P Segundo Messias
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P Segundo Messias
O SEGUNDO MESSIAS Os Templários, O Sudário de Turim E O Grande Segredo da Maçonaria Christopher Knight & Robert Lomas Tradução: Fábio Rogério Pedra Cyrino 1997 À minha esposa e nossos três filhos. R.L. À minha esposa Susan e nossas três filhas Kathryn, Lucy e Sophie. C.K. Christopher Knight nasceu em 1950 e em 1971 concluiu seus estudos formando-se em publicidade e desenho gráfico. Ele sempre demonstrou um forte interesse no comportamento social e no sistema de crenças tendo por muitos anos atuado como analista de consumo envolvido no planejamento de novos produtos e suas estratégias de vendas. Em 1976 tornou-se Maçom e atualmente é presidente de uma agência de publicidade e marketing. Dr. Robert Lomas nasceu em 1947 e graduou-se com honra em engenharia elétrica, iniciando-se após isso em pesquisas no campo de física dos estados sólidos. Mais tarde trabalhou no sistema de direcionamento para os mísseis Cruise e esteve envolvido no desenvolvimento de computadores pessoais mantendo sempre o seu interesse sobre história da ciência. Ele atualmente leciona no Centro de Administração da Universidade de Bradford. Em 1976 tornou-se Maçom e rapidamente tornou-se um conceituado palestrante sobre a história da Maçonaria nas Lojas da região de West Yorkshire. Seu primeiro livro foi o recordista de vendas A Chave de Hiram publicado em 1996 pela Century Books e publicado no Brasil em 2003 pela Editora Landmark. Índice Introdução 1. A Morte de uma Nação Uma Nova Luz sobre Velhas Crenças. Os Anos Perdidos. Conclusão 2. Os Segredos de Rosslyn Os Nove Cavaleiros. Um Santuário Templário. Uma Linha de Conhecimento. Os Cavaleiros da Cruz Vermelha da Passagem da Babilônia. Os Segredos das Pedras. Conclusão 3. A História Perdida da Maçonaria Os Segredos da Maçonaria. O Poder e a Glória. Os Anos Primordiais. O Primeiro Grão-Mestre da Escócia. Os Graus Ocultos. Conclusão 4. O Retorno dos Reis de Deus Mil Anos de Escuridão. O Motivo Revelado. A Hipótese dos Rex Deus. O Tarô e os Templários. Conclusão 5. O Santo Graal dos Templários As Origens do Rei Arthur. O Significado Oculto. O Surgimento do Santo Graal. Conclusão 6. O Nascimento do Segundo Messias As Últimas Cruzadas. Os Problemas de Filipe IV. A Batalha pelas Finanças da Igreja. Um Papa Francês. O Último Grão-Mestre dos Templários. Conclusão 7. O Enigma Feito em Linho A Fé é Cega. A História do Sudário. O que é o Sudário? Algumas Teorias de Origem. Uma Imagem fora do Comum. Reproduzindo a Face A Evidência em Sangue. Conclusão 8. O Sangue e as Chamas A Santa Inquisição. O Interrogatório no Templo A Confissão de Jacques de Molay. A Negação Final. Conclusão 9. O Culto ao Segundo Messias Um Tempo para Profecias. O Mundo Cristão em Necessidade A Batalha pela Imagem Sagrada Os Templários Sobrevivem. Conclusão 10. O Grande Segredo da Maçonaria Uma Religião para os Rex Deus Os Rituais Perdidos O Grande Segredo Reconstruído Nossas Questões Respondidos O Fim do Enigma do Sudário A Topologia do Passado Apêndice I: A Linha de Tempo. Apêndice II: A Carta de Direitos de Transmissão de J. M. Larmenius. Apêndice III: O Processo Químico que Criou a Imagem do Sudário de Turim O VINHO É FORTE. UM REI É MAIS FORTE. AS MULHERES SÃO AINDA MAIS FORTES. MAS A VERDADE CONQUISTARÁ A TODOS. - O LIVRO DE ESDRAS - Agradecimentos Os autores gostariam de agradecer às seguintes pessoas por sua ajuda e apoio durante a realização deste livro: Resp. Ir. Alan Atkins, Resp. Ir. John Barlow; Russell Barnes, Dr. Frank Bartells, Barão Saint Clair Bonde, Mark Booth, Robert Brydon, Reverendo Gerrard Crane, Reverenda Senhora Pam Crane, Greg Clark, Professor Philip Davies, Judy Fisken, Resp. Ir. Edgar Harborne, Jacques Huyghebaert, Resp. Ir. Arthur Issat, Reverendo Hugh Lawrence, Dr. Jack Miller, Dr. Alan Mills, Dr. Graham Phillips, Bárbara Pickard, Tessa Ransford, Liz Rowlinson, Dr. Neil Sellors, Ian Sinclair, Niven Sinclair, Robert Temple, Tony Thorne, Roy Vickery, Bridget de Villiers, John Wade, Dr. Tim Wallace-Murphy, a equipe da Capela de Rosslyn, os mantenedores da Capela de Rosslyn, a Biblioteca de Poesia Escocesa, o Museu Nacional de História Natural, a Grande Loja dos Maçons Antigos, Livres e Aceitos da Escócia. Nós também gostaríamos especialmente de registrar nossos agradecimentos ao nosso agente Sr. Bill Hamilton da empresa A. M. Heath Ltda. por sua valiosa orientação e encorajamento durante a realização deste livro. Introdução Em nosso livro anterior, A Chave de Hiram, nós desvelamos as origens da Maçonaria que mostraram como os modernos rituais maçônicos foram desenvolvidos a partir daqueles utilizados pela Igreja de Jerusalém e mais tarde adotados pelos famosos cruzados da ordem dos Cavaleiros Templários. Estes monges guerreiros tiveram uma estranha trajetória que começou com a escavação durante nove anos nas ruínas do Templo de Herodes, logo após a Primeira Cruzada e terminou, aproximadamente duzentos anos mais tarde, com a prisão destes, acusados de heresia. Nossas descobertas foram controversas, mas bem recebidas por muitos estudiosos da Bíblia, dos Templários e da Maçonaria, assim como, por diversos padres católicos. Nos meses seguintes à publicação, nós encontramos centenas de Maçons por toda a Inglaterra, Escócia e País de Gales e recebemos diversos cumprimentos e congratulações por partes destes. A notável exceção a esta recepção foi a da Grande Loja Unida da Inglaterra, que nem mesmo agradeceu o envio da cópia do livro que encaminhamos a eles. A impressão a ser considerada é a de que, como Maçons, nós havíamos cometido o pecado de conduzir pesquisas independentes além do ano dourado de 1717 (O ano de fundação da Grande Loja de Londres, em 24 de junho de 1717). Nós não transgredimos qualquer regra da Ordem, mas tomamos conhecimento de uma carta encaminhada pela Grande Loja às Grandes Lojas Provinciais da Inglaterra e de Gales, fornecendo uma curta e extremamente desonrosa explicação a respeito de nossas descobertas. Mais tarde, o Venerável Mestre de uma famosa Loja maçônica compareceu a uma de nossas palestras com a intenção de obter evidências contra nós, mas ao final desta, este nos congratulou, adquirindo uma cópia de nosso livro e pedindo-nos para autografá-lo. Continuamos a receber cartas de pessoas de todo mundo, muitas delas nos fornecendo novas evidências. Alguns Maçons foram extremamente lisonjeiros: por sua vez, David Sinclair Bouschor, Past Grão-Mestre de Minessota, foi amável ao dizer: A Chave de Hiram pode ter iniciado uma reforma no pensamento cristão e uma reconsideração dos fatos que temos cegamente aceitado e perpetuado por gerações. Este livro é obrigatório para os livres pensadores. Outro norte-americano, um Doutor da Divindade, que tomamos a liberdade de não citar o nome, escreveu-nos dizendo: Eu sou um Maçom do grau 32° do Rito Escocês, Venerável Mestre de minha Loja por três vezes, Artezata de um Capítulo Rosa-Cruz, membro da Ordem de Amaranth e um membro do Shrine, além de ter me ordenado ministro na Igreja Batista Reformada. Toda esta experiência e instrução não me prepararam para o material contido em seu livro. Se eu não estivesse pesquisando nossas antigas origens e tivesse a coragem de olhar além dos dogmas estabelecidos, talvez eu não tivesse terminado a leitura d'A Chave de Hiram, entretanto eu acredito que suas informações são totalmente aceitáveis. Este livro me levou a acreditar que talvez haja alguma verdade nas acusações levantadas contra a Maçonaria e que "somente os altos graus (superiores) conhecem a verdade". Este último comentário foi particularmente fascinante, pois, como bem sabemos, existe somente um grau superior ao 32° grau a qual este cavalheiro pertence. Poderia haver um segredo tão grande que somente alguns Maçons conheceriam? Talvez, acreditamos, este grande segredo tenha sido perdido e agora necessitamos redescobrilos. A situação era muito intrigante para ser ignorada. Nós sabemos com certeza que a Maçonaria havia desenvolvido seus rituais a partir daqueles usados pela Igreja de Jerusalém e pelos Cavaleiros Templários e parecia certamente que a Grande Loja Unida da Inglaterra tinha perdido contato com suas próprias origens ou estava deliberadamente ocultando algum fato muito importante - mesmo para os seus próprios oficiais. Sua determinação em prevenir discussões a respeito de qualquer assunto fora de sua doutrina oficial era de fato muito diferente da posição empregada por outras Grandes Lojas que nós conhecíamos, sendo que a partir disto que decidimos a continuidade de nossas pesquisas. Nós determinamos em nossa busca a solução de seis questões chaves que apresentamos a seguir: 1. Os rituais maçônicos foram deliberadamente alterados ou suprimidos? 2. Existe um grande segredo da Maçonaria que foi perdido ou foi simplesmente escondido? 3. Quem está por trás da formação dos Cavaleiros Templários? 4. Por que os Templários decidiram escavar as ruínas do Templo de Herodes? 5. Quais eram as crenças que levaram à destruição dos Templários, através da acusação de heresia? 6. Podem os rituais mais antigos da Maçonaria lançar novas luzes sobre as origens do Cristianismo? Nós sabíamos que as perguntas não seriam facilmente respondidas, mas à medida que nossas pesquisas progrediam, nós descobrimos a resposta de uma das mais importantes questões que nem sequer havíamos pensado em formular: qual é a origem definitiva do Sudário de Turim? Nós havíamos previamente especulado que poderia ter existido uma conexão dos Templários com esta relíquia única, mas nós não estávamos preparados para a magnitude de seu papel na história e a importância do homem cuja imagem nele está retratada. 1 A Morte de uma Nação Aquele que controla o passado controla o futuro. Aquele que controla o presente controla o passado. George Orwell: 1984. Uma Nova Luz sobre Velhas Crenças. Costuma-se dizer que mais informação foi produzida nos últimos trinta anos que em todos os últimos cinco mil. Graças às modernas técnicas de investigação e ao advento dos poderosos bancos de dados e sistemas de buscas, todos nós podemos ter acesso a uma quantidade enorme de informações. Nós podemos agora entender muito mais sobre o mundo no qual vivemos, seu passado e seu futuro potencial do que jamais havíamos sonhado ter sido possível, mesmo há uma geração atrás. Grande parte da população tem se acostumado com a idéia de uma avalanche de inovações sem-fim; todas as coisas, do creme dental aos motores de carros, tornam-se mais desenvolvidos ano a ano. A maioria de nós agora acredita que ser novo significa ser melhor, embora mesmo que novas coisas possam mudar de aparência, antigas idéias ainda permanecem e as "verdades" que foram postas em nossas mentes quando crianças permanecem inalteradas. Como nós sabemos que Colombo descobriu a América? Por que nós acreditamos que Jesus transformou água em vinho? Nós acreditamos que nós conhecemos as respostas de ambas as questões porque alguém nos contou que estas eram assim e nós nunca tivemos ocasião de alterar estas certezas culturalmente aceitas. A História nada mais é do que um registro dos eventos passados, um mero catálogo das crenças preferidas expostas por pessoas com interesses específicos. Como George Orwell bem observou em seu romance 1984, a História é sempre escrita pelos vitoriosos e quem controla a escrita dos livros de História controla o passado. Sem dúvida alguma, a mais consistente e poderosa força no mundo ocidental nos últimos dois mil anos tem sido a Igreja Católica Romana e conseqüentemente a História tem freqüentemente o que ela deseja que esta seja. A Igreja tem sido a provedora das 'verdades' culturais ocidentais, mas quanto mais evidências surgem, mais ela tem admitido que o papado não é tão infalível quanto uma vez ela proclamou. Por exemplo, Galileu foi sentenciado a viver aprisionado e sua obra foi queimada quando argumentou que a Terra movia-se no espaço e somente em 1992 que uma comissão papal reconheceu o erro do Vaticano opor-se a ele. No século XIX, a teoria da evolução de Charles Darwin foi vorazmente atacada pela Igreja, mas em 1996 o Vaticano uma vez mais admitiu que estava errado. Em tempos passados a Igreja proveu as respostas aos enigmas da vida quando não havia uma melhor solução, mas à medida que a ciência avançava as necessidades dos mitos diminuía. Entretanto, enquanto o Vaticano move-se devagar e cautelosamente quando repensa o papel da humanidade na criação, quando se refere à interpretação dos eventos descritos no Novo Testamento ele simplesmente não se move, apesar das consideráveis e novas evidências históricas. Uma boa ilustração de este histórico poder ocorreu em Novembro de 1996 quando o Papa João Paulo II encontrou-se com o Arcebispo de Canterbury, o chefe da Igreja da Inglaterra. Neste encontro entre os dois líderes religiosos, o Papa sentiu ser necessário relembrar aos ingleses de sua absoluta superioridade ao reafirmar seu status histórico como o sucessor direto de São Pedro, no qual, como se costuma dizer, Cristo entronizou sua Igreja. Esta reivindicação de poder baseada em uma herança direta do próprio Jesus Cristo, conhecida como 'Sucessão Apostólica', é baseada em uma versão Católica Romana da história que tem se tornado amplamente desacreditada na medida em que os modernos estudiosos reexaminam as circunstâncias da Igreja de Jerusalém. O peso da evidência agora fortemente indica que Jesus comandou uma facção inteiramente judaica e que não foi sucedido por Pedro, mas sim por seu irmão mais jovem, Tiago, o primeiro Bispo de Jerusalém. O papel de Tiago, o irmão de Jesus, tem sempre sido visto como o de uma ameaça à Igreja Católica Romana e desde os tempos mais remotos a Igreja tem controlado a história a fim de remover qualquer informação a respeito desta figura sumamente importante. Ainda em 1996, o Papa João Paulo II emitiu uma declaração onde afirmava que Jesus era o filho único de Maria e que, por isso, Tiago não era seu irmão. O Pontífice realizou esta declaração estranha e completamente sem fundamento apesar das evidências bíblicas e das várias opiniões de estudiosos em contrário. O peso da evidência que agora existe demonstra que mesmo que Pedro possa ter sido um líder do movimento cristão em Roma entre 42 e 67 d.C., ele certamente não era o líder da Igreja. O líder supremo de toda a Igreja naqueles dias era Tiago, o irmão de Jesus, o Bispo de Jerusalém. Nós sabemos que nenhum estudioso da Bíblia duvida deste fato e S.G.F.Brandon coloca-se mais claramente quando afirma: ... O fato da supremacia da Igreja de Jerusalém e seu caráter essencialmente judaico emergem claramente de sérias dúvidas e deste mesmo modo à única liderança de Tiago, o irmão do Senhor. Tiago foi um refinado sucessor de seu irmão crucificado e apresentouse como uma forte liderança para a comunidade que conhecemos por Igreja de Jerusalém e para os judeus da Diáspora (a dispersão pelo mundo greco-romano), assim como para as comunidades de Efésios, na Turquia, de Alexandria e da própria Roma. Três anos após a morte de Jesus, Paulo, um judeu da Diáspora, natural da cidade do sudeste da Turquia, Tarsos, chegou em Israel. Devido à falsa história que é difundida atualmente, muitas pessoas acreditam que este homem chamava-se 'Saulo' enquanto perseguia os cristãos e que se converteu a 'Paulo' quando repentinamente tornou-se um cristão após ter ficado cego no caminho de Damasco. A realidade é um pouco diferente. Para começar, não havia cristãos àquela época; a Igreja de Jerusalém era judaica e o culto chamado Cristianismo iniciou-se muitos anos após, a partir de uma concepção completamente romana. O homem que deu força a esta nova religião mudou seu nome do hebraico 'Saulo' para o romano 'Paulo' ao tornarse um cidadão romano quando jovem, pois desejava um nome que soasse familiar ao seu nome original. Foi-nos ensinado que Paulo era zeloso pela Lei Judaica e esta o levou a perseguir a Igreja de Jerusalém, considerando-a uma facção judaica que não era leal à Lei e, deste modo, deveria ser destruída. Ele mesmo admitia ter estado envolvido com o apedrejamento de Santo Estevão, o primeiro mártir cristão. Esta, entretanto, não pode ser vista como uma questão de sectarismo judaico, uma vez que a Igreja de Jerusalém liderada por Tiago era completamente judaica e não havia nenhuma sugestão nesta época de que Jesus não era nada além de um mártir judeu que havia morrido na tentativa de estabelecer uma nova regra para seu povo. Em algum momento, Paulo tornou-se fascinado pela idéia da natureza sacrifical da morte de Jesus e opôs-se a Tiago por este não aceitar que seu irmão era um deus. Em sua Epístola aos Gálatas, ele encontra-se em grande aflição ao apontar que, durante seu período de conversão, ele encontrava-se completamente independente da Igreja de Jerusalém ou de qualquer outro agente humano e, deste modo, coloca suas pitorescas idéias sob a direta intervenção de Deus. Paulo diz: Mas, quando aprouve àquele que me reservou desde o seio de minha mãe e me chamou por sua graça, para revelar seu Filho em minha pessoa, a fim de que o tornasse conhecido entre os gentios. As idéias que Paulo gerou e que posteriormente os evangelistas construíram, vieram unicamente de sua imaginação. O estudioso cristão, S.G.F.Brandon escreveu: A frase 'para revelar seu Filho em minha pessoa' é reconhecidamente curiosa, mas claramente possui um grande significado para os nossos entendimentos sobre a interpretação pessoal dos propósitos de Deus para Paulo... Quando cuidadosamente considerada como uma declaração de fato, as palavras realmente constituem uma tremenda, mesmo irracional aclamação para qualquer homem desenvolver, mais especialmente um homem com os antecedentes de Paulo. Elas significam literalmente que na pessoa de Paulo, Deus revelara seu Filho para o propósito de Paulo 'difundir o Seu evangelho' entre os Gentios... O que a declaração de Paulo implica é uma nova revelação de Seu Filho, para que fosse propiciada uma nova apreensão de Jesus que era, até o momento, desconhecida na Igreja... A posição que nós descobrimos então era a de que Paulo é o expoente de uma interpretação da fé cristã da qual ele mesmo julga como essencialmente diversa da interpretação que pode ser mais bem descrita como a tradicional ou a histórica. Se a avaliação dada por Paulo e seus seguidores é uma distorção das verdadeiras crenças da Igreja de Jerusalém, a questão permanece: quais eram suas idéias originais? Em nosso último livro, nós desenvolvemos um complexo, mas, assim esperamos, bem razoável argumento de que a Igreja de Jerusalém utilizava-se de cerimônias de 'ressurreição em vida' para iniciar pessoas em seus mais altos níveis dentro da comunidade. Nestas cerimônias o candidato representava uma morte simbólica e era envolto em um sudário antes de ser ressuscitado, exatamente como os Maçons hoje em dia. É conhecido através de documentos contemporâneos, incluindo os Manuscritos do Mar Morto, que era uma prática normal para os judeus naquele tempo chamar as pessoas de dentro da facção de 'os vivos' e os de fora de 'os mortos'. Após estudar a terminologia usada pela população da Jerusalém do primeiro século, chegamos à conclusão de que não há absolutamente nenhuma razão para atribuir significados sobrenaturais às ações de Jesus Cristo. Seus supostos milagres, incluindo-se a 'ressurreição dos mortos', possa ter sido um simples desentendimento dos vários eventos mundanos realizados posteriormente por indivíduos que possuíam um ponto de vista diverso dos judeus. Outras frases malentendidas incluem termos como 'transformar água em vinho' que simplesmente significa elevar a população comum a uma posição mais alta na vida. Hoje, os Maçons ainda utilizavam um ritual de ressurreição estilizada para elevar o candidato de seu 'sepulcro' de modo a torná-lo um Mestre Maçom completo e preparado. Esta é realizada nas trevas, diante de Boaz e Jachin, os dois pilares orientais que se encontravam na entrada do Templo de Jerusalém. Após Paulo estar convencido de que possuía uma nova interpretação da morte de Jesus (baseada em sua má interpretação da terminologia de Jerusalém), ele sabia que teria problemas com Tiago, o chefe da Igreja de Jerusalém. Seu embaraço quando da explicação de seu evangelho a Tiago é visível no segundo capítulo de sua Epístola aos Gálatas, quando diz: Subi em virtude de uma revelação e apresentei o Evangelho, que prego entre os gentios... Pelo contrário, viram que a mim fora confiada a evangelização dos gentios, como a Pedro tinha sido confiada a evangelização dos judeus. Pois aquele que incentivou Pedro ao apostolado entre os circuncidados, incentivou também a mim para o dos gentios. Tiago, Cefas e João, que são considerados as colunas, reconhecendo a graça que me foi dada, deram as mãos a mim e a Barnabé em sinal de pleno acordo: nós iríamos aos pagãos e eles aos circuncidados. Alguns observadores cristãos têm declarado que o 'evangelho dos gentios' de Paulo era meramente um acordo geográfico, onde Paulo tomava para si a responsabilidade de pregação aos gentios fora da nação judaica, mas este é um argumento inconsistente. Em sua Segunda Epístola aos Coríntios, Paulo claramente alerta para aqueles que estão pregando 'um outro Jesus' e 'outro espírito', enquanto que ao mesmo tempo declara à sua audiência para não aceitar qualquer explicação diferente da sua. Enquanto estamos certos de que Tiago não aceitava o evangelho pregado por Paulo, alguns estudiosos do Novo Testamento têm demonstrado evidências de que alguns rabinos na Palestina realmente aceitavam que era necessário apresentar o Judaísmo de uma forma diferente que poderia ser apreciada por aqueles educados nas tradições da cultura greco-romana. Poucas pessoas tomam a tarefa de ler as descobertas dos estudiosos bíblicos e deste modo eles permanecem abertos ao dogma padrão da Igreja Católica que sustenta a visão de Paulo como real, apesar desta não possuir base na Igreja de Jerusalém. Um desses estudiosos apresentou a seguinte situação: O valor que pode ser atribuído à evidência cristã liga-se à razão do porquê desta literatura ter sido criada e as circunstâncias que deram origem ao seu nascimento. Inicialmente, entretanto, esta é suspeita, pois se ressente de provas que agora são sabidas serem impossíveis. Os Evangelhos demonstram uma crença ou afirmação que proclamam que Jesus era um ser semi-divino que nasceu violando as leis da natureza e que venceu a morte. Esta não era a crença dos seguidores originais de Jesus, nem dele mesmo em suas declarações. As cartas de Paulo são os documentos mais antigos, cristãos ou não, a relatar as origens do Cristianismo que chegou aos nossos dias; ainda assim elas são as menos úteis no estabelecimento de fatos a respeito de Jesus... É significante que elas demonstram uma marcada falta de interesse a respeito do Jesus histórico e do fundador proverbial da fé. Paulo inventou uma crença herética que é essencialmente não-judaica e a confronta com uma estrutura teológica que sempre colocou um abismo absoluto entre Deus e o homem, e o estranho evangelho de Paulo, criado para os gentios, é completamente sem paralelo em todos os registros do pensamento judaico. Se estivermos certos de que o Jesus dos ensinamentos de Paulo era completamente diferente daquele do de Tiago e da Igreja em Jerusalém, a questão que precisamos responder é: por que esta forma herética sobreviveu e a verdadeira Igreja desapareceu? Para procurar esta resposta é necessário revelar e entender a visão de Tiago, o irmão de Jesus, que era conhecido como 'o Justo'. É sabido através dos registros sobreviventes que os judeus da Igreja de Jerusalém possuíam uma considerável desconfiança em relação aos judeus da Diáspora e que possuíam pouco ou nenhum interesse na conversão dos gentios. Tiago, o Justo, foi Bispo de Jerusalém e havia sido estabelecido como um sumo sacerdote oficial pelos Zelotes em direta oposição aos sumo sacerdotes saduceus e boetusianos pró-romanos. É nos demonstrado no registro fornecido nos capítulos 66 e 70 dos Reconhecimentos Clementinos que Tiago realizou uma palestra pública no Templo a respeito da verdadeira doutrina de seu irmão Jesus, onde os famosos rabino Gamaliel e Caifás o questionavam. A eloqüência e a lógica de Tiago foram ganhando o total apoio da audiência convidada quando um inimigo (acreditado por muitos estudiosos como sendo Paulo) causou uma grande confusão que resultou no lançamento de Tiago escada a baixo e em sua morte. Eusébio, um historiador da Igreja do terceiro século, fornece-nos um registro da morte de Tiago que provem uma versão muito mais compreensiva do que o breve relato registrado por Josephus. Tiago é descrito como um asceta de grande popularidade que possuí algumas curiosas práticas religiosas e que é detido no Templo por Ananias que convence o Sinédrio de que Tiago havia quebrado a Lei. Lá lhe é feita uma estranha questão que nenhum estudioso conseguiu entender: Ó Justo, a quem todos nós somos obrigados a confiar, anuncia-nos o que é o portão da salvação. (Sha'ar há-yeshu'ah). Esta faria perfeitamente sentido se Ananias tivesse ouvido os rumores a respeito do paradigma dos dois pilares gêmeos, que era tão importante para os Nazoreanos, estes os membros mais antigos da Igreja de Jerusalém, e desse modo pedisse a Tiago para explicá-lo. Os pilares gêmeos Boaz e Jachin eram aqueles que se encontravam lado a lado na entrada do 'Santo dos Santos' - o santuário interior do Templo de Yahweh - e representavam os messias monárquico e sacerdotal de Israel. A salvação para o povo judeu somente seria estabelecida quando ambos os pilares estivessem no lugar - o que seria requerido para remover a ocupação romana e o controle de suas marionetes, os Saduceus. Tiago não poderia explicar suas crenças a estes judeus inferiores e sendo assim, respondeu com uma declaração que aparentemente não fazia sentido para seus inquisidores. Eles então atiraram Tiago pela muralha do Templo, apedrejaram-no e finalmente executaram-no com um golpe de espada diante do Templo. A liderança da Igreja de Jerusalém era mais monárquica que eclesiástica, pois logo após o assassinato de Tiago, em 62 d.C., um primo de Jesus, Simão, filho de Cleofás, tornou-se o novo líder da Igreja. Ele também foi mais tarde assassinado; executado pelos romanos como um pretendente ao trono de David. O fato de ter Jesus assumido a liderança completa após o assassínio de seu primo João Batista, seguido por ser irmão Tiago e então pelo próximo membro homem da família, tem conduzido muitos analistas a observar que a Igreja de Jerusalém era estruturada como uma monarquia hereditária. Exatamente como se poderia esperar da linhagem real de David. Acredita-se que ambos Tiago e Paulo tiveram mortes violentas e alguns estudiosos têm sugerido que Paulo possa ter sido executado pelos Zelotes por sua participação no assassínio de Tiago. A questão que permanece é o porquê da prosperidade da religião de Paulo, enquanto que a de Tiago desapareceu. Por que não há nenhuma evidência documental da sobrevivência da Igreja de Jerusalém? Nós acreditamos que ela ainda sobrevive até os nossos dias atuais, mas, do mesmo modo que os Manuscritos do Mar Morto que foram encontrados em Qumran, os manuscritos da Igreja de Jerusalém foram escondidos para protegê-lo da contaminação dos gentios. Para entender o que aconteceu a estes importantes documentos nós devemos retornar a um terrível período da história judaica. Os Anos Perdidos Os cristãos hoje lêem a Bíblia em busca de inspiração nos ensinamentos de Jesus e de seus seguidores que procuravam estabelecer o reino dos céus na terra há aproximadamente dois mil anos. De acordo com a versão da Bíblia do Rei Jaime, todas as histórias contadas nos quatro Evangelhos concluem-se com a crucificação e a ressurreição no ano de 33 d.C., embora o ano de 36 d.C. seja a data mais aceita como provável. O Novo Testamento então passa para a narração contida no Livro dos Atos, em algum ponto em torno do ano de 62 d.C. Outros livros como os de Timóteo e as Epístolas de Pedro referem-se aos anos posteriores a 66 d.C., mas a partir desta data em diante, nada é mencionado até a Primeira Epístola de João, que é datada do ano de 90 d.C. Embora os quatro evangelhos do Novo Testamento tratem exclusivamente do período da vida de Jesus, o mais antigo deles, o de Marcos, é amplamente aceito como tendo sido copilado de um outro desconhecido mais antigo, que apresentava uma variedade de tradições, durante o período compreendido entre os anos de 70 e 80 d.C. Embora ninguém saiba ao certo, acredita-se que Paulo tenha sido executado em Roma no ano de 65 d.C. Muitos cristãos quase que certamente nunca repararam nesta lacuna na cronologia cristã de aproximadamente dez a quinze anos entre os textos contemporâneos de Paulo e aqueles retrospectivos ao de Marcos e dos outros autores dos Evangelhos, ainda que estes anos perdidos sejam de uma importância sem paralelos. O reino dos céus não chegou como a Igreja de Jerusalém esperava mas o reino dos infernos certamente sim. Por volta de 65 d.C. muitas coisas erradas aconteciam com o país. A taxação por parte de Roma era excessiva, os oficiais eram incrivelmente corruptos e em Jerusalém dezoito mil homens perdiam seus empregos com a conclusão dos trabalhos do Templo. Descontentes - alguns patriotas, outros nada além de bandoleiros coletavam seus próprios tributos sobre a população local no que poderia ser considerável como 'proteção por meio de extorsão'. A inquietação crescia quase que diariamente e o historiador Josephus conta-nos que embora ele possuísse uma pequena simpatia com o fanatismo político-religioso dos Zelotes e sua disposição em lançar sua nação em uma guerra sem esperanças contra Roma, ele acreditava que os romanos eram totalmente insensíveis à cultura judaica. Um dos exemplos mais inflamatórios dessa insensibilidade foi empreendido pelo imperador homicida Calígula que possuía uma estátua sua erigida dentro do Templo em Jerusalém. Naturalmente, este fato causou uma enorme ofensa aos judeus em toda parte e pode ter sido um fator que contribuiu no assassinato de Calígula logo após. Não eram somente os romanos que tornavam a vida difícil; as famílias sacerdotais-chefes de Jerusalém também instigavam a violência contra todo aquele que não os agradassem. De acordo com Josephus, o início do fim ocorreu em Cesárea quando o procurador Gessius Florus deliberadamente estimulou a população judaica em uma insurreição na esperança de que seus próprios e recentes delitos não fossem notados em Roma devido a uma sucessiva desordem. As notícias de uma rebelião em larga escala em Cesárea rapidamente espalharam-se por todo o país e os Zelotes de Jerusalém atacaram os líderes judeus da cidade e as guarnições romanas, massacrando todos aqueles que poderiam cair em suas mãos. Mesmo os Samaritanos, que nunca foram muito próximos aos judeus, aliaram-se aos Zelotes quando a revolta intensificou-se. As notícias da destruição das guarnições romanas em Jerusalém tiveram desastrosas conseqüências para os judeus de Cesárea, que era o quartel-general do procurador. Enraivecidos pela perda de amigos e familiares em Jerusalém, os soldados romanos iniciaram um sistemático massacre de toda a população. Como é da natureza da guerra, este por sua vez revoltou os judeus que imediatamente atacaram as cidades dos gentios de Filadélfia, Sebonitis, Gerasa, Pella, Scytópolis, Gabara, Hippos, Kedesa, Ptolemais e Gaba, onde numerosos gentios pereceram como vítimas do fanatismo judaico. Os judeus perceberam afinal que seu dia finalmente chegara e, enquanto não demonstravam haver uma organização central nesta época, a intensidade de seus ataques aos romanos e a todos os gentios era tal que a inteira nação parecia ter sido lançada irresistivelmente em um frenesi de religiosidade exultante. Josephus registra que o desejo pela batalha estendeu-se a Tiro, a Alexandria e a diversas cidades da Síria, incluindo Damasco. À medida que líderes emergiam, eles tomavam conhecimento de que sua causa era sem esperança, uma vez que era apenas uma questão de tempo até que Roma enviasse seu poder total para sufocar a frágil província. Entretanto, os Zelotes não tomaram em armas por acreditarem que pudessem ser mais fortes que os romanos; sua motivação era a crença de que Deus proviria um milagre para salvar seu povo escolhido, do mesmo modo como Ele havia realizado antes quando os israelitas triunfaram sobre o poder dos egípcios. Tal era sua fé nos favores de Deus que novas moedas foram lançadas portando a inscrição: 'O primeiro ano da redenção de Israel'. Os Zelotes eram inflexíveis, matando qualquer membro do clero que eles acreditavam estar em oposição a eles. Eles aprisionavam todos aqueles que não demonstravam força suficiente no apoio a sua causa. O ataque esperado pelos romanos demorou a vir, mas quando chegou foi poderosamente desferido. Cestius Gallus entrou na Palestina com uma forte força de legionários e tropas auxiliares que encontraram pouca resistência dos judeus desorganizados à medida que marchavam em direção à Jerusalém. As tropas concentraram seu ataque na tentativa de romper as muralhas do Templo, quando, sem nenhuma razão aparente, ele ordenou a retirada de suas tropas antes do ataque final e moveu-se para a região norte da cidade. Os judeus, que esperavam os romanos sobre eles a qualquer hora, ficaram atônitos ao verem os seus inimigos mudarem de idéia diante da iminente vitória. Inicialmente eles pensaram que fosse um subterfúgio dentro da estratégia de batalha romana, mas quando eles perceberam que estes simplesmente tinham se retirado da batalha, os judeus rejubilaram-se. Neste ponto faz-se necessário recorrer a um documento que deveria estar na mente de todo judeu que justamente defendia o Templo de Yahweh. Conhecido como A Ascensão de Moisés, este estranho documento possuí um tema apocalíptico e descreve eventos imaginários como a ocasião na qual o arcanjo Miguel escavava uma sepultura para Moisés e o demônio aparecia para reivindicar o corpo, o que foi prontamente recusado. Acreditava-se que o documento fora escrito anteriormente à crucificação, mas parece cobrir um período posterior, incluindo-se aí a Guerra Judaica. Também este se refere a uma misteriosa figura, conhecida pelo nome de 'Taxo' que exortou seus filhos a morrer a serem desleais para com sua fé e a partir de suas mortes nós passaríamos a esperar a intervenção de Deus na batalha para o estabelecimento de Seu reino. Muitos estudiosos têm identificado a figura de Taxo com a do Mestre da Retidão descrito nos Manuscritos do Mar Morto, que identificamos com Tiago, o Bispo de Jerusalém. A Ascensão de Moisés determina que o reino de Deus será estabelecido através de uma grande destruição de homens e nações, mas o triunfo final trará o derradeiro fim ao reino de Satã. Uma passagem prediz: E então o Seu reino aparecerá por toda Sua criação. E então Satã não mais existirá. E toda a dor partirá com ele... Pois o Divino levantar-se-á de Seu trono real E governará a partir de Sua Sagrada Morada. A 'Sagrada Morada' de Yahweh somente pode se referir ao santuário interior do Templo, pelo qual os judeus estavam lutando defender. A passagem continua: Com indignação e ira sobre o número de Seus filhos... Pois o Altíssimo surgirá, o único Deus Eterno, E surgirá para punir os Gentios, E destruirá todos os seus ídolos, E deste modo, Israel prosperará. Este documento registra que aos judeus, ao lutarem sua batalha, fora requerido que se enterrassem todos os seus manuscritos e tesouros mais preciosos o mais próximo possível do Santo dos Santos, onde eles estariam sob a proteção segura de Deus. Nós estamos certos de que estes itens foram secretamente colocados embaixo do Templo, pois o 'Manuscrito de Cobre' (assim chamado devido ao metal onde este fora confeccionado) confirma que estas instruções foram seguidas. Este registro em metal demonstra que pelo menos vinte e quatro manuscritos foram secretamente colocados sob o Templo, incluindo um outro manuscrito de cobre que contém as mesmas informações do manuscrito de Qumran - além de outras. Um total de sessenta e uma localizações codificadas é fornecido onde estes preciosos itens foram ocultos, sendo que o último registro diz: No Poço, junto ao norte em um buraco aberto em direção ao norte, e enterrado em sua entrada: uma cópia deste documento com uma explicação e suas medidas, bem como um inventário de cada item, entre outras coisas. John AlIegro, que cuidadosamente analisou o manuscrito, afirma sobre seu propósito: O Manuscrito de Cobre e sua cópia (ou cópias) foram confeccionados para contar aos sobreviventes judeus da guerra, então em curso, onde este sagrado material encontrava-se enterrado, pois se qualquer um deles fossem encontrados, nunca fossem dessacralizados através de uso profano. Também serviria como um guia para a descoberta do tesouro, que fora necessário carregar durante a guerra. A Igreja de Jerusalém havia decidido esconder seus documentos e consignar seus tesouros a guarda de Deus, durante a primavera do ano de 68 d.C., mas em Junho do mesmo ano, Qumran foi destruída pelos romanos. Os judeus tiveram tempo suficiente, antes deles chegarem, para cortar a maioria de seus manuscritos, de modo a prevenir que os gentios os lessem. Foi essa atitude que faz com que a reconstrução dos Manuscritos do Mar Morto seja tão difícil para os estudiosos modernos. Os mais sagrados dos manuscritos escaparam de tal tratamento, pois foram colocados sob o Templo para serem defendidos até o fim. Os jubilantes defensores de Jerusalém acreditavam, quando os romanos retiraram-se, que o milagre da fuga dos egípcios havia se repetido e que Yahweh de algum modo misterioso tinha salvado Seu santuário sagrado dos inimigos de Seu povo. Certos da convicção de que a intervenção divina havia triunfado, os judeus perseguiram os romanos e Josephus registra que eles procuraram matar nada menos que seis mil soldados das colunas em retirada antes que a legião escapasse para além das fronteiras da Palestina. Esta derrota, quando comparada com as perdas similares na Bretanha e na Armênia, seriamente minaram o prestígio imperial o que levou provavelmente os judeus a considerarem a guerra como ganha. Então, na primavera do ano de 67 d.C., um novo oponente conhecido por Vespasiano ingressou na Palestina com três legiões e um grande corpo de tropas auxiliares ocupando várias áreas provinciais da nação judaica antes de atacar a própria Jerusalém. Esta provou ser uma tarefa mais difícil do que esperada, uma vez que os judeus retiraramse para as suas cidades fortificadas onde lutaram com uma coragem fanática que se igualava à disciplina e às ciências militares dos romanos. Eles infligiram aos romanos enormes perdas, mas inevitavelmente cidade após cidade caiu e os vingativos atacantes massacravam a população que sobrevivia às batalhas. Ao término de um ano, Gabara, Jotapata, Jafa, Tariquéia, Gischalá, Gamala e Jopa eram cidades fantasmas e os romanos possuíam total controle sobre a Galiléia, a Samaria e o litoral ocidental da Judéia. No ano seguinte, Vespasiano continuou com sua estratégia e as cidades de Antipatris, Lydda, Emaús, Jericó e Adida caíram, deixando as fortalezas de Herodium, Macário, Massada e Jerusalém ainda para serem ocupadas. Inesperadamente, a guerra interrompeu-se neste ponto quando Vespasiano fora proclamado imperador e uma vez mais os judeus viram esta mudança na sorte como um ato da intervenção divina. Entretanto, alguns dias antes da Páscoa, durante a primavera do ano de 70 d.C., Tito, o filho do imperador, reuniu suas forças fora das muralhas de Jerusalém para os preparativos do ataque final. Seu exército era mais forte do que qualquer um que os judeus já tivessem visto, com quatro legiões e um grande número de auxiliares. O cerco que se seguiu tem sido descrito como um dos mais terríveis da História. Os comandantes unificados dos judeus, João de Gischalá e Simão Ben Gorias, conduziram suas forças com grande habilidade, assim como Tito e seus homens. A cidade não poderia ser tomada em um simples ataque, pois esta era dividida em três locações defensivas separadas, conhecidas como a Fortaleza Antônia, o Palácio de Herodes e o próprio Templo. Isto significava que uma vez que as muralhas fossem rompidas, as lutas continuariam em espaços restritos, que era um tipo de conflito que proporcionaria mais às táticas de guerrilha dos judeus do que as formações de batalha romanas. Inevitavelmente, os judeus foram recuando até que somente o Templo permanecesse intocado, sendo a personificação de tudo o que os judeus desejavam. Eles acreditavam que o pátio exterior do Templo de fato pudesse ser destruído sob os pés dos gentios, mas que seu santuário nunca poderia ser tocado, pois Yahweh nunca permitiria a dessacralização de Sua Sagrada Morada por parte de pagãos. Nós podemos perceber algo da expectativa dos judeus, à medida que defendiam sua cidade sagrada, a partir de passagens contidas no Segundo Livro Apócrifo de Esdras, que foi escrito um pouco antes da queda do Templo. As palavras nos demonstram uma visão da esperada intervenção messiânica: E todos eles foram colocados juntos; a rajada de fogo, a brisa flamejante e a grande tempestade; e caíram com violência sobre a multidão que estava preparada para lutar e queimaram a todos, e que foi tão repentino que de multidão inumerável nada foi percebido, a não ser pó e o odor de fumaça: quando isto eu vi, cobri-me de temor. Ouvi, vós que sois o Meu amado – disseste o Senhor: contemplai; os dias de atribulação chegaram, mas Eu o libertarei dos mesmos. Sabendo em seus corações que a intervenção de Yahweh estava próxima, eles perceberam que a ação de ter encaminhado seus mais preciosos manuscritos e seus tesouros para dentro do Templo era a vontade de Deus. Os maiores segredos dos judeus seriam salvos pelo próprio Yahweh em pessoa, assim que Ele surgisse para golpear os Seus inimigos diante dos dois pilares gêmeos na entrada de Sua sagrada câmara. Mas Yahweh estava dormindo. Após uma batalha que durou centro e trinta e nove dias, os pagãos violentaram o Templo e corromperam seu santuário interior. Eles incendiaram a casa de Yahweh, mas ainda assim Ele não respondeu aos clamores de Seu povo, e Seu messias não surgiu, como muitos esperavam, para destruir os ímpios invasores com o sopro sagrado de seus pulmões. A imagem do Templo em chamas levou os judeus remanescentes a desanimarem, sendo rapidamente massacrados pela ferocidade dos legionários. A cidade lançava-se em ruínas, seus habitantes mortos. Os romanos então prosseguiram para destruir as três fortalezas remanescentes de Herodium, Macário e Massada. A população de Massada resistiu ainda por três anos até que toda a esperança tivesse desaparecido e então cometessem suicídio em massa. Entretanto, mesmo após o Templo ter sido completamente destruído, Josephus conta-nos que o labirinto subterrâneo de túneis proveu esconderijos para alguns dos guerreiros judeus: Este Simão (bar Giora), durante o cerco de Jerusalém, ocupou a cidade alta; mas enquanto o exército romano ingressava além das muralhas e saqueava toda a cidade, ele, acompanhado por seus mais fiéis amigos, entre eles alguns cortadores de pedra, trazendo as ferramentas necessárias para seu ofício e provisões suficientes para muitos dias, lançou-se acompanhado por seus partidários dentro das passagens secretas. Por tanto quanto as antigas escavações prolongavam-se eles prosseguiram; mas quando eles encontraram terra sólida, eles começaram a escavar, esperando serem capazes de prosseguir adiante, emergindo em segurança e deste modo escapar. Mas a experiência da tarefa provou-se ser esta esperança ilusória; os mineradores avançaram vagarosamente e com dificuldade e as provisões, embora centenas, foram rapidamente consumidas. Por causa disto, Simão, imaginando que pudesse dialogar com os romanos, criando espanto, vestiu-se com túnicas brancas e enfeitando-se com um manto púrpuro, surgiu do solo no exato ponto onde o Templo costumava estar. Os espectadores primeiramente ficaram assombrados e permaneceram imóveis; posteriormente, eles se aproximaram e inquiriram sobre quem era ele. Este Simão recusouse a dizê-lo a não ser a um general. Concordando com isto, eles prontamente correram para atendê-lo e, Terentius Rufus, que havia sido deixado no comando da força, apareceu. Ele, após ouvir de Simão toda a verdade, aprisionou-o e informou a César do modo de sua captura... Seu surgimento do subterrâneo levou, além disso, à descoberta durante aqueles dias de um grande número de outros rebeldes nas passagens subterrâneas. No retorno de César à Cesárea, Simão foi trazido até ele agrilhoado, e este ordenou que o prisioneiro fosse mantido para o triunfo que ele estava preparando para ser celebrado em Roma. Esta história interessa-nos por numerosas razões. Ela certamente fornece uma vívida impressão da escala dos labirintos que ainda devem existir sob as ruínas do Templo e leva-nos a perguntar o que esses guerreiros estavam fazendo com túnicas brancas e mantos púrpuras em circunstâncias que os levaram a ingressar nestas câmaras subterrâneas para escapar da morte iminente. A única explicação para a presença de túnicas brancas é que estes últimos combatentes sobreviventes eram Essênios que sempre se vestiam de branco e que nós os associamos aos Nazoreanos e à Igreja de Jerusalém. O uso do branco era considerado como um símbolo de ter passado pelo processo de ressurreição. O fato de eles possuírem um manto púrpuro com eles é de considerável interesse, pois tal paramento somente poderia indicar uma conexão real e pareceria sugerir que o rei dos judeus, na forma de Simão, filho de Cleofás, tinha sido envolvido na defesa do Templo. Se ele esteve, certamente escapou, pois é conhecido o registro de que fora crucificado em uma data posterior pelos romanos. Quando a guerra terminou, a nação dos judeus simplesmente deixou de existir e somente uma fé permaneceu: uma fé que tinha perdido a morada de Deus e sua raison d'être. O Judaísmo encontrou um novo elo de união no estudo da Lei e na veneração da sinagoga; o livro talmúdico tomou o lugar do Templo e, por sua vez, tornou-se o símbolo vivo do espírito da raça de Israel. Os judeus sobreviventes, a maioria deles da Diáspora (muitos sendo gentios convertidos), reinventaram-se através de uma versão altamente diluída de sua fé, uma vez que os judeus radicais haviam desaparecido. Entre os anos de 66 e 70 d.C., uma enorme parcela da população da Palestina foi passada a fio da espada. De acordo com os cálculos realizados a partir dos diversos relatos de Josephus, aproximadamente 1.350.000 homens, mulheres e crianças foram massacradas - já o Novo Testamento falha ao fornecer mesmo uma breve menção do genocídio infligido sobre o povo que é o coração da história dos cristãos, muitos dos quais devem ter sido testemunhas oculares do batismo, dos sermões e da crucificação de Jesus! Por quê? Porque os cristãos gentios da Diáspora tendo sido ensinados pelas estranhas interpretações de Paulo sobre a vida e morte de Jesus, não tinham mais ninguém para corrigir suas interpretações errôneas. Eles rejeitavam a circuncisão e logo em seguida deixariam de pensar em si mesmos como uma facção judaica. Tendo absorvido a história do 'povo escolhido de Deus' como sua herança, eles voltaram suas costas para a nação dos judeus, mesmo falsamente mantendo-os responsáveis pelo assassinato de seu próprio messias pertencente à casa de David. Os únicos registros detalhados da Guerra dos Judeus são aqueles de Josephus, um homem que começou na guerra como um líder militar judeu e terminou-a lutando do outro lado como um soldado romano. Nenhum registro da guerra sob o ponto de vista da Igreja de Jerusalém é sabido já ter existido; de fato, todos os seus registros desapareceram. Muitos estudiosos cristãos têm considerado como altamente significativo que a Igreja dos gentios instantaneamente perdesse todo o conhecimento de seus antepassados em Jerusalém: O fato de que a tradição cristã não tenha preservado nenhum registro do destino da Igreja Mãe de Jerusalém, a não ser aquelas, obviamente imprecisas, fornecidas por Eusébio e Epifânio, deve certamente significar que o que fosse conhecido das passagens daquela famosa Igreja, nada fosse encontrado que pudesse ser convenientemente utilizado no crescente gosto pela hagiografia (veneração dos santos). Tal silêncio, haja vista a antiga e única autoridade, bem como o prestígio da Igreja de Jerusalém, é significativo, e, quando visto no contexto do conhecimento que nós temos descoberto da natureza e da imagem da Cristandade judaica, a conclusão que surge de modo razoável e necessário é que a Igreja de Jerusalém caiu junto com a nação judaica na catástrofe do ano 70 d.C.. Deste modo em tão curto espaço de tempo, esta florescente Igreja Cristã Judaica, com a reverenda companhia dos discípulos e testemunhas de Jerusalém e seus membros vigorosos nos distritos do país, foi tão fatalmente massacrada pela destruição da guerra que esta desapareceu quase completamente da vida da Igreja Católica. Acreditamos que há uma referência à queda de Jerusalém no Novo Testamento que usualmente permanece irreconhecível. O Livro das Revelações contém impenetráveis visões apocalípticas que parecem ser uma lembrança da destruição de Jerusalém. Ele foi escrito por um judeu desconhecido convertido ao Cristianismo aproximadamente quarenta anos após a queda do Templo e descreve a criação da Nova Jerusalém. No capítulo vinte, o autor visionário descreve como estes mártires que haviam morrido defendendo Jerusalém da besta (os romanos) estariam junto a Cristo por mil anos a partir do tempo que eles fossem ressuscitados. Ao término do primeiro milênio, conta-nos ele, que o reinado de Cristo e de sua 'amada cidade' seria atacada por nações ímpias, lideradas por Gog e Magog. Jerusalém foi arrasada pelos romanos em 70 d.C.; mil anos e alguns meses após, os turcos seljúcidas chegaram e devastaram a cidade. Nós acreditamos que este acurado desempenho de profecia é apenas uma estranha coincidência, mas, como demonstraremos, os governantes da Europa medieval certamente a levaram muito a sério. Conclusão O papel de Tiago, o irmão de Jesus, foi deliberadamente apagado pela Igreja Católica Romana e a importância de Pedro e Paulo foi enfatizada para assegurar que os papas romanos fossem vistos como tendo uma linha direta de autoridade oriunda diretamente do próprio Cristo. Paulo chegou em Jerusalém e proclamou que ele havia experimentado uma mensagem especial de Deus que lhe dava um único evangelho que era completamente diferente daquele pregado por Tiago e outros que tinham conhecido Jesus pessoalmente. Ele então viajou para fora de Israel e da Judéia para converter os gentios para sua versão 'revelada' dos eventos que incluíam ocorrências sobrenaturais. Paulo nunca foi aceito pela Igreja de Jerusalém. Ele não compreendia a teologia judaica deles e concentrou-se em um culto voltado para os cidadãos romanos. Paulo não compreendia o uso da 'ressurreição em vida' utilizada pela Igreja de Jerusalém e, deste modo, ele e seus seguidores paulinos erroneamente acreditavam que Jesus fazia com que os mortos retornassem à vida. Após o assassinato de Tiago, os judeus ingressaram em uma guerra contra Roma que resultou na destruição do Templo e de uma grande proporção da nação judaica, incluindo quase todos aqueles que eram ligados à Igreja de Jerusalém. Nesta época, por sua vez, Paulo também estava morto e uma nova safra de cristãos gentios estava livre para desenvolver um culto que pouco tinha em comum com os ensinamentos de seus fundadores. Antes que o Templo fosse destruído, os mais preciosos manuscritos e tesouros da Igreja de Jerusalém foram enterrados embaixo das ruínas do Templo de Herodes. A verdade a respeito de Jesus e de seus rituais secretos permaneceram adormecidas, mas não estavam perdidas: os Templários eventualmente descobriram os segredos perdidos. Nossa próxima tarefa é considerar como os eventos do ano de 70 d.C. em Jerusalém poderia ser conectados à Maçonaria. Para tal, nós precisamos procurar mais apuradamente em Rosslyn, a reconstrução medieval do Templo de Jerusalém construída pelos descendentes dos Cavaleiros Templários. 2 Os Segredos de Rosslyn Os Nove Cavaleiros A pequena vila de Roslin localiza-se a aproximadamente quinze quilômetros ao sul de Edimburgo através da estrada para Penicuik. Ela é famosa por três razões: uma fazenda estatal experimental que tem produzido pares de ovelhas geneticamente clonados; as ruínas de um castelo que foi destruído pelo Exército dos Roundheads quando a Guerra Civil Inglesa espalhou-se até a Escócia; e uma não muito usual capela medieval. A Capela de Rosslyn foi iniciada em 1440 e tem demonstrado ser o mais antigo monumento que possui claras conexões com a Maçonaria moderna, os Cavaleiros Templários e a Jerusalém do primeiro século. Para compreender Rosslyn nós temos que compreender os Cavaleiros Templários que eram, sem dúvida, a mais famosa ordem de guerreiros cristãos surgida no período medieval ou em qualquer outro. Estes monges guerreiros possuíam uma improvável concepção, uma existência controversa e um legado espetacular; todas essas características asseguraram que eles encontrassem seu lugar dentro de mais de uma lenda. Fatos extraordinários a respeito das façanhas dos Templários têm produzido todo tipo de românticos e de charlatões séculos a fora e, devido a isto, diversos estudiosos conceituados tornam-se imediatamente cépticos a qualquer teoria que mencione pelo nome. Do mesmo modo que é completamente verdadeiro que muito de absurdo tem sido escrito a respeito dos Templários, seria absurdo admitir que eles eram apenas uma ordem comum que apenas surgiu para captar a imaginação de um número sem fim de tipos esotéricos. No mínimo, os Templários seriam qualquer coisa, menos comuns. De acordo com avaliações aceitas, esta bem sucedida e enorme ordem surgiu quase que por acidente em 1118, logo após a morte do primeiro rei cristão de Jerusalém, Balduíno I, e a sucessão por seu primo, Balduíno lI. Costuma-se dizer que este novo rei foi procurado por nove Cavaleiros franceses que aparentemente informou-o que eles desejavam ser voluntários como uma audaciosa força de defesa para proteger os peregrinos dos bandidos e assassinos que havia nas estradas da Terra Santa. A história registra que o recém empossado rei imediatamente alojou-os no sítio do Templo de Salomão e pagou o seu sustento por nove anos completos. Em 1128, apesar do fato do grupo nunca ter se afastado do Monte do Templo, eles foram elevados à categoria de Ordem Santa pelo Papa por seus valorosos serviços na proteção dos peregrinos por toda uma década. Foi neste ponto preciso, que eles formalmente adotaram o nome de Ordem dos Pobres Soldados de Cristo e do Templo de Salomão, ou simplesmente, 'os Cavaleiros Templários'. Este minúsculo grupo de homens medievais foi repentinamente posicionado como o exército de defesa oficial da Igreja Romana na Terra Santa. As hostes sarracenas devem ter se divertido muito com isto! As coisas mudaram rapidamente. Dentro de poucos anos, o bando de maltrapilhos que havia acampado nas ruínas do Templo dos judeus, miraculosamente transformou-se em uma esplendorosa, fabulosa e saudável Ordem que se tornaria os banqueiros dos reis da Europa. Nós realmente acreditamos que os registros dos livros de História sobre o surgimento dos Cavaleiros Templários eram muito simplórios e, deste modo, precisávamos descobrir o que realmente ocorreu na segunda década após a Primeira Cruzada. Em nosso último livro, chegamos à conclusão de que os Templários não haviam protegido nenhum peregrino, pois eles gastaram todo o seu tempo escavando embaixo do Templo arruinado, a procura de algo, possivelmente o tesouro de Salomão. De fato, outros chegaram a conclusões similares antes de nós: A verdadeira tarefa dos nove Cavaleiros era empreender buscas na área, de modo a obter certas relíquias e manuscritos que contivessem a essência da tradição secreta do Judaísmo e do antigo Egito, alguns dos quais provavelmente remontassem à época de Moisés. * O Exército dos Roundheads era a força militar dos partidários puritanos de Sir Oliver Cromwell, lorde protetor da Grã Bretanha e Irlanda, quando da Revolução que depôs a casa real dos Stuart do trono inglês, em 1649. Cromwell instituiu uma república, baseada nos conceitos reformadores da Igreja Puritana da Inglaterra, permanecendo no governo da Grã Bretanha até o ano de 1658. (N. T.) Em 1894, quase oitocentos anos após os Templários terem iniciado a escavação sob as ruínas do Templo de Jerusalém, seus túneis secretos foram novamente sondados, nesta época por um contingente do exército britânico liderado pelo tenente Charles Wilson, membro dos Engenheiros Reais. Eles nada descobriram dos tesouros escondidos pela Igreja de Jerusalém, mas nos túneis cavados séculos antes, eles encontraram parte de uma espada templária, uma espora, restos de uma lança e uma pequena cruz templária, Todos esses artefatos estão agora em poder de Robert Brydon, um arquivista templário na Escócia, cujo avô fora amigo de um certo Capitão Parker que tomou parte nesta e em outras expedições que escavaram abaixo do sítio do Templo de Herodes. Em uma correspondência escrita ao avô de Robert Brydon em 1912, Parker relata a descoberta de uma câmara secreta abaixo do Monte do Templo com uma passagem que ligava à Mesquita de Omar. Ao surgirem dentro da mesquita, o oficial do exército britânico teve que fugir dos irados sacerdotes e fiéis para não morrer. Não há dúvida de que os Templários de fato realizaram escavações maiores em Jerusalém e a única questão que nós precisávamos considerar era: o que os levou a empreenderem tal enorme projeto e o que precisamente eles descobriram? Quando estávamos escrevendo nosso último livro, embora estivéssemos certos em saber o que eles tinham descoberto, nós apenas podíamos especular que a motivação para toda esta aventura deveria ter sido uma caça ao tesouro oportunista. Nós novamente consideramos o mútuo juramento de aliança que os nove Cavaleiros estabeleceram no início de sua escavação, dez anos antes que eles se estabelecessem como a Ordem dos Cavaleiros Templários. Diversos livros sobre os Templários usualmente estabelecem que o compromisso era uma promessa de 'castidade, obediência e pobreza' - que soa mais como um voto para monges do que para um pequeno grupo independente de Cavaleiros. Entretanto, quando o juramento é analisado em sua origem latina, este é traduzido por 'castidade, obediência e manutenção de toda propriedade em comum'. Existe uma clara diferença entre jurar nada possuir e jurar compartilhar toda a prosperidade em comum - e prosperidade é o que eles obtiveram em pouquíssimo tempo! Nós, entretanto, permanecemos intrigados pela natureza muito religiosa deste mútuo juramento. Outros observadores têm comentado sobre isto, pois sabem com certeza que os Templários, de fato, se tornaram uma ordem de monges guerreiros, mas como estes nove Cavaleiros saberiam o que ocorreria dez anos mais tarde? Muitas questões precisavam ser respondidas: 1. Por que eles precisavam abraçar a 'castidade' em uma época em que os padres católicos romanos não o faziam? 2. Por que um pequeno grupo de homens completamente independente precisou realizar um juramento de obediência e a quem eles estavam planejando serem obedientes? 3. Se eles eram meros caçadores de tesouros, por que eles pretenderiam compartilhar toda a propriedade em comum quando o método usual seria o de dividir o espólio? Para responder apropriadamente a estas questões, nós precisaríamos conhecer um pouco mais a respeito das circunstâncias deste pequeno grupo de cavaleiros que se reunira em Jerusalém em 1118. Nós certamente sentimos que algo estava errado aqui e nosso principal temor era que a verdade pudesse ter se perdido ao longo dos séculos e que nós nunca esclareceríamos as motivações destes homens. Nós sentíamos que a conclusão razoável a respeito da segunda questão sobre a necessidade de 'obediência' fortemente sugeria que outras pessoas deveriam estar envolvidas e que deveria haver um plano mais elaborado do que uma simples caça ao tesouro. Os três votos quando colocados juntos serviam mais aos padres do que aos Cavaleiros. Nós relembramos rapidamente do estilo de vida dos homens da comunidade dos Essênios descritos nos Manuscritos do Mar Morto: uma existência ascética que igualmente aplicava-se aos líderes da Igreja original de Jerusalém que originalmente havia enterrado os manuscritos e os tesouros que os Templários descobriram. A partir de nossas pesquisas prévias, nós acreditamos que os manuscritos removidos pelos Templários agora residem abaixo da Capela de Rosslyn na Escócia. Um Santuário Templário A Capela de Rosslyn está protegida por uma pequena estrada lateral passando por entre duas excelentes estalagens que somente pode ser notada por aqueles que se aventuram pela vila de Roslin. É difícil ver muito da edificação à primeira vista, uma vez que ela está obstruída por árvores e altos muros ao longo do lado norte, mas que estranhamente proporciona uma rápida visão da parede ocidental com suas duas bases de colunas no ponto mais alto. A entrada é realizada através de uma pequena cabana, onde lembranças podem ser compradas e onde é servido chá com biscoitos. Assim que se cruza a porta dos fundos da cabana, o esplendor desta curiosa e única capelinha é imediatamente óbvio e leva-se nada menos que alguns minutos para se perceber que esta é nada menos que um texto medieval escrito em pedra. A proeza artística de William St Clair não é semelhante a nada que nós já tenhamos visto anteriormente e nunca havíamos nos encantado tanto com a aura gerada no interior e exterior celestialmente esculpidos. Como uma obra arquitetônica, ela não é particularmente graciosa, nem as suas dimensões físicas impressionam, mas mesmo assim instintivamente sente-se que este é um lugar muito especial. Nós nada encontramos de cristão nesta assim chamada 'capela', uma observação que tem sido realizada por muitos observadores conhecidos por nós, desde então. Há uma estátua de Maria com um menino Jesus, um batistério com fonte, alguns vitrais com alegorias cristãs, mas tudo isto são intrusões vitorianas ocorridas quando a capela foi consagrada pela primeira vez. Estes atos de 'vandalismo' foram muito significativos, mas mal concebidos, uma vez que eles não puderam retirar a magnificência anterior da celestial edificação originariamente esculpida. Esta construção cuidadosamente planejada não foi somente construída sem um batistério, ela não possuía nenhum espaço para um altar em seu lado oriental e uma mesa de madeira hoje em dia serve para esse propósito no centro de um simples salão. A História registra que não foi consagrada até que a Rainha Victoria a visitasse e sugerisse que a mesma fosse transformada em uma igreja. Construída entre os anos de 1440 e 1490, a estrutura é coberta por uma combinação de motivos celtas e templários que são instantaneamente reconhecidos pelos modernos Maçons. Preparados com um detalhado senso das antigas origens da Maçonaria, nós começamos a perceber que existem pistas precisas e secretas impressas na construção da edificação que estabelecem uma ligação sem qualquer dúvida entre o Templo de Herodes e esta maravilha medieval. Há apenas dois salões: um salão principal e uma cripta que é acessada via uma escadaria no lado oriental. O salão possui quatorze pilares, doze dos quais são iguais, mas os localizados no sudeste e no nordeste são únicos, ambos esplendorosamente esculpidos com diferentes desenhos. Freqüentemente tem sido dito que estes pilares representam aqueles que existiam no átrio interior do Templo de Jerusalém chamados de Boaz e Jachin, que são hoje em dia muito importantes para os Maçons. Um exame mais atento revela-nos que a parede ocidental e a totalidade do piso foram projetados como uma cópia das ruínas do Templo de Salomão e a superestrutura acima do pavimento térreo e além da parede ocidental era uma interpretação da visão sobre a Jerusalém Celeste feita pelo profeta Ezequiel. Os pilares principais - Boaz e Jachin - são posicionados precisamente do mesmo modo que aqueles existentes em Jerusalém. Nós sabíamos que o ritual do grau maçônico conhecido como Santo Real Arco descreve a escavação das ruínas do Templo de Salomão e claramente estabelece que deveriam haver dois esplendorosos pilares no lado oriental e mais doze de concepção idêntica exatamente como encontramos em Rosslyn. Nós, então percebemos, que o layout dos pilares formava um perfeito tríplice Tau (três formas de 'T' unidos), exatamente como o descrito no ritual maçônico. Além do mais, de acordo com o grau do Santo Real Arco, também deveria haver um 'Selo de Salomão' (idêntico à Estrela de David) fixado ao tríplice Tau e uma inspeção mais acurada revelou que toda a geometria da edificação era de fato construída em torno desse desenho. Quando construiu Rosslyn, William St Clair inseriu estas pistas e colocou o significado da decodificação deles dentro dos então rituais secretos do grau do Santo Real Arco. Através do ritual maçônico, ele explicou anos mais tarde o que ele estava tentando dizer: O tríplice Tau significa, entre outros significados ocultos, Templum Hierosolyma - o Templo de Jerusalém. Ele também significa Clavis ad Thesaurum - uma chave para um tesouro - e Theca ubi res pretiosa deponitur - Um lugar onde algo precioso está oculto - ou Res ipsa pretiosa - A própria coisa preciosa. Esta era uma profunda confirmação de nossa tese de que Rosslyn era uma reconstrução do Templo de Herodes. Nós imediatamente imaginamos se este ritual da Maçonaria continha essas palavras para o único propósito de revelar o significado de Rosslyn ou se Rosslyn havia sido projetada neste formato para confrontar-se com os conhecimentos mais antigos? Nesse momento isto não importava, pois estava claro para nós que William St Clair era o homem que tinha estado envolvido com ambos. A definição maçônica do 'Selo de Salomão' segue a seguir: A Jóia de Companheiro do Real Arco é um triângulo duplo, muitas vezes chamado de Selo de Salomão, inscrito em um círculo de ouro; na base há um rolo de pergaminho onde constam as seguintes palavras Nil nisi clavis deest - Nada é desejada a não ser a chave - e no círculo aparece escrito, Si tatlia jungere possis sit tibi scire posse Se vós pudestes compreender estas coisas, vós conhecestes o suficiente. William St Clair havia cuidadosamente escondido esta escrita secreta dentro dos rituais da Maçonaria, que devem ter existido anteriormente a 1440. Neste ponto, nós sabíamos que era certo que o arquiteto deste 'Templo de Yahweh' escocês tinha inserido as suas próprias definições para estes antigos símbolos para que alguém em um futuro distante pudesse 'virar a chave' e descobrir os segredos de Rosslyn. Os nove Cavaleiros originais que cavaram abaixo dos escombros do Templo de Herodes cuidadosamente mapearam as fundações abaixo do solo, mas eles não possuíam nenhuma condição de saber como a principal superestrutura se parecia, exceto pela seção da parede ocidental que ainda existia de pé aquele tempo. As principais paredes de Rosslyn equiparavam-se exatamente com a linha de paredes do Templo de Herodes descobertos pela expedição do exército britânico liderada pelo tenente Wilson e pelo tenente Warren, membros dos Engenheiros Reais. Plano de Rosslyn Wilson iniciou um levantamento de toda a cidade de Jerusalém para a padronização do Levantamento de Artilharia em 1865 e, em Fevereiro de 1867, o tenente Warren chegou para empreender uma escavação dentro das galerias abaixo da área do Templo. Um dos diversos diagramas produzidos por Warren Ilustra o grau de dificuldade que eles encararam e ajuda a explicar o porquê dos Cavaleiros Templários terem levado nove anos para conduzir suas escavações. A maior parte da edificação de Rosslyn foi projetada como uma interpretação da visão de Ezequiel da Jerusalém reconstruída ou 'celeste' com suas muitas torres e pináculos. Uma das partes da edificação que é claramente diferente é a parede ocidental que foi construída em proporções maiores. A explicação oficial para esta escala maior é a de que a própria 'capela' seria somente uma capela lateral de uma igreja colegiada muito maior. Os atuais guardiões de Rosslyn admitem que esta explicação é uma suposição, uma vez que não existem evidências de que esta fosse a intenção de William St Clair. Certamente, qualquer parede que permanecesse sozinha poderia ser parte de uma edificação que tenha sido praticamente demolida. Neste caso há uma terceira opção: de que a parede seja uma réplica de uma edificação praticamente demolida, deste modo, nunca haveria uma outra parte - nem atual, nem pretendida. Inicialmente, parecia ser assim, embora fosse impossível encerrar de modo conclusivo o debate. Após a publicação de nosso livro anterior, nós estivemos em contato com um grande número de pessoas, muitas das quais possuíam informações para nós ou estavam em posição de oferecer assistência. Entre estas pessoas encontrava-se Edgar Harborne que é um conceituado Maçom, sendo um Past Grande Mestre de Cerimônias Assistente da Grande Loja Unida da Inglaterra. Edgar é também um estatístico e integrava uma sociedade de pesquisa na Universidade de Cambridge, onde era patrocinado pelo Ministro da Defesa para analisar a rendição e os pontos cruciais dos campos de batalha. Ele foi capaz de confirmar que nossa tese a respeito da morte de Seqenenre Tao, o rei da décima sétima dinastia do Antigo Egito, era altamente plausível devido aos ferimentos que não eram totalmente típicos daqueles encontrados em antigas batalhas. Edgar foi perspicaz ao visitar Rosslyn em companhia de seu bom amigo Dr. Jack Millar que é um diretor de estudos de uma famosa universidade. Felizmente para nós, Jack é um geólogo de considerável fama, com aproximadamente duzentas publicações acadêmicas em seu nome. No inicio de Agosto de 1996, Edgar e Jack voaram à Edimburgo onde nós nos encontramos, em uma sexta-feira à tarde, e imediatamente nos dirigimos para Rosslyn para uma avaliação do terreno como precursora de uma investigação de solo mais profunda. Lá, nós nos encontramos com Stuart Beattie, o diretor de projeto de Rosslyn, que gentilmente nos abriu o edifício. Edgar e Jack passaram algumas horas absortos pela beleza e complexidade da obra de arte,e então nos retiramos para o hotel para discutir nosso plano de ação para o dia seguinte. Ambos os homens estavam muito excitados e todos nós conversamos muito sobre o que havíamos visto. Entretanto, Jack esperou até o café da manhã do dia seguinte para nos contar que ele havia notado algo sobre a parede ocidental que ele acreditava que acharíamos interessante. Quando nós retornamos a Rosslyn ele nos explicou. . 'Este debate sobre se a parede ocidental é uma réplica de uma ruína ou uma seção inacabada de uma edificação muito maior...', disse Jack, apontando para o lado do noroeste. 'Bem, há somente uma única possibilidade - e eu posso assegurar-lhes que vocês estão corretos. Aquela parede ocidental é um disparate'. Nós ouvimos atentamente as razões que poderiam provar os nossos argumentos. 'Há duas razões do porquê de eu poder assegurar que isto é um disparate. Inicialmente, enquanto aqueles suportes possuem uma integridade visual, os mesmos não possuem nenhuma integridade estrutural; a cantaria não está presa completamente à seção central principal. Qualquer tentativa de construir além teria resultado em um colapso estrutural... E o povo que construiu esta 'capela' não era tolo. Eles simplesmente nunca pretenderam ir além'. Nós olhamos para onde Jack estava apontando e pudemos ver que ele estava absolutamente certo. Ele continuou: 'Ainda mais, venham até aqui e dêem uma olhada nas pedras de canto'. Jack andou até o canto e nós o seguimos, de modo que todos estivéssemos diante das desiguais paredes arruinadas que possuíam pedras projetando-se na direção do ocidente. 'Se os construtores tivessem interrompido o trabalho por causa da falta de dinheiro ou apenas para completarem posteriormente, eles teriam deixado um trabalho de cantaria perfeitamente esquadrinhado, mas estas pedras tinham sido deliberadamente trabalhadas para aparentar estarem danificadas - exatamente como uma ruína. Estas pedras não foram expostas às intempéries como aquela... Elas foram cortadas para parecerem com uma parede arruinada'. A explicação de Jack foi brilhantemente simples. No início daquele ano, nós havíamos trazido o Professor Philip Davies, do Departamento de Estudos Bíblicos da Universidade de Sheffield e o Dr. Neil Sellors, um colega de Chris, até a Escócia onde fomos convidados do Barão St Clair Bonde, um descendente direto de William St Clair e um dos mantenedores da Capela de Rosslyn. Nós nos dirigimos à inacreditavelmente bela moradia do Barão em Fife onde nós fomos muito bem recebidos por ele e por sua esposa sueca, Christina, e aonde nos foi apresentada uma esplêndida refeição sueca onde nos foi apresentado um outro dos mantenedores, Andrew Russell e sua esposa Trish. Na manhã seguinte, nós todos fomos visitar Rosslyn onde o Professor Davies havia arranjado um encontro com seu velho amigo o Professor Graham Auld, o Reitor da Divindade da Universidade de Edimburgo. Os dois pesquisadores bíblicos estudaram a edificação por dentro e por fora e então se dirigiram ao longo do vale para vê-Ia de uma certa distância. Ambos os homens conheciam muito bem Jerusalém e de fato concluíram que a construção era um notável remanescente do estilo herodiano. Olhando a partir do exterior da parede norte, Philip repetiu suas impressões: 'Este não se parece com qualquer lugar de veneração cristã. A impressão esmagadora é a de que foi construída para abrigar algum grande segredo medieval'. Pondo junto à evidência desses conceituados acadêmicos das universidades de Cambridge, Sheffield e Edimburgo, parece que nós havíamos provado nosso argumento de que Rosslyn foi projetada como uma réplica do Templo de Herodes. O Barão St Clair apontou que mais de cinqüenta por cento do grande número de figuras esculpidas na edificação estão portando rolos de pergaminhos ou livros e um pequeno friso é arrematado com uma cena que parece mostrar algo como rolos de pergaminhos sendo colocados em caixas de madeira com uma sentinela colocada e portando uma chave encimada com um esquadro. O esquadro é uma peça fundamental do simbolismo maçônico. Esta e outras evidências a partir das esculturas convenceram-nos de que os manuscritos dos Nazoreanos que nós já sabíamos terem sido removidos debaixo do Templo de Herodes pelos Cavaleiros Templários estavam aqui em Rosslyn. Uma Linha de Conhecimento Sempre nos impressionou, como uma forte curiosidade, que o nome da 'capela' é escrita como Rosslyn, enquanto que o da vila em torno desta é escrita como Roslin. Ao pesquisarmos sobre esta diferença, foi-nos dito que se passou a escrever o nome com um duplo 's' e com 'y' somente a partir da década de 1950 como uma forma de tornar o lugar um pouco mais celta. Nós sabemos que os lugares com nomes celtas sempre possuem um significado, mesmo sendo estes muito cumpridos, como a vila gaulesa de Llanfairpwllgwyngethgogerwyllyndrobwllllantisiliogogogoch, e que contém uma completa descrição do lugar. (esta última significa: A Igreja de Santa Maria próxima ao rápido moinho d'água ao lado da côncava aveleira branca oposta à caverna vermelha de São Sílio). Entretanto, ficamos curiosos sobre o significado gaélico de 'Roslin' que freqüentemente tem sido explicada como uma queda d'água ou promotório, apesar desta não descrever o local nem agora e nem em qualquer época passada. As palavras comuns em gaélicos para promontório são roinn, rubha, maoil ou ceanntire e para queda d'água são eas ou leum-uisge. Um significado adicional para Ross, ocorrendo apenas em nomes de origem irlandesa, é promontório de madeira, que somente se o nome possuísse conexões irlandesas (ou se os pesquisadores anteriores tivessem usado um dicionário gaélicoirlandês por engano) se poderia formá-lo usando-se esta definição. Com fluência em gaélico, Robert sabia que o som fonético 'Roslin' poderia ser escrito como 'Rhos Llyn' que significa 'lago acima do pântano'. Sem ser surpreendente, entretanto, estas palavras oriundas de Gales não descrevem o lugar de forma melhor que as irlandesas e, deste modo, procuramos as duas sílabas em um dicionário gaélicoescocês que nos forneceu a seguinte definição: Ros: um substantivo que significa conhecimento. Linn: um substantivo que significa geração. Parece que em gaélico, Roslinn poderia ser traduzido por conhecimento das gerações. Nós estamos certos de que confiar em dicionários sempre resulta em traduções curiosas e sendo assim, decidimos recorrer a alguém que realmente conhecesse a língua gaélica (corretamente conhecida por gaélica e nunca como gaulesa). Durante uma visita à Grande Loja da Escócia em 1996, nós fomos apresentados à Tessa Ransford, a diretora da Biblioteca de Poesia Escocesa em Edimburgo. Nós ficamos extremamente lisonjeados em descobrir que ela, uma notável poetisa escocesa, havia escrito um poema para louvar o nosso livro anterior. Um dos propósitos principais da Biblioteca é tornar acessível ao público a poesia da Escócia em qualquer língua que tenha sido escrita; isto significa que Tessa, que é casada com uma pessoa fluente em gaélico, reunia-se regularmente com um grande número de pessoas que possuíam um conhecimento detalhado da língua. Nós contatamos Tessa e perguntamos se ela poderia verificar se a nossa interpretação do nome Roslin estava correta e ela gentilmente concordou em discuti-Ia com especialistas nesta língua. Alguns dias mais tarde, ela nos procurou dizendo-nos que a nossa tradução não havia considerado uma significante pista contida na palavra 'Ros' que mais corretamente carrega um significado que a faz ser mais especificamente ser 'antigo conhecimento'; deste modo, a tradução que ela confirmava era mais precisamente: antigo conhecimento passado ao longo das gerações. Tessa e seus colegas estavam realmente excitados e nós estarrecidos com esta ainda mais poderosa interpretação que aparentava encaixarse perfeitamente com o propósito de Rosslyn ser considerada como um santuário de antigos manuscritos. A próxima questão era: quando a palavra 'Roslin' ou 'Roslinn' (uma vez que não havia uma padronização da escrita naqueles dias) foi usada inicialmente? Nós sabíamos que ela era anterior à construção da 'capela' de William St Clair, o que poderia indicar que os manuscritos removidos debaixo do Templo de Herodes haviam sido mantidos no castelo antes da 'capela' ter sido construída. Através de uma breve investigação, nós rapidamente descobrimos que a história dos St Clair, na Escócia, iniciara com um cavaleiro chamado William St Clair que popularmente era conhecido como William, o Gracioso. William era natural da Normandia e sua família era conhecida oponente do Rei Guilherme I, o normando que conquistou a Inglaterra em 1066. William St Clair considerava que ele possuía um bom motivo para reivindicar o trono da Inglaterra através de sua mãe Helena, que era filha do quinto Duque da Normandia, uma vez que Guilherme, o Conquistador, era o filho ilegítimo de Roberto, Duque da Normandia, com a filha de um curtidor que se chamava Arletta. A família St Clair ainda refere-se ao Rei Guilherme I simplesmente como Guilherme, o Bastardo. William, o Gracioso, foi o primeiro St Clair a mudar-se da Normandia e naturalmente falava apenas o francês, mas seu filho Henri foi educado sob a forte regra celta de Donald Bran e, deste modo, falava o gaélico tão bem como o francês normando (assim como todos os St Clair posteriores até o tempo de Sir William, o construtor da 'capela'). Nós descobrimos que foi este Henri St Clair que primeiro portou o título de Barão de Roslin, logo após seu retorno da Primeira Cruzada. Esta data foi um grande desapontamento para nós uma vez que ela desestruturou a nossa bela teoria. Henri teria retornado da Cruzada por volta do ano 1100, oito anos antes dos Templários iniciarem suas escavações, e deste modo o nome Roslin (antigo conhecimento passado ao longo das gerações) não poderia ser uma referência aos manuscritos que nem ainda haviam sido descobertos. Entretanto, como nós refletimos e pensamos que nós havíamos descoberto algo novo e muito importante para as nossa pesquisa. Nós recusávamos a acreditar que seria uma mera coincidência o fato de Henri ter usado um nome de tal significado para o seu novo título e, sendo assim, começamos a pesquisar em busca de novas pistas. Nós logo após descobrimos que Henri St Clair havia lutado nas Cruzadas e marchado para Jerusalém ao lado de Hugues de Payen, o fundador dos Cavaleiros Templários. Além disso, logo após Henri ter escolhido 'Roslin' como seu título, Hugues de Payen casou-se com a sobrinha de Henri e foram dadas terras na Escócia como um dote. As conexões estavam além da controvérsia, mas o que elas significavam? Henri estava, através da escolha de seu título, sinalizando que possuía um conhecimento especial da antiga tradição, ou era, talvez, apenas uma peça pregada por Henri para seu próprio divertimento? Parece que a nossa intuição de que os nove Cavaleiros que formavam os Templários sabiam o que estavam procurando estava correta, mas nós não poderíamos imaginar como eles poderiam saber o que estava enterrado sob o Templo de Herodes. Talvez, um melhor estudo da edificação revelaria alguma pista. Os Cavaleiros da Cruz Vermelha da Passagem da Babilônia Nossa descoberta de que Rosslyn possuía conexões incontestáveis com os graus da Maçonaria moderna causou muito interesse após a publicação d'A Chave de Hiram e muito pesquisadores nos procuraram. Um deles era um historiador maçônico da Bélgica chamado Jacques Huyghebaert. Jacques enviou-nos um e-mail perguntando-nos sobre a origem da inscrição em latim gravada no arco da Capela de Rosslyn que havíamos mencionado em nosso livro. Traduzida ela significa: O VINHO É FORTE, UM REI É MAIS FORTE, AS MULHERES SÃO AINDA MAIS FORTES. MAS A VERDADE CONQUISTARA A TODOS. Este estranho lema é a única inscrição original em toda construção e era claramente de muita importância para William St Clair na década de 1440. A mensagem eletrônica de Jacques dizia: Vocês poderiam me fornecer a versão original em latim desta inscrição que está esculpida no Santuário de Rosslyn? Vocês seriam capazes de datá-la? ... Vocês conhecem um grau [maçônico] complementar que se ocupa da relação entre Vinho, Reis, Mulheres e a Verdade? Este grau é chamado de 'Ordem dos Cavaleiros da Cruz Vermelha da Babilônia' ou da 'Ordem do Caminho da Babilônia' e na Inglaterra está intimamente relacionado ao Real Arco. ... Seu ritual é baseado no Livro de Esdras e os eventos que ocorreram durante o Cativeiro da Babilônia... De acordo com a lenda maçônica deste grau, Zorobabel, o Príncipe de Judá, solicitou uma audiência no Palácio na Babilônia, de modo a obter permissão para reconstruir o Templo do Altíssimo em Jerusalém. O Rei da Pérsia, demonstrando sua boa vontade sobre esta permissão, disse 'que tem sido um costume desde tempos imemoriais, entre os Reis e os Soberanos desta região, em ocasiões como esta propor certas questões'. A questão que Zorobabel deveria responder era: 'Qual delas é a mais forte, a Força do Vinho, a Força dos Reis ou a Força das Mulheres?' Nós estávamos muito empolgados com as boas novas e respondemos a Jacques, dizendo que a existência desta inscrição em Rosslyn e o seu uso em um alto grau da Maçonaria deve estar além da coincidência. Ele nos respondeu: Como vocês disseram, isto deve estar além da coincidência. Entretanto, eu recomendaria sermos cautelosos... Vocês poderiam verificar se esta inscrição não foi esculpida por um 'espertinho' no século XIX ou XX, que tinha conhecimento deste grau, e a adicionou discretamente durante um recente trabalho de restauração? Se, entretanto, por uma chance a inscrição em latim em Rosslyn provar-se ser mais ANTIGA do que 1700 não haverá dúvida de que vocês fizeram uma GRANDE DESCOBERTA, pois esta seria a primeira prova irrefutável de que os rituais dos altos graus eram trabalhados na Escócia tempos antes de seu lugar geralmente aceito e do seu período de criação: em França, após o ‘Discurso' do Chevalier Ramsay, isto é, a partir da década de 1740. Nós imediatamente contatamos Judy Fisken, que era a curador de Rosslyn àquela época, para estabelecer a origem da inscrição. Judy nos informou que a pedra na qual a inscrição encontrava-se gravada era uma parte intrínseca da estrutura da edificação e que ela estava certa de que as palavras gravadas datavam da construção da 'capela' nos meados de 1400. Deste modo, escrevemos para Jacques: As chances da inscrição em latim ser uma adição posterior são iguais a zero. Nenhuma área do interior foi deixada sem ser esculpida e estas palavras não foram certamente sobrescritas a qualquer outra existente. O tipo de fonte certamente corresponde a do século XV. Também até 1835, a conexão maçônica com o edifício não era ainda amplamente conhecida para que alguém tivesse embocado sobre o pilar Jachin, fazendo parecer exatamente como os demais pilares, de modo que o significado maçônico dos pilares gêmeos fosse escondido. * André-Michel Romsay, conhecido por Cavaleiro de Ramsay (Ayr, Escócia, 1686 - Saint Germain em Laye, 1743): Ramsay, protestante convertido ao catolicismo, iniciou sua carreira maçônica entre os anos de 1725 e 1726, sendo iniciado em uma Loja francesa quando este retornava de Roma. Importante escritor e pesquisador de fIlosofia e política, tornou-se rapidamente membro da administração da Grande Loja de França, sendo seu Grande Chanceler. Sua carreira maçônica é freqüentemente associada ao seu famoso Discurso, pronunciado à Loja de Saint-Thomas, onde este exaltava a necessidade da criação de altos graus maçônicos para o aperfeiçoamento da fIlosofia da Maçonaria e ligava esta última aos Pobres Cavaleiros do Templo de Salomão, ou os Cavaleiros Templários. (N. T.) Uma noite, nós discutimos esta abordagem com Philip Davies e na manhã seguinte nos dirigimos ao escritório de Chris com uma fotocópia dos dois Livros de Esdras que fazem parte apócrifa da Bíblia. Nós mantivemos Jacques a par de nossas pesquisas: O Professor Philip Davies veio junto a nós com uma tradução completa do Livro de Esdras. A parte que nos interessou não é muito extensa, mas muito curiosa! Acredita-se que no texto original não havia o termo a 'verdade' que fora adicionado posteriormente por autor judeu. O Rei havia pedido à sua guarda pessoal para dizer o que era a coisa mais forte e contou-lhes que aquele que fornecesse a resposta mais sábia tornar-se-ia um igual ao Rei e desfrutaria de grandes riquezas. O homem que disse 'a verdade é a mais forte' é feito nobre e então diz ao Rei: 'Lembrai de vosso juramento que fizestes um dia quando vós vos tornastes Rei, construir Jerusalém, e que enviaria de volta todos os vasos sagrados que foram tomados de Jerusalém que Ciro havia protegido quanto destruiu Babilônia e que prometera enviar para lá. Vós também jurastes construir o Templo que os Edomitas queimaram quando a Judéia caiu diante dos Caldeus’. Isto era importante para William St Clair, pois Rosslyn era a sua reconstrução do Templo, baseada no modelo do Templo de Herodes e na visão de Ezequiel da Nova Jerusalém. Como você disse, tudo isso não pode ser coincidência. Neste meio tempo, nós havíamos inquirido os nossos companheiros Maçons por qualquer informação sobre o ritual dos Cavaleiros da Passagem da Babilônia e descobrimos nossa primeira referência em uma publicação maçônica. Cruz Vermelha da Babilônia: O mais profundo e místico dos Graus Maçônicos Associados, este grau é similar aos graus 15º (Cavaleiro da Espada ou do Oriente), 16º (Príncipe de Jerusalém) e 17º (Cavaleiro do Oriente e do Ocidente) do Rito Escocês Antigo e Aceito. Os três pontos ou partes da cerimônia descendem de três dos graus praticados nos meados do século XVIII. Parte da cerimônia é semelhante à Passagem dos Véus dos ritos escoceses e do Campo de Balduíno... Para ser um membro dos Graus Maçônicos Associados você deve ter sido tanto um Maçom do Real Arco, como um Mestre Maçom da Marca. Agora que sabíamos que o grau existia sob os auspícios do Grande Capítulo nós rapidamente localizamos o ritual e este era uma fascinante leitura. O 'Campo de Balduíno', inicialmente pensamos, parecia ser uma referência ao acampamento dos Cavaleiros Templários no terreno arruinado do Templo de Herodes sob os auspícios do Rei Balduíno de Jerusalém, mas logo aprendemos que estava associado com um antigo grupo de Maçons de Bristol. O título completo do grau é Cavaleiro da Cruz Vermelha da Babilônia ou da Passagem da Babilônia. Ele consiste de três dramas ritualísticos, ou pontos, que narram três incidentes retirados dos capítulos 1-6 do Livro de Ezra, dos capítulos 2-7 do Livro de Esdras e dos capítulos 1-4 do Livro 11 d'As Antiguidades dos Judeus, de Josephus. Este grau narra detalhadamente os motivos e os propósitos da reconstrução do Templo de Jerusalém. O líder do grau, conhecido como Mui Excelente Chefe, marca o exato ponto na abertura do grau quando ele propõe a seguinte questão: Excelente Primeiro Vigilante, que horas são? Ele recebe a seguinte resposta: A hora da reconstrução do Templo. O ritual prossegue dizendo que Dario concordou em apoiar Zorobabel, o Príncipe de Judá, e emite um edito que permite a reconstrução do Templo e 'ainda mais, os vasos de ouro e prata que Nabucodonosor havia tomado serão restaurados e colocados em seus devidos lugares'. Neste ponto da cerimônia, Dario nomeia o candidato, que faz o papel de Zorobabel, um cavaleiro do Oriente, e lhe dá uma fita verde ornada com ouro o que significa a iniciação nos mistérios secretos. Antes de ser permitido a Zorobabel deixar a corte de Dario e retomar a sua tarefa de reconstrução do Templo, a ele, em companhia de dois outros, é colocado um enigma por parte Dario, cuja resposta correta o cobrirá de grande prestígio e honra: O grande Rei faz através de mim conhecido o seu contentamento e deste modo cada um de vós três dará a sua opinião em resposta a questão. O que é mais forte, o Vinho, o Rei ou as Mulheres? O ritual então nos conta as três respostas que foram dadas ao enigma de Dario. O primeiro jovem disse que o vinho era o mais forte porque ele podia alterar a mente e o humor de qualquer um que bebêlo; o segundo jovem disse que o Rei era o mais forte, pois, mesmo os soldados eram obrigados a obedecer lhe. Na vez do candidato Zorobabel falar, o ritual coloca as seguintes palavras em sua boca: Ó, Senhores, é verdade que o vinho é forte, bem como os homens e o Rei; mas quem controla a todos? Certamente, as Mulheres. O Rei é o presente de uma mulher. As mulheres são as mães daqueles que trabalham nos vinhedos que produzem os vinhos. Sem as mulheres, os homens não podem existir. Um homem faz de fato coisas tolas pelo amor de uma mulher; dá a ela valiosos presentes e, algumas vezes, mesmo vende-se a si mesmo à escravidão por sua saúde. Um homem deixará o lar, o país e os títulos de nobreza pelo seu bem. Ó, Senhores, não são as mulheres fortes, haja visto o que elas podem fazer? Mas nem as Mulheres, o Rei ou o Vinho são comparável à poderosa força da Verdade. Como todas as outras coisas, eles são mortais e transitórias; mas somente a Verdade é imutável e eterna. Os benefícios que dela recebemos não variam com o tempo e com a fortuna. Em seu julgamento não há a injustiça; e ela é a sabedoria, a força, o poder e a majestade de todas as épocas. Abençoado seja o Deus da Verdade. Grande é a Verdade e poderosa é sobre todas as coisas! Em face de tal evidência, ninguém pode negar que William St Clair era conhecedor deste grau maçônico que, até o presente momento, acreditava-se inicialmente ter sido praticado após 1740. Ele é pelo menos trezentos anos mais antigo - e nós brevemente descobriríamos evidências que o dataria de mais longe ainda. O Segredo das Pedras Tendo descoberto irrefutáveis evidências que um alto grau da Maçonaria era conhecido por William St Clair, nós começamos a olhar mais atentamente do que antes os mínimos detalhes do intrincado interior e exterior esculpido de Rosslyn. Uma pequena, porém fantástica descoberta, era a gravação de dois homens, lado a lado. Apesar desta escultura exterior estar danificada pelas intempéries e possuir aproximadamente trinta centímetros de altura, nós pudemos observar muito bem, a maior parte de seus detalhes. Ela mostra um homem vendado com vestimentas medievais, ajoelhado e segurando com sua mão direita um livro com uma cruz na capa, seus pés colocados de modo a formar um esquadro. Em torno do pescoço do homem há um nó corrediço, sendo a ponta deste segurada por um segundo homem que estava vestindo um manto templário com a cruz distintiva mostrada em seu peito. Quando descobrimos esta pequena gravação, nós procuramos Edgar Harborne, uma autoridade da Grande Loja Unida da Inglaterra. Somados, tínhamos aproximadamente setenta anos de experiência maçônica e sabíamos exatamente o que estávamos olhando. Edgar estava empolgado e surpreso, assim como nós, pois não havia qualquer dúvida; esta era a imagem de um candidato à Maçonaria durante o processo de sua iniciação no ponto crítico de seu juramento de obrigação. A forma dos pés, o cordame, a venda, o volume da lei sagrada - esta imagem mostra um homem sendo admitido na Maçonaria cinco séculos e meio atrás! Ainda mais, esta pequena estátua era a primeira representação visual de um Templário conduzindo uma cerimônia que nós agora consideramos ser unicamente maçônica. O fato de ela apresentar um Templário conduzindo um candidato implica que a escultura estava demonstrando um evento histórico que datava do período templário, deste modo ela poderia estar mostrandonos uma cerimônia maçônica de setecentos anos de idade. Dentro da edificação, nós analisamos cada uma das pequenas esculturas. Isto era difícil, devido, em algum ponto do passado recente, a alguma alma caridosa que cobrira completamente o interior com uma massa de areia e cal em uma mal sucedida tentativa de proteger o trabalho de cantaria, o que obscureceu os pequenos detalhes. No alto de dois meio pilares construídos na parede meridional, com uma altura de aproximadamente três metros, nós descobrimos pequenas representações que eram extremamente interessantes. Uma destas com apenas alguns centímetros de altura mostra um grupo de figuras com uma pessoa portando uma peça de tecido na qual havia no centro a face de um homem barbado e com cabelos longos. A figura que porta o tecido teve sua cabeça perdida e, uma vez que há poucos danos ao edifício, parece, como pensamos, que ela foi deliberadamente removida. Isto fez-nos olhar para outras cabeças e ficamos impressionados pela distintiva aparência de cada uma delas. As faces não são amenas ou anônimas, como normalmente se vêem em edifícios semelhantes; elas dão a impressão de que eram deliberadamente semelhantes a indivíduos conhecidos - quase como máscaras mortuárias em miniatura. Só nos restava especular: esta pequena estatueta representa alguém segurando o Sudário de Turim? Só existem duas explicações para tal imagem: é o Sudário de Turim que está sendo portado ou é aquilo que conhecemos por 'Verônica'. A lenda não-bíblica de Santa Verônica narra como uma mulher (freqüentemente associada à Maria Madalena) deu o seu manto (em algumas versões o seu véu) a Jesus para enxugar sua face quando ele estava deixando o Templo ou no caminho do Calvário portando sua cruz. Quando esta tomou o manto de volta, neste havia a imagem da face miraculosamente impressa no tecido. Estudiosos modernos acreditam que o nome 'Verônica' é derivado do latim vera e do grego eikon, significando 'a verdadeira imagem'. O nome e a idéia são um tanto suspeitos, uma vez que a Igreja Católica Romana não reconhece uma santa chamada Verônica. Apesar desta negação de beatificação, o 'manto original' pode ser encontrado na Basílica de São Pedro na Cidade do Vaticano. Isabel Piczek, uma artista que tem estudado o Sudário de Turim e que provou que este não poderia ser uma pintura, esteve em uma visita não oficial para ver a Verônica na Basílica de São Pedro. Ela descreveu esta experiência ao pesquisador do Sudário, Ian Wilson: Sobre ele estava um pedaço de tafetá colorido do tamanho de uma cabeça, do mesmo tipo do sudário, levemente acastanhado. Ele não parecia estar remendado, apenas uma mancha de cor ferrugem acastanhada. Parecia um pouco desigual, exceto por algumas descolorações trançadas... Mesmo com a melhor das imaginações, você não é capaz de deslumbrar qualquer rosto ou imagem dele, nem mesmo a mais leve sugestão disto. Estávamos cientes que esta antes inexpressiva relíquia 'sagrada', ou a idéia por trás dela, possa ser anterior ao advento do Sudário, mas não era certamente logo após as exibições públicas do Sudário de Turim em Lirey que a popularidade de uma imagem do rosto sagrado cresceu. Padre Thurston, um historiador cristão, categoricamente estabelece que a lenda da Verônica, como apresentada na atual Estações da Via Dolorosa, não pode ser datada de antes do final do século XIV. Tal datação significaria que a lenda surgiu após a primeira exibição pública do Sudário de Turim em 1357. A cabeça de Cristo tem sempre sido representado nos ícones tendo longos cabelos repartidos ao meio e com uma barba espessa e quando um pedaço de tecido surgiu com tal representação poderia ter difundido a idéia de uma 'Verônica'. A coluna seguinte em Rosslyn possui uma cena igualmente pequena que mostra uma pessoa sendo crucificada, mas estranhamente, uma vez mais a cabeça foi removida. Os únicos danos aparentemente deliberados que nós conhecemos na edificação são as das cabeças portando o rosto no tecido e da pessoa crucificada. É como se alguém sentisse a necessidade de ocultar a identidade por detrás destas imagens. As demais faces nas miniaturas gravadas são certamente muito distintas - ainda embora elas parecessem com pessoas reais. Nós imaginamos se a pessoa que encobriu o pilar de Jachin com gesso também removeu as cabeças dessas figuras chaves. Se estes eram uma simples Verônica e uma representação padrão de Jesus na cruz, não haveria necessidade de desfigurar os principais rostos. A figura crucificada não está pregada em uma idéia normal da cruz cristã, onde a parte superior continuava afim da trave horizontal, mas a uma cruz na forma de um Tau judaico que possuí a forma de um T. As representações cristãs medievais freqüentemente mostram uma segunda trave representando a placa que com zombaria, proclamava Jesus como sendo o Rei dos Judeus - mas nunca mostra uma cruz Tau. 'Tau' é a última letra do alfabeto hebraico e, como a letra grega 'Omega', representa o fim de algo, especialmente a vida. É também verdade que a maioria das crucificações romanas eram conduzidas em estruturas com este formato, mas nenhum construtor do século XV teria condições de saber isto. Parece que o criador desta pequena gravação ou era muito bem informado a respeito da metodologia das crucificações romanas ou estava deliberadamente utilizando-se da simbologia judaica para a morte. Quando da pesquisa para nosso livro anterior, nós havíamos trabalhado com a idéia de que a imagem do Sudário de Turim poderia ser a do último Grão-Mestre dos Templários e, se nossas suspeitas de que o Sudário de Turim é a imagem de Jacques de Molay estiver correta, nós poderíamos esperar que William St Clair estivesse atento a este fato, uma vez que sua família esteve intimamente envolvida com os Templários que haviam fugido para a Escócia após a queda da Ordem - mas por que ele está representado desta forma? Talvez o Sudário provaria ser muito mais importante do que havíamos pensado. O corpo governante da Maçonaria Inglesa e Gaulesa, a Grande Loja Unida da Inglaterra, é enfático sobre o fato de nada ser conhecido ao certo sobre a história da organização anterior à fundação da Grande Loja de Londres em 1717. Tem sido crítico para nós sugerir que há uma história a ser descoberta para aqueles que escolheram procurar, e aqui, em Rosslyn, nós possuíamos provas positivas de que os rituais maçônicos são pelo menos duzentos e setenta e cinco anos mais antigos do que a história oficial da Maçonaria, como definida pela Grande Loja Unida da Inglaterra. Nosso próximo estágio de pesquisa era olhar atentamente em como e por que a Maçonaria Inglesa perdeu contato com seu passado e estabelecer o que está sendo escondido, se for o caso, por detrás de uma cega recusa em conhecer qualquer história anterior a 1717. Conclusão Parece que os Cavaleiros Templários conheciam o que eles estavam procurando quando iniciaram sua escavação de nove anos e o seu voto de obediência fortemente sugere que outros estavam envolvidos por detrás disto tudo. Rosslyn é uma cópia deliberada das ruínas do Templo de Herodes com um projeto que é inspirado na visão de Ezequiel da nova 'Jerusalém Celeste'. As pistas para a compreensão da edificação estavam colocadas dentro do então secreto ritual do Grau do Santo Real Arco da Maçonaria. William St Clair utilizou este método para contar-nos que a edificação é 'o Templo de Jerusalém', 'uma chave para um tesouro' e 'um lugar onde algo precioso está oculto', ou 'a própria coisa preciosa'. A grande parede ocidental de Rosslyn pode ser conclusivamente encarada como uma reconstrução de parte do Templo de Herodes, e o nome 'Roslin' possui o surpreendente significado 'o antigo conhecimento passado ao longo de gerações', quando compreendido a partir do gaélico. A razão para este nome não está clara, mas Henri St Clair de Roslin era excepcionalmente íntimo de Hugues de Payen, o líder dos primeiros Templários. Uma gravação no exterior claramente mostra um candidato sendo iniciado na 'Maçonaria' por um homem usando um traje templário, e uma inscrição dentro da edificação demonstra que os construtores eram familiarizados com um dos altos graus da Maçonaria, trezentos anos antes da data anteriormente aceita de sua origem. Uma gravação dentro da edificação parece mostrar o Sudário de Turim sendo portado por alguém e uma outra que mostra a crucificação de uma pessoa sem cabeça em uma cruz Tau judaica. Talvez o Sudário de Turim esteja diretamente conectado à história que Rosslyn narra em pedra. 3 A História Perdida da Maçonaria Os Segredos da Maçonaria Pergunte a qualquer homem ou mulher nas ruas sobre a Maçonaria e uma das primeiras palavras que serão mencionadas será 'segredo', A impressão de um culto secreto tem sempre sido a mais óbvia característica da Maçonaria e tem causado à organização os seus maiores problemas, pois a natureza humana faz com que as pessoas suspeitem o pior quando algo parece ser oculto deliberadamente. A muralha de silêncio que costuma circundar a Ordem tem sistematicamente desaparecido nos anos mais recentes, mas uma percepção pública de segredo é ainda tão forte quanto antes, gerando teorias onde 'conspiradores' da Maçonaria são imaginados agindo em seus próprios interesses em detrimento ao público em geral. A idéia contínua de que há um segredo muito importante oculto no seio da Maçonaria era claramente demonstrado em 1995 por um colunista do Daily Telegraph, publicado em Londres: A Maçonaria gera considerável tensão ao encorajar altos níveis de moralidade entre os seus membros. Mas é surpreendente que uma sociedade que se vale de cumprimentos, sinais e linguagem secretas para o mútuo reconhecimento de seus membros, seja suspeita de possuir mais uma influência para o mal do que para o bem. Por que se valer de tais métodos, se não somente para esconder a verdade? Por que esconder, se não há nada a esconder? A lógica é difícil de contestar. Se não há nada a esconder por que há segredos? Para o Maçom comum, a aura de segredo é um maravilhoso modo de não ter de discutir os curiosos rituais que são informados de geração em geração usados nas iniciações e nas elevações dos candidatos a outros graus. É difícil explicar para as pessoas o que você faz quando você mesmo não compreende isto. Nós estamos agora certos de que muitos Maçons hoje são vítimas de sua própria mitologia, acreditando que tudo ou quase tudo que eles fazem é um segredo inviolável, apesar da Grande Loja da Inglaterra ser perfeitamente clara em determinar que somente os meios de reconhecimento devam ser ocultos do mundo como um todo. Estes sinais de reconhecimento não são usados em situações comerciais para formar uniões fraternais com pessoas completamente estranhas, como as pessoas suspeitam. Eles são simplesmente um meio de restringir o comparecimento às reuniões das Lojas somente às pessoas qualificadas; exatamente como um cartão de ingresso a uma associação ou um sistema de código de acesso. A grande questão que é perguntada por muitos concerne à possível existência de algum grande e profundo segredo dentro do seio da Maçonaria que é oculto de todos, menos de algumas grandes autoridades maçônicas. Este tipo de especulação poderia ser encarado como uma paranóia de anti-Maçons, mas quando a questão é levantada por importantes e tradicionais Maçons, a possibilidade não pode ser ignorada. Uma dessas pessoas é o Doutor da Divindade que, como demonstramos na introdução deste livro, é um Maçom do grau 32º que tem acreditado que talvez haja alguma verdade nas acusações que somente aqueles que se encontram no topo da Maçonaria conhecem a real verdade. Se este tal grande segredo existe nós estávamos determinados a encontrá-lo. Nossas suspeitas de que havia algo escondido tinham certamente crescido devido à silenciosa reação obstrutiva às nossas pesquisas anteriores, inesperadamente gerada a partir da Grande Loja Unida da Inglaterra. Nossa obra anterior havia sido bem recebida por outras Grandes Lojas e por outros pesquisadores maçônicos pelo mundo todo, ainda que não tenhamos recebido nenhum agradecimento ou mesmo resposta direta à cópia de nosso livro que encaminhamos à sede da Maçonaria Inglesa. Entretanto, nós certamente ficamos atentos aos ataques negativos a partir das ações de outros. Por sua vez, nós não acreditamos que a Grande Loja Unida da Inglaterra faça nada contra nós, mas é possível que certos indivíduos possam tomar isto como mau exemplo e agirem desonestamente em 'defesa' de seus clubes de cavalheiros. Nós realizamos diversas apresentações em livrarias por todo o país e estranhamente aquelas previstas em Londres foram canceladas no último minuto. Lojas por todo lado estavam extremamente interessadas em nosso trabalho e muitas delas solicitaram a apresentação de nossas descobertas a seus membros, mas diversas palestras foram canceladas devido à pressão oriunda de algum lugar acima, Mesmo as nossas correspondências, endereçadas aos secretários das Lojas, eram ilegalmente interceptadas em inúmeras ocasiões antes que pudessem chegar aos seus destinatários. Uma pessoa conseguiu interceptar nove cartas antes delas serem encaminhadas para os endereços e prudentemente ocultaram o nome da Loja por trinta e oito vezes ao todo antes de serem devolvidas para nós. Nós escrevemos a esta Loja, que nos reservamos o direito de não nomeá-la, perguntando se eles sugeririam como o nome maculado de sua Loja poderia ser restaurado, mas não obtivemos resposta. Um grande número de pessoas parecia determinado que deveríamos nos ser negado o direito de sermos ouvidos. O Poder e a Glória Estima-se que haja pelo menos cinco milhões de homens Maçons no mundo hoje e um desconhecido, porém, bem pequeno, número de mulheres Maçons. A Grande Loja Unida da Inglaterra atualmente governa aproximadamente trezentos e sessenta mil membros na Inglaterra e em Gales e é universalmente conhecida como sendo a primeira obediência maçônica no mundo. De acordo com a atual constituição deste corpo regular, o GrãoMestre deve ser sempre um príncipe de sangue real e o atual mandatário deste cargo é Sua Alteza Real, o Duque de Kent. Para se evitar qualquer acesso de um comum a este posto, o segundo em comando, o Grão-Mestre Adjunto, somente pode ser um membro da nobreza. Esta regra a favor da aristocracia parece-nos contradizer a história da Maçonaria que era originalmente uma organização altamente democrática e republicana. Apesar desta regra impositiva, demoraram-se sessenta e cinco anos para a Maçonaria Inglesa ter o seu primeiro Grão-Mestre de sangue real, o Duque de Cumberland. Nós procuramos verificar como a organização está estruturada hoje e descobrimos que este preeminente corpo governamental da Maçonaria é uma companhia privada limitada, normalmente avaliada em 6,6 milhões de libras, com quatro diretores incluindo o Grande Secretário que é o efetivo 'diretor administrativo'. A sede na Great Queen Street, em Londres, abriga um considerável negócio que consome algo em torno de 2,7 milhões de libras anualmente somente com os custos com pessoal. Nós fomos incapazes de determinar quem é o proprietário desta companhia privada. Há setenta e nove tipos de oficiais dentro dos quadros da Grande Loja Inglesa e milhares de homens possuem estes títulos honoríficos. Os novos oficiais são escolhidos a partir das Lojas da Inglaterra e Gales, mas diferentemente do sistema escocês, estas elevações são realizadas mais por indicação do que por eleição. Este processo de seleção imprevisível e imutável cria um meio onde aquele que aspira um alto cargo deva se conformar aos editos e dogmas da Grande Loja por temer que estes sejam usados contra ele. Geralmente é entendido que aquele que expressa fortemente um pensamento herético maçônico muito provavelmente não será convidado para unir-se à Grande Loja, não importando quão grande sejam suas contribuições para a Maçonaria. O potencial debate sobre o papel da Grande Loja é ainda sufocado pela exigência de todo Venerável Mestre (o oficial que 'governa' uma Loja pelo período de doze meses) em comprometer sua lealdade pessoal a este corpo governante. Esta pequena, e a primeira vista inócua exigência, atualmente altera dramaticamente a face da Maçonaria. O sistema original possuía células individuais chamadas Lojas que operavam independentemente, dividindo uma herança comum com a Igreja Celta que concordava que todos os seus sacerdotes tinham acesso igual e direto a Deus. A Maçonaria Inglesa hoje está estruturada tal como a Igreja Católica Romana com uma pirâmide hierárquica nomeada que canaliza uma inquestionável autoridade em direção aos bispos e aos cardeais e finalmente a um único homem. Parece-nos que o propósito da Maçonaria havia sucumbido a sua própria burocracia. Logo após a publicação de nosso livro anterior, o Grande Bibliotecário da Grande Loja Unida da Inglaterra disse a respeito de nossa obra (e o Grande Secretário repeti-o em uma correspondência publicada em nosso jornal local) que: 'Os historiadores Maçons estarão entristecidos com a atitude arrogante dos autores frente às pesquisas maçônicas das últimas centenas de anos'. Nós não fomos capazes de entender porque seria 'arrogante' investigar e publicar novas atitudes e questionar um dogma padrão que está aparentemente errado. Entretanto, apesar da impressão que a Grande Loja tem tentado criar, nós não estamos sozinhos sobre o questionamento desta história oficial da Maçonaria. Muitos outros pesquisadores maçônicos das últimas centenas de anos têm também descoberto que fazer questionamentos incorre na ira dos poderes estabelecidos da Great Queen Street. ... Se a Maçonaria for mais antiga do que a Grande Loja de Londres, certamente a origem de nosso ritual deve ser procurada muito mais atrás... Ainda hoje há homens, muitos dos quais são proeminentes no campo da pesquisa maçônica, que são tão mistificados que se recusam a ver a luz do dia e atualmente usam de sua influência para obstruir aqueles que podem ver um pouco mais além deles mesmos. Eles apresentam um patético espetáculo ao revirar as relíquias dos trabalhos maçônicos, sem, contudo, descobrir para o que eles estão olhando, a verdadeira Maçonaria esotérica do passado. Assim escreveu o respeitado historiador maçônico, o Reverendo Castells, em 1931. Como nós mesmos, e diversos outros pesquisadores, que preferiram investigar verdades a simplesmente repetir os dogmas requeridos da Grande Loja Inglesa, o Reverendo Castells foi atacado pelos Grandes Secretários. Nós notamos uma similaridade com os nossos próprios pensamentos quando lemos seu apelo para que o senso comum prevalecesse: Não é nada bom ser vingativo contra os irmãos que muito desinteressadamente e absolutamente sem ajuda estão tentando reconstruir a história da Maçonaria. Deixai-nos sermos honestos e admiti que em 1717 a Grande Loja de Londres não possuía o monopólio da sabedoria e que na Irlanda, assim como na Inglaterra, ela havia sido precedida a muito por outros movimentos intelectuais. Ele está absolutamente certo. Na época em que a Grande Loja de Londres foi estabelecida, as grandes realizações da Franco-Maçonaria na Inglaterra estavam terminadas e a Maçonaria que permanecia era realmente constituída apenas por jantares onde cavalheiros construíam sua credibilidade sobre a reputação de muitos e famosos homens que tinham existido anteriormente. A reação deste corpo governante da Maçonaria Inglesa contra a investigação parece pouco consistente. Nós estávamos conversando com um veterano Maçom sobre nossas observações sobre a exagerada posição da Grande Loja Unida com relação à discussão da Maçonaria de outrora, quando ele comentou que há vinte anos ele havia procurado o pessoal da Biblioteca da Grande Loja Unida para requisitar acesso às cópias de antigos rituais. Eles perguntaram o porquê deste pedido e quando ele explicou que pretendia realizar uma demonstração de uma típica sessão de Loja do século XVIII, o acesso ao material solicitado foi recusado. Eles disseram-lhe que a Grande Loja Unida da Inglaterra não queria encorajar o estudo do ritual, uma vez que este havia sido substituído por um material mais 'adequado'. O corpo governante da Maçonaria Simbólica Inglesa (os três graus básicos) tem mesmo alterado sua própria história de modo a acomodar a idéia preferida de que a Maçonaria surgiu do nada na Londres de 1717. O Livro do Ano Maçônico, publicado pela Grande Loja Unida da Inglaterra, costuma registrar que Sir Christopher Wren, o arquiteto da Catedral de São Paulo, havia sido um Grão-Mestre antes de 1717, mas em 1914 este registro simplesmente desapareceu. Em sua época, Wren havia sido um famoso e respeitado Franco-Maçom e há um considerável volume de evidências para provar tal afirmação, incluindo registros de jornais contemporâneos a ele e o próprio Livro das Constituições da Grande Loja criada por seu historiador oficial, Dr. Anderson, que a elaborou em 1738: Wren continuou como Grão-Mestre até 1708 quando sua negligência com o ofício levou as Lojas a serem cada vez menos utilizadas. Parece que estes manipuladores 'orwellianos' da História não encontraram um lugar para ele ou para qualquer um anterior ao ano mágico escolhido. Nós esperamos que o atual Grande Bibliotecário da Grande Loja Unida da Inglaterra não nos acuse novamente de outro 'erro' ao reproduzir esta bem documentada observação. Se Wren foi ou não um Maçom não é importante para nossa obra, mas serve para ilustrar a estranha cobertura que parece ter sido oriundo de Londres em algum tempo considerável. Quando de nossa visita à sede da Grande Loja Unida da Inglaterra na Great Queen Street, em Londres, em 1996, nós nos deparamos com uma exibição pública sobre a História da Maçonaria Inglesa. Assim que ingressamos no primeiro salão de exibição nós lemos uma explicação que declarava, uma vez mais, que nada é conhecido das origens da Maçonaria anterior ao ano mágico de 1717. Eles poderiam ter escolhido 1817 ou 1917, ou mesmo qualquer outra data arbitrária; se uma organização decide ignorar evidências históricas contemporâneas e bem documentadas, pois são anteriores as suas próprias existências, ela inevitavelmente concluirá que é a primaz. Enquanto a Maçonaria na Escócia não estava estabelecida sob o poder de uma Grande Loja até 1736, há abundantes evidências de que a Maçonaria Operativa existia, de fato, muitos anos anteriores. Mesmo pondo de lado, nossa nova evidência a respeito de Rosslyn, existem registros de atas ainda existentes das sessões das Lojas escocesas datando de antes de 1598 e há registros de Jaime VI da Escócia (Jaime I da Inglaterra) sendo iniciado em uma Loja de Scoon (Scone) e Perth em 1601, apenas dois anos antes deste viver em Londres. Enquanto que a Grande Loja Unida da Inglaterra afirma desconhecer sua própria história, ela se contradiz ao realizar uma declaração muito clara sobre quais graus são ou não são originais. Hoje, quando um Maçom Inglês recebe sua agenda sobre suas próximas reuniões, ele encontrará a seguinte nota de rodapé retirada do Livro das Constituições estabelecida pela Grande Loja Unida da Inglaterra: A pura e antiga Maçonaria consiste de três graus e nada mais, a saber, os de Aprendiz, Companheiro e Mestre Maçom, incluindo a Suprema Ordem do Santo Real Arco. A declaração é ambígua. Ela declara que todos os outros graus da Maçonaria não são 'graus puros e antigos'; por dedução ou eles são criações recentes ou foram adulterados em algum momento. Uma vez que a Grande Loja afirma nada conhecer sobre suas próprias origens anteriores a 1717, nós temos que admitir que ou as pessoas sabem mais do que elas admitem ou os primórdios do século XVIII são agora considerados 'Antigos'. O que fazemos então com a inscrição do século XV em Rosslyn que demonstra o uso do grau da 'Ordem dos Cavaleiros da Cruz Vermelha da Babilônia'? Por que, nós nos perguntamos, a Grande Loja Inglesa não aceita que outros graus a precedam em séculos? Nós necessitamos pesquisar atentamente em como a Maçonaria iniciou na Inglaterra e verificar se houve mudanças nos rituais desde então. A declaração feita pelos ingleses de que eles são a primeira organização maçônica no mundo é baseada na afirmação de que a Grande Loja de Londres foi o primeiro corpo oficialmente a se autodeclarar como representante de um pequeno grupo de Lojas. Entretanto, um corpo que eventualmente se auto-aclamava a 'Grande Loja de Toda a Inglaterra' foi formado na cidade de York doze anos antes da de Londres se estabelecer. A Grande Loja Unida da Inglaterra não existiu até 10 de Dezembro de 1813, após a unificação das duas Grandes Lojas fortemente opositoras, ambas baseadas em Londres, ambas lideradas por um príncipe real, e ambas declarando serem a verdadeira mantenedora da tradição maçônica. A versão oficial de que a Maçonaria Inglesa iniciou-se como um clube de cavalheiros em Londres não pode ser correta, pois sabemos que a primeira iniciação à Maçonaria documentada em solo inglês foi a de Sir Robert Moray em Newcastle em 1641. Há registros de Elias Ashmole sendo feito Maçom em Warrington, Inglaterra, em 1646 e de Abram Moses sendo feito Maçom em uma Loja em Rhode Island, nas colônias americanas, em 1656. O importante trabalho pioneiro sobre o estudo da natureza e das ciências realizado por Maçons, entre os quais Sir Robert Moray e Elias Ashmole, resultou na criação da Sociedade Real para o Avanço da Ciência que iniciou uma nova era de descoberta tecnológica. Em uma época onde estes visionários Maçons estavam encorajando a ciência experimental, a Inquisição estava pondo Galileu em prisão domiciliar por ousar observar que os céus não poderiam ter sido construídos do modo que a Igreja acreditava. O direito de pensar e publicar são dificilmente conquistados e facilmente perdidos e a Maçonaria era a campeã da liberdade democrática e científica no século XVII. Como Maçons, iniciados em apenas cinco graus, nós estamos conscientes de que há muitos outros graus na Maçonaria que podem conter igualmente material adicional que poderia nos ajudar a entender o desenvolvimento da Maçonaria moderna. Por que, nós nos perguntamos, estes altos graus, muitos dos quais de origem escocesa, são deliberadamente subestimados pela Grande Loja Unida da Inglaterra? Os Anos Primordiais A virtual negação de toda a história anterior à Grande Loja de Londres em 1717 começou a fazer sentido quando estudamos mais atentamente as circunstâncias políticas daquele período. O ano em questão estava no cerne de um período conturbado da História britânica, concernente ao relacionamento entre os reinos da Escócia e da Inglaterra. As duas Coroas encontravam-se unificadas desde 1603 quando o Rei Maçom, Jaime VI da Escócia, sucedeu à Rainha Elizabeth, tornando-se Jaime I da Inglaterra. Nesta época, ambos os países eram oficialmente protestantes, apesar dos escoceses serem predominantemente presbiterianos (eles não aceitavam a autoridade dos bispos ou arcebispos) enquanto que os ingleses seguiam a tradição episcopal da Igreja da Inglaterra. Os escoceses consideravam o Episcopalianismo muito próximo aos ensinamentos da Igreja Católica Romana e desejavam se afastar de um sistema controlado por bispos e arcebispos, uma vez que, estavam aliados à tradição escocesa que havia sido estabelecida pela Igreja Celta. A relação entre os dois países continuou de certa forma delicada até que, durante o reinado de Carlos I, uma carta de direitos foi redigida e assinada em Greyfriars' Kirkyard, em Edimburgo pelos presbiterianos. Este documento, conhecido simplesmente como 'a Aliança', foi assinado por todos que se reuniram em assembléia 'para defender o culto de seus antepassados contra o Rei'. Inicialmente, estes Aliados escoceses por duas vezes marcharam em direção ao sul contra o Rei e foi durante a segunda destas incursões que Sir Robert Moray foi iniciado na Maçonaria, através da liderança dos Aliados que atuavam na Autoridade da Loja de Santa Maria de Edimburgo. Finalmente, o Rei Carlos I veio a Edimburgo para firmar a paz com os escoceses e tentar formar uma aliança contra seu novo oponente, Oliver Cromwell, e o Parlamento Inglês. Após Carlos I ter perdido tanto a guerra quanto sua cabeça, os escoceses ofereceram a coroa da Escócia a seu filho, também chamado Carlos, sob a condição de que ele assinaria a Aliança, o que relutantemente o fez a 21 de Maio de 1650. Oliver Cromwell respondeu a este fato enviando seu exército à Escócia para punir os Aliados e seu Rei. Com o apoio dos generais Monck e Wade, Cromwell apoderou-se da Escócia e arrasou os castelos dos patrocinadores da Aliança, incluindo o Castelo de Roslin. Foi nesta época que ele visitou a Capela de Rosslyn, mas, como sendo ele próprio um Maçom, nenhum dano a ela produziu. Após a morte de Cromwell, Monck ofereceu a Carlos o trono da Inglaterra e Carlos tornou-se Rei da Escócia, Irlanda e Inglaterra. Os escoceses então encaminharam o Reverendo Sharp, um ministro prebisteriano, à Londres para lembrar ao Rei de que este assinara a Aliança. Entretanto, o ministro retornou à Escócia como Arcebispo Sharp de Santo André e, de acordo com o zelo de seu novo poder conquistado, nomeou bispos para forçar as práticas episcopais aos consternados Aliados presbiterianos. Em 1679, doze Aliados assassinaram Sharp por sua traição e uma vez mais os escoceses marcharam contra os ingleses. Após vencerem a Batalha de Loundon Hill, eles foram derrotados pelo Duque de Monmouth em Bothwell Bridge e pelos próximos cinco meses, milhares de Aliados foram feitos prisioneiros pelos ingleses em Greyfriars' Kirkyard, onde a Aliança havia sido assinada. As condições eram aterradoras e muitos deles morreram. Outros foram vendidos como escravos na América. Quando Carlos II morreu em 1685, ele foi sucedido por seu irmão Jaime VII (lI da Inglaterra), um Católico Romano que tentou converter à força os escoceses e os ingleses ao Catolicismo Romano. Este causou um verdadeiro escândalo na Inglaterra, e em Julho de 1688, o 'Parlamento Inglês convidou o Governador dos Países Baixos, Guilherme de Orange e sua esposa Maria a tomar o trono da Inglaterra. Eles aceitaram e assinaram a Declaração dos Direitos emitida pelo Parlamento a 22 de Janeiro de 1689 que limitava os poderes do monarca sobre a religião estatal e assegurava uma sucessão protestante ao trono. O Parlamento Escocês aceitou-os como governantes da Escócia, mas a Irlanda Católica Romana teve de ser subjugada à força na Batalha de Boyne, que ainda é celebrada pela Marcha da Ordem Laranja de Ulster. Quando Guilherme morreu, a coroa passou à Ana, a filha de Jaime VI, que era casada com um príncipe alemão de Hanover. Então em 1706, houve um movimento para unificar os Parlamentos da Escócia e da Inglaterra e mais uma vez os presbiterianos temeram que os episcopais tentariam impor suas crenças aos escoceses. No ano seguinte, os ingleses forçaram a união e a Escócia encaminhou quarenta e cinco membros para ocupar assento na Câmara dos Comuns e dezesseis para a Câmara dos Lordes. Esta concessão para a combinação dos dois Parlamentos foi acertada através de um acordo onde se ficava estabelecida que a Escócia manteria suas antigas leis e o culto plesbiteriano. Ironicamente, com a Aliança agora garantida por ambos os Parlamentos, a última reserva restante sobre o retorno da casa real dos Stuart havia sido removida pelos escoceses. Isto se tornou um importante fator quando os ingleses tiveram um rei alemão em Londres. Embora Jaime VII tivesse morrido em França, seu filho Jaime VIII ainda estava vivendo quando a rainha Ana morreu e Jorge I (o filho de Sofia, a neta de Jaime VI) tornou-se rei. Os aliados de Jaime VIII eram conhecidos como Jacobitas e não gostaram nada da idéia de ter um rei alemão que nem mesmo falava inglês. Eles chamavam Jorge Hanover de 'o pequenino alemão ensebado' e planejaram o retorno do 'Rei de Além-mar', como Jaime VIII era conhecido. Este descontentamento aflorou quando o Conde de Mar organizou uma reunião em Braemar, onde este convidou os nobres da Escócia a tomarem em armas a favor de 'Jaime VIII da Escócia'. A 06 de Setembro de 1715, eles estenderam o seu estandarte e marcharam contra os ingleses de modo a restaurar o reino da Escócia a um rei escocês e libertá-la do julgo do Rei da Inglaterra da Casa de Hanover. A primeira batalha, em Sheriffmuir in Perthshire, foi inconclusiva, mas Jaime VIII não era propriamente um herói e retirouse para França onde permaneceu pelo resto de sua vida. A Maçonaria instalou-se em Londres pelo menos por volta de 1603 com Jaime VI. Do mesmo modo, que ela pode ter tido contato com os Maçons operativos em Londres, ela manteve seu forte sabor jacobita e escocês, mas após a maior batalha contra os escoceses em 1715, os Maçons de Londres ficaram preocupados. Havia um clima de caça às bruxas logo após o embate entre o exército escocês de Jaime VIII e qualquer um que simpatizasse com as idéias jacobitas era suspeito de deslealdade ao Rei Jorge I de Hanover, que não possuía nenhuma ligação com a Maçonaria. Alarmados com o perigo de serem reconhecidos como Maçons, na Londres Hanoveriana, muitos abandonaram a Ordem e tornou-se claro que se a Maçonaria desejasse continuar, seus membros teriam de assegurar-se que purgariam o movimento de suas perigosas associações jacobitas. Outra entrada constante do primeiro Livro das Constituições, escrito pelo Dr. James Anderson em 1738, aponta o desconforto que a campanha jacobita de 1715 havia causado aos Maçons à época, levando até ao afastamento de seu Grão-Mestre anterior: O Rei Jorge I ingressou em Londres magnificamente a 20 de setembro de 1724. E após o término da rebelião – a.D. 1716 – as poucas Lojas de Londres, achando-se elas mesmas negligenciadas por Christopher Wren, pensaram em se unir sob o poder de um Grão-Mestre, criando um centro de união e harmonia, sendo as Lojas que se reuniam: 1. Na Cervejaria do Ganso e da Grelha, no adro da Catedral de São Paulo; 2. Na Cervejaria da Coroa, na rua Parker, próximo à rua Drury; 3. Na Taverna da Macieira, na rua Carlos, em Covent Garden; 4. Na Taverna do Copázio e das Uvas, na travessa do Canal, em Westminster. Elas e alguns outros Irmãos veteranos encontraram-se na chamada Taverna da Macieira e tendo empossado o mais velho Mestre Maçom dentre eles, constituíram-se como uma Grande Loja pro tempore em sua forma, e imediatamente re-estabeleceram a Comunicação Quinzenal dos Oficiais das Lojas (conhecida por Grande Loja), resolveram convocar uma Assembléia Anual e realizar um Grande Banquete, onde escolheriam um Grão-Mestre dentre eles, até que eles tivessem a Honra de possuir um Irmão Nobre como seu Líder. A escolha de palavras constantes do registro do Dr. Anderson claramente sugere que a campanha jacobita havia lançado a Maçonaria londrina de joelhos e esta reunião foi uma tentativa de eles se restabelecerem como súditos leais ao Rei de Hanover. O uso de palavras tais como 're-estabeleceram' em referência à comunicação quinzenal torna certo que estes expedientes haviam sido normais anteriormente, mas estavam em desuso. O objetivo declarado deles, uma vez que eles pretendiam retornar a uma época quando eles possuíam um 'irmão nobre' como líder, parece sugerir que isto deveria ter sido uma regra, que sabemos ser o caso - Jaime I havia estado à liderança da Ordem um século antes. É interessante notar que duas Lojas londrinas recusaram-se se juntar a este pretendido sistema de apoio aos Hanover, pois um antigo livro conhecido por Multa Pacis (que o historiador J. S. M. Ward descobriu e reproduziu) afirma que eram seis as Lojas nesta reunião e não quatro. Este é outro fato que a Grande Loja da Inglaterra prefere não discutir. Estas Lojas londrinas não inventaram a Maçonaria e elas, e suas precursoras, tiveram que obter seus rituais de algum lugar. Anteriormente a 1646, os únicos corpos que expediam as cartas constitutivas para a formação de Lojas eram as Lojas escocesas que retiravam sua autoridade dos Estatutos Schaw, datados de 1602 (solicitados por Jaime VI da Escócia, antes dele se tornar Jaime I da Inglaterra). Se as quatro Lojas londrinas restantes eram legítimas Lojas Maçônicas, elas deveriam ter agido de acordo com as garantias asseguradas pelas Lojas escocesas de Schaw, a única fonte legítima de autoridade maçônica. E deste modo parece que a Grande Loja Unida da Inglaterra deveria ser considerada como oriunda da Grande Loja da Escócia, que atualmente representa as Lojas de Schaw. Para os aliados dos Hanover, o conhecimento disto deve ter sido um fato incrivelmente perturbador. Eles deveriam saber que muitos anos antes da campanha jacobita de 1715, as Lojas escocesas haviam mantido um fundo para o qual os candidatos contribuíam para providenciar a aquisição de armas que eram usadas contra os ingleses - 'mantido e reservado para a defesa da verdadeira religião protestante, do Rei e da nação e para a defesa das antigas cidades e de seus privilégios herdados' - e eles eram obrigados a 'sacrificar suas vidas e fortunas em defesa de um ou de todos'. Os Maçons londrinos não desejavam ser associados a estes sentimentos, que poderiam ser encarados como traição às autoridades de Hanover, mas elas tinham o problema de possuírem suas autorizações para atuarem como Maçons, originadas das Lojas de Schaw da Escócia obviamente jacobitas. Sua solução era curiosa, mas sem dúvida, ilegítima do ponto de vista maçônico. Eles necessitavam de uma fonte de autoridade alternativa para suas atividades, que eles criaram unificando quatro das Lojas remanescentes de Londres de modo a constituir uma Grande Loja que apoiava os Hanover, imediatamente negando-se suas origens escocesas. Este instantâneo abandono de sua verdadeira história por razões políticas legou-os o problema em explicar de onde eles vieram. Sua solução foi simplesmente afirmar 'ninguém sabe ao certo' - o que nos traz de volta à atual posição da Grande Loja Unida da Inglaterra. Tendo alterado os livros de história ao remover toda a lembrança de suas verdadeiras origens, os ingleses tentaram se igualar à verdadeira herança da Maçonaria escocesas cortejando a Família Real de Hanover, encorajando-os a unirem-se e eventualmente a liderar a Maçonaria londrina. Dentro de quatro anos eles tinham um membro da nobreza, um Duque, como seu Grão-Mestre e dentro de sessenta e cinco anos eles teriam uma numerosa quantidade de príncipes de Hanover como seus líderes. O preço a ser pago por esta aceitação era a eliminação de todo traço de suas raízes escocesas e deste modo, sua compreensão a respeito dos propósitos originais por detrás da Maçonaria. A decisão deste pequeno grupo de cavalheiros Maçons de Londres em se estabelecer unilateralmente como o corpo controlador de toda a Maçonaria em 1717 não universalmente aceita e logo ocasionou uma resposta de outros grupos de Maçons que se recusavam a reconhecer sua autoridade. Logo após a formação de uma Grande Loja de Londres em 1717, Grandes Lojas foram declaradamente abertas em York e na Irlanda em 1725, embora elas provavelmente já existissem anteriormente a esta data. Os aliados dos Hanover tinham bons motivos para se preocuparem com os aliados dos Stuart. Apesar de Jaime VIII ter se mostrado como um líder fraco, seu filho possuía grande coragem e temperamento; Charles Edward Stuart, Carlos III, conhecido como o 'Bom Príncipe Charlie' estava pronto para arriscar tudo no resgate de sua coroa, usada pelo Rei Jorge II. Para evitar que o País de Gales formasse sua própria Grande Loja nacional, fora de seu controle, a Grande Loja de Londres persuadiu um Maçom chamado Hugh Warburton a estabelecer seu país como uma 'província' da Inglaterra, de modo que este se tornou o primeiro Grão-Mestre Provincial de Gales do Norte (um estranho acordo que é ainda contestado por muitos Maçons Gauleses). Um sistema de controle e apoio foi rapidamente desenvolvido para assegurar que todas as Lojas concordassem com os editos dos Maçons londrinos. Em 1734, o Grão-Mestre da Maçonaria londrina era um Maçom escocês, o Conde de Crawford, e igualmente a ele foi proposto se tornar o primeiro Grão-Mestre Provincial da Escócia, o que significaria a redução de uma segunda nação celta ao estado de uma 'província' da Inglaterra. As Lojas de Kilwinning e Scoon e Perth não acreditavam ser este um acordo sério, mas as Lojas de Edimburgo levaram-no a sério o suficiente para tomarem uma solução. Eles propuseram eleger a sua própria Grande Loja para administrar seus negócios, emitir as cartas constitutivas e proteger os seus interesses. Para darem início ao seu plano, eles precisavam de um Grão-Mestre Maçom, uma vez que os Estatutos Schaw não os apresentavam outra opção. O Primeiro Grão-Mestre Maçom da Escócia A Maçonaria inglesa é muito diferente da Maçonaria que se desenvolveu e ainda existe na Escócia. Quando as Lojas escocesas decidiram eleger uma Grande Loja para administrá-las, elas retornaram à sua lealdade tradicional e concordaram que Sir William Sinclair de Roslin seria seu Grão-Mestre hereditário. Ele era um descendente homem direto de Lorde William St Clair que havia construído Rosslyn. O único problema com este plano era o fato de Sir William Sinclair não ser um Maçom! Antes de ele se tornar Grão-Mestre Maçom da Escócia, ele teria que ser iniciado, e entre Maio e Dezembro de 1736 ele rapidamente progrediu através dos cinco graus mínimos que fazem parte da Maçonaria Simbólica na Escócia. Uma vez indicado, seu primeiro ato foi renunciar e abdicar por escrito de seus direitos hereditários e instituir o sistema de eleição de oficiais da nova Grande Loja que ainda protege os direitos e privilégios dos Maçons escoceses hoje em dia.Curiosamente, ele vendeu o Castelo Roslin e a Capela assim que ele se tornou Maçom; talvez, ele sentisse que os desejos de seus ancestrais tivessem sido atingidos. Mesmo Gould, o mestre dos dogmas da Maçonaria inglesa, ressentidamente comentou: ... A oportuna renúncia de William St Clair foi... Calculada para dar a todo negócio um tipo de legalidade que era desejada quando da instituição da Grande Loja da Inglaterra. Logo surgiram outros desentendimentos com a nova Maçonaria da Inglaterra, Logo após a formação da Grande Loja de Londres, dois grupos de Maçons, conhecidos como 'os Antigos' e 'os Modernos' surgiram. Estes grupos discordavam sobre a natureza e a forma dos rituais e, os Antigos, que eram conhecidos como a Grande Loja de Atholl, devido às origens escocesas de seu líder, o Duque de Atholl, acusaram os Modernos de introduzirem mudanças nos rituais que eles não pretendiam seguir. Suas diferenças tornaram-se tão grandes que os Maçons Ingleses eventualmente se dividiriam em duas Grandes Lojas separadas sob dois diferentes Grão-Mestres, e por um longo período nenhum lado reconhecia o ritual do outro como válido. O divisor de águas se estabeleceu quando Lawrence Dermott, um Maçom educado na tradição irlandesa, mudou-se para Londres em 1748 e uniu-se a uma Loja londrina. Ele ficou tão chocado com as mudanças que esta auto proclamada Grande Loja havia unilateralmente realizado nos rituais da Maçonaria que tomou uma atitude, tornando-se o primeiro Grande Secretário dos 'Antigos'. A respeito dele foi dito: Como polêmico, ele era sarcástico, amargo, intransigente e no todo não era nem sincero, nem verdadeiro. Mas no alcance intelectual, ele não era inferior a nenhum de seus adversários e em uma apreciação filosófica da característica da Instituição Maçônica, ele estava à frente de seu tempo. Ele falava hebraico e latim e, sendo um bem preparado estudante da história maçônica, rapidamente detectou que a Maçonaria londrina havia se afastado de suas antigas raízes em suas tentativas de se distanciar das origens jacobitas. Os apoiadores dos Hanover, membros da Grande Loja de Londres, estavam descontentes com o sucesso dos Antigos em preservar a herança jacobita e estavam conscientes da ameaça que isto implicava ao apoio desprendido pela Casa de Hanover. A solução foi incentivar o Patrocínio Real a encorajar a união das duas tradições e aprovar um Ato do Parlamento que pretendia banir a Maçonaria dos Antigos como uma sociedade subversiva. O Príncipe de Gales já era o Grão-Mestre dos Modernos quando, em 1799, o Ato das Sociedades Desleais foi aprovado por William Pitt para a 'supressão efetiva das Sociedades estabelecidas nos propósitos de Sedição e Traição'. O líder deste movimento era o Príncipe Eduardo, o Duque de Kent, que havia previamente ingressado em ambas as Grandes Lojas. Sem o apoio da Família Real da Inglaterra, os Antigos estavam sob a ameaça de serem considerados ilegais. A cláusula que eximia todas as Lojas dos Maçons, tanto às dos Antigos quanto às dos Modernos, foi finalmente acertada, mas o preço deveria ser pago mais adiante. Os Antigos aceitaram os termos da rendição e a 08 de Novembro de 1813, o Duque de Atholl renunciou a favor do Duque de Kent. A esta época, escritores maçônicos oriundos de outras tradições alertaram sobre os perigos deste ato no Freemason's Quaterly: Nem os escritores ingleses nem os leitores ingleses podem manter-se à parte da tendência egoísta insular de olhar para a Inglaterra como o ponto central de todo um sistema de eventos pelo mundo a fora. Para se evitar constrangimentos com a Coroa durante o processo de aproximação com os Antigos com a Abolição do Ato do Parlamento, o Príncipe de Gales indicou o Conde de Moira como Grão-Mestre Adjunto. O historiador maçônico Gould comentou: Os Maçons da Inglaterra possuem uma grande dívida de gratidão com a Família Real de seu país. Sua imunidade ao Ato das Sociedades Secretas de 1799 foi devida em grande parte, à circunstância do herdeiro do trono ser o líder da Grande Loja de Londres [os Modernos] e mais tarde sob a influência combinada dos Príncipes Reais as opiniões discrepantes foram transformadas em um compromisso harmonioso. O Príncipe de Gales e seu irmão, o Duque de Kent, haviam forçado os Antigos a passarem ao controle dos Modernos, mas a tarefa de reescrever a história das origens da Maçonaria foi deixada para outro irmão real, o Duque de Sussex. No ano seguinte, as duas constituições foram combinadas e a atual Grande Loja Unida da Inglaterra foi formada sob o Grão Mestrado do Duque de Sussex. Os Modernos haviam ganhado a batalha sobre o ritual e sua visão não poderia jamais ser desafiada pelos Maçons ingleses, pois eles introduziram em seu ritual de instalação de Venerável Mestre de todas as Lojas que, antes de ser empossado, o Mestre deve declarar em Loja aberta que ele aceita incondicional e completamente todas as ordens e editos da Grande Loja Unida. Como uma salvaguarda adicional, de modo a evitar questionamentos, todos os Oficiais da Grande Loja Unida devem ser indicados e não eleitos. Com seu sistema de controle firmemente estabelecido, a Grande Loja Unida tem sobrevivido sem questionamentos até o presente dia. A Grande Loja Unida negava a história dos Altos Graus Maçônicos e deste modo, um Supremo Conselho para a Inglaterra foi formado para administrar os graus do Rito Escocês que eram largamente praticados pelos Maçons da época. Ele foi estabelecido em 1819 e, desde sua formação, mantinha fortes laços com a recém formada Grande Loja Unida da Inglaterra, cujos Oficiais eram todos os seus membros. Sob o novo acordo, o Duque de Sussex estava entre os primeiros a ser iniciado nos altos graus pelo Almirante Sir William Smyth e ele ficou tão ofendido pelo o que eles continham que tomou todas as providências necessárias para evitar que outros fossem iniciados. Ele era tão completamente contra aos trabalhos que se utilizou sua influência como Grão-Mestre da Grande Loja Unida da Inglaterra para apagar completamente trechos inteiros de seus conteúdos da lembrança maçônica. O problema do Duque aparenta ter sido o conteúdo cristão que havia sido introduzido aos rituais originais que eram distintamente nãocristão. Como cristão e Maçom, ele percebeu que antigos trechos 'pagãos' estavam em conflito com os novos elementos cristãos e decidiu neutralizar esta situação através da remoção de todos ensinamentos cristãos e de todos os aspectos que ele considerava 'estranhos'. Desta feita, ele castrou a Maçonaria, eliminando tudo aquilo que se referia ou conflitava com os ensinamentos da Igreja. Esta atitude removeu qualquer chance de entendimento do significado original da Maçonaria, mas trouxe o benefício de abrir a organização aos homens de outras crenças monoteístas. Os Graus Ocultos William St Clair construiu Rosslyn para estabelecer uma Nova Jerusalém na verdejante e agradável Escócia, para que ela pudesse abrigar os manuscritos que haviam sido descobertos no Monte do Templo. Quanto mais nós observávamos, mais nós descobríamos que os rituais da Maçonaria estavam ligados a esta edificação e talvez, acreditávamos, havia mais a ser descoberto entre os rituais que foram abandonados. As tradições da Maçonaria afirmam que os membros de vários graus não comentam o conteúdo dos rituais com outros a menos que estes sejam membros destes graus. Provavelmente é verdade que a grande maioria dos Maçons não têm a mínima idéia das estruturas que existem dentro da Maçonaria, uma vez que poucos compreendem o que realmente ocorre. Se a outrora Maçonaria herdou um conhecimento especial passado a partir da Igreja de Jerusalém original, então os criadores da ordem eram muito sábios em proteger o conhecimento com um complexo sistema de células secretas, cada qual com seu próprio juramento de segredo. William St Clair teve a visão e o cuidado de preservar sua mensagem em pedra e no ritual maçônico até o tempo em que o poder de supressão da Igreja Romana se tornasse limitado. Quando os ingleses sem motivo aparente resolveram mudar o ritual maçônico por razões políticas, eles lançaram fora todo um completo propósito da organização. Nós estávamos cada vez mais certos de que eles haviam transformado toda a coisa em um ritual sem sentido que era uma mera paródia do original. Um trabalho de bastidor rapidamente mostrou-nos o que todos os nomes dos graus da Maçonaria significavam, mas obter o conhecimento do que uma vez continham era uma tarefa mais difícil, quiçá impossível, após tantos anos de esquecimento. Os primeiros três graus da Maçonaria são: • Aprendiz Maçom (a primeira iniciação na Maçonaria); • Companheiro Maçom; • Mestre Maçom (o grau padrão ao qual os Maçons normalmente alcançam). Há um grupo de graus que possuem distintas características cristãs e parecem ser criações bem recentes: • Cavaleiro Templário (sem qualquer conexão com os Cavaleiros Templários originais); • Cavaleiro da Passagem do Mediterrâneo; • Cavaleiro de São João de Malta; • Cruz Púrpura da Ordem Real da Escócia; • Heredom da Ordem Real da Escócia; • Irmão de São Lourenço Mártir; • Cruz Vermelha de Constantino; • Cavaleiro do Santo Sepulcro; • Cavaleiro de São João; • Os Nove Graus da Sociedade Rosacruciana; • Cavaleiro de Constantinopla; • Rosa Cruz. Alguns graus mais recentes são: • • • • Supervisor Secreto; Os Sete Graus do Cordão Escarlate; Ilustre Ordem da Luz; Rito Antigo e Aceito da Escócia. O mais interessante do arranjo destes graus para nós são aqueles que pertencentes ao Rito Escocês Antigo e Aceito, controlado pelo Supremo Conselho do Grau 33º em Edimburgo. É ao 16° grau deste sistema ao qual a inscrição em Rosslyn se refere. Este sistema inicia com os mesmos três graus de toda a Maçonaria: 1. Aprendiz Maçom; 2. Companheiro Maçom; 3. Mestre Maçom; 4. Mestre Secreto; 5. Mestre Perfeito; 6. Secretário Íntimo; 7. Preboste e Juiz; 8. Intendente dos Edifícios; 9. Eleito dos Nove; 10. Eleito dos Quinze; 11. Sublime Eleito; 12. Grão-Mestre Arquiteto; 13. Real Arco (de Enoch); 14. Cavaleiro Escocês da Perfeição; 15. Cavaleiro da Espada ou do Oriente; 16. Príncipe de Jerusalém; 17. Cavaleiro do Oriente e do Ocidente; 18. Cavaleiro do Pelicano e da Águia e Soberano Príncipe Rosa Cruz; 19. Grande Pontífice; 20. Venerável Grão-Mestre; 21. Patriarca Noaquita; 22. Príncipe do Líbano; 23. Chefe do Tabernáculo; 24. Príncipe do Tabernáculo; 25. Cavaleiro da Serpente de Bronze; 26. Príncipe da Misericórdia; 27. Comandante do Templo; 28. Cavaleiro do Sol; 29. Cavaleiro de Santo André; 30. Grande Eleito Cavaleiro da Águia Branca e Preta; 31. Grande Inspetor, Comandante Inquisidor; 32. Sublime Príncipe do Real Segredo; 33. Grande Inspetor Geral. Nós descobrimos que o mais antigo registro a que se referem a estes graus escoceses ocorreu em França durante o período de trinta anos entre as duas campanhas jacobitas de 1715 e 1745, quando por duas vezes os escoceses invadiram a Inglaterra. Em França, os Maçons costumavam usar estes graus que eram conhecidos como 'Maitres Ecossais' (Mestres Escoceses). Estes Altos Graus eram conhecidos como graus escoceses e eram associados ao Chevalier Ramsay que nasceu em Ayr em 1686. Diz-se que ele havia desenvolvido os graus do Rito Escocês em França quando era tutor dos dois filhos de Jaime VIII da Escócia, que vivia no exílio em França. Um destes filhos era o jovem 'Bom Príncipe Charlie' que comandou uma expedição para recuperar o trono da Escócia vinte e um anos depois. Em 1730, Ramsay visitou a Inglaterra, com a permissão de Jorge II, e foi feito Membro da Sociedade Real por Isaac Newton, seu então presidente. Obviamente ele não possuía nenhuma qualificação científica, mas era sabido ser o mesmo um Maçom em França e quando em Inglaterra, filiou-se à Loja Horn (hoje conhecida como Loja da Casa Real de Somerset e Inverness n° 04). Em 1737, ele publicou um discurso no L'Almanach de Cocus onde explanava sobre uma união entre a Maçonaria e os Cavaleiros de São João de Jerusalém que datava do tempo das Cruzadas. Ele também descreveu uma Loja em Kilwinning, da qual Jaime, Lorde Comissário da Escócia, fora Venerável Mestre em 1286. Ramsay era um jacobita durante o período em que fora tutor do 'Bom Príncipe Charlie' e pode muito bem ter pertencido à Loja que havia sido fundada em França em 1725 pelo Conde de Derwentwater, este que fugira para França com Jaime VII. Esta Loja, conhecida como Loja de São Tomé, reunia-se na Taverna Hure, na Rue des Boucheries, em Paris. Em 1761, a Grande Loja de França emitiu uma patente a Etienne Morin para a difusão do Rito Escocês na América. Ele foi feito Grande Inspetor do Novo Mundo e autorizado a criar inspetorias nos lugares onde estes graus ainda não estavam estabelecidos, sugerindo que o Rito Escocês já pudesse ser praticado na América. A 31 de Maio de 1801, foi criado o 'Supremo Conselho do Grau 33° para os Estados Unidos da América', em Charleston, Carolina do Sul. No ano seguinte, o Supremo Conselho emitiu uma circular a todas as Grande Lojas do mundo, datando a origem da Maçonaria no início do mundo e, após a descrição de seu desenvolvimento até a sua formação, declarou-se guardião das Constituições Secretas que existiam desde Tempos Imemoriais. Em 1857, o Supremo Conselho para a Inglaterra orgulhosamente anunciou que o grau 30° havia sido concedido 'sem o auxilio de ritual'. No ano seguinte o Supremo Conselho para a Inglaterra decidiu romper a aliança com o Supremo Conselho para a Escócia e todos os corpos subordinados foram ordenados a não manter contato com membros dos corpos subordinados ao Supremo Conselho escocês. Nós descobrimos que hoje o primeiro grau dado após o 4° é o 18°, sendo os do 5° ao 17° graus dados por comunicação somente, sem a necessidade de seguirem um ritual. Do mesmo modo, os graus do 19° ao 29° são por comunicação antes do 30° ser conferido. Sendo assim, os Maçons que obtêm o 30° grau podem muito bem nada saber sobre o conteúdo dos vinte e quatro graus que supostamente deveriam conhecer. O que quer que fosse o que se encontrava neste cerimonial que havia ofendido o Duque de Sussex, seu sistema de apoio controlado e sua negação deliberada haviam prosperado na quase destruição do mesmo. O então líder dos Maçons americanos, Albert Pike, falando ao Grande Supremo Conselho da Jurisdição Meridional (EUA), sem constrangimento algum de sua espantosa ignorância e arrogância afirmou em 1878: A verdade é que o Rito nada mais era que um monte de lixo sem valor e os Rituais nada valiam até 1855. Parece que Pike considerava os rituais como uma massa caótica e heterogênea. Sua total falha em compreendê-los levou-o a abandonálos, descrevendo-os como 'um dialeto incoerente e sem sentido; alguns desses graus são um nada absoluto - sendo propositalmente construídos para ocultar seu significado'. Pike então provou ser um valoroso sucessor do Duque de Sussex quando do auxílio ao Supremo Conselho da Inglaterra na tarefa de supressão dos rituais. Assim ele escreveu: O Supremo Conselho para a Jurisdição Meridional dos Estados Unidos ao tomar a indispensável e inadiável tarefa de revisão e reforma dos trabalhos e Rituais dos trinta e três graus e de todos os meios pelos quais os membros reconhecem uns aos outros, tem procurado e desenvolvido a idéia principal de que cada grau, rejeitadas as puerilidades e absurdos com os quais muitos deles foram desfigurados, e transformando-os em um sistema de instrução conectado à moral, à religiosidade e á filosofia. Não recusando nenhum credo, foi ainda pensado não ser apropriado utilizar-se de velhas alegorias, baseadas em ocorrências detalhadas nos livros hebraicos e cristãos, mas sim extraí-Ias dos Antigos Mistérios do Egito, Pérsia, Grécia, Índia, dos Druidas e dos Essênios como veículos de comunicação das Grandes Verdades Maçônicas; assim como retiradas das lendas dos Cruzados e das Cerimônias das Ordens dos Cavaleiros. Entretanto, o trabalho de destruição ainda não estava concluído, pois o Reverendo Whitaker ainda não estava satisfeito com as alterações. Assim ele comentou sobre outras alterações das quais ele não estava pronto a especificar: Um parêntese na oração da câmara do meio é a total antítese dos ensinamentos de Cristo; alguns trechos do ritual são simplesmente sem sentido. De grande valia seria se um pequeno comitê de estudiosos em teologia empreendessem a revisão do ritual. A maior parte dele é tão belo que é uma pena permitir que tais manchas continuem a obliterar os sentimentos daqueles que refletem e pensam. Fica claro que a partir deste estudo da história do Rito Escocês dos trinta e três graus que o que quer que tenha sido o ritual, este foi deliberadamente alterado de modo a adaptar-se aos preconceitos pessoais do Duque de Sussex, o Primeiro Grão-Mestre da Grande Loja Unida da Inglaterra, e do Soberano Grande Inspetor Geral Albert Pike do Supremo Conselho da Jurisdição Meridional dos EUA. Nós apenas podemos imaginar o que haviam sido os graus escoceses jacobitas que tanto ofenderam estes conceituados Maçons para que estes decidissem ignorar suas próprias responsabilidades com a Maçonaria que havia lhes ensinado que nenhum poder de qualquer homem ou corpo de homens poderia realizar alterações no cerimonial da Maçonaria. Nos protocolos do Supremo Conselho da Inglaterra de Abril de 1909, o sistema dos graus que até então eram chamados de Rito Escocês foi renomeado para Rito Antigo e Aceito. As atas registram: 'foi decidido omitir a palavra 'Escocês' de todos os certificados, etc. Um colunista do jornal Masonic News à época comentou que isto era uma tola resolução: 'O Rito tem sido chamado de Rito Escocês desde a formação do primeiro Supremo Conselho em 1801 e tem sido assim conhecido em cada canto do mundo. Ter realizado tal mudança demonstra uma completa ignorância da história maçônica'. Nós observamos que o cerimonial era conhecido como Rito Escocês antes da formação da Grande Loja Unida e sua alto declarada sociedade. Nós também sabíamos que, em 1908, somente aos Maçons que pertenciam ao Alto Estafe da Grande Loja Unida era permitido tornar-se membros deste Supremo Conselho para a Inglaterra. Olhando para a história dos 33 graus, nós chegamos a descobrir uma espantosa história de destruição deliberada de uma herança verbal que datava do tempo dos Templários. Tendo descoberto que há uma história escondida e um cerimonial deliberadamente oculto por trás da Maçonaria Inglesa, nós tínhamos que tentar e descobrimos o que estes graus são e o que havia sido removido dos rituais. Parece-nos que eles continham algo muito importante, uma vez que estes foram suprimidos tão completamente. Nós estabelecemos que os antigos segredos que nós estávamos procurando por terem sido eliminados pelos fundadores da Grande Loja Unida da Inglaterra quando esta foi formada; agora, nós imaginamos se a resistência a qual nós experimentamos pelos atuais servidores da ordem foi para dissuadirmos a investigação ou apenas o resultado de egos magoados. Neste balanço, nós duvidamos muito que eles saibam quaisquer segredos retidos por outros Maçons, e quase certamente conhecem pouco ou nada dos rituais perdidos. Por outro lado, é provável que uma tradição cultural de obstruir os pesquisadores de livre pensamento tenha se perpetuado desde 1813 e os presentes encarregados estão simplesmente respondendo do único modo que eles conhecem. Mesmo que estes auto-nomeados censores e reformadores possam ocultar este material, eles não podem esconder tudo. É interessante notar que a Grande Loja da Inglaterra foi estabelecida no Dia de São João de 1813. Existem dois dias dedicados a São João por ano, ambos os dois muito importantes para a Maçonaria, e mesmo que isto possa parecer ser uma observação cristã, é atualmente encarado como um retorno ao antigo (possivelmente egípcio) culto ao sol. Estes dias sagrados correspondem aos festivais de solstícios de verão e inverno de um culto solar que foi absorvido pelo calendário cristão. O fato de ambos serem significativos para a Maçonaria indica uma origem que há muito se perdeu na memória. Sem dúvida alguma, a Maçonaria é culpada por ocultar algum grande segredo. Infelizmente, pode ser que ninguém que ainda esteja vivo o conheça! A partir deste ponto, nós percebemos que precisávamos retornar às circunstâncias que levaram à formação dos Templários e tentar compreender o que é que estava por detrás de sua missão e quais segredos foram transmitidos para a Maçonaria antes de eles estarem perdidos. Talvez através do estudo desta história proibida até o seu fim é que possamos encontrar a verdade perdida em seu meio. Conclusão A primeira Grande Loja do mundo foi estabelecida em Londres em 1717 com uma tentativa dos aliados dos Hanover em negar as origens escocesas que eram muito próximas as dos jacobitas para o gosto inglês. Desde o início, ela negou sua própria história e quando a Grande Loja Unida da Inglaterra foi formada em 1813, os rituais da Ordem foram praticamente destruídos. Mesmo hoje, ela ainda declara que nada anteriormente a 1717 pode ser conhecido ao certo. A partir dos trabalhos de outros pesquisadores e de nossa própria experiência, nós compreendemos que é política da Grande Loja reprimir qualquer investigação sobre a Maçonaria anterior àquela data. Isto fortemente sugere que algo está sendo escondido mesmo dos Maçons. A Grande Loja de Londres empreendeu alterações nos rituais tornando-os mais inócuos, que foram contestadas pelos tradicionalistas, o que levou a um maior distanciamento entre duas Grandes Lojas opostas conhecidas como a dos 'Antigos' e a dos 'Modernos'. Os Modernos possuíam o apoio da Coroa de Hanover e do Parlamento e abusaram de seu poder para forçar uma unificação da Maçonaria inglesa sob os seus próprios termos. Em 1813, a Grande Loja Unida da Inglaterra foi formada e uma completa destruição dos rituais maçônicos foi empreendida. Quando o Duque de Sussex tornou-se o primeiro Grão-Mestre da Grande Loja Unida da Inglaterra, ele foi iniciado em todos os 33 graus do Rito Escocês Antigo e Aceito e este ficou tão ofendido com o seu conteúdo que ele decidiu que estes deveriam ser alterados sem demora, Estes rituais destes graus foram terrivelmente alterados e, pior ainda, vinte e quatro dos trinta e três graus são agora concedidos na Inglaterra sem que qualquer cerimônia seja realizada. Estas mudanças, realizadas por homens que nada compreendiam do real significado da Maçonaria, removeram mensagens secretas que foram cuidadosamente implantadas no ritual escocês original por William St Clair e por outros descendentes dos Cavaleiros Templários. 4 O Retorno dos Reis de Deus Mil Anos de Escuridão Nós agora possuíamos a resposta para uma de nossas questões essenciais iniciais: os rituais da Maçonaria foram alterados e suprimidos de modo a ocultar algum material que se tornara muito perigoso ou difícil para ser permitido existir. Apesar de séculos de negação pela Grande Loja Unida da Inglaterra, nós fomos capazes de estabelecer que o centro da moderna Maçonaria desenvolveu-se na Escócia logo após a dissolução dos Cavaleiros Templários que haviam baseado suas crenças nos ensinamentos da Igreja de Jerusalém original. Todas as evidências apontavam para manuscritos secretos descobertos pelos Templários que foram enterrados pelos judeus nos meses anteriores à sua destruição e à do Templo pelos romanos em 70 d.C. Nós agora precisávamos descobrir quem estava por trás dos Cavaleiros Templários antes que pudesse progredir na tentativa de reconstrução dos segredos perdidos da Maçonaria. Os fatos dos Cavaleiros Templários terem jurado cumprir 'castidade, obediência e manutenção de toda a propriedade em comum', antes de eles terem iniciado as escavações, nos causava estranheza e nos apresentava certas questões que ainda precisávamos responder. A exigência de uma 'obediência' era particularmente interessante, pois isto fortemente sugeria o envolvimento de uma autoridade controladora superior. Outra questão sedutora que surgiu a partir de nossa investigação era a adoção do nome de Roslin pelo cruzado Henri St Clair. O significado de 'Roslinn' - 'antigo conhecimento passado ao longo das gerações' é anterior às possíveis descobertas dos manuscritos do Templo em pelo menos dezoito anos o que parece sugerir que Henri St Clair estava completamente envolvido com os Templários e que estes últimos sabiam o que estavam procurando desde o início. Nós agora precisávamos tentar compreender a motivação destes Cruzados e então reconstruir o que realmente ocorreu no início do século XII em Jerusalém. Conseqüentemente à destruição de Jerusalém pelos romanos, um pequeno grupo sobrevivente de judeus, que escapou da ira dos invasores logo após a batalha final pela cidade, viram-se lançados à escravidão. Parece improvável, entretanto, que muitos dos Nazoreanos tenham se permitido serem capturados vivos. Assim como os ossos dos cristãos judeus retornaram ao pó, seus preciosos artefatos permaneceram intocáveis e esquecidos sob as ruínas do arrasado Templo de Herodes. Em 135 d.C., o Imperador Adriano reconstruiu a cidade, chamando-a de Aelia Capitolina, e rebatizando a província como Síria-Palestina. Para assegurar-se de que o fervor nacionalista dos judeus estaria contido, ele baniu todos os judeus de sua cidade sagrada e, deste modo, não houve comunidades judaicas permanentes em Jerusalém nos cinco séculos após sua queda. Em Roma, os cristãos gentios fundiram os mitos de seus antigos deuses ao culto concebido por Paulo, criando uma religião híbrida que possuía um grande apelo para um grande número de pessoas. A 20 de Maio de 325 d.C., o Imperador não-cristão, Constantino, convocou o Concilio de Nicéia e uma votação foi realizada para se determinar se Jesus era ou não uma divindade. Os debates foram vigorosos, mas ao término do dia foi decidido que o líder judeu do primeiro século era, de fato, um deus. O estabelecimento de uma era cristã romanizada marcou o início da Idade das Trevas: o período da história ocidental quando as luzes se afastaram de todo o aprendizado e a superstição substituiu o conhecimento. Este período durou até o poder da Igreja Romana ter sido minado pela Reforma Protestante. A perseguição da ignorância cresceu até tornar-se altamente estruturada e um dia, os cristãos liderados pelo Bispo Teófilo incendiaram a maior biblioteca sobre o conhecimento humano do mundo, em Alexandria. O Patriarca de Constantinopla à época, São João Crisóstomo (seu nome ironicamente significa 'boca dourada'), realizou o seguinte comentário sobre o 'grande ato' de destruição das velhas idéias: Todo traço da velha filosofia e literatura do mundo antigo desapareceu da face da terra. O progresso intelectual e moral rapidamente entrou em declínio e a civilização ocidental regressou a um estado de cruel barbárie. A Igreja baniu a instrução de base, pois a 'difusão do conhecimento' somente poderia servir ao encorajamento da heresia. A nova Igreja sabia que era apenas um palácio construído sobre areia e temia que a liberdade permitida de pensamento pudesse somente servir para revelar a sua falta de fundamentação e causar sua ruína através de uma onda de pensamento racional, A literatura espalhada pelo Império Romano rapidamente foi praticamente suprimida, a ciência voltou-se à superstição e a avançada engenharia dos primeiros anos do Império foi esquecida, Tudo que era bom e próspero foi desprezado e todos os ramos da realização humana foram ignorados em nome de Jesus Cristo. A arte, a filosofia, a literatura secular, a astronomia, a matemática, a medicina e mesmo o sexo tornaram-se temas proibidos. O sexo, como decretado pela Igreja, deveria ser apenas para a procriação, declarando-se que uma mulher não poderia conceber se ela desfrutasse do ato sexual e que um homem que tentasse dar prazer a uma mulher enquanto copulasse estaria 'amando Satã'. As estranhas idéias estrangeiras dos gentios alteraram, além de todo o reconhecimento, o culto que havia nascido da morte do líder judeu messiânico, As maiores adições ainda aconteceriam ao longo do século XIII quando o teólogo Tomás de Aquino afirmou que o pão consagrado da Eucaristia e o vinho passariam por uma transformação miraculosa, transformando-se realmente na carne e no sangue de Cristo, ao ser consumido pela congregação. Este conceito de canibalismo da 'transubstanciação', como é eufemisticamente conhecido, é baseado na idéia que pode ser remetido à análise de Aristóteles sobre a natureza da matéria. Nós acreditamos que qualquer membro da Igreja de Jerusalém original repugnaria completamente a sugestão de que Deus permitiria que tal milagre canibalesco fosse executado milhões de vezes todos os dias. A crença na realidade física da 'transubstanciação' permanece ainda como um ensinamento oficial da Igreja Católica Romana desde a Idade Média. Seiscentos anos após a destruição do Templo, a história de um novo profeta surgiu por todo o Oriente Médio, e Jerusalém tornou-se uma cidade sagrada para uma terceira religião. Maomé foi elevado ao céu a partir de uma rocha, onde Abraão preparou-se para sacrificar o seu filho, Isaac - a rocha que se situa no centro do Santo dos Santos que havia sido o santuário mais interior do Templo de Jerusalém. Em 691 d.C., os muçulmanos construíram uma bela edificação conhecida como o 'Domo da Rocha' no alto do sítio do Templo dos judeus, Em 1071, a cidade foi tomada pelos turcos seljúcidas que a arrasaram. Vinte e oito anos mais tarde, em uma sexta-feira, a 15 de Julho de 1099, a Cidade vislumbrou um novo demônio dançando ao longo de suas ruas. O exército ‘Cruzado' dos cristãos capturou Jerusalém e, com uma eficiência não vista desde os tempos dos romanos, massacrou em nome de Deus cada homem, mulher e criança da população judaica e muçulmana. A idéia da realização de uma Cruzada sagrada originou-se com o Papa Urbano II que, conforme apuramos, estava preocupado com o tratamento despendido aos peregrinos cristãos na Terra Santa. Em uma terça-feira, a 27 de Novembro de 1095, em um campo ao lado das muralhas da cidade francesa de Clermont-Ferrand, ele chamou às armas o clero que comparecera a um concílio da Igreja. Ele propôs um plano onde os Cavaleiros cristãos formariam um grande exército que asseguraria a Terra Santa como um reino cristão, A resposta foi positiva e impressionante, sendo que os bispos retornaram às suas cidades para alistarem outros nesta grande Cruzada. Os grandes senhores da Europa estavam seduzidos pela oferta de salvação e pela oportunidade de saquearem o que eles encontrassem como recompensa pelo auxilio ao trabalho de Deus. Em breve, o Papa Urbano tinha o apoio que precisava e esquematizou sua estratégia. Os grupos individuais de Cruzados começaram sua jornada em Agosto de 1096. De cada grupo, era esperado que se auto financiasse e que seguisse seu próprio líder, uma vez que eles seguiram por vias separadas até a capital bizantina de Constantinopla, onde seriam reunidos em uma força combinada de ataque. A partir de lá, eles lançariam um ataque contra os conquistadores seljúcidas da Anatólia, em conjunto com o Imperador Bizantino e seu exército. Uma vez estando a região sob o controle cristão, os Cruzados empreenderiam campanhas contra os muçulmanos na Síria e na Palestina, sendo Jerusalém o seu último objetivo. Os exércitos dos nobres cruzados chegaram em Constantinopla em Novembro de 1096 e, em Maio seguinte, eles atacaram o seu primeiro grande alvo: a capital turca da Anatólia, Nicéia - a cidade onde o Cristianismo foi formalizado. Os Cruzados rapidamente tiveram sucesso e logo após encontraram uma pequena resistência durante o resto de sua campanha pela Ásia Menor. O próximo grande obstáculo era a cidade de Antioquia no norte da Síria que foi sitiada por quase oito meses até sua rendição a 03 de Junho de 1098. Em Maio de 1099, os Cruzados atingiram as fronteiras setentrionais da Palestina; ao anoitecer do dia 07 de Junho, eles acamparam dentro do campo de visão das muralhas da cidade santa de Jerusalém. Com a ajuda de reforços provenientes de Gênova e com a ajuda das mais recém criadas máquinas de cerco, eles atacaram Jerusalém e jubilosamente, conduziram um massacre sistemático sobre todos os seus habitantes. Os Cruzados estavam satisfeitos por purificarem a cidade com o sangue dos infiéis, inimigos de Cristo. Uma semana mais tarde, os Cruzados escolheram Godofredo de Bouillion, Duque da Baixa Lorraine, para governar a recém conquistada cidade. Sob sua liderança, o exército então partiu para sua última campanha, atacando o exército egípcio em Ascalão. Com o trabalho de Deus plenamente completado, a grande maioria dos Cruzados retornou para a Europa, deixando Godofredo com uma pequena força remanescente da original para manter a lei e a ordem. Curiosamente, Godofredo, que contava com apenas 39 anos de idade, morreu no preciso momento de triunfo, sendo que logo após, seu irmão foi coroado Rei de Jerusalém, sob o título de Balduíno I, no ano de 1100. O Motivo Revelado Os nove Cavaleiros que tomaram o mútuo juramento de 'castidade, obediência e manutenção de toda a propriedade em comum' chegaram à Jerusalém exatamente quando Balduíno I tornou-se o primeiro rei cristão. Nós precisávamos conhecer os fatos existentes sobre estes homens e cuidadosamente estudamos os eventos da época. Estes primeiros Templários eram: Hugues de Payen - um lorde vassalo de Hugues de Champagne; Geoffroy de Saint-Omer - filho de Hugues de Saint-Omer; André de Montbard - um lorde vassalo de Hugues de Champagne e tio de Bernardo de Clairvaux; Payen de Montdidier - um parente dos governantes de Flandres; Achambaud de Saint-Amand - um parente dos governantes de Flandres; Gondmare - nenhum detalhe conhecido; Rosal - nenhum detalhe conhecido; Godefroy - nenhum detalhe conhecido; Godofredo Bisol - nenhum detalhe conhecido. Acredita-se que os cavaleiros que se conhecem pouco sejam representantes das famílias governantes da Champagne, Gisors e Flandres. O líder dos Templários era Hugues de Payen, um nobre de meia idade da região de Champagne que se casara com Catarina St Clair, a sobrinha de seu companheiro cruzado, o Barão Henri St Clair de Roslin, em 1101. Três anos mais tarde, Hugues deixou sua esposa e seu pequeno filho, Teobaldo, para viajar para Jerusalém com Hugues de Champagne, por razões desconhecidas. Também se registra que ele retornou à Jerusalém uma vez mais em 1114 e, quando da morte de Balduíno I em 1118, ele formou seu grupo de nove Cavaleiros e apresentou-se diante do novo rei, Balduíno lI. Nós começamos a mapear os movimentos destes e colocamos os eventos em uma seqüência temporal para verificar que tipo de modelo surgiria. A primeira pessoa que nós consideramos foi o Papa Urbano II que primeiro clamou por uma Cruzada em 1095 e morreu logo após a conquista da cidade santa de Jerusalém. Isto leva-nos a uma estranha coincidência, uma vez que as duas figuras chaves da Primeira Cruzada morreram no mesmo instante em que Jerusalém era conquistada. Teriam o chefe guerreiro, Godofredo de Bouillion, e o líder espiritual, Urbano lI, servido ao seu propósito, e calmamente eliminados? Se a resposta for sim, quem teria planejado tal ato e por quê? Urbano II nasceu Odo de Lagery, em França, e estudou em Reims antes de ingressar no monastério beneditino de Cluny, do qual tornouse prior em 1073. Em 1078, ele foi elevado ao cargo de Bispo Cardeal de Óstia pelo Papa Gregório VII que eventualmente sucederia. A Ordem Beneditina, a qual Odo unira-se, foi fundada no século VI e, o que foi interessante descobrir foi que enquanto por séculos eles têm usado os hábitos negros, eles originalmente vestiam um longo hábito e gorro de um branco puro, exatamente como os Essênios e os líderes da Igreja de Jerusalém usavam. Outra importante figura da Igreja no período pós-Cruzada era Bernardo de Clairvaux, o jovem que foi pessoalmente responsável em obter uma 'regra' papal para os Templários em 1128. Ele fazia parte da Ordem Cisterciense, bem como da Beneditina, e assim nós pesquisamos a história das duas ordens para verificar se havia alguma conexão entre elas. E havia. Curiosamente, nós descobrimos que a Ordem Cisterciense havia sido fundada em 1098 por um grupo de monges beneditinos da Abadia de Molesme, alguns meses antes da tomada de Jerusalém e da morte de Urbano lI. Muitos fatos estranhos parecem ter ocorrido de uma vez só para serem ignorados como um mero acaso. Os monges cistercienses originais declaravam que pretendiam retornar aos ensinamentos mais puros e originais de São Benedito que havia fundado a Ordem Beneditina nos primórdios do século VI e tornara-se conhecido como o pai do monasticismo ocidental. Este santo, que tanto os cistercienses admiravam, havia nascido em uma distinta família de Nursia na Itália central e, após passar vários anos estudando em Roma, foi viver em uma caverna por três anos. Benedito estabeleceu o que ele chamava como sendo uma regra de vida que mais tarde tornou-se um requerimento para todas as ordens monásticas. Ela ressaltava a importância da vida comunal e do trabalho físico, proibia que seus membros tivessem propriedades pessoais, exigia que todas as refeições fossem tomadas em comum e que toda conversa desnecessária fosse evitada. Esta visão soava exatamente como a dos Essênios que exigiam que se passasse três anos na localidade desértica da Comunidade de Qumran, de modo a percorrer os três graus de treinamento, concluídos com a cerimônia da 'ressurreição em vida'. Mais estranho ainda era o fato dos monges cistercienses serem chamados de 'Monges Brancos' devido ao hábito branco que eles usavam sobre seus escapulários negros. Adiciona-se a este, o fato de que o manto original dos Cavaleiros Templários era também de um puro branco (a famosa cruz vermelha foi adicionada posteriormente) e sendo deste modo, nos perguntávamos: haveria algum antigo conhecimento oriundo da tênue conexão entre os valores Nazoreanos e o uso do branco? Os Nazoreanos que haviam lutado e morrido durante a queda de Jerusalém em 70 d.C. vestiam o branco como um símbolo da ressurreição, e mais de mil anos após houve um retorno à Jerusalém e o uso de túnicas brancas inesperadamente parecia ter se tornado muito importante. Isto poderia estar relacionado com a profecia do Livro das Revelações que dizia que os mártires de Jerusalém ressuscitariam após mil anos? Estranhos fatos parecem ter começado ocasionalmente ao mesmo tempo e nós descobrimos que a ascensão de São Bernardo foi tão incomum quanto o surgimento dos próprios Templários. Ele nasceu em uma localidade próxima a Dijon em 1090 e com a idade de vinte e três anos, ele anunciou sua decisão de tornar-se sacerdote e unir-se a ainda muito jovem Ordem Cisterciense. Sua decisão encontrou considerável oposição de seu irmão mais velho, o Conde de Fontaine, que ficou horrorizado com a decisão de Bernardo em se tornar um monge. Entretanto, algo muito espetacular deve ter ocorrido para mudar sua opinião, pois dentro de um ano após, o próprio Conde uniuse à Ordem Cisterciense - junto com nada menos do que trinta e um membros da família Fontaine! Algo muito, mas muito incomum estava ocorrendo aqui e quanto mais procurávamos, mais encontrávamos. Primeiro Bernardo é criticado por sua família por tornar-se um cisterciense; meses mais tarde sua família une-se à mesma; então, dentro de um ano, Bernardo, com vinte e cinco anos, é feito Abade de uma nova abadia em Clairvaux - construída especialmente para ele por Hugues de Champagne: o mesmo homem que havia visitado Jerusalém com seu vassalo, Hugues de Payen. Ainda hoje uma modesta abadia levaria dois anos para ser construída sendo assim, parece razoável concluir que Hugues de Champagne encomendou uma abadia na mesma época em que Bernardo tornarase noviço. Se nós estivermos certos, Bernardo deve ter sido 'colocado' nesta posição chave, ridiculamente cedo, como parte de um grande plano. Adiciona-se a tudo isto, o fato de que este jovem 'superstar' da Igreja era o sobrinho de André de Montbard, um dos nove Templários originais, e a teoria do 'grande plano' começa realmente a fazer sentido. Henri St Clair, Hugues de Champagne e Bernardo de Clairvaux estavam certos e completamente envolvidos com Hugues de Payen, Geoffroy de Saint-Omer, André de Montbard e outros Templários fundadores em um plano para resgatar os manuscritos e tesouros que se encontravam abaixo do Templo. Era também extremamente provável que o Rei Balduíno II de Jerusalém era um membro deste consórcio. Foram os peões, o Papa Urbano II e Godofredo de Bouillion, removidos do tabuleiro, uma vez que sua utilidade havia se esgotado? À época de sua misteriosa morte, Bouillion havia sido um jovem que havia sobrevivido a duros campos de batalha, e o Papa era um saudável homem de cinqüenta anos quando morreu no preciso momento de sua vitória em 1099. A questão que nós ainda não podíamos responder era: como essas pessoas sabiam o que procurar? Foi aí que nós descobrimos um atalho neste caminho! Como nós estávamos lidando com muitos fatos, onde não poderíamos apenas deduzir o que estava ocorrendo, Robert telefonou para o historiador e escritor Dr. Tim Wallace-Murphy, em busca de mais detalhes a respeito de uma data em particular. Nós havíamos encontrado Tim quando estávamos nos estágios finais da conclusão d'A Chave de Hiram e ele ficou interessado em ouvir um pouco mais de nossa atual pesquisa. Robert explicou como nós construímos todo um panorama baseado no plano de um grupo de nobres franceses de escavar as ruínas do Templo de Herodes e como nós agora acreditávamos que este grupo sabia exatamente o que estavam procurando. Tim ouviu atentamente e então disse: 'Eu sei que vocês estão no caminho certo, pois ele se encaixa com uma estranha informação com a qual me deparo de vez em quando. Apenas deixem de lado os seus ceticismos usuais por um momento e ouçam, do mesmo modo que eu fiz, uma história que vou lhes contar, pois ela é muito atraente, mas, para os padrões normais também é fantástica . Robert era todo ouvidos. Tim contou-nos que ele havia acabado de realizar uma palestra em Londres alguns anos antes quando um distinto homem de idade avançada o procurou e apresentou-se em francês, uma língua na qual Tim é fluente. Ele declarou que era um descendente direto de um líder templário, Hugues de Payen, e que acreditava ser apropriado transmitir algumas informações que poderiam ser úteis. Tim intuitivamente acreditou que este homem não era um charlatão e decidiu ouvi-lo. Suas primeiras impressões foram confirmadas pelo estilo de falar claro e despretensioso do cavalheiro e sua clara abordagem de um tema que poucos compreendiam em detalhe. Eis a estranha história que Tim ouviu. Quando este homem atingiu a idade de vinte e um anos, seu pai chamou-o para uma conversa particular e informou-o que ele estava pronto para compartilhar de um conhecimento secreto que ele deveria passar a seu próprio fIlho quando este atingisse a mesma idade. Ele ouviu que lá existe uma antiga tradição verbal que tinha sido passada adiante de pai para filho em sua família e certamente em outras famílias, por milhares de anos. O francês afirmou que ele não havia ficado surpreso, pois seu pai procurou deixar claro e muito naturalmente que sua família pertencia a uma antiga linhagem. A próxima parte da história, ele confessou, chocou-o do mesmo modo que o surpreendeu. Em uma época anterior ao nascimento de Jesus, os sacerdotes do Templo de Jerusalém dividiam-se em duas escolas: uma para meninos e outra para meninas. Os sacerdotes eram conhecidos pelos nomes de anjos, tais como Miguel, Mazaldek e Gabriel. Este era o modo pelo qual eles preservavam a linhagem pura de Levi e de David. Quando cada uma das garotas escolhidas ingressa na puberdade, um dos sacerdotes a impregnaria com o sêmen da sagrada linhagem e, uma vez grávida, ela se casaria com um respeitável homem para educar a criança. Era costume de que quando estas crianças atingissem a idade de sete anos, elas seriam encaminhadas às escolas do Templo para serem educadas pelos sacerdotes. Deste modo, afirmou o francês, havia uma virgem chamada Maria que foi visitada por um sacerdote conhecido como o 'Anjo Gabriel' que com ela teve uma criança. Ela então se casou com José, que era um homem muito mais velho que ela. De acordo com esta tradição verbal, Maria achava muito difícil viver ao lado de José, seu primeiro marido, pois ele era muito mais velho do que ela, mas, com o passar dos anos, ela aprendeu a amá-lo e teve outros quatro meninos e três meninas. Após a crucificação de Jesus, o principal pilar da Igreja de Jerusalém era Tiago, o Justo, apoiado por Pedro e João, o discípulo amado. (Um fato confirmado na Epístola de Paulo aos Gálatas). Eles formavam um triunvirato, que era o meio essênio tradicional de governo. Quando Jesus foi morto não houve comoção pública, uma vez que ele não era popular com as massas, mas quando Tiago foi morto, toda a cidade Ievantou-se em uma revolução, iniciando a terrível guerra judaica contra os romanos. O francês contou como Tiago havia se tornado uma figura muito mais importante do que Jesus na Igreja de Jerusalém. Após a morte de Tiago, e antes da destruição do Templo, alguns sacerdotes Nazoreanos partiram para a Grécia, de onde então se espalharam através da Europa. Eles rapidamente retornaram para a cidade destruída para recuperar o corpo de alguém que eles conheciam como 'o salvador' e levaram este à Grécia, de onde em 600 d.C. retornaram e enterraram os ossos sob o Templo, o lugar mais seguro para escondê-lo, uma vez que a ninguém era permitido ser enterrado nos confins do Templo. Sob as ruínas do Templo, diziam-se haver várias câmaras e em uma das paredes dessas câmaras estava escrita a genealogia dos filhos dos sacerdotes do Templo, traçando suas linhagens até David e Aarão. O grupo dos sobreviventes se auto-designou como 'Rex Deus' (Reis de Deus) e sobreviveram à perseguição aos judeus adotando as práticas religiosas das terras onde estavam estabelecidos, com a condição de que somente seria exigido a expressa crença no único Deus verdadeiro. Eles acreditavam que estavam preservando a linhagem dos dois Messias, a de David e a de Aarão, que um dia chegariam e estabeleceriam o reino de Deus na Terra. Esta então é a história que foi contada por um homem que declarou ser um membro de uma família dos Rex Deus. Ele havia dito que deveria ter passado isto a um filho escolhido, mas como ele não possuía filhos, a ele foi impossível fazer isto. Ele havia também contado que ele poderia ser contatado por outros membros dos Rex Deus, e que ele os conheceria através das genealogias que todos possuem. Entretanto, ele afirmou que ninguém jamais o havia procurado a respeito dos Rex Deus. 'É uma história fantástica, mas muito interessante', disse Robert. 'Sim, eu sabia que você se interessaria por ela'. 'Está registrada em algum lugar?', perguntou Robert. 'Eu a mencionarei em um novo livro que estou co-escrevendo'. Robert agradeceu a Tim e imediatamente telefonou a Chris para compartilhar esta assombrosa notícia. Nós não havíamos chegado a estes fatos básicos por nós mesmos, mesmo porque nós nunca acreditaríamos em uma declaração tão estranha, mas a história se encaixava em todas as coisas que nós sabíamos, tanto que nós não poderíamos deixar de considerá-la. Esta explicação sobre os Rex Deus era uma sensacional reviravolta... Se esta for verdade. Parecia-nos que a probabilidade deste idoso francês ter inventado algo tão curioso era improvável por si só e, uma vez que isto precisamente encaixa-se nos fatos que nós havíamos coletado, nós tínhamos que adotar como nossa hipótese de trabalho. Se nós pudéssemos encontrar mais alguma evidência para apoiar esta afirmação, ligando os eventos na Jerusalém do primeiro século com os Cavaleiros Templários do século XII, nós estaríamos no caminho de algo muito grande de fato. Entretanto, nós também tínhamos a consciência de que nós teríamos que nos preparar para abandonar a idéia se ela não conferisse com a descoberta de mais evidências. O panorama que foi surgindo era de um grupo das nobres famílias européia, descendentes das linhagens judaicas de David e Aarão que haviam escapado de Jerusalém um pouco antes, ou possivelmente mesmo após, a queda do Templo. Eles haviam passado o conhecimento dos artefatos ocultos abaixo do Templo para um filho escolhido (não necessariamente o mais velho) de cada família. Algumas das famílias envolvidas eram os Condes de Champagne, os Lordes de Gisors, os Lordes de Payen, os Condes de Fontaine, os Condes de Anjou, de Bouillion, St Clair de Roslin, Brienne, Joinville, Chaumont, St Clair de Gisor, St Clair de Neg e os Habsburgo. A primeira vista, esta idéia parecia similar às afirmações feitas por Michael Baigent, Richard Leigh e Henry Lincoln em seu livro A Linhagem Sagrada e o Santo Graal, onde afirmavam ter identificado uma organização chamada de Priorado de Sião. Baigent e seus colegas acreditam que Jesus havia sobrevivido à cruz e ido morar em França, onde constituiu uma família e sua linhagem originou os reis Merovíngios e os Duques de Lorraine, tendo sido preservada por este obscuro Priorado de Sião. Eles afirmavam que esta organização foi criada por Godofredo de Bouillion que era um descendente de Jesus e preservara sua linhagem intacta até os dias modernos. A hipótese dos Rex Deus é um pouco menos pura, com uma íntima conexão com Jesus, mas sem uma linhagem conhecida. A partir do que nós descobrimos, Godofredo de Bouillion estava morto, talvez assassinado, antes dos Templários estarem formados. Por razões detalhadas em nosso último livro, nós ainda permanecemos convencidos de que Jesus realmente morreu na cruz; o discurso realizado por Tiago após a crucificação confirma isto. Se o grupo dos Rex Deus realmente existiu, é fácil verificar como a Primeira Cruzada proveu a estas famílias uma oportunidade como uma 'graça divina' para retornar a seu Templo Sagrado para recuperar o tesouro que era seu por direito - e seria feito exatamente no tempo previsto pelo escritor do Evangelho de São João! As famílias dos Rex Deus estavam à frente da Primeira e mesmo de outras Cruzadas. Os estudiosos medievais têm sempre se perguntado sobre o porquê das mesmas famílias terem comandado todas as Cruzadas por toda a sua duração, e agora nós tínhamos uma resposta possível. Uma vez que os exércitos cristãos haviam conquistado Jerusalém, os líderes que não pertenciam ao Rex Deus foram rapidamente removidos e as famílias infiltraram-se na monarquia de Jerusalém e na Igreja para assegurar que elas não seriam bloqueadas no santo esforço dos 'Reis de Deus' em obter o que seus ancestrais haviam lhes deixado. A Hipótese dos Rex Deus A história das famílias dos Rex Deus explica como um bando de cavaleiros cristãos sabia exatamente o que estavam dispostos a encontrar, e o significado de Roslin agora fazia perfeitamente sentido. Henri St Clair tomou o título que expressava sua excitação ao obter o 'antigo conhecimento passado ao longo das gerações'. Logo após a queda de Jerusalém, um contingente de anciãos oriundos da Igreja de Jerusalém escapou à carnificina e dirigiu-se para Alexandria, que havia, em muitos modos, se tornado a segunda cidade para os judeus. Aqui, o pequeno grupo tomou ciência de sua posição e decidiram dirigir-se para outras cidades européias. Eles adotaram a religião de suas novas terras e foram absorvidos dentro das comunidades adotadas, tomando nomes que parecessem menos estrangeiros. Eles eram um povo altamente inteligente, descendentes da aristocracia judaica e muito prósperos. À medida que as gerações vinham e iam, a lembrança de sua origem esvaia-se, mas um filho era escolhido e, quando este atingia o estado de completa maioridade, era-lhe revelado seu estranho direito de nascença e os segredos do Templo. Ao longo do tempo, algumas das famílias individuais perdiam contato com outras, mas os filhos escolhidos sabiam que as outras existiam e como reconhecê-las se procurados. Em 1095, os membros do grupo dos Rex Deus estavam praticamente quase todos cristianizados, ainda que cada uma das famílias devesse ter pelo menos um membro masculino que mantinha a história tradicional de suas bem-nascidas raízes judaicas próxima aos seus corações. Sem dúvida que eles se viam como 'super cristãos' e que compartilhavam o maior segredo deste lado do céu. Eles eram uma elite silenciosa - 'os Reis de Deus'. Eles acreditavam que a tomada de Jerusalém pelos turcos seljúcidas foi o ataque de Gog e Magog previsto anteriormente e eles utilizaram suas consideráveis influências para plantar a idéia de uma grande cruzada cristã na mente do Papa Urbano lI. Eles lhe contaram que a profecia de São João havia se tornado realidade e que seria seu grande papel liderar a Cristandade ao resgate da Cidade Santa dos bárbaros invasores. De fato, os livros de história registram que sua liderança marcou a ascensão do papado frente à liderança da Cristandade ocidental. Naturalmente, as famílias dos Rex Deus foram as primeiras a jurar fidelidade à causa cruzada, e o Papa Urbano II deve ter se surpreendido por tornar-se tão influente repentinamente. Até aquele tempo, seus seis anos de pontificado não haviam sido inspiradores e ele havia sido afastado de Roma pelo antipapa, Clemente III. Agora, ele era 'o homem do momento'. Desenvolvendo este cenário, nós poderíamos imaginar a situação em Jerusalém nos primeiros meses de 1100. Deve ter havido um pequeno contingente de membros dos Rex Deus presente, onde analisaram o problema que à frente deles se apresentava. Cada um deles possuía uma história ligeiramente diferente, pois o tempo muda as coisas, não importa quanto pessoas tentem manter uma tradição oral completamente pura. Eles uniram os seus conhecimentos dos pontos secretos de entrada no topo do arruinado Monte do Templo, entretanto, estes não deveriam fazer muito sentido uma vez que a Mesquita do Domo - o Domo da Rocha - estava ocultando o sítio do Templo interior. Meses de prospecção em busca das marcas de escavação nada produziram, e agora outros estavam ficando desconfiados. Nós podíamos imaginar que deveria existir uma brecha nas ruínas. Alguns queriam encaminhar uma equipe de trabalhadores para escavar imediatamente, mas outros viam perigo em qualquer atividade pública; como eles poderiam explicar tais ações? O Vaticano rapidamente se interessaria por qualquer escavação realizada neste solo sagrado. Como rei recentemente coroado de Jerusalém, Balduíno não desejava nada que trouxessem as suspeitas papais sobre ele mesmo, rapidamente aliou-se aos cautelosos, enfatizando que eles haviam retomado o controle do Templo uma vez mais e que isto era o mais importante. Os tesouros, ele lamentava, estavam enterrados abaixo de toneladas de toneladas de rocha e, como eles não possuíam nenhuma pista de onde iniciar a escavação, seria melhor não apressar as coisas. De volta à França, as famílias dos Rex Deus encontraram-se para analisar sua posição. Eles ouviram descrições dos problemas em Jerusalém e consultaram desenhos feitos pelos visitantes. Obviamente, as coisas eram muito mais complicadas do que eles pensavam e seu próprio povo estava agora barrando o acesso aos tesouros de seus antepassados. Vários membros mais antigos tentaram usar sua influência em persuadir Balduíno a permitir uma escavação, mas sem sucesso; ele argumentou que ele mesmo estava sob observação e que seria impossível agir em segredo e seria desastroso vir a público com suas intenções. Em 1104, Hugues de Payen realizou sua primeira visita registrada à Jerusalém, acompanhado por Hugues de Champagne, eles reviram o sítio em detalhes. Eles consultaram Balduíno e partiram para a Europa com um cuidadoso registro documentado da área do Templo que lhes permitia desenvolver um plano de ação. Os anos passaram e Balduíno ainda não mostrava sinais de ter mudado de idéia. Em 1113, entretanto, algo ocorreu que criou uma nova oportunidade. Um grupo de cavaleiros cristãos reuniu-se em uma nova ordem, chamada por eles de 'Soberana Ordem Militar do Hospital de São João de Jerusalém, de Rodes e de Malta', ou, como eles eram geralmente conhecidos, os Cavaleiros Hospitalários. Eles se estabeleceram como os protetores do hospital construído em Jerusalém antes da Primeira Cruzada por Gerard, sendo que os irmãos juraram espontaneamente auxiliar na defesa de Jerusalém. Esta iniciativa plantou uma nova idéia nas mentes do grupo dos Rex Deus e Hugues de Champagne e Hugues de Payen realizaram uma segunda visita à Jerusalém em 1114 para apresentar um novo plano a Balduíno, do qual estavam convencidos que este último aceitaria. Eles lhe apresentaram que desejavam formar um pequeno contingente de cavaleiros em Jerusalém que realizariam algumas escavações exploratórias sob o pretexto de ser uma ordem tal qual a dos Hospitalários; o pretexto era de eles serem os guardiões das estradas para os peregrinos. Eles propuseram que esta nova 'ordem' deveria estar acampada no local dos estábulos de Herodes, onde estariam escondidos das vistas públicas, e, estando eles em um nível mais baixo, poderiam ter acesso horizontal para escavar diretamente dentro das abóbadas subterrâneas onde o tesouro estaria localizado. Infelizmente, o Rei não se convenceu e simplesmente rejeitou o novo plano de uma vez. Os dois cavaleiros retornaram para casa rejeitados. Eles sentiram que Balduíno era um caso sem esperanças e deste modo voltaram sua atenção ao primo do Rei que poderia, um dia, tornar-se seu sucessor. Este rei potencial, também chamado Balduíno, havia sido prisioneiro dos muçulmanos por quatro anos e tinha algumas idéias um pouco mais radicais sobre o que precisava ser feito. Em 1118, Balduíno I morreu com a idade de sessenta anos (presumidamente de causas naturais) e seu primo rapidamente era coroado como Rei Balduíno II de Jerusalém. Dentro de algumas semanas, os noves Cavaleiros franceses estavam acampados nos estábulos de Herodes que agora fazia parte do palácio adjunto à antiga Mesquita de AI Aqsa, sob a proteção de Balduíno II. Ao mundo foi explicado que sua missão era salvaguardar os peregrinos cristos dos demoníacos bandidos muçulmanos, mas sua verdadeira missão era localizar e resgatar os manuscritos e tesouros da Igreja de Jerusalém. O trabalho deve ter sido extremamente difícil e os dias longos. Cortar um novo túnel através de rocha sólida com ferramentas de mão requeria enorme esforço e levou muitos meses para conectar-se com uma passagem original que os levava até abaixo do 'Haram', a gigantesca base sob a qual o Templo havia sido construído. Uma vez dentro do labirinto, o progresso pareceu acelerar-se. Inicialmente, eles devem ter encontrado um pequeno pote de moedas, próximo de diversos vasos de ouro e pratas, então uma caixa de madeira contendo um manuscrito e outra caixa com um outro manuscrito. Os preciosos objetos de metal foram rapidamente polidos revelando um deslumbrante esplendor, mas os manuscritos nada significavam para um iletrado grupo que nem sequer podia reconhecer nada mais que algumas poucas palavras em francês, ainda mais estes textos em aramaico e grego. A equipe de arqueólogos primitivos começou a se sentir altamente responsável por seus achados e Geoffroy de Saint-Omer, o segundo em comando, foi enviado de volta à França para que os manuscritos fossem traduzidos. Ele os levou ao letrado Lamberto de Saint-Omer que foi capaz de entender tudo que seus descrentes olhos lhe revelaram. Ele pediu que os manuscritos fossem deixados com ele e, sem comunicar a Geoffroy, realizou uma rápida cópia de um deles, uma descrição visual da Jerusalém Celeste. Nós suspeitamos fortemente que o idoso clérigo morreu nas mãos de Geoffroy de SaintOmer quando foi descoberto que ele havia copiado um dos manuscritos sem permissão. Entretanto, o cavaleiro não podia saber onde estava escondida a cópia do manuscrito da Jerusalém Celeste, sendo que ainda hoje ele permanece na biblioteca da Universidade de Ghent. Como resultado das primeiras descobertas, um Conde conhecido pelo nome de Foulques de Anjou foi à Jerusalém em 1121 para verificar os progressos. Somente após realizar o mesmo juramento que os demais, ele pode realizar uma vistoria nos trabalhos, tornandose um irmão entre eles. Foulques que mais tarde tornou-se Rei de Jerusalém, doou uma anuidade de trinta libras de Angevin e então retornou a Anjou. Bernardo de Fontaine (que se tornaria Abade de Clairvaux) foi ativado para construir sua reputação como um dos líderes da Igreja, de modo que ele elaborasse seus estatutos e persuadisse o Papa Calisto II de que uma ordem militar deveria ser formalmente estabelecida para apoiar o reinado de Jerusalém. O real motivo do grupo dos Rex Deus era manter suas atividades em segredo, apesar de todas as idas e vindas de importantes membros do grupo, e seria brevemente necessário um convincente pretexto para a considerável prosperidade que se tornaria evidente. O próximo a chegar em Jerusalém foi, uma vez mais, Hugues de Champagne em 1124. Nesta viagem, ele tomou o seu juramento e tornou-se um Templário, sendo que agora havia onze membros. Como nós dissemos anteriormente, nós não podíamos compreender a quem este pequeno grupo estava jurando 'obediência', mas se era a Hugues de Payen, então este último lorde ingresso havia apenas anunciado que estava preparado a ser subserviente a seu próprio vassalo - uma ocorrência muito estranha que ou demonstra a existência de uma febre do tesouro ou que todos eles estavam jurando obedecer a um conselho de membros dos Rex Deus. Uma equipe manteve-se escavando até o Natal de 1127 quando eles acreditavam ter localizado cada resto de tesouro e cada manuscrito. Uma semana mais tarde, Payen partiu em viagem à cidade de Troyes onde ele recebeu o rascunho da Regra, escrita por Bernardo, mas apresentada a eles pelo Cardeal de Albano. Ele então partiu em uma viagem de recrutamento pela Europa, aproveitando esta viagem para manter informados os membros dos Rex Deus en route. É nesta viagem que ele dirige-se ao lar da família de sua esposa na Escócia, mais precisamente para depositar os preciosos manuscritos em um lugar seguro. Este era o ponto mais distante de Roma a qual eles tinham acesso e, sendo assim, o lugar mais seguro para estes documentos heréticos, pois nestes manuscritos eles haviam encontrado registros da vida de Jesus e de Tiago que contavam mais da história dos combatentes da liberdade judaica do que da chegada do Filho de Deus na terra. Eles haviam encontrado os registros do Novo Testamento que anunciariam a chegada da regra de Deus e estavam maravilhados pelas descrições das cerimônias de iniciação de importantes recrutas que envolviam uma 'ressurreição em vida'. A evidência sugere que o conhecimento da existência destes documentos estava restrito aos membros mais velhos da nova Ordem Templária e à família St Clair que era agora os guardiões deste antigo conhecimento. Ao término da viagem de Hugues de Payen, ele retornou à Jerusalém com trezentos cavaleiros para ser ordenado como o primeiro Grão- Mestre dos Templários. Ele também possuía a promessa de um apoio financeiro e o presente de vários Estados que seria um pretexto perfeito para explicar sua inesperada posse de muitos e valiosos tesouros. As famílias dos Rex Deus agora tinham os seus tesouros e controlavam Jerusalém e seu Templo pela primeira vez em praticamente mil anos. Entretanto, havia um outro risco a ser vencido, a sucessão de Balduíno II que não possuía herdeiros homens. Isto foi resolvido com o casamento do viúvo Foulques de Anjou com a filha de Balduíno, Melissandra, para assegurar a sucessão do grupo. A teoria dos Rex Deus que nós apresentamos aqui tem muitos atrativos, mas nós não tínhamos nada a não ser a palavra de um homem de que a organização já existira. Então, algo pequeno, mas muito interessante ocorreu. Nós havíamos recebido uma grande quantidade de cartas dos leitores de nosso livro anterior, muitas das quais desejavam transmitir informações que eles acreditavam ser de nosso interesse e, de fato, muitas delas foram realmente úteis. Em um outro caso descoberto por acaso, nós abrimos uma carta que em qualquer outro época pareceria trivial, mas neste ponto em particular foi muito reveladora. Russell Barnes apresentou a seguinte história breve que claramente lhe fazia pouco sentido, mas que de algum modo parecia significante. Ele assim escreveu: Alguns anos atrás, eu estive em contato com o autor Sinclair Traill, pois nós compartilhávamos um interesse comum sobre jazz e músicos de jazz. Ele morreu em torno de quinze anos ou mais atrás e estava, acredito, com aproximadamente oitenta anos. Ele usava um vistoso anel de ouro - similar a um anel de sinete. Em uma face havia um motivo muito incomum que a primeira vista parecia ser uma 'coluna’. Ele disse que o anel e seu motivo estavam associados historicamente com seus antepassados, os Sinclair [St Clair], um nome preservado pelo uso como seu nome cristão. O motivo estava ligado a uma antiga construção na Escócia. Minha lembrança desta conversa já não é tão boa, mas o desenho era similar aos Pilares reproduzidos em seu livro. Eu gostaria de poder lembrar o que ele significa com mais clareza. Nascida na cidade de Blandford, sua família possuía e residia em uma grande casa (agora demolida para um melhoramento moderno) com um grande terreno circundando-a. A aproximadamente oito quilômetros de distância desta edificação encontra-se a Capela abandonada de São Leonardo, que fora uma casa de repouso controlada por uma ordem religiosa. Esta capela erguida nos primórdios do século XIII possuía claras raízes que remontavam à Abadia de Fontevrault, França. A Abadia era protegida pelos Condes de Anjou (aparentados com os primeiros reis da Inglaterra) e é onde Ricardo I (Coração de Leão) está enterrado. Como uma casa de repouso ela pode ter tido ligações com os Cavaleiros Templários de Templecombe, Somerset - a aproximadamente trinta quilômetros dos limites do condado de Dorset. Há uns doze anos atrás - mais ou menos - eu encontrei-me casualmente com um homem (aqui em Dorset) quando notei que ele estava portando um anel idêntico ao anterior. Ele recusou-se a discutir sobre ele comigo, dizendo que eu estaria enganado e que não poderia ter visto um igual anteriormente. Logo após, ele encerrou nossa conversa de pronto. Uma óbvia questão surgiu em nossas mentes: este era um anel dos Rex Deus? Mantendo-se dentro da hipótese de nosso trabalho atual, não pareceria improvável que existissem dois ramos do grupo dos Rex Deus - aqueles com uma genealogia que se remetia à linhagem real de David e outra que se remetia até a linhagem sacerdotal. O primeiro grupo de famílias representaria o pilar Mishpat de Boaz e o segundo grupo o pilar Tsedeq de Jachin. Se este raciocínio estiver correto, de fato deveriam existir dois anéis que recordariam ao portador sua herança como uma das metades do santo portão de Yahweh. Chris telefonou ao autor da carta para verificar se alguma luz a mais poderia ser lançada sobre a situação. Russell Barnes atendeu ao telefone e em seu suave sotaque de Dorset ele explicou que era um ex-policial e oficial de condicional que agora gastava o seu tempo em suas paixões gêmeas: o jazz e a ópera. Ele havia lido nosso livro anterior, recomendado por um amigo, e o episódio do anel de Sinclair Traill voltou a sua mente. Ele disse que ele tinha visto o segundo homem com um anel idêntico quando ele esteve um dia no tribunal; o portador, ele relembrou, era um advogado que pareceu muito alarmado com o fato de alguém ter notado o emblema que ele usava em seu dedo. Russell relembrou que ambos os desenhos eram idênticos, um quadrado na base com o que parecia, à primeira vista, com uma chaminé encimada sobre ela, mas em uma inspeção mais atenta poderia ser um pilar decorativo. Ele havia perguntado a Sinclair Traill se era um anel maçônico e ele recebeu como resposta o seguinte: 'Não, ele não é de todo maçônico', demonstrando que ele estava de algum modo ligado indiretamente à Maçonaria. Isto sugere que havia duas explicações possíveis para estes anéis que não requereriam a existência de uma organização secreta como a proposta dos Rex Deus. Primeiramente, eles poderiam simplesmente serem cópias de um anel desenhado com a imagem, do assim chamado, 'Pilar do Aprendiz' de Rosslyn, ou poderia possivelmente ser um paramento usado pelos modernos Cavaleiros Templários na Escócia, que são uma ordem ao estilo da Maçonaria que declaram possuir uma ligação direta com a Ordem original da qual eles tomaram seu nome. Ambas as possibilidades poderiam ser facilmente verificadas através de um telefonema para Robert Brydon, o arquivista templário para a Escócia e um homem que provavelmente conhece mais sobre a história de Rosslyn do que qualquer pessoa viva hoje. Sua resposta foi curta e clara. Que ele conhecesse, nenhum anel semelhante já foi sequer usado pela moderna Ordem dos Cavaleiros Templários, nem produzido em ligação com a Capela Rosslyn. A história dos anéis permanece sem ser explicada. Tendo percorrido toda a hipótese dos Rex Deus por este caminho, nós acreditávamos que não é razoável negar que houve um grande planejamento na operação e que os Templários não eram apenas caçadores de tesouros, escavando na esperança de encontrar algo de valor. Muito tempo, energia e dinheiro foi despendido por pessoas muito importantes para que tudo fosse um simples e oportunista saque de um sítio histórico. Mesmo considerando que teorias conspiratórias não são convencionalmente aceitas, não significa que a maioria das conspirações não ocorra. Quando grandes quantidades de dinheiro ou poder estão acessíveis, as pessoas fazem as coisas mais incomuns para obter o que elas acreditam estar disponível. A Ordem Templária continuou existindo, mesmo após atingir os seus propósitos originais, quase certamente como o resultado da documentação que fora descoberta sob o Templo. Em poucos anos, os rumores de estranhas cerimônias estavam circulando sobre a Ordem e fabulosas histórias eram contadas sobre as façanhas dos templários. Os manuscritos dos Nazoreanos, que haviam sido traduzidos por eles, contavam uma história completamente diversa sobre Jesus e sobre a Igreja de Jerusalém daquela a que eles foram levados a acreditar. Eles aprenderam que Jesus era um líder real e não um deus, e a "ressurreição havia sido um mal entendido por parte de Paulo. Os rituais realizados por Jesus e seus seguidores eram antigos, mesmo para eles, e consistiam de iniciações de candidatos dentro de seu grupo através da realização de uma 'ressurreição em vida', onde se submetiam a uma morte figurada e eram cobertos por um sudário branco. Eles eram então elevados de suas tumbas através de um ritual sagrado e os indivíduos 'ressuscitados' tornavam-se um irmão entre eles, do mesmo modo que os novos 'soldados do Templo', seguindo as pegadas daqueles que haviam morrido defendendo a Cidade Santa em 70 d.C.” Os Cavaleiros Templários sempre atraíram muita atenção e muitos escritores da atualidade fizeram muito da reputação da Ordem a respeito da posse de cabeças humanas e a veneração de algo conhecido por 'Baphomet'. Como Maçons, nós não ficamos de todo surpresos pelo fato dos Templários possuírem cabeças humanas, pois crânios e ossos cruzados são ainda utilizados na cerimônia de ressurreição em vida maçônica que possui origem templária. Se algum Maçom for hoje inquirido se ele pertence a um culto que venera cabeças humanas ele pensaria que o questionador enlouquecera, mesmo que um rápido cálculo leve-nos a acreditar que a Maçonaria no mundo todo provavelmente possua um total aproximado de cinqüenta mil crânios! Os Templários realizavam o mesmo ritual como o utilizado no 3º. grau da Maçonaria, e eles devem possuir um suprimento de crânios e de longos sudários brancos nos quais eram envoltos os candidatos. A veneração de Baphomet foi explicada por Hugh Schonfield, que localizou um código judaico do primeiro século chamado Código de Atbash que era utilizado para ocultar os nomes das pessoas. Este código aparece nos Manuscritos do Mar Morto e na moderna Maçonaria, e quando aplicado à palavra templária 'Baphomet', revelase a palavra 'Sofia' - a palavra grega para sabedoria. Do mesmo modo que os Templários seguiram o seu próprio caminho após 1128, quem quer que esteja por detrás de sua formação continuava envolvido e participava com eles do grande período da arquitetura européia. Pelos próximos dezessete anos, mais de noventa monastérios foram fundados por Bernardo de Clairvaux, e os Templários continuavam envolvidos no projeto e construção de igrejas e preceptórios por toda a Europa assim como oitenta grandes catedrais, sendo a mais famosa delas a bela Catedral de Notre Dame em Chartres. O Tarô e os Templários A este ponto, nós nos encontrávamos realmente muito empolgados. Nós havíamos identificado as pessoas envolvidas na formação dos Cavaleiros Templários e descobrimos exatamente como eles sabiam o que estava oculto abaixo das ruínas do Templo de Herodes. Nós agora precisávamos estudar e desenvolver quais crenças eles adotaram à época que eventualmente levou-os a serem destruídos, acusados de praticarem um culto herético secreto. Tal informação como a existente sobre os Templários havia sido discutida por várias pessoas ao longo dos anos e como nós estendemos a nossa teia em busca de todas as fontes possíveis de novas abordagens, nós nos encontramos com uma sugestão de que as cartas do Tarô possuem uma ligação com os Templários. Nenhum de nós tinha interesse em Tarô e nós praticamente ignorávamos o assunto, mas nós acreditávamos que devíamos investigar, pois coisas muito estranhas já tinham acontecido. Brevemente nós descobriríamos que o tempo que nós havíamos investido no estudo destas cartas usadas por adivinhos em quermesses, havia sido bem empregado. É bem conhecido que os Templários adotaram uma técnica oriental de transmissão de histórias com cartas que poderiam ter de diversas versões, de pendendo como as cartas eram embaralhadas e descritas. Algumas pessoas declaram que as cartas do Tarô originaram-se na China ou na Índia, mas estas eram completamente diferentes em formato e desenho e não eram as mesmas que eram utilizadas na Europa. Diversos estudiosos tem argumentado que os Templários criaram o Tarô e quando nós começamos a estudar o significado dado a estas cartas, nós concluímos que elas poderiam ter sido criadas por qualquer um deles. Os Templários indiscutivelmente sabiam que os sarracenos utilizavam-se de cartas desenhadas desde o século VIII, mas as cartas dos Templários foram desenhadas para possuírem dois níveis de significados, fazendo-as um método seguro para transmitir material de treinamento sem o perigo de serem descobertos por espectadores mal-intencionados. Os desenhos das cartas cuidadosamente pintados originalmente expunham a história dos Templários pronta para serem recontadas, mas eles estavam destinados a tornarem-se o meio de comércio dos adivinhos por todo o mundo. O Tarô consiste de cinqüenta e seis cartas conhecidas como Arcanos Menores e vinte e duas cartas ilustradas conhecidas como Arcanos Maiores. Foi os Arcanos Menores que se tornaram a base das cartas de baralho moderno, consistindo de naipes de paus (trevos), copas (corações), espadas e ouros (pentágonos). Originalmente cada naipe possuía quatorze cartas: quatro cartas representando a corte - rei (K), rainha (Q), cavaleiro e valete (J) - mais dez cartas numeradas do ás ao dez. As quatro cartas que foram perdidas do atual baralho de cinqüenta e duas cartas são os cavaleiros de cada naipe. Estas cartas repentinamente desapareceram assim que os Cavaleiros Templários foram declarados hereges e a Igreja determinou que toda a lembrança da Ordem fosse esquecida. Os Arcanos Maiores consistem de vinte e duas cartas ilustradas numeradas. Todos eles, exceto uma das cartas, misteriosamente desapareceram em torno da mesma época que as cartas dos cavaleiros dos Arcanos Menores, pois a Igreja considerava-as como sendo 'degraus de uma escada que conduziam ao inferno' e o 'breviário do diabo'. A partir disto, nós deduzimos que após os Templários terem sido aprisionados como hereges alguns deles confessaram o verdadeiro propósito destas cardas como símbolos codificados que comunicariam ensinamentos secretos bem embaixo do nariz da Igreja, sem levantar suspeitas. Os Arcanos Maiores também eram conhecidos por naipe de Trunfos ou dos Segredos Maiores, e somente o Tolo escapou à censura, sobrevivendo hoje em dia como o Coringa do baralho. Afirmava-se que o Coringa representava o noviço no início de sua jornada em direção ao esclarecimento. Os clérigos cristãos procuraram remover as outras vinte e uma cartas dos 'Segredos Maiores', pois eles estavam convictos que eles ocultavam uma mensagem herética odiada pela Igreja. O nome alternativo, Trunfos, é originário do desfile realizado no mundo antigo chamado em Latim a triunfo que era centrado na história de um rei sagrado, ou outro herói apoteótico, e que tinha fortes ligações com a deusa Ishtar e seu consorte morto e ressuscitado, Tammuz. Uma vez que o naipe dos Trunfos foi removido, o povo passou a usar as cartas designando um dos quatro naipes restantes como trunfos temporários para muitos dos jogos de carteado. A carta que era mais ofensiva à Igreja era a da Sumo Sacerdotisa que é conhecida também como a Papisa - o feminino de Papa. Isto parece estranho, mas é sabido que houve uma crença nos primórdios da Igreja Cristã que o primeiro Papa não era São Pedro, mas sim Santa Maria Madalena, que recebeu sua autoridade espiritual diretamente de Jesus. No Evangelho de Filipe, ela é descrita como aquela que Jesus amava acima de todos os seus seguidores: ... A companheira do [Salvador é] Maria Madalena. [Cristo amava] a mais do que [a todos] os discípulos (e) costumava beijá-la (freqüentemente) em sua [boca]. O resto dos [discípulos ficaram ofendidos com isso..]. Eles lhe diziam, 'Por que vós a amais mais do que a nós’? O Salvador respondia e dizia-lhes, 'Por que eu não os amaria tanto quanto [a ela]’? O Evangelho de Maria conta-nos que ela foi favorecida com visões e aparições que eram superiores as de Pedro. Outro documento, o Diálogo do Salvador, descreve-a como o apóstolo que era superior a todos os outros... ' Uma mulher que conhecia o Todo'. Os Evangelhos que se referem à igualdade de mulheres foram rejeitados pela Igreja Romana sob a falsa acusação de serem Gnósticos, mas nestas versões fica claro que havia uma clara e forte divergência entre Pedro e Maria Madalena. Em um documento chamado 'Pistis Sophia', Pedro queixa-se de que Maria estaria dominando a conversa com Jesus e deslocando a prioridade justa de Pedro e de outros apóstolos homens. Pedro pede a Jesus para silenciá-la, mas ele rapidamente o censura. Maria Madalena mais tarde admite a Jesus que ela quase não ousa falar com Pedro, pois: 'Pedro faz-me hesitar; eu o temo, pois ele odeia o gênero feminino'. Jesus responde que quem quer que o Espírito Santo inspire está divinamente autorizado a falar, sendo este homem ou mulher. É fácil verificar o porquê de, mil anos após o Concílio de Nicéia ter estabelecido sua crença romana, a última coisa que a Igreja desejava era informações que minassem sua afirmação da tradicional sucessão apostólica através de Pedro. A Igreja Católica Romana foi estruturada em torno da idéia da dominação das mulheres pelos homens. Mesmo agora, a crescente liberalização de outras Igrejas que estão admitindo sacerdotes mulheres parece causar um grande malestar no Vaticano. Nós sabíamos que os primeiros ensinamentos cristãos que não tinham vindo através de Roma possuíam um diferente ponto de vista sobre o papel das mulheres. A Igreja Celta, que possuía suas raízes no Cristianismo oriundo de Alexandria e estendeu-se pela Irlanda, Escócia, Gales e norte da Inglaterra, acreditava que as mulheres possuíam direitos iguais para o sacerdócio e, deste modo, manteve seu ponto de vista até esta ser absorvida pela Igreja Católica Romana em 625 d.C., no Sínodo de Whitby. Registrou-se que os primeiros padres da Igreja reconheciam a autoridade de Maria, mas mais tarde os historiadores da Igreja ressaltaram sua reputação como uma meretriz. Sabe-se que a absolvição utilizada pela Ordem dos Templários era distintamente não ortodoxa. Um preceptor templário, Radulphus de Gisisco, declarou que a absolvição era dada ocasionalmente em francês e não em latim: Eu rogo a Deus para que Ele possa perdoar os nossos pecados, assim como Ele perdoou os de Santa Maria Madalena... Parece que ainda que Maria Madalena, a meretriz que se tornou sumo sacerdotisa era o interesse central dos Templários. Neste ponto desta pesquisa nós nos encontramos com um pequeno, mas muito significativo desvio na história concernente ao papel de Maria Madalena. O jovem Bernardo de Clairvaux era totalmente fascinado pela história deste primeiro Papa e acreditava no culto da Virgem Negra que confirma que Maria Madalena era negra e que era a Noiva de Cristo. Bernardo pessoalmente escreveu trezentos sermões devotados ao Cântico dos Cânticos, em uma pequena referencia feita por Salomão, em 1:5 onde se lê: Sou morena, porém graciosa, ó filhas de Jerusalém. Este culto estabelecido por Bernardo criou uma nova visão sobre as mulheres no século XII, quando elas tornaram-se respeitadas e as regras do amor cortês foram estabelecidas pela primeira vez. Duzentos anos após Bernardo, durante a época em que a Igreja estava removendo a carta da Papisa, começou a circular histórias de que houve uma papisa em tempos recentes conhecida como a Papisa Joana. Aparentemente, Joana nasceu de pais ingleses e apaixonou-se por um monge beneditino com o qual ela mudou-se para Atenas, disfarçada como homem. Após a morte de seu amante, ela novamente fingiu ser um homem e ingressou no sacerdócio, chegando ao status de Cardeal e então sendo eleita como o Papa João VIII. Embaraçando a todos que se encontravam junto a ela, a Papisa morreu em um parto durante uma procissão papal. Embora não haja evidências que possam provar que a história seja verdadeira, ela é completamente reconhecida pela própria Igreja e pelo público em geral. Ela ainda aparece no rol de bustos papais na Catedral de Siena designada como 'Johannes VII, femina ex Anglia' (papa João VIII, uma mulher inglesa). O Vaticano deve ter ficado perturbado com esta história, pois introduziu medidas para assegurar que tal escândalo nunca ocorresse novamente. A todos os cardeais que se tornassem candidatos a Papa, era exigido que estes se sentassem nus sob suas vestes, em um assento especialmente construído que era elevado e aberto como um assento de banheiro, onde suas genitálias pudessem ser inspecionadas por seus pares. Um veredicto formal tinha que ser declarado: Testículos habet et bene pendentes - Ele possui testículos e estão bem presos! A carta da Papisa era muitas vezes conhecida por 'Joana', mas a existência desta carta antes que as histórias de Joana estivessem em circulação indicou-nos que os Templários poderiam ter acesso a uma documentação mais antiga que identificava Maria Madalena como o primeiro Papa verdadeiro. Em algumas versões do baralho do Tarô, ela é mostrada sentada com um manuscrito em suas mãos e com dois pilares ladeando-a; o pilar esquerdo é negro e marcado com a letra 'B' e o direito com um ‘J'. Este claramente identifica a Sumo Sacerdotisa, ou a Papisa, como estando diretamente ligada aos dois pilares - Boaz e Jachin - que ficavam localizados na entrada do Templo interior de Yahweh em Jerusalém, e que agora adornam todo Templo maçônico. O mecanismo que organiza os Arcanos Maiores é uma faixa de Möbius: uma simples estrutura que curiosamente é uma estrutura bidimensional que tem somente um lado. Uma faixa de Möbius pode ser formada tomando-se uma longa tira de papel, torcendo uma das pontas em cento e oitenta graus e então unindo esta ponta com a outra, produzindo uma superfície única. Como esta superfície não tem fim, esta figura, com uma estrutura em forma de oito, tem sido associada ao símbolo da morte e da ressurreição, e em um uso moderno, significando o infinito. A história que estas cartas contam, quando tiradas nesta forma, é profundamente oposta aos dogmas do Cristianismo ortodoxo. O Tarô ensina as crenças judaicas e templárias onde o Tolo (que representa o noviço) pode atingir a salvação através de suas próprias ações, independentemente de Cristo ou de sua Igreja, mesmo que a Igreja ensine que o povo não pode receber sozinho as graças de Deus através da fé em Jesus Cristo. O primeiro círculo é a esfera solar da luz do dia e possui cartas desde o Tolo (número O) até o Eremita (número 9) que se move em direção horário por fora do anel, significando o mundo normal percebido por todo o mundo. A décima carta, a Roda da Fortuna, cruza-se sobre o segundo círculo ou esfera lunar onde as cartas são deitadas por dentro, representando a parte mais interior dos ensinamentos ocultos, e percorrendo desde a Justiça até o Julgamento. A carta final do Mundo (número 21) liga-se novamente ao primeiro círculo ilustrando como os ocultos ensinamentos relacionam-se com a vida normal. Nós descobrimos que a quarta e a décima segunda cartas do baralho do Tarô são particularmente dignas de nota, onde ambas mostram homens com uma perna cruzada sobre a outra. Embora isto possa não parecer reconhecível à primeira vista, nós estávamos muito curiosos ao descobrir que a postura de uma perna cruzada sobre uma perna esticada é descrita pelos estudiosos como 'crucial' no simbolismo do Tarô. Esta forma da postura das pernas aparece na carta do Imperador e do Enforcado - uma figura suspensa pelo pé direito em uma cruz, com sua perna esquerda presa por detrás da perna direita. Esta pose era tão crucial para os Templários que todo cavaleiro era sepultado em sua tumba com suas pernas cruzadas exatamente da mesma maneira. As pernas cruzadas formam um 'x', que é a das representações do Tau, a última letra do alfabeto hebraico, que significa a morte. As lápides mais elaboradas dos principais Cavaleiros Templários eram gravadas com uma imagem mostrando essa pose, ou com uma efígie esculpida mostrando o falecido nesta posição incomum. Quando ao noviço (o Tolo) é dada instrução, é lhe contado que cada carta dentro do círculo terreno possui uma correspondência direta com a carta do círculo secreto. Estas relações são reconhecidas pelo fato de todas as cartas unidas se somam a vinte para que a carta conhecida como o Hierofante ou o Papa (número 5) seja associado ao Diabo (número 15). Mesmo que esta conexão seja praticamente não intencional ao insultar o papado, é de se imaginar que a Igreja quisesse destruir estas cartas quando ela descobriu estes tipos de relacionamentos ocultos no Tarô. Do mesmo modo que a carta da Papisa, o Papa ou o Hierofante mostra uma figura monárquica sentada entre dois pilares que nada suportam. Bárbara Walker, que é uma pesquisadora séria e conceituada de Tarô, afirma sobre a figura mostrada nesta carta: Ela certamente não se relaciona com a ortodoxia cristã. Apenas alguns estudiosos a relacionam com o Papa de Roma, mesmo assim com algumas reservas. Outro ponto interessante é que, de acordo com Bárbara Walker, um nome alternativo para esta figura é o 'Grão-Mestre', e fortemente sugere que esta carta poderia representar o Grão-Mestre Templário. Ela de fato se parece com isso quando nos lembramos que hoje em dia o Grão-Mestre da Maçonaria ainda senta-se em uma espécie de trono ladeado por dois pilares que nada suportam. Estes pilares maçônicos representam aqueles que existiam no pórtico do santuário interior do Templo de Jerusalém - a edificação que era o lar dos Cavaleiros Templários. Nós sabíamos através de nossas pesquisas anteriores que a Maçonaria havia herdado sua estrutura e principal ritual dos Cavaleiros Templários da Escócia, e era de se esperar que uma representação do Grão-Mestre Templário mostrasse-o sentado entre dois pilares. Ao desenvolvermos essa idéia sobre a carta do Hierofante, outra importante conexão veio à mente. Tiago, o irmão de Jesus, tornou-se o Sumo Sacerdote da Igreja de Jerusalém (o movimento Nazoreano) após a crucificação - uma posição que muitos estudiosos da Igreja têm reconhecido denominando-o o primeiro 'Mebakker' ou Bispo de Jerusalém. É sabido que Tiago usava uma mitra de Bispo que era derivada da coroa de Amon Rá, o deus criador de Tebas, a cidade que havia fornecido ao antigo Judaísmo os dogmas centrais de sua teologia. O antigo hieróglifo egípcio para a representação do deus Amon Rá mostra como o paramento dos bispos cristãos originou-se de Tebas através de Jerusalém. O nome 'Hierofante' é definido pelo Chambers English Dictionary como significando 'aquele que revela as coisas sagradas' exatamente o que o Mestre Templário teria feito ao iniciar novos membros. A única conclusão a que poderíamos chegar é que os Cavaleiros Templários se viam como sumo sacerdotes 'ressuscitados' e pretendiam continuar a lutar para construir um mundo ideal para o Verdadeiro e Altíssimo Deus Vivente que governaria a todos. Aqui, no lugar menos provável, estava a evidência de que eles reconstruíram o antigo culto davídico do Templo Sagrado e que eles provavelmente consideravam como muito importantes o Judaísmo Rabínico e o Cristianismo, nas formas corrompidas de veneração de Yahweh. Como os novos Sumos Sacerdotes de Yahweh, os GrãoMestres Templários sentavam-se sobre um trono com os dois antigos pilares judaicos de Mishpat (Boaz) e Tsedeq (Jachin) representando a união do poder sacerdotal e secular na Terra sob a regra celestial de Yahweh. Sob suas cabeças, eles usavam uma coroa de Mebakker, o mesmo que Tiago utilizava há mil e cem anos antes. Os 'Reis de Deus' retomaram o papel do messias unificado que tinha inicialmente se manifestado sobre a única pessoa de Jesus. O Hierofante ou a carta do Grão-Mestre do Tarô deve ser uma precisa descrição do ofício de Grão Mestre Templário! Como os Templários haviam reconstruído sua própria e antiga religião, sua obediência ao papado era apenas aparente, rejeitando secretamente a autoridade papal e negando a divindade de seu ancestral hereditário, Jesus Cristo, mas provavelmente aceitando-o como um profeta martirizado. Ao término de tudo, os Templários foram acusados de renegarem o Cristianismo, foram destruídos como ordem em 1307 e suas cartas de ensinamento lentamente tornaram-se disponíveis ao mundo em geral. Qualquer um que olhe para a carta do Grão-Mestre veria a mitra e equivocadamente assumiria que ela devesse representar o Papa. A Igreja Católica Romana quase certamente sabia desses significados secretos que existem no Tarô e compreensivelmente ela tentou banir todos aqueles que possuíssem alguma relação com eles. Interessantemente, eles foram proscritos apenas nove anos após a primeira exibição pública do Sudário de Turim, primeiro em Florença, depois na Alemanha, Marselha, Paris e logo em seguida por toda a Europa. Confirmando-se o que nós considerávamos como um grande passo em direção à confirmação do real propósito dos Cavaleiros Templários, nós nos voltamos para o restante do baralho do Tarô para verificar quais outras informações poderiam ser obtidas destas cartas históricas que agora haviam se tornado brinquedos. Nós descobrimos que os naipes originais - Espadas, Paus, Copas e Ouros - tinham sido associados às lendas do Graal, representando Espadas, Lanças, Taças e Travessas. Agora, ocorreu-nos que estas designações poderiam ser conectadas aos artefatos que os Templários teriam descoberto abaixo das ruínas do Templo de Herodes. Espadas e lanças teriam certamente sido levadas pelos defensores judeus quando a batalha estava sendo perdida, e nós já relatamos a descrição de Josephus de como Simão bar Giora e seus homens haviam se escondido nas passagens secretas. Nós também sabíamos que as taças e as travessas sacerdotais haviam sido escondidas abaixo do Templo, pois elas foram listadas no Manuscrito de Cobre encontrado em Qumran. Inicialmente, nós duvidávamos que haveria alguma ligação entre as lendas do Graal do Rei Arthur e os Cavaleiros Templários, mas rapidamente mudamos de idéia. Uma ligação muito interessante entre o Graal e o Tarô surgiu no que é descrito como as 'quatro cortes do Graal'. Os estudiosos arthurianos afirmam que isto demonstra uma teia de linhagem e sucessão: CORTE SETENTRIONAL: Corte do Disco e da Casa de Benwick. CORTE OCIDENTAL: Corte do Graal e da Casa de Pellinor. CORTE ORIENTAL: Corte da Espada e da Casa de Pendragon. CORTE MERIDIONAL: Corte da Lança e da Casa de Lothian e Orkney. TARÔ Espadas Trevos Taças Pentágonos BARALHO DE CARTEADO Espadas Paus Copas Ouros GRAAL Espadas Lanças Graal Travessas Foi a Corte Meridional que imediatamente sobressaiu-se, pois a Casa de Lothian e Orkney somente poderia se referir à família St Clair (hoje Sinclair) que foram os últimos príncipes de Orkney e cujo Castelo de Roslin encontra-se em Lothian. Henri St Clair esteve envolvido na Primeira Cruzada ao lado de Hugues de Payen, e sua sobrinha, Catarina, casou-se com este último, recebendo as terras de Blancradock próximas a Edimburgo, agora conhecidas como o Templo, como dote. A família foi certamente crucial no estabelecimento dos Cavaleiros Templários e tornaram-se guardiões dos manuscritos que foram retirados do Templo de Jerusalém, que mais tarde, seriam re-enterrados sob a 'Capela' Rosslyn - a réplica das ruínas do Templo de Herodes. Conclusão A Idade das Trevas chegou com a invenção da Igreja Romana e o avanço humano andou em marcha ré. Jerusalém havia sido tomada pelos Turcos, mil anos após a destruição da cidade e seu Templo, e a Primeira Cruzada havia sido organizada para liberá-la das hostes bárbaras. A partir do estudo das circunstâncias a respeito desta cruzada e da formação dos Templários, nós identificamos um grupo de pessoas atual nos bastidores que estavam envolvidas em um plano de escavação das ruínas do Templo. Nós estávamos cientes de um grupo de famílias, conhecido coletivamente como 'Rex Deus', que afirmavam serem os descendentes dos sacerdotes sobreviventes do Templo de Jerusalém, e todos esses fatos fazem sentido com os estranhos eventos dos primórdios do século XII que nós já havíamos descoberto. Os Templários escavaram sob o Templo por nove anos e removeram os tesouros e pelo menos vinte e quatro manuscritos. Nestes manuscritos eles descobriram os detalhes a respeito da Igreja de Jerusalém. Eles organizaram-se como um novo culto do Templo com o seu Grão-Mestre como um messias unificado de Israel, combinando os pilares de Mishpat (Boaz) e Tsedeq (Jachin), assim como seus ascendentes, Jesus e Tiago, haviam sido. Os rituais secretos da ressurreição em vida descritos nos manuscritos foram adotados como os meios de iniciação neste culto ressuscitado do 'sacerdócio do Templo', seguindo os passos daqueles que serviam a Yahweh e morreram defendendo a Cidade Santa em 70 d.C. O culto dos Templários secretamente, negava a autoridade do Papa e de sua Igreja, entendendo Jesus como sendo um profeta martirizado, não um deus. O baralho do Tarô foi criado pelos Templários como os meios de instruir os noviços, sem se levantar suspeitas por parte da Igreja, e deste modo foi proscrito pela Igreja após a queda da Ordem. Nós então descobrimos que o Tarô e os Templários pareciam ter algum tipo de ligação com as histórias do Graal do Rei Arthur e que os St Clair de Roslin estavam provavelmente envolvidos. 5 O Santo Graal dos Templários As Origens do Rei Arthur Embora por muitas vezes, nós duvidássemos que seria possível encontrar a resposta para a terceira questão de nossa busca, nós agora sabíamos quem estava por detrás do desenvolvimento dos Cavaleiros Templários, e a informação que nós recebemos sobre as famílias dos Rex Deus encurtou o caminho de nossas pesquisas e nos forneceu uma provável resposta à quarta questão: por que os Templários decidiram escavar sob o Templo? Sua missão era a de descobrir os tesouros e os manuscritos que eles sabiam que seus ancestrais haviam-lhes deixado. As cartas do Tarô haviam provado ser uma fonte extraordinária de informações a respeito dos Templários quando vistas no contexto de nossas outras descobertas. Embora nós consideremos as cartas de Tarô completamente sem valor como meios de vislumbrar o futuro, elas têm sido um fantástico mecanismo de auxílio quando utilizadas para iluminar o passado. As pessoas hoje freqüentemente expõem os seus pensamentos interiores sobre o mundo de diversas maneiras, utilizando-se desde de livros autobiográficos a documentários, e os estudantes da história recente podem prontamente construir uma figura compreensiva das atitudes e aspirações de qualquer grupo ou indivíduo aos quais se proponham a examinar. Qualquer estudo sobre o período medieval é muito difícil de ser realizado, pois os poucos e preciosos documentos que existem expressam sentimentos humanos relacionados às crenças e idéias não convencionais. Desde os meados do século XII ao início do século XIV, os Cavaleiros Templários eram a mais influente e próspera ordem que se reportava diretamente ao Papa, e teria sido suicídio permitir que alguém descobrisse que eles possuíam pensamentos 'alternativos'. Eles não poderiam registrar abertamente suas opiniões, mas eles podiam fazêlo secretamente; e este é o motivo do porquê do baralho do Tarô ser considerado como um valioso 'documento' histórico. O uso templário das cartas do Tarô parece estar conectado com a lenda do Santo Graal e nós agora necessitávamos investigar estas histórias para verificar que tipo de ligação existia. Talvez as histórias do Graal fossem uma cobertura melhor para os significados dos registros secretos das idéias e crenças dos Templários. Havia uma boa razão para mantermos tal esperança, pois nós tínhamos descoberto que a família St Clair estava associada às imagens como a Corte Meridional da Lança, e Pendragon, encontrada na Corte Oriental da Espada, era o nome do pai do Rei Arthur. Recentemente, muitas pessoas têm declarado ter identificado algum artefato obscuro como sendo o 'verdadeiro' Santo Graal, geralmente associado com a taça usada por Jesus na Última Ceia. Entretanto, após considerarmos todas as evidências, pareceu-nos que não há o 'verdadeiro' Santo Graal, como tem sido descrito. Esta idéia do Graal tornou-se uma metáfora para uma tarefa impossível, praticamente tão fútil quanto procurar o pote de ouro no final de um arco-íris, e tem sido identificada com muitas coisas diferentes por aqueles que têm escrito sobre ela nos últimos oitocentos anos. De acordo com a melhor tradição conhecida, o Graal era a sagrada taça usada por Jesus na Última Ceia que havia sido mantida por José de Arimatéia após este ter coletado o sangue do corpo do Cristo crucificado. Esta lenda conta-nos que ele logo em seguida trouxe o artefato sagrado para as Ilhas Britânicas, onde este foi transmitido de geração a geração por seus descendentes. Expor-se ao Graal pode fazer bem ou mal, dependendo dos méritos do observador. Aqueles que não possuíssem pecados seriam providos com comida, mas os impuros de coração seriam prontamente cegados e perderiam definitivamente o poder da fala. Esta versão da história é interessante, pois levanta a sugestão de que há uma sucessão apostólica alternativa através de José de Arimatéia e sua família. Além disso, afirma-se que esta linhagem é detentora de conhecimentos secretos, desconhecidos da Igreja estabelecida. Isto parece ser altamente imaginário, mas se encaixaria perfeitamente com a teoria dos Rex Deus, sendo que a linhagem de José de Arimatéia poderia ser facilmente um dos grupos que viria à Europa com seus conhecimentos secretos. Outras definições do Santo Graal incluem 'a pedra sobre a qual reis são feitos', e, interessantemente, um livro que contém os ensinamentos secretos de Jesus. Parece que o Santo Graal possa ser quase que qualquer coisa que você desejar que ele seja. Então, nós realmente tínhamos que descobrir as origens de cada interpretação de modo que pudéssemos estabelecer uma cronologia e obter alguma compreensão do propósito dessas histórias. As primeiras referências ao Santo Graal aparecem na lenda arthuriana que é conhecida por várias pessoas, graças a filmes como Excalibur, Lancelot - O Primeiro Cavaleiro ou Rei Arthur e os Cavaleiros da Távola Redonda. A maioria das pessoas provavelmente acredita que estas histórias derivam-se do folclore e que se refere à época quando Inglaterra e Gales ainda consistiam de uma série de pequenos reinos, o que significariam que elas são anteriores aos Templários em muitos séculos. De acordo com a versão mais comum da lenda, Arthur era o filho ilegítimo de Igerna, esposa do Duque da Cornualha, que foi raptada por Uther Pendragon, enquanto estava sob o encantamento de um mago chamado Merlim. Quando jovem Arthur provou que era o rei por direito da Britânia retirando a espada Excalibur, imóvel para outros, da pedra onde havia sido colocada pelo rei anterior. Uma vez rei, ele casou-se com Guinevere e fundou sua Távola Redonda, um grupo de corajosos cavaleiros que ajudaram-no a fazer o reino estável e cumpridor das leis. Os relacionamentos na história são sempre complexos e os de Arthur não eram uma exceção, especialmente quando ele torna-se pai de um filho ilegítimo, Mordred, após ser magicamente enfeitiçado e seduzido por sua meio-irmã, Morgana. Quando o menino cresceu e tornou-se adulto, ele apareceu na Corte de Arthur, em Camelot, e desafiou-o por seu reino. Enquanto isso, Lancelot, um de seus cavaleiros, tinha um romance com Guinevere que se afastara de Arthur durante muitos anos. A Távola Redonda entrou em declínio e rompeu-se, quando o próprio Arthur adoeceu e o reino tornou-se uma terra devastada. Foi dito que a terra somente poderia ser salva através da descoberta do Santo Graal e deste modo, o doente Arthur enviou todos os cavaleiros remanescentes em sua busca. Sir Lancelot teve sucesso na busca do Graal e retornou até Arthur bem a tempo de curá-lo e apoiá-lo na última grande batalha contra seu filho Mordred. Tanto Arthur quanto Mordred morreram durante os combates que se seguiram. Arthur foi mortalmente ferido, embora a lenda afirme que ele não morreu, mas sim navegou em direção ao oeste para a terra de Avalon, lá sendo curado de suas feridas, pronto para retornar para seu país em algum tempo futuro de necessidade. Sua espada, Excalibur, foi lançada em um lago onde foi apanhada pelo braço da Dama do Lago que a manteve sob seus cuidados até o dia em que ela será necessária novamente. O que era mais importante para nós era descobrir quão antiga era esta história e se esta possuía alguma ligação com os Cavaleiros Templários? A uma primeira vista, ela parecia ser bem mais antiga que os Templários, mas brevemente descobriríamos que não era verdade. Certamente, as primeiras referências conhecidas de uma personagem com as características de Arthur vêm de um monge do século V chamado Gildas que registrou uma mal-sucedida batalha contra os invasores anglo-saxões comandada por comandante militar conhecido como Aurelius Ambrosianus na Britânia Ocidental. Quatrocentos anos mais tarde, outro monge, conhecido pelo nome de Nennius de Bangor, escreveu uma história da Britânia onde ele denominou este comandante militar como 'Arthur' e declarou que o término desta batalha perdida havia sido lutado em um lugar conhecido como Mons Badonicus em 500 d.C. Entretanto, esta primeira referência a um comandante militar histórico chamado Arthur descreve uma personagem muito diferente da lenda moderna. A primeira referência ao Rei Arthur que nós descobrimos apareceu, inesperadamente, em 1136 - apenas oito anos após a formação da Ordem dos Cavaleiros Templários e no ano em que Hugues de Payen morreu! A história era intitulada como Sobre os Assuntos da Britânia e foi escrita na cidade de Oxford por um cônego secular chamado Geoffrey de Monmouth. Aqui, pela primeira vez, Arthur é descrito como uma espécie de um salvador messiânico de seu povo que se originou do encontro de Igerna com Uther Pendragon. Geoffrey identifica o reino de Arthur como estando localizado em um lugar que ele chama de Caerleon, iniciando-se no ano de 505 d.C. e terminando quando o rei foi levado em direção ao oeste para a sagrada ilha de Avalon, onde ele repousa até o tempo em que ele ressuscitará e retornará triunfante. Sua espada mágica é aqui chamada de Caliburn, que ecoa até a espada conhecida como Caladcholg, sendo este um dos Beatos da Irlanda na lenda irlandesa. Diferentemente dos contos arthurianos posteriores, a primeira versão de Geoffrey de Monmouth não faz nenhuma referência ao Santo Graal, ao Lancelot ou à Távola Redonda. A narrativa em latim produzida por Geoffrey tornou-se extremamente popular e foi rapidamente traduzida para o gaélico por um escriba desconhecido, para o francês por Wace de Jersey e para o anglo-saxão por Layamon. A história espalhou-se por toda a Europa e por vários séculos o povo a considerou como sendo um fato histórico. Nós agora sabíamos que o momento estava identificado através de uma conexão direta com os fundadores dos Templários, mas nós imaginávamos o porquê de Geoffrey de Monmouth ter sido motivado a escrever sobre este obscuro rei guerreiro da outrora Britânia neste período particular da história. A data da elaboração da história e o fato da lenda de Arthur ter se espalhado pela Cristandade no tempo preciso que as histórias das práticas secretas dos Templários eram abundantes, podem ser inteiramente coincidentes. Havia alguma ligação entre Geoffrey e os Templários e o que poderia isto significar se esta houvesse? A História registra que Geoffrey era um gaulês, nascido em 1100 em Gwent, tendo sua família vindo para a Britânia uma geração antes na época da Conquista Normanda. Ele foi um cônego secular em Oxford por muitos anos antes de tornar-se um Arcebispo de Monmouth e finalmente, Bispo de St. Asaph (em Gaulês Setentrional) em 1152. Em nenhum momento Geoffrey afirmou ter inventado a história de Arthur, preferindo construir um efeito dramático através da informação aos seus admiradores de que ele teria traduzido-a a partir de um 'antigo documento' entregue a ele por seu tio. Muitos livros sobre o tema registram que o tio de Geoffrey era Walter Map, o Arcebispo de Oxford, mas o único Walter Map que nós encontramos não havia nascido até um ano após ter Geoffrey publicado sua primeira versão sobre o Rei Arthur, e tornou-se Arcebispo de Oxford mais de quarenta anos após a morte de Geoffrey. Talvez houvesse dois Walter Map, mas de qualquer modo, muitos estudiosos têm declinado da crença sobre a existência deste documento desconhecido. Se ele não existiu por que Geoffrey nunca o reproduziu? Esta situação parecia-nos cada vez mais curiosa. O livro de Geoffrey foi um completo sucesso, então por que ele simplesmente não levou os créditos por uma grande obra de ficção baseada em alguns mitos obscuros? Ao invés disto, ele insistia que a história era baseada em fatos que haviam sido retirados de um antigo documento não-identificado que ele não podia reproduzir, e que ele falhou em fornecer uma explicação satisfatória de como ele, um gaulês de origem bretã, vivendo em Oxford, havia obtido este documento. Nós sentíamos que algo em tudo isto estava errado e que estava intimamente ligada à história que Geoffrey havia escrito. O Significado Oculto Um trecho particularmente interessante da história de Geoffrey encontrava-se em seu fim onde Arthur era mortalmente ferido, mas ao invés de falecer, ele foi levado para a terra de Avalon, uma terra perfeita localizada além do mar a oeste. Lá ele aguardaria por um tempo no futuro quando ele surgiria novamente e tornar-se-ia o salvador de seu povo. Nós já havíamos nos deparado com uma crença em uma terra perfeita que se encontrava além do grande mar a oeste, através de dois caminhos interconectados. Josephus registra que os Essênios (e do mesmo modo, a Igreja de Jerusalém) acreditavam que as almas boas residiam além do oceano ao oeste, em uma região que não era oprimida com tempestades de chuva, neve ou de intenso calor, mas sim refrescada com mornas brisas. Esta também é a descrição dada por um povo conhecido por Mandaenos que têm vivido no Iraque Meridional desde que deixaram Jerusalém logo após a crucificação de Jesus, de modo a escapar da perseguição empreendida por Paulo. Estes judeus deixaram Jerusalém no primeiro século da era atual e, de acordo com sua história tradicional, João, o Batista era o primeiro líder dos Nazoreanos e Jesus era o líder subseqüente que havia traído alguns segredos especiais que lhe haviam sido confiados. Os Mandaenos ainda realizam o batismo no rio, possuindo apertos de mãos especiais e praticando rituais que se remetem àqueles utilizados pela moderna Maçonaria. Para eles esta maravilhosa terra além mar era restrita aos espíritos mais puros, sendo tão perfeita que os olhos mortais não podiam vê-Ia. Este lugar maravilhoso é marcado por uma estrela chamada de Mérica que permanece no céu sobre ela. Nós acreditamos que esta estrela e a terra mística sob ela eram conhecidas pelos Cavaleiros Templários a partir dos manuscritos que eles descobriram e que eles navegaram em busca da Ia Mérica, ou como nós conhecemos atualmente, América, imediatamente após a ordem ter sido proscrita. (Nossa explicação sobre a origem do nome América foi recebida com braços abertos por uma ampla quantidade de estudiosos que não estavam satisfeitos com a explicação anteriormente errônea atribuída a Amerigo Vespucci). Interessantemente, a árvore é um importante símbolo religioso da vida divina na crença dos Mandaenos, e as almas de seu povo freqüentemente são representadas refugiando-se em vinhas ou árvores. Esta imagem da árvore da vida e dos poderes da vegetação densa é também comum às lendas celtas e às histórias de Arthur. Assim que refletimos sobre o mítico rei guerreiro que Geoffrey de Monmouth havia descrito, nós pudemos vislumbrar uma história que já havíamos ouvido antes. Retornando a sua essência, a lenda arthuriana afirma que embora ser a mãe de Arthur já casada, ela engravidou de outro homem sem, contudo, cair em desgraça, pois ela havia copulado sobre a influência de um mago. Arthur cresceu para ser um campeão e o verdadeiro rei de seu povo. Ele então se uniu a doze cavaleiros, seus principais seguidores, e liderou seu povo em uma guerra contra os inimigos invasores, sendo eventualmente ferido de morte. Entretanto, ele não estava verdadeiramente morto, e dirigiu-se para uma terra perfeita a oeste até chegar o tempo em que retornaria para ser o salvador de seu povo. Após sua partida, a terra entrou em decadência e ruína. Esta lenda poderia ser vista como a história dos Rex Deus sobre os sacerdotes Nazoreanos, re-implantada em um contexto celta. A história da concepção de Arthur possui de fato uma forte ressonância com as versões dos Rex Deus sobre como as virgens, como Maria, tornavam-se ritualmente engravidadas pelos sumo sacerdotes antes de casar-se com outro homem. Sua ascensão ao poder com seus doze cavaleiros poderia representar as doze tribos de Israel. A terrível batalha final onde todos, incluindo Arthur, morrem é a narração da queda de Jerusalém em 70 d.C. Exatamente como o reino de Arthur, a terra de Israel foi lançada na corrupção e decadência que foi seguida à batalha mortal quando tudo estava perdido. Entretanto, no momento em que os sacerdotes Nazoreanos do Templo de Jerusalém haviam quase perecido, alguns deles escaparam e navegaram em direção ao oeste até a Grécia, onde de lá se espalharam pela Europa e esperaram pelo dia em que poderiam retornar e restaurar seu reino em sua glória anterior. Aquele momento de glória havia acabado de ocorrer com o retorno dos Cavaleiros à Jerusalém. Após mil anos, eles haviam retornado em uma grande cruzada contra Gog e Magog. Nós olhamos intimamente no que estava ocorrendo com os Cavaleiros Templários nos anos em que Geoffrey deve ter escrito seu livro em Oxford - e nós descobrimos nossa ligação! Payen de Montdidier, um dos nove Cavaleiros originais que haviam escavado sob o Templo de Jerusalém e fundador dos Cavaleiros Templários, tornou-se Grão-Mestre da Inglaterra em 1128. Ele estava encarregado de estabelecer um certo número de preceptórios, sendo que um dos mais importantes deles encontrava-se em Oxford, construído nas terras doadas pela Princesa Matilda, a filha do Rei Henrique I e neta de Guilherme, o Conquistador. Oxford era uma pequena, mas importante cidade durante o século XII e a construção de um preceptório templário teria sido um grande evento. Sendo um cônego de alta projeção nos primórdios do século XIII, seria surpreendente se Geoffrey não se encontrasse com Payen de Montdidier em diversas ocasiões, e a mente inquisitiva e imaginativa de Geoffrey deve ter se preenchido com as histórias que este veterano Templário tinha a relatar. Payen de Montdidier provavelmente não era tão indiscreto a ponto de comentar com qualquer um fora da Ordem sobre a existência dos manuscritos e dos tesouros que ele e seus companheiros tinham descoberto, mas parece que ele satisfazia-se em discutir tudo o mais, incluindo alguns dos eventos que haviam sido aprendidos dos manuscritos. Não parece ser um exagerado e ambicioso exercício de lógica deduzir que a nova fonte de inspiração de Geoffrey não era o seu tio ainda não nascido Walter, mas os lábios de Payen de Montdidier, um dos fundadores dos Templários que faziam referências a certos 'documentos antigos'. Para melhor continuarmos com nossas investigações, nós precisávamos descobrir um pouco mais sobre o objeto visionário que repentinamente tornou-se tão popular na primeira metade do século XII. O Surgimento do Santo Graal Geoffrey de Monmouth não fez nenhuma referência em sua história ao Santo Graal, e deste modo nós estávamos muito interessados em conhecer quem o havia introduzido e porquê. Nós descobrimos que a primeira referência ao Graal foi, sem dúvida, realizada pela pena de Guilherme de Malmesbury, um monge e historiador da Abadia de Malmesbury. Ele compôs sua saga por volta do término de seus dias em torno de 1140, apenas quatro anos após Geoffrey ter publicado seu livro Sobre os Assuntos da Britânia. Foi Guilherme quem primeiro proclamou que José de Arimatéia havia chegado a Glastonbury em 73 d.C., trazendo consigo o Santo Graal e um Espinheiro Santo que ele plantou lá. A Abadia de Malmesbury situa-se entre Oxford e Bristol e encontra-se a nada menos de quarenta quilômetros de um dos primeiros preceptórios de Payen de Montdidier conhecido como Temple Guiting, próximo de Cheltenham. Parece que Guilherme de Malmesbury foi um importante historiador em sua época e era bem conhecido por obras como Gesta Regum Anglorum, uma crônica dos reis da Inglaterra desde a invasão saxão até 1126; Historia Novella, que cobre o período dos monarcas até 1143; e Gesta Pontificum Anglorum, uma história dos bispos e dos chefes dos monastérios da Inglaterra. Nós nos surpreendemos quando descobrimos que Guilherme tinha sido um crítico notório da obra de Geoffrey e que ele não fez nenhuma referência ao Rei Arthur, ou a qualquer outra parte da lenda criada por Geoffrey de Monmouth, em sua primeira versão da história do GraaI. As duas histórias foram somente unificadas anos mais tarde. A História não registra tais detalhes, como um encontro entre Guilherme e Payen de Montdidier, mas como um bibliotecário, preceptor e cronista da Igreja de seu tempo, Guilherme teria se interessado pelo preceptório dos Templários e pelo programa de construção de igrejas. Parece muito razoável assumir que ele teria procurado Payen de Montdidier, uma vez que ele encontrava-se a apenas quarenta quilômetros de distância, e ouvido suas histórias. Não foi surpreendente descobrir que poucas pessoas interessaram-se em pesquisar a política dos homens envolvidos na criação da lenda moderna do Rei Arthur e do Santo Graal, mas quando nós olhamos mais de perto, um interessante panorama surgiu. Uma batalha verbal surgiu em torno destes novos contos românticos, com acusações e contra-acusações a respeito da validade das fontes. Aqui nós verificamos uma situação onde Geoffrey de Monmouth tinha escrito uma história inofensiva sobre um fantástico rei bretão e que no período de três anos após a publicação ele foi atacado, na maioria das vezes de forma agressiva, por três outros autores que negavam que ele possuísse informações confiáveis. Guilherme de Malmesbury, Caradoc de Llancarfan e Henry de Huntingdon escreveram novas histórias sobre Arthur e cada uma foi acusada por Geoffrey de serem falsos trabalhos, pois ele tinha tido acesso a um 'antigo documento' que registrava a verdadeira história. Nós nos surpreendemos ao descobrir que todos os três autores desta segunda leva estavam sob proteção direta de um homem chamado Roberto de Gloucester, que veria ser o filho ilegítimo de Henrique I e meio-irmã de Matilda, que havia doado as terras para o preceptório Templário em Oxford. Poderia ser que Payen de Montdidier havia sido muito indiscreto ao fornecer a um 'estanho' os detalhes da história dos Rex Deus/Templários, e deste modo haveria um cuidadoso plano para retomar o controle destas histórias de volta ao seu círculo? Um padrão estava surgindo sobre o que deveriam ser eventos sem relação. Muitas pessoas pareciam estar envolvidas na criação das histórias do Rei Arthur e do Santo Graal, e deste modo nós resolvemos investigar a rede de influências e as bases da família. O primeiro fato que surpreendeu-nos foi como quão inacreditavelmente inexatos eram alguns dos mais populares livros que se referiam sobre este tópico, com relacionamentos completamente mal identificados. Nossa segunda surpresa foi exatamente como quão envolvidos eram os parentescos reais, e quão significante era a relação da Princesa Matilda com uma série de eventos acontecidos em Jerusalém, Alemanha, Inglaterra e Escócia. Henrique I assumiu o trono da Inglaterra em 1100, no mesmo ano em que Balduíno I tornou-se o primeiro Rei de Jerusalém. Henrique era o terceiro filho do invasor normando da Inglaterra, Guilherme, o Conquistador, e era casado com Edith, a fIlha de Malcolm III da Escócia (o homem que assassinou Macbeth em vingança pelo assassinato de seu pai, como registrado na peça de Shakespeare) e da Rainha Margarida (mais tarde Santa Margarida da Escócia). A mãe de Edith era um membro da família real anglo-saxão no exílio e seu pai era um rei escocês que fundou a dinastia de Canmore, e, deste modo, quando ela deu à luz a sua filha Matilda, a criança era o fruto das linhagens reais anglo-normandas, anglo-saxão e escocesa. No ano no qual Hugues de Payen e seus companheiros Cavaleiros iniciaram as escavações sob o Templo de Herodes, Matilda, com dezesseis anos, casou-se com Henrique V; Rei da Alemanha e chefe do Sacro Império Romano, que possuía duas vezes a sua idade. O novo marido de Matilda tinha uma reputação de ser especialmente fraco, mas logo após seu casamento Henrique nomeou o seu próprio Papa em lugar do ofIcialmente indicado, Galasius II. Este antipapa, conhecido por Gregório III, governou por três anos até 1121. Em 1125, Henrique V da Alemanha morreu e dois anos mais tarde, Matilda resolveu retornar para o seio de sua família na Inglaterra. O ano seguinte, 1128, foi particularmente signifIcante, com a ocorrência dos seguintes eventos: 1. Bernardo de Clairvaux obteve uma regra papal para os Templários, tornando-a uma Ordem santa. 2. Matilda casou-se com Godofredo IV de Anjou, o neto do Rei Balduíno II de Jerusalém (o patrocinador original dos Templários), e o filho do Conde Foulques V de Anjou, o homem que havia apoiado fInanceiramente os Templários por sete anos e que foi destinado a ser o próximo Rei de Jerusalém em 1131. 3. O Grão-Mestre Templário, Hugues de Payen, visitou a Inglaterra e a Escócia. 4. Payen de Montdidier foi feito Grão-Mestre Templário da Inglaterra. 5. Matilda doa as terras para o preceptório de Oxford a Payen de Montdidier. Tudo o que foi cuidadosamente planejado por praticamente trinta anos, foi unifIcado neste ano para o grupo, e sem dúvida a jovem Matilda, com vinte e seis anos, estava completamente envolvida neste plano. Em Dezembro de 1135, Henrique I morreu Matilda estava prestes a ser proclamada rainha da Inglaterra quando um determinado número de influentes barões, que se opunham a ela e a seu belicoso marido, Godofredo, elegeram seu primo, Estevão de Blois como Rei, apesar do voto de lealdade à Matilda que este último anteriormente tinha realizado. Por três anos, o Rei Estevão continuou no poder através do contínuo apoio de seus barões e da construção de um forte relacionamento com a Igreja, mas em 1138, uma guerra civil irrompeu quando Matilda e seu meio-irmão, o poderoso Roberto, Conde de Gloucester, pretenderam tomar o trono. A contenda continuou e, embora Matilda nunca viesse a ser rainha, ela eventualmente viria a se tornar conhecida como a 'Dama da Inglaterra'. Foi precisamente nessa época que Guilherme de Malmesbury, Caradoc de Llancarfan e Henry de Huntingdon escreveram as suas versões da lenda arthuriana e acusaram Geoffrey de Monmouth de divulgar uma obra falsa. Sendo Matilda, seu marido Godofredo de Anjou e seu meio-irmão, Roberto de Gloucester haviam sido proscritos por Estevão, esta foi a primeira oportunidade de combater a versão não-ofIcial da história que eles desejavam combater. Se foram os Rex Deus que planejaram a captura de Jerusalém e o estabelecimento dos Cavaleiros Templários como os escavadores do tesouro do Templo, então podemos estar certos que a sua linhagem foi estendida para a Família Real inglesa na forma de Henrique lI, o primeiro rei da dinastia Plantageneta que permaneceria no poder pelos próximos trezentos anos até o reinado de Ricardo III. Henrique, o filho de Matilda e de Godofredo IV Conde de Anjou, tomou o nome 'Plantageneta' do apelido de seu pai que era derivado das palavras em latim planta (ramo) e genista (giesta), em referência ao ramo que Godofredo habitualmente usava em seu chapéu. A linhagem de sua mãe deu a Henrique II uma impecável genealogia. Através de duas linhas separadas, ele era o bisneto de Guilherme, o Conquistador, e de Santa Margarida da Escócia (filha do Rei Edgar Ironside e de uma princesa anglo-saxã), bem como primo em segundo grau do Rei dominante da Escócia, Malcom IV. Era, entretanto, a linhagem de seu pai que o ligava aos novos reis de Jerusalém e os fundadores dos Templários. Quando Henrique foi coroado Rei da Inglaterra, seu tio era Balduíno III, o rei governante de Jerusalém. Foi o filho de Henrique - Ricardo Coração de Leão - que se tornou o mais famoso cruzado entre todos quando liderou a Terceira Cruzada em resposta à conquista de Jerusalém empreendida por Saladino em 1187. Agora que nós havíamos reconstruído os fatos ocorridos nos vinte e cinco anos após 1118, nós pudemos verificar que as histórias de Arthur e do Santo Graal não ocorreram aleatoriamente, mas sim, eram produtos oriundos das poderosas famílias da Europa, particularmente daquelas diretamente ligadas com os Templários e as ruínas do Templo de Herodes em Jerusalém. Estas histórias foram construídas sobre a idéia de uma antiga linhagem que ligavam Jesus com a Europa medieval. O pesquisador do Graal Graham Phillips observou: Em cada romance, o Graal, ou os Graais, é mantido pela família de Percival, os descendentes diretos de José de Arimatéia. Os autores levam um considerável tempo dentro da narrativa para explicar esta linhagem e seu significado - José é indicado como o guardião do Graal pelo próprio Jesus. Aqui reside a importância do Graal - é um símbolo visível e tangível de uma alternativa sucessão apostólica. Nós contatamos Graham Phillips e tivemos acesso em primeira mão ao seu trabalho. Ele não possuía nenhum conhecimento de um grupo como o dos Rex Deus, nem em interesse particular nos Templários, nem tão pouco nenhuma teoria pessoal quanto ao projeto, e ainda assim, ele claramente havia detectado um importante aspecto de todo impulso das lendas do GraaI. Ele continuou: Nos romances do Graal, entretanto, nós verificamos que não foi a Pedro, mas sim, a José de Arimatéia a quem é dada a taça que Cristo usou na realização da Última Ceia - a primeira missa genuína. Para as autoridades da Igreja da Idade Média, tal noção seria a mais pura das heresias. Certamente, se a taça tivesse que ser dada a alguém, este alguém seria São Pedro, e ainda estaria nas mãos dos Papas. Nós não tínhamos mais nenhuma dúvida de que este era o tema inicial dos romances, como nas versões de Didcot e Vulgata da história onde Cristo instrui José nas 'palavras secretas de Jesus’. ... O que os romances do Graal claramente implicam é que supostamente existiu uma linha apostólica de sucessão alternativa através de José de Arimatéia e de Sua família. Além disso, declara-se que esta linhagem possuía algum tipo de conhecimento secreto, desconhecido da Igreja estabelecida. Nós acreditamos que talvez, entre os seiscentos e dezenove vasos feitos de prata e de ouro que o Manuscrito de Cobre conta-nos que estavam escondidos embaixo do Templo, um tenha sido particularmente impressionante e os Templários o mantiveram por possuir um significado especial. Enquanto os demais vasos foram distribuídos para as famílias que tinham facilitado a redescoberta e alguns foram derretidos com propósito de retorno financeiro, pelo menos um foi identificado como possuindo uma importância particular. Este artefato, combinado à história dos descendentes de José de Arimatéia, criou uma noção de um Santo Graal: um único artefato que era a personificação da necessidade judaico-cristã de uma ligação com Deus. Como nós já sabíamos, o Santo Graal não pode ser associado a um único artefato e a confusão provavelmente deriva da complexidade da mensagem que era fundada desde o início. Um trabalho de origem desconhecida, chamado O Graal de Lancelot, narra uma visão do aparecimento de Cristo que diz a um eremita: Este é o livro de vossa descendência. Aqui se inicia o Livro do Santo Graal; Aqui se iniciam os terrores; Aqui se iniciam as maravilhas. Este múltiplo papel do Graal tem sido evidente para a maioria das pessoas que tem pesquisado o tema: Embora através do século XIV, o Graal tenha se tornado meramente a taça da Última Ceia, nós podemos claramente verificar que a palavra não se aplicava exclusivamente à uma relíquia em particular quando os primeiros romances do Graal foram compostos. Talvez o mais conhecido de todos os primeiros autores do Graal seja Chrétien de Troyes, mas observadores modernos entendem que ele não possui uma figura definitiva. Uma questão que tem ocupado o entusiasmo dos estudiosos do Graal mais do que qualquer outra é justamente onde Chrétien descobriu o material original para sua inspiração, uma vez que, enquanto autores posteriores obviamente inspiraram-se no poeta francês, muitas das óbvias variações sugerem que haveria uma narrativa original comum compartilhada por todos, que por alguma razão desconhecida perdeu-se. Os autores posteriores a Chrétien freqüentemente esforçam-se para assegurar ao leitor as diversas credenciais de suas fontes, geralmente aludindo a documentos misteriosos e secretos que eram por diversas maneiras declarados como sendo diretamente transcritas do próprio Cristo. Chrétien de Troyes escreveu Perceval ou Le Conte du Graal em 1180, dedicando-o a Filipe d' AIsácia, Conde de Flandres, de quem ele dizia ter ouvido a história. Neste ponto, nós lembramos que uma das poucas coisas que é conhecida sobre Payen de Montdidier é que ele era aparentado com os Condes de Flandres. Através de uma melhor pesquisa, nós descobrimos que o pai de Filipe d'Alsácia era um primo deste fundador dos Templários que nós acreditamos ter inspirado Geoffrey de Monmouth. Se Payen de Montdidier havia contado histórias a seu primo, o Conde de Flandres, que tinha por sua vez floreado e repetido para seu filho Filipe, então Chrétien poderia muito bem estar dizendo a verdade quando afirmava que de primeiro tinha ouvido estas histórias de Filipe d'Alsácia. Chrétien tinha inicialmente se associado intimamente à Corte de Champagne, e à Maria, a Condessa de Champagne, que tinha sido sua benfeitora, ele dedicou muito dos seus primeiros romances. O outro grande escrito de um romance do Graal foi Wolfram von Eschenbach que criou seu épico, Parzival, em torno de 1210, após ter visitado Jerusalém e se hospedado com os Templários da época. Embora a história aparente ser um desenvolvimento do trabalho de Chrétien de Troyes, muitos estudiosos argumentam que as histórias não estão ligadas. Em Parzival, Wolfram apresenta o herói dividido entre a natureza espontânea e a rigidez da fé cristã em Deus, separada e superior à natureza. Ele também descreve a natural interrelação entre o bem e o mal, o preto e o branco... O que é certo é que as histórias originais de Arthur e do Santo Graal eram completamente diferentes com os ensinamentos da Igreja e era apenas uma questão de tempo antes que o indesejado material fosse suprimido. A Igreja sempre possuía métodos eficientes de supressão de idéias indesejáveis com o poder de aprisionar a imaginação dos temas: ela ataca as idéias como sendo heréticas (nos tempos modernos, uma vez que a fogueira não é mais uma resposta adequada, esta freqüentemente é encarada como uma idéia sem fundamento), ou ela adota a idéia estrangeira, depurando-a e a integrando dentro de seus próprios ensinamentos. Um dos primeiros exemplos foi como a Igreja Católica adotou os eremitas da Igreja Celta como santos. Pessoas como os santos Colombo, Brendan, Asaph, Rhwydrws e Patrício provavelmente ficariam chocados quando eles soubessem que suas memórias foram absorvidas dentro da fé estrangeira de Roma. A solução para a Igreja foi a criação do Ciclo da Vulgata que é uma forma cristianizada da história, desenvolvida por um grupo de monges cistercianos. Eles tomaram as referências suspeitas da lenda do Graal e transformou-a em uma respeitável história cristã transformando todos os cavaleiros celtas de outrora em bons católicos romanos, apesar do fato de que se eles realmente terem existido eles teriam sido cristãos celtas. Deste modo, a história e a linhagem da Igreja Romana absorveu uma história potencialmente perigosa. No devido tempo, este Ciclo da Vulgata foi desenvolvido por outros escritores posteriores, tais como Thomas Malory em seu romance arthuriano, Le Morte d'Arthur, escrito por volta de 1469. Por agora, o mito foi bem estabelecido e atingiu o seu presente estágio com, por exemplo, os textos de Tennyson, as pinturas dos Pré-Rafaelitas e o Movimento Arts and Crafts de William Morris durante a era vitoriana. Entretanto, o verdadeiro problema para a Igreja estava ainda por vir, pois durante os meados do século XIV quando seu poder diminuía incrivelmente, as histórias do Graal tornar-se-iam ligadas à lembrança dos Templários, que seriam conhecidos como sendo os guardiões do Santo Graal. Como nós poderíamos verificar, a Igreja estava a ponto para lutar por sua sobrevivência. Conclusão As lendas do Rei Arthur e do Santo Graal surgiram de diferentes autores que podem estar ligados aos Templários e aos reis de Jerusalém. Payen de Montdidier, um dos nove Cavaleiros que escavaram sob o Templo de Jerusalém, tornou-se Grão-Mestre da Inglaterra e forneceu a Geoffrey de Monmouth informações que ele não deveria ter divulgado. Dentro de três anos após este fato, sua história se difundiu por toda a Europa e uma amarga discussão surgiu entre Geoffrey de Monmouth e três outros autores financiados por Roberto de Gloucester, onde cada um deles afirmava ter o único acesso à genuína fonte da lenda. A história de Arthur aparenta ser uma descrição da história dos Rex Deus e o Santo Graal representa uma linha separada da sucessão apostólica surgida a partir de José de Arimatéia que possuía preferência sobre a linhagem constituída pelo Vaticano através de São Pedro. 6 O Nascimento “Segundo Messias” As Últimas Cruzadas Nós havíamos descoberto que a Ordem dos Cavaleiros Templários foi fundada através dos esforços conjuntos dos membros da Rex Deus que se infiltraram em posições chaves para assegurar que seus grandes planos de redescobrir os artefatos que se encontravam embaixo das ruínas do Templo de Herodes não seriam bloqueados, Eles obtiveram sucesso no estabelecimento dos Templários e da Ordem rapidamente cresceu em fama e fortuna. À época da morte do primeiro Grão-Mestre - Hugues de Payen - os Templários já estavam construindo seus preceptórios e igrejas redondas ao longo de toda a Europa e, assim que sua reputação se espalhou, era dito que eram os guardiões do Santo Graal. Tendo descoberto os princípios de suas crenças através do Tarô, e tendo detectado fortes ligações entre elas e os autores das lendas arthurianas, nós precisávamos estudar o período de seu fim mais intimamente. A Primeira Cruzada em 1096 levou à captura da Terra Santa pelos cristãos e o estabelecimento de um reino latino de Jerusalém. Entretanto, os exércitos muçulmanos não ficaram apenas sentados e quando eles retomaram as regiões de Edessa, uma Segunda Cruzada foi lançada em 1147, sob o comando de Luís VII da França e do Imperador Conrado II. Esta iniciativa falhou em repetir as glórias da Primeira Cruzada, sendo apenas bem sucedida quando da captura de Lisboa, em Portugal, pelos Cruzados ingleses e frísios em seu caminho para a Terra Santa por mar. Uma Terceira Cruzada foi lançada pelos bem-conhecidos reis cruzados, Ricardo I (Coração de Leão) da Inglaterra, Frederico I (Barba-Roxa) da Alemanha e Filipe II (Augustus) da França - mas eles também falharam em produzir qualquer resultado significativo. Frederico afogou-se em Cilícia no caminho para a Terra Santa e ainda distante do ponto de batalha, a missão começou a desintegrar com Ricardo e Luís tentando seguir os seus próprios caminhos ao invés de trabalharem em conjunto. Eventualmente, os portos de Acre e Jafa estavam assegurados, mas o exército cristão alcançou poucas conquistas além desses. Durante a Quarta Cruzada de 1202-4, a cidade cristã de Zara na Dalmácia foi atacada e Constantinopla foi tomada e saqueada de seus tesouros e relíquias antes de Balduíno, Conde de Flandres, ser instalado como o novo imperador latino de Constantinopla. A Quinta Cruzada viu Frederico II ser coroado Rei de Jerusalém em 1229 somente para ser deposto pelos Tártaros quatorze anos mais tarde. Logo após a perda de Jerusalém para os muçulmanos em 1244, uma grande expedição para o Oriente Médio foi planejada e financiada pelo Rei Luís IX de França que levou quatro anos na preparação de um ambicioso plano. No final de Agosto de 1248, ele partiu por mar com seu exército para Chipre, onde passou o inverno realizando os arranjos finais para a conquista da Terra Santa. Seguindo a mesma estratégia da Quinta Cruzada, Luís aportou no Egito e no dia seguinte capturou Damieta sem dificuldade. Seu próximo ataque foi seguir para o Cairo, na primavera seguinte, mas este se demonstrou ser um completo desastre. As Cruzadas falharam em guarnecer os seus flancos e os egípcios abriram as comportas dos reservatórios de água ao longo do Nilo, criando enchentes que aprisionaram todo o exército cruzado e deixando Luís com nada menos do que a opção da rendição. Após o pagamento de um enorme resgate de 167.000 libras e capitulando Damieta, o Rei navegou para a Palestina onde passou quatro anos construindo fortificações antes de retornar com seu exército para França na primavera de 1254. Estevão de Otricourt, o comandante da força Templário que havia acompanhado Luís e sofrera enormes perdas na tentativa de salvamento da mal-concebida empreitada, havia sido coagido a pagar o resgate. Um sentimento estava começando a crescer entre os nobres da Europa de que as Cruzadas tinha perdido sua utilidade e o desastre de Luís confirmou isto. Sua cruzada falhou, entretanto, deixou-lhe com mais tempo para devotar-se a organizar os problemas de seu próprio reino. Pelo menos, ele poderia cuidar do interminável problema de relacionamento entre França e os ingleses que controlava grandes extensões de terra no reino francês. Para estabelecer as boas relações com Henrique III da Inglaterra, Luís convidou-o para visitar Paris em 1254, sendo que o rei inglês e sua comitiva foram acomodados no Templo de Paris que era a única construção grande e ampla o suficiente para tal. O resultado desta festiva reunião foi a elaboração do Tratado de Paris de 1259, que restaurou o direito do rei inglês sobre a Gasconha, que se encontrava sobre o governo do rei de França. Tendo assegurado suas fronteiras, Luís anunciou sua intenção em liderar outra Cruzada, apesar da forte oposição de seus nobres. Durante este período de extraordinárias exigências militares em França, o Papa garantiu a Luís o direito de cobrar impostos sobre a Igreja francesa, uma concessão que seu neto tomaria como de direito. O embarque da nova força de batalha cristã foi atrasado, devido à doença que se abatera sobre o rei. Embora ele tivesse melhorado o suficiente para embaraçar, ele logo após sofreu uma grande recaída e viria a falecer em Tunis, antes que seu exército empreendesse qualquer ação militar satisfatória. Suas entranhas foram enterradas em Monreale e seus ossos foram levados para Saint Denis, onde foram enterrados em 1271. Lá, suas relíquias tornaram-se o foco de um culto crescente que, de modo não oficial, reconheceu o falecido Rei como 'São Luís', mesmo alguns anos antes de sua verdadeira canonização. Parece que em França naquele mesmo período, ocorreu um fenômeno comum de adoração em torno de relíquias sagradas. Em uma época que pouco se conhecia sobre a ciência, quase todo mundo era dirigido pela superstição e as partes dos corpos de pessoas famosas e as relíquias ligadas a eles, eram freqüentemente consideradas santas e acreditava-se que eram capazes de operar curas miraculosas. Os centros de devoção heterotáxicos que se espalham de tempos em tempo em torno de relíquias místicas de pessoas uma vez poderosas freqüentemente apresentam-se como um grande problema para a Igreja, pois a população poderia repentinamente voltar a sua fé em direção dos ícones e das idéias que se encontram fora do controle da Igreja. A Igreja sempre tem respondido contra as novas crenças que se encontram em novas terras ou que se espalharam em seu próprio território, através de um processo constituído por três etapas: 1. Ridicularização: Primeiro a Igreja zomba e critica as idéias indesejáveis. Se isto se mostrar sem eficiência ou simplesmente falhar por completo em obter qualquer resultado, ela dirige-se para o próximo estágio. 2. Absorção: Ela simplesmente apodera-se das crenças existentes e as cristianiza. Hoje, os sacerdotes católicos romanos que não podem se casar e que atuam em regiões da África, casam-se com várias esposas, pois os velhos costumes tribais tornaram-se parte do 'novo' caminho cristão para Deus. Se este processo de absorção falhar, a Igreja dirige-se para um estágio final. 3. Destruição; A Igreja torturou, mutilou e assassinou as pessoas que não se rendiam às idéias do Vaticano. Nos primórdios do século XIII, a Igreja havia mostrado como lidava com aqueles que não se rendiam aos dogmas papais durante a assim chamada Cruzada Albigense que devastou grande parte de França em um processo de limpeza teológica. Em uma primeira etapa, ela tentou re-converter os hereges albigenses através de meios pacíficos, mas quando estes falharam, o Papa Inocêncio III ordenou uma Cruzada armada que em vinte anos exterminou centenas de milhares de pessoas e que deixou apenas alguns poucos grupos de albigenses que se esconderam em áreas isoladas. Estas infortunadas pessoas ainda foram caçadas pela Inquisição até o término do século XIV: O massacre realizado por Simão de Montfort contra os habitantes de Beziers durante esta ímpia Cruzada demonstrou a crueldade que os hereges receberam da Igreja Romana como sendo algo natural. Foi durante esta ocasião, quando perguntado como diferenciar um herege de um cristão que Montfort emitiu sua infâmia resposta: 'Mate a todos. Deus saberá quem é quem’. Esta Cruzada doméstica causou grande derramamento de sangue entre os albigenses, bem como a cristãos inocentes, mesmo que após toda esta ferocidade a Igreja tenha falhado em manter os albigenses sob o seu controle. Em tempos de grande penúria, tais como um longo período de fome ou de pragas terríveis, o povo volta-se para a Igreja em busca de auxílio e se ela, depois de um tempo, falha em fornecer este auxílio, é da natureza humana procurar por novas idéias e tentar descobrir uma solução. O filologista e observador da psicologia da religião John Allegro comenta que: A religião serve à função necessária de exorcizar os demônios da estafa acumulada, a aparente e inevitável acompanhante da vida diária. Ele também afirmava que como a desproporção das autoridades tradicionais tornara-se incrivelmente óbvia, ocorreu uma tendência natural em procurar novas fontes de poder. As relíquias capazes de realizar intervenções mágicas no comportamento de seus devotos eram justamente as novas fontes de poder. Deste modo, quando o culto das relíquias de Luís IX tornou-se tão forte, uma fonte de força para os reis de França, em uma tentativa de diluir o seu poder, o Papa Bonifácio VIII absorveu a nova ameaça através da aceitação de uma petição oriunda dos fiéis de Saint Denis e imediatamente tornou Luís IX um santo da Igreja Católica Romana. O filho de Luís, Filipe III, não parecia ter percebido que os dias efetivos das Cruzadas haviam acabado quando tomou parte em uma Cruzada aragonesa, fadada ao fracasso desde o início, que lhe custou a própria vida e a seu país a soma de 1.229.000 libras, uma verdadeira fortuna naqueles dias. A aventura sem medidas de Filipe III por fim liquidou a economia francesa além dos limites a qual ela normalmente poderia se recuperar através das fontes usuais da arrecadação real. A arrecadação anual da coroa francesa então era de 656.000 libras e as despesas normais do estado eram algo em torno de 652.000 libras. O custo da fracassada Cruzada de Filipe deixou um débito sem precedentes que produziria consideráveis repercussões tanto para o Estado quanto para a Igreja. Foi sobre a demonstração final de seu filho, Filipe, o Belo, que os dias das Cruzadas, e das ordens militares cristãs criadas para elas, chegaram ao fim. As Preocupações de Filipe IV Filipe IV, conhecido como 'o Belo', tinha apenas três anos de idade quando Luís IX morreu, deste modo embora ele nunca tenha conhecido realmente seu santificado avô, ele cresceu sob a sombra de suas pias realizações. Ele lembrava-se com amargura da relutância dos Templários em pagar o resgate de seu avô após a derrota da Cruzada, e eventualmente citaria aquele incidente durante o seu ataque à Ordem. Com a coroação do jovem Filipe impôs-se a tradição de um avô santificado para venerar e uma nação virtualmente falida para liderar. Ele tornou-se devoto ao culto de São Luís, pois, para ele, este representava a monarquia francesa no ápice de seu poder, combinando os papéis de rei e sacerdote em um só indivíduo. Filipe foi educado por Giles de Colonna, logo após este se tornar o Arcebispo de Burguês, que era uma poderosa personalidade com fortes opiniões sobre os deveres e responsabilidades da monarquia. Quando Filipe tornou-se rei aos dezessete anos, ele havia desenvolvido um poderoso senso de auto importância a partir da crença desenvolvida a partir das palavras de seu mentor que lhe dizia: Jesus Cristo não forneceu nenhum domínio temporal a sua igreja e o Rei de França possuía sua autoridade emanada do próprio Deus. Ser o neto de um santo era muito importante para Filipe e a instrução que ele recebeu de Giles de Colonna criou um monarca que não se curvaria a nenhum homem e não seria subserviente à vontade da Igreja. Filipe IV herdou três coisas de seu pai: um reino falido economicamente, um casamento arranjado e o amor pela caça. Quando ele tornou-se Rei em 1285, o jovem Filipe, com seus dezessete anos, calculou que para pagar os débitos contraídos por seu pai, levar-se-ia trezentos anos - mesmo se ele disponibilizasse de toda a arrecadação disponível, mesmo sem o pagamento dos juros - e ele não estava disposto a aceitar viver na penúria. Aos vinte e seis anos, Filipe estava em guerra contra Eduardo I da Inglaterra, o que significava que ele possuía extraordinárias despesas para pagar, além dos seus débitos herdados. Ele urgentemente precisava de outras fontes de arrecadação e tinha que utilizar todos os meios de geração de fundos a seu dispor. Quando estes ainda não foram suficientes, ele precisou procurar por outras fontes de liquidez para permanecer solvente. Seu pai propôs a idéia de cobrar taxas extraordinárias sobre os judeus em 1284, e Filipe continuou com esta tradição familiar em 1292 e em 1303. Então, como não houve protestos contra, ele implantou a idéia de um imposto de cem por cento sobre as possessões judaicas. Em 1306, Filipe, o Belo, ordenou o confisco de todas as propriedades judaicas e a deportação de toda a comunidade judaica. Também, seguindo o exemplo inspirado de seu pai, ele instigou a criação de uma extorsiva taxa sobre os banqueiros lombardos e florentinos (em 1295, este imposto arrecadou a quantia de 65.000 libras), mas estas medidas arbitrárias e extraordinárias ainda não proveram os fundos suficientes. As despesas diárias de Filipe corriam em torno de 4.000 libras e, deste modo, para ter os meios monetários suficientes para cobrir os seus débitos ele foi forçado a desvalorizar a moeda; seu pai e seu avô tinham se utilizado dos serviços financeiros dos Cavaleiros Templários em Paris para honrar as suas obrigações monetárias de Estado, mas Filipe decidiu afastar seu tesouro da influência moderadora de Jean de Tours, o tesoureiro templário em Paris, e instalar sua própria equipe do tesouro no Louvre. Ele recolheu toda a moeda circulante, derreteu-a e então cunhou novas moedas com o mesmo valor nominal, mas com muito menos metal precioso em sua composição. Esta ação foi uma das primeiras medidas de desvalorização monetária registradas. A inflação não era um problema comum no período medieval, mas em 1303 o poder de compra do marco francês foi reduzida praticamente à metade, comparado com os valores registrados em 1290. Através da sistemática desvalorização da moeda, a coroa elevou sua arrecadação para 1.200.000 libras entre 1298 e 1299, e 185.000 libras em 1301. Alguns historiadores acreditam que Filipe estava obcecado com as atividades cruzadas de seu avô, Luís IX, e que o declínio das duas maiores ordens cruzadas, os Templários e os Hospitalários, forneceulhe a oportunidade para tentar combiná-las sob um novo líder, um papel ideal para ele próprio. Foi mesmo sugerido que Filipe pudesse vir renunciar ao trono de França e tornar-se um novo Rei de Jerusalém à frente de uma nova ordem combinada. Não acreditamos que isto fosse verdade, pois suas ações não demonstraram que esta idéia era muito importante para ele: em nenhum momento de seus vinte e nove anos de reinado ele tentou de fato tomar parte em uma Cruzada. Entretanto, as ações de Filipe relativas ao tesouro da Ordem Templária em Paris parecem confirmar um motivo financeiro. Para colocar as finanças francesas novamente dentro de uma firme base, ele necessitava de uma nova fonte de metais preciosos disponível para cunhagem. O tesouro dos Templários era a tal fonte. Jean de Tours era o segundo tesoureiro consecutivo com o mesmo nome no Templo de Paris. Ele foi indicado em 1302 e os fragmentos dos registros sobreviventes mostram que ele utilizava um controle de duplas entradas, muito sofisticado, aliás, para a época. Os tesoureiros templários haviam desenvolvido métodos de administração para financiar as Cruzadas. Estas técnicas envolviam o depósito seguro de testamentos e certificados de propriedades, a manutenção de valores e de contas de pagamento para o gerenciamento de propriedades. Eles providenciavam os meios para um governo maximizar as coletas de impostos. Os reis da Europa rapidamente perceberam que os Templários possuíam uma infra-estrutura financeira que lhes faltavam e os Templários, confiantes de sua independência temporal, estavam felizes em cooperar no fornecimento das primeiras facilidades bancárias do mundo. Sua rede financeira e de prosperidade provava ser uma atração fatal para Filipe, mas ele tinha um problema: os Templários não respondiam a seu poder, mas unicamente ao do Papa em pessoa. A Batalha pelas Finanças da Igreja O Papa havia garantido ao avô de Filipe o direito de criar uma extraordinária taxação sobre a Igreja e controle da comunidade em tempos de guerra, de modo a suprir as necessidades do estado e defender o reino. Filipe re-estabeleceu a tradição e taxou a Igreja como uma outra fonte conveniente e regular de arrecadação para a redução de seus débitos. Para impedir Filipe de continuar a fazer isto para pagar as suas expedições militares, o Papa Bonifácio VIII emitiu uma bula, em 1302, proibindo o clero de fornecer qualquer subsídio financeiro aos poderes constituídos sem a prévia permissão de Roma. A rápida resposta de Filipe foi brusca e imediata. Ele emitiu uma ordem proibindo a exportação de ouro, prata e mercadorias oriundas de França, de modo a prevenir que os fundos fossem retirados de seu país e encaminhado ao Vaticano, e cortar uma grande fonte de recursos papal de um golpe só. Isto atingiu o Vaticano em cheio, mas pouco ajudou a já inflacionada economia francesa e não pode evitar a maior crise monetária que viria a ocorrer em 1303 onde houve um extenso chamado para o recolhimento monetário dos valores cunhados no dia de São Luís. Como resultado do ataque de Filipe sobre a arrecadação papal, Bonifácio emitiu um decreto declarando que todos os príncipes eram sujeitos às suas ordens, tanto em questões temporárias quanto espirituais. Filipe possuía um ponto de vista muito diferente e recusouse a ser controlado por editos seculares emitidos pelo Papa, emitindo uma resposta a Bonifácio que deixava poucas dúvidas a respeito de seus sentimentos em relação à matéria: Filipe, pela graça de Deus, Rei de França, a Bonifácio, no cargo de supremo pontífice, pouca ou nenhuma saudação. Deixai vossa extrema tolice saber que em questões temporárias, nós não nos sujeitamos a ninguém. Para assegurar-se que sua rejeição à autoridade papal estava perfeitamente clara para todos, Filipe publicamente queimou a bula papal acompanhada por uma poderosa fanfarra de trompetes. Era politicamente impossível para Bonifácio negligenciar este grosseiro ato de rebelião contra sua autoridade e, deste modo, ele convocou todo o clero de França à Roma para discutir como ele poderia preservar as liberdades tradicionais da Igreja contra a obstinação deste grandioso jovem Rei. Filipe, por sua vez, convocou uma assembléia nacional em Paris com a presença de todo o clero e dos representantes dos terceiro estado, onde ele manipulou a assembléia para que aprovassem uma resolução de apoio a seu monarca, em defesa de seus direitos. Tal era a força da personalidade de Filipe que mesmo o clero presente negou a jurisdição temporal do pontífice. Filipe não desejava que Bonifácio, ou seus servos, não entendesse a extensão de sua determinação acerca de seus direitos temporais, assim ele ordenou o confisco e a apreensão das terras e propriedades de todos os clérigos que haviam obedecido ao edito do Papa para dirigirem-se a Roma. A audácia de Filipe feriu Bonifácio que respondeu com a publicação da bula Unam Sanctam. Esta declarava que não somente todo ser humano estava sujeito à regra papal, como também deveriam comparecer em Roma se assim fosse ordenado. A batalha de egos estava realmente atingindo altos níveis. Para auxiliar-lhe no governo de França, Filipe possuía um oficial chefe de estado, Guilherme de Norgaret, um homem que não era nada simpático com a Igreja Romana, uma vez que seus pais haviam sido queimados como hereges durante a Cruzada Albigense. Norgaret que foi o principal conselheiro de Filipe entre 1303 e 1313, descreveu o Rei como: ... Cheio de graça, caridade, piedade e misericórdia, sempre atento à justiça e à verdade, nunca sendo maledicente, fervoroso na fé, religioso em sua vida, construindo basílicas e comprometendo-se com os trabalhos da Piedade. Bonifácio VIII, ainda quando era conhecido como o Cardeal Benedito Gaetani, possuía uma curiosa história de aventuras sexuais, e Norgaret estava atento a este passado quando ele acusou-o, entre outras coisas, de possuir uma grosseira conduta sexual. O Papa era bissexual, e certamente católico em seus gostos sexuais, tendo mantido uma mulher casada e sua filha como suas companheiras de cama, do mesmo modo, tentando seduzir inúmeros belos jovens, aparentemente com grande sucesso. Ele adotava como lema que o ato sexual era 'tão pecaminoso quanto unir as mãos em oração’. Bonifácio certamente praticou adultério e sodomia, mas parece improvável que ele tenha ido tão longe quanto Norgaret sugeriu quando o chanceler reuniu-se com os Estados Gerais, ele acusou o Papa de praticar a simonia, feitiçaria e especialmente de manter um pequeno demônio domesticado em seu anel, que aparecia todas as noites e comandava depravações inenarráveis com o pontífice no leito papal. Sem recuar diante de tal ataque imaginativo, Bonifácio enviou comissários à França para exigir a obediência do clero francês conforme suas instruções, e parece que algumas vigorosas discussões ocorreram diante do Rei, sua esposa e seu filho que publicamente comprometeram-se em apoiar todos os clérigos que apoiassem a independência de França contra a usurpação papal. Neste ponto, os procedimentos tornaram-se cômicos, como quando o Rei interceptou a bula papal que deveria tê-lo excomungado, mas que acabou não se concretizando, pois sua publicação foi impedida. A esta altura das discussões, o autocontrole de Bonifácio parecia ter se rompido completamente e, contando com a Doação de Constantino, que lhe dava o poder de criar e destruir reis, ele ofereceu o trono de França a Alberto, o imperador da Áustria. Esta querela estava agora extremamente séria e nenhum dos lados pretendia recuar, entretanto Filipe utilizou-se de um golpe magistral contra o pontífice de oitenta e quatro anos. Trabalhando com a premissa de que qualquer inimigo de seu inimigo deve ser um aliado, Filipe deu asilo aos membros da família Colonna, que eram os inimigos pessoais de Bonifácio. Norgaret partiu para a Itália com Scairra Colonna e uma força de trezentos cavaleiros e na manhã de 07 de Setembro de 1303, grandes contingentes de 'franceses patriotas' estavam contratados e prontos para irromper os portes externos do palácio do Papa em Anagni. Um serviçal papal corrupto convenientemente abriu os portões e permitiu que os 'patriotas' ingressassem, onde eles apressaram-se a gritar 'Viva o Rei de França, morra Bonifácio'. Afastados desta manifestação, Colonna e suas forças italianas forçaram seu caminho até a presença de Bonifácio que, vestido com as vestes pontificais, encontrava-se de joelhos diante do altar, esperando para morrer. O temor dos italianos era muito forte para lhes permitir assassinar o Papa, mas eles mantiveram-no prisioneiro por três dias, durante os quais eles o submeteram-no a consideráveis abusos físicos. Ele finalmente foi libertado pela população de Anagni que eventualmente expulsou as forças francesas. Apesar do fato de ele não ter conseguido capturar o Papa, Filipe ainda convocou uma reunião dos Estados Gerais, em Paris, para julgar Bonifácio in absentia. As acusações incluíam heresia, a falta de fé em uma vida após a morte e o assassinato de seu predecessor, o Papa Celestino V, bem como das acusações anteriormente citadas. Infelizmente, Bonifácio morreu de um derrame provavelmente provocado pela fadiga oriunda de sua prisão, apenas algumas semanas após o seu retorno a Roma, e sendo assim as acusações nunca foram levadas de fato a um tribunal. Um Papa Francês Quando Bonifácio morreu, a Igreja encontrava-se diante de uma desordem espiritual e política de enormes proporções. A Igreja Católica Romana sempre havia considerado que ela possuía o direito de controlar os assuntos temporais do mundo, uma vez que sua hierarquia representava o reino de Cristo na terra. Ela argumentava que os bispos e os sacerdotes deveriam exercer a soberania de Cristo nos assuntos de todas as nações e que o Papa era o supremo governante do mundo, sendo a supremacia pontifical o artigo fundamental da religião Católica Romana. O excesso do controle eclesiástico e uma crescente consciência da corrupção associada a ele iniciaram um grande questionamento do papel da Igreja, que por sua vez, estava tornando a Igreja suscetível às heresias - ou em outras palavras qualquer ponto de vista não emanado do Vaticano. Havia uma crescente dissensão doutrinal dentro da Igreja e um grande número de desastres naturais estranhamente pareciam estar atormentando o mundo, o que começava a construir uma visão entre a população em geral de que Deus não estava mais ao lado da Igreja. Em tempos como estes, cultos de relíquias e uma nostalgia dos tempos de prosperidade tornaram-se uma grande fonte de conforto para o povo comum que tinha perdido a confiança naqueles que geralmente deveriam apoiar e guiar. As Cruzadas da Igreja haviam reduzido diversos reinos à pobreza sem, contudo, resgatar a Terra Santa, e no início do século XIV, as primeiras ondas epidêmicas da Peste Negra estavam se espalhando por toda parte como se fossem oriundas do próprio Inferno. Se a responsabilidade pela má vontade divina não poderia ser associada à Igreja, então outros bodes expiatórios teriam que ser encontrados. Os judeus, como já mencionado, já tinha sido perseguidos, mas em breve outras vítimas seriam necessárias. O substituto de Bonifácio, o Papa Benedito XI, inicialmente encontrou a aprovação de Filipe quando rapidamente removeu a sentença de excomunhão que Bonifácio havia expedido contra o rei francês. Entretanto, assim que Benedito fixou-se no papado, ele viu-se obrigado a agir para restaurar a autoridade da Santa Sé, que Bonifácio havia falhado em manter. Filipe não tinha nenhuma intenção em reabrir a batalha pela supremacia temporal que acreditava que Bonifácio havia perdido e assim ele viu-se dentro de um desnecessário e indesejável debate por ter providenciado o envenenamento de Benedito. Este deixou o papado vago, mas houve uma considerável dificuldade em selecionar um novo Papa. As sugestões dos cardeais franceses contra-balancearam àquelas emitidas pelos cardeais italianos e o impasse prosseguiu dentro do conclave durante dez meses. Para eliminar este impasse, os agentes de Filipe sugeriram que um dos lados deveria selecionar três candidatos dos quais o outro lado deveria escolher um Papa. Bertrand de Gotte, o Arcebispo de Bordeaux, um homem que possuía diversas razões para odiar Filipe e seu irmão, Carlos de Valois, foi selecionado como o candidato de consenso de ambos os lados. O Cardeal de Prato aconselhou Filipe que Bertrand possuía uma personalidade ambiciosa e maleável que poderia servir aos propósitos do rei e, se o rei viesse a falar com ele, poderia verificar onde os seus próprios interesses poderiam se encaixar. Filipe imediatamente arranjou um encontro particular com Bertrand na abadia de Saint Jean d'Angely na Gasconha, onde ele afirmou ao ambicioso prelado que estava dentro de seu poder torná-lo papa, e assim ele faria se seis pré-condições fossem acordadas. Os favores que Filipe requeria em troca do trono de Pedro eram: 1. Uma perfeita reconciliação entre ele mesmo e a Igreja. 2. Admissão à comunhão para ele e seus indicados. 3. Os dízimos do clero de França durante cinco anos para o pagamento da guerra em Flandres. 4. A perseguição e destruição da lembrança do Papa Bonifácio VIII. 5. Giacomo e Pietro Colonna seriam feitos cardeais. A sexta condição que Filipe declinou de nomear, era: O sexto favor é grande e secreto e reservo-me em fazê-lo em tempo e lugar futuros. Qual teria sido este último favor 'grande e secreto' que não poderia ser nomeado por este insolente rei? Filipe não tinha mostrado ser tímido em declarar o que ele desejava, ainda que houvesse algo em sua mente que ele não ousasse declarar até se atingir o tempo certo. Nós acreditamos que este último comprometimento que ele exigia do Papa teria sido impossível revelar, pois o segredo absoluto era a chave de seu diabólico plano que ainda levada dois anos para ser posto em prática. As últimas ações de Filipe revelam que este favor secreto pode somente ter sido de que o Papa deveria apoiar o seu direto em prender os Cavaleiros Templários devido à heresia e permitir-lhe apoderar-se dos fundos do tesouro francês. Como os Templários somente reportavam-se ao Papa, Filipe sabia que ele não poderia dar continuidade a sua pretensa pirataria se ele não estivesse agindo com a benção papal. O Rei e o Arcebispo não confiavam e gostavam um do outro, mas Bertrand era um homem ambicioso e concordou com os termos de Filipe, que incluíam a condição de que Bertrand permanecesse dentro do território de França. O trono papal tinha que ser re-alocado e Bertrand foi coroado como o Papa Clemente V em Lion em 17 de Dezembro de 1305. Ao concordar com as condições de Filipe, o novo pontífice comprometia a autoridade do papado pelos próximos cinqüenta anos, o 'Período de Avignon', e foi comparado pela Igreja Romana ao Cativeiro Babilônico dos judeus. O primeiro ato do novo Papa foi nomear doze dos seguidores de Filipe cardeais, incluindo os irmãos Colonna, e rapidamente dedicou todos os seus favores a Filipe - com exceção à destruição da lembrança do Papa Bonifácio que o Cardeal de Prato convenceu Filipe a retirar. Em contra-partida e para demonstrar seu apoio a Filipe em suas dificuldades financeiras, Clemente forneceu a aprovação papal ao Rei para banir todos os judeus de seu reino e confiscar suas propriedades para o seu tesouro falido. Há este tempo, houve uma aceitação generalizada entre a nobreza da Europa de que eles não eram mais capazes de dominar os muçulmanos do Oriente através do embate de forças de seus exércitos e, deste modo, começaram a questionar a necessidade das ordens militares, uma vez que as mesmas não conseguiam manter a Terra Santa. De volta a 1274, em conseqüência da Sexta Cruzada, o segundo conselho de Lion discutiu a unificação dos Cavaleiros Templários e Hospitalários em uma única ordem militar. Os líderes de ambas as Ordens rejeitaram com todas as suas forças a idéia de desistir de sua prosperidade e status individuais e utilizaram sua considerável influência para assegurar que tal união não ocorresse. Entretanto, tal sugestão nunca foi deixada de lado por completo, do mesmo modo que muitas pessoas invejavam os privilégios que os Templários e os Hospitalários gozavam, incluindo suas isenções de impostos e pagamento de dízimo. Durante a primavera de 1291, o porto de Acre caiu diante dos muçulmanos e o Grão-Mestre morreu ao lado de um grande número de seus Cavaleiros. O mundo cristão havia perdido seu último baluarte na Terra Santa e, uma vez que os Templários fugiram para Chipre, eles tinham que considerar seu futuro mais cuidadosamente, pois eles sabiam que as declarações para a reorganização e reconsideração brevemente tornar-se-iam mais potentes. A posição pública dos Templários era agora muito difícil. Por muitos anos, eles haviam vivido em abundância através do crescimento das lendas de suas habilidades quase sobrenaturais de batalha; eles haviam se deleitado com a importância refletida de suas ligações lendárias com os guardiões místicos do Graal, e estavam satisfeitos em serem vistos como os derradeiros cavaleiros da Távola Redonda. De fato, entre 1190 e 1212, eles tinham promovido uma versão da lenda do Graal, conhecida como Perlesvaus, que foi escrita por de seus próprios membros e claramente descreve os Templários como os guardiões do Graal e os sucessores de Arthur. Agora, todavia, a festa parecia ter chegado ao fim. Expulsos da Terra Santa pelos muçulmanos, eles agora estavam vivendo como convidados indesejados no reino de Henrique de Chipre, e brevemente eles teriam que fazer uma auto-avaliação completa ou encarar a possibilidade exigida pelas crescentes manifestações de união com os Hospitalários. Estes tempos difíceis exigiam um Grão-Mestre vigoroso e visionário, um valoroso sucessor para as tradições de liderança de Hugues de Payen, de modo a revitalizar e repensar a Ordem nestes tempos de necessidade. Logo após a morte do Grão Mestre, Guilherme de Beaujeu, em Acre, Teobaldo Gaudin foi eleito para tomar o seu lugar, mas ele morreu alguns meses após. Neste ponto, todos esperavam que o homem que era o segundo em comando, Hugues de Pairaud, seria eleito para liderar a Ordem, mas ao invés disso, um cavaleiro de um vilarejo próximo a Besançon no leste de França tornou-se o último Grão-Mestre dos Cavaleiros Templários um homem que se tornaria temido pela Igreja, após sua morte, por ser encarado como o Segundo Messias. O Último Grão-Mestre dos Templários Jacques de Molay nasceu em uma família de nobres menores em 1244 e foi iniciado na Ordem do Templo, aos vinte e um anos, na idade de Beaune, em Cote-d'Or. Sua cerimônia de iniciação foi conduzida por Humberto de Pairaud, o Grão-Mestre do Templo da Inglaterra, com o auxílio de Aimery de La Roche, o Grão-Mestre do Templo em França. O jovem Templário foi servir no Oriente sob o Grão-Mestre, Guilherme de Beaujeu, e chegou precisamente no Ultramar (como as terras orientais eram chamadas) após o Conselho de Lion em 1275, quando ele contava com trinta anos de idade. Ele visitou a Inglaterra e alguns historiadores acreditam que ele tornou-se o Grão-Mestre do Templo na Inglaterra, antes de tornar-se o GrãoMestre de toda a Ordem. O historiador, Malcolm Barbour, uma autoridade sobre os Templários, fixa as possíveis datas da eleição de Jacques de Molay para o GrãoMestrado entre Abril de 1292 e 08 de Dezembro de 1293. Barbour comenta que Molay é conhecido por ter obtido o Grão-Mestrado através de subterfúgios, em uma competição contra Hugues de Pairaud. A única evidência de um relacionamento duvidoso foi dada em testemunho pelo Templário Hugues Le Fleur, durante o julgamento, quando a história poderia ter sido parte de uma propaganda anti-Templária, com os propósitos de desacreditar o Grão-Mestrado de Molay. Entretanto, esta história de subterfúgio é também relatada com um pouco mais de profundidade em um livro publicado anonimamente na Inglaterra no século XVIII, intitulado As Sociedades Secretas da Idade Média: Quando a Ordem estabeleceu seu quartel-general na ilha de Chipre, Jacques de Molay, um nativo de Besançon, em Franc-Comté, foi eleito Grão-Mestre. A personalidade de Molay parece ter sido muitas vezes nobre e estimável, mas se nós dermos crédito à declaração de um cavaleiro de nome Hugues de Travaux, ele atingiu sua dignidade através de artifício não muito distinto daquele empregado por Sisto I para obter o papado. O Capítulo não chegava a um acordo, sendo uma parte favorável a Molay e a outra, maior e mais forte, a Hugues de Peyraud. Molay, vendo que tinha poucas chances de sucesso, afirmou que ele não desejava o ofício, e até mesmo votaria em seu competidor. Crentes desta afirmação, eles de bom grado fizeram-no seu grão-prior. Seu tom agora se alterou. Já que agora o manto está terminado, mantenham-no coberto. Vós me fizestes grão-prior e, desejando-vos ou não eu serei o Grão-Mestre também. Os atordoados Cavaleiros instantaneamente o escolheram. É difícil avaliar a verdade sobre esta história, mas Molay provou não ser um brilhante estrategista militar nem um particular e astuto político, assim a história pode ser encarada como um caso de sentimentos feridos e o privilégio de podermos em retrospecto analisar sua queda a associação com os problemas dos Templários nos primórdios do século XIV. Logo após sua eleição, Molay visitou o recém instalado Papa Bonifácio VIII em Roma. Os Templários haviam arcado com tremendas perdas com a queda de Acre e o Grão-Mestre estava obviamente interessado em obter o apoio do Papa no fortalecimento da enfraquecida posição da Ordem. O futuro da Ordem foi discutido e o Papa apresentou a questão da possibilidade da unificação dos Templários com os Hospitalários. Quando Filipe, o Belo, mais tarde, levantou a mesma questão, Molay assegurou que Bonifácio havia rejeitado totalmente a idéia. Após esta visita, Bonifácio emitiu uma bula papal garantindo aos Templários os mesmos direitos em Chipre que eles possuíam na Terra Santa, o que parece confirmar a declaração de Molay. Após sua visita ao Papa, Molay viajou para a Inglaterra e França, desesperadamente buscando apoio para uma Cruzada para a retomada da Terra Santa o que restabeleceria a legitimidade de sua Ordem. Em seu caminho para Londres onde se reuniria com Eduardo I da Inglaterra, Molay hospedou-se no Templo de Paris, onde ele encontrava-se obviamente com um bom relacionamento com o rei francês, uma vez que ele foi o padrinho de batismo de Roberto, o filho de Filipe. Molay manteve-se em contato com os monarcas europeus com quem se reuniu nesta viagem, pois é sabido que ele recebeu uma correspondência escrita por Eduardo I em Stirling, datada de 13 de Maio de 1304, recomendando o Grão-Mestre do Templo na Inglaterra aos favores de Molay e indicando que em alguma data futura não especificada, Eduardo possivelmente empreenderia uma Cruzada para libertar a Terra Santa. Infelizmente, Eduardo nunca foi capaz de livrar-se tempo suficiente dos ataques de Gales e da Escócia para empreender tão pio desejo. Molay permaneceu em Chipre até 1306, mas mesmo esta ilha era incrivelmente difícil de proteger; com os piratas sarracenos atacando Limassol praticamente à vontade, a única resposta do Grão-Mestre era resgatar os cativos que eles aprisionavam. Molay tornou-se muito impopular, e à Ordem também, quando ele apoiou um golpe mal sucedido contra Henrique, Rei de Chipre, empreendido por um irmão mais jovem, Amauri. Molay tinha que acreditar na reconquista da Terra Santa, pois esta era a única maneira que ele via de assegurar qualquer futuro para os Templários, mas os políticos de França estavam movimentando-se sem piedade contra ele que se apresentava como um grande adversário contra a monarquia dos Capetos. Em 1306, os Hospitalários retomando os seus ataques na ilha de Rodes que finalmente resultaram na expulsão dos Turcos, e quando os Cavaleiros Teutônicos transferiram seu foco principal de atenção para a Rússia, os Cavaleiros Templários tornaram-se a única Ordem inativa. Molay e seus homens ainda estavam sofrendo ataques em sua base em Chipre e o Grão-Mestre chegou a considerar uma completa retirada para França. Entretanto, uma vez que o Rei de França estava em conflito com o papado, tal ação poderia ter sido considerada como uma forma de intimidação a Filipe, uma vez que os Templários ainda representavam uma séria força militar aliada do Papa. Nós acreditamos que Filipe informou ao seu Papa manipulável de sua exigência secreta apenas seis meses após a coroação de Clemente, pois, em 06 de Junho de 1306, o Papa escreveu a Guilherme de Villaret, o Grão-Mestre do Hospital, e a Jacques de Molay, exigindo que ambos se encontrassem com ele em França para se discutir a unificação das duas ordens. Ele determinou que eles 'viajassem o mais secretamente possível e com uma pequena comitiva uma vez que vós encontrareis diversos de vossos cavaleiros deste lado do mar’. Villaret respondeu que ele não poderia comparecer, informando que ele estava no meio de um grande ataque na ilha de Rodes, e embora nós não possamos afirmar, concluímos que o Papa Clemente e o Rei Filipe sabiam perfeitamente bem que os Hospitalários não seriam capazes de interromper sua campanha ofensiva. Molay, por sua vez, estava fazendo um pouco mais do que repelir os rotineiros ataques muçulmanos em Limassol e, deste modo, ele não possuía uma desculpa convincente para não comparecer. O Grão-Mestre Templário provavelmente ficou feliz de se afastar do contínuo combate e assim, partiu para o porto francês de La Rochelle com uma frota de dezoito navios. Um único navio teria sido mais do que suficiente e deve ter havido algum propósito oculto por detrás de tal êxodo. A idéia de Molay de 'uma pequena comitiva' parece de fato muito curiosa, consistindo de sessenta dos mais distintos cavaleiros, 150.000 florins de ouro e doze animais de carga, repletos com prata ainda não cunhada. A conclusão inevitável é a de que Molay sabia que o Papa Clemente dançava conforme a música tocada por Filipe e que se as discussões caminhassem mal, ele esperava comprar os favores do Rei e ainda evitar a indesejável unificação de sua ordem. A frota ancorou em La Rochelle e Molay e seu séqüito seguiram para o Templo de Paris. Quando a comitiva chegou em Paris, o Rei saudou o Grão-Mestre recebendo-o e a seu tesouro com um grande espetáculo de pompa e cerimônia. Molay depositou os cofres portáteis do tesouro dentro dos recintos do Templo, observado pelo falido e mal-intencionado Rei. Nós havíamos descoberto que Filipe já se encontrava profundamente em débito com os Templários, como esta passagem da obra de Curzon La Maison du Temple de Paris demonstra: Filipe, o Belo, mais do que qualquer outro homem era muito eficaz em obter grandes quantidades de dinheiro através de vários meios [emprestando-as do Tesouro dos Templários de Paris] para ele mesmo, mas mostrava-se menos escrupuloso quando deveria pagálas. A 29 de Maio de 1297 ele tomou emprestado 2.500 libras dos quais ele concordou em ser cobrado pelos Templários. Mais tarde ele obteve do tesouro do Templo a soma de duzentos mil florins, sendo que este empréstimo adicional tinha sido realizado sem o conhecimento do Grão-Mestre Jacques de Molay, sendo que o tesoureiro foi dispensado da Ordem, mesmo com a insistência do Rei em obter-lhe o perdão novamente. Molay provavelmente sentia que tinha Filipe, o Belo, onde ele desejava, capturado por seus débitos, e se a cobrança dos débitos falhassem, ele poderia obter a cooperação do Rei com uma generosa aplicação de mais dinheiro na forma de um novo empréstimo. Com um lance aberto em sua última grande batalha, Molay produziu um Memorando, endereçado ao Papa Clemente, que listava as razões do porquê os Templários serem contra a unificação com a Ordem do Hospital. As seis razões que ele citou eram: 1. O que é novo não necessariamente é melhor; que as Ordens, como se encontravam, haviam realizado bons serviços na Palestina e, resumindo, ele utilizou o velho argumento dos anti-reformistas: Funcionando-se bem... 2. As Ordens eram ao mesmo tempo espirituais e temporais e como muitos deles haviam ingressado visando à redenção de suas almas, poderia ser um problema de indiferença permitir que se deixasse uma das Ordens e ingressar em outra. 3. Poderia haver uma certa discórdia, pois cada Ordem desejaria manter sua própria influência e riqueza, e procuraria obter o grãomestrado através de suas próprias regras e disciplina. 4. Os Templários eram generosos com seus bens, enquanto que os Hospitalários eram ansiosos quanto à acumulação de bens uma diferença que poderia produzir divergências. 5. Como os Templários recebiam mais doações e apoio da laicidade que os Hospitalários, eles sairiam perdendo ou pelo menos seriam invejados por seus associados. 6. Provavelmente, haveria uma disputa entre os superiores sobre a indicação das dignidades da nova ordem. Molay não podia dar a verdadeira razão do porquê dos Templários não se unirem aos Hospitalários - que eles eram os sacerdotes secretamente restaurados do Templo de Jerusalém. Após algumas outras discussões, sobre uma possível Cruzada no Oriente, que ele acreditava que seria sem propósito, sem um esforço simultâneo de todas as forças cristãs, Molay pediu autorização ao Papa para se retirar e retornar à Paris. Na primavera do ano seguinte, Molay começou a se preocupar sobre vagos rumores de sérias conseqüências, a respeito dos Templários, que estavam circulando pela França, e assim decidiu fazer uma visita ao Papa Clemente. Na companhia dos Preceptores da Aquitânia, França e Ultramar, o Grão-Mestre dirigiu-se à Poitiers para se encontrar com o Papa. Clemente informou aos Templários que sérias acusações de vários crimes haviam sido feitas contra a Ordem, o que havia sido relatado por ele por seu chefe de gabinete, o Cardeal Cantilupo. O Papa parecia estar satisfeito com as negações destes Templários veteranos; o Grão-Mestre, em companhia de seus oficiais, retornou à Paris, acreditando que eles tinham afastado as suspeitas sobre sua lealdade e boas intenções. O povo de França estava sofrendo com o aumento de impostos e desvalorização das moedas realizadas por Filipe, e por diversas vezes o país esteve à beira da rebelião. Em uma ocasião, dois homens incitaram uma enorme multidão a se rebelar em Paris a ponto de que a vida do Rei Filipe esteve sob ameaça. Ele foi somente salvo da multidão quando os Templários lhe forneceram refúgio dentro da fortificação do Templo de Paris onde ele permaneceu por três dias até que a revolta fosse completamente debelada. Os dois líderes, Squin Flexian e seu cúmplice Noffo Dei, foram capturados e confessaram, quando foram levados para a prisão, que eles eram antigos Templários. Quando o Rei ouviu que estes criminosos uma vez haviam sido membros dos Cavaleiros Templários, instruiu seu chanceler a descobrir mais sobre os seus passados. O Chanceler Norgaret relatou que Squin Flexian era natural de Beziers e que havia sido um Templário e Prior de Mantfauçon, antes de ser expulso da Ordem. Noffo Dei, um florentino, era um companheiro desagradável descrito por um escritor contemporâneo a ele como 'um homem repleto de iniqüidade'. Se o Rei sugeriu um acordo, ou se os dois prisioneiros sugeriram isto, nós nunca saberemos, mas repentinamente Filipe tinha dois exTemplários que estavam desejosos em acusar a Ordem de heresia e indulgência em troca de suas liberdades. A dupla foi imediatamente removida de Paris e trazida diante do Rei, a quem eles relataram uma série de crimes perpetrados pela Ordem dos Cavaleiros Templários: 1. Cada Templário, quando de sua admissão, jurava nunca abandonar a Ordem; e promover os seus interesses, estando estes certos ou errados. 2. Os líderes da Ordem eram aliados dos Sarracenos: e tinham mais da infidelidade muçulmana do que da fé cristã; como prova disto, eles faziam com que cada noviço cuspisse e pisassem na cruz de Cristo, e blasfemasse sua fé de diversas maneiras. 3. Os líderes da Ordem eram homens hereges, cruéis e sacrílegos. Se algum noviço, ao descobrir a iniqüidade da Ordem, tentasse desistir dela, eles o levariam à morte e o enterrariam durante a noite secretamente. Eles ensinavam aos líderes que às mulheres que estavam grávidas deles como atingir o aborto e secretamente assassinavam os bebês recém nascidos. 4. Os Templários estavam infectados com todos os erros dos Fraticelli; eles desprezavam o Papa e a autoridade da Igreja; eles atentaram contra os sacramentos, especialmente aos da penitência e confissão. Eles fingiam obedecer aos ritos da Igreja apenas para escapar da prisão. 5. Seus superiores eram dedicados aos mais infames excessos de indulgência; a estes, se alguém expressasse repugnância, era punido com a prisão perpétua. 6. As sedes dos templos eram os receptáculos de toda sorte de crimes e abominações que poderiam ser cometidos. 7. A Ordem trabalhou para por a Terra Santa nas mãos dos Sarracenos e os favoreciam mais do que aos cristãos. 8. A instalação do Grão-Mestre era realizada secretamente e poucos dos irmãos mais jovens estavam presentes. Lá, havia uma forte suspeita de que ele negava a fé cristã ou prometia tal, ou ainda fazia algo contrário à justiça. 9. Muitas estátuas da Ordem são ilegais, profanas e contrárias à religião cristã; os membros, entretanto, eram proibidos, sob pena de confinamento perpétuo, revelá-los a alguém. 10. Nenhum vício ou crime cometido por honra ou em benefício da Ordem pode ser encarado como sendo um pecado. O circo estava armado. Filipe, o Belo, tinha a bênção do Papa para confiscar o tesouro dos Cavaleiros Templários, que era o prêmio mais rico da Cristandade. Ao investigar a prisão dos Templários, nós teríamos a oportunidade e estávamos prontos para resolver um dos maiores mistérios do passado; a origem do Sudário de Turim. Conclusão A visão romântica de heróicas proezas e de cavaleiros com qualidades praticamente mágicas começou a entrar em declínio ao longo do século XIII e, nos primórdios do século XIV; a Cristandade estava próxima do caos. Apesar de terem consumido enormes gastos em vidas e dinheiro, os exércitos da Europa foram rechaçados pelos muçulmanos e o papado tornou-se cativo de um falido rei francês. Em França, os tempos eram difíceis, o dinheiro estava curto, doenças se alastravam e a Igreja estava falhando em liderar ou inspirar as massas. Com a Terra Santa perdida para sempre, os Cavaleiros Templários tornaram-se uma Ordem sem propósito. Eles ainda possuíam rituais secretos e grande fortuna, mas o último de seus Grão-Mestres estava agora lutando uma batalha para a sobrevivência contra um Papa fraco e um rei ganancioso. 7 O Enigma Feito em Linho A Fé é Cega Apesar de vivermos em uma era construída sobre o racionalismo, todo homem e mulher que tenha descoberto uma rota para Deus através do sofrimento de Jesus Cristo compreende completamente que sua inquestionável fé na realidade de sua ressurreição física é a essência de seu relacionamento com o seu criador. Ter uma prova absoluta de que o Filho de Deus havia morrido por eles, os faria crer mais facilmente, pelo resto de suas vidas: bem demarcado e sem dúvidas de qualquer tipo. Toda espiritualidade requer um forte elemento de mistério e ambigüidade, pois se não for assim, a lógica esterilizaria a alma humana e as certezas tornariam a esperança impossível. Ainda, em nossas vidas diárias, a maioria de nós tem aprendido a confiar nas evidências de nossos olhos e as crenças religiosas fazem com que vivamos com a difícil contradição entre as regras do mundo palpável e aquelas do mundo invisível. Colocando-se simplesmente: os milagres negam a ciência e a ciência nega os milagres. Muito ocasionalmente, entretanto, algo ocorre que parece ser capaz de romper este impasse, quando a 'ciência' - a velha arquiinimiga da religião parece poder apoiar a racionalidade da fé cristã. Um dos maiores exemplos desta rara ocorrência foi a comprovada por um pequeno pedaço de linho desbotado, atualmente localizado em uma capela lateral da catedral do século XV de São João Batista na cidade italiana de Turim. O que torna este particular pedaço de tecido tão especial é a esmaecida imagem que está inexplicavelmente presente sobre a superfície das fibras. Ele mostra uma visão completa do corpo frontal e dorsal de um homem que aparenta ter sido brutalmente espancado e crucificado. Os ferimentos correspondem exatamente com aqueles das versões bíblicas da crucificação de Jesus Cristo, exatamente as marcas do flagelo, os ferimentos nas unhas, cabeça e um ferimento de lança em sua lateral. Este é o famoso Sudário de Turim. Um artefato que muitos acreditam ser a prova conclusiva da verdade histórica da ressurreição de Jesus Cristo. Nossas pesquisas anteriores levaram-nos a especular que este famoso Sudário teria sido originado a partir da extinção dos Cavaleiros Templários, mas nós estávamos prontos para descobrir fortes evidências que explicariam completamente tal imagem. Tendo determinado que o Rei francês Filipe IV tinha planos bem elaborados para roubar a fortuna dos Templários, nós também descobrimos que ele havia obtido a confissão de dois ex-Templários que lhe forneceram a desculpa perfeita para atacá-los. Antes de prosseguirmos com a investigação sobre os detalhes da prisão dos Cavaleiros Templários, nós precisávamos considerar uma questão que não havíamos originalmente pretendido responder: a imagem do Sudário de Turim é a de Jacques de Molay, o último Grão-Mestre dos Cavaleiros Templários? A História do Sudário Apesar dos protestos de vários pesquisadores cristãos, não há nenhuma evidência absoluta de que o Sudário existisse antes de ter sido colocado em exibição pública em uma pequena igreja na cidade francesa de Lirey em 1357. O tecido, com a aparente imagem do Cristo crucificado, foi emprestado para a igreja local por Jeanne de Vergy, a viúva de Geoffroy de Charney, um nobre menor que havia morrido no mês anterior de Setembro. O povo de Lirey não demorou a perceber a importância desta grande relíquia e a ocasião foi honrada com a impressão de uma medalha especial, portando os brasões de Geoffroy e Jeanne. Nenhuma explicação foi dada na ocasião, ou realizada desde então, de como a família Charney veio a possuir tal artefato aparentemente milagroso. O Sudário provou ser um sucesso absoluto, atraindo grande número de peregrinos, e a até então obscura igreja rapidamente tornou-se famosa por toda França. Por muitos meses as coisas correram bem, mas repentinamente a exibição pública chegou abruptamente ao fim quando Henrique de Poitiers, que era o Bispo de Troyes, proibiu-a e ordenou que o Sudário fosse destruído. De algum modo, Jeanne conseguiu evitar que esta ordem fosse cumprida e o Sudário foi escondido por praticamente trinta anos, até que outro membro da família Charney, novamente chamado Geoffroy, reiniciou as exibições em 1389. Este Geoffroy de Charney morreu em 1398 e o Sudário passou para a guarda de sua filha, Margaret, e seu marido Humberto, Conde de La Roche, que manteve a relíquia a salvo no castelo de Montfort. Cinqüenta e cinco anos depois, a idosa Margaret vendeu o Sudário ao Duque Luís de Sabóia (o filho do Papa Félix V) em troca de dois castelos. A família Sabóia mais tarde participou de todos os reinos da Itália e controlou o Sudário desde 1453. Ele ainda é propriedade da família Sabóia e eles o têm mantido presente na Capela do Santo Sudário, na Catedral de São João Batista em Turim por aproximadamente trezentos anos. Em 1898, a recém criada nação italiana decidiu celebrar o décimo quinto aniversário do Estatuto, a constituição da Sardenha da qual as leis da terra foram baseadas. Nós achamos interessante notar que a família Sabóia havia se tornado monarca da Sardenha em 1720 e foi peça fundamental no estabelecimento da constituição italiana. Em um típico costume italiano, toda cidade ao longo do país estava competindo para ultrapassar todas as outras através da realização dos mais coloridos e impressionantes eventos para marcar a ocasião. Sendo a maior cidade da região do antigo Piemonte, Turim estava planejando inúmeros eventos, incluindo a exposição da mais sagrada das relíquias: a mortalha ou o sudário de Jesus Cristo. O Barão Antonio Manno foi indicado presidente do Comitê para a Arte Sacra que era o coordenador das exibições e dos espetáculos, incluindo a mais importante maravilha sagrada, o tecido de linho que os fiéis acreditavam ter envolvido o corpo de Cristo em sua tumba. Ocorreu a alguns que esta poderia ser uma grande oportunidade para fotografar o Sudário e, apesar de muitas controvérsias, um fotógrafo amador chamado Secondo Pia foi autorizado a realizar algumas fotografias a 28 de Maio de 1898. Pia ficou deslumbrado quando ele viu as chapas reveladas, pois estas mostravam uma imagem um pouco mais clara e mais viva do que a que já tinha sido vista anteriormente. Sobre a experiência, mais tarde ele escreveu: Fechado em minha sala escura, concentrado em meu trabalho, eu experimentei uma forte emoção quando, durante a revelação, eu pude ver pela primeira vez a Face Sagrada aparecendo sobre a chapa, com tal clareza que cheguei a perder a fala. Ela era a maior das glórias e eu fiquei pasmo com o que eu tinha acabado de ver. As duas chapas fotográficas produzidas por Pia eram negativos que inverteram os tons, produzindo uma imagem 'natural' com áreas mais altas do corpo estando mais claras e as mais baixas, como as da região dos olhos, estando mais escuras. Este novo meio de ver a imagem do Sudário apoderou-se da imaginação do mundo todo e o debate sobre sua autenticidade como sendo a imagem de Jesus Cristo tem se prolongado desde então. O Que é o Sudário? As características físicas do Sudário são fáceis de se definir, mas a causa da formação da imagem nunca foi compreendida. O tipo do tecido é um padrão relativamente sofisticado em forma de 'espinha de peixe' ou ziguezague com linhas diagonais na proporção de 3:1 que veio a ser usado na Europa em torno do início do século XIV. Esta última data tem causado alguns problemas aqueles que acreditam que ele seja uma relíquia cristã. Não é absolutamente impossível que tal peça de linho tenha sido tecido no século I, mas é extremamente improvável. Mesmo alguns escritores que afirmam que o Sudário é a imagem de Jesus admitem que este tipo de trama é o ponto fraco de seu caso. Uma outra fonte de informação sobre a origem e a história do Sudário tem sido os traços de pólen de planta capturados pelas fibras do tecido. Ocorreu ao Dr Max Frei-Sulzer, um investigador forense suíço, que poderia ser possível determinar em quais áreas do mundo, o Sudário havia visitado através do exame dos depósitos de polens existentes no tecido. A análise do Dr Frei-Sulzer demonstrou que o Sudário de fato possuía grandes quantidades de polens presentes, mas nenhuma delas oriundas das oliveiras o que totalmente exclui sua origem na Terra Santa, pois Israel sempre teve grande número destas plantas. Este resultado foi mais tarde confirmado por diversos cientistas israelenses. Por muitos anos, o mais importante de todos os testes foi negado aqueles envolvidos no debate, pois ele envolvia a destruição de parte do Sudário. A técnica conhecida como datação de rádio-carbono tinha sido rejeitada, pois a quantidade de material requerido era grande demais. Todavia, como a metodologia evoluiu, o dano potencial ao Sudário reduziu-se a um ponto completamente aceitável. Em Outubro de 1986, um artigo publicado na Nature, a mais conceituada revista de ciência do mundo, anunciou que a famosa peça de linho foi finalmente cientificamente datada: A Igreja Católica Romana está pronta para autorizar que uma das mais famosas relíquias seja submetida a óbvios testes: pedaços do sudário de Turim foram encaminhados a sete laboratórios do mundo todo para serem realizadas as datações de rádio-carbono. Em virtude da sensibilidade das técnicas atuais, menos que cinco miligramas do tecido podem produzir a datação com uma precisão de aproximadamente sessenta anos ou mais. Agrupando-se todos os resultados dos laboratórios, as estatísticas deverão ser consideravelmente melhores... O método de datação reside no fato de que todo material vivo absorve dióxido de carbono, um gás que contém um átomo de carbono para dois átomos de oxigênio. A maioria dos átomos de carbono possui um núcleo com uma massa atômica de doze prótons, sendo esta forma comum conhecida como carbono 12, mas existem outras formas deste elemento. Em níveis mais altos da atmosfera da Terra, os elementos são quebrados pelos raios cósmicos, que são formados por nêutrons altamente energizados, assim criando uma forma radioativa do carbono com quatorze prótons em seu núcleo. Este carbono 14 é um isótopo radioativo instável que, através dos tempos, perde os seus prótons extras, tornando-se um carbono normal. A taxa em que isto acontece tem sido estudada desde 1950, quando Willard Libby propôs pela primeira vez o uso deste material como um meio de datar aquelas substâncias que uma vez estiveram vivas. Todas as plantas verdes alimentam-se através da absorção da luz do sol em um processo conhecido como fotossíntese e, como parte deste processo, elas absorvem o dióxido de carbono e o convertem em açúcar e oxigênio. No dióxido de carbono que elas absorvem encontram-se pequenas quantidades deste carbono 14 altamente energizado e, enquanto a planta permanecer viva a quantidade de carbono 14 permanece constante. Quando a planta morre, o carbono 14 acumulado começa a declinar em uma velocidade precisa conhecida. Deste modo, é possível calcular a data em que a planta parou de viver. O mesmo cálculo pode ser aplicado aos animais, pois eles absorvem o carbono 14 através da ingestão de plantas verdes. A atual datação é estabelecida quando os cientistas medem o carbono 14 restante e o comparam contra resultados de gráficos padrões, conhecidos como curvas de calibração. Estes fornecem a data que o objeto parou de estar vivo, mas, devido a possíveis e pequenos erros no processo de medição, os cientistas criaram uma 'janela temporal' dentro da qual a data identificada pode ser incluída. Tendo-se decidido pela aplicação deste método de teste ao Sudário, o Museu Britânico foi consultado no sentido de auxiliar na certificação das amostras e a produzir a análise estatística dos resultados. Três laboratórios localizados em Oxford, Zurique e Arizona foram escolhidos e, logo após uma reunião realizada no Museu Britânico em Janeiro de 1988, foi proposto um método experimental ao Arcebispo de Turim, que o aprovou. Havia uma extensa desconfiança sobre os verdadeiros motivos do Vaticano, principalmente dos membros da indústria da investigação do Sudário, sendo que essa divergência atingiu as páginas da Nature através de uma correspondência do Comitê Norte-Americano para a Investigação Científica das Atividades Para-normais que levantava a seguinte questão: Como os observadores independentes poderão saber se qualquer uma das amostras que os laboratórios de teste receberam faz de fato parte do tecido de linho do Sudário? Nós vamos simplesmente aceitar a palavra do Vaticano sobre isso? A resposta elaborada pelo Dr. Tite do Museu Britânico foi publicada na Nature no mês seguinte, e assegurou a qualquer interessado que o papel do Museu Britânico era assegurar que a cadeia de evidências permanecesse inviolável. Ele deixou perfeitamente claro o seu papel como um observador imparcial do experimento: Eu posso assegurar a Dutton que se os procedimentos propostos puderem apresentar uma possibilidade de manipulação das amostras, o Museu Britânico declinaria em atuar como uma instituição certificadora. Ele foi além ao publicar em Abril do ano seguinte os procedimentos completos que seriam utilizados na realização do experimento, e também anunciou que um ensaio científico completo seria publicado na Nature em seu devido tempo, relatando todo o experimento. Isto satisfez a maioria da comunidade científica, embora uma correspondência que foi publicada na Nature que especulava que se o Sudário houvesse de fato envolvido Cristo, então ele poderia ter sido irradiado por nêutrons durante o santo processo de ressurreição, com a sugestão implícita que tal fato poderia invalidar a taxa de carbono 14. Como o autor sabia que o presumido processo espiritual da ressurreição envolvia uma forte emissão de um fluxo de nêutrons não foi explicado em sua correspondência. As amostras foram removidas do Sudário a 21 de Abril de 1988 diante da presença de um grande número de respeitáveis testemunhas. A partir daí eles foram encaminhadas em conjunto com três amostras de controle para três diferentes laboratórios localizados no Arizona, Oxford e Zurique. As amostras de controle não foram identificadas para os laboratórios que as testariam, de modo que o apuro dos resultados pudesse ser comparado contra amostras de linho de idades conhecidas. Duas das amostras de exemplo eram peças de tecido e a terceira consistia de tecidos diversos. As amostras utilizadas eram: Amostra Um: um fragmento retirado do Sudário de Turim. Amostra Dois: um fragmento de linho retirado de uma tumba cristã em Qasr Obrim, no Egito, datado do século XI ou XII. Amostra Três: um fragmento de linho retirado de uma tumba em Tebas que fora datado de aproximadamente do ano 75 d.C. Amostra Quatro: fios retirados do manto de asperges de São Luís d'Anjou oriundos da Basílica de São Máximo, datado dos meados do século XIII. Os três laboratórios concordaram em não comparar os resultados até que eles tivessem confirmado suas descobertas pelo Museu Britânico. O Sudário havia sido exposto a uma ampla gama de diferentes contaminações ao longo de sua existência e assim os laboratórios utilizaram diferentes processos de limpeza química e mecânica para eliminar o máximo possível de influência de contaminação. Quando todas as medidas foram completadas, os resultados de cinco experimentos individuais distribuídos em três locais de teste foram fornecidos ao Museu Britânico que então empreendeu a análise estatística da evidência. Os detalhes de cálculos e da curva de datação utilizada foram publicados em artigo na Nature, para que qualquer dúvida pudesse ser checada através da metodologia e do apuro dos cálculos. Os resultados foram bem conclusivos e demonstravam que, com 95 por cento de certeza, as plantas de linho que foram utilizadas para produzir o tecido do Sudário tinha cessado de ser entidades vivas entre 1260 e 1390 d.C. Esta datação está, certamente, localizada dentro do período de perseguição aos Cavaleiros Templários e a prisão de Jacques de Molay. Os resultados para as amostras retiradas do manto de São Luís, quando submetidas às mesmas análises, forneceram um resultado com noventa e cinco por cento de acerto de 1263-1283 d.C., que era altamente preciso com a data de morte do santo em 1270 com a idade de cinqüenta e seis. As outras amostras foram igualmente precisas quando os resultados de rádio-carbono foram comparados com as datas determinadas por outros métodos. Os resultados não deram nenhum espaço para dúvidas sobre a idade do linho do Sudário. As conclusões da equipe de medição foram: Estes resultados, portanto representam a evidência conclusiva de que o linho do Sudário de Turim é medieval. Esta sólida evidência científica das origens medievais do Sudário causou grande problema para a maioria dos sindonologistas (como se autodenominam os estudiosos das origens do Sudário). A maioria das obras sobre as origens tentou provar sua autenticidade como o sudário de Jesus, e muitas ingênuas justificativas costumavam extrapolar a conhecida história pregressa para demonstrar outros artefatos que poderiam ter sido o Sudário. Todos estes trabalhos foram desacreditados pelos resultados do rádio-carbono e nenhuma teoria do Sudário parece encaixar-se com os fatos conhecidos. A datação do rádio-carbono deveria ter colocado um fim ao debate, mas aqueles que desesperadamente desejavam que a imagem no Sudário fosse a de seu Salvador não estavam preparados para permitir que a mera ciência determinasse o seu caminho. Várias pessoas têm atacado a datação, entre as quais Holger Kersten e Elmar Gruber que escreveram um livro que sugere que os três laboratórios de rádio-carbono, o Museu Britânico e a Igreja Católica Romana haviam conspirado deliberadamente para iludir o público ao substituir as amostras retiradas do Sudário pelas as do manto de São Luís. Eles mencionam vulgares panfletos de fontes radicais católicas, realizando acusações de fraude injustificadas e insustentáveis contra o Dr Michael Tite do Museu Britânico. Seus argumentos parecem ser de que a Igreja desejava preservar o segredo da origem do Sudário, pois ele somente poderia ter sido criado por um corpo ainda vivo. Eles acreditavam que isto seria a evidência de que Jesus estava vivo após a crucificação, um fato que a Igreja Romana não desejava que fosse conhecido. Entretanto, esta linha de argumentação causou-lhes grandes dificuldades quando eles tentaram explicar o porquê de três laboratórios acadêmicos, com reputação mundial, arriscariam essa mesma reputação comportando-se de tal maneira não-profissional. Algumas Teorias de Origem Escritores têm surgido com teorias que embora sejam cientificamente possíveis não parecem críveis o suficiente para terem acontecido. Dr Nicholas Allen da Universidade de Durban-Westville na África do Sul publicou uma análise teórica detalhada de como a imagem do Sudário poderia ter sido produzida através de uma forma primitiva de fotografia usando nitrato de prata ou sulfato prata. Sua detalhada análise química é certamente precisa e seus experimentos práticos com uma câmera obscura que produziu excelentes resultados. Entretanto, o processo era complicado e muito demorado, requerendo muitas horas de exposição usando luz solar e, embora a explicação científica fosse impecável, Dr Allen não realizou nenhuma tentativa de tentar expor um motivo ou oportunidade para explicar como a imagem tenha sido produzida. Ele também falhou ao associar seus processos químicos com as conhecidas condições da superfície do Sudário. Ele concluiu seu trabalho afirmando: Parece, entretanto, [...] que a hipotética técnica fotográfica [...] é a única explicação plausível para a formação da imagem do Sudário [...] e indica que a população do final do século XIII e dos primórdios do século XIV estava de fato particularmente interessada em tecnologia fotográfica que se acreditava desconhecida até então. Que grande quantidade de falta de lógica! Fazendo uso da plausibilidade científica do argumento sobre fotografia do Dr. Allen, um casal britânico, Lynn Picket e Clive Prince, publicaram um livro que 'provava' através de experimentos que teria sido possível para Leonardo da Vinci ter produzido o Sudário através de uma técnica científica, utilizando-se somente os materiais disponíveis no século XV. Esta teoria de origem apresenta dificuldades extras uma vez que a primeira aparição pública do Sudário ocorreu praticamente cem anos antes de Leonardo ter nascido. O fato de uma técnica hoje em dia poder ser realizada, utilizando-se antigos materiais, não implica que um personagem histórico estivesse inclinado ou ser capaz de realizá-la. Nenhum motivo plausível foi apresentado para explicar o porquê de Leonardo da Vinci ter desejado criar tal imagem e então encarar o problema de substituir o verdadeiro Sudário por sua cópia. A própria substituição seria um suficiente e complicado exercício, pois o Sudário foi vendido à família Sabóia quando Leonardo possuía um ano de idade e esta história é completamente documentada. À parte da improbabilidade de Leonardo ter trocado o verdadeiro Sudário por um auto-retrato instantâneo, é muito simples demonstrar que o sudário não é uma fotografia. Picket e Prince dirigiram suas atenções para a imagem da cabeça do Sudário, uma vez que ela possuía cabelos e barba longos... Exatamente como Leonardo possuía. Se eles tivessem se demorado um pouco mais no estudo da posição do corpo, eles teriam descoberto que não houve uma redução da perspectiva, exatamente como ocorre com uma fotografia como nós veremos brevemente. A outra teoria principal sobre a origem do Sudário é a dele ser uma pintura criada por artista medieval altamente habilidoso. Isto é algo que não pode ser encarada como uma teoria inicial por três fundamentais razões: 1. Nenhum artista medieval pintava em tal estilo realista, devido às influências das convenções da arte. Existem distorções na imagem do Sudário, mas elas não são devidas à interpretação artística. 2. Os pintores medievais não teriam pintado uma imagem em negativo, o que não era cogitado antes da invenção da fotografia. 3. Todas as pinturas medievais conhecidas mostram Jesus Cristo sendo crucificado com cravos atravessando as palmas das mãos, não através dos pulsos como no Sudário. A artista e cientista Isabel Piczek produziu uma análise detalhada da imagem na qual ela declara que: O Sudário possivelmente não pode ser uma pintura, uma vez que enquanto o Sudário mostra uma continua e ininterrupta imagem visível, ele não mostra um continuo e visível filme médio danificado. Piczek argumenta que as partículas de pigmentos encontrados no tecido são o resultado da realização de diversas cópias pintadas ao longo dos anos, indicando que cinqüenta e duas pinturas conhecidas foram realizadas. Ela demonstrou a racionalidade desta sugestão através de experimentações e continuou a analisar a perspectiva da imagem do Sudário, concluindo que: ... A exata posição do corpo nele [no Sudário] somente pode ser vista em um modelo vivo a partir de uma distância acima de aproximadamente quatro metros e meio. Ela observa que a imagem é a de um corpo que curvado no centro, descrevendo em detalhes como ela deduziu isto através de estudos ao vivo. Ela não expressa nenhum ponto de vista de como o Sudário veio a ser criado, mas declara muito claramente que não é possível que ele tenha sido uma pintura. Seu artigo é bem construído e ilustrado com fotografias detalhadas e desenhos que apóiam à sua causa, mas enquanto ela diz claramente que ele não é, ela não lança nenhuma luz sobre como ele veio a ser criado e o porquê disto. A realidade é a de que não há nenhuma teoria publicada que inclua a criação física e química da imagem no Sudário que combine com as evidências conhecidas. A datação de rádio-carbono tem provado que o Sudário não é muito mais velho do que seus registros históricos, iniciados em 1357. Qualquer teoria que envolva sua criação deve levar em conta se está sendo crível. Uma Imagem Fora do Comum A imagem do homem do Sudário apresenta numerosas características curiosas que alguma teoria sobre sua criação deveria explicar. A figura está nua, possui barba e longos cabelos à altura dos ombros e parece ter estado ou morto ou em um estado de profunda inconsciência sem movimentos durante a formação da imagem. Os ferimentos que a vítima recebeu são absolutamente consistentes com o tipo de injurias físicas que teria sido infringido por um torturador altamente profissional. Durante séculos, a imagem tem sido amplamente aceita como sendo a de Jesus Cristo e as características da face têm sido copiadas por artistas por toda parte quando representam o messias cristão em suas obras. Nós decidimos que o único meio de realmente compreender o Sudário era tentar reproduzi-lo. Inicialmente nós colocamos um lençol de linho branco no chão. Então nós cobrimos completamente um modelo nu com tinta preta à base de água e o deitamos sobre o lençol, de modo que pudéssemos cobri-lo completamente com a parte superior do lençol, desde a cabeça até os pés. Isto nos forneceu uma imagem tosca que imediatamente revelou interessantes inconsistências com o Sudário original: 1. Não havia nenhuma imagem virtual das pernas entre as nádegas e as panturrilhas em nosso modelo reconstituído. 2. A parte estreita das costas não produziu nenhuma imagem. 3. A mão direita do modelo parecia estar localizada a quinze centímetros mais alta que o corpo do que o representado pela imagem no sudário. 4. Não havia nenhuma imagem das solas dos pés, salvo as pontas dos calcanhares. 5. Diferentemente ao Sudário, ambos os ombros pareciam estar na mesma altura. O resultado foi particularmente interessante considerando-se à imagem dorsal, que demonstrou que o corpo somente toca o tecido em cinco pontos principais: cabeça, ombros, nádegas, panturrilhas e calcanhares. Entre estes pontos nenhuma imagem é produzida, apesar do fato do modelo estar lavado com tinta. O fluído escorreu pelo corpo nos pontos de contato onde ele estava apoiado. Embora um método de formação de imagem através de condução de calor de transferência pudesse explicar a imagem frontal, nenhum processo de convecção poderia funcionar na formação da imagem dorsal que tinha que ser formada por contato. Apesar de todos os esforços feitos pelo modelo para deitar completa e horizontalmente imóvel, uma imagem completa das costas não foi produzida. Este resultado causou-nos inicialmente alguns problemas para compreender e explicar o que tinha acontecido, mas na medida em que nos detínhamos em estudá-lo, era-nos apresentado somente uma conclusão possível. O homem que havia sido embrulhado no Sudário não estava deitado sobre uma superfície completamente dura e horizontal... Ele tinha sido colocado sobre um colchão macio que apoiava todo o seu corpo. Corpos mortos não são colocados sobre camas com superfícies macias, deste modo parece extremamente provável que a imagem não é a de um cadáver, mas de uma pessoa viva que havia sido horrivelmente torturada. Por ter sido a vítima embrulhada em um sudário, a maioria dos investigadores foi levada a acreditar que a pessoa estava morta e, deste modo, tinha sido colocado sobre uma lápide. Muitos afirmam terem conduzido experimentos, mesmo pessoas como Kersten e Gruber apresentaram diagramas do Sudário sendo colocado em torno de uma figura sobre uma completa superfície horizontal, salvo por um pequeno apoio sobre a cabeça. Mesmo assim, é praticamente impossível reproduzir qualquer coisa como as relações de ferimentos vistos na imagem do Sudário quando o modelo está colocado nesta posição. Assim que nós nos deparamos com um resultado tosco e estudamos a imagem do Sudário sob um outro ponto de vista, nós descobrimos um importante fato que havia passado despercebido totalmente. Enquanto a imagem frontal da figura representada no Sudário é delicada e precisa com um efeito praticamente vivo, a visão posterior é relativamente rude e não possui tons em dégradé. Parece até que dois processos diferentes criaram as duas metades do Sudário! Nós rapidamente percebemos que a teoria da 'cama macia' também explicaria o aparentemente impossível cumprimento dos braços que descansam muito mais abaixo do que em uma figura deitada de costas. Os investigadores da NASA notaram que o ângulo de projeção desta distorção do antebraço esquerdo parece ser de aproximadamente dezesseis graus. Um simples cálculo trigonométrico revela que para produzir este ângulo com um braço com cinqüenta centímetros de cumprimento, seria necessário que a diferença na altura entre a parte mais baixa da pélvis direita e o ombro esquerdo fosse de aproximadamente quatorze centímetros. Isto é exatamente o que aconteceria se a vítima tivesse sido colocada em uma cama com travesseiros atrás da cabeça e dos ombros, elevando a parte superior do torso com relação aos quadris e empurrando as mãos para baixo em direção ao corpo. De modo a testar este hipótese da 'cama macia', nós construímos um segundo experimento com o modelo sobre um colchão com a cabeça elevada quinze centímetros mais alta que a pélvis e suporte embaixo dos pés. Os resultados foram extraordinários. Ambos nossos experimentos produziram imagens que eram toscas e nem evidentes, mas havia evidências suficientes para desenvolvermos diversas e importantes conclusões: 1. Uma imagem completa do dorso somente é possível sobre uma superfície macia. 2. Elevando-se a altura dos ombros em aproximadamente quinze centímetros em relação aos quadris faz com que as mãos caiam na posição demonstrada pelo Sudário (desde que a parte superior do braço também esteja apoiada por travesseiros). 3. A sola dos pés só produz uma impressão se os pés estiverem contra travesseiros. 4. O ângulo da cabeça em relação ao torso é insignificante; uma vez que o Sudário percorre o contorno do corpo, a face sempre apareceria ser igual para o observador. Quanto mais a cabeça estiver voltada para trás, mais ela simplesmente causa o efeito de produzir ao pescoço na imagem aparecer progressivamente mais longo. 5. Enquanto se esperaria que o cabelo estivesse caído por trás da face em uma superfície horizontal, parece razoável esperar que ele seria capaz de produzir uma moldura em torno da face se a cabeça estivesse descansada sobre travesseiros macios. Nossa tentativa de reproduzir a imagem do rosto através de impressão por contato mostra uma considerável distorção Estes experimentos demonstraram que se colocando o corpo sobre uma superfície macia ou sobre uma série de travesseiros, todas as características incomuns da imagem original do Sudário podem ser completamente explicadas. A única conclusão lógica parece ser a de que o homem cuja imagem está retratada no Sudário não estava morto e não estava em vias de morrer. Ele tinha sido colocado em uma cama macia com sua cabeça e ombros elevados em uma posição de modo a facilitar sua respiração tão logo ele foi retirado da cruz. Parece que alguém pretendia restabelecer sua consciência. Isto levanta a questão do porquê alguém açoitaria e crucificaria um homem, para então o colocar sobre uma cama com um sudário envolvendo-o verticalmente seu corpo. Uma resposta óbvia seria a de que a vítima havia sido terrivelmente torturada nesta paródia da crucificação de Jesus de modo a extrair uma confissão de algum crime contra os dogmas da Igreja, mas sobrevivido de modo a participar de um julgamento por heresia. Nenhum francês do inicio do século XIV se adequaria a esta descrição melhor do que Jacques de Molay. Reproduzindo a Face A face no Sudário é muito detalhada e nós tentamos verificar se uma imagem do rosto com uma certa qualidade razoável poderia ser produzida a partir do contato com o tecido. A face do modelo foi pintada com tinta cinza à base de água com camadas extras de cinza escuro pintadas sobre os pontos mais altos da face onde o suor poderia acumular. Permitimos que a tinta secasse e um pedaço de linho foi ensopado, torcido e então colocado sobre a face e levemente pressionado. A tinta transferiu-se para o tecido úmido formando uma imagem. A imagem parecia de fato muito tosca, mas quando nós a digitalizamos para o computador e a transformamos em uma imagem negativa, ela apresentou um notável efeito fotográfico. Entretanto, ela não possuía a qualidade da imagem do Sudário. A espessura do tecido havia produzido uma certa quantidade de dobras e, deste modo, áreas sem imagem, e nós notamos também que a face estava distorcida em sua largura. Este diagrama mostra o porquê de termos obtido uma distorção de largura em nosso experimento com a face. Quando uma imagem é produzida por impressão de contato o tecido circunda as laterais da face e quando removida e vista sobre uma superfície plana, há um considerável aumento na largura aparente. O Sudário não mostra tal distorção e assim nós poderíamos estar certos de que a imagem não foi criada nem por contato nem por processo de radiação, pois ambos produziriam este efeito extra com relação à largura. A única explicação para isto parece ser a de que a imagem havia sido formada por um processo semelhante ao de condução de calor vertical. Em tal processo, uma transferência seria o único meio de produzir a imagem do Sudário, mas nós estávamos completamente perdidos com relação ao processo físico que poderia ter ocorrido. Simplesmente, não havia nenhuma ciência que nós conhecíamos que poderia criar a imagem deste modo. Apesar de termos admitidos nossa derrota com relação ao processo químico, nós de fato apresentamos uma melhor conclusão para o nosso simples experimento, e esta conclusão demonstra que a imagem do Sudário não poderia ser o resultado de um processo fotográfico. Uma imagem formada por um processo fotográfico produziria um resultado com uma perspectiva reduzida, com a figura parecendo estar inclinada e tendo as pernas e o torso reduzido. A figura no Sudário é, entretanto, levemente distorcida na direção oposta, aparentando, de modo estranho, longos braços. Isto ocorre devido ao fato de que, embora a figura esteja levemente inclinada permitindo que as mãos movam-se em direção aos quadris, ela aparente estar deitada sobre uma superfície plana, uma vez que toda a sua altura está registrada. Isto poderia somente ser o resultado de uma transferência por um processo semelhante ao de convecção vertical, onde o Sudário seguiria os contornos do modelo, e quando o Sudário é visto sobre uma superfície plana, ele apresenta o comprimento total do modelo, mas registrando as marcas produzidas pelos ossos das costelas de uma pessoa inclinada. Isto é um processo de registro de imagem que nunca havia sido visto anteriormente entre os fotógrafos ou artistas e que produz proporções que são únicas. Uma vez que compreendemos este princípio simples, não podíamos imaginar como que algo tão óbvio poderia ter passado desapercebido por nós e por todos os demais investigadores do Sudário anteriores a nós. A Evidência em Sangue As cicatrizes que aparecem na imagem do Sudário são consistentes com a vítima tendo sido torturada, mas nenhum pesquisador anterior do Sudário, que nós tínhamos conhecimento, investigou estas marcas com algum grau de seriedade. Uma cuidadosa inspeção das marcas permitiu-nos determinar que existiam discretos agrupamentos de cicatrizes, cada uma dos quais indicando uma diferente posição do atacante com relação à vítima. Ao invés de compreender como estes grupos de aparentes lacerações na pele ocorreram, nós tentamos reproduzi-los usando um chicote que foi projetado para não causar dor em nosso receoso modelo. Nós atamos pequenas esferas de chumbo às extremidades das correias e repetidamente as mergulhamos em tinta preta para verificar como nós poderíamos simular a distribuição do padrão encontrado no Sudário. Nós logo descobrimos que as marcas nas costas do modelo haviam sido deliberadamente feitas por um homem estando de pé diante da vítima, e não por detrás como geralmente presumido. Não há nenhuma dúvida de que o Sudário é a imagem de um homem que havia sido espancado com um chicote de múltiplas correias, uma vez que teria sido completamente impossível produzir estas marcas através de modos fraudulentos - a melhor evidência de que ele não poderia ser o trabalho de um pintor medieval ou de uma fotografia realizada por Leonardo da Vinci! A vítima estava completamente nua e tinha seus braços atados em uma posição estendida a aproximadamente noventa graus com relação ao torso. Tendo compreendido como a flagelação havia ocorrido, nós voltamos nossa atenção ao derramamento de sangue dos braços, na esperança de que eles poderiam nos contar mais do que a natureza da crucificação desta pessoa. Nós não nos desapontamos. Em 1932, um cirurgião parisiense chamado Pierre Barbet utilizou-se de membros amputados de cadáveres para calcular o que havia acontecido quando a vítima vista no Sudário estava crucificada, e ele descobriu claramente evidências de que houve dois distintos derramamentos de sangue a partir dos pulsos, com dez graus de diferença. Nós pudemos verificar que a direção geral do fluxo de sangue localizase ao longo do braço a partir do pulso em direção ao cotovelo. Nós realizamos um experimento simples para verificar em qual posição os braços poderia ter estado, ficamos muito surpresos com o que descobrimos. Usando papel transparente, nós cuidadosamente copiamos os braços da vítima, traçando as marcas do fluxo sanguíneo, e então viramos o papel para que as áreas ensangüentadas ficassem como elas teriam estado. Nós então penduramos o papel de modo que o derramamento de sangue ficasse para baixo. Este processo forneceu-nos dois resultados, nenhum dos quais compatível com a técnica romana de crucificação no qual os braços ficavam estendidos lateralmente para produzir grandes dificuldades de respiração à vítima. Em ambos os casos, a distância máxima entre os dois cravos é aproximadamente de noventa e dois centímetros, mas somente um deles poderia ter estado em uma posição compatível com uma crucificação. Nós concluímos que a vítima representada no Sudário foi pregada com o seu braço direito acima de sua cabeça e seu braço esquerdo para o lado de fora lateralmente. Isto sugere que os perpetradores desta agressão física ou não conheciam corretamente a técnica ou simplesmente não se importavam com ela. Esta posição também explicaria o porquê de tantos observadores terem concluído que o braço direito da vítima aparenta estar deslocado de seu ombro. Com um braço pregado verticalmente, a junta do ombro teria sofrido grande estresse e o deslocamento teria ocorrido facilmente. Todas as nossas pesquisas sobre o que pode ser conhecido a partir dos estudos do Sudário e sua história registrada indicou-nos que nossa hipótese sobre Molay poderia estar correta, uma vez que as evidências conhecidas e nossa nova informação eram muito bem compatíveis. Nós possuíamos muitas respostas, mas um grande problema ainda permanecia insolúvel: o processo químico ainda nos tirava o sono. Inicialmente nós acreditávamos que o sangue rico em ácido láctico havia reagido com os agentes branqueadores com carbonato de cálcio para queimar a imagem sobre a superfície das fibras do Sudário, mas nossos experimentos mostraram que o Sudário não foi impresso por contato. Estes experimentos estavam desordenados, mas tinham nos tranqüilizado um pouco, e nossas reconstruções eram nada mais que imitações limitadas do processo original. Nós tínhamos tido pouca dificuldade em reproduzir algo similar à imagem das costas, mas a imagem frontal do Sudário possuía sutilezas que eram difíceis de reproduzir. Durante muitos meses, havíamos nos resignados e estávamos prontos em admitir a derrota, mas então a resposta chegou através de outras vias mais etéreas. Chris estava retornando de carro para casa uma noite e ouvindo o rádio. Uma entrevista estava sendo transmitida e as palavras que ele ouviu o fizeram ficar com os cabelos em pé: É possível que os Sarracenos tenham crucificado um prisioneiro cruzado exatamente de acordo com as versões do evangelho como um meio de zombar de forma cruel de sua fé. A voz no rádio estava dizendo exatamente o que havia suspeitado por um tempo, mas o narrador havia chegado a conclusões similares através de evidências um pouco diferentes. A pessoa que estava sendo entrevistada era o Dr. Alan Mills, um estudioso do solo marciano que trabalhava no Departamento de Física e Astronomia na Universidade de Leicester, e que possuía grande interesse no processo que havia criado a imagem no Sudário de Turim. Em 1995, ele publicou os resultados de seu trabalho que apresentavam uma nova explicação da química do processo de criação da imagem. Na transmissão da BBC, ele explicou rapidamente como ele havia realizado uma pesquisa muito cuidadosa sobre a literatura a respeito do Sudário e então concluiu com uma explicação sobre as características encontradas nele. Nós entramos em contato com Dr Mills, que explicou seu trabalho mais detalhadamente. Ele nos encaminhou uma cópia de sua pesquisa mais recente e gentilmente nos forneceu a permissão para citá-lo. As características da imagem que ele julgou necessário serem explicadas eram: 1. A falta de grandes distorções que se esperaria de um processo de formação de imagem por contato. 2. A densidade da imagem ocorre em uma razão inversa entre a distância do tecido e a pele, com a saturação do processo a uma distância de quatro centímetros. 3. Não há marcas de pincel detectáveis na imagem. 4. O processo afeta somente a superfície das fibras e não penetra até o lado inverso do tecido. 5. As variações na densidade da imagem são produzidas pelas alterações na densidade das fibras amareladas por unidade de área, não por alterações no grau de amarelamento. 6. O sangue coagulado protegeu o linho das reações de amarelamento. Em nossos próprios experimentos, nós havíamos provado que a formação da imagem frontal não poderia ser realizada pelo processo de contato e nós acreditamos que o amarelamento das fibras foi causado por uma reação de ácido láctico de algo tipo. Dr Mills havia notado dois outros processo que produzem tipos de imagens similares. Antigos espécimes botânicos que haviam sido mantidos secos produzem marcas de um amarelo amarronzado sobre a celulose que revela notáveis detalhes em uma imagem negativa de um azul filtrado. Ele descobriu excelentes exemplos deste efeito sobre papel emoldurado nas amostras armazenadas no herbário da Universidade de Leicester desde 1888. Estas marcas, conhecidas como padrões de Volckringer, foram produzidas através de uma reação de ácido láctico. Dr. Mills comentou sobre o processo: As 'imagens de plantas' oferecem uma fonte acessível de imagens produzindo fibras para investigações preliminares. Não há nenhuma conexão religiosa e ninguém tem se obrigado a explicá-las como artefatos produzidos pelos homens. Outro fenômeno relacionado que ele tinha notado era um que havia causado problemas aos primeiros fabricantes de chapas fotográficas, quando eles descobriram que imagens poderiam ser produzidas em total escuridão através da proximidade de vários materiais tais como papel de imprensa, madeiras resinosas, alumínio e óleos vegetais. Conhecido como 'Efeito Russel', era geralmente aceito que o processo estava ligado com a liberação de peróxido de hidrogênio. Por volta da década de 1890, os fabricantes de filmes descobriram como produzir emulsões que não sofriam deste efeito e o interesse neste estranho processo de produção de imagem, que não necessitava de luz desapareceu. Dr. Mills descobriu claras evidências de que um homem nu mantido sob ar confinado produziria correntes de ar através de condução de calor laminar (não-turbulenta) em torno de uma distância de 80 centímetros, e a partir disto ele calculou que uma partícula formadora de imagem levaria aproximadamente um segundo para percorrer os quatro centímetros de distância que haveria entre a superfície do corpo e o tecido. Assim ele descreveu a chave do processo: Somente se o princípio ativo estiver altamente instável o suave transporte vertical produziria uma imagem modulada. Em termos legais esta sentença significaria algo mais ou menos assim: As partículas que causaram o descoloramento das fibras do linho devem ter estado dentro de condições quimicamente instáveis, enquanto que suavemente se elevavam do corpo para o linho criando uma imagem reconhecível produzida em tons graduados. Dr. Mills está aqui descrevendo um processo pouco compreendido que é sabido produzir uma imagem com gradações claras e escuras exatamente como uma fotografia, mas utilizando para isso partículas moleculares de algum elemento ao invés de fótons de luz. Uma possível partícula instável que poderia resultar no amarelamento das fibras de linho é um tipo de radical livre conhecido como oxigênio reativo intermediário. Uma completa descrição deste processo de formação de imagem é apresentada no Anexo III. O processo, conhecido como auto-oxidação, é uma reação muito vagarosa, levando um grande número de anos para atingir a saturação, após o qual a imagem começará muito lentamente a desaparecer. A teoria do Dr. Mills prevê que a imagem do Sudário tornar-se-á lentamente mais esmaecida, o que tem sido relatado ser o caso, e eventualmente desaparecerá. Suas conclusões eram fascinantes: Embora imagens dessa natureza associadas com espécimes botânicos prensados em papel não sejam incomuns, parece que o Sudário de Turim parece ser único, devido à necessidade da combinação de circunstâncias altamente incomuns que não são individualmente exigidas, entre elas: . Um longo manto mortuário de puro linho. . A rapidez em envolver um corpo recentemente falecido (não limpo) de um homem torturado em um lugar confinado e termicamente estável. . Remoção aproximadamente após 30 horas. . Armazenamento em um lugar seco e escuro por décadas ou séculos. Como nós veremos no Capítulo 8, todas estas circunstâncias combinam com nossa hipótese, mas nós acreditamos que a pessoa, Jacques de Molay, estava em coma, não morta. Este fato auxiliaria o processo uma vez que o corpo continuaria quente durante o mesmo, enquanto estivesse envolto no sudário. Sabendo que todas as evidências conhecidas ajustavam-se precisamente com a nossa teoria (ver Anexo 03) nós agora precisávamos continuar com a nossa reconstrução dos eventos de Outubro de 1307, de modo a verificar se o motivo, a oportunidade e as circunstâncias confirmariam a hipótese de Molay. Conclusão A datação de carbono conclusivamente demonstrou que o Sudário de Turim data de entre 1260 e 1380, precisamente como nós esperaríamos se ele fosse a imagem de Jacques de Molay. Não há nenhuma outra teoria que combine os fatos cientificamente estabelecidos. Através de experimentos, nós sabemos que a figura no Sudário estava em cama macia de algum tipo o que fortemente sugere que a vítima não estava morta e que se esperava a sua recuperação. A imagem no Sudário foi explicada em detalhes pelo Dr. Alan Mills que, independentemente, identificou as circunstâncias extremamente usuais que nós já havíamos descrito em detalhes. Ele mesmo sugeriu que a vítima possa ter sido um cruzado. Ma figura acima, nossa primeira tentativa de reconstruir uma imagem em um sudário sobre uma superfície plana e dura, usando um modelo. A imagem frontal nada mostra das sutilezas de uma imagem de Volckringer e também não mostra a distorção de perspectiva tão óbvia no Sudário de Turim. A imagem posterior mostra claramente como o corpo do modelo tocou o Sudário em apenas cinco pontos: a cabeça, ombros, panturrilhas e calcanhares. Somente através da utilização de uma superfície macia é possível criar uma imagem completa através de impressão por contato. 8 O Sangue e as Chamas A Santa Inquisição No outono de 1307, o quase falido Filipe IV de França estava pronto para solicitar o sexto e último favor que ele havia extraído do eventual Papa Clemente V; em compensação à elevação do prelado ao trono de São Pedro. Muito em breve a prosperidade da Ordem dos Cavaleiros Templários resolveria as preocupações financeiras do Rei. Jacque de Molay deve ter acreditado que ele tinha vencido sua batalha contra Filipe e o Papa Clemente protelando a unificação dos Templários com os Hospitalários. Ele assegurou-se que o falido Rei tivesse visto a fortuna que ele tinha trazido com ele e depositado no Templo de Paris, dando a si mesmo o senso de poder que um gerente de banco sente quando confrontado por alguém que ele sabe que está pronto para solicitar um empréstimo. Pelo tamanho da delegação que acompanhou o Grão-Mestre, nós acreditamos que é altamente provável que Molay pretendia permanecer em França para reconstruir a influência templária e controlar o surgimento do indesejável debate. Infelizmente para ele, entretanto, ele falhou totalmente em compreender a total brutalidade de seu desesperado adversário, sendo que ele pagou um terrível preço por seu erro de cálculo. Não há outra imagem de uma figura humana que seja pictórica ou quimicamente semelhante ao Sudário, e nós sabíamos através do trabalho do Dr. Mills que as circunstâncias de sua criação devem ter sido de fato muito incomuns. A avareza de Filipe, o Belo, criou aquelas circunstâncias únicas, os membros da Inquisição de Paris providenciaram os mecanismos e o infeliz Jacques de Molay tornou-se o modelo para uma imagem que intrigaria o mundo por séculos. A Inquisição era uma 'corte de justiça' fundada pela Igreja Católica Romana para o propósito expresso de erradicar todas as interpretações da escritura que desviasse da linha oficial do Vaticano; isto geralmente era obtido através da mutilação e assassinato de alguém suspeito de sustentar tais pontos de vista. Em 382 d.C., a Igreja decretou que qualquer pessoa convicta de heresia deveria ser executada, mas, assim que o Cristianismo tornou-se firmemente estabelecido e seus oponentes, tais como os vários professores gnósticos, eram silenciados, a perseguição daqueles que não interpretavam as escrituras da maneira aprovada continuou menos vigorosa. Durante um certo tempo, a Igreja contentava-se simplesmente em excomungar os hereges, mas isto conduziu a questionamentos intelectuais sobre as crenças sobrenaturais da Igreja, o que levou uma vez mais à necessidade de medidas cruéis para por um fim a este indesejável status quo. Para se assegurar que os indivíduos acusados não fossem por demais tímidos quanto à confissão de suas visões não autorizadas, à Inquisição era permitida aplicar quantidades ilimitadas de intensa dor física a qualquer um que fosse suspeito. Esta prática foi formalmente aprovada pelo inapropriadamente denominado Papa Inocêncio IV em 1252 d.C. Pouco antes do amanhecer do dia 14 de Outubro de 1307, uma sextafeira, os senescais de França lançaram-se sobre quinze mil Cavaleiros Templários que tinham ido dormir como os mais respeitados membros da santa ordem, mas eram agora brutalmente acordados como hereges acusados. Na capital, Filipe IV observava à uma distância segura como os seus oficiais apoderaram-se do Templo de Paris e de seu conteúdo, junto com os Preceptores da Aquitânia, o Prior da Normandia e o próprio Grão-Mestre Jacques de Molay. Não houve resistência por parte dos Templários, mesmo tendo seus edifícios sido projetados para serem completamente defensíveis. Filipe considerava o Templo, que se localizava além das muralhas de sua capital, tão importante que ele compareceu em pessoa, quando este estava totalmente dominado. Interessante se faz notar que a maioria dos membros veteranos da Ordem não tenha recebido nenhum aviso da armadilha que foi lançada contra eles. Considerando que muitos secretários e oficiais devem ter visto inúmeras cópias das instruções, ou eles eram totalmente leais ao Rei ou tinham medo das represálias se divulgassem qualquer fato. As acusações de heresia teriam ajudado a preservar o segredo, pois apoiar abertamente os acusados hereges teria atraído a atenção não só dos soldados de Filipe, mas também dos sacerdotes da Inquisição que estavam encarregados do interrogatório dos membros da Ordem. Entretanto, nem tudo estava a favor de Filipe. Deve ter havido uma brecha na segurança em La Rochelle, pois um significativo número de combatentes da Ordem, e toda sua frota, desapareceu justamente na hora em que os senescais do Rei chegavam ao porto. A frota zarpou encoberta pela escuridão da noite e nunca mais foi vista novamente. Não temos nenhuma dúvida de que a maioria dos fugitivos foi parar na Escócia sob a proteção do já excomungado réu, Robert Bruce, embora acreditemos que outros navegaram em direção ao oeste em busca da terra por eles conhecida como Ia Mérica. Guilherme Imbert, o Inquisidor-Mor da França (também conhecido como Guilherme de Paris), era o confessor pessoal de Filipe, o Belo, conhecido como 'profundamente versado em todas as artes e práticas inquisitoriais’. Ele foi encarregado pelo Rei com a tarefa de extrair a confissão imediata de Jacques de Molay, através de todos os meios que ele considerasse serem apropriados. Um Templário, chamado Jean de Foligny, rapidamente admitiu sob persuasão da Inquisição, que as cerimônias particulares dos Templários ocorriam em um oratório na pequena capela do Templo de Paris, que se localizava dentro da torre principal que também abrigava a tesouraria. Ele descreveu esta capela como um 'lugar secreto', e nós acreditamos que este era um salão sem janelas, virtualmente idêntico ao moderno Templo maçônico. Nós não fomos capazes de descobrir algum registro da decoração usada neste 'salão secreto', mas quase certamente ele possuía um pavimento quadriculado em branco e preto, paredes adornadas com símbolos não-cristãos e uma estrela presa ao teto com a letra 'G' em seu centro. Dentro deste Templo interior, possivelmente dentro de uma pequena arca de madeira, estavam quatro itens. Um crânio humano, dois fêmures e um sudário branco; exatamente como esperaríamos encontrar hoje em um Templo maçônico. Como a Igreja de Jerusalém antes deles, e a Maçonaria após eles, os Templários mantinham sudários de linho branco para envolver os candidatos para a associação principal, onde eles se submeteriam a uma morte ritualística e uma ressurreição para uma nova vida como irmãos completos dentro da comunidade a qual eles aspiravam se juntar. Das dez acusações realizadas contra os Templários, a mais ofensiva para a Inquisição deve seguramente ter sido: Eles exigiam que todo noviço cuspisse e pisasse na cruz de Cristo. A cruz, como um símbolo da ressurreição do Cristo morto, era, e ainda é, a essência primordial da fé cristã e qualquer tentativa de zombar ou diminuir sua importância teria ultrajado os sacerdotes da Inquisição de Paris. Quando eles perceberam que o Grão-Mestre da mais heróica das ordens cristãs havia pisado a cruz, sua fúria certamente não teria limites. Para Imbert, esta terrível traição a Jesus Cristo e à sua santa Igreja teria que ser vingada do modo mais forte possível. Ele havia sido autorizado através de uma bula papal a usar tortura contra todos os hereges onde e quando fosse necessário, salvo algumas exceções, entretanto a Ordem dos Cavaleiros Templários era uma dessas poucas exceções. Jacques de Molay e seus seguidores respondiam apenas ao Papa e Imbert sabia que, sem instruções papais diretas, sua autoridade terminaria no instante momento em que apresentasse ao Grão-Mestre Templário 'a Questão'. Entretanto, Filipe esclareceu a Imbert que como Rei de França ele estava autorizado a ordenar a tortura dos principais oficiais dos Templários sob os termos da diretiva papal que ordenou a todos os príncipes cristãos 'fornecer todo o auxílio possível ao Santo Ofício da Inquisição'. Imbert agora estava satisfeito, pois ele havia sido legalmente autorizado pelo Rei a utilizar todos os meios que desejasse para obter a confissão deste Grão-Mestre herege, Jacques de Molay. Quando submetidos à tortura através de um hábil profissional, os prisioneiros, muitas das vezes quase todos, confessavam qualquer coisa que o inquisidor desejasse ouvir, mesmo quando as vítimas sabiam que tal confissão resultaria em sua imediata execução. De fato, em tais circunstâncias, a morte pode tornar-se a única ambição dos desafortunados suspeitos. O Interrogatório no Templo Tão logo o Templo de Paris foi fechado, Imbert iniciou o interrogatório do Grão-Mestre. O Templo de Paris era o centro financeiro da cidade, e assim suas celas não continham uma câmara de tortura, deste modo os instrumentos usuais de persuasão como as pranchas e as polias não estavam realmente disponíveis. Imbert, entretanto, era um homem de recursos e veio preparado com os materiais necessários para a tarefa a qual ele estava planejando, incluindo cordas, chicotes e cravos de diversos tamanhos. Nós agora descreveremos o que nós acreditamos ter acontecido com Molay nas mãos da Inquisição, e logo em seguida a linha de evidências que a apóiam. Uma vez que ele estava ultrajado pelo uso de um cerimonial de ressurreição por parte dos Templários, que insultavam a 'verdadeira' ressurreição de Cristo, nós acreditamos que Imbert tinha a verdadeira intenção de forçar Molay a sofrer a mesma tortura que Jesus tinha sofrido. Muito provavelmente isto ocorreu no 'salão secreto' onde os Templários conduziam suas cerimônias 'obscenas', e onde Imbert havia descoberto a arca contendo o sudário, o crânio e os fêmures utilizados na cerimônia de ressurreição dos Templários. Ele sabia para o que eles eram utilizados, pois seus informantes já tinham lhe informado de uma cerimônia que envolvia o candidato, representando o papel de vítima durante a re-interpretação de um assassinato, somente para ser ressuscitado de um 'túmulo' ritual. Horrorizado e enojado, Imbert decidiu a forma de tortura que ele usaria contra Molay, que viveria para lamentar sua negação da cruz e o odioso uso destes objetos profanos. Como preliminares a qualquer tipo de tortura empreendida pela Inquisição, a vítima era desnudada, como pode ser verificado através deste comentário contemporâneo: O desnudamento é realizado sem respeito à humanidade ou à honra... Para isto eles desnudavam as pessoas por completo, até suas roupas de baixo, que mais tarde também eram retiradas mostrando-se até, com o devido perdão da expressão, seus órgãos genitais. Molay foi preso por duas cordas atadas aos seus punhos e Imbert procedeu com a tortura de sua vítima, espancando-o com um chicote de múltiplas correias, possivelmente arrematados com fragmentos de ossos. Uma coroa construída com objetos pontiagudos foi empurrada com grande força contra a cabeça do Grão-Mestre, cortando seu couro cabeludo e sua testa. É sabido que a Inquisição regularmente pregava pessoas a postes ou outros convenientes objetos como uma forma de tortura e isto é o que precisamente nós acreditamos que tenha ocorrido no Templo de Paris naquele dia. Com a utilização de apenas três cravos, os inquisidores de Molay valeram-se de meios altamente efetivos de se extrair uma confissão. Molay foi arrastado para o objeto disponível mais próximo, talvez uma seção de um painel de madeira ou, mais provavelmente, uma grande porta de madeira. Ele foi colocado em pé em algo parecido com um escabelo e seu braço direito foi levantado, quase verticalmente, sobre sua cabeça e então pregado em um ponto localizado entre os ossos rádio e ulna no pulso, cuidadosamente evitando-se as veias. A violência do impacto do cravo na estrutura interna do braço direito de Molay fez com que seu polegar se deslocasse em direção à palma da mão tão violentamente que a junta deslocou-se e a unha do polegar alojou-se dentro da carne de sua palma da mão. Após isto, seu braço esquerdo foi estendido lateralmente e para o alto e pregado à porta em um nível mais baixo que o anterior. Feito isto, o escabelo foi retirado e seu pé direito foi pregado com um cravo colocado entre o segundo e terceiro osso metatarso. Uma vez colocado assim, o pé direito de Molay foi posto sobre o esquerdo, de modo que ambos os pés pudessem ser fixados com um único cravo. Ele não estava pendurado de uma maneira simétrica, mas em uma linha praticamente reta que partia de seu pulso ao seu pé direito, com o braço esquerdo estendido para fora. Seu ombro direito deslocou-se quase que imediatamente. A perda de sangue era mínima e ele permaneceu completamente consciente, embora ele deva ter sofrido terríveis dores. Os sacerdotes da Inquisição eram homens extremamente hábeis e eles adoravam manter um preciso controle sobre as suas desafortunadas vítimas. A prancha era um equipamento muito popular, pois a dor podia ser aplicada com aumentos consideráveis, mas os três cravos negavam-lhes este grau de requinte. Entretanto, a escolha de uma porta onde a vítima era pregada, provinha excelentes meios de um aumento instantâneo sobre os meios de persuasão. O simples ato de se abrir a porta, movimentá-la e ocasionalmente batê-la rispidamente, teria produzido horríveis ondas de choque em direção à debilitada vítima. Esta descrição dos eventos é consistente com o deslocamento do polegar e do ombro direito que já foi identificada por peritos médicos que estudaram o Sudário. Ela também explica as direções dos fluxos sanguíneos vistos nos antebraços da imagem do Sudário. O velho Templário com seus 63 anos de idade havia conhecido uma vida de dignidade e admiração e neste instante ele se via degradado e quase destruído. Somente um homem muito forte de fato não contaria à Inquisição qualquer coisa que eles desejassem ouvir. O trauma infligido ao corpo de Molay levou à produção de grandes quantidades de ácido láctico em sua corrente sanguínea, levando ao que é conhecido como 'acidose metabólica', uma condição freqüentemente vista em atletas levados à exaustão. Esta condição produz diversos espasmos ou contrações musculares, o que foi ainda agravado pelo aumento do dióxido de carbono que ocorreu quando Molay não pode respirar com a mesma eficiência, levando à 'acidose respiratória'. Assim que sua luta por sobreviver atingiu seu clímax, a temperatura de seu corpo subiu e o suor vertia abundantemente, seus músculos paralisaram em uma contração permanente, sua pressão sanguínea caiu e seu coração batia rapidamente - mas Imbert não pretendia deixá-lo morrer. No momento exato em que o GrãoMestre pensava não ser possível resistir, Imbert ordenou que este fosse retirado do suplício. Agora era o momento de mostrar a Molay que o seu ridículo uso de um sudário não havia passado desapercebido pela Santa Inquisição. Assim que ele foi retirado, seus torturadores o lançaram sobre um tecido e a seção restante foi colocada sobre sua cabeça para cobrir a parte frontal de seu corpo fumegante. Molay então foi colocado sobre a mesma cama macia da qual fora retirado anteriormente naquela manhã. Sua cabeça e ombros estavam apoiados para auxiliá-lo com a respiração e os fluídos mórbidos de um homem ferido suor e sangue com altas doses de ácido láctico corriam livremente sobre todo o seu corpo. O sudário entrou em total contato com as costas do corpo de Molay, sendo que o sangue o suor produziram uma imagem grosseira no tecido abaixo dele. O tecido sobre a frente do corpo entrou em contato com os pontos mais altos do mesmo e a evaporação do suor atravessou o sudário. Estando em uma cama macia com travesseiros que garantiam que sua cabeça estivesse elevada e seus quadris e joelhos dobrados, as mãos foram trazidas para baixo em direção ao quadril. Imbert recebeu ordens precisas de não matar o Grão-Mestre dos Templários, mas ele não tinha nenhuma intenção de tratar de um herege confesso, fazendo com que o mesmo se restabelecesse. Molay não possuía nenhum familiar na região que pudesse cuidar dele, mas seu braço direito, o Preceptor Templário da Normandia, que também estava sendo interrogado no Templo de Paris na mesma época. Nós acreditamos que a família do irmão de Geoffroy de Charney, Jean de Charney, foi chamada para tratar de ambos, estes que estavam destinados a morrer juntos sete anos mais tarde, quando ambos foram lentamente queimados sobre uma fogueira por sua reincidência na 'heresia'. A família Charney removeu o sudário e curou suas feridas. Eles devem ter levado muitas semanas para restabelecer a Molay algo aproximado com uma condição saudável, mas suas cicatrizes nunca curaram, uma vez que dois anos mais tarde ele removeu sua camisa para mostrar aos representantes do Papa a extensão de sua tortura. O sudário estava rígido devido ao sangue e ao suor, mas, como uma peça de tecido útil, ele foi lavado, não dispensado, e o tecido de linho branco foi então dobrado e mantido na família sem maiores preocupações. A Confissão de Jacques de Molay Muitos livros sobre os Templários casualmente informam que Jacques de Molay realizou uma confissão completa, logo após sua prisão, sob ameaça de tortura. A impressão que a maioria das pessoas tem obtido através da leitura dos livros disponíveis mais comuns sobre o tema é a de que Molay forneceu uma 'confissão completa', segundo a qual ele traiu sua Ordem a Filipe, de modo a obter um pouco mais de tempo para si mesmo. Entretanto, nós descobrimos que há algumas versões mais detalhadas desta confissão que lançam uma luz muito diferente sobre a questão. Uma vez que o Grão-Mestre estava bem novamente, ele ditou sua 'confissão' em uma carta que foi encaminhada para todo Cavaleiro Templário, solicitando que os mesmos fizessem o mesmo, declarando que: 'eles estavam iludidos por antigos erros'. Entretanto, embora ele admitisse a negação de Cristo, ele firmemente recusou-se a admitir o que ele se referia como: 'permissão para a prática do vício. Analisando-se isto, foi uma resposta muito curiosa para um sacerdote e líder de uma poderosa Ordem cristã. Ele estava pronto para admitir heresia, pela qual ele poderia ser queimado até a morte e passar a eternidade no Inferno, mas negava absolutamente os atos homossexuais, que como nós descobrimos a partir de um comentário de Bonifácio VIII, eram considerados 'tão pecaminosos quanto unir as mãos em oração'. Esperaria-se mesmo de sacerdotes perseverantes que confessassem sob tortura algo tão trivial como um ato de desvio sexual, mesmo que não fosse verdadeiro, mas eles certamente morreriam em agonia antes de falsamente admitir que eles haviam negado Cristo. Entretanto, a confissão é inteiramente consistente de se ouvir de um homem que sabia que Jesus era apenas um messias judeu e não um deus. Isto também se liga aos comentários de um Templário inglês, John de Stoke, que afirmou que Molay havia-lhe dito para acreditar em um único Deus onipotente, que criou o céu e a terra, e não na Crucificação. Sob tortura, o Grão-Mestre confessou a metade das acusações que o conduziriam à sua morte, parecendo muito provável que o mesmo tivesse contado a verdade. Os Templários não praticavam homossexualidade, assim ele negou, mas ele admitiu que ele não acreditava que Jesus ou qualquer outro homem fosse um deus, uma vez que há somente um Deus - e sendo assim, ele rejeitou a cruz como um símbolo. Registra-se que Molay tenha realizado sua primeira confissão verbal diante da Universidade de Paris, no domingo, 15 de Outubro. Isto ocorreu somente dois dias após sua prisão e, se esta versão for correta, Imbert deve tê-lo persuadido a confessar rapidamente, provavelmente no dia de sua prisão, uma vez que ele não teria se restabelecido suficientemente de sua tortura para ser capaz de falar. Foram dez dias mais tarde que Molay escreveu sua declaração de confissão onde ele admitia a negação de Cristo e da cruz, mas veementemente negava as outras acusações de atividades homossexuais. A próxima etapa do processo de confissão ocorreu no início do ano seguinte quando Molay e os Grão-Priores da Aquitânia e da Normandia foram levados à cidade de Chinon para uma audiência com o Papa Clemente, onde uma vez mais confessou a negação de Cristo e da cruz. Clemente refere-se a esta reunião em uma carta particular que ele escreveu a Filipe, datada de 30 de Dezembro de 1308, na época em que ele mantinha o Rei completamente informado dos procedimentos contra os Templários. Clemente agindo de acordo com a 'sexta condição' exigida por Filipe IV; publicamente admitiu que o rei francês havia atuado dentro de seus direitos legais, sob os termos da diretiva papal que ordenou a todos os príncipes cristãos 'fornecer todo o auxilio possível ao Santo Ofício da Inquisição'. O ataque aos Templários foi dirigido contra os interesses de Clemente e demonstrou ao mundo que Filipe não precisa do consentimento do Papa para proceder contra uma ordem que estava diretamente sob a proteção papal. Não há dúvida de que o hábil Rei havia se cercado de todos os meios de chantagem para persuadir o Papa a concordar com a sexta condição secreta de Filipe. Para confirmar sua posição, Filipe reuniu a Assembléia de Estado em Tours em 1308, e obteve deste encontro uma declaração de seu direito real de punir hereges notórios sem a necessidade do consentimento do Papa. Parece que Clemente tentou resistir ao consentimento da prisão dos Templários realizado por Filipe, pois é sabido que ele tentou escapar de Roma, através de Bordeaux, mas infelizmente sua comitiva, seus tesouros e sua santa pessoa foram impedidos pelas tropas reais e o Papa tornou-se um prisioneiro virtual de Filipe desde então. Clemente requereu a formação de uma comissão papal para investigar a culpa da Ordem e, em uma quarta-feira, 26 de Novembro de 1309, Molay foi trazido diante desta comissão em Viena. Cartas foram escritas para ele que afirmavam que ele previamente havia realizado uma confissão completa de todas as acusações colocadas contra ele. O Grão-Mestre imediatamente explodiu com raiva, veementemente negando que ele tivesse confessado as acusações de práticas homossexuais. A resposta de Molay foi tão agressiva que os bispos da comissão exigiram que ele moderasse o seu tom. Ele não negava sua confissão a respeito de sua rejeição de Cristo como um deus em forma humana. No dia seguinte, quando ele havia recuperado sua compostura, Molay realizou esta declaração à comissão: Se eu mesmo ou outros Cavaleiros produzimos confissões diante do Bispo de Paris, ou de qualquer outro, nós traímos a verdade - nós recuamos diante do medo, do perigo e da violência. Nós fomos torturados por nossos inimigos. Ele removeu sua camisa e mostrou à assembléia de bispos as marcas que a tortura havia produzido em seu corpo. A 28 de Março de 1310, após uma acusação pública, centenas de Templários em Paris exigiram serem trazidos diante do Papa, mas esta audiência foi negada por Filipe. O Papa redigiu, neste momento, um ato de acusação contra os Templários que declarava que, quando de seus ingressos, aos iniciados ao Templarismo era exigido a negação do nascimento virginal e afirmação de que Cristo não era o verdadeiro Deus, mas um profeta que foi crucificado por seus próprios crimes e não pela redenção do mundo. Era declarado também que eles cuspiam e pisoteavam a cruz, especialmente na Sexta-Feira Santa. Quando ele não podia mais utilizar a desculpa de coleta de evidências para atrasar o processo, Clemente convocou uma reunião do conselho geral em Viena. A 10 de Outubro de 1311, o Papa Clemente e cento e quatorze bispos reuniram-se para decidir o destino dos Templários. A maioria dos bispos de fora de França se recusou a aceitar a culpa dos Templários, e deste modo Clemente encerrou o concilio e continuou a fazer nada. Quatro anos mais tarde, Filipe encontrou-se com Clemente e tiveram 'uma conversa particular', sendo que logo após, a 22 de Março de 1313, Clemente aboliu a Ordem valendo-se de sua própria autoridade, sem declará-la culpada ou inocente. O concilio geral foi reconvocado a 03 de Abril e, na presença do Rei e de sua guarda real, o Papa leu sua Bula de Abolição. A 02 de Maio, a bula foi publicada e a Ordem dos Cavaleiros Templários oficialmente deixou de existir. Clemente, permitiu que Filipe cobrasse as despesas de tudo contra o espólio dos Templários, de modo a cobrir os custos de suas investigações e o aprisionamento dos suspeitos. Estes 'custos legítimos' rapidamente absorveram as posses da Ordem em França. A Negação Final Filipe, o Belo, nunca pretendeu dar aos Templários um julgamento justo. Em 1308, o Rei levou Clemente a publicar uma bula papal a 12 de Agosto que fornecia os resultados do exame e das confissões de vários Templários que nem mesmo haviam sido interrogados até 17 de Agosto! Então em 1310, quando Clemente conclamou a Ordem a se defender e mostrar a boa causa do porquê ela não deveria ser suprimida, registrou-se que quinhentos e trinta e seis Cavaleiros Templários apresentaram-se com a promessa de Filipe de que eles não estariam em perigo. Quando eles se apresentaram diante da comissão papal em Paris, eles contaram como eles haviam sido terrivelmente torturados; um cavaleiro chamado Bernardo de Vardo mostrou aos comissários uma caixa contendo ossos escurecidos que tinham caído de seus pés quando eles foram colocados sobre um braseiro. Tendo reunido todos os Templários, o Rei quebrou sua promessa e então os aprisionou e os processou. Muitos deles confessaram previamente sob tortura, e sua tentativa de defesa diante da comissão papal foi encarada como recaída na heresia - a penalidade para tal era ser condenado à fogueira. Os Templários foram traídos pelo fato de se declararem inocentes. O Rei os encaminhou à fogueira em grupos; em uma só ocasião, quando cinqüenta e quatro Cavaleiros morreram nas chamas de uma fogueira sob o controle de Filipe de Marigni, o Arcebispo de Sens, registrou-se que as vítimas gritavam em agonia, mas nenhum deles admitiu sua culpa. O ódio de Filipe contra os Templários não conhecia limites, mas ele mesmo se sobrepujou quando foi ordenado que os restos mortais do antigo tesoureiro da Ordem, morto há aproximadamente um século, que não tinha garantido o resgate do avô do Rei, deveriam ser desenterrados e queimados. A lista final de acusações contra os Templários era mais específica do que a original. A afirmações contra eles eram as seguintes: 1. A negação de Cristo e a maculação da cruz. 2. A adoração de um ídolo. 3. A realização de Sacramentos pervertidos. 4. Assassinatos rituais. 5. A utilização de uma corda com significados heréticos. 6. O beijo ritual. 7. Alteração do cerimonial da Missa e a adoção de uma forma pouco ortodoxa de absolvição. 8. Imoralidade. 9. Traição às outras divisões das forças cristãs. De acordo com o historiador templário, Bothwell Gosse, eles provavelmente eram culpados da primeira, quinta, sexta e sétima acusações. Ele concluiu que pode haver algo de verdadeiro na oitava acusação, mas eles eram totalmente inocentes da segunda, quarta e nona (ele não fez nenhum comentário a respeito da terceira). A acusação de que eles utilizavam uma corda com significados heréticos imediatamente nos traz à mente a corda ou o laço que todo candidato à Maçonaria tem que usar em sua iniciação. Nós havíamos descoberto uma escultura em Rosslyn com um Templário barbado segurando uma corda semelhante em torno do pescoço de um candidato. A acusação de assassinatos rituais também poderia ser verdadeira se for enfatizada a palavra 'rituais' e nós tomamo-la como se referindo à morte simbólica de todo candidato ao Templarismo/ Maçonaria, anteriormente à sua ressurreição. Jacques de Molay, o Grão-Mestre, Geoffroy de Charney, Preceptor da Normandia, Hugues de Peyraud e Guy de Auvergne foram mantidos aprisionados antes mesmo de Clemente instituir uma comissão papal, formada pelo Bispo de Alba e dois outros cardeais, não para ouvir os prisioneiros, mas, tomando suas culpas como certas, para pronunciarlhes suas sentenças. Filipe queria o máximo de publicidade para a divulgação das sentenças dos comandantes templários e ordenou uma demonstração pública dos culpados. O Arcebispo de Sens e os três comissários papais tomaram seus lugares em um palco especialmente construído a 18 de Março de 1314, diante de uma enorme multidão que havia comparecido para ver o destino dos quatro Templários. Um grande silêncio cobriu toda a praça assim que os distintos prisioneiros foram trazidos de seus calabouços para a plataforma. O Bispo de Alba fez a leitura de suas alegadas confissões e pronunciou a sentença de prisão perpétua, mas no momento em que ele se preparava para explicar a razão dos crimes, ele foi interrompido pelo Grão-Mestre que insistia em falar para a multidão reunida. Parece provável que Molay tenha dito ao Bispo que ele estava preparado para se levantar e confessar seus pecados pessoalmente à multidão. Foilhe permitido falar: É justo que em um dia tão terrível e nos últimos momentos de minha vida, eu tenha descoberto toda a iniqüidade da falsidade, e faça a verdade triunfar. Eu declaro, então, frente aos céus e à terra, e reconheço, apesar de minha vergonha eterna, que eu tenho cometido o maior dos crimes, mas... Sem dúvida, Molay interrompeu o tom de seu discurso neste momento para pegar de surpresa seus perseguidores. ... Este tem sido de conhecimento daqueles que têm estado tão ilicitamente acusado a Ordem. Eu atesto - e a verdade me obriga a atestar - de que ela é inocente! Eu declarei em contrário somente para suspender a excessiva dor infligida pela tortura e para tranqüilizar aqueles que me fizeram tolerá-los. Eu conheço as punições que têm sido infligidas a todos os Cavaleiros que tiveram a coragem de revogar uma confissão similar; mas o terrível espetáculo que me é apresentado não é capaz de fazer-me confirmar uma mentira através de outra. A vida que me é oferecida sob tão infames termos eu abandono sem pesar. Não havia, é claro, jornalistas no meio da multidão aquele dia e certamente não havia nenhum roteiro escrito, então nós temos que aceitar que as palavras registradas devem ser baseadas nas memórias de algumas das pessoas um pouco mais letradas presentes à ocasião. Embora os detalhes não possam ser completamente corretos, é razoável presumir que as palavras chaves foram ditas e que o sentimento geral esteja praticamente intacto. Molay parece ter provocado seus torturadores um pouco mais além do que eles pensavam, pois enquanto se pensava que ele estaria acomodado com suas acusações e pretenderia continuar vivo, ele então muito espertamente transforma sua aparente confissão em uma negação de culpa. A parte mais interessante do discurso, entretanto, é aquela que não foi dita! O Grão-Mestre declara que a verdade o obriga a atestar que os Templários são inocentes. Eles eram de fato e verdadeiramente uma boa e devotada ordem, mas não uma ordem cristã, pois em nenhum lugar das cento e três palavras pronunciadas por Molay é mencionado Jesus Cristo. Seria de se esperar que o líder sacerdotal desta aparente organização cristã utilizar-se-ia desta última oportunidade para reafirmar seu amor a Cristo se ele estivesse tentando provar que as declarações sob tortura de que ele negava o salvador eram inverídicas. Por que ele não disse algo como: 'A Ordem é inocente e eu solenemente expresso o meu amor e devoção a Jesus Cristo, o salvador do mundo'? Dentro de sua capacidade como o último Sumo Sacerdote de Yahweh, Molay afirmou que a Ordem era 'inocente'; que em seu ponto de vista certamente o era... Mas, ele não se referiu à principal acusação contra ela e anunciara que: 'A Ordem é inocente da negação de Cristo'. Este Grão-Mestre dos Rex Deus e seus seguidores fizeram muitas referências a Deus, mas nós não conhecemos nenhuma referência qualquer que fosse a Jesus Cristo - mesmo neste discurso de partida de inocência. A partir do tom das palavras proferidas por Molay, nós apreendemos que, uma vez que ele tinha abertamente confessado a rejeição da Ordem a Jesus como o Filho de Deus, ele tinha sido forçado a dizer que ele aceitava aquele comportamento iníquo e que todos os Templários eram, portanto, pecadores. Diante da multidão em Notre Dame, ele apresentava o registro correto; eles não eram pecadores e eles eram detentores da maior das verdades. Jesus Cristo como 'o Filho de Deus' simplesmente não era aceita por ela. A reação de Molay causou grandes manifestações de apoio e Geoffroy de Charney permaneceu ombro a ombro com ele. Os comissários pararam os procedimentos para relatar a terrível situação a Filipe. Sua resposta foi imediata; sem buscar a autoridade papal Filipe, sem hesitar, condenou ambos os Templários às chamas. No dia seguinte, em uma pequena ilha do rio Sena, chamada Íle des Javiaux, os dois Templários foram finalmente levados à morte, um após o outro. Os registros nos contam que Jacques de Molay e Geoffroy de Charney foram vagarosamente queimados, primeiro em seus pés e então em suas genitálias, para assegurar que o sofrimento durasse o máximo possível. Enquanto sua carne era queimada vagarosamente, Molay amaldiçoou tanto Clemente quanto Felipe, convocando-os a comparecer diante do Juiz Supremo (Deus) dentro de um ano. Quando a morte finalmente chegou, afirmou-se que muitos espectadores derramavam lágrimas diante da bravura dos dois Templários e durante a noite suas cinzas foram secretamente coletadas e preservadas como relíquias. As mortes de Molay e Charney foram registradas em uma crônica popular em verso de autoria de Godofredo de Paris que diz que Molay insistiu que suas mãos não fossem amarradas para que ele pudesse uni-Ias em oração durante seus momentos finais. O último comentário de Molay sobre os seus acusadores foi: Deixai o mal rapidamente atingir aqueles que tão fortemente nos condenou - Deus vingará nossas mortes. Relata-se que Charney completou as seguintes palavras enquanto o corpo de Molay queimava - palavras estas que rapidamente se difundiram por toda França: Eu seguirei o caminho de meu Mestre, como um mártir vós o assassinaram. Isto vós fizestes e nada mais sabeis. O desejo de Deus, neste dia, é que eu morra como ele na Ordem. Nós já citamos em diversas ocasiões um intrigante livro anônimo que narra certos aspectos dos Templários detalhadamente. Do porquê uma pessoa escreveria um livro como Sociedades Secretas da Idade Média e permaneceria anônimo, não conseguimos entender. O indivíduo pode ter sido uma pessoa bem conhecida, talvez um político ou mesmo um clérigo, mas de tudo o que fomos capazes de checar, ele certamente estava bem informado. Pois tudo que foi possível ser checado tem se mostrado muito preciso, deste modo nós nos preparamos para aceitar seriamente outros fatos que ele apresentou. Eis as suas palavras: Nós não fomos capazes de negar que ao tempo da supressão da Ordem do Templo houvesse uma doutrina secreta existente, e que a queda do poder papal com sua idolatria, superstição e impiedade, foi o objeto declarado por aqueles que a organizavam, e que a Maçonaria possa possivelmente ser aquela mesma doutrina apenas sob outro nome. Infelizmente, o autor (que claramente não era um Maçom) não desenvolve este ponto. Nossas próprias pesquisas estabeleceram uma linhagem direta entre os Templários que fugiram para a Escócia e a Maçonaria, há praticamente nenhuma dúvida de que as formas presbiterianas e mais tarde episcopais da Maçonaria opuseram-se ao poder católico na Inglaterra. Desde a unificação da Maçonaria Inglesa em 1813, a Grande Loja Unida da Inglaterra e todas as outras Grandes Lojas tem sido escrupulosa ao evitar a emissão de qualquer opinião política ou religiosa. Conclusão Jacques de Molay foi preso no Templo de Paris na manhã de 13 de Outubro de 1307, enquanto o Rei observava de uma distância segura. Os Templários não ofereceram resistência e o Grão-Mestre foi torturado em busca de uma confissão. Ele admitiu a negação de Cristo pela Ordem, mas firmemente recusou em admitir que os Templários entregavam-se às práticas homossexuais. Nossa teoria de que Molay foi crucificado e que era sua a imagem representada no Sudário tem sido sustentada pelos seguintes fatos conhecidos: 1. A data coincidia com a datação de carbono do tecido do Sudário. 2. Nós possuíamos uma explicação do porquê um sudário estaria disponível. (Utilizado para as cerimônias de ressurreição. Os Maçons ainda utilizam tais sudários hoje em dia). 3. Nós possuíamos dois motivos para uma crucificação (A Inquisição tinha que se valer de uma forma de tortura que não necessitasse de grandes equipamentos, e Imbert sabia que os Templários haviam negado Cristo e 'zombado' de sua ressurreição através de cerimônias heréticas, tal era a poética da justiça). 4. Nós sabíamos que as vítimas da Inquisição eram freqüentemente desnudas e que a Inquisição tinha como reputação o fato de pregar pessoas a convenientes objetos. 5. Nós sabíamos através da evidência da imagem que a vítima estava certamente ainda viva, pois ela foi colocada em uma cama e não sobre uma lousa de pedra. 6. Nós sabíamos que Molay apresentou suas feridas em uma data posterior. O caso para a hipótese de Molay estava bem estruturado, mas ainda precisávamos de mais evidências antes que pudéssemos estar certos. Jacques de Molay morreu na fogueira após repudiar sua confissão de que a Ordem havia pecado, mas ele conspicuamente negou que Cristo fosse o Filho de Deus. 9 O Culto ao Segundo Messias Um Tempo de Profecias Nos primórdios do século XII, o Judaísmo como religião estava em um estado de declínio praticamente terminal. O conceito dirigente da religião era a idéia do povo escolhido e o messias que os lideraria até o seu destino. Os judeus acreditavam que a chegada do messias seria anunciada através do retorno do profeta Elias quando os 'Últimos Dias' da antiga ordem chegariam e o espírito de Elias apareceria como um pregador judeu e assim, anunciaria o novo Rei. Estes ensinamentos encorajaram os eruditos judeus a procurar pelos 'sinais dos Tempos' e tentar prever o 'Fim dos Dias'. Sete anos após os Templários terem fundado sua nova Ordem do Templo, uma criança judia chamada Moisés Ben Mainon nasceu em Córdoba, que fazia parte então da Espanha Mourisca e um dos poucos lugares onde os judeus eram respeitados e seus ensinamentos aceitos. Seu nascimento coincidiu com o aniversário da morte de Jesus: a véspera da Páscoa Judaica no ano de 4895, que no calendário cristão correspondia a 30 de Março de 1135. Embora ele tenha nascido com o nome Maimon, ele tornou-se conhecido como Moisés Maimonides. Ele cresceu em uma civilização mourisca islâmica que atingiu o pico de seu desenvolvimento e, diferentemente da Europa cristã, a intelectualidade foi encorajada e admirada como qualidade. Sua educação religiosa inspirou-o a estudar a completa herança do povo judaico que é, certamente, muito mais do apenas uma religião, como a Lei contida nas regras de viver que fazem parte da existência do povo. Escrevendo para um colega rabino ele dizia: Embora desde minha infância a Torah faça parte de mim e continue a morar em meu coração como a esposa de minha juventude, em cujo amor eu descobri constante deleite, estranhas mulheres que eu vi pela primeira vez como criadas em meu lar, tornaram-se suas rivais e tomam muito do meu tempo. Essas outras rivais de sua afeição eram as ciências em geral e a ciência da medicina em particular, que o levaram a tornar-se um respeitado médico logo seria elevado ao cargo de médico da corte de Saladino. Ele era um brilhante cientista médico e seus livros sobre o tema tornaram-no uma figura notória através de todo o mundo erudito. Estes livros eram de uso geral; eles não continham nada de ofensivo às visões religiosas dos muçulmanos ou dos cristãos, e por isso foram largamente difundidos, sendo até traduzidos para o latim por monges cristãos. O interesse sobre trabalhos médicos de Maimonides freqüentemente tem levado os leitores a procurar os seus pensamentos a respeito de outras matérias, e ele tornou-se um dos mais respeitados e bemconhecidos rabinos judaicos do mundo medieval. Ele escreveu em diversas línguas e em um trabalho em árabe, chamado Guia à Perplexidade, ele harmonizou a fé e a razão através da reconciliação dos dogmas do Judaísmo rabínico com o racionalismo da filosofia aristotélica. Aqui ele se debateu com conceitos complexos como a natureza de Deus e a Criação, o livre arbítrio e o problema de se definir o bem e o mal. Seu sofisticado e ainda claro pensamento serviu de influência aos principais filósofos cristãos, tais como São Tomás de Aquino e São Alberto Magno. Quando os judeus do Iêmen tiveram um sério problema religioso, era natural que eles consultassem Maimonides atrás de sua orientação. Em sua resposta, o rabino contou-lhes que a força da profecia retornaria a Israel em 1210 d.C. - após o que o messias retornaria. Não sendo de maneira surpreendente, ele também solicitou que esta informação fosse mantida longe do público comum. Em 1170, o Shiite Mahdi, governante do Iêmen, surpreendente exigiu que todos os judeus, que viviam lá desde a Diáspora, tornassem-se muçulmanos imediatamente ou morreriam. Nesta época, um renascimento do movimento messiânico judaico iniciou-se no Iêmen e foi difundido por outras terras, criando uma crença geral que a chegada prometida do messias estava por acontecer. Muitos judeus ortodoxos começar a repensarem os seus pecados, desfazendo-se de suas propriedades e dando-as aos pobres. A comoção messiânica parece ter piorado a situação dos judeus no Iêmen, tanto que Jacob al Fayumi escreveu a Maimonides, o sábio de Fostat, em busca de conselho. A resposta de Maimonides encontra-se em uma famosa carta aos judeus do Iêmen conhecida como Iggert Teman. Nesta carta, que se tornou bem conhecida nos centros europeus de ensinamento, ele também realizou comentários sobre a vinda do messias judeu, baseados em seu extenso estudo da literatura judaica que afirmava que o messias estaria escondido na Grande Sé de Roma. Esta profecia declarava muito claramente que o novo messias apareceria como um membro da Igreja Romana, mas que secretamente seria o novo messias de Yahweh! Ao escrever aos judeus do Iêmen, ele sumarizou esta seguinte tradição popular e reafirmou o seu significado contemporâneo: O Rei Messias surgirá e restaurará o reinado de David a seu estado original. O Messias será um mortal que morrerá e será sucedido por seus herdeiros que reinaram após ele... 'Então o Senhor vosso Deus tornará ao vosso cativeiro e reunir-vos-ão. Nós achamos a escolha das palavras utilizadas por Maimonides muito interessante. Ele associa a palavra 'messias' com a palavra 'rei' o que indica que ele estava consciente de que havia também um messias sacerdotal. Ele também afirmou por sua vez que aquilo que todo judeu apreciaria que este rei messiânico surgiria para re-estabelecer a linhagem real de David: uma dinastia monárquica ao invés de um homem-deus como os cristãos acreditam ter encontrado. Esta profecia, difundida através do maior erudito judeu dos tempos medievais, foi estudada pelos eruditos cristãos por toda a Europa. Ela era muito importante para a Igreja de Roma, que obviamente possuía um interesse velado em não encontrar nenhum tipo de segundo messias aparecendo, uma vez que tal idéia poderia minar sua autoridade que era derivada do primeiro messias. Muitas pessoas bem informadas estavam conscientes de que um dos mais importantes pregadores judeus a aparecer por muitos anos havia previsto a chegada iminente de um messias - que poderia estar ligado à Igreja Romana. Outro homem, que como Maimonides nascera em 1135, foi também uma peça fundamental no desenvolvimento de uma crença sobre a chegada de um novo messias. Seu nome era Joachim de Fiore e ele tornou-se um abade calabrês que tinha visões apocalípticas do futuro, baseadas em um estranho, mas altamente desenvolvido sistema numérico de análise bíblico, Assim como os Arcanos Maiores e Menores do baralho do Tarô possuíam um método numérico de ligação das cartas com o mundo interior para com o mundo exterior, os cálculos de Joachim relacionavam os eventos do Antigo Testamento com aqueles ocorridos no Novo Testamento. Ele calculou que a 'Era do Filho' estava se aproximando do fim e que a 'Era do Espírito' brevemente surgiria. Ele acreditava que existiram quarenta e duas gerações entre Adão e Jesus e, para ele, a nova era iniciaria a exatamente quarenta e duas gerações após Jesus, que, segundo ele, começaria por volta do ano de 1260. O abade afirmou que isto não seria uma transição tranqüila uma extensa batalha contra o Anti-Cristo deveria ser lutada e vencida, antes que a maravilhosa nova era pudesse se iniciar. Após sua morte, as idéias de Joachim rapidamente tornaram-se de conhecimento público e logo após foram desenvolvidas por outros pensadores em diversos modos. Alguns, que fundaram um grupo no derradeiro ano de 1260, se auto-proclamavam de Irmãos Apostólicos e iniciaram uma resistência armada contra a Igreja de Roma. Eles acreditavam que Deus havia retirado sua autoridade do Papa e todo o seu clero seria muito em breve destruído em uma eminente batalha que conduziria à 'Era do Espírito'. Em 1304, os Irmãos Apostólicos tomaram o caminho dos altiplanos dos vales alpinos para esperarem pelo fim do mundo - que para eles, exatamente como para os Templários, chegaria em 1307 quando foram sufocados pelas tropas da Igreja no Monte Rebello. Para a população da Europa, a aurora do século XIV foi uma época terrível. A Igreja estava falhando para com o seu povo e o esperado messias ainda não tinha chegado. A visão apocalíptica de Joachim rapidamente tornou-se muito real no exato momento em que a Peste Negra começou a envolver mortalmente a totalidade do mundo cristão. O Mundo Cristão em Necessidade No momento em que Jacques de Molay era sacrificado na fogueira, ele havia amaldiçoado Filipe IV e o Papa Clemente. Dentro do período de três meses ambos estavam mortos. Filipe, que tinha uma grande paixão pela caça, caiu de seu cavalo durante uma caçada e morreu logo em seguida. Clemente morreu de febre, que alguns afirmam ter se originado do vinho da cerimônia eucarística que estaria envenenado e que teria sido trazido por um de seus próprios sacerdotes durante a celebração da Missa, mas, provavelmente, ele tenha sucumbido a um câncer de intestino que o havia invalidado dois anos antes. O que era mais significativo para a supersticiosa população européia do século XIV foi o apropriado e assustador destino do corpo de Clemente após sua morte. Seu cadáver estava sendo velado em público quando uma tempestade surgiu durante a noite e um relâmpago atingiu a igreja e transformou o edifício em uma bola de fogo. Antes de o incêndio ser extinto, o corpo de Clemente tinha sido completamente incinerado. Para muitos parecia que o Juiz Supremo havia dado o seu veredicto sobre o verdadeiro culpado. Outro Templário ao ser sacrificado na fogueira intimou o principal seguidor do Rei, Guilherme de Norgaret, a comparecer com ele diante do trono de deus dentro de oito dias. Parece provável que Norgaret possa ter tido uma ajuda para marcar este compromisso, pois, dentro de uma semana, ele também estava morto. A história das mortes dos inimigos do Grão-Mestre difundiu-se por toda França, rapidamente construiu uma reputação de que o espírito de Molay continuava vivo, e tinha o poder de invocar a ira de Deus contra os seus perseguidores. A lenda cresceu e, mesmo à época da Revolução Francesa, afirmava-se que um dos espectadores da decapitação de Luís XVI mergulhou suas mãos no sangue do Rei e respingou-o na coroa gritando: Jacques de Molay, vós fostes vingado! Para que alguém seja considerado um grande herói cultural, o principal pré-requisito é que esteja morto. Do próprio Jesus aos mais recentes e menos importantes ícones como Che Guevara, James Dean ou Buddy Holy, a lenda que sobrevive a eles se sobrepõe a qualquer fama que eles possam ter desfrutado durante suas vidas. Se as circunstâncias do falecimento são extraordinariamente poderosas ou chocantes - ainda melhor. Jacques de Molay morreu de um modo terrível e através de uma morte pública que representou não somente o término de uma ordem de cruzados uma vez importante, mas também a morte de um glorioso período de orgulho do Ocidente, onde cavaleiros pareciam possuir poderes praticamente mágicos na batalha para o estabelecimento da luz sobre as trevas. Nos meados do século XIV, a Igreja estava em um período de declínio e diversas circunstâncias estavam surgindo que poderiam produzir resultados desastrosos para ela. Mais de quarenta e três anos após a morte de Molay, as lembranças e as lendas a respeito dele tinham as necessárias qualificações para transformá-lo na figura fundadora de um culto ameaçador. A expectativa sobre um segundo escolhido encontrava-se em toda parte, graças às bem conhecidas profecias de Maimonides, e o povo acreditava que a praga e outros desastres eram o início das primeiras manifestações apocalípticas da chegada do Messias. Os dois principais inimigos de Molay haviam rapidamente morrido em estranhas circunstâncias que tinham elevado-o ao posto de uma grande figura e, como já sabíamos, suas cinzas e seus ossos carbonizados foram considerados como sendo relíquias praticamente sagradas. Uma geração após a morte de Molay, a Europa sofria numerosos desastres. Em 1345, Roma foi atingida por uma grande inundação; dois anos mais tarde houve uma revolução; e dois anos mais tarde novamente um terremoto de proporções consideráveis danificou pesadamente todas as três grandes basílicas. Após tudo isto, o maior dos horrores de todos os tempos aconteceu. A Peste Negra, uma forma da peste bubônica, é causada pela bactéria Yersina pestis, e é transmitida aos seres humanos através de pulgas e ratos infectados. As vítimas normalmente apresentavam febre, nódulos linfáticos dolorosos, inchados e hemorrágicos que ficavam negros: por isso o nome comum desta terrível doença. Ela é facilmente transmitida através da saliva quando a pessoa tosse ou espirra. Acredita-se que a Peste Negra começou como uma epidemia no Deserto de Gobi na década de 1320 e espalhou-se para a China, onde ela matou praticamente uma em cada três pessoas, rapidamente reduzindo a população em estarrecedores trinta e cinco milhões. Ela foi então transmitida ao longo das rotas comerciais em direção à Índia, ao Oriente Médio e à Europa. Em 1349, a praga havia matado um terço da população do mundo islâmico. Dois anos antes, os Kipchacks, nômades das estepes euro-asiáticas, deliberadamente infectaram a comunidade européia com a doença, catapultando corpos infectados dentro de um posto comercial genovês situado na Criméia. A partir da Criméia, os genoveses inadvertidamente trouxeram a doença para a Sicília em um navio carregando ratos infectados, e em 1347, a Peste Negra difundiu-se através da Sicília, Norte da África, Itália, França e Espanha. Em 1349, ela havia devastado a Hungria, Áustria, Suíça, Inglaterra, Alemanha, Holanda, Bélgica e Dinamarca e em 1350 ela atingiu a Suécia e a Noruega onde matou mais pessoas do que deixou sobreviver. Os noruegueses então levaram a doença até a distante Islândia e daí à Groenlândia, onde a praga pode ter precipitado o fim dos assentamentos viquingues. De acordo com um proprietário de uma linha de navegação norueguesa, Fred Olsen, que é um dos principais confidentes do pesquisador Thor Heyerdabl, há uma razão para acreditar que a doença foi também levada a regiões das Américas por comerciantes europeus pré-colombianos, onde ela desolou o que é agora o sudeste dos Estados Unidos e a inteira civilização dos Toltecas, deixando suas cidades vazias para serem ocupadas pelos membros da nação apache que nós conhecemos como Astecas. Pelo menos vinte e cinco milhões de europeus morreram na primeira epidemia da Peste Negra antes dela retornar novamente em 1361-3, 1369-71, 1374-5,1390 e 1400. No total, a Peste Negra matou a maior parte da população do mundo mais do que qualquer outro desastre conhecido, antes ou após ela. A aparência social de toda a Cristandade estava transformada pela doença, que se acredita tenha matado aproximadamente um terço da população em quatro anos entre 1347 e 1351. Os eventos apocalípticos levaram a estranhas formas de práticas religiosas, incluindo uma na qual os flagelantes tentavam apaziguar a ira de seu Deus vingativo usando crucifixos e açoitando-se ritualisticamente por onde que eles fossem. Como sempre, alguém procurou bodes expiatórios e em Estrasburgo e em Bruxelas milhares de judeus foram massacrados. A Igreja também estava sendo responsabilizada, apesar do fato de grande número de sacerdotes e monges pereceram na nobre tentativa de auxiliar os doentes. Em 1351, o clero foi mais do que dizimado pela doença, a economia da Europa foi arrasada e a população sobrevivente estava em franca rebelião contra a Igreja e o Estado. Como nós mostraremos, como exatamente todo mundo mais, os remanescentes dos Templários e seus principais apoiadores estavam esperando por um segundo escolhido. Jacques de Molay foi rapidamente transformado em um super-herói e o povo imaginava se ele poderia ter sido o Messias, morto novamente. Aqueles que sabiam que o Grão-Mestre havia sido crucificado convenceram-se disto e a história deve ter se difundido a ponto de alarmar a Igreja. Após a crucificação de Jesus, a Terra Santa havia sido arrasada e a população da terra praticamente destruída. Agora isto estava novamente acontecendo. A última cosa que a Igreja precisava era de uma imagem miraculosa de um Jacques de Molay crucificado que inesperadamente surgia mas era exatamente isto o que estava acontecendo! A Batalha pela Imagem Sagrada Em Junho de 1353, o Rei João II conhecido como 'o Bom', concedeu a Geoffroy de Charney permissão para fundar uma igreja colegiada na cidade de Lirey. Nós acreditamos que este Geoffroy de Charney era o neto de Jean e Charney, o irmão do Preceptor Templário da Normandia que havia morrido na fogueira ao lado de Jacques de Molay. Ele era um talentoso e ambicioso cavaleiro que havia se aproximado do Rei. Em 1355, Geoffroy foi nomeado porta-estandarte do Rei João e parece ele pretendia ser algo a mais do que um mero cortesão real. A 28 de Maio de 1356, Henrique de Poitiers, o Bispo de Troyes, consagrou a nova igreja de Geoffroy em Lirey e nós verificamos que nenhuma menção foi feita a respeito de um sudário nos assentamentos da igreja. Quatro meses mais tarde, a 19 de Setembro. Geoffroy estava lutando na Batalha de Poitiers ao lado do Rei João quando as coisas começaram a correr mal para as tropas francesas. À medida que as tropas inglesas avançavam, Geoffroy encontrava-se desesperadamente defendendo o seu Rei, mas infelizmente morreu durante a tentativa e o Rei foi tomado como refém por Eduardo, o Príncipe Negro, aprisionado na Inglaterra e um imenso resgate de 3.000.000 de coroas foi exigido por sua libertação. Com seu marido morto, e nenhum Rei para garantir-lhe uma pensão real, a jovem viúva de Geoffroy, Jeanne de Vergy, deparou-se com difíceis circunstâncias financeiras e, semanas após ter recebido tais notícias, ela foi apelar ao regente, o filho de João, Carlos, para que este a ajudasse. Ela tinha um pequeno filho, também chamado Geoffroy de Charney, e pouco dinheiro, mas Carlos também tinha grandes problemas financeiros e não poderia oferecer-lhe muita coisa. Como seria normal em tais circunstâncias, Jeanne começou a se desfazer das posses de Geoffroy. Entre estes itens que foram listados em uma inspeção, encontrava-se uma grande peça de linho, devidamente dobrada, mas machada por causa da idade. Ele foi aberto para que o seu valor pudesse ser avaliado e, para grande surpresa de Jeanne, ela pode ver uma esmaecida, embora distinta, imagem de um rosto marcada no tecido. Uma vez que ela foi completamente aberta, ela pode ver claramente duas imagens completas de um homem: uma da parte frontal e outra da dorsal. Esta estranha aparição aparentava-se, como todo o mundo pode ver, com a imagem de Jesus Cristo após sua crucificação. Inicialmente, nós não estávamos certos se a família tinha conhecimento ou não sobre o que havia ocorrido com Jacques de Molay, há duas gerações. Cinqüenta anos é muito tempo, mas todas as evidências nos mostram que Jeanne era uma mulher muito inteligente e, no balanço das probabilidades, nós acreditamos que ela provavelmente imaginou que o tecido era aquele que havia envolvido o último Grão-Mestre dos Templários após ter sido crucificado pela Inquisição. A medida em que nós nos detivemos mais amiúde sobre as suas últimas ações, nós fomos capazes de afirmar com certeza que ela sabia exatamente o que ela tinha em mãos. Jeanne de Vergy vislumbrou neste sudário esmaecido um modo de sair de suas dificuldades financeiras. Ela persuadiu os cônegos da nova igreja em Lirey a exibi-lo como uma relíquia sagrada e, sendo ela uma talentosa mulher de marketing, investiu um pouco dos seus parcos fundos na confecção de um medalhão comemorativo para ser oferecido aos visitantes para compra, com um lucro considerável. Um grande número de peregrinos acorreram ao local. Os negócios que envolviam relíquias sagradas eram um sólido investimento para qualquer um no século XIV, e a Igreja tendia a encorajar tais coisas, pois ajudavam a fortalecer a superstição do povo de um modo que beneficiava a autoridade da Igreja. O Bispo Henrique de Poitiers pouco tempo depois acordou para este influxo de visitantes à Lirey e quando ele próprio viu o Sudário, ele resolveu realizar algumas investigações a respeito de sua origem. Nós acreditamos que Henrique de Poitiers deve ter encontrado algumas pessoas que sabiam que Jacques de Molay havia sido torturado através da crucificação e ele descobriu que a família Charney mantinha o sudário que envolvera o famoso Templário. Isto teria alarmado o Bispo, pois a morte de Molay tinha-o tornado um mártir de grande consideração e se fosse revelado que ele tinha sido crucificado por ordem do Rei Filipe, com uma coroa de espinhos em sua cabeça, a imaginação do público não conheceria limites. Um novo messias estava sendo esperado e esta seria uma história que incendiaria toda a Cristandade se fosse divulgada. O fato de Molay ter deixado uma imagem miraculosa sobre a superfície de um sudário aterrorizou o Bispo, não tanto por temer o poder da morte do Grão-Mestre, mas sim, porque ele sabia que a Igreja não sobreviveria à maré de emoções que um novo culto produziria. A Igreja pode ter se sentido mais ameaçada por este pequeno artefato do que por todas as hordas muçulmanas na Terra Santa. Os Templários já acreditavam amplamente que eram os guardiões do próprio Graal, devido ao patrocínio pelos Templários da versão da lenda do Graal, Perlesvaus. O interesse na figura messiânica do Rei Arthur e a restauração dos nobres valores dos Cavaleiros continuavam a crescer desde a extinção da Ordem, cujos membros tinham se auto-promovido como os sucessores do rei salvador. Na Inglaterra, neste exato momento, o Rei Eduardo III estava construindo uma nova Távola Redonda em Winchester, com as pretensões de se estabelecer uma nova ordem de Cavaleiros baseada na dos Templários. Qualquer milagre atribuído a Molay, como sua imagem reconhecível aparecendo à guisa de Cristo, poderia facilmente pender a balança contra a Igreja e fazer com que os sobreviventes dos Templários fossem os discípulos do Segundo Messias. A similaridade entre a morte de Jesus e a de Molay já havia sido notada antes. O poeta do mesmo período, Dante, escreveu um poema descrevendo Filipe, o Belo, como o 'Pôncio Pilatos' da ruína dos Templários. Se o sudário na igreja de Lirey fosse reconhecido como o que ele realmente era, o mundo teria o seu Segundo Messias. O Sudário teria que ser destruído antes que destruísse a Igreja. Henrique de Poitiers respondeu rapidamente declarando que ele tinha localizado o homem que o havia produzido, e ordenou que o Sudário fosse destruído - instruções que ele registrou nos arquivos da Diocese de Troyes. Ele havia de fato identificado este 'homem' responsável por sua criação, como se esperaria se o sudário fosse simplesmente uma farsa. O Sudário foi devidamente retirado da exibição pública, mas Jeanne escondeu-o, de modo a se evitar a sua destruição. Ela deve ter percebido a magnitude da situação, pois por toda a sua vida ela tentou retomar as exibições públicas do Sudário. Parece provável que foi dito a Henrique que o Sudário havia sido destruído, pois ele manteve excelentes relações com a família Charney pelo resto de sua vida. Jeanne ainda era jovem e ela casou-se novamente com o próspero nobre Aymon de Genevainto. Ele era um membro de uma família que tinha grande influência dentro da Igreja - tanto que em 1378, ela tornou-se a tia do novo Papa, Clemente VII. Para uma viúva de um cavaleiro obscuro lançar-se em tal posição de influência parece mesmo ser notável e mesmo até além de uma mera coincidência. Um desenvolvimento interessante neste interminável drama é o fato de que o filho de Jeanne, Geoffroy, casou-se com a sobrinha do Bispo Henrique de Poitiers, o homem que havia ordenado a destruição do Sudário. Jeanne e seu filho claramente tinham outros planos que mais uma vez envolviam a obtenção de dinheiro através das exibições do Sudário como Uma relíquia sagrada em Lirey. As exibições do Sudário reiniciaram em 1389. A importância da pequena igreja de Lirey crescia rapidamente na medida em que a mesma atraía mais e mais peregrinos, mas este sucesso repentino rapidamente atraiu o interesse do Bispo local à época, um jurista da Igreja chamado Pierre d'Arcis. Ele recebeu relatórios sobre o crescimento do culto do Sudário de Lirey e, do mesmo modo que Henrique de Poitiers trinta e dois anos antes, decidiu ele mesmo investigar sua origem. Analisando os registros de Henrique, ele rapidamente descobriu os achados da investigação anterior e ficou alarmado. Henrique havia registrado que o Sudário não era a imagem de Cristo, mas teria sido muito perigoso registrar o verdadeiro e terrível segredo para que um leitor futuro pudesse ver. Ao invés disto, ele simplesmente escreveu que ele era falso e que conhecia o 'responsável' pela falsificação. Ele não apresentou Imbert, o inquisidor de Molay, como este 'responsável' mas a partir de sua relutância em identificar este criador do Sudário, ou em explicar o que ele sabia, nos levou firmemente a acreditar que este era a quem ele se referia. Alarmado com o ressurgimento desta 'fraude', o Bispo instruiu o Diácono de Lirey a interromper a exibição imediatamente, mas a resposta que ele recebeu não foi exatamente o que d'Arcis esperava. O diácono disse-lhe que ele possuía uma permissão superior que o autorizava a exibir o tecido, e que a relíquia estava sob a jurisdição da Coroa. Ainda mais, d'Arcis foi informado que o atual benfeitor, Geoffroy de Charney, havia retomado a posse legal sobre o tecido e que tinha obtido do próprio Rei a permissão para colocar uma guarda militar de honra em torno da relíquia, em caso do Bispo tentar levá-la à força. Pierre d'Arcis estava ultrajado, bloqueado e sitiado, mas ele ainda tinha o último recurso de um clérigo para utilizar: a diplomacia. Com toda a humildade que ele poderia mostrar, d' Arcis peticionou Geoffroy a pelo menos suspender as exibições públicas até que uma autorização papal pudesse ser obtida de modo a se evitar possíveis danos às almas dos simplórios peregrinos. Entretanto, Geoffroy não estava preparado para desistir de seus objetivos; as lucrativas exibições públicas continuaram como se nenhum apelo tivesse sido feito. O Bispo d'Arcis era um jurista muito bem experimentado e rapidamente foi queixar-se com o Rei. À luz dos razoáveis pedidos de d'Arcis para que as exibições fossem suspensas até que uma autorização papal fosse obtida, o Rei apoio-o a sua petição legal. Assim ele ordenou que o tecido ficasse sob a guarda do Bispo d' Arcis e autorizou ao oficial da corte de Troyes a confiscá-lo - mas o oficial retornou de sua missão de mãos vazias, pois Geoffroy simplesmente recusou-se lhe entregar o sudário. Este impasse durou até o verão de 1389, após o qual foi quebrado da maneira mais inesperada possível. Geoffroy de Charney marcou uma reunião com o Papa no palácio papal em Avignon e, sem consultar d'Arcis, o Papa Clemente autorizou que as exibições poderiam continuar, embora ele tenha imposto uma nova condição dirigida para aplacar a ira do Bispo. Ele ordenou aos sacerdotes de Lirey que estes deveriam declarar, em alto e bom tom, que o tecido era uma 'cópia ou representação' do sudário de Cristo e não admiti-lo como genuíno. O Bispo d'Arcis não podia acreditar que o Papa tivesse tomado tal decisão, apesar dos fatos materiais sobre a questão lhe darem razão. Ele deve ter genuinamente acreditado que o Diácono de Lirey, aliado a Geoffroy de Charney, estavam agindo com 'intenções fraudulentas e com o propósito de ganho'. As almas de seu rebanho eram mais importantes para d'Arcis do que a decisão papal sobre a discussão e deste modo, ele decidiu realizar um relatório detalhado para Clemente VII, narrando-lhe tudo o que ele sabia sobre a origem do tecido, com o propósito de convencer-lhe a rever sua decisão a favor de Geoffroy. O relatório do Bispo d' Arcis escrito em latim ao Papa Clemente VII em 1389 foi reservado na Bibliotheque Nationale em Paris. Ao estudar este relatório, o leitor não pode duvidar da honestidade e convicção de d'Arcis. Ele era um homem que viu o que ele percebeu ser uma grande e errada tomada de posição e, após apelar à autoridade superior para apoiar a interrupção da exploração de simples peregrinos, ele se deparou como o que parecia uma atitude que o impedia de tomar qualquer ação que ele via como certa. Ele acreditava que o Papa não sabia a terrível verdade que se escondia por detrás do sudário e estava determinado a contar-lhe: De fato, é surpreendente que todos aqueles que conhecem os fatos do caso cuja oposição que me impedes nestes procedimentos sejam da própria Igreja, de cuja misericórdia eu deveria ter procurado atrás de um apoio vigoroso, e não ter esperado a punição se eu tivesse mostrado-me indolente ou negligente... Referindo-se à investigação original de Henrique de Poitiers, o Bispo atual disse: ... Eventualmente, após uma diligente investigação e exame, ele descobriu a fraude e como o referido tecido tinha sido artificialmente feito por mãos humanas, a verdade sendo atestada por um mestre de ofício que o tinha criado, para testemunhar que ele era um trabalho do intelecto humano e não miraculosamente criado ou produzido... ... Eu estou convencido de que eu não posso completa ou suficientemente expressar por escrito a dolorosa natureza do escândalo, o conteúdo trazido contra a Igreja e a jurisdição eclesiástica e o perigo para as almas. Clemente não realizou as suas próprias investigações, ou mesmo consultou melhor àquelas realizadas por d' Arcis, sendo que ao invés disso, a 06 de Janeiro de 1390, ele publicou três documentos que encerraram a querela - mas de um modo que satisfazia d' Arcis ou, de fato, respondia qualquer uma das alegações que ele tinha realizado em seu relatório. A Geoffroy de Charney, seu meio-primo, o Papa encaminhou uma carta reafirmando sua decisão anterior e expressando novamente a condição para que o tecido fosse exibido, anunciando-se que ele era uma 'figura ou representação'. Ao Bispo Pierre d'Arcis ele encaminhou uma carta, que ignora totalmente as descobertas constantes do memorando do Bispo e que impunha uma sanção de silêncio perpétuo sobre ele, alertando-o que se ele pronunciasse novamente sobre esta questão ele seria imediatamente excomungado. Aos principais clérigos da área de Troyes e Lirey, ele encaminhou uma carta confirmando sua orientação e ordenando-lhes a garantir que suas instruções sobre a matéria fossem seguidas à risca. Com o envio destas três cartas, os registros a respeito do memorando de d'Arcis terminam abruptamente. Pierre d'Arcis morreu cinco anos mais tarde, sem mencionar a questão novamente em sua vida. Henrique de Poitiers tinha investigado o Sudário e rapidamente ele deve ter descoberto as ligações deste com o último Grão-Mestre dos Templários. Ele de fato descobriu o homem que o tinha criado: Imbert - o homem que tinha crucificado Molay e envolvido-o em seu sudário. Na época da investigação de Henrique, Imbert ainda estava vivo com seus setenta anos, mas se solicitado ele poderia ter sido capaz de fornecer todos os detalhes daquele evento ao horrorizado Bispo. Infelizmente, os registros que ele deixou, que Pierre d'Arcis menciona em seu relatório ao Papa, desapareceram logo depois. Nós sabíamos que o Sudário havia passado da família Charney à família Sabóia em 1453, quando ele foi comprado por Luiz, o segundo Duque, e sendo assim, decidimos investigar um pouco melhor esta família para verificar se nós poderíamos descobrir alguma razão específica do porquê oferecer dois castelos para se tornarem os mantenedores deste pedaço de linho. A História registra que a Casa de Sabóia é uma das mais antigas dinastias da Europa e que governou a Itália desde a sua fundação como nação em 1861 até tornar-se uma república em 1946. Afirma-se que a dinastia foi fundada por um nobre borgonhês que possuía o curioso nome de 'Humberto Mãos-Brancas' que morreu em torno de 1048. O filho de Humberto, Oddone, tornou-se o segundo Conde de Sabóia e estendeu os seus domínios quando se casou com Adelaide, a herdeira de Turim na região do Piemonte. (Nós notamos neste ponto que o próprio Jacques de Molay era um nobre menor da Borgonha, o que pode ou não ter sido mera coincidência). Pelos próximos três séculos, as possessões e influência da família cresceram rapidamente em França, na Itália peninsular e na Suíça, e, em 1416, o Conde Amadeu VIII de Sabóia foi elevado a Duque de Sabóia, em troca de seu apoio ao Imperador do Sacro Império Romano, Sigismundo. Nós ficamos fascinados em descobrir que aos cinqüenta e um anos, em 1434, Amadeu inesperadamente decidiu transferir o seu título a seu filho Luiz e dirigiu-se para uma ordem semi-monástica na costa do lago Genebra, onde ele viveu a vida de um eremita. Cinco anos mais tarde, ele foi indicado pelo Concílio da Basiléia para suceder ao Papa deposto Eugênio IV e foi coroado como Papa Felix V em 1440. Alguns monarcas europeus continuaram reconhecendo Eugênio como o verdadeiro Papa e em 1449 Amadeu voluntariamente renunciou ao papado em favor do Papa Nicolau V, sendo que logo após ele tomou o titulo de vice-vigário geral da Casa de Sabóia e logo após tornou-se Cardeal. Amadeu possuía uma vida movimentada e quando ele morreu em 1451, ele deixou atrás de si uma poderosa dinastia que eventualmente forneceria à Itália os seus futuros monarcas. Foi após dois anos da morte de Amadeu que seu filho Luiz comprou o sudário de Margarida, a filha de Geoffroy de Charney. Parecia-nos muito curioso que a mãe de Geoffroy de Charney, Jeanne, acabou ingressando na família do antipapa Clemente VII através de um novo casamento. Jeanne não possuía especificamente nenhum talento em especial e se encontrava praticamente sem dinheiro após a morte em batalha de seu primeiro marido. Portanto, ela não seria exatamente a escolha mais óbvia como esposa de um próspero e bem posicionado nobre como era Aymon de Genevainto. Teria ele se casado com ela simplesmente por ela ser a detentora do Sudário? Quando o Sudário mudou de mãos um século mais tarde, ele passou para o filho de um outro antipapa - um descendente de uma família borgonhesa que tinha sido fundada no século XI e cujos membros provavelmente estiveram envolvidos na Primeira Cruzada. Parece muito provável que a família Sabóia conhecia o segredo do Sudário e a pergunta que surgia em nossas mentes era: a família Sabóia era membro dos Rex Deus? Os Templários Sobrevivem Quando Filipe, o Belo, atacou os Templários a 13 de Outubro de 1307, a frota Templária escapou e muitos dos membros da ordem acusada dirigiram-se para a Escócia onde Robert the Bruce já era excomungado e, deste modo, ofereceu-lhes abrigo. Estes consideráveis remanescentes dos Templários foram bem recebidos pelas famílias dos Rex Deus da Escócia tais como os St Clair, e suas crenças continuaram a formar as bases do que hoje conhecemos como a Maçonaria, sendo que a Capela Rosslyn apresenta a ligação entre estas duas tradições. Entretanto, os Templários eram constituídos de três classes de membros: os Cavaleiros, os Sacerdotes e os Irmãos Serventes, sendo que somente os Cavaleiros é que foram perseguidos. Os Irmãos Serventes estavam divididos em duas classes: os homens-de-armas e os artesãos - e, uma vez que os Templários tinham sido os maiores construtores de preceptórios, igrejas e maravilhosas catedrais, os mais comuns artesãos entre eles eram os pedreiros-livres. Portanto é completamente provável que alguns elementos ou ecos das cerimônias dos Templários possam ser encontrados de algum modo nas guildas dos pedreiros do continente, e mesmo nas menos formais associações de pedreiros da Inglaterra. Nem todos os Templários franceses fugiram para a Escócia. Um grande número deles morreu nas mãos da Inquisição, mas muitos sobreviveram e, de acordo com uma importante evidência, a Ordem dos Templários continuou existindo em completo segredo em França, até pelo menos 1804. Um documento conhecido como Charta Transmissionis parece conter uma lista de todos os Grão-Mestres dos Templários após a morte de Jacques de Molay. Este documento foi redigido inicialmente por um tal de João Marcos Larmenius que foi o sucessor de Molay, escolhido pelo Grão-Mestre enquanto este aguardava sua execução. Quando Larmenius envelheceu, ele transmitiu seu poder a um homem chamado Teobaldo e ele, e os sucessivos Grão-Mestres posteriores, anexou o seu aceite no documento original, progredindo até o último detentor desta importante posição, Bernard Raymond em 1804. A Carta foi escrita em latim cifrado, apresentado em duas colunas em uma grande folha de papel, devidamente ornamenta com desenhos de arquitetura. A chave do texto é a seguinte: Uma completa transcrição desta Carta, que foi traduzida inicialmente do latim cifrado para o latim corrente e depois para o inglês, pode ser encontrada no Anexo II. O modo incomum que Larmenius se refere a Molay que é particularmente interessante. Ele começa dizendo: Eu, Irmão João Marcos Larmenius, de Jerusalém, através da Graça de Deus e dos mais secretos decretos do venerável e mais santo dos Mártires, o Supremo Mestre dos Cavaleiros do Templo (a quem honra e glória são dadas), confirmado pelo Conselho Comum dos Irmãos, sendo decorado com o mais alto e supremo Mestrado de toda a Ordem do Templo, a aquém veja estas cartas de decreto, [desejo] saúde, saúde, saúde. Continuando, Larmenius novamente refere-se a Molay, interrompendo sua apresentação para descrevê-lo com estas palavras: ... O santíssimo e acima de tudo Venerável e abençoado Mestre, o Mártir, a quem honramos e glorificamos. Amém. Estas palavras parecem descrever alguém mais sagrado do que um mero Grão-Mestre: para nós parece mais uma forma de referência que alguém daria a uma figura messiânica. Outro aspecto interessante deste documento é o ódio demonstrado por Larmenius não somente contra a Ordem dos Hospitalários, mas também contra os Templários que fugiram para a Escócia, abandonando o seu Grão-Mestre aos abusos de Filipe, o Belo: Eu, por último, através do decreto da Assembléia Suprema, através da Suprema autoridade a mim investida, afirmo e ordeno que os Templários escoceses desertores da Ordem sejam amaldiçoados por um anátema e que eles e os irmãos de São João de Jerusalém, espoliados dos domínios da Ordem de Cavaleiros (a quem Deus tem sido misericordioso), sejam afastados do círculo do Templo, agora e no futuro. Se o documento for genuíno, e os pesquisadores acreditam que seja, então deve ter existido duas tradições templárias que foram provavelmente reunidas pelo Chevalier Ramsay quando ele trouxe o Rito Escocês dos Antigos à Paris, onde o 'Bom Príncipe Charlie' estava exilado. Nós agora estávamos convencidos que os últimos oficiais templários eram adoradores de Jacques de Molay, e que se algum culto surgiu entre eles, como a Maçonaria, se deveria ter conhecimento desta veneração do Grão-Mestre crucificado. Nossa tarefa agora era coletar toda fonte possível de informação nos primeiros rituais da Maçonaria para verificar se nós poderíamos ligar a história dos Rex Deus, os Templários e o martirizado Molay. Conclusão Todas as evidências fortemente sugerem que Jacques de Molay foi considerado por muitos como sendo um mártir santo e por outros como sendo o Segundo Messias que tinha, mais uma vez, sido assassinado pela instituição romana (a Igreja deste tempo no lugar de um exército imperial) e a devastação que se seguiu por toda a Cristandade foi encarada como a ira de Deus exatamente como havia ocorrido anteriormente. Exatamente como a Igreja de Jerusalém, os seguidores de Molay foram perseguidos e a verdade tinha de ser levada embora para um lugar seguro. Uma vez que a Peste Negra castigava a Cristandade, a Igreja temia que uma imagem miraculosa de Jacques de Molay que havia surgido no Sudário revelasse o terrível segredo de que eles também o haviam crucificado. Eles tinham que manter a identidade da imagem do Sudário escondida ou eles seriam golpeados por um novo culto a Molay, do mesmo modo que o culto a Jesus havia sido criado anteriormente. O problema foi finalmente solucionado através da aceitação da Igreja da realização de exibições públicas do Sudário e do encorajamento do povo a acreditar que aquela era a imagem de Cristo, mesmo que inicialmente eles tenham negado isto. O conhecimento secreto foi mantido embaixo dos panos. As indicações são as de que o Templarismo continuou em França e na Escócia e em ambos os lugares venerava-se Molay. Larmenius, o Grão-Mestre francês que sucedeu a Molay, poderia não saber sobre a imagem do Sudário, pois as exibições públicas só ocorreram muito tempo após sua morte. Entretanto, os últimos descendentes dos Templários não poderiam desconhecer o significado da imagem. Os atuais proprietários do Sudário, a família Sabóia, o possuíam desde o século XV e parece provável que eles também conheciam a verdadeira origem da imagem. Nossa teoria de que a imagem de Jacques de Molay é a que está no Sudário é ainda apoiada pelo fato de que o artefato foi colocado em exibição pública pela primeira vez por um descendente de Geoffroy de Charney, o Preceptor dos Templários da Normandia, que foi preso e morto ao lado de Jacques de Molay. 10 O Grande Segredo da Maçonaria Uma Religião para os Rex Deus Quando a Grande Loja de Londres foi fundada em 1717, os seus membros descartaram suas origens escocesas, pois elas eram jacobitas demais para os então partidários políticos dos Hanover. Quase um século mais tarde, a Grande Loja Unida da Inglaterra foi formada e os rituais dos trinta e três graus do Rito Escocês Antigo e Aceito foram considerados ultrajantes pelo novo Grão-Mestre, o Duque de Sussex, que não mediu esforços para alterá-los e sufocálos. Nós aprendemos através de nossa própria experiência e através dos escritos de muitos pesquisadores da Maçonaria anteriores a 1717, que é política da Grande Loja Unida da Inglaterra desencorajar investigações sobre as origens da organização. Isto fortemente sugere que algo estava sendo escondido, mesmo dos próprios Maçons. Nossa tarefa agora era tentar descobrir as peças destes graus desaparecidos para que pudéssemos remontar o segredo perdido da Maçonaria que definitivamente acreditávamos que estivesse relacionado com as crenças e a história dos Rex Deus e o martírio de Jacques de Molay. Não havia um ponto de partido claro, então nós começamos a coletar todo tipo de livro antigo que se relacionasse com os rituais da Maçonaria que encontrássemos. Nada do que nos chegava às mãos parecia combinar com os rituais eliminados que nós procurávamos e começamos a acreditar que os censores tinham mais influência do que nós esperávamos. Enquanto nos perdíamos atrás de vários volumes maçônicos, Tim Wallace-Murphy nos telefonou e contou-nos que o seu informante Rex Deus havia feito contato. Durante a conversa, Tim contou-lhe sobre as nossas pesquisas e que ele respondeu que estava interessado e que poderia esclarecer algumas das idéias que estávamos desenvolvendo. Tim perguntou ao francês se ele já tinha ouvido falar a respeito de um edifício chamado Rosslyn. Ele respondeu-lhe que não, então Tim perguntou-lhe se ele já tinha ouvido falar sobre uma reconstrução medieval do Templo de Herodes, construída na Europa. Ele respondeu-lhe que tal idéia parecia-lhe bastante provável e espontaneamente afirmou que se descobríssemos tal edificação deveríamos concentrar as nossas investigações sobre a muralha ocidental. Quando pressionado por Tim para explicar o porquê da muralha ocidental ser tão importante, ele disse-lhe que ele não sabia ao certo a razão, mas que ele se lembrava de uma declaração que seu pai sempre fazia que 'a muralha ocidental era a chave'. Se era uma coincidência, ela era muito estranha, pois é a muralha ocidental de Rosslyn que tem sido confirmada como sendo uma réplica da ruína herodiana de Jerusalém. Tim então perguntou ao seu contato se ele já tinha ouvido falar de um anel dos Rex Deus (como aquele que nos foi contato por Russell Barnes). A resposta que ele recebeu era de que havia dois anéis, um onde constavam os dois pilares e outro com somente um dos pilares, mas que possuía uma serpente enrolada nele. Tim não havia contato nada ao seu contato sobre a importância dos pilares para a nossa história e para ele ter descrito os anéis deste modo é de suma importância. O pilar único com a cobra enrolada em torno dele, parece similar ao pilar Boaz existente em Rosslyn, que possuí uma videira que se espirala em torno dele. Nossa primeira presunção de que deveriam ser dois os anéis parecia estar correta, mas nós estávamos enganados sobre em cada um deles estar representado um pilar. Nós presumimos que o anel com um único pilar representa a casa de David, a linhagem real, e o anel com os dois pilares representa o messianismo unificado. Este membro dos Rex Deus contou uma outra informação muito interessante: . As cores da casa de David são o verde e o dourado. . A dinastia dos Stuart era membro dos Rex Deus. . Guilherme I da Inglaterra (Guilherme, o Bastardo) pertencia aos Rex Deus e seu filho, Guilherme II, foi assassinado quando planejava substituir o Catolicismo romano pelas crenças dos Rex Deus como religião oficial da Inglaterra. Sobre este último ponto, Tim perguntou-lhe sobre o significado de 'crenças dos rex Deus'. Ele contou-lhe que elas diziam respeito de algo muito similar ao Cristianismo celta. Esta resposta encaixa perfeitamente o que nós esperaríamos, pois nós já sabíamos que a Igreja Celta foi construída a partir das crenças judaico-cristãs, incluindo a rejeição da idéia de que Jesus era um deus. A partir de nossas pesquisas, nós tínhamos toda razão para acreditar que os fundadores desta Igreja na Irlanda e na Escócia - São Patrício e São Colombo eram eles mesmos de origem judaica. Se Guilherme II considerou em estabelecer uma religião baseada nas crenças dos Rex Deus na Inglaterra, teria sido muito desastroso para a missão em Jerusalém, pois o Vaticano aniquilaria todos os suspeitos de manterem contato com a heresia. Guilherme foi morto a 02 de Agosto de 1100, enquanto caçava na Floresta Nova em Hampshire e tem-se freqüentemente especulado ele foi assassinado por razões desconhecidas. Nós notamos que ele, o Papa Urbano II - o promotor da Primeira Cruzada - e Geoffroy de Bouillion - o vitorioso da Primeira Cruzada - morreram com um intervalo de poucos meses entre eles. Poderia existir um 'esquadro de extermínio' para assegurar que a missão em Jerusalém não fosse colocada em perigo? Que os Stuart pertenciam aos Rex Deus não nos surpreendeu, pois, quando Jaime VI da Escócia dirigiu-se para Londres para tornarse Jaime I da Inglaterra, ele também trouxe a Maçonaria com ele, que é uma forma da 'doutrina' dos Rex Deus e que conta a história da reconstrução do Templo Sagrado. A Bíblia Anglicana é a versão do Rei Jaime, que retirou os dois últimos livros do Antigo Testamento, os Livros dos Macabeus, pois estes eram anti-Nazoreanos. Jaime Stuart era também notoriamente contra a Igreja Católica Romana, como pode ser visto nas palavras que ele utilizou para apresenta a sua versão da Bíblia: ... Assim se, por um lado, nós somos caluniados pelos emissários papais em nosso país ou no exterior, que nos atacam, pois somos os pobres instrumentos da santa Verdade de Deus que trazem-na cada vez mais ao conhecimento do povo, a quem eles desejam ainda manter na ignorância e na obscuridade... A informação dada pelo contato de Tim certamente pareceu-nos muito verossímil, pois os comentários realizados pelo francês encaixam-se muito bem com os fatos que nós pudemos confirmar. Os Rituais Perdidos Ao lermos diversos textos que poderiam ser interessantes para nossas pesquisas, nós nos deparamos com uma estranha, mas fascinante declaração dada em uma palestra intitulada 'Maçonaria e Catolicismo' em Maio de 1940: Cristo divulgou a palavra secreta da Maçonaria... Ao povo, e ele proclamou-a em Jerusalém, mas revelando a palavra oculta ao povo, ele estava a frente de seu tempo... Deixem os Maçons receberem Cristo de volta à Maçonaria... Maçonaria tem sido a expressão do Cristianismo nos últimos 2000 anos. De fato palavras poderosas, e acreditamos que algumas delas sejam corretas. Jesus, como o messias monárquico oriundo da linhagem real de David, havia sido iniciado nos altos graus da ordem do movimento nazoreano que envolviam um cerimonial onde o candidato representava em uma morte figurativa antes de ser ressuscitado para uma nova vida dentro da ordem. Jesus sabia que o tempo era curto e deste modo ele 'transformou água em vinho' (transformou o povo impuro em um povo pio) através do batismo e nós acreditamos que ele fornecia aos seus principais seguidores o segredo da ressurreição em vida que ainda é utilizada pelos Maçons hoje em dia. O nome do palestrante nada significava para nós e deste modo nós tentamos descobrir um pouco mais sobre ele. O homem que proferiu aquelas palavras era Dimitrije Mitrinovic, um estudioso oriundo da região dos Bálcãs, da Bósnia-Herzegovina, que veio viver em Londres por volta da Primeira Guerra Mundial. Ele tornou-se uma figura de destaque no 'Grupo de Bloomsbury' que era uma reunião de intelectuais em sua maioria de origem inglesa. Este grupo apropriou-se do nome de um distrito próximo ao Museu Britânico na região central de Londres onde a maioria dos membros vivia e produziu um grande número de proeminentes pensadores que eram conhecidos individualmente por suas contribuições às artes ou às ciências sociais. Em seu círculo incluía-se pessoas como Virginia Woolf e seu marido, Leonard; o economista John Maynard Keynes e o romancista e ensaísta E. M. Forster. Tínhamos levado sete anos de ampla pesquisa, incluindo conhecimento maçônico específico, para chegarmos a este ponto, então como Mitrinovic chegou a esta mesma conclusão? Nós não conseguimos descobrir nada mais que tenha sido escrito por Mitrinovic e nós já estávamos prontos a desistir quando nos deparamos com o fato de que ele tinha formado uma considerável biblioteca pessoal que poderia ter-lhe sobrevivido. Nós pesquisamos em todas os lugares óbvios, mas não encontramos sequer traços desta coleção desaparecida que acreditávamos poder conter a informação que precisávamos. Telefonemas após telefonemas nos mergulhavam em um completo vazio - mas nossa persistência seria recompensada. Uma ligação para uma universidade, que não era a primeira de nossa lista de possíveis mantenedoras de tal coleção, a princípio nos deu a resposta de costume: 'Desculpe-me', disse uma senhora de uma maneira gentil, 'não há nada aqui classificado com este nome'. Nós estávamos prontos para agradecê-la por seu auxílio e nos dirigirmos para uma outra opção de nossa lista, quando ela nos apresentou repentinamente uma esperança: 'Oh, espere um momento. Eu quero perguntar a meu colega sobre uma coleção que ainda não foi catalogada. Eu me lembro que ela possuía um nome de origem da Europa oriental'. Nós ouvimos o som do fone sendo colocado sobre a mesa e então esperamos em silêncio por alguns minutos antes dela retornar. ‘Você disse que o nome da pessoa era Mitrinovic, soletra-se M-I-T-R-IN-O-V-I-C, não? Bem, você está com sorte - a coleção está aqui, mas ainda não foi catalogada'. Finalmente nós nos encontramos com a biblioteca pessoal de Mitrinovic, e agora nós precisávamos descobrir se ele tinha coletado livros que combinariam com o que estávamos procurando. Logo em seguida, nós obtemos permissão para estudar a coleção e descobrimos que ele tinha de fato reunido um grande número de livros raros e importantes sobre a Maçonaria, incluindo alguns antigos e inalterados rituais de diversos graus. Assim que nos detivemos sobre os diversos volumes, não nos desapontamos. A soberba coleção de livros de pesquisadores maçônicos do século XIX e do princípio do XX de Dimitrije Mitrinovic permitiu-nos construir uma imagem reveladora dos principais pontos dos rituais destes altos graus 'perdidos' da Maçonaria. O que nós encontramos foi simplesmente estarrecedor. Nós utilizamos diversos livros para reconstruir os elementos chaves destes graus danificados, sendo o mais significante o livro Freemasonry and the Ancient Gods, escrito por J. S. M. Ward e publicado em 1921. Diferentemente da maioria dos pesquisadores e escritores maçônicos de sua época, Ward possuía um estilo de escrita interessante e era aberto a novas idéias. Ele era membro de diversas Sociedades Reais, incluindo a Sociedade Real de Antropologia, foi premiado pelo Trinity Hall, de Cambridge, e era um Maçom dos mais qualificados. O livro que chegou às nossas mãos era o resultado de quatorze anos de pesquisa, estimulados pelos mesmos sentimentos de dúvida que nós experimentamos quando nós olhamos para a história oficial da Maçonaria. Ward era um estudioso rigoroso e sem preconceitos que analisou clinicamente o trabalho de pesquisadores anteriores, algumas vezes apontando erros em seus julgamentos e algumas vezes aceitando as suas evidências, mesmo que possa ter rejeitado suas conclusões. Nós sabemos que teríamos gostado deste homem e que estávamos agradecidos por ele ter sido encorajado pelos Maçons de sua época a publicar suas descobertas. Ele educadamente demonstra onde os notórios e aceitos da história maçônica como Gould erram seriamente quando tentaram seguir uma linha rígida de pensamento, assumindo que o dogma oficial estava correto e somente precisava ser iluminado. Alguns dos graus perdidos ou danificados parecem muito comuns, mas outros contam uma história que fazem os nossos olhos saltarem, pois conhecíamos muito bem. O quarto grau é chamado 'Mestre Secreto' e diz respeito ao velório da morte de alguém não especificado. A Loja está decorada em negro e iluminada por oitenta e uma velas; a jóia do grau ostenta a letra 'Z', que se afirma referir a Sadok. Durante a realização do ritual, o significado dos tesouros do Templo, tais como o Altar dos Incensos, o Candelabro Dourado e a Mesa dos Pães Propiciais, é apresentado e explicado. O candidato é orientado a não desejar nada do qual ele é merecedor e que ele deve obedecer ao chamado do 'dever inexorável como o Destino'. O cerimonial do grau ocorre na época onde todo o trabalho no Templo havia sido suspenso devido a uma certa tragédia. As lições do grau são para relembrar ao candidato da importância do Dever e da Discrição. Este ritual nos chamou muito a atenção. Nós havíamos determinado que os Cavaleiros Templários escavaram abaixo das ruínas do Templo de Herodes, muito provavelmente em busca dos tesouros colocados lá por seus ancestrais um pouco antes da queda de Jerusalém em 70 d.C. De acordo com a lenda judaica, Sadok foi o primeiro Sumo Sacerdote de Jerusalém. Ele ungiu Salomão como rei e, deste modo, foi um fundador dos Rex Deus. Entre os Manuscritos do Mar Morto, descobertos em Qumran em 1947, encontra-se um dos mais importantes de todos, o Manuscrito de Cobre, que lista onde os tesouros e os manuscritos sagrados foram escondidos embaixo do Templo de Herodes e das áreas ao redor. Este manuscrito também afirma que uma cópia dele mesmo, com mais informações, foi colocado embaixo do Templo. A entrada 52 afirma: Abaixo do canto meridional do Pórtico na Tumba de Sadok, sob a plataforma de êxedra: vasos para os despojos do dízimo, dízimos corrompidos e dentro deles, moedas cunhadas. Este Pórtico é uma arcada dupla localizada na extremidade oriental do Templo e o canto meridional é o pináculo de onde Tiago, o irmão de Jesus, foi atirado. Além disso,John Allegro, um especialista no Manuscrito de Cobre, acreditava que esta Tumba não poderia ser a do primeiro Sumo Sacerdote, que se encontraria fora das muralhas. Ele afirma que esta poderia ser facilmente uma referência à tumba do irmão de Jesus, Tiago, o Justo, que possui uma fachada ornamentada com dois pilares diante de um pórtico coberto ou êxedra. Tiago era conhecido como o Justo (em hebraico, 'Sadok') ou como o Mestre da Retidão (em hebraico, 'Moreh-zedok'). Após ele ter sido atirado do pináculo, ele foi apedrejado e finalmente decapitado, no ponto onde se localiza a sua tumba hoje em dia. Isto ocorreu em 62 d.C. um pouco antes da conclusão do Templo e é certo que os trabalhadores judeus teriam paralisado os trabalhos como uma forma de respeito ao seu líder espiritual. A palavra hebraica 'Sadok' é exatamente a mesma que 'Tsedeq' que era o pilar sacerdotal que formava par com o pilar monárquico de 'Mishpat'. Os Manuscritos do Mar Morto, e outro antigo documento encontrado nos primórdios do século XII, conta-nos que um grupo chamado Os Filhos de Sadok surgiu e tornou-se a comunidade de Qumran que redigiu os Manuscritos do Mar Morto. Isto significaria que 'Os Filhos de Sadok' era o título hebraico/aramaico para os descendentes da linha sacerdotal que viria a ser conhecida como os rex deus em algum momento após a queda do Templo em 70 d.C. O termo 'Os Filhos de Sadok' é repetido em todos os Manuscritos do Mar Morto, e outras denominações são dadas a este grupo, tais como 'a Semente da Retidão' e 'os Filhos da Luz'. Isto nos traz à mente a transmissão hereditária da santidade e o fato de que, desde os tempos dos reis do Antigo Egito, a ressurreição sempre tem ocorrido durante a aurora com o surgimento da estrela da manhã. Os Maçons hoje em dia são ritualisticamente 'ressuscitados' sob a luz da estrela da manhã. O próximo grau, conhecido como 'Mestre Perfeito' refere-se à descoberta e o sepultamento do corpo de Hiram Abiff, uma personagem que se afirma ter sido morto por um golpe na cabeça, exatamente antes da conclusão do primeiro Templo em Jerusalém. E importante neste ponto mencionar a técnica chamada 'pesher' que foi extremamente significante para o povo de Jerusalém no primeiro século, e está presente ao longo dos Manuscritos do Mar Morto. A técnica envolvia a procura de eventos registrados ao longo da história passada judaica e a análise deles, sendo que logo após se afirmava, 'O pesher disto é...' Eles então descreveriam os eventos em sua própria época que aparentava ser descrito muito tempo antes por homens sagrados. A morte de Tiago, o Justo, poderia facilmente ter sido considerada um pesher da morte do homem que os Maçons hoje conhecem como Hiram Abiff ('o Rei que estava perdido'). Hiram Abiff foi morto por um golpe em sua cabeça, a revelar um segredo que havia lhe sido confiado. Isto ocorreu exatamente antes da conclusão do Templo de Salomão, quase exatamente mil anos antes de Tiago, o Justo, ser morto por um golpe em sua cabeça, por ter se recusado a responder a uma questão que era secreta, logo antes da conclusão do Templo de Herodes. Desta forma, o pesher da história de Hiram Abiff é a morte de Tiago, o messias unificado dos judeus. Para este grau, a Loja está decorada em verde e iluminada por dezesseis velas, quatro em cada ponto cardeal. A história narra que, com a morte de Hiram Abiff, Salomão estava ansioso para render a devida homenagem ao seu amigo e para tal ele ordenou que Adoniram construísse uma sepultura para o corpo. Após nove dias, uma esplendida sepultura foi construída com um obelisco de mármore branco e preto decorando-a. Igualmente à tumba de Tiago, a entrada é colocada entre dois pilares que apóiam uma pedra quadrada com a inicial 'J' gravada nela. Os rituais do sexto ao décimo segundo grau do Rito Escocês Antigo e Aceito contêm algumas referências interessantes, mas nada diretamente reveladora para as nossas pesquisas. O décimo terceiro grau é 'O Real Arco de Enoch' ou 'O Mestre do Nono Arco' e a narrativa ocorre na época da construção do Templo de Salomão, há três mil anos. Ele é uma espécie de 'pesher' do Grau do Santo Real Arco, que é a história dos Cavaleiros Templários removendo uma pedra-chave nas ruínas do Templo de Herodes e descendo até uma abóbada subterrânea que contém um antigo manuscrito. O grau conta como, em uma época muito anterior a Moisés e Abraão, o antigo personagem Enoch previu que o mundo seria acometido a um desastre apocalíptico através do fogo ou de um dilúvio, e assim ele determinou preservar pelo menos um pouco do conhecimento então sabido pelo homem, para que este pudesse ser transmitido às futuras civilizações de sobreviventes. Ele deste modo grava valendo-se de hieróglifos os grandes segredos da ciência e da arte de construir em dois pilares: um construído de tijolos e outro de pedra. A lenda maçônica continua a contar como estes pilares foram quase destruídos como trechos deles sobreviveram ao Dilúvio e que foram subseqüentemente descobertos - um pelos judeus, o outro pelos egípcios - para que a civilização pudesse ser reconstruída a partir dos segredos que estavam gravados neles. Fragmentos de um dos pilares foram descobertos pelos trabalhadores durante as escavações para as fundações do Templo do Rei Salomão. Enquanto preparavam o terreno em Jerusalém três mil anos atrás, a parte superior de uma abóbada ou de um arco foi descoberta e um dos pedreiros foi abaixado dentro da abóbada onde ele descobriu as relíquias do grande pilar do conhecimento. Isto tem a marca de uma antiga lenda judaica que se esperaria ser transmitida através das gerações dos 'Filhos de Sadok' ou, utilizandose sua denominação atual, as famílias dos Rex Deus. Nós acreditamos que isto é uma tentativa de se explicar como os judeus acreditam que eles vieram a obter a posse de grandes segredos que também eram conhecidos dos antigos egípcios. O grau seguinte, 'Cavaleiro Escocês da Perfeição', é realizado em um salão que possui em seu centro os fragmentos do Pilar de Enoch novamente reunidos, inscritos com os hieróglifos. Afirma-se que o Rei Salomão criou uma 'Loja de Perfeição' para controlar os treze graus inferiores, e os seus membros realizaram a sua primeira reunião na abóbada sagrada de Enoch embaixo do Templo de Salomão parcialmente construído. Isto se parece muito com a descrição da fundação dos Rex Deus. A lenda afirma que o Templo de Salomão foi construído utilizando-se antigos conhecimentos que tinham sido transmitidos aos judeus a partir de uma civilização previamente destruída no dilúvio. Em nosso último livro, nós detectamos que a história dos pilares de fato precede a do dilúvio e fora transmitida ao Antigo Egito a partir da terra dos Sumérios que é a mais antiga civilização conhecida. Em cima de um pedestal, neste grau, existem três coisas: pão, vinho e um anel de ouro para os irmãos recém admitidos! De repente, no grau que parece se referir à fundação dos Rex deus, nós nos deparamos com a descrição de um anel que é utilizado por todos os iniciados. Isto poderia explicar a idéia de um anel dos Rex Deus como nós suspeitávamos? O ritual prossegue contando como outros mestres tornaram-se ciumentos das honras conferidos aos membros da Loja de Perfeição e exigiram as mesmas honras. O Rei Salomão recusou-se a deixar que os segredos fossem transmitidos e contou-lhes que aqueles que tinham avançado no Grau de Perfeição tinham lavrado no difícil e perigoso trabalho nas antigas ruínas, tinham penetrado nas entranhas da terra e tinha trazido tesouros para adornar o Templo. Os mestres descontentes tentam ingressar na Abóbada Sagrada e todos vieram a morrer, não restando qualquer traço de suas existências. A história tradicional deste grau conta a história da traição de Salomão a Yahweh quando, nos últimos anos de sua vida, o Rei construiu templos em honra de outros deuses, alegando para tal que satisfazia às muitas esposas que possuía. Os Mestres Perfeitos ficaram muito preocupados com esta conduta, mas, embora eles tivessem mantido sua fé pura, eles não foram capazes de impedir a ira de Deus que conduziria à destruição do Templo. O ritual então toma um particular e interessante caminho. Afirma-se que algum tempo depois, os descendentes destes Perfeitos Maçons acompanharam os príncipes cristãos em suas Cruzadas à Terra Santa, onde algum tempo depois, estes descendentes dos sacerdotes de Salomão elegeram o seu próprio Líder. Os seus valores trouxeram rapidamente a admiração de todos os príncipes cristãos de Jerusalém e alguns destes últimos, acreditando que seus ritos misteriosos inspirava-os com coragem e virtude, pediram para serem iniciados. Seus pedidos eram aceitos e eventualmente os seus segredos difundiram-se entre a nobreza da Europa através da Maçonaria. Aqui, no décimo quarto grau do Rito Escocês Antigo da Maçonaria, reside uma confirmação incontestável da existência conhecida de um grupo dentro das forças da Primeira Cruzada que eram descendentes dos judeus que escaparam de Jerusalém após o ano 70 d.C. O conceito de que eles rapidamente iniciaram novos membros dentro da ordem dos Rex Deus pode ser uma verdade literal, ou pode ser uma descrição do modo que mais tarde evoluiria para uma ampla organização que se tornaria a Maçonaria. O informante de Tim Wallace-Murphy já havia apresentado esta genealogia e aqui estava um obscuro ritual do Rito Escocês que confirmava tal ligação! Mais além, ele parece contar-nos que como uma recompensa a eles (os Cavaleiros Templários) foi permitida, pelos novos príncipes cristãos de Jerusalém (Balduíno), a eleger o seu próprio Uder (Grão-Mestre) e que estes príncipes cristãos foram inspirados a unirem-se às fIleiras da ordem que eventualmente se tornou a Maçonaria. Este único grau da Maçonaria confirmou toda a estrutura de nossa hipótese: havia um antigo e hereditário sacerdócio em Jerusalém que iniciou na época do Rei Salomão; estes sacerdotes vieram a ter na Europa e seus descendentes retornaram com os exércitos dos cruzados para retomar a cidade perdida; eles re-estabeleceram os antigos rituais e eventualmente permitiram que não-descendentes ingressassem no grupo; estes rituais que foram utilizados em Jerusalém há mil anos, anteriores à destruição do Templo no ano de 70 d.C. sobreviveram como a Maçonaria. O grau quinze, 'Cavaleiro da Espada e Cavaleiro do Oriente', corresponde à primeira parte dos Graus Maçônicos Associados do Cavaleiro da Cruz Vermelha da Babilônia que nós já tínhamos discutido em detalhes no Capítulo 02, como ele se apresenta nas esculturas de Rosslyn na forma da citação a respeito da força da verdade comparada com mulheres, reis e vinho. O grau apresenta a reconstrução do Templo de Zorobabel após o Cativeiro dos Judeus na Babilônia e a câmara é iluminada por setenta velas em memória de cada ano de cativeiro. Ele narra o retorno dos judeus exilados à Jerusalém em grandes detalhes que deve ter sido transmitidos através das gerações pelas famílias dos Rex Deus. A cor da faixa usada neste grau é verde com uma franja dourada: muito apropriadamente as cores da casa de David. O grau seguinte é uma continuação do Grau Maçônico Associado do Cavaleiro da Cruz Vermelha da Babilônia. As duas personagens chaves são intituladas como Mui Justo Mestre e Soberano Príncipe e Sumo Sacerdote, e um dos oficiais menores é intitulado Valoroso Guarda dos Selos e dos Arquivos. Este é seguido por um grau chamado de 'Cavaleiro do Oriente e do Ocidente' que conclui os Graus Maçônicos Associados do Cavaleiro da Cruz Vermelha da Babilônia. Enquanto todos os graus anteriores se focaram no Antigo Testamento, este faz uma relação com o que é narrado com o Livro das Revelações, mencionando os 'setes selos' e a 'ira do cordeiro'. Tudo isto de fato era extremamente interessante, mas o que nós descobriríamos a seguir nos deixou estarrecido! O ritual narra que o grau foi organizado pelos Cavaleiros engajados nas Cruzadas no ano de 1118, quando onze Cavaleiros tomaram os votos de segredo, amizade e discrição nas mãos do Patriarca de Jerusalém. Esta é uma referência irrefutável aos Cavaleiros Templários que foram fundados em 1118! lnacreditavelmente, muitas pessoas que se apresentam como historiadores maçônicos nada sabem dos detalhes destes graus e outros têm contestado o porquê do grau apresentar onze Cavaleiros e não nove como sendo os fundadores dos Cavaleiros Templários. Alguns têm, inacreditavelmente, tentado se utilizar desta discrepância numérica para argumentar que isto deve ser uma referência a um outro (embora não registrado) grupo de Cavaleiros formado em Jerusalém em 1118. A realidade é muito mais simples. Nós já tínhamos identificado os onze homens que tramaram escavar debaixo do Templo de Herodes, sendo eles: 1. Hugues de Payen; 2. Geoffroy de Saint-Omer; 3. André de Montbard; 4. Payen de Montdidier; 5. Achambaud de Saint-Amand; 6. Gondmare; 7. Rosal; 8. Godefroy; 9. Godofredo Bisol. Estes eram os nove Cavaleiros originais. A eles, então, uniram-se: 10. Foulques de Anjou; 11. Hugues de Champagne. O oficial presidente é chamado 'Mui Justo Mestre e Soberano Príncipe', apoiado pelo Sumo Sacerdote. Imaginamos que o Sumo Sacerdote poderia ter sido o Grão-Mestre da Ordem dos Templários, desde Hugues de Payen até Jacques de Molay, e a pessoa mais antiga era provavelmente um membro dos Rex Deus a quem os Templários juraram obediência, possivelmente aos reis de Jerusalém de Balduíno II em diante. A câmara é decorada em vermelha, repleta com estrelas douradas. No oriente, sob um dossel, encontra-se um trono elevado sobre sete degraus e suportado pelas imagens de quatro leões e quatro águias entre as quais está uma águia com seis asas. Em um dos lados do trono localiza-se uma pira acesa, representando o sol ao meio-dia, e do outro lado uma imagem da lua. No oriente encontram-se dois vasos, um para perfumes e outro para água. (Nós descobrimos através de nossas pesquisas anteriores sobre as práticas de ressurreição dos antigos egípcios que em todas as tumbas de faraós eram sempre encontrados dois vasos vazios e, ninguém hoje em dia, sabe o que eles já contiveram). Sobre um pedestal no oriente encontra-se uma Bíblia grande na qual sete selos estão presos. No piso há representado um heptágono inscrito em um círculo, em cujos ângulos aparecem certas inscrições e no centro encontra-se a figura de um homem com barbas brancas, vestido de branco com uma faixa dourada em torno de sua cintura. Em suas mãos estendidas ele segura sete estrelas que representam as qualidades que deveriam distinguir um irmão: amizade, união, submissão, discrição, fidelidade, prudência e temperança. Há ainda na estranha aparição uma auréola em torno de sua cabeça, uma espada de dois gumes saindo de sua boca e sete candelabros colocados em torno dele. Neste ponto, nós percebíamos que esta inegável ligação templária era a prova de tudo que já tínhamos reconstruído a partir de outras evidências, mas muito mais ainda estava por vir. O grau vinte conhecido como 'Grão-Mestre' refere-se à construção do Quarto Templo, em sua representação espiritual. A exposição histórica deste grau narra a destruição do Terceiro Templo pelos romanos sob o comando de Tito no ano de 70 d.C., e como os Irmãos que estavam na Palestina durante este terrível período foram acometidos de grande pesar por sua perda. Eles deixaram a Terra Santa e decidiram erguer um Quarto Templo que seria um edifício espiritual. É nos contado que estas pessoas que de algum modo escaparam do massacre em massa de Jerusalém dividiram-se em um número de Lojas e dispersaram-se através da Europa. Não poderia existir um registro mais claro a respeito da história dos Rex Deus do que este! Aqui estava a evidência de um grau, provavelmente medieval, que afirma que os sobreviventes da batalha de Jerusalém do ano de 70 d.C. de fato dispersaram-se pela Europa, exatamente como o informante dos Rex Deus havia afirmado. O grau prossegue afirmando que um desses grupos eventualmente chegaram à Escócia, estabelecendo uma Loja em Kilwinning. A descrição de que um grupo 'eventualmente' chegou à Escócia é muito precisa, uma vez que a família St Clair não chegou aquele país antes do término do século XI. É nos contado, então, que foi em Kilwinning que estas pessoas levaram os registros de sua ordem para serem mantidas em uma abadia construída em 1140. O pesquisador maçônico, J. S. M. Ward, afirma que parece haver um problema nesta passagem, observando: Um grupo chegou à Escócia e fundou uma Loja em Kilwinning e lá depositaram os registros da Ordem em uma abadia que eles construíram lá. Neste ponto o primeiro obstáculo histórico surge, pois a abadia não foi construída até o ano de 1140 e a lenda não demonstra onde eles estavam durante o período entre os anos de 70 d.C. e 1140. Este fato deve ter causado alguma confusão a Ward em 1921, mas ele agora é esclarecedor para nós. Nós sabíamos precisamente onde eles estavam entre estas datas: os registros estavam escondidos embaixo das ruínas do Templo de Herodes, antes de serem removidos entre os anos de 1118 e 1128 pelos Cavaleiros Templários! Nós também tínhamos fortes suspeitas para acreditar que estes antigos documentos foram descobertos para serem re-enterrados em Rosslyn em 1140. A existência deste grau produziu um monumental impacto em tudo aquilo que nós descobrimos anteriormente. Descrito como 'GrãoMestre de todas as Lojas Simbólicas' este ritual possui uma exposição que narra a queda dos Nazoreanos no ano de 70 d.C. e como os progenitores da Maçonaria deixaram Jerusalém àquela época para espalharem-se pela Europa; exatamente como o informante dos Rex Deus havia afirmado! Um grupo afirma-se que seguiu para a Escócia para fundar uma Loja em Kilwinning, o primeiro lar da família St Clair! O ritual do grau vinte e um volta no tempo para contar a história da Torre de Babel e de seu arquiteto, Peleg. Ele narra como Deus tornou Peleg mudo por tentar construir uma torre para alcançar os céus e como, logo após, ele vagou pela Europa, até atingir as florestas da Prússia onde ele construiu uma casa triangular. Lá ele se lamenta por sua soberba e passa os seus dias em oração ao Todo-Poderoso que finalmente o perdoa e devolve-lhe o poder da fala. A lição especial deste grau é a humildade. Afirma-se que Peleg é um descendente de Noé (a Bíblia sugere que ele também era um ancestral de Jesus Cristo); sua descendência de Noé sendo via Ham, o neto de Noé, que a lenda afirma ser o primeiro rei do Egito, adotando o título de 'Osíris' - que literalmente significa 'Príncipe que Ievantou dos mortos'. Em nosso livro anterior, nós tínhamos reconstruído o cerimonial perdido de coroação do Antigo Egito e perseguido a trilha do rito de ressurreição desde Tebas até Jerusalém. Nós chegamos à conclusão de que o ritual secreto que Jesus 'traíra' referia-se a Osíris e Horus e que Jesus era o próprio 'Príncipe que levantou dos mortos', através da realização da cerimônia da ressurreição em vida. Nós descobrimos que no próximo grau, 'Príncipe do Líbano', todos portam uma espada e o ritual faz com que o candidato seja um membro da Távola Redonda. Este ritual afirma a existência de dois salões e que os obreiros conduziam os seus trabalhos em um pequeno salão subterrâneo, exatamente como nós sabíamos ser o caso de Rosslyn nos meados do século XV. Outra ligação interessante entre a Távola Redonda e Rosslyn é o fato dos cavaleiros da lenda arthuriana serem sepultados com suas armaduras, prontos para retornarem a defender o reinado em tempos de necessidade, e acredita-se que os St Clair foram sepultados com suas armaduras abaixo de Rosslyn, para retornarem quando um sino fosse tocado chamando-os de volta. O grau chamado 'Chefe do Tabernáculo' é o seguinte e explica como a Ordem do Sacerdócio foi fundada por Aarão e seus filhos Eleazar e Itamar. Os membros do grau são chamados de Levitas, a antiga linhagem dos sacerdotes judeus, e vestem-se de branco, debruados em vermelho. O candidato é feito sacerdote e entra em uma câmara interior que está forrada de preto e contém um altar e uma banqueta na qual estão três crânios e um esqueleto completo. Na câmara encontra-se uma inscrição onde se lê: 'Se vós temeis, recuais, pois; não é permitido aos homens que não podem ser valentes recuar do perigo sem abandonar a virtude'. Neste grau há dois Sumo Sacerdotes que portam uma mitra dourada - sendo esta a 'coroa' do deus criador de Tebas, Amon Rá, e a de Tiago, o primeiro Bispo de Jerusalém. Acreditamos ser possível que o Sumo Sacerdote de Yahweh sempre usou esta 'coroa', desde a época de Moisés, pois há registros de que Tiago, o irmão de Jesus, usava o peitoral e a mitra de Sumo Sacerdote quando ingressou no Templo. Em seguida, nós descobrimos um grau que conta como Moisés foi instruído por Deus a construir o Tabernáculo, ou tenda sagrada, para abrigar a Arca da Aliança. Chamado de 'Príncipe do Tabernáculo' ele explica como, através da construção de um tabernáculo para Deus, Moisés estabeleceu a linhagem real dos judeus. O candidato neste grau é feito um Sumo Sacerdote e é-lhe contado que agora lhe é permitido adorar o Altíssimo sob o nome de Jeová (uma interpretação alternativa de Yahweh), afirmando-se ser esta denominação muito mais expressiva do que Adonai. É dito-lhe que em seu progresso através dos graus, ele tem recebido a Ciência Maçônica por ser um descendente do Rei Salomão e revivido pelos Cavaleiros Templários. Nós não podíamos acreditar no que víamos! Nós tínhamos uma referência específica aos Cavaleiros Templários como o povo que restabelecera o conhecimento perdido dos judeus. Tudo o que nós havíamos deduzido a partir dos nossos estudos foi confirmado aqui em um antigo e obscuro ritual maçônico. Os rituais da Maçonaria atualmente registram o que nós tínhamos reconstruído a partir de nossas próprias fontes, desde as cartas do Tarô até às lendas arthurianas. Os Cavaleiros Templários de fato tinham se autoproclamados como os novos sacerdotes de Yahweh, e que para tal eles deveriam ser os descendentes dos sacerdotes originais. Nosso anônimo amigo dos Rex Deus estava correto. Este ritual então prossegue afirmando que ao recém nomeado SumoSacerdote é contado a história da Arte Real da Maçonaria que é traçada a partir da Criação desde Noé, Abraão, Moisés e Salomão, e outras importantes personagens, até Hugues de Payen, fundador dos Templários, e a partir daí até a trágica figura de Jacques de Molay, seu último Grão-Mestre. Todos os Grão-Mestres Templários estavam claramente listados como Sumo-Sacerdotes de Yahweh. Uma vez nomeado Sumo-Sacerdote, a Grande Palavra lhe é revelada e a ele é afirmado que ela fora descoberta pelos Cavaleiros Templários quando em Jerusalém. Até agora, nós não fomos capazes de descobrir esta Grande Palavra perdida, como se ela nunca tivesse sido escrita. Pelo contexto, ela deve ser um dos outros nomes de Deus, mas a infame destruição dos antigos rituais pelo Duque de Sussex negou-nos qualquer que fosse a versão do conhecimento que esta palavra possa ter possuído. A lenda afirma que quando cavavam sob o sítio onde o Santo dos Santos localizava-se no coração do Monte Moriá, os Templários descobriram três pedras, em uma das quais esta palavra estava gravada. Quando eles tiveram que deixar a Palestina, eles levaram estas relíquias com eles e as utilizaram como as pedras fundamentais de sua primeira Loja na Escócia, evento qual que foi realizado no dia de Santo André. Este segredo tem sido desde então transmitido aos seus sucessores que então são intitulados como os conhecidos Sumos-Sacerdotes de Jeová. Talvez o Duque de Sussex possa ainda ser impedido em sua tentativa de destruir a Verdade, se esta pedra provar ser uma das relíquias enterradas nos subterrâneos de Rosslyn. O historiador maçônico Arthur Waite observou que há uma tradição maçônica que afirma ter Jesus sido educado em um conhecimento especial e que ele conferiu-o através de iniciação aos seus apóstolos e discípulos, dividindo-os em diversas ordens e colocando-os sob a autoridade geral de São João. Esta doutrina, contendo o conhecimento das iniciações místicas e hierárquicas do Egito, do mesmo modo que foi transmitida a Cristo, foi confiada à proteção de Hugues de Payen, o primeiro Grão-Mestre do Novo Templo em 1118, que foi então investido com os poderes apostólicos e patriarcais, tornando-se através deles o sucessor legal do Cristianismo Joanino. Esta tradição era uma lembrança remota nos primeiros anos deste século, mas parece certo que ela foi uma vez o tema central da crença maçônica. A idéia que a verdadeira sucessão apostólica residia não com o Papa, mas sim com o Grão-Mestre dos Cavaleiros Templários parece clara uma vez que a carta do Tarô do Hierofante era confundida com a imagem do Papa. Ela também explica o porquê dos primeiros Maçons ingleses ficaram horrorizados com o conteúdo destes graus, e a razão de suas supressões torna-se clara. Para nós este grau era uma confirmação, uma prova positiva de nossa hipótese central. Hugues de Payen é identificado como o Sumo Sacerdote restaurado de Yahweh (Jeová) e o ofício é transmitido aos Grão-Mestres Templários até Jacques de Molay - e aos Cavaleiros Templários é creditado a descoberta de segredos enquanto escavavam sob o Templo arruinado, levando-os para a Escócia! Tudo o que nós havíamos coletado em nosso livro anterior estava sendo revelado pelo conteúdo destes obscuros e quase destruídos rituais. Nos continuamos a pesquisar o próximo grau com uma excitação crescente. O grau foi fundado na Palestina, ao tempo das Cruzadas, por uma ordem militar e monástica. Ele alude às virtudes da cura e da salvação da 'serpente de bronze' entre os israelitas, por isso fazia parte do juramento dos cavaleiros tratar de viajantes feridos e protegê-los dos infiéis. A serpente é utilizada na Maçonaria Simbólica para unir as tiras do avental. Isto apresenta toda a sorte de repercussões: a serpente enrolada em torno do pilar dos Rex Deus, e o fato dos Essênios serem famosos curandeiros e seu símbolo de ofício, uma serpente enrolada, ter sido adotado como o emblema da moderna medicina. O próximo grau, 'Príncipe da Misericórdia', não possuía grande significado para nós, mas o grau vinte e sete, 'Supremo Comandante do Templo' era de fato impressionante. Este é um grau militar e de cavalaria onde o corpo que confere o grau é chamado de 'Corte' e seus membros sentam-se em torno de uma mesa redonda em torno do candidato para o interrogar. O ritual expõe a falsa condenação dos Cavaleiros Templários e a importância da negação da cruz. Nós descobrimos poucos detalhes a respeito dele, mas Arthur Waite notou algo que ele julgou repulsivo. Nós, entretanto, o julgamos completamente eletrizante. Ele observou que a cruz utilizada neste grau costumava ser inscrita com dois grupos de iniciais: JN e JBM. O chocado historiador maçônico afirmava que estas iniciais correspondiam a Jesus Nazareno e Jacques Burgundus Molay. Era muito bom para ser verdade. Nós esperávamos ser capazes de encontrar algum material nestes antigos rituais que apoiassem nossa hipótese principal, mas nós nunca sonhávamos que descobriríamos a confirmação tão dramática e decisivamente soletrada. O primeiro e o segundo messias crucificados, acomodados na mesma cruz! A cruz usada no ritual maçônico que porta as iniciais do primeiro e segundo messias. Sem dúvida, os últimos Templários e os fundadores da Maçonaria deve ter considerado Jacques de Molay como sendo o Segundo Messias. A Maçonaria deixou de ser um culto secreto quando ela se converteu em um respeitável clube de cavalheiros na Londres dos primórdios do século XVIII, e agora entendíamos o porquê dos Maçons desejarem eliminar a antiga tradição, convertendo-a em algo que fosse teologicamente menos controverso. Felizmente, como a maioria dos censores, eles não foram cem por cento eficazes e falharam ao apagar completamente todo o traço do antigo conhecimento que eles desprezavam. Os graus do Rito Escocês Antigo e Aceito produziram muito mais do que nós ousávamos esperar. Nós poderíamos esperar nada mais do que uma boa leitura, mas nós descobrimos muitas evidências que apóiam nossas primeiras deduções. O grau vinte e oito, 'Cavaleiro do Sol', afirma ser a Chave da Maçonaria. Ele ensina as doutrinas da religião natural do 'Único Deus Verdadeiro' que é a parte essencial dos antigos mistérios e cerimônias. Esta idéia do 'Único Deus Verdadeiro' é central na Maçonaria, mas freqüentemente está em colisão com a distinta e arrogante crença da maioria dos cristãos que descrevem os deuses de outras religiões como falsos e sem sustentação. A Maçonaria é baseada na idéia de que deus sempre existiu e sempre existirá. Ele simplesmente tem adotado muitos nomes à medida que era diferentemente compreendido pelo povo, incluindo Marduk, Amon Rá, Yahweh e Alá. O grau descreve todos os símbolos maçônicos e o propósito de todos estes é dado como um meio de incutir a verdade. Uma palestra sobre a verdade é apresentada em partes por nove oficiais que são chamados de Três Vezes Perfeito Pai Adão, Irmão da Verdade, Miguel, Gabriel, Rafael, Zafriel, Camael, Azrael e Uriel. Sobre a entrada da câmara onde o grau é conferido está escrito: "Senão sentes a força de vencer as tuas paixões, fuja deste santuário". Os últimos sete nomes utilizados neste grau são os dos anjos maiores. O francês que contara a história das duas escolas de Jerusalém ao tempo de Jesus afirmou que os sumo sacerdotes de Yahweh utilizavam estes mesmos nomes. Talvez como o novo alto sacerdócio de Yahweh, os Cavaleiros Templários também se utilizavam destes nomes. A ênfase na 'verdade' trouxe-nos de volta à mente a única inscrição em Rosslyn que termina: '... a verdade conquistará a todos'. O grau vinte e nove possui três nomes possíveis: 'Cavaleiro de Santo André', 'Patriarca dos Cruzados' ou 'Grão-Mestre da Luz'. Ele explica que sua origem está na saída dos Cavaleiros Templários da Palestina, trazendo com eles as relíquias do Pilar de Enoch, e utilizando estas três pedras para formar a fundação da primeira Loja dos Cavaleiros Maçons na Escócia. O propósito deste grau era: Para perseguir as virtudes da caridade, filantropia, tolerância universal, a proteção do inocente, a busca da verdade, a defesa da justiça, reverência e obediência ao Divino, com a expiração do fanatismo e da intolerância. Apenas para relembrar que este ritual data do tempo quando a Igreja Católica Romana estava assassinando qualquer um e todo mundo que ousasse ter os seus próprios pensamentos e idéias em suas cabeças. Aqueles que praticavam este grau claramente queriam desafiar tal ignorância cega. O grau seguinte, 'Cavaleiro da Águia Branca e Negra', originalmente fornece os detalhes do destino de Jacques de Molay, mas infelizmente nós não fomos capazes de descobrir este. O ritual prossegue relatando que os Cavaleiros do grau tinham jurado vingança contra aqueles responsáveis por sua morte, e tomaram como dever a continuidade da reconstrução do Templo Espiritual na tradição dos Templários. Nós não podíamos deixar de imaginar se foram os 'Cavaleiros da Águia Branca e Negra' que eliminaram o Rei Filipe, o Belo. O grau trinta e um, conhecido como 'Grande Inspetor Inquisidor Comandante', é um grau puramente administrativo, mas o penúltimo grau retorna ao tema de Jacques de Molay. O grau é conferido em uma assembléia chamada 'Grande Consistório' que é decorada em preto, e sobre as cortinas estão representados esqueletos, lágrimas e emblemas de mortalidade, gravados em prata. As letras JM em memória de Jacques de Molay estão colocadas sobre o pedestal do principal oficial chamado 'Três Vezes Ilustre Comandante'. Ao candidato é narrado algo conhecido como 'o Real Segredo da morte de Jacques de Molay'. Infelizmente, este Real Segredo parece nunca ter sido escrito. O uso da palavra 'real' fortemente sugere que Molay possa ser considerado como sendo o último da linhagem real do Rei David! Talvez este grau, em sua forma original, descrevesse a crucificação deste Segundo Messias. Como nós já sabíamos, o grau trinta e três, 'Soberano Grande Inspetor Geral', é o mais alto posto que um Maçom pode obter. As informações são esparsas, mas nós sabemos que a Loja é montada com um balcão com o nome de Yahweh em hebraico no oriente e no centro está localizado um pedestal quadrado no qual estão uma Bíblia e uma espada. No norte há um outro pedestal, mostrando um esqueleto que segura uma flecha em sua mão direita e o estandarte da Ordem na esquerda. No ocidente localiza-se um trono elevado sobre três degraus, diante de um altar triangular. Tudo o que sabemos ao certo deste derradeiro grau é que ele apresenta o segredo a respeito da fundação da Ordem e descreve suas antigas origens. A única pista do conteúdo deste grau veio de nosso amigo Robert Temple, um multi-talentoso estudioso de Sânscrito que possui um conhecimento enciclopédico de física avançada e de antropologia. Ele é autor de muitos livros fascinantes, incluindo The Sirius Mystery que examinada à miúde as crenças dos antigos egípcios e que apresenta uma razoável teoria de que eles eram particularmente interessados na estrela Sírius. Embora ele tenha vivido em Londres por muitos anos, Robert é um americano cuja família tem sido de Maçons desde os tempos de George Washington. Resumidamente, após Robert ter publicado The Sirius Mystery ele foi contactado por um antigo amigo de sua família que era um Maçom do grau 33. Este cavalheiro contou a Robert que seu livro estava mais correto do que ele provavelmente imaginava e que havia muito que ele queria lhe contar. Infelizmente, ele não pode, pois Robert teria que primeiro tornar-se um Maçom para receber estas informações. Ele sugeriu que Robert ingressasse à Maçonaria na Inglaterra, sendo que deste modo ele poderia aprender estes ensinamentos secretos aparentemente conectados com o Antigo Egito, mas infelizmente, este cavalheiro morreu antes de Robert atingir o grau de Mestre Maçom. Nós fomos levados a acreditar que este último grau derradeiro referese com o segredo da antiga fundação da Ordem, e esta pequena história de Robert Temple nos sugeriu que as origens da Maçonaria poderiam ter alguma ligação com o culto da estrela e da ressurreição dos antigos reis egípcios. Talvez um dia nós descobriremos por nós mesmos. O Grande Segredo Reconstruído Colocando todos estes trinta e três graus deste antigo rito maçônico juntos, nós obtemos uma história que nos conta como houve uma terrível inundação em um distante ponto no tempo quando os segredos dos construtores foram praticamente perdidos. Um homem chamado Enoch, de uma antiga e desconhecida civilização, decidiu passar este conhecimento a qualquer dos sobreviventes que restassem, capacitando-os a construir novas cidades e desenvolver novas culturas. Para isto ele gravou estes segredos em dois pilares projetados para sobreviver à destruição prevista. Os fundadores da civilização egípcia, que surgiu por volta do ano 3200 a.C., teriam encontrado um deste pilares e o primeiro rei do Egito adotou o nome de 'Osíris', significando 'O Príncipe que levantou dos mortos'. Fragmentos do outro pilar foram descobertos algum tempo depois, pelos judeus, no local onde o Templo de Salomão foi construído a três mil anos atrás. Para nós, isto nos parecia ser uma racionalização dos primeiros judeus para explicar como eles vieram possuir o conhecimento secreto que era anterior a toda a história conhecida, mas que também tinha sido compartilhado pelos egípcios antes deles. Pode ter sido um modo conveniente de se evitar creditar aos egípcios a criação do misterioso culto de ressurreição que era tão importante para eles. Sabe-se que o simbolismo judaico de outrora era baseado em um estilo egípcio, sendo que o próprio nome Moisés possui raízes egípcias. Tal explicação combinaria com a tese de nosso livro anterior que conclui que a teologia da Jerusalém do primeiro século estava amplamente envolvida com as crenças e as lendas da antiga Tebas. É uma forte indicação que a história maçônica do assassinato de Hiram Abiff é um 'pesher' judaico do primeiro século do assassinato de Tiago, 'Sadok', o irmão de Jesus. É muito provável que a linha de sacerdotes que eram os ancestrais das famílias dos Rex Deus eram conhecidos desde antigas eras como os 'Filhos de Sadok'. A história maçônica então nos conta que Salomão de fato estabeleceu uma ordem sacerdotal especial que sobreviveu até a destruição do Templo em 70 d.C., quando então se dispersou pela Europa. Então muito mais tarde, os descendentes deste povo retornaram à Jerusalém com os 'príncipes cristãos' e estabeleceu uma nova ordem em 1118, quando onze Cavaleiros tomaram os votos de segredo, amizade e discrição. Nós agora sabemos que estes Cavaleiros eram os Cavaleiros Templários que removeram os fragmentos do Pilar de Enoch dos subterrâneos do Templo de Jerusalém, mantiveram com eles bem como os registros escritos de sua ordem, levando-os para Kilwinning na Escócia onde eles formaram a sua primeira 'Loja'. Nós também descobrimos a existência de um Conselho da Távola Redonda onde cada membro porta sua espada. Sabedores que os Templários construíam igrejas redondas e preceptórios parece muito provável que tais encontros em torno de uma mesa redonda serviram de inspiração à lenda arthuriana dos Cavaleiros da Távola Redonda. A história destes rituais antigos confirma que o Sumo Sacerdócio de Yahweh foi re-estabelecido em Jerusalém pelos Cavaleiros Templários e que todo Grão-Mestre de Hugues de Payen a Jacques de Molay cumpriu este supremo ofício. Eles possivelmente portavam uma mitra dourada quando eles sentavam-se em seu trono entre dois pilares. Surpreendentemente, Jacques de Molay é colocado lado a lado com Jesus, o Nazoreano, em uma cruz, sugerindo que eles eram vistos como os primeiros e segundo messias. Como na história que nós havíamos ouvido sobre os Rex Deus, os nomes dos arcanjos são utilizados como as personagens principais, e que tudo a respeito da Maçonaria costuma ser afirmado ser a 'verdade'. Finalmente, nós descobrimos que existe algo que é descrito como o 'segredo real', a respeito da morte de Jacques de Molay, contido dentro destes antigos rituais maçônicos. Infelizmente, nós não conseguimos descobrir do que isto se trata. Poderia ser os detalhes do sofrimento de Molay e a história da imagem do Sudário? A mensagem subliminar contida nestes rituais é a de que a Maçonaria originou-se de uma fonte que era antiga mesmo para os primeiros judeus e que sua mensagem foi ensinada por Jesus e por seu irmão e herdeiro, Tiago. A partir deles ela foi transmitida aos Cavaleiros Templários que eventualmente a passaram à Maçonaria. No cerne deste ensinamento está o amor à verdade e a tolerância natural que reside em todas as religiões monoteístas como sendo parte da grande verdade divina. O maior e inesperado segredo, tão cuidadosamente oculto no seio da Maçonaria, é uma crença que houve um 'Segundo Messias', um Sumo-Sacerdote de Yahweh, que foi crucificado e eventualmente morto, a partir de falsas acusações. Trinta e cinco anos após a morte de Jesus Cristo, a terra de seu nascimento foi abalada por um desastre e uma grande parcela da população foi morta de forma horrenda. Trinta e cinco anos após a morte de Jacques de Molay, o mundo inteiro foi novamente abalado por uma grande tragédia, em uma escala nunca vista antes ou depois, onde novamente uma grande parte da população novamente sofreu uma morte horrenda. A estranha realidade é que os ensinamentos dos Essênios em geral, e os de Jesus em particular, desapareceram logo após a primeira crucificação, seguindo aproximadamente mil, duzentos e setenta e cinco anos de ignorância, o que nós chamamos de 'A Idade das Trevas'. Após a segunda crucificação, estes ensinamentos difundiramse novamente no mundo e houve um renascimento do avanço intelectual e científico e da tolerância espiritual. Isto não é uma coincidência. A ascensão da Igreja Romana anunciou a idade da ignorância e a ascensão da Maçonaria foi a força motora que despertou o mundo para os direitos científicos e da democracia social. Maçons, como Francis Bacon, Sir Robert Moray, Benjamin Franklin e George Washington, criaram uma nova ordem mundial. Os objetivos que eles buscavam eram baseados nas exigências oriundas da Maçonaria - verdade, justiça, conhecimento e tolerância. Deste modo, não é uma coincidência que as palavras dos Essênios que repetidamente ocorrem ao longo dos Manuscritos do Mar Morto sejam a verdade, a retidão, o julgamento, o conhecimento e a sabedoria. As palavras usadas por Dimitrije Mitrinovic, de que 'a Maçonaria tem sido a expressão do Cristianismo pelos últimos 2000 anos', mostraram-se ser inteiramente corretas. Nossas Questões Respondidas Quando nós começamos a nossa busca, originalmente nós colocamos seis questões. Nós duvidávamos que poderíamos respondê-las, mas acabamos obtendo mais sucesso do que nós jamais imaginávamos ser possível. Nossas questões agora estavam respondidas: 1. Os rituais maçônicos foram deliberadamente alterados ou suprimidos? Está além de qualquer dúvida que os rituais da Maçonaria estiveram sobre uma deliberada e substancial revisão, particularmente na Inglaterra entre 1717 e 1820. Estas alterações rapidamente se espalharam pelo mundo e foram feitas diversas tentativas de se remover qualquer evidência da prévia existência destes perigosos rituais. 2. O grande segredo da Maçonaria perdeu-se ou foi deliberadamente escondido? Aquelas pessoas que têm acusado a Maçonaria de ocultar um grande segredo do resto da humanidade estavam completamente certas - embora os Maçons de hoje sejam completamente inocentes de qualquer conspiração, pois eles também tinham sido completamente alijados da verdade. Foi escondido no século XVIII e princípios do XIX por algumas pessoas, como o Duque de Sussex e Albert Pike. 3. Quem estava por trás da formação dos Cavaleiros Templários? Nós tínhamos descoberto uma rede de pessoas influentes oriundas de um pequeno grupo de famílias que estavam envolvidas na tomada de Jerusalém e no estabelecimento da Ordem dos Cavaleiros Templários. Um homem que afirmava ser um descendente direto de Hugues de Payen declarou que este grupo do século XII eram todos descendentes do Sumo Sacerdócio de Yahweh que era hereditário, estabelecido pelo Rei Salomão, conhecidos como os Rex Deus os Reis de Deus. A partir dos nossos estudos das origens templárias do Tarô e das lendas arthurianas, nós fomos capazes de construir uma figura clara de como estes Cavaleiros re-estabeleceram o SumoSacerdócio de Yahweh e reativaram a linha apostólica que foi interrompida por Roma no ano 70 d.C. A gritante evidência dos danos causados aos graus da Maçonaria do Rito Escocês confirma completamente esta história e sugere que a ordem original possa ter sido chamada de 'Filhos de Sadok', que é uma das designações utilizadas por aqueles que escreveram os Manuscritos do Mar Morto. 4. Por que os Templários decidiram escavar embaixo das ruínas do Templo de Herodes? Os Templários e os seus companheiros membros dos Rex Deus planejaram a retomadas de Jerusalém e a subseqüente escavação do arruinado Templo de Herodes, para redescobrir os artefatos que foram deixados lá por seus ancestrais no ano de 70 d.C. Estes incluíam fragmentos do Pilar de Enoch, grandes quantidades de moedas e objetos de ouro e prata, bem como manuscritos que, entre outras coisas, continham os antigos registros da Ordem. 5. Quais eram as crenças que levaram à destruição dos Templários como hereges? A evidência de que a Ordem dos Templários (o Sumo-Sacerdócio de Yahweh) sabiam que Jesus era apenas um homem e não um deus é forte, e eles exigiam que seus membros dirigissem o seu amor a Deus e não na falsa idolatria da cruz. Eles também se consideravam como possuindo a verdadeira sucessão apostólica, sendo o Papa em Roma uma figura respeitável, mas inteiramente secundária. Qualquer uma destas crenças teria levado à destruição dos Templários pela Igreja Católica. 6. Podem os rituais mais profundos da Maçonaria lançar uma nova luz sobre as origens do Cristianismo? A solução do mistério do Sudário de Turim não é nada comparável à importância que as nossas descobertas terão nos cristãos mais liberais. Entretanto, aqueles que se sentirem incapazes de abrirem as suas mentes contra-argumentarão que a mitologia criada pela população do Império Romano que não conhecera Jesus e falhara em entender a teologia judaica que ele ensinou. Os antigos rituais da Maçonaria não ameaçam o Cristianismo, apenas a ignorância. Não se pode valer da verdade para sufocar o conhecimento e, deste modo, nós sugerimos que é hora de re-visitar as origens do Cristianismo para verificar se nós podemos reconstruir uma figura melhor daquela rudemente apresentada pelo Império Romano após a destruição da Igreja de Jerusalém no ano de 70 d.C. Diversos e importantes estudiosos envolveram-se com os primeiros séculos do Cristianismo, mas eles não tiveram acesso à evidência que agora nos está disponível. Talvez as palavras de David Sinclair Bouschor, Past Grão-Mestre de Minnesota, resume tudo quando ele afirmou, após ler o nosso trabalho anterior que nós tínhamos descoberto o que poderia ser: ... O início da reforma no pensamento cristão e uma reconsideração dos ‘fatos' que nós tínhamos aceitado tão cegamente e perpetuado por gerações. O Fim do Enigma do Sudário Nada na história pode ser afirmado como sendo verdade sem que se apresente alguma dúvida. Apesar da maneira como a história convencional e as lendas religiosas são representadas como 'fato', pode-se ser prudente aceitar a solução mais provável como sendo a correta. Até agora, não há nenhuma 'solução provável' para a sétima questão que nos impusemos: qual é a origem definitiva do Sudário de Turim? Há somente algumas questões, todas estas que contradizem ora o senso comum, ora os fatos conhecidos. Neste momento, nós temos uma explicação para o Sudário que faz sentido completamente e combina com todos os fatos conhecidos, incluindo a toda importante datação de carbono. Nós tínhamos um motivo e uma oportunidade, assim como a descrição de um bizarro grupo de circunstâncias que vão ao encontro das condições químicas ambientais essenciais para produzir esta imagem única, como definida pelo Dr. Mills da Universidade de Leicester. Resumindo, nós estamos tão convencidos quanto possível sobre os eventos históricos que produziram o Sudário de Turim como sendo a imagem do último Grão-Mestre dos Templários, pelas seguintes razões: 1. Molay foi preso no Templo de Paris onde pelo menos um sudário era mantido para as cerimônias rituais, exatamente como ainda é hoje mantido em todos os templos maçônicos. 2. Molay foi preso acusado de heresia, especificamente pela negação de Cristo e da cruz. Isto poderia ter induzido o seu Inquisidor a ver uma justiça poética na forma da tortura que imitaria o tratamento sofrido por Jesus. 3. A Inquisição francesa possuía uma reputação consolidada de pregar pessoas no objeto mais próximo encontrado como uma tortura rápida e efetiva. 4. A evidência de marcas de sangue indica que a vítima não foi pregada a uma cruz simétrica. Um dos braços parece ter sido erguido verticalmente acima da cabeça da vítima, o que poderia explicar o aparente deslocamento do ombro o que tem sido especulado por muitos anos. 5. A evidência fisiológica da imagem sobre o Sudário mostra, sem dúvida alguma, que a vítima foi colocada sobre uma grande cama macia e não em uma laje de pedra. Isto indica que a vítima estava viva e esperava-se que a mesma se recuperasse. 6. A vítima esteve em coma por pelo menos vinte e quatro horas antes do sudário ter sido removido, lavado e guardado por precisamente cinqüenta anos. Isto era um requerimento essencial para a química dos 'radicais livres' recentemente identificada como a causa da imagem. 7. O Sudário foi colocado em exibição pública pela primeira vez pela família Charney que eram os descendentes do homem que fora preso com Molay e mais tarde queimado vivo ao lado dele. 8. A prisão e tortura de Molay ocorreu em Outubro de 1307, o que coincide dentro do período estabelecido pela datação de carbono 14 determinado para o Sudário, que identificou que as fibras das plantas utilizadas para a produção do linho do Sudário deixaram de viver em alguma época entre os anos de 1260 e 1390. 9. Nós sabemos que os Cavaleiros Templários usavam os seus cabelos e barbas ao estilo dos Nazoreanos, exatamente como Jesus usava. Isto significava que Molay tinha os cabelos à altura dos ombros e uma barba formada, exatamente como representado na imagem do Sudário. Embora a aparência física não sirva como uma evidência plausível, nós pudemos observar que as poucas representações de Molay parecem-se incrivelmente com a imagem do Sudário. 10. Os rituais maçônicos do Rito Escocês Antigo e Aceito conta a história dos Templários e o surgimento em uma mesma cruz das iniciais que corresponderiam a Jesus Cristo e a Jacques de Molay sugere que existia um amplo conhecimento de que Molay foi crucificado. O mundo agora possui uma coerente e bem substanciada explicação para a estranha imagem que surgiu no Sudário de Turim. As conseqüências da aceitação das evidências serão dolorosas para muitas pessoas, pois elas lhes exigirão o reexame de suas crenças preferidas - mas nós confiamos que, no devido tempo, a verdade conquistará a todos. A Topologia do Passado Este é o nosso segundo livro que trata de nossa busca para o entendimento do passado. Nós primeiro iniciamos as nossas pesquisas como um pedaço de papel em branco, para verificar o que nós poderíamos descobrir sobre as origens da Maçonaria. Nós viajamos muito e por todos os lados, e continuamos por um bom tempo, mais do que pretendíamos, mas nós aproveitamos a viagem, e o que nós descobrimos fizeram com que todos os nossos esforços fossem mais do que recompensados. Tendo descoberto que os mais íntimos segredos da Maçonaria tradicional confirmaram todas as nossas suspeitas, nós sentimos que tínhamos atingido o pico de uma grande montanha, após termos combatidos por muitos anos no meio de selvas impenetráveis e ter escalado as encostas rochosas que pareciam bloquear nosso caminho. Agora nós estávamos neste topo, nós podíamos ver a fantástica paisagem que se desvelava diante de nós. O caminho que nós seguimos é um dos mais antigos que foi negligenciado por muitos e caiu em ruínas - mas nós esperamos que outros agora possam ampliá-lo e segui-lo. De onde nós estamos agora, fica clara para nós que este caminho não é o único - existem vários. Nós pudemos verificar que a Maçonaria possuía muitas influências oriundas de um passado distante que ressurgiram séculos atrás. O Cristianismo também possui uma enorme e complexa história, com muitas trilhas e encruzilhadas e algumas vezes de ressurgimento. Alguns dos principais caminhos que são chamados de 'o caminho de Jesus' parecem ser oriundos de outros que não a Jerusalém do primeiro século, enquanto que outras rotas menos populares podem ser vistas dirigindo-se diretamente até os Nazoreanos. A partir do que nós pudemos ver, nenhum destes caminhos possui uma linha mais direta em direção à Jerusalém de Jesus e de Tiago do que a Maçonaria. Como estamos olhando a partir de nosso ponto mais elevado, nós podemos ver diversas outras montanhas; sobre o topo de algumas delas encontram-se algumas pessoas agrupadas com os seus olhos vendados. Eles estão todos voltados para dentro e repetindo as mesmas palavras: 'Este é o único promontório, não podendo existir outros'. Estas pessoas encontram-se de pé no que eles chamam de Catolicismo Romano, ou Maçonaria inglesa, ou milhares de outros pensamentos institucionalizados e eles recusam-se a abrir os seus olhos em direção às outras gigantescas e maravilhosas paisagens de outros e complementarmente às verdades que os circundam. Eles temem o conhecimento, pois ele poderia mostrar-lhes que existem outros lugares válidos para se manterem, alguns deles podem mesmo ser melhores do que as seguros e familiares colinas que eles temiam examinar no contexto de toda a paisagem. A Maçonaria Tradicional mantinha os seus olhos abertos quando dizia: Nós devemos ser tolerantes com as posições religiosas de outros homens, pois todas as religiões têm muito de verdadeiro dentro delas, e nós devemos combater a ignorância da educação, a intolerância racial pela tolerância, e a tirania pelos ensinamentos da liberdade verdadeira. Tendo perseverado através das voltas e reviravoltas de nossa estranha jornada, gravada neste livro, nós esperamos que todos elevem suas vozes ao clamor de uma revisão do passado através de olhos abertos, particularmente ao que concerne às origens do Cristianismo. Para nós mesmos, nossa próxima tarefa é descobrir os antigos registros de Jerusalém, escavado pelos Templários e primeiro levados para Kilwinning em 1140 e, de acordo com nossas crenças, reenterrado novamente embaixo de Rosslyn. Quando Rosslyn for escavada a verdade conquistará a todos. Apêndice I: A Linha do Tempo a.C. 972 - Salomão torna-se rei de Israel e constrói o Templo para Yahweh. 922 - Salomão morre deixando um caos religioso e financeiro por toda Israel. 586 - A destruição final do Templo de Salomão. 539 - Início da construção do Templo de Zorobabel. 6 - Provável data de nascimento de Jesus. d.C. 32 - João, o Batista, é morto; Jesus assume tanto o messianismo sacerdotal quanto monárquico. 33 - Crucificação de Jesus. 37 - Mandaenos dirigem-se à Mesopotâmia através de Saul. 62 - Morte de Tiago, o Justo, no Templo. Simão, primo-irmão de Jesus é o novo líder da Igreja de Jerusalém. 66 - A Revolta Judaica inicia. 68 - Destruição de Qumran. 70 - Destruição de Jerusalém e do Templo de Herodes por Tito. Concílio de Nicéia convocado pelo Imperador Constantino. 1070 - Nascimento de Hugues de Payen. 1090 - Nascimento de Bernardo de Clairvaux Hugues de Payen sucede a seu pai como Lorde de Payen. 1095 - Início da Primeira Cruzada. 1099 - Jerusalém é tomada pelos Cruzados; Godofredo de Bouillion eleito chefe; Henri St Clair toma o título de Barão de Roslin; Morte do Papa Urbano II. 1100 - Morte de Godofredo de Bouillion, primeiro rei de Jerusalém; Morte de Guilherme II da Inglaterra; Balduíno I torna-se rei de Jerusalém. 1101 - Hugues de Payen casa-se com Catarina St Clair; recebendo Blancradock como dote. 1104 - Hugues de Payen viaja à Jerusalém em companhia de Hugues de Champagne. 1113 - Bernardo e a família Fontaine unem-se à Ordem Cisterciense. 1114 - Hugues de Payen e Hugues de Champagne novamente visitam Jerusalém. 1115 - Bernardo torna-se Abade de Clairvaux. 1118 - Nove Cavaleiros sob a liderança de Hugues de Payen começam a escavar o Templo arruinado. 1120 - Foulques de Anjou toma o seu juramento e une-se aos Templários. 1125 - Hugues de Champagne toma o seu juramento em Jerusalém e torna-se o décimo primeiro Templário. 1128 - Concílio de Troyes aprovam a Regra dos Templários; Hugues de Payen visita Roslin como parte de seu 'tour' pela Europa; Payen de Montdidier torna-se o Grão-Mestre dos Templários da Inglaterra e empreende um grande programa de construção de preceptórios. 1136 - Morte de Hugues de Payen; Geoffrey de Monmouth escreve Sobre os Assuntos da Britânia. 1140 - Senhores de Payen tornam-se Condes de Champagne; Templários levam as relíquias do Templo para a Escócia; Guilherme de Malmesbury escreve a história do Santo Graal e de José de Arimatéia. 1152 - Geoffrey de Monmouth torna-se o Bispo de St Asaph. 1153 - Morte de Bernardo de Clairvaux. 1174 - Bernardo de Monmouth é proclamado santo. 1180 - Chrétien de Troyes escreve Le Conte du Graal. 1190 - Um Templário anônimo escreve Perlesvaus. 1210 - Wolfram von Eschenbach escreve Parzival 1285 - Filipe IV; o Belo, sucede a seu pai com a idade de dezessete anos. 1292/3 - Jacques de Molay é eleito o último Grão-Mestre dos Templários. 1294 - Bonifácio VIII é eleito Papa. 1296 - Bonifácio emite a bula Clericis Laicos isentando o clero do pagamento de impostos. 1297 - Luís IX canonizado por Bonifácio. 1299 - Filipe recusa-se a apoiar Bonifácio em uma Cruzada contra Aragão. 1300 - Templários derrotados em Tortosa e alguns são levados como prisioneiros para o Egito; Molay retoma à Chipre e considera uma retirada para a Europa. 1302 - Bonifácio VIII emite a bula papal Unam Sanctam proclamando o Supremo Poder Papal sobre os reis; Guilherme de Norgaret indicado como o principal conselheiro de Filipe; Filipe IV publicamente queima as bulas e confisca as terras dos prelados leais ao Papa; Bonifácio oferece o trono de França a Alberto, imperador da Áustria. 1303 - Norgaret ataca Bonifácio em Anagni; Bonifácio morre vítima de um derrame; Eduardo I da Inglaterra firma a paz com Filipe. 1304 - Benedito XI é envenenado por agentes de Filipe após dez anos no ofício. 1305 - Filipe oferece ao seu velho inimigo, Bertrand de Gotte, Arcebispo de Bordeaux, o papado em troca de seis favores; Bertrand de Gotte coroado Papa como Clemente V em Lion; Robert the Bruce é excomungado. 1306 - O Papa convoca os Grão-Mestres dos Templários e dos Hospitalários à França para discutir a unificação das Ordens. Molay viaja à Paris com uma comitiva de doze cavalos carregados de tesouros para serem oferecidos a Filipe. Molay viaja à Poitiers para se encontrar com Clemente e apresentar as razões para a não-unificação das Ordens. Os Hospitalários tomam Rodes. Robert the Bruce coroado rei da Escócia. Prisão de todos os judeus em França. 1307 - Molay viaja novamente à Poitiers para discutir as ações contra a Ordem com Clemente. A 13 de Outubro, uma sexta-feira, Filipe o Belo ordena a prisão dos Templários. Jacques de Molay crucificado, mas não morto, e o Sudário de Turim é criado. A Universidade se reúne no Templo de Paris e registra a confissão do Grão-Mestre. 1308 - O Papa tenta fugir de Bordeaux, mas retorna à Poitiers por ordens de Filipe. Os Templários são trazidos diante de Filipe e Clemente em Poitiers; Filipe somente ouve as confissões contra os Templários. Clemente autoriza a Comissão de Paris a inquirir sobre as acusações contra os Templários. 1309 - A Comissão de Paris convoca os Templários a comparecerem diante dela em Novembro. Molay trazido diante da Comissão de Paris relata que foi torturado para que confessasse. Clemente estabelece o Papado de Avignon. 1310 - 536 Templários reunidos em Poitiers para defender a Ordem. Relatos de testemunhas contra a Ordem iniciam-se em Paris. Concilio de Sens condena 54 Templários à fogueira em Paris. Arcebispo de Reims condena à fogueira nove Templários. Arcebispo de Sens condena à fogueira quatro Templários. A Comissão Papal retoma os depoimentos sem qualquer presença de defesa. 1311 - A Comissão Papal termina o seu inquérito. O Papa chega à Viena para o Concilio Geral. O Concilio Geral não se opõe aos Templários. 1313 - Filipe vai para Viena. Clemente publica bula abolindo os Templários sem imputar-lhes culpa. 1314 - Molay declara a inocência da Ordem publicamente e novamente relata ter sido torturado. Filipe convoca seu conselho secular para condenar Molay à fogueira. A 19 de Março, Jacques de Molay e Geoffroy de Charney são queimados em Paris. Filipe e Clemente morrem. Batalha de Bannockburn vencida através da intervenção de uma força de batalha templária. 1328 - Inglaterra reconhece a Escócia como uma nação independente. Primeira referência às cartas de Tarô através do Manuscrito de Renaud le Contrefait. 1329 - A 13 de Junho, o Papa reconhece Robert I e seus sucessores como Reis da Escócia. 1330 - William St Clair morre quando levava o coração de Robert I para Jerusalém. 1348 - A Peste Negra atinge a França, através de Marselha. 1350 - Um terço da população de França morre vítima da Peste Negra. 1353 - Geoffroy de Charney II recebe autorização para fundar uma igreja em Lirey. 1356 - Rei João II de França é feito prisioneiro em Poitiers. 1357 - Primeira exposição pública do Sudário de Turim; Henrique de Poitiers proíbe as exposições do Sudário; 1361-72 - Nova epidemia de Peste Negra. 1376 - As cartas de Tarô são proibidas em Florença. 1378 - Clemente VII, sobrinho de Jeanne de Charney, é feito Papa. 1382-88 - Nova epidemia de Peste Negra. 1389 - Geoffroy de Charney II reinicia as exposições públicas do Sudário; Memorando de Pierre d'Arcis. 1390 - Pierre d'Arcis condenado ao silêncio sobre o assunto do Sudário. 1440-90 - Edificação de uma reconstrução do Templo de Herodes arruinado, em Roslin. 1534 - A Inglaterra rompe com a Igreja Católica Romana. 1578 - Sudário é levado para a Catedral de Turim. 1598 - Primeiros registros documentados de uma Loja maçônica. 1601 - Jaime VI da Escócia é feito Maçom na Loja de Scoon e Perth. 1602 - Estatutos de Schaw, Carta de St Clair. 1603 - Jaime VI torna-se Jaime I da Inglaterra. 1625 - Carlos I torna-se rei. 1637 - Novo Livro de Oração Inglês imposto à Escócia. 1638 - A 'Aliança' assinada em Greyfriars' Kirkyard. 1641 - Sir Robert Moray iniciado na Maçonaria em Newcastle. 1643 - Início da Guerra Civil Inglesa. 1646 - Final da primeira fase da Guerra Civil Inglesa em Oxford; Elias Ashmole iniciado na Loja Warrington. 1649 - Carlos I executado; A coroa da Escócia é oferecida a Carlos II somente se este assinar a 'Aliança'. A 'Commonwealth' da Inglaterra é fundada; 1650 - Conde de Montrose é executado; Carlos II assina a 'Aliança'. 1658 - Morte de Oliver Cromwell. 1660 - Carlos II, rei da Inglaterra. 1679 - Arcebispo Sharp de Santo André é assassinado. Membros da 'Aliança' são derrotados e aprisionados Greyfriars' Kirkyard. em 1684 - As Lojas escocesas estabelecem fundos para a compra de armas. 1685 - Morte de Carlos II; Jaime VII, Rei. 1689 - Guilherme de Orange e Maria assinam a Declaração de Direitos e passam a governar em conjunto. 1690 - Jaime VII derrotado na Batalha de Boyne. 1702 - Morte de Guilherme de Orange. Ana torna-se Rainha. 1706 - Ato da Divisão Sucessória aprovado pelo Parlamento escocês. 1707 - Unificação dos Parlamentos inglês e escocês. 1714 - Primeiros registros conhecidos da Grande Loja de York. 1715 - Primeira campanha jacobita para restaurar a linha de sucessão dos Stuart. 1717 - Formação da Grande Loja de Londres. 1724 - Ramsay é nomeado tutor dos filhos do 'Bom Príncipe Charlie'. 1725 - Formação da Grande Loja Irlandesa. Loja de São Tomé fundada em Paris. 1730 - Ramsay visita a Inglaterra. 1736 - Formação da Grande Loja Escocesa. 1745 - Segunda campanha jacobita para a restauração da linha de sucessão dos Stuart. 1748 - Dermott une-se aos Maçons de Londres. 1752 - Grande Loja dos Antigos fundada por Dermott. 1761 - Grande Loja de França emite patentes para a difusão do Rito Escocês na América. 1799 - O Ato das Sociedades Desleais é aprovado por William Pitt. 1801 - O Supremo Conselho dos Trinta e Três Graus para os Estados Unidos da América é formado. 1813 - Formação da Grande Loja Unida da Inglaterra. 1819 - Supremo Conselho para a Inglaterra é formado; Duque de Sussex é iniciado nos 33 graus pelo Almirante Smyth; Revisão dos rituais maçônicos iniciada pelo Duque de Sussex. 1830 - Todos os rituais da Maçonaria Simbólica são re-escritos. 1845 - Supremo Conselho para a Escócia é formado. 1855 - Albert Pike inicia a revisão dos rituais do Rito Escocês. 1876 - Inglaterra rompe com o Supremo Conselho para a Escócia. 1881 - O Acampamento de Baldwyn protesta contra o poder excessivo do Supremo Conselho para a Inglaterra sobre os rituais. 1898 - Primeira imagem fotográfica do Sudário. 1947 - Descoberta do local do esconderijo dos evangelhos gnósticos de Nag Hammadi e dos Manuscritos do Mar Morto em Qumran. 1951 - Iniciam-se as escavações em Qumran. 1955 - O Manuscrito de Cobre é aberto e decifrado como sendo um inventário de tesouros ocultos. 1988 - A datação de carbono do Sudário determina como sua possível origem a data de 1260. 1991 - Primeiro acesso público à coleção completa dos Manuscritos do Mar Morto. Apêndice II: A Carta de Direitos de Transmissão de J. M. Larmenius Decifrada e traduzida por J. S. M. Ward. Eu, Irmão João Marcos Larmenius, de Jerusalém, pela Graça de Deus e pelo mais alto grau de honra e pelo mais santo dos Mártires, o Supremo Grão-Mestre dos Cavaleiros do Templo (a quem honramos e glorificamos), confirmado pelo Concílio Comum dos Irmãos, sendo agraciado com o mais alto e Supremo Mestrado sobre toda a Ordem do Templo, a quem vislumbrar estas cartas decretais, [desejo] saúde, saúde, saúde. Que seja conhecido a todos no presente e no futuro que, tendo minhas forças diminuídas devido à extrema idade, tendo tomado todos os procedimentos relativos à perplexidade dos negócios e ao peso do governo, para a maior glória de Deus, e a proteção e segurança da Ordem, dos irmãos e dos Estatutos, Eu, o humilde Grão-Mestre dos Cavaleiros do Templo, determino que o Supremo Mestrado recaia sobre mãos mais fortes. Por isso, com a ajuda de Deus, e com o completo consentimento da Suprema Assembléia dos Cavaleiros, eu conferi e através do presente decreto, de fato, confiro de forma vitalícia ao eminente Comandante e meu caríssimo Irmão Teobaldo de Alexandria o Supremo Mestrado da Ordem do Templo, com suas autoridades e privilégios, com o poder de acordo com as condições de tempo e negócios de conferir a um outro irmão, tendo este a mais alta distinção em nobreza de origem e de realização e a honrável personalidade, o mais alto e Supremo Mestrado da Ordem do Templo e a sua mais alta autoridade. Que possa estar disposto a preservar a perpetuação do Mestrado, a série ininterrupta de sucessores e a integridade dos Estatutos. Eu ordeno, entretanto, que o Mestrado não pode ser transferido sem o consentimento da Assembléia Geral do Templo, assim como que a Suprema Assembléia deverá resolver em conjunto, e, quando esta se reunir, deixará um sucessor para ser escolhido pelo voto dos cavalheiros. Mas, de modo que as funções do Supremo Ofício não sejam negligenciadas, deixo agora e continuamente quatro Vigários do Supremo Mestrado, guardando supremos poderes, eminência e autoridade sobre toda a Ordem, resguardando-se o direito do Supremo Mestre; que os Vigários sejam eleitos entre os Veteranos da Ordem, de acordo com a ordem de profissão. Que o Estatuto esteja de acordo com o juramento (ordenando a mim e aos irmãos) do mais sagrado e mui Venerável e mui abençoado Grão-Mestre, o Mártir, a quem honramos e glorificamos. Amém. Eu, finalmente, através do decreto da Suprema Assembléia, através da suprema autoridade a mim concedida, afirmo e ordeno que os Templários escoceses, desertores da Ordem, sejam marcados por um anátema, e que eles e os irmãos de São João de Jerusalém, espoliados das benesses da Ordem (a que Deus tenha misericórdia), sejam excluídos do círculo do Templo, hoje e para sempre. Eu ainda indico sinais desconhecidos, e que estes sejam desconhecidos dos falsos irmãos, que sejam entregues oralmente aos nossos Cavaleiros Companheiros; desta maneira já os dei conhecimento à Suprema Assembléia. Mas estes sinais somente devem ser revelados após o devido juramento de fidelidade e consagração dos Cavaleiros, de acordo com os Estatutos, direitos e usos da Ordem dos Cavaleiros do Templo que encaminho por meu intermédio ao acima mencionado eminente Comandante, do mesmo modo que eu os recebi pelas mãos do Venerável e mui abençoado Grão-Mestre, o Mártir, a quem honramos e glorificamos. Assim seja feito, como eu determinei. Amém. Eu, João Marcos Larmenius chancelo este em 18 de Fev. de 1324. Eu, Teobaldo, recebi o Supremo Mestrado, com a ajuda de Deus, no ano do Cristo, 1324. Eu, Arnaldo de Braque, recebi o Supremo Mestrado com a ajuda de Deus. 1340 Anno Domini. Eu, João de Clermont, recebi o Supremo Mestrado com a ajuda de Deus. 1349 Anno Domini. Eu, Bertrand Guselin &e., no ano do Cristo, 1357. Eu, Irmão João de L'Armagnac &c, no ano do Cristo, 1381. Eu, o humilde Irmão Bernardo de L'Armagnac &c. no ano do Cristo, 1392. Eu, João de L'Armagnac &c, no ano do Cristo, 1418. Eu, João Croviacensis [de Croy] &c, no ano do Cristo, 1451. Eu, Roberto de Lenoncoud &c. Anno Domini, 1478. Eu, Gáleas Salazar, um humilde Irmão do Templo &c no ano do Cristo, 1496. Eu, Filipe de Chabot ... Anno Christi 1516. Eu, Gaspar Cesinia [?] Salsis de Chobaune &c. Anno Domini, 1544. Eu, Henrique Montmorency [?]... Anno Christi 1574. Eu, Carlos Valasius [de Valois] ... Anno Domini, 1615. Eu, Jacques Rufelius [de] Grancey... Anno Domini, 1651. Eu, João de Durfort de Thonass... Anno Domini, 1681. Eu, Filipe de Orleans ... Anno Domini, 1705. Eu, Luís Augusto Bourbon de Maine ... Anno Domini, 1724. Eu, Bourbon-Conde ... Anno Domini 1787 [em diversos lugares é chamado Condate]. Eu, Luís Francisco Bourbon-Conty... Anno Domini, 1741. Eu, de Cosse-Brissac (Luís Hércules Timoleon)... Anno Domini, 1776. Eu, Cláudio Mateus Radix-de-Chevillon, senhor Vigário-Mestre do Templo, sendo atacado por diversas doenças, na presença dos Irmãos Próspero Miguel Charpentier de Saintot, Bernardo Raimundo Fabre, Vigários-Mestres do Templo, e João Batista Augusto de Courchant, Supremo Preceptor, tendo entregado [este] decreto, confiado a mim em tempos infelizes por Luís Timeleon de CosseBrissac, Supremo Mestre do Templo, ao Irmão Jacque Philippe Ledru, Vigário-Mestre Geral do Templo de Messines [? Misseniacum] que estas cartas sejam com o devido tempo mantidas na memória perpétua de nossa Ordem, de acordo com o rito Oriental. 10 de Junho de 1804. Eu, Bernardo Raimundo Fabre Cardeal de Albi, de acordo com o voto de meus Colegas, os Vigários-Mestres e os Irmãos Companheiros Cavaleiros, aceito o Supremo Mestrado em 04 de Novembro de 1804. Anexo III O Processo Químico que Criou a Imagem do Sudário de Turim Nós agradecemos ao Dr Alan Mills por dar-nos a permissão de citar o seu recente trabalho que explica como a imagem do Sudário poderia ter ocorrido. Nós esperamos que ele nos perdoe por transformar sua explicação científica do processo químico em um texto consideravelmente mais leve para o benefício de nossos leitores. As características da imagem que o Dr. Mills achou necessário serem explicadas eram: 1. A falta de grandes distorções. Se a imagem foi produzida através de um contato do linho com o corpo coberto de sangue e suor ela deveria apresentar um tipo distorção evidente quando nós fizemos uma impressão por contato com o rosto de Chris. O efeito é de uma dramática distorção apresentada devido à imagem da lateral da face parecer estar na frente. O Sudário não exibe tal efeito. Os traços do rosto do Sudário estão normais e deste se infere que ele não pode ter sido criado através do linho estando em contato com o rosto. 2. Que a densidade da imagem está inversamente proporcional à distância do tecido com relação à pele, com o processo de saturação estando em uma distância de quatro centímetros. Quanto mais perto da pele da vítima que o linho do Sudário estivesse, mais escura a imagem. Há um decréscimo da escala de cinza até a distância de quatro centímetros, quando a imagem desaparece. 3. A falta de marcas detectáveis de Pincel na imagem. Se a imagem tivesse sido pintada com algum pincel as marcas deste seriam detectáveis. 4. Que o processo afeta somente a superfície das fibras e não penetra para o lado inverso do tecido. Se a imagem tivesse sido produzida com pigmentos de qualquer tipo (sangue e/ou tinta) as fibras teriam absorvido-os e as manchas teriam atravessado para o outro lado. 5. Que as variações na densidade da imagem são produzidas pelas mudanças na densidade das fibras amareladas por unidade de área, e não por mudanças no grau de amarelamento. A imagem aparece como tendo sido criada por um processo 'digital' onde a escala tonal é uma ilusão criada pelo número de pontos de impressão descoloridos por centímetro quadrado. 6. Que o tecido manchado de sangue havia protegido o linho das reações de amarelamento. Dr. Mills notou que todos os antigos espécimes botânicos que tinham sido desidratados produziram marcas marrom-amareladas sobre a celulose, apresentando uma quantidade notável de detalhes quando vistas em uma imagem negativa com filtro azul. Ele descobriu excelentes exemplos deste efeito sobre papel em diversos exemplos mantidos no herbário da Universidade de Leicester a partir de 1888. Sabe-se que estas marcas, conhecidas como padrões de Volckringer, são causadas pela reação de ácido láctico. O outro fenômeno relacionado que ele teve notícia foi aquele que tinha causado problemas aos fabricantes de chapas fotográficas quando eles descobriram imagens que poderiam ser produzidas em total escuridão através da proximidade de vários materiais tais como papel de imprensa, resina de madeira, alumínio e óleos vegetais. Conhecido como 'Efeito Russel', ele foi geralmente aceito como sendo parte do processo que se relacionava com a liberação de peróxido de hidrogênio. Na década de 1890, os fabricantes de filmes descobriram como produzir emulsões que não sofriam deste efeito e o interesse neste estranho processo de produção de imagens, que não necessitava de luz, foi deixado de lado. Dr. Mills descobriu claras evidências de que um homem nu colocado sob ar confinado produzirá convenção de ar laminar (não turbulento) através de correntes até uma distância de 80 centímetros e a partir disto ele concluiu que qualquer partícula formadora de imagem levaria aproximadamente um segundo para viajar os quatro centímetros que separam a superfície do corpo da do tecido. Assim ele descreveu a chave do processo: Somente se o princípio ativo estiver altamente instável o seu suave transporte vertical viria a produzir uma imagem modulada. Uma partícula possivelmente instável poderia resultar no amarelamento das fibras de linho que é um tipo de radical livre conhecido como oxigênio reativo intermediário. Um radical livre é um átomo que possuí elétrons extras que não combinam com nenhuma partícula positivamente carregada em seu núcleo. Estes elétrons extras não possuem correspondentes e dão à molécula uma carga negativa. A ocorrência mais comum de uma molécula de oxigênio possui dois elétrons adicionais (dois átomos de oxigênio combinam-se para produzir uma única molécula de oxigênio conhecida como O2 o que demonstra esta ter sido produzida com dois átomos). Estes elétrons podem se transformar em energia para a partir disto formar uma molécula instável que pode, sob certas circunstâncias, difundir sua energia. Seria como carregar uma bateria de níquel e então liberar repentinamente tal fonte de energia. A vida útil dessas moléculas instáveis de oxigênios, conhecidas como partícula isolada de oxigênio, não carregam nenhuma carga, mas de fato possuem energia armazenada em seus elétrons. Ela não pode existir durante muito tempo neste estado 'excitado' e rapidamente entra em colapso retomando ao seu estado normal, liberando assim a energia extra. Quando esta partícula isolada de oxigênio é criada na forma de um gás, sua duração é um pouco maior, observada sob termos químicos. O modo pelo qual a taxa de declínio em direção ao oxigênio normal é medido leva-se em conta o número de partículas isoladas de oxigênio e considera o tempo que levaria para metade delas decair até o seu estado normal; isto então é conhecido como 'meia vida'. Dr. Mills calculou que a meia vida desta partícula isolada de oxigênio como sendo de 80 mili-segundos e demonstrou que o choque de acidez do sangue ou a fadiga oxidativa resultante da formação do ácido láctico durante o trauma da crucificação resultaria na liberação das partículas isoladas de oxigênio pelas células da superfície do corpo. Estes átomos de oxigênio seriam levados em linha reta até a superfície do sudário através de correntes de condução de calor laminar e teriam decaído ao seu estado natural em um tempo suficiente para que eles tivessem percorrido uma distância máxima de quatro centímetros. Quanto mais próximo o tecido estivesse do corpo maior seria a concentração das partículas isoladas de oxigênio em contato com a superfície do tecido neste ponto. Este tipo de liberação de energia armazenada através da intermediação de oxigênio reativo causaria o amarelamento das fibras de celulose e o processo tem sido um problema contínuo para os curadores dos museus, solucionado apenas através da exibição destes em níveis muitos baixos de luz. Dr. Mills demonstra que o processo de liberação das partículas isoladas de oxigênio sob condições particulares causaria o amarelamento das fibras de linho que se chocavam com estas moléculas instáveis de oxigênio. As moléculas são tão instáveis que eles seriam rapidamente absorvidas assim que elas atingissem a superfície do tecido, assim formando uma imagem real do objeto abaixo. Quanto mais próxima a pele traumatizada estivesse do tecido mais as fibras seriam descoloradas e mais escurecida a marca seria. Um ponto muito interessante é que a descoloração não ocorreria instantaneamente. Uma vez que a molécula isolada de oxigênio liberasse a sua energia para a trama do linho, o amarelamento continuaria por muito tempo. Esta liberação de energia atua como um catalisador que inicia um processo que é extremamente lento em sua atuação. Se o tecido fosse mantido em um local seco e protegido da luz com um bom suprimento de oxigênio, o escurecimento da imagem continuaria até que a reação em cadeia atingisse a totalidade das fibras afetadas. Este processo, conhecido como auto-oxigenação, é uma reação muito lenta que leva muitos anos para atingir a sua saturação, após a qual a imagem desaparecia muito lentamente. A teoria do Dr. Mills prevê que a imagem no Sudário se tornará cada vez mais esmaecida e que eventualmente ela desaparecerá. Recentemente foi noticiado que a imagem do Sudário está misteriosamente se esmaecendo. Suas conclusões eram fascinantes: Embora as imagens deste tipo associadas com os espécimes botânicos impressos em papel não sejam incomuns, àquela presente no Sudário de Turim parece ser única devido à necessidade de uma combinação altamente incomum de circunstâncias que não são individualmente exigidas, sendo estas: . Um longo sudário tecido de puro linho; . A colocação apressada sobre um corpo recém falecido (não lavado?) de um homem torturado, mantido em um local termicamente estável; . A remoção após trinta horas aproximadamente; . A manutenção deste tecido em um local seco e protegido da luz por décadas ou séculos.. 1. As marcas de sangue presentes no Sudário têm sido mostradas como sendo partículas de metahemoglobinas limitadas às fibras através de um filme protéico derivado de soro sanguíneo. Quando alguns deste materiais foram removidos, descobriu-se que o sangue havia protegido o linho abaixo deste do processo de amarelamento, exatamente como a teoria do Dr. Mills prevê. 2. A abrangência de circunstâncias 'que não individualmente exigidas' pode ser demonstrada como tendo ocorrido provavelmente diante do cenário que nós descrevemos no Capítulo 08. . Um longo sudário tecido de puro linho. Os Templários utilizavam a mesma cerimônia de ressurreição que ainda é utilizada pelos Maçons nos dias de hoje e esta cerimônia ainda se vale de um longo sudário tecido em puro linho, sendo provável que um sudário cerimonial se encontrassem no Templo de Paris. . A colocação apressada sobre um corpo recém falecido (não lavado?) de um homem torturado, mantido em um local termicamente estável. A colocação do Sudário sobre o corpo de Molay foi um último toque de ironia perpetuado por Imbert após Molay ter ficado inconsciente e ter sido colocado em uma cama para se recuperar. . A remoção após trinta horas aproximadamente. Ele foi deixado em coma por um tempo considerado, talvez até a manhã de domingo, quando ele foi acordado e levado diante da Universidade de Paris para ouvir a proclamação de sua culpa. . A manutenção deste tecido em um local seco e protegido da luz por décadas ou séculos. O Sudário foi exibido pelos descendentes de Geoffroy de Charney aproximadamente cinqüenta anos após Molay ter sido torturado. A imagem pode ter continuado a se reforçar até a época quando a mesma foi fotografada em 1898. Nós havíamos descoberto a primeira explicação completa da criação do Sudário que demonstrava todos os fatores conhecidos referentes a sua criação e que combina exatamente com os resultados da datação de carbono. 3. O trabalho do Dr. Mills apresenta uma peça final do quebracabeças. A imagem revelou-se lentamente ao longo dos cinqüenta anos nos quais permaneceu guardada e foi somente a desesperada busca por uma fonte de recursos de Jeanne que finalmente a trouxe à luz. O relatório do Dr. Mills explica como a imagem foi criada: Embora oxigênio seja um elemento único, seus átomos individuais não existem normalmente em um estado que não o seja em pares. O oxigênio que nós respiramos possui dois átomos gêmeos e é chamado de O2. O nível de ácido láctico na pele causa a divisão dos dois átomos de oxigênio e os átomos individualmente absorvem uma parcela de energia deste processo. Eles então se elevam a partir da suave condução de calor de ar oriunda do corpo aquecido. Esta condição do átomo isolado é instável e cada átomo se unificará com o primeiro átomo de oxigênio isolado que atravessar o seu caminho, retornando assim ao estado duplicado original da molécula. Quando eles tiverem percorrido quatro centímetros, praticamente todos eles terão se estabilizado (ver figura 02). Assim que os átomos isolados ressurgem como átomos de oxigênio na superfície das fibras de linho, o acúmulo de energia que eles absorveram ao se separarem é liberado e a fibra altera sua coloração. É efetivamente queimado até a profundidade de uma molécula (ver figura 03). Como o átomo isolado de oxigênio toma um outro átomo para se unir com ele, ele 'rouba' o parceiro de um outro átomo de oxigênio, criando um outro átomo 'viúvo', que por sua vez toma o próximo átomo de oxigênio disponível, iniciando uma reação em cadeia que não termina até que o suprimento de oxigênio se esgote. A cada transferência de um átomo, outro acúmulo de energia é transferido, causando uma outra queimadura no tecido (ver figura 04). O número de átomos 'viúvos' instáveis decai com a distância quanto mais e mais eles encontram um novo parceiro. Deste modo, à distância de quatro centímetros a maioria dos átomos se reagruparam novamente e relativamente haverá poucas cargas de energia colidindo com a superfície das fibras, produzindo menos descoloração e deste modo criando uma tonalidade mais clara. Uma vez que os átomos estão se movendo em uma corrente de ar não turbulenta e laminar, a queima que ocorre sobre as fibras do Sudário produz o que seria em efeito uma imagem digital em baixo relevo do objeto (uma fibra está ou completamente descolorada ou não está afetada em seu todo), com trechos mais escuros nos pontos mais próximos da pele e tons mais claros quanto mais distantes do Sudário estiver. Isto produzirá uma 'fotografia' produzida com átomos instáveis de oxigênio, ao invés de fótons de luz (ver figura 05). Este processo produz uma imagem negativa, exatamente como a que nós encontramos no Sudário.
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