Senso Incomum, edição #02
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Senso Incomum, edição #02
Direito de quem? Lucas Felipe Jerônimo JORNAL LABORATÓRIO DO CURSO DE JORNALISMO UFU ● ANO 01 ● Nº 03 ● ABRIL ‐ MAIO/2011 Sistema de ingresso na universidade pauta discussão de estudantes e professores da UFU ATUALIDADES: Transplantes no HC ganham reforços com alunos da Saúde • Universitários dialogam sobre mídia e tecnologia com Marcelo Tas • CIÊNCIA: Empresa Júnior da Engenharia desenvolve projetos e presta consultoria • CULTURA: Projeto do Curso de Teatro oferece oficinas gratuitas • Diversidade marca Calourada 2011 • Dança é nova opção de graduação Editorial Bazinga! Sem medo de desafios O Senso (in)comum chega a sua terceira edição superando desafios. O primeiro foi montar o jornal como projeto de graduação e não atividade curricular, com a participação de duas alunas bolsistas e diversos voluntários, além de uma docente e uma técnica. Vencido o primeiro, não poderíamos nos esquivar do tema que tomou conta das conversas dos estudantes da UFU desde o início do semestre: o sistema de ingresso na universidade. Tratar do assunto com a profundidade que ele merece, exigiu da nossa equipe uma reportagem especial. Nela, ouvimos gestores, professores e, especialmente, alunos sobre se e como a absorção de um número maior do que o previsto de ingressantes está modificando a rotina em sala de aula. Sem buscar vítimas e vilões, tentamos fugir das polêmicas e Stella Vieira mostrar a questão sob outra perspectiva: como os fatos atingem você, nosso leitor, o estudante da UFU. O texto explica também o que é o PAAES, resgata seus principais momentos e abre espaço para alunos e professores dizerem o que pensam a respeito das cotas sociais como forma de ingresso no ensino superior. Sabemos que o assunto divide opiniões, até mesmo entre nossa equipe. Por isso, você também vai encontrar aqui, na página de opinião, dois artigos que se posicionam em direções opostas sobre este tema. Nosso intuito não é apontar respostas certas ou erradas, mas oferecer a você o maior número possível de informações para ampliar seu olhar fugindo dos lugares comuns. Agora, o desafio é seu: ler, refletir e construir uma posição sobre o assunto. Boa leitura! VOZES Quem sai ganhando? Em 2008, a UFU substituiu seu Programa Alternativo de Ingresso no Ensino Superior (PAIES) pelo Programa de Ação Afirmativa de Ingresso no Ensino Superior (PAAES). De acordo com o edital, a medida visava beneficiar os alunos com vagas “destinadas exclusivamente aos candidatos que tenham cursado, na rede pública, os últimos quatro anos do Ensino Fundamental e todo o Ensino Médio Regular”. Na prática, não foi o que aconteceu. No início deste ano, a lista de aprovados continha alunos da rede privada que se matricularam assegurados por liminares. Se estava expresso no edital, me pergunto por que esses alunos burlaram a principal regra do processo seletivo? Ingenuidade? Vaidade? Eu fico com a segunda opção. Em outras universidades existem sistemas parecidos, que reservam parte das vagas para alunos de escola pública, e sempre deram certo. Por que na UFU foi diferente? Se a UFU destinou parte de suas vagas para alunos da rede pública, eles têm direito de assumi-las, é a eles que o Judiciário deveria defender. Para não gerar mais polêmica, a UFU Caiu na rede Cinema e estereótipo http://migre.me/4dSc8 A turma do OmeleTV se reúne e faz uma crítica sobre como o Brasil é retratado nos filmes americanos, tendo como referências a recente animação “Rio” e o personagem Zé Carioca. Mas Poxa Vida http://migre.me/4dTfM VOZES Natália de Oliveira Santos admitiu o mesmo número de alunos de escolas públicas. Uma sala que deveria ter em média 40 alunos, hoje tem 50. Alguns cursos tiveram 17 estudantes excedentes, o que acarreta não só um problema de espaço físico, mas também no desgaste dos professores, na lotação dos laboratórios, das lanchonetes e das filas do RU. Para piorar, os alunos de escola pública não foram os únicos prejudicados. Aqueles de escola particular que não se inscreveram em respeito às regras do edital também sairam perdendo, assim como os que teimaram se inscrever, mas não conseguiram a liminar para se matricular, pois estas foram concedidas apenas para alguns. Quem saiu ganhando nessa história? Infelizmente, a qualidade do ensino público não permite que os seus alunos disputem as vagas na universidade em pé de igualdade com os da rede particular, mas deveria. Enquanto o problema que está na base da educação pública não é resolvido, as instituições criam alternativas para tentar minimizar a desigualdade. Isso gera acomodação? Ela já existe há muito tempo e o primeiro passo tem que ser dado por alguém. Lucas Felipe Jerônimo Friday http://migre.me/4dSfK O vídeo da adolescente americana Rebecca Black chamado “Friday” recebeu destaque na mídia mundial e ganhou várias versões na forma de paródia, entre elas “Tuesday” criada por um garoto. Mais de 1 milhão de visualizações. Isso é pop! http://migre.me/4eL2b O “Mas Poxa Vida” do PC Siqueira traz uma Rihanna e Britney Spears anunciaram em reflexão cômica sobre sonhos, o medo de escuro conversa no Twitter o lançamento da música e a presença de Deus no Twitter. “S&M” em versão remix. Pra lá de Bagdá http://migre.me/4dTbz Mundo dos jogos http://migre.me/4eLQU O site Machinima apresenta como seriam os “Jovens dançando em um show”, pode parecer fatalities de personagens lendários do mundo uma coisa comum, mas não neste vídeo que dos games, como Mario, Link e Pac Man caso arranca risadas de muita gente! eles participassem de Mortal Kombat. Olhar o sol, sem peneira Marina Martins O inciso I do artigo 206 da Constituição Federal prevê “a igualdade de condições para o acesso e permanência na escola”. Pautado nesse princípio, contraditoriamente, foi elaborado o projeto que reserva metade das vagas em universidades federais para alunos que cursaram todo o ensino médio na rede pública. O projeto causou polêmica e, desde meados de 1990, gera discussão entre os que consideram a proposta uma forma de amenizar a desigualdade de oportunidades entre brancos e negros, alunos de escolas pública e privada e aqueles que consideram uma forma de mascarar a verdadeira causa do problema. É preciso considerar as sérias desigualdades sociais que marcam o Brasil. É indiscutível que os que não têm condição de pagar por uma escola particular não conseguem concorrer de igual para igual com os que cursaram, pelo menos, o ensino médio na rede privada. Mas esse problema se dá justamente pela falta de qualidade do ensino básico no país. Tentar amenizar essa desigualdade, permitindo que os desfavorecidos consigam entrar na universidade sem preparo, não resolve o problema, que vem da base, e até compromete carreiras. Um aluno que não consegue concorrer no vestibular pode não conseguir acompanhar um curso superior também. Afirmam José Goldemberg e Eunice R. Durham: “Uma política afirmativa correta deve oferecer aos alunos das escolas públicas, especialmente negros e pobres, oportunidades de superarem as falhas de sua formação anterior”. Além disso, amenizar um problema tão sério e de tanto tempo retira, de certa forma, uma grande parcela da responsabilidade dos órgãos públicos de investirem em educação fundamental, de melhorarem o ensino gratuito. O deputado Aldo Rebelo, do PC do B de São Paulo, ressaltou em discussão na Câmara dos Deputados: “Essa falsa omissão pode levar a um processo de acomodação e retardar, portanto, a solução verdadeira definitiva, que é a escola pública de boa qualidade para todos”. Não é mais possível tapar o sol com a peneira. O sistema de cotas, contrário ao seu objetivo, segrega ainda mais quem estudou em escola privada e quem estudou em escola pública. Não diminui as diferenças e aumenta o preconceito dentro das universidades. Será mesmo que o projeto foi pensado a partir da preocupação em aumentar as oportunidades dos menos favorecidos? Eu não acredito nisso! Expediente Arte e Diagramação: Danielle Buiatti Revisão: Mônica Rodrigues Nunes O jornal-laboratório Senso (in)comum é produzido por discentes, docentes e técnicos do Curso de Comunicação Social – Jornalismo da Universidade Federal de Uberlândia como projeto de graduação e atividade curricular. colaboração Reportagem e redação: Arthur Franco, Carolina Tomaz, Cindhi Belafonte, Diélen Borges, Elisa Chueiri, Lucas Felipe Jerônimo, Melina Paixão e Raíssa Caixeta Opinião: Natália de Oliveira Santos, Paula Graziela Oliveira e Stella Vieira instituição Fotografia: Arthur Franco, Carolina Tomaz, Reitor: Alfredo Julio Fernandes Neto Diretora da FACED: Mara Rúbia Alves Marques Diélen Borges, Elisa Chueiri, Lucas Felipe JerôCoordenadora do curso de Jornalismo: Adriana nimo, Marina Martins, Melina Paixão, Rodrigo Mendonça. Cristina Omena dos Santos Tiragem: 2000 exemplares equipe Impressão: Imprensa Universitária - Gráfica UFU Editora-chefe: Ana Spannenberg (MTB 9453) E-mail: [email protected] Reportagem, redação e edição: Laura Laís e Ma- Telefone: (34) 3239-4163 rina Martins MUNDO UNIVERSITÁRIO Hospital de Clínicas é referência em transplantes Para Ângela, a prática completa a formação O Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia realiza transplantes de órgãos há 27 anos e é referência para a região, atendendo cidades do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba. As especialidades do HC são as cirurgias de córneas e de rins. Dois residentes e três especializandos atuam diretamente no setor de transplante renal e outras duas residentes no setor de oftalmologia. A especializanda em nefrologia, Ângela Elvira Pinha Martins integra o setor e colabora participando de todo o processo de transplantação. Entre as atividades desenvolvidas estão a fase pré-operatória, juntamente com os exames do paciente que ingressa no HC. Nesta fase, os estudantes assistem à cirurgia e realizam o tratamento do transplantado ministrando os medicamentos adequados. “A prática é acompanhada de aulas teóricas e as funções são supervisionadas por médicos já formados. Poder praticar em cada etapa deixa a minha formação completa”, relata Ângela. Os residentes do terceiro ano de especialização em Oftalmologia estão envolvidos em procedimentos semelhantes e são supervisionados por dois médicos credenciados no Banco de Olhos. Uma das tarefas da residente Thays Resende Damião é estabelecer a articulação entre o Hospital de Clínicas e a central de transplantes do estado: “A partir da verificação do paciente, fazemos seu cadastro na fila de espera e encaminhamos para o MG Transplantes. Quando ocorre a captação de uma córnea é estabelecido um ranking de compatibilidade.” Além disso, são os residentes que contatam o paciente para averiguar a sua aptidão para o transplante. O processo envolve ainda o acompanhamento da cirurgia e a avaliação do desenvolvimento pós-operatório. O processo de doação de órgãos segue o protocolo da Central de Notificação, Captação e Doação de Órgãos e Tecidos (CNCDOs). A Regional Oeste, que opera em Uberlândia e mais 86 cidades, está vinculada ao Hospital de Clínicas, que funciona como um centro transplantador. “O paciente receptor vem para o HC, passa por uma avaliação prévia e são realizados todos os exames em caráter de urgência. O paciente apto é encaminhado para o centro cirúrgico”, afirma Deusdélia Dias Magalhães Rodrigues, coordenadora de Enfermagem dos Transplantes Renais. Dificuldades nas doações Embora o índice de cirurgias tenha aumentado nos últimos anos devido a campanhas e políticas de incentivo a doações, segundo o médico coordenador da Unidade de Transplantes Renais, Heleno Batista de Oliveira, Lucas Felipe Jerônimo Lucas Felipe Jerônimo Estudantes de Medicina e Enfermagem participam de todas as etapas do processo "Cultura da não‐doação" é a maior dificuldade, afirma o médico Heleno Oliveira a maior dificuldade no setor ainda é a escassez de doações: “É preciso mudar a cultura da nãodoação, eu sempre penso que não é uma vida que se perde, mas que são quatro ou cinco que vão surgir”. O médico coordenador do MG Transplantes em Uberlândia, Thomson Marques Palma aponta como problema para a realização dos transplantes o acesso do paciente ao órgão. “Um paciente que faça diálise em uma cidade distante da qual será realizada o transplante caracteriza uma dificuldade”, diz A problemática comum encontrada se refere à falta de conhecimento do processo de Lucas Felipe Jerônimo doação e transplante de órgãos por parte da população e também dos profissionais de saúde. De acordo com Palma, a Central deve ser notificada a cada possibilidade de doador, o que não acontece. A manutenção dos sinais vitais do paciente doador em caso de morte encefálica ainda é considerada um obstáculo, o que requer uma equipe preparada, aparelhos e medicamentos. Captação dos órgãos Um potencial doador é identificado a partir de ligações feitas diariamente para os hospitais de referência em trauma, neurocirurgia e neurologia na região. Identificada um possível doador, o MG Transplantes envia para o hospital as diretrizes do Ministério da Saúde sobre o processo de doação, e mantém o paciente sob monitoramento. Após a autorização para a doação dos órgãos por parte da família, a central de transplantes inicia o processo de distribuição entrando em contato com as equipes, estadual ou nacional, de acordo com a necessidade. Em seguida são realizados os exames para verificar na lista de espera o paciente mais compatível. Para o início da cirurgia é preciso que haja consenso das equipes que farão parte da divisão dos órgãos quanto ao momento apropriado, então é realizado o transplante. É função do MG Transplantes avaliar se o processo foi realizado com sucesso e se os resultados das instituições estão adequados. Marcelo Tas dialoga com estudantes em Uberlândia ral de Uberlândia (UFU), organizaram o evento pelo quinto ano consecutivo. Esta edição teve recorde de público: 800 credenciados, entre eles, universitários e pessoas da comunidade. A palestra foi sobre “Revolução digital e novas mídias”. Tas fez um paralelo com sua própria carreira, narrando suas experiências Rodrigo Mendonça O jornalista Marcelo Tas participou do “Diálogos Universitários”, em Uberlândia, no dia seis de abril. O programa é uma parceria entre uma empresa privada e universidades de todo o Brasil. Estudantes da Assessoria Consultoria Planejamento Econômico (ACPE), empresa júnior do Instituto de Economia da Universidade Fede- O jornalista destacou a oportunidade de debater com universitários como um aprendizado com educação, tecnologias e comunicação. Dos tempos de faculdade, entre 1978 e 1983, quando fez Engenharia Civil e parte do curso de Rádio e TV na USP, Tas relembrou as turmas de “nerds”. Contou que, com eles, desenvolveu alguns projetos pioneiros, como a edição de um jornal humorístico e os vídeos da produtora independente Olhar Eletrônico. O público reagiu com nostalgia quando Tas relembrou seus antigos trabalhos na TV. Entre os principais destaques estão o repórter Ernesto Varela (TV Gazeta), o Professor Tibúrcio (Rá-Tim-Bum) e o Telekid (Castelo Rá-TimBum), os dois últimos, educativos. Novas mídias “A história da tecnologia não começou recentemente, não começou com Bill Gates”, disse Marcelo Tas ao relembrar os precursores das mídias digitais, como o inventor Arthur C. Clarke, autor de “2001: Uma Odisseia no Espaço” e de artigos científicos da revista “Wireless World”. Em 1945, Clarke já previa um “mundo sem fios”. O jornalista relembrou ainda algumas tecnologias do passado recente, como o vídeocassete e os primeiros celulares, conhecidos como “tijolões”, até chegar ao Twitter. Tas admitiu Diélen Borges Diélen Borges Apresentador do “CQC” falou sobre mídias e tecnologias Tas afirmou que o profissional do futuro é o que sabe ouvir que esta ferramenta “mudou o jeito de fazer o CQC”, programa que ele apresenta na Band, porque possibilita saber o que o público está dizendo na internet sobre o conteúdo. Em entrevista ao Senso (in) comum, Tas disse que aprende muito dialogando com estudantes: “essa molecada que está estudando, nascendo num mundo novo em termos de mídias e de comunicação tem muito para me ensinar”. O apresentador lembrou que “grandes empresas, que estão hoje transformando a realidade que a gente vive, nasceram dentro das universidades, como Google, Microsoft, Facebook e Apple”. Democratização do acesso à universidade Cláusula da ficha de inscrição é utilizada como brecha para burlar regras do sistema de ingresso pelo PAAES e abre o debate Cindhi Belafonte, Elisa Chueiri, Laura Laís e Melina Paixão O primeiro semestre de 2011 começou com uma polêmica sobre o sistema de ingresso dos alunos pelo PAAES (Programa de Ação Afirmativa de Ingresso ao Ensino Superior). O processo seletivo é destinado apenas aos alunos de escolas públicas, mas, apesar dessa determinação, alunos de escolas particulares conseguiram, por meio de ações liminares, realizar suas matrículas. Segundo dados da Diretoria de Processos Seletivos (DIRPS-UFU), dos 934 aprovados no programa, 366 eram de escolas particulares, sendo que, nos cinco cursos mais concorridos da universidade, apenas 16,7% dos aprovados representavam o ensino público. Atualmente, a UFU conta com 71 alunos a mais do que a quantidade de vagas disponibilizadas por alguns cursos, o que, para Inaê Vasconcellos, membro do Diretório Central dos Estudantes (DCE), “comparado ao contingente de alunos de escolas particulares da cidade, não são muitos estudantes”. Mesmo assim, o número de universitários dentro das salas de aula está maior em alguns cursos, como nos de engenharia, que somaram ao todo cerca de 30 alunos acima do convencional. Só na Engenharia Elétrica, são oito. Para Kleiber David Rodrigues, coordenador do curso, aconteceu um inchaço nas turmas das disciplinas do ciclo básico e isso pode ser negativo. “O desempenho acadêmico terá reflexos que vão aparecer ao longo dessa cadeia. Agora eles não têm aulas em laboratórios. A partir do quarto período é que vamos ver os reflexos diretos”, explica Rodrigues. Conforme Darizon Alves de Andrade, vice-reitor da instituição, “os cursos estão fazendo um esforço concentrado, para absorver os estudantes que foram inseridos no sistema via judicial ainda neste semestre.” A intenção é garantir a esses alunos o direito à vaga na universidade até que haja uma “definição e julgamento destas decisões preliminares.” A estudante do sétimo período de Engenharia Elétrica, Camila Casadei Crespo, 22, enxerga as interferências que a entrada excessiva de alunos pode causar. “Temos muitas aulas no laboratório. Ficam seis ou sete alunos numa bancada mexendo com circuitos, por exemplo, e não são todos que conseguem mexer. Além disso, tem muita matéria que as engenharias elétrica e biomédica fazem juntas. Com esse excedente de alunos, numa sala que já é grande, quem fica no fundo não consegue nem ouvir o que o professor está falando”, comenta a futura engenheira. Para o professor do curso de Pedagogia, Roberto Valdés Puentes, dizer que se pode ensinar bem e aprender bem, independente do número de alunos em sala de aula, é um erro do ponto de vista pedagógico e didático. Ele explica que os processos de ensino-aprendizagem, além de serem socializados, também se caracterizam individualmente. Dessa forma, o professor tem de pensar o seu trabalho levando em consideração as características específicas de cada um dos alunos. “Quando a turma é muito grande, perde-se a possibilidade de atender às necessidades individuais”, sintetiza. Ele também afirma que em um processo de construção de conhecimento, que ocorre pelo trabalho colaborativo, na busca por solução de problemas de aprendizagem em sala de aula entre alunos e professor, com certeza, o excesso de estudantes interfere de maneira negativa. Apesar do inchaço, o DCE realiza campanha para alertar que não ocorra discrimina- ção na sala de aula e que nem os estudantes de escolas particulares e nem os de pública que entraram depois sejam rechaçados. Inaê não acredita que alunos de ensino médio possam pensar, sozinhos, em entrar com ação civil pública, pela vara em que se pode conseguir mais facilmente uma liminar. “Um adolescente dessa idade não tem esse tipo de contato, esse tipo de trâmite”, afirma. Para ela, “os estudantes são instruídos pelos diretores e donos de escolas privadas. São essas pessoas que têm burlado o edital e orientado seus estudantes a fazerem isso e são elas que devem ser responsabilizadas pelo que tem acontecido”, explica. Segundo o graduando do primeiro período de Jornalismo, Hugo de Sousa Alves, que ingressou na universidade pela terceira chamada do PAAES, destinada apenas aos alunos de escola pública, o relacionamento é natural. “Acho que não tem diferença nenhuma, nem preconceito”, opina. Controle da inscrição A polêmica que envolve o caso PAAES teve início a partir de uma brecha encontrada na ficha de inscrição do candidato. Dentre os diversos nomes de escolas públicas listados, havia a opção “Outra”, que tinha o objetivo de garantir que alunos de escolas públicas de cidades próximas, não constantes da lista, pudessem participar do processo. Esta opção foi utilizada por alunos de escolas particulares para que conseguissem efetuar suas inscrições. Carolina Rezende e Gabriela Sampaio contam que, desde a primeira etapa, foram orientadas pelo colégio em que estudavam, a entrar com processo judicial. “Na escola, fomos instruídas a procurar um advogado e entrar com pedido de mandado de segurança para que pudéssemos prestar o PAAES.” Maria Luísa Vilela, aluna do primeiro período de Jornalismo, garantiu sua vaga por meio de liminar judicial e esclarece: “Eu passei na seleção, não achei justo não entrar. Eu sabia que era destinado a escola pública, mas sou contra o sistema de cotas, por isso entrei com liminar. Tenho consciência de que a concorrência é injusta, mas eu não tenho culpa.” Fátima Carvalho, estudante do 3º período de Geografia e membro do DCE vê a questão das cotas como medida paliativa necessária no cenário de educação atual. “O PAAES veio de forma emergente principalmente para que os alunos de escola pública tenham acesso aos cursos mais cotados na universidade. Historicamente não existe alunos de escola pública nos cursos de Medicina, de Direito ou de Engenharias. É muito difícil. Então o PAAES veio como medida prioritária para esses cursos.” Para o vice-reitor, a polêmica do caso vem de um aspecto social. “Há uma dificuldade da sociedade de assimilar a forma como essa Resolução pretende fazer inserção social dos estudantes”, afirma. Segundo ele, os editais estão sendo reavaliados pelos Conselhos, mas a universidade não pode impedir ou limitar as inscrições. “Nós não temos o direito de fiscalizar o aluno no ato de sua inscrição. Nós só podemos checar sua condição no ato da matrícula. Isso é um aspecto legal, então, qualquer um pode se inscrever. Uma vez que o candidato participou, se o juiz entende que ele passa a ter o direito a vaga, nós temos que acatar. É um problema que temos enfrentado.” No dia 29 de março de 2011, em reunião extraordinária do Conselho de Gradação (CONGRAD), a UFU decidiu aderir ao Sistema de Seleção Unificada (SiSU) para o processo seletivo do primeiro semestre de 2012. A medida visa substituir o tradicional vestibular e estabelece que a seleção de novos alunos seja realizada com base no Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM). O processo já havia sido adotado pela universidade no início de 2010, como método de ingresso para cursos com demanda inferior a cinco candidatos por vaga. Após a resolução, o SiSU en- tra em vigor para todos os cursos oferecidos na universidade, com exceção daqueles que exigem provas de habilidades específicas. Apesar do novo sistema avaliativo, o PAAES ainda permanece em vigor como um dos processos de seleção para ingresso no Ensino Superior. “O PAAES é um programa que foi instituído pelo conselho Universitário da Universidade Federal, e até que o CONSUN se manifeste de forma diversa, o PAAES é um programa aprovado existente e a ser continuado”, esclarece o vice-reitor. Sistema de ingresso na UFU O polêmico percurso do PAAES Entenda o PAAES O Programa de Ação Afirmativa de Ingresso ao Ensino Superior (PAAES) é um Processo Seletivo de ingresso na UFU, composto por três etapas, nas quais ocorre uma avaliação seriada do aprendizado nos conteúdos programáticos nas séries do Ensino Médio. O programa foi instituído em 2009, em substituição ao Programa Alternativo de Ingresso ao Ensino Superior (PAIES) e é destinado exclusivamente a alunos que tenham cursado os últimos quatro anos do Ensino Fundamental e todo o Ensino Médio Regular na rede pública. Para os candidatos do PAAES, que acontece anualmente, são destinadas 50% do total das vagas dos cursos com regime de entrada semestral e 25% do total das vagas dos cursos com entrada anual. Fala, UFU! O Senso (in)comum perguntou a professo‐ res e alunos sobre o sistema de cotas como modo de ingresso na universidade. Confira! CONTRÁRIO ÀS COTAS “Eu tenho uma ideia antiquada de que os homens são todos iguais. Existem coisas que nos diferenciam, mas na essência somos todos iguais. Somos diferentes em gosto, em culturas, em sexo, mas, privilégio não é exatamente aquilo que se deve buscar para a sociedade. No caso do PAAES, imagine que haja um número determinado de vagas para todos. Essas vagas acabam sendo sistematicamente ocupadas por alunos de escolas particulares. Aí, para igualar as pessoas, faz-se com que parte das vagas sejam exclusivas para a escola pública. O pessoal da escola privada vai continuar com a mesma motivação e incentivo para estudar e passar no vestibular. Portanto, eles estudarão mais que antes, já que diminuiu o número de vagas disponíveis. O pessoal que entrar nas vagas da escola pública não terá que estudar tanto quanto o da escola privada. E pior: como no Brasil a gente quer levar vantagem em tudo, e a vantagem é passar, não é aprender, o pessoal da escola particular, que vai ser o real e efetivamente privilegiado vai ficar “pê da vida”, porque na visão superficial se dá bem quem passa no vestibular. Tem-se que fazer com que o segundo grau seja bom. O resto é paliativo. Não, o resto é tiro no pé. Pior do que paliativo. E pior: as pessoas brigam por cotas, mas quem está brigando para que as escolas públicas do país tenham de fato o mesmo nível das escolas privadas? Eu sou contra todo tipo de cota, porque elas não resolvem, não ajudam. Elas geram a discriminação com a qual dizem que querem acabar.” Deolindo Menck, Professor do Instituto de Economia “Eu sou contra a política de cotas porque é uma política paliativa e tira a responsabilidade do Governo de melhorar a educação básica. Eles falam que a melhora da educação básica demora e por isso a gente precisa fazer um reajuste agora para democratizar o acesso à universidade, mas o que a gente faz na verdade é diminuir a qualidade do ensino na universidade, porque diminui a qualidade dos alunos que entram e os alunos não entram preparados devidamente. O que acontece é que tem que haver imediatamente uma reforma na educação, desde as bases até todo o ensino fundamental. A gente tem que investir na educação para poder ter um ensino universitário ótimo e ter alunos que possam ser selecionados igualmente, independentemente de classe social ou etnia.” Camila Amorim Jardim, Aluna do 3º período de Relações Internacionais “Eu sou contra a política de cotas, porque é uma maneira de discriminação e todo mundo tem a mesma capacidade de ingressar no Ensino Superior. Se houver alguma diferença, o modo de resolver não seria a realização de cotas e sim a melhoria do ensino básico de escolas públicas, para nivelar com o ensino das escolas particulares.” Pedro Laini Martins, Aluno do 3º período de Ciência da Computação FAVORÁVEL ÀS COTAS “Eu tenho uma posição favorável às cotas. No meu entendimento, o Brasil é um país que historicamente se comportou de maneira injusta com os setores mais empobrecidos, com os setores originários da terra, os nativos, por exemplo os indígenas e os negros, em especial e com isso, efetivamente, a gente foi alimentando sistemas. Se o sistema continua da maneira como estava ele seria simplesmente um reprodutor das realidades já existentes. Então havia a necessidade de haver um rompimento com isso, embora de maneira transitória. No meu entendimento, o melhor que se pode fazer é trabalhar para a qualidade do ensino básico de tal maneira que todos tenham possibilidade igual de acesso ao Ensino Superior, mas como isso não existe, não é real, os mais pobres e alguns setores sociais étnicos acabam ficando impossibilitados de entrar em uma universidade pública, se não houver a possibilidade da distinção das cotas durante um período. Então até que nós tenhamos uma situação melhorada e tenhamos uma quantidade maior desses setores com acesso a universidade, há a necessidade de se ter a experiência das cotas. “ Cláudio di Mauro, Professor do Instituto de Geografia e Coordenador do Curso de Especialização em Gestão de Recursos Hídricos. “Eu sou a favor de cotas para ingresso nas universidades públicas para estudantes de escolas públicas, mas não para negros. Porque não é simplesmente porque a pessoa é negra que ela não vai poder ter acesso a universidade. Tudo bem que o nosso país tem uma formação histórica de que geralmente as pessoas de classes mais baixas são negras ou afrodescendentes, mas eu conheço casos de negros com boa condição social. São negros que entraram em universidades por causa de sistemas de cotas. Isso às vezes priva um aluno de escola pública que necessitava mais do que ele. Então eu acho que tem que ter um equilíbrio, justamente porque se você ficar aplicando as cotas, o governo nunca vai investir onde é exatamente necessário, que é na educação básica. Os alunos têm que chegar preparados na universidade, portanto não são necessárias cotas da universidade para dentro. Até que haja essa reparação na educação, esse investimento, porque a gente sabe que leva muito tempo e é um investimento muito grande e não é de uma hora para outra, às vezes leva gerações para melhorar a educação básica. Então, nesse meio período, até ajustar totalmente a situação e a gente ter um grau de qualidade na educação básica brasileira, tem que ter as cotas para os alunos de escolas públicas.” Cecília Pacheco Lemos, Aluna do 3º período de Relações Internacionais “Eu sou a favor como uma medida paliativa, já que uma mudança estrutural na educação demora muito, mas eu acho que tem que haver investimento para mudança.” Isabela Martins Pompeu, Aluna do 3º período de Relações Internacionais FORMAÇÃO Empresa júnior abre espaço para prática profissional Alunos das engenharias elétrica e biomédica desenvolvem consultoria através da Conselt Fotos: Carolina Tomaz Carolina Tomaz Diretor Presidente da Conselt, Marco Aurélio Camilo Camin, explica que a empresa não tem fins lucrativos A inserção no mercado, muitas vezes, não é uma atividade tão simples, mas algumas oportunidades dentro da própria faculdade, durante a graduação, podem ajudar tanto a conseguir um emprego, quanto a ganhar experiência para exercer a futura profissão. Entre essas oportunidades, estão as empresas juniores, como a Conselt (Empresa Júnior de Consultoria em Engenharia Elétrica), da Universidade Federal de Uberlândia (Ufu), criada em 1994. A empresa possui 19 membros, sendo 17 da engenharia elétrica e dois da engenharia Biomédica. O processo seletivo é aberto para estudantes do terceiro ao sexto períodos nos dois cursos. A seleção é feita através de provas escritas, dinâmicas de grupo e entrevistas. O intuito do processo, segundo Marco Aurélio Camilo Camim, diretor presidente, é ensinar o aluno a passar pelas mesmas etapas de seleção das empresas de mercado. Na prática, os alunos podem atuar nas áreas de consultoria em Eletrônica Analógica e Digital, Controle e Automação, Telecomunicações e Eletrotécnica. A empresa oferece, ainda, o desenvolvimento de páginas da internet, instalações elétricas e projetos de circuitos elétricos. Camin explica que a Conselt não tem fins lucrativos e que os custos e melhorias na própria empresa são obtidos através dos trabalhos oferecidos. “Prestamos um serviço de criação de um website que cobramos um preço 50% mais barato que o valor de mercado. É um valor simbólico, não visando lucro”. O presidente da empresa júnior esclarece que os trabalhos ficam submetidos a organização da diretoria de projetos, coordenada pela aluna Ana Bárbara Fernandes Neves, mas que todos os membros contribuem de alguma forma na sua execução. Entre os trabalhos de maior destaque, está o aterramento de um edifício, que envolveu grande dedicação dos membros da empresa, com execução de laudos técnicos. Camim ressalta também a maior consultoria feita pela Conselt, para a Petrobrás, e um novo modelo de alarme para carro. “Ele enviava uma mensagem para o celular caso o veículo fosse roubado”, descreve. A empresa júnior trabalha atualmente com o desenvolvimento de uma lixeira falante. A Conselt conta com o auxílio de um professor tutor, que colabora nos esclarecimentos de dúvidas na execução dos trabalhos e oferece apoio nos projetos. Mistérios do Universo Marina Martins Câmeras capturam imagens de raios Molécula pode inibir Estudo decifra vírus da crescimento de tumores dengue INPE Pesquisadores do Grupo de Eletricidade Atmosférica (Elat) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) começaram a observar as descargas atmosféricas sob diferentes ângulos. Em janeiro, eles capturaram as primeiras imagens coloridas de raios já registradas no mundo com câmeras com altas resolução e velocidade. Segundo o coordenador do projeto, Osmar Pinto Júnior, as imagens produzidas permitirão analisar, com maior precisão, as características dos raios e avaliar os impactos sobre os objetos que atingem no solo. (Fonte: Agência FAPESP) Primeiras fotografias registradas Professor Ronaldo da Silva Mohana Borges, coordenador do Laboratório de Genômica Estrutural do IBCCF IBCCF Segundo a pesquisa de Tatiana Lobo, doutoranda do Instituto de Bioquímica Médica – (IBqM/UFRJ), uma molécula encontrada na glândula salivar de uma espécie de carrapato, o Ixodes scapularis, pode impedir o crescimento de tumores. A substância (ixolaris) foi identificada em 2002 por um grupo de pesquisadores brasileiros do National Institutes of Health como um potente anticoagulante. Não há a necessidade de um exemplar do carrapato para a obtenção da substância. A molécula é produzida através de um processo de recombinação genética feito em laboratório. (Fonte: www.olharvital.ufrj.br) IBQM Carrapato Ixodes scapularis O Laboratório de Genômica Estrutural do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho (IBCCF-UFRJ) vem estudando as estruturas moleculares do vírus da dengue para entender como ocorre sua interação com a célula hospedeira. A análise é o ponto de partida para o desenvolvimento de kits de diagnóstico da doença mais eficientes e baratos e, futuramente, de drogas ou mesmo de uma vacina para o controle da dengue. Os resultados preliminares mostram que o mapeamento das proteínas do vírus da família Flaviviridae tem sido bem sucedido. (Fonte: www.olharvital.ufrj.br) Atualmente, quem ocupa o cargo é Carlos Eduardo Tavares, professor do curso de Engenharia Elétrica. “Eu ajudo os alunos do CONSELT com prazer, porque é uma oportunidade muito boa para o crescimento profissional deles”, sintetiza o docente. Na execução de projetos que não são de sua especialidade, outros profissionais são consultados. Carlos Eduardo Tavares, destaca a Conselt como oportunidade de crescimento Arquivos de história Documentos estão disponíveis em acervos da UFU Raíssa Caixeta A Universidade Federal de Uberlândia (UFU) possui um grande acervo de discos, fotografias, documentos, mapas, livros, fitas cassetes, folhetos e jornais antigos. Esses arquivos, que ficam no Centro de Documentação e Pesquisa em História (CDHIS), preservam a memória e servem como fonte para pesquisadores. O órgão foi criado em 1985 por professores do Departamento de Ciências Sociais com o objetivo de selecionar, arquivar e preservar esta documentação e contava, inicialmente, com material recolhido através de pesquisas e doações particulares. Hoje, os acervos são diversificados e servem a pesquisadores como fonte de consulta, complementando o Instituto de História. Os acervos estão disponíveis para a comunidade interna e externa à UFU. O Centro de Documentação fica no segundo piso do bloco 1Q, no Campus Santa Mônica. O atendimento ocorre de segunda a sexta-feira nos turnos da manhã e tarde. Mais informações: (34) 3239-4204 ou [email protected]. OLHARES EXTENSÃO Com que roupa eu vou? Teatro para a comunidade Alunos ministram oficinas abertas ao público Marina Martins Marina Martins costumam ter muita freqüência e interesse. Já na UFU, os alunos que vão escolheram ir e, por isso, é mais prazeroso e dá mais vontade de trabalhar como professor de teatro”. As oficinas oferecem preparo físico e técnico, com exercícios de alongamento e de aquecimento, dinâmicas e jogos. Moraes, que também fez curso de acrobacia e usa o que aprendeu nas aulas, explica que, para aprender a atuar, é preciso mais que ensaios de texto simplesmente. “Acho importante o ator trabalhar corpo e voz, que são seus principais instrumentos”. As atividades ministradas exercitam também a confiança entre o grupo e a desenvoltura individual e conjunta. Paula Caroliny Nunes da Silva, aluna das oficinas de sábado, relata o quanto gosta da oportunidade: “A gente que estuda em escola estadual tem um sonho de vir para UFU. Qualquer brechinha que aparece para estar aqui dentro, a gente fica muito satisfeito e vem correndo, porque admira quem estuda aqui e sabe que os cursos são realmente bons”. Tassiana Borges Silva, que cursa Agronomia na UFU e também participa nos sábados, conta que tem muita vontade de atuar e que quando procurou as oficinas imaginava que seriam apenas ensaios, mas se surpreendeu com a liberdade que sentiu nas aulas. A estudante Emanuelle Santos da Cunha, que começou a participar no mês de abril, explica que as oficinas a ajudarão a trabalhar sua timidez Atividades exercitam a confiânça no outro Treinar a prática como professores de teatro e oferecer a alunos de escolas públicas e à comunidade em geral a oportunidade de aprenderem um pouquinho sobre a arte de atuar. Com esses objetivos, estudantes do Curso de Teatro da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) realizam oficinas como estágio obrigatório para licenciatura. A atividade faz parte do projeto Comunidade na UFU (COMUFU) e acontece três vezes por semana, às segundas-feiras e sábados. Neste semestre, os responsáveis pelas oficinas realizadas na UFU são Ana Carolina Coutinho, Bruna Bulkool e Marcos Prado Moraes. Moraes considera que as oficinas ensinam muito sobre como improvisar e se adequar ao ritmo e realidade de cada participante. “Estou aprendendo através das dificuldades que eles têm e dos processos de cada um”, ressalta. O estudante destaca a diferença entre as oficinas realizadas nas escolas públicas e na própria universidade, abertas para a comunidade. “Na escola é muito burocrático e as aulas não e a aprender a lidar melhor com as pessoas. “Eu faço um curso de modelo e meu professor sugeriu procurar um curso de teatro, então resolvi ligar na UFU e me interessei pelas oficinas”. Já Michele Santos Fernandes freqüenta desde o semestre passado e destaca que as oficinas são válidas para exercitar a paciência, o emocional e para melhorar a respiração e a movimentação. “O que eu mais gosto é poder interagir com pessoas que só encontro aos sábados e também saber que tudo o que fizer durante os encontros vai ficar lá. É um lugar onde posso me abrir e não ter nenhum problema. Aprendo a confiar mais no outro”. As oficinas duram um semestre e, ao longo do processo, os exercícios vão evoluindo e aumentando a noção dos alunos sobre o trabalho do ator. Ao final de cada período, a depender da turma, é realizada, ainda, uma pequena encenação. Participe! As inscrições são gratuitas e a atividade é aberta a todos os interessados. Local: sala de encenação do bloco 3M, Campus Santa Mônica Horário: Segunda-feira, das 14h às 17h e sábados, das 9h às 12h e das 13h30 às 17h30. Informações: (34) 3239 4413 www.demac.ufu.br Calourada eclética atrai estudantes Mais de 14 mil pessoas prestigiaram shows nos campi da UFU Campus Umuarama, na quinta-feira, 31/03; “Dom Capaz” e “Maria Fumaça”, de Uberlândia, que subiram no palco montado no estacionamento da reitoria da UFU, no sábado, 02/04, dia também de Trivolt, de Araxá, e de Monograma e Fusile, vindas da capital mineira. As bandas, selecionadas pelo Coletivo Goma, “esquentaram” o público para o show principal, do ex-vocalista do Ira!, Nazi, no sábado, 02/04. O cantor pediu para que as barreiras fossem retiradas e que o público se aproximasse do palco e comentou, ao final, que o show em Uberlândia foi um dos melhores que já fez. O encerramento foi no domingo, com show das bandas mineiras “Mata Leão” e “The Folsoms” e, em seguida, da gaúcha “Cachorro Grande”, na praça Sérgio Pacheco. Elisa Chueiri O grande desafio para montar o evento de recepção aos calouros em 2011 foi a busca da diversidade. A intenção foi contemplar a variedade de gostos e opiniões dos estudantes da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com debates e programações culturais em todos os campi da instituição. O evento aconteceu entre os dias 29 de março e 3 de abril e foi organizado pela nova gestão do Diretório Central de Estudantes (DCE), “Agora só falta você”. O tema principal dos debates foi a “Democratização do acesso ao Ensino Superior”, mas atividades paralelas também discutiram sobre diversidade sexual, ação sindical, movimento estudantil, normas de graduação, ciência e tecnologia, verdade e anistia, sustentabilidade e direitos humanos. Uma novidade foi a Oficina de Midialivrismo, que ocorreu na manhã do primeiro dia e preparou os interessados em participar da Cobertura Colaborativa. Esta foi uma experiência inédita que, como afirma o DCE, ajudou na repercussão dos eventos em sites e redes sociais. Na programação cultural, a Calourada 2011 trouxe shows de cantores locais e regionais, como as bandas uberlandenses “Entropia” e “Skyhell”, que animaram o rock’n roll da quartafeira, 30/03, no CC Santa Mônica; a dupla sertaneja “Carvalho e Mariano”, que tocou no Nazi elogiou o público de Uberlândia Elisa Chueiri Inaê Vasconcellos, membro do DCE, ao fazer um balanço do evento, considera que a meta foi atingida. “Desde o começo a gente planejou uma calourada que tivesse show de pagode, sertanejo, rock, hard rock”, diz. A programação eclética agradou e atraiu um público variado. Heldson Luiz da Silva, aluno do quarto período de Ciências da Computação, destaca a presença de bandas locais. “Foi bem misturado, mas não a ponto de causar conflito entre os grupos, pois houve dia para cada estilo musical”, comenta. Fora de tom Diego Aguirre, outro integrante do DCE, conta que houve apenas um incidente no evento. Na sexta-feira, 1º de abril, ocorreu uma briga entre um ex-aluno de engenharia da UFU e o técnico de som da banda Balakubaku, que iria se apresentar no Centro de Convivência (CC) do Campus Santa Mônica. Em nota de esclarecimento, a banda informou que o show foi suspenso, pois o técnico foi agredido e precisou ser encaminhado ao hospital. O ex-aluno foi, por engano, considerado membro da Charanga, mas a Associação Atlética Acadêmica das Engenharias lançou nota oficial se desculpando pelo ocorrido e demonstrando repúdio a qualquer tipo de violência. Paula Graziela Oliveira Quantas vezes você já se fez essa pergunta? Por mais bobo que pareça ser, quando escolhemos algo para vestir nos cobrimos de signos, de diversos significados que transmitem muito mais sobre nós do que podemos imaginar. As informações veiculadas nas vestimentas permitem a comunicação entre as pessoas sem a utilização de palavras, o que é muito perigoso. Afinal, o quanto alguém deseja que saibam sobre ela? Você acha que não, mas quando você vê aquela sua amiga vestida em um modelo com pouquíssimos centímetros, o que vem a sua mente? Mesmo que inconsciente, informações são absorvidas pelo observador e outras transmitidas por ele por meio das roupas. Dessa maneira uma comunicação se estabelece, muito antes de palavras serem dirigidas. Isso não é recente. Desde a origem da humanidade, formas de linguagens foram surgindo para que os homens pudessem interagir. Penas, pinturas no corpo, chapéus, perucas, jóias, vestidos. Em diferentes períodos da história, roupas e ornamentos foram utilizados para mostrar posição social, condição financeira, estado emocional e muitos outros status. Essas possibilidades de comunicação crescem cada vez mais conforme a evolução humana, e claro, aguçam aqueles interessados em compreender a sociedade a estudarem sobre elas. Uma dessas curiosas pelo modo de ser humano é Alison Lurie, autora do livro A Linguagem das Roupas, que é referência para quem quer entender sobre o assunto. Ela não teve dificuldades de perceber a comunicação além da língua, até escreve: “podemos mentir na linguagem das roupas ou tentar dizer a verdade; porém, a menos que estejamos nus ou carecas, é impossível ficarmos em silêncio”. As roupas permitem que o homem transmita sua ideologia, classe social, valores, personalidade antes mesmo de que ele converse com alguém. Essas informações que são passadas caracterizam cada indivíduo, sendo assim, o vestuário é uma ferramenta para o destaque da individualidade na sociedade. Mas se destacar nem sempre quer dizer que você conseguiu mostrar quem realmente é. Sair comprando tudo o que se vê na TV e em revistas, sem nem gostar do modelo, das cores, dos tecidos, não faz sentido algum. Vestir é algo natural para nós, fazemos isso desde nosso nascimento. Mostrar quem somos também. Se fazemos isso com o corpo, com palavras, com as roupas não pode ser diferente. Podemos ser influenciados por tudo aquilo que vemos e lemos, mas nada pode esconder o que realmente somos. Então, o que você está tagarelando por meio dessa comunicação não-verbal? Cuidado! Se eu fosse você, pensaria duas vezes antes de pegar a primeira roupa que ver no guarda-roupa. FORMAÇÃO Baila comigo! Fotos: Arthur Franco Novo curso de Dança reforça potencial artístico da cidade e região Formação permite que se reflita sobre o papel de artista cidadão O ano de 2011 começa com mais uma opção de formação na Universidade Federal de Uberlândia (UFU), o Curso de Dança. Vinculado à Faculdade de Artes, Filosofia e Ciências Sociais (Fafics), a graduação é voltada para a modalidade contemporânea, com duração de quatro anos e habilitação em interpretação teatro-dança. A dança faz parte da cultura da cidade de Uberlândia. As escolas Película perfeita especializadas nessa atividade são numerosas e promovem apresentações em vários eventos durante o ano, além da participação em diversos festivais. A cidade é sede, inclusive, do maior evento de dança da região, o Festival de Dança do Triângulo, que há 23 anos faz parte da programação cultural de Uberlândia e atrai públicos e dançarinos de todas as partes do país. A aluna Paula Poltronieri acredita que a criação do curso vai trazer mais respeito para a dança na região, uma vez que vai proporcionar aos uberlandenses a oportunidade de uma maior valorização para a área. Diego Zobre, único aluno do curso, concorda e aponta ainda o quanto a criação da graduação é interessante para a população, “porque a formação acadêmica é importante em qualquer área que você vai prestar um trabalho. Então, a dança em Uberlândia e na região só tem a ganhar com o curso.” Letra a letra Elisa Chueiri Piratas do Caribe 4 Nesta sequência, Jack Sparrow encontra-se com uma pessoa de seu passado, filha de Barbanegra. Os dois saem em busca da Fonte da Juventude com o Capitão Barbossa, mas Jack não sabe se ela está do seu lado ou apenas usando-o para conseguir o que quer. A estréia será no dia 20 de maio. Não se pode viver sem amor O filme conta a história de Gabriel, menino de nove anos que vai ao Rio de Janeiro para procurar seu pai. Na capital carioca, ele esbarra com figuras singulares: João, um advogado desempregado; Pedro um homem que precisa escolher entre esposa e profissão; e Gilda, dançarina de casa noturna. No desenrolar, vários fatos mostram a importância do amor. Estréia prevista para seis de maio. Matizes Dirigido pelo uberlandense Jair Moreira, o filme trata do tema da intolerância racial, com a história de três amigas que passam por situações complicadas envolvendo a experiência do preconceito. O longa mescla ficção e documentário, por apresentar depoimentos de representantes da cultura afro da cidade. Nascido no teatro Criada dentro da proposta do Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni), a graduação faz parte dos 61 cursos hoje oferecidos pela UFU. Segundo a coordenadora e professora, Ana Carolina Mundim, a proposta partiu de professores do curso de Teatro. Foi pensando na integração da já consolidada graduação de teatro e da modalidade de dança que se construiu a base de todo o currículo. A intenção, enfatiza ela, é criar uma relação híbrida entre as habilitações. Ana Carolina destaca o pioneirismo da nova graduação, única na região. Além disso, considera que a cidade possui uma demanda por profissionais da área, que pode ser percebida pelo seu grande potencial cultural e que o curso poderá reforçar. “A partir do momento que os alunos Arthur Franco entram na academia, eles começam a pensar cada vez mais sobre a própria dança, sobre o que estão fazendo, sobre qual a proposição artística e sobre o seu posicionamento enquanto artista cidadão”, completa. O novo curso será oferecido semestralmente, sendo ofertadas 15 vagas para aulas no regime integral. Os alunos concluintes se formarão bacharéis em Dança. Serão ofertadas 15 vagas por semestre Saindo do forno Lucas Felipe Jerônimo Glee: The Music Presents The Warblers O elenco da série norte-americana Glee lança um novo álbum. O CD traz a versão do coral “The Warblers” para os hits “Teenage Dream” de Katy Perry, “Raise Your Glass” de Pink e “Somewhere Only We Know” da banda Keane. O lançamento aconteceu no dia 19 de abril. Arthur Franco O Café de Portinari na exposição do Mundo Português Luciene Lehmkul A autora aborda em seu livro a Exposição do Mundo Português e o “Café”, quadro de Portinari, que permite perceber um estilo que passaria a ser dominante na cultura nacional. Através do quadro, é possível entender a representação do mundo real e as distorções da sociedade brasileira naquele período. Luan Santana ‐ Ao vivo no Rio Brooklyn Colm Toibin No Brasil o cenário sertanejo recebe o novo álbum do cantor Luan Santana: “Ao vivo no Rio”. O CD, que chegou às lojas a partir de 11 de abril, apresenta músicas gravadas no HSBC Arena, em dezembro do ano passado. As canções “Química do amor” com Ivete Sangalo e “Adrenalina” são destaques. Granvizir 1950. Eilis Lacey vive na pequena Enniscorthy, Irlanda, até receber uma oferta de trabalhar e estudar no Brooklyn, Estados Unidos. Deixando a família para trás, Eilis parte para América e encontra o amor. Entretanto, ela é obrigada a voltar para a Irlanda e escolher entre o dever e o amor. Os Bastidores do Wikileaks O primeiro CD da banda mineira Daniel Domschett‐Berg Granvizir reforça a trajetória underground do grupo. “Pare” é o primeiro single lançado em formato digital. O CD produzido pela gravadora carioca Blast Records chega às lojas em breve, sem data definida. Penso, logo clico Lucas Felipe Jerônimo lyricstraining. com O site apresenta um método fácil e divertido para aprender e melhorar habilidades de línguas estrangeiras como o inglês, atra- O livro revela os bastidores do site Wikileaks, palco de escândalos e divergências em setembro de 2010. Domscheit-Berg expõe a falta de transparência e neutralidade da organização, além de mostrar a evolução do site e as tensões internas da corporação. vés de vídeos de música que vo- conhecer um canal do Youtube cê escuta e preenche as letras com covers nacionais e internacidas canções. onais. Frederico Oliveira de Uberlândia é quem faz as perforcapinaremos. com mances. O que é febre na internet se encontra no “Capinaremos”. São ti- super. abril. com. br/ superverde/ rinhas sobre situações curiosas e Um pouco de meio ambiente: o engraçadas sempre com uma re- site da revista SuperInteressante ferência ao mundo virtual. possui uma seção que trata sobre a natureza, ações do homem youtube. com/ user/ fredcovers e sustentabilidade. Como dica musical, vale a pena seriemaniacos. com. br/ blog Perdeu algum episódio de sua série preferida? Fique por dentro de notícias, resumos Grey´s Anatomy e crítica. Saiba mais sobre os termos que fazem parte do dia a dia de quem assiste seriados e acompanhe ainda a audiência dos programas.