- PGMEC - Universidade Federal Fluminense
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PROGRAMA FRANCISCO EDUARDO MOURÃO SABOYA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA ESCOLA DE ENGENHARIA UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE Dissertação de Mestrado DETERMINAÇÃO DE PARÂMETROS DE FRATURA EM POLITETRAFLUORETILENO UTILIZANDO O MÉTODO DE CORRELAÇÃO DE IMAGENS DIGITAIS RAFAEL MURTA PEREIRA AGOSTO DE 2015 RAFAEL MURTA PEREIRA DETERMINAÇÃO DE PARÂMETROS DE FRATURA EM POLITETRAFLUORETILENO UTILIZANDO O MÉTODO DE CORRELAÇÃO DE IMAGENS DIGITAIS Dissert ação de Mest rado apresent ada ao Programa Francisco Eduardo Mourão Saboya de Pós-Graduação em E ngenhar ia Mecânica da UFF co mo part e dos requis it os par a a obt enção do t ít ulo de Mest re em Ciências em Engenhar ia Mecânica Or ient ador: Luiz Car los da S ilva Nunes (PGME C/UFF ) UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE NITERÓI, 7 DE AGOSTO DE 2015 DETERMINAÇÃO DE PARÂMETROS DE FRATURA EM POLITETRAFLUORETILENO UTILIZANDO O MÉTODO DE CORRELAÇÃO DE IMAGENS DIGITAIS Esta Dissertação é parte dos pré-requisitos para a obtenção do título de MESTRE EM ENGENHARIA MECÂNICA Área de concentração: Mecânica dos sólidos Aprovada em sua forma final pela Banca Examinadora formada pelos professores: Prof. Luiz Carlos da Silva Nunes (D.Sc.) Universidade Federal Fluminense (Orientador) Prof. Heraldo Silva da Costa Mattos (D.Sc.) Universidade Federal Fluminense Prof. Pedro Manuel Calas Lopes Pacheco (D.Sc.) Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca CEFET/RJ À minha família e a todos que me ajudaram a chegar até aqui AGRADECIMENTOS À minha esposa Alice de Oliveira Murta Pereira, por sempre me apoiar nos momentos difíceis e sem a qual eu não chegaria até aqui. Aos meus pais, Cassia Murta Pereira e Robson Sobreira Pereira, que sempre me ajudaram e me apoiaram nas minhas escolhas. Ao meu irmão, Guilherme Murta Pereira, por todo o suporte que me deu com todas as coisas da vida, sempre me ajudando a resolver meus problemas. A todos os professores e funcionários do PGMEC que sempre foram muito prestativos e dispostos a ajudar. Ao meu orientador Luiz Carlos da Silva Nunes pelos ensinamentos passados e apoio para que esta caminhada fosse concluída. RESUMO O objetivo principal deste trabalho é determinar alguns parâmetros de fratura, tais como extensão de trinca (Δα), abertura da ponta da trinca (CTOD) e ângulo da ponta da trinca (CTOA), em politetrafluoretileno (PTFE) utilizando-se o método de Correlação de Imagens Digitais (DIC). Os parâmetros foram determinados a partir de imagens obtidas de corpos de prova baseados em uma placa fina retangular com duas trincas laterais iguais. Foram considerados quatro corpos de provas com configurações distintas, possuindo as mesmas dimensões, mas variando-se o valor do comprimento inicial da trinca. Todos os corpos de prova foram submetidos a um carregamento monotônico, em condições quase estáticas à temperatura ambiente. Além da determinação experimental dos parâmetros de fratura, foi obtida a curva deslocamento do travessão em função da força aplicada. Os dados experimentais foram comparados com um modelo fenomenológico baseado na combinação de função saturação, lei de potência e evolução de dano. Os resultados obtidos mostraram boa conformidade com os resultados experimentais Palavras chave: Politetrafluoretileno, mecânica da fratura, correlação de imagens digitais. ABSTRACT The main objective of this work is to determine some fracture parameters such as crack extension (Δα), Crack-Tip Opening Displacement (CTOD) and Crack-Tip Opening Angle (CTOA), on polytethrafluoroethylene (PTFE) using the method of Digital Image Correlation (DIC). The parameters were determined from images obtained of specimens based on a thin rectangular sheet with two equal cracks on each side. It were considered four specimens with distinct configurations, having the same dimensions, but varying the value of the initial crack length. All specimens were subjected to a monotonic tensile load test under quasi-static conditions and room temperature. Besides the experimental determination of the fracture parameters, it was obtained the cross-head displacement versus applied force curve. The experimental data were compared with a phenomological model based on the combination of saturation function, power law and damage effect. The obtained results show great agreement with the experimental results. Key-words: polytethtrafluoroethylene (PTFE), correlation. fracture mechanics, Digital image SUMÁRIO Lista de Figuras ............................................................................................................. i Lista de Tabelas........................................................................................................... iii Lista de Símbolos ........................................................................................................ iv CAPÍTULO 1 .................................................................................................... 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 1 CAPÍTULO 2 .................................................................................................... 3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.............................................................................................. 3 2.1. Conceitos fundamentais sobre polímeros ...................................................... 3 2.2. Politetrafluoretileno ....................................................................................... 5 2.3. Mecânica da fratura ....................................................................................... 8 2.3.1. Mecânica da Fratura Linear Elástica ................................................... 10 2.3.2. Mecânica da Fratura Elasto-Plástica ................................................... 11 2.4. Parâmetros de fratura .................................................................................. 12 2.4.1. CTOD..................................................................................................... 12 2.4.2. CTOA..................................................................................................... 13 2.5. Correlação de Imagens Digitais – DIC ........................................................ 13 2.5.1. Metodologia ........................................................................................... 15 2.5.2. Preparação do corpo de prova .............................................................. 18 2.5.3. Ensaio..................................................................................................... 18 2.5.4. Análise das imagens capturadas ........................................................... 19 2.5.5. Vantagens e Desvantagens .................................................................... 20 2.6. Revisão de bibliografia ................................................................................. 21 CAPÍTULO 3 .................................................................................................. 26 MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................................... 26 3.1. Aparato Experimental .................................................................................. 26 3.2. Corpos de prova ........................................................................................... 27 3.3. Procedimento experimental ......................................................................... 28 3.4. Definição dos parâmetros de trinca CTOD, CTOA e Δα ............................ 29 3.5. Análise de imagens e determinação dos parâmetros de fratura ................. 30 3.6. Comportamento carga versus deslocamento do PTFE ............................... 33 CAPÍTULO 4 .................................................................................................. 35 RESULTADOS E DISCUSSÃO .......................................................................................... 35 4.1. Resultados experimentais ............................................................................. 35 4.2. Parâmetros CTOD, Δα e CTOA .................................................................. 38 4.3. Comportamento carga versus deslocamento do travessão ......................... 45 4.4. Modelo teórico e determinação de parâmetros ........................................... 46 CAPÍTULO 5 .................................................................................................. 53 CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ............................................. 53 REFERÊNCIAS ............................................................................................... 55 APÊNDICES .................................................................................................... 60 APÊNDICE I: TABELA DE CARGAS APLICADAS AOS CORPOS DE PROVA ..................... 60 APÊNDICE II: ARTIGO PUBLICADO NO FIFTH INTERNATIONAL SYMPOSIUM OF SOLID MECHANICS 2015 ........................................................................................................ 62 Lista de Figuras Figura 2.1 – Curva tensão-deformação para polímeros frágeis (A), elasto-plásticos (B) e elastoméricos (C) [21]. ....................................................................................................... 4 Figura 2.2 – Estrutura do PTFE. ......................................................................................... 5 Figura 2.3 – Aplicações do PTFE [39]. .............................................................................. 6 Figura 2.4 – Diagrama esquemático de fases do PTFE[31] ................................................. 8 Figura 2.5 – Modos de abertura de trinca. (a) modo I, (b) modo II e (c) modo III ............... 9 Figura 2.6 – Exemplo de equipamento comercial de captação e correlação de imagens digitais ............................................................................................................................. 15 Figura 2.7 – Conceito básico da Correlação de Imagens Digitais ...................................... 16 Figura 2.8 – Correlação de imagens [14] .......................................................................... 16 Figura 2.9 – Padrão aleatório no corpo de prova ............................................................... 18 Figura 2.10 – Imagem do corpo não deformado e após sofrer deformação em ensaio de cisalhamento. ................................................................................................................... 19 Figura 2.11 – Resposta do software após análise das imagens .......................................... 19 Figura 3.1 – Aparato experimental, (a) câmera CCD, (b) aparato para aplicação de carga, (c) iluminação, (d) corpo de prova. ................................................................................... 27 Figura 3.2 – Representação esquemática do corpo de prova ............................................. 28 Figura 3.3 – Representação da definição de CTOD, CTOA e Δα ...................................... 30 Figura 3.4 – Resposta do software Ncorr para o deslocamento vertical em mm. ............... 31 Figura 3.5 – Imagem de referência para calibração do sistema.......................................... 31 Figura 3.6 – Sistema de coordenadas na ponta da trinca. .................................................. 32 Figura 4.1 – Deformação εyy , corpo de prova com comprimento de trinca inicial de 2mm, força aplicada de (a) 79,4 N, (b) 422,6 N, (c) 481,5 N, (d) 525,6 N. ................................. 36 Figura 4.2 – Deformação εyy , corpo de prova com comprimento de trinca inicial de 4mm, força aplicada de (a) 58,84 N, (b) 406,97 N, (c) 447,18 N, (d) 451,11 N. .......................... 36 Figura 4.3 – Deformação εyy , corpo de prova com comprimento de trinca inicial de 6mm, força aplicada de (a) 133,3 N, (b) 375,6 N, (c) 422 N, (d) 235,3 N. .................................. 37 i Figura 4.4 - Deformação εyy , corpo de prova com comprimento de trinca inicial de 8mm, força aplicada de (a) 64,7 N, (b) 273,6 N, (c) 302,14 N, (d) 244,19 N............................... 37 Figura 4.5 – CTOD versus Força aplicada, comprimentos iniciais de trinca de 2, 4, 6 e 8 mm. ................................................................................................................................. 38 Figura 4.6 – Δα versus Força aplicada, comprimentos iniciais de trinca de 2, 4, 6 e 8 mm. 39 Figura 4.7 – Desenvolvimento da trinca, comprimento inicial de trinca de 2 mm (a) e 4 mm (b). ................................................................................................................................... 41 Figura 4.8 – Desenvolvimento da trinca, comprimento inicial de trinca de 6 mm (a) e 8 mm (b). ................................................................................................................................... 42 Figura 4.9 – CTOA versus Força aplicada, comprimentos iniciais de trinca de 2, 4, 6 e 8 mm. ................................................................................................................................. 43 Figura 4.10 – Δα versus CTOD, comprimento inicial de trinca de 2, 4, 6 e 8 mm. ............ 44 Figura 4.11 – Δα versus CTOA, comprimento inicial de trinca de 2, 4, 6 e 8 mm. ............ 45 Figura 4.12 – Força versus deslocamento, comprimento inicial de trinca de 2, 4, 6 e 8 mm. ........................................................................................................................................ 46 Figura 4.13 – Extensão de trinca versus deslocamento, experimental e modelo, comprimento inicial de trinca de 2, 4, 6 e 8 mm. .............................................................. 47 Figura 4.14 – Variável associada ao dano versus deslocamento, experimental e modelo, comprimento inicial de trinca de 2, 4, 6 e 8 mm. .............................................................. 48 Figura 4.15 – Força versus extensão da trinca, experimental e modelo, comprimento inicial de trinca de 2, 4, 6 e 8 mm. .............................................................................................. 49 Figura 4.16 – Força versus deslocamento, experimental e modelo, comprimento inicial de trinca de 2, 4, 6 e 8 mm. ................................................................................................... 50 Figura 4.17 – Força versus extensão de trinca, experimental e modelo com novos parâmetros identificados, comprimento inicial de trinca de 2, 4, 6 e 8 mm. ...................... 51 Figura 4.18 – Força versus deslocamento, experimental e modelo com novos parâmetros identificados, comprimento inicial de trinca de 2, 4, 6 e 8 mm.......................................... 52 ii Lista de Tabelas Tabela 2.1 – Propriedade mecânicas e físicas do PTFE [39] ............................................... 7 Tabela 3.1 – Quantidade de imagens obtidas por corpo de prova. ..................................... 29 Tabela 4.1 – Parâmetros identificados .............................................................................. 47 Tabela 4.2 – Novos parâmetros identificados ................................................................... 50 Tabela A.3 – Carregamentos aplicados para cada um dos corpos de prova. ...................... 60 iii Lista de Símbolos Δα Extensão do comprimento da trinca α Comprimento inicial de trinca δ Deslocamento do travessão CCD Charged Coupled Device CMOD Crack-Mouth Opening Displacement CTOA Crack-Tip Opening Angle CTOD Crack-Tip Opening Displacement DIC Digital Image Correlation DVC Digital Volume Correlation E Módulo de elasticidade FEM Finite Element Method G Taxa de liberação da energia elástica GIc Valor crítico da taxa de liberação da energia elástica J Integral J K Fator de intensidade de tensão KIc Valor crítico do fator de intensidade de tensão MFEP Mecânica da Fratura Elasto-Plástica MFLE Mecânica da Fratura Linear Elástica PTFE Politetrafluoretileno u(x,y) Deslocamento horizontal v(x,y) Deslocamento vertical εyy Deformação vertical εxx Deformação horizontal iv CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO Com o constante desenvolvimento da tecnologia de materiais e o avanço da tendência de se substituir materiais metálicos na indústria, frequentemente são descobertas novas aplicações para vários tipos de polímeros. O politetrafluoretileno (PTFE) é um fluoropolímero semi-cristalino, comumente conhecido como Teflon® fabricado pela DuPont, que possui uma grande variedade de aplicações na engenharia, principalmente por suas importantes características como baixo coeficiente de atrito, resistência à corrosão, alto ponto de fusão, boas propriedades elétricas, biocompatibilidade, além de ser quimicamente inerte. O PTFE é utilizado em muitas aplicações industriais como elementos de rolamentos, anéis de pistão, diafragmas de bombas dosadoras, elementos de selos mecânicos, revestimentos [1] e aplicações biomédicas [2], [3]. Existe um grande interesse em se conhecer as propriedades mecânicas do PTFE para a expansão de suas aplicações e muitos estudos relacionados a este material vêm sendo realizados. É possível encontrar na literatura, diferentes experimentos em PTFE, envolvendo as mais diferentes condições de teste, porém, a mecânica da fratura do PTFE ainda não é amplamente estudada, por ser um material de difícil caracterização, com comportamento amplamente plástico, apresentando grandes deformações [4]-[20]. 1 Este trabalho tem por objetivo apresentar como a partir de uma simples metodologia é possível determinar ao menos três parâmetros de fratura do PTFE: abertura na ponta da trinca (CTOD – Crack-Tip Opening Displacement), ângulo de abertura da ponta da trinca (CTOA – Crack-Tip Opening Angle) e extensão da trinca (Δα). Estes parâmetros de fratura são de extrema importância para se determinar como a propagação da trinca ocorre no material, sendo de grande importância em sua aplicação industrial, onde a integridade de um equipamento ou sistema depende da integridade do material. Foram realizados ensaios de tração monotônicos em corpos de prova fabricados em PTFE baseados em uma placa plana com dois entalhes laterais. O ensaio foi registrado através de uma câmera digital de alta resolução em que foram obtidas imagens do corpo de prova durante os testes. Para cada valor de carga aplicada foi obtida uma imagem do corpo de prova ao redor da trinca. As imagens foram posteriormente analisadas através de correlação de imagens digitais que é um método bem estabelecido para se determinar campos de deslocamento e deformação em materiais. Este método é de grande interesse para o ensaio em PTFE, pois é um método de medição sem contato físico com o corpo de prova. Devido ao baixo coeficiente de atrito do PTFE, pode-se tornar difícil a adesão de um instrumento de medição em sua superfície. Os parâmetros de fratura foram determinados a partir dos campos de deslocamento obtidos pelo DIC. Além da determinação experimental dos parâmetros de fratura, foi obtida a curva deslocamento do travessão em função da força aplicada. Os dados experimentais foram comparados com um modelo fenomenológico baseado na combinação de função saturação, lei de potência e evolução de dano. O Capítulo 2 apresenta uma revisão bibliográfica além de conceitos fundamentais obtidos para a realização deste trabalho. O Capítulo 3 apresenta os materiais e métodos utilizados na realização dos experimentos, análise das imagens, obtenção e tratamento dos resultados. O Capítulo 4 apresenta os resultados experimentais e teóricos obtidos e também discussões sobre os resultados. O Capítulo 5 apresenta as conclusões e sugestões para trabalhos futuros. 2 CAPÍTULO 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1. Conceitos fundamentais sobre polímeros Um polímero é uma macromolécula composta por várias subunidades repetidas, chamadas de monômeros, em que os átomos estão ligados entre si por ligações covalentes. O termo polímero é derivado do grego em que o prefixo “poli” significa muitos e termo “mero” significa partes. A maioria dos polímeros possui origem orgânica. Os polímeros sintéticos começaram a ser produzidos em larga escala após o fim da segunda guerra mundial, revolucionando a indústria de materiais. A maioria dos polímeros existentes hoje foram descobertos recentemente, tendo surgido nos últimos 50 anos. Os materiais poliméricos são divididos em grupos os quais são: os plásticos, os elastômeros (borrachas), as fibras, os revestimentos, os adesivos, as espumas e as películas [21]. Os materiais plásticos podem ser classificados em termoplásticos ou termorrígidos. Os materiais termoplásticos amolecem quando são aquecidos e endurecem quando resfriados em um processo reversível que pode ser repetido, já os plásticos termorrígidos tornam-se permanentemente duros com o aquecimento e não amolecem mais se aquecidos novamente. A Figura 2.1, apresenta o comportamento tensão-deformação para os três tipos de polímeros sintéticos. É possível perceber que a curva A apresenta o comportamento de um 3 polímero frágil em que não ocorrem deformações plásticas antes da fratura, a curva B apresenta o comportamento de um polímero elasto-plástico e pode ser comparada com a curva tensão-deformação para alguns materiais metálicos, em que após atingir o limite de escoamento do material, ocorrem deformações plásticas até a ruptura, a curva C apresenta o comportamento para um polímero elastomérico, em que o comportamento é totalmente elástico. Figura 2.1 – Curva tensão-deformação para polímeros frágeis (A), elasto-plásticos (B) e elastoméricos (C) [21]. 4 2.2. Politetrafluoretileno O politetrafluoretileno (PTFE) é um fluoropolímero semi-cristalino, comumente conhecido como Teflon® fabricado pela DuPont, derivado do monômero CF2=CF2 que é polimerizado formando a cadeia apresentada na Figura 2.2. Figura 2.2 – Estrutura do PTFE. Este material possui excelentes características mecânicas e suas aplicações estão relacionadas diretamente com suas boas propriedades químicas, elétricas e mecânicas, das quais pode-se citar algumas que são praticamente independentes das condições de fabricação: Propriedades químicas o Resistência química a agentes corrosivos; o Insolubilidade; o Resistência às intempéries; o Não é aderente; o Não é inflamável. Propriedades Elétricas o Baixa constante dielétrica; o Baixo fator de dissipação; o Alta resistência ao arco; o Alta resistividade superficial; o Alta resistividade volumétrica. Propriedades mecânicas o Flexibilidade a baixas temperaturas; o Baixo coeficiente de atrito; o Estabilidade a altas temperaturas. 5 O PTFE é utilizado em muitas aplicações industriais como elementos de rolamentos, anéis de pistão, diafragmas de bombas dosadoras, elementos de selos mecânicos, revestimentos e aplicações biomédicas. Algumas aplicações do PTFE são apresentadas na Figura 2.3. Figura 2.3 – Aplicações do PTFE [39]. 6 A Tabela 2.1 apresenta algumas das propriedades mecânicas e físicas do PTFE. Tabela 2.1 – Propriedade mecânicas e físicas do PTFE [39] PTFE em forma de resina granular Unidade Densidade relativa 2,16 - Temperatura de fusão 327 ºC Limite de escoamento a 23ºC 9 MPa Limite de resistência à tração a 23ºC 31,0 MPa Alongamento 400 % Resistência ao impacto, IZOD 24 ºC 160 J/m Módulo de elasticidade 345 - 620 MPa Propriedade Por ser um polímero semi-cristalino, o PTFE apresenta um diagrama de fases que são apresentadas na Figura 2.4. O PTFE existe em pelo menos 4 fases diferentes conhecidas que dependem da pressão e temperatura. À pressão atmosférica, são observadas três estruturas cristalinas (I, II e IV) com temperatura de transição entre as fases de 19 a 30ºC, portanto, em condições normais, o PTFE pode existir em três fases diferentes, o que leva a um grande interesse no estudo do comportamento mecânico deste material para cada uma das fases. Alguns estudos sobre o efeito da cristalinidade na tenacidade à fratura do PTFE podem ser encontrados na literatura [10]. 7 Figura 2.4 – Diagrama esquemático de fases do PTFE[31] 2.3. Mecânica da fratura O conceito de mecânica da fratura se baseia no fato de que todos os materiais de engenharia possuem trincas de onde pode se iniciar uma falha. A estimativa da vida útil de uma máquina ou componente estrutural depende do conhecimento da redistribuição de tensões causadas pela introdução de uma trinca e de um critério de crescimento de trinca. As trincas causam uma concentração de tensões em suas extremidades que levam ao aumento do tamanho da trinca. Os primeiros estudos da mecânica da fratura foram feitos por Griffith em 1920 [38]. Griffith, durante a 1ª guerra mundial, explorou as falhas em materiais frágeis e seu trabalho, realizado com corpos de prova de vidro com a presença de trincas, apresentou as primeiras considerações sobre a mecânica da fratura linear elástica, apresentando uma equação para a energia elástica em função do comprimento da trinca. Existem três modos básicos de deslocamento das superfícies de trincas que levam ao aumento da trinca, estes modos são apresentados na Figura 2.5, considerando-se a origem de um sistema x, y, z no ponto central à frente da trinca, e são: Modo I – As superfícies da trinca se separam simetricamente com respeito aos planos xy e xz; 8 Modo II (deslizamento) – As superfícies da trinca deslizam em relação uma a outra, simetricamente ao plano xy e anti-simétricas em relação ao plano xz ; Modo III (rasgo) – As superfícies da trinca deslizam em relação uma a outra, anti-simétricas em relação ao plano xz e yz. Figura 2.5 – Modos de abertura de trinca. (a) modo I, (b) modo II e (c) modo III O fator de intensidade de tensão (ou seu equivalente - a taxa de liberação de energia elástica G), a integral J, Deslocamento da Abertura da Ponta da Trinca (CTOD – Crack-Tip Opening Displacement) e o Ângulo de Abertura da Ponta da Trinca (CTOA – Crack-Tip Opening Angle) [22], são os parâmetros mais importantes e usados em mecânica da fratura. O fator K foi proposto em 1957 por Irwin [23] para descrever a intensidade de campos de trinca elasto-plásticos e simboliza a elasticidade linear em mecânica da fratura. A integral J foi proposta em 1968 por Rice para caracterizar a intensidade de campos de trinca elastoplásticos e simboliza a mecânica da fratura elasto-plástica. O conceito CTOD foi proposto em 1963 por Wells [24] para servir como um parâmetro de engenharia da mecânica da fratura e pode ser usado, equivalentemente, como K ou J em aplicações práticas. O parâmetro CTOA tem sido usado, nas últimas décadas, para descrever o comportamento em fratura de trincas estáveis em materiais de paredes finas. O uso de métodos da mecânica da fratura em projetos de engenharia e análise estruturais exige que a tenacidade à fratura sirva como uma propriedade do material que pode ser transferida do teste de laboratório para uma aplicação estrutural. [34] 9 2.3.1. Mecânica da Fratura Linear Elástica A mecânica da fratura linear elástica (MFLE) é utilizada para determinação de parâmetros de fratura para materiais com comportamento frágil, onde a plasticidade decorrente da deformação pode ser considerada nula. Ela é baseada na quantidade de energia necessária para o crescimento de uma trinca pré-existente em um material frágil. As primeiras abordagens para mecânica da fratura linear elástica para crescimento de trinca instável são baseadas na teoria de Griffith [38]. Quando aplicada a um carregamento do modo I, a teoria de Griffith prevê que a tensão crítica necessária para a propagação da trinca é dada por: 𝜎=√ 2𝐸𝛾 𝜋𝛼 (1) onde E é o módulo de elasticidade, γ é a energia na superfície por unidade de área da trinca e α é o comprimento da trinca. O termo 𝜎√𝜋𝛼 é definido como um parâmetro material chamado de tenacidade à fratura. O fator de intensidade de tensão para condições de deformação plana para um carregamento modo I é definido como: 𝐾𝐼𝑐 = 𝑌𝜎𝑐 √𝜋𝛼 (2) onde σc é o valor crítico para o campo de tensões e Y é um fator adimensional que depende da geometria, propriedades do material e condições de carregamento. A quantidade KIc é relacionada ao fator de intensidade de tensão e é determinada experimentalmente. O estado de tensões ao redor de uma trinca para várias geometrias pode ser expresso em termos do fator de intensidade de tensão. A MFLE prevê que uma trinca irá se estender quando o fator de intensidade de tensão na ponta da trinca for maior que a tenacidade à fratura do material. A MFLE é difícil de ser aplicada para materiais anisotrópicos ou em situações em que o carregamento ou a geometria são complexos, nesses casos a taxa de liberação de 10 energia elástica se mostrou bastante útil e para um carregamento modo I em uma trinca que atravessa a espessura de uma placa é dada por: 𝐺𝐼 = 𝑃 𝑑𝑢 2𝑡 𝑑𝑎 (3) onde P é a carga aplicada, t é a espessura da placa, u é o deslocamento no ponto de aplicação da carga devido ao crescimento da trinca e α é o comprimento da trinca para uma trinca na extremidade. É esperada a extensão da trinca quando a taxa de liberação de energia elástica exceder um valor crítico GIc. A tenacidade à fratura e a taxa de liberação de energia elástica são relacionados por: 𝐺𝐼𝑐 = 1 2 𝐾 𝐸 𝐼𝑐 (4) Para casos não lineares e inelásticos a MFLE passa a não atender corretamente as expectativas do desenvolvimento da trinca e por isso, para materiais que apresentam plasticidade foi desenvolvida análise de mecânica da fratura elasto-plástica (MFEP). 2.3.2. Mecânica da Fratura Elasto-Plástica No desenvolvimento da mecânica da fratura elasto-plástica, percebeu-se que criar uma nova teoria que considerasse toda a teoria da plasticidade envolvida seria algo inviável, com isso, buscou-se adaptar as teorias já conhecidas da mecânica da fratura linear elástica e não linear elástica para se considerar os efeitos da plasticidade. A mecânica da fratura elasto-plástica foi desenvolvida para se considerar as condições inelásticas que ocorrem perto da ponta da trinca, em que existem deformações plásticas associadas. Neste estudo, é considerado que existe uma zona plástica ao redor da ponta da trinca que pode ser determinada. A MFEP utiliza diversos métodos para lidar com as relações não lineares entre o campo de tensões e de deformações, como por exemplo o CTOD que se baseia na medição do deslocamento da abertura da ponta da trinca como um 11 parâmetro de iniciação da fratura e a integral J que é um tratamento matemático que relaciona os campos de tensões e deformações ao longo de um caminho na ponta da trinca. Um dos artigos mais conhecidos da mecânica da fratura é o publicado em 1968 por Rice [37], que descreve uma integral de linha independente de caminho que pode ser utilizada tanto na MFLE como na MFEP, no caso da MFLE esta integral é equivalente ao parâmetro G (taxa de liberação de energia elástica). A integral definida por Rice é dada por: 0 𝐽 = ∮ (𝑤𝑑𝑦 − 𝑇𝑖 Γ 𝜕𝑢𝑖 𝑑𝑠) 𝜕𝑥 (5) Em que: (6) 𝜀 𝑤 = ∫ 𝜎𝑖𝑗 𝑑𝜀𝑖𝑗 0 𝑇𝑖 = 𝜎𝑖𝑗 𝑛𝑗 (7) onde Γ é uma curva arbitrária em torno da ponta da trinca, w é a densidade de energia de deformação, Ti são as componentes do vetor tração, ui é uma componente do vetor deslocamento, ds é o incremento de comprimento ao longo do contorno. Os conceitos da Mecânica da Fratura baseiam-se em determinar a quantidade de energia necessária para que se formem novas superfícies da trinca, de forma a se determinar o quanto a trinca irá se abrir. 2.4. Parâmetros de fratura 2.4.1. CTOD O CTOD é um parâmetro de fratura que foi introduzido por Wells e representa a abertura da trinca medida na interseção à 90º da ponta da trinca. Este parâmetro possui um grande significado físico na mecânica da fratura, pois contabiliza a deformação plástica que ocorre no material antes do rompimento. Usualmente o CTOD é inferido a partir do 12 Deslocamento da Abertura da Boca da Trinca (CMOD – Crack-Mouth Opening Displacement), porém para materiais que apresentam grande plasticidade, este método pode não ser o mais adequado, pois ocorre um arredondamento da ponta da trinca que dificulta a obtenção de uma relação geométrica precisa. Para estes casos, existem outros métodos para se medir diretamente o CTOD do corpo de prova, como por exemplo a correlação de imagens digitais. 2.4.2. CTOA Para corpos de prova de paredes finas em condições de pequenas restrições, o parâmetro ângulo de abertura da ponta da trinca (CTOA) está sendo utilizado para descrever a extensão de trinca estável. O CTOA é definido com o ângulo médio de duas superfícies de trinca medido no ponto a 1 mm atrás da ponta da trinca [34]. O parâmetro de mecânica da fratura CTOA foi definido primariamente para caracterizar o comportamento do crescimento de trinca estável para corpos de prova de paredes finas em condições de baixa restrição. Os primeiros trabalhos experimentais e resultados de análise de elementos finitos de Kannien et al. [25] mostraram que após uma pequena fase de iniciação o CTOA se atém a uma condição de estado contínuo que significa que a trinca se propaga com um ângulo de operação quase constante em relação a uma grande faixa de extensão de trinca. A maioria das aplicações do critério CTOA são feitas para paredes finas ou folhas de metal como as usadas em engenharia aeroespacial e indústria de tubulações. Pesquisas mostram que o parâmetro CTOA pode ser usado como uma propriedade do material para uma caracterização eficiente de grandes extensões de trinca quando a trinca excede a espessura do material [34]. Daí, experimentos foram conduzidos para determinar valores críticos constantes de CTOA para uso como propriedade de fratura. 2.5. Correlação de Imagens Digitais – DIC Correlação de imagens digitais (DIC – Digital Image Correlation) é um método usado para determinação de campos de deslocamentos em materiais sob a influência de cargas externas. Este método é de grande interesse para utilização em análise de 13 deformações, devido à simplicidade do equipamento e do método em si, quando comparado com outros métodos de análise de deformação e pelo fato de ser possível determinar campos de deslocamento e não apenas deslocamentos pontuais como ocorre, por exemplo, com o strain gage. O método de Correlação de Imagens pode ser dividido em três tipos diferentes dependendo da aplicação em questão, estes tipos são: Correlação de Imagens 2-D, que permite a determinação de campos deslocamentos no plano [14]; Correlação de imagem 3-D, que permite a determinação de campos de deslocamentos no plano e fora do plano [15]; Correlação de Volumes Digitais (DVC – Digital Volume Correlation), que é uma técnica nova que utiliza a correlação de imagens obtidas por tomografia computadorizada de raios-X para determinar deslocamentos e deformações em todo o corpo [16]. Com o DIC é possível determinar pequenos campos de deslocamento, ou seja, pequenas deformações, até mesmo em escalas micro e nano, como também a medida de grandes deslocamentos, em corpos de diversas dimensões, o que amplia muito a aplicação deste método. Pode-se citar importantes aplicações deste método à mecânica dos sólidos, como por exemplo: Teste de materiais para determinação do Módulo de Young, Coeficiente de Poisson, comportamento elasto-plástico; Determinação da deformação; Mecânica da fratura; Medições dinâmicas; Estudos em materiais avançados. O equipamento é composto basicamente de uma ou duas câmeras CCD de boa resolução, lâmpadas para iluminação do corpo a ser ensaiado, além disso são usados também um medidor de carga, e um computador com o software de correlação de imagens, conforme mostrado na Figura 2.6. 14 Figura 2.6 – Exemplo de equipamento comercial de captação e correlação de imagens digitais Devido à simplicidade do equipamento, este pode ser utilizado mesmo no campo, em obras civis, por exemplo, tornando possível a determinação de propriedades mecânicas de uma grande variedade de corpos, de diversos materiais, em diversas aplicações. 2.5.1. Metodologia O sistema de Correlação de Imagens Digitais se baseia em capturar imagens do corpo em estudo antes deste sofrer a deformação e relacioná-las com imagens obtidas após a deformação do corpo, assim, é possível mapear a posição inicial e final dos pontos presentes na imagem e a partir daí determinar o campo de deslocamento conforme apresentado na Figura 2.7. 15 Figura 2.7 – Conceito básico da Correlação de Imagens Digitais A Figura 2.8 apresenta o conceito da localização e correlação de uma subimagem original em uma imagem deformada. Figura 2.8 – Correlação de imagens [14] 16 O coeficiente de correlação, é normalmente definido na forma de: 𝑛 ′ ′ ̅ ̅̅̅ ∑𝑚 𝑖=1 ∑𝑗=1[𝑓(𝑥𝑖 , 𝑦𝑗 ) − 𝑓][𝑔 (𝑥 𝑖 𝑦 𝑗 ) − 𝑔] 𝑐(𝑢, 𝑣) = 𝑛 √∑𝑚 𝑖=1 ∑𝑗=1[𝑓(𝑥𝑖 , 𝑦𝑗 ) 𝑛 ′ ′ ̅ 2 √∑𝑚 ̅̅̅2 − 𝑓] 𝑖=1 ∑𝑗=1[𝑔 (𝑥 𝑖 𝑦 𝑗 ) − 𝑔] (8) Em que: 𝑥 ′ = 𝑥 + 𝑢0 + 𝜕𝑢 𝜕𝑢 𝑑𝑥 + 𝑑𝑦 𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝑦 ′ = 𝑦 + 𝑣0 + 𝜕𝑣 𝜕𝑣 𝑑𝑥 𝑑𝑦 𝜕𝑥 𝜕𝑦 (9) (10) A função f(x,y) representa o valor do pixel da imagem não deformada, em tons de cinza nas coordenadas (x,y) e g(x’,y’) representa o valor do pixel da imagem deformada em tons de cinza nas coordenadas (x’,y’), sendo assinm, 𝑓 ̅ e 𝑔̅ são os valores médios das imagens e u e v são as componentes centrais dos deslocamentos nas direções x e y. 17 2.5.2. Preparação do corpo de prova Inicialmente é necessário que seja feita uma preparação no corpo a ser ensaiado adicionando-se um padrão aleatório em sua superfície, conforme apresentado na Figura 2.9, utilizando-se um spray de tinta, para que seja possível definir a subimagem que será localizada na imagem do corpo de prova deformado. Figura 2.9 – Padrão aleatório no corpo de prova 2.5.3. Ensaio Após preparação, o corpo de prova é posicionado na máquina para realização do ensaio, que pode ser de tração, compressão, cisalhamento, etc. E com o equipamento de aquisição de imagens devidamente posicionado, captura-se a imagem do corpo de prova não deformado, e inicia-se o ensaio e a captura de imagens durante o processo de deformação do corpo conforme Figura 2.10. 18 Figura 2.10 – Imagem do corpo não deformado e após sofrer deformação em ensaio de cisalhamento. 2.5.4. Análise das imagens capturadas As imagens obtidas são posteriormente analisadas em software específico que correlaciona as imagens obtidas e consegue encontrar os pontos da subimagem original na imagem do corpo de prova deformado, com isso, tendo como referência a posição inicial dos pontos, pode-se determinar, em unidades de distância, o quanto os pontos foram deslocados e assim determinar o campo de deslocamentos. A resposta do software é apresentada como uma matriz de deslocamentos que pode ser representada graficamente como uma superfície em que as diferentes intensidades são representadas por diferentes cores, conforme apresentado na Figura 2.11. O campo de deslocamentos obtido pode ser utilizado para se estimar o campo de deformações. Figura 2.11 – Resposta do software após análise das imagens 19 2.5.5. Vantagens e Desvantagens Pode-se citar como vantagens do método de Correlação de Imagens Digitais: Simplicidade do equipamento e do método; Resposta instantânea do sistema; Grande aplicabilidade; Mapeamento da deformação em todo o plano e não apenas ponto a ponto; Determinação do gradiente de deformação; Não é necessário contato entre o equipamento e o corpo de prova; Pode-se citar como desvantagens do método de Correlação de Imagens Digitais: Alto custo do equipamento; A necessidade de se determinar propriedades mecânicas dos materiais de forma simples e ágil é um grande motivador na engenharia. Neste contexto desenvolvem-se novos métodos para determinação de propriedades dos materiais. O método da correlação de imagens digitais se destaca por sua capacidade de determinar campos de deslocamento para corpos em escalas que variam de muito pequenas a muito grandes. Portanto, pode-se dizer que o método de correlação de imagens digitais surge como um método de grande importância na engenharia para determinação de campos de deslocamento, devido a sua grande aplicabilidade e simplicidade. 20 2.6. Revisão de bibliografia A determinação de parâmetros mecânicos de materiais é uma área da engenharia que é amplamente conhecida e estudada. Atualmente, novos métodos para a análise de resultados vêm sendo empregados e o desenvolvimento da tecnologia permite a obtenção de dados cada vez mais precisos e com isso, resultados mais refinados. A utilização, por exemplo, do método de correlação de imagens vem se difundindo amplamente, por ser um método que permite a avaliação de um ensaio mecânico sem nenhum contato com o corpo de prova e também permite a avaliação de deslocamentos e deformações muito pequenas, portanto, é cada vez mais comum se verificar o uso do DIC na literatura [27]. O comportamento mecânico do PTFE vem sendo amplamente estudado por muitos pesquisadores e diferentes trabalhos podem ser encontrados na literatura. O PTFE é um material que apresenta dependência com a velocidade de deformação e grandes deformações plásticas, sendo caracterizado como um material superplástico, Nunes, et al. [29] estudaram o comportamento mecânico do PTFE em cargas trativas sob diferentes taxas de deformação. Seu objetivo era apresentar uma abordagem alternativa simples e confiável para prever o comportamento mecânico do PTFE em diferentes taxas de deformação, utilizando um método de vídeo extensômetro sem contato com o corpo de prova. Como conclusão de seu trabalho, um modelo matemático alternativo foi proposto para descrever o comportamento mecânico utilizando equações baseadas em um contexto termodinâmico. Com apenas três testes realizados, foi possível a determinação de todos os parâmetros do modelo matemático proposto. Com isso, se obtém o máximo de informação sobre as propriedades mecânicas do PTFE nos testes de tração sob diferentes taxas de deformação, com o mínimo possível de testes, economizando tempo e custos de laboratório. Rae e Brown [30] estudaram as propriedades do PTFE em compressão. Foram apresentados testes em amostras de PTFE 7A e 7C da DuPont que foram ensaiados em compressão, com taxas de carregamento entre 10 -4 e 1 s-1 e temperaturas entre -198 e 200 ºC. Também foi realizado um teste com variação da temperatura, entre -100 e 150 ºC e taxa de carregamento de 3200 s-1. Foram utilizados extensômetros para se determinar a deformação axial e transversal, podendo-se assim quantificar o coeficiente de Poisson. 21 Conforme esperado, as propriedades mecânicas foram bastante afetadas pela taxa de carregamento e temperatura. Rae e Dattelbaum [31] estudaram as propriedades do PTFE em tração. O estudo apresentou testes de tração em corpos de prova de PTFE com taxas de deformação de 2 x 10-4 e 0,1 s-1 e temperaturas entre -50 e 150 ºC. Para se verificar o efeito da cristalinidade nas propriedades de tração do PTFE, foram usados corpos de prova feitos de material Teflon 7C processados termicamente para produzir um material amorfo, os autores concluíram que as propriedades de tração do PTFE variaram com a taxa de deformação e com a temperatura e muito pouco com a cristalinidade. Zhang et al. [32] pesquisaram as propriedades compressivas do PTFE a altas taxas de deformação. Em seu trabalho, os corpos de provas foram ensaiados com taxas de deformação entre 10 -2 s-1 e 103 s-1. Os resultados mostraram que a resistência ao escoamento aumentou com o aumento da taxa e que apresenta uma dependência bilinear com a taxa de deformação logarítmica, porém a deformação diminui com o aumento da taxa de deformação. Baseado no modelo proposto por Nunes et al. [29], foi proposto um modelo modificado para descrever o complexo comportamento não linear do PTFE, os resultados do modelo apresentaram boa conformidade até aproximadamente 40% de deformação para uma grande faixa de taxas de deformação. Zhang et al. [20], [21] realizaram testes multiaxiais de ratcheting no PTFE à temperatura ambiente e testes uniaxiais de ratcheting no PTFE a altas temperaturas. Conte e Igartua [33] estudaram o comportamento tribológico do PTFE. Nunes [14] estudou a caracterização mecânica do PTFE usando o método de deslocamento total. Em seu trabalho, foram usados corpos de prova baseados em uma placa com duas trincas laterais. O objetivo principal era determinar duas importantes propriedades do material, módulo de elasticidade e coeficiente de Poisson a partir do teste de um único corpo de prova. Para isso, uma clássica expressão da mecânica da fratura linear foi utilizada para ajustar os campos de deslocamento obtidos experimentalmente. Os corpos de prova foram carregados com carga trativa e o módulo de elasticidade pode ser determinado através dos ensaios de tração. O coeficiente de Poisson foi obtido medindo-se a compressão lateral e extensão longitudinal, diretamente através do DIC. 22 A Mecânica da fratura é bastante conhecida para diferentes materiais no campo da mecânica da fratura linear elástica e mecânica da fratura elasto-plástica, como pode ser visto na revisão de mecânica da fratura de Zhu e Joyce [34] e na revisão crítica de métodos na mecânica da fratura não linear de Broberg [40], porém, mesmo considerando a ampla aplicação industrial do PTFE, poucos trabalhos tentam descrever seu comportamento em fratura, parâmetros e modelo constitutivo. Brown et al. [8] investigaram o modo misto I/II de fratura no PTFE 7C. Para obtenção do carregamento misto foi utilizado um corpo de prova do tipo tensão compacta modificado com fixadores do tipo Arcan. Os resultados foram analisados através do método de correlação de imagens digitais e foi observado uma queda de 42% na tenacidade à fratura em relação ao carregamento modo I para o modo II, que pode ser explicado por uma queda na formação de fibras associada ao modo de carregamento. Nunes [13] analisou os campos de deformação na ponta da trinca do PTFE em condições de grandes deformações utilizado um corpo de prova com duas trincas laterais de comprimento inicial igual a 3 mm e correlação de imagens digitais para análise dos resultados. Durante o experimento foram utilizadas duas câmeras de alta resolução, de modo a se obter uma imagem ampla e aproximada da trinca no corpo de prova. Os corpos de prova foram ensaiados em carga de tração monotônica em condições quase estáticas, assim, foram determinados o CTOD, CTOA e Δα para o PTFE nas dadas condições de teste. O comportamento carga versus deslocamento do PTFE foi investigado por Nunes [15] para corpos de prova com duas trincas laterais. Os resultados do experimento foram analisados pelo método DIC e para modelagem do comportamento do PTFE foi proposta um modelo baseado em expressões de saturação e potenciais combinados com uma equação de evolução do dano. Os resultados apresentados se mostraram em conformidade com os dados obtidos experimentalmente. Joyce e Joyce [11] investigaram a caracterização da tenacidade à fratura do PTFE preenchido com metal usando a integral J. Os corpos de prova para o experimento foram fabricados comprimindo-se o PTFE 7C em pó com aproximadamente 25% do peso total de pó de alumínio contendo esferas de aproximadamente 5 µm, por fim, o cilindro foi sinterizado de modo a se obter um material final que possui características mecânicas 23 dominadas pela matriz de PTFE, mas é mais resistente, menos flexível e menos resistente à fratura do que o PTFE puro. Corpos de prova do tipo tensão compacta foram cortados dos cilindros e ensaiados com taxas de carregamento de 0,00025 a 366 mm/s e temperaturas entre 12,22 e 32 ºC e a integral J foi avaliada seguindo a norma ASTM E1820. Os resultados mostram que existe uma grande influência da orientação das fibras no valor da integral J, altas taxas de carregamento diminuem o início da tenacidade à fratura e que a temperatura é o principal parâmetro que influência no valor da tenacidade à fratura. A determinação de parâmetros de fratura em diversos materiais usando o método da correlação de imagens digitais, para determinação dos campos de deslocamento é uma área que vem se ampliando. Nunes [12] estudou os perfis da trinca e abertura da trinca próximos à ponta da trinca em corpos de prova baseados em uma placa com duas trincas laterais sob carregamento uniaxial de tração. Os campos de deslocamento próximos à ponta da trinca foram obtidos através da correlação de imagens digitais e um modelo alternativo, baseado na mecânica da fratura linear elástica, assumindo não linearidade no fator de intensificação de tensão foi proposto e mostrou boa conformidade com os resultados experimentais. Nunes e Reis [18] estimaram o CTOD e extensão de trinca em polímeros reforçados com fibra de vidro usando o método da correlação de imagens digitais. Corpos de prova de flexão de três pontos com uma única trinca lateral foram ensaiados. Os resultados foram analisados através da correlação de imagens digitais e os valores de CTOD e extensão de trinca foram avaliados. Adicionalmente os parâmetros KIC e CTODc foram determinados a partir do modelo de dois parâmetros e foi observado que quanto maior a quantidade de fibra de vidro presente maior é a resistência à fratura dos polímeros e os dados também indicaram que extensão de trinca aumenta proporcionalmente com o aumento dos valores de CTOD. A determinação da integral J utilizando a correlação de imagens digitais é um conceito que vem sendo estudado por diversos pesquisadores. Becker et al. [35] demonstraram uma maneira de se calcular a integral J através dos campos de deslocamento obtidos por correlação de imagens digitais e o método de análise de elementos finitos (FEM). A Técnica proposta tem a vantagem de não necessitar de medidas do comprimento da trinca e não é limitada à mecânica da fratura elástica já que ocorre apenas um escoamento em pequena escala. Corpos de prova tensão compacta foram ensaiados e os 24 resultados analisados através do método DIC foram introduzidos em um software chamado “JMAN” para cálculo da integral J, apesar do software considerar apenas efeitos elásticos, sua capacidade foi comparada com um modelo de elementos finitos e resultados compatíveis foram encontrados para condições elásticas, elasto-plásticas e frágeis. Jandejsek e Vavřík [36] estudaram a medida experimental da integral J usando o método da correlação de imagens digitais. Em seu trabalho, foi mostrado que é possível medir a integral J diretamente como uma integral de linha, conforme definido na teoria. Apesar deste método não ser tão “confortável” quanto a medição padronizada, este é bastante adequado para utilização em corpos de prova finos e planos. Em seu trabalho foram utilizados corpos de prova feitos de liga de alumínio com 1 mm de espessura e trinca central de 18 mm, com a correlação de imagens digitais foi determinado o campo de deformações próximo à ponta da trinca que foi utilizado para aplicação na equação da integral J. O caminho de integração foi definido como um retângulo simétrico. Como conclusão, foi visto que a integral J pode ser determinada para o material em questão, perdendo um pouco da independência de caminho de integração devido à grandes deformações plásticas que ocorrem próximo da ponta da trinca, o que não é mostrado pelo método padronizado. 25 CAPÍTULO 3 MATERIAIS E MÉTODOS 3.1. Aparato Experimental Para realização do experimento foi utilizado um aparato experimental simples, composto por um dispositivo para aplicação da carga monotônica no corpo de prova, iluminação apropriada, uma câmera CCD (Sony XCD-SX910) com 1376 x 1024 pixels de resolução espacial com lente de aumento (10x), posicionada perpendicularmente ao corpo de prova para aquisição das imagens da região próxima à trinca durante o ensaio. Todas as medições foram realizadas diretamente das imagens obtidas, de forma que não exista nenhum tipo de contato externo com o corpo de prova durante a realização dos testes. O aparato experimental pode ser visto na Figura 3.1. 26 (d) (c) (b) (a) Figura 3.1 – Aparato experimental, (a) câmera CCD, (b) aparato para aplicação de carga, (c) iluminação, (d) corpo de prova. 3.2. Corpos de prova Corpos de prova baseados em uma placa retangular com duas trincas laterais foram fabricados em PTFE. As dimensões úteis do corpo de prova são 25 mm de largura, 120 mm de comprimento e 2 mm de espessura conforme representado na Figura 3.2. Um padrão aleatório feito com o uso de tinta spray foi impresso na superfície do corpo de prova, para tornar possível o processo de correlação de imagens. Durante a realização do experimento, cada corpo de prova foi ensaiado individualmente e as dimensões dos corpos de prova não foram modificadas, alterando-se apenas os valores do comprimento inicial de trinca em 2, 4, 6 e 8 mm para cada lateral trincada, as trincas foram feitas nos corpos de prova com o uso de um estilete. O objetivo foi de se investigar o comportamento do corpo de prova considerando diferentes configurações. Para cada valor de carga aplicada, foi adquirida uma imagem da região próxima à trinca usando uma câmera digital de alta resolução. 27 Figura 3.2 – Representação esquemática do corpo de prova 3.3. Procedimento experimental Todos os corpos de prova foram submetidos a ensaios de tração monotônica em temperatura ambiente (aproximadamente 25 ºC) em condições quase-estáticas, em que a carga foi aplicada ao material e se aguardou alguns instantes para que o material se estabilize e então uma imagem foi adquirida, com velocidade de deslocamento do travessão de 0,5 mm/min. A força aplicada ao corpo de prova foi medida através de uma célula de carga conectada ao aparato. É importante lembrar que os corpos de prova não foram testados até a sua ruptura já que o objetivo era investigar o processo de início e propagação da trinca. A Tabela 3.1 apresenta a quantidade de imagens obtidas para cada corpo de prova e a Tabela AI, localizada no Anexo I, apresenta os valores de carga que foram aplicados, relacionados, com cada uma das imagens obtidas. 28 Tabela 3.1 – Quantidade de imagens obtidas por corpo de prova. Corpo de prova Comprimento inicial de trinca (a) [mm] Quantidade de imagens obtidas 1 2 58 2 4 46 3 6 29 4 8 20 3.4. Definição dos parâmetros de trinca CTOD, CTOA e Δα Os parâmetros conhecidos como deslocamento da abertura na ponta da trinca (CTOD), ângulo de abertura da ponta da trinca (CTOA) e extensão da trinca (Δα) foram obtidos através da análise dos campos de deslocamento obtidos por correlação de imagens digitais. Na Figura 3.3 é apresentada a definição de cada um destes parâmetros. É importante ressaltar que os valores de CTOA foram também estimados a partir de relações geométricas entre Δα e CTOD para se obter um valor válido de CTOA, considerando que a ponta da trinca tende a se arredondar em valores mais altos de deslocamento complicando a medida. O valor de CTOA é definido como o ângulo médio entre duas superfícies de trinca medido a um ponto 1 mm atrás da ponta da trinca. 29 Figura 3.3 – Representação da definição de CTOD, CTOA e Δα A relação geométrica utilizada para determinar o CTOA é definida por: 𝐶𝑇𝑂𝐴 = 2 arctan [ 𝐶𝑇𝑂𝐷 ] 2(∆𝑎 + 1) (11) Estes parâmetros de fratura podem ser utilizados para determinar como se comporta a trinca durante os testes. Considerando o valor inicial do comprimento da trinca é possível determinar um modelo que descreva o crescimento e expansão da trinca. 3.5. Análise de imagens e determinação dos parâmetros de fratura Para análise das imagens, foi utilizado o software “livre” de correlação de imagens digitais “NCORR”, este software funciona em ambiente MATLab e através dele é possível se determinar os campos de deslocamento ao redor da trinca. Os resultados da correlação de imagens são apresentados na forma de matrizes que representam o campo de deslocamentos, podendo ser extraído o campo de deslocamentos verticais (v) ou o campo de deslocamentos horizontais (u). As matrizes podem ser plotadas como um campo, representado por cores, ao redor da trinca que representa o deslocamento de cada ponto analisado. Um exemplo da resposta do software é apresentado na Figura 3.4. Esta figura 30 representa o campo de deslocamento vertical (v-displacement) para o corpo de prova com trinca de 8 mm em sua configuração final com carga aplicada de 6,55 MPa. Figura 3.4 – Resposta do software Ncorr para o deslocamento vertical em mm. O gradiente apresentado pode ser obtido diretamente do software na forma de uma matriz de deslocamentos, em que cada ponto representa o valor do deslocamento vertical em milímetros de cada um dos subespaços considerados. O software possui um sistema de calibração, que é feito a partir de uma imagem pré definida, normalmente em forma de grades, conforme apresentado na Figura 3.5. Com o conhecimento do valor da distância entre cada ponto da grade, o software determina a relação pixel/mm e assim fornece os resultados em mm. Figura 3.5 – Imagem de referência para calibração do sistema. 31 Este software também determina automaticamente os campos de deformação, estimados através dos campos de deslocamento A metodologia para determinação do CTOD e Δα através da análise das matrizes de deslocamento obtidas por DIC, consiste em, inicialmente, se identificar na imagem de referência o ponto de descontinuidade que representa a ponta da trinca e tratá-lo como a origem do sistema de coordenadas, conforme apresentado na Figura 3.6. Para determinação do CTOD foi necessário encontrar a descontinuidade no deslocamento vertical (v) como função da coordenada y, no ponto x = 0. Para cada imagem deformada foi determinado o módulo do deslocamento vertical, em mm, nesta coordenada. Para a determinação de Δα verificou-se o quanto a descontinuidade que representa a ponta da trinca se deslocou no eixo x com a coordenada y = 0 em cada uma das imagens deformadas. Esta determinação foi feita a partir da análise das matrizes de deslocamento em que se identifica o ponto onde se encontra a ponta da trinca. A partir daí, pode ser determinado o quanto a ponta da trinca foi deslocada e relacionar este valor com a posição da ponta da trinca na configuração de referência. Assim, foi possível se relacionar o valor obtido com o valor de referência e se determinar o quanto a trinca se estendeu em mm. Figura 3.6 – Sistema de coordenadas na ponta da trinca. 32 3.6. Comportamento carga versus deslocamento do PTFE Foi utilizado neste trabalho um modelo proposto por Nunes [15] para o comportamento carga versus deslocamento do PTFE para corpos de prova baseados em duas trincas laterais. Em seu trabalho, foi proposto um modelo constitutivo fenomológico baseado em uma expressão de saturação combinada com efeito de dano. Considerando condições de carregamento quase estáticos e temperatura ambiente, a carga aplicada como função do deslocamento foi definida como: 𝐹 = (1 − 𝐷){𝐹𝑓 [1 − exp(−𝛽𝛿 )] + 𝐾𝛿} (12) Em que β, K e Ff são definidos como uma constante positiva do material, coeficiente de resistência e carga aplicada associada à tensão de escoamento. A variável escalar associada ao dano é: 𝐷= 2(𝑎 + ∆𝑎) , 𝑐𝑜𝑚 𝐷𝑖 < 𝐷 < 1 𝑤 (13) A variação da extensão do comprimento da trinca com o deslocamento foi determinada como: 𝛿 𝑁 ∆𝑎 = 𝑝 ( ) 𝑎 (14) onde p e N são parâmetros positivos. Os valores dos parâmetros N, p, β, K e Ff são determinados usando o algoritmo de Levenberg-Marquardt que é um método bem estabelecido, baseado no método de mínimos quadrados, para estimativa de parâmetros. 33 Para determinação dos parâmetros β, K e Ff é utilizada a Equação (12), relacionando-se o valor da força aplicada com a variável associada ao dano. Desta forma, pode-se obter uma curva que é descrita por um modelo combinado de expressão de saturação com lei de potência, dado por: 𝐹 = {𝐹𝑓 [1 − exp(−𝛽𝛿 )] + 𝐾𝛿} (1 − 𝐷 ) (15) 34 CAPÍTULO 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO Esta seção apresenta os resultados obtidos experimentalmente e também os resultados utilizando a metodologia descrita no capítulo 3 para definir o comportamento carga versus deslocamento do PTFE. 4.1. Resultados experimentais Nas Figura 4.1 à Figura 4.4 são apresentados os campos de deformação vertical, εyy. É possível observar que ocorrem maiores deformações no topo da trinca, o que é esperado para este material que apresenta grandes deformações plásticas. A análise destas imagens deixa clara a capacidade do DIC de determinar pequenas e grandes deformações. São apresentadas imagens de vários níveis de carregamento com o objetivo de se visualizar a evolução da trinca e as deformações associadas durante as fases de início (a), meio (b) e (c) e fim (d) do ensaio. A análise dos padrões dos campos de deformação próximos à ponta da trinca mostra que existe uma simetria entre a parte superior e inferior, este padrão de campo de deformação é comum em campos de deformação de elevada plasticidade. 35 Figura 4.1 – Deformação εyy , corpo de prova com comprimento de trinca inicial de 2mm, força aplicada de (a) 79,4 N, (b) 422,6 N, (c) 481,5 N, (d) 525,6 N. Figura 4.2 – Deformação εyy , corpo de prova com comprimento de trinca inicial de 4mm, força aplicada de (a) 58,84 N, (b) 406,97 N, (c) 447,18 N, (d) 451,11 N. 36 Figura 4.3 – Deformação εyy , corpo de prova com comprimento de trinca inicial de 6mm, força aplicada de (a) 133,3 N, (b) 375,6 N, (c) 422 N, (d) 235,3 N. Figura 4.4 - Deformação εyy , corpo de prova com comprimento de trinca inicial de 8mm, força aplicada de (a) 64,7 N, (b) 273,6 N, (c) 302,14 N, (d) 244,19 N. 37 4.2. Parâmetros CTOD, Δα e CTOA A partir das análises das matrizes de deslocamento é possível determinar o CTOD e o Δα para cada uma das imagens de acordo com o procedimento explicado no capítulo 3. Os resultados para o CTOD e Δα em relação à força aplicada, para cada um dos corpos de prova ensaiados são apresentados nas Figura 4.5 e Figura 4.6 respectivamente. Figura 4.5 – CTOD versus Força aplicada, comprimentos iniciais de trinca de 2, 4, 6 e 8 mm. A Figura 4.5 ilustra a força aplicada versus o CTOD para as 4 configurações de corpos de prova. É possível perceber que para o corpo de prova com comprimento inicial de trinca de 4 mm, o CTOD aumenta enquanto a força aplicada é praticamente constante. Para o corpo de prova com comprimento inicial de trinca menor que 4 mm, a tendência é de não ocorrer a extensão de trinca, pois ocorre o aumento do CTOD com valores pouco expressivos de extensão de trinca (Δα). O efeito de fratura é mais facilmente observado em corpos de prova com comprimento inicial de trinca maiores que 4 mm. 38 Para os corpos de prova com comprimento inicial de trinca menores que 8 mm a abertura da trinca se inicia em aproximadamente 350 N, já para o corpo de prova com comprimento inicial de trinca de 8 mm é possível perceber que a abertura da trinca se inicia em aproximadamente 250 N. A partir da análise da Figura 4.6, observa-se que a extensão do comprimento de trinca é bastante perceptível nos corpos de prova com comprimento inicial de trinca maiores que 2 mm. Para o corpo de prova com comprimento inicial de trinca de 2 mm, a força aplicada (F > 400 N) aumenta muito pouco em relação ao deslocamento. Este comportamento pode ser atribuído à moléculas em cadeia que são deformadas e esticadas, combinadas com a abertura da trinca sem propagação de trinca, como mostrado na Figura 4.7. Pela análise desta figura, é possível perceber que este efeito gera um arredondamento na ponta da trinca, perdendo-se o efeito da fratura, com isso, o corpo de prova tende a se comportar como um corpo de prova tradicional de ensaio de tração. Figura 4.6 – Δα versus Força aplicada, comprimentos iniciais de trinca de 2, 4, 6 e 8 mm. 39 Para o corpo de prova com α = 4 mm é possível perceber que em aproximadamente 450 N se inicia o processo de extensão da trinca, a força aplicada é um pouco maior do que o momento inicial da abertura da trinca para este corpo de prova, e em seguida a força se mantém praticamente constante enquanto ocorre extensão da trinca, é possível perceber na Figura 4.7 como até 450N ocorre a abertura da trinca sem que ocorra extensão da trinca. Para o corpo de prova com comprimento inicial de trinca de 4 mm, a rigidez é compensada pela propagação de trinca, com isso, a força aplicada se mantém praticamente constante. Para o corpo de prova com α = 6 mm a extensão da trinca é notória aos 400 N de força aplicada e ocorre de forma abrupta, é possível perceber a tendência do material à ruptura pois até uma extensão de trinca de aproximadamente 0,65 mm a força aplicada é praticamente constante, a partir deste ponto ocorre uma rápida extensão do comprimento da trinca enquanto os valores da força aplicada diminuem. Para α = 8 mm a força aplicada em que se inicia a extensão de trinca é muito menor que para os demais corpos de prova, em torno de 300 N e rapidamente o corpo de prova tende à ruptura com aproximadamente 0,4 mm de extensão de trinca. 40 (b) (a) Figura 4.7 – Desenvolvimento da trinca, comprimento inicial de trinca de 2 mm (a) e 4 mm (b). Utilizando-se os valores de CTOD e Δα aplicados na Equação (11) foram calculados os valores do CTOA, os valores de CTOA foram calculados pois ocorre um arredondamento na ponta da trinca que dificulta a medida direta do parâmetro, este arredondamento pode ser observado na Figura 4.7 e Figura 4.8. A análise destas imagens também revela que para os corpos de prova com comprimento inicial de trinca de 6 e 8 mm ocorre um grande desenvolvimento da trinca e em determinado momento a trinca abre e se estende mesmo com a redução do valor da carga aplicada. 41 (a) (b) Figura 4.8 – Desenvolvimento da trinca, comprimento inicial de trinca de 6 mm (a) e 8 mm (b). A Figura 4.9 apresenta os valores de CTOA para cada valor de força aplicado para cada um dos comprimentos iniciais de trinca. A partir da análise deste gráfico, é possível perceber que para todos os casos, o valor da força aplicada ao corpo de prova aumenta significativamente até o valor de 10º, porém, a partir deste valor de ângulo de abertura da trinca, a força aplicada aumenta muito pouco com o aumento do valor do ângulo de abertura indicando que este valor pode ser crítico para este material. Para os corpos de prova com comprimento inicial de trinca de 6 mm é possível perceber uma redução no valor do CTOA nos últimos pontos aferidos, isto pode ser explicado devido ao rápido 42 crescimento da extensão da trinca que altera as características da ponta da trinca, tornando menor o ângulo calculado através da Equação (11). Figura 4.9 – CTOA versus Força aplicada, comprimentos iniciais de trinca de 2, 4, 6 e 8 mm. É importante ressaltar que para nenhum dos ensaios, os corpos de prova foram levados à ruptura, porém é possível perceber nos gráficos de CTOD e CTOA que para os maiores valores de comprimento inicial de trinca (6 e 8 mm) os corpos de prova tendem à ruptura. Para o corpo de prova com comprimento inicial de trinca de 2 mm, a carga aplicada aumenta pouco em relação ao deslocamento e praticamente não há propagação de trinca. Para o corpo de prova com comprimento de trinca inicial de 4 mm, a resistência é compensada pela propagação de trinca e como resultado a carga permanece quase constante. Os valores de CTOD x extensão de trinca e CTOA x extensão de trinca são apresentados na Figura 4.10 e Figura 4.11, respectivamente e é possível observar que a resposta do material é não linear. É possível também observar que o CTOD cresce 43 continuamente com a extensão da trinca, indicando que a trinca se propaga e abre ao mesmo tempo. Pode-se observar da Figura 4.10 que para o corpo de prova com comprimento inicial de trinca de 6 mm, após aproximadamente 1,5 mm de extensão de trinca, que os valores de CTOD passam a aumentar quase que linearmente com a extensão de trinca, estes valores estão relacionados com uma força aplicada de 400 N. Nunes [13] observou comportamento similar numa placa de PTFE com comprimento inicial de trinca de 3,5 mm. Para o corpo de prova com comprimento inicial de trinca de 2 mm é observado que ocorre um crescimento muito pequeno no valor do CTOD e da extensão de trinca, tornando difícil a verificação do efeito da fratura. Para valores de comprimento inicial de trinca maiores do que 2 mm, é facilmente observado que os dois parâmetros aumentam com o aumento da força aplicada. Figura 4.10 – Δα versus CTOD, comprimento inicial de trinca de 2, 4, 6 e 8 mm. 44 Figura 4.11 – Δα versus CTOA, comprimento inicial de trinca de 2, 4, 6 e 8 mm. 4.3. Comportamento carga versus deslocamento do travessão O comportamento carga-deslocamento do PTFE é apresentado na Figura 4.12, os valores apresentados são relativos aos dados obtidos experimentalmente. É possível perceber que para o corpo de prova com comprimento inicial de 2 mm, a partir de 400 N ocorre uma variação muito pequena na força aplicada para grandes variações no deslocamento. Para o corpo de prova com comprimento inicial de trinca de 4 mm, a partir de 430 N, o deslocamento é praticamente constante para um aumento muito pequeno da carga aplicada, este fenômeno pode ser explicado pela abertura e propagação da trinca que ocorrem neste ponto. 45 Figura 4.12 – Força versus deslocamento, comprimento inicial de trinca de 2, 4, 6 e 8 mm. 4.4. Modelo teórico e determinação de parâmetros Na seção 3.4.3 foi apresentado um modelo para determinação do comportamento carga versus deslocamento do PTFE, a seguir são apresentados os resultados obtidos usando a metodologia apresentada. Os valores dos parâmetros N, p, β, K e Ff foram calculados usando o algoritmo de Levenberg-Marquardt. Primeiramente foram calculados os valores de p e N aplicando-se os valores dos deslocamentos e da extensão do comprimento de trinca na Equação (14). Utilizando-se o “curve fit”, foram obtidos os valores apresentados na Tabela 4.1. . 46 Tabela 4.1 – Parâmetros identificados α (mm) p (mm) N Ff (N) β (m-1) K (Nm-1) 2 0,04499 3,401 472 0,6819 0,02158 4 0,2184 3,47 585,9 0,8002 0,02389 6 0,8508 3,125 648 1,336 0,06616 8 2,993 2,021 816,6 1,217 0,0511 Com os parâmetros identificados, foi gerado o gráfico apresentado na Figura 4.13 em que é apresentado a relação dos valores experimentais da extensão do comprimento de trinca versus o deslocamento, bem como o resultado do modelo teórico sugerido na Equação (14). É possível perceber que os resultados teóricos estão de acordo com o resultado experimental, mostrando que o modelo sugerido representa bem o fenômeno apresentado. Figura 4.13 – Extensão de trinca versus deslocamento, experimental e modelo, comprimento inicial de trinca de 2, 4, 6 e 8 mm. 47 Para determinação dos demais parâmetros são considerados os valores da variável associada ao dano junto aos valores da força aplicada, conforme apresentado na Equação (15). A partir da determinação destes parâmetros, apresentados na Tabela 4.1, foi traçado o gráfico apresentado na Figura 4.14, em que são apresentados os valores obtidos experimentalmente para todas as configurações de corpo de prova e também os valores obtidos através do modelo. É possível observar que existe grande conformidade entre os valores experimentais e teóricos. Figura 4.14 – Variável associada ao dano versus deslocamento, experimental e modelo, comprimento inicial de trinca de 2, 4, 6 e 8 mm. O gráfico apresentado na Figura 4.15 apresenta os valores da força aplicada versus a extensão do comprimento da trinca para todos os corpos de prova ensaiados. É possível perceber que o modelo com os parâmetros obtidos está de acordo com os valores obtidos experimentalmente. 48 Figura 4.15 – Força versus extensão da trinca, experimental e modelo, comprimento inicial de trinca de 2, 4, 6 e 8 mm. Após a determinação de todos os parâmetros, foi traçado o gráfico que relaciona a força aplicada com o deslocamento para todas as configurações de corpo de prova, este gráfico é apresentado na Figura 4.16, é possível perceber que o modelo representa muito bem os valores obtidos experimentalmente. 49 Figura 4.16 – Força versus deslocamento, experimental e modelo, comprimento inicial de trinca de 2, 4, 6 e 8 mm. Foi possível observar a partir da Tabela 4.1 que os parâmetros N, β e K não variam muito pois são parâmetros materiais, desta forma, é sugerido na literatura que seus valores sejam N = 3,4; β = 0,8 e K = 0,02. Utilizando estes valores, são determinados novamente os valores de p e Ff que são apresentados na Tabela 4.2. Tabela 4.2 – Novos parâmetros identificados α (mm) p (mm) 2 5,003 x 10-4 4 0,02744 6 0,7742 8 6,26 N Ff (N) β (m-1) K (Nm-1) 0,8 0,02 472 3,4 601 827,6 978,1 50 Com base nos novos parâmetros identificados, foram traçados novamente os gráficos para a força versus extensão da trinca e força versus deslocamento, os gráficos estão representados na Figura 4.17 e Figura 4.18 respectivamente. Figura 4.17 – Força versus extensão de trinca, experimental e modelo com novos parâmetros identificados, comprimento inicial de trinca de 2, 4, 6 e 8 mm. 51 Figura 4.18 – Força versus deslocamento, experimental e modelo com novos parâmetros identificados, comprimento inicial de trinca de 2, 4, 6 e 8 mm. A partir dos resultados apresentados na Figura 4.17 e Figura 4.18 foi possível perceber que o modelo proposto é bastante adequado para descrever o comportamento da força versus extensão de trinca e o comportamento força versus deslocamento para o PTFE. Pequenos erros podem estar associados ao comportamento complexo deste polímero e a erros experimentais. De maneira geral o modelo se mostrou bastante adequado e os resultados teóricos possuem grande concordância com os resultados experimentais. 52 CAPÍTULO 5 CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS A principal contribuição deste trabalho foi determinar alguns importantes parâmetros de fratura do PTFE: deslocamento da abertura na ponta da trinca (CTOD), ângulo de abertura da ponta da trinca (CTOA) e extensão da trinca (Δα). Foram ensaiados quatro corpos de prova feitos de PTFE, baseados em uma placa retangular com duas trincas laterais e variando-se apenas o valor do comprimento inicial de trinca. Os corpos de prova foram submetidos a ensaio de tração monotônico em condições quase estáticas à temperatura ambiente. Devido à dificuldade de se fixar qualquer tipo de sensor nos corpos de prova de PTFE, foi utilizado o método da correlação de imagens digitais para se medir os parâmetros diretamente de imagens obtidas durante os ensaios. O método DIC também foi utilizado para se caracterizar o campo de deslocamentos ao redor da trinca nos corpos de prova. Neste trabalho, algumas observações podem ser feitas: existe uma configuração de trinca, neste caso 2 mm, na qual o PTFE é altamente resistente à propagação de trinca; para todos os outros corpos de prova, isto é, com comprimento inicial de trinca de 4, 6 e 8 mm, é fácil de se observar que os valores de CTOD aumentam com a extensão do comprimento da trinca e a relação CTOD-Δα apresenta uma resposta não-linear; a resposta CTOA-Δα 53 apresenta um comportamento similar para todos os corpos de prova em uma análise generalizada. O corpo de prova com comprimento inicial de trinca de 4 mm tende a uma propagação de trinca constante após um valor crítico de carga aplicada. Um comportamento similar foi observado para corpos de prova com comprimento inicial de trinca de 6 e 8 mm, porém, estes tendem à ruptura. Foi utilizado um modelo não-linear para descrever o comportamento carga versus deslocamento do PTFE e o comportamento deslocamento versus extensão de trinca. O modelo usado foi ajustado aos dados obtidos e se mostrou bastante preciso após a determinação dos parâmetros materiais propostos. Como sugestão para trabalhos futuros, pode-se citar a determinação da integral J para o PTFE a partir dos dados de campos de deslocamentos obtidos através da correlação de imagens digitais; repetição dos ensaios com valores de comprimento inicial de trinca intermediários de modo a se validar os valores críticos de propagação de trinca para este material; Verificação de outras relações a/w para os corpos de prova; Estudar a influência de inclinações da trinca, considerando modo misto de fratura. 54 REFERÊNCIAS [1] Seung Men Yeo; Andreas A. Polycarpou, 2013. “Micromechanical Properties of Polymeric Coatings”. Tribology International; Vol 60. p, 198-208. [2] J. Catanese III, D. Cooke, C. Maas, and L. Pruitt, 1999. “Mechanical Properties of Medical Grade Expanded Polytetrafluoroethylene: The Effects of Internodal Distance, Density, and Displacement Rate”. Biomedical Material Resistance, Vol 48, p. 187-192. [3] Judit E. 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Imagem 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 2 mm Força [N] 0 79,433865 141,21576 194,17167 225,55295 264,77955 291,257505 310,870805 325,58078 343,23275 353,0394 374,61403 378,53669 388,34334 397,169325 405,99531 407,95664 414,821295 421,68595 422,666615 428,550605 436,395925 440,318585 450,125235 451,1059 455,02856 456,009225 465,815875 466,79654 468,75787 468,8559365 465,9139415 466,8946065 475,622525 477,583855 477,6819215 4 mm Imagem Força [N] 1 0 2 58,8399 3 129,44778 4 189,268345 5 215,7463 6 256,93423 7 289,296175 8 308,909475 9 313,8128 10 354,020065 11 362,84605 12 377,556025 13 384,42068 14 392,266 15 403,053315 16 406,975975 17 411,8793 18 416,782625 19 426,589275 20 427,56994 21 431,4926 22 434,434595 23 435,41526 24 438,357255 25 439,33792 26 441,29925 27 443,26058 28 448,163905 29 449,14457 30 451,1059 31 447,18324 32 444,241245 33 446,202575 34 446,202575 35 448,163905 36 451,1059 6 mm Imagem Força [N] 1 0 2 133,37044 3 182,40369 4 235,3596 5 276,54753 6 308,909475 7 335,38743 8 353,0394 9 372,6527 10 375,594695 11 387,362675 12 402,07265 13 405,99531 14 411,8793 15 413,84063 16 414,821295 17 412,859965 18 412,859965 19 402,07265 20 406,975975 21 396,18866 22 392,266 23 382,45935 24 379,517355 25 362,84605 26 346,174745 27 315,77413 28 294,1995 29 235,3596 8 mm Imagem Força [N] 1 0 2 64,72389 3 128,467115 4 189,268345 5 219,66896 6 252,030905 7 273,605535 8 281,450855 9 299,102825 10 299,2008915 11 302,04482 12 301,064155 13 302,1428865 14 301,1622215 15 297,141495 16 284,39285 17 264,77955 18 248,108245 19 244,185585 20 163,771055 60 2 mm Imagem Força [N] 478,56452 37 480,52585 38 481,506515 39 482,48718 40 486,40984 41 486,5079065 42 487,390505 43 44 488,37117 45 489,351835 46 491,313165 47 494,25516 48 500,13915 4 mm Imagem Força [N] 37 448,163905 38 449,14457 39 451,1059 40 451,1059 41 449,14457 42 456,009225 43 451,1059 44 450,125235 45 445,22191 46 451,1059 61 APÊNDICE II: ARTIGO PUBLICADO NO FIFTH INTERNATIONAL SYMPOSIUM OF SOLID MECHANICS 2015 62 DETERMINATION OF FRACTURE PARAMETERS OF POLYTETHRAFLUOROETHYLENE USING DIGITAL IMAGE ANALYSIS Rafael Murta Pereira Luiz Carlos da Silva Nunes Laboratory of Opto-Mechanics (LOM/LMTA), Department of Mechanical Engineering (TEM/PGMEC), Universidade Federal Fluminense – UFF, Rua Passo da Pátria, 156, Bloco E, Sala 210, Niterói, RJ CEP 24210-240, Brazil. [email protected] Abstract. Polytetrafluoroethylene (PTFE) is a polymer that has a wide range of applications in engineering mainly because of its important characteristics such as low friction coefficient, corrosion resistance, high melting point, good electrical properties, biocompatibility and it is chemically inert. The main objective of this work is to determine some fracture parameters of PTFE: crack-tip opening displacement (CTOD); crack-tip opening angle (CTOA) and crack extension (Δa). The experimental setup was composed of a loading apparatus and a CCD camera set perpendicularly to the specimen used to acquire images of the region around the crack during the test. Double-edge-cracked specimens were made up with PTFE and then submitted to monotonic tensile load at room temperature (approximately 25ºC) and quasi-static condition. In the experimental procedure, the dimensions of the specimens were kept unchanged, only varying the values of initial crack length in 2, 4, 6 and 8 mm. The purpose was to investigate the mechanical behavior of specimens considering different values of initial crack length. For each applied load an image of the region around crack was recorded using a high resolution digital camera. The parameters CTOD, CTOA and Δa were measured directly from the images using an image processing software. The relationship between CTOD and Δa was studied and it was observed that the CTOD increases with crack extension and CTOD-Δa generates a nonlinear response. Keywords: Polytethtrafluoroethylene, CTOD, CTOA, Fracture Mechanics, Digital image analysis. INTRODUCTION The development of materials technology associated to industry tendency for metallic materials substitution lead to new applications for many polymers. Polytetrafluoroethylene (PTFE) is a semi-crystalline fluoropolymer, commonly known as Teflon®, that has a wide range of applications in engineering mainly because of its important characteristics such as low friction coefficient, corrosion resistance, high melting point, good electrical properties, biocompatibility and it is chemically inert. PTFE is used for many industrial applications like bearing elements, piston rings, metering pumps diaphragm, mechanical seals elements and coatings, as well as for biomedical applications. Knowledge of mechanical properties of PTFE has a great importance for the expansion of its applications. For this purpose, many studies regarding this material have been performed. The mechanical behavior and properties of PTFE are widely studied by many researches and several works can be found in literature. PTFE is a material that presents strain rate dependency and very large plastic deformations, being characterized as a superplastic material (Nunes, et al., 2011). Rae and Dattelbaum (2004) and Rae and Brown (2005) studied the properties of PTFE in compression and in tension. Zhang et al. (2013) investigated the compressive properties of PTFE at high strain rate. Conte and Igartua (2012) studied the tribological behavior of PTFE. Zhang et al. (2009, 2010) performed multiaxial ratcheting tests of PTFE on room temperature and uniaxial ratcheting test at elevated temperatures. Nunes (2011) studied the mechanical characterization of PTFE using the full-field displacement method. Fracture mechanics is well known for several materials on the linear elastic and elastic-plastic fields (Broberg, 1995 and Zhu and Joyce, 2012), but even considering the wide range of industrial applications of PTFE very few works attempt to describe its fracture behavior and determine fracture parameters. For instance, Brown et al. (2007) investigated the mixed mode I/II fracture of PTFE. Nunes (2012, 2013, 2015) studied the crack-craze profiles near the crack tip of PTFE, the crack-tip fields of PTFE under large deformation and the load-displacement behavior for doubleedge-cracked PTFE specimens. Brown and Dattelbaum (2005) and Brown et al. (2006) analyzed the effect of crystallinity on the fracture of PTFE. Joyce and Joyce (2004) investigated the toughness characterization of metal filled PTFE using J-integral. The main objective of the present work is to determine some important fracture parameters of PTFE: crack-tip opening displacement (CTOD); crack-tip opening angle (CTOA) and crack extension (Δa). In the experimental procedure, double-edge-cracked specimens of PTFE were subjected to monotonic tensile loads at room temperature and quasi-static conditions. Four different configurations were considered. Images of the region around crack were recorded using a high-resolution digital camera in order to evaluate the fracture parameters. 5th International Symposium on Solid Mechanics (MecSol 2015) May 25-27, 2015, Belo Horizonte, MG, Brazil METHODS AND MATERIALS Experimental Setup The experimental setup, as presented in Figure 1, was composed of a loading apparatus and a CCD camera (Sony XCD-SX910, 1376 1024 spatial resolution) set perpendicularly to the specimen used to acquire images of the region around the crack during the test. All measurements were conducted directly from the obtained images so there is not any external contact with the specimens during the test. Figure 1. Experimental setup. Digital image correlation (DIC) is a well-established technique and many references can be found on the literature. The calibration technique is a critical issue and it was used in this work the same methodology described by Nunes (2011, 2012). Four double-edge-cracked specimens were made up of PTFE and dimensions of all specimens were 25 mm in width, 120 mm in effective length and 2 mm in thickness, as schematically illustrated in Figure 2, where a is the initial crack length. All specimens were submitted to monotonic tensile loads at room temperature (approximately 25ºC) and quasistatic conditions (cross-head displacement rate of 0.5 mm/min) where the load is slowly applied to the specimen and some minutes are given to the specimen to rest before the image acquisition, for each value of applied load considered, the same procedure was repeated. It is also important to notice that the specimens were not tested to full rupture since the objective of the work is to verify the fracture parameters. Figure 2. Schematic representation of the test specimen. 5th International Symposium on Solid Mechanics (MecSol 2015) May 25-27, 2015, Belo Horizonte, MG, Brazil In the experimental procedure, the dimensions of the specimens were kept unchanged, only varying the values of initial crack length, “a”, in 2, 4, 6 and 8 mm. The purpose of these experiments was to investigate how the PTFE mechanical behavior was affected by different crack sizes. For each considered value of applied load an image of the region around crack was recorded using a high resolution digital camera. It was obtained about 30 images for each test. Figure 3 presents images of the crack development during the test; these images were obtained from the specimen with initial crack length equal to 4 mm. It is easy to observe how the crack propagates and how the fracture parameters can be measured. Figure 3. Crack development during test. Parameter determination: CTOD, CTOA and Δa The parameters known as crack-tip opening displacement (CTOD), crack-tip opening angle (CTOA) and crack extension (Δa) were measured directly from the images using an image processing software (ImageJ). These fracture parameters are schematically presented in Figure 4. It is important to remark that CTOA values were also estimated using geometric relationships between the measured values of Δa and CTOD. This approach was adopted to obtain a valid value of CTOA, considering that the crack tip tends to parabolic shape at higher values of displacement complicating the measurement. The value of CTOA was defined as average angle of two crack surfaces measured at a point 1 mm behind the crack tip. 5th International Symposium on Solid Mechanics (MecSol 2015) May 25-27, 2015, Belo Horizonte, MG, Brazil Figure 4. Representation of the definition of CTOD, CTOA e Δa. The geometric relation used to determine CTOA is defined by: CTOD 2 2 CTOA 2. arctan (a 1) 2 (1) RESULTS AND DISCUSSION In this section, data obtained from analyzed images of double-edge-cracked specimens of PTFE are presented and discussed. Applied load as function of crack extension for four different specimens configurations, i.e. initial crack lengths of 2, 4, 6 and 8 mm, is shown in Figure 5. As can be seen from this figure, for the specimen with a crack length of 2 mm, the applied load (F > 400 N) increases slightly with displacement. This behavior may be attributed to chain molecules that are drawn and straightened combined with crack opening without crack propagation as presented in Figure 6. It can also be observed, that this effect generates a round crack-tip, losing the fracture effect, and the specimen tends to behavior as a common tensile specimen. In the case of a crack length of 4 mm, the stiffness is compensated by crack propagation. As a result, the load remains almost constant. Clearly, for crack lengths of 6 and 8 mm, the specimens tend to rupture. Figure 5. Applied force as function of crack length variation, initial crack length of 2, 4, 6 and 8 mm. 5th International Symposium on Solid Mechanics (MecSol 2015) May 25-27, 2015, Belo Horizonte, MG, Brazil Figure 6 – Crack development, initial crack length of 2 mm. Figure 7 illustrates the applied load against crack-tip opening displacement (CTOD) for four specimen configurations. It should be noticed that there is a value of crack length, in this case a = 4 mm, at which CTOD increases while the applied load remains constant. For crack lengths less than 4 mm, specimens tend to not start crack propagation, with increasingly values of CTOD but not significant values of crack extension. In contrast, the fracture effect is more evident for values of crack length larger than 4 mm. 5th International Symposium on Solid Mechanics (MecSol 2015) May 25-27, 2015, Belo Horizonte, MG, Brazil Figure 7. CTOD versus applied force, initial crack length of 2, 4, 6 and 8 mm. Applied load as function of the values of crack-tip opening angle (CTOA) are presented in Figure 7. For all cases, it should be noted that load increases significantly for values of CTOA from 0 to 10 degrees, while for values of CTOA larger than 10 degrees load increases slightly. Moreover, for initial crack lengths equal to 6 and 8 mm the specimens tend to rupture. Figure 8. CTOA x applied force, initial crack length of 2, 4, 6 and 8 mm. The values of CTOD versus crack extension are presented in Figure 9. It is observed that the response of the material is nonlinear. It is also observed that the CTOD grows continually with crack extension, indicating that the crack propagates and opens. It can be observed that for the specimen with initial crack length of 6 mm, after approximately 1.5 mm of crack extension, the values of CTOD increase linearly with crack extension, these values are related with an applied load of 400 N. Nunes (2013) has observed similar behavior on a PTFE plate with initial crack length of 3.5 mm. For the specimen with initial crack length of 2 mm, it is observed that there is a small increase in CTOD and crack extension values, being difficult to verify the fracture effect. For the specimens with initial crack length larger than 2 mm it is observed that both parameters increase with the applied load. 5th International Symposium on Solid Mechanics (MecSol 2015) May 25-27, 2015, Belo Horizonte, MG, Brazil Figure 9: Δa versus CTOD, initial crack length of 2, 4, 6 and 8 mm. CONCLUSION The main contribution of this work is to determine some important fracture parameters of PTFE: crack-tip opening displacement (CTOD), crack-tip opening angle (CTOA) and crack extension (Δa). Double-edge-cracked specimens were submitted to monotonic tensile loads at quasi-static conditions at room temperature. Due to difficulties to fix any kind of sensor on the test specimen, digital image acquisition was employed in order to measure all parameters directly from images of double-edge-cracked specimens of PTFE. In this preliminary work, some observations were pointed out: there is a cracked specimen configuration, with initial crack length of 2 mm, in which PTFE is highly resistant to crack propagation; for all other specimens, i.e. initial crack lengths of 4, 6 and 8 mm, it is easily observed the values of CTOD increase with crack extension and CTOD-a response is nonlinear; CTOA-a response presents similar behavior for all specimens in the overall analysis. The specimen with initial crack value of 4 mm tends to a constant crack propagation after a critical value of applied load. Similar behavior is noted for the specimens with 6 and 8 mm of initial crack length, but these specimens tend to rupture. For future work the authors aim to approach the following problem: Calculate the J-intregral by digital image correlation. ACKNOWLEDGEMENTS The financial support of Rio de Janeiro State Funding, FAPERJ, and Brazilian Research Council, CNPq, are gratefully acknowledged. REFERENCES Broberg, K.B., 1995. “Critical Review Of Some Methods In Nonlinear Fracture Mechanics”. Engineering Fracture Mechanics, Vol. 50, No. 2, p. 157-164. Broek, D., 1984. Elementary engineering fracture mechanics. Martinus Nijhoff Publishers, The Netherlands, 3rd edition. Gdotuos, E.E., 2005. Fracture Mechanics An Introduction. Springer, Canada, 2nd edition. Brown, E.N., Rae, P.J. and Liu, C., 2007. “Mixed-mode-I/II fracture of polytetrafluoroethylrne”. Materials Science and Engineering A, p. 253–258 Brown, E.N., Rae, P.J., Orler, E.B., Gray III, G.T. and Dattelbaum, D.M., 2006. “The effect of cristallinity on the fracture of polytetrafluoroethylene (PTFE)”. Materials Science and Engineering C, p. 1338 – 1343 Brown, E.N. and Dattelbaum, D.M., 2005. “The role of crystalline phase on fracture and microstructure evolution of polytetrafluoroethylene (PTFE)”. Polymer, Vol. 46, p. 3056–3068. Conte, M. and Igartua, A., 2012. “Study of PTFE composites tribological behavior”. Wear, Vol. 296, p. 568–574. Joyce, J.A. and Joyce, P.J., 2004. “Toughness characterization of a metal filled PolyTetraFluoroEthylene using the Jintegral”. Engineering Fracture Mechanics, Vol. 71, p. 2513–2531. 5th International Symposium on Solid Mechanics (MecSol 2015) May 25-27, 2015, Belo Horizonte, MG, Brazil Nunes, L.C.S., 2012. “Crack-craze opening profiles near a crack tip in a polytetrafluoroethylene”. Polymer Testing, vol 31, p. 375–383. Nunes, L.C.S., 2013. “Experimental study of crack-tip fields in a polymer under large deformation”. In 22nd International Congress of Mechanical Engineering (COBEM 2013). Ribeirão Preto, SP, Brazil. Nunes, L.C.S., 2011. “Mechanical characterization of polytetrafluoroethylene polymer using full-field displacement method”. Optics and Lasers in Engineering, Vol. 49, p. 640–646. Nunes, L.C.S., 2015. “Load-displacement behavior for double-edge cracked plate of polytetrafluoroethylene”. Polymer Testing, Vol. 41, p. 33-39. Nunes, L.C.S.; Dias, F.W.R. and da Costa Mattos, H.S., 2011. “Mechanical behavior of polytetrafluoroethylene in tensile loading under diffetent strain rates”. Polymer Testing, Vol. 30, p. 791–796. Rae, P.J. and Dattelbaum, D.M., 2004. “The properties of poly(tetrafluoroethylene) (PTFE) in compression”, Polymer, Vol. 45, p. 7615–7625. Rae, P.J. and Brown, E.N., 2005. “The properties of poly(tetrafluoroethylene) (PTFE) in tension”. Polymer, Vol. 46, p. 8128–8140. Zhu, X. and Joyce, J.A., 2012. “Review of fracture toughness (G, K, J, CTOD, CTOA) testing and standardization”. Engineering Fracture Mechanics, Vol. 85, p. 1–46. Zhang, J., Ju, Y., Sun, C. and Wang, P., 2013. “The Research on Compressive Properties of Polytetrafluoroethylene at High Strain Rate”. Defence Technology, Vol. 9, p. 181-185. Zhang, Z., Chen, X. and Wang, Y., 2010. “Uniaxial ratcheting behavior of polytetrafluoroethylene at elevated temperature”. Polymer Testing, Vol. 29, p. 352–357. Zhang, Z. and Chen, X.,2009. “Multiaxial ratcheting behavior of PTFE at room temperature”. Polymer Testing, Vol. 28, p. 288–295. RESPONSIBILITY NOTICE The authors are the only responsible for the printed material included in this paper.
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