PROJETO DE UMA MÁQUINA PARA TRANSPORTE DE COCO
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PROJETO DE UMA MÁQUINA PARA TRANSPORTE DE COCO
PROJETO DE UMA MÁQUINA PARA TRANSPORTE DE COCO Felipe Alexandre da Cunha Bispo (1) ([email protected]), Allan dos Anjos Costa Dantas (2) ([email protected]), Vitório Pinheiro(1) ([email protected]), Wesley Sá Aragão(1) ([email protected]) André Luiz Moraes Costa (1) ([email protected]) (1) Universidade Federal de Sergipe (UFS); Departamento de Engenharia Mecânica Federal de Sergipe (UFS); Departamento de Engenharia de Produção (2) Universidade RESUMO: Em Sergipe a produção de coco possui uma grande importância econômica, por isso é necessário que cada etapa da produção funcione bem. Foi identificado por um produtor local uma dificuldade no carregamento do caminhão no cocal pois o trabalho era muito desgastante e não havia disponibilidade de pessoas para fazer, comprometendo a produção. Os requisitos do cliente foram analisados para desenvolver uma máquina capaz de auxiliar o transporte do coco, no próprio cocal. Esta deve diminuir o esforço do operador e a quantidade de operadores necessários. Foi utilizada uma metodologia de projeto e ferramentas da qualidade durante o projeto. No início foram sugeridos vários conceitos para a máquina, depois os conceitos que menos se adequavam foram eliminados. Foi criado um protótipo para poder verificar o sistema. Para o dimensionamento usou-se simulações e algoritmos em programas de mecânica. A máquina obtida apresenta princípio similar a um elevador de cargas, com um motor a combustão que realiza o trabalho na parte mais desgastante além de diminuir a quantidade necessária de funcionários. PALAVRAS-CHAVE: produção de coco, máquina, transporte, operador, esforço e metodologia de projeto DESIGN OF A COCONUT ELEVATION DEVICE ABSTRACT: : In Sergipe the coconut production has a great economic importance, therefore is vital every step of production must works well. A local producer has identified a difficulty in loading the truck in coconut plantation because the task was very exhausting and there was no people available to do it, compromising the production process. The producer’s requirements have been analyzed for developing a device capable of easing the coconut elevation for loading the trucks. This device should reduce operator effort and the amount of required laborers. Design methodology and quality tools were used during the project. Earlier various concepts for the machine have been suggested, then the concepts that are less suited were eliminated. A prototype was created in order to verify the system. The design process used simulations and algorithms softwares. The device is similar to a cup elevator attached to a combustion engine that does the heavy work besides reducing the required number of employees. KEYWORDS: coconut production, machinery, transportation, operator effort and design methodology. Construindo Hoje a Engenharia do Amanhã Anais do XIV CONEMI - Congresso Nacional de Engenharia Mecânica e Industrial XIV CONEMI - Congresso Nacional de Engenharia Mecânica e Industrial Auditório do Senai CIMATEC - Prédio 2 - 2º andar - Salvador - BA, 23 a 26 de Setembro de 2014 1 INTRODUÇÃO A produção de coco em Sergipe é segunda a nível nacional. Grande parte dessa produção é exportada para diversos estados nas demais regiões do Brasil. Umas das etapas da comercialização é o transporte por caminhões, que têm uma capacidade de carga de 20 toneladas. O carregamento destes caminhões é feito por operários que carregam cestos com até 50 cocos. Os cestos são carregados em pontos no cocal e levados nas costas dos operadores que ainda tem que subir uma escada para colocar os cocos na carroceria do caminhão. Para identificar a situação citada foi fundamental o contato com um dos produtores da região. O produtor encontrava dois principais problemas para sua produção que o fez ter interesse na mudança do sistema tradicional de carregamento. O primeiro é a crescente dificuldade por parte do produtor em alocar pessoas para aquela função. O segundo é o desgaste sofrido pelos operários pois o trabalho não atende os parâmetros ergonômicos. Após essa primeira comunicação com o produtor, percebeu-se a necessidade de desenvolver um sistema mecânico capaz de substituir o esforço humano total ou parcialmente. O emprego da metodologia de projeto foi fundamental pra o desenvolvimento da máquina, pois durante o projeto foram identificados pontos críticos de falhas na máquina. Na seção 2 são apresentadas as fases de projeto aplicadas. Já a seção 3 foi destinada aos resultados obtidos no projeto. 2 FASES DO PROJETO Para iniciar o projeto foi decido a metodologia de projeto que seria utilizada para desenvolver a máquina. Assim como também quais ferramentas de qualidade seriam aplicadas, que está mais bem esplanada na fase de projeto correspondente. A Figura 1 apresentada logo abaixo mostra as fases de projeto empregadas na metodologia. Essa fase de escolha da metodologia e ferramentas que serão utilizadas corresponde ao planejamento. Figura 1. Fases de projeto utilizadas aplicada a metodologia de projeto Construindo Hoje a Engenharia do Amanhã Anais do XIV CONEMI - Congresso Nacional de Engenharia Mecânica e Industrial | 2 XIV CONEMI - Congresso Nacional de Engenharia Mecânica e Industrial Auditório do Senai CIMATEC - Prédio 2 - 2º andar - Salvador - BA, 23 a 26 de Setembro de 2014 2.1 Projeto Informacional Nesta fase do projeto é feito o levantamento e análise dos requisitos do cliente. O produtor dos cocos, que corresponde ao cliente, forneceu a equipe as principais objetivos e limitações da máquina requeridas por ele. Após reunir os pontos colocados pelo cliente e os observados pela equipe foi construída a lista de requisitos. Essa lista é fundamental para direcionar as características do produto projetado. No entanto, é praticamente inviável satisfazer todos requisitos listados. Desta forma, eles foram divididos em essenciais e desejáveis. Os desejáveis são aqueles que se não forem satisfeitos provocam uma negação do cliente em relação ao produto. Já os desejáveis são aqueles que provocam boa impressão perante o cliente, no entanto, não precisam obrigatoriamente ser alcançados. Dentre os requisitos listados 3 se destacaram, são eles: reduzir a quantidade de pessoas necessárias ao processo, uma máquina de fácil transporte e que independa do caminhão. A construção bem elaborada dessa fase do projeto é essencial para a satisfação do cliente ao obter o produto final. Pois, as demais etapas do projeto retornam a esta de forma a verificar se os requisitos listados estão sendo com a concepção proposta. Nessa etapa também foram recolhidas informações como capacidade de carga do caminhão, capacidade de carga do operador e tempo necessário finalizar o carregamento do caminhão. Essas informações foram necessárias na fase de dimensionamento da máquina 2.2 Projeto Conceitual Diante das informações obtidas na fase anterior partiu-se para a criação de conceitos que pudessem satisfazer os principais pontos levantados. Foi feito um brainstorming a fim de evitar descartar qualquer possibilidade durante a concepção inicial, nele surgiram algumas ideias. Logo após, foi avaliado os conceitos que melhor se encaixam nos requisitos do cliente. A partir daí foi selecionado através de uma tabela com as funções e a avaliação de cada conceito quanto a elas. Dessa forma a equipe resolveu optar por um dispositivo mecânico, em vez de elétrico. A Figura 2 mostra o Projeto em sua fase conceitual Construindo Hoje a Engenharia do Amanhã Anais do XIV CONEMI - Congresso Nacional de Engenharia Mecânica e Industrial | 3 XIV CONEMI - Congresso Nacional de Engenharia Mecânica e Industrial Auditório do Senai CIMATEC - Prédio 2 - 2º andar - Salvador - BA, 23 a 26 de Setembro de 2014 Figura 2. Projeto conceitual Após a seleção do conceito foi elaborado o organograma de peças e funções. Este organograma consiste em identificar todas as peças que compõe a máquina como também sua função. No presente projeto, são observadas as seguintes funções básicas: transporte da máquina, estrutural, geração e transmissão da potência, e elevação do coco. 2.3 Projeto Preliminar A avaliação das possíveis falhas do projeto foi analisada neste ponto. Para tal foi utilizado a ferramenta Fault Tree Effect Analysis (FTA). A árvore de análise de falha consiste num evento topo, ou falha principal, onde são identificadas as causas imediatas e por fim chega-se a causa básica da falha principal. No FTA houve uma avaliação dos grandes problemas globais que deveriam ser evitados. A análise da equipe resultou em quatro grandes falhas indesejadas: Construindo Hoje a Engenharia do Amanhã Anais do XIV CONEMI - Congresso Nacional de Engenharia Mecânica e Industrial | 4 XIV CONEMI - Congresso Nacional de Engenharia Mecânica e Industrial Auditório do Senai CIMATEC - Prédio 2 - 2º andar - Salvador - BA, 23 a 26 de Setembro de 2014 I. II. III. IV. Ocorrer um acidente com o operador; Não ser possível transportar a máquina; A máquina gerar custos adicionais por quebra ou manutenções inesperadas; A máquina não realizar o ciclo eficientemente. Cada FTA apresentou em média 8 níveis, possuindo até 60 possíveis causas de falha no nível básico, configurando-se até 40 caminhos possíveis desde a causa básica até o evento principal. A Figura 3 mostra um pequeno excerto da FTA com o evento principal “Máquina não realiza o ciclo adequadamente”. A ferramenta não teve condições de ter dados percentuais de cada falha devido à falta de históricos. Depois dos desdobramentos do FTA foi possível identificar algumas informações primordiais para evitar falhas no produto. Entre elas: Necessidade de acréscimo de peças e componentes; Peso da máquina é um elemento crítico para segurança e transporte; Cuidado na seleção do pneu devido ao terreno; Garantir que a máquina não tombe, nem o recipiente com os cocos se desprenda, podendo causar acidentes fatais; Projetar para evitar ao máximo a queda de um coco; Avisos de itens críticos necessários nos manuais e colocação de alertas visuais na máquina; Projetar a máquina para que seus fixadores suportem o caminhão em movimento. Além dessas informações principais o FTA serviu de base para a construção de um FMEA de qualidade e em um menor prazo. FMEA é a sigla para Análise de Modos e Efeitos de Falha (Failure Mode and Effects Analysis). O FMEA é uma forma sistemática de avaliar os possíveis modos e causas/mecanismo de falha dos sistemas que compõe a máquina. Assim como o FTA, a FMEA foi dividida nos sistemas da máquina (transmissão, estrutural, movimentação e proteção). A partir das funções foram analisados os modos de falha, as causas e os efeitos, entre outros detalhes. Na FMEA também é informado sobre a gravidade da falha para cada item analisado. Um número de prioridade de risco (NPR) informa justamente numa escala predeterminada a gravidade daquele item no caso de falha. A Figura 4 mostra um pequeno trecho da FMEA da máquina. As principais saídas do FMEA foram: Lista de prioridades de simulação com software e/ou protótipo; Lista de itens que devem conter nos manuais da máquina e alertas que deve conter na máquina; Lista de peças críticas, ou seja, que necessitam um dimensionamento com maior fator de segurança e cálculos auditados. Construindo Hoje a Engenharia do Amanhã Anais do XIV CONEMI - Congresso Nacional de Engenharia Mecânica e Industrial | 5 XIV CONEMI - Congresso Nacional de Engenharia Mecânica e Industrial Auditório do Senai CIMATEC - Prédio 2 - 2º andar - Salvador - BA, 23 a 26 de Setembro de 2014 Figura 3. Trecho de uma das FTA elaboradas no projeto. Construindo Hoje a Engenharia do Amanhã Anais do XIV CONEMI - Congresso Nacional de Engenharia Mecânica e Industrial | 6 XIV CONEMI - Congresso Nacional de Engenharia Mecânica e Industrial Auditório do Senai CIMATEC - Prédio 2 - 2º andar - Salvador - BA, 23 a 26 de Setembro de 2014 Figura 4. Trecho da FMEA elaborada no projeto. Construindo Hoje a Engenharia do Amanhã Anais do XIV CONEMI - Congresso Nacional de Engenharia Mecânica e Industrial | 7 XIV CONEMI - Congresso Nacional de Engenharia Mecânica e Industrial Auditório do Senai CIMATEC - Prédio 2 - 2º andar - Salvador - BA, 23 a 26 de Setembro de 2014 2.4 Detalhado Nesta fase do projeto foi feito em um primeiro momento um protótipo para a averiguar o comportamento do projeto até então desenvolvido em uma situação mais real. Também nesta fase do projeto foi utilizado as saídas do FMEA e todas as informações das etapas anteriores para dimensionar cada peça e simular a máquina. No final desta fase a máquina estará pronta para ser fabricada. 2.4.1 Protótipo O protótipo foi feito visando verificar o comportamento do sistema de correntes, sua sincronia, o tempo de descarga o coco, além de outras possíveis falhas de projeto. Sua fabricação foi baseada em um projeto simplificado que mantinha as principais funções da máquina sem muita mudança. A escala escolhida par o protótipo foi baseada no tamanho de uma fruta similar ao coco, o dicuri, ficando em 1:5 A Figura 5 mostra uma foto do protótipo feito Figura 5. Protótipo Construindo Hoje a Engenharia do Amanhã Anais do XIV CONEMI - Congresso Nacional de Engenharia Mecânica e Industrial | 8 XIV CONEMI - Congresso Nacional de Engenharia Mecânica e Industrial Auditório do Senai CIMATEC - Prédio 2 - 2º andar - Salvador - BA, 23 a 26 de Setembro de 2014 A partir do protótipo concluiu-se que era necessário adicionar um sistema de trilhos para guiar a caixa no percurso. Também percebeu-se a necessidade de um sistema de regulagem fina para poder fazer ajustes de sincronia entre as correntes que suportam a caixa. 2.4.2 Dimensionamento Após as verificações feitas no teste com protótipo foi dado início ao dimensionamento, começando pelas principais partes, que têm maior influência no dimensionamento de outras. Como pré-requisitos gerais do dimensionamento se tem: Capacidade de carga de 70 cocos Velocidade de subida da caixa de 10 cm/s Possibilidade de ser carregada e manuseada por no máximo 3 operadores Caixa Essa foi a primeira parte a ser dimensionada, para seu funcionamento ela deve ter como prérequisitos suportar o peso dos cocos, leveza e baixo custo. Desse modo peça é formada de uma estrutura de tubos metálicos com vãos fechados por telas de arame como mostra a Figura 6 abaixo Figura 6. Caixa O dimensionamento foi feito através do programa de simulação CAD Solid Works™. com uma simulação por componente estrutural, escolhida por conta da redução do tempo de simulação e descontinuidades, aumentando a possibilidade de convergência no método. Construindo Hoje a Engenharia do Amanhã Anais do XIV CONEMI - Congresso Nacional de Engenharia Mecânica e Industrial | 9 XIV CONEMI - Congresso Nacional de Engenharia Mecânica e Industrial Auditório do Senai CIMATEC - Prédio 2 - 2º andar - Salvador - BA, 23 a 26 de Setembro de 2014 Figura 7. Simulação caixa O menor coeficiente de segurança da caixa ficou de acordo com o decido no FMEA. Os dados das dimensões das telas e tubos foram retirados dos padrões usados nas empresas brasileiras. Correntes de elevação da caixa e pino da caixa As correntes foram selecionadas conforme a sua utilização e os catálogos de empresas brasileiras. O pino que liga a caixa às correntes foi dimensionado levando em conta as dimensões da corrente, a flexão e o cisalhamento com auxílio do programa de cálculo EES. Seu dimensionamento é crítico pois compromete tanto a segurança quanto o funcionamento da máquina, como foi visto através do FMEA. O coeficiente de segurança mínimo encontrado foi de 3, que foi considerado satisfatório. Motor A princípio foi pensado um conceito de polias ativadas manualmente para dar movimentação a caixa, porém foi decidido a utilização de um motor ao invés por questões ergonômicas. O Motor foi selecionado conforme a velocidade com que a caixa deve subir e a força necessária para levantar os cocos. Também foi levada em conta a escolha do tipo de sistema de acionamento feita nas etapas anteriores. Foi escolhido um motor estacionário de 100cc com torque máximo de 5,7 Nm e potência máxima de 2,1kW. O conjunto do motor vem com uma embreagem centrífuga, necessária ao projeto para que o recipiente seja recarregado sem precisar o desligamento do motor. Construindo Hoje a Engenharia do Amanhã Anais do XIV CONEMI - Congresso Nacional de Engenharia Mecânica e Industrial | 10 XIV CONEMI - Congresso Nacional de Engenharia Mecânica e Industrial Auditório do Senai CIMATEC - Prédio 2 - 2º andar - Salvador - BA, 23 a 26 de Setembro de 2014 Reduções Como a velocidade de saída do motor é muito maior que a velocidade determinada para a subida da caixa foi necessário conceber um sistema de redução. Por conta de uma melhor adequação ao projeto e menor custo foi escolhido um sistema cm base em polias. As polias e correias foram dimensionadas de acordo com a metodologia sugerida por Fachon (2011). Para proteção e aumento da vida útil as polias de redução ficam protegidas por uma caixa. Estrutura A estrutura foi dimensionada por simulações de elementos feitas no CAD Solid Works™. A simulação escolhida foi a que utiliza componentes estruturais, dessa forma a simulação possui mais chances de convergir e é feita mais rapidamente. O coeficiente de segurança mais baixo é 9.9 que está dentro dos parâmetros requeridos pelo FMEA. Apesar do alto coeficiente de segurança o tubo não foi diminuído para dar uma segurança ao operador, além ajudar na montagem e fabricação. Figura 8. Simulação da estrutura 2.5 Encerramento do Projeto Corresponde a etapa final de todo o projeto. Nele ocorre uma revisão de todas etapas anteriores. Como o objetivo do presente trabalho é fornecer informações para construção da máquina, a etapa final comtempla a elaboração de manuais tanto de fabricação quanto de manutenção do Construindo Hoje a Engenharia do Amanhã Anais do XIV CONEMI - Congresso Nacional de Engenharia Mecânica e Industrial | 11 XIV CONEMI - Congresso Nacional de Engenharia Mecânica e Industrial Auditório do Senai CIMATEC - Prédio 2 - 2º andar - Salvador - BA, 23 a 26 de Setembro de 2014 produto. Desta forma, seguindo as recomendações contidas nos manuais seria possível construir a máquina em um ambiente simples, como também, promover a manutenção da mesma. 3 RESULTADOS O sistema resultante do projeto é um sistema mecânico de elevação que realiza o ciclo de subida de descida de forma contínua. Por utilizar como força motriz um motor estacionário à gasolina o sistema supriu um ponto importante dos requisitos essenciais do cliente, eliminando de forma significativa o esforço do operador. A estrutura da máquina é feita em tubos e a caixa é feita de tubos e telas de forma que a máquina pode ser transportada por três funcionários. A Figura 9 representa a concepção final do projeto feita no CAD Solid Works™. O princípio de funcionamento da máquina é simples. Quando a caixa está na posição inferior é o momento de carrega-la com os cocos. Após ser atingida a capacidade da máquina o movimento de subida é acionado pela alavanca, a qual aumenta a aceleração do motor. Os cocos ficam contidos no recipiente até o momento que a chapa de contenção termina. Neste ponto, os cocos começam a cair por gravidade devido à inclinação da caixa. O tempo gasto para percorrer a parte que não contem a chapa deve ser igual ou maior ao tempo necessário para que todos os cocos caiam. No entanto ainda havia uma situação que gerava grande esforço por parte do operador. Era necessário levar os cocos dos montes onde são agrupados nos cocais até a máquina. A forma antiga, levando em cestos nas costas, era bastante cansativa. Como também eles podiam desta forma levar uma capacidade maior do que a suportada pela máquina. Pensando nisso, foi proposto um equipamento auxiliar que solucionasse essas duas situações. A partir disso surgiu o carrinho auxiliar no qual os cocos são colocados e levados do monte até a máquina. Este não só reduz o esforço, pois é empurrado, como também limita a quantidade, pois apresenta o mesmo volume do recipiente da máquina. A representação esquemática do carrinho é visualizada na Figura. 10. Construindo Hoje a Engenharia do Amanhã Anais do XIV CONEMI - Congresso Nacional de Engenharia Mecânica e Industrial | 12 XIV CONEMI - Congresso Nacional de Engenharia Mecânica e Industrial Auditório do Senai CIMATEC - Prédio 2 - 2º andar - Salvador - BA, 23 a 26 de Setembro de 2014 Figura 9. Representação no Solid Works™ da máquina de transporte de coco, sistema de correntes. Figura 10. Representação do carrinho de transporte auxiliar. Construindo Hoje a Engenharia do Amanhã Anais do XIV CONEMI - Congresso Nacional de Engenharia Mecânica e Industrial | 13 XIV CONEMI - Congresso Nacional de Engenharia Mecânica e Industrial Auditório do Senai CIMATEC - Prédio 2 - 2º andar - Salvador - BA, 23 a 26 de Setembro de 2014 4 CONCLUSÕES Durante a construção do presente trabalho foi notado a importância social da produção de coco na região de Sergipe. Várias famílias dependem de forma direta ou indireta da produção do coco. A introdução da máquina no cocal permite ao produtor fornecer uma melhor condição de trabalho ao operador (mais ergonômica). Outro ponto interessante para o produtor é a capacidade de tornar o seu processo mais eficiente, implicando diretamente na redução de tempo para o carregamento. A aplicação da metodologia de projeto na construção da máquina de coco foi fundamental do ponto de vista de reduzir ao máximo as falhas do projeto. Deixar bem claros quais são os requisitos do cliente é essencial para que o produto final cumpra com as funções traçadas. As ferramentas FTA e FMEA permitem detectar falhas antes que as mesmas aconteçam como também visualizar qual componente da máquina deve ser alterado de forma a reduzir os riscos da máquina. O protótipo também teve grande importância pois permitiu visualizar como o sistema funcionaria em um ambiente real e detectar possíveis erros de projeto. A concepção final da máquina mostrou-se bastante viável. Ela trata de uma máquina com componentes fáceis de encontrar no mercado local ou de fácil fabricação. Atendeu aos requisitos essenciais de forma satisfatória. Apresenta um baixo custo de fabricação e também de manutenção, os componentes envolvidos foram pensados de modo que os reparos fossem realizados no próprio ambiente de trabalho. Pode ser citado aqui o exemplo do motor, de pequeno porte, quatro tempos bastante utilizado no ambiente rural. A máquina permite reduzir o número de funcionários empregado no transporte, na situação original são necessárias 5 pessoas para realizar o trabalho. Já utilizando a máquina, seria necessário apenas 3. De forma que uma pessoa ficaria responsável por encher os carrinhos enquanto outras 2 levariam até o caminhão de modo que os 3 poderiam também revessar as funções entre si. REFERÊNCIAS CASTILLO, J. J. E VILLENA, J., 2005, “ERGONOMIA. CONCEITOS E MÉTODOS” (EDS.), LISBOA, PORTUGAL. BACK, N., OGLIARI, A., DIAS, A. E SILVA, J. C., 2008, ”PROJETO INTEGRADO DE PRODUTOS: PLANEJAMENTO, CONCEPÇÃO E MODELAGEM”. BARUERI, BRASIL. FACHON, J. 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