Baixar - PPEC - Universidade Federal da Bahia
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1 Universidade Federal da Bahia Escola Politécnica Programa de Pós-Graduação em Engenharia Ambiental Urbana NEILA LIMA BRANCO AVALIAÇÃO PÓS-OCUPAÇÃO E O CONFORTO TÉRMICO NOS ESPAÇOS LIVRES DOS BAIRROS DO CABULA E TANCREDO NEVESSALVADOR/BA Salvador - Bahia 2014 NEILA LIMA BRANCO AVALIAÇÃO PÓS-OCUPAÇÃO E O CONFORTO TÉRMICO NOS ESPAÇOS LIVRES DOS BAIRROS DO CABULA E TANCREDO NEVESSALVADOR/BA Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Ambiental Urbana da Escola Politécnica, Universidade Federal da Bahia, como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Engenharia Ambiental Urbana. Orientadora: Profa Dra. Rita Dione Araújo Cunha Co-Orientadores: Dra. Telma Cortês Quadros Andrade Dr. Sandro Fábio César Salvador - Bahia 2014 B816 Branco, Neila Lima Avaliação pós-ocupação e o conforto térmico nos espaços livres dos bairros do Cabula e Tancredo Neves - Salvador/BA/ Neila Lima Branco. – Salvador, 2014. 225 f. : il. Orientadora: Profa. Dra. Rita Dione Araújo Cunha. Co-orientadores: Profa. Dra. Telma Cortês Quadros Andrade. Prof. Dr. Sandro Fábio César. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal da Bahia. Escola Politécnica, 2014. 1. Avaliação Pós Ocupação- APO. 2. Conforto Térmico. 3. Praças. 4. Espaços Livres I. Cunha, Rita Dione. II. Andrade, Telma Cortês Quadros. III. Sandro Fábio César. IV. Universidade Federal da Bahia. V. Título. CDD:697 A meu esposo Elisandro Lima, meus pais Armando Branco e Ivaneuza Lima, minhas irmãs Luciana e Camila que tanto colaboraram nos meus estudos. Aos orientadores professora Rita Dione Araújo Cunha, Telma Cortês Quadros Andrade e Sandro Fábio César, e a todos aqueles que contribuíram direta ou indiretamente para desenvolvimento deste trabalho. AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus e a minha família por estar comigo nessa caminhada e aos meus alunos voluntários que me acompanharam durante toda a pesquisa. Aos professores Rita Dione Araújo Cunha e Sandro Fábio César, por suas orientações e enriquecimento das análises deste trabalho e me acompanharam durante todo o percurso. A professora Telma Cortês Quadros Andrade, que prestou valiosa contribuição e me orientou de forma imprescindível para a conclusão deste trabalho. Aos meus alunos voluntários e a Paulo Roberto que possibilitaram a execução da pesquisa de campo. Especial agradecimento a todos os entrevistados, funcionários da Universidade do Estado da Bahia e membros do Conselho de Moradores de Tancredo Neves que fizeram parte dessa pesquisa. RESUMO As transformações do espaço urbano em decorrência do aumento da densidade construída, ocupação desordenada, redução da cobertura vegetal e pouca oferta de espaços livres públicos confortáveis termicamente interferem de modo negativo na qualidade ambiental urbana na região do Miolo da cidade de Salvador. Este trabalho tem como objetivo discutir a apropriação dos espaços abertos e o conforto térmico nos bairros do Cabula e Tancredo Neves/Beirú, respectivamente: Praça Nova RepúblicaPNR e Campus I da Universidade do Estado da Bahia- UNEB, através da Avaliação Pós-Ocupação- APO e do índice Phisiological Equivalent Temperature- PET (ºC), durante os meses de maio a outubro de 2014. Os dois espaços pertencem a bairros vizinhos, com características distintas de uso e ocupação do solo, assim como nas suas coberturas de vegetação. A APO analisou as práticas cotidianas, inter-relações existentes, usos, funções desenvolvidas e opiniões dos usuários, resultando em mapas comportamentais, mapas de conflitos e mapas de traços físicos. Já o estudo de Conforto Térmico calculou o PET (ºC) através de medições de campo das variáveis ambientais como temperatura do ar (ºC), umidade relativa do ar (%), velocidade do ar (m/s), temperatura de globo (ºC) e radiação global (w/m²); cálculo da temperatura radiante média (ºC) e questionários aplicados com os usuários e população do entorno da UNEB e da PNR, para identificar a percepção e sensação térmicas. Posteriormente ao trabalho de campo, foi realizada a calibração índice PET (°C), com base nas nove escalas de classificação desenvolvida por Hope e Mayer em 1987. O resultado obtido para as duas áreas foi que a maioria dos estrevistados (48%) estão com estresse térmico positivo, para os períodos correspondentes as estações do ano: outono, inverno e primavera. Também observou-se que as condições físico-ambientais foram determinantes para a frequência, preferências e apropriações, sendo preferido pelos usuários os espaços equipados, sombreados e ventilados. Foram observados conflitos nos espaços associados as condições térmicas observadas no período estudado. Palavras-chaves: Avaliação Pós Ocupação- APO; Conforto Térmico; Praças e Espaços Livres. ABSTRACT The transformations of urban space as a result of increased density built, disorderly occupation, reduced vegetation cover and short supply of comfortable public open spaces thermally interfere negatively in the urban environmental quality in the fluting region of the city of Salvador. This paper aims to discuss the appropriation of open spaces and thermal comfort in Cabula and Tancredo Neves / Beiru respectively: Square New Republican- PNR and Campus I State University of Bahia- UNEB, through the Post-Occupancy Evaluation - APO and content Phisiological Equivalent TemperaturePET (° C) during the months from May to October 2014. The two spaces belong to neighboring districts with distinct characteristics of land use and occupation, as well as its plant cover crops. The APO analyzed the daily practices, interrelationships, uses, developed functions and opinions of users, resulting in behavioral maps, conflict maps and maps of physical traits. The study by Thermal Comfort calculated PET (°C) through field measurements of environmental variables such as air temperature (°C), relative humidity (%), air velocity (m/ s), globe temperature (ºC) and global radiation (w / m); calculation of the mean radiant temperature (°C) and questionnaires with users and population surrounding the UNEB and PNR to identify the perception and thermal sensation. Subsequently to the field work, calibration was performed PET content (°C) on the nine rating scales developed by Hope and Mayer in 1987. The result obtained for the two areas was most interviewed (48%) are with positive thermal stress, for the corresponding periods of seasons: fall, winter and spring. Also noted that the physical and environmental conditions were instrumental in the frequency, preferences and appropriations, being preferred by users equipped spaces, shaded and ventilated. Conflicts were observed in areas associated with the thermal conditions observed during the study period. Keywords: Post Occupancy Evaluation - APO; Thermal comfort; Squares and Free Spaces. LISTA DE FIGURAS Figura 1. Mapa de localização da Bahia e Região Metropolitana de 48 Salvador. Figura 2. Anemograma de velocidade predominante por direção, para a 50 cidade de Salvador. Figura 3. Anemograma dos ventos, freqüência de ocorrência, para a cidade 50 de Salvador Figura 4. Mapa das Regiões Administrativa- RA da cidade. 51 Figura 5. População Residente do Miolo x População de Salvador. 52 Figura 6. Imagem do bairro Tancredo Neves/Beirú. 57 Figura 7. Delimitação da Praça Nova República e entorno. 58 Figura 8. Croqui dos estudos para o projeto da Praça Nova República. 59 Figura 9. Fotos da vegetação do canteiro do Centro de Saúde e da PNR 60 antes e depois da poda das árvores. Figura 10. Uso do Solo do entorno da Praça Nova República. 61 Figura 11. Imagem do bairro do Cabula e da área de estudo- UNEB. 62 Figura 12. Imagem do Campus I-UNEB. 65 Figura 13. Uso do Solo do entorno da UNEB. 66 Figura 14. Estação Meteorológica. 70 Figura 15. Console de armazenagem dos dados. 70 Figura 16. Termômetro de globo cinza. 70 Figura 17. Distância dos pontos de Medição P1(PNR) e P2(UNEB) das 72 duas áreas. Figura 18. Localização da estação/UNEB. 72 Figura 19. Localização da estação/PNR. 72 Figura 20. Ponto de medição P1da PNR, pátio da 11ª Delegacia de 73 Tancredo Neves. Figura 21. Ponto de medição P2 da UNEB: jardim da Reitoria. 73 Figura 22. Pátio da 11ª Delegacia e entorno construído. 74 Figura 23. Rua Betel de acesso ao pátio da Delegacia. 74 Figura 24. Estudo de insolejamento e de ventilação da PNR. 82 Figura 25. Estrutura física e arborização da Praça Nova República. 83 Figura 26. Utilização da praça, áreas com sombreamento natural e 84 exposição solar direta. Figura 27. Estrutura física e evidências do grau de conservação dos 86 equipamentos. Bancos conservados, poste de iluminação danificado, lixo acumulado, guarda corpo da pista de skate, brinquedos e grelha de drenagem danificada. Figura 28. Fotos da presença de animais no parque infantil I e comércio de 87 roupas usadas nos bancos e horti-frutis no canteiro e passeio da praça (outubro 8:00h). Figura 29. Mapa de atividades matinais semanais/Manhã das 9:30h-12:00h. 89 Figura 30. Fotos das apropriações na PNR/Manhã das 9:30h-12:00h. 90 Figura 31. Mapa de atividades matinais semanais/Tarde de 12:00h-15:00h. 91 Figura 32. Mapa de atividades matinais semanais/Tarde de 15:00h-17:00h. 93 Figura 33. Fotos da apropriação dos espaços da PNR, ao longo dos meses 94 pesquisados. Figura 34. Mapa de atividades matinais semanais/Noite de 17:00h-18:30h. 95 Figura 35. Barracas de bebidas com sofá e geladeira sob o canteiro e 96 barraca de bebidas instalada no acesso principal da Praça. Figura 36. Planta da infraestrutura e mobiliário da PNR. 98 Figura 37. Mapa de conflitos da Praça Nova República/Manhã. 102 Figura 38. Mapa de conflitos da Praça Nova República/Tarde. 102 Figura 39. Mapa de conflitos da Praça Nova República/Noite. 103 Figura 40. Estudo de insolejamento e ventilação na UNEB. 107 Figura 41. Imagens da vegetação existente na UNEB. 108 Figura 42. Espaços de convivência da UNEB. 109 Figura 43. Lanchonetes e espaços de convivência da UNEB. 111 Figura 44. Ginástica na quadra de esportes 7:30h (terça e quinta), futebol 112 16:00h e evento pela noite 19:30h. Figura 45. Campanhas de saúde públicas na área do estacionamento da 113 UNEB. Figura 46. Eventos realizados na UNEB. 114 Figura 47. Mapa de atividades matinais semanais/Manhã 7:30h-10:00h. 115 Figura 48. Mapa de atividades matinais semanais/Manhã 10:00h-13:00h. 116 Figura 49. Mapa de atividades matinais semanais/Manhã 10:00h-13:00h. 117 Figura 50. Mapa de atividades vespertinas semanais/Tarde 13:00h-17:00h. 118 Figura 51. Mapa de atividades vespertinas semanais/Tarde 13:00h-17:00h. 119 Figura 52. Mapa de atividades noturnas semanais/Noite 17:00h-19:00h. 120 Figura 53. Mapa de conflitos/ Manhã 7:30h-19:00h. 122 Figura 54. Mapa de Conflitos/Manhã e Tarde. 123 Figura 55. Mapa de Conflitos/Noite. 133 Figura 56. Croqui da ventilação natural no Miolo da cidade. 145 Figura 57. Ponto de ônibus descoberto da Rua Bahia e pessoas se abrigando 146 do sol sob edificação(Açougue). Figura 58. Ponto de ônibus frontal a Farmácia/Rua Pernambuco. 147 Figura 59. Dispersão dos valores de Tar (°C) para as áreas estudadas. 148 Figura 60. Árvore de Decisão da PNR com Classificação para análise de 149 PET (°C). Figura 61. Árvore de Decisão da UNEB com Classificação para análise de 150 PET (°C). Figura 62. Dispersão dos valores de PET (°C) para as áreas estudadas. 152 Figura 63. Dispersão dos valores de PET (°C) por classificação para UNEB 153 e PNR. Figura 64. Árvore de Decisão UNEB-PNR com Classificação para análise 154 de PET (°C). LISTA DE TABELAS Tabela 01. Valores de Clo para roupa, masculina e feminina. 44 Tabela 02. Anos de Estudo do chefe de Domicílio (Habitantes) 2000. 54 Tabela 03. População Residente por Cor ou Raça (Habitantes) e Anos de 54 Estudo do Chefe de Família/ IBGE (2010 e 2000). Tabela 04. Tabela das campanhas realizadas 69 Tabela 05. Especificações do Hobo U1-012. 71 Tabela 06. Escalas de classificação do PET (°C). 75 Tabela 07. População Residente por Faixa Etária (Habitantes). 77 Tabela 08. Quantitativo por Faixa etária, Áreas e Gênero de questionários 127 válidos. Tabela 09. Quantitativo dos questionários por Áreas e Faixa etária. 128 Tabela 10. Dados excluídos com escore do desvio padrão superior a 3 129 correspondentes as idade de 20 a 59 anos. Tabela 11. Estatística descritiva das variáveis pessoais Peso (kg) e Altura (m) dos casos entre 20 a 59 anos. 129 Tabela 12. Estatística descritiva das variáveis ambientais Tar (°C), Uar (%), V(m/s), Rad (W/m²), Trm (°C) e Tglobo (°C), para a faixa etária entre 20 a 59 anos. 129 LISTA DE QUADROS Quadro 01. Mobiliário Urbano da PNR e estado de conservação. 97 Quadro 02. Conflitos existentes na PNR e UNEB. 101 Quadro 03. Mobiliário Urbano e outros elementos de composição da UNEB. 125 Quadro 04. Localização do entrevistado/ questão 2 por faixa horária. 146 Quadro 05. Localização do entrevistado/ questão 4, por faixa horária. 147 Quadro 06. Porcentagem de casos por sensação de PET (°C). 155 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 01: Série dos valores de Tar (°C) C1CUNEB e Ondina (INMET). 131 Gráfico 02A: Série dos valores de Tar (°C) C1PNR e Ondina (INMET). 131 Gráfico 02B: Série dos valores de Tar (°C) C1PNR e Ondina (INMET). 132 Gráfico 03: Série dos valores de Tar (°C) C2UNEB e Ondina (INMET). 133 Gráfico 04: Série dos valores de Tar (°C) C3UNEB e Ondina (INMET). 134 Gráfico 05: Série dos valores de Tar (°C) C4UNEB e Ondina (INMET). 134 Gráfico 06A: Série dos valores de Tar (°C) C4PNR e Ondina (INMET). 134 Gráfico 06B: Série dos valores de Tar (°C) C4PNR e Ondina (INMET). 135 Gráfico 07: Série dos valores de Uar (%) C1UNEB e Ondina (INMET). 135 Gráfico 08: Série dos valores de Uar (%) C1PNR e Ondina (INMET). 136 Gráfico 09A: Série dos valores de Uar (%) C2UNEB e Ondina (INMET). 136 Gráfico 09B: Série dos valores de Uar (%) C2UNEB e Ondina (INMET). 137 Gráfico 10: Série dos valores de Uar (%) C3UNEB e Ondina (INMET). 137 Gráfico 11: Série dos valores de Uar (%) C4UNEB e Ondina (INMET). 138 Gráfico 12: Série dos valores de Uar (%) C4PNR e Ondina (INMET). 138 Gráfico 13A: Série dos valores de V (m/s) C1UNEB e Ondina (INMET). 139 Gráfico 13B: Série dos valores de V (m/s) C1UNEB e Ondina (INMET). 140 Gráfico 14: Série dos valores de V (m/s) C1PNR e Ondina (INMET). 140 Gráfico 15: Série dos valores de V (m/s) C2UNEB e Ondina (INMET). 141 Gráfico 16: Série dos valores de V (m/s) C4UNEB e Ondina (INMET). 142 Gráfico 17: Série dos valores de V (m/s) C4PNR e Ondina (INMET). 143 Gráfico 18: Quantidade de entrevistados por área segundo classificação do 151 PET (°C). LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ABS (Ha) Área Bruta por habitante APA Área de Preservação Ambiental APO Avaliação Pós-Ocupação APRN Área de Preservação de Recursos Naturais ASHRAE American Society of Heating. Refrigerating and Air-Conditioning COHAB Cia Municipal de Habitação CONDER Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia CS Centro de Saúde de Tancredo Neves EaD Ensino a Distância EPUCS Escritório do Plano de Urbanismo da Cidade de Salvador EUA Estados Unidos da América ESDI European Security Defense Initiative IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística INOCOOP Instituto de Orientação às Cooperativas Habitacionais INMET Instituto Nacional de Meteororogia ISB Sociedade Internacional de Biometeorologia IPMA Instituto Português do Mar e da Atmosfera ISO International Organization for Standardization LACAM Laboratório de Conforto Ambiental LABCON Laboratório de Conforto da UFMG LabEEE Laboratório de Eficiência Energética em Edificações LOUS Lei de Ordenamento do Uso e Ocupação do Solo NUTAU-USP Núcleo de Pesquisa em Tecnologia da Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo ONU Organização das Nações Unidas PDDU Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano de Salvador PET Physiological Equivalent Temperature PLANDURB Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano PNR Praça Nova República ProLUGAR Grupo Qualidade do lugar e paisagem PRONASCI Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania RA Região Administrativa RT Temperatura Resultante SAVAM Sistema de Áreas Verdes SETRABES Secretaria de Estado de Trabalho e Renda SICAR Sistema de cadastramento de Acesso Remoto de Salvador SM Salário Mínimo SMA Superintendência do Meio Ambiente de Salvador SUDESB Superintendência dos Desportos do Estado da Bahia Tar Temperatura do Ar Trm Temperatura Radiante Média UATI Universidade Aberta da Terceira Idade UFBA Universidade Federal da Bahia UFMG Universidade Federal de Minas Gerais UFSC Universidade Federal de Santa Catarina UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro UNEB Universidade do Estado da Bahia URBIS Habitação e Urbanização da Bahia S.A UNIFACS Universidade Salvador UTCI Universal Thermal Climate Index UR Umidade Relativa do Ar USP Universidade de São Paulo V Velocidade do ar SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO 20 1.1 JUSTIFICATIVA 21 1.2 OBJETIVOS 23 1.3 ESTRUTURA DO TRABALHO 24 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 26 2.1 CIDADES SUSTENTÁVEIS E QUALIDADE DE VIDA 22 2.2. ESPAÇOS LIVRES, ESPAÇOS ABERTOS E ÁREAS VERDES 30 2.2.1 As Praças 33 2.3 AVALIAÇÃO PÓS OCUPAÇÃO - APO 34 2.3.1 AS VARIÁVEIS DO AMBIENTE CONSTRUÍDO 36 2.4 CONFORTO TÉRMICO 39 2.4.1 AS VARIÁVEIS DO CONFORTO TÉRMICO 41 2.4.2 ÍNDICES DE CONFORTO TÉRMICO 45 2.4.3 O Índice Physiological Equivalent Temperature – PET (°C) 47 3. AS ÁREAS DE ESTUDO E METODOLOGIA 48 3.1 A CIDADE DE SALVADOR 48 3.2 AS ÁREAS DE ESTUDO 51 3.2.1 O bairro de Tancredo Neves/Beirú 54 3.2.2 A Praça Nova República- PNR 58 3.2.3 O bairro do Cabula 61 3.2.4 A UNEB- Universidade do Estado da Bahia 65 3.3. METODOLOGIA 67 3.4. CÁLCULO DA AMOSTRA DOS QUESTIONÁRIOS 77 3.5 PREPARAÇÃO DO BANCO DE DADOS DE CONFORTO TÉRMICO 78 4. COLETA DE DADOS E RESULTADOS 79 4.1 AVALIAÇÃO PÓS OCUPAÇÃO PNR 79 4.2 AVALIAÇÃO PÓS OCUPAÇÃO UNEB 105 4.3 ANÁLISE DE CONFORTO TÉRMICO 125 4.4 ANÁLISE COMPARATIVA DE CONFORTO TÉRMICO 147 5. CONCLUSÃO 156 REFERÊNCIAS 164 ANEXO 1 MODELO DOS QUESTIONÁRIOS 173 ANEXO 2 OFÍCIOS 181 ANEXO 3 DADOS ESTAÇÃO METEOROLÓGICA 186 20 1. INTRODUÇÃO Nas últimas décadas, os centros urbanos têm crescido aceleradamente. Segundo o Fundo de População das Nações Unidas (2008, p.1) “mais da metade da população humana - 3,3 bilhões de pessoas – estará vivendo em áreas urbanas. Até 2030, esse número deverá chegar a 5 bilhões”. Acompanhar este processo tem-se tornado um grande desafio, visto que as cidades entendidas como o produto da ação do homem e o espaço de habitar ou de passagem, necessita de um ambiente estruturado para a realização das suas atividades, sejam estas exercidas nos espaços fechados ou abertos, públicos ou privados. O processo crescente de urbanização tem como uma das suas conseqüências alterações no clima local, com a destruição das áreas verdes, aumento da massa construída, da quantidade de veículos movidos a combustíveis fósseis, que interferem de forma negativa na qualidade dos espaços urbanos pela geração de gases poluentes na atmosfera. Esta questão nem sempre tem sido contemplada no processo de ocupação do solo urbano, conjuntamente com o acelerado aumento da densidade populacional, que indica uma forte tendência negativa de manutenção da qualidade de vida nas cidades (Conferência sobre Assentamentos Humanos do Habitat II em 1996- Istambul). Em geral, o processo de expansão territorial e crescimento populacional têm refletido nos ambientes naturais com a redução de espaços abertos, especialmente com cobertura vegetal. O foco deste trabalho é o estudo de dois espaços abertos públicos na área do Miolo da cidade de Salvador/ BA, nos bairros do Cabula e Tancredo Neves, visto que o acelerado adensamento urbano sem planejamento nessas regiões pode ter resultado na reduzida presença de praças com conforto térmico, motivando a freqüência de utilização desses espaços pela população local. Desta forma, os arquitetos e urbanistas precisam avaliar como diferentes soluções de uso e ocupação do solo e de “projeto podem interferir nas condições de conforto térmico 21 e no comportamento de utilização dos espaços públicos urbanos”1, contribuindo com os estudos do clima urbano. O estudo dos espaços abertos envolve as características geomorfológicas, construtivas, instalações (equipamentos e mobiliário urbano), conforto ambiental, usos e formas de apropriação, como também as relações existentes com o histórico do lugar, significados, interações sociais, cultura e apropriações do espaço construído. A escolha das áreas deveu-se primeiramente à sua localização geográfica no Miolo da cidade, com predomínio de construções irregulares nas áreas de encostas e fundos de vale, que não atendem aos padrões estabelecidos pelas normas edilícias e a legislação de uso e ocupação do solo e apresentam reduzida oferta de praças para população local. Objetivou-se também, a necessidade de estudar a qualidade do espaço livre sob a ótica do usuário, contemplando o seu desempenho técnico, funcional, comportamental e o conforto térmico. 1.1 JUSTIFICATIVA A maioria dos trabalhos de pesquisa na área de Avaliação Pós Ocupação- APO e de Conforto Térmico são realizadas em ambientes fechados, uma vez que os ambientes abertos estão sujeitos a maiores interferências em relação às variáveis climáticas, físicas e comportamentais, dificultando o controle e previsibilidade. Segundo Assis (2000), embora os estudos de climatologia urbana nas áreas tropicais tenham quase que dobrado entre 1900-1990, representam apenas 20% das publicações em climatologia urbana referentes às cidades das latitudes médias e altas, pois ainda existe uma carência de equipamentos adequados à escala urbana, uma rede pouco densa de dados meteorológicos. Ainda assim, mesmo com a imprevisibilidade das variáveis ambientais e subjetividade, que indicam as sensações térmicas percebidas pelas pessoas em relação aos espaços 1 ASSIS, 2005 apud ANDRADE, 2013, p.5. 22 abertos, os estudos vêm inovando. Inicialmente, modelos aplicados em países de clima temperado, a exemplo das cidades Norte Americanas e europeias são adaptados para cidades de clima tropical e equatorial, adequando-se aos diferentes contextos econômicos, sociais e culturais. A relevância de pesquisas relacionadas ao estudo de APO e Conforto Térmico em espaços livres, nas regiões de clima tropical, deve-se à existência nas cidades brasileiras, de uma grande variedade microclimática, processos de urbanização diferenciados, acelerado crescimento populacional e questões sociais relevantes, que tem resultado em modificações no ambiente e na qualidade de vida das pessoas. O interesse na escolha do tema deve-se também à valorização dos espaços abertos de uso público nas cidades contemporâneas, com foco na melhoria da qualidade ambiental urbana. A partir do século XX, movimentos internacionais de planejamento urbano, como Novo Urbanismo (1993) e Expansão Urbana (Smart Growth ou Crescimento Inteligente), que surgem no fim dos anos 1990, criaram princípios mais equilibrados economicamente, socialmente e politicamente, buscando a qualidade de vida dos habitantes, com criação de áreas verdes. Parques, praças, bosques são criados em contraposição a expansão territorial voltada para os interesses econômicos, infraestrutura viária e a segregação social dos espaços urbanos, embora distantes do cenário das urbanizações da maioria dos assentamentos precários abaixo da linha do Equador. O novo contexto norte americano de cidades compactas imprime uma valorização do indivíduo, com a criação de espaços urbanos na escala das pessoas, com espaços com maior qualidade e o retorno à valorização do verde, como as praças, calçadas arborizadas, ruas exclusivas para pedestres e redução de áreas de estacionamento no centro das cidades. Criam-se espaços atrativos, que devem ser confortáveis termicamente e projetados de acordo com o clima de cada cidade. Pensar a qualidade urbana passa também pelo conforto ambiental no espaço construído. Estudos nesta área indicam que as formas de ocupação e uso do solo interferem diretamente no balanço energético, com elevação das temperaturas, formação de ilhas de calor e redução da qualidade do ar atmosférico. O desenvolvimento e a ocupação intensiva reduziram as áreas naturais e arborizadas (terrenos vagos) para dar espaço a 23 edificações, complexos viários e estacionamentos, conseqüentemente contribuindo para uma maior impermeabilização dos solos, aumento da densidade e verticalização modificando o microclima da cidade (LEITE e AWAD, 2012, p.60). Para avaliar o desempenho técnico, funcional e comportamental dos espaços livres, a Avaliação Pós Ocupação é aplicada por abranger desde o estudo da morfologia do espaço, mobiliário, equipamentos, infraestrutura e conforto ambiental a partir das formas de apropriação dos usuários do espaço. Sendo oportuna a realização de pesquisas para o desenvolvimento de novas metodologias para levantamento e processamento dos dados de forma a desenvolver diretrizes de projetação e melhorias urbanísticas e arquitetônicas, para a adequação dos espaços às necessidades reais dos seus usuários. Segundo Monteiro e Alucci (2010) a calibração dos índices de conforto térmico com medições de campo em espaços abertos, traz contribuições a pesquisa na área, visto que ainda existem no Brasil poucos estudos que analisem a qualidade físico-ambiental dos espaços (MONTEIRO; ALUCCI, 2010, p.1). Visto que entender as alterações no clima local contribui na busca de soluções para a melhoria da qualidade de vida. 1.2 OBJETIVOS Objetivo geral Avaliar a apropriação dos usuários e o Conforto Térmico de dois espaços abertos públicos no Miolo de Salvador, que se consolidaram a partir da ocupação sem planejamento urbano. Objetivos específicos - Avaliar o desempenho técnico, funcional e comportamental de dois espaços livres através de Avaliação Pós Ocupação; - Analisar a apropriação dos dois espaços livres em relação as condições de conforto térmico; - Proceder um ensaio experimental para avaliar as condições de conforto térmico de dois espaços livres; 24 - Comparar os índices de conforto térmico obtidos nos dois espaços livres. 1.3 METODOLOGIA GERAL A metodologia e técnicas do trabalho utilizaram pesquisa exploratória, com pesquisa de campo, entrevistas, questionários e medições de campo das variáveis ambientais, além da pesquisa bibliográfica e documental, com levantamento de mapas, imagens, fotos, projetos para a elaboração das bases conceituais. Foi realizada a Avaliação Pós-Ocupação categorizada através dos elementos de desempenho técnico-construtivo e conforto ambiental (conforto térmico), técnicofuncional e comportamental. Para o estudo de Conforto Térmico foram realizadas medições com estação meteorológica, questionários com os usuários e a população do entorno dos dois espaços livres, em relação as preferências e sensações térmicas. Os dados obtidos em Avaliação Pós-Ocupação e Conforto térmico foram organizados em tabelas, mapas e imagens, para então serem transformados em resultados legíveis que interpretados pudessem fornecer as conclusões para os problemas apresentados, sendo verificado que os dois espaços livres estudados, localizados nos bairros do Miolo de Salvador, mostraram apropriações distintas em função das suas características: urbanísticas de uso e ocupação do solo, morfologia (forma, dimensões, orientação, topografia e vegetação), funcionais e de conforto térmico. 1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO A estrutura deste trabalho está composta de cinco capítulos que são: 1- Introdução; 2Fundamentação Teórica; 3- As Áreas de Estudo e Metodologia; 4- Coleta de Dados e Resultados e 5- Conclusão. Constam também Referências, Apêndices e Anexos. No capítulo 1, Introdução, foi feita a contextualização sobre o tema da pesquisa, com a justificativa, objetivos e estrutura do trabalho. 25 No capítulo 2, Fundamentação Teórica, tem-se a revisão bibliográfica sobre os conceitos e teorias da base teórica da dissertação, abordando os temas: cidades sustentáveis e qualidade de vida, espaços livres, espaços abertos e áreas livres, Avaliação Pós Ocupação do espaço construído e o conforto térmico e avaliação de desempenho Térmico, No capítulo 3, As Áreas de Estudo e Metodologia, apresenta dados sobre a cidade de Salvador, os bairros de Tancredo Neves/Beirú e Cabula, como as suas respectivas áreas de estudos: Praça Nova República e Campus I-UNEB; e a Metodologia e técnicas do trabalho, utilizadas para o desenvolvimento da pesquisa, que segue uma abordagem qualitativa e quantitativa, através da pesquisa exploratória, com pesquisa de campo, entrevistas, questionários e utilização de instrumentos de medição meteorológica. No capítulo 4, Coleta de Dados e Resultados, analisam-se e discutem-se os resultados de APO e Conforto Térmico. No capítulo 5 têm-se as conclusões obtidas, a partir dos resultados apresentados, tendo como base os objetivos e a metodologia utilizada, apresentando recomendações para futuros estudos. Nas Referências são listados os artigos, periódicos, livros, legislação, planos, normas utilizadas e sites consultados, além dos softwares utilizados para processamento dos dados. Também são apresentados apêndices e anexos com os resultados obtidos. 26 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA A fundamentação teórica deste trabalho tem como base os estudos na área de APO e Conforto Térmico em área urbana, apresentado os conceitos de espaços abertos, áreas verdes, espaços livres públicos, conforto térmico e padrões de ocupação urbana. 2.1 CIDADES SUSTENTÁVEIS E QUALIDADE DE VIDA Atualmente mais de 50% da população mundial vivem em áreas urbanas, sendo este século considerado como o das grandes concentrações humanas, conhecidas como megacidades. Hoje encontramos cidades com mais de 10 milhões de habitantes, o que torna maior o desafio de conciliar os interesses econômicos e ambientais, com qualidade de vida urbana. Dessa grande transformação espacial surge a necessidade de novos conceitos, como o de desenvolvimento sustentável, originário do Relatório Brundtland– Our common future (1987), que significa que se “deve satisfazer as necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades” (FGV, 1991, p.46) desenvolvidas pela Comissão Mundial de Meio Ambiente e Desenvolvimento da ONU, na tentativa de integrar o desenvolvimento econômico com a preservação ambiental, muito antes da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano (Estocolmo) (LEITE; AWAD, ibidem, p.29). O Relatório Brundtland destaca importantes contribuições para uma nova corrente de pensamento, repercutindo na Rio- 92 com a participação de 71 países, com a assinatura da Agenda 21, que indica a necessidade de incorporação dos direitos ao desenvolvimento, à construção de um ambiente saudável e debate sobre o tema de Cidades Sustentáveis (VIANA; BATISTA, 2009, p.4). Porém, desde a década de 70, existiram debates sobre sustentabilidade, como Habitat I (1976) e Habitat II (1996)Istambul, mas as cidades só ganham destaque a partir da Agenda 21. 27 A Agenda 21 representa o compromisso que os entes da federação de cada país participante tinham que cumprir. No seu capítulo 28 destaca-se o papel do desenvolvimento sustentável e da qualidade de vida, abordando o papel da ocupação do espaço urbano, as questões sociais e a necessidade de recriar as cidades como centros de criatividade econômica e social. Todos estes movimentos inserem o “discurso ambiental no tratamento das questões urbanas, seja por iniciativa de atores sociais da cidade que incorporam a temática do meio ambiente (...), seja pela própria trajetória de urbanização crescente da carteira ambiental dos projetos do Banco Mundial” (ASCELRAD, 1999, p.4). Nesse momento as cidades passam pelo processo de expansão territorial e crescimento demográfico, com a ocupação de áreas naturais ou então livres, revelando o frágil equilíbrio entre as funções urbanas e o desenvolvimento. Crescem as demandas por energia (combustíveis fósseis), recursos naturais e terra, como também aumenta à produção de resíduos, a degradação do ambiente (água, solo e ar), a supressão ou redução da cobertura vegetal nas áreas urbanas, os conflitos sociais, interferindo na qualidade de vida nas cidades. Em várias cidades brasileiras o modelo de gestão pública do espaço contribuiu para uma nova realidade urbana, diversa das normas urbanísticas formais, promovendo a exclusão social e do acesso a terra, com a explosão das periferias e o enfraquecimento da base de legitimidade dos responsáveis pelas políticas urbanas, e pela ausência do poder público na gestão do espaço urbano. Como resposta, a cidade (as pessoas) procuram suas próprias alternativas para o problema de moradia, trabalho e deslocamentos, mesmo que custe a degradação ambiental, com a ocupação de áreas verdes de preservação ambiental, contribuindo para a redução da cobertura vegetal nas cidades. Segundo Leite e Awad (2012, p.21), “a população mundial que vive em favelas cresce a uma taxa de 25% ao ano; 31,6% da população mundial, quase 1 bilhão de pessoas, vivem em favelas” e em 2030 a ONU projeta que 100 milhões de pessoas viverão em favelas. Enquanto a sustentabilidade urbana começa a ser discutida nas décadas de 80 e 90 do século XX, influenciadas pelos fóruns internacionais da ONU, percebeu-se que as dinâmicas urbanas de exclusão social sem acesso à cidade planejada (formal) no 28 Terceiro Mundo contribuíram para a degradação ambiental urbana, com os processos de ocupação informal e favelas em áreas urbanas. No Brasil, esse processo acontece de forma mais perceptível a partir das primeiras décadas do século XX, pois anteriormente ainda existia um certo equilíbrio ainda que deficiente quanto aos espaços de moradia na área urbana. Entre as décadas de 80 e 90, a população total dos domicílios brasileiros em áreas de favelas passa de 1,89% para 3,28%; sendo em 1991 (IBGE) no município de São Paulo 11,3%, Rio de Janeiro 17,5%, Belo Horizonte 20% e em Salvador de aproximadamente 30%. Em Salvador, em 1940, destaca-se o grande processo migratório de população da área rural para a área urbana em busca de trabalho e o desequilíbrio no setor de moradia, com elevação do custo dos aluguéis. Como alternativa de moradia a população ocupa de forma informal (favelas e outros parcelamentos sem projetos urbanísticos aprovados pelo município) as áreas periféricas da cidade, como o Miolo, Subúrbio Ferroviário, borda da Baía de Todos os Santos, ao longo da BR-324 e orla. Gerando uma segregação espacial na cidade, “separando as áreas de moradia na cidade por classes sociais distintas, coloca “de fora” das melhores condições de habitabilidade as populações mais pobres, o que resulta em acessos diferenciados às benfeitorias e ao conforto urbano” (SOUZA, 2001, p.81). Paralelamente, no contexto mundial, a partir da reunião de Estocolmo, a ONU cria o Centro para Assentamentos Humanos para atuar nas questões urbanas e rurais, definindo com Cidades Sustentáveis, cidades onde há a integração entre desenvolvimento econômico, social e físico, com uso dos recursos naturais de forma equilibrada. (PAVANELLO; CHRISTOFOLETI; AZEVEDO, 2013). Este conceito requer uma nova lógica de funcionamento, gestão e crescimento em oposição a todo um pensamento e ações que prevaleceu no século XX, que primou pela ideia de “expansão com esgotamento” (LEITE; AWAD, ibidem, p.29). A sustentabilidade está apoiada em três pilares: ambiental, econômico e social, porém ainda não está formado um conceito de sustentabilidade urbana. Segundo Menegat e Almeida (2004) são muitas as metas ambientais, sociais, econômicas, políticas e 29 culturais, a atingir pelas agências internacionais e governos, onde o que se tem realmente são apenas alguns exemplos ou tentativas de sustentabilidade bem sucedidas. Para Leite e Tello (2010) há uma relação entre os pilares da sustentabilidade. Socialmente a vida nas cidades e no campo segue a lógica urbana que “domina toda a cadeia da produção, e essa, por sua vez, afeta o desenvolvimento das populações urbanas”2 em que o consumo pressiona a produção e cada vez mais a necessidade por recursos naturais. O resultado é o aumento da produção de resíduos sólidos e líquidos, a poluição atmosférica que gera problemas respiratórios, além das limitações de mobilidade em função do padrão de transporte motorizado individual, que associado a hábitos de alimentação de produtos processados induzem a problemas de saúde, como a obesidade. Economicamente as cidades geram renda superior às áreas rurais, como uma maior segregação espacial e social, além da diferenciação do acesso aos serviços públicos. O aumento da densidade e da expansão territorial desordenada afeta o uso do solo, comprometendo as questões ambientais, desde a impermeabilização do solo, ocupação de áreas naturais e poluição do ar, do solo e das águas, contribuindo com as mudanças climáticas, intensificação dos fenômenos naturais, como enchentes e inundações, e a formação das ilhas de calor, pela elevação das temperaturas do ar. Menegat e Almeida (2006) reforçam a ideia de cidade sustentável e qualidade de vida, com a necessidade de proteção e ampliação das áreas verdes, inclusive nas áreas de baixa renda, pois a qualidade ambiental urbana está associada à redução dos riscos ambientais. As áreas verdes são consideradas como um importante indicador de qualidade de vida ambiental, pois contribui para o equilíbrio do clima local, a preservação da fauna e flora, a redução dos poluentes atmosféricos e material particulado, reduzindo os índices de CO2 e o dióxido de carbono. Em relação aos efeitos psicológicos, a vegetação estimula a realização da prática de atividades físicas, como a caminhada pela presença de áreas sombreadas, reduzindo a incidência de 2 LEITE; TELLO, 2010 apud LEITE; AWAD, 2012, p.30. 30 problemas de saúde física e mental3, além de permitir o contato com elementos naturais, da flora e fauna (aves, répteis e insetos). Portanto, o desenvolvimento sustentável deve considerar as particularidades de cada cidade. O HABITAT (2012a) do Programa Nacional das Nações Unidas para o Meio Ambiente e “O futuro que queremos” das Nações Unidas no Brasil- ONUBR destacam como caminho para sustentabilidade: o uso misto do solo e a elevada densidade planejada, evitando grandes deslocamentos, reduzindo à segregação espacial, com a convivência de várias classes sociais no mesmo espaço, com acesso à mesma infraestrutura pública, além da redução do custo operacional de manutenção de serviços de água, esgoto e energia, coleta de lixo, segurança, saúde, educação e transporte público, devido aos menores deslocamentos. 2.2 ESPAÇOS LIVRES, ESPAÇOS ABERTOS E ÁREAS VERDES Não existe um consenso em relação ao conceito de espaços abertos, espaços livres, áreas verdes e arborização urbana, sendo utilizados muitas vezes vários termos com o mesmo objetivo, dependendo das diferentes áreas do conhecimento (BARGOS, MATIAS, 2011, p.173). Espaços abertos ou externos, segundo Lapoix (1979) é todo espaço não edificados e não destinados à implantação de obras de infraestrutura, na área urbana ou rural. Podendo ser: espaço livre, parques, praças, jardins, superfícies cobertas de água, áreas para as práticas esportivas, ruas, passeio, jardins e áreas verdes (MARTINS JÚNIOR, 2013). Espaço livre é todo espaço aberto, que se destina ao abrigo das atividades humanas. Nucci e Buccheri Filho (2006) definem espaço livre como áreas verdes que contenham no mínimo 70% de área permeável e cobertura vegetal, excluindo as áreas arborizadas das ruas, rotatórias e canteiros. 3 WOLF, 2009 apud GOES, 2013, p10. 31 Para Macedo (1995), no contexto urbano entende os espaços livres como: parques, praças, largos, ruas, vielas, quintais, jardins de terrenos baldios, corredores externos, vilas e outros, podendo ser privados ou públicos, classifica-os como: - Espaços Verdes: corresponde a área urbana coberta de vegetação e que tenha valor social, voltado para a coletividade e a integração da sociedade; - Área Verde: qualquer área com presença de vegetação; - Áreas de Lazer: espaços livres destinados ao lazer ativo e/ou lazer passivo, como a contemplação da natureza, a alimentação (piqueniques). Enquanto o lazer ativo corresponde as atividades físicas de esportes, corridas, brincadeiras infantis, dentre outros; - Área de Circulação: são a maior parte dos espaços livres de edificação de propriedade pública, correspondendo ao sistema viário no espaço urbano e parte do sistema privado de espaços, como as vias de condomínios e vilas. Macedo (1995) também qualifica esses espaços conforme os tipos de adequação do mesmo, como: - Adequação física: refere-se aos materiais utilizados e ao estado de conservação; - Adequação funcional: está associado a conformação morfológica e dimensional que permite a utilização para esta ou aquela finalidade; - Adequação ambiental: investiga a salubridade do local para o desempenho das mais diversas atividades, como presença de insolação, ventilação, umidade, qualidade e permeabilidade do solo e subsolo, rugosidade e estabilidade de pavimentações, declives e aclives. - Adequação estética: está associada à capacidade de atração das pessoas por características naturais (montanha, mar) ou memória, monumento. Quanto a definição de Áreas Verdes, segundo a prefeitura do Municipal de São Paulo (PMSP, 1974) é toda área pública ou particular, ajardinada, que visa manter a ecologia e resguardar as condições ambientais e paisagísticas. Entendem-se área pública, como acessível a todos, independentemente do momento e de responsabilidade coletiva, diferenciando-se da área privada, que tem acesso restrito as pessoas que são responsáveis por elas. 32 O espaço público permite a mistura social, as diferenças e os interesses distintos, sendo “o lugar físico orienta as práticas, guia os comportamentos, e estes por sua vez reafirmam o estatuto público desse espaço”4. Desta forma, existem diferentes formas de apropriação pelas pessoas, como os usos e significados estão associados a sua aceitação social. A durabilidade e a estabilidade do espaço público devem-se a elevada atratividade e utilização do espaço, contrapondo-se a obsolescência5. Porém existem outros fatores que podem influenciar os usos e as apropriações desses espaços, como o clima. O clima é resultado de fatores geomorfológicos e espaciais, como os fatores climáticos globais (radiação, latitude, altitude, ventos, massas de terra e água), locais (topografia, vegetação e superfície do solo) e caracterizados pelos elementos (temperatura do ar, umidade do ar, precipitação e movimentos de ar). Sendo o clima urbano “um sistema que abrange o clima de m dado espaço terrestre e sua urbanização” (MONTEIRO, 1976, p.75). O estudo do clima urbano permite analisar as interferências humanas no clima local e no desempenho dos espaços públicos, visto que esses espaços, a exemplo das praças, são importantes elementos do tecido urbano, que permitem a convivência social e possuem significado próprio em função do contexto urbano e das suas características locais, contribuem para a melhoria da qualidade ambiental urbana e abarcam muitas vezes o verde urbano, pela presença de arborização (ASSIS, 2005; LEITE, 2012). Os estudos desenvolvidos por ALUCCI, MONTEIRO (2012), LABAKI et. al (2012), MARTINI (2013) em espaços livres de cidades de clima tropical brasileiras tem auxiliado na análise do desempenho térmico desses espaços e no entendimento das formas de apropriação em função não apenas dos equipamentos, mobiliário ou infraestrutura, mas das condições ambientais, além de ressaltar a importância desses espaços para a qualidade de vida da população. 4 5 TRINDADE, 2007 apud GOMES, 2002, P.163-164. TRINDADE apud CUNHA, 2002, p. 44. 33 2.2.1 As Praças A palavra praça é derivada do “(grego-plateia, “rua larga”, pelo latim-platea), lugar público cercado de edifícios; largo; Mercado; feira”, sendo entendida como espaço de convivência público e urbano (RAPOSO, 2011, p.33). As praças são espaços livres que fazem parte do desenho urbano da cidade. Para LYNCH (1999), esses espaços são importantes, por serem foco de atividades e estarem localizados muitas vezes no coração de alguma área com forte atividade urbana, podendo ser uma área pavimentada, encerrada por estruturas de edifícios ou rodeada por ruas ou em contato com estas. Nesse espaço, os veículos não têm acesso, pois a sua função principal é o lazer, o descanso, a contemplação da natureza ou atividades lúdicas. Quanto ao uso, as praças, como os parques e as ruas são públicas, ou seja, acessíveis a todos. São espaços democráticos, de exposição e experimentação da vida pública. Na cidade contemporânea os espaços públicos são plurifuncionais, como as praças dos cafés, de alimentação, de eventos e da vida pública e espaço das mídias. Estão localizadas nos shoppings, “mercado de pulgas, festivais, praias e eventos esportivos”6. Segundo Romero (2001), as praças podem desempenhar diferentes papeis, sendo subdividido em praças urbanas devido ao seu tamanho e funções, considerando desde paradas de espera para ônibus, passagem externa entre dois blocos de prédios e até uma porção alargada do passeio, o que denominaram de praça de rua (pequena porção do espaço livre público imediatamente subjacente ao passeio usada por breves períodos para sentar, esperar, observar). Estes espaços interferem no comportamento humano, nas suas experiências corporais, sensoriais, sociais e de convívio coletivo, possibilitando as trocas e as vivências, através da integração do espaço físico, construído, como também contribuem para o equilíbrio térmico do microclima da cidade, sendo para Alex (2008) os centros sociais do tecido urbano. 6 BRILL, 1989 apud ALEX, 2008, p.21. 34 2.3. AVALIAÇÃO PÓS OCUPAÇÃO- APO A Avaliação Pós Ocupação- APO é uma metodologia utilizada para avaliação de edificações e do espaço, após a sua ocupação. Levanta a opinião do usuário, técnicos, clientes e projetistas em relação ao espaço construído, avaliando, entre outras coisas, o seu desempenho, podendo ser do tipo: técnico-funcional, comportamental, construtiva e de Conforto Ambiental. Um dos seus objetivos é medir a intensidade com que o projeto satisfaz as funções para as quais se propõe como as necessidades, expectativas e percepções dos usuários. A APO também define recomendações que minimizem os problemas identificados pela avaliação do espaço, possibilitando a melhoria dos projetos futuros e contribuindo para a melhoria da qualidade de vida dos usuários (REIS; LAY, 1994, p.29-31). A APO do projeto surge nos Estados Unidos da América- EUA entre as décadas de 40 e 50, com os psicólogos Barker e Wright e seus seguidores, com uma abordagem global. Inicialmente analisa os cenários comportamentais e depois os ambientais. Nos anos seguintes, entre 60 e 70, intensifica-se a produção de pesquisas na área, estimuladas pela Associação de Pesquisa em Projeto Ambiental- EDRA e a publicação da primeira revista na área (Environment and Behavior) e com uma abordagem de investigação mais setorizada, com pesquisadores analisando questões específicas e isoladas. A partir dos anos 70, os arquitetos realizam os primeiros estudos em Relações Ambiente Comportamento- RACs, destacando-se Christopher Alexander (criador da Linguagem de Padrões) e Henry Sanoff e Christopher Jones, voltados para metodologia de projeto, e Clara Cooper Marcus (paisagista) e J. Zeisel (arquiteto) considerados pioneiro em APO, com o estudo de edificações educacionais de 3° grau e em ambientes públicos. Nesta mesma década dos anos 70, o arquiteto Oscar Newman estuda as relações existentes entre algumas concepções arquitetônicas e urbanísticas que geram elevada densidade, como os conjuntos habitacionais de grande porte, comportamentos destrutivos, como atos de vandalismo, pichações e comportamentos agressivos. Entre as décadas de 70 e 80 há uma emergência e maior valorização das pesquisas de APO. 35 Posteriormente, E. Zube estuda a percepção visual de paisagens naturais e M. Southworth a percepção ambiental a partir de mapas cognitivos e num meio urbano definido. Desenvolve-se a psicologia ambiental. Na década de 80, a APO é aplicada a hospitais, penitenciárias, correios, dentre outras instituições, ganhando repercussão internacionalmente (América Latina, África, Ásia, Canadá, Europa, Austrália). Entre 1988 e 1993, realizam-se APOs interdisciplinares com apoio do psicólogo ambiental R. Wener, tornando-se referencias por avaliar a interação entre o ambiente construído e os comportamentos agressivos e a criminalidade, a exemplo dos estudos de Oscar Newman. Nas décadas de 80 à 90, têm-se uma revisão e redirecionamento dos métodos e aplicações, como os estudos mais sistematizados e holísticos para difusão dos conhecimentos, contrapondo-se aos estudos de caso aplicados pelos países industrializados (ORNSTEIN, 1992, p.33). Na América Latina, o México é o país com maior concentração de estudos em APO, com destaque para Serafim Mercado e colaborador Urbina-Soria da Escola de Psicologia da Universidade Autônoma do México, que enfatizam a qualidade de vida das pessoas em função do “stresse” provocado pelo ambiente construído. No Brasil, os primeiros estudos de APO em ambiente e comportamento tiveram diferentes enfoques dentro da mesma temática, como na área de psicologia, sociologia, antropologia, desenho ambiental, como também em psicologia ecológica, psicologia arquitetônica, entre outros. O primeiro estudo de APO brasileiro foi de 1967, sendo publicado apenas em 1975 pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas- IPT. Desde 1984 a USP desenvolve estudos em APO. Depois as Universidades Federais do Rio Grande do Sul e de Pernambuco iniciaram as primeiras pesquisas em APO (ORNSTEIN, 1992, p.37). A maior parte desses estudos focam as edificação públicas e habitação de interesse social, sendo ainda reduzido o número de estudos direcionados aos espaços abertos públicos, como praças e parques. Segundo Araújo (2002) destaca–se entre os mais recentes: ANDRADE ET ALLI (2000), TABLAS et all (2000), GONÇALVES e GOMES (2001), REIS e LAY (2000), Rheingantz et all (2009) e as publicações do Grupo Qualidade do Lugar e Paisagem- ProLUGAR da Universidade Federal do Rio de Janeiro- UFRJ. 2.3.1 As variáveis do ambiente construído 36 As variáveis de APO em ambientes construídos podem ser ajustadas ou modificadas em função do estudo desenvolvido, sendo categorizados os elementos de desempenho em técnico-construtiva e conforto ambiental, técnico-funcional e comportamental, que engloba várias avaliações, com ênfases diferenciadas de acordo com os objetivos específicos do estudo. Avaliação Técnico-Construtiva e Conforto Ambiental A avaliação Técnico-Construtiva e Conforto Ambiental são divididos em dois subitens, sendo: -Materiais e técnicas construtivas, como: solos e fundações, estruturas, cobertura, alvenaria, impermeabilização e drenagem das águas pluviais, revestimentos, pinturas, acabamentos, divisórias leves, alvenaria, forros, segurança contra incêndio, vidraçaria, instalações de luz, água, esgoto e telefonia e paisagismo - Conforto ambiental, como: conforto acústico, lumínico (natural e artificial) e térmico (ventilação, sol e sombreamento). Sendo recomendado, realizar medições das variáveis de conforto térmico, de forma a contribuir nas análises e observações em relação ao comportamento, opiniões, sensações, julgamentos de valores dos usuários quanto ao espaço construído. Avaliação Técnico-funcional A avaliação Técnico-Funcional analisa o projeto arquitetônico proposto e o construído. O pesquisado avalia o desempenho funcional dos espaços em relação ao planejamento, programa do projeto, áreas mínimas, armazenamento, circulação internas, fluxos de trabalho, áreas de lazer e descanso, flexibilização dos espaços, potencial para mudanças e/ou ampliação, adequação dos equipamentos especiais, mobiliário fixo e móveis; sinalização e orientação interno/ externa, circulação externa de pedestres e veículos, em relação aos passeios, estacionamentos, carga e descarga (ORNSTEIN, ibidem, p.57). Avaliação Comportamental A Avaliação Comportamental é considerada como a variável básica da APO, abrangendo diferentes tipos de usuários e faixas de renda. O objetivo é levantar as opiniões e depoimentos dos usuários isolados ou em grupo em relação ao espaço, analisando aspectos culturais e psicosociais. 37 Para esta avaliação não existe um método específico, o objetivo é fazer com que o usuário exponha as suas opiniões de forma adequada em relação ao ambiente construído, e que as respostas possam ser comparadas com a avaliação do pesquisador. Esta avaliação tem como subvariáveis questões em relação ao território, privacidade, proximidade, interação, escala humana e adequação de uso, identidade cultural, comunicação, codificação ambiental, densidade populacional, hierarquia dominante, atratividade ou dispersão, dentre outras (ORNSTEIN, ibidem, p. 62). A APO também permite identificar vestígios deixados pelas atividades e comportamento dos usuários no espaço. A observação de traços físicos permite compreender como os espaços chegaram às condições atuais e como são utilizados, como as soluções encontradas pelos usuários as condições físicas impostas pelo projeto. Desta forma é possível verificar os pontos positivos e negativos dos espaços, os problemas e avaliar se as necessidades dos usuários estão sendo atendidas pelo projeto. Existem quatro categorias de classificação dos traços físicos em áreas públicas7, sendo: Adaptações de uso Representam modificações feitas no ambiente pelos usuários, sendo nos espaços abertos adaptações nos equipamentos ou mobiliários a fim de atender a resposta ambiental. Subproduto de uso Resultado do desgaste de materiais em função do uso ou por objetos e restos de coisas que indicam alguma atividade no local. Nos espaços públicos abertos indicam que nos locais existem atividades previstas, não previstas ou parcialmente planejadas, como também permite observar embora tivesse previsto usos ou atividades no projeto, essas inexistem, indicando uma disfunção do projeto ou condições no projeto que impeçam ou inibam o uso. Traços físicos de individualidade Indica personalização, intenção de demarcação de território ou uso de símbolos nos ambientes. 7 ZEISEL, 2006 apud Bins Ely; Tissot; Siebra, 2014, p. 3. 38 Mensagens públicas Internalizam através de letreiros, “graffiti” e outros sinais públicos, manifestações de descontentamento ou de estabelecimento de limites territoriais. O levantamento físico permite também considera aspectos de conservação do espaço ou lugar, como características qualitativas como estado de conservação, elementos danificados ou com necessitados de reparos, limpeza, dentre outros aspectos. Sendo possível comprovar se o espaço ou local cumpre o papel para o qual se propõe. Podemse realizar levantamentos físicos e medições, que possibilitem a avaliação direta de elementos funcionais e técnicos, desde que sejam realizadas com base em critérios de desempenho pré–estabelecidos ou padrões de comparação, como as normas técnicas ou a percepção da satisfação dos usuários em relação ao elemento avaliado. As técnicas utilizadas para os registros são de acordo com os traços físicos observados, podendo ser: anotações escritas, anotações diagramáticas com representação de símbolos sobre a planta do projeto, desenhos, fotografias e listas pré-codificadas, que são utilizadas após uma prévia observação diagnóstica que permite a codificação e identificação das atividades. Os mapas comportamentais auxiliam na avaliação do espaço, pois registram sobre a planta do projeto os comportamentos dos usuários num determinado local. Indicam desde a localização, período, frequências de usos e categorias de usuários. Os mapas de conflitos, também com registros sobre a planta do projeto, registram os problemas, atritos ou dificuldades encontradas pelos usuários do espaço, com indicação da localização, período, categorias de usuários e a repetição do fenômeno. Segundo Cunha (2002) os conflitos podem ser de: localização e acesso, ambientais, físicofuncionais ou de projeto e de uso ou comportamentais. Os conflitos se configuram como fatores de impedimento ou dificuldade à apropriação ou utilização de partes ou de todo o espaço livre. 39 Conflitos de localização e acesso Refere-se à situação da área pública em relação ao seu entorno e aos problemas de acesso e visibilidade e/ou identificação da área como espaço de uso público. Algumas áreas estudadas possuem localização escondida, recuada ou não identificada pela população, gerando um conflito que dificulta ou impede o acesso o acesso ou a apropriação. Conflitos ambientais Relacionados às características de conservação, manutenção e degradação; e os fenômenos ligados ao clima, como insolação, sombreamento e ventilação, que constituíram fatores de impedimento do uso do espaço ou diminuição do uso em certas ocasiões. Conflitos físico-funcionais Analisa aspectos de funcionalidade e do projeto contraditórios com a proposta do lugar ou com o uso. Sendo analisado o mobiliário, os arranjos físicos com a função e observadas as faixas etárias não contempladas e contempladas na proposta do projeto em vistas da utilização e dos usuários que frequentam o espaço. Conflitos de uso e comportamentais A partir das observações de comportamento e do modo de utilização dos espaços pelos usuários têm-se os subsídios para levantar os principais conflitos de uso, a exemplo das adaptações de uso e/ou usos não previstos. 2.4. CONFORTO TÉRMICO O conforto térmico estuda a relação entre o clima e de que forma o meio interfere na percepção de conforto humano, estando associada a fatores fisiológicos e psicológicos, que variam de cada pessoa promovendo diferentes sensações, nas mesmas condições climáticas. Essa percepção de satisfação depende dos mecanismos de termo regulação do corpo humano para manter o seu equilíbrio, ou seja, o objetivo é manter a temperatura interna 40 do corpo aproximadamente em 37°C. Todo calor produzido pelo corpo humano deve ser eliminado na mesma proporção, sem que precise ativar os mecanismos de trocas de calor. Os mecanismos podem ser fisiológicos (suor, batimentos cardíacos, vasodilatação, vasoconstricção, tiritar e arrepio) e comportamentais, a exemplo do sono, prostração ou redução da capacidade produtiva. Como o corpo humano está sempre em contato com o meio natural ou artificiais ocorrem às trocas térmicas de radiação, condução, convecção e evaporação. A intensidade dessas trocas está relacionada às variáveis ambientais, como a temperatura do ar, umidade, o movimento do ar e a radiação, pois estas interferem constantemente nesse equilíbrio e na percepção térmica das pessoas (ROMERO, 2001). Deve-se não só considerar o sistema termo-regulador, mas também as vestimentas, edificações e o seu entorno. Para quantificar as influências do ambiente e o conforto percebido pelo corpo humano foram criados índices ou escalas de conforto térmico inicialmente desenvolvido para climas temperados e posteriormente para os climas tropicais, mais próximos da realidade das cidades que estão localizadas nas baixas latitudes, entre os trópicos de câncer e capricórnio. Quanto a análise do espaço urbano, a cidade interfere diretamente na escala local, modificando a temperatura do ar, umidade relativa do ar e a ventilação, produzindo efeitos indesejáveis que impactam diretamente na funcionalidade das cidades e na qualidade de vida de seus habitantes. Como exemplo é cada vez mais frequentes e com maior intensidade problemas como enchentes, inundações, deslizamentos, e problemas de saúde (problemas alérgicos e respiratórios). A forma de apropriação do solo, com aumento das densidades populacionais e das verticalizações, a substituição das superfícies naturais por artificiais, provocando uma maior impermeabilização do solo, conjuntamente com a redução das áreas com cobertura vegetal em função da expansão territorial planejada (formal) e invasões, tem contribuído para mudanças no clima local, causando anomalias como as ilhas de calor. O estudo do clima urbano trata diretamente essas relações, entre as variáveis ambientais e o espaço urbano. 41 2.4.1 As variáveis de Conforto Térmico As variáveis do conforto térmico são divididas em variáveis ambientais e variáveis pessoais. A primeira é medida com instrumentos de meteorologia, correspondendo a temperatura do ar, umidade relativa do ar, velocidade do ar e temperatura radiante média. As variáveis pessoais são de dois tipos: variáveis individuais e subjetivas. As variáveis individuais são altura, gênero, peso, atividade metabólica e vestimenta e as variáveis subjetivas, que podem parcialmente ou integralmente ser acrescentadas à variáveis individuais, em função do interesse da pesquisa, entendidas como as percepção ou preferências térmicas, sendo influenciada por hábitos alimentares, estado emocional e de saúde (ISO 7726/ 1998). Para Ayoade (2001) a temperatura fisiológica varia de pessoa para pessoa e depende da temperatura do ar e da taxa de perda de calor gerada pelo organismo. A temperatura percebida depende das características físicas das pessoas, como o peso, vestuário, atividade realizada, estado de saúde, idade, gênero, estado emocional, grau de aclimatação da pessoa ao clima local. Sendo as variáveis ambientais de conforto térmico: Temperatura do ar (°C): Grandeza física resultante do balanço energético entre a atmosfera e a superfície terrestre, variando em função do decorrer do tempo e do lugar, em localidade específica e particular. Os fatores que influenciam a temperatura do ar são: incidência solar, natureza da superfície, localização do ambiente de referência em relação aos corpos hídricos, o relevo, os ventos predominantes e as correntes oceânicas (AYOADE, 2001). Temperatura radiante média (°C) A temperatura radiante media estuda as trocas radiativas entre o ambiente e o homem em que se encontram, ou seja, os efeitos térmicos a que o homem está submetido no ambiente real (heterogêneo) ou ideal (homogêneo) (ISO 7726/ 1998). 42 A temperatura radiante média é importante para o balanço energético humano e análise do conforto térmico, influenciando os índices de conforto térmico, índices termofisiológicos ou biometeorológicos8. Pode ser mensurada pelo termômetro de globo negro (150mm) para ambientes internos, e globo cinza (40mm) para ambientes externos. Sendo a Trm dependente da temperatura do ar, temperatura e emissividade do globo, e velocidade do ar (ISO 7726/1998). O termômetro de globo cinza é indicado quando houve exposição ao sol, em função da sua absorção de radiação térmica de onda curta ser aproximada à das pessoas normalmente vestidas (ASSIS; HIRASHIMA, 2011). Para o cálculo da Trm foi utilizada a Equação 8 da Norma ISO 7726/ 1998, considerando o globo de D= 0,04m e a Emissividade do globo cinza ɛ=0,9. 9 Equação 8: Trm = [(Tg + 273)4 + 2,5 x 108 x V0,6 x (Tg – Tar)]¼ - 273 ɛ x D0,4 Trm = Temperatura radiante média, em °C Tg = Temperatura do globo, em °C Tar= Temperatura do ar, em °C V = Velocidade do ar, em m/s ɛ = Emissividade do globo, adotando-se 0,9 (OKE, 1978) D = Diâmetro do globo (m) Umidade Relativa do ar (%) A umidade do ar representa a quantidade real de vapor d´água contida em um dado volume de ar. A saturação corresponde a quantidade máxima que pode conter de vapor d´água, mantida a temperatura e pressão (LAMBERTS, 1997). Representada em porcentagem pela relação entre pressão parcial de vapor d’água e pressão parcial de saturação do vapor d’água (COELHO, 2007). A umidade influencia 8 9 MAYER, 1993 apud MATZARAKIS, 2002, p.05 No Apêndice A da dissertação de mestrado de Simone Hirashina está a descrição da montagem do Termômetro de globo cinza. 43 as trocas térmicas entre o indivíduo e o ambiente, sendo a troca por evaporação mais facilitada pela baixa umidade, pois o ar rapidamente absorve a umidade da pele ocasionando o seu resfriamento, além da menor temperatura do ar, pois existe uma relação entre umidade, ventos e temperatura do ar (MARTINI, 2013, p.37). Velocidade do ar (m/s) O vento é resultado do movimento do ar na superfície terrestre, pela diferença de pressão do ar. O vento é deslocado sempre da área de maior pressão, onde o ar é mais denso, para as de menor pressão, onde o ar é mais leve. A percepção do vento pelo indivíduo deve-se a sua velocidade e a capacidade de troca de calor com o exterior. 10 O vento é mensurado através do anemômetro, que possui pás que giram em função do vento. Enquanto a biruta é utilizada para identificar a direção do vento. A escala de Beaufort determina a força do vento em escalas de 0 (calmaria) até 12 (furacão). Radiação Global (W/m²): A radiação global é a soma da radiação solar direta e difusa sobre uma superfície horizontal (MARTINAZZO, 2004). Atividade Metabólica(W): A atividade metabólica representa a quantidade de energia produzida pelo movimento humano ou atividade física desenvolvida. Cada atividade física corporal realizada gera energia. De acordo com a ISO 8996 (2004) tem-se as atividades metabólicas e a energia produzida, sendo: - sentado ou calmo (115W); - parado em pé (125W); - trabalho manual leve, escrevendo, caminhada casual, andando a menos de 2,5 m/s (180W); - trabalho médio manual ou caminhado a mais de 2,5 m/s (295W); -trabalho intenso com material pesado, concretando ou caminhada com velocidade entre 5,5 m/s a 7 m/s (415W); - trabalho intenso, subindo rampa ou ladeira, correndo a mais de 7 m/s (520W). 10 MASCARÓ, 2009 apud MARTINI, 2013, p. 37. 44 Vestimenta (clo) As trocas térmicas entre o homem e o ambiente são realizadas através da pele, podendo ser por convecção, radiação ou condução, sendo a vestimenta considerada uma barreira para a realização dessas trocas térmicas. A unidade da vestimenta é o clo, do inglês clothing. Uma unidade de clo corresponde a uma resistência térmica de 0,15 [°C m²/W] de uma vestimenta leve (ISO 9920/ 2007). A TABELA 01- Valores de Clo para roupa, masculina e feminina. CLO 0,05 0,15 0,19 Roupa Masculina Roupa de banho/ piscina, chinelo Bermuda e Chinelo Short, camiseta e chinelo 0,25 Bermuda, camiseta e sapato fechado Camisa manga curta, bermuda e sapato fechado 0,31 0,50 0,69 0,79 0,99 1,4 Camisa manga curta, calça jeans e sapato fechado Camisa manga comprida, calça jeans e sapato fechado Camisa manga comprida, calça jeans e sapato fechado Terno ou blusa de frio mais grossa Roupa de frio, cachecol sobretudo (em frio intenso) e Roupa Feminina Roupa de banho/ piscina, chinelo Biquíni e Canga, chinelo Short ou saia e camiseta, vestido curto e sandália Bermuda ou sai longa e camiseta, ou vestido longo, e sapato fechado Camisa manga curta, bermuda e sapato fechado, ou vestido longo de tecido mais grosso e pesado Camisa manga comprida, calça jeans e sapato fechado Camisa manga comprida, calça jeans e sapato fechado Camisa manga comprida de frio, calça jeans e sapato fechado Roupa de frio (2 camisas de mangas compridas) ou blusas mais grossa Roupa de frio, cachecol e sobretudo (em frio intenso) FONTE: Norma ISO 9920/ 2007. O tipo de tecido, trama ou espessura e dimensões podem facilitar ou não as trocas de calor com o meio, podendo inclusive proteger o indivíduo da desidratação, por manter a umidade proveniente do suor próximo ao corpo a exemplo dos nômades do deserto, que apesar da exposição intensa ao sol, cobrem toda a pele com roupas para evitar a insolação e a desidratação. 45 2.4.2 Índices de Conforto Térmico A partir do século XX, têm-se os primeiro índices de conforto térmico. Em 1923, Houghten e Yaglou estabelece através de estudos empíricos o Índice de ETTemperatura Efetiva. Em 1932, Vernon e Warner o Índice de Nova Temperatura Efetiva. Em 1948, Missenard (1948) cria o RT- Temperatura Resultante e em 1947, McAriel propõe o índice de Taxa de Suor previsto para quatro horas, buscando prever o stresse térmico provocado pelo ambiente no indivíduo. Em 1957, Yaglou desenvolve estudos sobre a temperatura de globo e de bulbo úmido (WBGT), que basearam em 1989 a ISO 7243 e em 1978 a NR 15. No modelo analítico, os primeiros estudos em índices de conforto, são de 1945, com o Índice de Temperatura Resfriada pelo Vento- WCI de Siple e Passel. Em 1960, o Índice Equatorial de Conforto- EC de Webb. Em 1955, Belding e Hatch estabelece o Índice de Estresse Térmico por calor- HSI. Em 1979, têm-se o Humidex de Masterton e Richardson e em 1969 o Índice de Stresse Térmico de Givoni- ITS. Em 1967, Gagge cria o Nova Temperatura Efetiva Padrão- SET, que utiliza o balanço térmico, sendo o cálculo das trocas térmicas através de modelo teórico e os valores dados são em temperatura equivalente de sensação térmica. Em 1981, Jendritzky e Nübler relatam a proposição do Modelo Climático de MichelKMM, originalmente proposto em 1979 por Jendritzky et al. Adota o balanço térmico como referência das trocas entre o ambiente externo e o corpo humano e é adaptado para o ambiente externo, também utilizada as mesmas escalas de valor de Voto Médio Preditivo- PMV e o PPD de Fanger (1970). Em 1992, Domingues desenvolve o critério para níveis de sudação em espaços abertos da Expo de Sevilla. Em 1995, o Fórmula de Conforto- COMFA de Brown e Gillespie adota o balanço térmico, com um nó e escala de valor simplificado. Ainda neste mesmo ano, Aroztegui cria a Temperatura Neutra Exterior- Tne que segue o modelo adaptativo de Humphreys (1975), que objetiva a adaptação do indivíduo ao clima, mas também adaptado para espaços climatizados ou 46 naturalmente ventilados.11 No século XXI destacam-se os estudos para condições específicas. Em 200, o Índice de Sensação Térmica- TS com base nos trabalhos empíricos de Givoni e Noguchi e experimentos da Fujita em um parque japonês na cidade de Yokorama. Em 2002, Bluestein e Osczevski definem a Nova Temperatura Resfriada- NWCT pelo vento a partir de experimentos, que se aplica apenas para temperatura do ar inferior a 10°C e ventos com velocidade superiores a 4,8 km/h. Neste mesmo século, também se desenvolveram modelos analíticos universais como: MENEX (1998) de Blazejczyk, modelo de um só nó, que determina o HL- Índice de Carga Térmica, o Estímulo em função da radiação solar- R, o Esforço Fisiológico- PhS, Suor Aparente- SP e são analisados conjuntamente para avaliar a sensação térmica e fisiológica das pessoas. O Modelo de Munique- MEMI de Hoppe com dois nós, analisa as trocas termofisiológicas através do PET- Temperatura Equivalente Fisiológica, que determina um índice de temperatura equivalente à sensação térmica da pessoa, sem depender de escala predefinida, como muitos outros índices utilizados no século XX. Em 2000, o Modelo OUT-SET da Temperatura Efetiva Padrão Externa de Pickup e De Dear que se baseia nos trabalhos de Gagge (1967), para definição do modelo próprio OUT-MRT. Em 2003, são feitas revisões do Modelo de Michael- KMM de Jenddritzky, que se baseia em Matzarakis (2000), onde a radiação é considerada a partir de um modelo específico, descartando o PMV e cria o PT- Índice de Nova Temperatura Percebida, baseado em Gagge (1986). Este novo modelo é adaptado ao PMV de Fanger (1970), para avaliar ambientes internos condicionados artificialmente, mas que também pode ser utilizado para representar a sensação térmica em ambientes externos. Os trabalhos de Gagge contribuem para as pesquisas de Hoppe (1999), Pickup e De Dear (1999) e Jendritzky (2003) (MONTEIRO; ALUCCI, 2007). 11 DE DEAR et al., 1997 apud Monteiro; Alucci, 2010, p.4. 47 Em 2006, a Ação COST 730, da Sociedade Internacional de Biometeorologia- ISB cria o UTCI- Índice Termoclimático Universal, com recursos da União Européia (2006). Este índice tem dez escalas com base na Temperatura Equivalente e na combinação das variáveis ambientais. Segundo a conclusão das pesquisas realizadas por Monteiro e Alucci (2001) a área de conforto térmico segue duas direções, uma dos modelos analíticos universais termofisiológicos e outra de calibrações específicas que representem a aclimação e adaptação dos indivíduos ao ambiente estudado. Os autores destacam a necessidade de desenvolvimento de modelos transversais, que considerem a adaptação e aclimatação aos processos fisiológicos e térmicos, mas também que contemplem a calibração das preferências térmicas em espaços abertos. 2.4.3 O Índice Physiological Equivalent Temperature – PET (°C) O índice Physiological Equivalent Temperature foi criado por Hoppe e Mayer em 1987. Pode ser aplicado a lugares abertos ou fechados, considerando a atividade metabólica de 80W e a vestimenta com resistência térmica de 0,9 clo, com temperatura interna do corpo e da pele iguais, em condições de avaliação. A temperatura do ar é igual a temperatura radiante média (Tar= Trm), a velocidade do ar é de 0,1 m/s, a pressão de vapor de 12 hPa (hectoPascal), aproximadamente equivalente a uma umidade relativa do ar de 50% e temperatura do ar de 20°C (HOPPE, 1999). Para o seu cálculo, as constantes são a atividade metabólica e a vestimenta e a partir das variáveis ambientais (temperatura do ar, umidade relativa do ar, temperatura radiante média e velocidade do ar), tem-se o efeito real percebido pelo indivíduo.12 12 HOPPE, 1999 apud SOUZA, 2010, p.56. 48 3. AS ÁREAS DE ESTUDO E METODOLOGIA 3.1 A CIDADE DE SALVADOR Salvador é a capital do estado da Bahia, localizada na latitude 12°58’16’’ S e longitude 38°30’39’’W, com forma peninsular, entre o Oceano Atlântico e a Baia de Todos os Santos Sua Região Metropolitana- RMS abrange 10 municípios (Figura 1), com área total de 2.186,61 km², população de 2.675.656 habitantes e densidade bruta de 8.802,21 hab/km² (IBGE, 2010). A cidade apresenta três divisões morfológicas, como a Faixa da Orla da Baía de Todos os Santos- BTS, o Planalto (região do Miolo) e a Faixa Litorânea. A morfologia da cidade interfere criando microclimas específicos, dependendo da topografia, superfície natural e/ou construída, presença de água (rios, lagoas, bacias) e cobertura vegetal. A região do Planalto (Miolo) e a mais alta da cidade, com relevo acidentado (cumeadas, encostas íngremes e vales) e delimitada entre a falha geológica do Iguatemi, com cotas que variam de 60m à 100m de altitude, e com diversas bacias que drenam a região.13 A Faixa Litorânea é voltada para o Oceano Atlântico, correspondendo a uma área de planície com 22 km de extensão e 2,5 km de profundidade. FIGURA 1: Mapa de localização da Bahia e Região Metropolitana de Salvador. FONTE: Adaptado da SEI, 2014. 13 PEIXOTO, 1968 apud GOES 2013, p.29. 49 A Faixa da BTS é limitada por uma falha geológica com cerca de 70m que divide a cidade em Alta (Miolo) e Baixa, criando uma barreira para o vento Sudeste (refrescante) oriundo do Oceano Atlântico (Fachada Litorânea), contribuindo para a ausência de ventos nessa região. Estas áreas são apenas favorecidas pelas brisas marinhas da BTS (direção Noroeste), que não são freqüentes o ano todo. A cidade tem clima tropical quente e úmido, com duas estações verão e inverno. As temperaturas do ar médias anuais são de 25, 2°C, umidade relativa do ar anual de 80,8% e velocidade média do ar de 3,1 m/s. Devido a sua localização geográfica, entre o Oceano Atlântico e a Baía de Todos os Santos a cidade apresenta baixa amplitude térmica, elevada umidade do ar diurna e noturna, sendo as temperaturas mais amenas durante o período da noite (INMET, 1931-1960). Os índices pluviométricos anuais são de 1.750 a 2.000 mm, sendo o máximo de pluviosidade no Outono (mais freqüentemente) ou no Inverno. Os meses de Abril-MaioJunho são os mais chuvosos. Não há estação seca, sendo o mínimo de pluviosidade na primavera ou no verão. De acordo com o anemograma (Figuras 2 e 3), o vento predominante da cidade é Sudeste (SE), com maior constância ao longo do ano e velocidades de até 6 m/s, ocorrendo entre as estações de primavera e verão. O vento Leste (E) também é mais freqüente na primavera e verão, com velocidade de até 7 m/s. O vento Nordeste (NE) apresenta velocidades de até 5 m/s e o vento Sul (S) é mais freqüente entre o outono e inverno, a partir dos meses de abril à julho. No período das chuvas de inverno, a velocidade registrada é de até 5 m/s. Os alísios e as brisas marinhas ameniza as elevadas temperaturas do clima soteropolitano, à medida que a posição e a orientação das casas lhes permitem. Isto quer dizer que as áreas de fundos de boa parte dos vales são quentes14, destacando que o tipo e material utilizado nas edificações, contribuem para agravar ou compensar o calor. 14 PEIXOTO, 1968 apud GOES, 2013, p.28. 50 FIGURA 2: Anemograma de velocidade predominante por direção, para a cidade de Salvador. FONTE: Imagem produzida pelo programa SOLAR, Labeee (2005). FIGURA 3: Anemograma dos ventos, freqüência de ocorrência, para a cidade de Salvador. FONTE: Imagem produzida pelo programa SOL-AR Labeee (2005). A vegetação da cidade é formada por remanescentes de Mata Atlântica, Restinga e Manguezal. Parte dessa vegetação está nas 12 Áreas de Proteção de Recursos NaturaisAPRN, como a do Manguezal do Rio Passa Vaca, Vale do Cascão e Cachoeirinha (Cabula, Narandiba e Saboeiro), Pituaçu, Vales da Mata Escura e do Rio da Prata, Mata dos Oitis, São Marcos, Jaguaribe, Bacias do Cobre, Paraguari e Aratu. Lagoa dos Pássaros e nas regiões de Dunas (Dunas de Armação e da Bolandeira), além das Áreas de Preservação Ambiental- APAs, como a APA da Bacia do Cobre/ São Bartolomeu (Parques de Pirajá, a Represa do Cobre e o Parque de São Bartolomeu) e as APAs do Joanes/ Ipitanga e da Baía de Todos os Santos (PDDU, 2010). Dentre as bacias destaca-se a do Camaragibe (37 km²); do Cobre (17 km²); do Ipitanga (59 km²); do Jaguaribe (58 km²); do Lucaia (18 km²); e do Pituaçu (28 km²) (SMA, 2006, p.12). Devido ao processo de expansão urbana e uso e ocupação do solo irregular, especialmente pela população de baixa renda, contribuiu para a supressão da vegetação das áreas de encostas e fundos de vales. Áreas com função de preservação natural e com função de auxiliar na drenagem e escoamento natural das águas das chuvas, conservando as nascentes e manutenção dos mananciais. Dessa forma, existem problemas de deslizamentos, contaminação dos recursos naturais e alagamentos. 51 3.2 AS ÁREAS DE ESTUDO Em relação a distribuição administrativa, Salvador é dividida em 18 Regiões Administrativas- RAs de acordo com o PDDU (Lei 6.586/2004), uma vez que o município não tem divisão distrital (Figura 4). Sendo o Miolo formado pelas RAs do: Cabula/Pernambués (RA XI), Tancredo Neves/São Gonçalo (RA XII), Pau da Lima (RA XIII) e Cajazeiras (RA XIV). Regiões com morfologia, uso e ocupação do solo semelhante, que anteriormente era formada por espaços verdes, chácaras e fazendas.15 Miolo FIGURA 4: Mapa das Regiões Administrativas- RA da cidade. FONTE: PDDU/2008- Mapa de Unidades Espaciais de Análise/Prancha 02. 15 Vasconcelos, 2002, apud Mendes, 2006, p. 146. 52 Miolo pertence a Macrounidade 02 da cidade segundo o PDDU 2008 sendo ocupado a partir do processo de expansão urbana da cidade, estimulada pelo poder público (Decreto 2.181/68, da Reforma Urbana do Município) (Figura 5). Sendo escolhido para estudo o Campus-I da UNEB, localizado no Cabula (RA XII) e a Praça Nova República, bairro de Tancredo Neves (RA XIII). Em relação ao processo de urbanização da cidade, segundo Serpa (2008) os processos da “reformas urbana” de 1967 valorizaram a região da Orla Atlântica em detrimento do Miolo e da orla suburbana. Dessa forma, o crescimento da cidade favoreceu a descentralização das atividades e os processos informais de criação do espaço urbano, especialmente pela população de baixa renda, conseqüentemente predominou o sistema de autoconstrução sobre o sistema formal e regular, com edificações com baixo padrão construtivo e precariedade arquitetônica e urbanística. No Miolo percebe-se a mistura de conjuntos habitacionais populares com habitações autoconstruídas no mesmo espaço. MIOLO SALVADOR 2,675,656 2,443,107 1,700,000 1,508,860 1,234,249 1,007,277 467.781 75.394 7,5% 1970 136.531 11,05% 1975 282.532 667.604 27,33% 739.653 27,64% 27,5% 18,75% 1980 1983 2000 2010 FIGURA 5: População Residente do Miolo x População de Salvador. FONTE: Autora, com base nos dados do IBGE (2010). Nessas áreas “de urbanização popular da cidade, onde o abandono e a invisibilidade de parques e praças são notórios” (SERPA, 2008, p.178) a população tem que fazer grandes deslocamentos para ter acesso aos espaços de lazer e recreação, enquanto nas áreas mais centrais e valorizadas da cidade existe uma evidente concentração de espaços 53 públicos, a exemplo das RAs do Centro, Barra, Pituba, Boca do Rio e Itapuã. Serpa destaca que existe em Salvador uma correlação direta entre as RAs, renda e oferta de espaços públicos, sendo essa proporção dede 108 para 68, tanto para as praças como para os parques públicos. De acordo com o PDDU/2004, o Cabula representa 3% do território correspondendo a 998,55 ABS (Ha), enquanto Tancredo Neves 5,01%, com 1.551,27 ABS (Ha). Quanto a ocupação do solo, nas áreas de encostas e fundos de vales, tanto o Cabula como Tancredo Neves apresentam grande densidade construída e tecido urbano compacto. Nessas áreas predomina a ocupação não planejada, não favorável a existência de espaços abertos e arborizados, como quintais, jardins, praças ou parques. No cabula ao longo das áreas de cumeadas predomina a ocupação planejada, com a presença de conjuntos habitacionais, edifícios residenciais, comerciais e de serviços, além de loteamentos com casas e sítios. Nesse caso, nota-se a presença de recuos, vegetação de médio e grande porte entre as edificações. Sendo o gabarito heterogêneo, predominando os conjuntos habitacionais com cinco pavimentos, conjuntos habitacionais com 10 pavimentos (Pomar), edificações: residenciais (térreas ou até 4 pavimentos), comercias e de serviços (2 a 3 pavimentos), sítios e chácaras (Beco do Coruja). No bairro, também existe o 19ª Batalhão de Caçadores, área de Reserva da Mata Atlântica e da nascente do rio Cascão. Enquanto em Tancredo Neves, nas áreas de cumeada predomina a ocupação não planejada, com tecido urbano compacto, sem recuos e com reduzida cobertura vegetal. As edificações ao longo do sistema viário principal são residenciais e comerciais (uso misto), com gabarito entre 4 a 5 pavimentos; enquanto nas vias transversais ou locais predominam edificações residenciais de até cinco pavimentos, geminadas ou semigeminadas e muitas vezes sem recuo frontal. Quanto a escolaridade no Cabula os chefes de domicílio possui mais anos de estudo do que em Tancredo Neves, sendo respectivamente de 11 a 14 anos e 4 a 7 anos, conforme a tabela 02. 54 TABELA 02- Anos de Estudo do chefe de Domicílio (Habitantes) 2000. Proporção e 1a3 4 a 7 8 a 10 11 a 14 menos 1 Tancredo Neves/Beiru 1.311 2.280 3.933 2.010 2.176 Cabula 188 515 944 789 3.234 Cabula VI 51 113 336 253 1.244 FONTE: Adaptado do IBGE 2010 pela autora, 2014. 15 ou + 183 855 194 Em relação a cor ou raça o Miolo representa uma população total de 395.089 habitantes pardos, 224.668 habitantes negros e 106.417 brancos. Enquanto a área central da cidade possui a maior população parda, preta e branca da cidade, sendo respectivamente de: 597.807, 335.662 e 308.728 habitantes. Porém em relação ao Miolo, Tancredo Neves possui a segunda maior população preta da cidade com 71.938 habitantes, inferior apenas a população da RA XVII Subúrbio Ferroviário que possui 86.306. Enquanto o Cabula apresenta a quarta população preta com 41.543 habitantes, conforme a tabela 08. TABELA 03- População Residente por Cor ou Raça (Habitantes) e Anos de Estudo do Chefe de Família/ IBGE (2010 e 2000). RA Amarela Branca Indígena Parda Preta RA XI Cabula 2.101 26.676 447 81.053 41.543 RA XII Tancredo Neves 3.343 27.045 597 118.336 71.936 RA XVII Subúrbio Ferroviário 4.597 32.148 728 154.388 86306 FONTE: Adaptado do IBGE 2010 pela autora. 3.2.1 O bairro de Tancredo Neves/Beirú O nome do bairro Tancredo Neves/Beirú é de origem iorubá que se refere ao nome do escravo africano Gbeiru nascido na Nigéria em Oió, que foi comprado por um membro da família Garcia D´Ávila para a Fazenda Campo Seco (1820). Ele ganha parte da fazenda e cria o quilombo. Em 1910, as terras do quilombo são vendidas a Miguel Arcanjo, que cria um terreiro de candomblé onde seria a sede da fazenda (Fazenda Beiru) e “em 1912 nasce a Nação de Amburaxó, que em seus princípios mantiveram toda uma arkhé permeada pelas tradições africanas” (CORREIA, 2010, p.12). A localidade recebe o nome de Gbeiru em 55 homenagem ao ex-escravo. Segundo o Escritório de Campo da SUDESB/SETRABESSuperintendência dos Desportos do Estado da Bahia/ Secretaria do Trabalho e Bem Estar Social, o bairro Beirú surge na segunda metade do século XIX, quando ali existia um terreiro de candomblé. Com a morte do pai de santo as terras são vendidas ao senhor Francisco Oliveira. Estas terras são novamente vendidas por seus cinco filhos após a sua morte. Parte da área da fazenda é desmembrada formando o bairro de Arenoso e o Terreiro Miguel Arcanjo perde sua identidade com a retirada das árvores sagradas dos cultos Amburaxó para construção do posto médico do bairro (CORREIA, 2010, p.12). Posteriormente, na década de 50, a área foi gradativamente sendo ocupada por conjuntos habitacionais da URBIS (COHAB) e invasões, especialmente nas áreas de vales e encostas. Na segunda metade do Século XX percebe-se um aumento da densidade do bairro, segundo o IBGE, entre 1970 e 1980, com o crescimento populacional de 823,1%, sendo respectivamente: 2.600 habitantes e 497 domicílios para 24.000 habitantes e 4.970 domicílios, com uma taxa anual de crescimento populacional de aproximadamente de 25% a.a. Dentre os diversos fatores que contribuíram para a ocupação do Beirú destaca-se a grande oferta de terras baratas para a época, atraindo pessoas de baixa renda, que até então viviam de aluguel em outras áreas da cidade ou que estavam migrando para a capital do Estado, e não tinham onde morar. O bairro tornava-se um atrativo para o acesso a terra, possibilitando o sonho da casa própria. Quanto a distribuição populacional do bairro, 46,3% é oriunda da região do Recôncavo, 11,3% de Feira de Santana, 8,7% de outros estados e 16,2% de outros bairros de Salvador. Sendo que 67,7% desses migrantes já residiam na cidade há pelo menos 10 anos, e viviam de aluguel. Esta população possuía baixo grau de instrução, não conseguindo ser absorvida pelo mercado de trabalho, vivendo do mercado informal (biscates). De acordo com a SETRABES (1983) a renda média é de 2 a 3SM (Salário Mínimo). Em 12 de março de 1976, o Decreto Estadual n°25.144 do Governo do Estado, desapropria a área de 5.500.000m² (contida em Narandiba) para a construção de equipamentos públicos, como o Centro de Recuperação de Menores, que só se concretiza em 20 de novembro de 1979. Estas ações desestimulam ações do mercado imobiliário, contribuindo para a ocupação dos terrenos públicos pelas invasões, 56 especialmente das áreas de encosta, fundos de vales e brejos. Surgem as invasões, como a Santa Bárbara, conhecida também como o Sítio Harmonia, que posteriormente se consolida. Uma pesquisa realizada pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), em 1983, identificou que 11,25% dos entrevistados declararam ter ido para o bairro pela possibilidade de invasão com o objetivo de construir suas casas. Em 02/06/2005, através de plebiscito, modificou-se o nome do bairro, em homenagem ao falecido ex-presidente da República Tancredo Neves, que passa a nomear o bairro. Quanto à densidade bruta de 2000 para 2010, o bairro passou de 29.571,13 hab/km² para 31.469,30 hab/km², sendo a população residente de 47.375 para 50.416 habitantes. 41,15%s das famílias são chefiadas por mulheres, com faixa de renda de 1 a 2 SM. Quanto a escolaridade, para o tempo de estudo entre 4 a 7 anos, 30,09% são mulheres e 34,56% homens. O Bairro faz limite físico com os bairros de Engomadeira, Narandiba, Sussuarana e Cabula VI (Figura 6), sendo a topografia do bairro com cotas mais altas, entre 60m e 70m, e também mais baixas, entre 10m e 20m, com desníveis de até 60m de altura. O sistema viário acompanha a topografia com as vias principais ao longo das cumeadas (Rua Direita de Tancredo Neves que se bifurca entre a Rua Pernambuco e a Rua Bahia; e parte da Rua Manoel Rufino) e as vias secundárias geralmente perpendiculares a esta. A densidade é elevada e a população predominante é de baixa renda (IBGE 2010). Os espaços de lazer e esportes do bairro são apenas a Praça Nova República (pública), Praça do conjunto habitacional Arvoredo (semi pública) e três campos de terra para a prática do futebol (públicos). Quanto a cobertura vegetal, a arborização é reduzida, concentrada em alguns pontos, em função do acelerado processo de ocupação do solo, sem planejamento urbano. 57 Legenda: Limite do bairro do Beirú/ Tancredo Neves Praça Nova República (área de estudo) FIGURA 6: Imagem do bairro Tancredo Neves/Beirú. FONTE: SANTOS, et.al.Caminho das Águas, 2010. 3.2.2 A Praça Nova República- PNR A Praça Nova República- PNR possui área total de 2.595,25 m² e está localizada na Rua Pernambuco, próxima ao CS- Centro de Saúde, o Conselho de Moradores do Bairro a 58 11ª Delegacia de Polícia (Rua Betel), possuindo dois acessos, ambos com pouca visualização devido à localização do espaço (Figura 7). A Praça foi projetada pela Arquiteta Virgínia Helena da Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia- CONDER a partir do Projeto Praças da Juventude do Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania- PRONASCI, do Ministério da Justiça e a CONDER, visando a melhoria da segurança pública, visto que, o bairro apresentava elevados índices de criminalidade e poucas opções de lazer e esportes para os jovens. 11ª Delegacia Acesso secundário pelo estacionamento/Rua Betel Centro de Saúde (CS) Delimitação da Praça Nova República Acesso principal Pela Rua Pernambuco FIGURA 7: Delimitação da Praça Nova República e entorno. FONTE: CONDER, 2010. Em 2009 a Associação de Moradores do Bairro, representantes das escolas estaduais do bairro, Secretaria de Segurança Pública solicitaram a CONDER um projeto de reforma para o espaço com recursos do PRONASCI. O projeto elaborado foi executado em 59 2010 com a uma pista de skate, uma quadra poliesportiva, dois parques infantis e espaços de convivência, como o deck de mesas e bancos. FIGURA 8: Croqui dos estudos para o projeto da Praça Nova República. FONTE: Acervo da Arquiteta Virgínia Helena, 2010. A maior parte da pavimentação da praça é em concreto, sendo o caminho com 500,35m², quadra poliesportiva com 465,70m², pista de skate com 481,25m² e deck de mesas com 50,75m². Os dois parques infantis possuem piso em areia, sendo o Parque Infantil I com 190,10m² e o Parque Infantil II com 137,75 m². Os jardins com 455,25m² são gramados e o canteiro entre o Centro de Saúde e a Rua Pernambuco, que é com piso de terra, com 8 Ficus (Figura 8). A cobertura vegetal da praça é composta por uma Amendoeira na área central dos bancos curvos localizados entre o parque infantil II e a quadra de esportes; uma árvore na pista de skate; dois coqueiros e três árvores de menor porte ao longo dos jardins que faz divisa com o CS e três árvores no jardim do parque infantil II localizado próxima a 11ª Delegacia. A maior parte da cobertura vegetal (8 Fícus) está localizada no canteiro do CS e da PNR, próximo ao parque infantil I e a Rua Pernambuco. Apesar de a vegetação original ter sido mantida no projeto arquitetônico, não houve plantio de novas árvores na praça. 60 Em função da reforma do Centro de Saúde, em novembro de 2014 a prefeitura podou as árvores do canteiro frontal ao CS e transferiu o atendimento médico para a Associação de Moradores do bairro. Dessa forma, os comerciantes colocaram lonas e plásticos como forma de proteção da radiação solar e da chuva (Figura 9). Acesso PNR CS CS CS Novembro 10:30h Outubro 14:00h FIGURA 9: Fotos da vegetação do canteiro do Centro de Saúde e da PNR antes e depois da poda das árvores. FONTE: Autora, 2013. O tecido urbano do entorno da Praça é compacto e denso, com poucos espaços abertos, predomínio de edificações geminadas ou semigeminadas, com gabarito entre quatro a cinco pavimentos (Figura 8), implantadas em lotes estreitos, sem presença de recuos laterais. Predomina o uso residencial e comercial, com gabarito máximo de até cinco pavimentos na Rua Pernambuco (rua principal). Na Rua Betel (rua local) predominante o uso residencial, também com até 5 pavimentos, com exceção do Templo das Testemunhas de Jeová, 11ª Delegacia de Tancredo Neves e um depósito de materiais de construção (esquina com a Rua Pernambuco). Nas outras laterais da praça não há ruas, sendo os limites posterior à Delegacia e lateral o muro das casas, com gabarito de até 4 pavimentos. 61 FIGURA 10: Uso do Solo do entorno da Praça Nova República. FONTE: Autora, 2014. 3.2.3 O bairro do Cabula O nome do bairro é originário do termo africano quicongo Kabula, que está vinculado a um ritmo religioso muito dançado, tocado e cantado, segundo o etnólogo Valdeloir Rego (SANTOS et al. 1998), mas existe outra versão. Segundo Fernandes (2003), o bairro: “tienen su origen em el idionma Bantú, hablado em uma región que se extirnde entre los países Congo- Angola. De acordo com Y. Castro el término significa mistério, culto (religioso), secreto, escondido y, probabelmente há sido atribuído al sitio, para destacar la existencia de vários quilombos los cuales a su vez, 62 promocionaron el Candomblé, tan famoso em el Cabula.” (FERNANDES, 2003, p.165) O bairro pertence a RAII que tem limites físicos com os bairros de Engomadeira, Tancredo Neves/ Beirú, Narandiba, Saboeiro, Resgate, Pernambués, Pau Miúdo, Retiro e São Gonçalo (Figura 11). Quanto a topografia, o bairro está localizado nas cotas mais elevadas do Miolo, entre 60m à 100m nas áreas de cumeada e cotas de 20 m, nas áreas de vale. Esta região é limitada a norte por Ipitanga (RA X-b), a oeste pela BR324 e a leste pela Avenida Luiza Vianna Filho (Paralela), via que se conecta a Avenida Antônio Carlos Magalhães e a Avenida Tancredo Neves (atual centro financeiro da cidade) e a importantes centros comerciais, como o Shopping Iguatemi e Salvador Shopping. Quanto à densidade territorial, o Cabula tem 134 hab/Ha e Tancredo Neves 120 hab/Ha, sendo considerados dentro da “faixa de 50 a 150 hab/Ha por região, com base na população estimada para 1998” (FERREIRA, 2009, p. 73). Segundo o IBGE, de 2000 à 2010 a densidade bruta do bairro passou de 5.655,46 para 6.941,08 hab/km², crescimento semelhante ao bairro de Tancredo Neves, que passou de 29.571,13 para 31.469,30 hab/km². Enquanto a população residente foi de 19.448 para 23.869 habitantes. O perfil social é de 42,90% dos domicílios do bairro chefiados por mulheres, com renda entre 2 à 3 SM. Quanto a escolaridade 15,67% das mulheres tem entre 4 a 7 anos e os homens são 13,84% (IBGE 2010). A ocupação territorial das terras que compreendem atualmente o bairro Cabula data do século XVI, pertencendo ao Conde Castanheira, Antônio Ataíde, através de doação. Posteriormente estas terras foram arrendadas pelo senhor Natal Cascão, que construiu a Capela Nossa Senhora do Resgate, atualmente Igreja de Assunção, que contribuiu para o surgimento de um pequeno povoado no entorno que originaria o bairro futuramente. A região, até as primeiras décadas do século XX, apresentava uma ocupação rarefeita e uma extensiva cobertura vegetal, devido a grande quantidade de chácaras e fazendas de laranjas, que entram em decadência em 1940 devido a uma praga, contribuindo 63 posteriormente para a venda das fazendas e a sua divisão em lotes menores (SANTOS el al. 2010, p. 210). A ocupação territorial do Cabula ocorre a partir da década de 50 e 60 (século XX), com a construção de conjuntos habitacionais e a abertura da Avenida Silveira Martins (19651966), principal via do bairro, estimulada pelo processo de expansão periférica da cidade, construção de infraestrutura urbana, como o Hospital Roberto Santos (1979), UNEB (1983), Colégio Polivalente do Cabula, Colégio Estadual Roberto Santos, Escola Estadual Visconde de Itaparica, Supermercado Hiper Bompreço, do antigo grupo Paes Mendonça e bancos. O bairro possui também a Fonte Santo Antônio do Cabula, utilizada para consumo dos moradores do bairro. A Habitação e Urbanização do Estado da Bahia S/A-URBIS e o Instituto de Orientação às Cooperativas Habitacionais- INOCOOP foram responsáveis pela construção dos conjuntos habitacionais do bairro do Cabula, sendo o Doron, construído pela URBIS, um dos maiores, com 1.288 unidades. Entre 1973 e 1983, são construídos em etapas os conjuntos Cabula I a X. No período entre 1976 e 2000, mais 34 conjuntos habitacionais/ condomínios são construídos, correspondendo a 9935 unidades residenciais, voltados para a classe média e baixa (3 e 5 SM para os conjuntos da URBIS e de 5 a 10 SM para os da INOCOOP) (FERNANDES, 2009, p. 14) e a partir da década de 80 intensificamse as invasões nos terrenos vazios próximos aos conjuntos habitacionais, áreas já consolidadas. Após o ano 2000, percebe-se uma modificação no padrão construtivo, com o crescimento do mercado imobiliário da cidade e novas edificações com gabaritos maiores (24 pavimentos), com diversos itens de lazer, para faixas de renda maiores (de 10 a 15SM) segundo a ADEMI/BA. A região do Cabula atualmente apresenta-se consolidada, com ocupação territorial de 90,48%, com 0,78% de área disponível (vazios urbanos) e 2,59% de área não ocupada em relação ao total do município, porém com 31,71% de áreas livres devido a Reserva do 19° Batalhão de Caçadores do Exército, que compõem a APRN da cidade e preserva a nascente do Rio Cascão, fauna e flora do ecossistema originário de Mata Atlântica, contribuindo para a qualidade ambiental do bairro e da cidade. 64 19 BC Legenda Limite do bairro do Cabula Campus I- UNEB (área de estudo) FIGURA 11: Imagem do bairro do Cabula e da área de estudo- UNEB. FONTE: SANTOS, et.al.Caminho das Águas, 2010. 65 3.2.4 A UNEB- Universidade do Estado da Bahia A UNEB foi criada em 1983 e é mantida pelo governo do Estado. A estrutura da instituição está distribuída em 24 campi, 29 departamentos, abrangendo 23 municípios de médio e grande porte, totalizando a oferta de 150 cursos de graduação e pósgraduação, presenciais e a distância. A instituição oferece em 20 campus, vinculado à Pró-reitora de Extensão- PROEX, 290 vagas em 15 oficinas teóricas e práticas, para pessoas com mais de 60 anos. A primeira sede da Universidade Aberta da Terceira Idade- UATI foi criada em 1995 no Campus I- UNEB, com mais de 800 alunos em 50 oficinas, que são divididas em núcleos: teóricos, informação, comunicação, vivências corporais e trabalhos manuais. A Campus I- Salvador, localizado no bairro do Cabula é a sede da instituição, com 4 departamentos. O terreno da Universidade possui 110.814m², sendo 102.818,05m² de área permeável e 7.995,95m² a área ocupada. De acordo com a Lei Federal N° 12.651, 25/05/2012, parte do terreno é área de preservação permanente, em função de preservação da vegetação e nascente de rio. A topografia do terreno apresenta cotas entre 80m a 39 m, sendo seus limites a Avenida Silveira Martins (principal acesso cota 80m), Estrada das Barreiras e Cabula IV (limites laterais) e o bairro Engomadeira (limite posterior cota 39m) (Figura 12). Área de Preservação Permanente Portarias FIGURA 12: Imagem do Campus I-UNEB. FONTE: Googlemaps, 2013. 66 O tecido urbano no entorno da UNEB, no trecho da Avenida Silveira Martins é planejado, não é compacto e possui baixa densidade construída, com presença de espaços abertos arborizados. Predomina o uso residencial, com conjuntos habitacionais de até cinco pavimentos, construídos na década de 60 do século XX, pela Habitação e Urbanização da Bahia S.A.- URBIS, INOCOOP e outras cooperativas de habitação. Os terrenos são alongados, as edificações apresentam recuos e existe arborização de médio e grande porte, com árvores frutíferas como mangueiras e jaqueiras. Nos últimos vinte anos, novos empreendimentos residenciais foram construídos ao longo da Avenida com até 15 pavimentos, nas proximidades do Hospital Roberto Santos, acompanhando a expansão do mercado imobiliário na cidade. No trecho da Estrada das Barreiras e Engomadeira, o tecido urbano é compacto e denso, não planejado, com poucos espaços abertos e arborizados. Os lotes são estreitos, as edificações geminadas ou semigeminadas, geralmente sem recuos, com até 4 pavimentos. FIGURA 13: Uso do Solo do entorno da UNEB. FONTE: Autora, 2014. 67 Em ambos os trechos existe o uso comercial e de serviços, especialmente na interseção viária entre a Avenida Silveira Martins e a Estrada das Barreiras com: farmácias, lojas, mercadinhos e o Supermercados Hiper Bompreço, Centro Comercial Cabula Master, curso de idiomas CCAA, três postos de combustível, escolas de ensino fundamental e médio Vitória Régia, Ômega e Fortunato; a EMBASA, a Escola Baiana de Medicina, o Colégio Estadual Roberto Santos e o Hospital Roberto Santos (Figura 13). No campus da UNEB a vegetação predominante é arbórea de médio e grande porte, especialmente nas proximidades da portaria de pedestre próximo a Reitoria e ao Teatro, e na de veículos e pedestres, próxima a biblioteca. A vegetação é formada por mangueiras, coqueiros, palmeiras, jaqueiras, jambeiros, amendoeiras, flamboyants, sapotizeiros e aroeiras, além dos jardins com grama natural e arbustos. 3.3 METODOLOGIA Este item abrange a metodologia e técnicas do trabalho, que segue uma abordagem qualitativa e quantitativa, através da pesquisa exploratória, com pesquisa de campo, entrevistas, questionários e utilização de instrumentos de medição meteorológica. Neste trabalho foi feita inicialmente a pesquisa bibliográfica e documental, com a consulta aos acervos das bibliotecas da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, da Universidade Federal da Bahia- UFBA, Universidade Salvador- UNIFACS e UNEB, como nos órgão públicos da Prefeitura Municipal de Salvador e CONDER. Além do levantamento de fotos, imagens e mapas, periódicos, revistas e artigos técnicos nas áreas de APO, espaços abertos, praças, conforto térmico e clima urbano. 1- Para o estudo da morfologia dos bairros Tancredo Neves/Beirú e Cabula, foi realizado o levantamento de documentos, mapas, imagens aéreas e projetos existes, para a produção dos novos mapas e a escolha das duas áreas para realização da pesquisa de campo. Sendo analisados a topografia, uso e ocupação do solo, vazios urbanos, sistema viário, vegetação e infraestrutura urbana. 68 Após os estudos e análises qualitativas identificou-se as semelhanças morfológicas do Cabula e Tancredo Neves/Beirú, com a escolha das duas áreas abertas em cotas elevadas e próximas ao sistema viário principal dos bairros. 2- Para a realização da APO adotou-se a abordagem quantitativa e qualitativa, sendo na primeira realizado o levantamento físico e aplicação de questionário, e na segunda a Observação Direta, Comportamental, Traços Físicos e Entrevista Semi-estruturada e não estruturada. A entrevista informal (não estruturada) busca identificar a visão geral dos problemas pesquisado, com conversas com informantes-chaves, antigos moradores do bairro e freqüentadores do espaço. Enquanto a entrevista Semi- estruturada apresenta a relação fixa de perguntas organizadas em seqüência para todos os entrevistados, que permite o tratamento quantitativo dos dados. Sendo realizadas entrevistas-piloto para realização de ajustes e definição do modelo final de coleta de dados. O questionário objetivo, com enfoque qualitativo, foi aplicado com os usuários dos espaços e do entorno, em relação a sua percepção quanto a manutenção, conservação, disponibilidade de uso, conforto e funcionalidade, como também buscou identificar o perfil do usuário (grau de instrução, freqüência e período de uso do espaço, ocupação, atividades desenvolvidas no período de folga, dentre outras). Foi entrevistada a arquiteta do projeto da PNR, lideranças do bairro, funcionários da Associação de Moradores de Tancredo Neves e moradores. Enquanto na UNEB entrevistou-se funcionários da Pró-Reitoria de graduação, estudantes e moradores do Cabula e Engomadeira, bairros que fazem divisa com o Campus. A Observação Direta foi utilizada para a avaliação visual e da imagem do espaço construído e a Observação Comportamental para analisar as relações, interações, atividades exercidas, intensidade e regularidade de comportamentos existentes entre os usuários e o espaço, além de observar as restrições de usos ou usos não planejados (inadequados ou adaptados), dentre outros comportamentos que vieram a existir. Estas observações auxiliaram a produção dos mapas comportamentais e registraram o local onde os acontecimentos ocorreram com maior constância. 69 A Observação dos Traços Físicos buscou identificar vestígios de comportamentos ou atividades, a fim de entender as condições atuais do espaço, suas formas de utilização e se o projeto atende as necessidades a que se propôs inicialmente. Sendo que, durante todas as observações foram feitos: registros fotográficos, anotações, croquis e os mapas comportamentais e de conflitos. Foi realizado o levantamento físico da infraestrutura existente, como bancos, brinquedos, estacionamento, lixeiras, equipamentos esportivos e de lazer, quiosque de serviços, postes de iluminação, sanitários, dentre outros. A partir dos dados observados na pesquisa de campo, nos questionários e entrevistas, foram identificadas as características dos espaços estudados e a percepção dos usuários para a elaboração de proposições de (re)planejamento ou de gestão. 3- Para o ensaio experimental de conforto térmico foi realizada a pesquisa de campo, em duas etapas, sendo: Etapa 1- A pesquisa de campo com medição das variáveis ambientais de temperatura do ar, temperatura de globo, umidade relativa do ar, radiação global, velocidade e direção do vento, com instrumentos meteorológicos localizados em pontos de medição pré-definidos de acordo com as seis campanhas indicadas (Tabela 04), além de calculada a temperatura radiante média. TABELA 04- Tabela das campanhas realizadas. Campanha Período Horário de medição C1 maio (outono) 7:30h às 19:00h C2 C3 C4 C5 C6 junho (inverno) julho (inverno) Agosto (inverno) Setembro (primavera) 7:30h às 19:00h 16 e 17/06/2014 PNR 23 à 25/05/2014 26/06/2014 7:30h às 19:00h 30/07/2014 23/07/2014 7:30h às 19:00h 14/08/2014 7:30h às 18:00h 15 e 17/09/2014 27 e 28/08/2014 19 à 21/09/2014 Outubro (primavera) 7:30h às 19:00h 08 e 15/10/2014 FONTE: Autora, 201 UNEB 13 à 15/05/2014 28 e 29/10/2014 70 Etapa 2- Pesquisa exploratória com aplicação dos questionários 1, 2 e 3 (Anexo I), para levantamento das variáveis comportamentais, percepção e sensação térmica dos usuários. Instrumentos de medição Para as medições de Campo os instrumentos foram disponibilizados pelo Laboratório de Energia do SENAI/ CIMATEC; Laboratório de Conforto da Universidade Federal de Minas Gerais- LABCON e o Laboratório de Mecatrônica da UNIFACS (termômetros de globo). Para a pesquisa de campo foi utilizada a Estação Meteorológica Vantage Pro 2 Wireless, Marca Davis (Figura14), equipada com sensores sem fio alimentados por células solares e console com autonomia de distância de até 300m (Figura 15), que pode utilizar baterias ou alimentação 12 Volts, um HOBO conectado a estação e um termômetro de Globo (Figura 16). Todos os equipamentos foram instalados em dois tripés na altura de 1,50m do piso, conforme a ISO/ DIS7726/1988 (Ergonomics of the thermal environment - Instruments for measuring physical quantities), sendo as medições realizadas consecutivamente na PNR e UNEB. FIGURA 14: Estação Meteorológica FONTE: Autora, 2014 FIGURA 15:Console de armazenagem dos dados. FONTE: Autora, 2014 FIGURA 16-:Termômetro de globo cinza. FONTE: Autora, 2014 Quanto as especificações dos sensores da Estação, têm-se: Temperatura Externa de -40° a 65,5 °C (±0,5%), com resolução de 0,1 °C. Umidade relativa do ar Externa (1% a 100%, ±3%). Anemômetro, com Velocidade (78,2 m/s, ±5%). Direção do vento (1° 10°, 16 indicações segundo Rosa dos Ventos, ±7°). Pressão Barométrica (valor absoluto e gráfico da variação nas últimas 24 horas), 18" a 33,50" Hg 0,01 Hg (±0,03"Hg). Relógio 71 12 ou 24 horas, Alarme data e hora. Opção de programação de intervalo de leitura dos sensores para o registrador: 1, 5, 10, 15, 30, 60 ou 120 minutos. Para medir a radiação e a energia solar, o elemento difusor e o invólucro foi projetado para oferecer uma resposta co-senóide precisa. O Fotodiodo de silício oferece excelente equivalência com o espectro solar. O invólucro bipartido minimiza o aquecimento por radiação, permite o arrefecimento por convecção do sensor e impede o acúmulo de água ou poeira. Inclui cabo de 1,2m. Cód.: NISP0025, marca SPECTRUM, fabricante Davis. As especificações do Hobo U1-012 são conforme a Tabela 05: TABELA 05- Especificações do Hobo U1-012. Faixa de medição Temperatura: -20° a 70°C (-4° a 158°F) Umidade relativa do ar: 5% a 95% Intensidade da luz: 1 a 3000 lumens/ft², com variação máxima de 1500 a 4500 lumens/ft² Canal externo de entrada: 0 a 2.5 DC Volts Precisã0 Temperatura: ±0,35°C de 0° a 50°C (±0,63°F de 32° a 122°F) Umidade relativa do ar: ±2,5% de 10 a 90%, condições acima de 80% de umidade relativa e 60°C pode causar erro Intensidade da luz: criado para medição dos níveis de luz interior relativos, para a resposta comprimento de onda de luz Canal externo de entrada: ±2 mV ±2.5% de leitura absoluta Resolução Temperatura: 0,03°C a 25°C (0,05°F a 77°F) Umidade relativa do ar: 0,03% Deriva (Drift) Temperatura: 0,1°C/ano (0,2°F/ano) Umidade relativa do ar: <1% por ano típico, Hysteresis 1% Tempo de resposta Temperatura: 6 minutos, típico de 90% do fluxo de ar de 1 Umidade relativa do ar: 1 minuto, típico de 90% m/s (2,2 mph) Tempo de precisão ±1 minuto por mês de 25°C (77°F) Bateria 1 ano de duração Memória 64K bytes(43,000 12-bits medições Fonte: ONSET. 2002-2004. 72 Pontos de medição e de observação direta Os pontos de medição P1(PNR- Pátio da 11ª Delegacia de Tancredo Neves) e P2(UNEB- Jardim da Reitoria) têm a distância aproximada de 1.700 metros, com a localização geográfica (Figura 17): - UNEB: latitude 12°57’10” S, longitude 38°27’35” W e altitude 80m (Figura 18). - PNR: latitude 12°56’40” S, longitude 38°26’46” W e altitude 70 m (Figura 19). PNR Engomadeira 1.700m mm Tancredo Neves UNEB CabulaP1(PNR) e P2(UNEB) das duas áreas. P2 dos pontos de Medição FIGURA 17: Distância FONTE: Imagem do Google Maps adaptada pela autora, 2014. FIGURA 18: Localização da estação/UNEB FONTE: Autora, 2014. FIGURA 19: Localização da estação/PNR FONTE: Autora, 2014. 73 Instalação dos equipamentos A estação foi instalada em tripés a 1,10 m de altura (Figura 14), conforme especifica a norma ISO 7726 (1998) e de acordo com MATZARAKIS et al. (1999). Sendo programada para registrar os dados a cada 30 minutos e ficando 15 dias consecutivamente em cada um dos pontos. Com o auxílio do GPS, foi possível manter os pontos P1 e P2, correspondentes a instalação da estação (Figura 20 e 21). Após a instalação dos equipamentos, aguardava-se 30 minutos para estabilização dos dados e início da leitura. P1 PONTO DE MEDIÇÃO P2 PONTO DE MEDIÇÃO FIGURA 20: Ponto de medição P1da PNR, pátio da 11ª Delegacia de Tancredo Neves. FONTE: Imagem do Google Maps adaptada pela autora, 2013. FIGURA 21: Ponto de medição P2 da UNEB: jardim da Reitoria. FONTE: Imagem do Google Maps, adaptada pela autora, 2013. Entorno dos pontos P1 E P2 da Estação Meteorológica O entorno do ponto P1 (Pátio da 11ª Delegacia de Tancredo Neves) é todo murado, com muro de aproximadamente 2,50 m de altura, predomínio de piso intertravado. O espaço possui apenas uma ávore (Jaqueira) e um jardim, onde foi instalada a estação, sendo o seu entorno densamente ocupado (Figura 22 e 23). 74 FIGURA 22: Pátio da 11ª Delegacia e entorno construído. FONTE: Autora, 2014. Figura 23: Rua Betel de acesso ao pátio da Delegacia. FONTE: Autora, 2014. O entorno do ponto P2 (Reitoria da UNEB) é aberto, com predomínio de espaços ajardinados e com cobertura vegetal de médio e grande porte. A estação foi instalada, no jardim forntal a Reitoria, à sombra. Questionários de Conforto Térmico A pesquisa de Conforto Térmico aplicou três questionários, com modelos distintos conforme descrição abaixo e apresentados no Anexo I: Questionário1- com perguntas eliminatórias, para selecionar a amostra supondo que o usuário está aclimatado ao clima da cidade, sofrendo menos interferência dos condicionantes ambientais. Os entrevistados têm que residir em Salvador há pelo menos 1 ano, com faixa etária entre 20 e 59 anos (conforme a faixa etária do IBGE), não ter ingerido bebida alcoólica, comida gordurosa ou apimentada há pelo menos 1 hora antes, não estar enfermo (gripado, resfriado ou gestante) ou na menopausa, estar em ambiente natural por mais de 15 minutos e não ter estado em ambiente condicionado artificialmente a pelo menos 8 horas ou mais por dia, visto que, todas estas condições interferem no metabolismo humano. Questionário 2- Coleta de dados com perguntas referentes a sensação térmica e preferência térmica, conhecimento e distinção das variáveis ambientais, conforme a Norma ISO 10551 (1995), que define 3 escalas de julgamento subjetivo de ambientes em relação as sensações térmicas: escala de percepção, escala de avaliação e a escala de preferência. 75 Questionário 3- Coleta de dados observacionais, sem a participação direta do entrevistado, realizada no momento da entrevista em relação ao entrevistado estar ao sol ou à sombra, sentado, em pé parado ou em movimento, acompanhado, sozinho, com criança, cachorro, peso; tipo de vestimenta, para a quantificação do clo. 4- Para avaliar a satisfação quanto ao conforto térmico dos usuários dos dois espaços abertos selecionados para o estudo foi aplicado o índice Physiological Equivalent Temperature - PET (°C). Inicialmente os dados primários foram inserindo no programa Rayman® v. 1.2 (2000) criado pelo prof. Andreas Matzarakis, utilizado apenas para uso acadêmico. Os dados de entrada são: data (dia/mês/ano), hora local (h), coordenadas geográficas com o referencial Norte para a latitude e Leste para a longitude, Altitude (m), Fuso-horário (UTC+h). Além das variáveis ambientais: Umidade relativa do ar (%), Velocidade do vento (m/s), Temperatura radiante média (°C), Radiação global (W/m²), e variáveis pessoais de cada entrevistado, como Altura (m), Peso (kg), Idade (a), Gênero (M ou F), Atividade metabólica (W) e vestimenta (clo). A tabela de saída de dados do Rayman® traz o índice PET (°C) calculado de acordo com os dados das variáveis pessoais de cada entrevistado e das variáveis ambientais. Os resultados foram classificados conforme as escalas do PET(°C) (Tabela 06), em que cada valor se refere a uma sensação térmica percebida (Matzarakis & Bas, 2000). TABELA 06- Escalas de classificação do PET (°C). PET Grau de estresse fisiológico ≤4°C Estresse por frio extremo 4°C<PET≤ 8°C Estresse por frio forte 8°C<PET≤13°C Estresse por frio moderado 13°C<PET≤18°C Estresse por frio leve 18ºC < PET ≤ 23ºC Sem estresse 23ºC < PET ≤ 29ºC Estresse por calor leve 29ºC < PET ≤ 35ºC Estresse por calor moderado 35ºC < PET ≤ 41ºC Estresse por calor forte > 41ºC Estresse por calor extremo FONTE: Adaptado de Matzarakis e Mayer, 2000. Percepção térmica Muito frio (MF) Frio(F) Frio moderado(FM) Levemente frio(LF) Confortável Levemente quente Calor moderado Quente Muito quente 76 Também foi feito o tratamento estatístico dos resultados com o programa SPSS® quanto a sensação dos usuários dos espaços e entorno em relação ao stresse térmico, a fim de orientar possíveis intervenções projetuais nos bairros do Cabula e Tancredo Neves/Beirú. As técnicas estatísticas utilizadas foram Árvore de decisão e classificação- AD e Boxplot, sendo: Árvore de decisão e classificação- Estruturada por meio de regras de decisão que permite dividir sucessivamente grande quantidade de registros em conjuntos menores. Esta técnica fornece alternativas de classificação e regressão, em que o resultado é uma hierarquia de classificação dos dados do tipo “Se... então...”. A cada divisão, os dados são agrupados de acordo com características comuns até chegar a pontos indivisíveis, que representem as classes. Cada classe da árvore é chamada de nó, que indica um teste e definem um caminho para cada resposta desses testes, possuindo ramos de entrada e duas ou mais ramos de saída. O primeiro nó, que fica localizado na parte superior da estrutura, é intitulado de nó raiz e correspondendo a todo o banco de dados. Esse nó não possui nenhum ramo de entrada, podendo ser zero ou com mais ramos de saída, ou seja, pode ser subdividido em outros sub-nós, denominado de nós filhos. Sendo o último nó da AD denominado de folha ou terminal, quando não há mais subdivisão. A AD e classificação são consideradas de fácil visualização, permitindo a leitura das relações entre as variáveis mais importantes e como elas se relacionam em proporção com as demais. Box-plot- Técnica estatística exploratória bivariada, utilizado para representar dados da distribuição de uma variável quantitativa em função de seus parâmetros. No gráfico no formato de caixa é estruturado em dois eixos, sendo: o vertical referente a variável a ser analisada, e o horizontal que corresponde ao fator de interesse. O diagrama de caixa possui cinco valores ou itens, como: menor valor, primeiro quartil, 77 mediana, terceiro quartil e maior valor. O primeiro quartil (inferior) correspondente a 25% das menores medidas, o terceiro quartil (superior) representa 75% de todas as medidas e a mediana o valor entre os quartis. O box plot permite visualizar o comportamento do conjunto de dados, como: posição, dispersão, comprimentos das caudas, outliers (observações atípicas), assimetria e simetria. Quando a amplitude for muito maior que à distância interquartís e a mediana estiver mais próxima do primeiro quartil do que do terceiro quartil, indica assimetria positiva e grande dispersão das observações, portanto, 3.4 CÁLCULO DA AMOSTRA DOS QUESTIONÁRIOS A definição da amostra com base no sendo demográfico do IBGE (2010), para os bairros de Tancredo Neves/Beirú e Cabula utilizou a equação de Amostragem Sistemática, descrita por Barbetta (1994), conforme a equação: n= N.no/ N+no Sendo: N- o tamanho (número de elementos) da população n- tamanho (número de elementos) da amostra; no- uma primeira aproximação do tamanho da amostra; A população residente do bairro do Cabula é de 121.288 habitantes e de Tancredo Neves/Beirú 170.939 habitantes, por faixa etária entre 15 a mais de 60 anos, totalizando a população dos dois bairros de 292.227 habitantes (Tabela 07). Sendo a aproximação do tamanho da amostra calculada pela Equação 6: TABELA 07- População Residente por Faixa Etária (Habitantes). 15-19 20-59 60 ou + Total RA XI - Cabula 11.888 97.434 11.966 121.288 RA XII - Tancredo Neves 18.866 137.987 14.086 170.939 292.227 Total FONTE: IBGE, 2010. 78 no= 1/0,03²= 1.111 (com 0,03 ou 3% de erro amostral) (Eq.6) Portando, aplicando a Equação 5, tem-se: n= 292.227 x 1.111/ 292.227 + 1.111 n= 1.107 questionários válidos Considerando a população de Salvador de grande porte, um erro amostral de 3% e o nível de confiança de 0,004. Nível de confiança= n/ N Nível de confiança= 1.107/ 292.227= 0,004 3.5 PREPARAÇÃO DO BANCO DE DADOS DE CONFORTO TÉRMICO Foi utilizado o programa SPSS® para inserção dos dados das variáveis pessoais, ambientais e qualitativas, estas codificadas numericamente de acordo com as respostas dos entrevistados. As observações atípicas da planilha foram excluídas para a calibração do PET(°C), segundo Hair et al(1998) para amostras superiores a 80 casos, sendo utilizado o escore com desvio padrão superior ou igual a 3, com objetivo de padronizar a amostra e evitar erros nas análises. 79 4. COLETA DE DADOS E RESULTADOS Este capítulo apresenta os dados da APO e Conforto Térmico dos espaços estudados, na seguinte seqüência: a) Avaliação Pós Ocupação da PNR, b) Avaliação Pós Ocupação da UNEB e c) Avaliação de Conforto Térmico da PNR e UNEB. 4.1 AVALIAÇÃO PÓS-OCUPAÇÃO DA PNR A Avaliação Pós Ocupação da PNR buscou observar as rotinas do espaço, sendo realizado o estudo nos três turnos, com aplicação de 27 questionários e entrevistas revelou que a maioria dos entrevistados são adultos com idade entre 18 a 59 anos (78%), sendo 67% do gênero feminino e 33% masculino. APO foi realizada com os usuários, moradores do e líderes da Associação de Moradores de Tancredo Neves/Beirú. Na pesquisa de campo observaram-se diversos tipos de lazer, como atividades recreativas, repousantes e esportivas. Devido a resistência dos usuários em participar do questionário, utilizou-se entrevistas não estruturada (informal) para levantar as opiniões, com perguntas relacionadas ao histórico do local, freqüência de utilização, hábitos pessoais de lazer, conforto térmico e sugestões de melhoria do espaço. Não foram levantados dados pessoais de renda e escolaridade, conforme orientação dos líderes comunitários, visto que no entorno da praça predomina o comércio informal de frutas, verduras e outros bens usados, voltados às pessoas de baixo e médio poder aquisitivo (1 a 2 SM). Quanto aos adultos, as mulheres que freqüentam o espaço são geralmente donas de casa e os homens sem trabalho formal. Entre os adolescentes, destaca-se que pela manhã são estudantes do 1° e 2°grau das escolas do entorno e estão fardados. Dos 27 entrevistados, 21 moram no bairro e 5 em outras áreas da cidade, como Engomadeira, Sussuarana, Arenoso e Subúrbio Ferroviário. Quando perguntados se conhecem alguma praça no bairro ou no entorno, têm-se que: 7 informaram que no bairro não existem praças; 6 que conhecem a praça do Arvoredo ou do Arenoso como as praças do bairro ou entorno; e 14 conhecem a PNR e freqüentam o espaço, sendo que 3 80 deles associaram a praça a área do canteiro frontal ao CS (comércio informal) e apenas ao parque infantil próximo a Associação de Moradores do bairro. Em relação a atividade ocupacional: 9 estudantes, 12 trabalhadores, 2 aposentados e 4 não informaram. Todos os entrevistados responderam que no seu dia de folga saem, sendo as respostas: 9 vão para praça e casa de parentes; 7 para praça, praia ou shopping; 3 praça, praia ou casa de parentes; 3 praça e casa de parentes; 2 praia, casa de parentes, shopping, cinema e clube; 1 futebol e praça; 1 shopping e outros; e apenas 1 praia, casa de parentes ou shopping. No total, os lugares que mais se repetem nas respostas foram: 74% praça, 59% praia, 56% casa de parentes e 52% shopping. Quanto o motivação de ir a praça, têm-se: 15 entrevistados declararam que vão para conversar e descansar, 2 apenas para conversar, 1 para jogar futebol e conversar, 1 caminhar, 1 conversar, caminhar e levar as crianças para brincar; e 6 entrevistados não responderam a questão. Através da observação direta, percebeu-se que as crianças acompanhadas das mães, após atendimento no CS, brincavam preferencialmente no parque infantil próximo a Associação de Moradores. Nas perguntas referentes a quantidade de brinquedos, espaços de esportes, árvores, bancos e segurança, apenas 7 pessoas responderam, não sendo possível levantar a opinião da maioria dos entrevistados. Em relação ao que gosta, não gosta e o que pode melhorar no espaço, os entrevistados destacaram a importância das árvores (sombreamento), a necessidade de reforma do espaço, como os brinquedos dos dois parques infantis e a quadra de esportes. Dois entrevistados destacaram que não gostam da limpeza da praça e do cheiro de urina, especialmente na área da entrada da praça, próximo a pista de skate. As lideranças do bairro também pontuaram a necessidade de instalação de sanitários químicos, melhoria na iluminação pública, limpeza, reforma da quadra de esportes e dos parques infantis, como a organização do comércio informal de bebidas e comida na área do canteiro da praça e do CS. Quanto a segurança do espaço, todos os entrevistados relataram que não se sentem inseguros nos espaço. Destaca-se que a 11ª Delegacia do bairro de Tancredo Neves faz divisa com a PNR. Quanto a apropriação do espaço pelos usuários e o conforto térmico na praça, observouse os itens insolejamento, ventilação, vegetação e sombreamento, observou-se que: 81 - Insolejamento: O acesso principal da praça tem orientação Leste, com a melhor orientação em relação a radiação solar, enquanto o acesso secundário, orientação Sul é voltado para o Solstício do Verão, com grande exposição à radiação solar um quarto do ano. A fachada Norte, corresponde ao Solstício de Inverno e ao Equinócio, com a orientação mais desfavorável, ou seja, três quartos do ano de exposição solar, considerando-se que o clima de Salvador é quente-úmido, tanto a quadra de esportes, pista de skate e o deck de mesas (espaço sem cobertura) são termicamente desconfortáveis nas horas mais quentes do dia, a partir das 10:00h à 16:00h, apesar das existência de edificações contíguas a praça, com 2 a 3 pavimentos, não há sombreamento suficiente dos espaços. Na fachada Oeste, também com orientação desfavorável o ano todo, estão localizados o parque infantil I e parte da quadra de esportes. - Vegetação e sombreamento: a cobertura vegetal da praça corresponde as áreas ajardinadas (grama) com arbustos e árvores de médio porte, que não são suficientes para sombrear todos os espaços de convivência, sendo retirada uma árvores do projeto original após a inauguração do espaço e mantido parte do seu tronco, comprometendo a acessibilidade desse trecho. O parque infantil II é arborizado e sombreado por seis árvores de maior porte (Ficus), enquanto o parque infantil I não possui cobertura vegetal suficiente para sombreamento todo o espaço. O deck de mesas e a quadra de esportes não possuem vegetação arbórea no entorno e sombreamento. Na pista de skate há uma árvore que sombreia a maior parte do espaço. Na área dos bancos curvos existe uma árvore (Amendoeira) que sombreia a maior parte dos bancos. 82 VENTO NE CANALIZADO RUA PERNAMBUCO VENTO SE CANALIZADO RUA BETEL FIGURA 24: Estudo de insolejamento e de ventilação da PNR. FONTE: Autora, 2014. 82 83 FIGURA 25: Estrutura física e arborização da Praça Nova República. FONTE: Autora, 2014. Quanto a freqüência de utilização dos espaços pelos usuários em relação itens insolejamento, ventilação, vegetação e sombreamento, observou-se uma maior concentração de pessoas nas áreas sombreadas por vegetação, como: pista de skate, parques infantis, bancos curvos e canteiro frontal da praça e CS. As área expostas a radiação solar direta, a partir das 10:00h são pouco utilizadas. 84 a) Maio 16:00h Crianças b) Maio 16:00h Trecho do c) Maio 10:00h a Pista de brincando na área parque vazio skate vazia sombreada do parque d) Setembro 14:00h e) Outubro 11:45h Acesso f)Outubro16:30h Caminho Crianças brincando na área principal vazio vazio sombreada do parque g) Outubro 10:30h Parque h) Outubro 14:00h Ambulante e comerciantes na área vazio pela manhã sombreada do passeio e canteiro do CS e da praça FIGURA 26: Utilização da praça, áreas com sombreamento natural e exposição solar direta. FONTE: Autora, 2014. Entre 10:00h à 16:00h, período do dia com maior incidência solar, observou-se o esvaziamento e redução da freqüência de utilização dos espaços da praça. Apenas alguns jovens ficam na quadra de esportes, em grupos de 3 a 4 adolescente sob a sombra da árvore da pista de skate conversando e eventualmente praticando skatismo (Figura 9g, 9h). A partir das 15:00h, quando as temperaturas do ar são mais amenas, a praça volta a ser utilizada e geralmente, as pessoas ficam nas áreas com sombreamento. Em relação aos idosos, no horário de 7:30 às 9:00h, têm-se grupo de 3 a 4 pessoas (geralmente evangélicos), que também ficam conversando na sombra da Amendoeira na 85 área dos bancos curvos. Foi relatado por eles, a sensação de desconforto devido a pouca ventilação e sombreamento nessa área da praça a maior parte do dia. Os adultos freqüentam a praça, em maior número de pessoas, a partir das 15:00h. Estes também relataram sensação de desconforto em função da reduzida ventilação e sombreamento dos espaços. Geralmente no período diurno as áreas sem sombreamento são evitadas, a exemplo dos bancos, trecho da pista de skate e deck de mesas. Esse último espaço (Figura 22g) não possui cobertura natural ou artificial e é geralmente utilizado por adultos e jovens que ficam conversando, bebendo ou fumando, no período da tarde. Os idosos utilizam pouco esses espaço e quando o fazem é para conversar e/ou jogar dominó. Quanto ao mobiliário da Praça, no geral não é diversificado, sendo formado por bancos em concreto pré-moldado (pintados na cor laranja), bancos curvos em concreto (cor cinza) e postes de iluminação pública. Não existem lixeiras e sanitário público no espaço. De acordo com as entrevistas informais realizadas com os usuários da praça, quanto a insatisfação dos homens têm-se a ausência de sanitários, lixo acumulado e a quadra de esportes, enquanto as mulheres, destacaram os brinquedos quebrados do parques infantis, o lixo acumulado nos jardins, ausência de sanitários, pichações, as barracas de bebidas e comidas no canteiro frontal e passeio do CS. Sendo considerado pelos entrevistados, motivo de desvalorização da praça. A observação de campo identificou a iluminação deficiente, com postes sem lâmpadas e segundo os entrevistados da Associação de Moradores, os próprios moradores furtam ou danificam os equipamentos da praça. 86 Traços Físicos Quanto aos traços físicos da praça, nota-se ausência de manutenção, com equipamentos danificados pelo uso inadequado ou por vandalismo, como relatado pelos usuários do espaço. FIGURA 27: Estrutura física e evidências do grau de conservação dos equipamentos. Bancos conservados, poste de iluminação danificado, lixo acumulado, guarda corpo da pista de skate, brinquedos e grelha de drenagem danificada. FONTE: Autora, 2014. Observou-se também, inexistência de cercamento na área dos parques infantis I e II que impediria o acesso e a contaminação da areia por fezes e urina de animais, que estão 87 constantemente no local. O comércio irregular de roupas, frutas, verduras e bebidas na área do passeio, canteiro do CS e nos bancos da praça, além de pichações em diversas áreas da praça, como: pista de skate, parede do deck de mesas e no muro do Conselho de Moradores do bairro e os postes de iluminação danificados (Figura 28). FIGURA 28: Fotos da presença de animais no parque infantil I e comércio de roupas usadas nos bancos e horti-frutis no canteiro e passeio da praça (outubro 8:00h). FONTE: Autora, 2013. A limpeza do espaço é diária, sendo realizada pela Empresa de Limpeza Urbana de Salvador- LIMPURB, com serviço de varrição e coleta do lixo. Porém foi observado, que o serviço é deficiente, não sendo retirado todo o lixo (garrafas de bebidas, papel e sacos plásticos) dos jardins. Percebeu-se também, que pela manhã, a varrição da quadra e pista de skate para a retirada das folhas é feita pelos próprios usuários do espaço, moradores do bairro. Mapas comportamentais A partir das observações diretas realizadas para os diversos dias da semana em diferentes horários, foram registradas imagens fotográficas e elaborados mapas comportamentais por períodos de freqüência de utilização do espaço pelos usuários. Diariamente, a partir das 7:00h os feirantes e ambulantes instalam suas barracas de frutas, verduras e bens usados no passeio da Rua Pernambuco e bancos do acesso principal da PNR, porém as barracas de bebidas ficam permanentemente instaladas e funcionando no canteiro do CS e da praça, sendo o maior movimento de pessoas durante a noite, especialmente a partir de sexta-feira, no final de semana e feriados. Pela manhã entre 8:00h-9:00h ocorre o predomínio do público infantil, com crianças de 4 a 6 anos (sendo no máximo 4 crianças), no espaço do parque infantil II. As crianças, nem sempre estão acompanhadas dos pais, pois são filhos dos comerciantes e feirantes 88 do local. Quando as mães aguardam atendimento de saúde, que está provisoriamente instalada na Associação de Moradores devido a reforma do CS (iniciada em julho de 2014), as crianças brincam no máximo por 1 hora no parque infantil. A partir de 9:30h e 10:00h o movimento de adolescentes na praça é intensificado, com a presença de estudantes fardados, em grupos de 5 e 6 pessoas, das escolas públicas do entorno, como: Escola Estadual Zumbi dos Palmares e Escola Estadual Professor Edvaldo. Na pista de skate pela manhã o movimento é menor do que pelo período da tarde, e a partir das 10:00h, grupos de 3 a 4 adolescentes ficam conversando no local, sendo que, eventualmente há skatistas com eles. Entre 11:00h-13:00h, a quadra de esporte é utilizada por jovens, com idade de 14 à 18 anos, em grupos de 15 a 20, para a prática do futebol. No início da tarde, entre 12:00h13:00h, têm-se a utilização da praça por crianças (11 anos) e adolescentes entre 15 e 16 anos, na quadra de esporte, para jogar futebol. Quanto aos idosos, geralmente são homens sozinhos, que estão de passagem ou que buscam o espaço para descansar, como as Testemunhas de Jeová, que estão sempre em grupos de até 4 pessoas. Exceto no trecho do acesso principal da praça, homens idosos, que trabalham com carreto ou são moradores do bairro, ficam jogando dominó, próximo aos feirantes, entre 7:30h-9:00h. A seguir são apresentados quatro mapas comportamentais da PNR por turno (matutino, vespertino e noturno), para as faixas horárias de 9:30h-12:00h, 12:00h-15:00h, 15:00h17:00h e 17:00h-18:30h. 89 Manhã 9:30-12:00h FIGURA 29: Mapa de atividades matinais semanais/Manhã das 9:30h-12:00h. FONTE: Autora, 2014. 90 90 Manhã 9:30-12:00h 03/09 11:30h 13/07 9:15h 23/07/14 9:20h FIGURA 30: Fotos das apropriações na PNR/Manhã das 9:30h-12:00h. FONTE: Autora, 2014. 91 Tarde 12:00h-15:00h FIGURA 31: Mapa de atividades matinais semanais/Tarde de 12:00h-15:00h. FONTE: Autora, 2014. 92 Pela tarde, a partir das 16:00h, a pista de skate e a área do caminho é mais utilizada, especialmente por grupos de 3 à 7 jovens praticando o esporte. No caminho de acesso a praça é colocada equipamentos metálicos para criação de acrobacias, gerando conflito com os pedestres e outros usuários do espaço, como as crianças. Os adultos, em pequenos, com duas a 3 pessoas, geralmente homens acompanham o jogo de futebol na quadra de esportes e as mulheres observam os filhos brincando no parque infantil I. O parque infantil II, próximo ao comércio informal é mais utilizado pela manhã, pela tarde eventualmente têm-se de duas a três crianças acompanhadas das mães, entre 15:00h-17:00h. Os idosos a partir das 14:00h e15:00h, em grupo de 6 á 7 idosos jogam dominó e “Jogo de Damas” adaptando o banco do canteiro ou o “gelo baiano” como mesa de apoio. Alguns deles trabalham com carreto ou transporte de frutas. Na área do deck de mesas, pela tarde também é pouco utilizado, porém o muro do CS sombreia o espaço. Eventualmente têm-se grupos pequenos de até quatro adultos conversando, bebendo ou fumando, ou grupo de idosos conversando ou jogando dominó. 93 Tarde 15:00h-17:00h FIGURA 32: Mapa de atividades matinais semanais/Tarde de 15:00h-17:00h. FONTE: Autora, 2014. 94 Tarde 15:00h-17:00h 24/05 15:16h 23/05/2014 16:40h 23/05/2014 16:20h FIGURA 33: Fotos da apropriação dos espaços da PNR, ao longo dos meses pesquisados. FONTE: Neila Branco, 2013. 95 Noite 17:00h-18:30h FIGURA 34: Mapa de atividades matinais semanais/Noite de 17:00h-18:30h. FONTE: Neila Branco, 2014. 96 FIGURA 35: Barracas de bebidas com sofá e geladeira sob o canteiro e barraca de bebidas instalada no acesso principal da Praça. FOTOS: Autora, junho 2014. Durante a noite ocorre um esvaziamento ou redução de usuários do espaço. A iluminação pública é precária favorecendo a sensação de insegurança no espaço. A partir das 18:00h são instaladas novas barracas de bebidas e comida ao longo da Rua Pernambuco e do passeio, apesar da existência de diversas barracas no local e ausência de infra-estrutura de água, esgoto e iluminação, porém nota-se ligações irregulares de energia para funcionamento dos aparelhos de rádio, televisão, geladeira e frezzer. Durante a pesquisa de campo percebeu-se que algumas barracas são permanentes, inclusive com pessoas que passam a maior parte do dia no local. Como exemplo existe um sofá sobre o canteiro, mesas e cadeiras. O movimento dessa área é intensificado a partir das 18:00h, especialmente nos finais de semana e nas datas festivas, sendo considerado pelos entrevistados como o centro de lazer do bairro. Segundo as lideranças da Associação dos Moradores os conflitos, como “confusões, brigas e discussões” existentes na área durante a noite e a madrugada são em função dos consumidores das barracas, que utilizam indevidamente a praça para urinar. Não sendo recomendado a realização da pesquisa a partir das 19:00h, especialmente a partir das sextas-feiras, por motivo de segurança. Levantamento Físico O levantamento do mobiliário urbano existente na PNR quantificou, descreveu e indicou o estado de conservação do mobiliário, de acordo com o Quadro 08. QUADRO 01- Mobiliário Urbano da PNR e estado de conservação. 97 MOBILIÁRIO QUANT. DESCRIÇÃO ESTADO DE CONCERVAÇÃO Bom (conservado) Banco cuvo ao longo 1 Concreto da praça Poste de ilumição 5 Metal pintado na Ruím (danificados pública cor preta enferrujados) Passeio 1 Concreto Trechos danificados PARQUE INFANTIL (próximo a quadra de esportes) Gangorra/ Balanço 2 Metal e madeira Escorregadeira 2 Metal Sobe-desce 5 Metal e madeira Gira-gira 1 Metal e madeira PARQUE INFANTIL (próximo ao acesso principal) Ruím (danificada) Regular (requer reparos) Regular (requer reparos) Regular (requer pintura Gangorra/ Balanço Escorregadeira Sobe-desce Gira-gira e 2 1 5 1 Metal e madeira Metal Metal e madeira Metal e madeira Ruím (danificada) Regular (requer reparos) Regular (requer pintura) Ruím (requer pintura) Alambrado Pavimentação Traves 1 1 2 Metal Concreto Metal Tabela e cesto 2 Metal e fibra 7 Concreto Regular (requer pintura) Regular (requer pintura) Regular (requer pintura e rede) Regular (requer pintura e rede) Bom QUADRA POLIESPORTIVA Bancos em concreto DECK DE MESAS Mesas e bancos 4 mesas e 16 bancos Concreto Regular (requer pintura) 1 Concreto Bom 1 Metal Regular (danificado requer pintura) PISTA DE SKATES Pista e rampas (pisos) Guarda corpo FONTE: Autora, 2014. e 98 FIGURA 36: Planta da infraestrutura e mobiliário da PNR. FONTE: Autora, 201 99 Mapa de Conflitos Quanto aos conflitos identificados pelo estudo, apresenta-se a seguir o Quadro n°01 da UNEB e PNR com o resumo dos conflitos descritos de acordo aos aspectos de localização, ambientais, físico-funcionais e de usos e comportamentais. Dentre os conflitos da PNR, têm-se: a localização da praça, sem visibilidade, fazendo com que não seja identificada como um espaço público de lazer do bairro. Além da obstrução dos acessos por carros, barracas de bebidas e comerciantes no trecho frontal a Rua Pernambuco (conflito físico-funcional). Outros conflitos físico-funcionais da praça são: iluminação pública insuficiente durante a noite, além da presença de lixo na lateral do CS e nos jardins da praça. Quanto aos usuários da praça, o espaço não é atrativos ao público acima de 59 anos (idosos), que se concentram próximo a Associação de Moradores, adaptando o banco da praça para jogar dominó ou “jogo de damas”, enquanto o deck de mesa é subutilizado pela manhã e parte da tarde devido a incidência solar. Quanto aos conflitos de uso e comportamento têm-se adaptações do caminho da praça para a prática do skatismo, como também utilização do caminho como espaço de passagem para bicicletas e motocicletas. Todo o canteiro e o passeio da praça e do CS são ocupados por barracas e ambulantes dificultando a passagem dos pedestres e comprometendo a visibilidade e identificação do acesso principal da praça. Em relação aos conflitos ambientais, a PNR possui reduzida cobertura vegetal, com pouco sombreamento nos horários de maior incidência solar (10:00h à 16:00h), além da necessidade de manutenção dos brinquedos dos parques infantis, guarda corpos da pista de skate e alambrado e tabela da quadra de esportes. A partir das observações de campo e das entrevistas com os usuários foram elaborados mapas de conflitos nos três turnos do dia, não sendo possível realizar a pesquisa de campo a partir das 19:30h na PNR por motivos de segurança. 100 Em relação aos conflitos existentes na UNEB tem-se que não foi identificado conflito de localização e ambiental. O terreno do campus está localizado entre duas grandes vias do Cabula, sendo facilmente visível e identificado pela população do entorno. Possui cobertura vegetal representativa, com sombreamento natural da maior parte dos espaços de convivência. O mobiliário é conservado e mantido periodicamente pela prefeitura da instituição, não apresentando sinais de degradação ou vandalismo. Porém têm-se conflitos de usos e comportamento, como apropriação do grande gramado como espaço de lazer, utilização de toros de madeira para adaptar tabuleiro de jogo de dominó pelos funcionários durante o horário de descanso (12:00h-13:00h) e uso dos espaços das cantinas e lanchonetes para conversar, estudar e almoçar, visto que na instituição não existe refeitório e muitos alunos levam a “marmita” para a faculdade. A quadra de esporte é utilizada para prática de ginástica pelos alunos da UATI e do colégio Fortunato. Outro conflito existente ocorre entre pedestres e veículos, nos períodos do início da manhã e da tarde, em função das atividades de caminhada desenvolvidas no campus na mesma via de carros. Também em função do aumento do número de veículos no campus, têm-se o estacionamento adaptado ao longo das vias de acesso aos prédios de aulas e em parte da área do gramado, onde foi adaptado um espaço para estacionamento de veículos. Em relação aos conflitos físico-funcional têm-se que a iluminação deficiente na área do gramado, caminhos, passeios e escadas que interligam os edifícios de aula aos espaços de convivência. Como também devido a topografia irregular do terreno da UNEB, existem muitas rampas, escadas e caminhos, porém sem sinalização adequada e regularidade da pavimentação. As escadas descobertas não possuem corrimão e apresentam pavimentação irregular, como os caminhos (passeios rampados) com declividades superior a estabelecida pela NBR 9050/ 2004- Acessibilidade a edificações e sem corrimão, comprometendo a acessibilidade das pessoas com mobilidade reduzida ou com baixa acuidade visual, visto que idosos e crianças acompanhados dos pais utilizam os serviços públicos de área de saúde e os cursos da instituição. Elaborou-se o quadro de conflitos identificados das duas áreas, e os mapas de conflitos da PNR, por período horário. 101 QUADRO N°02- Conflitos existentes na PNR e UNEB. Áreas livres UNEB PNR Conflitos de localização - Não observados - Quase escondida, com acesso voltado a vizinhança imediata, - Dimensões reduzidas para a população do entorno Conflitos ambientais - Não observados Conflitos físico-funcionais - Iluminação insuficiente, - Acessibilidade em desconformidade com as normas técnicas (declividade das rampas, ausência de corrimão, sinalização) - Estacionamentos adaptados, - Ausência de mobiliário, - Crianças não contempladas, - Área de esportes depreciada - Pouca vegetação e - Iluminação insuficiente, área sombreada, - Estacionamentos impedem o acesso - Necessidade de ao espaço, manutenção dos - Barracas impedem o acesso a equipamentos entrada principal do espaço, (brinquedos, quadra e - Ausência de equipamentos para pista de skate) idosos, - Comercio x proposta de lazer passivo, - Proposta para lazer (jogos) entre adulta não correspondida pelos usuários da praça, - Problemas de conservação e manutenção do espaço, - Ausência de lixeiras Conflitos de uso ou comportamento - Desvio e adaptações de uso do mobiliário e do espaço para funções não propostas, - Uso do gramado para lazer e descanso, - Adaptação de uso: estacionamento utilizado para atividades não programadas e quadras de esporte usada para ginástica, - Fluxo de carros x pedestres praticando caminhada - Desvio e adaptações de uso do mobiliário e do espaço para funções não propostas, - Competição do espaço entre carros e pessoas, uso impróprio do espaço para comércio de bebidas, alimentos e horti-frutis improvisado, - Apropriação de usuários de motocicletas e bicicletas e não de usuários que buscam lazer 102 Manhã 7:30h-12:00h FIGURA 37: Mapa de conflitos da Praça Nova República/Manhã. FONTE: Neila Branco, 2014. 103 Tarde 12:00h-18:00h FIGURA 38: Mapa de conflitos da Praça Nova República/Tarde. FONTE: Neila Branco, 2014. 104 Noite 18:00h-19:30h FIGURA 39: Mapa de conflitos da Praça Nova República/Noite. FONTE: Neila Branco, 2014 105 4.2 AVALIAÇÃO PÓS-OCUPAÇÃO DA UNEB A Avaliação Pós Ocupação na UNEB observou as áreas de convivência localizadas nas proximidades da Reitoria, lanchonetes, biblioteca, quadras de esportes e do gramado lateral ao teatro. As observações ocorreram nos três turnos durante os dias da semana, visto que no sábado as aulas vão até as 12:00h e no domingo não existe acesso à instituição. No total foram aplicados 25 questionários e entrevistas, sendo a maioria dos entrevistados adultos com idade entre 18 a 59 anos (84%), sendo 60% do gênero feminino e 40% masculino. Apenas foram entrevistados 2 idosos e 2 adolescentes, representando 9,5%. As entrevistas utilizadas com os usuários do espaço foram semi estruturadas, sendo também realizadas entrevistas não estruturadas com pessoas chaves, como funcionários da instituição e professores, com perguntas relacionadas ao histórico do local, freqüência e hábitos de utilização dos espaços abertos do campus, conforto térmico e sugestões de melhorias. A maioria dos entrevistados, 96% não mora no bairro e 4% moram no bairro. Quanto a escolaridades: 60% são estudantes universitários ou possuem ensino superior, 28% com 2° grau e 12% com 1° grau. Em relação a atividade ocupacional: 88% são estudantes, 8% estudam e trabalham e 4% são dona de casa. Quanto as rotinas dos entrevistados, no dia de folga: 72% saem e 28% ficar em casa, porém os entrevistados que preferem ficar em casa, destacaram que quando saem vão para a casa de parentes, shopping, praia, cinema e praça. Dos entrevistados que saem, as respostas mais freqüentes foram: 4 praça, praia e casa de parentes, 3 praia, casa de parentes e cinema; 4 praia, casa de parentes, clube, shopping e cinema. Porém o nome praia foi citado em 72% dos casos, seguido de cinema (67%), shopping (67%), casa de parentes (61%), praça (28%), outros (12%), zoológico (6%) e casa de amigos (6%). Referente a pergunta: Você freqüenta alguma outra praça da cidade? Por quê? as respostas foram: 52% não, 33% sim; 20% não responderam e 6% raramente. As praças citadas foram Ana Lúcia Magalhães e Nossa Senhora da Luz (Pituba), Campo Grande 106 (Centro da cidade). Quanto a não utilização das praças da cidade, as justificativas foram: inexistência de praças na proximidade do local de moradia, sendo a UNEB o local mas próximo, que se assemelharia a uma praça. Também destaca-se a falta de atratividade e infraestrutura desses espaço ou porque é estudantes oriundos do interior e não conhecem as praças do bairro e da cidade. Sobre a opinião dos entrevistados sobre as praças da cidade, as palavras que mais se repetiram foram: quantidade insuficiente de praças, insegurança, sem conservação, manutenção e arborização. Sendo que 4 entrevistados não responderam a pergunta e apenas 2 consideraram que as praças são boas, limpas, seguras e calmas, mas na pergunta anterior responderam que não freqüentam as praças da cidade, pois são oriundos do interior e ainda estão conhecendo a cidade. Quanto a motivação de uso da UNEB como espaço de lazer, as opções mais indicadas foram: 51% estudar, 24% conversar, 11% ler, 5% caminhar, 5% outros e 4% levar as crianças para brincar, visto que existe uma brinquedoteca na instituição. Sendo o campus considerado pela maioria dos entrevistados seguro (76%) e apenas 24% inseguro. A pergunta em relação a quantidade de brinquedos foi desconsiderada pelos usuários do espaços, sendo considerada as perguntas em relação a quantidade de espaços de esportes, arborização e bancos. Em relação aos espaços de esportes têm-se: 52% pouco, 32% bom, 8% insuficiente, 4% muito e 4% não informou. Quanto a quantidade de árvores, têm-se: 76% consideram boa, 16% pouca e 8% muita. Em relação a quantidade de banco, os usuários responderam: 68% pouca, 20% boa, 8% insuficiente e 4% muita. A opinião em relação ao que gosta, não gosta e o que poderia ser melhorado nas praças da cidade, obteve como pontos positivos: tranqüilidade, ambiente agradável, arborizadas, equipadas. Os pontos negativos foram: iluminação deficiente, insegurança, infraestrutura precária, desconfortáveis, sujas. 107 Quanto a apropriação do espaço pelos usuários e o conforto térmico na praça, através da observação direta, em relação aos itens de insolejamento, ventilação, vegetação e sombreamento, tem-se: - Insolejamento: Os dois acessos da UNEB possuem orientação Sudoeste (poente). O entorno da portaria de pedestres possui cobertura vegetal com sombreamento natural, enquanto a portaria de veículos fica exposta diretamente ao sol. Os espaços de convivência, como a praça da Reitoria, praça da Biblioteca apesar de orientação poente também possuem cobertura vegetal, sendo que na praça da Biblioteca existe um grande toldo que impede a incidência solar direta. O caminho de acesso ao espaço do gramado possui orientação Norte-Sul e o gramado orientação Leste, porém a maior parte dessa área é sombreada por árvores de médio e grande porte. VENTO NE VENTO SE FIGURA 40: Estudo de insolejamento e ventilação na UNEB. FONTE: UNEB, 2013 e acervo pessoal (2013). 108 - Ventilação: Em relação a ventilação natural, o campus apresenta baixa densidade construída com condições favoráveis a captação dos ventos Sudeste e Nordeste da cidade. A praça da Reitoria e da Biblioteca, implantadas na parte mais alta do terreno, com entorno arborizado a ajardinado permite a penetração do ventos. Enquanto o espaço do gramado acompanha a declividade do terreno, com cobertura vegetal e sem obstruções a ventilação natural, criando um ambiente agradável, através do sombreamento natural e da ventilação freqüente. - Vegetação: a cobertura natural (árvores, arbustos e grama) predomina em relação a área ocupada por edificações. Nota-se a presença de grandes áreas ajardinadas e arborizadas (Figura 34). As áreas do estacionamento e de acesso as edificações (prédios de aulas), na maior parte do campus possui árvores de médio e grande porte, como mangueiras, jaqueiras e jambeiros, promovendo sombreamento natural, criando espaços agradáveis e atrativos as aves e micos. FIGURA 41: Imagens da vegetação existente na UNEB. FONTE: UNEB, 2013 e acervo pessoal (2013). Nas observações de campo identificaram-se alguns espaços de convivência na UNEB (Figura 41), como a “Praça da Reitoria” que é bastante utilizada nos três turnos do dia, com estrutura simples dotada apenas de oito bancos, dois vasos de plantas e um conjunto de lixeiras para coleta seletiva. O outro espaço foi a “Praça da Biblioteca” que sempre está ocupada por grupo de estudantes ou visitantes da instituição. Espaço também com mobiliário simples e adaptado, sendo composto por dois bancos de concreto pré-moldado, 2 bancos de madeira, um tablado e uma mesa. Nesse local os alunos se reúnem quando há eventos (eleição do Diretório Estudantes), “calourada” ou para estudo, feiras de artesanato, livros ou no intervalo das aulas. 109 AAAA FIGURA 42: Espaços de convivência da UNEB. FONTE: Autora, 2014. 110 O espaços das lanchonetes também concentra usuários (estudantes) em horários específicos, como no final da manhã no horário de almoço entre 11:00h-14:00h, sendo que alguns alunos levam seu próprio almoço e fazem a refeição nesse espaço também Segundo alunas do curso de fisioterapia, as marmitas são esquentadas no microondas dos quiosques e os comerciantes já estão habituados com essa prática, apesar de não concordarem, pois deixam de vender os lanches. O mobiliário das lanchonetes é formado por mesas e cadeiras em PVC. Em alguns casos existem toldos ou cobertura edificada (prédio de Humanidades e Ciências da Terra). Os horários de maior movimento são a partir das 11:00h-13:00h (período de almoço), final da tarde e início da noite (17:00h-18:00h), em função da chegada dos alunos do curso noturno. A noite não servem refeições, apenas lanches e caldos (Figura 43). No estacionamento lateral da Reitoria existe a maior lanchonete da instituição, que possui uma cobertura adaptada ao quiosque é oferece almoço a kg. Devido a sua proximidade com o prédio de aulas de saúde e o setor administrativo, esse espaço sempre tem movimento (Figura 43e). No Centro de Pós-Graduação existe uma pequena lanchonete, que não é muito utilizada, devido a localização mais afastada dos outros prédios do campus (Figura 43f). Em relação aos espaços para as práticas esportivas, existem três quadras esportivas, sendo a mais utilizada localizada próxima ao Teatro. Percebe-se grupos de adolescentes jogando voleibol, basquete ou futebol no período da tarde e noite. Duas vezes por semana, entre 7:30h-8:30h, os alunos da UATI, realizam atividade física e pela tarde a partir das 16:00h, os alunos do Colégio Fortunato (escola privada do entorno), duas vezes por semana, utiliza a quadra para aula de educação física. Nas outras duas quadra não houve utilização pelas pessoas durante a pesquisa de campo. Aos sábados pela manhã os moradores do entorno (adolescentes) utilizavam a quadra ao lado do auditório para jogar futebol. 111 a) Maio 13h Lanchonete do curso de saúde b)Lanchonete do curso de saúde no sábado durante a semana. pela manhã. c)Lanchonete do curso de pedagogia no d)Lanchonete do curso de Ciências da Terra sábado pela manhã no sábado pela manhã. e)Lanchonete e restaurante no sábado de f)Lanchonete do prédio de pós-graduação no manhã. sábado pela manha FIGURA 43: Lanchonetes e espaços de convivência da UNEB. FONTE: Autora, 2014. Mapas Comportamentais A partir das observações diretas realizadas em diferentes horários entre os dias da semana, foram elaborados mapas comportamentais e registros fotográficos, para elaboração dos mapas comportamentais por períodos de utilização do espaço pelos usuários. 112 Pela manhã, entre 6:00h-9:00h, os adultos idosos praticam caminhada e corrida nos caminhos de pedestres e nas vias de veículos do campus, depois desse horário apenas a noite, entre 17:00h-20:00h, tem-se novamente a utilização do campus para essa atividade. No sábado como a instituição só funciona até as 12:00h, percebeu-se um menor número de praticantes em relação aos dias da semana. Domingo o campus fica fechado, sendo o acesso restrito apenas aos funcionários da segurança. Os adultos e idosos que praticam atividade física na UNEB, são geralmente mulheres e são do próprio bairro, entorno (Engomadeira, Saboeiro, Narandiba e São Gonçalo) ou da UATI, sendo a faixa etária máxima de 90 anos de idade. Como as atividades são constantes na instituição percebe-se a presença de alunos na “Praça da Reitoria”, na área do gramado e nas atividades esportivas de caminhada. FIGURA 44: Ginástica na quadra de esportes 7:30h (terça e quinta), futebol 16:00h e evento 19:30h. FONTE: Autora, 2014. O espaço da quadra de esportes é adaptado para diversos usos, desde ginástica, eventos (feira de artesanatos e formatura) e festas típicas (Figura 43). 113 Em relação a área do gramado e das lanchonetes, estes funcionam como um grande espaço de lazer, convivência e descanso, sendo observados diversos usos desde: jogar dominó ou Damas, conversar, relaxar, ouvir música, namorar, fazer piquenique, almoçar e estudar. A concentração de pessoas acontece geralmente a partir das 10:00h e é intensa a partir das 11:30 h-14:00h, no período do almoço. Nesse período do dia os estudantes, funcionários e visitantes da instituição, utilizam as áreas sombreadas do gramado, totalizando de 20 a 30 pessoas, reunidas geralmente em grupos de 4 a 5 pessoas, sendo observados usos diversos, desde: almoçar, lanchar, conversar, relaxar, namorar, dormir, ler e estudar, apesar de ter sido presenciado reuniões para comemorar aniversário e piqueniques. A partir das 14:00h-17:00h, o movimento na área do gramado é menor devido o início das aulas do período vespertino e a partir das 17:00h as19:0h é maior com a estudantes do curso noturno ou pessoas que estão de passagem. A UNEB também realiza campanhas de saúde pública, como Outubro Rosa e Doe Sangue (Hemoba). Durante essas campanhas o estacionamento é adaptado e os participantes da campanha eventualmente utilizavam a lanchonetes, o gramado, Praça da Reitoria ou Praça da Biblioteca) (Figura 45). Outubro 2013, Campanha contra o 15/10 Campanha Outubro Rosa câncer de mama. 2014, pela tarde, com140 exames dia (10 dias) FIGURAS 45: Campanhas de saúde públicas na área do estacionamento da UNEB. FONTE: Autora, 2014. A UNEB também realiza Feira de Artesanato (Instituto Mauá), seminários e encontros. Os eventos acontecem geralmente no auditório, quadra de esportes ou na Praça da Biblioteca. Também, anualmente o curso de pedagogia promove atividade lúdica no Dia das Crianças no espaço do gramado e na Praça da Biblioteca. 114 23/09 8:15h Feira de Artesanato na quadra 19:30h Evento na área da Praça da de Esportes Biblioteca 11/10 14:00h Dia das crianças (sábado) 11/10 15:00h Dia das crianças (sábado). atividades no espaço aberto da biblioteca Crianças brincando no gramado FIGURAS 46: Eventos realizados na UNEB. FONTE: Autora, 2014. A seguir são apresentados quatro mapas comportamentais da UNEB, para o período matutino, vespertino e noturno, com as faixas horárias de 7:30-10:00h, 10:00h-13:00h, 13:00h-17:00h e 17:00h-19:00h. Manha 7:030h-10:00h 115 FIGURA 47: Mapa de atividades matinais semanais/Manhã 7:30h-10:00h. FONTE: Autora, 2014 Manha 10:00h-13:00h 116 FIGURA 48: Mapa de atividades matinais semanais/Manhã 10:00h-13:00h. FONTE: Autora, 2014 117 Manha 10:00h-13:00h FIGURA 49: Mapa de atividades matinais semanais/Manhã 10:00h-13:00h. FONTE: Autora, 2014 118 Tarde 13:00h-17:00h FIGURA 50: Mapa de atividades vespertinas semanais/Tarde 13:00h-17:00h. FONTE: Autora, 2014 119 Tarde 13:00h-17:00h FIGURA 51: Mapa de atividades vespertinas semanais/Tarde 13:00h-17:00h. FONTE: Autora, 2014 120 Noite 17:00h-19:00h FIGURA 52: Mapa de atividades noturnas semanais/Noite 17:00h-19:00h. FONTE: Autora, 2014. 121 Mapa de Conflitos Em relação aos conflitos, percebeu-se a presença de muitos carros estacionados nas áreas de circulação de pedestres e ao longo das vias de acesso a alguns prédios de aulas, como a utilização da quadra de esporte para ginástica e o gramado como espaço de lazer, sem iluminação adequada e mobiliária (bancos e mesas). Nos dois acessos da universidade também existe um conflito entre pedestres e veículos devido ao cruzamento dos fluxos e a ausência de passeios, especialmente na portaria de pedestres que fica próxima ao ponto de ônibus e possui um maior movimento de alunos, visitantes e funcionários. 122 Manhã 7:30h-9:00h FIGURA 53: Mapa de conflitos/ Manhã 7:30h-19:00h. FONTE: Autora, 2014. 123 Manhã 9:00h-15:00h FIGURA 54: Mapa de Conflitos/Manhã e Tarde. FONTE: Autora, 2014 124 Noite 17:00h-19:30h FIGURA 55: Mapa de Conflitos/Noite. FONTE: Autora, 2014. 125 Levantamento Físico O levantamento do mobiliário urbano existente na UNEB quantificou, descreveu e como a instituição é mantida pelo governo do estado existe manutenção periódica do mobiliário, com conservação do mesmo, de acordo com o Quadro 03. QUADRO 03- Mobiliário Urbano e outros elementos de composição da UNEB. MOBILIÁRIO QUANTIDADE DESCRIÇÃO PRAÇA DA REITORIA Bancos 8 PVC com textura de madeira Lixeira 4 Identificadas com cor (coleta seletiva) PRAÇA DA UATI Bancos 4 concreto Mesas com bancos 2 mesas 8 bancos concreto Lixeira 6 PVC PRAÇA DA BIBLIOTECA Bancos 4 Concreto (2) e madeira e ferro (2) Mesa 1 Madeira Tablado 1 Madeira ESPAÇO DO GRAMADO E ESPAÇO DE CONVIVÊNCIA Bancos Mesas com bancos 6 2 mesas e 8 bancos Concreto Concreto Lixeira 1 PVC Bancos 4 Toros de madeira CANTINAS E QUIOSQUES Mesas e cadeiras 3 mesas com 4 cadeiras (Cantina de Saúde) 7 mesas com 4 cadeiras (cantina de Pedagogia) 15 mesas com 4 cadeiras (cantina de farmácia) 2 mesas com 4 cadeiras (cantina pósgraduação) PVC FONTE: Autora, 2014. 4.3 ANÁLISE DE CONFORTO TÉRMICO A pesquisa de campo em conforto térmico compreendeu 07 Campanhas, realizadas de maio à outubro de 2014, com aplicação de questionários e medições diárias das variáveis ambientais. Paralelamente, também foram coletadas as variáveis ambientais de Salvador da estação meteorológica de Ondina (INMET). 126 O estudo registrou os dados das estações do ano: outono, inverno e primavera, que apresentam as menores temperaturas do ar, céu nublado ou parcialmente nublado e períodos de chuva. O objetivo foi verificar modificações do clima urbano, em áreas em que predominam a ocupação não planejada e com diferentes padrões de cobertura vegetal. As invalidações dos questionários na UNEB foram devido a exposição dos usuários a mais de 8h/dia ao ar condicionado, visto que as instalações internas da instituição são refrigeradas artificialmente. Outras motivo foi a não residência a mais de 1 ano em Salvador, uma vez que a instituição realizou diversos eventos regionais, nacionais e internacionais recebendo pessoas de várias cidades, estados e países. Os questionários válidos corresponderam aos alunos que estudam meio período e não estagiam em ambiente refrigerado, ao público externo que utiliza os serviços de saúde, aos funcionários da segurança externa e manutenção, aos idosos da Universidade Aberta da Terceira Idade e aos transeuntes da Rua Silveira Martins, que ficam nos pontos de ônibus próximos a UNEB. Nota-se que a movimentação de pedestres na rua está diretamente associada ao funcionamento da instituição, sendo todas as campanhas realizadas nos dias úteis da semana, pois nos finais de semana, feriados ou recesso acadêmico, não há movimento significativo na rua. Na PNR as invalidações foram em função de gripe, febre, resfriado ou menopausa, seguidas de trabalhar ou passar mais de 8h/dia no ar condicionado. Como não existe muito movimento de adultos e idosos na PNR, a maior parte das entrevistas foram realizadas na Rua Pernambuco, no trecho entre o CS e o Supermercado Estrela, que concentra o comércio ambulante, feirantes e dois pontos de ônibus, como na Rua Bahia, via transversal que dá acesso ao fim de linha do bairro. Esse trecho também concentra diversos serviços, como casa lotérica, mercadinho, cabeleireiro, lojas, escritórios; além de ambulantes e feirantes, como também se conecta à Rua Paraíba, onde está localizado o Colégio Estadual Zumbi dos Palmares, Escola Estadual Professor Edvaldo Fernandes dos Palmares. Apenas a Campanha 2 PNR foi suspensa às 9:07h devido à chuva constante, sendo realizado apenas 9 questionários válidos. 127 Nas campanhas realizadas em Tancredo Neves/Beirú foi maior o número de pessoas que se recusaram a participar. Percebeu-se resistência em responder às questões 8 à 11 do Questionário 2, referentes a preferências térmicas com relação aos itens sobre Temperatura, Umidade, Vento e Sol. Algumas vezes, os entrevistados associavam as respostas à condição de que não podem opinar sobre uma questão divina, em que “o clima ou o tempo depende de Deus e não da preferência do entrevistado”. Além de associar as respostas da Questão 11 (“Com relação ao sol, você preferiria que estivesse”) não ao conforto térmico e sim ao atendimento das suas necessidades básicas, visto que muitos são comerciantes informais, e dependem de condições climáticas estáveis para estimular o movimento de possíveis consumidores dos seus produtos. Análise das Campanhas A duração das Campanhas em média foi de dez horas por dia, abrangendo o período de 7:00-19:30h, totalizando 2.162 questionários, sendo 1.689 válidos e 473 inválidos (Tabela 08). TABELA 08- Quantitativo por Faixa etária, Áreas e Gênero de questionários válidos. Áreas Faixa Etária UNEB PNR Total Menos de 19 anos Gênero FEMININO 89 33 122 MASCULINO 49 30 79 Total 138 63 201 20 a 59 anos Gênero FEMININO 508 363 871 MASCULINO 256 133 389 Total 764 496 1260 Mais de 60 anos Gênero FEMININO 110 39 149 MASCULINO Total Total Gênero Total FEMININO MASCULINO 30 140 707 335 49 88 435 212 79 228 1142 547 1042 647 1689 FONTE: Adaptado do SPSS pela autora, 2015. Quanto ao gênero dos entrevistados válidos: 1.142 feminino e 547 masculino. Em relação a faixa etária: 201 casos com Menos de 19 anos (122 Feminino e 79 masculino), 128 1.260 casos com idade entre 20 a 59 anos (871 Feminino e 389 masculino) e 228 casos com Mais de 60 anos (149 feminino e 79 masculino). O entrevistado mais idoso possui 87 anos de idade na UNEB e 82 na PNR. Quanto ao perfil dos entrevistados em todas as campanhas tem-se o predomínio do gênero feminino em relação ao masculino e a faixa etária entre 20 a 59 anos. Em função da falta de energia e de bateria tanto da Estação Meteorológica como do Hobo não foram registradas as variáveis ambientais das campanhas: C1PNR, C3 PNR, C5UNEB e parte da C6UNEB, impossibilitando o cálculo do PET (°C) e as análises estatísticas desses dados. Desta forma, 541 casos foram retirados da análise ficando o banco de dados final com 1.148 casos. Quando não houve o registro da Tglobo (°C) pelo Hobo foi possível o cálculo do PET (°C) através da Radiação Global (W/m²) registrada pela Estação Meteorológica de campo (Tabela 09) TABELA 09- Quantitativo dos questionários por Áreas e Faixa etária. Faixa Etária Menos de 19 anos 20 a 59 anos Áreas UNEB 96 546 PNR 37 294 Total 133 840 FONTE: Adaptado do SPSS pela autora, 2015. Mais de 60 anos 126 49 177 Total 768 380 1148 A análise dos dados foi feita para a população adulta, com faixa etária entre 20 a 59 anos de idade, sendo analisados 840 questionários válidos para excluídos dos casos atípicos representados pelas variáveis: Peso (kg), com seis casos, com valores na C1UNEB de 130kg e 190kg, C2UNEB de 120Kg, C3 de 115kg, C5PNR de 120Kg e C6 PNR de 135kg; Altura (m) com quatro casos, com valores na C2UNEB de 1,35m e 1,36m e C3 UNEB de 1,95m; Vento (m/s) com quatro casos na C1UNEB com 4,9m/s. Para Tar (°C), Uar (%), V (m/s), Rad (w/m²) e Tglobo (°C) não houveram valores com desvio padrão superior ou igual a 3. Desta forma, foram excluído apenas quatorze casos do banco de dados geral, ficando no total 826 casos. 129 TABELA 10- Dados excluídos com escore do desvio padrão superior a 3 correspondentes as idade de 20 a 59 anos. C Áreas C3 C2 C5 C1 C6 C1 C2 C2 C3 C3 C1 C1 C1 C1 UNEB UNEB PNR UNEB PNR UNEB UNEB UNEB UNEB UNEB UNEB UNEB UNEB UNEB N° Hora Inicial Ta (°C) Uar (%) V (m/s) Trm (°C) Tg (°C) Altura (m) Peso (Kg) 844 678 1120 241 1341 12 559 715 871 857 180 183 184 181 15:36 8:53 9:16 11:17 10:45 8:24 12:43 11:47 17:59 16:31 17:08 17:15 17:21 17:09 26,2 25,8 26,4 25,7 29,6 23 27,2 27 24,4 25,3 25,8 25,8 25,8 25,8 78 83 79 94 68 91 75 76 81 78 78 78 78 78 2,2 1,8 0,9 0,9 2,2 2,2 2,7 2,2 0,9 1,8 4,9 4,9 4,9 4,9 49,93 0 29,12 25,70 33,54 23 0 0 23,13 25,85 25,80 25,80 25,80 25,80 28,84 0 26,97 25,70 30,14 23,88 0 0 24,15 25,38 25,80 25,80 25,80 25,80 1,82 1,87 1,76 1,89 1,6 1,75 1,35 1,36 1,36 1,95 1,52 1,58 1,62 1,8 115 120 120 130 135 190 65 41 51 75 63 47 48 76 FONTE: Autora, 2015 Após a exclusão dos casos atípicos têm-se as análises dos dados, sendo organizados: a) análise qualitativa dos Questionários 3, b) análise das condições climáticas nos períodos das campanhas e c) análise de conforto térmico da UNEB e PNR. TABELA 11- Estatística descritiva das variáveis pessoais Peso (kg) e Altura (m) dos casos entre 20 a 59 anos. Peso (kg) Faixa 153 Mínimo 37 Maximo 190 Media 70 Devio Padrão 14 Altura (m) 0,60 1,35 1,95 1,65 0,09 Variância 209 0,01 FONTE: Adaptado do SPSS pela autora, 2015. TABELA 12- Estatística descritiva das variáveis ambientais Tar(°C), Uar(%), V(m/s), Rad (W/m²), Trm (°C) e Tglobo (°C), para a faixa etária entre 20 a 59 anos. Faixa 10,4 39 4,0 44 11,4 Mínimo Maximo Tar (°C) 21,7 32,1 Uar (%) 57 96 V (m/s) 0,0 4,0 Rad (W/m²) 0 44 Tglobo (°C) 21,3 32,7 FONTE: Adaptado do SPSS pela autora, 2015. Media 26,4 80 2,0 5 26,7 Desvio Padrão 2,3 10 1,0 10 2,5 Variância 5,4 100 0,9 93 6,0 130 Observam-se na Tabela 12 que não há variações representativas entre os valores de Temperatura do ar e Temperatura do globo. Analisando a Ta e o PET das duas áreas em relação ao coeficiente de correlação de Pearson (ρ), que mede o grau de correlação entre duas variáveis de escala métrica, assumindo normalmente valores entre -1 e 1, sendo valores de ρ= 0,70 para mais ou para menos, forte correlação; ρ= 0,30 a 0,70 positivo ou negativo, correlação moderada e valores de ρ= 0 a 0,30, correlação fraca, o resultado encontrado foi para a PNR ρ=0,81 indicando uma forte correlação, porém na UNEB ρ=0,21, indicando que não houve correlação entre os dados. Análise das condições climáticas das campanhas A seguir fez-se a análise comparativa dos dados brutos de Tar (°C), Uar (°C) e V(m/s), medidos em campo e na estação de Ondina (INMET). As altitudes são de 80m na UNEB, 70m na PNR e 48m em Ondina. Temperatura do ar (Tar): Comparando-se os dados de temperatura do ar da UNEB, PNR e Ondina (INMET) referentes a Campanha 1, verificou-se que na UNEB no dia 15/05/14 houve uma pequena variação entre os valores. A partir das 13:00h a Tar na UNEB foram inferiores a Ondina (INMET). Na PNR os valores da Tar foram um pouco superiores aos registrados pela estação do INMET. 131 GRÁFICO 01: Série dos valores de Tar (°C) C1CUNEB e Ondina (INMET). C1 14/05/14 Ta(°C) 29 28 27 26 25 24 23 22 21 07h 08h 09h 10h 11h 12h 13h 14h 15h 16h 17h 18h 19h 20h Tar (oC)INMET 23.9 24.5 24.7 25.2 26.3 27.1 27.1 27.5 27.3 27.3 27.2 26.4 25.7 25.5 Tar (oC)UNEB 24.1 25.7 26.3 26.6 27 27.2 27.9 27.8 26.8 26.2 25.8 25.8 25.8 25.7 C1 15/05/14 Ta(°C) 29 28 27 26 25 24 23 22 21 07h 08h 09h 10h 11h 12h 13h 14h 15h 16h 17h 18h 19h 20h Tar (oC)INMET 23.9 24.1 24 24.7 24.3 25 28.2 28.2 27.6 25.8 25.5 25.3 24.8 24.3 Tar (oC)UNEB 24.4 24.3 24.9 25.4 25.7 26.9 27.2 25.3 25.1 25.1 24.8 24.2 24.8 24.7 FONTE: Autora, 2014. GRÁFICO 02A: Série dos valores de Tar (°C) C1PNR e Ondina (INMET). Ta(°C) C1 23/05/14 35.00 30.00 25.00 20.00 15.00 10.00 5.00 0.00 07h 08h 09h 10h 11h 12h 13h 14h 15h 16h 17h 18h 19h 20h Tar (oC)INMET 23.70 23.70 23.70 24.30 26.20 26.20 26.50 27.90 28.20 28.60 29.20 29.00 27.40 25.80 Tar (oC)PNR 24.60 25.70 25.80 27.20 27.40 26.60 26.30 25.90 28.90 29.90 28.90 26.80 26.00 25.70 132 GRÁFICO 02B: Série dos valores de Tar (°C) C1PNR e Ondina (INMET). Ta(°C) C1 24/05/14 35.00 30.00 25.00 20.00 15.00 10.00 5.00 0.00 07h 08h 09h 10h 11h 12h 13h 14h 15h 16h 17h 18h 19h Tar (oC)INMET 24.30 24.00 24.00 24.60 26.70 27.80 26.80 27.30 28.10 28.20 28.20 28.60 28.10 Tar (oC)PNR 24.80 26.50 27.30 28.00 28.40 28.60 29.70 30.40 30.90 31.90 30.50 27.60 26.60 Ta(°C) C1 25/05/14 35.00 30.00 25.00 20.00 15.00 10.00 5.00 0.00 07h 08h 09h 10h 11h 12h 13h 14h 15h 16h 17h 18h 19h 20h Tar (oC)INMET 23.80 23.70 23.70 24.80 26.40 26.80 27.70 29.70 29.30 29.10 28.10 27.20 27.90 25.90 Tar (oC)PNR 24.80 25.40 27.30 28.60 30.10 30.80 31.70 31.70 31.80 32.30 30.40 27.90 26.80 26.50 FONTE: Autora, 2014. Quanto a C2UNEB realizada em junho, os valores da Temperatura do ar no dia 16/06/14 não apresentaram variação representativa em relação aos dados do INMET, enquanto no segundo dia da campanha, em 17/06/14, pela manhã os valores da UNEB foram superiores ao do INMET e a partir das 14:00h, houve uma inversão dos valores da estação meteorológica de campo como INMET. 133 GRÁFICO 03:Série dos valores de Tar (°C) C2UNEB e Ondina (INMET). C2 16/06/14 35 30 Ta(°C) 25 20 15 10 5 0 07h 08h 09h 10h 11h 12h 13h 14h 15h 16h 17h 18h 19h 20h Tar (oC)INMET 24.3 22.5 22.1 22.5 24.9 27.1 27.3 28.8 26.7 28.2 28.1 27.1 26.3 24.8 Tar (oC)UNEB 22.4 23.8 25.1 26.3 27.2 27.4 27.3 27.5 27.8 27.3 25.7 25.3 25.2 25.1 Ta(°C) C2 17/06/14 30 29 28 27 26 25 24 23 22 07h 08h 09h 10h 11h 12h 13h 14h 15h 16h 17h 18h 19h Tar (oC)INMET 24.6 24.6 24.5 25.1 25.7 26.3 26.8 27.4 28.3 28.8 28 27.8 26.5 Tar (oC)UNEB 24.9 25.4 26.3 27.3 26.9 27.4 27.6 27.5 27.3 27 25.8 25.3 25 FONTE: Autora, 2014. Na C3UNEB realizada no mês de julho, os dados da Temperatura do ar registrados em campo foram superiores ao de Ondina (INMET). Enquanto na C4UNEB realizada em agosto pela manhã os valores da Temperatura do ar de campo foram superiores aos registrados ao de Ondina (INMET), invertendo-se os resultados pela tarde, a partir das 12:00h. Na C4PNR realizada no dia 27/08/14 não houve variação representativa dos dados registrados. No dia 28/08/14 os valores da Temperatura do ar na PNR foram superiores aos de Ondina (INMET). 134 GRÁFICO 04: Série dos valores de Tar (°C) C3UNEB e Ondina (INMET). Tar(°C) C3 30/07/14 35 30 25 20 15 10 5 0 07h 08h 09h 10h 11h 12h 13h 14h 15h 16h 17h 18h 19h 20h Tar (oC)INMET 22.8 22.2 22.5 22.6 22.1 25.5 26.1 26.9 27 25.9 24.8 26.2 25.2 23.9 Tar (oC)UNEB 22.8 27.7 28.3 27.6 27.5 28.4 29.5 29.1 29.7 30.1 29.1 25.7 24.7 24.3 FONTE: Autora, 2014. GRÁFICO 05: Série dos valores de Tar (°C) C4UNEB e Ondina (INMET). C4 14/08/14 30 Tar(°C) 25 20 15 10 5 0 07h 08h 09h 10h 11h 12h 13h 14h 15h 16h 17h 18h Tar (oC)INMET 22.5 22.5 22.3 21.9 24 25.6 26.3 26.1 26.7 26.6 23.5 21.7 Tar (oC)UNEB 21.70 22.80 23.80 25.30 25.40 26.30 25.90 23.70 22.20 21.90 21.20 22.40 FONTE: Autora, 2014. GRÁFICO 06A: Série dos valores de Tar (°C) C4PNR e Ondina (INMET). Tar(°C) C4 27/08/14 30 25 20 15 10 5 0 08h 09h 10h 11h 12h 13h 14h 15h 16h 17h Tar (oC)INMET 21.3 21 21.5 22.5 23.5 22.9 23.5 22.7 23.7 23.8 22.9 24.2 23.7 23.4 23.5 23.7 24.4 25.7 25.9 Tar (oC)PNR 23.3 135 GRÁFICO 06B: Série dos valores de Tar (°C) C4PNR e Ondina (INMET). C4 28/08/14 30 25 Tar(°C) 20 15 10 5 0 07h 08h 09h 10h 11h 12h 13h 14h 15h 16h 17h 18h Tar (oC)INMET 21.6 21.6 21.3 22.3 25.8 24.9 23.4 24 Tar (oC)PNR 22.8 25.3 26 24.5 25.4 26.3 26.5 26.5 26.2 26.3 26.8 27.3 28.3 28.3 27 25.3 FONTE: Autora, 2014. Na C5 não se registrou os valores do INMET referentes ao período das entrevistas realizadas na UNEB e PNR, impossibilitando a comparação dos dados. Na C6 UNEB a estação não registrou parte dos dados. Umidade do ar: Comparando-se os valores da Umidade do ar na UNEB, PNR e Ondina (INMET), na C1UNEB, nos dias 13 e 14/05/14 não houve variação representativa, enquanto no dia 15/05/14, a maioria dos valores dos valores na UNEB foram superiores ao da INMET. Enquanto na PNR, no primeiro dia da campanha não houve variação representativa entre os valores e no segundo dia, 25/05/14, os valores registrados pelo INMET foram superiores ao da estação instalada no pátio da Delegacia, próximo a PNR. GRÁFICO 07: Série dos valores de Uar (%) C1UNEB e Ondina (INMET). Ua(%) C1 15/05/14 100 95 90 85 80 75 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 h h h h h h h h h h h h h h Uar (%)INMET 95 95 95 96 96 96 92 83 83 91 92 94 94 95 Uar (%)UNEB Fonte: Autora, 2014. 96 96 96 96 94 89 87 92 94 94 95 96 96 96 136 GRÁFICO 08: Série dos valores de Uar (%) C1PNR e Ondina (INMET). Ua(%) C1 25/05/14 120 100 80 60 40 20 0 07h 08h 09h 10h 11h 12h 13h 14h 15h 16h 17h 18h 19h 20h Tar (oC)INMET 95 96 96 96 94 86 81 76 76 76 79 82 78 86 Uar (oC)PNR 91 85 82 76 72 70 71 70 68 71 79 84 86 95 Ua(%) C1 24/05/14 120 100 80 60 40 20 0 07h 08h 09h 10h 11h 12h 13h 14h 15h 16h 17h 18h Uar (%)INMET 96 96 96 96 93 85 89 87 83 80 80 80 Uar (%)PNR 92 86 84 85 83 78 74 73 71 74 83 96 FONTE: Autora, 2014. GRÁFICO 09A: Série dos valores de Uar (%) C2UNEB e Ondina (INMET). Uar(%) C2 16/06/14 120 100 80 60 40 20 0 07h 08h 09h 10h 11h 12h 13h 14h 15h 16h 17h 18h 19h 20h Uar (%)INMET 89 91 93 94 88 81 81 74 74 69 69 70 73 77 Uar (%)UNEB 96 96 92 82 79 77 75 72 72 72 76 80 81 82 137 GRÁFICO 09B: Série dos valores de Uar (%) C2UNEB e Ondina (INMET). C2 17/06/14 100 Uar(%) 80 60 40 20 0 07h 08h 09h 10h 11h 12h 13h 14h 15h 16h 17h 18h 19h Uar (%)INMET 80 80 82 79 78 78 76 75 68 70 70 72 72 Uar (%)UNEB 84 80 78 79 74 74 77 74 75 77 79 79 85 FONTE: Autora, 2014. Não houve C2PNR, não sendo realizada a comparação. Na C2UNEB não houve variação representativa entre os valores encontrados. Os valores da Umidade do ar da C3UNEB foram inferiores ao de Ondina (INMET), enquanto na PNR não houve registro de valores o que impossibilitou a comparação. Na C4UNEB, pela manhã na UNEB foram superiores os valores registrados pela estação de Ondina (INMET), enquanto pela tarde, a partir das 13:00h, os valores da Umidade do ar na UNEB foram superiores ao do INMET. Na C4PNR, no dia 27/08/14 não houve variações representativas entre as áreas comparadas e no dia 28/08/14, os valores da Umidade do ar na PNR foram inferiores ao do INMET. GRÁFICO 10: Série dos valores de Uar (%) C3UNEB e Ondina (INMET). C3 30/07/14 100 Uar(%) 80 60 40 20 0 07h 08h 09h 10h 11h 12h 13h 14h 15h 16h 17h 18h 19h 20h Uar (%)INMET 89 88 88 91 90 83 78 72 74 75 83 75 78 80 Uar (%)UNEB FONTE: Autora, 2014. 90 78 72 74 73 70 68 67 66 65 66 75 80 84 138 GRÁFICO 11: Série dos valores de Uar (%) C4UNEB e Ondina (INMET). C4 14/08/14 100 Uar(%) 80 60 40 20 0 07h 08h 09h 10h 11h 12h 13h 14h 15h 16h 17h 18h Uar (%)INMET 90 88 91 93 88 85 77 77 72 76 85 93 Uar (%)UNEB 95 92 85 81 77 80 90 93 94 89 86 95 FONTE: Autora, 2014. GRÁFICO 12: Série dos valores de Uar (%) C4PNR e Ondina (INMET). C4 27/08/14 100 Uar(%) 80 60 40 20 0 08h 09h 10h 11h 12h 13h 14h 15h 16h 17h Uar (%)INMET 91 93 94 95 91 93 92 92 90 87 Uar (%)PNR 91 89 90 91 93 92 91 90 85 79 C4 28/08/14 100 Uar(%) 80 60 40 20 0 07h 08h 09h 10h 11h 12h 13h 14h 15h 16h 17h 18h Uar (%)INMET 93 93 94 94 83 83 90 91 86 82 74 74 Uar (%)PNR 84 80 79 80 81 76 74 72 72 74 80 FONTE: Autora, 2014. 92 139 Velocidade do ar: Com relação à ventilação, na Campanha 1 as velocidades da na UNEB foram superiores às registradas na PNR. Comparando os dados entre a UNEB e o INMET tem-se a maioria dos valores em Ondina superiores ao da UNEB, no dia 13/05/14, enquanto no dia 14/05/14, a velocidade do ar na UNEB foi superior ao do INMET, e no dia 15/05/14, os valores do INMET foram superiores ao da UNEB, execto no horário de 12:00 às 14:00h. GRÁFICO 13A: Série dos valores de V (m/s) C1UNEB e Ondina (INMET). Velocidade ar (m/s C1 14/05/14 6 5 4 3 2 1 0 07h 08h 09h 10h 11h 12h 13h 14h 15h 16h 17h 18h 19h 20h V(m/s)INMET 1.1 1.6 2.2 2.4 3.1 2.8 2.8 3.4 3.2 3.4 3.5 2.7 2.8 3.2 V(m/s)UNEB 0.4 2.7 3.1 3.6 3.6 2.7 3.1 4 3.6 4 4.9 4 3.1 2.2 Velocidade ar (m/s) C1 13/05/14 4 3.5 3 2.5 2 1.5 1 0.5 0 07h 08h 09h 10h 11h 12h 13h 14h 15h 16h 17h 18h 19h V(m/s)INMET 2.5 1.7 2.1 3.5 3.6 2.6 2.5 3.2 3.6 3.5 2 3.2 1.9 V(m/s)UNEB 2.2 3.6 2.7 2.7 2.2 3.6 2.7 3.1 3.1 2.2 2.2 0.9 0 140 GRÁFICO 13B: Série dos valores de V (m/s) C1UNEB e Ondina (INMET). C1 15/05/14 3 Velocidade ar (m/s) 2.5 2 1.5 1 0.5 0 07h 08h 09h 10h 11h 12h 13h 14h 15h 16h 17h 18h 19h 20h V(m/s)INMET 1.1 1.3 1.6 2.1 1.5 0.8 0.9 1.4 1.6 2.4 2.2 0.8 0.9 1.1 V(m/s)UNEB 1.8 0.9 0.9 0.9 0.9 1.3 2.7 1.8 0.9 1.8 2.2 0 0 0 FONTE: Autora, 2014. Na PNR, os valores da velocidade do ar registrado pela estação de Ondina (INMET) foram superiores ao da PNR, provavelmente, devido ao localização da estação, no Pátio da Delegacia. GRÁFICO 14: Série dos valores de V (m/s) C1PNR e Ondina (INMET). C1 23/05/14 2 V (m/s) 1.5 1 0.5 0 07h 08h 09h 10h 11h 12h 13h 14h 15h 16h 17h 18h 19h 20h V (m/s)INMET 0.8 0.6 0.8 0.4 0.8 0.9 1.6 1.9 1.7 1.6 1.2 1.2 1.3 V(m/s)PNR 1 0.40 0.90 0.40 0.90 0.00 0.00 0.00 0.40 0.40 0.40 0.40 0.00 0.40 0 V (m/s) C1 24/05/14 2 1.5 1 0.5 0 07h 08h 09h 10h 11h 12h 13h 14h 15h 16h 17h 18h 19h V (m/s)INMET 0.2 0.3 0.5 0.4 0.6 0.8 1 V(m/s)PNR 0 0 0 0 0 0 0 0.8 1.3 1.6 1.4 0 0 0 0 1 1 0 0 141 C1 25/05/14 V (m/s) 1.5 1 0.5 0 07h 08h 09h 10h 11h 12h 13h 14h 15h 16h 17h 18h 19h 20h V (m/s)INMET 0.3 0.5 0.4 0.8 0.6 1.2 1 V(m/s)PNR 0 0 0 0 0 0 0 1.3 1.4 1.3 1.2 1.4 1.1 1.3 0 0 0 0 0 0 0 FONTE: Autora 2014. Na Campanha 2, no dia 16/06/14, os valores da velocidade do ar na UNEB foram superiores ao do INMET, exceto a partir das 16h, quando inverteu-se os resultados. No dia 17/06/14, predominou os valores da UNEB superiores ao do INMET, exceto a partir das 15:00h. GRÁFICO 15: Série dos valores de V (m/s) C2UNEB e Ondina (INMET). V(m/s) C2 16/06/14 4 3.5 3 2.5 2 1.5 1 0.5 0 07h 08h 09h 10h 11h 12h 13h 14h 15h 16h 17h 18h 19h 20h V (m/s)INMET 1.3 0.6 0.7 0.7 2.1 1.7 1.8 1.6 2.1 2.4 2.3 2.4 V (m/s)UNEB 2 1.8 0.4 1.8 2.2 2.7 2.7 1.8 3.6 2.2 2.7 1.8 1.8 1.8 1.8 0.4 V (m/s) C2 17/06/14 4 3 2 1 0 07h 08h 09h 10h 11h 12h 13h 14h 15h 16h 17h 18h 19h V (m/s)INMET 1.6 1.7 1.7 2.1 1.7 2.1 2.3 1.7 1.7 1.6 1.8 1.4 1.2 V (m/s)UNEB FONTE: Autora, 2014. 1.8 2.2 2.2 2.7 3.6 1.8 2.7 2.7 2.7 2.7 1.8 0.9 0.4 142 Na C3UNEB, os valores da velocidade do ar no INMET foram superiores aos da UNEB. Na Campanha 4, os valores da velocidade do ar no INMET foram superiores ao da UNEB, enquanto na PNR, no dia 27/08/14, pela manhã, predominou a velocidade do ar superior na PNR e a partir das 11:00h, os valores do INMET foram superiores. No dia 28/08/14, até as 14:00h os valores da PNR foram superiores, invertendo-se posteriormente, quando prevaleceram os valores do INMET. GRÁFICO 16: Série dos valores de V (m/s) C4UNEB e Ondina (INMET). C4 14/08/14 3.5 3 V(m/s) 2.5 2 1.5 1 0.5 0 07h 08h 09h 10h 11h 12h 13h 14h 15h 16h 17h 18h V (m/s)INMET 1.6 V(m/s)UNEB 2.2 1.2 0.9 1.2 1.6 2.2 2.1 2.1 1.5 3.3 2.2 1.80 0.90 0.90 2.70 2.20 2.20 2.70 2.70 3.10 1.80 1.80 0.90 FONTE: Autora, 2014. GRÁFICO 17: Série dos valores de V (m/s) C4PNR e Ondina (INMET). C4 27/08/14 2 V(m/s) 1.5 1 0.5 0 08h 09h 10h 11h 12h 13h 14h 15h 16h 17h V (m/s)INMET 0.4 0.9 0.6 0.5 0.9 1.5 1.9 1.3 1.2 1 V(m/s)PNR 0.9 1.8 0.9 0.9 0.4 0.4 0.4 0.4 0.4 0.9 143 C4 28/08/14 2.5 V(m/s) 2 1.5 1 0.5 0 07h 08h 09h 10h 11h 12h 13h 14h 15h 16h 17h 18h V (m/s)INMET 0.8 0.9 0.7 0.3 0.6 0.7 0.4 1.5 1.4 2 2.2 2.1 V(m/s)PNR 1.3 1.3 0.9 0.9 1.3 1.8 1.3 1.3 1.3 1.3 0.9 0.9 FONTE: Autora, 2014. Na C5 e C6 não houveram registro dos valores de velocidade do ar não sendo realizada a comparação com os valores do INMET. Quanto a ventilação, observa-se que o sistema viário e os arranjos construtivos interferem na ventilação do ar no espaço urbano. Na cidade de Salvador os eixos viários da Av. Paralela (Luis Viana Filho) e BR324, canalizam o vento Nordeste (NE) e Sudeste (SE), favorecendo a ventilação da área central da cidade. A região do Miolo é composta por 41 bairros implantados em uma topografia com áreas de cumeada e vales. O sistema viário formado pela Av. Silveira Martins, Estrada das Barreiras e Av. Edgard Santos canalizam os ventos para os bairros do Cabula, São Gonçalo, Engomadeira, Saboeiro, Narandiba, Doron, Cabula VI, Pernambues e Resgate, enquanto nos bairros de Tancredo Neves e Arenoso, o sistema viário formado pela Rua Pernambuco, Rua Manoel Rufino e Teódulo de Albuquerque favorecem a penetração do vento (Figura 45). Quanto a questão 2(Questionário 3) referente a localização do entrevistado se sentado ou parado em pé no momento da entrevista, tem-se que 25% (205) No sol, 71%(590) Na sombra e 4%(31) Estava em movimento. Observa-se que na UNEB a maior parte do sombreamento é em função das árvores, inclusive em parte da área do ponto de ônibus frontal a instituição, enquanto no ponto de ônibus em frente a UNEB sentido Hospital Roberto Santos não há proteção a radiação solar. No trecho da Rua Bahia, em Tancredo Neves, onde também foram aplicados os questionários, não existem árvores (Figura 46). Apenas no canteiro frontal do CS e da 144 PN (Rua Pernambuco) existe vegetação arbórea, sombreando parte do passeio e do ponto de ônibus, que não possui abrigo padronizado. Nos outros pontos de ônibus onde foram aplicados as entrevistas, localizados próximo ao Supermercado Mix Bahia, Farmácia RedeMed/Hora (Figura 46) e o Açougue (Figura 47) também não há cobertura vegetal e nem abrigo de ônibus. Porém a partir do dia 13 de novembro a prefeitura podou as árvores da PNR e do CS, ficando toda a área do passeio e do ponto de ônibus expostos a radiação solar direta. 145 CABULA/ TANCREDO NEVES FIGURA 56: Croqui da ventilação natural no Miolo da cidade. FONTE: Neila Branco, 2014. 146 FIGURA 57: Ponto de ônibus descoberto da Rua Bahia e pessoas se abrigando do sol sob edificação (Açougue). FONTE: Imagem do Google Maps, 2013. FIGURA 58: Ponto de ônibus frontal a Farmácia/Rua Pernambuco. FONTE: Imagem do Google Maps, 2013 Destaca-se que durante as campanhas realizadas nos horários de 18:00h à 19:50h não havia mais incidência solar, portanto no Questionário 3, a segunda pergunta - Se sentado ou parado em pé, o entrevistado fica: No sol, Na sombra ou Estava em movimento, foi desconsideradoa como resposta a opção No sol, também na questão seguinte, questão 4- Durante a entrevista, o entrevistado está: No sol ou Na sombra, foi desconsiderada a opção No sol, representando em ambos 53 entrevistados na UNEB e não houveram casos na PNR (Quadro 04). QUADRO 04: Localização do entrevistado/ questão 2 por faixa horária. Se sentado ou parado em pé, o entrevistado fica preferencialmente: Estava em Faixa Horária No sol Na sombra movimento Total 7:00-11:59 Áreas UNEB 77 163 20 260 PNR 6 84 0 90 Total 83 247 20 350 12:00-17:59 Áreas UNEB 60 153 8 221 PNR 62 138 2 202 Total 122 291 10 423 18:00-19:50 Áreas UNEB 0 52 1 53 Total 0 52 1 53 Total Áreas UNEB 137 368 29 534 PNR 68 222 2 292 Total 205 590 31 826 FONTE: Autora, 2014. No questionário 2, a questão 11- Com relação ao sol, você preferiria que estivesse: Mais fraco, Como está, Mais forte ou Não sei dizer, a partir das 17:30h, para os dias nublados, e as 18:00h nos outros dias, foi considerada a opção de resposta Não sei dizer 147 (NSD), pois a pergunta se referia a preferência do entrevistado em relação ao sol no momento da entrevista (Quadro 05). Quadro 05: Localização do entrevistado/ questão 4, por faixa horária. Durante a entrevista, o entrevistado está: Faixa Horária No sol Na sombra Total 7:00-11:59 Áreas UNEB 61 199 260 PNR 48 42 90 Total 109 241 350 12:00-17:59 Áreas UNEB 58 163 221 PNR 121 81 202 Total 179 244 423 18:00-19:50 Áreas UNEB 0 53 53 Total 0 53 53 Total Áreas UNEB 119 415 534 PNR 169 123 292 Total 288 538 826 FONTE: Autora, 2014. 4.4 ANÁLISE COMPARATIVA DE CONFORTO TÉRMICO A análise comparativa das condições de conforto térmico nos espaços estudados foi feito através do Box-plot ou Diagrama de Caixa e da Árvore de Decisão- AD. O Boxplot localiza e analisa a variação de uma variável dentre diferentes grupos de dados, obtendo os valores da mediana e os quartis, sendo 1° quartil 25% e 3° quartil 75%, abrangendo 50% dos dados por área. Para analisar a Tar nos dois espaços utilizou-se o Boxplot, sendo encontrado na UNEB: amplitude térmica 6,4°C; mínimo de 21,7°C; máximo 28,1°C e mediana 25,4°C, enquanto na PNR, as temperaturas do ar foram superiores, com amplitude térmica 9°C, mínimo 23,1°C, máximo 32,1°C e mediana de 28,6°C. 148 32,1 29,6 28,1 26,6 28,6 26,4 25,4 24,6 23,1 21,7 FIGURA 59: Dispersão dos valores de Tar (°C) para as áreas estudadas. FONTE: Adaptado do SPSS pela autora, 2014. Para analisar o índice PET (°C) em cada área separadamente foi utilizado o Box-plot e AD, como técnica de análise de dispersão de dados, sendo a variável categórica “Áreas” como dependente ou responsável para realizar a comparação com as áreas estudadas. Na AD cada nó representa o banco de dados formado a partir das características semelhantes classificadas pela mineração de dados, sendo definido como Método de crescimento tipo Chaid, Critério dos Limites de crescimento de 100 para o nó pai e 50 para o nó filho, nível de significância de 0,05 para os nós e categorias de mesclarem; e estimativa de 0,001. A calibração do índice PET (°C) foi feita segundo as Escalas de Classificação de Conforto Térmico, em que valore superiores a 23ºC indicam percepção térmica de estresse por calor, valores de 18ºC < PET ≤ 23ºC correspondem a Confortável e valores inferiores ou iguais a 13°C indicam estresse por frio. Os resultados obtidos para a faixa etária entre 20 a 59 anos por área estudada, foram: na PNR a AD com 3 nós total, sendo 01 nó raiz e 02 nós terminais ou folhas e uma profundidade. A única partição de dados 149 dos valores de PET foi dividida em 05 grupos: (1) PET ≤ 28,90, com 211 (90,6%) Levemente quente e (2) PET >28,90, em 54 (91,5%) Calor moderado. FIGURA 60: Árvore de Decisão da PNR com Classificação para análise de PET (°C). FONTE: Adaptado do SPSS pela autora, 2014. Na UNEB a AD com 7 nós total, sendo 01 nó raiz e 06 nós terminais ou folhas e uma profundidade. A única partição de dados dos valores de PET foi dividida em 06 grupos: (1) PET ≤ 17,80, com 44 (84,6%) Levemente frio, (2) 17,80< PET ≤ 19,00, com 45 (81,8%) Confortável; (3)19,00< PET≤ 22,30, com 266 (100%) Confortável, (4) 22,30< PET≤ 23,60, com 30 (54,5%) Confortável, (5) 23,60< PET≤ 27,40, com 41 (100%) Levemente quente e (6) PET > 27,40, com 29 (52,7%) Levemente quente. 150 FIGURA 61: Árvore de Decisão da UNEB com Classificação para análise de PET (°C). FONTE: Adaptado do SPSS pela autora, 2014. 151 Analisando as duas áreas conjuntamente tem-se para as faixas de PET (°C) que os valores obtidos na PNR são superiores ao da UNEB (Gráfico 18), sendo na UNEB 341 casos em Conforto (18ºC < PET ≤ 23ºC), 105 Levemente quente (23ºC < PET ≤ 29ºC), 54 Levemente frio (13°C<PET≤18°C), 23 Calor moderado (29ºC < PET ≤ 35ºC), 8 Frio moderado (8°C<PET≤13°C) e 3 Muito quente (> 41ºC), não sendo registrado casos em Quente (35ºC < PET ≤ 41ºC), Frio moderado (8°C<PET≤13°C), Frio (4°C<PET≤ 8°C) e Muito frio (≤4°C). Enquanto na PNR foi encontrado a maior parte dos casos em estresse por calor, com 216 casos em Levemente quente (23ºC < PET ≤ 29ºC), seguido de 54 com Calor moderado (29ºC < PET ≤ 35ºC), 20 Confortável (18ºC < PET ≤ 23ºC) e 3 Levemente frio (13°C<PET≤18°C), não sendo registrado casos em Muito frio, Frio, Frio moderado e Quente. GRÁFICO 18- Quantidade de entrevistados por área segundo classificação do PET (°C). FONTE: Adaptado do SPSS pela autora, 2014. 152 Quanto ao Boxplot para o PET, na PNR (Figura 55) encontrou-se uma variação de 16,50°C a 32,90°C, amplitude 16,4°C; mediana 27,10°C; 1° e 3° quartis com valores respectivos de 24,60°C e 28,70°C, que representa 50% dos dados. Enquanto na UNEB, a amplitude 19,8°C, mínimo 11,70°C, máximo 31,50°C, mediana 21,10°C e intervalo do 1° e 3° quartis de 19,90°C e 23,00°C, respectivamente. 32,90 28,70 31,50 27,10 24,60 23,00 21,10 19,90 16,50 11,70 FIGURA 62: Dispersão dos valores de PET (°C) para as áreas estudadas. FONTE: Adaptado do SPSS pela autora, 2014. O Boxplot do PET (°C) por classificação de sensação térmica indicou seis classificações, sendo a de Frio moderado com os valores: 13,0°C máximo, 10,1°C mínimo, 12,2°C mediana, 10,9°C no 1° quartil e 12,6°C no 3°quartil; para Levemente frio, têm-se: 18,0°C máximo, 13,1°C mínimo, 16,6°C mediana, 15,1°C no 1° quartil e 17,7°C no 3°quartil; para Confortável os valores: 23,0°C máximo, 18,1°C mínimo, 20,9°C mediana, 19,7°C no 1° quartil e 21,6°C no 3°quartil; para Levemente quente têm-se: 29,0°C máximo, 23,1°C mínimo, 26,1°C mediana, 24,4°C no 1° quartil e 27,6°C no 3°quartil; para Calor moderado os valores foram de: 32,9°C máximo, 29,1°C 153 mínimo, 29,6°C mediana, 29,4°C no 1° quartil e 30,8°C no 3°quartil e para a classificação Quente foram apenas 3 casos, sendo: 46,6°C máximo, 44,9°C mínimo, 45,6°C mediana, 44,9°C no 1° quartil e não houve valores para o 3°quartil. FIGURA 63: Dispersão dos valores de PET (°C) por classificação para UNEB e PNR. FONTE: Adaptado do SPSS pela autora, 2014. Analisando os mesmos dados das duas áreas a partir da AD têm-se: 06 nós no total, sendo 01 nó raiz e 05 nós terminais ou folhas e uma profundidade. A única partição de dados dos valores de PET foi dividida em 05 grupos: (1) PET ≤ 18,50, em 53 (63,1%) casos como Levemente frio; (2) 18,50< PET ≤ 22,70, em 330 (100%) Confortável; (3) 22,70< PET≤ 24,00, em 70 (86,4%) Levemente quente, (4) 24,00< PET≤ 29,00; 251 (100%) Levemente quente e (5) PET>29, 77 (96,2%) Calor moderado. Nesse caso a maioria dos entrevistados apresentou estresse térmico por calor. 154 FIGURA 64: Árvore de Decisão UNEB-PNR com Classificação para análise de PET (°C). FONTE: Adaptado do SPSS pela autora, 2014. 155 Os intervalos de PET (°C) para os grupos de sensação térmica que foram classificados pela AD correspondem aos percentuais de 9% para os entrevistados com Calor moderado; 39% para a classificação Levemente quente, 40% correspondem a Conforto e 6% a classificação de Levemente frio. Portanto 48% dos casos apresentaram estresse térmico por calor; 40% sem estresse térmico e 6% dos casos com estresse térmico por frio. Não houve classificação para Muito frio, Frio, Frio moderado e quente (Quadro 06). QUADRO 06- Porcentagem de casos por sensação de PET (°C). Sensação 18 19 Muito frio Frio Frio moderado Levemente frio 6% Confortável Levem. quente Calor moder Quente FONTE: Autora, 2014. 20 21 22 23 PET (°C) 24 25 26 27 28 Não classificou Não classificou Não classificou 29 30 31 32 40% 39% 9% Não classificou 33 34 156 5. CONCLUSÃO Os estudos de APO e de condições de conforto térmico para calibração do Phisiological Equivalent Temperature- PET (ºC) em dois espaços livres do Miolo de Salvador, a Praça Nova República - PRN e Campus I da Universidade do Estado da Bahia- UNEB, mostraram que o uso e ocupação do solo, a infra-estrutura desses espaços, a cobertura vegetal e o conforto térmico influenciam nas formas de apropriação desses espaços. Os espaços estudados estão inseridos nos bairros Cabula- UNEB, e Tancredo Neves PNR, localizados no Miolo de Salvador/ BA, com orientação favorável a captação do vento dominante sudeste e secundário nordeste, estão localizadas em cotas elevadas (cumeadas), de 80m na UNEB e 70m na PNR, e fazem limite com o sistema viário. Nos dois espaços e entorno foram realizadas medições das variáveis ambientais: temperatura do ar (ºC), umidade relativa do ar (%), velocidade do ar (m/s), temperatura de globo (ºC) e radiação global (w/m²); cálculo da temperatura radiante média (ºC), simultaneamente a aplicação de entrevistas e questionários para a coleta das variáveis subjetivas: opinião dos usuários quanto a percepção e sensação térmica. Posteriormente ao trabalho de campo, foi realizada a calibração índice PET (°C), com base nas nove escalas de classificação desenvolvidas por Hope e Mayer em 1987, sendo: 1- Muito frio, 2- Frio, 3- Frio moderado, 4- Levemente Frio, 5- Confortável, 6- Levemente quente, 7Calor moderado, 8- Quente, 9- Muito quente. Embora este estudo tenha abrangido três grupos de faixas etárias: Menores de 19 anos, e Maiores de 60 anos de idade, o resultado das análises estatísticas compreendeu o grupo entre 20 a 59 anos, em relação à sensação térmica relatada e a classificação do PET (°C), proposto por Mayer e Hoppe em 1987. Os resultados obtidos em relação às condições de conforto térmico na UNEB indicaram respostas de conforto para a maioria dos entrevistado (20 a 59 anos), enquanto que na PNR a maioria das respostas foram por desconforto por calor, para a classificação de Levemente quente e Quente. 157 Identificou-se que na UNEB a cobertura vegetal e o porte desta é superior ao da PNR, como também as condições de ventilação natural. Destaca-se que nas duas áreas, do total de entrevistados (826), têm-se que: 65 % das pessoas encontravam-se na sombra e 35% no sol. Na PNR e entorno a cobertura vegetal é insuficiente para sombrear todos os espaços em que ocorrem as atividades cotidianas do bairro, portanto, torna-se relevante a arborização desses espaços públicos, como forma de melhoria das condições de conforto térmico, fator decisivo em regiões de clima tropical que apresentam elevadas temperatura do ar a maior parte do ano. A maioria dos entrevistados declarou-se insatisfeita por estresse térmico positivo, sendo a pesquisa realizada entre os meses de maio à outubro de 2014, período não correspondente ao verão. O fator sombra e vento na pesquisa foram relevantes por contribuir para a promoção da sensação de conforto térmico e permanência dos usuários nos espaços ou em determinadas áreas dos dois espaços livres estudados. A partir da observações de campo a PNR possui poucos espaços sombreados e maiores variações de ventilação natural, quando comparada com a UNEB. Na PNR apenas parte dos parques infantis, bancos curvos e pista de skate são sombreados, influenciando na apropriação dos espaços, enquanto na UNEB o espaço do gramado, Praça da Reitoria e Praça da Biblioteca apresentaram maiores constâncias de frequências e permanências, com melhores condições de sombreamento, temperatura do ar e ventilação natural. Porém os padrões de uso e ocupação do solo, a cobertura vegetal e os materiais construtivos geram alterações no microclima resultantes das reações termodinâmicas nas camadas mais próximas do solo, onde são desenvolvidas a maior parte das atividades humana, criando impactos adversos ao bem-estar das pessoas e degradando o clima local. As reações energéticas existentes entre radiação solar e materiais construtivos, como utilização extensiva de piso asfáltico ou cimentícios, resultam em aumento das temperaturas do ar, influenciando nas condições de conforto ambiental dos espaços 158 públicos, como os espaços livres pesquisados. Esses fatores interferem nas dinâmicas da vida pública, visto que os espaços públicos como a PNR, entre o período diurno das 10:00h às 15:00h não desempenha a sua função social por não oferecer condições de conforto térmico adequadas aos seus habitantes. A PNR apresentou obstruções à ventilação natural, limitada pelo Centro de Saúde a Oeste e por edificações residenciais a Leste, além de apresentar pouco porte arbóreo, apresentando maiores valores de temperatura do ar e menores valores de velocidade e frequência do ar, diferentemente da UNEB. A mediana da velocidade do ar na UNEB foi de 2,2m/s e na PNR 1,30m/s. Quanto à temperatura do ar, a UNEB apresentou tendência a valores menores do que a PNR, sendo respectivamente de: máxima Tar = 28,1 °C, mediana Tar = 25,4 °C e mínimo Tar = 21,7 °C, enquanto na PNR: máxima Tar = 32,1 °C , mediana Tar = 28,6 °C e mínimo Tar = 23,1°C. Na avaliação de conforto térmico por área, utilizando a Árvore de Decisão- AD, os resultados obtidos para a faixa etária entre 20 a 59 anos por área estudada, foram: UNEB, de 341 casos em Conforto (18ºC < PET ≤ 23ºC), 105 Levemente quente (23ºC < PET ≤ 29ºC), 54 Levemente frio (13°C<PET≤18°C), 23 Calor moderado (29ºC < PET ≤ 35ºC), 8 Frio moderado (8°C<PET≤13°C) e 3 Muito quente (> 41ºC), não sendo registrados casos em Quente (35ºC < PET ≤ 41ºC), Frio moderado (8°C<PET≤13°C), Frio (4°C<PET≤ 8°C) e Muito frio (≤4°C). Enquanto na PNR foi encontrada a maior parte dos casos em estresse por calor, com 216 casos em Levemente quente (23ºC < PET ≤ 29ºC), seguido de 54 com Calor moderado (29ºC < PET ≤ 35ºC), 20 Confortável (18ºC < PET ≤ 23ºC) e 3 Levemente frio (13°C<PET≤18°C), não sendo registrado casos em Muito frio, Frio, Frio moderado e Quente. Considerando 846 entrevistados, na PNR predominou estresse térmico positivo (calor), enquanto na UNEB, predominou a sensação de conforto. Enquanto a técnica de AD para as duas áreas conjuntamente obteve seis nós no total, sendo 01 nó raiz e 05 nós terminais ou folhas e uma profundidade. A única partição de dados dos valores de PET foi dividida em 05 grupos: sendo o primeiro de Levemente frio, com PET menor ou igual a 18,5°C em 53 (63,1%) casos; o segundo Confortável 159 para faixa de 18,5 °C< PET ≤ 22,7 °C, em 330 (100%) casos; o terceiro com Levemente quente, com faixa de 22,7 °C < PET≤ 24,0 °C, em 70 (86,4%) casos; o quarto também com Levemente quente, com faixa de 24,0 °C< PET≤ 29,0 °C, com 251 (100%) casos e quinto com Calor moderado, com faixa de PET>29,8 °C, com 77 (96,2%) casos. Dessa forma, o estudo de conforto térmico concluiu que a população dos espaços livres do Cabula - UNEB e Tancredo Neves - PNR, bairros da região do Miolo de Salvador/ BA, tem suas funções fisiológicas equilibradas (confortável) para as faixas do índices de conforto térmico entre 18 a 23°C de PET com 40% dos entrevistados, sendo a maioria dos entrevistados com estresse térmico positivo, representando 48%, para faixas superiores a 23°C de PET, sendo encontrado apenas 6% para estresse térmico negativo, para a faixa de PET inferior a 18°C. Portanto, quanto à avaliação do desempenho térmico, recomenda-se a arborização dos espaços públicos existentes na área do Miolo da cidade, como a criação de praças arborizadas no bairro do Cabula e Tancredo Neves. Também se destaca a necessidade de planejamento urbano e controle do uso do solo, a fim de reestruturar os arranjos urbanos existentes, menos compactos, com criação de espaços abertos verdes, que minimizem os efeitos da radiação solar, favoreçam a ventilação natural e estimulem as interações sociais. Os índices de conforto térmico ou biometeorológicos estão sendo calibrados ou testados para populações de regiões com diferentes características climáticas, com o objetivo de serem utilizados como instrumentos para avaliação e predição do desempenho térmico em áreas urbanas e orientação de projetação. Este estudo se propoe a contribuir com o conhecimento nesta área. Dessa forma, se propõe uma reflexão sobre a importância da cobertura vegetal e do planejamento urbano para a qualidade dos espaços livres da cidade, especialmente na área do Miolo de Salvador, visto que essa região, a partir da década de 50 do século XX, passou por rápidas transformações urbanas, com adensamento populacional e ocupação territorial, especialmente com características de informalidade, a exemplo das áreas de 160 encostas e fundos de vales, que deveriam manter preservada a vegetação natural e preservação dos mananciais. Para futuros estudos, recomenda-se o aproveitamento dos dados e resultados desta pesquisa para investigações quanto à relação entre tipologias arquitetônicas, índices urbanísticos e densidade construída, e seus impactos no microlcima e na qualidade de vida das pessoas. Também recomenda-se analisar os dados dos entrevistados com idade superior a 60 anos (idosos) para avaliar o conforto térmico para a população idosa. Recomenda-se também a continuação da pesquisa no período do verão, quando as temperaturas do ar são superiores e reestruturação do questionário 2, com a exclusão das perguntas 7 à 12, que já são contempladas nas perguntas 5 e 6, sobre sensação e preferências térmicas. O estudo de APO analisou a relação entre usuários, atividades desenvolvidas e espaço livre público. Privilegiando o sujeito, ator principal das ações e interações sociais, com capacidade criativa e de adaptação para o uso dos espaços livres. A análise destaca a necessidade de refletir sobre a relação usuário/ espaço/ entorno, visto que os bairros do Cabula e Tancredo Neves (dentro do Miolo de Salvador) apresentam problemas semelhantes de infraestrutura urbana como nas áreas de encostas e fundos de vale. Isto contribui para discutir a necessidade de planejamento urbano e o direito à cidade. Do estudo de APO foram retiradas as seguintes conclusões gerais: - Os bairros do Cabula e Tancredo Neves/ Beirú foram urbanizados no mesmo período, a partir das décadas de 50 e 60 do século XX, mas o poder público não valorizou os espaços públicos de lazer e convivência, como as praças e os parques, uma vez que o Cabula não possui nenhuma praça pública e em Tancredo Neves apenas a PNR. Esta última foi somente requalificada como praça no século atual, pois anteriormente apenas existia a quadra de esportes. A PNR não é reconhecida como praça por parte dos entrevistados, sendo o comercio informal do canteiro central confundido como espaço de lazer do bairro. A UNEB, por sua vez, funciona como um importante espaço de lazer e para as práticas esportivas do Cabula e Entorno. 161 - De um modo geral, o entorno influência nas atividades verificadas nas duas áreas analisadas. Na UNEB as práticas esportivas, no início da manhã, estão vinculadas aos alunos da UATI e, no final da tarde, vinculadas aos moradores do entorno. As atividades de lazer passivo já se relacionam com a utilização do gramado pelos estudantes para estudo, especialmente no início da tarde e da noite. Já na PNR, a presença de escolas públicas no entorno atrai os estudantes no período da manhã, principal freqüentadores do espaço, enquanto no mesmo período, os adultos utilizam o espaço em função da Associação de Moradores e do Centro de Saúde. Pela tarde, os adolescentes que utilizam a praça não estão fardados e os adultos estão eventualmente acompanhados de crianças ou em pequenos grupos; - Destaca-se em ambos os espaços a inexistência de espaços e equipamentos direcionados aos idosos, sendo a quadra de esportes da UNEB adaptada para ginástica e as vias internas utilizadas para a prática de caminhada. Na PNR não existem equipamentos voltados para os idosos, sendo um ponto relevante lembrado pelos entrevistados da Associação de Moradores do bairro; - As adaptações de uso são pontuais e em função do não atendimento a determinada faixa etária, como na PNR a utilização do trecho sombreado da pista de skate, pela manhã, pelos estudantes como espaço de convivência (encontro e conversar) e o caminho de pedestres pelos skatistas para a realização de acrobacias. Na UNEB as quadras de esportes são utilizadas como espaço de ginástica pelos idosos, como destacado anteriormente; - As apropriações são influenciadas pelas condições ambientais de conforto térmico. Em alguns espaços, a permanência e freqüência devem-se à falta de sombreamento natural (arborização) e ventilação, tornando o espaço pouco atrativo especialmente entre os períodos de 10h00min h às 15h00min h na PNR. Na UNEB, nesse período, o predomínio de espaços abertos arborizados cria espaços atrativos, apesar da deficiência de mobiliário, a exemplo das Praças da Biblioteca e espaços gramados. - Na PNR os conflitos de apropriação devem-se à ausência de controle do uso do solo, com a implantação do comércio ambulante na parte do canteiro central do Centro de Saúde e da praça, além do estacionamento indevido na área do acesso principal e 162 secundário. Na UNEB o crescimento do número de veículos no campus com estacionamentos adaptados gera conflito entre os pedestres, praticantes de caminhada; - Em relação os traços físicos, na PNR, a ausência da manutenção pelo poder público, além da visibilidade restrita devido à obstrução frontal pelo Centro de Saúde, nas áreas laterais e posteriores pela Delegacia, o que impede a identificação da praça pelos moradores do bairro, contribuindo para atos de depredações do sistema de iluminação, pichações dos muros da pista de skate e deck de mesas e usos indevidos, como instalação de barracas de bebidas no acesso principal e odores originários de detritos na área entre a pista de skate e a Associação de Moradores. A UNEB, por ser uma universidade, possui manutenção constante dos espaços abertos, não sendo identificados registros de traços físicos representativos, apenas algumas pichações; Como recomendações para a PNR, têm-se: - Estrutura física deficitária, necessitando de manutenção de parte da pavimentação, brinquedos dos dois parques infantis, guarda- corpo da pista de skate, instalação de cercas nos parques infantis, lixeiras, sanitário químico, iluminação pública, piso táctil, recuperação da quadra de esportes e instalação de cobertura na área do deck de mesas, além da retirada dos obstáculos fixos nos dois acessos, no caso o “gelo baiano” e o tronco de árvores que impossibilitam a acessibilidade e arborização; - Instalação de equipamentos de lazer e esportes para os idosos, mediante pesquisa com os moradores do bairro; - Incorporação de atividades físicas na quadra de esportes para ampliar a freqüência de utilização da praça e fortalecimento da identidade com o espaço público, e, apesar da Associação de Moradores do Bairro não fazer parte do espaço público, a reabertura da creche e das oficinas para os adultos e idosos que anteriormente funcionavam nessa edificação; - Desenvolvimento de projeto de reestruturação do comércio informal na área do canteiro Centro de Saúde e da PNR, como das barracas de bebidas, de forma a qualificar o espaço, visto que é uma fonte de renda para os moradores do local; 163 Na UNEB as recomendações são: - Melhoria da iluminação e acessibilidade dos caminhos, com a instalação de corrimão e rampas com declividade adequadas; - Estudo técnico para definição de área para instalação de equipamentos voltados para as crianças, que se detectou a presença de crianças vindas de várias partes do entorno e da cidade para usar o espaço da UNEB; - Reforma das duas quadras de esportes e instalação de novos bancos e mesas nas áreas de convivência, como no pátio da biblioteca; - Reorganização dos espaços para estacionamento, com criação de passeios e pista de caminhadas e corridas sinalizadas; Em relação aos aspectos ambientais de ambas as áreas, a arborização foi determinante para a freqüência, preferências e apropriações, sendo preferidos pelos usuários os espaços equipados, sombreados e ventilados; entre 7:30h-10:00h e 15:00h-19:30h; e entre 10:00h-15:00h, período com maior incidência da radiação solar, os usuários ocupavam preferencialmente os espaços sombreados e ventilados, mesmo sem a infraestrutura adequada, a exemplo da área do gramado da UNEB e da pista de skate da PNR, que foi adaptado como espaço de convivência e lazer pelos usuários. Espera-se que os estudos realizados auxiliem para o conhecimento da realidade dos espaços livres do Cabula, Tancredo Neves e entorno, áreas importantes da cidade, contribuindo para futuros projetos ou modelos teórico-metodológicos de APO voltados para espaços abertos, de forma a privilegiar os usuários, o espaço público e o ambiente construído. É necessário o estudo aprofundado dos aspectos econômicos- sociais e culturais, de forma a analisar a relação entre o espaço público e as formas de apropriação, em bairros com ocupação informal, reduzida oferta de praças, população de média e baixa renda, baixa escolaridade e famílias chefiadas por mulheres, contemplando a dimensão física, ambiental e sociológica dos espaços livres públicos. 164 REFERÊNCIAS ANSI/ASHRAE. Standard 55. Thermal environmental conditions for human occupancy. Atlanta, 2004. ALEX, Sun. O projeto da praça: Convívio e Exclusão no Espaço Público. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2008. ANDRADE, Telma C. 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Salvador, 1983. 172 FUNDO DE POPULAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Situação da população mundial 2007. Desencadeando o Potencial do Crescimento Urbano. 2007. Disponível em: < http://www.unfpa.org.br/Arquivos/swop2007.pdf>. Acesso em: 20 de fevereiro de 2014. UTCI. Universal Thermal Climate Index. Disponível em: <http://www.utci.org/contact.php>. Acesso em: 17 de outubro de 2013. VASCONCELOS, Lia. Urbanização Metrópoles em Movimento. Ano 3, n 22, IPEAInstituto de Pesquisa Econômica Aplicada, Brasília, 2006. Disponível em: < http://www.ipea.gov.br/desafios/index.php?option=com_content&view=article&id=994 :reportagens-materias&Itemid=39>. Acesso: 5 de setembro de 2013. VASCONCELOS, Pedro A. Pobreza urbana e a formação de bairros populares em Salvador na longa duração. GEOUSP - Espaço e Tempo, São Paulo, Nº 20, p. 19 - 30, 2006. VIANA, Gilney; BATISTA, Pedro. Caderno de debate agenda 21 sustentabilidade. Agenda 21 e a sustentabilidade das cidades. Ministério do Meio Ambiente. 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ATIVIDADE OCUPACIONAL ESTUDANTE DONA DE CASA TRABALHADOR EMPREGADA(O) APOSENTADO COMERCIANTE Superior OUTROS 4. EM MÉDIA, QUANTAS HORAS VOCÊ TRABALHA POR SEMANA? _______ 5. NO SEU DIA DE FOLGA, VOCÊ: SAI FICA EM CASA 6. QUAIS LUGARES VOCÊ VAI NA SUA FOLGA? PRAIA ZOOLÓGICO OUTROS PRAÇA CASA DE PARENTES PARQUE CINEMA CLUBE SHOPPING 7. VOCÊ FREQUENTA ALGUMA OUTRA PRAÇA DA CIDADE? PORQUE? ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ 8. QUAL A SUA OPNIÃO SOBRE AS PRAÇAS DA CIDADE? ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ 9. QUAL OU QUAIS DIAS DA SEMANA VOCÊ VEM AQUI (NESTA PRAÇA OU NESSE LOCAL)? DURANTE A SEMANA DOMINGO SÁBADO FERIADO 175 10. EM QUAL PERÍODO DO DIA VOCÊ VEM AQUI? MANHÃ TARDE NOITE 11. O QUE TE MOTIVA VIR A PRAÇA? DESCANSAR CONVERSAR CAMINHAR LER TOMAR SOL PRATICAR ESPORTES OUTROS ESTUDAR LEVAR AS CRIANÇAS PARA BRINCAR 12. VOCÊ ACHA A QUANTIDADE DE BRINQUEDOS NO PARQUE: INSUFIENTE POUCO BOM MUITO 13. VOCÊ ACHA A QUANTIDADE DE ESPAÇOS DE ESPORTES: INSUFIENTE POUCO BOM MUITO 14. VOCÊ ACHA A QUANTIDADE DE ÁRVORES DA PRAÇA: INSUFIENTE POUCO BOM MUITO 15. VOCÊ ACHA A QUANTIDADE DE BANCOS DA PRAÇA: INSUFIENTE POUCO BOM MUITO 16. O QUE VOCÊ MAIS GOSTA NESTE ESPAÇO? ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ 17. O QUE VOCÊ NÃO GOSTA? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 18. O QUE VOCÊ ACHA IMPORTÂNTE PARA MELHORAR ESTE LUGAR? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 176 UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA MESTRADO EM ENGENHARIA AMBIENTAL URBANA – MEAU Pesquisa: APO e Conforto Térmico nos Espaços Livres de Salvador: Praça Nova Republica e UNEB- Campus I Cabula Profa. Neila Lima Branco QUESTIONÁRIO 1 Identificador Campanha Data Equipe No. SIM 1 Você já respondeu esse questionário por esses dias? 2 Você tem entre 20 anos e 59 anos? 3 Você mora em Salvador há mais de 01 ano? 4 Você está com gripe, febre ou resfriado? 5 Em caso de mulheres, está grávida ou na menopausa? 6 Você trabalha ou passa mais de 8 h/dia no ar condicionado? 7 Você está a mais de 15 minutos em um lugar sem ar condicionado? 8 Você consumiu bebida alcoólica ou comida pesada a menos de uma hora? LEGENDA: VALIDAR INVALIDAR RESULTADO: INVÁLIDO VÁLIDO Entrevistador: ___________________________________________ Questionário 01.doc Elaboração: LACAM / FAUFBA, LabCon / EAUFMG. NÃO 177 UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA MESTRADO EM ENGENHARIA AMBIENTAL URBANA – MEAU Pesquisa: APO e Conforto Térmico nos Espaços Livres de Salvador: Praça Nova Republica e UNEB- Campus I Cabula QUESTIONÁRIO 2 Identificador Campanha Data: Equipe: N°: Hora inicial: 1. GÊNERO:( ) FEM ( ) MASC 2. IDADE:___ 3. ALTURA:____4. PESO APROX:_____ 5. Como você está se sentindo agora? 6. Como você gostaria de estar se sentindo agora? Extremo calor Bem mais quente Muito calor Mais quente Calor Um pouco mais quente Pouco calor Nem mais quente, nem mais frio Nem calor, nem frio Um pouco mais frio Pouco de frio Mais frio Frio Bem mais frio Muito frio Muito forte frio Extremo frio 7. Com relação às condições climáticas, agora você está: 8. Com relação à temperatura, você preferiria que estivesse: Confortável Mais baixa Um pouco desconfortável Como está Desconfortável Mais alta Muito desconfortável 9. Com relação a umidade, você preferiria que estivesse: Não sei dizer 10. Com relação ao vento, você preferiria que estivesse: Mais seco Mais fraco Como está Como está Mais úmido Mais forte Não sei dizer Não sei dizer 178 11. Com relação ao sol, você preferiria que estivesse: 12. Por que você está nesse local ou praça? Mais fraco Passeando Como está Trabalhando Mais forte De passagem Não sei dizer Esperando Outros 13. Você é: Friorento Calorento Normal Não sei dizer 179 UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA MESTRADO EM ENGENHARIA AMBIENTAL URBANA – MEAU Pesquisa: APO e Conforto Térmico nos Espaços Livres de Salvador: Praça Nova Republica e UNEB- Campus I Cabula QUESTIONÁRIO 3 Identificador Campanha Hora inicial: Data: Equipe: N°: Hora Final: 1 Atividade física um pouco antes da abordagem pelos pesquisadores: 2 Se sentado ou parado em pé, o entrevistado fica preferencialmente: Sentado No sol Parado em pé Na sombra Andando Estava em movimento Correndo Outro: _____________________ 3 Vestimenta Mulher Homem Chapéu Lenço Chapéu Gravata Mini blusa ou Top Blusa de alça fina Blusa de gola rolê Camiseta regata Paletó Camisa pólo Blusa de manga curta Camisa de manga curta Blusa de manga 3/4 Camisa de manga longa Blusa de manga longa Colete sem mangas fino Colete sem manga fino Colete sem mangas grosso Colete sem manga grosso Suéter manga longa fino Jaquetão leve Jaquetão leve Jaquetão grosso Jaquetão grosso Moleton manga longa Moleton manga longa Vestimenta Cabeça Tronco Mini saia de tecido fino Mini saia de tecido grosso Saia longa de tecido fino Macacão de tecido fino Saia longa de tecido grosso Macacão jeans Shorts de tecido fino Shorts de tecido fino Shorts de tecido grosso Shorts de tecido grosso Bermuda de tecido fino Bermuda de tecido fino Bermuda de tecido grosso Bermuda de tecido grosso Calça de tecido fino Calça de tecido fino Calça jeans Calça jeans Calça de Moleton Calça de moleton Meia calça Meia soquete Pernas Pés 180 Meia soquete Sandália / chinelo Sandália / chinelo Sapato / tênis Sapato / tênis Total da combinação em"clo" Total da combinação em "clo" 4 Durante a entrevista, o entrevistado está: No sol Na sombra 5 O entrevistado estava: Acompanhado Sozinho Com criança, cachorro, peso 6 Entendimento das questões do formulário – O entrevistado: Entendeu corretamente as questões, sem ajuda do entrevistador Entendeu as questões, com ajuda do entrevistador Teve dificuldades em entender as questões, mesmo com ajuda do entrevistador Não entendeu as questões, mesmo com ajuda do entrevistador Questões em que o entrevistado teve dificuldades no entendimento: 181 ANEXO 2 OFÍCIOS 182 183 184 ANEXO 3 DADOS ESTAÇÃO METEOROLÓGICA 185 Questionário 03 C1 UNEB Data Camp Área Área Nº Quest Hora Altura Inicial (m) Peso (Kg) Idade Gênero 13/05/2014 C1 UNEB 1 1 07:30 13/05/2014 C1 UNEB 1 2 13/05/2014 C1 UNEB 1 3 13/05/2014 C1 UNEB 1 13/05/2014 C1 UNEB 13/05/2014 C1 13/05/2014 Roupa Ativid (Clo) (W) Q2 Q4 1,65 56 30 1 0,37 125 2 07:32 1,50 54 16 1 0,23 125 07:35 1,66 54 58 2 0,23 125 4 07:45 1,70 92 37 2 0,23 1 5 07:54 1,70 56 69 2 UNEB 1 6 07:58 1,60 56 56 C1 UNEB 1 7 08:04 1,72 64 13/05/2014 C1 UNEB 1 8 08:09 1,60 13/05/2014 C1 UNEB 1 8 08:10 13/05/2014 C1 UNEB 1 9 13/05/2014 C1 UNEB 1 13/05/2014 C1 UNEB 1 13/05/2014 C1 UNEB 13/05/2014 C1 13/05/2014 Questionário 02 Percepção Preferência PMV PET SET °C °C 11,9 Q5 Q6 2 5 4 -0,8 19,8 2 2 5 4 -1,5 19,2 8 2 2 6 4 -1 19,7 8,1 180 2 2 3 4 -0,5 19,1 5,8 0,37 125 2 2 5 4 -0,2 20 11,9 1 0,15 115 1 2 5 4 -2,5 20 8,5 46 2 0,23 180 3 2 3 4 -0,3 18,5 5,1 68 60 2 0,23 125 2 2 5 4 -1,2 19,7 7,4 1,52 75 56 1 0,39 115 1 1 5 4 -1,5 20,1 12,2 08:11 1,81 66 29 2 0,23 115 1 2 6 4 -1,5 20 8 10 08:22 1,52 60 60 1 0,4 125 2 2 5 4 -0,9 19,6 11,7 11 08:24 1,75 190 39 2 0,39 115 1 2 6 4 -0,8 20,7 12,3 1 12 08:25 1,65 65 75 1 0,37 125 2 2 5 4 -1,3 20 11,7 UNEB 1 14 08:29 1,60 85 32 1 0,23 125 2 2 5 4 -2,8 19,9 7,3 C1 UNEB 1 15 08:35 1,51 52 22 1 0,37 125 2 1 5 5 4 44,9 35,2 13/05/2014 C1 UNEB 1 16 08:47 1,68 79 33 2 0,39 125 2 2 5 2 4,1 45,6 37,1 13/05/2014 C1 UNEB 1 17 08:54 1,74 64 41 2 0,23 180 2 2 5 4 4,8 46,6 35,9 13/05/2014 C1 UNEB 1 18 09:01 1,55 57 64 1 0,29 125 2 2 5 4 -1,5 19,2 9,3 13/05/2014 C1 UNEB 1 18 09:04 1,67 60 20 2 0,39 125 2 2 5 7 0 18,9 11,4 13/05/2014 C1 UNEB 1 19 09:14 1,68 76 45 2 0,45 125 2 2 5 4 -0,3 19,5 11,5 13/05/2014 C1 UNEB 1 20 09:24 1,75 75 73 2 0,39 115 2 2 5 4 -0,7 20,3 11,9 186 13/05/2014 C1 UNEB 1 21 09:32 1,64 58 68 1 0,37 115 2 2 5 4 -1 20,7 13,1 13/05/2014 C1 UNEB 1 22 09:35 1,81 80 58 2 0,5 125 1 1 5 4 0,2 20,9 14,3 13/05/2014 C1 UNEB 1 23 09:48 1,50 85 38 1 0,5 125 1 1 5 5 -0,4 20,5 14,4 13/05/2014 C1 UNEB 1 24 09:50 1,70 70 23 1 0,24 125 2 1 5 4 -2,2 20,3 8,2 13/05/2014 C1 UNEB 1 25 09:51 1,64 64 65 2 0,5 125 1 1 5 2 0,4 20,6 14,2 13/05/2014 C1 UNEB 1 26 10:00 1,51 60 52 1 0,69 125 2 1 3 6 0,4 21,6 16,3 13/05/2014 C1 UNEB 1 26 10:00 1,75 80 33 2 0,25 115 2 2 2 5 -0.5 20.9 11.1 13/05/2014 C1 UNEB 1 27 10:00 1,75 80 33 1 0,29 115 2 2 1 5 -2.0 21.1 11.1 13/05/2014 C1 UNEB 1 27 10:00 1,70 75 31 1 0,25 115 2 2 3 6 -1,8 20,9 11,1 13/05/2014 C1 UNEB 1 29 10:01 1,80 95 32 1 0,35 115 2 1 4 6 -2,4 21,3 11,1 13/05/2014 C1 UNEB 1 30 10:01 1,68 75 38 1 0,11 115 1 2 6 2 -4,2 21 5,5 13/05/2014 C1 UNEB 1 31 10:02 1,70 58 25 2 0,23 125 1 1 6 4 -0,6 20,1 8,4 13/05/2014 C1 UNEB 1 32 10:02 1,70 60 27 2 0,37 125 1 1 4 4 0,3 20,4 12,5 13/05/2014 C1 UNEB 1 33 10:02 1,75 85 36 2 0,49 115 2 2 2 4 0,2 21,1 14,6 13/05/2014 C1 UNEB 1 35 10:03 1,60 76 23 1 0,21 115 3 2 2 5 -2,4 20,7 8,7 13/05/2014 C1 UNEB 1 36 10:03 1,80 78 28 1 0,39 115 2 2 2 5 -1,3 21,1 13 13/05/2014 C1 UNEB 1 37 10:05 1,72 65 43 1 0,45 125 1 1 5 4 -0,8 20,6 12,5 13/05/2014 C1 UNEB 1 37 10:05 1,80 70 23 1 0,35 180 1 1 4 6 -0,3 19,7 8,4 13/05/2014 C1 UNEB 1 38 10:05 1,75 70 38 1 0,19 125 2 2 2 4 -2,3 20,7 8,3 13/05/2014 C1 UNEB 1 39 10:05 1,78 85 31 2 0,5 125 2 1 4 5 0,3 20,9 14,1 13/05/2014 C1 UNEB 1 40 10:05 1,85 90 28 2 0,23 115 2 2 4 4 -1,3 21,1 8,7 13/05/2014 C1 UNEB 1 41 10:05 1,83 100 35 2 0,23 125 2 2 2 5 -1,2 21 8,2 13/05/2014 C1 UNEB 1 42 10:05 1,70 80 30 2 0,23 125 2 2 3 4 -0,9 20,5 8,2 13/05/2014 C1 UNEB 1 43 10:05 1,70 65 22 2 0,5 125 1 1 7 6 0,5 20,8 14 13/05/2014 C1 UNEB 1 44 10:05 1,80 80 28 2 0,5 125 1 1 5 4 0,3 20,9 14,1 13/05/2014 C1 UNEB 1 45 10:15 1,56 75 61 1 0,42 125 1 1 6 4 -0,9 20,8 12,6 13/05/2014 C1 UNEB 1 46 10:20 1,83 67 26 2 0,23 115 2 2 5 4 -1,2 20,9 8,9 187 13/05/2014 C1 UNEB 1 47 10:24 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Preferência Q5 Q6 PMV PET SET °C °C Roupa Ativid Data Camp Área Área Quest Inicial (m) (Kg) Idade Gênero (Clo) (W) Q2 Q4 23/05/2014 C1 PNR 2 1 07:46 1,63 85 47 2 0,29 125 2 2 5 4 -0,1 21,1 11,4 23/05/2014 C1 PNR 2 2 07:49 1,95 70 58 2 0,23 125 2 2 5 4 -0,7 21,2 9,7 23/05/2014 C1 PNR 2 3 07:54 1,65 58 30 1 0,23 115 2 2 2 5 -1,3 21 10,2 23/05/2014 C1 PNR 2 4 07:57 1,61 69 51 1 0,23 115 2 2 7 3 -1,7 21,1 10,3 23/05/2014 C1 PNR 2 5 08:01 1,65 80 53 1 0,29 115 2 2 2 4 -1,9 20,6 10,5 23/05/2014 C1 PNR 2 6 08:08 1,67 65 48 2 0,49 125 2 2 5 6 0,4 20,4 12,9 23/05/2014 C1 PNR 2 7 08:11 1,68 83 36 2 0,45 115 2 2 5 4 -0,1 20,4 12,1 23/05/2014 C1 PNR 2 8 08:19 1,68 64 27 1 0,23 125 2 2 4 5 -1,6 20,1 8,1 23/05/2014 C1 PNR 2 9 08:22 1,68 85 31 2 0,45 125 2 2 4 5 0,1 20,3 11,7 23/05/2014 C1 PNR 2 10 08:24 1,67 71 40 1 0,23 115 2 2 5 5 -2,3 20,4 8,5 23/05/2014 C1 PNR 2 11 08:28 1,7 74 70 2 0,45 115 2 2 5 4 -0,2 20,6 12,1 23/05/2014 C1 PNR 2 12 08:43 1,7 81 74 2 0,29 115 2 2 4 4 -0,8 20,3 9,7 23/05/2014 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14,1 23/05/2014 C1 PNR 2 27 10:12 1,63 77 64 2 0,5 125 2 2 5 4 0,8 23,3 15,8 199 Questionário 02 C2 UNEB Hora Altura Peso Inicial (m) (Kg) Data Camp Área Nº Quest 16/06/2014 UNEB 1 1 07:42 1.67 16/06/2014 UNEB 1 2 07:45 16/06/2014 UNEB 1 3 16/06/2014 UNEB 1 16/06/2014 UNEB 16/06/2014 Questionário 03 Roupa Ativid (Clo) (W) Q2 Q4 Percepção Preferência Q5 Q6 PMV PET SET °C °C Idade Gênero 73 40 2 0.50 125 2 2 5 4 -0.3 17.4 9.9 1.78 73 54 1 0.39 115 2 2 5 4 -2.6 17.9 8.7 07:48 1.5 67 60 1 0.23 125 2 2 5 4 -2.9 17.3 3.8 4 07:52 1.56 52 85 2 0.50 115 2 2 5 4 -0.4 17.5 10.3 1 5 07:56 1.55 70 73 2 0.25 115 2 2 5 4 -1.3 17.6 6.7 UNEB 1 6 08:02 1.75 54 29 1 0.48 125 2 2 6 4 -0.7 18.1 10.8 16/06/2014 UNEB 1 7 08:05 1.6 58 61 2 0.23 125 2 2 4 6 -1.4 18.0 4.6 16/06/2014 UNEB 1 8 08:07 1.5 68 45 1 0.50 125 1 1 5 4 -0.8 18.1 11.0 16/06/2014 UNEB 1 9 08:20 1.62 78 64 1 0.25 295 2 2 4 4 0.6 16.2 1.0 16/06/2014 UNEB 1 10 08:22 1.55 54 69 1 0.31 295 2 2 4 4 1.4 15.8 0.2 16/06/2014 UNEB 1 11 08:24 1.55 61 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(Clo) (W) 23/07/2014 C3 PNR 2 1 07:40 1.70 50 16 2 0.45 23/07/2014 C3 PNR 2 2 07:50 1.55 75 30 1 23/07/2014 C3 PNR 2 3 07:58 1.64 50 30 23/07/2014 C3 PNR 2 4 08:13 1.65 64 23/07/2014 C3 PNR 2 5 08:20 1.58 23/07/2014 C3 PNR 2 6 08:35 23/07/2014 C3 PNR 2 7 23/07/2014 C3 PNR 2 23/07/2014 C3 PNR 23/07/2014 C3 23/07/2014 Percepção Preferência PMV PET SET °C °C Q2 Q4 Q5 Q6 115 2 2 5 4 -0.7 16.5 7.4 0.25 115 2 2 5 4 -2.9 17.0 4.4 1 0.22 115 2 1 6 3 -3.3 16.5 1.7 40 2 0.29 115 2 2 5 3 -0.9 17.0 7.4 58 72 2 0.43 115 2 2 8 4 -2.2 17.0 2.1 1.65 72 22 1 0.23 115 2 2 8 4 -2.9 17.1 4.9 08:37 1.65 68 26 2 0.29 125 2 2 5 4 -1.2 16.6 4.5 8 08:41 1.50 64 48 1 0.29 125 2 2 5 4 -2.2 16.6 4.5 2 9 08:45 1.65 72 48 2 0.54 125 2 2 7 4 -0.4 16.9 8.9 PNR 2 10 08:51 1.70 67 49 2 0.48 115 2 2 5 4 -0.6 17.2 9.3 C3 PNR 2 11 08:55 1.50 61 56 1 0.48 115 2 2 3 4 -1.4 17.0 9.3 23/07/2014 C3 PNR 2 12 08:57 1.70 52 66 2 0.29 125 2 2 3 4 -1.3 16.7 4.8 23/07/2014 C3 PNR 2 13 09:01 1.70 55 17 2 0.29 125 2 2 5 4 -1.1 16.2 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