Correio Mar 35
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Correio Mar 35
40 | Esporte * CORREIO Salvador, sábado, 2 de abril de 2011 Correio Mar* PEDRO BOCCA e-mail: [email protected] O veleiro Fraternidade chega ao Mar do Caribe Aleixo Belov e sua tripulação saíram de Natal cedo. O Fraternidade manobrou entrando no canal em direção ao alto-mar. Passaram sob a ponte pênsil e as boias de sinalização foram ficando para trás. As ondas cresceram e a tripulação içou os panos, afastando-se de terra. A região estava cheia de barcos de pesca e bandeirolas marcando seus artefatos, além de um intenso tráfego de navios beirando a costa. Neste local, a costa brasileira está mais avançada mar adentro. O objetivo era navegar rápido para fora desta zona, antes de escurecer. A estratégia deu certo e o destino agora era o Mar do Caribe, exatamente a Ilha de Granada, 2.100 milhas adiante, sem escalas. Os dias foram passando e o barco avançava bem. Com exceção de Lygia, que havia velejado com Aleixo pelo Oceano Índico, para os demais era uma experiência absolutamente nova. Passaram em frente ao Ceará, Maranhão, Foz do Amazonas, Amapá e de repente já estavam em frente às Guianas, em águas internacionais. Nos últimos dias, o vento vinha reduzindo de intensidade e ficando quase empopado. Decidiram inaugurar o spinnaker (vela balão) preparando o barco para isto. O veleiro era Mergulho em Abrolhos Abrolhos é considerado um dos melhores mergulhos do mundo e está muito próximo de nós. O programa pode ser feito em três dias através de uma escola de mergulho, em grupos de 14 mergulhadores, num “live aboard” saindo de Caravelas. Parque Nacional Marinho, Abrolhos é um complexo recifal único no mundo porque os recifes aí vivem em águas turvas na época da maré grande. No Atlântico Norte e no Pacífi- Atobás: marca de Abrolhos FOTOS: ALEIXO BELOV novo e muitas manobras ainda não tinham sido bem testadas. A previsão era de vento brando, no máximo 15 nós, e a operação saiu perfeita. Em seguida, o vento começou a crescer, chegando logo aos 35 nós. Belov decidiu enrolar a genoa leve, mas, ao final da manobra, o piloto automático perdeu o controle do rumo devido ao desequilíbrio do velame. Os panos encheram pelo avesso, o cabo de içamento do pau de spinnaker partiu e ele, desgovernado, danificou algumas ferragens. A tripulação perdeu o controle sobre o barco enquanto o anemômetro já marcava 48 nós de vento. O caos estava estabelecido. Todos tripulantes que estavam dormindo subiram ao convés, unindo-se ao pessoal do turno. Aos poucos o veleiro foi dominado e tudo se regularizou. O vento amainou e o rumo a Granada foi retomado. O primeiro desafio tinha sido vencido e a tripulação estava mais treinada e confiante. Todos aprenderam a avaliar as previsões meteorológicas com mais cautela. Decorridos 14 dias chegaram a Granada Caribe. Agora, passariam uma semana na ilha curtindo o primeiro país visitado. Próximo artigo - Granada, Canal do Panamá e Oceano Pacífico. co, os organismos recifais são mais exigentes e só vivem em águas muito límpidas. Os recifes de Abrolhos são constituídos por uma fauna restrita e endêmica de corais. Corais são animais da classe dos Antozoários (do grego anthos, flor + zoon, animal), sésseis, isto é, não têm locomoção própria. O arquipélago de 5 ilhas que constitui o parque exibe as rochas vulcânicas, em torno das quais os corais formam uma franja viva. A larva de coral cresce do fundo para a superfície formando um cogumelo com o topo aplainado em forma de chapéu grande, que os locais chamam de chapeirão. Estes chapeirões constroem sobre a plataforma continental dois arcos, um costeiro constituído por bancos com extensão de 1 a 20 km, e um externo ao Parque Nacional, em águas mais fundas onde existem vários naufrágios que as escolas de mergulho valorizam. Nos recifes em franja que contornam as ilhas, o mergulho é raso, entre 2 e 8 metros, e a Farol de Abrolhos: 150 anos área é muito visitada, o que torna os peixes assustados. Nos parceis, o mergulho é mais fundo, entre 12 e 18 metros, e é necessário o uso de garrafas de scuba. Aportando em Santa Bárbara, um contato com a fiscalização do Ibama é obrigatória para se conhecer as regras do parque e realizar uma visita em terra: não se joga nada no mar, nada se deixa ou se leva do arquipélago, o mergulho nos recifes é feito sem luvas e deve-se evitar tocar nos corais com as mãos ou com as nadadeiras. Recomenda-se retirar 1 kg de lastro do cinto, para minimizar a chance de apoiar-se ao fundo. Nos mergulhos noturnos não se pode focar a lanterna O veleiro Fraternidade e sua tripulação: viagem de 2100 milhas e 14 dias de Natal, no Rio Grande do Norte, até Granada, no mar do Caribe nos olhos dos peixes nem das tartarugas. O desembarque só é permitido na ilha Siriba, confinado à trilha existente e com acompanhamento de um técnico do órgão, que apresenta a fauna de pássaros, o domínio territorial de cada espécie, os locais de nidificação e as rochas vulcânicas. O ponto alto da visita é o mergulho noturno, que exige uma credencial duas estrelas. Durante a noite, os pólipos se abrem e lançam seus tentáculos numa caçada carnívora do plâncton marinho, e as algas exibem cores vivas quando iluminadas pela lanterna ou o flash das câmeras. Os peixes, FOTOS: DIVULGAÇÃO Espetáculo subaquático colorido muito ariscos de dia, assumem cores vivas e dormem quietos nas locas, obviamente que com os olhos abertos, mas deixam você chegar perto e até tocá-los. Os parceis estão cheios de naufrágios, e pode-se observar como a vida se desenvolve sobre e entre eles, como se fossem um recife artificial. Mais sobre Abrolhos: Abrolhos - O complexo recifal mais extenso do Oceano Atlântico Sul; H Aprender a mergulhar: http://www.bahia scuba.com.br/ Corais: atração nos mergulhos COAUTOR: ANTÔNIO SÉRGIO TEIXEIRA NETTO - GEÓLOGO, VELEJADOR E MERGULHADOR
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