mecsol-Parte II - Grante - Universidade Federal de Santa Catarina
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mecsol-Parte II - Grante - Universidade Federal de Santa Catarina
Universidade Federal de Santa Catarina Departamento de Engenharia Mecânica Grupo de Análise e Projeto Mecânico CURSO DE MECÂNICA DOS SÓLIDOS II Prof. José Carlos Pereira SUMÁRIO REVISÃO DE TRANSFORMAÇÃO DE TENSÃO E CRITÉRIOS DE RUPTURA........................................................................................................ 5 9 - TRANSFORMAÇÃO DE TENSÃO.......................................................... 5 9.1 – Equações para transformação de tensão plana ........................................ 5 9.2 - Círculo de tensões de Mohr..................................................................... 6 9.3 – Construção do círculo de tensões de Mohr ............................................. 8 9.4 - Importante transformação de tensão...................................................... 13 9.5 – Tensões principais para o estado geral de tensões ................................ 14 9.6 – Círculo de Mohr para o estado geral de tensões.................................... 16 CRITÉRIOS DE ESCOAMENTO E DE FRATURA.................................. 17 9.7 – Observações preliminares..................................................................... 17 9.8 – Teoria da máxima tensão de cisalhamento (Tresca) (mat. dúcteis) ....... 18 9.9 – Teoria da máxima energia de distorção (von Mises) (mat. dúcteis) ...... 20 9.10 – Teoria da máxima tensão normal (mat. frágeis).................................. 23 10 – VASOS DE PRESSÃO ........................................................................... 24 10.1 – Vasos cilíndricos ................................................................................ 24 10.2 – Vasos esféricos................................................................................... 25 11 – DEFLEXÃO DE VIGAS........................................................................ 31 11.1 – Introdução .......................................................................................... 31 11.2 – Relação entre deformação-curvatura e momento-curvatura ................ 31 11.3 – Equação diferencial para deflexão de vigas elásticas .......................... 32 11.4 – Condições de contorno ....................................................................... 33 MÉTODOS DE INTEGRAÇÃO DIRETA................................................... 34 11.5 – Solução de problemas de deflexão de vigas por meio de integração direta............................................................................................................. 34 MÉTODO DE ÁREA DE MOMENTO ........................................................ 40 11.6 – Introdução ao método de área de momento ........................................ 40 11.7 – Dedução dos teoremas de área de momento ....................................... 40 11.8 – Método da superposição..................................................................... 46 11.9 – Vigas estaticamente indeterminadas- método de integração ............... 50 11.10 – Vigas estaticamente indeterminadas - método de área de momento.. 54 11.11 – Vigas estaticamente indeterminadas - método da superposição ........ 58 12 – MÉTODO DA ENERGIA...................................................................... 62 12.1 – Introdução .......................................................................................... 62 12.2 – Energia de deformação elástica .......................................................... 62 12.3 – Deslocamentos pelos métodos de energia........................................... 65 12.4 – Teorema da energia de deformação e da energia de deformação complementar ............................................................................................... 70 13.5 – Teorema de Castigliano para deflexão................................................ 73 12.6 – Teorema de Castigliano para deflexão em vigas................................. 76 12.7 – Teorema de Castigliano para vigas estaticamente indeterminadas ...... 78 12.8 – Método do trabalho virtual para deflexões.......................................... 80 12.9 – Equações do trabalho virtual para sistemas elásticos .......................... 83 13 - MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS ............................................ 92 ELEMENTOS FINITOS PARA TRELIÇAS............................................... 92 13.1 – Matriz de rigidez de um elemento de barra......................................... 92 13.2 – Matriz de rigidez de um elemento de barra num sistema arbitrário.... 94 13.3 – Força axial nos elementos .................................................................. 96 13.4 – Técnica de montagem da matriz de rigidez global .............................. 97 13.5 – Exemplos ......................................................................................... 101 ELEMENTOS FINITOS PARA VIGAS .................................................... 109 13.6 – Matriz de rigidez de um elemento de viga ........................................ 109 13.7 – Propriedades da matriz de rigidez de um elemento de viga............... 112 13.7 – Vigas com carga distribuida ............................................................. 116 14 – FLAMBAGEM DE COLUNAS........................................................... 121 14.1 – Introdução ........................................................................................ 121 14.2 - Carga crítica...................................................................................... 121 14.3 – Equações diferenciais para colunas .................................................. 123 14.4 – Carregamento de flambagem de Euler para colunas articuladas ....... 126 14.5 – Flambagem elástica de colunas com diferentes vínculos nas extremidades............................................................................................... 128 14.5.1 - Coluna engastada-livre................................................................................... 128 14.5.2 - Coluna engastada-apoiada.............................................................................. 130 14.5.3 - Coluna engastada-engastada .......................................................................... 131 14.6 – Limitação das fórmulas de flambagem elástica ................................ 135 14.7 – Fórmula generalizada da carga de flambagem de Euler .................... 136 14.8 – Colunas com carregamento excêntrico ............................................. 137 14.9 – Fórmulas de colunas para cargas concêntricas.................................. 140 Bibliografia - Introdução à Mecânica dos Sólidos, Egor P. Popov, Edgard Blücher Ltda. - Mechanics of Materials, R.C Hibbeler, Prentice Hall. - Finite Element Structural Analysis, T. Y. Yang, Prentice Hall. Revisão de Transformação de Tensão e Critérios de Ruptura 5 REVISÃO DE TRANSFORMAÇÃO DE TENSÃO E CRITÉRIOS DE RUPTURA 9 - TRANSFORMAÇÃO DE TENSÃO 9.1 – Equações para transformação de tensão plana Uma vez determinadas as tensões normais σx e σy e a tensão de cisalhamento τxy, é possível determinar as tensões normais e de cisalhamento em qualquer plano inclinado em um dado estado de tensão. y σy y´ τyx B τxy σy +θ θ τxy σx C A x´ τyx +θ σx x y´ y´ τx´y´ σx´ σx θ τxy x´ dA τyx τx´y´ dA σx dA cosθ σx´ dA x´ θ τyx dA cosθ τyx dA senθ σy Aplicando as equações de equilíbrio estático: σy dA senθ 6 Curso de Mecânica dos Sólidos II σ x ' dA − σ x dA cos θ cos θ − τ xy dA cos θ sen θ − → ∑ F x' = 0 , (9.1) σ y dA sen θ sen θ − τ xy dA sen θ cos θ = 0 σ x ' = σ x cos 2 θ + σ y sen 2 θ + 2 τ xy cos θ sen θ (9.2) Sabendo-se que: sen 2 θ = 2 sen θ cos θ , cos 2 θ = cos 2 θ − sen 2 θ , 1 = cos 2 θ + sen 2 θ Assim: cos 2 θ = 1 + cos 2θ 2 sen 2 θ = , 1 − cos 2θ 2 Substituindo as expressões de sen 2θ, cos 2θ e sen 2θ em (9.2), tem-se; σx ' = σx σ x' = ↑ 1 + cos 2θ 1 − cos 2θ + σy + τ xy sen 2 θ 2 2 σx + σy + 2 σx − σy 2 cos 2θ + τ xy sen 2 θ τ x ' y' dA + σ x dA cos θ sen θ − τ xy dA cos θ cos θ − ∑ F y' = 0 , σ y dA sen θ cos θ + τ xy dA sen θ sen θ = 0 σx − σy τ x 'y ' = − 2 sen 2θ + τ xy cos 2 θ (9.3) (9.4) (9.5) (9.6) As equações (9.5) e (9.7) são as equações de transformação de tensão de um sistema de coordenadas a outro. 9.2 - Círculo de tensões de Mohr Sejam as equações de transformação de tensão: σ x' − σx + σy 2 = σx − σy 2 cos 2θ + τ xy sen 2 θ (9.7) Revisão de Transformação de Tensão e Critérios de Ruptura τ x 'y ' = − σx − σy 2 7 sen 2θ + τ xy cos 2 θ (9.8) Elevando ao quadrado ambas as equações e somando-as tem-se: σ + σy σ x' − x 2 2 σ − σy + τ x ' y' 2 = x 2 2 + τ xy 2 (9.9) Esta equação pode ser de maneira mais compacta: (σ x ' − a )2 + τ xy 2 = R 2 (9.10) σx − σy 2 A equação acima é a equação de um círculo de raio R = a= σx + σy e 2 2 + τ xy 2 e centro b=0 . O círculo construído desta maneira é chamado círculo de tensão de Mohr, onde a ordenada de um ponto sobre o círculo é a tensão de cisalhamento τxy e a abcissa é a tensão normal σx. τ τmax θ = 0° A(σx, τxy) 2 θ1’ σ2 σ1 B(σx, -τxy) |τmin|=τmax σx + σ y σx − σy 2 2 σ 8 Curso de Mecânica dos Sólidos II Conclusões importantes: è A maior tensão normal possível é σ1 e a menor é σ2. Nestes planos não existem tensões de cisalhamento. è A maior tensão de cisalhamento τmax é igual ao raio do círculo e uma tensão normal de σx + σy 2 atua em cada um dos planos de máxima e mínima tensão de cisalhamento. è Se σ1 = σ2, o círculo de Mohr se degenera em um ponto, e não se desenvolvem tensões de cisalhamento no plano xy. è Se σx + σy = 0, o centro do círculo de Mohr coincide com a origem das coordenadas σ - τ, e existe o estado de cisalhamento puro. è Se soma das tensões normais em quaisquer dos planos mutuamente perpendiculares é constante: σx + σy = σ1 + σ2 = σx´ + σy´ = constante. è Os planos de tensão de cisalhamento máxima ou mínima formam ângulos de 45° com os planos das tensões principais. 9.3 – Construção do círculo de tensões de Mohr Ex: Com o estado de tensão no ponto apresentado abaixo, determine as tensões principais e suas orientações e a máxima tensão de cisalhamento e sua orientação. y 90 MPa 60 MPa 20 MPa x Ponto A σx = - 20 MPa (20 x 106 N/m2) , σy = 90 MPa , τxy = 60 MPa Procedimento: 1 – Determinar o centro do círculo (a,b): Revisão de Transformação de Tensão e Critérios de Ruptura a= σx + σy 2 = 9 − 20 + 90 = 35 MPa , b = 0 2 2 – Determinar o Raio R = σx − σy 2 2 + τ xy 2 : 2 R= − 20 − 90 2 + 60 = 81, 4 MPa 2 3 – Localizar o ponto A(-20,60): τ (Mpa) τmax = 81,4 A(-20,60) 2 θ2’ 60 σ2 = 35-81,4 = -46,4 2 θ1’’ 2 θ1’ σ1 = 35+81,4 = 116,4 2 θ2’’ 20 σ (Mpa) 35 B(90, -60) 4 – Tensões principais: σ1 = 35 + 81,4 = 116,4 MPa , σ2 = 35 - 81,4 = -46,4 MPa 5 – Orientações das tensões principais. 60 ’’ 2θ1'' = arc tg 2 = 47,7° , θ1 = 23,85° 20 + 35 2 θ1’’ + 2 θ1’ = 180° è θ1’ = 66,15° 10 Curso de Mecânica dos Sólidos II y 1 2 σ1 = 116,4 MPa θ1 = 66,15° x σ2 = 46,4 MPa 6 – Tensão máxima de cisalhamento: τmax = R = 81,4 Mpa 7 – Orientação da tensão máxima de cisalhamento: 2 θ1’’ + 2 θ2’ = 90° è θ2’ = 21,15° y y´ τmax = 81,4 MPa x´ θ2 = 21,25° x σ´ = 35 MPa Ex: Para o estado de tensão abaixo, achar a) as tensões normais e de cisalhamento para θ = 22,5°, b) as tensões principais e suas orientações, c) as tensões máxima e mínima de cisalhamento com as tensões associadas e suas orientações. Revisão de Transformação de Tensão e Critérios de Ruptura 11 y 1 kgf/mm2 2 kgf/mm2 3 kgf/mm2 x’ 22,5° x Ponto A σx = 3 kgf/mm2 , σy = 1 kgf/mm2 , τxy = 2 kgf/mm2 Procedimento: 1 – Determinar o centro do círculo (a,b): a= σx + σy 2 = 3+1 = 2 kgf / mm 2 , b = 0 2 σx − σy 2 2 – Determinar o Raio R = 2 + τ xy 2 : 2 R= 3 − 1 2 2 + 2 = 2,24 kgf / mm 2 3 – Localizar o ponto A(3,2): τ (kgf/mm2) τmax = 2,24 A(3,2) 45° 2 θ2’ 2 θ1 2 ’ A’ σ1 = 2+2,24 = 4,24 σ (kgf/mm2) σ2 = 2-2,24 = -0,24 2 B’ 3 B(1, -2) 12 Curso de Mecânica dos Sólidos II a) Ponto A’: 2 2 θ1 ' = arc tg = 63,4 3− 2 σx’ = 2 + 2,24 cos(63,4 - 45) , σx’ = 4,13 kgf/mm2 τx´y´ = 2,24 sen(63,4 - 45) , τx´y´ = 0,71 kgf/mm2 Ponto B’: σy’ = 2 - 2,24 cos(63,4 - 45) , σy’ = - 0,13 kgf/mm2 y y´ x´ 2 0,71 kgf/mm 0,13 kgf/mm2 4,13 kgf/mm2 θ = 22,5° x Ponto A’ b) σ1 = 4,24 kgf/mm2 tg 2 θ1 = (tração) σ2 = -0,24 kgf/mm2 , (compressão) 2 =2 1 2 θ1´ = 63,4° θ1´ = 31,7° è 2 θ1´´ = 2 θ1´ + 180° θ1´´ = 121,7° è y 2 1 2 0,24 kgf/mm θ1’’ = 121,7° 4,24 kgf/mm2 θ1’ = 31,7° x c) τmax = 2,24 kgf/mm2 2 θ2´ + 2 θ1´ = 90° è θ2´ = 13,3° Revisão de Transformação de Tensão e Critérios de Ruptura 2 θ2´´ = 2 θ2´ + 180° è 13 θ2´´ = 76,7° y y´ 2 kgf/mm2 2,24 kgf/mm2 θ2´´ = 76,7° x θ2´ = 13,3° x´ Observe que: θ1’ - θ2’ = 31.7 – (-13.3) = 45° e θ1’’ - θ2’’ = 121.7 – 76.7 = 45° 9.4 - Importante transformação de tensão Seja um elemento sujeito a um estado de tensão de cisalhamento puro(caso de um eixo em torção). T y τxy τxy x Para este caso, tem-se que σx = 0 e σy = 0, logo o centro do círculo de Mohr está na origem do sistema de coordenadas σ-τ e o raio do círculo é R = τxy. 14 Curso de Mecânica dos Sólidos II τ τmax = τxy 2 θ1’’ 2 θ1’ σ1 = τxy σ2 = -τxy σ σ 1 = ± τ xy 2 tg 2 θ1 = ∞ è θ1´= 45° θ1´´= 135° = −45° ( tração) . (compressão) Assim: 2 y 1 θ2’ = 135° σ1=|τxy| θ1’ = 45° x σ2=|τxy| 9.5 – Tensões principais para o estado geral de tensões Considere um estado de tensão tridimensional e um elemento infinitesimal tetraedrico. Sobre o plano obliquo ABC surge a tensão principal σn, paralela ao vetor normal unitário. Revisão de Transformação de Tensão e Critérios de Ruptura y 15 σy n y σxy σxy σyz σzy σx τxy z σz τyz σz τxz σx σx σzx B σn τxz x τxy C σy τyz A x σy z O vetor unitário é identificado pelos seus cosenos diretores l, m e n, onde cos α = l, cos β = m, cos γ = n. Da figura nota-se que: l2 + m2 + n2 = 1. y m γ Vetor unitário β α l n A x z O plano oblíquo tem área dA e as projeções desta área nas direções x, y e z são: dA.l, dA.m e dA.n. Impondo o equilíbrio estático nas direções x, y e z, temos: ∑ Fx = 0 , (σ n dA) l − σ x dA l − τ xy dA m − τ xz dA n = 0 ∑ Fy = 0 , (σ n dA) m − σ y dA m − τ yz dA n − τ xy dA l = 0 ∑ Fz = 0 , (σ n dA) n − σ z dA n − τ xz dA l − τ yz dA m = 0 Simplificando e reagrupando em forma matricial, temos: σ x − σ n τ xy τ xz τ xy σy − σn τ yz τ xz l 0 τ yz m = 0 σ z − σ n n 0 16 Curso de Mecânica dos Sólidos II Como visto anteriormente, l2 + m2 + n2 = 1, os cosenos diretores são diferentes de zero. Logo, o sistema terá uma solução não trivial quando o determinante da matriz de coeficientes de l, m e n for nulo. σx − σn τ xy τ xz τ xy σy − σn τ yz τ xz τ yz =0 σz − σn A expansão do determinante fornece um poninômio característico do tipo: σ 3n − I σ σ 2n + II σ σ n − III σ = 0 onde: I σ = σ x + σ y + σ z II σ = ( σ x σ y + σ y σ z + σ z σ x ) − ( τ 2xy + τ 2yz + τ 2xz ) II σ = σ x σ y σ z + 2 τ xy τ yz τ xz − (σ x τ 2yz + σ y τ 2xz + σ z τ 2xy ) As equações acima são invariantes, independentemente do plano oblíquo que é tomado no tetraedro. Logo, as raízes do polinômio característico já são as tensões principais. 9.6 – Círculo de Mohr para o estado geral de tensões Qualquer estado de tensão tridimensional pode ser transformado em três tensões principais que atuam em três direções ortogonais. y σy 2 σ2 σxy 1 σxy σzy σzy σzx z σz σ1 σx σ3 x 3 Revisão de Transformação de Tensão e Critérios de Ruptura 17 Admitindo que σ1 > σ2 > σ3 > 0. σ2 σ3 σ1 σ2 σ2 σ1 σ3 σ3 σ1 τmax τ σ3 σ2 σ1 σ CRITÉRIOS DE ESCOAMENTO E DE FRATURA 9.7 – Observações preliminares A resposta de um material à tensão axial ou tensão de cisalhamento puro pode ser convenientemente mostrada em diagramas de tensão-deformação. Tal aproximação direta não é possível, entretanto, para um estado complexo de tensões que é característico de muitos elementos de máquina e de estruturas. Desta forma, é importante estabelecer critérios para o comportamento dos materiais com estados de tensão combinados. Nesta parte do estudo serão discutidos dois critérios para análise do comportamento das tensões combinadas em materiais dúcteis e em seguida será apresentado um critério de fratura para materiais frágeis. 18 Curso de Mecânica dos Sólidos II σ material dúctil σ material frágil σrup σesc ε ε 9.8 – Teoria da máxima tensão de cisalhamento (Tresca) (mat. dúcteis) A teoria da máxima tensão de cisalhamento, resulta da observação de que, num material dúctil, ocorre deslizamento durante o escoamento ao longo de planos criticamente orientados. Isso sugere que a tensão de cisalhamento máxima execute o papel principal no escoamento do material. Para um teste simples de tração onde σ1 = σesc, σ2 = σ3 = 0, tem-se: τmax ≡ τcrítico = σesc 2 τ σ2 = σ3 τmax = (σ1)/2 σ1 σ Considerando um fator de segurança n, a tensão de cisalhamento crítica ou admissível é da forma: τcrítico = σesc 2n Para aplicar o critério da máxima tensão de cisalhamento para um estado de tensão biaxial devem ser considerados dois casos: Revisão de Transformação de Tensão e Critérios de Ruptura 19 Caso 1: Os sinais de σ1 e σ2 são iguais. τ τmax = (σ1)/2 σ2 σ1 σ σ3 σ2 σ1 Para |σ1| > |σ2| è |σ1| ≤ σesc Para |σ2| > |σ1| è |σ2| ≤ σesc Caso 2: Os sinais de σ1 e σ2 são diferentes. τ τmax = |(σ1- σ2)/2| σ2 σ1 σ σ2 ± σσ3 σ σ1 − σ 2 ≤ esc 2 2 Para o escoamento iminente: σ1 σ − 2 = ±1 σ esc σ esc σ1 20 Curso de Mecânica dos Sólidos II σ2/σesc 1.0 A( 1.0, 1.0) σ1/σesc -1.0 1.0 B( -1.0, 1.0) -1.0 9.9 – Teoria da máxima energia de distorção (von Mises) (mat. dúcteis) Considere a energia de deformação total por unidade de volume em um material isotrópico (densidade de energia de deformação) para um estado multiaxial de tensões: U total = ( ) ( ) 1 ν σx2 + σy2 + σz 2 − σxσy + σyσz + σzσx L 2E E 1 2 τ xz + τ 2 yz + τ 2 xz L+ 2G ( ) Esta energia de deformação total, medida nos eixos principais é da forma: U total = ( ) ν 1 σ12 + σ 22 + σ32 − (σ1σ 2 + σ2 σ3 + σ3σ1 ) 2E E A energia de deformação total acima, é dividida em duas partes: uma causando dilatação do material (mudanças volumétricas), e outra causando distorsões de cisalhamento. É interessante lembrar que em um material dútil, admite-se que o escoamento do material depende apenas da máxima tensão de cisalhamento. σ2 σ1 σ3 Energia de deformação total σ2 − σ σ + = σ1 − σ σ σ Energia de dilatação σ3 − σ Energia de distorção Revisão de Transformação de Tensão e Critérios de Ruptura 21 Para um estado de tensão uniaxial as energias de dilatação e de distorção são representada da seguinte forma: σ1/3 σ1/3 σ1/3 σ1 σ1 = σ1/3 + σ1/3 + σ1/3 σ1/3 Energia de dilatação Energia de deformação total Energia de distorção τ τ τmax = σ1/3 τmax = σ1/3 σ 0 σ1/3 σ1/3 0 σ1/3 σ σ1/3 No tensor correspondente a energia de dilatação, os componentes são definidos como sendo a tensão “hidrostática” média: σ= σ1 + σ 2 + σ 3 3 onde σ1 = σ2 = σ3 = p = σ . A energia de dilatação é determinada substituindo σ1 = σ2 = σ3 = p na expressão de energia de deformação total e em seguida substituindo p = σ = U dilatação = 1 − 2ν (σ1 + σ 2 + σ 3 )2 6E σ1 + σ 2 + σ 3 : 3 22 Curso de Mecânica dos Sólidos II A energia de distorção é obtida sustraindo da energia de deformação total a energia de dilatação: U distorção = [ 1 (σ1 − σ 2 )2 + (σ 2 − σ 3 )2 + (σ 3 − σ1 )2 12 G ] A energia de distorção em um ensaio de tração simples, onde neste caso σ1 = σesc e σ2 = σ3 = 0 é da forma: U distorção = 2 2 σ esc 12 G Igualando a energia de distorção de cisalhamento com a energia no ponto de escoamento à tração simples, estabelece-se o critério de escoamento para tensão combinada. (σ1 − σ 2 )2 + (σ 2 − σ 3 )2 + (σ 3 − σ1 )2 = 2 σ 2esc ou: σ1 σ esc 2 2 2 σ σ σ 2 σ 2 σ3 L − + 3 − 1 σ σ σ σ σ esc esc esc esc esc σ σ1 = 1 L − 3 σ σ esc esc σ2 + σ esc A equação acima é conhecida como sendo o critério de Von Mises para um estado multiaxial de tensões para materiais isotrópicos. Para um estado plano de tensão, σ3 = 0, temse: σ1 σ esc 2 σ σ2 σ2 − 1 + σ σ esc esc σ esc 2 = 1 σ2/σesc 1.0 A( 1.0, 1.0) σ1/σesc -1.0 1.0 B( -1.0, 1.0) -1.0 Revisão de Transformação de Tensão e Critérios de Ruptura 23 9.10 – Teoria da máxima tensão normal (mat. frágeis) A teoria da máxima tensão normal estabelece que a falha ou fratura de um material ocorre quando a máxima tensão normal em um ponto atinge um valor crítico, independentemente das outras tensões. Apenas a maior tensão principal deve ser determinada para aplicar esse critério. |σ1| ou |σ2| ou |σ3| ≤ σrup σ2/σrup 1.0 A( 1.0, 1.0) σ1/σrup -1.0 1.0 B( -1.0, 1.0) -1.0 24 Curso de Mecânica dos Sólidos II 10 – VASOS DE PRESSÃO Vasos cilíndricos e esféricos são comumente utilizados na indústria para servir como caldeiras ou tanques. Quando os vasos são submetidos a pressão, o material com o qual são feitos os vasos, é submetido a carregamentos em todas as direções. Normalmente a relação raio/espessura do vaso é r/t ≥ 10, podendo assim ser considerado de parede fina. Neste caso a distribuição de tensão normal na direção da espessura pode ser desprezível. 10.1 – Vasos cilíndricos Considere um vaso cilíndrico tendo espessura t e raio interno r submetido a uma pressão interna p devido a um gas ou a um flúido considerado de peso desprezível. z t σ1 σ2 y x Onde: σ1 = tensão circunferencial (hoop) σ2 = tensão longitudinal (axial) A magnitude das tensão σ1 é determinada a partir de um elemento de comprimento dy longe o suficiente das extremidades. dy t σ1 2r p σ1 ∑ Fx = 0 , 2[σ1(t dy)] – p (2r dy) = 0 t , σ1 = pr t Vasos de Pressão 25 A magnitude da tensão σ2 é determinada a partir de um corte do cilindro na direção circunferencial. τ σ2 τmax = σ1/2 t σ r σ2 σ3 σ1 p ∑ Fy = 0 , σ2 (2π r t) – p (πr2 ) = 0 , σ2 = pr 2t 10.2 – Vasos esféricos Considere um vaso esférico tendo espessura t e raio interno r submetido a uma pressão interna p devido a um gas ou a um flúido considerado de peso desprezível. z σ1 σ2 x y r t Devido a simetria σ1 = σ2. A magnitude da tensão σ2 é determinada a partir de um corte do cilindro na direção circunferencial. σ2 t τ τmax = σ1/2 r σ σ3 p σ1=σ2 26 Curso de Mecânica dos Sólidos II ∑ Fy = 0 , σ2 (2π r t) – p (πr2 ) = 0 , σ2 = pr 2t Nestas considerações a tensão radial σ3 é considerada desprezível em relação a σ1 e σ2, onde σ3 é máxima no lado interno da parede (σ3)max = p, é nula no lado externo da parede parede σ3 = 0. Ex: Um vaso de pressão cilíndrico tem raio r = 1000 mm e espessura t = 10 mm. Calcule as tensões circunferencial e longitudinal e a variação de diâmetro do cilindro causados por uma pressão interna de 0,80 MPa. Tome E = 200 Gpa e ν = 0,25. σ1 = p r 0,80 1000 = , t 10 σ2 = p r 0,80 .1000 = 2t 2 .10 σ1 = 80 Mpa , σ2 = 40 Mpa Deformação na direção circunferencial: ε1 = 1 [σ1 − ν(σ 2 + σ3 )] . Considerando a tensão E radial σ3 = 0. ε1 = ε1 = 1 200.10 3 [80 − 0,25 .40] , ε1 = 0,35 .10-3 mm/mm ∆L 2 π ( r + ∆r ) − 2π r ∆r ∆r = = , 0,35.10 − 3 = , ∆r = 0,35 mm 1000 Lo 2π r r Ex: Um vaso cilíndrico de pressão de 3 m de diâmetro externo, usado no processamento de borracha, tem 10 m de comprimento. Se a parte cilíndrica do vaso é feita de chapa de aço de 25 mm de espessura e o vaso opera a pressão interna é de 0,1 kgf/mm2, determinar o alongamento total da circunferência e o aumento de diâmetro provocados pela pressão de operação. E = 20 000 kgf/mm2 e ν = 0,3. 0,1. 1,5.10 3 , 25 σ1 = pr , t σ1 = σ2 = pr , 2t σ2 = 3 kgf/mm2 σ1 = 6 kgf/mm2 Vasos de Pressão 27 ε1 = 1 (σ1 − νσ 2 ) = ∆L1 , E L1 ∆L1 1 (6 − 0,3 .3) = , 20 000 π 3.10 3 ε1 = ∆L1 π(d + ∆d ) − πd ∆d = = , L1 d πd ∆L1 = 2,4 mm 1 (6 − 0,3 .3) = ∆d 3 , ∆d = 0,765 mm 20 000 3.10 Ex: Um vaso de pressão de aço, cilíndrico fechado, de 2,5 m de diâmetro médio, com espessura de parede de 12,5 mm, tem costura soldada topo a topo ao longo de um ângulo de hélice α = 30°. Durante a pressurização, a medida de deformação através da solda, isto é, em uma linha medida de α + 90°, é de 430x10-6 mm/mm. (a) Qual a pressão no vaso? (b) Qual era a tensão de cisalhamento ao longo da costura? Considerar E = 20 000 kgf/mm2, G = 8 000 kgf/mm2. σ1 30° σ2 longitudinal σ1 30° σ2 transversal G= E , 2(1 + ν ) ε1 = 1 (σ T − νσ L ) , E σ1 = pr , t σ1 = σ2 = pr , 2t σ2 = 50 p ν = 0,25 430.10 −6 = p 1,25.10 3 , 12,5 1 (σ T − 0,25σ L ) , 20 000 σ1 = 100 p 8,6 = σ T − 0,25σ L (1) 28 Curso de Mecânica dos Sólidos II τ τmax = (σ1-σ2)/2 60° σ2 τ max = (σ1 − σ 2 ) 2 (σ1 + σ 2 ) = σ σT σL σ1 σ’ 100p − 50p = 25p 2 100p + 50p = 75p 2 2 σ T = 75p + 25p. cos 60 o = 87,5p (2) σ' = = σ L = 75p − 25p. cos 60 o = 62,5p (3) Substituindo (2) e (3) em (1): 8,6 = 87,5 p – 0,25.62,6 p , p = 0,12 kgf/mm2 τ = τmax sen 60° = 25 . 0,12 . sen 60° = 2,59 kgf/mm2 Ex: Uma caldeira é construida com placas de aço de 8 mm de espessura que são rebitadas nas extremidades juntamente com duas contra-placas de 8 mm de espessura. Os rebites tem diâmetro de 10 mm e são espaçados de 50 mm. Se a caldeira tem diâmetro interno de 0,75 m e a pressão é de 1,35 Mpa, determine (a) a tensão circunferencial das placas numa posição distante da união entre elas, (b) a tensão circunferencial na contra-placas e (c) a tensão de cisalhamento em cada rebite. 8 mm 750 mm 50 mm Vasos de Pressão 29 (a) dy t σ1 2r p σ1 σ1 = t p r 1,35 .0,75.10 3 = t 8 σ1 = 126,6 Mpa , tcp dy (b) t (σ1)cp 2r p σ1 t ∑ F x = 0 , 2[(σ1)cp (tcp dy)] +σ1 (t dy) – p (2r dy) = 0, (σ1 ) cp = (σ1 ) cp = 1,35 .0,75.10 3 2 .8 , (σ1)cp = 63,3 Mpa (c) tcp dy t (σ1)cp 2r p σ1 τ tcp (σ1)cp dy b t pr 2 t cp 30 Curso de Mecânica dos Sólidos II ∑ Fcircunf = 0 , (σ1)cp.tcp.dy - τ b dy = 0 , (σ1)cp.tcp.dy = τ.b.dy = dF (σ1 ) cp t cp = 63,3 N mm 2 dF = q (fluxo de cisalhamen to) dy 8 mm = dF =q dy q = 506,4 N/mm (fluxo de cisalhamento)x(espaçamento) = q.e = força cortante que deve resistir cada rebite. V = q.e = 506,4 . 50 = 25320 N τ= V πd 4 2 = 25320 π 10 2 4 , τ = 322,4 MPa Deflexão de vigas 31 11 – DEFLEXÃO DE VIGAS 11.1 – Introdução A ação de forças aplicadas provoca deflexão do eixo de uma viga em relação a sua posição inicial. Devido a isto, deve-se frequentemente limitar os valores de deflexão de maneira a impedir desalinhamentos em elementos de máquinas, e deflexões excessivas de vigas em prédios na construção civil. Neste contexto, serão discutidos métodos de determinação de deflexão e inclinações em pontos específicos da viga. 11.2 – Relação entre deformação-curvatura e momento-curvatura No desenvolvimento da teoria de deflexão de vigas, deve-se considerar a hipótese fundamental da teoria da flexão na qual as seções planas de uma viga, tomadas normalmente a seu eixo, permanecem planas após a viga ser submetida à flexão. O ρ = raio de curvatura centróide A y D ρ ∆θ A M z B x M D’ ∆s C B ∆x A D’ D superfície neutra ρ a ∆s -y ∆u f c B b ∆x C ∆θ C’ C’ 32 Curso de Mecânica dos Sólidos II A variação de comprimento ∆u das fibras pode ser expressa por: ∆u = − y∆θ Dividindo a expressão acima por ∆s, comprimento das fibras sobre a superfície neutra, e levando ao limite, tem-se: ∆u ∆θ = − y lim ∆s → 0 ∆s ∆s → 0 ∆s lim ou du dθ = −y ds ds onde du/ds é a deformação linear de uma fibra da viga a uma distância y do eixo neutro. Assim: ε= du ds e da figura acima, tem-se a relação: ∆s = ρ∆θ ou ∆θ 1 = ∆s ρ ou ∆ θ dθ 1 = = ds ρ ∆s → 0 ∆s lim Substituindo as duas relações anteriores em du dθ = − y , tem-se: ds ds 1 ε =κ=− ρ y onde κ é definido como sendo a curvatura. A relação acima pode ser usada tanto em problemas elásticos como em problemas inelásticos, já que na sua dedução não foram utilizadas as propriedades do material. Para o σ My caso elástico, sabe-se que ε x = x e σ x = − , logo: E I 1 M = ρ EI 11.3 – Equação diferencial para deflexão de vigas elásticas A curva elástica da viga pode ser expressa matemáticamente por v = f(x). Para obter esta equação, é preciso representar a curvatura (1/ρ) em termos da deflexão v e x que é da Deflexão de vigas 33 forma: d2v 2 1 dx = ρ 2 3 / 2 dv 1 + dx ( ) d2v , 1 M dx 2 = = 3 / 2 ρ EI dv 2 + 1 dx ( ) A equação acima é chamada elástica cuja solução dá a solução exata da curva elástica. Como para a maioria das vigas usadas em engenharia a curva elástica a deflexão é pequena, a inclinação dv/dx também é pequena, podendo ser considerada desprezível comparada com a unidade. Com esta simplificação, a equação da curva elástica pode ser expressa por: d2v M = 2 EI dx Considerando que ou EI d2v dx 2 =M dM dV = − V( x ) e = − w( x ) , temos: dx dx d d 2 v EI = − V( x ) dx dx 2 e d 2 d 2 v EI = w(x) dx 2 dx 2 Para o caso da rigidez em flexão EI ser constante: EI d 3v dx 3 = − V( x ) e EI d4v dx 4 = w(x ) 11.4 – Condições de contorno Para a solução dos problemas de deflexão de vigas, além das equações diferenciais, devem ser prescritas as condições de contorno. Alguns tipos de condições de contorno são as seguintes: 34 Curso de Mecânica dos Sólidos II v=0 Rolete (extremidade da viga) M=0 v=0 Pino (extremidade da viga) M=0 v=0 Rolete (posição qualquer ao longo da viga) v=0 Pino (posição qualquer ao longo da viga) v=0 Suporte fixo ou engastado dv/dx=0 V=0 Extremidade livre M=0 M=0 Articulação onde v = deflexão, M = momento fletor e V = cortante. MÉTODOS DE INTEGRAÇÃO DIRETA 11.5 – Solução de problemas de deflexão de vigas por meio de integração direta Como um exemplo geral de cálculo de deflexão de vigas, pode-se considerar uma viga com carga distribuida. A deflexão neste caso é obtida após quatro integrações sucessivas. EI d4v dx 4 = w(x ) Deflexão de vigas EI EI EI 35 d 3v x d2v x = ∫ w ( x ) dx + C1 dx 3 0 x = ∫ dx ∫ w (x ) dx + C1x + C 2 dx 2 0 0 x2 dv x x x = ∫ dx ∫ dx ∫ w( x ) dx + C1 + C2 x + C3 2 dx 0 0 0 x x x x o 0 0 0 E I v = ∫ dx ∫ dx ∫ dx ∫ w ( x ) dx + C1 x2 x3 + C2 + C 3x + C 4 2 6 As constantes C1, C2, C3 e C4 são determinadas impondo as condições de contorno. Para o caso de w(x), V(x) e M(x) discontínuos, a solução pode ser achada para cada segmento da viga onde as funções são contínuas, impondo a continuidade de deflexão nos contornos comuns de cada segmento da viga. Ex: Achar a equação da curva elástica para uma viga simplesmente apoiada de comprimento L e de constante EI, com um carregamento uniforme wo. (a) determinar a deflexão a partir da equação de segunda ordem. (b) determinar a deflexão a partir da equação de quarta ordem. v(0)=0 M(0)=0 w = - wo y,v v(L)=0 M(L)=0 x L Caso (a): 1 – Determinar as reações de apoio e a função de momento M(x). wo L RA RB L ∑ M A = 0 , R B L − (w o L) = 0 L 2 , RB = woL 2 w L w L ↑ ∑ F y = 0 , R A − (w o L) + o = 0 , R A = o 2 2 36 Curso de Mecânica dos Sólidos II wo x M V RA x woL x wo x2 x − ∑ M = 0 , − R A x + (w o x ) + M = 0 , M = 2 2 2 2 – Partindo da equação da curva elástica, e integrando duas vezes e aplicando as condições de contorno: woL x wo x2 EI =M= − 2 2 dx 2 d2v dv w o L x 2 w o x 3 EI = − + C3 dx 4 6 E I v(x ) = woL x3 wo x4 − + C 3x + C 4 12 24 Para x = 0, v(0) = 0 , C4 = 0 Para x = L, v(L) = 0, E I v ( L) = v(x ) = − ( w L3 w o L L3 w o L4 − + C 3L = 0 , C 3 = − o 12 24 24 wo L3 x − 2 Lx 3 + x 4 24 E I ) v 0 vmax x Devido a simetria, a maior deflexão ocorre em x = L/2. Para casos mais gerais, dv = 0 . Assim, vmax é: dx v max = − 5 w o L4 384 E I Deflexão de vigas 37 A inclinação da curva elástica θ = θ( x ) = dv é da forma: dx dv 1 w o L x 2 w o x 3 w o L3 = − − dx E I 4 6 24 w o L3 Para x = 0, θ(0) = − 24 E I Para x = L, θ( L) = w o L3 24 E I woL3/24EI θ 0 x -woL3/24EI Caso (b): EI EI d4v dx 4 d 3v dx 3 = w( x ) = − w o = − w o x + C1 d2v x2 EI = −w o + C1x + C 2 = M 2 dx 2 Para x = 0, M(0) = 0, C2 = 0 Para x = L, M(L) = 0, M ( L) = − w o EI d2v dx 2 =M= L2 L + C1L = 0 , C1 = w o 2 2 woL x wox2 − 2 2 O resto do problema é o mesmo que no caso (a). Neste caso nenhum cálculo preliminar das reações e da equação de momento é necessário. Este método pode ser vantajoso para alguns problemas estaticamente indeterminados. 38 Curso de Mecânica dos Sólidos II Ex: Achar a equação da curva elástica para uma viga simplesmente apoiada suporta uma força concentrada P, a uma distância a da extremidade A como mostra a figura abaixo. A rigidez em flexão E I é constante. v(0)=0 M(0)=0 y,v P A v(L)=0 M(L)=0 B D a b RA = Pb/L L Para o segmento AD (0 < x < a): M V x Pb/L d 2v Pb EI =M= x 2 L dx , d2v dx 2 = Pb x EIL dv P b x2 P b x3 = + A1 , v = + A1x + A 2 dx E I L 2 EIL 6 Condições de contorno: Para x = 0, v(0) = 0, A2 = 0, v = P b x3 + A1x EIL 6 Para o segmento DB (a < x < L): M x d2v Pa EI =M= (L − x) 2 L dx x Pa/L , d2v dx 2 = Pa Pa − x EI EIL RB = Pa/L Deflexão de vigas 39 dv P a P a x2 P a x2 P a x3 = x− + B1 , v = − + B1x + B 2 EI 2 EIL 6 dx E I EIL 2 Condições de contorno: Para x = L, v(L) = 0, v ( L) = P a L2 + B1L + B 2 = 0 EI 3 Para x = a, v(segmento AD) = v(segmento DB) P b a3 P a a2 P a a3 + A1a = − + B1a + B 2 EIL 6 EI 2 EIL 6 Para x = a, ( θ = dv dv (segmento AD)) = ( θ = (segmento DB)) dx dx P b a2 Pa P a a2 a− + B1 + A1 = EI EIL 2 EIL 2 Solução: A1 = − ( ) ( ) Pb Pb P a3 L2 − b 2 , B1 = − 2 L2 + a 2 , B 2 = 6EIL 6EIL 6EI Equação da curva elástica para o segmento AD: v= [ ( )] Pb x 3 − L2 − b 2 x 6EIL Equação da curva elástica para o segmento DB: ( ) P a x2 P a x3 Pb P a3 2 2 v= − − 2L + a x + EI 2 EIL 6 6EIL 6EI Se a > b, a maior deflexão se dará no segmento AD, logo: dv = 0 (segmento AD) dx A maior deflexão é: , x= (L2 − b2 ) 3 40 Curso de Mecânica dos Sólidos II v max = ( P b L2 − b 2 )3 / 2 (9 3 ) E I L Se a força P fosse aplicada no centro do vão onde a = b = L/2, a maior deflexão seria: P L3 v max = 48 E I MÉTODO DE ÁREA DE MOMENTO 11.6 – Introdução ao método de área de momento O método de área de momento é um método alternativo para a solução do problema da deflexão, onde o carregamento é complexo e as áreas das seções transversais da viga variam. O método é usualmente empregado para obter apenas o deslocamento e a rotação num único ponto da viga. Ele possui as mesmas aproximações e limitações discutidas anteriormente, com a determinação da deflexão apenas devido à flexão, a deflexão devido ao cortante é desprezada. 11.7 – Dedução dos teoremas de área de momento Os teoremas necessários se baseiam na geometria da curva elástica e no diagrama associado (M/EI). Para a dedução dos teoremas, a equação diferencial da curva elástica deve ser reescrita como: d2v dx 2 = d dv dθ M = = dx dx dx E I ou dθ = M dx EI w A dx B Deflexão de vigas 41 A B θB/A Tan B Tan A curva elástica M M dθ dx M/EI M/EI A dx B x Se o diagrama de momento fletor da viga é dividido pelo momento de inércia I e pelo módulo de elasticidade E, então dθ é igual a área sob a curva M/EI para o segmento dx. Integrando do ponto A até o ponto B tem-se: BM θB / A = ∫ AE I dx Esta equação representa o primeiro teorema de área de momento, que diz: o ângulo entre as tangentes em dois pontos sobre a curva elástica é igual a área sob a curva M/EI entre estes dois pontos. w A dx B 42 Curso de Mecânica dos Sólidos II Tan A dx x A B tA/B Tan B dθ dt ds’ Se o desvio vertical da tangente de um elemento dx medido a partir de uma linha vertical passando por A é dt, então como é assumido que as deflexões são pequenas, tem-se que ds’ = dt, logo: dt = x dθ Integrando esta expressão de A até B, o desvio vertical da tangente de A com relação a tangente B é determinada por: B M dx A EI tA/ B = ∫ x Da equação que fornece o centróide de uma área temos: x ∫ dA = ∫ x dA . Como M ∫ E I dx representa a área sob a curva M/EI, nós podemos escrever: B M tA/ B = x ∫ A EI dx A distância x é a distância do ponto A até o centróide da área sob a curva M/EI de A até B. A equação acima representa o segundo teorema de área de momento. M/EI A x B x Deflexão de vigas 43 O desvio vertical da tangente de B com relação a tangente A pode ser determinada de maneira análoga e é dada por: B M tB/ A = x' ∫ A EI dx A distância x ’ é a distância do ponto B até o centróide da área sob a curva M/EI de A até B. Ex: Determine a inclinação no ponto C da viga abaixo. EI é constante. P A B C D L/2 L/4 L/4 M/EI PL/4EI PL/8EI D C L/4 x θC C D θC/D Tan D Tan C 2 PL L 1 PL PL L 3 PL θ C = θ C / D = ∫ dx = − + = 84 EI2 2 4 4 EI EI4 43 64 EI 1 443 1 4 D EI 44284 CM área R área T Ex: Determine a inclinação no ponto C da viga abaixo. Tome Eaço = 200 Gpa, I = 17.10 6 mm4. 44 Curso de Mecânica dos Sólidos II 16 kN A C 2m B 4m 2m M/EI 24/EI 8/EI C 2m x 4m 2m Tan B θA C tB/A Tan C θC/A Tan A Para pequenas deflexões, podemos considerar: t | θC | =| θ A | − | θ C / A |= B / A − | θ C / A | 8 Pelo primeiro teorema de área de momento: θC / A = 8 kNm 8 kNm 2 1 = ( 2m) 2 E I EI 1442443 área do T Pelo segundo teorema de área de momento: 1 1 24 kNm 2 1 24kNm t B / A = 2 m + 6 m 6 m + 2 m 2 m 2 EI 1 324 2 EI 14 42344 3 1 4 3 44 42444 3 144 42444 3 cent.T tB/ A = 320 kN m 2 EI área T cent. T área T Deflexão de vigas 45 tB/ A 320 kN m 2 8 kN m 2 32 kN m 2 | θC | = − | θC / A |= − = 8 8EI EI EI 32 kN m 2 | θC | = 200.10 6 kN / m 2 17.10 − 6 m 4 = 0.00941 rad Ex: Determine o deslocamento do ponto C da viga abaixo se EI é constante. Mo A B C L/2 RA L/2 Tan A RB Tan B C vC Tan C tA/B tC/B ∑ MA = 0 , R BL − M o = 0 , R B = ↑ ∑ Fy = 0 , R A = − Mo L Mo L V Mo M x Mo/L ∑M = 0 , Mo M x − Mo + M = 0 , M = Mo − o x L L M/EI Mo/EI Mo/2EI x L 2L 46 Curso de Mecânica dos Sólidos II t vc = A/ B − tC/ B 2 2 1 1 M o M o L L = t A / B = L 6EI 3 2 EI 2 1 L 1 M o L M o L = tC/B = 3 2 2 2 EI 2 48EI M o L2 M o L2 − , vc = 12 EI 48EI M o L2 vc = 16 EI t O mesmo resultado pode ser obtido a partir de v c = B / A − t C / A 2 11.8 – Método da superposição A equação diferencial E I d4v dx 4 = w ( x ) satisfaz duas condições necessárias para aplicar o princípio da superposição, isto é, w(x) é linear com relação a v(x) e o carregamento é assumido não mudar a geometria original da viga. Logo, as deflexões devido a uma série de carregamento atuando na viga, podem ser superpostas. Ex: Determine o deslocamento no ponto C e a inclinação no suporte A da viga apresentada abaixo. EI é constante. 2 kN/m A 8 kN B θA = vC 4m 4m 2 kN/m B A (θA)1 4m (vC)1 4m + Deflexão de vigas 47 8 kN B A (θA)2 (vC)2 4m 4m A partir de tabelas (ver Hibbeler), o deslocamento no ponto C e a inclinação no ponto A são: Para a carga distribuida: 3 (θ A )1 = 3 w L 128 E I = 3 (2 kN / m) (8 m ) 3 24 kNm 2 = 128 E I EI 5 w L4 5 (2 kN / m) (8 m) 4 53.33 kNm 3 (v C )1 = = = 768 E I 768 E I EI Para a carga concentrada: (θ A )2 = P L2 (8 kN ) (8 m) 2 32 kNm 2 = = 16 E I 16 E I EI (v C )1 = P L3 (8 kN ) (8 m) 3 85.33 kNm 3 = = 48 E I 48 E I EI O deslocamento total no ponto C e a inclinação no pontoA é a soma algébrica de cada carregamento calculado separadamente: θ A = (θ A )1 + (θ A )2 = 56 kNm 2 EI v C = (v C )1 + (v C )2 = 139 kNm 3 EI Ex: Determine o deslocamento na extremidade C da viga apresentada abaixo. EI é constante. 10 kN 5 kN/m C A B 4m 2m = 48 Curso de Mecânica dos Sólidos II Como tabelas não incluem vigas com extremidades em balanço, a viga pode ser separada numa viga simplesmente apoiada e em outra engastada-livre. Viga simplesmente apoiada com carga distribuida: 5 kN/m C + B (θB)1 2m 4m (θ B )1 = (vC)1 (θB)1 A w L3 (5 kN / m ) (4 m) 3 13,33 kNm 2 = = EI 24 E I 24 E I Como o ângulo é pequeno, (θB)1 ≈ tan (θB)1, o deslocamento no ponto C é: 13.33 kNm 2 (v C )1 = ( 2m) EI 26.67 kNm 3 = EI A força concentrada aplicada no ponto C pode ser aplicada no ponto B além de um binário: 10 kN 20 kN/m (θB)2 A (θB)2 B 2m 4m (θ B )2 = M o L = (20 kN.m) (4 m) = 26,67 kN.m 3EI + (vC)2 3EI 2 EI Considerando o ângulo pequeno, (θB)2 ≈ tan (θB)2, o deslocamento no ponto C é: (v C )2 = ( 2m) 26.67 kN.m EI 2 = 53.33 kNm EI 3 Deflexão de vigas 49 A força concentrada aplicada no ponto C para uma viga engastada-livre: 10 kN C B (vC)3 2m 3 (v C )3 = P L 3E I = (10 kN.m) ( 2 m ) 3 26,67 kN.m 3 = 3EI EI O deslocamento total no ponto C é a soma algébrica de cada carregamento calculado separadamente: v C = (v C )1 + (v C )2 + (v C )3 = − 26,7 53,3 26,7 53,3 kN.m 3 + + = EI EI EI EI Ex: Determine a rigidez K da mola de maneira que não haja deflexão no Ponto C. EI é constante. w B A C K L b RB a) deflexão do Ponto C considerando a viga rígida: w C B A vC1 K L b RB 50 Curso de Mecânica dos Sólidos II ∑MA = 0 , RB = RB = K . vB , v B = wL 2 wL 2K Por semelhança de triangulos: v C1 = v B ( L + b) w , v C1 = ( L + b) L 2K b) Deflexão do Ponto C considerando a viga deformável: C w B A vC2 K L b RB Da tabela: θ B = Vc1 – Vc2 = 0 , w L3 , 24 EI v C2 = θ B b = w L3 b 24 EI w L3 b w ( L + b) − =0, 24 EI 2K K= 12 EI L3 b ( L + b) 11.9 – Vigas estaticamente indeterminadas- método de integração Vigas estaticamente indeterminadas são aquelas que apresentam um número de reações incógnitas maior doque o número de equações de equilíbrio. As reações excedentes são chamadas de redundantes e não são necessárias para manter o equilíbrio estático. O número de reações redundantes classifica o grau de redundância da viga. Para determinar as reações nas vigas estaticamente indeterminadas, é preciso especificar as reações redundantes e determina-las a partir das condições de compatibilidade da viga. Feito isto, as reações restantes são determinadas pelo equilíbrio estático. O método da integração parte da equação diferencial: d2v dx 2 = M , onde M pode ser EI expresso em termos das redundantes. Após a integração, as constantes de integração e as Deflexão de vigas 51 redundantes podem ser determinadas pelas condições de contorno e continuidade do problema. Ex: Determine a reação em A para a viga estaticamente indeterminada como apresentada abaixo. EI é constante. wo A B L Diagrama de corpo livre: woL/2 RBx B A MB RAy L/3 2L/3 RBy A reação no ponto A pode ser considerada redundante e o momento interno pode ser expresso em função desta reação: wox2/2L V A M RAy ∑M = 0 x wox2 x wox3 , M+ . − R Ay .x = 0 , M = R Ay .x − 2L 3 6L Aplicando a equação do momento interno na equação diferencial da curva elástica: EI d2v dx 2 = R Ay .x − w ox 3 6L 52 Curso de Mecânica dos Sólidos II dv x2 wo x4 EI = R Ay . − + C1 dx 2 6L 4 E I v = R Ay . x3 wo x5 − + C1x + C 2 6 24 L 5 As incógnitas RAy, C1 e C2 são determinadas a partir das condições de contorno: Para x = 0, v = 0; Para x = L, C2 = 0 dv = 0; dx EI dv L2 w o L4 ( x = L) = R Ay . − + C1 = 0 dx 2 6L 4 L3 w o L5 E I v = R Ay . − + C1L = 0 6 24 L 5 Para x = L, v = 0; A solução é: R Ay = woL 10 , C1 = − w o L3 120 Aplicando as equações de equilíbrio estático, as reações restantes são: R Bx = 0 , R By = 4 woL 10 , MB = w o L2 15 Ex: Determine as reações nos suportes para a viga estaticamente indeterminada como apresentada abaixo. EI é constante. w A B L Diagrama de corpo livre: wL MA=M’ RA RB MB=M’ Deflexão de vigas 53 Devido a simetria, da equação de equilíbrio ∑ Fy = 0 tem-se que: RA = RB = wL 2 A única redundante é M’, a qual pode ser expressa em função do momento interno M: wx V A MA=M’ M RAy=wL/2 x 2 ∑M = 0 , M + w x − x wL wL w x2 x + M' = 0 , M = x− − M' 2 2 2 Substituindo na equação diferencial da curva elástica: EI EI d2v dx 2 = wL w x2 x− − M' 2 2 dv w L x 2 w x 3 = − − M ' x + C1 dx 2 2 2 3 EIv= w L x3 w x4 x2 − − M' + C1x + C 2 4 3 6 4 2 As incógnitas M’, C1 e C2 são determinadas a partir das condições de contorno: Para x = 0, v = 0; Para x = 0, dv = 0; dx Para x = L, v = 0; A condição C2 = 0 C1 = 0 w L L3 w L4 w L2 L2 EIv= − − M' = 0 , M' = 4 3 6 4 2 12 dv = 0 para x = L pode ser verificada substituindo o valor de M’ na curva de dx inclinação da viga. 54 Curso de Mecânica dos Sólidos II 11.10 – Vigas estaticamente indeterminadas - método de área de momento Se o método de área de momento é usado para determinar as redundantes em uma viga estaticamente indeterminada, o diagrama M/EI deve ser representado pelas redundantes que são incógnitas do problema. Como no método de área de momento é necessário calcular a área sob a curva M/EI e o centróide da área, o método é mais convenientemente utilizado quando aplicado juntamente com o método da superposição, onde as áreas e os centróides das áreas são facilmente determinados. Ex: Determine as reações de apoio para a viga apresentada abaixo. EI é constante. P B A L L Diagrama de corpo livre devido a força P: P MA B RAx RAy L L O diagrama M/EI devido a força P é: M/EI L -PL/EI -2PL/EI 2L x Deflexão de vigas 55 Diagrama de corpo livre devido a redundante RBy: MA B RAx RBy RAy L L O diagrama M/EI devido a redundante RBy: M/EI RByL/EI L x 2L A curva elástica da viga é da forma: tB/A = 0 A Tan A B Tan B Como ∆B = 0 ; tB/A = 0: 2 1 R By L + t B / A = L 1323 2 EI 14 4244 3 cent. T área T L 2 { cent. R − PL 2 1 − PL ( L ) EI + 3 L 2 EI ( L) = 0 14243 123 1442443 área R cent. T área T RBy = 2,5 P Das equações de equilíbrio, temos: RAx = 0 , RAy = 1,5 P , MA = 0,5 P L Ex: Determine as reações de apoio para a viga apresentada abaixo. EI é constante. 56 Curso de Mecânica dos Sólidos II Mo A B C L L Diagrama de corpo livre: Mo RAx RAy L L RCy RBy O diagrama M/EI devido a redundante RBy e o momento Mo é construido da seguinte maneira. Devido a redundante RBy: ∑MB = 0 ↑ , RCy L – RAy L = 0 , RCy = RAy ∑ F y = 0 , RAy – RBy + RCy = 0 , RAy = RBy /2 A M RBy/2 ∑M = 0 , M − R By 2 x x=0 , M= R By 2 x M/EI RByL/2EI x L 2L Devido ao momento Mo: ↑ ∑ Fy = 0 , RAy + RCy = 0 , RAy = - RCy ∑ M A = 0 , - Mo + RCy 2L = 0 , RCy = Mo/2L , RAy = - Mo/2L Deflexão de vigas 57 A M -Mo/2L ∑M =0 x Mo x=0 , 2L , M+ M=− M/EI Mo x 2L x 2L L -Mo/2EI -Mo/EI A curva elástica da viga é da forma: tA/C Tan B L A tB/C L B C Tan C Tan A Da figura acima, temos: ∆A = ∆B = ∆C = 0 e tB/ C = 1 tA / C 2 1 1 R By L 2 1 − M o 1 1 − M o t B / C = L ( L) + L ( L) + L ( L) 2 2 EI 1223 2 2 EI 1323 2 2 EI 1323 1 442443 1442443 1442443 cent.T área T cent.T área T cent.Q área Q 1 1 R By 2 1 − M o 2 1 R By L ( L) + 2L t A / C = L ( L) + L + L ( 2 L ) 2 2 EI 1323 2 EI 1323 2 2 EI 14234 3 1 144 42444 3 1442443 442443 cent.T áreaT cent.T áreaT cent.T áreaT A solução é: R By = 3M o 2L Aplicando as equações de equilíbrio, determina-se as reações restantes: 58 Curso de Mecânica dos Sólidos II RAx = 0 , R Ay = Mo 4L , R Cy = 5M o 4L O problema pode também ser resolvido da seguinte maneira: Tan C A Tan B L L B C tB/A tC/A Tan A De onde, tem-se: tB/ A = 1 tC / A 2 11.11 – Vigas estaticamente indeterminadas - método da superposição Para a aplicação do método da superposição é necessário identificar as redundantes e aplicar as forças externas separadamente. As redundantes são determinadas impondo as condições de compatibilidade nos apoios. Ex: Determine as reações para a viga abaixo escolhendo RBy como sendo redundante. EI é constante. P B A L/2 a) Removendo a RBy: = L/2 P A vB L/2 L/2 B + Deflexão de vigas vB = 59 5PL 48 E I b) Removendo a força P: B vB’ A L/2 vB'= L/2 RBy R By L3 3E I c) Condições de compatibilidade 3 5 P L R By L + 0 = - vB + vB’ , 0 = − 48 E I 3EI , R By = 5 P 16 Aplicando as equações de equilíbrio estático, determina-se as reações restantes: R Ax = 0 , R Ay = 11 P, 16 MA = 3 PL 16 Ex: Determine as reações para a viga abaixo escolhendo MA como sendo redundante. EI é constante. P B A L/2 L/2 a) Removendo a MA: P A B θA L/2 L/2 = 60 Curso de Mecânica dos Sólidos II P L2 θA = 16 E I b) Removendo a força P: θA’ A B MA L/2 M L θA ' = A 3EI L/2 c) Condições de compatibilidade 0 = - θA + θA’ , 0 = − P L2 M A L + 16 E I 3 E I , MA = 3 PL 16 Ex: Determine para a viga abaixo as reações de apoio. 6 000 kgf/m C A MA RA 1,8 m D 1,8 m B MB 1,8 m RB Devido a simetria: RA = RB = 5400 kgf e MA = MB. 6 000 kgf/m a) B D A vB1 1,8 m w L3 6000 .3,6 3 , θD = = 6 EI 6 EI 1,8 m w L4 6000 .3,6 4 vD = = 8 EI 8 EI 1,8 m Deflexão de vigas 61 6000 .3,6 4 6000 .3,6 3 vB = vD + θD. 1,8 , v B = + .1,8 8 EI 6 EI 6 000 kgf/m b) C B vB2 A 1,8 m 1,8 m θC = w L3 6000 .1,8 3 , = 6 EI 6 EI vB = vC + θC. 3,6 , v B = vC = 1,8 m w L4 6000 .1,8 4 = 8 EI 8 EI 6000 .1,8 4 6000 .1,8 3 + .3,6 8 EI 6 EI c) B vb3 A 1,8 m 1,8 m 1,8 m RB vB = R B L3 5400 .5,4 3 = 3 EI 3 EI d) B MB A 1,8 m vB = M B L2 M B 5,4 2 = 2 EI 2 EI vB1 – vB3 – vB3 + vB4 = 0 MA = MB = 7020 kgf m 1,8 m 1,8 m vB4 62 Curso de Mecânica dos Sólidos II 12 – MÉTODO DA ENERGIA 12.1 – Introdução Nos capítulos anteriores, as formulações se apoiam no método newtoniano da mecânica dentro do qual o equilíbrio estático é representado de maneira vetorial. Uma outra alternativa, é utilizar o método lagrangeano que usa funções escalares, baseados em conceitos de trabalho e energia. 12.2 – Energia de deformação elástica O trabalho interno armazenado em um corpo deformável como energia elástica de deformação ou energia de deformação elástica é o produto da força média que atua sobre o corpo enquanto ocorre a deformação, multiplicada pela distância na qual ela age. Seja então o elemento de volume dx, dy, dz: y z x σx σx dy dz dx 1 1 dU = σ x dy. dz .(ε x .dx ) = σ x ε x dV 2 2 A densidade de energia de deformação Uo é interpretada graficamente como a área sob linha inclinada do diagrama tensão deformação. σx σ ε dU = Uo = x x dV 2 E εx Método da Energia 63 No caso de um elemento de volume dx, dy, e dz submetido a um cisalhamento, a energia de deformação é do tipo: ( ) 1 1 dU = τ xy dx . dz . γ xy .dy = τ xy γ xy dV 2 2 ou: τ xy γ xy dU = U ocis = 2 dV cis Para o caso de um corpo submetido à tensões normais σx, σy e σz e à tensões de cisalhamento τxy, τxz e τyz, a energia de deformação total é: dU 1 1 1 1 1 1 = dU o = σ x ε x + σ y ε y + σ z ε z + τ xy γ xy + τ yz γ yz + τ xz γ xz dV 2 2 2 2 2 2 Das relações para deformações obtidas anteriormente, temos: Uo = ( ) ( ) ( 1 υ 1 2 2 2 τ 2 xz + τ 2 yz + τ 2 xz σ x + σ y + σ z − σ x σ y + σ yσ z + σzσ x + 2E E 2G ) Em geral, para um corpo elástico sob tensão, a energia de deformação total é obtida pela integração volumétrica: U = ∫∫∫ U o d x d y d z V ou: U= ( ) 1 ∫∫∫ σ x ε x + σ y ε y + σ z ε z + τ xy γ xy + τ yz γ yz + τ zx γ zx dx dy dz 2 V A equação acima pode ser simplicada, se somente as energias de deformação de barras axialmente carregadas, vigas fletidas e cisalhadas forem consideradas: U= ( ) 1 ∫∫∫ σ x ε x + τ xy γ xy dx dy dz 2 V Para materiais linearmente elásticos, com tensão uniaxial, ε x = σ x / E e no cisalhamento puro, γ xy = τ xy / G . Assim a equação anterior pode ser reordenada da sequinte maneira: 64 Curso de Mecânica dos Sólidos II U = ∫∫∫V τ 2xy σ 2x dx dy dz + ∫∫∫ V dx dy dz 2E 2G Energia de deformação para barras axialmente carregadas Para este caso, σ x = P e ∫∫A dy dz = A . Desta forma, P e A são funções somente de A x, logo: σx 2 P2 U = ∫∫∫V dV = ∫∫∫V dx dy dz 2E 2 A2 E P2 P2 dy dz dx = dx ∫ 2 ∫∫ L 2 A E A L 2 AE U=∫ Se P, A e E são constantes ao longo do comprimento L da barra, tem-se: U= P2 L 2EA Energia de deformação na flexão Para este caso, σ x = − My e ∫∫A y 2 dy dz = I . Como, M e I são funções somente de I x, logo: 2 σ 1 M U = ∫∫∫V x dV = ∫∫∫V − y dx dy dz 2E 2 E I 2 M2 M2 2 = y dy dz dx dx ∫∫ ∫ 2 L2EI A L2EI U=∫ Se M, I e E são constantes ao longo do comprimento L da barra, tem-se: U= M2L 2EI Energia de deformação para tubos circulares em torção Para este caso, τ = logo: Tρ e ∫∫A ρ 2 dy dz = J . Como, T e J são funções somente de x, J Método da Energia 65 2 τ2 1 T U = ∫∫∫V dV = ∫∫∫V ρ dx dy dz 2G J 2G T2 T2 2 dy dz dx = dx ρ ∫ 2 ∫∫ L2GJ A L2G J U=∫ Se T, J e G são constantes ao longo do comprimento L do tubo, tem-se: U= T2L 2GJ Ex: Achar a energia absorvida por uma viga retangular elástica em flexão pura, em termos da máxima tensão e do volume do material. U= M2L 2EI U= σ max 2 2E , como σ max = 2 b h L σ max = 2E 3 M c M h/2 6 M = = e I b h3 b h2 12 I= b h3 12 V 3 Com relação a energia absorvida por uma barra axialmente carregada onde a energia é: 2 P2 L P 2 A L σ max (V ) U= = = 2E 2 E A A2 2 E observa-se que a viga absorve somente 1/3 da energia absorvida pela barra. Isto é devido ao fato de que as tensões são variáveis ao longo da seção. 12.3 – Deslocamentos pelos métodos de energia O princípio da conservação da energia, no qual assume-se que nenhuma energia é perdida ou criada, pode ser adotado para a determinação dos deslocamentos de sistemas elásticos devido à s forças aplicadas. Partindo deste princípio, supõe–se que o trabalho realizado pelas forças externas é igual a energia absorvida pelo corpo. Logo. We = U 66 Curso de Mecânica dos Sólidos II Alternativamente, pode-se dizer que a soma dos trabalhos das forças externas e das forças internas é nulo. We − Wi = 0 ou U = − Wi O trabalho interno é negativo porque as deformações sofrem oposição das forças internas. O trabalho das forças externas é o trabalho da força média, partindo de zero até seu valor máximo, multiplicada pelo deslocamento na direção de sua ação. Ex: Achar a deflexão da extremidade livre de uma barra elástica de seção transversal A e comprimento L, devido a uma força axial P aplicada na extremidade livre. P ∆ L U= P2 L 2EA We = U e , We = 1 P.∆ 2 1 P2 L P.∆ = 2 2EA ∆= è PL EA Ex: Achar a rotação da extremidade de um eixo circular elástico, em relação ao extremo engastado, quando é aplicado um torque T na extremidade livre. T L T2L U= 2GJ We = U e , We = 1 T.ϕ 2 1 T2L T.ϕ = 2GJ 2 è ϕ= TL GJ Método da Energia 67 Ex: Achar a máxima deflexão devido a uma força P aplicada na extremidade de uma viga elástica em balanço, tendo seção transversal retangular, como mostrado abaixo. Considerar os efeitos das deformações de flexão e angular. P γ V=P h M=-Px b x L L L M2 ( − P.x ) 2 P 2 .L3 dx = ∫ dx = 6EI 02 E I 0 2 E I L U=∫ Como a tensão de cisalhamento é constante ao longo da direção x, já que o cortante V é constante e igual a P, e constante ao longo da largura da viga, e da forma 2 P h 2 τ= − y , a integral pode se transformar numa integral simples, onde o volume 2 I 2 infinitesimal dV é igual a Lbdy. 2 2 τ2 1 + h / 2 P h 2 U=∫ dV = − y Lbdy ∫ 2 G − h / 2 2 I 2 V2 G P2 L b h5 P 2 L b h 5 U= = 240 G 8 G I 2 30 2 12 3 P2 L = b h3 5AG onde A = b h, é a área da seção transversal da viga. We = 1 P.∆ 2 We = U = U flexão + U cis , P L3 6 P L 1 P 2 L3 3 P 2 L + è ∆= + P.∆ = 2 6EI 5AG 3EI 5AG O primeiro termo da deflexão, é devido à flexão e o segundo devido ao cisalhamento. No segundo termo, a relação P/A pode ser interpretada como sendo a tensão de cisalhamento 68 Curso de Mecânica dos Sólidos II média sobre a seção transversal , τ med = V . Esta quantidade dividida pelo módulo de A cisalhamento G é a deformação angular γ = τ med V , que multiplicada pelo comprimento = G AG L fornece a deflexão na extremidade da barra. O número 6/5, que aparece no termo da deflexão devido ao cisalhamento, pode então ser interpretado como um fator de correção utilizado quando considera-se a tensão de cisalhamento constante sobre toda a seção. ∆= P L3 3 E h2 1 + 3 E I 10 G L2 Na equação anterior, se a relação for E/G = 2,5 para aços mais comumente utilizados, ela pode ser reescrita da forma: h2 ∆ = 1 + 0,75 2 L ∆ flexão Para vigas curtas, onde por exemplo L = h, a deflexão total é igual a 1,75 vezes a deflexão devido a deflexão, enquanto que para vigas longas, L >> h, a deflexão devido ao cisalhamento é praticamente nula. Ex: Determine o deslocamento horizontal do ponto D. Considere AE constante. D P C L 0.6 L B A 0.8 L D P C L B A RA 0.6 L RBx 0.8 L RBy Método da Energia ∑ MA = 0 ↑ 69 , RBy . 0,8 L – P . 0,6 L = 0 , R By = 3 4 3 P 4 3 4 ∑ F y = 0 , R Ay − P = 0 , R Ay = P → ∑ Fx = 0 , R Bx − P = 0 , RBx = P Cálculo dos esforços internos de cada membro. Ponto D: P D PDC PAD ↑ ∑ Fy = 0 , PAD = 0 → ∑ F x = 0 , – P + PDC = 0 , PDC = P (tração) Ponto C: PDC C cos θ = θ PAC PBC 5 → ∑ F x = 0 , – PDC + PAC cosθ = 0 , PAC = P (compressão) 4 ↑ ∑ Fy = 0 , 3 PAC senθ + PBC = 0, PBC = − P (tração) 4 Ponto A: PAD A θ PAC PAB RAy → ∑ F x = 0 , - PAC cosθ + PAB = 0 , PAB = P (tração) 4 , 5 sen θ = 3 5 70 Curso de Mecânica dos Sólidos II ↑ ∑ Fy = 0 , RAy - PAC senθ + PAD = 0, R Ay = 3 P (Ok) 4 Pk2 L 1 ∆P=∑ , 2 2AE ( 5 / 4 P )2 L (3 / 4 P )2 0,6L P 2 0,8L P 2 0,8L + − + + ∆ P = AE AE AE AB AE DC AC BC ∆ = 3,5 PL AE O método discutido até o momento, só pode ser utilizado para a determinação de uma incógnita, como por exemplo uma deflexão. Para a determinação de duas ou mais incógnitas é necessário o desenvolvimento de métodos mais gerais. 12.4 – Teorema da energia de deformação e da energia de deformação complementar No cálculo das deflexões de sistemas elásticos, o seguinte teorema pode ser frequentemente aplicado com vantagem: A derivada parcial da energia de deformação de um sistema elástico linear em relação a qualquer força selecionada que age sobre o sistema, dá o deslocamento daquela força na direção de sua linha de ação. As palavras força e deslocamento têm sentido generalizado e incluem, respectivamente, momento e deslocamento angular. Esse é o segundo teorema de Castigliano. Para a interpretação do teorema de Castigliano, considere um caso de uma barra carregada axialmente. Para um caso mais geral, onde a barra é elástica mas não linear, o diagrama tensão-deformação é da forma. σ dσ1 σ1 0 ε1 dε1 ε Método da Energia 71 Multiplicando a tensão pela área da seção transversal A, obtêm-se a força P, e multiplicando a deformação pelo comprimento L obtêm-se a elongação ∆. O diagrama forçaelongação (P-∆) corresponde ao diagrama tensão-deformação (σ-ε). P We*=U* dP1 We=U P1 0 ∆1 d∆1 ∆ De acordo com a figura acima, quando a força P1 é acrescida de dP1, a barra se alonga de d∆1, logo o trabalho incremental produzido é: dWe = (P1 + dP1 ) d∆1 = P1 d∆1 + dP1 d∆1 Desprezando os efeitos de ordem superior, dP1 d∆1, trabalho incremental produzido é: dWe = P1 d∆1 Partindo do princípio da conservação da energia, We = U, o incremento de energia de deformação é: ∆ dU = P1 d∆1 , We = U = ∫ P1 d∆1 0 A equação acima pode ser interpretada geométricamente como sendo a área sob a curva força-deslocamento. A derivada com relação ao limite superior fornece: dU =P d∆ (primeiro Teorema de Castigliano) 72 Curso de Mecânica dos Sólidos II Uma expressão análoga pode ser obtida quando a elongação ∆1, é acrescida de d∆1, causando um aumento da força dP1, logo o trabalho incremental produzido, definido como trabalho complementar, é: dWe* = dP1 (∆1 + d∆1 ) = dP1 ∆1 + dP1 d∆1 Desprezando os efeitos de ordem superior, dP1 d∆1 e partindo do princípio da conservação da energia, We* = U* , o incremento de energia de deformação complementar é: P dU * = ∆1 dP1 , We* = U * = ∫ ∆1 dP1 0 A equação acima pode ser interpretada geométricamente como sendo a área sobre a curva força-deslocamento da direção da força P. A derivada com relação ao limite superior fornece: dU * = ∆ (segundo Teorema de Castigliano) dP Generalizando para o caso de várias forças externas sendo aplicadas num corpo estáticamente determinado, a energia de deformação complementar U* é definida como sendo função destas forças: U * = U * ( P1 , P2 , L, Pk , L, Pn ; M1 , M 2 , L, M j , L, M p ) Logo, um incremento infinitesimal na energia δU* é dada pelo diferencial: δU * = ∂U * ∂U * ∂U * ∂U * δP1 + δP2 + L + δPk + L + δM j + L ∂P1 ∂P2 ∂Pk ∂M j Se for considerado que somente a força Pk é incrementada de δPk, a energia de deformação complementar será incrementada de: Método da Energia 73 ∂U * δU = δPk ∂Pk * A energia de deformação total é: U *total = U * + ∂U * δPk ∂Pk E considerando que somente a força Pk é incrementada de δPk, o trabalho complementar total devido a este incremento é: We *total = We* + δPk ∆ k Do princípio de conservação de energia, δU* = δWe*: δPk ∆ k = ∂U * δPk , ∂Pk ∆k = ∂U * ∂Pk Generalizando a equação acima para o caso da aplicação de um momento Mj: θj = ∂U * ∂M j onde θj é a rotação na direção do momento Mj. 13.5 – Teorema de Castigliano para deflexão O teorema de Castigliano é aplicado em sistemas elásticos lineares com pequenas deformações. Neste caso, a energia de deformação é igual a energia de deformação complementar, U = U*. 74 Curso de Mecânica dos Sólidos II Energia de deformação complementar U*=U Pk Energia de deformação U 0 ∆k O segundo teorema de Castigliano é a consequência desta igualdade, onde temos: ∂U * ∂U ∆k = = ∂Pk ∂Pk ∂U * ∂U θj = = ∂M j ∂M j , Como anteriormente, U é função das forças externas aplicadas, e ∆k é a deflexão (ou θk é a rotação) na direção da força Pk (ou momento Mk). O primeiro teorema de Castigliano, permanece o mesmo como visto anteriormente considerando a não linearidade do material. Neste caso, U é função dos deslocamentos , e Pk é a força (ou Mk é o momento) aplicada na direção da deflexão ∆k (ou rotação θk). Pk = ∂U ∂∆ k , Mk = ∂U ∂θ k Ex: Aplicando o teorema de Castigliano, determinar as deflexões e rotações obtidas para uma barra carregada axialmente, um eixo circular em torção e uma viga engastada livre com uma carga na extremidade livre. Barra carregada axialmente (P=constante): U= P2 L 2AE onde, ∆= ∂U P L = ∂P A E Eixo circular em torção (T=constante): T2L U= 2GJ onde, ϕ=θ= ∂U T L = ∂T G J Método da Energia 75 Viga engastada livre com uma carga na extremidade livre: P 2 L3 3 P 2 L U= + 6EI 5AG onde, ∂U P L3 6 P L ∆= = + ∂P 3 E I 5 A G Ex: Determine a deflexão vertical do ponto B na estrutura abaixo, causada pela aplicação da força P = 3 N usando o segundo teorema de Castigliano. Assumir que cada barra tem seção transversal constante, com AAB = A1 = 0,125 mm2 e ABC = A2 = 0,219 mm2. Tome E = 2.1 1011 N/m2. A P=3N 100 mm B 200 mm C 200 mm Do equilíbrio estático no ponto B, temos: PAB P cos θ = B θ α cos α = PBC → ∑ F x = 0 , - PAB cosθ + PBC cosα = 0 , − PAB 2 ↑ ∑ F y = 0 , PAB senθ + PBC senα - P = 0 , PAB 1 PAB = 5 P 3 5 5 2 5 , sen θ = 1 5 2 2 , sen α = 2 2 + PBC 2 2 5 = 0 , PAB = PBC 2 2 2 + PBC 2 2 2 = P , PBC = P, 2 3 76 Curso de Mecânica dos Sólidos II A energia de deformação elástica do sistema é: 2 2 Pk 2 L k P L P L U=U =∑ = 1 1 + 2 2 2 A1 E 1 2 A 2 E 2 k =1 2 A k E k * 2 Derivando a expressão de energia com relação a P, força atuante em B, temos a deflexão vertical no ponto B. ∆B = ∂P1 ∂P P L ∂P1 P L ∂P2 5 2 2 ∂U = 1 1 + 2 2 = e 2 = , com ∂P A1 E1 ∂P A 2 E 2 ∂P ∂P 3 ∂P 3 Substituindo os valores na expressão acima, com L1 = 100√5 mm e L2 = 200√2 mm. ∆B = 5P / 3 .100 5 5 0,125 . 210.103 3 + 2 2 P / 3 . 200 2 2 2 0,219 . 210.10 3 3 ∆B = 0.0306 mm 12.6 – Teorema de Castigliano para deflexão em vigas Ex: Usando o teorema de Castigliano, determine a deflexão e a rotação da extremidade livre da viga em balanço com carregamento uniformente, com EI = constante. wo A L Como nenhuma força é aplicada onde deve ser determinada a deflexão, para a utilização do teorema de Castigliano, uma força fictícia RA = 0 deve ser aplicada neste ponto, oque permite determinar ∂U . Logo. ∂R A wo M RA x Método da Energia M=− 77 wox2 + R Ax 2 M2 dx 02EI L U=∫ ∆A , e ∂M =x ∂R A L M ∂M ∂U dx =∫ ∂R A 0 E I ∂R A ∆= ∂U 1 L w ox 2 − ( + x ) dx = = + R x ∫ A ∂R A E I 0 2 ∆A = − w o L4 8EI (direção contrária a direção da aplicação da força RA) Como nenhum momento é aplicado onde deve ser achada a rotação, para a utilização do teorema de Castigliano, um momento fictício MA = 0 deve aplicado ser neste ponto, oque permite determinar ∂U . Logo. ∂M A wo MA M x wox2 M=− − MA 2 M2 U=∫ dx 02EI L , e θ= ∂M = −1 ∂M A ∂U L M ∂M dx =∫ ∂M 0 E I ∂M A θA = ∂U 1 L wox 2 − = − M A ( −1) dx ∫ 2 ∂M A E I 0 θA = w o L3 6EI (mesma direção que o momento fictício MA) Ex: Determine o deslocamento vertical do ponto C para a viga mostrada abaixo. EI é constante. 6 kN/m A C 4m RA B 2m RB RC 78 Curso de Mecânica dos Sólidos II ∑MB = 0, RA = RC +9 2 TRECHO AB (0 < x < 4): R M = −3x 2 + C + 9 x 2 ∂M x = ∂R C 2 e TRECHO BC (0 < x < 2): M = R C (2 − x ) − 3 ( 2 − x ) 2 M2 U=∫ dx 02EI L ∆C = ∆C = , e ∂M = (2 − x) ∂R C L M ∂M ∂U dx =∫ ∂R C 0 E I ∂R C ( ) RC 1 2 1 4 x 2 − + x + 9 x ( ) dx + R C (2 − x ) − 3 (2 − x ) 2 ( 2 − x ) dx 3 x ∫ ∫ 2 EI0 E I 0 2 ∆C = − 12 (direção contrária a direção da aplicação da força RC) EI 12.7 – Teorema de Castigliano para vigas estaticamente indeterminadas Ex: Considere a viga uniformemente carregada, fixa numa extremidade e apoiada na outra, como mostrado abaixo. Determine a reação em A. wo A M x RA M=− wox2 + R Ax 2 M2 dx 02EI L U=∫ ∆A = , ∆= e ∂M = +x ∂R A ∂U L M ∂M =∫ dx ∂P 0 E I ∂P 1 L wox 2 ∂U − ( + x ) dx = 0 , ∆A = + R x ∫ A E I 0 2 ∂R A Método da Energia − 79 w o L4 R A L3 + = 0, 8EI 3EI RA = + 3 w oL 8 Ex: Determine para a viga apresentada abaixo as reações de apoio. 6 kN/m B C A RA 2m 2m RB ∑MA = 0 , RC = − ↑ ∑ Fy = 0 , R A = − RC RB +3 2 RB +9 2 TRECHO AB (0 < x < 2): M = −3x 2 + 9x − RB x 2 ∂M x =− ∂R B 2 e TRECHO BC (0 < x < 2): RB x − 3x − R B + 6 2 M= M2 dx 02EI L U=∫ ∆B = , ∆B = e ∂M x = −1 ∂R B 2 L ∂U M ∂M dx = 0 =∫ ∂R B 0 E I ∂R B RB x 1 2 1 2 RB x 2 ) dx x − 3x − R B + 6 ( − 1) dx − 3 x + 9 x − x ( − + ∫ ∫ E I 0 2 2 E I 0 2 2 RB = 7,5 kN , RA = 5,25 kN , RC = - 0,75 kN Ex: Determine para a viga abaixo as reações de apoio. 80 Curso de Mecânica dos Sólidos II 6 000 kgf/m C D A MA 1,8 m 1,8 m RA B MB 1,8 m RB Devido a simetria: RA = RB = 5400 kgf e MA = MB. TRECHO AC (0 < x < 1,8m): M = − M A + 5400 x ∂M = −1 ∂M A e TRECHO CD (0 < x < 1,8m): x2 M = − M A + 5400 (1,8 + x ) − 6000 2 ∂M = −1 ∂M A e TRECHO DB (0 < x < 1,8m): M = − M A + 5400 (1,8 − x ) L M2 U=∫ 02 E I θA = dx , θA = e ∂M = −1 ∂M A L ∂U M ∂M dx = 0 =∫ ∂M A 0 E I ∂M A ( ) 1 1,8 1 1,8 2 ( − M + 5400 x ) ( − 1 ) dx + ∫ ∫ − M A + 5400(1,8 + x ) − 3000x ( −1) dx + A EI 0 EI 0 1 1,8 ∫ (− M A + 5400(1,8 − x )) ( −1) dx EI 0 MA = MB = 7020 kgf m 12.8 – Método do trabalho virtual para deflexões É possivel imaginar que um sistema mecânico real ou estrutural em equilíbrio estático seja deslocado arbitrariamente de forma coerente com suas condições de contorno ou vínculos. Durante esse processo, as forças reais que atuam sobre o sistema se movem em Método da Energia 81 deslocamentos imaginários ou virtuais. Alternativamente, forças virtuais ou imaginárias, em equilíbrio com o sistema dado, podem provocar deslocamentos reais cinematicamente admissíveis. Em qualquer dos casos pode-se formular o trabalho imaginário ou virtual realizado. Aqui, a discusão ficará limitada à consideração de forças virtuais com deslocamentos reais. Para forças e deslocamentos que ocorrem da maneira acima, o princípio da conservação da energia permanece válido. A variação no trabalho total devido a essas perturbações deve ser nula. Logo: δWe + δWi = 0 ou δWe = − δWi onde δWe e δWi são as variações dos trabalhos virtuais externos e internos. É mais conveniente substituir a variação do trabalho virtual interno δWi pela variação do trabalho virtual externo nos elementos internos δWei. As quantidades são numericamente iguais porém de sinais opostos. Logo: δWe = δWei A relação acima exprime o princípio do trabalho virtual. Para sistemas de corpo rígido, o termo δWei é igual a zero, enquanto que nos sistemas elásticos δWei = δU. Para a determinação da deflexão de qualquer ponto do corpo, devido a deformações quaisquer que ocorram em um corpo, a equação acima pode ser colocada de forma mais adequada. Para isto, considere um corpo como mostrado abaixo, no qual é procurada a deflexão de um ponto A, na direção A-B, causada pela deformação do corpo. A equação do trabalho virtual pode ser formulada pelo emprego da seguinte sequência de argumentos: Primeiro, aplicar ao corpo sem carga uma força imaginária ou virtual δF, atuando na direção A-B, a qual causa forças internas através do corpo. Essas forças internas, indicadas por δf, podem ser achadas nos sistemas estaticamente determinados. 82 Curso de Mecânica dos Sólidos II A deformação em um elemento típico devido à s forças A força em um elemento típico é P2 P1 ∆L A A B δF B δF Posição final do ponto A O deslocamento do ponto A na direção A-B é ∆ Em seguida, com a força virtual sobre o corpo, aplicar as forças reais, ou introduzir as deformações especificadas, tal como devido a uma variação na temperatura. Isso causa deformações internas reais ∆L, que podem ser calculadas. Devido a essas deformações, o sistema de força virtual realiza trabalho. Desta forma, como o trabalho externo realizado pela força virtual δF, movendo-se de ∆ na direção dessa força é igual ao trabalho total realizado nos elementos internos pelas forças virtuais internas δf, movendo-se das distâncias reais respectivas ∆L, a forma especial da equação do trabalho virtual se torna: δF ∆ = ∑ δf ∆L Como todas as forças virtuais alcançam seus valores completos antes de impostas as deformações reais, nenhum fator metade (1/2) aparece na equação. A soma, ou em geral, a integral é necessária no segundo membro da equação acima para indicar que todo o trabalho interno deve ser incluido. É particularmente interessante escolher δF igual a unidade: 1 ∆ = ∑ f ∆L onde: ∆ = deflexão real de um ponto na direção da força virtual unitária aplicada, f = forças internas causadas pela força virtual unitária, ∆L = deformações internas reais de um corpo. As deformações reais podem decorrer de qualquer causa, com as deformações elásticas sendo um caso especial. As forças de tração e os alongamentos dos membros são Método da Energia 83 considerados positivos. Um resultado positivo indica que a deflexão ocorre na mesma direção que a força virtual aplicada. Na determinação das relações angulares de um membro, é usado um conjugado unitário no lugar da força unitária. Na prática, o procedimento do uso da força unitária ou do conjugado unitário, juntamente com o trabalho virtual, denomina-se método da carga unitária fictícia. 12.9 – Equações do trabalho virtual para sistemas elásticos A equação do trabalho virtual pode ser específica para cada tipo de problema, tanto para cargas axiais como para membros em flexão. Treliças: Uma força unitária virtual deve ser aplicada em um ponto, na direção da deflexão a ser determinada. Se as deformações reais são elásticas lineares e decorrem apenas de deformações axiais, ∆L = PL , logo a equação do trabalho virtual para este caso é: AE n P L 1 ∆ = ∑ pi i i i =1 A i E i onde: pi = força axial em um membro devido à força unitária virtual Pi = força no mesmo membro devido aos carregamentos reais. A soma extende-se a todos os membros da treliça. Vigas: Da aplicação de uma força unitária virtual na direção da deflexão desejada, surgirão momentos fletores internos nas várias seções designados por m. Ao se aplicar as forças reais, os momentos fletores giram as seções da viga de dθ = Mdx/(EI) radianos. Assim, o trabalho realizado em um elemento da viga pelos momentos virtuais m é mMdx/(EI). Integrando essa equação ao longo do comprimento da viga, obtemos o trabalho externo nos elementos internos. Logo a equação do trabalho virtual para este caso é: L m M dx 1x ∆ = ∫ 0 EI 84 Curso de Mecânica dos Sólidos II m m M dx M dx Mdx/EI Uma expressão análoga pode ser usada para achar a rotação angular de uma seção particular. Para esse caso, no lugar de se aplicar uma força unitária virtual, aplica-se um conjugado unitário virtual na seção invertigada. L m M dx 0 EI 1x θ = ∫ Ex: Achar a deflexão vertical do ponto B da treliça de aço com juntas de pino, como mostrado abaixo, devido à s seguintes causas: (a) deformação elástica dos membros, (b) encurtamento de 3 mm do membro AB por meio de um tensor, e (c) queda na temperatura de 60°C, ocorrendo no membro BC. O coeficiente de expansão térmica do aço é α = 0,000012 mm/mm/°C. Desprezar a possibilidade de flambagem lateral do membro em compressão. Tome E = 21.103 kgf/mm2. 1,25 m A A = 100 mm2 L = 1,60m 1m B 1500 kgf 1m C A = 160 mm2 L = 1,60m 1 – Determinar os esforços internos virtuais, pi: Método da Energia 85 RAy A pAB RAx 1 kgf Carregamento virtual B RCx pBC C RCy Equilíbrio estático no ponto B: pAB 1 kgf θ θ 1,25 1,6 sen θ = 1 1,6 B pBC 1,25 1,25 → ∑ F x = 0 , p AB . − p BC = 0, 1,6 1,6 ↑ ∑ F y = 0 , − p AB . cos θ = 1 1 − p BC +1= 0, 1,6 1,6 pAB = pBC pAB = 0,8 (compressão), pBC = 0,8 (tração) 2 – Determinar os esforços internos reais, Pi: RAy A PAB RAx B 1500 kgf RCx PBC C RCy Carregamento real 86 Curso de Mecânica dos Sólidos II Equilíbrio estático no ponto B: PAB θ B θ 1500 kgf PBC 1,25 1,25 − PBC = 0, → ∑ F x = 0 , PAB . 1,6 1,6 PAB = PBC 1 1 − PBC − 1500 = 0 , PAB = -1200 (tração), ↑ ∑ F y = 0 , − PAB . 1,6 1,6 PBC = -1200 (compressão) Caso (a): Membro p (kgf) P (kgf) L (mm) E (kgf/mm2) A (mm2) p PL/EA AB - 0,8 + 1200 1600 21000 100 - 0,7314 BC + 0,8 - 1200 1600 21000 160 - 0,4571 Σ - 1,1886 ∆ = - 1,1886 mm (sentido contrário a força unitária) Caso (b): 1 x ∆ = (- 0,8)(- 3) + (+ 0,8)(0) ∆ = + 2,4 mm (mesmo sentido que a força unitária) Caso (c): ∆LBC = α L ∆T = 0,000012 . 1600 . (-60) = - 1,152 mm 1 x ∆ = (- 0,8)(0) + (+ 0,8)(-1,152) ∆ = - 0,9216 mm (sentido contrário a força unitária) Ex: Determine o deslocamento vertical do ponto C da treliça de aço abaixo. Considere as seções transversais de cada membro A = 400 mm2 e E = 200 GPa. Método da Energia 87 D C 2m A 2m 2m B 100 kN 1- Determinação dos esforços internos virtuais devido a uma força virtual vertical no ponto C: 1 kN D RDx C RDy RAx 2m A 2m 2m RAy ∑ MA = 0 , → ∑ Fx = 0 , RDx . 2 – 1 . 2 = 0 , RAx – RDx = 0 , RDx = 1 kN RAx = 1 kN Equilíbrio estático no ponto D: RDx D pDC RDy → ∑ F x = 0 , - RDx + pDC = 0 , ↑ ∑ Fy = 0 , RDy = 0 , RAy = 1 kN pDC = 1 kN (tração) B 88 Curso de Mecânica dos Sólidos II Equilíbrio estático no ponto A: pAC A RAx θ cos θ = 2 2 sen θ = 2 2 pAB RAy ↑ ∑ F y = 0 , R Ay − p AC . 2 = 0, 2 p AC = 2 kN (compressão) 2 → ∑ F x = 0 , R Ax − p AC . + p AB = 0 , pAB = 0 2 Equilíbrio estático no ponto C: 1 kN pDC C θ θ pBC pAC → ∑ F x = 0 , − p DC + p AC . 2 2 + p BC = 0 , pBC = 0 2 2 Determinação dos esforços internos reais devido à força real vertical no ponto B: D RDx C 0.6 L RAx A 2m 2m RAy ∑ MA = 0 , → ∑ Fx = 0 , 2m 100 kN RDx . 2 – 10 . 4 = 0 , RAx – 200 = 0 , B RDx = 200 kN RAx = 200 kN ↑ ∑ F y = 0 , RAy – 100 = 0 , RAy = 100 kN Método da Energia 89 Equilíbrio estático no ponto A: PAC RAx A θ PAB RAy ↑ ∑ F y = 0 , R Ay − p AC . 2 = 0, 2 → ∑ F x = 0 , R Ax − p AC . 2 + p AB = 0 , PAB = - 100 kN (compressão) 2 PAC = 100 2 kN (compressão) Equilíbrio estático no ponto C: PDC C θ θ PAC ↑ ∑ F y = 0 , PAC . PBC 2 2 − PBC . = 0, 2 2 PBC = 100 2 kN (tração) 2 2 → ∑ F x = 0 , − PDC + PAC . + PBC =0 , 2 2 PDC = 200 kN (tração) Membro p P (N) L (mm) A (m2) E (N/mm2) p.PL/AE AB 0 -100.103 4.103 400 200.103 0 BC 0 100 2 .103 2 2 .103 400 200.103 0 AC - 2 - 100 2 .103 2 2 .103 400 200.103 7,07 CD 1 200.103 2.103 400 200.103 5 Σ 12,07 ∆Cv = 12,07 mm Ex: Achar a deflexão no meio do vão de uma viga em balanço, carregada como mostrado abaixo. O produto EI da viga é constante. 90 Curso de Mecânica dos Sólidos II Carregamento real wox/L Carregamento virtual L/2 wo x - w ox 3 x w ox x M=− =− 2 L 3 6L Diagrama de m (0 ≤ x ≤ L) (0 ≤ x ≤ L/2) L m = −1 x − 2 L m M dx 1x ∆ = ∫ 0 ∆A = 1 kgf Diagrama de M m=0 L/2 A EI (L/2 ≤ x ≤ L) = 1 L L w 0 x 3 1 L / 2 w 0 x 3 dx x dx ( 0 ) − + − + − ∫ ∫ 6L E I 2 6 L EI 0 l/2 49 w o L4 3480 E I Observação: Este mesmo resultado pode ser obtido com o teorema de Castigliano, onde uma força fictícia P deve ser aplicada em A. Logo a equação de momento seria M=− ∂M L wox3 L = − x − , que é m para (x ≥ L/2). − P x − para (x ≥ L/2), assim ∂P 2 6L 2 Ex: Achar a deflexão horizontal provocada pela força concentrada P, da extremidade da barra curva mostrada abaixo. A rigidez EI da barra é constante. Desprezar o efeito da força cortante sobre a deflexão. Método da Energia 91 Rsenθ 1 kgf m=-R(1-cosθ) M=-PRsenθ R(1-cosθ) P θ R P θ Se o raio de curvatura de uma barra é grande em comparação com as dimensões da seção transversal, as fórmulas comuns de deflexão de vigas podem ser usadas, e dx pode ser substituido por ds. Neste caso, ds = R dθ. L m M dx 1x ∆ = ∫ 0 ∆= + P R3 2EI EI [ ] π / 2 − R (1 − cos θ) (− PR sen θ)R dθ = ∫ 0 EI 92 Curso de Mecânica dos Sólidos II 13 - MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS ELEMENTOS FINITOS PARA TRELIÇAS 13.1 – Matriz de rigidez de um elemento de barra Considere um elemento de barra de comprimento L, módulo de elasticidade E, e seção transversal A. As duas extremidades são denotadas pontos nodais ( ou simplesmente nós) 1 e 2. Sobre estes nós estão atuando as forças (externas ao elemento) P1 e P2, respectivamente. Correspondendo a estas duas forças, há dois deslocamentos u1 e u2 chamados graus de liberdade. 1 E, A P1, u1 L 2 P2, u2 x Para um elemento de barra com tensão axial constante ou deformação axial constante, o deslocamento axial pode ser assumido variar linearmente em x: u(x) = a1 + a2x (1) com a1 e a2 constantes à serem determinadas pela imposição das condições de contorno: p/ x = 0, u(x) = u(0) = u1 = a1 p/ x = L, u(x) = u(L) = u2 = a1+ a2L, u − u1 a2 = 2 L Substituindo os resultados de a1 e a2 em (1), temos: u(x) = f1(x) u1 + f2(x) u2 onde f1(x) e f2(x) são ditas funções de forma e são da forma: (2) Método dos Elementos f1 ( x ) = 1 − x L 93 e f 2 (x) = x L (3) Para o caso de tensões e deformações uniaxiais, a deformação é definida como: ε= ∂u ∂x (4) ε= ∂f1 ( x ) ∂f ( x ) u1 + 2 u 2 = f1' ( x ) u1 + f 2' ( x ) u 2 ∂x ∂x (5) ou: A força axial atuando ao longo do elemento é: P=σA=EεA=EA ou: [ ∂u ∂x P = E A f1' ( x ) u 1 + f 2' ( x ) u 2 (6) ] (7) A expressão de energia de deformação para o caso de barras solicitadas axialmente é: L P2 U= ∫ 02EA dx (8) Substituindo Eq. (7) na Eq. (8), temos: U= [ ] 2 EAL ' f1 ( x ) u1 + f 2' ( x ) u 2 dx ∫ 2 0 Aplicando o primeiro teorema de Castigliano, (9) ∂U = P , temos: ∂u 94 Curso de Mecânica dos Sólidos II P1 = [ ] ∂U 2 E A L ' = f1 ( x ) u 1 + f 2' ( x ) u 2 f1' ( x ) dx ∫ ∂u 1 2 0 ou: L L P1 = E A ∫ f1' ( x ).f1' ( x ) dx u1 + E A ∫ f1' ( x ).f 2' ( x ) dx u 2 0 0 (10) e: P2 = [ ] ∂U 2 E A L ' ' ' = ∫ f1 ( x ) u 1 + f 2 ( x ) u 2 f 2 ( x ) dx ∂u 2 2 0 ou: L L P2 = E A ∫ f 2' ( x ).f1' ( x ) dx u1 + E A ∫ f 2' ( x ).f 2' ( x ) dx u 2 0 0 (11) As Eq. (10) e (11) colocadas em forma matricial são: P1 k 11 = P2 k 21 k 12 u 1 k 22 u 2 ou {P} = [k ] {u} (12) onde [k] é a matriz de rigidez do elemento de barra com seus coeficientes definidos da seguinte maneira: L K ij = E A ∫ f i' ( x ).f j' ( x ) dx (13) 0 Usando Eq. (3), a matriz de rigidez elementar é: 1 − 1 L − 1 1 [k] = E A (14) 13.2 – Matriz de rigidez de um elemento de barra num sistema arbitrário A matriz de rigidez de um elemento de barra dada pela Eq. (14) é obtida quando o elemento está disposto paralelamente ao sistema de eixos x-y. Para os casos mais gerais de Método dos Elementos 95 treliças, as barras estão dispostas aleatóriamente no plano x-y. Assim, é necessário determinar uma matriz de rigidez genérica, fazendo um ângulo φ com o eixo x: P2y, v2 v2 P2 , u 2 2 P2x, u2 u1 y v1 y x P1x, u1 φ E, A, L v1 u1 1 φ u1 x φ v1 v1 P1y, v1 P1 , u1 A relação entre os deslocamentos u e v medidos no sistema de coordenadas x-y com u e v medidos no sistema de coordenadas x − y para cada nó é: u1 = u 1 cos φ + v 1 sen φ u 2 = u 2 cos φ + v 2 sen φ v 1 = − u 1 sen φ + v 1 cos φ (15) v 2 = − u 2 sen φ + v 2 cos φ As relações dadas pelas Eqs.(15) colocadas em forma matricial são: u1 c v − s 1 = u 2 0 v 2 0 s 0 c 0 0 c 0 −s 0 u1 0 v 1 ou s u 2 c v 2 {q} = [T ] {q} (16) com c = cos φ, s = sen φ e [T] é a matriz de transformação. Uma mesma relação pode ser obtida considerando forças não existentes na direção y , P1y e P2 y : 96 Curso de Mecânica dos Sólidos II P1x c P1y − s = P 2 x 0 P2 y 0 s 0 c 0 0 c 0 −s 0 P1x 0 P1y ou s P2x c P2 y {P}= [T ]{P} (17) A matriz de rigidez dada pela Eq. (14) pode ser expandida considerando os deslocamentos v 1 e v 2 , e forças inexixtentes, P1y e P2 y : P1x 1 P1y E A 0 = L − 1 P2 x P2 y 0 0 −1 0 0 0 1 0 0 0 u 1 0 v 1 ou 0 u 2 0 v 2 {P}= [k]{q} (18) Substituindo as Eq. (16) e Eq. (17) na Eq. (18), temos: [T ] {P} = [k] [T] {q} (19) {P} = [T ]−1 [k ][T ] {q} = [T ]t [k ] [T] {q} (20) ou: Logo, a matriz de rigidez de um elemento de barra obtida em um sistema de coordenadas arbitrário é: c2 E A cs t [k] = [T] k [T] = L − c 2 − cs [] cs s2 − cs − s2 − c2 − cs c2 cs − cs − s2 cs s2 13.3 – Força axial nos elementos É possível verificar que o elemento está em equilíbrio fazendo: P1x cos φ + P1y sen φ + P2x cos φ + P2y sen φ = 0 ou: (21) Método dos Elementos 97 P1 + P2 = 0 (22) Portanto, determinando P1 ou P2 é possível verificar se o elemento está sendo tracionado ou comprimido através da Eq. (22): c2 P1x P 1y E A cs = P L − c 2 2 x P2 y − cs cs s2 − cs − s2 − c2 − cs c2 cs − cs u1 − s 2 v1 cs u 2 s 2 v 2 (23) ou: [ ] [ ] P1x = EA 2 c (u1 − u 2 ) + cs (v 1 − v 2 ) L P1y = EA 2 s (v 1 − v 2 ) + cs (u 1 − u 2 ) L (24) Da Eq. (22) tem-se que: P1 = P1x c + P1y s ou: [ ] [ ] P1 = EA EA 2 s s (v 1 − v 2 ) + c s 2 (u1 − u 2 ) c c 2 (u1 − u 2 ) + c 2 s (v 1 − v 2 ) + L L P1 = EA 2 EA c + s 2 [c (u 1 − u 2 ) + s (v 1 − v 2 )] = [c (u1 − u 2 ) + s (v1 − v 2 )] L L ( ) (25) Determinados os deslocamentos nodais u1, v1, u2 e v2, é possível verificar se o elemento de barra está sendo tracionado ou comprimido usando a Eq. (25). 13.4 – Técnica de montagem da matriz de rigidez global Para demostrar como as matrizes elementares são montadas, considere a treliça com barras de comprimento L e rigidez axial EA. 98 Curso de Mecânica dos Sólidos II 3 y x 120° P 2 60° 1 R3y, v3 3 R1x, u1 R3x, u3 1 2 R1y, v1 R2x, u2 R2y, v2 Das condições de contorno tem-se: u1 = 0, v2 = 0, u3 = 0 e v3 = 0, e R2 = 0 e R3 = P. As matrizes elementares são: Elemento 1-2: P1x 1 P 1y E A 0 = P L − 1 2x P2 y 0 0 −1 0 0 0 1 0 0 0 u1 4 0 v1 E A 0 = 0 u 2 4 L − 4 0 v 2 0 Elemento 2-3: P2 x 1 − 3 −1 3 u 2 P 3 3 − 3 v 2 2y E A − 3 P = 3 1 − 3 u 3 3x 4 L − 1 P3y −3 − 3 3 v 3 3 0 −4 0 0 0 4 0 0 0 u 1 0 v 1 0 u 2 0 v 2 Método dos Elementos 99 Elemento 1-3: P1x 1 3 − 1 − 3 u1 P 3 − 3 − 3 v1 1y E A 3 = P 1 3 u 3 3x 4 L − 1 − 3 P3y 3 3 v 3 − 3 − 3 com: Elemento φ c s c2 cs s2 1-2 0° 1 0 1 0 0 2-3 120° − 12 3 1 − 3 1 3 1-3 60° 2 2 1 2 4 4 3 3 4 3 4 4 4 Assim como os elementos estão em equilíbrio, os nós também o estão. Logo, a soma das forças externas da treliça aplicadas em um nó deve ser igual a soma das forças internas dos elementos neste nó. Assim: Nó 1: R1x – P1x (elemento 1-2) – P1x (elemento 1-3) = 0 R1y – P1y (elemento 1-2) – P1y (elemento 1-3) = 0 Nó 2: R2x – P2x (elemento 1-2) – P2x (elemento 2-3) = 0 R2y – P2y (elemento 1-2) – P2y (elemento 2-3) = 0 Nó 3: R3x – P3x (elemento 1-3) – P3x (elemento 2-3) = 0 R3y – P3y (elemento 1-3) – P3y (elemento 2-3) = 0 Fazendo a soma em cada um dos nós usando as matrizes elementares, obtêm-se a matriz de rigidez global da treliça: 100 Curso de Mecânica dos Sólidos II R 1x R 1y R 2 x R 2y R 3x R 3y =? 4 + 1 −4 3 0 =0 3 0 0 3 = P E A − 4 0 4 +1 − 3 = = ? 4 L 0 − 3 0 3 −1 − 3 −1 = ? 3 = ? −3 3 − 3 − 3 −1 − 3 −1 3 1+1 3− 3 − 3 u1 = 0 − 3 v1 = ? 3 u 2 = ? − 3 v 2 = 0 3 − 3 u 3 = 0 3 + 3 v 3 = 0 Das equações 2 e 3 é possível determinar os deslocamentos restantes: 0= EA (3.v 1 + 0.u 2 ) , 4L v1 = 0 P= EA (0.v 1 + 5.u 2 ) , 4L u2 = 4PL 5EA E das equações 1, 4, 5 e 6 é possível determinar as forças aplicadas nos nós: ( 3.v 1 − 4.u 2 , ) R 1x = − ( ) R 2y = − R 1x = EA 4L R 2y = EA 0.v 1 − 3.u 2 , 4L R 3x = EA − 3.v 1 − 1.u 2 , 4L R 3y = EA − 3. v 1 + 3.u 2 , 4L 4P 5 3P 5 ( ) R 3x = − P 5 ( ) R 3y = 3P 5 Para verificar se os valores das reações estão corretos, basta verificar se a treliça está em equilíbrio: ↑ ∑ Fy = 0 , R2y + R3y = − 3P 3P + =0 5 5 → ∑ Fx = 0 , R1x + R3x + P = 0 , − (ok) 4P P − + P (ok) 5 5 ∑ M 1 = 0 , R2y.L + R3y.L.cos 60 – R3x.L.sen 60 = − 3P 3P 1 P 3 L+ L + L = 0 (ok) 5 5 2 5 2 Os esforços internos nas barras são encontrados usando a Eq. (25): Método dos Elementos 101 P1(1−2 ) = EA [c. (u1 − u 2 ) + s. (v1 − v 2 )] L P1(1−2) = EA 4PL + 0. (0 − 0) , 1. 0 − L 5EA P1( 2−3) = EA [c. (u 2 − u 3 ) + s. (v 2 − v 3 )] L P1( 2−3) = EA 1 4PL − 0 + 3 . (0 − 0) , − 2 . 2 L 5E A P1(1−3) = EA [c. (u1 − u 3 ) + s. (v1 − v 3 )] L P1(1−3) = E A 1 . (0 − 0 ) + 3 2 . (0 − 0) , 2 L P1(1−2) = − 4P 5 (tração) P1( 2−3) = − 2P 5 (tração) P1(1−3) = 0 13.5 – Exemplos Ex.1 - Considere a treliça articulada abaixo com E = 200 GPa e A = 600 mm2. Determine pelo método dos elementos finitos os deslocamentos dos nós e os esforços internos das barras. 5 kN 3 4 2m y x 2 1 1,5 m 1,5 m R4y, v4 R3y, v3 R3x, u3 R4x, u4 3 φ1 R1x, u1 4 φ2 2 R2x, u2 1 R1y, v1 R2y, v2 102 Curso de Mecânica dos Sólidos II As condições de contorno são: u2 = 0, v2 = 0, u4 = 0, v4 = 0. Sabe-se também que R1x = 0, R1y = 0, R3x = 0, : R3y = - 5000. E as matrizes elementares são: Elemento 1-2: P1x 25 P 1y E A 0 = P2x 25 L − 25 P2 y 0 0 − 25 0 0 0 25 0 0 0 u 1 0 v 1 0 u 2 0 v 2 Elemento 1-3: − 9 − 12 u 1 P1x 12 9 P 16 − 12 − 16 v 1 1y E A 12 = P − − u 3 9 12 9 12 25 L 3x P3y 16 v 3 − 12 − 16 12 Elemento 2-3: P2x − 12 − 9 12 u 2 9 P − 12 16 12 − 16 v 2 2y E A P = 9 12 9 12 u 3 − − 25 L 3 x P3y 12 − 16 − 12 16 v 3 Elemento 3-4: P3x 25 P 3y E A 0 = P4x 25 L − 25 P4 y 0 0 − 25 0 0 0 25 0 0 0 u 3 0 v 3 0 u 4 0 v 4 com: Elemento φ c s c2 cs s2 1-2 0° 1 0 1 0 0 1-3 φ1 3 2-3 φ2 − 35 3-4 0° 1 5 4 4 5 5 0 9 9 25 25 1 12 25 − 12 25 0 16 16 25 25 0 Método dos Elementos 103 Impondo o equilíbrio estático nos nós, temos: Nó 1: R1x – P1x (elemento 1-2) – P1x (elemento 1-3) = 0 R1y – P1y (elemento 1-2) – P1y (elemento 1-3) = 0 Nó 2: R2x – P2x (elemento 1-2) – P2x (elemento 2-3) = 0 R2y – P2y (elemento 1-2) – P2y (elemento 2-3) = 0 Nó 3: R3x – P3x (elemento 1-3) – P3x (elemento 2-3) – P3x (elemento 3-4) = 0 R3y – P3y (elemento 1-3) – P3y (elemento 2-3) – P3y (elemento 3-4) = 0 Nó 4: R4x – P4x (elemento 3-4) = 0 R4y – P4y (elemento 3-4) = 0 Fazendo a soma em cada um dos nós usando as matrizes elementares, obtêm-se a matriz de rigidez global da treliça: 12 25 + 9 − 25 0 2,5 2,5 2,5 3 R 1x = 0 16 12 0 0 2,5 2,5 R1y = 0 25 + 9 − 25 − 12 0 R 2x = ? 2,5 3 2,5 2,5 16 12 = R ? − 0 0 E A 2y 2,5 2,5 R =0 = 3 x 12 25 L − 9 − 12 −9 2,5 2,5 2,5 2,5 R 3y = −5000 12 − 16 − 16 − 12 2,5 2,5 2,5 2,5 R 4x = ? 0 0 0 0 R 4y = ? 0 0 0 0 −9 − 12 0 2,5 2,5 − 12 − 16 0 2,5 2,5 12 −9 0 2,5 2,5 12 − 16 0 2,5 2,5 − 25 9 12 +9 + 25 − 12 2,5 2,5 1,5 2,5 2,5 2,5 12 16 − 12 + 16 0 2,5 2,5 2,5 2,5 − 25 25 0 1,5 2,5 0 0 0 0 u1 = ? 0 v1 = ? 0 u = 0 2 0 v 2 = 0 0 u 3 = ? v3 = ? 0 u4 = 0 0 v = 0 4 0 Tomando somente as equações onde as forças externas são conhecidas, 1, 2, 5 e 6 e considerando as condições de contorno de deslocamento, tem-se: 12 25 + 12 −9 − 12 2,5 2,5 2,5 2,5 u 1 = ? R 1x = 0 3 R =0 12 16 12 16 − − EA 1y 2,5 2,5 2,5 2,5 v 1 = ? = −9 18 + 25 − 12 0 u 3 = ? R 3x = 0 25 L 2,5 2,5 2,5 1,5 v = ? R 3 y = −5000 12 16 32 3 − 2,5 0 − 2,5 2,5 Invertendo o sistema acima, temos: 104 Curso de Mecânica dos Sólidos II u 1 v 1 u 3 v 3 = ? 0 0 R 1x = 0 0,12 − 0,09 = ? 25 − 0,09 0,515 0,09 0,224 R 1y = 0 = = ? E A 0 0,09 0,06 0,045 R 3x = 0 = ? 0,224 0,045 0,19 R 3y = −5000 0 Resolvendo o sistema obtem-se que u1 = 0, v1 = –0,23 mm, u3 = – 0,047 mm e v3 = – 0,198 mm. Voltando ao sistema de equações original e tomando as linhas 3, 4, 7 e 8, obtem-se as reações de apoio R2x = – 3749,76 N, R2y = 4999,68 N, R4x = 3760 N e R4y = 0. Pode-se comparar os valores obtidos com o método dos elementos finitos com os valores obtidos analiticamente: ∑ M 4 = 0 , 5000 . 1,5 + R2x . 2 = 0 , R2x = – 3750 N ↑ ∑ Fy = 0 , – 5000 + R2y = 0 , → ∑ Fx = 0 , R2x + R4x = 0 , R2y = 5000 N R4x = 3750 N Os esforços internos nas barras são encontrados usando a Eq. (25): P1(1−2 ) = EA [c. (u1 − u 2 ) + s. (v1 − v 2 )] , L P1(1− 2 ) = 0 P1(1−3) = EA [c. (u 1 − u 3 ) + s. (v 1 − v 3 )] , L P1( 2 − 3) = EA [c. (u 2 − u 3 ) + s. (v 2 − v 3 )] , L P1( 2 − 3) = 6250 P1( 3− 4) = EA [c. (u 3 − u 4 ) + s. (v 3 − v 4 )] , L P1( 3− 4 ) = −3750 P1(1− 3) ≈ 0 (compressão) (tração) Ex.2 - Considere a treliça articulada simétrica com sete barras de comprimento L e rigidez axial EA. L 60° y x 60° 60° 60° P 60° Método dos Elementos 105 R2y, v2 R4y, v4 R2x, u2 2 R1x, u1 1 4 R3x, u3 R1y, v1 3 R4x, u4 5 R3y, v3 R5x, u5 R5y, v5 Devido a simetria da treliça e do carregamento, as condições de contorno são: v1 = 0, v5 = 0, u3 = 0, u1 = - u5, u2 = - u4 e v2 = v4. Tem-se também: R1x = 0, R2x = 0, R2y = 0, R3x = 0, R3y = -P, R4x = 0, R4y = 0 e R5x = 0. As matrizes elementares são: Elemento 1-2 e elemento 3-4: P1x 1 3 − 1 − 3 u1 P 3 − 3 − 3 v1 1y E A 3 = P 1 3 u 2 2 x 4 L −1 − 3 P2 y 3 3 v 2 − 3 − 3 P3x 1 3 − 1 − 3 u 3 P 3 − 3 − 3 v 3 3y E A 3 = 1 3 u 4 P4 x 4 L − 1 − 3 P4 y 3 3 v 4 − 3 − 3 Elemento 2-3 e elemento 4-5: P2 x 1 − 3 −1 3 u 2 P 3 3 − 3 v 2 2y E A − 3 P = 3 1 − 3 u 3 3x 4 L − 1 P3y −3 − 3 3 v 3 3 P4 x 1 − 3 −1 3 u 4 P 3 3 − 3 v 4 4y E A − 3 P = 3 1 − 3 u 5 5x 4 L − 1 P5y −3 − 3 3 v 5 3 106 Curso de Mecânica dos Sólidos II Elemento 1-3, elemento 2-4 e elemento 3-5: P1x 4 P 1y E A 0 = P 3x 4 L − 4 P3y 0 0 −4 0 0 0 4 0 0 0 u 1 0 v 1 0 u 3 0 v 3 P2 x 4 P 2y E A 0 = P 4x 4 L − 4 P4 y 0 0 −4 0 0 0 4 0 0 0 u 2 0 v 2 0 u 4 0 v 4 P3x 4 P 3y E A 0 = P5x 4 L − 4 P5y 0 0 −4 0 0 0 4 0 0 0 u 3 0 v 3 0 u 5 0 v 5 com: Elemento φ c s 1-2, 3-4 60° 1 3 2-3, 4-5 1-3, 2-4, 3-5 -60° 0° 1 2 2 1 c2 cs s2 1 3 3 2 − 3 1 2 0 4 4 1 3 4 4 0 4 − 3 4 0 Impondo o equilíbrio nos nós, temos: Nó 1: P1 = P1x (elemento 1-2) + P1x (elemento 1-3) P2 = P1y (elemento 1-2) + P1y (elemento 1-3) Nó 2: P3 = P2x (elemento 1-2) + P2x (elemento 2-3) + P2x (elemento 2-4) P4 = P2y (elemento 1-2) + P2y (elemento 2-3) + P2y (elemento 2-4) Nó 3: P5 = P3x (elemento 1-3) + P3x (elemento 2-3) + P3x (elemento 3-4) + P3x (elemento 3-5) P6 = P3y (elemento 1-3) + P3y (elemento 2-3) + P3y (elemento 3-4) + P3y (elemento 3-5) Nó 4: P7 = P4x (elemento 2-4) + P4x (elemento 3-4) + P4x (elemento 4-5) Método dos Elementos 107 P8 = P4y (elemento 2-4) + P4y (elemento 3-4) + P4y (elemento 4-5) Nó 5: P9 = P5x (elemento 3-5) + P5x (elemento 4-5) P10 = P5y (elemento 3-5) + P5y (elemento 4-5) Fazendo a soma das forças em cada um dos nós usando as matrizes elementares, obtêm-se a matriz de rigidez global da treliça: R1x = 0 1 + 4 R =? 3 1y −1 R 2x = 0 − 3 R 2y = 0 R 3x = 0 E A − 4 R = − P = 4L 0 3y R 4x = 0 0 0 R 4y = 0 R 5x = 0 0 0 R ? = 5y 3 −1 − 3 −4 0 0 0 3 − 3 −3 0 0 0 0 − 3 1+1+ 4 3− 3 −1 3 −4 0 −3 3− 3 3+ 3 3 −3 0 0 0 −1 3 0 3 −3 − 4 +1+1+ 4 − 3 + 3 −1 − 3 − 3+ 3 3−3 − 3 −3 0 −4 0 −1 − 3 − 4 +1+1 3− 3 0 0 0 − 3 −3 3− 3 3+ 3 0 0 0 −4 0 −1 3 0 0 0 0 0 3 −3 0 u1 = ? 0 0 v1 = 0 0 0 u 2 = ? 0 0 v 2 = ? 0 u 3 = 0 −4 0 0 v3 = ? u = ? 3 4 −1 3 − 3 v 4 = ? − 4 + 1 − 3 u5 = ? 3 v 5 = 0 − 3 0 Tomando somente as equações onde as forças externas são conhecidas, 1, 3, 4, 5, 6, 7, 8 e 9 e considerando as condições de contorno de deslocamento, tem-se: 5 R 1x = 0 −1 R =0 10 −1 2x − 3 R 2y = 0 0 EA 2 3 R 3y = − P = 0 R =0 4L 1 − 10 4x R 4y = 0 0 − 3 R =0 −5 1 5x − 3 0 6 −6 0 6 3 0 3 u1 −3 u 2 6 v2 − 3 v 3 −3 0 Tomando somente as quatro primeiras equações ou as quatro últimas equações: 5 R 1x = 0 −1 R =0 10 E A −1 2x = 0 R 2y = 0 4 L − 3 R 3y = − P 2 3 0 − 3 0 6 −6 Das duas primeiras equações, temos: v 2 3 5 − 1 u1 = 3 1 − 10 u 2 v 3 0 u1 3 u 2 − 3 v 2 6 v 3 108 Curso de Mecânica dos Sólidos II E das duas últimas equações, temos: u1 3 PL = 6 EA u 2 − 1 1 Logo: v 2 PL −6 = v 3 6 E A − 11 Das equações 2 e 10 é possível constatar que R1y = R5y = P/2. Os esforços internos nas barras são encontrados usando a Eq. (25): P1(1−2 ) = P1(1−2) = P L E A 1 3P 3 PL 3 PL 3 + − . 0 + , P = (compressão) . − 1 ( 1 − 2 ) E A L 2 6 E A 6 E A 2 3 P1( 2−3) = P1( 2−3) = EA [c. (u1 − u 3 ) + s. (v1 − v 3 )] L EA 3P 3 PL 11 P L , P1(1−3) = − − 0 − 0. 0 + (tração) 1. − L 6 E A 6 E A 6 P1( 2−4) = P1( 2−4) = EA [c. (u 2 − u 3 ) + s. (v 2 − v 3 )] L E A 1 3 P L 3P 3 P L 11 P L , P1( 2−3) = − − 0 − . − + (tração) . L 2 6 E A 3 2 E A 6 E A P1(1−3) = P1(1−3) = EA [c. (u1 − u 2 ) + s. (v1 − v 2 )] L EA [c. (u 2 − u 4 ) + s. (v 2 − v 4 )] L P L EA 3 PL PL 3P 3 PL + 0 − , P1( 2−4) = + + − (compressão) 1. L 6 E A 6 EA E A 3 EA Devido a simetria da treliça: P1( 4−5) = P1(1−2) = P1(3−5) = P1(1−3) = − 3P (compressão) 3 3P 6 (tração) Método dos Elementos 109 3P 3 P1(3− 4) = P1( 2 −3) = − (tração) ELEMENTOS FINITOS PARA VIGAS 13.6 – Matriz de rigidez de um elemento de viga Considere um elemento de viga de comprimento L, módulo de elasticidade E, e momento de inércia I. As duas extremidades são denotadas pontos nodais ( ou simplesmente nós) 1 e 2. Em cada nó há uma deflexão v e uma rotação θ (∂v/∂x), chamados graus de liberdade. Correspondendo a estes dois graus de liberdade v e θ há dois esforços internos, uma força cortante F e um momento M, respectivamente. y, v 1 M1, θ1 E, I 2 x M2, θ2 L F1, v1 F2, v2 A deflexão v é assumida ser umafunção polinomial cúbica em x: v(x) = a1 + a2x + a3x2 + a4x3 (1) com a1, a2, a3 e a4 constantes à serem determinadas pela imposição das condições de contorno: p/ x = 0, v = v1 , ∂v = θ1 ∂x p/ x = L, v = v2 , ∂v = θ2 ∂x Aplicando as condições de contorno em (1), temos: 0 a1 v 1 1 0 0 θ 0 1 0 0 a 2 1 = 2 3 v a 3 1 L L L 2 θ 2 0 1 2 L 3L3 a 4 (2) 110 Curso de Mecânica dos Sólidos II A matriz inversa de (2) fornece as constantes a1, a2, a3 e a4: a 1 L3 0 a L3 2 0 = 2 a 3 − 3L − 2 L a 4 2 L 0 0 v1 0 0 θ1 3L − L2 v 2 −2 L θ 2 (3) Substituindo (3) em (1) e reagrupando, obtemos a forma final da função deflexão: v ( x ) = f 1 ( x ) v 1 + f 2 ( x ) θ1 + f 3 ( x ) v 2 + f 4 ( x ) θ 2 (4) onde f1(x), f2(x), f3(x) e f4(x) são funções de forma dadas por: 2 x x f1 ( x ) = 1 − 3 + 2 L L x2 f 2 ( x ) = x − 2 L x3 + L2 2 x x f 3 ( x ) = 3 − 2 L L x2 f 4 ( x ) = − L 3 3 (5) x3 + L2 A expressão de energia de deformação para o caso de vigas solicitadas em flexão é (a energia devido ao cortante é desprezível): M2 dx 02EI L U=∫ (6) Sabe-se que M = E I ∂2v ∂x 2 e considerando EI constante ao longo da viga, temos: 2 E I L ∂2v dx U= ∫ 2 0 ∂x 2 (7) A segunda derivada da deflexão é: ∂2v ∂x 2 = f 1'' ( x ) v 1 + f 2'' ( x ) θ1 + f 3'' ( x ) v 2 + f 4'' ( x ) θ 2 (8) Método dos Elementos 111 onde: 6 f 1'' ( x ) = − 2 L L3 4 x +6 2 L L f 2'' ( x ) = − f 3'' ( x ) = x + 12 6 L2 − 12 x (5) L3 2 x +6 2 L L f 4'' ( x ) = − Aplicando o primeiro teorema de Castigliano, F1 = ∂U = F , temos: ∂v [ ] ∂U 2 E I L '' '' '' '' '' = ∫ f 1 ( x ) v 1 + f 2 ( x ) θ1 + f 1 ( x ) v 2 + f 4 ( x ) θ 2 f1 ( x ) dx ∂v 1 2 0 (6) ou: F1 = k 11 v 1 + k 12 θ1 + k 13 v 2 + k 14 θ1 (7) onde: L k 11 = E I ∫ f1'' ( x ).f 1'' ( x ) dx 0 L k 12 = E I ∫ f 1'' ( x ).f 2'' ( x ) dx 0 L k 13 = E I ∫ f1'' ( x ).f 3'' ( x ) dx (8) 0 L k 14 = E I ∫ f 1'' ( x ).f 2'' ( x ) dx 0 Considerando que ∂U = M , e generalizando para os graus de liberdade θ1, v2 e θ2, ∂θ tem-se a forma generalizada para os termos da matriz de rigidez: L k ij = E I ∫ f i'' ( x ).f j'' ( x ) dx 0 (9) 112 Curso de Mecânica dos Sólidos II Colocando em forma matricial o resultado das integrais, obtem-se a matriz de rigidez elementar para um elemento de viga: 12 L2 F1 6 M 1 EI L = 12 F2 L − 2 L M 2 6 L 6 L 4 6 − L 2 12 L2 6 − L 12 L2 6 − L − 6 L v 1 2 θ 1 6 − v 2 L θ2 4 ou {F} = [k ] {q} (10) 13.7 – Propriedades da matriz de rigidez de um elemento de viga O elemento está em equilíbrio: 6 12 6 12 6 12 6 12 a) ∑ Fy , F1 + F2 = 2 v 1 + θ1 − 2 v 2 + θ 2 + − 2 v 1 − θ1 + 2 v 2 − θ 2 = 0 L L L L L L L L b) ∑ M 2 = 0, F1.L – M1 – M2 12 = L 2 v1 + 6 12 6 6 6 6 6 θ1 − 2 v 2 + θ 2 L − v 1 + 4θ1 − v 2 + 2θ 2 − v 1 + 2θ1 − v 2 + 4θ 2 = 0 L L L L L L L A matriz elementar é singular: Como as linhas 1 e 3 da matriz elementar são iguais com exceção do sinal, a matriz é singular. Ou seja, a matriz elementar não tem inversa, logo não há solução. A interpretação física dada a este fato é que não há nenhuma condição de contorno (v1, θ1, v2, θ2 são desconhecidos), logo o elemento estaria instável. Impondo uma condição qualquer ao elemento, como por exemplo um engaste no nó 1 (v1 = 0, θ1 = 0), a matriz resultante seria não mais singular: 12 F2 E I L2 = M 2 L − 6 L 6 L v 2 θ 4 2 − Ex: Usando dois elementos do tipo viga, determine a forma das deflexões, as reações de apoio e traçe os diagramas de força cortante e de momento fletor. Método dos Elementos 113 y, v PL 1 3 2EI EI 2L 2 L x P4, θ2 P6, θ3 P2, θ1 P1, v1 P3, v2 P5, v3 As condições de contorno são: v1 = 0, θ1 = 0, v3 = 0. Sabe-se também que P3 = –P, P4 = PL, P6 = 0. E as matrizes elementares são: Elemento 1-2: 12 L2 F1 6 M 1 EI L = 12 F2 L − L2 M 2 6 L 6 L 12 L2 6 − L 12 L2 6 − L − 4 − 6 L 2 6 L v 1 2 θ 1 6 v 2 − L θ 2 4 Elemento 2-3: 12 ( 2 L) 2 F 2 6 M 2 2 E I 2L = 12 F 3 2 L − 2 M 3 (2 L) 6 2 L 6 2L 4 − 6 2L 2 12 ( 2 L) 2 6 − 2L 12 ( 2 L) 2 6 − 2L − 6 2L v 2 2 θ 2 6 v 3 − 2L θ 3 4 Considerando que os esforços nos nós F1, M1, F2, M2, F3, M3 são externos ao elemento e que P1, P2, P3, P4, P5, P6 são forças externas aplicadas nos nós da viga, tem-se a igualdade: Nó 1: P1 = F1 114 Curso de Mecânica dos Sólidos II P2 = M2 Nó 2: P3 = F2 (elemento 1-2) + F2 (elemento 2-3) P4 = M2 (elemento 1-2) + M2 (elemento 2-3) Nó 3: P5 = F3 P6 = M3 Fazendo a soma em cada um dos nós usando as matrizes elementares, obtêm-se a matriz de rigidez global da treliça: 12 L2 6 P1 = ? P =? L 2 12 P3 = − P E I L2 = 6 = P PL 4 L P5 = ? L 0 P6 = 0 0 6 L 12 L2 6 L 4 − 6 L 2 0 0 12 3 + 2 2 L L 6 3 − + L L 3 − 2 L 3 L 6 L 0 2 0 6 3 + L L − 4+4 − 3 L 2 3 L2 3 − L 3 L2 3 − L − 0 0 v1 = 0 3 θ1 = 0 L v 2 = ? θ = ? 2 2 v 3 = 0 2 θ3 = ? 4 Tomando somente as equações onde as forças externas são conhecidas, 3, 4, e 6 e considerando as condições de contorno, tem-se: 15 L2 P3 = − P EI 3 − P = PL 4 = L L P =0 6 3 L − 3 L 8 2 3 L v 2 = ? 2 θ2 = ? θ3 = ? 4 A matriz inversa do sistema acima é: 28 v 2 L3 18 θ = 2 276 E I L θ 3 30 − L 18 L 51 L2 39 − 2 L 30 L − P 39 − 2 PL , L 15 0 L2 − − 10 v 2 3 P L 33 θ2 = θ 276 E I L 3 − 9 L Método dos Elementos 115 A deflexão em qualquer ponto de coordenada x dentro do elemento é determinada pela Eq. (4). As inclinações também em qualquer ponto são obtidas pela derivada da Eq. (4). Retornando ao sistema original, obtem-se as reações de apoio: 53P P1 46 21PL P2 = P 46 5 7P − 46 Pode-se comparar os valores obtidos com o método dos elementos finitos com os valores obtidos analiticamente: ∑ M 1 , P5 . 3L – P . L + P . L + P2 = − ↑ ∑ Fy , P1 – P +P5 = 7P 21PL .3L + = 0 (ok) 46 46 53PL 7P −P+ = 0 (ok) 46 46 Os diagramas de força cortante e de momento fletor são obtidos substituindo os graus de liberdade obtidos anteriormente nas matrizes elementares: Elemento 1-2: 12 L2 F1 6 M 1 E I L = 12 F2 L − L2 M 2 6 L 6 L 12 L2 6 − L 12 − 4 − 6 L L2 6 − L 2 6 53 P 0 L 46 0 21 PL 2 10 PL3 46 − = 6 276 E I 53 P − − L 33 PL2 46 16 PL 4 276 E I 46 Elemento 2-3: 12 ( 2 L) 2 F 2 6 M 2 2 E I 2L = 12 F 3 2 L − 2 M 3 (2 L) 6 2 L 6 2L 4 − 6 2L 2 12 ( 2 L) 2 6 − 2L 12 ( 2 L) 2 6 − 2L − 10 PL3 7P − 276 E I 46 2 33 PL2 7 PL = 23 276 E I 6 7 P − 0 2L − 2 9 PL 46 − 4 276 E I 0 6 2L 116 Curso de Mecânica dos Sólidos II PL 53/46 P 7/46 P Força cortante P 16/23 PL Momento fletor PL 21/46 PL 7/23 PL Observação: A força cortante é considerada positiva quando gira a seção no sentido antihorário e o momento fletor é considerado positivo quando traciona as fibras inferiores. As equações de força cortante e de momento fletor podem ser obtidas através das equações diferenciais EI ∂2v ∂x 2 =M e dM = − V , uma vez determinada a equação de v(x) para cada dx elemento. 13.7 – Vigas com carga distribuida Nos casos onde as cargas não são concentradas nos nós como anteriormente mas distribuidas ao longo de um trecho da viga, estas cargas devem ser transformadas em cargas concentradas de maneira a poderem ser aplicadas nos nós. Um método frequentemente utilizado para esta finalidade é o método do trabalho da carga equivalente. O método consiste em transformar o trabalho produzido por uma carga distribuida em um trabalho produzido por forças concentradas desconhecidas nos nós do elemento. Assim, o trabalho produzido por concentradas desconhecidas nos nós do elemento é da forma: Método dos Elementos W= [ 1 ' F 2 1 117 M 1' F2' v1 ' θ1 M2 v 2 θ 2 ] (11) E o trabalho realizado pela carga distribuida é da forma: W= 1L ∫ w ( x ).v ( x ) dx 20 (12) onde a deflexão é da forma: v1 θ v ( x ) = [f 1 ( x ) f 2 ( x ) f 3 ( x ) f 4 ( x )] 1 v 2 θ 2 (13) Como o trabalho realizado em (11) deve ser igual ao trabalho realizado em (12), temse que: L ∫ w ( x ).f1 ( x ) 0 F1' L ' ∫ w ( x ).f 2 ( x ) M1 0 ' = L F2 ∫ w ( x ).f 3 ( x ) M '2 0 L ∫ w ( x ).f 4 ( x ) 0 (14) Ex: Considere a viga com carregamento linearmente distribuido como mostrado abaixo. x Determine a inclinação e a deflexão no nó 1. O carregamento é do tipo w ( x ) = − w o e E I L é constante. wo 1 x 2 L 118 Curso de Mecânica dos Sólidos II Os esforços nodais devido ao carregamento são calculados da seguinte maneira: F1’ M1’ M2 ’ 1 2 M1 M2 F1 x x x 1 − 3 + 2 L L L 2 L F1' = ∫ − w o 0 x2 x M 1 = ∫ − w o x − 2 L 0 L L ' F2' F2’ 3 F2 3w o L dx = − 20 x 3 w L2 + dx = − o L2 30 2 3 7w o L x x x = ∫ − w o 3 − 2 dx = − 20 L L L 0 L L M '2 = ∫ − w o 0 x x2 − L L x 3 w L2 + 2 dx = o L 20 As condições de contorno para este caso são, v2 = 0 e θ2 = 0. Sabe-se também que F1 = 0 e M1 = 0. Impondo o equilíbrio em cada nó e considerando a matriz de rigidez do elemento 1-2, tem-se: F1 M1 F2 M 2 12 L2 + F1' 6 ' + M1 E I L = + F2' L − 12 L2 + M '2 6 L 6 L 4 − 6 L 2 12 L2 6 − L 12 − L2 6 − L 6 L v =? 1 2 θ = ? 1 6 − v 2 = 0 L θ 2 = 0 4 Tomando somente as duas primeiras linhas do sistema acima e considerando as condições de contorno, temos: 3w o L 12 0 − 20 E I 2 L 2 = 6 w L 0 − o L L 30 6 L v 1 = ? θ = ? 4 1 Método dos Elementos 119 A inversão o sistema fornece os graus de liberdade no nó 1: 4 v 1 L = θ1 12 E I − 6 L 3 6 3w o L L − 3 − w L 20 = o 30 L 1 12 w o L2 E I − 24 L2 30 − As reações de apoio são determinadas tomando as duas últimas linhas do sistema inicial: 7w o L 12 F − 2 − L2 E I 20 = 2 6 M 2 + w o L L − L 20 6 L v 1 θ 2 1 − 12 w o L3 L 6 w o L3 1 7w o L − − − F2 − 20 E I L2 E I 30 L E I 24 2 = 3 3 M 2 + w o L L 6 w o L − L + 2 w o L 1 L E I 30 20 E I 24 woL F 2 2 = 2 M 2 − w o L 6 Estes resultados podem ser confirmados através das equações de equilíbrio estático, ∑ Fy = 0 e ∑ M 2 = 0 . Ex: Considere a viga com carregamento distribuido como mostrado abaixo. Determine a inclinação no nó 1 e a deflexão no nó 2. E I é constante. y w 3 1 2 L/2 L/2 120 Curso de Mecânica dos Sólidos II Por causa da simetria, é necessário modelar somente metade da viga através de um único elemento. Para este caso, as condições de contorno são, v1 = 0 e θ2 = 0. A matriz elementar do elemento 1-2 é: 12 (L ) 2 2 6 F 1 L M 1 EI 2 = L 12 F 2 2 − L 2 M 2 ( 2) 6 L 2 6 L 2 4 − 6 L 2 2 12 (L )2 2 6 − L 2 12 (L 2) 2 6 − L 2 − 6 L 2 2 v1 = 0 θ1 = ? 6 v 2 = ? − L θ = 0 2 2 4 De acordo com a Eq. (14), os esforços externos são: L/2 x2 x3 + M 1 = ∫ − w x − 2 2 0 L / 2 ( L / 2) wL2 dx = − 48 3 x 2 wL x F2 = ∫ − w 3 − 2 dx = − 4 L 0 L L/2 Substituindo M1 e F2 na matriz elementar e considerando os graus de liberdade conhecidos, temos: wL2 4 − EI 48 = L 6 − wL 2 − L 4 2 6 L θ 2 1 12 v 2 ( 2 L) 2 − A inversa do sistema acima fornece a solução do sistema: 12 θ1 L L2 = v 2 24 E I 3 L 3 3 wL2 3 1 − L 48 = − wL 5L wL 24 E I 1 − 16 4 Flambagem de Colunas 121 14 – FLAMBAGEM DE COLUNAS 14.1 – Introdução O projeto de elementos estruturais e de máquimas é baseado em três características: resistência, rigidez e estabilidade. No estudo da flambagem de colunas, onde se analisa a possibilidade de instabilidade dos sistemas estruturais, deve-se obter parâmetros críticos adicionais que determinam se uma dada configuração ou deformação em um dado sistema é permitido. Para o estudo da flambagem de vigas, utilizar-se-a barras delgadas, denominadas colunas, com carregamento axial, submetidas simultameamente à flexão. O problema consiste portanto em determinar as magnitudes das cargas axiais críticas nas quais ocorre flambagem e as correspondentes formas das colunas flambadas. 14.2 - Carga crítica A máxima carga que uma coluna pode suportar é chamada carga crítica Pcr. Qualquer carga acima de Pcr pode causar a ruptura da estrutura ou do mecanismo. Pcr Pcr P > Pcr P > Pcr De maneira a entender a natureza da instabilidade, considere um mecanismo com duas barras rígidas sem peso e articuladas em suas extremidades. Quando as barras estão na posição vertical, a mola de rigidez k está distentida. 122 Curso de Mecânica dos Sdólidos II P P L/2 A ∆=θ (L/2) k θ L/2 k A θ L/2 L/2 Diagrama de corpo livre das barras: P tanθ θ P F=k∆ x θ P P tanθ Considerando θ pequeno, tem-se: ∆ = θ (L/2) e tan θ ≈ θ. Enquanto as componentes de P na direção x, P tan θ, tendem a causar uma instabilidade, a força F = k ∆ tenta restaurar o equilíbrio. Assim, o equilíbrio será restabelecido quando: kθ L >2Pθ 2 Desta forma, a situação de equilíbrio estável ocorrerá quando: P< kL 4 Flambagem de Colunas 123 Por outro lado, a situação de equilíbrio instável ocorrerá quando: P> kL 4 O valor intermediário entre as duas situações corresponde a carga crítica: Pcr = kL 4 14.3 – Equações diferenciais para colunas Para a obtenção das diversas relações diferenciais entre as variáveis do problema da flambagem de colunas, considere um elemento isolado de uma coluna mostrada na sua posição defletida. Para isto, considere as seguintes aproximações: dv = tan θ ≈ sen θ ≈ θ , cos θ ≈ 1 e ds ≈ dx dx +w P P dx dv/ds ds +w y, v V+∆V dv M A P P M+∆M dv/ds V v x dx dv/ds As equações de equilíbrio aplicadas sobre o elemento, fornecem duas equações diferenciais: ↑ ∑ F y = 0 , w dx − V + ( V + dV) = 0 , dV = −w dx 124 Curso de Mecânica dos Sdólidos II ∑ M A = 0 , M − P dv − V dx + w dx dx dM dv − ( M + dM ) = 0 , V = − −P 2 dx dx Na segunda equação diferencial, os termos de ordem infinitesimais de ordem superior são desprezados. Da teoria de flexão de vigas, sabe-se que para a curvatura, tem-se a seguinte relação: d2v dx 2 = M EI Fazendo uso da equação anterior na segunda equação diferencial e substituindo esta última na primeira equação diferencial, temos: d4v dx 4 + λ2 d2v dx 2 = w EI , com λ2 = P EI Neste caso, por simplicidade, E I é considerado constante. Se a carga axial P for nula, as equações diferenciais acima revertem para o caso de vigas com carregamento transversal. A solução da equação diferencial para colunas é do tipo: v(x) = C1 sen λx + C1 cos λx + C3 As constantes C1, C2 e C3 são obtidas aplicando as condições de contorno do problema. Ex: Uma barra fina, de EI constante, é submetida à ação simultânea de momentos Mo nas extremidades, e de uma força axial P, como mostrado abaixo. Determinar a máxima deflexão e o maior momento fletor. P Mo Mo P L Flambagem de Colunas 125 A solução completa e as condições de contorno do problema são do tipo: v(x) = C1 sen λx + C2 cos λx + C3, v(0) = v(L) = 0, M(0) = M(L) = -Mo Para x = 0, v(0) = C2 + C3 = 0 M (0 ) = E I d2v dx 2 (0) = - C2 E I λ2 = - Mo , C 2 = −C 3 = Mo P Para x = L, v(L) = C1 sen λ L + C2 cos λ L + C3 = 0 , C1 = M o 1 − cos λL ( ) P sen λ L verificação: M ( L) = E I d2v dx M(L) = − 2 ( L) = - C1 E I λ2 sen λ L - C2 E I λ2 cos λ L M o 1 − cos λL M P P ( )E I sen λL − o E I cos λL = - Mo (OK) P sen λL EI P EI Portanto, a equação da curva elástica é: v(x ) = M o 1 − cos λL ( sen λx + cos λx − 1) P sen λL A máxima deflexão ocorre em x = L/2 que é obtida fazendo-se: dv M o 1 − cos λL = ( cos λx − sen λx ) = 0 dx P sen λL Sabemos que: sen λL = 2 sen λL λL λL λL λL λL cos , cos λL = cos 2 − sen 2 , 1 = cos 2 + sen 2 2 2 2 2 2 2 Logo: v max = M o sen 2 λ ( L / 2) M L λL ( + cos λ − 1) = o (sec − 1) P cos λ ( L / 2) 2 P 2 O momento fletor máximo ocorre também em x = L/2 e seu valor absoluto é: M P P v Mo 126 Curso de Mecânica dos Sdólidos II ∑ M = 0 , Mo + P.v + M = 0 , M = |- Mo - P.v | Mmax = |- Mo - P.vmax | = Mo secλL/2 Observa-se que o momento é multiplicado por secλL/2, um número maior que 1, quando uma força de compressão axial é aplicada. Porém o momento é reduzido quando uma força de tração é aplicada. A mesma observação pode ser feita com relação a deflexão. 14.4 – Carregamento de flambagem de Euler para colunas articuladas Considere uma coluna ideal; perfeitamente reta antes do carregamento, feita de material homogêneo e sobre a qual a carga é aplicada no centróide da seção transversal, articulada nas suas extremidades. P P y, v x L v P P x Da equação de equilíbrio estático do trecho superior da coluna, tem-se: ∑ M = 0 , P.v + M = 0 , M = - P.v Substituindo a equação de momento fletor na equação diferencial da curva elástica, temos: d2v dx 2 = M Pv =− EI EI ou d2v P + λ2 v = 0 , com λ2 = EI dx 2 Flambagem de Colunas 127 A solução da equação diferencial acima é do tipo: v(x) = C1 sen λx + C1 cos λx + C3 Onde as constantes C1, C2 e C3 são determinadas pela imposição das condições de contorno: v(0) = 0, M (0) = E I Para x = 0: d2v dx 2 (0) = 0 , v(L) = 0 , M ( L) = E I d2v dx 2 ( L) = 0 v(0) = C1 sen 0 + C2 cos 0 + C3 = 0 , C2 + C3 = 0 M (0) = E I d2v dx 2 (0) = - C1 λ2 sen λ 0 - C2 λ2 cos λ 0 = 0 C2 = - C3 = 0 Para x = L: v(L) = C1 sen λ L = 0 Como a solução trivial C1 = 0 não nos interessa, pela inexistência de flambagem, a solução não-trivial procurada vem de: sen λ L = 0 è λ L = n π Pn 2 , L = n 2 π2 , EI Pn = n 2 π2 E I L2 Como a carga crítica procurada é o menor valor na qual a coluna flamba, n = 1. Assim, a carga crítica para uma coluna biapoiada tem a expressão, denominada carga de flambagem de Euler: Pcr = π2E I L2 Substituindo a relação λ L = n π na expressão de deflexão tem-se o modo com que a coluna irá deformar, ou a forma flambada da coluna: v ( x ) = C1 sen nπ x L Os modos ou formas em que a columa irá flambar depende de n, como é visto abaixo: 128 Curso de Mecânica dos Sdólidos II n=1 n=2 n=3 Os modos onde n > 1 não tem significado físico, porque a carga crítica ocorre para n = 1. Uma solução alternativa deste problema pode ser obtida pelo uso da equação diferencial de quarta ordem para colunas, com carregamento transversal nulo. d4v dx 4 + λ2 d2v dx 2 =0 A solução da equação diferencial e as condições de contorno do problema são: v(x) = C1 sen λx + C1 cos λx + C3, v(0) = v(L) = 0, M(0) = M(L) = 0 Este método é vantajoso nos problemas de colunas com diferentes condições de contorno, onde a força axial e EI permanecem constantes ao longo do comprimento da coluna. O método não pode ser aplicado se a força axial atua em parte do membro. 14.5 – Flambagem elástica de colunas com diferentes vínculos nas extremidades As cargas críticas e os modos de flambagem podem ser determinados para diferentes condições de contorno. 14.5.1 - Coluna engastada-livre Flambagem de Colunas 129 P P δ y, v x v L P P x ∑ M = 0 , - P.( δ - v) + M = 0 , M = P.(δ - v) Da equação elástica da coluna temos: d2v dx 2 = M P (δ − v) , = EI EI d2v dx 2 P P v= δ EI EI + ou: d2v dx 2 + λ2 v = λ2 δ com λ2 = P EI A solução do problema e as condições de contorno são do tipo: v(x) = C1 sen λx + C2 cos λx + C3 , v(0) = δ, v(L) = 0 M=EI d2v dx 2 (0) = 0 M = E I d2v dx 2 ( L) = P δ e dv ( L) = 0 dx Para x = 0: v(0) = C2+ C3 = δ M=EI d2v dx 2 (0) = - C1 λ2 sen λ.0 – C2 λ2 cos λ.0 = 0 C2 = 0 , C3 = δ Para x = L: 130 Curso de Mecânica dos Sdólidos II v(L) = C1 sen λ L + δ = 0 , C1 = − δ sen λ L verificação: M=EI d2v dx 2 ( L) = - E I C1 λ2 sen λ.L δ P M = − E I − sen λ L = P δ (OK) sen λ L E I dv ( L) = C1 λ cos λL − C 2 λ sen λL = 0 dx C1 λ cos λ L = 0 , como C1 ≠ 0 e λ ≠ 0 è cos λ L = 0 , λ L = P= n π P 2 n2 π2 , , L = 2 EI 22 n 2 π2 E I 4 L2 Como procura-se a menor carga crítica, n = 1. Logo a carga crítica para uma coluna engastada-livre é: Pcr = π2 E I (2 L)2 = π2E I Le 2 , com o comprimento efetivo Le = 2 L ( comprimento efetivo corresponde à distância entre dois pontos de momento nulo). 14.5.2 - Coluna engastada-apoiada P P y, v Le=0,7L L Ponto de inflexão P x Flambagem de Colunas Pcr = π2 E I (0,7 L) 2 = 131 π2E I Le 2 com o comprimento efetivo Le = 0,7 L 14.5.3 - Coluna engastada-engastada P P y, v Ponto de inflexão L Le=0,5L Ponto de inflexão P x Pcr = π2 E I (0,5 L ) 2 = π2 E I Le 2 , com o comprimento efetivo Le = 0,5 L Ex: Uma coluna de alumínio está engastada em uma extremidade e amarrada por um cabo na outra como mostrado abaixo, de maneira a impedir o deslocamento na direção x. Determine a maior carga possível P que pode ser aplicada na coluna sabendo-se que: Eal = 70 GPa, σesc = 215 Mpa, A = 7,5 .10-3 m2, Ix = 61,3.10-6 m4, Iy = 23,2.10-6 m4-. Use um fator de segurança F.S. = 3. z x y 5m 132 Curso de Mecânica dos Sdólidos II Flambagem no plaxo x-z: x z Pcr = Le = 0,7.5 = 3,5 m Pcr = π2E I y (0.7 L )2 π 2 70.109 23,2.10 −6 (3,5)2 Pcr = 1310 kN Flambagem no plaxo y-z: y z Pcr = L= 5 m Pcr = π2 E I x (2 L )2 π 2 70.109 61,3.10 −6 (10)2 Pcr = 424 kN Portanto, a coluna irá flambar primeiro com relação ao eixo x. A carga permissível é: P 424 Pperm = cr = = 141 kN 3 3 A tensão devido a carga crítica é: P 424 σ cr = cr = = 56,5 MPa < 215 MPa A 7,5.10 − 3 Ex: Determine a máxima carga P que a estrutura pode suportar sem flambar o membro AB. Assumir que o membro AB é feito de aço e está articulado nas suas extremidades para o eixo de flambagem y e engastado em B para o eixo de flambagem x. Tome Eaço = 200 GPa e σadm = 360 MPa. Flambagem de Colunas 133 3m P A y θ 4m x 50 mm 50 mm 6m 50 mm z C B x cos θ = 4 3 , sen θ = 5 5 (4/5)RAC P RAC 6m y B 3 5 x 5 3 ∑ M B = 0 , R AC . .6 − P.6 = 0 , R AC = P Flambagem no plano xz (biarticulada): 2 Pcr y = π2 E I y L2e π 200.10 , 4 R AC = Pcr y , 5 σ= P 42,8 = , A 100.50 Pcr y = 3 3 100.50 (6.10 ) 45 P = 57,1 kN , 53 3 2 12 , P = 42,8 kN σ = 8,56 Mpa < σadm Pcr y = 57,1 kN 134 Curso de Mecânica dos Sdólidos II Flambagem no plano yz (engastada-livre): π2 E I x Pcr x = L2e , 4 R AC = Pcr x , 5 σ= Pcr x 50.100 3 π 2 200.10 3 12 = , 2 2 . 6.10 3 ( 45 P = 57.1 kN , 53 P 42,8 = , A 100.50 ) Pcr x = 57,1 kN P = 42,8 kN σ = 8,56 Mpa < σadm Ex: Determine se a estrutura abaixo pode suportar a carga de w = 6 kN/m, considerando um fator de segurança com relação a flambagem do membro AB de 3. Assumir que o membro AB é de aço e é articulado nas suas extremidades com relação ao eixo de flambagem x e engastado-libre com relação ao eixo de flambagem y. Eaço = 200 GPa e σadm = 360 Mpa. w = 6 kN/m B C 0,5 m 1,5 m 2m 30 mm z 20 mm y A y x Diagrama de corpo livre da viga BC: 12 kN w = 6 kN/m RCx C RCy Σ MC = 0, B 1,5 m RAB . 1,5 – 12 . 1 = 0, RAB = 8 kN RAB 0,5 m Flambagem de Colunas 135 Flambagem no plano yz (biarticulada): Pcr x = π2 E I x ( , L2e R AB = 8 kN > 20.30 3 π 2 200.10 3 12 , Pcr x = 2 2.10 3 Pcr x 3 = ) Pcr x = 22,2 kN 22,2 = 7,4 kN 3 Flambagem no plano xz (engastada-livre): Pcr y = π2E Iy ( , L2e R AB = 8 kN > 30.20 3 π 2 200.10 3 12 , Pcr y = 2 2 . 2.10 3 Pcr y 3 = ) Pcr y = 2,5 kN 2,5 = 0,8 kN 3 Conclusão: A coluna AB não suportará a carga de 6kN/m pois flambará nos dois planos de flambagem. 14.6 – Limitação das fórmulas de flambagem elástica Nas deduções das fórmulas de flambagem de colunas, admite-se que o material tem comportamento elástico. Para ressaltar a limitação deste fato, as fórmulas podem ser escritas de maneira diferente. Introduzindo a definição de raio de giração1, I = A r2, na fórmula de flambagem, temos: Pcr = π2 E A r 2 Le 2 A tensão crítica para coluna é definida como a tensão média na área da seção transversal A de uma coluna com carga crítica Pcr. Pcr π2 E σ cr = = A L 2 er 1 O raio de giração de uma área pode ser considerado como a distância do eixo no qual toda área pode ser concentrada e ainda Ter o mesmo momento de inércia que a área original. 136 Curso de Mecânica dos Sdólidos II A relação (Le/r), comprimento efetivo da coluna e o menor raio de giração é definida como índice de esbeltez. A tensão crítica σcr deve ser o limite superior de tensão, a partir da qual a coluna flamba plásticamente. Ex: Achar o menor comprimento Le, para uma coluna de aço simplesmente apoiada na extremidade, com seção transversal de 50mm x 75 mm, para a qual a fórmula elástica de Euler se aplica. Considerar E = 21 000 kgf/mm2 e admitir que o limite de proporcionalidade seja 25 kgf/mm2. I min = r= 75 . 50 2 = 781250 mm4 12 I min 781250 = =14,434 mm A 50 . 75 σ cr = π2 E Le r 2 , 25 = π 2 21000 Le 14,434 , Le = L = 1314 mm 2 Conclusão: Para um comprimento menor que 1314 mm a coluna flambará plásticamente. 14.7 – Fórmula generalizada da carga de flambagem de Euler Um diagrama de tensão-deformação na compressão, para um espécime impedido de flambar, pode ser representado pela figura abaixo. Et σcr Et σ B R C A intermediária curta flambagem elástica Limite de proporcionalidade S E 0 Hipérbole de Euler T colunas longas ε 0 L/r flambagem elástica praticamente sem flambagem Flambagem de Colunas 137 Resumo: região ST (colunas longas): infinito número de colunas ideais de diferentes comprimento que flambam elásticamente. ponto S: menor coluna de um dado material e tamanho que flambará elásticamente. Ponto A do diagrama tensão-deformação. região RS (intermediária): A rigidez do material é dada instantâneamente pela tangente à curva tensão-deformação, Et. A fórmula generalizada de Euler para carga de flambagem fica: σ cr = π2 E t Le r 2 região R (colunas curtas): Região onde praticamente não há flambagem. Comparação entre colunas biapoiadas e engastadas nas extremidades. Tensão de escoamento σ Hipérboles de Euler σcr Limite de proporcionalidade A colunas com extremidades com pinos 0 ε 0 colunas com extremidades fixas (Le/r)1 Le/r Conclusão: Para índices de esbeltez menores que (Le/r)1, a relação de 4 para 1 em termos de capacidade de carga vai decrescendo até o momento em que para um “bloco curto” não há diferença se ele está articulado ou engastado, sendo a resistência, e não mais a flambagem, que determinará o comportamento da coluna. 14.8 – Colunas com carregamento excêntrico A fórmula de Euler é obtida assumindo que a carga P é aplicada no centróide da seção transversal da coluna e que a coluna é reta. Normalmente estas considerações são irrealistas, 138 Curso de Mecânica dos Sdólidos II pois as colunas nem sempre são retas e a posição de aplicação da carga nem sempre é conhecida com exatidão. Para estudar este efeito, considera-se uma coluna com um carregamento excêntrico como mostrado abaixo. e Mo= P e P P P Mo= P e y, v x x v vmax M v L L P P = - P.(e x + v) ∑ M =P0 , P.v + P.e + M = 0 , M Da teoria de flexão de vigas, tem-se: d2v M P (e + v ) = =− 2 EI EI dx ou d2v dx 2 + P P v=− e EI EI Esta equação diferencial é similar ao caso de uma coluna biapoiada, tendo uma solução e condições de contorno do tipo: v(x) = C1 sen λx + C2 cos λx + C3 , v(0) = v(L) = 0 e M(0) = - P e Para x = 0: v(0) = C2 + C3 = 0 M=EI d2v dx 2 (0) = E I (- C2 λ2 ) = - P e , como λ2 = P EI C2 = e , C3 = - e Para x = L v(L) = C1 sen λL + e cos λL – e = 0 , C1 = e (1 − cos λL) sen λL A curva de deflexão é portanto escrita da forma: v(x ) = e (1 − cos λL) sen λ x + e cos λx − e sen λL Flambagem de Colunas 139 A máxima deflexão ocorre em x = L/2, logo: v max = e (sec λL − 1) 2 O momento fletor máximo ocorre também em x = L/2 e seu valor absoluto é: Mmax = | P.(e + vmax) | = | P e sec λL λL | = | M o sec | 2 2 A máxima tensão que ocorre no lado côncavo da coluna a meia altura da coluna é: σ max = P Mc + A I P e I = A r2: Como λ2 = EI σ max = λL P e c P ec L P sec sec 1 + = 1 + A 2 A r 4 E A r2 r2 Esta equação é frequentemente denominada fórmula da secante para colunas e é válida somente se a máxima tensão permanecer dentro da região elástica. A curva abaixo descreve a evolução da tensão em função do índice de esbeltez para colunas em aço (σesc=24 kgf/mm2, E = 20.103 kgf/mm2). Como verifica-se que a relação tensão-carga é não linear, a superposição de efeitos devido à diferentes cargas não pode ser feita. 140 Curso de Mecânica dos Sdólidos II ec r2 =0 hipérbole de Euler 14.9 – Fórmulas de colunas para cargas concêntricas De maneira a compensar o fato de as colunas não serem perfeitamente retas, o material não ser totalmente homogêneo e a posição das cargas não ser perfeitamente conhecida, é necessário compensar estes efeitos através de fórmulas empíricas testadas experimentalmente, como mostra a figura abaixo. σe hipérbole de Euler KL/r colunas curtas colunas intermediárias colunas longas Estas fórmulas empíricas são utilizadas no projeto de colunas de aço, alumínio e madeira. Fórmulas para colunas de aço: Para colunas longas, a fórmula de Euler pode ser utilizada. Flambagem de Colunas σ max = 141 π2 E Le r 2 A aplicação desta fórmula exige que um fator de segurança de 1.92 seja aplicado. σ adm = π2 E 1,92 Le r 2 Esta equação pode ser aplicada na faixa de esbeltez de: L e ≤ L e ≤ 200 r r c A relação (Le/r)c é obtida quando da utilização da fórmula de Euler até que a tensão atingida seja a metade da tensão de escoamento σesc/2. Consequentemente, se a tensão na fórmula de Euler for superior que este valor, ela não pode ser aplicada. σ esc π2 E = 2 Le 2 r c Oque dá o índice de esbeltez no limite da utilização da fórmula de Euler: 2 Le = 2π E r c σ esc Colunas com um índice de esbeltez menor que (Le/r)c são projetas com base numa fórmula empírica que é parabólica e tem a forma: ( Le / r) 2 1 − 2 ( L e / r ) c σ adm = σ esc F.S. O fator de segurança é, para este caso, definido como: 5 3 (L e / r ) 1 (L e / r )3 F.S. = + − 3 8 (L e / r )c 8 (L e / r ) 3 c 142 Curso de Mecânica dos Sdólidos II Fórmulas para colunas de alumínio: Para colunas longas a tensão admissível é de: σ adm = 71700 F.S. L e r 2 (kgf/mm2) Para colunas intermediárias e curtas, baixo valor de (Le/r), usa-se a seguinte expressão de tensão admissível (para liga 2024-T4, ALCOA): σ adm = 1 31,5 − 0,22 L e F.S. r 2 (kgf/mm2) (0 ≤ (Le/r) ≤ 64) Fórmulas para colunas de madeira: Para colunas maciças de madeira com extremidades articuladas ou engastadas e carga paralela as fibras, a tensão admissível é: σ adm = π2 E ( ) 2 2,727 L r = 3,619 E (L r )2 Para colunas de seção transversal quadrada ou retangular, a equação anterior fica: σ adm = 0,30 E (L d )2 Onde d é a menor dimensão lateral de um membro.