A tuberculose na infância
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A tuberculose na infância
A tuberculose na infância: como simplificar o diagnóstico ? Clemax Couto Sant ´Anna A tuberculose (TB) é considerada em Estado de Emergência segundo a Organização Mundial de Saúde desde 1993. Cerca de dois bilhões de pessoas, um terço da população mundial está infectada pelo Mycobacterium tuberculosis. Destes, 8 milhões desenvolverão a doença e 2 milhões morrerão a cada ano. O Brasil ocupa o 16º lugar entre os 22 países responsáveis por 80% do total de casos de TB no mundo. Estima-se a prevalência de 50 milhões de infectados com cerca de 111.000 casos novos e uma alta taxa de 6.000 óbitos ocorrendo anualmente no mundo. A TB na infância permanece como um assunto de interesse sanitário ainda mal conhecido universalmente. Pelo fato de que crianças com TB, em geral, não são capazes de infectar outras pessoas, sua importância do ponto de vista de transmissão é pouco significativo e por isso, historicamente passou a não interessar aos Programas nacionais de controle da TB em todo o mundo. Sabe-se que adultos podem transmitir TB para crianças (ou para outros adultos) mas o inverso não é verdadeiro. Assim, até o conhecimento da situação epidemiológica da TB infantil é muito limitado. A incidência de TB no grupo de 0 a 14 anos ao início dos anos 2000 era de cerca de um milhão de casos, o que correspondia a 10 % do total de casos. Uma das dificuldades de se obter dados mais exatos sobre tuberculose na infância é que as informações divulgadas pela OMS referem-se, na maioria das vezes, a casos comprovados bacteriológicamente e na infância 80% dos casos são negativos ao exame de escarro. Em 2002 várias organizações internacionais, como a Associação Pediátrica Internacional, a OMS, a Union Internacional contre la Tuberculose et Maladies Respiratoires, o CDC americano, USAID e outras, a partir de um encontro em Montreal, tomaram para si a missão de elaborar um guia de normas de TB na infância que contou com a participação de peritos de vários países nos quais a TB alcança índices elevados. Este manual foi publicado em 2006 e representa o primeiro grande esforço internacional de se balizar aspectos do diagnóstico, prevenção e tratamento da TB em crianças. O documento na íntegra esta disponível em http://www.who.int/child-adolescentealth/New_Publications/CHILD_HEALTH/WHO_FCH_CAH_2006.7.pdf Por outro lado e por coincidência, no Brasil, o Ministério da Saúde passou a preconizar o esquema de pontuação para diagnóstico da TB na infância no último manual de normas publicado em 2002. Este sistema de pontuação foi o primeiro desenvolvido no país e visa facilitar a abordagem de crianças contatos de adultos com TB ou de crianças que estejam com um quadro de infecção de evolução lenta, na qual haja suspeita clínica de TB. Tal ênfase no diagnóstico da TB infantil se justifica, pois ao contrário do que é convencional em adultos, a doença na infância não pode ser comprovada pelo encontro do bacilo em secreções e, por outro lado, também é difícil de colher secreções (como fazer exame de escarro) em crianças. O quadro abaixo descreve o sistema de pontuação para diagnóstico de TB na infância. A pontuação final obtida permite que o médico inicie o tratamento do paciente, ou caso, esta pontuação não seja superior a 30 pontos, estaria indicado prosseguir na investigação do doente. Quadro: Diagnóstico de tuberculose pulmonar em crianças e adolescentes Contato Teste Estado com adulto tuberculínico* nutricional tuberculoso e vacinação BCG Adenomegalia Próximo, Vacinados há Desnutrição hilar ou nos últimos mais de 2 grave ou padrão miliar 2 anos anos Condensação • menor de peso abaixo ou infiltrado 5mm (com ou sem Adicionar 0 pts do percentil escavação) 10 pts inalterado > 2 • 5mm a 10 semanas 9mm Condensação Adicionar ou infiltrado SISVAN ** 5 pts (com ou sem escavação) > • 10mm a Adicionar 2 semanas 14mm 5 pts evoluindo com Adicionar piora ou sem 10 pts melhora com • 15mm ou antibióticos mais para germes Adicionar comuns 15 pts Quadro clínico – radiológico Febre ou sintomas como: tosse, adinamia, expectoração, emagrecimento, sudorese > 2 semanas Adicionar 15 pts ¾ Adicionar 15 pts Assintomático ou com sintomas < 2 semanas 0 pts Condensação ou infiltrado de qualquer tipo < 2 semanas Adicionar 5 pts Vacinados há menos de 2 anos • menor 10mm 0 pts de • 10 mm 14mm Adicionar a 5 pts • 15mm ou mais Adicionar 15 pts Radiografia normal Infecção respiratória com Subtrair 5 pts melhora após uso de antibióticos para germes comuns ou sem antibióticos Ocasional Não vacinados menor de ou negativo • 5mm 0 pts 0 pts • 5mm a 9mm Adicionar 5 pts • 10mm ou mais Adicionar 15 pts Peso igual ou acima do percentil 10 0 pts Subtrair 10 pts Legenda: pts – pontos; Esta interpretação não se aplica a revacinados com BCG; ** SISVAN - Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (MS/1997) Interpretação: Maior ou igual a 40 pontos Diagnóstico muito provável 30 a 35 pontos Diagnóstico possível Igual ou inferior a 25 pontos Diagnóstico pouco provável A SOPERJ e o CREMERJ passaram a disponibilizar um software elaborado pelo Centro de Referência Prof. Hélio Fraga (MS), cujo download pode ser realizado pelos interessados. Há também uma versão simplificada para Palmtop também accessível no site da SOPERJ.