Apresentação do PowerPoint

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Apresentação do PowerPoint
identidadeS transitóriaS
“Eu
quero ser uma guitarrista. Eu quero ser
escritora. Eu quero ser uma
roteirista. Eu quero ser uma
jornalista de música aclamada. Eu
um
quero
tocar em uma banda.
Eu quero
me apaixonar. Eu quero continuar a ser
a menina tímida, de fala mansa. Eu quero
ser o coração bondoso que empresta
seu ouvido. Eu quero ser a
bailarina culta.
socialite culturalmente
Quero ser excêntrica. Quero
Eu quero ser a
consciente.
calma e reservada. Quero
extrovertida e espontânea. Quero
ser
pacífica. Quero ser Rachel.”
Trecho do relato de uma garota adolescente, publicado no blog dela.
ser
ser
A
mobilidade das identidades tem
desdobramentos imprevisíveis sobre todo
tipo de negócio. É um fenômeno
diretamente relacionado a como as
pessoas se comportam e a como
fazem escolhas.
A
identidade
mediada pela internet é o eixo de uma crise que
tornou o assunto identidade relevante no cenários
dos negócios. Não poderia ser de outra forma,
considerando que a identidade passou a ser
confundida com o perfil que projetamos nas redes
sociais. Um enunciado volátil, não necessáriamente
vinculado à realidade, destinado a oferecer o melhor
ângulo
do autor editado por ele
mesmo.
IDENTIDADE
é o conjunto de caracteres
diferenciar
as pessoas umas das outras. É
através dos quais podemos
possível falar de uma identidade individual ou
coletiva, falsa ou verdadeira, presumida ou
ideal, perdida ou resgatada. Identidade é um
conceito que interessa a vários ramos do
conhecimento,
história,
sociologia,
antropologia, direito, arte e também à moda que
monta suas
identificação
estratégias de venda sobre a
de identidades. Salvo alguns
imperativos, no caso da identidade genética,
por exemplo, identidade é algo construído, o
que nos leva à ideia de identidade
cultural,
conceito que abarca as variáveis
que formam e caracterizam as identidades,
sejam elas de etnia, classe ou gênero.
Hoje, todas elas em pleno processo de
fragmentação.
A
globalização,
as
viagens,
a
internet e as migrações em massa
minimizaram o peso das identidades
associadas às tradições nacionais. A
mobilidade entre classes alterou a hierarquia
social embaralhando os signos que no passado
caracterizavam uma classe social em oposição
à outra. As lutas por reconhecimentos de
outras sexualidades e as fronteiras
difusas entre os gêneros diluíram
certezas impondo a multiplicidade em um
campo, até pouco tempo atrás, aparentemente
imutável. É neste quadro, caracterizado por
trânsitos e instabilidade, que se movem a
indústria e o mercado da moda. Sempre à
procura do diferente e dependente
do igual e do reprodutível para
sobreviver.
O
mercado de informação estratégica
que alimenta o setor, muitas vezes sob o
disfarce do tom contestatório e jovem,
estabeleceu como prática a geração de
nomenclaturas e conceitos sazonais
para definir comportamentos “novos”.
Travestida de cool, essa outra forma de
construir
estereótipos
procura
atender
à
necessidade pontual de adaptar o discurso
aos tempos atuais obedecendo à dinâmica
acelerada da moda. Atrelado a própria necessidade
de sobrevivência como negócio, este
informações nem sempre estabelece
seguras com a realidade.
fluxo de
conexões
Ao
identificar ruídos na construção dessa linha de
informação
nosso
objetivo
contribuir
não
é
desqualificá-la,
mas
para
expandir o alcance das discussões e os recursos
disponíveis com a finalidade de tornar os processos
estimulantes e os resultados eficazes.
As interações que se estabelecem entre produtos e
nossas aparências, como elementos formadores das
nossas identidades, estão vinculadas à nossa vida
econômica na mesma medida que estão à nossa
vida
psicológica
e
emocional.
A
ausência
fixos para as
experiência contemporânea é a da
de
referenciais
identidades. Mesmo assim, a produção de informação
que alimenta as ações de moda e design insiste na
sedimentação de estereótipos baseados nelas como
embasamento para ações estratégicas.
O princípio
isolar
de identificar e
grupos
que
apresentam
comportamentos
semelhantes,
e
assim
aumentar
as chances de acerto das
estratégias de marketing destinadas a
fomentar o desejo de consumo,
é
um dos pilares da construção de
cenários voltados para a orientação de
ações do mercado, e conta com um
arsenal de metodologias
para
dar suporte na conquista deste objetivo.
Não vamos analisar cada uma delas.
Todo mundo sabe que elas permitem,
pelo artifício do recorte, tornar os
desejos e necessidades do cliente, no
futuro,
um campo aparentemente
menor e previsível. Boa parte delas é bem
sucedida. Como ferramentas que são e, nas
mais
variadas
formas,
tornaram-se
indispensáveis para a tomada de decisões
estratégicas.
Entretanto,
no âmbito das informações
que alimentam estas construções de
possíveis cenários um problema decorrente
é a carga normativa, ou, em linguagem
mais coloquial, o enquadramento de
pessoas em clichês. Resumir gente de verdade
a características visuais e comportamentais
demarcadas - e à condição exclusiva de
compradores de coisas - atende a ânsia do
mercado de informações por certezas. O
alcance efetivo da prática, entretanto, é
limitada,
considerando
que
uma
das
principais
características
da
cultura
contemporânea, e consequentemente do
comportamento das gerações
jovens é,
exatamente,
a
identidade,
instabilidade
da
seja ela ÉTNICA, social ou
de gênero. Como é infinitamente mais difícil
operar na instabilidade, ou aceitar que de fato
algo não mudou, muitas vezes o que é
entregue ao mercado é uma aparência
destinada a manter um ciclo aflitivo e
ficcional de informações supostamente
estratégicas.
Algumas
das metodologias
empregadas
contam
com
procedimentos
de
base
científica -aplicação de formatos de pesquisa
já testados, observação de indicativos e
estatísticas, cálculos de probabilidade, etc.mas todas contam com boa margem de
sugestão e especulação. De ficção, enfim.
Uma
das estratégias para transformar o
coeficiente ficcional
-
uma nota de
desconcerto em um corpo de conhecimento
que se vende como racional e científico
valor,
foi
adotar
o
storytelling.
tradução ruim, mas expressiva, à
de histórias.
recurso tal qual ele
–
em
Em
contação
Incluiu-se aí um
existe a milhares de
anos,
vindo da tradição oral e dos formatos
da arte, agora adaptado aos formatos de
comunicação do marketing para atribuir
significados emocionais à informação e
aos produtos através da estrutura narrativa.
É uma ferramenta eficaz. Ao contar
histórias, toda a cadeia aumenta as chances
de garantir o desejado lugar no futuro. As
questões que se colocam são que histórias
contar e como contá-las. Isso quando os
personagens envolvidos não tem identidade
fixa, mas identidades transitórias.
IDENTIDADE
TRANSITÓRIA
é
um conceito antigo. Em culturas primitivas, xamãs já
lidavam com o tema, Freud interessou-se por
ele. Sobram exemplos de abordagens,
sejam elas pelo lado mágico, da saúde
ou da arte. Se não estamos falando de
algo novo, entretanto, trata-se de um
fenômeno que se tornou central para a
cultura e para o mercado de moda e
design
agora.
“Está
bem
claro
que
as
velhas
hierarquias de uma ordem mundial
com identidades fixas para pessoas e
nações estão perdendo terreno para o
que se poderia chamar de humanidade
superdiversa.”
Charles Esche | Curador da próxima Bienal de São Paulo
O tema é tão relevante que define a
linha
de
abordagem
de
várias
manifestações culturais ao redor do
mundo. BORDERLAND- IDENTIDADES
INVISÍVEIS E DESEJOS PROIBIDOS é
um festival de arte que aconteceu este
ano (2014) em três pontos diferentes da
Europa. Veja como o material de
divulgação definia a realização:
Borderland investiga as partes secretas de
nossas identidades, o núcleo bruto de
nosso ser e dos desejos e aspirações
subterrâneas que desejamos alcançar e
não podemos em nossa vida cotidiana.
O assunto FOI abordado sobre perspectivas
diferentes, da entropia das identidades ao
corpo em transformação.
O
artista chinês Cang Xin
deixa se fotografar com a roupa de outras
pessoas. Sem se prender a gênero, classe
ou nacionalidade, ele assume
a
aparência de alguém vestindo as
roupas dessa pessoa. E daí? Você pode
perguntar.
E
daí
que
o
gesto
aparentemente banal põe em cheque, de
forma simbólica, a AUTENTICIDADE
DAS IDENTIDADES, todas elas, pela
forma como são representadas. A
nacionalidade, o gênero, a idade, a etnia
ou o pertencimento a uma determinada
profissão não definem quem você é.
São identidades transitórias. Cang Xin
não se torna o outro, ele apenas
assume a aparência
dele.
As irmãs francesas
Monette e Maddy,
gêmeas idênticas, se vestem da mesma
forma, comem as mesmas quantidades de
comida, nunca se casaram e vivem juntas. A
identidade de uma é tão a da outra
que a fotógrafa que realizou o ensaio
fotográfico com elas chegou a se perguntar se
elas não seriam
a mesma pessoa
duplicada.
Mady e Monette são indiferentes a
muitos
estereótipos
que
estão
relacionados também ao envelhecimento.
De fato, há muito tempo deixaram de
celebrar seus aniversários e desafiam
quaisquer
noções
preconcebidas
relacionadas
com
IDENTIDADE.
FAIXA
ÉTÁRIA
E
Q
uando
o
assunto
é
identidade,
é
tentador
conhecíamos
lidar apenas com aquilo que
antes, com o que nos dá
O mundo,
entretanto,
não é assim, ele nos desaloja dos
lugares seguros e nos conta
conforto.
histórias desconcertantes.
É difícil
obter respostas precisas para o
que
pode
significar
assumir
a
aparência/identidade do outro. Quando a
Chanel promove um desfile na Índia e a
coleção é toda ela inspirada nas roupas locais,
trata-se de uma admiração de Lagerfeld e
dos executivos da marca pelo vestuário
local ou uma adaptação ao mercado no qual a
CHANEL pretende expandir seus negócios?
Quando um político se veste como um
índio no Brasil é um artifício de
marketing ou é a manifestação de uma
identificação autêntica com a cultura
do país que ele representa?
O
elementos
étnicos na moda é antigo, já
uso
de
era feito por Poiret lá no começo da
história da moda. O que é novo é a
sofisticação estratégica do uso
deste recurso depois de mais de um
século
de
treinamento
dessa
habilidade.
As
coleções Resort
da Chanel, Anna
Sui e Thakoon são apenas algumas das que
voltam a reafirmar referências étnicas
AGORA. Nada, nos três casos, é gratuito. São
escolhas
que
bem
pensadas,
necessidade
obedecem
de
a
estratégias
relacionadas
expansão
à
de
mercados
(Chanel ) ao DNA da marca
(caso da Anna Sui, marca com origem na década de
70, período particularmente forte da influência étnica
sobre
a
moda)
designer
acostumado
ou
ao
histórico do
(Thakoon é um criador jovem,
aos
nacionalidades.
nos Estados Unidos).
trânsitos
entre
Nasceu na Tailândia e vive
São,
no mínimo, surpreendentes
algumas formas que as apropriações
étnicas
podem
assumir
AGORA,
quando duas forças contrárias
estão todo o tempo em manifestação, a
transnacionalização das
identidades e o fortalecimento de
da
identidades culturais localizadas.
Vale registrar que iniciativas originadas de ambos os
lados tem status associado à contemporaneidade. Na
cena atual, quando estas duas forças
convergem
surgem
fenômenos
tão
singulares que nos levam da noção de
identidade étnica à ideia de
migração étnica.
A
lguns cases recentes escapam a todo esforço
de classificação e desafiam velhas certezas. É do
Brasil este rapaz de ascendência alemã. Hoje ele
atende pelo nome de Xiahn e expõe ao
mundo o resultado do esforço – foram dez
cirurgias - para adquirir a aparência asiática.
Xiahn tem milhares
de fãs na
internet.
Muitos surgiram depois que ele
participou de um programa de televisão. A
maioria deste fãs, entretanto, é de longa data.
Acompanham-no desde uma fase anterior
quando ele realizou algumas mudanças
corporais para se parecer com príncipes de
Agora
histórias da Disney.
ele passou
a fazer parte do Ulzzang Brasil. No Ulzzang,
pessoas com características ocidentais se
vestem e se maquiam de forma a ficarem
parecidas com os orientais, em especial, os
sul-coreanos. A partir daí, são feitas
selfies postadas na internet, seja em páginas
pessoais ou em blogs sobre o assunto. Os “novos
olhos” de Xiahn fizeram dele
brasileiro
para o
o referencial
estilo.
O neo sul coreano brasileiro
não está
sozinho. No Japão, uma subcultura
chamada
b-style (junção das palavras black e lifestyle) atrai
jovens que prestam uma espécie de homenagem
à
cultura
hip-hop
americana.
Eles buscam se parecer com negros dos
Estados Unidos. Não apenas nas roupas e
acessórios. As garotas fazem bronzeamento
artificial
para
escurecer
a
pele,
usam
maquiagem
adequada
e
frequentam salões de beleza especializados em
trançar ou cortar cabelos
de forma a
aproximá-los da aparência de integrantes da
cultura afro-americana.
E
sta migração étnica tem outra variável
que é a equalização da cultura global jovem
gueto urbano
pela cultura do
,
originalmente de origem negra. Recentemente,
no Brasil, a estrela pop Rihanna posou para
um editorial em uma favela carioca.
Em
outros tempos talvez a opção fosse por vesti-la
de luxo evidente e explorar o contraste com o
cenário miserável. Sinal dos tempos:
Rihanna enche as imagens passando por uma
habitante local. Pouco antes dela, a super
top
Cara
Delevingne
encarnou
uma
rapper/funkeira carioca em outra favela do
Rio. Outra vez não há contraste, mas
assimilação dos símbolos locais por sua
vez fundidos a outros transnacionais. Sem
falar que as roupas usadas são de griffes
globais que buscam mimetizar a forma de se
vestir de indivíduos dos extratos econômicos
mais baixos da sociedade. Entramos no
terreno da
identidade social.
Um
tanto
do
universo
rapper
americano, outro tanto da favela
funk carioca
e a disseminação desta
estética que “vem de baixo”, na avaliação
social clássica, ascende ao primeiro escalão
das
manifestações
transformando-se
lucrativos
em
culturais
grandes
negócios.
e
Na
música tanto quanto na moda.
N
a música tem rapper muçulmano e tem
rapper português. O funk carioca
diluiu-se nos sets de Djs internacionais bem
como os estilos de se vestir de rappers e
funkeiros, adotados por garotas e garotos de
todas os lugares e classes sociais em que o
fenômeno acontece. O que temos aí é a
afirmação
de
uma
identidade
urbana na sociedade global ditada por
aqueles que estiveram à margem dela.
Códigos
de
vestir e de se
comportar
são
compartilhados
planetariamente promovendo uma
democracia
estética
sem
precedentes. Pelo menos desde o
abandono do vestuário aristocrático em
favor da roupa burguesa.
O “laboratório” Brasil
tem protagonizado fenômenos de grande importância
nesta questão.
Nos acostumamos
as cifras que contabilizam mais
com
de 40 milhões
de pessoas
ascendendo socialmente no país
durante o recente ciclo de crescimento econômico.
Esta imensa população levou com ela suas
preferências, hábitos e reivindicações. Além dos
desdobramentos sociais -vistos os movimentos que
demandam por melhor qualidade de transporte e
educação, por exemplo- as
referências
estéticas
a
que antes permaneciam restritas
determinados
círculos,
ganharam
visibilidade e agora passam a requerer
também uma legitimidade.
Padrões de beleza e gosto são
alterados
e novos referenciais estéticos se
impõe. As trocas são tão dinâmicas que ficou
obsoleto falar em hi low, da forma que se
falava na moda há pouco tempo atrás. A
cultura dita de cima e a cultura dita de baixo
se misturam de forma indistinguível em um
fluxo contínuo, sem fronteiras sociais
definidas. Toda classificação é
instável.
Um estudo detalhado sobre os
ganhos e os gastos das classes C, D e E trouxe
UM DADO NOVO SOBRE A CLASSE C,
considerada a nova classe média do país: a
renda dessa parcela da população não é tão
estável quanto se pensa. Na verdade, tanto o
valor quanto as fontes de rendimento tendem a
mudar, às vezes drasticamente, mês a mês.
"podemos dizer que a classe c é
classe média quando dá", diz Luciana
Aguiar, sócia diretora da Plano CDE, consultoria
especializada em baixa renda, responsável pelo
estudo.
A
fusão de expressões provenientes de
extratos variados da sociedade cria um painel
cultural diversificado, como não se conhecia
antes. Para operar com segurança, o
mercado
procura
isolar
estas
manifestações em redutos definidos pela
aparência com a ajuda de alguns indicativos,
mas há cada vez menos estabilidade nnas
circunstâncias em que isso é possível. Se há
algo de novo é que as aparências se
misturam de forma incontrolável.
Elementos de uma e de outra fonte migram
incessantemente impondo um indistinção
acelerada.
Entre
as
transições
identitárias
elas
da contemporaneidade, sejam
étnicas,
de
classes
sociais,
de
cultura trash
e cultura erudita,
uma das mais pungentes, no momento, é
a de gênero.
É
o caso dos inúmeros relatos envolvendo
familiares de transexuais
que
acompanharam o processo de readequação do
corpo e da aparência de algum parente à sua
identidade real. No filme australiano 52
Tuesdays,
uma
garota
acompanha
a
transformação de gênero da mãe. A mãe se
submete aos procedimentos de mudança e é a
filha que modifica a maneira de pensar a
respeito do assunto ao longo do processo.
Recentemente, um vídeo da banda Arcade Fire
colocou em cena o ator Andrew Garfield
interpretando personagem transexual em
vídeo de divulgação da música We exist.
Imediatamente o vídeo
viralizou
na rede.
Os milhões de acesso atestam o interesse pelo
assunto. Nós existimos diz a letra da música e o
número de pessoas cantando juntas só faz crescer.
A
visibilidade do homem gay, e a
imagem positiva que ele gradativamente
passou a desfrutar, ajudou a criar uma
distensão de
hábitos
gerando novas
maneiras de comportamento e de
representaçao do jovem heterossexual.
Nas redes sociais, surgiram inúmeros
vídeos de grupos de heterossexuais se
beijando, e se tocando sem inibições. O
que eles dizem é que não estão mais dispostos
a evitar as manifestações de afeto e
intimidade.
À medida que deixa de ser
negativo
ter
aspectos
femininos
no
comportamento e na aparência, deixa de ser
imperioso aparentar masculinidade para
ser homem.
As
manifestações de afeto e fragilidade em
público, o contato físico e o choro masculino já não
assustam o homem heterossexual como no passado.
Alguns dos mais arraigados costumes da
cultura ocidental desabam sob esta
conjuntura com implicações decisivas
sobre as formas de comportamento
e
expressões
identitárias definidas
sobre as
através da aparência.
Questões de gênero
a vida cotidiana fomentadas pelas
entraram para
experiências
reais
de quem vive na própria pele alguma situação
relativa a elas, compartilha com alguém que vive ou
simpatiza com o tema, e se transformaram em um
causa central da contemporaneidade. Alimentam
uma profusão de estudos acadêmicos, frequentam a
políticas sociais
pauta das
de boa parte
dos governos ao redor do planeta e são transformadas
em filmes, séries, novelas e livros. A flexibilização dos
códigos de comportamento conduz a uma
outra
estética,
com elementos masculinos e
femininos moldando a aparência de
ambos os sexos. A moda assimila estas
transformações
em
intensidades que
variam
de
com cada mercado e
público. A temporada de moda masculina para
acordo
o verão 2015 europeu é, em grande parte, uma aposta
nessa nova realidade.
C
fenômeno que envolve
comportamento social e mercado de
moda, este da pulverização das identidades
omo
todo
encontrou uma contrapartida, ou variável, expressa
no paradoxo. Dessa vez no conceito NORMCORE. Ele
surge para identificar o desejo pela aparência banal,
independente de quão radical possa ser o
comportamento do usuário. Desafiadas pelo império
da roupa básica, fabricada em grandes volumes e
comercializada a custo baixo, as marcas de design
entraram no jogo e deram a sua versão para fazer
frente à “gaperização” do mercado. A estratégia foi
dar personalidade aos básicos. Ou seja, transformar
moletons, calças funcionais e sneakers em itens
expressivos pela adição de elementos diferenciais –
alterações na modelagem, bordados, estampas,
cristais, metais etc. Outra alternativa é o
redirecionamento do posicionamento de marca,
estratégia disponível para pequenos e grandes. Para
citar apenas um exemplo, marcas como a American
Apparel vendem básicos com status de cults
apoiadas por eficientes estratégias de marketing. Elas
conseguem associar roupa banal a questões que
interessam ao público contemporâneo. A AA vende
básicos amparada por campanhas que apoiam a causa
gay, movimentos
sociais
e
de
sustentabilidade,
discriminalização das drogas e a relativização da idade.
a
G
igantes do mercado em áreas distintas tem explorado
este terreno novo em busca de encontrar abordagens de marketing
que
não sejam definidas pelo estereótipo.
A Toshiba, em parceria com a Intel, é coprodutora de
uma série de vídeos chamada The Beauty Inside (a
beleza interior). Nela, o personagem Alex tem o
computador como centro da vida. Ele acorda a cada
dia como uma nova pessoa e grava sua atual
identidade para lembrar-se dela depois. Ele é
velho em um dia, magro, gordo e mulher
em outro,. A trama se desenvolve a partir dos
cruzamentos destas identidades
com
as de outros personagens. O enredo permite a
colocação de produtos de forma sutil. Além disso os
fãs da série enviavam fotos e vídeos concorrendo para
se tornar um das formas de Alex.
A
internet,
que não criou esta crise,
é um
meio privilegiado de difusão e potencialização dela.
Identidade, hoje, pode ser apenas o perfil editado pela
adolescente na rede social, ou uma estratégia de personal
impulsionada
pelo
online
identitiy management. Em busca de
branding,
sucesso, pessoal e no mundo dos negócios,
editamos nossas identidade e nos colocamos
no lugar de produtos transformando-nos em
nossas próprias marcas. Este náo é um
panorama imaginário. É apenas um perfil
não editado de um contexto real. Lidar com a
diversidade, com o desejo de sermos múltiplos, iguais
e diferentes, com as mixagens dos sinais de etnia,
de classe social e de gênero e ainda com os
trânsitos
e
representações
que
toda
essa
complexidade ganha no mundo virtual é o que há a
se fazer agora. Recortes de mercado baseados em
identidade podem ser feitos caso a caso, considerando
variáveis específicas de marca e contexto. No plano
da informação estratégica genérica, a
simplificação não é produtiva. Não adianta
fechar os olhos ou querer encolher a realidade.
Crédito de fotos slide por slide
Slide 1. Hidden Identities , Andreas Poupoutsis - http://www.andreaspoupoutsis.com/
Slide 2. Katie Drew, 17 anos - http://www.beaniekids.com/bkforum/index.php?topic=138440.25
Slide 3. Future of Storytelling - http://www.wired.co.uk/news/archive/2012-11/22/the-future-of-storyingtelling/viewgallery/292230
Slide 4. New Tab, novela de Guillaume Morissette - http://guillaumemorissette.com/Bio
Slide 5. Fucking Young, online – editorial por Sonia Cheldi com Lucas para L&A Mätgher Collection - http://fuckingyoung.es/wp-content/uploads/2014/03/Them-Was-Rotten-Days_FY10.jpg
Slide 6. Shtik Fleis Mit Tzvei Eigen, Adam Broomberg & Oliver Chanarin - http://www.a-political.org/projects/adam-broomberg-oliver-chanarin/shtik-fleis-mit-tzvei-eigen
Slide 7. Genetic Portraits - Ulric Collette
Slide 8. Broomberg Chanarin - https://static-secure.guim.co.uk/sys-images/Arts/Arts_/Pictures/2014/2/5/1391621401300/Broomberg-and-Chanarin----014.jpg
Slide 9. Identical Twins, Diane Arbus – Roselle, New Jersey, 1967 - http://www.lightsgoingon.com/wp-content/uploads/2013/09/Diane-Arbus-twins.jpg
Slide 10. Hidden Identities , Andreas Poupoutsis - http://www.andreaspoupoutsis.com/ - http://www.andreaspoupoutsis.com/data/photos/178_1hidden_identity_andreas_poupoutsis_28.jpg
Slide 11. Storytelling art, Mats Rehnman - http://cdn3.inboundcafe.com/wp-content/uploads/2013/05/story-telling.gif
Slide 12. Humanities Research Journal Series; Humanities Research Vol XV. No. 2. 2009
- http://press.anu.edu.au/titles/humanities-research-journal-series/hrj2009_02_citation/attachment/humanities-research-vol-xv-no-2-2009
Slide 13. 31ª Bienal de São Paulo – “Como Falar de Coisas que Não Existem”? - http://www.bienal.org.br/
Slide 14. Borderland – Identidades Invisíveis e Desejos Proibidos – Festival de arte na Europa, 2014 - http://pixelsandfibre.files.wordpress.com/2014/03/borderland_005_opening_web.jpg
Slide 14. Borderland – Identidades Invisíveis e Desejos Proibidos – Festival de arte na Europa, 2014 - http://www.lucacurci.com/artexpo/wp-content/uploads/2014/03/borderland_008_web.jpg
Slide 14. Borderland – Identidades Invisíveis e Desejos Proibidos – Festival de arte na Europa, 2014 - http://www.larivistaweb.it/le_monde_en_un_clic/wp-content/uploads/2014/04/borderbody_005b_web.jpg
Slide 15. Cang Xin - http://quod.lib.umich.edu/t/tap/images/7977573.0002.106-00000014-ic.jpg
Slide 15. Cang Xin - http://quod.lib.umich.edu/t/tap/images/7977573.0002.106-00000018-ic.jpg
Slide 16. Monette e Maddy por Maja Daniels - http://majadaniels.com/projects/monette-mady/
Slide 17. Impressão digital - http://riaus.org.au/wp-content/uploads/2011/07/fingerprint.jpg
Slide 18. Chanel pre fall 2012 - http://3.bp.blogspot.com/-wXun1WCVNsk/Tt-ZXu0L9MI/AAAAAAAAEjk/sDst1Zw_mf0/s1600/4.jpg
Slide 18. Dilma Roussef exibido cocar dado por índio. Foto por Roberto Stuckert - http://1.bp.blogspot.com/-C9wTnI-MNs4/Ua66G36vRhI/AAAAAAAASPU/bXkQsjaMARg/s1600/Dilma+Rousseff+e+Lula+exibindo+cocar+dado+por+'%C3%ADndio',+24-10-2011+Foto+Roberto+Stuckert-PR.jpg
Slide 19. Abertura de flagship da Burberry em Xangai - http://www.standard.co.uk/incoming/article9409799.ece/binary/original/Burberry%20Shanghai.jpg
Slide 20. Resort Thakoon Verão 15/16
Slide 20. Anna Sui, lookbook resort 2015 - http://cdni.condenast.co.uk/452x678/Shows/SS2015/New_York/R-T-W/anna_sui_-_pre/Anna_Sui_003_2000_452x678.jpg
Slide 20. Chanel resort 2015 - http://1.bp.blogspot.com/-6pdQWMO3Ox8/U3o2YcUiCTI/AAAAAAAAAvk/KCrSi6QfWjc/s1600/chanel-dubai-desfile18.jpg
Slide 21. Transnational Art 2014 - Contemporary Art Exibithion - En Kojima , Osaka - http://3.bp.blogspot.com/-9t_0kzMfjO8/UpmHsukS2LI/AAAAAAAABZA/YscdgCj9O9c/s1600/TA_2014_sqr_2.jpg
Slide 21. Livro Restoring Indigenous Self-Determination: Theoretical and Practical Approaches, 2014 - Bristol, UK: e-International Relations Publishing.
Crédito de fotos slide por slide
Slide 22. Xiahn Nishi - https://www.facebook.com/pages/Xiahn-ga%C3%BAcho-oriental/644254838986626
Slide 23. B Stylers - http://img.trendencias.com.br/2014/04/fotos-trabalho-joyce27.jpg
Slide 24. Rihanna para Vogue Brasil Maio 2014 - http://modamoods.com/blog/wp-content/uploads/EasyRotatorStorage/user-content/erc_51_1399391219/content/assets/rihanna-by-mariano-vivanco-for-vogue-brazil-may-2014-7-0.jpg
Slide 24. Cara Delevigne para Vogue Fevereiro 2014 - http://elainezanolblog.com/wp-content/uploads/cara-delevingne-vogue-brazil-3.jpg
Slide 24. Cara Delevigne para Vogue Fevereiro 2014 - http://elainezanolblog.com/wp-content/uploads/cara-delevingne-vogue-brazil-1.jpg
Slide 25. Silhueta
Slide 26. Lisbon In The Dance - Dj Nigga Fox - Renato Santos – Dazed and Confused - http://images.dazedcdn.com/786x700/dd/1070/3/1073213.jpg
Slide 26. DJ Tags On The Social Housing Walls - Renato Santos –Dazed and Confused
Slide 27. Mc Guimê - https://pbs.twimg.com/profile_images/451540286939074560/8YULBKu7.jpeg
Slide 27. Pearls Negras- http://www.dnadabalada.com.br/wp-content/uploads/2014/01/Pearls-Negras.jpg
Slide 28. “Passinho do Romano” Passo de dança criado pelo funkeiro Magrão
Slide 29. Adore Delano - http://up3.xhcdn.com/000/023/043/030_1000.jpg
Slide 30. Imagem retirada do clipe “We Exist – Arcade Fire” com Andrew Garfiled - http://img08.rl0.ru/afisha/c1500x630/volna.afisha.ru/uploads/images/b/a8/ba8bf1d386bd45db9912fa0827d95f9d.jpg
Slide 30. Foto de divulgação do filme australiano 52 Tuesdays com Tilda Cobham-Hervey - http://images.dazedcdn.com/1200/0-0-1989-1326/dd/1070/2/1072116.JPG
Slide 31. Editorial “How High” para Bullett Magazine por Andy Long Hoang - http://fuckingyoung.es/wp-content/uploads/2014/02/How-High_fy2.jpg
Slide 32. Brasil x Colômbia – Copa 2014
Slide 33. Raf Simmons verão 2015
Slide 33. Rick Owens verão 2015 - http://lilianpaccestore.blob.core.windows.net/media/2014/06/260614-rick-owens-masc-primavera-verao-201502-398x600.jpg
Slide 34. Produto a venda na American Apparel - http://store.americanapparel.co.kr/bb408lg.html
Slide 34. Isis King para American Apparel - http://ecx.images-amazon.com/images/I/71P2R7zMY3L._UL1500_.jpg
Slide 34. Outdoor da American Apparel - http://razzmag.files.wordpress.com/2014/03/aa03.png?w=610
Slide 34. Jacky O'Shaughnessy para a American Apparel - http://razzmag.files.wordpress.com/2014/03/aa05.jpg
Slide 35. The Beauty Inside – Intel - http://i1.ytimg.com/vi/f6s3fiQcwTc/maxresdefault.jpg
Slide 36. Montagem de Eduardo Motta
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