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UNIVERSIDADE POSITIVO FERNANDA VALENTIM NAGAL INVENTÁRIO DE EMISSÕES DE GASES DE EFEITO ESTUFA DE FABRICANTE DE COMPUTADORES. CURITIBA 2010 FERNANDA VALENTIM NAGAL INVENTÁRIO DE EMISSÕES DE GASES DE EFEITO ESTUFA DE FABRICANTE DE COMPUTADORES. Dissertação apresentada como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Gestão Ambiental, do Mestrado Profissional em Gestão Ambiental, da Universidade Positivo (UP). Orientador: Profº Maurício Dziedzic CURITIBA 2010 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Biblioteca da Universidade Positivo - Curitiba – PR N147 Nagal, Fernanda Valentim. Inventário de emissões de gases de efeito estufa de fabricante de computadores / Fernanda Valentim Nagal. ― Curitiba : Universidade Positivo, 2010. 162 p. : il. Dissertação (mestrado) – Universidade Positivo, 2010. Orientador : Prof. Dr. Maurício Dziedzic. 1. Computadores – Indústria. 2. Mudanças climáticas. 3. Efeito estufa (Atmosfera). 4. Gases estufa. I. Título. CDU 321 TÍTULO: “INVENTÁRIO DE EMISSÕES DE GASES DE EFEITO ESTUFA DE FABRICANTE DE COMPUTADORES” ESTA DISSERTAÇÃO FOI JULGADA ADEQUADA COMO REQUISITO PARCIAL PARA OBTENÇÃO DO TÍTULO DE MESTRE EM GESTÃO AMBIENTAL (área de concentração: gestão ambiental) PELO PROGRAMA DE MESTRADO EM GESTÃO AMBIENTAL DA UNIVERSIDAE POSITIVO. A DISSERTAÇÃO FOI APROVADA EM SUA FORMA FINAL EM SESSÃO PÚBLICA DE DEFESA, NO DIA 29 DE OUTUBRO DE 2010, PELA BANCA EXAMINADORA COMPOSTA PELOS SEGUINTES PROFESSORES: 1) Prof. Dr. José Célio S. Andrade – UFBA (Examinador externo); 2) Prof. Dr. Paulo Roberto Janissek – Universidade Positivo (Examinador); 3) Profª. Drª. Mari Elizabete B. Seiffert – Universidade Positivo (Examinador); CURITIBA – PR, BRASIL __________________________________ PROF. DR. MAURÍCIO DZIEDZIC COORDENADOR DO PROGRAMA DE MESTRADO EM GESTÃO AMBIENTAL AGRADECIMENTOS A todos que contribuíram e apoiaram a realização deste trabalho: Professores, Colegas de mestrado, Colegas de projeto, Amigos, Familiares e em especial à empresa que forneceu as informações e meios da realização deste estudo. Agradeço, principalmente, ao orientador, Prof. Maurício Dziedzic, pela oportunidade, confiança, disponibilidade e utilidade de suas recomendações. RESUMO Diversas iniciativas estão sendo desenvolvidas e implementadas visando à limitação da concentração de gases de efeito estufa (GEE) na atmosfera do planeta. Um inventário de emissões de GEE é uma “fotografia” das emissões causadas pelas atividades de certa organização. A realização do inventário permite que a empresa possa identificar as suas fontes e quantidades de emissão e, assim, direcionar estratégias de redução, ou mesmo, elaborar planos de compensação das mesmas. A metodologia utilizada na elaboração do inventário de emissões de GEE da empresa em estudo foi baseada nas diretrizes do Protocolo GHG, obedecendo aos princípios de relevância, integralidade, consistência, transparência e exatidão. O ano-base do trabalho é 2008, sendo incorporadas as atividades da empresa realizadas nas unidades de Curitiba. Todas as fontes de emissão de gases de efeito estufa identificadas foram incorporadas no inventário da empresa. Após se chegar ao resultado das emissões da empresa, foram feitas comparações com outras participantes do programa brasileiro do Protocolo GHG e de outras fabricantes de computadores. Conclui-se que as maiores emissões decorrentes do ciclo de vida de um computador são das fontes de extração de matéria prima, transporte dos insumos importados e do consumo de energia durante a utilização, todas enquadradas no escopo 3. Verificou-se que para comparações de inventários é fundamental a discriminação das fontes inventariadas no escopo 3. Ainda, as comparações permitiram verificar que o perfil de emissões do inventário realizado é diferente das organizações situadas fora do país pois, nessas instituições, a emissão do escopo 2 é significativamente maior do que no Brasil, devido à diferença das matrizes elétricas dos países. As principais incertezas associadas às estimativas de emissão dizem respeito aos dados de atividade e aos fatores de emissão. Palavras-chave: mudanças do clima, gases de efeito estufa, inventário de emissões, comparativo de emissões, fabricante de computadores. Enquadramento: Linha de pesquisa: A - Avaliação e modelagem (descrição de processos) socioambientais Projeto de pesquisa: b - Desenvolvimento e aplicação de processos de avaliação, monitoramento e gerenciamento ambiental. ABSTRACT Several initiatives are being developed and implemented which aim to limit the emissions of greenhouse gases (GHG) into the atmosphere. A GHG inventory is a “snapshot” of the emissions caused by the activities of a certain organization. Development and maintenance of the inventory allows a company to identify sources and quantify emissions, and, thus, define reduction and compensation strategies. The development of the GHG inventory of the company subject of the work reported herein, a computer manufacturer, was based on the GHG Protocol guidelines, following the principles of relevance, completeness, consistency, transparency and accuracy. The base year was 2008, and the inventory encompassed the company's activities carried out at the Curitiba units. All sources of emissions of greenhouse gases identified were included in the inventory. After the emissions were calculated, comparisons were made with inventories published by participants of the Brazilian GHG Protocol program, and other computer manufacturers, which established the need for identification of emission sources in each scope to allow comparisons between different organizations. It was concluded that the largest emissions generated in the life cycle of a computer arise from extraction of raw materials, transportation of imported components, and energy consumption during use, all framed within scope 3. It was found that for comparisons of inventories the discrimination of sources inventoried in scope 3 is fundamental. These comparisons also showed that the emissions profile of the inventory reported herein is different from those of organizations outside the country, since their emissions in scope 2 are significantly higher than in Brazil, due to the differences in electricity production at each country. The main uncertainties associated with emission estimates are activity data and emission factors. Keywords: climate change, greenhouse gases, emissions inventory, comparative emissions. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 - Esquema representativo do Efeito Estufa 21 Figura 2 - Histórico da concentração de CO2 e da temperatura da Terra 22 Figura 3 - Indicadores da influência humana na concentração dos GEE 24 Figura 4 - Visão geral dos escopos e fontes de emissão de GEE 31 Figura 5 - Passos para identificação e cálculo das emissões de GEE 34 Figura 6 - Sistema de Gestão da Qualidade do Inventário 35 Figura 7 - Relação entre as partes da ABNT NBR ISO 14064 38 Figura 8 - Relação entre energia térmica convencional gerada e fatores de emissão, dados de 2007 75 Figura 9 - Relação entre energia térmica convencional gerada e fatores de emissão, dados de 2008 76 Figura 10 - Relação entre energia térmica convencional gerada e fatores de emissão, dados de 2009 76 Figura 11 – Fluxograma de entradas e saídas do processo produtivo da empresa em estudo 92 Figura 12 - Emissão por fonte de emissões de CO2e em 2008 123 Figura 13 - Emissão de CO2e por escopo 123 Figura 14 - Emissão total de CO2e pela receita das empresas do programa brasileiro do Protocolo GHG e da empresa em estudo, em escala logarítmica 131 Figura 15 – Emissão de CO2e dos escopos 1 e 2 pela receita das empresas do programa brasileiro Protocolo GHG e da empresa em estudo, em escala logarítmica 131 Figura 16 - Emissão total de CO2e por funcionário das empresas do programa brasileiro do Protocolo GHG e da empresa em estudo, em escala logarítmica 132 Figura 17 – Emissão de CO2e dos escopos 1 e 2 por funcionário pelas empresas do programa brasileiro Protocolo GHG e da empresa em estudo, em escala logarítmica 132 Figura 18 - Emissão total de CO2e pela receita das fabricantes de computadores, em escala logarítmica 140 Figura 19 - Emissão de CO2e dos escopos 1 e 2 pela receita das fabricantes de computadores 140 Figura 20 – Emissão de CO2e dos escopos 1 e 2 por funcionário das fabricantes de computadores, em escala logarítmica 141 Figura 21 - Emissão de CO2e dos escopos 1 e 2 por funcionário das fabricantes de computadores 141 Figura 22 - Emissões de GEE por escopo 143 Figura 23 - Emissões de GEE por escopo, com mesmas fontes de emissão no escopo 3 144 LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Fator de emissão de carbono de combustíveis 45 Tabela 2 - Fatores de emissão de carbono em tC.TJ-1 46 Tabela 3 – Fração de carbono estocada 47 Tabela 4 – Fraçã o de carbono oxidado 48 Tabela 5 – Valores adotados nos cálculos de fatores de emissão de vôos de passageiros 50 Tabela 6 – Fatores de emissão de CO2 para alternativas de ponderações de transporte em vôos de passageiros 51 Tabela 7 – Fatores de emissão médios para vôos de passageiros, de 2007 e revisado de 2008 52 Tabela 8 – Fatores de emissão para classe dos assentos para vôos de passageiros 53 Tabela 9 – Fatores médio de emissão para transporte aéreo de carga, de 2005 e 2008 54 Tabela 10 – Valores assumidos nos cálculos de fatores de emissão de vôos de transporte de carga 55 Tabela 11 – Fatores de emissão de CO2 de transporte aéreo para opções de atribuição de carga em vôos de passageiros 56 Tabela 12 – Média final dos fatores de emissão referentes aos transportes de carga, ano 2008 57 Tabela 13 – Fatores de emissão de CO2 para o transporte marítimo de cargas 57 Tabela 14 – Alterações nas emissões de CO2 causadas pela variação de +/- 50 % na carga em relação a um peso com 50% de carga 59 Tabela 15 – Fatores de emissão de CO2 de 2008 para veículos pesados 60 Tabela 16 – Fatores de emissão de CO2 de 2008 para transporte de carga rodoviário em veículos pesados 61 Tabela 17 – Fatores de emissão de CO2 de 2008 para transporte de carga rodoviário em veículos leves 62 Tabela 18 – Participação no mercado de ônibus das diferentes operadoras 62 Tabela 19 – Dados e fatores de emissão para ônibus 63 Tabela 20 –Fatores de emissão de N2O e CH4 para caminhões 66 Tabela 21 – Conjunto de dados de emissões de CO2 de motocicletas com base na cilindrada do motor 67 Tabela 22 – Fatores de emissão de CO2 de motocicletas 68 Tabela 23 – Fatores de emissão de N2O e CH4 para motocicletas 68 Tabela 24 – Fatores de emissão de CO2 para o transporte de veículos 69 Tabela 25 – Fatores de emissão de CO2 para GLP e GNV de veículos de passageiros 69 Tabela 26 – Fatores de emissão de N2O e CH4 para veículos de passageiros 70 Tabela 27 – Fatores de emissão de CO2 para veículos a gasool 73 Tabela 28 – Fatores de emissão de CO2 para veículos a álcool hidratado 73 Tabela 29 – Energia térmica convencional gerada (GWh) e fatores de emissão de GEE para o sistema elétrico 75 Tabela 30 – Fatores de emissão de GEE para o sistema elétrico americano, dados de 2005 77 Tabela 31 – Fatores de emissão de GEE para o sistema elétrico do Reino Unido 78 Tabela 32 – Emissão de GEE conforme gestão de resíduos em tCO2e.tonelada americana de resíduo-1 82 Tabela 33 – Avaliações ilustrativas das incertezas da base cientifica das estimativas de emissões 84 Tabela 34 – Potencial de aquecimento global dos gases de efeito estufa 93 Tabela 35 – Fatores de emissão de carbono 96 Tabela 36 – Fatores de conversão de medida para combustíveis 96 Tabela 37 – Fatores de emissão de CO2 dos combustíveis 97 Tabela 38 – Fator de emissão mensal de CO2e pela geração de energia elétrica 97 Tabela 39 - Fatores de emissão para deslocamento de veículos 98 Tabela 40 - Fatores de emissão para transporte de carga 99 Tabela 41 - Fatores de emissão para viagens aéreas 100 Tabela 42 - Consumo proveniente do GLP, ano 2008 103 Tabela 43 - Emissão de CO2e proveniente do consumo de GLP 103 Tabela 44 - Consumo proveniente da gasolina e diesel, ano 2008 103 Tabela 45 - Emissão de CO2e proveniente do consumo de gasolina e diesel 104 Tabela 46 - Consumo de energia elétrica em 2008 pela empresa 105 Tabela 47 - Emissão de CO2e em 2008 proveniente do uso de energia elétrica 105 Tabela 48 - Resíduos orgânicos gerados em 2008 106 Tabela 49 - Emissão de CO2e em 2008 proveniente da disposição de resíduo orgânico 106 Tabela 50 – Quantidade de registro de funcionários da empresa por tipo de transporte 107 Tabela 51 - Distância percorrida em 2008 pelos funcionários da empresa, por tipo de locomoção 108 Tabela 52 - Emissões de CO2e por tipo de locomoção 109 Tabela 53 - Quantidade de funcionários das Unidades 1 e 2, ao longo de 2008 109 Tabela 54 - Distância percorrida e número de vôos compilados, de acordo com a distância do vôo 110 Tabela 55 - Emissões de GEE proveniente das viagens dos funcionários 110 Tabela 56 - Consumo de energia de produtos fabricados pela empresa 111 Tabela 57 - Produção da empresa no período de 2003 a 2007 111 Tabela 58 - Produção da empresa em 2008 111 Tabela 59 - Estimativa da emissão de CO2e pelo consumo de energia elétrica dos produtos 112 Tabela 60 - Estimativa de emissões pelo transporte dos produtos 114 A tabela 61 apresenta os resultados das emissões do transporte de resíduos da empresa 114 Tabela 61 - Estimativa de emissões pelo transporte dos resíduos 114 Tabela 62 - Quilômetros percorridos por tipo de veículo pela Transtec 115 Tabela 63 - Emissão proveniente do transporte de resíduos 116 Tabela 64 - Estimativa de emissões pelo transporte dos insumos importados 117 Tabela 65 – Emissões de GEE na extração e produção de insumos para o notebook 120 Tabela 66 – Emissões de GEE na extração e produção de insumos para desktop, monitor LCD e CRT 120 Tabela 67 – Emissões de CO2e convertidos de GEE emitidos na extração e produção de insumos para desktop, monitor LCD e CRT 120 Tabela 68 – Emissões de GEE da empresa, ano 2008 122 Tabela 69 – Emissões dos escopos relatadas pelas empresas no Brasil 129 Tabela 70 – Receita e quantidade de funcionários em 2008 – empresas Programa Brasileiro Protocolo GHG 130 Tabela 71 – Fontes dos escopos 1 e 3 relatadas pelas empresas no Brasil 135 Tabela 72 – País de origem – empresas de informática 137 Tabela 73 - Inventário de emissões de GEE – empresas de informática 138 Tabela 74 – Receita e quantidade de funcionários em 2008 – empresas de informática 139 Tabela 75 – Fontes dos escopos 1 e 3 relatadas pelas empresas de informática 142 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas AEE – Office of Environment and Energy ANP – Agência Nacional do Petróleo BEN – Balanço Energético Nacional CAA – Civil Aviation Authority CETESB – Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental do Estado de São Paulo COD – Carbono Orgânico Degradável CODF – Fração Carbono Orgânico Degradável DEFRA - Department for Environment, Food and Rural Affairs DI – Documento de Importação eGRID – Emissions & Generation Resource Integrated Database FAA – Federal Aviation Administration GCD – Great Circle Distances GEE – Gases de Efeito Estufa GLP – Gás Liquefeito de Petróleo HFCs – Hidrofluorcarbonos IPCC – Intergovernmental Panel on Climate Change OCDE – Organização de Cooperação para o Desenvolvimento Econômico PAG – Potencial de Aquecimento Global PCI – Poder Calorífico Inferior PCS – Poder Calorífico Superior PFCs - Perfluorcarbonos ppm – Parte por milhão PROCONVE – Programa de Controle de Poluição do Ar por Veículos Automotores SIN – Sistema Interligado Nacional tEP – Tonelada Equivalente de Petróleo UNFCCC - United Nations Framework Convention on Climate Change WBCSD – World Business Council for Sustainable Development WRI – World Resources Institute SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO 18 1.1 OBJETIVOS 19 1.1.1 Objetivo geral 19 1.1.2 Objetivos específicos 20 2 REVISÃO DE LITERATURA 21 2.1 EFEITO ESTUFA E O AQUECIMENTO GLOBAL 21 2.2 MUDANÇAS DO CLIMA 23 2.3 GESTÃO CORPORATIVA PARA AS MUDANÇAS DO CLIMA 26 2.4 DIRETRIZES PARA REALIZAÇÃO DE INVENTÁRIO DE EMISSÕES DE GASES DE EFEITO ESTUFA 28 2.4.1 Protocolo GHG 28 2.4.1.1 Objetivos 29 2.4.1.2 Princípios 29 2.4.1.3 Objetivos de negócios e concepção do inventário 30 2.4.1.4 Estabelecimento de limites organizacionais e operacionais 31 2.4.1.5 Monitoramento das emissões 33 2.4.1.6 Identificação e cálculo das emissões de GEE 34 2.4.1.7 Gestão da qualidade dos inventários 35 2.4.1.8 Comunicação das reduções e das emissões de GEE 36 2.4.1.9 Verificação das emissões de GEE 36 2.4.1.10 Estabelecimentos de metas de GEE 37 2.4.2 ISO 14064 37 2.4.2.1 ISO 14064:1 39 2.5 FATORES DE EMISSÃO 41 2.5.1 Consumo de combustível 41 2.5.1.1 Consumo de combustíveis por fontes móveis 48 2.5.2 Consumo de energia elétrica 74 2.5.3 Resíduos 79 2.6 INCERTEZAS DOS INVENTÁRIOS DE EMISSÕES DE GEE 83 2.7 REDUÇÃO DE EMISSÕES DE GEE 87 3 METODOLOGIA 92 3.1 EMPRESA EM ESTUDO 92 3.2 INCORPORAÇÃO DAS ORIENTAÇÕES DO PROTOCOLO GHG NO INVENTÁRIO 93 3.3 COLETA DE DADOS 94 3.4 FATORES DE EMISSÃO E CÁLCULOS DE EMISSÕES 95 3.4.1 Fatores e cálculos de emissão para consumo de combustíveis 95 3.4.2 Fatores e cálculos de emissão para consumo de energia da rede 97 3.4.3 Fatores e cálculo de emissão para transportes 98 3.4.4 Fator e cálculo de emissão para resíduos 100 3.4.5 Emissão da formação da espuma de poliuretano 101 3.4.6 Emissão da extração dos insumos 101 4 RESULTADOS 102 4.1 ESCOPO 1: EMISSÕES DIRETAS 102 4.1.1 Emissão proveniente do uso de GLP nos refeitórios 102 4.1.2 Emissões provenientes dos combustíveis utilizados na motobomba e gerador 103 4.1.3 Emissões provenientes da formação da espuma de poliuretano 104 4.2 ESCOPO 2: EMISSÕES INDIRETAS DA AQUISIÇÃO DE ENERGIA 104 4.3 ESCOPO 3: EMISSÕES INDIRETAS 105 4.3.1 Emissão de GEE proveniente dos resíduos orgânicos gerados 105 4.3.2 Emissão de GEE proveniente dos deslocamentos dos funcionários 106 4.3.3 Emissões provenientes das viagens dos funcionários 110 4.3.4 Emissões provenientes da energia consumida pelos usuários dos produtos 111 4.3.5 Emissões provenientes do transporte dos produtos 112 4.3.6 Emissões provenientes do transporte dos resíduos 114 4.3.7 Emissões provenientes do transporte interno entre as Unidades 115 4.3.8 Emissões provenientes do transporte dos insumos importados 116 4.3.9 Emissões provenientes do transporte das entradas nacionais 118 4.3.10 Emissões provenientes da extração dos insumos 119 4.4 DISCUSSÕES 122 4.4.1 Possibilidades de reduções de emissões 124 4.4.2 Incertezas associadas ao inventário realizado 126 4.4.3 Inventários relatados 127 4.4.3.1 Inventários de GEE das empresas no Brasil 128 4.4.3.2 Fontes relatadas pelas empresas no Brasil 133 4.4.3.3 Inventários de GEE de fabricantes de computadores 137 4.4.3.4 Fontes do escopo 3 relatadas por fabricantes de computadores 142 5 CONCLUSÃO 145 6 REFERÊNCIAS 148 18 1 INTRODUÇÃO A partir da década de 80, houve uma conscientização global de que ações antrópicas demonstram risco para a continuidade de um meio ambiente equilibrado. Diversas nações passaram, a partir de então, a debater as possibilidades e metodologias para enfrentar os problemas da intervenção antrópica no meio ambiente (SISTER, 2008). No que se refere à preocupação com a intensificação do efeito estufa e às mudanças do clima, após uma série de discussões das Nações Unidas, chegou-se ao consenso de que uma das atitudes para enfrentamento da problemática seria a redução das emissões de gases de efeito estufa - GEE (SISTER, 2008). Em 1992 foi concebida a Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), que passou a vigorar no Brasil em 1994 (ROCHA; FURRIELA, 2006). Seu objetivo é de que haja a estabilização das emissões de gases de efeito estufa na atmosfera em um nível que impeça a interferência antrópica perigosa no sistema climático, sendo tal nível a ser alcançado em um prazo suficiente que permita a adaptação natural dos ecossistemas às mudanças climáticas, dentre outros (BRASIL, 1994). A evolução das discussões sobre o clima, no âmbito da Convenção, se dá por meio de reuniões chamadas Conferência das Partes, convocadas anualmente, com participação de todos os países (Partes) signatários (MAN YU, 1994). Em dezembro de 1997 foi realizada em Quioto a terceira Conferência das Partes, que destaca-se como uma das mais importantes devido à concepção do documento denominado Protocolo de Quioto, em que consta o estabelecimento de metas de redução de emissões de GEE aos países membros da Organização de Cooperação para o Desenvolvimento Econômico (OCDE) mais as economias de transição (SISTER, 2008; MAN YU, 2004). Dentre as obrigações das Partes integrantes da Convenção está a elaboração, atualização periódica e publicação dos inventários nacionais de emissões antrópicas por fontes e das remoções dos GEE (ROCHA, 2006b). O segundo inventário brasileiro, referente ao período de 1990 a 2005, foi recentemente publicado e compõe a Segunda Comunicação Nacional do Brasil à Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (BRASIL, 2010). Além das iniciativas internacionais, as iniciativas regionais, nacionais e locais, estão sendo desenvolvidas e implementadas visando à limitação da concentração de GEE na atmosfera da Terra (ABNT NBR ISO 14064:1, 2007). Para Rocha (2008), dentre as estratégias de sustentabilidade a serem adotadas pelas empresas está a necessidade do estabelecimento de uma estratégia de governança climática. Para que possam contribuir no 19 combate às problemáticas associadas à mudança do clima, as empresas precisam, como primeiro passo, elaborar seus inventários de emissões de gases de efeito estufa (CAMPOS, 2009) que quantificam as emissões de GEE das atividades da empresa (BRASIL et al., 2008). O inventário é uma ferramenta útil para a identificação de oportunidades de redução e mitigação das emissões de GEE e, dentre as formas de se estruturar o inventário de emissões são destaque o Greenhouse Gas Protocol Iniciative – GHG Protocol, e a Norma ABNT ISO 14064 (ROCHA, 2008). No Brasil, já entraram em vigor legislações relacionadas às mudanças climáticas, como a LEI 14.933, que institui a política de mudança do clima no município de São Paulo. A referida lei estabelece, no artigo 25, que o poder público estimulará o setor privado na elaboração de inventários de emissões antrópicas por fontes de emissão de GEE, bem como a comunicação e publicação de relatórios sobre medidas executadas para mitigar e permitir a adaptação adequada à mudança do clima (SÃO PAULO, 2009). Dessa forma, a realização de inventários de emissões de GEE corporativos já pode ser vista como futura obrigatoriedade legal. Cabe ainda ressaltar que, além de preparar as organizações para futuras políticas de emissão e da possível obrigatoriedade legal da realização do inventário, outros diversos benefícios podem ser obtidos pelas organizações que quantificam suas emissões, como a identificação de oportunidade de projetos que gerem créditos de carbono; prestação de contas a acionistas e partes interessadas; possibilidade de replicar a ação em cadeia; traçar e alcançar metas de responsabilidade sócio-ambiental (CAMPOS, 2009). O inventário também pode gerar crédito antecipado por participação em iniciativas voluntárias (ABNT NBR ISO 14064:1, 2007). Ainda, Rocha (2008) afirma que o inventário é uma ferramenta útil para a mitigação das mudanças do clima, pois possibilita a identificação de oportunidades de redução das emissões de GEE. 1.1 OBJETIVOS 1.1.1 Objetivo geral Realizar o inventário de emissões de gases de efeito estufa (GEE) de uma fabricante de computadores. 20 1.1.2 Objetivos específicos - Discutir dificuldades e incertezas associadas aos inventários de emissões; - Identificar as possibilidades de redução de emissões de GEE na empresa; - Comparar emissões com outras empresas; - Discutir a relevância do detalhamento dos escopos; - Verificar a concepção dos fatores de emissão. 21 2 REVISÃO DE LITERATURA 2.1 EFEITO ESTUFA E O AQUECIMENTO GLOBAL O efeito estufa é um processo natural de retenção de calor pela atmosfera, formada por uma mistura de gases, sendo os principais nitrogênio (N2) e oxigênio (O2), que preenchem 78,08% e 20,95% do volume atmosférico, respectivamente. Dentre os outros gases presentes na atmosfera, encontram-se os gases de efeito estufa (GEE), os quais possuem a propriedade de permitir que as ondas eletromagnéticas provenientes do sol atravessem a atmosfera e aqueçam a superfície terrestre, mas dificultam a saída da radiação infravermelha refletida pela Terra. Dessa forma, a atmosfera serve como um cobertor, pois faz com que o calor liberado pela Terra seja mantido próximo do planeta, aumentando a temperatura local. Segundo Baird (2002), o efeito estufa é o responsável pela temperatura média da Terra ser de aproximadamente 15°C. A figura 1 esquematiza o fenômeno do efeito estufa. Figura 1 - Esquema representativo do Efeito Estufa (USP, 2009). Miller (2007) aponta que os GEE são: vapor de água, dióxido de carbono (CO2), metano (CH4), óxido nitroso (N2O), os hidrofluorcarbonos, perfluorcarbonos, hexafluoreto de 22 enxofre (SF6) e ozônio (O3). O vapor de água e o CO2 são os principais GEE, no entanto, o primeiro não é geralmente determinado pelas emissões antrópicas e sim pelo equilíbrio entre evaporação e precipitação, dessa forma, o CO2 destaca-se entre os principais GEE. Medidas da concentração de CO2 ao longo do tempo podem ser realizadas por meio de coleta das amostras de ar aprisionado no interior de blocos de gelo na Antártida e na Groenlândia. As medições indicam que a concentração de CO2 na atmosfera em épocas préindustriais, ou seja, antes de 1750, era de cerca de 280 ppm (partes por milhão), havendo sido observado um aumento de aproximadamente 30% em 1998, com uma concentração de cerca de 365 ppm (BAIRD, 2002). IPCC (2007) relaciona a concentração de CO2 e temperatura do planeta para um longo período, conforme ilustra a figura 2. Figura 2 - Histórico da concentração de CO2 e da temperatura da Terra (IPCC, 2007, adaptado). O aumento da concentração atmosférica de CO2 é amplamente considerado o fator determinante do aquecimento global (FLORIDES; CHRISTODOULIDES, 2008). Os autores estudaram a precisão dos modelos matemáticos e o impacto do CO2 no aquecimento do planeta e concluíram que as previsões sobre a correlação entre a concentração de CO2 e temperatura dependem muito da escolha de dados utilizados e, ainda, afirmam que há falta de confiabilidade nas medições dos testemunhos de gelo. Ainda salientam que a compreensão do funcioamento do complexo sistema climático da Terra ainda é deficiente e, dessa forma, o conhecimento científico não se encontra em um nível suficiente a dar respostas concretas e 23 precisas para as causas do aquecimeno global. Os autores afirmam que a tendência de aumento da concentração de CO2 e da temperatura do planeta é evidente, apesar de haverem objeções à relação entre tais componentes. Hansen (2004) observa que nos últimos milhões de anos a Terra tem oscilado entre eras glaciais e períodos interglaciais quentes e que as oscilações naturais do clima estão associadas às lentas variações da órbita terrestre que são induzidas pela gravidade de outros planetas, dentre outras influências naturais no sistema climático. Segundo o autor, essas perturbações afetam a distribuição geográfica e sazonal da insolação em até 20%. Há, no meio científico, pesquisadores que afirmam que o aumento da temperatura média do planeta é devido a variações naturais do sistema. Molion (2007) critica as hipóteses adotadas pelo IPCC, afirmando que a representatividade global da série de temperaturas apresentadas pelo Painel é questionável e que a possível intensificação do efeito estufa pelas atividades humanas e as limitações dos modelos matemáticos de simulação de clima, não justificam a transformação da hipótese do aquecimento global devido às atividades antropogênicas. 2.2 MUDANÇAS DO CLIMA A preocupação com a questão ambiental associada ao efeito estufa está relacionada ao aumento da concentração de GEE na atmosfera (BAIRD, 2002). O IPCC (2007) apresenta o aumento da concentração desses gases relacionando-o com o período da Revolução Industrial e associando tal aumento com as atividades humanas que intensificaram o consumo de combustíveis fósseis nesse período. A figura 3 apresenta a evolução histórica dos valores de concentração do CO2, CH4 e N2O. 24 Figura 3 - Indicadores da influência humana na concentração dos GEE (IPCC, 2001, adaptado). Nota-se pela figura que a emissão de GEE na atmosfera aumentou significativamente a partir de 1800. Sister (2008) aponta a origem da problemática das mudanças climáticas na revolução industrial, quando, em virtude das ações antrópicas representadas principalmente pela queima de combustíveis fósseis em usinas termoelétricas, indústrias, veículos e sistemas de aquecimento, aumentaram-se a emissão e concentração de GEE na atmosfera (SISTER, 2008). Alexiadis (2007) estudou a ligação entre as atividades humanas e o aquecimento global, propondo e testando um modelo de retroalimentação utilizado para descrever a influência das emissões antropogênicas de CO2 sobre a temperatura global e concentração de CO2 na atmosfera. De acordo com o autor, os resultados demonstraram que o CO2 das atividades humanas tornou-se o principal causador do aquecimento do planeta e, mesmo no caso de redução drástica dessas emissões, a temperatura não diminuirá durante certo tempo. Ainda afirma que o sistema climático no momento pode ser considerado estável, mas que, no entanto, está muito perto de tornar-se instável, fazendo assim, com que as conseqüências das mudanças climáticas sejam imprevisíveis. Dentre as principais alterações possíveis decorrentes da mudança do clima, está o derretimento das calotas polares, com aumento dos níveis das águas dos oceanos e com a conseqüente perda de regiões costeiras e, possivelmente, com o comprometimento das 25 reservas de água doce. Também poderão ocorrer distúrbios climáticos, com alteração nos ciclos da chuva, tempestades e furacões mais violentos, além da perda de biodiversidade e proliferação de doenças (CONRADO et al., 2006; BAIRD, 2002; MARQUES; ELEN, 2006). Uma vez considerando a interferência antrópica na mudança do clima, há três possibilidades de atitudes possíveis: inação, adaptação e mitigação. A inação consiste em não fazer nada, assim, significa a aceitação dos danos decorrentes das mudanças do clima. Já a adaptação consiste em tomar medidas para enfrentar os efeitos negativos, adaptando-se ao novo clima através de ajustes e considerando a capacidade humana e tecnológica. Por último, a mitigação da mudança do clima consiste em evitar as mudanças por meio da realização de atividades que visem à redução das emissões de GEE (MEIRA FILHO; FRANGETTO, 2008). Ainda segundo esses autores, as medidas de adaptação, mitigação e os danos causados pela inação têm um custo, servindo os tratados internacionais para pactuar e repartir esses custos entre os países. O primeiro instrumento internacional sobre as alterações no clima foi a Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima (United Nations Framework Convention on Climate Change – UNFCCC), concebida em 1992 e iniciada em 1994, constando no documento a necessidade de se estabelecer ações e metas de redução na emissão de GEE (SISTER, 2008). Antes disso, em 1988 foi criado o Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (Intergovernmental Panel on Climate Change – IPCC), pela Organização Meteorológica Mundial e PNUMA, das Organizações Unidas, com o objetivo de ser realizada uma avaliação do estado de conhecimento sobre mudança do clima, sendo o primeiro relatório de avaliação publicado em 1990 e os posteriores publicados em 1995, 2001 e 2007 (MEIRA FILHO; FRANGETTO, 2008). O IPCC já produziu relatórios, artigos técnicos, metodologias e outros produtos que se tornaram trabalhos de referência, amplamente utilizados por pesquisadores e decisores (KRUG, 2004). Na terceira reunião das Partes (países) da Convenção-Quadro, chegou-se a um consenso sobre os princípios e os mecanismos do Protocolo de Quioto, documento que estipula metas de redução de emissões de GEE dos países desenvolvidos (SISTER, 2008). Para países em desenvolvimento, não se estabelecem metas de redução, com base no princípio das responsabilidades comuns, porém diferenciadas (BRASIL et al., 2008). No entanto, o fato de o Brasil não ter metas de redução não significa que não deve promover esforços de minimização de emissões de GEE, pois o país pode e deve contribuir para o esforço global de mitigação do problema (ROCHA; FURRIELA, 2006). 26 2.3 GESTÃO CORPORATIVA PARA AS MUDANÇAS DO CLIMA As ações de combate às mudanças climáticas pressupõem comprometimento das esferas federal e estadual, afirma Chang (2009), referindo-se às mudanças climáticas e ações municipais. A autora também aponta que muitas ações de mitigação das emissões se colocam no setor privado, visto que boa parte das emissões ocorre durante o processo de produção e, os produtos ambientalmente mais corretos, que no caso de proteção do clima são aqueles que emitem menos GEE, têm uma aceitação maior no mercado, transformando-se, portanto, em um potencial requisito para aumentar a produtividade (CHANG, 2009). Para Rocha (2008), as estratégias de sustentabilidade adotadas pelas empresas devem estar relacionadas aos desafios e oportunidades das mudanças climáticas e, ainda, ocupar um papel central, tornando-se necessário o estabelecimento de uma meta de governança climática. Busch e Hoffman (2006) sugerem três passos como medidas de gestão integrada de carbono em uma empresa, sendo elas: reconhecimento da relevância de possível restrição de carbono para a gestão de riscos corporativos; definição da exposição da empresa em relação ao tema e estratégias de gestão empresarial. Campos (2009) afirma que a elaboração de inventário pode ser considerada o primeiro passo para que uma instituição ou empresa possa dar sua contribuição no combate às mudanças do clima, uma vez que conhecendo-se o perfil da emissões a partir do inventário, a organização poderá estabelecer seus planos e metas de redução e gestão de GEE, além de evidenciar seu engajamento na solução do problema. Além disso, existe uma crescente pressão da sociedade por ações relacionadas à mitigação das mudanças climáticas, havendo uma busca constante pelas empresas em reduzirem as emissões de seus processos ou serviços e de adotarem metas voluntárias de redução (BRASIL et al., 2008). Boiral (2006) aponta que as respostas corporativas ao aquecimento global exigem uma prevenção e visão dos gestores. O autor também indica que vários estudos desde o início dos anos 90 demonstram os benefícios decorrentes de iniciativas verdes nas organizações e que isso melhora a imagem da corporação e tem efeito positivo na percepção do consumidor e no marketing dos produtos. Ainda, para Scipione et al. (2009) , com a crescente atenção da comunidade internacional sobre as mudanças climáticas, o consumo verde passou a determinar que a produtividade ambiental de uma empresa signifique oportunidade concreta de alcançar vantagem competitiva. Nesse contexto, torna-se importante a adoção de modelos 27 reconhecidos que possam garantir à empresa a mensuração dos seus impactos sobre as mudanças climáticas e, na sequência, organizar ações concretas de redução. Em função da evolução da política das mudanças climáticas, duas organizações – World Business Council for Sustainable Development (WBCSD) e World Resources Institute (WRI) deram início a iniciativa denominada Protocolo GHG, reconhecendo-se a necessidade de uma norma internacional de contabilidade de emissão corporativa de gases de efeito estufa. Após quase quatro anos da criação do Protocolo GHG, a primeira edição da norma corporativa para contabilização e relato das emissões de GEE foi publicada em 2001. Desde então, o Protocolo GHG vêm desenvolvendo um conjunto de ferramentas de cálculos para auxiliar as empresas a inventariarem as suas emissões de GEE e apresentam outros documentos de orientação (Protocolo GHG, 2010). Em 2006, a International Organization for Standartization (ISO) adotou o padrão de contabilização do Protocolo GHG como base para a ISO 14064-1, que trata da especificação e orientação para as organizações quantificarem e elaborarem relatórios de emissões e remoções de GEE. No Brasil, a norma ABNT ISO 14064 foi lançada oficialmente em novembro de 2007 (ANTUNES; QUALHARINI, 2008). No ano de 2007, iniciou-se o programa brasileiro do Protocolo GHG, com objetivo de instalar a iniciativa internacional no Brasil e, assim, estabelecer a cultura de inventários corporativos no país (PROGRAMA BRASILEIRO GHG PROTOCOL, 2010). Algumas empresas aderiram ao programa como membros e vinte e três realizaram e publicaram os seus inventários de emissões de gases de efeito estufa do ano de 2008. As informações dos relatos dos inventários das empresas participantes do Programa Brasileiro do Protocolo GHG e da pesquisa realizada dos inventários dos fabricantes de computadores são apresentadas no item 4.5. A gestão voluntária de GEE é considerada por Scipioni et al. (2009) uma questão primordial para muitas organizações. Os autores afirmam que as orientações criadas para dar apoio às organizações no que se refere à gestão de GEE apresentam limitações na identificação dos processos diretos e indiretos que têm impacto sobre as mudanças climáticas e que devem ser considerados na gestão. Assim, os autores avaliaram os processos por meio de um estudo de caso na Tetra Pak Group da Itália, fabricante de embalagens de bebidas, utilizando uma abordagem de ciclo de vida e afirmam que tal abordagem pode ser integrada com outras referências metodológicas que têm sido adotadas para a realização de inventários corporativos (ISO 14064 e Protocolo GHG). Afirmam, também, que a aplicação da abordagem de ciclo de vida no nível organizacional ajudou a identificar os processos diretos e 28 indiretos na cadeia de suprimentos da organização que acarretam em maiores impactos nas mudanças climáticas, sendo o maior volume de emissões identificados nos processos indiretos da empresa, com o consumo de matérias-primas sendo a fonte de maior impacto, com 60% de participação do estudo realizado. Segundo os autores, a maior contribuição está relacionada à matéria-prima devido, principalmente, à produção de alumínio que é utilizado nas embalagens. Os autores afirmam que a redução de emissões pode ocorrer focalizando os esforços da empresa na reutilização e minimização de resíduos de matéria-prima. Ainda, apontam que maiores reduções de emissões de GEE advindas de tal fonte não podem ainda ser realizadas pela Tetra Pak devido a limitações tecnológicas. 2.4 DIRETRIZES PARA REALIZAÇÃO DE INVENTÁRIO DE EMISSÕES DE GASES DE EFEITO ESTUFA Um inventário de emissões de gases de efeito estufa é a contabilização de emissões de todas as fontes de uma empresa (BRASIL et al., 2008). Os inventários possuem informações importantes para a tomada de decisão de grandes empresas no apoio à formulação de políticas em relação às mudanças climáticas (CAMPOS, 2009). De acordo com pesquisas realizadas e consultas a especialista em inventários de emissões de GEE, sabe-se que as orientações usualmente aceitas para a realização de inventários corporativos seguem as orientações do Protocolo GHG e da Norma ISO 14064 (ROCHA, 2008). A utilização de orientações consolidadas é de extrema importância, pois sustenta a uniformidade dos inventários. Nos próximos itens são apresentadas as informações mais relevantes sobre o Protocolo GHG e as normas da família ABNT NBR ISO 14064 (2007). 2.4.1 Protocolo GHG Como a presente seção trata do detalhamento da Norma conhecida como Protocolo GHG, utilizou-se como referência as suas Normas Corporativas de Transparência e 29 Contabilização, do Protocolo de Gases de Efeito Estufa (2003), exceto quando outra referência é mencionada. As Normas Corporativas de Transparência e Contabilização do Protocolo de Gases de Efeito Estufa do Greenhouse Gas Protocol Initiative, foram criadas com a missão de estabelecer padrões internacionalmente aceitos para quantificação e relato das emissões de GEE. São fornecidas diretrizes para empresas e outros tipos de organizações que desejem inventariar as suas emissões de GEE. São compreendidos na Norma, os gases de efeito estufa: dióxido de carbono (CO2), metano (CH4), óxido nitroso (N2O), hidrofluorcarbonos (HFCs), perfluorcarbonos (PFCs) e o hexafluoreto de enxofre (SF6). 2.4.1.1 Objetivos O objetivo das normas e diretrizes é auxiliar as empresas a realizarem o inventário de GEE, de modo a contabilizar justa e verdadeiramente as suas emissões, por meio da utilização de princípios e abordagens padronizados, simplificando e reduzindo custos de compilação do inventário com o fornecimento de informações para a construção de uma estratégia eficaz na gestão da redução de emissões de GEE. Além disso, objetiva fornecer informações para facilitar a participação em programas de GEE obrigatórios, ou mesmo voluntários, a fim de aumentar a conformidade e a transparência dos registros dos inventários de GEE entre empresas e programas de GEE. 2.4.1.2 Princípios Conforme descrição da Norma, os registros e relatórios do inventário devem estar baseados nos princípios de relevância, integralidade, consistência, transparência e exatidão. A relevância refere-se à quantificação apropriada das emissões da organização, servindo para as necessidades de decisão dos usuários, que podem fazer parte ou não da empresa. A integralidade refere-se ao registro e comunicação das fontes e atividades que emitem GEE, sendo necessária a exposição e justificativa de qualquer exclusão que ocorra. A consistência 30 está relacionada à utilização de metodologia consolidada, a fim de possibilitar comparações de emissões ao longo do tempo. Para que haja consistência no inventário, as alterações relevantes de dados devem ser documentadas além de estarem bem definidos os limites do inventário, e explícitos os métodos utilizados e outros fatores que sejam relevantes. A transparência é relacionada ao tratamento coerente das informações para a realização do inventário, com base em relatório e auditorias transparentes. Para que haja transparência, suposições relevantes devem ser documentadas, e os métodos de cálculos e fontes de dados utilizados referenciados. A exatidão procura assegurar que as estimativas de emissões de GEE não sejam sistematicamente superestimadas ou subestimadas em relação aos valores reais, por meio da redução ao mínimo das incertezas. 2.4.1.3 Objetivos de negócios e concepção do inventário Diversos fatores servem de motivação para a realização de inventário de GEE de uma organização. Aqueles identificados pela Norma do Protocolo GHG são: identificação de oportunidades para redução de emissões e gestão de riscos de GEE, que envolve a identificação de riscos associados às possíveis limitações futuras de emissões de GEE, além da identificação de oportunidades de redução de emissões de GEE e possíveis oportunidades de redução de custos; submissão para participação em relatórios públicos através do envio de relatórios com registros das emissões de GEE e das ações abrangentes ao assunto, ao governo e ONGs; a participação em programas voluntários ou obrigatórios de GEE, com a possibilidade de rotulagem ecológica e de certificações referentes à gestão de GEE; participação em mercados de GEE, pois há a possibilidade de participação em programas de comercialização de créditos de carbono e o reconhecimento por ações voluntárias antecipadas, ou seja, obter crédito perante as partes interessadas da empresa por ação antecipada de cunho ambiental. 31 2.4.1.4 Estabelecimento de limites organizacionais e operacionais O estabelecimento dos limites organizacionais é importante devido às variações estruturais pelas quais uma organização possa passar. Ao definir os limites organizacionais a serem inventariados, está sendo definida a abordagem para a realização da quantificação de emissões de GEE. Com a identificação de fontes de emissões associadas com as operações da organização, devem-se estabelecer os limites operacionais, com a classificação das emissões em diretas ou indiretas e identificando o escopo de registro e relatório para as emissões indiretas. Os limites operacionais podem ser divididos em escopos 1, 2 e 3. A figura 4 apresenta uma visão geral da relação dos escopos e das fontes de emissões diretas e indiretas das atividades de uma empresa. Figura 4 - Visão geral dos escopos e fontes de emissão de GEE (Protocolo GHG apud ROCHA, 2008). Escopo 1: emissões diretas de GEE São as originárias de fontes que pertencem ou que são controladas pela empresa. As emissões diretas de GEE resultam principalmente das seguintes atividades: - Geração de eletricidade, calor ou vapor, sendo emissões que resultam da combustão em fontes estacionárias como caldeiras, fornos e turbinas. 32 - Processamento químico ou físico. Resultam da fabricação ou processamento de produtos químicos e materiais (ex. cimento, alumínio, ácido adípico, amoníaco e processamento de desperdícios). - Transporte de materiais, produtos, resíduos e colaboradores. São resultados da combustão em fontes móveis controladas pela empresa, como veículos pesados, barcos, aviões, carros. - Fuga de emissões. São resultados de descargas, intencionais ou não (ex. fugas nas ligações dos equipamentos, tampas, embalagens, emissões de metano em minas de carvão, emissão de hidrofluorcarbonos com a utilização de equipamentos de refrigeração e de ar condicionado, fugas de metano devido ao transporte de um gás). Escopo 2: emissões indiretas de GEE pelo uso da eletricidade. As emissões do escopo 2 são de uma categoria especial de emissões indiretas. As emissões provenientes da aquisição da eletricidade, para algumas empresas, representam uma das maiores fontes de emissão de GEE e também a oportunidade potencial para redução de emissões. Assim, o relato da emissão do escopo 2 separado das demais emissões, também permite às empresas avaliarem os riscos e oportunidades associadas a alterações nos custos da eletricidade. Escopo 3: outras emissões indiretas de GEE. O escopo 3 é opcional, uma vez que as empresas podem se ater apenas aos registros das atividades que são relevantes para o seu negócio e objetivos. São exemplos de atividades relacionadas ao escopo 3: atividades relacionadas com transporte de materiais ou bens comprados; extração e produção de materiais; combustíveis comprados, viagens de negócios dos funcionários, deslocamento dos funcionários do e para o trabalho, transporte de produtos vendidos, transporte de resíduos, atividades relacionadas com eletricidade que não estejam incluídas no escopo 2 como extração, produção e transporte de combustíveis para consumo na produção de eletricidade comprada ou produzida pela própria empresa, compra de eletricidade para revenda ao consumidor final, produção de energia elétrica consumida em um sistema de T&D (transmissão e distribuição), bens arrendados, atividades de terceirização de serviços ou mesmo franchises, utilização de produtos e serviços vendidos, destinação dos resíduos e destinação dos produtos vendidos no final da sua vida útil. 33 As atividades descritas deverão ser incluídas no escopo 1 se as respectivas fontes de emissão forem de propriedade ou controladas pela empresa. O registro duplo é uma preocupação freqüente no levantamento das emissões indiretas, pois duas empresas diferentes podem incluir as mesmas emissões em seus respectivos inventários. O registro duplo tem importância, ou não, dependendo da forma com que a informação comunicada é utilizada. Sob o Protocolo de Quioto, são compilados inventários nacionais, assim, é preciso evitar o registro duplo, porém, tais inventários são geralmente elaborados através de uma abordagem de cima pra baixo, utilizando dados da economia do país ao invés de agregarem dados. Na gestão de risco de GEE e para relatórios voluntários, a Norma afirma que o registro duplo não é tão importante. Os limites, ou fronteiras, estabelecidos pelo Protocolo GHG diferem-se do conceito de fronteiras de sistema de uma avaliação de ciclo de vida (ACV). ABNT ISO 14040 (2001) afirma que em uma ACV os critérios usados para estabelecimento das fronteiras devem ser identificados e justificados no escopo do estudo. Coltro (2007) explica que a fronteira do sistema estabelece limites dentro dos processos que serão avaliados. Ainda, a autora afirma que as fronteiras precisam ser estabelecidas em diversas dimensões, como: i) fronteiras em relação aos sistemas naturais - entre sistema técnico e o meio ambiente, ou seja, especificação no início e do fim do sistema; ii) fronteiras geográficas - delimitação da área do sistema estudado; iii) fronteiras temporais - perspectiva de tempo de estudo (passado, presente ou futuro); iv) fronteiras dentro do sistema técnico relacionadas com a produção – definição das atividades incluídas e excluídas do estudo do ciclo de vida; vi) fronteiras dentro do sistema técnico relacionadas com o ciclo de vida de outros produtos – quando um processo de produção gera diversos produtos, a carga ambiental deve ser fracionada entre eles. 2.4.1.5 Monitoramento das emissões As empresas podem sofrer mudanças estruturais significativas, como aquisições, separações e fusões. Tais alterações alteram o histórico do perfil das emissões da empresa, o que pode dificultar comparações importantes ao longo do tempo. Para viabilizar a comparação ao longo do tempo, possivelmente dados históricos de emissão devem ser recalculados. 34 A escolha do ano base deve ser feita conforme a situação mais relevante no tempo da empresa, para o qual se tem dados fidedignos. As empresas podem necessitar fazer o monitoramento das emissões ao longo do tempo, devido à variedade dos objetivos de negócios, como o estabelecimento de metas de redução de GEE, participação em relatórios públicos, gestão dos riscos e oportunidades ou para ir ao encontro das necessidades dos investidores e de outros grupos de interesse. As empresas devem selecionar e relatar um ano base, levando em consideração a disponibilidade de dados de emissões que possam ser comprovados e especificar quais as razões que levaram à escolha de tal ano. Pode ser escolhida uma média anual de emissões, sobre vários anos consecutivos. 2.4.1.6 Identificação e cálculo das emissões de GEE Após estabelecidos os limites do inventário, as empresas podem calcular as emissões de GEE através dos passos esquematizados na figura 5. Figura 5 - Passos para identificação e cálculo das emissões de GEE (Protocolo GHG, 2003). A abordagem comumente utilizada para o cálculo de emissões de GEE é através da utilização de fatores de emissão documentados. Os fatores relacionam as emissões de GEE com medidas de atividade numa fonte de emissão. As diretrizes do IPCC são relativas a 35 metodologias e técnicas de cálculo, que vão desde a aplicação de fatores de emissão até a medição direta. As medições diretas de emissões de GEE não são comuns nem simples, porém geralmente as emissões podem ser calculadas através de balanços de massa ou cálculos estequiométricos. 2.4.1.7 Gestão da qualidade dos inventários As empresas possuem diferentes motivações para a realização do inventário, desde identificar oportunidades para melhorias, atender à exigência de grupos de interesse, ou mesmo se antecipar a futuras legislações. Recomenda-se a elaboração de um quadro de referência prático, para ajudar as empresas a projetarem um sistema de gestão de qualidade objetivando futuros melhoramentos. O quadro deve englobar componentes institucionais, administrativos e técnicos de um inventário. A figura 6 representa o quadro de referência para o Sistema de Gestão da Qualidade do Inventário. Figura 6 - Sistema de Gestão da Qualidade do Inventário (Protocolo GHG, 2003, adaptado). Os métodos são os aspectos técnicos relacionados à preparação de um inventário. A concepção do programa de inventário e do sistema de gestão da qualidade deve garantir a 36 seleção, aplicação e atualização das metodologias à medida que novas pesquisas passem a ser consolidadas e disponibilizadas. Os dados são informações básicas sobre as atividades, fatores de emissão, processos e operações. A concepção do programa de inventário da empresa deve facilitar o recolhimento de dados de alta qualidade e a manutenção e melhoramento de procedimentos para obtenção e registro dos mesmos. Os sistemas e processos do inventário são os procedimentos institucionais, administrativos e técnicos para a preparação do inventário de GEE. Incluem a equipe e os processos que objetivam a produção de um inventário de alta qualidade. A documentação é o registro dos métodos, dados, processos, hipóteses e estimativas usadas na preparação de um inventário. 2.4.1.8 Comunicação das reduções e das emissões de GEE As reduções nas emissões são calculadas através da comparação das mudanças no inventário das emissões da empresa ao longo do tempo, em relação ao ano base. Um relatório de emissões de GEE credível deve apresentar informações completas, consistentes, precisas e transparentes. Recomenda-se que o relatório de GEE seja baseado nos melhores dados possíveis, mas evidenciando de forma transparente as suas limitações e relatando qualquer discrepância identificada em materiais de anos anteriores. Deve incluir as emissões brutas da empresa. O relatório deve incluir a descrição do limite da empresa e do inventário e as informações sobre as emissões. 2.4.1.9 Verificação das emissões de GEE A verificação é uma avaliação objetiva que permite a análise da conformidade, de acordo com os princípios de comunicação e de registros, das informações relatadas. O objetivo principal da verificação das informações é de assegurar que os dados relatados representem um relatório fiel e transparente das emissões de GEE da empresa. A verificação 37 das emissões fará com que haja credibilidade de informação das emissões, aumentando a confiança dos grupos de interesse, confiança na gestão, melhorias nas práticas do registro, além de preparar a empresa para futuras exigências em programas obrigatórios de GEE. ABNT ISO 14064:3 (2007) define o processo de verificação como um processo sistemático, independente e documentado para a avaliação da declaração de gases de efeito estufa em relação a critérios de verificação acordados. No Brasil, as seguintes insituições realizam a verificação independente de inventários de emissões de gases de efeito estufa: BSI, Bureau Veritas, ICF International, Pricewaterhouse Coopers, DNV, Fundação Carlos Alberto Vanzolini e Clear Carbon. 2.4.1.10 Estabelecimentos de metas de GEE O estabelecimento das metas de redução de GEE assegurará que o assunto continue recebendo atenção dos gestores. Além disso, minimizará a gestão de riscos dos GEE, estimulará a inovação e preparará a empresa para legislações futuras, demonstrará liderança e responsabilidade da empresa e permitirá a participação em programas voluntários. São passos para o estabelecimento de metas de redução de GEE: compromisso da parte dos gestores; decisão de qual tipo de meta (absoluta ou relativa); decisão de qual é o limite da meta (quais GEE serão inclusos, abrangência de emissões diretas e/ou indiretas); escolha da meta em relação ao ano base; definição da data para atingir a meta; definição da duração/período da obrigação da meta; decisão acerca do uso de compensação ou créditos de carbono; decisão acerca do nível da meta e comunicação do progresso. 2.4.2 ISO 14064 Da mesma forma que no item 2.4.1, esta seção trata do detalhamento da norma brasileira ABNT NBR ISO 14064 (2007), que é dividida em partes 1; 2 e 3. O objetivo das Normas é de beneficiar organizações, governos, proponentes de projetos e partes interessadas ao dar clareza e consistência para quantificação, monitoramento, elaboração de relatórios, validação e verificação de inventários ou projetos de GEE. Além 38 disso, os usuários da ABNT ISO 14064 podem vir a se beneficiar das seguintes aplicações: gestão de risco corporativo, como identificação e gerenciamento de riscos e oportunidades; crédito por iniciativas voluntárias, como participação em iniciativas voluntárias de elaboração de relatórios ou registros de GEE; mercados de GEE, ou seja, compra e venda de créditos de carbono e, ainda, elaboração de relatórios de organismos reguladores/governos, como créditos por ações antecipadas, acordos negociados ou programas de elaboração de relatórios nacionais. A figura 7 apresenta a relação entre as partes da Norma ABNT NBR ISO 14064. Figura 7 - Relação entre as partes da ABNT NBR ISO 14064 (ABNT NBR ISO 14064:1, 2007). A Norma ABNT NBR ISO 14064:1 (2007) trata da especificação e orientação a organizações para quantificação e elaboração de relatórios de emissões e remoções de gases de efeito estufa. A parte 2 refere-se à especificação e orientação a projetos para a quantificação, monitoramento e elaboração de relatórios das reduções de emissões ou da melhoria das remoções de gases de efeito estufa. Finalmente, a parte 3 trata da especificação e orientação para validação e verificação de declarações relativas a gases de efeito estufa. 39 Assim, em relação ao inventário corporativo de GEE, a parte 1 da Norma é a especificação a ser utilizada e será descrita no item 2.4.2.1. 2.4.2.1 ISO 14064:1 A Norma ABNT NBR ISO 14064:1 (2007) trata da especificação e orientação a organizações para quantificação e elaboração de relatórios de emissões e remoções de gases de efeito estufa. Após a explicação dos termos e definições, a Norma apresenta os princípios que devem orientar o emprego dos requisitos da mesma. São eles: relevância, que se refere à seleção das fontes, sumidouros e reservatórios de GEE, dados e metodologias apropriadas às necessidades do usuário; integralidade, que é a inclusão de todas as emissões e remoções pertinentes de GEE; consistência, para possibilitar as comparações significativas de informações relacionadas aos GEE; precisão refere-se à redução de assimetrias e incertezas até onde seja viável; transparência, referente à divulgação de informações suficientes e apropriadas, que permitam a tomada de decisões com razoável confiança. Seguindo as orientações de ABNT ISO 14064:1 (2007), a organização pode ter uma ou mais instalações, assim, orienta que a contabilização das emissões de GEE seja feita por meio da utilização de dois tipos de abordagens: de controle, onde a organização responde por todas as emissões e/ou remoções de GEE das instalações sobre as quais tenha controle operacional ou financeiro; e participação acionária, onde a organização responde pela porção de emissões e/ou remoções de GEE proporcionalmente à sua participação acionária nas instalações. Limites operacionais também devem ser estabelecidos, o que inclui identificar emissões e remoções de GEE que estão associadas às operações da organização, caracterizando as emissões em diretas, indiretas por uso de energia e outras emissões indiretas. A norma ainda indica que deverão ser escolhidas quais emissões indiretas deverão ser quantificadas e relatadas. É estabelecido que as emissões e remoções diretas de GEE sejam quantificadas e que as emissões de CO2 com origem na combustão de biomassa sejam quantificadas separadamente. As emissões indiretas de GEE pelo uso de energia originado fora dos limites organizacionais também devem ser quantificadas. Emissões indiretas diferentes das do uso de 40 energia também podem ser quantificadas, cabendo à instituição identificar as necessidades, de acordo com seu interesse. As etapas de quantificação e exclusões para quantificação das emissões e remoções de GEE devem ser a identificação de fontes e sumidouros de GEE; seleção de metodologias de quantificação; seleção e coleta de dados de atividade de GEE; seleção ou desenvolvimento de fatores de emissão ou remoção de GEE; cálculo de emissões e remoções de GEE. Ainda, a organização pode, segundo a norma, excluir a quantificação cuja contribuição para as emissões e remoções não sejam materiais ou cuja quantificação não seja técnica ou economicamente viável. É importante apontar que a norma indica que as metodologias são, em muitos casos, prescritas por programas de GEE, cabendo à organização selecionar e usar as metodologias que gerem menos resultados imprecisos. Os cálculos podem ser baseados em dados de atividade de GEE que são multiplicados pelos fatores de emissão ou remoção de GEE, também podem ser empregados modelos além de correlações específicas das instalações, abordagem de balanço de massa, medições contínuas ou intermitentes e, ainda, combinação de medição e cálculo. Além de quantificar as emissões e remoções de GEE, o inventário deve relatar as atividades organizacionais para reduzir as emissões de GEE e aumentar as remoções. Além disso, a empresa deve selecionar o ano-base histórico para a quantificação, com o propósito de fazer comparações ou para atender a determinações do programa de GEE ou outros fins pretendidos do inventário de GEE. A empresa deve manter um gerenciamento da qualidade do inventário de GEE, que consiste no gerenciamento de informações de GEE e na retenção de documentos e manutenção de registros. Para a elaboração do relatório de GEE, que visa facilitar a verificação do inventário ou a participação da organização em um programa de GEE, a empresa deve realizar o planejamento do relatório de GEE, considerando alguns documentos especificados na norma, e, da mesma forma, considerar o conteúdo do relatório, de acordo com as especificações também descritas na ABNT ISO 14064:1 (2007). A organização também pode utilizar a verificação, que deve analisar criticamente e de forma imparcial e objetiva o relatório de emissões e remoções de GEE, utilizando das determinações da ABNT ISO 14064:3. 41 2.5 FATORES DE EMISSÃO Os fatores de emissão são números que expressam o quão intensiva é uma atividade em termos de emissão de GEE e são utilizados para os cálculos das emissões de GEE, por meio da multiplicação do fator de emissão por um dado de atividade (Brasil et al., 2008). IPCC (1996a) define fator de emissão como um coeficiente que relaciona os dados de uma atividade com a quantidade de composição química. Ainda, afirma que os fatores de emissão usualmente são baseados em uma amostra de dados de medição ou média de uma taxa de emissões para um determinado nível de atividade de um conjunto de operações. O IPCC disponibiliza em uma página eletrônica fatores de emissão ou parâmetros para suporte de documentos e referências técnicas a serem utilizados nas estimativas de emissão de GEE (IPCC, 2010). Já o Protocolo GHG apresenta fatores de emissão para utilização em inventários corporativos, sendo os fatores provenientes de estudos de outras instituições, como DEFRA (Department for Environment, Food and Rural Affairs) e AEA Energy and Environment e o Department for Transport, ambos sediados na Inglaterra, além da americana EPA (Environmental Protection Agency). Esta seção apresentará o referencial teórico dos fatores de emissões disponíveis e usualmente utilizados para realização dos inventários e o item 3.4. exibirá os fatores efetivamente utilizados na realização do inventário de emissões de GEE da empresa em estudo. 2.5.1 Consumo de combustível O dióxido de carbono e outros gases a serem inventariados são produzidos quando há a queima de combustíveis (IPCC, 1996b). Esses se distinguem entre primários, que correspondem à maneira em que são encontrados na natureza (carvão, petróleo bruto, gás natural) e combustíveis secundários, derivados dos primários, como gasolina e lubrificantes. Conforme IPCC (1996b) há abordagens de trabalho que podem ser adotadas em um inventário de emissões de gases de efeito estufa, sendo uma delas por meio de uma abordagem descendente, em que são considerados os dados de produção e consumo de energia. Nessa abordagem, aqui adotada, não é necessário o conhecimento de como o 42 combustível foi utilizado ou se sofreu alterações intermediárias. A outra abordagem é do tipo ascendente, sendo necessários o conhecimento dos tipos de equipamentos utilizados e os seus rendimentos. O IPCC (1996c) explica que as emissões de CO2 de atividades de energia podem ser estimadas a partir de dados de fornecimento de energia, com algumas adaptações, como para o carbono não-oxidado. Já para o inventário nacional de outros GEE, são necessárias informações mais detalhadas, como condições de combustão, tecnologia e características dos combustíveis. Ainda, IPCC (1996c) explica que os métodos para estimar as emissões de gases são divididos em níveis, abrangendo diferentes atividades e detalhes da tecnologia, sendo o método nível 1 o mais simples, pois requer menos dados e conhecimentos que o método mais complicado, de nível 3. Ressalta-se que as metodologias disponibilizadas pelo IPCC são direcionadas para a realização de inventários de emissões de países. No entanto, os fatores de emissão usualmente utilizados para a elaboração de inventários corporativos também podem ser definidos seguindo essa mesma metodologia. IPCC (1996c) afirma que os fatores de emissão usualmente são expressos pela massa do poluente por unidade de energia da atividade, como exemplo kg N2O.TJ-1. Ainda, aponta que a medida de atividade comumente utilizada para emissões relacionadas à energia é a quantidade de combustível queimado ou, para o caso de emissões fugitivas1, de combustível produzido e distribuído. Em alguns casos, o autor afirma que outras medidas de atividade são utilizadas, principalmente no cálculo de emissões do setor de transporte. A obtenção das emissões de GEE aplicando-se a metodologia de referência do IPCC para estimativa de emissão de CO2 por consumo de combustível está baseada no cumprimento de seis passos, sendo eles: (1) Estimativa do consumo de combustíveis, por tipo de combustíveis; (2) Conversão dos dados de combustível em unidade comum de energia (Terajoule – TJ), se necessário; (3) Seleção de fatores de emissão de carbono para cada tipo de combustível e estimativa do conteúdo de carbono total dos combustíveis; (4) Estimativa da quantidade de carbono armazenado nos produtos por longos períodos de tempo; (5) Cálculo do carbono não oxidado durante a combustão; (6) Conversão das emissões de carbono em peso molecular de CO2. O IPCC orienta cada passo, apresentando as fórmulas e parâmetros 1 Podem surgir a partir da produção, processamento, transporte, armazenamento e utilização de combustíveis. Também incluem as emissões provenientes da combustão apenas quando não é para suporte de uma atividade produtiva (IPCC, 1996c). 43 que podem ser utilizados quando não se tem informações mais precisas como as do próprio país que está inventariando as emissões. Brasil (2006a) apresenta um relatório de referência de emissões de dióxido de carbono por queima de combustíveis, referente ao inventário nacional brasileiro, cobrindo o período de 1990 a 1994. O relatório utiliza a metodologia com a abordagem de referência do IPCC (1996) e apresenta a lista de compatibilização de combustíveis do sistema energético brasileiro e dos apresentados pelo IPCC, além de explicar os passos seguidos da metodologia para chegar ao valor final do inventário. A conversão do consumo de cada combustível na sua unidade original para uma unidade comum de energia, no caso o terajoule (TJ) que é a adotada pelo IPCC, é efetuada multiplicando-se o consumo aparente do combustível pelo poder calorífico inferior (PCI). É necessário utilizar o PCI, pois, conforme explica Brasil (2006a), os fatores de emissão de carbono, em quantidade de carbono por unidade de energia, recomendados pelo IPCC, são definidos com base na energia realmente aproveitável de cada combustível. O Balanço Energético Nacional (BEN) utiliza toneladas equivalentes de petróleo (tep) para expressar as quantidades de combustíveis. Tal unidade representa a energia contida em uma tonelada de petróleo consumido, sendo a média 10.000 kgcal.kg-1 ou 41,868 x 10-3 TJ, apresentando os fatores de conversão de unidades com base no poder calorífico inferior (BEN, 2008). No inventário nacional já publicado, que compreende o período de 1990 a 1994, o tep apresentado equivalia a 10.800 Mcal ou a 45,217 x 10-3 TJ (BRASIL, 2006a). Assim foi necessário utilizar um fator de correção para a unidade do tep com base no poder calorífico superior (PCS), conforme apresenta o BEN, para TJ com base no PCI (BRASIL, 2006a). O IPCC (1996b) recomenda o uso do fator de correção para conversão de PCS em PCI de 0,95 para combustíveis sólidos e líquidos e 0,90 para combustíveis gasosos. Brasil (2006a) afirma que tal conversão é um procedimento aproximado, dado que a relação entre poder calorífico inferior e superior de um combustível é fortemente dependente do seu conteúdo de água e hidrogênio. Os fatores de emissão de carbono representam a quantidade de carbono contida no combustível por unidade de energia. Brasil (2006a) utilizou no inventário nacional, com algumas exceções, os fatores disponibilizados pelo IPCC. IPCC (1996c) afirma que os fatores de emissão podem variar consideravelmente, explicando que para o gás natural o fator de emissão de carbono depende da composição do gás que, em seu estado de uso, é praticamente metano, podendo incluir pequenas quantidades de etano, propano, butano e outros hidrocarbonetos mais pesados. O autor aponta que o 44 conteúdo de carbono por unidade de energia normalmente é menor para produtos refinados leves, como a gasolina, do que os produtos mais pesados, como o óleo cru. Para o carvão, a emissão de carbono por tonelada depende da composição de carbono, hidrogênio, enxofre, oxigênio, nitrogênio e partículas presentes no carvão. Ainda, IPCC (1996c) apresenta os fatores de emissão de carbono, em tC.TJ-1, de alguns estudos. Marland and Rotty (1984) apud IPCC (1996c) utilizaram amostras de composição do gás natural de 19 países e calcularam a média da composição do gás, separando-o em metano, etano, propano, dióxido de carbono, outros hidrocarbonetos e outros gases. A composição do gás determinava tanto o poder calorífico do gás quando o teor de carbono. O fator de emissão de carbono do gás, em tC.TJ-1, utilizando o poder calorífico superior, foi expresso de acordo com a equação 1: Cg = 13.708 + (0.0828 x 10-3) x (Hv – 37.234) (1) Onde: Cg = Fator de emissão de carbono do gás natural [tC.TJ-1]; Hv = Poder calorífico do gás (poder calorífico superior) [kJ.m-3]. Os coeficientes da equação foram estimados utilizando análise de regressão, baseados nos dados dos 19 países. O teor de carbono do petróleo foi assumido como uma função da gravidade API2. Usando uma estimativa média mundial de 32,5º ± 2º, encontrou-se a concentração de 85 ± 1% de carbono. Convertendo para unidades de carbono por terajoule, chegou-se a uma estimativa de 21 tC.TJ-1 com base no poder calorífico inferior. O fator de emissão do carbono do carvão foi estimado em 25,5 tC.TJ-1 (MARLAND; ROTTY, 1984 apud IPCC, 1996). Grubb (1989) apud IPCC (1996c) fornece os fatores de carbono para o metano, etano, propano e butano usando dados de Marland e Rotty (1984), estimando um fator de emissão média do gás natural de 15,4 tC.TJ-1 ± 1%. O fator de emissão para o carvão, exceto antracito, foi definido pelos autores conforme a equação 2. 2 Gravidade API é a unidade desenvolvida pelo American Petroleum Institute, para classificação de petróleos com base na densidade relativa (densidade de um líquido em relação à água) a 15,6ºC ou 50º F. A fórmula é: Grau API = (141,5/densidade relativa) – 131,5. Petróleos mais leves têm graus API mais elevados. O petróleo leve é definido pelos graus maiores que 31,1º; o petróleo médio tem o grau entre 22,3º e 31,1º e o pesado tem grau menor que 22,3º. 45 Cc = 32,15 – (0,234 x Hv) (2) Onde: Cc = Fator de emissão de carbono do carvão [tC.TJ-1]; Hv = poder calorífico superior do carvão quando o valor calorífico está entre 31 a 37 TJ.kt-1 com base na matéria mineral seca. O antracito não se enquadra nesta faixa, sendo utilizado o valor de 26,9 tC.TJ-1. O IPCC (1996c) apresenta em suas referências a tabela de fatores de emissão de carbono por combustível, de diferentes estudos. A tabela 1 apresenta os dados. Tabela 1 – Fator de emissão de carbono de combustíveis (IPCC, 1996c). Gás natural combustível Óleo Óleo diesel Querosene Gasolina Petróleo bruto Turfa betuminoso Linhita Betuminoso Carvão sub- Carvão Estudo Antracito Fator de emissão por combustível (tC.TJ-1) Marland & Rotty (1984) 25,5 21,0 Marland & Pippin (1990) 25,4 21,0 19,4 19,4 19,9 21,1 15,3 20,0 18,9 19,5 20,0 21,1 15,3 Grubb (1989) OECD (1991) 26,8 25,8 25,8 27,6 28,9 20,0 15,2 15,3 *Valores originalmente baseados no poder calorífico superior, sendo convertidos para poder calorífico inferior, assumindo uma diferença de 5% do poder calorífico do carvão e petróleo e 10% para o gás natural. Os ajustes percentuais são pressupostos da IEA (Internacional Energy Agency) sobre como converter poder calorífico superior em inferior. Além de apresentar os resultados dos estudos, IPCC (1996b) apresenta fatores padrão de emissão, a serem utilizados em cálculos de inventários de emissões nacionais, quando não há informações mais precisas, do próprio país. A tabela 2 apresenta os valores padrão utilizados por Brasil (2006a) e os do IPCC de acordo com as metodologias de 1996 e de 2006. 46 Tabela 2 - Fatores de emissão de carbono em tC.TJ-1 (BRASIL, 2006a; IPCC, 1996; IPCC 2006). Fósseis líquidos Combustível Petróleo Líquidos de gás Gasolina Querosene de aviação Querosene iluminante Óleo diesel Óleo combustível GLP Nafta Asfalto Lubrificantes Coque de petróleo Gás de refinaria Outros produtos secundários de petróleo Fósseis sólidos Fósseis gasosos Outras primárias Biomassa sólida Biomassa líquida Biomassa gasosa Outros produtos não energéticos de petróleo Carvão metalúrgico Carvão vapor Alcatrão Coque Gás natural (seco) Outras primárias fósseis Lenha queima direta Lenha carvoejamento Bagaço de cana Resíduos vegetais Carvão vegetal Caldo de cana Melaço Álcool anidro Álcool hidratado Lixívia BRASIL 20 17,2 18,9 19,5 19,6 20,2 21,1 17,2 20 22 20 27,5 18,2 IPCC (1996) 20 17,2 18,9 19,5 19,6 20,2 21,1 17,2 20 22 20 27,5 IPCC (2006) 20 17,5 18,9 19,1 19,5 20,2 21,1 17,2 20 22 20 26,6 15,7 20 20 20 20 25,8 25,8 25,8 29,5 15,3 20 29,9 29,9 29,9 29,9 29,9 20 20 14,81 14,81 20 30,6 25,8 25,8 25,8 29,5 15,3 28,9 29,9 29,9 29,9 29,9 29,9 20 20 14,81 14,81 20 30,6 25,8 25,8 26,2 29,2 15,3 28,9 30,5 30,5 27,3 27,3 26,00 21,7 21,7 19,3 19,3 21,7 14,9 A determinação do carbono estocado é feita considerando que nem todo combustível do país destina-se ao setor energético, e assumindo que parte dele é utilizado como matériaprima na manufatura de produtos não energéticos, passando o carbono a ser fixado, como em plásticos e asfaltos, e, portanto, tal carbono deve ser subtraído do consumo de combustíveis (BRASIL, 2006a). Para o cálculo do carbono estocado, ou fixado, é necessária a determinação das quantidades de combustíveis destinadas ao setor não energético e das frações dessas quantidades que realmente mantêm-se fixadas aos bens produzidos, sendo tal parâmetro denominado como fração de carbono estocado (BRASIL, 2006a). Os combustíveis que 47 apresentam consumo não energético são apontados por Brasil (2006a) como gás natural, nafta, querosene iluminante, álcool anidro e hidratado, gás de refinaria, asfalto, lubrificantes, alcatrão e outros produtos não energéticos do petróleo e do alcatrão. Brasil (2006a) ainda informa que nos cálculos do inventário nacional foram utilizadas as frações determinadas pela metodologia do IPCC de 1996 e, como não constam instruções ou fração padrão para o querosene iluminante, álcool anidro e hidratado e de outros produtos não energéticos de petróleo, foi utilizado o valor 1, que assume que a quantidade de combustível é estocada na sua totalidade. As frações de carbono estocadas são apresentadas na tabela 3. Tabela 3 – Fração de carbono estocada (BRASIL, 2006a). Combustível Fração de carbono estocada Alcatrão 0,75 Álcool anidro 1 Álcool hidratado 1 Asfalto 1 Gás de refinaria 1 Gás natural seco 0,33 Lubrificantes 0,50 Nafta 0,80 Outros produtos não energéticos de petróleo 1 Outro querosene 1 A correção dos valores para considerar a combustão incompleta é necessária, pois na prática a combustão não ocorre de forma completa, deixando uma quantidade de carbono nãooxidada contida nas cinzas e outros subprodutos (BRASIL, 2006a). Assim, o IPCC recomenda que esse fato seja levado em conta no cálculo de emissões reais, pela multiplicação do carbono disponível para a emissão pela fração de carbono oxidada na combustão, sendo os valores de 0,98 para carvões, 0,99 para o petróleo e seus derivados e 0,995 para o gás natural, todos recomendados pelo IPCC. No entanto, outros valores também foram utilizados no inventário nacional, estabelecidos pela equipe executora do trabalho, e apresentados na tabela 4. 48 Fósseis líquidos Tabela 4 – Fraçã o de carbono oxidado (BRASIL, 2006a). Combustível Fração de carbono oxidado Petróleo 0,99 Líquidos de gás 0,99 Gasolina 0,99 Querosene de aviação 0,99 Querosene iluminante 0,99 Óleo diesel 0,99 Óleo combustível 0,99 GLP 0,99 Nafta 0,99 Asfalto 0,99 Lubrificantes 0,99 Coque de petróleo 0,99 Gás de refinaria 0,995 Outros produtos secundários de petróleo Outros produtos não energéticos de petróleo Carvão metalúrgico Fósseis sólidos Carvão vapor Alcatrão Coque Fósseis gasosos Gás natural (seco) Outras fontes primárias Outras fontes primárias fósseis Lenha queima direta Biomassa sólida Lenha carvoejamento Bagaço de cana Resíduos vegetais Carvão vegetal Caldo de cana Biomassa líquida Melaço Álcool anidro Álcool hidratado Lixívia Biomassa gasosa 0,99 0,99 0,98 0,98 0,98 0,98 0,995 0,98 0,87 0,891 0,88 0,88 0,88 0,99 0,99 0,99 0,99 0,99 0,99 Ao final dos cálculos, a conversão do carbono oxidado em dióxido de carbono se dá pela multiplicação da razão do peso molecular entre CO2 e C, ou seja, 44/12 (IPCC, 1996c). 2.5.1.1 Consumo de combustíveis por fontes móveis Para estimativas de fontes móveis de energia, há fatores disponibilizados pelo Protocolo GHG e que são provenientes de estudos realizados por outras instituições, sendo 49 DEFRA (Department for Environment, Food and Rural Affairs), do Reino Unido, o mais citado. Por sua vez, pesquisando as fontes de estudos para a estimativa dos fatores de emissão dessa instituição, identificaram-se referências a outros departamentos, como, para o caso de emissão de transporte de veículos, o AEA Energy and Environment e o Department for Transport, todos sediados na Inglaterra. O estudo geral do DEFRA que apresenta a metodologia para os fatores de emissão do transporte (DEFRA, 2008) aponta que as emissões indiretas, como a da manufatura, produção e distribuição dos combustíveis, não são contempladas nos estudos. No entanto, afirma que há intenção de incluí-las nas próximas publicações. Ainda, o documento indica mudanças nas considerações realizadas de um ano para outro, evidenciando, assim, que os valores e métodos estão em constante revisão. Vôos de passageiros Defra (2008) afirma que os fatores de emissão da aviação foram calculados utilizando a metodologia da EMEP/CORINAIR Atmospheric Emissions Inventory Guidebook, de 2006. O relatório apresenta uma tabela resumo com as principais hipóteses adotadas que influenciam nos cálculos dos fatores de emissão de viagens aéreas. Tais informações são apresentadas na tabela 5. Uma variedade de aeronaves foi utilizada para cálculos dos fatores de emissão para vôos domésticos, de curta e longa distância. A estimativa de vôo de longa distância é baseada em uma distância média de deslocamento de vôo de 6.482 km; enquanto que para os vôos de curtos essa distância é de 1108 km, e 463 km para vôos domésticos. No entanto, Defra (2008b) informa que os vôos domésticos seriam entre aeroportos do Reino Unido, os de curta distância seriam referentes a vôos na Europa, com até 3.700 km e os de longa distância referentes a destinos fora da Europa, ou seja, com mais de 3.700 km. A média da capacidade de assentos, os fatores de ocupação e a proporção de passageiros x km, que é a distância percorrida multiplicada pelo número de passageiros transportados, por diferentes tipos de aeronaves foram obtidos dos dados estatísticos da Civil Aviation Authority (CAA) do Reino Unido, com base nas informações de 2006 (DEFRA, 2008). O relatório nota que a carga transportada em serviços de passageiros também foi levada em consideração e que tal informação influencia significativamente nos fatores de emissão de longo curso. Ainda, o 50 relatório indica que é aplicada uma taxa de 10% para corrigir a subestimação das emissões do real consumo de combustíveis, em atenção ao que recomenda a metodologia da CORINAIR (DEFRA, 2008). Tabela 5 – Valores adotados nos cálculos de fatores de emissão de vôos de passageiros (DEFRA, 2008). Média de número Média do fator Proporção de de assentos de ocupação passageiros x km Boeing 737- 400 143 59% 22% Boeing 737-700 151 75% 11% Airbus A319/320 157 75% 44% BAE Jestream 41 30 45% 4% BAE 146 102 51% 7% Dash 8 Q400 78 49% 12% 135 65% 100% Boeing 737- 400 143 76% 13% Boeing 737- 800 188 83% 12% Airbus A319/320 157 79% 44% Boeing 757 228 86% 30% 181 81% 100% Boeing 747- 400 349 78% 47% Boeing 767 254 81% 17% Boeing 777 235 75% 18% Airbus A330 330 84% 7% Airbus A340 290 71% 10% 304 78% 100% Vôos domésticos TOTAL Vôos de curta distância TOTAL Vôos de longa distância TOTAL Defra (2008) apresenta algumas considerações em relação à carga transportada nas viagens aéreas. As cargas, incluindo mercadorias do correio, são transportadas por dois tipos de aeronaves – aviões de carga que somente transportam mercadorias e aviões de passageiros que transportam, além dos passageiros e as suas bagagens, outras mercadorias. Ainda, o documento informa que os dados da CAA mostram que quase todas as mercadorias transportadas por aviões de passageiros são feitas em vôos de longo curso, e que tal transporte chega a ser cinco vezes maior do que a quantidade de carga transportada em vôos específicos para transporte de cargas. A importância do transporte das cargas cria um fator complicador 51 nos cálculos de fatores de emissão, pois, conforme informa o autor, os cálculos não devem assumir que toda a emissão de CO2 seja atribuída aos passageiros, havendo assim a necessidade de um método para dividir a responsabilidade da emissão de CO2 entre passageiros e mercadorias transportadas. Dados da CAA fornecem uma divisão de tonelada transportada x km para vôos de transporte de carga e vôos de passageiros (ressaltando que esse refere-se à vôos de passageiros e de cargas), sendo possível a utilização de tais dados como base para uma metodologia de atribuição de responsabilidades de emissão (DEFRA, 2008). O documento aponta que há basicamente três opções: 1) Sem ponderação de transporte: assumindo que todo o CO2 é atribuído aos passageiros; 2) Ponderação do transporte – Opção 1: Utiliza diretamente os dados da CAA de tonelada x km (tkm) dividido entre passageiros e mercadorias. No entanto, neste caso, os fatores de emissão obtidos para o transporte de cargas em vôos de passageiros seria muito superior do fator de transporte em vôos de carga, somente. 3) Ponderação do transporte – Opção 2: Utiliza os dados da CAA de tkm para tratar de mercadorias em vôos de passageiros de forma mais equivalente ao transporte em serviços de carga. Leva em consideração nos cálculos o peso adicional de equipamentos específicos utilizados em vôos para transporte de passageiro, como cadeiras, cozinhas, entre outros. Tabela 6 – Fatores de emissão de CO2 para alternativas de ponderações de transporte em vôos de passageiros (DEFRA, 2008). Tipo vôo Sem ponderação Opção 1: direta Opção 2: equivalente Passageiro gCO2.pkm-1 tkm (% total) Passageiro gCO2.pkm-1 tkm (% total) Passageiro gCO2.pkm-1 tkm (% total) Domésticos 100,0% 175,9 99,7% 175,3 99,7% 175,3 Curta 100,0% 98,9 99,4% 98,3 99,4% 98,3 100,0% 125,5 71,2% 89,3 88,1% 110,6 distância Longa distância A configuração do Boeing 747 de carga é responsável pela maioria dos serviços de transporte de longa distância, com mais de 90% de todas as tkm dos transportes de serviços de carga. A aeronave tem capacidade de carga, quando configurada para transporte específico de mercadorias, de 125 toneladas e, quando preparada para vôos de passageiros, de 20 toneladas 52 (DEFRA, 2008). O relatório afirma que se pode supor que a diferença entre os valores representa a capacidade de tonelada por transporte de passageiro. As 105 toneladas incluirão o peso dos passageiros e das bagagens (100 kg por passageiro), mais o peso adicional do assento, da cozinha e os ajustes de estruturas necessárias para as operações de transporte de passageiros. Para uma capacidade de assento média de 350 passageiros, o peso médio por passageiro é de cerca de 300 kg. Trata-se, portanto, de cerca de 3 vezes o peso do passageiro e sua bagagem sozinhos. Na opção 2 da metodologia, o fator 3 é utilizado nos dados da CAA de toneladas x km, aumentando a porcentagem total tkm dos passsageiros, conforme consta na tabela 6. O documento indica a opção 2 como metodologia mais adequada para o cálculo dos fatores de emissão de vôos. Defra (2008) afirma que os fatores de emissão são desenvolvidos com base na queima de combustíveis por aeronaves típicas, em distâncias de viagens constantes no guia de inventário de emissões do EMEP/CORINAIR. Tal informação é combinada com dados de 2006 da CAA sobre a capacidade média da aeronave, dos fatores de carga e de passageiros por ano, além de distâncias percorridas pela aeronave. No entanto, é sugerido um aumento entre 10 e 12% para considerar as variações de consumo de combustível da subida, do cruzeiro e descida da aeronave, sendo os fatores de correção advindos da abordagem da CORINAIR. A utilização do fator assegura a coerência com as emissões da aviação do Reino Unidos, apresentadas à UNFCCC, que abrangem vôos nacionais e internacionais. Ainda, um aumento de 9% deve ser considerado, também por recomendação da CORINAIR, para levar em conta o congestionamento e os deslocamentos necessários nos períodos de tráfego intenso, fator denominado Great Circle Distances (GCD). Este fator de correção não está incluído nos fatores de emissão apresentados e, portanto, deve ser aplicado nos cálculos de emissões (DEFRA, 2008). Defra (2008) apresenta os fatores de emissão médios estimados de 2007 e os revisados em 2008. Está incluso o aumento de 10% para correção de possível subestimação das emissões pela metodologia CORINAIR, mas não inclui o aumento dos 9% do GCD. A tabela 7 apresenta os fatores médios. Tabela 7 – Fatores de emissão médios para vôos de passageiros, de 2007 e revisado de 2008 (DEFRA, 2008). Fatores previstos em 2007 Fatores revisados em 2008 Tipo vôo Fator carga % gCO2.pkm-1 Fator de carga % gCO2.pkm-1 Domésticos 65,0% 158,0 66,3% 175,3 Curta distância 65,0% 130,4 81,2% 98,3 Longa distância 79,7% 105,6 78,1% 110,6 53 Ainda, Defra (2008) apresenta os fatores de emissão de acordo com a distribuição dos assentos nas classes de vôos. Os fatores são influenciados não somente pelo desempenho técnico da frota de aeronaves, mas também pela ocupação no avião sendo fornecidas diferentes configurações no número total de assentos disponíveis, mesmo em aeronaves semelhantes mas de diferentes companhias. Lugares dispostos em áreas de serviços diferenciados, como primeira classe e classe executiva, ocupam um espaço muito maior na aeronave do que a classe econômica e, portanto, reduzem o número total de passageiros que podem ser transportados. De acordo com Defra (2008), como não há o estabelecimento representativo de fatores de dimensionamento adequados, foi feita uma pesquisa das configurações de assentos com aeronaves selecionadas dos Boeings e Airbus. Vinte e quatro variantes dessas aeronaves foram consideradas, incluindo as famílias dos Boeings 737, 747, 757, 767 e 777 e dos Airbus A319/320, A330 e A340. Conforme o relatório de Defra (2008), essas aeronaves representam as principais aeronaves de curto, médio e de longo curso. As diferentes classes de assentos foram avaliadas com base no espaço ocupado em relação a um assento na classe econômica, para cada uma das linhas aéreas e para cada configuração das aeronaves. Tal avaliação foi utilizada para formar uma base para a classe de assentos, apresentadas na tabela 8. Defra (2008) explica que para vôos de longa distância o espaço relativo ocupado por bancos em áreas com serviços diferenciados pode variar significativamente entre companhias aéreas e tipos de aeronaves. A variação ocorre em forma mais extrema nos assentos de primeira classe, que chega a representar de 3 a 6 vezes o espaço ocupado na classe econômica. Tabela 8 – Fatores de emissão para classe dos assentos para vôos de passageiros (DEFRA, 2008). Tipo do vôo Classe gCO2.pkm-1 n. assentos % média % total de classe gCO2.pkm-1 assentos econômica Doméstico Médio 175,3 1,00 100% 100% Curta Médio 98,3 1,05 110% 100% distância Econômica 93,7 1,00 95% 90% Primeira/executiva 140,5 1,50 143% 10% Longa Médio 110,6 1,37 100% 100% distância Econômica 80,7 1,00 73% 80% Econômica + 129,1 1,60 117% 5% Executiva 234,0 2,90 212% 10% Primeira 322,8 4,00 292% 5% 54 A Federal Aviation Administration (FAA) e o Office of Environment and Energy (AEE), dos Estados Unidos, desenvolveram um sistema denominado SAGE que modela a queima de combustíveis das aeronaves e as emissões de todos os vôos civis de um determinado ano, avaliando as emissões globais da aviação (Kim et al., 2005). De acordo com os dados do inventário dos anos de 2000 a 2004, utilizando o modelo, o índice de emissão de CO2 é de 3.155 g.kg-1 de combustível queimado. Para as emissões de CH4 e N2O, a EPA (2008) apresenta os valores de 0,100 g N2O.(kg combustível) -1 e 0,087 g CH4.(kg combustível) -1 para queima de querosene de aviação e valores de 0,040 g N2O.(kg combustível) -1 e 2,640 g CH4.(kg combustível) -1 para queima de gasolina de aviação. Viagens aéreas de transporte de carga Após explicar o desenvolvimento dos fatores de emissão para vôos de passageiros, Defra (2008) apresenta os fatores de emissão revisados em relação aos fatores de 2005, referentes ao transporte aéreo de cargas. O relatório observa que, em coerência com a metodologia para aeronaves de passageiros, um fator de correção com aumento de 10% também é aplicado à base existente. Tabela 9 – Fatores médio de emissão para transporte aéreo de carga, de 2005 e 2008 (DEFRA, 2008). Modo Fatores de 2005 Fatores revisados em 2008 [kgCO2.tkm-1] Doméstico Curta distância Longa distância 1,58 0,57 Fator de carga % kgCO2.tkm-1 56,4% 1,85 59,2% 1,32 65,4% 0,60 Defra (2008) afirma que os novos valores foram calculados com base na mesma metodologia de vôos de passageiros, utilizando o consumo e emissão de aeronaves específicas do guia de inventário de emissões atmosféricas da EMEP/CORINAIR, de 2006. Um resumo das aeronaves selecionadas e os principais fatores que influenciam nos cálculos são apresentados na tabela 10. O relatório informa que as principais mudanças que ocorreram na metodologia de cálculo, nos dados e nas hipóteses adotadas foram: a) a produção de um fator independente para vôos domésticos; b) consideração de variedade mais ampla de aeronaves para cálculos 55 dos fatores de emissão dos vôos domésticos, de curta e longa distância; c) capacidade média de carga; fator de carga/ocupação e as proporções de tkm por diferentes tipos de aeronaves foram calculadas com dados da CAA do Reino Unido, com estatísticas registradas das companhias aéreas para o ano de 2006; d) um aumento de 10% para corrigir uma possível subestimativa das emissões pela metodologia CORINAIR em relação ao consumo de combustíveis e reais emissões. Tabela 10 – Valores assumidos nos cálculos de fatores de emissão de vôos de transporte de carga (DEFRA, 2008). Média da Média do fator Proporção de capacidade de de ocupação passageiros km carga, em toneladas Vôos domésticos Boeing 737- 300 16,0 59% 59,9% Boeing 757-200 27,5 59% 11,7% BAE ATP 6,0 51% 2,2% Lockheed L188 12,0 51% 9,3% BAE 748 6,0 47% 2,5% BAE 146-200/QT 10,0 51% 14,4% 15,6 56% 100,0% Boeing 737- 300 16,0 59% 0,5% Boeing 757- 200 27,6 60% 83,7% BAE ATP 6,0 47% 2,3% Lockheed L188 12,0 52% 8,7% Boeing 747-200F 114,2 66% 4,8% 29,9 59% 100,0% Boeing 747- 400F 125,0 65% 60,1% Boeing 747 - 200F 114,2 66% 18,7% Boeing 757-200 25,8 65% 21,3% 101,9 65% 100,0% TOTAL Vôos de curta distância TOTAL Vôos de longa distância TOTAL O documento de Defra (2008) apresenta uma descrição de considerações que foram feitas para calcular primeiramente os fatores de emissão referentes ao transporte de carga em vôos de passageiros e, posteriormente, apresenta as considerações para os fatores de emissão de transporte de cargas em vôos específicos de transporte de mercadorias. 56 De acordo com Defra (2008), os dados da CAA fornecem uma análise similar do transporte de carga em vôos de passageiros, para vôos de serviço de transporte de carga. A mesma discussão a respeito das estatísticas de tonelada x km por dados de passageiros e de mercadorias é mantida para calcular os fatores de emissão de transporte de carga em serviços de passageiros, a tabela 11 apresenta as opções de ponderação de carga, evidenciando a diferença nos vôos de longa distância. Tabela 11 – Fatores de emissão de CO2 de transporte aéreo para opções de atribuição de carga em vôos de passageiros (DEFRA, 2008). Modo % total de transporte de Opção 1: direta Opção 2: equivalente carga - tkm serviço de passageiro serviço de carga (SP) transporte de carga em SP, % geral -1 kgCO2.tkm total transporte de geral carga em SP, % kgCO2.tkm-1 total Domésticos 7,0% 93,0% 0,3% 1,90 0,3% 1,90 Curta 18,6% 81,4% 0,6% 1,32 0,6% 1,32 71,9% 28,1% 28,8% 1,48 11,9% 0,61 distância Longa distância Defra (2008) afirma que é útil comparar os fatores de emissão calculados para carga transportada em vôos de passageiros (tabela 11), com os fatores equivalentes de carga transportada em vôos para transporte de cargas (tabela 9), pois evidencia-se que, no caso de vôos domésticos, a emissão de CO2 referente à carga transportada em aviões de passageiros, que carrega passageiros e cargas, é similar a um transporte em vôo de carga. Já para vôos internacionais, o fator da tabela 11 é mais do que o dobro do valor comparável na tabela 6 para a opção 1, mas é o mesmo valor para a opção 2. Isso significa que na opção 1, mercadorias transportadas em um avião de passageiros resultam em uma emissão significativamente maior do que se o transporte fosse realizado em uma aeronave de carga. Defra (2008) afirma que tal fato seria um contra-senso, uma vez que o transporte de mercadorias em vôos de longa distância é usado inclusive como forma de maximizar a eficiência global do serviço. A opção 2 é considerada por Defra (2008) como a mais correta a ser adotada. Após as considerações em vôos de transporte de carga e da participação das emissões das cargas nos vôos de passageiros, Defra (2008) apresenta a média final dos fatores de emissão referentes aos transportes de cargas, do ano de 2008. Os valores foram calculados de 57 acordo com os fatores individuais da carga transportada em vôos de passageiros e vôos de serviços de transporte de cargas, ponderados de acordo com a respectiva proporção do total de tonelada x km. O fator de correção de 10% da CORINAIR foi aplicado, mas, no entanto, os valores não incluem o acréscimo de 9% do GCD, que deve ser aplicado separadamente. Tabela 12 – Média final dos fatores de emissão referentes aos transportes de carga, ano 2008 (DEFRA, 2008). Tipo vôo % total transporte aéreo (tkm) Todos os transportes de carga kgCO2.tkm-1 Serviço de Serviço de passageiro transporte Doméstico 7,0% 92,0% 1,90 Curta distância 18,6% 81,4% 1,32 Longa distância 71,9% 28,1% 0,61 Transporte marítimo Conforme Defra (2008), os fatores de emissão referentes ao transporte marítimo de cargas não foram alterados em relação às publicações anteriores. Os fatores são advindos de informações contidas no manual da EMEP/CORINAIR e em um relatório de quantificação de emissões de navios associadas aos deslocamentos de navios entre portos da Comunidade Européia. As informações incluem taxas de consumo de combustível de acordo com a potência do motor e velocidade de cruzeiro no mar, associados aos diferentes navios. A tabela 13 apresenta os valores de gCO2.tkm-1, de acordo com o porte dos navios. Tabela 13 – Fatores de emissão de CO2 para o transporte marítimo de cargas (DEFRA, 2008). Navio Classe de peso (tonelagem gCO2.tkm-1 de porte) Navio-tanque pequeno 844 20,0 Navio-tanque grande 18.371 5,0 Navio-tanque muito grande 100.000 4,0 Graneleiro pequeno 1.720 11,0 Graneleiro grande 14.201 7,0 Graneleiro muito grande 70.000 6,0 Navio de containers pequeno 2.500 15,0 Navio de containers grande 20.000 13,0 58 Tonelagem de porte é o peso da carga que quando adicionada à massa da estrutura do navio e dos equipamentos, irá levar o navio para baixo da sua linha de água. Dessa forma, seriam valores de um navio totalmente carregado. Como os motores dos navios estão impulsionando o peso do próprio navio, que é uma porção significativa do peso total do navio e da sua carga, reduzir a carga de tonelagem de porte não levará a uma redução proporcional na quantidade de combustível necessário para mover o navio por uma determinada distância (DEFRA, 2008). Os fatores de carga típicos dos diferentes navios não estão disponíveis ao público, afirma Defra (2008). Ainda, os fatores de emissão de CO2 serão revistos e atualizados quando os fatores de carga se tornarem disponíveis para fornecer elementos que sejam mais representativos dos deslocamentos das embarcações entre os portos do Reino Unido. Entretanto, os fatores da Tabela 13 devem ser considerados como limite inferior. Buhaug et al. (2009, apud HOWITT et al., 2010) afirmam que estima-se, de acordo com dados da organização marítima internacional, que 2,7% das emissões totais de CO2 no ano de 2007 tenham sido do transporte marítimo. De acordo com Howitt et al. (2010), algumas fontes apresentam fatores de emissão para o transporte marítimo que variam entre 70 gCO2 por passageiro*km e 520 gCO2 por passageiro*km, explicando que os fatores dependem da frota de navios pesquisados, ocasiando assim, esta variação significativa de valores. Os autores apresentaram um estudo de viagens internacionais em navios com destino e saída da Nova Zelândia e, assim, calcularam fatores de emissão específicos para o local. Os resultados mostram valores entre 250 e 2.200 gCO2 por passageiro*km, sendo a média ponderada, obtida considerando-se a quantidade de passageiros transportados por cada navio, de 390 gCO2 por passageiro*km. Ainda, o estudo avaliou o uso da energia advinda das acomodações nos navios, afirmando que essas emissões chegam a ser 12 vezes maiores do que as de um hotel em terrra firme. Os dados, que foram obtidos com base em informações da Nova Zelândia, foram: i) nomes/ número de identificação de navios de cruzeiros que visitaram a Nova Zelândia em determinado ano; ii) origem e destino de cada viagem de cruzeiro e, assim, a distância percorrida; iii) número de passageiros em cada navio; iv) potência nominal dos motores principais e auxiliares de cada navio; v) velocidade do percurso de cada navio; vi) carga média dos motores principais e auxiliares; vii) fatores de emissão de CO2 para cada navio durante a viagem; viii) carga máxima do passageiro de cada navio. 59 Transporte de carga rodoviário Para os veículos pesados de transporte de cargas, Defra (2008) afirma que os valores estabelecidos com base no levantamento do Departamento de Transportes do Reino Unido da média de milhas por galão e média de fator de carga de diferentes tamanhos de veículos pesados rígidos e articulados da frota de 2005, combinando com dados de testes do projeto europeu Artemis, que mostra como a eficiência energética e as emissões de CO2 variam com a carga do veículo. Os dados de milhas por galão do Departamento de Transportes foram convertidos em gCO2.km-1 usando os fatores de conversão de gases de efeito estufa do Defra. O Departamento de Transporte também apresenta o percentual dos fatores de carga, sendo esses, em média, próximos dos 50% de ocupação. Dados do projeto ARTEMIS (INRETS, 2010) mostram que o efeito da carga torna-se proporcionalmente maior nas classes de caminhões mais pesados. Ou seja, a diferença relativa do consumo de combustível entre um caminhão completamente vazio em comparação a um veículo com a capacidade total de carga é maior para os veículos com capacidade de carga maior do que 33t do que para os de menores de 7,5t. A partir da análise de dados do ARTEMIS, Defra (2008) obteve os valores apresentados na tabela 14, que representam a evolução das emissões de CO2 de um veículo completamente vazio (0% de carga) ou com a carga máxima (100% carga), com base na comparação do peso com 50% de carga. Tabela 14 – Alterações nas emissões de CO2 causadas pela variação de +/- 50 % na carga em relação a um peso com 50% de carga (ARTEMIS apud DEFRA, 2008). Peso bruto do veículo % mudança nas emissões de CO2 Rígido Articulado < 7,5 t ±8% 7,5 – 17 t ± 12,5 % > 17 t ± 18 % < 33 t ± 20 % > 33 t ± 25 % Usando os fatores de carga da tabela 14, os fatores de CO2 provenientes dos dados do Departamento de Transportes de milhas por galão para cada estado de carga média dos veículos, chegou-se aos valores apresentados na tabela 15. 60 Tabela 15 – Fatores de emissão de CO2 de 2008 para veículos pesados (DEFRA, 2008). Tipo veículo Peso bruto veículo % do peso em carga gCO2.veículokm-1 Rígido Rígido Rígido < 7,5 t 525 50% 571 100% 617 41% (média Reino Unido) 563 0% 672 50% 768 100% 864 39% (média Reino Unido) 747 0% 778 50% 949 100% 1119 56% (média Reino Unido) 969 7,5 – 17t > 17t Todos veículos rígidos Média Reino Unido Articulado < 33t Articulado 0% 895 0% 672 50% 840 100% 1008 43% (média Reino Unido) 817 0% 667 50% 889 100% 1111 59% (média Reino Unido) 929 > 33 t Todos os articulados Média Reino Unido 917 Todos veículos pesados Média Reino Unido 906 Os fatores de carga da tabela 14 foram utilizados para obter os fatores de CO2 correspondentes a 0% e 100% das cargas da tabela 15. Como o efeito da carga do veículo sobre as emissões de CO2 é linear (de acordo com os dados ARTEMIS), então, esses fatores podem ser interpolados linearmente, se um dado mais preciso da carga do veículo for conhecido. Por exemplo, um veículo pesado se movendo com 75% da carga teria um fator de emissão entre (na metade) dos valores de 50% e 100% dos fatores de carga. Defra (2008) explica que o fator de emissão de CO2 de veículos pesados rígidos com capacidade maior que 17t é maior que aquele para os articulados com capacidade de 33t, pois os fatores dependem do consumo de combustível, que mostra, em média, menor eficiência dos caminhões rígidos em relação aos caminhões articulados. Defra (2008) ressalta que os fatores apresentados na tabela 15 representam as médias para a frota de veículos pesados do Reino Unido, no ano de 2005. Os fatores, por sua vez, são 61 derivados de valores de milhas por galão para caminhões pesados rígidos e articulados, do Departamento de Transporte do Reino Unido. Os fatores de conversão na tabela 15 estão em unidades de distância, ou seja, permitem o cálculo das emissões de CO2 a partir apenas da distância percorrida em quilômetros pelo caminhão, multiplicando o dado pelo fator de conversão apropriado para o tipo de veículo e, se conhecido, fazendo considerações da proporção da carga (DEFRA, 2008). A tabela 16 fornece os fatores de emissão de cada classe de veículos pesados, rígidos e articulados, considerando a carga do transporte de mercadorias. Estes são derivadas da média da frota de veículos de 2005, de fatores de emissão de gCO2.km-1 veículo da tabela 15, além da média da massa transportada por veículo, de acordo com a capacidade de carga do mesmo. Tais valores de massa foram obtidos do Departamento de Transportes do Reino Unido. Dessa forma, obteve-se o valor da carga média para cada classe de veículos pesados (DEFRA, 2008). Uma tkm é a distância percorrida multiplicada pelo peso da carga transportada pelo veículo. Por exemplo, o veículo carregando cinco toneladas de carga por 100 km tem um valor de 500 tkm. As emissões de CO2 são calculadas a partir destes fatores da tabela 16, multiplicando-os pelo número de tkm (DEFRA, 2008). Tabela 16 – Fatores de emissão de CO2 de 2008 para transporte de carga rodoviário em veículos pesados (DEFRA, 2008). Peso bruto do veículo gCO2.tkm-1 3,5 – 7,5 t 591 > 7,5 – 17 t 336 > 17 t 187 Média Reino Unido 276 3,5 - 33 t 163 > 33 t 82 Todos articulados Média Reino Unido 86 Todos veículos pesados Média Reino Unido 132 Rígido Todos rígidos Articulado Para os veículos leves de transporte de cargas (até 3,5 toneladas), Defra (2008) apresenta fatores de emissão calculados com base nos fatores de emissão dos transportes de passageiros, com uma ocupação de carga de 0,5 toneladas para caminhonetes a gasolina (até 1,25 toneladas de peso bruto) e 1 tonelada para veículos leves a diesel, GLP ou GNV (até 3,5 toneladas de peso bruto). Os dados são apresentados na tabela 17. 62 Tabela 17 – Fatores de emissão de CO2 de 2008 para transporte de carga rodoviário em veículos leves (DEFRA, 2008). Combustível veículo Tamanho veículo gCO2.tkm-1 Gasolina Até 1,25 toneladas 448,8 Diesel Até 3,5 toneladas 271,8 GLP ou GNV Até 2,5 toneladas 271,8 Média 283,3 Ônibus e demais veículos pesados rodoviários As emissões dos ônibus por passageiro x km são influenciadas pelo modelo do veículo, parâmetros da condução (proporção de condução urbana, rural e em rodovias), e a média de ocupação do veículo, de acordo com Defra (2008). O fator de emissão apresentado antes de 2008 por Defra era de 89,1 gCO2. km-1 e foi calculado como média de todos os ônibus do Reino Unido. O cálculo foi baseado nos valores de gCO2.km-1 médios da frota de todas as classes de ônibus e dados de jornadas do inventário de GEE do Reino Unido, sendo a taxa de ocupação média calculada utilizando os quilômetros totais rodados pelos ônibus e dados de passageiros x km advindos de estatísticas de transporte da Grã-Bretanha, resultando em 9,2 de taxa de ocupação (DEFRA, 2008). O documento afirma que é desejável maior desagregação dos fatores de emissão por tipos de serviços, como para uso de ônibus local e de ônibus para longas distâncias. Por isso, fatores têm sido desenvolvidos com base em informações fornecidas nas páginas de internet e em relatórios ambientais dos principais operadores de ônibus. Defra (2008) afirma que os fatores de emissão para ônibus locais foram calculados com base nas informações de algumas instituições, apresentadas na tabela 18. As médias foram estimadas considerando a cota de mercado de cada operadora de ônibus. Tabela 18 – Participação no mercado de ônibus das diferentes operadoras (DEFRA, 2008). Operadora ônibus Porcentagem Operadora ônibus Porcentagem Transport for London 0,90% Management 2,50% Overseas 11,80% Arriva 14,50% Municipals 5,60% Independents 14,50% National Express 5,90% Stagecoach 14,00% Go-Ahead 9,80% First Group 20,60% 63 Os fatores de emissão por diferentes tipos de ônibus e a média de ocupação, apresentados por Defra (2008), são exibidos na tabela 19. Tabela 19 – Dados e fatores de emissão para ônibus (DEFRA, 2008). Tipo ônibus Média ocupação por gCO2 .passageirokm-1 passageiro Ônibus local 8,9 115,8 Ônibus Londres 13,5 81,8 Média ônibus 9,7 107,3 Intemunicipal 17,1 29,0 Média 12,3 68,6 Graham et al. (2008) estudaram uma variedade de veículos pesados e motores que operam com diferentes tipos de combustíveis, incluindo diesel, biodiesel, gás natural comprimido, hidrano (20% de hidrogênio, 80% de GNV) e gás natural liquefeito, relatando o balanço de carbono medido nos testes. Dentre os principais resultados apresentados no estudo destaca-se que, para veículos pesados a diesel sem tecnologia de pós-tratamento, dominam as emissões de CO2, as emissões de CH4 representam entre 0% e 0,11% e as de N2O entre 0,16% e 0,27% das emissões de dióxido de carbono equivalente. Nos veículos com tecnologias de pós-tratamento, as emissões de CH4 permaneceram inalteradas mas houve um aumento das emissões de N2O, sendo de 60% o incremento para pós-tratamento com catalisador de oxidação e, para filtro de particulado, o incremento nas emissões de N2O foi 2,75 vezes maior quando utilizado o diesel e 1,9 utilizando B20 (20% de biodiesel). Ainda, os autores afirmam que o uso do gás natural e do hidrano diminuíram as emissões de GEE entre 10 e 20% quando comparados ao diesel. EPA (2008) apresenta fatores de emissão de CH4 e N2O obtidos pela utilização de metodologia semelhante à prevista pelo IPCC, desenvolvidos com base em testes laboratoriais de diferentes veículos e tecnologias de controle. A EPA e California Air Resource Board (CARB) projetaram ensaios seguindo o procedimento de teste, que abrange três segmentos distintos de condução, uma vez que os veículos emitem quantidades variáveis de GEEs, dependendo do tipo de condução. Os segmentos são: (1) um ciclo de condução transiente que inclui arranque a frio e as emissões de deslocamento; (2) um ciclo que representa apenas as emissões de deslocamento; e (3) um ciclo de condução transitória que inclui arranque a quente e as emissões de deslocamento. Para cada ensaio, uma bolsa foi inserida no tubo de 64 escape dos veículos e o conteúdo recolhido e analisado para determinar as quantidades de gases presentes. As tecnologias de controle de emissão dos veículos, de acordo com o estudo apresentado por EPA (2008), são descritas a seguir: Sem catalisador: Estes controles de emissões eram comuns em carros a gasolina de passageiros e caminhões a gasolina leves durante o ano-modelo (1973 - 1974), mas depois foram eliminados . Em veículos pesados iniciaram em meados da década de 1980, e em motos a partir de 1996 . Esta tecnologia reduz emissões de hidrocarbonetos (HC) e monóxido de carbono (CO) por meio de ajustes para o ponto de ignição e relação de ar/combustível, injeção de ar no coletor de escape e recirculação dos gases de escape. Oxidação catalítica: Esta designação de tecnologia de controle representa a introdução do catalisador, e foi a tecnologia mais comum em carros de passageiros a gasolina e caminhões leves a gasolina feitos em carros nos anos 1975-1980 e em caminhões em 1975-1985. Essa tecnologia também foi utilizada em alguns veículos a gasolina pesados, entre 1982 e 1997. As duas vias do catalisador oxidam hidrocarbonetos e monóxido de carbono, reduzindo significativamente as emissões em mais de 80 % além da capacidade do sistema sem catalisador. Os catalisadores não funcionam corretamente quando a gasolina contém chumbo, assim, em 1975 a gasolina sem chumbo foi introduzida no mercado americano. EPA Nível 0: Esta tecnologia foi usada em carros a gasolina de passageiros e caminhões leves a gasolina vendidos no início da década de 1980, e permaneceu comum até 1994. Este sistema mais sofisticado de controle de emissões melhora a eficiência do catalisador, a conversão de CO e HC em CO2 e H2O, a redução de NOx em nitrogênio e oxigênio, utilizando um computador de bordo e sensor de diagnóstico de oxigênio. Além disso, este tipo de catalisador inclui um sistema de medição de combustível (carburador ou injeção de combustível) com “equilíbrio” eletrônico, também conhecido como um sistema de circuito fechado. 65 EPA Nível 1: Este padrão de emissão foi estabelecido em 1990 em alteração à lei dos Estados Unidos, limitando os veículos de passageiros a emitirem 0,25 g.km-1 de NOx e 0,16 g.km-1 de HC. Esses limites representaram respectivamente uma redução de 60% e 40% do EPA Nível 0, cujas normas foram estabelecidas em 1981. Para os caminhões leves também foram alterados valores de emissão, de acordo com o peso do caminhão. As reduções de emissões foram atendidas através da utilização de sistemas mais avançados de controle de emissões, sendo aplicado aos veículos leves de gasolina a partir de 1994. EPA Nível 2: O padrão de emissão foi especificado em 1990, e seus limites são mais rigorosos que os do Nível 1. As emissões de NOx foram limitadas a uma média de 0,035 g.km-1. Esses níveis de emissão de novos representam uma redução de 77-95% das emissões no padrão EPA Nível 1 definido em 1994. Reduções de emissões foram atendidas através da utilização de sistemas mais avançados de controle de emissões e combustíveis com baixo teor de enxofre, introduzidos nos veículos a partir de 2004. Estes sistemas avançados de controle de emissões incluem combustão melhorada, catalisadores avançados de três vias, injeção de combustível e de ignição controlada eletronicamente, entre outras formas. Veículos de baixa emissão: Este padrão de emissões requer um nível de controle muito maior do que o padrão de emissão Nível 1. Aplicado aos veículos leves a gasolina e de passageiros e caminhões, em meados da década de 1990, os veículos de baixa emissão incluem a injeção de combustível multiponto, um sistema de computador e diagnósticos avançados e acoplamento de catalisadores com injeção de ar secundário. As tecnologias de emissão de controle do diesel são divididas em duas categorias: Controle moderado: Melhoria da tecnologia da injeção e projeto de sistemas de combustão para veículos leves e pesados a diesel (geralmente modelos dos anos de 1983 a 1995). Esses controles foram implementados para atender aos padrões de emissão da EPA em 1985 para caminhões a diesel e ônibus. Controle avançado: recirculação dos gases do escape e moderno controle eletrônico no sistema de injeção do combustível são designadas como as tecnologias de controle 66 avançado. Essas tecnologias possibilitam o cumprimento das normas em vigor de 1996 a 2005, nos Estados Unidos. A tabela 20 apresenta os valores de emissão de N2O e CH4 para veículos pesados apresentados por EPA (2008). Os valores para veículos de passageiros e motocicletas serão apresentados nos itens seguintes. Tabela 20 –Fatores de emissão de N2O e CH4 para caminhões (EPA, 2008). N2O (mg.km-1) CH4 (mg.km-1) Caminhões leves a gasolina veículos baixa emissão NÍVEL 2 NÍVEL 1 NÍVEL 0 oxidação catalítica sem catalisador não controlado Caminhões pesados a gasolina veículos baixa emissão NÍVEL 2 NÍVEL 1 NÍVEL 0 oxidação catalítica sem catalisador não controlado Caminhões leves à diesel controle avançado controle moderado não controlado Caminhões pesados à diesel controle avançado controle moderado não controlado 9,8 9,2 4,1 10,1 54,1 28,1 65,6 48,2 39,7 94,2 13,5 118,6 37,0 125,8 19,9 18,8 8,3 20,7 108,7 40,7 132,7 163,4 81,8 146,4 29,4 259,8 30,9 286,1 0,9 0,6 0,9 0,6 1,1 0,7 3,0 3,2 3,0 3,2 3,0 3,2 67 Motocicletas Defra (2008) explica que decidiu-se, em 2007, dividir os fatores de emissão das motocicletas em 3 categorias: motocicletas pequenas (ciclomotores/lambretas até 125 cc); motocicletas médias (125-500cc) e motocicletas grandes (mais de 500cc). Os fatores de emissão foram desenvolvidos com base em dados da Associação de Manufatura de Motocicletas Européias (AMME), apresentados na tabela 21. Tabela 21 – Conjunto de dados de emissões de CO 2 de motocicletas com base na cilindrada do motor (AMME apud DEFRA, 2008). Tamanho motocicleta cc gCO2.km-1* Tamanho motocicleta cc gCO2.km-1* Pequeno 100 68,0 Grande 600 146,0 Pequeno 125 55,0 Grande 600 127,0 Pequeno 125 62,0 Grande 600 101,0 Pequeno 125 74,0 Grande 650 115,0 Pequeno 125 78,0 Grande 780 130,0 Pequeno 125 80,0 Grande 800 123,0 Pequeno 125 82,0 Grande 800 127,0 Pequeno 125 86,0 Grande 800 130,0 Pequeno 125 71,0 Grande 905 146,0 72,9 Grande 950 127,0 Média Pequeno Médio 140 88,0 Grande 950 123,0 Médio 140 82,0 Grande 1000 117,0 Médio 200 80,0 Grande 1000 120,0 Médio 250 93,0 Grande 1070 132,0 Médio 250 82,0 Grande 1130 145,0 Médio 250 76,0 Grande 1150 134,0 Médio 400 79,0 Grande 1170 120,0 Médio 400 94,0 Grande 1170 135,0 Médio 400 112,0 Grande 1200 124,0 Médio 500 117,0 Grande 1300 132,0 Médio 500 104,0 Grande 1800 146,0 Médio 500 120,0 Média Grande Média Médio 93,9 *Cada dado representa uma motocicleta diferente. 128,6 68 Os fatores de emissão por categoria de motocicleta são apresentados na tabela 22. Defra (2008) explica que a média foi ponderada com base nos números de registros das categorias dos diferentes tamanhos do motor das motocicletas. Tabela 22 – Fatores de emissão de CO2 de motocicletas (DEFRA, 2008). Tipo veículo Tamanho motor Tamanho gCO2.km-1 MPG Motocicleta a gasolina Até 125 cc Pequeno 72,9 89,2 125 cc – 500 cc Médio 93,9 69,2 Acima 500 cc Grande 128,6 50,6 Média 105,9 61,8 MPG – milhas por galão. EPA (2008) apresenta os fatores de emissão de CH4 e N2O para motocicletas conforme o sistema de controle de emissões descritos no item “Ônibus e demais veículos pesados rodoviários” . Os dados são apresentados na tabela 23. Tabela 23 – Fatores de emissão de N2O e CH4 para motocicletas (EPA, 2008). N2O (mg.km-1) CH4 (mg.km-1) Motocicletas Sem controle de catalisador 4,3 41,8 Não controlado 5,4 55,9 Veículos de passageiros Os fatores de emissão de veículos de passageiros foram obtidos de acordo com a frota de automóveis do Reino Unido (DEFRA, 2008). Tais fatores foram calculados com base em dados da Sociedade de Fabricantes e Comerciantes de Motor sobre as emissões de CO2 dos automóveis de 1997-2007, combinados com fatores obtidos em função da velocidade média dos veículos, derivados de dados de testes de ciclos, adicionados de 15% para considerar efeitos reais não incluídos nos testes, como uso de acessórios (ar condicionado, luzes, aquecedores), carga nos veículos, deficiências de manutenção, estilos de condução mais severos. Defra (2008) afirma que continuará trabalhando para melhorar a modelagem e, se necessário, revisar os valores no futuro. Os fatores de carros híbridos são calculados por Defra (2008) com base nos dados das emissões de CO2 dos automóveis novos, com média dos quatro principais veículos híbridos atualmente disponíveis no mercado, acrescentados de 15% para representar os efeitos reais do 69 veículo em curso. Ainda, Defra (2008) afirma que o gás liquefeito de petróleo (GLP) e o gás natural veicular (GNV) resultam em uma redução de 10-15% de CO2 em relação aos veículos a gasolina e que os fatores de tais combustíveis foram calculados com base em uma redução média de 12,5% nas emissões de CO2 em relação aos fatores de emissão para veículos a gasolina. Devido ao tamanho e peso significativo do GLP e tanques de combustível GNV, os fatores estão disponíveis apenas para veículos de médio e grande porte. As tabelas 24 e 25 apresentam os fatores de emissão para veículos. Tabela 24 – Fatores de emissão de CO2 para o transporte de veículos (DEFRA, 2008). Veículo Tamanho do motor Porte Valores 2008 Carro gasolina Pequeno 180,9 36,2 1.4 – 2.0 L Médio 213,9 30,6 > 2.0 Grande 295,8 22,1 207,0 31,6 < 1.7 L Pequeno 151,3 49,1 1,7 – 2,0 L Médio 188,1 39,5 > 2,0 L Grande 258,0 28,8 197,9 37,5 Médio 126,2 51,5 Grande 224,0 29,0 - 204,2 32,9 Média carro diesel Carro MPG < 1.4 L Média carro gasolina Carro diesel gCO2.km-1 híbrido (2) gasolina/elétrico (3) Média carro (3) (combustível desconhecido) (2) Média Toyota Prius e Honda Civic (3) Média Lexus GS450h e RX400h (4) Estimado a partir da relação dos dados vkm para gasolina (68,9%) e diesel (31,1%). Tabela 25 – Fatores de emissão de CO2 para GLP e GNV de veículos de passageiros (DEFRA, 2008). Combustível carro Tamanho carro gCO2.km-1 GLP ou GNV Médio 189,2 Grande 259,4 Média 224,3 A tabela 26 apresenta os fatores de emissão de N2O e CH4 de EPA (2008) para veículos de passageiros, de acordo com o sistema de controle descrito anteriormente (item “ônibus e demais veículos pesados rodoviários”). 70 Tabela 26 – Fatores de emissão de N2O e CH4 para veículos de passageiros (EPA, 2008). N2O (mg.km-1) CH4 (mg.km-1) Veículos de passageiros a gasolina veículos baixa emissão NÍVEL 2 NÍVEL 1 NÍVEL 0 oxidação catalítica sem catalisador sem controle Veículos de passageiros à diesel controle avançado controle moderado sem controle Veículos leves à metanol Veículos leves à gás natural comprimido Veículos leves à gás natural liquefeito Veículos leves à etanol 9,3 6,5 2,2 10,8 26,7 16,8 40,2 43,7 31,3 84,2 12,2 105,4 12,2 110,6 0,6 0,3 0,6 0,3 0,7 42,0 0,4 11,0 31,0 458,0 42,0 42,0 23,0 34,0 As estimativas de emissão de GEE da frota de veículos são apresentadas também por Álvares Jr. e Linke (2003) em estudo apresentado pela Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB) que mostra métodos alternativos para a realização dos cálculos com base na metodologia do IPCC. No entanto, levam em consideração dados nacionais disponíveis e composição dos combustíveis comerciais. Os autores afirmam que para a emissão veicular com a utilização de gasolina do tipo C (gasool), que tem uma porcentagem de álcool, ou etanol, anidro adicionado a gasolina, as emissões podem ser estimadas por dois métodos: o descendente e o ascendente. Pela primeira forma, é necessário o cálculo dos fatores de gasolina e de álcool anidro e a utilização da proporção dos combustíveis, de acordo com a determinação da Agência Nacional do Petróleo (ANP). Já com a metodologia bottom-up, os autores apresentam fatores de emissão para veículos leves, obtidos pela CETESB em ensaios de emissão e consumo padronizados conforme ciclo brasileiro de condução definido pela norma NBR-6601. O método prevê o uso de gasolina aditivada com 22% de álcool anidro e simula a viagem média dos veículos leves de passageiros em deslocamentos urbanos, combinando com estradas ou vias expressas. A NBR 6601 refere-se a determinação de hidrocarbonetos, monóxido de carbono, óxidos de nitrogênio e dióxido de carbono no gás de escapamento de veículos rodoviários automotores leves e aponta que o ciclo de condução se define por um gráfico contínuo de 71 velocidade em função do tempo e consiste em seqüências não repetidas dos sistemas de marcha lenta, acelerações, velocidades de cruzeiro e desacelerações em magnitudes e combinações variadas (NBR-6601, 2001). Álvares Jr. e Linke (2003) afirmam que os fatores de emissão de CO2 dos veículos a gasool são mais baixos que os dos movidos a gasolina pura. Isso porque o álcool anidro misturado na gasolina é originário de fonte renovável e não deve ser computado para fins de inventário de emissões de GEE, embora o IPCC recomende que o relato desse tipo de fonte seja feito separadamente. Os autores explicam a estequiometria da combustão do gasool, conhecendo-se: - densidade da gasolina: 0,740 kg.l-1; - densidade do álcool anidro: 0,791 kg.l-1; - porcentagem de gasolina em 1 litro de gasool: 78%; - porcentagem de etanol em 1 litro de gasool: 22%; - fórmula gasolina: C8H18; - fórmula álcool anidro: C2H6O. Assim, para 1 litro de gasool tem-se: 0,78 x densidade gasolina + 0,22 x densidade álcool 0,78 x 0,740 + 0,22 x 0,791 = 0,577 kg C8H18 + 0,174 kg C2H6O Dadas as massas dos combustíveis presentes em 1 litro de gasool, os autores calculam em gramas e por relação de massas, primeiramente, a quantidade de CO2 dada pela queima de 1 litro de gasolina pura: C8H18 + 12,5 O2 → 8 CO2 + 9 H2O Ainda, sabendo-se que a massa atômica do Carbono (C) é 12; do Hidrogênio (H) é 1; do Oxigênio (O) é 16, obtêm-se: 1 (12*8 + 1*18) + 12,5 (16*2) → 8 (12+ 16*2) + 9 (1*2 + 16) Ou seja: 114 g C8H18 + 400 g O2 → 352 g CO2 + 162 g H2O 72 Como em 1 litro de gasool tem-se 577 g de C8H18, para essa quantidade tem-se, por proporção direta, o valor de 1,782 kg de CO2 de origem. Para o etanol anidro, a relação de massa é dada por: C2H6O + 3 O2 → 2 CO2 + 3 H2O 1 (12*2 + 1* 6+ 16) + 3 (16*2) → 2 (12 + 16*2) + 3(2*1 + 16) Ou seja: 46 g C2H6O + 96 g O2 → 88 g CO2 + 54 g H2O Como em 1 litro de gasool tem-se a quantidade de 174 g de C2H6O, para essa quantidade tem-se, por proporção direta, o valor de 0,332 kg de CO2 da porção renovável do gasool. A massa total de CO2 emitida na queima de 1litro de gasool (E22) é 2,114 kg sendo a porção fóssil do combustível 78% e 84,3% da emissão total. Já a porção renovável dos 22% de álcool anidro corresponde a 15,7% do CO2 emitido. Ainda, os autores apresentam valores médios de fatores de emissão de CO2 em veículos leves a gasool (22% etanol anidro), medidos no laboratório de emissões veiculares da CESTESB para fins de certificação do atendimento à legislação ambiental, sendo os dados apresentados na tabela 27. Álvares e Linke (2003) informam que os valores das distâncias percorridas são sugeridos para inventários de frota de veículos leves, quando valores precisos não são conhecidos. Os autores explicam que os fatores de emissão de origem fóssil apresentam uma redução de 15,8% em relação os fatores totais, conforme proporção citada anteriormente. Ainda, afirmam que o aumento dos fatores de emissão dos veículos mais novos se deve à ação do Programa de controle de poluição do ar por veículos automotores (PROCONVE), que induziu a implantação de melhorias tecnológicas nos veículos para atendimento a padrões de emissão de poluentes mais rigorosos. Assim, a melhoria na eficiência dos motores e catalisadores transforma as emissões de CO e hidrocarbonetos em CO2 e água. A tabela 28 apresenta os fatores de emissão apresentados por Álvares e Linke (2003) para o etanol hidratado. De forma semelhante aos dados da tabela 27, os fatores foram obtidos em ensaios de emissão e consumo padronizados, conforme ciclo de condução da Norma NBR-6601. Os autores ressaltam que as emissões do etanol são de origem renovável e que, considerando o balanço de emissões no ciclo de produção, o consumo de álcool é considerado nulo e, dessa forma, não contribui para o aumento da concentração de GEE da atmosfera. 73 IPCC (1996b) também instruiu que os relatos das emissões de combustões da biomassa não sejam incluídos nas emissões de CO2 provenientes da queima de combustíveis, por considerar que a emissão decorrente do consumo da biomassa seria equalizada na remoção com a rebrota da cana. Ainda, IPCC (1996b) recomenda que, caso haja desvios nessa hipótese, as alterações devem ser consideradas em inventários de mudança de uso da terra. Tabela 27 – Fatores de emissão de CO2 para veículos a gasool (ÁLVARES JR.; LINKE, 2003). Ano-modelo Fatores de emissão total (kg CO2.km-1) Fatores de emissão fóssil (kg CO2.km-1) anterior a 1992 0,175 0,147 Distância média percorrida anualmente (km) 9.500 1992 0,193 0,163 13.000 1993 0,193 0,163 13.000 1994 0,193 0,163 13.000 1995 0,207 0,174 14.000 1996 0,214 0,180 14.000 1997 0,217 0,183 14.000 1998 0,217 0,183 15.000 1999 0,217 0,183 17.000 2000 0,217 0,183 19.000 2001 0,217 0,183 22.000 Tabela 28 – Fatores de emissão de CO2 para veículos a álcool hidratado (ÁLVARES JR.; LINKE, 2003). Ano-modelo Fatores de emissão (kg CO2.km-1) anterior a 1992 0,174 Distância média percorrida anualmente (km) 9.500 1992 0,166 13.000 1993 0,166 13.000 1994 0,166 13.000 1995 0,165 14.000 1996 0,173 14.000 1997 0,175 14.000 1998 0,175 15.000 1999 0,175 17.000 2000 0,175 19.000 2001 0,175 22.000 74 2.5.2 Consumo de energia elétrica Para as estimativas de emissão do escopo 2, ou seja, advindas da utilização da energia adquirida da rede, utiliza-se os fatores apresentados por Brasil (2008), que explica que os fatores de emissão médios de CO2 para energia elétrica a serem utilizados em inventários são calculados pela média das emissões da geração e levam em consideração todas as usinas que estejam gerando energia. Brasil (2008) afirma, ainda, que se todos os consumidores de energia elétrica do Sistema Interligado Nacional (SIN) calculassem as suas emissões multiplicando a energia consumida por esse fator de emissão, o somatório corresponderia às emissões do sistema, ou seja, tais fatores devem ser utilizados quando o objetivo for de contabilizar as emissões provenientes do uso da energia elétrica que está sendo gerada em determinado momento, servindo para inventários corporativos. Os critérios detalhados de obtenção dos fatores não são divulgados por Brasil (2008). Apesar de não haver detalhamento do cálculo do fator de emissão do sistema elétrico brasileiro, denominado de SIN – Sistema Interligado Nacional, pesquisou-se a geração de energia advinda de fontes térmica. ONS (2010) explica que o SIN é o sistema de produção e transmissão de energia elétrica do Brasil, sendo um sistema hidrotérmico de grande porte, com predominância de hidrelétricas. Ainda, ONS (2010) informa que apenas 2,4% da capacidade de produção de eletricidade do país encontra-se fora do SIN, em pequenos sistemas isolados, principalmente localizados na região amazônica. De acordo com a pesquisa realizada na página do Operador Nacional do Sistema Elétrico, verificou-se que são disponibilizadas informações de cinco tipos de geração de energia, sendo elas: hidráulica, térmica convencional, térmica emergencial, termo-nuclear e eólica. Extraindo os dados da energia térmica convencional dos anos de 2007 a 2009 e comparando-os com os fatores de emissão disponibilizados por MCT de tais anos, verificouse que há relação entre a geração térmica e os fatores apresentados. No entanto, a relação da proporcionalidade nem sempre coincide, mas evidencia-se que na maioria das vezes os dados apresentam relação. Ressalta-se, no entanto, que não é possível aprofundar a discussão devido a falta de dados e de informações da metodologia empregada por MCT. A tabela 29 apresenta os dados pesquisados e as figuras 8, 9 e 10 as comparações da energia térmica convencional gerada e os fatores de emissão do uso da energia para os anos 2007, 2008 e 2009, respectivamente. 75 Tabela 29 – Energia térmica convencional gerada (GWh) e fatores de emissão de GEE para o sistema elétrico (MCT, 2009 e ONS, 2010). 2009 2008 2007 Fator emissão (kgCO2.MWh-1) Energia gerada por termica convencional (GWh) Fator emissão (kgCO2.MWh-1) 28,1 23,7 24,7 24,5 40,5 36,9 24,1 19,9 16,2 17,9 18,1 19,4 3.494,69 3.922,15 3.803,06 2.976,38 2.943,05 3.116,18 2.685,62 2.847,29 2.647,79 2.964,19 2.229,91 2.858,98 58,4 66,8 59,9 45,3 45,9 52,1 43,7 42,5 41,1 43,8 33,4 47,7 1.202,11 880,06 1.049,45 1.018,80 696,39 1.096,82 1.621,85 1.784,86 1.995,23 2.220,61 2.363,80 2.739,49 22,9 19,5 19,5 19,7 16,1 25,6 31 32,4 35,5 37,7 40,6 49,6 3.000 0,06 2.500 0,05 2.000 0,04 1.500 0,03 1.000 0,02 500 0,01 0 0 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Fatores de emissão [tCO2 .MWh-1] 1.607,92 1.225,51 1.671,03 1.226,48 2.387,94 2.064,57 1.272,92 1.014,61 873,39 984,33 965,82 1.012,93 Fator emissão (kgCO2.MWh-1) Energia gerada por termica convencional (GWh) Energia térmica convencional [GWh] Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Energia gerada por termica convencional (GWh) Energia gerada por termica convencional (GWh) Fator emissão (tCO2.MWh-1) Figura 8 - Relação entre energia térmica convencional gerada e fatores de emissão, dados de 2007 (com base em ONS, 2010 e MCT, 2009). 4.500 4.000 3.500 3.000 2.500 2.000 1.500 1.000 500 0 0,08 0,07 0,06 0,05 0,04 0,03 0,02 0,01 0 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Energia gerada por termica convencional (GWh) Fatores de emissão [tCO2 .MWh-1] Energia térmica convenvional [GWh] 76 Fator emissão (tCO2.MWh-1) 0,045 0,04 0,035 0,03 0,025 0,02 0,015 0,01 0,005 0 2.500 2.000 1.500 1.000 500 0 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Fatores de emissão [tCO2.Mwh-1] Energia térmica convencional [GWh] Figura 9 - Relação entre energia térmica convencional gerada e fatores de emissão, dados de 2008 (com base em ONS, 2010 e MCT, 2009). Energia gerada por termica convencional (GWh) Fator emissão (tCO2.MWh-1) Figura 10 - Relação entre energia térmica convencional gerada e fatores de emissão, dados de 2009 (com base em ONS, 2010 e MCT, 2009). Rothschild et al. (2009) apresentam informações sobre o Emissions & Generation Resource Integrated Database – eGRID, banco de dados da agência de proteção ambiental americana das informações que incluem os fatores de emissão de gases de efeito estufa da rede elétrica americana. Os autores informam que o eGRID relata as diferentes taxas de emissão de CO2, CH4 e N2O e de dois critérios de poluentes – óxido de nitrogênio (NOx), dióxido de enxofre (SO2) e de um poluente tóxico do ar – mercúrio (Hg). Os dados relativos às emissões são associados à geração de eletricidade e não ao consumo, dessa forma não levam em conta as perdas de transmissão e distribuição, importação e exportação entre subregiões dos Estados Unidos e nem das emissões do ciclo de vida nas unidades de geração de energia, como as emissões advindas da extração, transformação e transporte dos combustíveis. 77 As informações do eGRID são fornecidas por subregiões do país, de acordo com as usinas de geração ligadas nos sub-sistemas de energia americano. Dessa forma, os fatores de emissão de GEE são diferentes entre as subregiões. Conforme os autores, as taxas de emissão por sub-regiões são os valores padrão recomendados para mensuração das emissões de GEE referentes à aquisição de energia elétrica (escopo 2). Os fatores são calculados como a massa das emissões dividida pela energia gerada, sendo os dados oficiais dos valores de CO2 apresentados em lb.MWh-1 e para CH4 e N2O em lb.GWh-1 (ROTHSCHILD et al., 2009). A tabela 30 apresenta os fatores de emissão divulgados mais recentemente, com dados do ano de 2005. Nota-se que as conversões de unidades foram feitas para apresentação das taxas em kg.kWh-1. Tabela 30 – Fatores de emissão de GEE para o sistema elétrico americano, dados de 2005 (com base em ROTHSCHILD et al., 2009). eGRID Taxa emissão CO2 por Taxa emissão CH4 por Taxa emissão N2O por Nome subregião subregião (kg.kWh-1) subregião (mg.kWh-1) subregião (mg.kWh-1) ASCC Alaska Grid 0,559 11,61 2,95 ASCC Miscellaneous 0,226 9,41 1,85 WECC Southwest 0,595 7,92 8,14 WECC California 0,328 13,72 3,66 ERCOT All 0,601 8,46 6,86 FRCC All 0,598 20,83 7,68 HICC Miscellaneous 0,687 142,74 21,27 HICC Oahu 0,822 49,65 10,71 MRO East 0,832 12,52 13,77 MRO West 0,826 12,7 13,93 NPCC New England 0,421 39,23 7,71 WECC Northwest 0,409 8,68 6,76 NPCC NYC/Westchester 0,370 16,34 2,48 NPCC Long Island 0,697 52,35 8,21 NPCC Upstate NY 0,327 11,26 5,08 RFC East 0,517 13,73 8,49 RFC Michigan 0,709 15,39 12,32 RFC West 0,698 8,27 11,66 WECC Rockies 0,854 10,38 13,04 SPP North 0,889 10,8 14,55 SPP South 0,752 11,33 10,25 SERC Mississippi Valley 0,463 11,03 5,31 SERC Midwest 0,830 9,59 13,84 SERC South 0,676 11,92 11,55 SERC Tennessee Valley 0,685 9,09 11,63 SERC Virginia/Carolina 0,515 10,78 8,98 Defra (2009) apresenta os fatores de emissão da eletricidade do Reino Unido e explica que esses representam a média das emissões de dióxido de carbono equivalente a partir da 78 rede nacional dada pelo consumo da eletricidade, incluindo as emissões da transmissão e as perdas de distribuição. Ainda, afirma que os fatores incluem o CO2, CH4 e N2O das usinas de geração de energia mas não incorporam as resultantes da produção e entrega dos combustíveis às usinas de geração elétrica. Os fatores mudam de ano para ano, devido a mudanças na mistura do combustível consumido. Como tais mudanças podem ser significativas devido à dependência dos preços do carvão e do gás natural, e para auxiliar as empresas a compararem as suas emissões anuais, o fator recomendado por Defra (2009) para a realização dos inventários do Reino Unido é uma média dos últimos 5 anos, sendo o fator atualizado anualmente. A tabela 31 apresenta os fatores de emissão do consumo (referente à emissão da energia gerada somada a emissão das perdas do sistema) da energia elétrica para o Reino Unido. Ano 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 Tabela 31 – Fatores de emissão de GEE para o sistema elétrico do Reino Unido (DEFRA, 2009). Fator emissão referente ao Fator emissão referente ao Fator emissão referente ao Fator emissão CO2 CH4 N2O (kg CO2e.kWh-1) -1 -1 -1 (kg CO2e.kWh ) (g CO2e.kWh ) (g CO2e.kWh ) 0,77000 0,21 6,30 0,77651 0,75000 0,20 6,11 0,75631 0,70000 0,19 5,70 0,70589 0,62000 0,19 4,72 0,62491 0,61000 0,20 4,55 0,61475 0,58000 0,20 4,23 0,58443 0,56845 0,20 3,86 0,57250 0,52448 0,19 3,31 0,52798 0,52592 0,20 3,32 0,52944 0,49345 0,20 2,85 0,49650 0,52368 0,21 3,15 0,52704 0,54110 0,22 3,36 0,54469 0,52306 0,22 3,15 0,52642 0,53859 0,22 3,36 0,54218 0,53945 0,22 3,26 0,54293 0,52665 0,24 3,33 0,53022 0,55502 0,24 3,66 0,55892 0,54303 0,25 3,39 0,54667 Como pode ser verificado pela tabela 29, o maior fator de emissão do uso da energia elétrica do Brasil do período de 2007 a 2009 é o de fevereiro de 2008 - 0,0668kgCO2.kWh-1 (equivalente a tCO2.MWh) e o menor fator é o de março de 2007 - 0,0161 kgCO2.kWh-1. O valor médio dos fatores de emissões dos três anos é de 0,0340 kgCO2.kWh-1 e o desvio padrão é de 0,0030. Para os dados dos Estados Unidos, como mostra a tabela 30, o maior fator é de da sub-região SPP North - 0,8937 kgCO2e.kWh-1 e o menor fator é da ASCC Miscellaneous 0,2268 kgCO2.kWh-1. O valor médio das emissões do sistema elétrico americano é de 0,6143 79 kgCO2.kWh-1 e o desvio padrão é de 0,1878. Já para o Reino Unido, conforme verifica-se na tabela 31, os fatores de emissão do início da década de 90 são maiores do que dos demais anos. Considerando-se os valores dos últimos três anos para os quais se tem dados (2005 a 2007), o fator do ano de 2006 é o mais alto de emissão, sendo o valor de 0,5592 kgCO2.kWh1 . Ainda, a média do fator de emissão do Reino Unido, considerando-se todos os anos apresentados é de 0,5838 kgCO2.kWh-1, e dos último três anos é de 0,5453 kgCO2.kWh-1, sendo o desvio padrão de 0,0493. Assim, verifica-se que a média dos fatores de emissão dos Estados Unidos é cerca de 18 vezes maior que a média do Brasil e a média dos fatores dos últimos três anos do Reino Unido é cerca de 16 vezes maior que e média brasileira. 2.5.3 Resíduos Os resíduos sólidos podem ser descartados em aterros, lixões ou, ainda, passar por reciclagem ou incineração. O processo de tratamento de resíduos libera metano devido à decomposição da matéria orgânica contida e a ser decomposta por ação de bactérias metanogênicas (BRASIL, 2006b). Assim, o IPCC recomenda que tais emissões sejam contabilizadas nos inventários nacionais. O inventário do Brasil publicado de emissões decorrentes dos resíduos refere-se ao período de 1990 a 1994 e foi executado pela Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental – CETESB seguindo a metodologia de 1996 recomendada pelo IPCC (BRASIL, 2006b). Os autores do trabalho explicam que a metodologia proposta requer o levantamento de dados estatísticos, sendo necessário o conhecimento da população urbana, das condições de tratamento, da determinação do volume de resíduos gerados, da concentração da matéria orgânica e dos recursos de saneamento empregados nos anos inventariados. Ainda, afirmam que o IPCC sugere que, quando possível, sejam utilizados dados da literatura nacional e informações locais, mas que muitas das informações não estão disponíveis ou que possuem elevados graus de incertezas (BRASIL, 2006b). Brasil (2006b) afirma que a emissão de metano dos locais de disposição de resíduos sólidos é calculada, de acordo com a metodologia do IPCC por: Emissão de metano [Gg CH4 / ano] = (Popurb * taxa RSD * RSDF * FCM * COD * CODF * F * 16/12 – R) * (1 – OX) 80 Sendo: Popurb = população urbana do país; taxa RSD = taxa de geração de resíduos sólidos por habitante por ano; RSDF = fração de resíduos sólidos que é depositada em locais de disposição de resíduos sólidos; FCM = fator de correção de metano; COD = carbono orgânico degradável no resíduo; CODF = fração de COD que realmente degrada; F = fração de CH4 no gás de aterro; 16/12 = taxa de conversão de carbono em metano; R = quantidade de metano recuperado [Gg CH4.ano-1]; OX = fator de oxidação. Verifica-se que no cálculo é utilizado um valor de geração de resíduo por habitante, multiplicado pela quantidade de habitantes do país, para estimar a quantidade de resíduo gerado. No inventário nacional foi utilizada a estimativa de geração de lixo por habitante de acordo com o número de habitantes do município, obtidos por municípios do estado de São Paulo, obtendo-se os valores de geração de 0,4 kg.habitante-1.dia-1 para municípios com até 100.000 habitantes; 0,5 kg.habitante-1.dia-1 para municípios de 100.001 a 500.000 habitantes; 0,6 kg.habitante-1.município-1 para municípios de 500.001 a 1.000.000 habitantes e de 0,7 kg.habitante-1.dia-1 para municípios com mais de 1.000.000 de habitantes (CETESB, 1992 apud BRASIL, 2006b). Com os dados da população urbana dos municípios brasileiros como fator de ponderação, chegou-se ao valor de 0,5 kg.habitante-1.dia-1, utilizado no inventário nacional (BRASIL, 2006b). Conforme afirma Brasil (2006b), a fração de resíduos sólidos depositada em aterros utilizada no inventário nacional é de 85%, com ordem de erro de 10%, e está baseada nos dados mais recentes da Pesquisa Nacional de Saneamento Básico. O fator de correção de metano é baseado na profundidade do local de disposição dos resíduos sólidos. Por não haver dados específicos para o Brasil, no inventário nacional utilizou-se o valor padrão recomendado pelo IPCC, que é de 60% (BRASIL, 2006b). O carbono orgânico degradável utilizado no Brasil também foi o mesmo sugerido pelo IPCC, de 12%, não considerando informações dos hábitos brasileiros. O autor explica que os dados de composição dos resíduos nas cidades são escassos e pouco contribui para o levantamento das 81 emissões. No entanto, é apresentada uma estimativa do COD a partir de alguns dados, embora não utilizada no inventário nacional, que indica um valor entre 17,8 e 28,4%. Para a fração de carbono orgânico degradável que realmente degrada também foi utilizado o valor de recomendação do IPCC, de 77%, pois também não se encontra disponível no Brasil informação específica. IPCC (1996d) explica que tal fração é baseada em um modelo teórico que leva em consideração somente a temperatura na zona anaeróbia do aterro, sendo definido por 0,014 T + 0,28, onde T é a temperatura. Considera-se que essa é de 35º C, permanecendo constante independente da temperatura do ambiente, assim, gera um fator de CODF de 0,77, ou seja, 77% (Bingemer; Crutzen, 1981 apud IPCC 1996d). A fração de metano no gás de aterro recomendada pelo IPCC é de 50% e, de acordo com Brasil (2006b), o valor é confirmado por uma amostra de dados de composição de gás de aterro da região metropolitana de São Paulo, cuja média resultou no valor de 49,4%. Já o metano recuperado é definido por IPCC (1996d) como a quantidade de metano que é capturado para queima ou utilização, não havendo valores padrões sugeridos pelo IPCC. Brasil (2006b) afirma que a quantidade de metano recuperado ou queimado é considerada insignificante, dessa forma, não considera valor para tal parâmetro. O fator de oxidação representa o metano oxidado nas camadas superiores da massa de resíduos e da cobertura de material onde o oxigênio está presente. Não há um valor internacionalmente aceito, embora alguns pesquisadores estejam investigando os efeitos da oxidação nos aterros. Dessa forma, o valor do fator de oxidação é considerado zero (IPCC, 1996d). EPA (2006) afirma que a gestão de resíduos sólidos apresenta muitas oportunidades de redução de emissões de GEE, pela redução de geração, reciclagem e evitando emissões de CH4 de aterros sanitários. Ainda, informa que uma pesquisa foi realizada para desenvolver fatores de emissão de GEE específicos para certos materiais que podem ser utilizados na mitigação das mudanças climáticas pela prática de gestão mais eficiente de resíduos. EPA (2006) explica que adotou uma convenção que permitiu calcular impactos das emissões tendo como referência a geração de resíduos, ou seja, a partir do momento em que o material é descartado. Dessa forma, não é levada em conta a avaliação do ciclo de vida, que considera a extração da matéria-prima como ponto de referência, além disso, o estudo não contempla as emissões proveniente da fase de utilização do material, pois o seu uso não tem efeito sobre as emissões de gestão de resíduos. Dessa forma, os dados apresentados por EPA (2006) referemse a redução de emissão de GEE entre diferentes opções de tratamento. 82 A tabela 32 apresenta os impactos da emissão de GEE na redução, reciclagem, compostagem, incineração e disposição em aterro sanitário, sendo os impactos calculados por tonelada americana3 de resíduo. Os fatores devem ser utilizados comparando-os com as demais opções de gestão. Assim, eles não servem para refletir valores absolutos, mas sim o impacto na escolha de uma opção de gestão de resíduos em detrimento de outra para um determinado material. Tabela 32 – Emissão de GEE conforme gestão de resíduos em tCO2e.tonelada americana de resíduo-1 (EPA, 2006). Redução na Aterro Materiais Reciclagem Compostagem Incineração fonte Sanitário Latas de alumínio -2.24 -3.70 NA 0.02 0.01 Latas de aço -0.87 -0.49 NA -0.42 0.01 Fio de cobre -2.00 -1.34 NA 0.01 0.01 Vidro -0.16 -0.08 NA 0.01 0.01 Polietileno de alta densidade -0.49 -0.38 NA 0.25 0.01 Polietileno de baixa densidade -0.62 -0.46 NA 0.25 0.01 PET -0.57 -0.42 NA 0.30 0.01 Papelão Ondulado -1.52 -0.85 NA -0.18 0.11 Revistas / Propaganda por correspondência -2.36 -0.84 NA -0.13 -0.08 Jornal -1.33 -0.76 NA -0.20 -0.24 Papel de escritório -2.18 -0.78 NA -0.17 0.53 Lista de telefone -1.72 -0.72 NA -0.20 -0.24 Livros didáticos -2.50 -0.85 NA -0.17 0.53 Madeira serrada -0.55 -0.67 NA -0.21 -0.13 Painel de fibra de madeira -0.60 -0.67 NA -0.21 -0.13 Comida Descarta NA NA -0.05 -0.05 0.20 Podas de jardim NA NA -0.05 -0.06 -0.06 Mistura de papéis Resíduos em geral NA -0.96 NA -0.18 0.09 Resíduos residenciais NA -0.96 NA -0.18 0.07 Papel de escritório NA -0.93 NA -0.16 0.13 Mistura de metais NA -1.43 NA -0.29 0.01 Mistura de plásticos NA -0.41 NA 0.27 0.01 Mistura de recicláveis NA -0.79 NA -0.17 0.04 Mistura de orgânicos NA NA -0.05 -0.05 0.06 Mistura de RSU quando descartado NA NA NA -0.03 0.12 Tapete -1.09 -1.96 NA 0.11 0.01 Computadores Pessoais -15.13 -0.62 NA -0.05 0.01 Tijolos de barro -0.08 NA NA NA 0.01 Concretos NA 0.00 NA NA 0.01 Cinzas NA -0.24 NA NA 0.01 Pneus -1.09 -0.50 NA 0.05 0.01 NA – não aplicável 3 tonelada curta, ou tonelada americana equivale a 2000 libras ou 0,91 toneladas métricas (FPSI, 2010). 83 EPA (2006) ressalta que o estudo realizado leva em conta as considerações médias americanas. Ainda, afirma que a redução na origem representa uma oportunidade para reduzir as emissões de forma mais significativa. Em seguida está a reciclagem, para a maioria dos materiais, que reduz as emissões de CO2 relacionadas ao processo de fabricação. 2.6 INCERTEZAS DOS INVENTÁRIOS DE EMISSÕES DE GEE De acordo com IPCC (1996e) as incertezas são inevitáveis na realização de um inventário nacional, pois ocorrem diferentes interpretações nas definições e suposições. O uso de representações simplificadas, como médias, sobretudo de fatores de emissão, e hipóteses para representar as características de uma determinada população, também são pontos apontados por IPCC (1996e) como responsáveis pelas incertezas dos inventários. Ainda, o autor afirma que as incertezas nos dados de atividades, além da própria incerteza científica dos processos de transferência de emissões e remoções de gases de efeito estufa, são importantes pontos que resultam no acúmulo de incertezas de um inventário. Em casos de inventários de países, IPCC (1996e) informa que não é possível estabelecer valores gerais de incertezas, para todos os países. Um exemplo de peculiaridades que ocorrem e que dificultam as definições de incertezas é apresentado quando IPCC (1996e) afirma que a incerteza relativa aos coeficientes padrões de emissão de carbono para uma população global de combustíveis fósseis em um processo de combustão pode ser caracterizada como muito baixa na metodologia do IPCC, no entanto, especialistas do país que está inventariando as suas emissões podem ter conhecimento de que, no país, os valores variam muito. Nesse caso, o uso de valores padrão no inventário do país introduzirá uma maior incerteza. Ainda, o documento afirma que da mesma forma que com as incertezas na metodologia e nos fatores de emissão, os elaboradores dos inventários devem julgar a qualidade dos dados de atividade utilizados em seu próprio inventário nacional. IPCC (1996e) afirma que a expressão da incerteza de forma quantitativa e sistemática, com intervalos de confiança bem definidos, é mais proveitosa do que a descrição qualitativa de incertezas, dessa forma, apresenta algumas sugestões para o desenvolvimento das incertezas quantitativas dos inventários nacionais. Porém, IPCC (1996e) afirma que um trabalho para estimativa das incertezas de forma mais consistente será foco de trabalho pelo Painel no futuro. 84 Ainda, IPCC (1996e) fornece uma tabela com avaliações das incertezas relativas à base científica das estimativas de emissão global de alguns componentes chave da metodologia, apresentada na tabela 33. Ressalta-se, de acordo com o documento, que os valores não devem ser utilizados para estimar a incerteza de um determinado inventário nacional, pois são fornecidas apenas para auxiliar os usuários nas orientações da consideração da base científica nos diferentes componentes. Tabela 33 – Avaliações ilustrativas das incertezas da base cientifica das estimativas de emissões (IPCC,1996e). Gás Categoria de origem Fator de Dados de emissão UF atividade UD Incerteza total UT CO2 Energia 7% 7% 10% CO2 Processos industriais 7% 7% 10% CO2 Mudança no uso da terra e florestas 33% 50% 60% CH4 Queima de biomassa 50% 50% 100% CH4 Atividades de petróleo e gás natural 55% 20% 60% CH4 Mineração de carvão e atividades de 55% 20% 60% tratamento CH4 Cultivo de arroz 3/4 1/4 1 CH4 Resíduos 2/3 1/3 1 CH4 Animais 25% 10% 25% CH4 Resíduos de origem animal 20% 10% 20% N2O Processos industriais 35% 35% 50% N2O Solos agrícolas N2O Queima de biomassa 2 ordens de magnitude 100% Para estimar a incerteza por categoria e por fonte de gás de um inventário nacional, é necessário desenvolver as informações como as apresentadas na tabela 26, com valores específicos do país para a metodologia e fontes de dados utilizadas. Como é necessário obter a incerteza total decorrente da combinação do fator de emissão e da incerteza dos dados da atividade, IPCC (1996e) apresenta uma forma para combinação das incertezas, que consiste em estimar a incerteza das emissões totais pela raiz quadrada da soma dos quadrados das incertezas percentuais associadas com o fator de emissão. Para as incertezas individuais superiores a 60%, a soma dos quadrados não é válida. Nesses casos, poderá ser feita uma combinação de valores de limites para definir uma escala global, levando limites superiores e inferiores que são assimétricos para uma estimativa central (IPCC, 1996e). Protocolo GHG (2010b) afirma que as incertezas nos inventários de emissões de GEE podem ser categorizadas em científicas ou de estimativa. A incerteza científica se dá quando a 85 ciência dos processos de emissões atuais e de remoção não é suficientemente compreendida. Como exemplo Protocolo GHG (2010b) comenta os fatores do potencial de aquecimento global (PAG), que são valores utilizados para combinar as estimativas de emissão de diferentes GEE, e que, de acordo com o autor, envolvem uma incerteza científica significativa. A análise e quantificação das incertezas científicas são problemáticas e, segundo Protocolo GHG (2010b), é provável que esteja fora do alcance da empresa que está realizando o inventário. Ainda, Protocolo GHG (2010b) afirma que as incertezas de estimativa ocorrem a partir do momento em que as emissões de GEE são quantificadas. Dessa forma, todos os cálculos de emissão de GEE ou de remoção desses gases, estão associados às incertezas de estimativas. Tais incertezas podem ser classificadas em dois tipos: incerteza do modelo e incerteza do parâmetro (PROTOCOLO GHG, 2010b). De acordo com o Protocolo GHG (2010b), as incertezas do modelo referem-se aquelas associadas com as equações matemáticas utilizadas para caracterizar as relações entre os vários parâmetros e processos das emissões. Tais incertezas podem surgir devido à utilização de um modelo matemático incorreto ou de parâmetros inadequados. Da mesma forma que as incertezas científicas, a estimativa da incerteza do modelo também é provável de estar fora do alcance da empresa, no entanto, as empresas podem querer utilizar suas competências científicas e de engenharia para avaliar as incertezas dos seus modelos (Protocolo GHG, 2010b). As incertezas de parâmetros são as associadas à quantificação dos parâmetros utilizados como dados de entradas (por exemplo, dados de atividade, fatores de emissão). Tais incertezas podem ser avaliadas por análise estatística, determinação de precisão dos equipamentos de medição e por parecer de especialistas. A quantificação das incertezas de parâmetros deve ser o foco principal das empresas que optam por estudar as incertezas de seus inventários de emissões (PROTOCOLO GHG, 2010b). Dado que as somente as incertezas de parâmetros são as possíveis de serem avaliadas pelas empresas, Protocolo GHG (2010) afirma que a incerteza do inventário será imperfeita. O autor afirma também que não é sempre que os dados completos estarão disponíveis para avaliar estatisticamente as incertezas dos parâmetros. Em alguns casos, as empresas podem utilizar a precisão do instrumento ou informação da calibração para informar a sua avaliação da incerteza estatística. No entanto, para quantificar algumas das incertezas sistemáticas associadas aos parâmetros e estimativas para completar a incerteza estatística, as empresas geralmente devem confiar em avaliações de especialistas. O problema com o parecer dos 86 especialistas, porém, é a dificuldade em obter informações de uma base comparável, ou seja, de forma imparcial (PROTOCOLO GHG, 2010). Dessa forma, o Protocolo GHG (2010b) informa que além das estimativas de emissões de gases de efeito estufa serem imperfeitas, haverá sempre uma componente subjetiva quando utilizada as avaliações de especialistas. Assim, Protocolo GHG (2010) informa que apesar dos esforços mais completos, as estimativas de incerteza para inventários de GEE podem ser consideradas altamente incertas. Exceto em casos muito restritos, a incerteza das estimativas não podem ser interpretadas como medidas objetivas que podem ser usadas como uma medida de qualidade imparcial para comparar todas as categorias de origem ou diferentes empresas. Uma exceção seria quando duas instalações funcionalmente similares utilizam metodologias de cálculo idênticas. Ainda, assumindo que os dados estatísticos ou a precisão do aparelho estão disponíveis para estimar as incertezas dos parâmetros (ou seja, o julgamento de peritos não é necessário), estimativas de incertezas quantitativas podem ser tratadas como sendo comparáveis entre as instalações. No entanto, o grau de comparabilidade depende da flexibilidade que os participantes têm para estimar as emissões, a homogeneidade em suas instalações, bem como o nível de execução e revisão das metodologias utilizadas. Protocolo GHG (2010b) afirma que, mesmo diante de tantas complicações, a busca pelas avaliações das incertezas pode apoiar os esforços da empresa para compreender as inseguranças associadas ao inventário, determinar a qualidade do inventário e estabelecer linhas de comunicação com os fornecedores de dados, dando oportunidades para melhoria na qualidade dos dados fornecidos e nos métodos utilizados. Outro ponto colocado por Protocolo GHG (2010b) é de que os resultados da análise das incertezas podem fornecer informações valiosas para os revisores, verificadores e gestores, que futuramente poderão definir prioridades de investimentos para melhorar as fontes de dados e metodologias utilizadas no inventário. Ainda, Protocolo GHG (2010b) informa que as incertezas de parâmetros podem ser divididas em incertezas sistemáticas ou estatísticas. As incertezas sistemáticas ocorrem quando os dados são sistematicamente tendenciosos ou, em outras palavras, quando a medida do valor estimado é sempre maior ou menor do que o valor real. Como o valor verdadeiro não é conhecido, os desvios não podem ser quantificados de maneira estatística, no entanto, é possível identificá-los pela investigação da qualidade e por conhecimento de especialistas. A fim de evitar os erros associados às análises dos especialistas, Protocolo GHG (2010b) recomenda o uso de procedimentos pré-definidos para levantamento pelos especialistas. 87 Os dados também estão sujeitos às incertezas estatísticas. Tais tipos de incertezas resultam de variações naturais, como erros humanos aleatórios de avaliações e flutuações nos equipamentos de medição. Essas incertezas podem ser calculadas através da repetição de experimentos e coleta de dados (PROTOCOLO GHG, 2010b). As medições das incertezas normalmente são apresentadas como faixa de incerteza, ou seja, um intervalo, expresso em ± % do valor médio relatado, por exemplo, 100t ± 5%. Depois das informações necessárias sobre as incertezas dos parâmetros serem colhidas, a empresa deverá combinar as suas informações de incerteza de parâmetro utilizando uma abordagem totalmente quantitativa, sendo apresentados por Protocolo GHG (2010b) duas opções de técnicas matemáticas: o método da propagação de erros de primeira ordem, também conhecido como método gaussiano; ou método baseado em uma simulação de Monte Carlo. Brasil et al. (2008) afirmam que fontes de erros deverão ser consideradas e quantificadas quando se deseja calcular a incerteza associada à fonte. Ainda, apontam incertezas típicas exemplificando, para dados de atividade dados por quilômetros percorridos, a diversidade da frota (idade, modelo, fabricante), as diferenças nas manutenções dos motores, relevo de percursos e carga transportada em veículos. No caso de estimativas de emissões de combustíveis consumidos, apontam a variação da composição do combustível e a manutenção dos motores como exemplos de incertezas. 2.7 REDUÇÃO DE EMISSÕES DE GEE Uma das formas de reagir em relação à mudança do clima é reduzir a emissão de GEE para a atmosfera (BODE, 2004). Bastianoni et al. (2004) apontam que, a fim de diminuir as emissões de GEE, é necessário que hajam investigações mais profundas das emissões, sendo importante não apenas identificar qual a principal fonte de emissão, mas também identificar por que os gases são emitidos e os setores econômicos envolvidos na emissão. No entanto, os autores afirmam que sem a atribuição de responsabilidade pelas emissões de GEE, a redução continuará sendo uma tarefa árdua. Dessa forma, Bastianoni et al. (2004) afirmam que a comunidade científica deverá chamar mais a atenção para a necessidade de um método de contabilidade justo para a elaboração de inventário de GEE. As discussões sobre a atribuição de responsabilidades de emissões começaram com o princípio de responsabilidade territorial, onde o excesso de 88 emissões seria apontado pela diferença entre a emissão e a captura de GEE de determinado território. Em alternativa ao princípio de responsabilidade territorial, outras abordagens têm sido consideradas a fim de propor políticas mais eficazes e justas, principalmente pela distinção entre a responsabilidade do território consumidor e a do produtor. Os autores indicam que as emissões devido a produção de materiais e transporte de produtos são consideradas advindas da energia local, sendo atribuídas ao sistema ou país onde os combustíveis são distribuídos não havendo a consideração do porquê dos combustíveis serem queimados e de quem se beneficia com o uso do material ou produto. Dessa forma, os autores defendem o princípio de que aquele que consome também tem responsabilidade nas emissões, dado que o comércio é uma atividade que envolve as duas partes. Songs e Lee (2009) apontam que quando aspectos ambientais significativos são relacionados à emissão de GEE, deve-se focar nos projetos e desenvolvimento de produtos, com a redução das emissões dos GEEs de um produto levando em consideração o seu ciclo de vida. Essa estimativa de emissão de GEE de um produto, uma vez que considera todo o seu ciclo de vida, deve avaliar: extração da matéria prima; manufatura; distribuição; utilização; final da vida. Ainda, os autores apontam que um conceito de sistema de produtos de baixa emissão de carbono deve integrar a emissão de GEE na lista de materiais utilizados nos produtos, definir metas de redução de emissões de GEE e selecionar peças alternativas para o desenvolvimento de produtos considerando as metas de redução. Um estudo realizado na Coréia indica que a redução das emissões de GEE em produtos portáteis, incluindo notebooks, pode chegar de 87% a 97%, substituindo a fonte tradicional de energia do país por energias renováveis, principalmente eólica e solar (WEE; CHOI, 2009). No entanto, é importante ressaltar que a base da energia elétrica daquele país é combustíveis fósseis. Watson et al. (1996, apud HEKKERT et al., 2002), afirma que o uso eficiente de combustíveis fósseis é a oportunidade principal de alcançar a redução de emissões de GEE. A eficiência no uso e gestão de materiais, principalmente no setor industrial, também tem um papel importante, pois reduz a demanda de energia. Exemplos na gestão de materiais eficientes estariam no planejamento do produto, na substituição de materiais, no uso de menos materiais para um mesmo produto, na reutilização de produtos e na reciclagem de materiais (HEKKERT et al., 2002). A fabricante de computadores Dell afirma que suas emissões de GEE operacionais são vinculadas quase exclusivamente à eletricidade gerada a partir de fontes emissoras de carbono. Assim, Dell (2008) afirma que reduções de GEE não podem ser sustentadas sem 89 aumentar significativamente a disponibilidade de um preço competitivo de energia verde. Ainda, a empresa afirma que utiliza energias renováveis, quando disponíveis, e que apóia uma maior disponibilidade das mesmas, visando à redução das emissões de GEE. Dell (2008) afirma que o uso da energia é uma despesa operacional controlável e que a redução de seu consumo também aumenta a rentabilidade da empresa. Ainda, a empresa Dell explica que um dos passos para a redução de suas emissões de GEE é a redução do uso de energia, além da utilização das fontes renováveis. Como exemplo de redução a empresa coloca a eficiência na utilização do espaço necessário para suas operações, e afirma que está investigando alternativas de opções de funcionários trabalharem em suas residências, a fim de diminuir a quantidade de espaço no escritório necessário para o funcionário (DELL, 2008). Oportunidades de redução da energia no uso dos produtos, como a disponibilidade de gerenciamento capaz de fazer o computador acessar modos de baixo consumo de energia quando não estiver em uso, reduzem drasticamente o consumo e oferecem aos clientes a oportunidade de redução de energia e de emissões de GEE, afirma Dell (2008). Melhorar a eficiência energética também é ponto colocado como foco pela Lenovo, para reduções de emissões de GEE (LENOVO, 2008). As ações objetivando a redução são relatadas pela empresa como a melhoria na gestão de energia dos servidores, foco contínuo no gerenciamento da energia de iluminação, redução de consumo de energia com a utilização de telhados brancos em novos edifícios para reduzir a absorção de calor e, com isso, reduzir a utilização de equipamentos de refrigeração. A utilização de janelas eficientes, que possibilitam a diminuição de energia necessária para aquecimento ou para resfriamento também é ação apontada pela empresa, além da instalação de iluminação programável e de sensores de luz com detectores de movimentos nas salas de conferências, corredores e banheiros (LENOVO, 2008). Ainda, Lenovo (2008) afirma que tomou medidas para incentivar os funcionários a contribuírem pessoalmente com a redução de emissões de GEE, com a instalação de um bicicletário, passando a dar a oportunidade e incentivando os funcionários a irem trabalhar de bicicleta. A empresa HP também informa que está trabalhando para reduzir o uso de energia e das emissões de GEE provenientes da fabricação do produto, do transporte e do uso do mesmo (HP, 2010). As ações apontadas pela empresa focadas em redução de emissões de GEE são: lançamento de um projeto em que, semelhante ao da Dell, possibilita aos funcionários trabalharem fora do escritório, reduzindo o espaço ocupado pela empresa e utilizando os recursos de forma mais eficiente; eficiência energética em novas unidades; uso de tecnologia que ajuda os clientes a utilizarem menos energia nas impressoras; uso de 90 programa para economia de energia dos equipamentos com a análise do uso da energia, a identificação de ineficiências e ajustes das deficiências. Além dessas ações, a política de viagens da empresa e a utilização de teleconferências reduzem as viagens de negócios da empresa e, conseqüentemente as emissões de GEE, de acordo com HP (2010). A empresa afirma que trabalha com os fornecedores diretos para que inventariem suas emissões e reduzam o uso de energia. Ainda, HP (2010) afirma otimizar as redes de distribuição nos transportes dos produtos, no entanto, informa que não tem controle das operações de navios. Ainda, além de ações de redução de emissões, algumas empresas envidam esforços em compensar, ou neutralizar as suas emissões por meio de plantio de árvores ou por compra de créditos, advindos de projetos que tenham reduzido emissões de GEE (DELL, 2008; ACER, 2008). Acer (2008) afirma que uma unidade da empresa no Japão comprou, em setembro de 2008, créditos de carbono gerados por um projeto de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo de energia eólica na Índia, com o objetivo de compensar as emissões do consumo de energia da empresa no ano de 2007. A empresa Lenovo (2008) concentra esforços na compensação por meio de investimentos em energias limpas, afirmando que, de acordo com os investimentos realizados em 2008, a utilização de energia limpa reduzirá suas emissões anuais em cerca de 906 tCO2 . Dell (2010) informa que criou o programa “Plantar uma árvore”, para tornar mais fácil aos seus clientes compensarem as emissões de GEE advindas dos usos dos equipamentos e, além disso, ajudar a contribuir com a sustentabilidade do planeta. A empresa afirma que o plantio de árvores não somente contribui para fixação de GEE, como também beneficia a qualidade do ar, a reciclagem da água e a produção de alimentos. Ainda, a empresa afirma que o programa foi responsável pelo plantio de 258 mil árvores desde 2007, que fixarão cerca de 287.000 tCO2 nos próximos 100 anos, sendo os cálculos desenvolvidos pelo Fundo de Conservação e Carbonfund.org, ambos parceiros do programa. O objetivo é o plantio de mais de meio milhão de árvores até 2012. Dell (2010) informa que o programa funciona com o trabalho constante de seus parceiros, que consiste em identificar áreas que eram florestadas no passado, mas que agora necessitam de conservação e restauro. Os plantios ocorrem apenas em áreas protegidas e que não podem ser utilizadas para fornecimento de madeira. Atualmente, o programa “Plante uma árvore” tem ações nos Estados Unidos, Canadá e na América Central, havendo intenção de ampliar o alcance de sua atuação. Os clientes da Dell podem participar do programa fazendo uma doação pelo website da empresa, sendo os valores diferenciados para a compensação do uso de desktop, servidor, estação de trabalho e notebooks. Os valores 91 variam entre US$ 2,00 e US$ 40,00 dólares, sendo o primeiro referente à compensação de emissões de notebook e o último à de servidor. Ainda, as doações também podem ser feitas no momento da compra de novos produtos. Os dados de Dell (2010), referente ao programa “Plantar uma árvore”, indicam uma compensação considerando que cada árvore fixa cerca de 1.112,4 kg CO2 ao decorrer de 100 anos. Outras fontes apontam valores diferentes do considerado por Dell, como o citado por LACERDA (2009) que menciona um estudo realizado pela Universidade de São Paulo que considera uma estimativa média de 249,60 kg CO2e fixados por árvore ao decorrer de 20 anos. Lacerda (2009) afirma que a pior amostra do estudo apresentou um valor de fixação de 140 kg CO2e e indica que, assumindo uma atitude mais conservadora, tal valor deve ser considerado. Ainda, informa que os resultados do estudo mostram que há grande variação no crescimento das florestas plantadas devidos aos tratos recebidos pelas plantas, pela qualidade das mudas plantadas e pelos aspectos de clima e solo locais. Lacerda (2009) também afirma que metodologias e referências distintas para os cálculos de compensação de emissões fazem com que hajam variações nos fatores de fixação de CO2 por árvores e exemplifica que uma muda de jequitibá cresce com velocidade e de forma bem distinta do que uma muda de espécie de clima frio plantada em outro local. Em consulta realizada a especialista da área florestal (SANQUETTA, 2009), obteve-se o fator de 338 kg CO2e por árvore, considerando plantio com espécies da Mata Atlântica. Já em consulta realizada ao Instituto Ecoar (2009), obteve-se a informação de que a emissão de 1 tonelada de CO2e poderia ser compensada pelo plantio de 6 árvores, o que geraria o fator de 166,67 kg CO2e por árvore, não sendo especificado o bioma. Galik e Jackson (2009) apontam um risco para a inclusão de projetos florestais em programas de redução de emissões - o risco da reversão, ou seja, a liberação intencional ou acidental do carbono de volta para a atmosfera, que pode ocorrer devido a tempestades, incêndios, pragas, mudança no uso da terra, entre outros fatores. 92 3 METODOLOGIA Para a realização do inventário de emissões de GEE da empresa, foi realizada pesquisa de natureza aplicada sendo a abordagem quanti-qualitativa, com objetivo exploratório e na forma de um estudo de caso. Fachin (2002) explica que o estudo de caso é caracterizado por um estudo intensivo cuja principal função é a explicação sistemática dos fatos que ocorrem. Yin (2005) afirma que o estudo de caso é uma forma de pesquisa empírica onde investiga-se um fenômeno dentro de seu contexto de vida real. 3.1 EMPRESA EM ESTUDO A empresa analisada possui filiais localizadas em três cidades do Brasil. O inventário realizado inclui as emissões das duas unidades na cidade sede, denominadas no presente trabalho como Unidade, ou Sede, 1 e 2. A Unidade 1 é responsável pela maior parte da produção da empresa, operando como montadora de computadores, sendo as placas e periféricos manufaturados por terceiros. A Unidade 2 presta serviços de apoio e assitência técnica. A figura 11 apresenta o fluxograma da Unidade 1. A matéria-prima refere-se aos componentes utilizados na montagem dos notebooks e desktops, cuja origem é a China, em maior parte, e em menor parte Estados Unidos. Os materiais auxiliares são os demais utilizados pela empresa, incluindo as embalagens, cuja origem é nacional. Figura 11 – Fluxograma de entradas e saídas do processo produtivo da empresa em estudo. 93 3.2 INCORPORAÇÃO DAS ORIENTAÇÕES DO PROTOCOLO GHG NO INVENTÁRIO Com base nas diretrizes do Protocolo GHG, será realizado o inventário de emissões de GEE das duas unidades da empresa em estudo situadas na cidade de Curitiba, Paraná. O ano base definido para o desenvolvimento do inventário é 2008, pois de acordo com as orientações do Protocolo GHG (2003), a escolha do ano base deve ser feita conforme a situação mais relevante no tempo da empresa, para o qual se tem dados fidedignos. Dessa forma, escolheu-se o ano de 2008, uma vez que os dados referentes à tal ano eram os mais atuais disponíveis ou mais fáceis de serem levantados. Devido ao crescimento nos últimos anos da produção da empresa, o ano com maior produção até o início da realização do inventário também foi 2008, assim a escolha desse ano base representará o ano mais significativo de emissões de GEE da empresa até o início da elaboração do presente estudo. Considerou-se no inventário de emissões da empresa os gases dióxido de carbono (CO2), metano (CH4), óxido nitroso (N2O), hidrofluorcabonos (HFCs), perfluorcarbonos (PFCs) e hexafluoreto de enxofre (SF6), sendo os resultados apresentados em toneladas de dióxido de carbono equivalente (tCO2e). A apresentação do resultado em unidade comum, tCO2e, será feita para possibilitar somas e comparações ao longo do tempo, por meio da transformação da emissão de cada GEE em tCO2e empregando-se o potencial de aquecimento global (PAG), que é a capacidade de absorção da radiação infravermelha de cada GEE, comparada à capacidade da absorção do CO2 (ROCHA, 2004). A tabela 34 apresenta os PAGs de cada GEE considerado pelo Protocolo GHG. Tabela 34 – Potencial de aquecimento global dos gases de efeito estufa (IPCC, 2007). Gases de Efeito Estufa Potencial de Aquecimento Global (PAG) CO2 1 CH4 21 N2O 310 HFCs 140 a 11700 PFCs 6500 a 9200 SF6 23900 94 As fontes de emissão de GEE do processo produtivo da empresa foram identificadas a partir de visita aos locais e análise do processo produtivo. Dessa forma, já foram definidas as fontes de emissão da empresa e enquadradas em escopos, conforme orienta o Protocolo GHG (2003). As fontes de emissão de GEE por escopo são: ESCOPO 1 - Emissões diretas: foram identificadas como fontes de emissão direta as emissões provenientes do uso do ar condicionado, do consumo de GLP, consumo de diesel do gerador de energia, consumo da gasolina na motobomba, uso de gás na empilhadeira e emissões decorrentes da produção dos calços (espuma de poliuretano). ESCOPO 2 - Emissões indiretas pelo uso da energia adquirida: identificam-se neste escopo as emissões provenientes da geração de energia elétrica comprada da rede. ESCOPO 3 - Emissões indiretas: o escopo 3, embora seja opcional, será considerado na realização deste trabalho. Foram identificadas como fontes de emissões indiretas: transporte de matéria prima/insumos; transporte dos produtos; deslocamento dos funcionários; transporte dos resíduos; viagens de funcionários; energia elétrica consumida pelos utilizadores dos produtos e resíduos orgânicos gerados. Ainda, as emissões decorrentes da disposição final do produto também poderiam ser estimadas, desde que determinado o tratamento final do produto, que pode ser por meio da disposição em aterros sanitários, reciclagem ou incineração. A falta de tal conhecimento pela empresa e na literatura é um fator limitante para as estimativas dessas emissões. Também as estimativas dos resíduos inorgânicos não puderam ser computados por falta de metodologia que relacione o tratamento desses resíduos com emissões de GEE. Da mesma forma, as emissões do processo de fabricação das embalagens de papelão adquiridas pela empresa em estudo também não foram computadas, uma vez que são produzidas com material reciclado. 3.3 COLETA DE DADOS A coleta de dados para a realização do inventário foi realizada diretamente com a empresa, por meio de solicitações em meio eletrônico, de reuniões, contato telefônico ou de visitas a empresa. A coleta das informações das outras empresas, participantes do programa brasileiro do Protocolo GHG e dos fabricantes de computadores, utilizadas no comparativo das emissões, foi feita por meio de consulta a publicações disponibilizadas nas páginas da internet das 95 instituições. Os dados de emissão foram normalizados por receita e por quantidade de funcionários, sendo tais informações obtidas das páginas de internet de cada empresa. Os resultados são apresentados em emissão de CO2e.US$ faturado-1 e CO2e.(quantidade funcionários)-1, referentes ao ano de 2008. Os dados de quais fontes de emissão das empresas participantes do programa brasileido do Protocolo GHG são usualmente relatadas foram obtidos dos relatórios de cada empresa, disponíveis na página de internet do Programa. 3.4 FATORES DE EMISSÃO E CÁLCULOS DE EMISSÕES O cálculo das emissões de gases de efeito estufa foi realizado através do produto de um dado de atividade por um fator de emissão, exceto para as estimativas de emissão da produção dos calços e da extração da matéria prima utilizada na produção dos componentes das máquinas montadas pela empresa. O dado de atividade é a medida que expressa a magnitude de uma dada fonte emissora, como o consumo de combustível, a quilometragem percorrida por um veículo para deslocamento dos funcionários, a quantidade de resíduos gerados (BRASIL et al, 2008). Conforme citado, para Brasil et al. (2008) os fatores expressam, em termos de emissão de GEE, quão intensiva é a atividade, retratando a quantidade de GEE emitida por certa unidade de atividade e os cálculos de emissão de gases de efeito estufa são feitos pela multiplicação dos dados de atividade pelo fator de emissão. Os fatores de emissão a serem utilizados são, em sua maior parte, sugeridos pelo programa internacional do Protocolo GHG, ou seja, são indicados para uso mundial. No entanto, foram adotados, quando possível, fatores específicos para a realidade do Brasil. 3.4.1 Fatores e cálculos de emissão para consumo de combustíveis Para os fatores de emissão pelo consumo de combustíveis, foram utilizados os fatores recomendados no Guia de Inventário do IPCC, utilizado na realização dos inventários 96 nacionais, e do trabalho de Álvares Jr. e Linke (2003). Detalhes dessa obtenção do fator são mostrados pelas equações 3 e 4. Quantidade de carbono = CC x Femiss x 10-3 (3) Sendo: CC: conteúdo de carbono; Femiss: fator de emissão de carbono (tC.TJ-1). Valores apresentados na tabela 35. 10-3: tC.GgC-1. Tabela 35 – Fatores de emissão de carbono (BRASIL, 2006a). -1 Fconv (tC.TJ ) gasolina álcool anidro álcool hidratado diesel GLP 18,9 14,81 14,81 20,2 17,4 O conteúdo de carbono é dado pela equação 4. CC = CA x Fconv x 45,2 x 10-3 x Fcorr (4) Sendo: CA: consumo de combustível (m3, L, kg) Fconv: fator de conversão da unidade física de medida da quantidade de combustível para tonelada equivalente de petróleo – tEP, com base no poder calorífico superior (PCS) do combustível, de acordo com a publicação anual do Balanço Energético Nacional (BEN, 2007). Valores apresentados na tabela 36. Fcorr: fator de correção de PCS para PCI (poder calorífico inferior). Para combustíveis sólidos e líquidos Fcorr = 0,95 e para combustíveis gasosos Fcorr = 0,90, conforme o Ministério da Ciência e Tecnologia (2002). Tabela 36 – Fatores de conversão de medida para combustíveis (BEN, 2007). -3 Fconv (tEP.m ) gasolina álcool anidro álcool hidratado diesel GLP 0,771 0,520 0,496 0,848 0,611 Assim, foram utilizados no inventário, quando necessário, os fatores de emissão apresentados na tabela 37. 97 Tabela 37 – Fatores de emissão de CO2 dos combustíveis. Fator de emissão (kg CO2.L-1) gasolina álcool anidro álcool hidratado diesel 2,2943 1,2125 1,1566 2,6970 -1 GLP (kgCO2.kgGLP ) 3,01 Os cálculos de emissão do GLP, diesel utilizado no gerador, gasolina utilizada na motobomba foram realizados de acordo com a equação 5. Emissão tCO2e = consumo de combustível * Fator de emissão (5) 3.4.2 Fatores e cálculos de emissão para consumo de energia da rede Já para as estimativas de emissão de GEE provenientes do uso da energia da rede, foram utilizados os dados de Brasil (2008), dos fatores de emissão a serem utilizados na elaboração de inventários corporativos. Os fatores mensais são apresentados na tabela 38. Tabela 38 – Fator de emissão mensal de CO2e pela geração de energia elétrica (BRASIL, 2008). Mês jan/08 fev/08 mar/08 abr/08 mai/08 jun/08 Fator de emissão mensal (tCO2.MWh-1) 0,0584 0,0668 0,0599 0,0453 0,0459 0,0521 Mês Fator de emissão mensal (tCO2.MWh-1) jul/08 ago/08 set/08 out/08 nov/08 dez/08 0,0437 0,0425 0,0411 0,0438 0,0334 0,0477 O cálculo de emissões da energia consumida pela empresa foi realizado de acordo com a equação 6. Emissão tCO2e = Energia consumida * Fator de emissão (6) Para os cálculos das emissões dos usos dos produtos foi utilizada a equação 7. Emissão tCO2e = Quantidade produto * Energia Consumida * Tempo de consumo anual * Fator de emissão energia (7) 98 3.4.3 Fatores e cálculo de emissão para transportes Nas estimativas do cálculo da emissão referentes aos deslocamentos por veículos, foram utilizados os dados em kgCO2.km-1, apresentados no estudo de Álvares Jr. e Linke (2003) e utilizados pela CETESB, além dos fatores recomendados pelo Protocolo GHG. A tabela 39 relaciona esses valores. Veículo carros motocicletas ônibus Tabela 39 - Fatores de emissão para deslocamento de veículos. Combustível CO2 (kgCO2.km-1) CH4 C N20 (gCH4.km-1) (gN2O.km-1) 0,0192625 B 0,0198839 B Gasool (22% álcool anidro) 0,217 Álcool 0,175 C Gasolina 0,1059 A 0,043496B 0,0043495B Diesel 0,1073 A 0,0003728B 0,0003107B Fonte: A – Protocolo GHG, com base em UK Defra Emission Factors (2009) B – Protocolo GHG, com base em US EPA Climate Leaders (2009) C – Álvares Jr. e Linke (2003) Para os cálcuos de estimativa de deslocamento de funcionários, foi considerada a distância percorrida de acordo com a equação 8. Distância percorrida em 2008 pelos funcionários = (nfi * distância do bairroi * 2 * 250) (8) Onde: nfi = número de funcionários residentes no bairro i; distância do bairroi = distância entre o bairro dos funcionários e a empresa. Tal distância foi obtida pelo Google Maps. Ainda, assumiu-se que a distância de deslocamento obtido de Google Maps foi percorrida duas vezes ao dia, considerando ida e volta do trabalho, 250 vezes ao ano, referente a 270 dias úteis menos 20 dias (mínimo de férias), durante o ano. Uma vez calculadas as distâncias percorridas pelos funcionários, calculou-se as emissões de acordo com a equação 9. 99 Emissão tCO2e = Distância percorrida * Fator de emissãoGEE * PAGGEE (9) Para o cálculo de emissões do transporte interno, entre as unidades da empresa, também foi utilizada a equação 9. No que se refere ao transporte de cargas, os fatores são disponibilizados por Protocolo GHG (2009), no entanto, os fatores de emissão de CO2 são obtidos de Defra e os de CH4 e N2O de Defra e EPA, sendo a primeira britânica e a segunda americana. Os valores são apresentados na tabela 40. Tabela 40 - Fatores de emissão para transporte de carga. Tipo de transporte CO2 CH4 N2O (tCO2.tkm-1) (gCH4.tkm-1) (gN2O.tkm-1) marítimoA 0,000013 0,100040762 0,500328084 aéreo 0,0006649 não disponível não disponível rodoviário 0,000132 0,002174799 0,001677702 A = embarcação em navio com grande capacidade de volume Os cálculos das emissões dos transportes de produtos, de resíduos, e das entradas dos insumos importados foram realizados conforme a equação 10. Emissão(trecho, meio de transporte) tCO2e = Distância percorrida * ∑massa transportada * Fator de emissão * PAGGEE (10) As estimativas de emissões das entradas nacionais foram calculadas de acordo com a equação 11. Emissão(trecho) tCO2e = Distância percorrida * ∑(massa média item*quantidade item) * Fator de emissão * PAG (11) Para o cálculo das emissões provenientes das viagens aéreas dos funcionários, da mesma forma que para o transporte de cargas, será utilizado o recomendado pelo Protocolo GHG (2009) com base em Defra e AEA (2009), que considera os valores apresentados na tabela 41. 100 Tabela 41 - Fatores de emissão para viagens aéreas. Tipo de vôo Doméstico Internacional Especificação CO2 percurso (kgCO2.passageiro-1.km-1) - 0,191077 Curta distância 0,107147 Longa distância 0,120554 *Não são informados fatores para emissões de CH4 e N2O de viagens aéreas. Conforme descrito no item 2.4.1.1, vôos de curta distância seriam apontados por Defra (2008) como os ocorrendo dentro da Europa, com distância de até 3.700 km , os de longa distância seriam os referentes à vôos com mais de 3.700 km. No entanto, Protocolo GHG (2010c) afirma que a média de vôos de curta distância é de 500 km, sendo essa, portanto, a utilizada neste trabalho. Dessa forma, foram considerados vôos de curta distância os que possuem distância de até 500 km e de longa distância os superiores a esse valor. As emissões foram calculadas de acordo com a equação 9. 3.4.4 Fator e cálculo de emissão para resíduos O fator de emissão dos resíduos orgânicos foram adotados de Brasil (2006b), com base na metodologia de 1996 do IPCC, que descreve que a emissão do metano da geração de resíduo sólidos no Brasil é dada pela equação 12. Fator de emissão metano = (RSDF * FCM * COD * CODF * F * 16/12 - R) * (1 - OX) (12) Sendo: RSDF: Fração de resíduos sólidos domésticos que é depositada em locais de disposição de resíduos sólidos. O valor do RSDF considerado foi 1. FCM: Fator de correção de metano. Valor 60%; COD: Carbono orgânico degradável no resíduo sólido doméstico. Valor 12%; CODF: Fração de COD que realmente degrada. Valor 77%; F: Fração de CH4 no gás de aterro. Valor 50%; 16/12: Taxa de conversão de carbono em metano (fração adimensional); 101 R: Quantidade de metano recuperado (GgCH4.ano-1). Valor 0; OX: Fator de oxidação (fração adimensional). Valor 0. Assim, chega-se ao valor de do fator de emissão igual a 0,03696 GgCH4.GgRSU-1, presente no Relatório Nacional de emissões de metano no tratamento e na disposição de resíduos (BRASIL, 2006b). O cálculo das emissões dos resíduos foram realizados de acordo com a equação 13. Emissão tCO2e = Resíduo gerado * Fator de emissão * PAGGEE (13) 3.4.5 Emissão da produção da espuma de poliuretano No cálculo de emissões decorrentes da produção da espuma de poliuretano que é utilizada como de apoio interno nas embalagens dos equipamentos produzidos pela empresa, foi utilizado o balanço de massa. A espuma se forma pela combinação de dois componentes, chamados de “A” e “B”, sendo A um isocianato polimérico e B uma resina de poliol. A mistura desses componentes, em máquina denominada Autopac, gera a espuma de poliuretano e libera CO2. Dessa forma, a quantidade de CO2 emitida pelo processo foi estimada pela diferença entre a massa dos produtos A e B utilizados e a média da massa dos calços formados, uma vez que não ocorre formação de outro subproduto além do CO2. 3.4.6 Emissão da extração dos insumos As emissões provenientes da extração da matéria prima e fabricação dos insumos utilizados na montagem dos desktops e notebooks foram estimadas através do programa SimaPro, utilizado para análises de ciclo de vida. O programa fornece, utilizando as médias das informações do seu banco de dados, as emissões atmosféricas provenientes da extração e produção dos insumos. 102 4 RESULTADOS A seguir, são apresentados os resultados das emissões de GEE, discriminadas por fontes de emissão para cada escopo, de acordo com a metodologia descrita no item 3. Os resultados são expressos em toneladas de dióxido de carbono equivalente (tCO2e). As equações descritas no item 3 são repetidas quando necessário, a fim de facilitar a leitura. 4.1 ESCOPO 1: EMISSÕES DIRETAS Não há registros de emissões, em 2008, pelo uso do ar condicionado na refrigeração. A empilhadeira, movida a gás, com consumo de 300 kg por mês foi adquirida em 2009, assim, não faz parte do ano base deste trabalho, mas deverá ser considerada em inventários posteriores. A seguir são apresentadas as estimativas de emissões já calculadas para o escopo 1. 4.1.1 Emissão proveniente do uso de GLP nos refeitórios Para as emissões provenientes do uso do gás liquefeito de petróleo (GLP), utilizado nos refeitórios das unidades da empresa, utilizou-se o fator de emissão de 0,00301 tCO2e.kgGLP-1, cuja obtenção está descrita no item 3.4. Também foram utilizados para as estimativas das emissões, os dados de consumo obtidos com a empresa fornecedora do gás GLP, apresentados na tabela 42. O cálculo da emissão foi realizado conforme a equação 5. Emissão tCO2e = GLP consumido * Fator de emissão (5) 103 Tabela 42 - Consumo proveniente do GLP, ano 2008 (dados fornecidos pela empresa). jan fev mar Consumo GLP 3.351 2.375 Unidade 1 (kg) Consumo GLP 731 762 Unidade 2 (kg) abr 4.183 5.147 729 562 mai 4.957 683 jun jul ago set out nov dez TOTAL 5.120 4.324 3.740 4.456 5.150 4.639 5.974 53.416 1.192 1.110 551 702 593 418 774 8.807 Os valores obtidos da emissão de CO2e pelo uso do GLP utilizado nos refeitórios são apresentados na tabela 43. Tabela 43 - Emissão de CO2e proveniente do consumo de GLP. jan Emissão 12,28 (tCO2e) fev 9,44 mar abr 14,78 17,18 mai 16,97 jun jul ago set out nov dez TOTAL 18,99 16,35 12,91 15,52 17,28 15,21 20,30 187,19 4.1.2 Emissões provenientes dos combustíveis utilizados na motobomba e gerador Para as emissões provenientes do uso do gerador, movido a diesel e motobomba, que utiliza gasolina, utilizou-se os fatores de emissão de 0,0026970 tCO2e.L-1 de diesel e 0,002943 tCO2e.L-1 de gasolina (a obtenção dos fatores está descrita no item 3.4). Também foram utilizados para as estimativas das emissões, os dados de consumo obtidos diretamente com a empresa, apresentados na tabela 44. Tabela 44 - Consumo proveniente da gasolina e diesel, ano 2008 (dados fornecidos pela empresa). Consumo (L) Motobomba - gasolina 480 Gerador - diesel 108 O cálculo da emissão foi realizado conforme a equação 5. Emissão tCO2e = Combustível consumido * Fator de emissão (5) 104 Os valores obtidos da emissão de CO2e pelo uso do combustíveis no gerador e motobomba, estão apresentados na tabela 45. Tabela 45 - Emissão de CO2e proveniente do consumo de gasolina e diesel. Emissão (tCO2e) Motobomba - gasolina 1,10 Gerador - diesel 0,29 4.1.3 Emissões provenientes da produção da espuma de poliuretano As espumas de poliuretano são fabricadas na empresa para serem utilizadas como calços nas embalagens dos equipamentos produzidos. A espuma se forma pela combinação de dois componentes, chamados de “A” e “B”, sendo A um isocianato polimérico e B uma resina de poliol. O produto dessa mistura é a espuma de poliuretano. O cálculo da emissão foi realizado utilizando balanço de massa. De acordo com a empresa, são utilizadas para cada calço de espuma de poliuretano fabricado, 146 g do componente A e 121 g do componente B. A massa média do calço é de 215,75 g, valor encontrado através da pesagem de vinte calços. Dessa forma, o valor de emissão de CO2 é dado pela diferença entre a massa do calço e as massas de componentes, o que resulta em 52,25 g CO2 por calço. A empresa ainda informa que a produção de calços no ano de 2008 foi de 4.517.752, resultando na emissão anual de 236,05 tCO2e decorrentes do processo de formação dos calços. 4.2 ESCOPO 2: EMISSÕES INDIRETAS DA AQUISIÇÃO DE ENERGIA Com base nas informações dos Fatores de Emissão de CO2 pela geração de energia elétrica do Sistema Nacional, obtidas em Brasil (2008), e nos dados obtidos sobre a energia elétrica utilizada pelas Unidades da empresa, pôde-se calcular as emissões de GEE, de acordo com a equação 6. 105 Emissão tCO2e = Energia consumida * Fator de emissão (6) As informações do consumo de energia são apresentadas na tabela 46. Tabela 46 - Consumo de energia elétrica em 2008 pela empresa (dados fornecidos pela empresa). jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez Energia Unidade 267104 304260 302597 343799 337744 329241 335960 385224 361515 437771 438830 394200 1 (kWh) Energia Unidade 63714 63304 66554 67711 56689 63602 63954 66681 66383 69071 63553 63459 2 (kWh) Os fatores de emissão utilizados são os apresentados na tabela 25, no item 3.4. Utilizando a Equação 6 com as devidas conversões de unidades, calculou-se as emissões de CO2e provenientes da aquisição de energia elétrica do Sistema Interligado Nacional do Brasil. Os resultados são apresentados na tabela 47. Tabela 47 - Emissão de CO2e em 2008 proveniente do uso de energia elétrica. jan fev Emissão 19,32 24,55 (tCO2e) 4.3 mar abr 22,12 18,64 mai 18,09 jun jul ago set out nov dez TOTAL 20,45 17,48 19,23 17,58 22,18 16,80 21,82 238,26 ESCOPO 3: EMISSÕES INDIRETAS Esta seção apresenta por tópicos as estimativas de emissões indiretas, referentes ao escopo 3. 4.3.1 Emissão de GEE proveniente dos resíduos orgânicos gerados Através do Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (2009), fornecido pela empresa, verificou-se que os resíduos gerados pela empresa são destinados em sua maior parte à reciclagem. Para as estimativas de resíduos, foram contabilizadas as emissões de GEE 106 proveniente da disposição dos resíduos orgânicos em aterro sanitário e as sobras dos refeitórios. A tabela 48 apresenta as massas dos resíduos orgânicos, gerados em 2008. Tabela 48 - Resíduos orgânicos gerados em 2008 (dadosfornecidos pela empresa). Resíduos orgânicos (kg) Resíduos orgânicos (kg) jan/08 fev/08 mar/08 abr/08 mai/08 jun/08 11.030 13.135 14.000 19.400 17.111 18.911 jul/08 ago/08 set/08 out/08 nov/08 dez/08 TOTAL 20.060 18.255 18.390 20.360 19.767 17.188 207.607 Utilizando a equação 13, com fator de emissão de 0,03696 GgCH4.GgRSU-1, descrito no item 3.4, calculou-se a emissão de metano e, na seqüência, a de CO2e. Emissão tCO2e = Resíduo gerado * Fator de emissão * PAGGEE (13) A tabela 49 apresenta os resultados. Tabela 49 - Emissão de CO2e em 2008 proveniente da disposição de resíduo orgânico. Emissão Total (tCO2e) Emissão Total (tCO2e) jan/08 fev/08 mar/08 abr/08 mai/08 jun/08 8,56 10,19 10,87 15,06 13,28 jul/08 ago/08 set/08 out/08 nov/08 dez/08 TOTAL 15,57 14,17 14,27 15,80 15,34 14,68 13,34 161,14 4.3.2 Emissão de GEE proveniente dos deslocamentos dos funcionários As estimativas de emissão de gases de efeito estufa provenientes dos deslocamentos dos funcionários foram realizadas utilizando as informações fornecidas pela empresa, de planilhas de solicitação de vale transporte, cadastro com endereço dos funcionários e controle utilizado na guarita de segurança das entradas de veículos do tipo carro, moto e bicicleta, que usam o pátio da fábrica como estacionamento. 107 Inicialmente, foi necessário filtrar as informações da planilha de cadastros dos funcionários, a fim de manter apenas as informações de funcionários de Curitiba e Região Metropolitana, que trabalharam na empresa durante o ano de 2008, pois a planilha disponibilizada continha informações de todos os funcionários da empresa, e não apenas os das Unidades de Curitiba até o ano de 2009, ou seja, vários funcionários da planilha não fazem parte do escopo deste trabalho. A primeira eliminação das informações foi feita através do número de matrícula do funcionário. De acordo com o Departamento de Recursos Humanos da empresa, o último número de matrícula registrada no ano de 2008 foi 46.171, assim, os 1.399 funcionários registrados com matrícula superior a esse número foram eliminados da planilha. A segunda eliminação utilizou como critério o CEP dos registros de endereço, dessa forma, os 367 registros de funcionários cadastrados com CEP não pertencente a Curitiba e Região também foram eliminados. Após o refino da planilha, chegou-se a 2.893 registros de funcionários e iniciaram-se os cruzamentos das informações dos endereços dos funcionários com o tipo de meio de locomoção que utilizam, podendo ser carro, ônibus, moto ou bicicleta. As informações compiladas são apresentadas na tabela 50. Tabela 50 – Quantidade de registro de funcionários da empresa por tipo de transporte. Curitiba Região Metropolitana Carros 527 53 Ônibus (destino Accioly Filho) 193 41 Ônibus (destino João Bettega) 1.133 345 Moto 64 6 Bicicleta 38 Sub TOTAL 1.955 445 TOTAL* 2400 *493 funcionários não possuem registro em nenhuma das categorias acima. Para cada tipo de meio de locomoção foram relacionados os bairros dos funcionários e a quantidade deles que utiliza o respectivo meio de transporte, exceto bicicleta, pois sua utilização não implica na emissão de GEE. Através do mapa de sugestões de rota do Google Maps - http://maps.google.com.br/, disponível na internet, foram obtidas as distâncias médias percorridas de cada bairro até a empresa, considerando-se o deslocamento a partir do centro geométrico aproximado do bairro. No caso dos ônibus, por ter-se a informação de a qual unidade da empresa o funcionário pertence, as trajetórias foram feitas para o destino específico, Bettega ou Accioly 108 Filho, nas restantes o destino considerado foi a unidade Bettega. Uma vez que o Google Maps pode apresentar mais de uma rota, utilizou-se como critério de escolha a rota intermediária, quando a busca apresentava mais de duas opções. Quando a busca apresentava duas opções, utilizou-se a de menor tempo. Também há o caso em que o Google Maps apresenta uma única trajetória, que é então a escolhida para definir a distância do bairro em questão até a empresa. Para a estimativa da emissão de gases de efeito estufa, assumiu-se que a distância obtida pelo Google Maps é percorrida duas vezes ao dia (ida e volta ao trabalho), 250 vezes ao ano (270 dias úteis menos 20 dias referentes ao mínimo de férias). O resultado foi obtido de acordo com a equação 8. Distância percorrida em 2008 pelos funcionários = (nfi * distância do bairroi * 2 * 250) (8) Onde nfi é o número de funcionários residentes no bairro i, e o somatório se aplica a todos os bairros onde residem os funcionários da empresa. A equação 8 foi aplicada para cada tipo de locomoção, exceto bicicleta, como já explicado anteriormente, com o somatório aplicando-se a todos os bairros. Para o caso dos carros, na ausência de dados, considerou-se a distribuição média estadual, com base na Agência Nacional do Petróleo no que se refere à distribuição dos combustíveis gasolina C (22% álcool anidro e 78% gasolina) e álcool, no Estado do Paraná, no ano de 2008, em que consta que 65,27% do consumo desses combustíveis referem-se a gasolina C e 34,72% referem-se ao álcool. Assim, essas mesmas proporções foram utilizadas para estimar qual o combustível utilizado pelos funcionários que se deslocam até a empresa com carro. Os resultados das distâncias utilizadas nos cálculos das emissões são apresentados na tabela 51. Tabela 51 - Distância percorrida em 2008 pelos funcionários da empresa, por tipo de locomoção. Tipo de locomoção Carros 65,27% - gasolina C 34,72% - álcool Ônibus (diesel) Moto (gasolina) Distância percorrida em 2008 3.341.500 2.180.997 1.160.503 9.225.200 360.950 Após obtidas as distâncias percorridas em 2008 para cada tipo de locomoção, e, no caso de carro, para cada combustível, foram iniciados os cálculos da emissão de gases de 109 fatores 0,217 kgCO2.km-1 para carros a gasool; 0,175 efeito estufa, de acordo com os kgCO2.km-1 para carros a álcool; 0,0192625 gCH4.km-1 e gN2O.km-1 para carros. Para motos, os fatores foram 0,1059 kgCO2.km-1; 0,043496 gCH4.km-1 e 0,0043495 gN2O.km-1 e para ônibus 0,1073 kgCO2.km-1; 0,0003728 gCH4.km-1 e 0,0003107 gN2O.km-1. As emissões foram estimadas para os gases CO2, CH4 e N2O. A equação 9 demonstra como foram obtidas as estimativas das emissões em tCO2e. Emissão tCO2e = Distância percorrida * Fator de emissãoGEE * PAGGEE (9) Dessa forma, foram estimadas as emissões de CO2e, resultando em 1.706,37 tCO2e para os 2.893 registros trabalhados conforme descrição acima. Os dados estão apresentados na tabela 52. Tabela 52 - Emissões de CO2e por tipo de locomoção. Emissão Emissão tCO2e Emissão tCO2e Emissão total tCO2 (devido ao CH4) (devido ao N2O) tCO2e Carros a gasolina Carros a álcool Ônibus Moto 451,47 203,09 989,86 38,22 0,82 0,47 0,07 0,33 13,44 7,15 0,89 0,49 465,79 210,72 990,82 39,04 1.706,37 Com base nas informações da quantidade real de funcionários da empresa ao longo de 2008, apresentados na tabela 53, fez-se a média dos funcionários e utilizou-se proporção direta simples para estimar a quantidade de funcionários. Tabela 53 - Quantidade de funcionários das Unidades 1 e 2, ao longo de 2008 (dados fornecidos pela empresa). jan fev mar abr Qtdade 2.000 2.000 2.500 3.000 funcion. mai 3.200 jun jul ago set out nov dez MÉDIA 3.465 3.607 3.705 3.697 3.684 3.677 3.522 3.171,42 Assim, o valor estimado por proporção direta, da emissão proveniente do deslocamento dos funcionários das Unidades de Curitiba, no ano de 2008, é de 1.870,59tCO2e, considerando-se a média de 3.171,42 funcionários ao longo de 2008 e o valor de emissão de 1,706,37tCO2e para 2.893 funcionários. 110 4.3.3 Emissões provenientes das viagens dos funcionários Para o cálculo da emissão proveniente das viagens aéreas dos funcionários da empresa no ano de 2008, foram compiladas as informações de acordo com o trecho percorrido e o setor a que pertence o passageiro. A distância percorrida para cada trecho também foi pesquisada, sendo os vôos separados em domésticos e internacionais e, para esses, também foi feita a divisão dos vôos em curtos, com menos de 500 km, ou longos, com mais de 500 km percorridos. Os fatores de emissão utilizados foram 0,191077 kgCO2.passageiro-1.km-1 para vôos domésticos, 0,107147 kgCO2.passageiro-1.km-1 para vôos internacioansi de curta distância e, para os de longa distância o fator utilizado foi 0,120554 kgCO2.passageiro-1.km-1 . As informações com os totais de quilômetros percorridos e a quantidade de vôos compilados, de acordo com a distância do vôo, estão apresentadas na tabela 54. Tabela 54 - Distância percorrida e número de vôos compilados, de acordo com a distância do vôo (empresa). Vôos Vôos internacionais curtos Vôos internacionais longos domésticos (<500 km) (>500 km) Número de vôos compilados 4311 20 100 Distância total percorrida em 2008 (km) 2.452.256 4.028 1.058.955 A separação dos vôos internacionais em curtos ou longos deve-se ao fato do fator de emissão ser diferente para cada tipo, conforme apontado no item 3.4. O cálculo da emissão de CO2e é realizado de acordo com a equação 9. Emissão tCO2e = Distância percorrida * Fator de emissãoGEE * PAGGEE (9) Utilizando a equação 9 e os dados das distâncias percorridas apresentados na tabela 54, chegou-se ao valor das emissões de GEE provenientes das viagens aéreas dos funcionários da empresa, apresentado na tabela 55. Tabela 55 - Emissões de GEE proveniente das viagens dos funcionários. Emissão (tCO2e) Vôos domésticos 470,48 Vôos internacionais 128,09 TOTAL 598,57 111 4.3.4 Emissões provenientes da energia consumida pelos usuários dos produtos Para a continuação da estimativa deste escopo, foram levantadas as informações do consumo médio de energia dos produtos, apresentados na tabela 56. A quantidade de máquinas produzidas no período de 2003 a 2007 é apresentada na tabela 57 e a produção mensal em 2008, na tabela 58. Foi computada a emissão dos itens produzidos desde 2003 por se considerar uma vida útil de seis anos para os produtos. Tabela 56 - Consumo de energia de produtos fabricados pela empresa (dados fornecidos pela empresa). Energia consumida em modo Idle Energia consumida em modo Burn-in Energia unitária consumida Desktop 52 Wh 119 Wh - Desktop + Monitor LCD 17´ Notebook - Mobo 3G 2060 Notebook – Mobo White 77 Wh - 144 Wh - 11 Wh 12 Wh Notebook M749 Intel Core 2 Duo - - 23 Wh Notebook M749 Celeron - - 31 Wh Tabela 57 - Produção da empresa no período de 2003 a 2007 (dados fornecidos pela empresa). 2003 2004 2005 2006 2007 Notebooks 0 0 4.744 47.850 245.772 Desktops 22.270 99.358 370.953 808.125 1.183.681 Tabela 58 - Produção da empresa em 2008 (dados fornecidos pela empresa). jan/08 fev/08 mar/08 abr/08 mai/08 jun/08 Notebooks 21.239 13.434 24.370 35.359 51.460 40.170 Desktops 89.230 78.498 93.969 107.330 88.962 124.710 jul/08 ago/08 set/08 out/08 nov/08 dez/08 TOTAL Notebooks 55.436 52.046 48.201 61.731 61.221 16.494 481.161 Desktops 108.636 76.597 89.622 93.284 86.887 91.788 1.129.513 Com base nas informações das tabelas 56, 57 e 58 efetuou-se o cálculo de emissões assumindo-se a hipótese de que 70% dos produtos são utilizados em todos os dias do ano (365 112 dias) durante 3 horas por dia, e os outros 30% utilizam os produtos nos dias úteis do ano (270 dias), durante 8 horas por dia, de acordo com pesquisa de mercado efetuada pela própria empresa. Com base nessas hipóteses e com o auxílio da equação 7, calculou-se a emissão de GEE pelo uso dos computadores produzidos no período de 2003 a 2007. Para as emissões de 2008, considerou-se a produção mensal e a utilização proporcional no decorrer do ano, ou seja, assumiu-se o tempo de uso de 91,25 horas mensais para 70% dos produtos fabricados e 180 horas mensais para 30% dos produtos, a partir do mês de produção do equipamento. Emissão tCO2e = Quantidade produto * Energia Consumida * Tempo de consumo anual * Fator de emissão energia (7) A tabela 59 apresenta a estimativa de emissão pelo uso dos produtos durante o ano de 2008, com base na estimativa descrita acima e levando em consideração, para os desktops, o maior consumo do produto, ou seja, utilizou-se o consumo em modo Burn-in e para os notebooks o consumo médio do modelo M749. Tabela 59 - Estimativa da emissão de CO2e pelo consumo de energia elétrica dos produtos. Emissão tCO2e Desktop 2003 a 2007 Notebooks 2003 a 2007 Desktop 2008 Notebook 2008 TOTAL 20.240,19 551,52 4.999,02 426,26 26.216,98 4.3.5 Emissões provenientes do transporte dos produtos As estimativas de emissões de gases de efeito estufa provenientes do transporte dos produtos foram calculadas utilizando as informações fornecidas pela empresa, de saída de produtos da fábrica. Primeiramente, foram eliminadas as informações que continham um mesmo número de nota fiscal e, conseqüentemente, a mesma massa de carga transportada, considerando que havia repetição de dados e sua utilização superestimaria as emissões de GEE. Após a eliminação dos dados repetidos, filtrou-se os dados de acordo com o destino dos produtos, se dentro do país ou para o exterior, considerando-se o transporte nacional como sendo rodoviário e o transporte internacional como sendo aéreo. 113 Para cada grupo de meio de transporte foram separados os trechos, pesquisadas as distâncias percorridas de cada trecho e relacionadas às massas transportadas. Os dados sem registro da massa transportada foram separados e calculados por proporção direta, para cada agrupamento realizado. No cálculo do transporte terrestre, os trechos foram agrupados de acordo com o estado de envio, considerando-se como destino a capital de cada estado, ou seja, nesses casos, a distância percorrida foi calculada considerando-se a Unidade da fábrica da empresa como ponto de saída e a capital do estado como destino. Não foram pesquisadas as distâncias por cidade devido à extensa variedade dessas presentes na planilha entregue pela empresa. Especificamente para o estado do Paraná, inicialmente separou-se os dados transportados dentro de Curitiba e os demais foram agrupados de acordo com a região onde se situam as cidades, sendo a seleção feita através do CEP registrado como destino dos produtos. Os grupos dos CEPs foram agrupados conforme o início 83; 84; 85; 86 e 87. Dentro de cada grupo de CEP pesquisou-se as distâncias das cidades com mais registros, sendo que, somando a quantidade de registros dessas cidades, o valor fosse correspondente a, pelo menos, 85% do total de registros. Para os demais dados dentro de cada grupo de CEP, utilizou-se como distância percorrida a média das cidades do grupo de CEP. Os registros de Curitiba foram separados de acordo com o bairro de destino e foram pesquisadas as distâncias percorridas da fábrica até tais bairros. Para cada trecho percorrido, calculou-se a emissão de GEE conforme a equação 10, utilizando os fatores de emissão, para o transporte rodoviário de 0,000132 tCO2.tkm-1; 0,002174799 gCH4.tkm-1 e 0,001677702 gN2O.tkm-1. Para o transporte aéreo, o fator utilizado foi de 0,0006649 tCO2.tkm-1. Emissão(trecho, meio de transporte) tCO2e = Distância percorrida * ∑massa transportada * Fator de emissão * PAG (10) Através do somatório das emissões dos trechos para cada meio de transporte e para cada agrupamento feito para pesquisa das distâncias, foram obtidas as emissões para os dados com registros de valores de massa transportada e, através de proporção direta, com base no número de registros, estimou-se as emissões para os dados sem registro de massa para cada grupo: aéreo, rodoviários para os estados sem Paraná, rodoviário para Paraná sem Curitiba e rodoviário para Curitiba. A tabela 60 apresenta o resultado das emissões. 114 Tabela 60 - Estimativa de emissões pelo transporte dos produtos. Emissões (tCO2e) 10,48 Curitiba Paraná (sem Curitiba) Demais estados Aéreos Emissões estimadas para Emissão dados sem massa(tCO2e) total (tCO2e) 2,54 13,02 82,37 12,35 94,72 1.467,30 276,47 1.743,76 142,04 49,71 191,75 2.043,25 4.3.6 Emissões provenientes do transporte dos resíduos As estimativas de emissões de gases de efeito estufa provenientes do transporte dos resíduos foram calculadas realizadas utilizando as informações presentes no Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (2009) da empresa, sendo as informações utilizadas a massa de resíduos gerados pela empresa em 2008 e a distância da empresa até a empresa que coleta o resíduo. As emissões, para cada tipo de resíduo, ou seja, para cada trajetória de coleta, foram calculadas de acordo com a equação 10. Emissão(trecho, meio de transporte) tCO2e = Distância percorrida * ∑massa transportada * Fator de emissão * PAG (10) Os fatores de emissão utilizados para o cálculo das emissões dos transportes dos resíduos foram 0,000132 tCO2.tkm-1; 0,002174799 gCH4.tkm-1 e 0,001677702 gN2O.tkm-1. A tabela 61 apresenta os resultados das emissões do transporte de resíduos da empresa. Tabela 61 - Estimativa de emissões pelo transporte dos resíduos. Emissões Emissões Resíduos Resíduos (tCO2e) (tCO2e) papel 0,013 orgânicos 0,122 papelão 3,052 refeitórios 0,079 plástico rígido 0,056 tambores 0,004 plástico flexível 0,435 mídias 0,004 lâmpadas 0,001 isopor 0,005 TOTAL 3,77 115 4.3.7 Emissões provenientes do transporte interno entre as Unidades As estimativas de emissões de gases de efeito estufa provenientes do transporte da empresa responsável pelo deslocamento interno dos funcionários, foram realizadas utilizando as informações do ano de 2009, visto que não há registros para o ano de 2008. Utilizou-se as informações cedidas para a empresa pela empresa Transtec, que é responsável pelo transporte interno como os deslocamentos dos funcionários entre as unidades da empresa, idas ao aeroporto, dentre outros. Os veículos utilizados são carros movidos a álcool e motos. Os dados percorridos por tipo de veículo e por meses em que se tem registro da quilometragem estão apresentados na tabela 62. A quilometragem dos meses em que não se tem registro de quilometragem percorrida foi estimada através da média da quilometragem dos meses com registro multiplicado pela quantidade de meses sem registro, que são cinco. O valor calculado também está apresentado na tabela 62. Tabela 62 - Quilômetros percorridos por tipo de veículo pela Transtec (dados fornecidos pela empresa) fev abr mai jun jul ago estimativa p/ 5 meses sem informação estimativa total (km) 5.831 6.036 6.142 7.714 7.126 7.518 31.226,43 74.943,43 carros (km) 15.185 28.476 29.587 31.464 33.141 30.512 33.792 144.397,86 346.554,86 jan motos (km) 3.350 As emissões foram calculadas de acordo com a equação 9 e os fatores de emissão utilizados para os carros e motos foram 0,217 kgCO2.km-1 para carros a gasool; 0,175 kgCO2.km-1 para carros a álcool; 0,0192625 gCH4.km-1 e 0,0198839 gN2O.km-1 para carros. Para motos os fatores foram 0,1059 kgCO2.km-1; 0,043496 gCH4.km-1 e 0,0198839 gN2O.km-1. Emissão tCO2e = Distância percorrida * Fator de emissão * PAG Os resultados são apresentados na tabela 63. (9) 116 Tabela 63 - Emissão proveniente do transporte de resíduos. Emissão (tCO2e) Motos 8,11 Carros (álcool) 62,92 TOTAL 71,03 4.3.8 Emissões provenientes do transporte dos insumos importados As estimativas de emissões de gases de efeito estufa provenientes do transporte de insumos importados foram realizadas utilizando as informações fornecidas pela empresa. Os dados entregues referem-se às informações presentes nos Documentos de Importação (DIs) dos insumos de 2008, constando, para parte dos registros, a massa transportada, local de saída e local de destino. Foi realizada uma busca pelas informações das DIs que não constavam nas planilhas fornecidas pela empresa e, assim, os dados foram completados. No entanto, informações de 10 DIs, dos 1792, não foram localizadas, assim, para esses registros, as emissões de GEE foram estimadas por proporção direta. Foram separados na manipulação das DIs os registros referentes a importações realizadas pela empresa Federal Express (Fedex), que continham as informações de local de saída e de destino, sem a massa transportada. Nesses casos foi realizada uma estimativa, quando possível, das massas transportadas de acordo com a descrição e quantidade dos itens. A massa unitária do item foi utilizada de acordo com a planilha de pesagem fornecida pelo grupo de trabalho da Avaliação do Ciclo de Vida4 dos produtos da empresa ou por meio do cálculo da massa por unidade encontrada utilizando os dados de outro registro com informações de massa transportada e com mesma descrição de item. Para os registros de importações por Fedex que não puderam ter a massa transportada estimada, que foram 58, utilizou-se a estimativa de emissão de GEE por proporção direta considerando-se como referência nesses casos as emissões de GEEs apenas dos dados completos do transporte por Fedex. 4 O grupo de trabalho da Avaliação do Ciclo de Vida foi formado em 2009 em parceria entre Universidade Positivo e a empresa em estudo, com o objetivo de capacitar os integrantes no conhecimento de avaliação de ciclo de vida de equipamentos de informática e, assim, basear a criação da linha de computadores verdes da empresa. No início de 2010 o projeto foi concluído sendo a continuidade das discussões conduzida pela empresa em estudo. 117 Os dados foram trabalhados de acordo com o meio de transporte utilizado: marítimo e aéreo. Para cada grupo de meio de transporte foram separados os trechos, pesquisadas as distâncias percorridas e relacionadas as massas transportadas. Para cada trecho percorrido, calculou-se a emissão de GEE conforme a equação 15, utilizando o fator de emissão de acordo com o meio de transporte. Para os transportes aéreos o fator de emissão utilizado foi de 0,0006649 tCO2.tkm-1, para o marítimo 0,000013 tCO2.tkm-1; 1,0004 x 10-7 tCH4.tkm-1; 5,0032 x 10-7 tN2O.tkm-1 sendo os fatores recomendados por Protocolo GHG (2009) com base em Defra (2009). No caso de entreposto, considerou-se o transporte como sendo aéreo, dada a semelhança entre os trechos desses meios de transporte. Emissão(trecho, meio de transporte) tCO2e = Distância percorrida * ∑massa transportada * Fator de emissão * PAG (15) Os resultados são apresentados na tabela 64. Tabela 64 - Estimativa de emissões pelo transporte dos insumos importados. MARÍTIMO AÉREO FEDEX (aéreo) SEM DI SEM MASSA-FEDEX TOTAL Emissão (tCO2e) Registros 57.190,46 796 11.423,95 996 28,19 190 382,89 10 8,61 58 69.034,10 % registros 38,83 48,59 9,27 0,49 2,83 % emissão 82,84 16,55 0,04 0,55 0,01 Ainda, foi realizada a estimativa da emissão do transporte rodoviário desses insumos advinda do trajeto percorrido do desembarque da carga importada até a empresa. A estimativa foi feita agrupando os locais de desembarque e pesquisando a distância desses locais até a empresa, e também levando-se em consideração a massa transportada. O valor obtido da emissão de transporte rodoviário dos insumos importados foi de 334,79 tCO2e, assim, o valor total da emissão do transporte de entradas importadas é de 69.368,89 tCO2e. 118 4.3.9 Emissões provenientes do transporte das entradas nacionais As estimativas de emissões de gases de efeito estufa provenientes do transporte dos insumos nacionais foram realizadas utilizando as informações de entradas de materiais, fornecidas pela empresa. Conforme os demais itens de transporte de carga apresentados, evidenciou-se a necessidade da utilização da massa transportada para o cálculo das emissões de GEE. Na planilha entregue pela empresa não havia tal informação, e, dessa forma, os itens foram agrupados em famílias de acordo com a descrição do material. As massas foram, então, estimadas por meio da planilha de pesagem dos componentes dos desktops e notebooks realizados pelo grupo de Avaliação do Ciclo de Vida dos Produtos da empresa e de planilhas fornecidas pela empresa com descrição de itens e de massas de componentes. Para a pesquisa das distâncias, os dados fornecidos foram agrupados de acordo com o estado de remessa e considerou-se a capital de cada estado como local de saída do material, exceto para o estado do Paraná. Nesse caso, a distância percorrida utilizada foi a média das distâncias do estado utilizadas no transporte dos produtos (item 4.3.5). Especificamente para a cidade de Curitiba, foram separados os trechos percorridos entre as Unidades da empresa e pesquisadas a localização das empresas de envio e a distância dessas até a fábrica, para as empresas responsáveis pela maior quantidade de massa transportada em Curitiba. Para as demais distâncias de Curitiba, foi utilizada a média das distâncias dos bairros dessa cidade, utilizadas no transporte dos produtos. Os dados não passaram por maior refinamento, pois a planilha fornecida pela empresa, além de não conter a massa transportada, também não continha os endereços completos do remetente, apenas as cidades. As emissões foram calculadas de acordo com a equação 11. Emissão(trecho) tCO2e = Distância percorrida * ∑(massa média item*quantidade item) * Fator de emissão * PAG (11) Os fatores de emissão utilizados para o cálculo das emissões destes transportes foram 0,000132 tCO2.tkm-1, 2,1748 x 10-9 tCH4.tkm-1 e 1,6777 x 10-9 tN2O.tkm-1, para transporte rodoviário terrestre, sendo os fatores recomendados por Protocolo GHG (2009) com base em Defra (2009). 119 O valor calculado das emissões proveniente do transporte de insumos nacionais foi de 2.638,02 tCO2e. 4.3.10 Emissões provenientes da extração dos insumos As emissões provenientes da extração da matéria prima e fabricação dos insumos utilizados na montagem dos desktops e notebooks da empresa foram estimadas através do programa SimaPro, utilizado para avaliar o ciclo de vida dos produtos. O programa fornece, utilizando as médias das informações do seu banco de dados, as emissões atmosféricas provenientes da extração e produção dos insumos. Foram consideradas emissões de notebooks, cujos resultados obtidos foram baseados em uma máquina típica, conforme descrição: Pentium 3, 600 MHz, 1.0 GB RAM, 128 MB memória, tela 12,1 polegadas, peso total (incluindo a base de expansão) 3,5 kg. Para a produção de desktops, os resultados obtidos foram baseados na seguinte configuração: Pentium 4, 2000 mHz, 4.0 GB RAM, HDD 512 MB, peso total (sem monitor e caixa) 11.3 kg. Para o monitor CRT, foi considerado o de 17 polegadas, com tecnologia representativa da tecnologia dos Estados Unidos em 1990. Para o monitor LCD de 17 polegadas os dados foram obtidos de um projeto Europeu de reuso e reciclagem de monitores LCD. Os dados representam uma pesquisa com 90 tipos diferentes de monitores LCD e com dados da internet, portanto, o programa considera que não há especificidade geográfica. De acordo com o programa, os dados são baseados no maior produtor mundial de computadores (não especificado), portanto, podendo representar máquinas montadas em qualquer parte do mundo. A tabela 65 apresenta os GEE emitidos na extração e produção dos insumos utilizados no notebook. Os GEEs identificados na planilha fornecida pelo programa foram convertidos em CO2e, de acordo com o seu potencial de aquecimento global. 120 Tabela 65 – Emissões de GEE na extração e produção de insumos para o notebook. GEE CO2 CH4 N2O SF6 HFC-152a HFC-134a Unidade Valor emitido g 175.743,33 g 372,69281 g 447,8356 g 2,924705 µg 63,741 mg 122,4803 TOTAL Emissão kg CO2e 175,7432982 146,6555904 138,8290416 69,9004495 8,92374E-06 0,159224325 392,4585714 A tabela 66 apresenta as emissões obtidas com o programa SimaPro dos GEE advindos da extração e produção de insumos para desktop, monitores LCD e CRT. Tabela 66 – Emissões de GEE na extração e produção de insumos para desktop, monitor LCD e CRT. GEE CO2 CH4 N2O SF6 HFC-152a HFC-134a Unidade g g g g µg mg Desktop LCD 17' CRT 17' 262.879,375 226.639,328 262.548,805 23,6609209 30,0537155 27,6590363 750,7938 629,5156 664,1614 0,041151 6,87883096 0,01515461 108,95 63,519 84,649 5,681204 1,167948 1,94159 Aplicando-se o potencial de aquecimento global dos gases apresentados na tabela 66, obteve-se as emissões em CO2e, conforme apresenta a tabela 67. Tabela 67 – Emissões de CO2e convertidos de GEE emitidos na extração e produção de insumos para desktop, monitor LCD e CRT. GEE CO2 CH4 N2O SF6 HFC-152a HFC-134a TOTAL Desktop 262,8794 10,14673 232,7461 0,983509 1,53E-05 0,007386 506,76 em kg CO2e LCD 17' 226,6393 15,06042 195,1498 164,4041 8,89E-06 0,001518 601,26 CRT 17' 262,548805 13,0068265 205,890034 0,36219518 1,1851E-05 0,00252407 481,81 Os resultados encontrados foram: 392,46 tCO2e por notebook, totalizando 190.193,67 tCO2e para a produção de notebooks em 2008; 988,57 tCO2e para desktop com monitor CRT; 1.108,02 tCO2e para desktop com monitor LCD, totalizando 1.232.444,03 tCO2e para a 121 produção de desktops e monitores em 2008. Assim, o valor total das emissões de GEE advindos da extração dos insumos é de extrações 1.422.637,69 tCO2e. Conforme os dados apresentados na tabela 68, verifica-se que as maiores emissões são de responsabilidade do conjunto desktop + monitor, sendo o monitor LCD mais impactante em termos de emissão de GEE. A maior emissão do monitor LCD deve-se ao SF6. Tal gás é frequentemente utilizado em processos industriais como gás de envoltória de proteção como, por exemplo, isolante de componentes elétricos de instalações de alta tensão. O SF6 também é utilizado na produção de LCDs como um gás do processo de gravura e, embora certa quantidade do gás seja consumido no processo, o restante geralmente é liberado para a atmosfera (CDM, 2010). Sendo o SF6 um GEE com potencial de aquecimento global muito elevado (23.900), há projetos de redução de emissão desses gases, que consistem tanto na recuperação e reciclagem do SF6 como em destruição térmica do mesmo. CDM (2010) explica que quando o SF6 é utilizado como gás de gravura, geralmente a destruição térmica é utilizada para a redução da emissão. Nesses casos, o mesmo é coletado e destruído a temperaturas de cerca de 1300-1400 º C. Em projetos em que o gás é utilizado como capa de proteção, há duas abordagens diferentes: quando utilizado como isolamento de componentes elétricos, é possível recuperar e reciclar o gás. Ainda, esse tipo de projeto, de acordo com CDM (2010), inclui melhorias no controle de fugas, e, assim, também contribui para a redução das emissões. Em outros casos, é possível a substituição do SF6 por outras capas de gás. Muitas vezes o SF6 é substituído pelo HFC134a que, apesar de também ser um GEE, tem potencial de aquecimento global cerca de “apenas” 1.300 vezes maior do que o CO2 dessa forma, em termos de emissão de GEE é preferível do que o SF6 que, conforme já mencionado, tem um PAG de 23.900. De acordo com os resultados apresentados, o valor calculado de emissões de GEE da empresa em estudo para o ano de 2008 é de 1.531.346,88 tCO2e, a tabela 68 apresenta as emissões por fontes, ou seja dos combustíveis do gerador e motobomba, do uso do GLP, da produção das espumas de poliuretano, da aquisição de energia, da disposição dos resíduos orgânicos, do deslocamento dos funcionários, das viagens aéreas, da energia consumida pelo uso dos produtos, dos transportes dos insumos importados, do transporte de entradas nacionais, do transporte dos produtos, do transporte dos resíduos, do transporte interno e da extração dos insumos. A média de emissão de GEE por máquina produzida é de 950 kg CO2e/máquina, para o ano de 2008. 122 Tabela 68 – Emissões de GEE da empresa, ano 2008. Escopo 1 1 1 1 2 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 Fonte GLP Gasolina Diesel Formação espumas de poliuretano Emissões escopo 1 Energia comprada Emissões escopo 2 Deslocamento dos funcionários Resíduos Viagens funcionários Energia uso do produto Transporte insumos importados Transporte produtos Transporte insumos nacionais Transporte resíduos Transporte interno (Transtec) Extração dos insumos Emissões escopo 3 TOTAL 4.4 Emissão (tCO2e) 187,19 1,10 0,29 236,05 424,63 238,26 238,26 1.870,59 161,14 598,57 31.291,02 69.368,89 2.043,25 2.638,02 3,77 71,03 1.422.637,69 1.530.683,98 1.531.346,88 DISCUSSÕES A figura 12 apresenta o participação de cada atividade nas emissões de CO2e. 123 TRANSPORTE RESÍDUOS 3,77 TRANSPORTE INTERNO 71,03 GERADOR 0,29 GLP 187,19 TRANSPORTE PRODUTOS 2.043,25 TRANSPORTE INSUMOS (IMPORTADOS) 69.368,89 UTILIZAÇÃO PRODUTOS 31.291,02 EXTRAÇÃO DOS INSUMOS NOTEBOOK 190.193,67 TRANSPORTE ENTRADAS (NACIONAIS) 2.638,02 OUTROS 8.049,28 MOTOBOMBA 1,10 ESPUMA DE POLIURETANO 236,05 RESÍDUO 161,14 ENERGIA 238,26 VIAGENS 598,57 DESLOCAMENTO FUNC. 1.870,59 EXTRAÇÃO DOS INSUMOS DESK + MONITOR 1.232.444,03 Figura 12 - Emissão por fonte de emissões de CO2e em 2008. A figura 13 apresenta as emissões de acordo com o enquadramento nos escopos 1, 2 e 3. Emissão por escopo 0,03% 0,02% 99,96% ESCOPO 1 ESCOPO 2 ESCOPO 3 Figura 13 - Emissão de CO2e por escopo. 124 4.4.1 Possibilidades de reduções de emissões Verificando que a maior parte das emissões da empresa está enquadrada no escopo 3, sendo a maior fonte de emissão a extração dos insumos, a empresa em estudo pode exercer certa pressão em seus fornecedores a fim de exigir que seus processos sejam mais eficientes e menos emissores. Outros esforços de reduções de emissões deverão ser concentrados, principalmente, nos transportes em frota terceirizada e no consumo de energia pelos produtos. Os fatores de emissão do transporte rodoviário apresentados por Defra (2008), tabela 15, mostram que os as emissões de um caminhão completamente vazio e de outro completamente carregado, não variam proporcionalmente à carga. Assim, um caminhão parcialmente carregado emitirá um certo valor de CO2, e quando totalmente carregado a emissão total será maior, mas a emissão por massa carregada será consideralvemente menor. Logo, uma forma de reduzir emissões é realizar os transportes rodoviários em veículos totalmente carregados. Nesse sentido, é recomendado que a empresa monitore a porcentagem de carga, em relação à capacidade total do veículo, utilizada em cada transporte realizado. Ressalta-se que no presente trabalho os fatores utilizados foram os médios, pois as informações de fator de carga não estão disponíveis. Assim, o início de um banco de dados de informações de ocupação de cargas é recomendado, permitindo a criação de um histórico de emissões mais preciso da empresa e, assim, tornando possível a quantificação mais precisa das emissões de GEE nos transportes de cargas. Outra forma de reduzir as emissões é diminuindo o volume das unidades transportadas pois, quanto menor for a mercadoria maior a quantidade possível de ser deslocada em um mesmo veículo, desde que respeitada a capacidade de carga. Ainda, podem ocorrer reduções das emissões do transporte dos insumos importados por meio do aumento de utilização dos insumos nacionais. Neste caso, cabe um estudo de avaliação da viabilidade ou mesmo possibilidade do fornecimento dos insumos por indústria nacional. Ações para redução das emissões de GEE dos deslocamentos dos funcionários podem ser iniciadas pela empresa, com programas de incentivo ao transporte solidário (caronas), à utilização de bicicletas e, ainda, à utilização de veículos menos emissores, como motocicletas. O estudo de Defra (2008) mostra que carros e motocicletas com menor potência de motor emitem menos GEE, conforme tabelas 21 e 24. Ainda, a utilização do etanol ao invés de gasolina, ou o acréscimo da porcentagem de etanol no gasool, como, por exemplo de 22% para 25%, também reduz as emissões. 125 Ressalta-se, ainda , que todas as emissões de transportes podem ser reduzidas através da otimização da trajetória percorrida, visto que quanto mais distante o percurso, maior a emissão. Em consonância com as ações apresentadas por outras empresas, o incentivo para que alguns funcionários trabalhem em suas residências diminui as emissões de sua locomoção e de consumo de energia na empresa. No que se refere às emissões provenientes da energia consumida pelos produtos, que de acordo com os valores apresentados na tabela 68 é a terceira maior fonte de emissão, um esforço a fim de reduzir o consumo de energia de desktops, monitores e notebooks com a constante busca pela eficiência energética desses produtos, deve ser desenvolvido visando a redução de emissões de GEE. Ainda, a otimização de programas de computador que gerenciem o consumo de energia dos produtos também permite a redução de maneira prática aos consumidores dos produtos. Ações voltadas à educação do usuário para otimização do consumo de energia dos aparelhos, como incentivando que desliguem os monitores quando possível, também contribui para que hajam reduções. Programas que incentivem ações de consumidores relacionadas ao plantio de árvores para compensação das emissões também podem ser elaborados, em consonância com a ação da Dell, como a criação do programa “Plante uma árvore”, descrito no item 2.6. Modificações na estrutura da empresa, como a inserção de sensores de presença nos corredores e banheiros para gerenciamento da energia elétrica consumida, também podem reduzir as emissões. Ainda, ressalta-se que, de acordo com o trabalho apresentado, as emissões provenientes da aquisição de energia elétrica da empresa são relativamente pequenas, quando comparada às demais fontes. No entanto, considerando-se o crescimento da empresa e, assumindo que tal fato seja uma tendência, pode-se considerar que tais modificações podem vir a representar uma emissão evitada mais significativa ao longo do tempo. Dentre as emissões diretas da empresa, a maior delas refere-se à produção da espuma de poliuretano. A substituição dos calços por outros materiais também é uma forma de redução de emissões de GEE gerados pela empresa. Ainda, sabe-se que a empresa em estudo providenciou, no ano de 2010, a substituição da espuma de poliuretano por polietileno. Dessa forma, as emissões provenientes da formação da espuma de poliuretano não serão mais fontes de emissão da empresa em seus próximos inventários. Ações voltadas às outras fontes de emissão também podem ser realizadas, como a utilização de teleconferências, quando possível, ao invés do deslocamento de funcionários em viagens aéreas. A redução de resíduos gerados, de consumo de GLP, gasolina, diesel e energia 126 elétrica também acarreta na redução das emissões de GEE. Ainda, podem ser iniciadas a realização de compensações das emissões de GEE, com plantios de árvores ou pela compra de créditos de carbono de projetos que tenham reduzido emissões. A fim de assegurar a continuidade da realização dos inventários de emissões de GEE e de demonstrar o zelo da empresa em reduzir as suas emissões, sugere-se que sejam estabelecidas, conforme orienta o Protocolo GHG, metas de redução de emissões de GEE. As metas devem refletir os compromissos assumidos pelos gestores, sendo necessário definir qual será a abrangência das reduções (escopos incluídos), se a meta será relativa ou absoluta e definição do prazo para o cumprimento da redução. Ainda, as metas de redução podem ser estipuladas em relação ao ano base deste trabalho – 2008. 4.4.2 Incertezas associadas ao inventário realizado No que se refere às incertezas associadas ao inventário, verifica-se que apenas uma avaliação qualitativa pode ser efetuada, pois a quantitativa dependeria de dados amostrais, parecer de especialistas que possam avaliar as incertezas dos dados e dos fatores ou, ainda, dados de imprecisão de instrumentos de medição. De qualquer forma, pode-se afirmar que as incertezas no inventário da empresa estão associadas a todos os elementos utilizados na realização do inventário, como os dados de atividade, com possíveis variações nos dados fornecidos pela empresa de GLP, gasolina, diesel, resíduos gerados, carga transportada, entre outros. A utilização de fatores de emissão também adiciona incertezas ao inventário pois, na maior parte, considera-se os valores médios de estudos que os desenvolvem. Exemplo disso está nos fatores utilizados no transporte, tanto de passageiros quanto de cargas, pois no inventário não se considerou o tamanho do motor e nem a variação de emissão de GEE decorrente da taxa de carga nos veículos, devido à falta de conhecimento dessas informações, optando-se, assim, pela utilização de fatores médios. De acordo com a tabela 15, as emissões de um caminhão rígido podem variar 31,64%,entre os veículos de menor e de maior capacidade, sendo o primeiro mais emissor. Nos caminhões articulados, a variação é maior, cerca de de 50,31%, também sendo o veículo com menor capacidade o mais emissor. Dessa forma, verifica-se que a utilização de fatores médios altera o valor de emissão estimada. Se no inventário realizado fosse utilizado o maior fator de transporte de mercadorias, que seria para veículo rígido com menor capacidade de carga, o cálculo de emissões de transporte de 127 mercadorias seria aproximadamente 350% maior do que o realizado no trabalho. Ainda, se o cálculo fosse feito utilizando o menor fator, de veículo articulado com maior capacidade de carga, o valor que seria obtido seria aproximadamento 62% menor do que o apresentado. Outro ponto que remete às incertezas dos fatores é o fato de, alguns deles, não serem desenvolvidos com base em informações nacionais, como é o caso dos fatores de transportes de cargas e de viagens áreas. Hipóteses adotadas, como a trajetória percorrida pelos veículos nos deslocamentos de funcionários e nos tranportes de cargas, inclusive internacionais, também adicionam incertezas ao inventário. A utilização de combustível nos cálculos dos deslocamentos dos funcionários com base na distribuição no Estado do Paraná é outra fonte de incertezas, dado que não se tem conhecimento do real combustível utilizado pelos funcionários em seus veículos. A consideração do tempo de consumo de energia dos produtos da empresa, os dias de uso durante o ano e, ainda, a de que o consumo dos equipamentos é contínuo, sem variações, também é fonte de incerteza no inventário. 4.4.3 Inventários relatados Esta seção discute os inventários de gases de efeito estufa disponibilizados por empresas participantes do Programa Brasileiro do Protocolo GHG e por fabricantes de computadores, incluindo as fontes relatadas por escopo. Conforme descrito nos itens 2.4.1 e 2.4.2, as diretrizes do Protocolo GHG e ISO 14.064 indicam que as fontes de emissão dos escopos 1 e 2 devem ser obrigatoriamente relatadas, sendo as fontes do escopo 3 opcionais, cabendo à empresa a decisão da relevância do relato dessas. No entanto, os participantes do Protocolo GHG estão trabalhando no lançamento de novos padrões para a contabilidade e relato do escopo 3 corporativo e, em outro documento, em padrões para contabilidade e relato do ciclo de vida do produto. Ambos os documentos estão em fase de desenvolvimento, sendo disponibilizada uma versão rascunho para abertura de opiniões e discussões do desenvolvimento (Protocolo GHG, 2009b). De acordo com Protocolo GHG (2009b), a iniciativa começou considerando-se que as contabilizações das emissões estão ficando mais específicas e que tem crescido a constatação de que as fontes de emissões significativas das atividades empresariais estão muitas vezes fora dos escopos 1 e 2, ou seja, são emissões do escopo 3, indiretas, e passam a ter uma 128 importância significativa. Ainda, muitas vezes as emissões do escopo 3 são maiores dos que as dos demais escopos, criando-se, assim, uma oportunidade de redução dessas emissões. 4.4.3.1 Inventários de GEE das empresas no Brasil A tabela 69 apresenta os valores das emissões, por escopos, das empresas do programa brasileiro do Protocolo GHG. Pode-se observar a diferença significativa de emissões, dentre as empresas. Como exemplo Cnec e Petrobras, sendo a última responsável por emissões cerca de 25.290 vezes maiores que a primeira. A tabela 70 apresenta a receita líquida das empresas pesquisadas e a quantidade de funcionários no ano de 2008, período coberto pelos inventários pesquisados. Ressalta-se que as receitas são apresentadas em reais, dados originais, e em dólares, sendo a conversão de moedas feita a fim de padronizar com os dados da pesquisa apresentada na tabela 74, referente à receita e quantidade de funcionários das empresas fabricantes de computadores. 129 Tabela 69 – Emissões dos escopos relatadas pelas empresas no Brasil (dados obtidos do Programa Brasileiro GHG Protocol, 2009). Emissões Escopo 1 (tCO2e) Emissões Escopo 2 (tCO2e) Emissões Escopo 3 (tCO2e) Emissões totais (tCO2e) Emissões da combustão de biomassa (tCO2e) Abril 13.028 3.005 47.793 63.826 903 Alcoa 1.349.593,93 303.134,96 59.342,50 1.712.071,39 1.858,97 Ambev 392.643,041 68.457,322 não consta 461.100,36 150.589,95 Anglo Americano 175.529,04 101.980,88 43.023,85 320.533,77 não consta Banco do Brasil 4.288,51 33.107,27 12.310,31 49.706,09 não consta Banco Real 1.570,82 7.167,37 17.105,14 25.843,33 não consta Bradesco 13.703,31 20.915,29 104.993,59 139.612,19 6.842,24 Cesp 5.761,02 689,90 1.608,98 8.059,90 1.382,76 Cnec 29,18 37,20 1.953,58 2.019,96 713,43 Copel 184.267,11 1.114,60 não consta 185.381,71 2.460,11 Embraer 48.100 6.215 25.406 79.721 448 Enbr 7.013 819 7.468 15.300 1.163 Ford 1.432,51 174,235 não consta 175.667,51 não consta Furnas 301.423 2.301 não consta 303.724 12,55 Itaú Unibanco 5.845,15 25.963 97.553,06 129.361,21 não consta Natura 7.097 1.440 175.509 184.046 3 896 O Boticário 1.158 347 4.921,5 6.426,5 404 Petrobras 50.803.983 280.799 não consta 51.084.782 não consta Polícia Federal 14.614 2.366 4.600 21.580 1800 Quattor 51,7 30.682 não consta 30.733,70 não consta Suzano 611.495 24.354 279.774 915.623 4.094.563 Votorantim 18.946.361 378.616 não consta 19.324.977 8.277.974 Wal Mart 205.620 38.547 não consta 244.167 não consta Empresa 130 Tabela 70 – Receita e quantidade de funcionários em 2008 – empresas Programa Brasileiro Protocolo GHG. Empresa Receita 2008 (milhões R$) Receita 2008 (milhões US$)* Quantidade funcionários Abril 1.920,00 821,57 4.100 Alcoa 2.528,63 1.082,00 6.536 Ambev 20.899,00 8.942,66 39.301 Anglo Americano 2.409,885 1.031,18 7.605 Banco do Brasil 10.500,00 4.492,94 89.400 Banco Real 11.437,97 4.894,30 53.000 Bradesco 11.215,00 4.798,89 86.622 Cesp 2.479,69 1.061,06 1.321 Cnec não consta - não consta Copel 5.458,78 2.335,81 8.405 Embraer 11.746,8 5.026,44 16.853 Enbr 4.904,2 2.098,50 2.322 Ford não consta - não consta Furnas 5.771,65 2.469,68 4.724 Itaú Unibanco 64.819,99 27.736,41 108.000 Natura 3.618,00 1.548,14 4.386 O Boticário não consta - 2.000 Petrobras 215.118,00 91.048,78 55.199 Polícia Federal não consta - não consta Quattor não consta - 1.700 Suzano 4.604,00 1.970,05 3.540 Votorantim 35.082,74 15.011,87 39.8156 Wal Mart não consta - 80.000 *Conversor de moedas Banco Central, data da cotação: 01/01/2009. (http://www4.bcb.gov.br/?TXCONVERSAO). Taxa: 2,337 reais = 1 dólar americano. A figura 14 apresenta o inventário de emissões de GEE das empresas do Programa Brasileiro do Protocolo GHG e da empresa em estudo pela receita, durante o ano de 2008. Lembrando que o escopo 3 é opcional, cabendo às empresas a escolha de quais fontes de 5 6 Não especifica se receita bruta ou líquida. Valor obtido pela soma dos funcionários dos segmentos. 131 emissão relatar nesse escopo. Apresenta-se, na figura 15, a emissão dos escopos 1 e 2 – obrigatórios, pela receita da empresa. Emissão total [kg CO2.mil US$-1] Emissões totais pela receita 10000 1792,16 1582,32 1000 100 1287,31 561,07 464,77 310,84 122,98 118,88 79,37 77,69 51,56 29,09 15,86 10 11,06 7,60 7,29 5,28 4,66 1 Figura 14 - Emissão total de CO2e pela receita das empresas do programa brasileiro do Protocolo GHG e da empresa em estudo, em escala logarítmica. Emissões - escopos 1 e 2 pela receita (US$) Emissão total [kg CO2.mil US$-1] 10000 1000 100 1527,48 1287,31 561,07 322,76 269,12 122,98 79,37 51,56 19,52 10 10,81 8,32 7,21 6,08 5,51 3,73 1,79 1 1,15 0,78 0 Figura 15 – Emissão de CO2e dos escopos 1 e 2 pela receita das empresas do programa brasileiro Protocolo GHG e da empresa em estudo, em escala logarítmica. A figura 14 sugere que a emissão de GEE da empresa em estudo pela receita é maior do que de todas as empresas do Programa Brasileiro do Protocolo GHG. No entanto, deve-se lembrar que as emissões da empresa em estudo incluem diversos itens do escopo 3, o que não se verifica para as demais empresas, que computam menos fontes de tal escopo. Dessa forma, as fontes relatadas pela empresa em estudo são mais abrangentes que as demais. Assim, analisando a emissão apenas dos escopos obrigatórios 1 e 2, que referem-se à emissão direta 132 da empresa, observa-se que a empresa em estudo possui o menor nível de emissões quando comparada às demais empresas, sendo a Alcoa, Votorantim, Petrobras, Suzano e Anglo Americano as empresas responsáveis pelos cinco maiores níveis de emissões, considerando-se apenas as emissões diretas. A figura 16 apresenta o inventário de emissões de GEE das empresas do Programa Brasileiro do Protocolo GHG e da empresa em estudo pela quantidade de funcionários no ano de 2008. Da mesma forma, apresenta-se as emissões dos escopos 1 e 2 por funcionário, na figura 17. Emissões totais por funcionário 925,47 485,37 Emissão total [t CO2.funcionário-1] 1000 392,65 261,94 258,65 100 64,29 42,15 41,96 22,06 18,08 15,57 10 11,73 6,59 6,10 4,73 3,21 3,05 1,61 1 1,20 0,56 0,49 0 Figura 16 - Emissão total de CO2e por funcionário das empresas do programa brasileiro do Protocolo GHG e da empresa em estudo, em escala logarítmica. Emissão total [t CO2.funcionário-1] Emissões - escopos 1 e 2 por funcionário 1000 100 925,47 485,37 252,87 179,62 64,29 36,49 22,06 18,08 10 1 11,73 4,88 3,91 3,37 3,22 3,05 1,95 0,75 0,42 0,40 0,29 0,16 0,11 0 Figura 17 – Emissão de CO2e dos escopos 1 e 2 por funcionário pelas empresas do programa brasileiro Protocolo GHG e da empresa em estudo, em escala logarítmica. 133 4.4.3.2 Fontes relatadas pelas empresas no Brasil Com a finalidade de determinar quais fontes são usualmente relatadas pelas corporações, foram analisados os relatórios disponibilizados pelas empresas, sendo os resultados da pesquisa apresentados na tabela 71, onde se pode observar que, dos vinte e três relatórios das empresas pesquisadas, oito não descrevem nenhuma fonte de emissão do escopo 3, ou seja 34,78% das empresas não fizeram o levantamento das fontes de emissão classificadas nesse escopo, ou optaram por não as declarar. As demais variam os relatos das fontes, algumas considerando o transporte de cargas, podendo ser terrestre, marítimo ou aéreo, ou provenientes do uso de empilhadeiras, veículos locados, resíduos, efluentes, gás refrigerante, consumo de papel em escritório, emissões de combustão estacionárias, de primeiros processamentos, do descarte do produto final e de viagens aéreas, sendo essa última a fonte no escopo 3 relatada com maior freqüência entre as empresas, chegando a 56,52% das empresas. As fontes de emissão do escopo 1, de combustão estacionária, referem-se a emissões de caldeiras, fornos, turbinas, entre outros (CAMPOS, 2009). Já as fontes móveis são referentes a equipamentos que possuem mobilidade, tais como carros, motos, caminhões, ônibus, navios e aviões. As emissões de processos, de acordo com Campos (2009), ocorrem pelo processamento ou fabricação de produtos químicos e de materiais, como cimento, alumínio, ácido adípico, amoníaco e processamento de resíduos. As fugas de emissões são as que podem ocorrer com descarga de GEE na ligação dos equipamentos, em tampas, embalagens, tanques, emissões de HFCs na utilização de equipamentos de refrigeração e de emissões de metano em minas de carvão além do transporte do gás (CAMPOS, 2009; PROTOCOLO GHG, 2003). As fontes do escopo 3 apresentadas na tabela 71 foram separadas de acordo com as ocorrências das mesmas nas pesquisas dos relatórios de emissão de cada empresa participante do programa brasileiro do Protocolo GHG. As fontes de equipamentos incluem empilhadeiras, máquinas utilizadas na lavra e em colheita. As fontes de transportes de carga, tanto aéreo, marítimo ou rodoviário, são referentes ao transporte de mercadorias, como matérias-primas ou produtos, realizados em frota que não pertence à empresa. A fonte veículos refere-se ao transporte de passageiros em veículos locados, como carros, ônibus e táxis. As viagens aéreas são referentes aos deslocamentos aéreos de funcionários da empresa, em viagens de negócios. Resíduos e efluentes são fontes de emissões que ocorrem devido ao 134 tratamento dos mesmos. Gás refrigerante são fontes de emissão que ocorrem nos equipamentos de refrigeração ou ar condicionado. O consumo de papel em escritório é tido por uma das empresas pesquisadas como responsável por emissões de GEE. A combustão estacionária refere-se a emissões que ocorrem em fontes fixas, ao contrário das que ocorrem em veículos e nos transportes de cargas. Os primeiros processamentos foram apontados por uma das empresas como fonte de emissão, no entanto, não há informações detalhadas, e possivelmente sejam emissões relacionadas ao uso de matérias-primas na manufatura dos produtos da empresa. O descarte final do produto também é considerado uma fonte de emissões, que ocorrem na decomposição do produto, após descarte pelo usuário. 135 Tabela 71 – Fontes dos escopos 1 e 3 relatadas pelas empresas no Brasil (dados obtidos do Programa Brasileiro GHG Protocol, 2009). x x Anglo Americano x x x x Banco Real x x Bradesco x x Banco Brasil Cesp do x Cnec x x x x Embraer x x x x x12 x x x x13 x x x x16 x17 x x x x 15 x x x x x x x x Descarte final produto x x x x x x x14 x x x Primeiros processamentos x Gás refrigerante x x11 Empilhadeiras, máquinas utilizadas na lavra, colheita. Transporte terrestre de pessoas. 9 Abordagem de participação acionária. 10 Transporte de produtos. 11 Transporte de ferronióbio, ferroníquel, rocha fosfática. 12 Transporte de malotes, valores e cargas gerais. 13 Transporte coletivo. 14 Transporte por táxi e reembolso de quilometragem. 15 Táxis, ônibus e veículos locados. 16 Transporte de materiais, resíduos e parte dos insumos. 17 Transporte de funcionários feitos por empresas terceirizadas e não em veículos próprios. 8 x Efluentes Transporte carga marítimo x x x8 Resíduos Transporte carga aéreo x 10 Transporte de funcionários Transporte carga terrestre Emissões fugitivas x x x Copel 7 x x Combustão estacionária Ambev x x Consumo de Papel em escritório x x Viagens aéreas x Emissões processos x Veículos Alcoa 9 x Fontes Escopo 3 Equipamentos7 Abril Combustão móvel Fontes Escopo 1 Combustão estacionária Empresa 136 Continuação da tabela 71. x x x Itaú Unibanco x x x20 x x 21 x 22 x x x x x Petrobras x x x x Suzano x x Votorantim x x Wal Mart x x 18 x x x Combustão estacionária Consumo Papel Gás refrigerante Efluentes x x x x x x x x x23 x x24 x x Empilhadeiras, máquinas utilizadas na lavra, colheita. Frota de empresas contratadas para prestação de serviços de construção e manutenção de redes elétricas. 20 Transporte de cargas e valores. 21 Transporte produto até consumidor final e “outros transportes”. 22 Transporte de embalagem, matéria-prima, produto acabado e de resíduos. 23 Transporte de materiais, resíduos, parte de insumos e produtos. 24 Transporte de funcionários feitos em empresas terceirizadas e não em seus veículos próprios. 19 Resíduos Viagens aéreas Veículos Transporte de funcionários Transporte carga marítimo x x Quattor x x x x O Boticário Polícia Federal x19 x Furnas Natura Transporte carga aéreo Transporte carga terrestre Equipamentos18 x Descarte final produto Ford Emissões fugitivas Emissões processos x Fontes Escopo 3 Primeiros processamentos Enbr Combustão móvel Fontes Escopo 1 Combustão estacionária Empresa X x 137 4.4.3.3 Inventários de GEE de fabricantes de computadores Com a finalidade de caracterizar os principais fabricantes de computadores e, assim possibilitar as comparações de emissões entre eles, são apresentados os resultados de dados obtidos pelas pesquisas das empresas: Acer, Amazon, Apple, Asus, CCE, Dell, HP, Itautec, Lenovo, LG, Samsung, Sony e Toshiba. Tais empresas foram escolhidas por representarem as principais fornecedoras de computadores no mercado nacional e internacional (WILKINS, 2010). Os dados foram obtidos por consultas a relatórios disponíveis nas páginas de internet dessas empresas. A tabela 72 apresenta o país de origem das fabricantes de computadores. Tabela 72 – País de origem – empresas de informática. Brasil China Coréia Japão Estados Unidos Acer Amazon X X Apple X Asus CCE X X Dell Empresa em estudo X X HP Itautec Lenovo X X X LG X Samsung X Sony X Toshiba X Foram considerados os inventários de emissões de GEE de 2008, sendo os dados registrados, quando disponíveis, de acordo com os escopos indicados pelo Protocolo GHG e sendo apresentado também o valor total das emissões. A tabela 73 apresenta essas informações. Já a tabela 74 apresenta o faturamento e a quantidade de funcionários no ano de 2008 das empresas de computadores e a quantidade de funcionários. 138 Tabela 73 - Inventário de emissões de GEE – empresas de informática. ESCOPO 1 ESCOPO 2 ESCOPO 3 TOTAL (tCO2e) (tCO2e) (tCO2e) (tCO2e) 1.851 41.922 2.186 45.960 Amazon não consta não consta não consta não consta Apple1 não consta não consta não consta não consta Asus 146 11.982 246 12.374 CCE não consta não consta não consta não consta Dell 40.000 390.000 50.000 480.000 Empresa em 424,63 238,26 1.530.683,97 1.531.346,88 HP2 não consta não consta não consta 7.167.000 Itautec não consta não consta não consta não consta Lenovo 1.639 58.109 13.818 73.566 LG não consta não consta não consta não consta Samsung não consta não consta não consta não consta Sony3 não consta não consta não consta 1.084.000 Toshiba4 não consta não consta não consta 11.266.000 Acer estudo 1 Apple - Apresenta os inventários de emissões de GEE por produto, sem especificar escopos. HP - Inclui emissões relacionadas às operações da empresa, especificadas como eletricidade, gás natural, de refrigeração, diesel e emissões da manufatura; viagens de negócios dos funcionários; emissões do uso de eletricidade dos principais fornecedores; transporte dos produtos; uso dos produtos e emissões evitadas pela reciclagem dos produtos. Não especifica escopos. 3 Sony - Apresenta as emissões por local, sem especificar escopos. 4 Toshiba - Inclui emissões de processos dos negócios (pesquisa e desenvolvimento; aquisições das entradas na fábrica, como energia, água, produtos químicos e outros materiais), distribuição dos produtos e uso dos produtos, sem especificar escopos. 2 139 Tabela 74 – Receita e quantidade de funcionários em 2008 – empresas de informática. Receita 2008 (milhões US$) Quantidade funcionários em 2008 Acer 16.650,00 6.000 Amazon não consta 200 Apple 32.479,00 32.000 Asus 8.132,27 11.151 CCE não consta 5.800 Dell 61.133,00 88.450 854,47* 3.900 118.400,00 321.000 Itautec 764,48* não consta Lenovo 16.352,50 23.111 LG 21.940,55* 82.000 Samsung 96.495,08 39.200 Sony 97.902,11* 180.500 Toshiba 76.680,76 197.718 Empresa em estudo HP *Conversor de moedas Banco Central, data da cotação: 01/01/2009. (http://www4.bcb.gov.br/?TXCONVERSAO). Taxa: 2,337 reais = 1 dólar (EUA); 0,0018556 reais = 1 won (Coréia do Sul); 0,0258 reais = 1 iene (Japão); 0,071182 reais = 1 novo dólar (Taiwan) A figura 18 mostra o inventário de emissões de GEE das fabricantes de computadores pela receita durante o ano de 2008. Já a figura 19, apresenta a emissão apenas dos escopos 1 e 2 pela receita, incluindo apenas as fabricantes de computadores que apresentam seus inventários separados por escopo 1, 2 e 3, de acordo com a orientação do Protocolo GHG. Pode-se observar que, de forma semelhante ao que ocorre com as empresas do Programa Brasileiro do Protocolo GHG, as emissões da empresa em estudo parecem ser maiores do que as das demais fabricantes de computadores, principalmente porque os relatos de escopo 3 das demais empresas não incluem a maioria dos itens relatados no estudo realizado, e certamente não incluem o principal deles que são as emissões devido à extração dos insumos. Assim, quando apresenta-se as emissões apenas dos escopos 1 e 2, as emissões da empresa em estudo diminuem significativamente. Comparando-se as figuras 18 e 19 verifica-se que as posições das fabricantes de computadores Acer, Dell, Lenovo, Asus e a empresa em estudo são alteradas. De acordo com a figura 18, quando se considera todos os escopos de emissão, a ordem da maior emissora para a menor entre elas é: empresa em 140 estudo, Dell, Lenovo, Acer e Asus, mas, quando apresenta-se apenas as emissões dos escopos 1 e 2 a ordem passa a ser Dell, Lenovo, Acer, Asus e a empresa em estudo. Emissões totais pela receita Emissão total [kgCO2. mil US$-1] 10000 1.792,16 1000 146,92 100 60,53 11,07 10 7,85 4,50 2,76 1,52 1 Empresa Toshiba em estudo HP Sony Dell Lenovo Acer Asus Figura 18 - Emissão total de CO2e pela receita das fabricantes de computadores, em escala logarítmica. Emissões escopo 1 e 2 pela receita Emissão total [kgCO2. mil US$-1] 8 7,03 6 3,65 4 2,63 2 1,49 0,78 0 Dell Lenovo Acer Asus Empresa em estudo Figura 19 - Emissão de CO2e dos escopos 1 e 2 pela receita das fabricantes de computadores. As figuras 20 e 21 apresentam o inventário de emissões pela quantidade de funcionários. Observa-se que, da mesma forma apresentada do inventário de emissões de GEE pela receita, a posição da empresa em estudo é alterada quando consideram-se todas as emissões e quando apresenta-se apenas as emissões dos escopos 1 e 2. Já a ordem de emissão das outras fabricantes de computadores que apresentam as suas emissões por escopo, são 141 Acer, Dell e Lenovo e Asus, tanto para apresentação do inventário total quanto para apresentação apenas dos escopos 1 e 2. Emissões totais por funcionário Emissão total [t CO2 .funcionário-1] 1000 392,65 100 56,98 22,33 7,66 10 6,01 5,43 3,18 1,11 1 Empresa Toshiba em estudo HP Acer Sony Dell Lenovo Asus Figura 20 – Emissão de CO2e dos escopos 1 e 2 por funcionário das fabricantes de computadores, em escala logarítmica. Emissões escopos 1 e 2 por funcionário Emissão total [t CO2. funcionário-1] 8 7,30 6 4,86 4 2,59 2 1,09 0,17 0 Acer Dell Lenovo Asus Empresa em estudo Figura 21 - Emissão de CO2e dos escopos 1 e 2 por funcionário das fabricantes de computadores. 142 4.4.3.4 Fontes do escopo 3 relatadas por fabricantes de computadores Dado que um dos benefícios apontados para a realização do inventário de emissões de GEE é a criação de referencial e identificação de oportunidades de melhorar a competitividade da empresa a partir de comparações das emissões decorrentes dos processos e geração de produtos (CAMPOS, 2009), pesquisou-se as fontes de emissões relatadas no escopo 3 pelas empresas de computadores no inventário de 2008. Apenas quatro dessas empresas apresentam o inventário de emissões por escopos, sendo as fontes do escopo 3 apresentadas na tabela 75. Tabela 75 – Fontes dos escopos 1 e 3 relatadas pelas empresas de informática. Escopo 3 Empresa Escopo 1 Viagens Veículos Gás em cafeteria e aéreas (locação) cantina, incluindo refrigeração Acer combustíveis e refrigeração Amazon - Apple1 - Asus CCE óleo diesel em geradores, gasolina em ônibus, energia consumida nos escritórios, ar condicionado e refrigeração nos escritórios gerador, bomba d´água, aquecedores de água, equipamentos de cozinha, veículos, emissões fugitivas de equipamentos de refrigeração - Dell HP2 Itautec - Lenovo combustíveis (transporte funcionários), emissões das instalações - LG X Samsung - Sony3 - Toshiba4 - X X X X A figura 22 apresenta as emissões pelo faturamento das empresas que apresentam em suas páginas de internet o inventário dividido por escopos, de acordo com o Protocolo GHG. 143 A maior emissão relatada é da empresa em estudo, especificamente do escopo 3. No entanto, é importante ressaltar que as emissões de GEE desse escopo não são referentes às mesmas atividades para cada empresa. De acordo com o Protocolo GHG, tal escopo é opcional, podendo incluir as emissões que a empresa considerar cabível relatar. No inventário da empresa em estudo, foram consideradas nove fontes de emissões no escopo 3: emissões das viagens dos funcionários, da disposição dos resíduos orgânicos, do deslocamento dos funcionários, do uso do produto, do transporte dos insumos importados, do transporte dos produtos, do transporte dos resíduos e do transporte interno. A Dell e a Acer consideram nesse escopo apenas as emissões das viagens aéreas, e a Lenovo, além das viagens aéreas, também considera as emissões provenientes dos carros alugados pela empresa. A Asus afirma que tem intenção de incluir em seus próximos relatórios as informações de viagens aéreas de funcionários, no entanto, relata no escopo 3 as emissões de gases, natural e de refrigeração, utilizados em cafeterias e cantinas da empresa. Dessa forma, para finalidade de comparações, evidencia-se a necessidade de haver discriminação das fontes consideradas no escopo 3, para quaisquer inventários que utilizem as diretrizes do Protocolo GHG. A figura 22 apresenta as emissões das empresas Acer, Asus, Dell, Lenovo e empresa em estudo, apresentando os valores por escopos. kgCO2e .US$ faturado-1 0,1400 Emissões empresas de informática por escopo 0,1200 0,1000 0,0800 0,0600 0,0400 0,0200 0,0000 ACER ASUS DELL LENOVO EMPRESA EM ESTUDO Escopo 1 0,00011 0,00002 0,00065 0,00010 0,00050 Escopo 2 0,00252 0,00147 0,00638 0,00355 0,00028 Escopo 3 0,00013 0,00003 0,00082 0,00085 0,12645 Figura 22 - Emissões de GEE por escopo. A figura 22 mostra que a maior emissão por faturamento das empresas está relacionada ao uso de energia. No caso da empresa em estudo, as emissões mais significativas referem-se ao escopo 3. As emissões mais significativas da Acer, Asus, Dell e Lenovo são do 144 escopo 2, ou seja, são devidas ao uso da eletricidade pelas empresas, já as emissões da organização em estudo no escopo 2 podem ser consideradas pequenas quando comparada às demais empresas. A matriz elétrica dos países ocupa um papel importante nesse contexto. No Brasil, a matriz elétrica é considerada baixa emissora de GEE por ser composta em 70% por hidrelétricas, sendo as fontes fósseis a menor parte, de acordo com ANEEL (2009). Dessa forma, pode-se estimar que se as demais empresas, além da em estudo, incluíssem em seus inventários as emissões provenientes da extração dos insumos, do uso dos produtos, entre outras fontes, as suas emissões aumentariam significativamente. A figura 23 mostra a emissão por faturamento das mesmas empresas apresentadas na figura 22, no entanto, considerando como emissão do escopo 3 da empresa em estudo apenas as emissões de viagens aéreas e do transporte interno como as empresas Acer, Dell e Lenovo. Dessa forma, a Asus não está incorporada no gráfico pois as suas fontes de emissão do escopo 3 diferem das demais, sendo a intenção do gráfico apresentar as emissões quando assume-se uma mesma base nos escopos. kgCO2e .US$ faturado-1 0,0070 Emissões empresas de informática por escopo 0,0060 0,0050 0,0040 0,0030 0,0020 0,0010 0,0000 ACER DELL LENOVO EMPRESA EM ESTUDO Escopo 1 0,00011 0,00065 0,00010 0,00050 Escopo 2 0,00252 0,00638 0,00355 0,00028 Escopo 3 0,00013 0,00082 0,00085 0,00078 Figura 23 - Emissões de GEE por escopo, com mesmas fontes de emissão no escopo 3. A figura 23 evidencia a importância da discriminação do escopo 3, para efeitos de comparação. Quando apresenta-se no inventário as mesmas fontes de emissão para o escopo 3 da empresa em estudo, a emissão pelo faturamento passa a ser consideravelmente menos que as demais empresas. Ainda, a figura também reforça que a emissão das outras empresas do ramo eletro-eletrônico, exceto a da empresa em estudo, tem como sua maior fonte de emissão o uso da energia elétrica (escopo 2). 145 5 CONCLUSÃO O estudo realizado permitiu estimar as emissões de GEE de uma fabricante de computadores e comparar os resultados obtidos com outros inventários de empresas do setor e das participantes do programa brasileiro do Protocolo GHG. Algumas limitações foram identificadas no decorrer do trabalho, como a falta de disponibilidade de dados, a falta de padronização das informações, a dificuldade da empresa em identificar os responsáveis pelos dados necessários, como também, a falta de fatores de emissão específicos para a realidade brasileira. Tais aspectos foram dificultantes no desenvolvimento do trabalho, no entanto, não impediram a realização do estudo e o desenvolvimento de conclusões dele decorrentes. Dentre os resultados obtidos está a identificação das maiores fontes de emissão da empresa, destacando-se aquelas decorrentes dos transportes de carga, especificamente dos insumos importados deslocados até o Brasil em navios e, em menor quantidade, em aviões. Outras emissões, como as decorrentes da utilização dos produtos da empresa, também foram identificadas com participação importante nas emissões contabilizadas. Sobretudo, as emissões da extração dos insumos necessários para a produção de computadores merecem especial atenção, pois correspondem a cerca de 93% das emissões do ciclo de vida do computador. Tais emissões, mais significativas, pertencem ao escopo 3, portanto, são emissões que ocorrem em fontes não pertencentes ou não controladas pela empresa, sendo seus relatos opcionais. Verificou-se, também, a partir do inventário realizado e comparando-o com os de outras empresas, a relevância dos relatos das fontes enquadradas no escopo 3 e as implicações decorrentes do relato ser opcional, concluindo-se que as empresas podem ocupar diferentes posições como emissoras de GEE, dependendo de quais fontes de emissão optarem por relatar no escopo. Dessa forma, a opção pelo relato parcial das fontes, permite a determinadas organizações se responsabilizarem em parte por suas emissões, sem abranger outras possíveis fontes de serem relatadas e, assim, fazendo com que outras empresas que incorporem mais fontes, sejam, aparentemente, consideradas como maiores emissoras de GEE. Também com base no relato opcional das fontes do escopo 3, concluiu-se que a discriminação dessas fontes é de fundamental importância para permitir a comparação entre inventários de empresas. Assim, na falta de padrões de relato de fontes desse escopo, a disponibilização de informações das emissões por fontes no escopo torna-se fundamental para possibilitar comparações mais justas. Ainda, como no caso da empresa estudada, tal escopo 146 pode representar a maior parte das emissões decorrentes do ciclo de vida do produto e, apesar dessas emissões não serem de responsabilidade direta da empresa em estudo, devido a sua representatividade, tornam-se foco importante no gerenciamento de reduções de GEE. Considerando o ciclo de vida dos produtos, com foco nas emissões de GEE, torna-se necessário o relato das emissões de todas as etapas do ciclo, desde a extração dos insumos, seu transporte, manufatura, distribuição, uso e destinação final. O trabalho realizado evidencia que, ao considerar o ciclo de vida do produto, é necessário o relato das fontes de todas as etapas, independente de estarem enquadradas no escopo 1 ou 3, uma vez que a avaliação do ciclo de vida fornece ao consumidor e demais interessados uma dimensão do impacto de determinado produto ao longo da cadeia de produção. Desse ponto de vista, pouco importa se a fonte pertence ou não à empresa que está inventariando as suas emissões. Assim, ferramentas e metodologias que permitam a avaliação de emissões de GEE de todas as etapas do ciclo são necessárias para que a avaliação seja completa. No estudo realizado não foi possível estimar as emissões decorrentes da destinação final dos produtos da empresa, devido à falta de conhecimento de como se dá tal destinação, sendo esse um fator limitante. Também não foi possível estimar as emissões de GEE decorrentes dos resíduos recicláveis, por falta de metodologia consolidada que permitisse tais estimativas. Pode-se concluir que o inventário de emissões de GEE relatado por escopos pode formar a base de uma avaliação de ciclo de vida com foco em emissões de GEE e entende-se que a divisão em escopos, ou seja, fora da ótica do ciclo de vida, é necessária para a padronização dos inventários e evitar que empresas contabilizem emissões que são de responsabilidade direta de outra organização. Dessa forma, o enquadramento em escopos evita a inclusão múltipla de fontes em inventários mais abrangentes (municipais, estaduais e nacionais). Ainda, concluiu-se que a empresa, por estar situada no Brasil, possui um perfil de emissões diferente das demais fabricantes de computadores, situadas em outros países. Essas relatam a maior parte de suas emissões alocadas no escopo 2, referente ao uso da energia adquirida, mas não incluem as emissões de extração de matéria prima e produção de insumos. Dessa forma, a realização do trabalho evidenciou a influência da matriz elétrica dos países nas emissões de GEE das organizações. As empresas situadas no Brasil são baixas emissoras no escopo 2, diferente das situadas em países cujas matrizes elétricas geram a maior parte da energia a partir de fontes não-renováveis, como por termoelétricas. A realização do trabalho permitiu constatar que o inventário de emissões de GEE de uma empresa é, na verdade, uma estimativa de emissões. Pode-se afirmar que os dados não 147 são a quantificação exata de determinada emissão, pois diversos pressupostos devem ser assumidos para possibilitar a realização dos cálculos, como escolha e uso de fatores de emissão, coleta e manipulação de dados para preparo de suas utilizações nos cálculos, e ponderações para considerações de falta de dados. Ainda, a utilização de fatores de emissão que não estão baseados em dados nacionais aumenta a imprecisão dos valores obtidos. Uma vez inventariadas as emissões da empresa, uma análise das possibilidades de reduções deve ser realizada. Aponta-se que medidas para redução das emissões dos transportes e do uso dos produtos devem ser focos das ações da empresa. Ainda, pode-se optar por ações que compensem as emissões de GEE, como plantio de árvores e compra de créditos de carbono de projetos que tenham reduzido emissões e que não aconteceriam caso não houvessem os incentivos dos créditos. Sugere-se que a empresa elabore seu plano de gerenciamento e redução de emissões de GEE, com estabelecimento de metas e prazos de redução. Ainda, para o aprimoramento do inventário, sugere-se a criação de um sistema ou banco de dados cujo foco seja a realização de inventário contínuo da empresa, criando, assim, um histórico de emissões. Tal banco deve compilar as informações necessárias da empresa, como dados de atividade: quantidade de combustíveis consumidos e resíduos gerados, massas dos componentes utilizados para a produção das espumas de poliuretano, energia elétrica adquirida, trechos e distâncias de viagens realizadas por funcionários da empresa, percursos referentes aos deslocamentos dos funcionários para a empresa, massas das mercadorias transportadas. Recomenda-se que se inicie um banco de dados com informações de ocupação e capacidade de transporte dos veículos de mercadorias, dados mais precisos de trajetórias dos transportes, além da potência dos motores dos veículos inventariados. Para aprimoramento de inventários corporativos em geral, aponta-se a necessidade do desenvolvimento de trabalhos futuros que determinem, por meio da criação de um banco de dados nacional, fatores específicos para o Brasil. Também de bastante importância é que seja desenvolvida a padronização das fontes a serem relatadas no escopo 3. 148 6 REFERÊNCIAS ACER. Acer Corporate Sustainability Report 2008. Disponível em: <http://www.acergroup.com/public/Sustainability/pdf/acer%20CRReport_v2.pdf>. Último acesso em 03 de setembro de 2009. ACER. Acer Incorporated and Subsidiaries. Consolidated Financial Statements 2007 and 2008. Disponível em: <http://www.acer-group.com/public/Investor_Relations/pdf/AI- C08Q4EG.pdf>. Último acesso em 03 de setembro de 2009. ALCOA ALUMÍNIO S.A. Demonstrações financeiras em 31 de dezembro de 2008 e de 2007 e parecer de auditores independentes. Disponível <http://www.alcoa.com/brazil/pt/alcoa_brazil/pdfs/2008%20-%20ALCOA.pdf>. em: Último acesso em 15 de maio de 2010. ALCOA ALUMÍNIO S.A. Relatório de Sustentabilidade 2007/2008. Disponível em: <http://www.alcoa.com/brazil/pt/sustainability/pdfs/sustainability_2008.pdf>. Último acesso em 18 de maio de 2010. ALEXIADIS, A. 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