Nas Trilhas da História Social: a ocupação do bairro do Guamá na
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Nas Trilhas da História Social: a ocupação do bairro do Guamá na
1 04 a 07 de agosto de 2013. Fortaleza-CE. Grupo de Trabalho: urbano e região. GT 1. Território e identidades: quilombos, espaço Título do Trabalho: A História da ocupação urbana no Tucunduba – Belém/Pará Autor: José Messiano Trindade Ramos [email protected] Instituição: Universidade Federal do Pará – UFPA. Programa de Pós Graduação em Ciências Sociais, com enfase em Antropologia. 2 A História da ocupação urbana no Tucunduba – Belém/Pará. José Messiano Trindade Ramos1 Resumo: O presente artigo historia o movimento de ocupação urbana na bacia hidrográfica do Tucunduba, uma das mais importantes da cidade de Belém do Pará. Nele, procura-se também analisar a participação dos movimentos sociais da área, especialmente aos pertencentes ao bairro do Guamá, no processo de luta pela posse da terra e de uma regularização fundiária e reforma urbana que atenda às reivindicações da sociedade, especialmente da classe menos favorecida. Palavras-chave: Tucunduba, regularização fundiária, reforma urbana, movimentos sociais. Abstract: The article describes the history of the occupation of the urban river called Tucunduba, and interprets this as one of the most important occupations made by grassroots movements in the city of Belém (PA). In that regard, it aims at analyzing the working of the grassroots movement in the neighborhood of Guama, as it struggles for land and dwelling within the scope and ideals of urban reform, which proposes better living conditions for the lower social classes. Keywords: Tucunduba, land tenure, reform urban, social movements. 1 Mestrando do Programa de Pós Graduação em Ciências Sociais da Universidade Federal do Pará UFPA, com ênfase em Antropologia. 3 Introdução Nossas pesquisas se concentram na bacia hidrográfica do Igarapé Tucunduba, uma das mais importantes da cidade de Belém do Pará, a qual vem passando, principalmente nessas duas últimas décadas, por um grande processo de regularização fundiária e de melhoria das condições de infraestrutura urbana. Porém, sabemos que esse movimento não pode acontecer, de maneira plena e democrática, sem a efetiva participação e controle dos movimentos sociais locais, que historicamente lutam por uma regularização fundiária que promova a justiça social e melhore a qualidade de vida da população, especialmente de sua parcela mais pobre. Para isso, está em curso a coleta, seleção e análise de um conjunto de fontes documentais produzidas por instituições e órgãos oficiais, por entidades do movimento social da área e pelos dois principais jornais de grande circulação da cidade; além de uma pesquisa etnográfica com um grupo de lideranças socioculturais locais, o qual tem profunda participação nesse movimento. As primeiras impressões da pesquisa já apontam para algumas questões relevantes, pois a mesma está contribuindo na construção de conhecimentos relacionados a cotidianidade e a identidade da comunidade local, além de problematizar e ampliar o debate e a produção de conhecimentos sobre a cidade para além de seu centro urbano e ícones históricos. A perspectiva dos estudos é também valorizar o protagonismo de lideranças socioculturais locais, pessoas que historicamente resistem, lutam e colaboram na construção de uma lógica identitária e de uma comunidade que atenda seus interesses sociais, pautados pela justiça social, solidariedade e democracia. Tucunduba: de sesmaria à área de ocupação 'desordenada' O início da ocupação urbana na várzea do Igarapé Tucunduba está intimamente ligada à presença portuguesa na Amazônia, afinal, a primeira forma de ocupação da área se refere a uma fazenda que foi doada como sesmaria pelo rei 4 lusitano, em 1728, para que o donatário explorasse as riquezas existentes, como madeiras e “drogas do sertão”; praticasse a agricultura e realizasse todos os serviços necessários para o desenvolvimento da área, como a construção de pontes, portos e caminhos. Para isso, o posseiro só pagaria o dízimo, tributo cobrado pelo governo2. Tucunduba é um nome de origem tupi guarani que significa “lugar que possui muitas árvores de tucum” – palmeira que fornece fibras para a fabricação de redes e cordas. Em 1755, a citada fazenda foi adquirida pelos padres mercedários, mas com a expulsão desses da Amazônia, em 1794, devido à reforma política promovida pelo ministro português Marquês de Pombal, ela foi confiscada e doada como “esmola” à Santa Casa da Misericórdia Paraense, instituição responsável pela assistência médica e social do Estado, à época. Ainda no final do século XVIII, na referida área, foi construída uma olaria, que tinha o objetivo de fornecer telhas e tijolos para a crescente cidade de Belém. Vejam que o interesse pelo local estava se tornando cada vez maior, devido, possivelmente, à posição geopolítica da fazenda, pois o igarapé do Tucunduba e o rio Guamá facilitavam o escoamento da produção e sua articulação com o centro da capital paraense e às demais áreas interioranas. No começo do século XIX, a Santa Casa de Misericórdia desativou a antiga olaria e improvisou no local um abrigo para os hansenianos que circulavam pelas ruas e praças da cidade de Belém, sem nenhum tipo de assistência e em constante contato com a população considerada sadia. Nasce, nesse momento, o “Hospício dos Lázaros do Tucunduba”, o primeiro leprosário da Amazônia, dando início a uma nova fase de ocupação da área, agora como espaço de reclusão social 3. Assim como os leprosários medievais europeus e os criados no Brasil nessa época, o hospital tinha como função menos cuidar e tratar de indivíduos atingidos pela hanseníase, que principalmente, afastar, isolar e vigiar corpos de pessoas contaminadas por uma doença ainda considerada incurável. O leprosário possuía seus traços segregadores internos. A administração, a capela, os pavilhões dos homens, das mulheres, das moças virgens, das crianças, 2 3 BAENA, Antônio. Compêndio das Eras do Pará. Belém. UFPA, 1969 (1ª ed. 1838), p. 76. RAMOS, José Messiano Trindade. Entre Dois Tempos: um estudo sobre o bairro do Guamá, a Escola “Frei Daniel” e seu Patrono. Belém, 2002, p. 12. 5 as casas dos hansenianos, além de um pequeno bar, com vitrola e bilhar e uma escola primária, cujos professores e alunos eram os próprios internos. Até moedas de alumínio, para uso exclusivo dos internados foram cunhadas. Esses mecanismos tinham como intenção separar cada grupo de doente, evitar as fugas e os contatos sexuais, a propagação da doença e reforçar uma certa disciplina, hierarquia e ordem. As pesquisas etnográficas realizadas anteriormente 4 apontam que muitas famílias de hansenianos optaram em morar às proximidades do hospital, para facilitar o contato e a assistência ao doente parente, fato que contribuiu também para o povoamento inicial das áreas contíguas ao leprosário. O pequeno hospital, que se assemelhava a uma espécie de colônia, foi desativado em 1938 e hoje o local está situado em parte do bairro do Guamá, um dos mais importantes e populosos de Belém, e nas terras da Universidade Federal do Pará, uma das mais relevantes instituições de ensino da Amazônia. Sobre esse espaço e o modo de vida dessa comunidade quase nada restou, somente algumas ruínas de paredes que foram aproveitadas após a sua desativação e a lembrança dos poucos moradores mais antigos. Oficialmente, buscou-se esquecer ou ignorar a história desse local e de sua gente. Neste período, o igarapé Tucunduba servia intensamente à pesca, ao tráfego de pequenas embarcações e ao lazer dos moradores, sendo a maior parte de sua várzea ocupada por matas e as poucas casas, na maioria de madeira e taipa, possuíam imensos quintais. No local era comum também a presença de carvoarias, vacarias e hortas. Vale notar que a referida área, apesar da proximidade com o centro da cidade, ainda estava inserida ao contexto urbano de Belém como um 'arrabalde' ou 'depósito de lixo social'5. Nesse sentido, o bairro ficou marcado pela forte presença 4 Durante o período de 1997 a 2002 foram realizadas várias entrevistas com antigos moradores do bairro do Guamá e do abrigo de hansenianos do Tucunduba, do Prata, no município de Igarapé Açu e de Marituba, na região metropolitana de Belém. Parte dessas pesquisas resultaram nas Monografia de Conclusão do Curso de Graduação e de Especialização em História, ambas pela Universidade Federal do Pará. 5 Esses conceitos de “lixo social” e “arrabalde” podem ser encontrados nos estudos realizados pelas pesquisadoras, respectivamente. FERREIRA, Carmena Fadul. Produção do espaço Urbano e Degradação Ambiental: um estudo sobre a várzea do igarapé do Tucunduba. Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Geografia Física do Departamento de Geografia FFLCH/USP, 1995 e RODRIGUES, Carmem Izabel. Vem do bairro do Jurunas: sociabilidade e construção de identidades entre ribeirinhos em Belém. Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Antropologia 6 de necrópoles e hospitais de isolamento, onde destacamos a existência, além do antigo leprosário, dos cemitérios de Santa Izabel (1887) e da Ordem Terceira de São Francisco (1885), dos hospitais Domingos Freire, São Sebastião e São Roque (fundados em 1900 e situados na área do atual Hospital Universitário João de Barros Barreto) e do Asylo Infantil Santa Terezinha, que abrigava os filhos nascidos no hospício do Tucunduba. Essa situação começa a se modificar durante o período da segunda guerra mundial e especialmente no momento imediatamente posterior, quando o mercado regional é reanimado pela tentativa de retomada da economia gomífera, causando uma etapa de grande crescimento populacional, acompanhando a tendencia das demais capitais brasileiras. Nota-se, nesse período, a presença marcante de migrantes, principalmente nor nda oficial do governo e pela perspectiva de melhoria das condições de vida, se depara, na realidade, com grandes dificuldades, como mercado de trabalho saturado, falta de oferta de habitações e deficientes serviços de infraestrutura 6. Nesse contexto, surgem as primeiras e principais ruas do bairro do Guamá, consideradas caminhos de terra batida, que eram muitas das vezes abertas pelos próprios moradores e sem o mínimo de infraestrutura urbana, como parte da atual Avenida José Bonifácio (antiga Pedreira do Guamá); a Estrada do Tucunduba (atual Rua Barão do Igarapé Miri); a Rua João de Deus; a Passagem Pedreirinha; a Vai quem quer (atual Frei Daniel); a Napoleão Laureano (antiga Beco do Piquiá); a Rua Augusto Corrêa (chamada de Passagem do Bacuri); a Ezeriel Mônico de Matos (antiga Lameira Bittencourt) e a Vinte de Fevereiro (antiga Aníbal Duarte). Destacase ainda a implantação do mercado municipal local, das primeiras escolas públicas, do pequeno posto médico e policial, da linha de transporte coletivo, do cliper de ônibus e das igrejas e templos religiosos. Nos anos seguintes, principalmente a partir de 1964, com a instauração da ditadura militar, o Estado brasileiro desenvolveu uma política econômica e social que apontou para a facilitação e penetração do capital nacional e internacional na região da Universidade Federal de Pernambuco. Recife, 2006. 6 ABELÉM, Auriléa Gomes. Urbanização e remoção: por que e para quem? Belém: Centro de Filosofia e Ciências Humanas/NAEA/UFPA, 1988, p. 12. 7 amazônica, representada pela construção das Rodovias Belém-Brasília, CuiabáSantarém e Transamazônica, além de estradas estaduais ligando núcleos urbanos a esses eixos rodoviários, o que facilitou o acesso e a mobilidade, intensificando, consequentemente, as relações intra regionais 7. Nessa mesmo contexto, podemos destacar também a construção de hidrelétricas e a implantação dos grandes projetos de exploração mineral, especialmente os dos município de Carajás, executado pela Companhia Vale do Rio Doce – CVRD e o de Barcarena, coordenado pela empresa Alumínio do Brasil -ALBRAS. É importante destacar, porém, que o financiamento desses enormes empreendimentos foi advindo dos vultuosos empréstimos realizados pelo governo dos militares juntos à bancos e agências de financiamentos multilaterais, como o BIRD e o FMI, aumentando consideravelmente nossa já pesada dívida externa e as acentuadas e injustas disparidades sociais nas áreas rurais e urbanas regionais. Esse período marca também uma fase de grande crescimento populacional e de ocupação desenfreada da cidade de Belém; afinal, os grandes projetos, ao invés de assegurar o desenvolvimento regional, a distribuição das riquezas e, principalmente, o aumento do poder aquisitivo e a melhoria das condições de vida da população, especialmente sua parcela mais empobrecida, eles contribuíram para o agravamento das tensões sociais no campo e na cidade, para a concentração fundiária e para o êxodo rural. No caso da capital paraense, nesta época, podemos notar o deslocamento da ocupação populacional do centro fundador da cidade (bairros da Cidade Velha, Campina e Reduto) para a periferia, obrigando muitas famílias de trabalhadores a ocuparem áreas da cidade que não tinham o mínimo de infraestrutura urbana, como a várzea do igarapé Tucunduba. Desta maneira, a ocupação do solo urbano da cidade transformou-se abruptamente das áreas mais altas e populosas para regiões alagadas ou alagáveis, que passaram a representar a possibilidade de garantir, ainda que sem o mínimo de condições, o direito à moradia. Esses deslocamentos foram primeiramente sentidos nos bairros do Marco, Pedreira, Telégrafo, Sacramenta (pertencentes à bacia hidrográfica do UNA); depois estendido para os bairros da Cremação, Guamá, 7 DIAS JR. José E. S. Cultura Popular no Guamá: Dissertação de Mestrado apresentado ao Programa de Pós Graduação em História da Amazônia/IFCH/UFPA, Belém. 2009, p. 43. 8 Canudos, Terra Firme; e posteriormente para o eixo Entroncamento - Augusto Montenegro e finalmente para áreas do município de Ananindeua, o que provocou a a necessidade de criação de vias de transporte, acarretando a incorporação das áreas baixas ao conjunto urbano de Belém e a consolidação dos contrastes urbanos no município8. No caso do bairro do Guamá e especificamente da várzea do igarapé Tucunduba, destaca-se nesse período a construção do Conjunto Habitacional “Alacid Nunes” (conhecido como Montepio), e do Campus Universitário do Guamá / UFPA (1968), criados com a perspectiva de diminuir o 'olhar' depreciativo causado pela presença dos tradicionais hospitais de isolamento e cemitérios e dar uma nova fisionomia à area, para que ela se tornasse mais atrativa e valorizada. Nota-se, nesse período, também, o surgimento de inúmeras organizações sociais na área do bairro do Guamá e da várzea do igarapé Tucunduba, como centros comunitários, associações de moradores e comunidades eclesiais de base; essas últimas ligadas a teologia da libertação, importante ala popular da igreja católica. Essas organizações tiveram um papel primordial pois, com a intensificação das transformações urbanas locais e o papel centralizador e autoritário dos urbanistas e gestores públicos, que buscavam implantar as ações sem o mínimo de diálogo com a sociedade, o movimento social se posicionou como intermediador critico e combativo, pois contribuíram para pressionar o Estado a reconhecer e atender as suas demandas, além de legitimar a cidadania e o reconhecimento social da comunidade. Destaque para o Movimento de Titulação e Urbanização da Área do Tucunduba – MOTUAT, que transformou-se numa das referências sociais ao tornarse representante das reivindicações populares na luta pelo direito de morar em terras consideradas da Universidade Federal do Pará – UFPA. Porém, a despeito da história e da participação do movimento social no processo de regularização fundiária e na luta pela posse da terra, ele será objeto de análise para os momentos que se seguem. 8 ALVES, Edivania Santos. Marchas e contramarchas na luta pela moradia na Terra Firme (1979 -1994). Dissertação de Mestrado. Universidade Federal do Pará, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação História Social da Amazônia, Belém, 2010, p. 59-60. 9 A história de luta e organização da comunidade A partir dos anos de 1970, conforme verificamos no capítulo anterior, o Estado do Pará esteve marcado por uma profunda crise, resultado dos fracassados projetos de desenvolvimento e da política de integração da Amazônia ao restante do país. Em Belém, houve a fragmentação do cinturão institucional e o crescimento populacional vertiginoso, intensificado pelo êxodo rural e a consequente ocupação desordenada das áreas periféricas, representada pelo fluxo migratório de famílias de baixa renda, que se instalaram em terrenos com precárias condições de habitabilidade, geralmente alagados e sem títulos de propriedade. Nesse contexto, o poder público, procurando atender às demandas emergenciais da população que habitavam nessas áreas periféricas, ora levado por interesses eleitoreiros ou por pressões dos próprios moradores e de suas organizações representativas, começou a criar necessários serviços de infraestrutura urbana e a permitir deliberadamente as ocupações desordenadas, como alternativa viável de minimizar os efeitos da ausência estatal em promover uma política habitacional séria e que atendesse as expectativas das classes menos favorecidas. Vale ressaltar também que o país vivia, nesse período, um momento de aglutinação e fortalecimento dos movimentos sociais que pautavam a reforma agrária e urbana e a regularização fundiária, demonstrando grande insatisfação pela ditadura militar e pela maneira autoritária de governar, que era respondido, na maioria das vezes, com ações de forte repressão e violência. Em Belém, conforme podemos perceber pelas inúmeras matérias vinculadas nos jornais de grande circulação, as manifestações e reivindicações dos movimentos populares, representados principalmente pela Comissão dos Bairros de Belém – CBB, ganharam forte legitimidade e notoriedade, conforme verificamos n’O Liberal, de 1987. A Comissão dos Bairros de Belém (CBB) vai lançar hoje às 15 horas, na sede do Sindicato da Construção Civil, a Campanha da Moradia que abrange a luta pela legalização de áreas de posse em benefício de famílias menos favorecidas, a campanha busca alertar 10 a população e as autoridades a cobrar a resolução de problemas como os de transportes coletivos, educação, sanitarismo e distribuição de água e luz – principais dores de cabeça para a população das zonas periféricas de Belém, e mesmo para quem reside no centro da cidade. Na campanha da moradia, residentes em cada bairro terão oportunidades para cobrar soluções para os problemas que mais os afligem9. No caso específico da várzea do Tucunduba, esse processo de ocupação e posse do solo urbano foi centrado na luta pelo direito à moradia e avançou sobre os leitos do Igarapé Tucunduba, crescendo ainda mais o nível de desmatamento, erosão e assoreamento das margens do igarapé; o que aumentou consequentemente o problema da drenagem das águas pluviais, dos alagamentos e da saúde pública dos moradores10. Vale lembrar que parte considerável dessas terras pertenciam à Universidade Federal do Pará, o que motivava ainda mais as tentativas de ocupação, pois era considerada uma área pública e extremamente valorizada da cidade, por estar às proximidades do centro urbano e não ter, naquele momento, grande utilidade social, haja vista que existiam poucas edificações construídas em relação as dimensões da área. Outro fator importante a ser mencionado era que a maioria dessas ocupações que ocorrem na cidade, durante este período, era incentivada por políticos e governantes, que geralmente procuravam cooptar as lideranças comunitárias para receber em troca benefícios eleitoreiros. Para se ter uma noção, a distribuição de documentação de títulos de posse eram geralmente feitas em cerimônias e atos públicos, junto às comunidades de moradores que “invadiam” essas áreas 11. Geralmente essas ocupações eram realizadas para atender as demandas de moradia, mas também de especulação imobiliária. Na maioria dos casos, os terrenos 9 O LIBERAL. CBB inicia campanha da moradia hoje e ato público na terça. Cidades, p. 9, 25/04/1987. 10 FERREIRA, Carmena Fadul. Produção do espaço Urbano e Degradação Ambiental: Um estudo sobre a várzea do igarapé do Tucunduba. Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Geografia Física do Departamento de Geografia FFLCH/USP, 1995, p. 136. 11 ALVES, Edivania Santos. op.cit, p. 77. 11 eram limpos, a vegetação totalmente cortada e queimada e as habitações eram feitas com materiais e de maneira extremamente simples, construídas pelos próprios moradores, amigos e parentes. Quase não existia nenhum subsídio por parte do poder público, salvo ajudas de maneira assistencialista e interesseira, como a doação de materiais de construção, cestas básicas e utensílios domésticos. Outro problema evidenciado foi uma politica habitacional que discursava sobre a moradia como direito básico para alcançar a cidadania plena, mas que na prática, fazendo coro às prerrogativas neoliberais de diminuição do Estado, buscava atender de maneira esporádica o processo de titulação de algumas áreas ocupadas e garantir um mínimo de infraestrutura urbana em detrimento da política pública de construção de unidades habitacionais. Nesse contexto, a Companhia de Habitação do Estado do Pará – COHAB, a Secretaria Municipal de Habitação – SEHAB e Companhia de Desenvolvimento Metropolitano – CODEM, órgãos responsáveis pelo planejamento e execução da política estadual e municipal de habitação, realizaram suas principais ações visando basicamente a reorganização e regularização dos lotes ocupados, a realização de serviços infraestruturais e a implantação de equipamentos urbanos básicos (água, energia elétrica, drenagem e pavimentação) nas referidas áreas de ocupação 12. No início dos anos de 1990, para conter os graves problemas urbanísticos e ambientais, representados pelas constantes situações de alagamento e enchentes em diversos pontos críticos da cidade, deixando a maioria da população em situação de desespero e revolta, o governo do Estado, com a participação da Prefeitura Municipal de Belém, pressionados pelos movimentos sociais, com base em diversas reivindicações pautadas desde os anos 70, começa a executar as obras de macrodrenagem da Bacia do Una, cuja perspectiva era melhorar a situação urbanística dos moradores de pelo menos nove bairros da cidade. Em relação à bacia hidrográfica do Tucunduba, somente no período de 1997 a 2004, coordenado pela gestão municipal, é que efetivou-se a realização da primeira fase no Projeto Tucunduba, que resultou na retificação do igarapé que emprestou o nome ao lugar, garantindo a sua navegabilidade; drenagem e 12 ALVES, Joana Valente Santana. Belém, a capital das invasões. 1997. Dissertação (Mestrado em Planejamento do Desenvolvimento) - Núcleo de Altos Estudos Amazônicos, Universidade Federal do Pará, Belém, 1997, p. 62-4. 12 asfaltamento das vias principais, além de uma série de intervenções físicas e ambientais, com inclusão social dos moradores do entorno; geração de trabalho e renda, incentivando a permanência no local; e criação da gestão participativa e do controle social na manutenção do bem público 13. Após esse período, o Projeto foi colocado em segundo plano pela gestão municipal subsequente, retornando a partir de 2007, pelo Governo Estadual, através de secretarias e órgãos como a Companhia de Habitação do Estado do Pará COHAB, Secretaria Estadual de Desenvolvimento e Urbanismo - SEDURB e Instituto de Terras do Pará - ITERPA, em parceria com a Superintendência do Patrimônio da União no Estado do Pará -SPU/PA e a Comissão de Regularização Fundiária da UFPA14. Em janeiro de 2010, foram entregues mais de duas mil autorizações especiais de uso aos moradores da área, num evento de cidadania e cultura e mobilização social. No entanto, apesar do esforço do poder público em regularizar a posse e a ocupação das terras localizadas às margens do igarapé Tucunduba, além das melhorias de infraestrutura ocorridas na área, sabemos que esse processo não pode se dar a revelia da efetiva participação e controle dos movimentos sociais, que historicamente lutam por uma regularização fundiária que atenda a perspectiva de “uma reforma social estrutural, que tem por objetivo melhorar a qualidade de vida da população, especialmente de sua parcela mais pobre, e elevar o nível de justiça social”15. Nesse sentido, faz-se importante analisar como se processou a participação dos movimentos sociais (centros comunitários, associações de moradores, ONGS, etc), em particular às pertencentes ao bairro do Guamá, no processo de regularização fundiária da bacia hidrográfica do Tucunduba, durante os anos de 2005 a 2010, que é nossa principal abordagem e interesse de pesquisa. 13 Urbanização do Igarapé Tucunduba, Gestão de Rios Urbanos, Belém – PA. Caixa Econômica Federal. Programa Caixa Melhores Práticas em Gestão Local, 2003, p. 41. 14 Comissão constituída através da portaria n° 1830/2006 - UFPA, de 05 de junho de 2006, tendo por finalidade levantar, elaborar, sistematizar, executar todos os procedimentos e documentos necessários à regularização fundiária dos lotes urbanos ocupados nas áreas pertencentes à União e cedidos para uso social. 15 SOUZA, Marcelo Lopes. ABC do desenvolvimento urbano. 3ª ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2007, p.112. 13 Trilhas movediças: as primeiras impressões de pesquisa Esse artigo, que tem como objetivo principal analisar a participação dos movimentos sociais organizados no processo de regularização fundiária da bacia hidrográfica do igarapé Tucunduba, em Belém do Pará, durante os anos de 2005 a 2010, é resultado de aproximadamente quinze anos de pesquisas sobre o bairro do Guamá e especialmente sobre a área do Tucunduba. Durante esse período, foi dada a oportunidade de analisar um conjunto de fontes históricas de grande relevância, como livros de tombo de igrejas, livro de ocorrências escolares, atas de reuniões e assembleias, informativos de entidades comunitárias, relatórios de governos, e uma farta bibliografia e jornais de vários períodos; os quais nos sugerem incontáveis interpretações e leituras sobre essa parte da cidade. No entanto, uma das mais preciosas fontes de pesquisa são os relatos orais de mais de sessenta pessoas, moradores da área. Desses, muitos já morreram, mas deixaram um valoroso legado de experiências de vida e conteúdos culturais de profunda relação com a história da várzea do Tucunduba. Essa metodologia de investigação, que vem ganhando cada vez mais espaço e credibilidade no meio socioantropológico, pois amplia o debate e as possibilidades de interpretação, será uma das principais abordagens teórico-metodológicas que adotarei, por conta do certo domínio e experiência que acumulei ao longo da trajetória como antropólogo e educador. Espero que, com toda a modéstia e convicção, essa pesquisa possa também contribuir na construção de conhecimentos conectados a cotidianidade dos moradores, estudantes e educadores do bairro e da cidade, levando-os a possíveis reflexões e à tomada de atitudes e posicionamentos em relação a luta e à conquista por direitos e cidadania ativa, incluindo, nesse leque, a reforma urbana e a regularização fundiária que atenda aos interesses dos trabalhadores. Afinal, ao produzir saberes sobre a cidade, rua, escola, família, faz-se história e exercita-se a plena cidadania16. Se desperta para a importância da luta e do engajamento social e 16 AMADO, Janaína. A culpa nossa de cada dia: ética e História Oral. In: Projeto História: Revista do Programa de Estudos Pós-Graduados em História e do Departamento de História da PUC-SP. São Paulo, 1981, p. 32. 14 aos valores humanos: à autoestima, à ética e o respeito às diferenças sociais e culturais. A expectativa é de que esse trabalho possa ainda suscitar novas problematizações e ampliar o debate e a produção de conhecimentos acadêmicos, especialmente no campo das ciências humanas, sobre a cidade de Belém, tendo como locus privilegiado não somente o “Centro Urbano” e/ou os lugares e espaços considerados ícones históricos da capital paraense, mas especialmente tendo como referencia espacial os lugares periféricos, como o bairro do Guamá e muitos outros da capital paraense; valorizando o protagonismo de homens e mulheres que vivem situações e relações sociais determinadas, com necessidades, interesses, artimanhas, labor, respeito ou rechaço às convenções sociais. Nesse sentido, visando potencializar a referida pesquisa, que está na fase inicial de execução, está sendo realizado um exame mais minucioso sobre a produção acadêmica de vários estudiosos que abordaram a temática da reforma urbana e regularização fundiária, além do significado, conteúdo, vínculos e a importância social dos movimentos sociais urbanos na contemporaneidade nacional, internacional e local. Dentre esse vasto leque de trabalhos científicos, merecem destaquem as investigações de Otília Arantes, que critica a “nova” geração urbanística e seu planejamento urbano “estratégico”, o qual trabalha no intuito de desregulamentar e até mesmo oferecer incentivos ao livre desenvolvimento do mercado especulativo; Carlos Vainer, que destrincha as estratégias por trás do discurso do planejamento estratégico para as cidades, inspirado em conceitos e técnicas empresariais, sob a luz da ideologia de mercado e Ermínia Maricato, que critica fortemente todas as formas de urbanismo que "importam" idéias e métodos formulados internacionalmente e que os planejadores e/ou políticos brasileiros tentam implementar nas cidades brasileiras sem conexão com a nossa realidade social, cultural e ambiental17. Visando maior embasamento da pesquisa, torna-se imprescindível, também, uma analise apurada em todos os referencias teóricos e metodológicos responsáveis pelas intervenções físicas, ambientais e sociais, promovidas ou 17 ARANTES, Otília, VAINER, Carlos, MARICATO, Ermínia. A Cidade do Pensamento Único. Desmanchando Consensos. Petrópolis: Vozes, 2000. 15 pensadas pelo poder público durante os períodos de 1997 a 2004, as quais impactaram de maneira relevante no paisagismo e na vida política e sociocultural da comunidade do entorno da bacia hidrográfica do Igarapé Tucunduba, em especial à localizada no bairro do Guamá. Será realizada ainda a coleta, seleção e análise de um conjunto de documentos, como atas, memoriais, ofícios, memorandos, decretos, relatórios, mapas, etc., produzido por instituições e órgãos oficiais (Governo do Estado, Prefeitura Municipal de Belém, Câmara Municipal de Vereadores de Belém, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, Universidade Federal do Pará / Comissão de Regularização Fundiária). Porém, para não perder o foco na investigação, pois provavelmente teremos acesso à um grande número de documentos, será importante obedecer a um rígido critério de escolha e manuseio dos materiais disponibilizados. Tratamento igual será dado ao corpus documental produzido por entidades do movimento social do bairro do Guamá (atas, abaixo-assinados, panfletos, convocatórias, cartazes, fotografias, DVDs, informativos, etc.). Assim, o uso das fontes levantadas seguirá um critério definido pelas informações nelas contidas que tenham relação direta com os eventos retratados, contribuindo para sua elucidação. Afinal, a idéia é confrontar a documentação produzida pelos poderes públicos com a das entidades do movimento social do bairro do Guamá, procurando estabelecer um diálogo e não constituir hierarquia entre elas. Outra fonte pesquisada será o material jornalístico dos dois principais diários que circulavam em Belém no período estudado (O Liberal e Diário do Pará). Posteriormente combinamos as informações obtidas com os materiais de comunicação produzidos pelo movimento social do bairro do Guamá para localizar os períodos (meses e anos) que registraram maior número de atividades políticas, bem como analisar o nível de adesão, as divergências e as estratégias de atuação das entidades locais nesse processo. Além do mais, devemos ter certo cuidado ao analisarmos o conjunto dessas fontes, tanto por parte da imprensa quanto das lideranças do movimento social, pois temos noção do impacto causado pelas notícias, ou melhor, pelo caráter de que são revestidas, pois “a escrita deve ser vista como elemento básico de construção 16 seletiva da memória que engendra, sobretudo, a questão do poder. Percebendo-a como seleção e construção, é necessário ver os agentes ou os senhores dessa operação como detentores de poder” e mais “tornar-se senhores dos lugares, das agências da memória é, ao mesmo tempo, ser senhor da memória e do esquecimento”, como bem pontua Barbosa 18. Por fim, para garantir uma análise mais pormenorizada da participação dos movimentos sociais nesse contexto, será criado um grupo focal, composto por cerca de dez lideranças comunitárias de entidades que tiveram efetiva participação no movimento de regularização fundiária e titulação de terras da bacia do Tucunduba. Os integrantes desse grupo, compreendidos como protagonistas, serão envolvidos num modelo de pesquisa intencionada à transformação participativa – pesquisação - em que sujeitos e pesquisadores interagem na produção de conhecimentos críticos e emancipatórios, que valoriza a construção cognitiva da experiência. Essas abordagens teórico-metodológicas, de caráter extremamente pedagógico, político e afetivo, são muito utilizadas nas pesquisas socioantropológicas de campo, cujas origens remontam ao contexto de pós-guerra19. No sentido de nortear a seleção e o processo de entrevista desse grupo de lideranças, será preparado um roteiro básico, que deverá orientar a pesquisa para questões consideradas mais relevantes. Esses referencias serão baseados a partir de determinados critérios relacionados ao entrevistado, como o tempo de vivencia no local; a influência e o poder de articulação que o mesmo exerce na comunidade e sua participação no processo de regularização fundiária da bacia do Tucunduba, dentre outros. Nesse sentido, adotaremos uma postura profissional e pessoal extremamente ética e responsável com essas lideranças, sujeitos da pesquisa, estabelecendo uma relação de cumplicidade, participação, comprometimento e produção de saberes, considerando sua voz, sua perspectiva, seu sentido, mas não 18 BARBOSA. Maria José de Souza. Estudo de caso: Tucunduba. Urbanização do Igarapé Tucunduba, gestão de rios urbanos. Belém: UFPa, 2003, p. 106. 19 BRANDÃO, Carlos Rodrigues. A Educação como Cultura. Campinas: Mercado das Letras, 2002, p. 145. 17 apenas para registro e posterior interpretação, mas como essência da metodologia da investigação, 20. No planejamento das principais ações do trabalho, que deverá ser concreto e exequível, serão também delineadas as etapas da pesquisa socioantropológica e os critérios de procedimentos, inclusive se a proposta for de constituição de um banco de dados. É nessa fase que determinamos o que constituirá o documento dos relatos: a gravação ou o texto aprovado pelo colaborador. O plano deverá, também, prevê quais os destinos das entrevistas e as formas de arquivamento e divulgação das mesmas. Para a fase conclusiva da pesquisa, além da elaboração de artigos acadêmicos e da própria Dissertação de Pesquisa, está sendo planejado outras iniciativas, como a produção de uma bibliografia sobre o assunto, uma síntese do trabalho escrito para ser distribuído às lideranças e às entidades do movimento social do bairro, participantes ou não da pesquisa, ou outras formas de comunicação e visibilidade, como vídeo documentário, exposição itinerante, rodas de conversas, seminários e encontros. Considerações Finais Conforme mencionado anteriormente, essa pesquisa, que visa analisar a participação dos movimentos sociais organizados no processo de regularização fundiária da Bacia Hidrográfica do Igarapé Tucunduba, em Belém do Pará, durante os anos de 2005 a 2010, está na sua fase inicial. Porém, alguns procedimentos de pesquisa, especialmente o levantamento de bibliografias e fontes documentais, como também a coleta de relatos de lideranças comunitárias locais já começam a ser realizadas e nos apontam para alguns questões relevantes. Apesar de ainda muito cedo para elaborar analises mais conclusivas sobre a pesquisa, o trabalho busca identificar os principais impactos que o processo de regularização fundiária e de melhoria das condições urbanísticas proporcionou concretamente na vida dos moradores da área, além de verificar como se 20 FRANCO, Maria Amélia S. Pedagogia da Pesquisa-Ação. Revista Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 31, n. 3, p. 483-502, set./dez. 2005. 18 estabeleceu a relação entre os órgãos e instituições oficiais, em particular a Companhia de Habitação do Estado do Pará - COHAB, a Secretaria Estadual de Desenvolvimento e Urbanismo - SEDURB e Instituto de Terras do Pará - ITERPA, a Superintendência do Patrimônio da União no Estado do Pará -SPU/PA e a Comissão de Regularização Fundiária da UFPA com as entidades do bairro do Guamá que estavam diretamente envolvidos nessa discussão. Nesse sentido, as primeiras impressões da pesquisa já apontam que a participação das entidades representativas da área do Tucunduba no processo de regularização fundiária, colaborou no fortalecimento da luta, na mobilização e na organização dos moradores pela luta e conquista de outras demandas sociais, como educação, saúde, transporte, segurança e lazer, por exemplo. Dentre essas entidades, destaca o Espaço Cultural Nossa Biblioteca – ECNB. Surgida durante a ditadura militar, a partir de uma pequena biblioteca de madeira construída por um grupo de lideranças comunitárias e incentivado por quatro religiosas holandesas, o ECNB é uma entidade com respeitada atuação voluntária na luta pela democratização do acesso à leitura e ao conhecimento, mas também para contribuir na organização, sensibilização e mobilização da comunidade em prol da defesa e da garantia dos direitos humanos, da identidade sociocultural e da melhoria da qualidade de vida da população da área do Tucunduba. Em 2009, com o Fórum Social Mundial em Belém, o Espaço Cultural Nossa Biblioteca coordenou uma articulação com mais três entidades da área, formando o Coletivo de Movimentos Sociais 'Resistência Guamazônica', que entre os anos de 2008/2011 desenvolveu o Projeto “Rede de Enfrentamento a violência contra Crianças e Adolescentes”. Atualmente, a entidade integra um polo de Leitura, ó único da região Norte do país, também denominado 'Resistência Guamazônica' em parceria com mais quatro instituições não governamentais da área. Sua meta, neste ano, é tornar-se referência local na luta pela promoção e democratização do acesso ao livro e a leitura. O ECNB também, em parceria com uma faculdade particular da cidade, coordena uma exposição itinerante sobre o bairro do Guamá e se articula para implementar um centro de memória do bairro, na sede da entidade. 19 Referências bibliográficas ABELÉM, Auriléa Gomes. Urbanização e remoção: por que e para quem? Belém: Centro de Filosofia e Ciências Humanas/NAEA/UFPA, 1988. ALVES, Edivania Santos. Marchas e contramarchas na luta pela moradia na Terra Firme (1979 -1994). Dissertação de Mestrado. Universidade Federal do Pará, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação História Social da Amazônia, Belém, 2010. ALVES, Joana Valente Santana. 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