Turismo em áreas rurais - Liga para a Protecção da Natureza
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Turismo em áreas rurais - Liga para a Protecção da Natureza
Livro de comunicações dos Seminários organizados no âmbito do Projeto “Turismo em Áreas Rurais: Identificação, promoção e disseminação de boas práticas” Promotor Projeto | Project Promoter A Liga para a Protecção da Natureza (LPN), criada em 1948, é a mais antiga Organização Não-Governamental de Ambiente (ONGA) da Península Ibérica e a sua história acompanhou a da criação das principais áreas naturais de Portugal. É uma Associação sem fins lucrativos com estatuto de Utilidade Pública, cujo objetivo principal é contribuir para a conservação do património natural, diversidade das espécies e dos ecossistemas. O seu âmbito de ação envolve três grandes áreas: intervenção cívica; formação e educação ambiental; implementação de projetos para preservar a biodiversidade (espécies e habitats). A sede localiza-se em Lisboa e a LPN possui um Centro de Educação Ambiental e Reservas de Biodiversidade, na Zona de Proteção Especial (ZPE) de Castro Verde. The League for the Protection of Nature (LPN), created in 1948, is the oldest Non-Governmental Environmental Organization (NGO) of the Iberian Peninsula and its history goes hand in hand with the creation of the main natural areas in Portugal. It is a non-profit making Association with the status of Public Utility, whose main purpose is to contribute for the conservation of wildlife and the diversity of species and ecosystems. Its scope of action covers three broad areas: civic intervention; environmental education and training; implementation of projects to preserve biodiversity (species and habitats). Headquarters is located in Lisbon and LPN has an Environmental Education Centre and Biodiversity Reserves, in the Special Protection Area (SPA) of Castro Verde. Apoio | Support Financiamento | Funding Papers of the Seminars organized within the Project “Tourism in Rural Areas: identifying, promoting and disseminating good practice” Castro Verde – 2013 Realizados no âmbito do Projeto “Turismo em Áreas Rurais: Identificação, promoção e disseminação de boas práticas”, cujo promotor foi a Liga para a Protecção da Natureza (LPN), esta publicação contém artigos referentes às comunicações apresentadas nos Seminários: • “Turismo Sustentável no Espaço Rural: Experiências de sucesso em Portugal e na Europa”, realizado no Fórum Municipal de Castro Verde, nos dias 6 e 7 de Março de 2013 (Seminário I); • “Potencialidades do Turismo Ornitológico para o Desenvolvimento Sustentável de Áreas Rurais de Portugal”, realizado no Fórum Municipal de Castro Verde, nos dias 11 e 12 de Abril de 2013 (Seminário II). Os Seminários organizados, que contaram com a colaboração da Câmara Municipal de Castro Verde, e esta publicação foram financiados pelo Programa para a Rede Rural Nacional (PRRN) do Fundo Europeu Agrícola de Desenvolvimento Rural (FEADER). Organized within the Project promoted by League for the Protection of Nature (LPN), entitled “Tourism in Rural Areas: identifying, promoting and disseminating good practice”, this book contains papers presented in the Seminars: • “Sustainable Tourism in Rural Areas: Successful experiences in Portugal and Europe”, that took place in the Municipality Forum of Castro Verde, 6-7th March, 2013 (Seminar I); • “Ornithological Potentials for the Sustainable Development of Rural Areas in Portugal”, that took place in the Municipality Forum of Castro Verde, 11-12th April, 2013 (Seminar II). The Seminars that were organized, with the collaboration of the Castro Verde Municipality, and this book were funded by the National Rural Network Programme of the Portuguese Government and the European Agricultural Fund for Rural Development. seminários ProjeTo Turismo em áreas Rurais Livro de comunicações 1 ÍNDICE | CONTENTS Prefácio | Foreword 4|5 n SEMINÁRIO I: “Turismo Sustentável no Espaço Rural: Experiências de sucesso em Portugal e na Europa” SEMINAR I: “Sustainable Tourism in Rural Areas: Successful experiences in Portugal and Europe” 6|7 Discurso de Abertura | Opening Speech Francisco Duarte Presidente da Câmara Municipal de Castro Verde President of the Castro Verde Municipality 10 | 12 Sessão I – Desafios dos territórios rurais no século XXI: a importância do turismo Session I – Challenges of rural areas in the 21st century: the importance of tourism 15 | 15 Alentejo: Principais Dinâmicas Socioeconómicas e Políticas Agrícolas Alentejo: Main Socioeconomic Dynamics and Agricultural Policies Isabel Rodrigo – Instituto Superior de Agronomia 17 |17 Desenvolvimento Local nos Territórios Rurais: desafios para 2014-2020 Local Development in Rural Areas: Challenges for 2014-2020 Joaquim Amado (orador principal | keynote speaker) e Luís Chaves – Minha Terra - Federação Portuguesa de Associações de Desenvolvimento Local O impacto do Eixo LEADER do PRODER no Turismo no Alentejo Sudoeste The impact of LEADER axis of PRODER in Southwest Alentejo Tourism David Marques –Esdime 18 | 21 24 | 24 Programa Dark Sky Alqueva - gestão integrada de destino The Dark Sky Alqueva Programe Apolónia Rodrigues – Genuineland® - Rede de Turismo de Aldeia do Alentejo 25 | 25 Mundo Montado: Animação Turística em meio Rural Mundo Montado: Tourism in Rural Areas Elise Haton – Empresa Mundo Montado, Lda A experiência global em turismo rural e desenvolvimento sustentável de comunidades locais - Apresentação de um projeto e de primeiros resultados The overall rural tourism experience and sustainable development of local communities – Presentation of a research project and its preliminary results Elisabeth Kastenholz – Universidade de Aveiro 26 | 28 Sessão II – Turismo em áreas naturais Session II – Tourism in natural areas 30 | 32 37 | 37 Responsabilidade Social em Pequenas e Médias Empresas de Turismo. O caso das Áreas Protegidas da Europa38 | 40 Corporate Social Responsibility in Small and Medium Tourism Enterprises. The case of Europe’s Protected Areas Xavier Font – Leeds Metropolitan University; Lluís Garay (orador principal | keynote speaker) – Universitat Oberta de Catalunya; Steve Jones – Leeds Metropolitan University Manutenção de elevada biodiversidade e diversidade de paisagem para e através do turismo 42 | 44 – propostas de modelos de cofinanciamento Maintaining high biodiversity and landscape diversity for and through tourism – approaches for co-financing models Gerd Lupp (orador principal | keynote speaker); Olaf Bastian, Karsten Grunewald, Christina Renner, Christian Stein – Leibniz Institute of Ecological Urban and Regional Development 2 Projeto LIFE Eco-Compatível 46 | 48 Project LIFE Eco-Compatível (LIFE+09 INF/PT/000045) Sara Freitas (orador principal | keynote speaker), P. Oliveira, D. Menezes, I. Freitas, M.Freitas, C. Câmara, G. Mateus, C. Medeiros, R. Pires, P. Sepúlveda, E. Spínola e CVN – Parque Natural da Madeira / Serviço do Parque Natural da Madeira; I. Fagundes – Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA) Sessão III – Caminhos para a sustentabilidade… Session III – Paths towards sustainability… 51 | 51 Visitação em Áreas Protegidas, Rede Natura e Florestas: um contributo para a sua sustentabilidade Tourism in Protected and Natura Network áreas and Forests: a contribution to their sustainability Teresa Maria Gamito – Consultora A Responsabilidade Social no Turismo Social Responsability in Tourism Victor Figueira – Instituto Politécnico de Beja Ferramentas para a sustentabilidade do Turismo Tools for Tourism Sustainability Teresa Bártolo – Empresa Sustentare, Consultadoria de Sustentabilidade, Lda Referencial BIOTUR – Certificação de Unidades de alojamento e restauração associadas aos produtos biológicos BIOTUR Standard – Certification of lodging and restaurant units related with organic products Manuel Mantas – Empresa Sativa n SEMINÁRIO II: “Potencialidades do Turismo Ornitológico para o Desenvolvimento Sustentável de Áreas Rurais de Portugal” SEMINAR II: “Ornithological Potentials for the Sustainable Development of Rural Areas in Portugal” 52 | 54 56 | 60 63 | 63 64 | 65 66 | 67 O Turismo ornitológico em Portugal 69 | 70 Ornithological tourism in Portugal João Portugal – Turismo de Portugal, IP Promoção do turismo ornitológico no Algarve 71 | 71 Promotion of ornithological tourism in the Algarve Duarte Padinha – Turismo do Algarve A promoção do ecoturismo em Castro Verde 72 | 74 The promotion of ecotourism in Castro Verde Esmeralda Luís (orador principal | keynote speaker) e Rita Alcazar – Liga para a Protecção da Natureza (LPN) Via Algarviana: (Des)envolvendo o Birdwatching no Algarve 76 | 78 Via Algarviana: Developing Birdwatching in the Algarve Anabela Santos – Associação de Defesa do Património Cultural e Ambiental do Algarve (Almargem) Impactos socioeconómicos do projeto de conservação do Priolo em São Miguel 80 | 82 Socio-economic impacts of the Priolo conservation projects in São Miguel, Azores Joaquim Teodósio (orador principal | keynote speaker), Azucena De La Cruz, Rui Botelho, Filipe Figueiredo, José Benedicto e Luís Costa – Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA) Centro Freira-da-madeira - Dr Rui Silva 84 | 86 Madeira’s Petrel Center - Dr. Rui Silva Miguel Domingues (orador principal | keynote speaker), Dilia Menezes e Nádia Coelho – Parque Natural da Madeira Turismo ornitológico no Sul de Portugal: a experiência de uma empresa a operar neste mercado 88 | 89 Ornithological tourism in South Portugal: the experience of a company operating on this market João Ministro – Empresa ProActiveTur, Lda seminários Projeto Turismo em áreas Rurais Livro de comunicações 3 PREFÁCIO FOREWORD A presente publicação vai ao encontro dos objetivos do Projeto “Turismo em Áreas Rurais: Identificação, promoção e disseminação de boas práticas”, financiado pelo Programa para a Rede Rural Nacional (PRRN) do Fundo Europeu Agrícola de Desenvolvimento Rural (FEADER) e cujo promotor foi a Liga para a Protecção da Natureza (LPN). Com este Projeto, pretendeu-se sistematizar e divulgar um conjunto de boas práticas no que se refere ao turismo em áreas rurais, de modo a alargar a disseminação de conhecimentos e contribuir para a sustentabilidade da atividade. Nesta prespetiva, a LPN organizou dois Seminários, que contaram com a colaboração da Câmara Municipal de Castro Verde e tiveram lugar no Fórum Municipal desta vila. Entre os participantes estiveram representantes de instituições públicas, empresários (animação e unidades de alojamento), investigadores, técnicos, estudantes e outros interessados nas temáticas abordadas. This book meets the goals of the Project “Tourism in Rural Areas: identifying, promoting and disseminating good practice”, funded by the National Rural Network Programme of the Portuguese Government and the European Agricultural Fund for Rural Development and whose promoter is the League for the Protection of Nature (LPN). The aim was to organize and promote good practice in what concerns tourism in rural areas, to widen knowledge dissemination and contribute to the sustainability of the activity. Therefore, LPN has organized two Seminars within the Project, with the collaboration of the Castro Verde Municipality. Amongst participants there where representatives of public institutions, entrepreneurs (tourism companies and lodging units), researchers, technical experts, students and others interested in the themes that were discussed. O Seminário I, intitulado “Turismo Sustentável no Espaço Rural: Experiências de sucesso em Portugal e na Europa”, decorreu nos dias 6 e 7 de Março de 2013. O seminário foi composto por três sessões temáticas: Sessão I - “Desafios dos territórios rurais no século XXI: a importância do turismo”; Sessão II - “Turismo em áreas naturais”; Sessão III - “Caminhos para a sustentabilidade…”. A primeira sessão consistiu numa contextualização das principais dinâmicas que se estabeleceram nos territórios rurais, em particular no Baixo Alentejo, quais são as perspetivas de futuro e qual o papel que o turismo pode desempenhar no desenvolvimento destes territórios. A segunda sessão pretendeu focar as oportunidades e os constrangimentos das áreas com valores naturais importantes, na perspetiva das empresas turísticas e do desenvolvimento sustentável dos territórios. A terceira sessão procurou abordar os caminhos que já estão a ser seguidos, ou podem ser implementados, para contribuir para a sustentabilidade do turismo, numa perspetiva empresarial e de gestão dos territórios. Foi ainda realizada uma visita no concelho de Castro Verde, durante a tarde do primeiro dia, para dar a conhecer o Centro de Promoção do Património e do Turismo de Castro Verde, o Museu da Ruralidade (na localidade de Entradas) e uma unidade de turismo rural recentemente inaugurada (Casa dos Castelejos, na localidade do Guerreiro). O Seminário II, intitulado “Potencialidades do Turismo Ornitológico para o Desenvolvimento Sustentável de Áreas Rurais de Portugal”, decorreu nos dias 11 e 12 de Abril de 2013. Este seminário pretendeu abordar um segmento específico do turismo, que tem sido alvo de interesse crescente por parte de entidades públicas e privadas. Assim, o evento visou discutir as potencialidades do turismo ornitológico para o desenvolvimento de territórios desfavorecidos, em particular de áreas classificadas como Rede Natura 2000. Representantes de instituições públicas de âmbito nacional e regional, apresentaram o trabalho que tem vindo a ser realizado e irá ser desenvolvido no curto, médio e longo prazo, no âmbito da promoção turística (dentro e fora de portas) e da conservação dos habitats e da avifauna associada, responsáveis pela atratividade turística de territórios com importantes valores ornitológicos. Durante a tarde, os oradores convidados apresentaram alguns dos atuais casos de maior interesse desenvolvidos por organizações não-governamentais (ONGs), instituições públicas e outras entidades privadas, no que se refere à conservação de espécies emblemáticas da avifauna e ao aproveitamento do seu potencial turístico, no sentido do desenvolvimento das regiões do país onde se situam. Esta foi uma oportunidade para divulgar o que de melhor está a ser feito em Portugal (Continente e Ilhas), para criar as condições necessárias ao desenvolvimento do turismo ornitológico em algumas regiões do país. Em simultâneo foi também essencial o alerta para a necessidade de garantir a sustentabilidade desta atividade turística, em particular quando estão em causa importantes valores naturais! Foi realizada uma saída de campo com os participantes do seminário na manhã do segundo dia, de modo a observar in loco o potencial ornitológico da região de Castro Verde e sensibilizar para a necessidade de preservar a avifauna. Desta forma, foi possível consciencializar alguns dos presentes, oriundos de outras regiões do país, para o potencial ornitológico dos seus próprios locais de proveniência. E, em relação aos participantes da região do Alentejo, foi importante dar a conhecer a avifauna da região, de modo a poder ser potenciada em termos turísticos, da forma mais adequada a responder à procura exigente e sem colocar em risco o trabalho de conservação das espécies. Seminar I, entitled “Sustainable Tourism in Rural Areas: Successful experiences in Portugal and Europe”, was held on March 6 and 7, 2013. The seminar had three thematic sessions: Session I - “Challenges of rural areas in the 21st Century: the importance of tourism”; Session II - “Tourism in natural areas”; Session III - “Pathways towards sustainability…”. First session provided a context about main dynamics established in rural territories, in particular in Baixo Alentejo (south of Portugal), what the prospects are for the future and what role can tourism play in developing these territories. Second session meant to focus on opportunities and constraints of areas with important natural values, from the perspective of tourism companies and the sustainable development of territories. Third session meant to address pathways that have been followed, or can be implemented, contributing towards tourism sustainability, from a business and territorial management perspective. A visit to the municipality of Castro Verde also took place, in the afternoon of the first day, to present the Castro Verde Center for the Promotion of Heritage and Tourism, the Rurality Museum (at Entradas) and a recently opened rural tourism unit Casa dos Castelejos (in Carregueiro). Seminar II, entitled “Ornithological Potentials for the Sustainable Development of Rural Areas in Portugal”, was held on April 11 and 12, 2013. This seminar meant to approach a specific tourism segment, which has been subject of growing interest among public and private entities. Thus, the event meant to discuss ornithological tourism potentials for the development of disadvantaged territories, particularly in Natura 2000 areas. Representatives of national and regional Public Institutions presented the work that has been conducted and will be developed in the short, medium and long term, in what concerns tourism promotion (indoors and outside Portugal) and the conservation of habitats and their birdlife, responsible for the tourist attractiveness of territories with important ornithological values. In the afternoon, invited speakers have presented some of most relevant cases developed by NGOs and public and private institutions, in what concerns the conservation of representative bird species and the use of their tourism potential, towards the development of areas where they are located. This was an opportunity to disclose the best that is being done in the country (mainland and islands), to establish necessary conditions towards the development of ornithological tourism in some of Portuguese regions. It was also essential the alert to the necessity of assuring sustainability of this activity, particularly when important natural values are at stake! A field visit with the participants took place in the morning of the second day, to show in loco the ornithological potential of the Castro Verde region and raise awareness about the necessity to preserve birdlife. Thus, it was possible to make a wake-up call among participants, coming from other parts of the country, about the ornithological potential of their own places of origin. And, in what concerns participants of the Alentejo region, it was important to let them know about the birdlife of the region, so that it can be in enhanced in terms of tourism, in a way that can meet the high demands without putting at risk the conservation work with steppe birds. By the Organizing Committee Esmeralda Luís P’la Comissão Organizadora Esmeralda Luís 4 seminários Projeto Turismo em áreas Rurais Livro de comunicações 5 SEMINÁRIO I | SEMINAR I CASTRO VERDE 2013 Turismo Sustentável no Espaço Rural: Experiências de sucesso em Portugal e na Europa Sustainable Tourism in Rural Areas: Successful experiences in Portugal and Europe Temas abordados: turismo, desenvolvimento rural, sustentabilidade e certificação. Público-alvo: agentes turísticos, técnicos, ONGs e Associações de Desenvolvimento Locais e Regionais, estudantes e público em geral. Seminar Themes: tourism, rural development, sustainability and certification. Destination Public: tour operators, technicians, NGOs and Associations of Local and Regional Development, students, as well as for the general public. PROGRAMA DIA 6 DE MARÇO Discurso de Abertura Sessão I – Desafios dos territórios rurais no século XXI: a importância do turismo Visita ao Centro de Promoção do Património e do Turismo de Castro Verde, Museu da Ruralidade (na localidade de Entradas) e à unidade de turismo rural Casa dos Castelejos (na localidade do Guerreiro), todos no concelho de Castro Verde. SEMINAR PROGRAM 6TH OF MARCH Opening Speech Session I – Challenges of rural areas in the 21st century: the importance of tourism Visit to the Castro Verde Center for the Promotion of Heritage and Tourism, the Rurality Museum (in Entradas) and Casa dos Castelejos a rural tourism unit (in Carregueiro), all in Castro Verde municipality. DIA 7 DE MARÇO Sessão II – Turismo em áreas naturais Sessão III – Caminhos para a sustentabilidade… 6 7TH OF MARCH Session II – Tourism in natural areas Session III – Paths towards sustainability… seminários Projeto Turismo em áreas Rurais Livro de comunicações 7 Discurso de Abertura Opening Speech Sessão de apresentação de comunicações. Communication of presentations. 8 seminários Projeto Turismo em áreas Rurais Livro de comunicações 9 Discurso de Abertura Francisco Duarte, Presidente da Câmara Municipal de Castro Verde Caro Professor Eugénio Sequeira, da Direção da LPN, Ex.ma senhora Drª. Maria Manuel Gantes em representação do Presidente da Turismo do Alentejo, Ex.ma senhora Drª. Rita Alcazar, e demais equipa da LPN do Vale Gonçalinho. Caros participantes, Minhas senhoras e meus senhores: É para nós motivo de particular regozijo assumir este papel de anfitrião neste seminário sobre Turismo Sustentável no espaço rural, cuja oportunidade não queremos deixar de assinalar. Na senda das iniciativas que a Liga para a Protecção da Natureza tem vindo a realizar no concelho de Castro Verde, a diversidade dos temas abordados, a pertinência da sua exposição e, acima de tudo, os contributos que aqui chegam, fazem delas uma importante escola para todos nós, para além de ser um espaço importante de convívio e troca de impressões. Pelo trabalho desenvolvido ao longo de todos estes anos, a LPN tem-nos habituado a desenvolver um olhar crítico sobre o território, e a proporcionar a outros essa análise, que assentando na diversidade, na pluridisciplinaridade e na responsabilidade cívica que a LPN tem assumido, nos intui a desenvolver uma relação profunda e efectiva com esta instituição que, sem sombra de dúvida, integra de corpo e alma o tecido social e económico desta região. De há mais de 20 anos que a colaboração entre o Município de Castro Verde e a LPN tem sido profícua e cujos frutos se têm reflectido na valorização deste território: • seja nas diversas ocasiões em que o trabalho da LPN leva o nome de Castro Verde aos quatro cantos do mundo através de artigos de revistas, projectos de investigação, programas de televisão ou documentários; • seja na interacção permanente com as populações locais, permitindo-nos construir um olhar diverso e rico sobre as relações entre o homem e a natureza; • ou ainda nos resultados extraordinários que aqui têm sido conseguidos na defesa do património ambiental e da avifauna, sem colocar em causa a procura da qualidade de vida das populações e a sua sustentabilidade. E se de sustentabilidade estamos a falar, o turismo é uma componente indispensável para o reforço da sustentabilidade do território e do desenvolvimento da nossa região. E acima de tudo, se falamos de um turismo não massificado, de longa duração e de relações não apenas ocasionais entre o turista e o cidadão da região, no respeito pelos que cá estão e, ao mesmo tempo, na dignificação do extraordinário património natural, cultural e arquitectónico que aqui existe e que tem como depositários maiores as pessoas que aqui vivem todos os dias do ano. Que vivem da agricultura, do pequeno comércio, dos serviços de proximidade. São eles, afinal, quem dão a identidade à geografia física e humana das terras do Campo Branco. O tema do Turismo sustentável no espaço rural é para nós um vector da política de desenvolvimento sensível mas indispensável para crescermos enquanto comunidade, e para o qual estamos a trabalhar dentro das nossas capacidades e, acima de tudo, das nossas disponibilidades, sejam elas económicas, técnicas ou financeiras, mas com o objectivo claro de dar o passo certo e compassado. Talvez por isso, e dado que a algumas instituições sectoriais caberão responsabilidades mais directas sobre temas mais específicos, como o caso da LPN para a preservação e estudo da avifauna, ou da Associação de Agricultores do Campo Branco na área da agropecuária, temos procurado criar as condições necessárias para o desenvolvimento de actividades nesta área com todas as dinâmicas necessárias vindas, em particular, do sector privado e pelas mãos dos mais jovens. A nós cabe-nos valorizar as vias de comunicação internas e criar outras novas, como aconteceu recentemente com a estrada Entradas a S. Marcos da Atabueira; a nós cabe-nos a criação e a manutenção de uma paisagem urbana de qualidade e a criação de condições para a fixação das pessoas nos aglomerados rurais, objectivo que sairá muito em breve reforçado com o projecto de electrificações rurais; a nós cabe-nos um papel importante na preservação do património construído e, em particular, do património histórico com o envolvimento directo na recuperação de igrejas e capelas; a nós cabe-nos a criação ou o apoio a iniciativas que mostrem a especificidade cultural destas terras do Campo Branco; a nós cabe-nos a criação de serviços que permitam a permanência de mais turistas, assim como aumentar a oferta de outros serviços que enriqueçam essa estada entre nós. Aqui, e a título de exemplo, gostaríamos de destacar o Parque de Campismo e o conjunto de totens informativos que permitem conhecer melhor as peças de arte pública ou os monumentos da Vila de Castro Verde, a qualquer hora do dia. O turismo faz-se de todas estas componentes. E acima de tudo faz-se no saber mostrar e vender todas estas componentes. É por isso que iniciativas que permitam conhecer recursos, valorizar competências e desenvolver parcerias são, no nosso entendimento, indispensáveis para crescer bem, solidamente, e tendo como principal premissa o respeito pelas populações locais. 10 E o projeto Vale Gonçalinho, com todas as suas componentes, tem aqui um papel importante a desenvolver. Nomeadamente no turismo de observação de pássaros. No encaminhamento de pessoas, na formação, na sensibilização, no passar de informação para os agentes que estão no terreno. E se o objecto de valorização é, entre outros, a abetarda, o sisão, o tartaranhão ou o peneireiro, não podemos esquecer a importância que têm neste ambiente e nesta paisagem todos aqueles que permitem que estas aves deixem a lista de espécies em extinção. A necessidade de espaços de preservação da avifauna, ou da flora, potenciam, na nossa opinião, a participação das populações locais como actores de desenvolvimento. Porque na relação com o meio, as populações desenvolvem actividades que são indispensáveis para que o ecossistema seja cada vez mais equilibrado e diverso. Lembremo-nos da apicultura, da cinegética ou da agricultura tradicional. Reparemos como umas actividades e outras trazem mais vida aos campos e, dessa forma, não permitem transformar estas zonas em “desertos humanos”, potenciando um turismo diferente, concebido e explorado em benefício dos residentes. Mas aqui é também muito importante a informação, a formação dos jovens em idade escolar para que estes sejam o veículo de transmissão do que se faz, do que se pretende e da riqueza que pode ser o turismo em espaço rural. Num contexto macroeconómico o turismo em zonas rurais pode ser um estímulo para a redescoberta deste interior perigosamente sujeito à desertificação humana, ao envelhecimento, ao esquecimento. No actual contexto económico, o turismo em zonas rurais pode ser uma resposta de muitos cidadãos à crise de trabalho, já que aumenta recursos e potencia outros mais ou menos desconhecidos ou pouco valorizados. Uma certeza temo-la. Aqui não se corre o risco da banalização do destino turístico. Este território é um palco apto para novas formas de turismo alternativo e, acima de tudo, para um turismo personalizado e um turismo da diversidade. Esta é uma actividade que já se perspectiva importante ao nível do concelho. Conhecemos um turismo cada vez mais comum entre nós em cuja génese estão as realidades dinâmicas que se desenvolvem aqui ao longo de todo o ano. Iniciativas culturais e desportivas que têm lugar no concelho e que trazem pessoas. O Entrudanças, a Planície Mediterrânica, a Feira de Castro são bem o exemplo do que estamos a dizer. Mas também entram aqui a observação de pássaros ou a utilização dos equipamentos desportivos por selecções de atletismo, de futebol, etc.. No estado actual, importante seria efectuar um trabalho de articulação que permitisse a chegada da informação a operadores e, acima de tudo, da rentabilização de um conjunto grande de potencialidades que precisam ser maximizadas, já que não têm sido pequenos os investimentos que se têm realizado. Este seminário pode ser um ponto de viragem importante. Apesar de vivermos uma crise que se vai generalizando cada vez mais, a actividade turística continua a ser fundamental para a economia dos lugares e das pessoas. Aqueles que souberem responder mais eficazmente à procura, com qualidade, com diversidade, com organização, serão seguramente aqueles que sobreviverão a uma crise que infelizmente está a pôr fim de uma forma dramática a muitos empregos, que diminui as nossas capacidades financeiras e que leva os nossos jovens à emigração. O turismo é um caminho. E agarrá-lo é ajudar a construir um cenário mais rico para quem está aqui e para quem vem à procura de momentos que sejam únicos. Este seminário é um bom ponto de encontro para conhecermos propostas, experiências, rotas traçadas e caminhos seguidos. Mas é também uma forma de mostrar que muito há a fazer e, sobretudo, a aproveitar. Uma certeza deixamos aqui. Contem connosco. Castro Verde, 6 de Março de 2013 seminários Projeto Turismo em áreas Rurais Livro de comunicações 11 Opening Speech Francisco Duarte, President of the Castro Verde Municipality Dear Professor Eugénio Sequeira, from the LPN Direction Board, dear Madam Maria Manuel Gantes representing the President of Turismo do Alentejo ERT, dear Madam Rita Alcazar, and remaining team of LPN from Vale Gonçalinho. Dear participants, Ladies and Gentlemen: We are particularly pleased to be hosting this seminar about Sustainable Tourism in rural areas, whose opportunity we cannot fail to notice. The path of initiatives that LPN has undertaken in the Castro Verde municipality, the diversity of covered subjects, their relevant exposure and, above all, the derived contributions, turns them into an important school for us all, apart from being a great forum of social interaction and exchange of views. With the work developed throughout all these years, LPN has got us used to develop a critical view on the territory, and offers others that analysis, based on diversity, multidisciplinary and civic responsibility, thus leading us to develop a deep and effective relationship with this institution that, undoubtedly, integrates with body and soul the social and economic fabric of this region. The collaboration between the municipality of Castro Verde and LPN has been fruitful for more than 20 years and fruits have been reflected in the territory enhancement: • either on many occasions wherein the work of LPN takes Castro Verde name to all corners of the world, through magazine articles, research projects, documentaries or television programs; • or in the permanent interaction with local populations, allowing us to build a diverse and rich look about the connection between man and nature; • or even in the extraordinary results that have been accomplished in defending the environmental heritage and birdlife of the region, without jeopardizing the search for the populations’ quality of life and their sustainability. And when addressing sustainability, tourism is a necessary element to strengthen the territory sustainability and our region development. In particular if we speak about a long-term, non-over crowded tourism, and not just occasional relations between the tourist and the region’s citizen, respecting the community and, at the same time, dignifying its remarkable natural, cultural and architectural heritage and having as trustees the people who live here all year round. These people live from agriculture, small businesses and local services. After all, they give an identity to the physical and human geography of the Campo Branco lands. Sustainable Tourism in rural areas is for us a vector of the development policy, sensitive but vital so that we can grow as a community, and we are working for it within our ability and, above all, with the means at our disposal, be they economic, technical or financial, but with the clear aim to take the right step and fast paced. Maybe because of that, and given the more direct responsibilities of sectorial institutions on specific subjects, such as LPN with the preservation and study of birds, or the Campo Branco Farmers Association in the agricultural area, we have sought to create the necessary conditions for the development of activities in this area with all the necessary dynamics, coming in particular from the private sector and by the hands of the youngest. It is up to us to improve roads and create new ones, like recently happened with the road between Entradas and S. Marcos da Atabueira; it is up to us the creation and maintenance of the urban landscape quality and the creation of conditions for the maintenance of people in rural villages, intention which will soon be reinforced with the rural electrification project; it is up to us the important role of preserving the built heritage, in particular, the historical heritage with a direct action in recovering churches and chapels; it is up to us the creation or support towards initiatives showing the cultural distinctiveness of Campo Branco’s lands; it is up to us the creation of services enabling more tourists to stay, as well as the increase of other services that enrich their stay amongst us. As an example, we highlight the Camping Park and the set of informative totems that provide a better understanding of public art pieces or monuments in the town of Castro Verde, twenty-four hours a day. Tourism is the result of all these components. And above all, is the result of knowing to show and sell all these components. This is why initiatives that allow knowing resources, value skills and develop partnerships are, in our understanding, requirements for a good and solid growth, and having as main assumption the respect for local populations. And, in this regard, the Vale Gonçalinho Project, with all its components, has a key role to perform. Namely, on what concerns the birdwatching tourism. In what concerns providing assistance and information to visitors, in giving training, in raising awareness and transferring information to those who are in the field. And if the subject of value is, among others, the great bustard, the little bustard, the harrier or the kestrel, one cannot forget the importance for this environment and landscape of all those that contribute for these birds to be removed from the list of endangered species. The need for spaces that preserve birdlife, or flora, in our opinion boost the participation of local populations as 12 development stakeholders. Because people in their relation with the environment, develop activities that are indispensable for the ecosystem to be diverse and balanced. One should mention the apiculture, the hunting or the traditional agriculture. We should notice how some activities and others bring more life to the fields and, thus, prevent these areas from becoming “human deserts”, enhancing a different kind of tourism, designed and explored for the benefit of locals. But it is also very important to inform, to train young people of school age to be means of transmitting what is being done, what is envisioned and what can be the potential of rural tourism. In a macroeconomic context, tourism in rural areas can encourage a rediscover of the country´s inland, dangerously prone to human desertification, to ageing, to oblivion. Within current economic context, tourism in rural areas can be a way for many citizens to escape the work crisis, since it increases resources and boosts others, more or less unknown or undervalued. We are sure of one thing. There is not the risk of trivialization of this tourism destination. This is a territory fit for new kinds of alternative tourism and, above all, for a customized tourism and diversity tourism. This is an activity regarded as important for the municipality. We see tourism and on its roots we can find all the dynamics generated throughout the year. Cultural and sports initiatives taking place in the municipality that attract people. The “Entrudanças”, the “Planície Mediterrânica”, the “Feira de Castro” are excellent examples of these initiatives. Birdwatching or the use of sports equipment’s by athletics or soccer teams, etc., also fit in these initiatives. Currently, it would be important to carry out advocacy work to provide tourism operators with relevant information and, above all, to get return from the large set of potentials that need to be exploited, considering investments that have been made which have not been minor. This Seminar can be an important turning point. Despite we are experiencing a crisis which is becoming more widespread, the tourism activity remains essential for the economy of places and people. Those who respond more effectively to demand, with quality, with diversity, with organization, will surely be those who survive a crisis which is dramatically ending many jobs, diminishing our economic possibilities and leading our youngsters to emigrate. Tourism is a way. To seize it is to help build a richer set for those who are in the region and for those who come looking for unique moments. This seminar is a good forum to bring forward proposals, experiences, paths outlined and followed. But this is also a way of showing there is still much to be done and, above all, to make progress. One thing we can assure. You can count on us. Castro Verde, 6th March, 2013 seminários Projeto Turismo em áreas Rurais Livro de comunicações 13 Sessão I Desafios dos territórios rurais no século XXI: a importância do turismo Session I Challenges of rural areas in the 21st century: the importance of tourism 14 seminários Projeto Turismo em áreas Rurais Livro de comunicações 15 Alentejo: Principais Dinâmicas Socioeconómicas e Políticas Agrícolas Isabel Rodrigo1 Resumo Com base em informação secundária traçam-se os contornos das principais alterações registadas na utilização do solo agrícola da Região do Alentejo e territórios (NUTS II) que o integram, durante o período compreendido entre 1989 e 2009. Tendo por referencial as referidas alterações, identificam-se as principais estratégias, adotadas pelos gestores fundiários, que lhe estão subjacentes; os principais fatores explicativos das mesmas, bem como as respetivas consequências: económicas, sociais e ambientais. Alentejo: Main Socioeconomic Dynamics and Agricultural Policies Isabel Rodrigo1 Abstract The presentation outlines major changes in the use of agricultural land in the Alentejo region and its territories (NUTS II), between 1989 and 2009. Based on these changes, main strategies adopted by land managers are identified; also causes that explain them are identified, as well as its consequences: economic, social and environmental. Visita ao Centro de Promoção do Património e do Turismo de Castro Verde. Visit to theCastro Verde Center for the Promotion of Heritage and Tourism. 16 1 Professora Associada (associate professor) | Departamento de Ciências e Engenharia de Biossistemas, Instituto Superior de Agronomia - Universidade Técnica de Lisboa, Tapada da Ajuda, 1349-017 Lisboa (Portugal) | Tel. (+351) 213653100 | Fax (+351) 213653195 | E-mail: [email protected] seminários Projeto Turismo em áreas Rurais Livro de comunicações 17 Desenvolvimento Local nos Territórios Rurais: desafios para 2014-2020 Luís Chaves e Joaquim Amado2 Resumo A MINHA TERRA é uma rede de Associações de Desenvolvimento Local que têm a particularidade de ter gerido as três gerações de Programa de Iniciativa Comunitária LEADER e agora a Abordagem LEADER em Portugal. Atualmente, a Abordagem LEADER consubstancia a operacionalização do Eixo 3 relativo ao apoio ao desenvolvimento rural através do Fundo Agrícola de Desenvolvimento Rural (FEADER), promovendo, entre outros, o incentivo a atividades turísticas, a diversificação da economia rural e a conservação e valorização do património rural. Perspetiva-se, para futuro, em sede de preparação do próximo período de programação, que a capitalização da experiência acumulada dos agentes locais e do seu trabalho em proximidade, uma conceção de programas mais ajustados às necessidades e expetativas dos empreendedores locais, onde nomeadamente o apoio às atividades do setor do turismo sustentável no espaço rural deverá integrar Estratégias de Desenvolvimento Local concebidas e implementadas por Grupos de Ação Local, com financiamento plurifundo no quadro do Desenvolvimento Local de Base Comunitária. Palavras-chave: Associações de Desenvolvimento Local, FEADER, Abordagem LEADER, QEC 2014-2020, DLBC. Introdução A MINHA TERRA – Federação Portuguesa de Associações de Desenvolvimento Local - é uma rede de Associações de Desenvolvimento Local que tem a particularidade de ter gerido as três gerações de Programa de Iniciativa Comunitária LEADER e agora a Abordagem LEADER em Portugal. Foi criada em 2000, no período de transição entre o LEADER II e o LEADER+, ou seja entre o QCA II e o QCA III, com o objetivo de salvaguardar os princípios do programa e a consolidação dos territórios de intervenção das Associações de Desenvolvimento Local. A MINHA TERRA reúne hoje as 53 ADL que atualmente gerem a abordagem LEADER nos 3 Programas de Desenvolvimento Rural Portugueses, no Continente, Açores e Madeira. A Abordagem LEADER representa um “modelo de fazer acontecer o desenvolvimento”, ou seja privilegia a governação territorial, apoiando-se numa estratégia integrada e participada para a abordagem aos desafios locais. Para alcançar estes objetivos é essencial o envolvimento dos parceiros locais. Ou seja, este modelo assenta no pressuposto de que quem conhece as especificidades de cada território, está melhor posicionado para conduzir os destinos do desenvolvimento da sua região. O programa LEADER surgiu no final dos anos 80 do século passado, como uma resposta da Comissão Europeia à crise da Política Agrícola Comum, fruto dos problemas de excedentes agrícolas, problemas ambientais, ocupação desordenada do espaço, perda de identidade e de rendimentos dos agricultores e suas famílias, aumento do número de pessoas em situações precárias e em risco de exclusão, acentuando-se o êxodo para as zonas urbanas. Nessa altura, iniciou-se um processo de isolamento e envelhecimento da população rural e de desvitalização de muitas zonas rurais. Um problema complexo para o qual a Comissão sugeriu uma resposta integrada. As diferentes políticas de desenvolvimento rural experimentadas até então apoiavam-se sobretudo numa conceção sectorial das ajudas públicas, com a aplicação de processos centralizados, subsidiando “beneficiários” em vez de estimular os atores locais, os “portadores de projetos”, a adquirir as competências necessárias para se tornarem empreendedores e participantes no futuro dos seus territórios. Com o objetivo de repensar os fundamentos e os objetivos das políticas e de passar de uma lógica de crescimento assistido a uma lógica de desenvolvimento sustentável, o LEADER propõe uma abordagem do desenvolvimento rural que assenta nalguns princípios – que em nosso entender se mantém no essencial atuais e úteis para “trabalhar” em situações de crise: 1. organização de uma parceria local ao nível de um território – sob o nome de “grupo de ação local” – GAL, apoiado por uma equipa técnica permanente; 2. elaboração e execução de um “plano ou estratégia de desenvolvimento local”, definindo vários eixos de intervenção e priorizando as ações e os projetos a apoiar; 3. o trabalho de definição e implementação deste plano, apoia-se na participação efetiva dos atores locais e não apenas de estruturas da administração central; 4. o co-financiamento destes planos de ação pela Comissão Europeia, os Estados Membros e/ou as Regiões 18 sob a forma de uma subvenção global (e não de várias linhas orçamentais sectoriais) sobre a qual a parceria local deverá ter uma grande autonomia de decisão; 5. a multisectorialidade, ou seja, a procura sistemática de ligações (sinergias) entre as ações, no âmbito de uma estratégia global integrada (daí o acrónimo LEADER : “Ligação Entre Ações de Desenvolvimento da Economia Rural”); 6. trabalho em rede e a cooperação entre os territórios permitindo trocas de experiência para resolver problemas comuns e ganhos de escala para conquistar novos mercados. No atual quadro comunitário de apoio, a Abordagem LEADER operacionaliza o Eixo 3 relativo ao apoio ao desenvolvimento rural pelo Fundo Europeu Agrícola de Desenvolvimento Rural (FEADER): Qualidade de vida nas zonas rurais e diversificação da economia rural, através de medidas que visam: • a diversificação da economia rural, incluindo a diversificação para atividades não agrícolas; apoio à criação e ao desenvolvimento de microempresas, com vista a promover o espírito empresarial e a desenvolver o tecido económico; e incentivo a atividades turísticas; • a melhoria da qualidade de vida nas zonas rurais, incluindo serviços básicos para a economia e a população rurais; renovação e desenvolvimento das aldeias; conservação e valorização do património rural; • a aquisição de competências e a animação, com vista à preparação e execução de uma estratégia local de desenvolvimento. Preparação do Próximo Período de Programação O quadro 2014 – 2020, conforme as propostas de regulamentos comunitários, dá-nos uma possibilidade interessante de desenhar políticas públicas que deem, de facto, resposta às necessidades de cada Estado Membro da União e, principalmente, de cada território. Pela primeira vez, a proposta da Comissão para o Regulamento relativo ao apoio ao Desenvolvimento Rural, da Política Agrícola Comum, surge no âmbito de uma coordenação explícita – embora, em nosso entender com aspetos a requer clarificação - com a Política de Coesão, para a prossecução dos objetivos gerais da Estratégia Europa 2020, que são um crescimento inteligente, sustentável e inclusivo. No entendimento da MINHA TERRA, esta articulação é um dos aspetos fundamentais das propostas apresentadas pela Comissão, que prevêem a construção de um Quadro Estratégico Comum para os cinco grandes fundos: FEDER, FSE e Fundo de Coesão (como parte da Política de Coesão) e FEADER e Fundo Europeu das Pescas. A preparação de forma participada por cada Estado-Membro de um Acordo de Parceria é essencial para definir como este Quadro Estratégico Comum vai funcionar nesse Estado-Membro. Se de um ponto de vista estratégico e dos princípios, esta proposta da Comissão de coordenação entre fundos é oportuna e coerente, no que respeita à sua operacionalização, consideramos que se trata de um grande desafio lançado aos Estados-Membros, pela articulação interministerial e interdepartamental que exige ao nível da conceção dos Programas Operacionais e fundamentalmente da sua implementação, que não é prática corrente, nomeadamente em Portugal. Esta coordenação entre fundos pode assumir particular importância através da nova ferramenta sugerida pela Comissão o “Desenvolvimento Local de Base Comunitária (DLBC)”, previsto na proposta de Regulamento Comum dos Fundos. No final de 2012, o Conselho de Ministros Europeu chegou a acordo no que respeita aos regulamentos relacionados com os instrumentos de Desenvolvimento Territorial. Estes instrumentos, que têm já a concordância do Parlamento Europeu - indispensável no sistema atual de co-decisão entre a Comissão, o Conselho de Ministros e o Parlamento Europeu – são uma base para implementar uma abordagem de Desenvolvimento Local muito mais integrada, que até agora tem sido dificultada pela fragmentação da intervenção dos diferentes fundos europeus. Tendo em consideração que a experiência de várias gerações de LEADER é a inspiração da proposta metodológica para o DLBC, isso suscita-nos (enquanto “praticantes do LEADER”) a formular algumas reflexões e retirar 2 MINHA TERRA – Federação Portuguesa de Associações de Desenvolvimento Local. Praça da República, 12 - 1º, Apartado 335, 7800-427 Beja (Portugal) | Tel. (+351) 284 313 540 | Fax (+351) 284 313 550 | E-mail: [email protected] seminários Projeto Turismo em áreas Rurais Livro de comunicações 19 ensinamentos para a respetiva programação, nomeadamente: O papel das Estratégias de Desenvolvimento Local implementadas pelos Grupos de Ação Local, no quadro do DLBC, é especialmente relevante no período de crise que atravessamos pois permite a organização e capacitação dos agentes locais, numa lógica de co-responsabilização; conduz à identificação de necessidades específicas, mas também à mobilização dos recursos locais em torno de uma política de proximidade; e ainda à abertura dos territórios rurais ao exterior, tanto na busca de novos mercados como de know-how para ultrapassar problemas comuns, através das ações realizadas em cooperação. Contudo, apenas o Regulamento FEADER, condiciona os Estados-Membros a comprometer um mínimo de 5% para o DLBC (através do LEADER) e mesmo aí as orientações comunitárias ainda não são suficientes. Nos outros fundos (FEDER, FSE, Pescas…), o DLBC é apenas uma opção que os Estados-Membros poderão, ou não acolher no respetivo Acordo de Parceria. A nível nacional, e no que diz respeito ao Desenvolvimento Rural, a visão estratégica assumida pelo governo assenta numa lógica sectorial centrada na dimensão competitividade do complexo agro-florestal e defendendo a concentração de apoios no sector e na produção de bens transacionáveis. A dimensão do desenvolvimento territorial equilibrado - valorizando a diversidade de atividades económicas no meio rural independentemente da sua matriz agrícola - não está ainda suficientemente desenvolvida, tanto ao nível do diagnóstico de necessidades, recursos e oportunidade, como ao nível das orientações. Contudo, prevê-se uma orientação plurifundo na programação, pelo menos ao nível do DLBC. Conclusão Na perspetiva da MINHA TERRA, que defende uma abordagem integrada e de base territorial para as políticas de apoio ao desenvolvimento, esta nova proposta da Comissão é um aspeto potencialmente interessante para o trabalho transetorial a desenvolver para aumentar a criação de emprego, a qualidade de vida e a atratividade dos espaços rurais, em simultâneo com o combate às alterações climática e, sobretudo, assegurando a competitividade das agriculturas dos diferentes territórios. As novas perspetivas abertas pela programação encerram a grande oportunidade de, a nível local, se conceberem e implementarem Estratégias de Desenvolvimento Local plurifundos, ou seja, integrando as elegibilidades dos Fundos Estruturais (FEDER, FSE e Fundo de Coesão), assim como do FEADER e do Fundo Europeu das Pescas, pois permitirá dar corpo na implementação dessas estratégias ao diagnóstico territorial integrado que já hoje as ADL põem em prática, uma vez que - ao contrário do que acontece atualmente - o instrumento financeiro de apoio estaria também integrado. Consideramos ainda que a obrigatoriedade da Abordagem LEADER no seio dos Programas de Desenvolvimento Rural (PDR) financiados pelo FEADER e a experiência de tutela ao longo de vários períodos de programação, dão ao Ministério da Agricultura (MAMAOT) uma responsabilidade acrescida para liderar este processo de coordenação interministerial e entre fundos, ao nível do DLBC. Estas mudanças, para além de uma grande oportunidade, representam também desafios a nível local a serem ultrapassados em estreita articulação com as administrações. Por exemplo: • A necessidade do reforço e capacitação das parcerias locais, tanto ao nível da representatividade dos agentes e grupos de interesse do território, como das competências técnicas e políticas para a conceção, implementação e monitorização das estratégias de desenvolvimento local plurifundos de forma participada; • A noção de territórios funcionais ou territórios-projeto, não necessariamente coincidentes com os limites administrativos, mas sim estruturados em torno de valores estratégicos e/ou identitários, que esteve desde sempre associada ao LEADER, e que é atualmente também partilhada pela Política de Coesão. A escala da intervenção (principalmente no que respeita à população abrangida) não pode ser alheia aos métodos e objetivos que se pretendem atingir, devendo respeitar a vontade dos agentes locais, balizada por mínimos e máximos que, por um lado, garantam a massa critica necessária e, por outro, salvaguardem um trabalho de proximidade. O LEADER e as parcerias locais, sob a forma de ADL, surgiram há 20 anos para responder a uma situação de crise e promover respostas socioeconómicas ajustadas e de proximidade nos territórios rurais. Temos que reunir as condições para que continuem a realizar este trabalho, enfrentando agora os novos desafios que se avizinham. 20 Local Development in Rural Areas: Challenges for 2014-2020 Luís Chaves and Joaquim Amado2 Abstract MINHA TERRA is a network of Local Development Associations that has managed the three generations of the LEADER Community Initiative Programme and nowadays the LEADER Approach in Portugal. Currently, LEADER Approach encloses the implementation of Axis 3 on rural development support through the European Agricultural Fund for Rural Development (EAFRD), promoting, among others, incentives for tourism activities, diversification of the rural economy and preservation and enhancement of the rural heritage. It is foreseen, within the preparation for the next programming period and with the capitalisation of the experience gathered by local agents and their outreach work, the creation of programmes that better fit the needs and expectations of local entrepreneurs, namely with the support to activities of the sustainable tourism sector in rural areas integrating Local Development Strategies designed and implemented by Local Action Groups, with multifund financing under the framework of the Community-led Local Development. Keywords: Local Development Associations, EAFRD, LEADER Approach, CSF 2014-2020, CLLD. Introduction MINHA TERRA – Portuguese Federation of Associations of Local Development - is a network of Local Development Associations that has managed the three generations of the LEADER Community Initiative Programme and nowadays the LEADER Approach in Portugal. It was created in 2000, during the transition period between LEADER II and LEADER +, in other words, between CSF II and CSF III, with the aim of safeguarding the programme principles and the consolidation of the intervention territories of Local Development Associations. MINHA TERRA gathers today 53 LDA that presently manage the LEADER approach in the three Portuguese Rural Development Programmes, in Mainland Portugal, Azores and Madeira. LEADER approach represents a “model of making development happen”, that is, it gives priority to the territory governance, by relying on an integrated and participatory strategy to tackle local challenges. In order to achieve these goals it is essential to involve local partners. In other words, this model is based on the assumption that those who know the specificities of each territory are better placed to lead destinations of its region development. LEADER programme was created the late 80s of last century, as an European Commission answer to the Common Agricultural Policy crisis, resulting of problems like agricultural surpluses, environmental problems, disordered land occupation, loss of identity and income of farmers and their families, raise of people in precarious situations and at risk of exclusion, widening further the exodus to urban areas. At that time, was underway a process of isolation and ageing of rural population and loss of vitality of many rural areas. For this complex problem the Commission suggested an integrated response. All the different rural development policies experienced so far where mainly based on a public aid sectorial design, applying centralized processes, subsidizing “beneficiaries” rather than encouraging local players, the “project holders”, to acquire the skills required to become entrepreneurs and take part in the future of their territories. Aiming at rethinking the foundations and objectives of policies and moving from the assisted growth perspective towards the sustainable development perspective, LEADER proposes an approach to rural development based on some principles – that in our view remain current and useful to “function” in crisis situations: 1. organization of a local partnership at a territory level - under the name of “local action group” - LAG, supported by a permanent technical team; 2. preparation and implementation of a “plan or local development strategy” by setting out several intervention axes and prioritizing actions and the projects to be supported; 3. defining and implementing this plan, depends on the effective participation of local stakeholders and not only on central government structures; 4. co-funding of these action plans by the European Commission, Member States and/or Regions in the form of a global grant (and not several sectorial budget lines), on which the local partnership should have a significant decision -making autonomy; 5. multisectoriality, that is, the systematic search for connections (synergies) between actions, within an integrated global strategy (therefore the LEADER acronym: “Links between the rural economy and development actions”); 6. networking and cooperation between territories allowing experience sharing to solve common problems and trigger economies of scale to address new markets. Within the current community support framework, LEADER approach implements Axis 3 on rural development support seminários Projeto Turismo em áreas Rurais Livro de comunicações 21 by the European Agricultural Fund for Rural Development (EAFRD): quality of life and the management of economic activity in rural, through measures that aim: • diversification of the rural economy, including diversification towards non-agricultural activities; support for the establishment and development of micro-businesses, aiming to promote entrepreneurship and develop the economic fabric; and the promotion of tourism activities; • improving the quality of life in rural areas, including basic services for the economy and rural population; renovating and developing villages; preserving and making the best use of the rural heritage; • acquiring skills and running activities in order to prepare and implement a local development strategy. Preparation of the Next Programing Period Framework 2014 – 2020, in accordance with community regulation proposals, gives an opportunity to design public policies that, in fact, address the needs of each Member State of the Union and, mainly, of each territory. For the first time, the Commission’s proposal for the Regulation that supports Rural Development, of the Common Agricultural Policy, is obtained within a clear coordination – though, in our view, with aspects to be clarified - with the Cohesion Policy, for achieving general objectives of Europe 2020 Strategy, which are sharp, sustainable and inclusive additions. It is the opinion of MINHA TERRA that this articulation is one of the key aspects of the Commission´s proposals, which forecast the development of a Common Strategic Framework for the five main funds: ERDF, ESF and Cohesion Fund (as part of the Cohesion Policy) and EAFRD and European Fisheries Fund. Member State’s preparation of a participatory Partnership Contract is essential to define how the Common Strategic Framework will function on that Member State. This Commission proposal of coordination between funds, from a strategic point of view and in terms of the principles, is timely and consistent, but with regard to its implementation we consider it is a major challenge facing Member States, because of the inter-ministerial and interdepartmental articulation it requires for the design of Operational Programmes and essentially for its implementation, which is not common practice, namely in Portugal. This coordination between funds may be of particular importance through the new tool suggested by the Commission, the “Community-led local development” (CLLD), proposed in the Common Provisions Regulation. At the end of 2012, the European Union Council of Ministers reached agreement on regulations about the instruments of Territorial Development. These instruments, which already have agreement of the European Parliament - essential within the current co-decision system between the Commission, the Council of Ministers and the European Parliament - are the basis for implementing a much more integrated approach of Local Development, which so far has been hampered by the fragmented intervention of different European funds. Considering that the experience of several LEADER generations has inspired the methodological proposal for the CLLD, this leads us (as “LEADER practitioners”) to make a few observations and draw conclusions for its programing, namely: The role of Local Development Strategies implemented by Local Action Groups, within the CLLD framework, is particularly relevant in the current crisis we experience because it enables to organize and empower local stakeholders, based on shared responsibility; leads to identify specific needs, but also to mobilize local resources within a proximity policy; and also to rural territories external openness, either in the search for new markets or for know-how to overcome common problems, through actions carried out in cooperation. However, only ERDF Regulation sets Member States to commit a minimum of 5% for CLLD (through LEADER) and even so EU guidelines are still not enough. In other funds (ERDF, ESF, Fisheries ...), the CLLD is merely an option which Member States may decide to include or not in their Partnership Contract. At national level, and concerning Rural Development, the strategic view of the government is based on a sectorial approach focusing on the competitiveness dimension of the agroforestry complex and advocating the concentration of provisions in the sector and on the production of tradable goods. The dimension of the balanced territorial development - valuing the diversity of economic activities in rural areas regardless of their agricultural matrix - is not yet sufficiently developed, either at diagnosing needs, resources and opportunities, or in providing guidelines. However, it is expected a multi-fund guidance in programming, at least at the CLLD level. ment multi-fund Local Development Strategies, in other words, integrating eligibilities of Structural Funds (ERDF, ESF and Cohesion Fund) as well as EAFRD and the European Fisheries Fund, because while implementing these strategies it will allow to give substance to the integrated territorial diagnosis that has already been put to practice by the LDA since - unlike what happens today – the financial support instrument would also be integrated. We also believe that the inclusion of the LEADER approach within the Rural Development Programmes (RDP) funded by EAFRD and the guardianship experience of the Portuguese Ministry of Agriculture during several programming periods, gives it the greater responsibility to lead this process of inter-ministerial coordination and among funds, at the CLLD level. These changes, besides being a major opportunity, also pose challenges at the local level to be overcome by interacting closely with the administrations. For instance: • The need for reinforcement and capacity building of local partnerships, either in terms of the representativeness of stakeholders and groups of interest of the territory, or in terms of the technical and political skills for designing, implementing and monitoring, in a participatory way, multi-fund local development strategies; • The notion of functional territories or project-territories, not necessarily matching administrative boundaries, but territories based on strategic and/or defining values, which has always been linked to LEADER, and is also currently shared by the Cohesion Policy. The intervention scale (mainly regarding population covered) cannot be alienated from the methods and goals to be achieved, should respect the will of local stakeholders, and be bounded by minimum and maximum which ensure both the necessary critical mass and maintain an outreach-work. LEADER and local partnerships, in the form of LDA, where introduced 20 years ago to answer a crisis situation and promote appropriate socioeconomic responses and in proximity with rural territories. We must create conditions for them to continue the work carried out, now facing challenges ahead. Conclusion In the perspective of MINHA TERRA, which advocates an integrated approach and with a territorial basis for the development aid policies, this new proposal of the Commission is potentially interesting in terms of the cross-sectoral work to develop for raising employment, quality of life and attractiveness of rural areas, together with the fight against climate change and, above all, ensuring competitiveness of agricultures in different territories. New perspectives opened up by the programming enclose the major opportunity, at local level, to design and imple- 22 seminários Projeto Turismo em áreas Rurais Livro de comunicações 23 O impacto do Eixo LEADER do PRODER no Turismo no Alentejo Sudoeste David Merritt Marques3 Resumo Com implementação no terreno desde final de 2009 sob a responsabilidade do Grupo de Ação Local AL SUD, cuja entidade gestora é a Esdime, o Eixo LEADER do PRODER tem produzido uma significativa transformação no território do Alentejo Sudoeste fruto das oportunidades de apoio ao investimento que o mesmo tem criado no sector do Turismo, em particular, na dimensão de alojamento em Turismo em Espaço Rural e da animação turística. Interessa-nos avaliar, sobretudo, o impacto na oferta e na dinâmica de diversificação de atividades e de criação de emprego. Por outro lado, importa valorizar iniciativas que vão para além do apoio financeiro, nomeadamente, através das intervenções de cooperação, de que destacamos o projeto “Rotas Sem Barreiras”. The impact of LEADER axis of PRODER in Southwest Alentejo Tourism David Merritt Marques3 Abstract With on ground implementation since the end of 2009 under the responsibility of the Local Action Group ALSUD, whose management company is Esdime, the LEADER axis of PRODER has produced a significant change in the territory of the Southwest Alentejo result of opportunities of support to the investment that it has created in the tourism sector, in particular, the size of accommodation on Rural Tourism and tourist animation. We are interested in evaluating, especially the impact on the offer and the dynamics of diversification of activities and job creation. On the other hand, it is important to value initiatives that go beyond financial support, in particular through cooperation interventions, that include the “ Rotas Sem Barreiras - in English: Routes Without Barriers” project. Programa Dark Sky Alqueva - gestão integrada de destino Apolónia Rodrigues4 Resumo O Dark Sky® Alqueva é um programa estruturante de desenvolvimento sustentável que visa a implementação da Agenda para a Sustentabilidade e Competitividade do Turismo Europeu nos concelhos de Alandroal, Barrancos, Moura, Mourão, Portel e Reguengos de Monsaraz. E como tal, procura dar resposta a desafios como a redução da sazonalidade da procura, o impacto do transporte turístico, a melhoria da qualidade do emprego no sector do turismo, a melhoria da qualidade das comunidades face à mudança, minimizar o impacto da utilização de recursos e da produção de resíduos, conservar e acrescentar valor ao património natural e cultural, possibilitar o gozo de férias a todos e utilizar o turismo como ferramenta no desenvolvimento sustentável global. Pretende assim criar um destino onde o motivo de atractividade seja a fruição de um céu estrelado livre de poluição luminosa que permita oferecer ao turista actividades nocturnas. Para desenvolver o Dark Sky® Alqueva a parceria pública-privada que desenvolve este programa criou o Grupo de Trabalho Dark Sky® Alqueva que integra os municípios, empresas do sector do turismo e energéticas, associações e peritos nacionais e internacionais. Em Dezembro de 2011 a Reserva Dark Sky® Alqueva obteve a certificação Starlight Tourism Destination, e foi o primeiro destino do mundo a obter esta importante certificação da Fundação Starlight, órgão executivo da UNESCO, UNWTO e IAC. Esta certificação atesta a qualidade do céu, a sua disponibilidade mas também a qualidade dos serviços e recursos turísticos existentes no destino ao nível geral e mais especificamente a Rota Dark Sky® Alqueva. The impact of LEADER axis of PRODER in Southwest Alentejo Tourism The Dark Sky Alqueva Programe Apolónia Rodrigues4 Abstract The Dark Sky ® Alqueva is a structuring sustainable development program, which aims the implementation of the Agenda for European Sustainable and Competitive Tourism in the municipalities of Alandroal, Barrancos, Moura, Mourão, Portel and Reguengos de Monsaraz. And as such, seeks to address challenges such as reducing the seasonality of demand, the impact of tourism transport operations, improving the quality of employment in the tourism sector, to improve the quality of communities in the face of change, minimize the impact of using resources and waste generation, conserve and add value to natural and cultural heritage, enabling taking holidays to all and to use tourism as a tool in global sustainable development. It seeks to create a destination where the reason for the attractiveness is the fruition of a starry sky free of light pollution that allows the tourist to enjoy evening activities. To develop the Dark Sky ® Alqueva public-private partnership that develops this program created the Working Group Dark Sky ® Alqueva integrating municipalities, businesses in the tourism sector and energy, associations and national and international experts. In December 2011, Dark Sky Reserve ® Alqueva obtained the certification Starlight Tourism Destination, and was the first destination in the world to obtain this important certification from the Starlight Foundation, the executive body of UNESCO, UNWTO and IAC. This certification attests to the quality of the sky, its availability but also the quality of existing services and tourism resources in the overall destination level and more specifically the Route Dark Sky ® Alqueva (in Portuguese: Rota Dark Sky® Alqueva). Presidente da Direção da Esdime (Presidente of Esdime Directon Board) | ESDIME - Agência para o Desenvolvimento Local do Alentejo Sudoeste. Sede (Esdime) - Rua do Engenho n.º 10, 7600-337 Messejana (Portugal) | Tel. (+351) 284650000 | Fax (+351) 284 655 274 | E-mail: [email protected] 3 24 4 Presidente da Genuineland® - Rede de Turismo de Aldeia do Alentejo (President of Genuineland® - Alentejo Network of Village Tourism)| E-mail: [email protected] seminários Projeto Turismo em áreas Rurais Livro de comunicações 25 Mundo Montado: Animação Turística em meio Rural Elise Haton5 Resumo A Mundo Montado é uma empresa de Animação Turística situada no Baixo Alentejo, a região mais vasta de Portugal, onde encontramos uma paisagem natural e humana ancestral, o Montado, um ecossistema muito especial centrado no Sobreiro (Quercus suber). Praticamos o Ecoturismo norteados pela lógica da Economia Solidária. Acompanhamos os visitantes em passeios a pé ou em carrinha com todo o conforto, organizamos programas de viagem e visitas guiadas em várias línguas aos museus, aos circuitos arqueológicos, pelos históricos montes em taipa e os moinhos caiados de branco. Organizamos programas de vários dias, dia inteiro ou meio dia. Organizamos oficinas de artes e ofícios com os mestres locais com temáticas etnográficas ligadas ao artesanato, à música e às tradições. Dinamizamos Exposições e Eventos. Promovemos actividades de turismo comunitário com a população local, damos a conhecer o meio rural, as aldeias alentejanas com uma economia sobretudo agrícola, onde se vive ao ritmo das estações do ano. As nossas propostas são a tiragem da cortiça, a apanha da azeitona, a destila do medronho, a produção de mel e de vinho. E ainda o desporto e aventura com percursos pedestres, passeios a cavalo, pesca desportiva, canoagem e rotas identificadas para observação de aves. Introdução A região do Campo Branco, onde encontramos o Centro de Educação Ambiental do Vale Gonçalinho, é a mais importante zona de estepe cerealifera de Portugal e uma das mais importantes da Europa. Em 1999 foi constituída Zona de Proteção Especial para as Aves (ZPE) no âmbito da Rede Natura 2000. A paisagem caracteriza-se pela ausência de árvores e arbustos e pelo domínio das plantas herbáceas. A Abetarda (Otis tarda), ave residente tem aqui o seu maior núcleo reprodutor no país. É a ave mais pesada da Europa e uma das maiores aves voadoras do Mundo. Podemos observar as suas vistosas paradas nupciais entre Março e Abril. É na ZPE de Castro Verde que se encontra a maior densidade populacional desta espécie na Europa Ocidental. Em parceria com a Mundo Montado é possível realizar visitas para observação de aves e interpretação da paisagem, passeios pedestres, de bicicleta ou em todo-o-terreno com recurso a monitores experientes. Fotografia de natureza em abrigos colocados estrategicamente para fotografar as aves estepárias. (Todo o ano excepto em Julho, Agosto e até 15 de Setembro). O nosso objetivo •Valorizar o meio rural e a sua autenticidade através de atividades de animação turística junto das comunidades locais e do contacto direto com o seu modo de vida. Aproximando mais os visitantes da comunidade local. •Promover valores de responsabilidade social, sustentabilidade e respeito pelo meio ambiente através de uma atividade turística responsável. •Contribuir para a criação de oportunidades de emprego em meio rural e aumento do rendimento através da diversificação de serviços. Como é que a Mundo Montado faz a diferença? A Mundo Montado tem na sua origem uma forte componente estrutural de responsabilidade social e pretende contribuir diretamente para o desenvolvimento do meio onde se encontra através da valorização dos produtos locais e do envolvimento da comunidade nas atividades oferecidas. Contudo, isto só é possível porque a comunidade local é acolhedora e tem prazer em compartilhar momentos da sua vida cotidiana e os seus costumes, buscando uma nova e diferente forma de se relacionar entre si, com os visitantes e com o ambiente que a rodeia. A gestão do turismo responsável promovida pela Mundo Montado é norteada pela lógica da Economia Solidária. Com este intuito estamos a criar uma rede de fornecedores locais e parcerias nas mais diversas áreas da nossa região. Esta forma de organização coletiva fomenta a troca de experiências e saberes para a construção de estratégias de superação dos desafios económicos e sociais enfrentados nesta região. Sendo a cooperação e o desenvolvimento local fontes de crescimento, um dos objetivos é poder ajudar uma associação local de solidariedade social com a contribuição de 5% das nossas receitas. Turismo de Natureza Nestas atividades são minimizados os riscos de impacte negativo na natureza, graças à experiência dos guias e ao código de conduta seguido. Atuamos em zonas sensíveis que pertencem a áreas protegidas e torna-se extremamente necessário seguir estes critérios de forma a minimizar os impactes no meio ambiente. Estas atividades fomentam a criação de emprego na região e contribuem diretamente para as ações de Conservação da Natureza levadas a cabo pela Liga para a Protecção da Natureza (LPN). Turismo Comunitário A população local com uma economia sobretudo agrícola, vive ao ritmo da Natureza com a marcada sazonalidade das estações do ano. Assim, se desenvolve o dia-a-dia ditado pelas épocas de sementeiras, colheitas, trabalho das terras e dos animais. Esta forma de vida influencia profundamente a cultura local que aqui se encontra. Simples, hospitaleira, forte e resiliente. Esta região oferece aos seus visitantes o contacto direto com o meio rural e natural através da participação nas práticas diárias, a rica gastronomia com produtos biológicos, baseada no porco preto alentejano e no vinho, assim como outros produtos locais de degustação ou artesanato. É neste contexto que a Mundo Montado atua no território, sensível aos fatores da natureza e à cultura das suas gentes. Socia-Gestora da empresa Mundo Montado – Turismo Responsável no Alentejo (part-owner manager of Mundo Montado company) | Empresa de animação turística licenciada RNAAT nº 205/2012 - Turismo de Portugal I.P. | Tel. (+351) 933 195 567 | E-mail: [email protected] | www.mundomontado.com 5 26 seminários Projeto Turismo em áreas Rurais Livro de comunicações 27 Mundo Montado: Tourism in Rural Areas Elise Haton 5 Abstract Mundo Montado is a Tourism company located in the Southern Alentejo, Portugal. The Alentejo is the widest region of Portugal, here one finds a natural landscape created over centuries under the caring hands of the local inhabitants. The Montado is a very particular ecosystem, which thrives around the Cork Oak tree or Quercus suber. We pratice Ecotourism oriented by the logic of Solidarity Economy. We take our visitors through hiking trails or on van, we organize trips and guided tours in several languages to museums, archaeological circuits, historical earth buildings (taipa) and the white washed windmills. We can make day by day, full day or half day programs. We develop arts & crafts workshops along with an introduction to local music and traditions. We develop Exhibitions and Events. We promote community based tourism with the local population, we explore the Rural environment, the villages with an agricultural economy where you live according to the seasons. Our main suggestions are the cork harvesting, the olive picking, the distiled medronho , the honey and the wine production. Mundo Montado also offers Sports & Adventure activities with hiking trails, horse riding, sports fishing, canoeing and birdwatching routes and spots. Mundo Montado is a registered Tourism Company by the Turismo de Portugal RNAAT nº 205/2012. However, this is only possible because the local community is welcoming and happy to share moments of its everyday life and customs, seeking a new and different way to relate with each other, with the visitors and with the environment that surrounds it. The management of responsible tourism promoted by Mundo Montado is treated in a framework of community cooperation and guided by the logic of solidarity economy. With this intention we are creating a network of local suppliers and partnerships in various areas of our region to try to answer more accurately to the needs of those who contact us. This form of collective organization promotes the exchange of experiences and knowledge to build strategies for overcoming the economic and social challenges faced in the region. (Being local development and cooperation the sources of growth, one of the goals is to be able to benefit a local association of social solidarity with the contribution of 5% of our profit). Introduction The region of the Campo Branco was declared a special protection area for birds (SPA) within the Rede Natura 2000 program. The Great Bustard (Otis tarda), is the heaviest bird in Europe and one of the largest flying birds in the world. We can observe its incredibly courtship between March and April. The landscape is marked by the absence os trees ans bushes and mainly herbaceous plants. Mundo Montado organizes hiking trails for birdwatching and interpretation, cycling and all-terrain trips, using experienced monitors. It is also possible to book strategically placed shelters to photograph the steppe birds. (All year except in July, August and until September the 15th). Nature Tourism The experienced guides and the signed code of conduct minimize the risks of a negative impact on the Environment. We operate in sensitive protected areas and it becomes extremely necessary to follow these criteria in order to minimize the impacts on the environment. The activities create employment in the region and contribute directly to the actions held by LPN. Community Tourism The local population with a predominately agricultural economy, lives to the rhythm of nature and according to the seasons. Thus, developing the day-by-day with the sowing, harvesting, work the land and animals. This way of life deeply influences the local culture that we find here. Simple, hospitable, strong and resilient. This region offers its visitors the direct contact with the natural and rural environment through participation in daily practices, the rich cuisine with organic products, based on the Alentejano black pig and wine, as well as other local products for tasting and crafts. It’s in this context that Mundo Montado operates in the territory, sensitive to the nature and the culture of its people. Our goal •Enhancing the countryside and its authenticity through tourism activities with the local communities and the direct contact with their way of life. Bringing visitors closer to the local community. •Promoting values of social responsibility, sustainability and respect for the environment through a responsible tourism activity. •Contributing to the creation of employment opportunities in rural areas and increasing profits through service diversifying. How does Mundo Montado make a difference? Mundo Montado has in its core a strong structural component of social responsibility and intends to contribute directly to the development of the region with adding value to local products and involving the community in the activities offered. 28 seminários Projeto Turismo em áreas Rurais Livro de comunicações 29 A experiência global em turismo rural e desenvolvimento sustentável de comunidades locais - Apresentação de um projeto e de primeiros resultados Elisabeth Kastenholz6 Resumo Esta comunicação discute, com base em resultados de entrevistas a turistas, residentes e agentes locais de planeamento e da oferta turística vivem, experimentam e partilham “o rural”, em contextos diferentes e com perspetivas distintas. Após uma breve reflexão sobre o potencial do turismo em meio rural, face às transformações desse mesmo espaço, analisa-se a experiência turística vivida por parte dos stakeholders acima identificados, com base em dados recolhidos num estudo qualitativo sobre a experiência integral em turismo rural, realizado em três aldeias portuguesas7. Os resultados permitem uma discussão sobre o potencial do turismo vivido nas aldeias para o desenvolvimento sustentável das mesmas, com base na otimização da experiência integral de turismo em meio rural. Palavras-chave: experiência turística global, turismo rural, sustentabilidade, projeto ORTE. A experiência global em turismo rural As transformações do espaço rural, associadas ao declínio da agricultura, têm induzido uma procura de atividades alternativas, onde se destaca o turismo como nova oportunidade (Ribeiro & Marques, 2002; Sharpley, 2002). Observam-se simultaneamente tendências de mercado refletindo uma procura crescente de experiências novas, diversificadas, associadas à natureza e saúde, mas também ao património e uma vivência cultural distinta, numa busca de “autenticidade”, a contrastar a estandardização e massificação do contexto urbano globalizante, refletido num “idílio rural” (Figueiredo, 2008; Lane, 2009). Contudo, para assegurar o sucesso desta aposta no turismo como motor do desenvolvimento rural, importa conhecer e otimizar a experiência integral de turismo rural, cocriada por visitantes, residentes e agentes de oferta local (Kastenholz, Carneiro e Marques, 2012). Esta experiência é complexa, passa por atividades, perceções, sensações, emoções e significados, que podem ser distintos para turistas e atores locais, até de indivíduo para indivíduo, tornando a sua “otimização” uma tarefa deveras difícil. Acresce que é uma experiência multifacetada e variada, de contexto para contexto, na medida em que assenta em recursos e momentos, partilhados e condicionados por visitantes, comunidade e agentes locais, bem como por um território com características únicas e distintivas (Kastenholz, 2010). É, por isso, pertinente analisar a experiência turística vivida em 3 aldeias portuguesas, pelos diversos stakeholders envolvidos na sua cocriação, antes de sugerir abordagens de melhoria. Evidências do projeto ORTE O projeto ORTE estuda, de forma holística e interdisciplinar, a experiência de turismo rural oferecida, vivida e interpretada de modo distinto por diversos agentes envolvidos na sua cocriação (turistas, residentes e agentes de oferta e planeamento) em 3 aldeias portuguesas. Todas partilham problemas típicos dos territórios do interior rural do país (envelhecimento da população, desertificação) e em todas houve um investimento público na sua recuperação (entre outros motivos) para fins turísticos, registando-se ainda, em todas, investimento privado na atividade turística. O projeto pretende compreender a natureza da experiência bem como conflitos de interesse e diferenças entre a experiência turística real e potencial. Com base nessa análise e no conhecimento, teórico e prático, dos investigadores integrados na equipa, acerca de planeamento, gestão e marketing de destinos, serão propostas formas de superar esses conflitos e lacunas, visando o desenvolvimento sustentável das aldeias (Kastenholz, 2010). Numa primeira fase do projeto foram entrevistados 84 visitantes (37 turistas, 39 excursionistas e 8 turistas residenciais), 50 residentes, 25 agentes da oferta turística local e 20 representantes de entidades de desenvolvimento e planeamento territorial. As entrevistas foram gravadas e transcritas, permitindo uma análise detalhada de conteúdo, categorização e sistematização dos principais temas referidos, com apoio do software WebQDA. Efetuou-se uma análise de padrões e comparativa no sentido de compreender consensos e diferenças de visão entre stakeholders. Ao nível das motivações da visita, os entrevistados referem o contacto com a natureza, o interesse em coisas novas e diferentes do dia-a-dia, a fuga ao stress urbano, como motivações gerais e aspetos relacionados com os recursos específicos de cada aldeia (Linhares- castelo e história; Janeiro- arquitetura de xisto; Favaios – vinho) e as respetivas redes, visíveis nas marcas (Aldeias Históricas, de Xisto e Vinhateiras), como fatores motivadores particulares. Na pró- pria vivência turística destacam-se as experiências sensoriais (odores, sons, tato, paladar e visão), frequentemente associadas ao referido “idílio rural”, sendo a sensação de paz e tranquilidade patente no “silêncio”, mas também refletida nos sons próprios da natureza (vento, água, pássaros), muitas vezes em contraste com a cidade: “… No fundo, é ouvir a natureza e não estar a ouvir os outros sons da cidade…” Também os aromas da natureza são referidos (cheiro das plantas: flores e ervas; pinheiros; cheiro da “terra”). Os sabores associados pelos turistas são de produtos alimentares locais, como queijo e enchidos (Linhares); compotas, maranhos e castanhas (Janeiro de Cima); vinho e a “verdadeira comida à portuguesa” (Favaios). A experiência visual vem destacada nos relatos dos turistas, referindose às cores (sobretudo o “verde” da natureza, mas também castanho, cinzento e azul do céu) e aos elementos mais emblemáticos e pitorescos de cada aldeia (o castelo, granito, xisto, arquitetura, as ruas de pedra, as vinhas). No imaginário visual tanto se verificam elementos comuns ao “idílio rural” como distintivos, referentes à especificidade de cada aldeia. Os turistas apreciam a interação com os residentes locais, considerados hospitaleiros e “autênticos”, embora reconhecem-na como superficial, frequentemente num contexto de curta estada. Os residentes e agentes da oferta e planeamento mostram conhecer, globalmente a motivação turística e o potencial do turismo para a aldeia, avaliando o fenómeno como bastante positivo, tanto em termos de benefícios económicos como de animação da vida social, mas apontam a necessidade de melhorias ao nível do aproveitamento de recursos existentes. Enquanto os agentes locais sugerem globalmente mais investimento, os agentes de desenvolvimento e planeamento apontam a necessidade de uma melhor articulação das iniciativas em rede e reconhecem as fragilidades estruturas do espaço rural envelhecido e desertificado. Conclusões O projeto ORTE permitiu evidenciar alguns aspetos centrais procurados e vividos por parte dos turistas que refletem efetivamente uma vivência de um “idílio rural” imaginado, mas também o reconhecimento de elementos patrimoniais distintivos, valorizados pelos visitantes bem como pelos atores locais. Os sentidos assumem um papel central nesta experiência, refletindo o “idílio rural” pelos… cheiros, sons, sabores, imagens da “terra”, do “campo”, da natureza, frequentemente em contraste com a cidade. Embora muito satisfeitos com a experiência, os visitantes tendem a ficar pouco tempo, o que remete para uma necessidade de melhorar a experiência turística. Os stakeholders locais subscrevem esta necessidade, entendem o potencial papel do turismo para o desenvolvimento da aldeia e a sua dinamização, a vários níveis, exigindo investimentos, novas estratégias, colaboração e articulação das iniciativas, sobretudo aproveitando a riqueza de recursos existentes (materiais e imateriais), identificados pelos atores locais. Estes poderão ser integrados em experiências dinâmicas de cocriação, com potencial para diferenciação, atração e satisfação do turista, enquanto do ponto de vista dos atores locais, potenciador de um desenvolvimento sustentável pela valorização de recursos, saberes e pessoas da comunidade. Referências Figueiredo, E. (2008). Imagine there’s no rural – the transformation of rural spaces into places of nature conservation in Portugal. European Urban and Regional Studies, 15 (2), 159-171. Kastenholz, E. (2010). Experiência Global em Turismo Rural e Desenvolvimento Sustentável das Comunidades Locais. Actas do IV CER, Congresso de Estudos Rurais, University of Aveiro, Aveiro. Kastenholz, E., Carneiro, M. J., & Marques, C. (2012). Marketing the rural tourism experience. In R.H. Tsiotsou & R.E. Goldsmith (Eds.), Strategic Marketing in Tourism Services (pp. 247-264). Bingley: Emerald. Lane, B. (2009). Rural Tourism: An Overview. In T. Jamal & M. Robinson (Eds.), The SAGE Handbook of Tourism Studies (pp. 354-370). London: Sage Publications. Ribeiro, M., & Marques, C. (2002). Rural tourism and the development of less favoured areas - between rhetoric and practice. International Journal of Tourism Research, 4(3), 211-220. Sharpley, R. (2002). Rural tourism and the challenge of tourism diversification: the case of Cyprus. Tourism Management, 23(3), 233-244. Professora Associada da Universidade de Aveiro (associate professor of Universidade de Aveiro) | Tel. (+351) 234 370 026 | E-mail: [email protected] Projeto de investigação (2010-2013), financiado pela FCT (PTDC/CS-GEO/104894/2008) e intitulado “A experiência global em turismo rural e desenvolvimento sustentável de comunidades locais” (ORTE). O projeto analisa este fenómeno, em 3 comunidades/ territórios rurais, freguesias do Norte e Centro de Portugal: Janeiro de Cima (Fundão), Linhares da Beira (Celorico da Beira) e Favaios (Alijó). 6 7 30 seminários Projeto Turismo em áreas Rurais Livro de comunicações 31 The overall rural tourism experience and sustainable development of local communities – Presentation of a research project and its preliminary results Elisabeth Kastenholz6 Abstract This communication discusses, based on exploratory results of a research project, how tourists, residents and local agents of tourism planning and supply live, experiment and share “the rural”, in diverse contexts and with distinct perspectives. After a brief reflection on the potential of tourism in rural areas, given the transformations of this space, the tourist experience lived by all stakeholders identified above is studied, based on qualitative data collected in three Portuguese villages on the integral rural tourism experience8. Results permit a discussion regarding the potential of the tourism lived in these villages for contributing to their sustainable development, based on an optimization of the integral tourist experience in rural these areas. Keywords: overall tourist experience, rural tourism, sustainability, ORTE project. The overall rural tourism experience The transformations of the rural space, associated to agriculture decline, have induced the search for alternative activities, where tourism stands out as a new opportunity (Ribeiro & Marques, 2002; Sharpley, 2002). There are also market trends observable reflecting a growing demand for new, diversified experiences, associated to nature and health, but also to heritage and the living of a distinct cultural experience, in search for “authenticity”, contrasting with standardization in the globalizing urban context, a “rural idyll” (Figueiredo, 2008; Lane, 2009). However, for assuring the success of an investment in tourism as a rural development tool, it is important to know and optimize the integral rural tourism experience, co-created by visitors, residents and local agents of supply (Kastenholz, Carneiro and Marques, 2012). This experience is complex, marked by activities, cognitions, sensations, feelings and meanings which may be distinct for tourists and locals, even for each individual, making its “optimization” a difficult task. Additionally, the experience is multifaceted and varies from context to context, in so far as it is based on resources and moments, shared and conditioned by visitors, community and local agents, as well as by a territory with unique and distinctive features (Kastenholz, 2010). It is therefore pertinent to first analyze the tourist experience lived in the three villages by the diverse stakeholders involved in its co-creation before trying to improve it. Evidence from the ORTE project The ORTE project studies, in a holistic and interdisciplinary manner, the rural tourism experience offered, lived and interpreted distinctly by diverse agents involved in its co-creation (tourists, residents and agents of supply and planning) in three Portuguese villages. All share similar problems, typical to the country’s rural hinterland (population ageing, out-migration), and in all there was public investment for their restoration, amongst other purposes, for tourism, with all also presenting private investment in tourism. The project aims at understanding the nature of the experience as well as gaps between conflicting interests and between the real and potential experience lived in each village. Based on this analysis and the know-how of the researchers in the team (in destination planning, management, marketing), solutions to bridge these gaps are suggested, yielding the villages’ sustainable development (Kastenholz, 2010). In a first project phase, 84 visitors (37 tourists, 39 excursionists, 8 residential tourists), 50 residents, 25 agents of local supply and 20 agents of territorial planning entities were interviewed. Interviews were tape-recorded and transcribed, permitting a detailed content analysis, the categorization and systematization of themes (with the WebQDA software), identification of patterns and comparisons between stakeholders. In terms of tourist motivations, respondents referred to contact with nature, an interest in new and different things, change from the daily urban stress, as general motivations, and aspects related to specific features of each village (Linhares- castle and history; Janeiro- schist architecture; Favaios – wine) and corresponding networks, mirrored in the brands Historical, Schist and Wine producing Villages, as specific motivating factors. In the tourist experience sensorial elements stand out (scents, sounds, touch, taste and vision), frequently associated to the mentioned “rural idyll”, with the feeling of peace and quiet reflected in “silence”, but also sounds of nature, like wind, water and birds, often referred to in contrast with the city:”…Basically, it’s listening to nature and not hearing other sounds - of the city…” Also scents of nature are mentioned, specifically the scent of plants: flowers and herbs; pine trees; the “smell of earth”. The flavours associated by tourists with the village are those of local food, like cheese and sausages (Linhares); marmelade and chestnuts (Janeiro de Cima) or wine and the “real Portuguese food” (Favaios). The visual experience is also highlighted by tourist tales referring to colors (mainly “green” of nature, but also brown, grey and sky-blue) and to the most emblematic and picturesque elements of each village (the castle, granite, schist, narrow streets with stones and vineyards). In the visual imaginary we thus observe both common elements of the “rural idyll” and distinctive features, specific to each village. Tourists also value interaction with local residents, perceived as hospitalitan and “authentic”, although admitting it to be rather superficial, frequently in the context of a short stay. Local residents and agents of planning and supply show a global understanding of the tourists’ motivation to visit their village, evaluating tourism as rather positive, both in terms of economic benefits and for a more animated social life, but recognize the need to improve, taking advantage of existing resources. While local supply agents suggest globally more investment, planning agents stress the need of better articulated and integrated initiatives and recognize the structural weaknesses of rural areas (population ageing, out-migration). Conclusions The ORTE project revealed some central aspects sought and lived by tourists in the studied villages, which effectively reflect the experience of an imagined “rural idyll”, but also the recognition of distinctive heritage elements, valued both by visitors and local population. The senses assume a central role in this experience reflecting the “rural idyll” in scents, sounds, flavours, images of the “land”, nature and countryside, frequently in contrast to the city. Although visitors reveal high levels of satisfaction, they tend to stay for only a short period, suggesting the need to improve the tourist experience. Local stakeholders recognize this need as well as the potential of tourism for the village’s development, at diverse levels, calling for investments, new strategies, improved collaboration and articulation of initiatives, particularly making use of relevant existing resources (material and immaterial), identified by local actors. These may be integrated in dynamic co-creative experiences, potentially enhancing differentiation, tourist attraction and satisfaction, while, from the community’s perspective, stimulating sustainable development by integrating local resources, skills and people. References Figueiredo, E. (2008). Imagine there’s no rural – the transformation of rural spaces into places of nature conservation in Portugal. European Urban and Regional Studies, 15(2), 159-171. Kastenholz, E. (2010). Experiência Global em Turismo Rural e Desenvolvimento Sustentável das Comunidades Locais. Actas do IV CER, Congresso de Estudos Rurais, University of Aveiro, Aveiro. Kastenholz, E., Carneiro, M. J., & Marques, C. (2012). Marketing the rural tourism experience. In R.H. Tsiotsou & R.E. Goldsmith (Eds.), Strategic Marketing in Tourism Services (pp. 247-264). Bingley: Emerald. Lane, B. (2009). Rural Tourism: An Overview. In T. Jamal & M. Robinson (Eds.), The SAGE Handbook of Tourism Studies (pp. 354-370). London: Sage Publications. Ribeiro, M., & Marques, C. (2002). Rural tourism and the development of less favoured areas - between rhetoric and practice. International Journal of Tourism Research, 4(3), 211-220. Sharpley, R. (2002). Rural tourism and the challenge of tourism diversification: the case of Cyprus. Tourism Management, 23(3), 233-244. The research project (2010 to 2013) is financed by FCT (PTDC/CS-GEO/104894/2008) and entitled “The overall rural tourism experience and sustainable development of local communities” (ORTE). The project studies this phenomenon in 3 rural communities/ territories in North and Central Portugal: Janeiro de Cima (Fundão), Linhares da Beira (Celorico da Beira) and Favaios (Alijó). 8 32 seminários Projeto Turismo em áreas Rurais Livro de comunicações 33 Visita ao Museu da Ruralidade (Entradas, Castro Verde). Visit to the Rurality Museum (Entradas, Castro Verde). 34 Visita a Unidade de Turismo Rural – Casa dos Castelejos (Guerreiro, Castro Verde). Visit to a Rural Tourism Unit – Casa dos Castelejos (Guerreiro, Castro Verde). seminários Projeto Turismo em áreas Rurais Livro de comunicações 35 Sessão II Turismo em áreas naturais Session II Tourism in natural areas 36 seminários Projeto Turismo em áreas Rurais Livro de comunicações 37 Responsabilidade Social em Pequenas e Médias Empresas de Turismo. O caso das Áreas Protegidas da Europa Xavier Font, Lluís Garay e Steve Jones9 Resumo A partir de um inquérito a mais de 900 empresas em 57 áreas protegidas da Europa, este artigo mostra que as pequenas empresas de turismo estão particularmente envolvidas na introdução da responsabilidade social (RSE) na sua gestão quotidiana, atendendo aos possíveis benefícios associados mas indo além do clássico “caso de negócio” para incorporar outras motivações. Os resultados sugerem que essas empresas estão atualmente a implementar várias atividades que vão além das poupanças ecológicas implementando ações organizacionais mais avançadas e que estão relacionadas em particular com o desempenho financeiro. Através de uma análise de clusters os autores verificaram que as motivações de sustentabilidade podiam dividir a amostra em três grandes grupos: competitividade, legitimação e estilo de vida. Por último, verificou-se que as empresas com motivações de estilo de vida estão a introduzir mais práticas de RSE e têm uma melhor saúde financeira. Palavras-chave: Responsabilidade Social das Empresas (RSE), Pequenas e Médias Empresas de Turismo, Áreas Protegidas. Introdução No contexto dos negócios, as medidas sustentáveis têm sido tradicionalmente analisadas através da Responsabilidade Social Empresarial (RSE) e os estudos têm exposto sobretudo a questão do negócio das grandes empresas envolvidas na RSE. Mas as pequenas empresas (PMEs), uma maioria no turismo, não são “pequenas grandes empresas” que devem adotar versões à escala das exigências das empresas maiores, para se envolverem na sustentabilidade (Morsing e Perrini, 2009). As PMEs estão envolvidas na RSE de forma diferente. Elas são em geral geridas pelos seus proprietários, orientadas sobretudo para a resolução dos problemas do dia-a-dia, estabelecendo relações informais com todos os interessados, e dependentes em larga medida dos mercados (Russo and Tencati, 2009). A tomada de decisões é frequentemente uma extensão da personalidade e características do proprietário-gestor (Fassin et al., 2011). Os donos de PMEs têm a vantagem de ser capazes de reagir rapidamente para resolver questões de sustentabilidade, e a desvantagem da falta de informação, quer sobre as exigências do mercado, quer sobre as oportunidades de mudança (Condon, 2004). Neste sentido, as PMEs estarão menos organizadas para explicar ou se responsabilizarem pela sua sustentabilidade, mas isso não significa que não tenham nenhum compromisso. As razões para se envolverem na sustentabilidade são normalmente apresentadas na literatura geral através de três enquadramentos: Competitividade (Bonilla-Priego et al., 2011) explica a tomada de ações de sustentabilidade que resultam num benefício direto operacional e interno. Mas um dos pontos principais deste artigo é mostrar que o comportamento sustentável das PMEs de turismo é guiado por elementos para além da expectativa de lucro económico (mas ainda assim incluindo-o) e que isso é geralmente associado aos valores e estilo de vida dos seus proprietários. Legitimação social (Perrini, 2006) explica a tomada de ações de sustentabilidade visíveis ou esperadas por outros, com a obtenção de capital social como benefício. Mudança de estilos de vida (Shaw and Williams, 2004) difere dos dois primeiros enquadramentos, ao explicar o comportamento com escolhas e hábitos pessoais. Metodologia A pesquisa empírica foi realizada em áreas protegidas europeias que são membros da EUROPARC, uma organização que representa as áreas naturais da Europa. Foi elaborado um questionário para analisar a relação entre as práticas de sustentabilidade, as razões para a sua implementação, o desempenho do negócio e características. O pessoal das 102 áreas EUROPARC optou por distribuir o inquérito nos seus destinos no verão de 2011. Com um total de 910 respostas este é o maior inquérito pan-Europeu direcionado para o comportamento de sustentabilidade das PMEs de turismo. As relações de dados mais relevantes foram mapeadas, usando frequências e tabulações cruzadas, antes de realizar uma análise de clusters para agrupar os inquiridos com base nas motivações para introduzir a sustentabilidade. cinco estrelas e relativamente jovens e os tipos de empresas variam, sendo a mais comum apartamentos/alojamentos com cozinha, seguido de hotéis, pousadas, restaurantes, empresas de atividades e parques de campismo. A sua solidez financeira está dentro da média e, nos últimos dois anos a maioria da amostra disse que não se alterou ou que melhorou. Os inquiridos afirmam que a qualidade e localização são as principais razões para serem escolhidos pelos seus clientes, e não o preço. Acreditam ser muito importante a recomendação feita por clientes e as informações contidas no website da empresa, mas não as informações nas redes sociais, e muito menos a publicidade, e dependem fortemente de clientes fidelizados. Estas empresas relatam um grande número de práticas de sustentabilidade, indo para além das poupanças ecológicas e introduzindo algumas outras práticas avançadas ambientais, sociais e económicas. Existe uma relação positiva entre as medidas ambientais, sociais e o total de medidas de sustentabilidade (mas não as medidas económicas) e a atual situação financeira das empresas e as mudanças nos últimos dois anos. As PMEs com uma melhor solidez financeira estão a implementar práticas ambientais de poupança ecológica e algumas práticas altruístas em maior percentagem, mas a sustentabilidade não contribui para melhorar os resultados dos preços ou afetar a fidelização dos clientes. Os entraves relatados são principalmente a falta de dinheiro e tempo e as principais motivações são a proteção do meio ambiente, a melhoria da sociedade e estilo de vida. As razões económicas estão numa posição secundária e as legais são irrelevantes. A análise de clusters forneceu três perfis de inquiridos que levam a cabo as ações de sustentabilidade identificadas na literatura: “Competitividade pela Redução de Custos”, “Legitimação Social” e “Valores associados a estilos de vida”. Comparando estes grupos, o estudo mostra que as empresas que se guiam por valores associados ao estilo de vida estão a levar a cabo a maioria das atividades de sustentabilidade e fazem-no implicitamente, como parte da sua rotina. Estas empresas também mostram uma melhor solidez financeira. Discussão e Conclusão Este estudo corrobora a literatura ao mostrar que as razões e práticas de sustentabilidade das PMEs de turismo não são homogéneas. Reconhece-se que os tipos de ações que estas empresas empreendem e as relações com as suas especificidades de negócio, estão relacionadas não apenas com motivações económicas, mas também com motivações pessoais e altruístas. Este fato fornece uma imagem mais completa do como e porquê de pequenas empresas de turismo assumirem a responsabilidade de serem sustentáveis. Este é o primeiro inquérito desta dimensão a avaliar as motivações para ser sustentável, com três perfis complementares em torno das questões dos benefícios esperados, noções de querer dar algo em troca e personalidade ou escolha de estilos de vida. Relacionado com estudos anteriores, constatámos que as PMEs de turismo estão a melhorar o seu comportamento pró-sustentabilidade e estão a introduzir medidas padrão mas também medidas avançadas e organizacionais de RSE. Por último, constatámos que a maioria destas medidas tem uma relação positiva e significativa com algumas variáveis relacionadas com o desempenho económico, tal como a satisfação do proprietário com os resultados financeiros e as expectativas quanto à evolução financeira. Referências Bonilla-Priego, M.J., Najera, J.J., Font, X., 2011. Environmental management decision-making in certified hotels Journal of Sustainable Tourism 19, 361-382. Condon, L., 2004. Sustainability and small to medium sized enterprises-How to engage them. Australian Journal of Environmental Education 20, 57-67. Fassin, Y., Van Rossem, A., Buelens, M., 2011. Small-Business Owner-Managers’ Perceptions of Business Ethics and CSR-Related Concepts. Journal of Business Ethics 98, 425-453. Morsing, M., Perrini, F., 2009. CSR in SMEs: do SMEs matter for the CSR agenda? Business Ethics: A European Review 18, 1-6. Perrini, F., 2006. SMEs and CSR Theory: Evidence and Implications from an Italian Perspective. Journal of Business Ethics 67, 305-316. Russo, A., Tencati, A., 2009. Formal vs. informal CSR strategies: Evidence from Italian micro, small, medium-sized, and large firms. Journal of Business Ethics 85, 339-353. Resultados As respostas retratam um perfil de empresas familiares, não vinculadas a uma marca, dirigidas pelo seu proprietário, de meia-idade e com um nível médio de instrução. A maioria foi classificada como microempresas, com menos de 9 Xavier Font - Leeds Metropolitan University, Leeds, LS6 3QW (United Kingdom) | E-mail: [email protected]. Lluis - Universitat Oberta de Catalunya, Avinguda Tibidabo, 39, 08035, Barcelona (Spain) | E-mail: [email protected]. Steve Jones - Leeds Metropolitan University, Leeds, LS6 3QW (United Kingdom) | E-mail: [email protected] 38 seminários Projeto Turismo em áreas Rurais Livro de comunicações 39 Corporate Social Responsibility in Small and Medium Tourism Enterprises. The case of Europe’s Protected Areas Xavier Font, Lluís Garay and Steve Jones9 Abstract From a survey of more than 900 enterprises in 57 European protected areas, this article shows that small tourism enterprises are especially involved in the introduction of corporate social responsibility (CSR) in its day-to-day management, considering its possible related benefits but going beyond the classic “business case” to incorporate other motivations. The findings suggest that these businesses are implementing plenty of activities that are currently going beyond ecosavings to more advanced organizational actions and that they are specially related with financial performance. Through a cluster analysis the authors found that sustainability motivations could divide the sample in three great groups: competitiveness, legitimization and lifestyle. Finally, it was found that businesses with lifestyle motivations are introducing more CSR practices and have a better financial health. Keywords: Corporate Social Responsibility, Small and Medium Tourism Enterprises, Protected Areas. Introduction In business contexts, sustainable measures have been traditionally analysed through Corporate Social Responsibility (CSR) and the literature has been primarily written to justify a business case for large enterprises engaging in CSR. Yet small enterprises (SMEs), a majority in tourism, are not “little big enterprises” that should adopt scaled-down versions of requirements of bigger enterprises to engage in sustainability (Morsing and Perrini, 2009). SMEs are engaged in CSR differently. They are in general managed by their owners, mainly oriented towards solving day-to-day problems, establishing informal relations with their stakeholders, and largely dependent on markets (Russo and Tencati, 2009). Decision-making is often an extension of the owner-manager’s personality and characteristics (Fassin et al., 2011). SME owners have the advantage of being able to react quickly to address sustainability issues, and the disadvantage of lacking information both on market requirements and opportunities for change (Condon, 2004). In this sense, SMEs will be less organised to explain or be accountable for their sustainability, but that does not mean they are disengaged. Their reasons for engaging in sustainability are usually presented in the general literature using three frames: Competitiveness (Bonilla-Priego et al., 2011) explains taking sustainability actions that accrue a direct operational and internal benefit. But one of the main points of this paper is to show that the sustainable behaviour of tourism SMEs is guided by elements beyond (but still including) the expectation of economic gain and that this is usually associated with the values and lifestyle of their owners. Societal legitimisation (Perrini, 2006) explains taking sustainability actions visible or expected by others, with gaining social capital as a benefit. Lifestyle drivers (Shaw and Williams, 2004) differs from theses first two frames in explaining behaviour because of personal choices and habit. Methodology The empirical research was conducted in European protected areas that are members of EUROPARC, an organisation representing natural areas across Europe. A questionnaire was developed to analyse the relationship between sustainability practices, reasons for implementing them, business performance, and characteristics. Staff from 102 EUROPARC areas opted to distribute the survey in their destinations in summer 2011. With a total of 910 responses this is the largest pan-European survey conducted for sustainability behaviour for tourism SMEs. Frequencies and crosstabulations of significant relationships mapped the data, before using Cluster Analysis to group respondents based on the motivations to introduce sustainability. sures) and the enterprises’ current financial situation and changes in the last two years. SMEs with a better financial health are implementing environmental eco-savings practices and some altruistic practices in a greater percentage but sustainability does not contribute to improve price’s results or affect customers’ average length of stay. The reported barriers are primarily lack of money and time and the main motivations are the protection of the environment, the improvement of society and lifestyle. Economic reasons are in a secondary position and legal ones are marginal. Cluster analysis provided three respondent profiles out of the reasons for undertaking sustainability actions observed at the literature: “Cost Reduction Competitiveness”, “Societal Legitimisation” and “Lifestyle-Value Driven”. Comparing these groups, the study shows that Lifestyle-value driven enterprises are taking the most sustainability activities and do it implicitly as part of their routine. These enterprises also show a better financial health. Discussion and Conclusions This study confirms the literature in showing that tourism SMEs sustainability reasons and practices are not homogeneous. The types of actions these enterprises engage in and the relationships with their business characteristics have been identified related with economic but also with altruistic and personal motivations. This provides a more complete picture of how and why small tourism enterprises take responsibility for being sustainable. This is the first survey of this size to measure motivations to be sustainable with three complementary profiles around the issues of expected benefits, notions of wanting to give something back and personality or lifestyle choices. Related with past studies, we have seen that tourism SMEs are improving their pro-sustainability behaviour and are introducing standard but also advanced and organisational CSR measures. Finally we have seen that most of these measures have a positive and significant relationship with some economic performance-related variables, as owner’s satisfaction with financial results and expectations with financial evolution. References Bonilla-Priego, M.J., Najera, J.J., Font, X., 2011. Environmental management decision-making in certified hotels Journal of Sustainable Tourism 19, 361-382. Condon, L., 2004. Sustainability and small to medium sized enterprises-How to engage them. Australian Journal of Environmental Education 20, 57-67. Fassin, Y., Van Rossem, A., Buelens, M., 2011. Small-Business Owner-Managers’ Perceptions of Business Ethics and CSR-Related Concepts. Journal of Business Ethics 98, 425-453. Morsing, M., Perrini, F., 2009. CSR in SMEs: do SMEs matter for the CSR agenda? Business Ethics: A European Review 18, 1-6. Perrini, F., 2006. SMEs and CSR Theory: Evidence and Implications from an Italian Perspective. Journal of Business Ethics 67, 305-316. Russo, A., Tencati, A., 2009. Formal vs. informal CSR strategies: Evidence from Italian micro, small, medium-sized, and large firms. Journal of Business Ethics 85, 339-353. Results Responses portray a profile of family enterprises, not affiliated to a brand, run by their owner, who is middle-aged and with average education. Most of them were classed as micro-enterprises, with less than five stars and relatively young and the types of enterprises vary, the most typical being apartments/self-catering accommodation, followed by hotels, guesthouses, restaurants, activity providers and campsites. Their financial health is on average and over the past two years, most of the sample said it has not changed or it has improved. Respondents claim that quality and location are the key reasons why their clients choose them, and not price. The recommendation from past clients and the information on the enterprise’s website are believed to be very important, but not social media, and even less advertising and they rely heavily on repeat clients. These enterprises report a high number of sustainability practices, going beyond ecosavings and introducing some other advanced environmental, social and economic practices. There is a positive relationship between the environmental, social and the total number of sustainability measures (but not economic mea- 40 seminários Projeto Turismo em áreas Rurais Livro de comunicações 41 Manutenção da elevada biodiversidade e diversidade da paisagem para e através do turismo – propostas de modelos de cofinanciamento Gerd Lupp10, Olaf Bastian11, Karsten Grunewald11, Christina Renner11, Christian Stein11 Resumo Neste artigo, apresentamos a proposta de uma taxa aplicada ao visitante destinada a ações de gestão da paisagem no Sul da Floresta Negra. No nosso trabalho, testamos este modelo no leste dos Montes Metalíferos, entrevistando prestadores de serviços turísticos, residentes e turistas. Embora a proteção da natureza seja vista como uma questão da alçada do estado ou do governo a ser paga pelo dinheiro dos impostos, muitos dos entrevistados estão dispostos a despender verbas adicionais para uma melhor proteção da natureza. Palavras-chave: Biodiversidade, taxa de visitante, Prestadores de Serviços Turísticos, Visitantes, Disposição para Pagar. Introdução Os destinos de lazer ao ar livre dependem da biodiversidade, que está ameaçada pelas alterações climáticas, alterações no uso do solo, mas também pelo turismo. Os desafios chave para o futuro destes destinos são o desenvolvimento de estratégias para proteger a biodiversidade e integrar a questão das alterações climáticas. Pode afirmar-se que nas nossas áreas de estudo na Alemanha existe sensibilidade entre todos os grupos de stakeholders, de que são necessários esforços para proteger a biodiversidade e o clima em geral como um recurso chave para destinos de lazer ao ar livre. Contudo, as alterações climáticas são normalmente entendidas como um problema futuro e parece que a região não será severamente afetada nas próximas décadas e de acordo com a perceção dos stakeholders. Proteger a biodiversidade é considerada uma questão mais importante e os stakeholders estão mais dispostos a agir (Lupp et al. 2013). Na Europa e especialmente na Alemanha, não é comum o turismo financiar a natureza e a proteção da paisagem, mas pode ser um novo caminho que venha a ser amplamente aceite. Um exemplo dos pagamentos diretos pode ser encontrado na região de férias Staufen-Münstertal no Sul da Floresta Negra, localizada no sudoeste da Alemanha. Práticas agrícolas tradicionais são subsidiadas pelas taxas de visitantes para manter a paisagem típica da região formada por florestas e pastos seminaturais de elevado valor. Cerca de um terço da taxa (aproximadamente 70 a 90 milt por ano) é distribuído aos agricultores locais para a manutenção dos prados, algo que de outra forma não seria económico (Renner et al. 2012). A geração e distribuição do dinheiro e supervisão das ações de gestão são mantidas num contexto local, com atores (por exemplo, da instituição que distribui o dinheiro) que possuem conhecimento específico dos desafios locais na preservação da paisagem e muitas vezes mantendo relações próximas com os beneficiários. Para avaliar se este modelo de funcionamento é aplicável em outras regiões, realizámos estudos empíricos sobre a valorização das paisagens culturais, elementos da paisagem e serviços do ecossistema e a disposição para pagar estas taxas entre prestadores de serviços turísticos (PST), residentes e turistas. Para este estudo selecionámos a região de Altenberg no leste dos Montes Metalíferos (Alemanha Oriental). Tal como a Floresta Negra, os Montes Metalíferos estão ao nível da média montanha e para Altenberg, a manutenção de pastos seminaturais de alto valor é muito relevante para proteção da natureza e ameaças como o abandono ou intensificação do uso da terra são algo comparáveis à região de Staufen-Münstertal. Para entrevistar os PST, foi utilizada uma base de dados com endereços reunidos a partir de listas telefónicas e da entidade de turismo e foi utilizado um inquérito online para este grupo (n = 223, 72 questionários preenchidos). Para os visitantes, optou-se por entrevistas locais aos transeuntes, solicitadas em áreas de lazer frequentadas nas regiões (308 entrevistados). A maioria dos PST (53%) na região de Altenberg manifestou a opinião de que áreas protegidas iriam reforçar a atratividade da região e contribuiriam para o desenvolvimento do turismo. Os elementos da paisagem mais apreciados quer para os PSTs quer para os turistas/residentes foram os pastos de montanha seminaturais e muros de pedra/sebes, embora as pessoas mais jovens abaixo de 40 anos considerassem estas características como menos importantes em comparação com as pessoas mais velhas. Também se avaliou se o sector do turismo estaria pronto a contribuir para o financiamento da conservação da natureza e gestão da paisagem. Mais de dois terços dos PSTs não sentiam responsabilidade, afirmando que é uma Primeiro autor (corresponding author): Schlossstrasse 8, 79211 Denzlingen (Germany) | Tel. +49-7666-3701 | E-mail: [email protected] Leibniz-Institute of Ecological Urban and Regional Development, Weberplatz 1, 01217 Dresden (Germany) | Tel. +49-352-4679-0 | E-mail: [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected] 10 11 42 questão dos governos federal ou estadual, ou dos proprietários das terras. Apenas 21% afirmaram que os PSTs e/ou turistas deviam contribuir. Inquirindo os visitantes, 86% defenderam que o governo estadual ou federal devia ser responsável pela conservação da natureza e gestão da paisagem e consideram as receitas gerais dos impostos como o instrumento mais adequado. Todavia, 68% gostaria de contribuir pessoalmente para o financiamento de medidas de conservação da natureza no leste dos Montes Metalíferos. Contudo, as pessoas mais jovens (<40) consideram mais frequentemente como opção uma taxa dedicada à natureza, em comparação com os mais velhos (> 40). Para estimar o valor de uma eventual contribuição financeira do turismo, foi pedido aos PSTs para indicar um montante da taxa por hóspede e noite. Nove PTSs responderam, a média entre eles foi de t1.36. Os PSTs declaram que os beneficiários devem ser iniciativas locais. Entre os transeuntes entrevistados, considera-se que em média os turistas devem pagar 1,06 t por dia e os residentes 5,03 t por ano para garantir a manutenção dos valores naturais. Considerando apenas os entrevistados que disseram “estar dispostos a pagar”, o valor médio seria antes 2,73 t por dia para turistas e 18,91t anuais por residente. Isto demonstra que a disposição para pagar seria suficiente para cobrir muitos dos custos das ações de gestão da paisagem para manter os pastos de montanha, sebes e muros na área de Altenberg. Os resultados do inquérito mostraram que a atratividade da paisagem no leste dos Montes Metalíferos é muito importante para o setor do turismo. Esta é considerada a principal razão para gozar férias ou tempo de lazer nessa região. Tal está em consonância com os resultados de estudos similares, por Grunewald, Syrbe e Renner (2012) no oeste dos Montes Metalíferos e Lupp e Konold (2008) na região de Müritz, onde a maioria dos turistas citou a beleza, harmonia e naturalidade da paisagem como motivações chave para viajar. Uma taxa de natureza pode ser um modelo de pagamento e dessa forma resolver, pelo menos parcialmente, o problema de financiamento da gestão da paisagem e medidas de proteção da natureza. Contudo, não se abrange todos os utilizadores desta forma, como por exemplo, os excursionistas ou residentes (Degenhardt et al., 1998) e a aceitação de uma taxa depende da transparência e aceitação por todos os grupos, PTSs, utilizadores da terra e turistas. A mensagem mais importante que ressalta da nossa análise é contudo que, PSTs, residentes e turistas exigem mais esforços e que seja gasto dinheiro para melhorar a proteção da natureza e gestão da paisagem a fim de apoiar e assegurar o turismo e os empregos nas regiões rurais. Agradecimentos O artigo é baseado no trabalho realizado em “Grünes Netzwerk Erzgebirge” (Ore Mountains Green Network), “Mehrwert Natur Ost-Erzgebirge” (Eastern Ore Mountains Ecosystem Services), com o apoio da União Europeia, do Estado da Saxónia e da República Checa, assim como da “Biodiversity, Climate Chance – Challenges for Outdoor Recreation Destinations”, apoiada pela Agência Federal Alemã para a Proteção da Natureza com fundos do Ministério do Ambiente Alemão (Financiamento Número FKZ 3510 87 0100). Gostaríamos de agradecer aos estudantes da Universidade de Tecnologia de Dresden, cadeira de Economia e Gestão do Turismo, M. Arjes, D.C. Bestfleisch, N. Jacob, P. Kleber, e M. Mild, que realizaram uma grande parte dos inquéritos locais. Referências Degenhardt, S.; Hampicke, U.; Holm-Müller, K.; Jaedicke, W.; Pfeiffer, C. (1998). Zahlungsbereitschaft für Naturschutzprogramme (Willingness to pay for nature conservation programmes). Angewandte Landschaftsökologie 25, Federal Agency for Nature Conservation, Bonn Grunewald, K.; Syrbe. R.-U.; Renner, C. (2012). Analyse der ästhetischen und monetären Wertschätzung der Landschaft am Erzgebirgskamm durch Touristen (Aesthetic and monetary appreciation of Ore Mountains scenery by tourists). GEOÖKO, 33, 34-65, Göttingen. Lupp, G.; Konold, W. (2008). Landscape Preferences and Perception of Both Residents and Tourists. A Case Study in Müritz National Park (Germany). In: Siegrist, D.; Clivaz, C.; Hunziker, M. & Iten, S. (Eds.): Visitor Management in Nature-based Tourism – Strategies and Success Factors for Parks and Recreational Areas, pp. 47-58. HSR College Rapperswil, Switzerland. Lupp, G.; Heuchele, L.; Konold, W.; Renner, C.; Pauli, P.; Siegrist, D. (2013). Biologische Vielfalt und Klimawandel als Herausforderung für Tourismusdestinationen - Wahrnehmung und Handlungsbedarf der Akteure in naturräumlich besonders wertvollen Beispielregionen Deutschlands. Naturschutz und Landschaftsplanung 45 (2013) 3, S.69-75 Renner, C.; Lupp, G.; Stein, C.; Siegrist, D.; Bastian, O. (2012). Maintaining high biodiversity and landscape diversity for and through tourism - approaches for co-financing models. In: Fredman, P. et al. (Eds.): The 6th International Conference on Monitoring and Management of Visitors in Recreational and Protected Areas. Outdoor Recreation in Change - Current Knowledge and Future Challenges, Stockholm, Sweden, August 21-24, 2012. Proceedings. Stockholm, 2012, (Forskningsprogrammet Friluftsliv i förändring Rapport; 19), S.188-189 seminários Projeto Turismo em áreas Rurais Livro de comunicações 43 Maintaining high biodiversity and landscape diversity for and through tourism – approaches for co-financing models Gerd Lupp10, Olaf Bastian11, Karsten Grunewald11, Christina Renner11, Christian Stein11 Abstract In this paper, we present the approach of a visitor tax collected for landscape management actions in the Southern Black Forest. In our work, we test this model in the Eastern Ore Mountains by interviewing tourism service providers, residents and tourists. Though nature protection is seen a state or government issue to be paid by general tax money, many interviewees are willing to pay additional money for better nature protection. Keywords: Biodiversity, visitor tax, Tourism Service Providers, Visitors, Willingness to Pay. Introduction Outdoor recreation destinations depend on biodiversity, which is threatened by climate change, land use changes, but also by tourism. Key challenges for the future of these destinations are to develop strategies to protect biodiversity and to integrate climate change issues. It can be stated that in our German study areas there is awareness among all stakeholder groups, that efforts are necessary to protect biodiversity and climate in general as a key resource for outdoor recreation destinations. However, climate change is normally perceived to be a future problem and the own region seems not to be severely affected in the upcoming decades and in the perception of the stakeholders. Protecting biodiversity is seen a more important issue and stakeholders are more willing to act (Lupp et al. 2013). In Europe and especially in Germany, financing nature and landscape protection by tourism is not common, but might be a new and widely accepted way. An example for direct payments can be found in the Staufen-Münstertal holiday region in the Southern Black Forest, situated in Southwest Germany. Traditional farming practices are subsidized by visitors` taxes to maintain the typical scenery of this region shaped by forests and high value semi natural grassland. About one third of the tax (approx. 70 to 90 thousand t per year) is distributed to the local farmers for maintaining the meadows, which is not economical (Renner et al. 2012). Generation and distribution of the money and supervision of the management actions are kept in a local context, with actors (e.g. from the distributing institution) having specific knowledge of the local challenges in landscape preservation and often close relationships to the beneficiaries. To assess whether this working model is applicable in other regions, we conducted empirical studies on the appreciation of cultural landscapes, landscape elements and ecosystem services and willingness to pay (WTP) assessments among tourism service providers (TSP), residents and tourists. We selected the Altenberg region in the Eastern Ore Mountains (Eastern Germany) for this study. Like the Black Forest, the Ore Mountains are a mid-mountain range and for Altenberg, maintaining high value semi-natural grassland is of great relevance for nature protection and threats like land use abandonment or intensification are somewhat comparable to the Staufen-Münstertal region. For interviewing TSP, we used a database with addresses collected from phonebooks and the tourism board and used an online survey for this group (n=223, 72 completed questionnaires). For visitors, we opted for on-site interviews in the regions asking passers-by in frequented recreation areas in the region (308 interviewed persons). The majority of TSP (53%) in the Altenberg region expressed the view that protected areas would enhance the attractiveness of the region and would contribute to the development of tourism. The most appreciated landscape elements for both TSP and tourists/residents were semi-natural mountain meadows and stonewalls/hedgerows, though younger persons below 40 saw these features less important compared to older persons. We also assessed, if the tourism sector would be ready to contribute to the funding of nature conservation and landscape management. More than two thirds of TSP felt no responsibility, stating that it is an issue of federal or state governments, or of landowners. Only 21% stated, that TSP and/or tourists should contribute. Asking visitors, 86% argued that the state or federal government should be responsible for nature conservation and landscape management and found general tax revenues to be the most suiting instrument. Nevertheless, 68% would personally like to contribute to the funding of nature conservation measures in the Eastern Ore Mountains. Younger people (<40) however see a dedicated nature tax more frequently an option than older ones (>40). In order to estimate the amount of a possible financial contribution of tourism, the TSP were asked to name an amount of taxes per guest and night. Nine TSP replied, the average among them was t1.36. Recipients should be local initiatives according to the TSP statements. Among the interviewed passers-by, tourists should pay 1.06 t per day on average and residents 5.03 t per year to ensure maintaining the natural values. Looking only at those respondents quoting “willing to pay”, it would be even 2.73 t per day for tourists and 18.91 t per resident and year on average. This expressed willingness to pay would be sufficient to cover a lot of the costs for landscape management actions to maintain the mountain meadows, hedge- 44 rows and stonewalls in Altenberg area. The results of the survey showed that the attractiveness of the Eastern Ore Mountain landscape is very important for the tourism sector. It is seen as the main reason to spend holidays or leisure time there. This is in line with the results of similar studies, by Grunewald, Syrbe & Renner (2012) in the Western Ore Mountains and Lupp & Konold (2008) in the Müritz Region, where most tourists cited beauty, harmony and naturalness of the landscape as key travel motivations. A nature tax may be a payment model therefore might solve financing landscape management and nature protection measures at least partially. However, not all users are reached this way, e.g. day-trippers or residents (Degenhardt et al., 1998) and acceptance of a tax is dependent on transparency and acceptance among all groups, TSP, land users and tourists. The most important message by our analysis however is, that TSP, residents and tourists demand for more efforts and money to be spent to enhance nature protection and landscape management to support and secure tourism and jobs in rural regions. Acknowledgements The paper is based on work carried out within “Grünes Netzwerk Erzgebirge” (Ore Mountains Green Network),“Mehrwert Natur Ost-Erzgebirge” (Eastern Ore Mountains Ecosystem Services), supported by the European Union, the State of Saxony and the Czech Republic as well as “Biodiversity, Climate Chance – Challenges for Outdoor Recreation Destinations”, supported by the German Federal Agency for Nature Protection with funds of the German Ministry for the Environment (Funding Number FKZ 3510 87 0100). We would like to thank the students of the Dresden University of Technology, Chair of Tourism Economics and Management, M. Arjes, D.C. Bestfleisch, N. Jacob, P. Kleber, and M. Milde, who carried out a major part of the on-site surveys. References Degenhardt, S.; Hampicke, U.; Holm-Müller, K.; Jaedicke, W.; Pfeiffer, C. (1998). Zahlungsbereitschaft für Naturschutzprogramme (Willingness to pay for nature conservation programmes). Angewandte Landschaftsökologie 25, Federal Agency for Nature Conservation, Bonn Grunewald, K.; Syrbe. R.-U.; Renner, C. (2012). Analyse der ästhetischen und monetären Wertschätzung der Landschaft am Erzgebirgskamm durch Touristen (Aesthetic and monetary appreciation of Ore Mountains scenery by tourists). GEOÖKO, 33, 34-65, Göttingen. Lupp, G.; Konold, W. (2008). Landscape Preferences and Perception of Both Residents and Tourists. A Case Study in Müritz National Park (Germany). In: Siegrist, D.; Clivaz, C.; Hunziker, M. & Iten, S. (Eds.): Visitor Management in Nature-based Tourism – Strategies and Success Factors for Parks and Recreational Areas, pp. 47-58. HSR College Rapperswil, Switzerland. Lupp, G.; Heuchele, L.; Konold, W.; Renner, C.; Pauli, P.; Siegrist, D. (2013). Biologische Vielfalt und Klimawandel als Herausforderung für Tourismusdestinationen - Wahrnehmung und Handlungsbedarf der Akteure in naturräumlich besonders wertvollen Beispielregionen Deutschlands. Naturschutz und Landschaftsplanung 45 (2013) 3, S.69-75 Renner, C.; Lupp, G.; Stein, C.; Siegrist, D.; Bastian, O. (2012). Maintaining high biodiversity and landscape diversity for and through tourism - approaches for co-financing models. In: Fredman, P. et al. (Eds.): The 6th International Conference on Monitoring and Management of Visitors in Recreational and Protected Areas. Outdoor Recreation in Change - Current Knowledge and Future Challenges, Stockholm, Sweden, August 21-24, 2012. Proceedings. Stockholm, 2012, (Forskningsprogrammet Friluftsliv i förändring Rapport; 19), S.188-189 seminários Projeto Turismo em áreas Rurais Livro de comunicações 45 Projeto LIFE Eco-Compatível (LIFE+09 INF/PT/000045) Equipa Gestora (Oliveira P./ Menezes D./ Freitas I. / Freitas M./ Freitas S.) Equipa Executiva (Freitas I. 12/ Freitas S. 12/ Câmara C.12/ Mateus G. 12/ Fagundes I. 13/ Medeiros C. 12/ Pires R. 12/ Sepúlveda P. 12/ Spínola E. 12/ CVN 12) 12 Resumo Comunicando para a sustentabilidade socioeconómica, usufruto humano e biodiversidade em Sítios da rede Natura 2000 no arquipélago da Madeira” é o nome do projeto gerido pelo Serviço do Parque Natural da Madeira em parceria com a Sociedade Portuguesa para o Estudos das Aves, apoiado pelo instrumento financeiro europeu LIFE+ Informação e Comunicação. Com o acrónimo Eco Compatível este projeto, iniciado em Outubro de 2010, tem a durabilidade de 4 anos e pretende promover e reforçar a compatibilidade entre o desenvolvimento das atividades socioeconómicas e culturais, como a pesca, a agricultura e o turismo de natureza, com a gestão das Reservas Naturais, áreas classificadas, habitats e espécies listadas nos anexos das diretivas que sustentam a Rede Natura 2000. As áreas protegidas e a sua biodiversidade são uma mais-valia para o desenvolvimento das atividades económicas no arquipélago da Madeira. Palavras-chave: LIFE+ Informação e Comunicação; boas práticas; ecoturismo; rede natura 2000: arquipélago da Madeira. Este projeto enquadra-se na estratégia de comunicação e informação do instrumento financeiro da Comunidade Europeia, instrumento LIFE+, para a rede ecológica Europeia – Rede Natura 2000. O seu objetivo consiste na transmissão e disponibilização de informação às populações, para uma melhor implementação, gestão e conservação dos sítios da rede Natura 2000. O arquipélago da Madeira conta com 11 áreas classificadas de Zona Especial de Conservação, da Rede Natura 2000, que abrangem área terrestre e área marítima, assim como, 4 Zonas de Proteção Especial, sendo suporte de importantes atividades socioeconómicas da região, como o são, o turismo de natureza, a atividade agrícola e a atividade pesqueira. É nesta perspetiva que o SPNM propôs-se a desenvolver várias ações para promover e reforçar a compatibilidade entre o desenvolvimento das atividades socioeconómicas e culturais da pesca, da agricultura e do turismo de natureza, com a gestão das reservas naturais, áreas classificadas, habitats e espécies listadas nos anexos das diretivas que sustentam a Rede Natura 2000. Em parceria com a SPEA e, com o apoio de vários interessados (stakeholders), são implementadas campanhas específicas que irão auxiliar e orientar os grupos alvos, na correta aplicação das condutas mais compatíveis, do ponto de vista ecológico, na sua atividade. Através de ações de comunicação e sensibilização, variado material divulgativo foi preparado e é disseminado junto dos referidos grupos alvos, objetivando um comprometimento pessoal, indivíduo a indivíduo, em prol da conservação e promoção da biodiversidade local, tendo em vista, melhorar a sua atividade económica e qualidade de vida global. Pretendendo que estas ações se reflitam numa alteração comportamental de toda a sociedade, o SPNM tem consciência que não será este projeto, per si, que conseguirá as alterações comportamentais desejadas para um futuro sustentável, mas considera ser um reforço importante na construção de uma sociedade consciente e ecologicamente sustentada. Ser Eco compatível é implementar boas práticas nas atividades económicas a favor da biodiversidade e usufruir da biodiversidade em prol da sustentabilidade e incremento das atividades económicas. Para divulgar e promover a aplicação das boas práticas nas atividades económicas que se desenvolvem diretamente ou próximo das áreas classificadas foram compilados 3 guiões de boas práticas a aplicar em cada uma das atividades económicas alvo do projeto, que podem ser descarregado a partir do sítio internet www.lifeecocompativel. com. Na prática são desenvolvidas várias ações e campanhas de comunicação, que promovem o objetivo através de abordagens variadas de acordo com o grupo alvo a que se destina: • Ações individuais de consciencialização junto dos grupos alvo (agentes de turismo de natureza, agricultores, pescadores e visitantes das áreas protegidas), ambicionando o seu compromisso pessoal com a causa “SER ECO COMPATÍVEL”. Objetiva reforçar e consolidar os comportamentos positivos através de um contacto individual direto com a distribuição de material divulgativo, nomeadamente: cinzeiro de bolso, alertando para o facto que beatas de cigarro também são lixo e constituem um problema ambiental nos pontos de descanso em áreas classificadas; fitas de pulso, com o dístico “eu dou a mão à natureza”, produzidas em 5 idiomas e 5 cores diferentes, para manter presente o compromisso assumido pelos visitantes de áreas protegidas e todos aqueles que queiram dar força a esta causa; sacos de recolha de lixo em papel impressos com informação escrita e visual sobre alguns tipos de lixo mais encontrado nas áreas classificadas, lembrando que as beatas também são lixo, que o lixo orgânico pode alimentar populações de animais invasores indesejáveis nas áreas classificadas e que os lenços de papel têm um impacto visual desagradável e duradouro; agenda planeador de eventos com as boas práticas para as várias atividades de turismo de natureza e t-shirts com o dístico “eu visto esta causa”, especificamente para os agentes de turismo de natureza utilizarem na sua atividade diária; calendário de parede sobre o tema agricultura, para agricultores profissionais ou lúdicos, ostentando imagens alusivas às boas práticas e dicas de plantação para o agricultor; calendário de parede sobre o tema pescas, para pescadores profissionais e lúdicos com imagens alusivas às boas práticas e dicas sobre a pesca e espécies marinhas; coletes polares ostentando o dístico “eu visto esta causa” para utilização diária por agricultores e pescadores; • Campanha de angariação de stakeholders institucionais e individuais do projeto, através da sua inscrição e divulgação na página web do projeto, e entregando o material produzido para ser utilizado na sua identificação e nas ações por estes desenvolvidas, no âmbito das mensagens do projeto; • Disponibilização de informação ao público em geral nos centros de receção das áreas protegidas através de quiosques multimédia com informação sobre as áreas protegidas da RAM, as boas práticas, e o projeto Eco Compatível, assim como alguns jogos interativos que consciencializem para os benefícios da aplicação das boas práticas nas atividades económicas e na biodiversidade; • Ações de sensibilização em grupo, ex situ áreas classificadas, nomeadamente através de fóruns de comunicação e sensibilização junto de populações rurais ligadas à agricultura e populações costeiras ligadas à pesca, e ações desenvolvidas em parceria com stakeholders institucionais associados ao projeto; paralelamente desenvolvem-se ações de divulgação em seminários e conferencias, nos media e redes sociais da internet. O projeto é monitorizado no campo através do registo de recolha de lixo em percursos pedestres de áreas classificadas; interações reportadas com as espécies lobo-marinho no caso de pescadores e pombo-trocaz no caso de agricultores e caixas de monitorização de predadores indesejáveis na área de nidificação da espécie freira-da-madeira; o sucesso das ações é avaliado através da implementação de inquéritos junto dos grupos alvo. 12 Serviço do Parque Natural da Madeira. Quinta do Bom Sucesso, Caminho do Meio, 9064-512 Funchal - Madeira (Portugal) | E-mail: [email protected] 13 SPEA-Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves. Travessa das Torres, 2ª, 1º Andar, 9060-314 Funchal - Madeira (Portugal) | E-mail: [email protected] 46 seminários Projeto Turismo em áreas Rurais Livro de comunicações 47 Project LIFE Eco-Compatível (LIFE+09 INF/PT/000045) Equipa Gestora (Oliveira P./ Menezes D./ Freitas I./ Freitas M./ Freitas S.) Equipa Executiva (Freitas I. 12/ Freitas S. 12/ Câmara C. 12/ Mateus G. 12/ Fagundes I.13/ Medeiros C. 12/ Pires R. 12/ Sepúlveda P. 12/ Spínola E. 12/ CVN 12) 12 Abstract Communicating to the socio-economic sustainability, human use and biodiversity in Natura 2000 Sites in the Madeira Archipelago” is the name of the project managed by the Madeira Natural Park Service in partnership with the Portuguese Society for the Study of birds, supported by European financial instrument LIFE + information and communication. With the acronym Eco Compatible this project, started in October of 2010, has the durability of 4 years and aims to promote and enhance the compatibility between the development of socio-economic and cultural activities, such as fishing, agriculture and tourism in nature, with the management of nature reserves, classified areas, habitats and species listed in the annexes of the directives supporting Natura 2000. The protected areas and their biodiversity is an asset for the development of economic activities in the Madeira Archipelago. Keywords: LIFE+ Information and Communication; good practice; ecotourism; Natura 2000: Madeira Islands. • Stakeholders raising campaign of institutional and individual stakeholders of the project, through its registration and disclosure in the project web page, and delivering the material produced to be used for their identification and in the actions developed by them; • Provision of information to the general public in the reception centers of protected areas through multimedia kiosks containing information on the protected areas of RAM, good practices, and the project Eco Compatible, as well as some interactive games that need the benefits of the application of good practices in economic activities and biodiversity; • Group awareness actions, ex situ classified areas, through forums of communication and awareness campaigns among rural populations linked to agriculture and coastal populations linked to fishing, and actions taken in partnership with institutional stakeholders associated with the project; also actions of dissemination in seminars and conferences, in the media and internet social networks. The project is monitored in the field through the registration of garbage collection in trails; reported interactions with the species monk seal in the case of fishermen and Madeira long-toed pigeon in the case of farmers and undesirable predators monitoring boxes on the nesting area of the species Madeira’s petrel; the success of the actions is evaluated through surveys of target groups. This project fits in the communication and information strategy of the European Community’s financial instrument, LIFE + to enhance the European ecological network Natura 2000. The goal is to make available information to populations for a better implementation, management and conservation of Natura 2000. The Madeira Archipelago has 11 areas classified as special area of conservation, Natura 2000 network, covering land area and sea area, as well as 4 Special Protection Areas, which are an important support of socio-economic activities in the region, as nature tourism, agricultural activity and fishing activity. It is in this perspective that the SPNM proposed developing various actions to promote and strengthen the compatibility between the development of socio-economic and cultural activities of fishing, agriculture and eco tourism, with the management of nature reserves, classified areas, habitats and species listed in the annexes of the directives supporting Natura 2000. In partnership with SPEA and with the support of stakeholders, specific campaigns will help and guide the target groups in the correct implementation of best practices in their activity. Through communication and awareness-raising campaigns, disclosed material was prepared and distributed to the target groups intending a personal commitment for the conservation and promotion of local biodiversity as a way to improve their economic activity and quality of life. Claiming that these actions reflect a behavioral change of society as a whole, the SPNM is aware that it will not be this project, per se, that will achieve the desired behavior changes towards a sustainable future, but considers that it is one more step to build a conscious and ecologically sustainable society. Be Eco compatible is to implement good practices in economic activities in favor of biodiversity and use biodiversity for the sustainability and increase of economic activities. To publicize and promote the use of best practices in economic activities that develop directly or close to classified areas, 3 scripts of good practices have been compiled or each of the target economic activities of the project, which can be downloaded from the internet site www.lifeecocompativel.com . In the field several communication campaigns are developed through a variety of approaches adapted to the intended target group: • Individual actions of awareness among target groups (nature tourism agents, farmers, fishermen and visitors of protected areas), aiming personal commitment to the cause “BE ECO COMPATIBLE”. Strengthen and consolidate the positive behaviors through direct individual contact with the distribution of disclosed material, namely: Pocket ashtray, alerting to the fact that cigarette butts are also garbage and are an environmental problem at rest points of protected areas; wristbands with the couplet “I give a hand to nature”, produced in 5 languages and 5 different colors, to keep in mind the commitment made by visitors of protected areas and all those who want to give strength to this cause; paper garbage bags printed with written and visual information on some types of garbage found in classified areas, noting that cigarette butts are also garbage, that organic waste can feed undesirable invaders animals populations and that the tissues have a nasty and long-lasting visual impact; planner agenda with good practices to the various activities of nature tourism and t-shirts with the couplet “I put on this cause”, specifically for nature tourism agents to use in their daily activity; wall calendar on agriculture thematic, to professional farmers with planting tips and best practices to the farmer; wall calendar on fisheries, for recreational and professional anglers with images alluding to good practices and tips on fishing and marine species; Polar jackets bearing the banner “I put on this cause” for daily use by farmers and fishermen; 48 seminários Projeto Turismo em áreas Rurais Livro de comunicações 49 Sessão III Caminhos para a sustentabilidade… Session III Pathways towards sustainability… 50 seminários Projeto Turismo em áreas Rurais Livro de comunicações 51 Visitação em Áreas Protegidas, Rede Natura e Florestas: um contributo para a sua sustentabilidade Teresa Maria Gamito14 Resumo Em Portugal existe um importante conjunto de Áreas Protegidas que são locais prioritariamente destinados à conservação da natureza e da biodiversidade, bem como vastas áreas classificadas no âmbito das Diretivas Aves e Habitats (Rede Natura 2000) e ainda espaços florestais muito diversificados que também encerram sistemas naturais com necessidades de conservação. Estas áreas, e até pelos valores que encerram, podem constituir uma oportunidade para o desenvolvimento local através de uma aposta na visitação, compatibilizando, numa perspetiva de desenvolvimento sustentável, turismo e conservação da natureza. Através desta comunicação serão apresentadas algumas metodologias destinadas à identificação e aproveitamento do potencial turístico destas áreas de elevado valor natural, nomeadamente as utilizadas no Programa de Visitação e Comunicação na Rede Nacional de Áreas Protegidas. São também apresentadas algumas conclusões e recomendações para modelo(s) de gestão de áreas protegidas, de rede natura e espaços florestais que, envolvendo os responsáveis pela conservação, as populações e os agentes económicos locais, permitam tirar partido de todo o seu potencial. Palavras-chave: Áreas Protegidas, Florestas, Rede Natura, Sustentabilidade, Visitação. Enquadramento A principal motivação do turista de natureza é a observação, apreciação e usufruto da Natureza, nas suas diferentes dimensões. Este segmento da procura tem vindo a aumentar nos últimos anos devido a uma crescente sensibilização para as questões relacionadas com o ambiente, com a conservação da natureza e da biodiversidade e com a responsabilidade social. As Áreas Protegidas (AP) portuguesas (bem como as áreas de Rede Natura - RN) são consideradas, por nacionais e estrangeiros, como locais de privilégio e excelência para a visitação, para a observação da paisagem, da fauna e da flora e para atividades de lazer e desporto ao ar livre e na natureza. No entanto existe um significativo potencial por aproveitar, em praticamente todas as AP, utilizando os recursos disponíveis (ThinkTur, 2006). Nas Florestas portuguesas, os desportos de natureza e as atividades de ar livre estão a ganhar popularidade (2 milhões de dias de visita por ano), com destaque para as serras de Sintra, do Buçaco e do Gerês, podendo as florestas próximo dos núcleos urbanos vir a assumir uma importância crescente para passeios de fim de semana (Pereira et al., 2004). Este potencial se for aproveitado pode constituir uma grande fonte de receitas, relacionadas com os serviços prestados aos turistas (estadias, serviços de recreio e lazer, centros de informação, equipamentos), com vendas (alimentos, artesanato, merchandising), com as compras locais das unidades de alojamento e restauração, com licenças e concessões (operadores turísticos e de desporto de natureza) e mesmo com o valor que os turistas atribuem à experiência de visita (incentivo económico para a conservação) e com trust funds e doações (prestígio). O “Programa de Visitação e Comunicação na RNAP” e o Grupo de Trabalho da Visitação O Programa de Visitação e Comunicação na Rede Nacional de Áreas Protegidas, realizado pela TT ThinkTur para o então ICN, em 2006, tinha como objetivo “Melhorar as condições de visitabilidade de forma integrada e sustentada, para recreio e sensibilização ambiental, aperfeiçoando o modelo atual de atendimento dos visitantes”. O estudo assumiu como pressuposto que “Só se protege o que se gosta, só se gosta do que se conhece, só se conhece o que se visita, pelo que é necessário visitar para conhecer, conhecer para gostar e gostar para proteger e preservar para o futuro”. No âmbito do Diagnóstico foram identificados como fatores que potenciam a visita: uma oferta muito diversificada de recursos naturais e valores de inegável interesse; a proximidade às principais cidades, aeroportos e facilidade de acesso; as condições meteorológicas favoráveis; a imagem do País como destino de excelência; o património histórico, arquitetónico, cultural e gastronómico das AP ou da sua envolvente. Como fatores limitativos ressaltaram: a ausência de estruturas eficientes de receção e acompanhamento dos visitantes; a reduzida qualificação dos recursos humanos para organizar a visitação; a reduzida oferta de atividades de desporto e animação ambiental e de alojamento na natureza e a fraca qualidade média da oferta de hotelaria no território e envolvente; a quase inexistente promoção e comercialização das AP como destinos de turismo e lazer. Face a este diagnóstico foram considerados como prioritários o planeamento e a promoção de uma visitação 14 52 Consultora (consultant) | Tel: (+351) 214141009 | E-mail: [email protected] turística integrada e em rede, que adicione valor comercial aos produtos de visitação, tornando-os mais atrativos e competitivos e tornando mais interessantes e enriquecedoras as “experiências” dos visitantes e a sensibilização e envolvimento dos diferentes stakeholders (entidades públicas e privadas), das comunidades locais e do público potencialmente interessado. Assim, foram propostos conteúdos para os produtos de visitação e o programa de infraestruturação considerado essencial para tornar as AP atrativas para a visitação turística, foram identificadas parcerias estratégicas e proposta a adoção de modelos de gestão dos serviços, infraestruturas e equipamentos, foi estruturado um plano de marketing e uma estratégia de comunicação, sistematizado um programa temporal de execução e definido um programa de monitorização, avaliação e controlo. Na sequência do Programa de Visitação, foi criado, em 2008, pelos Secretários de Estado do Ambiente e do Turismo, um Grupo de Trabalho que, para duas áreas de visitação piloto (Arrábida e Estuário do Sado, na proximidade de Lisboa, e áreas protegidas de montanha no Norte do país), propôs um programa de investimentos, ações transversais prioritárias e um modelo de gestão envolvendo os responsáveis pelas áreas protegidas e as entidades que desenvolvem, direta ou indiretamente, atividades no sector do Turismo de Natureza (TN). Através de reuniões de trabalho, foram identificados inúmeros parceiros interessados no desenvolvimento da visitação nas AP: autarquias, empresas de turismo e turismo de natureza, grandes empresas públicas com intervenção no território (energia e transportes) e empresas de atividades e desporto na natureza. O modelo aplicado às duas áreas piloto permitiu verificar, entre outros, que é possível envolver entidades públicas e privadas e que é possível e relevante promover o usufruto, de forma ordenada, destes espaços naturais de enorme valor, dando a conhecer os seus recursos e características extraordinárias, transformando a visita numa oportunidade única de sensibilização, educação ambiental e proteção da natureza e da biodiversidade e potenciar o TN, como produto estratégico, e atrair e captar novos segmentos da procura turística, em linha com os novos padrões de comportamento de turistas e visitantes nacionais e internacionais. Conclusões e Recomendações A Visitação de AP, RN e Florestas pode contribuir para a conservação da natureza e da biodiversidade nestas áreas (o ativo para o TN), através de ações de conservação e de sensibilização e da gestão ativa e sustentável destes espaços, envolvendo populações e agentes locais, valorizando o património, os produtos e os saberes e divulgando boas práticas que compatibilizem atividades económicas e conservação. A criação e consolidação de serviços e outras atividades económicas (TN, rural e cultural, caça, pesca, agricultura, silvicultura, produção e transformação de produtos tradicionais) e a construção de infraestruturas (percursos, observatórios, etc.) para apoio ao turismo e à conservação contribuem para fixar a população e para recuperar património edificado e revitalizar aldeias. Em suma, para proteger o ambiente, dinamizar a economia e melhorar a qualidade de vida das populações. Para que a Visitação em AP, RN e Florestas seja um contributo para a sustentabilidade dessas áreas, importa: concentrar os esforços das autoridades e entidades gestoras na conservação e valorização da natureza e da biodiversidade (“ativo”) e na regulação, ordenamento e fiscalização de usos e atividades; dinamizar a visita destas áreas, compatibilizando turismo e conservação; assegurar parcerias estratégicas e a colaboração das comunidades locais; informar e sensibilizar visitantes, entidades, empresas e comunidades locais; e, comunicar e demonstrar o potencial e o interesse destes espaços e da sua visitação. Como recomendações sublinha-se o interesse em dinamizar a visita a AP, RN e Florestas como alternativa ao Sol e Praia, contribuindo, simultaneamente, para potenciar, de forma sustentável, a manutenção de habitats e espécies relevantes e em promover um programa para a valorização turística dos espaços florestais, incluindo alojamento, percursos pedestres, a cavalo e de bicicleta, observação de aves e de outra fauna e da flora e fotografia de natureza, caça e pesca e programas turísticos associados e o aproveitamento de produtos florestais associados à gastronomia. A utilização destes espaços, em épocas menos procuradas pelos turistas, contribuirá para combater a sazonalidade da atividade turística e para o desenvolvimento regional. Bibliografia selecionada Gamito, T. M. (2008). “Áreas Protegidas: Factor de Desenvolvimento Local e Pólo de Atracão Regional”, Seminário sobre Áreas Protegidas na Comunidade dos Países de Língua Oficial Portuguesa, Maputo. Gamito, T. M., C. da Silva, L. (2012) “Visitação e Turismo de Natureza em Áreas Protegidas: contributo para o desenvolvimento local e factor de atracção regional”, IX Colóquio Ibérico de Estudos Rurais, UL-CEG/IGOT, Lisboa Júdice, M. A., Santos, H. P., Ferreira, T., Gamito, T. M. (2008). Relatório Final do Grupo de Trabalho Visitação. TT-ThinkTur - Estudos e Gestão de Empreendimentos Turísticos, Lda. (2006). “Programa de Visitação e Comunicação na Rede Nacional de Áreas Protegidas”, Instituto da Conservação da Natureza. Pereira, H.M., Domingos, T., Vicente, L. e Proença V. (2009): “Ecossistemas e Bem-Estar Humano: Resultados da Avaliação para Portugal do Millennium Ecosystem Assessment”. seminários Projeto Turismo em áreas Rurais Livro de comunicações 53 Tourism in Protected and Natura Network areas and Forests: a contribution to their sustainability Teresa Maria Gamito14 Abstract In Portugal there is an important set of Protected Areas, designed for nature and biodiversity conservation, numerous areas classified under the Birds and Habitats Directives (Nature 2000 Network) and also diversified forest areas with natural systems important for conservation. These areas, by their values, can be an opportunity for local development through a bet on sustainable development, tourism and nature conservation. Through this paper some methodologies will be presented to identify and benefit from the tourist potential of these areas, in particular the ones used in the Master Plan for Tourism on the Portuguese Protected Areas. Some recommendations are presented for the management of these areas, involving conservation managers, residents and local economic agents, in order to take advantage of their full potential. Keywords: Forests, Nature Network, Protected areas, Sustainability, Tourism. Framework The main Nature tourist motivation is the viewing, enjoyment and use of nature, in all its dimensions. This segment of the demand has been increasing in recent years due to a growing awareness of the issues related to the environment, to nature and biodiversity conservation and to social responsibility. Protected areas (PA) in Portugal (as well as Nature Network (NN) areas) are considered, by both national and visitors, as places of privilege and excellence to visit, to watch the landscape, flora and fauna and to practice leisure activities and outdoor or nature sports. However, there is a significant potential still to be revealed in almost all PA, using the available resources (ThinkTur, 2006). In Portuguese forests, nature sports and outdoor activities are gaining popularity (2 million days of visits per year), in particular on the mountains of Sintra, Buçaco and Gerês, and the forests close to urban centres are growing of importance for weekend visits (Pereira et al., 2004). This potential if it is used can be a great source of revenues, related to the services provided to tourists (stays, recreational and leisure services, information centres, equipment), related with sales (food, handicrafts, merchandising), with local purchases of lodges and restaurants, with licences and concessions (tours and nature sports operators) and even with the value tourists give to their visiting experience (an economic incentive for conservation) and with trust funds and donations (prestige). The Master Plan for Tourism on Portuguese Protected Areas and subsequent Working Group The Master Plan for Tourism on Portuguese Protected Areas, conducted by TT-ThinkTur for the Portuguese Institute for Nature Conservation (ICN), in 2006, aimed to “Improve the conditions for integrated and sustained tourism, recreation and environmental awareness, improving the current services for visitors”. The study also had as an assumption that “We only protect what we like, we only like what we know, we only know what we visit, being therefore necessary to visit to get to know, to know to like and to like to protect and preserve for the future”. Within the scope of the Diagnosis, factors that potentiate the visit were identified: a very diverse offer of natural resources and values of undeniable interest; the proximity to main urban centres, airports and good accessibilities; favourable weather conditions; the image of Portugal as a destination of excellence; the historic, architectural, cultural and gastronomic heritage of PA or its environments. Limiting factors stressed were: the absence of efficient structures to receive and attend visitors; the under qualification of human resources to organize visiting; the reduced offer of sports activities and environmental animation and accommodation in nature and the poor average quality of lodging; the reduced promotion and marketing of PA as tourist and recreation destinations. Faced with this diagnosis were considered as a priority the planning and promotion of an integrated and networked tourism, that would add commercial value to visiting products, making them more attractive and competitive and making more interesting and enriching the “experiences” of visitors and the awareness and involvement of stakeholders (public and private), local communities and potentially interested publics. Proposals were drawn for the visiting products, for the infrastructure program necessary to make PA attractive to tourist visitation, for strategic partnerships and management models for services, infrastructure and equipment, for a marketing plan and a communications strategy, for a program schedule and for a monitoring, evaluation and control program. Following the Master Plan, in 2008, a Working Group was designated by the Environment and Tourism Secretaries of State. The Group studied two pilot visiting areas (Arrábida and Sado Estuary, close to Lisbon, and the mountain PA in the North of Portugal), presenting an investment proposal, priority and transversal actions, and a management model involving protected areas managers and entities that develop, directly or indirectly, nature tourism (NT) activities. 54 Through several workshops, it was possible to identify a number of potential partners: local authorities, tourism and NT companies, large public companies with impact on the territory (energy and transports) and nature activities and sports companies. The model applied to the two pilot areas showed, among others, that it is possible to involve public and private entities and that it is possible and relevant to promote the use, in an planned manner, of these natural valuable areas, giving to know their extraordinary resources and features, making their visit a unique opportunity to raise awareness, environmental education and nature and biodiversity protection and at the same time, to enhance NT, as a strategic tourist product, and to attract and capture new segments of tourist demand in line with the new behaviour patterns. Conclusions and Recommendations The visiting of PA, NN and forests can contribute to nature and biodiversity conservation in these areas (the asset for NT), through conservation and awareness actions and through an active and sustainable management of these areas, involving populations and local agents, enhancing heritage, products and local knowledge and disseminating good practice that reconcile economic activities and conservation. The creation and consolidation of services and other economic activities (NT, rural and cultural, hunting, fishing, agriculture, forestry, production and processing of traditional products) and the construction of infrastructures (paths, observatories, etc.) to support tourism and conservation contribute to secure the population and to recover built heritage and revitalize villages. In short, to protect the environment, boost the economy and improve the quality of life of the people. To ensure that the visiting of PA, NN and forests is a contribution for the sustainability of these areas, it is necessary: to focus the efforts of the authorities and PA managers in the conservation and enhancement of nature and biodiversity (“asset”) and in the regulation, management and supervision of uses and activities; to boost the visit of these areas, aligning tourism and conservation; to ensure strategic partnerships and the cooperation of local communities; to inform and raise awareness of visitors, entities, companies and local communities; and, to communicate and reveal the potential and interest of these areas and of their visit. Recommendations raise the importance to boost the visit to PA, NN and Forests as an alternative to sun and beach, contributing simultaneously, to improve, in a sustainable way, the maintenance of habitats and species and to promote a program for the tourist enhancement of forest areas, including tourist accommodation, hiking, riding and cycling, bird-watching and other fauna and flora watching and nature photography, hunting and fishing and related tourist programs as well as the use of forest gastronomy products. The use of these areas in out of season will help to combat the seasonality of tourism and to regional development. Selected Bibliography Gamito, T. M. (2008). “Áreas Protegidas: Factor de Desenvolvimento Local e Pólo de Atracão Regional”, Seminário sobre Áreas Protegidas na Comunidade dos Países de Língua Oficial Portuguesa, Maputo. Gamito, T. M., C. da Silva, L. (2012) “Visitação e Turismo de Natureza em Áreas Protegidas: contributo para o desenvolvimento local e factor de atracção regional”, IX Colóquio Ibérico de Estudos Rurais, UL-CEG/IGOT, Lisboa Júdice, M. A., Santos, H. P., Ferreira, T., Gamito, T. M. (2008). Relatório Final do Grupo de Trabalho Visitação. TT-ThinkTur - Estudos e Gestão de Empreendimentos Turísticos, Lda. (2006). “Programa de Visitação e Comunicação na Rede Nacional de Áreas Protegidas”, Instituto da Conservação da Natureza. Pereira, H.M., Domingos, T., Vicente, L. e Proença V. (2009): “Ecossistemas e Bem-Estar Humano: Resultados da Avaliação para Portugal do Millennium Ecosystem Assessment”. seminários Projeto Turismo em áreas Rurais Livro de comunicações 55 A Responsabilidade Social no Turismo Victor Figueira 15 Resumo A responsabilidade social das empresas é um conceito que passou a ser utilizado a partir dos anos 60, século XX. Na maioria das definições descreve-se as medidas constitutivas pelas quais as empresas integram preocupações da sociedade nas suas políticas e operações comerciais, em particular, preocupações ambientais, económicas e sociais. Recentemente, a criação da ISO 26000 veio introduzir elementos novos na discussão sobre o papel a ser desempenhado pelas organizações: passam a ser considerados, como elementos essenciais na construção de uma nova sociedade global, onde impera o respeito pelo meio ambiente e os valores da solidariedade, colocados agora, num patamar superior às antigas considerações meramente económicas que envolviam as empresas. O turismo acompanhou esta evolução na criação das suas instituições internacionais de base e na aprovação de documentos ou declarações que foram aclarando o conceito e o papel que as empresas turísticas, e o turismo na sua generalidade, deveriam ter face à construção desta nova realidade. Embora os empresários do turismo no espaço rural no Baixo Alentejo, pelas suas características e atual situação de crise económica, possam ter algumas dificuldades na compreensão e aplicação destes princípios, serão sempre considerados, pelo seu enquadramento, agentes extraordinários de mudança assim consigam ter a visão necessária na implementação de determinados princípios básicos. Palavras-chave: responsabilidade social; turismo; sustentabilidade. O conceito de responsabilidade social foi construído ao longo do tempo e fruto de vários contributos. A atitude, visão e estratégia de algumas pessoas em séculos anteriores ditava aquilo que mais tarde daria origem ao conceito de responsabilidade social empresarial. Veja-se o caso de Bruno Hering que no século XIX implantou o tripé da sustentabilidade muito antes do conceito ser utilizado. “Um alemão que emigrou em 1890 para Santa Catarina e criou, com o irmão, a malharia Hering […]. Bruno Hering implantou os princípios do que se conheceria um século mais tarde como Responsabilidade Social Empresarial, ou RSE. […] constituiu precocemente o tripé da sustentabilidade na Hering, envolvendo economia, meio ambiente e sociedade. Bruno criou uma biblioteca para os operários da fábrica. Como a frequência era baixa, ele próprio passou a ler histórias para os funcionários. Fundou a primeira cooperativa de Blumenau e participava ativamente da vida social da cidade. Colaborava com a Volksverein, (Sociedade do Povo), que originaria o Sindicato Agrícola, e com a Kulturverein (Sociedade Cultural), que difundia a cultura junto aos trabalhadores.[…] Bruno foi responsável por promover o reflorestamento nos terrenos da fábrica e recebeu, no final do século XIX, o título de Pioneiro nas Atividades em Favor da Preservação da Natureza em Terras Brasileiras” […] (Anuário Expressão, 2010:12). O termo responsabilidade social empresarial (RSE) é utilizado desde os anos 60, em particular nos países de cultura anglo-saxónica como os Estados Unidos da América (EUA), o Canadá e a Inglaterra. No entanto, foi no final dos anos 90 que as reflexões sobre as relações entre as empresas e a sociedade adquiriram um novo impulso, refletindo as consequências sociais negativas da globalização. Embora haja muitas definições de RSE, na prática o conceito promove um comportamento empresarial que integra elementos sociais e ambientais que não estão necessariamente contidos na legislação mas que atendem às expectativas da sociedade em relação à empresa. Deve-se destacar que as iniciativas em questões de RSE devem ir muito além da obrigação de cumprir a legislação em matéria ambiental ou social. Outra questão importante tem a ver com o facto de que as doações que a organização faz ocasionalmente não se constituem em ações de responsabilidade social organizacional, antes surgindo como um tipo de ajuda eventual prestado pela empresa e sendo percebidas como ações filantrópicas. A filantropia pode ter sido o primeiro passo no caminho da responsabilidade social pois embora não sendo sinónimo dela pode representar a sua evolução ao longo do tempo. A responsabilidade social está patente na gestão e planeamento estratégico e trata diretamente com os negócios da empresa, enquanto que a filantropia é somente a relação social com a comunidade. Historicamente, uma das definições mais aceites e respeitadas de responsabilidade social empresarial (ou corporativa), é a que foi lançada em 1998 pelo Conselho Empresarial Mundial para o Desenvolvimento Sustentável (WBCSD), que afirma que constituem bases do conceito “o comprometimento permanente dos empresários em adotar um comportamento ético e contribuir para o desenvolvimento económico, melhorando simultaneamente a qualidade de vida dos seus empregados e das suas famílias, da comunidade local e da sociedade como um todo” (Figueira e 15 Professor no IPBeja (teacher in IPBeja) | IPBeja - Instituto Politécnico de Beja. Rua Pedro Soares – Campus, 7800-295 Beja (Portugal) | Tel. (+351) 284315000 | Email: [email protected] 56 Dias, 2011:55). Tem ocorrido um crescimento de novas expectativas dos consumidores e da opinião pública em relação à empresa. Em relação ao meio ambiente são colocados às empresas novos desafios, tanto no que diz respeito ao controle dos efeitos ambientais da sua atividade como na adoção de iniciativas ecológicas, na utilização de tecnologias e no desenvolvimento de produtos verdes. As empresas que não adotaram, internamente, essas novas ideias ambientais, enfrentam o risco de serem alvo de campanhas denunciadoras e do possível repúdio da opinião pública. Do ponto de vista social há uma vigilância constante da comunidade em relação a atitudes e práticas que não respeitam os direitos humanos, com a observação vigilante dos meios de comunicação sobre as condutas empresariais que merecem sanções sociais, como sejam a discriminação de minorias, mulheres e outros grupos sociais. O incremento da corrupção nos negócios tem adquirido uma maior atenção crítica por parte da opinião pública. Estas novas expectativas sociais adquirem uma extraordinária força social, tornando-se, quando não cumpridas, muito mais graves para as empresas que as resultantes do não cumprimento de leis e regulamentos. A empresa tornou-se muito mais permeável às pressões e influências externas, necessitando cada vez mais de conciliar a pressão social com os seus objetivos e funções. No final do século passado, em 1999, as discussões sobre a responsabilidade social tomaram um novo rumo com o lançamento do Pacto Global pelas Nações Unidas em 1999, quando o Secretário-Geral da ONU, Kofi Annan, apelou para que as empresas de todo o mundo assumissem uma globalização mais humanitária. O Pacto tem dez princípios universais16 em quatro áreas fundamentais - Direitos Humanos, Direitos do Trabalho, Proteção Ambiental e Corrupção. O Pacto constitui um referencial dos novos valores globais que devem ser assumidos pelas organizações e pelos indivíduos que queiram assumir uma atuação socialmente mais responsável. Assim, o turismo como atividade que envolve um amplo número de organizações, deve adotar uma postura de maior envolvimento em relação à responsabilidade social, pois além de se constituir como umas das atividades económicas mais importantes do mundo atual constitui-se, para muitos autores, como um formidável instrumento de desenvolvimento sustentável, em particular na perspetiva do desenvolvimento local. Face a uma grande expectativa mundial foi lançada no dia 01 de Novembro de 2010 a nova norma de responsabilidade social – ISO 26000 que, basicamente, constitui um guia de aplicação voluntária e que se traduz em diretrizes de atuação para todo o tipo de organizações em diversas áreas relacionadas com a ação socialmente responsável, como o meio ambiente, os direitos humanos, os direitos dos consumidores ou a contribuição ao desenvolvimento social. A ISO 26000 é uma ferramenta que, seguramente, provocará mudanças no interior das organizações e aumentará a pressão sobre os governos para regularem mais nesta matéria. A norma destaca que a responsabilidade social não é somente empresarial, mas de todas as organizações e dos indivíduos. Esta característica coloca o desenvolvimento sustentável, e em consequência a melhoria da qualidade de vida, na agenda social. O principal objetivo da norma ISO 26000 é tornar compreensível o significado de responsabilidade social e a forma como esta se relaciona com os diferentes tipos de organizações, incluindo as pequenas e médias empresas. Na sua elaboração foram levadas em consideração as diferenças culturais, sociais, ambientais, legais e de desenvolvimento económico adequando a sua aplicação a todas as organizações, independentemente do seu tipo, tamanho, propósito ou localização. Porém, não deve ser utilizada para propósitos de regulamentação ou contratuais ou ainda funcionar como uma barreira comercial. Uma maneira eficaz de uma organização identificar a sua responsabilidade social é familiarizar-se com as questões que dizem respeito à responsabilidade social nos seguintes temas essenciais: governança organizacional, direitos humanos, práticas trabalhistas, meio ambiente, práticas justas de funcionamento, questões relativas ao consumidor e desenvolvimento e envolvimento com a comunidade A evolução no conceito de responsabilidade social no turismo ocorre paralelamente à criação de estruturas internacionais relativas ao turismo. Essas mesmas estruturas envidaram esforços no sentido de promover eventos e compromissos internacionais que assegurassem a sustentabilidade do turismo nos diversos países e comunidades de destino Deste modo, apresentam-se três fases que representam essa mesma evolução: • A Primeira fase: na origem - onde ocorre a criação da OMT(1970), são aprovados Declarações e Documentos de extrema relevância que vão consolidando o conceito e de que são exemplo a Declaração de Manila (1980); o Documento de Acapulco (1982); a Carta do Turismo e Código do Turista (1985); a Carta de Columbia (1988); 16 http://www.unglobalcompact.org/AboutTheGC/TheTenPrinciples/index.html, acedido a 08/06/2013. seminários Projeto Turismo em áreas Rurais Livro de comunicações 57 • Segunda fase: O turismo sustentável e ético - nesta segunda fase os documentos retratam a influência da perspetiva do desenvolvimento sustentável na atividade económica, incluindo a atividade turística. A aproximação do final do século XX leva a que sejam também intensificadas as discussões sobre a responsabilidade social no âmbito empresarial, principalmente no aspeto mais diretamente relacionado com as questões éticas - Carta do Turismo Sustentável (1995); Declaração de Berlim – biodiversidade e turismo (1997); Código de Ética do Turismo (1999); • Terceira fase: a consolidação da responsabilidade social no turismo - nesta fase, que se inicia no ano 2000 e se prolonga até à atualidade, o turismo consolida a sua abordagem no aspeto social, envolvendo-se diretamente na luta contra a pobreza. A responsabilidade social do turismo no século XXI assume um novo posicionamento - o combate à pobreza e à desigualdade social (Figueira e Dias, 2011). A título de exemplo é possível indicar o Grupo Iberostar17 de origem espanhola que tem investido recursos financeiros e sociais na Bahia – Brasil. O número de beneficiados soma cerca de 3000 pessoas, incluindo colaboradores e moradores de áreas próximas ao complexo hoteleiro instalado pelo grupo. As suas principais ações são na área da educação, qualificação profissional, criação de emprego e rendimentos através da valorização da cultura local e educação ambiental. Atualmente, a responsabilidade social das empresas turísticas em Portugal está muito associada, apenas às questões ambientais. As possíveis razões para esse facto poderão ter a ver com o fato dessas ações serem mais visíveis no imediato, o de haver mercados mais exigentes que procuram estabelecimentos cuja conduta está associada às questões ambientais e até por exigências de marca. No que diz respeito ao turismo em espaço rural no Baixo Alentejo, e face às características dos empresários e das unidades, poderão existir alguns constrangimentos na compreensão e na aplicação dos princípios da responsabilidades social – a atual crise financeira, a dispersão geográfica, a quase ausência de associações congéneres que agilizem o trabalho em parceria, o desconhecimento e a falta de interesse, a necessária formação para a prossecução de projetos desta natureza, a falta ou desconhecimento de meios mensuráveis e a ausência ou limitação dos fornecedores existentes na região, poderão ser alguns dos fatores principais (Figueira, 1998; Figueira, 2002). Por outro lado, o facto de se enquadrarem numa região em meio rural, permite que possam estar patentes algumas potencialidades na sua aplicação, nomeadamente o facto de se localizarem em áreas pouco degradadas, de estarem presentes em regiões muito ricas culturalmente, pela dimensão reduzida das suas infraestruturas, pelo facto de serem mais autónomas no poder de decisão e controle e por haver, necessariamente, um maior enquadramento junto da comunidade local. Nesse sentido, e independentemente das suas maiores ou menores possibilidades de implementar ações de responsabilidades social, as empresas de turismo no espaço rural deverão atender aos seguintes princípios básicos: • todas as suas atividades devem ter em conta os impactes produzidos na comunidade envolvente; • ser honestos e íntegros nas relações interpessoais; • respeitar os direitos humanos e direito fundamental do trabalho; • estar atentos a todas as ações que possam provocar impactes no meio ambiente; • procurar complementar ou substituir a utilização de recursos não renováveis por fontes renováveis alternativas de baixo impacte; • implementar praticas de planeamento e operação, nomeadamente através de processos de certificação. Em jeito de conclusão importa referir que para as organizações, sobretudo aquelas que possuem uma visão mais economicista, a responsabilidade social deve traduzir-se na sua própria filosofia de gestão e, embora a responsabilidade inicial da empresa seja a de criar riqueza para todos os participantes diretamente envolvidos na sua gestão, deve também contribuir para a melhoria das condições de vida das comunidades onde atua. A responsabilidade social torna-se, assim e cada vez mais, um fator de competitividade e uma condição a médio e longo prazo para que uma organização seja sustentável. Porém, o carácter voluntário da norma 26000 e a crise económica que afeta as regiões e os países da Europa, não permite, por vezes, o discernimento necessário aos empresários para fazerem a sua atividade normal de forma diferente. O turismo, como uma atividade que envolve um grande e diversificado número de organizações tende a constituirse no sector que mais atenção deve dar à responsabilidade social - a sua dinâmica é essencialmente modificadora tanto do ambiente físico quanto do social. A atividade turística ganha um elemento novo na avaliação das suas consequências, e o poder público torna-se um elemento avaliador das suas atividades de articulação e coordenação tendo sempre a consciência de que “somos livres de fazer as nossas escolhas mas prisioneiros das suas consequências (Pablo Neruda)”. 17 58 Referências bibliográficas Anuário Expressão (2010). “RSE no século XIX”, 155:12, Florianópolis: Editora Expressão. Figueira, Ana Paula (1998). A Oferta de Alojamento de Turismo no Espaço Rural no Baixo Alentejo – estudo exploratório, Beja: P.gráfica. Figueira, Victor (2002). “O Turismo no Baixo Alentejo: equilibrar ou desmoronar? ”, Vila Real: Comunicação apresentada no 1º Congresso de Estudos Rurais, in Colectânea de Comunicações 2000-2001, Instituto Politécnico de Beja, 415-431. Figueira, Victor e Dias, Reinaldo (2011). A Responsabilidade Social no Turismo. Escolar Editora. Goldstein, Ilana (2007). Responsabilidade social: das grandes corporações ao terceiro setor, São Paulo: Ática. http://www.iberostar.com/pt/responsabilidade-social, acedido a 08/06/2013. seminários Projeto Turismo em áreas Rurais Livro de comunicações 59 Social Responsibility in Tourism Victor Figueira 15 Abstract The corporate social responsibility is a concept which started to be used from the 60s onwards, in the 20th century. In most definitions, one describes the constitutive measures through which companies integrate the society’s concerns into their own commercial operations and policies, specially their environmental, economical and social concerns. Recently, the creation of the ISO 26000 has come to introduce new elements into the discussion of the role to be carried out by the organizations: they start to be considered as essential elements in the creation of a new global society, where the respect for the environment and the values of solidarity dominate, being now placed in a level which is superior to the old and purely economic considerations involving the companies. Tourism has been following this evolution in the creation of its international basic institutions and in the approval of documents or declarations which have been clarifying the concept and the role that touristic companies, and tourism in general, should have in the construction of this new reality. Even though the entrepreneurs of rural tourism in the area of Lower Alentejo, because of their characteristics and present situation of economical crisis, may have some difficulties in understanding and aplying these principles, they will always be considered, due to their framing, extraordinary agents of change as long as they have the necessary vision to implement certain basic principles. Keywords: social responsibility; tourism; sustainability. The concept of social responsibility was built over the time and it was the result of several contributes. The attitude, vision and strategy of some people in previous centuries dictated what would later give rise to the concept of entrepreneurial social responsibility. Let’s consider the case of Bruno Hering who, in the 19th century implanted the tripod of sustainability, much earlier than the concept began to be used. “A German who emigrated to Santa Catarina in 1890 and created, with his brother, the Hering knitting […]. Bruno Hering implanted the principles that one century later would be known as Entrepreneurial Social Responsibility or ESR. […] this early constituted Hering’s tripod of sustainability, involving economy, environment and society. Bruno created a library for the factory workers. Since its attendance was low, he started reading stories for the workers himself. He funded Blumenau’s first cooperative and he actively in the city’s social life. He cooperated with the Volksverein, (People´s Society), which would give rise to the Agricultural Trade Union, and with the Kulturverein (Cultural Society), which disseminated culture among the workers. […] Bruno was responsible for promoting the reforestation of the factory’s lands and, by the end of the 19th century, he was awarded the title of Pioneer in the Activities in Favour of the Preservation of Nature in Brazilian Lands” […] (Anuário Expressão, 2010:12). The term entrepreneurial social responsibility (ESR) has been used since the 1960s, especially in countries of an Anglo-Saxon culture like the United States of America (USA), Canada and England. It was, however, at the end of the 1990s, that the reflections on the relationships between companies and society acquired a new impulse, reflecting the negative social consequences of globalisation. Even though there are many definitions of ESR, in practise, the concept promotes an entrepreneurial behaviour that includes social and environmental elements that aren’t necessarily included in the legislation but which meet the expectations of society in relation to the companies. One should stress that all the initiatives related to ESR must go beyond the duty to abide by the law in environmental or social issues. Another important issue is related to the fact that the donations that the organisation makes occasionally do not represent actions of corporate social responsibility, appearing rather as a kind of casual help rendered by the company and being seen as philanthropic actions. Philanthropy may have been the first step in the way of social responsibility since, not being a synonym for it, it may stand for its evolution over time. Social responsibility is evident in the strategic planning and management and it directly deals with the company’s businesses, whereas philanthropy is only the social relationship with the community. Historically, one of the widely accepted and more respected definitions of entrepreneurial social responsibility (or corporate) is the one which was launched in 1998 by the World Business Council for Sustainable Development (WBCSD), which states that the bases of the concept is constituted by “the permanent commitment of entrepreneurs to adopt an ethical behaviour and to contribute for the economic development, while improving the quality of life of its employees and their families, of the local community and of society as a whole” (Figueira and Dias, 2011:55). There has been a growth in the new expectations of consumers and of public opinion regarding the company. As far 18 19 60 as the environment is concerned, new challenges are placed to companies, both with regard to the control of the environmental effects of its activity and the adoption of green initiatives, the use of technologies and the development of green products. Companies which have not adopted, internally, these new environmental ideas, face the risk of being targeted by telltale campaigns and the possible repudiation by the public opinion. From the social perspective, there is a constant surveillance of the community in relation to attitudes and practices that do not respect human rights, with the vigilant observation of the media on the entrepreneurial conducts deserving social sanctions, such as discrimination against minorities, women and other social groups. The increase of corruption in businesses has gained a greater critical attention by the public opinion. These new social expectations acquire an extraordinary social force, becoming, whenever they are not fulfilled, much more serious for companies than those resulting from the non-compliance with laws and regulations. The company has become much more permeable to external pressures and influences, with an ever increasing need to conciliate social pressure with its aims and functions. At the end of the previous century, the discussions on social responsibility took a new direction with the launching of the UN Global Compact in 1999, when the Secretary-General, Kofi Annan, called for companies of the whole world to assume a more humane globalization. The Pact has ten universal18 principles in four essential areas – Human Rights, Labour Rights, Environmental Protection, and Corruption. The Pact is a new referential of the new global values that should be undertaken by the organizations and the individuals who are willing to take over a socially more responsible action. Thus, tourism as an activity that involves a large number of organizations, should adopt a more proactive involvement in relation to social responsibility since, besides presenting itself as one of the most important economic activities in the world today, it constitutes, for many authors, a powerful tool of sustainable development, in particular from the perspective of local development. Faced with a large world expectation, the new norm of social responsibility – ISO 26000 – was launched on November 1st, 2010, a norm which is basically a guide of voluntary application, which translates into action guidelines for all kinds of organisations in various areas related to socially responsible action, such as the environment, human rights, consumer rights or contribution to social development. The ISO 26000 is a tool that will surely introduce changes inside the organizations and increase the pressure on governments to further regulate in this matter. This norm emphasizes that social responsibility is not purely entrepreneurial, but of all organisations and individuals. This feature places sustainable development and, consequently, the improvement of quality of life into the social agenda. The main objective of the norm ISO 26000 is to make understandable the meaning of social responsibility and the way it relates to different types of organisations, including small and medium enterprises. In its preparation, the cultural, social, environmental, legal differences and those of economic development were taken into consideration, adapting its application to all organisations, regardless of their type, size, purpose or location. However, it should not be used for regulatory or contractual purposes or as a trade barrier. An effective way for an organisation to identify its social responsibility is to become familiar with the issues related to social responsibility in the following core topics: organisational governance, human rights, labour practices, the environment, fair operating practices, consumer issues and development and community involvement. The evolution in the concept of social responsibility in tourism occurs almost simultaneously to the creation of international structures relating to tourism. These same structures have made efforts to promote international commitments and events that would ensure the sustainability of tourism in different destination countries and communities. Thus, there are three stages that represent this evolution: • First stage: the origin – where the creation of the WTO (1970) takes place, the Statements and Documents of utmost importance are approved, consolidating the concept and examples of which are the Manila Declaration (1980), the Acapulco Document (1982), the Tourism Charter and Tourist Code (1985), the Colombia Charter (1988); • Second stage: Sustainable and ethical tourism – in this second stage, documents portray the influence of the perspective of sustainable development in the economic activity, including the touristic activity. As the end of the 20th century approaches, there is an intensification of discussions on social responsibility in the entrepreneurial area, especially in the aspect most directly related to ethical issues – the Charter for Sustainable Tourism (1995); Berlin Declaration – biodiversity and tourism (1997), Code of Ethics for Tourism (1999); • Third stage: strengthening the social responsibility in tourism – in this stage, which began in 2000 and has extended to the present, tourism has strengthened its approach in the social perspective, engaging directly in the fight against poverty, which becomes evident in various documents mentioned throughout this book. The social responsibility of tourism in the 21st century assumes a new position – the fight against poverty and social inequality (Figueira and Dias, 2011). http://www.unglobalcompact.org/AboutTheGC/TheTenPrinciples/index.html, accessed on June 8th, 2013. http://www.iberostar.com/pt/responsabilidade-social, accessed on June 8th, 2013. seminários Projeto Turismo em áreas Rurais Livro de comunicações 61 As an example, one may refer the Iberostar Group19 of Spanish origin, which has invested financial and social resources in Bahia – Brazil. The total number of beneficiaries amounts to about 3,000 people, including employees and residents of areas near the hotel complex installed by the group. Its main actions are in the area of education, vocational training, job creation and income through the valuation of local culture and environmental education. Currently, the social responsibility of touristic companies in Portugal is very associated only to environmental issues. The possible reasons for this fact may have to do more with the fact that these actions are more visible in the immediate moment, to the fact that there are more demanding markets looking for establishments whose conduct is linked to environmental requirements and even to brand requirements. As far as rural tourism in the Lower Alentejo is concerned, and given the characteristics of entrepreneurs and of units, there may be some constrains in the understanding and application of the principles of social responsibility – the current financial crisis, the geographical dispersion, the near absence of similar associations that will streamline the partnership working, the ignorance and lack of interest, the necessary training to pursue projects of this nature, the absence or lack of measurable media and the absence or limitation of suppliers existing in the region, may be some of the main factors (Figueira, 1998; Figueira, 2002). On the other hand, the fact that they fit in a rural region, allows some possibilities of their applications to be patent, including the fact that they are located in little degraded areas, that they are present in culturally very rich regions, the small size of their infrastructures, that they are more autonomous in their decision-making power and control, and for necessarily having a greater framework within the local community. In this sense, and regardless their major or minor possibilities for implementing activities of social responsibility, the companies of tourism in rural areas must abide by the following basic principles: • all their activities should take into account the impacts produced on the surrounding community; • practice honesty and integrity in interpersonal relationships; • respect human rights and core labour rights; • be aware of all actions that may cause impacts on the environment; • seek to complement or replace the use of non-renewable resources by renewable alternatives sources of low impact; • implement planning and operational practices, namely through certification processes. Summing up, it should be noted that for companies, especially those that have a more economist vision, the social responsibility should be reflected in its own management philosophy, and although the initial responsibility of the company is to create wealth for all the participants directly involved in its management, should also contribute to improve the living conditions of the communities where it operates. Social responsibility thus, and increasingly, becomes a competitiveness factor and, in the medium and long run, a condition, for an organization to be sustainable. However, the voluntary nature of norm 26000 and the economical crisis affecting the regions and the countries of Europe, sometimes does not allow for the necessary insight for entrepreneurs to carry out their normal activity in a different way. Tourism, as an activity that involves a large and diverse number of organizations, tends to constitute itself in the sector that should give more attention to social responsibility – its dynamics is essentially modifying both in the physical and in the social environment. Tourist activity gains a new element in the assessment of its consequences, and the government becomes an assessing element of its activities of articulation and coordination, always bearing in mind the awareness that “we are free to make our own choices but prisoners of their consequences (Pablo Neruda)”. Ferramentas para a sustentabilidade do Turismo Teresa Bártolo20 Resumo A sustentabilidade no setor do Turismo provém da necessidade crescente de criação de uma consciência e responsabilidade das diferentes atividades sobre os impactes ambientais e sociais gerados, sejam eles positivos ou negativos. Não há dúvida que o Turismo é um setor com elevado impacte na economia global - representa cerca de 10% do PIB mundial (incluindo serviços relacionados) e gera cerca de 10% do emprego (direto e indireto) - que é necessário manter e estimular. É também uma atividade com repercussões noutras áreas nomeadamente na mobilidade, na construção de cidades, nos estilos de vida e na imagem do país perante o exterior. Esta relação com outras atividades é crucial para o desenvolvimento de um mercado global mais sustentável, pelo seu efeito de indução de comportamentos alinhados segundo princípios éticos e de responsabilidade social e ambiental. É por isso necessária e urgente uma transformação do setor, a criação de um novo turista, mais exigente na escolha do seu destino ou alojamento, baseando-se noutros critérios para além do preço. Alterando a procura irá alterar-se consequentemente a oferta. Como fazer esta transformação? É a pergunta a que a apresentação tentará dar reposta, mostrando alguns caminhos e algumas ferramentas que se podem utilizar para avaliar e gerir a sustentabilidade no turismo. Tools for Tourism sustainability Teresa Bártolo20 Abstract Sustainability in the tourism sector arises from the growing demand to create consciousness and responsibility amongst different activities about its environmental and social impacts, either positive or negative. There is no doubt that Tourism is a sector with high impact in the global economy – it represents around 10% of world GDP (including related services) and generates about 10% of employment (direct and indirect) – which is necessary to maintain and promote. This is also an activity with repercussions on other areas, namely, mobility, construction, lifestyles and the country´s external image. This relation with other activities is crucial for the development of a more sustainable global market, by inducing behaviors in line with environmental, social and ethical principles. It is therefore necessary and urgent a transformation of the sector, the creation of a new tourist, more demanding in selecting destination and accommodation, based on other criteria besides price. How to make this transformation? This presentation attempted to answer this question, by pointing out some paths and tools which can be used to assess and manage tourism sustainability. Bibliographic references Anuário Expressão (2010). “RSE no século XIX”, 155:12, Florianópolis: Editora Expressão. Figueira, Ana Paula (1998). A Oferta de Alojamento de Turismo no Espaço Rural no Baixo Alentejo – estudo exploratório, Beja: Pgráfica. Figueira, Victor (2002). “O Turismo no Baixo Alentejo: equilibrar ou desmoronar ? ”, Vila Real: Comunicação apresentada no 1º Congresso de Estudos Rurais, in Colectânea de Comunicações 2000-2001, Instituto Politécnico de Beja, 415-431. Figueira, Victor e Dias, Reinaldo (2011). A Responsabilidade Social no Turismo. Escolar Editora. Goldstein, Ilana (2007). Responsabilidade social : das grandes corporações ao terceiro setor, São Paulo: Ática. 20 Empresa Sustentare, Lda. Palácio de Sant’anna. Rua do Instituto Bacteriológico n.º8, 1150-190 Lisboa (Portugal) | Tel. (+351) 213 84 93 90 | Fax (+351) 213 84 93 99 62 seminários Projeto Turismo em áreas Rurais Livro de comunicações 63 Referencial BIOTUR BIOTOUR Standard Resumo O BIOTUR é um referencial de certificação que permite a diferenciação de atividades turísticas associada ao modo de produção biológico. O cumprimento das especificações deste referencial, permitirá a certificação da unidade como aderente ao BIOTUR e o uso do logótipo identificador. Entre outros compromissos, os operadores aderentes, deverão esforçar-se por aumentar as atividades de agricultura biológica e a quantidade de produtos biológicos servidos ou comercializados nas suas unidades. Palavras-chave: Turismo, Agricultura Biológica; Alojamento, Restauração, Regulamento (CE) nº 834/07. Abstract BIOTOUR is a certification standard that enables the differentiation of touristic activities that are related with organic farming. Compliance with the specifications of this standard allows the certification of the touristic unit and the use of the standard logo. Among other obligations the standard adherents should strive to improve the organic farming related activities and the amount of organic products that are served or sold in their units. Keywords: Tourism, Organic farming, Lodging, Restaurant, EU Regulation no. 834/2007. A SATIVA é uma empresa portuguesa especializada em auditorias e certificação de produtos que efetua a certificação de produtos de agricultura biológica segundo o Reg. CE nº 834/07, modificado, estando acreditada à Norma Portuguesa EN 45011, que regula esta atividade. Muitos dos operadores de agricultura biológica com que a SATIVA trabalha possuem casas de habitação inseridas nas explorações agrícolas onde disponibilizam alojamento, ou servem refeições. Por outro lado, a SATIVA é frequentemente contactada por pessoas ou por instituições interessadas em saber onde há alojamento em quintas de agricultura biológica. No entanto não existe uma forma expedita de comunicação da existência de alojamento turístico nestas explorações porque o Regulamento Europeu referido não contempla a certificação destas atividades, nem mesmo a diferenciação das refeições com alimentos biológicos. Estas razões levaram a que se tivesse desenvolvido o referencial BIOTUR que se destina a permitir a diferenciação de unidades de Turismo em Espaço Rural, restaurantes ou outras atividades complementares, que estejam associadas ao modo de produção em agricultura biológica. O BIOTUR é definido por um Regulamento Geral, em que se encontra especificada a forma de funcionamento, os direitos e obrigações dos operadores aderentes e por documentos com pontos de controlo e critérios de cumprimento para cada atividade, em que para cada especificação a cumprir se define a forma objetiva que permite reconhecer o seu cumprimento. O cumprimento das especificações descritas nos documentos, permitirá a certificação das unidades como aderentes ao BIOTUR e o uso do logótipo identificador. Para aderirem ao BIOTUR os operadores têm de cumprir a legislação geral para as unidades em causa e o referencial BIOTUR. A adesão é feita de forma voluntária, através do preenchimento de uma Ficha de Identificação e da assinatura de um contrato com a SATIVA. Para além de cumprirem as regras da agricultura biológica nas unidades de exploração agrícola em que estiverem inseridos, ou de a promoverem nas imediações das suas unidades, deverão esforçar-se por aumentar as áreas de agricultura biológica e/ou a quantidade de produtos de agricultura biológica servidos ou comercializados nas suas unidades. São ainda incentivados de forma progressiva ao cumprimento de critérios de responsabilidade social e ambiental. A avaliação do cumprimento do referencial é efetuada através de verificações do cumprimento dos critérios do referencial, de acordo com um plano de controlo, podendo estas ser (ou não) avisadas. SATIVA is a Portuguese company specialized in audits and product certification. SATIVA certifies organic farming products according with the EU Regulation no. 834/2007, as amended, and is accredited against EN 45011, the standard that governs this activity. Several organic farmers that are working with SATIVA have dwelling houses on their farms where they provide accommodation or serve meals. On the other hand, SATIVA is often contacted by individuals or institutions that are interested in accommodation in organic farms. However there’s no easy way to communicate the existence of touristic accommodation in these farms because EU Regulation for organic farming doesn’t cover neither these activities’ certification nor the differentiation of the organic meals. These reasons led to the development of the BIOTOUR standard which is intended to allow the differentiation of rural tourism units, restaurants or other complementary activities that are related with organic farming. BIOTOUR is defined by a General Regulation, which has the specifications about its functioning, the rights and obligations of the participating operators and by documents with the control points and compliance criteria for each activity; these documents state the specifications that have to be fulfilled and how to achieve the fulfillment. The fulfillment of the specifications of these documents will allow the certification of these units against the BIOTOUR standard and the use of the BIOTOUR logo. To become BIOTOUR certified the operators have to fulfill also the general legislation in force for their sector of activity. The accession is voluntary and is done by filling an identification form and signing a contract with SATIVA. In addition to meeting the rules of organic farming on their farms or in the vicinity of the farms, the operators should strive to improve the organic farming acreage and/or the amount of organic products that are served or sold in their units. The operators are also encouraged to the gradual fulfillment of social and environmental responsibility criteria The assessment of the standard compliance is done by regular checks, according with a defined control plan; the control actions could be announced or not. Certificação de Unidades de alojamento e restauração associadas aos produtos biológicos António Mantas21 Certification of lodging and restaurant units related with organic products António Mantas21 Responsável da Certificação BIOTUR (responsible for BIOTUR certification) | SATIVA, Desenvolvimento Rural, Lda | Tel (+351) 217991100 | Fax (+351) 217991119 | E-mail: [email protected] | www.sativa.pt 21 64 seminários Projeto Turismo em áreas Rurais Livro de comunicações 65 SEMINÁRIO II | SEMINAR II CASTRO VERDE 2013 potencialidades do Turismo ornitológico para o desenolvimento sustentavel de áreas rurais em Portugal Ornithological Potentials for the Sustainable Development of Rural Areas in Portugal Temas abordados: observação de aves, códigos de conduta, turismo e desenvolvimento sustentável. Público-alvo: agentes turísticos, técnicos, ONGs, entidades públicas e privadas do sector do turismo e ambienta, estudantes e público em geral. Seminar Themes: birdwatching, codes of conduct, tourism and sustainable development. Destination Public: tour operators, technicians, NGOs, public and private entities in the tourism sector and environmentalist, students, as well as for the general public. PROGRAMA DIA 11 DE ABRIL Comunicações. SEMINAR PROGRAM 11TH OF APRIL Communications. DIA 12 DE ABRIL Saída de Campo para Observação Aves na ZPE de Castro Verde. 12TH OF APRIL Field visit to special protection area for birds (SPA) of Castro Verde. 66 seminários Projeto Turismo em áreas Rurais Livro de comunicações 67 O Turismo ornitológico em Portugal João Portugal22 Resumo O Birdwatching é uma atividade de lazer baseada na observação das aves no seu meio natural. Além da observação simples, com recurso a binóculos e telescópios de campo, tem outras variantes como a fotografia. Esta atividade está ao alcance de qualquer pessoa que aprecie o contacto com a Natureza e a realização de passeios ou caminhadas, proporcionando excelentes momentos de lazer e alguma emoção. É praticada ativamente por cerca de 80 milhões de pessoas em todo o mundo. É especialmente popular nos países anglo-saxónicos e escandinavos, normalmente associado aos grupos socioeconómicos médio/alto e alto. Estes adeptos visitam os mais diversos países do mundo em busca de aves que não existem nos seus países. A Península Ibérica é um destino, por excelência, para a prática do Birdwatching, sendo um dos principais destinos ornitológicos dentro da Europa. Apesar de ser um país pequeno, Portugal possui uma grande variedade de paisagens e elevada diversidade de habitats naturais a uma curta distância de viagem (até 2/3 horas de viagem de carro), permitindo, assim, com facilidade e comodidade, a realização de programas de observação de aves em habitats distintos e com um grande número de espécies, designadamente, em habitats de montanha, estuários, escarpas, montados de sobro, lagoas costeiras, pseudo-estepes cerealíferas. De facto, possuímos excelentes condições para a observação de aves: podem ser observadas regularmente cerca de 330 espécies de aves, muitas delas com uma distribuição muito restrita na Europa e no mundo. Acresce que possuímos inúmeras espécies únicas na Europa, como a águia imperial e a pega-azul, outras que, apesar de não serem únicas representam grande interesse para os birdwatchers como as abetardas, francelhos e sisões e, ainda, espécies exclusivas de Portugal como a freira da Madeira, o pombo da Madeira e o priolo dos Açores (fonte SPEA). Destacam-se ainda algumas das aves raras que se podem observar no nosso país: o grifo de Ruppell, a garças-dos-recifes, o cisne-mudo, a andorinha-do-mar-árctica, a gaivota-de-bico-fino. No arquipélago dos Açores é, também, possível observar espécies de origem americana que encontram refúgio naquelas ilhas Assim o Turismo de Portugal no âmbito do Plano Estratégico Nacional do Turismo (PENT) e no âmbito do Produto Turismo de Natureza têm vindo, desde 2008, a desenvolver ações no sentido da sistematização da oferta no sentido de posicionar internacionalmente Portugal como um destino de Turismo Ornitológico. Visita para observação de aves no segundo dia do Seminário II. Birdwatching visit on the second day of the Seminar II. 68 22 Turismo de Portugal, IP. Rua Ivone Silva 6, 1050-124 Lisboa (Portugal) | Tel. (+351) 211 140 200 | Fax. (+351) 211 140 830 | E-mail: [email protected] seminários Projeto Turismo em áreas Rurais Livro de comunicações 69 Ornithological tourism in Portugal Promoção do Turismo Ornitológico no Algarve Abstract Birdwatching is a leisure activity based on watching birds in the wild. Apart from simple observation, using binoculars and telescopes, it has other variants such as photography. This activity is within reach of any person who enjoys contact with nature and taking part in walks and hikes, providing excellent leisure moments and some emotion. This activity is actively practiced by about 80 million people in the world. It is particularly popular in Anglo-Saxon and Scandinavian countries, commonly associated with upper-middle and high classes of society. These enthusiasts travel to a wide range of countries in their quest for birds that do not occur in their home countries. The Iberian Peninsula is a destination, by excellence, for the Birdwatching practice, being one of the main ornithological destinations within Europe. Though Portugal is a small country, it has a wide variety of landscapes and high diversity of natural habitats within a short driving distance (up to 2/3 hours traveling by car), thus, allowing to make, with ease and convenience, birdwatching programs in different habitats with a large number of species, namely, in mountain habitats, estuaries, escarpments, cork oak woodlands, coastal lagoons, cereal pseudo-steppes. In fact, we offer excellent conditions for birdwatching: more than 330 species of birds can be regularly observed, many with a very restricted distribution in Europe and the world. Furthermore we have numerous unique species in Europe, such as the Imperial eagle, Azure-winged magpie, amongst other that, though not being unique are of great interest to birdwatchers, like Great bustards, Lesser kestrels and Little bustards and, also, species exclusive from Portugal like the Zino’s Petrel, Madeira Laurel Pigeon and Azores Bullfinch (source SPEA). Other rare birds can also be seen in our country: Rüppell’s Vulture, Western Reef-egret, Mute Swan, Arctic Tern, Slender-billed Gull. In Azores it is also possible to observe birds coming from America that find shelter on those islands. Thus, Turismo de Portugal, within the National Strategic Plan for Tourism (PENT) and Nature Tourism Product has been, since 2008, developing actions to systematize supply towards positioning Portugal internationally as an Ornithological Tourism destination. Resumo As condições naturais da região e o crescente interesse dos turistas de observação de aves pelo Algarve induziram uma evolução na estratégia de produtos turísticos definida para o país (PENT) e especificamente para a região do Algarve. Para essa mudança de política contribuiu o conhecimento adquirido sobre o perfil do turista birdwatcher e a dimensão do mercado em causa. A aposta do Turismo do Algarve neste produto reflete-se num conjunto de ações de estruturação da oferta e de promoção que têm vindo a ser realizadas nos últimos 4 anos. João Portugal22 Duarte Padinha23 Promotion of Ornithological Tourism in the Algarve Duarte Padinha23 Abstract Natural conditions of the region and growing interest of birdwatchers on the Algarve have prompted an evolution in the strategy of tourism products defined for the country (PENT) and particularly for the Algarve region. Acquired knowledge on the profile of the birdwatcher tourist and this market’s dimension contributed to this political change. The commitment to this product by Turismo do Algarve is reflected on the set of actions in supply structure and promotion that have been carried out over the last 4 years 23 Turismo do Algarve, Av. 5 de Outubro 18-20, 8000-076 Faro (Portugal) | Tel. (+351) 289 800 400 | Fax. (+351) 289 800 489 | E-mail: [email protected] 70 seminários Projeto Turismo em áreas Rurais Livro de comunicações 71 A promoção do ecoturismo na ZPE de Castro Verde Esmeralda Luís e Rita Alcazar 24 Resumo A LPN-Liga para a Protecção da Natureza é a Organização Não-Governamental de Ambiente mais antiga da Península Ibérica. Esta Associação tem implementado vários projetos de conservação da biodiversidade e promoção do desenvolvimento local sustentável em áreas rurais com elevado valor natural, sendo o ecoturismo um dos temas abordados. A estratégia desenvolvida pela LPN na Zona de Proteção Especial (ZPE) para aves de Castro Verde, incluída na Rede Natura 2000 (Rede Europeia de Espaços Naturais), denomina-se “Programa Castro Verde Sustentável”. Esta ZPE, no Sul de Portugal, é a área estepária mais importante do país, albergando populações muito significativas de aves como a Abetarda, o Sisão e o Peneireiro-das-torres, entre outras. No âmbito deste programa, desde cedo que a promoção do ecoturismo, sobretudo em termos de “birdwatching”, foi uma das prioridades da LPN, resultando no estabelecimento do Centro de Educação Ambiental do Vale Gonçalinho da LPN como um dos pontos de referência na visitação da ZPE de Castro Verde. Palavras-chave: ZPE, Castro Verde, Ecoturismo, Observação de Aves. Enquadramento A Liga para a Protecção da Natureza (LPN), criada em 1948, é a mais antiga Organização Não-Governamental de Ambiente da Península Ibérica e tem por missão contribuir para a conservação da natureza, biodiversidade e proteção dos ecossistemas, atuando em questões ambientais a nível nacional e internacional e implementando projetos de conservação e investigação, educação e formação ambiental e valorização do património natural. Neste âmbito a LPN iniciou, em 1992, o Programa Castro Verde Sustentável (PCVS) na região do Campo Branco, largamente coincidente com a Zona de Proteção Especial (ZPE) para aves de Castro Verde. Esta zona do Baixo Alentejo abrange um território que ultrapassa os 85 000 hectares, sendo considerada a área estepária mais importante de Portugal e uma das mais representativas na Europa, pois alberga populações importantes de aves como a Abetarda (Otis tarda), o Sisão (Tetrax tetrax), o Peneireiro-das-torres (Falco naumanni), o Rolieiro (Coracias garrulus), o Cortiçol-de-barriga-negra (Pterocles orientalis) ou o Tartaranhão-caçador (Circus pygargus). Este território é um exemplo de um agro-ecossistema de elevado valor natural, que resulta de uma interação positiva entre a agricultura e a conservação da natureza. A produção agrícola extensiva de cereais de sequeiro em rotação com pousios, que funcionam como pastagens espontâneas para o gado ovino e bovino, é a base da conservação das estepes cerealíferas (também denominadas pseudo-estepes ou planícies cerealíferas). No âmbito do PCVS, a LPN é proprietária de 6 Reservas de Biodiversidade25 nesta ZPE, com 1 812 hectares de terrenos geridos para a conservação das aves e habitat estepário. Numa destas Reservas situa-se o Centro de Educação Ambiental do Vale Gonçalinho (CEAVG), que acolhe os visitantes que acorrem à região e dinamiza diversas atividades de sensibilização. Promoção do Ecoturismo De acordo com a Sociedade Internacional de Ecoturismo (www.ecotourism.org), o Ecoturismo é uma “viagem responsável a áreas naturais que conserva o ambiente e melhora o bem-estar da população local”. Contudo, esta atividade económica, tal como outras, pode ter impactes, quer positivos quer negativos, nos territórios e valores naturais associados (espécies e habitats ameaçadas). O desenvolvimento do ecoturismo tem assim como filosofia a promoção do desenvolvimento sustentável, utilizando o potencial turístico local para gerar riqueza económica e melhorias sociais, a par da preservação e valorização das qualidades ambientais do local. Como princípios-base do ecoturismo pretende-se: 1) minimizar os impactes negativos nos ecossistemas e maximizar os positivos; 2) fomentar o respeito e a sensibilidade pela natureza e a cultura locais; 3) fornecer experiências positivas para visitantes e visitados; 4) garantir valias financeiras para a conservação da natureza; 5) garantir valias económicas para as populações locais. Assim, o empenho da LPN na promoção do ecoturismo na ZPE de Castro Verde resulta do reconhecimento deste tipo particular de segmento de turismo como tendo potencial para a promoção do desenvolvimento sustentável deste território. Devido ao grande potencial da região em termos de observação das aves estepárias, a promoção do “birdwatching” é uma das linhas de atuação que a LPN tem vindo a desenvolver no seio do PCVS. Numa fase inicial a LPN desenvolveu um Plano de Ordenamento Ecoturístico para a ZPE de Castro Verde, definindo zonamentos espaciais e temporais para a visitação, além de um regulamento de acesso às Reservas da Biodiversidade da LPN (devido à elevada sensibilidade ecológica destas áreas) e um código de conduta para a prevenção de impactes negativos. Com base nesta informação foram definidos e sinalizados percursos pedestres na região, construídos abrigos para fotografia de natureza nas Reservas de Biodiversidade da LPN e promovida uma lógica de visitação que minimize os impactes negativos em áreas de maior sensibilidade, como as áreas de paradas nupciais da Abetarda. A promoção do ecoturismo e do “birdwatching” tem sido realizada através da participação em feiras, do acompanhamento de “fam trips” e da realização de visitas de sensibilização, da criação de materiais informativos e promocionais e na prestação de informação aos visitantes do CEAVG. Paralelamente, têm sido efetuadas diversas ações de formação em boas práticas, cursos de monitores e de iniciação à observação das aves estepárias para capacitar os diferentes agentes locais envolvidos, em especial, no sector do turismo de natureza. Destaca-se ainda o estabelecimento de parcerias com diversas entidades públicas e privadas para promover um turismo sustentável, particularmente o “birdwatching”. Entre estas entidades destaca-se a Câmara Municipal de Castro Verde, as unidades locais de alojamento e operadores de turismo (nacionais e estrangeiros). Aumento da visitação e da oferta de ecoturismo Um passo importante nesta estratégia foi a consolidação do CEAVG como local de acolhimento para os “birdwatchers” e visitantes da região, assim como ponto de observação, de obtenção de informação (sobre os valores naturais existentes, os melhores locais de observação e o contributo das comunidades locais para a conservação da biodiversidade) e apoio logístico nas visitas (facultando informações sobre restauração, alojamento, serviços de guias). Embora nem todos os “birdwatchers” da ZPE de Castro Verde visitem o CEAVG, o número de visitantes tem aumentado gradualmente, sendo a grande maioria estrangeiros (86%), dos quais 50% são oriundos do Reino Unido, seguidos de países como a Alemanha e a Holanda (dados de 2012). A Primavera é manifestamente o período de maior visitação, seguido do Outono, embora exista potencial que pode ser aproveitado durante o Inverno. Apesar de não haver dados quantitativos, sabe-se que a grande maioria dos visitantes estrangeiros visita a região a partir do Algarve. A existência de novas unidades de alojamento na ZPE de Castro Verde, nomeadamente de turismo em espaço rural, irá potenciar a possibilidade de estadias mais prolongadas na região, o que constituiu uma mais-valia para a economia local. Conclusões O potencial do “birdwatching” na ZPE de Castro Verde é notório e reconhecido. Contudo, é necessário corrigir alguns fatores limitantes deste potencial, prosseguindo a estratégia de optimização dos impactes desta atividade. O estado de conservação favorável do ecossistema estepário que se tem conseguido manter ao longo destes últimos 20 anos na ZPE, graças à manutenção da agricultura extensiva, é uma peça crucial para garantir a excelência em termos de observação de aves neste território. Será importante, no futuro próximo, encontrar formas de conseguir canalizar para os agricultores algumas mais-valias económicas que a atividade do ecoturismo traz, e que dependem do serviço ambiental prestado pelos mesmos. O trabalho em rede com outros destinos com potencial para observação de aves no Sul de Portugal (desde a região de Lisboa ao Algarve) deverá ser articulado e promovido para maximizar o próprio país como um destino de excelência para o “birdwatching”. No curto prazo, a LPN, em parceria com a Câmara Municipal de Castro Verde, prossegue a sua forte aposta na melhoria do CEAVG em termos de oferta de conteúdos, valorização do património natural e atividades associadas e aumento da promoção da região, como destino de referência para a observação de aves, em especial no estrangeiro. Referências Luís, E. (2002). Turismo no Espaço Rural em Portugal. GeoInova – Revista do Departamento de Geografia e Planeamento Regional 5: 139-152. Sarmento, N., Alcazar, R. (2005). Plano de Ordenamento Turístico das áreas do Projecto Peneireiro-das-torres. Relatório da Acção A5 do Projecto LIFE – Peneireiro-das-torres. Liga para a Protecção da Natureza, Castro Verde. Liga para a Protecção da Natureza (LPN) – Centro de Educação Ambiental do Vale Gonçalinho, Herdade do Vale Gonçalinho, Apartado 84, 7780-909 Castro Verde | Telefone: (+351) 286 328 309 | Fax: (+351) 286 328 316 | E-mail: [email protected] As 6 propriedades foram adquiridas com o apoio financeiro do Programa LIFE da Comissão Europeia. 24 25 72 seminários Projeto Turismo em áreas Rurais Livro de comunicações 73 The promotion of ecotourism in the Castro Verde SPA Esmeralda Luís and Rita Alcazar 24 Abstract LPN – League for the Protection of Nature is the oldest Environmental NGO in the Iberian Peninsula. It has implemented several projects for biodiversity conservation (species and habitats) in close relationship with the local populations, ecotourism being one of the topics covered. The aim is to promote sustainable development, especially in rural areas of high natural value. The Sustainable Castro Verde Program (SCVP) is the strategy developed by LPN in the Special Protection Area for Birds (SPA) of Castro Verde, included in the Natura 2000 network (European Network of Natural Areas). Located in the South of Portugal, this is the most important steppe area of the country, harboring very significant bird populations of Great Bustard, Little Bustard and Lesser Kestrel, among others. Since the beginning of this program the promotion of ecotourism, especially Birdwatching, has been a priority of LPN, and LPN’s Vale Gonçalinho Environmental Education Center (VGEEC) has affirmed itself as one of the landmarks in the visitation of this SPA. Key-words: Castro Verde, SPA, Ecotourism, Birdwatching. Introduction LPN was established in 1948 and is the oldest environmental NGO in the Iberian Peninsula. Its mission is to contribute to nature conservation and biodiversity and ecosystem protection, advocating environmental issues at the national and international level through the implementation of conservation projects and research, education and environmental training and promotion of the natural heritage. In this context LPN started, in 1992, the Sustainable Castro Verde Program (SCVP) in the Campo Branco region. Largely overlapping the Special Protection Areas (SPA) for birds of Castro Verde, this area of Baixo Alentejo covers over 85,000 ha and is considered the most important steppe area of Portugal and one of the most significant in Europe, as it is home to important populations of Great Bustard (Otis tarda), Little bustard (Tetrax tetrax), Lesser Kestrel (Falco naumanni), European roller (Coracias garrulus), Black-bellied-sandgrouse (Pterocles orientalis) or Montagu’s harrier (Circus pygargus). This is an example of an agro-ecosystem of high natural value, which results of the positive interaction between agriculture and nature conservation. Here the extensive production of cereals in rotation with fallow, acting as spontaneous pasture for sheep and cattle, is the basis for cereal steppe conservation (also known as pseudo-cereal steppes or cereal plains). Under the SCVP, LPN owns 6 Biodiversity Reserves26 on the SPA, with 1,812 acres of land managed for the conservation of emblematic birds and steppe habitat. One of these reserves hosts the Vale Gonçalinho Environmental Education Centre (VGEEC), which welcomes visitors of the Castro Verde area and carries out various awareness-raising activities. Promotion of ecotourism According to the International Ecotourism Society (www.ecotourism.org), Ecotourism is “responsible travel to natural areas that preserves the environment and improves the welfare of local people”. However, this economic activity, like others, may have impacts (both positive and negative) in the territories and associated natural values. Therefore, ecotourism aims at the promotion of sustainable development, seeking to use the local tourism potential to generate economic wealth and social improvements, along with the preservation and enhancement of the environmental qualities of the site. As basic principles of ecotourism, this is aimed at: 1) avoiding negative impacts on ecosystems; 2) promoting respect and awareness for nature and the local culture; 3) providing positive experiences for visitors; 4) ensuring financial gains for nature conservation; 5) ensuring financial gains for local people. Thus, the commitment of LPN to promote ecotourism in Castro Verde comes from the recognition of this particular type of tourism as having the potential to promote sustainable development of rural areas in the Alentejo region. Due to the great potential of the Castro Verde area, the promotion of Birdwatching is a line of action that LPN developed under the SCVP. Initially, LPN developed an ecotourism Management Plan for the region, defining spatial and temporal zoning for the visitation, regulating access to LPN’s Biodiversity Reserves (due to the high ecological sensitivity of these areas) and a code of conduct to prevent negative impacts. Based on this information, walking routes on the area were defined and signposted, hides for photography were built in LPN’s Biodiversity Reserves and visitation was promoted and managed to minimize negative impacts on areas of greater sensitivity, like the most important areas of Great Bustard display. Promotion of Ecotourism and Birdwatching has been mainly carried out through participation in fairs, monitoring of “fam trips”, information and promotional materials and providing quality information to VGEEC visitors. Several initiatives providing training of guides, promoting best practice, steppe bird identification courses, etc. were also made to maximize the capacity of different local actors. Important partnerships have also been established with various public and private entities to promote sustainable tourism, and Birdwatching in particular. Among these entities the Municipality of Castro Verde, local units of accommodation and tour operators (national and foreign) stand out. Results achieved so far An important step was the consolidation of the VGEEC as a main information spot for birdwatchers and ecotourists (about natural values, best observation sites and the role of local communities in contributing to biodiversity conservation) and for obtaining logistic support for the visits (related to restaurants, lodging and guides services). Although not all of the Castro Verde birdwatchers visit the VGEEC, it is known that the number of visitors to the SPA has been gradually increasing, and the vast majority are foreign (86%), of which 50% are from the UK, followed by countries like Germany and the Netherlands (data from 2012). Spring is undoubtedly the period of higher number of visitors, followed by autumn, although there is potential for Birdwatching during the wintertime. Although not quantified, the vast majority of foreign visitors visiting the Castro Verde SPA are from the Algarve. The existence of new accommodation units in the Castro Verde SPA, including rural tourism, will enhance the possibility of longer stays in the region, which adds extra value for the local economy. Conclusions The Birdwatching potential of the Castro Verde SPA is acknowledged. However, it is necessary to correct some limiting factors of visitation, simultaneously preventing avoiding potential negative impacts of the activity in this Natura 2000 network area. The favorable conservation status achieved and maintained over the last 20 years through the extensive farming activity is crucial to ensure the quality and excellence of birdwatching. In the near future, it will be important to ensure farmers benefit of greater financial gains from ecotourism, which depends on the environmental service they provide. Networking with other potential destinations for Birdwatching in southern Portugal (for instance, from the regions of Lisbon and Algarve), should be promoted to maximize the country itself as a prime destination for Birdwatching in Europe. In the short term LPN, in partnership with the Municipality of Castro Verde, will strongly focus on updating the VGEEC to improve information to visitors and increase promotion abroad. References Luís, E. (2002). Turismo no Espaço Rural em Portugal. GeoInova – Revista do Departamento de Geografia e Planeamento Regional 5: 139-152. Sarmento N., Alcazar R. (2005). Plano de Ordenamento Turístico das áreas do Projecto Peneireiro-das-torres. Relatório da Acção A5 do Projecto LIFE – Peneireiro-das-torres. Liga para a Protecção da Natureza, Castro Verde. Swarbrooke J. (1999). Sustainable Tourism Management. CAB International, London. 26 74 The 6 properties were acquired with financial support from the European Commission’s LIFE Programme. seminários Projeto Turismo em áreas Rurais Livro de comunicações 75 Via Algarviana: (Des)envolvendo o Birdwatching no Algarve Anabela Santos 27 Resumo Apresentação das ações integradas na candidatura “Via Algarviana 2 – Ecoturismo no interior do Algarve”, relativas à estruturação do produto birdwatching nos concelhos de Castro Marim, Loulé, São Brás de Alportel e Vila do Bispo. Implementação de um Roteiro Ornitológico na Serra do Caldeirão que percorrerá os concelhos de Loulé e São Brás de Alportel, havendo uma rede de painéis informativos nos melhores locais para a prática do birdwatching, focando quais as espécies mais prováveis de avistar em cada zona. Em Castro Marim instalação de um observatório, na Reserva Natural do Sapal de Castro Marim e Vila Real de Santo António. No concelho de Vila do Bispo instalação de uma rede de painéis em locais estrategicamente escolhidos, uma vez que podem ser avistadas anualmente neste município, aquando a migração outonal, centenas de aves de elevado interesse, mas durante todo o ano podem ser avistadas aves interessantes. Será ainda efetuado um pequeno balanço da 2ª e 3ªedição do Festival de Observação de Aves de Sagres, um evento que se tem afirmado como referência a nível nacional e internacional, no ano de 2012 contou com cerca de 800 participantes nas 121 atividades que decorreram nos 3 dias do evento! Palavras-chave: Via Algarviana, Birdwatching, Ecoturismo, Interior do Algarve. A Via Algarviana é uma Grande Rota Pedestre (GR13), sinalizada, com cerca de 300km, que atravessa todo o interior do Algarve, desde Alcoutim ao Cabo de S. Vicente, ou vice-versa, uma vez que se encontra sinalizada nos 2 sentidos. Encontra-se dividida em 14 sectores, cada um com alojamento e restauração. Este projeto é a “Espinha dorsal” da rede regional de percursos pedestres existentes no Algarve. Este projeto possui como principais objetivos: • Promover e aumentar o Turismo de Natureza no Algarve, nomeadamente nas áreas mais desfavorecidas; • Promover os recursos naturais e culturais para um desenvolvimento sustentável e turismo responsável; • Dinamizar a economia local; • Atenuar o despovoamento nestes territórios; • Atenuar a sazonalidade da Região. Nasceu em 1995, de uma ideia conjunta da Associação Almargem e dos Algarve Walkers, com o objetivo de implementar uma rota pedestre entre o Baixo Guadiana e o Cabo de São Vicente, atravessando o interior do Algarve. No entanto só em Abril de 2006 é que a Almargem conseguiu ver aprovada uma candidatura ao PROALGARVE, Eixo 2 – Medida 1. Em Dezembro de 2010, a Almargem conseguiu aprovação de mais uma candidatura, “Via Algarviana II – Ecoturismo no Interior do Algarve”, que conta com cerca de 1,4 milhões de euros e beneficia do cofinanciamento de 980 mil euros do PO Algarve 21, os fundos europeus do QREN. Possuindo como copromotores desta candidatura 2 entidades regionais de extrema importância em termos de Turismo, a Entidade Regional de Turismo do Algarve, que tem um papel muito importante na promoção nacional e a Associação de Turismo do Algarve, que é a entidade responsável por toda a promoção externa a nível internacional, quer com a sua presença em feiras quer com a organização das visitas educacionais de operadores turísticos e jornalistas à Via Algarviana. Este é um projeto inovador a nível regional e de extrema importância, de salientar que são parceiros desta candidatura 11 Municípios dos 16 existentes no Algarve, municípios estes que o traçado da Via Algarviana atravessa. São inúmeros os atrativos associados a esta grande Rota, e muitas as potencialidades ainda por explorar, e foi a pensar nisso que até ao final de 2013 estarão implementadas dezenas de novas ações incluídas nesta candidatura, de onde se destacam: 4 Rotas temáticas, 5 ligações à Via Algarviana (3 delas a estações de caminhos de ferro), 12 percursos pedestres complementares à Via Algarviana, 10 percursos áudio-guiados, entre muitos outros. Há alguns anos que a Almargem tenta estruturar o produto “birdwatching” no Algarve, tendo em conta que nesta região podem ser visitados diversos tipos de habitats com diferentes espécies de aves de importância relevante, num espaço curto de tempo. Como tal, viu nesta candidatura a base ideal para estruturar a oferta em 4 dos municípios parceiros: Castro Marim, São Brás de Alportel, Loulé e Vila do Bispo. Cada um destes locais apresenta um tipo de habitat diferente. Na Serra do Caldeirão será implementado um Roteiro Ornitológico, que irá unir 2 municípios, Loulé e São Brás de Alportel. Em cada um destes municípios irão existir 4 locais para observar aves, que estarão munidos de painéis informativos em que haverá informação relativa ao habitat e as aves que podem ser observadas. Em Loulé os locais escolhidos serão: Rocha da Pena; Fonte da Benémola; Barranco do Velho (Moinho do Faranhão) e Ameixerinhas. Já em São Brás de Alportel as zonas a intervir são: Miradouro da Arroteia; Sobreiral no sítio do Farrobo; Fonte Férrea de Alportel e Cerro do Bispo (EN2). Por sua vez em Castro Marim, integrado em plena Reserva Natural do Sapal de Castro Marim e Vila Real de Santo António, um dos locais mais icónicos, será instalado um observatório de aves. Este é um dos locais mais visitados ao longo de quase todo o ano, pelos birdwatchers portugueses e estrangeiros. O município de Vila do Bispo, de importância reconhecida e onde afluem dezenas de pessoas para observar dezenas de aves, de diferentes espécies, na altura da migração outonal, será instalada uma rede de painéis nos locais mais importantes e emblemáticos deste município. Assim, estarão lançados os primeiros elementos de forma a dar início à estruturação do produto birdwatching, oferecendo assim mais um complemento aos amantes do turismo de natureza. De salientar ainda um evento que se tem vindo a afirmar a nível nacional e internacional, o Festival de Observação de Aves de Sagres, que em 2012 contou com a sua 3ªedição. Este evento tem sido organizado pela Almargem e SPEA em parceria com a Câmara Municipal de Vila do Bispo. Ao longo dos 3 anos, os principais objetivos mantêm-se: promover e divulgar o Turismo Ornitológico e afirmar Sagres como local privilegiado para a prática de birdwatching. Este evento decorre sempre no primeiro fim de semana de Outubro, coincidindo desta forma com o fim de semana internacional de observação de aves, altura em que decorre a migração outonal. Aí podem ser observadas dezenas de espécies de aves diferentes, embora as aves de rapinas tenham uma elevada importância, captando um enorme interesse, a verdade é que nesta altura também podem ser observadas muitas espécies de aves marinhas ou até mesmo passeriformes com bastante interesse ornitológico! Ao fazer um balanço das edições de 2011 e 2012, destacam-se as atividades disponíveis para os participantes que de 88 passaram para 121. Relativamente às aves avistadas de 118 passaram para 105, contudo por certo algumas das espécies avistadas ao longo dos 3dias de festival poderão não ter sido registadas, uma vez que só os guias registam as espécies que observaram. Uma das grandes apostas deste festival é de facto a rede de parceiros estabelecida com os agentes da região, desde restauração, alojamentos, lojas até às empresas de animação turística. Assim cada participante poderá usufruir de descontos em todos os parceiros aderentes, bastando apenas que mostre a pulseira do festival, que todos os participantes têm direito, de forma gratuita, bastando apenas inscrever-se em alguma atividade. Esta parceria alargou-se de 60 para 83 parceiros! Também o número de participantes registou uma subida, de cerca de 700 para aproximadamente 800, de onde se registam 10 nacionalidades diferentes. Também as visitas ao website, por visitantes únicos, enquanto em 2011 se registaram 5.459 em 2012 passaram para 6.942. Todos estes indícios demonstram que este evento tem bastante potencial para crescer e afirmar-se cada vez mais como um evento de renome a nível internacional. Sagres possui um enorme potencial, apresentando as características necessárias que atrai dezenas de turistas anualmente para observar aves! São inúmeros os atrativos inerentes à Via Algarviana, por tudo isto quem a percorre jamais poderá ficar indiferente a toda a sua envolvência e às várias componentes que a constituem e a tornam tão especial, dando a conhecer um Algarve diferente, selvagem e desconhecido! Começam assim a solidificar os alicerces para que o Algarve se afirme no turismo de natureza, alargando o espectro das suas ofertas até agora direcionadas maioritariamente para o sol e praia e o golfe. Coordenadora do Projeto Via Algarviana II – Ecoturismo no Interior do Algarve (Via Algarviana project coordinator) | Associação Almargem | Tel. (+351) 289 412 959 | Fax: (+351) 289 414 104 | E-mail:[email protected] 27 76 seminários Projeto Turismo em áreas Rurais Livro de comunicações 77 Via Algarviana: Developing Birdwatching in the Algarve Anabela Santos 27 Abstract Presentation of actions included in project “Via Algarviana 2 – Ecotourism in the Algarve countryside”, concerning structuring of the birdwatching product in the municipalities of Castro Marim, Loulé, São Brás de Alportel and Vila do Bispo. Implementation of an ornithological roadmap in Serra do Caldeirão which will run through Loulé and São Brás de Alportel municipalities, being set up a network of interpretative panels in best places for birdwatching, focusing on species more likely to be spotted in each section. Installation of a birdwatching observatory in the Nature Reserve of Sapal de Castro Marim e Vila Real de Santo António. Installation of a network of panels in strategically selected locations within the municipality of Vila do Bispo, where hundreds of birds with high level of interest can be observed annually during the autumn migration, and interesting birds can be observed throughout the year. A small balance will also be made concerning the2nd and 3rd edition of Sagres Birdwatching Festival, recognized as a national and international reference which, in 2012, had about 800 participants in the 121 activities that took place on the 3 days event! Keywords: Via Algarviana, Birdwatching, Ecotourism, Algarve Countryside. Via Algarviana is a Great Pedestrian Route (GR13), signposted, with around 300km, which crosses all the Algarve’s countryside, from Alcoutim to Cabo de S. Vicente, or vice versa, since it is signposted in both directions. It is divided into 14 sectors, each with accommodation and food services. This project is the “backbone” of the regional network of footpaths existing in the Algarve. The main goals of this project are: • Promote and enhance Nature Tourism in the Algarve, namely in most disadvantaged areas; • Promote natural and cultural resources for a sustainable development and responsible tourism; • Boost the local economy; • Mitigate depopulation in these territories; • Mitigate the region´s seasonality. The project started in 1995, as a result of an idea and joint effort of Almargem Association and the Algarve Walkers, aiming at the implementation of a walking path between Lower Guadiana and Cape Saint Vincent, crossing the Algarve’s countryside. However, only in April 2006 the Almargem had the approval of the project which was applied to PROALGARVE, Axis 2 - Measure 1. In December 2010, Almargem had the approval of another project, “Via Algarviana II - Ecotourism in the Algarve Countryside”, having about 1.4 million euros and co-funding of 980.000 t from PO Algarve 21, the European funds from NSRF. It has as co-promoters 2 regional institutions of the utmost importance in what concerns Tourism, the ERT Algarve - Algarve Regional Tourism Board, that has a very important role in national promotion and the Algarve Promotion Bureau, that is responsible for all external promotion, either being present in fairs or organizing fam trips to Via Algarviana with tourism operators and journalists. This is an innovative project in the region and of utmost importance, being partners of this project 11 municipalities of the existing 16 in the Algarve, which the route of Via Algarviana crosses. This great Route has a wide range of attractions and there are still untapped potentials, and considering this by the end of 2013 there will be implemented dozens of new actions included in this project like: 4 Thematic Routes, 5 links to Via Algarviana (3 of them to railway stations), 12 walking paths that complement Via Algarviana 10 audio-guided paths, among many others. For some years now, Almargem seeks to structure the birdwatching product in the Algarve, considering that several habitats with different bird species of great importance can be visited in a short time frame. Thus this project was seen as the ideal basis to structure supply in 4 partner municipalities: Castro Marim, São Brás de Alportel, Loulé and Vila do Bispo. Each of these sites presents a different type of habitat. In Serra do Caldeirão an Ornithological Roadmap will be implemented, which will unite two municipalities, Loulé and São Brás de Alportel. On each of them there will be 4 places for birdwatching, with informative panels containing information on the habitat and birds that can be observed. In Loulé selected sites will be: Rocha da Pena; Fonte da Benémola; Barranco do Velho (Moinho do Faranhão) and Ameixerinhas. In São Brás de Alportel areas to intervene are: Miradouro da Arroteia; Sobreiral in the Farrobo site; Fonte Férrea de Alportel and Cerro do Bispo (EN2). On the other hand in Castro Marim, integrated in the Nature Reserve of Sapal de Castro Marim e Vila Real de Santo António, one of the most iconic locations, a bird observatory will be installed. This is one of the most visited sites along 78 almost the entire year, by Portuguese and foreign birdwatchers. In the municipality of Vila do Bispo, with renowned importance and where many people gather to observe dozens of different species of birds during the autumn migration season, a network of panels will be placed in most important and representative sites of this municipality. Thus, first elements would have been laid in order to start structuring the “birdwatching” product, thereby providing another add to nature tourism lovers. Also noteworthy is an event increasingly recognized nationally and internationally, the Sagres Birdwatching Festival, which had its 3rd edition in 2012. This event has been organized by Almargem and SPEA in partnership with the Municipality of Vila do Bispo. Main goals remain the same over the years: to promote and disseminate Ornithological Tourism and assert Sagres as a unique location for birdwatching practice. This event always takes place on the first weekend of October, being coincident with the international birdwatching weekend and the autumn migration. If dozens of different bird species can be seen there, with birds of prey being particularly relevant and getting more attention, the truth is that many other species of seabirds or even passerine with considerable ornithological interest can be observed! By assessing the 2011 and 2012 editions, we can highlight the number of activities made available to participants that went from 88 to 121. In respect of sighted birds passed from 118 to 105, but of course some of the species sighted along 3 days festival may not have been recorded, since only the guides make the record of the species observed. One of this festival’s biggest strength is the partner’s network established with local agents, from catering, accommodation, shops, to tourism companies. Therefore, each participant can access discounts in all these partners, by presenting festival’s bracelet given for free to all who sign up in any activity. This partnership has expanded from 60 to 83 partners! The number of participants has risen from about 700 to about 800, with 10 different nationalities registered. Number of unique visitors accessing the website has also grown, from 5.459 in 2011 to 6.942 in 2012. All evidence indicates that this event has great potential to grow and stand up as an internationally renowned event. Sagres endues an enormous potential, presenting necessary characteristics that attract dozens of tourists for birdwatching each year! There are several attractive assets in Via Algarviana, and for all this no one who travels this route can be indifferent to all its surroundings and components that make it up and so special, introducing a different Algarve, wild and unknown! Thus the foundations so that the Algarve can stands within nature tourism are setting, and extending the range of offers, so far directed mostly to the sun-sand tourism and golf. seminários Projeto Turismo em áreas Rurais Livro de comunicações 79 Impactos socioeconómicos do projeto de conservação do Priolo em São Miguel Joaquim Teodósio, Azucena De La Cruz, Rui Botelho, Filipe Figueiredo, José Benedicto e Luís Costa28 Resumo Os trabalhos de conservação do Priolo e do seu habitat, essenciais à conservação desta espécie, têm sido realizados desde 2003 no âmbito de dois projetos LIFE. Estes projetos implicam recursos humanos e logísticos de alguma envergadura e com significativos custos associados. No entanto, para além dos bons resultados no âmbito da conservação, estes trabalhos mostram também a importância que estes projetos podem ter a nível económico e social, quer através da criação de postos de trabalho diretos e indiretos, quer através da dinamização direta da economia local ou proporcionando condições para o desenvolvimento de sectores económicos como por exemplo o turismo de natureza. Palavras-chave: Priolo, Habitats naturais, Conservação, Economia Local, Turismo. O Priolo (Pyrrhula murina), ave endémica da ilha de São Miguel nos Açores, onde ocorre apenas nos concelhos de Nordeste e Povoação, encontra-se estreitamente relacionado com a floresta Laurissilva, um habitat que apresenta um elevado número de espécies endémicas dos Açores. Desde 2003 são desenvolvidos trabalhos de restauração dos habitats naturais na ZPE Pico da Vara/ Ribeira do Guilherme, com o intuito não apenas de preservar esta espécie de ave única no mundo mas também de recuperar a funcionalidade e serviços fornecidos por estes habitats. Os trabalhos desenvolvidos no sentido de restaurar o equilíbrio da floresta Laurissilva, passaram pelo controlo de espécies exóticas invasoras presentes na área, tais como Cletra arborea, Hedychium gardnerarum, Pittosporum undulatum e Gunnera tinctoria, e a plantação de espécies florestais e herbáceas nativas. Os trabalhos realizados resultam da implementação dos projetos LIFE Priolo (2003-2008) e LIFE Laurissilva Sustentável (2009-2012), coordenados pela SPEA em parceria com o Governo Regional dos Açores, autarquias e outros parceiros, tendo sido financiados pelo programa LIFE da Comissão Europeia em 66% e 75%, respetivamente. Este cofinanciamento trouxe para a Região 3.000.000t que de outra forma nunca chegariam a Portugal. A dimensão e logística dos dois projectos implicam recursos só possíveis com estes apoios comunitários. Ao longo dos últimos 10 anos foram recuperados mais de 350 ha de habitats naturais na ZPE (incluída no Parque Natural de Ilha de São Miguel), através do controlo de exóticas e replantação com cerca de 160000 plantas nativas produzidas em viveiro. Estes trabalhos de gestão de habitat foram acompanhados de intenso esforço de monitorização e de um amplo programa de sensibilização para a popolação escolar, local e visitantes. A população de Priolo tem registado melhorias substanciais, o que levou em 2010 à revisão do seu estatuto de conservação de “Criticamente em Perigo” para “Em Perigo”. O trabalho realizado tem implicado a existência de uma estrutura permanente de dimensão significativa, instalada nos dois concelhos que formam as Terras do Priolo: Nordeste e Povoação. A realização destes projetos levou à criação de um número médio de 20 postos de trabalho anuais diretos e, segundo valores de 2008, contribui para 4 postos de trabalho indiretos. Através de aquisição de serviços e produtos foram já beneficiadas mais de 160 empresas, sendo que 90% são dos Açores, das quais cerca de 40 localizadas em Povoação e Nordeste. Para além das despesas diretas dos projetos, outros valores podem ser adicionados a este impacto económico da conservação do Priolo. Por exemplo, a vinda anual de 10 bolseiros diversos, em média, para efeitos de formação e apoio aos trabalhos tem um retorno direto nos dois concelhos de cerca de 30.000t ano. Em 2008, foi estimado um incremento de 350.000t no PIB da Região devido a estes projetos. A manutenção das áreas naturais da ZPE e do Priolo, proporcionam também diversos serviços às populações, tais como: proteção de nascentes e quantidade e qualidade da água, biodiversidade, valor científico e educativo, controlo da erosão e proteção dos solos, valor turístico, entre outros. O estudo dos serviços dos ecossistemas “prestados” pela ZPE, efetuado em 2008/2009, indicou um valor (conservador) de 4.000.000t a 6.000.000t. Uma das mais-valias geradas pelos projetos de conservação do Priolo e o seu habitat é o aumento de interesse para o desenvolvimento de atividades de turismo de Natureza. Em 10 anos, seja pela promoção e divulgação do Priolo e do trabalho realizado a nível nacional e internacional, seja pela melhoria do habitat e da situação da população de priolo que permite mais avistamentos e melhores condições de visita da ZPE, tem aumentado o número de empresas e turistas que se dedicam ao birdwatching a visitar as Terras do Priolo. O crescente número de visitantes ao Centro Ambiental do Priolo, criado em 2007, e que em 2012 registou mais de 3100 visitantes, é um bom indicador desse crescimento. Outra forma de conciliar o desenvolvimento de um turismo sustentável com a conservação do Património Natural, resultou em 2012 na candidatura e atribuição pela Europarc da Carta Europeia para o Turismo Sustentável para as Terras do Priolo. Realizada no âmbito do LIFE Laurissilva Sustentável, esta candidatura resultou da implementação de um processo participativo englobando desde o seu início quer as entidades públicas com responsabilidades na gestão das áreas naturais, quer as empresas privadas da área do turismo com sede ou atividade nos dois concelhos que constituem as Terras do Priolo. A CETS permite aliar aos valores económicos, os valores culturais e tradicionais do território, oferecendo uma experiência mais rica e completa aos visitantes e dando um valor acrescido a essas componentes da região. Como resultado deste esforço conjunto foi atribuída a CETS a este território e encontra-se neste momento em aplicação o plano de ação para o desenvolvimento do turismo sustentável nas Terras do Priolo, plano esse desenvolvido por todas as entidades que participaram do processo. Uma das ações deste plano é a Marca Priolo. Esta marca, registada pelo Governo Regional dos Açores e desenvolvida no âmbito dos projetos LIFE, pretende distinguir todas as empresas que cumpram os requisitos necessários e que promovam ações que contribuam de alguma forma para uma melhoria do seu desempenho ambiental ou para a conservação dos valores naturais da região. Na primeira fase de inscrições para a Marca Priolo aderiram 20 empresas, um valor muito significativo tendo em conta serem os dois concelhos mais periféricos e rurais da ilha de São Miguel. As empresas distinguidas exercem atividade ao nível do alojamento, restauração, turismo ativo, artesanato e produtos locais e mesmo operadores turísticos. O investimento na conservação da Natureza é claramente reprodutivo, beneficiando a biodiversidade e dinamizando diretamente a economia local, mas também proporcionando condições para o desenvolvimento de atividades económicas sustentáveis por exemplo ao nível do turismo de natureza que podem (devem) contribuir por si também para a preservação dos valores naturais. Mais informação em: http://cetsmarcapriolo.blogspot.pt/ http://life-laurissilva.spea.pt/ 28 SPEA – Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves. Apartado 14, 9630 Nordeste - Açores (Portugal) | Tel./Fax (+351) 296488455 | E-mail: [email protected]; www.spea.pt 80 seminários Projeto Turismo em áreas Rurais Livro de comunicações 81 Socio-economic impacts of the Priolo conservation projects in São Miguel, Azores Joaquim Teodósio, Azucena De La Cruz, Rui Botelho, Filipe Figueiredo, José Benedicto and Luís Costa28 Summary The conservation work essential to the conservation of the Priolo and its habitat have been carried out since 2003 under two LIFE projects. These projects involve human resources and logistical at a significant scale and with significant associated costs. However, in addition to the good results in the conservation, these works also show the importance that these projects can have economic and social, either through the creation of jobs directly and indirectly, either by direct stimulation of the local economy or providing conditions for the development of economic sectors such as nature tourism. Keywords: Priolo, Natural Habitats, Conservation, Local Economy, Tourism. The Priolo (Pyrrhula murina), bird endemic to the island of São Miguel in the Azores, and that only occurs in the municipalities of Nordeste and Povoação, is very dependent of the Laurel forest, a habitat that has a high number of endemic species of the Azores. Since 2003 have been carried out restoration works of the natural habitats from the Special Protection Area of Pico da Vara/Ribeira do Guilherme, in order not only to preserve this unique bird species but also to recover the functionality and services provided by this habitats. The work developed in order to restore the balance of Laurel Forest, implies the eradication of alien plant species present in the area, such as Cletra arvorea, Hedychium gardnerarum, Pittosporum undulatum and Gunnera tinctoria, and planting, where need has been identified, trees and herbaceous native and endemic species. The work carried out result of the implementation of the projects LIFE Priolo (2003-2008) and LIFE Sustainable Laurel (2009-2012), coordinated by SPEA in partnership with the Azores Regional Government, local authorities and other partners. Projects have been funded by the LIFE program of the European Commission in 66% and 75%, respectively. This co-financing brought to the Region t3,000,000 that otherwise would never come to Portugal. The size and logistics of the two projects involve resources only possible with these community supports. Over the last 10 years have been recovered more than 350 ha of natural habitat in the SPA (included in the Natural Park of São Miguel Island), through the control of exotic and replanting with about 160,000 native plants grown in nurseries. This habitat management was accompanied by intense monitoring effort and a broad program of awareness directed at schools, local population and visitors. The population of Priolo has registed substantial improvements, which led in 2010 to the review of its conservation status from “Critically Endangered” to “Endangered”. The work has implied the existence of a permanent structure of significant size, installed in the two municipalities that make up the Lands of Priolo: Nordeste and Povoação. The implementation of these projects led to the creation of an average of 20 direct jobs a year and, according to 2008 figures, contributes to four indirect jobs. Through the acquisition of services and products have already been benefited over 160 companies, of which 90% are of the Azores and about 40 located in the Lands of Priolo. In addition to the direct costs of the projects, other values can be added to this economic impact of the Priolo conservation. For example, the coming each year of 10 different grantees, on average, for the purposes of training and support for the work, has a direct return in the two municipalities of about t 30,000 per year. In 2008, it was estimated an increase of t 350,000 in the GDP of the region due to these LIFE Priolo project. The maintenance of the natural areas of the SPA and the Priolo, also provide various services to the population, such as protection of springs and quantity and water quality, biodiversity, scientific and educational value, erosion control and soil protection, tourism value, among others. The study from 2008 of ecosystem services “provided” by the SPA indicated a (conservative) value of 4,000,000 t to 6,000,000 t. One of the gains generated by conservation projects of the Priolo and its habitat is increasing interest in the development of nature tourism activities. In 10 years, or for the promotion and dissemination nationally and internationally of the Priolo and conservation work, or either by improving habitat and population status of Priolo allowing more sightings and better visitation to the SPA, has increased the number of businesses and tourists who are dedicated to birdwatching visiting the Lands of Priolo. The growing number of visitors to the Environmental Center of Priolo, created in 2007, and that in 2012 welcomed more than 3100 visitors is a good indicator is this growth. Another way to reconcile the development of sustainable tourism in the conservation of Natural Heritage, resulted in 2012 in the application, and designation by Europarc, of the European Charter for Sustainable Tourism for Lands of Priolo. Held under the LIFE Sustainable Laurel, this application resulted from the implementation of a participatory process encompassing since its beginning both public entities with responsibilities in the management of natural areas, 82 and private companies in the tourism sector headquartered or operating in two municipalities of the Lands of Priolo. The ECST allows to combine economic values, cultural values and tradition of the territory, offering a richer and complete experience to visitors and giving added value to these components of the region. As a result of this joint effort ECST was attributed to this area and is currently under implementation the action plan for the development of sustainable tourism in the Lands of Priolo, this plan has been developed by all entities that participated in the process. One of the actions of this plan is the Priolo Brand. This brand was registered by the Regional Government of the Azores and developed under the LIFE projects. It aims to distinguish all firms that meet the requirements and to promote in their activity actions that contribute in some way to improving their environmental performance or to conserve natural values of the region. In the first phase of registration for the Priolo Brand joined 20 companies, a very significant number since the territory comprises the two more peripheral and rural municipalities of the island of São Miguel. Distinguished companies exert activity at the level of accommodation, catering, active tourism, handicrafts and local products and even tour operators. The investment in nature conservation is clearly reproductive benefiting biodiversity and directly stimulating the local economy, but also providing conditions for the development of sustainable economic activities, for example at the level of nature tourism, that can (should) also contribute by itself to the preservation of the natural values. More information at: http://cetsmarcapriolo.blogspot.pt/ http://life-laurissilva.spea.pt/ seminários Projeto Turismo em áreas Rurais Livro de comunicações 83 Centro freira-da-madeira - Dr. Rui Silva Miguel Maria Domingues, Dilia Menezes e Nádia Coelho 29 Resumo O Centro freira-da-madeira – Dr. Rui Silva, é um polo de informação, interpretação e de receção de visitantes e localiza-se no Pico do Areeiro, na ilha da Madeira. Pretende melhorar as condições de receção para os turistas e residentes que visitam o Pico do Areeiro, divulgando e promovendo o património natural da Região, destacando as diversas áreas protegidas e toda a biodiversidade. O nome do Centro surge associado à ave marinha endémica da Madeira, freira-da-madeira, dado que é na zona do Areeiro que esta ave nidifica e, consequentemente, é o local onde são desenvolvidos todos os trabalhos de conservação. Surge igualmente associado ao Dr. Rui Silva, em justa homenagem por ter sido o pioneiro do montanhismo e escalada na Região. O Centro visa contribuir para a autossustentabilidade dos esforços de conservação da biodiversidade e para a dinamização de uma estratégia de informação e comunicação, que se traduza na existência de uma população ainda mais informada, interventiva e capaz de usufruir, quer do ponto de vista do lazer quer do ponto de vista económico, de forma equilibrada os bens naturais. Este espaço foi criado com o apoio do Fundo Europeu Agrícola de Desenvolvimento Rural e da Região Autónoma da Madeira. Palavras-chave: Freira-da-madeira, Centro de interpretação, sustentabilidade. A Freira-da-Madeira A freira-da-madeira Pterodroma madeira é uma ave marinha, endémica da Ilha da Madeira, classificada como Em Perigo no Livro Vermelho dos vertebrados de Portugal e está incluída no Anexo I da Diretiva Aves e no Anexo II da Convenção de Berna. Atualmente apresenta uma população mundial de apenas 65 a 80 casais, com uma área de nidificação restrita ao Maciço Montanhoso Oriental, mais precisamente em pequenos patamares acima dos 1600 metros de altitude, localizados entre o Pico do Areeiro e o Pico Ruivo. A presença desta ave, dado o seu estatuto de conservação, é suficiente para conferir à área a designação de Zona de Proteção Especial (ZPE), sendo também uma Zona Especial de Conservação (ZEC), por apresentar uma elevada biodiversidade, nomeadamente ao nível da vegetação onde são conhecidos vários endemismos. Habitat e reprodução O Maciço Montanhoso, compreende toda a cordilheira montanhosa central da Ilha da Madeira, que divide a Ilha em duas vertentes, Sul e Norte, bem distintas e com declives acentuados. Ocupando uma área de cerca de 8200 hectares, este maciço engloba as áreas localizadas acima dos 1400 metros de altitude, onde são consideradas duas zonas distintas, a parte Oriental e a Ocidental. É na parte Oriental do Maciço que se situam os picos de maior altitude, sendo os mais relevantes, o Pico Ruivo (1861 metros) e o Pico do Areeiro (1818 metros), entre outros de menor altitude. As aves marinhas pertencentes à ordem dos Procelariformes, onde se inclui a Freira-da-Madeira, vivem exclusivamente no mar, apenas vindo a terra durante a época de reprodução. No caso deste endemismo madeirense, que passa o ano em paragens desconhecidas, as áreas de nidificação são visitadas entre fins de Março e meados de Outubro. É nesta altura que ao longo de todo o Maciço Montanhoso Oriental se podem ouvir as aves ao cair da noite quando voltam para os seus ninhos; buracos escavados no solo, em locais cujo coberto vegetal se encontra em bom estado de conservação. O período de reprodução tem o seu início em Março, com a limpeza e preparação do ninho em paralelo com o acasalamento e cópula. Após esta fase, no final de Abril, dá-se o êxodo pré-reprodutor ao longo do qual as aves procuram maximizar o seu balanço energético, no sentido da gestação do ovo se dar nas melhores condições. De regresso em meados de maio, dá-se a postura de um único ovo, sem possibilidade de reposição no caso deste se inviabilizar ou ser subtraído por um predador. Durante a fase de crescimento, que se prolonga até meados de Outubro, os juvenis ficam no ninho e são alimentados pelos pais, que fazem visitas alternadas e cada vez mais espaçadas ao longo deste período. Medidas de conservação Com o objetivo de minimizar a ação dos predadores, nomeadamente os ratos, sobre os ovos, juvenis e adultos desta espécie, desde 1986 está implementado um programa de controlo de predadores (um dos mais antigos do Mundo com sucesso) na área de nidificação, que passa pela existência de um cordão de aproximadamente 80 caixas com veneno colocadas à volta da colónia. Os gatos também se mostraram bastante nefastos para a população, atendendo a que num só episódio resultou a morte de vários indivíduos adultos, tendo sido criado um programa de controlo dos mesmos, através da captura com armadilhas “gatoeiras” ao longo de toda a área de nidificação. De forma a dar continuidade a este esforço de conservação, entre 2001 e 2006 a Secretaria Regional do Ambiente e dos Recursos Naturais através do Serviço do Parque Natural da Madeira desenvolveu um projeto intitulado “Conservação da Freira-da-Madeira através da recuperação do seu habitat”. Este projeto com a duração de quatro anos, cofinanciado pelo Programa LIFE - Natureza, por uma ONG (FFI - Fauna and Flora International) e pelo Governo Regional, teve como principal objetivo, recuperar todo o habitat de ocorrência da Freira-da-Ma29 Serviço do Parque Natural da Madeira. Caminho do Meio, Quinta do Bom Sucesso, 9064-512 Funchal – Madeira (Portugal) | Tel. (+351) 291 214 360 | E-mails: Miguel Dominges - [email protected]; Dilia Menezes - [email protected]; Nádia Coelho - [email protected] 84 deira, providenciando as condições para que o Ecossistema do Maciço Montanhoso Oriental funcione em bom estado de conservação. No âmbito da recuperação da vegetação de altitude, a retirada do gado da área de nidificação, foi uma das ações mais importantes, possibilitando assim a recuperação do coberto vegetal, que está a ser monitorizado e cujos resultados apontam para uma rápida melhoria. A aquisição da área de nidificação surge de maneira a facilitar a implementação de um plano de gestão específico para toda a área do Maciço Montanhoso Oriental. Outra das ações, não menos importante, passa pela divulgação e sensibilização do público em geral para a problemática da conservação desta espécie. O Centro freira-da-madeira Dr. Rui Silva Este Centro foi criado em 2012 e é gerido pelo Serviço do Parque Natural da Madeira (SPNM). Concebido para divulgar valores como a biodiversidade e a riqueza paisagística, os esforços colocados na recuperação da freira-da-madeira, entre outros, o Centro Freira-da-madeira Dr. Rui Silva (CFM) apresenta características ímpares do ponto de vista da sua localização, facilidade em estacionamento e serviços associados, prestando um apoio fundamental à atividade de “birdwatching”. Dispõe de uma exposição permanente, dinâmica e interativa, alusiva à freira-da-madeira e ao seu habitat. Dispõe ainda de um Núcleo museológico e biográfico daquele que foi o pioneiro do montanhismo e escalada na Região, o Dr. Rui Silva, de um Balcão de informação e orientação do visitante e de um espaço multifunções onde poderão ser efetuados workshops, reuniões, ações de comunicação e educação ambiental, entre outros. Possui ainda um ecrã onde se encontra a passar um DVD alusivo a todo o trabalho de conservação que é feito com a freira-da-madeira. O Centro freira-da-madeira Dr. Rui Silva encontra-se aberto a toda a população todos os dias das 9h às 17.30h, com exceção dos dias 1 Janeiro, domingo de Páscoa e 25 de Dezembro. São realizadas visitas guiadas ao Centro freira-da-madeira e ao miradouro do Ninho da Manta, estas últimas aos sábados, estando condicionadas a um mínimo de 5 participantes. O andar inferior do Centro Freira-da-madeira Dr. Rui Silva oferece uma área de exposição total de 82,58 m2, com capacidade para cerca de 50 pessoas funcionando como espaço multifunções (exposições diversas, workshops, realização de palestras, lançamento de livros, ateliers práticos didático pedagógicos com grupos escolares, reuniões, entre outros). Com um posicionamento privilegiado, neste primeiro ano de existência, o CFM revelou ter capacidade para atrair milhares de visitantes, com especial destaque para a população turística, que o utiliza sobretudo para conhecer um pouco mais sobre o meio envolvente e adquirir os produtos de promoção e publicações que o centro possui. O CFM, e de acordo com o observado neste primeiro ano, tem capacidade para se autossustentar, devendo para o efeito apostar, eventualmente numa maior variedade de produtos colocados à venda, a prestação de serviços especializados pagos e a promoção do espaço para eventos privados cuja natureza não colida nem coloque em causa a essência e os valores que presidiram à criação do mesmo. O Pico do Areeiro é um dos locais mais visitados da ilha, graças ao seu fácil acesso, às vistas arrebatadoras e aos famosos trilhos que conduzem ao Pico Ruivo. Os movimentos de transportes de turismo são uma constante, e o Centro freira-da-madeira Dr. Rui Silva veio valorizar e enriquecer este setor. Desde a sua abertura, em Março de 2012 até Março de 2013 o Centro recebeu mais de 40.000 visitantes (ver abaixo). O Centro proporciona também o apoio a todas as empresas que operam nesta zona, nomeadamente no que diz respeito às escutas noturnas à freira-da-madeira, facultando o próprio Centro, como ponto inicial de passagem antes de prosseguirem às escutas, fazendo uma visita guiada à exposição permanente presente no Centro. É uma forma vantajosa de divulgarmos todo o trabalho desenvolvido em prol desta espécie, sendo uma mais-valia para as empresas, pois acabam por ter mais um atrativo para oferecer no pacote “Escuta à freira-da-madeira”. seminários Projeto Turismo em áreas Rurais Livro de comunicações 85 Madeira’s Petrel Center - Dr. Rui Silva Miguel Maria Domingues, Dilia Menezes and Nádia Coelho 29 Abstract Madeira’s Petrel Centre – Dr. Rui Silva, is an information, interpretation and visitor center located in Pico do Areeiro, in Madeira Island. It intends to improve conditions for welcoming tourists and residents who visit Pico do Areeiro, disseminating and promoting natural heritage of the Region, highlighting the various protected areas and all the biodiversity. Center’s name is due to the pelagic seabird, endemic to the Madeira Island, Madeira’s Petrel, being the Areeiro area nesting territory of this bird, therefore the place where all conservation work takes place. It is also associated to Dr. Rui Silva, as a tribute for being the pioneer of mountaineering and climbing in the Region. The Center aims to contribute towards self-sustainability of the biodiversity conservation efforts and promotion of an information and communication strategy, which translates into a population even more informed, interventional and able to enjoy natural resources in a balanced way, either from the leisure point of view or the economic point of view. This structure was created with the support of the European Agricultural Fund for Rural Development and the Autonomous Region of Madeira. Keywords: Madeira’s Petrel, Interpretation Center, Sustainability. The Madeira’s Petrel Madeira’s Petrel (Pterodroma madeira) is a seabird, endemic from Madeira Island, listed as Endangered in the Portuguese Vertebrate Red List and it is included in Annex I of the Birds Directive and Annex II of the Berne Convention. Currently the world’s population is only 65 to 80 pairs, with a nesting area confined to the Maciço Montanhoso Oriental, more precisely to small terraces above an altitude of 1600 meters, located between Pico do Areeiro and Pico Ruivo. Given the presence of this bird and its conservation status, the area is classified as a Special Protection Area (SPA), also being a Special Area of Conservation (SAC), because it presents high biodiversity, namely with various plant endemism. Habitat and reproduction The Maciço Montanhoso Oriental comprises the all central mountain range of Madeira Island, which divides the Island in two, the Southern and Northern parts, very different and with steep slopes. With an area of around 8200 hectares, this highland includes areas with an altitude above 1400 meters, where there are two distinct parts, the Eastern and Western. The highest altitudes are in the Western part, standing out Pico Ruivo (1861 meters) and Pico do Areeiro (1818 meters), among others with lower altitude. Seabirds from the Procelariformes order, where Madeira´s Petrel is included, live exclusively in the sea, only coming to land during the breeding season. For this Madeira´s endemism, spending the year in unknown locations, nesting areas are visited from end of March to mid-October. At this time of the year, all across the Eastern highland, birds are heard at nightfall when returning to their nests; dug-out holes, in places with good vegetation cover. Breeding period begins in March, with the cleaning and preparation of nest while mating and copulation is occurring. After this phase, by the end of April, the pre-breeding exodus takes place, with birds seeking to maximize their energy balance, to assure best conditions for the egg gestation. Back in mid-May, one single egg is put, without possibility of being replaced in case it becomes unviable or if it is preyed. During the growing period, until mid-October, juveniles remain in their nest and are fed by both parents, who make alternate visits that become sparser over time. Conservation Measures Aiming at controlling predators, namely predation of eggs, juveniles and adults of this species by rats, a predator control program has been implemented since 1986 (one of the oldest with success in the world) in the nesting area, consisting in a band of about 80 boxes with poison placed around the colony. Cats have also shown to be very harmful for this population of birds, considering one episode which resulted in the death of many adults, thus a specific control program was created to capture them, using “cat traps” spread along the breeding area. To continue this conservation effort, the Regional Secretariat of Environment and Natural Resources, through the Madeira Natural Park, has developed a project entitled “Conservation of Madeira’s Petrel through the recovery of its habitat”, between 2001 and 2006. This four years’ project, co-funded by LIFE – Nature program, by an NGO (FFI - Fauna & Flora International) and by the Regional Government, aimed to recover habitat of Madeira´s Petrel, assuring the conservation of Eastern highlands´ Ecosystem. In what concerns the vegetation recovery in high altitudes, removal of livestock from the nesting area, was one of the major actions, thus enabling vegetation recovery, which is being monitored and whose results suggest a quick improvement. Acquirement of the nesting area eases the implementation of a specific management 86 plan for the whole Eastern Highland. Other actions, but least, are the dissemination and public awareness about this species conservation issue. The Madeira’s Petrel Center Dr. Rui Silva This Centre was created in 2012 and is managed by Madeira Natural Park (NPMS). Madeira’s Petrel Center Dr. Rui Silva, designed to promote values such as biodiversity and the rich landscape, to put efforts in the recovery of Madeira’s Petrel, among others, presents unique aspects from the location point of view, easy parking and related services, providing an essential support to the birdwatching activity. The Center has a permanent exhibition, dynamic and interactive, concerning Madeira’s Petrel and its habitat. It also has museum and biographical collection of the pioneer of mountaineering and climbing in the region, Dr. Rui Silva, it has a counter to provide information and guidance to visitors and a multifunction space where can take place workshops, meetings, communication and environmental education actions, among others. There is also a TV screen displaying a DVD about the conservation work on Madeira’s Petrel. Madeira’s Petrel Center Dr. Rui Silva is open to the public every day from 9am to 17.30h, except January1st, Easter Sunday and December 25th. Guided visits are made to the Centre and to the Nest of Manta viewpoint, in this last case visits take place on Saturdays, being limited to a minimum of 5 participants. The Center´s lower floor offers an exhibition area with a total of 82.58 m2, with capacity for about 50 people working as multifunction space (different exhibitions, workshops, lectures, book presentations, educational and teaching workshops with school groups, meetings, among others). With a privileged location, in its first year of existence, the Centre showed it was able to attract thousands of visitors, with special emphasis on tourists, who use it primarily to get to know a little more about the surrounding environment and buy merchandising and editions of the center. According to what was observed in its first year of existence, the Centre has capacity to be self-sustaining, and therefore should eventually create a larger variety of products for sale, to provide specialized paid services paid and to promote the space for private events whose nature do not conflict or question the essence and values behind its creation. Pico do Areeiro is one of the most visited places in the island, due to its easy access, sweeping views and famous paths leading to Pico Ruivo. The arrival of tourism vehicles is constant, and the Center has come to enhance and enrich the tourism sector. Since its opening on March 2012 until March 2013, the Centre received over 40,000 visitors (see below). The Centre also supports companies operating in this area, namely in what concerns night-time point counts of the Madeira’s Petrel, opening the building as a starting point before they carry on with the point counts and making a guided tour through the permanent exhibition in the Center. This is a good way to communicate all the work performed in favor of this species, being an added-value for companies, because they add one more asset to their “Madeira´s Petrel Listening” package. seminários Projeto Turismo em áreas Rurais Livro de comunicações 87 Turismo ornitológico no Sul de Portugal: a experiência de uma empresa a operar neste mercado Ornithological tourism in South Portugal: the experience of a company operating on this market Resumo A ProActiveTur, Lda. (alvará nº 160/2011, de 24 de Maio), foi constituída em final de 2010 com o objetivo de promover atividades de animação turística e serviços de consultoria em ecoturismo, com especial incidência no Algarve e Baixo Alentejo. O turismo ornitológico está entre as principais atividades que se desenvolvem no seio desta empresa, juntamente com as caminhadas e atividades culturais. Com uma ainda recente experiência profissional enquanto operador nesta área específica, os dados até agora recolhidos mostram uma tendência crescente na procura destes nichos de mercado, seja ao nível do Birdwatching ou do Hiking. No que respeita ao Birdwatching em particular, 2012 registou um aumento significativo em relação a 2011, na ordem dos 20%, fruto, muito provável, da maior promoção externa que o Turismo do Algarve tem vindo a desenvolver sobre os principais mercados-alvo, especialmente o Reino Unido, a Holanda e a Alemanha. Abstract ProActiveTur, Lda. (licence ner. 160/2011, May 24), was created at the end of 2010 with the aim of promoting tourism activities and consultancy on ecotourism, with particular focus in the Algarve and Baixo Alentejo. Ornithological tourism is amongst main activities developed by this company, along with walks and cultural activities. With a still recent experience as an operator in this specific area, evidence so far show a growing trend on demand in these market niches, either in birdwatching or Hiking. On what concerns Birdwatching in particular, a significant increase was recorded between 2011 and 2012, in de order of 20%, most likely, the result of increase external promotion which Turismo do Algarve has been developing in main target markets, particularly United Kingdom, the Netherlands and Germany. João Ministro30 De uma amostra de 140 clientes recebidos em 2012, verificamos que 62% são de origem inglesa, 13% holandesa, 11% alemã e os restantes de outras nacionalidades (ex. suecos). Cerca de 50% dos programas vendidos de Birdwatching foram de um dia inteiro, 33% meio-dia e 20% mais de um dia. Estes dados parecem indicar que a maior parte dos clientes estariam no Algarve a fazer férias ditas “generalistas” e optaram por incluir um dia de observação de aves. O grupo de participantes teve, em média, 3.11 pessoas, com um máximo de dez e o mínimo de uma pessoa. A idade média dos clientes registada nesta amostra, foi de 61 anos, estando ambos sexos representados em proporções quase idênticas. A marcação destas atividades foi, em mais de 90% dos casos, via internet, numa relação direta com os clientes. Existem, ainda, grupos organizados que viajam através de um operador especializado, com o único propósito de observar aves. Ainda que em menor quantidade, estes grupos aumentaram igualmente em 2012, o que revela um maior interesse da parte dos operadores estrangeiros pela região. Entre os locais mais visitados, contam-se a Ria Formosa, Lagoa dos Salgados, Península de Sagres e o Baixo Alentejo, nomeadamente Castro Verde. De acordo com a época do ano há, naturalmente, uma seleção diferenciada pelos sítios a visitar, bem como das espécies a observar. A maioria dos clientes pretende uma atividade dita “geral” que permita um contacto com diversas espécies, garantindo sempre a observação de algumas que não encontram nos seus locais de origem. Outros, por outro lado, trazem objetivos específicos quanto a espécies a observar e/ou a fotografar, atividade esta que tem notoriamente vindo a aumentar. Por fim, uma nota sobre o futuro desta atividade e seu impacto nas regiões alvo. Praticamente 100% das atividades realizam-se fora da dita “época-alta” para o turismo no Algarve, o que é, claramente, um contributo para o combate à sazonalidade turística da região. A promoção externa que tem sido realizada, tem produzido resultados importantes e nesse sentido, importa dar continuidade à mesma. Há, ainda, necessidade de melhorar o produto Birdwatching na região, sobretudo ao nível da gestão dos espaços naturais – fator vital para o sucesso da atividade - no aumento das infraestruturas de apoio e sinalização dos locais. Por último, e não menos importante, há que garantir uma contínua qualidade nos serviços de acolhimento e de guias, o que poderá ser conseguido com uma futura marca de qualidade e um fortalecimento no controle dos mesmos. João Ministro30 From a sample with 140 clients in 2012, we have established that 62% were English, 13% Dutch and 11% Germans and the rest were from other nationalities (e.g. Swedish). Around 50% of Birdwatching programs which were sold had one day, 33% half a day and 20% more than one day. These data suggest that the majority of clients would be in the Algarve on “general” holidays and decided to include one day for birdwatching. The group of participants had, on average, 3.11 people, with 10 as maximum and 1 as minimum. The average age on this sample was 61 years old, being both gender represented in nearly identical proportions. Booking of these activities was made through internet, on more than 90% of cases, in a direct relationship with costumers. There are also organized groups, travelling through a specialized operator, with the sole aim of doing birdwatching. Though fewer in number, these groups have also increased in 2012, which shows an enlarged interest on the region by foreign operators. Among most visited places are Ria Formosa, Lagoa dos Salgados, Península de Sagres and Baixo Alentejo, namely Castro Verde. Depending on the time of the year there is, obviously, a different selection of sites to visit, as well as species to see. Most clients seek for a “general” activity that enable a contact with different species, always ensuring the observation of some which they do not have in their place of origin. Others, on the other hand, come with specific targets concerning species to see and/or photograph, being this last activity notoriously growing. Finally, a note on this activity´s future and its impact in the target regions. Almost 100% of activities take place outside the “high-season” for tourism in the Algarve, which is, clearly, a contribution to overcome tourism seasonality in the region. External promotion which has been carried-out has produced important results and it is important to continue in that sense. There is also the need to improve the Birdwatching product in the region, especially on the management of natural areas – vital factor for this activity´s success – the increase of support infra-structures and signposting sites. Last, but not least, the continuous quality of welcoming services and guides should be assured, and this may be achieved with a future quality label and strengthening control. 30 Diretor-geral empresa ProActiveTur, Lda. (Director General of the ProActiveTur company) | E-mail: [email protected] | http://www.birdwatching-algarve.com/ 88 seminários Projeto Turismo em áreas Rurais Livro de comunicações 89 FICHA TÉCNICA | TECHNICAL SHEET Coordenação da Edição | Editor Esmeralda Luís e Sónia Fragoso Colaboração Técnica | Technical collaboration Rita Alcazar Textos | Texts os autores | the authors Tradução de artigos (p. 5, 12, 17, 21, 24, 25, 38, 42, 63, 74, 78, 86) | Translation of papers Esmeralda Luís, João Fragoso e Natasha Silva Fotos | Photos Joaquim Teodósio (p. 68); Rui Constantino (p. 90) LPN - restantes fotografias Design Gráfico e Paginação | Graphic design and Publishing Concept_UDesign Impressão | Printed by Clio by Rip – Artes Gráficas Lda. Edição | Edition LPN – Liga para a Protecção da Natureza, 2013 Citação aconselhada | Recommended quote Luís, E., Fragoso, S. & Alcazar, R. 2013. Livro de Comunicações dos Seminários no âmbito do Projeto «Turismo em Áreas Rurais: Identificação, promoção e disseminação de boas práticas». LPN, Castro Verde. Todos os direitos reservados. Esta publicação não pode ser reproduzida no todo ou em parte, sob qualquer forma ou por qualquer meio eletrónico ou mecânico (fotocópias, gravação ou outros sistemas), sem a autorização prévia da LPN. | All rights reserved. No part of this book may be reproduced or transmitted in any form or by any means, electronic or mechanical (photocopy, recording or any other systems), without previous permission of LPN. Impresso sobre papel com certificação FSC | Print in paper with FSC certification 90 seminários Projeto Turismo em áreas Rurais Livro de comunicações 91