Apostila Engorda Pirarucu
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Apostila Engorda Pirarucu
Projeto Estruturante do Pirarucu da Amazônia Manual de Boas Práticas de e Cultivo do Pirarucu em Cativeiro Porto Velho | Novembro 2010 Projeto Estruturante do Pirarucu da Amazônia Manual de Boas Práticas de e Cultivo do Pirarucu em Cativeiro Porto Velho | Novembro 2010 Copyright © 2010 by Sebrae – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas Todos os direitos reservados – É permitida a reprodução total ou parcial, de qualquer forma ou por qualquer meio, desde que divulgadas as fontes. 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Resultados 3.1 Viveiros escavados e açudes 3.2 Tanque-rede 3.3 Sistema intensivo com recirculação 4. Discussão e recomendações 4.1 Infraestrutura 4.2 Povoamento 4.3 Manejo da qualidade da água 4.3.1 Temperatura da água 4.3.2 pH 4.3.3 Alcalinidade e dureza totais 4.3.4 Amônia e nitrito 4.3.5 Gás carbônico 4.3.6 Turbidez e transparência 4.4 Manejo nutricional e alimentar 4.5 Captura e manuseio 4.6 Abate para comercialização 5. Considerações finais 6. ANEXO 9 9 11 11 14 17 20 20 22 24 24 25 25 26 26 27 28 30 31 32 33 8 Produção do Pirarucu em Cativeiro 1. Introdução Este documento tem por objetivo apresentar os resultados compilados das experiências de três anos das Unidades de Observação da Engorda do Projeto Estruturante do Pirarucu da Amazônia, desenvolvido nos Estados do Acre, do Amapá, do Amazonas, de Rondônia, de Roraima e de Tocantins. Os documentos complementares contendo as informações detalhadas de todas as unidades desenvolvidas estão disponíveis na Coordenação do Projeto. 2. O Pirarucu O pirarucu, Arapaima gigas, é um dos maiores peixes da ictiofauna de água doce do mundo. Possui hábito alimentar carnívoro, respiração aérea obrigatória e chama atenção pelo seu rápido crescimento. Essa espécie, há muito tempo, tem sido uma importante fonte de alimento para os habitantes da Amazônia. De elevado valor econômico, o pirarucu tem sido explorado desde o século XVIII pelas populações nativas. Essa intensa exploração provocou um acentuado declínio nos seus estoques ao ponto de, atualmente, ser considerada uma espécie quase extinta em algumas regiões e sobre explorada em outras. Em resposta à sobrepesca dos estoques naturais, as autoridades governamentais criaram diversas restrições quanto à exploração do pirarucu, como o tamanho mínimo para a sua captura (150 cm) e a total proibição de sua pesca no período de reprodução da espécie (período do defeso), sendo esses períodos: nos Estados do Amazonas, do Pará, do Acre e do Amapá, de 1º de dezembro a 31 de maio; no Estado de Rondônia, 1º de novembro a 30 de abril; e no Estado de Roraima, de 1º de março a 31 de agosto. Na Bacia Hidrográfica do Araguaia-Tocantins o período do defeso ficou estabelecido de 1º de outubro a 31 de março e o tamanho mínimo de captura em 155 cm. No Amazonas, além do período de defeso instituído pela normativa federal, a proibição da pesca é total por conta de uma norma estadual. No Amazonas, a pesca é autorizada apenas nas áreas que dispõem de planos comunitários de manejo de lagos, autorizados e monitorados pelos órgãos ambientais estadual e federal. Desde a década de 40 há registros sobre o potencial e algumas experiências de cultivo do pirarucu no país. Nesses são ressaltadas as suas características biológicas e zootécnicas, além do elevado valor comercial e sua importância como alimento na região amazônica. Diversos trabalhos voltados ao cultivo do pirarucu já foram realizados, mas em sua maioria os cultivos foram conduzidos com uma alimentação feita com peixes de baixo valor comercial e/ou com peixes forrageiros. No entanto, a produção comercial de peixes carnívoros, como o pirarucu, com a alimentação baseada no uso de peixes forrageiros vivos, ou de peixes de baixo valor comercial (descartes da pesca) ou ainda com resíduos “in natura” de pescados e de animais terrestres é, via de regra, inviável economicamente, além de apresentar uma série de restrições nos âmbitos sanitário e ambiental. Dessa forma, para viabilizar a produção do pirarucu em escala industrial, é necessário que a criação seja conduzida com rações balanceadas de alta qualidade. 9 O pirarucu apresenta uma série de características positivas para a criação intensiva, dentre as principais: • O rápido crescimento (cerca de 10 kg no primeiro ano de criação); • A boa tolerância ao adensamento e às condições de cultivo intensivo em ambientes tropicais; • A capacidade de realizar a respiração aérea nas fases mais avançadas do seu desenvolvimento, aproveitando o ar diretamente da atmosfera, não dependendo do oxigênio dissolvido na água; • A fácil adaptação ao consumo de alimentos balanceados e rações comerciais; • Uma carne clara, magra, tenra, de alta qualidade e livre de espinhas intramusculares; • Um alto rendimento de filé (acima de 45%), superando o rendimento alcançado pela maioria dos peixes atualmente cultivados no país; • Elevada demanda e valor de mercado, com excelentes perspectivas para o mercado internacional. Apesar de todas as vantagens que apresenta o cultivo do pirarucu, os conhecimentos necessários à sua produção comercial sustentável ainda não foram consolidados. As experiências de cultivo acumuladas se restringem aos esforços pioneiros de alguns produtores e técnicos que vêm conduzindo as criações ao custo da pesquisa prática (não científica) e do empirismo. Frente ao enorme e ao crescente interesse do setor produtivo em investir na produção do pirarucu, faz-se necessário construir um banco de informações confiável sobre o desempenho zootécnico e econômico de sua produção em diferentes ambientes e sob diversas condições de criação. O sucesso da criação do pirarucu 10 como negócio depende, ainda, da capacidade de comercializá-lo com qualidade e valor agregado. Para que isso seja possível, o conhecimento das demandas, do perfil dos consumidores-alvo, dos produtos concorrentes, entre outras informações referentes ao mercado, são essenciais para que as estratégias de “marketing” e de comercialização sejam traçadas. Após a consolidação e a divulgação desses conhecimentos, será possível aos empreendedores interessados investir na atividade com maior segurança, tanto no âmbito da produção quanto no da comercialização. 3. Resultados Nessa seção é apresentado o resumo dos resultados obtidos nas engordas do pirarucu no Projeto Estruturante, nos diferentes sistemas de produção avaliados, incluindo os principais índices de desempenho zootécnico e econômico. O sistema mais comumente utilizado na piscicultura, que é o de viveiros e açudes, foi testado em todos os estados. Já os estudos com tanque-rede foram restritos a três Unidades de Observação e o sistema intensivo com recirculação foi testado em apenas uma Unidade. 3.1 Viveiros escavados e açudes A tabela 1 apresenta os principais parâmetros zootécnicos resultantes das Unidades de Observação da engorda do pirarucu em viveiros e açudes que foram manejados de forma adequada. Nessas unidades, os alevinos passaram por uma fase de recria em viveiro escavado, protegido com tela antipássaros ou confinados em tanques de tela ou tanques-rede até a soltura no ambiente de engorda, para evitar a ação dos predadores. Nas fases de engorda, foram instaladas Unidades em viveiros e açudes com área variando entre 700 e 12.000 m2. Entretanto, foi observado que desde que se mantenha uma densidade populacional de peixes adequada, a área de espelho d’água do viveiro ou açude tem influência muito pequena sobre o resultado da produção. Do ponto de vista da infraestrutura, o parâmetro mais importante é a profundidade da água, pois em viveiros ou açudes rasos (< 2,0 m) há problemas graves com a alta turbidez da água (“água barrenta” ou excessivamente verde), onde os peixes reduzem ou até mesmo cessam o consumo de alimento e, consequentemente, o crescimento. Portanto, um dos pontos críticos a ser atentado é que a infraestrutura deve permitir a manutenção da qualidade da água em condições favoráveis, sobretudo do ponto de vista da sua transparência. A figura 1 representa uma curva média de crescimento do pirarucu engordado em viveiro escavado e açude. Em média, o pirarucu tem atingido entre 8 e 10 kg no ciclo de produção de um ano, a partir de juvenis já condicionados à ração (10 a 15 cm). Essa variação nos resultados é consequência das diferentes condições climáticas, sobretudo da temperatura da água, do porte inicial do juvenil e do manejo da produção (alimentação, densidade de povoamento, entre outros), partindo do princípio que são utilizados insumos de qualidade (alevinos e ração). Para obter esses resultados, foram utilizadas como principal fonte de alimento rações extrusadas comerciais para peixes carnívoros, contendo níveis de proteína bruta, variando entre 40 e 45% e gordura entre 6 e 15%. Em algumas Unidades, houve também uma complementação na dieta com alimento natural (peixes e crustáceos nativos). O pirarucu tem uma grande habilidade em aproveitar o alimento natural disponível nos viveiros e açudes, o que complementa a dieta e contribui significativamente no desenvolvimento dos animais. Considerando, ainda que as rações utilizadas não foram desenvolvidas especificamente para a espécie e, provavelmente não atendem plenamente à necessidade da mesma, essa complementação é especialmente importante no atual estágio 11 tecnológico da produção do pirarucu. Pelas observações do projeto, os peixes apresentam uma piora sensível na conversão alimentar a partir dos 12 kg de peso médio, o que reduz a lucratividade da produção. Tabela 1- Resultados da engorda do pirarucu em viveiros escavados e açudes com ração extrusada comercial para peixes carnívoros. Parâmetros Peso médio inicial [g] Peso médio 12 meses [kg] Peso médio 14 meses [kg] Conversão alimentar aparente Sobrevivência [%] Biomassa final [kg/ha] Dias de engorda Valores 15 (10 cm) 8 a 10,0 10,0 a 12,0 1,7 – 2,3 90 a 95 7.000 a 16.000 Figura 1. Crescimento do Pirarucu em tanques escavados e açudes. 12 Do ponto de vista do custo de produção, com base nos resultados médios de desempenho produtivo (crescimento, conversão alimentar e taxa de sobrevivência), foram construídos os cenários de custo de produção para diferentes preços de alevinos e ração, que variaram sensivelmente por causa da escala de produção e da distância dos fornecedores de insumos. O custo total de produção foi calculado com base na participação do alevino e da ração em 80%, sendo o restante referente ao custo da mão de obra e outras despesas. Tabela 2- Custo de produção do pirarucu na fase de engorda, considerando diferentes cenários de preço de alevinos, ração e eficiência produtiva. Cenário 1 2 3 Preço do alevino R$ 20,00/unidade R$ 15,00/unidade R$ 10,00/unidade Preço da ração R$ 2,50/kg R$ 2,00/kg R$ 1,70/kg Custo total pirarucu R$ 9,78/kg R$ 6,72/kg R$ 4,92/kg 1 – Produtor em pequena escala (2 a 3 t/ano), compra insumos ao preço de varejo e distante do fornecedor, tem dificuldade de gestão e menor eficiência produtiva (conversão alimentar 2,2). 2 – Produtor em média escala (5 a 20 t/ano), compra insumos próximo ao preço de atacado e distante do fornecedor, usa mínimas ferramentas de controle e gestão e tem boa eficiência produtiva (conversão alimentar 1,9). 3 – Produtor em médio-grande escala (> 50 t/ano), compra insumos ao preço de atacado e próximo do fornecedor, usa várias ferramentas de controle e gestão e tem alta eficiência produtiva (conversão alimentar 1,7). Considerando um preço de mercado entre R$ 7,50 e R$ 10,00/kg do peixe inteiro, dependendo da escala de venda e do tipo de consumidor, a produção se mostra economicamente viável, desde que sejam utilizados insumos de qualidade e manejo adequado, dentro de uma escala mínima de produção que permita diluir os custos fixos e aumentar o poder de negociação na compra dos insumos. Tabela 3 - Retorno econômico da produção de 1 hectare (10 toneladas) de pirarucu na fase de engorda, nos diferentes cenários de preço de alevinos, ração e eficiência produtiva. Cenário 1 2 3 Preço de venda = R$ 7,50/kg - R$ 22.800,00 R$ 7.800,00 R$ 25.800,00 Preço de venda = R$ 10,00/kg R$ 2.200,00 R$ 32.800,00 R$ 50.800,00 13 É importante ressaltar que o cenário 3 se aplica também às organizações de pequenos produtores (associações e cooperativas) que podem, além de realizar compras conjuntas de insumos, comercializar de forma escalonada a produção por meio de contratos e, também, diluir os custos do acompanhamento técnico especializado, entre outros. No caso do pequeno produtor que trabalha isolado (cenário 1), uma das únicas formas de viabilizar seu negócio é explorando nichos de mercado, agregando mais valor ao seu produto ou, por exemplo, vendendo diretamente para o consumidor final. 3.2 Tanque-rede O sistema de tanque-rede foi testado em algumas das Unidades de Observação do pirarucu, principalmente com o objetivo de aproveitar ambientes aquáticos onde a criação do peixe solto seria inviável. O pirarucu se mostrou uma espécie que se adapta bem para a condição do confinamento em tanque-rede, tendo atingido níveis de produtividade bastante elevadas, comparados a outros peixes amazônicos, como o tambaqui. Na tabela 4, são apresentados os resultados zootécnicos médios das Unidades mais exitosas do projeto. Tabela 4- Resultados da engorda do pirarucu em tanque-rede com ração extrusada comercial para peixes carnívoros. Parâmetros Peso médio inicial [g] Peso médio 12 meses [kg] Conversão alimentar aparente Sobrevivência [%] Biomassa final [kg/m3] Valores 500 8,0 a 9,0 2,0 a 2,2 90 a 95% 100 a 120 Os tanques-rede testados no projeto foram de 6 m3 de volume (2 x 2 x 1,5 m), que são considerados tanques de pequeno volume e mais facilmente manejados por pequenos produtores. Porém, com o crescimento dos empreendimentos é natural o interesse dos piscicultores em experimentar tanques de volumes maiores, mas que neste projeto não foi possível ainda testar por causa da escala em que foi desenvolvido o trabalho. No futuro, será importante que esses tanques maiores sejam testados, sobretudo por causa do fomento e da disponibilidade do uso de grandes ambientes para a piscicultura, como os lagos das usinas hidrelétricas. 14 A seguir são apresentadas as curvas de crescimento e de produtividades médias do pirarucu nos tanques-rede de pequeno volume. Figura 2. Curva de crescimento do pirarucu na engorda em tanque-rede. Figura 3. Curva de produtividade do pirarucu na engorda em tanque-rede. 15 Do ponto de vista do custo de produção, com base nos resultados médios de desempenho obtidos, foram construídos os cenários de custo de produção para diferentes preços de alevinos e ração, que variam sensivelmente por causa da escala de produção e da distância dos fornecedores de insumos. O custo total de produção foi calculado com base na participação do alevino e da ração em 80%, sendo o restante referente ao custo da mão de obra e outras despesas. Tabela 5 - Custo de produção do pirarucu na fase de engorda em tanque-rede, considerando diferentes cenários de preço de alevinos, ração e eficiência produtiva. Cenário 1 2 3 Preço do alevino R$ 20,00/unidade R$ 15,00/unidade R$ 10,00/unidade Preço da ração R$ 2,50/kg R$ 2,00/kg R$ 1,70/kg Custo total pirarucu R$ 9,81/kg R$ 7,46/kg R$ 5,72/kg 1 – Produtor em pequena escala (2 a 3 t/ano), compra insumos ao preço de varejo e distante do fornecedor, tem dificuldade de gestão e menor eficiência produtiva (conversão alimentar 2,2). 2 – Produtor em média escala (5 a 20 t/ano), compra insumos próximo ao preço de atacado e distante do fornecedor, usa mínimas ferramentas de controle e gestão e tem boa eficiência produtiva (conversão alimentar 2,1). 3 – Produtor em médio-grande escala (> 50 t/ano), compra insumos ao preço de atacado e próximo do fornecedor, usa várias ferramentas de controle e gestão e tem alta eficiência produtiva (conversão alimentar 2,0). Considerando um preço de mercado entre R$ 7,50 e R$ 10,00/kg do peixe inteiro, dependendo da escala de venda e do tipo de consumidor, a produção se mostra economicamente viável, desde que sejam utilizados insumos de qualidade e manejo adequado, dentro de uma escala mínima de produção que permita diluir os custos fixos e aumentar o poder de negociação na compra dos insumos. Tabela 6 - Retorno econômico da produção de 20 tanques-rede de 6 m3 cada (10 toneladas) de pirarucu na fase de engorda, nos diferentes cenários de preço de alevinos, ração e eficiência produtiva. Cenário 1 2 3 16 Preço de venda = R$ 7,50/kg - R$ 23.100,00 R$ 400,00 R$ 17.800,00 Preço de venda = R$ 10,00/kg R$ 1.900,00 R$ 25.400,00 R$ 42.800,00 Seguindo o mesmo princípio utilizado na produção em viveiros e açudes, o cenário 3 representa também a realidade das organizações de pequenos produtores (associações e cooperativas) que podem otimizar seus recursos financeiros pelas compras conjuntas de insumos e comercialização. E, no caso do pequeno produtor que trabalha isolado (cenário 1), uma das únicas formas de viabilizar seu negócio é explorando nichos de mercado, buscando formas para agregar mais valor ao seu produto ou, por exemplo, vendendo diretamente para o consumidor final. 3.3 Sistema intensivo com recirculação Devido à escassez dos recursos hídricos e ao alto valor da terra, sistemas intensivos de produção, com reutilização da água, se tornam muito interessantes, principalmente quando se busca viabilizar o pequeno produtor. Nesses sistemas, o objetivo é obter a maior produção por área, com um mínimo uso de água. Uma das Unidades de Observação foi montada para estudar os pirarucus nesse tipo de sistema. O sistema apresentado no esquema a seguir consiste de um tanque circular de PVC, instalado dentro de um viveiro de terra. Os pirarucus ficam povoados nesse tanque de PVC. Um compressor de ar radial, conhecido como “soprador de ar”, é usado para bombear a água do viveiro de terra para o tanque de PVC. A maior parte da água bombeada sai por um dreno grande lateral do tanque de PVC e retorna ao tanque de terra para ciclagem da amônia excretada pelos peixes. No tanque de terra, o fitoplâncton utiliza a amônia como nutriente, retirando-a do meio. Por um dreno central no tanque de PVC, uma pequena quantidade de água sai do sistema para retirada dos resíduos sólidos (fezes). A retirada das fezes do sistema reduz o enriquecimento excessivo da água com nutrientes (adubação natural) e, consequentemente, mantém a transparência elevada por mais tempo. O confinamento dos pirarucus dentro do tanque de PVC evita que ele revolva o fundo do viveiro, evitando a elevação da turbidez mineral. Conforme observado no sistema de viveiros e açudes, a perda da transparência da água é o principal fator limitante ao crescimento do pirarucu. Figura 4. Esquema do sistema intensivo de recirculação montado em uma das unidades de observação do Projeto Estruturante do Pirarucu na Amazônia. 17 A tabela 7 mostra os resultados da produção do pirarucu dessa Unidade. Os peixes estocados com 975 g atingiram, em um ano, o peso médio de 10,0 kg. Esse crescimento foi pouco inferior ao observado em viveiros de terra, mas atingiu as expectativas iniciais. Os pirarucus em sistemas com altas densidades (por exemplo: sistemas de recirculação, tanques redes) têm apresentado menor consumo e, consequentemente, menor crescimento. Uma solução para potencializar o crescimento do pirarucu em sistemas de alta densidade seria a utilização de uma ração específica que atenda melhor à necessidade da espécie. Essas rações disponibilizariam os nutrientes necessários a um desempenho mais eficiente. A conversão alimentar foi de 1,97, pouco superior à observada em tanques de terra. A ausência de oferta de alimento natural e possível gasto de energia com natação, devido à movimentação da água, podem ser responsáveis por essa conversão. A sobrevivência de 98,7% foi das melhores já observadas. A produtividade (biomassa por volume de água), dentro do tanque de PVC, ao final desse ano de cultivo, foi de 66 kg/m³. A biomassa correspondente da área total do sistema para um hectare foi de 20.626 kg/hectare, superior ao que foi atingido nos viveiros escavados e açudes. Tabela 7 - Resultados da produção do pirarucu em sistema intensivo de recirculação. Parâmetros Volume do tanque de PVC* Número de peixes Período [dias] Peso Médio Inicial [g] Peso Médio Final [g] Conversão alimentar Sobrevivência [%] Biomassa no tanque de PVC [kg/m³] Biomassa por área do viveiro [kg/ha] * Tanque de PVC instalado em viveiro de 1.445 m². 18 Valores 45 m³ 300 365 975 10.069 1,97 98,7 66,23 20.623 O custo com material e mão de obra para a instalação do sistema no viveiro escavado foi de R$ 5.539,00. Considerando o tanque produzindo por cinco anos, para uma produção anual de 2.980 kg, teremos um aumento de R$0,37 por quilo de pirarucu comparado à criação dos peixes soltos no mesmo viveiro, devido à depreciação da estrutura de PVC. Apesar da produtividade de 2 a 4 vezes maior que nos sistemas convencionais, alterações no projeto possivelmente viabilizariam maior biomassa produzida. Essas alterações devem ser no sentido de tornar a retirada de fezes do sistema e a ciclagem dos nutrientes mais eficientes. O uso de rações de melhor qualidade também aumentaria a capacidade do sistema. A tabela 8 mostra a influência do aumento da produtividade nesse sistema no custo do quilo de pirarucu produzido. Tabela 8 - Influência do aumento da produtividade no sistema de recirculação no custo do quilo de pirarucu produzido. Produção anual de pirarucu no sistema de recirculação estudado em viveiro de 1445 m² 2980 kg * 4335 kg ** 7225 kg ** Produção anual equivalente em 1 hectare de viveiro 20.623 kg 30.000 kg 50.000 kg Aumento do custo por quilo de pirarucu produzido devido à depreciação do tanque de PVC R$ 0,37 R$ 0,25 R$ 0,15 * Produção obtida no estudo atual. ** Simulação de produção após as adequações no sistema. É importante ressaltar que os resultados do trabalho nesse sistema de produção foram bastante promissores e que ainda são preliminares, pois não foi possível revalidar o sistema dentro do período do projeto. Mais estudos, sobretudo após as adequações do sistema, ainda são necessários para avaliar até onde seria possível melhorar a eficiência e a aplicabilidade em outras localidades e realidades dentro da Amazônia. 19 4. Discussão e recomendações Com base nos resultados e nas experiências acumuladas ao longo do Projeto Estruturante de Pirarucu, foi elaborada uma discussão dos resultados e um conjunto de recomendações que seguem as etapas da produção do pirarucu, que são apresentados na sequência. 4.1 Infraestrutura O pirarucu, por ser um animal que atinge grande porte comparado às demais espécies de peixes normalmente criadas, apresenta também algumas peculiaridades quanto à infraestrutura necessária para a sua produção. No caso da criação em viveiros escavados e açudes, é importante que essas estruturas apresentem o fundo com solo argilo-arenoso ou argiloso bem-compactado e, preferencialmente, com boa plasticidade (“solo com liga”), ou até mesmo, que apresente certo teor de cascalho. Essa característica é interessante para que a movimentação dos animais que atingem porte mais avançado (> 5 kg) não eleve a turbidez mineral na água, ou seja, que apresente grande quantidade de argila em suspensão, problema popularmente conhecido por “água barrenta” ou “água toldada”. Nesse tipo de água, a produção do pirarucu é limitada, podendo até ser inviabilizada. Contribui também para reduzir esse problema, o uso de estruturas com maior profundidade de água (> 2,5 m), o que ameniza o efeito da movimentação dos peixes. Outra característica importante quanto aos viveiros e açudes usados na criação do pirarucu é que os mesmos tenham o fundo mais regular possível, sem obstáculos (raízes, troncos, pedras etc) que dificultam a passagem da rede de arrasto no momento da captura. 20 No que se refere à dimensão dos viveiros e açudes, além da maior profundidade para reduzir o problema com turbidez mineral na engorda, os viveiros podem apresentar os mais diversos tamanhos, o que aparentemente influenciou muito pouco nas experiências realizadas até o momento. O mais importante no que se refere às dimensões da infraestrutura é que essa seja trabalhada de forma a manter sempre elevadas densidades de estocagem, tanto para otimizar o aproveitamento do espaço físico, quanto para permitir o efeito gregário (comportamento de cardume), que resulta numa competição benéfica entre os animais. Dessa forma, os animais tanto apresentam melhor resposta ao arraçoamento quanto aproveitam o alimento de forma mais eficiente. Os viveiros utilizados para recria devem, preferencialmente, apresentar proteção contra a ação de aves e morcegos predadores, pois os juvenis de pirarucu, até atingirem cerca de 25 cm de comprimento, são presas fáceis por estarem frequentemente na superfície para respirar. À medida que o pirarucu atinge maior porte, os predadores alados têm dificuldade em capturar os peixes. Os tanques-rede podem ser usados com sucesso para dois propósitos, sendo o primeiro na alevinagem/recria e outro para a engorda até o porte comercial. Em ambos os casos, os resultados foram positivos, embora alguns cuidados especiais devam ser tomados para que os mesmos sejam atingidos, como será apresentado na sequência. Na recria, o melhor material a ser utilizado são as malhas de poliamida revestidas em PVC, que apresentam boa resistência mecânica, menor colmatação (obstrução da malha pelo crescimento de algas e de outros organismos aquáticos), baixa abrasividade (não fere os peixes) e são de fácil manuseio. O tamanho das malhas utilizadas varia conforme o porte dos animais povoados, mas podem variar entre 5 e 15 mm, para juvenis de pirarucu entre 8 e 25 cm de comprimento, respectivamente. Do ponto de vista do manejo, na fase de recria, um dos pontos mais críticos é a manutenção da limpeza das malhas, que deve ser feita a cada 5 a 10 dias, dependendo do tamanho da malha e do nível de transparência e grau de adubação da água onde estão instaladas. Quando melhor a malha, mais transparente ou mais adubada a água, maior deverá ser a frequência da limpeza. Quando necessária, a limpeza deverá ser feita sem os peixes dentro do tanque-rede, ou seja, os peixes devem ser transferidos para um tanquerede limpo para depois se proceder à limpeza da malha obstruída pelo crescimento de algas e de outros organismos (colmatação). Além das malhas, é muito importante a instalação da tampa para evitar a ação de predadores e do comedouro, que é composto de uma tela plástica de malha menor que a ração ofertada aos peixes, ao redor das paredes dos tanques-rede, estando cerca de 30 cm abaixo e 10 cm acima da linha d’água. Nessa fase, o espaçamento entre os tanques-rede deve ser de, pelo menos, a mesma largura do tanque. O local de instalação dos tanques-rede deve ter, no mínimo, 1,5 metro de profundidade livre, abaixo do fundo do tanque-rede para que os resíduos lançados pelos peixes possam se dispersar e não se acumular logo abaixo dos tanques. Outro aspecto importante é que os tanques-rede devem ser posicionados em locais com boa circulação de água, geralmente promovida pelo vento predominante. Assim, é recomendado que as linhas de tanques sejam colocadas em posição perpendicular à direção do vento predominante. Na fase de engorda no tanque-rede, o material utilizado necessita ter resistência suficiente para suportar tanto o peso quanto a força dos animais no momento do manejo (biometria e despesca). Dentre os materiais testados, os melhores são apresentados a seguir. Um foi a tela tipo alambrado, confeccionado com arame galvanizado revestido com PVC aderente, com espessura de, no mínimo, fio BWG 16 e malha 25 mm com as costuras das telas feitas com cabo elétrico de cobre (flexível) revestido com PVC (fio 4 ou 6 mm2). É recomendado que a costura não seja feita com o arame que compõe a tela, por causa da sua baixa resistência à flexão, que resulta em frequentes rupturas e fuga dos animais. Dentre as desvantagens da tela tipo alambrado estão o maior peso e a dificuldade no manuseio e a baixa resistência à corrosão quando a proteção plástica do arame sofre abrasão ou ruptura. Outro material testado que apresentou ótimo resultado foi a rede de multifilamento de poliamida com fio 210/72 (espessura) e malha com abertura de 30 mm, previamente confeccionado (costurado) pelo próprio fabricante. Esse material é muito mais leve e de fácil manuseio que a tela metálica, tendo como 21 desvantagem que seu uso é pouco recomendado nos locais onde há presença de predadores como, por exemplo, piranhas que podem romper as redes. Estruturas complementares como a tampa, para evitar a fuga dos peixes e a ação de predadores e os comedouros são fundamentais para o bom funcionamento desse sistema de produção. As tampas podem ser confeccionadas com o mesmo material utilizado nas paredes do tanque-rede, tendo o cuidado do mesmo não ficar submerso nem vedar a saída dos peixes pelas frestas. Do ponto de vista das dimensões dos tanquesredes, na fase de recria, os mesmos podem ter entre 4 m3 (2 x 2 x 1 m) e 13,5 m3 (3 x 3 x 1,5 m). Nos tanques-rede de engorda, as dimensões podem variar bastante, sendo o mínimo recomendado de 6 m3 (2 x 2 x 1,5 m3). Em ambos os casos, é importante manter elevadas taxas de estocagem para obter melhores resultados, conforme será discutido posteriormente. 4.2 Povoamento Em viveiros e açudes, o povoamento deve ser feito, preferencialmente, com juvenis previamente condicionados à ração, em ambiente preparado com calagem e com a água de boa transparência. A densidade de estocagem deve ser mantida elevada, podendo chegar de 3.000 a 4.000 kg/hectare na fase de recria (até 1 kg de média) em viveiros de baixa renovação de água. Na fase de engorda, em ambiente com baixa ou sem renovação de água, pode se chegar a densidades de 10 toneladas/ha. Em viveiros com renovação parcial de água (cerca de 5%/dia), é possível ultrapassar produtividade de 16 toneladas/ha. No sistema de viveiro e açude, é recomendado que sejam trabalhadas, no mínimo, duas fases de crescimento; porém, com 3 fases de crescimento, o aproveitamento da infraestrutura e a produtividade são mais elevados. Tabela 9 - Recomendações de povoamento e densidades em viveiro escavado e açude para criação em 2 fases de crescimento. Parâmetro Peso médio inicial (g) Peso médio final (g) Densidade de estocagem (peixe/ hectare) Biomassa final (kg/hectare) Tempo (dias) Sobrevivência (%) 22 Fase 1 Fase 2 4.000 60 95 10.000 360 98 15 500 8.000 500 10.000 1.000 Tabela 10 - Recomendações de povoamento e densidades em viveiro escavado e açude para criação em 3 fases de crescimento. Parâmetro Peso médio inicial (g) Peso médio final (g) Densidade de estocagem (peixe/hectare) Biomassa final (kg/hectare) Tempo (dias) Sobrevivência (%) Fase 1 Fase 2 Fase 3 8.000 2.000 1.000 4.000 60 95 6.000 120 98 10.000 240 99 15 500 500 3.000 3.000 10.000 No tanque-rede, a produção deve ser trabalhada em, no mínimo, 3 fases de crescimento, onde além da repicagem para redução da densidade de estocagem, é importante realizar a classificação dos peixes por tamanho. Tabela 11 - Recomendações de povoamento e densidades em tanque-rede para criação em 3 fases de crescimento. Parâmetro Peso médio inicial (g) Peso médio final (g) Densidade de estocagem (peixe/m3) Biomassa final (kg/m3) Tempo (dias) Sobrevivência (%) Fase 1 Fase 2 Fase 3 80 25 15 40 60 95 75 120 99 120 180 99 15 500 500 3.000 3.000 8.500 No caso do sistema intensivo com recirculação de água, como esse ainda não foi revalidado com resultados conclusivos, ainda não é recomendado que o mesmo seja implantado para a produção comercial. À medida que esse sistema for aprimorado e novamente testado, deverão ser formuladas recomendações quanto à sua implantação. 23 4.3 Manejo da qualidade da água As principais recomendações para o manejo da qualidade da água na produção do pirarucu nos diferentes sistemas de produção são apresentadas a seguir, destacadas pelos parâmetros físicos e químicos mais importantes. 4.3.1. Temperatura da água A faixa de temperatura ideal para o crescimento dessa espécie está entre 28 e 30 ºC, sendo que quando a temperatura da água está abaixo de 26 e acima de 32 ºC, há uma redução significativa no consumo de ração pelos peixes. Entretanto, mais importante ainda do que o valor absoluto da temperatura da água são as oscilações que esse parâmetro sofre diuturnamente e sazonalmente, que devem ser a menor possível. Exemplo disso é que peixes que vinham sendo mantidos em águas com elevada temperatura (cerca de 30 ºC) por meses, apresentaram drástica redução no consumo de ração, tanto em viveiros como nos tanques-redes, quando a temperatura sofreu uma repentina queda para 26 ºC. Outro exemplo de como os peixes têm boa capacidade de adaptação é que juvenis de pirarucu mantidos em ambientes com temperaturas estáveis ao redor de 25 a 26 ºC continuaram apresentando resposta bastante ativa à alimentação. Quanto à tolerância às baixas temperaturas, o pirarucu apresentou mortalidade parcial e total em todas as classes de tamanho (juvenis e adultos) quando a temperatura da água sofreu repentina queda, atingindo entre 16 e 20 ºC, e se mantendo nesses níveis por vários dias consecutivos (5 a 6 dias). Um ponto importante a ser observado nesse caso é que somado à baixa temperatura da água, a temperatura do ar tem uma grande 24 influência sobre o pirarucu por causa da respiração aérea obrigatória que apresenta essa espécie. Assim, embora a temperatura da água tenha se mantido entre 16 e 20 oC na ocasião das altas mortalidades, a temperatura do ar atingiu 8 ºC durante as madrugadas, o que certamente foi determinante na mortalidade dos animais. O porte do animal e a condição nutricional também demonstraram ter grande influência na taxa de mortalidade, sendo que os menores animais e os que não apresentaram condição nutricional adequada foram os mais sensíveis às baixas temperaturas, enquanto aqueles animais maiores e em estado nutricional resistiram melhor ao problema. Portanto, nas regiões onde ocorrem quedas drásticas e repentinas na temperatura, recomenda-se que os animais sempre sejam mantidos em corpos d’água de maiores dimensões (> 5.000 m2) e mais profundos (> 2,5 m), de modo que haja maior estabilidade térmica e conforto aos animais. Adicionalmente, nessas regiões, o povoamento antecipado também pode contribuir, de forma que, na época em que o clima estiver mais frio, os peixes já terão atingido porte suficiente para tolerar melhor essa condição. 4.3.2 pH O pirarucu é bastante rústico e aparentemente tolera uma faixa larga de pH (5,0 a 11,5) em curta exposição, pois não foi observada mortalidade em nenhum dos extremos de pH que ocorreu em algumas Unidades de Observação. Entretanto, foi possível observar que nas Unidades em que ocorreu maior frequência de faixas mais ácidas (5,0 a 6,0) ou alcalinas (> 8,5) do pH da água, os peixes apresentaram menor consumo de alimento, menor crescimento e/ou piora na conversão alimentar. Assim, os animais que foram mantidos nas faixas de pH entre 6,5 a 8,0 foram aqueles que apresentaram melhor desenvolvimento e condições sanitárias também, indicando que, provavelmente, essa seja a faixa mais adequada para o pirarucu em condição de cativeiro. 4.3.3 Alcalinidade e dureza totais A alcalinidade e dureza totais, que indicam a presença de calcário na água e que representam os componentes do sistema tampão da água (equilíbrio químico que estabiliza o pH da água próximo do neutro), são dois parâmetros que demonstraram grande influência e importância no desenvolvimento do pirarucu, principalmente na fase de alevinagem e recria. Os animais mantidos em águas com maiores alcalinidade e dureza (> 20 mg/L) foram os que apresentaram melhor desenvolvimento e menores dificuldades de manejo, sanidade, entre outros. Assim, nas águas com alcalinidade e dureza abaixo de 20 mg/L CaCO3, a correção desses parâmetros pela aplicação de calcário (2.000 a 3.000 kg/hectare) é de fundamental importância para o adequado desenvolvimento do pirarucu em todas as fases de crescimento. No caso da produção em tanques-rede, onde normalmente é inviável a correção da qualidade da água, a recomendação seria a realização de, pelo menos, a alevinagem e recria em ambiente com a qualidade da água corrigida para depois realizar a transferência para a engorda no tanque-rede. Além disso, a escolha de corpos d’água que apresentem pH mais próximo do neutro e/ou maiores níveis de alcalinidade e dureza também é importante. 25 4.3.4 Amônia e nitrito As maiores concentrações de amônia total observadas nas Unidades ficaram entre 0,8 e 2,4 mg/L NH3-NH4+, e aparentemente não causaram maiores prejuízos ao desenvolvimento dos animais, apesar de algumas Unidade terem apresentado, junto com essas concentrações, níveis de pH de 9,0 a 9,5, resultando em cerca de 0,9 mg/L NH3 (amônia tóxica). Como esses picos de amônia foram pontuais e apenas num curto período na fase final do ciclo produtivo, não foi possível contatar nenhum prejuízo econômico na produção. Além disso, segundo um estudo científico que avaliou a tolerância do pirarucu à amônia, esse já tinha indicado que a espécie é bastante tolerante a esse composto na água. De qualquer forma, níveis elevados de amônia na água são indesejáveis, pois afeta a excreção nitrogenada dos peixes e também pode causar problemas como a elevação das concentrações de nitrito. As concentrações de nitrito foram monitoradas durante o ciclo produtivo, mas nenhum problema com esse composto foi detectado, sendo que as maiores concentrações medidas ficaram abaixo de 0,1 mg/L NO2-, o que está dentro das faixas toleradas pela maioria das espécies tropicais. Porém, é importante realizar o monitoramento desse parâmetro, principalmente nos ambientes onde ocorrem elevadas concentrações de amônia associadas a baixas concentrações de oxigênio dissolvido. No caso da ocorrência de elevadas concentrações de amônia na água, as medidas mais recomendadas são a redução nas taxas de arraçoamento e a melhoria do sistema tampão por meio da aplicação de calcário. É importante ressaltar que, apesar da renovação de água ser um dos manejos frequentemente utilizados pelos piscicultores para controlar esse problema, a mesma é pouco recomendada caso o efluente do viveiro/açude seja lançado diretamente no ambiente natural, por causa do impacto que esse efluente causará sobre o corpo receptor. No caso da piscicultura utilizar algum tipo de tratamento para o efluente, essa medida poderá ser utilizada como alternativa para aliviar o problema. No caso de problemas com elevadas concentrações de nitrito, as medidas que podem ser tomadas são a redução na taxa de arraçoamento e a aplicação de sal (NaCl), na dose de dez vezes a concentração do nitrito presente na água ou a renovação parcial de água, observando os mesmos cuidados quanto ao lançamento dos efluentes descritos para a amônia. 4.3.5 Gás carbônico Apesar de o pirarucu apresentar a atmosfera como a principal fonte para obtenção do oxigênio para sua respiração, o mesmo depende das brânquias para realizar a excreção do gás carbônico. Sendo assim, a concentração de gás carbônico na água é um parâmetro importante, considerando que em águas com elevadas concentrações desse gás, o pirarucu apresenta grande dificuldade em retirar o gás carbônico 26 do sangue. O acúmulo desse gás no sangue dos peixes interfere no processo respiratório, dificultando o transporte de oxigênio no sangue, além de causar acidificação do sangue, resultando em grande estresse aos animais. Assim, nas situações onde ocorrem baixas concentrações de oxigênio na água, comuns na produção do pirarucu sob alta densidade, o monitoramento do gás carbônico é importante para garantir um ambiente de qualidade satisfatória aos animais. Segundo as observações realizadas durante o projeto, níveis de gás carbônico acima de 20 mg/L CO2 indicaram afetar a saúde e aumentar o estresse dos juvenis. 4.3.6 Turbidez e transparência A turbidez indica a presença de partículas ou substâncias dissolvidas na água que dificultam a transmissão da luz na água e, consequentemente, no caso do pirarucu afeta a captura do alimento desse animal que depende da visão para isso. Do ponto de vista da qualidade da água, a elevada turbidez mineral provavelmente representa o principal ponto de estrangulamento para o desenvolvimento da espécie. Alta turbidez provada pelo excesso de fitoplâncton também dificulta a captura do alimento pelos animais, o que pode ser observado pela falta de interesse ou resposta pouco vigorosa ao arraçoamento nessas condições. Para a produção do pirarucu, águas com maior transparência (> 60 cm) são muito interessantes, sobretudo nas fases iniciais de desenvolvimento quando os animais estão sendo condicionados a se alimentar observando o alimentador. Nos viveiros e nos açudes com maior profundidade, onde a eutrofização do ambiente ocorre mais tardiamente e a água permanece mais transparente, a produção do pirarucu tem apresentado melhores resultados. Assim, medidas como a escolha de locais com solo menos propício à ocorrência de turbidez mineral, viveiros e açudes mais profundos ou a renovação parcial de água para controlar a eutrofização podem contribuir para reduzir a turbidez da água. Figura 5 - Ilustração do efeito da transparência da água do viveiro sobre o consumo de ração do pirarucu. 27 4.4 Manejo nutricional e alimentar As rações comerciais para peixes carnívoros geralmente possuem proteína bruta entre 40 e 48%. A proteína da ração tem origem de ingredientes vegetais e animais, mas os peixes carnívoros, entre eles o pirarucu, aproveitam melhor as proteínas de origem animal. Muitas rações comerciais para peixes carnívoros têm valor adequado em proteína bruta, mas não resultam em bom desempenho, devido à qualidade inadequada dessa proteína ou por causa do desbalanceamento dos micronutrientes. Em algumas observações, resultados semelhantes foram observados entre rações com 40 e 36% de proteína bruta, provavelmente devido à qualidade dessa proteína. As rações comerciais para peixes carnívoros apresentam teor de gorduras entre 6 e 15%. Geralmente os peixes carnívoros têm pouca habilidade para aproveitar os carboidratos como fonte de energia, sendo as gorduras seu principal suprimento. Os melhores resultados foram obtidos com rações de 40% a 42% de proteína bruta e 10 a 12% de gordura. Um ração comercial com 50% de proteína bruta e 10 % de gordura teve desempenho semelhante, mas com custo maior. Comparando os resultados obtidos no Projeto Estruturante com índices de desempenho de rações experimentais publicados na literatura científica, há indicativos fortes de que as rações comerciais não atendem ainda às necessidades específicas do pirarucu. No que se refere ao uso das rações comerciais no projeto, a principal dificuldade foi que embora tenha sido detectado desde o início do projeto que as rações não estavam atendendo plenamente às necessidades do pirarucu, não foi possível resolver esse problema. A causa dessa dificuldade é que as indústrias de rações só produzem as específicas quando há uma demanda mínima, que normalmente é muito 28 acima da quantidade consumida num projeto em escala piloto como foi o caso do Estruturante do Pirarucu. Assim, à medida que os projetos de produção de pirarucu forem se expandindo e a demanda por uma ração específica for aumentando, a tendência é que alguma indústria se interesse em fabricar esse produto. O manejo de alimentação do pirarucu deve ser feito respeitando o vigor da resposta dos animais na hora do arraçoamento. Em cada alimentação, a ração deve ser distribuída em parcelas, de forma que todos os animais tenham acesso a ela, mas, ao mesmo tempo, não permitindo que haja sobra de ração. Como o impacto da queda da ração na água estimula o consumo do peixe, deve-se ter uma atenção especial com a oferta de excesso de ração, pois o pirarucu a ataca vorazmente, em reflexo a esse estímulo, mas quando está próximo da saciedade, os animais capturam a ração, mas em seguida soltam os grãos da ração (peletes) sem consumi-los. Como regra geral, cada porção de ração oferecida deve ser consumida em até 10 minutos. Conforme apresentado na seção sobre a qualidade da água, normalmente à medida que os peixes crescem, muitas vezes há redução na transparência da água, o que pode diminuir o consumo de ração. Porém, mesmo em tamanhos mais avançados, quando as condições ambientais estão favoráveis, o consumo permanece elevado, o que pode induzir o produtor a alimentar os animais em excesso. Para peixes de maior porte, acima de 10 kg, é muito importante adequar o tamanho do grão da ração para otimizar o consumo. Os maiores peletes comerciais chegam geralmente até 15 mm de diâmetro, mas passam a ser pequenos demais para esses peixes. Entretanto, a limitação industrial dificulta as empresas a oferecer rações com grãos maiores, o que demandaria mais investimentos em tecnologia fabril. Conversões alimentares satisfatórias foram observadas em viveiros e açudes onde houve abundância de peixes invasores e camarões, indicando que o pirarucu tem boa capacidade de se alimentar desses organismos. Estratégias para se aumentar a disponibilidade de alimento natural do viveiro podem reduzir o custo de produção e melhorar a saúde do peixe, por suprir alguma deficiência nutricional que possa existir na ração não específica. Utilizar o pirarucu no viveiro depois de uma engorda de tambaqui ou de outra espécie onívora, por exemplo, que favoreça a formação de alimento natural, poderia ser uma das estratégias. Podese, também, favorecer a produção de peixes forrageiros por meio da adubação no viveiro onde está sendo feita a recria em tanques-redes, para depois soltar os pirarucus nesse viveiro, povoado com alimento vivo. Apesar da boa capacidade de consumo de peixes forrageiros, a produção em escala, utilizando somente os peixes invasores, é inviável economicamente, devido à baixa produtividade, pois a produção máxima está ao redor de 300 kg de pirarucu por hectare, utilizando essa estratégia. Tabela 12 - Tamanho da ração recomendada, número de tratos e estimativa de consumo para o pirarucu em viveiro, açudes e tanques-rede. Peso pirarucu (g) 15 – 100g 100 – 500 500 – 1.000 1.000 – 5.000 5.000 – 12.000 Consumo Tamanho do Refeições por diário (% peso pelete dia 1 - 2 mm 2 - 3 mm 3 - 5 mm 8 – 10 mm 12 - 15 mm 6a4 4 3 3 3a2 vivo) 7 a 5% 5 a 4% 4 a 3% 3 a 2% 2 a 1% 29 4.5 Captura e manuseio A captura e o manuseio do pirarucu, seja para transferência dos peixes vivos de uma unidade produtiva para outra ou para o abate, devem ser feitos com muito cuidado, principalmente por se tratar de um peixe de grande porte, mas principalmente porque o pirarucu é um peixe saltador. Já foram relatados diversos acidentes envolvendo o choque de peixes saltando para fugir da captura e atingindo os trabalhadores na piscicultura. Para minimizar esse risco, é recomendado que na captura sejam utilizadas redes com altura de trabalho de 6 a 7 metros, que formem um grande colo na parte central, de modo que o pirarucu fique preso e não consiga saltar por cima das boias da rede. Para boa eficiência na captura, as cordas das boias e do fundo devem trabalhar no mesmo alinhamento vertical. Se houver necessidade de recolher a linha de fundo no meio da rede, esse serviço deve ser feito pelo lado de dentro da rede e nunca por trás da mesma, pois os pirarucus podem se chocar contra o colo da rede ou mesmo saltar sobre a boia, atingindo quem estiver por trás dela. Preferencialmente, o nível da água do viveiro ou açude deve ser previamente baixado, de modo que a água tenha ao redor de 1,5 m de profundidade. No momento do fechamento da rede, as boias podem também ser levantadas e mantidas a certa altura da água com o auxílio de varas com forquilhas nas pontas, para evitar que os peixes escapem por cima das boias. Apesar de ter muita força e o pirarucu saltar agressivamente contra a rede no momento da captura, o mesmo se cansa rapidamente. Por isso, no momento do fechamento é interessante aguardar alguns minutos até que os animais se acalmem antes de iniciar o manuseio dos mesmos. 30 Um ponto crítico a ser atentado é que durante o manejo para a despesca do pirarucu, pode ocorrer morte de animais por afogamento, caso os mesmos se prendam na rede ou sejam mantidos em densidade muito alta por tempo prolongado. No caso da transferência de juvenis vivos, os peixes devem ser manuseados (carregamento e descarregamento), utilizando sacos plásticos ou outro recipiente que permita mantê-los dentro da água. Essa medida, apesar de mais trabalhosa, permite minimizar os ferimentos e o estresse aos animais. Porém, como o peixe tem respiração aérea obrigatória, é imprescindível que haja espaço suficiente no recipiente para que o mesmo possa vir à respirar na superfície. Durante o transporte dos juvenis vivos, é muito importante também que seja adicionado sal comum (NaCl) à água, na proporção de 3 gramas/litro ou 3 kg/m3. Esse sal tem como função principal atenuar a perda de sais dos animais que é causada pelo estresse fisiológico dos peixes, resultante da captura, do manuseio e do transporte. E, assim como nas demais espécies de peixes, a aclimatação e a renovação gradual da água, antes da soltura dos juvenis, são importantes para evitar qualquer choque aos animais (temperatura, pH da água, entre outros). 4.6 Abate para comercialização O procedimento recomendado para o abate do pirarucu segue o mesmo para as outras espécies de peixes tropicais, devendo ser realizado por meio de choque térmico e preferencialmente com a sangria em água fria. No caso de abate na propriedade rural, os peixes devem ser abatidos em choque frio por imersão na água com temperatura ao redor de 5 oC, o que é conseguido com mistura de cerca de 1 parte de água + 5 partes de gelo. Os animais devem ser mantidos nessa água por cerca de 45 a 60 minutos, no mínimo, para o rápido resfriamento da carcaça. Após esse procedimento, os peixes podem ser acomodados em caixas térmicas, intercalando camadas de gelo e peixes para o transporte até o mercado. Para o abate no entreposto frigorífico, o ideal é que os peixes sejam transportados vivos, e no processo de abate, seja feita a insensibilização (atordoamento) o mais rápido possível após a captura, por meio de choque frio realizado por imersão, numa mistura de água e gelo que estará por volta de 5 oC. Após a insensibilização, que dura cerca de 2 a 3 minutos, o peixe deve ser sangrado pelo corte dos arcos branquiais e imediatamente imerso numa outra mistura de água e gelo, a cerca de 12 a 15 oC, onde é mantido por 4 a 5 minutos. Após a sangria o animal deve ser transferido para nova mistura de água com gelo, a cerca de 5 oC, para o resfriamento da carcaça que demora cerca de 30 a 40 minutos, para depois entrar na linha de processamento, por exemplo, evisceração e filetagem. 31 5. Considerações finais O trabalho realizado permite concluir que a produção do pirarucu em cativeiro, tanto no sistema de viveiros escavados, como em tanque-rede, é técnica e economicamente viável; porém, para que esses objetivos sejam alcançados a aplicação do conjunto adequado de conhecimentos é imprescindível, assim como contar com uma mão de obra de campo e administrativa capacitada. Algumas Unidades de Observação do projeto tiveram resultado bastante aquém do desejado, sobretudo decorrentes de problemas com a alta rotatividade e a baixa qualificação da mão de obra de campo. Assim, esse ponto crítico deve ser abordado de forma firme para evitar prejuízos aos empreendedores. Os resultados alcançados poderão ser melhorados ainda mais, com a melhoria da qualidade das rações comerciais, que ainda deixam bastante a desejar, e a redução de custos na compra dos juvenis, que poderá ser atingida com o estímulo à produção local. A maior profissionalização de todos os atores da cadeia produtiva também irá contribuir com a melhoria no desempenho dos empreendimentos. Para tanto, é sugerido que os programas de capacitação dos empreendedores e da mão de obra sejam intensificados nos diversos âmbitos do segmento, tanto em nível de propriedade rural, quanto nos demais ambientes de negócios. 32 6. ANEXO 33 Foto 1. Parceiro do projeto, Sr. Kionori, da UO no Bujari, AC. Foto 2. Resposta vigorosa na alimentação do pirarucu confinado no tanque-rede na UO em Rio Branco, AC. 34 Foto 3. Visita de acompanhamento do projeto por outros gestores e Coordenadora Regional do Estruturante do Pirarucu em Iranduba, AM. Foto 4. Viveiro escavado protegido com tela antipássaros utilizado na fase de recria na UO em Itacoatiara, AM. 35 Foto 5. Parceiro do projeto, Sr. José, durante a captura e a pesagem de amostras dos pirarucus na UO no Alto Alegre, RR. Foto 6. Avaliação da qualidade da ração para o pirarucu fabricada pelo parceiro do projeto, Sr. Aniceto Wanderley, na propriedade no Cantá, RR. 36 Foto 7. Resposta vigorosa à alimentação dos juvenis da fase de recria no viveiro escavado na Aliança Indústria Pesqueira, Aliança do Tocantins, TO. Foto 8. Captura total do pirarucu utilizando uma rede adequada no viveiro escavado na Aliança Indústria Pesqueira, Aliança do Tocantins, TO. 37 Foto 9. Captura para a pesagem total do pirarucu dos tanques-redes instalados na barragem do CPPPN, em Palmas, TO. Foto 10. Sistema intensivo em tanque de PVC com recirculação em viveiro escavado, em Pimenta Bueno, RO. 38 Foto 11. Alimentação dos peixes no sistema intensivo em tanque de PVC com recirculação em viveiro escavado, em Pimenta Bueno, RO. Foto 12. Despesca dos pirarucus criados no assentamento Eli Moreira, em Pimenta Bueno, RO. 39 Foto 13. Despesca dos pirarucus criados no Pesque Pague da Fazendinha, em Macapá, AP. 40 41