Maio de 2005 - Direcção Regional de Educação do Alentejo
Transcrição
Maio de 2005 - Direcção Regional de Educação do Alentejo
Tentativa 153º Ano Lectivo Maiode 2005 edição nº 85 Escola Secundária de Diogo de Gouveia Beja Camões Underground ............ pág. 2 Tentar Sempre ……………… pág. 3 Lugar aos Novos .................... pág. 3 Férias muito Especiais ..... págs. 4 e 5 10 de Junho .................... págs. 6 e 7 Andando de tentativa em tentativa, ainda de tentativa não passou... Humberto Delgado ......... págs. 8 e 9 Dos Hippies aos Yuppies ..... pág. 10 Movimento Hippie ............... pág. 11 Cuidar dos Animais ............. pág. 12 Pág. 1 Tentativa Editorial «As armas e os barões assinalados/Que/ da ocidental praia lusitana/ Por mares nunca dantes navegados/ ... Vamos p’rá frente.../ Aki não dá p’ra fikar/ vamos p’rá frente.../ Assim não dá p’ra fikar/ Cá... (bis)» – assim começou, no início do ano lectivo, um espectáculo do inspirado grupo de teatro Arte Pública, da nossa cidade. Esta «performance em situação de aula», uma contaminação entre Camões e o General D, poderá ter chocado alguns por se tratar de uma apropriação porventura «abusiva» em relação a um poeta tão sacralizado! Mas é uma apropriação entre outras, e a de, por exemplo, Alberto Pimenta, em Read & Mad, não nos espantará menos... São leituras, apropriações – e o poeta, presente sempre, a todas resiste; com efeito, muitos poetas e ensaístas, e não só portugueses, se deixaram fascinar por Camões: Eugénio e o seu «Camões e as Altas Torres», Pessoa dizendo que Camões não sabia escrever, acusando-o de falta de originalidade; Bocage comparando o fado de Camões ao seu, Madalena e Telmo falando de Os Lusíadas na primeira página do Frei Luís de Sousa, de Garrett... Não se pense porém que, pelo facto de os novos programas de Português iniciarem o estudo da Literatura Portuguesa com Camões, essa Literatura começa com este autor. Já em finais do séc. XII, século da fundação da nacionalidade, encontramos um conjunto de poemas líricos (que cantam sobretudo o Amor) e satíricos (que ridicularizam pessoas e situações), a que se dá o nome de Poesia Trovadoresca. É com este corpus que se inicia a Literatura Portuguesa. No entanto, Camões tem sido uma estrela dessa literatura que, em grandeza, só faz par com Pessoa. O arco temporal, de cerca de 500 anos, que vai do século XVI ao século XX, além de reenviar para a ideia romântica segundo a qual de 500 em 500 anos nasce um génio, teria pois em cada uma das suas pontas estas duas estrelas incomparáveis do firmamento literário português. Porque não cessamos de nos importar com Camões? Pela mesma razão por que não cessamos de nos importar com Kant ou Platão. Porque Camões, Kant ou Platão ainda hoje nos dizem coisas com que nos importamos. Os problemas que os inquietaram ainda Pág. 2 Prof. António Marques hoje não os dissipou o tempo, e a meditação de outros sobre eles poderá ajudar-nos, se não a resolvê-los, pelo menos a entendê-los. Porque a sua mensagem não envelheceu, estes autores antigos, estes clássicos, ainda hoje conversam connosco e, assim, são tão modernos como os nossos contemporâneos. Mas, seria Camões lido se não fosse estudado na escola? Com efeito, Camões é lido por ser hoje, ainda, um autor do cânone, isto é, por fazer parte daquela lista de escritores, como Eça ou Cesário, que os alunos com os seus professores são obrigados a ler na escola. Mas Camões não deve apenas à escola a sua sobrevivência: associado, sobretudo durante o Estado Novo, a um certo Portugal, que dele se apropriou politicamente, construiu-se em torno dele uma certa imagem de cultura; mas em governos em que se fala mal a língua de Camões, em que Os Lusíadas têm “12” cantos e um projecto está “de” cima da mesa, num Estado que continua a não ter propostas honestas a fazer aos seus cidadãos, haverá lugar para essa «lealdade» que o poeta nunca reivindicou? Seja como for, é porque dentro de dias se celebra mais um 10 de Junho, dia que já foi de Camões, de Portugal e das Comunidades, que o poeta é acolhido nas páginas deste último número do Tentativa. Mas Camões não é apenas o poeta do 10 de Junho ou o artista underground que o início deste texto pode deixar supor, ele é também um autor programático do 10.º Ano, fortemente associado à Língua Portuguesa, que todos deveríamos usar bem: uma língua bem falada e bem escrita revela uma cabeça arrumada, e uma cabeça arrumada vale mais que uma cabeça cheia… Encerramos pois em breve o ano lectivo. Vem aí o Verão, as noites quentes, viagens e encontros. Tudo isso nos anima! Em casa ou não, poderá a nossa estante, a nossa mala, T-shirt, agenda, telemóvel, suportar uns versos de Camões? Poderá o amor ser um fogo que arda e que se veja ou a formosura de alguma fresca serra tocar o nosso olhar? Poderá cada um mudar de vida, se for caso disso, pois todo o mundo é composto de mudança – seja lá o que for que isto queira dizer? Para o ano, mais mudados ou menos mudados, em todo o caso diferentes, continuaremos, como Sísifo, a rolar o rochedo. Oxalá valha a pena... Tentativa Prof. F. Rosa Dias Aproxima-se, rapidamente, o fim do ano lectivo. O tempo corre depressa. Maio é mês de estudo intenso e de avaliações e em Junho começam já os exames. Com a época dos exames tudo se precipita e se altera. Uns fazem exa-mes, outros têm aulas, é certo, mas o ritmo é já outro. Estamos no final do ano, dá-se conta do que se fez (ou não), os finalistas começam a pensar em novas etapas da sua vida, com a provável saída da Escola. O Tentativa acompanha, naturalmente, o ritmo da Escola. Sente-se no ar que os trabalhos deste ano estão a terminar e perspectiva-se já o futuro próximo. Reside aí uma preocupação. Com a extinção do Curso Tecnológico de Comunicação, que tem assegurado, há vários anos, o funcionamento do Tentativa, vê-se se o jornal privado dos seus naturais colaboradores. Com efeito, sempre se pretendeu que o jornal fosse essencialmente obra dos alunos, desde a autoria dos conteúdos até á parte técnica. No próximo ano lectivo, com apenas dois alunos de Comunica-ção, são de prever a l g u m a s dificuldades. Deverá recorrer-se, ainda à sua experiência e à dos Professores do Curso que têm acompanhado a feitura do jornal. A Equipa Educativa da Biblioteca não deixará de dar sua colaboração e é sempre possível contar com a participação interessada de alguns Professores. O futuro do Tentativa no próximo ano não pode estar ameaçado. Terminado, embora, o que parece ter sido um período fasto da sua existência, há que continuar. De tentativa em tentativa, como sempre. O ciclo de elaboração do “Tentativa”, no âmbito das actividades curriculares do Curso Tecnológico de Comunicação, no 11º ano, chegou ao seu termo, com este número do nosso jornal escolar. Cabe-nos agradecer a todos quantos colaboraram, por qualquer forma e durante estes anos do referido ciclo, de modo particular aos que nos brindaram com trabalhos jornalísticos. Fazemo-lo não só em nome deste último grupo de professores coordenadores da “feitura” do Tentativa, como no de todas as anteriores equipas. Agora que está a “missão cumprida” e que, naturalmente, a Escola, nos seus órgãos e população escolar, retoma em plenitude esta função comunicativa, desejamos e esperamos que a estrutura específica a quem venha a ser confiado o nosso jornal, o faça com renovado empenhamento e generosidade. Este ciclo do Curso Tecnológico de Comunicação terminou. Viva o novo ciclo do “Tentativa”! Pág. 3 Tentativa IPJ – Instituto Português da Juventude Este é um programa que te vai ajudar a ocupar o tempo no período de férias, possibilitando-te conhecer o País e, simultaneamente divertires-te, praticando actividades como BTT, escalada, montanhismo, futebol, informática, fotografia, ateliers, entre outras. Este programa está dividido em duas modalidades: - Campos residenciais: destinam-se a jovens com idades entre os 14 e os 18 anos, tendo uma duração máxima de 14 noites e mínima de 6 noites; - Campos não residenciais: destinam-se a jovens dos 8 aos 12 anos e a jovens dos 13 aos 16 anos, tendo uma duração máxima de 15 dias e mínima de 5. As actividades desenvolvidas nos Campos estão inseridas Programa Férias em Movimento em áreas como: Desporto, Ambiente, Cultura, Património Histórico e Cultural, Multimédia e outras. Poderás efectuar a tua inscrição através da Internet ou na Delegação Regional do IPJ. A inscrição só é válida se o pagamento for efectuado no próprio dia ou nas 48 horas seguintes. Se fores menor de idade tens que ter uma autorização do teu encarregado de educação. As actividades são sempre acompanhadas por monitores e durante todo o período de realização do campo tens um seguro de acidentes pessoais. Deverás respeitar os regulamentos. Mais informação: www.portaldocidadão.pt, www.ipj Festivais de Verão Presenças confirmadas: Joe Cocker, Peter Murphy, The Charlatans, Joss Stone e Robert Plant. Mais informação: http:// www.vilardemouros.com Super Bock Super Rock Dias 27 a 29 de maio Presenças confirmadas: S YSTEM OF A DOWN;INCUBUS;THE PRODIGY;MOBY;NEW O RDER ;T HE B LACK E YED P EAS ;T HE HIVES;TURBONEGRO; FLIPSYDE; MARILYN MANSON; AUDIOSLAVE;SLAYER;MASTODON. Mais informação:http://www.superbock.pt Paredes de Coura Dias 16 a 19 de Agosto Presenças confirmadas: Kaiser Chiefs; Pixies; The Arcade Fire e Hot Hot Heat ;The Roots. Mais informação: http://www.paredesdecoura.com Vilar de Mouros Dias 28 a 31 de Julho Ocupação Científica Estágios para alunos do Ensino Secundário Em Universidades e Centros de Investigação Científica Uma oportunidade para: - contactar com a comunidade universitária e científica - participar no trabalho de equipas de investigação - conhecer alunos de outras escolas e regiões do país Pág. 4 - adquirir experiência para a escolha de uma carreira futura Esta iniciativa decorre nos meses de Julho, Agosto e Setembro. Informações em: http://www.cienciaviva.pt/estagios/jovens/ Tentativa Se ainda não sabes o que fazer nas férias, aproveita estas ideias: 3 dias de desportos radicais na Serra do Gerês Se não queres fazer o mesmo de sempre - torrar ao sol - esta viagem vai saber-te mesmo muito bem! O local é o lindíssimo Parque Natural da Peneda-Gerês (Braga). Esperam-te a canoagem, o rappel, as caminhadas, o paintball... tu escolhes o programa! O ideal é ser um grupo e decidires que actividades fazer. Podes fazer um programa de mais dias. Informações: EquiDesafios, telf:253352803, www.equidesafios.com Amsterdão- 6 dias Vai conhecer Amsterdão, uma cidade cheia de vida, onde se respira liberdade e tolerância por todo o lado! No Verão há muitos voos charter mais baratos. Também podes conhecer a cidade de bicicleta, descansar nos parques e ir aos museus, aos coffeeshops e, se tiveres tempo, às cidades de Delft, Roterdão e Haia . Dormida e informações: Flying Pig. Telf: 0031204210583; www.flyingpig.nl Uma semana em veleiro por Ibiza e Formentera (Baleares - Espanha) Se adoras o mar este é o programa que andavas à procura, para viver sensações novas e conhecer outras pessoas. Podes escolher uma semana de 31 de Julho a 21 de Agosto, com alojamento no barco, para 8 ou 10 pessoas. Passarás por sítios lindíssimos das Baleares: Cala Compta, Cala Badella, Ibiza, Illetes, Tagomago, Port Roig, Cala Saona, Formentera... Informações: Viajes Amigo. Telf: 0034902903750. Festival Internacional de Edimburgo (5 dias na Escócia - Reino Unido) Não percas o festival de teatro, dança e música mais espectacular e concorrido de toda a Europa! De 12 de Agosto a 1 de Setembro e com preços variáveis. Informações: telf: 00441314732000. Arranja um voo barato para Londres (há muitas promoções) e depois vai de autocarro para Edimburgo. Informa-te em 00448705808080 ou www.nationalexpress.co.uk. Vê também os descontos de comboio (telf: 00 442075578000) Podes dormir na pousada Edinburgh Eglinton, no centro da cidade. Telf: 00448701553255. Deverás passear pelas ruas cheias de artistas. Ah! e não te esqueças de ir ao Subway, um pub mítico que fica no número 23 da Lothian Road. Uma semana a aprender surf numa escola de Sagres, no Algarve Uma oportunidade única para aprender a fazer surf numa das melhores praias do Sul do País. A oferta é válida para todo o Verão, no Surfcamp Sagres, em Sagres. Transporte de comboio ou autocarros, até Lagos e ao surf-camp; há alojamentos, refeições, cursos de iniciação, prancha e fato, transporte para as praias, um diploma, t-shirt e claro....muita adrenalina! Informações: Nomad Surfers. Telf:967006531; www.nomadsurfers.com Parque Futuroscope – Poitiers (França) O Futuroscope é um parque de imagem e tecnologia que te vai impressionar. Preços especiais para grupos. Informações: www.futuroscope.com O transporte mais barato é o comboio – primeiro até Hendaya (Espanha) e depois até ao parque, perto de Poitiers, já em França . Quanto à dormida há uma oferta muito variada, mas se queres uma coisa barata, fica no próprio Hotel du Parc. Informações: www.france-hotelbooking.com ou pelo telefone 0033549490808. Festival de Avignon(França) De 3 a 27 de Julho celebra-se em Avignon, o grande festival de teatro europeu. O preço das entradas varia, conforme o espectáculo. Descontos especiais para jovens. Informações: www.festivalavignon.com ou pelo telefone 0033490141414. Sugere-se uma ida de avião até Lyon e aí apanhar um autocarro ou o comboio, para Avignon. O Camping du Pont, em Avignon, é uma boa sugestão para dormidas. Telf: 0033490806350 Pág. 5 Tentativa Como chegámos ao Dia de Portugal O Dia de Portugal comemora-se actualmente a 10 de Junho, data da morte de Luís de Camões. Mas nem sempre foi assim. A sua institucionalização, com carácter permanente, vem dos tempos do Estado Novo. Desde que Portugal é país, tem sido indispensável lembrar factos autênticos ou períodos decisivos da nossa biografia. E para qualquer dos casos, está o calendário histórico nacional recheado de datas significativas para comemorar. São os casos, entre outros, do 5 de Outubro, dia da Implantação da República, e do Primeiro de Dezembro, celebrando a Restauração da Independência. Esta última data é, sem dúvida, mais consensual, na medida em que manifesta a vontade generalizada de libertação de um poder estrangeiro. O fundador do País Mas a substância do termo “nacionalidade” liga-se obrigatoriamente ao país e à sua especificidade. Não havendo país, é pouco provável que se venha a desenvolver qualquer tipo de consciência de identidade nacional. Reunindo consenso entre a maioria dos historiadores, julga-se provável que Afonso Henriques, nosso primeiro Rei, tenha evidenciado, pela primeira vez, um agudo sentido de identidade... nacional. Quer isto dizer que, embora Portugal não fosse, na altura, mais do que um pequeno condado, enquadrado num espaço físico aonde cabiam também Galiza, Leão, Castela e outros, o filho do Conde D. Henrique (da Casa de Borgonha) ter-se-á então apercebido do conveniente propósito político de o dilatar por uma determinada faixa geográfica litoral que viesse a prolongar-se até ao limite sul, deixando, como é óbvio, os reinos espanhóis de fora. Por audácia, superioridade guerreira e, há quem o diga, por despeito com família de sua mãe, isto porque já nessa altura via claro o traçado de um caminho conjunto, fora da vassalagem ao rei (imperador) leonês, Afonso VII. De facto, o príncipe foi escolhido (eleito) pelos barões e nobres para levar a bom termo o objectivo de independência. Pág. 6 O princípio da nacionalidade Portugal não começou, nem se fez, num dia. Algumas datas, com os seus marcantes eventos, ajudam a visualizar a romântica (ainda que em certo sentido fictícia) aurora da nossa nacionalidade. Uma delas é o dia de S. Mamede, 24 de Junho, pois que nessa data de 1128 Afonso Henriques enfrenta as tropas de sua mãe e sai vitorioso. O local da batalha é referido como próximo de Guimarães, daí que ainda hoje seja referida como o berço da nação. Outra data é 24 de Julho, dia em que se dá, em 1137, a importante Batalha de Ourique – outra importante vitória do príncipe portucalense, derrotando as forças muçulmanas e confirmando a linha de fronteira cem quilómetros para sul. Uma e outra conjugam-se para traçar o plano de independência do futuro país. É indiscutível que Afonso Henriques encarnou o visionário da nação portuguesa como território pertencente a um povo; se para alguns ele foi um anjo que comunicava com Deus, para outros foi um valente e sanguinário guerreiro. O 1º rei português percebe que só jurando vassalagem a Roma, alcançará o objectivo pretendido e, de facto, a independência vem a ser formalmente reconhecida em 1179, pela Bula Papal Manifestis Probatum. Depois do princípio Estas são as referências que nos levam aos primórdios do sentimento de nacionalidade. Sabese que os reis seguintes continuaram a defender e a alargar as fronteiras, numa luta renhida contra os muçulmanos e castelhanos. As grandes crises da independência nacional, primeiro entre 1383 e 1385, e mais tarde, entre 1580 e 1640, vieram realçar a consciência do país como nação e pátria soberana, una e independente. Com raízes na (auto-)estima da nação, este sentimento de nacionalidade sustenta-se num profundo reconhecimento de um destino que contém uma mesma língua, raça (no sentido de pertença a uma mesma comunidade humana), território, cultura, história comum e semelhantes ambições políticas. Tentativa A resolução da primeira grande crise, com a subida ao poder do Mestre da Ordem de Avis, D. João I, e o arranque da segunda dinastia, é a comprovação de uma já enraizada convicção de unidade. É com este Rei que uma das maiores proezas de Portugal se resolve e inicia. Camões e a nacionalidade Os Descobrimentos vieram “dar novos mundos ao Mundo”. Trazem a fama, fortalecem a ideia de união e objectivo comum. Para além dos Descobrimentos e para além da História, Portugal permanece. Mas a epopeia transforma-se em ícone, símbolo da grandeza da nação. Quando Luís Vaz de Camões nasce, ninguém sabe exactamente onde, nem em que data, mal se imaginavam as consequências da futura batalha de Alcácer Quibir. O poeta leva vida de aventura e boémia, mas projecta a Língua Portuguesa além mar. Ainda em vida é-lhe reconhecido o mérito, passando a receber uma tença régia de 15 mil reis. As suas últimas palavras terão sido qualquer coisa como “Morro com a Pátria!”. Deixou vasta obra que o consagra como dramaturgo, um dos maiores poetas de toda a terra, cultor da Língua Portuguesa, génio imortal. E, tal como os honrosos feitos das Descobertas, Luís de Camões torna-se ídolo (romântico) da nacionalidade. Seguem-se os anos negros de domínio espanhol. A restauração da Independência, em 1 de Dezembro de 1640, veio mostrar que, afinal, havia ainda “que cumprir Portugal”. Rodando no tempo, passando da Monarquia à República, cruzando crises e regicídios, a nacionalidade está afirmada. O conceito de nacionalidade Os conceitos modernos de nacionalidade (por vezes erradamente conotado com nacionalismo... político) e de pátria, são discutíveis e ambíguos, facilmente aproveitados para fins diversos. No Estado Novo confundia-se com o orgulho de uma raça que se cria de ascendência comum, mas se fazia abertamente ligar a princípios extremistas ou fundamentalistas. Terá sido relativamente fácil (primário) e conciliatório pegar na figura de Luís de Camões e transformá-lo no símbolo português de referência. Como facto político, as comemorações do Dia de Camões não vieram a ter continuidade. Durante a 1ª República, por exemplo, o 10 de Junho celebrou-se mas sem carácter permanente. Festas da Data Outras datas e festejos se conjugaram para comemorar o espírito da nacionalidade. É também durante o Estado Novo, que se celebram os 500 anos da morte do Infante d. Henrique, com programação diversificada, tendo como destinatários todos os portugueses, incluindo emigrantes e até estrangeiros. Pretendia-se a divulgação da grandiosidade do passado. Na sombra ficavam os interesses colonialistas. Em 1944, na cerimónia de inauguração do Estádio Nacional, Salazar refere o dia 10 de Junho como o “Dia da Raça”. Mas a designação é discutível e não perdura. Já em 1960, em pleno colonialismo e crise, iniciam-se as cerimónias de condecorações aos feridos e mortos na Guerra do Ultramar. À luz de qualquer democracia, estas iniciativas são significativamente tristes e hipócritas. Foi apenas no seguimento da Revolução de Abril que o dia da morte de Camões veio a conjugar-se com os festejos da nacionalidade, mas num conceito alargado. Por isso a 3ª República, na vigência da actual Constituição, passou a designar o dia 10 de Junho como Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas. Há quem admita que, assim, se poderá dar um maior reconhecimento a todos aqueles que espalham o nome de Portugal pelos quatro cantos do Mundo. Ao contrário do antigo conceito nacionalista exacerbado, hoje o relevo é dado ao emigrante. Para alguns, eles são o claro sinal da moderna expansão portuguesa. Pág. 7 Tentativa Humberto Delgado nasceu a 15 de Maio de 1906 em Boquilobo, Torres Novas. Cedo ingressou na carreira militar, frequentando o Colégio Militar e a Escola do Exército onde se formou em Artilharia, em 1925. Participou no golpe militar de 28 de Maio de 1926 que depôs o regime republicano. Em 1928 optou pela carreira da Aeronáutica, obtendo o curso de oficial piloto aviador. Em 1936 conclui o curso de Estado Maior. Em 1942 foi nomeado representante da Força Aérea para as negociações com a Inglaterra, nas negociações para a cedência de uma base nos Açores. Devido à eficiência demonstrada, o governo inglês outorgou-lhe a Ordem do Império Britânico, salientando que arriscara a sua carreira e o seu futuro pela causa dos Aliados e da liberdade. Em 1945 funda os Transportes Aéreos Portugueses (TAP) e cria as primeiras linhas aéreas de ligação com Angola e Moçambique. Em 1952 é nomeado adido militar na Embaixada de Portugal em Washington e membro do comité dos representantes militares da NATO. Promovido a general com 47 anos, é o mais novo oficial daquela patente; quatro anos mais tarde o Governo Americano concedeu-lhe o grau de oficial da Legião de Mérito. Em 1958, acedendo ao convite da oposição democrática, apresentou-se como candidato independente às eleições presidenciais. A vasta movimentação popular que se seguiu permitiu criar, pela primeira vez em três décadas de ditadura, uma Pág. 8 dinâmica de unidade da oposição contra o regime salazarista. Receando que a popularidade de Delgado se espalhasse, Salazar proibiu a deslocação deste a Braga - um baluarte e berço da revolta militar do 28 de Maio de 1926. Todavia não impediu vastas concentrações de pessoas pela região, aclamando o candidato da democracia. As notícias dos tumultos apareceram na imprensa estrangeira que começou a dedicar mais atenção a Portugal, país habitualmente pacato. Após os tumultos, a PIDE aumentou a repressão contra a população que p a r t i c i p a v a espontaneamente na campanha, apelidada oficiosamente de “subversiva”. Apesar do mecanismo eleitoral ser manipulado, o governo salazarista temeu um enorme desaire eleitoral e decretou a proibição da fiscalização do escrutínio por parte da oposição. Ainda assim, os números oficiais deram quase 25% dos votos a Humberto Delgado, não sendo possível ainda hoje apurar os resultados reais, dada a amplitude das fraudes. Com medo de, no futuro, passar por um outro “golpe constitucional, Salazar promove, em Agosto de 1959, uma revisão constitucional na qual suprime o sufrágio directo, substituído por sufrágio por colégio eleitoral de total confiança do seu governo. Humberto Delgado foi demitido das funções de Director-geral da Aeronáutica Civil. Porém deu continuidade à sua actividade política: criou o Movimento Nacional Independente, continuou a dar entrevistas à imprensa estrangeira e a acusar o Tentativa governo de Salazar. Foi então sujeito a processo disciplinar que o separou do serviço militar e o colocou sob a alçada da PIDE. Avisado de que estava preparada uma falsa manifestação de apoio, em frente da sua residência, com elementos da PIDE e da Legião, e com intuitos de o assassinarem, refugiouse na Embaixada do Brasil, a 12 de Janeiro de 1959. Em Novembro de 1959 visitou a Grã-Bretanha e a Holanda, dirigindo-se a todos os partidos políticos e aos média, para denúncia da repressão em Portugal. Foi impedido de falar à chegada à Holanda, devido às intervenções salazaristas. No entanto, a pressão de partidos políticos holandeses contra as medidas do Ministro do Interior Joseph Luns, obrigaram a que essa proibição fosse levantada. Delgado continuou a viajar pela América Latina e começou a planear uma estratégia da “acção directa”, nomeadamente um ataque pelas armas ao regime, em Portugal. Introduzindo-se disfarçado no país, dirigiu-se a Beja, na passagem de ano de 1961, a fim de tomar parte no assalto ao quartel da cidade alentejana, um dos pontos do plano de levantamento militar. Falhado este, conseguiu escapar, ocultandose numa localidade próxima, Vila de Frades, de onde fugiu de carro para o Porto, sem nunca ser detectado nas barreiras erguidas pela polícia. Conseguiu sair de Portugal sem ser apanhado pela PIDE, deixando-se fotografar em Madrid. Voltou então ao Brasil, onde encontrou dificuldades por parte das autoridades brasileiras, pelo que deixa definitivamente aquele país em finais de 1963, com destino à Europa. Cansado da perseguição que a PIDE lhe movia e, devido ao seu estado de saúde que entretanto se agravara, permanece três meses na Checoslováquia, onde é submetido a uma intervenção cirúrgica. Após a recuperação, no Verão de 1964, instala-se na Argélia, onde é recebido com honras de chefe de Estado. Em Argel assume a chefia da Junta Revolucionária Portuguesa, órgão directivo da Frente Patriótica de Libertação Nacional, composta por diversas correntes da oposição. Continuando adepto da “acção directa”, deixa-se envolver por um complexo sistema de “infiltração de agentes” da PIDE, com ligações ao movimento fascista italiano. A PIDE, que já no Brasil fizera uma tentativa para assassinar Delgado, infiltrou-se em certos círculos da oposição, mantendo uma apertada vigilância sobre todos os movimentos do líder da oposição portuguesa no exílio. Uma intensa campanha de descrédito e de isolamento, alimentada pelos serviços secretos, fomentou gradualmente, ao longo de cinco anos, a criação de uma rede de informadores que conseguiu obter a confiança do General. Foi assim que ele consentiu no encontro de Badajoz. Convencido que se ia reunir com “oficiais portugueses” interessados em derrubar o regime, Delgado foi de facto ao encontro da morte. Uma brigada da PIDE, chefiada pelo inspector Rosa Casaco, atravessou a fronteira utilizando passaportes falsos, a fim de montar a cilada que vitimaria o General e a sua secretária brasileira, Arajaryr Moreira de Campos. Pág. 9 Tentativa Marisa Lemos - 11º H “Yuppie” é uma redução da expressão inglesa “young urban professional” (jovem profissional urbano). É usado para referir-se a jovens profissionais entre os 20 e os 40 anos de idade, geralmente de situação financeira intermediária entre a classe média e a classe alta. Os yuppies em geral têm pouco tempo de formados em universidades, trabalham nas suas profissões de formação e seguem as últimas tendências da moda. O termo também passou a ser utilizado no Brasil e em Portugal, sem tradução, e com o mesmo significado da língua inglesa. O termo é, muitas vezes utilizado com certa carga pejorativa, como um rótulo, um estereótipo, tanto em países de língua inglesa quanto noutros. O termo yuppie descreve também um conjunto de atributos e traços de comportamento que vieram a constituir um estereótipo. Considera-se que os yuppies são mais conservadores que a anterior geração, hippie. Os yuppies tendem a ser, antes de mais nada, profissionais e a valorizar bens materiais (especialmente da última moda). Isto aplica-se também a investimentos em bolsas de valores, automóveis importados, inovações nas residências e equipamentos tecnológicos, como telemóveis mais sofisticados, notebooks, etc. A escassez excessiva de tempo pode prejudicar suas relações familiares. A busca pela manutenção de seu estilo de vida pode significar “stress” e exaustão mental. Podem ter de mudar frequentemente de residência, por razões de trabalho, resultando disto mais tensões familiares. Este estilo de vida agitado recebe a denominação de rat race (corrida insana). Pág. 10 Altamente influenciados por um ambiente competitivo nas corporações, eles valorizam comportamentos que descobriram serem úteis para galgar postos mais altos e, por consequência, maiores rendimentos e status. Frequentemente levam os seus “valores” corporativos para o lar, esposas e filhos. De acordo com o estereótipo, existe um certo ar de informalidade entre eles; ainda assim um código inteiro de normas não escritas pode dominar as suas actividades, desde a prática de golfe e ténis até almoçar em casas de sushi ou em bares da moda. Uma questão interessante é: “O que acontece a estes profissionais jovens e ambiciosos quando envelhecem?” Alguns destes profissionais estabilizam na vida e nas suas carreiras, aposentando-se cedo. Outros reconsideram seu estilo de vida, passam por uma crise de meiaidade, experimentado desilusão. Alguns podem mesmo achar que seu estilo de vida falhou, por terem gasto um tempo desproporcional unicamente preocupados com a carreira. Tentativa Marisa Lemos - 11º H O movimento e cultura hippie nasceu e teve o seu maior desenvolvimento nos EUA. Foi um movimento de uma juventude rica e escolarizada que recusava as injustiças e desigualdades da sociedade americana, nomeadamente a segregação racial. Desconfiava do poder económico-militar e defendia os valores da natureza. Na sua expressão mais radical, os jovens hippies abandonavam o conforto dos lares paternos e rumavam para as cidades, principalmente S. Francisco, para aí viverem em comunidade com outros hippies; noutros casos estabeleceram-se em comunas rurais. Os dois valores defendidos eram a “paz” e o “amor”. Opunham-se a todas as guerras, incluindo a que o seu próprio país travava no Vietname. Defendiam o “amor livre”, quer no sentido de “amar o próximo”, quer no de praticar uma actividade sexual bastante libertária. Podia-se partilhar tudo, desde a comida aos companheiros... o slogan que melhor resume este sentimento foi a famosa frase “Make Love Not War”. Os hippies apreciavam a “filosofia oriental”, o que significava alguns aspectos da religião hindu misturada com doutrina da “não violência” de Gandi. Numa das acções mais espectaculares um numeroso grupo de hippies cercou o Pentágono (ministério da guerra) e tentou fazê-lo “levitar” com apenas com a força da meditação. Estabeleceu-se um “estilo hippie”, com roupas coloridas, túnicas, sandálias, c a b e l o s compridos em ambos os sexos. A flor foi um dos seus símbolos e chegou a usar-se a expressão “flower power” como designação do movimento. Uma das canções-hino do movimento, a famosa S. Francisco – dos Eagles, aconselhava aqueles que rumavam à cidade dos hippies: “Be sure to wear some flowers in your hair” (não te esqueças de usar algumas flores no teu cabelo). O “símbolo da paz” (com origem em Inglaterra, nos anos 50, no seio do movimento para o desarmamento) tornou-se igualmente no símbolo hippie: (colar o simbolo) Outro aspecto valorizado era o uso de drogas, o que foi facilitado pelo aparecimento de drogas químicas, tais como o LSD, que no início não foi considerado perigoso nem de uso interdito. Os hippies alegavam que as drogas ajudavam a “abrir a mente”. A música pop, com as suas baladas melodiosas, e a música rock com os seus ritmos frenéticos, constituíram um meio poderoso para expressão da filosofia hippie. Escrita sob o efeito de drogas e ouvida nas mesmas circunstâncias, julgava-se que a música tinha um efeito libertador da mente. O adjectivo “psicadélico” foi utilizado para a caracterizar. Também houve um design “psicadélico”, de cartazes coloridos, com letras fluidas e deformadas que pareciam reproduzir a deformação e alongamento de imagens que ocorre sob o efeito de certas drogas. Com o mesmo objectivo eram usados desenhos caleidoscópicos. Timothy Leary, um professor universitário que advogava (e praticava) o uso de drogas alucinogénicas como forma de “libertar a mente”, tornouse no principal “guia espiritual” do movimento hippie; criou o slogan “Turn On, Tune In, Drop Out” que resumia os principais aspectos da “contra-cultura” dos hippies. Pág. 11 Tentativa Marisa Lemos - 11º H “Nenhum animal será submetido a maus tratos nem a actos de crueldade” Este é um dos princípios da Declaração Universal dos Direitos dos Animais, aprovada pela UNESCO, em 1978, e constantemente violada. Se não acreditas, observa estes números: em Portugal, são abandonados todos os anos 10 mil animais, segundo dados da Liga Portuguesa Para os Direitos do Animal.(LPDA).Mas tu podes evitá-lo... Abandonos Diários Com a chegada do Verão, os portugueses fogem para as praias, na sua maioria, e para a montanha. O que fazem com o cão? Muitas férias começam assim: com a família a caminho do mar e o animal numa bomba de gasolina, no meio da estrada, à porta de um canil. As campanhas contra o abandono dos animais, parecem não ser suficientes. A triste realidade é que se continua a abandonar animais todos os dias, todos os meses e a toda a hora. Cachorros Não Desejados De onde saem tantos vira-latas? Grande parte dos animais abandonados, principalmente gatos, é fruto de acasalamentos dos “sem dono”. Se pensas que só os rafeiros são deixados à sua sorte, enganas-te: “Há criações de cães de raça que são como fábricas de automóveis .Os animais reproduzem-se de tal forma que o seu tempo de vida é mais curto! Depois, quem os compra, abandona-os à primeira doença”, afirma Tomé de Barros Queiroz, presidente da Sociedade Protectora dos Animais(SPA).A responsabilidade pela posse é fundamental, como assinala um comunicado da LPDA: “Os animais não são brinquedos. Por isso, a compra deve ser ponderada: precisam não só de alimentação adequada e água fresca, mas de espaço para se movimentarem, acompanhamento veterinário, entre outros requisitos”. Animais, Fonte de Saúde Os animais tem muita utilidade, até podem ser o melhor dos medicamentos. É que já está provado que há coisas mais naturais do que os comprimidos Pág. 12 para reduzir a tensão arterial, evitar depressões ou melhorar o humor: fazer festas a um animal! Há mais de uma década que os especialistas de todo o Mundo estudam terapias educacionais com animais de companhia e que analisam os benefícios de incluílos em tratamentos feitos a crianças, idosos e, inclusive, em centros de reintegração social para reclusos - há tratamentos que se realizam em centros psiquiátricos e em cadeias. Além disso, existem alternativas como a Hipoterapia - terapia assistida por cavalos - e a Delfinoterapia - terapia assistida por golfinhos, muito útil para crianças autistas, com síndrome de Down ou até mesmo paralisia cerebral. Alguns especialistas na matéria garantem que o ser humano precisa de animais de estimação, para aprender a dar e a receber. Significa isto que um animal nos torna mais humanos? É possível, se seguirmos a regra da SPA:” Todos os seres vivos têm direitos. E nós, além dos direitos, temos o dever de respeitar os animais”. Ficha Técnica Direcção e Coordenação: Docentes do Curso Tecnológico de Comunicação Edição: Escola Secundária de Diogo de Gouveia Curso Tecnológico de Comunicação Redacção e Fotografias: Alunos da Turma do 11º H Maria José Santana e Marisa Pisco. Revisão de Textos: Prof. Hernâni Serra Colaboradores: Prof. Rosa Dias, Prof. António Marques Montagem: Alunos do 11º H Apoio Informático: Prof. João Henriques Composição e Impressão: Departamentos de Informática e Reprografia