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ISSN:1517-8595 volume 7, número 1, janeiro - junho, 2005 Universidade Federal de Campina Grande Centro de Tecnologia e Recursos Naturais Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais Brazilian Journal Agro-industrial Products UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE Reitor: Thompson Fernandes Mariz Vice-Reitor: José Edilson de Amorim ISSN 1517-8595 Campina Grande, PB v.7, n.1, p.1-100, 2005 PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA Pró-Reitor: Michel François Fossy EDITOR Mario Eduardo R. M. Cavalcanti Mata CENTRO DE TECNOLOGIA E RECURSOS NATURAIS Diretor: João Batista Queiroz de Carvalho EDITOR ASSISTENTE Maria Elita Martins Duarte CORPO EDITORIAL Alexandre José de Melo Queiroz - DEAg/UFCG/Paraíba Carlos Alberto Gasparetto - FEA/UNICAMP/São Paulo Evandro de Castro Melo - DEA/UFV/Minas Gerais Francisco de Assis Santos e Silva - DEAg/UFCG/Paraíba José Helvécio Martins - DEA/UFV/Minas Gerais Jose Manuel Pita Villamil - DB/UPM/Espanha Josivanda Palmeira G. de Gouveia - DEAg/UFCG/Paraíba Leda Rita D'antonino Faroni - DEA/UFV/Minas Gerais Francisco de Assis Cardoso Almeida - DEAg/UFCG/Paraíba INFORMAÇÕES GERAIS A Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais é publicada semestralmente, podendo editar números especiais caso exista essa necessidade. A Revista tem por objetivo divulgar trabalhos técnicos científicos, técnicos, notas prévias e textos didáticos, originais e inéditos, escritos em português, espanhol e inglês, nas áreas do conhecimento em: Propriedades Físicas dos Materiais Biológicos; Armazenamento e Secagem de Produtos Agrícolas; Automação e Controle de Processos Agroindustriais; Processamento de Produtos Agropecuários; Embalagens; Qualidade e Higienização de Alimentos; Refrigeração e Congelamento de Produtos Agrícolas e Processados, além do Desenvolvimento de Novos Equipamentos e de Produtos Alimentícios. Os artigos publicados na Revista estão indexados no AGRIS AGROBASE e no CAB ABSTRACT. INFORMACIONES GENERALES Lincoln de Camargo Neves Filho - FEA/UNICAMP/São Paulo Odilon Reny Ribeiro Ferreira da Silva - EMBRAPA/Paraíba Rogério dos Santos Serôdio - CEPLAC/Bahia Rossana Maria Feitosa de Figueirêdo Sandra Maria Couto - DEA/UFV/Minas Gerais Satoshi Tobinaga - FEA/UNICAMP/São Paulo Silvio Luis Honório - FEAGRI/UNICAMP/São Paulo Tetuo Hara - CENTREINAR/Minas Gerais Vicente de Paula Queiroga - EMBRAPA/Paraíba Vivaldo Silveira Junior - FEA/UNICAMP/São Paulo REVISÃO DE TEXTOS Português: Marli de Lima Assis José Salgado de Assis Inglês: Ápio Cláudio de Lima Assis REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Renato Fonseca Aragão Os assuntos, dados e conceitos emitidos por esta Revista, são da exclusiva responsabilidade dos respectivos autores. A eventual citação de produtos marcas comerciais não significa recomendação de utilização por parte da Revista. REVISTA BRASILEIRA DE PRODUTOS AGROINDUSTRIAIS PUBLICAÇÃO SEMESTRAL Av Aprígio Veloso, 882 - Caixa Postal 10.087 La Revista Brasileña de Productos Agroindustriales tiene una edición semestral, pudiendo editar números especiales caso exista esta necesidad. La Revista tiene por objetivo hacer una divulgación de los trabajos científicos, técnicos, notas previas y textos didácticos, originales e inéditos, escritos en portugués, español o ingles, en las áreas de conocimiento en: Propiedades Físicas de los Materiales Biológicos; Almacenamiento y Secado de Productos Agrícolas; Automación y Control de los Procesos Agroindustriales; Procesamiento de los Productos Agro-pecuarios; Embalajes; Calidad y Higienización de los Alimentos; Refrigeración y Congelamiento de los Productos Agrícolas y Procesados, así como también el Desarrollo de nuevos Equipos y de nuevos Productos Alimentares. Los artículos publicados en la Revista están indexados en AGRIS AGROBASE y en el CAB ABSTRACT. GENERAL INFORMATION The Brazilian Journal of Agro-industrial Products will have a has a semestral edition, but it can have special numbers if this is necessary. The purpose of the Journal is to spread Scientific and technical works, previous notes and didactic, original and unpublished works, written in Portuguese, Spanish and English about Physical Proprieties of Biological Materials; Storage and Drying of Agricultural Products; Automation and Control of Agro-industrial Processes; Processing of Vegetal and Animal Products; Packing; Quality and Healthily of Foods; Refrigeration and Freezing of Agricultural Products already processed besides the Development of New Equipment FICHA CATALOGRÁFICA Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais/ Brazilian Journal Agro-Insustrial Products v.7, n.1, (2005). Campina Grande: Universidade Federal de Campina Grande, Centro de Ciências e Tecnologia, 2005. Campina Grande, Volume 7, Número 1, Janeiro-Junho, 2005. Semestral ISSN 1517-8595 ISSN 1517-8595 Tiragem 500 exemplares. CAPA: palma forrageira, flor da palma Site da RBPA http://www.deag.ufcg.edu.br/rbpa. 1. Engenharia Agroindustrial-Períodicos. 2. Agroindústria. 3. Produtos Agroindustriais. 4. Engenharia de Alimentos. 5. Engenharia Agrícola. CDD 631.116 ISSN 1517-8595 Volume 7, Número 1, Janeiro-Junho, 2005 SUMÁRIO/ CONTENTS Artigos Científicos Página PRODUÇÃO E ESTUDO DO POTENCIAL DE HIDRÓLISE DE UMA NOVA FONTE DE ENZIMAS AMILOLÍTCAS A PARTIR DO MALTE DE MILHO (Zea mays) (Production and study of the hydrolyse power of a new amylases source by maize (Zea mays) malt) Alex Ferreira Evangelista, Joana Paula Menezes Biazus, José Carlos Curvelo Santana, Elizabete Jordão, Roberto Rodrigues de Souza ...................................................................................................................................................................... 1 FORMA, TAMANHO E CONTRAÇÃO VOLUMÉTRICA DO FEIJÃO (Phaseolus vulgaris L.) DURANTE A SECAGEM (Form, size and shrinkage of edible bean (Phaseolus vulgaris L.) during drying) Osvaldo Resende, Paulo César Corrêa , André Luís Duarte Goneli, Paulo Roberto Cecon ..................................................... 15 APLICAÇÃO DO PLANEJAMENTO FATORIAL PARA OTIMIZAÇÃO DO ESTUDO DA PRODUÇÃO DE FERMENTADO DO FRUTO DA PALMA FORRAGEIRA (Application of factorial design for optimization of the wine production of the prickly pear cactus fruit) Roseany de Vasconcelos Vieira Lopes, Aleksandra Silva Rocha, Flávio Luiz Honorato da Silva, Josivanda Palmeira Gomes de Gouveia ................................................................................................................................................................................... 25 UTILIZAÇÃO DE MEMBRANAS PLANAS NA CONCENTRAÇÃO DE ENZIMAS BROMELINAS DA POLPA DE ABACAXI (Ananas comosos L. ) (Utilizing of plain membrane in bromelian enzymes concentration from pineapple (Ananas comosos) pulp) Francisco Luiz Gumes Lopes, João Baptista Severo Júnior, José Carlos Curvelo Santana1, Roberto Rodrigues de Souza, Elias Basile Tambourgi ............................................................................................................................................................... 33 OBTENÇÃO E MODELAGEM DAS ISOTERMAS DE DESSORÇÃO E DO CALOR ISOSTÉRICO DE DESSORÇÃO PARA GRÃOS DE TRIGO (Obtain and models isotherm of the desorption and desorption isoteric heats at wheat grains) Paulo Cesar Corrêa, André Luís Duarte Goneli, Osvaldo Resende, Deise Menezes Ribeiro .................................................... 39 ALTERAÇÕES DE COR DA ACEROLA EM PÓ SOB CONDIÇÕES CONTROLADAS (Alterations in the color of west Indian cherry powder under controlled conditions) Rossana Maria Feitosa de Figueirêdo, Alexandre José de Melo Queiroz,Enny Therezinha Martucci ...................................... 49 MICROENCAPSULAMENTO DO UMBU EM PÓ COM DIFERENTES FORMULAÇÕES DE MALTODEXTRINA: ESTUDO DO TAMANHO DAS PARTÍCULAS POR MICROSCOPIA ELETRÔNI CA (Microencapsulating of powdered umbu with different formulations of malthodextrin: Study of the particles size for electronic microscopy) Mario Eduardo R.M. Cavalcanti Mata, Sheila Soraia Araújo Medeiros, Maria Elita Martins Duarte ..................................... 59 UMA EQUAÇAO EMPÍRICA PARA DETERMINAÇÃO DO TEOR DE AGUA DE EQUILIBRIO PARA GRAOS (Na empiric equation to determine the grain equilibrium moisture content) Wilton P. da Silva, , Mario Eduardo R.M. Cavalcanti Mata, Jürgen W. Precker, Cleide M. D.P.S. e Silva, Cleiton D. P.S. e Silva, Diogo D.P.S. e Silva, Antonio Gilson Barbosa de Lima ........................ ........................................................................... 71 TRANSIÇÕES DE FASES EM ALIMENTOS: INFLUÊNCIA NO PROCESSAMENTO E NA ARMAZENAGEM (Phases transitions in foods: Influence in the processing and storage) Juliana Tófano de Campos Leite, Fernanda Elisabeth Xidieh Murr; Kil Jin Park .................................................................... 83 Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.1, p.1-14, 2005 ISSN 1517-8595 1 PRODUÇÃO E ESTUDO DO POTENCIAL DE HIDRÓLISE DE UMA NOVA FONTE DE ENZIMAS AMILOLÍTCAS A PARTIR DO MALTE DE MILHO (Zea mays) Alex Ferreira Evangelista1, Joana Paula Menezes Biazus1, José Carlos Curvelo Santana2, Elizabete Jordão3, Roberto Rodrigues de Souza4 RESUMO O malte de cevada é um produto bastante utilizado pelas indústrias alimentícias, porém seu custo é relativamente elevado quando comparado com o malte de milho. Como o malte de milho possui um potencial enzimático relativamente menor que o de cevada, a concentração das enzimas deste malte tornaria este produto mais viável que na forma ‘in natura’. Assim, este trabalho objetivou a obtenção de um derivado do malte de milho obtido por extração líquidolíquido em sistema bifásico aquoso PEG/CaCl2 e comparar seu potencial enzimático com o malte de milho. Os dados de tempo (t) e de atividade enzimática (AE) resultaram numa curva em forma de pico, onde a máxima atividade das sementes foi observada no quarto dia de germinação e a atividade enzimática apresentou uma dependência exponencial com tempo, análogo ao crescimento de microrganismos. Estas enzimas ao serem recuperadas em PEG 4000, tornaram-se mais ativas que no malte de milho, mostrando que o PEG é um meio que além de conservar, ativa as enzimas. Desta forma conseguiu-se gerar uma nova forma de comercialização das enzimas amilolíticas de malte de milho. Palavras chaves: Zea mays L., fonte de amilases, amilases em PEG, cinética enzimática. PRODUCTION AND STUDY OF THE HYDROLYSE POWER OF A NEW AMYLASES SOURCE BY MAIZE (Zea mays) MALT ABSTRACT The barley malt is a product very utilized by food industries, but its cost is relatively elevated when it’s comparated to maize (Zea mays) malt. As this malt has a smaller enzymatic activity than barley malt, the enzymes concentration of maize malt could become this product more viable than its ‘in nature’ form. Thus, this work aimed to obtain a maize malt derivate through liquid-liquid extraction in aqueous two-phase system PEG/ CaCl2 and to compare its enzymatic potential with maize malt. The data of the time (t) and enzymatic activity (EA) were shown as a curve in top form and EA presented on dependence with t, it was analogy to microorganism’s growth. These recovering enzymes in PEG 4000 became more active that in the maize malt form. It showed that PEG is the best mean for preserving and activing its enzymes. Thus, we obtained a new commercial source of amylases enzymes from maize malt. Keywords: Zea mays L., amylases source, amylases in PEG, enzymes kinetic. __________________________ Protocolo 702 de 8 de abril de 2003 1 Graduandos em Engenharia Química, DEQ/ CCET/ UFS. Doutorando em Engenharia Química, DESQ/ FEQ/ UNICAMP. [email protected] . 1 Prof. Drª do Departamento de Engenharia e Sistemas Químicos, FEQ/UNICAMP, Cid. Univ. “Zeferino Vaz”, Av. Albert Eistein, s/n, Barão Geraldo, Campinas– SP, Caixa Postal: 6066, CEP: 13081-970, Tel: 0xx13 3788 3900. 1 Prof. Dr do Departamento de Engenharia Química, CCET/UFS. Cid. Univ. Prof. José Aloísio de Campos, Av. Marechal Rondon, s/n, Rosa Elze, São Cristóvão – SE, CEP: 49480 000, Tel: 0xx79 2126687e-mail: [email protected]. 1 2 Produção e estudo do potencial de hidrólise de uma nova fonte de enzimas amilolítcas ...... Evangelista et al. INTRODUÇÃO Enzimas amilolíticas Sistemas bifásicos aquosos A bioseparação é um ramo da bioengenharia que, nos últimos tempos, vem sendo muito estudada, com o intuito de aprimorar técnicas mais eficientes e mais econômicas, em larga escala (“scale-up”), alcançando um elevado grau de pureza e recuperação da biomolécula, mantendo sua atividade. A mais eficiente destas técnicas é a cromatografia em fase líquida. Contudo, esta, embora produza um material de alto grau de pureza e com boa atividade, seu rendimento é baixo e o custo do produto é elevado. Uma das técnicas que possuem bom rendimento na separação de biomolécula sem interferir em sua atividade, com boa viabilidade econômica, é a partição em sistemas bifásicos aquosos (SBA) (Diamond & Hsu, 1992). Os sistemas bifásicos aquosos mais utilizados, atualmente, são os sistemas polimero/polímero, mais comumente representados pelo polietileno glicol (PEG)/Dextrana e os sistemas polímero/ sal, representados na maioria dos estudos por PEG/fosfato de potássio. Estes sistemas foram descobertos por Per - Åka Albertsson em 1955 e, desde esta data, os sistemas bifásicos são estudados e utilizados na recuperação e/ou purificação de diversas substâncias, principalmente, de biomoléculas (Albertsson, 1986). Os SBA’s polímero/polímero, ou polímero/sal são muito utilizados na recuperação de biomoléculas por oferecem ambientes físico-químicos apropriados para as biomoléculas, apresentando baixas diferenças de potencial, tensão superficial em torno de 10-7 N/cm, que contém 80% a 90% em peso de água em suas fases (Diamond & Hsu, 1992). Nas últimas décadas, tem-se pesquisado novos sistemas bifásicos que permitam uma melhora na recuperação de biomoléculas específicas, como foi o caso de Santana (2003), que empregou um SBA obtido, a partir do polietileno glicol (PEG) e do sal CaCl2, na recuperação de amilases de malte de milho. Os resultados mostraram que no pH 5,0 e na linha de amarração mais concentrada (3ª, neste estudo) este sistema foi seis vezes mais eficiente que os utilizados por alguns autores; quando estes recuperaram as mesmas enzimas de A. Niger em sistema PEG/ sais de fosfato e PEG/ Dextrana. Desde o início do século, o estudo da viabilidade de aplicação das enzimas em processos biotecnológicos tem tido um grande destaque em nível Mundial. Dentre estas enzimas, podemos destacar como as mais importantes para a biotecnologia; até o momento, as enzimas e amilases. O uso fundamental das amilases está na hidrólise do amido, principalmente, na indústria de panificação; no pré-cozimento de cereais, nas indústrias de fermentação, para a produção de álcool e bebidas alcoólica; na fabricação de xaropes de glicose, via hidrólise pelas amilases; no preparo de gomas de dextrinas, usadas para acabamento de papéis e tecidos, dentre outros. A enzima com código e nome sistemático EC 3.2.1.1; -1,4 glicano 4-glicanohidroxilase, respectivamente, é comumente conhecida como -amilase. Esta é uma grande enzima extracelular que hidrolisa, aleatóriamente, e várias ligações -1,4 não terminais de molécula de amilose, amilopectina, glicogênio e dextrinas, não atuam sobre as ligações -1-6. Os produtos finais da hidrólise são 70 a 90%, de maltose, oligossacarídeos e dextrinas, a maioria com quatro a oito unidades de glicose, além de pequenas quantidades de D-glicose. A -amilase, também, é chamada de enzima dextrinizante e de liquefação e encontram-se nos tecidos e diversos meios: saliva, pâncreas, cereais, bactérias, fungos. Sua resistência à desnaturação térmica, a qual inativa a enzima, difere conforme sua origem ou biossíntese. Algumas amilases bacterianas, de Bacillus subtilis, B. coagulans, B. licheniformis e B. stearothermophilus, têm temperatura ótima entre 70°C a 80C de temperatura (algumas são ativas até acima de 100C), isto devido à presença de um íon Ca2+ em sua estrutura molecular, com pH ótimo entre 5,5 a 7,0 e peso molecular variando entre 10 kDa a 20 kDa (Wiseman, 1987; Dixon & Webb, 1967). A enzima com código e nome sistemático EC.3.2.1.1, -1,4 glicano-maltohidrolase, respectivamente, é comumente conhecida como -amilase. Esta é uma enzima extracelular, largamente encontrada em grãos de vegetais, degradando a amilopectina e glicogênio, hidrolisando cada segunda ligação -1,4, mas, sempre, a partir dos terminais não redutores das cadeias. A maioria dos seus produtos é quase sempre -maltose, são inibidas por reagentes sulfidricos, não atuam em ligações -1,6 e desta forma, a hidrólise total da amilopectina não Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.1, p.1-14, 2005 Produção e estudo do potencial de hidrólise de uma nova fonte de enzimas amilolítcas ...... Evangelista et al. pode ser realizada por elas. Estas enzimas possuem temperatura ótima por volta do 55° C, pH ótimo entre 6,5 a 7,0 e massa molar de, aproximadamente, 50 kDa (Wiseman, 1987; Dixon & Webb, 1967). Cinética enzimática É o estudo do caminho mais provável para se definir a equação da taxa da reação de um sistema reacional catalisado por enzimas. Para que seja possível a compreensão deste estudo considera-se o caso mais simples onde o substrato (S) é transformado no produto (P) em uma reação catalisada por uma enzima (E). Com as condições experimentais do meio reacional em estudo pré–definidas (pressão, temperatura, pH, concentrações inicial de substrato e de enzimas, etc). Supondo-se que seja possível medir a concentração do substrato (ou do produto) com o decorrer do tempo, a partir do instante em que esta teve início. Estas medidas permitem configurar uma curva do tipo que se encontra na Figura 1, a qual traduz a variação da velocidade de reação com o consumo de substrato (formação do produto) com o tempo. Na realidade o único instante em que se conhece com certeza a concentração do substrato é o tempo inicial, por isto as velocidades de reações enzimáticas são calculadas nos instantes iniciais. 3 aproximadamente, proporcional à sua concentração (o que indica uma reação de primeira ordem em relação ao substrato), porém para altas concentrações do substrato, a velocidade tende para um valor assintótico, designado pela velocidade máxima (Vmax), onde V0 é tido como constante em relação à concentração do substrato (reação de ordem zero) (Friedman, 1994; Peter, et al., 1987). No início do século XX, trabalhos realizados por Henri e posteriormente por Leonor Michaelis e Maud Menten levaram à formulação da Teoria do Mecanismo de Reação Enzimática mais conhecida até o presente momento; a qual segue os seguintes passos: Em reação rápida, enzima e substrato formam o complexo denominado de enzima– substrato (ES). Em reação lenta, o complexo enzimasubstrato forma o produto e liberta a enzima. Esta reação é representada pela Figura 2. k1 ES k2 E S EP k 1 Figura 2 – Esquema de uma reação enzimática global, simples. Onde: k1, k-1 e k2 são constantes cinéticas. Como notação foi admitida [E], [S] e [ES], como as respectivas concentrações de E, de S e de ES. Ao admitir-se que o sistema reacional esteja em equilíbrio, pode-se definir Ks, como sendo a constante de dissociação do complexo ES, dada por: Ks Figura 1 – Curva de desenvolvimento cinético de um sistema reacional enzimático. É comum indicar a velocidade inicial (V0), numericamente igual à tangente à curva de formação do produto com o tempo (Halpern, 1997; Peter et al.; 1987). Os primeiros estudos comprovaram que a velocidade de reação enzimática é proporcional à concentração de enzimas (V0 [E]) e que esta velocidade possui uma dependência hiperbólica com a concentração do substrato. Para baixas concentrações de substrato, a velocidade é, k 1 [ E ][ S ] ES k1 (1) Esta suposição é conhecida como hipótese de equilíbrio e só é válida quando k-1 >>> k2, ou seja, não foi levada em consideração a complexação da enzima com o produto para retornar ao complexo enzima substrato (E + P em ES) para determinação da velocidade inicial (V0 ), já que [P] = 0 (Voet & Voet, 1995). Em 1925, Briggs e Haldane propuseram uma hipótese de equilíbrio rápido, onde as constantes k-1 e k-1 são aproximadamente iguais. Estes cientistas verificaram que se fazendo medidas em pequenos intervalos de tempo, onde a variação da concentração do complexo Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.1, p.1-14, 2005 Produção e estudo do potencial de hidrólise de uma nova fonte de enzimas amilolítcas ...... Evangelista et al. 4 ES é tão pequena que pode ser considerada constante; desta maneira eles conseguiram observar um estado estacionário (ou pseudoestacionário) para ES. No entanto, para que isto ocorra, é necessário que a concentração do substrato seja muito superior à de enzimas, o que acontece na maioria dos sistemas in vitro. Desta forma, de acordo com a definição de velocidade de reação, tem-se (Friedman, 1994; Halpern, 1997; Voet & Voet, 1995): V0 d P k 2 ES dt (3) Como no meio reacional a enzima se encontra na forma livre (E) e na forma complexada (ES), logo a concentração de enzimas total (E0) pode escrita como: [ E ] 0 [ E ] [ ES ] (4.a) ou [ E ] [ E ] 0 [ ES ] (4.b) E assim por substituição da equação 4.b na equação 3, obtém-se: [ ES ] E 0 S k 1 k 2 [S ] k1 (5) e Km k 1 k 2 k1 (8) Na Equação 8, Vmax é a velocidade máxima da reação e Km é a constante de Michaelis–Menten. Quando ocorre um estado de equilíbrio rápido (k-1>>k2), constata-se que a constante de Michaelis-Menten se aproxima da constante de dissociação do complexo enzimasubstrato (Halpern, 1997; Peter et al., 1987; Voet & Voet, 1995): Km k 1 Ks k1 (6) (7) Obte-se assim, a equação de Michaelis – Menten, dada por: (9) A Equação 8 também comprova a variação hiperbólica de V0 com [S]. Um estudo de dois casos é abaixo relatado, os quais apresentam limites de concentração de substrato. i) Para baixas concentrações de substrato ([S] << Km); pode-se adotar uma forma simplificada da Equação 8, dada por: V0 Vm [ S ] Km (10) ii) Para altas concentrações de substrato ([S] >> Km); a Equação 8 toma a forma da Equação 6, já que V0 ≃ Vmax, o que esta de acordo com as observações já mencionadas para os extremos cinéticos de ordem zero e ordem um, em relação ao substrato [S] (Halpern, 1997; Peter et al., 1987; Voet & Voet, 1995). Para que seja entendido o significado de Vmax e Km, são feitas as seguintes igualdades: V0 k 2 [ ES ] k 2 [ E ] 0 Vmáx Fazendo-se as seguintes considerações: Vmáx k 2 [E ] 0 Vmáx [ S ] K m [S ] (2) Como é difícil medir [ES], logo esta grandeza deve ser substituída. Para isto, considera-se a hipótese de estado estacionário e iguala-se as duas equações de velocidade (de formação e decomposição do complexo ES), como descrito abaixo (Peter et al., 1987; Voet & Voet, 1995): k1 [ E ][ S ] k 1 [ ES ] k 2 [ ES ] V0 (11) Esta equação indica que a velocidade máxima ocorre quando todas as enzimas estão na forma complexada, ES, ou seja, todas as enzimas estão saturadas de substrato. No entanto se [S] = Km e for substituído na Equação 8, tem-se: V0 Vmáx 2 (12) Por meio desta expressão pode-se concluir que o Km corresponde à concentração do substrato onde se observa que a reação Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.1, p.1-14, 2005 Produção e estudo do potencial de hidrólise de uma nova fonte de enzimas amilolítcas ...... Evangelista et al. alcançou um valor médio da velocidade máxima e a concentração de enzimas está 50% saturada. Outros mecanismos podem ser obtidos, como o que considera também o complexo enzima-produto (EP), os que inserem as influências do pH, de inibidores, etc; mas todos são deduzidos, levando-se em consideração as hipótese de Michaelis-Menten. Método para determinação da velocidade máxima e a constante de Michaelis-Menten Como a representação gráfica da Equação 8 é hiperbólica, o valor de Vvax não pode ser obtido exatamente, pois este se torna assintótico. Contudo, ao se linearizar a expressão de Michaelis-Menten em função de 1/V0 e 1/[S], chega-se a: K 1 1 1 m V0 V máx V máx [ S ] (13) Esta expressão é chamada de equação de Lineweaver-Burk, que é uma relação linear onde 1/Vmax é o seu coeficiente linear e Km/ Vmax é o seu coeficiente angular. Ao tocar no eixo das abscissas, esta reta fornece o valor – 1/Km (recíproco negativo da constante de MichaelisMenten), como se observa na Figura 3, que é uma representação esquemática da linearização desta equação (Friedman, 1994; Halpern, 1997; Morris, 1979; Peter, et al., 1987; Voet & Voet, 1995). 5 camada protetora (casca), aleurona, endosperma e o embrião. Este último é composto pelo cotilédone, o epicótilo (que origina o broto) e a radícula (que se origina a raiz). Na Figura 4, encontra-se uma representação esquemática da germinação de uma monocotiledonea que ocorre, quando o crescimento da radícula rompe o tegumento da semente e aparece como uma raiz jovem. A energia para a germinação da semente vem da respiração e do açúcar do endosperma. Contudo, o embrião e o amido estão separados um do outro, ou seja, para que a semente germine deve haver ação de forças externas para ativar suas funções fisiológicas. Naturalmente, há uma pequena atividade biológica nas sementes, devido à presença das enzimas -amilase que degrada o amido para produzir a maltose e fornecer energia para manter a atividade biológica, nas células da semente. A água, entrando na semente e no embrião, dissolve uma substância produzida no interior do embrião. Esta substância é conhecida como ácido giberélico (AG). Este é um hormônio vegetal não muito diferente dos esteróides. O AG dissolvido é transportado com a água pelo restante dos tecidos da semente, até chegar à camada de aleurona. O AG entra no citoplasma dessas células, "ativando" certos genes do DNA nuclear. O DNA é, naturalmente, a molécula hereditária e contém as instruções para fazer todas as proteínas necessárias para a sobrevivência da planta. O mecanismo preciso sobre como o AG "ativa" o DNA é ainda desconhecido. É claro, contudo, que o modo de ação é ligar apenas alguns genes específicos do DNA (Borzani et al., 1986; Santana, 2003). Figura 3 – Linearização dos dados cinéticos ou método de Lineweaver-Burk (Morris, 1979). Germinação das sementes de milho O milho (Zea mays) tem um mono cotilédone, e sua semente está dividida em Figura 4 – Esquema da síntese da enzima amilase, em uma semente monocotiledonea Os genes que são "ligados" são transcritos. A informação arquivada em DNA é preciosa, de modo que as células de aleurona Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.1, p.1-14, 2005 6 Produção e estudo do potencial de hidrólise de uma nova fonte de enzimas amilolítcas ...... Evangelista et al. fazem uma cópia "descartável" em RNA do gene a que está ligado. Está cópia, como um tipo de projeto, é chamada de RNA mensageiro. O processo de fazer esta cópia é chamado transcrição. O RNA que foi feito no processo de transcrição é transportado até o citoplasma das células de aleurona. No citoplasma, o RNA mensageiro se junta ao ribossomo para começar o processo de produção de uma proteína. Este processo é denominado síntese protéica ou tradução. Neste processo o ribossomo examina a informação mantida na seqüência de bases do RNA. RNAs transportadores carregados com aminoácidos específicos são colocados nas posições especificadas nas instruções do RNA mensageiro e os aminoácidos são agrupados na seqüência certa pelo ribossomo. A seqüência de aminoácidos determina as propriedades da proteína que está sendo montada. Neste caso, a proteína crítica feita com a informação mantida no RNA é a -amilase. Esta proteína resulta em uma enzima de mesmo nome que tem grande importância para a indústria de alimentos (Santana, 2003). Maltagem A maltagem é a técnica de preparo do malte, e constam de operações como a maceração, a germinação e a secagem. O processo altera os grãos e esta alteração afeta a composição deles, e estes diferem conforme o tipo de malte a ser obtido, podendo ser utilizado nas cervejarias e ou destilarias. Se for destinado para ser utilizado em cervejarias, que é o caso mais comum para as sementes de cevada, os grãos devem ser densos, com endosperma macio e friável, sua maceração será entre 43% a 46% de umidade, após a germinação são secos a 4% de umidade em temperaturas variando de 70°C a 100°C, o que torna o malte mais escuro, reduz sua atividade enzimática, dá a cerveja uma coloração mais escura, sabor e aroma mais encorpado (Borzani et al., 1986). No caso do malte para destilaria, são usados grãos menores, com teor protéico mais elevado, sendo macerados na faixa de 45% a 49% de umidade, seca depois de germinados, de 5% a 7% de umidade, em temperaturas, variando entre 50°C a 60°C, gerando um malte de maior potencial enzimático e mais claro. Suas etapas basicamente são: Limpeza e classificação das sementes, que, geralmente, são feitas, usando-se peneiras, ventiladores ou eletroimãs, isolados ou em conjunto. Depois é feita a maceração, que nada mais é que elevar o teor de umidade na semente até níveis próximos de 45% de umidade, condição necessária à germinação. O tempo de germinação depende da velocidade com que as enzimas hidrolíticas atuam. Segundo Borzani et al. (1986), para que as sementes de cevada atinjam o máximo de atividade enzimática, estas devem apresentar o broto com 1 a 2 vezes o seu tamanho. A secagem destas sementes (agora malte) é necessária para aumentar a conservação do malte por um maior tempo. A temperatura empregada não deve exceder as temperaturas ótimas das enzimas para evitar a inativação delas. O malte é um produto muito utilizado nas indústrias cervejeiras, e em outras indústrias que trabalham com processos fermentativos a partir do malte, sendo as sementes de cevada as mais utilizadas, pelo seu alto poder enzimático. Contudo estas sementes não são muito cultivadas em nosso país, necessitando a sua importação e, elevando o custo na obtenção do produto. Já as sementes de milho, para produzir malte, pode ser uma alternativa viável, uma vez que esta cultura é bastante difundida no Brasil, o que torna o custo na obtenção do malte menor se comparado com o da cevada, porém é difícil encontrar relatos de estudos da sua atividade enzimática com relação ao tempo de germinação, que dê suporte a interrupção do processo, pelo maltador. A literatura, apenas, faz menção do maior poder enzimático das sementes de cevada (potencial tido como 100) que as de milho (tido como 28). Com um estudo das melhores condições de germinação para que se obtenha a máxima atividade enzimática no malte e uma posterior concentração destas enzimas em PEG 4000, pode-se obter um produto com maior potencial enzimático e, assim, poder oferecer ao mercado um novo de malte de milho com alto potencial de hidrólise de amido. Portanto, o presente trabalho teve como objetivo a obtenção de um derivado do malte de milho obtido por extração líquido-líquido em sistema bifásico aquoso PEG/CaCl2 e comparar seu potencial enzimático com o malte de milho. MATERIAIS E MÉTODOS Maceração das Sementes Sementes selecionadas provenientes da EMBRAPA-SE foram limpas com água destilada, para eliminar ácidos voláteis e outras substâncias retidas na superfície dos grãos, depois se umedeceram as sementes, até que elas Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.1, p.1-14, 2005 Produção e estudo do potencial de hidrólise de uma nova fonte de enzimas amilolítcas ...... Evangelista et al. atingissem um teor de água entre 40 a 45%, trocando-se a água a cada uma hora. O tempo de duração deste processo foi em torno de 12 a 14 horas, sendo observada a máxima absorção relativa de umidade pelas sementes, durante a lavagem e nas primeiras 4 horas (Borzani, 1986; Reguly, 1996; Santana, 2003). 7 adicionar nestas o reagente Coomasie Biliante Blue e medir sua absorbância a 595 nm. A concentração de proteínas é encontrada ao se comparar a absorbância da amostras na curva de calibração obtida com a proteína padrão BSA (soro de albumina bovina). Recuperação das enzimas Germinação Foi feita em bancada de laboratório, onde as sementes úmidas foram distribuídas sobre uma superfície artificial. As sementes foram, sempre, umedecidas com borrifadores de água destilada, a superfície era composta de folhas de papel filtro (tamanho A4) e estas sobre camadas de algodão, para reter o máximo possível de umidade na superfície, evitando, assim, que as sementes perdessem umidade. A germinação era interrompida entre 8º e o 10º dia, quando se observava o aparecimento de folíolos nos brotos (Borzani et. al., 1986; Santana, 2003). Amostragem As amostras foram coletadas, diariamente, em um mesmo horário, sendo depois moídas em moinho de parafuso e uma pequena massa variando entre 1,0 g a 2,0g dela foi solubilizada a 50 mL em solução de NaCl e CaCl2 a 3 e 2 g/L, respectivamente, (Santana, 2003). Determinação da atividade enzimática da amilase nas sementes Foi feita pelo Método de Wohlgenuth, modificado por Sandstedt, Kneen, Blish, o qual se baseia na dextrinização de certa massa de amido solúvel que, sob influência de um excesso de -amilase, pela -amilase em uma hora, sendo sua unidade usual dada em SKB (Reguly, 1996). Com base neste método foram utilizados volumes variados das amostras (dependendo da atividade), para dextrinizar 20 mL de uma solução de amilodextrina 2% a 30°C. A análise foi feita por comparação colorimétrica com um padrão de iodo/dextrina. O método do DNS, ou do Miles Laboratory, também, foi utilizado para medir a variação da concentração de açúcares redutores com o tempo de incubação, no estudo cinético enzimático, descrito a seguir (Reguly, 1996). Quantificação da proteína total Foi feita pelo método de Bradford (1976), o qual consistiu em coletar amostras, A partir do sistema bifásico aquoso de composição 25% PEG 4000 e 1,8 % de CaCl2, as enzimas em malte de milho foram recuperadas. Uma solução de malte a 2% em CaCl2 foi introduzida com o auxílio de uma micro-seringa na fase inferior do sistema. Esperou que o equilíbrio fosse estabelecido (24 a 48 h). Recolheram-se amostras de ambas as fases e, nelas, mediu-se a concentração de proteína total para que estas fossem utilizadas nos ensaios de cinética. Cinética de hidrólise do amido Foram feitos estudos comparativos de cinética enzimática entre as enzimas e amilases do extrato em malte de milho e do extrato em PEG 4000. Utilizou-se o pH 5,0 e as temperaturas de 75°C e 55°, já que estas variáveis estão próximas das condições ótimas das -amilase e -amilase, respectivamente. Para tanto, foram preparadas soluções de amido a 10 g/L e 0,2 g/L em pH 5,0, e a partir destas foram feitas as devidas diluições para fornecer concentrações dentro das especificações da metodologia que se baseia nas condições limite do substrato (Friedman, 1994; Peter et al., 1987). Possibilitando desta forma, observar se o PEG atua como inibidor ou ativador destas enzimas, enquanto que a temperatura definiu qual das enzimas encontra-se mais ativa no extrato em PEG 4000. Para este estudo, usou-se como base matemática para obtenção dos modelos cinéticos a metodologia de Michaelis-Menten, que se baseia na determinação das velocidades iniciais de reação nas condições limites do sistema reacional, ou seja: 1- Para baixas concentrações de substrato ([S] << Km); 2- Para altas concentrações de substrato ([S] >> Km). A linearização do modelo foi feita seguindo a metodologia de Lineweave-Burk. A determinação da concentração de açúcares redutores gerados no meio foi feita segundo o Método do Milles Laboratory (Reguly, 1996). Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.1, p.1-14, 2005 8 Produção e estudo do potencial de hidrólise de uma nova fonte de enzimas amilolítcas ...... Evangelista et al. RESULTADOS E DISCUSSÃO Na Tabela 1, encontram-se os dados de atividade enzimática das sementes de milho, durante a germinação em escala laboratorial. Foram realizados três ensaios num mesmo período com as sementes de uma mesma safra. Todos os ensaios foram realizados em triplicata e seus valores médios estão na Tabela 1. Tabela 1 – Dados experimentais de atividade enzimática durante a germinação das sementes de milho Tempo Atividade Enzimática (SKB) (dias) Ensaio 01 Ensaio 02 Ensaio 03 0 0,157 0,117 0,0762 1 0,234 0,234 0,25 2 2,182 2,074 1,959 3 5,714 5,648 5,581 4 21,818 24,242 26,667 5 6,667 8,386 10,105 8 5,714 7,48 8,727 Na Figura 5, encontra-se o crescimento da atividade enzimática (AE) das amilases, durante o decorrer de um período de 8 dias, para três ensaios com amostras de uma mesma variedade de milho, de mesma época de colheita, germinadas no mesmo período, com umidade controlada e nas condições ambientais de temperatura e pressão. Nesta figura, pode ser observado que a atividade enzimática, durante a germinação, apresenta comportamento semelhante para ambos os ensaios. Vê-se que a atividade enzimática apresenta crescimento lento até o terceiro dia após as sementes serem postas a germinar, sendo que no quarto dia alcançam seu valor máximo em ambos os experimentos, gerando um pico nos gráficos, para depois cair a um valor constante. É de se esperar, inicialmente, uma taxa de atividade enzimática baixa nas sementes (quase que exclusiva devido à presença das -amilases) já que estas ainda estão em estado de dormência. Quando a água penetra na semente, facilita o transporte de glicerídeos (formas pela -amilase) e do ácido giberélico (AG) para as camadas de aleurona onde, os primeiros fornecerão energia para alimentar as células, enquanto que o segundo ativa os genes do DNA, responsáveis pela formação das -amilases. Com isto, percebe-se que esta geração de enzimas, a princípio, é lenta, acelerando, posteriormente, até alcançar seu valor máximo, no quarto dia, quando a concentração de produtos gerados pelas enzimas faz com que parte destas sejam inibidas e sua atividade se reduza a um valor constante (Santana, 2003). Na Figura 5, é perceptível observar um comportamento da atividade enzimática semelhante a uma curva do tipo exponencial, na etapa de crescimento enzimático (primeira parte antes dos picos nos gráficos). Logo este comportamento pode ser modelado semelhante ao da taxa de crescimento microbiano, do tipo y =y0 eb x. Então, neste estudo, para provar que esta analogia é válida, fizeram-se as seguintes denominações: AE, será a simbologia usada para a atividade enzimática (neste caso em SKB); AE0, é a atividade enzimática das sementes 'in natura' ou a atividade inicial das sementes (SKB); t, o tempo de germinação das sementes (em dias); E é a taxa de crescimento da atividade enzimática da semente característica para cada variedade. Desta forma, o modelo para este trabalho é: AE = AE0 e t (14) A partir de um ajuste exponencial dos dados de atividades enzimáticas (valores médios), obtidos, experimentalmente, em escala laboratorial, Tabela 01, foram encontrados os valores dos parâmetros AE0 e . Esses valores encontram-se nas equações 15, 16 e 17. Como se pode observar a taxa de crescimento enzimático () apresenta um valor próximo de 1,362 s-1 (0,133 de desvio, 9,8% de erro), mostrando que este valor é característico para a variedade estudada. Contudo, mesmo em amostras de uma mesma safra, a atividade destas no estado natural (atividade inicial, AE0) não pode ser considerada como constante, já que seu valor médio ficou em torno de 0,110 e sua oscilação foi de 44 % (0,048 de desvio padrão), ou seja, este valor é característico das amostras, embora seus genótipos sejam parecidos. Na Figura 6, estão as curvas geradas pelos modelos empíricos (equações 15, 16 e 17) que correlacionam a atividade enzimática com o tempo de germinação das sementes de milho. Percebe-se que as curvas representam satisfatoriamente os dados experimentais, pois os coeficientes de correlação encontram-se próximos ao do valor máximo (1,0), indicando assim, um bom ajuste dos modelos. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.1, p.1-14, 2005 Produção e estudo do potencial de hidrólise de uma nova fonte de enzimas amilolítcas ...... Evangelista et al. AE(1) = 0,1643 e1,2197 t R = 0,9986 1,3851 t AE(2) = 0,0944 e R = 0,9902 (15) . (16) AE(3) = 0,0727e1,4821 t R = 0,9958 9 (17) 30 Ensaio 01 Ensaio 02 Ensaio 03 25 AE (SKB) 20 15 10 5 0 0 2 4 6 8 Tempo (dias) Figura 5 – Comportamento da atividade enzimática (AE) durante o decorrer da germinação das sementes de milho. 30 25 AE (SKB) 20 15 10 5 0 0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5 Tempo (dias) 1° Ensaio 2° Ensaio 3° Ensaio Expon. (3° Ensaio) Expon. (2° Ensaio) Expon. (1° Ensaio) Figura 6 – Gráfico da dependência da atividade enzimática (AE) com o tempo de germinação de acordo com o modelo empírico Cinética comparativa entre as amilases de malte de milho in natura e em PEG Este estudo foi baseado, exclusivamente, na equação de cinética enzimática proposta por Michaelis-Menten, que usa as concentrações de substrato no limites inferior e superior da curva gerada pela equação de cinética. A aplicação de uma regressão linear dos recíprocos das concentrações do substrato e das velocidades iniciais na equação linearizada da curva de cinética enzimática, segundo a metodologia aplicada por Lineweaver-Burk (Morris, 1979; Voet & Voet, 1995), foi usada para determinação das constantes de MichaelisMenten (Km) e de cinética da reação (kcat), e a velocidade máxima de reação (Vmax). Nas Figuras de 7 a 12, encontram-se os comportamentos das cinéticas enzimáticas, proposta por Michaelis – Menten, das enzimas e -amilases de malte de milho nos estados ‘in natura’ e em meio contendo PEG 4000. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.1, p.1-14, 2005 10 Produção e estudo do potencial de hidrólise de uma nova fonte de enzimas amilolítcas ...... Evangelista et al. Todas as curvas foram determinadas em microbioreatores de 5,0 mL, que contém como substrato o amido a concentrações variadas em tampão fosfato a pH 5,0 (próximo do ótimo das duas enzimas) e a temperaturas de 75 ± 2 °C e 55 ± 2°C e (ótimos da e -amilases, respectivamente). Percebe-se que em ambas as figuras as curva geradas pelas enzimas em PEG, apresentam valores maiores em suas regiões assintóticas que as curvas geradas pelas enzimas em malte de milho. Sendo assim, as primeiras possuem velocidades máximas maiores que as segundas, já que nesta região se encontram os valores quase constantes de Vmáx. Isto indica que as enzimas em extrato de malte possuem uma atividade menor que as enzimas em extrato de PEG 4000, pois necessitam de um tempo maior para hidrolisar totalmente uma mesma massa de amido. O que também pode ser comprovado ao se observar as Figuras 8 e 10, que se referem às curvas anteriores linearizadas pelo método de Liweneaver-Burk. Nestas últimas figuras, pode-se comparar melhor às atividades das enzimas em malte de milho com as recuperadas em PEG, pois o coeficiente linear destas retas é o recíproco da velocidade máxima, logo aquela que apresentou um menor valor deste coeficiente possui uma maior atividade enzimática. Este fato comprova que o PEG é agente ativador destas enzimas como já foi percebido por outros autores (Malinowski, 2001), além de ser um meio propício para a catalise sem contaminação dos produtos, com uso liberado pelo FDA em alimentos (Harris, 1992). Amilases em malte Amilases em PEG 4000 0,7 0,6 V (g/L.min) 0,5 0,4 0,3 0,2 0,1 0,0 -0,5 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 [S] (g/L) Figura 7 – Cinéticas de hidrólise do amido, a pH 5,0 e 75°C. Amilases em malte Amilases em PEG 4000 5,5 5,0 4,5 4,0 1/V 3,5 3,0 2,5 2,0 1,5 1,0 -50 0 50 100 150 200 250 300 350 400 1/[S] Figura 8 – Linearização pelo método de Lineweaver – Burk das curvas de hidrólise do amido, a pH 5,0 e 75°C. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.1, p.1-14, 2005 Produção e estudo do potencial de hidrólise de uma nova fonte de enzimas amilolítcas ...... Evangelista et al. As Figuras 11 e 12 representam a comparação entre as curvas de cinética normal e linearizada das enzimas recuperada em PEG nas temperaturas de 55 ± 2°C e 75 ± 2°C. Observa-se por comparação que em ambas há uma superação dos dados das enzimas em PEG a 75°C sobre as enzimas em PEG a 55°C, de forma que ambas as figuras demonstram que na primeira temperatura as enzimas possuem uma 11 atividade maior, ou seja, há uma maior percentagem das -amilases que as -amilases no extrato enzimático em PEG, já que as primeiras possuem atividade ótima para o pH e a temperatura próxima de 5,0 e 75°C, respectivamente, e as segundas enzimas perderem sua atividade à medida que se eleva a temperatura além do seu ótimo, 55°C. Amilases em malte Amilases em PEG 0,65 0,60 0,55 V (g/L.min) 0,50 0,45 0,40 0,35 0,30 0,25 0,20 -0,5 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 [S] (g/L) Figura 9 – Cinéticas de hidrólise do amido, a pH 5,0 e 55°C. Amilases em malte Amilases em PEG 3,6 3,4 3,2 3,0 2,8 1/V 2,6 2,4 2,2 2,0 1,8 1,6 1,4 -100 0 100 200 300 400 500 600 700 800 1/[S] Figura 10 – Linearização pelo método de Lineweaver – Burk das curvas de hidrólise do amido, a pH 5,0 e 55°C. Este fato também é comprovado pelos dados obtidos após linearização das equações de cinética, já que a velocidade máxima (Vmax) e a constante catalítica (kcat) do extrato Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.1, p.1-14, 2005 12 Produção e estudo do potencial de hidrólise de uma nova fonte de enzimas amilolítcas ...... Evangelista et al. enzimático em PEG a 75° superam os valores destas constantes para o extrato enzimático em PEG a 55°C. 75°C 55°C 0,7 0,6 V (g/L.min) 0,5 0,4 0,3 0,2 0,1 -0,5 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 [S] Figura 11 – Comparação entre as curvas de cinética de hidrólise do amido nas temperaturas de 55°C e 75°C, utilizando as amilases em PEG 4000, a pH 5,0. 75°C 55°C 5,5 5,0 4,5 4,0 1/V 3,5 3,0 2,5 2,0 1,5 1,0 0 100 200 300 400 500 600 700 800 1/[S] Figura 12 – Comparação entre as curvas de hidrólise do amido linearizadas nas temperaturas de 55°C e 75°C, utilizando as amilases em PEG 4000, a pH 5,0. A seguir são descriminadas as equações 18, 19, 20 e 21 que contem os valores dos parâmetros dos modelos de cinética enzimática, segundo Michaelis-Menten linearizados por Lineweaver – Burk. As equações de números pares representam as curvas de cinética linearizadas para as enzimas em malte de milho e as de números ímpares representam as enzimas recuperadas em PEG 4000, a 75 e 55°C, respectivamente. Abaixo destas equações encontram-se os valores das respectivas correlações múltiplas (R2), da velocidade máxima (Vmáx), da constante de Michaelis – Menten (Km) e da constante catalítica (kcat), com suas devidas unidades. Para os cálculos das constantes cinéticas, consideraram-se as concentrações de enzimas, [E], como sendo às medidas das concentrações de proteína total nos Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.1, p.1-14, 2005 Produção e estudo do potencial de hidrólise de uma nova fonte de enzimas amilolítcas ...... Evangelista et al. extratos, as quais foram: 0,01014 g/L e 0,004979 g/L, nos extratos enzimáticos em malte e em PEG, respectivamente. 1 - Modelo cinético linearizado para as enzimas em extrato de PEG a 75°C. 1 1 0,0101 1,533 V [S] (18) R 2 0,9964 Vmáx 0,6523 ( g / L. min) K m 0,006588 ( g / L) k cat 131,0 (min 1 ) 2 - Modelo cinético linearizado para as enzimas em extrato do malte de milho a 75°C. 1 1 0,0097 1,808 V [S] R 2 0,9970 Vmáx 0,5529 ( g / L. min) K m 0,01754 ( g / L) (19) k cat 54,51 (min 1 ) 3 – Modelo cinético linearizado para as enzimas em extrato de PEG a 55°C. 1 1 0,0024 1,616 V [S] (20) R 2 0,9981 V máx 0,6189 ( g / L. min) K m 0,001485 ( g / L) k cat 124,3 (min 1 ) 4 - Modelo cinético linearizada para as enzimas em extrato do malte de milho a 55°C. 1 1 0,0024 1,538 V [S] (21) R 2 0,9991 Vmáx 0,6504 ( g / L. min) K m 0,003690 ( g / L) k cat 64,17 (min 1 ) 13 estudo, que no quarto dia de germinação as sementes de milho, tem a sua máxima atividade enzimática, sendo considerado ponto ótimo para o processo de maltagem dessas sementes; O estudo cinético enzimático comparativo entre as enzimas e -amilases nas formas de malte de milho e de extrato em PEG 4000, ambos a pH 5,0 e temperaturas de 55 ± 2°C e 75 ± 2°C, demonstrou que as enzimas recuperadas em PEG 4000 possuem uma maior velocidade máxima, para ambas as temperaturas, que as enzimas em malte de milho, o que já foi comprovado durante a partição em batelada, onde o valor da atividade específica do extrato enzimático em PEG foi superior ao extrato enzimático em malte a temperatura ambiente (30 ± 2°C); Também se pode concluir que há uma maior atividade das enzimas -amilases que as -amilases, ao serem comparados as constantes cinéticas e a velocidade de máxima de reação, obtidos nas devidas temperaturas e pH ótimos de cada enzima (75°C e 55°C), percebeu-se que os valores da primeira superaram os valores da segunda. 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Concluiu-se, também, neste Diamond, A.D., Hsu, J.T. Aqueos two phase systems for biomolecule separation. Advences in Biochemistry Engineering, v. 47, p. 89-135, 1992. Forgaty, W. M. & Kelly, C. T. Topics in Enzyme and Fermentation. Biotechnology; v.3, Chichester, G, Howood- J. Wiley & Sons, 1979, p. Friedman, P. J. Biochemistry: An Illustrated Review with Questions and Explanation. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.1, p.1-14, 2005 14 Produção e estudo do potencial de hidrólise de uma nova fonte de enzimas amilolítcas ...... Evangelista et al. 5ª ed., Library of Congress, New York-NY, USA, 1994. Chapter 5: Enzymes, p 31 -42. Halpern, M. J. Bioquímica. 1ª edição, Ed. Lidel, Lisboa, Portugal, 1997, 233 - 303. Harris, J. M. Poly (ethylene glycol) chemistry: Biotechnical and biomedical applications. 1ª ed., Plenum Press, New York-USA, 1992, p. 388. Malinowski, J. J. Two-phase partitioning bioreactors in fermentation technologyResearch review paper. 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Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.1, p.1-14, 2005 Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.1, p.15-24, 2005 ISSN 1517-8595 15 FORMA, TAMANHO E CONTRAÇÃO VOLUMÉTRICA DO FEIJÃO (Phaseolus vulgaris L.) DURANTE A SECAGEM Osvaldo Resende 1, Paulo César Corrêa 2, André Luís Duarte Goneli3, Paulo Roberto Cecon 4 RESUMO O objetivo do presente trabalho foi avaliar o efeito da variação do teor de água na contração volumétrica do feijão e ajustar diferentes modelos matemáticos aos valores experimentais. Foram utilizados grãos de feijão, colhidos com teor de água de 0,92 (b.s.) e submetidos secagem à temperatura de 40ºC. A redução do teor de água ao longo de secagem foi acompanhada pelo método gravimétrico (perda de massa), até atingir o teor final de 0,13 (b.s.). O tamanho dos grãos foi determinado por meio da variação do volume e a forma foi analisada pela esfericidade e circularidade. O volume foi obtido por meio da medição dos três eixos ortogonais. A contração volumétrica unitária dos grãos foi determinada pela relação entre o volume em cada teor de água e o volume inicial. Com base nos resultados encontrados conclui-se que a redução do teor de água influencia na contração volumétrica unitária e da massa dos grãos de feijão, provocando a diminuição dos valores em 35,8 e 46,1%, respectivamente, para a faixa do teor de água estudada. O modelo de Bala e Woods é o que melhor se ajusta aos dados experimentais de contração volumétrica unitária dos grãos de feijão. Já a variação da contração volumétrica da massa de grãos pode ser representada pelo modelo linear durante a secagem. A forma do produto é influenciada pela redução do teor de água, sendo que os valores da esfericidade e das circularidades aumentam durante o processo de secagem. Palavras-chave: feijão, contração volumétrica, modelo matemático. FORM, SIZE AND SHRINKAGE OF BEAN (Phaseolus vulgaris L.) DURING THE DRYING ABSTRACT The objective of this work was to evaluate the effect of moisture content variation in the shrinkage of bean, and to adjust different mathematical models to the experimental values. The beans grains were harvested at 0.92 (d.b.) and dried up under temperature of 40ºC. The moisture content reduction was accompanied by the gravimetric method (mass loss), until the moisture content of 0.13 (d.b.). The size of the grains was determinate by the variation of the volume and the form was analyzed by the roundness and sphericity. The volume was obtained by measurement of the three orthogonal axes. The shrinkage of the grains was determined determinate by the ratio between the volum in each water content volume and the initial volume. Based on the results obtained, it was concluded that the moisture content reduction affects the shrinkage and the bean grains mass, provoking the decrease of the values in 35.8 and 46.1%, respectively, for the studied moisture content. Bala and Woods’s model is the best one for describing the shrinkage of the bean. The variation of the linear shrinkage of the mass of grains can be represented by the linear model during Protocolo 718 de 15 de maio de 2004 1 Doutorando Engenharia Agrícola, Bolsista CAPES, Universidade Federal de Viçosa, UFV, MG, telefone: 31 3899 2030 E-mail: [email protected] 2 Prof. Adjunto, Departamento de Engenharia Agrícola, Universidade Federal de Viçosa, UFV, Viçosa, MG, E-mail: [email protected] 3 Doutorando em Engenharia Agrícola, Bolsista CNPq, Universidade Federal de Viçosa, UFV, MG, E-mail: [email protected] 4 Prof. Adjunto, Departamento de Informática, Universidade Federal de Viçosa, UFV, Viçosa, MG. 16 Forma, tamanho e contração volumétrica do feijão durante a secagem Resende et al. The drying. The form of the product is influenced by the moisture content reduction and the values of the roundness and sphericity increase during the drying process. Keywords: bean, shrinkage, mathematical model. INTRODUÇÃO O feijão é cultivado em quase todos os países de clima tropical e subtropical, tendo grande importância na alimentação humana, devido ao seu baixo custo e por ser, nutricionalmente, balanceado. É a principal fonte de proteína na alimentação da população brasileira, sendo utilizado em substituição a carnes e outros produtos protéicos, formando, juntamente, com o arroz, uma base alimentar (Rios et al., 2003; Fernandes e Souza Filho, 2001). O Brasil é o segundo maior produtor e consumidor mundial deste produto. Na safra 2003/2004, a produção brasileira de feijão foi de três milhões de toneladas, sendo a produção mundial estimada em 18 milhões de toneladas, apresentando uma produtividade média de 700 kg ha-1 (Conab, 2005; Agrianual, 2003). A secagem do feijão é o processo mais utilizado para assegurar sua qualidade e estabilidade, durante o armazenamento, reduzindo a atividade biológica e possíveis mudanças físico-químicas e que ocorrem durante este período. A redução do teor de água dos grãos, além de provocar o encolhimento dos grãos, influencia, diretamente, nas suas propriedades físicas, durante o processo de secagem. Assim, a correta determinação das propriedades físicas é de fundamental importância na otimização dos processos industriais, estudos de aerodinâmica, projeto e dimensionamento de equipamentos utilizados nas operações de colheita pós-colheita. Variações destas propriedades em função do teor de água e de outros fatores, durante a secagem de vários produtos, têm sido investigadas por diversos autores (Lang e Sokhansanj, 1993, Mcminn e Magee, 1997; Ruffato et al., 1999; Prado et al., 2000). As mudanças volumétricas dos produtos, devido a sua desidratação, são relatadas como sendo as principais causas das alterações das propriedades físicas de grãos agrícolas (Ratti, 1994; Sokhansanj e Lang, 1996). Ratti (1994) e Zogzas et al. (1994) observaram que a contração volumétrica de produtos vegetais, durante a secagem, não é função exclusiva do teor de água, mas também, dependente das condições do processo e da geometria do produto. As bases teóricas para o conhecimento do processo de contração volumétrica envolvem complexas leis mecânicas e de deformação de materiais (Towner, 1987). No entanto, muitos pesquisadores têm utilizado aproximações e modelos empíricos na tentativa de representar esse complicado fenômeno em produtos de natureza biológica (Lang et al., 1994; Krokida e Maroulis, 1997; Afonso Júnior et al., 2000; Mayor e Sereno, 2004). Considerando o exposto e a ausência de dados na literatura especializada, o presente trabalho teve como objetivo analisar a forma, o tamanho e determinar a contração volumétrica dos grãos de feijão ao longo do processo de secagem, bem como ajustar diferentes modelos matemáticos aos valores experimentais. MATERIAL E MÉTODOS O presente trabalho foi desenvolvido no Laboratório de Propriedades Físicas e Qualidade de Produtos Agrícolas pertencente ao Centro Nacional de Treinamento em Armazenagem (CENTREINAR) pertencente à Universidade Federal de Viçosa - UFV, Viçosa, MG. Foram utilizados grãos de feijão (Phaseolus vulgaris L.) do grupo vermelho colhidos, manualmente, com teor de água de aproximadamente 0,92 (b.s.). A secagem foi realizada à temperatura constante de 40ºC. A redução do teor de água ao longo de secagem foi acompanhada pelo método gravimétrico (perda de massa), conhecendo-se o nível de umidade inicial do produto, até atingir o teor de água final de 0,13 (b.s.), com auxílio de uma balança analítica com precisão de 0,01g. Os teores de água do produto foram determinados pelo método da estufa, 105 ± 1°C, até massa constante. A forma e o tamanho dos grãos de feijão, considerados esferóides, foram analisados pela esfericidade, circularidades e volume, a partir das medidas em trinta grãos das dimensões características, eixos ortogonais (Figura 1), Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.1, p.15-24, 2005 Forma, tamanho e contração volumétrica do feijão durante a secagem obtidas por meio de um paquímetro digital com precisão de 0,01 mm. 17 em que, Es a b c hilo b Resende et al. : : : : esfericidade, %; maior eixo do grão, mm; eixo médio do grão, mm; menor eixo do grão, mm. c a As circularidades do feijão foi determinada para cada uma das três posições de projeção dos grãos apresentadas na Figura 2, e calculadas pela seguinte expressão: Figura 1- Desenho esquemático do grão de feijão, considerado esferóide oblato, com suas dimensões características. d Cr = i 100 dc A esfericidade dos grãos de feijão foi determinada de acordo com a seguinte expressão descrita por Mohsenin (1986): (4) Cr : circularidade, %; di : diâmetro do maior círculo inscrito, mm; dc : diâmetro do menor círculo circunscrito, mm. a b c 1 3 100 Es = a (3) dc dc di di A B dc di C Figura 2- Representação dos grãos de feijão nas três posições de projeção, (A) maior eixo, Cr1; (B) eixo médio, Cr2; (C) menor eixo, Cr3. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.1, p.15-24, 2005 Forma, tamanho e contração volumétrica do feijão durante a secagem 18 A contração volumétrica unitária (g) e da massa de grãos (m) durante a secagem do produto foi determinada pela relação entre o volume para cada teor de água e o volume inicial. Para o acompanhamento da redução do volume da massa, foi utilizado um cilindro de acrílico graduado. O volume (Vg) de cada grão foi obtido ao longo do processo de secagem, com auxílio de um paquímetro digital, de acordo com a expressão proposta por Mohsenin (1986): Vg a bc 6 Resende et al. Os dados experimentais da contração volumétrica da massa de grãos foram submetidos à análise de regressão. O modelo foi escolhido com base na significância da equação, pelo teste F, e dos coeficientes de regressão (’s), utilizando-se o teste “t”, a fim de se estabelecerem equações que representem as interações entre as variáveis analisadas. Aos dados experimentais de contração volumétrica unitária foram ajustados os modelos matemáticos expressos pelas seguintes expressões: (5) Referência do modelo Modelo ψg a 1 exp b (U* U*o ) (6) Lang e Sokhansanj (1993) ψg a β1 U* U*o (7) Rahman (1995) ψg 1 β 2 (U* U*o ) (8) ψg = 1 a + b exp U* (9) ψg = a + b U* (10) Bala e Woods (1984) Linear ψg = a exp b U* Exponencial : : : = : : : : Corrêa et al. (2004a) em que, g U* U*o 1 a, b, c UR T 2 (11) contração volumétrica unitária, decimal; teor de água do produto, decimal (b.s.); teor de água inicial do produto, decimal (b.s.); a b (UR) c (T) (12) parâmetros que dependem do produto; umidade relativa (decimal); temperatura do ar (ºC); coeficiente de contração volumétrica, adimensional. Os valores da contração volumétrica da massa de grãos foram submetidos à análise de regressão e também comparados ao modelo ψm proposto por Afonso Júnior et al. (2000), de acordo com a seguinte expressão: Vm Uo ρapo 1 εo ρag Vmo U ρap ε 1 ρag (13) Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.1, p.15-24, 2005 Forma, tamanho e contração volumétrica do feijão durante a secagem Resende et al. 19 em que, m Vm Vmo U Uo apo ap ag o : : : : : : : : : : contração volumétrica da massa de grãos, decimal; volume da massa granular, m3; volume inicial da massa granular, m3; teor de água do produto, decimal (b.u.); teor de água inicial do produto, decimal (b.u.); massa específica inicial da massa granular, kg m-3; massa específica aparente da massa granular, kg m-3; massa específica da água, 1000 kg m-3; porosidade da massa granular, decimal; porosidade inicial da massa granular, decimal; Os valores utilizados de porosidade e da massa específica dos grãos de feijão são apresentados na Tabela 1. Tabela 1 – Valores da porosidade da massa granular do feijão () em função do teor de água do produto. Teor de água (b.s.) Porosidade (decimal) Massa específica aparente (kg m-3) 0,9223 0,7665 0,6477 0,4233 0,3701 0,3113 0,2579 0,2082 0,1659 0,1365 0,4280 0,4391 0,4279 0,4405 0,4195 0,4042 0,3993 0,3917 0,3826 0,3887 Para o ajuste dos modelos aos dados de contração volumétrica unitária, foi utilizado o programa computacional Statistica 5.0. Os dados experimentais foram comparados com os valores calculados pelos modelos, pelo erro médio relativo (P) e estimado (SE), conforme descrito a seguir: P 100 n Y Ŷ Y Y Ŷ (14) 711,38 743,06 778,22 761,25 784,60 817,16 841,74 868,94 882,67 890,73 Y : Ŷ : GLR : valor observado experimentalmente; valor calculado pelo modelo; graus de liberdade do modelo (número de dados menos o número de parâmetros do modelo). O grau de ajuste de cada modelo foi considerado analisando as magnitudes do coeficiente de determinação, do erro médio relativo e estimado e a análise da distribuição dos resíduos. 2 SE GLR (15) em que n : número de experimentais; observações RESULTADOS E DISCUSSÃO Na Tabela 1, observa-se a variação dos eixos ortogonais dos grãos de feijão, da circularidade e da esfericidade em função do teor de água. De acordo com a Tabela 1, observa-se que os três eixos ortogonais dos grãos de feijão diminuíram 15,76, 14,08 e 4,81%, respectivamente, para o maior, o médio e o Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.1, p.15-24, 2005 20 Forma, tamanho e contração volumétrica do feijão durante a secagem Resende et al. menor eixo, com a redução do teor de água de 0,92 até 0,10 b.s. Desta forma, verifica-se que os grãos de feijão apresentam variações desuniformes das suas dimensões características, como observado para a maioria dos produtos biológicos, que, durante a secagem, contraemse, irregularmente, nas diversas direções como observado por diversos pesquisadores (Fortes e Okos, 1980; Kaleemullah e Gunasekar, 2002; Corrêa et al., 2002). Os valores da esfericidade e da circularidade nas três dimensões características aumentaram com a redução do teor de água do produto. Resultados semelhantes foram observados para sementes algodão (Ozarslan, 2002), milheto (Baryeh, 2002), sementes de quiabo (Sahoo e Srivastava, 2002), sementes de linho (Sacilik et al., 2003) e sementes de cacau (Bart-Plange e Baryeh, 2003). Na Tabela 2, estão apresentadas as equações de regressão para contração volumétrica unitária dos grãos de feijão, em função do teor de água, com seus respectivos coeficientes de determinação, erro médio relativo e estimado, e tendência de distribuição dos resíduos. A análise dos dados indica que o modelo de Bala e Woods se mostrou adequado para a descrição matemática do fenômeno de contração volumétrica unitária dos grãos de feijão, apresentando um alto coeficiente de determinação ajustado e valores reduzidos dos erros médios relativo e estimado, e ainda, uma distribuição aleatória e, aproximadamente, normal dos resíduos. Corrêa et al. (2004a) também observaram que o modelo de Bala e Woods foi o que melhor se ajustou aos dados experimentais de contração volumétrica dos frutos de café do cultivar Catuaí Vermelho em função do teor de água. Tabela 1 - Dimensões médias dos eixos (a, b e (a/ao, b/bo e c/co), esfericidade (Es) médio (Cr2) e menor eixo (Cr3). Teor de Eixos ortogonais (mm) a/ao água (%) a b c (b.s.) 0,922 12,74 7,84 5,85 100,0 0,766 11,59 7,39 5,72 90,91 0,648 11,24 7,26 5,58 88,23 0,466 11,17 7,07 5,55 87,67 0,343 11,07 7,04 5,44 86,84 0,316 11,00 7,00 5,52 86,30 0,266 10,78 6,85 5,53 84,62 0,225 10,74 6,81 5,49 84,27 0,179 10,74 6,76 5,46 84,30 0,136 10,75 6,76 5,44 84,32 0,102 10,74 6,74 5,56 84,24 c) ortogonais dos grãos de feijão, índices de redução e as circularidades segundo o maior eixo (Cr1), eixo b/bo (%) c/co (%) 100,0 94,29 92,57 90,13 89,76 89,27 87,31 86,89 86,19 86,21 85,92 100,0 97,90 95,53 94,93 93,05 94,40 94,61 93,97 93,39 93,07 95,19 Cr1 (%) Cr2 (%) Cr3 (%) Es (%) 61,52 63,81 64,55 63,25 63,59 63,64 63,48 63,44 62,90 62,90 62,75 45,87 49,40 49,66 49,66 49,15 50,17 51,28 51,15 50,81 50,63 51,83 74,55 77,41 76,94 78,52 77,28 78,84 80,79 80,62 80,78 80,49 82,59 65,59 68,06 68,44 67,98 67,86 68,35 68,79 68,72 68,37 68,29 68,77 Tabela 2 - Modelos de contração volumétrica unitária dos grãos de feijão com seus respectivos coeficientes de determinação (R2), erro médio estimado (SE) e relativo (P), e tendência de distribuição dos resíduos. Modelos R2 (%) SE (decimal) P (%) Distribuição dos resíduos Bala e Woods Lang e Sokhansanj Rahman Corrêa et al. Linear Exponencial 97,48 67,10 29,66 81,51 67,10 70,36 0,0171 0,0619 0,0859 0,0464 0,0619 0,0588 1,87 5,01 8,16 3,87 5,01 4,82 Aleatória Tendenciosa Tendenciosa Tendenciosa Tendenciosa Tendenciosa Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.1, p.15-24, 2005 Forma, tamanho e contração volumétrica do feijão durante a secagem Os grãos, individualmente, apresentaram uma redução do volume inicial de 35,86%, com o teor de água, variando entre 0,92 a 0,10 (b.s.). Afonso júnior (2001) verificou uma diminuição de 39% do volume dos frutos de café cereja com a redução do teor de água de 2,27 até 0,11 (b.s). Já Ramos et al. (2005) observaram uma redução de 35% do raio de uvas, durante o processo de secagem, e ressaltam que esta variação significativa na contração volumétrica do produto deve ser incluída nos modelos de transferência de massa. Os valores da contração volumétrica unitária, experimentais e estimados pelo modelo de Bala e Woods, estão apresentados na Figura 3. Resende et al. 21 Na Figura 4, encontram-se os valores da contração volumétrica da massa de grãos, experimentais e estimados pelo modelo de Afonso Júnior, com as respectivas regressões lineares. Analisando os resultados, verifica-se que os dados experimentais da massa de grãos apresentaram uma redução do volume inicial de 46,1%, com o teor de água variando entre 0,92 a 0,13 (b.s.). O modelo linear representou, satisfatoriamente, os dados experimentais da contração volumétrica da massa de grãos, como observado por Lang e Sokhansanj (1993) e Ribeiro et al. (2004) para grãos de trigo; e por Wang e Brennan (1984), Lang et al. (1994) e Afonso Júnior et al. (2000) para diversos produtos agrícolas. 1,1 Valores experimentais Valores estimados Ψg(decimal) (decimal) 0,9 0,7 * * ψ 1 0,33911 1 e8,8997(U Uo ) g 0,5 R2 = 97,42 0,3 1,0 0,8 0,6 0,4 0,2 0,0 U - U o (decimal) Figura 3 - Valores da contração volumétrica unitária (g) do feijão, experimentais e estimados pelo modelo de Bala e Woods, em função da redução do teor de água. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.1, p.15-24, 2005 Forma, tamanho e contração volumétrica do feijão durante a secagem 22 1,0 Resende et al. ψ ++ * m = 0,456 + 0,574 (U ) R 2 = 99,71 Ψm (decimal) 0,8 0,6 Valores observados Estimados Afonso Júnior Estimados Linear 0,4 0,2 1,0 0,8 0,6 0,4 0,2 Teor de água (decimal b.s.) 0,0 ++ Significativo a 1% de probabilidade, pelo teste t. Figura 4 - Valores da contração volumétrica da massa de grãos, experimentais (m) e estimados pelo modelo linear e pelo modelo de Afonso Júnior, em função do teor de água para o feijão. CONCLUSÕES Com base nos resultados obtidos, pode-se concluir que: - A redução do teor de água influencia na contração volumétrica unitária e da massa dos grãos de feijão, provocando a diminuição dos valores em 35,8 e 46,1%, respectivamente, para a faixa do teor de água estudada. - O modelo de Bala e Woods é o que melhor se ajusta aos dados experimentais de contração volumétrica unitária dos grãos de feijão. Já as variações da contração volumétrica da massa, podem ser representadas pelo modelo linear durante a secagem. - A forma do produto é influenciada pela redução do teor de água, sendo que os valores da esfericidade e das circularidades aumentam durante o processo de secagem, para a faixa de umidade estudada. físicas e contração volumétrica dos grãos de milheto (Pennisetum glaucum) durante o processo de dessorção. Revista Brasileira de Armazenamento. Viçosa, v. 25, n. 1, p. 15-21, 2000. Afonso Júnior, P.C. 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Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.1, p.15-24, 2005 Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.1, p.25-32, 2005 ISSN 1517-8595 25 APLICAÇÃO DO PLANEJAMENTO FATORIAL PARA OTIMIZAÇÃO DO ESTUDO DA PRODUÇÃO DE FERMENTADO DO FRUTO DA PALMA FORRAGEIRA Roseany de Vasconcelos Vieira Lopes1, Aleksandra Silva Rocha2, Flávio Luiz Honorato da Silva3, Josivanda Palmeira Gomes de Gouveia4 RESUMO No contexto socioeconômico é muito importante para a região Nordeste do Brasil, a busca de fontes alternativas de renda que minimizem os seus graves problemas. Com base nisso, no presente trabalho foi pesquisada a melhor forma de aproveitamento e utilização de uma matériaprima renovável e abundante na caatinga, o fruto da palma forrageira (Opuntia ficus-indica Mill). A metodologia utilizada consistiu na utilização de um reator em batelada com agitação mecânica, onde foram adicionados o suco da fruta integral clarificado e levedura de panificação, na temperatura de 30 ºC. O decaimento do substrato limitante, a produção de células, o produto (etanol), o pH e a acidez total foram analisados em tempos regulares (estudo cinético). A média dos fermentados (vinhos) produzidos apresentou concentração de etanol acima de 6% (v v-1), acidez total abaixo de 130 meq L-1, pH de 3,5 e um sabor delicado e agradável. Dessa forma os resultados atenderam às especificações estabelecidas pela legislação brasileira. Palavras-chave: Opuntia ficus-indica Mill, superfície de resposta, vinho, fermentação alcoólica APPLICATION OF FACTORIAL DESIGN FOR OPTIMIZATION OF THE STUDY OF THE PRODUCTION OF FERMENTATION OF THE PRICKLY PEAR CACTUS FRUIT ABSTRACT The search for the alternative revenue sources is very important because it can minimize the socioeconomic problems of the northeast region of Brazil. With this point of view, a study of producing fermented product from of the prickly pear cactus fruit (Opuntia ficus-indica Mill), which is abundant and a renewable raw material of the Caatinga semiarid region, has been made. The fermentation experiments, at 30 ºC temperature, were performed in a stirred batch bioreactor where a clarified juice of integral fruit and bakery yeast as inoculums were used. The decay of the limiting substrate, the production amount of the cells and the product ethanol formed, the pH and the total acidity of the n medium reaction were analyzed at regular time intervals. The average values of ethanol concentration, total acidity and pH observed for the wine produced were: above 6% (v v-1), below 130 meq L-1 and 3.5 respectively. The flavor was soft and pleasant. The results were compatible with the specifications established by the brazilian legislation. Keywords: Opuntia ficus-indica Mill, response surface, wine, alcohol fermentation 1 Engenheira Química, Mestre em Engenharia Química, UFCG, E-mail: [email protected] Química Industrial, UEPB, E-mail: [email protected] 3 Professor Dr. do Departamento de Engenharia Química, UFCG, Av. Aprígio Veloso 882 CEP 58.109-970, Campina Grande, Paraíba, Email: [email protected] 4 Professora Dra. do Departamento de Engenharia Agrícola, UFCG, Av. Aprígio Veloso 882 CEP 58.109-970, Campina Grande, Paraíba, Email: [email protected] 2 26 Planejamento fatorial para otimização do estudo da produção de fermentado do fruto da palma forrageira INTRODUÇÃO O estudo para aproveitamento de culturas agrícolas é uma alternativa crescente que promove o desenvolvimento sustentável, seja em regiões como o Nordeste do Brasil ou em outras regiões de países em desenvolvimento, as quais possuem fontes de matérias-primas renováveis. No contexto sócio-econômico, é muito importante para a região semi-árida do Nordeste, a busca de alternativas que possam minimizar os graves problemas desta região. O tema sugere o aproveitamento de uma matériaprima pouco utilizada para fins alimentícios, já que a palma forrageira é cortada e serve como alimento para o gado e os frutos, muitas vezes, são desperdiçados, em função de serem muito perecíveis, mas que é abundante na região mais seca do país, a caatinga, que possui um clima semi-árido, com altas temperaturas e pouca chuva, que, geralmente, se concentra, durante 3 a 5 meses, sendo muito irregular. Sua área de cultivo no Nordeste brasileiro é de mais de 400 mil ha, sendo a maior parte em Pernambuco e Alagoas (Lira et al., 1989). A área de predominância da caatinga é de aproximadamente 835000 km2, isto é, cerca de 11% do território nacional incluindo todos os estados do Nordeste brasileiro, além do Norte de Minas Gerais. Em determinados pontos do sertão, a terra é toda rachada e seca, e a vegetação é muito escassa. Adaptada a estas condições de solo e clima é um tipo de vegetação da família das Cactáceas, do gênero Opuntia,, ou comumente conhecida como palma forrageira. O seu fruto conhecido como figo-daíndia é ovóide, grande, amarelo ou roxo e com espinhos no pericarpo, possui elevado valor nutritivo, apresentando na sua composição fonte de fibras, uma boa concentração de carboidratos solúveis e cálcio rico em vitaminas (principalmente A e C) e magnésio. A polpa, amarelo-ouro é meio porosa, cheia de sementinhas pretas. Seu sabor é doce, com leve toque ácido e segundo Lopes (2004) a fruta é surpreendentemente refrescante. De acordo com o mesmo autor a produção de frutas dessa cactácea destinada a exportação acabou se concentrando no estado de São Paulo, na cidade de Valinhos, onde existe um pomar com cactos. Estudos e novas descobertas acerca de vinho vem sendo desenvolvidos ao longo dos séculos e segundo Dias (2001), a produção de vinho passou de somente arte para arte com Lopes et al. embasamento científico, ampliando-se as pesquisas em vitivinicultura. A legislação brasileira afirma que fermentado de fruta é a bebida com graduação alcoólica de 4 a 14% em volume, a 20 ºC, obtida da fermentação alcoólica do mosto de fruta sã, fresca e madura. Vinhos, que não são provenientes da uva, devem, obrigatoriamente, ser rotulados com a denominação fermentado (vinho) acompanhado do nome da fruta da qual se originou, como exemplos: fermentado (vinho) de abacaxi, fermentado de laranja, fermentado de caju, fermentado do figo-da-índia, entre outros, com sabores característicos de cada fruta (Brasil, 1997). A obtenção do fermentado (vinho de fruta) se dá pela fermentação alcoólica, por difusão (Corazza et al., 2001), que é o tipo de fermentação em que se obtêm essencialmente etanol, mas que compreende um grupo de reações onde são produzidos também outros álcoois, como o metanol, propanol, butanol, por exemplo. Dessa forma a pesquisa foi realizada com o objetivo de estudar o aproveitamento dos frutos da palma forrageira (figo-da-índia), buscando um produto de valor agregado e com tempo de prateleira, utilizando-se da metodologia de planejamento fatorial para verificar os efeitos das variáveis concentração de açúcares (ºBrix) e concentração de leveduras sobre o % conversão e a produtividade de obtenção da bebida alcoólica fermentada. Nesta pesquisa foi analisanda físico-quimicamente a bebida alcoólica procurando-se verificar se o produto produzido se enquadra na legislação brasileira vigente. MATERIAIS E MÉTODOS O fermentado da fruta da palma forrageira foi produzido em escala de bancada, onde foi utilizado um reator em batelada com agitação mecânica de capacidade de 5 L, confeccionado em tambor de plástico. Os experimentos foram realizados no Laboratório de Engenharia Bioquímica do DEQ/CCT da UFCG e como matéria-prima, utilizou-se a polpa da fruta integral (utilização de toda a fruta). O processo de produção utilizado neste trabalho foi baseado no estudo de produção de vinho de caju (Silva, 2004) tendo sofrido algumas alterações (adaptações). Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.1, p.25-32, 2005 Planejamento fatorial para otimização do estudo da produção de fermentado do fruto da palma forrageira Lopes et al. 27 esterilizados em estufa, fazendo-se torções para a direita e para a esquerda. Obtenção e seleção de frutos Os frutos da palma forrageira foram obtidos na região do cariri paraibano em Pocinhos e Soledade, e selecionados de acordo com o estado de maturação e conservação. As frutas passaram por uma seleção para eliminar as que estavam machucadas, verdes ou muito maduras. A seleção é um ponto importante para garantir um produto de boa qualidade, visto que as frutas machucadas, verdes e muito maduras apresentam fermentações indesejáveis, comprometendo a qualidade do vinho. Retirada de espinhos, lavagem com água clorada e corrente e pesagem dos frutos Foram retirados os espinhos dos frutos, em seguida, eles foram lavados com água clorada a 3%, permanecendo em repouso durante 15 minutos, visando a eliminar os microrganismos da parte externa da fruta (casca) e depois lavada em água corrente para eliminar as sujeiras mais grosseiras. Após as lavagens, realizaram-se pesagens, em uma balança analítica, com o objetivo, ao fim do processo, de verificar o rendimento da produção. Extração da polpa integral A extração da polpa integral (casca + polpa) foi realizada com o auxílio de um liquidificador doméstico. Em seguida, mediu-se, volumetricamente, a polpa em embalagens de 3,5 L, fez-se a etiquetagem e armazenou-se em freezer com a finalidade de prolongar a vida útil. Clarificação Com a finalidade de clarificação (visando, principalmente, a retirada da pectina) do mosto, foi utilizada uma solução de gelatina comercial, incolor e sem sabor, a 10% (m v-1), adicionando-se 6 mL L-1, levando-o, em seguida, a geladeira por 24 h para promover uma melhor floculação da polpa e, conseqüentemente, a pectina, já que essa proporciona a produção de metanol ao final da fermentação. Filtração do mosto Sulfitação, adição de nutrientes e do inoculo A sulfitação foi realizada com a finalidade de desinfectar o suco, evitando reações oxidativas como, degradação de vitaminas, degradação de carotenóides, reações de escurecimento com compostos fenólicos (Borenstein, 1987) e proliferação de microrganismos. O metabissulfito de potássio (K2S2O5), foi adicionado ao mosto numa concentração de 3 gramas para cada 10 litros de suco clarificado. A adição de nutrientes, fósforo (KH2PO4) e nitrogênio [(NH4)2SO4)] foi realizada visando a suplementar, satisfatoriamente, as necessidades do microrganismo (levedura). O microrganismo utilizado foi a levedura Saccharomyces cerevisiae (fermento de panificação, marca Fleischmann (70% de umidade), com viabilidade de 90%. Preparo do inoculo Com a finalidade de ampliar a produção em escala, em trabalhos futuros, para que seja produzido o vinho no campo, foi preferível utilizar o fermento de panificação (Saccharomyces cerevisiae) que é mais acessível ao pequeno produtor rural. Dessa forma, o fermento foi adicionado na concentração de 5 a 25 g L-1. Fermentação Nessa etapa, ocorre a reação de conversão de açúcares em álcool e gás carbônico. A fermentação foi conduzida em reator batelada de polietileno, agitado com agitadores magnéticos, com capacidade de 5 L. As análises da fermentação foram realizadas em intervalos de três horas. O término de todas as fermentações se deu, quando as concentrações de ºBrix alcançaram valores em torno de 3,5, que corresponde a 37,0 g L-1de sacarose, com a finalidade de se obter fermentados suaves (Brasil, 1988). As análises foram feitas em tempos regulares e foram: decaimento de substrato (ºBrix), a produção de células (biomassa), o produto (etanol), o pH e a acidez total. Decantação e trasfega Depois da etapa de clarificação, o mosto foi novamente filtrado em tecidos de algodão 100%, previamente limpos e Finalizada a fermentação, o vinho foi levado à geladeira por 24 h para facilitar a decantação da levedura, devido o fato da Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.1, p.25-32, 2005 Planejamento fatorial para otimização do estudo da produção de fermentado do fruto da palma forrageira 28 levedura ser menos solúvel a baixas temperaturas. Dessa forma, após esse período foi feita à primeira trasfega do vinho de um reator para kitassatos de 1000 mL, com o auxílio de uma bomba a vácuo, rolha com saída superior, e mangueiras de conexão e sucção, descartando-se, assim, a levedura. Filtração engarrafamento e conservação Após a trasfega, o vinho foi filtrado e engarrafado. O engarrafamento foi feito em garrafas PET, com capacidade de 1000 mL, visto que as garrafas apropriadas para vinhos de vidro verde escuro não acondicionaram, adequadamente, permitindo vazamento, entrada de oxigênio e microrganismos indesejáveis. As garrafas foram vedadas com fita plástica adesiva. Após o engarrafamento, o vinho foi pasteurizado em banho-maria a 65 ºC por 30 min, depois resfriado e conservado em garrafas para envelhecimento. Planejamento fatorial O planejamento experimental fatorial desse trabalho foi elaborado para a produção do fermentado da fruta integral, onde foram especificados os níveis das variáveis de entrada em dois, que foram: ºBrix e a concentração inicial de levedura, realizando-se sete experimentos, sendo 4 experimentos distintos e 3 no ponto central. As variáveis respostas foram: % de conversão e produtividade. O % de conversão, a produtividade g (L.h)-1, o rendimento em relação ao produto (YP/S) e a velocidade específica máxima de crescimento do microrganismo (máx) para a produção do vinho do fruta integral, foram calculados a partir das Equações 1, 2, 3 e 4, respectivamente. %conversão do vinho = Q EXP x 100 Q TEO Produtivid ade do vinho YP S P So Sf 1 dx X dt em que: Q EXP t 1 2 3 4 Lopes et al. QEXP - Concentração de etanol experimental QTEO - Concentração de etanol máxima teórica (estequiométrica) t - Tempo de fermentação, h P - Etanol produzido, g L-1 So - Concentração inicial de sacarose, g L-1 Sf - Concentração final de sacarose, g L-1 µ - Velocidade específica de crescimento de microganismos, h-1 X – Concentração do microrganismos, g L-1 Análises realizadas durante a fermentação alcoólica Durante a fermentação alcoólica do vinho da fruta da palma forrageira, foram realizadas análises em períodos de 3 h até o final da fermentação com uma concentração de sacarose (g L-1), correlação com o ºBrix, concentração de biomassa (g L-1), concentração de ácidos totais g (100 mL)-1, pH e concentração de etanol (v v-1). A análise da concentração de açúcares foi realizada através de um areômetro, na determinação da concentração de etanol, foi utilizado o ebuliomêtro, a concentração de células foi determinada pelo método gravimétrico, o pH por um pHmetro digital e à análise da acidez total foi utilizado o método da titulação volumétrica de neutralização. A análise de determinação do metanol no vinho da fruta integral da palma forrageira foi feita através de cromatografia gasosa. RESULTADOS E DISCUSSÃO Estudo dos efeitos do ºBrix e da concentração de levedura sobre o % de conversão e produtividade para a produção de fermentado da fruta integral Com o planejamento fatorial, verificouse a influência das duas variáveis de entrada (concentração de levedura e do oBrix) sobre os valores das variáveis resposta (% de conversão e produtividade) do processo, buscando definir as faixas ótimas de operação do processo, ou seja, faixas que maximizem as respostas. Na Tabela 1, encontram-se os níveis das variáveis de entrada reais e codificadas (0Brix e Concentração de Levedura). Na Tabela 2, está a matriz de planejamento com as respostas (% de conversão e produtividade), as quais foram Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.1, p.25-32, 2005 Planejamento fatorial para otimização do estudo da produção de fermentado do fruto da palma forrageira obtidas a partir dos experimentos realizados com as combinações dos níveis estudados. Tabela 1 – Níveis reais e codificados das variáveis de entrada Variáveis Nível -1 Nível 0 Nível +1 0 Brix 8 11 14 CLev. 5 15 25 Tabela 2 - Matriz do planejamento fatorial 22 e dados experimentais do % de conversão e da produtividade para os ensaios do fermentado da fruta integral Ensaio s C (ºBrix) CLev (g L-1) C (%) P g (L h)-1 1 -1 -1 81,3 0,67 2 +1 -1 69,1 2,28 3 -1 +1 87,8 2,90 4 +1 +1 44,9 5,89 5 0 0 80,0 1,90 6 0 0 78,0 2,63 7 0 0 72,2 2,18 C - concentração de ºBrix; CLev - concentração de levedura; C (%) – conversão; P produtividade As Equações 5 e 6 representam os modelos empíricos codificados da regressão linear dos dados experimentais ajustados para % de conversão e a produtividade (g/L.h) do fermentado do fruta integral, respectivamente. % conversão = 73,28 – 13,72B – 4,45L – 7,7BL (5) Produtividade = 2,63 + 1,15B+ 1,46L + 0,35BL (6) Onde B e L representam concentrações de ºBrix e levedura (g L-1), respectivamente. Os parâmetros em negrito são os estatisticamente significativos ao nível de 95% de confiança. Lopes et al. 29 Na Tabela 3 encontram-se os parâmetros das análises de variância (coeficiente de variação explicada R2 e teste F) para o ajuste do modelo linear com 4 parâmetros, para % de conversão e produtividade g (L h)-1. Observa-se que os modelos do % de conversão e produtividade descritos nas Equações 5 e 6 são, estatisticamente, significativos, pois os coeficientes de variação explicada (R2) são satisfatórios e a razão de Fcalculado por Ftabelado está acima de 1, para um nível de confiança de 95%, indicando que o modelo é, estatisticamente, significativo (Barros Neto et al., 2001). Assim, pode-se construir as superfícies de resposta para análises das faixas ótimas de operação das variáveis de entrada que maximizem as respostas em estudo. Tabela 3 – Parâmetros da análise de variância para % de conversão e produtividade g (L h)-1 Produtividade Parâmetros % conversão g (L h)-1 2 R 93,0 93,0 Teste F 12,53 12,86 Fcalculado/Ftabelado 3,5 3,7 Na Figura 1, estão as superfícies de resposta, mostrando os efeitos das variáveis: ºBrix e concentração de levedura sobre o % de conversão e a produtividade do fermentado da fruta integral, respectivamente. Pode-se observar na Figura 1A, que, com a diminuição do ºBrix e dos valores médios de concentração de leveduras, o % de conversão da fermentação aumenta, chegando a um valor máximo de 90%. Verifica-se que a influência do ºBrix é bem maior que a da concentração inicial de leveduras na resposta. Operando-se com ºBrix fixado em 8 e concentração de leveduras = 15 (ponto central), obtém-se % de conversão de 90. Na Figura 1B, verifica-se que as duas variáveis de entrada (ºBrix e concentração inicial de leveduras) influenciam na resposta (produtividade). Observa-se que, com o aumento do ºBrix e da concentração de leveduras, aumenta-se a produtividade do processo, chegando a valor máximo de 6,0 g (L h)-1. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.1, p.25-32, 2005 30 Planejamento fatorial para otimização do estudo da produção de fermentado do fruto da palma forrageira Lopes et al. A B Figura 1 - Superfície de resposta: variação de % conversão (A) e produtividade (B) em função das concentrações de ºBrix e levedura para o fermentado da fruta integral Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.1, p.25-32, 2005 Planejamento fatorial para otimização do estudo da produção de fermentado do fruto da palma forrageira Avaliação dos fermentação parâmetros cinéticos da O cálculo dos parâmetros cinéticos e a avaliação deles são importantes, uma vez que podem servir para futuro estudo de modelagem e simulação por computador do processo. Os valores dos parâmetros cinéticos para os vinhos do fruto integral do rendimento de produto em relação ao substrato (YP/S) e velocidade específica máxima (máx) foram calculados, utilizando-se as Equações 3 e 4. Na Tabela 4, encontram-se os resultados do % de conversão, produtividade e os parâmetros cinéticos da fermentação: rendimento em relação ao produto YP/S e µmáx para o vinho do fruto integral e dados semelhantes da literatura para efeitos de comparação. Tabela 4 – Dados referentes às médias dos parâmetros: % conversão, produtividade g (L h)-1, YP/S e máx para o vinho do fruto integral comparados a literatura Parâmetros Conversão Média dos Parâmetros 73,29 Valores Literatura 38,65 – 47,23 Lopes et al. 31 fermentado foi de 1,4 mg (100mL)-1, que não representa nem 1% do máximo permitido pela legislação. Sendo assim, o valor da concentração de metanol encontra-se bem abaixo do máximo permitido pela legislação brasileira, ou seja, abaixo da concentração considerada como tóxica, indicando que a metodologia utilizada para retirada da pectina foi bem conduzida, uma vez que o metanol presente no vinho é produzido na fermentação alcoólica, através da degradação da pectina. O ministério da Agricultura – Portaria nº 84 de 25 de Abril de 1989, citado por Rizzon et al. (2003), afirma que a concentração máxima de metanol permitida nos vinhos de mesa é de 35 mg (100mL)-1 da bebida. Ao término da fermentação os resultados finais médios dos sete experimentos obtidos para pH, açúcares finais, acidez total e concentração de etanol foram de 3,31; 21,9 g.L-1; 0,45 g (100mL)-1 e 6,05% (v v-1), respectivamente, valores dentro do estabelecido pela legislação brasileira acerca de vinho suave de mesa (Rizzon et al., 2003). O fermentado da fruta da palma apresentou cor límpida e odor característico da fruta. CONCLUSÕES a Produtividade 2,6 0,74 – 2,0 b YP/S 0,39 0,323a - 0,44 c 0,16 0,19 h-1 d máx Fonte: aTorres Neto et al. (2003); bBertolini et al. (2001); cAndrietta e Stupiello (1990); dSilva (1998) Observa-se, Tabela 4, que o % de conversão (73,29) e a produtividade (2,6 g (L h)-1), valores médios dos sete experimentos de cinética, apresentam, em geral, valores acima das faixas encontradas na literatura. O parâmetro cinético (YP/S) tem um valor dentro da faixa encontrada na literatura, o (µmáx) calculado apresenta um valor abaixo do encontrado na literatura, mas relativamente próximo. Em termos gerais, pode-se considerar que os dados experimentais dos parâmetros cinéticos, do % conversão e produtividade são satisfatórios, visto que, em determinadas comparações, os valores estão acima dos encontrados na literatura, o que indica uma conversão e produtividade maior do que em outros estudos realizados. Por análise de cromatografia gasosa, verificou-se que a concentração de metanol no os resultados encontrados permitiram concluir que: A produção dos vinhos do fruto integral é, tecnicamente, viável, podendo minimizar o desperdício do fruto de uma maneira geral, apresentando altos rendimentos no aproveitamento do fruto. As cinéticas fermentativas apresentaram boas conversões de substrato em etanol. Ocorreram melhores resultados de % de conversão e produtividade para maiores concentrações de levedura, alcançando valores máximos de 90% e 6,0 g (L h)-1, respectivamente. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Andrieta, S.R.; Stupiello, J.P. Simulação e modelagem para processo de fermentação alcoólica (II) contínua. Revista Stab Açúcar, Álcool e Subprodutos, Piracicaba, v.9, n.2, p.4551, 1990. 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Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.1, p.25-32, 2005 Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.1, p.33-38, 2005 ISSN 1517-8595 33 UTILIZAÇÃO DE MEMBRANAS PLANAS NA CONCENTRAÇÃO DE ENZIMAS BROMELINAS DA POLPA DE ABACAXI (Ananas comosos L. ) Francisco Luiz Gumes Lopes1, João Baptista Severo Júnior2, José Carlos Curvelo Santana1, Roberto Rodrigues de Souza3, Elias Basile Tambourgi4 RESUMO O Brasil é um dos grandes produtores mundiais de abacaxi (Ananas comosos), sobretudo das espécies Pérola e Smooth Caienne. Estes são fontes da enzima proteolítica bromelina (EC 3.4.22.5), um produto de alto valor comercial, que não é produzido no país. A bromelina é uma hidrolase encontrada em todas as espécies do gênero Bromeliaceae, com massa molar próxima de 31 kDa, muito utilizada pela indústria de alimentos, pela medicina e também em procedimentos técnicos de análises clínicas laboratoriais. O processo de separação por membrana é uma alternativa entre os processos de separação existentes para recuperar, concentrar e até purificar macromoléculas. O trabalho objetivou recuperar a enzima bromelina obtida a partir do abacaxi utilizando processos de separação por membranas planas. Os resultados mostraram que nas menores pressões transmembrana há uma menor perda da atividade enzimática da bromelina, indicando que a melhor pressão para ser utilizada neste processo é a 0,05 Kgf/cm2. Conclui-se que é possível recuperar a enzima bromelina através da utilização de membranas, tendo como conseqüência uma agregação de valor ao produto, bem como foi possível identificar condições operacionais que minimizem e até mesmo eliminem a perda da atividade da enzima em estudo. Palavras chave: Ananas comosos, bromelina, atividade enzimática, membranas planas. UTILIZATION OF PLAIN MEMBRANES IN BROMELINS ENZYMES CONCENTRATION FROM PINEAPPLE (Ananas comosos) PULP ABSTRACT Brazil is a great pineapple world-wide producer (Ananas comosus), mainly of Pérola and Smooth cayenne species. These are sources of the bromelin enzyme (EC 3.4.22.5), a valuable product, that isn’t manufactured in this country. Bromelian is a hydrolase found in all the species of generic bromeliaceae, with molar mass of 31 kDa, much utilized by food industry, medicine and in laboratory clinic analyses. Membrane separation process is an alternative among other separation process, recovering and purifying, macromolecules. The work aimed to recover the pineapple bromelin enzyme by plain membrane separation process. The results showed there is a low loss of the enzymatic activity of bromelin enzyme in low pressures, it introduces that the best pressure to be used in utilizing this process is 0,05 Kgf/cm2. We conclude that is possible to recover the bromelin enzyme through the plain membrane, aggregating value to the product, beyond of it was possible to identify the operation conditions that reduce and until eliminate the loss of enzymatic activity of the studied enzyme. Keywords: Ananas comosos, bromelian, enzymatic activity, plain membranes. ___________________________________ Protocolo 728 de 23/05/2004 1 Doutorandos em Engenharia Química Departamento de Engenharia e Sistemas Químicos da FEQ / UNICAMP – E-mail: [email protected] . 1 Graduando em Engenharia Química pelo Departamento de Engenharia Química do CCET/ UFS. 1 Professor do Departamento de Engenharia Química do CCET/ UFS, Cid. Universitária “Prof. Aloísio de Campos”, S/N, Rosa Elze, São Cristóvão – SE, CEP: 49100-000 – Tel: 79-212-6687 - E-mail: [email protected] 1 Professor do Departamento de Engenharia e Sistemas Químicos da FEQ / UNICAMP, Cid. Universitária “Zeferino Vaz”, Rua Albert Einstein, S/N, Barão Geraldo, Campinas – SP, Caixa Postal: 6066, 13081-970, Tel: 0xx13 3788 3900. 34 Utilização de membranas planas na concentração de enzimas bromelinas da polpa de abacaxi INTRODUÇÃO O Brasil é um dos grandes produtores mundiais de abacaxi (Ananas comosos), sobretudo das espécies Pérola e Smooth Caienne. O abacaxi fruto é a parte comercializável da planta, sendo a polpa em calda e o suco pasteurizado os principais produtos industrializados. No Estado de Sergipe, a abacaxicultura tem sido uma alternativa para a agricultura regional, tradicionalmente, voltada para o cultivo de mandioca, milho e feijão. O abacaxi é fonte da enzima proteolítica bromelina, um produto de alto valor comercial, que não é produzido no Brasil. Esta é encontrada no fruto, no talo, no caule, nas folhas e nas raízes do abacaxizeiro e, em todas as espécies do gênero Bromeliaceae, com massa molar próxima de 31 kDa (Martins et al., 1992). No talo, tem-se uma enzima sulfidrílica que recebe o nome de bromelina do talo e tem o número sistemático EC 3.4.22.4, enquanto que, no fruto tem-se uma proteína ácida que é chamada de bromelina do fruto ou, simplesmente, bromelina, com o número sistemático EC 3.4.22.5 (César, 2000; Bertevelo, 2001). A bromelina não está presente nos primeiros estágios de desenvolvimento do fruto, porém, seu nível aumenta, rapidamente, mantendo-se elevado até o amadurecimento, onde tem um pequeno decréscimo. Esta é uma das vantagens da utilização das proteases do abacaxi em comparação com outras proteases vegetais. O abacaxi é o único fruto que possui concentrações, relativamente, altas de proteases, no estado maduro (César, 2000; Bertevelo, 2001). A bromelina é utilizada na indústria de alimentos, na indústria cervejeira, na medicina, na indústria farmacêutica brasileira e, também, no uso em procedimentos técnicos de análises clínico-laboratoriais (César, 2000; Freiman & Srursabaa, 1999; Freiman & Srursabaa, 1996). O processo de separação, utilizando membranas, é uma alternativa aos processos de separação existentes, que vem sendo muito difundido, nos últimos anos. Uma membrana pode ser definida como uma barreira que separa duas fases e que restringe total ou parcialmente o transporte de uma ou várias espécies químicas presentes na fase. A membrana controla a taxa de transporte relativo de várias espécies e, como toda separação, fornece um produto menos concentrado de certos componentes e um outro Lopes et al. produto mais concentrado nestes componentes (Cheryan, 1986; Noble & Way, 1993). A filtração tangencial ocorre, quando o fluxo da suspensão ou solução alimentada for paralelo à membrana e perpendicular ao fluxo de permeado. Dessa forma, a espessura da camada depositada não aumenta indefinidamente, devido às tensões de corte originadas pelo fluxo tangencial à superfície da membrana, atingindo-se um estado estacionário que permite uma operação em contínuo. Os processos que envolvem filtração tangencial são usados para recuperar. concentrar ou purificar soluções. Um dos principais módulos de membranas mais utilizadas em filtração tangencial é o módulo de membranas planas de placas e quadros (Santos, 1996). O trabalho objetivou recuperar a enzima bromelina obtida, a partir da polpa do abacaxizeiro, utilizando processos de separação por membranas planas, avaliando as melhores condições operacionais que resultem em maiores valores de proteína total e de atividade, contribuindo para agregação de valor para este produto agrícola. MATERIAIS E MÉTODOS Obtenção da Enzima A enzima foi obtida, a partir do suco concentrado da polpa do abacaxi (Ananas comosos), preparado em condições de pressão e temperatura ambiente, depois de realizada uma filtração inicial, utilizando-se uma camada de algodão para retenção de sólidos dispersos, e em seguida, o pH do meio foi ajustado para 7,5 com tampão fosfato. Preparo das Soluções Tampão Foram preparados tampões fosfato 1 mol/L, a partir de soluções de estoque de fosfato monobásico de potássio e fosfato dibásico de sódio, conforme descrito por Morita & Assumpção (1986). Determinação da Concentração de Proteína Total A determinação da concentração de proteína total no permeado e no concentrado foi realizada através do método de Bradford (1976). Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.1, p.33-38, 2005 Utilização de membranas planas na concentração de enzimas bromelinas da polpa de abacaxi Lopes et al. 35 dos poros igual a 0,1 m. As pressões utilizadas foram 0,05; 0,10 e 0,15 kgf/cm2. Determinação da Atividade Enzimática Foram realizadas análises, tanto no permeado quanto no concentrado, pelo método descrito por Murachi (1976) e Baldini (1993), através da hidrólise enzimática da caseína a 1,2% (p/v) pH 7,5, com leitura de absorbância a 280 nm a 35o C durante 10 minutos, seguindose de precipitação do substrato não hidrolisado com solução de ácido tricloroacético (TCA). RESULTADOS E DISCUSSÃO Fluxo do Permeado No processo de separação por membrana, temos, ao longo do tempo, a formação de uma camada limite sobre a superfície da membrana que dificulta a transferência do produto que se deseja separar. Na Figura 1, pode-se observar que todos os fluxos tiveram o mesmo comportamento, que estão em consonância com a literatura (Cheryan, 1993; Noble & Way, 1986; Santos, 1996). Para a maior pressão, observa-se que há um maior fluxo inicial, tornando o processo mais rápido, enquanto que para o menor valor da pressão transmembrana, observa-se um menor fluxo e um maior tempo de operação. Estas diferenças afetam a característica do produto de modo que se deve compatibilizar as condições operacionais com as do produto que se deseja recuperar (Santos, 1996). Sistema de Membrana Foram utilizados módulos de membranas constituídos por suportes planos, comportando uma folha de membrana em cada um dos lados e espaçadores colocados, alternadamente, entre os suportes, com o fluxo de alimentação circulando, tangencialmente, à superfície da membrana. O fluxo de permeado circulou entre os espaçadores e recolhido em canais apropriados, foram realizados experimentos de microfiltração da enzima bromelina utilizando membranas de polivinila com área de 0,0225 m2 e tamanho 120 2 Fluxo de Permeado (L/h.m ) 100 2 0,15 kgf/cm 2 0,10 kgf/cm 2 0,05 kgf/cm 80 60 40 20 0 0 40 80 120 160 200 240 Tempo (min) Figura 1 – Fluxo do Permeado versus Tempo Proteína Total O acompanhamento desta variável, durante todo o processo de recuperação da enzima bromelina deve-se ao fato de podermos verificar como estar ocorrendo a transferência da enzima do concentrado para o permeado em função do tempo de operação e das condições operacionais, conforme mostra as Figuras 2 a 4. Analisando-se as Figuras 2, 3 e 4 pode-se concluir que, independentemente, da pressão transmembrana, a concentração de proteína total, no permeado, ao final do processo, não varia tanto, uma vez que esta variável é a força motriz do fenômeno de transferência neste processo. Assim, a conseqüência principal se reflete no tempo de operação do processo e Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.1, p.33-38, 2005 36 Utilização de membranas planas na concentração de enzimas bromelinas da polpa de abacaxi Lopes et al. conseqüentemente na viabilidade econômica (Cheryan, 1993; Santos, 1996). 240 Concentração (mg/L) 200 160 120 80 40 Permeado Concentrado 0 0 40 80 120 160 200 240 Tempo (minutos) Figura 2 – Concentração de Proteína Total versus Tempo (Vazão = 5,48 L/h ; Pressão Transmembrana = 0,05 kgf/cm2) 240 Concentração (mg/L) 200 160 120 80 40 Permeado Concentrado 0 0 40 80 120 160 200 240 Tempo (minutos) Figura 3 – Concentração de Proteína Total versus Tempo (Vazão = 5,48 L/h ; Pressão Transmembrana = 0,10 kgf/cm2) Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.1, p.33-38, 2005 Utilização de membranas planas na concentração de enzimas bromelinas da polpa de abacaxi Lopes et al. 37 240 Concentração (mg/L) 200 160 120 80 40 Permeado Concentrado 0 0 40 80 120 160 200 240 Tempo (minutos) Figura 4 – Concentração de Proteína Total versus Tempo (Vazão = 5,48 L/h ; Pressão Transmembrana = 0,15 kgf/cm2) Atividade Enzimática Esta é a principal variável a ser avaliada, uma vez que, no caso de enzimas, não adianta ter elevadas eficiências de separação, se o produto obtido não tiver atividade, ou seja, se o produto perder sua função catalítica (Murachi, 1976). Na Tabela 1, pode-se observar que a maior atividade enzimática por unidade de volume foi obtida para a pressão transmembrana de 0,10 Kgf/cm2, entretanto esta variável por si só não permite avaliar o grau de separação obtido. Para se ter um indicador do grau de separação, utiliza-se a atividade enzimática específica que consiste na razão entre a atividade e a concentração de proteína no final do processo. Assim, por esta análise, tem-se que o grau de separação para a menor pressão transmembrana é de 30 vezes, enquanto que para a intermediária e a maior são de 4 e 0,06 vezes, respectivamente. Isto mostra que mesmo ocorrendo elevada transferência de proteína total, não significa que houve a recuperação da proteína específica, neste caso a bromelina. Os valores obtidos para os fluxos de permeado, assim como para a proteína total e a atividade enzimática estão em consonância com a literatura, mostrando ser possível a recuperação e até mesmo a purificação da enzima bromelina obtida do abacaxi (Ananas comosos) (Bertevelo, 2001; Freiman & Srursabaa, 1999, Freiman & Srursabaa, 1996). Tabela 1 – Atividade enzimática da Bromelina Pressão Atividade Enzimática (U/mL) Transmembranar Concentrado Concentrado Permeado (Kgf/cm2) Inicial Final Final 0,05 6,134 1,447 12,380 0,10 4,773 3,558 6,045 0,15 3,934 3,153 0,203 CONCLUSÃO Neste estudo, pode-se concluir que a menor pressão transmembranar resultou num maior grau de separação, mostrando que, no caso de macromoléculas, deve-se operar com condições operacionais que não descaracterizem a molécula de interesse. No sistema de membrana plana, tem-se o efeito da perda de carga muito mais elevado Permeado Global 2,373 6,277 2,112 o que contribui para que a pressão não seja elevada evitando a desnaturação da enzima durante o processo de separação. REFERÊNCIA S BIBLIOGRÁFICAS Baldini, V. L. S. et al. Ocorrência da bromelina e cultivares de abacaxizeiro. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.1, p.33-38, 2005 38 Utilização de membranas planas na concentração de enzimas bromelinas da polpa de abacaxi Colet. ITAL, v. 23, n.1, p. 44-55, Campinas, 1993. Bertevelo, L. A. Estudo do processo de recuperação e separação de bromelina utilizando sistema de duas fases aquosas em micro-coluna de extração. Tese de Doutorado. Campinas, SP, Brasil ,FEQ/UNICAMP, 2001. Bradford, M. M. A rapid and sensitive method for the quantitation of microgram quantities of protein. Utilizing the principle of protein-dye binding. Anal. Biochem. 72. 248-254, 1976. Cesar, A. C. W. Otimização dos parâmetros de extração líquido-líquido em duas fases aquosas na recuperação da bromelina presente no abacaxi. Dissertação de Mestrado. Campinas, SP, Brasil, FEQ/UNICAMP, 2000. Cheryan, M. Ultrafiltration Lancaster, Technomic Company, Inc. 1986. Handbook, Publishing Freiman, L. O. & Srursabaa, A. U. O. Determinação de proteína total e escore de aminoácidos de bromelinas extraídas dos resíduos do abacaxizeiro. Ciência e Tecnologia de Alimentos, vol. 19, n. 2, 1999. Freiman, L. O. & Srursabaa, A. U. O. Aproveitamento dos resíduos da Lopes et al. agroindústria do abacaxi (Ananas comosus (L) Merril) para a produção de bromelina. Ciência e Tecnologia de Alimentos, vol. 16, n. 3, pg 246-249, 1996. Martins, Z. J. de et al. Processamento: produtos e subprodutos, características e utilização. In Instituto de Tecnologia de Alimentos. Abacaxi, cultura, matéria prima, processamento e aspectos econômicos. 2 ed. Campinas ITAL. pp. 165 a 219 (Série Frutas Tropicais no 2), 1992. Morita, T. & Assumpção, R. M. V. (Eds.). Manual de Soluções, Reagentes e Solventes. Padronização–Preparação– Purificação. Edgard Blücher Ltda, 2ª ed., São Paulo – SP, Brasil, 1986. Murachi, T. Bromelain enzyme. In: LORAND, L: Methods in Enzymology, v. XLV, p. 475-585, New York, Academic Press, 1976. Noble, R. D. & Way, J. D. Description of facilitated transport and enviromental applications. Membrane processes in separation and purification. London, Kluwer Academic Publishers. 1993. (Nato ASI Series, v. 272). Santos, J. A. L. Estudo de separação de uma proteína recombinante por processos de membranas, Tese de Doutorado. Lisboa, Universidade Técnica de Lisboa – Instituto Superior Técnico, 1996. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.1, p.33-38, 2005 Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.1, p.39-48, 2005 ISSN 1517-8595 39 OBTENÇÃO E MODELAGEM DAS ISOTERMAS DE DESSORÇÃO E DO CALOR ISOSTÉRICO DE DESSORÇÃO PARA GRÃOS DE TRIGO Paulo Cesar Corrêa1, André Luís Duarte Goneli 2, Osvaldo Resende3, Deise Menezes Ribeiro4 RESUMO O objetivo do presente trabalho foi determinar as isotermas de dessorção dos grãos de trigo de uma variedade brasileira para diversas condições de temperatura e umidade relativa do ar e ajustar diferentes modelos matemáticos aos dados experimentais, bem como determinar os valores do calor isostérico de dessorção. Para obtenção do teor de água de equilíbrio higroscópico dos grãos de trigo foi utilizado o método dinâmico. As condições de temperatura e umidade relativa do ar foram fornecidas por uma unidade condicionadora de atmosfera, na qual foram colocadas bandejas removíveis com fundo telado para permitir a passagem do ar através da massa de grãos, contendo inicialmente cada uma, 50 g de produto. Foram ajustados aos dados experimentais os modelos matemáticos freqüentemente utilizados para representação da higroscopicidade dos produtos agrícolas. O cálculo do calor isostérico líquido de dessorção foi realizado baseando-se na relação termodinâmica de Clausius Clapeyron, em função do logaritmo neperiano da atividade de água pelo inverso da temperatura absoluta. Para o cálculo do calor isostérico integral de dessorção, acrescentou-se o valor do calor latente de vaporização da água livre aos valores do calor isostérico líquido de dessorção. Com base nos resultados obtidos, conclui-se que o teor de água de equilíbrio do trigo decresce com o aumento de temperatura, para uma mesma umidade relativa, seguindo a tendência da maioria dos produtos agrícolas já estudados. Baseando-se em parâmetros estatísticos, o modelo proposto por ChungPfost é o que melhor representa a higroscopicidade do trigo, quando comparado aos modelos tradicionalmente utilizados para descrição do fenômeno. Os valores do calor isostérico integral de dessorção, para os grão de trigo na faixa de umidade de 12 a 19% b.s., variaram de 3735 a 2683 kJ.kg-1. Palavras chave: trigo, higroscopicidade, calor isostérico de dessorção, modelos matemáticos. OBTAINMENT AND MODELS OF THE ISOTHERMS OF THE DESORPTION AND DESORPTION ISOTERIC HEAT TO WHEAT GRAINS ABSTRACT The objectives of this work were to determine the desorption isotherms of a Brazilian wheat grains under different temperature and air relative humidity, to adjust different mathematical models to the experimental data, and to determine the values of the desorption isoteric heat. The dynamic method was used to obtain the Hhygroscopic Equilibrium Moisture Content of the wheat grain. The temperatures and relative humidities were established through a climatic chamber in 50 g of grain sample was put on each removable tray with wire screens in the bottom in order to permit the air passing through the grains. Mathematics models generally used to represent the agricultural products hygroscopicity were adjusted to experimental data. The calculation of the isosteric net desorption heat was accomplished basing on Clausius Chaperon’s thermodynamic relationship, in function of the neperiano logarithm of the activity of water for the inverse of the temperature absolute. For the calculation of the desorption integral isosteric heat, it was increased the value of the latent heat of vaporization of the free Protocolo 729 de 26/05/2004 2 Doutorando em Engenharia Agrícola, Bolsista CNPq, Universidade Federal de Viçosa, UFV, MG, e-mail: [email protected] 1 Prof. Adjunto, Departamento de Engenharia Agrícola, Universidade Federal de Viçosa, UFV, Viçosa, MG, telefone: 31 3891 2270, e-mail: [email protected] 3 Doutorando em Engenharia Agrícola, Bolsista CAPES, Universidade Federal de Viçosa, UFV, MG, e-mail: [email protected] 4 Doutorando em Engenharia Agrícola, Bolsista CNPq, Universidade Federal de Viçosa, UFV, MG, e-mail: [email protected] Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.1, p.39-48, 2005 40 Obtenção e modelagem das isotermas de dessorção e do calor isostérico de dessorção para grãos de trigo Corrêa et al. water to the values of the desorption net isosteric heat. Based on the results, it can be concluded that the wheat moisture content decreases with the temperature increase at the same relative humidity following the trend of the majority of the studied agricultural products up to now. Based on statistical parameters, the Chung-Pfost’s model is the best representing of the wheat hygroscopicity when it’s compared with another traditionally models used to describe the phenomenon. The values of the desorption integral isosteric heat varied from 3735 to 2683 kJ.kg-1, for the wheat grains at water content from 12 to 19% b.s. Keywords: wheat grain, higroscopicity, desorption isosteric heat, mathematical models. INTRODUÇÃO O trigo é um produto de origem asiática que apresenta ampla importância comercial, além de ser utilizado como matéria-prima para a fabricação de uma extensa gama de produtos alimentícios industrializados. Para estabelecer o teor de água do produto máximo para inibir o crescimento microbiano e, possivelmente, a produção de micotoxinas, durante a armazenagem, é essencial o conhecimento das isotermas de equilíbrio higroscópico do produto. Todos os produtos agrícolas têm a capacidade de ceder ou absorver água do ambiente, convergindo, constantemente, a uma relação de equilíbrio entre o seu teor de água e as condições do ar ambiente. O teor de água de equilíbrio é alcançado, quando a pressão parcial de vapor de água no produto iguala-se à do ar que o envolve. A relação entre o teor de água de um determinado produto e a umidade relativa de equilíbrio, ou atividade de água, para uma temperatura específica, pode ser expressa por equações matemáticas, que são denominadas isotermas ou curvas de equilíbrio higroscópico. O comportamento higroscópico de diversos produtos agrícolas tem sido estudado por vários pesquisadores, que descrevem modelos diferenciados para expressar o teor de água de equilíbrio em função da temperatura e umidade relativa do ar. Entretanto, para o estabelecimento de isotermas que representam essa relação de equilíbrio são utilizados modelos matemáticos empíricos, uma vez que nenhum modelo teórico desenvolvido tem sido capaz de predizer com precisão o teor de água de equilíbrio para uma ampla faixa de temperatura e umidade relativa do ar. Atualmente, na literatura, existem mais de 200 equações propostas para representar o fenômeno de equilíbrio higroscópico dos produtos agrícolas. Estes modelos diferem na sua base teórica ou empírica e na quantidade de parâmetros envolvidos (Mulet et al., 2002). Para Hall (1980), as curvas de equilíbrio higroscópico são importantes para definir limites de desidratação do produto, estimar as mudanças do teor de água sob determinada condição de temperatura e umidade relativa do ambiente e para definir os teores de água adequados ao início de atividade de microrganismos que podem provocar a deterioração do produto. Além disso, através das isotermas de equilíbrio higroscópico, podemos determinar o requerimento de energia necessário ao processo de secagem, representado pelos valores do calor isostérico de sorção. Segundo Wang e Brennan (1991), para remover o teor de água associada a um material higroscópico, a energia necessária é maior do que a utilizada para vaporizar igual quantidade de água livre, nas mesmas condições de pressão e temperatura. Esse adicional de energia, em virtude das forças de ligação entre a água e a superfície da substância adsorvente, é denominado calor isostérico de dessorção nos processos de secagem, constituindo-se em um bom parâmetro para se estimar a quantidade mínima de calor requerida para remover uma quantidade de água do produto. De acordo com Mulet et al., (1999), o teor de água em que o calor isostérico de sorção é quase idêntico ao calor latente de vaporização da água livre, é, geralmente, considerado como um indicador do conteúdo de água livre no produto. Segundo Wang & Brennan (1991), o conhecimento do calor isostérico em função do teor de água de equilíbrio, é essencial nos estudos de secagem e armazenamento de produtos agrícolas, servindo para estimar as necessidades energéticas do processo de secagem, além de fornecer dados sobre o estado da água no produto. Um método largamente usado para se calcular o calor isostérico de sorção, seja pelo processo de adsorção ou pelo de dessorção, é dado pela equação de Clausius-Clayperon (Iglesias e Chirife, 1976), como mostrado a seguir: Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.1, p.39-48, 2005 Obtenção e modelagem das isotermas de dessorção e do calor isostérico de dessorção para grãos de trigo Corrêa et al. 41 MATERIAIS E MÉTODOS ln(aw) qst = T RT 2 (1) onde aw é a atividade de água (decimal), T, a temperatura em absoluto (Kelvin), qst, o calor isostérico líquido de sorção (kJ.kg-1) e, R, constante universal dos gazes (8,314 kJ.kmol1 .K-1). Integrando a Equação (1) e, assumindo que o calor isostérico líquido de sorção é independente da temperatura, pode-se encontrar o calor isostérico líquido de sorção (qst), para cada teor de água de equilíbrio, conforme a equação a seguir (Wang e Brennan, 1991): q ln(aw) = - st R 1 . C T (2) onde C é uma constante do modelo. Os valores de atividade de água, temperatura e teor de água de equilíbrio são obtidos, a partir das isotermas de dessorção dos produtos em estudo. O calor isostérico integral de sorção (Qst), em kJ.kg-1, é obtido, adicionando-se aos valores de calor isostérico líquido de sorção (qst), o valor do calor latente de vaporização da água livre (L) de acordo com a seguinte equação: Qst = qst L A exp(-B U*e ) L (3) onde A e b são coeficientes do modelo. Tendo em vista a importância do conhecimento da higroscopicidade dos produtos agrícolas e dos requerimentos de energia necessários ao processo de secagem, o objetivo no presente trabalho foi determinar as isotermas de sorção dos grãos de trigo da variedade brasileira Aliança para diversas condições de temperatura e umidade relativa do ar, bem como utilizá-las para a determinação dos valores do calor isostérico de dessorção. O presente trabalho foi realizado no Laboratório de Propriedades Físicas e Qualidade de Produtos Agrícolas pertencente ao Centro Nacional de Treinamento em Armazenagem (CENTREINAR), localizado na Universidade Federal de Viçosa. Para obtenção do teor de água de equilíbrio higroscópico dos grãos de trigo foi utilizado o método dinâmico. Foram utilizados grãos de trigo, cultivar Aliança, com teor de água inicial de 0,32 b.s. A secagem do produto em camada delgada foi realizada para diferentes condições controladas de temperatura (25, 35, 45 e 55°C) e umidade relativa do ar de secagem (entre 0,30 a 0,85) até que o produto atingisse o teor de água de equilíbrio com a condição do ar especificada. As condições ambientais para realização dos testes foram fornecidas por meio de uma unidade condicionadora de atmosfera, de fabricação da empresa Aminco, modelo Aminco-Aire 150/300 CFM. Foram colocadas no interior do equipamento, bandejas removíveis com fundo telado para permitir a passagem do ar através da amostra, contém, inicialmente, cada uma, 50 g de produto. O fluxo de ar foi monitorado com o auxílio de um anemômetro de lâminas rotativas e mantido em torno de 10 m3 min-1 m-2. A temperatura e a umidade relativa do ar foram monitoradas por meio de psicrômetro instalado próximo às bandejas, contendo as amostras. Durante o processo de secagem, as bandejas com o produto foram pesadas, periodicamente, e o equilíbrio higroscópio foi atingido, quando a variação da massa dos recipientes permaneceu, aproximadamente, invariável durante três pesagens consecutivas. Os teores de água do produto foram determinados pelo gravimétrico em estufa a 105 ± 3°C, até massa constante, em três repetições. Aos dados experimentais do teor de água de equilíbrio foram ajustados os seguintes modelos matemáticos: Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.1, p.39-48, 2005 Obtenção e modelagem das isotermas de dessorção e do calor isostérico de dessorção para grãos de trigo 42 Corrêa et al. Equação Sigma-Copace X e exp(a (bT ) [c exp( Aw )] Sabbah X e a( Aw / T C ) Oswin X e (a bT ) /[(1 Aw ) / Aw ]1 / C Henderson Xe [ln(1 Aw ) /(aTabs )]1 / b Henderson-Modificado Xe {ln(1 Aw ) /[a(T b)]}1 / C Halsey-Modificado Xe [exp( a bT ) / ln( Aw)]1 / C Copace X e exp[ a (bT ) (cAw )] Chung-Pfost X e a b ln[ (T c) ln( Aw )] b em que, Ue* teor: de água de equilíbrio, % b.s. Aw T Tabs atividade : de água, decimal; temperatura, : °C; temperatura : absoluta, K; a, b, c coeficientes : que dependem do produto. Os modelos foram selecionados considerando a significância dos coeficientes de regressão pelo teste t, adotando nível de 1% de probabilidade, a magnitude do coeficiente de determinação ajustado (R2), a magnitude do erro médio relativo (P) e do erro médio estimado (SE) e a verificação do comportamento da distribuição dos resíduos. Considerou-se o valor do erro médio relativo inferior a 10% como um dos critérios para seleção dos modelos, de acordo com Mohapatra e Rao (2005). O erro médio relativo e o erro médio estimado, para cada um dos modelos, foram calculados conforme as seguintes expressões: P= ˆ 100 n Y - Y n i =1 Y (12) n 2 ˆ Y-Y SE = i =1 GLR (13) em que n Y Ŷ GLR número : de observações experimentais; valor: observado experimentalmente; valor: calculado pelo modelo; graus: de liberdade do modelo. Os valores do calor isostérico líquido de dessorção (qst), para cada teor de umidade de equilíbrio, foram obtidos de acordo com a Equação (2). Os valores de atividade de água, temperatura e teor de umidade de equilíbrio foram obtidos a partir das isotermas de dessorção dos grãos de trigo, utilizando o modelo de melhor ajuste aos dados observados. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.1, p.39-48, 2005 Obtenção e modelagem das isotermas de dessorção e do calor isostérico de dessorção para grãos de trigo Para o cálculo dos valores do calor isostérico integral de dessorção (Qst), utilizouse a Equação (3). O calor latente de vaporização da água livre (L), em kJ.kg-1, necessário ao cálculo de Qst, foi obtido pela temperatura média (T) na faixa em estudo, em °C, segundo a seguinte equação: L = 2502, 2 - 2,39.T Corrêa et al. 43 RESULTADOS E DISCUSSÃO Na Tabela 1, estão os parâmetros dos modelos de equilíbrio higroscópico para o trigo, obtidos por dessorção, para diferentes condições de temperatura e umidade relativa do ar. (14) Tabela 1 - Parâmetros dos modelos de equilíbrio higroscópico para o trigo, com seus respectivos coeficientes de determinação (R2), erros médios estimado (SE) e relativo (P), e tendência de distribuição dos resíduos. Modelos Sigma-copace Sabbah Oswin Henderson Henderson Modificado Halsey Modificado Copace Chung-Pfost Parâmetros* a= b= c= a= b= c= a= b= c= a= b= 2,09782 0,01420 0,56941 108,42376 0,61752 0,48226 19,08390 - 0,17691 4,42355 1,02056 x10-5 2,14998 a= b= c= a= b= c= a= b= c= a= b= 3,34838 x10-5 -6,18961 2,60422 10,38992 0,05115 3,52629 2,50713 0,01404 1,05940 24,83477 4,38802 R2 SE P Tendência 98,44 0,4484 2,7510 Tendenciosa 97,19 0,6005 3,6295 Aleatória 98,57 0,4281 2,8191 Tendenciosa 77,42 1,6702 10,8952 Tendenciosa 97,95 0,5133 3,1473 Tendenciosa 97,95 0,5135 3,2010 Tendenciosa 98,75 0,4001 2,5455 Aleatória 98,96 0,3663 2,2423 Aleatória c = -11,25067 * Todos os coeficientes estimados foram significativos a 1% de probabilidade pelo teste t Observa-se na Tabela 1 que os modelos matemáticos utilizados para descrever a higroscopicidade apresentaram significância dos seus parâmetros de regressão ao nível de 1% de probabilidade pelo teste t, elevados valores do coeficiente de determinação (R2), superiores a 97%, e reduzidos valores dos erros médio relativo e estimado. O modelo de Henderson, a exceção dos demais, não se ajustou, satisfatoriamente, aos dados experimentais, apresentando erro médio relativo superior a 10%, o que indica ser inadequado para a descrição do fenômeno estudado (Özdemir e Derves, 1999). Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.1, p.39-48, 2005 44 Obtenção e modelagem das isotermas de dessorção e do calor isostérico de dessorção para grãos de trigo De acordo com a Figura 1, percebe-se que apenas os modelos de Sabbah, Copace e Chung-Pfost apresentaram distribuição aleatória dos resíduos, indicando ajuste mais adequado aos dados experimentais. Dentre estes, o modelo de Chung-Pfost exibiu maior coeficiente de determinação e menores valores de erros médios relativo e estimado, sendo o mais recomendado para predição do equilíbrio higroscópico dos grãos de trigo. Sun e Woods (1994) também observaram que o modelo de Chung-Pfost foi aquele que melhor se ajustou aos dados experimentais de equilíbrio higroscópico para diversas espécies de trigo. Na Figura 2, encontram-se os valores experimentais do teor de água de equilíbrio do trigo, obtidos por dessorção, bem como suas isotermas calculadas pelo modelo de Chung-Pfost. Observa-se que para uma umidade relativa constante os valores de umidade de equilíbrio diminuíram com o aumento da temperatura, seguindo a mesma tendência da maioria dos produtos agrícolas. Assim, a partir destas isotermas, pode-se manejar, adequadamente, o produto, visando à manutenção do seu teor de água nos níveis recomendados para o armazenamento seguro. O gráfico das isotermas de sorção pode ser empregado, também, para definir as épocas mais adequadas para o armazenamento do trigo nas diversas regiões do país, levando-se em consideração dados de temperatura e umidade relativa. Uma vez tendo sido o mais recomendado na predição do equilíbrio higroscópico dos grãos de trigo, o modelo de Chung-Pfost foi utilizado para o cálculo dos valores de atividade de água, necessários para a determinação dos valores do calor isostérico líquido de dessorção. Na Figura 3, estão as curvas do logaritmo neperiano da atividade de água Corrêa et al. (decimal), para valores específicos do teor de água de equilíbrio (% b.s.), em função de valores do inverso da temperatura absoluta (Kelvin) para os grãos de trigo. Os valores do calor isostérico líquido de dessorção (qst), em kJ.kg-1, para os grãos de trigo, em função do teor de água de equilíbrio (% b.s.), foram calculados de acordo com a Equação 2, representados, para cada situação, pelas inclinações das retas mostradas na Figura 3. Para o calor isostérico integral de dessorção (Qst), em kJ.kg-1, foram adicionados, aos valores de qst, o valor do calor latente de vaporização da água livre (L), que representa a menor quantidade de energia necessária para evaporar a água, calculado para temperatura de 40 °C, resultando em um valor de 2406,60 kJ.kg-1. Na Figura 4, encontram-se os valores do calor isostérico integral de dessorção (Qst), em kJ.kg-1, em função do teor de água de equilíbrio (% b.s.), estimados de acordo com a Equação 3. De acordo com a Figura 4, observa-se que, com a redução do teor de água, ocorre aumento da energia necessária para a remoção de água do produto, representada pelos valores do calor isostérico integral de dessorção (Qst), conforme observado para diversos produtos agrícolas (Iglesias e Chirife, 1976; Mulet et al., 1999; Tolaba et al., 2004; Jayendra Kumar et al., 2005). Os valores de calor isostérico integral de dessorção, para os grão de trigo na faixa de umidade de 12 a 19% b.s., variaram de 3735 a 2683 kJ.kg-1. Estes valores estão coerentes com os encontrados por Ayranci e Duman (2005), que, trabalhando com feijão caupi na faixa de umidade de 4 a 16% b.s., obtiveram valores de calor isotérico integral de dessorção variando de 3361 a 2472 kJ.kg-1, aproximadamente. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.1, p.39-48, 2005 Obtenção e modelagem das isotermas de dessorção e do calor isostérico de dessorção para grãos de trigo 3,0 2,0 2,0 1,0 0,0 -1,0 1,0 0,0 -1,0 -2,0 -2,0 -3,0 -3,0 8 10 12 14 16 18 20 6 22 8 10 14 16 18 20 22 18 20 22 18 20 22 18 20 22 Henderson 3,0 3,0 2,0 2,0 Valores residuais Valores residuais Oswin 1,0 0,0 -1,0 -2,0 1,0 0,0 -1,0 -2,0 -3,0 -3,0 6 8 10 12 14 16 18 20 22 6 8 10 Valores estimados 12 14 16 Valores estimados Henderson Modificado Halsey-Modificado 3,0 3,0 2,0 2,0 Valores residuais Valores residuais 12 Valores estimados Valores estimados 1,0 0,0 -1,0 -2,0 1,0 0,0 -1,0 -2,0 -3,0 -3,0 6 8 10 12 14 16 18 20 22 6 8 10 Valores estimados 12 14 16 Valores estimados Copace Chung.Pfost 3,0 3,0 2,0 2,0 Valores residuais Valores residuais 45 Sabbah 3,0 Valores residuais Valores residuais Sigma Copace Corrêa et al. 1,0 0,0 -1,0 -2,0 1,0 0,0 -1,0 -2,0 -3,0 -3,0 6 8 10 12 14 16 Valores estimados 18 20 22 6 8 10 12 14 16 Valores estimados Figura 1- Tendência de distribuição dos resíduos para os diversos modelos em função dos valores estimados do equilíbrio higroscópico do trigo Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.1, p.39-48, 2005 46 Obtenção e modelagem das isotermas de dessorção e do calor isostérico de dessorção para grãos de trigo Corrêa et al. Umidade de equilíbrio (%b.s.) 30 Valores esimados Experimental (25°C) Experimental (35°C) Experimental (45°C) Experimental (55°C) 25 20 15 10 5 0 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 Umidade relativa (decimal) Figura 2- Valores, observados e estimados pelo modelo de Chung-Pfost, de teores de água de equilíbrio higroscópico do trigo (cultivar Aliança), obtidos por dessorção, para diferentes condições de temperatura e umidade relativa do ar. 0,0 11,96 12,15 13,31 13,50 13,83 15,60 15,76 17,22 18,85 -0,2 ln aw (decimal) -0,4 -0,6 -0,8 -1,0 -1,2 -1,4 -1,6 0,0030 0,0031 0,0032 0,0033 0,0034 0,0035 1/T (K-1) Figura 3 – Curvas do logaritmo neperiano da atividade de água (decimal), para específicos valores do teor de água de equilíbrio (% b.s.), em função de valores de 1/T (K-1) para os grãos de trigo(cultivar Aliança),. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.1, p.39-48, 2005 Obtenção e modelagem das isotermas de dessorção e do calor isostérico de dessorção para grãos de trigo Corrêa et al. 47 3800 Valores observados Valores estimados 3400 - Qst (kJ.kg 1) 3600 3200 3000 2800 2600 10 12 14 16 18 20 Umidade de equilíbrio (% b.s.) Figura 4 – Valores observados e estimados do calor isostérico integral de dessorção em função do teor de umidade de equilíbrio. As possíveis diferenças encontradas entre os valores observados de calor isostérico integral de dessorção para os diferentes produtos, podem ser justificadas, além dos fatores inerentes aos próprios produtos, segundo Ferreira e Pena (2003), por possíveis erros na obtenção dos valores de atividade de água, para cada teor de água de equilíbrio, uma vez que os valores foram obtidos a partir de modelos matemáticos. Apesar destas discrepâncias, Zhang et al. (1996), estudando isotermas de sorção de água de alguns vegetais nas temperaturas de 30 a 60º C, concluíram que o calor isostérico de dessorção pode ser usado para estimar a energia requerida no processo de desidratação de produtos agrícolas. Na Tabela 2, apresenta-se o modelo matemático para os valores observados do calor isostérico integral de dessorção (Qst), em kJ.kg-1, em função do teor de umidade de equilíbrio (% b.s.). Observa-se que a equação utilizada se mostrou satisfatória em descrever o fenômeno, apresentando elevada significância dos seus parâmetros e do coeficiente de determinação (R2). Tabela 2 - Modelo de regressão ajustado aos valores observados do calor isostérico integral de dessorção (Qst), em kJ.kg-1, em função do teor de água de equilíbrio (% b.s.) com seu respectivo coeficiente de determinação (R2) e níveis de significância. R2 (%) Equação de regressão Qst = 20280, 7049** × exp(-0, 2279** × U*e ) + 2406, 6000 ++ Significativo a 1% de probabilidade, pelo teste F. CONCLUSÃO Com base nos resultados obtidos, conclui-se que o teor de água de equilíbrio higroscópico do trigo, cultivar Aliança, é, diretamente, proporcional à umidade relativa do ar e decresce com o aumento de temperatura, para uma mesma umidade relativa, seguindo a tendência da maioria dos produtos agrícolas já 99,99++ **Significativo a 1% de probabilidade, pelo teste t. estudados. Baseando-se em parâmetros estatísticos, o modelo de Chung-Pfost é o que melhor representa a higroscopicidade do produto estudado, quando comparado aos modelos tradicionalmente utilizados para descrição deste fenômeno. Os valores do calor isostérico integral de dessorção, para os grão de trigo (cultivar Aliança), na faixa de Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.1, p.39-48, 2005 48 Obtenção e modelagem das isotermas de dessorção e do calor isostérico de dessorção para grãos de trigo umidade de 12 a 19% b.s., variaram de 3735 a 2683 kJ.kg-1. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Ayranci, E.; Duman, O. Moisture sorption isotherms of cowpea (Vigna unguiculata L. Walp) and its protein isotate at 10, 20 and 30°C. Journal of Food Engineering, v.70, p.83-91, 2005. Brooker, D.B.; Bakker-Arkema, F.W.; Hall, C.W. Drying and storage of grains and oilseeds. Westport: The AVI Publishing Company, 1992. 450 p. Dunstan, E.R.; Chung, D.S.; Hodges, T.O. Adsorption and desorption characteristics of grain Sorghum. Transactions of The ASAE, St. Joseph, p.667-670, 1973. Chen, C. Factors which effects equilibrium relative humidity of agricultural products. Transaction of the ASAE, St. Joseph, v.43, n.3, p.673-683. 2000. Fan, J.; Siebenmorgen, T.J.; Marks, B.P.. Effects of variety and harvest moisture content on equilibrium moisture contents of rice. Applied Engineering in Agriculture, St. Joseph, v.16, n.3, p.245-251. 2000. Ferreira, C.D.; Pena, R.S. Comportamento higroscópico da farinha de pupunha (Bactris gasipaes). 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Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.1, p.39-48, 2005 Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.1, p.49-57, 2005 ISSN 1517-8595 49 ALTERAÇÕES DE COR DA ACEROLA EM PÓ SOB CONDIÇÕES CONTROLADAS Rossana Maria Feitosa de Figueirêdo1, Alexandre José de Melo Queiroz1, Enny Therezinha Martucci2 RESUMO Estudou-se a evolução da cor de polpa de acerola em pó armazenada durante trinta dias. A polpa em pó foi produzida em secador do tipo spray dryer, com a secagem da polpa adicionada de maltodextrina e goma arábica. As amostras foram armazenadas a 15oC, 25oC e 35oC e em umidades relativas de 52,89%, 76,59% e 84,4%. As avaliações de cor foram realizadas instrumentalmente utilizando-se um colorímetro Minolta CR-300, com determinações dos parâmetros luminosidade (LHunter), intensidade de vermelho (aHunter) e intensidade de amarelo (bHunter). A luminosidade decresceu com o tempo de armazenamento, com o aumento de temperatura e com o aumento de umidade relativa. A intensidade de amarelo foi reduzida após trinta dias de armazenamento em todas as temperaturas, nas umidades relativas de 76,59% e 84,4% e o aumento na umidade relativa provocou diminuição no componente intensidade de amarelo. A intensidade de vermelho diminuiu na maioria das amostras com o decorrer do tempo. Não se constatou correlação da intensidade de vermelho com a temperatura nem com a umidade relativa. Palavras-chave: Malpighia emarginata, temperatura, umidade relativa. ALTERATIONS IN THE COLOR OF WEST INDIAN CHERRY POWDER UNDER CONTROLLED CONDITIONS ABSTRACT It was studied the evolution of the color of west indian cherry powder stored for thirty days. The powder was produced in spray dryer. Maltodextrin and Arabic gum were added in the drying of the west Indian cherry pulp. The samples were stored at 15, 25 and 35oC and at relative humidity of 52.89%, 76.59% and 84.4%. Instrumental evaluations of color were accomplished using a CR-300 Minolta Chroma Meter, determining lightness (LHunter), redness (aHunter) and yellowness (bHunter). The lightness decreased with time of storage, with the increases of the temperature and relative humidity. The yellowness was reduced after thirty days of storage, in all the temperatures, in the relative humidity of 76.59% and 84.4% and the increase of relative humidity decreased the yellowness value. The redness decreased in most of the samples with the time. Correlation of the redness was not verified with the temperature nor with the relative humidity. Keywords: Malpighia emarginata, temperature, relative humidity. _________________________ Protocolo 732 de 02/06/2004 1 Engo Agrícola, Prof. Adjunto, Departamento de Engenharia Agrícola, Centro de Ciências e tecnologia, UFCG, Campina Grande -PB, Caixa Postal 10.017, Campina Grande - PB. 2 Enga Alimentos, Profa. Aposentada, Departamento de Engenharia de Alimentos, FEA, UNICAMP, Campinas – SP. 50 Alterações de cor da acerola em pó sob condições controladas INTRODUÇÃO De acordo com Bobbio & Bobbio (1992), a aparência concorre, grandemente, para a aceitabilidade de um alimento, razão pela qual a cor talvez seja sua propriedade mais importante, tanto em produtos naturais, quanto processados. A cor em alimentos resulta da presença de compostos coloridos já existentes no material natural (pigmentos naturais) ou da adição de corantes sintéticos. Também, durante o processamento ou armazenagem, pode haver formação de substâncias coloridas, como é o caso dos caramelos e melanoidinas. A cor de um produto alimentício é uma das características mais importantes para a sua aceitação, pois o consumidor estabelece uma associação entre as modificações significativas da cor com os indícios de alterações químicas, físicas ou microbiológicas que estão ocorrendo, com conseqüentes efeitos sobre as qualidades sensoriais. Os principais tipos de pigmentos responsáveis pelas cores em alimentos de origem vegetal são a clorofila, os carotenóides e as antocianinas. Carotenóides, geralmente, variam do amarelo ao laranja, podendo apresentar cor vermelha, como o licopeno. Antocianinas são os pigmentos responsáveis pelas cores em tons de vermelho, púrpura ou violeta presente na maioria das hortaliças, frutas e outros produtos. De acordo com Chitarra & Chitarra (1990), em pH ácido a tonalidade deste pigmento é vermelha, em pH neutro, púrpura e em pH alcalino, azul. As antocianinas podem ocultar a clorofila e os carotenóides devido à sua coloração acentuada e não são muito estáveis, sendo facilmente convertidas de sua coloração, característica natural para indesejáveis compostos coloridos escuros (Starr & Francis, 1968). No que se refere aos carotenóides, vários autores estabeleceram correlações entre o teor de carotenóides total e a cor para diversos produtos, entre os quais a abóbora e a batata doce (Francis, 1962; Ahmed & Scott, 1962). Muitos fatores têm demonstrado influenciar a degradação dos pigmentos, durante o processamento e armazenagem. No caso das antocianinas, os principais fatores são: compostos fenólicos, temperatura, pH, açúcares, ação enzimática, hidrólise ou polimerização e oxidação do ácido ascórbico (Markakis, 1982; Mazza & Brouillard, 1987; Strack & Wray, 1989). A oxidação do ácido ascórbico leva à formação de furaldeídos, compostos que se polimerizam, facilmente, com Figueiredo et al. formação de pigmentos escuros, e aceleram a degradação de antocianinas (Bobbio & Bobbio, 1992; Iaderoza, 1983). A avaliação sensorial da cor é critério subjetivo de baixa precisão, quando se objetiva quantificar alterações progressivas e de pequena monta em materiais sujeitos a mudanças de cor. Sistemas de controle baseados em medidas objetivas e valores numéricos são, geralmente, utilizados, quando se deseja prevenir erros devido a diferenças na percepção visual desse parâmetro. Nesses sistemas, as alterações dos pigmentos podem ser detectadas pela medida da cor, que pode ser usada como um meio indireto de análise para estimar compostos coloridos de alimentos e, muitas vezes, é mais simples e rápida do que a análise química (Francis, 1983). Neste trabalho, objetivou-se caracterizar, instrumentalmente, a cor da acerola em pó e acompanhar alterações nesta propriedade em amostras armazenadas sob temperaturas de 15oC, 25oC e 35oC e umidades relativas de 52,89%, 76,59% e 84,40%. MATERIAL E MÉTODOS Foram utilizadas amostras de acerola em pó produzidas por secagem da polpa de acerola com a adição de 15,0% de maltodextrina e 5,0% de goma arábica, processada em secador do tipo spray dryer. As avaliações instrumentais da cor da acerola em pó foram realizadas utilizando-se um colorímetro da marca Minolta, modelo CR300, com iluminante C e ângulo de 2o, com determinação dos valores LHunter (luminosidade), aHunter (intensidade de vermelho) e bHunter (intensidade de amarelo). Na calibração do equipamento, em placa branca refletiva, foram utilizados os padrões Y = 94,20, x = 0,3134 e y = 0,3207. As amostras foram submetidas a avaliação inicial da cor, sendo a seguir expostas às condições de armazenamento, com temperaturas e umidades relativas controladas. O controle da umidade relativa foi obtido em recipientes herméticos que contém soluções saturadas de sais (Tabela 1), sendo as amostras acondicionadas nesses recipientes e armazenadas em câmaras a temperaturas de 15oC, 25oC e 35oC. O ensaio foi conduzido por um período de trinta dias, fazendo-se avaliações da cor, em triplicata, no quinto e no trigésimo dia. A comparação entre as médias de leitura dos parâmetros da cor das amostras foi feita utilizando-se o teste de Tukey, ao nível de 5% Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.1, p.49-57, 2005 Alterações de cor da acerola em pó sob condições controladas de probabilidade, utilizando-se o programa computacional ASSISTAT (Silva & Azevedo, 2002). Tabela 1 - Umidades relativas das soluções saturadas de sais. Umidade relativa (%) Sais o 15 C 25oC 35oC Média Mg(NO3)2 55,87 52,89 49,91 52,89 75,61 79,29 74,87 76,59 NaCl 85,92 84,34 82,95 84,40 KCl RESULTADOS E DISCUSSÃO Efeito do tempo de armazenagem Os resultados médios da análise instrumental da cor da acerola em pó submetida às condições de três umidades relativas e três temperaturas pelo período de trinta dias encontram-se nas Tabelas 2 a 10. Nota-se nas Tabelas 2 a 4 uma tendência de diminuição nos valores do componente intensidade de vermelho (aHunter) ao longo dos 30 dias de armazenamento, uma vez que esses valores se reduzem na maioria dos casos entre o tempo inicial e o final. A 25oC e a 35oC os valores do parâmetro permaneceram sem diferença significativa na umidade relativa de 52,89%, enquanto sob temperatura de 25oC e umidade relativa de 76,59% aumentaram em 4,5%. Em termos comparativos, este aumento é pequeno frente às reduções verificadas, as quais variaram entre um mínimo de 7% a 15oC e umidade relativa de 76,59% e máximo de 63,4% na temperatura de 35oC e umidade relativa de 84,4%. Na umidade relativa de 52,89% e em todas as temperaturas o comportamento do componente intensidade de amarelo (bHunter) foi de aumento com o tempo. Contudo, tanto na observação visual com nas determinações instrumentais tais alterações foram pequenas. Reações de escurecimento nas temperaturas de 15oC e 25oC não foram perceptíveis, Figueiredo et al. 51 visualmente, após 30 dias de armazenamento. Nas umidades relativas de 76,59% e 84,40%, contrariamente, ao observado na umidade relativa de 52,89%, em todas as temperaturas, o componente intensidade de amarelo diminuiu, significativamente, com o tempo de armazenamento. De acordo com Oliva (1995), a diminuição do valor deste componente pode ser atribuída à degradação de carotenóides. Na Tabela 2, observa-se o efeito do tempo de armazenamento sobre as amostras a 15oC nas três umidades relativas estudadas. Vêse que o aumento da umidade relativa acarretou maiores variações na luminosidade, com a menor redução (9%) ocorrida na umidade relativa de 52,89% ao final de trinta dias, e a maior (61%) na umidade relativa de 84,40% no mesmo tempo de armazenamento. Na umidade relativa de 76,59% a luminosidade foi reduzida em cerca de 47% nos primeiros cinco dias de armazenamento, e cerca de 53% ao trigésimo dia, o que representa apenas 6% a mais de redução nos 25 dias restantes. Na umidade relativa de 84,40%, ao final do quinto dia, temse uma redução no valor da luminosidade em torno de 53%, e do quinto ao trigésimo dia a redução é de apenas 17,5%. Os valores do componente intensidade de vermelho, também, diminuíram, significativamente, durante o armazenamento a 15oC, mas a variação de umidade relativa não demonstrou influenciar a intensidade das reduções: aos trinta dias de armazenamento, nas umidades de 52,89%, 76,59% e 84,40% as reduções foram de 19%, 7% e 21%, respectivamente. A intensidade de amarelo aumentou em 13% entre zero e trinta dias de armazenamento na umidade relativa de 52,89%. Nas umidades relativas de 76,59% e 84,40% a intensidade de amarelo diminuiu com o tempo, reduzindo-se em 35% e 61%, respectivamente, entre o início e o final do armazenamento. A 15oC, na umidade relativa de 84,40% observaram-se as maiores reduções na luminosidade, intensidade de vermelho e intensidade de amarelo. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.1, p.49-57, 2005 52 Alterações de cor da acerola em pó sob condições controladas Figueiredo et al. Tabela 2 - Valores médios dos parâmetros LHunter, aHunter e bHunter de amostras de acerola em pó armazenadas a 15oC em diferentes umidades relativas. U.R. = 52,89% Tempo (dia) LHunter aHunter bHunter 0 53,10 a +9,71 a +12,06 c 5 53,03 a +8,15 b +13,02 b 30 48,28 b +7,89 c +13,64 a 1,04 0,11 0,30 DMS U.R. = 76,59% Tempo (dia) LHunter aHunter bHunter 0 53,10 a +9,71 b +12,06 a 5 27,96 b +10,86 a +10,33 b 30 24,98 c +9,02 c +7,87 c 0,86 0,19 0,41 DMS U.R. = 84,40% Tempo (dia) LHunter aHunter bHunter 0 53,10 a +9,71 b +12,06 a 5 25,09 b +10,32 a +8,63 b 30 20,71 c +7,65 c +4,64 c 0,88 0,31 0,22 DMS Obs.: médias seguidas pela mesma letra nas colunas não diferem estatisticamente ao nível de 5% de probabilidade pelo teste de Tukey. DMS – diferença mínima significativa Na Tabelas 3, observa-se o efeito do tempo de armazenamento sobre as amostras a 25oC nas três umidades relativas estudadas. A luminosidade apresentou comportamento com a umidade relativa semelhante à observada a 15oC, com reduções ao longo do armazenamento e percentualmente maiores para as maiores umidades relativas. Assim, na umidade relativa de 52,89% a luminosidade sofreu redução de 23% ao longo dos trinta dias, enquanto nas umidades de 76,59% e 84,40% as reduções totalizaram 57% e 63%, respectivamente. Na umidade relativa de 76,59% observa-se que o valor da luminosidade foi reduzido em 52% nos primeiros cinco dias. Ao final do trigésimo dia a redução aumentou mais 5%, em relação ao quinto dia. Na umidade relativa de 84,40% observa-se que o valor da luminosidade foi reduzido em 54,73% nos primeiros cinco dias. Ao final do trigésimo dia a redução aumentou mais 8,79%, em relação ao quinto dia. No caso de intensidade de vermelho, não há diferença entre o início e o final do armazenamento na umidade relativa de 52,89%. Na umidade relativa de 76,59%, este parâmetro aumentou com o tempo, totalizando 4% aos trinta dias, enquanto na umidade relativa de 84,40%, observou-se uma redução de 26%. Aguirre et al. (2003) relataram que a alteração mais evidente, durante o armazenamento da acerola em pó, foi o decréscimo na intensidade de vermelho. Para a intensidade de amarelo na umidade relativa 52,89% aos trinta dias de armazenamento, ocorreu um aumento de valor que se situou em torno de 10%. Nas umidades relativas de 76,59% e 84,40% se verificaram reduções, as quais totalizaram 47% e 69%, respectivamente. Resultado obtido por Gomes (2002) para acerola em pó armazenada em embalagem de polietileno a temperatura ambiente, indicou aumento nesse parâmetro. A 25oC, assim como a 15oC, a luminosidade decresceu em todas as umidades relativas ao longo do armazenamento, mas a intensidade de vermelho decresceu apenas na maior das umidades relativas e a intensidade de amarelo apenas nas umidades relativas de 76,59% e 84,40%, com maior percentual, nesta última. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.1, p.49-57, 2005 Alterações de cor da acerola em pó sob condições controladas Figueiredo et al. 53 Tabela 3 - Valores médios dos parâmetros LHunter, aHunter e bHunter para as amostras de acerola em pó armazenadas a 25oC em diferentes umidades relativas. U.R. = 52,89% Tempo (dia) LHunter aHunter bHunter 0 53,10 a +9,71 a +12,06 c 5 47,97 b +8,33 b +13,83 a 30 40,89 c +9,56 a +13,22 b 0,81 0,34 0,29 DMS U.R. = 76,59% Tempo (dia) LHunter aHunter bHunter 0 53,10 a +9,71 c +12,06 a 5 25,65 b +11,37 a +9,05 b 30 22,74 c +10,15 b +6,42 c 0,77 0,21 0,26 DMS U.R. = 84,40% Tempo (dia) LHunter aHunter bHunter 0 53,10 a +9,71 b +12,06 a 5 24,04 b +10,12 a +7,75 b 30 19,37 c +7,21 c +3,70 c 0,74 0,26 0,29 DMS Obs.: médias seguidas pela mesma letra nas colunas não diferem estatisticamente a nível de 5% de probabilidade pelo teste de Tukey. DMS – diferença mínima significativa Na Tabela 4, observa-se o efeito do tempo de armazenamento sobre as amostras armazenadas a 35oC nas três umidades relativas estudadas. Como nas demais temperaturas, a luminosidade decresceu com o tempo de armazenamento em todas as umidades relativas e em percentuais progressivamente maiores nas umidades relativas mais altas. Na umidade relativa de 52,89% o decréscimo foi de 27%, semelhante ao observado a 25oC; na umidade relativa de 76,59% resultou em 62% e a 84,40% totalizou 63%. Na umidade relativa de 76,59%, constata-se que a luminosidade é reduzida em cerca de 56%, após cinco dias de armazenamento, e entre o quinto e o trigésimo dia em 5%. Tabela 4 - Valores médios dos parâmetros LHunter, aHunter e bHunter para as amostras de acerola em pó armazenadas a 35oC em diferentes umidades relativas. U.R. = 52,89% Tempo (dia) LHunter aHunter bHunter 0 53,10 a +9,71 a +12,06 c 5 42,48 b +9,56 b +13,76 a 30 38,78 c +9,66 a +12,69 b 0,78 0,08 0,19 DMS U.R. = 76,59% Tempo (dia) LHunter aHunter bHunter 0 53,10 a +9,71 b +12,06 a 5 22,94 b +10,47 a +7,32 b 30 20,09 c +5,63 c +3,65 c 0,74 0,15 0,21 DMS U.R. = 84,40% Tempo (dia) LHunter aHunter bHunter 0 53,10 a +9,71 a +12,06 a 5 22,90 b +8,18 b +6,79 b 30 19,36 c +3,55 c +1,64 c 0,76 0,12 0,24 DMS Obs.: médias seguidas pela mesma letra nas colunas não diferem estatisticamente a nível de 5% de probabilidade pelo teste de Tukey. DMS – diferença mínima significativa Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.1, p.49-57, 2005 54 Alterações de cor da acerola em pó sob condições controladas Na umidade relativa de 84,40%, a luminosidade foi reduzida em cerca de 57% após os primeiros cinco dias de armazenamento. Na umidade relativa de 52,89%, a intensidade de vermelho se manteve inalterada, entre o início e o final do armazenamento, mas nas umidades relativas maiores, verificaram-se reduções, totalizando 42% (UR de 76,59%) e 63% (UR de 84,40%). Acompanhando a evolução dos valores da intensidade de amarelo (bHunter), observa-se que ele aumentou, na umidade relativa de 52,89%, e diminuiu, nas umidades relativas maiores, com redução de 70% (UR de 76,59%) e 86% (UR de 84,40%). Dos três componentes da cor avaliados neste trabalho, a luminosidade mostrou-se o mais sensível às condições de armazenagem. Suas alterações, todas decrescentes com o tempo de armazenamento, ocorreram em maior proporção nos primeiros cinco dias, quando submetidos a umidades relativas de 76,59% e 84,40%. Verifica-se que os valores médios da luminosidade diminuem, significativamente, com o tempo de armazenagem, em todas as temperaturas e umidades relativas estudadas. A menor redução da luminosidade (9%) ao final de trinta dias, ocorreu na temperatura de 15oC e umidade relativa de 52,89%, enquanto a maior foi verificada a 35oC e umidade relativa de 84,40% (63,5%). Figueiredo et al. Efeito da temperatura de armazenamento Observando-se as Tabelas de 5 a 7, verifica-se que a temperatura influencia os valores dos componentes da cor. A luminosidade diminui, significativamente, com o aumento da temperatura em todos os tempos de armazenamento e umidades relativas, exceto na umidade relativa de 84,40%, tempo de 30 dias (Tabela 7) entre as temperaturas de 25oC e 35oC, cujos valores não diferem, estatisticamente, entre si. Nas umidades relativas de 52,89% e 76,59%, no tempo de 30 dias, a luminosidade foi reduzida em cerca de 20% entre 15 e 35oC, enquanto na umidade relativa de 84,40% a redução situou-se entre 6 e 9%. Os valores do componente intensidade de vermelho na umidade relativa de 52,89% exibiram um comportamento de aumento com o aumento da temperatura, atingindo um valor máximo de 22% (30 dias). Na umidade relativa de 76,59%, não se constata uma relação direta de alteração do valor deste componente com o aumento da temperatura. Na umidade relativa de 84,40% ocorre diminuição com o aumento da temperatura, totalizando 54% ao final de trinta dias. Na umidade relativa de 52,89% e tempo de 5 dias (Tabela 5), os valores do componente intensidade de amarelo aumentaram (6%) com o aumento da temperatura. Nos demais casos, constatam-se reduções significativas com o aumento da temperatura em todas as condições do estudo, atingindo uma variação máxima de 65% (Tabela 7 – 30 dias). Tabela 5 - Efeito da temperatura nos componentes da cor (LHunter, aHunter e bHunter) das amostras de acerola em pó armazenadas na umidade relativa de 52,89%. 5 dias Parâmetro o o 15 C 25 C 35oC DMS LHunter 53,03 A 47,97 B 42,48 C 0,58 aHunter +8,15 C +8,33 B +9,56 A 0,08 bHunter +13,02 B +13,83 A +13,76 A 0,16 30 dias Parâmetro 15oC 25oC 35oC DMS LHunter 48,28 A 40,89 B 38,78 C 0,62 aHunter +7,89 B +9,56 A +9,66 A 0,34 bHunter +13,64 A +13,22 B +12,69 C 0,31 Obs.: médias seguidas pela mesma letra nas linhas não diferem estatisticamente a nível de 5% de probabilidade pelo teste de Tukey. DMS – diferença mínima significativa Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.1, p.49-57, 2005 Alterações de cor da acerola em pó sob condições controladas Figueiredo et al. 55 Tabela 6 - Efeito da temperatura nos componentes da cor (LHunter, aHunter e bHunter) das amostras de acerola em pó armazenadas na umidade relativa de 76,59%. 5 dias Parâmetro 15oC 25oC 35oC DMS LHunter 27,96 A 25,65 B 22,94 C 0,14 aHunter +10,86 B +11,37 A +10,47 C 0,15 bHunter +10,33 A +9,05 B +7,32 C 0,16 30 dias Parâmetro 15oC 25oC 35oC DMS LHunter 24,98 A 22,74 B 20,09 C 0,50 aHunter +9,02 B +10,15 A +5,63 C 0,26 bHunter +7,87 A +6,42 B +3,65 C 0,40 Obs.: médias seguidas pela mesma letra nas linhas não diferem estatisticamente a nível de 5% de probabilidade pelo teste de Tukey. DMS – diferença mínima significativa Tabela 7 - Efeito da temperatura nos componentes da cor (LHunter, aHunter e bHunter) das amostras de acerola em pó armazenadas na umidade relativa de 84,40%. 5 dias Parâmetro o o 15 C 25 C 35oC DMS LHunter 25,09 A 24,04 B 22,90 C 0,15 aHunter +10,32 A +10,12 A +8,18 B 0,20 bHunter +8,63 A +7,75 B +6,79 C 0,24 30 dias Parâmetro 15oC 25oC 35oC DMS LHunter 20,71 A 19,37 B 19,36 B 0,51 aHunter +7,65 A +7,21 B +3,55 C 0,36 bHunter +4,64 A +3,70 B +1,64 C 0,20 Obs.: médias seguidas pela mesma letra nas linhas não diferem estatisticamente a nível de 5% de probabilidade pelo teste de Tukey. DMS – diferença mínima significativa Efeito da umidade relativa de armazenamento Nas Tabelas de 8 a 10, observa-se a influência da umidade relativa sobre a cor das amostras de acerola em pó. O aumento da umidade relativa provocou diminuição significativa na luminosidade das amostras, com um único caso onde não se verifica esse efeito, entre as umidades relativas de 76,59% e 84,40% aos cinco dias de armazenamento na temperatura de 35oC (Tabela 10). Porém, sob estas umidades relativas, após transcorridos trinta dias a influência volta a se manifestar no mesmo sentido, com reduções próximas de 50%. Os valores do componente aHunter apresentam variações aleatórias com o aumento da umidade relativa nas temperaturas de 15oC e 25oC, mas na temperatura de 35oC após 30 dias diminuem significativamente com o aumento da umidade relativa. O componente bHunter sofre reduções com os aumentos de umidade relativa, as quais são observadas aos cinco e aos trinta dias. Tais reduções variam de 66% entre as umidades relativas de 52,89% e 84,40% e 15oC a 87% entre as mesmas umidades relativas a 35oC. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.1, p.49-57, 2005 56 Alterações de cor da acerola em pó sob condições controladas Figueiredo et al. Tabela 8 - Influência da umidade relativa na cor das amostras de acerola em pó armazenadas a 15oC. 5 dias UR (%) LHunter aHunter bHunter 52,89 53,03 a 8,15 c 13,02 a 76,59 27,96 b 10,86 a 10,33 b 84,40 25,09 c 10,32 b 8,63 c 0,44 0,16 0,21 DMS 30 dias UR (%) LHunter aHunter bHunter 52,89 48,28 a 7,89 b 13,64 a 76,59 24,98 b 9,02 a 7,87 b 84,40 20,71 c 7,65 b 4,64 c 0,88 0,33 0,41 DMS Obs.: médias seguidas pela mesma letra nas colunas não diferem estatisticamente a nível de 5% de probabilidade pelo teste de Tukey. DMS – diferença mínima significativa Tabela 9 - Influência da umidade relativa na cor das amostras de acerola em pó armazenadas a 25oC. 5 dias UR (%) LHunter aHunter bHunter 52,89 47,97 a 8,33 c 13,83 a 76,59 25,65 b 11,37 a 9,05 b 84,40 24,04 c 10,12 b 7,75 c 0,88 0,19 0,23 DMS 30 dias UR (%) LHunter aHunter bHunter 52,89 40,89 a 9,56 b 13,22 a 76,59 22,74 b 10,15 a 6,42 b 84,40 19,37 c 7,21 c 3,70 c 0,27 0,19 0,31 DMS Obs.: médias seguidas pela mesma letra nas colunas não diferem estatisticamente a nível de 5% de probabilidade pelo teste de Tukey. DMS – diferença mínima significativa Tabela 10 - Influência da umidade relativa na cor da acerola em pó armazenada a 35oC. 5 dias UR (%) LHunter aHunter bHunter 52,89 42,48 a 9,56 b 13,76 a 76,59 22,94 b 10,47 a 7,32 b 84,40 22,90 b 8,18 c 6,79 c 0,29 0,09 0,13 DMS 30 dias UR (%) LHunter aHunter bHunter 52,89 38,78 a 9,66 a 12,69 a 76,59 20,09 b 5,63 b 3,65 b 84,40 19,36 c 3,55 c 1,64 c 0,21 0,09 0,17 DMS Obs.: médias seguidas pela mesma letra nas colunas não diferem estatisticamente a nível de 5% de probabilidade pelo teste de Tukey. DMS – diferença mínima significativa CONCLUSÕES O tempo de armazenamento influenciou os parâmetros da cor da acerola em pó diminuindo a luminosidade das amostras em todas as temperaturas e umidades relativas, decrescendo a intensidade de vermelho na maioria das amostras, e aumentando a intensidade de amarelo aos trinta dias de armazenamento nas amostras sob a umidade de 52,89%, e em umidades superiores reduziu-se em todas as temperaturas ao final dos trinta dias. A temperatura de armazenamento exerceu influência na luminosidade e na intensidade de amarelo, diminuindo com os Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.1, p.49-57, 2005 Alterações de cor da acerola em pó sob condições controladas aumentos de temperatura. A intensidade de vermelho foi influenciada pela temperatura de maneira diversa para o parâmetro umidade relativa, aumentando com o aquecimento na umidade relativa de 52,89%; diminuindo na umidade relativa de 84,40% e se mantendo estável na umidade relativa intermediária de 76,59%. O aumento da umidade relativa provocou diminuição da luminosidade e da intensidade de amarelo das amostras. Porém, não foi possível relacionar efeito da variação da umidade relativa sobre o componente intensidade de vermelho. Figueiredo et al. 57 Westport: The Avi Publishing Company, 1983. p.105-123. Gomes, P.M.A. Estudo da polpa de acerola (Malpighia emarginata D. C) desidratada em leite de jorro. Campina Grande: UFCG, 2002. 86f. (Dissertação de Mestrado). Iaderoza, M. Pigmentos naturais: ocorrência e aplicações nos alimentos. Boletim do Instituto de Tecnologia de Alimentos, Campinas, v.20, n.2, p.101-113, 1983. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Markakis, P. Stability of anthocyanins in foods. In: Markakis, P. 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Foram elaboradas seis formulações de polpa de umbu com material encapsulante para produção de umbu em pó para umbuzada (formulação 1 –com 15% de maltodextrina; formulação 2 – com 20% de maltodextrina; formulação 3 - com 15% de maltodextrina e 3% de goma arábica; formulação 4 com 15% de maltodextrina e 5% de goma arábica; formulação 5 com 15% de maltodextrina e 3% de -ciclodextrina; formulação 6 - com 15% de maltodextrina e 5% de -ciclodextrina.). Foi avaliado o aspecto microestrutural. do umbu em pó para umbuzada por meio de microscopia eletrônica de varredura de onde se investigou a variação dos tamanhos das partículas microencapsuladas e a natureza do microencapsulamento . Diante dos resultados obtidos pode-se concluir que: A polpa de umbu na formulaçao com 15% de maltodextrina tem uma formação de microcápsulas menos aglomeradas e com formatos mais definidos e que o seu diâmetro para essa formulação varia entre 0,32 e 9,03 µm. Palavras-chave: Spondias tuberosa, secagem por atomização, processamento. MICROENCAPSULATING OF UMBU POWDER WITH DIFFERENT FORMULATIONS OF MALTHODEXTRIN: STUDY OF THE PARTICLES SIZE THROUGH ELECTRONIC MICROSCOPY ABSTRACT The present work was accomplished with the objective of studying the size of the particles of powdered umbuzada powder, microencapsulating with many malthodextrin formulations, obtained by the atomization at spray drier the temperature of 160°C. Six formulations of umbu pulp were elaborated with material which encapsulate for the production of umbu powder for umbuzada (formulation 1 -with 15% of malthodextrin; formulation 2 - with 20% of malthodextrin; formulation 3 - with 15% of malthodextrin and 3% of Arabic gum; formulation 4 with 15% of malthodextrin and 5% of Arabic gum; formulation 5 with 15% of maltodextrina and 3% of b-ciclodextrin; formulation 6 - with 15% of malthodextrin and 5% of ciclodextrin.). The micro structural aspect of the powder umbu for umbuzada was evaluated through the electronic microscopy. The variation of the sizes of the microencapsulated particles and the nature of the microencapsulating were investigated. Before the obtained results, it can be ended that: The umbu pulp in the formulation with 15% of malthodextrin has a less agglomerated and with formats more defined and that its diameter, for that formulation, varies between 0,32 and 9,03 µm. Keywords: Spondia tuberosa, spray drier, atomization, processing _________________________ Protocolo 786 de 12/08/2004 1 Professor Doutor, Departamento de Engenharia Agrícola, Centro de Tecnologia e Recursos Naturais, UFCG, Campina Grande -PB, Caixa Postal 10.087, Campina Grande - PB. E-mail: [email protected] 2 Mestre em Engenharia Agricola, Departamento de Engenharia Agricola, CTRN, UFCG, Campina Grande – PB 59 60 Microencapsulamento do umbu em pó: estudo do tamanho das partículas por microscopia eletrônica INTRODUÇÃO No Brasil colonial o umbu era chamado de imbu, que é uma corruptela da palavra tupiguarani “y-mb-u”, que significa “árvore-quedá-de beber”. (Medeiros, 2004). Cavalcanti Mata et al O umbuzeiro, Figura 1, é originário dos chapadões do semi-árido do Nordeste Brasileiro e é encontrado com freqüência nas regiões Agreste do Piauí, no Cariri Paraibano e nas Caatingas de Pernambuco e Bahia (Epstein, 1998; Almeida 1999). Figura 1- Umbuzeiro De acordo com Gomes (1965), o umbuzeiro é uma planta frutífera, xerófita, perfeitamente, adaptada às zonas menos chuvosas do Nordeste do Brasil. A resistência do umbuzeiro à seca é assegurada pelos xilopódios (batatas), que tem uma função importante no armazenamento de água e substâncias nutritivas. As espécies que não possuem essas estruturas (xilopódios) são mais vulneráveis às secas, não se desenvolvem bem e às vezes nem se reproduzem na região semi-árida (Medeiros, 2004). A floração do umbu se dá após as primeiras chuvas e a abertura das flores, durante a madrugada, entre zero e quatro horas, independente do ambiente (Queiroz, 1994) O fruto (Figura 2 ) é arredondado com 2 a 4 cm de diâmetro e massa de 10 a 20g e apresentam superfície lisa ou exibem quatro a cinco protuberâncias na porção dista (Almeida, 1999; Medeiros, 2004).l. É constituído, em média, por 22% de casca (epicarpo) de cor amarelo-esverdeada, 68% de polpa (mesocarpo) de sabor agridoce e 10% de caroço (endocarpo) que é rico em gordura e proteína (Mendes, 1990). Existem umbuzeiros que produzem frutos maiores, registrando-se alguns com peso médio acima de 80g. Saturnino et al. (1994) afirmam que, na região da caatinga do Norte de Minas Gerais, existe uma grande variedade de umbus com formas diferentes, coloração dos frutos e pilosidade da casca. Figura 2- Frutos do umbuzeiro Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.1, p.59-70, 2005 Microencapsulamento do umbu em pó: estudo do tamanho das partículas por microscopia eletrônica Segundo Duque (1980), o período de frutificação do umbuzeiro é de, aproximadamente, 4 meses, iniciando-se, nas primeiras chuvas, sendo que uma só árvore chega a produzir mais de 300 kg de frutos. Considerando um plantio organizado com 25 plantas por hectare, um pomar adulto produziria 7,5 toneladas/ha de frutos por ano. Apesar de fornecer um dos frutos mais importantes do Nordeste, o umbuzeiro, ainda é pouco explorado (Braga, 1968; Bispo,1989; Campos 1988; Queiroz, 1994). Ainda assim, levantamentos sócio-econômicos indicam que é uma cultura de grande importância em áreas expressivas do semi-árido (Granja, 1985) . Além de a importância alimentar, o umbu se constitui, também, como fonte de renda para as famílias dos agricultores da região semi-árida do nordeste (IBGE, 2003; Lima, 1992; Santos 1998). No entanto é uma fruta de rápida sazonalidade e perecibilidade. O fruto uma vez apanhado, e, em condições ambientais de preservação, dura, no máximo, dois ou três dias. Portanto, durante o período de máxima produção, existe uma grande perda do produto, devido à falta de uma infra-estrutura adequada (Maia, 1990). O umbu além de ser consumido “in natura” pode ser utilizado na fabricação de diversos produtos, tais como suco, geléia, sorvetes e umbuzada (Sousa, 1961; Souza e Catão 1970; Silva et al. 1987; Silva et al. 1988 Soler et al. 1991). A umbuzada é um preparado feito com polpa de umbu verde cozida a qual se adiciona leite e açúcar, rapadura ou leite condensado. Este é um produto de ótima aceitação no mercado, já que se constitui em um produto saboroso e de alto valor nutritivo (Guedes e Oriá, 1978; Hoehne 1979; Pedrosa et al. 1989), entretanto, é preparado, apenas, no período de safra do fruto, já que, para sua confecção, é necessário fruto verde. Processos adequados de secagem tornam possível o processamento de frutos e sua transformação em produtos onde se emprega tecnologia mais refinada, como é o caso da secagem por atomização (King et al. 1976; Santos, 1983; Kim e Morr 1996) A secagem por atomização consiste na transformação do produto do estado fluído para uma partícula seca na forma de pó, o material obtido deve apresentar o máximo de características iniciais do produto e protegê-lo das condições adversas do meio externo, para este fim são incorporados ao produto a ser seco materiais de parede ou microencapsulantes (Baresfort, 1976; Goffereri e Crosby 1983; Cavalcanti Mata et al 61 Furuda et al. 1994; Cardelo e Celestino, 1996; Figueiredo , 1998; Ascheri, 1999). Pesquisas realizadas nas últimas décadas indicam que produtos obtidos por meio de processos de secagem tornam-se cada vez mais competitivos (Coelho, 1997). Dessa forma, acredita-se que o desenvolvimento de técnicas de processamento e secagem da pasta de umbu para obtenção de pó seja viável, pois este poderá ser utilizado na preparação da umbuzada e de possíveis subprodutos proporcionando sua comercialização para atender a demanda do mercado. Portanto os objetivos deste trabalho foram secar pelo processo de atomização a polpa de umbu pré-cozida nas seguintes formulações com maltodextrina (formulação 1 – 85% de polpa de umbu e 15% de maltodextrina; formulação 2 – 80% de polpa de umbu e 20% de maltodextrina; formulação 3 – 82% de polpa de umbu, 15% de maltodextrina e 3% de goma arábica; formulação 4 – 80% de polpa de umbu com 15% de maltodextrina e 5% de goma arábica; formulação 5 – 82% de polpa de umbu, 15% de maltodextrina e 3% de -ciclodextrina; formulação 6 – 80% de polpa de umbu, 15% de maltodextrina e 5% de -ciclodextrina.) e determinar por microscopia eletrônica de varredura o tamanho das partículas microencapsuladas e a natureza dessas microcápsulas observando-se forma, aglutinação e plenitude do encapsulamento. MATERIAL E MÉTODOS Esta pesquisa foi desenvolvida no Laboratório de Armazenamento e Processamento de Produtos Agrícolas do Departamento de Engenharia Agrícola da Universidade Federal de Campina Grande, PB. Parte do trabalho foi conduzida no Laboratório de Pigmentos Naturais e Secagem e no Núcleo de Microscopia e Microanálise da Universidade Federal de Viçosa-MG. Processamento da polpa de umbu para umbuzada Os frutos do umbuzeiro utilizados nesta pesquisa foram adquiridos, diretamente, junto aos produtores do município de Santa Luzia – Paraíba, os quais foram colhidos em estádio de maturação ainda verdes (Figura 2), mas que tenham atingido o estágio de maturação adequado para o preparo da umbuzada. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.1, p.59-70, 2005 62 Microencapsulamento do umbu em pó: estudo do tamanho das partículas por microscopia eletrônica Os umbus, uma vez coletados foram transportados em caixas plásticas para o Laboratório de Armazenamento em Campina Grande, onde foram processados. Cavalcanti Mata et al Na Figura 3, é mostrado o fluxograma das etapas realizadas para obtenção da polpa de umbu para umbuzada RECEPÇÃO SELEÇÃO LAVAGEM COZIMENTO DESPOLPAMENTO REFINO EMBALAGEM ARMAZENAMENTO REFRIGERADO Figura 3- Fluxograma de processamento da polpa de umbu Depois da recepção, a seleção foi realizada, manualmente, onde foram eliminados frutos estragados e com estádio de maturação inadequado para o processamento. Após a seleção os frutos foram lavados em água potável que continha uma solução de hipoclorito de sódio, com concentração de 20 ppm. Estes permaneceram imersos na solução por um período de dez minutos, quando então foram lavados em água corrente. Em seguida a este procedimento, os frutos foram colocados para secar em ambiente natural. A etapa do cozimento foi realizada em um caldeirão de aço inox , durante um minuto após a fervura. Em seguida, os frutos foram escorridos para retirar-se o excesso de água. Após o cozimento, o umbu seguiu para o processo de despolpa que ocorreu em uma despolpadeira horizontal da marca Laboremus, modelo DF- 200, motor elétrico de 2.0 CV com capacidade aproximada de 400g por hora e peneira de malha de 2,5 mm. Em seqüência a polpa de umbu, sofreu um refino, para tanto o material proveniente da despolpadeira seguiu para uma outra despolpadeira semelhante, sendo diferenciada por ter uma peneira com malha de 1mm de diâmetro. O umbu refinado foi acondicionado em embalagens de polietileno com capacidade para 250g. Para o fechamento das embalagens, utilizou-se seladora da Marca R. Baião-Sela Mult-barra quente. As polpas de umbu foram congeladas em nitrogênio líquido a temperatura de –196°C e, em seguida, armazenadas em freezer doméstico a temperatura de –22,6°C, até posterior utilização. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.1, p.59-70, 2005 Microencapsulamento do umbu em pó: estudo do tamanho das partículas por microscopia eletrônica Formação da emulsão e homogeneização Para compor as formulações a serem secas, utilizaram-se como agentes encapsulantes a maltodextrina DE 20, obtida das Refinações Milho Brasil, goma arábica em pó pura (Isofar) e -ciclodextrina (Trappsol) . Os agentes encapsulantes foram incorporados à polpa de umbu no momento do preparo da emulsão com aquecimento para 30°C. A ciclodextrina aqueceu-se a 55°C, devido esta Cavalcanti Mata et al 63 apresentar baixa solubilidade. A diluição da polpa foi preparada na proporção de 1:2 polpa/água. Para a homogeneização das amostras, utilizou-se um agitador mecânico (APV Gaulin, modelo 15 MR) na velocidade máxima. Foram elaboradas seis formulações, Tabela 1, a partir dos três agentes encapsulantes, maltodextrina, goma arábica e ciclodextrina, os quais foram empregados tanto separadamente como misturado. Tabela 1- Formulações empregadas para produção da polpa de umbu em pó Maltodextrina Encapsulante Formulação (Concentração %) ciclodextrina Goma Arábica 1 15,0 __ __ 2 20,0 __ __ 3 15,0 3,0 __ 4 15,0 5,0 __ 5 15,0 __ 3,0 6 15,0 __ 5,0 Polpa de umbu (Concentração %) 85,0 80,0 82,0 80,0 82,0 80,0 Secagem por atomização Teor de água O pó foi obtido, utilizando um secador tipo Spray drier BUCHI, modelo B-191 ilustrado na Figura 4. Foi utilizado, durante o processo de secagem, um fluxo de ar concorrente ao material na ordem de 1m.s-1. As temperaturas do ar de secagem foram 160 °C, na entrada do secador. O processo de atomização foi realizado em três repetições para cada formulação, utilizando-se 300 ml da emulsão para cada secagem. O material obtido foi acondicionado em sacos de polipropileno biorientado aluminizado, os quais foram armazenados em dessecador até posterior utilização. O teor de água da polpa de umbu e do umbu em pó foi determinado, seguindo-se as Normas Analíticas do instituto Adolfo Lutz (1985). Utilizou-se, aproximadamente, 1g da amostra, a qual foi levada para estufa a 70°C até peso constante. A determinação do teor de água da polpa de umbu e do umbu em pó corresponde ao teor de água do material na entrada e na saída do secador. O teor de água foi calculado com base nos pesos inicial e final da amostra e é expressa em percentagem. Avaliação microscópica Os aspectos microestruturais das partículas da polpa de umbu em pó foram analisados por microscopia eletrônica de varredura. Inicialmente as amostras foram colocadas sobre uma fita adesiva que foi aderida a um suporte metálico. Procedeu-se, em seguida, o recobrimento da amostra com uma fina camada de ouro (15 mm) em Sputter Coating Attachiment, modelo FDU-010 da BALZERS, em evaporador a vácuo. O tamanho e estrutura das microcápsulas foram analisados em microscópio eletrônico de varredura LEO 1430 VP, operando sob velocidade de 10 e 15kv. As amostras foram observadas sob ampliações de 1800x. Figura 4-. Mini Spray drying, BUCHI B-191 Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.1, p.59-70, 2005 64 Microencapsulamento do umbu em pó: estudo do tamanho das partículas por microscopia eletrônica Análise estatística A comparação das médias dos dados obtidos de tamanho de partículas, aglutinação e plenitude do encapsulamento foi realizada pelo teste de Tukey usando-se o programa Assistat versão 6.7 por meio de delineamento inteiramente casualizado (Silva & Azevedo, 2002). RESULTADOS E DISCUSSÃO Avaliação microscópica Cavalcanti Mata et al diferentes formulações obtidas mediante secagem por atomização. As microcápsulas, de forma geral possuem tamanhos intermediários aos valores ilustrados (Tabela 2) apresentando número limitado de partículas de menor diâmetro. Nesta tabela observa-se que a maioria dos tratamentos que se utiliza o mesmo encapsulante com alteração apenas na sua concentração o diâmetro das partículas tendem ao decréscimo com o aumento da concentração do mesmo. Tais observações diferem dos resultados obtidos por Ré & Higa (1995), ao afirmarem que a diminuição da concentração do encapsulante produz partículas menores. Na Tabela 2 encontram-se o diâmetro das microcápsulas do umbu em pó nas Tabela 2- Diâmetro médio das microcápsulas da polpa de umbu em pó nas diferentes formulações Formulação Diâmetro % Diâmetro % Diâmetro médio menor (m) maior (m) 1 0,32 ± 0,020 c 11 9,03 ±0,12 a 15 4,58 ± 0,23 a 2 0,60 ± 0,017 b 15 7,33 ±0,31 ab 16 4,51 ± 0,21 a 3 0,96 ± 0,031 a 13 8,06 ±0,32 a 11 4,01 ± 0,17 ab 4 0,96 ± 0,030 a 17 4,19 ±0,21 bc 10 2,54 ± 0,12 b 5 0,66 ± 0,021 b 12 5,33 ±0,12 b 17 3,03 ± 0,08 b 6 1,00 ± 0,015 a 8 2,33 ±0,11 c 21 1,68 ± 0,11 c DMS 2,31 2,4 1,2 Formulação 1: polpa de umbu; 15% de maltodextrina. Formulação 2: polpa de umbu; 20% de maltodextrina Formulação 3: polpa de umbu; 15% de maltodextrina; 3% de goma arábica. Formulação 4: polpa de umbu; 15% de maltodextrina; 5% de goma arábica. Formulação 5: polpa de umbu; 15% de maltodextrina; 3% de ß-ciclodextrina. Formulação 6: polpa de umbu; 15% de maltodextrina; 5% de ß-ciclodextrina. Zilberboim et al. (1986) relatam que o decréscimo do diâmetro das partículas pode ser atribuído ao fator baixa viscosidade presente no conteúdo de sólidos na alimentação dos sistemas, conduzindo assim, a formação de partículas esféricas de menor diâmetro. KIM e MORRI (1996) evidenciam que o tamanho das partículas pode determinar a quantidade de substâncias voláteis na superfície da partícula, porém, a viscosidade não é considerada um fator determinante no estabelecimento do diâmetro das partículas. Apesar da heterogeneidade observada no tamanho das partículas em todas as formulações avaliadas, observa-se que a presença de maltodextrina/-ciclodextrina na formulação 6 (Figura 10) promoveu uma pequena diferença no tamanho das microcápsulas, sendo a maioria destas de diâmetro intermediário aos que se encontram na Tabela 2. Nas Figuras de 5 a 10 encontram-se as fotomicrografias das amostras obtidas no microscópio eletrônico de varredura. Pode-se constatar nas Figuras 5 e 9, que a maioria das microcápsulas apresentam superfícies esféricas lisas. Na Figura 5, observa-se também um leve grau de aglomeração entre as partículas menores. Nas Figuras 6, 7, 8 e 10, constata-se que um grande número de partículas maiores exibe vacúolos em sua superfície. O menor grau de amorfismo observado nestas formulações pode estar correlacionado com a diminuição na concentração do agente encapsulante utilizado na formulação 1, que foi com 15% de maltodextrina. Observando-se as Figuras 6, 7, 8 e 10, constata-se um maior número de partículas com aspecto enrugado e partículas pequenas com formato côncavo e, aderidas a concavidade Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.1, p.59-70, 2005 Microencapsulamento do umbu em pó: estudo do tamanho das partículas por microscopia eletrônica destas encontram-se partículas menores. Essa aderência é mais evidente nas formulações 4 e 6 (Figuras 8 e 10). Esse fenômeno pode ser causado pela coalescência das partículas menores ao redor das maiores, podendo estas formarem aglomerados de maior tamanho (Brandari et al. 1992). Segundo Peleg et al. (1973) esta preferência, ou afinidade por tais superfícies, deve-se, provavelmente, à força de atração existente entre pontes líquidas que se formaram por dissolução das camadas exteriores das partículas. A formulação 5, conforme ilustrada na Figura 9, possui microcápsulas com formato bem definido, apesar da proximidade observada entre as partículas. Já na Formulação 6 as partículas pequenas tendem a aderir-se às partículas de maior grau de magnitude. Ambas as Formulações apresentam maltodextrina e ciclodextrina em associação, porém, exibem comportamento distinto, tal comportamento pode ser atribuído a maior incorporação da ciclodextrina na formulação 6. Constant (1999) estudando o microencapsulamento de bixina relatou que a microencapsulação com ciclodextrina ocorre em nível molecular, não Cavalcanti Mata et al 65 apresentando partículas com formato esférico, sendo nesse caso o processo de inclusão molecular. Em todas as formulações avaliadas não se evidencia a ocorrência de fragmentação de partículas, não apresentando poros ou rachaduras na superfície externa, fator considerado benéfico, pois de acordo com El. Sayed et. al. citados por Pereira (2000) a quebra de partículas poderá acarretar em perdas significativas de componentes voláteis. Este pode ser reforçado pela Tabela 3 onde se observa que as formulações tiveram um percentual de partículas encapsuladas acima de 97 % Rosemberg et al. (1985) afirmam que a retenção de voláteis e a proteção de um produto microencapsulado estão relacionadas com a porosidade e por sua vez as propriedades de escoamento das microcápsulas estão ligadas à estrutura e à morfologia externa das partículas. Na Tabela 3 e nas Figuras de 5 a 10 também se pode constatar que a aglutinação das partículas de umbu em pó se dá quando o produto é seco com 15% de maltodextrina e 3% de ß-ciclodextrina Tabela 3 - Forma, aglutinação e plenitude do encapsulamento das microcápsulas do umbu em pó nas diferentes formulações Formulação Forma Aglutinação Fração de encapsulamento 1 Esferoidal pequena 99 2 Esferoidal com depressões pequena 97 3 Esferoidal com depressões pequena 98 4 Esferoidal com depressões pequena 98 5 Esferoidal grande 98 6 Esferoidal com depressões pequena 97 Formulação 1: polpa de umbu; 15% de maltodextrina. Formulação 2: polpa de umbu; 20% de maltodextrina Formulação 3: polpa de umbu; 15% de maltodextrina; 3% de goma arábica. Formulação 4: polpa de umbu; 15% de maltodextrina; 5% de goma arábica. Formulação 5: polpa de umbu; 15% de maltodextrina; 3% de ß-ciclodextrina. Formulação 6: polpa de umbu; 15% de maltodextrina; 5% de ß-ciclodextrina. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.1, p.59-70, 2005 66 Microencapsulamento do umbu em pó: estudo do tamanho das partículas por microscopia eletrônica Cavalcanti Mata et al Figura 5- Fotomicrografia da Formulação 1 (polpa de umbu e 15% de maltodextrina.) obtida por microscopia eletrônica, aumento 1800x Figura 6- Fotomicrografia da Formulação 2 (polpa de umbu e 20% de maltodextrina) obtida por microscopia eletrônica, aumento de 1800x Figura 7- Fotomicrografia da Formulação 3 (polpa de umbu com 15% de maltodextrina e 3% de goma arábica) obtida por microscopia eletrônica aumento 1800x Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.1, p.59-70, 2005 Microencapsulamento do umbu em pó: estudo do tamanho das partículas por microscopia eletrônica Cavalcanti Mata et al 67 Figura 8- Fotomicrografia da Formulação 4 (polpa de umbu com 15% de maltodextrina e 5 % de goma arábica) obtida por microscopia eletrônica aumento 1800x Figura 9- Fotomicrografia da Formulação 5 (polpa de umbu com 15% de maltodextrina e 3% de ßciclodextrina) obtida por microscopia eletrônica aumento 1800x Figura 10- Fotomicrografia da Formulação 6 (polpa de umbu com 15% de maltodextrina e 5% de ßciclodextrina) obtida por microscopia eletrônica aumento 1800x Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.1, p.59-70, 2005 68 Microencapsulamento do umbu em pó: estudo do tamanho das partículas por microscopia eletrônica CONCLUSÕES Diante dos resultados obtidos pode-se concluir que: O umbu em pó proveniente da secagem com polpa de umbu com 15% de maltodextrina e 5% de ß-ciclodextrina tiveram a formação de microcápsulas com menor diâmetro médio estando essas microcápsulas na ordem de 1,68 μm ± 0,11 μm. Na análise microscópica a formulação 1 que é a secagem da polpa de umbu com 15% de maltodextrina tiveram as microcápsulas menos aglomeradas, formatos mais definidos e diâmetros que variaram de 0,32 a 9,03μm. As formulações 2, 3, 4 e 6, correspondente a secagem da polpa de umbu com 15% de maltodextrina; polpa de umbu com 15% de maltodextrina e 3% de goma arábica; polpa de umbu com 15% de maltodextrina e 5% de goma arábica e polpa de umbu com 15% de maltodextrina e 5% de ßciclodextrina, tiveram um maior número de partículas com aspecto enrugado com formato côncavo e aderidas a concavidade dessas partículas encontram-se partículas menores REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Almeida, M. M. de Influência dos estádios de maturação e diferentes condições de armazenagem refrigerada na conservação do umbu (Spondia Tuberosa Arruda Câmara). 89f. Dissertação (Mestrado em engenharia Agrícola) Departamento de Engenharia Agrícola. Universidade Federal da Paraíba.Campina Grande, PB:UEPB, 1999 (Dissertação). 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O programa, que usa regressão não-linear através do método dos mínimos quadrados, classifica as melhores funções ajustadas pelo critério do menor qui-quadrado reduzido. A equação proposta foi obtida a partir de dados experimentais disponíveis na literatura para milho descascado de dente amarelo, e os resultados encontrados foram comparados com os de várias outras equações empíricas de três parâmetros comumente encontradas na literatura. Para avaliar a sua aplicabilidade, a equação foi utilizada em estudos de diversos tipos de grãos, para os quais foram encontrados dados na literatura. Em todas as comparações efetuadas, a equação proposta apresenta um resultado equivalente aos melhores resultados determinados através das outras equações empíricas testadas. Palavras-chave: atividade de água, dessorção, modelo matemático AN EMPIRIC EQUATION TO DETERMINE THE EQUILIBRIUM MOISTURE CONTENT OF GRAINS ABSTRACT In this article, an empiric equation containing three parameters is determined for the calculation of the equilibrium moisture content for grains. A computer program was developed and used, which fits automatically about 500 functions of one and two independent variables, stored in its library, to experimental data. The program uses non-linear regression by least-squares and it and classifies the best fitted functions through their least reduced chi-square. The equation was determined from experimental data available in the literature for shelled corn (yellow teeth), and compared with other empirical equations that have three parameters and were, use by other researchers. In order to evaluate its applicability, the equation was used for various types of grains for which data were available in the literature. In all the executed tests, the obtained equation presents equivalent or better results of the other tested empiric equations. Keywords: drying, water activity, mathematical model, fit parameters _____________________________________ Protocolo 100 de 10 /10 / 2005 1 2 3 4 Doutorando em Engenharia de Processos CCT/UFCG Tel +55 (0) 83 3333 2962 [email protected] Professores da Universidade Federal de Campina Grande (DEAg, DF e DEM) Av. Aprígio Veloso 882, Bodocongó, Campina Grande, PB, CEP 58109-970 Doutorando em Engenharia Eletrônica, Instituto Tecnológico de Aeronáutica, Depto. Sistemas e Controle, São José dos Campos, São Paulo, Brasil Mestrando em Matemática, UNICAMP, Campinas, São Paulo, Brasil 72 Uma equação empírica para determinação de teor de água de equilíbrio para grãos outras equações literatura. INTRODUÇÃO A secagem é uma etapa importante no processamento e armazenagem de grãos, tanto pelo aspecto da qualidade quanto pelo aspecto do custo do produto final, já que o processo requer energia. A quantidade de energia requerida depende, dentre outros fatores, das condições iniciais dos grãos e do teor de umidade de equilíbrio, também denotado por teor de água de equilíbrio. Assim, a determinação do teor de água de equilíbrio desempenha um papel fundamental em processos de secagem. Para realizar esta determinação, vários modelos teóricos têm sido propostos e, dentre eles, podem ser citados Kelvin (condensação por capilaridade), Langmuir, BET, GAB (cinética de adsorção) e Harkins-Jura (teoria de potencial). Detalhes sobre tais modelos podem ser obtidos, por exemplo, em Brooker, et al. (1992). Segundo os autores citados anteriormente, destes modelos teóricos, apenas a equação GAB é capaz de predizer teores de água de equilíbrio, de forma acurada, para as mais diversas situações práticas de condições de secagem. Como as constantes desta equação não são conhecidas para muitos produtos, cientistas e engenheiros utilizam equações empíricas mais simples como as de Chung, Copace, Henderson, Halsey, Chung-Pfost, Oswin, Sabbah, Sigma-Copace e Cavalcanti Mata na determinação do teor de umidade de equilíbrio. Todas essas equações relacionam a umidade de equilíbrio com a temperatura e a umidade relativa do ar; envolvem apenas três parâmetros de ajuste e são utilizadas em um grande número de pesquisas sobre adsorção e dessorção de produtos em geral (ver, por exemplo, Phoungchandang e Woods, 2000; Araújo et al., 2001; Corrêa et al., 2001; Corrêa et al., 2002; Silva et al., 2002 e Oliveira et al., 2004). Muito embora outros modelos possam ser encontrados na literatura, escassos são os trabalhos disponíveis propondo equações empíricas para a predição de teor de água de equilíbrio para produtos específicos. Diante do exposto, este artigo visa a apresentar uma equação empírica para cálculos de teor de água de equilíbrio em secagem de grãos, com três parâmetros de ajuste. Também visa a testar a sua capacidade de prever o teor de água de equilíbrio sob várias condições ambientais e para vários tipos de grãos, e a comparar resultados preditos por ela com os de Silva et al. empíricas reportadas na MATERIAL E MÉTODOS Para resolver problemas relativos à determinação de funções empíricas para a descrição de dados experimentais, um programa de computador foi desenvolvido pelo primeiro e quarto autores deste artigo, com cerca de 500 funções elementares (compactas), de até quatro parâmetros, com uma e duas variáveis independentes. Este programa, denominado Finder, utiliza o método dos mínimos quadrados para realizar regressão não-linear, de forma automática, de todas as funções de sua biblioteca a um determinado conjunto de dados. O programa classifica as melhores funções através do critério do menor qui-quadrado reduzido, e apresenta os resultados obtidos ao usuário. Detalhes sobre regressão não-linear e escolha de melhor ajuste podem ser obtidos, por exemplo, em Taylor (1997); Silva e Silva (1998) e em Neto et al. (2003). Após vários testes de desempenho o programa desenvolvido foi incorporado ao LAB Fit Curve Fitting Software, a partir da versão 7.2.18. Como é desejável que o Finder seja rápido, posto que deve ajustar uma grande quantidade de funções a um conjunto de dados que pode ser relativamente grande, o algoritmo de Levenberg-Marquardt (Press et al., 1996), presente em todo o restante do pacote LAB Fit, não foi utilizado para economizar tempo durante a execução. Embora não existam, disponíveis no mercado, muitos programas com a característica de descobrir funções, ainda se podem citar dois outros: DataFit e TableCurve. A opção pelo desenvolvimento e a utilização do Finder no descobrimento de equações empíricas se deve, principalmente, ao fato de ser desejável que tais funções sejam compactas, com até quatro parâmetros de ajuste. Os dados utilizados nos primeiros estudos visando à determinação de uma equação empírica para cálculos de teor de água de equilíbrio são referentes a milho descascado de dente amarelo e foram extraídos de Brooker et al. (1992), estando disponíveis na Tabela 1. Assumiu-se que neste conjunto de dados não devam existir erros sistemáticos significativos, e que ele possa ser considerado típico, para grãos, do fenômeno a ser investigado. O planejamento para a determinação da equação Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.1, p.71-82, 2005 Uma equação empírica para determinação de teor de água de equilíbrio para grãos empírica obedeceu aos passos estabelecidos a RESULTADOS E DISCUSSÃO Os dados da Tabela 1 foram informados ao LAB Fit com a temperatura T em oC, a umidade relativa do ar ф e o teor de água de equilíbrio M em valores percentuais. Numa primeira abordagem, tentou-se a determinação 73 seguir. Tabela 1. Teor de água de equilíbrio M (%, base úmida) para milho ф 10 20 30 40 50 60 (%) T(oC) 4 6,4 8,6 9,9 11,2 12,6 13,9 16 5,6 7,8 9,3 10,5 11,6 12,6 27 4,2 6,4 7,9 9,2 10,3 11,5 38 4,2 6,2 7,5 8,5 9,8 11,3 50 3,6 5,7 7,0 8,1 9,3 10,5 60 3,0 5,0 6,0 7,0 7,9 8,8 Fonte: Brooker et al., (1992) Inicialmente, deve ser feita uma varredura direta, via Finder, de todas as funções de duas variáveis independentes de sua biblioteca ao conjunto de dados. Caso este procedimento não apresente bons resultados, deve-se buscar, também, via Finder, por duas funções de uma variável independente que captem, separadamente, os efeitos da temperatura e da umidade relativa do ar sobre o teor de água de equilíbrio. A partir dos resultados obtidos, deve-se determinar uma função de duas variáveis independentes, observando, neste processo de determinação, se o possível efeito de interação entre tais variáveis independentes pode ser descartado. Uma vez determinada a equação empírica, testes estatísticos devem ser usados para a sua validação. Para avaliar a sua aplicabilidade, a equação proposta deve ser utilizada no modelamento do teor de água de equilíbrio na secagem de vários tipos de grãos. Devem ser feitas comparações entre os resultados obtidos pela equação determinada e os de outras equações empíricas comumente encontradas na literatura. Dados experimentais, para os quais as equações empíricas testadas sejam consideradas insatisfatórias, na predição do teor de água de equilíbrio, devem ser informados ao Finder, na tentativa de descobrir equações empíricas específicas, por varredura direta das funções de sua biblioteca. Silva et al. 70 80 90 15,6 14,2 12,9 12,5 11,9 10,3 17,7 16,2 14,8 14,4 13,8 12,1 21,4 19,8 17,5 16,9 16,3 14,6 de uma função de duas variáveis independentes pela varredura direta de todas as funções deste tipo, com três parâmetros, disponíveis na biblioteca do Finder, aos dados experimentais. Como os resultados não foram considerados bons, foi feita uma segunda abordagem, conforme as etapas descritas a seguir. Primeira etapa na obtenção da equação Numa primeira etapa, foi investigado o comportamento do teor de água de equilíbrio em função da temperatura, mantendo-se a umidade relativa do ar constante. Assim, a partir da Tabela 1, foram criados nove conjuntos de dados, sendo um para cada umidade relativa do ar. Cada um destes conjuntos de dados foi informado ao LAB Fit, e, posteriormente, analisado pelo Finder. Numa análise preliminar, através de inspeção gráfica, pode-se estabelecer que dois parâmetros devem ser suficientes para descrever o comportamento do teor de água M em função da temperatura T, posto que o gráfico sugere uma função simples, monótona e decrescente (Figura 1). O Finder indicou, para cada um dos nove conjuntos de dados, as melhores funções de dois parâmetros, através de seu número de identificação na biblioteca, e os resultados obtidos estão disponíveis no Quadro 1. Através da análise do Quadro 1 verificase que as funções mais freqüentes e melhor classificadas são as de número 11 e 18. Feita uma inspeção na biblioteca, observa-se que as funções de número 11 e 18 são, respectivamente, dadas por: Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.1, p.71-82, 2005 74 Uma equação empírica para determinação de teor de água de equilíbrio para grãos Silva et al. M e a umidade relativa do ar ф. Para tal, foram criados, a partir da Tabela 1, seis conjuntos de dados com pares (ф, M) relativos às temperaturas disponíveis. O Finder foi novamente utilizado para cada um dos seis conjuntos de dados e, desta vez, como a dependência entre M e ф pareceu ser mais complexa que a de M e T (Figura 2), buscou-se por funções com até três parâmetros de ajuste. Os resultados obtidos estão disponíveis no Quadro 2. Pela análise do Quadro 2, verifica-se que a função presente em todas as temperaturas e que ocupa as melhores posições de classificação é a de número 38, dada por: Figura 1. M(T): comportamento típico para uma dada umidade relativa do ar (ф = 50%) Quadro 1. Melhores funções para indicadas pelo Finder Ф(%) 1a 2a 3a 10 16 18 11 20 121 16 11 30 18 11 121 40 18 11 121 50 11 18 6 60 6 11 18 70 11 18 16 80 18 11 16 90 16 11 18 y ae bx y 1 . a bx c/x (4) M(T) 4a 121 18 6 6 20 20 6 6 6 (1) e y ab x (2) em que “a” e “b” são os parâmetros de ajuste. Obviamente, tais funções são equivalentes, embora escritas de formas diferentes, e pode-se assumir que a dependência entre M e T seja dada pela Equação (1) que, para o problema em análise, pode ser escrita do seguinte modo: M b ' e aT . (3) Segunda etapa na obtenção da equação Numa segunda etapa, foi investigada a dependência entre o teor de água de equilíbrio Figura 2. M(ф): comportamento típico para uma dada temperatura (T = 50 oC) Quadro 2. Melhores indicadas pelo Finder T(oC) 1a 4 184 16 184 27 38 38 38 50 38 60 34 funções para M(ф) 2a 202 202 184 202 41 38 3a 203 203 41 55 55 207 4a 38 38 55 41 202 202 Para o caso em estudo, a Equação (4) pode ser escrita na forma: y' 1 . b c d/ (5) Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.1, p.71-82, 2005 Uma equação empírica para determinação de teor de água de equilíbrio para grãos Terceira etapa na obtenção da equação Para produzir uma função de duas variáveis independentes a partir das Equações (3) e (5), foi admitido que tais variáveis independentes, T e ф, não tivessem um efeito de sinergia muito intenso. Neste caso, este possível efeito de interação entre as duas variáveis independentes pode ser desprezado, o que abre a possibilidade de separação de variáveis na formulação da função desejada. Assim, pode-se admitir que o parâmetro b ' da Equação (3) possa ser substituído por y ' , dado pela Equação (5), o que resulta em: M e aT . b c d/ (6) Ajustando-se a Equação (6) aos dados da Tabela 1, obtêm-se os resultados a = -0,00709 0,00028, b = 0,0955 0,0036, c = -0,000651 0,000033, d = 0,80 0,08, com indicadores da qualidade do ajuste muito favoráveis. O teste de Student (teste t), que, neste contexto, indica a probabilidade de cada parâmetro ser zero, mesmo tendo o valor obtido, resultou em P(t) = 0,0 para os quatro parâmetros. Já para o qui-quadrado reduzido, cuja raiz quadrada, para o tipo de dados analisados, é igual ao desvio padrão associado ao ajuste, obteve-se χ 2red = 0,189041. Com relação ao coeficiente de determinação, que indica a proporção ou o percentual de variação explicada pela regressão, obteve-se R2 = 0,990208. Por último, com relação ao teste de Fisher-Snedecor (teste F), que compara as variâncias da regressão e dos resíduos (ANOVA), foi encontrado P(1657) = 0,0. Detalhes sobre tais testes podem ser obtidos, por exemplo, em Bevington e Robinson (1992); Bussab e Morettin (1995); em Silva e Silva (1998) e em Neto et al. (2003). Apesar de a equação determinada ajustar-se bem aos dados, ela não atende ao requisito imposto de início: ter apenas três parâmetros de ajuste. Como o parâmetro “a” é o único relativo Silva et al. 75 ao decréscimo de M com o aumento de T, tal parâmetro não pode ser descartado. Assim, após rápidas simulações, optou-se pelo descarte do parâmetro “d”, de forma que o último termo no denominador passou a ser o inverso da umidade relativa do ar. A Equação (6) passou a ser expressa do seguinte modo: M e aT . b c 1/ (7) Refeito o ajuste foram obtidos os seguintes resultados: a = -0,00701 0,00029, b = 0,0876 0,0019, c = -0,000585 0,000021. Neste ajuste o teste t apontou para P(t) = 0,0 para os três parâmetros. Já o qui-quadrado reduzido resultou em χ 2red = 0,209017 enquanto que, para o coeficiente de determinação, obteve-se R2 = 0,989032. Por último, com relação ao teste F, foi encontrado P(2317) = 0,0. Embora estes indicadores já fossem favoráveis, foi feita uma tentativa para melhorar os valores de R2 e χ 2red . Para tal, algumas funções matemáticas (tais como seno hiperbólico e logaritmo, dentre outras) foram aplicadas ao denominador da Equação (7), tendo sido o ajuste refeito, o que possibilitou chegar à seguinte expressão final: M e aT , ln (b cΦ 1 / ) (8) com T em oC e ф em %. Para esta equação final, refeito o ajuste, foram obtidos os seguintes resultados: a = -0,00706 0,00027, b = 1,0945 0,0019, c = -0,000652 0,000022. Novamente, o teste t apontou para P(t) = 0,0 para os três parâmetros. Já o qui-quadrado reduzido resultou em χ 2red = 0,187365, enquanto que, para o coeficiente de determinação, obteve-se R2 = 0,990058. Por último, com relação ao teste F, foi encontrado Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.1, p.71-82, 2005 76 Uma equação empírica para determinação de teor de água de equilíbrio para grãos P(2531) = 0,0. Com tais indicadores sobre a qualidade do ajuste, a Equação (8) pode constituir-se em uma alternativa para o cálculo do teor de água de equilíbrio para os dados analisados. Entretanto, a equação proposta só teria alguma utilidade se pudesse descrever, de forma razoável, teores de água de equilíbrio na secagem de outros grãos, com precisão equivalente ou superior à de outras equações empíricas encontradas na literatura. Algumas equações empíricas sobre teor de água de equilíbrio são citadas por Brooker et al. (1992); Öztekin e Soysal (2000); Mesquita et al. (2001); Oliveira et al. (2004) e ,também, por Menkov e Dukarova (2005). Dessa forma, pode-se montar o Quadro 3, com a finalidade de se fazer um estudo comparativo, entre a equação proposta e outras disponíveis na literatura. Neste quadro, nas equações com Silva et al. números de ordem de 1 a 9, a umidade relativa do ar aparece dividida pelo fator 100 porque, nos arquivos de dados, os valores desta variável foram informados em percentuais, e não na forma decimal. Inicialmente, os dados experimentais da Tabela 1 foram utilizados para comparar as 10 equações apresentadas no Quadro 3. Os dados apresentados por Brooker et al. (1992) para soja e trigo, também, foram utilizados para testar o modelo proposto e estão disponíveis nas Tabelas 2 e 3. Também foram usados para teste os dados obtidos por Oliveira et al. (2004) na secagem de feijão macassar verde (Tabela 4). Foram utilizados, finalmente, os dados obtidos por Mesquita et al. (2001) em dessorção de sementes de jacarandá-da-bahia, de angicovermelho e de óleo-copaíba (Tabelas 5, 6 e 7, respectivamente). Quadro 3. Equações empíricas para cálculos de teor de água de grãos (T em oC e ф em %) N0 1 Nome Chung 2 Copace 3 Henderson mod. M a - bln[-(T c)ln(/100)] (a bT c/100) Me M {ln(1 Φ/100)/[a(T b)]} c 4 Chung-Pfost mod. M -ln[-(T b)ln(/100)/a]/c 5 Halsey mod. M [e (a bT) / ln( / 100)] (1/c) 6 Oswin mod. M {(a bT)[( /100)/(1 - /100)]} c 7 Sabbah M a[(/100) b ]/T c 8 Sigma-Copace M exp[a - bT c exp(/100)] 9 Cavalcanti Mata M [-ln(1 - /100)/(aT b )] c 10 Equação proposta M e aT /ln(b c 1/ ) Equação Tabela 2. Teor de água de equilíbrio M (%, base úmida) para soja Ф (%) 10 20 T(oC) 5 5,2 6,3 15 4,3 5,7 25 3,8 5,3 35 3,5 4,8 45 2,9 4,0 55 2,7 3,6 Fonte: Brooker et al., (1992) 30 40 50 60 70 80 90 6,9 6,5 6,1 5,7 5,0 4,2 7,7 7,2 6,9 6,4 6,0 5,4 8,6 8,1 7,8 7,6 7,1 6,5 10,4 10,1 9,7 9,3 8,7 8,0 12,9 12,4 12,1 11,7 11,1 10,6 16,9 16,1 15,8 15,4 14,9 - 22,4 21,9 21,3 20,6 - Tabela 3. Teor de água de equilíbrio M (%, base úmida) para trigo ф (%) 10 20 T(oC) 20 5,5 7,0 40 5,3 6,0 80 2,4 3,6 Fonte: Brooker et al., (1992) 30 40 50 60 70 80 90 8,2 7,4 4,5 9,6 8,6 5,5 10,9 9,7 6,7 12,0 11,0 7,8 13,4 12,3 9,6 14,8 14,0 11,4 17,1 16,3 13,9 Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.1, p.71-82, 2005 Uma equação empírica para determinação de teor de água de equilíbrio para grãos Silva et al. 77 Tabela 4. Teor de água de equilíbrio M (%, base seca) para feijão macassar verde ф (%) 10 20 T(oC) 20 2,65 6,32 30 2,18 6,23 40 3,16 6,25 50 3,12 5,70 Fonte: Oliveira et al., (2004) 25 35 45 55 65 75 85 8,50 7,31 7,20 6,30 10,09 8,85 9,30 7,76 12,60 11,53 10,45 9,61 15,30 12,45 11,80 11,05 16,86 16,10 14,80 13,55 23,30 20,60 19,91 18,30 29,45 26,80 25,50 24,70 Tabela 5. Teor de água de equilíbrio M (%, base seca) para sementes de jacarandá ф (%) 34,5 T(o) 5 8,71 ф (%) 32,5 T(o) 25 7,39 Fonte: Mesquita et al., (2001) 59,0 75,0 82,5 94,5 98,5 11,98 53,0 18,91 64,0 34,25 75,5 53,96 88,5 64,55 97,5 9,59 14,22 16,35 24,73 54,25 Tabela 6. Teor de água de equilíbrio M (%, base seca) para sementes de angico ф (%) 34,5 T(o) 5 7,34 ф (%) 32,5 T(o) 25 6,68 Fonte: Mesquita et al., (2001) 59,0 75,0 82,5 94,5 98,5 16,21 53,0 21,54 64,0 47,86 75,5 88,86 88,5 107,51 97,5 14,72 18,27 18,81 35,19 84,67 Tabela 7. Teor de água de equilíbrio M (%, base seca) para sementes de copaíba ф (%) 34,5 T(o) 5 9,64 ф (%) 32,5 T(o) 25 7,84 Fonte: Mesquita et al., (2001) 59,0 75,0 82,5 94,5 98,5 11,38 53,0 19,45 64,0 24,30 75,5 34,12 88,5 50,47 97,5 8,91 11,09 16,80 23,69 30,58 Em todos os ajustes, relativos às dez equações aplicadas aos sete conjuntos de dados, a tolerância imposta foi de 1x10-6. Como, em muitos dos ajustes realizados, foi obtido P(t) = 0,0 (teste t) para os parâmetros e P(F) = 0,0 (teste F), tais indicadores foram omitidos nas tabelas apresentadas a seguir. Na Tabela 8, são apresentados os ajustes das dez equações empíricas aos dados da Tabela 1. Na Tabela 9, encontram-se os resultados dos ajustes de tais equações aos dados da Tabela 2. Na Tabela 10, estão os resultados dos ajustes relativos aos dados da Tabela 3. Já os resultados dos ajustes das equações empíricas aos dados das Tabelas 4, 5, 6 e 7 são apresentados nas Tabelas 11, 12, 13 e 14, respectivamente. Análise dos resultados obtidos Uma observação das Tabelas 8 (milho), 9 (soja), 10 (trigo), 11 (feijão), 12 (jacarandá), 13 (angico) e 14 (copaíba) possibilita constatar a equivalência entre a equação de Chung (1) e de Chung-Pfost modificada (4), para todos os conjuntos de dados analisados. Assim, as duas equações serão tratadas como uma só: ChungPfost modificada. Uma análise global das tabelas de resultados possibilita, também, montar o Quadro 4, que classifica, a partir dos valores de χ 2red e R2, as melhores equações empíricas para cada conjunto de dados analisado. Com relação à soja (Tabela 9), devese considerar que a equação proposta ( χ 2red = 0,214650 e R2 = 0,992341) e a equação SigmaCopace ( χ 2red = 0,210320 e R2 = 0,992337) estejam numa mesma posição, no quadro de classificação, por possuírem dois indicadores de qualidade competitivos (conflitantes). Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.1, p.71-82, 2005 Uma equação empírica para determinação de teor de água de equilíbrio para grãos 78 Uma inspeção do Quadro 4 indica que a equação proposta neste artigo é bastante eficaz na predição de teor de água de equilíbrio para os grãos estudados. Para todos os conjuntos de Silva et al. dados analisados, tal equação ou é a melhor ou é a segunda melhor, de acordo com os indicadores para a escolha do melhor ajuste. Tabela 8. Resultados dos ajustes das 10 equações empíricas (Quadro 3) aos dados da Tabela 1 (grãos de milho) N0 a b c R2 2 χ red 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 25,41 ± 0,38 1,810 ± 0,027 0,000048 ± 0,000005 418 ± 22 6,77 ± 0,27 12,27 ± 0,15 26,0 ± 1,1 1,20 ± 0,05 0,00119 ± 0,00023 -0,00706 ± 0,00027 4,21 ± 0,07 0,0071 ± 0,0004 35,5 ± 2,7 26,1 ± 2,4 -0,0204 ± 0,0018 -0,0707 ± 0,0037 0,663 ± 0,030 0,0071 ± 0,0005 0,302 ± 0,021 1,0945 ± 0,0019 26,1 ± 2,4 1,415 ± 0,034 0,432 ± 0,008 0,238 ± 0,004 2,87 ± 0,10 0,274 ± 0,006 0,130 ± 0,013 0,778 ± 0,024 0,432 ± 0,012 -0,000652 ± 0,000022 0,986534 0,978841 0,987795 0,986534 0,954770 0,982612 0,941807 0,964648 0,974868 0,990058 0,253709 0,402404 0,230069 0,253709 0,874249 0,337864 1,10654 0,676599 0,473691 0,187365 Tabela 9. Resultados dos ajustes das 10 equações empíricas (Quadro 3) aos dados da Tabela 2 (grãos de soja) N0 a b c R2 2 χ red 1 32,2 ± 1,4 5,47 ± 0,17 75 ± 18 0,957467 1,16728 2 1,14 ± 0,05 0,0051 ± 0,0007 2,20 ± 0,05 0,979689 0,572938 3 0,00022 ± 0,00004 114 ± 26 0,695 ± 0,023 0,966194 1,00048 4 (36 ± 6) x 101 75 ± 18 0,183 ± 0,006 0,957467 1,16728 5 3,81 ± 0,11 -0,0084 ± 0,0012 1,899 ± 0,036 0,985401 0,413718 6 9,39 ± 0,16 -0,039 ± 0,004 0,421 ± 0,008 0,987923 0,332253 7 27,1 ± 2,4 1,17 ± 0,08 0,095 ± 0,029 0,895227 3,23293 8 0,225 ± 0,039 0,0047 ± 0,0004 1,191 ± 0,017 0,992337 0,210320 9 0,0230 ± 0,0039 0,118 ± 0,026 0,704 ± 0,025 0,961242 1,14425 10 -0,0046 ± 0,0004 1,177 ± 0,004 -0,00161 ± 0,00004 0,992341 0,214650 Tabela 10. Resultados dos ajustes das 10 equações empíricas (Quadro 3) aos dados da Tabela 3 (grãos de trigo) N0 a b c R2 2 χ red 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 23,2 ± 0,5 1,74 ± 0,05 0,000058 ± 0,000014 434 ± 34 6,6 ± 0,5 11,31 ± 0,30 37 ± 5 1,13 ± 0,09 0,00055 ± 0,00025 -0,0059 ± 0,0006 3,82 ± 0,10 0,0059 ± 0,0006 32 ± 9 18 ± 4 -0,0171 ± 0,0027 -0,052 ± 0,005 0,67 ± 0,05 0,0059 ± 0,0007 0,55 ± 0,07 1,105 ± 0,005 18 ± 4 1,42 ± 0,06 0,436 ± 0,020 0,262 ± 0,007 2,87 ± 0,17 0,274 ± 0,012 0,242 ± 0,037 0,78 ± 0,04 0,434 ± 0,022 -0,00073 ± 0,00006 0,986391 0,970619 0,966541 0,986391 0,938516 0,966337 0,930483 0,955573 0,959955 0,973110 0,229502 0,507721 0,566200 0,229502 1,07582 0,588016 1,17879 0,773579 0,677444 0,458878 Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.1, p.71-82, 2005 Uma equação empírica para determinação de teor de água de equilíbrio para grãos Silva et al. 79 Tabela 11. Resultados dos ajustes das 10 equações empíricas (Quadro 3) aos dados da Tabela 4 (feijão macassar verde) N0 a b c R2 2 χ red 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 49,0 ± 2,2 1,53 ± 0,06 0,000230 ± 0,000035 (30 ± 6) x 101 3,91 ± 0,17 14,62 ± 0,38 67 ± 13 0,52 ± 0,09 0,0077 ± 0,0015 -0,0077 ± 0,0009 8,61 ± 0,25 0,0072 ± 0,0011 68 ± 13 63 ± 20 -0,0114 ± 0,0021 -0,083 ± 0,010 1,16 ± 0,06 0,0071 ± 0,0013 0,32 ± 0,04 1,093 ± 0,005 63 ± 20 2,33 ± 0,07 0,739 ± 0,019 0,1161 ± 0,0033 1,61 ± 0,05 0,480 ± 0,010 0,24 ± 0,06 1,29 ± 0,04 0,740 ± 0,019 -0,00089 ± 0,00005 0,973972 0,980884 0,985676 0,973972 0,974454 0,989295 0,953782 0,974564 0,985940 0,988234 1,45524 1,06940 0,813511 1,45524 1,48080 0,607839 2,73322 1,44343 0,798743 0,751179 Tabela 12. Resultados dos ajustes das 10 equações empíricas (Quadro 3) aos dados da Tabela 5 (sementes de jacarandá) N0 a b c R2 2 χ red 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 58 ± 9 -0,1 ± 0,4 0,00063 ± 0,00030 71 ± 37 6,4 ± 1,2 15,0 ± 2,5 85 ± 13 -0,9 ± 0,4 0,050 ± 0,019 -0,0103 ± 0,0035 13.6 ± 1,1 0,011 ± 0,004 (9 ± 5) x 101 34 ± 25 -0,018 ± 0,016 -0,10 ± 0,08 3,7 ± 0,5 0,0113 ± 0,0036 0,12 ± 0,05 1,117 ± 0,015 34 ± 25 4,4 ± 0,5 1,00 ± 0,09 0,073 ± 0,006 2,45 ± 0,29 0,38 ± 0,04 0,15 ± 0,07 1,92 ± 0,16 1,00 ± 0,09 -0,00115 ± 0,00015 0,950962 0,963226 0,963103 0,950962 0,920174 0,931430 0,950732 0,972101 0,963103 0,974310 24,6548 20,3842 18,5574 24,6548 41,6785 35,6640 31,5785 14,5202 18,5574 13,2585 Tabela 13. Resultados dos ajustes das 10 equações empíricas (Quadro 3) aos dados da Tabela 6 (sementes de angico) N0 a b c R2 2 χ red 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 94 ± 17 -0,8 ± 0,5 0,00079 ± 0,00038 55 ±35 6,1 ± 1,3 20 ± 4 155 ± 22 -1,6 ± 0,5 0,063 ± 0,026 -0,012 ± 0,004 23,5 ± 2,1 0,014 ± 0,004 (9 ± 5) x 101 36 ± 32 -0,019 ± 0,017 -0,16 ± 0,13 5,0 ± 0,6 0,0135 ± 0,0039 0,12 ± 0,05 1,082 ± 0,014 36 ± 32 5,7 ± 0,6 1,19 ± 0,11 0,0425 ± 0,0038 2,14 ± 0,28 0,44 ± 0,05 0,18 ± 0,06 2,39 ± 0,20 1,19 ± 0,11 -0,00085 ± 0,00014 0,936469 0,970973 0,960358 0,936469 0,915396 0,926067 0,964900 0,975717 0,960358 0,970789 96,4009 49,3493 60,4452 96,4009 134,690 117,324 68,2489 38,3351 60,4452 47,7843 Tabela 14. Resultados dos ajustes das 10 equações empíricas (Quadro 3) aos dados da Tabela 7 (sementes de copaíba) N0 a b c R2 2 χ red 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 37 ± 4 0,75 ± 0,33 0,00069 ± 0,00018 79 ± 31 7,5 ± 0,8 14,2 ± 1,1 60 ± 10 0,05 ± 0,33 0,022 ± 0,007 -0,0148 ± 0,0031 8,4 ± 0,7 0,015 ± 0,005 41 ± 11 19 ± 12 -0,039 ± 0,012 -0,16 ± 0,04 2,5 ± 0,4 0,0149 ± 0,0038 0,22 ± 0,05 1,120 ± 0,013 19 ± 12 3,17 ± 0,36 0,80 ± 0,05 0,119 ± 0,010 2,93 ± 0,22 0,318 ± 0,021 0,19 ± 0,07 1,43 ± 0,13 0,80 ± 0,05 -0,00112 ± 0,00014 0,950118 0,945916 0,979645 0,950118 0,962096 0,970984 0,917083 0,960955 0,979645 0,973879 10,0238 11,6238 4,18963 10,0238 7,70804 5,87734 19,5631 8,11632 4,18963 5,35124 Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.1, p.71-82, 2005 80 Uma equação empírica para determinação de teor de água de equilíbrio para grãos Silva et al. Quadro 4. Performance das equações empíricas com relação aos ajustes efetuados para os diversos grãos analisados. Classificação a partir dos resultados detalhados nas Tabelas 8, 9, 10, 11, 12, 13 e 14 Grãos 1o 2o 3o Milho (Tab. 1) Equação proposta (10) Henderson mod. (3) Chung-Pfost mod. (4) Soja (Tab. 2) Equação proposta (10) Oswin mod. (6) Halsey mod. (5) Sigma-Copace (8) Trigo (Tab. 3) Chung-Pfost mod. (4) Equação proposta (10) Copace (2) Feijão (Tab. 4) Oswin mod. (6) Equação proposta (10) Cavalcanti Mata (9) Jacarandá (Tab. Equação proposta (10) Sigma-Copace (8) Cavalcanti Mata (9) 5) Henderson mod. (3) Angico (Tab. 6) Sigma-Copace (8) Equação proposta (10) Cavalcanti Mata (9) Copace (2) Henderson mod. (3) Copaíba (Tab. Cavalcanti Mata (9) Equação proposta (10) Oswin mod. (6) 7) Henderson mod. (3) Muito embora não tenha sido explicitado nas tabelas de resultados, nenhuma das dez equações empíricas produz bons ajustes para os três últimos conjuntos de dados (Tabelas 5, 6 e 7). Isso poderia ser verificado pela análise do teste t e, observando-se os resultados deste teste para os três conjuntos de dados, fica claro que um ou mais parâmetros de cada equação tem uma certa probabilidade de ser zero, mesmo tendo o valor determinado. Assim, mesmo existindo “um melhor ajuste”, fica implícito a necessidade de se buscar novos modelos, mais compatíveis com tais dados experimentais e para os quais os parâmetros de ajuste tenham níveis de confiança aceitáveis. O ajuste da Equação (10) aos dados da Tabela 3, resulta em R2 = 0,985732 e χ 2red = 0,240606, o segundo melhor dentre todos os resultados obtidos. Entretanto, os resultados mais favoráveis no uso direto do Finder para o descobrimento de funções são aqueles oriundos dos três últimos conjuntos de dados, relativos às Tabelas 5 (jacarandá), 6 (angico) e 7 (copaíba). Para todos, estes conjuntos de dados são descobertas equações empíricas, por varredura direta, cujos resultados são melhores do que os melhores resultados obtidos através das dez equações do Quadro 3. Para as Tabelas 5 e 6, a melhor função de três parâmetros é aquela dada pela Equação (9). Para a Tabela 5 O Finder na determinação de outras equações (jacarandá) são obtidos R2 = 0,974613 e χ 2red = Embora uma varredura direta das funções do Finder não tenha resultado em sucesso para os dados da Tabela 1, utilizados para a obtenção da equação empírica apresentada neste artigo, bons resultados podem ser obtidos para outros conjuntos de dados. Para os dados relativos à Tabela 2 (soja), por exemplo, o uso do Finder descobre a função (angico) são encontrados R2 = 0,976978 e χ 2red 2 (bT c ) M ae 12,9927, enquanto que para a Tabela 6 , (9) cujo ajuste a coloca na segunda posição do ranking de funções para este conjunto de = 35,7021. Com relação à Tabela 7 (copaíba), o Finder descobriu a função M 1 a b c/T (11) que, ajustada aos dados, resulta em R2 = 0,982409 e χ 2red = 3,53613. Para estes três últimos ajustes há uma considerável melhora com relação ao teste t sendo que, para a Tabela 7, foi obtido P(t) = 0,0 para todos os parâmetros. dados, com R2 = 0,988269 e χ 2red = 0,328439. Já para os dados da Tabela 3 (trigo) é descoberta a função CONCLUSÕES M a b cT 2 . A partir da análise dos resultados obtidos é possível concluir que: (10) Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.1, p.71-82, 2005 Uma equação empírica para determinação de teor de água de equilíbrio para grãos 1. para os conjuntos de dados analisados a Equação (8), proposta neste artigo, apresenta resultados tão bons ou, até mesmo, melhores resultados obtidos por outras equações empíricas examinadas, o que sugere que tal equação possa ser útil também para outros tipos de grãos; 2. o programa Finder foi capaz de descobrir, por varredura direta, algumas equações específicas dentre as tentativas para os vários conjuntos de dados analisados, produzindo três resultados melhores que os obtidos até então, indicando que tal programa pode ser útil na descoberta de equações empíricas para outros tipos de produtos; 3. a metodologia utilizada para modelar os sete conjuntos de dados analisados (equação proposta + varredura direta) possibilitou a obtenção de 5 resultados melhores que os de outras equações empíricas examinadas e dois resultados classificados na segunda posição. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Araújo, E. F.; Corrêa, P. C.; Silva, R. F. Comparação de modelos matemáticos para descrição das curvas de dessorção de ementes de milho-doce. Pesq. Agropec. Bras., Brasília, v. 36, n. 7, p. 991-995, 2001. Bevington, P. R.; Robinson, D. K. Data reduction and error analysis for the physical sciences. Boston: McGraw-Hill, 1992. 327p. Brooker, D. B.; Bakker-Arkema, F. W.; Hall, C. W. Drying and storage of grains and oilseeds. Westport: The AVI Publishing Company, 1992. 450p. Bussab, W. O.; Morettin, P. A. Estatística básica. São Paulo: Atual Editora LTDA, 1995. 322p. Corrêa, P. C.; Júnior, P. C. A.; Andrade, E. T. Modelagem matemática da atividade de água em polpa cítrica peletizada. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, Campina Grande, v. 5, n. 2, p. 283-287, 2001. Corrêa, P. C.; Júnior, P. C. A.; Stringheta, P.C.; Cardoso, J. B. Equilíbrio higroscópico e atividade de água para ovo integral processado em “spray dryer”. 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A transição vítrea em materiais amorfos ocorre em uma faixa de temperaturas, mas geralmente é associada a um único valor – a temperatura de transição vítrea (Tg). Essa temperatura varia com a composição dos alimentos, principalmente com a concentração de água. O conhecimento do comportamento da temperatura de transição vítrea em função da umidade dos alimentos é essencial para a determinação das melhores condições de processamento e armazenagem dos alimentos. Palavras-chave: transição vítrea, diagramas de estado, atividade de água, plastificação pela água PHASES TRANSITIONS IN FOODS: INFLUENCE IN THE PROCESSING AND STORAGE ABSTRACT Food is composed by a combination of several components and, for this reason, generally in at a non-equilibrium amorphous state. The glass transition is the main phases transition observed at amorphous materials; therefore it is the most common in food materials. The glass transition in amorphous materials occurs at a range of temperatures, but it is often referred to the single temperature value – the glass transition temperature (Tg). This temperature varies with the food composition, mainly with the water content. The knowledge of the glass transition temperature behavior in function of the food moisture content is very important to determine the best conditions for food processing and storing. Keywords: glass transition, phase diagrams, water activity, plasticizing by water ____________________________ Protocolo 150 Protocolo 100 de 10 /01 / 2005 1 2 3 Doutoranda em Engenharia de Alimentos Departamento de Engenharia de Alimentos – Faculdade de Engenharia de Alimentos – Universidade Estadual de Campinas. Caixa Postal 6121. CEP: 13083-970. Campinas-SP, Brasil. E-mail: [email protected] Professora - Departamento de Engenharia de Alimentos – Faculdade de Engenharia de Alimentos – Universidade Estadual de Campinas. Caixa Postal 6121. CEP: 13083-970. Campinas-SP, Brasil. E-mail: [email protected] Professor Titular - Faculdade de Engenharia Agrícola – Universidade Estadual de Campinas. Caixa Postal 6011. CEP: 13084-971. Campinas-SP, Brasil. E-mail: [email protected] 84 Transições de fases em alimentos:Influência no processamento e na armazenagem INTRODUÇÃO A estabilidade é uma característica extremamente desejável em alimentos. Ao adquirir um produto, o consumidor deseja que ele mantenha a sua qualidade pelo maior tempo possível, tanto do ponto de vista sensorial, quanto do microbiológico. Termodinâmica-mente, um material estável é aquele que se encontra em equilíbrio com as condições de temperatura e pressão do ambiente, de forma que ele não apresente alterações em seu estado físico ao longo do tempo. Compostos, quimicamente puros, geralmente, são estáveis. No entanto, os alimentos são formados por uma combinação de diferentes componentes e, por essa razão, geralmente, existem em um estado de nãoequilíbrio amorfo. Materiais amorfos são compostos susceptíveis às mudanças de temperatura e pressão do ambiente, de modo que pequenas variações nas condições ambientes podem provocar mudanças de estado em alguns componentes, causando mudanças estruturais indesejáveis. A mudança de fase mais comum em alimentos é a transição vítrea, que consiste em uma transição de fase de segunda ordem de um estado sólido-vítreo para um estado semilíquido gomoso. A transição vítrea de um composto ocorre a uma certa temperatura, denominada temperatura de transição vítrea (Tg), que é variável com a composição do alimento, principalmente, com o teor de água. A textura é um dos atributos sensoriais de maior importância em alimentos e está diretamente relacionada com o seu estado físico. Durante o processamento e a armazenagem, os alimentos estão sujeitos a uma série de variações na sua composição e nas condições de temperatura e pressão do ambiente, as quais levam a alterações no seu estado físico e, consequentemente, na sua textura. O conhecimento da temperatura de transição vítrea em função da concentração de água é de extrema importância na formulação e na determinação das condições ideais de processamento e armazenagem de alimentos, de forma a manter a qualidade do produto pelo maior tempo possível. Diagramas de estado são diagramas de fase simplificados obtidos pela sobreposição da curva de transição vítrea (Tg versus concentração) ao diagrama de equilíbrio, permitindo visualizar os pontos de transição Leite et al. entre os estados sólidos amorfos de nãoequilíbrio da matéria, ou seja, os estados vítreo e gomoso. Esses diagramas são extremamente úteis no estudo das transições de fase em alimentos, pois permitem visualizar a influência das condições de umidade e temperatura do ambiente sobre o estado físico dos alimentos. Por essa razão, são ferramentas indispensáveis na determinação das condições ideais de processamento e armazenagem dos alimentos. O objetivo desse trabalho é demonstrar, através dos trabalhos científicos, a importância de se conhecer o comportamento da temperatura de transição vítrea em função da concentração de água nos alimentos. Transições de fase em alimentos Transições de fase são alterações no estado físico dos materiais que têm efeito significativo sobre as suas propriedades físicas. Existem três estados físicos básicos: sólido, líquido e gasoso. O termo transição refere-se à mudança, no estado, provocada por uma alteração de temperatura ou pressão. As transições de fase em alimentos ocorrem, geralmente, como um resultado de mudanças na composição ou na temperatura, durante as etapas de processamento ou armazenagem (Roos, 1995a). A estabilidade é uma característica extremamente desejável em alimentos. Ao adquirir um produto, o consumidor deseja que a sua qualidade seja mantida pelo maior tempo possível, tanto do ponto de vista microbiológico, quanto do sensorial. No entanto, os alimentos são formados por diversos componentes que estão sujeitos às variações de condições do ambiente e, consequentemente, a uma série de alterações que podem resultar na perda de qualidade e até na completa deterioração desses materiais. Termodinamicamente, um material estável é aquele que se encontra em equilíbrio com as condições de pressão e temperatura do ambiente, isto é, que não apresenta mudanças em seu estado físico em função do tempo. No equilíbrio, a estrutura molecular desses materiais se encontra organizada da melhor forma possível, de modo que se obtenha o menor nível de energia para o sistema. Em geral, materiais em equilíbrio são compostos puros, a uma determinada temperatura e pressão (Roos, 1995a). Alimentos são sistemas complexos, pois não são compostos puros, mas sim uma Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.1, p.83-96, 2005 Transições de fases em alimentos:Influência no processamento e na armazenagem combinação de uma grande variedade de componentes, tais como carboidratos, lipídeos, proteínas, fibras e água. De acordo com Roos (1995a), o estado físico dos alimentos, geralmente, é governado pela transição de fase dos seus principais componentes. Uma vez que a água é o principal componente e diluente, na grande maioria dos alimentos, ela deve afetar, significativamente, o estado físico e a as propriedades dos demais compostos. A maior parte dos alimentos, assim como uma grande quantidade de polímeros sintéticos, existe em um estado de não-equilíbrio amorfo, que pode ser definido como uma falta de organização das moléculas, sendo o oposto ao estado cristalino, o qual se caracteriza pelo melhor arranjo da estrutura. Esses materiais são, geralmente metaestáveis, de modo que seu estado físico e suas propriedades físicoquímicas mudam de comportamento, durante as etapas de processamento, estocagem, distribuição e consumo (Roos, 1995a; Slade & Levine, 1991). De acordo com Roos (1995a), materiais amorfos podem ser obtidos como resultado de diversos processos. Sua formação ocorre, através de uma mudança no material, a qual deve ocorrer em uma velocidade, suficientemente alta, de maneira que não haja tempo para que o produto se ajuste às mudanças que ocorreram na vizinhança e, portanto, saia do estado de não-equilíbrio para o estado de equilíbrio. Materiais amorfos podem ser formados em processos onde a temperatura é reduzida abaixo do ponto de fusão ou quando ocorre remoção de água por evaporação ou por congelamento (Slade & Levine, 1991). O resfriamento rápido de alimentos com alto teor de água, também, resulta na formação de materiais amorfos, através de uma diminuição na mobilidade molecular do material, evitando a cristalização da água. Materiais amorfos, também, são obtidos da fusão de polímeros cristalinos, podendo ser resfriados para um estado viscoelástico (gomoso) ou para um estado sólido (vítreo) (Roos, 1995). Transição vítrea Em alimentos, a mudança de fase mais importante, que é característica de materiais amorfos, é a transição vítrea, que consiste em uma transição de fase de segunda ordem de um estado sólido-vítreo para um estado semilíquido gomoso. Termodinamicamente, a transição Leite et al. 85 vítrea pode ser definida como uma pseudotransição de fase de segunda ordem, pois apresenta características típicas desse tipo de transição, como mudança na tangente de expansão do volume (a primeira derivada da energia livre), a descontinuidade do coeficiente de expansão térmica e a descontinuidade do calor específico (segunda derivada da energia livre). Ela não pode ser classificada como uma transição termodinâmica verdadeira por ser afetada pela cinética de formação da forma vítrea, como as velocidades de aquecimento ou resfriamento (Roos, 1995a). A transição vítrea ocorre através de uma faixa de temperaturas, embora seja, freqüentemente, referida a uma única temperatura. A temperatura, a uma dada umidade, à qual é atribuída essa transição é denominada temperatura de transição vítrea – Tg (Kauzmann, 1948; Sperling, 1992). Na ciência clássica de polímeros, a Tg é, freqüentemente, associada à temperatura do ponto médio (midpoint) da variação do calor específico do material (Cp), entre os estados vítreo e líquido (Wunderlich, 1990). Roos & Karel (1991e) atribuíram os valores de Tg ao ponto inicial da transição, por se tratar da temperatura em que os autores observaram rápidas mudanças na viscosidade do sistema. Os valores da temperatura de transição vítrea de compostos amorfos e alimentos são mais freqüentemente determinados pela técnica de calorimetria diferencial de varredura (CDV). Essa metodologia detecta uma mudança típica no calor específico da amostra à temperatura de transição vítrea. O valor da Tg de uma única amostra depende do seu histórico térmico, de forma que um mesmo método de análise pode fornecer diferentes valores de Tg. Geralmente, o valor considerado como a temperatura de transição vítrea é a temperatura inicial ou a temperatura média da faixa de variação de Tg (Bhandari et al., 1997; Roos, 1995b). O conhecimento da temperatura de transição vítrea é de grande importância em materiais amorfos, pois muitas propriedades físicas desses materiais podem ser relacionadas ao seu valor (Slade & Levine, 1991). Em alimentos, a Tg está diretamente ligada à alteração de textura dos materiais, que é uma das propriedades mais relevantes do ponto de vista sensorial. Quando materiais amorfos se encontram sob baixas temperaturas (estado vítreo) eles são duros e quebradiços, com características vítreas, similares às observadas em plásticos duros, lãs de vidro ou biscoitos crocantes (crisp crackers) Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.1, p.83-96, 2005 86 Transições de fases em alimentos:Influência no processamento e na armazenagem (Labuza, 2004; Sperling, 1992). Um aumento na temperatura pode causar nesses materiais uma transformação para o estado gomoso, um estado menos viscoso, à temperatura de transição vítrea (Tg). A crocância característica de alimentos no estado vítreo é altamente desejada em biscoitos, batatas fritas, cereais matinais e alimentos desidratados. Já a maciez associada ao estado gomoso é desejável em alguns produtos desidratados, como damasco e banana, e, também, em produtos industrializados, como é o caso de alguns biscoitos e recheios (Baroni, 2004; Labuza, 2004). A determinação das propriedades de estado em alimentos, em função da temperatura e da concentração de água, fornece informações valiosas no estabelecimento da formulação, processamento, embalagem e estocagem para que seja evitada a mudança de fase (vítreo-gomoso), mantendo o Leite et al. alimento na forma desejada para o consumo pelo maior tempo possível (Roos, & Karel, 1991a). A teoria da transição vítrea da ciência dos polímeros pode ajudar na compreensão das propriedades texturais de alimentos e explicar as alterações que ocorrem durante o processamento e a armazenagem, tais como a pegajosidade, o empelotamento, o amolecimento e o endurecimento (Labuza, 2004; Roos & Karel, 1991a, 1991b, 1991c, 1991d, 1991e; Slade & Levine, 1989; Sperling, 1992). Uma vez que a maior parte dos polímeros é termoplástica e sujeita a plastificação pela água, suas propriedades físicas são governadas pela temperatura e pela quantidade de água (Slade & Levine, 1991). Na Figura 1, pode-se observar um diagrama representativo da transição entre os estados vítreo e gomoso. Figura 1 – Diagrama representativo da transição entre os estados vítreo e gomosos para um material amorfo (Adaptado de Labuza et al., 2004) A partir da observação da Figura 1, percebe-se que a transição do estado vítreo para o gomoso pode ocorrer, tanto pelo aumento da temperatura, como pelo aumento na concentração do plasticizante, no caso, a concentração de água (umidade). À temperatura de transição vítrea ocorre uma mudança drástica no movimento local das cadeias de polímeros, resultando em inúmeras diferenças entre as propriedades dos estados vítreo e gomoso. Quando um alimento é submetido a um ambiente de elevada umidade relativa e temperatura constante, ele absorve água, havendo um aumento na concentração desse plasticizante. Com isso, ocorre uma redução na sua viscosidade e um consequente aumento na mobilidade molecular, dentre outras modificações. Analogamente, em um material submetido a um aumento da temperatura acima da Tg, com umidade constante, observam-se várias alterações, tais como: aumento de volume livre, decréscimo da viscosidade, aumento do calor específico e aumento da expansão térmica (Kauzmann, 1948; White & Cakebread, 1966). Dentre as transformações observadas, aquelas que mais afetam o comportamento dos alimentos estão relacionadas ao aumento exponencial da mobilidade molecular e ao decréscimo de viscosidade (Ross & Karel, 1991; Slade & Levine, 1991). Esses fatores governam uma série de transformações estruturais dependentes do tempo e, muitas Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.1, p.83-96, 2005 Transições de fases em alimentos:Influência no processamento e na armazenagem vezes, relacionadas à viscosidade, tais como: pegajosidade, colapso (perda de estrutura, escoamento sob a força da gravidade) e cristalização durante o processamento e a armazenagem. Alimentos que se encontram no estado vítreo possuem viscosidades muito elevadas, da ordem de 1012Pa, o que provoca uma imobilização das moléculas e não permite os rearranjos necessários para a formação de estruturas cristalinas. Por essa razão, supõe-se que tais materiais sejam estáveis abaixo da linha da Tg. Quando, pela absorção de água ou pelo aumento da temperatura, os materiais atingem uma viscosidade entre 106 e 108Pa, eles começam a apresentar algum tipo de escoamento (Downton et al., 1982; Roos, 1995a). Conforme um sistema passa do estado vítreo para o gomoso, sua viscosidade cai de valores da ordem de 1012 para valores da ordem de 103Pa, à temperatura de transição vítrea (Sperling, 1992). A viscosidade reduzida confere uma maior mobilidade aos reagentes e às cadeias de polímeros (Labuza et al., 2004). O aumento da mobilidade molecular melhora a difusão, resultando em uma cristalização dos componentes amorfos dependente do tempo (Bhandari et al., 1997; Labuza et al., 2004; Roos, 1995a). A cristalização, por sua vez, causa as mais drásticas variações nas propriedades físicas de polímeros alimentícios. Ela pode afetar, consideravelmente, a estabilidade dos alimentos e pode promover características de reidratação em pós, além de afetar as propriedades texturais (Kim et al., 1981; Roos & Karel, 1992; Roos et al., 1996). A porção de volume livre, definida como a parcela de espaço associada com um sistema que não é ocupada por cadeias de polímeros propriamente ditas, também oscila entre os estados vítreo e gomoso (Labuza et al. 2004). O volume livre disponível em um sistema vítreo é estimado em valores entre 2 e 11,3% do volume total e acredita-se que esse valor aumenta substancialmente à temperatura de transição vítrea, devido a um aumento dramático no coeficiente de expansão térmica (Ferry, 1980). Esse aumento no volume livre deve permitir uma difusão mais rápida dos reagentes. Baseado no volume requerido para difusão, o tamanho da molécula difusora também deve ser um fator importante na definição das taxas de difusão. A temperatura de transição vítrea da maior parte dos componentes alimentícios solúveis em água (polímeros, polissacarídeos e Leite et al. 87 proteínas) é elevada e aumenta com o aumento do peso molecular. Uma vez que esses materiais tendem a se decompor em temperaturas menores que Tg, muitas vezes o valor da Tg de polímeros alimentícios anidros não pode ser determinado. O estado físico e as propriedades fisicoquímicas dos alimentos mudam seu comportamento durante as etapas de processamento, de distribuição e de armazenagem. A remoção de água por evaporação e a desidratação por imersão/impregnação ou congelamento geralmente resultam na formação de produtos no estado amorfo (Slade & Levine, 1991). Efeito da plasticização da água sobre a transição vítrea em alimentos Não existem dúvidas de que a temperatura, a quantidade de água e o tempo são fatores que têm forte influência sobre o estado físico e a qualidade de materiais biológicos e alimentos. De acordo com Labuza et al. (2004), a partir da década de 60, as formas mais comuns de deterioração de alimentos; tais como modificações físicas e fisico-químicas, crescimento microbiológico e reações das fases lipídica e aquosa; foram tidas como resultado da disponibilidade termodinâmica de água, ou atividade de água (aw), e da quantidade total de água presente no alimento (Teor de água). De acordo com Roos et al. (1996), a estabilidade em alimentos é, significativamente, afetada pela pressão relativa de vapor d’água, que corresponde à atividade de água, aw, sob condições de equilíbrio. A diferença no potencial químico da água () entre dois sistemas resulta na troca de água entre eles. Hyman & Labuza (1998) Quando uma micro-região atinge valores superiores ou inferiores ao da aw local, ocorre uma mudança de estado físico Labuza et al. (2004). As isotermas de sorção de água são curvas que mostram a relação entre a atividade de água e o teor de água do material, sob uma temperatura constante. São, portanto, ferramentas que permitem caracterizar as relações entre o teor de água de um material e a sua disponibilidade de água. Estudos de modelos para as isotermas de sorção são particularmente importantes na predição da vida de prateleira de alimentos com teor de água baixo ou intermediário (Labuza et al., 1970; Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.1, p.83-96, 2005 Transições de fases em alimentos:Influência no processamento e na armazenagem 88 Labuza, 1980; Simatos & Karel, 1988; Roos & Karel, 1996). Produtos amorfos, em geral, sofrem efeito de plasticização pela água. Nesse caso, o teor de água dos materiais tem forte influência sobre a sua temperatura de transição vítrea. A água provoca uma redução drástica na Tg de polímeros alimentícios (Slade & Levine, 1991), e mesmo a presença de traços de água pode significar reduções significativas no valor da Tg. O efeito plasticizante da água (Roos, 1995b) é típico de carboidratos com baixo peso molecular, oligossacarídeos, polissacarídeos, proteínas e polímeros plastificáveis. A plasticização pela água pode ser observada pela depressão da temperatura de transição vítrea com o aumento do conteúdo de água (umidade), melhorando a perceptibilidade da transição. A predição da depressão da Tg como resultado da plasticização pela água é útil na avaliação dos efeitos da composição dos alimentos sobre a Tg, uma vez que as alterações relacionadas à transição vítrea podem afetar o tempo de prateleira e a qualidade Roos et al. (1996). Sobral & Menegalli (2002) relatam que vários modelos explicam o fenômeno de plastificação pela água. De acordo com os autores, muitos consideram que a entrada do solvente na matriz polimérica causa um aumento na mobilidade molecular, reduzindo o valor da Tg. Roos et al. (1996) afirmam que alguns modelos de plasticização aplicados em sistemas poliméricos não são aplicáveis para a plasticização da água, pois são baseados na similaridade das propriedades dos compostos da mistura, o que é raro entre os compostos dos alimentos. O efeito da água sobre a Tg de vários alimentos tem sido predito pela equação de Gordon & Taylor (1952) citados por Zimeri & Kokini (2003) (Equação 1), a qual foi originalmente desenvolvida para descrever a dependência da Tg com a composição binária de polímeros miscíveis (Zimeri & Kokini, 2003). Tg x1Tg1 kx2Tg 2 x1 kx2 (1) Leite et al. Onde xi é a fração mássica do i-ésimo componente, Tgi é a temperatura de transição vítrea do i-ésimo componente e k é uma constante de ajuste. No estudo do efeito da água sobre a Tg, x1 é a fração mássica de água e x2, a de sólido. Couchman & Karasz (1978) basearamse na teoria termodinâmica da transição vítrea de misturas de polímeros para propor um modelo de plasticização ilustrado na Equação 2. Tg x1Tg1 (Cp 2 / Cp1 ) x 2 Tg 2 x1 (Cp 2 / Cp1 ) x 2 (2) Na Equação (2), Cpi é a mudança no calor específico do i-ésimo componente à temperatura Tgi. Comparando-se as equações (1) e (2), nota-se que a equação proposta por Couchman & Karasz (1978) é igual à de Gordon & Taylor (1952) citados por Zimeri & Kokini (2003), com k = Cp2/Cp1. A equação de Gordon & Taylor tem se mostrado particularmente útil no ajuste de dados experimentais da Tg e da composição de açúcares amorfos (Roos, & Karel, 1991b, 1991e; Roos, 1993) e maltodextrinas (Roos, & Karel, 1991d, 1991e, além de outros ingredientes e alimentos em geral. Roos (1993) demonstrou que o uso combinado da equação de Gordon & Taylor e dos modelos das isotermas de sorção permite avaliar a estabilidade dos alimentos sob várias condições de armazenagem, baseando-se no fato de que há perda de estabilidade acima da Tg. O autor sugeriu o uso combinado dos modelos matemáticos utilizados em isotermas de sorção e da equação de Gordon-Taylor para a descrição da plasticização pela água. Os modelos podem ser ajustados aos dados experimentais e utilizados para mostrar a Tg e a isoterma de sorção em um único gráfico, como pode ser observado na Figura 2, que foi adaptada de dados experimentais de Joupilla & Roos (1994) para leite em pó desnatado. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.1, p.83-96, 2005 Transições de fases em alimentos:Influência no processamento e na armazenagem Leite et al. 89 Figura 2 – Temperatura de transição vítrea, Tg, como uma função da atividade de água, a w, e isoterma de sorção a 24ºC leite em pó desnatado. (Adaptado de JOUPILLA & ROOS, 1994) Roos, et al. (1996) ressaltam que a relação entre Tg e aw sob uma temperatura constante fornece um método simples para predição dos efeitos da umidade relativa durante a armazenagem sobre a Tg. Tal predição é de grande utilidade na avaliação da estabilidade de vários alimentos com baixo teor de umidade, como pós, cereais, frutas desidratadas, dentre outros. Roos (1987) estabeleceu uma relação linear entre a atividade de água e a temperatura de transição vítrea. Roos & Karel (1991c) e ROOS (1993) observaram que essa linearidade se aplica a valores de aw entre 0,1 e 0,8. No entanto, para toda a faixa de aw, essa relação é sigmoidal, como pode ser observado na Figura 2. As informações contidas na Figura 2 são de grande utilidade na localização de valores críticos para a atividade de água e para a umidade, definidos como aqueles que reduzem a Tg para a temperatura ambiente (Roos, 1993; Jouppila & Roos, 1994; Roos, 1995a). Na Figura 2, por exemplo, se o leite em pó for armazenado em um ambiente com atividade de água de 0,37, ele atingirá uma umidade de 7,6g/100g de sólidos e a sua temperatura de transição vítrea será reduzida para 24ºC. Isso significa que a atividade de água crítica é de 0,37, pois o produto sofreria alterações estruturais à temperatura ambiente, reduzindo o seu tempo de prateleira. Zimeri & Kokini (2002) estudaram o efeito da umidade sobre a cristalinidade e a temperatura de transição vítrea da inulina. Foram avaliados ambientes com atividade de água variando entre 0 e 0,93. Os autores observaram que a temperatura de transição vítrea da inulina diminuiu com o aumento da umidade, confirmando o efeito plastificador da água. Roos & Karel (1991d), estudando o efeito da umidade sobre o comportamento térmico e a cristalização de alimentos amorfos, também, observaram um decréscimo na Tg com o aumento de umidade. Zimeri & Kokini (2003) estudaram o efeito da umidade sobre a transição vítrea de amido gelatinizado e também observaram o efeito plastificante. DIAGRAMAS DE ESTADO Uma fase pode ser definida como um estado fisico e quimicamente homogêneo de um material que se encontra claramente separado de outra matéria. Uma transição de fase pode ser observada de uma mudança na energia interna, no volume, no número de moles ou na massa. A mudança na fase ocorre como resultado de uma mudança na temperatura ou Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.1, p.83-96, 2005 90 Transições de fases em alimentos:Influência no processamento e na armazenagem na pressão. Um estado de equilíbrio entre fases requer que ambas estejam sob as mesmas condições de temperatura e pressão (Roos, 1995a). Quando a água interage com um soluto dissolvido ou com um material amorfo ou cristalino, a termodinâmica do sistema muda de tal forma que a energia livre da água sofre uma redução. Essa situação se manifesta, através de um decréscimo, na pressão de vapor d’água, na fase gasosa, de uma redução na linha de congelamento, em função da concentração de reagente, bem como de um aumento nos pontos de ebulição e de fusão de qualquer soluto. Essas interações representam as condições de equilíbrio termodinâmico em um ponto de concentração de água/temperatura e podem ser utilizadas para construir um diagrama de fases representativo com três linhas de equilíbrio (ponto de ebulição, ponto de congelamento ou Leite et al. formação de gelo e ponto de fusão ou cristalização do soluto) (Labuza et al., 2004). A relação entre os estados físicos, a pressão, a temperatura e o volume pode ser mostrada em diagramas de fases tridimensionais. Tais diagramas mostram superfícies que indicam valores para as variáveis de estado sob condições de equilíbrio. Nesses diagramas, é possível perceber que, na maior parte das situações de equilíbrio, duas fases coexistem, ou seja, existe um equilíbrio sólido-líquido, sólido-gás ou líquido-gás. As projeções bidimensionais dos diagramas de fase são muito úteis para aplicações práticas (Roos, 1995a). Na Figura 3, observa-se um diagrama de fase bidimensional esquemático, onde são mostradas as linhas de equilíbrio para temperatura e pressão de cada fase. Em alimentos, um dos diagramas bidimensionais de maior importância é o da água. Figura 3 – Diagrama de fase esquemático mostrando as curvas de equilíbrio entre vários estados físicos e a sua dependência da temperatura e da pressão (Adaptado de Roos, 1995a) Quando uma curva de transição vítrea de um componente sólido é inserida em um diagrama de equilíbrio apropriado, é possível visualizar os pontos de transição entre os estados sólidos amorfos de não-equilíbrio da matéria, isto é, os estados vítreo e gomoso (Labuza et al., 2004). O diagrama resultante dessa composição é chamado diagrama de estado. Roos (1995a) define os diagramas de estado como diagramas de fase simplificados que descrevem a dependência da temperatura de transição vítrea com a concentração de solutos ou alimentos sólidos e a relação entre a formação de gelo e a concentração de soluto sob baixas temperaturas. De acordo com Franks (1972), diagramas de estado são a combinação do convencional diagrama de fase com as Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.1, p.83-96, 2005 Transições de fases em alimentos:Influência no processamento e na armazenagem curvas de transição vítrea em função da composição, em uma só figura. A Figura 4 Leite et al. 91 mostra um exemplo de um diagrama de estado esquemático típico de alimentos sólidos. Figura 4 – Diagrama de estado esquemático típico de alimentos sólidos (Adaptado de Roos, 1995a) De acordo com Roos (1995a), Rasmussen & Luyet (1995) utilizaram os diagramas de fase para mostrar a dependência com a temperatura de transições térmicas em soluções congeladas e Franks et al. (1977) , citados por (Roos, 1995a)enfatizaram que o termo “estado” deveria ser utilizado no lugar de “fase” devido à natureza de não-equilíbrio do estado físico de materiais biológicos concentrados por congelamento. Em ciências dos alimentos, os diagramas de estado representam as diversas situações em que o sistema pode existir como função da temperatura, da concentração de sólidos, do tempo e da pressão. Dessa forma, ele pode ser utilizado como um mapa para a seleção das melhores condições para o processamento, o congelamento e o armazenamento refrigerado de alimentos (Slade & Levine, 1988; Slade & Levine, 1989). Os diagramas de estado são importantes ferramentas no estabelecimento das condições adequadas de processamento e armazenagem de alimentos desidratados e congelados. Eles também podem ser aplicados na definição das condições apropriadas de liofilização (Roos, 1995a). Segundo Roos & Karel (1991c), diagramas de estado são particularmente úteis na caracterização do estado físico de açúcares e na dependência das temperaturas de transição com a concentração de água. Segundo Labuza et al. (2004), os diagramas de estado podem ser utilizados para ilustrar algumas mudanças de estado físico de alimentos em função da umidade (ou concentração de plasticizante) durante quaisquer processos de remoção de água (secagem, cozimento, extrusão, evaporação) ou mesmo durante a armazenagem. O diagrama de estado define a região de umidade/temperatura na qual o domínio do alimento ou ingrediente é vítreo, gomoso, soluto cristalino, congelado, etc. Labuza et al. (2004) ressaltam que uma complicação na utilização dos diagramas de estado para alimentos reside no fato de esses não serem soluções homogêneas ou isotrópicas, apresentando-se, a nível molecular, como micro-domínios heterogêneos que nunca existirão em equilíbrio verdadeiro. Essas regiões em alimentos podem existir como líquidos com solutos dissolvidos ou como sólidos no estado sólido amorfo, que não são estados reais de equilíbrio e podem resultar em observações anômalas. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.1, p.83-96, 2005 92 Transições de fases em alimentos:Influência no processamento e na armazenagem APLICAÇÃO DOS DIAGRAMAS DE ESTADO EM ALIMENTOS Um fato extremamente indesejável, no que diz respeito a alimentos, é modificação textural. Quem nunca teve a desagradável sensação de morder um biscoito completamente murcho? A crocância é uma característica que o consumidor espera encontrar em todos os biscoitos do tipo crisp cracker e é essencial para a sua qualidade. No entanto, quando a embalagem de biscoito é aberta e fica exposta às condições ambientes, em pouco tempo a sua textura se torna macia e ele perde a sua crocância característica. As modificações texturais sofridas por alimentos estão, diretamente, ligadas às alterações estruturais sofridas ao longo do seu tempo de prateleira. A água, devido ao seu efeito plasticizante, é um dos principais elementos responsáveis por essas alterações. Durante a armazenagem, muitos alimentos trocam umidade com o ambiente, o que resulta em alterações estruturais como a transição entre os estados vítero e gomoso. É essa a causa da perda de crocância de biscoitos tipo crisp cracker pouco tempo após a abertura da embalagem, se a mesma não for armazenada corretamente. A troca de umidade com o ambiente faz com que o alimento passe do estado vítreo para o gomoso, havendo perda de qualidade. O efeito plasticizante da água também afeta a qualidade de produtos em pó, principalmente aqueles com alta concentração de açúcares. Os processos de secagem por liofilização ou spray dryer, devido à rápida remoção de umidade, resultam em produtos no estado vítreo. Açúcares no estado amorfo são produtos altamente higroscópicos e absorvem água quando expostos a ambientes com elevada umidade relativa. Esse processo resulta em alterações estruturais, como a cristalização e o empelotamento, que resultarão em produtos com texturas indesejáveis, como a pegajosa e a granular, de acordo com as condições de temperatura e umidade do ambiente. Essas alterações estruturais são indesejáveis, pois interferem na habilidade de dissolução e no escoamento livre dos pós. Além disso, as transições de fase em pós podem ocasionar a perda de componentes voláteis ou à oxidação de Leite et al. lipídeos encapsulados (Saltmarch & Labuza, 1980; Douwnton et al., 1982; Bhandari et al., 1997; Labuza et al., 2004). De acordo com Labuza et al. (2004), atividades de água entre 0,3 e 0,4, à temperatura ambiente, são suficientes para provocar alterações estruturais como o empelotamento de pós e a perda de crocância. Labuza et al. (2004) apresentaram a importância do uso de diagramas de estado no estudo da cristalização de algodão doce, do endurecimento de biscoitos macios e no amolecimento de alimentos crocantes. A perda de textura do algodão doce está diretamente associada à cristalização do açúcar, ocasionada pela absorção de umidade. Labuza et al. (2004) concluíram que o açúcar que forma o algodão doce (sacarose) cristaliza rapidamente e perde sua estrutura quando, devido à absorção de umidade, é levado a ambientes com temperatura superior à de transição vítrea. Estudos mostraram que a adição de inibidores da cristalização, como os açúcares trehalose e rafinose, pode aumentar o tempo de prateleira desse produto. As alterações texturais sofridas por biscoitos macios (soft crackers) ou por alimentos crocantes (batatas chips, pipoca, crisp crackers), durante o processamento e a armazenagem podem ser melhor compreendidas através do estudo dos diagramas de estado. Na Figura 5 é apresentado um diagrama de estado hipotético, onde são mostradas as regiões de equilíbrio e as regiões amorfas. Na Figura 5, um material que se encontre na posição 1 estará no estado gomoso, como é o caso de uma massa para biscoitos. Labuza et al. (2004) citam o exemplo de uma massa de biscoitos sendo assada. Durante esse processo, o produto sofrerá um aumento de temperatura, seguido pela perda de umidade e posterior refriamento até a temperatura ambiente (linha pontilhada). O estado físico do material, após o resfriamento, irá depender da perda de umidade sofrida durante o processamento. Biscoitos crocantes (crisp crackers) deverão ser assados até o estado vítreo (posição 3), ao passo que biscoitos com textura mais macia, como é o caso de cookies com gotas de chocolate, deverão continuar no estado gomoso (posição 2). Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.1, p.83-96, 2005 Transições de fases em alimentos:Influência no processamento e na armazenagem Leite et al. 93 Legenda: Posição 1; Posição 2; Posição 3 Figura 5 – Diagrama de estado hipotético mostrando as regiões de equilíbrio e as regiões amorfas (Adaptado de Labuza et al.(2004). Em alguns alimentos, é possível observar a co-existência dos estados vítreo e gomoso. Um exemplo típico Labuza et al. (2004) são os biscoitos recheados, nos quais o recheio é macio e encontra-se no estado gomoso e os biscoitos, mais crocantes, encontram-se no estado vítreo. Hyman & Labuza (1998) afirmam que, caso haja diferença entre as atividades de água dos materiais em contato, ocorrerá uma troca de umidade entre eles. O biscoito irá absorver umidade e perder crocância (deslocamento no diagrama para a esquerda), enquanto o recheio irá ficar mais duro e ressecado devido à perda de umidade (deslocamento no diagrama para a direita). De acordo com Labuza et al. (2004), biscoitos macios (soft cookies) são alimentos com uma umidade final, após assados, entre 7 e 10% e uma atividade de água entre 0,5 e 0,65. Logo que são retirados do forno, esses biscoitos são extremamente macios e apresentam alta mastigabilidade. No entanto, após cerca de 24 horas, eles se tornam secos e com textura dura e esfarelenta, sem que haja qualquer alteração na umidade. No caso desses biscoitos, o endurecimento é provocado pela cristalização da sacarose, que ocorre durante a vida de prateleira do produto. Durante a mistura e o cozimento dos biscoitos, a sacarose se dissolve e, enquanto a umidade é perdida, ela passa para o estado amorfo (posição 2, na Figura 5) e permanece nele enquanto o material se mantiver acima da temperatura de transição vítrea (1990). De acordo com o diagrama de estados, ao longo da vida de prateleira dos biscoitos, a sacarose dissolvida sofre uma cristalização, resultando em uma redução do volume de plasticizante e consequentemente, nas alterações texturais observadas. Biscoitos crocantes (crisp crackers) apresentam alterações na textura com o ganho de umidade. Katz & Labuza (1981) estudaram a textura desses biscoitos em função da atividade de água e observaram que alimentos crocantes (pipocas, biscoitos de água e sal, batatas chips) apresentaram alterações texturais quando a atividade de água excedeu a faixa de 0,35-0,50. Labuza et al. (2004) afirmam que a teoria da transição vítrea permite uma melhor compreensão das alterações texturais ocasionadas nesses produtos, devido ao aumento da umidade. Se um material amorfo existe no estado vítreo, ele é duro e quebradiço, o que, para alimentos tipo snacks à base de cereais, representa uma textura crocante ou dura. No estado amorfo gomoso, esses alimentos apresentam uma textura macia e elástica que pode ser definida como empapada e é totalmente indesejável. A transição do estado vítreo para o gomoso ocorre quando o alimento absorve umidade suficiente para que a sua temperatura de transição vítrea caia abaixo da Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.1, p.83-96, 2005 94 Transições de fases em alimentos:Influência no processamento e na armazenagem temperatura ambiente, de acordo com o diagrama de estados. Na Figura 5, a posição 3 representa o alimento no estado vítreo. O ganho de umidade, a uma temperatura constante, faria o alimento passar da posição 3 para a posição 2, se ele estivesse armazenado a uma temperatura superior à Tg, nessa umidade. Baroni (2004) ressalta a importância dos diagramas de estado para as novas formulações, uma vez que o conhecimento do comportamento dos constituintes do alimento na região de mudança de estado pode ser de grande valia na predição de estabilidade e de mudanças da textura, quando o produto é submetido a várias condições de temperatura e umidade relativa. De acordo com a autora, os diagramas de estado mostram as relações entre a composição do produto e seu estado físico, fornecendo informações fundamentais para a sua adequada formulação, de modo que se obtenha um produto final sob as melhores condições de estabilidade e qualidade. Leite et al. Chirife, J.; Iglesias, H. A. Equations for fitting water sorption isotherms of foods: Part 1. Journal of Food Technology. v. 13, n.3, p.159-174. 1978. Couchman, P. 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Dessa forma, o conhecimento da variação da temperatura de transição vítrea com a composição dos alimentos é de fundamental importância na definição da formulação dos alimentos, bem como das condições ideais de processamento e armazenagem, de modo que se obtenham produtos de qualidade. AGRADECIMENTOS Agradecemos à FAPESP, ao CNPq e à UNICAMP. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Baroni, A. F. Propriedades mecânicas, termodinâmicas e de estado de tomate submetido à desidratação osmótica e secagem. Campinas, 2004. 226f. Tese (Doutorado em Engenharia de Alimentos) – Faculdade de Engenharia de Alimentos, Universidade Estadual de Campinas. Bhandari, B. R.; Datta, N.; Howest, T. Problems associated with spray drying of sugar-rich foods. Drying Technology. New York. v.15, n.2, p.671-684. 1997. Franks, F.; Asquith, M. H.; Hammond, C. C.; Skaer, H. B.; Achlin, P. Polymeric cryoprotectants in the preservation of biological ultrastructure I. 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Os nomes dos autores serão numerados com algarismos arábicos que terão a cada número uma chamada de rodapé onde se fará constar a sua função, titulação, instituição, endereço postal e eletrônico (email), telefone e fax. O texto deverá ser alinhado nos dois lados e com a tabulação de 1cm para o inicio de cada parágrafo. Figuras Tabelas e Fotos - Deverão ser inseridas logo abaixo do parágrafo onde foram citadas pela primeira vez. Nas legendas, as palavras Figura, Tabela e Foto devem estar em negrito e ter a letra inicial maiúscula e seu enunciado deverá ser alinhado à esquerda abaixo da primeira letra após a palavra Figura. As grandezas devem ser expressas no Sistema internacional. Exemplos de citações bibliográficas quando a citação possuir apenas um autor: ...Almeida (1997), ou ...(Almeida, 1997); quando a citação possuir dois autores: .... Almeida & Gouveia (1997), ou ....(Almeida & Gouveia, 1997); quando a citação possuir mais de dois autores: ....Almeida et al. (1997).... ou (Almeida et al., 1997). A referência deverá conter os nomes de todos os autores. Los textos deberán ser encaminados al editor de la Revista en disquete y 2 vías impresas, o por e-mail [email protected]. Artículos Científicos: deberán tener la siguiente secuencia: Titulo, Autor(es), Resumen, Palabras-claves, Titulo en ingles, Abstract, Keywords, Introducción, Materiales y Métodos, Resultados y Discusión, Conclusiones, Agradecimientos (facultativo) y Referencias Bibliográficas. Artículos Técnicos: Deben ser escritos en lenguaje técnica de fácil comprensión, en asuntos de interés de la comunidad que demuestren una contribución significativa en el asunto. Los artículos deben contener: Titulo, Autor(es), Resumen, Palabras-claves, Titulo en inglés, Abstract, Keywords, Introducción, Materiales y Métodos, Resultados y Discusión, Conclusiones, Agradecimientos (facultativo) y Referencias Bibliográficas. Texto: La composición del texto deberá ser echa en el Editor de texto - Word para Windows versión 6.0 o superior, utilizando la fuente Time New Roman, tamaño 11, excepto para la notas de rodapié y titulo, que deberán tener tamaño 8 y 12 respectivamente. El formato del texto deberá tener la siguiente disposición – Tamaño carta, orientación de retrato en dos columnas, márgenes suprior y inferior, derecha y izquierda de 2,5 cm, enumeradas, espacio simples y en el máximo de 20 laudas. Todos los ítems deberán estar en letra mayúscula, negrito, itálico y centralizadas, excepto las Palabras-claves, Keywords y subítems que deberán ser alineadas por la izquierda en letras minúsculas y con la primera letra en mayúsculo. Los nombres de los autores deben estar dos espacios simples abajo del Título, escrito por extenso y en negrito, separados por vírgula. Los nombres de los autores serán enumerados con algaritmo árabe que tendrán a cada numero una llamada de rodapié donde se hará constar la función, titulación, institución, dirección postal y electrónica (e-mail), teléfono y fax. El texto deberá ser alineado por los dos lados y con la tabulación de 1 cm para el inicio de cada parágrafo. Figuras, Tablas y Fotos – deberán ser colocadas luego abajo del parágrafo donde fuera citada pela primera vez. En las legendas, las palabras Figuras, Tabla y Foto deben estar en negrito y tener la letra inicial mayúscula y en su enunciado deberá ser alineada por la izquierda con la primera letra después de la palabra Figura. Las unidades deben ser expresas en el sistema internacional Ejemplos de citaciones bibliográficas cuando la citación tiene un solo autor: ...Almeida (1997), o ...(Almeida, 1997); cuando la citación tiene dos autores: .... Almeida & Gouveia (1997), o ....(Almeida & Gouveia, 1997); cuando la citación tiene mas de dos autores: ....Almeida et al. (1997).... o (Almeida et al., 1997). Las referencias deberán contener los nombres de todos los autores. The texts should be sending to the Editor of the Journal in diskette and 2 printed sheets, or by e-mail [email protected]. Scientific articles: they should have the following sequence: Title, Author (s’), Abstract, Keywords, Title, Abstract and Key words in Portuguese, Introduction, Materials and Methods, Results and Discussion, Conclusions, Acknowledgements (optional) and Bibliographic References. Technical articles: They should be written in technical language of easy understanding, on subjects of the community's interest that demonstrate a significant contribution on the subject. The goods should contain: I title, Author (s’), Abstract, Keyword, Title in Portuguese, Abstract, Key words, Introduction, Description of the Subject, Conclusions and Bibliographic References. Text: The composition of the texts should be made in the text Editor - Word for Windows version 6.0 or superior, using source Times New Roman, size 11, except for the baseboard notes and title, that should present size 8 and 12, respectively. The format of the text should have the following disposition - size letter, orientation of arranged picture in two columns, margins superior and inferior, right and left of 2,5 cm, numbered, simple space and up to a maximum of 20 pages. All main items should be in capital letter, bold type, italic and centralized, except for Keywords and sub-items that should be aligned to the left in lower letter and with the first letter in capital letter. The authors' name should be two simple spaces below the title, written for complete name and in boldface, separated by comma. The authors' names will be numbered with Arabic ciphers that they will have to each number a baseboard call where it will make to consist its function, title, institution, postal and electronic address (email), telephone and fax. The text should be aligned in the two sides and with the tabulation of 1cm to the beginning each paragraph. Figures, Tables and Photos - they should be inserted soon below the paragraph where they were mentioned for the first time. In the legend, the words illustration, Controls and Photo should be in boldface and have the initial letter capital one and its statement should be aligned to the left below the first letter after the word it represents. The units should be expressed in the international system. Examples of bibliographical citations when the citation just possesses an author: ....Almeida (1997), or ....(Almeida, 1997); when the citation possesses two authors: .... Almeida & Gouveia (1997), or ....(Almeida & Gouveia, 1997); when the citation possesses more than two authors: ....Almeida et al. (1997).... or (Almeida et al., 1997). The reference should contain all the authors' names. Exemplos de referências bibliográficas: Ejemplos de referencias bibliográficas: Example of the bibliographic references: As referências bibliográficas deverão estar Las referencias bibliográficas deben ir en orden The list of bibliographic references must be in dispostas, em ordem alfabética, pelo sobrenome alfabética considerando el apellido del primer alphabetic order according to surname of first do primeiro autor. autor. author. a) Livro Martins, J.H.; Cavalcanti Mata, M.E.R.M. Introdução a teoria e simulação matemática de secagem de grãos. 1.ed. Campina Grande : Núcleo de Tecnologia em Armazenagem, 1984. 101p. b)Capítulo de Livros Almeida, F. de A.C.; Matos, V.P.; Castro, J. de; Dutra, A.S. Avaliação da quantidade e conservação de sementes a nível de produtor. In: Almeida, F. de A.C.; Cavalcanti Mata, M.E.R.M. (ed.). Armazenamento de grãos e sementes nas propriedades rurais. Campina Grande: UFPB/SBEA, 1997. cap. 3, p.133-188. c) Revistas Cavalcanti Mata, M.E.R.M.; Braga, M.E.D.; Figueiredo, R.M.F.; Queiroz, A.J. de M. Perda da qualidade fisiológica de sementes de arroz (Oryza sativa L.) armazenadas sob condições controladas. Revista Brasileira de Armazenamento. Univ. Federal de Viçosa, Viçosa-MG. v.24, n.1, p.10-25, 1999. d) Dissertações e teses Queiroz, A.J. de M. Estudo do comportamento reológico dos sucos de abacaxi e manga. Campinas: UNICAMP/FEA, 1998. 170p. (Tese de Doutorado). e) Trabalhos apresentados em Congressos (Anais, Resumos, Proceedings, Disquetes, CD Roms) Figueirêdo, R.M.F. de; Martucci, E.T. Influência da viscosidade das suspensões na morfologia do particulado de suco de acerola microencapsulado. In: Congresso Brasileiro de Sistemas Particulados, 25, 1998, São Carlos, Anais... São Carlos: UFSC, 1998. v.2, p.729-733. ou (CD Rom). No caso de disquetes ou CD Rom, o título da publicação continuará sendo Anais, Resumos ou Proceedings, mas o número de páginas será substituído pelas palavras Disquete ou CD Rom. f) WWW (World Wide Web) e FTP (File Transfer Protocol) BURKA, L.P. A hipertext history of multi-user dimensions; MUD history. htpp://entmuseum9.ucr.edu/ENT133/ebeling/ebeling7.ht m1#sitophilusgranarius).10 Nov. 1997. a) Libro Cox, P.M. Ultracongelación de alimentos. 1.ed. Zaragoza : Editorial Acribia, 1987. 459p. b)Capítulo de Libro Moreno, F. Alteraciones fisicoquímicas en alimentos durante su congelamiento y subsecuente almacenaje. In: Parada, A.; Valeri, J. (ed.). Biología de los alimentos a baja temperatura. Armazenamento de grãos e sementes nas propriedades rurais. Caracas: UCV, 1997. cap. 2, p.218-237. c) Revistas Diniz, P.S.C.; Cavalcanti Mata, M.E.R.M.; Braga, M.E.D. Determinación del contenido de humedad máxima para crioconservación de semillas recalcitrantes de maíz. Ingeniería Rural y Mecanización Agraria en el ámbito Latinoamericano. La Plata, Argentina, v.1, p.373-377, 1998. d) Disertaciones y Tesis Zanetta, J. Transferência de calor em congelación de alimentos. Valparaíso : Universidad Católica de Valparaíso, 1984. 95p. (Tesis de Maestría). e) Trabajos presentados en Congresos (Anales, Resúmenes, Proceedings, Disquetes, CD Roms) Cavalcanti Mata, M.E.R.M; Braga, M.E.D.; Figueirêdo. R.M.F; Queiroz, A.J.M. Influencia de los daños mecánicos superficiales en la germinación de semillas de maíz en función de su grado de humedad y de la velocidad de rotación de la desgranadora mecánica. In: I Congreso Ibero-Americano de Ingenieria de Alimentos, Anales... Valencia, España, Tomo II, Capítulo III, p. 385-397, dez. 1996 o (CD Rom). a) Book Brooker, D.B.; Bakker-Arkema, F.W.; Hall, C.W. Drying and storage of grains and oilseeds. New York, The AVI Van Nostrand Reinhold, 1992, 450p. b) Chapter in a book Schaetzel, D.E. Bulk storage of flour In: Christensen C.M. (2aed.). Storage of cereal grains and their products. St. Paul, Minnesota : American Association of Cereal Chemist, 1974. cap. 9, p.361-382. c) Journals Biswal, R.N., Bozokgmehk, K. Mass transfer in mixed solute osmotic dehydration of apple rings. Trans. of ASAE, v.35, n.1, p.257-265, 1992. d) Dissertation and Thesis Fortes, M. A non-equilibrium thermodynamics approach to transport phenomena in capillary-porous media with special reference to drying of grains and foods. Purdue University, 1978, 226 p. (Thesis Ph.D.). e) Papers presented in congress (Annals, Abstracts, Proceedings, Diskettes, CD Roms)) Cavalcanti Mata, M.E.R.M.; Menegalli, F.C. Bean seeds drying simulation. In: InterAmerican drying Conference, 1, 1997, Itu Proceedings… Campinas-SP, Brazil : UNICAMP, July, 1997. v. B, p.508-515. or (CD Rom). In case of diskettes or CD Rom, the title of the publication still will be Annals, Abstract or Proceedings, but the page number should be substituted by words Diskettes or CD Rom. h) WWW (World Wide Web) e FTP (File Transfer Protocol) BURKA, L.P. A hipertext history of multi-user dimensions; MUD history. htpp://entmuEn caso de disquetes o CD Rom, el título de la seum9.ucr.edu/ENT133/ebeling/ebeling7.htm1# publicación continuará siendo Anales, sitophilusgranarius).10 Nov. 1997. Resúmenes o Proceedings, mas el número de las páginas serán substituido por la palabra Disquete o CD Rom. g) WWW (World Wide Web) e FTP (File Transfer Protocol) BURKA, L.P. A hipertext history of multi-user dimensions; MUD history. htpp://entmuseum9.ucr.edu/ENT133/ebeling/ebeling7.ht m1#sitophilusgranarius).10 Nov. 1997. ENDEREÇO ADDRESS DIRECCIÔN Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais Caixa Postal 10.078 CEP. 58109-970 - Campina Grande, PB, BRASIL Fone: (083)2101-1288 Telefax: (083)2101-1185 E-mail: [email protected] ou [email protected] Home Page: http//www.lappa.deag.ufpb.rbpa LABORATÓRIO DE CRIOGENIA O Laboratório de Criogenia da Área de Armazenamento e Processamento de Produtos Agrícolas do Departamento de Engenharia Agrícola da Universidade Federal de Campina Grande, desenvolve trabalhos de ponta a ultrabaixas temperaturas de modo a atender o desenvolvimento tecnológico do País. As pesquisas com criogenia concentram-se em: Crioconservação de sementes Sementes de espécies florestais Sementes de interesse econômico das regiões do País Sementes de plantas medicinais Sementes de espécies ameaçadas de extinção Congelamento a ultrabaixas temperaturas de alimentos Congelamento de carnes (bovinos, caprinos, suínos) Congelamento de moluscos e crustáceos Congelamento de pescados Esterilização de materiais biológicos Limites de termo-resistência de fungos e bactérias Sistemas de agregação de partículas de sujidade Coordenação da Área de Armazenamento e Processamento de Produtos Agrícolas Av. Aprígio Veloso, 882 - Caixa Postal 10.087 - Fones: (83) 2101-1288; 2101-1551 - Fax: (83) 2101-1185 E-mail: [email protected] TRANSPORTE DE CALOR E MASSA EM SÓLIDOS HETEROGÊNEOS: UM ESTUDO TEÓRICO VIA ANÁLISE CONCENTRADA (Heat and mass transfer in heterogeneous solids: A theoretical study by lumped analysis) PRODUÇÃO E ESTUDO DO POTENCIAL DE HIDRÓLISE DE UMA NOVA FONTE ENZIMAS AMILOLÍTCAS A Genival da Silva Almeida, Fabrício José Nóbrega Cavalcante, Antonio Gilson Barbosa deDE Lima PARTIR DO MALTE DE MILHO (Zea mays) (Production and study of the hydrolyse power of a new amylases source by maize (Zea mays) malt) Alex Ferreira DE Evangelista, Joana Paula Menezes Biazus, José Carlos Curvelo DE Santana, Elizabete Jordão, Roberto DE Rodrigues ATIVIDADE ÁGUA, CRESCIMENTO MICROBIOLOGICO E PERDA MATÉRIA SECA DOS GRÃOS CAFÉ de Souzaarabica L.) EM DIFERENTES CONDIÇÕES DE ARMAZENAMENTO (Water activity, microbiological increase (Coffea and dry matter loss of the coffee grains (Coffea arabica L.) in different storage conditions) Paulo César Afonso Júnior, Paulo César Corrêa, Fabrício Schwanz da Silva, Deise Menezes Ribeiro FORMA, TAMANHO E CONTRAÇÃO VOLUMÉTRICA DO FEIJÃO (Phaseolus vulgaris L.) DURANTE A SECAGEM (Form, size and shrinkage of edible bean (Phaseolus vulgaris L.) during drying) Osvaldo Resende,FÍSICO-QUÍMICA Paulo César Corrêa, André Duarte Goneli, Roberto Cecon AVALIAÇÃO DE Luís FARINHAS DE Paulo MANDIOCA DURANTE O ARMAZENAMENTO (Physicochemical evaluation of the cassava flour during the storage) Cândido José Ferreira Neto, Rossana Maria Feitosa de Figueirêdo, Alexandre José de Melo Queiroz APLICAÇÃO DO PLANEJAMENTO FATORIAL PARA OTIMIZAÇÃO DO ESTUDO DA PRODUÇÃO DE FERMENTADO DO FRUTO DA PALMA FORRAGEIRA (Application of factorial design for optimization of the wine productionDO of the prickly pear cactus fruit) EFEITO BENEFICIAMENTO NAS PROPRIEDADES FÍSICAS E MECÂNICAS DOS GRÃOS DE ARROZ DE Roseany de Vasconcelos Vieira(Effect Lopes, of Aleksandra Silva Rocha, Flávio Luiz Honorato da Silva,properties JosivandaofPalmeira DISTINTAS VARIEDADES the beneficiation in the mechanical and physical the rice Gomes grains de of Gouveia varieties) different Fabrício Schwanz da Silva, Paulo César Corrêa, André Luís Duarte Goneli, Rodrigo Martins Ribeiro, Paulo César Afonso Júnior UTILIZAÇÃO DE MEMBRANAS PLANAS NA CONCENTRAÇÃO DE ENZIMAS BROMELINAS DA POLPA DE ABACAXI (Ananas comosos L. ) (Utilizing of plain membrane in bromelian enzymes concentration from pineapple (Ananas comosos) pulp) COMPONENTES QUÍMICOS E ESTUDO DA UMIDADE DE EQUILÍBRIO EM VAGENS DE ALGAROBA (Chemical Francisco Luiz Lopes, João Baptista Severocontent Júnior, José Carlos beans) Curvelo Santana1, Roberto Rodrigues de Souza, Elias components andGumes study of the equilibrium moisture in mesquite Basile Tambourgi Francisco de Assis Cardoso Almeida, José Euflávio da Silva, Maria Elessandra R. Araújo, Josivanda Palmeira Gomes de Gouveia, Silvana A. de Almeida OBTENÇÃO E MODELAGEM DAS ISOTERMAS DE DESSORÇÃO E DO CALOR ISOSTÉRICO DE DESSORÇÃO PARA GRÃOSDO DEMELHOR TRIGO (Obtain and models of theEdesorption and desorption isotericDE heats at wheat grains ) OBTENÇÃO PROCESSO DE isotherm EXTRAÇÃO FERMENTAÇÃO DO CALDO ALGAROBA (Prosopis Paulo Cesar Corrêa, AndréOBTENÇÃO Luís Duarte Goneli, Osvaldo Resende, Menezes Ribeiro juliflora (Sw.) DC) PARA DE AGUARDENTE (TheDeise best process determination of extraction and fermentation of the mesquite (Prosopis juliflora (SW.) DC) broth to obtain liquor) Clóvis Gouveia Silva, Mario Eduardo R.M. Cavalcanti Mata, Maria Elita Duarte Braga, Vital de Sousa Queiroz ALTERAÇÕES DE COR DA ACEROLA EM PÓ SOB CONDIÇÕES CONTROLADAS (Alterations in the color of west Indian cherry powder under controlled conditions) Rossana Maria Feitosa de Figueirêdo, JoséPRESENTES de Melo Queiroz,Enny Therezinha Martucci ESTUDO DA SOLUBILIDADE DASAlexandre PROTEÍNAS NO SORO DE LEITE E NA CLARA DE OVO (Analysis of whey and egg white proteins solubility) Daniela Helena Pelegrine, Carlos Alberto Gasparetto MICROENCAPSULAMENTO DO UMBU EM PÓ COM DIFERENTES FORMULAÇÕES DE MALTODEXTRINA: ESTUDO DO TAMANHO DAS PARTÍCULAS POR MICROSCOPIA ELETRÔNICA (Microencapsulating of powdered umbu with different formulations of malthodextrin: Study of the size for microscopy) ANÁLISES DO CONSUMO ENERGÉTICO E SENSORIAL EMparticles SECAGEM DEelectronic MANJERICÃO SOB DIFERENTES Mario Eduardo R.M. Cavalcanti Mata, Sheila Soraia Araújo Medeiros, Maria Elita Martins Duarte TRATAMENTOS DE AR (Energetic consumption and sensorial analysis of basil drying under several kinds of air treatment) Anamaria Caldo Tonzar, Vivaldo Silveira Júnior. UMA EQUAÇÃO EMPÍRICA PARA DETERMINAÇÃO DE TEOR DE ÁGUA DE EQUILÍBRIO PARA GRÃOS (An empiric equation to determine the equilibrium moisture content of grains) Wilton P. da Silva, Mário E. R. M. Cavalcanti Mata, Jürgen W. Precker, Cleide M. D. P. S e Silva, Cleiton D. P. S. e Silva, Diogo PRODUÇÃO DE PASSAS DE ACEROLA EM SECADOR DE BANDEJA (Production of acerola raisins in tray dryer) D. P. S e Silva, Antonio Gilson Barbosa Lima Marcos F. de Jesus, Viviane L. Scaranto, Vahideh R. R. Jalali, Gabriel Franciso da Silva TRANSIÇÕES DE FASES EM ALIMENTOS: INFLUÊNCIA NO PROCESSAMENTO E NA ARMAZENAGEM (Phases AVALIAÇÃO DA ESTABILIDADE DA POLPA DE UMBU EM PÓ (Evaluation of the stability of the umbu pulp transitions in foods: Influence in the processing and storage) powder) Juliana Tófano de Campos Leite, Fernanda Elisabeth Xidieh Murr, Kil Jin Park Pablícia Oliveira Galdino, Alexandre José de M. Queiroz, Rossana Maria Feitosa de Figueirêdo, Ranilda Neves G. da Silva ESTUDO DAS ALTERAÇÕES DO HIDROXIMETILFURFURAL E DA ATIVIDADE DIASTÁSICA EM MÉIS DE ABELHA EM DIFERENTES CONDIÇÕES DE ARMAZENAMENTO (Study of the hidroximetilfurfural alterations and the diastase activity in honey of bee in different condition of storage) Zilmar Fernandes Nóbrega Melo, Maria Elita Martins Duarte, Mario Eduardo Rangel Moreira Cavalcanti Mata
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