John Twigg - CEPED UFSC
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Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres NOTAS DE ORIENTAÇÃO Versão 2 – Novembro de 2009 John Twigg 1 Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres A versão eletrônica do original em inglês pode ser baixada em www.abuhrc.org/research/dsm/Pages/project_view.aspx?project=13 (site do Aon Benfield UCL Hazard Research Centre) Um novo site pode ser utilizado no futuro. Esse endereço de internet também disponibiliza a primeira edição deste guia (em Inglês, Espanhol, Francês e Indonésio), estudos de caso, apresentações e outros documentos relacionados ao tema de comunidades resilientes. Cópias deste guia em inglês, e de outros documentos também podem ser obtidas diretamente com o autor, Dr. John Twigg, na University College London ([email protected]), para quem questões e comentários também podem ser enviados. ISBN 978-0-9550479-9-2 T971c Twigg, John Características de uma comunidade resiliente aos desastres / John Twigg; [tradução Sarah Marcela Chinchilla Cartagena].- 2. ed. – Londres: Latitude, 2009. 84 p. : il. color. Tradução de: Characteristics of a disaster-resilient community ISBN 978-85-65590-02-0 1. Riscos de desastres - redução. 2. Comunidade resiliente. I. ActionAid. II. Christian Aid. III. Plan UK. IV. Practical Action. V. Tearfund. VI. Red Cross. VII. Título. CDU 504.4 Catalogação na publicação por Graziela Bonin – CRB14/1191. Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres ÍNDICE Prefácio .............................................................................................. 4 4.4.2 Ciclo de gestão do projeto .......................................... 22 Agradecimentos do autor .................................................................. 5 4.4.3 Pesquisa ...................................................................... 25 Abreviações e siglas ........................................................................ 5 4.4.4 Engajamento ............................................................... 26 Parte 1 - Introdução ........................................................................... 6 Parte 5 – Leituras complementares................................................. 26 1.1 O conteúdo destas notas de orientação ................................ 6 Área Temática 1 – Governança ................................................. 28 Os próximos passos dessa pesquisa ............................................ 6 Parte 6 – As tabelas das características ......................................... 28 1.2 Utilizando as características: uma visão geral ...................... 7 Área Temática 2 – Avaliação de risco ....................................... 31 2.1 Redução de riscos de desastres ........................................... 8 Área Temática 3 – Conhecimento e educação ......................... 33 2.2 Resiliência e comunidade resiliente ...................................... 8 Área temática 4 – Gestão de risco e redução de vulnerabilidades ......................................................................... 36 Parte 2: Conceitos Chave................................................................ 8 Área temática 5 – Preparação e resposta a desastres ............. 41 2.3 Comunidade ........................................................................... 9 Painéis ............................................................................................. 45 Parte 3 – As tabelas docaracterísticas: uma explicação .................. 9 Painel 1 – Outras iniciativas para indicadores de rrd ................ 45 3.1 Áreas temáticas ..................................................................... 9 3.2 Os componentes de resiliência ........................................... 10 3.3 Os componentes da resiliência ........................................... 11 Painel 2 – Integração entre RRD e adaptação às mudanças climáticas.................................................................................... 46 Painel 3 – Criação de um processo de resiliência bem sucedido .................................................................................................... 48 3.4 Características de um ambiente favorável .......................... 12 Painel 4 – Envolvimento da juventude....................................... 49 3.5 Desafios ............................................................................... 13 Painel 5 – Adaptação das características a contextos locais ... 49 3.5.1 Limitações de um quadro como ferramenta ............... 13 Painel 6 – Criação de novas áreas temáticas ........................... 50 3.5.2 Limitações do quadro de ação de hyogo .................... 13 Painel 7 – ‘As 20 mais’ características de Tearfund ................. 51 3.5.3 Aspectos comportamentais de resiliência .................. 14 Parte 4 – Como utilizar as características .................................... 14 4.1 Visão geral e contextos ....................................................... 14 Painel 8 – Indicadores chave de uma comunidade resiliente, por ADPC ......................................................................................... 54 Painel 9 – “Mapeamento” de vulnerabilidades e de capacidades utilizando o quadro das características ..................................... 55 4.1.1 Visão geral .................................................................. 14 Painel 10 – Conversão das características em indicadores ..... 56 4.1.2 Contextos .................................................................... 14 4.2 Introdução às características; construção da capacidade de usuário ....................................................................................... 16 Painel 11 – Características / indicadores: quantitativo ou qualitativo? ................................................................................. 57 Painel 12 – Pesquisa sobre a construção da resiliência ........... 57 4.2.1 Público alvo e grupos de usuários .............................. 16 4.2.2 Introdução das características ao usuário .................. 16 Painel 13 – Vínculos entre comunidade resiliente e ambiente favorável ..................................................................................... 58 4.3 Selação, modificação, “customização”. ............................... 18 Estudos de Caso ............................................................................60 4.3.1 Porque as características precisam ser modificadas . 18 Estudo de caso 1: ...................................................................... 60 4.3.2 Abordagens possíveis ................................................. 18 Estudo de caso 2: ...................................................................... 62 4.3.3 Características chave ................................................. 18 Estudo de caso 3: ...................................................................... 68 4.3.4 Estabelecimento de prioridades ................................. 19 Estudo de caso 4: ...................................................................... 70 4.3.5 Marcos ......................................................................... 19 Estudo de caso 5: ...................................................................... 74 4.4 Aplicação das características em atividades de rrd ............ 21 Estudo de caso 6: ...................................................................... 77 4.4.1 Planejamento estratégico e parcerias ........................ 21 Estudo de caso 7: ...................................................................... 79 3 Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres PREFÁCIO um primeiro momento (e confesso que eu também). Mas depois de ler com calma e compreender seu potencial de aplicação, veio a justa, compartilhada e súbita motivação de partir imediatamente para a prática. Isso ficou especialmente claro durante uma recente pesquisa de campo em Malawi... Eu escutava integrantes da equipe de campo, parceiros locais – normalmente pequenas organizações com reduzida equipe especializada - escritórios de extensão, e líderes comunitários nos dizendo ‘vemos os desastres de uma maneira diferente, agora’, ‘nós abrimos nossos olhos’, ‘só agora sabemos o que fazer’, e expressões similares. Eu mesmo testemunhei um funcionário público criticar suas próprias atividades e propor mudanças espontaneamente...” 1 Bem vindo às notas de orientação das Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres! Esperamos que se anime com a oportunidade de aproveitar esse conteúdo e aprender a explorar sua amplitude e profundidade. Tendo integrado o grupo de agências financiadoras e assim conhecendo todo o trabalho, confiamos na riqueza de conhecimentos que as Características podem fornecer. Cada agência investiu nesse projeto com o propósito de promover um novo senso de motivação para as equipes e parceiros, os quais têm beneficiado diversas comunidades. O desenvolvimento desse documento foi realizado por um grupo de seis agências – ActionAid, Christian Aid, Plan UK, Practical Action and Tearfund, em conjunto com a Cruz Vermelhara e a Federação Internacional da Cruz Vermelha e Sociedade do Crescente Vermelho. Em anos recentes, este grupo de interagências recebeu investimento do Departamento Britânico de Desenvolvimento Internacional (DFID) para iniciativas de redução de riscos de desastres (RRD), e para dar suporte à promoção do Quadro de Ação de Hyogo (HFA), particularmente em nível local. No entanto, quando se discute como monitorar o sucesso da implantação do HFA, fica claro que não há nenhuma estrutura para compreender seus impactos em bases comunitárias. O grupo de interagências financiado pelo DFID discutiu sobre essa oportunidade com John Twigg para definir o que é exatamente uma comunidade resiliente aos desastres, e de que maneira podem ser desenvolvidos indicadores a partir desse conceito. Em seguida, John Twigg e uma equipe de apoio tornaram-se consultores para identificar as características básicas de uma comunidade resiliente que poderiam complementar o trabalho das agências da ONU sobre indicadores nacionais e internacionais. A primeira fase deste trabalho resultou em um abrangente conjunto de características de múltiplos riscos e múltiplos contextos, publicado em formato de texto explicativo intitulado Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres: notas de orientação, em agosto de 2007. O material foi amplamente utilizado pelas agências de RRD. O próximo passo foi testar as Características em pesquisas de campo. Diversas agências foram convidadas para o piloto a partir de seus trabalhos e nos deram retorno sobre os resultados obtidos. Veio então a recomendação para utilizar a pesquisa sob diversas perspectivas – para definir projetos futuros, desenvolver indicadores de passo a passo ou mensurar trabalhos já concluídos, por exemplo – e adaptá-las às próprias necessidades e contextos operacionais. Assim, no decorrer dos últimos dois anos, a aceitação das Características tem sido considerável. Todos os membros do grupo de interagências utilizaram largamente, mas muitas outras organizações em todo o mundo rapidamente percebem seu potencial e tornam-se ávidas pelas possibilidades de pesquisas que oferecem. Todos estão ansiosos para aplicar o método em seu trabalho e para compartilhar suas conquistas, como demonstra o comentário abaixo: “Finalmente uma observação: a equipe de campo normalmente tem um olhar ligeiramente reticente em Esta segunda edição das Características é baseada nos retornos que obtivemos pelos testes de campo. A estrutura básica permanece inalterada, mas há muito mais orientações práticas e métodos de aplicação e adaptação desse recurso, incluindo exemplos e estudos de caso. Estamos particularmente interessados que essa publicação seja vista como um recurso para Adaptação às Mudanças Climáticas, reconhecendo que os desastres causados pela variação climática estão sendo sentidos por um número crescente de comunidades em todo o mundo, com impacto prevalente nos países em desenvolvimento. Por fim, como um grupo de agências, acreditamos que o desenvolvimento de ações de RRD em comunidades é fundamental para redução o riscos e o impacto dos desastres. Devemos também registrar que não há metas obrigatórias ou compromissos estabelecidos pelos governos via o HFA. Como resultado, queremos oferecer às comunidades ações efetivas de RRD como um passo em direção ao sucesso das ações do HFA, encorajando que cada um possa se juntar a essa e outras iniciativas em suas áreas de atuação, e assim contribuir localmente para alcançar os objetivos do Quadro. Em última análise, esta publicação apoia as comunidades para que haja garantia de que, durante os impactos de um desastre, elas tenham suas habilidades, recursos e confiança desenvolvidos para reduzir tais impactos, gerenciar a resposta e recuperar-se rapidamente. Tudo isso pode ser conquistado se governos, ONGs, universidades e comunidades trabalharem juntos. Oenone Chadburn – Diretor da Unidade de Gestão de Desastres – Tearfund Em nome do Grupo Interinstitucional (ActionAid, British Red Cross, Christian Aid, Practical Action, Plan UK and Tearfund). Dezembro de 2009. 1 Relato de José Luis Penya, Christian Aid. Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres ABREVIAÇÕES E SIGLAS ADPC Asian Disaster Preparedness Center Centro asiático de preparação para desastres CBDM community-based disaster management Gestão de desastres de base comunitária CBDRM community-based disaster risk management Gestão de riscos de base comunitária CBO community-based organization Organização comunitária CCA climate change adaptation Adaptação às mudanças climáticas CSO civil society organization Organização da sociedade civil DFID Department for International Development Departamento para o Desenvolvimento Internacional DP disaster preparedness Preparação para desastres DRM disaster risk management Gestão de riscos de desastres DRR disaster risk reduction Redução de Riscos de Desastres (RRD) EW early warning Alerta e alarme EWS early warning system Sistema de alerta e alarme HFA Hyogo Framework for Action Quadro de Ação de Hyogo IFRC International Federation of Red Cross and Federação Internacional da Cruz Vermelha e Red Crescent Societies Sociedade do Crescente Vermelho M&E monitoring and evaluation Monitoramento e avaliação NGO non-governmental organization Organização não governamental (ONG) PTSD post-traumatic stress disorder Estresse pós-traumático UN United Nations Organização das Nações Unidas (ONU) UN ISDR UN International Strategy for Disaster Reduction Estratégia Internacional para Redução de Riscos de Desastres da ONU (UNISDR ou EIRD) UN OCHA UN Office for Coordination of Humanitarian Affairs Escritório da ONU para coordenação da assistência humanitária (OCHA) VCA vulnerability and capacity assessment/analysis Análise e avaliação de capacidades e vulnerabilidades NOTA DA TRADUÇÃO – optou-se por manter as siglas do original em inglês, traduzindo seus significados, e em poucos casos apresentando ao final e entre parênteses a sigla correspondente na língua portuguesa. No decorrer do texto, dá-se prioridade à utilização por extenso das abreviaturas aqui apresentadas. AGRADECIMENTOS DO AUTOR O retorno dos testes de campo após a primeira edição dessa publicação foi quase avassalador. Membros do Grupo de Interagências (ActionAid, British Red Cross, Christian Aid, Plan UK, Practical Action and Tearfund) que permitiram esse trabalho contribuíram largamente com seus comentários e estudos de caso: as páginas seguintes demonstram o tamanho da minha dívida com eles e seus parceiros. Todo esse conteúdo só foi possível de ser organizado pelo retorno de muitas outras organizações, nacionais, internacionais e locais. Muitos deles foram espontâneos, não em resposta a pedidos diretos meus, e frequentemente de pessoas as quais eu não conhecia ou algumas vezes de organizações que eu sequer tinha ouvido falar. Esta é uma evidência da demanda massiva por pesquisas desse tipo, evidente deste o início desse projeto. Meus agradecimentos recaem sobre todos os envolvidos, ao Departamento Britânico de Desenvolvimento Internacional (DFID), pelo apoio ao grupo de interagências, e particularmente a Oenone Chadburn da Tearfund e a Nick Hall da Plan UK pela sua leveza e simpatia na gestão desse projeto. John Twigg University College London [email protected] Novembro de 2009 5 Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres OS PRÓXIMOS PASSOS DESSA PESQUISA O documento Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres é apenas uma contribuição a um processo muito maior e de mais longo prazo para a construção da resiliência de comunidades em todo o mundo. Esperamos continuar a contribuir para esse processo e, aqueles que como você, utilizarem essas notas nos ajudarão a garantir que o documento continua sendo relevante. Quando você ler este documento, você se dará conta de quantas organizações já utilizaram nossa pesquisa, e de quantos caminhos são possíveis de aplicar os conceitos aqui trabalhados. Esperamos também que o material seja utilizado por muitas outras organizações que atuam na redução de riscos de desastres, adaptação às mudanças climáticas e outros aspectos de desenvolvimento sustentável. Gostaríamos que esse projeto fosse um meio para o conhecimento e compartilhamento de informações sobre a resiliência das comunidades – compreendê-la, analisá-la, implantar projetos de base e lutar para mudanças nos mais altos níveis. Continuaremos a coletar e compartilhar experiências sobre a aplicação da pesquisa, sua contribuição para a construção da resiliência e como adaptá-la para torná-la mais prática. O envolvimento do leitor e do profissional de campo é essencial nesse momento. Por favor, nos envie seus comentários sobre sua experiência na utilização das Características, bem como ideias de modificações ou novas formas de aplicação; e claro, nos apresente suas dúvidas, se for o caso. Novas atualizações estarão disponíveis na página das Características de uma comunidade resiliente aos desastres: www.abuhrc.org/research/dsm/Pages/project_view.aspx?project=13 (site do Aon Benfield UCL Hazard Research Centre). Em breve, um novo site deve ser disponibilizado. Contribuições, ideias e dúvidas podem ser enviadas a John Twigg na University College London. [email protected] PARTE 1 - INTRODUÇÃO 1.1 O CONTEÚDO DESTAS NOTAS DE ORIENTAÇÃO As Características de uma comunidade resiliente aos desastres é um conjunto de notas de orientação para organizações governamentais e da sociedade civil que trabalham com redução de riscos de desastres e adaptação às mudanças climáticas em comunidades vulneráveis, por meio de parcerias. O documento apresenta como uma “comunidade resiliente ao desastre” pode ser caracterizada, demonstrando os diferentes elementos da resiliência. E também registra algumas ideias sobre como se estabelecesse o processo até a resiliência. O conteúdo organiza-se em uma série de tabelas (veja Parte 6) que estabelecem as características de uma comunidade resiliente aos desastres, apoiando-se em orientações sobre como aplicar cada característica (Parte 4). As tabelas são explicadas mais detalhadamente na Parte 3, sendo organizadas em cinco temas principais que representam as áreas de intervenção em RRD, e baseiam-se no Quadro de Ação de Hyogo 2005-2015 (HFA), da Estratégia Internacional de Redução de Riscos de Desastres (UNISDR). Esse esquema foi escolhido, pois o HFA é geralmente adotado pela ONU, outras agências internacionais, pela maioria dos governos nacionais, e por diversas ONGs. O HFA define três objetivos estratégicos e cinco prioridades de ação, que abrangem as principais áreas de RRD. O documento também sugere importantes áreas para intervenção em cada um dos temas: veja a figura 1 (O Quadro de Ação de Hyogo). Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres Figura 1. O Quadro de Ação de Hyogo O projeto Características é apenas um em uma série de iniciativas em andamento no tema de RRD. Pela importância da redução de riscos de desastres e o reconhecimento que vêm ganhando, muitas organizações têm desenvolvido indicadores de resultados. O Painel 1 (outras iniciativas de indicadores para RRD) identifica alguns dos principais esforços internacionais que focam, particularmente, em indicadores nacionais. Isso poderá ajudá-lo a identificar as iniciativas e conhecer seus resultados. Esta é a segunda edição das notas de orientação, e está baseada em um processo de pesquisa, discussão com especialistas e escuta durante um longo período de trabalho e de testes de campo a partir de uma edição piloto realizada por agências diversas. Estamos, entretanto, ainda em processo de aprendizado sobre a validade e os caminhos de aplicação, e todo retorno dos usuários será bem vindo2. 1.2 UTILIZANDO AS CARACTERÍSTICAS: UMA VISÃO GERAL Este documento inclui uma extensa orientação sobre os caminhos para aplicação das Características em seu trabalho (veja Parte 4), mas antes é importante registrarmos aqui algumas observações introdutórias. Primeiro, e mais importante, as Características e suas notas de orientação são uma pesquisa e não um manual. Está organizada para dar apoio ao processo de mobilização comunitária e parcerias para redução de riscos de desastres. Os usuários podem selecionar as informações e ideias mais relevantes para dar suporte ao seu trabalho de campo, de acordo com suas necessidades e prioridades. Essa escolha deve ser resultado de uma análise cuidadosa em conjunto com as comunidades e as organizações que nelas atuam. Também é preciso enfatizar que a “comunidade resiliente ao desastre” que aqui apresentamos, é a ideal. Na realidade, porém, nenhuma comunidade será totalmente livre de riscos. As tabelas apresentam um estado ideal, e não projetam indicadores a partir de um senso comum. Pela combinação de variados elementos de resiliência aqui identificados, projetos de RRD trabalham em uma sensível ampliação da capacidade das comunidades diante de ameaças e eventos adversos. Outro importante ponto a destacar trata-se de compreender que as Características aqui definidas são gerais para todos os contextos. Aqueles que utilizarem essas orientações irão, provavelmente, focar nos elementos da resiliência que sejam mais apropriados às condições em que trabalham ou no tipo de trabalho que executam. 2 Contato do autor, John Twigg, University College London ([email protected]). 7 Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres PARTE 2: CONCEITOS CHAVE Três conceitos são centrais nestas notas de orientação: redução de riscos de desastres, resiliência e comunidade. É importante refletir sobre o significado de cada um deles antes de utilizar as tabelas. 2.1 REDUÇÃO DE RISCOS DE DESASTRES Redução de Riscos de Desastres (RRD) é um conceito relativamente novo. Temos, na literatura técnica, diferentes definições para o termo, mas genericamente seu significado passa pelo entendimento de que se trata de um amplo desenvolvimento de políticas, estratégias e práticas com foco na minimização de vulnerabilidades e dos riscos de desastres com a participação de toda a sociedade. 3 RRD é uma abordagem sistemática na identificação, avaliação e redução de riscos de desastres. Tem o objetivo de reduzir as vulnerabilidades socioeconômicas ao desastre, bem como abordar assuntos sobre o ambiente e outras ameaças que os desencadeiam. O conceito está atrelado à responsabilidade pelo desenvolvimento e ao processo de assistência humanitária, devendo ser integrado como parte do trabalho das organizações. RRD é muito abrangente, havendo necessidade e potencial de aplicar iniciativas em praticamente todos os setores de desenvolvimento e trabalho humanitário. Nenhum grupo ou organização consegue abordar todos os aspectos da RRD. O pensamento da RRD percebe o desastre como um complexo conjunto de demandas de responsabilidade coletiva, que deve partir de diferentes disciplinas e grupos institucionais – em outras palavras, parcerias. Esta é uma consideração importante porque organizações individualmente terão de decidir como focar seus esforços e como trabalhar com seus parceiros para garantir que os demais aspectos da resiliência sejam também abordados. (veja o item 4.4.1 para ideias sobre como utilizar as Características para identificar necessidade e oportunidades de parcerias). Perceba que as tabelas das Características são resultado de uma pesquisa com uma ampla rede de organizações que trabalham em níveis local e comunitário, coletiva e individualmente. Alguns elementos da resiliência podem ser mais relevantes para algumas organizações ou contextos do que outros. 2.2 RESILIÊNCIA E COMUNIDADE RESILIENTE Muitas tentativas foram investidas para definir “resiliência”, tanto no contexto da RRD como no da adaptação às mudanças climáticas. A variedade de definições e conceitos acadêmicos pode gerar confusão. Para objetivos operacionais é mais útil trabalhar com definições amplas e características comumente já compreendidas. A partir dessa abordagem, um sistema ou uma comunidade resiliente pode ser definido como a capacidade de: Antecipar, minimizar e absorver os estresses potenciais ou as forças destrutivas pela adaptação ou resistência. Gerenciar ou manter determinadas fundações e estruturas básicas durante a ocorrência de um desastre. Reconstruir-se ou recuperar-se depois de um evento. A ‘Resiliência’ é geralmente compreendida como um conceito maior que ‘capacidade’ porque vai além do comportamento, das estratégias e das medidas específicas para a gestão e redução do risco que normalmente são entendidos como capacidades. É difícil, no entanto, distinguir claramente os conceitos. É um trabalho diário, ‘capacidade’ e ‘lidar com capacidade’ muitas vezes significam o mesmo que ‘resiliência’. O foco na resiliência significa enfatizar fortemente o que as comunidades podem fazer por si próprias e como fortalecer suas capacidades, mais do que concentrar-se em sua vulnerabilidade ao desastre, nos seus impactos e tensões, ou em suas necessidades durante uma emergência. Os termos ‘resiliência’ e ‘vulnerabilidade’ podem ser vistos como os dois lados de uma mesma moeda, ambos, entretanto, são relativos. Deve-se identificar a que e em que medida os indivíduos, as comunidades e os sistemas são vulneráveis. Assim como a vulnerabilidade, a resiliência é um conceito complexo e multifacetado. Diferentes características e fases da resiliência são necessárias para tratar com diferentes tipos e severidades de risco, tensão, ou mudança climática. 3 O termo ‘redução de desastres’ é frequentemente utilizado com o mesmo significado. ‘Gestão de risco de desastres’ também é utilizado algumas vezes nesse sentido, apesar de ser normalmente aplicado especificamente nas dimensões operacionais da RRD. Algumas agências usam ‘redução de risco’ como um termo guarda-chuva para auxiliar na integração do trabalho de com desenvolvimento e desastre. Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres Nenhuma comunidade jamais estará completamente segura das ameaças naturais ou humanas. Seria importante pensar na resiliência ao desastre ou na comunidade resiliente ao desastre como “a possibilidade mais segura que nosso conhecimento permite construir em um contexto de ameaças naturais4” minimizando sua vulnerabilidade pela maximização da aplicação das medidas de RRD. RRD é então um conjunto de ações, ou processos, empreendido no sentido de alcançar a resiliência. 2.3 COMUNIDADE Na gestão convencional de emergências, as comunidades são vistas em termos espaciais: grupos de pessoas vivendo na mesma área ou próximas dos mesmos riscos. Essa visão negligencia outras dimensões significativas das “comunidades” que devem se aproximar de outros interesses, valores, atividades e estruturas. As comunidades são complexas e frequentemente não organizadas. Há diferenças em seu modo de produção de riquezas, seu status social e suas atividades, e talvez haja divisões mais sérias dentro de uma mesma comunidade. Os indivíduos podem ser, ao mesmo tempo, membros de mais de uma comunidade, associados a cada uma por diferentes fatores como localização, ocupação, status econômico, gênero, religião, e interesses de recreação e lazer. As comunidades são dinâmicas: as pessoas podem unir-se por objetivos comuns e depois separar-se quando alcançarem o objetivo. Todos esses fatores dificultam a clara identificação da ‘comunidade’ com a qual se trabalha. Sob a perspectiva das ameaças, a dimensão espacial é essencial para identificar as comunidades em risco. Entretanto, há que se relacionar também à compreensão socioeconômica, vínculos e dinâmicas dentro da área de risco, não apenas para identificar os grupos vulneráveis, mas também para compreender os diversos fatores que contribuem para a vulnerabilidade. Negócios, serviços e infraestrutura de uma comunidade também devem ser levados em conta. As comunidades não existem isoladamente. O nível de resiliência de uma comunidade também é influenciado pelas capacidades externas, em particular pela gestão dos serviços de emergência, além de outros serviços sociais e administrativos, infraestruturas públicas e uma rede de vínculos políticos e socioeconômicos com o resto do mundo. Praticamente todas as comunidades são dependentes de serviços externos em maior ou menor grau, mesmo aquelas que se encontram em extrema marginalização. As seções de Ambiente Favorável apresentadas nas tabelas buscam explicitar algumas destas influências. (veja item 3.4) PARTE 3 – AS TABELAS DAS CARACTERÍSTICAS: UMA EXPLICAÇÃO No centro das Características está um conjunto de tabelas que busca ilustrar a compreensão do que seja uma comunidade resiliente ao desastre (veja Parte 6). As tabelas são às vezes complexas, mas foram organizadas em diferentes níveis e assuntos para facilitar sua compreensão e uso. Nesta parte do documento apresentam-se os critérios utilizados para organização das tabelas com algumas sugestões sobre como a pesquisa pode ser utilizada5. Na parte seguinte (Parte 4) as discussões giram em torno das diferentes aplicações das Características mais especificamente, com apresentação de exemplos oriundos dos testes de campo. 3.1 ÁREAS TEMÁTICAS As tabelas estão divididas em cinco áreas principais relacionadas à resiliência e RRD: chamadas de Áreas Temáticas. Essas áreas temáticas estão baseadas no Quadro de Ação de Hyogo (veja item 1.1, anterior) e têm a intenção de considerar todos os aspectos da resiliência. As cinco áreas temáticas são: 1. 2. 3. 4. 5. 4 Governança Avaliação de Risco Conhecimento e educação Gestão de risco e redução de vulnerabilidades Preparação e resposta a desastres Geis DE 2000, ‘By Design: the Disaster Resistant and Quality-of-Life Community’. Natural Hazards Review 1(3): 151-160 (citação na p.152). 5 As tabelas das Características não foram alteradas nesta primeira edição, com duas pequenas exceções. Uma está relacionada à adaptação às mudanças climáticas (veja item 4.1.2). A outra se refere a uma ligeira alteração no Componente de Resiliência 2, na área temática 2. A razão para não realizar outras alterações dá-se em função do grande sucesso das Características. A pesquisa tem sido conduzida com entusiasmo e adotada por diversas agências em todo o mundo da forma como está. Não faria sentido, portanto, desfazer-se de todo o trabalho de orientação, treinamento e aplicação pela alteração radical em sua estrutura. Os usuários são, entretanto, incentivados a realizar modificações, seleções e qualquer alteração necessária para que as Características atendam suas próprias necessidades. (veja item 4.3 para mais orientação sobre isto), 9 Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres As áreas temáticas são muito abrangentes, como se verá nas tabelas (particularmente a Área Temática 4: Gestão de risco e redução de vulnerabilidades). Cada área está então subdivida em três subseções, apresentadas e discutidas a seguir: Componentes de resiliência Características de uma comunidade resiliente a desastres Características de um ambiente favorável 3.2 OS COMPONENTES DE RESILIÊNCIA Cada Área Temática está subdividida em um conjunto com seus principais Componentes de Resiliência. Estes são subtemas ainda bastante amplos, mas iniciam o processo de desmembramento da resiliência ao desastre em conjuntos de atividades mais precisos e compreensivos. Pelo escopo das várias Áreas Temáticas, a quantidade e o alcance dos Componentes de Resiliência variam para cada uma delas. A tabela abaixo traz a lista dos Componentes de Resiliência de cada Área Temática. Áreas Temáticas 1 Governança Componentes da Resiliência Políticas públicas, planejamento, prioridades e compromisso político. Sistemas legais e regulatórios. Integração a políticas de desenvolvimento e planejamento. Integração com ações de reconstrução e resposta a emergências. Mecanismos, capacidades e estruturas institucionais; definição de responsabilidades. Parcerias. Prestação de contas e participação comunitária. 2 Avaliação de Risco Avaliação de ameaças e de dados sobre risco. Avaliação e dados de impacto sobre vulnerabilidades e capacidades. Inovação e capacidades técnicas e científicas. 3 Conhecimento e Educação Informação pública, conhecimento e habilidades. Gestão e compartilhamento da informação. Educação e treinamento Cultura, atitude, motivação. Pesquisa e aprendizado. 4 Gestão de Risco e Redução de Vulnerabilidades Gestão de recursos naturais e ambientais. Saúde e bem estar. Meios de subsistência sustentáveis. Proteção social. Instrumentos financeiros. Proteção física; medidas técnicas e estruturais. Sistemas de planejamento. 5 Preparação e Resposta a Desastres Coordenação e capacidades organizacionais. Sistemas de alerta e alarme. Preparação e planos de contingência. Recursos de emergência e infraestrutura. Resposta e reconstrução em emergências. Participação, voluntariado e prestação de contas. Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres Na Parte 4 deste documento apresentamos sugestões de uso dos Componentes sob diferentes perspectivas de aplicação, associadas as demais integrantes do quadro das Características. A Área Temática 1 (Governança) é, de fato, um tema transversal a todas as áreas. Planejamento, regulação, integração, sistemas institucionais, parcerias e prestação de contas são itens relevantes para todos, pois afetam qualquer iniciativa de RRD, desenvolvimento ou resposta e assistência. Os usuários são então alertados para referir-se aos aspectos de governança a qualquer momento, mesmo que estejam focando em outras áreas temáticas ou componentes de resiliência. Talvez você deseje incluir ou enfatizar outros aspectos que sejam particularmente importantes em seu trabalho ou que você sinta que não estão adequadamente tratados no quadro das Características. Você pode adicionar novos Componentes de Resiliência ou alterar os já existentes. Alternativamente, você pode introduzi-los como temas transversais se forem aplicáveis a mais de uma Área Temática. O item 4.3 fornece mais informação para isso. 3.3 OS COMPONENTES DA RESILIÊNCIA Para cada Componente de Resiliência, as tabelas fornecem um conjunto de Características de uma Comunidade Resiliente a Desastres. São itens muito mais detalhados e específicos, e aproximam os usuários da realidade de campo. Mais uma vez, a quantidade de características varia de acordo com a natureza do Componente, mas de forma geral há muito mais características (167 no total de todas as Áreas Temáticas, comparadas aos 28 Componentes de Resiliência). Aqui está um exemplo de um Componente de Resiliência com suas Características de Comunidade Resiliente a Desastres. Área Temática 2: Avaliação de Risco Características de uma comunidade resiliente aos desastres Primeiro elemento da Resiliência: Avaliação de ameaças e dados sobre risco Realização de avaliações comunitárias de riscos e ameaças para promover um retrato da compreensão das principais ameaças e riscos a que a comunidade está exposta. (e riscos potenciais). As avaliações de risco e ameaças constituem-se em um processo participativo que inclui representantes de toda a comunidade e tipos de conhecimento. Resultados das avaliações compartilhados, discutidos, compreendidos e acordados entre todas as partes interessadas, de forma a alimentar o plano comunitário para desastres. Resultados acessíveis a todas as partes interessadas (dentro ou fora da comunidade, localmente e em níveis maiores), de forma a alimentar o plano comunitário para desastres. Monitoramento permanente das ameaças e riscos e atualização das avaliações. Habilidade e capacidade para realizar avaliações de risco e ameaças, mantidas por meio de suporte e treinamento. Esta parte das tabelas é utilizada mais frequentemente em trabalhos de campo. Assim, a maior parte das discussões sobre aplicação da Parte 4, relaciona-se a este quadro. Pode não estar claro, a todo o momento, exatamente para quem as Características de uma Comunidade Resiliente a Desastres se aplica – e por isso, quem deve atuar apropriadamente. A característica determinada como ‘compartilhamento da visão de uma comunidade resiliente e preparada’, por exemplo, induz à questão: Quem deve compartilhar essa visão? Todas as características têm a intenção de serem aplicadas às comunidades e seus membros, mas algumas podem também ser aplicadas a grupos e organizações que trabalham nas comunidades, como ONGs locais e órgãos de governo, ou ainda aqueles que atuam em trabalhos de extensão. Para a maioria das agências externas as suas capacidades teriam espaço neste quadro, dentro do Ambiente Favorável (item 3.4). Uma vez que as fronteiras entre as comunidades e os Ambientes Favoráveis não podem ser sempre perfeitamente desenhadas, e uma vez que as agências externas têm um importante papel no bem estar e desenvolvimento das comunidades, esse assunto necessita de uma discussão e decisão de campo. Um ponto mais específico aqui trata sobre como algumas Características são compostas – por exemplo: [ameaça e risco] Compartilhamento, discussão, compreensão e acordos sobre os resultados de avaliações, entre todos os públicos de interesse, e a alimentação do plano comunitário para desastres (Área temática 2, Característica 1.3). Este contém dois elementos 11 Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres principais: (1) compartilhamento, discussão, compreensão e acordo sobre os resultados entre todos os públicos de interesse; (2) resultados da avaliação alimentando o plano comunitário de desastres. O primeiro elemento também pode ser dividido em quatro outros elementos: compartilhamento, discussão, compreensão e acordo. Uma razão para agregar as Características dessa forma é tornar estas notas de orientação mais fácil: as tabelas tornar-se-iam extremamente longas de outra forma. Mas essa escolha só foi feita quando as diferentes Características estavam fortemente associadas uma a outra. Na prática, e dependendo do propósito para que as tabelas estejam sendo utilizadas, as organizações podem separar algumas das Características. 3.4 CARACTERÍSTICAS DE UM AMBIENTE FAVORÁVEL Nestas notas de orientação, o foco está nas comunidades e nas organizações locais (ainda que a resiliência individual e de grupos familiares esteja incorporada nas tabelas de alguma forma). Entretanto, o quadro reconhece a importância dos fatores maiores relacionados à política, socioeconomia e institucional no suporte ao nível de resiliência comunitária. As tabelas identificam os principais elementos do Ambiente Favorável em relação a cada Componente de Resiliência. Eles são mais detalhados que os Componentes, mas menos que as Características de uma Comunidade Resiliente a Desastres. Muitos deles têm origem nos indicadores de nível nacional de RRD e seus quadros, desenvolvidos pela UNISDR e pela UM OCHA (veja Painel 1. Outras iniciativas para indicadores de RRD). As tabelas seguintes ilustram como o Ambiente Favorável se liga a cada um dos Componentes de Resiliência. Perceba que estão incluídas características de nível local e nacional. As tabelas também incluem, em alguns momentos, dimensões internacionais dos Ambientes Favoráveis. Área Temática 1: Governança Características de um ambiente favorável Primeiro elemento da Resiliência: Políticas públicas, planejamento, prioridades e compromisso político. Consenso político sobre a importância da RRD. RRD como uma prioridade de política pública em todos os níveis de governo. Política pública nacional de RRD, plano estratégico de implantação, com definições claras de visão, prioridades, metas e pontos de referência. Políticas públicas locais de RRD, plano estratégico de implantação em campo. Política pública oficial (nacional e local), estratégia e suporte à gestão de riscos de base local. Nível local de compreensão oficial e suporte à visão comunitária. Aqueles que trabalham com resiliência de comunidades precisam ter consciência do Ambiente Favorável e do efeito que ele pode gerar em seu trabalho, mas não precisam analisá-lo em detalhes. Um projeto individual irá provavelmente realizar uma avaliação rápida e subjetiva do Ambiente Favorável. De outro lado, uma organização que trabalha com uma quantidade de projetos em um país em particular – a exemplo de uma ONG nacional e internacional – pode interessar-se em realizar avaliações mais aprofundadas para informar sobre o seu trabalho e dar suporte à causa que defende. Muitas funcionalidades do Ambiente Favorável ideal serão perdidas por diversos motivos. Em algumas situações a falta de componentes chave de suporte é tão grande que cria o que pode ser chamado de um ambiente ‘desativado’ para iniciativas de nível local. (veja, por exemplo, os comentários sobre conflitos no item 4.1.2). Os usuários das Características e suas notas de orientação terão, portanto, uma base para seus planos de avaliação real sobre o tipo e nível de suporte externo que possam esperar. O Ambiente Favorável não está separado do trabalho comunitário e não deve ser visto isoladamente. E isso é particularmente relevante na construção de parcerias (item 4.4.1) e na defesa de causas (item 4.4.4). Onde as ações comunitárias e o ambiente favorável são considerados juntos, as ideias para interação entre diferentes atores e níveis de intervenção são mais úteis, e a influência do projeto nos processos decisórios tem mais potencial para a sustentabilidade e expansão. Na prática, não há uma fronteira clara entre o que seja uma comunidade e um Ambiente Favorável, assim como é provável que haja um elo de relações e conexões entre a comunidade e os atores externos. Os órgãos operacionais que atuam em comunidades podem, eles próprios, ser considerados como parte do Ambiente Favorável, se forem externos às comunidades ou Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres parte de uma organização maior, redes ou movimento. Sua cultura organizacional, sua forma de trabalho e a natureza de suas parcerias locais e externas influenciam na construção dos fatores de resiliência. Isto sugere que caminhos diversos devem ser encontrados para engajar as comunidades aos órgãos de governo de mais alto nível na aplicação das Características, para romper fronteiras e estimular a integração. 3.5 DESAFIOS 3.5.1 Limitações de um quadro como ferramenta O documento Características tem a intenção de prover uma compreensão da resiliência e da RRD, por meio de um quadro. Para torná-lo útil o quadro foi estruturado (seguindo o Quadro de Ação de Hyogo) em Áreas Temáticas, Componentes de Resiliência, e Características de uma Comunidade Resiliente a Desastres; e adicionalmente o quadro também inclui o Ambiente Favorável. Sem uma estrutura deste tipo poderia ser impossível encontrar uma forma de expressar as mais diversas características da resiliência. Mas, como todo quadro, há algumas distinções artificiais entre os diferentes aspectos de cada item. Há, na verdade, muito mais conexões e coincidências, e assim muitas Características individuais de uma comunidade resiliente a desastres podem aparecer em mais de uma Área Temática ou Componente de Resiliência6. Há, neste ponto, um perigo – que há também em qualquer quadro – que é a tendência a separar os diferentes elementos e ignorar as ligações entre eles. Estas conexões sobre os diferentes temas e componentes devem ser mantidas e sempre lembradas. As atividades para promoção da resiliência não ocorrem independentemente, qualquer que seja. Por exemplo, o planejamento está majoritariamente enquadrado na Área Temática da Governança, mas na prática, está vinculado a outras atividades, como a de Avaliação de Riscos. De forma similar, as Características foram separadas em Componentes de Resiliência para a avaliação de ameaças e riscos (Área Temática 2), mas frequentemente se combinam operacionalmente. O item 4.2 discute sobre como os elementos do quadro podem ser modificados para refletir em uma prática melhor. 3.5.2 Limitações do Quadro de Ação de Hyogo O Quadro de Ação de Hyogo é geralmente aceito pelas agências internacionais, governos e inúmeras ONGs – trata-se do único quadro sobre RRD acordado internacionalmente – de maneira que faz sentido alinhar as Características às suas cinco Prioridades de Ação para desenhar comparações relevantes e apresentar análises aos gestores públicos e outros tomadores de decisão. Esta não é, entretanto, uma área confortável o tempo todo, particularmente no caso da Prioridade 4 (Redução dos Fatores de Risco), que nas Características iniciam a Área Temática 4 (Gestão de Riscos e Redução de Vulnerabilidades). Esta área temática abrange uma variada gama de importantes temas, que não necessariamente precisam estar juntos. Os sete Componentes de Resiliência nessa área temática são: Gestão de recursos naturais e ambientais. Saúde e bem estar. Meios de subsistência sustentáveis. Proteção social. Instrumentos financeiros. Proteção física; medidas técnicas e estruturais. Sistemas de planejamento. Alguns aspectos estão intimamente relacionados às ocorrências de desastres: a exemplo das medidas técnicas e estruturais necessárias à proteção física contra as ameaças. Outras estão relacionadas às causas da vulnerabilidade de longo prazo e já enraizadas, que pode trazer à tona fatores fundamentais de larga escala, como os econômicos e sociais. O agrupamento de todos esses aspectos em um mesmo ponto de partida pode causar confusão, com o risco de algumas importantes questões serem superficialmente analisadas. Essa condição também cria um desequilíbrio para as Áreas Temáticas, com algumas recebendo uma ampla visibilidade e outras com foco mais restrito. Todos esses são pontos importantes. Por isso, já avisamos aos usuários para que tenham atenção especial na Área Temática 4, garantindo que os diferentes Componentes de Resiliência sejam adeuqdamente compreendidos e investigados por, 6 Sempre que possível, as Características individuais foram colocadas em apenas um local dentro do quadro. Não é a forma ideal, dada à natureza holística da resiliência – e nem todos os usuários estão felizes com isso – mas a repetição das Características individuais ao longo do quadro poderia transformar este, em um documento mais longo e confuso. 13 Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres completo. Quando possível, os profissionais que trabalham com desastres e desenvolvimento devem estar envolvidos, bem como especialistas de áreas correlatas (por exemplo, especialistas da área financeira para trabalhar com instrumentos de sua área; engenheiros, arquitetos para a área de meio ambiente). 3.5.3 Aspectos comportamentais de resiliência Algumas pessoas acreditam que as Características devem dizer mais sobre as atitudes e os comportamentos da resiliência. Fatores como crenças, intenções, confiança e credibilidade são frequentemente estudados como influenciáveis ao comportamento dos indivíduos em situação de desastres, mas é difícil avaliar tais aspectos em nível comunitário ou institucional. Os aspectos de atitude e comportamento estão mais implícitos que explícitos nas Características, mas não estão ausentes. Na Área Temática 1, por exemplo, existem características relacionadas à visão, consenso, pensamento de longo prazo, voluntariado, compromisso e entusiasmo. Os usuários devem lembrar-se desses aspectos quando estiverem em ações de avaliação e planejamento para resiliência. PARTE 4 – COMO UTILIZAR AS CARACTERÍSTICAS 4.1 VISÃO GERAL E CONTEXTOS 4.1.1 Visão Geral As Características podem ser utilizadas em estágios diversos do ciclo de gestão de projeto (para estudos de base, planejamento e avaliação de projetos, por exemplo), associadas a outras ferramentas de RRD e a projetos de pesquisa (análise de vulnerabilidades e capacidades, por exemplo), para construção de capacidades e defesa de causas específicas, ou ainda para o planejamento estratégico. Neste capítulo discutimos alguns desses caminhos de aplicação das Características, desenhando as lições aprendidas nos testes de campo. Não se trata de uma crítica abrangente ou de um manual para usuários, mas da apresentação de estudos de caso tomados como exemplos; do direcionamento de algumas questões que precisam ser respondidas; do reconhecimento de desafios que precisam ser identificados; e da apresentação de sugestões práticas sobre como lidar com esse contexto. Recomendamos que você dedique algum tempo analisando a estrutura básica e seu conteúdo a partir de todas as tabelas (no item 6) para familiarizar-se antes de continuar lendo este capítulo. 4.1.2 Contextos As Características podem ser aplicadas em qualquer contexto local onde haja um planejamento em RRD, ou haja sua intenção. Como já foi dito, todo projeto, localidade e comunidade é único. Todo planejamento e intervenção devem refletir suas particularidades. Muito do que se apresenta neste item trata sobre as diferentes maneiras de utilizar as Características para adaptá-las ao contexto local. Mas, os contextos específicos de aplicação que se seguem exigem certos comentários. (a) Adaptação às mudanças climáticas “A RRD pode lidar com a atual variabilidade climática e ser a linha de frente no combate às mudanças climáticas, sendo então essencial para a adaptação. Reciprocamente, para que a RRD seja bem sucedida é necessário ter em conta que os riscos associados às mudanças climáticas são inconstantes, e garantir que as medidas não ampliem a vulnerabilidade às mudanças climáticas em médio ou longo prazo” 7. RRD e Adaptação às Mudanças Climáticas não são a mesma coisa: RRD relaciona-se a uma gama muito maior de ameaças que apenas às climáticas, enquanto que o escopo da Adaptação às Mudanças Climáticas vai além dos tópicos de RRD, como a 7 Mitchell T, van Aalst M, 2008, ‘Convergence of Disaster Risk Reduction and Climate Change Adaptation: A Review for DFID’(relatório não publicado) p.1. http://humanitarian-space.dk/fileadmin/templates/billeder/dokumenter/Event_Climate/Convergence_of_DRR_and_CCA.pdf Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres perda da biodiversidade e as alterações nos ecossistemas. Não obstante, há uma justaposição entre elas: ambas focam na gestão dos riscos e na redução de vulnerabilidades no contexto do desenvolvimento sustentável. Suas agendas também evoluíram separadamente e sua integração ainda é limitada. A maior parte das organizações humanitárias ainda busca uma efetiva integração, tanto conceitualmente como operacionalmente8. O Painel 2 (Integração entre RRD e Adaptação às Mudanças Climáticas) ilustra como alguns membros de grupos de interagências estão atualmente pensando sobre o tema: note que há ainda muito trabalho em andamento. No trabalho de campo não é necessariamente interessante fazer distinções entre impactos e tensões causados pelas ameaças, mudanças climáticas ou outras formas de degradação do ambiente: o que é importante é compreender a natureza da ameaça e suas causas, e assim planejar as ações de resposta apropriadamente. As Características não foram desenhadas especificamente para as mudanças climáticas e não contêm orientações detalhadas para essa temática. Nas poucas situações em que o documento se refere especialmente às mudanças climáticas ou seu processo de adaptação, pretende-se que os usuários estejam atentos às necessidades de ligação e integração entre as áreas, por meio de estratégias e políticas públicas. Entretanto, considera-se que as iniciativas de RRD sejam necessárias à gestão das ameaças e impactos gerados pelas mudanças climáticas e, portanto, implica em todo o documento aqui apresentado, uma vez que muitos dos componentes e características aqui sugeridos são aplicáveis à Adaptação às Mudanças Climáticas. Como observou Maarten van Aalst, da Cruz Vermelha / Centro Climático do Crescente Vermelho, em um recente evento das Características: ‘A adaptação não é uma atividade isolada, deve ser integrada a todos os elementos relevantes do quadro das Características’. Significa, portanto, que os usuários devem manter o tema da Adaptação às Mudanças Climáticas em mente sempre que trabalharem com as Características, e não presumir que as mudanças climáticas são apenas relevantes nos pontos em que está diretamente mencionada neste documento9. (b) Depois do desastre O estado ideal de resiliência delineado nas Características está muito distante da condição de uma comunidade que tenha acabado de sofrer um desastre. Talvez haja a necessidade de se pensar Características similares por meio de uma pesquisa que as identifique para aquelas comunidades que estão em fase de reconstrução pós-desastre (a exemplo das fases de limpeza, e fornecimento de água confiavelmente tratada) como um primeiro passo da resiliência. Isso poderia ser criado pela seleção de pequenos conjuntos relativamente pequenos das Características (veja item 4.3.3), ainda que seja uma tarefa cuidadosa, em um processo deveras deliberativo. A iniciativa da Cruz Vermelha de Mianmar, IFRC e Cruz Vermelha de Danish, por exemplo, de desenvolver um quadro de monitoramento e avaliação para as ações de assistência, socorro e reconstrução após o Ciclone Nargis incluiu o desenvolvimento de ‘perfis de resiliência’ comunitários: a composição de um conjunto de indicadores para setores diferentes (água e saneamento, abrigos, por exemplo) que ilustra o nível de resiliência de uma comunidade ou famílias em diferentes tempos. Cada perfil representa um ‘pacote’ mínimo de resiliência para um setor em particular e um dado momento após o desastre. Essa abordagem também tem algo em comum com os diversos ‘marcos’ descritos no item 4.3.5. (c) Conflitos As Características foram escritas a partir dos chamados desastres ‘naturais’ considerando, e com a expectativa, de uma gestão de desastres de base comunitária, assumindo que haja um grau de consenso dentro das comunidades. Em situações de forte instabilidade ou conflito, pode ser mais difícil aplicá-las. Mais que isso, os conflitos frequentemente minam a resiliência das comunidades; a exemplo da perda da coesão social; da destruição dos bens produtivos e da infraestrutura local; do acesso limitado aos recursos naturais como fontes de água e pastagens; forçando famílias inteiras a abandonar suas residências. As alterações na forma em que as Características são aplicadas em tais contextos são imprescindíveis – e é exatamente o que é difícil de orientar, uma vez que não há experiências de campo na aplicação das Características em contextos desse tipo. (veja também item 3.4 em Ambiente Favorável). 8 Para acessar a explanação completa deste tema, acesse: Venton P, La Trobe S, 2008, Linking climate change adaptation and disaster risk reduction (Teddington: Tearfund) www.tearfund.org/webdocs/Website/Campaigning/CCA_and_DRR_web.pdf 9 Na primeira edição das Características, a adaptação às mudanças climáticas foi mencionada na gestão de recursos ambientais e naturais constante no Componente 1 da Área Temáticas 4 (Gestão de Riscos de Redução de Vulnerabilidades). Embora a adaptação às mudanças climáticas não esteja restrita a esse tema, o documento sugeria que o usuário fosse levado a pensar que este era o ponto de maior prioridade para integração entre as duas temáticas, e que cada usuário poderia identificar outros pontos de integração. A referência foi retirada nesta edição. 15 Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres 4.2 INTRODUÇÃO ÀS CARACTERÍSTICAS; CONSTRUÇÃO DA CAPACIDADE DE USUÁRIO 4.2.1 Público alvo e grupos de usuários As Características foram formatadas principalmente para governos e organizações da sociedade civil que trabalho com RRD e Adaptação às Mudanças Climáticas em níveis comunitários, e em parceria com essas comunidades. Assim, os principais usuários durante a pesquisa e o teste de campo foram ONGs nacionais e internacionais, e seus parceiros locais, em todo o mundo. As orientações, no entanto, também podem ser utilizadas por cientistas e técnicos que estejam desenvolvendo seus próprios modelos e orientações sobre resiliência; por pesquisadores que desenham quadros analíticos; ou ainda para o ensino universitário sobre redução de riscos de desastres. O uso governamental tem sido lento, mas muitos governos nacionais por meio de seus escritórios de gestão de desastres têm mostrado interesse pelas Características. Destaca-se que todo esse material foi desenvolvido tanto por profissionais de ONGs, como por pesquisadores para facilitar a discussão com os governos locais sobre suas capacidades e intervenções. 4.2.2 Introdução das Características ao usuário (a) Princípios básicos Como iniciar o uso das Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres em seu trabalho? A resposta depende do que você, usuário, decidir! (as notas de orientação aqui apresentadas tem a intenção de ajudá-lo em suas decisões). As Características não funcionam como um modelo para toda e qualquer situação. Trata-se de uma pesquisa, e não uma lista de afazeres a ser completada. Elas devem estimular e facilitar a discussão, e sempre serem adaptadas ao contexto de aplicação e às necessidades e capacidades de seus usuários. Em qualquer contexto, é essencial investigar as utilidades das Características e sua relevância aos usuários da organização, bem como aos seus parceiros e comunidades vulneráveis. O que inclui a percepção de o quanto e em que medida elas são aplicáveis à abordagem organizacional e individual, aos sistemas e à gestão estrutural. Houve um acordo generalizado durante os testes de campo como a necessidade de facilitação para a introdução das Características aos potenciais usuários. Ainda que os princípios básicos possam ser facilmente explicados, o documento por si só é longo e complexo, com a linguagem podendo apresentar-se de forma abstrata e conceitual, e as tabelas bastante detalhadas. Notas de orientação são sempre úteis, especialmente quando feitas por experientes profissionais de RRD que empenharam algum tempo estudando as Características e as utilizando em campo; mas é igualmente importante dar aos usuários o tempo e a oportunidade para prepararem-se pela leitura, reflexão e discussão. Uma introdução às Características poderia envolver um treinamento, mas na prática é mais habitual realizar oficinas de planejamento e organizar atividades de grupo nas quais se possa discutir, validar e modificar o conteúdo da pesquisa, por meio de métodos participativos de alcance. Frequentemente esse é apenas um único exercício, mas seria melhor percebê-lo como parte de um processo de longo prazo de aquisição e uso desta e de outras ferramentas para planejamento, implantação e avaliação de ações em RRD. Lembre-se de que a construção da resiliência deve ser compreendida como um processo contínuo de aprendizagem e prática. As Características não apresentam instruções como conduzir esse processo, e são apenas uma entre tantas pesquisas que podem ser úteis a essa tarefa: veja Painel 1 (Outras iniciativas para indicadores de RRD) e Painel 3 (Criação de um processo de RRD bem sucedido). É essencial que aos grupos vulneráveis seja dada a chance de explorar e validar as Características. Este deve ser um processo participativo. Até o momento, as Características têm sido aplicadas de cima para baixo. Mas podem também ser adotadas localmente em um processo de baixo para cima – não apenas pelas comunidades, como também por organizações locais. Isto cria uma propriedade para a pesquisa que amplia as chances de ser aplicada com sucesso. (veja o Painel 4: Envolvimento da juventude, para sugestões sobre como engajar comunidades). Algumas abordagens também requerem facilitadores experientes em trabalhos de base comunitária. (b) Abordagens para indução e formação Seria difícil apresentar todas as Características em uma única introdução ou exercício prático, a menos que um tempo considerável possa ser destinado a isso (idealmente como um processo contínuo, incluindo tempos para avaliação e desdobramentos para que os usuários tornem-se mais experientes na aplicação da pesquisa). Um único exercício resumido pode ter seu valor diminuído, a menos que os participantes já sejam especialistas em RRD e tenham um tempo anterior para familiarizar-se com as Características. Desprender um tempo com a equipe da ‘linha de frente’ para falar sobre as Características gera maior compreensão e comprometimento. Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres Diversos são os caminhos possíveis para a introdução às Características. O primeiro tem início em uma revisão geral do quadro e seus elementos principais: As Áreas Temáticas, os Componentes de Resiliência e o Ambiente Favorável. Esse passo pode estimular uma discussão semiconceitual sobre a natureza, a aplicação e os objetivos da RRD. Um grupo de exercícios poderia focar em um Componente de Resiliência específico, junto às suas características, permitindo que os participantes estejam engajados à pesquisa e debatam sobre sua aplicação em situações reais, a exemplo da criação de linhas de base, conjunto de prioridades ou avaliação de progresso. Outro caminho consiste em iniciar com o que as pessoas já conhecem sobre o assunto – ou seja, situações e projetos reais, em que o olhar para trás sobre de que maneira ações e resultados já alcançados encaixam-se ao quadro das Características. Isto pode conduzir a uma discussão sobre pontos fortes e fracos, ou lacunas e seguranças. O Estudo de Caso 1 (Apoio a profissionais de RRD na definição de resiliência do contexto rural de Bangladesh) é uma descrição detalhada desse método, desenvolvido por Tearfund. O Estudo de Caso 2 (Introdução das Características aos parceiros da ONG no Nepal) é uma ilustração aprofundada advinda de ações práticas de RRD e do trabalho em bases comunitárias. A maneira como as Características serão introduzidas deve estar de acordo com o potencial dos usuários, em relação ao seu conhecimento e capacidades: não há um padrão para todas as situações. Há casos em que as organizações não tiveram um nível suficiente de compreensão sobre RRD e sua terminologia para utilizar facilmente as Características, ou situações em que os participantes e os facilitadores tinham diferentes entendimentos das questões que necessitavam de solução prioritariamente. (c) Conquista da aceitação organizacional Durante o período de testes de campo, a aplicação das Características ocorreu, na maioria das vezes, em projetos específicos, com benefícios indiretos em termos de conquista de habilidades e conhecimento sobre as Características e RRD como um todo. Ainda é relativamente pequena a evidência sobre como as Características podem ser trabalhadas em âmbito organizacional, mas existem alguns exemplos dos testes de campo sobre caminhos nos quais as Características podem apoiar a construção de capacidades em projetos ou equipes organizacionais. O Estudo de Caso 3 (Uso das Características para avaliar capacidades, habilidades e lacunas) é um bom exemplo. Outro exemplo vem da Oxfam GB, em que parte da programação do ‘encontro global’ de dezembro de 2007, destinou-se a familiarização de sua equipe com as Características. Após uma discussão geral sobre o documento e sua ampla cobertura em RRD, os participantes foram divididos em grupos, um para cada Área Temática. Cada grupo escolheu um Componente de Resiliência de sua Área Temática, observou as Características de uma Comunidade Resiliente a Desastres dentro de cada componente, selecionou uma dessas características e discutiu sobre como transformar tal característica em um indicador e como mensurá-lo. Esse exercício permitiu que os participantes aproximassem-se da pesquisa e debatessem sobre os caminhos de adaptação ao seu próprio ciclo operacional, bem como gerassem uma devolutiva sobre a aplicabilidade de forma geral. (d) Tradução A primeira edição das Características foi traduzida para o Francês, Espanhol e Indonésio. Esperamos que essa edição esteja também disponível em diversos idiomas. No campo, as agências já traduziram partes do documento, ou termos e conceitos chave, para idiomas locais. Essa pode ser uma tarefa difícil, especialmente onde não haja uma palavra da língua local para alguns termos do Inglês: uma organização que trabalha no Nepal, por exemplo, encontrou dificuldade em traduzir a palavra ‘resiliência’. A dificuldade pode ser maior onde haja diferentes compreensões ou interpretações de um termo em particular. Não há uma solução simples para esse problema. O que importa é conduzir o processo da melhor forma – neste caso, investindo tempo na discussão dos termos, e os associando a conceitos em que haja concordância de significado na tradução. Um bom facilitador pode auxiliar nesse momento. (e) Atitudes positivas Finalmente, nós pudemos perceber um inesperado, mas muito importante, resultado de nossos testes de campo: o valor psicológico das Características na criação de atitudes positivas entre os usuários. Este foi o resultado das Características com foco em soluções, mais que em situações problema. O retorno de Tearfund a partir de sua atividade de introdução às Características para profissionais de RRD em Bangladesh10 foi típico: “Vimos o valor positivo das Características. Anteriormente, eles sabiam o que queriam para prevenir o desastre em uma área de risco, mas isso se transformou em conhecimento sobre o que realmente querem alcançar”. A dimensão psicológica e motivacional na construção da resiliência merece estudos aprofundados. 10 Descrito no Estudo de Caso 1: Apoio a profissionais de RRD na definição de resiliência do contexto rural de Bangladesh 17 Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres 4.3 SELEÇÃO, MODIFICAÇÃO, “CUSTOMIZAÇÃO”. 4.3.1 Porque as Características precisam ser modificadas Os usuários precisam comprometer-se completamente com a pesquisa das Características, debatendo sua utilidade e, quando apropriado, adaptando para caber em suas necessidades. Isto pode envolver a seleção em particular de alguns Componentes de Resiliência e das Características de uma Comunidade Resiliente a Desastres, adaptando e as reescrevendo, incluindo novas, ou até organizando de uma forma diferente o quadro proposto. Seria como ‘customizar’ o quadro, de maneira a deixar as Características mais relevantes às necessidades e capacidades particulares; às ameaças a que cada comunidade está exposta; ao tipo de trabalho que as organizações são especialistas e têm capacidade de desenvolver; e ao seu ambiente operacional e político. É importante não adotar características individuais sem questionar sua precisão e relevância para determinada situação. Em contextos de mudanças rápidas, esse questionamento deve ser repetido seguidas vezes a garantir que as Características permaneçam adequadas. Não se espera que ninguém utilize todas as Características de uma Comunidade Resiliente a Desastres em seu trabalho. Mesmo que o façam, as Características – que pretende ser o mais abrangente possível – não têm a capacidade de dar conta de todas as dimensões da resiliência, todos os setores ou todos os grupos vulneráveis da sociedade11. Provavelmente cada usuário terá sua própria visão sobre como as Características refletem em seu trabalho. 4.3.2 Abordagens possíveis O processo de modificação ou seleção das Características relevantes deve considerar os fatores abaixo para que as decisões sejam claras sobre as priorizações, a reconhecer que esse processo pode envolver alguns compromissos (veja mais sobre priorizações no item 4.4.4). O processo deve ser aberto. As Características terão mais utilidade (e, portanto, serão mais utilizadas) quando forem selecionadas por, ou ao menos com, aqueles que necessitam delas. O que significa que se trata de um processo participativo, de discussão e de validação local. Diversas organizações ‘customizaram’ as Características, de variadas formas. O Painel 5 (Adaptação das Características a contextos locais) é um exemplo que vem das Filipinas, em que uma ONG local traduziu genericamente as Características de uma Comunidade Resiliente a Desastres e o Ambiente Favorável para um guia de orientações em versões que se adéquam ao contexto local de seu trabalho mais especificamente. A Plan Internacional tem explorado alguns caminhos para fazer com que as Características reflitam suas principais abordagens em direitos e proteção das crianças. Uma das formas foi desenvolver um conjunto de indicadores desenhados a partir do quadro das Características, mas específico ao foco da Plan e ao processo de RRD com crianças (veja Estudo de Caso 4: Contextualização das Características para redução de risco com foco em crianças). Outra experiência registrou-se com a criação de uma Área Temática extra (ainda em versão rascunho) sob a perspectiva de gênero e das crianças em comunidades resilientes a desastres, e nela incluem-se seus próprios Componentes de Resiliência, Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres, e Ambiente Favorável. (veja Painel 6: Criação de novas Áreas Temáticas). Este documento foi desenhado com foco central em RRD, mas a RRD é uma parte que integra o desenvolvimento sustentável. Muitos dos componentes de resiliência e das características delimitados nesta pesquisa são aplicáveis a outros contextos de desenvolvimento. É, portanto, possível compartilhar e discutir as Características em torno de toda a organização, buscando conexões com outros conceitos e indicadores utilizados pelas organizações em seus diversos campos de atuação. Algumas conexões provavelmente assumirão a forma de fertilização cruzada ou empréstimo de ideias, ao invés de uma integração mais formal de sistemas conceituas ou de avaliação, mas os usuários devem sentir-se à vontade para reinterpretar e reorganizar as Características na direção que lhes seja mais apropriada, incluindo transformá-las em uma linguagem mais simples. 4.3.3 Características chave Algumas organizações customizaram um passo mais adiante pelo desenvolvimento de listas gerais de Características chave – ‘chave’ em relação às prioridades de RRD, a área específica da RRD na qual um projeto individual esteja focado ou o tipo de trabalho que a agência desenvolve. A Tearfund é uma organização que tem desenvolvido conjuntos de características chave e percebeu utilidade em seu trabalho global em RRD e segurança alimentar (veja Painel 7: As ‘20 mais’ características de Tearfund). 11 Por exemplo, alguns usuários sugeriram que a gestão de recursos sustentáveis e o capital social não se encaixam bem neste quadro. Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres Outras organizações falam em termos de identificação ‘prioritária’ ou ‘mínima’ de indicadores e Características, reconhecendo o imenso desafio que envolve o progresso em todos os aspectos da resiliência, especialmente onde se concentra a alteração de padrões subjacentes ao desenvolvimento. (para apontamentos semelhantes, veja o Painel 8: Indicadores chave de uma comunidade resiliente, por ADPC). Esse deve ser um processo deliberativo e inclusivo, relacionado ao contexto das iniciativas em RRD, e algumas vezes o consenso pode ser difícil. Lembre-se também de que a RRD é por si só um processo constante de aprimoramento: ninguém deve estar satisfeito com um mínimo de conquistas. Algumas agências podem desejar atuar de alguma maneira nesse campo, o que pode ser um valioso exercício se estimular a discussão e informar o processo de decisão sobre a natureza da resiliência, áreas prioritárias para a construção da resiliência ou a RRD em geral (a questão é frequentemente debatida entre especialistas). Mais uma vez, é essencial conduzir o processo da maneira correta. Se a seleção das características chave é necessária (e não se deve presumir que é), deve ser feita de maneira participativa e deliberativa, jamais impositiva. O exercício não deve ser isolado, há que se incluir visões diversas. A resiliência ao desastre não é estatística: as necessidades e capacidades das pessoas e de seus contextos podem mudar. Se a seleção das Características permanecer fixa, os gestores de projetos podem simplesmente esquecer os outros aspectos da resiliência que precisam ser considerados por sua significância. 4.3.4 Estabelecimento de prioridades Para muitas agências, a abrangência da RRD e a variedade dos potencias de suas iniciativas apresentam problemas na escolha sobre onde e como fazer intervenções. As Características não fazem diferenciação entre a variedade de tipos de RRD em termos de seus significados. Há que se registrar, entretanto, que as agências devem escolher suas prioridades porque não podem abarcar todos os aspectos da resiliência ao mesmo tempo. O papel das Características é de auxiliar os usuários a visualizar a maior gama possível de opiniões, para que possam fazer suas próprias escolhas. Está a critério do grupo ou organização definir suas prioridades para intervenção e isso dependerá de um número de fatores que incluem necessidades, contextos e capacidades operacionais. Quando se decide pelas intervenções, pode ser também útil olhar para as conexões entre as diferentes Áreas Temáticas. Uma atividade em uma Área Temática pode ter mais impacto se for reforçada por um Componente de Resiliência de outra área. Por exemplo, as atividades de preparação para desastres (Área Temática 5) serão mais efetivas no planejamento quando basearemse na redução de riscos e de avaliação de vulnerabilidades (Área Temática 2) e há também níveis mais altos de participação comunitária e prestação de contas (Área Temática 1)12. Similarmente, a avaliação de riscos, ameaças e vulnerabilidades (Área Temática 2) é, com frequência, vista como uma prioridade para o início de um projeto, para identificação das ameaças principais de uma comunidade e para orientar o plano de ação em RRD. Mas outras forças, dificuldades e lacunas de resiliência podem também ser identificadas antes que as escolhas operacionais sejam feitas. 4.3.5 Marcos “As Características podem beneficiar desde uma simples ponderação de um processo de prestação de contas, até diferentes países e comunidades que iniciam seus trabalhos e precisam identificar, de alguma maneira, ‘a distância a ser percorrida”. O conjunto das Características de uma Comunidade Resiliente a Desastres representa um objetivo: o mais alto nível de resiliência que seja realmente viável. Marcos adicionais são necessários para aperfeiçoamentos e progressos em direção a este objetivo. Há, entretanto, desafios no uso dessas tabelas para avaliar o nível de evolução de um estado pré-existente de resiliência para o estado ideal de segurança13. Algumas Características podem ser utilizadas como indicadores convencionais de processo (veja item 4.4.2), mas não podem ser aplicadas como medidas padrão para requisitos específicos de projetos específicos. Os parceiros do projeto terão que concordar sobre como medir sua própria evolução em cada caso. Ao fazer isso eles focarão todas as Características de uma Comunidade Resiliente a Desastres que escolheram trabalhar, atuando em um processo que pretende passar do estado atual para o estado final em cada caso, e com indicadores acordados para diferentes estágios ao longo de todo o caminho. Um modelo de ‘marcos’ pode ser útil para compreender o progresso em direção à resiliência de uma comunidade ou localidade em particular. Isso provavelmente irá ser mais útil como um exercício para diversos públicos de interesse observarem o trabalho de grupos e organizações envolvidos em RRD na localidade. 12 Algumas sugestões indicam que, a nível comunitário, a avaliação de riscos é ponto de partida para a RRD eficaz, uma vez que gera alianças e participação, e assim facilita o diálogo com o governo. 13 Dr. Maureen Fordham, em entrevista para a Plan UK. 19 Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres Não há, todavia, uma compreensão comum sobre os diferentes estágios de progresso em RRD; trabalhar com marcos e avaliações comparativas é ainda algo experimental. Nas Características, sugere-se uma escala de cinco níveis, em que cada nível distingue um estágio de desenvolvimento em RRD. Essa é uma escala simples que deve ser de fácil uso14. A escala foi desenhada para possibilitar uma visão geral do estado de resiliência, e pode ser utilizada para revisar a evolução em direção à resiliência a partir das cinco Áreas Temáticas, ou separadamente por Área Temática. Ainda pode ser também aplicada para selecionar os componentes de resiliência, mas não necessariamente para todos eles. Nível 1 Nível 2 Nível 3 Nível 4 Pouco conhecimento sobre o assunto ou pouca motivação local. Ações limitadas a respostas pela ocorrência de eventos adversos. Conhecimento do assunto e vontade de atuação na área. Capacidade de ação (informação e habilidades, recursos humanos, materiais e outros) ainda limitada. As intervenções tendem a ser de cima para baixo, esporádicas e com efeito de curto prazo. Desenvolvimento e implantação de soluções. Capacidade de ação aprimorada e substancial. As intervenções ocorrem em maior quantidade e com efeitos de longo prazo. Coerência e integração. As intervenções são extensivas, abordando todos os diferentes aspectos do problema e associadas a uma visão estratégica de longo prazo. Nível 5 A ‘cultura da segurança’ existe em todos os públicos de interesse, onde a RRD está arraigada a todas as políticas públicas, ao planejamento, à prática, às atitudes e aos comportamentos. Parte-se do pressuposto que os grupos e organizações que utilizarem essa ferramenta para sua autoavaliação já tenham ultrapassado o nível 1. O nível 5, por sua vez, aproxima-se do ideal de uma comunidade resiliente a desastres. A noção de ‘cultura da segurança’ a que nos referimos aqui, que foi ampliada por sistemas da ONU e outros, vai além dar realização de atividades locais de RRD, pois implica uma larga aderência e uma arraigada mudança comportamental15. As avaliações de progresso utilizadas nesse modelo envolvem a observação de como o alcance da RRD ou dos temas relacionados à resiliência foi conquistado; de como a quantidade, o tipo e a abrangência das Características foram conquistadas; e – mais importante – como foi o nível de coerência e coordenação de esforços. Para aplicar este, ou métodos similares, indicase manter todo o cenário à vista, e incentivar destacada coerência nas atividades e elos entre os diferentes grupos e organizações envolvidas. As avaliações podem ser mais rápidas ou mais intensivas, mas a complexidade da análise não deve ser desprezada. Alguns usuários recentes das Características preocuparam-se com a tarefa de trabalhar todas as 167 características para construir o cenário completo dos marcos de progresso em direção à resiliência. Certamente essa é uma tarefa impraticável para projetos de campo (a menos que tenham algum valor de pesquisa). Uma atuação mais prática poderia receber avaliações mais genéricas baseadas em critérios qualitativos em altos níveis (Áreas Temáticas e Componentes de Resiliência), com, talvez, o desenho de algumas Características chave de uma comunidade resiliente ao desastre se apropriado. Essas avaliações devem ser obviamente, participativas. O objetivo será o de alcançar um consenso. Os marcos podem ser usados como linhas de base no início do projeto para avaliar o nível de acertos a cada momento (veja item 4.4.2). A repetição das avaliações deve indicar a extensão do progresso em RRD. Deve-se enfatizar, todavia, que muitas dessas mudanças serão atingidas apenas em longo prazo, especialmente onde as comunidades e as agências de apoio têm limitações em capacidades e recursos, e onde existe competição de prioridades. Alguns usuários também advertiram sobre o perigo de utilizar um modelo muito simples e linear de avaliação de progresso em direção à resiliência: em sociedades que experimentam mudanças drásticas nas áreas ambientais, socioeconômicas e políticas, as funcionalidades da resiliência que já tinham sido previamente conquistadas, podem ser perdidas. Isto sugere a necessidade de revisão constante de todos os estados de resiliência em uma comunidade. 14 Escalas similares de realização são usadas em variadas avaliações de RRD: por exemplo, indicadores de RRD da UNISDR (UNISDR, 2008) e método de avaliação da incorporação da RRD em organizações de desenvolvimento da Tearfund (La Trobe e Davis, 2005). Veja item 5 (Leituras complementares). 15 A medida para a mudança de comportamento é bastante difícil, mas há alguns métodos para fazê-lo, como o mapa de resultados – veja em: www.outcomemapping.ca Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres 4.4 APLICAÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS EM ATIVIDADES DE RRD 4.4.1 Planejamento estratégico e parcerias (a) Planejamento estratégico Apesar do uso mais direcionado a trabalhos de campo, as Características também podem dar suporte a planejamentos de níveis superiores. Pouca experiência sob essa perspectiva foi desenvolvida, mas esse recurso pela Christian Aid é um modelo de aproximação bastante interessante ao desenvolver a integração entre RRD e adaptação às mudanças climáticas como uma estratégia regional para a América Central. (veja Estudo de Caso 5: Plano estratégico com o uso das Características). (b) Escopo As Características, particularmente os Componentes de Resiliência, podem ser usadas como um “mapa” ou “escopo” básico, num exercício para identificar: Em quais principais áreas da resiliência ou da RRD o órgão está focado, e ou outras agências, direcionando seus esforços atualmente para uma área ou comunidade em particular. Onde está a ênfase de suas intervenções atualmente. Quaisquer grandes lacunas na cobertura ou na ausência de elos entre os componentes de RRD. Os resultados de tal revisão poderiam contribuir para as discussões sobre o foco de um trabalho futuro. Um exercício de definição de escopo ou mapeamento pode ser particularmente útil em conjuntos de diferentes públicos de interesse, podendo indicar falhas na cobertura coletiva das agências, e destaques potenciais para novas colaborações mais fortes, ou em temas específicos. É extremamente improvável que uma única organização trabalhe em todas as áreas relevantes. Nem se aconselha que isto ocorra, uma vez que conhecimentos técnicos e especializados são necessários em muitos casos. Quando as competências próprias de uma organização estão sendo trabalhadas em campo (a exemplo da preparação para desastres, apoio aos meios de subsistência, educação) é necessária, muitas vezes, a construção sobre funcionalidades já existentes. Mas um mapeamento ou exercício de definição de escopo irá permitir a consideração sobre o envolvimento em outros aspectos relevantes de RRD e de resiliência para apoiar seu trabalho atual ou aumentar seu impacto (incluindo parcerias com outras agências). Por exemplo: Uma organização com experiência em ameaças e avaliação de riscos ou avaliação de vulnerabilidades (veja em Área Temática 2: Avaliação de Risco) pode interessar-se por garantir que seus resultados estejam sendo compartilhados e aplicados de forma eficaz. Isso pode levar ao desejo de desenvolver um trabalho de informação ao público (aspecto da Área Temática 3: Conhecimento e Educação), ou um trabalho de sistemas de alerta e alarme (Área Temática 5: Preparação e Resposta a Desastres). Uma organização com foco em tecnologias de RRD, tais como construções seguras ou medidas de controle contra inundações e deslizamentos (parte da Área Temática 4: Gestão de Risco e Redução de Vulnerabilidades) provavelmente irá necessitar envolver-se em discussões sobre padrões de construção, uso e ocupação do solo e outras disposições e regulamentos legais (Área Temática 1: Governança) que podem afetar suas iniciativas, bem como na promoção de capacitação técnica de membros da comunidade (Área Temática 3: Conhecimento e Educação). (c) Necessidades e oportunidades de parcerias Estas notas de orientação apoiam a investigação de questões relacionadas à RRD de diversas formas. Conceitualmente, duas Características desse quadro são particularmente relevantes. 1. Elementos correlatos à Área Temática 1 (Governança): esses são elementos como a integração de atividades, o compartilhamento de visões, negociação, consenso, participação, ação coletiva, representação, inclusão, prestação de contas, voluntariado e confiança. A governança também sustenta as demais áreas temáticas e componentes de resiliência. 2. Por meio dos Ambientes Favoráveis constantes deste quadro, as Características reconhecem a importância de uma política mais ampla sobre os fatores institucional e sócio econômico no apoio ao nível de resiliência de uma comunidade. Nas aplicações, existem diversas maneiras em que as Características podem ser utilizadas para identificar, avaliar e estimular oportunidades de parceria. Uma delas é o mapeamento inicial ou exercício de definição de escopo, já descrito acima. 21 Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres Uma série de revisões de projetos e avaliações tem utilizado as Características como uma estrutura ou uma “lente” para observar a governança e sua relação com as dimensões de RRD. Normalmente, define-se a situação atual como o estado ideal estabelecido nas Características e identificam-se áreas de trabalho futuros, tais como a necessidade de uma maior integração entre as atividades do projeto e entre as estruturas locais de governança. Outras visões e estudos de diagnóstico têm considerado esses elementos do Ambiente Favorável que sejam relevantes para alcançar os objetivos do projeto e desenvolver suas atividades. Alguns comentários guiados pelas tabelas das Características ampliaram as relações entre os objetivos do projeto. Por exemplo, uma revisão de um programa de educação em RRD da ActionAid em Bangladesh refere-se a um processo mais amplo de consulta interativa com várias partes interessadas e com comunidades de três localidades sujeitas a desastres, resultando na informação de que as pessoas, líderes comunitários, professores, e gestores locais de desastres e educação foram bem informados sobre os riscos de desastres e seu papel no processo de gestão. O governo local também foi envolvido no desenvolvimento e implantação do plano de ação de projeto. Isso não significa, entretanto, que as Características por si só, tenha estimulado as agência a se engajar mais plenamente em RRD, mas que sua aplicação auxiliou o processo de percepção. Os pesquisadores também foram rápidos em aplicar as Características em questões de parcerias. Em Honduras, um estudo sobre a prestação de contas e a não discriminação na gestão de risco de inundações contou com as Áreas Temáticas e o Ambiente Favorável (com outros materiais) na definição de suas perguntas de pesquisa16. As Características foram utilizadas pela ChristianAid para orientar as questões utilizadas em entrevistas semiestruturadas e discussões de grupo em um estudo comunitário em La Reforma, Honduras, que explorou os fatores que afetam a capacidade de uma comunidade e outros atores (em especial outras comunidades afetadas pela enchente) como um direcionamento em RRD, levando à realização de mudanças em suas relações com as autoridades municipais. Comentários realizados sugerem que os usuários das agências não estão utilizando as Características ao máximo de seu potencial para avaliação e desenvolvimento de parcerias em RRD com públicos diversos. Não está claro porque isso tem ocorrido, mas qualquer que seja o motivo é uma lacuna a ser solucionada se quisermos ver em larga escala a construção de comunidades resilientes aos desastres. 4.4.2 Ciclo de gestão do projeto (a) Estudos de base Ao se referir às Características os projetos podem garantir que suas linhas de base sejam suficientemente coerentes e abrangentes para cobrir toas as questões relevantes. Ao observar os Componentes de Resiliência e as Características de uma Comunidade Resiliente a Desastres, é possível identificar as características específicas e os indicadores para orientar a coleta de dados. Dados de pesquisas de base da atividade de RRD também podem ser comparados ao quadro das Características e seus diferentes elementos, de maneira a identificar a extensão da resiliência que já existe em uma comunidade. Algumas agências podem achar útil a ponderação ou a nivelação para o mapeamento, na forma de escores numéricos. Isto está relacionado com a questão dos ‘marcos’ de progresso em direção a resiliência (veja item 4.3.5), e então qualquer sistema de pontuação pode ser criado. Por exemplo, uma sugestão do teste de campo é que as linhas de base poderiam marcar as Características de acordo com uma escala simples: (1) atendida; (2) parcialmente atendida; (3) não atendida. A escola pode ser utilizada para gerar escores brutos que poderiam ajudar a decidir as prioridades de um projeto (por exemplo, para concentrar intervenções sobre um aspecto particular de resiliência, ou trabalhar em uma comunidade em vez de outra). Pesquisas posteriores utilizando o mesmo sistema de pontuação seriam capazes de avaliar o progresso desde a linha de base. Qualquer que seja o sistema utilizado, os escores numéricos teriam que ser debatidos e acordados, muitas vezes com base em dados qualitativos e juízos de valor. Os resultados podem ser apresentados visualmente, por exemplo, na forma de diagramas de aranha. (b) Análise de vulnerabilidades e capacidades A vulnerabilidade é um termo amplo e o conceito é compreendido e explicado de diferentes maneiras por acadêmicos e profissionais. Os profissionais de RRD devem ter clara a maneira como desejam que o termo “vulnerabilidade” seja aplicado em seu trabalho. A análise de vulnerabilidades e capacidades deve ser ampla, a partir de todas as dimensões identificadas, ainda que na prática seja difícil formatar uma análise coerente a partir da muita informação coletada referente a temas variados, e com alguma diversidade (incluindo variações de qualidade). Alguns usuários falam sobre as Características, referindo-se a elas como um 16 Newborne P 2008, Accountability and Non-discrimination in Flood Risk Management: Investigating the potential of a rights-based approach. Honduras case study (Londres: Overseas Development Institute/Christian Aid). Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres instrumento de ‘aprimoramento’ da análise de vulnerabilidade, pela identificação de áreas de investigação antes que a análise de vulnerabilidades e capacidades seja inserida em um quadro no qual a informação possa ser interpretada e analisada. As Características também podem ser aplicadas como um quadro para organização e interpretação das avaliações de risco ou de vulnerabilidades conduzidas anteriormente. O Painel 9 (“Mapeamento” de vulnerabilidades e de capacidades utilizando o quadro das Características) é um bom exemplo. Os métodos de participação na análise de vulnerabilidades e capacidades, bem como seus quadros, foram desenhados para apoiar o processo nos quais as comunidades possam identificar e avaliar suas próprias situações. Normalmente apenas as grandes áreas de investigação são consideradas. Os indicadores não são definidos, pois poderiam levar a definições incompletas ou distorcidas. Ainda que haja o reconhecimento como uma boa prática, ainda é útil ao trabalho de campo observar a abrangência e os tipos de vulnerabilidade e resiliência que a análise de vulnerabilidades e capacidades pode apresentar em função do foco ou ampliação do escopo de investigação, conforme for apropriado. As Características podem auxiliar nesse sentido. Por exemplo, um projeto financiado pela ActionAid DIPECHO para fortalecer uma comunidade e a torná-la resiliente a inundações, terremotos e deslizamentos no Nordeste do Afeganistão utilizou as Características como parte do processo participativo de análise de vulnerabilidades, incluindo orientação e treinamento para identificar os diferentes tipos de vulnerabilidades existentes na comunidade onde o projeto estava sendo implantado. Os ‘grupos vulneráveis’ a que se referem às Características não são um único grupo social, uma vez que há diversos grupos vulneráveis – pobres, mulheres, crianças, idosos, grupos religiosos e étnicos e pessoas com deficiência, por exemplo – sendo que sua vulnerabilidade difere aos impactos externos em termos de formas e extensão. Presume-se que um bom projeto trabalhe com as vulnerabilidades de diferentes grupos de maneira distinta. No entanto, as organizações que atuam com grupos específicos podem sentir a necessidade de reorganizar as Características de forma que reflitam as situações e necessidades desses grupos. Uma orientação formal para a análise de vulnerabilidades e capacidades também deve salientar esse ponto. As Características (Área Temática 2, Componente de Resiliência 2) não se aprofundam em detalhes sobre como conduzir a análise, mas fazem notar que a tarefa deve fornecer uma ‘imagem global’ das vulnerabilidades e capacidades, sendo esse um ‘processo participativo que inclui representantes de todos os grupos vulneráveis’ (Características 2.1, 2.2). Questões de gênero são ainda frequentemente subestimadas ou negligenciadas nas avaliações de vulnerabilidades e capacidades e nos projetos de RRD. Alguns quadros de avaliação incluem o gênero como um aspecto transversal específico que exige uma análise separada. Isso foi feito no estudo ‘Views from the Frontline – 2008-9’ conduzido pela Global Network of Civil Society Organizations for Disaster Reduction17. Não há um elemento específico de gênero nas Características, mas está implícito ao longo de todo o quadro: por exemplo, nas Características relacionadas à participação, prestação de contas, conhecimento indígena, culturas e atitudes, bem estar e proteção social. Essa é outra forma de ilustrar a necessidade das organizações trabalharem as Características para evitar uma abordagem tipo ‘cheklist’, e passar a utilizar o recurso como um ponto de partida para a identificação e discussão de aspectos relevantes. Outro comentário feito durante os testes de campo foi o de que as Características promovem uma distinção artificial entre as informações e avaliações de riscos e ameaças, de um lado; e avaliações e dados de impacto sobre vulnerabilidades e capacidades, de outro. Veja a Área Temática 2 (Avaliação de Risco), Componentes de Resiliência 1 e 2 (Avaliação de ameaças e dados sobre risco; avaliação e dados de impacto sobre vulnerabilidades e capacidades). Na prática, existem muitas sobreposições entre os diferentes tipos de avaliação, havendo muitas formas de conduzi-las com mais ou menos participação e inclusão das diversas dimensões do risco e da vulnerabilidade. A separação das Características não tem a intenção fazer essa distinção ou separar exercícios, mas sim garantir que todos os aspectos relevantes da ameaça, do risco e da vulnerabilidade humana sejam considerados juntos aos planos de resiliência e RRD. (c) Projeto: seleção de indicadores “Enquanto nós não compreendermos, conceitualmente ou às vezes intuitivamente, a vulnerabilidade e a resiliência, o tormento estará sempre nos detalhes, e neste caso, o tormento está na medida18”. As Características definidas nas tabelas não são indicadores de projeto convencionais. Elas caracterizam um estado ideal de resiliência em termos gerais, de maneira que os projetos específicos terão seus próprios e mais detalhados indicadores de desempenho para fases apropriadas, momentos de decisão e ajustes no ciclo do projeto19. As Características devem ser 17 Clouds but little rain... Views from the Frontline: A local perspective of progress towards implementation of the Hyogo Framework for Action (Teddington: Global Network of Civil Society Organizations for Disaster Reduction, 2009) www.globalnetwork-dr.org 18 Cutter S et al. 2008, Community and Regional Resilience: Perspectives from Hazards, Disasters and Emergency Management (Community and Regional Resilience Initiative) p.7 19 A UNISDR e a OCHA explicam em detalhes os indicadores e critérios de seleção. Veja Parte 5 (Leituras complementares). 23 Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres vistas como sinalizadoras de indicadores de desempenho, descrevendo atributos e elementos que contribuam para a resiliência das comunidades. Então devem ser traduzidas em indicadores mensuráveis. È imprescindível compreender isso. A relação entre as Características e os indicadores convencionais não é fixa: Algumas Características são equivalentes aos indicadores de impacto ou resultado utilizados na avaliação de projetos, pois representam um estado final resultante das intervenções de RRD. Outras são mais próximas de indicadores de resultados, pois indicam atividades ou medidas completas de RRD, que tenham sido postas em prática com o objetivo de obter a resiliência. Algumas poucas equivalem ao processo de indicadores que mensuram a implantação das atividades do projeto como um projeto contínuo. As organizações e seus projetos podem optar por reorganizar algumas Características adequando-as ao seu formato, lógica e mais genericamente, ao seu processo de monitoramento e avaliação. O Painel 10 (Conversão das Características em indicadores) baseia-se nas orientações da OXFAM GB para auxiliar a equipe do projeto no desenvolvimento de indicadores mensuráveis. Muitas agências utilizaram as Características para informar a concepção do projeto e a seleção de indicadores a partir de um quadro lógico baseado em resultados. Tipicamente, as Características são selecionais e modificadas para tornarem-se indicadores. Algumas vezes, os indicadores são desenvolvidos pelo projeto refinando e relatando Características específicas. Esse deve ser um processo de tomada de decisão ponderada, não qual, primeiro, as Características são revisadas para identificação e seleção de indicadores potencialmente relevantes, e então aquelas selecionadas são alteradas e adequadas, quando necessário, aos indicadores compatíveis ao projeto. Frequentemente essa tarefa exige uma discussão com os públicos de interesse. Durante os testes de campo as Características ajudaram a identificar lacunas e pontos fracos na concepção do projeto, bem como boas práticas no enfoque realístico e metas alcançáveis. Na prática, esse processo podem envolver algumas quantificações de modo que as metas mensuráveis do projeto possam ser definidas (por exemplo, o número de tipos de treinamentos propostos durante o período do projeto, o número de participantes, as datas em que as avaliações de rico ou de vulnerabilidades e capacidades serão conduzidas, o número de estruturas de captação de água de devem ser construídas). Veja também o Painel 11 (Características / indicadores: quantitativo ou qualitativo?). A seleção de indicadores, e sua revisão, pode ocorrer em outros momentos se os existentes forem inadequados para coletar as informações necessárias, ou se surgirem imprevistos durante a implantação do que o projeto se propôs a realizar. O processo não é tão simples, uma vez que cada projeto tem objetivos diferentes – por exemplo, em níveis de grupo familiar, comunitário ou governo local. O recurso das Características pretende enfocar a análise do nível comunitário. Alguns elementos podem ser relevantes a outros níveis, mas a seleção e a adaptação das Características será mais complexa. (d) Comentários e avaliações Uma das principais aplicações das Características tem sido na revisão de projetos e processos de avaliação. O retorno aqui é particularmente positivo. As Características são utilizadas, na maior parte das vezes, para enquadrar o processo de revisão de projetos, de uma ou duas maneiras (a primeira é mais comum). Na primeira opção, revisores e avaliadores selecionam as mais relevantes Características de uma Comunidade Resiliente a Desastres como indicadores de atividades ou de resultados para uma área particular da RRD a que o projeto se destina. Isso pode fornecer critérios mais completos e mais claros para avaliar o progresso, mesmo quando as Características sejam autoexplicativas. Por exemplo, em um processo de avaliação de projetos da Tearfund na Índia, um dos indicadores de sucesso do projeto marcava 80% das comunidades alvo com comitês em funcionamento ou com equipes de voluntários. Três Características relevantes foram incluídas no processo de avaliação para ajudar a verificar: ‘liderança comunitária comprometida, efetiva e transparente no planejamento e implantação de ações de RRD’. (Área Temática 1, Característica1. 5); ‘capacidade comunitária para fornecer serviços de resposta e emergência efetivos e em tempo apropriado: por exemplo, busca e resgate; primeiros socorros e assistência médica; avaliação de danos e necessidades; coordenação de ajuda de emergência e de abrigos; suporte psicológico; desobstrução de vias’. (Área Temática 5, Característica 5.1); ‘alto nível de voluntariado comunitário em todos os aspectos da preparação, resposta e reconstrução, com representação de todos os setores comunitários’. (Área Temática 5, Característica 6.4). Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres Embora esteja claro que é melhor utilizar as Características para seleção de indicadores na fase de concepção do projeto, de maneira a garantir consistência em todo o seu ciclo, isso não significa que elas não possam ser utilizadas em uma fase posterior – na verdade, a maior parte das avaliações e revisões são retroativas – não sendo essencial, portanto, aguardar avaliações formais e programadas para rever um projeto a partir do ‘olhar’ das Características: isso pode ser feito a qualquer momento do projeto como parte do monitoramento contínuo. O monitoramento e a avaliação, entretanto, podem tornar-se mais difícil onde os indicadores ou a hierarquia de indicadores tenham sido alterados durante a execução do projeto. Mais que isso, os investidores esperam por relatórios baseados nos indicadores originais. A mudança de indicadores ou a inclusão de novos também pode confundir a equipe do projeto, seus parceiros e comunidades, por isso toda mudança deve ser criteriosa. Durante o piloto das Características, muitas agências incentivaram o problema sobre como aplicá-las aos projetos em curso, pelo estabelecimento de quadros de indicadores (na forma de quadros lógicos ou baseados em resultados). A solução para este problema parece ser utilizar as Características não para substituir indicadores existentes, mas para aperfeiçoa-los tornando-os mais claros, explícitos e detalhados. Não há muita experiência nessa tarefa, mas o exemplo da Christian Aid no Estudo de Caso 6 (Uso das Características para revisões e avaliações) mostra como isso pode ser feito. A segunda opção percebe o projeto sob outra perspectiva. Ela ‘mapeia’ todas as atividades e realizações do projeto a partir do quadro das Características, buscando não apenas uma medida de sucesso, mas também a compreensão de lacunas e limitações em sua cobertura de RRD. Isso pode ser feito como um exercício único ou com um adicional ao processo de avaliação. Essa opção pode ser bastante útil ao proporcionar uma visão sistêmica do que está sendo feito ou do que é necessário, de maneira relativamente rápida. O método também pode estimular a discussão sobre prioridades e índices de desempenho. Por exemplo, quando a Oxfam aplicou as Características para as conclusões de uma revisão do Programa River Basin, na Gaibandha, em Bangladesh, o fez a fim de abrir espaço para a discussão com o país sobre a organização da equipe regional, seus pontos fortes e fracos, suas lacunas e oportunidades relacionadas ao programa. Aqueles que assim utilizam as Características devem, no entanto, estar cientes de que pode ser desmotivador para aqueles que conceberam o projeto, uma vez que é extremamente improvável que um projeto individualmente possa contemplar todos os componentes de resiliência. Alguns integrantes da equipe local, assim como parceiros, podem até pensar que seja perigoso expor muitas lacunas de sua atuação em RRD, e como resultado, adotar uma postura defensiva. Aplicações desse tipo devem ser tratadas com sensibilidade – pode ser melhor desenvolver essa atividade juntamente com a equipe, onde os assuntos possam ser debatidos e solucionados, ao invés de deixá-los para o julgamento de profissionais externos. Algumas vezes será mais apropriado aplicar o método de revisão de atividades de todas as agências em uma comunidade em particular, ao invés de fazê-lo separadamente por agência. No monitoramento e avaliação, assim como em outras aplicações, as Características podem ser personalizadas para atender diferentes necessidades e contextos. Cada projeto é diferente. Terá que ser um processo de seleção que permita focar sobre os Componentes de Resiliência e sobre as Características de uma Comunidade Resiliente a Desastres que sejam mais apropriados ao projeto. Será necessário, provavelmente, selecionar as Características mais relevantes para a medição de desempenho, ou utilizar os Componentes de Resiliência como um quadro mais amplo no quais se encaixam os resultados do projeto. É possível que não seja necessário ou prático para todos os membros da equipe de avaliação familiarizar-se com cada detalhe, mas seus líderes e aqueles que selecionam os principais indicadores certamente terão de conhecer muito bem as Características como parte do processo de seleção. 4.4.3 Pesquisa A pesquisa é, em potencial, uma importante aplicação para o quadro das Características. Os estudos e investigações não devem basear-se apenas nas Características, mas sim tomá-las como um entre seus vários recursos, estruturas e conceitos a serem utilizados pelos pesquisadores para definir seus projetos e suas perguntas de pesquisa. Muitas propostas de pesquisa e projetos já utilizaram as Características para observar aspectos diversos, que incluem: prestação de contas e transparência na gestão de risco de enchentes e inundações; avaliação de resiliência em comunidades montanhosas (com foco em conhecimento local de risco e práticas de ambiente sustentável; adoção de práticas de RRD e diversidade dos meios de subsistência; acesso a recursos naturais), governança local em riscos de desastres; e estratégias individuais e de grupo para enfrentamento psicológico. (veja também Quadro 12: Pesquisa sobre a construção da resiliência). A Christian Aid aplicou as Características extensivamente como uma ferramenta conceitual de enquadramento para análise e desenvolvimento de estudos de caso sobre a vulnerabilidade de comunidades: O Estudo de Caso 7 (Uso das Características para coleta de dados e pesquisa) descreve esse processo. Os resultados da pesquisa foram, em sua maioria, relacionados com aos projetos, havendo também questões mais amplas (a pesquisa em Malawi, por exemplo, pontuou sobre a associação entre 25 Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres ONGs, estruturas de poder, análise de vulnerabilidades e capacidades, sugerindo que a influência entre as estruturas de poder local no processo de avaliação de vulnerabilidades e capacidades pode distorcer os resultados, com sérios impactos ao planejamento e à prestação de contas do projeto) 20. 4.4.4 Engajamento As Características apoiam o amparo de assuntos diversos, pela promoção de evidências (ajudam a identificar vulnerabilidades e capacidades, indicar áreas prioritárias para intervenção e demonstrar o impacto das medidas de RRD), e pelo estímulo à discussão entre parceiros. Algumas ONGs encontraram nas Características do Ambiente Favorável uma ferramenta útil ao seu trabalho de defesa por causas específicas, especialmente no desenvolvimento da agenda de integração da RRD em altos escalões de maneira a complementar o trabalho de base (veja Painel 13: Vínculos entre Comunidade Resiliente e Ambiente Favorável). Como as Características de um Ambiente Favorável tender a ser genéricas, pode ser necessário formatá-las ao foco específico nos objetivos em questão (por exemplo, obter leis específicas de RRD em assembleias e câmaras legislativas). No entanto, tal como está, esta parte do quadro ajuda as organizações da sociedade civil a fazer perguntas aos governos locais sobre resiliência e RRD; e assim, lhes permite envolver-se com as discussões de políticas públicas com os administradores públicos. O Ambiente Favorável também contempla diferentes níveis – local, nacional e internacional. As iniciativas de defesa de causas precisam identificar seus objetivos em cada nível de governo e descobrir como associá-los em um contexto único. PARTE 5 – LEITURAS COMPLEMENTARES Esta lista contém uma importante seleção de pesquisas facilmente disponíveis (a maioria online) O Quadro de Ação de Hyogo e indicadores de RRD da ONU Global Network of Civil Society Organizations for Disaster Reduction 2009, Clouds but little rain... Views from the Frontline: A local perspective of progress towards implementation of the Hyogo Framework for Action (Teddington: Global Network of Civil Society Organizations for Disaster Reduction) www.globalnetwork-dr.org UNISDR Hyogo Framework for Action web page, http://www.unisdr.org/eng/hfa/hfa.htm UNISDR 2008, Indicators of Progress: Guidance on Measuring the Reduction of Disaster Risks and the Implementation of the Hyogo Framework for Action (Genebra: UNISDR) www.unisdr.org UNISDR / UN OCHA 2008, Disaster Preparedness for Effective Response: Guidance and Indicator Package for Implementing Priority Five of the Hyogo Framework (Genebra: UNISDR / OCHA) www.preventionweb.net As Características e sua aplicação Liebmann M, Pavanello S 2007, ‘A critical review of the Knowledge and Education Indicators of Community-Level Disaster Risk Reduction’ (London: Aon Benfield UCL Hazard Research Centre, unpublished report) www.proventionconsortium.org/?pageid=90 e www.abuhrc.org/research/dsm/Pages/project_view.aspx?project=13 Twigg J 2009, Identifying Partnership Needs and Opportunities (Londres: Aon Benfield UCL Hazard Research Centre, Disaster Studies Working Paper 18) www.abuhrc.org Veja também os estudos de caso e outros documentos sobre as Características nos sites: www.proventionconsortium.org/?pageid=90 ou www.abuhrc.org/research/dsm/Pages/project_view.aspx?project=13 Outras indicações sobre RRD e indicadores de resiliência 20 ADPC 2006, Critical Guidelines: Community-based Disaster Risk Management (Bangkok: Asian Disaster Preparedness Center) www.adpc.net Benson C, Twigg J 2007 (with T Rossetto), Tools for Mainstreaming Disaster Risk Reduction: Guidance Notes for Development Organizations (Genebra: ProVention Consortium) www.proventionconsortium.org/mainstreaming_tools Benson C, Twigg J 2004, ‘Measuring Mitigation’: Methodologies for assessing natural hazard risks and the net benefits of mitigation: a scoping study (Genebra: ProVention Consortium) www.proventionconsortium.org/mainstreaming_tools Centre for Community Enterprise 2000, The Community Resilience Manual: a resource for rural recovery and renewal (Port Alberni, BC: Centre for Community Enterprise) www.cedworks.com Penya JL, Nyrongo J 2008, ‘Who controls development? NGOs, accountability and power in rural Malawi’ (London: Christian Aid, artigo não publicado). Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres IOTWS 2007, How Resilient is Your Coastal Community? A guide for evaluating coastal community resilience to tsunamis and other hazards (Bangkok: US Indian Ocean Tsunami Warning System Program) www.preventionweb.net/english/professional/publications/v.php?id=2389 LaTrobe S, Davis I 2005, Mainstreaming disaster risk reduction: a tool for development organizations (Teddington: Tearfund) http://tilz.tearfund.org McEntire DA 2000, ‘Sustainability or invulnerable development? Proposals for the current shift in paradigms’. Australian Journal of Emergency Management 15(1): 58-61. ProVention Consortium 2006, Risk Reduction Indicators. TRIAMS Working Paper (Genebra: ProVention Consortium) www.proventionconsortium.org/themes/default/pdfs/TRIAMS_full_paper.pdf Tearfund undated, CEDRA: Climate Change and Environmental Degradation Risk and Adaptation Assessment. Na environmental field tool for agencies working in developing countries (Teddington: Tearfund) http://tilz.tearfund.org Williamson L, Connor H 2008, Vulnerability – Adaptation – Energy Resilience (VAR): Indicators and methodology t identify adaptation projects that reinforce energy systems resilience (Paris: Helio International) www.heliointernational.org RRD e Adaptação às mudanças climáticas Disasters, Vol. 30, No.1, Março, 2006 (tema especial em ‘Natural Disasters and Climate Change’). 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Mecanismos, capacidades e estruturas institucionais; definição de responsabilidades. Parcerias. Prestação de contas e participação comunitária. COMPONENTES DA RESILIÊNCIA CARACTERÍSTICAS DE UMA COMUNIDADE RESILIENTE AOS DESASTRES CARACTERÍSTICAS DE UM AMBIENTE FAVORÁVEL 1. Políticas públicas, planejamento, prioridades e compromisso político em RRD. 1.1. Visão compartilhada de uma comunidade preparada e resiliente. 1.2. Visão consensuada sobre riscos enfrentados, abordagem da gestão de risco, ações específicas a serem conduzidas e metas a serem atingidas21. 1.3. Visão e informação sobre planos de RRD, compreensão sobre causas básicas de vulnerabilidade e sobre outros fatores fora do controle da comunidade. 1.4. Comunidade com uma perspectiva de longo prazo, com foco em resultados e impactos de RRD. 1.5. Lideranças comunitárias compromissadas, efetivas e transparentes no planejamento e implantação de ações de RRD. 1.6. Plano comunitário de RRD (e de preparação para desastres) desenvolvido a partir de um processo participativo, prático e atualizado periodicamente. Consenso político sobre a importância da RRD. RRD como uma prioridade política em todos os níveis de governo. Política Nacional de RRD, plano estratégico e de implantação, com visão clara, prioridades, metas e boas práticas de referência. Políticas governamentais locais de RRD, planos estratégicos e de implantação colocados em prática. Política oficial (nacional e local) e estratégia de apoio à gestão comunitária de riscos de desastres. Compreensão oficial local da visão comunitária, e suporte para tal. 2.1. Compreensão comunitária sobre a legislação relevante, bem como sobre regulamentos e procedimentos, e sua importância. 2.2. Comunidade informada sobre seus direitos e obrigações legais do governo e outros órgãos para garantia de sua proteção. Legislação, regulamentos, códigos, etc. 2. Sistemas legais e regulatórios. relevantes e aplicáveis, com foco e suporte à RRD em níveis nacional e local. Jurisdição e responsabilidades em RRD em todos os níveis definidos em legislação, regulamentos, estatutos, etc. Mecanismos para atendimento e aplicação das leis, regulamentos, códigos, etc., e penalidades para o não cumprimento dói que é definido em lei. Sistema legal e regulatório sustentado por garantia de direitos: segurança, assistência social igualitária, direito a ser ouvido e consultado. Regulamentos para uso e ocupação do solo, códigos para construções e outras leis e regulamentos relacionados à aplicação local de ações de RRD. 21 Incluindo acordo sobre o nível de risco aceitável. Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres Área temática 1 – continuação COMPONENTES DA RESILIÊNCIA CARACTERÍSTICAS DE UMA COMUNIDADE RESILIENTE AOS DESASTRES 3. Integração a políticas de desenvolvimento e planejamento. 3.1. Atuação comunitária em RRD compreendida por todos os públicos de interesse como parte integral dos planos e ações para alcançar amplamente os objetivos comunitários (por exemplo, redução da pobreza, e qualidade de vida). CARACTERÍSTICAS DE UM AMBIENTE FAVORÁVEL Abordagem holística e integrada em RRD por governos (de todos os níveis), situada em amplos contextos de desenvolvimento e associada aos planos de desenvolvimento de diferentes setores. RRD incorporada em, ou associada a, outros planos de desenvolvimento e programas nacionais de financiamentos22. Rotina de RRD integrada ao plano de desenvolvimento e a políticas setoriais (erradicação da pobreza, proteção social, desenvolvimento sustentável, adaptação às mudanças climáticas, desertificação, gestão de recursos naturais, saúde, educação, etc.). Plano formal de desenvolvimento e processo de aplicação definindo e incorporando elementos de RRD (por exemplo, análise de ameaças, vulnerabilidades e riscos, planos de mitigação). Plataformas institucionais multissetoriais de RRD. Políticas de planejamento local, sistemas decisórios e regulamentos que considerem os riscos de desastres. 4. Integração com ações de reconstrução e resposta a emergências. 4.1. Comunidade e outros representantes locais de desenvolvimento sustentável e RRD engajados em planos compartilhados com a comunidade, equipes e estruturas locais de emergência. Política nacional formatada para que a RRD seja incorporada ao desenho e implantação de ações de resposta e reconstrução. Políticas públicas, planejamento e operacionalização de elos entre gestão de emergências, RRD e estruturas de desenvolvimento. Redução de riscos incorporada oficialmente aos planos de ação para reconstrução pós-desastre (e apoio internacional para implantação). 5. Mecanismos, capacidades e estruturas institucionais, definição de responsabilidades. 5.1. . Organizações comunitárias representativas dedicadas a RRD e a gestão de riscos de desastres. 5.2. ONGs locais, e outras organizações comunitárias atuantes em aspectos correlatos capazes de apoiar ações de RRD e de resposta23. 5.3. Responsabilidades, recursos, etc., definidos nos planos comunitários para desastres. 5.4. Compreensão compartilhada por todos os públicos locais em relação às responsabilidades, autoridades e processos de decisão relacionados à RRD. Ambiente político, administrativo e financeiro de suporte ao desenvolvimento de base comunitária e à gestão local de riscos. Mandatos e responsabilidades institucionais claramente definidos para ações de RRD, incluindo mecanismos de articulação interinstitucional ou coordenação, com definição exata de atribuições. Ponto focal em nível nacional como autoridade e recursos para coordenar todas as partes envolvidas e relacionadas à gestão de desastres e a RRD. Recursos humanos, técnicos, materiais e financeiros para adequação de ações de RRD à definição de papéis e responsabilidades (incluindo alocação de recursos para RRD em níveis nacional e local). 22 Estratégias para redução da pobreza, relatórios nacionais dos objetivos do milênio, Planos de ação de adaptação nacionais, Quadro para assistência do PNUD, etc. 23 Isto é, emergências, organizações de extensão ou expansão. Espera-se que as organizações de expansão assumam outras funções em tempos de crise, o que fazem aumentando a sua capacidade ou alterando as suas estruturas organizacionais (por exemplo, uma filial da Cruz Vermelha local convocando voluntários treinados para apoiar o seu pequeno núcleo). Das organizações de extensão, por sua vez, não há a expectativa de resposta a desastres, mas durante a ocorrência podem executar tarefas que não sejam de rotina. (por exemplo, uma empresa de construção que apoie as operações de resgate com a limpeza de detritos). Por fim, as organizações de emergência não existem antes de um desastre, e sim se organizam em função dele. (por exemplo, busca e salvamento espontâneo). Saiba mais em Webb GR 1999, Individual and Organizational Response to Natural Disasters and other Crisis Events: the continuing value of the DRC typology (University of Delaware, Disaster Research Center, Preliminary Paper #277), http://dspace.udel.edu:8080/dspace/handle/19716/662 29 Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres Área temática 1 - continuação COMPONENTES DA RESILIÊNCIA CARACTERÍSTICAS DE UMA COMUNIDADE RESILIENTE AOS DESASTRES 5.5. Gestão de recursos financeiros comunitários e outros recursos materiais para RRD e reconstrução. 5.6. Acesso a recursos governamentais e outros fundos para RRD e reconstrução. CARACTERÍSTICAS DE UM AMBIENTE FAVORÁVEL Divisão de responsabilidades (e recursos) para planejamento e implantação de ações de RRD entre governos locais e comunidades, ao máximo possível, baseada na provisão de recursos e conhecimentos especializados para apoio ao processo decisório, ao planejamento e a gestão de desastres. Compromisso e efetividade dos serviços comunitários (RRD e serviços relacionados, como atenção à saúde, por exemplo). 6. Parcerias. 7. Prestação de contas e participação comunitária. 6.1. Públicos de interesse locais comprometidos genuinamente com as parcerias (com princípios de colaboração, e altos níveis de confiança). 6.2. Parcerias claras, acordadas e estáveis entre grupos locais e organizações (comunidades e organizações com autoridades locais, ONGs, empresas, etc.). 6.3. Condução de processos diretamente na comunidade (com apoio de agências externas). 6.4. Capacidade local e entusiasmo para promover ações de RRD em grande escala (a partir de parcerias externas). 6.5. Grupos e organizações comunitárias com capacidade para recrutar, treinar, apoiar e motivar os voluntários da comunidade em RRD, e trabalhar junto para alcançar os objetivos. RRD identificada como uma responsabilidade de 7.1. Estruturas de RRD desenvolvidas para facilitar a participação comunitária. 7.2. Acesso à informação dos planos e estruturas governamentais locais. 7.3. Confiança interna entre a comunidade, e externa entre as agências de cooperação. 7.4. Capacidade de lobby com agências externas para realização dos planos de RRD, definição de prioridades e ações que impactam as situações de risco. 7.5. Sistemas de monitoramento e avaliação participativos para alcançar a resiliência e o progresso em RRD. 7.6. Inclusão e representação de grupos vulneráveis nos processo decisórios da comunidade e na gestão de RRD. 7.7. Alto grau de participação voluntária nas ações de RRD. Direitos básicos formalmente reconhecidos pelos todos os setores da sociedade (público, privado, civil), com mecanismos apropriados, articulação e coordenação. Participação em longo prazo da sociedade civil, ONGs, iniciativa privada e comunidades na articulação de parcerias para RRD e ações de resposta a emergências. Vínculos com instituições regionais e globais para encaminhamento de iniciativas de RRD. governos nacional e local (e pelas organizações da sociedade civil) relacionados à: segurança, redução de vulnerabilidades, assistência e socorro, voz e consulta (implicando em responsabilidades para garantia desses direitos sempre que apropriado). Efetivo controle de qualidade e mecanismos de auditoria para estruturas e sistemas oficiais aplicados localmente. Sistema democrático de governo, e assim considerado pelos tomadores de decisão. Sistema consultivo entre governo e sociedade civil, ONGs, iniciativa privada e comunidades. Participação popular no desenvolvimento e implantação de políticas públicas. Demanda dos cidadãos para ações em redução de riscos de desastres. Existência de grupos de ‘ouvidoria’, que pressionem por mudanças. Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres ÁREA TEMÁTICA 2 – AVALIAÇÃO DE RISCO Componentes da resiliência 1. 2. 3. Avaliação de ameaças e de dados sobre riscos Avaliação e dados de impacto sobre vulnerabilidades e capacidades Inovação e capacidades técnicas e científicas COMPONENTES DA RESILIÊNCIA CARACTERÍSTICAS DE UMA COMUNIDADE RESILIENTE AOS DESASTRES 1. Avaliação de ameaças e de dados sobre riscos. 1.1. Condução de avaliações comunitárias de risco e ameaças que promovam a compreensão dos cenários da maioria das ameaças e dos riscos a que a comunidade está exposta (incluindo riscos potenciais). 1.2. Processo participativo de avaliação de riscos e ameaças que inclua representantes de todas as partes da comunidade e fontes especializadas. 1.3. Resultados das avaliações compartilhados, discutidos, compreendidos e acordados entre todos os públicos de interesse, de forma a alimentar o plano comunitário de RRD. 1.4. Resultados disponíveis para todas as partes interessadas (dentro e fora da comunidade, localmente e em níveis mais altos), de forma a alimentar o plano comunitário de RRD. 1.5. Monitoramento permanente de ameaças e riscos, com atualização das avaliações. 1.6. Habilidades e capacidades para conduzir as avaliações de risco e ameaças, mantidas por meio de suporte e treinamento. Avaliações de risco e ameaças como itens 2.1. Avaliações comunitárias de vulnerabilidade e capacidades conduzidas para promover a compreensão do cenário de vulnerabilidades e capacidades. 2.2. Processo de avaliação de capacidades e vulnerabilidades que inclua representantes de todos os grupos vulneráveis. 2.3. Resultados das avaliações compartilhados, discutidos e acordados entre todos os públicos, de forma a alimentar o plano comunitário de RRD. 2.4. Avaliações de capacidades e vulnerabilidades utilizadas na definição de linhas de base para início dos projetos de RRD. Avaliações de risco e ameaças como itens 2. Avaliação e dados de impacto sobre vulnerabilidades e capacidades. CARACTERÍSTICAS DE UM AMBIENTE FAVORÁVEL obrigatórios das políticas públicas, legislação, etc., com padrões para elaboração, publicação e revisão. Avaliações sistemáticas e periódicas de ameaças e riscos de desastres realizadas como parte dos planos de desenvolvimento dos altos escalões. Áreas de alto risco identificadas. Qualidade de dados sobre ameaças e riscos (bancos de dados científicos, relatórios oficiais, etc.) disponíveis para apoio às avaliações locais. Conhecimento produzido registrado, sintetizado e compartilhado sistematicamente (por meio de sistemas de informação e gestão de desastres). Participação de todos os órgãos públicos ecorrelatos de interesse nas avaliações. Governo (local e ou nacional) e ONGs compromissados em promover suporte técnico e de outros tipos para as avaliações locais e comunitárias de risco e ameaças. obrigatórios das políticas públicas, legislação, etc., com padrões para elaboração, publicação e revisão. Desenvolvimento de indicadores de vulnerabilidades e capacidades, mapeados e aplicados sistematicamente (com coberturas de todos os fatores sociais, econômicos, físicos, ambientais, políticos e culturais mais relevantes). Dados sobre os impactos dos desastres e informações estatísticas de perdas disponíveis e utilizadas nas avaliações de vulnerabilidades e capacidades. Uso sistemático das avaliações de vulnerabilidade e capacidades nos planos de desenvolvimento dos altos escalões. Identificação dos grupos vulneráveis e de suas causas. Conhecimento produzido registrado, sintetizado e compartilhado sistematicamente (por meio de sistemas de informação e gestão de desastres). 31 Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres Área temática 2 - continuação COMPONENTES DA RESILIÊNCIA 3. Inovação e capacidades técnicas e científicas. CARACTERÍSTICAS DE UMA COMUNIDADE RESILIENTE AOS DESASTRES CARACTERÍSTICAS DE UM AMBIENTE FAVORÁVEL 2.5. Resultados disponíveis a todas as partes interessadas (dentro e fora da comunidade), de forma a alimentar o plano comunitário de RRD. 2.6. Monitoramento permanente de ameaças e riscos, com atualização das avaliações. 2.7. Habilidades e capacidades para conduzir as avaliações de risco e ameaças, mantidas por meio de suporte e treinamento. Participação de todos os órgãos públicos e 3.1. Membros e organizações comunitárias treinados em técnicas de avaliação de vulnerabilidades, capacidades, ameaças e riscos, a receber apoio para conduzir suas avaliações. 3.2. Utilização do conhecimento indígena e das percepções locais de risco, bem como de conhecimentos científicos, métodos de avaliação e banco de dados. Capacidade técnica e institucional para coleta e correlatos de interesse nas avaliações. Governo (local e ou nacional) e ONGs compromissados em promover suporte técnico e de outros tipos para as avaliações locais e comunitárias de risco e ameaças. análise de dados. Permanente desenvolvimento técnico e científico; compartilhamento de dados; observação espacial da Terra, modelagem climática e previsão; sistemas de alerta e alarme. Valorização de agências externas e utilização de conhecimento indígena. Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres ÁREA TEMÁTICA 3 – CONHECIMENTO E EDUCAÇÃO Componentes da resiliência 1. 2. 3. 4. 5. Informação pública, conhecimento e habilidades. Gestão e compartilhamento da informação. Educação e treinamento. Cultura, atitude e motivação. Pesquisa e aprendizado. COMPONENTES DA RESILIÊNCIA CARACTERÍSTICAS DE UMA COMUNIDADE RESILIENTE AOS DESASTRES 1. Informação pública, conhecimento e habilidades. 1.1. Visão compartilhada sobre a comunidade resiliente e preparada. 1.2. Toda a comunidade participante das campanhas informativas correntes, elaboradas a partir das necessidades e capacidades comunitárias (níveis de alfabetização, por exemplo). 1.3. Conhecimento comunitário de riscos, ameaças, vulnerabilidades e ações de redução de riscos suficientes para a efetiva participação comunitária (individual e colaborativa com outros públicos). 1.4. Processamento (individual e coletivo) de conhecimento técnico e organizacional, bem como habilidades para ações locais de RRD e de resposta (incluindo conhecimento técnico indígena, estratégias de enfrentamento e de subsistência). 1.5. Diálogo aberto dentro da comunidade, tendo como resultados acordos sobre problemas, soluções, prioridades, etc. Público informado e com capacidade de reflexão 2.1. Informação sobre risco, vulnerabilidades, práticas de gestão de desastres, etc., compartilhada com todos que habitam áreas de risco. 2.2. Planos de resposta a desastres comunitários, públicos e disponíveis, com ampla compreensão. 2.3. Toda a comunidade informada sobre instalações, serviços, e habilidades disponíveis antes, durante e depois de uma emergência, bem como o acesso a eles. 2.4. Desenvolvimento de métodos e conteúdos para comunicação com as comunidades (por exemplo: ‘comunicação’ e não ‘disseminação de informação’). 2.5. Ampla utilização de canais de comunicação informais, tradicionais e indígenas. 2.6. Avaliação dos impactos dos materiais informações e das estratégias de comunicação24. Governo (local e nacional) comprometido ao 2. Gestão da e compartilhamento informação. 24 CARACTERÍSTICAS DE UM AMBIENTE FAVORÁVEL sobre riscos de desastres e maneiras de gestão. Programas educativos apropriados, com alta visibilidade, formatados e implantados em níveis nacional, regional e local por órgãos oficiais. Envolvimento da mídia na comunicação de riscos e sensibilização sobre os desastres e as medidas de minimização. Programas de comunicação pública que envolvam o diálogo com públicos de interesse sobre riscos de desastres e assuntos correlatos (não disseminação de informação em via única). Compreensão dos órgãos externos sobre as vulnerabilidades, capacidades, riscos, percepção de riscos e racionalidade das decisões de gestão de risco das comunidades; e reconhecimento da viabilidade do conhecimento local e das estratégias de enfrentamento. Efetiva disseminação de informação e sensibilização a partir das especificidades de oferta de educação, acesso, alfabetização, etc. compartilhamento de informação (transparência) e ao diálogo com comunidades sobre riscos e gestão de riscos de desastres. Legislação específica sobre direito à informação pública e a obtenção de informação sobre os riscos enfrentados individualmente. Compreensão comum com os órgãos externos de princípios, conceitos, terminologia, abordagens alternativas em RRD. Coleta de informação e sistemas de compartilhamento públicos e privados sobre ameaças, riscos, recursos para gestão de desastres (incluindo centros de custos, banco de dados, sites, diretórios, inventários, boas práticas) existentes e acessíveis. Redes ativas de profissionais atuantes em gestão de riscos de desastres (compartilhamento científico, técnico e aplicação de conhecimento local e tradicional). A exemplo de atitudes individuais e comunitárias com foco nas estratégias de gestão de riscos e de risco de desastres. 33 Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres Área temática 3 - continuação COMPONENTES DA RESILIÊNCIA CARACTERÍSTICAS DE UMA COMUNIDADE RESILIENTE AOS DESASTRES 3. Educação e treinamento. 3.1. Educação escolar sobre RRD para crianças por meio de atividades curriculares, e quando for o caso, extracurriculares25. 3.2. Treinamentos em RRD e Gestão de riscos de desastre destinados a identificar prioridades apontadas pelas comunidades e com base na avaliação local de riscos, vulnerabilidades e demais problemas correlatos. 3.3. Membros da comunidade e de organizações treinados em habilidades de RRD e preparação para desastres (por exemplo, avaliação de ameaças e riscos; plano comunitário de gestão de riscos de desastres; busca e salvamento; primeiros socorros; gestão de abrigos; avaliação de necessidades; distribuição de recursos de resposta; combate a incêndio). 3.4. Proprietários e construtores treinados em técnicas de construção segura e adaptada, e outras práticas para proteger casas e propriedades. 3.5. (rural) Membros comunitários habilitados ou treinados em agricultura apropriada, uso do solo, gestão da água e gestão de práticas ambientais. 3.6. Experiência comunitária de enfrentamento em eventos anteriores, ou conhecimento sobre outras experiências, utilizados na educação e treinamento. Inclusão da RRD como tema relevante em todas 4.1. Compartilhamento de valores comunitários, aspirações e objetivos (e postura positiva ao compromisso comunitário como um todo, de acordo com os objetivos comunitários). 4.2. Atitudes culturais e valores (por exemplo, expectativas de ajuda ou autossuficiência; visão religiosa e ideológica) que permitam a adaptação ou recuperação de choques e estresses. 4.3. Informação sobre atitudes factíveis para construção da resiliência. 4.4. Confiança justificada sobre segurança e capacidades de autoconfiança. 4.5. Disponibilidade de (ou acesso a) informação, recursos de apoio necessários ou desejados para garantir a segurança. 4.6. Noção de responsabilidade para preparação para desastres e RRD. 4.7. Comportamento seguro como resultado de processos educativos. Ambiente político, social e cultural que motive a 4. Cultura, atitude e motivação. 25 CARACTERÍSTICAS DE UM AMBIENTE FAVORÁVEL as séries escolares (desenvolvimento curricular, fornecimento de material didático, formação de professores), de abrangência nacional. Treinamentos vocacionais especializados e disponibilidade de facilidades para RRD e gestão de riscos em diferentes níveis e para diferentes grupos, associados a estratégias de capacitação integral. Inclui certificação. Educação apropriada e programas de capacitação para planejadores e equipes de campo atuantes em RRD e gestão de riscos. Desenvolvimento setorial definido e implantado em âmbito nacional, regional e local. Destinação de recursos (técnicos, financeiros, materiais e humanos) pelo governo aos serviços de emergência, ONGs, etc., para suporte local em RRD. liberdade de pensamento e expressão, e estimule a investigação e o debate. Aceitação oficial e pública do princípio da precaução: necessidade de agir diante de informações insuficientes ou de plena compreensão para reduzir potenciais riscos de desastres. Presume-se um alto nível de frequência escolar, e quando não for o caso, aplicação de atividades de extensão. Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres Área temática 3 - continuação COMPONENTES DA RESILIÊNCIA CARACTERÍSTICAS DE UMA COMUNIDADE RESILIENTE AOS DESASTRES 5. Pesquisa e aprendizado. 5.1. Documentação, uso e adaptação de conhecimento técnico indígena e estratégias de enfrentamento. 5.2. Sistemas participativos de avaliação e monitoramento para mensurar a resiliência e o progresso em RRD. CARACTERÍSTICAS DE UM AMBIENTE FAVORÁVEL Capacidade de pesquisa nacional e subnacional em estudos sobre ameaças, riscos e desastres (em organizações especializadas ou dentro de outras instituições), com aplicação adequada de recursos financeiros em pesquisas em andamento. Estímulo à pesquisa interdisciplinar, orientada a políticas públicas. Cooperação nacional, regional e internacional para pesquisa, ciência e desenvolvimento tecnológico. Agenda apropriada ao desenvolvimento científico, técnico, de políticas públicas, de planejamento e de pesquisa participativa em RRD. 35 Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres ÁREA TEMÁTICA 4 – GESTÃO DE RISCO E REDUÇÃO DE VULNERABILIDADES Componentes da resiliência 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. Gestão de recursos naturais e ambientais. Saúde e bem estar. Meios de subsistência sustentáveis. Proteção social. Instrumentos financeiros. Proteção física; medidas técnicas e estruturais. Sistemas de planejamento. COMPONENTES DA RESILIÊNCIA CARACTERÍSTICAS DE UMA COMUNIDADE RESILIENTE AOS DESASTRES 1. Gestão de recursos naturais e ambientais. 1.1. Compreensão comunitária das características e funcionamento do ambiente natural e dos ecossistemas (por exemplo, características de drenagem, bacias hidrográficas, relevo e solo) e riscos potenciais associados com tais recursos naturais e intervenções humanas que os afetam. 1.2. Adoção de práticas de gestão ambiental sustentável para reduzir ameaças e riscos26. 1.3. Preservação da biodiversidade (por exemplo, por meio de bancos comunitários de sementes, com sistema de distribuição equitativa). 1.4. Preservação e aplicação de conhecimento indígena e apropriação de tecnologias relevantes à gestão ambiental. 1.5. Acesso a recursos comunitários de propriedade comum para trabalhar com comunidades no manejo e renovação, e assim apoiar estratégias de subsistência e de enfrentamento em tempos de normalidade e situações de crise. Estrutura política, legislativa e institucional que 2.1. Manutenção da habilidade física ao trabalho e da boa saúde em tempos de normalidade por meio de uma alimentação e nutrição adequada, higiene, e atenção à saúde. 2.2. Altos níveis de segurança pessoal e segurança contra ameaças físicas e psicológicas. 2.3. Fornecimento garantido de alimentos e status de segurança alimentar (por exemplo, por meio de reservas de grãos e outros alimentos básicos administrados pelas comunidades, com um sistema de distribuição equitativo durante uma crise alimentar). Estruturas de saúde pública integradas ao 2. Saúde e bem estar. (inclui capital humano) 26 CARACTERÍSTICAS DE UM AMBIENTE FAVORÁVEL apoie ecossistemas sustentáveis e manejo ambiental; e que maximize as práticas de gestão de recursos ambientais em RRD. Ação efetiva oficial para prevenir o uso do solo de forma não sustentável e prevenir uma administração de recursos que aumente o risco de desastres. Políticas públicas operacionalizadas para gerar um vínculo entre o manejo ambiental, as políticas e o planejamento em redução de risco. Políticas e estratégias de RRD integradas a outras políticas e estratégias de adaptação. Especialistas dos governos locais e outros profissionais disponíveis para trabalhar com comunidades no manejo e na renovação ambiental em longo prazo. planejamento para desastres e preparação para emergências. Estruturas comunitárias integradas ao sistema de saúde pública. Programas educativos em saúde que incluam conhecimento e habilidades relevantes para momentos de crise (por exemplo, salubridade, higiene, tratamento de água). A exemplo da conservação da água e do solo, de florestas sustentáveis, gestão de zonas úmidas para reduzir o risco de inundação, conservação de mangues com proteção contra tempestades, manutenção de sistema de água e de drenagem. Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres Área temática 4 - continuação COMPONENTES DA RESILIÊNCIA 3. Meios de subsistência sustentáveis. CARACTERÍSTICAS DE UMA COMUNIDADE RESILIENTE AOS DESASTRES CARACTERÍSTICAS DE UM AMBIENTE FAVORÁVEL 2.4. Acesso à quantidade e qualidade de água suficiente para cobrir as necessidades domésticas durante uma crise. 2.5. Conhecimento das medidas para manter-se com saúde (por exemplo, higiene, salubridade, nutrição, tratamento de água), para proteger a vida e conhecer as medidas de auxílio, assim como contar com as habilidades adequadas. 2.6. Estruturas comunitárias e culturais que apoiem a autoconfiança e possam auxiliar na gestão das consequências psicológicas de um desastre (trauma, depressão póstraumática). 2.7. Instalações comunitárias de assistência médica e com profissionais de saúde, equipados e treinados para dar respostas às consequências físicas e de saúde mental de um desastre e de ameaças menores; apoiados pelo acesso a serviços médicos de emergência, remédios, etc. Compromisso político, legislativo e institucional 3.1. Altos índices locais de emprego e atividade econômica (incluindo grupos vulneráveis); estabilidade na atividade econômica e nos índices de emprego. 3.2. Distribuição equitativa da riqueza e das formas de subsistência da comunidade. 3.3. Diversificação dos meios de subsistência (em níveis familiar e comunitário), incluindo atividades a0grícolas em áreas rurais ou não. 3.4. Menos pessoas envolvidas em atividades não seguras (por exemplo, mineração em pequena escala) ou em atividades vulneráveis diante de ameaças (por exemplo, agricultura irrigada em locais de seca). 3.5. Adoção de práticas agrícolas resistentes a ameaças (por exemplo, método de conservação do solo e da água, padrões de cultivo voltados à baixa ou variável pluviosidade, culturas tolerantes a ameaças) para segurança alimentar. 3.6. Pequenas empresas com planos de negócios de proteção de recuperação. 3.7. Relações locais de comércio e transporte com mercados para produtos, trabalhos e serviços protegidos contra ameaças e outros traumas externos. Desenvolvimento econômico equitativo: economia para garantir a segurança alimentar por meio de intervenções de mercado e outras, com estruturas e sistemas adequados. Envolvimento do governo, do setor privado e de organizações da sociedade civil com planos para mitigação e gestão de crises alimentares e de saúde. Sistemas de planejamento para emergências que disponibilizem recursos para alimentos, remédios, etc. forte na qual os benefícios são compartilhados com toda a sociedade. Diversificação de economias locais e subnacionais para redução de risco. Estratégias de redução da pobreza focadas nos grupos vulneráveis. Percepção da RRD como parte integral do desenvolvimento econômico, refletida na implantação de políticas públicas. Salários adequados e justos, garantidos por lei. Sistema legislativo que apoie a segurança da posse de terra, acordos de posse equitativos e acesso a recursos de propriedades comuns. Disponibilização de incentivos financeiros e outros para reduzir a dependência de atividades de subsistência perigosas ou vulneráveis a ameaças. Câmaras de comércio e associações similares que apoiem os esforços de resiliência de pequenas empresas. 37 Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres Área temática 4 - continuação COMPONENTES DA RESILIÊNCIA CARACTERÍSTICAS DE UMA COMUNIDADE RESILIENTE AOS DESASTRES 4. Proteção social 4.1. Sistemas de assistência mútua, redes sociais e mecanismos de apoio direto a redução de risco por meio de atividades socioeconômicas de desenvolvimento que reduzam a vulnerabilidade, ou de apoio que possam estender suas atividades para a gestão de emergências quando estas ocorrem27. 4.2. Sistemas de assistência mútua, em cooperação com as estruturas formais e comunitárias, dedicados a gestão de desastre. 4.3. Acesso comunitário a serviços sociais básicos (incluindo o registro em serviços de segurança social). 4.4. Canais de informação e meios de comunicação estabelecidos, sem que haja isolamento de pessoas vulneráveis. 4.5. Conhecimento e experiência coletivos de gestão de contingência (ameaças e crises). Esquemas de proteção social formal e sistemas 5.1. Patrimônio base do local e da comunidade (bens, economias e propriedades) suficientemente grandes e diversificados para apoiar as estratégias de enfrentamento de crise. 5.2. Custos e riscos de desastres compartilhados a partir da propriedade coletiva do patrimônio local e comunitário. 5.3. Existência de economias e sistemas de crédito comunitários; e / ou acesso as serviços de microfinanciamento. 5.4. Acesso comunitário a seguros (que incluam cobertura de vida, residencial e de outras propriedades) por meio do mercado de seguradoras ou de instituições financeiras. 5.5. Fundo comunitário de desastres para implantar ações de RRD, assim como atividades de resposta e recuperação. 5.6. Acesso a transferências monetárias e de remessas provenientes de membros da família ou da comunidade que trabalham em outras regiões ou outros países. Governos e setor privado apoiam as medidas28 5. Instrumentos financeiros. CARACTERÍSTICAS DE UM AMBIENTE FAVORÁVEL de redes sociais acessíveis a grupos vulneráveis em tempos de normalidade e de crises. Enfoque político, institucional e operacional coerente de segurança social que permita vínculos com outras estruturas e enfoques da gestão de risco e de desastres. Agências externas preparadas para investir tempo e recursos na construção de alianças fortes com grupos e organizações locais para proteção, segurança social e RRD. financeiras de mitigação focadas nas comunidades vulneráveis e em áreas de risco. Incentivos econômicos para ações de RRD (redução de prêmios de seguros para proprietários, isenção de taxas e impostos para negócios correlatos, etc.). Microfinanciamento, ajuda em dinheiro, créditos (juros baixos), garantias de empréstimo, etc., disponíveis depois do desastre para retorno às atividades de subsistência. 27 Compreende os sistemas informais (individual, familiar, comunitário, etc.) e outras estruturas de grupos (por exemplo, comitês de preparação para desastres, sistemas e grupos de apoio de assistência a pessoas com vulnerabilidades particulares, comitês de gestão de água, associações de apoio a funerais e sepultamentos, associações de mulheres, grupos religiosos). 28 A exemplo de seguros e resseguros, instrumentos diversificados para infraestrutura pública e bens privados, como fundos para calamidades e bônus para catástrofes, microcrédito e financiamentos, fundos comunitários e fundos sociais. Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres Área temática 4 - continuação COMPONENTES DA RESILIÊNCIA CARACTERÍSTICAS DE UMA COMUNIDADE RESILIENTE AOS DESASTRES 6. Proteção física; medidas técnicas e estruturais. 6.1. Decisões e planos comunitários para construção e meio ambiente que considerem os riscos e ameaças naturais potenciais (incluindo o potencial de ampliação por sua interferência com os sistemas ecológicos, hidrológicos e geológicos) e vulnerabilidades de diferentes grupos. 6.2. Segurança dos direitos de propriedade e de terra. Baixos índices de pessoas sem moradia ou sem terra. 6.3. Locais seguros: para instalações e para os membros da comunidade (residências, locais de trabalho, instalações públicas e sociais), sem exposição a ameaças em áreas de alto risco, ou realocação para outras áreas distantes da área de risco. 6.4. Medidas estruturais de mitigação (terraplanagem, canais de desvio de inundações, tanques para armazenamento de água, etc.) construídos, quando possível, com mão de obra, habilidades, material e tecnologias locais. 6.5. Conhecimento da comunidade sobre códigos e regulamentos de construção. 6.6. Adoção de práticas de construção e manutenção resiliente a ameaças, tanto para residências como para instalações locais, que utilizem, quando possível mão de obra, habilidades, material e tecnologias locais. 6.7. Capacidades e habilidades comunitárias para construir, reforçar e manter as estruturas (técnicas e organizacionais). 6.8. Adoção de medidas físicas para proteger bens domésticos (por exemplo, levantamento de plataformas internas e armazenamento como medida de mitigação de inundações, fogões portáteis) e bens de produção (por exemplo, abrigos para animais). 6.9. Adoção de medidas de proteção em curto prazo contra eventos iminentes (por exemplo, proteção emergencial de portas e janelas contra ciclones). CARACTERÍSTICAS DE UM AMBIENTE FAVORÁVEL Observância dos padrões internacionais para construção, projeto, planejamento, etc. Códigos de construção e regulamentos para planejamentos de uso e ocupação do solo que considerem as ameaças e o risco de desastres. Observância dos códigos e padrões de construção para todos os edifícios e obras de infraestrutura pública. Avaliações de ameaças e vulnerabilidades como requisito para todos os responsáveis por sistemas de infraestrutura pública e privada. Proteção de instalações e infraestrutura públicas essenciais a partir do reforço e reconstrução, especialmente em áreas de risco. Segurança de acesso a instalações sanitárias e outras durante uma emergência (local ou mais distante), integrada ao planejamento contra desastres. Sistemas legais e regulatórios que protejam a propriedade de terra e os direitos de posse, assim como o direito ao acesso público. Manutenção periódica das estruturas de controle de ameaças. Enfoque em ações ‘hardware’ (estruturais) de mitigação de desastres, acompanhadas de ações ‘software’ (não estruturais) em educação, treinamento, capacitação, etc. Sistemas legais e regulatórios, e políticas econômicas que reconheçam e respondam aos riscos de surgem dos padrões de densidade e movimento populacional. 39 Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres Área temática 4 - continuação COMPONENTES DA RESILIÊNCIA CARACTERÍSTICAS DE UMA COMUNIDADE RESILIENTE AOS DESASTRES CARACTERÍSTICAS DE UM AMBIENTE FAVORÁVEL 6.10. Infraestrutura e instalações públicas para apoio as necessidades de gestão de uma emergência (por exemplo, abrigos, rotas de fuga e abandono de emergência). 6.11. Instalações essenciais resilientes e acessíveis (por exemplo, centros médicos, hospitais, delegacias de polícia e corpos de bombeiros – em termos de resiliência estrutural, sistemas de salvamento, etc.). 6.12. Infraestrutura resiliente do transporte e serviços correlatos (rodovias, pontes, fontes de água, saneamento, linhas de energia, comunicações, etc.). 6.13. Meios de transporte próprio ou disponíveis em quantidade suficiente para emergências (por exemplo, para abandono, ou abastecimento), ao menos durante os eventos sazonais; capacidade de recuperação do meio de transporte dentro da comunidade. 7. Sistemas de planejamento 7.1. Processo decisório comunitário com respeito ao uso e gestão do solo, que considere as ameaças e vulnerabilidades. (incluindo o microzoneamento aplicado para permitir ou restringir o uso e ocupação do solo). 7.2. Planos locais de desastres (comunitários) que retroalimentam os planos de desenvolvimento dos governos locais para uso e ocupação do solo. Observância dos padrões de planejamento internacionais. Regulamentos para planejamento de uso e ocupação do solo que considerem as ameaças e riscos de desastres Sistemas efetivos de execução e monitoramento. Aplicação de planos de desenvolvimento de uso e ocupação do solo, e de planejamento urbano e regional baseados em avaliações de risco e ameaças, e incorporados adequadamente às ações de RRD. Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres ÁREA TEMÁTICA 5 – PREPARAÇÃO E RESPOSTA A DESASTRES Componentes da resiliência 1. 2. 3. 4. 5. 6. Coordenação e capacidades organizacionais. Sistemas de alerta e alarme. Preparação e planos de contingência. Recursos de emergência e infraestrutura. Resposta e reconstrução em emergências. Participação, voluntariado e prestação de contas. COMPONENTES DA RESILIÊNCIA CARACTERÍSTICAS DE UMA COMUNIDADE RESILIENTE AOS DESASTRES 1. Coordenação e capacidades organizacionais. 1.1. Capacidades locais de preparação para desastres e de resposta avaliada pelas comunidades (elas próprias ou parceiros e agências externas). 1.2. Estrutura de organizações locais para preparação para desastres e resposta em emergências (por exemplo, comitês de preparação para desastres ou abandono)29. 1.3. Organizações de preparação para desastres que sejam gerenciadas pela comunidade e que possuam representatividade. 1.4. Papéis e responsabilidades das organizações de resposta e de preparação para desastres, bem como de seus membros, claramente definidos, acordados e compreendidos. 1.5. Instalações para emergências (equipamentos de comunicação, abrigos, centros de controle, etc.) disponíveis e gerenciadas pela comunidade ou por suas organizações em nome de todos os membros da comunidade. 1.6. Número suficiente de organizações treinadas para conduzir tarefas relevantes (por exemplo, comunicações, abrigos, resgates, primeiros socorros, distribuição de ações de resposta). 1.7. Treinamentos periódicos (cursos de atualização e de novas habilidades) fornecidos por ou para organizações locais; exercícios simulados regulares, exercícios de construção de cenários, etc. 1.8. Mecanismos de coordenação e de processo decisório definidos e acordados entre as organizações comunitárias e os especialistas e técnicos externos, autoridades locais, ONGs, etc. 1.9. Mecanismos de coordenação e de processo decisório definidos e acordados com as comunidades e localidades vizinhas e suas organizações. CARACTERÍSTICAS DE UM AMBIENTE FAVORÁVEL Políticas públicas locais e nacionais, e quadros institucionais que reconheçam e valorizem ações locais e comunitárias de preparação para desastres como parte integral do sistema nacional de preparação e resposta. Estruturas, papéis e mandatos definidos e acordados para os atores governamentais e não governamentais em ações de preparação e resposta a desastres, em todos os níveis, e baseados na coordenação e não na abordagem de comando e controle. Delegação de responsabilidades e capacidade para ações de planejamento de emergências e resposta ao nível local sempre que possível. Diálogo permanente, troca de informação e coordenação (vertical e horizontal) entre gestores de desastres e setores de desenvolvimento em todos os níveis. Capacidades de gestão de desastres nacional e local (técnica, institucional, financeira) adequadas ao apoio em âmbito comunitário e ações de preparação e resposta a desastres. Orçamentos adequados para as ações de preparação para desastres incluídos e institucionalizados como parte dos planos em todos os níveis. Fundos para fortalecimento de capacidades e atividades da sociedade civil em ações de preparação para desastres. 29 Grupos podem ser formados especificamente para esta função, ou na existência de outros grupos, pode-se delegar a função desde que sejam capazes de assumir o papel de preparação e resposta a desastres. 41 Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres Área temática 5 - continuação COMPONENTES DA RESILIÊNCIA CARACTERÍSTICAS DE UMA COMUNIDADE RESILIENTE AOS DESASTRES 2. Sistemas de alerta e alarme30. 2.1. Sistemas de alerta e alarme baseado nas comunidades e centralizado em pessoas em nível local. 2.2. Sistemas de alerta e alarme capazes de atingir a comunidade inteira (via rádio, TV, telefone ou outra tecnologia, e por meio dos meios de comunicação comunitários, como redes de voluntários). 2.3. Mensagens de alerta e alarme apresentadas apropriadamente para que haja compreensão de todos os setores da comunidade. 2.4. Sistemas de alerta e alarme que possuam detalhes dos eventos locais e considerem as condições locais. 2.5. Sistemas de alerta e alarme baseados no conhecimento comunitário de principais ameaças e riscos, assim como dos sinais e mensagens e seus significados. 2.6. Organizações comunitárias de preparação e resposta a desastres capazes de agir em função das mensagens emitidas e de mobilizar as comunidades para ação. 2.7. Confiança da comunidade nos sistemas e organizações que produzem as mensagens de alerta a alarme. 2.8. Recursos técnicos (monitoramento e equipamentos de comunicação) com pessoas treinadas para manutenção e operação do sistema. Sistemas de alerta e alarme nacional e regional, 3.1. Existência de um plano comunitário de preparação ou de contingência que considere os principais riscos31. 3.2. Planos de preparação e contingência preparados com métodos participativos, e compreendidos por todos os membros da comunidade. 3.3. Planos coordenados aos planos oficiais, sendo compatíveis com outros órgãos. 3.4. Definição, compreensão e acordo dos papéis e responsabilidades de diferentes atores locais e externos. 3.5. Processo de planejamento construído por consenso e fortalecendo as relações entre os mecanismos de coordenação e os diversos públicos de interesse. Planos de preparação com suporte e aprovação 3. Preparação e planos de contingência. 30 CARACTERÍSTICAS DE UM AMBIENTE FAVORÁVEL envolvendo todos os níveis de governo e sociedade civil, baseados em informação científica, conhecimento sobre riscos, comunicação e disseminação de mensagens, e capacidade comunitária de resposta. Comunicação vertical e horizontal, e coordenação entre todos os públicos de interesse dos sistemas de alerta e alarme, como papéis e responsabilidades claramente definidos e acordados. Governo local que inclua em todos os sistemas de alerta e alarme seus planos e treinamentos, reconhecendo os públicos de interesse chave. Comunidades e outras organizações da sociedade civil ativamente participantes de todos os aspectos de desenvolvimento, operação, treinamento e teste dos sistemas de alerta e alarme. Meios de comunicação de massa como parte dos sistemas de alerta e alarme, sem ação independente. Vínculos entre os sistemas de alerta e alarme e os órgãos de preparação e resposta a desastres. Sistemas e alerta e alarme apoiados por campanhas públicas educativas. política, e claramente articulados em âmbito nacional; parte da gestão integrada de desastres com todas políticas corretadas, procedimentos, papéis, responsabilidades e financiadores. Estabelecimento de papéis e responsabilidades para cada ator, governamental ou não, referente a cada cenário de desastre, e divulgados em conformidade. ONGs participantes do desenvolvimento e disseminação dos planos nacionais e locais; papéis e responsabilidades claramente definidos. Planejamento comunitário percebido como elemento fundamental para todos os planos e incorporado a eles. Recursos disponíveis para ações de apoio identificadas nos planos comunitários. Veja também tabela 2: Avaliação de riscos. 31 Os termos preparação para desastres e planos de contingência são amplamente utilizados aqui e incluem todos os tipos de planos para preparação e resposta a desastres e emergências. Presume-se que o plano, como todo bom plano de preparação ou contingência, tenha objetivos claros, sistematize uma sequência de atividades de maneira lógica e clara, avalie tarefas e responsabilidades específicas, seja prático e baseado em parâmetros realistas (por exemplo, foco apropriado, nível de detalhe, formatado para usuários locais, diante de suas necessidades e capacidades), e seja processual (por exemplo, não enfatize em demasiado a importância do plano escrito), e ainda seja direcionado à ação. Para informações mais detalhadas sobre preparação e planos de contingência, veja: UN OCHA 2007, Disaster Preparedness for Effective Response: Implementing Priority Five of the HyogoFramework for Action (Genebra: Office for the Coordination of Humanitarian Affairs); Choularton R 2007, Contingency planning and humanitarian action: a review of practice (Londres: Humanitarian Practice Network, Network Paper 59). Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres Área temática 5 - continuação COMPONENTES DA RESILIÊNCIA 4. Recursos de emergência e infraestrutura. 5. Resposta e reconstrução em emergências. 32 CARACTERÍSTICAS DE UMA COMUNIDADE RESILIENTE AOS DESASTRES CARACTERÍSTICAS DE UM AMBIENTE FAVORÁVEL 3.6. Vínculos (formais e informais) entre especialistas, autoridades, ONGs, etc., para apoiar os planos e treinamentos comunitários. 3.7. Planos testados regularmente, a exemplo de simulados comunitários. 3.8. Planos revisados e atualizados regularmente por todos os públicos. 3.9. Desenvolvimento familiar de seus próprios planos de preparação a desastres no contexto dos planos comunitários. 3.10. Negócios e comércios locais com seus próprios planos contextualizados aos planos comunitários. 3.11. Planos de contingência formatados a partir do entendimento dos planos mais amplos de instalações e disposições locais. Todos os planos de contingência baseados em 4.1. Organizações comunitárias capazes de gerir crises e desastres, sozinhas ou em parceria com outras organizações. 4.2. Rotas de abandono seguras, identificadas, mantidas e de conhecimento dos membros da comunidade. 4.3. Abrigos de emergência (construído ou alterado) acessíveis à comunidade (distância, rotas seguras, sem restrições de acesso) e com instalações adequadas para toda a população afetada. 4.4. Abrigos de emergência para gado. 4.5. Infraestrutura de comunicações segura e com rotas de acesso para serviços de emergência e equipes de resgate. 4.6. Sistemas de comunicação de duas vias desenhados para funcionar em crise. 4.7. Recursos de emergência (estoques) gerenciados pela comunidade sozinha ou em parceira com organizações locais (incluindo grãos e bancos de sementes). 4.8. Gestão comunitária dos fundos de emergência e contingência32. Serviços locais de emergência (instalações, 5.1. Capacidade comunitária em fornecer efetiva resposta às emergências, e em tempo adequado: a exemplo de busca e salvamento, primeiros socorros, assistência médica, avaliação de necessidades e danos, distribuição de recursos de resposta, abrigos, apoio psicológico, desobstrução de rodovias. 5.2. Órgãos locais e comunitários que assumam o papel de coordenação da resposta e reconstrução. Organizações de proteção e defesa civil, ONGs e uma sólida avaliação de ameaças e riscos e na identificação das áreas de risco em todo o país. Desenvolvimento e teste dos planos de contingência para todos os principais cenários de desastre em todas as áreas de risco. Treinamento, simulação e revisão de exercícios conduzidos com a participação dos principais órgãos governamentais e não governamentais. Questões transversais como gênero, participação comunitária e ambiente consideradas e incluídas nos planos de contingência. Serviços locais de emergência e instalações críticas que desenvolvam seus próprios planos de contingência, coordenados aos planos comunitários. estrutura, equipes, etc.) capazes de gerenciar crises e desastres, sozinhos ou com apoio de organizações. Serviços de emergência de alto nível com estrutura, capacidade, instalação e procedimento que os permitam apoiar ações locais efetivamente. Fundos para emergência e contingência, estoques disponíveis rapidamente diante de necessidades, com estabelecimento de procedimentos para utilizá-los. Acordos previamente assinados com agências de financiamento para acesso a fundos ou recursos internacionais e regionais como parte dos planos de emergência e reconstrução. redes de voluntários capazes de responder aos eventos com efetividade e tempo adequado, de acordo com os planos acordados. Capacidade de reestabelecer sistemas e infraestrutura críticos (por exemplo, transporte, energia, comunicação, saúde pública) e acordar procedimentos de ação. Pode ser parte integrante, ou separada, de outros fundos, créditos, ou iniciativas de microfinanciamento. 43 Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres Área temática 5 - continuação COMPONENTES DA RESILIÊNCIA CARACTERÍSTICAS DE UMA COMUNIDADE RESILIENTE AOS DESASTRES 5.3. Ações de resposta e reconstrução destinadas à população afetada e priorizada de acordo com as necessidades comunitárias. 5.4. Apoio psicológico à comunidade e mecanismos de aconselhamento. 5.5. Conhecimento comunitário sobre obtenção de socorro e suporte para resposta e reconstrução. 5.6. Confiança comunitária na efetividade e imparcialidade da resposta e da ação dos órgãos de reconstrução. 5.7. Planos33 comunitários de reconstrução e implantação dos mesmos vinculada aos aspectos social, ambiental, econômico e físico, e baseada no máximo aproveitamento das capacidades e recursos locais. 5.8. Papéis, responsabilidades e coordenação acordados para a reconstrução (envolvendo públicos locais e externos). 5.9. Incorporação da RRD nas comunidades e em seus planos de reconstrução. CARACTERÍSTICAS DE UM AMBIENTE FAVORÁVEL Programas de apoio à recuperação dos meios de subsistência (por exemplo, pagamento por trabalhos, redefinição de patrimônio produtivo, empréstimos emergenciais ou capital inicial). Recursos (humanos, institucionais, materiais, financeiros) acessíveis para ações de reconstrução e recuperação em longo prazo. Recursos governamentais disponíveis para resposta e reconstrução; informação sobre os recursos e como torná-los acessíveis às comunidades afetadas. Órgãos oficiais dispostos e capazes de garantir a segurança pública após os desastres e de proteger os grupos mais vulneráveis. Continuidade oficial dos planos de recuperação no local, com capacidade de desenvolvimento e apoio por sistemas adequados. Quadro político nacional que exija a incorporação da RRD nos projetos e implantação de ações de resposta e reconstrução. Ações de RRD integradas aos planos e práticas das principais organizações. 6. Participação, voluntariado e prestação de contas. 33 34 6.1. Liderança local no desenvolvimento e entrega dos planos de contingência, resposta e recuperação. 6.2. Participação de toda a comunidade no desenvolvimento e entrega dos planos de contingência, resposta e recuperação; ‘propriedade’ comunitária dos planos e estruturas de implantação. 6.3. Confiança comunitária justificada nos sistemas de alerta, alarme e de emergência assim como em sua própria capacidade de atuar de forma efetiva durante um desastre. 6.4. Alto índice de voluntariado em todos os aspectos da preparação, resposta e reconstrução, representatividade de todos os setores da comunidade. 6.5. Grupos de voluntários e organizações integrados à comunidade, e às estruturas locais e supralocais. 6.6. Estruturas formais de preparação e resposta capazes de adaptar-se aos grupos de voluntários espontaneamente (dentro e fora da comunidade) e integrar-se à resposta e reconstrução. 6.7. Autoajuda e grupos de apoio aos mais vulneráveis (idosos e deficientes). 6.8. Mecanismos para pessoas afetadas por desastres que expressem sua visão, para aprendizado e compartilhamento de lições pós-evento. Reconhecimento dos que responderam à emergência (externos e locais) do direito à ajuda adequada depois do desastre, à participação e ao planejamento da etapa de reconstrução e à proteção contra violência (definidos em lei). Aceitação internacional dos princípios sobre direitos e transparência nas ações de resposta e reconstrução34 acordados e adotados pelas autoridades nacionais, governo local, ONGs e outros públicos. Instrumentos legais que obriguem ações específicas às organizações públicas nas ações de resposta e reconstrução. Mecanismos de participação que garantam a todos os públicos o desenvolvimento de todos os componentes de gestão e planejamento de desastres, e sua operação em todos os níveis. Governo local e outros órgãos com planejamento para ‘grupos emergentes’ de voluntariado. Aplicação de auditorias sociais, relatórios e outros mecanismos que permitam aos afetados avaliar a resposta durante a emergência. Consideração de avaliações independentes de capacidades e mecanismos de preparação para desastres. Mecanismos efetivos e transparentes de monitoramento e avaliação das ações de resposta e preparação. Inclui planos de reassentamento. A exemplo dos princípios de prestação de contas (HAP), Sistema Esfera (Sphere), Código de conduta da Cruz Vermelha. Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres PAINÉIS Painel 1 – Outras iniciativas para indicadores de RRD Em anos recentes, um grande número de organizações desenvolveram quadros e indicadores de resiliência ou RRD para apoiar planejamentos em diferentes contextos. Como muitas dessas iniciativas foram desenvolvidas ao mesmo tempo, abre-se um espaço para compartilhar informações e debater ideias, de forma a garantir que os diversos resultados complementem uns aos outros tanto quanto for possível. Duas agências da ONU desenvolveram conjuntos de indicadores nacionais de RRD, baseados no Quadro de Ação de Hyogo (as Características buscaram complementar esses indicadores sob a perspectiva local): A Estratégia Internacional para Redução de Desastres (UNISDR) produziu orientações e indicadores para as prioridades 1,2 3 e 4 do Quadro de Ação de Hyogo (UNISDR, 2008). O Escritório da ONU para Coordenação de Assistência Humanitária (OCHA) desenvolveu indicadores para as cinco prioridades do Quadro de Ação de Hyogo (UNISDR/OCHA, 2008). Outras iniciativas recentes, ou em andamento, de quadros e indicadores para RRD e resiliência incluem: O manual do programa US Indian Ocean Tsunami Warning System Program sobre avaliação da resiliência a ameaças de comunidades costeiras, destinados a apoiar e complementar o desenvolvimento de comunidades e as ações de planejamento e gestão costeiras (IOTWS, 2007). O manual da Helio Internacional para avaliação da resiliência de sistemas de energia em nível nacional (Williamson and Connor, 2008). Veja Parte 5(Leituras Complementares) para detalhes sobre esses e outros indicadores e orientações sobre RRD e resiliência. 45 Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres Painel 2 – Integração entre RRD e Adaptação às Mudanças Climáticas Diversas agências de desenvolvimento e de desastres estão, atualmente, explorando formas de conceitualização, explanação e visualização de caminhos nos quais a RRD e a adaptação às mudanças climáticas coincidam-se e associem-se entre si. Há diversas formas para fazer isso, ainda que não haja um modelo específico para tanto. Três exemplos são aqui apresentados, na forma de tabelas e diagramas, resultado do trabalho de membros do Grupo de Interagências que financiou o projeto das Características. Todos esses três exemplos representam o trabalho de vários estágios de progresso. Exemplo 1. Tearfund utiliza o diagrama Venn para mostrar os pontos de coincidência entre RRD, adaptação às mudanças climáticas e outras formas de adaptação à degradação ambiental. O diagrama abaixo contém o exemplo do tipo de resposta que pode ser necessária a cada área, servindo para ilustrar as equipes de campo que determinadas escolhas no desenvolvimento das atividades podem contribuir para a sustentabilidade ambiental, para a redução da vulnerabilidade a desastres e para apoio à adaptação às mudanças climáticas. Fonte: Tearfund Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres Exemplo 2. Atividades práticas de vulnerabilidade para resiliência (V2R) é um modelo que identifica os vínculos entre os meios de subsistência, governança, incerteza futura e tendências de longo prazo (incluindo as alterações climáticas), ameaças e impactos. A desse modelo pode-se desenvolver uma abordagem integrada de resiliência. Incertezas Futuras Tendências de longo prazo, incluindo as mudanças climáticas Vulnerabilidade Quadro de Resiliência Melhor compreensão das tendências e seus impactos Garantia de acesso a informação relevante em tempo certo Construção de confiança e flexibilidade ao aprendizado e experimentação para adaptação às incertezas Meios de subsistência Diversidade Ameaças e Estresse Fortalecimento da voz e da organização comunitária Apoio ao acesso e gestão sustentável dos recursos produtivos Promoção do acesso às tecnologias e habilidades Melhoria do acesso ao mercado de trabalho e emprego Garantia de condições de vida segura. Preparação para Desastres Construção de capacidades para análise de ameaças e estresse (inclui impactos das mudanças climáticas) Aprimoramento das ações de prevenção e proteção contra ameaças Ampliação dos sistemas de alerta e alarme Estabelecimento de planos de contingência e emergência Resiliência Habilidade para adaptação à mudança Habilidade para gestão de ameaças Habilidade para manter a segurança alimentar Habilidade para sair da pobreza Ambiente de Governança Descentralização e participação no processo decisório Fortalecimento de vínculos entre os níveis local, estadual e nacional Promoção de ações integradas entre os meios de subsistência, os desastres e as mudanças climáticas. Fonte: Pasteur K, 2010 (imprensa), From Vulnerability to Resilience (V2R): A Framework for Analysis and Action to Build Community Resilience (Rugby: Practical Action Publishing) http://www.practicalaction.org/ 47 Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres Exemplo 3. A Christian Aid, o Institute of Development Studies, e a Plan International trabalham com alternativas para fazer da RRD mais ágil aos extremos das mudanças climáticas. Hipoteticamente, eles consideram uma transição do modelo de clima convencional com abordagem de RRD, para um modelo inteligente de abordagem com uma ênfase diferente, demonstrado na tabela abaixo. RRD e sensibilidade climática RRD e oportunidades climáticas Gestão de risco proativa, com foco nos riscos intensivos e dominantes. Gestão de risco proativa, como foco nos riscos intensivos e extensivos. Consideração das causas subjacentes de vulnerabilidade, principalmente as de raízes sociais, políticas, ambientais e econômicas. Consideração das causas subjacentes de vulnerabilidade, particularmente as de raízes sociais, políticas, ambientais e econômicas atribuíveis às mudanças climáticas. Projeção de sistemas para melhoria da confiabilidade da previsão dos impactos prováveis da maior parte das ameaças (ameaças relacionadas ao clima como um subconjunto). Adoção de sistemas mais flexíveis, com perspectiva de longo prazo e reconhecimento de mudanças nos riscos e incertezas associadas aos extremos das mudanças de clima. Processo decisório com base na experiência, frequência e magnitude de eventos anteriores (a partir de conhecimento científico e tradicional). Processo decisório com base em informações aperfeiçoadas sobre mudanças extremas do clima e com base em tendências históricas de ameaças (a partir do conhecimento científico e tradicional). Consideração de vulnerabilidades passadas e presentes. Consideração de vulnerabilidades passadas, presentes e futuras, reconhecendo que mudanças sutis relacionadas ao meio e ao clima, podem aumentar significativamente a vulnerabilidade futura. Predominância da responsabilidade associada a padrões humanitários. Predominância da responsabilidade associada a padrões de desenvolvimento e ambientais. Desenvolvimento da capacidade de grupos alvo para gerenciar os riscos com base na experiência e melhoria das previsões de curso alcance. Desenvolvimento da capacidade de grupos alvo para gerenciar os riscos alterados e as incertezas associadas ao longo alcance das previsões climáticas. Desconsideração das intervenções para as alterações climáticas (por exemplo, fornecimento de materiais para resgate e reconstrução). Avaliação e favorecimento de intervenções que não contribuem ao problema das mudanças climáticas. Fonte: Projeto de Fortalecimento à resiliência climática http://community.eldis.org/scr Painel 3 – Criação de um processo de resiliência bem sucedido Uma recente iniciativa canadense de apoio socioeconômico para resiliência comunitária identificou seis ‘comportamentos’ que caracterizam sucesso ou comunidades resilientes. Basicamente, todos esses itens estão relacionados ao processo de construção da resiliência, o que envolve negociação, parceria e processo decisório: Abordagem multifuncional para criação de um sistema de desenvolvimento sustentável dentro da comunidade (econômica, ecológica, política e socialmente); Por meio de planejamento estratégico e outros esforços, maximizam o uso de seus tempo e recursos limitados nas áreas que produzam os maiores benefícios globais; Planos de desenvolvimento que se integram a metas sociais e econômicas e reforçam a capacidade local; Capacidade para mobilizar setores chave da comunidade a partir de suas prioridades; Foco nas energias de mobilização de recursos internos (tanto financeiros como humanos) ao mesmo tempo em que alavancam recursos externos para alcançar seus objetivos; Estabelecimento de uma massa crítica de organizações cooperativas pelas quais são implantadas e avaliadas iniciativas locais. Fonte: The Community Resilience Manual: a resource for rural recovery and renewal (Port Alberni, BC: Centre for Community Enterprise, 2009, www.cedworks.com). Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres Painel 4 – Envolvimento da juventude Um consultor, ao analisar as aplicações das Características ao trabalho da Plan Internacional com crianças e jovens, sugeriu o seguinte processo para melhorar a definição de uma comunidade resiliente a partir da perspectiva comunitária: Trabalhar com grupos separados de adultos, e crianças e jovens – explore a utilidade de divisão por gênero. Comece com uma discussão aberta (chuva de ideias) de uma das Áreas Temáticas, selecionada por relevância local. Esta ‘chuva de ideias’ pode ser feita de diferentes maneiras incluindo desenhos, dramatização, etc. Então aprofunde a investigação utilizando os Componentes de Resiliência – mais uma vez com base na relevância local. Apoie crianças, jovens e adultos na elaboração de indicadores apropriados – essa tarefa necessita de facilitadores, tanto para orientação como para empoderamento. Mantenha um local adequado para compartilhamento de resultados (a equipe da Plan em Bangladesh sugeriu às crianças que desenhassem com o tema da resiliência comunitária e então circulou os desenhos entre os adultos para verificar se concordavam com a visão). Esse é um exemplo de participação integrada. Comunique resultados – a exemplo de murais (pode ser em telas, de modo a ser portátil) que representem sua comunidade resiliente, teatros, concertos, etc. – apropriando-se da cultura local. Painel 5 – Adaptação das Características a contextos locais O MACEC (Conselho Marinduque para Questões Ambientais), sediado na ilha de Marinduque na costa das Filipinas, utilizou as Características no planejamento do trabalho de desenvolvimento de sua comunidade, com particular interesse no desenvolvimento de intervenções de fortalecimento da resiliência da comunidade por meio da integração entre RRD e adaptação às mudanças climáticas. Para auxiliar na identificação e análise de oportunidades a MACEC adotou Características específicas, bem como algumas Características de um Ambiente Favorável para torná-las mais adequadas ao contexto em que trabalhava. Aqui está um exemplo, relativo a um componente de resiliência da Área Temática 1 (Governança). A parte do texto ‘regular’ foi retirada do original das Características; a parte em ‘itálico’ é de autoria da MACEC como resultado de seu trabalho focado no Ambiente Favorável. Área temática 1: Governança Componente da Resiliência 3: Integração ao desenvolvimento de planos e políticas Características de uma Comunidade Resiliente ao Desastre 3.1: A comunidade resiliente aos desastres é vista pelos públicos de interesse locais como parte integrante dos planos e ações para alcançar amplamente os objetivos comunitários (a exemplo da erradicação da pobreza e da qualidade de vida). A MACED relacionou os significados de RRD e adaptação às mudanças climáticas às Metas de Desenvolvimento do Milênio, ao Plano de Desenvolvimento de Médio Prazo das Filipinas, aos 10 Pontos da Agenda da Administração atual, e ao Plano do Quadro de Desenvolvimento e Visão da Província. Características de um Ambiente Favorável Os governos (em todos os níveis) possuem uma abordagem holística e integrada em RRD, localizada dentro de um amplo contexto de desenvolvimento e associada ao plano de desenvolvimento articulado entre diferentes setores. A RRD está incorporada ou associada a outros planos nacionais de desenvolvimento e aos programas de financiamento. Rotina integrada entre RRD, planos de desenvolvimento e políticas públicas setoriais (erradicação da pobreza, proteção social, desenvolvimento sustentável, adaptação às mudanças climáticas, desertificação, gestão de recursos naturais, saúde, educação, etc.). Planos de desenvolvimento formais e implantação de processos incorporados aos elementos de RRD (por exemplo, análises de ameaças, vulnerabilidades e riscos, planos de mitigação). Plataformas institucionais multissetoriais para promoção da RRD. Planos para políticas públicas locais, sistemas regulatórios de tomada de decisão que considerem os riscos de desastres. 49 Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres Pelo aprendizado obtido a partir das lições compartilhadas pela Autoridade Nacional Econômica e de Desenvolvimento na incorporação dos elementos de RRD em um processo de planejamento de desenvolvimento formal, a MACEC buscou a mesma abordagem em nível local e com foco na integração entre RRD e adaptação às mudanças climáticas para o planejamento local e processos de ornamentação. Particularmente, a MACED focou seus esforços na integração e adaptação da RRD ao Planejamento de Desenvolvimento de Barangay (comunidade) e ao Plano de Investimento Anual. Nesse contexto foi possível desenhar suas próprias Características de um Ambiente Favorável: Sugestão de Características de um Ambiente Favorável Coerência em políticas nacionais e locais que sejam significantes à RRD e à adaptação às mudanças climáticas. Plataformas institucionais e multissetoriais que facilitem a participação no processo de tomada de decisão e políticas públicas em RRD e adaptação às mudanças climáticas em todos os níveis de governança. Painel 6 – Criação de novas áreas temáticas Como parte do trabalho para adaptar as Características a uma abordagem centralizada na criança, a Plan IK explorou a ideia de criar uma nova Área Temática especialmente para esse assunto. Trata-se de algo ainda em discussão, mas o rascunho inicial está reproduzido abaixo para indicar como a Plan conduzir essa tarefa. Modificações substanciais foram realizadas as quais podem tornar as Características mais relevantes ao trabalho da Plan, enquanto que o processo de reflexão e discussão sobre as modificações podem fortalecer a ‘propriedade’ do recurso dentro da organização e de seus parceiros. (draft) Área Temática 0: Características Gerais da centralização na infância, da cultura de gênero e da prática para organizações e comunidades. Componentes da resiliência Características de uma comunidade resiliente aos desastres focada na infância e no gênero. 1. Foco nos direitos infantis 1.1. Comitês infantis ou de jovens reconhecidos por sua voz na comunidade. 1.2. Comitês infantis ou de jovens que alimentem outros níveis de governo com suas recomendações. 1.3. Políticas públicas de proteção à criança incorporadas na política da Plan. 1.4. Políticas públicas de proteção à criança incorporadas nos planos comunitários locais. 1.5. Planos de preparação para emergências devem incluir um elemento de proteção à criança. 1.6. Avaliação de risco contínua para situações de emergência envolvendo crianças e considerando a proteção das crianças a riscos específicos. 1.7. Equipes da Plan e outras associações devem familiarizar-se com as situações que possam representar riscos às crianças, e então aprender a como lidar com essas situações. 1.8. Equipe da Plan e outras associações devem receber treinamentos apropriados aos seus papéis para garantir que procedimentos relacionados a padrões de proteção à criança sejam efetivamente implantados e seguidos. 1.9. Crianças devem ser envolvidas adequadamente em assuntos de proteção que as afetam, e no desenvolvimento das medidas de proteção. Ambiente favorável Adoção e prática de legislação relevante em direitos das crianças por governos de todos os níveis. Tomadores de decisão locais abertos à participação infantil. Existência de uma legislação de proteção à infância, políticas públicas e processos locais de implantação. Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres Componentes da resiliência Características de uma comunidade resiliente aos desastres focada na infância e no gênero. 2. Direitos de gênero. 2.1. Necessidades práticas e interesses estratégicos de homens e mulheres reconhecidos em políticas públicas, planos e programas. 2.2. Reconhecimento das diferenças entre os papéis e relações entre os gêneros. 2.3. Dados sobre desagregação de gênero coletados e utilizados rotineiramente. 2.4. Normas para equilíbrio de gênero em equipes, membros de comitês. 2.5. Equilíbrio de gênero como aspiração dos trabalhos comunitários. 2.6. Entendimento da prevalência generalizada de violência de gênero e medidas para lidar com essa situação, comum à equipe de base. Adoção e prática de 3. Definições da comunidade 3.1. Grupos e comitês comunitários os mais inclusivos socialmente quanto for possível. 3.2. Dinâmicas locais de poder compreendidas e consideradas nos processos decisórios dos comitês. 3.3. Equipe da Plan (em todos os níveis) treinadas, cientes e sensíveis dos conflitos e dinâmicas de poder dentro das comunidades. Suporte ao 4. Participação / Inclusão social 4.1. Reconhecimento entre a equipe da Plan de que existem níveis de participação e que se aspira que os níveis mais elevados de participação envolvam crianças e comunidades empoderadas. 4.2. Realização de esforços para atingir todos os níveis da comunidade, inclusive os chamados de ‘difícil acesso’. 5. Causas do desastre e desenvolvimento da vulnerabilidade 5.1. Reconhecimento de que muitos problemas de desenvolvimento são criados em escolas superiores às comunitárias, e que as formas apropriadas de defesa da causa são conduzidas nesses níveis. Ambiente favorável legislação em direitos de gênero relevantes. desenvolvimento, participação e processo democrático por governos de todos os níveis. Painel 7 – ‘As 20 mais’ características de Tearfund Como um uso genérico pela organização e seus parceiros, a Tearfund reduziu o conjunto de Características de uma Comunidade Resiliente a Desastre a um muito menor, com um número gerenciável de características consideradas mais relevantes para seu trabalho. De início, foram selecionadas Características chave em relação ao trabalho em RRD da organização como um todo (A Tearfund chamou esta lista de ‘as 20 mais’ Características). Essa seleção inicial foi realizada por dois especialistas em RRD: eles escolheram as características nas quais haveria possibilidade de serem mensuradas e atingidas, e nas quais se aplicariam a maior parte dos tipos de desastres. Para garantir essa seleção, a lista deveria conter ao menos duas Características de cada uma das cinco Áreas Temáticas. Uma seleção similar foi conduzida para identificar as Características possíveis de serem mesuradas e que sejam relevantes em desastres de evolução gradual, especialmente aqueles de longo prazo, como a insegurança alimentar crônica. Os dois conjuntos de Características são apresentados nas tabelas seguintes. Ambas as seleções envolvem alguma reescrita das Características quando necessário. Em poucos casos duas ou mais Características foram combinadas em uma nova. As duas listas possuem referências à lista original (por número) para permitir aos usuários conferir a lista completa. Mais do que utilizar ‘as 20 mais’ como uma forma pronta, a Tearfund incentiva seus representantes em cada país a trabalhar com suas próprias seleções, de acordo com sua realidade local e com o perfil de cada desastre. O ponto mais importante não é a imposição de Características e de seu cumprimento, mas sim a necessidade de possuir um conjunto que expresse a resiliência em seu contexto particular. 51 Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres A Tearfund acredita que esse exercício contribuiu para que a pesquisa se tornasse mais fácil para os usuários, e assim, desmistificar RRD. A equipe do programa era muito ocupada, mas estava disposta a envolver-se com as listas se fossem mais curtas, ainda que tenha sido difícil selecionar algumas poucas Características, especialmente quando há a tentativa de aplicá-las a diversos tipos de ameaças ao mesmo tempo. Como resultado, há o risco do documento tornar-se muito impreciso. Resumo das características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres, por Tearfund (‘as 20 mais’) Área temática 1: Governança Lideranças comunitárias efetivas, comprometidas e transparentes na implantação e Referência (lista completa das características) 1.5 elaboração dos planos de RRD. Capacidade de desafiar e negociar com agências externas nos planos de RRD, ações e 7.4 prioridades que podem causar impacto sobre os riscos locais. Evidências de que a redução de desastres é considerada nas atividades de planejamento de 3.1 & 4.1 desenvolvimento. Área temática 2: Avaliação de Risco Participação na condução e atualização das avaliações de ameaças, vulnerabilidades e 1.1 & 2.1 capacidades, que promovam um cenário completo de todas as ameaças, riscos, vulnerabilidades e capacidades da comunidade. Utilização comunitária do conhecimento indígena e da percepção de risco local, bem como 3.2 de outros métodos científicos de avaliação baseada em dados. Área temática 3: Conhecimento e Educação Conhecimento técnico e organizacional, e habilidades para redução de riscos e resposta a 1.4 desastres em nível local (exemplo: conhecimento técnico indígena, mecanismos de enfrentamento, estratégias de subsistência). Informação de todos da comunidade sobre planos de contingência, instalações, serviços e 2.3 habilidades disponíveis, antes, durante e depois de uma emergência, bem como a forma de acessá-los. Conhecimento em RRD repassado em meios formais como escolas locais, e informais, como oralmente de uma geração para outra. 3.1 Área temática 4: Gestão de Risco e Redução de Vulnerabilidades Segurança no fornecimento de água e comida em tempos de crise (exemplo: gestão de 2.3 & 2.4 estoques comunitários de grãos e outros alimentos básicos; proteção ou estocagem de fontes de água). Diversificação nos meios de subsistência familiares e comunitários, incluindo trabalhos em 3.3 & 3.4 áreas rurais ou não, com poucas pessoas envolvidas em práticas de subsistência inseguras ou atividades vulneráveis a ameaças. Adoção de práticas agrícolas e gestão sustentável do ambiente resiliente a ameaças (exemplo: conservação de água e solo, padrões flexíveis de cultivo, culturas tolerantes a ameaças e manejo florestal). Existência e acesso a sistemas de crédito e economias, e /ou fundo comunitário para desastres e preparação, atividades de resposta e reconstrução. Medidas estruturais de mitigação (exemplo: tanques de captação de água, diques, canais de desvio de inundação). Casas, locais de trabalho e ambientes públicos localizados em áreas seguras ou que utilizem métodos de construção seguros contra ameaças. Medidas de proteção de bens chave (exemplo: gado) e itens de propriedade doméstica (exemplo: utilização de plataformas internas elevadas ou recipientes de plástico). 1.2 & 3.5 5.3 & 5.5 6.4 6.3, 6.5 & 6.6 6.8 Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres Área temática cinco: Preparação e Resposta a Desastres Instalações e equipamentos de emergência disponíveis (para abrigos, comunicações, 1.6 resgate, etc.), de propriedade e de responsabilidade da comunidade. Sistemas de alerta e alarme de base comunitária e centrado em pessoas em âmbito local, 2.1 & 2.3 produção de mensagens confiáveis e compreensíveis por toda a comunidade. Existência de planos de contingência familiares e comunitários, desenvolvimento e 3.2, 3.3 & 3.7 responsabilidade das comunidades, associados a planos de níveis maiores e praticados regularmente. Comunidade com capacidade de fornecer serviços de resposta a emergências em tempo e forma adequados, incluindo treinamento e desenvolvimento de voluntários com habilidades apropriadas (exemplo: busca e salvamento, primeiros socorros, gestão de abrigos para emergências, combate a incêndio). Comunidade com planos adequados e sistemas de suporte mútuo para cuidado dos mais vulneráveis – normalmente idosos, deficientes, portadores de HIV, mães e crianças. 5.1 & 6.4 6.7 As características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres, por Tearfund – sob a perspectiva da segurança alimentar. Área temática 1: Governança Lideranças comunitárias compromissadas, efetivas e transparentes no planejamento e Referência (lista completa das características) 1.5 implantação de ações de RRD. Comunidade informada sobre seus direitos e obrigações legais do governo e outros órgãos 2.2 para garantia de sua proteção. Inclusão e representação de grupos vulneráveis nos processos decisórios da comunidade e 7.6 na gestão de RRD. Área temática 2: Avaliação de Risco Condução de avaliações comunitárias de risco e ameaças que promovam a compreensão 1.1 & 2.1 dos cenários da maioria dos riscos e ameaças a que a comunidade está exposta. Avaliações (referente ao item anterior) conduzidas como um processo participativo, 1.2 & 2.2 envolvendo representantes de todos os setores da comunidade, incluindo os grupos vulneráveis. Utilização do conhecimento indígena e de percepções locais de risco, bem como de outros 3.2 conhecimentos científicos, dados e métodos de avaliação. Área temática 3: Conhecimento e Educação Educação escolar sobre RRD para crianças por meio de atividades curriculares ou 3.1 extracurriculares quando for o caso. Membros comunitários habilitados ou treinados em agricultura apropriada, uso do solo, 3.5 gestão da água e gestão de práticas ambientais. Área temática 4: Gestão de Risco e Redução de Vulnerabilidades Adoção de práticas de gestão ambiental sustentável que reduzam ameaças e riscos. 1.2 Status de segurança de fonte nutricional e alimentar (exemplo: por meio de reservas de grãos 2.3 e outros alimentos básicos, com um sistema de distribuição equivalente durante crises alimentares). Acesso à água em qualidade e quantidade suficiente para atendimento de necessidades 2.4 domésticas durante todo o ano. Diversificação dos meios de subsistência (em âmbito familiar e comunitário) incluindo 3.3 atividades rurais e não rurais. Adoção de práticas agrícolas resistentes (exemplo: métodos de conservação do solo e da água, padrões de cultivo voltados a baixas ou variação de pluviosidade, culturas tolerantes a ameaças) para segurança alimentar. 3.5 53 Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres Sistemas de assistência mútua, redes sociais e mecanismos de apoio que deem suporte direto à redução de risco diretamente, por meio de atividades de RRD; ou indiretamente por meio de atividades de desenvolvimento socioeconômico que reduzam vulnerabilidades, ou pela capacidade de atividades de extensão para gestão de emergências quando as mesmas ocorrerem. Existência de comunidades e grupos para economias e esquemas de crédito, e /ou acesso a facilidades de microcrédito. Medidas estruturas de mitigação – exemplo: captação de água, diques, barragens 4.1 5.3 6.4 e canais de irrigação – construindo com mão de obra, habilidades,materiais e tecnologias locais tanto quanto for possível. Área temática 5: Preparação e Resposta a Desastres Estruturas organizacionais locais para preparação a desastres ou resposta em 1.2 situações de emergência (exemplo: comitês de preparação para desastres). Sistemas de alerta e alarme baseados em comunidades e centrados em pessoas, 2.1, 2.2, 2.3, 2.7 que forneça avisos em tempo adequado, confiáveis e compreensíveis para chegar a todos os membros da comunidade. Planos de contingência comunitários e familiares para seca, incluindo preservação 3.1 & 3.9 de bens básicos (exemplo: água, forragem e saúde para animais). Recursos de emergência (estoques), gerenciados pela comunidade, sozinha ou em parceria com outras organizações locais (incluindo bancos de grãos e sementes). 4.7 Nota: As Características foram selecionadas a partir de seu potencial de mensuração de desastres de evolução gradual, escolhendo ao menos duas delas por Área Temática e minimizando a sobreposição entre as mesmas. Elas talvez não sejam as Características mais importantes. Painel 8 – Indicadores chave de uma comunidade resiliente, por ADPC A partir desta publicação, o ADPC (Centro Asiático de Preparação para Desastres) desenhou a seguinte lista de indicadores para um ‘nível mínimo de resiliência’? Organização comunitária Plano de preparação para desastres e RRD. Sistema de alerta e alarme comunitário. Mão de obra especializada: avaliação de risco, busca e salvamento, primeiros socorros, distribuição de socorro, pedreiros para construções mais seguras, combate a incêndio. Conectividade física: telefone, eletricidade, rodovias, clínicas. Conectividade com autoridades locais, ONGs, etc. Conhecimento sobre riscos e ações de redução de risco. Fundo comunitário para redução de desastres para implantar ações de redução de risco. Casas mais seguras para suportar ameaças locais. Meios de subsistência mais seguros. Fonte: ADPC 2006, Critical Guidelines: Community-based Disaster Risk Management (Bangkok: Asian Disaster Preparedness Center; www.adpc.net). Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres Painel 9 – “Mapeamento” de vulnerabilidades e de capacidades utilizando o quadro das Características Como parte de seu programa de RRD, a Church World Service – Paquistão e Afeganistão conduziu uma rápida avaliação de ameaças, vulnerabilidades e capacidades nas montanhas de um distrito do Paquistão. A proposta básica do exercício foi: (a) identificar uma comunidade exposta a vários desastres; (b) com o apoio da comunidade, identificar as ameaças que as afetam, categorizar suas vulnerabilidades e mapear suas capacidades; (c) engajar a comunidade no desenvolvimento de um plano de RRD (um conjunto holístico de atividades de gestão de desastres e desenvolvimento); (d) disseminar os resultados a todos os públicos de interesse. A equipe de avaliação utilizou uma combinação de métodos quali e quantitativos incluindo informação de fontes secundárias (mapas de ameaças, por exemplo); grupos focais de discussão, envolvendo uma variedade de ferramentas participativas de avaliação rural (a exemplo de linhas do tempo, calendários sazonais, cartas de ameaças prioritárias, e mapas comunitários); caminhadas transversais; e outras discussões com as partes interessadas locais. O exercício produziu muita informação sobre ameaças, vulnerabilidades e capacidades que mais tarde foram utilizadas na definição do plano de RRD. Para auxiliar a estruturar os resultados da avaliação sobre vulnerabilidades e capacidades, foram feitas revisões posteriores utilizando o quadro das Características e agrupando (‘mapeando’) sob o enfoque das cinco Áreas Temáticas, como demonstram as tabelas seguintes. Vulnerabilidades Área temática 1: Governança Divisões étnicas, de castas e socioeconômicas na comunidade. Ausência de estruturas políticas eficazes. Estruturas governamentais de gestão de desastres debilitadas (nacional e local). Área temática 2: Ausência de dados. Avaliação de Risco Ausência de qualquer sistema de alerta e alarme. Área temática 3: Fatalismo. Conhecimento e Educação Ausência de compreensão sobre as causas dos desastres. Diferentes perspectivas sobre ameaças e desastres a partir do gênero. Baixos níveis de educação de mulheres. Ausência de facilidades educacionais para meninas. Baixos níveis de conhecimento das mulheres sobre ameaças. Área temática 4: Gestão de Risco e Redução de Vulnerabilidades Alta densidade populacional. Porcentagem elevada da população exposta a locais montanhosos e com ameaças e riscos múltiplos. Altos índices de pobreza. Oportunidades limitadas de sustento (dependência da agricultura). Infraestrutura de transporte inadequada e acessos remotos. Dificuldade de acesso ao comércio e serviços (bens e trabalho). Arranjos fundiários (índices elevados de arrendamento) Mulheres confinadas ou com acesso restrito além do lar. Construções inadequadas (não resistentes a terremotos). Ausência de instalações sanitárias locais. Ausência de fontes e meios de alimentação. Ausência de instalações públicas para reuniões comunitárias, etc. Área temática 5: Ausência completa de gestão de desastres de base comunitária e formal. Preparação e Resposta a Desastres 55 Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres Capacidades Área temática 1: Governança Autoconfiança e solidariedade durante as crises. Representação políticas de grupos pobres e marginalizados. Proprietários de terra fornecendo ajuda em momentos de crise. Envolvimento externo em projetos de desenvolvimento. Área temática 2: Identificação comunitária de locais propensos a deslizamento. Avaliação de Risco Área temática 3: Conhecimento e Educação Memória comunitária de eventos passados. Altos índices de conhecimento comunitário sobre riscos e ameaças. Altos índices de acesso a telefones celulares e rádios. Demanda comunitária por meninas nas escolas. Área temática 4: Envolvimento externo em projetos de desenvolvimento (meios de subsistência sustentáveis). Gestão de Risco e Redução de Envio de recursos por trabalhadores migrantes. Vulnerabilidades Superávit de produtos pecuários. Produção de mel. Área temática 5: Preparação e Resposta a Autoconfiança comunitária para ações de resposta e preparação a desastres. Desastres Nota: Um relato mais completo do projeto pode ser encontrado como um estudo de caso na página das Características: www.proventionconsortium.org/?pageid=90 ou www.abuhrc.org/research/dsm/Pages/project_view.aspx?project=13 Painel 10 – Conversão das Características em indicadores Em seu recentemente conteúdo publicado - Measuring the Impact of Disaster Risk Reduction (parte de uma série de documentos internos do ‘Learning Companion’, ou ‘Companheiro de Aprendizagem’) – a Oxfam GB disponibiliza orientações práticas sobre muitos aspectos de monitoramento e avaliação em RRD, incluindo como utilizar as Características para desenvolver indicadores de resultados. O documento ilustra como determinadas Características de Resiliência podem ser redefinidas em indicadores genéricos de resultado em RRD, pensados a partir de 10 exemplos, oriundos das cinco Áreas Temáticas. Um extrato desse trabalho está aqui reproduzido, ao apresentar as três características / indicadores selecionados da Área Temática 5: Preparação e resposta a desastres. Características, Área temática 5: Preparação e Resposta a Desastres. (Quadro de Ação de Hyogo, Prioridade 5: Fortalecimento da preparação a desastres em todos os níveis). Componente de Resiliência 1: Coordenação e Capacidades Organizacionais Característica 1.6: Número suficiente de membros comunitários e institucionais treinados para realizar tarefas específicas relevantes (por exemplo, comunicação, estudos e pesquisas, primeiros socorros, distribuição de socorro). Indicador genérico potencial: porcentagem dos membros do comitê que demonstram habilidade para a condução de tarefas de resposta relevantes de acordo com padrões mínimos e de forma coordenada. Exemplo de indicador de um programa da Oxfam: porcentagem de (por exemplo, comitês) que possuem um sistema de gestão para seus equipamentos de resposta e opções para substituição dos obsoletos, executando a manutenção essencial e apoiando as atividades básicas da organização. Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres Componente de Resiliência 2: Sistemas de alerta e alarme Característica 2.2 Sistema de alerta e alarme capaz de atender a toda a comunidade (via rádio, TV, telefone e outras tecnologias de comunicação, e via mecanismos comunitários de alerta e alarme como redes de voluntários). Indicador genérico potencial: potencial de membros da comunidade que recebem mensagens do sistema de alerta e alarme de pelo menos um fonte. Exemplo de indicador de um programa da Oxfam: nível de funcionalidade os sistemas de comunicação e de alerta e alarme para a transmissão de alertas que permitam que a informação chegue à população em tempo e forma apropriados. Componente de Resiliência 4: Recursos de emergência e infraestrutura Característica 4.2: Rotas de abandono seguras e identificadas, em constante manutenção e de conhecimento dos membros da comunidade. Indicador genérico potencial: porcentagem de rotas de abandono seguras que recebem manutenção regular e porcentagem de membros da comunidade aptos a identificar as rotas de abandono seguras. Exemplo de indicador de um programa da Oxfam: porcentagem da população da comunidade que está apta para chegar a abrigos com segurança e rapidez. Fonte: Measuring the Impact of Disaster Risk Reduction: A Learning Companion (Oxfam GB, 2009). Painel 11 – Características / indicadores: quantitativo ou qualitativo? As tabelas das Características são qualitativas. Comunidades e seus parceiros precisam então fazer suas próprias reflexões sobre que aspectos da resiliência devem ou não ser atingidos. Alguns desses aspectos serão mais importantes que outros. Por exemplo, é fácil dizer se existe em uma comunidade planos de contingência ou de preparação para desastres (mesmo quando sua qualidade seja outro ponto de análise). Mas é muito mais difícil decidir se há uma distribuição equilibrada de riquezas e de meios de subsistência em uma comunidade, ou se é adequado o acesso aos recursos comuns que possa apoiar as estratégias de enfrentamento durante as crises. As Características não orientam projetos e comunidades sobre como eles devem alcançar e conduzir suas reflexões. Toda reflexão deve ter origem em um processo coletivo de acordo entre as partes interessadas. As conclusões serão diferentes em cada caso, a partir dos diferentes contextos e expectativas, e haverá também ponderações subjetivas. Mas em todos os casos, o processo decisório deve ser transparente e participativo. Algumas orientações e especialistas sugerem a necessidade de indicadores quantitativos para determinados aspectos de RRD (por exemplo, treinamento de voluntários em primeiros socorros, porcentagem de domicílios em uma comunidade com propriedades asseguradas). É impossível determinar um padrão quantitativo de medidas que podem ser aplicadas em todos os contextos, mas indicadores qualitativos podem ser utilizados em cada nível do projeto, se necessário. Em muitos casos, podem fazer parte dos dados mais amplos em que as ponderações sobre resiliência foram baseadas. Isso se aplica a equipes de projetos ao decidir que tipos de indicadores quantitativos são apropriados e em quais níveis de realização. Painel 12 – Pesquisa sobre a construção da resiliência A ONG BEDROC, de atuação local, conduziu um extensivo estudo para a Oxfam América sobre o impacto dos esforços de reabilitação após o tsunami em Tamil Nadu, Índia, avaliando-o localmente e em função da resiliência em comunidade. Com os programas de assistência das agências chegando aom fim, era necessário avaliar a sustentabilidade de seus diversos esforços para a construção de capacidades locais. A pesquisa também buscou boas práticas mais gerais sobre o que fazem os programas de recuperação bem sucedidos. Dois distritos foram escolhidos para o estudo e as provas foram coletadas a partir de comunidades e pessoas de externas que tiveram papéis significativos na resposta ao tsunami. A pesquisa da equipe da BEDROC utilizou as Características como um quadro para avaliação, trabalhando as cinco Áreas Temáticas. Os Componentes de Resiliência foram selecionados como pontos de atenção, assim como foram as Características de uma Comunidade Resiliente a Desastres e as Características de um Ambiente Favorável. 57 Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres A coleta de dados ocorreu a partir desse quadro. Uma série de ferramentas de pesquisa foi implantada para recolher opiniões e informações, tendo sido recolhidos diferentes tipos de evidências. Os resultados foram registrados em seções que cobrem cada um dos Componentes de Resiliência selecionados, permitindo que a equipe construísse um cenário detalhado e abrangente. Os pesquisadores também ponderaram sobre o nível de progresso em direção à resiliência para cada componente relacionado, utilizando o esquema do quadro de marcos. O relatório que apresenta o método e os resultados em detalhes foi publicado em 20087 e está disponível em versões impressa e online. (Building Local Capacities for Disaster Response and Risk Reduction: An Oxfam-BEDROC Study; www.bedroc.in). Painel 13 – Vínculos entre Comunidade Resiliente e Ambiente Favorável Parte do projeto de RRD da Coastal CORE Sorsogon foi desenvolvida em uma comunidade costeira e pobre do Sitio Gumang, nas Filipinas (apoiado pela Christian Aid), e teve seu foco na saúde, proteção social e meios de subsistência, com o objetivo de melhorar o Ambiente Favorável e de fortalecer a resiliência comunitária. As Características foram utilizadas para identificar os resultados desejados em ambas as vertentes, modificadas para se ajustarem ao contexto local (veja tabela abaixo). Os papéis dos órgãos governamentais locais parceiros na concretização destes objetivos também foram especificados no plano. Características 1. Alto nível de conhecimento das famílias em como manter uma vida saudável por meio de uma alimentação familiar básica e simples; e com bom saneamento. Características de um ambiente favorável Ambiente limpo e com saneamento básico. Apoio de técnicas e infraestrutura providenciadas pelo governo local (a exemplo fornecimento de filtros de água a pelo menos metade das famílias). Políticas de saneamento, manutenção e limpeza acordadas com a comunidade. Estratégias de apoio fornecidas pela unidade municipal de saúde de Gubat especialmente destinadas a parteiras e profissionais de saúde de Barangay, de acordo com as metas comunitárias de atender principalmente a crianças desnutridas. Apoio do governo local de Gubat no incentivo ao estabelecimento e manutenção de horta comunitária. 2. Melhor acesso à água e necessidades domésticas em quantidade e qualidade suficiente, especialmente durante as crises. 3. Membros da comunidade autossuficientes com seus próprios meios de subsistência. Treinamentos focados na construção de capacidades para identificação, desenvolvimento, aperfeiçoamento e gestão financeira de meios de subsistência sustentáveis. Suporte organizacional do COTIPABA (organização parceira de cooperação) aos seus membros no desenvolvimento e financiamento de atividades. Suporte a divulgação das atividades desenvolvidas em cooperação com os membros locais. 4. Ações de RRD sensíveis ao gênero na implantação de seus planos de RRD. Mudança comportamental para construção de capacidades de sensibilidade e conscientização quanto ao gênero. Planos de desastres apoiado por planos comunitários orientados por membros do Barangay Council. Políticas públicas locais que apoiem e promovam iniciativas de desenvolvimento associadas à questão de gênero. Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres 59 Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres Estudo de Caso 1: Apoio a profissionais de RRD na definição de resiliência do contexto rural de Bangladesh Organização: Tearfund, com o parceiro local HEED Bangladesh Autor: Oenone Chadburn [email protected] _________________________________________________________________________________ Propósito Como parte dos testes de campo, a Tearfund apresentou as Características aos seus principais parceiros de RRD para obter retornos sobre a pesquisa: (a) utilidades e facilidade de compreensão no formato atual, e (b) aplicabilidade a situações particulares de cada país. Este estudo documento os testes e a aplicação das Características em comunidades rurais de Bangladesh. Metodologia O exercício foi realizado em um único dia, em um misto de trabalho de campo e de escritório. Foi apresentado por uma única pessoa, com utilização de PowerPoint, quadro de anotações e atividades interativas e de discussão. A apresentação sistemática de todas as Características foi uma das dificuldades identificadas; percebendo-se ser mais apropriado trabalhar ao contrário, para analisar quais características de resiliência a desastres já foram encontradas e então correlacioná-las a listas de características da publicação. Após um resumo oral da programação do dia, a metodologia foi a seguinte: a. Introdução às Características, sua proposta e desenvolvimento. b. Desenho de um grande mapa de chão de uma típica vila em Bangladesh, com características geográficas e estruturais relevantes. Algumas cartas foram incluídas (todas da mesma cor) para destacar os pontos particularmente vulneráveis às ameaças existentes. Um segundo conjunto de cartas (em uma cor diferente) foi então adicionado referindo-se às atividades sugeridas para redução de vulnerabilidades. c. Distribuição de cópias das Características, com tempo destinado a leitura e discussão. d. Correlação de determinadas Características com as atividades de redução de risco anteriormente sugeridas. Às Vezes, características múltiplas foram combinadas com a mesma atividade. Resultados positivos Os participantes perceberam o valor positivo das Características. Anteriormente, eles sabiam o que queriam evitar em uma localidade predisposta a desastres, e agora sabem exatamente o que querem alcançar. Eles puderam ver o valor potencial desta abordagem nas comunidades, muitas vezes focadas nos problemas de impacto de desastres, em vez do desenvolvimento da resiliência ao desastre. Eles descobriram falhas na concepção do seu projeto. A partir de um quadro exaustivo dos fatores de resiliência, novos aspectos que poderiam ser incluídos em seu trabalho foram notados. Apesar de onerosa, a revisão foi muito útil. O grupo possuía uma visão realista sobre o que poderia ou não ser alcançado no apoio a uma comunidade para a resiliência. Eles valorizaram as relações entre as Características e o Quadro de Ação de Hyogo. A HEED já possuía uma forte compreensão do Quadro de Hyogo, mas as Características permitiram uma aplicação paralela às cinco ações, assim como a elaboração de um quadro mais preciso para aplicações futuras. Eles reconheceram que o conjunto das Características era novo, mas ansiavam por ver seu desenvolvimento contínuo a partir de uma variedade de ferramentas. Reconheceram também a capacidade de adaptar as características para ser um recurso empregado diretamente na comunidade, e com algum apoio, seria possível desenvolver indicadores de resiliência. Eles sentiram que as Características eram abrangentes e úteis para Bangladesh. Perceberam a possibilidade de reduzir o número de características para representar uma comunidade e obter um desenho profissional. No treinamento da comunidade, este quadro pode ser comparado com as realidades atuais. Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres Desafios Em geral, o exercício levou muito mais tempo do que o previsto. A previsão era de ocupar metade de um dia, mas em vez disso durou uma manhã e metade da tarde. Em parte, a alteração ocorreu devido à barreira da língua, mas talvez mais em função das discussões em profundidade que se seguiram entre os praticantes sobre a natureza exata e o objetivo da RRD. Não há separação na apresentação das Características entre aquelas que são passivos e os que são ativos. Existe o potencial de uma característica ser aderida por uma comunidade, mas se perder no decorrer do tempo, e por isso algumas características precisam ser ‘ativas’ e constantemente renovadas. Este exercício teve um forte viés das Áreas Temáticas 3, 4 e 5, sendo mais fraco o desenvolvimento e compreensão das Áreas Temáticas 1 e 2. Atividades de ‘software’ são mais difíceis de capturar em um formato puramente cenográfico. O ambiente favorável também foi subrrepresentado, sendo necessário enfatizar de forma diferente como influenciador da concepção do projeto. A aplicação lateral tomou muito tempo do capital social no quadro. Estruturas comunitárias religiosas têm uma importância no apoio psicossocial após um desastre, mas é difícil encontrar dentro das Características o ponto exato dessa demanda. A relação óbvia entre as atividades de gestão sustentável de recursos e as Características também foi difícil de obter. O exercício supôs que a interação entre os profissionais e as comunidades já estava em um grau de participação elevada e que todas as decisões ou atividades foram realizadas de forma colaborativa. No entanto, esse pressuposto derrubou a identificação de que a participação seja uma característica de uma comunidade resiliente a desastres. Recomendações As Características devem ser utilizadas em treinamentos de RRD, para apoiar a compreensão sobre o que é, na prática, uma comunidade resiliente a desastres. Neste sentido, o foco é deslocado do impacto negativo das ameaças para a conquista positiva da resiliência. Desenhos ou mapas de comunidades de áreas de risco devem ser feitos mostrando onde as Características podem ser encontradas ou como poderiam ser desenvolvidas, nas Áreas Temáticas 3, 4 e 5. Outras ferramentas são necessárias para demonstrar as Áreas Temáticas 1 e 2, e os Ambientes Favoráveis. Para uma comunidade em participar, a lista das Características deve ser reduzida ao máximo, apresentada em figuras e utilizada em treinamentos e programas educativos. As Características devem ser utilizadas como uma ferramenta de apoio para elaboração de projetos, tanto no início como para os momentos de revisão do projeto. Elas podem inclusive auxiliar na identificação de lacunas durante a implantação das cinco áreas do Quadro de Ação de Hyogo. As Características podem ser utilizadas para identificar atividades específicas que podem construir a resiliência local. A seguir apresenta-se uma seleção de atividades específicas para a identificação e correlação das Características. 1. Erguer as construções em palafitas acima do nível da inundação anual e estabelecer um ponto de abrigo: Área Temática 5 (Preparação e Resposta a Desastres) – Característica 4.3 (Abrigos de emergência acessíveis à comunidade e com serviços adequados à toda a população afetada). 2. Dar início a um novo sistema escolar onde as inundações anuais coincidam com as férias escolares (para então as famílias estarem juntas durante os períodos de inundação e o calendário escolar não ser prejudicado se a escola sofrer danos em sua estrutura ou funcionar como abrigo): Área Temática 1 (Governança) – Característica 3.1 (Atuação comunitária em RRD compreendida por todos os públicos de interesse como parte integral dos planos e ações para alcançar amplamente os objetivos comunitários) 3. Garantia de acesso à água potável e consciência sobre sua importância em situações de inundação: Área Temática 3 (Conhecimento e Educação) – Característica 3.5 (membros comunitários habilitados ou treinados em agricultura apropriada, uso do solo, gestão da água e gestão de práticas ambientais); e Área Temática 4 (Gestão de Riscos e Redução de Vulnerabilidades) – Característica 2.5 (informação sobre os meios para manter-se saudável, medidas de proteção e salvamento de vidas, e qualificação adequada). 4. Desenvolvimento de alternativas práticas de cultivo (por exemplo, diferentes estações de cultivo ou espécies resistentes a inundações): Área Temática 4 (Gestão de Risco e Redução de Vulnerabilidades) – Característica 3.5 (Adoção de práticas resistentes a ameaças); e Área Temática 3 (Conhecimento e Educação) – Característica 3.5 (membros comunitários habilitados ou treinados em agricultura apropriada, uso do solo, gestão da água e gestão de práticas ambientais). Nota: Uma versão mais completa deste estudo de caso está disponível em: www.proventionconsortium.org/?pageid=90 e www.abuhrc.org/research/dsm/Pages/project_view.aspx?project=13 61 Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres Estudo de Caso 2: Introdução das Características aos parceiros da ONG no Nepal Organização: Practical Action Autor: Pieter van den Ende [email protected] _________________________________________________________________________________ Propósito O projeto de ação prática, denominado ‘A integração dos meios de subsistência centrada em abordagens para Gestão de Desastres’ busca demonstrar que essas atividades podem fortalecer e diversificar os meios de subsistência, além de ampliar as ações de preparação para resiliência de comunidades alvo ao impacto local prevalente, considerando-se impactos e tensões associados. As Características foram introduzidas a um grupo de parceiros locais e sua equipe de campo no Nepal para: Explicar o desenvolvimento das notas de orientação. Esclarecer o conceito de resiliência. Relacionar atividades do projeto a elementos específicos das Características. Orientar sobre mensuração de progresso em direção à concretização da resiliência Fornecer resultados ou metas positivos. Metodologia O exercício foi realizado por meio de um grupo de discussão ao longo de seis horas no ‘Escritório de Ação Prática Chitwan’, por um único facilitador, apoiado com recursos de murais e transparências. Após a discussão introdutória, definido o cronograma da oficina, a justificativa para o desenvolvimento das Características foi brevemente explicado. As duas organizações parceiras trabalham em diferentes áreas geográficas. SAHAMATI trabalha em uma bacia hidrográfica com as comunidades a jusante e a montante no Distrito de Nawalparasi; a MADE, por sua vez, trabalha nas planícies (Terai) com as comunidades ribeirinhas no Distrito de Chitwan. Como os dois parceiros já tinham conduzido avaliações de ameaças em suas comunidades, cada grupo foi convidado a apresentar as ameaças a que estão expostas as comunidades e a identificar os elementos de risco de cada ameaça (elementos de vulnerabilidade). As seguintes ameaças e elementos de vulnerabilidade foram identificados: SAHAMATI Enchentes e Inundações Terras agrícolas Pastos Casas próximas a rios Rodovias, bueiros, etc. – estruturas físicas. REALIZADO Enchentes, inundações e erosões Fonte de renda Culturas e terras disponíveis Pecuária Infraestrutura – rodovias, canais de irrigação, eletricidade, etc. Água potável Saúde e saneamento – doenças Deslizamentos Florestas Pastos Terras agrícolas Pecuária Casas Canais de irrigação Água potável Rodovias, etc. Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres SAHAMATI REALIZADO Seca e estiagem Seca e estiagem Produção sazonal Culturas disponíveis – fonte de renda Água potável reduzida Recursos de água Irrigação Saúde e saneamento – doenças Incêndios Vida selvagem Vida selvagem Culturas Culturas e pecuária Morte de gado Recursos humanos Vidas humanas Infraestrutura, abrigos, etc. A tabela mostra que a terra e os meios de subsistência foram os mais afetados. Após as avaliações de vulnerabilidades e capacidades, as comunidades afetadas iniciaram as atividades destinadas a reduzir o impacto destes riscos sobre suas vidas, bens e meio de subsistência. A seguinte pergunta foi feita: ‘Será que estas atividades contribuir para a resiliência comunitária?’ As Características, como recurso, foram então introduzidas em uma curta apresentação de PowerPoint e o conceito de ‘resiliência’ foi discutido. Foi feita referência às páginas apropriadas da versão impressa das notas de orientação. A repartição das mesas e sua relação com as vulnerabilidades e os elementos com os quais o projeto trabalha também foram explicadas. Rapidamente, os participantes identificaram que a maioria de suas atividades enquadrava-se na Área Temática 4 (Gestão de Riscos e Redução de Vulnerabilidades). Cada grupo foi, então, orientado a fazer uma relação entre suas atividades e os Componentes de Resiliência, além de identificar as Características específicas correlatas (veja a tabela ao final deste estudo de caso). Resultados As atividades baseadas na comunidade, destinadas a reduzir vulnerabilidades das populações expostas, foram iniciadas antes da produção das Características. A forma de medir a sua contribuição para o aumento da capacidade de resiliência não foi, de fato, ainda definida. As Características forneceram orientações oportunas sobre a contribuição que essas atividades dão para a construção da resiliência. Todos os participantes identificaram, facilmente, os componentes de resiliência com os quais suas atividades contribuíam. Além disso, reconheceram a importância das características na identificação de indicadores apropriados. Isso iniciou uma vigorosa discussão sobre o mérito de reduzir a vulnerabilidade versus o aumento da resiliência. Os participantes concordaram que as Características esclareceram o objetivo do projeto. Muitos sentiram que a mudança em direção à resiliência era um resultado positivo, em oposição à conotação mais negativa associada à redução de vulnerabilidades. A Resiliência foi percebida como um alvo atingível, enquanto que a eliminação da vulnerabilidade era vista como algo mais difícil de conquistar. Algumas atividades contribuíram para mais de um Componente de Resiliência, outros contribuíram mais indiretamente a um componente individualmente. Sugeriu-se que, devido à complexidade das tabelas e do grande número de características que foi parcialmente aplicado às atividades a serem implantadas na comunidade, seria UTI identifica uma seleção ‘chave’ das características de resiliência que poderiam ser alvo do projeto. Os parceiros, assim que retornaram às suas comunidades, iniciaram a discussão sobre sua interpretação das Características e fizeram a facilitação para a elaboração de uma lista de características desejáveis específicas às suas comunidades, as quais poderiam ser expressas em idioma local. Foi reconhecido que diferentes componentes das outras áreas temáticas também são de relevância para o projeto, mas o tempo não permitiu que fossem investigados. 63 Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres Conclusões Profissionais experientes em RRD são capazes de relacionar as atividades comunitárias às Características mais facilmente que os recém-chegados à disciplina. Algumas atividades contribuem para várias Características. Seria útil pinçar um núcleo de Características mais relevantes que definissem a abordagem da organização. A tradução de algumas terminologias é extremamente difícil e consome tempo. A resiliência é vista como um alvo ‘positivo’ que, embora dinâmico, é viável. Componentes da resiliência Características de uma comunidade resiliente aos desastres Atividades comunitárias em SAHAMATI 1. Gestão de recursos naturais e ambientais 1.1. Comunidade compreende as características e a funcionalidade do ambiente natural, bem como dos ecossistemas locais. Gestão de bacias 1.2. Adoção de práticas de gestão sustentável do ambiente para redução ameaças e riscos. Área de conservação e Atividades comunitárias realizadas hidrográficas. plantio de árvores nas margens dos rios. Biodiversidade. 1.3. Preservação da biodiversidade. Recursos hídricos e captação de água. 2. Saúde e bem estar 1.4. Preservação e aplicação de conhecimento indígena e tecnologias apropriadas para gestão ambiental. Controle indígena de 1.5. Acesso ao sistema comunitário de gestão de recursos e propriedades comuns para apoiar as estratégias de enfrentamento e sobrevivência em tempos de normalidade e situações de crise. Construção de canais de 2.1. Capacidade física e boa saúde para trabalho em tempos de normalidade por meio de uma alimentação e nutrição adequada, higiene e cuidados com a saúde. Hortas 2.4. Acesso à quantidade e qualidade de água suficiente para consumo e necessidades domésticas durante as crises. Sistema aprimorado de inundações e deslizamentos. Tecnologia apropriada. Controle orgânico de pragas. Captação de água irrigação. Produção agrícola e pecuária considerando segurança alimentar irrigação Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres Componentes da resiliência 3. Meios de subsistência sustentáveis Características de uma comunidade resiliente aos desastres Atividades comunitárias em SAHAMATI 2.5. Informação sobre meios de manter-se saudável e medidas de proteção à vida, salvamento e apropriação de habilidades adequadas. Construção de 3.1. Alto índice de atividade econômica local e emprego; estabilidade econômica e índices de desemprego. Criação de porco, cabra, 3.3. Subsistência na desertificação. Apicultura e estocagem Atividades comunitárias realizadas banheiros, melhoramento de pocilgas. viveiros. de sementes. Criação de animais – Agricultura comercial. Início de emprego local. Desertificação em fazendas. Culturas sazonais. porcos, cabras, abelhas, etc. Redução da agricultura 3.4. Menos pessoas envolvidas em atividades de subsistência inseguras ou atividades vulneráveis a ameaças. 4. Proteção social propensa à inundação. 3.5. Adoção de práticas agrícolas resistentes às ameaças para segurança alimentar. Plantações de bambu. 4.1. Sistemas de assistência mútua, redes sociais e mecanismos de suporte que apoiem a redução de risco. Formação de grupos. Comitês para gestão Gestão da irrigação. Conservação do solo e da água. Poços tubulares rasos. Legumes. local dos desastres. Redes e links para organizações locais e agências de governo. Comitês para gestão local dos desastres. 4.2. Sistemas de assistência que cooperem com as comunidades ou outras estruturas formais dedicadas à gestão do desastre. Plano preparado por uma gestão de riscos de base comunitária. Redes locais. 4.3. Acesso comunitário a serviços sociais básicos. 4.4. Canais de informação e comunicação estabelecidos; garantia de não isolamento de pessoas vulneráveis. Quadros de avisos. 4.5. Conhecimento coletivo e experiência em gestão de eventos anteriores. Perfil histórico de Acesso aos sistemas de alerta e alarme (DIPECHO). Quadros de aviso. Conhecimento coletivo. ameaças. Estudos de base. 65 Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres Componentes da resiliência Características de uma comunidade resiliente aos desastres 5. Instrumentos financeiros 5.1. Famílias e comunidades com bens materiais de base suficientemente diversificados para apoiar as estratégias de enfrentamento de crises. Economias e poupança. 5.2. Custos e riscos de desastres compartilhados entre as propriedades e bens coletivos de grupos e comunidades. Recursos dos comitês de 5.3. Existência de economias e créditos comunitários ou de grupos, e /ou serviços de micro financiamento. Economias e poupança. 5.5. Fundo comunitário para desastres que destine recursos a RRD, ações de resposta e reconstrução. Contribuições dos 6.2. Direitos assegurados sobre propriedades e arrendamentos. Baixo ou mínimo índice de semterra ou sem moradia. Propriedade de terra. 6.3. Locais seguros: membros comunitários e instalações não expostos a ameaças em áreas de alto risco. Locais seguros. 6.4. Medidas estruturais de mitigação para proteção contra grandes ameaças; construções que utilizem mão de obra, habilidades, materiais e tecnologias locais ao máximo possível. Extensão de tanques de 6. Proteção física; medidas técnicas e estruturais. Atividades comunitárias em SAHAMATI Poupança, crédito, geração de renda. Melhoramento de bens materiais. desenvolvimento utilizados para proteção. Poupanças para grupos – mulheres e usuários da floresta. comitês de desenvolvimento e de grupos florestais. Propriedade de terra. Sem Terras. água. Canal de irrigação. Desvio de inundações, captação de água e tecnologia local. Sistema de alerta e 6.10. Instalações públicas e de infraestrutura para apoio a gestão das necessidades emergenciais. 6.12. Transporte e serviços de infraestrutura articulados e resilientes. Atividades comunitárias realizadas alarme (DIPECHO). Infraestrutura. Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres Componentes da resiliência Características de uma comunidade resiliente aos desastres Atividades comunitárias em SAHAMATI 7. Sistemas de planejamento 7.1. Processo decisório da comunidade sobre gestão, uso e ocupação do solo, considerando riscos, ameaças e vulnerabilidades. Gestão pública do solo, 7.2. Planos locais de desastres (comunitários) articulados ao governo e desenvolvimento local e ao plano de uso e ocupação do solo. Plano para gestão de Atividades comunitárias realizadas da terra. risco comunitária. Plano do comitê de desenvolvimento. Planos com comitês de desenvolvimento e organizações comunitárias de gestão de risco. 67 Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres Estudo de Caso 3: Uso das Características para avaliar capacidades, habilidades e lacunas Organização: Tearfund, with local partners in Malawi Autor: Oenone Chadburn [email protected] _________________________________________________________________________________ Propósito Testar a utilidade das Características como uma ferramenta de avaliação de capacidades e habilidades aos profissionais de gestão de desastres, e identificar habilidades adicionais necessárias para atingir os objetivos do programa. O exercício foi conduzido em Zomba, no sul do Malawi com 20 parceiros de campo e da equipe de gestão que participam de um consórcio do Tearfund. Metodologia O exercício foi realizado durante uma tarde (quatro horas) em um centro de conferência. Foi apresentado por uma única pessoa, utilizando PowerPoint, um quadro branco, cartas coloridas, atividades interativas e discussão. Seria impossível em uma única tarde revisar todas as Características, e, portanto, a Área Temática 4 (Gestão de Risco e Redução de Vulnerabilidades) foi escolhida para basear a discussão. O processo foi o seguinte: Uma apresentação sobre o desenvolvimento das Características, ou seja, sua função e o processo de desenhá-las. Elas deveriam ser vistas como... A visão de uma comunidade resiliente ao desastre em um mundo perfeito, em que os resultados desejados de uma comunidade podem ser identificados. Uma pesquisa, não uma ferramenta: ou seja, as Características precisam de modificações e adaptações a diferentes culturas, ameaças e estágios no ciclo de um projeto. Um ‘menu’ de uma grande variedade de intervenções em RRD, as quais poderiam ser utilizadas imediatamente como um recursos para o trabalho diário em RRD e desenvolvimento de profissionais. Uma rápida revisão da Área Temática 4 para garantir o entendimento básico do conceito das Características. O grupo também foi introduzido à análise de necessidades de treinamento, e os subgrupos – conhecimento, habilidades e atitudes. Os participantes foram então convidados para uma ‘chuva de ideias’ sobre conhecimento, habilidades e atitudes necessários para o desenho e implantação de projetos e atividades que se apliquem à Área Temática 4, componente 2 (saúde e bem estar). Os participantes foram orientados a permanecer com a função de sua organização. Por exemplo, se uma ONG não promove serviços de saúde, houve a motivação para considera como esses serviços poderiam ser solicitados pelos parceiros e incorporados ao plano de defesa de causa. Separados em dois grupos, um deles observou os componentes de resiliência 3, 6 e 7 (meios de subsistência sustentáveis; proteção física; medidas técnicas e estruturais; e regime governamental de planejamento, respectivamente) e o outro grupo observou os componentes 1, 4 e 5 (gestão de recursos naturais e ambientais; proteção social; e instrumentos financeiros). Três diferentes conjuntos de cartas coloridas foram fornecidas para representar Conhecimento, Habilidades e Atitudes. Cada grupo desenvolveu um exercício similar a um dos componentes acima, garantindo que cada carta também referenciasse a características individuais de uma comunidade resiliente a desastres. Após um tempo, os dois grupos reuniram-se novamente e cada um apresentou seus resultados, dividindo conhecimentos, habilidades e atitudes similares em grupos respectivos. Uma corda foi então disposta no chão e três títulos inseridos no início, meio e final da corda com o dizer ‘totalmente equipado’; ‘capacidade média’, e ‘alcance limitado’. Todo o grupo foi então convidado a decidir onde deveriam colocar as cartas na corda. (veja fotografia seguinte). Finalmente os participantes refletiram sobre conhecimento, habilidades e atitudes sentidas pelo grupo ou não, e como poderiam obtê-las, aprimorá-las ou compartilhá-las. Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres Resultados O exercício da corda demonstrou onde havia pontos fortes e onde havia pontos fracos na capacidade de atendimento às Características. As cartas divididas foram colocadas, em sua maioria, entre os títulos ‘totalmente equipado’ e ‘capacidade média’, com uma pequena quantidade de cartas dispostas em ‘alcance limitado’. Destacaram-se as áreas onde havia necessidade de desenvolvimento de capacidades, para o compartilhamento de conhecimentos entre os parceiros, ou alternativamente, trazendo consultorias de outras organizações. Os parceiros reconheceram a necessidade e a oportunidade de apoiarem-se mutuamente, em termos de compartilhamento de habilidades e capacidades, e a necessidade de trabalhar em conjunto com o governo e as comunidades locais. Eles não processaram - em si próprios - todas as habilidades necessárias. Todas as Características encontraram alguma ressonância dentro do trabalho em Malawi. Algumas mais difíceis de aplicar que outras, mas os participantes perceberam as lacunas em seus próprios projetos ou necessidade para encaixar-se. Todos os parceiros perceberam claramente que em profundidade a técnica requer a implantação de algumas atividades de RRD. Por exemplo, a maioria já emprega atividades agrícolas especializadas, mas não reconhece seu valor. Igualmente, eles perceberam apenas agora como o conhecimento ambiental é necessário para efetivar o apoio às comunidades. Os participantes aprovaram o debate de capacidades necessárias para as Características. Acordaram em considerar cada Característica especificamente, com frequência identificando comparações entre as características de RRD e os meios de subsistência sustentáveis, proteção social e boas práticas agrícolas (entre tantas outras). Lições Aprendidas As conclusões em termos de capacidades dos parceiros foram muito específicas a Malawi; diferentes resultados poderiam ser identificados se a atividade fosse realizada em outro país. Um exercício desse tipo exige muita motivação da equipe. Neste caso, pelo desenvolvimento profissional e técnico especializado, foi possível utilizar a experiência para refletir profundamente a presença ou ausência de habilidades chave. A separação das cartas em cores diferentes não é realmente uma necessidade para a natureza geral desse exercício, mas poderia provar benefício na compreensão sobre o foco de abordagem. O exercício seria mais útil se fosse feito com um grupo de agências que estivesse em estágios iniciais de parceria, habilitando-as a perceber a necessidade e os benefícios de parcerias estratégicas. Algumas agências podem não querer abrir suas áreas de capacidade limitada, ainda que haja ‘segurança nos números’ para este exercício, pois a seção final foi feita como uma construção coletiva e nenhuma agência sentiu-se exposta. Um dia inteiro é necessário ao exercício se houver um pensamento por meio de um plano de ação coletivo. A limitação de tempo no grupo significa que não sejam encorajados a pensar muito profundamente sobre cada assunto! Para um efeito completo e de longo prazo, um ação de planejamento e processo deve ser incorporada ao procedimento. Alternativamente, estreitando o exercício para focar uma séria de Características pré-selecionadas pode ajudar. Durante o exercício o conhecimento necessário do Ambiente Favorável ficou evidente (por exemplo, conhecimento dos direitos dos beneficiários, bem como a prestação e os compromissos políticos do governo ou autoridades locais com as comunidades). 69 Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres Estudo de Caso 4: Contextualização das Características para redução de risco com foco em crianças Organização: Plan International Autores: Nick Hall [email protected] Kelly Hawrylyshyn [email protected] _________________________________________________________________________________ Introdução A Plan Internacional usou as Características para planejar, monitorar e revisar seu trabalho de RRD com foco em crianças. A iniciativa da Plan em trabalhar com o tema deu-se frente ao desafio de como melhor definir seu trabalho, uma vez que, como a maior parte das organizações, não possuía uma definição de resiliência que pudesse ser usada como orientação. Assim o projeto aqui descrito abraçou a ideia de desenvolver uma abordagem centrada na criança a partir das cinco áreas danificadas pelo Quadro de Ação de Hyogo. A Plan juntou-se então ao consórcio de ONGs que encomendou a produção das Características, e em seguida testou as características com o objetivo de refinar o seu trabalho. Este estudo de caso descreve como isso contribuiu para o desenvolvimento de um modelo de resiliência com foco em crianças. O modelo apresenta os indicadores para ações de RRD centradas em crianças, os quais podem ser utilizados para desenvolver projetos e programas, monitorar e avaliar ações nessa área. Propósito O objetivo da Plan em utilizar as Características foi de desenvolver um recurso prático que pudesse ser utilizados nos programas de cada país para definir, implantar e revisar o progresso de seu trabalho. A partir de consultas regionais com suas equipes, ficou claro que antes que as Características pudessem ser utilizadas pelas organizações, seria necessário tornar-se mais familiar a elas a partir das abordagens dos programas centrados em crianças para o desenvolvimento comunitário. Metodologia A Plan começou a testar as Características durante os encontros destinados a introduzir conceitos de RRD aos colegas de trabalho em países vulneráveis aos impactos das ameaças naturais. Após a introdução conceitual em RRD e comunidade resiliente, os participantes mapearam o trabalho já existente dos programas da Plan em face às cinco Áreas Temáticas das Características. O que foi feito da seguinte maneira: 1. Trabalho em grupos, oficinas participativas para que se produzisse: 'Uma lista de todas as atuais atividades da Plan implantadas que dão apoio à construção de comunidades resilientes’. Cada atividade foi escrita em um bloco de notas. 2. O facilitador da oficina apresentou então as cinco Áreas Temáticas (Governança; Avaliação de Risco; Conhecimento e Educação; Gestão de Risco e Redução de Vulnerabilidades; Preparação e Resposta a Desastres) em torno da sua, e os participantes foram solicitados a discutir sobre si próprios e classificar suas respostas individuais de acordo com cada Área Temática. Todos os grupos colaram suas notas correspondentes. 3. Um voluntário de cada grupo recebeu a atribuição de ler as respostas unificadas e coladas em cada área temática, com o facilitador apresentando reflexões e questionando se uma reclassificação deveria ser considerada. 4. Uma vez que o processo estava completo, o facilitador revisar os resultados e perguntava: (a) Existe alguma Área Temática em que a Plan pareça estar menos engajada? (por exemplo, onde há menos notas coladas)? Por quê? (b) Que intervenções adicionais poderiam ser inseridas dentro dessa Área Temática? 5. Cada grupo então apresentou seu trabalho a todos os participantes e então as respostas iniciais dadas no início do exercício foram complementadas com as novas ideais a partir da discussão e do consenso do grupo. Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres Ao localizar seu trabalho com foco em crianças no quadro das Características, a equipe da Plan sentiu-se mais à vontade com o conceito de resiliência, com base na percepção de que a Plan já trabalha fortemente e de fato constrói a resiliente a desastres nas comunidades em que atua. A informação coletada a partir desse exercício, realizado em quatro oficinas regionais, foi consolidada pela equipe do Programa de RRD da Plan UK com o apoio de consultores externos, e está sintetizada na tabela abaixo: Área temática Governança Elementos chave do Plano de Abordagem com foco na infância, em RRD Participação Desenvolvimento organizacional Recursos para desenvolvimento Parcerias Defesa de causas específicas Planejamento e avaliação de risco Avaliações de vulnerabilidades e capacidades comunitárias e escolares. Planos de contingência e de preparação em RRD comunitários e escolares. Conhecimento e educação Sensibilização Construção de capacidades Pesquisa e produção de conhecimento Gestão de risco e redução de vulnerabilidade Prevenção e mitigação de desastres Preparação e resposta a desastre Atividades de preparação Resposta ao desastre RRD aplicada à recuperação de desastres O segundo passo da Plan ao adotar as Características foi alinhá-las aos princípios da Convenção da ONU sobre os Direitos das Crianças. O objetivo era o de garantir que o trabalho da Plan para o direito das crianças – sobrevivência, proteção, desenvolvimento e participação – estivesse mais claramente refletido e alinhado às cinco Áreas Temáticas. Os resultados do Programa de RRD da Plan alcançaram em termos de mudanças na vida das crianças e das comunidades foram identificadas por cada um dos elementos chave de uma abordagem de RRD centrada na criança, apresentados acima. A formulação das Características foi então modificada para atender a abordagem da Plan com foco em crianças. Por exemplo, quando consideradas as Características de um Ambiente Favorável, o trabalho de alcançar os objetivos desejados focou nos papéis dos detentores de obrigações nos níveis de governo local, nacional e da sociedade civil, com um conjunto de questões para induzir equipes e parceiros a reavaliar seu papel na obtenção dos resultados esperados e garantir sua aderência aos princípios fundamentais dos direitos das crianças e do desenvolvimento sustentável (incluindo o melhor interesse da criança, a não discriminação, o impacto ambiental, e a sustentabilidade). A tabela que segue ilustra o resultado desse processo, para uma Área Temática: Conhecimento e Educação (o conjunto completo de tabelas abrange todas as Áreas Temáticas das Características e os Elementos Chaves próprios da Plan). 71 Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres Tabela: Conhecimento com foco na infância e resultados para educação Resiliência ao desastre Resultados sob a perspectiva de direitos Ambiente favorável Resultados sob a perspectiva de deveres Crianças e comunidades Governo local Sensibilização 1. Crianças e adolescentes, incluindo meninos e meninas vulneráveis, informados sobre os riscos de desastres e sobre como gerenciá-los por meio de treinamentos escolares e comunitários, além de outras atividades educativas. 2. Campanhas de sensibilização em RRD conduzidas por toda a comunidade com a participação de crianças e adolescentes e utilização de diferentes formas de comunicação adequadas a todas as idades, e considerando diferentes contextos de gênero e cultura. 3. Toda a comunidade sensibilizada e informada sobre os riscos de desastres e as maneiras de gerenciá-los. 4. Membros da comunidade que exibam atitudes positivas e comportamentos de redução de risco, com a participação de crianças e adolescentes na gestão de desastres e nas ações de RRD. Construção de capacidades 5. Crianças e adolescentes e membros da comunidade treinados e com habilidades que os permitam implantar ações determinadas nos planos de RRD. Pesquisa e produção de conhecimento 6. Crianças e adolescentes com habilidades de pesquisa, que documentem e comuniquem suas experiências em RRD a diferentes públicos utilizando variadas formas de comunicação. 7. Crianças e adolescentes, e outros grupos comunitários envolvidos em atividades regulares de monitoramento e avaliação, utilizando boas práticas aprendidas para modificar sua prática futura. 1. O governo local oferece oportunidades a crianças e adolescentes para participar nas atividades de sensibilização de RRD. 2. RRD é parte do currículo escolar e também está incluído em atividades não formais de educação. Governo nacional 3. O governo nacional oferece oportunidades a crianças e adolescentes para participar nas atividades de sensibilização de RRD. 4. RRD é parte do currículo escolar nacional. Sociedade Civil 5. Organizações intermediárias de suporte as atividades educativas e de sensibilização em RRD por crianças e comunidades. 6. Meios de comunicação participam das medidas de comunicação de riscos e incluem em suas divulgações o papel das crianças e adolescentes na RRD. 7. Instituições acadêmicas apoiam a pesquisa local sobre o papel das crianças e adolescentes na RRD, e possuem práticas e processos centrados na infância, utilizando seus resultados para ampliar o conhecimento na temática em níveis nacional e internacional por meio de publicações e apresentações. Papel do plano: Em que medida a Plan contribuiu para essas mudanças? Centralidade na criança: Em que medida a mudança afetou as crianças (positiva ou negativamente)? Melhores interesses das crianças: Houve algum impacto negativo para as crianças? Não discriminação e inclusão: Quem se beneficiou com as mudanças? Quem não? Por quê? (com especial atenção ao gênero, idade, diversidade cultural e vulnerabilidade). Impacto ambiental: As mudanças impactaram positiva ou negativamente o ambiente? Sustentabilidade: Em que medida as mudanças serão sustentáveis, o quanto resiliente é a mudança? Resultados As Características com foco em crianças são agora utilizadas pela equipe da Plan e das organizações parceiras para projetar seus novos programas de RRD com foco em crianças, para a defesa de causas e para os processos de monitoramento e avaliação, além do desenvolvimento de propostas submetidas a financiadores para captação de recursos. Em Bangladesh, elas foram utilizadas para delinear as linhas de base de um estudo para um projeto financiado pela União Europeia. A estrutura foi formatada com foco nos grupos de discussão com crianças e membros da comunidade. Ao final do projeto as tabelas de resultados foram também utilizadas para enquadrar vários estudos de caso sobre as lições, desafios e oportunidades marcados pelos projetos. Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres Em El Salvador, a Plan utilizou as Características com foco em crianças para conduzir um estudo diagnóstico sobre resiliência em cinco comunidades (quatro delas participaram do projeto de RRD para crianças, e uma comunidade externa serviu para o controle do grupo). Os resultados foram utilizados para planejar a estratégia do programa de fortalecimento de capacidade do governo local para os comitês de gestão de desastres em quatro municípios. As Características auxiliaram a identificar as prioridades e a montar os planos a partir de quadros de ação, definindo papéis e responsabilidades de vários atores. Os indicadores de monitoramento e avaliação para verificação do trabalho foram desenhados diretamente pelas Características com foco em crianças. Desdobramentos As Características ofereceram a fundamentação e um recurso de desenvolvimento de um quadro conceitual para ações de RRD com foco em crianças. A Plan estava apta a utilizá-las de diversas maneiras para apoiar: Pesquisa primária, pela definição de perguntas baseadas nas Características a partir das discussões dos grupos focais que foram conduzidas como parte do projeto de linhas de base em Bangladesh, Cambodia e Equador. Planejamento por meio do desenvolvimento de recursos de assistência a equipe na identificação de potenciais áreas de intervenção. Análise dos programas a partir do quadro de análise situacional (diagnóstico) para gestão municipal de desastres em El Salvador. Defesa da causa em âmbito global pela elaboração de questões de pesquisa conduzida em 13 países com mais de 800 crianças. Os resultados da pesquisa foram a evidência e os dados do relatório complementar com foco em crianças para a pesquisa principal conduzida pela Global Network of Civil Society Organizations for Disaster Reduction e apresentada na Plataforma Global da ONU em 2009. (A visão das crianças a partir da pesquisa principal está disponível em: http://www.plan-uk.org/pdfs/Children_on_the_Frontline_GP_report.pdf) Lições aprendidas As Características caracterizam-se com um recurso bastante complexo, abrangendo todos os aspectos da gestão de desastres que explicam o que é a resiliência de uma comunidade. No entanto, dada a amplitude e a profundidade dessa abordagem de gestão de riscos de desastres, é essencial selecionar algumas características que sejam mais relevantes para uma intervenção particular, e explica-las em uma linguagem mais simples e acessível, não técnica. Para serem realmente úteis em nível local, elas precisam ser compreendidas, especialmente pelas comunidades e crianças vulneráveis. Ao introduzir as Características, a Plan avaliou ser melhor primeiro explorar o entendimento que cada um possui sobre resiliência para então abrir a discussão sobre os trabalhos em andamento que parecem promover a resiliência a desastres localmente. O primeiro passo foi muito importante. A construção a partir do conhecimento existente auxilia a pertinência dos resultados, e a superação à ideia de que as Características sejam apenas ‘mais uma’ nova ferramenta. Além disso, considerou-se também que a inter-relação das Características provoca também um maior grau de complexidade. Por exemplo, os elementos das Áreas Temáticas de Governança e de Conhecimento e Educação podem ser vistos como transversais a todas as áreas temáticas. Para responder a esse desafio a Plan agrupou as Características de acordo com as atividades típicas de seus projetos – como as de sensibilização, construção de capacidades, pesquisa e aprendizado. O que auxiliou a equipe da Plan a identificar os vínculos entre o trabalho que se encaixa entre as áreas temáticas, de forma a simplificar o processo de planejamento. A Plan encomendou o apoio de especialistas em direitos da criança para dar assistência na adaptação das Características para encaixá-las no quadro de direitos das crianças. Esses especialistas garantem que as características individuais são mais claramente relacionadas às necessidades, capacidades e direitos das crianças. Durante o exercício de validação a Plan concluiu que as Características devem sempre ser adaptadas e simplificadas para alinhar-se ao contexto e as capacidades locais. 73 Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres Estudo de Caso 5: Plano estratégico com uso das Características Organização: Christian Aid Autor: José Luis Penya [email protected] _________________________________________________________________________________ Propósito Este estudo de caso demonstra como as Características foram utilizadas para orientar o desenvolvimento de uma estratégia regional que abrange tanto RRD como adaptação às mudanças climáticas na América Central. Em 2008, dez anos depois do Furacão Mitch, a Christian Aid e seus parceiros assumiram a tarefa de atualizar sua abordagem regional para RRD, fazendo um balanço das lições da última estratégia (2003-2008) e considerando as implicações das mudanças climáticas para a vida o os meios de subsistência de pobres e marginalizados na América Central. Metodologia A Christian Aid é uma organização baseada em parcerias e, por essa razão, seu planejamento estratégico foi pensado como um processo de articulação com os seus parceiros em El Salvador, Guatemala, Honduras e Nicarágua, os quatro países que atualmente compõem o programa da América Central. Em agosto de 2008 a equipe da Christian Aid desenhou os objetivos estratégicos durante uma reunião da equipe regional realizada em Tegucigalpa. Depois disso, a Christian Aid realizou uma oficina para discutir com as organizações parceiras e desenvolver em conjunto as linhas estratégicas de ação, ou em outras palavras, as áreas do programa. A oficina foi realizada no Copan (Honduras), entre os dias 24 e 26 de setembro de 2008, com representantes de cerca de 20 organizações. Durante a primeira metade da oficina, os participantes revisaram os resultados da estratégia anterior e consideraram diferentes opções para atualizá-la, o que incluía uma pesquisa-ação, os direitos e abordagem de RRD e a utilização das Características para definição do projeto. Durante a segunda metade foram formados grupos de países, com os representantes de cada país da Christian Aid atuando como facilitadores. A preferência por grupos homogêneos deu-se em função de que: 1. As organizações de um mesmo país possuem uma longa história de cooperação e já haviam desenvolvido uma dinâmica de trabalho de grupo interna. A facilitação por parte do representante do país tinha o objetivo de multiplicar esse efeito. 2. Ameaças e vulnerabilidades de países isoladamente são mais bem compreendidas e mais facilmente direcionadas do que se forem resultado de um grupo misto de países. Os grupos foram orientados a selecionar três Componentes de Resiliência como ‘linhas de ação’ prioritárias. Eles trabalharam em duas sessões de 90 minutos, uma para a defesa, e a segunda para o trabalho comunitário, utilizando as tabelas da Área Temática 1 (Governança) e 4 (Gestão de Risco e Redução de Vulnerabilidades), respectivamente, como um ponto de partida para as discussões em grupo. Após uma h ora, os grupos relataram sobre os componentes selecionados e justificaram suas decisões. Os componentes selecionados por cada país foram então comparados em uma sessão aberta e as prioridades regionais escolhidas por regras simples de consenso: 1. Componentes selecionados pro mais da metade do número de grupos (três grupos, neste caso) foram tomados como prioridades. 2. Componentes selecionados por dois grupos foram incluídos como itens secundários. 3. Componentes selecionados por apenas um grupo foram desconsiderados como prioridades regionais, ainda que os participantes pudessem manter seus resultados para utilização em âmbito nacional. Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres Resultados Os resultados da oficina foram organizados pela Christian Aid e repassados para a equipe que escreveria a estratégia. Em novembro de 2008, o documento final foi apresentado para aprovação da equipe regional e divulgado entre os parceiros. Todo o processo durou quatro meses, um prazo razoável para definição de uma estratégia de cinco anos. A metodologia produziu um rápido e forte consenso sobre as prioridades de âmbito regional (as prioridades estão no quadro abaixo). O resultado foi surpreendentemente incontroverso, dadas as complexidades envolvidas, e foi considerado muito bem alinhado às tendências de longo prazo tanto pela Christian Aid como por seus parceiros. O uso das Características como um guia para discussões de grupos focais teve duas consequências adicionais: 1. Fez das Características um quadro aceito para o desenvolvimento completo das áreas do programa (no nível do projeto, por exemplo). 2. Transformou as Características em algo próximo a um documento de referência para resolução de conflitos, detalhado e esclarecedor par organizações que trabalham com RRD e adaptação às mudanças climáticas. Linhas principais dos parceiros da Christian Aid na América Central, estratégia para redução de riscos de desastres e adaptação às mudanças climáticas LINHA DE AÇÃO 1: DEFESA DE CAUSAS ESPECÍFICAS Prioridades: Políticas públicas, planejamento, prioridades e compromisso político em RRD e adaptação às mudanças climáticas. Itens secundários: Sistemas legais e regulatórios. Parcerias. Prestação de contas e participação comunitária LINHA DE AÇÃO 2: TRABALHO EM COMUNIDADE Prioridades: Capital natural: gestão de recursos naturais e ambientais, incluindo adaptação às mudanças climáticas. Meios de subsistência sustentáveis. Itens secundários: Saúde e bem estar. Proteção física, medidas técnicas e estruturais. Sistemas de planejamento. Recomendações 1. Integração entre diferentes práticas comunitárias: a utilização das Características pode ajudar a lidar com a complexidade do trabalho com grupos diversificados de organizações parceiras na área de redução de riscos e adaptação, uma área ainda cinzenta onde diferentes comunidades possuem práticas cruzadas, cada uma levando em conta sua própria compreensão conceitual. O desenvolvimento de uma linha estratégica para RRD e adaptação às mudanças climáticas envolve fontes de complexidade que foram superadas pelo uso das Características. O primeiro ponto é a comumente controvérsia sobre se as mudanças climáticas devem estar integradas a outras áreas de gestão de risco ou se devem ser tratadas como uma área separada. Além 75 Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres disso, os participantes tiveram que trabalhar com outras áreas de contenção, como a integração da defesa por causas e a prestação de serviços, e os vínculos entre resgate e desenvolvimento. Finalmente, o resultado deve respeitar os compromissos de longo prazo das organizações com setores específicos como água, recursos naturais, gênero e agricultura. A utilização das Características foi fundamental para lidar com essas restrições, proporcionando uma estrutura robusta e também flexível para transpor os obstáculos e construir um entendimento comum entre as diversas comunidades, como por exemplo, as necessidades básicas das organizações de base e os direitos dos grupos, especialistas em resgate e desenvolvimento ou em gênero e ativistas ambientais. Algumas partes do documento especialmente úteis para essa tarefa foram: O grande número de elementos individuais disponíveis, fazendo com que diferentes comunidades de prática percebessem suas particularidades e interesses e tornando-os representativas e consideradas. A articulação entre as Áreas Temáticas gerais e os Componentes de Resiliência agrupados em conjuntos específicos de indicadores, permitindo que os participantes encontrassem áreas relevantes e rapidamente associassem as mesmas aos setores de trabalho e às atividades familiares a eles. A apresentação paralela da ‘comunidade’ e do ‘ambiente favorável’ e seus indicadores, facilitando a discussão conjunta para defesa de causas locais e componentes de prestação de serviços. 2. Diversidade e especialidades da equipe: O principal efeito do documento é sua notável capacidade para focar a discussão e acelerar o consenso. Para aproveitar ao máximo esse efeito, os participantes devem estar familiarizados com o documento antes da oficina. O uso de grupos homogênicos em um único país de discussão também facilitou o efeito. Dois outros recursos contribuíram para esse sucesso: Todos os participantes pertenciam a parceiros comprometidos, com experiência em RRD, meios de subsistência e áreas afins, e com um interesse explícito em explorar a nova área de trabalho das mudanças climáticas. A maioria dos participantes conhecia o documento com antecedência e, em alguns casos, já tinha utilizado para monitoramento ou definição do projeto. Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres Estudo de Caso 6: Uso das Características para revisões e avaliações Organização: Christian Aid Autora: Cristina Ruiz [email protected] _________________________________________________________________________________ Propósito Como parte de um projeto global de médio prazo em RRD financiado pela DFID, a Christian Aid utilizou as Características para desenvolver ainda mais os indicadores de resultados a partir do quadro lógico do programa. Os indicadores foram utilizados para formar os termos de referência para a revisão do programa em Honduras, Malawi and Bangladesh. Metodologia e desafios Uma equipe internacional do projeto (nove pessoas) pensou em como reduzir o número de indicadores do quadro original e torná-los mais mensurável, com um bom equilíbrio de indicadores quali e quantitativos. Para estruturar esse processo, as partes relevantes das Características foram referenciadas como indicadores de desenvolvimento em potencial. Assim, os indicadores individuais de resultados estavam ligados a determinadas Áreas Temáticas e a Componentes de Resiliência que poderiam ajudar a avaliar o nível de realização de cada indicador. Em alguns casos o trabalho com os indicadores foi revisado utilizando as Características como um guia. É importante destacar que esse exercício foi feito com o programa de implantação já em andamento, e, portanto não era possível substituir os indicadores ou adicionar novos ao quadro (acordado com o financiador). Ao invés disso, os indicadores poderiam ser modificados por divisão, reformulação ou esclarecimento. Esse foi um desafio à equipe, mas também uma oportunidade de impor mais precisão aos ‘velhos’ indicadores para de fato mensurar a resiliência. Por exemplo, no caso de um indicador que se referia a ‘estratégias úteis e positivas em locais que reduzam a vulnerabilidades de comunidades em risco’, a equipe decidiu remeter a sete Componentes de Resiliência da Área Temática 4 (Gestão de Riscos e Redução de Vulnerabilidades) e suas Características individuais, para informar sobre como decidir se uma estratégia específica foi ‘útil ou positiva’. Resultados A tabela abaixo mostra como alguns dos indicadores originais foram reformulados no quadro. O texto em itálico refere-se às partes das tabelas das Características que ajudaram a Christian Aid e seus parceiros a medir novos indicadores. Indicadores de resultados e o quadro lógico original (Janeiro de 2006) Incorporação da abordagem e dos indicadores de RRD nas estratégias de apoio temático corporativas da Christian Aid, e regionalmente nas estratégias que sustentam sua estrutura corporativa 2005-2010 na África, América Latina, Caribe, Ásia e Oriente Médio. Desempenho positivo em relação aos indicadores definidos pela estratégia corporativa da Christian Aid, Meta 1: assegurar meios de subsistência; e Meta 3 – governança. Replicação de boas práticas. Indicadores de resultados revisados, por meio das Características (Junho de 2008) 1. Incorporação da abordagem e dos indicadores de RRD nas estratégias corporativas da Christian Aid, que sustentam o quadro corporativo 2005-2010; a nível corporativo e nas estratégias regionais da África, América Latina, Caribe, Ásia e Oriente Médio. 2. Materiais educativos apropriados (informação, comunicação, educação) em RRD produzidos pela Christian Aid e disseminação de outras fontes (utilizando diferentes mídias). A ser orientado pela Área Temática 3, Componentes de 1 a 5. 77 Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres Indicadores de resultados e o quadro lógico original (Janeiro de 2006) Aumento da capacitação e sensibilização de abordagens em RRD no desenvolvimento e programação de emergência em toda a Christian Aid e seus parceiros. Produção de materiais educativos sobre RRD pela Christian Aid e parceiros. Profissionais de comitês, voluntários e governos que repliquem conhecimento em ações práticas. Reflexo do conhecimento em RRD nas propostas recebidas. Ao menos cinco vínculos criados com instituições acadêmicas ou outras para produção e disseminação de documentos educativos, revisão de publicações e apresentações em seminários nacionais ou internacionais correlatos. Publicação de um relatório final de lições aprendidas. Número de avaliações de risco realizadas. Número de estratégias de subsistência sustentável colocadas em prática. Mudanças em âmbito de políticas públicas. Número e regularidade de mesa redonda, reunião e fóruns. Escala e escopo da participação ativa dos parceiros nas redes de defesa de causas. Número das atividades de intercâmbio entre parceiros. Meios utilizados para divulgação de informações (programas de rádio, seminários, etc.). Ao menos uma iniciativa comum com outras agências do Reino Unido ou redes ecumênicas. . Retorno positivo das comunidades sobre as iniciativas de redução de risco. Indicadores de resultados revisados, por meio das Características (Junho de 2008) 3. Aprendizagem positiva replicada em âmbito comunitário (comitês. voluntários, trabalhos de extensão de governos). 4. Aprendizagem em RRD desdobrada em propostas recebidas de parceiros, e em ações práticas de projetos implantados. 5. Ações da organização e seus parceiros que resulte em alteração de políticas públicas. 6. Número de atividades de intercâmbio entre parceiros para aprendizagem e inovação dentro das organizações. 7. Criação de vínculos produtivos com a academia, instituições científicas e outras para produzir e disseminar documentos informativos, conduzir revisões de publicações e realizar apresentações em seminários nacionais e internacionais correlatos. 8. Participação comunitária em avaliações em número, qualidade, eficiência e tempo adequados. Orientados pela Área Temática 2, Componentes de 1 a 3. 9. Número de estratégias úteis e positivas que reduzam a vulnerabilidade comunitária em termos de mudanças na gestão de recursos naturais; subsistência; proteção física e social; ou outros. Orientados pela Área Temática 4, componentes de 1 a 7. 10. Número de ações que melhorem a organização comunitária para preparação aos desastres. Orientados pela Área Temática 5, componentes de 1 a 6. 11. Comunidades e parceiros que compreendam em detalhes a legislação correlata e os planos operacionais de RRD. Orientados pela Área Temática 1, componentes 1 e 2. 12. Ações efetivas de defesa de causas iniciadas pelas comunidades e resultantes em acesso a recursos público e / ou influência positiva em políticas públicas. Orientados pelas Características de um Ambiente Favorável de todas as Áreas Temáticas. A nova versão dos indicadores foi aprovada pelo financiador e utilizada como informação para a revisão parcial. O tipo de quadro de documentos do projeto não pode incluir a quantidade e o nível de detalha contido no quadro das Características, portanto a matriz lógica apresentada ao financiador não inclui a referência às características de cada indicador, mas somente uma referência geral à forma como o documento poderia orientar os indicadores. Recomendações Todos os participantes concordaram que as Características auxiliaram a definição de indicadores. A equipe foi formada por profissionais experientes em RRD das Filipinas, Bangladesh, Honduras, El Salvador, Malawi e Grã Bretanha. Houve um consenso na utilidade das Características em que os membros da equipe estavam trabalhando, mesmo diante de diferentes contextos e riscos. Há que se registrar, entretanto, que para atingir esse nível de discussão é necessário um conhecimento prático e certa especialização com o trabalho de RRD. Idealmente, o exercício de definição de indicadores deve ser concluído no início do projeto, utilizando as características para definir e formatar o projeto desde o princípio. Então, revisões e avaliações serão feitas referenciando os indicadores acordados com os financiadores. Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres Estudo de Caso 7: Uso das Características para coleta de dados e pesquisa Organização: Christian Aid Autora: Cristina Ruiz [email protected] _________________________________________________________________________________ Propósito Como parte de um projeto global de médio prazo em RRD financiado pela DFID, a Christian Aid utilizou as Características para desenvolver um estudo de caso de experiências comunitárias e de parceiros durante um processo de revisão como base para discussão e análise em profundidade. A série de estudos de caso foi realizada em três países do projeto, com a escolha de diferentes focos de análise e combinação particular dos componentes das Características: O objetivo dos estudos de caso era triplo: 4. Registrar lições iniciais e identificar desafios chave em áreas específica para orientar a discussão da equipe no trabalho preparatório de revisão. 5. Testar as Características em campo como um quadro conceitual para estudos em profundidade e estudos de caso (utilizando Características selecionadas de relevância particular para construção da resiliência de comunidades). 6. Gerar ideias básicas e iniciais para as avaliações específicas de casa país. Metodologia e desafios Os estudos de caso pretenderam refletir áreas de projetos específicos e componentes de resiliência, baseados no quadro do projeto original e no documento das Características. A equipe do projeto selecionou algumas poucas Áreas Temáticas, Componentes de Resiliência e Características de uma Comunidade Resiliente a Desastres, que tinha relevância para os objetivos do projeto e que poderiam ter utilidade para os resultados iniciais na preparação para as avaliações de cada país. Os critérios para seleção de componentes e características específicos para os estudos de caso foram então: Os objetivos do projeto (como definidos do quadro) Uma lista de componentes acordados para os testes de campo. Competências dos parceiros e da Christian Aid particulares a cada país. Por exemplo, em Bangladesh o estudo de caso focou o nível da comunidade e analisou os vínculos entre os níveis de conhecimento de risco local e prática ambiental. Duas Áreas Temáticas com componentes e características relevantes foram selecionadas e combinadas da seguinte maneira: 79 Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres Áreas temáticas e Componentes da resiliência Características de uma comunidade resiliente ao desastre Área temática 2: Avaliação de Risco 1.2. Processo participativo de avaliação de riscos e ameaças que inclua representantes de todas as partes da comunidade e fontes especializadas. 1.3. Resultados das avaliações compartilhados, discutidos, compreendidos e acordados entre todos os públicos de interesse, de forma a alimentar o plano comunitário de RRD. 1.4. Resultados disponíveis para todas as partes interessadas (dentro e fora da comunidade, localmente e em níveis mais altos), de forma a alimentar o plano comunitário de RRD. 1.5. Monitoramento permanente de ameaças e riscos, com atualização das avaliações. Componente 1. Avaliação de ameaças e dados sobre risco. Área temática 4: Gestão de riscos e redução de vulnerabilidades Componente 1. Gestão de recursos naturais e ambientais. Características de um ambiente favorável 1.1. Compreensão comunitária das características e funcionamento dos riscos potenciais, e ambiente natural local. 1.4. Preservação e aplicação de conhecimento indígena e apropriação de tecnologias relevantes à gestão ambiental. As Características selecionadas foram então discutidas e revisadas em conjunto com os parceiros locais da Christian Aid antes de visitar as comunidades; os temas principais com suas perguntas para as entrevistas, grupos focais e entrevistas individuais foram acordados. As seguintes questões gerais orientaram o processo: 1. Existem avaliações de ameaças e riscos que incluam as avaliações de riscos associados às mudanças climáticas, conduzidas no projeto com contribuições comunitárias e pela alteração da percepção de risco e de atitudes de preparação? 2. Existe um processo de avaliação participativa aprimorado pelo conhecimento das pessoas sobre seus papéis e responsabilidades durante a resposta, sendo capazes de abordar os fatores de risco subjacentes? 3. Existe o envolvimento de diversos atores locais, incluindo governos, que influencia o processo de mapeamento de riscos e ameaças? Esse processo teve algum impacto nas relações entre a comunidade e os representantes de governo, com consequente acesso a serviços públicos? Nas comunidades, as entrevistas foram feitas com membros dos Comitês Locais de Gestão de Desastres (tanto entrevistas individuais como em grupo, incluindo mulheres e homens representantes dos comitês), e como membros dos Comitês de Voluntários, minorias étnicas, representantes da Ward e da Union Parishad, equipe do governo local (engenheiros, veterinários). Adicionalmente, entrevistas individuais foram conduzidas com doutores, professores e executivos dentro e fora da comunidade. Em Honduras, o estudo de caso foi conduzido pela consideração da consciência dos riscos combinada à capacidade de defesa da causa. Focou-se em nível comunitário e analisou as seguintes questões chave: Uma comunidade com visão compartilhada de preparação e resiliente, bem treinada e consciente dos riscos de desastres tem mais possibilidades de influenciar as ações governamentais em nível local? Que outros fatores e aspectos de um Ambiente Favorável são necessários para as comunidades estarem habilitadas ao efetivo engajamento com governos e outros públicos de interesse? Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres As características selecionadas foram: Áreas temáticas e Componentes da resiliência Características de uma comunidade resiliente ao desastre Área temática 3: Conhecimento e educação 1.2. Toda a comunidade participante das campanhas informativas correntes, elaboradas a partir das necessidades e capacidades comunitárias (níveis de alfabetização, por exemplo). 1.3. Conhecimento comunitário de riscos, ameaças, vulnerabilidades e ações de redução de riscos suficientes para a efetiva participação comunitária (individual e colaborativa com outros públicos). 1.4. Processamento (individual e coletivo) de conhecimento técnico e organizacional, bem como habilidades para ações locais de RRD e de resposta (incluindo conhecimento técnico indígena, estratégias de enfrentamento e de subsistência). Componente 1. Informação pública, conhecimento e habilidades. Área temática 3: Conhecimento e educação Componente 1. Educação e treinamento. Área temática 1: Governança Componente 1. Políticas públicas, planejamento, prioridades e compromisso político. Características de um ambiente favorável 3.1. Educação escolar sobre RRD para crianças por meio de atividades curriculares, e quando for o caso, extracurriculares. 3.2. Treinamentos em RRD e Gestão de riscos de desastre destinados a identificar prioridades apontadas pelas comunidades e com base na avaliação local de riscos, vulnerabilidades e demais problemas correlatos. 3.3. Membros da comunidade e de organizações treinados em habilidades de RRD e preparação para desastres 1.2. Visão consensuada sobre riscos enfrentados, abordagem da gestão de risco, ações específicas a serem conduzidas e metas a serem atingidas. 1.5. Lideranças comunitárias compromissadas, efetivas e transparentes no planejamento e implantação de ações de RRD. 1.6. Plano comunitário de RRD (e de preparação para desastres) desenvolvido a partir de um processo participativo, prático e atualizado periodicamente. Consenso político sobre a importância da RRD. RRD como uma prioridade política em todos os níveis de governo. Política Nacional de RRD, plano estratégico e de implantação, com visão clara, prioridades, metas e boas práticas de referência. Políticas governamentais locais de RRD, planos estratégicos e de implantação colocados em prática. Compreensão oficial local da visão comunitária, e suporte para tal. Área temática 1: Governança Componente 2. Sistemas legais e regulatórios 2.2. Comunidade informada sobre seus direitos e obrigações legais do governo e outros órgãos para garantia de sua proteção. 81 Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres No Malawi o estudo de caso observou a construção do conhecimento e os canais de comunicação em nível comunitário, abordando as seguintes questões chave: A institucionalização da informação social e dos canais de comunicação isola alguns grupos vulneráveis? A avaliação de capacidades e vulnerabilidades ajuda a resolver esse isolamento? A avaliação de capacidades e vulnerabilidade coleta experiências e conhecimentos coletivos de gestão anteriores às crises? Até que ponto? Que tipo de atividades, fatores, ações, etc., isso pode promover ou impedir? Para tanto, as seguintes Características foram selecionadas e combinadas: Áreas temáticas e Componentes da resiliência Características de uma comunidade resiliente ao desastre Área temática 2: Avaliação de risco 2.2. Processo participativo de avaliação de riscos e ameaças que inclua representantes de todas as partes da comunidade e fontes especializadas. Componente 2. Avaliação de dados de impacto sobre vulnerabilidades e capacidades. Características de um ambiente favorável Avaliações de risco e ameaças como itens obrigatórios das políticas públicas, legislação, etc., com padrões para elaboração, publicação e revisão. Dados sobre os impactos dos desastres e informações estatísticas de perdas disponíveis e utilizadas nas avaliações de vulnerabilidades e capacidades. Conhecimento produzido registrado, sintetizado e compartilhado sistematicamente (por meio de sistemas de informação e gestão de desastres). Participação de todas as agências correlatas e dos públicos de interesse nas avaliações. Área temática 4: Gestão de risco e redução de vulnerabilidades Componente 4. Proteção social (inclui capital social). 4.4. Estabelecimento de canais de comunicação e informação social; grupos vulneráveis não isolados. 4.5. Conhecimento coletivo e experiência em gestão de eventos anteriores (ameaças, crises). Proteção social formal, esquemas e redes de segurança social acessível a grupos vulneráveis em tempos de normalidade e para respostas em situações de crise. Agências externas preparadas para investir tempo e recursos na construção de parcerias com grupos locais e com organizações de proteção social, segurança e RRD. O roteiro de entrevista para cada estudo de caso foi desenvolvido em diálogo com a equipe da Christian Aid e de seus parceiros, tendo como referência as características escolhidas para cada caso. Entrevistas abertas e semiestruturadas, bem como discussões em grupo foram realizadas com os membros da comunidade, equipes dos parceiros do projeto, representantes do governo local e outros públicos de interesse. Resultados e recomendações Durante a condução dos estudos o foco das questões de pesquisa baseadas nas Características mostrou que os pressupostos em que algumas hipóteses foram baseadas não se confirmaram. Por exemplo, em Bangladesh, o estudo demonstrou que o processo de avaliação não foi completamente participativo e seus resultados não foram amplamente compartilhados com as comunidades ou externamente. Além disso, o governo local, mesmo tendo informado sobre a avaliação participativa de comunidades e vulnerabilidades, não participou do exercício, com exceção de um membro comunitário que era o representante do Ward na Union Parishad. O estudo então buscou compreender o que impediu que as comunidades participassem mais ativamente do processo de avaliação de risco e, de forma mais ampla, das atividades do projeto. Para tanto, a pesquisa não apenas destacou três fatores chave para intervenções em RRD considerados pelos parceiros (participação, autonomia e sustentabilidade), como também permitiu o levantamento de novas questões de pesquisa para discussão e análise posterior. Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres As Características provaram ser uma ferramenta muito útil na elaboração de questões específicas de estudo para a pesquisa de campo. Foi útil para focam em amplos interesses e depois focar em questões mais específicas, guiando assim a condução das questões para a entrevista. Ao utilizar as Características dessa maneira também foi possível facilitar o engajamento da equipe da Christian Aid na abertura das discussões com os parceiros locais sobre as medidas de progresso da resiliência comunitária, ao invés de apenas avaliar as realizações desses parceiros. Para fazer das Características uma ferramenta útil para esse exercício um processo completo de seleção dos Componentes de Resiliência e das Características de uma Comunidade Resiliente ao Desastre foi feito em diálogo aberto com todos os envolvidos. Apesar de ser algo relativamente demorado, o processo também ajudou no foco e enquadramento da análise no entendimento de todo – e por isso o esforço foi tão valioso. Apesar das preparações detalhadas, em alguns casos, as Características precisaram de adaptações no momento em que as equipes chegaram a campo. Essa necessidade refletia no melhor encaixe às realidades locais – e foi executada com facilidade. Algumas recomendações específicas incluem: Seleção dos participantes da comunidade e das entrevistas: A seleção da comunidade e os parceiros para a entrevista deve ser conduzida em conjunto com todos os envolvidos no processo e particularmente pela consulta à equipe que irá conduzir as entrevistas. Seleção das Características: As Áreas Temáticas e os Componentes do quadro das Características selecionadas para coleta de dados e pesquisa devem considerar o contexto do projeto, da comunidade, e da iniciativa a que se relacionada: ou seja, os quadros os projetos, os registros, os planos de ação da comunidade, as prioridades estratégicas, etc., devem ser considerados durante o processo de seleção. Desenvolvimento de um guia de entrevistas: A identificação das questões para entrevista e suas diretrizes podem ser facilmente organizadas seguindo cada uma das Características que sejam mais relevantes dentro dos componentes selecionados. O guia deve ser adotado com a concordância de cada grupo. 83 Características de uma Comunidade Resiliente aos Desastres
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