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portugal, serpa june 19-24 junho 2007 04 Programa/Program 14 Robert Kramer 16 · Ice 56 Gonçalo Tocha 58 · Balaou 06 Um programa diferente 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 60 62 64 66 68 70 08 A different program José Manuel Costa 10 Nuno Lisboa 12 Ricardo Matos Cabo Peter Nestler · Am Siel · Aufsätze · Mülheim (Ruhr) · Ödenwaldstetten · Rheinstrom · Von Griechenland · Im Ruhrgebiet · Die Nordkalotte · Pachamama – Nuestra Tierra 38 · Flucht 40 Vladimir Léon 42 · Nissim dit Max 44 · Le Brahmane du Kommintern 46 Pierre Creton 48 · La vie aprés la mort 50 · Détour suivi de Jovan from Foula 52 · Secteur 545 54 · Paysage imposé David Mac Dougall · Under the Men’s Tree · Lorang’s Way · Photo Wallahs · The New Boys · The Age of Reason 72 Wang Bing 74 · He Fengming 76 No País do Cinema: à volta dos Primeiros Olhares sessão apresentada pela Associação Os Filhos de Lumière 77 In the Land of Cinema: around the First Looks session presented by Filhos de Lumière Association 78 Ficha Técnica Credits 79 Agradecimentos Acknowledgements 19 |terça-feira | tuesday 21h00 Sessão de abertura do seminário, com projecção do fi lme ICE (1969) de Robert Kramer seguido de cocktail de abertura com vinhos da Herdade do Esporão. Seminar opening session with exhibition of ICE (1969) by Robert Kramer followed by cocktail with wines offered by Herdade do Esporão Winery. 20 | quarta-feira | wednsday 21 | quinta-feira | thursday 10h00 Filmes de | Films by Peter Nestler 10h00 Filme de | Film by Peter Nestler · Am Siel (1962) · Aufsätze (1963) · Mülheim (Ruhr) (1964) · Ödenwaldstetten (1964) · Rheinstrom (1965) · Von Griechenland (1965) · Im Ruhrgebiet (1967) · Flucht (2000) 13h30 · · · [almoço | lunch break] 12h00 Conversa com | Talk with Peter Nestler 13h30 · · · [almoço | lunch break] 15h00 Filme de | Film by Vladimir Léon · Le Brahmane du Komintern (2006) 15h00 Conversa com | Talk with Peter Nestler 16h15 Filmes de | Films by Peter Nestler 17h20 Conversa com | Talk with Vladimir Léon · Die Nordkalotte (1990/91) · Pachamama – Nuestra Tierra (1995) 18h30 Filmes de | Films by Pierre Creton 19h30 · · · [jantar | dinner break] · La Vie apres la Mort (2002) · Détour (2005) 22h00 Filme de | Film by Vladimir Léon · Nissim Dit Max (2004) 19h45 Cocktail oferecido pelo Governo Civil de Beja, com vinhos da Herdade do Esporão Cocktail offered by Governo Civil de Beja, with wines offered by Herdade do Esporão winery. |4 22 | sexta-feira | friday 23 | sábado | saturday 10h00 Filmes de | Films by Pierre Creton 11h00 Filme de | Film by David MacDougall · Secteur 545 (2006) · Paysage Imposé (2006) · Photo Wallahs (1991) Conversa com | Talk with Pierre Creton & Vincent Barré 12h00 Conversa com | Talk with David MacDougall 13h00 · · · [almoço | lunch break] 14h00 · · · [almoço | lunch break] 15h30 Filme de | Film by Gonçalo Tocha 14h30 Filmes de | Films by David MacDougall · Balaou (2007) · The New Boys (2003) · The Age of Reason (2004) Conversa com | Talk with Gonçalo Tocha 18h00 Conversa com | Talk with David MacDougall 18h00 Filmes de | Films by David MacDougall 20h00 Jantar fi nal oferecido pela Câmara Municipal de Serpa · Under the Men’s Tree (1973) · Lorang’s Way (1979) 19h30 · · · [jantar | dinner break] 22h00 Filme de | Film by Wang Bing · He Fengming (2007) Final Dinner offered by Serpa’s City Council 24 | domingo | sunday 11h00 «No País do Cinema: à volta dos Primeiros Olhares» sessão apresentada pela Associação Os Filhos de Lumière “In the Land of Cinema: around the first Looks”, session presented by Filhos de Lumière association 5| Um programa diferente | José Manuel Costa Construído pela primeira vez a partir de um tema genérico (a circulação da palavra), o programa do Doc’s Kingdom 2007 tem características diferentes dos anteriores, que vão conduzir a ligeiras alterações de metodologia sem com isso mudar a natureza do seminário. À cabeça, voltamos a insistir que o tema é uma sugestão de entrada e não um convite ao fechamento das conversas: uma vez entrados em cada um destes universos, o desafio é falar de cada um deles a partir da sua própria natureza e da sua natureza inteira. Nestes encontros, os filmes não são escolhidos para ilustrarem uma grelha teórica mas, exactamente ao contrário, para que a vontade de pensar o cinema, e a vontade de pensá-lo critica e teoricamente, seja estimulada por obras concretas e pela força irredutível de obras concretas. Aliás, a escolha dos títulos desta edição nasceu tanto da vontade transversal de explorar o terreno da palavra como da vontade de descoberta tout court. Ao longo destes dias, vamos então convocar diferentes regimes da palavra, num conjunto de obras em que o uso dela está nos antípodas da redundância, do acessório ou do aleatório. Mas a ideia é proporcionar uma viagem que passará por áreas e modos muito diferentes, em relação à palavra e não só, usando o próprio mecanismo do tema (a chamada de atenção para um parâmetro específico) para mergulhar nas variações. O facto de termos convidado alguns autores cuja obra é inédita em Portugal (e na maior parte deles pouco divulgada à escala europeia – incluindo MacDougall, se pensarmos no habitu- |6 al contexto cinematográfico Europeu), levou-nos, por outro lado, a exibir mais filmes de cada um, de modo a proporcionar uma melhor compreensão do seu trajecto global. Em relação às edições anteriores do seminário, este é portanto um programa em que explicitamente se convida a entrar mais a fundo em obras de autor e não apenas em títulos particulares – obras para as quais o que estará em causa não são «retrospectivas» mas, apesar de tudo, grupos de títulos que tendem a representar etapas fundamentais do trabalho precedente desses autores. E, como consequência disso, este será um programa mais preenchido do que tem sido habitual pelo próprio tempo de projecção, apostando numa orgânica de debates também ela um pouco diferente – mais concentrada mas, por outro lado, dividida em etapas para os dois autores abordados em programas mais longos. Na abertura, voltamos a Robert Kramer, desta vez com um filme do cadinho inicial donde partiu toda a sua obra, um cadinho que o foi também da palavra, marcando uma fase de turbulência e urgência colectiva donde veio a emergir depois uma voz pessoal sempre mais intensa, interrogativa e introspectiva. Entramos a seguir no continente Nestler, cuja descoberta, na senda do programa incluído no «Cinéma du Réel» deste ano mas diversificando o âmbito histórico dele, é uma das apostas centrais desta edição. Nestler é um corpo tão vasto quanto sólido e original na história do documentário pós 1960: põe em causa generalizações feitas logo sobre essa década (não é o mesmo território do cinema directo da altura); é exemplo limite de economia narrativa (não há nele ponta de redundância, em particular justamente na banda sonora, na qual palavra, música ou ruído ambiente nunca são invólucro ou objecto de amálgama); vai ao osso do processo de transformação das sociedades humanas e da sua relação com o mundo natural. Porque se trata de um continente aqui desconhecido, optámos por favorecer uma visão mais larga, fazendo a ponte entre a sua década de arranque e trabalhos mais recentes. Antes do seu termo, porém (num primeiro cruzamento de universos que é sempre uma das apostas do seminário) abrimos a porta à obra dos irmãos Léon, na qual a História desenterrada de muitos filmes de Peter Nestler dá agora lugar a um explícito trabalho da palavra e da História que funciona como platafor ma giratória de referências de toda esta edição. E, se Nestler nos falou já também privilegiadamente do trabalho, da paisagem e da relação homem-mundo natural, esses são temas que, sob contornos muito diferentes, voltam a entrar no seminário através dos fi lmes de Pierre Creton e da dupla Creton/ Barré (de novo em cruzamento privilegiado com a palavra e ligando-se a outros territórios pessoalíssimos como seja o do tema da amizade). A estes, por sua vez, segue-se a aventura pessoal de Gonçalo Tocha (a aventura da construção de uma forma em que a palavra e a voz foram estruturantes) e o mergulho no outro grande universo individual deste encontro que é o de David MacDougall – um antropólogo visual cuja evolução acentua as próprias insuficiências do epíteto, seja pela óbvia anulação das fronteiras disciplinares, seja justa- mente pela atenção dada, desde o arranque, à dimensão sonora e à palavra. Neste, mais uma vez, a extensão de uma obra de quatro décadas e o seu desconhecimento local levaramnos a programar uma breve viagem por etapas diferentes dela, pondo em diálogo a fase inicial, mais explicitamente etnográfica, com trabalhos mais recentes feitos na Índia, testemunhos não só de um especialíssimo amadurecimento formal (que é também o de uma especialíssima simplicidade) como do seu interesse pelo alargamento da pesquisa sociológica aos aspectos estéticos da sociedade e da cultura vistos no sentido mais lato deles. Finalmente, entre os filmes de MacDougall, ressurge ainda, e de forma contundente, o tema da inscrição do indivíduo na História, numa das experiências limite de todo o seminário que é «He Fengming», de Wang Bing. A edição do Doc’s Kingdom 2007 encerra na manhã de Domingo com uma nova viagem, incluindo novos desenvolvimentos, pelo trabalho de iniciação desenvolvido pela Associação «Os Filhos de Lumière» com, entre outros, um grupo de alunos da Escola Secundária de Serpa. Insistindo na proposta de encontro informal e cumulativo, o programa não é um ensaio sobre a palavra no cinema. É sim um convite à entrada em cinco ou seis mundos pessoais, que são outros tantos mundos cinematográficos, particularmente sintomáticos quanto ao trabalho da palavra, e quanto à força e à coerência dela. O que surgir da articulação entre eles será, mais uma vez, o resultado de uma vivência colectiva. 7| A different program | José Manuel Costa Built for the first time around one general subject (the circulation of the word), the program of Doc’s Kingdom 2007 has different features in relation to the previous years’, leading to methodological changes that, however, will not alter the nature of the event. In the beginning, once more we stress the fact that the subject is just a starting point, not an invitation to a restrict thematic debate: once we entered each one of these worlds, the challenge is to approach it following its own nature and according to its entire nature. In these gatherings, fi lms are not chosen in order to illustrate theoretical issues; on the contrary, the aim is to stimulate the willingness to discuss films – and to discuss them critically and theoretically – starting from specific cases, and from the strength of those cases. In fact, this particular choice of fi lms comes as much from an intention to explore the use of the word as from the intention to strictly explore less known territories. Along these days, we will thus summon various word regimes, in films where the word is never redundant, accessory, or casual. But the ultimate aim is to traverse distinct areas and modes, using the mechanism of the theme (calling the attention to one specific parameter) in order to plunge into its variations. On the other hand, the fact that we have invited film makers whose work is so far unknown in our country (and most of them scarcely known in European terms – including MacDougall, if we mention the current European cinema context), led us to show a bigger amount of titles of each, trying to give the participants a better understand- |8 ing of their global work. Comparing to the previous editions of the seminar, this is therefore a program where we explicitly invite people to enter a few authors’ general views, not just particular films – views that we convey not really through personal retrospectives, but anyhow through a group of titles chosen out of different important phases of their past work. And, consequently, this will be a relatively heavier program as far as the projection time is concerned, with a different structure of debates – generally more concentrated, but also, on the other hand, divided in separate discussion periods for the two fi lm makers with longer programs. We open with a return to Robert Kramer, this time with one fi lm chosen out of the original crucible of his entire path, a phase which has also been a crucible of the word, a state of collective turbulence and urgency from which emerged an increasingly intense, interrogative and introspective personal voice. We then enter the Nestler continent, whose revelation, following the recent program at this year’s “Cinéma du Réel” but pointing out a wider range of historical periods, is one of the central challenges of this seminar. Nestler’s body of work is as vast as solid and original in the documentary history post 1960: it makes us question general ideas about that decade (it does not correspond to the direct cinema tradition of the same period); it is an extreme example of narrative economy and precision (it has absolutely no redundancy, in particular at the sound track, where word, music or ambience are never used as wrappers or in a blended way); takes us to the very essence of the evolution of human societies and to their relationship with the natural world. Due to its novelty here, we favoured a larger vision, making the connection between his initial decade and more recent work. Before we reach the end, however (in a first crossing effect among others in this years’ event) we open the door to the Léon brothers universe, in which the unearthed History of many Nestler films gives place to an explicit work on the word and the History that will function as a kind of whirling platform of references in this entire seminar. And, if Nestler has already also spoken about human labour, landscape, and relationship between man and the natural world, these subjects come again to the meeting, then, through the films of Pierre Creton, or Creton/ Barré (once again crossing with the use of the word and linking them to some other issues like the theme of human friendship). Following them, it will be the moment to meet the personal adventure of Gonçalo Tocha (the adventure of shaping a form using word and voice as structuring tools) and to plunge into the other big personal universe in this event which is David MacDougall’s – the visual anthropologist whose evolution stresses the very inadequateness of the epithet, either because it nullifies the relevance of its boundaries, or, precisely, because it very relevantly explored, since the beginnings, the territory of sound and wording. Here again, the extension of this four decades career added to its novelty here made us to present a short journey of discovery throughout various stages of it, confronting the initial phase, more explicitly ethnographic, with more recent work shot in India, where one may recognize not only a very special formal maturing (which is a point of extreme simplicity) but also his interest to extend the sociological research to the aesthetics of a society in its widest sense. Finally, between the films of MacDougall, we will be facing a poignant resurgence of the subject of man in History, in one of the more intense and extreme gestures included in this program – “He Fengming”, by Wang Bing. The 2007 edition of the Doc’s Kingdom Seminar closes on Sunday morning with a new journey, with new developments, through the training initiatory work made by the association “The Children of Lumière” with, among others, a group of young pupils of the Serpa Secondary School. Stressing the informal and cumulative nature of the event, this program is not an essay on the use of the word in films. It is rather an invitation to meet five or six personal universes, which are as many cinema universes, where the use of the word is particularly strong and coherent. What may come out of their mutual crossing will be, once more, the result of a collective experience. 9| tário, a narrativa tornada visível. Nas suas entoações e pontuações particulares, cada voz – da criança, do operário, do agricultor, do imigrante, do padre ou do professor – absolutamente individual, resgatada ao anonimato, é radicalmente inseparável do seu corpo e da sua condição política, histórica, geográfica e linguística. Escutar alguém que fala é um acto especificamente humano. Na disponibilidade e na atenção necessárias para acompanhar as palavras ditas pelo outro, o gesto de escutar pode assumir as figuras mais díspares, na projecção do que se vê a partir do que se ouve e nas múltiplas relações que podem surgir nesse intervalo. Entre o monólogo, o diálogo e a conversa, do segredo ao rumor, do discurso ao comício, na palavra de ordem ou na palavra do testemunho, os efeitos da voz humana são incalculáveis no vínculo que, de cada vez, produz entre quem fala e quem escuta. Quando, enquanto espectadores, observando o silêncio, permanecemos quietos e calados face a alguém que fala, dispomo--nos a essa experiência de forma amplificada. Na mudança de escala que aplica, o dispositivo cinematográfico que captura a palavra na actualidade da sua presença é indissociável do cinema da escuta proposto por cada realizador, no acto de dar a palavra. Observe-se, nos fi lmes de Peter Nestler, o movimento próprio da descrição, a sucessão rítmica das vozes, o cuidado na interpelação, a precisão do comen- | 10 Na circunscrição do espaço e do tempo concretos da palavra que é dita, a complexidade e a vastidão dos lugares e das épocas está ao alcance da voz, enquanto testemunho das transformações do mundo. Como veículo de transmissão da memória colectiva, a urgência da palavra oral reside na sua própria fragilidade: num corpo singular, pode estar inscrita uma crónica do sofrimento que, partilhada na sua duração própria, permite-nos aceder à memória do século (Wang Bing); a partir da actualidade, a reminiscência afectiva pode desvendar as camadas da história e o trabalho subtil do esquecimento (Vladimir Léon). Na diversidade de formas e métodos reunidos neste programa, é a voz própria dos cineastas que se faz muitas vezes ouvir nos seus filmes, através do comentário ou da narração, participando na manifestação do presente ou evocando o que está ausente, nas interpelações directas ou nas aproximações discretas às pessoas e aos lugares filmados. Qualquer prática da palavra implica, de alguma forma, a partilha de uma experiência e uma experiência da partilha. Como sempre, a partir da acumulação e dos cruzamentos imprevistos, o Doc’s Kingdom procura acolher o debate e a troca de ideias como a sua experiência fundamental. Nuno Lisboa intonations and punctuations, each voice — be it the child, the factory worker, the farmer, the immigrant, the priest or the teacher —, utterly individual, salvaged from anonymity, is radically inseparable from its body and its political, historical, geographical and linguistic condition. To listen to someone who speaks is a specifically human action. In the availability and the attention needed to follow the words said by the other, the listening gesture may take on the most diverse shapes, in the projection of what one sees based on what one hears, and the multiple relations which may arise in that gap. Between the monologue, the dialogue and the conversation, from secret to rumour, from the speech to the rally, in watchwords or in the words of the testimony, it is not possible to calculate the effects of the human voice in the bond which, at every time, is produced between he who speaks and he who listens. When we, as viewers, observing the silence, remain still and quiet before someone who speaks, we make ourselves available to that experience in an amplified manner. Through the change of scale it operates, the cinematic device that captures the word in the here and now of its presentness is indissociable from the listening cinema each director proposes, when passing the word and letting others speak. One should note, in Peter Nestler’s films, the description’s very own movement, the rhythmical succession of voices, the carefulness in addressing people, the precision of the commentary, the narrative made visible. In its particular In the circumscribed, concrete space and time of the uttered word, the complexity and vastness of the places and times is within the voice’s reach, as a witness to the world’s transformations. As a vehicle for transmitting collective memory, the urgency of the oral word lies in its own frailty: restricted to a single body, it can inscribe itself in a chronicle of suffering which, shared in its very own duration, allows us access to the century’s memory (Wang Bing); starting from the here and now, the emotional reminiscence can unveil history’s layers and the subtle work of forgetfulness (Vladimir Léon). In the diversity of ways and methods this programme brings together, it is the very voice of the directors which many times makes itself heard in their films, through commentary or narration, taking part in the manifestation of the present or evoking that which is absent, be it by discreetly getting close to the people and places filmed, or by addressing them directly. Each of the ways of putting word into practice entails in some way the sharing of an experience and an experience of sharing. As always, it is through the accumulation and through unexpected encounters that Doc’s Kingdom seeks to embrace debate and the exchange of ideas as its fundamental experience. Nuno Lisboa 11 | A voz, a palavra e as suas diferentes instâncias foram o tema unificador para a composição do programa do Doc’s Kingdom deste ano. Pensar sobre circulação da palavra no cinema, sobre a forma como se fi lma o dizer, rapidamente deu lugar à questão da preservação do que é dito através da imagem e som, logo menos da palavra que da justa verdade das coisas a que apenas o cinema pode aceder, nessa mistura entre registo, presentificação e memória activa. Todos os cineastas no programa desenvolvem de modo singular essas possibilidades abertas pelos modos do discurso falado, directo e indirecto. É o caso dos testemunhos nos dois filmes de Vladimir Léon (na conversa com o pai em Nissim dit Max ou no filme-inquérito Le Brahmane du Komintern) e no último filme de Wang Bing (em que se privilegia a experiência directa do testemunho), da entrevista e das perguntas que Pierre Créton, ele próprio agricultor, coloca aos seus colegas de trabalho, do monólogo de Balaou, do respeito pela voz e expressão nos filmes etnográficos de David MacDougall, ainda na polifonia improvisada e urgente do fi lme militante de Robert Kramer que abre o programa, ou na complexidade estabelecida pela relação entre o som, a voz e a imagem dos muitos filmes de Peter Nestler. | 12 Nos notáveis filmes de Peter Nestler, por exemplo, a voz e o som têm uma importância fundamental, decantando as imagens, justapondo a cada paisagem, cada objecto e cada gesto a exacta dimensão –, histórica, social, evocativa, emocional – da sua concretude. Os fi lmes do realizador encontram, nas diferentes fases que caracterizam o seu trabalho, e na articulação complexa e tão justificada entre o som e a imagem, uma adequação precisa entre o que se quer descrever, mostrar e dizer e a forma como é descrito, mostrado e dito, na busca daquilo que diz serem os «momentos verdadeiros», que fazem com que um filme adquira o seu «peso», a sua razão, descubra o que está por mostrar. O que em muitos fi lmes representa um abismo intransponível, uma desadequação entre o que se fi lma e o modo como se filma, sobretudo na reflexão sobre a utilização do som na sua relação com a imagem, nomeadamente em muitos formatos banalizados do documentário, nos fi lmes de Nestler, corresponde a uma forma activa e crítica de preservação, de algo que é concreto na sua relação com o que ainda existe, com o que está próximo, vivo e com a força da sua expressão. Daí o interesse que o realizador dedica à preservação e resistência das diferentes culturas que filma (seja a crise mineira da região do Ruhr ou Sheffield, seja a Lapónia ou as culturas ancestrais do Equador), ao registo dos hábitos, dos processos de construção dos objectos (a atenção ao trabalho manual, aos gestos concretos), transformação irreversível da paisagem pelos efeitos nefastos da industrialização. Ricardo Matos Cabo The voice, the word and its different instances were the unifying theme for putting together this year’s Doc’s Kingdom programme. Thinking about the circulation of the word in cinema, about the way the act of saying is filmed, quickly lead to the question of the preservation of what is said through image and sound, therefore not so much the word, as the rightful truth of things, to which only cinema has access to, in that mix that combines record, making something present and active memory. Every director in the programme develops in a particular way those possibilities opened by the modes of the spoken word, in direct or indirect speech. Such is the case of the testimonies in the two films by Vladimir Léon (either in his conversation with his father in Nissim dit Max, or in the quest film Le Brahmane du Komintern) and in the latest film by Wang Bing (where the direct experience of the testimony is privileged), of the interview and questions Pierre Creton — a farmer himself — asks his work colleagues, as in the monologue in Balaou, of the respect for voice and expression David MacDougall’s ethnographic films show, and also in the urgent, improvised polyphony of Robert Kramer’s militant fi lm, which opens the programme, or in the complexity of the relation between sound, voice and image that many of Peter Nestler’s films establish. In the remarkable fi lms by Peter Nestler, for example, voice and sound have an utmost importance, decanting the images, juxtaposing each landscape, each object and each gesture with the exact — historical, social, evocative, emotional — dimension of its concreteness. In the different periods which characterize Nestler’s work, and in their complex and ever so justified use of sound and image, his films achieve a precise adequacy between what one wishes to describe, show and tell, and the way in which that is described, shown and told, in the search for what he calls the “true moments”, which cause each film to acquire its own “weight”, its own reason, to uncover what is hidden. In many films, this would mean an unbridgeable abyss, some sort of inadequacy between what is filmed and the way it is filmed, especially when one reflects on the use of sound in its relation to image, namely in many of today’s banalised formats of documentary. Yet in Nestler’s films, this matches an active and critical form of preservation, of something tangible in his relation to what still exists, to what is near us, alive, and that has the strength of its own expression. Hence the interest the director takes in the preservation and resistance of the different cultures he fi lms (be it the mining crisis in the Ruhr region or in Sheffield, be it Lapland or the ancestral cultures of Ecuador), in the recording of habits, of the processes of object-making (attention to manual labour, to concrete gestures), in the irreversible transformation of landscape though the damaging effects of industrialisation. Ricardo Matos Cabo 13 | Robert Kramer Robert Kramer nasceu em 1939, em Nova Iorque, EUA, e morreu em 1999 em Rouen, França. Em 1960, Kramer estabeleceu a sua marca como o cineasta da Esquerda radical Americana, cujos fi lmes correspondiam a um retrato de uma geração de militantes marcada pela sua oposição à Guerra no Vietnam (In the Country, The Edge e Ice). Foi o fundador e principal impulsionador do movimento Newsreel. Viajou para a América Latina, Vietname do Norte no meio da Guerra e depois Portugal para a Revolução de Abril (onde nessa altura filmou Scenes from the Class Struggle in Portugal, antes do regresso para uma colaboração em Gestos e Fragmentos e mais tarde para fazer Doc’s Kingdom), bem como na Angola pós-colonial. Assim que a era mais directamente política terminou e foi captada e representada por Kramer em todas as suas ambiguidades e contradições, nunca parou de reflectir sobre o «coração das trevas» do Ocidente – essa loucura dominadora que mostrou em Le Manteu como «uma linha que atravessa o tempo». Cedo reconhecido como um cineasta de primeira importância por Jonas Mekas, nos Estados Unidos e na Europa pelos círculos do novo cinema, Kramer prosseguiu o seu caminho de descoberta equidistante de Hollywood e do cinema underground e experimental. Nos seus trinta anos de total independência, fez do cinema o seu instrumento de descoberta e usou-o como reflexão sobre a experiência pessoal e colectiva. Os seus fi lmes são ao mesmo tempo secretamente autobiográficos e flagrantemente abertos ao mundo. Ao misturar documento e ficção (uma distinção já sem sentido) inventou uma forma artística que se tornou cada vez mais original, maleável e livre, marcada por um cruzamento polifónico de vozes e personagens (mais de cinquenta em Milestones) e pela presença sensível e imediata do realizador como testemunha ou parceiro de conversa. | 14 Born in 1939 in New York, USA, and died in 1999 in Rouen, France. In the 1960’s he made his mark as the great filmmaker of the American radical left whose first films painted a portrait of a generation of militants marked by their opposition to the war in Vietnam (In the country, The Edge and Ice). He was the founder and prime mover of the Newsreel movement. He has travelled to Latin America, North Vietnam in the middle of the war (People’s war), then in Portugal after the April Revolution (where he fi lmed Scenes from the Class Struggle in Portugal, before a return to collaborate in Gestos e Fragmentos and later to film Doc’s Kingdom), and in post-independance Angola. Once the most directly political era was over and was captured and represented by Kramer in all its ambiguities and contradictions, he has never stopped reflecting in his films on the “heart of darkness” of the West — that dominating madness that he had shown in Le Manteau as a “line that goes through time”.Soon recognized as a filmmaker of the first magnitude in America by Jonas Mekas and in Europe by “new cinema” circles, Kramer has circulated from the beginning in a realm of discovery as far away from Hollywood as it is from underground and experimental film. In his thirty years of total independence, he has made film his instrument for discovery and used it to reflect on personal and collective experience. His films are at the same time secretly autobiographical and flagrantly open to the world. By mixing document and fiction (a distinction that no longer really makes any sense being there), he invented an artistic form that gets more and more original, malleable, and free and is marked by a polyphonic crossing of voices and characters (more than fifty in Milestones) and by the immediate presence of the fi lmmaker as witness or conversation partner. 15 | e film d MER A RT KR ROBE interdit aux moins de 18 ans ICE realização|director Robert Kramer produção|production Monument Film Co, American Film Institute, Newsreel imagem|cinematography Robert Machover Montagem|Editing Robert Machover, Norman Fruchter Som|Sound Norman Fruchter distribuição/distribution Co-Errances (www.co-errances.org) EUA/USA, 1969 | 132’ | 16mm | P&B/B&W v.o. inglês legendado em francês English with French subtitles | 16 Sinopse Num futuro próximo, um grupo de jovens revolucionários, militantes do Comité Nacional de Organizações Revolucionárias, prepara-se para sair da clandestinidade e incorporar acções de guerrilha. Entretanto, no México, a Frente de Libertação combate os Estados Unidos da América. O objectivo é associar os revolucionários brancos com os negros, Porto-riquenhos e Mexicanos, todos sujeitos à mesma exploração e violência, mas divididos pela sua incapacidade de se compreenderem. Os responsáveis do Comité descobrem que devem enfrentar as mesmas incertezas, dúvidas e receios que os militantes. A ofensiva revolucionária rebenta. Jornais subversivos são distribuídos. Um coronel é morto. Uma refi naria explode. Prisões e estações de rádio e televisão são tomadas de assalto. Depois da polícia eliminar o líder do grupo, o seu lugar é tomado por Jim que dá instruções, a partir de uma cabine telefónica, a um dos seus camaradas, anunciando a próxima e decisiva batalha.. Synopsis In the not-so-far-away future a group of young revolutionaries, militants in the National Committee of Revolutionary Organizations are preparing to come out of hiding by engaging in guerrilla actions. Meanwhile, in Mexico the Liberation Front is combating the United States. The objective is to link up the white revolutionaries with the blacks, Puerto Ricans, and Mexicans, who are all subject to the same exploitation and violence but divided by their inability to understand each other. The heads of the Committee find that they have to face the uncertainties, doubts, and fears of the militants themselves. The revolutionary offensive breaks out. Subversive newspapers are distributed. An army colonel is killed. A refi nery is blown up. Prisons and radio and television stations are assaulted. After the police eliminate the group’s leader, his place is taken by Jim, who gives instructions to one of his comrades from a telephone booth, announcing the next decisive battle. 17 | Peter Nestler Nasceu em 1937 em Friburgo, na Floresta Negra. Após ter realizado uma série de pequenos documentários na Alemanha, centrados nas questões do trabalho e da transformação do espaço social e rural por influência da industrialização, Nestler emigrou para a Suécia em 1965, depois de ter realizado Von Griechenland, poderoso filme político que lhe valeu a acusação de «propaganda comunista». Nesse primeiro período radica uma obra cinematográfica essencial, tão vasta quanto desconhecida, com mais de 50 documentários realizados até hoje, muitos deles para a televisão. Entre as muitas vozes que habitam o cinema de Nestler, é a sua própria voz que, para além do comentário e da descrição, manifesta o peso próprio das coisas fi lmadas: os gestos do trabalho e da vida comum, os ritmos do quotidiano, os lugares do mundo, as idades humanas. Na descrição objectiva das transformações do mundo rural pela indústria, na apresentação da actualidade histórica da resistência política, no retrato cultural de um povo, ou na restituição da graça e da lucidez da linguagem da infância, o programa apresentado em Serpa constitui um retrato do trabalho de Nestler, percorrendo em três blocos diversos territórios e períodos do seu trabalho, dos primeiros filmes aos mais recentes. Nestler é provavelmente um dos cineastas que melhor explorou a complexa relação entre o som e a imagem, dando à palavra, ao texto, ao uso da voz e da música uma importância primordial. Dele escreveu Jean-Marie Straub, seu amigo, «acredito cada vez mais que Nestler foi o cineasta mais importante na Alemanha depois da Guerra», citando ainda, a propósito dos seus filmes, uma frase de Bertold Brecht: «Exumar a verdade enterrada nos escombros da evidência, reunir evidentemente o singular e o geral, fi xar o particular no grande processo, esta é a arte dos realistas.» | 18 Born in Friburg, Black Forest 1937. After directing several documentaries in Germany on the transformation of rural and social space due to industrialization, Nestler moved to Sweden in 1965 after filming Von Griechenland, a powerful filmic statement on the political instability in Greece. He is author to an extraordinary and essential body of work — as vast as unknown — with more than 50 documentaries made up until today, many of them for television. Many voices live inside Nestler’s films, but it’s his own that — beyond commentary and description — embodies the weight of the depicted subjects: everyday life and work’s gestures, its inner rhythms, the sense of place and tradition, the human condition in general. The program presented in Serpa sketches a portrait of Nestler’s work in 3 blocks — covering several territories and periods, from his early work to his most recent. Nestler’s work uniqueness relies on the way he describes the changes forced upon the rural world by industrialization, by the importance given to political resistance, to his profound interest and respect in the destiny and the voice of people, or even in way he brings back childhood’s language and gaze with all its grace and lucidity. Nestler is one of the filmmakers that truly excelled in exploring the complex relations between sound and image in fi lm, awarding a primordial importance to the use of spoken word, text, voice and music. 19 | Am Siel At the Siel realização|director Peter Nestler em colaboração com/ in collaboration with Kurt Ulrich produção|production Peter Nestler, Munique imagem|cinematography Peter Nestler, Kurt Ulrich Montagem|Editing Peter Nestler, Kurt Ulrich História e Voz / Story and Voice Robert Wolfgang Schnell distribuição/distribution Deustsche Kinemathek – Museum fur Film und Fernsehen ([email protected]) Alemanha/Germany | 1962 | 13’ | 35mm | P&B/B&W v.o. alemão legendado em francês German with French subtitles Filmado na aldeia de Dornumersiel (Ostfriesland) Dezembro 1961/Janeiro 1962 Shot in the village of Dornumersiel (Ostfriesland) December 1961/ January 1962 | 20 Sinopse No primeiro documentário que realizou, Peter Nestler conta de um modo pouco convencional a história de uma pequena aldeia marítima na Alemanha do Norte. O protagonista e narrador é um dique velho e gasto, que expressa os seus pontos de vista nostálgicos sobre as pessoas que habitam na aldeia, situada na outra extremidade da comporta. Synopsis In his first documentary, Nestler uses a rather unconventional way of telling the story of a small Northern German seaside village. The protagonist and narrator is an old, worn-out dike sluice, expressing its very own nostalgic views of the people living in the village, situated at the other end of its floodgate. 21 | Aufsätze Compositions Realização/Director Peter Nestler em colaboração com/in collaboration with Kurt Ulrich & Marianne Beutler Produção/Production Peter Nestler, Munique Imagem/Cinematography Peter Nestler, Kurt Ulrich Montagem/Editing Peter Nestler distribuição/distribution Deustsche Kinemathek – Museum fur Film und Fernsehen ([email protected]) Alemanha/Germany | 1963 | 10’ | 35mm | p&b/b&w Filmado em Berner Oberland (Suiça), Fevereiro 1963 Shot in Berner Oberland (Switzerland), February 1963 v.o. alemão legendado em francês German with French subtitles | 22 Sinopse Um olhar terno e humorado sobre as vidas de um grupo de crianças no meio rural Suíço. Crianças lêem pequenos ensaios que escreveram a propósito do caminho para a escola, da distribuição do leite durante o intervalo, de uma discussão no recreio. O uso do dialecto alemão suíço em vez do alemão clássico enfatiza o fascínio de Nestler pelo simples, pelo inocente e pelo natural. Synopsis A cheerful take on the lives of school children in a Swiss rural environment. Young pupils recite short essays they have written on subjects ranging from the long walk to school, the distribution of milk during breaks, and to a brawl in the courtyard. The use of the original Swiss German dialect instead of High German emphasizes Nestler’s fascination with the simple, the innocent and the natural. 23 | Müllheim (Ruhr) Realização/Director Peter Nestler em colaboração com/in colaboration with Reinald Schnell Produção/Production Peter Nestler, Munique Imagem/Cinematography Peter Nestler Montagem/Editing Peter Nestler Música/Music Dieter Süverkrüp distribuição/distribution Deustsche Kinemathek – Museum fur Film und Fernsehen ([email protected]) Alemanha/Germany | 1964 | 14’ | 16mm | b&w/p&b Filmado em Janeiro/Fevereiro 1964 na cidade de Mülheim (Ruhr) Shot in January/february 1964 in Mülheim city (Ruhr) sem diálogos no dialogues | 24 Sinopse Filmado alguns anos após o encerramento das primeiras jazidas mineiras na área do Ruhr, Nestler conduz-nos numa viagem através das minas, das pilhas de carvão, dos reservatórios e dos alojamentos dos trabalhadores e bares da cidade de Mulheim. Nesta viagem de 14 minutos, o contraste entre os trabalhadores e os seus empregadores é explorado, utilizando imagens com muito movimento e uma montagem rápida que acentua os dois extremos. Synopsis Shot a few years after the first mining pits were closed in the Ruhr area, Nestler takes his audience on a journey through mining pits, coal heaps, cold stores and to workingmen’s settlements and pubs in the city of Mülheim. In this 14 minute ride the rich contrast between the workers and their employers is explored using fast moving images and quick editing between the two extremes. 25 | Ödenwaldstetten Realização/Director, script Peter Nestler, Em colaboração com/in collaboration with Kurt Ulrich Imagem/Cinematographer Kurt Ulrich, Peter Nestler Montagem/Film editor Peter Nestler Som/Sound Klaus Schumacher Musica Original/Original music Dieter Süverkrüp Narrador/Speaker Karl Ebert Produção/Producer Süddeutscher Rundfunk, Stuttgart distribuição/distribution Deustsche Kinemathek – Museum fur Film und Fernsehen ([email protected]) Alemanha/Germany | 1964 | 36’ | 16mm | p&b/b&w Filmado no verão de 1964 na aldeia de Odenwaldstetten e arredores (Schwäbische Alb). Filmed in summer 1964 in and around the village of Ödenwaldstetten (Schwäbische Alb). v.o. alemão legendado em francês German with French subtitles | 26 Sinopse Um olhar crítico sobre a emergência da industrialização e das suas consequências no quotidiano. Numa pequena aldeia, vemos como o artesanato e os utensílios agrícolas tradicionais são substituídos por equipamento tecnológico e pela produção em cadeia. As palavras dos habitantes, as lembranças do passado, da guerra e da reconstrução e a descrição do «novo», fazem do filme um documento apaixonante sobre as mutações dos anos 60, comuns a diversos países. Synopsis As in many of his previous films, Nestler once more provides a critical view of the rise of the machine age. He uses the small village of Ödenwaldstetten as an example of the changes from manpower to mechanical power. We witness how handicraft and traditional agricultural tools are discarded and replaced by high-tech equipment and assembly line production. The words of the people who live there, their memories of the past, from the war and the reconstruction, constitute a document about the mutations of the 60’s, common to several countries. 27 | Rheinstrom Rhine River Realização/Director Peter Nestler em colaboração com/in collaboration with Reinald Schnell Produção/Production Peter Nestler, Munique Imagem/Cinematography Peter Nestler Montagem/Editing Peter Nestler Música/Music Dieter Süverkrüp Comentário e narrador/Commentary and Narrator Robert Wolfgang Schnell distribuição/distribution Deustsche Kinemathek – Museum fur Film und Fernsehen ([email protected]) Alemanha/Germany | 1965 | 13’ | 35mm | P&B/B&W v.o. alemão legendado em francês German with French subtitles | 28 Sinopse Numa navegação de 13 minutos, Nestler leva-nos a descer o rio Reno. A oportunidade dada pelo transporte fluvial manteve em baixa o preço das matérias-primas, transformando o Reno numa das mais importantes artérias de transporte industrial do mundo. O fi lme transmite a significância que este caminho aquático representa para as pessoas. Synopsis In a 13-minute navigation, Nestler takes us downstream the Rhine River. The opportunity of cheap water transport kept prices of raw material down and made the Rhine one of the most important arteries of industrial transport in the world. Rheinstrom conveys the significance of this waterway to its people. 29 | Von Griechenland From Greece Realização/Director Peter Nestler em colaboração com/in collaboration with Reinald Schnell Produção/Production Peter Nestler, Munique Imagem/Cinematography Peter Nestler Montagem/Editing Peter Nestler Som/Sound Peter Nestler Narrador/Narrator Peter Nestler distribuição/distribution Deustsche Kinemathek – Museum fur Film und Fernsehen ([email protected]) Alemanha/Germany | 1965 | 28’ | 16mm | p&b/b&w v.o. alemão legendado em francês German with French subtitles | 30 Sinopse Filmado dois anos antes da junta militar ter chegado ao poder, o filme reflecte sobre a instabilidade que caracterizou o governo Grego no século XX, culminando na vitória e afastamento do político liberal Georgios Papandreou. O caos daí resultante e a exigência de novas eleições trouxeram milhares de pessoas para as ruas, o que destabilizou ainda mais o então Governo grego. Synopsis Shot two years before the military junta began to rule the country, Von Griechenland reflects upon the instability, which has characterized Greek government in the 20th century, culminating in the victory and eventual dismissal of liberal politician Georgios Papandreou. The resulting chaos and demand for new elections brought hundreds thousands of people to the streets, which further destabilized the Greek government. 31 | Im Ruhrgebiet / I Ruhrområdet In the Ruhr Area Realização/Director Peter Nestler em colaboração com/in collaboration with Zsóka Nestler & Reinald Schnell Produção/Production Peter Nestler, Munique Imagem/Cinematography Peter Nestler Montagem/Editing Peter Nestler & Bengt G. Eriksson Som/Sound Zsóka Nestler Narrador/Narrator Christler Eklöf distribuição/distribution Deustsche Kinemathek – Museum fur Film und Fernsehen ([email protected]) Alemanha/Germany | 1967 | 34’ | 16mm | p&b/b&w v.o. alemão legendado em francês German with French subtitles A exibição deste filme foi possível com a permissão da Sveriges Television The exhibition of this film was authorized and made possible by Sveriges Television | 32 Sinopse Im Ruhrgebiet é sem duvida um dos fi lmes onde Nestler mostra a sua revolta. É uma afirmação pessoal e desencantada sobre a vida na região do Ruhr: a luta contra o fascismo, a realidade do comunismo e a sua própria luta para ser reconhecido na Alemanha. Nestler confronta os espectadores com uma sequência rígida de imagens acompanhada por vozes aparentemente frias, manifestando grande frustração e sem qualquer compromisso. Apenas há lugar para a ira nesta «rebelião», filmada de modo impressionante. Synopsis This film is arguably Nestler’s angriest documentary. It is a bitter personal statement about life in the Ruhr region: the fight against fascism, the reality of communism and his own struggle for acceptance in his native Germany. It confronts viewers with a sequence of rigid images that are accompanied by seemingly frozen voices, giving evidence of one big frustration. Nestler makes no compromise. There is only room for wrath in this impressively filmed “rebellion”. 33 | Die Nordkalotte The Northern Calot Realização/Director Peter Nestler em colaboração com/ in collaboration with Ingrid Gimmon Produção/Production SüdWestFunk Imagem/Cinematography Manfred Schmidt Montagem/Editing Peter Nestler Som/Sound Jac-Uwe Otto distribuição/distribution Deustsche Kinemathek – Museum fur Film und Fernsehen ([email protected]) Alemanha/Germany | 1990/1991 | 90’ | 16mm | cor/colour v.o. alemão legendado em inglês German with English subtitles | 34 Sinopse Em Die Nordkalotte, Peter Nestler fornece uma visão crítica da industrialização, especialmente da extracção de minério na Península de Kola que levou à destruição massiva de florestas, lagos e tundra. O filme examina igualmente as consequências da industrialização nos povos indígenas da Lapónia. A tradição e a compreensão da natureza dos poucos Lapões criadores de renas na remota província da península Russa e na Escandinávia do Norte são justapostas ao mundo moderno após a Revolução Industrial. Synopsis In Die Nordkalotte, Peter Nestler provides a critical view on the industrialization, especially the mining of ore, on the Kola Peninsula, which led to a wideranging destruction of forests, lakes and tundra. In addition, the film examines the consequences of industrialization on Lappland’s indigenous people. The traditions and understanding of nature of the few thousand reindeer herding Lapps in the remote northern Russian peninsula and in northern Scandinavia are juxtaposed to the modern world after the Industrial Revolution. 35 | Pachamama – Nuestra Tierra Pachamama – Our Land Realização/Director Peter Nestler Produção/Production Strandfilm, Frankfurt am Main em coprodução com/in co-production with HR & SWF Imagem/Cinematography Reiner Komers Som/Sound Michael Busch Narrador/Narrator Peter Nestler versão espanhola/Spanish version Alejandra Barrientos distribuição/distribution Deustsche Kinemathek – Museum fur Film und Fernsehen ([email protected]) Alemanha/Germany | 1995 | 90’ | 16mm | cor/colour v.o. espanhol legendado em inglês Spanish with English subtitles | 36 Sinopse Pachamama é outro bom exemplo dos documentários extraordinários do realizador. Neste fi lme, Nestler leva-nos a uma expedição ao Equador, ao coração de uma cultura Índia antiga. Apesar de fortemente danificados pelos conquistadores espanhóis, muitos dos tesouros sobreviveram e, notavelmente, muitas das velhas tradições e costumes indigenas ainda hoje são postos em prática. Pachamama é um filme de uma beleza serena e de uma tristeza amena, mas não amarga; um filme sobre a riqueza cultural de um país fascinante. (Ted Roth) Synopsis Pachamama is another fine example of Peter Nestler’s extraordinary documentaries. He takes us on an expedition to Ecuador, to the heart of an ancient Indian culture. Although heavily damaged by the Spanish conquerors, many of the old treasures and, more remarkably, many of the old traditions and customs have survived and are still in practice today. It’s a fi lm of quiet beauty and sadness, but of a sadness that is friendly and not bitter; a film about the cultural wealth of a fascinating country. (Ted Roth) 37 | Flucht Escape Realização/Director Peter Nestler Produção/Production Strandfilm, Frankfurt am Main em co-produção com/in co-production with 3sat ZDF & 3sat WDR Imagem/Cinematography Rainer Komers Montagem dv/ dv Editing Dieter Reifarth Som/Sound Peter Nestler Vozes/Voices Ursula Illert, Peter Lieck, Peter Nestler, Jochen Nix distribuição/distribution Deustsche Kinemathek – Museum fur Film und Fernsehen ([email protected]) Alemanha/Germany | 2000 | 87’ | DV | cor/colour v.o .alemão legendado em inglês German with English subtitles | 38 Sinopse O pintor judeu Leopold Mayer fugiu de Frankfurt aquando da subida do regime Nazi. Apesar de ter encontrado um breve refúgio em França, onde mudou o nome para Leo Maillet, a sua estada foi reduzida pela invasão alemã de Paris. Flucht traça a fuga de Maillet da Gestapo e da polícia francesa, recorrendo à série de pinturas de Maillet «Entre chien et loup» como enquadramento para o lho de Maillet, Daniel, Peter Nestler revisita os seus últimos locais de refúgio e faz um retrato de um artista notável em fuga. Synopsis ed his native Frankfurt at the rise of the Nazi nding refuge in France, where he changed his name to Leo Maillet, his stay was cut short by Germany’s invasion of Paris. Flucht traces Maillet’s escape from the Gestapo and the French police, using lm. Accompanied by Maillet’s son Daniel, Peter Nestler revisits the late artist’s hiding places and depicts a hauntingly beautiful portrait of an outstanding artist on the run. Vladimir Léon Nasce em Moscovo, em 1969, e chega a Paris em 1975, com o irmão Pierre, a mãe (russa) e o pai (francês). Nos seus documentários, a forma biográfica permite o acesso à história na sua relação íntima com o presente. A partir da actualidade da voz, sob a forma da evocação ou do inquérito, os acontecimentos do século cruzam-se com a memória singular: através do retrato do pai, correspondente em Moscovo do jornal francês L’Humanité, realizado a meias com o irmão, o realizador Pierre Léon (Nissim dit Max), ou pelos testemunhos da biografia política de um revolucionário bengali, entre o México, a Rússia, a Alemanha e a Índia (Le Brahmane du Komintern). Vladimir Léon prepara actualmente um trabalho a partir dos escritos de Alexis de Tocqueville sobre a democracia na América. Os filmes de Léon colocam de forma objectiva a questão do valor da entrevista filmada, do testemunho e do comentário sobre as imagens, operando de modo subtil os registos da oralidade e da fi xação da memória, entre as deslocações de sentido e a atenção ao equilíbrio sensível das distâncias afectivas e temporais entre o presente e o passado. | 40 He was born in Moscow, in 1969, and arrived in Paris in 1975, with his brother Pierre, his (Russian) mother and his (French) father. In his documentaries, the biographical form allows access to history in its intimate relation with the present. Through the actual presence of the voice, in the form of evocation or inquiry, the events of the century meet the individual memory: through the portrait of his father, Moscow correspondent for French newspaper L’Humanité, co-directed with his brother, director Pierre Léon (Nissim dit Max), or through the testimonies of a Bengali revolutionary’s political biography, between Mexico, Russia, Germany and India (Le Brahmane du Komintern). Vladimir Léon is currently preparing a work that draws on the writings of Alexis de Tocqueville on democracy in America. Léon’s films raise in an objective way the question of the value of the fi lmed interview, of testimony and commentary on the images, operating in a subtle manner the different modes of orality and fi xation of memory, from the displacements of meaning to the attention given to the sensitive balance of the emotional and temporal distances between the present and the past. 41 | Nissim dit Max Nissim also known as Max Realização/Director Pierre Léon, Vladimir Léon Produção/Production Alexis Kavyrchine (Les Pieds au Mur) Imagem/Cinematography Sébastien Buchmann Montagem/Editing Françoise Tubaut Som/Sound David Rit, Martim Sadoux distribuição/distribution [email protected] França/France | 2007 | 83’ | dv | cor/colour v.o. francês legendado em inglês french with English subtitles | 42 Sinopse Dois filhos, Pierre e Vladimir, questionam o seu pai, Max Léon, acerca da sua vida e o seu comprometimento enquanto militante comunista. Fazem também perguntas à sua mãe, Svetlana e à irmã, Michèle. Para além dos relatos da família, encontram outras testemunhas do sonho socialista: Jacques Rossi, antigo agente do Komintern e deportado para o Goulag e Marina Vlady que casou com o cantor contestatário Vladimir Vyssotski e viveu na URSS nos anos 70. Esperanças e desesperos, entre a palavras e o silêncio. Escrevem-se assim as vidas singulares, e assim diferem, talvez, da História. Synopsis Two sons, Pierre and Vladimir, ask their father, Max Léon, about his life and his engagement as a communist militant. They also ask questions to their mother, Svetlana, and their sister Michèle. Alongside the family stories, they meet with other witnesses to the socialist dream: Jacques Rossi, former Komintern agent and deported to the Goulag, and Marina Vlady, who was married to revolutionary singer Vladimir Vyssotski and lived in the USSR in the seventies. Hopes and despair, between words and silence. That’s how personal lives are written, and how they may differ from history. 43 | Le Brahmane du Komintern The Comintern Brahmin — The Untold Story of MN Roy Realização/Director Vladimir Léon Produção/Production Vladimir Léon, Cati Couteau com apoio do/with the support of INA Imagem/Cinematography Sébastien Buchmann, Arnold Pasquier, V. Léon Montagem/Editing Vladimir Léon Som/Sound Pierre Léon, Arnold Pasquier Música/Music Chostakovitch, Beethoven distribuição/distribution [email protected] França/France | 2006 | 128’ | dv | cor/colour v.o. francês, espanhol, russo legendado em inglês french, spanish, russian with English subtitles | 44 Sinopse Do México à Russia, da Alemanha à Índia, Vladimir Léon procura os traços de um revolucionário aventureiro de Bengal – M.N. Roy. Fundador do partido comunista no México de Zapata, líder da Internacional Comunista na Rússia Soviética ao lado de Lenin, militante anti-Estaline e anti-Nazi na pré-guerra com a Alemanha, um político e um filósofo ateu na Índia independente, Roy personifica as lutas de um século em diferentes continentes. No entanto, a história oficial destes três países preferiu apagar a sua marca. Através de relatos directos e indirectos, Léon pacientemente reconstrói a caótica existência de um espírito livre. Este filme, um inquérito e meditação sobre o curso obscuro da História, é um épico moderno que nos permite perceber o estado corrente das coisas em diferentes países. Synopsis From Mexico to Russia, from Germany to India, director Vladimir Léon seeks out a revolutionary adventurer from Bengal — M.N.Roy. Founder of a Communist Party in Zapata’s Mexico, leader of the Communist International (Comintern) in Soviet Rússia alongside Lenin, an anti-Stalin militant and antiNazi militant in pre-war Germany, a politician and atheist philosopher in different continents. However, official history of these countries has preferred to erase his mark. Through direct and indirect accounts, Léon patiently reconstructs the chaotic existence of a free spirit. This fi lm, which is an enquiry as much as a mediation on the obscure course of History, is a modern epic, which sheds light on current affairs in the different countries. 45 | Pierre Creton Nascido em 1966, vive e trabalha em Vattetot-sur-Mer (Seine Maritime), França. Depois dos estudos em Belas Artes no Havre, Pierre Creton decide instalar-se na Normandia, na região de Caux, onde tinha crescido e que se torna o território explorado e calcorreado nos seus fi lmes. Depois de Le Vicinal, primeira curta-metragem em 16mm, a mini-DV torna-se o instrumento apropriado ao seu trabalho e o único suporte dos seus filmes. É entre 1998 e 99 que se afirmam a forma e as preocupações do cineasta: entre o documentário e o ensaio íntimo, realiza três curtas-metragens, partindo cada uma de uma relação, de amizade ou de trabalho. E é trabalhando no sector da pesagem do controlo leiteiro que Creton tem a ideia para a sua primeira longa-metragem, Secteur 545 (2004): filme híbrido, simultaneamente um documentário sobre a criação bovina na região de Caux e ficção íntima da relação de Creton com o patrão. Em 2006, realiza Paysage Imposé, documentário sobre o liceu agrícola de Yvetot, que se torna a primeira parte de uma trilogia sobre o mundo agrícola. Trabalha actualmente na terceira, consagrada a um lar de idosos. Paralelamente a este trabalho sobre e na região de Caux, Creton realiza uma curta-metragem de ficção, Le Voyage à Vazelay (2006), peregrinação ao túmulo de Georges Bataille, um dos autores que alimentam a sua obra. O encontro com Vincent Barré, escritor viajante, escultor e artista plástico, dá lugar a outros dois filmes, co-realizados: Détour e L’Arc d’Iris são dois filmes de viagem, o primeiro nas Ilhas Shetland e o segundo nos Himalaias indianos. Recentemente, Pierre Creton participou na filmagem e na montagem de Mètis, filme de Vincent Barré sobre o seu trabalho de escultor. A amizade, o trabalho, o devir do mundo camponês e a relação com as paisagens: é a partir destas questões que os filmes de Pierre Creton esticam os limites do documentário, entrançando aí as linhas da ficção e do íntimo. | 46 Born in 1966, he lives and works in Vattetot-sur-mer (Seine Maritime), France. After studying Fine Arts in the Havre, Pierre Creton decided to settle in Normandy, in the Caux region, where he grew up, and which became the territory he explores and treads in his films. After Le Vicinal, his first short-film shot in 16mm, the mini-DV becomes the appropriate tool for his work and the sole format for his films. It is between 1998 and 99 that his approach and concerns as a cineaste strengthen: between the documentary and the intimate essay, he directs three short films, each one starting from a relation, be it friendship or work. And it is during his work in the weighing sector at the milk control that Creton gets the idea for his first feature film, Secteur 454 (2004): a hybrid film, at the same time a documentary on bovine farming in the Caux region and an intimate fiction of Creton’s relation with his boss. In 2006 he directs Paysage Imposé, a documentary on the rural high school of Yvetot that becomes the first part of a trilogy on the rural world. He is currently working on the third one, dedicated to a nursing home. In parallel with this work on and in the Caux region, Creton has directed a fiction short film, Le Voyage à Vézelay (2006), a pilgrimage to the tomb of Georges Bataille, one of the authors who nourish his work. His encounter with Vincent Barré, traveller writer, sculptor and plastic artist, has given place to two other fi lms, co-directed: Détour and L’Arc d’Iris are two travel films, the first on the Shetland Islands and the second on the Indian Himalaya. Recently, Pierre Creton has participated in the filming and editing of Mètis, a film by Vincent Barré on his work as a sculptor. Friendship, work, the future of the pheasant world and the relation to landscape: it is starting form these issues that Pierre Creton’s films push further the limits of documentary, interweaving the threads of the fictional and the intimate. 47 | La vie après la mort Life after Death Realização/Director Pierre Creton Produção/Production Atlante Production, Patrick Viret Montagem/Editing Jean-Christophe Leforestier Mixagem/Mixing Jean-Paul Buisson, Emmanuel Lalanche Som/Sound Franz Schubert distribuição/distribution Atlante Productions ([email protected]) frança/france | 2002 | 23’ | 35 mm | cor/colour v.o. francês legendado em inglês french with English subtitles | 48 Sinopse «Tinha organizado literalmente o meu encontro com Jean Lambert. Desde logo receei a sua morte, de que ele próprio me tentou prevenir: escolher um amigo tão velho… À noite escutávamos os javas até que o medo se dissipasse… De qualquer modo rimo-nos em frente à câmara, que estava ali, estupidamente sozinha, a filmar-nos. Com Marie, uma amiga, comprámos a casa em que te encontrámos morto, quando o teu coração parou durante a sesta. Ariane, uma vizinha lembra-se do tempo em que ele pensava viver até ao eclipse. Eu não moro em Vattetot, passei a viver onde Jean Lambert já não vive. É isso.» Synopsis “I had literally organised my meeting with Jean Lambert. Soon, I feared his death, which he tried to warn me about: choosing a friend so old… At night, we listened to Javas till the fear would go away… Anyway, we laughed in front of the camera, which stupidly by itself fi lmed us. Together with my friend Marie, we bought the house where we have found your dead body, your heart having stopped while you were taking a nap. Arianne, the neighbour, recalls the time he thought he would have until the eclipse. I don’t live in Vattetot, instead I live where jean lambert does not live anymore. That’s it.” 49 | Détour suivi de Jovan from Foula Détour followed by Jovan from Foula Realização/Director Pierre Creton, Vincent Barré Produção/Production Atlante Productions Imagem/Cinematography Pierre Creton, Vincent Barré Montagem/Editing Pierre Creton, Vincent Barré Som/Sound Pierre Creton, Vincent Barré distribuição/distribution Atlante Productions ([email protected]) França/France | 30’ | mini dv | cor/colour v.o. francês e inglês legendado em inglês french and english with English subtitles | 50 Sinopse Détour é uma sucessão de planos fi xos de uma das ilhas Shetland. Jovan from Foula é uma sucessão de travellings de carro em Foula, outra das ilhas Shetland, com um guia chamado Jovan. Détour suspende o olhar do viajante e compõe na paisagem a galeria intangível das obras que alimentam precisamente esse olhar. Jovan from Foula acompanha o movimento da vida onde cada um procura o outro, procura-se a si próprio, foge a si próprio e fi nalmente se escapa. Synopsis Détour is a succession of fi x shots made in one of the Shetland Islands. Jovan from Foula is a succession of travellings made in a car in Foula, another of the Shetland’s, with a guide named Foula. Détour suspends the traveller’s look and composes in the landscape the intangible gallery of works that nourish that look. Jovan from Foula accompanies the movement of life where each one searches the other, searches himself, runs and fi nally escapes. 51 | Paysage Imposé Imposed Landscape Realização/Director Pierre Creton Produção/Production Atlante Productions, Patrick Viret Imagem/Cinematography Montagem/Editing Pierre Creton Som/Sound Mixage/Mix Jean-Paul Buisson, Emmanuel Lalande distribuição/distribution Shellac ([email protected]) França/France | 2006 | 50’ | DV | p&b/b&w v.o. francês legendado em inglês french with English subtitles | 52 Sinopse Numa escola agrícola em Yvetot, alunos e professores relatam as suas experiências sobre o termo «paisagem», a sua avaliação e o seu futuro. O filme não é um estudo sistemático do assunto, nem este assunto é um tema, excepto no sentido musical, uma vez que aparecem outras paisagens, as dos rostos e dos gestos dos adolescentes, as das salas de aula, as dos oficinas, as das salas de jogos e dos seus corredores, em suma, a memória de uma infância tão mutável quanto a aparentemente estática geografia em que nos movemos. Synopsis In an agricultural school in Yvetot, pupils and teachers recount their experience of the term “Landscape”, its evaluation and its future. But the fi lm is not a systematic study of it, nor is it a theme, except in the musical sense, because other landscapes also appear in it – those of teenagers’ faces and their gestures, those of their classrooms, their workshops, their games rooms and their corridors, in short, the memory of a childhood as likely to change as the apparently still geography in which we move about. 53 | Secteur 545 Sector 545 Realização/Director Pierre Creton Produção/Production Atlante Production, Patrick Viret Imagem/Cinematography Montagem/Editing Pierre Creton, Jeane-Christophe Leforestier Som/Sound Jean-Paul Buisson, Emmanuelle Lalande distribuição/distribution Shellac ([email protected]) França/France | 2005 | 105’ | DV | p&b/b&w v.o. francês legendado em inglês french with English subtitles | 54 Sinopse Filmado na zona de Caux, na Normadia, em França, Sector 545 define os limites pelos quais Pierre Creton pesa e inspecciona gado e leite para criadores que o solicitam. Sendo também realizador, Creton é, ao mesmo tempo, um actor e um observador neste fi lme. Creton capta momentos da vida rural que estão muito longe dos clichés pitorescos. Uma pergunta, lançada explicitamente aos criadores de gado, traça a linha estrutural do fi lme: qual a diferença entre o Homem e o animal? Synopsis In the Caux area of Normadie, France, Sector 545 defines the limits within which Pierre Creton weighs and inspects cattle and milk for breeders who ask him to do so. Being also a film maker, Pierre Creton is both a player and an observer in this film. He records moments in rural life that are very far removed from all the picturesque clichés. One question, addressed explicitly to livestock breeders, provides the film’s main thread: what is the difference between Man and animals? 55 | Gonçalo Tocha Gonçalo Tocha, 28 anos, licenciado e pós-graduado em Língua e Cultura Portuguesa, pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa é também músico, compositor e membro fundador do NuCiVo – Núcleo de Cinema e Vídeo da Associação de Estudantes da Faculdade de Letras. Colabora em diversos projectos de âmbito cultural na Universidade de Lisboa, nomeadamente organizando ciclos de cinema com a Reitoria (Divisão de Actividades Culturais e Imagem). | 56 Gonçalo Tocha, 28 years old, licensed and post-graduated in Portuguese Language and Culture at the University of Letters in Lisbon, is also a musician, composer and founder member of NuCiVo, nucleus of Cinema and Video of the student association from the Faculty of Letters. He co-operates in different projects of cultural interest at the Lisbon University, organizing sessions of cinema with the Reitoria (Division of Cultural Activities and Images). 57 | Balaou Balaou Realização, Produção, Imagem, Montagem e Som Director, Production, Cinematography, Editing and Sound Gonçalo Tocha Banda sonora/Soundtrack Dídio Pestana participantes Florence Beaufrère, Hubert Gidon, Yum, Maria do Rosário Filipe Gouveia, Maria Ilda Cardoso, Gonçalo Tocha pós-produção vídeo/VIDEO POST PRODUCTION Catherine Villeret grafismo & animação/ GRAPHICS & ANIMATION Sérgio Bernardo mistura de som/SOUND André Neto e João Santos distribuição/distribution [email protected] Portugal | 2007 | 77’ | dv | cor/colour v.o. português e francês legendado em inglês portuguese and french with English subtitles | 58 Sinopse Faz agora sete meses que a Blé, minha mãe, morreu. Estou em frente do mar de S. Miguel, Açores, a terra da família distante. Encontro a tia-avó Maria do Rosário, 91 anos, à procura do seu momento para partir. Fala-me de Deus. À sua volta, os bebés nascem. Todos passam pelo mar da ilha, negro, vulcânico. É aqui que encontro a Florence e o Beru, um casal francês que todos os anos cruza o Atlântico no Balaou, um barco à vela. Convidam-me a continuar a viagem com eles. Mando fora o bilhete de avião e faço-me ao mar alto. Dividido em três momentos e oito lições, Balaou é uma viagem para aceitar o esquecimento das coisas. (G.T.) Synopsis It’s now seven months over my mother’s death. I am facing the S. Miguel island sea, the family land in the Azores. Between the newborn babies, I found my Grandaunt, 91 years old, waiting for her moment to part. At night my family speaks to me of God and death. During the day we swim in the island’s volcanic sea, where I find Florence and Beru, a French couple that is crossing the Atlantic in the Balaou, a sailing boat. They invite me to come with them. Divided in three moments and eight lessons, Balaou is a voyage to accept the oblivion of things. (G.T.) 59 | David Mac Dougall David MacDougall (cuja obra foi em grande parte co-realizada com a sua mulher Judith) é um dos nomes maiores da prática e da teoria do «fi lme etnográfico» e da «antropologia visual» ao longo das últimas décadas. Nascidos e formados nos E.U.A., os MacDougall radicaram-se na Austrália em 1975. Dos finais dos anos 60 aos fi nais dos anos 80, a sua obra inclui essencialmente títulos realizados com povos semi-nómadas africanos – como os Jie do Uganda ou os Turkana do Quénia – e com os aborígenes australianos. A partir daí, as suas atenções voltam-se para a Índia, onde co-realizam uma obra sobre os fotógrafos duma localidade turística (em 1988/1991) e onde, já a «solo», David vem depois a abordar extensamente o quotidiano dum famoso colégio interno masculino (a Doon School, onde realizou cinco títulos, apresentados de 2000 a 2004). Entre uma coisa e outra, e também a «solo», ele assina ainda uma obra sobre uma pequena comunidade de pastores da Sardenha. Logo na sua área de partida – e, dir-se-ia, contra os próprios limites da expressão «antropologia visual» – esta é uma obra decisiva ao nível da inclusão da palavra, podendo lembrar-se, só a título de exemplo, as suas inovações no registo da expressão verbal indígena, em que as habituais traduções ou sintetizações sobrepostas foram erradicadas em prol da legendagem. David MacDougall tem extensa obra de ensaísta e é autor de dois livros de referência («Transcultural Cinema» e «The Corporeal Image: Film, Ethnography and the Senses»). | 60 David MacDougall (whose film work was in great part co-directed with his wife Judith) is a major figure of the practice and theory of “ethnographic fi lm” and of “visual anthropology” during the latest decades. Born and educated in the USA, the MacDougalls settled in Australia in 1975. From the late sixties to the late eighties, their work mainly includes fi lms shot with African seminomads — like the Jie of Uganda or the Turkana of Kenya — and with the Australian aboriginals. From then on their attention turns to India, where they co-direct a film about the photographers in a hill station (in 1988/1991) and where, now by himself, David eventually starts to film the life at a well known boys’ boarding school (Doon School, where he makes five films, presented between 2000 and 2004). In between the two experiences, he also makes a film with a small community of mountain shepherds in Sardinia. Already in its original context – and one would say against the very limits of the expression “visual anthropology” — this was a decisive work in what concerns the use of the word, a good example being, among many possible others, the way it has renovated the register of the indigenous verbal expression, where traditional voice over was replaced by subtitling. David MacDougall has written many essays and two fundamental books (“Transcultural Cinema” and “The Corporeal Image: Film, Ethnography and the Senses”). 61 | Under the men’s tree Realização/Director David MacDougall Produção/Production University of Califórnia at Los Angeles Imagem/Cinematography David MacDougall Montagem/Editing David MacDougall Som/Sound Judith MacDougall Distribuição/Distribution Royal Anthropological Institute (www.rai.anthropology.org.uk) EUA/USA | 1973 | 15’ | dv | p&b/b&w Rodado no Uganda em 1968 v.o. Jie legendado em inglês Shot in Uganda in 1968 Jie with english subtitles | 62 Sinopse Nos campos de gado dos Jie no Uganda, os homens reúnem-se à sombra de uma árvore especial para fabricarem utensílios de madeira e pele, para conversarem, relaxarem e dormir. A conversa nessa tarde tornou-se uma espécie de etnografia ao reverso, centrada no bem europeu mais impressionante, o carro. Um filme único, delicado e íntimo, cheio do humor dos Jie e, implicitamente, do humor irónico dos realizadores. Synopsis At Jie cattle camps in Uganda, men often gather under a special tree to make leather and wooden goods and to talk, relax, and sleep. The conversation on this particular afternoon becomes a kind of reverse ethnography, centering on the European’s most noticeable possession, the motor vehicle. A uniquely delicate and intimate film, filled with the humor of the Jie and, implicitly, the ironic wit of the filmmakers. 63 | Lorang’s Way Realização/Director: David & Judith MacDougall Produção/Production: Fieldwork Films Imagem/Cinematography: David MacDougall Montagem/Editing: David & Judith MacDougall Som/Sound: Judith MacDougall Distribuição/Distribution Royal Anthropological Institute (www.rai.anthropology.org.uk) Australia | 1979 | 63’ | 16mm | cor/colour Rodado no Quénia em 1974 v.o. Turkana legendado em inglês Shot in Kenya in 1974 Turkana with english subtitles | 64 Sinopse Sendo o primeiro fi lme da trilogia Turkana Conversations, este é um retrato multifacetado de Lorang, o chefe de uma propriedade no noroeste do Quénia e um dos líderes da área. Porque são relativamente isolados e auto suficientes, muitos dos Turkana (incluindo o fi lho de Lorang) não imaginam a sua vida diferente no futuro. Mas Lorang não pensa da mesma maneira, porque já viu mais do mundo exterior. O filme é o estudo de um homem que vê a vulnerabilidade da sua sociedade e cujo papel foi moldado por essa percepção. O filme explora a personalidade e ideias de Lorang através das suas conversas com o realizador, o testemunho dos seus amigos e parentes, a observação do seu comportamento com as suas mulheres, fi lhos e homens da sua idade e estatuto. Synopsis The first film in the Turkana Conversations trilogy, this is a multifaceted portrait of Lorang, the head of a Turkana homestead in northwestern Kenya and one of the important senior men of his area. Because the Turkana are relatively isolated and self-sufficient, most (including Lorang’s own son) see their way of life continuing unchanged into the future. But Lorang thinks otherwise, because he has seen something of the outside world. The fi lm is a study of a man who has come to see his society as vulnerable and whose traditional role in it has been shaped by that realization. It explores Lorang’s personality and ideas through his conversations with the filmmakers, the testimony of his friends and relatives, and observation of his behavior with his wives, his children, and men of his own age and status. 65 | Photo Wallahs Realização/Director David & Judith MacDougall Produção/Production Fieldwork Films, Australian Film Commission, La Sept Imagem/Cinematography David MacDougall Montagem/Editing Dai Vaughan Som/Sound Judith MacDougall Distribuição/Distribution Royal Anthropological Institute (www.rai.anthropology.org.uk) Australia | 1991 | 60’ | 16 mm | cor/colour Rodado na Índia, em 1988-89 | v.o. Inglês e Hindi legendado em inglês Shot in India in 1988-89 | English and Hindi with english subtitles | 66 Sinopse Photo Wallahs é um filme sobre os vários significados da fotografia, rodado no Mussoorie, uma famosa estância no norte da India, a qual atraiu turistas desde o século XIX. Neste local, a fotografia prosperou. Sem quaisquer comentários, o filme descobre o seu tema nas ruas, nos bazares, nas lojas, em estúdios fotográficos e em casas particulares do Mussoorie, comparando, neste processo, os diferentes trabalhos e atitudes dos fotógrafos locais – os «fazedores de fotos» do Mussoorie. Apesar da fotografia na India ter desenvolvido características em termos culturais bastante distintas, as suas múltiplas formas e usos dizem-nos bastante acerca da natureza e do significado da fotografia em todo o mundo. Synopsis Photo Wallahs is a film about the varied meanings of photography. It is set in Mussoorie, a famous hill station in northern India that has attracted tourists since the 19th century. In this setting photography has thrived. Without spoken commentary, the fi lm discovers its subject in the streets, bazaars, shops, photographic studios and private homes of Mussoorie. In the process it compares the diverse work and attitudes of the local photographers — Mussoorie’s “photo wallahs”. Although photography has developed certain culturally distinctive features in India, its many forms and uses there tell us much about the nature and significance of photography throughout the world. 67 | The New Boys Realização/Director David MacDougall Produção/Production Fieldwork Films Imagem/Cinematography David MacDougall Montagem/Editing David MacDougall Som/Sound David MacDougall Distribuição/Distribution Royal Anthropological Institute (www.rai.anthropology.org.uk) Australia | 2003 | 100’ | dv | cor/colour. Rodado na Índia, em 1998 v.o. Inglês e Hindi legendado em inglês Shot in India in 1998 English and Hindi with english subtitles | 68 Sinopse The New Boys concentra-se na dinâmica social de grupo da vida de uma escola interna e é o quarto do quinteto Doon School, o estudo a longo prazo que MacDougall fez da infância e da adolescência nesta escola no norte da Índia. Este é o mais famoso colégio interno para rapazes na Índia, sendo que o filme fornece pontos de vista únicos sobre os valores e condutas da classe média e da elite pós-colonial indiana. Entre o grupo estão rapazes com várias personalidades e backgrounds – alguns são líderes natos, alguns provocadores e praticantes de bullying, outros argumentativos e outros ainda pacificadores. Um aspecto importante do filme é a inclusão de conversas entre os rapazes acerca das razões das agressões e guerras, as saudades de casa, a comida dos restaurantes ou como falar com um fantasma. Synopsis The social dynamics of the group is the focus of this film on life in a school dormitory, the fourth in the Doon School quintet, MacDougall’s long-term study of childhood and adolescence at the Doon School in northern India. The school is India’s foremost boarding school for boys, and this fi lm provides unique insights into the values and training of the Indian middle class and postcolonial elites more generally. Within the group are boys of varied personalities and backgrounds — some natural leaders, some subject to teasing and bullying, some argumentative, some peace-makers. An important feature of the film is the inclusion of conversations among the boys about the causes of aggression and warfare, homesickness, restaurant food, and how to speak to a ghost. 69 | The Age of Reason Realização/Director David MacDougall Produção/Production Fieldwork Films Imagem/Cinematography David MacDougall Montagem/Editing David MacDougall Som/Sound David MacDougall Distribuição/Distribution Royal Anthropological Institute (www.rai.anthropology.org.uk) Australia | 2004 | 87’ | dv | cor/colour Rodado na Índia, em 1998 v.o. Inglês, Hindi, Nepali, legendado em inglês Shot in India in 1998 English, Hindi, Nepali with english subtitles | 70 Sinopse Último e derradeiro fi lme do quinteto Doon School, The Age of Reason centra-se na vida de um estudante que Mac Dougall descobre na escola. O filme reflecte os pensamentos e sentimentos de Abhishek, um rapaz de 12 anos do Nepal, durante as suas primeiras semanas como estudante no colégio Doon. Esta é claramente a história do encontro entre um realizador e o seu objecto e um olhar sobre uma criança na «idade da razão». Synopsis This is the fifth and final film in David MacDougall’s Doon School Quintet, an intimate study of India’s most prestigious boys’ boarding school. In this film he focuses on the life of one student whom he discovers at the school. The film explores the thoughts and feelings of Abhishek, a 12-year-old from Nepal, during his first days and weeks as a Doon student. This is at once the story of the encounter between a filmmaker and his subject and a glimpse of the mind of a child at “the age of reason”. 71 | Wang Bing Wang Bing nasceu em 1967 na Província de Shaanxi. Estudou fotografia na Universidade de Luxun em Shenyang em 1992. Entrou na Academia de Cinema de Pequim no departamento de fotografia em 1995. Começou a trabalhar como cineasta independente e realizador em 1998. Em 1999 trabalhou como operador de câmara no filme Distortion e realizou o seu primeiro documentário, Tie Xi Qu, cuja rodagem se prolongou até 2001. Para além de He Fengming, realizou recentemente o fi lme Brutality Factory, incluído no projecto «O Estado do Mundo», da Fundação Calouste Gulbenkian. | 72 Born in 1967 in Shaanxi province, Wang Bing received B.A. in photography from the Luxun Arts University of Shenyang in 1992. Entered the Beijing Film Academy cinematography department in 1995. Began working as an independent filmmaker and director in 1998. In 1999 worked as a cameraman for the independent feature film Distortion and directed his first documentary Tie Xi Qu, which shooting lasted until the end of 2001. Besides He Fengming, Wang Bing has recently participated in the Gulbenkian Foundation film, “The State of the World”, with the short Brutality Factory. 73 | He Fengming Fengming: A Chinese Memoir Realização/Director Wang Bing Produção/Production Wil Productions Ltd. (China), Aeternam Films (França), Fantasy Pictures Entertainment (China) Imagem/Cinematography Wang Bing Montagem/Editing Andam Kerby Som/Sound Jinquang Shen Distribuição/distribution Wil Productions Ltd ([email protected]) China | 2007 | 183’ | DV | cor/colour v.o. mandarim legendado em inglês mandarin with English subtitles | 74 Sinopse Inverno na China. Uma cidade na neve. A noite cai. Embrulhada no seu casaco, uma idosa caminha lentamente para chegar ao seu humilde apartamento. Lá dentro, He Fengming senta-se e recorda. As suas memórias levam-nos até 1949 – ao início de uma jornada que nos vai conduzir por mais de 30 anos da sua vida e da Nova China. Synopsis Winter in China. A town in the snow. Night is falling. Wrapped in her coat, an old woman walks slowly through a housing complex to her simple apartment. Inside, He Fengming settles into her armchair and remembers. Her memories take us back to 1949 – to the beginning of a journey that will take us through 30 years of her life and of the New China. 75 | No País do Cinema: à volta dos Primeiros Olhares sessão apresentada pela Associação Os Filhos de Lumière A experiência que a associação Os Filhos de Lumière tem vindo a desenvolver desde 2001 com diversas oficinas de iniciação ao cinema (O Primeiro Olhar, Filmar) tem sido norteada pelo desejo e pela urgência de conceber, levar à prática e desenvolver um dispositivo pedagógico que permita uma sensibilização ao cinema pela experimentação. Em 2006, a associação Os Filhos de Lumière foi convidada a participar no programa pedagógico «Le Cinéma, cent ans de jeunesse», concebido por Nathalie Bourgeois e Alain Bergala e coordenado pela Cinemateca Francesa desde 1996. Assim, Os Filhos de Lumière – que tem vindo a desenvolver no Concelho de Serpa desde 2003 (Vila Nova de S. Bento, Brinches, Pias) as oficinas O Primeiro Olhar – iniciou uma colaboração com a Escola Secundária de Serpa para iniciar este dispositivo pedagógico, em colaboração com duas professoras da escola e ao longo de todo o ano lectivo. Os filmes realizados pelos jovens neste contexto resultam de um trabalho artístico (e técnico), mas o fundamental é menos a sua configuração final e mais a experiência individual de cada formando ao longo da oficina. Esta aprendizagem assente na prática envolve a assimilação de conhecimentos básicos e o contacto com todo o equipamento técnico: imagem (câmara, tripé, iluminação, etc.), som (gravador, perche, microfones etc.), montagem e mistura. Emoldurada uma sensibilização aos problemas de construção de formas e sentidos, a apreensão de noções rudimentares de técnica, estética, gramática e história cinematográfica decorre de uma maneira muito orgânica, porque apoiada na experimentação. Abordar a criação cinematográfica, com tudo o que ela possui de específico, pela via da experimentação, é um dos grandes objectivos destes dispositivos pedagógicos. O programa desta sessão integrará os fi lmes realizados pelos jovens de duas turmas da Escola Secundária de Serpa, assim como exemplos dos exercícios de sensibilização à imagem feitos neste contexto durante o ano lectivo 2006-2007. Será também apresentada uma selecção de exercícios realizados noutras oficinas de Os Filhos de Lumière, em diferentes localidades do país. | 76 In the Land of Cinema: around the First Looks session presented by Filhos de Lumière Association The experience that the association “Os Filhos de Lumière” has been developing since 2001 through several workshops of introduction to cinema (“O Primeiro Olhar”, “Filmar” [The First Look, To Film]) has been led by the wish and the urgency to conceive, take to practice and develop a learning apparatus that would allow for an awareness of cinema through experimentation. In 2006, the association was invited to participate in the pedagogical programme “Le Cinéma, cent ans de jeunesse”, conceived by Nathalie Bourgeois and Alain Bergala, and coordinated by the French Cinematheque since 1996. Thus, “Os Filhos de Lumière” – which has been developing in the district of Serpa Serpa (in the villages of Vila Nova de S. Bento, Brinches and Pias), since 2003, the workshops “O Primeiro Olhar” – has started collaboration with Serpa’s High School, working together with two of its teachers and throughout the whole school year to implement this pedagogical apparatus. The films made by teenagers in this context are the result of an artistic (and technical) work, but what is important is not so much the fi nal outcome, as the individual experience of each student during the workshop. This learning process, based on practice, requires assimilating basic knowledge, and making contact with technical equipment concerning image (camera, tripod, lighting, etc.), sound (recorder, perche, microphones, etc.), editing and mixing. Aimed towards an awareness to the issues of putting together forms and meanings, the learning of rudimentary notions of technical matters, aesthetics, grammar and history of the cinematographer takes place in a very organic fashion, as it is rooted in experimentation. One of the major objectives of this pedagogical apparatus is to approach cinematographic creation through the way of experimentation. This session’s programme will include the fi lms made by teenagers from two classes of Serpa’s High School, as well as examples of the exercises in awareness to image made in this context during the 2006-2007 school year. A selection of exercises, from other “Os Filhos de Lumière” workshops, in different parts of the country, will also be presented. 77 | FICHA TéCNICA CREDITS Organização/Organization Apordoc – Associação pelo Documentário Câmara Municipal de Serpa Spot Rádio/Rádio Spot Sérgio Santos Silva Gráfica/printing office Ciência Gráfica Parceiros/Partners Câmara Municipal de Serpa European Foundation Joris Ivens Associação O Lírio Roxo Palácio Ficalho Associação Os Filhos de Lumière Interpretação Simultânea Simultaneous Translation Kevin Rose Márcia de brito Direcção/Direction José Manuel Costa Legendagem Electrónica Electronic Subtitling Mariana Wallenstein Teresa Borges Direcção de Produção Production Coordinator Maria João Soares Rita Forjaz Motorista/Driver Francesco Russo Programação/Programming José Manuel Costa Nuno Lisboa Ricardo Matos Cabo colaboração na edição 2007 Cyril Neyrat Documentação/Documentation Joana Frazão Assessoria técnica (vídeo) Technical Supervision (video) António Medeiros Assessoria de imprensa/Press Marisa Cardoso Design Gráfico/Graphic Design oficina grotesca manuel quadros e costa Spot Televisão/Television Spot Pedro Duarte | 78 Projecção Video/Vídeo Projection Openspace Projecção Filme/Film projection Nuno Canhita (35 mm) Paulo Nogueira (35 mm) António Soares (VídeoVisão, 16 mm) Colaboradores/staff Ana Cristina Almeida Mathilde Neves João Paulo Oliveira Filipa Rosário Inês Sapeta Gaia Magnani Gustavo Baptista Olivier Marques Alunos da Escola Secundária de Serpa: Álvaro Galado Ana Rita Soares Henrique Galado João Duarte Costa Sílvia Romeiro Tiago Morgado Agradecimentos Acknowledgements Accail – Agência de Comércio Agro-industrial (Nuno Tavares) | Accenture Portugal (Rui Rodrigues) | Albertino Cabaço | Ambaal – Associação de Municípios do Baixo Alentejo e Alentejo Litoral (Eng. João Rocha, Dr. Orlando Pereira) Ana Almeida | António Cunha | Arco-Íris | Associação O Lírio Roxo | Beeld voor Beeld Festival (Eddy Appels) | Bernard Mangiante | Catarina Alves Costa Centro Cultural Malaposta (Manuel Coelho, Ana Isabel Santos Strindberg) Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Alentejo (Dra. Lina Jan, Dra. Fátima Branquinho, Dr. Paulo Silva) | Comissão de Trabalhadores da Câmara Municipal de Serpa | Cooperative Co-errances (Emilie Breugghe) | Cyril Neyrat | David MacDougall | Delta Cafés (Comendador Rui Nabeiro, Francisco Fradinho) | Deutsche Kinemathek – Museum für Film und Fernsehen (Eva Orbanz, Anke Hahn, Anna Schierse) | Distribution Services (Valérie Caron) Embaixada de França | Erika Kramer | Estalagem de S. Gens (João Marques) European Foundation Joris Ivens (André Stufkens, Bram Relouw) | Festival Cinéma du Réel (Marie-Pierre Duhamel-Muller, Elizabetta Pomiato) | Filipa Rosário | Finagra – Herdade do Esporão (Dr. João Roquette, Dra. Alice Quina) Francisco Oliveira (Presidente do Conselho Executivo da Escola Secundária de Serpa) | Fundação Calouste Gulbenkian (Pintor Manuel Costa Cabral) | Gaia Magnani | Gérald Collas | Goethe Institut (Ronald Grätz, Isabel Lopes) | Governo Civil de Beja (Governador General Manuel Soares Monge, Dr. Leandro Gonçalves) Grupo Coral Etnográfico da Casa do Povo de Serpa | Gustavo Baptista | Ian Montgomery | Inês Sapeta | Instituto Franco-Português (Dominique Chastres) João Paulo Oliveira | Johannes Beringer | Keja Ho Kramer | Klaus Volkmer Laranja Azul | Lufthansa – Linhas Aéreas Alemãs | Luis Correia | Luís Sá Couto Mário Trigo Pereira | Mathilde Neves | Matilde e Francisco Gago | Michael Baute | Miguel e Sílvia Bentes | Nina Ramos | Openspace | Patrícia Severino Patrick Viret | Pedro Costa | Pedro Duarte | Peter Nestler | Pierre Creton Pierre-Marie Goulet | Região de Turismo da Planície Dourada (Ana de Seixas Palma, Maria Manuel Gantes) | Residencial Beatriz | Residencial Serpínia Residencial Virgínia | Restaurante A Adega (António Gonçalves) | Restaurante Molhó Bico (Manuel Pires) | Restaurante Zens (Vasco Azedo) | RTP | Serge Meurant | Sérgio Milhano | Sérgio Santos Silva | Shellac | Strand Films (Dieter Reifarth, Bert Schmidt) | Sveriges Television (Eva-Lis Green) | Teresa Garcia Vincent Barré | Vladimir Léon | Wang Bing | Wil Productions (Lihong Kong) e/and Câmara Municipal de Serpa, na pessoa do seu Presidente, João Rocha, do Vereador da Cultura, José Sesinando, de João Matias, de António Jaime Cachola, e de todos os funcionários que colaboraram nesta iniciativa. 79 | doc’s kingdom xix-xxiv jvnho mmvii jvne