A LINGUAGEM DA COMPANHIA DE JESUS NO MARANHÃO
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A LINGUAGEM DA COMPANHIA DE JESUS NO MARANHÃO
III Seminário Linguagem e Identidades: múltiplos olhares A LINGUAGEM DA COMPANHIA DE JESUS NO MARANHÃO: A AÇÃO DE PADRE ANTÔNIO VIEIRA Joyce Oliveira Pereira (PIBIC/CNPq – História//UFMA)1 Sabeis, cristãos, sabeis, nobreza e povo do Maranhão, qual é o jejum que quer Deus de vós esta quaresma? Que solteis as ataduras da injustiça, que deixeis ir livres os que tendes cativos e oprimidos. Padre Antônio Vieira Resumo: Este trabalho tem como objetivo analisar a Companhia de Jesus e sua linguagem acerca da evangelização do ameríndio, levando em conta a atuação de Padre Antônio Vieira no Maranhão que empreendeu diversas maneiras para livrar os nativos da escravidão imposta pelos colonos. Palavras-chave: Companhia de Jesus – Antônio Vieira – Evangelização - Ameríndio Abstract: This paper aims to examine the Society of Jesus and his language about the evangelization of Amerindian, taking into account the actions of Father Antonio Vieira in the Maranhao has undertaken various ways to rid the natives of slavery imposed by the colonists. Key words: Society of Jesus - Antonio Vieira - Evangelization - Amerind 1 Graduanda do Curso de História da UFMA e bolsista de PIBIC/CNPq. Este trabalho submetido à aprovação durante a vigência da bolsa PIBIC/ FAPEMA cota 2010-2011 e foi orientado pela Profª. Drª. Maria Izabel Barboza de Moraes Oliveira componente do DEHIS-UFMA. Agradeço a Profª. Drª. Mônica da Silva Cruz e a Profª. Drª. Conceição Belfort por se empenharem para que este trabalho fosse apresentado. 1 III Seminário Linguagem e Identidades: múltiplos olhares Introdução No século XVI, durante o período da Contra-Reforma e as guerras religiosas na Europa ocorreu a fundação de várias ordens religiosas, como os capuchinhos, oratorianos, teatinos e também a Companhia de Jesus. Inácio de Loyola (1491-1556) estabeleceu sua nova ordem na década de 1530. Começando a reunir companheiros em 1534, desviou seu plano de trabalhar como carregador de hospital em Jerusalém modificando seu campo para Veneza. Por ser considerando um tanto suspeito sobre seus objetivos e por ter vivido como eremita, era alvo de desconfianças por parte do Santo Ofício. Mudou a teoria da justificação pela fé dos luteranos para a absoluta obediência à Igreja, sendo esse o eixo da fé, a garantia da salvação. A disciplina jesuítica levou a um acordo com o Pontificado durante a primeira sessão do Concílio de Trento, realizada de 1545 a 1548i, e a ordem recebeu o direito de se expandir por todo o mundo. Os jesuítas tiveram grande importância no movimento da Contra-Reforma, que visava combater o protestantismo e ao mesmo tempo fortalecer a Igreja Católica. Como escritores, educadores, missionários, pregadores, catequizadores e propagandistas, os jesuítas convertiam os “pagãos” ou reconduziam os protestantes ao seio da Igreja católica. No que se referia à educação, os príncipes católicos foram grandes aliados neste processo, pois concediam fundos para as construções dos colégios se assim o almejassem. Além da educação, a obra missionária era parte da extensão de suas atividades. Por isso, o discurso evangelizador é universalista porque desconhece as fronteiras e eles apenas seguem as pegadas de São Tomé, apóstolo das Índias. A este respeito, segundo Eduardo Hoornaert, Na rota para as Índias, tanto orientais como ocidentais, ponto obrigatório era a famosa Ilha de São Tomé. E no Brasil, e no Paraguai, descobriramse rochas ou pedras pegadas do apóstolo acompanhado de um ajudante. Nos vocábulos usados pelos indígenas descobriu-se o nome de Tomé, ou sua corruptela. (HOORNAERT, 2008, p. 24). O discurso jesuíta também era doutrinário, pregar era necessário. Aos poucos a evangelização e a doutrinação serão sinônimas: as palavras irão evangelizar transmitindo a mensagem de salvação. O espírito guerreiro também está imbuído. A agressividade do 2 III Seminário Linguagem e Identidades: múltiplos olhares sistema colonial para com essas populações também estará presente na evangelização e esta sendo a justificativa para opressão. O aprendizado da língua dos ameríndios pelos missionários se tornou fundamental para a catequização. Anchietaii foi o primeiro a entender e falar, mas o crucial foi a composição da Arte da Gramática em tupi, que facilitou aos missionários recém-chegados o aprendizado da língua do nativo. Quando Nóbregaiii obteve uma cópia dessa obra, levou para a Bahia e logo o aprendizado da língua foi introduzido no currículo do Colégio dos Jesuítas e Daher acentua que desde 1556 trinta e nove anos antes da publicação, a Arte de Gramática servia “de texto para o ensino de tupi no colégio da Bahia e, em 1560, o Padre Luís da Grã tornava obrigatório o seu estudo, sendo ele mesmo professor”. (DAHER, 1998, p. 32). Os jesuítas catequizaram de várias maneiras incluindo cartilhas e orações em língua indígena, sermões, homilias, cânticos religiosos, poemas religiosos e Vieira aprendeu a língua dos ameríndios e a língua de Angola, inclusive compôs livrinhos de catecismo “em seis línguas diferentes: uma na língua Geral da Costa do Mar, outro na dos Nheengaíbas, outro na dos Bocas, outro na dos Jurunas e dois na dos Tapajós”. (DAHER, 1998, p. 37) Os biógrafos de Antônio Viera sempre demarcam a impressão que ele ficou ao se estabelecer na Aldeia do Espírito Santo, uma das maiores obras dos jesuítas na Bahia, que a catequização do gentio era sua função, trazer almas para o seio de Deus era o mais louvável que podia existir: Na Aldeia do Espírito Santo nesses primeiros dias de encanto místico, que era o noivado do seu espírito com a vida devota, tudo concorria para impressioná-lo vivamente: a novidade da existência, o espetáculo da natureza que lhes ofereciam as selvas ambientes, a ingênua rudeza dos índios, medrosos ainda, no deslumbramento de sua civilização incipiente, a satisfação íntima dos padres alegremente entregues à sua faina, e a serena coragem com que, na hora própria, saibam afrontar o ímpeto feroz do gentio bárbaro nos povoados hostis, a peito descoberto, servindo-se apenas, como Nóbrega e Anchieta da brandura e persuasão. (AZEVEDO, 1962, p.190) Tanto gostou que decidiu dedicar-se às missões, mas os padres que cultivavam o seu gênio e desempenho brilhante ordenaram-lhe que retornasse ao colégio, pois não deixariam perder aquele talento em meio a selvagens. E Vieira, seguindo o preceito da obediência, retornou e só voltaria a catequizar aos quarenta e cinco anos em 1653, quando veio para o Maranhão. 3 III Seminário Linguagem e Identidades: múltiplos olhares O Maranhão na evangelização Os primeiros jesuítas chegaram ao Brasil em 1549. Eles vieram na expedição de Tomé de Souza, o primeiro Governador Geral do Brasil. Era um grupo de seis padres chefiados pelo padre Manoel da Nóbrega. Somente no início do século XVII é que os jesuítas chegam ao Maranhão. Lembremos que os jesuítas prestavam juramento de obediência somente ao papa e ao geral da Companhia. Isto lhes acarretou sérios problemas com os governantes dos países em que se instalavam. No Maranhão, a ação missionária dos jesuítas se tornou independente e por isso ameaçou a existência do sistema colonial. Tentando corrigir os erros do passado, que usavam os descimentos como prática, os jesuítas decidiram que, desta vez, os índios ficariam longe dos núcleos coloniaisiv: Logo na primeira viagem ao Tocantins reconheceu Vieira o erro gravíssimo que era tirar os índios das matas a que estavam afeitos, como seu habitat próprio, para trazê-los aos povoados dos portugueses, conforme os governadores e colonos insistiam em fazer para melhor escravizá-los (..). (LINS, 1962, p. 205). A entrada dos jesuítas no Maranhão está relacionada à viagem missionária de Luís de Figueirav: No ano de 1636 ele fez uma missão, saindo do Maranhão para o GrãoPará, Camutá, Urupá, “as capitanias do Rio das Amazonas” e ficou tão entusiasmado com estes trabalhos, que voltou ao Reino procurar missionário para a “nova Igreja”. Voltando à frente de uma grande expedição, Luís Figueira foi morto pelos indígenas Aruãs, na ilha de Marajó perto de Belém. (HOORNAERT, 2005, p. 81). Outra figura que irá se sobressair nesse contexto será o padre Antônio Vieira (16081697), um jesuíta português, que viveu grande parte da sua vida no Brasil. Ele ficou conhecido pelo esforço na empresa maranhense em proteger os índios da escravização a que os colonos queriam submetê-los. Sua vinda para o Maranhão podia estar relacionada ao seu desempenho na política: Era costume na Companhia apear os padres quando chegavam à mais elevada proeminência política, mas aqui é de crer tivessem parte instâncias do Gabinete de Madrid. Nas contendas diplomáticas Vieira era um temido adversário. Em Roma, o embaixador Duque do Infantado, 4 III Seminário Linguagem e Identidades: múltiplos olhares desesperado de vencê-lo, mandara atentar-lhe contra a vida: o jesuíta salvou-se pela fuga. Que muito era agora que o retirassem das funções políticas, e o fizessem partir para um remoto exílio?. (LINS apud AZEVEDO, 1962, p. 193) Primeiramente ao chegarem ao Maranhão, os jesuítas se comprometeram a não alterar o estilo de vida dos colonos no uso do trabalho do ameríndio, mas ao longo do tempo a influência de Vieira sobre a corte portuguesa (Vieira era confessor e valido de D. João IV) acabou por estabelecer outra maneira de reger a questão dos índios, podemos citar o adentramento das missões pelos ‘sertõesvi’ maranhenses e a redefinição dos usos locais dos indígenas. Vieira avalia em Informações sobre o modo com que foram tomados e sentenciados por cativos os índios do ano de 1652 que a quantidade de gentios mortos nos últimos quarenta anos chegava a dois milhões. Quando Vieira retorna à Europa consegue novas leis sobre os indígenas que culminou na lei Régia de nove de abril de 1655, que delegava o trabalho indígena sob jurisdição dos padres jesuítas ocasionando vários conflitos entre religiosos e colonos, pois estes últimos desprezavam o trabalho mecânicovii. A visão que Antônio Vieira possui do índio está baseada na “obrigação evangélica de ‘pregar a toda criatura’ e que o esforço para a conversão é dever religioso inalienável do conhecimento de novos povos”. (PÉCORA, 2005, p. 83) O índio, na concepção de Antônio Vieira, participa da Lei Divina e por isso pode submeter-se às relações do Estado Católico e à Igreja. Esse nativo, segundo Antônio Vieira, também feito à imagem e semelhança de Deus, tem o direito à liberdade e escravizá-lo através da força constitui-se em crime temporal e espiritual: O indígena participa da lei natural implantada no homem por Deus, que o cria capaz de pertencer ao grêmio da Igreja e à relação hierárquica que ordena o Estado Católico. Isso significa que o índio adquire um conjunto de direitos comuns a súditos e fiéis e deve se reconhecer um direito missionário natural, deduzido do mandado divino de pregação a toda criatura, que determina que nenhum povo age legitimamente ao impedir a pregação cristã entre sua gente. (PÉCORA, 2005, p.84) Em termos práticos de análise, a defesa que Antônio Vieira faz dos índios está presente em vários documentos remetidos à autoridade do Império Português para o controle e proteção dos ameríndios. Em sua Carta ao Padre Provincial do Brasilviii, Antônio Vieira deixa bem claro a atuação do Governador Geral em fazer guerra a quatro 5 III Seminário Linguagem e Identidades: múltiplos olhares aldeias rebeldes, de modo que os nativos aprisionados iriam tornar-se escravos para a população. E este governador, descobrindo que os intentos de Antônio Vieira eram totalmente contrários aos dele, fez de tudo para que desistissem da jornada e como não o fizeram acabaram por partir debaixo de pragas: “Sós partiremos e sobre nós sós cairão as murmurações e ainda pragas de todos, que como viviam destas entradas, e dos escravos que nelas se faziam, quanto índios ganharmos para Cristo tantos imaginam que lhos roubamos a eles”. ( PÉCORA apud VIEIRA, 1995, p. 236). Ao terem chegado de Mocajuba e falado com Baltasar Fontes Melo, este, sendo o capitão-mor da Capitania de Camutá, disse-lhes que não havia canoas e nem índios para que eles pudessem seguir viagem. E mesmo Antônio Vieira tendo lhe mostrado a ordem de El-Rei, o capitão-mor respondeu que todos os índios estavam ocupados com serviços de canaviais. Antônio Vieira, se mostrando indignado, pede a Deus o remédio e o castigo para tal desfeita. Antônio Vieira descreve como a economia desta região era levada pelos índios através da construção das canoas, na busca dos alimentos para eles e os portugueses, no transporte de cargas. Em seguida, chama a atenção para o que eles recebem em troca de tanto trabalho: Tudo isto fazem os tristes índios, sem paga alguma mais que lhe chamarem cães, e outros nomes muito mais afrontosos; e o melhor galardão, que pode tirar destas jornadas os miseráveis, é acharem (o que poucas vezes acontece) um cabo que os não trate tão mal. Jornada tem havido em que, dos índios que partiram, não voltaram a metade, porque o puro trabalho e mau trato os mataram. ( PÉCORA apud VIEIRA, 1995, p. 251) Considerações Finais O surgimento da Companhia de Jesus no século XVI será importante na Europa, Ásia, África e América. No Brasil, os jesuítas serão responsáveis por manter as fronteiras com a entrada pelo interior do país, onde inicialmente irão trazer os índios para o litoral na prática denominada de descimentos, e o contato com os colonos levou-os à escravização e à morte pelas epidemias. Depois deste primeiro momento de atuação que tem Anchieta e Nóbrega como representantes onde o contato com as línguas dos nativos foi essencial na catequização, no Maranhão irá aparecer um novo homem e uma nova forma de evangelizar. A ordem foi 6 III Seminário Linguagem e Identidades: múltiplos olhares independente em suas ações e tentou proteger os índios dos males da escravidão e das epidemias, isso ameaçava o sistema colonial porque impossibilitava o trabalho braçal só realizado pelos escravos da terra ou escravos de Guiné. Destacamos Padre Antônio Vieira em suas concepções teológicas que justificam a evangelização do índio pelo fato dele ser semelhante a Deus e, portanto, livre pertencendo à ordem estabelecida por Deus. As ações desse jesuíta não se reduzem à Carta analisada aqui, elas são muito extensas culminado na lei Régia de 1655 que dava a jurisdição do trabalho do gentio aos jesuítas; O que se pode depreender é que, para os jesuítas, dentre eles o Padre Antônio Viera, a salvação dos índios era fundamental, nem que isso custasse uma nova escrita da conversão, a ameaça da ruína do sistema colonial ou a expulsão da ordem e seus membros. 7 III Seminário Linguagem e Identidades: múltiplos olhares REFERÊNCIAS CARDOZO, Alírio. As faces do Padre Antônio Vieira: o jesuíta no Maranhão, segundo os seus biógrafos. In: COSTA, Yuri e GALVES, Marcelo Cheche (Org.). Maranhão: ensaios de biografia e história. São Luís: Café e Lápis; Editora UEMA, 2011. CIDADE, Hernani. Padre Antônio Vieira. Vol. I. 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O idioma da mestiçagem: as irmandades de pardos na América Portuguesa. Campinas, São Paulo: Editora da Unicamp, 2007. i Convocado pelo papa Paulo III, o Concílio de Trento realizou-se de 1545 a 1563. Devido às Guerras de Religião, foi interrompido, reunindo-se, então, em três períodos. O primeiro período de 1545 a 1548; o segundo período de 1551 a 1552; e o terceiro período de 1562 a 1563. ii José de Anchieta (1534-1597) juntamente com Manuel da Nóbrega foi um dos primeiros jesuítas do Brasil que ajudou na fundação do Colégio de São Paulo que daria origem à cidade de São Paulo. També conhecido como apostolo do Brasil foi responsável pela ‘transcrição’ das línguas indígenas para que houvesse o entendimento por parte dos congregados no ato de catequisar. iii Padre Manuel da Nóbrega (1517-1570) nasceu no momento do início da Reforma Protestante e pertencia a uma família abastada, mas não pertencente à nobreza portuguesa. Era filho do desembargador Baltasar da Nóbrega. Aos dezessete anos foi estudar Direito na Universidade de Salamanca, mas em 1538 apaixonou-se por teologia e, acabou por ser transferir para a Universidade de Coimbra onde se formou em Direito Canônico em 1539. Após cinco anos ingressou na Companhia de Jesus e foi nomeado procurador dos pobres em 1546. Antes de ser ordenado ingressou num centro de formação para ser enviado à China, Tibete, Índia, Japão. Mas, junto com outros cinco irmãos veio para a América para livrar os cristãos dos pecados e os nativos do demônio juntamente com a armada de Tomé de Sousa. Inicialmente interpretou a nudez dos índios como sinal de ingenuidade, mas logo mudaria de opinião acreditando que o demônio havia migrado para a América e por isso, os nativos não abandonavam os velhos costumes, para resolver estes problemas criou as reduções, ou seja, comunidades onde os nativos eram isolados dos portugueses. Como percebeu que os adultos eram difíceis de abandonar seus velhos hábitos, concentrou a catequização nas crianças e, para isso criou colégios onde as crianças aprendiam tupi-garani, português, espanhol, latim, matemática, engenharia e eram catequizados. Nóbrega ainda empenhou-se pelo estabelecimento de um bispado na Bahia e, quando conseguiu entrou em conflito com Pero Fernandes Sardinho, o bispo, pois este último discordava da ação dos jesuítas que segundo ele, importavam-se mais com os nativos enquanto os portugueses viviam em pecado. O conflito foi tão grande que Nóbrega resolveu se autoexilar saindo de Salvador em 1522 indo para São Vicente. O bispo Pero Fernandes Sardinha foi devorado por nativos caetés quando seu navio afundou na costa de Alagoas. iv As tentativas de evangelização no território do nativo ao ver dos jesuítas não funcionava então Manuel da Nóbrega elaborou o plano de aldeamentos que consistia em deslocar os nativos do seu território para aldeias jesuíticas no litoral. Este plano de aculturação modificava o ritmo de vida desses nativos que próximos aos litorais foram facilmente escravizados e dizimados pelas epidemias v Figueira (1575-1643) ingressou na Companhia com 17 anos indo para Olinda onde se tornou mestre na língua tupi escrevendo A Arte da Língua Brasílica e, viajando pela Serra da Ibiapaba com Francisco Pinto fundou uma missão jesuítica no Maranhão. vi Define-se como sertão o que está longe do litoral. 9 III Seminário Linguagem e Identidades: múltiplos olhares vii Também conhecido como defeito mecânico refere-se ao uso das mãos para o trabalho, ou seja, serviço braçal que era abominado pelos portugueses por ser uma forma de impureza de sangue e, por isso, era delegado a ameríndios, escravos. Os cristãos-novos também são impuros pela sua descendência. Os chamados estatutos de pureza na Península Ibérica datam de 1449 e que irão tornar-se em defeitos de sangue. viii Incompleta escrita talvez durante a viagem no Pará de 1654. 10