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Revista Científica CENSUPEG, nº. 1, 2013, p. 2-15. ABORDAGEM NEUROPSICOLÓGICA NA PARALISIA CEREBRAL: ASPECTOS DA AVALIAÇÃO E REABILITAÇÃO APROACH NEUROPSYCHOLOGICAL CEREBRAL PALSY: ASPECTS OF THE EVALUATION AND REHABILITATION Alice Dolores Magalhães Carneiro1 Cybele Ribeiro Espíndola2 Resumo O presente artigo traz um panorama sobre abordagem neuropsicológica na paralisia cerebral, evidenciando uma série de questionamentos acerca das funções neuropsicológicas envolvidas como também, retratando aspectos da avaliação e reabilitação. A neuropsicologia estuda as relações entre o cérebro, o comportamento e os processos mentais buscando a relação entre cognição, comportamento e atividades no sistema nervoso em condições normais ou patológicas. Essas disfunções ou patologias por sua vez, podem estar relacionadas ao desenvolvimento anormal do sistema nervoso ou adquiridas no curso da vida. Partindo desse pressuposto, a presente pesquisa teve como objetivo primordial investigar as funções neuropsicológicas envolvidas na paralisia cerebral do tipo ataxia cerebelar fomentando discussões sobre aspectos da avaliação e reabilitação. Trazem em seu bojo como metodologia, uma pesquisa de cunho bibliográfica em bases de dados através dos descritores ataxia cerebelar, neuropsicologia e reabilitação fundamentada em artigos relacionados ao tema. Os resultados dos estudos demonstraram que pacientes com paralisia cerebral além de apresentarem um comprometimento motor, apresentam comprometimento em funções cognitivas como memória, atenção, linguagem, como também problemas associados. Descritores: Ataxia cerebelar. Neuropsicologia. Reabilitação. Abstract This paper presents an overview of neuropsychological approach in cerebral palsy, showing a series of questions about the neuropsychological functions involved as well, portraying aspects of assessment and rehabilitation. Neuropsychology studies the relationship between cognition, behavior and activities in the nervous system under normal or pathological. These pathologies or dysfunctions in turn can be related to abnormal development of the nervous system or acquired in the course of life. Based on this assumption, this study aimed to investigate the primary neuropsychological functions involved in cerebral palsy cerebellar ataxia type stimulating discussions on aspects of assessment and rehabilitation. Bring in its wake as a 1 Psicóloga, Especialista em Neuropsicologia pela Faculdade Christus. Especialista em Educação Especial e Inclusiva. Atua na área da Reabilitação de Crianças com Necessidades Especiais e Avaliação Neuropsicológica. 2 Psicóloga, Doutorado e Mestrado em Psiquiatria e Psicologia Médica, Especialista em Neuropsicologia. Professora Orientadora do curso de Neuropsicologia da Faculdade Christus. 2 Revista Científica CENSUPEG, nº. 1, 2013, p. 2-15. methodology, a literature search through the in the database via descriptors cerebellar ataxia, neuropsychology and rehabilitation based on articles related to the topic. The results of the studies showed that patients with cerebral palsy in addition to presenting a motor impairment have impairment in cognitive functions like memory, attention, language, as well as associated problems. Descriptors: Cerebellar Ataxia. Neuropsychology. Rehabilitation. 1 INTRODUÇÃO O presente artigo traz um panorama sobre a abordagem neuropsicológica na paralisia cerebral (PC) apresentando uma descrição das funções neuropsicológicas envolvidas como também, retratando aspectos da avaliação e reabilitação. Deste modo, ressalta-se que a neuropsicologia é um campo de investigação de natureza multidisciplinar, que estuda a relação entre cognição, comportamento e atividade do sistema nervoso em condições normais ou patológicas (CIASCA, GUIMARÃES & TABAQUIM, 2005 p.14). O termo paralisia cerebral é conceitualmente pouco preciso, porém tem sido mais utilizado na prática e na literatura, e, assim, ficou consagrado. Segundo Souza, (2005) a Organização Mundial de Saúde (OMS) considera inadequado o uso da expressão “Paralisia Cerebral”, uma vez que sugere uma ausência do funcionamento do cérebro, que estaria, por assim dizer, “paralisado”. Neste sentido, tal ausência do funcionamento cerebral já nos daria um diagnóstico clínico de morte cerebral ou de cérebro completamente paralisado, o que não condiz com a ocorrência sintomatológica da lesão cerebral, já que as lesões podem ocorrer em apenas algumas áreas do cérebro de forma parcial e não necessariamente em todas as áreas de forma integral. Vale ressaltar que, optamos neste estudo pelo uso da expressão Paralisia Cerebral em vez do termo clínico específico, ou seja, Encefalopatia Crônica da Infância – ECI. Para Paz (2003), esse termo permite que, uma numerosa gama de afecções, com etiologias e quadros clínicos extremamente variados, possa ser incluída. Esse grupo de afecções tem em comum o fato de acometer o sistema nervoso em uma fase em que ele é ainda imaturo, de apresentar um substrato lesional, anatomopatológico, que não sofre mais modificações após sua instalação, ainda que possa apresentar variações do quadro clínico. Ressalta-se então, que este artigo traz em seu bojo uma pesquisa bibliográfica tendo como objetivo primordial investigar as funções neuropsicológicas envolvidas na paralisia cerebral do tipo ataxia cerebelar fomentando discussões sobre aspectos da avaliação e reabilitação neuropsicológica. A metodologia utilizada para confecção deste artigo consiste na revisão de literatura, ocorrida no período de novembro á janeiro de 2011 compilando visões de diferentes autores evidenciadas nesse tipo de acometimento. Salientando-se em sua estrutura conceitos, causas, incidência, tipos e classificação. Vale ressaltar que, encontramos um número reduzido de referências bibliográficas voltadas particularmente para as pessoas com paralisia cerebral do tipo 3 Revista Científica CENSUPEG, nº. 1, 2013, p. 2-15. ataxia cerebelar, como também produções voltadas para neuropsicologia, avaliação e reabilitação. Todavia, utilizamos da literatura que abrange amplamente o tema para fundamentação teórica deste estudo. 2 PARALISIA CEREBRAL 2.1 DEFINIÇÃO E CAUSAS Para Fuentes et al (2009), essas disfunções ou patologias por sua vez, podem estar relacionadas ao desenvolvimento anormal do sistema nervoso ou adquiridas no curso da vida. Estudos como de Muszkat, (2005) e Vilanova (1998) são referências para refletirmos que a neuropsicologia também se baseia nos princípios da neuroplasticidade que está presente nas aquisições durante o desenvolvimento da criança e do jovem, no aprendizado de novas experiências ao longo da vida e após lesão cerebral. Assim, á medida que se expressa o curso do desenvolvimento infantil, também ocorrerão diferentes expressões do potencial de modificabilidade do cérebro pela experiência. No entanto, a plasticidade se insere numa perspectiva maturacional, assim como o próprio desenvolvimento notadamente nas perturbações do neurodesenvolvimento, como acidentes vasculares, lesões traumáticas pré-natal, ou pós-natal, epilepsia, tumores cerebrais etc. É sabido que o neurodesenvolvimento é caracterizado por processos neuropsicológicos diferenciados, com sua interface neurobiológica, cognitiva e emocional, que seguem uma programação evolutiva específica e tem seu marcos de acordo um perfil maturacional. Tal especificidade fundamenta a noção de que o desenvolvimento infantil deve ser compreendido na totalidade de suas expressões e não em aquisições isoladas. O desenvolvimento é um processo contínuo que incorpora mudanças físicas e psicológicas das pessoas vivendo em determinados contextos sociais, culturais e econômicos (MELLO, MIRANDA, MUSZKAT, 2005, p. 12). Segundo os mesmos autores citados, o desenvolvimento da criança depende da interação entre múltiplos fatores de crescimento neuronal diferencial das várias áreas cerebrais, do grau de mielinização das estruturas cerebrais, do desenvolvimento cerebral pré-natal e das possibilidades que tem o cérebro em desenvolvimento para reorganizar seus múltilplos padrões de respostas e conexões mediante a experiência ou diversos tipos de lesão cerebral, podendo determinar mudanças fundamentais durante o curso maturacional. Para Rapin (2000) o cérebro imaturo pode ser adversamente atingido a qualquer momento, desde a fertilização até a maturidade, porque distúrbios genéticos ou adquiridos podem desorganizar programas de desenvolvimento, ou infligir danos físicos. Entre as causas são malformações cerebrais, infecções ou acidentes vasculares cerebrais intra ou extra-uterinos, traumas ou lesões anóxico-isquêmica peri -natais, que podem ou não ocasionar graves distúrbios motores. 4 Revista Científica CENSUPEG, nº. 1, 2013, p. 2-15. Segundo Araújo (2009), em seu estudo sobre paralisia cerebral, enfatiza que PC foi descrito pela primeira vez por Little nos seus trabalhos iniciais entre 1843 a 1862, ligando a encefalopatia crônica a diversas causas, estabelecendo-se assim, relação com problemas ocorridos durante a gestação e o parto, dentre eles a asfixia neonatal. Não existe um fator dominante especifico para as causas da paralisia cerebral e, a maioria dos casos de PC ocorre por causas desconhecidas durante a gestação (pré-natal). Schwartzman (2004) sugere que as complicações durante o parto (causas peri- natais), antes consideradas como as mais frequentes, são as menos importantes, e hoje os problemas pré-natais são tidos como uma das principais causas de PC. Para Souza (2005) a paralisia cerebral apresenta uma desorganização tônica peculiar, uma das classificações da paralisia cerebral do tipo atetóide com componente distônico, na qual apresenta uma postura corporal retorcida ou padrão postural anormal, assumidos durante a tentativa de realizar movimentos voluntários que leva a um déficit na coordenação motora e, consequentemente a alterações posturais significativas, muitas vezes são interpretadas como deficiente mental, sem serem de fato. É certo que muitas destas pessoas podem apresentar um desenvolvimento intelectual segmentado, devido à falta de interação com o meio ambiente e/ou danos causados pela lesão cerebral. Paz (2003) descreve o termo cerebral referindo-se ao encéfalo, e paralisia como qualquer desordem que acometa o controle do movimento e postura, não restringindo apenas a paralisia. Os sintomas têm uma grande amplitude no seu aspecto clínico, assim como a gravidade. Além de os sintomas diferirem de uma pessoa para outra, eles podem apresentar melhora, em decorrência da maturação de sistemas neurais que persistiram intactos, além da plasticidade cerebral da criança, associados ao trabalho terapêutico, mas podem também apresentar piora, em decorrência do surgimento de convulsões, por vezes incontroláveis. Nesse contexto define-se como: Um grupo de distúrbios não progressivos do movimento e da postura, resultantes de lesões cerebrais ocasionadas durante os últimos meses de gravidez, do parto ou após o nascimento até os três anos de idade. Lembrando que, a paralisia cerebral pode encontra-se associada a perturbações sensoriais e mentais, trazendo sérias repercussões sobre a qualidade de vida dos pacientes. Assim, não há no cérebro uma paralisia total desta ou daquela área, o que ocorre é uma interrupção no comando de estímulos, em função de um mau funcionamento ou da ausência de determinada região cerebral, levando a consequências como disfunção no seu funcionamento cognitivo e motor. Nesse contexto Souza, 2005, Convém ressaltar que o cérebro, quando apresenta uma área com funcionamento precário, ele substitui suas funções, utilizando-se de outras áreas adjacentes para suprir tal necessidade, embora isto não signifique que os movimentos estejam normais. Assim, justificamos a existência de anormalidades e desorganização dos movimentos na pessoa acometida pela paralisia cerebral e também a sua possibilidade de reorganização parcial, ao longo do tempo, com tratamentos terapêuticos específicos. 5 Revista Científica CENSUPEG, nº. 1, 2013, p. 2-15. Souza (2005) em seu estudo sobre a desorganização motora na paralisia cerebral enfatiza que, algumas crianças têm alterações leves, quase imperceptíveis, que as tornam desajeitadas para andar, falar ou a usar as mãos. Outras são gravemente afetadas com incapacidade motora grave, impossibilitada de andar, falar, escrever, e muitas vezes com outros comprometimentos associados tais como: déficits na área cognitiva com prejuízo na aprendizagem, déficits sensoriais (visão e/ou audição), crises convulsivas, dentre outras características comportamentais e clínicas. Muitas se tornam dependentes nas atividades da vida diária e na realização das atividades funcionais da vida prática. Entre estes dois extremos existem os casos mais variados. De acordo com a localização das lesões e as áreas afetadas, as manifestações podem ser diferentes. Vilibor e Vaz (2010) enfatizam que: Pesquisas referentes ao desenvolvimento cognitivo e neuropsicológico sugeriram que as habilidades cognitivas são bem mais específicas e diferenciadas do que se acreditava. Na paralisia cerebral, poderão surgir como consequências alterações profundas no cognitivo e no desenvolvimento social, decorrente das dificuldades impostas pela desordem no desenvolvimento motor, resultante de inabilidade e limitação na habilidade do movimento de maneira eficiente e eficaz. O meio ambiente por sua vez, não é apenas o substrato ou localidade para esta comunicação. O organismo sofre modificações em sua estrutura física e funcional, incluindo seus padrões de desenvolvimento maturacional e ontogenético, modificando padrões de conexões de acordo com as várias influências. Assim falar em desenvolvimento é falar em aprendizagem e em plasticidade cerebral. Mello (2005 p.29) compreende que, A Plasticidade cerebral pode ser definida como uma mudança adaptativa na estrutura e função do sistema nervoso, que ocorre em qualquer fase da ontogenia, como função de interações com o meio ambiente interno e externo, ou ainda como resultante de lesões que afetam o ambiente neural. Ou seja, à medida que se expressa o curso do desenvolvimento infantil, também ocorrerão diferentes expressões do potencial de modificabilidade do cérebro, assim falamos que a plasticidade se insere em uma perspectiva maturacional, como o próprio desenvolvimento. A plasticidade neuronal ocorre de maneira adaptativa na estrutura e função do sistema nervoso. Para Muszkat e Mello (2012) a plasticidade opera em vários níveis: o neuroquímico, na modificação de neurotransmissores e neuromoduladores durante o crescimento e desenvolvimento modificando estratégias cognitivas de acordo com os desafios ambientais. Para Mello (2005) é importante ressaltar, ainda, que no estudo neuropsicológico do desenvolvimento se deve levar em conta variáveis além da natureza neurobiológica, como fatores sociais e culturais. Nesse sentido a lesão representaria um impulso mobilizador para que o cérebro reprograme seus padrões originais de especialização hemisférica. É importante ressaltar que embora a paralisia cerebral não seja progressiva, os sinais clínicos se modificam á medida que o sistema nervoso central amadurece e a 6 Revista Científica CENSUPEG, nº. 1, 2013, p. 2-15. criança cresce. Como consequência disto, observamos diferentes graus de comprometimento sensorial e motor. Dentre as infecções congênitas que atingem o feto, através da circulação placentária e que, entre outros déficits neurológicos, podem causar paralisia cerebral, destacamos as mais comuns: rubéola, herpes simples, sífilis, vírus da AIDS e toxoplasmose. Algumas condições metabólicas maternas também trazem riscos de desenvolvimento da paralisia cerebral a mais frequente é a desnutrição ou subnutrição das gestantes (SOUZA, 2005. p.22). 2.3 CLASSIFICAÇÃO E TIPOS Dentre os conceitos mencionados anteriormente, percebe-se uma clareza e diferenciação de alguns tipos de paralisia cerebral, de acordo com sua organização tônica muscular, ou seja, tensão exercida pelo músculo em condição normal, e a qualidade do comprometimento motor, que apresentar como sequela, elas pode ser classificado tipo espástica, atetóide, atáxica e hipotônica. Segundo Paz (2003) a forma espástica é caracterizada pela hipertonia espástica, é a mais frequente, correspondendo a 70 até 80% dos pacientes. Quanto à topografia, a paralisia cerebral pode ser classificada como: quadriparesia, diparesia ou hemiparesia. A hemiplegia ou hemiparesia quando um dos lados do corpo encontra-se afetado, a quadriplegia ou quadriparesia quando os quatros membros estão comprometidos e a diplegia ou diparesia quando os membros inferiores apresentam alterações tônicas ou paralisia. Os membros superiores apresentam melhor função que os membros inferiores. Souza, (2005) afirma que a forma espástica com quadriplegia apresenta algumas sequelas como a deficiência visual, auditiva e crises convulsivas com frequência. A paralisia cerebral com diplegia leva a comprometimentos motores mais suaves, se comparada com as citadas acima, pode haver deficiência auditiva e visual. Essas crianças ou adultos podem se movimentar com mais facilidade, muitas delas chegam a andar, sentar, são mais independentes. A paralisia cerebral do tipo Atetose / Distonia é caracterizada por movimentos involuntários e variações na tonicidade muscular resultantes de lesões dos núcleos situados no interior dos hemisférios cerebrais (Sistema Extra-Piramidal). Neste tipo, os movimentos involuntários que a criança apresenta são lentos, presentes nas extremidades das mãos e pés, contínuos e serpenteantes, dificultando os movimentos que a criança quer executar, pode haver caso de deficiência visual e ou auditiva, além de crises convulsivas nos primeiros anos de vida. As pessoas com paralisia cerebral do tipo atetóide caminham como se fossem cair, como se desequilibrassem o corpo durante qualquer movimento voluntário, no entanto, apresentam excelente capacidade cognitiva (SOUZA, 2005 p.29). A paralisia tipo Coréico é identificada como apresentando movimentos rápidos, amplos, presentes nas raízes dos membros, como ombro e quadril. Como são rápidos e amplos podem desequilibrar a criança e impedi-la de adquirir algumas posturas. A lesão é extrapiramidal em 20% dos casos. O outro tipo é o flácido; hipotônico que é pouco frequente e é a forma mais grave, com comprometimento motor intenso, 7 Revista Científica CENSUPEG, nº. 1, 2013, p. 2-15. hipotonia severa e inteligência bastante rebaixada (BALADI, CASTRO E FILHO 2009 p. 20). Dentre as classificações de paralisia cerebral supracitadas, a Ataxia por ser um tipo de PC mais rara será o foco central deste estudo. Para Baladi, Castro e Filho (2009) caracteriza-se por uma diminuição da tonicidade muscular, incoordenação dos movimentos e equilíbrio deficiente, devido a lesões no cerebelo ou das vias cerebelosas. Podem aparecer formas mistas com diferentes sintomas, o que torna difícil o diagnóstico e a intervenção. As manifestações motoras nessas crianças podem se manifestar com as alterações tônicas, dificuldade para realizar movimentos voluntários e movimentos involuntários. A Ataxia Cerebelar apresenta após um período de hipotonia, sinais cerebelares que dificultam a movimentação voluntária e a marcha. Há incoordenação estática e cinética, dismetria, marcha atáxica e fala disártrica. O tono muscular é reduzido, mas pode variar (BALADI, CASTRO E FILHO 2009 p. 20). Para Murachovschi (2006) ocorre geralmente em sequelas pós-natal, ou seja, traumatismo craniano, ou em estados como hidrocefalia não tratada ou mal controlada. É caracterizado por distúrbios de equilíbrio, com pouca fixação da cabeça, tronco, cintura escapular e pélvica devido à hipotonia como também tremor de ação, retrata também fala escandida. Hare, Durham e Green (2000) complementam que a maior parte das ataxias congênticas tem origem pré-natal, frequentemente genética, embora as lesões hemorrágicas cerebelares adquiridas já tenham sido descritas. As imagens do encéfalo na variedade familial podem revelar anormalidades de desenvolvimento, em especial do verme do cerebelo. Souza (2005) conceitua a ataxia como tendo movimentos voluntários, porém desajeitados ou desordenados. As crianças ou adultos acometidos têm falta de coordenação motora, não possuem movimentos de precisão das mãos, apresenta caminhada desorganizada e tônus muscular variável. Na neuroanatomia funcional do cerebelo Machado (2000) descreve que nas conexões extrínsecas do cerebelo, há algumas considerações funcionais, tais como na manutenção do equilíbrio e da postura na qual se fazem basicamente pelo arquicerebelo e pela zona medial (vérmis) que promovem a contração adequada dos músculos axiais e proximais dos membros. A influência do cerebelo é transmitida aos neurônios motores pelos tractos vestíbulo-espinhal e retículo-espinhal. Estudos como de BOBATH, Karel e BOBATH, Berta (2009) em pacientes com ataxia, apresentam problemas associados como uso das mãos devido à falta do controle postural e da falta de movimentos seletivos, como também, dificuldade em usar os olhos independentemente da cabeça, por exemplo, nistagmo, presença de disartria devido á falta do controle postural, coordenação pobre das estruturas motoras orais e da respiração, problemas articulares, evidenciando comprometimentos cognitivos, tais como; perceptuais específicos, visuoconstrução, relações espaciais relacionadas á lesão do cerebelo resultando em dismetria. 8 Revista Científica CENSUPEG, nº. 1, 2013, p. 2-15. O mecanismo através do qual o cerebelo controla o movimento envolve uma etapa de planejamento do movimento e outra de correção do movimento já em execução. O planejamento do movimento é elaborado na zona lateral do órgão, a partir de informações trazidas, pela via cortiço-ponto-cerebelar, de áreas do córtex cerebral ligadas a funções psíquicas superiores (áreas de associação) e que expressam a intenção do movimento (MACHADO, 2000 p. 225). Corroborando, do ponto de vista clínico e tendo em vista principalmente a localização de tumores cerebelares, os neurologistas costumam distinguir dois quadros patológicos do cerebelo: lesões do vérmis e lesões dos hemisférios. As lesões do hemisfério manifestam-se nos membros do lado lesado e dão sintomatologia neocerebelar relacionada, pois, á coordenação dos movimentos. Já as lesões do vérmis manifesta-se por perda do equilíbrio com alargamento da base de sustentação e alterações na marcha, o que chamamos de marcha atáxica (MACHADO, 2000 p.227). 2.2 INCIDÊNCIA Nos Estados Unidos, a incidência de PC tem variedade 1,5 a 5,9/1.000 nascidos vivos. No Brasil, estima-se que a cada 1.000 crianças que nascem, 7 são portadoras de PC.10,11 nos países em desenvolvimento como o Brasil, essa condição pode estar relacionada a problemas gestacionais, más condições de nutrição materna e infantil e atendimento médico e hospitalar muitas vezes inadequado, dada a demanda das condições clínicas apresentadas principalmente por crianças nascidas antes da correta maturação neurológica. Na verdade, o nascimento pré-termo, uma das causas da PC, está presente em cerca de 30% dos nascidos vivos (MANCINI, ET AL 2004 p.254). A real frequência de PC não é bem definida, pois depende dos critérios de inclusão que não são uniformes, além de ser variável de região para região, na dependência dos cuidados pré e perinatais. Em países subdesenvolvidos, a incidência deve ser maior que nos países do primeiro mundo, em decorrência de causas passíveis de prevenção de PC, especialmente as perinatais. Estima-se que por um ano surjam 4.500 novos casos de PC nos EUA e que a incidência seria de aproximadamente 0,3% da população (PAZ, 2003, p.884) Para Baladi, Castro e Filho (2009) em virtude da grande diversidade de quadros clínicos e etiopatogênicos, o fato da PC não ser uma doença de notificação compulsória, a existência de casos leves que ficam sem um diagnóstico definitivo, os dados relacionados a incidência e prevalência, são precários, principalmente em nosso meio. Nesse contexto esses autores colocam que, a real incidência é ainda muito questionada principalmente considerando-se que As condições de assistência pré e peri-natal não são satisfatórias a grande parcela da população, a mortalidade infantil é alta em muitas regiões do país, e portanto, a sobrevivência de prematuros e de baixo peso é menor nestas áreas, nas quais haverá um decréscimo de morbidade relativa à PC. 9 Revista Científica CENSUPEG, nº. 1, 2013, p. 2-15. No Brasil não há pesquisas específicas sobre a real incidência, há uma estimativa de cerca de 17000 novos casos de PC ao ano. Entretanto, há trabalhos que estimam até cerca de 30000 a 40000 casos novos por ano (BALADI, CASTRO E FILHO 2009 p. 16). 3 AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA A Paralisia Cerebral além de comprometer seu desempenho funcional como locomoção, autos-cuidados, comunicação, e interferir significativamente na sua interação nos diversos contextos sociais não só as limitações decorrentes de uma lesão interferem na sua interação com o mundo, como também os aspectos emocionais, fatores ambientais e culturais, que influenciam diretamente nas atitudes da criança frente ao mundo (MANCINI et al, 2004). A Ataxia Cerebelar pode aparecer de formas mistas, como também em diferentes tipos, as manifestações motoras nessas crianças podem se manifestar com as alterações tônicas, dificuldade para realizar movimentos voluntários, movimentos involuntários, padrões e posturas primitivas e patológicas, comprometendo desde o controle cervical, de tronco, preensão e enfim toda a evolução do desenvolvimento neuropsicomotor que uma criança sem nenhuma lesão apresenta (RAPIN, 2000 p. 415). Para Gauer, Gomes e Haase (2010) a avaliação neuropsicológica concentra-se em um campo de estudos e aplicação mais recente em comparação com a avaliação psicológica clássica baseada na psicometria. No entanto, há diferenças fundamentais entre psicometria clássica e avaliação neuropsicológica, pois não reside apenas nos objetivos e no contexto de aplicação, mas principalmente na ênfase da identificação do substrato neurológico presumido do comportamento que está sendo medido, entretanto, se propõe a observar o funcionamento normal ou anormal do substrato neural dos módulos cognitivos em questão. Mader-Joaquim (2010) enfatiza também que a avaliação neuropsicológica tratase da aplicação de técnicas de entrevistas, exames quantitativos e qualitativos das funções que compõe a cognição abrangendo processos de atenção, percepção, memória, linguagem e raciocínio. Há métodos considerados clássicos e outros ainda em construção. Nesse contexto, o processo de avaliação inicia com uma entrevista clínica onde o histórico do paciente é investigado (escolaridade, ocupação, antecedentes familiares e história da doença) e esses parâmetros são utilizados na análise de resultados e na interpretação do impacto cognitivo das doenças neurológicas (MADER-JOAQUIM, 2010, p.49). A avaliação pode ser estruturada por meio de baterias fixas, mas isso ocorre geralmente dentro de uma demanda específica. As baterias fixas são desejáveis e praticamente obrigatórias em pesquisas clínicas, portanto a escolha dos testes deve ser suficientemente abrangente para cobrir a investigação das funções comumente comprometidas nas doenças a serem investigadas retrata o autor. 10 Revista Científica CENSUPEG, nº. 1, 2013, p. 2-15. Para Miranda, Borges e Rocca (2010), a maturação neurológica dos bebês e seu consequente papel no desenvolvimento cognitivo tem sido objeto de inúmeras pesquisas. Está cada vez mais claro o papel de estruturas cerebrais específicas que influenciam diferentes aspectos da cognição. A memória implícita, por exemplo, parece desenvolver-se mais cedo e amadurecer mais rapidamente que a memória explicita. Durante os primeiros meses de vida, a memória para procedimentos se desenvolve a partir do estriado, e um precursor da memória explícita (no hipocampo) parece já desempenhar um papel importante na lembrança dos bebês de imagens ou sons. O cerebelo, responsável pelo equilíbrio e pela coordenação motora, cresce mais rapidamente também no primeiro ano de vida. De uma maneira geral, as regiões corticais estão maduras aos seis meses de idade, à exceção de regiões do lobo frontal que continuam amadurecendo por vários anos (MIRANDA, BORGES e ROCCA, 2010 p. 222). Segundo Vilibor e Vaz (2010), estudos em crianças com paralisia cerebral foram encontrados alterações de quociente de inteligência (QI), alterações na linguagem, percepção visual, auditiva, somatosensorial e funções executivas. Entretanto, crianças com PC do tipo Atetose no qual a lesão é sub-cortical pode ter comprometimento físico grave, mas a cognição é preservada como percepção auditiva, linguagem, raciocínio se forem exposta a um ambiente enriquecido e à interação social intensa desenvolvem com muito mais facilidade. Nesse contexto enfatizam que: Apesar do grande número de estudos apontarem para déficits perceptuais e motores, associados ao distúrbio de atenção e comportamento, alguns autores afirmam, principalmente com relação ao desenvolvimento cognitivo, que os fatores ambientais, seriam decisivos, sugerindo que a medida que a criança cresce, fatores ambientais teriam mais importância que os sinais neonatais de risco biológico. As funções neuropsicológicas envolvidas na paralisia cerebral do tipo Ataxia Cerebelar ainda não foram evidenciadas em estudos. Entretanto, Lima e Kaihami (2000) estudando avaliação das funções corticais superiores em pacientes com lesão cerebral, discorre que o cerebelo, principal região responsável pelo equilíbrio e ações motoras no qual ordena eventos no tempo e é essencial para algumas funções cognitivas, em lesões cerebelares, como citadas anteriormente na ataxia cerebelar, encontra-se déficit na memória procedimental (aquisição de ações e habilidades) e da memória declarativa (aquisição de fatos e recordação da informação determinada por um tempo específico e contextual). A avaliação neuropsicológica em crianças é recomendada em qualquer caso onde existe suspeita de uma dificuldade cognitiva ou comportamental de origem neurológica. Ela pode auxiliar no diagnóstico e tratamento de diversas enfermidades neurológicas, problemas de desenvolvimento infantil, comprometimentos psiquiátricos, alterações de conduta, entre outros (COSTA et al., 2004 p. 112). Segundo Chagas e Mancini (2002), o uso de testes padronizados na avaliação de aspectos específicos do desenvolvimento de crianças com paralisia cerebral serve a vários propósitos, incluindo áreas de habilidades e de dificuldades, estabelecimento de 11 Revista Científica CENSUPEG, nº. 1, 2013, p. 2-15. linguagem comum e facilitação da comunicação entre profissionais da equipe. Existe uma grande quantidade e variedade de testes padronizados disponíveis na literatura e no mercado. Para se fazer uma escolha adequada é importante que o profissional defina de forma clara o conteúdo ou aspecto do desenvolvimento que tenha interesse em informar e documentar. Assim uma vez realizada a coleta de dados, anamnese, avaliação clínica e aplicação dos testes padronizados poderão auxiliar em seu julgamento clínico e a definição de metas a serem atingidos no processo de reabilitação da criança. A avaliação de crianças com lesão cerebral é muito complexa. Para Sohlberg e Mateer (2010) é importante distinguir entre um déficit (uma deficiência persistente) e um atraso ou falha no desenvolvimento (que acarreta a suposição de que a criança pode eventualmente “alcançar”) resultante de uma lesão cerebral. Vilibor e Vaz (2010) observaram que o QI medido pelo Wichsler Intelligence Scale for Children (WISC III) nas crianças com PC eram mais baixos que no grupo controle, e estavam correlacionadas a uma menor área do corpo caloso. Assim a limitação motora pode provocar distorções na comunicação com o meio ambiente e dificuldades na construção do espaço e suas relações, o que prejudica o desenvolvimento das funções específicas da linguagem. O estudo foi realizado em crianças com PC com quadriplegia, diplegia e hemiplegias na qual a lesão é cortical, entretanto não foram evidenciadas estudo em PC do tipo Ataxia Cerebelar, ou seja, lesão sub-cortical. 4 REABILITAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA Segundo Abrisqueta-Gomez, (2012), no plano histórico da reabilitação neuropsicológica, pode observar que esforços para melhorar o funcionamento cognitivo de indivíduos vítimas de lesões cerebrais têm sido documentados desde meados do século XIX, começando pelas tentativas de pacientes com afasia. No entanto, os conhecimentos sobre as consequências das lesões encefálicas adquiridas (LEAs) foram intensificando particularmente após o regresso de soldados feridos de guerra, que comumente apresentavam traumatismo cranioencefálico (TCE). Contudo, devido aos sobreviventes apresentarem visíveis sequelas cognitivas, os sistemas de saúde de países desenvolvidos se viram ante a necessidade de não só fornecer reabilitação física senão tratamentos alternativos para aliviar déficits cognitivos. Nesse contexto, O ponto fundamental da reabilitação deve ser funcional: as ações de reabilitação devem ser centradas nos ganhos funcionais do cliente. A reabilitação precisa ser um processo claro e entendido por todos que estão envolvidos (ANDRADE, 2008 p.382). Assim, segundo Macedo e Boggio (2008) a reabilitação cognitiva busca tanto a recuperação quanto a compensação de funções cognitivas alteradas decorrentes de dano encefálico. Um programa para reabilitação cognitiva visa à recuperação da capacidade de uma pessoa para processar, interpretar e responder adequadamente ás informações do ambiente, bem como a criação de estratégias e procedimentos para compensar funções 12 Revista Científica CENSUPEG, nº. 1, 2013, p. 2-15. perdidas necessárias nos relacionamentos familiares, sociais, educacionais e ocupacionais. A possibilidade de o cérebro reorganizar seus múltiplos padrões de respostas e conexões mediante a experiência, mesmo após diversos tipos de dano cerebral, é um dos aspectos mais fascinantes das fronteiras das neurociências como reabilitação. Através dos mecanismos da plasticidade neural, a própria lesão representa um impulso mobilizador para que o cérebro reprograme seus padrões originais de funcionamento e especialização hemisférica (MUSZKAT e MELLO 2012, P.56). O campo da reabilitação neuropsicológica é uma área relativamente recente e se dedica a compreender de que maneira diferentes lesões cerebrais afetam as funções cognitivas, emocionais e comportamentais. Atualmente existe uma quantidade substancial de relatos e pesquisas clínicos documentando a eficácia das diferentes técnicas de reabilitação para aumentar ou compensar os déficits cognitivos após lesão cerebral em adultos. Entretanto, a pesquisa sobre a eficácia da reabilitação cognitiva para clientes pediátricos permanece rara. Dada a alta incidência de lesão cerebral na infância e seu impacto nas escolas, famílias e potencial vocacional, é uma área importante que requer estudo futuro (SOHLBERG e MATEER, 2010, p. 426). CONSIDERAÇÕES FINAIS No âmbito da discussão sobre abordagem neuropsicológica na paralisia cerebral, evidenciando aspectos do tipo Ataxia Cerebelar e suas correlações sobre funções neuropsicológicas envolvidas, percebeu-se que não há estudos concretos evidenciando comprometimento das funções neuropsicológicas como também avaliação e reabilitação em pacientes com acometimento em Ataxia Cerebelar. O que se observou nos estudos sobre Paralisia Cerebral é que muitas apresentam um comprometimento em processos sensoriais, perceptivos, deficiência visual e ou, auditiva podendo vir seguidas de crises convulsivas, ou problemas associados como também nas estruturas cognitivas como atenção, memória, funções de planejamento e função motora devida seu comprometimento acarretar danos nas estruturas piramidal e extrapiramidal podendo ser consideradas de fato, como deficiente intelectual sem serem de fato necessitando de mais estímulos. Apresentou-se que ao longo do desenvolvimento, as crianças modificam tanto o seu tipo de participação quanto a própria organização e que o meio ambiente através de estímulos necessários proporcionou maiores condições de aprendizagem. Ressaltamos que o resultado desse estudo detectou a falta de pesquisas e trabalhos científicos voltados para Ataxia Cerebelar e sim relatos de estudos retratando alguns aspectos encontrados em pessoas com Paralisia cerebral e funções cognitivas alteradas devidas seu comprometimento no curso maturacional. No entanto, é crescente o número de crianças acometidas com paralisia cerebral apresentando dificuldades no processo de ensino aprendizagem. 13 Revista Científica CENSUPEG, nº. 1, 2013, p. 2-15. Cabe sugerir um estudo com maior rigor em amostra maiores de grupo controle de pessoas com paralisia cerebral do tipo Ataxia e investigar com clareza, através de testes, a avaliação e reabilitação das funções neuropsicológicas envolvidas. Nota-se que por ser um tipo raro de paralisia não é muito estudada nem mencionada, pois seu aspecto cognitivo não se apresenta muito comprometido, devendo incluir-se nas escolas e na sociedade para uma melhor adaptação. REFERÊNCIAS ABRISQUETA-GOMEZ, J. e Colaboradores. Reabilitação Neuropsicológica: Abordagem Interdisciplinar e Modelos Conceituais na prática Clínica. Porto Alegre: Artmed, 2012. 368p. ANDRADE, S. L. Vida Prática e Reabilitação Neuropsicológica. IN: FUENTES, D. et al Neuropsicologia Teoria e Prática. Porto Alegre: Artmed, 2008 Cáp. 24. ARAÚJO, D. A. Fatores Dificultadores da Inclusão Escolar de Crianças com Paralisia Cerebral na Perspectiva do Cuidador. 2009.112f. Dissertação (Mestrado em Saúde e em Enfermagem)- Escola de Enfermagem da Universidade de Minas gerais, Belo Horizonte, 2009. BALADI, A. B.P.T. CASTRO, N.M.D. FILHO, M.C.M. Paralisia Cerebral. IN: FERNANDES, A. C et al. AACD - Medicina e Reabilitação: Princípios e Prática. Artes Médicas, 2009 cap. 02 p. 16. 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