Spa com Hidromassagem e Ofurô, Sauna com Duchas, Espaço Kids e Espaço Teen, Salão de Festas gourmet, área de recreação, churrasqueira na varanda. ND Segurança 24 h, Circuito interno de TV, Infravermelho, Salão de jogos, Terraço 254 7 16 20 Mountain: O seu cartão postal. 12 38. 16 ¨ Cmg SINGuLARE (mar/07) 1.16 2.12 2.16 Um quatro quartos único na Freguesia. More no endereço mais nobre da rua Araguaia. 2º. Obra já iniciada. (dentro: More no endereço mais nobre da rua Araguaia) 1.14 1.21 2.1 2.2 2.3 2.6 2.21 39. 1 16 ë Cmg GrandValley (mar/07) 1.1 1.20 1º. GrandValley. Um lugar que a natureza fez para você. 2º. Um empreendimento único com diferenciais que você nunca viu na Freguesia. 3º. Sucesso de vendas. 2 e 3 quartos com muito lazer e segurança no melhor ponto da Freguesia. Condomínio garantido R$ 285,00. 1.1 1.2 1.3 1.4 1.6 1.7 1.10 1.11 1.12 1.16 1.17 1.20 2.4 2.7 2.16 2.20 3.2 3.4 3.6 3.11 3.17 2.1 2.2 2.3 2.4 2.5 2.6 2.11 2.17 discurso Slogan principal do folder Tipo de discurso Nome dos empreendimentos classificados por data da 1ª. coleta (jan./07) Tipo de discurso Tipo de Número 255 Tipos de Ilustrações presentes nos prospectos e enunciados secundários e modificações posteriores do discurso Lazer e serviços da área comum com estrangeirismos ou inovações95 edificação. (vale lembrar que atualmente já existe um empreendimento na frente) No interior do prospecto: Imagem da fachada do prédio, piscina, com área infantil, fitness, spa, salão de festas, salão de jogos, terraço da cobertura com piscina e churrasqueira. Mapa em verde, com indicação de ruas e entorno imediato. Chama a atenção a logomarca da incorporadora JHK com texto de apresentação da mesma. Foto de uma família, um casal, uma menina e um menino, todos sorrindo e felizes. 2º. Muda a foto da frente: uma mulher sorrindo com uma criança dormindo feliz, deitadas na grama. Dentro: Perspectiva da fachada, piscina, churrasqueira com forno de pizza, apartamento decorado e planta baixa ambientada. Na última página: mapa em verde, mostrando ruas, linha amarela e localização do empreendimento. com piscina e churrasqueira, Recreação, Fitness, Salão de Festas, SPA. 1º. Livreto tamanho ofício com muito verde e folhagens. Na frente placa pregada no tronco de uma árvore, com logomarca do empreendimento em madeira pintada com um vale com árvores, sol se pondo, montanhas e um rio correndo e o nome do empreendimento “Grandvalley”. E outra placa abaixo, com formato de seta, apontando para a direita (lado que se abre o livreto) com os dizeres “um lugar que a natureza fez pra você” e abaixo no canto direito a logomarca da Gafisa. Nas páginas de dentro perspectiva da área central do empreendimento mostrando fachadas e piscinas com ponte pênsil e acima os dizeres “2 e 3 quartos no melhor ponto da Freguesia. Plantas aconchegantes118 e com diferenciais que você nunca viu na região. Ao lado foto da cachoeira, emoldurada sobre folhagem verde, abaixo os dizeres” viva com eco-responsabilidade: preserve a natureza e economize nos custos de condomínio. Medidores individuais de água por apartamento, reaproveitamento da água da chuva, fachada revestida em cerâmica, cachoeira e riacho sem desperdício de água, coleta seletiva de lixo, energia alternativa para funcionamento de bombas e iluminação das áreas comuns, Área de Lazer Solarium com coolers, Ponte Pencil, Queda d’água, cachoeira, circuito de Mountain Bike, Casa do Tarzan, casa de bonecas, chute a gol, tabela de basquete, Parede de escalada, skygrama, saunas secas, saunas a vapor com mergulho para a piscina, Piscina com seixos para relaxamento, Hidromassagem, redário, descida na pedra, subida jungle, mirante do vale, Pub house com chopeira, Espaço gourmet, Espaço grill e Espaço Barbecue (todos com chopeira), Salão de festas adulto com chopeira, salão de festas infantil, brinquedoteca. Eco-responsabilidade Medidores individuais de água por apartamento (você só paga o que consumir), queda d’água e Riacho sem desperdício de água, com recirculação, filtragem e tratamento pelo processo Oligodinâmico, que mantém o PH estável e reduz o consumo de cloro em 90%, reaproveitamento da água da chuva para reposição da água evaporada da Piscina, Spa, Jacuzzi, Lounge, Amplo terraço, Saunas seca e a vapor, Fitness, Home Theater, Churrasqueira, Bar, Forno de Pizza, Lan House, Recreação infantil. 118 Dos empreendimentos que visitei este tem as menores áreas de apartamentos, donde se conclui que aconchegante é sinônimo de pequeno. Só tem entrada social nos apartamentos nem banheiro de serviço, donde se conclui que sejam esses os diferenciais ainda não vistos na região. 255 2.20 3.2 3,17 discurso Slogan principal do folder Tipo de discurso Nome dos empreendimentos classificados por data da 1ª. coleta Tipo de discurso Tipo de Número 256 Tipos de Ilustrações presentes nos prospectos e enunciados secundários e modificações posteriores do discurso Lazer e serviços da área comum com estrangeirismos ou inovações95 melhor aproveitamento da luz natural, ventilação natural dos banheiros “e um carimbo redondo com a afirmativa: condomínio garantido 1*ano” Nos asteriscos as condições de “garantia” em letras minúsculas. Na página seguinte ilustrações do fitness e piscina com seixos, do sky grama, casa de bonecas e casa do Tarzan, do circuito de mountain bike e da piscina com ponte pênsil. No centro os demais itens da “área de lazer”. Na página seguinte placas simulando estar dentro de um bosque, com os dizeres “área monitorada por câmeras de segurança” e ao lado os itens de “segurança, porque todo paraíso feito pela natureza precisa de proteção” outra apontando os desenhos dos serviços, e ao lado os itens de “serviços, assim você guarda suas energias para coisas mais divertidas”. Plantas baixas humanizadas de 2 e 3 quartos. Atrás, em outra placa, o mapa, com os convites “venha ver o lugar que a natureza fez pra você e Visite o stand e conheça o decorado”. O mapa, tem uma placa do tipo “mapa do tesouro” no local do empreendimento, mostra os espaços entre ruas todos como verdes, com algumas edificações isoladas e a praia da barra, com um avião sobrevoando a praia com a propaganda da Gafisa. 2º. Frente verso com mesmo fundo de folhas trás na frente a ilustração da cachoeira, as placas com a logomarca do empreendimento e outra “sucesso de vendas” abaixo os dizeres “2 e 3 quartos com muito lazer e segurança no melhor ponto da Freguesia. Novamente o carimbo de “condomínio garantido R$ 285,00” e em letras pequenas “ref. Às unidades de 2 quartos” e perspectiva da fachada. Atrás “um empreendimento único com diferenciais que você nunca viu na Freguesia” seguido pela lista das atrações de lazer, e algumas ilustrações da piscina com ponte pênsil, do skygrama e do salão de festas infantil. Abaixo “a vida fica melhor com eco-responsabilidade. Preserve a natureza e economize nos custos de condomínio “abaixo os itens de ecoresponsabilidades e o mapa de localização. 3º. Um outro folder, similar a este foi distribuído, porém mudava apenas o valor do condomínio que havia reduzido R$ 8, 00, passando para R$ 277,00”. A logomarca também recebe destaque nesta parte do Queda d’água e do Riacho, lavagem de carros, limpeza das áreas comuns e rega dos jardins, Torneiras, chuveiros e válvulas economizadores de água nas áreas comuns, Fachada revestida em cerâmica, gerando menor custo de manutenção, coleta seletiva de lixo, Projeto para o melhor aproveitamento da luz natural, energia alternativa para iluminação das áreas comuns, ventilação natural dos banheiros (direta e indireta)[há banheiros em algumas plantas que não possuem nenhum tipo de ventilação] Segurança Monitoramento total dos acessos principais e das áreas vitais do empreendimento (CFTV), Sistema de segurança perimetral com sensores infravermelhos, Leitor de proximidade para veículos, Cadastramento eletrônico de visitantes Serviços Car service, vestiário de empregados, antena coletiva, PAX, central de fax e xerox*, Central de arrumação e limpeza*, Central de pequenos reparos*, Posto de coleta de lavanderia*, Car wash* (*Serviços pay-peruse. Só paga se usar) Estrutura de cabeamento da Net, Net virtua (Internet banda larga) mais Net fone mais Net TV a cabo. 256 40. 1 16 ª Cmg Bella Vista Classic Houses (abr/07)119 1.5 1.7 1.20 2.1 3.1 3.8 3.20 4.1 4.2 4.4 4.5 4.8 4.11 4.20 1º.Coincidência: a tranquilidade que você sempre procurou e o seu próximo condomínio têm exatamente o mesmo enderço. 2º. Você que sempre quis viver no meio da natureza não precisa mais esperar 3º.A casa com tudo que você sempre quis. Essa é a sua chance de viver em um condomínio de casas no meio da natureza. 4º. Chegou o condomínio que vai realizar seu sonho de viver com lazer, conforto e segurança em meio à natureza da Freguesia. 1.1 1.2 1.3 1.5 1.11 1.12 1.15 1.20 1.21 2.1 2.2 2.4 2.5 2.6 2.7 2.8 2.9 2.11 2.12 2.14 2.16 2.20 3.1 3.2 3.3 3.4 3.5 3.7 3.8 3.9 discurso Slogan principal do folder Tipo de discurso Nome dos empreendimentos classificados por data da 1ª. coleta Tipo de discurso Tipo de Número 257 Tipos de Ilustrações presentes nos prospectos e enunciados secundários e modificações posteriores do discurso prospecto. Alguns dos prospectos foram feitos em papel reciclado, mas não todos. Também foi entregue saco de lixo para automóvel. Nos prospectos mais recentes também aparecia o salão de festas infantil. 4 tipos de folders. 1º. Tamanho carta dobrado pela metade. Logomarca do empreendimento a esquerda com uma folha e o nome, ao lado o slogan ao lado. Abaixo perspectiva do pórtico de entrada. Ao abrir o folder o fundo é verde com marca d’água de parte da logomarca. Acima os dizeres “Casas dúplex com 4 quartos (3 suítes) e 2 vagas na garagem. Abaixo perspectiva da fachada das casas. E ao lado os dizeres “Mais de 146 m2 de área privativa. Um espaço onde o conforto é planejado em cada detalhe. Tecnologia e estrutura completa de segurança. Mais abaixo os dizeres “Lazer igualzinho a sua vontade de ser feliz: sem limites” Seguido pela lista de itens ao lado. E mais abaixo 6 ilustrações (espaço zen, playground infantil, piscina, churrasqueira, quadra, academia.). Atrás mapa em verde com indicação da Linha Amarela, da Praia e dos serviços e comércio da redondeza. Além da logomarca do empreendimento da incorporadora e da imobiliária. 2º. Folder medindo 29 X 26,5 cm (dobrado) e 29 X 53 cm (aberto) Grande foto de vidros (vaporizadores) de perfume, com líquido verde, rótulos no qual aparecem em primeiro plano, tulipas amarelas com pétalas vermelhas, em direção do horizonte um campo verde com uma árvore ao fundo e o céu azul com nuvens brancas e uma nuvem estilizada com os dizeres “flores do campo”, apoiados em uma base de madeira e ao fundo uma parede rústica amarelo claro. Abaixo da foto os dizeres “Você que sempre quis viver no meio da natureza não precisa mais esperar”. Ao abrir o folder, basicamente a mesma foto, porém o líquido dos vidros mudam de cores e seus rótulos ganham novos dizeres e as flores (tulipas) são substituídas por ilustrações da área de lazer. O primeiro frasco tem cor azul “Frescor da Manhã”, abaixo a piscina azul com uma família brincando com um Lazer e serviços da área comum com estrangeirismos ou inovações95 Piscinas adulto e infantil, SPA, Churrasqueira, Forno a lenha, academia de ginástica, fitness121 center, (Qual seria a diferença?) Excelente espaço verde, Espaço gourmet, Espaço zen, Fontana, pista de skate, quadra poliesportiva, playground infantil, praça do braseiro, Espaço Teen, ambientes especialmente elaborados para crianças. 119 Este empreendimento merece destaque pela rapidez com que os folders foram alterados, de fevereiro de 2007 a junho de 2007, ou seja em um intervalo de 4 meses foram distribuídos 4 tipos diferentes de prospectos. 257 3.11 3.12 3.14 3.19 3.20 4.1 4.2 4.5 4.8 4.9 4.19 4.20 discurso Slogan principal do folder Tipo de discurso Nome dos empreendimentos classificados por data da 1ª. coleta Tipo de discurso Tipo de Número 258 Tipos de Ilustrações presentes nos prospectos e enunciados secundários e modificações posteriores do discurso Lazer e serviços da área comum com estrangeirismos ou inovações95 bebê. O segundo frasco tem a cor verde e no rótulo “Sopro de energia” e uma quadra de tênis cujo piso é verde. O terceiro vidro tem o líquido rosa e no rótulo “Brisa da tarde”, e como ilustração o pergolado com flores rosas como um caramanchão e sob ele, cadeiras e sofás (espaço zen). O quarto vidro na cor azul claro, tem os dizeres “ Essência Relaxante” e abaixo a ilustração da hidro do SPA, com detalhes em azul. E abaixo dos vidros os dizeres “Chegou o condomínio que vai realizar seu sonho de viver com lazer, conforto e segurança em meio à natureza da Freguesia”. Abaixo a logomarca do empreendimento e os dizeres “4 quartos, 3 suítes, 2 vagas na garagem e 1 privilegiado: você. Seguido pelas ilustrações do pórtico de entrada e das casas geminadas. Abaixo “Área de lazer com um clube completo. (lista de 8 itens de lazer) e ao lado “Casas de 146 m2 a partir de R$299 mil *(preço válido para a casa No. 23) Uma completa infra-estrutura de segurança para sua família”. Atrás a logomarca os dizeres “visite o nosso estande e conheça melhor tudo que o Bella Vista vai oferecer a sua família. Mais abaixo o mapa em verde, igual ao do folder anterior e mais abaixo as logomarcas da construtora e da imobiliária. 3º. Foto dos vidros de perfume, porém, desta vez, os vidros coloridos aparecem na frente e muda o slogan para “A casa com tudo que você sempre quis. Essa e a sua chance de viver em um condomínio de casas no meio da natureza”. Ao abrir aparece os dizeres “Chegou o condomínio que vai realizar seu sonho de viver com lazer, conforto e segurança em meio à natureza da Freguesia”. Abaixo a logomarca em tamanho ampliado. Repete alguns dizeres e ilustrações do folder 2 porém com outra diagramação e com mais informações sobre as condições de pagamento (sinal R$7.475,oo contrato, R$7475,oo e com nova foto da casa de 3 andares. “Venha morar num condomínio fechado com uma completa infra-estrutura de segurança e lazer para a sua família. Um clube completo com: Piscina, spa, fitness, salão 120 Curioso como alguns empreendimentos dão destaque para a entrada do empreendimento, seria por causa da guarita e da segurança? Ou seria por causa da imponência ou status? 121 A expressão fitness significa aptidão física, não relacionando somente à capacidade física, mas também ao aspecto de equilíbrio corporal e espiritual. 258 discurso Slogan principal do folder Tipo de discurso Nome dos empreendimentos classificados por data da 1ª. coleta Tipo de discurso Tipo de Número 259 Tipos de Ilustrações presentes nos prospectos e enunciados secundários e modificações posteriores do discurso Lazer e serviços da área comum com estrangeirismos ou inovações95 de festas, playground infantil, quadra poliesportiva, Espaço Zen, churrasqueira”. Perspectiva da guarita (pótico de entrada120) Nesta página de dentro aparece as logomarcas do construtor e da imobiliária. Na parte de trás a logomarca do empreendimento na parte superior, abaixo os dizeres “Visite o nosso estande e conheça melhor tudo que o Bella Vista vai oferecer à sua família”. Seguido pelo mapa em verde (igual ao do folder 2) e mais uma vez as logomarcas da construtora e da imobiiliária. 4º. Apesar do tamanho do folder ter permanecido, saíram os frascos de perfumes e foram susbstituídos pela perspectiva ilustrativa das casas, com a logomarca do empreendimento acima. E abaixo os dizeres “A casa com tudo que você sempre quis. Esta é a sua chance de viver em um condomínio de casas no meio da natureza”. Dentro alguns dizeres e ilustrações são similares ao folder anterior, porém mudam os preços, aumentando os valores que antes eram referentes a casa 23 e passam agora a casa 24. Saiu a ilustração da casa de 3 pavimentos que foi substituída por 2 outras duas: uma do espaço zen e outra da quadra poliesportiva. E a do pórtico foi substituída pela da piscina. 41. 1 16 ë Cp Residencial Del Sole (jun/07) 1 15 42. 16 ¨ Cmg Rimini Spazio (jun/07) 2 4 7 9 11 20 More no mesmo endereço da natureza. Estrada dos Três Rios... Dentro: Exclusividade é tudo, só 36 aptos p/ prédio (2 blocos = 72 aptos). (* dentro deste prospecto era entregue o do Del Giardino, que é da mesma construtora, parece ter tido dificuldade de vendas) Reservado para você. Condições de pagamento nunca vistas na Freguesia. Visite o apto. decorado. Estrada do Pau Ferro, 240, Freguesia (neste ponto já é 1 2 3 6 14 Foto de um bosque e o desenho de um sol atrás do nome do empreendimento. Dentro perspectiva do prédio, do fitness, da psicina, churrasqueira, espaço gourmet, e de uma família (casal com dois filhos, brincando com bolas de sabão), com fundo do bosque em marca d’água. Atrás, plantas baixas ambientadas dos aptos de 2 e 3 quartos, outra fachada e mapa em verde, com indicação de sentido da Barra da Tijuca e da Grajaú-Jacarepaguá. Piscina-borboletas, Playground-árvores, Brinquedoteca-cor de natureza, Espaço gourmet-plantas, Sauna a vaporpassarinhos, Spa e Fitness center-canto de cigarras, Churrasqueiras-Flores o ano inteiro, Sala de Recreação. 1 2 3 9 12 14 Foto de um casal a beira da piscina, Espaço gourmet. Dentro: Foto com a garage band, sala de massagem, salão de festas com duas crianças se abraçando, e duas grandes gotas de tinta com o valor da mensalidade de R$ 201, ou R$ 95.770,. Atrás, mapa em verde e amarelado, com logomarcas de supermercados, bancos, Shopping, representação de algumas Piscina, Salão de Festas, Espaço gourmet, Salão de Jogos, Kid’s room, Brinquedoteca, Ateliê de artes, Garage Band, Lan House, Sala de Massagem 259 Pechincha e não mais Freguesia) Dentro: Condomínio fechado com muito lazer e segurança. 43. 1 15 16 ª Cmg Green Valley Exclusive (jun/07) 1 15 20 More num condomínio exclusivo em absoluto contato com a natureza. 1.1 1.2 1.3 1.4 1.6 1.11 1.12 1.15 1.16 1.18 1.21 2.1 2.2 2.3 2.5 2.7 2.8 2.11 2.12 2.13 2.14 2.15 2.16 2.20 3.1 3.15 3.20 discurso Slogan principal do folder Tipo de discurso Nome dos empreendimentos classificados por data da 1ª. coleta Tipo de discurso Tipo de Número 260 Tipos de Ilustrações presentes nos prospectos e enunciados secundários e modificações posteriores do discurso edificações e árvores. Nesta página também merece destaque a propaganda da construtora “líder do seu segmento: presente em mais de 30 cidades; pela 5ª. Vez Top of Mind (Revista Mercado Comum); 32.000 imóveis lançados; 6 mil postos de trabalho gerados por ano. 1º. Flyer obtido no stand da imobiliária no 3º. Feirão da casa própria. ¼ de ofício. Frente-verso. Para divulgação do lançamento do empreendimento. Textura de fundo casca rústica de árvore, com logomarca de uma árvore impressa na casca na cor ocre. No chão da árvore o nome do empreendimento Green Valley e abaixo Exclusive. E os dizeres em tarja vermelha “Breve lançamento” e abaixo da logomarca “Um condomínio único em muitos aspectos. Principalmente na sua felicidade”. Abaixo a ilustração das casas. “Condomínio exclusivo de apenas 27 casas, com lazer e segurança em rua fechada”. Verso textura da casca de árvore intercalado com verde. “Casas com 4 suítes e sótão opcional. Todas com jardim privativo, varanda gourmet e 2 vagas na garagem”. “LAZER COMPLETO: piscina adulto com raia e piscina infantil, deck molhado, sauna, fitness, cozinha gourmet completa, churrasqueira, forno de pizza, salão de festas e parquinho”. Ilustração do “clube” com piscina e abaixo os dizeres “Localização privilegiada, no melhor ponto da Freguesia, a 250 metros da Linha Amarela e a 10 minutos da Praia da Barra. Estr. do Pau Ferro 703 – Freguesia – Jacarepaguá. Ao final as logomarcas da imobiliária e da incorporadora. 2º. Dobrado 26,5 X 29,5 cm e aberto 53 X 29,5 cm. Na frente com tarja vermelha e letras brancas os dizeres “Convite Brunch de lançamento, sábado, 25 de agosto às 10:00hs [sic.] ” Abaixo o fundo em casca de árvore e a logomarca, seguida da perspectiva das casas e os dizeres “ Green Valley. Apenas 27 casas, com lazer e segurança em rua fechada”. No interior, a casca da madeira emoldura um ‘quadro’ de papel imitando reciclado com partes em verde e letra branca “Venha viver com toda a Lazer e serviços da área comum com estrangeirismos ou inovações95 Piscina adulto com raia, piscina infantil, Deck molhado, Fitness, sauna, Espaço Lounge122, salão de festas, parque infantil, Forno de pizza, Churrasqueira, Espaço gourmet, Sala de repouso. 122 O termo lounge em sua tradução simples pode significar ociosidade, lugar de descanso, saguão de hotel ou prédio, passar o tempo ociosamente. (Michaelis) Entretanto na atualidade esse se tornou uma tendência da moda, mas que não define algo específico. É um espaço híbrido, que pode estar relacionado a um pub, a um bar, a um restaurante, a uma sala de estar e que tenham música. 260 discurso Slogan principal do folder Tipo de discurso Nome dos empreendimentos classificados por data da 1ª. coleta Tipo de discurso Tipo de Número 261 Tipos de Ilustrações presentes nos prospectos e enunciados secundários e modificações posteriores do discurso Lazer e serviços da área comum com estrangeirismos ou inovações95 comodidade no melhor ponto da Freguesia, a 2 minutos da Linha Amarela e a 10 minutos da praia. No Green Valley você vai ter todo o lazer e sossego que sempre sonhou em um condomínio completo e exclusivo”. Abaixo foto do “clube completo” com piscina churrasqueira “Você vai poder se divertir à vontade. – piscina adulto com raia, piscina infantil, deck molhado, salão de festas, sauna, fitness, espaço lounge, churrasqueira, forno de pizza, espaço gourmet, sala de repouso, parque infantil. Na página seguinte “Casas com 4 suítes e sótão. Todas com jardim exclusivo, varanda gourmet com churrasqueira e forno de pizza e 2 vagas de garagem”. E ilustrações da sala de estar, sótão, varanda gourmet, portaria e em fundo verde “um privilégio para apenas 27 famílias. Segurança 24 h para sua família. Rua fechada com guarita, entrada do condomínio toda automatizada. E Atrás ainda o fundo de casca de árvore emoldurando papel tipo reciclado com mapa cujo fundo também é de casca de árvore. Os dizeres “um lugar com tanto verde que a tranqüilidade da sua nova vida já começa pelo lado de fora”. Estrada do Pau Ferro, 703 – Freguesia – Jacarepaguá “Visite hoje mesmo nosso stand e garanta a vida que você sempre quis dar para a sua família”. E abaixo as logomarcas da incorporadora, construtora, estruturação financeira e imobiliária. 3º. Praticamente igual ao anterior tendo sido alterada a frente do folder, com a retirada a tarja vermelha do convite ao lançamento e sendo incluído nova frase “More num condomínio exclusivo em absoluto contato com a natureza”. 261 44. 1 4 16 1.1 1.2 1.4 1.5 1.6 1.16 2.1 2.7 2.20 3.4 3.5 3.7 3.16 3.20 1º. Vem aí o 2 e 3 quartos na Freguesia com lazer complete e um conceito inédito de vida. Ecolife Freguesia. 2º. Vai ser natural você querer viver aqui. 3º. Compare e se encante com o melhor empreendimento da Freguesia. Viver aqui faz bem. 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.9 1.10 1.11 1.13 1.14 1.16 1.20 2.1 2.2 2.3 2.4 2.5 2.6 2.7 2.9 2.10 2.16 2.20 3.1 3.2 3.3 3.4 discurso Slogan principal do folder Tipo de discurso Nome dos empreendimentos classificados por data da 1ª. coleta ëCmg Ecolife Freguesia (jun/07) Tipo de discurso Tipo de Número 262 Tipos de Ilustrações presentes nos prospectos e enunciados secundários e modificações posteriores do discurso Lazer e serviços da área comum com estrangeirismos ou inovações95 1º. Libreto grampeado, com 8 páginas, destas 4 formam um caderninho menor no interior da peça em papel reciclado com os diferenciais ecológicos. Folder verde com folhas, acima os dizeres “Vai ser natural você viver aqui”. Abaixo, foto de moça deitada na grama florida, sorrindo com uma flor (margarida) na boca. No centro o nome “Ecolife freguesia”. Ao abrir os dizeres “Viver em contato com a natureza, preservar os recurso que o meio ambiente oferece e ainda economizar mais por isso123... Desfrutar de lazer. Desfrutar de lazer completo, total estrutura, muita segurança e da melhor localização da Freguesia. Isso é Ecolife. No centro fotos de pesssoas, casais sorrindo, criança tomando banho de mangueira (nada econômico por sinal!) Abaixo os dizeres em letra menor. “O Ecolife é o primeiro condomínio ecologicamente sustentável do Rio. Um empreendimento único, com diversos diferenciais ecológicos que preservam e valorizam os recurso da natureza, melhoram sua qualidade de vida e ainda reduzem seus custos Além de tudo isso, você ainda tem lazer e segurança 24h. Respeito à natureza faz bem para o meio ambiente, para sua família e, principalmente, para o seu bolso124. Tudo isso, na melhor localização da Freguesia: a Estrada dos Três Rios. Um local de fácil acesso, com diversos meios de transporte e próximo a toda infra-estrutura de comércio”. Na página seguinte a esquerda os dizeres “2 e 3 quartos, ambos com suíte, churrasqueira limpa na varanda e muito conforto. Ao lado o encarte: o libreto em papel reciclado, com duas mãos juntas, apoiadas sob uma mão maior, segurando uma pequena muda de uma árvore (repetido em prospectos diferentes do mesmo Lazer e serviços Piscina adulto, piscina infantil, Fitness center, Spa com ofurô, saunas secas e a vapor, churrasqueira limpa, Plaground infantil, Espaço leitura, Espaço mulher, Home cinema, Espaço gourmet , brinquedoteca, salão de festas, salão de jogos, sala de estudos, sala de repouso, sala de massagem, Solarium, espaço ping-pong, Guarita com segurança 24 h. Preservação do meio ambiente e respeito à natureza. Pomar & herbário, Elevadores ecológicos, churrasqueira limpa e com pedra de lava vulcânica, Janela de alumínio com persianas, água filtrada. Redução de custos Energia solar, sensores de presença, medidor individual de água, coleta de lixo seletiva, reutilização da água de chuveiro e lavatório, aquecimento de água com gás, lâmpadas econômica e motores de alto desempenho, captação e reutilização de água da chuva, churrasqueira limpa na varanda, janela de alumínio com persianas. 123 O discurso do ecológico ainda está atrelado ao discurso da economia para o bolso do comprador. No Vivance também há o mesmo discurso. 124 Idem. A forma de convencimento ainda está associada ao “bolso”, o respeito e a venda da natureza como algo vantajoso e não como algo necessário. 262 3.5 3.7 3.9 3.10 3.16 3.20 discurso Slogan principal do folder Tipo de discurso Nome dos empreendimentos classificados por data da 1ª. coleta Tipo de discurso Tipo de Número 263 Tipos de Ilustrações presentes nos prospectos e enunciados secundários e modificações posteriores do discurso Lazer e serviços da área comum com estrangeirismos ou inovações95 empreendimento), desenhos das “práticas sustentáveis e ecológicas”. Abaixo os dizeres “Aproveite as condições especiais de lançamento. Mensais a partir de R$ 440,** Até 300 meses para pagar pós-chaves. Na página seguinte a foto do prédio, entre as ilustrações a lista de itens de serviço e lazer, abaixo ilustração da área de piscina com crianças, ao lado os dizeres “Um condomínio que tem tudo para você relaxar, com atrações de tirar o fôlego: Ecolife Freguesia, e abaixo a ilustração do espaço gourmet, na última página mapa de localização na cor verde, com indicação de colégios, bancos, shoppings, incluindo a praia da Barra, com redução da distância visual, e o convite “visite o apartamento decorado”. 2º. Folder dobrado tamanho ofício. Frente foto das mãos segurando delicadamente uma muda de árvore, no centro o nome do empreendimento e acima os dizeres “vem aí o 2 e 3 quartos na Freguesia com lazer completo e um conceito inédito de vida”. Dentro, no centro, fotos da piscina (grande), playground com crianças, spa, do Salão de festas, salão de jogos e da fachada (bem pequena). Acima os dizeres “Conheça o 1º. Condomínio do Rio que integra práticas ecológicas com redução de custos. Antecipe-se e aproveite preços e condições especiais. Abaixo dizeres como “Veja os diferenciais que fazem do Ecolife um empreendimento único: -Energia solar, - Sensores de presença, medidor individual de água, reutilização de água do chuveiro e lavatório, coleta de lixo seletiva, aquecimento de água com gás, captação e reutilização da água da chuva, Pomar & herbário, churrasqueira limpa e com pedra vulcânica, Água filtrada, elevadores ecológicos, janela de alumínio com persianas. Atrás basicamente igual ao livreto anterior, porém o endereço ganha posição e tamanho de letra de maior destaque 3º. Tamanho oficio dobrado, em papel reciclado. Frente foto de “pai” com filha deitados na relva, ele olhando para ela e ela olhando para a frente (futuro?) os dizeres “Compare e se encante pelo melhor empreendimento da Freguesia. Abaixo “Ecolife freguesia – Viver aqui faz bem” “Visite o apartamento decorado no stand de vendas”. Ao abrir no alto, dentro de uma folha sobre parte da perspectiva do empreendimento está escrito “Com churrasqueira limpa na 263 discurso Slogan principal do folder Tipo de discurso Nome dos empreendimentos classificados por data da 1ª. coleta Tipo de discurso Tipo de Número 264 Tipos de Ilustrações presentes nos prospectos e enunciados secundários e modificações posteriores do discurso Lazer e serviços da área comum com estrangeirismos ou inovações95 varanda e janela de alumínio com persiana”. Abaixo da ilustração os “atrativos” do empreendimento. Mais abaixo uma tabela detalhada com as “condições especiais de venda” para os apartamentos de 2 e 3 quartos e “financiamento em até 300 meses após a entrega das chaves”. Do lado direito “Conheça o melhor empreendimento da Freguesia, com práticas de sustentabilidade que reduzem em até 30% o valor do condomínio” e “sustentabilidade e economia em cada m2” apresentados em um desenho de uma árvore, como se fossem frutos os diferenciais de sustentabilidade e economia apresentados. Atrás página verde com mapa em verde mostrando a praia e a montanha. (**só a terceira geração de folders utilizou papel reciclado, antes só um pequeno anexo ao folder principal, com as “práticas ecológicas” é que utilizou papel reciclado.) Em folheto de um corretor os dizeres “Pré-lançamento na Freguesia” abaixo a perspectiva do empreendimento. Aptos 2 e 3 quartos 62 m2 e 78 m2. 4 opções de plantas com o m2 mais acessível da região. 1º. EMPREENDIMENTO DO RIO DE JANEIRO COM SELO GREEN BUILDING. ANTECIPE-SE AO LANÇAMENTO. Abaixo o nome e o celular do corretor. 45. 16 ¨Cmg Privilege residencial (jun/07) 1.5 1.7 1.9 1.20 2.6 2.9 2.19 2.20 1º. O nome de condomínio dá uma dica de como será a sua nova vida. O folheto, dá a resposta completa. A partir de 119 mil totalmente sem juros e sem comprovação de renda. 2º. Você nunca viu 3 e 4 quartos como os do Privilege. E se demorar muito, não vai ver de novo. 3 e 4 quartos a partir de 178 mil. 1.2 1.3 1.9 1.14 2.9 Frente com perspectiva do empreendimento, fotos de família, casal com uma filha, pai com um filho, quadro com informações de valores e do apartamento. Os dois prospectos recebidos repetem as imagens, porém mudam os valores e posição dos quadros informativos. Dentro como um álbum de fotos com piscina, espaço gourmet, sala de repouso com ofurô, Reebok Fitness center, Home Cinema, espaço teen com lan house, brinquedoteca. Atrás mapa, em bege, cor predominante do prospecto, com pontos comerciais de referência e a praia com distância muito mais próxima que o real. Piscina com deck molhado, Sala de repouso com ofurô, sauna, Reebok Fitness center, Home cinema, Espaço gourmet , brinquedoteca, Espaço Teen com Lan House, Internet, Intranet, Box privativo, segurança 24 h, alarme e Circuito interno de TV. 264 46. 5 47. 13 16 ëCmg Free Residencial (jul/07) 48. 5 16 ¨Cmg Vitá Araguaia (jul/07) 49. 5 16 ¨Cp Bella Vita Residencial (ago/07) discurso Slogan principal do folder Tipo de discurso Nome dos empreendimentos classificados por data da 1ª. coleta ëCmg Lótus. Sua vida com Bem-estar (jun/07) Tipo de discurso Tipo de Número 265 Tipos de Ilustrações presentes nos prospectos e enunciados secundários e modificações posteriores do discurso Lazer e serviços da área comum com estrangeirismos ou inovações95 Fundo do prospecto imitando uma esteira de palha. Perspectiva da fachada e do pórtico de entrada de um dos prédios (são 4 blocos). Fotos, como cartões postais do fitness, piscina, pórtico de entrada com fonte, área de computadores, espaço infantil, churrasqueira. Em destaque o número de prestações: 150 (variava em função do tempo). No outro lado, imagens da sala de repouso com sauna e outras fotos de espaços sem identificação. Além disso, um mapa, com foto aérea esquemática, mostrando o bosque da Freguesia, a Pedra da Panela, a paria da Barra e o mar. Um prospecto distribuído no stand de vendas imitava papel reciclado e apresentava o Masterplan com a localização dos equipamentos de lazer, serviço e vagas de garagem. 1º. Perspectiva das fachadas principais, destaque para o preço da mensalidade de R$ 339,00. Na parte de trás, fotos das piscinas com cascata e deck, churrasqueira, brinquedoteca, e a varanda gourmet, com uma vista da montanha (sem nenhuma edificação) 2º. Frente semelhante ao primeiro prospecto, porém este era maior e dobrado, com fotos maiores, acrescido de outros, como lounge jovens, praça dos namorados, fun ball e salão de festas. Atrás, mapa em verde com indicações de shopping, cursos de inglês, supermercado, bosque da Freguesia e da Praia da Barra, aproximada. Sala de repouso com hidro, sauna com ducha, fitness center, home Office, Lan house, salão de jogos, hidro-openly, piscina adulto, piscina infantil, bar da piscina, ducha máster, ducha relaxante, espaço zen, Espaço gourmet, home theater, churrasqueira, espaço infantil, miniquadra infantil, playground, fonte com chafariz. 1.4 1.6 1.7 1.16 1.20 Venha hoje para o brunch de lançamento. Na Freguesia, Zona Sul de Jacarepaguá, 2 quartos (1 suíte), com churrasqueira na varanda e cobertura duplex com piscina. Apartamentos a partir de 67 m2. 1.1 1.2 1.3 1.9 1.2 1.5 1.6 1.13 1.16 1º. Seja Free. Viva num 2 quartos com muito lazer e tranqüilidade na região mais elegante de Jacarepaguá. 2º. Se o nome já passa a sensação de liberdade, imagine depois de garantir a sua unidade. 3º. Seja Free. Você nunca se sentiu tão livre entre quatro paredes. 1.1 1.2 1.9 Viva com a qualidade e o lazer que você sempre sonhou. O melhor da vida no melhor ponto da Freguesia. Entrada a partir de R$ 4.280,00, mensais a partir de R$ 480,00. 300 meses para pagar. Viver bem é morar em uma localização privilegiada. Venha para a Rua Araguaia na Freguesia. 1 2 3 6 O fundo do prospecto é uma flor alaranjada com detalhes em verde. No interior do folder a predominância é da cor verde, inclusive com as logomarcas de supermercados, cursos de inglês, faculdades, restaurantes todos esverdeados. Na outra página a foto da piscina azul, com o céu azul e vegetação, como se não houvesse nada no entorno. Foto do apartamento decorado e da fachada do prédio. Última página com mapa em verde, mostrando a praia da Barra, com a distância encurtada. Brinquedoteca, Lan House, Playground, churrasqueira, Piscinas adulto e infantil, Solarium, Sauna e descanso, Fitness, Salão de jogos, Redário. A qualidade e o luxo que você sempre quis, nas condições que você pode pagar: Mensais de apenas R$ 497,00. 1 2 3 6 9 12 13 Papel de fundo verde com folhas em marca d’água. Perspectiva do prédio. Foto de uma família sorrindo, um casal e uma filha louros em um jardim florido. Com o slogan ao lado e o valor das “mensais de apenas R$497,00 (durante a obra”. Atrás planta humanizada, fotos da sauna a vapor, salão de jogos, espaço fitness, espaço kids, espaço gourmet, dizeres”Bella vita 2 ou 3 quartos (suíte) e coberturas duplex para você desfrutar uma vida só de alegria” “obra em ritmo Espaço Fitness, Espaço kids, Espaço gourmet, sauna a vapor. 2.7 2.8 2.13 2.20 2 3 4 5 9 8 9 16 20 2.1 2.2 2.3 Piscina com cascata e deck, Piscina com raia e infantil, Fitness center, sauna, repouso, redário, Fraudário, baixo bebê, brinquedoteca, Parquinho, fun ball, churrasqueira, forno de pizza, praça dos namorados, Lounge Jovens, Salão de Festas 265 50. 5 16 ¨ Cmg Massimo Confort Residence (out/07) 16 51. 1 16 ¨Cp Golden Hills (nov/07) 3 4 6 7 9 13 16 20 52. 1 Cp Vale do Ipê Condomínio (nov/07) 18 20 21 discurso Slogan principal do folder Tipo de discurso Nome dos empreendimentos classificados por data da 1ª. coleta Tipo de discurso Tipo de Número 266 Tipos de Ilustrações presentes nos prospectos e enunciados secundários e modificações posteriores do discurso Lazer e serviços da área comum com estrangeirismos ou inovações95 14 17 19 acelerado”. “Preço total (a partir de ) R$ 149.000, Financiamento em até 240 meses pelo SFH Promoção especial: acabamento em porcelanato nos quartos para os 5 primeiros compradores” Mapa em verde com ruas, mostrando a praia da Barra. Para quem nunca se contentou com pouco. [contraponto com os apartamentos pequenos? Os tamanhos são dos apartamentos médios] Sorria, você não está na Barra. Você vai achar a vista um espetáculo. O prazo também. 300 meses para pagar. Freguesia. 2 e 3 quartos no local mais nobre de Jacarepaguá. 1 2 16 Perspectiva da fachada, brasão em cima do nome do empreendimento com uma árvore no centro. Parte de trás foto da piscina e deck, campo de futebol infantil, sala de jogos teen. Piscina adulto e piscina infantil, campo de futebol infantil, Jogos teen. 1 2 3 6 9 14 Foto de um casal abraçados e sorrindo. Dentro Perspectiva da Fachada, destaque para o Plano 300, planta baixa humanizada, pequenas fotos do play land, do gym club e outras não identificadas. Na última, mapa em verde, mostrando algumas casas e alguns prédios, os nomes das ruas e entorno imediato. A felicidade do jeito que você escolher. 1 2 3 4 5 7 8 12 14 18 20 21 Golden Club: área de lazer completa para a família; Golden Hall: lounge e salão gourmet, para receber amigos; Baby Park: área de recreação infantil, Play-Land: espaço para recreação infantil; Teen Hall: lounge e jogos para adolescentes; Gym Club; área com hidromassagem aquecida, sauna com duchas, aparelhos de ginástica, área de repouso e área de massagem. ND Folder tamanho ofício frente verso. Frente pano de fundo é um gramado com algumas flores “margaridas brancas”, acima a logomarca do empreendimento um desenho esquemático de uma casa ladeada de árvores com um sol envolvendo o desenho. Abaixo do desenho o nome do empreendimento Vale do Ipê condomínio. “A felicidade do jeito que você escolher”. Abaixo uma foto de uma maquete, com o texto “Terrenos para morar com conforto e tranqüilidade na Freguesia”. E abaixo “Coquetel de Lançamento. Dia 1º./12 a partir das 10h”. Atrás, fotos da “sugestão do Projeto de casa” e ao lado desenho esquemático de duas árvores e os dizeres “Terrenos para você construir a casa do jeito que sempre sonhou” abaixo mais duas ilustrações uma de uma área com crianças brincando e ao fundo uma “cascata” ao lado a ilustração da churrasqueira. Abaixo nova representação da logomarca e o preço “a partir de R$89mil” “COQUETEL DE LANÇAMENTO Dia 1º./12 a partir das 10h”. Ao lado o mapa em perspectiva com indicação de referencias e serviços, Linha Amarela e da Praia. Logomarcas da construtora das imobiliárias. 266 267 APÊNDICE B 268 APÊNDICE B Matriz de análise dos grupos de discursos Legenda ª ¨ ë Cp Cmg ND 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 Loteamento: Terrenos sem casas Condomínio de casas Prédio isolado Condomínio com 2 ou mais prédios Construtora pequena125 Construtora ou incorporadora média ou grande126 Não definido no folder GRUPOS DE DISCURSOS O discurso verde, da natureza, ecológico, da sustentabilidade e da eco-responsabilidade O discurso do espaço, da área comum do empreendimento, do lazer, dos serviços, da diversão O discurso da localização: nobilitante em relação ao bairro, proximidade da praia O discurso da Freguesia O discurso da qualidade de vida, conforto, tranqüilidade, vida melhor, da paz, da harmonia O discurso sobre a Planta do empreendimento (apartamentos e casas) O discurso da sedução, da curiosidade, da expectativa, do convite para eventos de lançamentos O discurso da casa própria como sonho O discurso do baixo preço e do tempo para pagar O discurso das promoções, dos descontos e da economia O discurso da segurança do empreendimento O discurso da confiança na marca da construtora e do prazo de entrega O discurso da emoção, da satisfação de desejos O discurso da família, dos filhos O discurso da exclusividade, da privacidade O discurso da raridade, da distinção social, da singularidade, da novidade, do luxo O discurso das vantagens, facilidade e dos brindes O discurso da customização, imóvel personalizado O discurso da urgência e da antecipação O discurso personalizado, marketing one-to-one, feito para você O discurso da felicidade Discurso predominante Indicativo de adaptação do discurso Este quadro de análise tem o objetivo de facilitar a identificação dos discursos predominantes, bem como apontar as possíveis adaptações do discurso, realizadas pelos produtores. Os indicativos de mudança foram assim considerados quando novos folders ou panfletos foram lançados e o tipo de discurso não havia aparecido anteriormente em nenhuma categoria de análise dos prospectos anteriores. Na avaliação dos discursos por empreendimentos, os resultados individuais foram introduzidos e avaliados nos casos onde os empreendimentos tiveram mais de um tipo de folder, ou material publicitário impresso. Os totais parciais auxiliaram a confrontar com a totalização dos discursos predominantes para daí identificar o que prevaleceu apesar da mudança do material publicitário. Quando não ocorreu produção suplementar de folders, a análise não foi realizada, validando o tipo de discurso predominante do empreendimento. 125 Para este estudo está se considerando construtora ou incorporadora pequena aquela que só comercializa e constrói um empreendimento por vez, que atua em poucos bairros, ou ainda, que possui menos que 10 empreendimentos em seu histórico. As informações que embasaram a inclusão das construtoras nesta categoria são oriundas dos próprios sites das construtoras e incorporadoras. 126 Para este estudo está se considerando construtora ou incorporadora média ou grande aquela que comercializa e constrói mais de 2 empreendimentos por vez, chegando a mais de 10 obras simultâneas, que atua em várias regiões da cidade do Rio de Janeiro, ou em outras cidades do estado ou do país, ou ainda, que esteja há mais de 15 anos no mercado. As informações que embasaram a inclusão das construtoras nesta categoria são oriundas dos próprios sites das construtoras e incorporadoras. 269 Empreendimento Discurso do nome do empreendimento Discurso dos principais slogans Discurso das ilustrações e dizeres secundários e modificações posteriores Totalização dos Discursos Predominante do empreendimento Observações gerais por empreendimento 1. ë Cmg Del Giardino Residencial (fev/05) 1 1.3 1.5 1.11 2.15 Exclusivid. 3.5 3.16 4.6 Resultado individual 2. ¨ Cp Chácara da Freguesia Jacarepaguá (2005) 1 0 1 3 4 1 4 15 20 1 2 3 6 14 Resultado individual 3. ë Cp Bosque da Mirataia (2005) 0 0 0 1=3 verde 2=1 3=2 localizaç. 4=2 Freguesia 6=1 14=1 15=1 20=1 Total de 8 grupos 1 1.1 1.5 1.6 1.11 2.1 2.15 1 1 1=5 verde 2=1 3=1 5=2 área lazer 6=1 11=2 segurança 14=2 família 15=1 Total de 8 grupos Verde área lazer segurança família Resultado individual 4. ë Cmg ND (Soma rio) (2005) (No folder não fala o nome. Parece ser o Dom Bosco). Resultado individual 1.1 1.11 1.14 2.1 2.2 2.3localização 2.5 2.14 1, 14 ----- 2 5 6 14 3 6 9 14 2=1 3=1 5=1 6=2 Planta 9=1 14=2 família 0 0 0 Total de 6 grupos Planta Família O enfoque na Planta do imóvel e na família por muito tempo foi o carro chefes dos discursos de venda do mercado. Planta Família 1.1 1.2 1.6 2.1 2.2 2.3 2.12 Marca 2.15 Exclusiv. 2.17Brindes 3.1 3.2 3.6 4.1 4.2 4.3 4.15 1e2 1=3=verde 2=3= área lazer 3=3= localizaç. 5=2 6=3=Planta 11=1 15=3 Exclusivid. 16=1 Verde área lazer localização Planta Exclusividade Total de 7 grupos Verde Área lazer Verde Localizaç Freguesia Verde Verde 270 Empreendimento Discurso do nome do empreendimento Discurso dos principais slogans Discurso das ilustrações e dizeres secundários e modificações posteriores 5. ¨ Cmg Residencial Rhodes (2005/06) 16 1.2 1.5 1.6 1.9 1.20 2.3 2.4Freguesia 2.13 Emoção 2.14 família 2 3 11 Resultado individual 6. ¨ Cmg Residencial Santorini (2005/06) 16 2 2, 3, 11 16 1.4 1.6 1.9 2.5 16 16 Resultado individual 8. ¨Cp Ville d’Or 16 Resultado individual 9. ª Cmg Jardins de Londres (jan/06) Resultado individual 7. ¨ Cmg Residencial Capri (2005/06) Resultado individual Totalização dos Discursos Predominante do empreendimento Observações gerais por empreendimento 2=2 área lazer 3=2 localização 4=1 5=1 6=1 9=1 11=1 13=1 14=1 16=1 Total de 12 grupos Área lazer localização Interessante notar os diversos grupos de discursos usados sem que houvesse a predominância de quase nenhum 1 2 3 6 14 1=1 2=1 3=1 4=1 5=1 6=2 Planta 9=1 14=1 16=1 Planta A questão do empreendimento 5 se repete. O curioso é que ambos são da mesma construtora e estão lado a lado, na mesma rua. 0 1, 2, 3, 6, 14 Total de 9 grupos Planta 1.1 1.2 1.5 1.6 1.9 1.20 2.1 2.3localização 2.4Freguesia 2.5 2.14 2.16 2.20 1 2 3 5 14 1=3 verde 2=2 3=2 4=1 5=3 qualidade vida 6=1 9=1 14=2 16=2 20=2 Verde Qualidade de vida Este empreendimento é da mesma construtora dos empr. 5 e 6, porém está localizado na rua Araguaia. Certamente o discurso se adequou à localização 1, 5, 20 1 Total de 10 grupos Verde 16 6 12 15 16 3 Distinção 0 0 0 3=1 6=1 12=1 15=1 16=2 distinção Total de 5 grupos 1 16 2 3 4 6 8 9 11 14 15 16 1 2 3 6 9 12 16 0 0 0 1=2 2=2 3=2 4=1 6=2 8=1 9=2 11=1 12=1 14=1 15=1 16=3 distinção Total de 12 tipos Localização Distinção Distinção Distinção 271 Empreendimento 10. ë Cmg Kauai Residencial (fev/06) Discurso do nome do empreendimento 16 Discurso dos principais slogans 1.4 1.8 1.9 2.6 2.7Aproxima. 2. 15privacidade 2.20personaliz. 3.2 3.3 3.4 3.5 3.15 3.20 Discurso das ilustrações e dizeres secundários e modificações posteriores 1.1 1.3 1.6 1.9 2.1 2.2área de lazer 2.3Localização 2.4 2.5qualid. vida 2.6 2.7Sedução 2.15privacidade 2.16 3.2 1, 2, 3, 6 Totalização dos Discursos Predominante do empreendimento 1=2 2=3 área de lazer 3=3 localização 4=3 Freguesia 5=2 6=3 Planta 7=2 8=1 9=2 15=3 exclusivid. 16=2 20=2 Resultado individual 16 4, 15, 20 Total de 12 grupos 11. ¨ Cmg Grand Maison Residencial (fev./06) 16 1.2 1.5 1.6 1.13 2.4 Freguesia 2.7 Aproximaç. 2.9 2.16 1.1 1.2 1.3 1.5 1.6 1.9 1.11 1.13 1.14 1.16 1.20 2.1 2.2 2.3 2.21Felicidade 1=2 2=2 3=2 4=1 5=2 6=2 7=1 9=2 11=1 13=2 Emoção 14=1 16=3 distinção 20=1 21=1 Resultado individual 16 0 1, 2, 3 Total de 14 grupos Observações gerais por empreendimento Área de lazer Localização Freguesia Planta Exclusivid. Observe as mudanças são indicadores da adaptação póslançamento do Aquárius. Área de lazer Localização Freguesia Planta Exclusividade Distinção Distinção 272 Empreendimento 12. ë Cp 1º. Colors residencial127 2º. Exclusive (mar/06) Resultado individual 13. ¨ Cp Green Hill Residencial (mar/06) Resultado individual Discurso do nome do empreendimento Discurso dos principais slogans 1.16 2.15 2.16 1.4 1.5 1.7 1.16 1.20 2.2 2.5 2.20 3.7 3.8 Casa própria 3.9 3.16 3.20 16 20 1 16 1.2 1.4 1.5 1.6 1.9 1.11 1.14 2.5 Qualid. vida 2.9 2.12 conf. Marca 3.4 3.6 3.12 3.16 4, 5, 6, 9, 12 1, 16 Discurso das ilustrações e dizeres secundários e modificações posteriores Totalização dos Discursos Predominante do empreendimento Observações gerais por empreendimento 1.1 1.2 1.3 1.5 1.9 1.21 2.1 2.2 2.3 2.21 3.3 3.5 3.6 3.9 3.16 4.2 4.3 4.5 4.7 4.8 4.9 4.13 Emoção 4.15 4.20 4.21 3=4 1=2 2=4 3=4 4=1 5=5 qualid. de vida 6=1 7=3 8=2 9=4 13=1 15=2 16=5 distinção 20=4 21=3 Qualidade de vida Distinção Total de 14 grupos 1.1 1.2 1.3 2.1 3.1 3.2 3.5 3.9 3.6 3.7 Aproximaç. 3.15 3.16 3.20 personaliz. 1=4 Verde 2=3 3=1 4=2 5=3 6=3 7=1 9=3 11=1 12=2 14=1 15=1 16= 3 20=1 Qualidade de vida Distinção Verde 1 Total de 14 grupos 127 Em meados de 2007 este empreendimento foi relançado, com o nome de Exclusive. Verde 273 Empreendimento 14. ëCmg Reserva do Bosque Condomínio Ecológico (o complemento só estava no convite, nos folders não tinha) (out/05 primeiro folder, mar/06 lançamento)128 Discurso do nome do empreendimento 1 16 Discurso dos principais slogans 1.1 1.2 1.6 2.1 2.2 2.4 2.6 2.15 Exclusivid. 2.16 3.1 3.2 3.11Segurança 4.1 4.4 4.6 4.15 4.16 5.2 5.4 5.6 5.12 marca Discurso das ilustrações e dizeres secundários e modificações posteriores 1.1 1.2 1.3 1.4 1.6 1.9 1.14 2.1 2.2 2.3 2.4 2.6 2.7Sedução 2.9 2.15 Exclusividade 2.16 3.1 3.2 3.3 3.5 qualidade de vida 3.6 3.9 3.11 seguraça 3.16 3.20 personalizado 4.2 4.4 4.9 4.16 5.1 5.2 5.4 5.6 5.9 5.12 6.1 6.2 6.3 6.4 6.5 6.6 6.7 6.17 brindes 6.20 7.1 7.2 7.5 7.6 7.9 8.2 8.3 8.4 8.6 Totalização dos Discursos Predominante do empreendimento Observações gerais por empreendimento 1=11 verde 2=12 área de lazer 3. = 5 4=9 5= 3 6=11 Planta 7=2 9=6 10=1 11=2 12=1 14=1 15=3 16= 6 20=2 Área de lazer Merece destaque o fato de outros dois grupos de discurso (Verde e da Planta do empreendimento) estarem quase tão presentes quanto o da área de lazer. Vale ressaltar que este empreendimento é um dos poucos com 4 e 5 quartos da região. 8.12 Resultado individual 15.ëCmg Monte Carlo Residence Park (I, II e III) (abr/06). 1, 16 1, 2, 6 2=8 Total de 15 grupos Área de lazer 16 1.4 1.5 1.7 1.20 1.1 1.2 1.3 1.6 2.1 2.3 2.9 3.1 3.3 1e3 1=3 Verde 2=1 3=3 Localização 4=1 6=1 7=1 9=2 16=1 20=2 Total de 9 grupos Verde Localização 2.9 baixo preço 2.20 Resultado individual 16 20 128 Este empreendimento distribuiu 9 grupos diferentes de prospectos. Verde Localização 274 Discurso das ilustrações e dizeres secundários e modificações posteriores Totalização dos Discursos Predominante do empreendimento 1 2 3 5 6 9 11 12 14 16 20 0 1=1 2=1 3=1 5=1 6=1 9=1 11=1 12=1 14=1 16=2 distinção 20=2personalizado Total de 11 grupos 5 7 15 16 20 2 3 5 6 7 16 20 2=1 3=1 5=1 6=1 7=2 Sedução 16=2 Distinção 20=2 Personalizad. 0 0 0 Total de 7 grupos 16 5 16 1 2 6 9 12 14 15 1=1 2=1 5=1 6=1 9=1 12=1 14=1 15=1 16=2 distinção 0 0 0 Total de 9 grupos 1 16 1 3 4 7 9 16 20 1 2 3 4 6 12 14 20 0 0 0 1=3 Verde 2=1 3=2 4=2 6=1 7=1 9=1 12=1 14=1 16=2 20=2 Total de 11 grupos 16 5 15 1 2 3 6 12 13 14 16 Discurso do nome do empreendimento Discurso dos principais slogans 16. ª Cp Mansões do Paraíso (abr/06) 16 20 Resultado individual 17. ¨Cp Jóia Rara Residências. (abr/06) 0 0 16 Empreendimento Resultado individual 18. ª Cp Villagio Isabella (maio/06) Resultado individual 19. ëCmg Garden Up (maio/06) Resultado individual 20. ¨ Cmg Natan 129(maio/06) 129 Natan significa “enviado de Deus”. 1=1 2=1 3=1 5=1 6=1 12=1 13=1 14=1 15=1 16=2 Distinção Observações gerais por empreendimento distinção personalizado Distinção Personalizado Sedução Distinção Personalizado Sedução Distinção Personalizado Distinção Distinção Verde Verde Distinção 275 Empreendimento Resultado individual 21. ëCmg Aquárius Residencial (maio/06) Discurso dos principais slogans Discurso das ilustrações e dizeres secundários e modificações posteriores Totalização dos Discursos Predominante do empreendimento Observações gerais por empreendimento 0 0 0 Total de 10 grupos Distinção 2 1.2 1.3 1.4 1.16 1.1 1.2 1.3 1.5 1.7 1.8 1.9 1.11 1.12 1.13 1.14 1.16 1.20 2.2 2.3 2.4 2.6 Planta 2.9 2.12 2.16 1=1 2=4 área de lazer 3=4 localização 4=3 5=1 6=2 7=1 8=1 9=2 11=1 12=2 13=1 14=1 16=4 distinção 20=1 Área de lazer Localização Distinção Área de lazer Localização Distinção Verde Discurso do nome do empreendimento 2.3 2.4 2.6 Planta 2.16 Resultado individual 2 3, 4, 16 2, 3, 9, 12, 16 Total de 15 grupos 22. ¨ Cp Condomínio Recanto Verde130 (jun/06) 1 1.1 1.2 1.4 1.5 1.1 1.2 1.3 1.5 1.6 1.7 1.9 1.12 1.13 1.16 1.17 2.1 2.2 2.4 2.5 2.6 2.9 2.12 2.14 Família 2.16 2.17 1=5 Verde 2=3 3=1 4=3 5= 3 6=2 7=1 9=2 12=2 13=2 14=1 16=2 17=2 Resultado individual 2.1 2.4 2.13 1 1, 4 1, 2, 5, 6, 9, 12, 17 Total de 13 grupos Verde 130 Este condomínio foi vendido inicialmente como bloco único. Após o término da construção do primeiro, está em construção um segundo bloco. 276 Empreendimento 23. ë Cp Victoria Top Park Residencial (jul/06) Discurso do nome do empreendimento 2 16 Discurso dos principais slogans 1.10 1.15 1.16 1.20 2.8 2.13 3.4 Freguesia 3.5 3.6 3.16 3.20 Resultado individual 24. ¨ Cp ND (jul/06) (731) Resultado individual 25. ëCmg Belle Époque Résidence & Charme (ago/06) Discurso das ilustrações e dizeres secundários e modificações posteriores Totalização dos Discursos Predominante do empreendimento Observações gerais por empreendimento 1.1 1.2 1.3 1.5 1.6 1.7 1.8 1.10 1.11 1.13 1.14 1.15 1.16 1.19 1.20 2.1 2.2 2.3 2.4 2.5 2.6 2.7 2.8 2.9 2.11 2.16 2.20 3.2 3.4 3.5 3.6 3.7 3.9 3.14 3.15 3.20 4.3 4.4 4.5 4.6 4.7 4.11 4.14 4.16 4.20 1=2 2=4 3=3 4=4 5=5 6=5 7=4 8=3 10=2 11=3 13=2 14=3 15=3 16=5 19=1 20=6 Personalizado Personalizado 2, 16 16, 20 5, 6, 7, 20 Total de 16 grupos Personalizado ---- 1 20 6 9 12 Sem discurso predominante 0 0 0 1=1 6=1 9=1 12=1 20=1 Total de 5 grupos 16 1.5 1.7 1.13 1.20 1.1 1.2 1.3 1.5 1.6 1.7 1.9 1.13 1.14 1.16 1.19 1=1 2=2 3=2 4=1 5=4 Qualid. Vida 6=2 7=3 9=2 13=2 14=2 2.5 2.7 Sem discurso predominante Qualidade de Vida 277 Empreendimento Discurso do nome do empreendimento Discurso dos principais slogans Discurso das ilustrações e dizeres secundários e modificações posteriores Totalização dos Discursos Predominante do empreendimento 1.20 2.2 2.3 2.4 2.5 2.6 2.9 2.14 2.16 16=3 19=1 20=2 Resultado individual 26. ªCp Cond. Green Ville (ago/06) 16 5, 7 2, 3, 5,6, 9,14,16 Total de 13 grupos 1 16 5 14 1 3 5 6 9 12 15 16 Resultado individual 0 0 0 1=2 Verde 3=1 5=2 Qualid. vida 6=1 9=1 12=1 14=1 15=1 16=2 Distinção Total de 9 grupos 27. ¨ Cp Solar do Retiro (ago/06) 5 5 1 2 3 4 6 9 12 16 19 Resultado individual 28. ¨ Cmg L’Espace (set/06)131 0 0 0 6 16 1.2 1.3 1.4 1.6 1.9 1.16 1.1 1.2 1.3 1.5 1.6 1.16 2.2 2.3 2.4 2.5 2.6 2.7 2.9 2.11 2.12 2.14 2.16 2.18 2.20 3.4 3.6 3.9 3.10 3.14 3.19 2.4 2.6 2.9 2.19Urgência 3.3 3.5 1=1 2=1 3=1 4=1 5=2 Qualid. vida 6=1 9=1 12=1 16=1 19=1 Total de 10 grupos 1=1 2=4 3= 5 4=6 5=6 6=8 Planta 7=1 9=7 Preço 10= 1 11= 1 12=1 13=1 14= 4 16=4 18=1 19=3 20=2 21=1 Observações gerais por empreendimento Qualidade de Vida Distinção Verde Qualidade de vida Distinção Verde Qualidade de vida Distinção Qualidade de vida Qualidade de vida Planta Preço 131 Este empreendimento é praticamente vizinho ao Aquárius, observe que fez 6 tipos de folders enquanto o Aquários só fez 2 tipos. Ver a relação de opções de lazer. 278 Empreendimento Discurso do nome do empreendimento Discurso dos principais slogans Discurso das ilustrações e dizeres secundários e modificações posteriores Totalização dos Discursos Predominante do empreendimento Observações gerais por empreendimento 4.4 4.5 4.6 4.9 5.2 5.3 5.4 5.5 5.6 5.9 5.14 5.19 5.21 Felicidade 6.2 6.4 6.5 6.6 6.9 6.11 6.13 Emoção 6.14 6.20 Resultado individual 29. ª Cmg Del Monte Club & Houses (set/06) 6, 16 3, 4, 6,9 6, 9 Total de 18 grupos Planta 2 16 1 3 4 5 7 11 14 16 1 2 4 5 6 7 9 12 14 16 17 20 1=2 2=2 3=1 4=2 5=2 6=1 7=2 9=1 11=1 12=1 14=2 16=3 Distinção 17=1 20=1 Distinção Resultado individual 30. ë132 Cmg Mirante Campestre Parque . Clube. Condomínio (out/06) 0 0 0 Total de 14 grupos Distinção 1 2 1.5 1.7 1.16 1.20 1.1 1.2 1.5 1.7 1.14 1.16 1.19 1.20 1.21 2.2 2.3 Localização 2.6 Planta 2.9 baixo preço 2.10 Promoção 2.17 Brindes 2.21 3.2 3.5 3.9 3.16 3.20 4.1 4.2 4.5 1=3 2=7 Área de Lazer 3=3 5=4 6=3 7=7 Sedução 9=3 10=1 11=1 12=1 13=1 14=2 16=6 19=5 20=7 Personaliz. 21=2 Área de Lazer Sedução Personaliz. 2.7 2.16 3.3 3.7 3.16 3.19 4.2 4.7 4.19 4.20 5.21 132 Este empreendimento é composto por 7 blocos de apartamentos, perfazendo um total de 490 unidades. 279 Empreendimento Resultado individual 31. ë Cmg Vivance Residence (out/06) Discurso do nome do empreendimento Discurso dos principais slogans 1,2 7, 5 1.4 1.5 1.6 1.7 1.12 1.20 2.1 2.9 Resultado individual 32. ë Cmg Spazio Reale (nov/06) Totalização dos Discursos Predominante do empreendimento Observações gerais por empreendimento Total de 16 grupos Área de Lazer 1.1 1.4 1.5 1.6 1.7 1.9 1.10 1.12 1.19 1.20 2.1 2.2Àrea de lazer 2.3 Localização 2.6 2.9 2.11 segurança 3.1 3.2 4.1 4.2 4.3 4.4 4.6 4.19 4.20 1=4 Verde 2=3 3=2 4=3 5=3 6=4 Planta 7=2 9=3 10=1 11=1 12=2 19=2 20=3 Verde Planta 4.6 4.11 segurança 4.13 Emoção 4.20 4.21 5.3 5.6 5.7 5.9 5.19 5.20 6.2 6.7 6.12 marca 6.14 6.16 6.19 6.20 2, 20 5 0 1 Total de 13 grupos Verde 16 1.7 1.12 1.13 1.20 1.2 1.6 1.9 1.14 1.21 2.2 2.9 2=4 área de lazer 5=1 6=2 7=1 9=4 Baixo Preço 12=4 Marca 13=1 14=2 16=1 17=1 18=1 20=3 21=1 Área de lazer Baixo Preço Marca 2.2 2.9 2.10 promoção 2.12 marca 2.17brindes 2.20 Resultado individual Discurso das ilustrações e dizeres secundários e modificações posteriores 16 12=2, 20=2 2.10 promoção 2.12 marca 2.20 3.2 3.5 qualid. vida 3.6 3.9 3.12 3.14 3.18customização 2, 9 Total de 13 grupos Área de lazer Baixo Preço 280 Empreendimento Discurso do nome do empreendimento Discurso dos principais slogans Discurso das ilustrações e dizeres secundários e modificações posteriores Totalização dos Discursos Predominante do empreendimento Observações gerais por empreendimento Marca 33. ¨ Cp Edifício Shanti (nov/06) Resultado individual 34. Cp Classe A (dez/06) Resultado individual 35. ë Cp Lumière Aliados VII (dez/06) Resultado individual 5 1.4 1.12 1.20 1.21 1.3 1.16 1.17 1.20 2.5 2.6 Planta 2.20 2.6 Planta 5 20 0 16 14 16 20 1 3 11 0 0 0 16 1.4 1.16 1.17 1.20 1.1 1.2 1.6 1.9 3=1 4=1 5=1 6=2 12=1 16=1 17=1 20=3 Personaliz. 21=1 Total de 9 grupos 1=1 3=1 11=1 14=1 16=2 Distinção 20=1 Total de 6 grupos 2.1 2.2 2.9 1=2 Verde 2=2 Área de Lazer 4=1 6=1 9=2 16=2 Distinção 17=1 20=1 16 0 1, 2, 9 Total de 8 grupos ---- 1 3 4 20 1 3 4 6 12 20 1=2 Verde 3=2 Localização 4=2 Freguesia 6=1 12=1 20=2 Personaliz. 0 0 0 Total de 6 grupos 37. ¨ Cp Green Mountain Residence (jan/07) 1 16 1 5 7 16 20 1 2 12 Resultado individual 38. ¨ Cmg SINGuLARE (mar/07) 0 0 0 1=3 Verde 2=1 5=1 7=1 12=1 16=2 Distinção 20=1 Total de 7 grupos 16 1.16 2.12 2.16 1.14 1.21 2.1Verde 2.2área de lazer 2.3Localização 2.6Planta 2.21 36. ªCp ND (dez/06) Resultado individual 1=1 2=1 3=1 6=1 12=1 14=1 16=3 Distinção 21=1 Personalizado Personalizado Distinção Distinção Verde Área de Lazer Distinção Verde Área de Lazer Distinção Verde Localização Freguesia Personalizado Verde Localização Freguesia Personalizado Verde Verde Distinção Observa-se uma clara mudança de discurso, levantando a questão do verde, da área de lazer, da localização e da Planta do imóvel. 281 Empreendimento Resultado individual 39. ë Cmg GrandValley (mar/07) Discurso dos principais slogans Discurso das ilustrações e dizeres secundários e modificações posteriores Totalização dos Discursos Predominante do empreendimento Observações gerais por empreendimento 16 16 21 Total de 8 grupos Distinção 1 16 1.1 1.20 1.1 1.2 1.3 1.4 1.6 1.7 1.10 1.11 1.12 1.16 1.17 1.20 2.1 2.2 2.3 2.4 2.5 Qualid. vida 2.6 2.11 2.17 2.20 3.2 3.17 1=4 verde 2=4 Área de lazer 3=2 4=4 6=3 7=2 10=1 11=3 12=1 16=2 17=4 brindes 20=3 Verde Área de lazer Brindes Discurso do nome do empreendimento 2.4 2.7 2.16 2.20 3.2 3.4 3.6 3.11 3.17 Resultado individual 40. ª Cmg Bella Vista Classic Houses (abr/07)133 1, 16 20, 4 2, 17 Total de 12 grupos 1 16 1.5 1.7 1.20 1.1 1.2 1.3 1.5 1.11 1.12 1.15 1.20 1.21 1= 8 verde 2=5 3=2 4=3 5=6 6=1 7=3 8=5 9=3 11=4 12=3 14=2 15=1 16=2 19=2 20=7personalizado 2.1 3.1 3.8 3.20 4.1 4.2 4.4 4.5 4.8 4.11 4.20 2.1 2.2 2.4 Freguesia 2.5 2.6Planta 2.7 2.8Casa Própria 2.9 baixo preço 2.11 2.12 2.14 família 2.16 distinção 2.20 Verde Área de lazer Brindes verde personalizado 3.1 3.2 3.3 3.4 133 Este empreendimento merece destaque pela rapidez com que os folders foram alterados, de fevereiro de 2007 a junho de 2007, ou seja em um intervalo de 4 meses foram distribuídos 4 tipos diferentes de prospectos. 282 Empreendimento Discurso do nome do empreendimento Discurso dos principais slogans Discurso das ilustrações e dizeres secundários e modificações posteriores Totalização dos Discursos Predominante do empreendimento Observações gerais por empreendimento 3.5 3.7 3.8 3.9 3.11 3.12 3.14 3.19 urgência 3.20 Resultado individual 41. ë Cmg Residencial Del Sole (jun/07) Resultado individual 42. ¨ Cmg Rimini Spazio (jun/07) Resultado individual 43. ª Cmg Green Valley Exclusive (jun/07) 4.1 4.2 4.5 4.8 4.9 4.19 4.20 1, 2, 5, 20 1, 16 20 1 16 1 15 1 2 3 6 14 0 0 0 16 2 4 7 9 11 20 1 2 3 9 12 14 0 0 0 1 15 16 1 15 20 1.1 1.2 1.3 1.4 1.6 1.11 1.12 1.15 1.16 1.18 1.21 2.1 2.2 2.3 2.5 2.7 2.8 Total de 16 grupos 1=3 Verde 2=1 3=1 6=1 14=1 15=1 16=1 Total de 7 grupos 1=1Verde 2=2 Área de lazer 3=1 4=1 7=1 9=2 baixo preço 11=1 12=1 14=1 16=1 20=1 Total de 11 grupos 1=5 Verde 2=2 3=2 4=1 5=1 6=1 7=1 8=1 11=2 12=2 13=1 14=1 15=5 Exclusivid. 16=3 18=1 20=3 21=1 Verde Verde Verde Área de lazer baixo preço Essa construtora parece adotar o baixo preço como seu slogan principal. Pois, outro empreendimento da mesma construtora também apresentou como discurso predominante o baixo preço. Área de lazer Baixo preço Verde Exclusividade 283 Empreendimento Discurso do nome do empreendimento Discurso dos principais slogans Discurso das ilustrações e dizeres secundários e modificações posteriores Totalização dos Discursos Predominante do empreendimento Observações gerais por empreendimento 2.11 2.12 2.13 2.14 2.15 2.16 2.20 Resultado individual 44. ëCmg Ecolife Freguesia (jun/07) 1, 15, 16 1, 15, 20 1 4 16 1.1 1.2 1.4 1.5 1.6 1.16 2.1 2.7 Aproximaç. 2.20 3.4 3.5 3.7 3.16 3.20 Resultado individual 1,4,16 4, 7, 16, 20 45. ¨Cmg Privilege residencial (jun/07) 16 1.5 1.7 1.9 1.20 2.6 Planta 2.9 2.19 Urgência 2.20 3.1 3.15 3.20 1, 15 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.9 1.10 1.11 1.13 1.14 1.16 1.20 2.1 2.2 2.3 2.4 2.5 2.6 2.7 Aproximaç 2.9 2.10 2.16 2.20 3.1 3.2 3.3 3.4 3.5 3.7 3.9 3.10 3.16 3.20 1, 2, 3, 4, 5, 9, 10, 16, 20 1.2 1.3 1.9 1.14 2.9 Total de 17 grupos 1=6 Verde 2=4 3=3 4=6 Freguesia 5=5 6=2 7=4 9=3 10=3 11=1 13=1 14=1 16=6 Distinção 20=5 Total de 14 grupos 2=1 3=1 5=1 6=1 7=1 9=4 baixo preço 14=1 16=1 19=1 20=1 Verde Exclusividade Verde Distinção Verde Distinção Freguesia Baixo preço 284 Empreendimento Resultado individual 46. ëCmg Lótus. Sua vida com Bem-estar (jun/07) Resultado individual 47. ëCmg Free Residencial (jul/07) Resultado individual 48. ¨Cmg Vitá Araguaia (jul/07) Resultado individual 49. ¨Cp Bella Vita Residencial (ago/07) Resultado individual 50. ¨ Cmg Massimo Confort Residence (out/07) Discurso das ilustrações e dizeres secundários e modificações posteriores Totalização dos Discursos Predominante do empreendimento Observações gerais por empreendimento 9, 20 9 Total de 10 grupos Baixo preço 1.4 1.6 1.7 1.16 1.20 2.4 2.6 2.7 2.9Preço 2.16 2.20 Sem predominância 1.2 1.5 1.6 1.13 1.16 2.7 2.8 2.13 2.20 1.1 1.2 1.3 1.9 2.1 2.2 2.3 2.9 1=2 2=2 3=2 4=2 5=1 6=2 7=2 9=3 Baixo Preço 16=2 20=2 Baixo Preço Total de 10 grupos Baixo preço 1=2 2=2 3=1 5=1 6=1 7=1 9=1 13=3 Emoção 16=2 Emoção Discurso do nome do empreendimento Discurso dos principais slogans 16 5 5 13 16 Sem predominância 1.1 1.2 1.9 2.1 2.2 2.3 13, 16 13 1, 2 Total de 9 grupos Emoção 5 16 2 3 4 5 9 1 2 3 6 1=1 2=2 Área de lazer 3=2 Localização 4=1 5=2 Qualid. vida 6=1 9=1 16=1 Área de lazer Localização Qualid. Vida 0 0 0 Total de 8 grupos 5 16 8 9 16 20 1 2 3 6 9 12 13 14 17 19 1=1 2=1 3=1 5=1 6=1 9=2 Baixo preço 12=1 13=1 14=1 16=2 Distinção 17=1 19=1 20=1 0 0 0 Total de 13 grupos 5 16 16 1 2 16 1=1 2=1 5=1 16=3Distinção Área de lazer Localização Qualid. Vida Baixo preço Distinção Baixo preço Distinção 3Distinção 285 Empreendimento Resultado individual 51. ¨Cp Golden Hills (nov/07) Resultado individual 52. Cp Vale do Ipê Condomínio (nov/07) Resultado individual Discursos predominantes por categoria de análise Discurso dos principais slogans Discurso das ilustrações e dizeres secundários e modificações posteriores Totalização dos Discursos Predominante do empreendimento Observações gerais por empreendimento 0 0 0 Total de 4 grupos Distinção 1 16 3 4 6 7 9 13 16 20 1 2 3 6 9 14 1=2 Verde 2=1 3=2 Localização 4=1 6=2 Planta 7=1 9=2 Baixo Preço 13=1 14=1 16=2 Distinção 20=1 Verde Localização Planta Baixo Preço Distinção Discurso do nome do empreendimento 0 0 0 Total de 11 grupos 1 18 20 21 1 2 3 4 5 7 8 12 14 18 20 21 1=2 Verde 2=1 3=1 4=1 5=1 7=1 8=1 12=1 14=1 18=2 Customização 20=2 Personalizado 21=2 Felicidade 0 0 0 Total de 8 grupos Distinção Personalizado Área de Lazer Verde Localização Planta Baixo Preço Distinção Verde Customização Personalizado Felicidade Verde Customização Personalizado Felicidade Verde (20) Distinção (19) 286 APÊNDICE C 287 APÊNDICE C Análise comparativa Empreendimento Del Giardinno Características 1. Época de lançamento Início de 2005 2. Construtor, Incorporador, Soma Rio (Basimóvel, Vendas e Inst. Financeira. Julio Bogoricin) Financ. direto 3. Bairro e endereço Freguesia, Araguaia, 384. 4. Número de quartos e outros 2, 3 e coberturas. itens de destaque 2Q+rev. =84m2 5. Área do apartamento134 3Q + ver = 108 m2 (84 m2 a Cob. 221m2). 6. Número de pavimentos 6 + cob. 7. Número de unidades 70 8. Valor estimado do m2 na R$ 2.400,00 época do lançamento· 9. Período de entrega (Pronto) Final de 2007 (concluído) 10. Meios de divulgação/distribuição 11. Datas gerais dos novos folders 134 Colors Março 2006 Enseg, Cota 5000, BMF (LCI) (obra por administração). Freguesia, Fortunato de Brito, 172. Studio, 1 Q, 2Q, 3 Q = cob. 2 Q 76,47 m2 3 Q 85,50 m2 (51 m2 a 172,25 m2) Aquárius Maio 2006 CHL, Gercon, Patrimóvel, MModal. Freguesia, Araguaia, 1266. 2 e 3 (sem dep) e 3 quartos com dep. 2 Q 77 m2 3 Q 86 m2 a 111 m2 (77 m2 a 223 m2) Reserva do Bosque Grand Valley Ecolife Junho 2006 Even, W3, Basimóvel, LCI. Fev 2007 Gafisa, Basimóvel. Jun 2007 Esfera, Patrimóvel. Freguesia, Três Rios, 1721. 4 com dependência e cobertura 4Q 126 m² até 256m² Valor: a partir de R$ 305.816,00 Freguesia, Rua Potiguara, 100. 2, 3 e coberturas. Freguesia, Três Rios, 1305. 2 Q 57 m² a 63 m² 3Q 68 m² a 77 m² 60,44 m², 78,23 m² a 211,72 m². 5 + cob. 120 R$ 2.294,00 5 + cob. + PUC 348 R$ 2.900,00135 6 + cob. 96 R$ 2.408,00 6 288 R$ 2.800,00 Prometido para final de 2009 Prometido para final de 2008 Prometido para abril de 2009 Folders, panfletos (sinal trânsito), banners, site, stand de vendas, corretores. Folder, panfletos (sinal trânsito), banners, site, stand de vendas, corretores. Dez. 2005 Julho 2006 (Exclusividade é tudo) Março 2007 Junho 2007 Março 2006 Dez. 2006 Abril 2007 (casa Própria) Junho 2007 (Relançamento com o nome Exclusive) Folder, panfletos, CD, telefonema, (sinal trânsito, entrega porta-aporta), banners, site, stand de vendas, corretores. Abril 2006 Maio 2007 (Melhor Planta) Prometido para final de 2008 (Está atrasado) Folder, panfletos (sinal trânsito), banners, site, stand de vendas, corretores, ofereceu TV de plasma 42”. Outubro 2005 Março 2006 Abril 2006 Maio 2006 Out 2006 Maio 2007 (2 tipos) Julho 2007 Set 2007 Folder, panfletos em papel reciclável (sinal trânsito e em portarias), saquinhos de lixo para carro, banners, site, stand de vendas, corretores Março 2007 Abril 207 (saquinho de lixo) Junho 2007 Jan. 2008 2, 3 e coberturas 6 + cob. 140 R$ 2.700,00 Prometido para agosto de 2009 Folder, panfletos em papel reciclável (sinal trânsito e em portarias), banners, site, stand de vendas, corretores, CD no dia do lançamento. Junho 2007 Julho 2007 Março 2008 Observar a crescente redução da área dos apartamentods de 2 e 3 135 No lançamento, este empreendimento ampliou os prazos de financiamento, já praticados no mercado passou para 100 meses junto ao incorporador e 180 meses com o sistema financeiro. Por esta razão a comparação feita pelo Reserva do Bosque se propôs 150 meses direto com o incorporador. 287 288 Matriz de análise dos 6 empreendimentos escolhidos Empreendimento Discurso do nome do empreendimento Discurso dos principais slogans 1. ë Cp Del Giardino Residencial (fev./05) 1 1.3 1.5 1.11 2.15 Exclusivid. 3.5 3.16 4.6 Planta Resultado individual 1 0 Discursos das ilustrações e dizeres secundários e modificações posteriores 1.1 1.2 1.6 2.1 2.2 2.3 2.12 Marca 2.15 Exclusiv. 2.17Brindes 3.1 3.2 3.6 4.1 4.2 4.3 4.15 1e2 (manutenção) Totalização dos grupos e Discurso Predominante do empreendimento Observações gerais por empreendimento 1=3=verde 2=3= área lazer 3=3= localizaç. 5=2 6=3=Planta 11=1 15=3 Exclusivid. 16=1 Verde Área de lazer localização Planta Exclusividade Total de 7 grupos Verde Área de lazer Análises e comentários Modelo de empreendimento sem grandes inovações de serviços e lazer, mantendo um padrão que já ocorria na Freguesia. Havia indícios nas imagens sobre as plantas do empreendimento. A terceira geração de folder colocou em evidência a maior área dos apartamentos. 288 289 Empreendimento 12. ë Cp 1º. Colors residencial136 2º. Exclusive (mar/06) Resultado individual Discurso do nome do empreendimento Discurso dos principais slogans 1.16 2.15 2.16 1.4 1.5 1.7 1.16 1.20 2.2 2.5 2.20 3.7 3.8 Casa própria 3.9 3.16 3.20 16 20 Discursos das ilustrações e dizeres secundários e modificações posteriores 1.1 1.2 1.3 1.5 1.9 1.21 2.1 2.2 2.3 2.21 3.3 3.5 3.6 3.9 3.16 4.2 4.3 4.5 4.7 4.8 4.9 4.13 Emoção 4.15 4.20 4.21 3=4 Totalização dos grupos e Discurso Predominante do empreendimento Observações gerais por empreendimento 1=2 2=4 3=4 4=1 5=5 qualid. de vida 6=1 7=3 8=2 9=4 13=1 15=2 16=5 distinção 20=4 21=3 Qualidade de vida Distinção Total de 14 grupos Qualidade de vida Distinção Análises e comentários 1. Este empreendimento introduz novos serviços e equipamentos de lazer, entretanto não “repercutiu” e não surtiu efeito nas vendas. Uma possibilidade do baixo índice de vendas se justificou pela diversidade de tipos de apartamentos (studio, 1, 2, 3 quartos e cobertura). Essa composição não é freqüente. Normalmente os empreendimentos oferecem em sua maioria uma composição de 2, 3 quartos e coberturas. Em menor quantidade 4 quartos e cobertura. 2. Na primeira mudança de folder não houve introdução de novo discurso, apenas o reforço textual na área comum e de lazer, certamente motivada pelo impacto causado pelo Aquárius. A partir da terceira geração, novos tipos de discursos foram introduzidos (o da Casa própria, o da planta, da emoção). Em novembro de 2007 apenas 30% das unidades haviam sido vendidas. Talvez esse seja o grande motivo das mudanças do material publicitário. 136 Em meados de 2007 este empreendimento foi relançado, com o nome de Exclusive. 289 290 Empreendimento 14. ëCmg Reserva do Bosque Condomínio Ecológico (o complemento só estava no convite, nos folders não tinha) (out/05 primeiro folder, mar/06 lançamento)···. Discurso do nome do empreendimento 1 16 Discurso dos principais slogans 1.1 1.2 1.6 2.1 2.2 2.4 2.6 2.15 Exclusivid. 2.16 Discursos das ilustrações e dizeres secundários e modificações posteriores 1.1 1.2 1.3 1.4 1.6 1.9 1.14 2.1 2.2 2.3 2.4 2.6 2.7Sedução 2.9 2.15 Exclusivid. 3.1 3.2 3.11Segurança 2.16 3.1 3.2 3.3 3.5 qualid. de vida 4.1 4.4 4.6 4.15 4.16 5.2 5.4 5.6 5.12 marca 3.6 3.9 3.11 segurança 3.16 3.20 personalizado 4.2 4.4 4.9 4.16 5.1 5.2 5.4 5.6 5.9 5.12 6.1 6.2 6.3 6.4 6.5 6.6 6.7 Totalização dos grupos e Discurso Predominante do empreendimento 1=11 verde 2=12 área de lazer 3= 5 4=9 5= 3 6=11 Planta 7=2 9=6 10=1 11=2 12=1 14=1 15=3 16= 6 20=2 Observações gerais por empreendimento Área de lazer Merece destaque o fato de outros dois tipos de discurso (Verde e da Planta do empreendimento) estarem quase tão presentes quanto o da área de lazer. Vale ressaltar que este empreendimento é um dos poucos com 4 e 5 quartos da região. Análises e comentários Este empreendimento se dizia ecológico, porém, não apresentava itens específicos. Só o “bosque” que foi “reservado” das demais árvores existentes no terreno. A primeira modificação introduz o discurso da exclusividade, certamente para contrapor às 348 unidades do Aquárius, localizado num raio de 300 metros, em contraposição às suas 96 unidades. Na segunda modificação a questão da segurança é introduzida. Possivelmente relacionada ao local de implantação que é freqüentado por prostitutas e travestis, além de ser escuro e ter fama de haver roubos e assaltos. As introduções de novos discursos continuaram e novas estratégias foram usadas inclusive com a oferta de TV de Plasma de 42”. 6.17 brindes 8.12 290 6.20 7.1 7.2 7.5 7.6 7.9 8.2 8.3 8.4 8.6 291 Empreendimento Resultado individual (Reserva do Bosque) 21. ëCmg Aquárius Residencial (maio/06) Discurso dos principais slogans Discursos das ilustrações e dizeres secundários e modificações posteriores Totalização dos grupos e Discurso Predominante do empreendimento Observações gerais por empreendimento 1, 16 1, 2, 6 2=8 Total de 15 grupos Área de lazer 2 1.2 1.3 1.4 1.16 1.1 1.2 1.3 1.5 1.7 1.8 1.9 1.11 1.12 1.13 1.14 1.16 1.20 2.2 2.3 2.4 2.6 Planta 2.9 2.12 2.16 1=1 2=4 área de lazer 3=4 localização 4=3 5=1 6=2 7=1 8=1 9=2 11=1 12=2 13=1 14=1 16=4 distinção 20=1 Área de lazer Localização Distinção Discurso do nome do empreendimento 2.3 2.4 2.6 Planta 2.16 Resultado individual 2 3, 4, 16 2, 3, 9, 12, 16 Total de 15 grupos Área de lazer Localização Distinção 39. ë Cmg GrandValley (mar/07) 1 16 1.1 1.20 1.1 1.2 1.3 1.4 1.6 1.7 1.10 1.11 1.12 1.16 1.17 1=4 verde 2=4 Área de lazer 3=2 4=4 6=3 7=2 10=1 11=3 12=1 16=2 17=4 brindes Verde Área de lazer Brindes 2.4 2.7 2.16 2.20 3.2 3.4 3.6 Análises e comentários Este empreendimento introduz um novo conceito com uma fartura de opções de lazer divididos por faixa etária. Além disso, o forte investimento em publicidade e estratégias de marketing, fizeram a diferença. Principalmente se comparado com os demais empreendimentos. Observa-se que os mais impactados buscaram utilizar da mudança dos discursos na tentativa de captar compradores. Ter adquirido um apartamento no Aquárius tornou-se “In”. Apesar das boas vendas, houve uma adaptação do discurso “da Planta” que contrapõe as críticas de que este empreendimento reduziu os ambientes. Este empreendimento também introduz um novo conceito com ênfase na ecoresponsabilidade e nas inovações de lazer baseados nos esportes radicais e na relação com a natureza. Entretanto, está é uma segunda natureza (SANTOS), ou seja, em uma natureza adaptada para este fim. Neste caso houve uso de materiais publicitários portadores de diferenciais ecológicos. 291 292 Empreendimento Discurso do nome do empreendimento Discurso dos principais slogans 3.11 3.17 Resultado individual (GrandValley) 1, 16 20, 4 Discursos das ilustrações e dizeres secundários e modificações posteriores 1.20 2.1 2.2 2.3 2.4 2.5 Qualid. vida 2.6 2.11 2.17 2.20 3.2 3.17 2, 17 Totalização dos grupos e Discurso Predominante do empreendimento Observações gerais por empreendimento Análises e comentários 20=3 Total de 12 grupos Verde Área de lazer Brindes-benefícios 292 293 Empreendimento 44. ëCmg Ecolife Freguesia (jun/07) Discurso do nome do empreendimento 1 4 16 Discurso dos principais slogans 1.1 1.2 1.4 1.5 1.6 1.16 2.1 2.7 Aproximaç. 2.20 3.4 3.5 3.7 3.16 3.20 Resultado individual 1,4,16 4, 7, 16, 20 Discursos das ilustrações e dizeres secundários e modificações posteriores Totalização dos grupos e Discurso Predominante do empreendimento Observações gerais por empreendimento 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.9 1.10 1.11 1.13 1.14 1.16 1.20 2.1 2.2 2.3 2.4 2.5 2.6 2.7 Aproximaç 2.9 2.10 2.16 2.20 3.1 3.2 3.3 3.4 3.5 3.7 3.9 3.10 3.16 3.20 1=6 Verde 2=4 3=3 4=6 Freguesia 5=5 6=2 7=4 9=3 10=3 11=1 13=1 14=1 16=6 Distinção 20=5 Verde Distinção 1, 2, 3, 4, 5, 9, 10, 16, 20 Total de 14 grupos Verde Distinção Freguesia Análises e comentários Também introduz um novo conceito. “Preparou terreno” junto a Prefeitura do Rio, em forma de investimento promocional. Se diz o primeiro empreendimento ecológico. Porém foi lançado depois do GrandValley (3 meses) e do Reserva do Bosque (1 ano e 3 meses). Seria um atraso da produção do material publicitário? Atualmente ao lado desse empreendimento está sendo preparado um novo empreendimento do mesmo incorporador. 293 294 APÊNDICE D 295 APÊNDICE D Quadro quantitativo da produção das incorporadoras137 Incorporadora e Construtora 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20. 21. 22. 23. 24. 25. 26. 27. 28. 29. 30. 31. 32. 33. 34. 35. 36. 37. 38. 39. Aliados Antonio Mateus Brás e outros ª + Carmo e calçada 138 Celta engenharia Century empreendimentos imobiliários CEPCON CHL CONARTEC Conasa e Dorez Construtora Hain Nigri Cohani Construtora União Leste. DBF Diagonal Direcional EFER Enseg Esfera (Ecosfera) Even Gafisa Iconi e Model JC Engenharia Joia Louza empreendimentos imobiliários Mega 18 Montserrat Mozak MR2 MRV Peckson Engenharia RG Cortês engenharia RJZ Cyrela Rossi Rubi Soma Rio Tecnocohrp Zayd Com folder, sem identificação. Concal139 Decta Empreendimento de dez. 2005 até nov.2007 1 2 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 2 1 2 1 1 1 1 1 2 3 (um sem folder) 1 1 2 3 1 3 2 4 1 Empreendimento após 11.2007 até set. 2008 1 1 1 1 1 1 1 1 1 (prédio comercial) Total (dez. 2005 a set. 2008) 2 2 1 1 1 1 2 1 1 1 1 1 1 1 1 1 2 1 2 1 2 1 1 1 2 1 2 3 1 1 2 3 2 3 3 5 1 1 1 Uma empresa com 5 empreendimentos Quatro empresas com 3 empreendimentos Dez empresas com 2 empreendimentos Vinte e quatro empresas com 1 empreendimentos 137 Esta lista de incorporadoras e construtoras não esgota a totalidades das empresas atuantes no bairro. As relacionadas realizaram distribuição de anúncios com seus lançamentos. Cerca de 30 empreendimentos não utilizaram folders. 139 Esta incorporadora realizou empreendimentos antes do período estudado e, em agosto de 2008 lançou um empreendimento em parceria com a Zayd. 296 APÊNDICE E 297 APÊNDICE E Diário de Campo Explicações iniciais As primeiras anotações incorporadas a este diário de campo foram realizadas sem a intenção de transformá-lo em um diário de pesquisa sobre o bairro. Entretanto, julguei que estas eram relevantes e mereciam ser apresentadas. Por este motivo constam anotações sobre outros empreendimentos e outros bairros do Rio. Ressalto que a decisão de trabalhar preferencialmente com a Freguesia foi posterior e, por esta razão, as primeiras notas a seguir são registros preliminares e das reflexões iniciais que conduziram a escolha do foco empírico. Em meados de 2006 anotações tornaram-se mais objetivas e com a intenção efetiva de realizar o registro como ferramenta da observação participante. A descrição da situação observada, por vezes, vem seguida de alguns comentários, questionamentos e reflexões que nestes casos estão entre colchetes. O que for transcrição literal de alguma peça publicitária virá entre aspas. 15 de março de 2006 Observações gerais sobre a Freguesia e estilo de vida dos moradores. Estilo de vida do carioca. Feiras livres = fregueses. Freguesia140 – relação primitiva das cidades pequenas Condomínios residenciais existentes – nomes, apelos, características do ambiente da Freguesia ... Condomínios fechados de casas. Ambiência do lugar: Bosques, rios, riachos, lagoas, mata, parques, praças, ruas sossegadas, cigarras cantando, árvores centenárias, Reserva ecológica, colégios, igrejas, sino tocando, procissão, infra-estruturas, supermercados, ruas arborizadas, crianças brincando na rua, sedes de clubes 140 Freguesia: Povoação, na subdivisão eclesiástica de paróquias. (Dicionário Michaelis, edição eletrônica) 298 campestres, casarões tradicionais e antigos X mansões modernas, bancos, lojas, farmácias, médicos, clínicas, oficinas mecânicas, centro comercial (centro de bairro)... A Freguesia combina características de zona rural com a proximidade da cidade grande e com a modernidade. É a união entre o desejo e a necessidade, entre a natureza e o acesso a serviços. No final de tarde e início de noite é possível encontrar grupos de homens bebendo nos bares da redondeza. Alguns jogam baralho ou dominó. Outros grupos mistos se reúnem para tocar e cantar musicas de seresta e ou pagode. Também é possível observar que certas famílias usam as mesinhas externas da padaria para fazer seu café da manhã ou o lanche da noite Algumas reflexões preliminares Conflitos dos indivíduos – desejo de ter vida simples, ao mesmo tempo, se prover de confortos (filosofia de vida) Cidade grande – produção X fregueses desconhecidos, não se encontram. Criança como catalizador de encontros – gerador de necessidades de espaços (público X privado) Em 27 de março de 2006 As propagandas dos empreendimentos – têm tantas opções de lazer – spa, hometheater, piscina, churrasqueira, espaço gourmet, home Office – [será que reflete uma falta de espaço no interior dos apartamentos? Será que são espaços de socialização e que podem gerar interação social? Será que essa socialização acontece?]. [A planta não aparece nos folders. Aparece a imagem externa do prédio e das áreas de lazer]. “Parque aquático” – prédio em Botafogo – vende o espaço e os serviços que estão em volta, no bairro, a infra-estrutura. O que é oferecido - TV de plasma, armários, quartos, cozinha, sistema de segurança, modernidade e o lazer. A arquitetura contemporânea. “Barra Fun” - “Segurança 24 horas e área de lazer tamanho família”. – piscina, sauna, bar, ginástica, churrasqueira, salão de festas, play. 299 Nome dos prédios “Natura recreio” (Barra) “Sundeck” (Barra) “Sunshine” (Barra) “La Place” (Barra) “Blue Land” (Barra) “Life residencial” (Recreio) – “uma área de lazer completa para sua família nunca ficar parada” “Green Hill residencial” (Freguesia) “seguro e moderno – para a família aproveitar a vida” “viver na Freguesia é ter tudo que sua família precisa para aproveitar a vida” “Uma vida repleta de diversão e sossego para sua família”. “Reserva do Bosque – condomínio ecológico” (Freguesia) “Grand Maison Residencial” (Freguesia) “Perfeito para o projeto de vida de toda a sua família. Espaçoso, moderno e confortável” “Uma estrutura de lazer e conforto totalmente voltada para o bem-estar” – Salão de festas gourmet, espaço kids, salão de jogos, SPA, sauna, Home cinema, segurança 24 horas”. No final do mês de março de 2006, mais precisamente no dia 31, constatei que um enorme terreno na rua Araguaia estava prestes a se tornar um grande empreendimento imobiliário. Ao passar em frente daquele casarão, que tinha um muro bastante alto, com cerca de dois metros e meio de altura e se destacava por ser antigo, com um imponente pórtico de entrada e uma enorme árvore nele incrustada. Era um fícus141 centenário, com um tronco que deveria medir mais de três metros de diâmetro, e uma copa enorme. Este terreno, conforme fotos aéreas, possuía uma vasta cobertura vegetal composta de árvores. Estas foram todas derrubadas com o muro ainda de pé, o que impedia os passantes de perceberem qualquer coisa diferente que estivesse acontecendo no local. No entanto, no dia 31 eles retiraram o tal fícus, o que chamou a atenção, pois a sua ausência produziu um imenso vazio na paisagem da rua, 141 As figueiras são árvores pertencentes à família Moraceae e se caracterizam pela beleza que irradiam e pela sombra que propiciam. Talvez essas plantas estejam entre as primeiras cultivadas pelo homem. O principal fator para a sua utilização tem sido a copa densa, que possibilita um bom sombreamento, e a capacidade de ser modelada de acordo com o gosto do proprietário. Contudo, o que não dizem é que esta espécie tem um poder de enraizamento muito grande. Suas raízes, grossas, profundas e longas, invadem e estouram tubulações de esgoto, abalam alicerces das residências, deformam calçadas, etc. http://www.amavida.org.br/diversos/denuncias_ficus.htm e http://www.sbq.org.br/PNNET/causo13.htm 300 além dele ter sido substituído por um enorme tapume cor de rosa, para vedar o imenso buraco que havia deixado, não só no muro, mas na lembrança de seus passantes e admiradores de sua magnitude. Este fato me deixou atônita e um tanto quanto irritada, pois os construtores não deixaram uma única árvore de pé. Nas minhas observações diárias fui vendo a velocidade com que davam prosseguimento à montagem do stand de vendas. No dia seguinte a derrubada da árvore outra parte do muro foi demolida para permitir a entrada de duas escavadeiras e os caminhões para a retirada das raízes. Passado alguns dias começaram o desmonte do morro e a construção do stand de vendas. A cada dia que ia passando uma novidade se apresentava. Um painel era posto, eram três painéis enormes com fotos dos futuros ambientes de lazer e com frases de impacto mercadológico. A cada dia que passava me surpreendia com a velocidade das transformações. Num domingo de abril já havia vários corretores “acampados” no local com mesas, cadeiras e guarda-sóis e com um galhardete com os dizeres “antecipe-se ao lançamento”. Parei e peguei um folder com o corretor. Para a minha surpresa e alegria de pesquisadora, além do enorme folder havia um cd room com mais informações sobre o empreendimento. Naquele momento não pude pegar maiores informações. Na primeira semana de abril de 2006 havia uma equipe, provavelmente de algum órgão da prefeitura medindo o tráfego na Av. Geremário Dantas, eles passaram o dia na Rua Mamoré, pelo menos das 7 às 19 horas que foram os horários que eu passei e pude comprovar. Eles estavam com contador de carros. 10 de abril de 2006 Identifiquei nos classificados do domingo 9 de abril de 06 que havia muitas casas do Condomínio Eldorado142 à venda. Diante das informações do jornal, em conversa informal perguntei a uma conhecida, moradora do Condomínio Eldorado há 31 anos se ela tinha conhecimento deste fato e se ela tinha noção do porquê isto estava acontecendo. 142 O Condomínio Eldorado é um condomínio tradicional, da década de 1970, composto por grandes casas, mas que na realidade são uma série de ruas que foram fechadas, colocaram cancela, segurança motorizada e que tem em seu interior uma praça pública que pode ser visitada por pessoas de fora do condomínio. 301 Ela respondeu dizendo que na maior parte dos casos são as esposas, de casais que foram morar no Eldorado com seus filhos pequenos e que agora com os filhos fora de casa, já não conseguem arrumar empregadas para cuidar da casa grande e do jardim, e ao mesmo tempo, não estão querendo tomar conta da casa e estão “cansadas” para cuidar das coisas e do jardim, por isso as esposas, “mais as esposas, pois os maridos não ligam para isso”, estão querendo ir morar em locais menores e até mesmo em apartamentos. 12 de abril de 2006 Conversa informal com moradora da Freguesia desde que nasceu, Geógrafa, mestranda da UERJ. “A” contou que o prédio da mãe dela daria um bom estudo, devido às relações de vizinhança. Ela contou que a mãe, desde que foram morar na Freguesia, em 1973, morava em uma casa e recentemente, mais ou menos 2 anos havia vendido a casa e tinha comprado um apartamento mais antigo, prédio de 12 andares com 6 apartamentos por andar e mora no oitavo. “A” me relatou que a mãe se incomoda com a vizinha de cima, age como se não morasse ninguém abaixo dela, pois a mesma tem cachorro que urina na varanda e respinga na casa dela (mãe) e que também bate o tapete para fora o que causa transtorno por conta da poeira. Outro fato interessante é que o prédio além de piscina dispõe de uma cantina, neste local vários condôminos se reúnem e ficam falando da vida alheia. Segundo “A”, a Freguesia teria sofrido alguns movimentos de maior destaque no processo de transformação. Em um dado momento, com a vinda dos moradores para a Cidade de Deus, em outro, por volta da década de 70 com a implantação de casas para a classe média baixa, do tipo BNH, e que posteriormente havia sofrido transformações, pois a população de classe média vendeu boa parte das casas para pessoas de maior poder aquisitivo que reformaram as casas, emergindo assim uma demanda maior pelos condomínios de casas, e que, por volta da década de 80 também favoreceu o fechamento de ruas com portões e cancelas, em alguns casos indicando uma certa segregação nos casos de proximidade com comunidades de baixa renda. Neste momento, passa a haver uma certa elitização do Bairro. Com a Linha Amarela (já na década de 90) houve muitas desapropriações e trouxe alterações na própria estrutura do bairro, que na verdade, segundo “A”, não havia tido um “preparo” nem planejamento no sistema infra-estrutural de suas vias e esgoto. Em 1970 não havia nem sistema de esgoto. Segundo ela a atual verticalização do bairro, ocorre, sobretudo após a nova lei (PEU). 302 Perguntei porque a mãe dela havia ido morar no apartamento, ela me disse que depois das filhas terem se casado e da filha mais velha ter ido morar com o Pai [o casal havia se separado] em Belo Horizonte ela ficou sozinha na casa e já há algum tempo tentava vender a casa, quando isso aconteceu, a mãe foi morar no apartamento. Ela se adaptou bem ao apartamento, que é até grande e tem bela paisagem. Perguntei para “A”, quando ela morava em casa, como era a relação dela com seus vizinhos, ela disse que os (as) amigas dela eram todas da rua e que atualmente muitas delas estão morando em outros locais, inclusive em outras cidades, estados e até países. Na sexta-feira da Paixão, 14 de abril de 2006 uma procissão circulava no bairro da Freguesia, com velas acesas escoltada pelo departamento de trânsito. Os fiéis a seguiam. Deveria haver cerca de 300 pessoas. Por volta das 19:30 horas passavam pela Rua Xingu e pela Estrada dos Três Rios. Na terça-feira 25 de abril de 2006, quando estava fazendo compras na feira143 e pude observar que, a cada cinco minutos, saia um caminhão carregado de barro retirado pelas duas escavadeiras que trabalhavam sem parar. Mais uma vez me dirigi ao corretor de plantão no local e peguei mais um folder, desta vez não havia cd, e o cartão do mesmo. Segundo as informações dele a obra seria entregue em 24 meses e ele me disse que todo aquele morro ia sair dali para dar lugar às áreas de lazer... Eu comecei a fazer algumas perguntas. O preço segundo ele ia ser em torno de R$ 170 a 180 mil, e as prestações de R$ 700,00, mais adicional de mobília e ambientação, R$ 500144 por família. Perguntei se já haviam pessoas interessadas e de onde elas eram, ele informou que a maioria eram famílias da Freguesia que estavam trocando suas casa por um apartamento com infra-estrutura. E que já havia mais ou menos 200 vendidos145. Após sair da feira pude ver que os caminhões se dirigiam para a Estrada dos Três Rios. Fui para casa de carro e pude acompanhá-los. Quando estava parada no sinal percebi que havia um caminhão na minha frente carregado de barro e que certamente estaria vindo da obra 143 às terças-feiras costuma haver uma feira nesta rua, que é fechada ao tráfego de veículos para que a feira possa funcionar. Aliás esta feirinha já havia sido transferida da rua Geminiano de Góis devido a implantação de um colégio no ano anterior, fato que proporcionou um grande aporte de carros para a rua, causando congestionamentos nos horários de entrada e saída do colégio, chegando até a rua Araguaia. 144 Depois fui informada que esse valor era de R$ 5.000,00 e que alguns compradores desistiram da compra ao saber do valor. 145 Esta informação ocorreu um mês antes do lançamento. Porém no dia do lançamento foram vendidos 150 unidades, o que mostra uma disparidade entre o que o corretor disse e o que se concretizou. 303 do referido empreendimento, pensei em seguí-lo, mas infelizmente eu tinha um compromisso naquele horário. Apesar disso, pude perceber que ele e outros quatro que encontrei no caminho seguiam em direção da Barra ou do Recreio dos Bandeirantes, pois tomaram a direita na Av. das Américas e, infelizmente, era o lado oposto ao qual eu deveria seguir. Por volta das 18 horas quando passei novamente na frente da obra, presenciei uma viatura da patrulha ambiental autuando a obra. 26 de abril de 2006 No dia seguinte, por volta das sete da manhã, quando tornei a passar pela obra vi que havia sido embargada, estava com fitas amarelas e pretas presas aos cavaletes, as escavadeiras e os caminhões estavam parados. Pude perceber uma certa movimentação no sentido de entenderem o que estava acontecendo, também pude ver um senhor que poderia ser um corretor ou um engenheiro falando ao celular, como se estivesse informando a situação para alguém ou tentando equacionar a questão. Neste mesmo dia soube por uma conhecida que ela havia recebido informações diferentes das minhas sobre o mesmo empreendimento. Para ela, o preço informado foi de R$ 230 mil. No dia 27 de abril de 2006 pela manhã, no mesmo horário me surpreendi com a quantidade de caminhões que estavam estacionados ao longo da rua Araguaia. Eram aproximadamente 15, estacionados sobre a calçada ocupando parte da rua, e dificultando ainda mais o fluxo dos carros. Parei para tirar algumas fotos, naquele momento e voltei a pé para tirar outras. No entanto, quando tentava me aproximar vi um casal de moradores e tentei obter algumas impressões deles sobre o crescimento imobiliário do bairro. Ambos meio desconfiados com a minha aproximação hesitaram em me responder. Porém o Sr. fez alguns comentários dizendo: “ouvi falar que Jacarepaguá vai ficar toda assim, cheia de prédios... é... mas, fazer o que não é? É o progresso...”. Continuei minha caminhada por entre os caminhões na tentativa de tirar mais algumas fotos do terreno escavado e interditado, tirei mais uma ou duas fotos quando percebi que dois funcionários me olhavam e comentavam sobre mim, então achei prudente ir embora, para não chamar mais a atenção. Passei a refletir sobre a mudança da tese. Anotei o que pensava e transcrevo abaixo. 304 [O que pensava o construtor? Os arquitetos? Os engenheiros? Os incorporadores? Os moradores locais? Os novos moradores? Como o poder público se posicionava? Quais as implicações de um empreendimento como aquele no meio urbano? No meio social? No sujeito? E que relações e interações um empreendimento como aquele geraria?] [Um fato social provoca mudanças! Lembrei que o documentário “Super size me” modificou a forma do McDonald’s atuar. Então um empreendimento também poderia mudar o conceito de casa, de morar, o lugar social das pessoas, mudar a forma de construir, de divulgar produtos imobiliários] [Fatos sociais (Spink) - Geradores de mudanças comportamentais – modo e estilo de vida] [Lei – Peu, Linha Amarela, PAN (mudança de gabarito – César Maia)] [Tempo – deslocamento – isolamento – infra-estrutura – densidade.] [Empreendedor é como um novo vizinho que se insere em uma vizinhança já existente (no Rio não há lei de impacto de vizinhança?)] O tamanho dos lotes da Freguesia permitem grandes empreendimentos. [Será que o “RB” fez pesquisa de mercado? As vendas estão muito lentas. Existe alguma empresa específica para realizar pesquisa de mercado imobiliário? Quais são os critérios a serem pesquisados? Quem os define é o cliente (empreendedor)? Que aspectos são (foram) pesquisados? Como são as amostras dos entrevistados?] Reflexões iniciais para mudança de foco desta pesquisa. Metodologia possível: · Análise de discurso das propagandas · Observação livre (Perlongher) · Etnografia (sistematizada, visitas formais) Eixos possíveis de análise - Análise do discurso (Mary Jane) 1. ação e atuação do mercado imobiliário (após o PEU, mídias e impacto de vizinhança) 2. Os compradores quem são? 3. Os moradores, antigos, vizinhos Noção de habitar – imaginário – desejo de encontrar um lugar (feição, identidade, simbólico, histórico, segurança) (houve mudança no modo de habitar?) 305 28 de abril 2006 Conversa informal com moradora da Freguesia há mais de 30 anos. Por volta do séc. 18 as encostas do maciço da Tijuca tinham produção de café, área agrícola. Depois surgiram os conjuntos habitacionais de classe média para ser pagos em 20 anos (por volta da década de 1970). Mora na rua Araguaia, perto do Bosque da Bete (Casa de festas) há mais ou menos 10 anos, em um prédio de 3 blocos. O prédio já tinha churrasqueira, bar, piscina, sauna, cinema (feito pelos moradores), play. “Houve uma época que as festas de São João e Natal eram comemoradas entre os vizinhos, agora não é mais, por causa da troca de moradores”. Inadimplência, dificuldade de conciliar para reforma. A moradora identifica muita construção nova, e mudanças. Teve informações sobre o edifício A, cujo terreno teria mais de 11 mil metros quadrados e que uma parte da área deve ser doada à Prefeitura para implantação de Escola Pública. Segundo as informações obtidas por ela, um apartamento pequeno teria uma vaga, 2 vagas para os de 3 quartos e as coberturas. Teve informação que o apartamento era 230 mil (Eu obtive informações antes do lançamento que os apartamentos eram 170/180 mil!) Um prédio antigo da Barra, onde mora um parente, não tem muito equipamento de lazer, tem comércio e serviços de apoio, supermercado, farmácia, escola, etc. 12 de maio de 2006 Estratégias (Recursos) de Promoção e Vendas Além dos tradicionais anúncios em jornal, filipetas e folders, tenho observado uma série de novos instrumentos, artifícios e técnicas para a promoção dos empreendimentos. Devido ao grande número de novos empreendimentos na “região”/área pude observar que as empresas tem buscado chamar a atenção do comprador de diversas maneiras, inclusive buscando um “diferencial promocional”, por vezes de maneiras bastante criativas, como por exemplo o Ed. C que se utilizava de 4 prismas triangulares e coloridos com inscrições diferentes em cada uma das faces e que eram carregados por pessoas que ficavam no sinal, e que giravam, mudando a mensagem em movimentos sincrônicos. Também foram observados o uso de outdoors, cds promocionais, banners e cavaletes móveis, além de enormes folders dobrados que ao serem abertos eram maior que um jornal. Inicialmente apenas nos finais de semana, era possível ver, em frente aos empreendimentos grandes decorações da rua com 306 bolas (bexigas) e moças com flamejantes bandeiras coloridas. Posteriormente, devido ao excesso de empreendimentos em alguns locais mais específicos, como a rua Araguaia, essa prática passou a ser utilizada em todos os dias da semana em alguns empreendimentos como no empreendimento A. Com a crescente oferta os banners foram se transformando em painéis, alguns com dimensões superiores aos outdoors, com belíssimas fotos coloridas, ilustrativas dos ambientes e infra-estruturas projetadas de lazer. Os stands de venda foram se tornando cada vez mais arrojados, além das plantas baixas e perspectivas ambientadas que compunham o projeto, emolduradas e fixadas nas paredes, alguns contavam com apartamentos decorados, maquetes e ajardinamento, pois a maior parte das vendas deveria se dar antes do início das obras e esses recursos “facilitaria” a visualização do cliente146. Em algumas circunstâncias o apartamento decorado era feito em uma unidade residencial já edificada na própria obra, mas há casos em que este foi construído todo em paredes provisórias de alumínio e acartonado, ou gesso, no stand de vendas e que serão destruídos e relocados após o início da obra, venda de todas as unidades, ou somente na finalização e entrega da obra. Uma outra estratégia de promoção que vem sendo utilizada é a festa de lançamento da obra, que transforma em evento social o momento da venda, marcando-o de várias maneiras. A festa, em geral, é realizada no próprio stand de vendas, mas já houve casos em que a festa aconteceu à noite em casa de festas, com manobristas, recepcionistas e toda uma logística especial para o momento147. Este evento cria um acontecimento, uma situação, pois além de chamar a atenção dos transeuntes que estão a pé ou de carro, gera um momento para os compradores e para a sociedade. Poderíamos dizer que é quase um “début” do empreendimento, ou seja, é uma apresentação oficial da obra e do que será o empreendimento para a sociedade. [Lançamento. Por associação poderíamos falar em outros momentos marcantes que já compõe a história das construções como o lançamento da pedra fundamental e a festa da cumeeira, que marcam simbolicamente o início e o fim da obra]. Nas atuais festas de lançamento, além das bolas e das bandeiras que compõe o cenário urbano da festa, chama atenção o número de pessoas, com enorme quantidade de corretores 146 M, uma pretensa compradora de residência na Freguesia, me disse uma vez que como os apartamentos são muito pequenos os móveis que o morador traz não cabem direito no novo apartamento, o ideal é que os móveis sejam feitos sob medida para que haja um melhor aproveitamento do espaço. 147 Esta festa aconteceu no dia 11 de maio de 06, a tarde a equipe de promoção estava montando uma estrutura móvel para suportar um painel com propaganda do prédio com os dizeres “seja up venha morar no ....., o ponto mais alto da Freguesia”. Eu passei no local, mas não estava com a máquina fotográfica, a noite quando passei novamente, pude presenciar os manobristas com sinalizadores, mas ainda estava sem máquina. Pensei em voltar para tirar foto, mas não pude fazê-lo. Então, logo cedo de manhã, antes das seis da manhã, fui ao local para tirar a foto, mas o painel já havia sido retirado do local. [Este fato comprova a impermanência e a fugacidade dos fatos urbanos] 307 prontos para fechar os negócios. Já houve casos em que foram distribuídos convites nos prédios da vizinhança, como é o caso do A. E que as pessoas vão ao evento, sem intenção de comprar, mas para conhecê-lo e desfrutar dos comes e bebes, como no caso do R. Os empreendimentos em que as vendas148 antecedem o lançamento, a festa é o momento em que os negócios serão efetivamente fechados, com preenchimento das informações restantes para formalização de um contrato de compra. Aqui não estou falando das mensagens que são utilizadas por outros recursos promocionais, pois essas merecem uma análise mais detalhada. 25 de maio de 2006 (quinta-feira) Lançamento do Edf. A Procedimentos durante o evento de lançamento: Cada corretor espera seu cliente que é chamado pelo nome no alto falante. Enquanto esperam, ficam em diversas mesas onde atendem os clientes. A expectativa era de vender todos os apartamentos naquela noite. Muitos já foram escriturados antes. Descrição de como ocorreu a visita ao lançamento: O empreendimento A lança um novo estilo de vida no bairro e modifica o comportamento e o discurso publicitário dos outros empreendimentos, inflacionou os preços. [Cria novo paradigma de empreendimento para a região] No mesmo dia, outros empreendimentos colocaram placas e bolas (bexigas) para “pegar carona” no movimento de pessoas presentes. Notas e comentários sobre o coquetel de lançamento do Ed. A. O coquetel ocorreu na quinta-feira 25 de maio de 06, com início marcado para 18 h e com término (até o último cliente) que deve ter sido após 23h (eu cheguei às 18:15 e saí às 22:50 h) Quando cheguei ao local do evento, às 18:15, que é o local do empreendimento, já havia mais de 50 carros e toda uma estrutura montada com manobristas, seguranças, cavaletes, sinalização. Entrei na área de estacionamento e perguntei se poderia estacionar o carro ali, me perguntaram se eu era da diretoria, disse que não, perguntaram se eu era cliente 148 Não é propriamente a venda que acontece no pré-lançamento e sim uma reserva da unidade pretendida, reserva esta que é feita mediante um cheque caução (verificar se este é um percentual do valor do imóvel) 308 respondi que era convidada. Pois, havia telefonado pela manhã para o corretor LC que havia me atendido outro dia no local, e me disse que o procurasse ou a corretora A, que eles estariam me esperando. Então, entreguei o carro ao Valet Park e me dirigi à entrada passando por um pórtico com o nome do empreendimento em cima e uma cortina em tons de azul com bolas imitando bolhas de água, fazendo alusão ao empreendimento. Havia uma recepção com diversas recepcionistas com a lista dos corretores e dos convidados. Logo me perguntaram o nome do corretor disse os dois LC e A, foram anunciados ao microfone. Rapidamente chegou a corretora A e me convidou para ver a maquete onde estavam todos os serviços oferecidos pelo empreendimento. Ela se posicionou à frente da maquete como se estivéssemos entrando no conjunto residencial. Mostrou o acesso para os automóveis, a entrada dos visitantes, a cascata e fomos para o outro lado da maquete. Ela explicou que sob cada bloco ficariam equipamentos diferentes e que o morador teria o direito de usar todos sem custo adicional. Que era paga uma taxa de decoração além do preço do apartamento para que os ambientes fossem entregues já decorados. Depois me levou para a segunda maquete que representava um dos blocos de apartamentos. Além dos detalhes extremamente bem cuidados ainda havia luzes piscando dando um efeito cênico à maquete. Quase um show! Quando ela me perguntou se o meu interesse era em apartamento de dois ou três quartos, achei melhor contar que estava pesquisando os empreendimentos imobiliários da Freguesia, em especial aquele que trazia diversas inovações aos demais empreendimentos do bairro. Na hora ela ficou um pouco frustrada, já que representava uma possibilidade a menos de venda para ela, mas mesmo assim continuou atenciosa e respondendo as perguntas feitas por mim. Após este momento de informações iniciais, fiz um “reconhecimento” da área. Fui falar com o LC e me informar se poderia tirar fotos do evento, ambos acharam melhor não tirar. Perguntei se poderia pedir permissão a alguém, eles me indicaram o Presidente da Corretora responsável pelo evento, mas só fiquei sabendo que era o Presidente depois, quando li no cartão de visitas dado por ele. Ele autorizou as fotos. Então, fiz algumas do ambiente do evento e me encaminhei aos dois apartamentos decorados. Estes estavam no módulo do stand de vendas. No Hall de acesso havia um super telão com imagens das áreas de lazer. Andando um pouco mais havia um painel explicativo dizendo que os materiais e objetos não faziam parte do apartamento e que eram apenas decorativos. Mais adiante, na porta de entrada de cada apartamento havia uma planta baixa decorada do mesmo e a foto do(s) arquitetosdecoradores. Ainda neste Hall havia duas moças que logo me avisaram que não era permitido tirar fotos, argumentei com uma delas que o Presidente havia me autorizado, com este 309 argumento ela me permitiu tirar mais algumas fotos. Enquanto havia pouca gente pude tirar, mas a medida que os apartamentos foram ficando com muita gente as pessoas também queriam tirar fotos, então elas me pediram para parar de fotografar. Como o meu objetivo era observar, mais do que fotografar, concordei sem questionar. Passei então a observar não só o ambiente, mas, sobretudo as reações e comentários dos visitantes. As informações eram tantas que fiquei com receio de não conseguir me lembrar até chegar em casa. Então decidi encontrar um local discreto onde pudesse fazer algumas anotações iniciais que me permitissem lembrar dos detalhes ao transcrever. Observações: - Todos os ambientes dos apartamentos decorados tinham câmeras filmando os “visitantes”. - Havia funcionários de limpeza para arrumar qualquer coisa que estivesse fora de ordem nos apartamentos decorados. - Todos os ambientes do apartamento decorado eram cheios de espelhos. O WC tinha espelho em duas paredes. [Como se sabe o espelho tem a capacidade de ampliar visualmente o espaço, dando a sensação de que é maior, do que na realidade é]. - Alguns dos visitantes que estavam olhando o apartamento decorado se mostravam interessados em saber se os revestimentos expostos no apartamento decorado seriam os mesmos do apartamento depois de pronto. [Ao comparar o modelo decorado com as opções de apartamentos na plantas baixas pude observar que eram os exemplares com maiores medidas que estava a mostra] - No apartamento decorado não havia portas. Havia muita luz e muito espelho. [artifícios utilizados para produzir a sensação que o espaço é maior] - A varanda era tão estreita que não dava para transitar, senão batia-se nos móveis e no ar condicionado que ficava em baixo da janela. - No início do evento havia, nos painéis de venda, cerca de 20 % dos apartamentos vendidos. Dos quatro blocos dois apresentavam melhor vendagem. Outros dois estavam com o pior índice, tinham apenas reservas. - No final do evento estava previsto um sorteio entre os corretores que venderam mais de 5 apartamentos. Comentário dos presentes: “Não é nunca como uma casa, mas é um ótimo apartamento”. “Os outros estão desesperados” [se referindo aos outros empreendimentos] 310 “Os construtores adoraram essa TV ‘fininha’, não ocupa espaço”. “Minha casa hoje é uma empresa”. Muitos compradores estavam comparando com suas casas atuais. Olhavam e comentavam a decoração. Uma moradora de apartamento na Ituverava, disse “é muito complicado morar em lugar grande assim” [com muita gente]. Você tem vizinho de todo tipo, aquele que é simpático e aquele que dá tiro. “Graças a Deus eu moro num prédio que não tem área de lazer. Não dá confusão”. Outros comentários Conversa com os corretores A e LC: “Os clientes acham pequenos. Estão interessados na área de lazer. Sobretudo, os pais com crianças, os avós pensam nos netos. O apartamento de 3 e 4 está na faixa de 290 mil”. Corretor LC informou: “Estou fazendo um conjuntinho de casas num terreninho aqui na Freguesia”. - Segundo os corretores, os moradores da Freguesia estão comprando. Muitos foram convidados por telefone, cujos números foram obtidos na lista telefônica. (serviço de Telemarketing) “Os corretores da P correm atrás”. - O movimento de carros estava tão grande no local que houve engarrafamento no horário do lançamento. - Ouvi queixas dos moradores vizinhos sobre a derrubada de árvores. - Os outros empreendimentos da área anteciparam às vendas quando viram que este estava para acontecer. - Houve divergência sobre a taxa de condomínio, a corretora A informou que seria aproximadamente R$ 300 reais, já o corretor JC informou R$ 500 reais. - Fui informada que a entrega das chaves seria no segundo semestre de 2008. - Os corretores receberam para venda deste empreendimento 0,9% do valor do imóvel, o CRECI fica com 1%, a Corretora “retira deles” 0,1% para os telefones. - Fui informada que a Corretora sempre faz evento de lançamento com coquetel [vale salientar que é a corretora contratada que promove o evento]. - Havia um canhão de luz voltado para o céu, fazendo movimentos. - A “Lei de César Maia” (como falou o corretor): antes, só podia construir 3 pavimentos agora pode 6. - Tem bloco que são 12 apartamentos por andar. 311 - A construtora comprou o terreno uma parte pagando e outra parte através da troca de área de terreno por apartamentos. - No stand havia espaço para crianças ficarem brincando, com uma animadora. - A maior parte das pessoas que estavam visitando [prováveis compradores] eram casais de meia idade, mais ou menos 40 anos, ou menos. Vi poucos com mais de 50 anos. - Não souberam me informar o prazo exato de entrega das chaves. - KIT CORRETOR: Catálogo, tabela de preços por apartamento, 2 tipos de blocos de recibo - O pico das visitas ocorreu por volta das 20h. Por volta das 22h havia corretores negociando. - O buffet estava bem diversificado com petit-fours, canapés etc. - Este foi o primeiro empreendimento desta construtora na região. - Conceito de “Bairro dentro de bairro” - “No mundo moderno as pessoas moram para dentro, cercados, querem segurança” “A pesquisa de mercado apontou que as pessoas gostam de receber pessoas” “E que a pesquisa direcionou os itens de lazer” [Fala do diretor comercial da construtora] - Os terrenos da Freguesia valorizaram muito após a lei (PEU). Os que valiam 250 mil hoje já estão pedindo 2 milhões. Corresponde a R$ 500 reais por metro quadrado, equivale a 1/5 do valor do apartamento. - O sinal para este empreendimento, no dia do lançamento era aproximadamente de R$ 6.500,00. - As pessoas não estavam observando seus futuros vizinhos. - O clima era de festa e comemoração entre o Presidente da corretora e o dono da construtora. - O comportamento dos corretores oscilava. Os que vendiam ficavam alegres os que não, ficavam tristes. - Dos compradores: Alguns não tinham casa própria. Outros tinham um “ar” meio preocupado [esforço para pagar?] Outros pareciam ter pressa de sair dali depois de ter feito o contrato. Só vão pegar mais dados financeiros no momento da escrituração. - Os novos moradores não sabem quem serão seus vizinhos. Não procuram saber. - A Corretora tem 600 corretores, só estavam presentes os que tinham clientes interessados. 26 de maio 2006 Entrei em contato com a empresa que realizou a pesquisa de mercado do empreendimento A, também responsável por outras pesquisas para outras incorporadoras. 312 Segundo a pessoa que me atendeu, esta empresa ajuda a identificar o terreno, realizam pesquisa para saber o que o público deseja. Do que gostam: de churrasqueira, de “receber visitas”. 8 de agosto de 2006 [Quando trabalhava em escritórios de arquitetura os construtores sempre queriam que colocássemos espaços e usos extras, aumentando os atrativos, o pedido de tentar aumentar o número de apartamentos por pavimento, fazendo com que trabalhássemos no limite da lei e não do conforto. Fazer mágica com o terreno e com o que a lei permite. (Arquitetos malabaristas do espaço). Seria o caso de estudar a história profissional desses arquitetos? O que será que o construtor visa? O maior lucro? O meio ambiente? A(s) sustentabilidade(s)? Qual? Será que pensa no comprador enquanto usuário ou apenas como consumidor? E o morador o que visa? O status? O espaço? Os equipamentos oferecidos pelo empreendimento? E o arquiteto? Pensa só no trabalho? No dinheiro? No cliente (construtor ou moradorusuário)?] No dia 21 de agosto 2006 recebi um telefonema de um corretor G de imóveis, que já havia feito contato ao visitar o empreendimento R, de 4 quartos, localizado na Estrada dos Três Rios. Ele me informou sobre um lançamento que iria acontecer no sábado 26 de agosto, se nós tínhamos interesse em adquirir. Haveria um Brunch para os convidados. Tentei obter informações sobre o número de cômodos, ele me disse que eram casas de 4 e 5 quartos, e eram no estilo de Itatiaia. Perguntei sobre o número de unidades, me respondeu que eram 72, me disse que só restava uma sem reserva, que já havia 71 reservadas. Perguntei o que era necessário para reservar uma, ele me disse que precisava passar um cheque de R$ 350,00 reais. Questionei sobre os valores das casas. Ele titubeou um pouco em responder e me disse que variavam de R$ 270 mil à R$ 460 mil reais. Percebendo o meu interesse no lançamento ele perguntou se eu gostaria de receber um folder por e-mail, eu disse que sim. 26 de agosto de 2006 Lançamento do DM 72 casas, infra-estrutura de piscina, salão gourmet, espaço kids. No dia 26 de agosto 2006, me programei para ir ao evento. Estava marcado para as 9:00 e já eram 9:30 quando cheguei. A Estrada do Pau Ferro já estava com as placas do lançamento ao longo do caminho. 50 metros antes do acesso já havia profissionais 313 encarregados de organizar o trânsito e no meio da rua, entre as faixas, havia cones cor de abóbora sinalizando que algo diferente estava acontecendo. Ao chegar em frente ao empreendimento, observei que o evento já havia iniciado. Como havia serviço de vallet park (manobrista) com cerca de 15 ou 20 aguardando, parei o meu carro e o deixei para ser manobrado. Pedi a senha para o funcionário e entrei no terreno pelo portão de carros, fui informada que não deveria entrar por ali e sim pelo stand. Então segui a orientação, procurando me comportar como uma compradora em potencial. O stand era uma edificação em estilo moderno, com escada de acesso em madeira, corrimão em aço escovado e muro baixo em pedra com jardineira. Toda a entrada do empreendimento e as áreas de visitação do público receberam tratamento de ajardinamento e agenciamento paisagístico. Mas era possível perceber, devido à extensão do terreno que se tratava de um canteiro de obras. Ao entrar no stand, logo na recepção, havia um balcão com 4 recepcionistas. O clima era de que estavam um pouco atrasadas quanto aos preparativos finais da organização e, agitadas, tentando se familiarizar com as demandas do momento. Anunciei o nome do corretor que me havia enviado o convite: G Elas verificaram nas listas e perguntaram se eu já havia comprado ou reservado alguma casa. Informei que não, que havia sido avisada do evento e que estava interessada em conhecer o empreendimento. Uma delas o anunciou ao microfone, e foi logo informada que o G não estava presente. Rapidamente elas foram olhando outra lista, e se perguntando entre elas qual era o “regra três” da vez, trocaram algumas idéias e chegaram a conclusão que era o “S”, e este foi anunciado ao microfone. Que prontamente apareceu. Nos apresentamos e nos encaminhamos para a maquete do empreendimento. Nos colocamos na frente da maquete, correspondendo à entrada do terreno e ao local onde o stand estava situado. Ele foi explicando a disposição das casas no terreno, bem como da infra-estrutura que ficava ao fundo, na parte mais alta do terreno. Perguntei se as casas eram geminadas, e se todas estariam dispostas duas a duas, ele me informou que havia blocos de até 10 casas, mas que variava. Após questionamento, ele me informou que não havia espaço para carros de visitantes. Na maquete apenas uns 4 blocos de casas estavam representados, a maior parte constava apenas a projeção, representadas como um plano no terreno. [Não dava a idéia real ao leigo do volume de área construída no terreno]. Em uma das paredes havia algumas Plantas Baixas149 afixadas como quadros e que davam idéia de alguns tipos de casas. 149 Planta Baixa é o nome que se dá à representação gráfica do corte horizontal que é dado a 1,20 m do chão e que representa a divisão de ambientes que compõe a casa, ou apartamento. 314 No interior do stand o barulho era intenso. O ambiente era relativamente pequeno para a enorme quantidade de pessoas que ali estavam. Devia haver de dez a quinze mesas com corretores, cada uma com três ou quatro pessoas sentadas. Ao que parecia, todos eram corretores. Terminada a explicação da maquete, o corretor S me encaminhou para a saída lateral do stand que dava para o terreno. Outra passagem, diferente da entrada. Em frente à saída havia uma espécie de bangalô, uma construção “provisória” de bambu e sapé, lá havia mais mesas e estava sendo servido o brunch. Nos dirigimos para a casa decorada, que era a casa da foto ilustrativa do folder e que, na verdade, eram duas geminadas. Ela estava atrás do stand, a poucos metros dali. Já havia um jardim com paisagismo e caminhos que saiam do stand e iam até a casa. Lá chegando, observei que ainda estavam sendo feitos, por arquitetos, decoradores e faxineiros, os últimos retoques: colocação de objetos, limpeza, enfim, os ajustes finais. No entanto, já haviam outros possíveis interessados. Apenas uma das casas estava decorada, era a de melhor localização, com sol da manhã e com vista para a rua e para a paisagem da serra. A outra casa tinha suas janelas abertas para o interior do terreno, ou seja, para as outras casas e recebia parte do sol da tarde. A entrada da casa se dava por uma escadinha com corrimão vazado e uma jardineirinha na entrada, formando um espaço de chegada. Não era varanda, pois era muito pequeno e nem era Hall, pois era aberto. A porta estava aberta e logo a frente havia uma sala de estar decorada que, visualmente calculei em torno de 10 m2. No entanto, como havia um janelão dava a impressão de ser maior. Esta sala estava delimitada, em um dos lados pela escada que dava acesso ao andar superior. À direita da porta de entrada e mais próximo da circulação estava a sala de jantar decorada e com uma janela voltada para frente do terreno. Não havia separação física entre os dois ambientes, mas o fluxo de pessoas os dividia. Em uma parede próxima à circulação estava fixada uma pequena placa, contendo os nomes dos arquitetos que haviam decorado aquele ambiente. Como o ambiente estava com muitas pessoas, a exigüidade do espaço ficava ainda mais evidente. [Apesar dos recursos utilizados pelos decoradores, tais como manter a cortina aberta, colocar espelhos nas paredes e utilizar cores claras]. Seguimos nossa visita, o corretor me mostrou um pequeno toalete, com lavabo e vaso, sob a escada e ao lado um pequeníssimo quarto, que nos dizeres do corretor seria “o quarto da sogra”. Este estava ambientado150 com piso e paredes brancas, guarda-roupa branco 150 Ambientar – é o mesmo que dizer mobiliar adequando ao ambiente. Nos casos de apartamentos e casas decoradas criando quase que um cenário. 315 e nele encostado uma cama, menor que os tamanhos convencionais, com coberta branca, tapete branco e um espelho. Ao lado deste estava a área de serviço e a cozinha. Também com pisos, paredes e eletrodomésticos brancos. E ao fundo o chamado jardim privativo. Que, visualmente, deveria ter no máximo 5m2, além de ser todo cercado por muros. Após visitar a parte térrea, fui orientada para subir a escada que levava ao primeiro andar. A escada, bastante estreita, aspecto reforçado pelo sobe e desce de pessoas, possuía dois lances em sentidos diferentes. No primeiro andar a escada chegava em uma pequena circulação. Neste piso havia quatro quartos e 2 banheiros, um deles suíte. Do lado direito, correspondendo à frente da casa estava o quarto do casal, bastante pequeno, porém com uma varandinha com vista para a paisagem das montanhas. Ao lado deste quarto, um outro, também ambientado. As pessoas comentavam a decoração, algumas anotavam o nome dos arquitetos que haviam decorado. Em cada ambiente havia um quadro fixado na parede com o nome e foto do autor do projeto de ambientação. Alguns comentários se referiam à dificuldade de circular pelos ambientes da casa devido ao “congestionamento” de pessoas. Os ambientes eram relativamente pequenos, como que reproduzindo um apartamento, semelhante aos que já havia visitado. A diferença é que havia um pequeno quintal de 2 X 2, e a casa se dividia em 2 pavimentos. A casa que estava construída e decorada para a visitação correspondia ao maior tamanho disponível, com 143 m2. Na verdade eram duas casas geminadas, que de longe dava a impressão ser uma só de 300 m2. Depois de ver a casa fui conduzida para uma van que nos levou até o topo, a parte mais alta do terreno onde a área de lazer se localizaria e de onde foi possível ter uma bela visão da serra. Nesta área havia um caramanchão com bancos e uma planta do empreendimento com a identificação das áreas de lazer e da disposição dos blocos de casas. A van nos reconduziu ao stand de vendas, ou melhor, ao bangalô onde estava sendo servido o brunch. Pedi mais informações sobre as casas. Estas tinham plantas semelhantes, a variação se dava na forma de agrupamento e no tamanho das áreas verdes privativas. Durante a conversa havia locutores anunciando as vendas pelo alto-falante. Em um momento um grupo estourou um champanhe e pediu uma salva de palmas para aquele grupo que havia fechado negócio. Outro destaque foi o buffet que tinha cascata de chocolate, doces finos decorados com detalhes dourados. Além do buffet fixo e garçons estavam servindo salmão defumado, caviar. Produtos servidos com requinte. 316 ************* Conversa informal com uma provável compradora que estava entusiasmada com o preço do empreendimento e correlacionando a Estrada do Pau Ferro como área nobre e sem favelas por perto. Além disso, era uma casa! ************* Considerações decorrentes do evento: Discurso: um conjunto de ações com fins promocionais Ø Eventos e ações de efeito – champagne, etc Ø Outdoors Ø Aparições em colunas sociais, televisão, etc. Ø Geração uma moda, uma tendência – comportamento dos “visitantes” do lançamento era uma badalação, etc. Ø Moda X necessidade Ø Moda-produto da divisão de classes se apoderando das camadas contíguas Ø Comunicação de massa construção de argumentos. Ø Pós-moderno como tradução do capitalismo – viver qualquer situação via consumo (ilusão). Ø Há 30 anos atrás os prédios novos não ofereciam quase nenhuma infra-estrutura. Nos últimos anos a oferta de serviços nas áreas comuns tem sofrido um crescente aumento de opções. Outubro e novembro de 2006 Dois empreendimentos de luxo localizados na Barra da Tijuca estavam com anúncios na televisão. Novo conceito de clube residência [valor dos apartamentos cobrem o custo da veiculação no horário nobre da TV Globo e Globo News]. 3 de dezembro de 2006 (Domingo) Por volta das 15:30 horas, passei em frente ao stand de vendas do “M”. O empreendimento que aproveita a área de um clube, como área de lazer, incorpora um bosque (área de preservação ambiental) e a área onde será a residência. O stand estava bastante movimentado, com diversas mesas ocupadas por corretores e pretensos compradores. Não desci, apenas observei da rua, que estava com garotas agitando bandeiras e nas árvores e 317 postes havia colunas de balões, com as cores azul, vermelho e verde, que identificam o empreendimento. Foto: Gisela Santana. 2006. Cada empreendimento, sobretudo os que estão em fase de lançamento costuma, nos finais de semana, usar colunas de balões com cores que o identifique. No mesmo dia, observei que a quantidade de distribuidores de folders também varia em função das obras, da localidade a localização nas ruas e nos sinais. Existe [na data observada] uma tendência de ficarem perto dos stands de empreendimentos que estão atraindo maior número de pessoas para seus stands de vendas, para aproveitar o fluxo de pessoas e distribuir os folders. O local onde observei isso foi no sinal da Rua Edgard Werneck, esquina com a Av. Geremário Dantas. 5 de dezembro de 2006 Presenciei uma grande carreta carregando ferragens já dobradas na rua Francisco Cordeiro, parecia procurando algum endereço de alguma construção. Parou em frente de uma das construções da rua, mas seguiu adiante, como que continuando a procurar a construção a qual deveria fazer a entrega. Nesta rua, existem três obras, duas de prédios e uma de um conjunto de residências. 22 de dezembro de 2006 Ao passar na frente do empreendimento MS no Pechincha havia uma propaganda dizendo que aos futuros compradores era oferecido um passeio de helicóptero. 318 4 de março de 2007 (domingo antes do lançamento do Empreendimento G da G) Em conversa com o corretor M. ele falou da empresa que passa credibilidade e tem grife. Informou que o valor do metro quadrado no lançamento deve girar em torno dos R$ 2,3 mil. Segundo suas informações a maior parte das vendas é para investidores. Outros compradores são do Méier e de Tijuca. Segundo ele há dois tipos de investidores um que compra para alugar e outro que compra para revender com valor mais alto, tendo assim um lucro mais rápido, já que o preço de tabela muda rapidamente. Ele informou que o imóvel sofre alteração de preço. Antes do lançamento é mais barato, e é oferecido para a “carteira de clientes”. Na primeira semana, após o lançamento já aumenta R$ 10 mil e na segunda aumenta mais. Quanto mais demora a vender mais caro fica, pois sofre acréscimo dos custos com a mídia. Informou ainda que a construtora realiza pesquisa de mercado. E, que o fato de ter capital aberto nas bolsas tem que dar lucro e saber onde vai investir. Segundo o corretor o comprador está preocupado com o meio ambiente, se o construtor não se adaptar o comprador boicota. Os compradores também querem área de lazer. Na visita ao apartamento decorado identifiquei o uso de muito espelho, o apartamento muito pequeno, com quartos muito apertados, havia uma suíte, porém não havia dependência de empregada, nem banheiro de serviço. Ao questionar a respeito fui informada que na parte de baixo haveria vestiários de empregada. O empreendimento compreende quatro blocos de oito andares. No total são aproximadamente 230 unidades. A maquete valoriza os espaços de lazer. Porém, não mostra os prédios. As paredes deste são representadas em acrílico, criando uma ilusão de ótica devido a ausência dos volumes dos prédios, dá uma impressão de que o espaço é amplo. Existe uma outra maquete com um modelo de um dos prédios. O roteiro da visita guiada pelo corretor é o mesmo. 1º. A maquete com ênfase no lazer; 2º. O apartamento decorado; 3º. Apresentação do terreno; 4º. Apresentação de detalhes no catálogo; 5º. As condições de pagamento. Segundo ele a corretora a que está vinculado está com 20 lançamentos na Freguesia “e vai vir mais...”. Neste caso o corretor ganha 1,8% por apartamento vendido. Ele é autônomo. E informou que o mercado está crescendo. 319 10 de março de 2007 Lançamento do empreendimento G. Levei comigo uma amiga que estava interessada em comprar uma nova residência para a família. Ela tem terceiro grau, porém é leiga no assunto. Deixei que ela conduzisse o processo para eu pudesse observar o comportamento de alguém com o interesse de compra e para que depois ela me falasse sobre as impressões dela. Desta forma eu também ficaria mais atenta para outros detalhes. No balcão de recepção as recepcionistas estavam uniformizadas com calça curta na cor caqui e blusa na mesma cor com bordado com a logomarca do empreendimento e chapéu “australiano”, mais escuro que a roupa. As sermos atendidas nos foi solicitado responder uma pesquisa e um formulário da incorporadora, com nome, e-mail, como havia sabido do evento? Etc. Foi interessante, pois o procedimento do corretor foi similar aos demais acompanhados por mim. Este lançamento ocorreu durante todo o final de semana. Nós fomos à tarde, com o lançamento já iniciado desde cedo da manhã. O evento também era muito similar aos outros que já havia freqüentado, seguia o mesmo roteiro: Recepcionistas, corretor, Maquetes, apartamento decorado, unidades disponíveis, preços e formas de financiamento. A única diferença é que como este empreendimento ficava próximo ao Bosque da Freguesia foi montada uma escada estruturada por andaimes simulando os pavimentos, para que o comprador pudesse subir até a altura que o seu apartamento estaria. Nós subimos até o final do andaime que correspondia ao último “andar”, ou seja, o sexto andar. Só a partir do 5º. andar foi possível ver as copas do Bosque da Freguesia. Dava para ter uma vista da Barra da Tijuca também. Enquanto estávamos sendo atendidas no Bangalô ocorreu o anúncio no altofalante de que eles haviam atingido a meta, que correspondia a 70 unidades vendidas. Também foi anunciado que apenas mais dois empreendimentos teriam direito à tabela inicial os próximos seriam em outra tabela com preços maiores. As taxas de condomínios eram “garantidas por um ano”, ou seja, fixas no valor de R$ 285,00 para apartamento de dois quartos e de R$ 380,00 para o de três quartos. O da cobertura deveria ser R$ 500,00. Segundo o corretor isso é possível, pois a administradora de condomínios já havia sido contratada. Minha amiga falou para o corretor que conversaria com o marido e depois daria retorno. O corretor insistiu para que ela deixasse o valor da reserva para garantir o preço da tabela “zero”. Ela não aceitou, levou apenas as anotações dos valores e opções de pagamento. Após passarmos por todas as etapas do processo, ganharmos um imenso e sofisticado catálogo da obra. Aos sairmos, perguntei quais haviam sido as impressões dela. Ela me disse que achou 320 o apartamento muito pequeno e que os espelhos serviam para aumentar. E que cada novo lançamento que ia ver o apartamento é menor. “É uma enganação, te pega no entusiasmo”. Ela se referia ao “clima de lançamento” 25 de março de 2007 (Domingo) Estavam espalhadas pelas ruas do bairro placas do empreendimento R com a imagem de uma TV de Plasma, com os seguinte enunciado: “PROMOÇÃO você de Plasma – 126 e 165 m2. 4 Quartos. Visite o decorado”. 30 de março de 2007 Recebi uma ligação do serviço de atendimento ao cliente Construtora G para saber como foi o atendimento no lançamento do empreendimento G e se tinha gostado da “planta”. Disse que achei os apartamentos muito pequenos. Ela fez um levantamento do meu perfil e dos meus interesses. Perguntei se havia previsão de novos lançamentos na Freguesia. Ela informou que havia previsão para a Barra e para Nova Iguaçu. 21 de abril de 2007 Em Vila Isabel, na tarde do feriado, observei a distribuição de folders de dois empreendimentos localizados na Freguesia: o S e o BV. [Será que estão expandindo a área de distribuição de folders devido à concorrência?]. 13 de maio de 2007 As placas de divulgação na Barra da Tijuca, na Av. das Américas têm letras bem grandes, com fundo claro e cores mais contrastantes de forma a facilitar a visualização e leitura de quem está passando de carro e em maior velocidade. [Foi possível observar diferença das placas usadas na Freguesia, onde o trânsito é mais lento. Em 2008 as placas estão cada vez maiores]. 18 de maio de 2007 Estava no Colégio da minha filha quando ouvi duas mães conversando sobre os prédios que estavam vendo para comprar. Uma falava para a outra: “os apartamentos são mínimos. Você não acha nenhum 3 quartos com mais de 70 m2 , eu quero com mais de 80m2. Os corretores dizem que vende mais. Uma delas estava com um catálogo do empreendimento P, levou para mostrar para a amiga ver. Disse que os quartos tinham pelo menos 10m2 . “No 321 catálogo tem os preços?” “Não, não tem. Mas se você se interessar me fala que falo com o corretor”. Elas folheavam o catálogo e uma delas comentou: “Uma coisa que não vi em nenhum outro é um depósito para botar troço”. “Isso é ótimo”A amiga falou de um outro, o R, que tinha 129 m2 e dizendo que o apartamento e a infra-estrutora eram ótimos, mas “estão delirando quanto ao preço”. Falou da cobertura que tem piscina e a área dobra para 250m2 e o preço vai para 500 mil”. “Por esse preço eu compro uma casa no Recreio ou um apartamento na Barra”. “Naquele lugar! Não vale. É melhor ir para a Barra que fica mais perto da praia”. “Lá no Recreio tem um condomínio de casas ótimo, cada um com sua piscina individual, mas tem um problema, a divisão das casas é uma cerca viva. Aí se você estiver recebendo uns amigos de biquíni quem passa vai ver e eu vou perder toda a minha privacidade”. “É eles estão fazendo assim agora”. “A Freguesia está tendo muito lançamento”. “Está cheio” 19 de maio de 2007 Após receber o informativo da corretora B sobre 2 lançamentos na Taquara resolvi ir circular no bairro,no sábado 19 de maio, para verificar o volume de lançamentos naquele bairro. Depois de muito procurar por várias ruas encontrei, no final da estrada dos Mananciais 2 condomínios de casas e o lançamento de prédios da construtora G o “SG”, e um outro na Estrada dos Bandeirantes, o F. Este empreendimento de 17 andares com apartamentos de 2 e 3 quartos, com 54 e 74 m2 . Na minha busca só identifiquei 4 empreendimentos. Comparativamente com a Freguesia não era nada. 9 de junho de 2007 Observei que houve uma grande redução no número de banners espalhados pela rua. [Será que tem alguma relação com o feriado? Ou teria havido alguma fiscalização?] Em conversa com uma distribuidora de folder no sinal. Ela informou que recebia R$360,00 por quinze dias de trabalho, trabalhando de segunda-feira à domingo. Segundo ela, distribuía cerca de 1500 panfletos por dia. Além dela, mais 7 pessoas estão trabalhando para o mesmo empreendimento, com a mesma função. Ela faz o próprio horário (de descanso e almoço). 12 de junho de 2007 Ao ir a feira constatei que ela havia mudado de disposição, as barracas estavam todas dispostas em um só lado, oposto ao da obra do residencial do empreendimento “A”. O comentário era que a mudança deveu-se ao fluxo dos caminhões da obra. As pessoas estavam 322 se queixando da mudança e comentando que era um absurdo. Os feirantes não pareciam muito satisfeitos, alguns transpareceram não ter alternativa. E que os feirantes estavam de costas para a rua. Alguns feirantes comentaram que os fiscais da prefeitura deram três opções, ou ir lá, para o final da rua ou acabar a feira. Conseguiram ficar ali, mas não sabem por quanto tempo. [em outubro de 2008 a feira está reduzidíssima, com baixa freqüência e com apenas 5 ou 6 barracas] Foi a segunda vez que a feira mudava de lugar em função das alterações do bairro, a primeira quando o colégio SM estava sendo construído na Rua Geminiano de Góis. A primeira mudança foi exatamente essa, deixar a feira de um lado só, e depois a mudança para a outra rua, no caso a Araguaia. Alguns moradores estavam se queixando dos incômodos que a mudança estava trazendo aos seus freqüentadores. A calçada ruim para os idosos e a falta de espaço para a passagem dos carrinhos e a arrumação das barracas. Uma feirante comentou e se transformarem esse terreno (se referindo ao muro que ladeia a feira) em prédio vai acabar com a feira. 14 de junho de 2007 No Feirão da Casa Própria promovido pela Caixa Econômica havia todo tipo de empreendimento voltado para as classes B, C e D, de modo a acompanhar as faixas de valores financiados pela Caixa. Dentre os imóveis que peguei informações, me chamou a atenção um apartamento no Península cuja área era aproximadamente equivalente aos da Freguesia, entretanto o valor do metro quadrado era quatro vezes maior. Havia stand de construtoras, incorporadoras e de imobiliárias vendendo imóveis usados, estas últimas muito mais concorridas, com filas. Além das construtoras, imobiliárias, e da própria Caixa Econômica, ainda havia stand de cartórios e seguradoras de imóveis. A faixa de renda da maior parte dos interessados era de R$ 1.000,00 por mês. Tentei falar com alguns compradores um casal me relatou “área de lazer é luxo”. No Feirão identifiquei casa de R$ 32 mil, em bairros mais afastados. Estavam em um mesmo lugar e atuando simultaneamente empresas grandes e pequenas, usando diferentes estratégias de sedução. Os tipos de propaganda visual, tamanho e qualidade dos folders e prospectos. [Fiquei pensando que o significado do morar pode variar em função da classe social, do contexto e da realidade na qual o indivíduo se insere]. 323 20 de junho de 2007 Conversa com J, moradora da Freguesia. Segundo ela os amigos moradores do bairro que se casaram querem continuar morando aqui. Há 8 anos atrás, as pessoas que moravam em prédio, construíram suas casas porque não encontravam do jeito que queriam. “Hoje os terrenos para prédios estão valendo um milhão!”. “Era tão diferente há 12 anos atrás”. Ainda tem algumas ruas como Uruçanga e entorno que ainda não podem construir prédio, só casa. Em alguns condôminos tem construtor comprando casas à R$ 250 mil, reformando ou construindo outras e vendendo por R$ 500 mil. “Jacarepaguá é muito bom para morar” “Cinema e teatro tem na Barra, ali pertinho e aqui não tem a confusão da Barra” “Agora está ficando ruim por causa do trânsito”. “As obras da Prefeitura estão estreitando as ruas ao invés de alargar”. “Ouvi uma senhora comentando na condução que eram 54 empreendimentos. No jornal vi que eram mais de 1500 unidades novas... imagina o trânsito!” [Para minha surpresa as palavras dela demonstram que os moradores estão inteirados sobre o que está acontecendo no bairro]. No mesmo dia em conversa com outra moradora ela falou praticamente a mesma coisa “estão alargando as calçadas do canteiro na frente do Unicenter. Estão deixando a rua mais estreita, vai piorar... já está piorando o trânsito... imagine quando as pessoas vierem morar nesses prédios”. Sábado, 23 de junho de 2007 Recebi um telefonema do corretor M informando que o coquetel do lançamento do L, que ele havia convidado no final de semana anterior continuava neste final de semana. Ao circular por algumas ruas percebi que alguns empreendimentos tinham bastante gente em seus stands, como o A e outros não tinham ninguém como o S, o DS e o V. O segundo final de semana do lançamento do empreendimento L ainda atraia pessoas muitas pessoas. 10 de julho 2007 Ao circular pela Rua Araguaia me deparei com 3 caminhões betoneiras ocupando uma faixa da via, em frente ao empreendimento A. No dia 18 de julho de 2007, ao passar pela Av. Geremário Dantas, vi que no relógio digital que fica na entrada da Linha Amarela, havia uma propaganda do LG, empreendimento da Barra, fazendo propaganda dos apartamentos de 2 e 3 quartos. [Isto mostra a localização estratégica da propaganda que estava no próprio relógio, ou seja, equipamento urbano que as 324 pessoas que vão para a Barra da Tijuca costumam olhar, principalmente quando estão paradas no sinal] No mesmo cruzamento também havia um outdoor do empreendimento E. 14 de julho de 2007 Lançamento do empreendimento E, com novo conceito “o ecológico”. Neste lançamento não havia feito contato preliminar com nenhum corretor. Na recepção me encaminharam para o “da vez”. A corretora I me atendeu, cumprindo o roteiro de hábito. Vi que dentre as atividades infantis havia reciclagem. Também verifiquei que nas áreas do lançamento as lixeiras eram de coleta seletiva, nas 5 cores: amarelo para metal, vermelho para plástico, verde para vidro, azul para papel e papelão e marrom para resíduos orgânicos. Segundo a corretora se quiséssemos adquirir o imóvel teria que deixar 16 cheques preenchidos, perguntei porquê tantos ela me disse que as comissões dos corretores eram separadas. Pelo que percebi ela não sabia “ler a planta baixa”, ou então falava sem saber. Disse que o poço de ventilação era uma janela, que o armário era uma escada, falou que a fachada era toda de cerâmica, pude constatar que só uma parte tinha cerâmica. Segundo ela o elevador era aromático, revestido de madeira aromática, no empreendimento também havia jardins aromáticos “para você se sentir morando em uma casa”. O terreno não tinha muitas árvores. A proposta era composta por dois blocos, de seis andares mais cobertura o primeiro com seis apartamentos de dois e três quartos, por andar e o segundo com oito por andar. [Em outubro de 2008 a mesma incorporadora está lançando ao lado mais dois blocos, porém com apartamentos de 3 e 4 quartos, retirando a vista da serra dos dois primeiros blocos]. Para quem adquire a cobertura há um jardim privativo. Às 10:30 horas, quando cheguei, já havia 20% das unidades vendidas e em fase de escrituração. Às 11:15 horas já eram 25%. A corretora informou que na noite anterior ficou até meia noite fazendo as reservas. Segundo ela, caso alguém queira comprar um apartamento reservado a reserva pode ser “derrubada”, basta fazer a escrituração. A área do apartamento era maior do que os vistos anteriormente. Todos as unidades tinham churrasqueira de pedra vulcânica na varanda. Os apartamentos também não tinham wc de empregada. Para compensar tinha vestiário na área comum do prédio. Perguntei qual a diferença entre a questão ecológica deste empreendimento e do outro da concorrente lançado anteriormente, ela me disse que era o “selo verde”. Que esta era uma empresa paulista que trouxe diferenciais como persianas na janela. No final do atendimento havia uma pesquisa a ser respondida por uma outra atendente, de forma a definir o perfil de 325 habitação desejada. Recebi um “brinde” anti-stress, uma borracha verde em formato de folha, com o nome do empreendimento. No dia 31 de julho de 2007, o corretor T me ligou dizendo que havia 2 apartamentos de 2 quartos no empreendimento V. Neste telefonema ele me disse que todos já havia sido vendidos desde o lançamento mas, que esses 2 apartamentos haviam sido liberados para a venda, segundo ele seriam “destrato, talvez por financiamento não aprovado” O preço dito por ele seria 143 mil no 1º. Andar e 165 mil no 2º. Andar. Os apartamentos teriam menos de 60 m2. 5 de agosto de 07 Conversa com uma amiga A, ela dizia: “nos empolgamos no sonho da casa própria e pela inexperiência achamos que ia dar para pagar”. Não estão conseguindo pagar o financiamento. “você paga, paga e continua devendo mais...”. O cunhado dela perdeu a casa pois não conseguiu pagar o financiamento. O banco ficou com a casa. No mês de agosto de 2007o stand do B foi demolido para dar lugar a obra, ficando o empreendimento sem local de vendas, já que o canteiro de obras ocupava todo o terreno. No último fim de semana antes da demolição foram distribuídos folders anunciando que seria a “última oportunidade de ver o apartamento decorado”. De fato, na segunda-feira quando passei na frente, o stand já estava aos pedaços, deixando a mostra a estrutura de alumínio e gesso. 23 de agosto de 07 Empreendimento GnV A corretora V, via ligação telefônica, convidou para o lançamento de 27 casas. Segundo ela é importante “Ir primeiro para conseguir as melhores casas... poder escolher.... Pois são poucas” [discurso da raridade, da exclusividade Bons terrenos como nova raridade?] 26 de agosto de 2007 Depois do lançamento a corretora V ligou novamente informando que não foram todos vendidos, e que ela estaria no stand até às 19 horas, se quiser dar uma passada lá. Perguntou se poderia ligar durante a semana? Disse “Não quero parecer aquela corretora chata” [nos últimos 5 dias já havia me ligado pela terceira vez] 326 Ela emitia a própria opinião dizendo: “Até eu que não gosto de casa gostei dessa, pois o jardim é de um tamanho que até eu posso cuidar. É como se estivesse morando em um apartamento com jardim”. No local o corretor R falou “todo o Rio está em expansão” Este é um Condomínio seletivo com 27 casas, na Pau Ferro, fim da Geminiano de Góes, 4 suítes em cima, projetos personalizados, salão cozinha, sala de jantar em baixo, backyard “muito comum nos Estados Unidos”, Mais barato para quem assume o compromisso primeiro. “Hoje é difícil ter lançamentos de casas”. Área – 161 – 163m2 a diferença maior está no tamanho dos jardins de 12m2, 20 m2, 37 m2, preço- R$ 380 mil a 400 mil. Preço do m2 é de apartamento, são casas, a venda e a construção são mais rápidas. Tem forno a forno à lenha. E a piscina fica quase exclusiva pois com 27 casas só 20% usa. 5 de outubro de 2007 Ao observar as fotos aéreas da Freguesia, observo que na área onde os novos empreendimentos estão concentrados existe uma grande quantidade de casas com piscinas, talvez este seja um indício da grande venda do A e do grande investimento em áreas de piscina por parte de alguns empreendimentos. [Cada empreendimento da Barra da Tijuca, Recreio e na Abelardo Bueno, sobretudo ao Cidade Jardim equivale a área do Bosque da Freguesia. Onde iremos parar? Até quando a natureza e nós vamos suportar?] No mesmo dia, em conversa com moradora da rua Joaquim Pinheiro. Mostrou-se indignada com o que está acontecendo no bairro, moradora há 20 anos da Freguesia. Assistiu o desmatamento do terreno onde está sendo construído o empreendimento A. Observou os bichos, correndo pelos fios, fugindo. No dia seguinte da venda do terreno houve uma festa no casarão. Comentou que o valor do terreno girava em torno de 5 milhões de reais. 29 de outubro de 2007 Em conversa com uma colega do Pilates, vizinha de um dos lançamentos da Rua Fortunato de Brito. Disse que o terreno onde será a obra era muito arborizado, que via picapau. “Antes a referência da casa era a massa verde”. Segundo ela a obra estava bastante lenta e foi lançada em 2005 e até agora ainda estão fazendo a fundação. 327 2 de novembro de 2007 Recebi um telefonema do corretor M, informando o lançamento de mais dois empreendimentos e sugerindo a compra do imóvel na planta por ser mais barato. Segundo ele, os valores dos imóveis na planta são cerca de 20% mais baratos que quando pronto. Ele afirmou que o mercado está aquecido com muita oferta e muita procura. Segundo ele, vale a pena comprar o imóvel na planta e vender depois para se capitalizar, pois o valor é maior no final da obra. Informou que um novo empreendimento “bem diferenciado” estava sendo lançado naquele final de semana. Tratava-se do SG. O outro empreendimento era o loteamento com terrenos de 400 m2 a 180 m2, que dava a opção de comprar o terreno e o proprietário construir a partir da venda do projeto (casa) ou fazer do jeito que quiser. Também havia a possibilidade de contratar a construção da casa. Informou que um 3 Quartos no GV que no lançamento foi vendido à R$170 mil está valendo hoje, ainda na planta R$220 mil. Segundo ele, a procura em Jacarepaguá é decorrente de investidores (que em alguns meses recuperam o valor investido), pessoas que estão fugindo da Zona Norte e Tijuca, em busca de segurança e com a idéia de que aqui se tem mais qualidade de vida. Diante da realidade do bairro a Corretora para qual trabalha abril filial na Freguesia e abriu também um setor destinando a imóveis usados. Domingo, 11 de novembro de 2007 Algumas pessoas haviam me informado que o empreendimento C ainda não havia iniciado as obras. E que havia tido um relançamento do empreendimento. De fato já havia visto e constatado que a identidade visual havia sido modificada, tanto nos folders quanto nos banners e que o nome do empreendimento que estava sendo usado era E. Como eu não havia visitado o stand de vendas resolvi ir lá conferir. Chegando ao local tive a percepção de estar meio abandonado. Era meio dia e não havia nenhum pretenso comprador. Ao entrar no stand os dois corretores pareciam entediados, e quase se surpreenderam com a minha chegada. Vi a maquete que apresentava dois blocos, um deles estava com o nome do segundo lançamento e o outro do primeiro. Porém, os dois continham o nome do primeiro! Perguntei se haviam sido lançados ao mesmo tempo, o corretor disse que sim. No mapa de vendas, mostrava que apenas 30% das unidades haviam sido vendidas. E que a diferença do número de apartamentos vendidos em cada um dos blocos era de 3 ou 4 unidades. Levando a crer que de 328 fato deveriam ter sido lançados no mesmo momento151. [Fica evidente que a mudança de nome do empreendimento nas peças publicitárias foi uma estratégia de marketing, bem como o “relançamento” também seria uma tentativa de atrair potenciais compradores ao stand de vendas.] A minha ida ao stand foi em um domingo, em um horário que supostamente deveria haver interessados no local. Mas não os havia. O corretor me apresentou o empreendimento seguindo o “roteiro” padrão de outros empreendimentos, a maquete, as plantas e o apartamento decorado para posteriormente sentarmos e verificarmos as condições de pagamento. Ao me mostrar o empreendimento, informou que eram 22 itens de lazer. De fato eram 22 itens, mas não necessariamente de lazer, pois dentre eles estavam listados itens de serviço como administração, guarita entre outros. [O corretor que me atendeu não parecia estar muito familiarizado com o empreendimento, pois fiz algumas perguntas que ele não soube responder, do tipo: Qual o revestimento da fachada? Disse-me que deveria ser cerâmica ou granito. Mas, depois quando foi verificar no memorial descritivo era pintura, a cerâmica era apenas nas vigas e pilares152. Outra pergunta que fiz, ao ver o quarto decorado, foi: quais as dimensões do quarto? Ele me disse que deveria ser 3 X 3 metros, pois a área era de 9 metros quadrados, só que o quarto é retangular. Pelos preços que me mostrou o preço da cobertura estava mais barato que o primeiro pavimento.] Chamou a atenção o fato de serem 3 tipos de apartamentos diferentes em um mesmo pavimento e a cobertura, correspondendo ao 5º. e 6º. andares. Unidades de um, dois e três quartos, num total de 12 apartamentos por andar. [Gera assim uma heterogeneidade no perfil de moradores.] Um dos diferenciais do empreendimento é o home-office. [Será que a ocupação dos apartamentos de um quarto seria de executivos?] Este empreendimento modificou os banners três vezes, alterando o discurso, as cores e, inclusive, a identidade visual, além de baixar o preço. Apesar disso, parece não estar tendo boas vendas. [Há alguns aspectos que podem estar dificultando a venda. Dentre eles o fato da obra ser por administração, o fato da rua ser muito estreita e já ter outros condomínios, a heterogeneidade de tipos de apartamentos por andar. O que poderia levar a famílias escolherem outros empreendimentos, ou a executivos se questionarem da validade de adquirir ou não um imóvel. Estas são apenas especulações, não há dados estudados sobre a baixa vendagem deste empreendimento.] 151 Vale lembrar que este empreendimento foi lançado aproximadamente 6 meses antes do A. Esse revestimento usado desta maneira tem efeito visual e estético e não com fins de impermeabilização ou isolamento térmico das paredes externas, contra chuva e temperaturas altas ou baixas. 152 329 15 de dezembro de 2007 Ao resgatar meus folders antigos e reordená-los percebi que os folders e panfletos de 2004 e 2005 eram todos empreendimentos na Barra, no Recreio e imediações do Autódromo, não havia folders nem panfletos da Freguesia. [O que reforça a tese de que o PEU Taquara favoreceu a especulação imobiliária na área.] Ao observar a composição dos empreendimentos identifiquei que aqueles com 3 ou mais blocos tinham uma tendência, dependendo da favorabilidade do terreno, de ordenar os blocos de modo a formar um pátio interno, quase que dando as costas para a cidade. Curiosamente, os apartamentos voltados para as áreas de lazer eram os mais procurados. [Faz crer que sejam possíveis moradores que tenham filhos pequenos que mereçam supervisão, mesmo que à distância]. 19 de dezembro de 2007 No Pilattes conheci a fiscal L da secretaria da Fazenda da Prefeitura, em conversa informal ela me disse que as placas, os banners e os painéis que são colocados nas ruas não têm autorização na legislação, portanto não são permitidos por lei. Porém, tem autorização política da sub-prefeitura. Também me informou que a licença para construção tem duração de 2 anos, e custa de 50 a 60 mil reais a licença. Caso a obra dure mais de dois anos a licença deverá ser renovada, com valor equivalente. Para colocar o stand de vendas a licença de construção já deve estar aprovada. Ela também me confirmou uma informação que eu havia obtido com um morador. De que há uma lei municipal que diz que: para cada árvore retirada 20 deverão ser plantadas em outra área da cidade, como medida mitigatória da derrubada. 20 de dezembro de 2007 Fui visitar o stand do empreendimento V, na Estrada dos Três Rios, que havia sido lançado há bastante tempo, mas que não tinha ido ao lançamento. A distribuição de folders deste empreendimento continuava, inclusive na Barra da Tijuca. Lá chegando fui atendida pelo corretor T. O roteiro de apresentação foi novamente repetido. Ele informou que eram 3 prédios, cada um com 7 andares e com 8 apartamentos por andar. Os apartamentos só teriam uma vaga na garagem. Um apartamento de 3 quartos, com 78,40 m2, no 6º. Andar, sem wc de empregada custava R$ 220 mil reais, o que daria um valor aproximado de R$ 2,8 mil reais por m2. Segundo o corretor o valor do condomínio era garantido por um ano [isto também estava escrito nos banners e folders do empreendimento] e o valor era de R$ 250,00. Os serviços 330 comuns eram pay-per-use para baratear os custos de condomínio (fazem parte dos serviços central de arrumação e limpeza, posto de coleta de lavanderia, central de manutenção e pequenos reparos e car service). Segundo ele a área do terreno é de 4.850 m2 . A entrega estava prevista para março de 2009. [em outubro de 2008 a obra ainda está nas fundações] Há a possibilidade de se adquirir o Kit churrasqueira na varanda por R$ 2.500,00. A taxa de decoração é aproximadamente 3% do valor do empreendimento. 21 de janeiro de 2008 Ás 8h uma escavadeira de esteira começou a retirar entulhos de uma demolição de duas casas realizada em dezembro de 2005 e retirar a vegetação do terreno, próximo ao apartamento onde moro. O trabalho e o barulho da escavadeira chamou a atenção dos vizinhos que iam a janela olhar o que estava acontecendo. Vi que haviam quebrado parte do muro para a passagem da máquina. Como estava de saída aproveitei para comentar o fato com algumas pessoas que encontrei no prédio onde moro. Uma senhora disse que devia ser por conta da dengue, que ela havia ligado para reclamar, pois o terreno era foco de mosquito. Esta mesma senhora disse que teria falado com o proprietário e ele teria dito que só iria construir 2 andares. Quando retornei, por volta das 9:30 h, a frente do terreno já estava sem entulhos, já haviam derrubado o restante do muro do lado da rua e se encaminhavam para a derrubada da árvore (frondosa mangueira, carregadíssima de mangas). Para minha surpresa a derrubada seria com a própria escavadeira, que puxava os galhos com a pá. Quando vi aquilo fiquei impressionada com a falta de sensibilidade. O galho que caia era posto no caminhão e coberto de terra e entulhos. Provavelmente para não aparecer no transporte. Depois, a caçamba do caminhão, já com o material, era coberta por uma lona, fazendo lembrar um enterro. Resolvi, ligar para a Patrulha ambiental me informar. A informação era de que “já estava autorizada” a derrubada da árvore. A minha sensação foi de impotência. Registrava com dor toda aquela cena. E observava a tristeza dos outros vizinhos. Uma das vizinhas que costumava interagir com pássaros e micos, freqüentadores da árvore, tinha um olhar desolado. Outros moradores assistiam a cena, imóveis em suas janelas. Depois surgiu um homem, que entrou no terreno e pediu que o operador da escavadeira desligasse a máquina. Começaram a falar. Como estava relativamente distante não pude ouvir o que era dito, mas pude perceber pelos gestos, que ele estava reclamando do modo como a árvore estava sendo derrubada. Ouvi quando o operador disse “eu não tenho 331 culpa”. Parecia haver uma troca de xingamentos. Depois, não tendo mais o que fazer, já com a árvore no chão, o homem se retirou. Mais tarde quando minha filha retornou e viu que a árvore havia sido derrubada, chorou e me confidenciou que dormia embalada pelo som das folhas e que aquela “árvore de mangas vai ficar para sempre no meu coração”. A mangueira ficava em frente ao quarto dela. [Fiquei me questionando quantas pessoas sofrem com a perda de suas referências? Lembrei de outros depoimentos que ouvi de vizinhos de terrenos que tiveram as árvores derrubadas. Dos animais que perderam suas casas (pica-paus, corujas, sagüis, esquilos e tantos pássaros). Que progresso é esse que nos deixa sem ação? Que entristece os que estão no “olho do furacão”? É progresso para quem? Será que precisamos pagar esse preço? Será que este tipo de desenvolvimento é uma evolução? O discurso da geração de emprego neste tipo de desenvolvimento gera equilíbrio na balança ecológica ou apenas na econômica e social? E uma não repercute na outra?] [O terreno corresponde a toda a extensão do apartamento onde moramos. Caso seja realizada uma construção da mesma altura ou maior que o nosso andar, isso irá tirar totalmente a vista que temos para a serra, além de nos obrigar a olhar sempre para o mesmo paredão. Há ainda a questão da ventilação e da perda de privacidade. Isso está acontecendo em toda a Freguesia!] Em menos de dois dias o terreno estava limpo e dois dias depois iniciaram os trabalhos de sondagem do solo do terreno. Passei a estudar mais a lei – o PEU, para tentar identificar o que era permitido para a área. Fiquei assustada com as possibilidades. Por isso, decidi ir ao Departamento de Legalização e Fiscalização da Prefeitura para tentar identificar quais as características da edificação que estaria para ser construída. No dia 30 de janeiro 2008 fui ao DLF153 e, qual a minha surpresa, ao localizar o processo que pedia autorização para derrubada das casas, depois delas já terem sido derrubadas. E que a autorização havia sido negada. Apesar disso, o proprietário havia entrado com petição para recorrer da decisão. A funcionária que me atendeu disse não haver pedido de licença para construção, mas se tivesse eu poderia acessá-las, pois as informações são públicas. [Fiquei me perguntando quantos moradores que se sentem incomodados tomam esta 153 DLF – Departamento de Licenciamento e Fiscalização da Prefeitura do Rio de Janeiro. 332 iniciativa?] Perguntei se outras pessoas vinham perguntar sobre obras de vizinhos. Ela me informou que lembra de um caso e que a pessoa pode ter acesso ao processo. No dia da derrubada da árvore, ao conversar com uma funcionária do escritório técnico de Meio Ambiente, ela me disse que a derrubada da árvore só é licenciada em duas situações, se a árvore estivesse doente ou se tivesse licença para construção. Como não havia pedido de licença de construção no DLF, liguei novamente para a patrulha ambiental para tentar descobrir o motivo. Lá haviam dito que a derrubada da árvore estava autorizada. Desta vez disseram que teria que ligar para a Fundação Parques e Jardins. Ao ligar a pessoa que me atendeu, disse que não havia nenhum pedido de derrubada de árvore para aquela rua. [Ficou a dúvida: afinal a árvore tinha ou não licença para ser derrubada? Se havia, porque não foi localizada? Se não tinha porque a pessoa da Patrulha ambiental que me atendeu ao telefone afirmou com tanta clareza que estava autorizada?] Durante a conversa com a técnica que me atendeu no DLF pude obter outras informações. Houve algumas mudanças: o departamento passou a ser uma gerência que além de obras, também passou a licenciar loteamentos; antes o DLF era no Anil e agora está no Pechincha. Ao comentar sobre o pequeno recuo lateral do meu prédio e da possibilidade deste ser bastante prejudicado com a construção de um outro colado, a técnica comentou que isto está acontecendo muito na Freguesia. Que ela havia comprado um apartamento, mas que tinha tomado o cuidado de pensar nisso. Perguntei para ela em qual prédio ela tinha comprado apartamento. Ela me falou que era no A. Comentei que lá os recuos entre prédios eram pequenos. Ela concordou, mas, rapidamente, justificou que o dela era diferente, pois ela não tinha escolhido para área de lazer e sim um de quina, do lado direito de quem olha para a rua Araguaia e que dava para frente de umas casas e até tirarem a vista dela teriam que derrubar 3 ou 4 casas. [Eu havia visto no site da Prefeitura, dias antes, que três casas, ao lado do A, estavam com pedido de demolição publicados no Diário Oficial]. Comentei rapidamente o fato, mas ela não deu atenção, quase como se “não quisesse ouvir”. [Caso as demolições sejam para a construção de um outro prédio ela estará na mesma situação que a minha, semelhante a tantos outros moradores da Freguesia. Como já ouvi a K e a J]. A técnica C. me informou que normalmente os pedidos de derrubada de edificações vêm atrelados à licença de obra. E que na maioria dos casos já houve a demolição. Perguntei a funcionária se já havia sido promulgada a legislação complementar ao PEU que deveria regulamentar os Impactos de Vizinhança, ela me disse que desconhecia. Perguntei porque as informações sobre licenciamento de obras que eram disponibilizadas uma a uma no site e que agora não são mais. E porquê, atualmente, só são apresentados relatórios 333 gerais por semestre. Ela não soube informar. Foi perguntar a outros técnicos também não me retornou nenhuma informação a respeito. 5 de fevereiro de 2008 (terça-feira de carnaval) Ao andar pela estrada dos Três Rios, nas imediações do número 1895, próximo ao início da subida da Serra, meu marido viu que estavam cortando árvores com motosserras, troncos com cerca de um metro de diâmetro. Mais uma vez liguei para a patrulha ambiental. Para minha surpresa a Patrulha estava trabalhado. A funcionaria me informou que a derrubada de 57 árvores estava autorizada, e que “eles vão fazer o replantio, tudo direitinho”. 9 de fevereiro de 2008 Reunião da Associação dos Moradores e Amigos da Freguesia –AMAF. Um dos assuntos da discutidos foi o PEU – Projeto de Estruturação Urbana da Taquara. Uma moradora da Estrada do Pau-Ferro falou: “Depois que a legislação ‘abriu’ para construir multifamiliar aumentou muito a população da área, antes só podia casa. Antes do Prefeito CM, tinha mais diálogo com a comunidade. Antes apresentavam o projeto, pediam opinião, depois de CM cada vez estão ouvindo menos. O site da sub-prefeitura de JPA aparece a participação da população, mas ninguém sabe de nada, ninguém perguntou nada. De quem é essa participação? São associações fictícias? ” O Vice-Presidente da Associação informou que “Tem presidente de Associação que ganha mais como presidente do que como profissional”. Segundo ele: O tombamento do IPHAN vai até a Xingu e só permite 3 andares. É uma lei federal de tombamento do Penedo da Igreja. O vice-Pres. da AMAF falou que a Araguaia é considerada área nobre porque só podia unifamiliar, agora pode 6 andares. De 1980 até, mais ou menos, 1994 podia prédio alto, mas a lei mudou, e ficou bem mais restrita. Em 2004, veio o PEU e sem a mobilização da comunidade, a lei foi aprovada. As empresas que estavam sabendo já haviam comprado os grandes terrenos, houve uma valorização e chegavam a valer mais do que as próprias casas”. Segundo ele: “O Bosque da Freguesia tem 305 mil m2, desses cerca de 200 mil é uma área particular, cedida ao município por decreto”. 334 14 de fevereiro de 2008 Recebi um telefonema do corretor T da incorporadora G, informando que a empresa estava com uma “Promoção”, “A Empresa não gosta que use esse nome, mais está dando um desconto de 15% no valor da tabela. É preço de lançamento”. Falei que achei o tamanho dos quartos pequenos, então ele falou da cobertura, que poderia ter um quartinho onde poderiam colocar objetos de pouco uso e que ganharia em área, com o grande terraço da cobertura. OBS: dois outros empreendimentos já apresentaram o discurso da Promoção: o L “Promoção: 3 em 1” e o empreendimento C, que mudou de nome para E , que também baixou o preço. No início de março de 2008 observei que o empreendimento EL mudou sua estratégia de propaganda e o discurso dos outdoors do empreendimento. No final do ano passado um novo empreendimento foi lançado ao lado do EL, e em sua outra lateral, há movimentações indicativas de que em breve surgirá outro empreendimento. O que desvaloriza e muito o EL, que deixará de ter a vista da serra. O novo outdoor apresenta uma enorme tabela de preços. Nesta mesma semana havia na portaria do meu prédio uma pilha de folhetos do EL com esta mesma tabela de preços e em papel reciclado. 15 de março de 2008 Na exposição do Centro Cultural Banco do Brasil, intitulada “Família Ferrez: Novas Revelações”, identifiquei uma foto da Barra da Tijuca, datada de 1932, e tirada da Pedra da Gávea, onde não há nenhuma edificação. Aparecem apenas as lagoas e a vegetação. As ruas da Freguesia, após a proibição de folders pelo decreto municipal, continuam com os banners distribuídos pelas ruas. Observo que os panfletos e folders estão sendo colocados nas portarias de prédios residenciais e comerciais. Entretanto, a quantidade desses é bem menor do que se estivessem sendo distribuídos nos sinais. Também constatei um aumento de propagandas de empreendimentos em outdoors do bairro. Merece destaque o custo desses, que certamente é bem superior à distribuição de folders nos semáforos. Também percebi um crescente aumento no número de propaganda de novos empreendimentos na televisão (Globo e Globo News, canais de tv que foram observados) 18 de março de 2008 Hoje revendo as fotos que tirem em 2006, chego a conclusão de que a preparação do terreno para a instalação do stand de vendas é cercada de um certo mistério, seja por buscar 335 uma certa discrição na retirada das árvores, seja por conta da concorrência, bem como para criar uma certa expectativa do quê virá para os potenciais compradores. 19 de março de 2008 [Coincidências à parte, é observável, principalmente nos últimos 12 meses, um aumento dos índices de criminalidade no bairro. Teriam relação com a mudança nos modos de morar?]. A introdução das estratégias de marketing contribui para mudar a percepção do lugar. A promoção visa promover um determinado empreendimento e por vezes a área onde ele está situado. Esta semana, identifiquei um empreendimento no Pechincha que está utilizando uma estrutura antiga de um prédio cuja construção foi interrompida há anos. Entretanto, está recebendo o tratamento visual de uma obra nova, com banners, folders, stand de vendas, colunas de bolas coloridas nos postes próximos, artifícios para chamar a atenção. Apesar disso, o meu olhar de arquiteta observou que a estrutura há anos submetida às intempéries pode estar comprometida. [Pergunto: será que os interessados serão capturados pelos artifícios de marketing? Será que irão perceber os possíveis riscos existentes na estrutura?] 21 de março de 2008 Em São José dos Campos – SP, na área mais nobre da cidade o valor do metro quadrado gira em torno de R$ 2.000,00. Um novo empreendimento com apartamentos de 135 m2, com 4 quartos e varanda, e área comum com piscina, espaço pet-shop, churrasqueira, Home Theather, quadras, espaço mulher, academia etc. Custa R$ 280 mil. Parece ser o primeiro empreendimento com essas características na cidade. Há publicidade na TV e está sendo comentado por todos, por se destacar do padrão atual de construções. 26 de março de 2008 Em conversa informal com uma compradora (R do Pillates) de um apartamento do empreendimento BV da construtora RC154, tomei conhecimento que após a compra recebeu em casa o contrato, memorial descritivo, convenção de condomínio [o apartamento ainda não foi construído e foi comprado na planta. Ela se surpreendeu com a antecipação e com a eficiência] [Vale lembrar que nos programas empresariais de qualidade de atendimento faz parte o “encantamento do cliente”] e ainda, uma proposta com três opções de acabamentos 154 Considerada como boa construtora pela compradora. 336 para o apartamento, cada uma delas apresentava acréscimos de valores em função do tipo de melhoria. Uma delas era no valor de 12 mil reais para que os pisos da cozinha e dos banheiros fossem em porcelanato155. Entretanto, ela estava achando abusivo o valor da melhoria, que certamente superaria em muito o valor do material e da mão de obra necessários. [Tais informações levantam duas questões para reflexão: 1. a questão do luxo; 2. as formas alternativas de vender novos produtos ou sub-produtos como forma de aumentar o lucro.] 30 de março 2008 Neste domingo aconteceu o lançamento de mais um empreendimento ecológico, desta vez no Recreio dos Bandeirantes. Também estão distribuídos nos outdoors um outro ecológico, novo empreendimento na Taquara. [O número de lançamento na Freguesia parece estar mais reduzido, enquanto que na Taquara e no Pechincha parece estar aumentando. Será que o mercado da Freguesia saturou?] 31 de março 2008 Foi iniciada a marcação do terreno para a locação da obra do prédio na R. Xingu. 4 de abril de 2008 Questões mais gritantes identificadas no processo de construção e incorporação imobiliária no Bairro: - Confusão conceitual da publicidade entre eficiência energética X sustentabilidade ambiental; -Paradoxo entre os conceitos do greenbuilding e derrubada de frondosas e saudáveis árvores centenárias; -Autorização “duvidosa” para derrubada de árvores, morros e aterro de cursos d’água; -Medida mitigatória de replantio sem efeito local; -Inicio de obras sem licenciamento (ambiental e construtivo); -Saturação da capacidade infra-estrutural urbana (todas) e de permeabilidade do solo (a última legislação de 2004 – Peu – Taquara reduziu para 20% a taxa de permeabilidade. A Freguesia é uma Baixada alagável!!!) -Legislação sem regulamentação; -Complacência na aprovação de projetos - Poder público comprometido com os interesses das grandes empresas 155 Porcelanato e um material de alta resistência e alto brilho que dá um acabamento superior ao granito e muito superior à cerâmica. 337 Cerca de 300 mil metros quadrados de terreno já foram ocupados por novas edificações, a maior parte desses possuíam grandes áreas verdes que foram derrubadas. No Pilattes, uma das colegas comentou que uma gambá com filhotes havia entrado na casa dela a procura de comida (comida dos cachorros). [Talvez eles estejam com pouca comida? E com o ambiente alterado eles estejam buscando alimentos nas casas....??] 9 de abril de 2008 Hoje os operários do terreno da Rua Xingu amanheceram trocando os tapumes de madeira usada por chapas metálicas onduladas. [Estou no dilema, entre a moradora e proprietária que vai ter a paisagem da serra encoberta por uma edificação que dizem ser de 6 pavimentos e a pesquisadora que quer acompanhar passo a passo o processo de evolução da obra. A obra que estava ilegal será que já legalizaram? 10 de abril de 2008 Dos 52 empreendimentos com prospectos na Freguesia, 38 apresentam em seus nomes algum termo estrangeiro. 11 de abril de 2008 R do Pilattes convidou para ir com ela ao apartamento decorado, do prédio BV, no qual adquiriu um apartamento, para ver os materiais e a disposição do apartamento decorado. Na época da compra quando visitou o apartamento decorado não prestou muita atenção aos detalhes do imóvel e de acabamento. Por orientações do corretor que lhe vendeu seria interessante pagar o ITBI – Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis, Inter Vivus, pois pagando nesta ocasição o valor cobrado seria pela área útil e não pelo valor do imóvel. Entretanto, como a prefeitura fez exigências sobre os tipos de acabamentos e ela recebeu o ‘Caderno Flex Home’ para escolha das opções. Na primeira página os dizeres do caderno eram: Aproveite para sonhar com as opções que foram especialmente estudadas para o BV, mas não esqueça de verificar os prazos e procedimentos que serão apresentados nas próximas páginas para que possamos atender suas solicitações da melhor forma possível. O Caderno Flex Home apresenta três variações de plantas baixas com alteração na cozinha. Para cada ambiente do apartamento são oferecidas de 2 à 4 opções de acabamentos, 338 uma delas é a básica, pela qual o comprador está pagando. Qualquer variação no tipo de acabamento de parede, piso, teto, bancadas, louças e metais, ou seja, escolha de outra linha de produtos, acarretará acréscimo de valores. Os acréscimos vão de R$ 145,00 à R$ 12.003,00 por item alterado, podendo o valor ser muito superior, chegando próximo de R$ 40.000,00 se forem escolhidos as linhas mais caras. Este valor sofre “atualização” mensal pelo índice INCC/FGV.] Uma das opções continha o nome dos decoradores que fizeram a indicação de materiais. O empreendimento têm 3 blocos de 7 pavimentos cada, sendo 2 com 12 apartamentos por andar e 1 com 14 apartamentos por andar. Totalizando 266 unidades. Falas da compradora: “O banheiro não tem janela, e só vi isso agora!” [depois de comprar] “Na hora agente não vê isso”, “não vi que não tinha porta!” “Fui olhar o terreno do lado para ver a distância de um prédio ao outro” [No outro apartamento ela comprou um sofá cama que não entrou no quarto] Na hora de comprar ela observou o construtor, o entorno, a forma de pagamento mais adequada ao caso dela [direto com o construtor, terminará de pagar quando a obra estiver pronta] a área do bairro que mais interessava. Fez financiamento direto com o construtor para quando acabar a construção estar livre de pagamento. “No outro prédio [que ela já havia adquirido em 2003] contratei uma arquiteta para me dizer se ia ficar escuro ou não” É um apartamento de 2 quartos + o reversível e tem 90 m2. O prédio foi vendido com os apartamentos prontos. Financiou com o construtor, mas o apartamento, ou melhor, todo o prédio estava hipotecado. A entrega foi em 2003 [antes do Peu – Taquara, tem 5 andares, fica na Estrada dos Três Rios] Ela está decorando o apartamento e comprou um sofá-cama para colocar em um dos quartos, entretanto o sofá não passou no corredor. [Pelo que vi o corredor tinha 70 cm, assim como as portas e o sofá era mais largo]. “A gente quando compra não tem idéia [do espaço], do que cabe e do que entra no apartamento”. Segundo informações do corretor que nos atendeu um apto de 81 m2 era R$ 230 mil, hoje. “Cozinha aberta para a varanda ajuda a tomar café na varanda” - A sustentabilidade e os aspectos ecológicos tornaram-se produtos do negócio. Itens utilizados como estratégia de marketing. O paradoxo é que os itens de sustentabilidade e responsabilidade ecológica inúmeras árvores são derrubadas. 339 11 de abril de 2008 A obra da Xingu continua com os preparativos do canteiro de obras. As placas de responsabilidades técnicas já foram colocadas e estão colocando os marcos de locação do prédio. 12 de abril de 08 Segundo GS o atual momento é a vitória do sistema financeiro, mais do que o sistema da construção civil. Só financia prédios e casas prontas, não há financiamento para comprar lote ou para construir casas??? 14 de abril de 2008 Está sendo divulgado em outdoors um empreendimento ecológico. A mesma construtora do E. Ao buscar pelo nome do empreendimento na internet, encontrei sua propaganda como se fosse na Freguesia. Entretanto, o mesmo se localiza na Taquara. Este já é o terceiro empreendimento que identifico cuja localização é em outro bairro de Jacarepaguá, mas usa a Freguesia como referência. Este fato aponta para o atributo simbólico que a Freguesia exerce sobre o imaginário da região. 340 Este empreendimento, se comparado ao E156, introduz novos itens relativos a sustentabilidade, tais como a coleta de óleo de cozinha, a utilização de telhado verde. 15 de abril de 08 Recebi um telefonema de uma corretora imobiliária, perguntando se o proprietário estava e se este apartamento estava a venda. Estranhei a pergunta. Antes de responder, perguntei o motivo do questionamento. Ela informou que havia uma cliente interessada em comprar um apartamento neste endereço. Perguntei ainda como ela havia obtido meu número de telefone, ela informou que a empresa telefônica havia fornecido. Respondi que não estava a venda. Ela questionou se eu conhecia outros apartamentos no prédio que estivessem a venda, minha resposta também foi negativa. Como estava ocupada com outras coisas não me ocorreu estender a conversa para obter mais informações. 16 de abril de 2008 A R. do Pilates fez referência à nossa visita para uma outra colega de aula, se referindo não só ao nome do empreendimento mas destacando o nome da construtora RC [Esta é uma das maiores construtoras em atuação no mercado carioca, produtora dos empreendimentos de maior destaque social] 17 de abril de 2008 Fui na Rua Xingu ver a placa da obra. De fato são seis pavimentos, sem afastamento, fala em 49% de taxa de ocupação, diz que o terreno tem 980 m2. Fala em complementação de licença. A data da licença é de 2005. [Fico com uma dúvida, pois se a demolição não estava autorizada, como é que a licença é de 2005?] Ao chegar na rua, me deparei com uma fiscal da CET- Rio (Empresa responsável pelo controle do trânsito), anotando os veículos que estavam estacionados de um lado e de outro. Fui falar com ela e perguntar se na rua era proibido estacionar, ela me disse que era de um lado. Perguntei se ela estava multando. Ela disse que era uma denuncia feita à Ouvidoria, 156 Empreendimento da mesma construtora lançado no ano anterior na Freguesia. A empresa no ano anterior tinha outro nome. Entretanto, sofreu uma mudança para tornar o nome mais “ecológico” apesar de manter a mesma logomarca. 341 dizendo que a rua era uma bagunça. Perguntei se eles estavam fazendo algum estudo para a rua, pois um novo prédio estava sendo construído e iria piorar, ela disse “Não tô nem aí, não moro aqui!” [Fiquei impressionada com o descaso e a falta de compromisso. Mas no fundo talvez seja isso que aconteça em outras áreas.] 12 de maio de 2008 As construtoras que têm mais de um empreendimento em construção simultaneamente, em sua maioria, não apresentam uma unidade de discurso, ou seja, cada empreendimento pode ter um discurso próprio, mesmo pertencendo à mesma construtora. Este fato pode apontar para duas questões: 1. A intenção de alcançar públicos diferentes, quase que simultaneamente. (Segmentação). Principalmente, quando as obras ocorrem quase simultaneamente; 2. As construtoras não apresentam uma ideologia que se expresse através do discurso. Observo que apenas a incorporadora E define este padrão único. Neste caso específico o carro chefe é a sustentabilidade e os diferenciais ecológicos. Esta construtora adota o nome um nome próprio para seus empreendimentos complementado pelo nome do bairro. Tem desenvolvido uma série de prédios, como o que denomina o “primeiro empreendimento com preocupação ecológica no Rio de Janeiro”. Principalmente por buscar certificações e selos verdes. Entretanto, outros já apresentaram aspectos similares, do tipo energia solar, reuso de água, relógio individual de água, etc, porém, a abordagem era do condomínio inteligente. Em outro caso o mote era a ecoresponsabilidade, sem a garantia do selo. 19 de maio de 2008 Observo que os prospectos e materiais de divulgação mais recentes de habitações não fazem referência à localização e às vezes, nem ao bairro onde se situam. Isto também tem acontecido com alguns e-mails de corretores que tenho recebido, propõe um lançamento de um empreendimento, mas não informa sua localização. [Pergunto: será que os compradores estão adquirindo os imóveis, sem dar importância onde estão localizados? Será que a localização perdeu relevância em relação ao sonho da casa própria? Ou em relação ao investimento ou à oportunidade? O que os têm motivado à compra? Será que os compradores compram uma moradia-residência-lar ou uma habitação-edificação?] 342 23 de maio de 08 Escolha pelo menor preço e não pelo lugar “200, 400, 600” [Não importa o lugar onde mora e sim o valor pago.] [Discurso da urgência.] Na Barra o CJ mudou o discurso em meados de maio requalificando o empreendimento: “vale ouro”, de alto quilate. 9 de junho de 2008 Na Freguesia a maioria dos empreendimentos lançados são voltados para a classe B, inicia-se agora o lançamento para a classe C. Entretanto, os serviços e equipamentos que estão sendo introduzidos apontam para o apelo dos arquétipos e do simulacro do luxo de uma classe mais alta. Sinalizando a distinção e o status. 15 de agosto de 2008. Em conversa informal com um taxista, morador da Freguesia há 52 anos, ele espontaneamente comentou sobre o grande número de prédios e disse “se hoje o trânsito está assim, imagine quando todos esses prédios estiverem ocupados!” Perguntei na opinião dele, nestes 52 anos, que tinha sido o período que mais se construiu na área. Ele disse que esse. Comentou sobre a quantidade de prédios do empreendimento da Rua Edgard Werneck [M] e como o trânsito daquela rua irá piorar “com aquela gente saindo de carro”. E comentou como o morador do Rio de Janeiro “vive menos”. [No sentido de ter menos tempo para desfrutar a vida] 22 de agosto de 2008. Visita ao Salão do Imóvel do Rio de Janeiro 2008, que reuniu 13 construtoras, o banco Real, Ademi, e Patrimóvel, Zap Terra, Jornal Extra e o Globo. Em conversa com corretores no local fui informada que o hidrômetro individual agora é lei. Que a oferta de muitos serviços se torna viável e com baixo condomínio quando o número de unidades do empreendimento é grande. 343 Que o valor pago até as chaves corresponde de 15 % à 20 % do total do valor do imóvel, o restante é financiado. E que a taxa de decoração gira em torno de 5% do valor do imóvel. Em conversa com um corretor do empreendimento CJ, que falava das opções de lazer e do lançamento dos prédios de um dos “bairros” do empreendimento, perguntei se não houve lançamento de novos prédios porque a divulgação inicial que, era toda verde, passou a ser toda dourada? Ele me disse, um tanto quanto constrangido que era para fazer um outro evento, “um coquetelzinho”. O “bairro” lançado apresenta 8 prédios de 17 andares, com 6 à 12 apartamentos por andar, e com unidades de 2 à 4 quartos. O valor do metro quadrado no empreendimento gira em torno dos R$ 3.900,00. 25 de agosto de 2008. Recebi um telefonema do corretor P, que nos atendeu no feirão, querendo conhecer melhor o meu perfil: que tipo de imóvel estamos procurando, quantos quartos, que bairro, que faixa de preço. Algumas frases ditas por ele me chamaram a atenção: “eu preciso te levar lá” “A Avenida Pedro Correia está sendo revitalizada” “O eixo metropolitano terá um centro comercial e um shopping maior que o Barra Shopping, ao lado do Hospital Sara”. “Várias linhas de ônibus estão sendo planejadas para o local” “Seu dinheiro estará sendo bem aplicado” “Você não pode perder a oportunidade” 30 de agosto de 2008 Voltei a circular pela Freguesia com o objetivo de tirar novas fotos dos empreendimentos e verificar quais já haviam iniciado as obras. Verifiquei que o C havia iniciado e que surpreendentemente já estava na terceira laje. Outro empreendimento que também havia iniciado as obras foi o K, estava levantando paredes da 5ª. ou 6ª. laje. Os empreendimentos da G, tanto o V, quanto o GV ainda estavam preparando o canteiro de obras e a fundação. Observei que alguns deveriam estar fora do cronograma. 344 5 de setembro de 2008 No prédio onde moro, neste mês, três famílias venderam seus apartamentos para irem morar em outros apartamentos mais novos. Pelo que soube a necessidade era de maior espaço, pois a família havia crescido, com o nascimento de novos filhos. Por outro lado, casais idosos que chegaram na década de 1970 para criar seus filhos em casas, estão agora trocando suas casas por apartamentos menores. Domingo, 7 de setembro de 2008 Saí às 6:30h da manhã para filmar alguns empreendimentos e encontrei com vários “distribuidores” de banners posicionando-os nos lugares estratégicos. Também encontrei uma equipe de colocadores de bolas (bexigas). Depois fui à casa de uma amiga, moradora da Freguesia há 30 anos, fiquei sabendo que ela havia comprado um apartamento no empreendimento RB. Confirmei com ela minha suspeita no atraso no cronograma. Segundo ela, ocorreu devido a uma grande rocha encontrada no terreno e à dificuldade de vencê-la para a preparação da fundação. 29 de setembro de 2008 Uma amiga me ligou dizendo que havia seguido minha sugestão de ir ao lançamento [como ela também se interessa pelo assunto, dias antes havia comentado com ela sobre um mega lançamento que haveria na Barra e que o brinde para os primeiros compradores seria um carro]. Ela me informou que apesar do lançamento ter sido anunciado para o sábado 27 de setembro, na quinta-feira anterior houve um pré-lançamento para investidores que fossem adquirir mais de 3 unidades. Ela me informou que chegou às 9h e que já havia uma fila imensa. Que os “portões” haviam sido abertos às 7 da manhã. Quando ela chegou já haviam sido vendidas 215 unidades e, às 11 horas, quando saiu já eram 290, ou seja, 75 unidades vendidas em duas horas. Segundo ela inicialmente seriam 200 carros, durante o evento aumentaram para 500. A proposta é de pagamento sem juros. O empreendimento vende apartamentos de 2 e 3 quartos, o de dois quartos gira em torno de R$ 220 mil, com uma área aproximada de 65m2. No local haviam 3 modelos decorados e a área de lazer já estava pronta, podendo ser desfrutada pelos interessados. Dias depois, no jornal havia um anúncio de página inteira com a chamada para o horário nobre da TV onde seria anunciada mais uma oferta, do mesmo empreendimento. No dia seguinte, no horário definido um ator, simulando ser um jornalista informava, que mais 100 carros seriam oferecidos para os cem primeiros 345 compradores que chegassem no stand de vendas no dia seguinte. [As estratégias para atrair clientes utilizando a sedução e o encantamento, utilizadas pelo marketing, estão muito claras neste exemplo]. Final de outubro 2008 Após passar todo o mês fazendo escavações e a montagem das formas e ferragens, o empreendimento da Rua Xingu iniciou a concretagem da fundação com o uso de caminhões betoneiras. 346 APÊNDICE F 352 ANEXOS 1. 2. 3. 4. 5. Matéria sobre o lucro das empresas de construção Pauta de reunião da Associação de Moradores da Freguesia Decreto No. 28672 de 9 de novembro de 2007 Projeto de Estruturação Urbana – PEU TAQUARA Decreto que cria o Selo Verde e Protocolo de Intenções do Rio