Manual de Viveiros Florestais - Administrador Municipal da Ecunha
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Manual de Viveiros Florestais - Administrador Municipal da Ecunha
MANUAL DO VIVEIRO FLORESTAL Raul Manuel de Albuquerque Sardinha Projecto de Desenvolvimento dos Recursos Naturais Município da Ecunha, Província do Huambo (CE-FOOD/2006/130444) FICHA TÉCNICA Coordenação e Autoria do Estudo Raul Manuel de Albuquerque Sardinha Revisão Instituto Marquês de Valle Flôr (Diogo Ferreira, Gonçalo Marques e Rita Caetano) Composição e Edição Instituto Marquês de Valle Flôr Concepção Gráfica Matrioska Design, Lda Impressão e Acabamento Europam, Lda Co-Financiamento Comissão Europeia Depósito Legal Tiragem 1 2 Índice ÍNDICE DE FIGURAS E QUADROS 4 PREFÁCIO 7 3.9 Estado das sementes 49 3.10 Informações sumárias sobre ensaios de sementes e sua terminologia 49 3.11 Sementeira directa nos canteiros 50 1. INTRODUÇÃO 11 3.12 Sementeira directa em vasos 51 1.1 O problema da savanização 11 3.13 Época de sementeira 51 1.2 Como utilizar o manual 11 1.3 Porquê plantar uma árvore 12 4. TRATAMENTOS CULTURAIS 52 1.4 Porquê conservar e proteger a floresta 12 4.1 A rega 52 4.2 A nutrição das plantas 53 2. VIVEIRO 12 4.3 Cuidados sanitários 56 2.1 Porquê um viveiro 12 2.2 Parâmetros morfológicos de avaliação 5. BASES DE CÁLCULO DO NÚMERO DE PLANTAS da qualidade das plântulas 13 2.3 Métodos de produção 17 PARA PLANTAÇÃO 64 2.4 Onde instalar o viveiro 21 6. PRODUTOS NATURAIS PARA COMBATER 2.5 Como proteger o viveiro 23 INSECTOS E DOENÇAS NOS VIVEIROS 66 2.6 Como montar o viveiro 23 7. LISTA DE MATERIAL DO VIVEIRO 67 2.7 Os alfobres 30 8.INSTALAÇÕES DO VIVEIRO 69 3. AS SEMENTES 34 3.1 A selecção das espécies 34 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 70 3.2 A informação necessária 35 3.3 A recolha das sementes 35 3.4 Extracção das sementes 39 3.5 Selecção das sementes 41 3.6 Conservação das sementes 41 3.7 Pré-tratamento das sementes 44 3.8 Preparação das sementes 46 3 Índice figuras e quadros FIGURAS 1. Exemplos de diferentes sistemas radiculares 2. Planta com bom sistema radicular 3. Exemplos de plantas com defeitos 4. Pequenos Viveiros Comunitários 5. Pequenos Viveiros Comunitários 6. Exemplo de recipientes usados na produção de plantas florestais 7. Distribuição do sistema radicular no interior de um alvéolo 8. Esquema de terraceamento para o caso dos terrenos com declive 9. Formas simples de protecção do viveiro com materiais locais 10. Exemplos de limitação de canteiros com material local 11. Terraceamento e drenagem do viveiro para evitar a erosão 12. Camas de plantação mais baixas que o nível do solo 13. Exemplos de disposição de canteiros do plantório e espécies no viveiro 14. Funil e pá para enchimento dos recipientes 15. Bolsas de Ar 16. Modelos de peneiras para preparação dos substratos 17. Arrumação das raízes nos sacos 18. Preparação e enchimento de sacos 19. Exemplos de sombreamento com tela de sombreamento suportada por postes de bambu 4 13 13 14 17 17 19 20 22 23 24 24 24 25 25 26 28 28 29 29 20. Exemplos de formas de sombreamento com materiais locais 21. Exemplo de um pequeno alfobre feito em caixa de madeira num pequeno viveiro comunitário 22. Forma de efectuar a cobertura dos canteiros dos alfobres 23. Esteiras de cobertura dos seminários 24. Rega 25. Criação de espaço para poder retirar a plântula sem a ferir 26. Colocação correcta da plântula no vaso após repicagem 27. Bom posicionamento da plântula no vaso 28. Importância da qualidade da semente 29. Características hereditárias 30. Configurações de boas e más características arbóreos para alguns fins 31. Exemplos de equipamento simples utilizado para colheita de sementes 32. Secção de um germinador isotérmico que pode ser fabricado localmente 33. Modelo de germinador isotérmico feito com materiais locais 34. Exemplo de identificação de um canteiro no plantório 35. Medidas de segurança a adoptar na aplicação de pesticidas, fungicidas ou herbicidas 36. Imagem de um canteiro de viveiro florestal dominado pelas ervas daninhas 37. Eliminação de ervas daninhas 30 31 31 31 32 33 33 33 36 36 37 38 48 48 52 57 58 58 38. Pinheiros produzidos pelo sistema VAPO 39. Plântula produzida pelo sistema VAPO 40. Poda de raízes em plântulas criadas em recipiente 41. Poda de raízes em plantórios em plena terra 42. Preparação do sistema radicular das plântulas criadas directamente no plantório 43. Forma de conservar as plântulas de raiz nua antes da expedição 44. Preparação das plantas de raiz nua para envio para plantação 45. Esquema do alpendre aberto para enchimento de sacos e preparação dos substratos 60 60 62 62 63 63 64 8. Germinação e dormência em espécies florestais tropicais 9. Quadro de referência de tratamentos de acordo com a dormência 10. Principais elementos minerais importante na nutrição das plantas 11. Alguns dos insecticidas usados no combate à “salalé” 12. Produtos naturais que o viveirista pode utilizar na protecção das plântulas 45 47 53 57 66 69 QUADROS 1. Problemas comuns na prática viveirista e procedimentos correctores 2. Vantagens e Desvantagens da produção de plântulas de raiz nua 3. Vantagens e inconvenientes dos diferentes tipos de recipientes 4. Exigências nutritivas médias do solo para a produção viveirista de eucaliptos e pinheiros 5. Teores médios aproximados de nutrientes no estrume proveniente de vários animais 6. Sistema de classificação do estado de maturação das sementes 7. Relações entre o teor de humidade e a deterioração da semente 15 18 21 27 27 39 42 5 6 PREFÁCIO As extensas áreas de “mata de panda”, designação Angolana da formação florística conhecida por “Miombo”, raramente foram consideradas em Angola como recurso florestal importante. Embora se lhe reconhecesse interesse na conservação do solo, da água, refúgio do bravio, e fornecimento de produtos florestais não lenhosos como plantas medicinais, usadas quase exclusivamente pela população camponesa e de alguns frutos silvestres (de que o “loengo” é talvez o mais conhecido e apreciado), o facto é que os crescimentos reduzidos das suas árvores e a reduzida qualidade das suas madeiras nunca constituíram matérias-primas apreciadas ou valorizadas pela indústria. Estas extensas áreas eram e são assim olhadas mais como reservas de terra ou de lenhas do que propriamente como um património a conservar e a valorizar por formas de gestão apropriadas de base comunitária ou municipal. A pouca importância que lhe era conferida reflecte a ausência quase total de estudos florestais sobre o potencial destes recursos, da sua dinâmica e das interfaces que tinha com as populações rurais. Os estudos limitaram-se na sua quase totalidade às inventariações florísticas, quase sempre numa escala macro. As preocupações sobre a sustentabilidade dos espaços arborizados e a sensibilização crescente do mundo científico, das organizações financiadoras internacionais, dos governos nacionais, bem como das intervenções das ONG, têm trazido a primeiro plano a importância destes recursos e impulsionado, quer o seu estudo numa perspectiva sistémica a uma escala regional, nacional e multinacional, quer a procura de estratégias para o fomento da criação de recursos alternativos dirigidos à redução da pressão sobre a floresta natural e criando, do mesmo passo, fontes alternativas ou complementares de rendimento para aliviar a pobreza das populações rurais que tem sido o elemento propulsor mais visível da desflorestação. A população em estado de acentuada pobreza e em ambientes de desregulação das terras de raiz comunitária, destrói a floresta como último argumento contra a fome percepcionando, no entanto, que as suas práticas são negativas. O autor lembra bem as palavras de um ancião pobre da Casamança que ao lhe ser perguntado se não tinha consciência que o abate raso teria consequências para a nova geração de habitantes da aldeia nos respondeu resignado O sucesso ou insucesso do desenvolvimento de sistemas florestais ou agroflorestais nas comunidades rurais depende em grande medida da qualidade das suas componentes, e as árvores são, indiscutivelmente, uma componente fundamental. O Instituto Marquês de Valle Flôr (IMVF), em colaboração com a Cooperativa Agrícola da Ecunha - Coopecunha incentivou a elaboração deste manual no âmbito do “Projecto de Desenvolvimento dos Recursos Naturais” (Contrato CE-FOOD/2006/130444), acreditando na sua melhor contribuição para alívio da pobreza rural. Mas que futuro lhes está reservado se os camponeses não tiverem acesso a sementes e plantas de qualidade? A oportunidade para o desenvolvimento económico e ambiental significativo será perdida se aquela premissa base não for conseguida. O IMVF acredita assim, que atingir o objectivo de inverter a actual dinâmica de desflorestação, garantindo importantes benefícios ambientais, passa pela implementação 7 de sistemas de plantação comunitária ou nas pequenas terras da propriedade camponesa, apoiados pela produção de boas árvores com bons potenciais produtivos e potenciais de utilização tecnológica para suporte de indústrias madeireiras. Infelizmente, muitas práticas de produção de plantas têm-se tornado comuns de uma forma generalizada nos trópicos. Milhões de plântulas de má qualidade são produzidas todos os anos, plântulas que não compensam os esforços de as plantar ou manter. Plantas de má qualidade desencorajam os camponeses a plantar árvores e reduzem o potencial produtivo do solo. Faz parte dessa estratégia pró-activa, no âmbito do referido projecto, a montagem de um viveiro que garanta aquelas exigências e seja um pólo de difusão de boas técnicas de produção de plantas. O Manual do Viveiro Florestal, realizado nesta perspectiva, sintetiza sem preocupação de aprofundamentos científicos considerados desnecessários, um conjunto de informações sobre as práticas viveiristas e a que acrescenta a experiência e vivência profissional do seu autor nos trópicos. O autor debruça-se sobre as exigências de escolha de um viveiro e a qualidade das plantas que dependem da atenção no detalhe sobre as condições físicas do local de implantação e a sua localização em relação aos locais de destino das plantas, sobre a origem da semente, características físicas das plântulas, dos substratos, regulação da água, luz, nutrientes e controlo sanitário. O Manual inclui não só o que fazer, mas também as razões para os procedimentos indicados, numa linguagem simples e acessível. Estamos convictos que os procedimentos descritos, a explicação dos mesmos e as indicações de trabalhos de referência são suficientes para encorajar os futuros gestores ou operadores viveiristas a procurarem, 8 à medida que ganhem experiência, aprofundar alguma das matérias e não serem simplesmente repetidores de receitas. Esse aprofundamento será útil para que possam introduzir inovações e adaptações consistentes com as condições ecológicas e sociais em que venham a trabalhar. Este Manual não é uma peça única e acabada de uma única iniciativa. Embora se considere que é, de facto, um dos elementos mais poderosos para inverter a actual dinâmica de desflorestação, ele deverá vir a ser acompanhado de outras medidas para a poupança na produção de carvão por intervenção nas práticas de transformação e pela proposta de melhorias tecnológicas sem as quais as iniciativas de conservação ou de gestão de recursos naturais lenhosos no Município de Ecunha estão fortemente condenados ao insucesso. A criação de fontes alternativas, potenciada e dinamizada através da produção de plantas de boa qualidade e rápido crescimento, virá a proporcionar novas actividades, materiais lenhosos para as necessidades energéticas, benefícios ambientais locais e nacionais (novos sumidoros de carbono) e novos rendimentos para o agricultor. A iniciativa de gestão dirigida à criação de fontes alternativas de lenhas e carvão é considerada o instrumento mais poderoso para a redução a curto prazo da pressão de abate da actual mata natural. O uso de outras espécies lenhosas de vocação fruteira virá a trazer um benefício adicional na melhoria da dieta e uma melhoria na estabilização da propriedade camponesa. O autor espera também que os seus leitores, principalmente os agricultores da região alvo e os seus agentes dinamizadores, usem este manual para reflectirem sobre a problemática da árvore, fornecedora de lenhas, de forragem ou de frutos e contribuam para melhorar os procedimentos indicados ou sugerir outros que possam ser considerados mais adaptados ou eficazes nas condições objectivas da actividade agrícola do Município da Ecunha. A costumização regional da produção de plantas e da actividade viveirista virá assim, em futuras edições, a incorporar novas informações e sugestões dos leitores. Possam os agricultores de Ecunha interiorizar os dizeres de um cartaz posto à entrada de um viveiro no Peru: “O QUE PLANTA UMA ÁRVORE PLANTA UM ESPERANÇA1” 9 10 1. INTRODUÇÃO 1.1 O problema da savanização O processo de savanização é a evolução da floresta natural no sentido da savana: menor número de árvores e cobertura mais significativa de gramíneas (palha). A floresta com grandes árvores cede o lugar à floresta degradada, depois à savana arbórea, passando a savana arbustiva e a estepe e, finalmente ao deserto. O homem destrói a floresta e aumenta as superfícies desnudadas. O alargamento indiscriminado das culturas agrícolas alimentares e comerciais, os fogos incontrolados e a má exploração de lenhas e carvão são os principais factores de degradação. A floresta é destruída juntamente com a sua fauna e flora naturais. As toalhas aquíferas tornam-se mais escassas e profundas, as pastagens tornam-se mais pobres, a fertilidade da terra cultivada diminui, a acção do vento faz-se sentir arrastando o solo, as chuvas tornam-se mais irregulares com níveis de precipitação mais reduzidos. Acresce que o seu aproveitamento é menor por causa do seu rápido escoamento. Em consequência deste conjunto de efeitos negativos os homens sentem a fome e tentam cultivar mais aumentando os efeitos nefastos sobre a floresta. A agricultura, que necessita de um convívio amigável com a árvore, torna-se assim num inimigo da floresta. O que se reproduzia antigamente de uma forma natural deixa de sê-lo e não pode ser reintroduzido senão artificialmente. Aquilo que foi arrancado pela mão do homem deve ser agora replantado por ele mesmo e tal como o milho e a batata, a árvore deve ser cultivada, cuidada e mantida. 1.2 Como utilizar o manual Este primeiro manual, contém os dados gerais que permitem guiar os futuros extensionistas florestais e futuros viveiristas do Município de Ecunha, não só no ensino dos conhecimentos de base aos agricultores, mas também no encaminhamento das diversas operações a seguir na implantação de um viveiro e na manutenção posterior da árvore para as futuras plantações. No entanto, o viveirista não encontrará neste manual, as especificações de produção para cada espécie particular. Encontrará contudo, exemplos de algumas espécies naturais úteis aos agricultores de Angola na zona planáltica e dos métodos adaptados às condições do país. Eventualmente, este manual poderá ser posteriormente complementado por folhetos adicionais tratando assuntos mais específicos, para cada uma das espécies particulares eleitas para o repovoamento florestal, permitindo a introdução de novos métodos, aumentando a gama de conhecimentos e melhorando a transferência de conhecimentos apropriados por forma a permitir a melhoria das condições de vida de cada membro da família agricultora. Para conveniente aproveitamento deste manual recomenda-se que sejam consideradas atentamente os conselhos seguintes: Cada etapa descrita é importante. As plantas produzidas em viveiro não podem sobreviver ao primeiro ano de plantação se o terreno não oferecer as condições adequadas de crescimento e se não protegermos, ulteriormente, a árvore e a plantação contra os seus numerosos inimigos que podemos controlar. Recomenda-se vivamente ao extensionista que se encontre com a população das aldeias servidas pela Coopecunha e com as suas associadas para melhor integração desta actividade na vida comunitária, assegurando o seu melhor sucesso. Os benefícios da floresta devem contribuir para a redução da pobreza no meio rural. 11 No quadro do mês da árvore o Município de Ecunha deve incentivar 2. VIVEIRO cada habitante a participar na arborização nacional. Assim, alunos, professores, pais e associações de aldeias podem ajudar-se numa 2.1 Porquê um viveiro só e única tarefa. Chama-se viveiro ao local onde se fazem crescer as árvores depois da sementeira até ao momento em que elas são colocadas para plantação 1.3 Porquê plantar uma árvore no terreno. para ter lenha junto de casa; para produzir carvão para as famílias e para as cidades; Certas espécies pouco exigentes e com sementes facilmente manipuláveis para ter uma fonte de rendimento com a venda dos seus produtos podem ser semeadas directamente no terreno e com compasso definitivo. (lenha, carvão, tortulhos); para comer e vender os frutos tal como o “loengo”, o “maboque”, o “lombula”, abacate, etc; A essas plantações chamam-se "plantações por sementeira directa". O pinheiro presta-se a este tipo de plantação se bem que não seja possível manter a regular distribuição do compasso. para construir uma casa (ex: vigas de eucalipto ou cupressos); Entretanto, se as condições do meio e do clima são desfavoráveis para fins medicinais: “ufilanganga” para cura de feridas, e é conveniente manter a regular distribuição das plantas é muitas “nhenlunglem” ou “ecopocopo” para dores de barriga, a “omondolua” vezes preferível produzir as plantinhas (plântulas) em viveiro com para a fontanela, entre outros exemplos; cuidados particulares, o que oferece várias vantagens a saber: para o fabrico de instrumentos agrícolas e cabos de ferramentas: enxadas, catanas, arados, carroças, etc; 1 cuidar na idade juvenil das plântulas susceptíveis a certas doenças; 2 possibilitar às plantinhas em terreno definitivo uma maior resistência para o homem e os animais descansarem à sua sombra; aos inimigos: concorrência da palha, animais domésticos e selvagens, para numerosos usos diários: bancos, cadeiras, mesas, postes, fogos; espigueiros, etc. 3 permitir que as plantinhas estejam suficientemente fortes no fim da estação seca sem irrigação. 1.4 Porquê conservar e proteger a floresta para conservar a água nos solos e nas fontes; O objectivo mais importante de um responsável por um viveiro para conservar os solos cultiváveis; é o de produzir árvores de boa qualidade. A qualidade é mais importante para dar alimento à fauna que ela abriga; que a quantidade. A qualidade das plantas que saem do viveiro é a base para diminuir a intensidade do vento que arrasta os nossos solos; do sucesso de uma plantação. É importante não esquecer que a plantação para conservar o nosso clima e as chuvas que a natureza nos traz. de árvores medíocres dará sempre origem a plantações medíocres. A qualidade de uma planta comporta dois aspectos importantes. Para vivermos e comermos melhor! A primeira é de ordem genética, daí a importância da origem e qualidade da semente, e a segunda é a sua condição física/morfológica. Plantar uma árvore é plantar a esperança! 12 2.2 Parâmetros morfológicos de avaliação da qualidade das plântulas As árvores de qualidade (as únicas que devem ser distribuídas aos agricultores) são aquelas que apresentam parâmetros fisiológicos e morfológicos considerados tradutores de uma planta susceptível de ser plantada e produzir uma árvore com bom potencial produtivo. Sendo que os padrões fisiológicos só são detectáveis através de laboratórios de análises, ficaremos pelos padrões morfológicos que são mais facilmente identificáveis por observação esclarecida. Os parâmetros a utilizar na avaliação qualitativa das plantas em viveiro são: O sistema radicular não apresenta deformações e as raízes estão bem distribuídas apresentando uma boa relação com a altura do tronco; Fig. 2 - Uma planta de qualidade com um bom sistema radicular bem distribuído no vaso (de: ) As plântulas estão sãs, com crescimento vigoroso e sem sinais 1 2 3 4 de doenças; Apresentam um tronco único, robusto, um bom diâmetro no colo, lenhificado e sem deformações; Fig. 1 - Da primeira fila da esquerda para a direita: 1) um bom sistema radicular, a raiz a principal apresenta-se direita e as ramificações finas mostram boa conformação para a absorção da água e nutrientes; 2) sistema radicular deformado por má repicagem (raízes torcidas e muito junto da superfície; 3) outro sistema radicular defeituoso por má repicagem. A raiz foi forçada num buraco muito pequeno; 4) sistema radicular tortuoso com uma raiz principal enrolada no fundo do saco. (de: ) A copa é simétrica e densa; As plantas estão bem adaptadas a períodos curtos sem rega e suportam a insolação directa. Alguns florestais apresentam os seguintes critérios para a selecção de plântulas de , esclarecendo que as consideradas aptas para serem plantadas devem encaixar-se em todos os itens abaixo identificados: 13 Diâmetro do colo no mínimo de 2 mm; Relação altura da parte aérea/diâmetro do colo Altura oscilando entre os 15 e 35 cm; Alto grau de rustificação; A maior parte dos responsáveis pelos viveiros dão uma grande Inexistência de problemas sanitários aparentes; importância à relação parte aérea/diâmetro do colo que exprime Raiz aprumada com forma normal; o equilíbrio de desenvolvimento das plântulas, pois conjuga dois Parte aérea sem bifurcações; parâmetros num só índice conhecido por H/D e em que: Parte aérea com, no mínimo, três pares de folhas; Tronco sem tortuosidades. H = medida do comprimento da parte aérea em cm; D = diâmetro do colo em mm. Se bem que não existam valores experimentais validados para as condições de Angola, ou em particular para toda a grande região do Planalto Central, um conjunto significativo de estações experimentais que trabalham com eucaliptos e pinheiros nos trópicos aconselham alturas da parte aérea entre os 20-30 cm e diâmetros de colo à volta dos 3,7 mm. Desta forma pode considerar-se que estão em condições de bom crescimento aquelas plântulas cujos valores de H/D se situem entre os limites de 5,4 e 8,1. Aceitando-se os valores do intervalo 5,4 - 8,1 como os que representam o desenvolvimento equilibrado da parte aérea das plântulas, torna-se fácil para o viveirista avaliar em qualquer momento os valores óptimos do diâmetro do colo para plântulas cuja altura média não se situe na faixa dos 20 a 30 cm. Assim, por exemplo, se as plantas tiverem em média 36 cm de altura, a média do diâmetro deve oscilar entre os 4,4 e os 6,7 mm. Se noutra situação, durante o período de viveiro, Fig. 3 - Todas as plantas representadas apresentam defeitos (na primeira fiada e da esquerda para a direita: tronco curvo; muito pequena; muito poucas folhas; dois troncos). Na segunda fiada e da esquerda para a direita: rebento principal seco; folhas amarelas; folhas muito pequenas; sistema aéreo e radicular muito desenvolvido) (de: ) as plântulas tiverem uma altura média de 16 cm, o diâmetro médio do colo deve situar-se entre os 1,9 e os 2,9 mm. Se se encontrarem dimensões inferiores a 1,9 mm quer isto dizer que a produção de plantas apresenta um desenvolvimento desequilibrado e que é urgente tomar medidas que melhorem o engrossamento das mesmas (diminuir o ensombramento, melhorar a fertilização verificar a periodicidade da rega). 14 Como referencial de controlo para o viveirista aconselha-se o uso Quadro 1 - Problemas comuns na prática viveirista e procedimentos da relação: correctores H (cm) 8,1 = média mínima do diâmetro do colo (mm) Quanto mais elevada for a percentagem de plântulas que se enquadrem nesta norma mais acertadas terão sido as técnicas utilizadas no viveiro. Problema Solução Raízes com nós ou torcidas causadas por uma má repicagem Eliminar imediatamente as plantas. Proceder a uma repicagem correcta. Raízes enroladas no fundo do saco Cortar as raízes com uma tesoura de poda bem afiada. Transferir rapidamente as plantas para a plantação. Considerar talvez a utilização de tubetes ou, antes da repicagem, usar Spin Out®. Raízes penetrando no solo debaixo do saco Levantar os sacos e cortar as raízes frequentemente. Considerar na próxima campanha o uso de tubetes. Plantas múltiplas por saco Retirar rapidamente as plantas inúteis mesmo que o seu número possa ser considerado grande. Plantas com vários troncos Eliminar as plantas. A causa pode ser a má qualidade genética dos sementões. Doenças ou insectos Isolar e queimar todas as plantas afectadas. Desenvolver um plano de gestão de doenças e insectos. Folhas amarelas ou brancas ou folhas com as nervuras com cor verde acinzentado ou violetas e com pontos ligeiros no meio Fertilizar as plantas ou utilizar um substrato mais rico. Grande variação de tamanho entre as plantas repicadas na mesma altura Inspeccionar os canteiros para encontrar as possíveis causas ligadas por exemplo, a um ensombramento ou rega irregular. Crescimento abaixo do normal para a espécie Ajustar a iluminação ou utilizar um substrato melhor. Como definir amostras para o controlo de qualidade das plantas Para apreciar a qualidade das plantas que temos no viveiro não necessitamos de despender muito tempo nem de recorrer a equipamento especial. Quando as plantas tiverem cerca de 15 cm de altura, escolha pelo menos 20 unidades de cada espécie para inspecção. É importante que a escolha se faça ao acaso e que sejam recolhidas plantas de todos os canteiros. Escolha duas plantas na extremidade de cada canteiro e uma no centro. Examine cada planta com atenção. 16 plantas em cada 20 devem ter as características que se apresentaram. Caso contrário é urgente introduzir correcções que satisfaçam as necessidades de qualidade anunciadas. Uma boa prática viveirista é a de sacrificar algumas plantas para melhorar a qualidade da produção global do viveiro. Siga como guia o quadro que se apresenta: 15 Uma regra de ouro do viveirista - Guarde o melhor e desfaça-se Segundo o tempo de permanência da actividade de produção de plantas do resto num determinado viveiro este pode ser do tipo temporário ou perma- Em termos da gestão do viveiro um bom aferidor da boa aplicação nente. das técnicas de produção de plantas e dos cuidados com a qualidade da semente é o uso do indicador “eficiência da semente”. Os avanços Viveiro temporário na prática de manejo do viveiro estão directamente relacionados com Diz-se daquele que é estabelecido para o fornecimento de plantas num a qualidade das sementes utilizadas e das técnicas de produção curto intervalo de tempo, normalmente até ter abastecido de plantas das plantas. As sementes provenientes de povoamentos clonais são uma pequena área que se pretende arborizar. mais caras do que as outras colhidas directamente de povoamentos Permite a produção durante um certo tempo de plantas, normalmente mas a experiência tem mostrado que apresentam muito melhor de rápido crescimento e normalmente com a utilização de vasos desempenho em termos de sobrevivência em povoamento e crescimento. ou sacos. Ex: Eucaliptos, pinheiros, cupressus, etc Quer isto dizer que as técnicas a usar no viveiro têm de ser aprimoradas por forma a rentabilizar o custo mais elevado da aquisição de semente. Nas aldeias mais afastadas dos centros populacionais faz mais sentido A eficiência das sementes, expressa em percentagem, define-se como fomentar os pequenos viveiros comunitários (Figura 4), uma vez que a relação entre o número de plântulas aceitáveis no viveiro por ocasião se poupa dinheiro no transporte de plantas; consegue-se efectuar da plantação e o número de sementes vivas (aptas a germinar, após a plantação como menos riscos que o transporte (pode causar danos teste de laboratório) colocadas no canteiro ou alfobre para germinação. nas raízes e secagem das plantas); a sua instalação é muito versátil e facilmente adaptável às condições locais de terreno e de dimensão; Eficiência da Semente (%) = Nº de plântulas aceitáveis produzidas fomenta-se de forma mais efectiva o interesse e envolvimento Nº de sementes vivas semeadas da população pela plantação de árvores; criam-se novas actividades produtivas. A principal desvantagem é que o sucesso de uma boa Tipo de Viveiro produção de plantas requer uma boa cobertura em extensão florestal A primeira diferenciação resulta do tipo de planta que constitui e boa preparação técnica. o objectivo principal do viveiro e do tipo de permanência previsto para a sua função. Quanto ao tipo de planta tem-se fundamentalmente: Viveiro permanente Diz-se daquele que é montado com carácter permanente e para O viveiro florestal produz árvores florestais de usos diversificados. Ex: Eucalipto, Pinheiro, Cupressos, Grevilea; abastecimento de plantas a uma grande região. As plantas são produzidas quer em vaso quer em plena terra. Ex: Eucalipto, pinheiro, plantas frutícolas enxertadas. O viveiro frutícola produz árvores fruteiras. Ex: Laranjeira, Tangerineira, Abacateiro 16 2.3 Métodos de produção Produção de plantas de raiz nua Trata-se de produzir plantas directamente na terra sem recurso a vasos ou recipientes (sacos, alvéolos, etc.). Embora esta opção pareça a mais fácil, aparentemente mais natural e mais simples para o transporte, apresenta, no caso das plantações tropicais (pelo menos nas pequenas/médias operações de florestação), desvantagens que aconselham que esta escolha seja bem ponderada. Na escolha do método de produção, os responsáveis pelos viveiros devem nortear a sua decisão sempre pela consideração do que é melhor para as plantas. Em zonas temperadas ou de temperaturas que desçam abaixo de zero durante o inverno, a produção de plantas directamente na terra dos canteiros (produção de raiz nua) apresenta algumas vantagens para um certo número de plantas porque as raízes durante esse tempo permanecem dormentes (param de crescer) durante vários meses. Estas plantas são normalmente de folha caduca. Nestes casos as plantas depois de retiradas do solo no período de dormência são conservadas em câmaras frias e enviadas para plantação antes que comecem a crescer activamente. Reduz-se assim substancialmente o choque de plantação. Nos trópicos, a produção de plantas directamente nos canteiros é por vezes utilizada para folhosas duras (girassonde, mogno, mussibi, terminalia, etc). Estas espécies não permanecem dormentes durante a época fria (cacimbo) mas têm a capacidade de conservar no tronco bastante água, elementos nutritivos e reservas para continuar a crescer mesmo depois de terem perdido parte do sistema radicular quando são tiradas da terra. Estas espécies não são, contudo, espécies que sejam ecologicamente propícias ao Planalto Central Angolano. Fig. 4 e 5 - Alguns modelos que os pequenos viveiros comunitários podem assumir conforme as condições locais (Guiné-Conacri) Um outro problema importante com este método de produção é a manutenção da fertilidade do solo após alguns ciclos de produção. 17 A produção continuada das plantas no mesmo solo, tal como sucede Utilizar uma pá direita e cortante para ir traçando linhas com todas as culturas, faz com que a fertilidade fique cada vez menor de delimitação do sistema radicular das plantas. As raízes que são e que as plântulas se tornem progressivamente mais pequenas e fracas. cortadas regeneram naturalmente favorecendo o desenvolvimento O seu arranque e transporte, acarretando a morte de raízes (não só de raízes laterais; pelo arranque mas pela sua exposição ao ar) representa um acréscimo Utilizar um composto, estrume ou adubação adequada à compo- de mortalidade na plantação induzindo a um duplo prejuízo: aumento sição do solo para ir mantendo o fundo de fertilidade do mesmo no trabalho de retanchas, aumento dos custos de transporte durante a estação de crescimento; Plantar uma cultura de cobertura leguminosa ou incorporar uma e de produção de mais plantas. adubação verde durante o período de pousio; Quadro 2 - Vantagens e desvantagens da produção de plântulas entrem em pousio durante uma ou mais estações de crescimento de raiz nua Vantagens da produção de raiz nua Desvantagens da produção de raiz nua Transporte mais fácil sobre o terreno de plantação Maior competição pela luz, água e nutrientes entre as plântulas As covas de plantação são mais pequenas em comparação com as de saco Esgotamento dos nutrientes nos plantórios Crescimento inicial lento no terreno Custos de produção mais baixos porque não existe compra de recipientes e não é necessário fazer substrato para as plantas Permitir que os plantórios de produção de plantas de raiz nua Mortalidade elevada nos plantórios e pós plantação para recompor a fertilidade e evitar o desenvolvimento de doenças radiculares; Depois de desenterrar as plantas colocá-las numa mistura líquida de lama e estrume; Envolver as plantas em papel de jornal molhado ou em sacos de juta; Guardar as plantas à sombra e em lugar abrigado dos ventos durante todo o tempo de transporte; Plantar sem delongas as plantas e somente com a terra bem molhada; Assegurar-se que as covas estão bem dimensionadas por forma Assim, este método de produção só deve ser utilizado quando se tiver a que as raízes fiquem verticais quando se tapar a cova. área disponível de boa dimensão para que se possa fazer rotação de enriquecimento de nutrientes dos plantórios e se as condições Más práticas a evitar: de logística quanto a transportes e calendarização das plantações Semear as sementes com densidades elevadas; estiverem suficientemente garantidas. Permitir que as raízes cresçam profundamente nos plantórios; Produzir plantas no mesmo canteiro em anos seguidos sem Boas práticas de produção de plantas de raiz nua: Semear as sementes com uma densidade baixa (< 200 plantas/m2) aprovisionamento da fertilidade do solo; Deixar os canteiros sem vegetação quando não estão em produção para reduzir a competição pela água, luz e elementos nutritivos. (a insolação directa sobre a terra não protegida irá mineralizar A sementeira deve ser feita de forma alinhada para facilitar as restantes a matéria orgânica tornando o solo ainda mais pobre); operações de manutenção; 18 Não assegurar uma monda cuidada do plantório; No levantamento das plantas rebentar demasiadas raízes ou estragá-las destruindo a camada protectora externa; Permitir às raízes e às folhas secarem ou ficarem demasiado quentes durante o arranque; Plantar em solos demasiado secos; Colocar as plantas em covas demasiado pequenas para conter as raízes em boa posição ou deixar que as mesmas fiquem curvadas ou torcidas. O uso deste método de produção é aconselhável para a produção de talões. Esta designação é usada para plantas de raiz nua produzidas em viveiro com idades à volta dos 18 meses e que têm entre 1,5 a 2 m de altura com um diâmetro de colo com cerca de 2,5 cm. Antes da plantação, estas plantas sofrem uma poda severa da raiz que fica com cerca de 15 cm e de 5-7 cm para o caule, justamente antes da plantação. Encontram-se neste categoria de método de produção plantas como a gmelina ( ), a teca ( ), ) mas que não farão parte das espécies que a cordia ( o projecto irá utilizar. Produção de plantas em recipientes Os sacos de plástico são ainda correntemente utilizados na prática viveirista nos trópicos. O facto de serem relativamente baratos e quase sempre facilmente disponíveis é ainda a grande razão do seu uso generalizado. Os sacos apresentam-se sob tamanhos diversos, alguns com pregas para ajudar a que fiquem verticais e, frequentemente, aparecem no mercado já perfurados para garantir um bom arejamento e drenagem. Contudo, um sério problema com os sacos de plástico ocorre quando as raízes atingem as suas paredes, começando a enrolar em espiral e causando deformações que comprometem o futuro da futura árvore se as plântulas forem plantadas. Não se deve também esquecer que, se a permanência no viveiro for prolongada, por mau planeamento da actividade do viveiro, as raízes começam a sair pelos furos de drenagem requerendo que se faça, em tempo útil, uma poda radicular. Como boas práticas na produção de plantas em sacos, a ser tidas em atenção pelo viveirista, aponta-se: A utilização de sacos pequenos com um substrato rico (boa percentagem de matéria orgânica, leve e permeável). O uso de sacos pequenos tem a vantagem de exigir menores quantidades de substrato e uma vez que são leves são mais facilmente transportáveis no terreno de plantação. São consideradas más práticas: A utilização de sacos grandes (estes só devem ser utilizados em árvores de fruto); Pouco cuidado na preparação do substrato e na sua qualidade, física e química; Enchimento descuidado, deixando demasiados espaços no seu interior. Para além dos sacos de plástico existem, no entanto, outros recipientes que vêm ganhando campo na actividade viveirista porque apresentam vantagens em termos da qualidade das plantas produzidas, bem como em termos da economia da manipulação das plantas e da sua maior qualidade, traduzida em melhores taxas de sobrevivência. Entre estes salientam-se os tubetes, e os tabuleiros ou alvéolos. Estes recipientes apresentam-se sobe diversas formas e tamanhos (Figura 6). Fig. 6 - Exemplo de recipientes usados na produção de plantas florestais 19 Todos estes recipientes têm uma característica comum: Este tipo de recipientes apresenta ainda a vantagem de permitir Ranhuras verticais no seu interior; a colocação em estrados ou armações elevadas, o que facilita Um bom furo no fundo. as diferentes operações culturais, um enchimento mais rápido e, pelo As ranhuras verticais destinam-se a guiarem verticalmente as raízes seu posicionamento ser mais ergonómico, aumenta a produtividade à medida que crescem, evitando o enrolamento e deformações como do trabalho. Acresce ainda que a sua durabilidade, contrariamente sucede tendencialmente com os sacos. O furo no fundo destina-se ao que sucede com os sacos, é da ordem dos 6-8 anos, característica a favorecer a poda da raiz aprofundante, facilitando o desenvolvimento esta que suplanta claramente a aparente desvantagem de serem mais das raízes laterais secundárias (Figura 7), o que é uma garantia de melhor caros. O seu transporte para o terreno é também mais fácil em adaptação da planta após plantação. comparação com os sacos de plástico. Novos recipientes e técnicas melhoradas Se bem que nesta fase de arranque da actividade viveirista no Município de Ecunha não se advogue a sua introdução generalizada, pelo menos até que a experiência da gestão viveirista esteja mais bem consolidada e profissionalizada, considera-se útil que os técnicos comecem a prepararse para a fase que se deve seguir com a implementação de técnicas mais avançadas. Spin-Out® é um hidróxido de cobre que pode ser aplicado no interior dos sacos de plástico. Para além do seu efeito fúngico, o mais importante para a sua aplicação é que sendo um inibidor do crescimento das raízes, leva a que estas parem o crescimento ao atingirem a parede não se enrolando e dando margem para o desenvolvimento de outras raízes. Fica assim favorecida a absorção de nutrientes e de água. Esta é uma inovação que será introduzida no viveiro desde a fase de arranque. Os Jiff Pellets® são pequenos recipientes em forma de copo com dimensões entre os 2 e os 4 cm de largura, que contêm turfa prensada, enriquecida com nutrientes e envolta numa tela fina biodegradável. Estes recipientes são ao mesmo tempo substratos, existindo já experiência no seu uso em todo o mundo nas grandes plantações industriais. Sendo as dimensões bastante pequenas, o regime de aplicação de fertilização mineral devidamente ajustada às exigências de cada espécie é uma Fig. 7 - Distribuição do sistema radicular no interior de um alvéolo 20 condição imperativa para o sucesso do seu uso. Com este sistema, que não exige canteiros nem preparação de substratos economiza-se 2.4 Onde instalar o viveiro tempo, mão-de-obra e tempo gasto com transportes. São no entanto Com a ajuda das autoridades das povoações e da população procurar- muito mais exigentes em termos de gestão e técnica de fertilização se-á encontrar o terreno ideal para o viveiro. A escolha do local para de plantas. o viveiro deve ser efectuada com especial cuidado e deve ser dada particular atenção aos seguintes factores: Em resumo, ao escolher o recipiente a usar tenha em atenção as vantagens e inconvenientes de cada método de produção de plantas Quadro 3 - Vantagens e inconvenientes dos diferentes tipos e pondere os respectivos custos e benefícios. de recipientes Tipo de recipiente Características Vantagens Desvantagens Sacos de plástico Produzidos em polietileno negro Drenagem é fácil se devidamente perfurados; mais baratos e com maior possibilidade de fabrico local. - Só utilizáveis uma vez; - Podem provocar deformações e enrolamentos nas raízes. Mangas de plástico Produzido em polietileno negro ou claro. Aparecem no mercado em manga contínua e ficam abertos dos 2 lados São baratos e com possibilidade de fabrico local. - O enchimento é difícil e a sua arrumação nos canteiros é demorada pelo risco de deixar cair o substrato; - Durante o manuseio para transporte e localização nos locais de plantação existem riscos de degradação do sistema radicular. - Furo grande no fundo que faz com que haja uma paragem do crescimento da raiz principal como se se tratasse de uma poda radicular; - Pode ser utilizado 6-8 vezes; - Exigem quadros viveiristas experientes; Alvéolos ou tubetes Recipientes rígidos com sulcos verticais internos - As raízes podem ser danificadas no curso da manipulação da sua extracção. - Os sulcos verticais orientam as raízes verticalmente impedindo que se enrolem ou torçam; - Extracção das plantas feitas de forma fácil. Jiffy Pots® Produzidos a partir de turfa comprimida - As raízes penetram rapidamente no material; - Exige um boa gestão do viveiro e técnicos experimentados; - Plantação fácil juntamente com o recipiente o que aumenta a intensidade da retancha. - Suporte especializado para controlo da fertilização que deve ser específica para cada espécie. 21 Uso anterior da área Declive Para instalação em locais novos, a área deverá ser examinada com O terreno deve ser plano. Uma ligeira inclinação permite uma boa cuidado, evitando tanto quanto possível locais onde a agricultura tenha drenagem (penetração e circulação da água no solo). O solo não deve vindo a ser praticada durante vários anos, principalmente em solos ficar inundado na estação das chuvas, uma vez que a água matará por pobres como são comuns os solos do distrito do Huambo. Este tipo asfixia todas as plantas. Se ocorrerem situações em que não haja de solo apresenta fundos de fertilidade muito baixos e incorre-se em disponibilidade de um terreno com a dimensão e topografia pretendida maiores riscos da presença de ervas daninhas e mesmo de nemátodos e se tiver de adoptar por uma área que apresenta um certo declive, e fungos nocivos no solo. a solução é efectuar um testamento satisfazendo as condições de ligeiro declive já mencionadas sem esquecer de dispor umas manilhas para Água escoamento de água para evitar a destruição do talude. Os taludes Condição principal para a escolha do local da instalação do viveiro. devem ser revestidos de uma cobertura viva escolhida de acordo com Escolher um terreno próximo de um ponto de água que não seque a clima da região. durante a estação seca. Tenha em atenção que a água deve ser doce, limpa e que não esteja contaminada com esgotos ou provenha de locais de permanência de gado. Condições ambientais declive original Devem evitar-se locais em vales ou baixas sujeitas a geada no período do “cacimbo” como sucede em certas baixas nas regiões do “Planalto Central”. canteiros Acessibilidade E preferível instalar o viveiro próximo da área que vai ser plantada. Caso Fig. 8 - Esquema de terraceamento para o caso dos terrenos com declive não seja possível, o viveiro deve ser localizado próximo de uma estrada. Assim poder-se-ão transportar as plântulas do viveiro para o terreno Orientação da plantação de forma mais fácil e económica. Tanto quanto possível, Deve ser escolhido um local ensolarado. Se, como por vezes sucede, o viveiro deve estar localizado num local que a população possa durante um certo período do seu crescimento as plantas necessitarem frequentar. Assim estará a contribuir-se para a transmissão dos conheci- de sombreamento, far-se-á uma estrutura temporária ou permanente mentos a todos os membros da comunidade. de ensombramento (Figuras 19 e 20). Apenas as espécies umbrófilas exigem protecção contra a luz solar. Os raios solares concorrem para a rustificação dos tecidos das plântulas tornando-as mais fortes e resistentes na altura da plantação. 22 Terra ou a Se a terra do local do viveiro não for boa (com calhaus, solo pouco sujeitos a ventos fortes e quase sempre secos como sucede no Planalto profundo, demasiado seco ou demasiado argiloso) é necessário transportar Central, é fundamental também pensar-se em plantar fora da vedação terra de outros locais e incorporar estrume. propriamente dita uma cortina de abrigo. Será importante para a boa . No viveiro, particularmente em locais formação das plantas como também para manter um bom nível Se for muito pesada (argilosa) é necessário misturá-la com areia para de humidade nas mesmas. Não vale a pena fazer um viveiro se não se ficar mais leve e permeável à água e raízes. procede, desde o início, à sua vedação correcta. Devem ser evitados solos de cor vermelha carregada e solos inundáveis, Vigilância cinzentos-escuros, das faixas alagadiças. Preferivelmente devem ser O viveiro deve estar situado num local onde seja possível vigilância escolhidos solos frescos de cor parda. Um bom substrato para a produção frequente. de plantas deve conter partículas de diferentes tamanhos para permitir que o ar e a água penetrem facilmente. Uma regra simples para um substrato equilibrado (por m3 de substrato) é: Terriço vegetal - 50% Terra franco argilosa - 20% Estrume bem curtido - 29% Nitrofoska (12-24-12) - 5,0kg Se as plantas começarem a apresentar sintomas de carências (veja nutrição das plantas) naturalmente deverá solicitar apoio especializado. 2.5 Como proteger o viveiro Tanto os animais domésticos (galinhas, cabras, porcos) como Fig. 9 - Formas simples de protecção do viveiro com materiais locais os selvagens (toupeiras, ...) são a causa de inúmeros prejuízos num viveiro. É por isso que a existência de uma vedação é muito importante. Para a executar deve ser utilizado, tanto quanto possível, material local. 2.6 Como montar o viveiro Na disposição que der à vedação e à sua robustez, tenha em consideração Limpeza - o terreno deve ser completamente limpo de ervas, arbustos o tamanho dos inimigos de que pretende defender o viveiro. Os suportes e pedras. devem ser sólidos. Pode utilizar-se bambu, postes de madeira de eucalipto, Nivelamento - se o terreno for inclinado deve ser nivelado em terraços esteiras de cana vieira entrelaçados. Pode utilizar-se também uma sucessivos que seguem as curvas de nível com valas de drenagem entre vedação viva de espécies espinhosas como os cactos, l os terraços, traçadas perpendicularmente à inclinação. 23 Os canteiros Forma - os canteiros devem ser traçados segundo formas geométricas, quase sempre rectangulares, onde se fazem crescer as plântulas, dispostas normalmente de uma forma ordenada por espécies. Os canteiros podem ser delimitados com tábuas, blocos, pedras, bambu ou corda. Devem ser utilizados preferencialmente materiais locais. Comprimento - pouco relevante 1 canteiro = 1 espécie 1 método cultural (ou raízes nuas ou em vasos) Tipos - Os canteiros podem ser de diferentes tipos: canteiros de germinação (alfobres ou seminários); canteiros de produção (plantórios): em terra (plantas de raiz nua) em sacos Fig. 11 - Terraceamento e drenagem do viveiro para evitar a erosão Caminho - Entre cada canteiro deve ser feito um caminho para permitir uma circulação fácil e um espaço confortável para trabalhar nos canteiros. Use entre 0,5 m a 0,8 m de largura (se não houver problemas de espaço esta última é a preferível). Fig. 10 - Exemplos de limitação de canteiros com material local Os canteiros de produção podem ser: 1 Mais elevados que o nível do solo (15 a 25 cm). Quando o terreno é húmido ou quando há riscos de encharcamento depois das chuvadas. 2 Ao nível do solo ou mais baixo que o nível do solo (10 cm). Quando o solo é seco e arenoso para economia da água de rega. Fig. 12 - Camas de plantação mais baixas que o nível do solo Largura - 0,8 m até 1,2 m. Para um viveiro escolar aconselha-se a menor dimensão. Nos canteiros mais largos, torna-se difícil regar as plantas, realizar-se a repicagem no meio do canteiro, assim como a monda. 24 Orientação - Os canteiros serão orientados, caso possível pela topografia, Preparação dos vasos no sentido Este-Oeste para diminuir as superfícies expostas aos raios Há vários tipos de vasos: sacos de plástico, em terra prensada (torrão, do sol ao nascente ou poente. não é aconselhável uma vez que é pesado, esboroa-se facilmente durante o transporte e tende a deformar as raízes), em folha de bananeira, Preparação dos canteiros para produção em plena terra em papel. Os sacos de plástico (10 cm de boca e 18 cm de comprimento Com a enxada ou com grade deve ser lavrada a terra de cada canteiro para as espécies florestais; 15 cm de boca e 20 cm de comprimento com uma profundidade mínima de 20 cm. Quebre os torrões para para as fruteiras) devem ser furados nos lados da parte média e pelo tornar a terra fina e fofa. Se a terra for pesada tem de misturar terra menos um furo na parte inferior para que a água possa escoar. vegetal e terra franca. É aconselhável que nesta terra e por cada m3 de terra junte fertilizante (em termos genéricos aconselha-se juntar Enchimento 5,0 kg de adubo (Nitrofoska 12-24-12). Assim, as raízes das plantas Para encher os sacos de plástico deve ser utilizada uma lata de conserva podem desenvolver-se bastante bem. Ponha estrume ou terra rica em aberta usada ou um funil de bico bastante largo que se ajusta à boca matéria orgânica e misture-a bem com a terra do canteiro. Regue cada do saco que vai sendo alimentado por uma pequena pá. canteiro pela manhã e pelo fim da tarde durante dois dias. Ao terceiro Enche-se o saco de terra seca até à borda. Assegure-se de que o saco dia faça uma mobilização superficial ligeira e regue antes de semear. está cuidadosamente cheio por forma a que não ocorram bolhas de ar que poderão provocar a secagem das raízes. N O E S 5m eucaliptos 1m 5m mangueiras 0,8 a 1,2m pinheiros patula 0,8 a 1,2m cupressus em vasos larangeiras limoreiros poço em plena terra produção Fig. 13 - Exemplos de disposição de canteiros do plantório e espécies no viveiro (sem escala na representação das distancias) Fig. 14 - Funil e pá para enchimento dos recipientes 25 Conforme as características do solo da zona onde se vai implantar o viveiro e se houver dificuldade no transporte de terras para a preparação do substrato pode ser seguida a seguinte orientação: bolsas de ar Terra Areia Composto Solos argilosos 1 2 2 Solos francos 1 1 1 Solos arenosos 1 0 1 Não se esqueça de juntar fungos ou bactérias úteis ao solo (micorrizas). A forma mais rápida e económica de o fazer é trazer alguns sacos de terra vegetal rapada de povoamentos bem estabelecidos das espécies Fig. 15 - Se os sacos não estão cuidadosamente cheios ocorrem bolsas no seu interior Preparação da terra A terra a ser utilizada para o crescimento das plantas deve ser de boa qualidade, textura franco-arenosa ou franca e fértil. Tome uma amostra de terra, molhe-a e se a mistura enrolar na sua mão é porque contém muita argila e deve ser corrigida com terra arenosa ou areia. Deve utilizar-se para o viveiro a camada superficial do solo e escolhida terra de uma área florestal e não a dos campos nus. Utilize um solo leve com alguma areia. Se as plantas vão ser plantadas directamente no canteiro para produção em plena terra, a terra deverá ser profunda (no mínimo 1,5 m) para assegurar uma boa penetração das raízes com que se vai trabalhar. No caso das plantações com eucaliptos, pinheiro patula casuarinas, uma boa forma é a de ir a povoamentos antigos que não apresentem vestígios de fogos e trazer para o viveiro alguns sacos com terra superficial desses povoamentos para misturar com os substratos em preparação. As condições dos solos onde se vai instalar um viveiro, nomeadamente os antecedentes do uso da terra, podem justificar a utilização de outras misturas obtidas de especialistas ou viveiristas. Entre estas condições estão os solos onde as culturas foram frequentes e esgotantes, solos frequentemente sujeitos a queimadas, solos ferralíticos no topo da catena e de cor bastante vermelha (denunciando matéria orgânica praticamente inexistente) e dificuldade de arranjar adubos. Em certas e limitar os riscos de asfixia radicular durante a estação chuvosa. áreas dos trópicos nomeadamente no Brasil, país com uma forte Mistura de terras de eucaliptos e pinheiros para plantações, é corrente o uso das seguintes Fazer uma mistura destas três componentes: 6 partes de terra fina; 3 partes de terra arenosa ou franca; 1 parte de estrume. 26 experiência na produção de plântulas florestais principalmente misturas para a produção de substratos: 25% de carvão de casca de arroz; 25 de vermiculite fina; 24% de turfa ou terra vegetal bem curtida; 1% de solo vermelho. A este substrato acrescentam, por cada m3 de substrato: Quadro 4 - Exigências nutritivas médias do solo para a produção viveirista de eucaliptos e pinheiros Sulfato de amónio - 80g; Cloreto de potássio - 200g Superfosfato simples - 4 kg FTE BR 10 (produto comercial para garantir os micronutrientes) Idealmente, se houver serviços técnicos de apoio à silvicultura Pinheiros Eucaliptos Elemento Min. Min. Min. Min. P 25 200 25 200 K 8 10 Ca 20 40 Mg 3 3,5 Mn 5 200 5 200 Cu 1 20 1 20 Zn 1,5 30 1,5 30 B 0,3 5 0,5 5 ou agricultura, deve-se solicitar uma análise do solo que vai ser utilizado como substrato para ser verificada a necessidade de adubação suplementar e correcção, nomeadamente do pH, obtendo-se assim resultados mais satisfatórios no viveiro. Considera-se que toda a adubação e correcção excessiva, além de anti-económica, se torna prejudicial devido ao efeito negativo sobre as plântulas. Quanto à adubação pode-se considerar que seja efectuada posteriormente, em época oportuna, inclusive com o adicionamento de matéria orgânica. Em termos indicativos transcrevem-se as necessidades nutritivas dos principais nutrientes para eucaliptos e pinheiros, que serão as principais espécies que o projecto vai produzir e disseminar, bem como Quadro 5 - Teores médios aproximados de nutrientes no estrume a composição dos principais nutrientes existentes nos estrumes dos proviniente de vários animais diferentes animais domésticos. Esta informação pode ser útil ao viveirista para suprir a falta de adubos no mercado quando está a preparar os substratos ou para resolver problemas pontuais de manifestação de carências nutricionais nas plântulas. Azoto Ácido fosfórico Azoto Estrume (%) (%) (%) Vaca 0,35 0,2 0,1-0,5 Cabra/Ovelha 0,5-0,8 0,2-0,6 0,3-0,7 Porco 0,55 0,4-0,75 0,1-0,5 Galinhas 1,7 1,6 0,6-1 Cavalo 0,3-0,6 0,3 0,5 27 A qualidade de um substrato é determinada pelas características físicas como uma boa drenagem e das características químicas, como um teor elevado de nutrientes. Um bom substrato para um viveiro é ligeiro, retém a água mas não fica empapado e não possui ervas infestantes ou parasitas ou doenças nocivas às futuras plântulas. A matéria orgânica incorporada é um tesouro valioso porque ajuda a estrutura física e proporciona nutrientes e ajuda a retê-los sem deixar que sejam arrastados para fora da terra. Como boas práticas na preparação de substratos para viveiros florestais retenha: Fig. 16 - Modelos de peneiras para preparação dos substratos É necessário que o substrato para o crescimento das plantas tenha boas características físicas e químicas e que estas são obtidas por Encanteiramento misturas convenientes de terra e de matéria orgânica (estrume Coloque os sacos bem encostados uns aos outros por forma a formar ou composto bem curtidos); um canteiro. Coloque 10 sacos no sentido da largura (nº máximo para A junção de micorrizas, ou rizóbium para o caso das leguminosas, sacos de 10cm de boca) o que perfaz entre 0,8 e 1,0 m. Mantenha é essencial para garantir um bom desenvolvimento das plântulas os sacos bem verticais. Para os manter, delimite o canteiro com tábuas, e uma boa sobrevivência após plantação; tijolos, bambu ou pedras. Planeie a preparação do composto ou do estrume bastante antes da data de início da preparação do substrato; Guarde o composto ou o estrume bem arejado e húmido todo o tempo. Evite sempre as más práticas, embora corrente em alguns locais, de: Queimar a matéria orgânica que se junta ao substrato; Se usar composto produzido no viveiro nunca junte aos materiais para fabrico do composto matérias inertes como vidro, plásticos ou carne de animais. Peneiramento A terra utilizada para enchimento dos sacos deve ser peneirada Fig. 17 - A. bom desenvolvimento das raízes nos sacos arrumados verticalmente; se contiver calhaus, pedras e sujidades. Utilize uma malha de 0,5 cm. B. deformação das raízes nos sacos mal arrumados 28 tela móvel de sombreamento Fig. 18 - Preparação e enchimento de sacos num pequeno viveiro comunitário (Guiné-Conacri) Fig. 19 - Exemplos de sombreamento com tela de sombreamento suportada por postes de bambu Sombreamento Conforme for a necessidade de protecção deve ter em atenção que As plântulas jovens e frágeis da maioria das espécies precisam de sombra se o viveiro estiver demasiado sombreado as plantas ficarão fracas contra o sol quente, principalmente na altura da germinação. e amareladas. A cobertura deve ser móvel. A estrutura de suporte pode ser fixa mas o tecto móvel. Não se retira definitivamente a cobertura Cobertura duma vez, mas progressiva-mente para adaptar as plantas ao novo A cobertura protege igualmente as plantas contra o excesso regime de luz. de evaporação, a chuva forte, o frio nocturno, o vento, etc. A princípio tire o sombreamento uma hora ou duas por dia, de manhã Se se tratar de um pequeno viveiro comunitário a nível de aldeia faça cedo, ou à tarde quando o sol está baixo e pouco quente. Gradualmente a cobertura a partir de materiais locais (palha de gramíneas tecida, aumente o período de exposição ao sol até retirar completamente folhas de palmeira, bambu, etc.). Para viveiros de maior dimensão haverá a cobertura. vantagem de efectuar o sombreamento com tela (filtragem da insolação - 50%) que possibilita um manuseamento mais fácil e de menor consumo de mão-de-obra. A cobertura será mais ou menos densa deixando passar uma luz filtrada. 29 Como regra pode dizer-se que os alfobres devem ser utilizados para que se possa: Escolher plantas de dimensão e desenvolvimento uniforme para a transplantação. Quando a germinação dos grãos é muito heterogénea as plantas devem ser repicadas constituindo dois grupos da mesma idade; Evitar desperdiçar recursos, uma vez que se pode evitar todo o trabalho de enchimento e sementeira em sacos, quando a germinação for lenta ou desconhecida a viabilidade germinativa da semente; Ganhar tempo no desenvolvimento das plantas que vamos plantar, se existir um atraso no enchimento dos sacos ou tubetes. De qualquer forma há que garantir que: As raízes não sofram deformações no acto de repicagem; As plantas não sejam deixadas muito tempo no alfobre sob pena do sistema radicular sofrer prejuízos significativos por já estar muito desenvolvido. Muitas plantas sofrem um choque quando são repicadas Fig. 20 - Exemplos de formas de sombreamento com materiais locais principalmente com repicagens tardias; Existe pessoal com experiência na repicagem, sem o que a taxa Altura de sucesso pode ser muito baixa. Deve ser tal que permita os cuidados culturais das plantas e um bom arejamento, nunca sendo inferior a 80 cm. Em viveiros de maior dimensão Tipos de alfobres a altura deve possibilitar a deslocação de um homem sob coberto. Há dois tipos de alfobres: alfobres temporários e alfobres permanentes. Os alfobres temporários, em pequenos viveiros, podem ser realizados 2.7 Os alfobres com folhas de jornal ou sacos de juta com uma mistura de areia e terra Os alfobres são utilizados de acordo com o tipo de árvores que se quer leve. A germinação em sacos de jornal ou material semelhante produzir, disponibilidade de mão-de-obra e disponibilidade e custo das torna-se vantajosa porque se vê imediatamente a germinação, sementes. Lembremo-nos que a semente certificada tem um custo procedendo-se de imediato à repicagem quando se começa a diferenciar elevado. Há por outro lado sementes gradas com sistema radicular a raiz aprofundante. Se bem que a prática não seja consensual, entendeu- muito sensível que tornam aconselhável a sementeira directa. Já para se que mesmo para os pequenos viveiros comunitários há formas os eucaliptos, pinheiros, casuarinas e muitas outras, a utilização de fazer alfobres baratos (veja-se figura 21) e que as vantagens do seu do alfobre é a prática mais aconselhável. uso é extensiva a estes. 30 só em determinadas zonas do alfobre o que dificultaria posteriormente a repicagem e aumentaria o número de falhas na operação. Logo de seguida, cobre-se a semente com uma camada de terra vegetal peneirada (crivo de 0,5 mm) com a espessura de 2 a 3 mm. Esta operação é de importância capital para uma boa germinação. Fig. 21 - Exemplo de um pequeno alfobre feito em caixa de madeira num pequeno viveiro comunitário (Guiné-Bissau) Os alfobres permanentes são comummente construídos com blocos de cimento com 1 m de altura e de 1 a 2 m de largura para conforto e eficácia dos trabalhadores. É também possível ter tabuleiros construídos Fig. 22 - Forma de efectuar a cobertura dos canteiros dos alfobres de madeira ou metal com fundo de tela fina para permitir uma boa drenagem e arejamento. Estes tabuleiros são postos sobre suportes e oferecem algumas vantagens quanto à manipulação e quantidade Tapa-se depois o alfobre com uma esteira de caniço ou de outro material disponível. de substrato bem como de flexibilidade de movimentação. No caso dos alfobres em cimento eles são cheios com uma primeira camada de calhaus e depois de terra e areia. Como semear no alfobre Preparados os alfobres, estes devem ser bem regados com um regador de crivo fino até que o substrato esteja embebido. Seguidamente, e para sementes muito pequenas como as dos eucaliptos, mistura-se a semente com areia ou terra muito fina, para facilitar a sua regular distribuição. Espalha-se 2,5 a 3 gr de semente (seleccionada) por m2 de alfobre. Deve ser espalhada quando não haja vento e da maneira mais uniforme possível para evitar que as sementes se aglomerem Fig. 23 - Esteiras de cobertura dos seminários (antigo viveiro do Cuima, 1970) 31 Decorridos 5 a 10 dias as sementes começam a germinar. No pinheiro está comprometido. Isto requer prática e supervisão amiudada, este processo decorre normalmente entre 2 a 3 semanas. É então principalmente na fase inicial de um viveiro. Sem que as instruções importante ir-se levantando lentamente, daí por diante, as esteiras, dispensem a prática, tenha atenção ao que são as boas e más práticas o que é realizado por dois homens, um de cada lado do alfobre ou com da repicagem. o auxílio de uma forquilha no meio da esteira. Boas práticas Durante todo este tempo deve proceder-se a 2 regas diárias, uma logo de manhã e outra ao cair da tarde, com um regador de crivo fino. Nesta deite fora todas as plantas que lhe parecem doentes ou enfraquecidas; fase a quantidade de água a usar para as duas regas é de 4 a 5 litros repique quando surgir a raiz aprofundante ou quando as plantas por m2. O controlo das regas nesta fase é extremamente importante: têm cerca de 5 cm. No caso das espécies que se pretendem utilizar: demasiada rega poderá levar ao apodrecimento da semente ou ao eucaliptos, pinheiros ou casuarinas esta altura deve atingir-se cerca aparecimento de fungos ( de 60 dias depois da sementeira; ), que causam a morte das plântulas (“damping-off”) e rega regar bem o alfobre na noite anterior à repicagem; insuficiente poderá fazer com a semente não germine. Passada uma semana sobre o início da germinação já é possível retirar as esteiras durante as horas de menor intensidade do calor ou do frio. As regas devem continuar a ser realizadas diariamente mantendo-se habitualmente 2 por dia. Em épocas de particular secura atmosférica, como sucede na Município de Ecunha mesmo depois do início da época das chuvas pode vir a justificar-se uma outra rega adicional. As plantinhas devem permanecer nos alfobres até que atinjam em média 3 a 5 cm de altura antes da repicagem, isto é, cerca de 60 dias após a sementeira. As sementeiras para os eucaliptos, as casuarinas e o pinheiro patula que serão as espécies dominantes da intervenção junto das populações no Município de Ecunha antecedem a plantação, em geral 4 a 5 meses, tempo no qual as plantas deverão ter atingido Fig. 24 - A rega feita na véspera é a primeira actividade da operação de repicagem uma altura de 15 a 25 cm. assegurar que o local para onde as plantas vão ser transplantadas Como repicar correctamente está bem sombreado antes de começar a repicagem; A repicagem é uma operação difícil e que requer prática. É preciso por utilizar uma espátula de lâmina estreita ou uma haste de madeira isso, uma supervisão atenta à forma de proceder e uma revisão ao para aligeirar a terra à volta da plântula. Proceda de acordo com estado das plantas para se ter a garantia de que o sistema radicular não as figuras; 32 Actuação correcta Fig. 25 - Criando espaço para poder retirar a plântula sem a ferir levantar as plântulas segurando pelos cotilédones ou pelo caule junto à base e sem comprimir o tronco porque este é muito frágil; em dias muito ensolarados repicar de manhã cedo ou à tarde; Actuação incorrecta Fig. 26 - Colocação correcta da plântula no vaso após repicagem regar bem os sacos ou outros recipientes usados no plantório imedia-tamente depois da plantação ou o mais tardar uma hora depois da repicagem. pôr as plântulas retiradas do alfobre imediatamente em água assim que saem do alfobre; Actuação correcta Actuação incorrecta preparar com uma haste de madeira um buraco na terra do saco (tenha cuidado para que o buraco fique no centro do saco) assegurando-se que ele é suficientemente fundo e largo para acomodar as raízes da plântula a transplantar; cortar com uma tesoura bem afiada as raízes longas e muito ramificadas para se assegurar que elas se dirigiram para baixo; colocar suavemente e bem verticalmente a planta no buraco deitando terra à volta das raízes e começando pelo fundo do buraco, seguindo-se o calcamento suave do solo à volta da planta com o dedo para assegurar que a terra fica junto das raízes e não deixa bolsas de ar; Fig 27- Bom posicionamento da plântula no vaso 33 Más práticas a evitar Por que é que a selecção das espécies é importante? esperar que as plântulas estejam grandes e com raízes compridas; Há muitas espécies lenhosas mas somente um pequeno número delas repicar as plântulas ao sol e sem as regar; pode satisfazer as necessidades do agricultor e as exigências da ecologia. sombrear as plantas depois da repicagem; É por isso imprescindível que se auscultem as expectativas dos agricultores repicar sob sol directo e quente; antes de começar a produzir plantas no viveiro porque sendo os recursos transplantar plântulas enfraquecidas; escassos, não é possível trabalhar com todas as espécies de árvores que transportar as plântulas na mão ou num recipiente seco; são capazes de vegetar com sucesso em determinada região. Se escolher permitir que fiquem raízes viradas para cima quando se colocam uma espécie menos desejável muito provavelmente perde recursos nos sacos; valiosos e tempo. deixar bolsas de ar nas raízes, o que as vai fazer morrer. Que atributos deve considerar quando escolhe uma espécie Os atributos a analisar incluem: 3. AS SEMENTES Escolher espécies que satisfaçam uma ou várias necessidades 3.1 A selecção das espécies Um programa de arborização tem como primeiro ponto de partida a selecção das espécies a promover, se bem que esta seja uma etapa muita vezes negligenciada por um número significativo de viveiristas. As árvores de certas espécies não podem crescer em qualquer lugar do agricultor ou da comunidade; Seleccionar espécies que sejam aptas para as condições ecológicas da região; Seleccionar sempre mais do que uma espécie. Assim pode oferecer à comunidade várias espécies para o mesmo propósito; e nem todas as espécies fornecem o mesmo tipo de produtos e serviços. Seleccionar espécies cujas boas qualidades do material de plantação Se por exemplo, o objectivo é produzir madeira para produção de energia estejam disponíveis ou possam ser produzidas num período razoável. e se plantar uma espécie de rápido crescimento mas de madeira leve, Deve considerar a ordem de listagem como sendo hierárquica. estamos a defraudar as expectativas da comunidade que se dispôs As condições ecológicas da região a que se destinam as plantas a fazer a plantação. Quando não se conjugam as exigências ecológicas produzidas no viveiro podem ser adequadas a uma extensa lista e sócio-económicas das plantações com a estação de plantação, de espécies pelo que a selecção deve ser feita e ordenada em função o impacto da plantação de árvores pode ser muito limitado. Deve-se das preferências sócio-económicas, tendo em consideração ter em atenção que a selecção é muito similar à escolha das espécies as necessidades de diversidade para que se consigam minimizar ou variedades agrícolas, ou seja, as necessidades do agricultor os riscos ecológicos e biológicos. e as condições ecológicas do local de plantação devem ser consideradas É muito importante que a selecção das espécies a utilizar seja realizada em conjunto. em conjunto com as comunidades e que os processos de selecção sejam consensuais. 34 3.2 A informação necessária com noções simples sobre a importância da qualidade genética Quando, como sucede numa grande extensão como o planalto onde das espécies e para a sua importância. as espécies nativas típicas do miombo são de pouca qualidade para a indústria madeireira, não são ricas em PFNL (Produtos Florestais Não Onde estão as melhores fontes de produção de sementes? Lenhosos) e são de crescimento lento, não sendo capazes de dar resposta As melhores fontes de produção de sementes para determinada região às necessidades crescentes de lenhas e materiais de construção devem satisfazer um certo número de critérios em termos do número ou materiais susceptíveis de alimentar a indústria de produtos lenhosos, de árvores onde se faz a recolha bem como da qualidade das árvores é necessário recorrer a espécies exóticas como são os eucaliptos, certos mães. Geralmente os critérios para a escolha das áreas de onde devem pinheiros tropicais, as casuarinas e cupressos. Tratam-se de espécies provir as sementes incluem: introduzidas há muitos anos e com boa adaptação em termos de crescimento e de aceitação pelas populações mas é importante que o viveirista tenha consciência que essa informação não é suficiente Situarem-se em zonas ecológicas semelhantes àquelas que vão ser arborizadas; para construir as bases para a melhor decisão sobre onde recolher Existência, na zona de recolha, de árvores bem polinizadas; e que encomendas fazer. Na verdade é necessário, para além dos aspectos O número de árvores que constitui a população de colheita de anteriormente considerados, que os responsáveis pelos projectos sementes suficientemente grande para garantir uma boa diversidade de arborização de que o viveiro é uma componente, disponham genética nas plantações; de informação de natureza técnica, não só quanto à produção de plantas para a plantação mas também de informação económica referente As árvores na região de colheita de sementes são sadias e o seu crescimento é bom; às redes de fornecimento de sementes, sua fiabilidade e que apoie A acessibilidade e a segurança da fonte de produção são apropriadas. a organização de uma actividade credível de fornecimento de sementes O alerta quanto a estas questões importantes para orientar os respon- a nível regional ou local. sáveis pela produção de plantas, exige dos fornecedores um perfeito Na vertente técnica um dos elementos de informação que deve constituir conhecimento dos itens enunciados e o registo e acompanhamento uma área prioritária do organismo que tutela a investigação é o da da performance das plantas em plantação de acordo com as respectivas origem das sementes, que devem ser cuidadosamente identificadas origens. Para situar a importância destes aspectos tenham em atenção , os ensaios e seleccionadas. Na verdade esta questão pode representar o sucesso que, por exemplo, em relação ao ou insucesso futuro do esforço de plantação. O estabelecimento de proveniência realizados na Nigéria revelaram diferenças de produção das fontes apropriadas de origem seminal é a base essencial para de 1 para 2,7. a produção de material de qualidade e para a própria rendibilidade futura da plantação. As melhores fontes de semente nem sempre são 3.3 A recolha das sementes as mais próximas, as de recolha mais fácil ou as mais baratas. Não Se não dispuser de sementes certificadas deve escolher sempre estando este manual fundamentalmente direccionado para os aspectos as árvores com melhor porte e com tronco mais rectilíneo para recolher práticos, é importante que o viveirista esteja minimamente familiarizado as sementes. 35 As boas sementes produzem boas árvores. As sementes provenientes de uma árvore de tronco rectilíneo, bem conformado e vigoroso, produzem geralmente árvores direitas e vigorosas. Escolha este sementão Fig. 29 - Quando a árvore mãe está rodeada de outras árvores de qualidade, a descendência herdará também essas características Critérios de selecção A selecção de árvores mãe e a sua configuração variam conforme for o fim pretendido. Assim, conforme a utilização pretendida, tenha Não escolha este Fig. 28 - Importância da qualidade da semente atenção as seguintes características das árvores mãe: Para madeira de obra Tronco de forma rectilínea; Além destes aspectos quanto à hereditariedade é imperativo que Altura acima do solo e diâmetro do tronco acima da média; o responsável pela recolha de sementes tenha em consideração que Copa uniforme sem ramos abundantes e grossos ou sem um tronco é importante lembrar-se que não chega pensar só numa árvore de boa duplo; qualidade mas sim que essa árvore deve estar rodeada de outras árvores Resistência aos insectos e doenças; de boa forma e qualidade. Não se deve esquecer que a árvore, para Madeira de boa qualidade; produzir sementes, é fecundada e as sementes recebem as características Árvores maduras produzindo boas quantidades de semente. dos dois genitores. Se um é uma má árvore as sementes herdam em proporção variável essa má característica. 36 Para árvores destinadas à produção de forragem ou sebes vivas Propagação vegetativa de plantas: Trata-se de multiplicação Crescimento rápido; assexuada de plantas através do enraizamento de estacas, enxertia Elevada produtividade de folhagem e vagens; ou micropropagação. Grande facilidade de rebentação de ramos e toiças; Elevado valor nutritivo das folhas e vagens; Copas frondosas com muitos ramos; Troncos múltiplos; Árvores maduras produzindo boas quantidades de semente. Para plantações energéticas (produção de lenhas ou carvão) Alto valor calórico; Crescimento rápido; Facilidade de rebentamento por toiça. Para árvores utilizáveis para a produção de fruto Frutos abundantes, doces e grandes; Copa uniforme com ramos baixos; Crescimento rápido; Resistente a insectos e doenças; Árvores que quando maduras produzem grande quantidade de semente. Quais as principais fontes de colheita de semente Há quatro principais tipos de fontes de produção de semente: Floresta natural: populações arbóreas ocorrendo naturalmente na floresta natural e demarcadas para a produção de semente; Plantações existentes em matas públicas ou privadas e demarcadas para a produção de sementes; Pomares de sementões: Talhões que foram plantados por via seminal ou enxertia em blocos destinados especificamente para Boa árvore para a produção madeireira Má configuração para a produção madeireira Boa configuração para a produção forrageira Fig. 30 - Configurações de boas e más características arbóreos para alguns fins O que necessita saber antes de colher a semente? Antes de começar qualquer trabalho de colheita procure saber se existe informação escrita ou conhecimento local sobre as espécies de que pretende semente, porque essa informação pode poupar-lhe dissabores posteriores e insucessos não previstos. Proceda também a uma verificação no terreno sobre a floração e sobre a frutificação. Os aspectos para os quais deve estar atento são: Análise do períodode floração; Distribuição da floração entre as árvores; A expectativa da quantidade de semente que pode ser colectada; O grau de maturidade da semente; A ocorrência de pestes ou doenças nas flores ou nos frutos. a produção de sementes; 37 Não se esqueça de ter consigo um plano detalhado da colecta de sementes As características que devem ser consideradas na escolha dos sementões que pretende. Em termos logísticos, deve ter em consideração: são: A acessibilidade da fonte das sementes que pretende e as necessidades de transporte necessárias; O tipo de equipamento e os materiais que necessita para a colheita e pré-tratamento necessário para garantir que a semente chega ao viveiro em boas condições. Como equipamento considere ganchos, tesouras e podoas de poda com haste extensível. Árvores sãs e bem desenvolvidas de copas bem conformadas; Para árvores para madeira procure árvores de troncos direitos e com poucos ramos; Árvores reconhecidas de boa madeira (densidade elevada e fio recto); Para árvores destinadas ao uso forrageiro, que sejam de gosto agradável e que os animais apreciem; Para as árvores destinadas à produção de frutos uma ramagem baixa será aconselhável para a recolha do fruto. Este deve ter um gosto agradável, os frutos polposos e de deterioração lenta; Para qualquer das situações devem apresentar pouca susceptibilidade a pragas e doenças; Colha somente sementes grandes, sãs e maduras. Evite recolher as primeiras e últimas sementes da estação porque elas são geralmente de má qualidade. Colha sementes pelo menos em 30 árvores. Logo que colha os frutos assegure-se que o faz sem estragar a árvore. Seleccione só os raminhos. Nunca recolha frutos cortando os ramos principais da copa ou o eixo principal. Quando devo colher a semente? Fig. 31 - Exemplos de equipamento simples utilizado para colheita de sementes A colheita deve ter lugar quando a maioria (>60%) da semente está madura na mata escolhida. Tenha em atenção a necessidade de juntar a equipa de recolha em função do tipo de semente, grau de dificuldade e método de colecta. Quando se sabe que a semente está madura e em condições de colheita? Usa-se o indicador conhecido por sistema de classificação da maturação das sementes. Para o determinar observe as mudanças de cor dos frutos. Por exemplo as vagens podem mudar de verdes para amarelo ou castanho quando amadurecem e as pinhas podem mudar de verde para castanho. 38 Quadro 6 - Sistema de classificação do estado de maturação 3.4 Extracção das sementes das sementes Para os vários tipos de frutos existem diferentes métodos apropriados Classificação do grau Descrição de maturação da cultura Observações Frutos secos indeiscentes da cultura (%) 0 10-30 40-60 Nenhuma Pobre Média para a extracção das sementes. Inexistência de árvores produtoras Semea directamente as sementes tal como ocorrem. de sementes Ex. Caju, girassonde, teca, neem Frutos em algumas árvores de bordadura e em poucas árvores dominantes Vagens indeiscentes, cápsulas no interior da parcela Extraem-se as sementes por quebra e divisão dos frutos. Frutos na maior parte das árvores Os mesmos podem ser pilados, por vezes após imersão de bordadura e nas árvores dominantes em água. Ex. Prosopis juliflora no interior da parcela 70-90 Boa Quase todas as árvores da parcela apresentam frutificação (excepto as dominadas) 100 Plena Todas as árvores apresentam frutificação (excepto algumas árvores dominadas) Retire amostras de pelo menos 100 sementes ou frutos apanhados Cápsulas lenhosas As cápsulas lenhosas colhem-se quando ainda se encontram ligeiramente verdes. Deixam-se a secar ao ar sob coberto após o que os frutos abrem e libertam as sementes que se podem separar por peneiração. Ex. Eucaliptos e Casuarinas casualmente e execute sobre eles o teste de corte para examinar as condições interiores da semente. Analise o estado de desenvolvimento Frutos polposos ou maturidade e a ocorrência de insectos ou fungos nos frutos. Uma As sementes estão incluídas num fruto polposo semente madura tem um embrião firme enquanto uma semente imatura indeiscente. Após a extracção as sementes são postas tem um embrião ou endosperma leitoso. Numa leguminosa a semente em água para provocar a maceração da polpa. Após está usualmente madura quando nos for impossível esmagá-la entre 2-3 dias de imersão espremem-se os frutos, retira-se o polegar e o indicador. O teste de corte também pode ser utilizado a polpa que envolve as sementes que se deixam secar para estimar o número de sementes maduras por fruto. ao ar sob coberto. Ex. loengo, palmeira do azeite Cápsulas e vagens deiscentes Os frutos e vagens deiscentes são desgranados manualmente. Ex. Acacia mangium, Cassia, Brachystegia 39 O método de extracção das sementes varia muito consoante o tipo Alguns autores aconselham para os frutos carnudos a maceração, seguida de fruto. da acção da água corrente nestes frutos sobre uma peneira. Para estes No entanto o guia geral a que o técnico deve atender é: frutos também se pode usar hidróxido de potássio nas concentrações de 1 e 1,5% para o despolpamento (ex: loengo, palmeira do azeite - a) Logo que chegadas ao local da preparação das sementes, estas devem ). ser imediatamente retiradas dos sacos e postas em camadas estreitas, esperando o tratamento em locais bem ventilados, umas vezes Algumas espécies podem ser secas à sombra e outras ao sol sem prejuízo em tabuleiros afastados do solo ou em terraços de cimento ou asfaltados, da qualidade e da extracção. evitando a humidade e a presença de roedores. A secagem realizada em estufas tem a vantagem de ser mais rápida Deve-se procurar secar rapidamente, arejando as sementes ou os frutos em função do controle da temperatura. O processo mais simples para e provocando-lhes uma transpiração forte. Se se deixa em monte quantidades moderadas consiste em recorrer a estufas correntes com ou em camada espessa, não se dá a evaporação, a massa fica húmida circulação de ar quente. originando fermentações com aquecimento ligeiro, podendo originar o desenvolvimento de fungos que prejudicam a qualidade das sementes. Após a extracção muitas sementes precisam de ser limpas das suas asas A espessura das camadas varia com as espécies bem como a frequência membranosas e impurezas convindo para o efeito recorrer a material da mexida dos frutos ou das sementes. Admite-se que para pinhas especial. Esta limpeza é importante pois reduz o volume a armazenar ou sementes como as de girassonde e frutos carnudos, uma camada e transportar. A separação das sementes é realizada geralmente por de espessura de 20 cm é suficiente, com uma mexida diária. No caso peneiras e jactos de ar se os montantes de semente a manipular forem das pinhas dos Pinus, uma espessura de 40 cm com mexida 2 vezes por significativos. semana é suficiente. Em princípio há interesse em encurtar ao máximo A extracção de grandes quantidades à escala industrial requer este período de espera precedendo à preparação rápida das sementes. aparelhagem apropriada. Em termos meramente informativos, pela sua falta de aplicabilidade na fase actual da actividade de florestação Resumindo, após a colheita dos frutos as operações de beneficiamento em Angola, referem-se as fases do processo: das sementes são: 1 Secagem prévia em virtude das sementes muito húmidas serem a1) frutos secos deiscentes - os frutos são colocados para secar mais facilmente danificadas pelo calor. As sementes são colocadas em camada fina, em encerados, pisos de cimento ou barracões abertos; em eiras, locais abrigados e arejados, onde se processa uma dissecação a2) frutos carnudos - remoção da polpa para evitar a decomposição progressiva como convém. O tempo desta secagem prévia é variável e danos à semente. Para pequenos lotes, como será naturalmente com as espécies e pode durar um mês. Nesta primeira fase é preciso o caso do “loengo”, a remoção da polpa é feita manualmente. evitar que os roedores provoquem quebras nas sementes. 40 2 Secagem - É utilizada para aqueles frutos que abrem mal ou só 3.5 Selecção das sementes abrem parcialmente na fase anterior, sobretudo se o tempo estiver Quando as sementes são extraídas deve-se imergi-las num recipiente fresco e húmido. Nestas circunstâncias faz-se passar pelos frutos uma com água. corrente de ar quente e seco. Há vários tipos de secadores sendo o mais simples o que possui prateleiras, com grades animadas de movimento Imersão em água e que são atravessadas pelo ar quente que entra pela parte inferior Retirar as sementes que flutuam e que não prestam. Lance-as fora. saindo pelos orifícios da parte superior, onde se colocam os frutos. As sementes boas ficam retidas no fundo. Retire as sementes boas À medida que os frutos vão secando as prateleiras vão sendo retiradas. e seque-as ao ar sob coberto. Seleccione as sementes que têm uma forma regular, com boa configuração e de maiores dimensões. 3 Separação das sementes - As prateleiras do secador têm movimentos horizontais separando-se as sementes dos frutos 3.6 Conservação das sementes em consequência de tais trepidações. As sementes caiem através dos O ideal seria semear as sementes imediatamente após colheita. orifícios das prateleiras acumulando-se na prateleira inferior que é fixa. Mas isso é difícil ou impossível para uma grande maioria de espécies Os frutos que abrem mal são recolhidos voltando ao secador. As porque a data de sementeira depende da data do período de plantação sementes que não são extraídas por vibração são-no através de um e da altura que pretendemos para as plantas a colocar na terra. aparelho complementar. Assim, as sementes cuja maturação só se verifique, por exemplo, em Junho, devem ser conservadas até à data de sementeira no viveiro. 4 Separação das asas membranosas - Para se atingir tal objectivo Algumas sementes contudo, perdem a sua faculdade germinativa muito utilizam-se pás, as quais separam as asas. A velocidade tem de ser rapidamente (Ex. neem) pelo que é necessário utilizá-las o mais depressa regulada por forma a que nem o calor resultante da fricção nem as pás possível. danifiquem as sementes. Para os outros casos há razões que justificam a conservação das sementes, 5 Limpeza da semente - Esta operação tem muito interesse embora tais como: se revista de certas dificuldades técnicas. Nos casos mais simples podem 1 Manter a semente em condições tais que conserve o seu poder usar-se tararas agrícolas, havendo noutros casos necessidade de recorrer germinativo durante o período que medeia entre a colheita e a se- a aparelhagem especial. Tendo em atenção as diferenças de peso menteira. específico das impurezas e da semente e as diferenças de forma 2 e dimensões, usa-se frequentemente para o efeito, uma corrente de ar à época de sementeira Outonal naqueles casos em que os frutos que atira a alturas diferentes as impurezas e as sementes. amadurecem nesta época e exista exposição da sementeira a estes No caso de frutos carnudos a maceração destes frutos é realizada em predadores. Isto acontece com frequência nas zonas de clima maceradores que funcionam com os frutos colocados em água sendo mediterrâneo, daí fugir-se à sementeira Outonal realizando-a nos fins depois as sementes separadas das polpas e secas. de Inverno princípios de Primavera o que diminui o risco de quebras. Proteger as sementes contra os roedores, aves e insectos, fugindo 41 3 Por vezes a semente tem de ser transportada a distâncias grandes que devem ser armazenadas com uma percentagem elevada de humidade para locais onde a boa época de sementeira não coincide com a época a baixas temperaturas para retardar a sua deterioração. de maturação dos frutos. A experimentação tem mostrado que elevados teores de humidade 4 Finalmente, pode ser necessário conservar as sementes obtidas causam ou favorecem a elevação da temperatura das sementes em ano de boa produção seminal para satisfação das necessidades nos em consequência dos processos respiratórios, aumentam anos de má ou nula produção seminal. a susceptibilidade da semente a injúrias térmicas durante a secagem, propiciam uma maior actividade de microrganismos (principalmente Os factores mais importantes a que o viveirista tem de ter em atenção fungos) e a maior actividade de insectos durante o período para a conservação de sementes são: a temperatura e a humidade. de armazenamento. Acresce que a humidade aumenta substancialmente a actividade fisiológica de microrganismos e insectos como Temperatura se mostra no quadro que se segue. Temperaturas relativamente baixas são mais favoráveis do que temperaturas elevadas. A temperatura ideal varia muito consoante Quadro 7 - Relações entre o teor de humidade e a deterioração a espécie e dentro desta com a origem, sendo em qualquer caso mais da semente conveniente uma temperatura uniforme do que temperaturas variáveis. No entanto, a conservação em frigorífico a 3-5°C é a mais utilizada. Teor de humidade Baixas temperaturas mantendo vivas as sementes evitam o ataque da semente de insectos e fungos. Algumas sementes conservam-se bem à temperatura ambiente, caso de certas rosáceas, eucaliptos, tílias e sementes duras ou nozes. A maior parte destas sementes requer humidade antes da germinação e de um tratamento especial, caso das acácias, cuja germinação é facilitada pelo escaldão. Teor de humidade A acção do teor de humidade sobre a conservação das sementes é mais importante do que a temperatura, sendo no entanto de mais difícil controlo. De facto, não é fácil controlar de modo preciso o teor em humidade sem ser em laboratório. A redução do teor de humidade da semente em algumas espécies como Araucaria, Acer, Citrus, entre outras, origina a perda de viabilidade, pelo 42 Consequências Acima de 40-60% A semente germina Acima de 18-20% Aquecimento da semente Acima de 12-14% Crescimento de fungos na semente Acima de 8-9% Adp. de POPINIGIS, 19762 Aumenta a actividade e reprodução dos insectos Quanto às sementes de , vários estudos efectuados mostraram que a percentagem de germinação decresce com o aumento da humidade relativa a partir de 40% e com o tempo de armazenamento. , mantidas em As sementes desta espécie bem com as da ambientes com humidade relativa inferior a 40%, mantiveram o poder germinativo ao fim de 270 dias. Recomenda-se o armazenamento em ambientes com humidade relativa de sementes de entre 20 e 40% em embalagens permeáveis à humidade e a temperaturas de 20°C. Em termos de orientação geral (não se deve esquecer que para cada espécie há um teor de humidade óptima que é determinado em laboratório) e caso não haja informação disponível, pode considerarse a regra prática de Harrington em que para cada 1% de aumento de humidade, a longevidade da semente é reduzida para metade. Esta regra é válida para teores de humidade entre 5 e 14%. Abaixo de 5% a velocidade de deterioração pode aumentar devido à auto-oxidação de certas substâncias de reserva. Acima de 14% o desenvolvimento de fungos prejudica o poder germinativo. Como regra pode ainda dizer-se que nas sementes que devem ser conservadas secas, um teor elevado de humidade elevado e temperaturas altas causam maiores prejuízos do que as temperaturas baixas. Entretanto, na conservação pelo frio, as sementes que devem ser conservadas secas perdem grande parte da sua eficiência se não forem colocadas em recipientes herméticos que mantenham o teor de humidade constante. As flutuações deste teor são mais nocivas do que as flutuações da temperatura. Métodos utilizados para controlar o teor em água Uma simples secagem ao sol, ao ar livre, num quarto aquecido ou numa sala de extracção é o meio mais simples para reduzir o teor de humidade antes da conservação em recipiente hermético. Se não se dispuser de uma estufa com controlo automático de temperatura e humidade podemos recorrer a métodos simples e o recurso a substâncias higroscópicas actuando num recinto fechado onde se colocam as sementes. É muito eficaz a utilização de cal isenta de humidade devendo existir o cuidado de não dissecar em demasia as sementes. Utiliza-se nestes termos uma certa quantidade de óxido de cálcio para uma dada quantidade de semente. Para controlar o teor em água nas sementes também se utiliza o gel de sílica. O gel ou o óxido de cálcio devem ser isolados das sementes recorrendo, por exemplo, a redes metálicas. Embora o óxido de cálcio seja mais barato, a sílica oferece uma certa vantagem porque uma mudança de cor mostra que esta já perdeu a sua eficácia recorrendose à sua posterior secagem para a sua recuperação. Qualquer que seja o produto utilizado quando se atinge o teor desejado o recipiente deve ser tal que não haja alteração no nível alcançado. O melhor método consiste em utilizar caixas de vidro tapadas com rolhas de cortiça parafinada ou de cera ou ainda com películas plásticas. Um bidão hermeticamente fechado também serve para o mesmo efeito e é bastante utilizado. Para as sementes que precisam de ser conservadas secas, a utilização generalizada em sacos vulgares ou recipientes em caves frias e húmidas constitui um mau método. Devem preferir-se as sementes frescas, embora as qualidades das mesmas dependam menos da sua idade do que as das condições de conservação. Quando a semente se começa a deteriorar, a viabilidade decresce rapidamente se as condições forem desfavoráveis. Isto explica as bruscas deteriorações nas sementes conservadas por largos períodos, mesmo nas melhores condições, quando são retiradas do ambiente de conservação e colocadas em condições desfavoráveis de temperatura e humidade, nomeadamente se estes factores apresentarem flutuações. Assim após um período de conservação mais ou menos prolongado as sementes devem ser prontamente utilizadas. 43 De qualquer forma as sementes conservadas em recipientes herméticos b) Conservação em água corrente e pelo frio devem ser levadas à temperatura ambiente antes da abertura Emprega-se normalmente com sementes de grandes dimensões, sendo dos recipientes, por forma a evitar a condensação de humidade sobre as mesmas colocadas dentro de recipientes furados de modo a permitir os grãos frios. a circulação da água. Caso seja necessário proceder ao respectivo transporte (situação 3.7 Pré-tratamento das sementes habitual), as sementes podem ser empacotadas sob a temperatura A maioria das sementes germina sem problemas quando lhes são dadas de conservação em embalagens estanques à humidade, por forma as condições ambientais favoráveis. Contudo, nem sempre se dá esta a não se alterar o teor de humidade. germinação, geralmente porque um factor é desfavorável: insuficiência de água, falta de temperatura, ou outra. Há sementes contudo, que Processos de conservação a seco apesar de terem todas as condições necessárias para uma boa germinação a) Conservação sem controlo da temperatura e humidade. não germinam, sendo então denominadas por "dormentes". É o método mais simples e antigo que consiste em conservar a semente em montes, sacos, ou caixas. No entanto, não pode ser utilizado para Na natureza há vantagens e desvantagens na dormência das sementes sementes de valor nem para prazos longos. de certas espécies: b) Conservação a seco em recipientes herméticos Este método é bastante económico e dá resultados bastante interessantes, particularmente com a adição de desidratantes. c) Conservação a seco pelo frio em recipientes herméticos. É o melhor método de conservação prolongada. As temperaturas mais Vantagens As plantas passam o inverno na condição de semente; Evita que os embriões continuem a crescer e germinem ainda na planta diminuindo as probabilidades de sobrevivência no solo. vulgares são 0°-5°C. É um processo mais caro pois obriga a frigoríficos ou câmaras frigoríficas. Desvantagens São necessários longos períodos para que um lote de sementes Processos de conservação em meio húmido supere a dormência (condição fundamental para se obter uma a) Estratificação germinação uniforme); Consiste em dispor camadas alternadas de semente e areia, cortiça, A germinação distribui-se no tempo; serradura, turfa, musgo ou folhas. É muito importante que as sementes Contribui para a longevidade das plantas invasoras; não fiquem apertadas para que se dê um bom arejamento e as sementes Interfere no programa de plantio; não aqueçam. A quantidade de material a juntar deve ser igual Dificulta a avaliação do valor germinativo da semente. ou superior ao volume das sementes. É um processo que se utiliza muito com sementes de nogueira, Existem vários mecanismos que podem originar a dormência castanheiro, carvalho, faia, freixo, acer, ulmeiro, pinheiro, etc. nas sementes nomeadamente a dormência primária e a dormência secundária. 44 Na maioria dos casos a dormência já se encontra instalada por altura Este tipo de dormência é consequência de serem dadas à semente da colheita ou do desenvolvimento da semente. Diz-se nestes casos todas as condições favoráveis para a sua germinação excepto uma, que se trata de uma dormência primária. Algumas vezes esta é superada por exemplo a escuridão para germinar (semente de pelo simples armazenamento da semente seca por algum tempo, cuja germinação é inibida pela luz). , geralmente não muito longo. Deste modo, logo após a colheita as sementes não germinam mas, passado o período de armazenamento No quadro que se segue listam-se as principais formas que a dormência passam a germinar. É a este tipo que se designa por "dormência assume e alguns exemplos referentes a espécies tropicais. de pós-colheita". Noutros casos, nalgumas espécies, as sementes que germinam Em termos sumários os diferentes tipos de dormências descrevem-se normalmente podem ser induzidas a entrar em estado de dormência assim: se forem mantidas algumas das condições desfavoráveis, sendo então designado por "dormência secundária". Quadro 8 - Germinação e dormência em espécies florestais tropicais Tempo Classe Requisitos Exemplos Antes Vivíparas nenhum Ceriops; Dryobalanops aromatica; Pithcellobium racemosa; Rhizophora Imediata Directa nenhum Cacaueiro; muitas Dipterocarpus; Mora excelsa Indirecta a passagem pelo intestino dos animais remove alguma dormência Azadirachta indica; Nauclea latifolia; Securinega virosa Seca dormentes (sementes duras) água destruir o pericarpo e deixar embeber em água Delanoxis regia; Enterolobium cyclocarpum; Leucaena sp.; Ochroma lagopus; Parkia sp. depois de amadurecer a temperaturas relativa-mente altas Elaeis guineensis quantidades específicas de luz de certos comprimentos de onda Cecropia; Clorophora excelsa; Macaranga; Musanga; Piper; Trema; Harungana madagascarensis regimes específicos de temperatura Ochroma lagopus; Heliocarpus donnellsmithii; Phytolacca icosandra lavagem de inibidores solúveis em água Tomateiro Adiada Dormentes (sementes embebidas) entrada de oxigénio alterar o balanço hormónico dar tempo para o desen-volvimento do embrião adp: LOGMAN e JENÍK (1987)3 45 a) embrião imaturo ou rudimentar d) embrião dormente Neste caso o embrião não se encontra completamente desenvolvido Caracterizado por ser o próprio embrião a razão da dormência, sendo quando a semente se solta da planta (embrião imaturo). Assim, quando resultado de condições fisiológicas no embrião ainda não esclarecidas. estas sementes são postas a germinar, a germinação é retardada As sementes enquadradas neste tipo de dormência apresentam exigências até ao embrião completar a sua diferenciação ou crescimento, através especiais quanto à luz e resfriamento ou mesmo indutores químicos de modificações anatómicas e morfológicas adicionais. Este tipo para superar a dormência. Este tipo de dormência é normalmente de dormência ocorre principalmente nas resolvido por processos de estratificação ou pré-arrefecimento que e nalgumas espécies de Ranunculaceae. consistem em humedecer a semente e submetê-la a baixas temperaturas, pouco acima de 0°C, por períodos que variam com as espécies. b) impermeabilidade à água O tratamento da semente com ácido giberélico pode substituir A dormência resulta do tegumento impedir a absorção de água (secas a estratificação. dormentes). A ruptura desta protecção seguida da embebição é necessária para dar início ao processo germinativo. Este tipo de dormência ocorre e) combinação de causas principalmente nas leguminosas, em muitas espécies florestais e nalgumas A presença de uma causa de dormência numa semente não elimina espécies das famílias das a possibilidade de outras estarem também presentes. Quando tal sucede . Contudo, dentro do mesmo lote pode haver serão necessárias combinações de tratamentos para eliminar as condições sementes permeáveis e impermeáveis pelo que algumas sementes de dormência. Naturalmente que o método a ser empregue para eliminar germinam imediatamente e outras não. Alguns investigadores acreditam a dormência depende do tipo da mesma, pelo que seguidamente que a estrutura responsável pela impermeabilidade do tegumento relacionamos alguns dos procedimentos utilizados. é a camada de células em paliçada, de paredes espessas e cobertas externamente por uma camada cuticular cerosa. 3.8 Preparação das sementes c) impermeabilidade ao oxigénio Para germinarem, as sementes devem estar perfeitamente desenvolvidas Este tipo de dormência dá-se quando as estruturas como o pericarpo, (colhidas de frutos maduros) e conservar a faculdade germinativa. o tegumento e as paredes celulares, dificultam as trocas gasosas. A necessidade e o método de preparação variam, dependendo Esta causa de dormência é encontrada em muitas espécies de . do tamanho da semente e do tegumento protector (casca). Nestas situações, a germinação é conseguida retirando ou danificando Algumas sementes são qualificadas de "duras" (é quase sempre uma as cariópses por escarificação, cortes, remoções, tratamento com ácidos característica das sementes das leguminosas) e necessitam de tratamento ou colocando-as em condições de alta tensão de oxigénio. antes da sementeira sem o qual a água necessária à quebra da dormência da semente dificilmente penetra no tegumento. 46 Pré-tratamento contra a dureza do tegumento Imersão em água quente Sintetizam-se, no quadro IX, os tratamentos correntes para cada tipo Faça ferver a água. Retire a panela do fogo e faça mergulhar as sementes de dormência. Atendendo à natureza do manual e ao seu objectivo entre 3 a 4 minutos. Retire-as da água quente e deixe-as imersas eminentemente prático faremos uma referência muito breve a alguns em água à temperatura ambiente durante 24 horas. dos métodos referidos. Ex. Digestão animal Re-humificação Algumas sementes são comidas pelos animais e beneficiam assim Certas sementes têm necessidade de um tratamento de re-humidificação de um tratamento adequado no aparelho digestivo dos animais que e de aquecimento para favorecer a germinação. É o caso das sementes torna o tegumento permeável à água. Ex. Acacia albida, Acacia sp. de palmeira do azeite. A embebição durante 48 horas pela água fria (chumbagem) é muito utilizada, pois acelera a germinação e permite Quadro 9 - Quadro de referência de tratamentos de acordo com separar a semente boa das impurezas e semente chocha. a dormência Cama de carvão Tipos de dormência Método de eliminação Em primeiro lugar deixam-se as sementes em imersão durante 7 dias - Imersão em solventes (água quente, álcool acetona e outros); - Escarificação mecânica; - Escarificação em ácido sulfúrico; - Resfriamento rápido; - Exposição a alta temperatura; - Aumento da tensão de oxigénio; - Choques e impactos contra uma superfície dura. à temperatura ambiente (27 °C). A água deve ser removida diariamente. - Estratificação a baixa temperatura; - Tratamento com hormonas (giberelina ou citocinina). uma temperatura de 37-39 °C mediante folhas ou estrume Tegumento impermeável - Escarificação mecânica ou ácido sulfúrico, seguida combinado com embrião de estratificação a baixa temperatura. dormente adequada distribuição de temperatura a todas as sementes permitindo Impermeabilidade e restrições mecânicas no tegumento Embrião dormente Dormência dupla (epicótilo e radícula dormentes) Depois de impregnadas, as sementes são dispostas em caixas de madeira com carvão com granulometria de aproximadamente 3 mm. Uso de germinadores isotérmicos As caixas do alfobre são colocadas em germinadores onde se conserva em decomposição. O carvão como é bom condutor térmico garante uma maior taxa de germinações. O tratamento e manutenção das sementes de palmeira do azeite no germinador chega a durar 3 meses. - Estratificação a baixa temperatura para superar a dormência da radícula seguida de período de condições favoráveis ao crescimento da raiz, e nova estratificação a baixa temperatura para eliminar a dormência do epicótilo, seguida de temperaturas favoráveis ao seu desenvolvimento. 47 aniagem sementes areia (5-7cm) estrume verde de bovino Fig. 32 - Secção de um germinador isotérmico que pode ser fabricado localmente Escarificação Para o tratamento de grandes quantidades de sementes usam-se Pedras máquinas com rolos abrasivos por onde a semente tem de passar e que Folha de polietileno desgasta o tegumento por forma a torná-lo mais permeável à água. Tratamento com recurso a térmitas (salalé) Pode utilizar-se a térmita para destruir o tegumento de algumas sementes duras. Ex. Teca. Para isso, logo após a colheita das sementes deixe-as no chão junto à mata e cubra-as com um cartão seguro com algumas pedras. Ao fim de 4 semanas retire o carvão e remova as formigas. A semente estará em condições de ser semeada. Areia Meio de germinação ou Gravilha de enraizamento para estacas Fig. 33 - Outro modelo de germinador isotérmico feito com materiais locais para sementes recalcitrantes à germinação ou para enraizamento de estacas Esterilização da semente Por vezes verifica-se, não obstante haver um correcto controlo da rega, o aparecimento de zonas onde as sementes aparecem podres ou as plântulas apresentam junto do colo uma mancha castanha e as folhas tombam como se tivessem falta de água, mesmo com o substrato molhado. Trata-se de uma podridão causada por um fungo que pode ter vindo juntamente com a semente. Quando isto ocorre devem ser esterilizadas as sementes do lote. Uma forma prática de proceder é mergulhar a semente durante 30 minutos numa mistura de lixívia e água na proporção de 1 parte de lixívia para 9 partes de água. Em alternativa pode ser utilizada água oxigenada a 4%. 48 Se o problema persistir, a contaminação deve provir do substrato que se está a utilizar o que requer que se proceda a uma fumigação só é aproximado, não dá garantias absolutas e não é aplicável às sementes pequenas como as dos eucaliptos. do mesmo. 3.9 Estado das sementes As sementes devem ser frescas, sãs, sem traços de ataque de insectos ou de fungos, de forma e tamanho normais para a espécie em questão. Também é importante considerar a sua coloração, o aspecto mais ou menos brilhante, tegumento mais ou menos enrugado, peso, impressão de plenitude ou de vazio (que se conhece pela pressão dos dedos). Dentro da mesma espécie há, no entanto, uma variação normal de raça ecológica para outra, da estação e da idade. Como exemplo, podemos provenientes da Finlândia citar que 1 000 sementes de pesam 3,75 grs, enquanto que a proveniência da Europa Central pesa 7,5 grs. A coloração pode também ser variável e por vezes com certas espécies, principalmente nas resinosas, as sementes de uma mesma pinha não têm tamanho uniforme, sendo as das extremidades mais pequenas do que as do meio. Noutras ainda, como nos e nas as sementes mortas não se distinguem das vivas, pelo que a aparência externa não permite reconhecer o valor de utilização de um lote de sementes que resulta da sua capacidade de germinar. Em termos práticos se não temos recurso a um laboratório, recorremse a processos rápidos e expeditos para avaliar a capacidade germinativa. Os mais correntes são: i) ensaio com faca; ii) ensaio com papel; iii) prova de água; iv) prova do ferro em brasa. O ensaio com uma faca é o mais frequentemente utilizado para as sementes grandes ( ). Consiste em cortar a semente com uma faca ou com a unha e examinar o corte. O albúmen deve ter uma cor e uma consistência normais para a espécie, estar bem aderente ao tegumento externo e não apresentar vazio central. O embrião, quando aparece, deve parecer em bom estado e não muito pequeno. O resultado deste ensaio O ensaio com papel (possível também com sementes médias), consiste em esfregar as sementes uma na outra ou esmagar as mesmas sobre um papel branco. As que deixam traço gorduroso são consideradas boas, e , mas é muito impreciso. sendo válido para A prova de água é muito simples. Lança-se um certo número de sementes na água (alguns viveiristas preferem o álcool), podendo considerar-se que as que flutuam ao fim de 24 ou 48 horas são más, o que nem sempre é verdade, porque as sementes suspeitas afundam e sementes boas, mas muito secas, mantêm-se muito tempo à superfície. Este processo é mais correcto com sementes pequenas de resinosas. A prova do ferro em brasa é efectuada colocando as sementes sobre uma placa metálica aquecida ao rubro sombrio, saltando as que são de boa qualidade e explodindo com um pequeno ruído, enquanto que e as más são consumidas na chapa. Para os resultados são relativamente exactos. Quando não se tem acesso a um laboratório especializado estes métodos simples e rápidos dão geralmente informações boas. Dá-se o mesmo com a prova biológica, que consiste em colocar os embriões retirados das sementes durante 3 dias numa solução de certos sais incolores, de ácido selénico ou de ácido telúrico, que são reduzidos pelas células vivas e libertam o metal que cora o embrião das sementes boas de vermelho ou negro. Os laboratórios de sementes preferem utilizar sais de tetrazolium, sendo o ensaio feito na escuridão com a duração de 3 horas. 3.10 Informações sumárias sobre ensaios de sementes e sua terminologia Há regras internacionais para ensaios de sementes florestais e cada País costuma ter o seu "Serviço de Ensaios de Sementes" normalmente ligado à sua estrutura de investigação. 49 Aos técnicos da produção interessa acima de tudo saber: o grau de pureza, o coeficiente germinativo, a energia germinativa e o valor 3.11 Sementeira directa nos canteiros cultural da semente que produzem ou vão utilizar. Quando fazer uma sementeira directa? A sementeira directa exige um controlo minucioso da água, da luz e dos elementos nutritivos durante as primeiras semanas do crescimento da planta. Os defensores da sementeira directa nos recipientes (sacos ou outros) evocam a economia de tempo, de trabalho e de custos com a preparação do alfobre e a repicagem. Há que lembrar também que a planta cresce sem o stress da repicagem e portanto com um melhor desenvolvimento. Do lado dos inconvenientes, é necessário plantar mais do que uma semente para garantir uma boa distribuição de plantas no plantório, o que é difícil com sementes muito pequenas como é o caso dos eucaliptos e com sementes certificadas, necessa-riamente caras, não se justifica plantar mais do que uma semente por vaso. Para sementes gradas e facilmente manuseáveis pode contudo ser uma opção aconselhável. No caso da opção por sementeira directa siga as seguintes regras de boa prática: Grau de pureza Determina-se o grau de pureza pesando-se rigorosamente uma amostra de ensaio e com o máximo cuidado separam-se todas as impurezas: Grau de pureza = Peso da semente pura Peso total da amostra Coeficiente germinativo Será a relação percentual entre o número de sementes que independentemente dum período de tempo fixo germinam e o número total de sementes postas em germinação em boas condições de meio: Coeficiente germinativo = Nº de sementes germinadas Nº total de sementes x 100 Valor cultural Será a quantidade, expressa em percentagem, das sementes puras susceptíveis de germinar VC = Grau de Pureza x Coeficiente Germinativo Energia germinativa Interessa conhecer o comportamento da semente durante a germinação. Assim, calcula-se o número de sementes germinadas ao fim de 5, 10, 15 dias. O interesse na energia germinativa é bastante grande uma vez que quanto mais depressa germinarem as sementes mais depressa se furtam à acção dos agentes destruidores. Utilize sempre sementes frescas e maduras; Se necessário, principalmente se se estiver em presença de sementes duras, trate previamente a semente para acelerar a germinação; Prepare e disponha nos canteiros os sacos e efectue o seu ensombramento com antecedência; Se se tratar de sementes pequenas misture a semente com areia e utilize uma garrafa tapada e com um pequeno furo ligeiramente maior que o diâmetro da semente para proceder à colocação da semente no saco; Para as sementes gradas, com a ajuda do dedo ou de um pau a que se aguçou a ponta, fazer pequenos buracos na terra no centro do saco onde deposita a semente; Teste previamente a viabilidade das sementes que vai usar. 50 Profundidade e espaçamento 3.13 Época de sementeira Os buracos devem ter profundidade entre 2 a 3 vezes relativamente Para as plântulas em canteiro como o à dimensão da semente (2-3 cm de profundidade) e devem estar é preferível fazer a sementeira em Outubro. As plantas são plantadas distanciados 5 cm uns dos outros com uma distância de 10 cm entre no mês de Junho-Julho do ano seguinte. Ao fim de 9 meses as raízes linhas quando semeia directamente no canteiro. das plantas estarão bem desenvolvidas, o tronco robusto e duro ,a ou a e as plantas adaptar-se-ão facilmente ao terreno de plantação, mesmo Sementeira após o corte da parte do sistema radicular. Colocar em cada cova 2 a 3 sementes e fechar a cova arrastando a terra Exemplos de plantas que aguentam um corte de raízes e consequen- e pressionando-a. temente a cultura em plena terra: , , , Teca. De uma maneira geral a sementeira em alfobre e a repicagem para Rega e sombreamento os sacos dos eucaliptos, pinheiros, cupressus e casuarinas no Planalto Depois da sementeira regar delicadamente com um regador munido Central deve ser feita de forma escalonada de 10 em 10 dias, para que com chuveiro fino uma vez de manhã e outra ao cair da tarde até durante toda a época de plantação haja plantas com desenvolvimento as sementes germinarem. Sombrear com uma cobertura a 60 cm conveniente. de altura. À medida que as plantas crescem elas começam a competir umas com as outras. É então necessário desbastá-las isto é, deixar só a melhor planta em cada cova. Ex. . O calendário seria assim o seguinte: Sementeira: da 1ª dezena de Julho à 1ª dezena de Novembro; Repicagem: da 2ª dezena de Setembro à 2ª dezena de Janeiro; 3.12 Sementeira directa em vasos (normalmente só é aplicada Plantação: da 1ª dezena de Novembro à 3ª dezena de Fevereiro; para sementes gradas e em pequenas operações) Retanchas: da 3ª dezena de Novembro à 1ª dezena de Março. Com a ajuda do dedo ou de um pau, fazer uma pequena cova na terra de cada saco e colocar 2 a 5 sementes. Tapar a cova e pressionar Os canteiros devem ser devidamente identificados quanto ao: ligeiramente a terra. Nos grandes viveiros industriais usa-se já equipamento mecânico para fazer a sementeira directa na terra em canteiros 1 Nome popular da espécie; ou blocos como é o caso do sistema VAPO. 2 Nome científico da espécie (opcional e só aplicável aos viveiros estatais); Rega e sombreamento 3 Origem da semente/clone ou das enxertias; A rega e o sombreamento são idênticos ao caso anterior. 4 Data da sementeira. Desbaste Quando as plantas têm já boa dimensão deixa-se só uma planta por saco. 51 turgescência das folhas plantas para determinar o período de rega. Tenha-se em atenção que é bom para a planta deixar secar um pouco o substrato entre regas. Efectue diariamente uma rega suficiente para que a água penetre até ao fundo do saco mas sem alagar. Isto é mais eficaz do que regas frequentes mas superficiais que não possibilitam à raiz e à planta a água necessária à sua manutenção. Tenha em atenção que o excesso de água, tanto como a sua falta, são maus para a planta e a enfraquecem, levando a um mau crescimento e grandes falhas. Verificação da humidade É importante verificar com frequência a humidade do solo nos sacos, principalmente na fase inicial, para se fazer ideia do número de passagens da rega com o regador. Levantar um saco e verificar se os furos Fig. 34 - Exemplo de identificação de um canteiro no plantório de drenagem estão molhados e se não existe nele água estagnada. Se existirem indícios de excesso de água reduza a quantidade de água fornecida. 4. TRATAMENTOS CULTURAIS Frequência 4.1 A rega Se o viveiro estiver adequadamente sombreado uma rega no início A rega das sementes e das plântulas faz-se com um regador munido da manhã é suficiente. Se houver necessidade em dias de muito calor com chuveiro fino. Se existir uma moto-bomba e abastecimento e secos pode proceder a uma segunda rega à tarde (pôr do sol). de água corrente no viveiro, pode efectuar-se a rega com uma mangueira equipada com um dispersor para produzir gotas finas. Como regar Uma boa prática consiste em regar completamente o substrato. Uma Na altura da germinação, devem ser utilizados regadores com chuveiro má prática é a de dirigir a água sobre as folhas e não sobre o solo. fino. Mantenha o solo húmido mas não molhado. Se as sementes forem É positivo lavar as folhas principalmente em zonas sujeitas a poeira, muito finas deve utilizar um pulverizador até as plântulas terem 1 cm mas lembre-se sempre que são as raízes que absorvem a água e não de altura. Nunca deve alagar o solo nem usar regadores com chuveiro as folhas. Tenha também em atenção, principalmente quando as regas grosso porque pode fazer arrastar as sementes. Logo que se dê são feitas com regador, que a distribuição da água deve ser o mais a germinação regar uma vez por dia. No plantório regar 2 vezes por dia, uniforme possível. Nestes casos há a tendência para que o meio uma logo de manhã cedo e outra no fim do dia. Cuidado contudo com do canteiro receba mais água que os das extremidades. Se usar uma regras fixas. Uma boa prática viveirista é a de verificar o grau de mangueira, utilize um pulverizador fino e baixa pressão e a boa prática 52 de rega aconselha a regar lentamente e verificar se a água penetra até 4.2 A nutrição das plantas ao fundo do invólucro. Uma má prática a controlar é regar rapidamente Todas as plantas necessitam de elementos nutritivos para sobreviver de forma a que só a superfície do solo fique molhada. e se desenvolver. Elas retiram os elementos nutritivos que necessitam do ar, do solo e da água. A quantidade de elementos nutritivos disponíveis Boas práticas a reter: Verificar regularmente o estado de turgescência das folhas para determinar quando deve regar; Regar cedo de manhã e tarde depois do meio dia; para as plantas é afectada por: Qualidade do substrato; Qualidade da água; O tipo de planta. Regar completamente o substrato e não as folhas; Regar lentamente e verificar se a água chega ao fundo do recipiente; Há dois tipos de elementos nutritivos: os macronutrientes, exigidos em Utilizar um bico de dispersão fino no regador. Se utilizar uma grandes quantidades, e os micronutrientes de que as plantas necessitam mangueira o aspersor deve ser regulável; Depois de cada rega, lavar o regador e o chuveiro e limpá-los de detritos ou terra; em pequena quantidade mas que se estiverem ausentes provocam desequilíbrios no desenvolvimento, uma vez que são relevantes para o conveniente aproveitamento dos macronutrientes. Reduzir a quantidade de água que as plantas recebem, 4 semanas antes da plantação; Regar bem na tarde que antecede o transporte para a plantação; Quadro 10 - Principais elementos minerais importante na nutrição das plantas Cobrir as plantas com uma folha de plástico ou uma tela leve para evitar a secagem durante o transporte. Más práticas, se bem que correntes, a evitar: Regar com calendários fixos independentemente da necessidade das plantas; Orientação da água para as folhas em vez do solo; Regar a meio do dia; Regar rapidamente molhando somente a superfície do solo; Usar o dedo para regular o escoamento da água. Macronutrientes Micronutrientes Azoto Ferro Fósforo Manganésio Potássio Zinco Cálcio Cobre Magnésio Boro Enxofre Cloro Molibdénio O único meio para sabermos com rigor o estado nutricional da planta é a análise das folhas e a comparação dos valores encontrados com os valores de referência para a espécie. Muitas pessoas confundem as carências nutritivas com o excesso de água ou sombreamento. Na verdade a água, a sombra e os elementos nutritivos interagem para produzir uma planta sã, com vigor e com potencial futuro na plantação. 53 É necessária prática para aprender os sinais ou sintomatologias mais Os sintomas de insuficiência aparecem primeiro nas folhas velhas. Estas comuns que denunciam situações de carências nutritivas. Assim começam a amarelar nas extremidades ficando, no entanto, com a vigilância sobre os sinais que se espelham nas folhas é uma boa prática um pouco de verde na base. Mais tarde, as extremidades das folhas de viveiro, uma vez que permite corrigir deficiências. ficam castanhas e quebradiças ou notam-se pequenos pontos necrosados. As plantas podem mesmo apresentar um aspecto murcho mesmo com Sintomas comuns água suficiente no substrato. Quando as carências são severas as folhas morrem. Macronutrientes Azoto: é um nutriente móvel, querendo isto dizer que quando o azoto Cálcio: faz parte dos constituintes básicos da parede celular e está é insuficiente as plantas transferem-no das folhas mais velhas para envolvido no metabolismo do azoto sendo necessário para o crescimento as mais novas e de crescimento mais activo. É um importante dos tecidos meristemáticos e é importante para as funções das raízes. componente da clorofila, enzimas, proteínas estruturais, ácidos nucleicos É uma carência difícil de diagnosticar porque os sintomas compreendem e outros compostos orgânicos. Quando é insuficiente as folhas mais um crescimento lento, um botão floral fraco e as raízes têm um velhas no nível inferior tornam-se amareladas enquanto as folhas novas crescimento maciço e uma coloração acastanhada. Este problema permanecem verdes. é comum nos solos ácidos e pode ocorrer em solos ferralíticos ou fersialíticos. A existência de um sistema radicular bem desenvolvido Fósforo: nos solos tropicais a sua disponibilidade é muito pequena. e com bastantes pelos absorventes é importante para a absorção do Como consequência a manifestação da sua insuficiência pode cálcio. ser bastante evidente pelo que a adubação fosfatada deve ser aplicada antes da repicagem no substrato. Nos substratos com deficiência deste Magnésio: é um elemento nutritivo frequentemente deficiente nos macronutriente toda a planta fica raquítica e disforme, particularmente solos de estrutura dura e ácidos. É importante na formação da clorofila no início do crescimento. Dependendo das espécies as folhas podem A assimilação pode ficar bloqueada se houver bastante potássio assumir uma coloração verde pálida, amarela ou violácea. Esta última no solo. Tal como o azoto, o magnésio é um nutriente móvel. Assim cor é um aspecto característico da insuficiência de fósforo se bem a sintomatologia de carência ocorre primeiro nas folhas mais velhas que seja necessário não a confundir com a coloração das folhas novas que mostram um amarelecimento muito característico ao longo dos que é muito comum nas espécies tropicais. bordos da folha e que se estendem depois para o centro apresentando um desenho raiado. Potássio: é um elemento facilmente lixiviável principalmente em substratos arenosos e com pH<5,0. O potássio é um regulador Enxofre: é um elemento essencial para uma eficiente utilização do azoto da síntese dos carbohidratos e do transporte dos açúcares. Adequadas pelas plântulas bem como na constituição dos aminoácidos e para quantidades de potássio tornam as plântulas mais resistentes a síntese das gorduras. Substratos com carências de matéria orgânica às condições adversas de plantação ficando mais resistentes à seca. mostram frequentemente também carência de enxofre. Nos casos 54 de insuficiência as plantas apresentam-se ligeiramente dobradas. Este elemento é também um elemento móvel mas agora os primeiros sintomas manifestam-se nas folhas mais jovens que desenvolvem os bordos queimados e quebradiços. As zonas secas formam-se ao longo dos bordos e vão-se estendendo para o centro e ao longo da nervura central da folha. Micronutrientes As carências em micronutrientes são de modo geral mais difíceis de diagnosticar. Aqui só se citam as mais comuns. Ferro: é comum ocorrerem em solos alcalinos ou calcários (pH > 7). É um sintoma improvável dadas as características de solos no Planalto Central. O ferro é importante nos cloroplastos e nas folhas, onde é importante na síntese das proteínas. É um nutriente relativamente imóvel e, quando apresenta carências, inicia uma clorose nos botões terminais das plantas. Esta clorose é facilmente corrigida com uma acidificação do solo ou de preferência com a junção de quelatos de ferro disponíveis no mercado. Magnésio: é essencial para a síntese da clorofila podendo também afectar a disponibilidade de ferro. Os sintomas de deficiência podem ser confundidos com os de ferro mas uma observação mais atenta mostra que os tecidos entre as nervuras se descoloram enquanto as nervuras ficam verdes e ficam rodeadas de uma banda de tecido verde. Cobre: é um importante activador das actividades enzimáticas. Em substratos arenosos e com pouca matéria orgânica, o cobre torna-se menos disponível à medida que os valores do pH do solo forem crescentes. Altos valores de fósforo no solo podem reduzir a absorção do cobre pelas plântulas. As deficiências em cobre manifestam-se nas folhas novas que ficam amareladas nas extremidades e se tornam torcidas. Boro: a sua carência impede o transporte do açúcar, afectando o botão terminal que amarelece e seca progressivamente. Esta deficiência ocorre com mais frequência em substratos muito arenosos e com pouca matéria orgânica. Esta necrose avança da ponta ao longo do caule pelo que se chama “die back”. As plantas crescem lentamente e os troncos tendem a ficar tortos. É uma carência que tem sido detectada amiudadamente nos eucaliptos no Planalto Central. Molibdénio: é importante para a fixação do azoto e também para os sistemas de redução dos nitratos. A sua deficiência pode provocar distúrbio metabólicos nas plântulas. Ocorre uma clorose seguida por necrose de tecidos, iniciando-se nas extremidades e estendendose posteriormente ao resto da planta. Cloro: é um elemento essencial para a fotossíntese. De uma forma geral o suprimento de cloro por absorção da atmosfera é suficiente para atender às necessidades nutricionais das plântulas. Caso verifique alguns dos sintomas descritos e não tenha acesso rápido a serviços de aconselhamento, recomenda-se a procura no mercado de produtos disponíveis e a leitura atenta do folheto que normalmente acompanha o adubo. A Coopecunha utiliza normalmente o adubo Superfoska (12-24-12). Os números mostram que aquele adubo granulado tem um o teor de azoto de 12%, 24% de fósforo e 12% de potássio. O restante material para 100% é um material inactivo para ajudar a espalhar o adubo. Caso a adubação inicialmente feita na preparação do substrato não tenha sido suficiente e se notem alguns dos sintomas descritos, utilize adubos granulares que devem ser deitados no substrato conforme se indicou na respectiva secção. Para pequenos viveiros comunitários e quando se usam pequenas quantidades de substrato poderá deitar-se 2 a 4 grs de Superfoska (1/2 colher de café) por cada kg de terra antes de encher os sacos. 55 Quando tiver de usar um adubo para corrigir sintomas de deficiências 4.3 Cuidados sanitários utilize sempre pequenas quantidades (preferencialmente de adubo sob a forma granular) que se colocam no solo sem ser em contacto com Podridão = inimigo nº 1 do viveiro a planta. As plantas devem responder à aplicação num intervalo de duas semanas. A podridão é uma doença provocada por fungos ou bactérias que pode matar rapidamente toda a produção dum viveiro. Podridões das sementes, Em viveiros de maior dimensão e quando se manifestam sintomas do colo, das raízes. Em condições de humidade exagerada desenvolvem- de carência por insuficiência de preparação do substrato para os plantórios se fungos e bactérias que atacam várias partes das plantas. As podridões pode utilizar-se uma adubação foliar com produtos que existem aparecem em várias fases de vida das plantas, atacando as sementes, no mercado já especialmente formulados. Estes adubos como o colo e as raízes e provocando a morte das sementes e das plantas. a “GroGreen”® contêm micro e macro nutrientes e também um agente aderente para ajudar à fixação do adubo à folha. Sendo estas soluções Causas das podridões caras só devem ser utilizadas como recurso. O que provoca esta doença? Na sua prática viveirista tenha em atenção que as plantas para humidade elevada; se desenvolverem necessitam de 13 elementos nutritivos em quantidades temperatura elevada; diferentes e que os sintomas comuns de carência descritos não devem solo muito rico em matéria orgânica e nitratos. ser confundidos com os efeitos dos excessos ou carências de água e sombra. Factores favoráveis às podridões A podridão desenvolve-se quando: Como boa prática proceda da seguinte forma: as plantas se encontram muito densas; quando a rega é excessiva; Verifique sempre as folhas das plantas no viveiro para detectar carências nutritivas e para a sua correcção com utilização de composto quando o sombreamento é exagerado e se encontra muito baixo impedindo uma boa ventilação. ou adubo; Leia atentamente as etiquetas que acompanham os adubos por forma a perceber se trazem os nutrientes em falta; Na aplicação do nutriente em saco dilua convenientemente o adubo em água morna e aplique-a no solo e nunca sobre as folhas. A excepção é para as formulações especiais para adubação foliar; Finalmente, lembre-se sempre que a melhor solução é sempre a cuidada preparação do substrato. Os adubos para correcção são sempre um recurso. 56 Como evitar a podridão Para evitar o aparecimento de podridões no viveiro: não coloque no viveiro estrume mal curtido; não regue demasiado; evite o encharcamento do solo; retire a cobertura no tempo fresco e na parte de manhã; evite grande densidade de plantas nos canteiros. Quando tiver de enfrentar um surto de doença ou ataque de insectos não obstante ter seguido as normas aconselhadas, procure apoio de um fitopatologista. O produto aconselhado e a concentração prescrita dependerá do tipo de agente biológico (fungo, bactéria ou nemátodo Forma correcta de aplicar um insecticida ou ainda insecto). Ao utilizar um pesticida ou fungicida lembre-se sempre que de modo geral eles são bastante tóxicos pelo que a sua manipulação deverá processar-se com cuidados especiais. Forma totalmente errada de aplicar um insecticida Lembre-se que os pesticidas penetram no homem através : da pele; da respiração; dos olhos; da boca quando comemos, bebemos ou fumamos. Lembre-se que os efeitos são cumulativos e que os sintomas podem levar muitos anos a manifestar-se. Quando tiver de utilizá-los siga rigorosamente as instruções do fabricante e tenha em atenção as seguintes regras gerais: Utilize uma camisa de mangas compridas e calças compridas; Fig. 35 - Medidas de segurança a adoptar na aplicação de pesticidas, fungicidas ou herbicidas Como evitar a salalé Para evitar os estragos que a “salalé” pode provocar no viveiro atacando as raízes das plantas, utilize os seguintes pesticidas disponíveis no mercado ou similares. Quadro 11 - Alguns dos insecticidas usados no combate à “salalé” Produto Dosagem Modo de aplicação Aldrina 0,025% 1-2 litros de calda junto clordano 0,05% 1-2 litros de calda junto diazimão 0,04-0,05% 0,5-1 litros de calda junto dieldrina 0,025% 0,5-1 litro de calda à volta Utilize botas de borracha; As calças devem estar por fora das botas; ao colo da árvore ao colo da árvore Os punhos da camisa devem estar dentro das luvas; Deve usar um chapéu; Coloque uma mascara, de preferência com um filtro. Na sua falta proteja o nariz e boca com um lenço; Use óculos de protecção; ao colo da árvore do colo da planta Pulverize a favor do vento. 57 Empalhamento do solo Logo que ocorram sintomas de doenças nas plantas (plantas tombadas ao nível do colo, folhas murchas e amarelas sem que haja falta de água, coloração branca ao nível do colo e filamentos esbranquiçados ao nível do solo ou das raízes) é necessário proceder a tratamento. Se for possível obter assistência técnica na sua região solicite-a por forma a obter o tratamento químico mais adequado. Caso contrário, retire as plantas doentes e mortas. Não espalhe o solo e as plantas mas ponha-as numa cova e lance fogo. Deve parar a rega para permitir que o solo seque, o que provoca a morte dos fungos e bactérias. Pode substituir a cobertura até à germinação das sementes. A operação consiste em cobrir os canteiros semeados, com palha ou folhas que garantem o sombreamento e a frescura do solo que é fundamental a uma boa germinação. Pode-se regar sem que a palha constitua um entrave. Quando as sementes germinam a palha deve ser imediatamente Fig. 36 - Imagem de um canteiro de viveiro florestal dominado pelas ervas daninhas Devem-se estripar as ervas daninhas com as suas raízes. A operação retirada e substituída pela cobertura. tem de ser feita delicadamente a fim de não desenterrar as plântulas Eliminação das infestantes afiada para proceder a esta operação. ou não ferir o seu sistema radicular. Pode usar-se uma pequena estaca As ervas daninhas "comem" os elementos nutritivos destinados às plantas. A competição das ervas daninhas faz-se sentir a três níveis: o dos nutrientes, o da água e o da luz. As ervas daninhas crescem mais depressa que as plântulas e deixamnas na sombra. As plântulas tornam-se delgadas e de cor clara (deficientes em clorofila). Não deixe as ervas daninhas crescer, o que significa que deve limpar os canteiros e os vasos frequentemente e assim que comecem a crescer. Fig. 37 - Eliminação de ervas daninhas 58 A sacha Esta técnica contudo, só pode ser aplicada a espécies tolerantes. Caso contrário a sua aplicação pode apresentar fortes prejuízos e mesmo Objectivo a inutilização, por morte, das plântulas. O seu objectivo é quebrar a crosta da terra que à superfície se tornou dura com a rega, para permitir uma boa infiltração da água e um bom Esta técnica (não obstante ter vindo a ganhar relevância em alguns arejamento do solo e diminuir a evaporação. projectos intensivos de reflorestação, é apresentada neste manual de uma forma sucinta, e que não se desenvolve dada a natureza Ferramentas experimental e a pequena dimensão da actividade viveirista a instalar A sacha efectua-se com um pequeno sacho directamente na terra no Município de Ecunha) só pode ser aplicada a espécies testadas do canteiro ou com uma navalha para o caso dos sacos. e consideradas tolerantes e onde se tenham verificado benefícios na sua aplicação: Frequência 1 a 2 vezes por mês. plântulas de melhor qualidade; com maior capacidade de desenvolvimento das plantações futuras; A monda com maior capacidade de sobrevivência das plântulas plantadas. À medida que as plantas crescem, se todas as sementes germinam, vão interferir umas com as outras da mesma maneira como sucede com A aplicação de podas a espécies não testadas pode representar prejuízos as ervas daninhas. ao desenvolvimento das plântulas e ter consequências fatais quanto à sua sobrevivência. Na poda radicular podem ser eliminadas as raízes Objectivo aprofundantes e/ou laterais. O corte das raízes laterais contudo, não É necessário então "mondar", ou seja, deixar apenas uma planta é possível no caso de plantas em recipientes, pela existência das paredes em cada ponto do canteiro, de preferência igualmente espaçados que impedem esta operação. As excepções são os recipientes ou uma por cada saco. biodegradáveis de paredes perfuráveis pelas raízes, que ao penetrarem nos espaços existentes entre os recipientes, secam ao ar (é a denominada O procedimento é idêntico ao descrito para as ervas daninhas. poda natural ou pelo ar). O sistema VAPO de produção de plântulas, metodologia que não apresenta o substrato envolvido por paredes, As podas radiculares e aéreas pode ter também raízes laterais podadas e vem assumindo uma larga Entende-se como poda a eliminação de uma parte das plântulas com preponderância nos grandes viveiros florestais de pinheiros para alimentar o objectivo de promover benefícios para o melhor desenvolvimento as grandes plantações industriais (Figura 37). das mesmas. Tanto as raízes com a parte aérea das plântulas podem ser podadas. Os dois tipos de poda são respectivamente: A poda radicular; A poda aérea. 59 Qualquer um dos dois tipos de poda altera o ritmo de desenvolvimento das plântulas. Esta modificação no crescimento resulta em maior tempo de permanência no viveiro e a sua generalização tem de ser pesada em termos do balanço custos-benefícios. É uma prática que também se utiliza quando se tem intenção de aumentar o período de rotação para que haja disponibilidade de mudas para plantio fora da estação. Esta alternativa ocorre quando não exista adequada precipitação pluvial durante a estação de plantio. Dada a regularidade da estação das chuvas no Planalto Central de Angola este argumento só deverá ser utilizado em casos excepcionais. Fig. 38- Pinheiros produzidos pelo sistema VAPO Já as plântulas produzidas em tubetes de plástico rígido ou sacos de plástico que receberam um tratamento SpinOut® apresentam as raízes aprofundantes e laterais podadas pelo ar, pois estas últimas têm o seu direccionamento forçado para o fundo do recipiente, onde existe orifício por onde elas passam e penetram no ar. A poda radicular em mudas em raiz nua é de fácil mecanização. Conforme o tipo de equipamento utilizado, somente as raízes aprofundantes são podadas. Há outros tipos que podam simultaneamente, tanto as aprofundantes quanto as laterais como sucede com o sistema VAPO de produção de plantas (Fig. 38). A poda aérea consiste na eliminação de uma parte do botão terminal das plantas. Não há limitações no seu uso no que se refere ao tipo de mudas, se em raiz nua ou produzidas em recipientes, contudo não constitui uma prática de uso corrente nomeadamente para as espécies que nesta fase constituem o esforço de produção maior. Tem interesse (uma contudo para certas espécies como a espécie lenhosa que interessa ensaiar pelo seu elevado potencial forrageiro). 60 Fig. 39 - Exemplo de uma plântula produzida pelo sistema VAPO onde as raízes são podadas em profundidade e lateralmente Finalidades das podas As principais finalidades da poda são: Aumentar a percentagem de sobrevivência; Propiciar produção de plântulas mais robustas; Adequar o balanço do desenvolvimento em altura e o sistema radicular; Aumentar o período normal de rotação da espécie no viveiro; Fomentar a formação de sistema radicular fibroso; Estimular o desenvolvimento de raízes laterais; Servir de alternativa à repicagem em canteiros de plantas em raiz nua. Alguns exemplos serão mencionados sobre a técnica no desenvolvimento de mudas de várias espécies. No geral e não obstante diferentes espécies terem níveis distintos de tolerância e de resposta em termos de configuração final do sistema radicular, a resposta da poda é favorável ao desenvolvimento das plântulas. Exemplos e efeitos das podas radiculares Embora exista o receio da possível ocorrência de infecção por fungos a partir das superfícies podadas, este risco não é considerável. PETAÏSTÕ4 (1982) usando turfa e solo mineral pesquisou, em dois viveiros, e . a possibilidade de risco de infecção em As podas foram efectuadas em três épocas e identificados os fungos que ocorreram 2 meses após a poda no ano posterior. Nenhuma infecção patogénica foi constatada. Vários ensaios de intensidade de poda e idade das plântulas a que são aplicadas, parecem mostrar a necessidade de 7 a 8 semanas para as plântulas recuperarem a sua capacidade de assimilação da água, verificando-se que a capacidade de recuperação é maior para as plântulas de maior idade e altura. As profundidades de aplicação da poda radicular situaram-se entre os 10-15 cm de comprimento da raiz aprofundante. A intensidade e comprimento da poda radicular deve efectuar-se pelo menos 2 meses antes da data de plantação e para que não haja desequilíbrios na relação raiz/parte aérea. Os vários ensaios efectuados em espécies tolerantes mostraram maior desenvolvimento de raízes laterais nas plântulas podadas em detrimento do crescimento da raiz aprofundante, em comparação com as plantas da testemunha. Também se verificou aos 56 dias, que todos os tecidos (folhagem, galhos e haste) das plantas podadas tiveram menor peso de matéria seca, em confronto com as não podadas. COKER (1984) também pesquisou as trocas de N solúvel, insolúvel com e sem e concentrações de clorofila em plântulas de poda. Após a execução desta operação, notou acentuada redução na concentração do N total, solúvel e insolúvel, na parte aérea. Parte do N móvel foi direccionada para o crescimento radicular e cerca de 15% perdeu-se como exsudado das raízes. Contudo, 21 dias após a poda, a concentração do N começou a melhorar coincidindo com ganhos de peso seco das raízes laterais. Aos 56 dias a concentração aproximou-se à do dia 0 (zero). Quanto às concentrações de clorofila nas acículas, nenhuma diferença significativa foi encontrada nas plântulas podadas ou não. os ensaios efectuados no Chile mostraram que certas espécies têm uma resposta muito positiva à intervenção no sistema radicular, principalmente se o plantio for pelo sistema de raiz nua que hoje representa já mais de 40% das plantações efectuadas com aquelas espécies. Como exemplo, as plântulas de necessitam de poda de ramos ou intensivo manejo do sistema radicular para melhor taxa de sobrevivência. Estão ainda nesta situação o e enquanto que o requer apenas poda da raiz aprofundante. ALVARENGA et al. (1994) avaliaram o desempenho ALVARENGA et al. após (1994) avaliaram o desempenho de mudas alguns tratamentos de poda do sistema radicular lateral executada à mesma distância de 3 cm do colo. Decorridos 30 dias após a execução da poda verificou-se que a altura, o diâmetro de colo, peso de matéria seca das partes aérea e radicular não tinham sofrido um efeito marcante da poda no desenvolvimento das plântulas. 61 Contudo, a poda menos intensiva de um só lado do vaso, promoveu um ligeiro estímulo do desenvolvimento e vrificou-se que esta intensidade de poda provocou intenso lançamento de raízes novas (4 a 5 ou mais) no ponto de seccionamento. No final do ensaio o corte moderado mostrou raízes mais compridas do que as provenientes de poda mais drástica, que provocaram stress, causando redução do desenvolvimento e lançamento menos intenso de raízes novas. Verificou-se ainda que poda de raíz com tesoura corte de raíz por arrancamento poda de raíz com colher de pedreiro a absorção de maior quantidade de água em regime de maior disponibilidade hídrica no substrato, proporcionava maior crescimento em altura e peso de matéria seca da parte aérea em paralelo com uma Fig. 40 - Poda de raízes em plântulas criadas em recipiente maior absorção de nutrientes. Poda das raízes em plântulas criadas em plena terra Poda de raízes de plantas criadas em recipientes Enquanto as plântulas estão no plantório as raízes são cortadas sem Com algum tempo de crescimento em recipientes, principalmente nos levantamento da planta usando uma pá de viveiro com gume bem sacos de plástico não tratados com Spin-Out®, as plantas tendem afiado. O nível de seccionamento não deve ser muito fundo nem muito a emitir raízes através dos orifícios de drenagem e a penetrar no solo superficial devendo situar-se entre os 10 e os 30 cm de profundidade dos respectivos plantórios. Estas raízes devem ser periodicamente dependendo do tipo de planta e da idade com que a queremos plantar. cortadas (de em dois meses no máximo). O recipiente é levantado, A pá é introduzida no solo em direcção ao eixo da planta com uma as raízes são cortadas com uma tesoura bem afiada e o saco é novamente inclinação de 45º e entrando na terra sensivelmente a 20 cm desse colocado no espaço que ocupava. É possível efectuar a operação dando eixo. Para pequenas plântulas crescendo de forma regular no plantório, um safanão rápido ao saco, o que normalmente é suficiente para o seccionamento faz-se com uma pá de bordo recto e cortante passando- seccionar a raiz, embora não se aconselhe este procedimento que pode a de forma contínua entre as linhas de plantação com movimentos produzir destruições muito extensas no sistema radicular. Para sacos rápidos de corte. dispostos em camas altas as raízes podem ser cortadas com uma pá de viveiro bem afiada. Pode usar-se também uma corda de viola um pouco mais larga que o canteiro, presa em duas hastes de madeira que são puxadas por dois homens. É um processo muito rápido, sem manipulação dos sacos e bastante eficaz. poda de raízes laterais com pá Fig. 41 - Poda de raízes em plantórios em plena terra 62 Na preparação das plantas de raiz nua para expedição é usual procederse a uma poda de melhoria da conformação das raízes o que é benéfico para a plantação. Os procedimentos mais comuns são quase sempre o corte radicular de grupos de plantas de uma única vez (fig. 41) logo que saem das camas húmidas (Fig. 42) onde são colocadas antes da preparação para expedição. Podas aéreas As podas aéreas fazem parte do processo de rustificação da planta antes da plantação não sendo, no entanto, uma prática rotineira de viveiro. Pode ser usada quando for desejável uma melhor proporção entre as partes radicular e a aérea ou para retardar o crescimento em altura Fig 43 - Forma de conservar as plântulas de raiz nua antes da expedição das plântulas. A poda (ou o desbaste de acículas e folhas) tem também o objectivo de reduzir a transpiração e assim, aumentar a sobrevivência em condições adversas. Não existem estudos conclusivos evidenciando vantagens desta técnica como prática rotineira devendo alertar-se para a perda da produção fotossintética e para a possibilidade de impedimento da síntese da vitamina B1, efectuada na parte aérea e translocada para raízes laterais e raíz aprofundante muito compridas poda de raízes de várias plantas em conjunto a mesma operação executada com catana Fig. 42 - Preparação do sistema radicular das plântulas criadas directamente no plantório as raízes e necessária para o seu desenvolvimento. Ensaios feitos com o envolvendo a poda radicular a 1,5 cm do fundo e uma poda aérea a 10 cm da parte apical de mudas de com idades entre os 90 e 165 dias após a sementeira, mostraram que seis meses após o plantio não apresentavam diferenças significativas no crescimento em altura e na percentagem de sobrevivência. A percentagem de sobrevivência foi alta em todos os casos evidenciando tolerância a esta prática. Os resultados parecem evidenciar que embora a seja tolerante à poda aérea, não existem vantagens práticas nem económicas em efectuá-la. 63 Para o caso de alguns pinheiros tropicais como de plantas de raiz nua que são ainda mais sensíveis à secagem e , produzidos em recipientes em viveiros Hondurenhos, foi confirmada a eficiência da poda aérea naquelas espécies. O e ao efeito nocivo dos raios solares incidindo directamente sobre elas. submetido também a podas radiculares e aérea mostrou que onde se põe terriço bem húmido e se embalam grupos de plantas estas duas operações influenciaram favoravelmente a sobrevivência das Os cuidados de embalagem envolvem a feitura de várias embalagens (Fig. 43) plântulas em plantação. Nestas, a poda aérea provoca o aparecimento de alguns botões apicais, um dos quais, com o passar do tempo, assume a predominância entre os demais. folhas de bananeira em caixa de cartão Não obstante a importância que as podas vêm revestindo na moderna prática viveirista mas porque ainda há poucos estudos dos efeitos da poda aérea e do seu efeito quanto a: adaptabilidade a sítios secos, efeitos sobre a altura, diâmetro, superfície foliar, pesos de matéria seca com papel impermeável das partes aéreas e radicular, produtividade/ha/ano, bem como as questões que se relacionam com a frequência e época de execução, em sacos de plástico no caso do viveiro em Ecunha não se aconselha qualquer execução de podas aéreas nas plantas que vão constituir o grosso do esforço de produção na primeira fase. Atempamento (rustificação) e transporte A quantidade de água de rega deve ser reduzida nas quatro semanas que antecedem a saída das plantas para plantação. Nesta fase deve permitir-se que o solo seque completamente e que as plantas murchem ligeiramente durante um dia. Este processo deve ser repetido várias vezes. Esta rustificação vai permitir que as plantas estejam mais resistentes às intempéries, a um pequeno cacimbo mais longo e ao efeito dos ventos quando são plantadas. Vai-se diminuir com este procedimento a mortalidade pós plantação. Mas mesmo com esta operação de rustificação das plantas é importante que o viveirista não se esqueça de regar as plantas na véspera da saída e que o transporte se faça sob sombreamento com uma tela para protecção do vento e do excesso de sol. Estes cuidados aplicam-se de igual modo à expedição 64 Fig. 44 - Preparação das plantas de raiz nua para envio para plantação 5. BASES DE CÁLCULO DO NÚMERO DE PLANTAS PARA PLANTAÇÃO O cálculo do número de plantas a produzir no viveiro é função da área que se pretende beneficiar, da espécie que se vai usar bem como do destino que se lhe quer dar. Em termos dos objectivos que estão propostos para o projecto vamos apenas considerar plantações de pinheiros e eucaliptos com destino à produção de lenhas e madeiras. Vamos partir de compassos apertados porquanto e de acordo com o plano de gestão, a idade dos desbastes e a abertura do coberto vão ditar os diferentes destinos das árvores que a agricultor vai dar à madeira: para lenha com idades curtas 5 a 6 anos, postes 6 a 12 anos e madeira 20-25 anos. Distinguem-se quatro traçados de plantação: 1 - Em linha N (nº de plantas) = 2 - Em quadrado N (nº de plantas) = 3 - Em triângulo equilátero N (nº de plantas) = 4 - Em triangulo isósceles N (nº de plantas) = S d*l S d2 S d2 *1,155 S d2*l Em que: S = área da terra em m2 que pretende plantar; D = distância de planta a planta; L = distância de linha a linha. Quanto ao compasso (o espaçamento entre árvores) que determina o número de plantas por área ele é determinado por: 1. As características de produtividade da zona a plantar. Em estações de boa qualidade as plântulas podem ficar mais espaçadas porque sendo maior o crescimento, as árvores mais rapidamente ocupam o espaço fazendo uso integral do seu potencial o que já não sucede em áreas mais pobres com menores crescimentos. 2. Objectivos da plantação. Para a produção de madeira serrada ou o cupressos aconselham-se de qualidade, como o espaços mais apertados para evitar a formação de ramos grossos e obter uma desramação natural. Se se adoptar compassos largos, a obtenção de madeira serrada de qualidade tem de ser complementada com a execução de desramações artificiais o que representa um custo adicional por metro cúbico de madeira produzida. 3. Exigências das espécies a plantar. Estas devem ser consideradas conjuntamente com a fertilidade do solo, a dimensão das plantas, a sua rapidez de crescimento, o clima e o modo de exploração desejada. Se a densidade for exagerada, as árvores crescerão demasiado em altura, sem engrossarem proporcionalmente. Se, pelo contrário, forem plantadas demasiado separadas, o seu crescimento será menor em altura e os ramos serão muito mais grossos o que poderá comprometer a qualidade do tronco se o agricultor pretender obter madeira com poucos nós (mais valorizada pela indústria). Deverá lembrar-se que terá menos peças grandes porque o material lenhoso que a árvore vai formando vai sendo desviado para os ramos e que as árvores têm mais tendência para bifurcarem a pouca altura do solo. Acresce que com compassos largos há uma maior tendência para a invasão de ervas daninhas, o que aumenta os custos da manutenção com limpezas para evitar as infestantes e os riscos de incêndio. O compasso que se afigura mais conveniente para os eucaliptos principalmente para pequenas plantação nas aldeias e com o destino principal de abastecimento de lenhas é o de 2,0 X 2,0 m. Já para os pinheiros, seja o patula ou o pseudostrobus, será mais aconselhável um compasso de 2,5 X 2,5 m. Cálculo da quantidade de sementes A quantidade de sementes a utilizar depende do número de plantas a produzir anualmente em função do programa de florestação definido e também da forma adoptada para aquela produção: plantas de raiz nua ou em recipientes e da metodologia de produção: manual ou mecanizada. A quantidade de sementes é calculada pela seguinte fórmula: K= D xA G x P x N (100-f) 65 Em que: 6. PRODUTOS NATURAIS PARA COMBATER INSECTOS E DOENÇAS K = Quantidade de sementes, em kilogramas, por canteiro; D = Densidade das NOS VIVEIROS plântulas/m2; A = Área do canteiro; Em muitas situações, principalmente em pequenos viveiros comunitários, G = Percentagem de germinação, contida no Boletim de Análise é importante que os agentes da extensão florestal sejam conhecedores de Sementes que acompanha cada aquisição; de formas de combater agentes biológicos, insectos, fungos ou bactérias P = Percentagem de pureza conforme expressa no Boletim de Análise que podem atacar o viveiro sem recurso a pesticidas ou fungicidas que de Sementes; frequentemente não estão disponíveis nos pequenos mercados locais. N = Número de sementes, por quilo, conforme expresso no Boletim de Análise de Sementes; f = Factor de segurança. Quadro 12 - Alguns produtos naturais que o viveirista pode utilizar na protecção das plântulas Produto Parte utilizada Tratamento Pireto Flor Misturar 100 grs de flores secas num lt de água e deixar embeber durante um dia. Gliricidia Raízes, sementes e folhas Insecticida contra afídeos; também é tóxico para os ratos e outros animais. Tabaco Folhas frescas Misturar 80 grs de folhas e caules secos num lt de água e deixar embeber durante Utilizar como insecticida. 2 horas. Deve aplicar-se a solução logo de manhã porque ela é muito volátil. Misturar 200 grs de folhas frescas num lt de água. Misturar pelo menos durante Bouganvilia 5 minutos num mixer. Utilizar para combater várias doenças de natureza fungica. Espinafre Folhas frescas Misturar 200 grs de folhas frescas num lt de água e deixar repousar durante 1 dia. Papaia Folhas secas Cortar finamente 1 kg de folhas secas e misturar num lt de água; deixar repousar durante a noite. Diluir em 4 lts de água e utilizar para eliminar do viveiro os cogumelos. Alho ou cebola Bolbos Misturar 500 grs do material finamente picado em 10 lts de água. Deixar fermentar durante uma semana. Diluir em 10 lts de água. Utilizar a mistura para pôr na terra para combater fungos no solo. Giz 3-5 grs de giz Misturar com água e deixar embeber durante 12 horas para giz refinado ou 3-4 dias Urina animal Urina de vaca, de cabra Recolher a urina e misturar com uma pequena quantidade de terra. Deixar fermentar ou carneiro durante 2 semanas. Diluir com 2-4 lts de água por lt de urina; Usar como insecticida. se se utiliza giz natural. Mexer frequentemente e aplicar directamente como insecticida. 66 Em resumo: As plantas criadas em viveiro, por um período variável segundo as espécies e data de sementeira, o modo cultural e as condições de manutenção, são destinadas a deixar o viveiro e a ser transportadas para o terreno definitivo de plantação. O viveiro deve ser concebido e desenhado em função do plano de distribuição e de arborização delineado. O viveiro é o local de passagem temporária das plantas e de escolha e preparação das plantas para plantação. Um bom viveirista só estará perfeitamente satisfeito quando se verificar que a sua produção de plantas é definitivamente transplantada nas melhores condições para local definitivo e que a informação posterior mostre plantações saudáveis e com boas taxas de crescimento. 7. LISTA DE MATERIAL DO VIVEIRO (os números indicados dizem respeito a um pequeno viveiro para um produção anual entre as 360.000 e as 380.000 plantas/ano) A. Instrumentos de preparação do local e dos canteiros pá de bordo recto - 3 pá ponteaguda - 3 pá florestal - 3 enxada - 3 ancinho - 5 forquilha - 3 enchadas de jardinagem - 3 colher para viveiro (razor back) - 6 colher para transplantação - 6 catana - 3 B. Material local para construção da tapada, canteiros e coberturas machado florestal (Pulaski) - 2 machado florestal (tipo Collins) - 2 pau, tábua, pedras folhas de palmeira folhas de palmeira, bambú corda C. Preparação da terra de cultura terra de mata, areia, estrume ciranda (peneira) para terra peneira para alfobre D. Enchimento dos vasos vasos e sacos de plástico, torrão, vasos de folhas de bananeira latas/funis furadas nos 2 lados E. Material de rega balde - 3 regador - 3 (com chuveiro fino) F. Material de sementeira sementes de árvores (a calcular conforme for o número de sementes/kg para cada espécie a utilizar pelo viveiro) G. Material de manutenção sacho (gardening hoe) - 6 tesoura de poda (Fleco) - 6 tesoura para poda de raízes - 6 67 Atenção! Não deixar as ferramentas à chuva ou ao sol porque elas se estragam muito rapidamente. 68 8. INSTALAÇÕES DO VIVEIRO Layout Geral Na implantação de um viveiro de demonstração e de produção, todas as estruturas e facilidades necessárias são preparadas para assegurar um fluxo constante de actividades. A estrutura do viveiro, embora dependente da dimensão e tipo de viveiro que se pretende bem como do esquema de operação e tempo de utilidade previsível, deverá conter os elementos constantes do esquema que se apresenta: lavagem de pés armazém e escritório área de preparação de substrato área dos alfobres e ensombramento Fig. 45 - Esquema do alpendre aberto para enchimento de sacos e preparação dos substratos área de propagação área de propagação área de atempamento 69 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 70