determinação de turbidez, sólidos totais dissolvidos e condutividade
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determinação de turbidez, sólidos totais dissolvidos e condutividade
DETERMINAÇÃO DE TURBIDEZ, SÓLIDOS TOTAIS DISSOLVIDOS E CONDUTIVIDADE ELÉTRICA DA ÁGUA DE POÇOS ARTESIANOS NO MUNICÍPIO DE ANANINDEUA – PA Paula Cristina Mendes Nogueira MARQUES(1); Emerson Renato Maciel da SILVA(1); Ivan Carlos da Costa Barbosa (2); Ewerton Carvalho de Souza(4); Antônio dos Santos Silva(5) (1) Estudante do Curso de Agronomia; Instituto de Ciências Agrárias; [email protected]; (2) Estudante do Curso de Engenharia Ambiental e Energias Renováveis; Instituto Ciberespacial; Universidade Federal Rural da Amazônia; (3) Professor Assistente; Centro de Tecnologia Agropecuária; Instituto Socioambiental de Recursos Hídricos; Universidade Federal Rural da Amazônia; (4) Professor; Centro de Tecnologia Agropecuária; Instituto Socioambiental de Recursos Hídricos; Universidade Federal Rural da Amazônia. (5) Professor; Universidade Federal do Pará. RESUMO: A água é um elemento vital, porém pode trazer riscos à saúde quando de má qualidade, servindo de veículo para vários microorganismos e agentes químicos. Devido ao baixo custo e facilidade de perfuração a fim de obter água potável os poços artesianos são fontes hídricas bastante utilizadas. O trabalho objetivou avaliar os seguintes parâmetros físico-químicos: condutividade elétrica (CE), turbidez e sólidos totais dissolvidos (STD) da água subterrânea de poços artesianos do bairro do Coqueiro, situado no município de Ananindeua. As amostras foram coletadas em quatro ruas distintas e selecionadas casas que possuem poços artesianos, em cada rua foram escolhidas três residências, totalizando 12 poços. Os valores de turbidez se apresentaram baixos (< 5 NTU), estão de acordo com os padrões de potabilidade, resultando em níveis aceitáveis (até 1000 mg/L) de sólidos totais dissolvidos (STD), que ficou na média de 76,22mg/L. Assim como a condutividade elétrica que apresentou uma média geral de 148,58 (µS/cm), dentro de padrões aceitáveis. Os resultados obtidos estão em concordância com a portaria nº 2.914/2011 do Ministério da Saúde, podendo concluir que se encontra em condições físico-químicas aceitáveis para o consumo. Para um estudo mais acurado a fim de se obter resultados mais confiáveis podemos estabelecer planos com coletas regulares e análise microbiológica, e em um número maior de residências. PALAVRAS–CHAVE: águas subterrâneas; análise físico-química; potabilidade. INTRODUÇÃO A água é um elemento vital, porém pode trazer riscos à saúde quando de má qualidade, servindo de veículo para vários microorganismos e agentes químicos. Os recursos hídricos são continuamente degradados, diminuindo assim sua qualidade e disponibilidade, sendo as atividades antrópicas o principal causador, por meio de poluições. Somente 30% da população mundial têm garantia de água tratada, sendo que 70% restantes dependem de poços e outras fontes de abastecimento passíveis de contaminação (MACEDO, 2001). A análise da água, principalmente aquela destinada ao consumo humano, é extremamente importante, através dela pode-se ter certeza de que a água distribuída é confiável, e está 572 isenta de substâncias químicas ou microorganismos. Segundo a portaria nº 2.914/2011 do Ministério da Saúde, água potável é a água destinada ao consumo humano cujos parâmetros microbiológicos, físicos, químicos e radioativos atendam ao padrão de potabilidade e que não ofereça riscos à saúde. O objetivo deste trabalho foi avaliar a qualidade físico-química de água subterrânea, utilizada para consumo humano, captada através de poços artesianos localizados no bairro do Coqueiro (Ananindeua-PA) para determinar se os parâmetros analisados atendem as definições de potabilidade da água segundo a portaria nº 2.914/2011 do Ministério da Saúde. MATERIAIS E MÉTODOS O estudo foi desenvolvido em duas etapas, durante o mês de janeiro de 2015. Na primeira etapa, foi conduzido uma avaliação de domicílios que utilizavam água subterrânea, no município de Ananindeua, especificamente no bairro do Coqueiro. Enquanto que, na segunda fase foi realizada a amostragem. A coleta das amostras foi feita em residências distintas, sendo estas localizadas na rodovia Mario Covas, rua Tucuruí, rua Francinete e rodovia Transcoqueiro. Em cada rua foram escolhidas aleatoriamente três residências, resultando em 12 poços a serem analisados (Figura 1). Figura 1. Mapa geral da área amostrada. Antes da retirada de cada amostra foram ligadas as bombas para que a água de análise fosse extraída imediatamente do poço. Conceição et al. (2014), aborda que é essencial esse cuidado, para evitar a coleta de amostras estagnadas ou contaminadas, por esse motivo, antes da colheita de cada amostra desprezou-se a quantidade inicial de água. Para 573 isso, foi esperado de 5 a 10 minutos de escoamento da água pela tubulação e, em seguida, feita a ambientação dos frascos de polietileno de 1 L para coleta do material, identificação e armazenamento em caixas de polímero expandido contendo gelo, bem como preenchidas fichas de coleta com os dados referentes à amostra coletada (endereço, hora, número da amostra) e outras observações pertinentes, e posteriormente serem realizadas as análises no Laboratório de Físico – Química no Centro de Tecnologia Agropecuária (CTA) da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA). No laboratório foram obtidos os resultados da turbidez, realizado através do turbidímetro (Instrutherm, modelo TD-300); e os sólidos totais dissolvidos (STD) e condutividade elétrica (CE) foram determinados com a sonda multiparâmetro (Hanna, modelo HI-9889). Todas as análises foram feitas em triplicata. E para os dados obtidos foram calculadas as médias e desvios-padrão. A qualidade da água foi avaliada comparando-se os resultados obtidos nas análises físico-químicas com os valores máximos permissíveis (VMP) recomendados na portaria nº 2.914/2011 (BRASIL, 2011). DISCUSSÕES A Tabela 1 apresenta os valores referentes às médias e desvios padrões alcançados após as análises físico-químicas das amostras. Tabela 1 – Resultado dos parâmetros físico-químicos analisados. TBa (NTU) STDb (mg.L-1) CEc (µS/cm) P1 0,82 ± 0,18 71,67± 23,69 116,00 ± 2,65 P2 0,57 ± 0,33 55,00 ± 21,70 134,67 ± 2,08 P3 1,42 ± 0,18 63,67 ± 0,58 127,33 ± 1,15 P4 0,98 ± 0,57 70,00 ± 5,00 138,00 ± 12,77 P5 1,18 ± 0,70 65,67 ± 8,14 132,00 ± 16,52 P6 0,85 ± 0,24 63,33 ± 1,53 126,33 ± 2,52 P7 1,04 ± 0,39 125,33 ± 11,85 217,00 ± 72,11 P8 0,77 ± 0,43 89,00 ± 1,73 178,00 ± 3,61 P9 0,83 ± 0,12 66,00 ± 6,08 125,00 ± 1,00 P10 0,77 ± 0,20 104,00 ± 5,20 207,67 ± 10,97 574 a P11 0,43 ± 0,05 78,00 ± 23,43 155,33 ± 45,71 P12 0,54 ± 0,18 135,67 ± 1,53 270,67 ± 3,21 Tb = Turbidez; bSTD = Sólidos Totais Dissolvidos; cCE = Condutividade Elétrica y = -0,0031x + 1,1445 R² = 0,0945 Turbidez e STD 1,60 TB - Turbidez (NTU) 1,40 1,20 1,00 0,80 0,60 0,40 0,20 0,00 0,00 20,00 40,00 60,00 80,00 100,00 120,00 140,00 160,00 STD - Sólidos Totais Dissolvidos (mg/L) Figura 2. Correlação entre as variáveis TB e STD. Os valores apresentados foram comparados com os valores máximos permitidos (VMP) pelo Ministério da Saúde pela portaria nº 2.914/2011, de dezembro de 2011. A turbidez apresentou valores menores que 2 NTU, respeitando os padrões de aceitação para consumo humano estabelecido na portaria supracitada de 5 NTU. y = 1,768x + 15,196 R² = 0,9228 CE - Condutividade Elétrica (µS/cm) C.E e STD 300,00 250,00 200,00 150,00 100,00 50,00 0,00 0,00 20,00 40,00 60,00 80,00 100,00 120,00 140,00 160,00 STD - Sólidos Totais Dissolvidos (mg/L) 575 Figura 3. Correlação entre as variáveis CE e STD. Segundo Tundisi e Matsumura Tundisi (2008) os sólidos totais dissolvidos (STD) incluem todos os sais presentes na água e os componentes não iônicos; compostos orgânicos dissolvidos contribuem para os sólidos totais dissolvidos. Os valores de sólidos totais dissolvidos (STD) tem correlação direta e proporcional com a condutividade elétrica devido a concentração de íons presente nas amostras. A correlação detectada entre a CE e o STD da água nos pontos analisados deve-se ao nível de solubilidade de sais e outros compostos encontrados nos poços. y = -71,914x + 224,59 R² = 0,156 CE - Condutividade Elétrica (µS/cm) C.E e Turbidez 300,00 250,00 200,00 150,00 100,00 50,00 0,00 0,00 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00 1,20 1,40 1,60 TB - Turbidez (NTU) Figura 4. Correlação entre as variáveis CE e TB. “A condutividade elétrica, ou condutância específica, é um indicador da salinidade resultante da concentração de sais, ácidos e bases nas águas naturais” (TUNDISI e MATSUMURA TUNDISI, 2008, p. 107). A concentração de íons dissolvidos é o fator determinante da condutividade. Pode-se afirmar que a turbidez e condutividade elétrica não apresentaram alta correlação devido aos produtos que compõem a turbidez da amostra não serem de origem iônica, portanto não participando integralmente na condutividade. CONCLUSÃO Diante das análises dos parâmetros de qualidade da água e a relação entre eles, pode-se concluir que todas as amostras estão em concordância com a portaria nº 2.914/2011 do Ministério da Saúde no quesito turbidez, sólidos totais dissolvidos e condutividade elétrica. Também pode-se afirmar que devido a quantidade de sais presente nas amostras, existe uma correlação entre sólidos totais dissolvidos influenciando diretamente na condutividade elétrica, enquanto que os outros parâmetros analisados foram pouco expressivo quanto ao grau de correlação. Para análise com maior confiabilidade é necessário aumentar o número de amostras, a frequência de coletas, bem como realizar análise microbiológica. 576 REFERÊNCIAS BRASIL. PORTARIA 2.914/2011 Ministério da Saúde. Dispõe sobre os procedimentos de controle e de vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade de 12 de dezembro de 2011. CONCEIÇÃO, F.T.; MAZZINI, F.; MORUZZI, R.B.; NAVARRO, G.R.B. Influências Naturais e Antrópicas na Qualidade da Água Subterrânea de Poços de Abastecimento Público na Área Urbana de Marília (SP). Revista Brasileira de Recursos Hídricos, v. 19, n. 3, 2014. MACÊDO, J. A. B. DE. Águas & Águas. Livraria Varela. Edito - São Paulo, 2001. TUNDISI, J. G.; MATSUMURA TUNDISI, T. Limnologia. São Paulo: Oficina de Textos, 2008. 632 p. 577