GT4.2.5

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GT4.2.5
A SOCIOLOGIA ENQUANTO CIÊNCIA NO ENSINO MÉDIO
Brena Braga Faria
∗
Camila de Oliveira Soares*
A reintrodução da Sociologia como disciplina curricular no ensino médio, a partir da lei nº
11.684/2008 recolocou em discussão a necessidade de pensarmos métodos e técnicas
adequadas ao ensino da disciplina. Nessa direção, o PIBID – Programa Institucional de Bolsa
de Iniciação à Docência, subárea de Sociologia na UFV, desde 2010 visa motivar a formação
em licenciatura, contribuindo para o aperfeiçoamento da prática pedagógica tanto dos
estudantes da área, quanto dos profissionais que já exercem a docência. O trabalho pretende
analisar qual a visão dos profissionais que atuam nessas escolas acerca do conteúdo da
Sociologia nos currículos, debater os desafios enfrentados e soluções propostas pelo projeto, e
questionar o reconhecimento da Sociologia enquanto disciplina científica no Ensino Médio.
Palavras-chave: Sociologia; Ensino Médio; Ciência; Desafios.
Um panorama recente da Sociologia no Ensino Médio
“Desde o início da década de 80 parlamentares, estudantes, professores, entidades da
sociedade civil vêm lutando para que a Sociologia seja incluída como disciplina nos
currículos do Ensino Médio, dada a sua importância na formação cidadania.” (Santos, 2004,
p. 131). No final da década de 90 com o Parecer 15/98 do Conselho Nacional de Educação, a
Sociologia juntamente com a Filosofia passou a constituir a área de Ciências Humanas e suas
tecnologias. Determinação esta, concedida pelos Parâmetros Curriculares Nacionais, com
base nas Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (DCNEM)
Entretanto cabe ressaltar que a proposta da LDB, com base nas Diretrizes Curriculares
Nacionais para o Ensino Médio (1998), assegura a inserção da Sociologia no ensino básico
como um conteúdo interdisciplinar, ou seja, os conteúdos referentes a essa disciplina seriam
lecionados junto às demais, de forma talvez errônea e incoerente.
Inicia-se assim um período de instabilidade da Sociologia enquanto disciplina acadêmica,
sendo a mesma vista como conteúdo e não como disciplina dotada de métodos, técnicas e
capaz de constituir os currículos da escola básica. Neste sentido a entrada da Sociologia no
ambiente escolar ocorre diante de receio, visto que as demais disciplinas com seus parâmetros
Graduandas em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Viçosa. Bolsistas do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID/CAPES. E-­‐mail: [email protected] ; [email protected] ∗
curriculares já estabelecidos teriam que abrir espaço em seu conteúdo didático para o ensino
de conteúdos da área de sociologia, além dos professores não possuírem capacitação
necessária para a tarefa.
A situação se modifica com lei nº 11.684 de 2008 quando a Sociologia é inserida no Ensino
Médio como disciplina obrigatória e não mais como um conteúdo das demais disciplinas.
Esse avanço não consegue garantir, no entanto, que a disciplina seja ministrada por
profissionais licenciados em Ciências Sociais, recolocando assim a qualidade do ensino em
risco, uma vez que a mesma voltaria a ser lecionada por profissionais não ambientados com o
discurso sociológico.
É neste momento que se faz necessário iniciativas que buscam melhorias na educação, como a
da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal do nível Superior (CAPES), que por meio de
Programas Institucionais de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) estimula a formação em
licenciatura, contribuindo para o aperfeiçoamento da prática pedagógica tanto dos atuais
estudantes da área, quanto dos profissionais que já exercem a docência.
O programa na subárea de Sociologia é desenvolvido na Universidade Federal de Viçosa
desde Março de 2010, oferecendo hoje um total de 21 (vinte e uma) bolsas aos alunos
licenciandos em Ciências Sociais, além de contar com três professores supervisores de três
escolas da cidade, e professores do Departamento de Ciências Sociais que são coordenadores
do projeto. Atualmente o projeto é realizado em três escolas públicas de Viçosa-MG, sendo
elas: Escola Estadual Dr. Raimundo Alves Torres, Escola Estadual Effie Rolfs e Escola
Estadual Raul de Leoni.
As atividades desenvolvidas nas escolas atendem os cindo eixos do plano de trabalho do
PIBID, que são: 1) conhecer como a LDB está implementada na escola; 2) acompanhar e
participar das atividades do professor; 3) ir à sala de aula; 4) dar aula; 5) desenvolvimento de
pesquisa exploratória. Todos esses eixos são trabalhos em conjunto, possibilitando assim uma
maior interação dos estudantes com o ambiente escolar e com os professores que já exercem a
profissão.
Trabalhando seriamente com os cinco eixos que compõe o plano de ação do PIBID,
obtivemos durante esses três anos de atuação resultados relevantes, como a elaboração de
diversas atividades que permitem uma maior aproximação dos alunos com os temas
trabalhados em sala, através de dinâmicas, músicas e jogos didáticos, provendo assim uma
reflexão e desnaturalização de elementos tidos como corriqueiros e normais, ao identificar
fenômenos sociais e problemas cotidianos. Além de proporcionar aos estudantes de
licenciatura em Ciências Sociais - UFV, uma aproximação com seu futuro ambiente de
trabalho e permitir também a sua atuação como professor/pesquisador, capaz de lecionar e
pesquisar em prol da melhoria da educação.
Durante algumas etapas do projeto observam-se alguns empecilhos ao desenvolvimento do
mesmo, que serão debatidos adiante. O presente trabalho visa problematizar, a partir das
experiências com o PIBID, 1) o papel da Sociologia enquanto Ciência e principalmente
enquanto disciplina no Ensino Médio; 2) analisar qual a visão dos demais professores que
atuam nessas escolas acerca do conteúdo da Sociologia nos currículos; 3) e debater os
desafios enfrentados e soluções propostas pelo projeto.
Para algumas análises o presente estudo trabalhará com método de pesquisa survey e com o
software SPSS e para outras, as informações obtidas e conclusões serão referentes à
experiência em campo das autoras e dos demais membros da equipe do PIBID – Sociologia da
Universidade Federal de Viçosa.
A Sociologia enquanto Ciência e sua relevância para a Educação
Não se pretende com este artigo resgatar teorias ou autores específicos que trabalharam com a
efetivação da Ciências Sociais enquanto Ciência. Tal empreitada demandaria bastante
conhecimento teórico e experiência, e ainda assim, este estudo apenas, seria insuficiente para
dar conta de tanta informação. O objetivo é esboçar uma definição do papel da Sociologia a
partir da nossa experiência prática em um de seus campos de atuação: a docência no Ensino
Médio.
Faz-se necessário uma definição resultante das experiências em campo, uma vez que um
significado pode refletir como a Sociologia é encarada tanto por nós estudantes de licenciatura
quanto pelos professores que já exercem a prática de docência no Ensino Médio.
Com base em nossa prática, podemos afirmar que a Sociologia é sim encarada como Ciência,
tanto pelos profissionais já licenciados para a prática docente quanto pelos estudantes ainda
em formação1, uma vez que fica evidente que esta já se consolidou como um campo de
atuação detentor de teorias e métodos eficazes de estudo e aplicabilidade. E estes critérios são
essenciais para qualquer tipo de Ciência.
Ressalvadas algumas confusões entre Sociologia e as demais disciplinas da área de Ciências
Humanas por parte de alguns professores, pode-se afirmar que a Sociologia é entendida como
uma ciência única e de certa forma autônoma com relação às outras. Possui uma série de
normas e conteúdos específicos reconhecidos pela maioria dos professores de modo geral.
1
Não trabalhamos neste artigo com a aceitação dos alunos do Ensino Médio por uma questão de foco de análise. Se com relação à aceitação como Ciência o panorama é satisfatório – já que a Sociologia é
encarada como Ciência detentora de suas teorias, métodos e práticas –, por outro lado, o
mesmo não se pode dizer com relação ao conhecimento acerca do conteúdo didático da
disciplina enquanto inserida na grade curricular dos alunos do Ensino Médio. Ora, aceitar
determinada disciplina como Ciência, não quer dizer que se conheça suas propostas,
conteúdos e objetivos.
Uma interpretação qualitativa dos questionários e ainda das experiências no cotidiano das
escolas, aponta que boa parte dos professores desconhecem a finalidade da disciplina. Não é
difícil entender o porquê deste estranhamento, uma vez que até pouco tempo os vestibulares
do país não faziam uso dos temas da Sociologia em seus processos seletivos2; a disciplina foi
introduzida na grade curricular das escolas há pouco tempo; possui uma carga horária ainda
bem reduzida; há ausência de professores licenciados em Sociologia, o que acarreta o
sucateamento de profissionais de outras áreas; os livros didáticos foram introduzidos a pouco
tempo e ainda faltam para algumas séries; e por fim, é pouco conhecida a profissão de
Sociólogo.
A Sociologia integra o conhecimento às outras disciplinas, uma vez que muitos dos assuntos
tratados em sala de aula dizem respeito à atualidade e à sociedade de um modo geral. Temas
como ecossistema e desmatamento em Geografia e Biologia, conceitos de economia e
finanças em Matemática, acontecimentos do passado ou recentes em História, por exemplo,
são fenômenos causados ou relacionados à sociedade. Os temas podem ser tratados de modo
diferenciado nas aulas de Sociologia, o que proporcionaria um olhar alternativo e
complementar, acarretando um conhecimento mais aprofundado acerca dos temas trabalhados
na escola.
Outro ponto que corrobora a relevância da Sociologia enquanto disciplina do Ensino Médio,
se baseia na própria proposta da Educação: que é a formação de indivíduos críticos e
conscientes de seu papel como cidadãos inseridos em um contexto social. Ora, se esta é uma
das propostas que fundamentam o processo educativo, a Sociologia emerge como uma
importante ferramenta de conscientização dos alunos. Ao tratarmos de temas referentes à
Sociedade e à relação entre os indivíduos, o processo de consciência individual e coletiva se
manifesta no momento em que desnaturaliza-se alguns fenômenos sociais tidos como comuns
e corriqueiros. E este é um dos principais papeis da Sociologia no âmbito da Educação.
2
A situação vem se modificando com a adesão da maioria dos Institutos Federais ao SISU, que utiliza das notas do Enem como critério para aprovação. A prova do Enem por sua vez, integra a Sociologia, Filosofia, História e Geografia à sua prova de Ciências Humanas e suas Tecnologias. Os desafios da prática docente
Os desafios da prática docente da disciplina de Sociologia originam-se devido sua trajetória
histórica de inserção no currículo da educação básica. Nesse sentido podemos afirmar que tais
desafios se manifestam nos seguintes pontos:
“A ausência de tradição de trabalho com o ensino da Sociologia nas escolas,
desconhecimento sobre o sentido e a finalidade da disciplina na grade curricular e
sua consequente desvalorização, tanto pelas direções das escolas e pelo seu coletivo
de professores, como pelos alunos, obstaculizam a criação e a consolidação de
espaços de reflexão sociológica que promovam mediações significativas entre os
estudantes e o conhecimento científico da vida social.” (JINKINGS, 2007, p. 126).
Como já foi dito anteriormente a lei nº 11.684 de 2008 que insere a Sociologia como
disciplina no Ensino Médio, não garante também a sua qualidade enquanto disciplina
formadora de indivíduos críticos de seu lugar na Sociedade, ou seja, contamos ainda com um
cenário de déficit de qualificação para a docência, desconhecimento acerca do sentido e
finalidade da disciplina, falta de recursos didáticos para lecionar, etc. Desta forma certifica-se
que é preciso ainda muito esforço por parte de todos os envolvidos com o ambiente escolar,
no intuito de fomentar a prática do ensino de Sociologia nas escolas.
Por sua vez a atuação do PIBID como programa que visa inserir estudantes de graduação em
licenciatura no contexto escolar, tem como meta justamente auxiliar a prática pedagógica,
contribuindo assim, para a consolidação da Sociologia no meio acadêmico, subsidiando desta
maneira, a formação básica do aluno. Partindo deste pressuposto vimos a necessidade de
questionar nossos futuros colegas de trabalho no que diz respeito aos conteúdos referentes à
disciplina. Assim, analisamos o corpo docente - através de questionários - de duas escolas
parceiras do projeto, em Viçosa-MG, que são: Escola Estadual Effie Rolfs e Escola Estadual
Dr. Raimundo Alves Torres3.
Por ser facultativo a participação, obtivemos um total de 16
(dezesseis) questionários
preenchidos, dos quais cinco são da Escola Estadual Effie Rolfs, e onze pertencentes à Escola
Estadual Dr. Raimundo Alves Torres.
O escassez de questionários preenchidos já demonstra um dos desafios enfrentados pelo
projeto. A ausência de adesão às atividades, principalmente de professores que não estão
3
Em razão da recente introdução da Escola Estadual Raul de Leoni como parceira do programa, os profissionais da mesma não foram procurados para a aplicação dos questionários, uma vez que os estudos referentes ao presente artigo já haviam sido concluídos na data de sua adesão. vinculados ao programa, é recorrente e impossibilita uma série de ações desenvolvidas pelo
mesmo.
Um teste de frequência (tabela 01) paradoxalmente demonstra que a maioria dos professores
cursaram Sociologia no Ensino Médio. É contraditório, uma vez que pressupõe-se que tendo
tido contato com a disciplina em sua formação, estes professores deveriam ter conhecimento
de seu conteúdo curricular. Isto pode ser explicado pela forma como a disciplina foi aplicada
aos mesmos no passado, uma vez que se hoje em dia há ausência de profissionais qualificados
para a licenciatura de Sociologia, antigamente – quando havia poucos cursos de Ciências
Sociais e, por conseguinte, poucos profissionais formados na área –, a disciplina era
ministrada por padres, advogados, ou indivíduos tidos como intelectuais e capazes de explicar
os fenômenos da sociedade, entre outros.
Tabela 01 – Frequência de professores que cursaram Sociologia no Ensino Médio
Quando você cursou o Ensino Médio você estudou Sociologia?
Cumulative
Frequency
Valid
Percent
Valid Percent
Percent
Sim
11
68,8
68,8
68,8
Não
5
31,3
31,3
100,0
Total
16
100,0
100,0
Ainda, aqueles que não tiveram a disciplina em sua formação consideram a sua presença no
currículo do ensino básico importante:
Tabela 02 – Frequência de posições favoráveis ao ensino de Sociologia
Você acha importante o ensino de Sociologia?
Cumulative
Frequency
Valid
Percent
Valid Percent
Percent
Não
2
12,5
15,4
15,4
Sim
11
68,8
84,6
100,0
Total
13
81,3
100,0
Missing
não respondeu
Total
3
18,8
16
100,0
Entre os entrevistados 37,5% (trinta e sete vírgula cinco por cento) consideram que a carga
horária destinada a Sociologia é suficiente, essa porcentagem representa seis entrevistados,
sendo que cinco não responderam e cinco afirmam não ser suficiente (vide tabela 03). No
momento em que não se tem noção do que é passado aos alunos dentro de sala de aula nos
horários de Sociologia, acreditamos que os professores pressupõem que o tempo destinado à
disciplina é suficiente. A ignorância com relação aos conteúdos aplicados é que gera a ideia
de que não é necessário mais que uma aula por semana.
Tabela 03 – Aprovação da carga horária destinada à Sociologia
Nesta escola a carga horária destinada a Sociologia é uma aula por semana. Você
acha suficiente?
Cumulative
Frequency
Valid
Percent
Valid Percent
Percent
Não
5
31,3
31,3
31,3
Sim
6
37,5
37,5
68,8
Não respondeu
5
31,3
31,3
100,0
16
100,0
100,0
Total
No que diz respeito à opinião sobre quais conteúdos deveriam ser ministrados pela disciplina,
as sugestões podem ser expressas pelo gráfico 044. Este gráfico é interessante porque traz
alguns tópicos que evidenciam o desconhecimento acerca do conteúdo ministrado em sala
pelo professor de Sociologia. Por exemplo, conteúdos como Disciplina, Trânsito, dicas de
convivência, etc., não estão inclusas dentro das competências da disciplina.
4
Cabe ressaltar que procedeu-­‐se à categorização das respostas abertas no questionário, ou seja, foi feita uma análise qualitativa de alguns pontos da pesquisa. Uma mesma resposta pode conter duas ou mais categorias. O objetivo aqui é especificar a relevância dada pelos mesmos a alguns pontos, ou seja, a frequência com que uma mesma possível resposta pode aparecer nos discursos dos entrevistados. Isto vale para os gráficos 01 e 02. Outro ponto que deve ser observado, é a idéia de que os bolsistas do PIBID devem mediar os
conflitos cotidianos na escola. É comum, conforme a experiência em campo demonstra, que
diretores, supervisores e professores solicitem que os estudantes em licenciatura trabalhem
com temas relacionados à conduta, ética e moral dos alunos. Ora, em momento algum este é o
objetivo do programa e do Ensino de Sociologia de forma mais ampla.
Gráfico 01 – Conteúdos a serem ensinados pelo professor de Sociologia
No que diz respeito à opinião dos entrevistados com relação à finalidade do Ensino Médio, as
opiniões são expressas conforme o gráfico abaixo:
Gráfico 02 – Objetivo do Ensino Médio
É da ciência dos professores o papel primordial do Ensino Médio na vida dos alunos. O
interessante é que um dos objetivos da inserção da Sociologia no Ensino médio, seja
justamente formar cidadãos críticos e reflexivos, conhecedores de seu lugar no contexto social
em que vivem.
Conclusão
Podemos concluir que a Sociologia ainda é encarada como uma disciplina misteriosa por parte
dos profissionais envolvidos com o contexto escolar. Trata-se do desconhecimento acerca das
finalidades da disciplina enquanto inserida na grade curricular dos alunos. A Sociologia é
entendida enquanto ciência, porém desconhecida enquanto disciplina acadêmica, uma vez que
ainda é escasso o número de material didático referente à área, além da sua recém inserção no
ambiente escolar. Somados à falta de pessoal capacitado para o exercício da docência,
constatou-se que a disciplina ainda precisa caminhar bastante para rumo à sua consolidação
no cotidiano do Ensino Médio.
É necessário o investimento em novos cursos de licenciatura e uma melhor qualificação dos
profissionais envolvidos na área. Ainda, necessita-se de um melhor estabelecimento do
conteúdo programático da disciplina e o incentivo à sua prática.
Medidas de incentivo à melhoria da prática docente como a do PIBID vem somar esforços na
busca de uma melhor qualidade na Educação. Os desafios são constantes e por isto
acreditamos que apenas um conjunto de atitudes que fortaleçam o diálogo entre os atores das
escolas e os estudantes de licenciatura bolsistas do PIBID, efetive as mudanças que visem
uma melhoria na qualidade nos processos educativos escolares.
Referência Bibliográfica
BRASIL. Orientações Curriculares para o Ensino Médio. Ciências Humanas e suas
Tecnologias/Secretaria de Educação Básica - Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de
Educação Básica, 2006.
BRASIL. Lei Nº 11.684, de 2 de Junho de 2008- Brasília: Diário Oficial da União, de 03 de
junho de 2008, Seção 1, p. 1 edição 104, 2008.
JINKINGS, Nise. “Ensino de Sociologia: particularidades e desafios contemporâneos”.
Mediações, Londrina, v. 12, n. 1,p. 113-130, jan/jun. 2007.
SANTOS, Mário Bispo dos. (2004), “A sociologia no contexto das reformas do ensino
médio”. In: CARVALHO, Lejeune Mato Grosso Xavier de (org.). Sociologia e ensino em
debate: experiências e discussão de sociologia no ensino médio. Ijuí-RS: Ed. Unijuí, pp. 131180
A SOCIOLOGIA ENQUANTO CIÊNCIA NO ENSINO MÉDIO
A reintrodução da Sociologia como disciplina curricular no ensino médio, a partir da lei
no.11.684/2008 recolocou em discussão a necessidade de pensarmos métodos e técnicas adequadas
ao ensino da disciplina na educação básica.Isso porque,constatou-se a importância da preparação de
indivíduos capazes de enxergar as condições sociais não como um processo independente,mas sim
inseridas numa cadeia de influências sociais.Porém, aponta-se a necessidade de repensarmos seus
parâmetros científicos no ensino básico.Para que isso ocorra,o professor de Sociologia deve ser
preparado para abordar problemas sociais a partir de uma visão não individual,mostrando as diversas
questões envolvidas em situações geralmente tidas como naturais e imutáveis. Ou seja, deve ser
habilitado para abordar questões do cotidiano cercando influências valorativas.Nessa direção,alguns
programas de incentivo à formação em licenciatura têm colaborado na reflexão sobre a prática
docente,como o PIBID – Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência.O programa
desenvolvido na subárea de Sociologia na UFV desde 2010 visa propor um exercício para o
ensino,bem como motivar a formação em licenciatura pra estudantes do curso de Ciências
Sociais,contribuindo para o aperfeiçoamento da prática pedagógica tanto dos atuais estudantes da
área,quanto dos profissionais que já exercem.O trabalho pretende debater os desafios enfrentados e
soluções propostas pelo projeto,tomando como base o trabalho desenvolvido em duas escolas da
educação básica no município de Viçosa-MG.Além disso, procuramos analisar qual a visão dos
profissionais que atuam nessas escolas acerca da relevância da Sociologia nos currículos.E por fim,
questionaremos o reconhecimento da Sociologia enquanto disciplina científica, portadora de
métodos e conceitos próprios.Trata-se,sobretudo, de problematizar a prática da Sociologia no
ambiente escolar, a partir do PIBID, abordando não somente a sua contribuição para a formação de
um indivíduo capaz de interpretar a sua realidade vivida e observada, mas também contrariar o modo
corrente como seus temas e conceitos são apresentados por profissionais não ambientados com o
discurso sociológico.